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    Conselho Federal deEducao Fsica

    2010

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    Direitos reservados para o CONSELHO FEDERAL DE EDUCAO FSICA CONFEF

    Qualquer parte desta obra poder ser reproduzida, desde que citada a fonte.

    Recomendaes sobre Condutas e Procedimentos do Profissional de Educao Fsica/ Silva,Francisco Martins da (organizador), Luciene Ferreira Azevedo, Antonio Csar Cabral de Oliveira,Jorge Roberto Perrout de Lima, Marcelo Ferreira Miranda (autores).

    Rio de Janeiro: CONFEF, 2010.

    48p.ISBN. 978-85-61892-03-6

    1. Sade. 2. Educao Fsica. 3. Profissional de Educao Fsica. 4. Interveno Profissional

    SEDE:

    Rua do Ouvidor, 121, 7 andar Centro

    Rio de Janeiro RJ CEP 20040-030

    Tel.: (21) 2526-7179 (21) 2252-6275 (21) 2242-3670 (21) 2242-4228

    www.confef.org.br

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    CONSELHO FEDERAL DE EDUCAO FSICA CONFEF

    Presidente

    Jorge Stenhilber

    Comisso de Ensino Superior e Preparao Profissional

    Iguatemy Maria de Lucena Martins - Presidente

    Margareth Anderos - Secretria

    Marino Tessari

    Emerson Silami Garcia

    Georgios Stylianos Hatzidakis

    Srgio Kudsi Sartori

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    AUTORES

    Luciene Ferreira Azevedo

    Universidade de So Paulo/Hospital das Clnicas - InCor HC/FMUSP

    Antonio Csar Cabral de Oliveira

    Universidade Federal de Sergipe - UFS

    Jorge Roberto Perrout de Lima

    Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

    Marcelo Ferreira Miranda

    Universidade Catlica Dom Bosco/UCDB

    ORGANIZAO

    Francisco Martins da Silva - Universidade Catlica de Braslia/UCB

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    SUMRIO

    Apresentao .......................................................................... 09

    Prefcio .................................................................................... 13

    Contextos e Perspectivas ........................................................ 17

    reas e nveis de interveno ................................................. 21 Competncias gerais e especficas

    Interveno Profissional: Conduta geral e procedimentostcnicos .......................................................................................... 27

    Anamnese: histrico do indivduo, caracterizao do problema,preferncias e disponibilidades individuais

    Fatores de Risco para desenvolvimento de doenas cardiovasculares Estratificao de Risco para a prtica de exerccio fsico

    Principais sinais e sintomas sugestivos de doenas cardiovascular,pulmonar ou metablica

    Interveno Profissional: Condutas especficas ..................... 37

    Ateno primria e secundria Sade

    Ateno terciria Sade

    Responsabilidade tico-Profissional ...................................... 45

    Referncias Bibliogrficas ....................................................... 47

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    APRESENTAO

    As informaes consubstanciadas nesta publicao foram elabo-radas com o objetivo de orientar condutas e procedimentos do profis-sional de Educao Fsica no uso de exerccios/atividades fsicas comoelementos principais ou complementares na ateno sade, nos nveisprimrio, secundrio e tercirio, especialmente no que concerne sdoenas crnicas no transmissveis.

    A Comisso responsvel pelo trabalho ora apresentado, consti-tuda por docentes e pesquisadores convidados pelo CONFEF, orientoua sua ao na perspectiva de sistematizar e socializar os conhecimentos

    relacionados ao tema, de forma a criar um ambiente de convergncia eunidade em torno dos assuntos tratados, favorecendo o aprimoramentodo exerccio profissional e do atendimento sociedade.

    Dessa forma, as recomendaes expressas neste documentoestaro permanentemente sujeitas s necessrias adequaes, identi-ficadas pelos profissionais a partir da realidade e da especificidade decada situao, tanto nas suas intervenes individuais quanto nas aescomo membro de equipe multidisciplinar de sade.

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    Considere-se, ainda, que a rpida evoluo cientfica na rea dasade, possibilitada pelo avano da cincia e pelo desenvolvimento denovos recursos tecnolgicos, pode tornar obsoletas algumas das reco-

    mendaes aqui contidas. Sendo assim, obrigao do profissional deEducao Fsica, manter-se atualizado por meio da leitura de novas publi-caes tcnico-cientficas e participar de eventos cientficos da rea.

    As recomendaes sobre condutas e procedimentos do profissionalde Educao Fsica na ateno bsica Sade esto fundamentadasna produo cientfica relacionada s temticas abordadas, nos docu-mentos oficiais que tratam do assunto e na experincia profissional dosresponsveis pela sua elaborao.

    A abordagem priorizada neste trabalho se encerra no objetivodefinido pelo CONFEF para a sua elaborao que foi o de situar, demodo abrangente, o exerccio profissional da Educao Fsica nosvrios nveis de ateno sade, estabelecendo um dilogo efetivocom o conjunto da categoria.

    O CONFEF reconhece o avano das instituies de ensino superiore dos organismos de pesquisa na produo cientfica da rea. Por essarazo, entende que esta publicao no limita, engessa ou esgota o

    conhecimento dos temas tratados. Antes, reafirma que os ensinamentosprovenientes deste trabalho devem ser complementados e enrique-cidos por meio das investigaes cientficas nacionais e internacionais,realizadas na prpria rea e em reas correlatas.

    Com a divulgao deste estudo, registra-se tambm o agradeci-mento do CONFEF aos docentes envolvidos na sua elaborao, assimcomo aos integrantes da sua Comisso de Ensino Superior e PreparaoProfissional,pelo empenhona consecuo desta iniciativa.

    Por fim, o CONFEF reafirma a sua misso de contribuir para elevar aqualidade da interveno profissional e desenvolver a Educao Fsica, oque implica atuar na busca incessante de respostas para as suas possibi-lidades, necessidades e interesses.

    Jorge Stenhilber

    Presidente do CONFEF

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    PREFCIO

    O Brasil escreveu na sua Constituio Federal de 1988 que a sade um direito de todos e um dever do estado, garantido mediante polticassociais e econmicas que visem reduo do risco de doenas e agravose ao acesso universal e igualitrio s aes e servios para a sua promoo,proteo e recuperao.

    Os profissionais de Educao Fsica foram reconhecidos pelo ConselhoNacional de Sade, em sua Resoluo n 218 /1997 como profissionais desade. A construo da integralidade da ateno sade, preceito cons-titucional do Sistema nico de Sade (SUS), requer a atuao em equipes

    multiprofissionais e nesse sentido, a Educao Fsica reconhecida comorea de conhecimento e de interveno acadmico-profissional envolvidacom a promoo, preveno, proteo e reabilitao da sade.

    Vrios so os refernciais que sustentam cientificamente a relaopositiva entre atividade fsica e sade. Tambm so reconhecidos estudose pesquisas que ratificam esse entendimento e demonstram que a falta desade est associada, em muito, a inatividade fsica.

    As doenas degenerativas, agravadas ou decorrentes da inatividadefsica, j se manifestam em vrios grupos etrios e, em muitos pases,

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    esto sendo enfrentadas como questo de sade pblica. Essa consta-tao tem induzido um movimento social no sentido de priorizar inicia-tivas que visem melhoria do bem-estar dos indivduos e reduo de

    casos de doenas, por meio do incremento da prtica de atividade fsicacentrada na aquisio de hbitos e estilos de vida ativos. Nesse contexto,os rgos responsveis pelas polticas pblicas de Sade comearam a terum olhar mais atento sobre a importncia da atividade fsica no conjuntodos programas e das aes sob a sua gesto.

    Particularmente no Brasil, a Sade da Famlia, como estratgia estru-turante da ateno primria, provocou um movimento de reordenao daateno sade no mbito do SUS. A busca por maior racionalidade na

    utilizao dos demais nveis assistenciais tem produzido resultados posi-tivos nos principais indicadores de sade das populaes assistidas.

    Em contraponto ao modelo biomdico, centrado na doena e nopaciente, a preocupao amplia-se na direo de realizar o diagnsticointegral, observando os aspectos biolgicos, sociais, ambientais, relacio-nais, culturais e pactuar as mudanas necessrias em todos estes aspectospara o restabelecimento da sade, atravs do cuidado e do acompanha-mento. A Estratgia de Sade da Famlia est presente atualmente emaproximadamente 84% dos 5.563 municpios brasileiros, alcanando o

    patamar de quase 30 mil equipes.

    A criao dos Ncleos de Apoio Sade da Famlia (NASF) teve porobjetivo ampliar a abrangncia, o escopo e a resolubilidade das aesda ateno bsica. Os NASF so distribudos de forma a oferecer apoiomatricial a um conjunto de Equipes e Unidades de Sade da Famlia, naabrangncia de territrios vinculados s redes de ateno sade. Entreos profissionais que podem integrar os NASF, esto includos os Profissio-nais de Educao Fsica.

    Os NASF devem desenvolver coletivamente, com vistas intersetoria-lidade, aes que se integrem a outras polticas sociais: educao, esporte,trabalho, lazer, entre outras. Entre as aes previstas esto as de atividadefsica/prticas corporais e aes que propiciem a melhoria da qualidadede vida da populao, a reduo dos agravos e dos danos decorrentes dasdoenas no-transmissveis.

    Com a responsabilidade de definir e desenvolver polticas relacionadas formao de pessoal da sade, tanto no nvel superior como no nvel

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    tcnico-profissional, o Departamento de Gesto da Educao na Sade DEGES/MS tem realizado iniciativas no sentido de qualificar tcnica ecientificamente os profissionais da sade. A poltica nacional de formao

    e desenvolvimento de recursos humanos em sade encontra seu espaoinstitucional de construo intersetorial da sade com a educao a partirda instituio, por meio de Decreto Presidencial, da Comisso Interminis-terial de Gesto da Educao na Sade.

    Destaca-se a insero da Educao Fsica no Programa Nacional deReorientao da Formao em Sade Pr-Sade, com 19 cursos de gradu-ao, e no Programa de Educao pelo Trabalho em Sade PET Sade,com 44 cursos. Na ps-graduao, no apoio que o Ministrio da Sade

    aporta por meio do financiamento das Residncias Multiprofissionais emSade, o Profissional de Educao Fsica est inserido e foram formados,at o momento, 63 Profissionais de Educao Fsica nessa modalidade deformao multiprofissional, com nfase na Estratgia de Sade da Famlia,mas envolvendo tambm a Sade Mental.

    Um dos grandes desafios do trabalho em equipe multiprofissionalest em estabelecer o campo de interface da atuao dos diversos profis-sionais e, ao mesmo tempo, resguardar o ncleo de saberes e de atuaode cada profisso, tendo por objetivo oferecer a ateno integral e resolu-

    tiva sade da populao.

    No atual contexto de desenvolvimento e implementao das pol-ticas pblicas de educao e sade, o documento produzido peloConselho Federal de Educao Fsica, denominado Recomendaessobre condutas e procedimentos do profissional de Educao Fsica naateno bsica Sade, chega em boa hora e ir incentivar o dilogoentre os profissionais da rea.

    Pela sua natureza objetiva, prtica e esclarecedora, este documento

    tem potencial para ser assimilado pelos profissionais, que nem sempreesto atuando nos grandes centros populacionais, permitindo que elespossam utiliz-lo como referncia para embasar cientfica e tecnicamenteos procedimentos e atitudes inerentes ao exerccio da sua profisso.

    Anna Estela Haddad

    Diretora do Departamento de Gesto da Educao

    na Sade do Ministrio da Sade DEGES/MS

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    CONTEXTOS E PERSPECTIVAS

    As profundas e relevantes mudanas scio-econmicas, demogrficas, tecno-

    lgicas e epidemiolgicas observadas ao longo dos ltimos 60 anos produziramalteraes significativas na vida individual e comunitria das populaes dos pasesdesenvolvidos e em desenvolvimento.

    O processo de transformao da sociedade tambm um processo de trans-formao da sade e dos problemas sanitrios, exigindo da populao maiorescuidados com a vida e com a exposio s doenas da era contempornea, notada-mente as de carter crnico- degenerativas, associadas, em geral, ao estilo de vidaindividual e aos hbitos sociais.

    Entre os profissionais da sade consensual a associao entre estilo de vidaativo, melhores condies de sade e melhor qualidade de vida. A probabilidade desurgimento de doenas crnico-degenerativas advindas do sedentarismo ampla-mente conhecida. Portanto, a disseminao da prtica habitual de atividades fsicasorientadas por profissionais de Educao Fsica contribui decisivamente para a sadepblica, levando reduo dos gastos com tratamentos e internaes hospitalares.

    Uma realidade igualmente consagrada a de que a sade pblica incorporouos conceitos e prticas da promoo da sade, tanto por questes de efetividadedas aes, quanto por determinantes econmicos.

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    No Brasil, as reflexes acerca da promoo da sade resultaram nacriao do Sistema nico de Sade - SUS, que tem por objetivo central asse-gurar o direito sade com base nos princpios da universalidade, integrali-

    dade, equidade, descentralizao e participao social (Brasil, 1988).Desde ento, a Ateno Bsica Sade - ABS passou a ser a porta de

    entrada e principal estratgia para alcanar a meta de Sade para Todos, ato ano 2000. (OMS, 1978).

    Contudo, mesmo com os avanos identificados, ainda so relatadospelos usurios do sistema srios problemas relacionados escassez derecursos humanos, garantia de acesso, utilizao do servio e equidade noatendimento (SIQUEIRA et al 2009).

    Ao longo dos anos, o SUS passou, inegavelmente, por transformaesimportantes, centradas na ampliao do acesso da populao aos serviosde sade (BRASIL, 2003).

    Em 1994, o Ministrio da Sade criou o Programa Sade da Famlia PSF, inicialmente formulado como um programa e passando, a partirde 1997, a ser definido como Estratgia de Sade da Famlia, tendo comodesafio promover e reorientar as prticas e aes de sade de forma integrale contnua, levando-as para mais perto do ambiente familiar e, com isso,

    favorecendo a melhoria da qualidade de vida da populao (BRASIL, 2001).Na sua formao inicial, uma equipe de sade da famlia deveria ser

    composta por, no mnimo, um mdico generalista (com conhecimento declnica geral), um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seisagentes comunitrios de sade (BRASIL, 2001).

    Esta formao foi aprimorada com a criao dos Ncleos de Apoio Sade da Famlia (NASF)e a consequente incluso de outros profissionaisenvolvidos com a promoo da sade, tendo como objetivo a ampliao da

    abrangncia e do escopo das aes da ateno bsica. (Brasil 2008)De acordo com a Portaria 154/2008, as profisses que podero

    compor os NASF so: Mdico, Acupunturista, Assistente Social, Profis-sional de Educao Fsica, Farmacutico, Fisioterapeuta, Fonoaudi-logo, Mdico Ginecologista, Mdico Homeopata, Nutricionista, MdicoPediatra, Psiclogo, Mdico Psiquiatra e Terapeuta Ocupacional. Umacomposio que refora a importncia do trabalho multiprofissional nasaes e programas relacionados sade.

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    Iniciativas como os NASF tendem a mobilizar fortemente as dife-rentes categorias profissionais da sade, alm de provocar reflexes eestudos sobre as formas de atuao desses profissionais nesses campos

    especficos de interveno.A Poltica Nacional de Promoo da Sade, (Brasil 2006) conceitua as

    Prticas Corporais (atividades fsicas) como expresses individuais e cole-tivas do movimento corporal advindo do conhecimento e da experinciaem torno do jogo, da dana, do esporte, da luta e da ginstica. So possibi-lidades de organizao, escolhas nos modos de relacionar-se com o corpoe de movimentar-se, que sejam compreendidas como benficas sadede indivduos e de coletividades, incluindo caminhadas e prticas ldicas,

    esportivas e teraputicas.Historicamente a Educao Fsica brasileira esteve associada qualidade

    de vida por meio da preveno e manuteno da sade e registra experi-ncias bem sucedidas de atuao na rea de Sade, em geral vinculadas aprogramas de instituies de ensino superior e hospitais universitrios.

    Essa associao resultou no reconhecimento por parte do Ministrio daSade que instituiu no mbito do Conselho Nacional de Sade a Resoluon 218, de 6 de maro de 1997, a qual insere os profissionais de Educao

    Fsica na rea da Sade, e a Resoluo n 287, de 8 de outubro de 1998 querelaciona a Educao Fsica entre as categorias profissionais de sade denvel superior para fins de atuao do Conselho.

    Neste contexto de desenvolvimento de recursos humanos na sade,tem-se, ainda a institucionalizao das Residncias Multiprofissionais e emrea Profissional da Sade, em nvel de ps-graduao lato sensu, alm doPrograma Nacional de Reorientao da Formao em Sade - o Pr-Sadee o Programa de Educao pelo Trabalho em Sade - PET Sade.

    No estgio atual de desenvolvimento da Educao Fsica, a relaoatividade fsica e sade tambm avana apoiada no estudo de pesquisa-dores da rea e tambm na produo cientfica oriunda de reas corre-latas, sendo reconhecido o volume e a importncia das pesquisas reali-zadas sobre o tema.

    A configurao da Educao Fsica como uma profisso regulamen-tada, com seus respectivos direitos e deveres e as suas delimitaesno mbito das demais profisses da sade, determina pr-requisitospessoais, tcnicos e ticos para aqueles que a exercem.

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    Nesse sentido, e mesmo assumindo o necessrio detalhamentoe o tratamento de algumas especificidades, as recomendaes aquienunciadas se referenciaram nas aes realizadas pelos profissionais de

    Educao Fsica no mbito de diferentes programas de atividade fsica esade, assim como nas responsabilidades e consequncias da sua inter-veno neste campo.

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    REAS E NVEIS DE INTERVENO

    De acordo com a Resoluo n 046/2002/CONFEF, que dispe sobrea interveno do profissional de Educao Fsica e define suas competn-cias e campos de atuao profissional, a interveno plena nos servios sociedade no mbito das atividades fsicas, incluindo a prtica de exercciosfsicos e esportes, nas suas diversas manifestaes e diferentes objetivos.

    O profissional de Educao Fsica pode atuar como autnomo e eminstituies e rgos pblicos e privados de prestao de servios queenvolvam a atividade fsica ou o exerccio fsico, incluindo aquelas respons-veis pela ateno bsica sade, onde poder atuar nos trs nveis de inter-

    veno (primria, secundria e terciria), dependendo das necessidades doindivduo e do grau de competncia do profissional.

    Entende-se por interveno primria qualquer ato destinado a diminuira incidncia de uma doena numa populao, reduzindo o risco de surgi-mento de casos novos.

    A interveno secundria busca diminuir a prevalncia de uma doenanuma populao reduzindo sua evoluo e durao, exigindo diagnsticoprecoce e tratamento imediato.

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    A interveno terciria visa diminuir a prevalncia das incapaci-dades crnicas numa populao, reduzindo ao mnimo as deficinciasfuncionais consecutivas doena j existente, permitindo uma rpida

    e melhor reintegrao do individuo na sociedade, com aproveitamentodas capacidades remanescentes.

    O profissional de Educao Fsica, inserido na ateno bsica sadedever ser capaz de desenvolver aes compatveis com as metas traadaspelos rgos responsveis.

    Este profissional atuar avaliando o estado funcional e morfolgicodos beneficirios, estratificando e diagnosticando fatores de risco sade,prescrevendo, orientando e acompanhando exerccios fsicos, tanto para

    pessoas consideradas saudveis, objetivando a promoo da sade e apreveno de doenas, quanto para grupos de portadores de doenas eagravos, atuando diretamente no tratamento no farmacolgico e inter-vindo nos fatores de risco.

    Cabe-lhe, tambm, disseminar no indivduo e na comunidade a impor-tncia da prtica de atividades fsicas com base em conhecimentos cient-ficos, desmistificando concepes equivocadas.

    Competncias Gerais e Especfcas

    A competncia profissional envolve conhecimentos, habilidades eatitudes - tanto gerais, quanto especficas a cada rea de atuao (Feitosae Nascimento, 2003).

    Na ateno bsica sade, essas dimenses da competncia doprofissional de Educao Fsica esto em fase de consolidao, o que exigeposicionamentos e definies permanentes dos rgos gestores, pblicose privados, que atuam nas diferentes esferas da sociedade e da entidaderepresentativa desses profissionais.

    No entanto, para os profissionais da rea imprescindvel conhecer emprofundidade os benefcios e os riscos potenciais que a prtica de exercciosfsicos pode trazer s pessoas de diferentes idades e as limitaes inerentesaos diversos grupos de risco.

    Considerando a caracterstica multiprofissional da ateno bsica sade, as competncias dos profissionais de Educao Fsica devem serestabelecidas luz das competncias das demais reas envolvidas.

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    Atribui-se ao profissional de Educao Fsica as competncias e habi-lidades para diagnosticar, planejar, organizar, supervisionar, coordenar,executar, dirigir, assessorar, dinamizar, programar, desenvolver, prescrever,

    orientar, avaliar, aplicar mtodos e tcnicas motoras diversas, aperfeioar,orientar e ministrar sesses especficas de exerccios fsicos ou prticascorporais diversas (CONFEF 2002).

    O profissional de Educao Fsica pode intervir no Programa Sadeda Famlia (PSF) tanto para orientar sobre a importncia de hbitos de vidaativa, quanto para promover e estimular a adoo de um estilo de vida ativo,contribuindo para minimizar os riscos de doenas crnicas no transmiss-veis e os agravos delas decorrentes.

    Partindo desse pressuposto, cabe ao profissional de EducaoFsica, junto ao NASF e em outros espaos de interveno, desenvolveraes que propiciem a melhoria da qualidade de vida da populao, areduo dos agravos e danos decorrentes das doenas no-transmiss-veis, que favoream a reduo do consumo de medicamentos, objeti-vando a preveno e promoo da sade por meio de prticas corpo-rais, cabendo-lhe, especificamente:

    Proporcionar educao permanente por meio de aes prprias do

    seu campo de interveno, juntamente com as Equipes de Sade da Famlia(ESF), sob a forma de co-participao, acompanhamento e superviso,discusso de casos e mtodos da aprendizagem em servio;

    Incentivar a criao de espaos de incluso social, com aes queampliem o sentimento de pertencimento social nas comunidades, por meioda atividade fsica regular, do esporte, das prticas corporais de qualquernatureza e do lazer ativo;

    Promover aes ligadas aos exerccios/atividades fsicas prprias do

    seu campo de interveno junto aos rgos pblicos e na comunidade; Articular parcerias com setores da rea administrativa, junto com a

    ESF e a populao, visando ao melhor uso dos espaos pblicos existentese a ampliao das reas disponveis para a prtica de exerccios/atividadesfsicas prprias do seu campo de interveno;

    Promover eventos que estimulem e valorizem a prtica de exerc-cios/atividades fsicas prprias do seu campo de interveno, objetivandoa sade da populao.

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    As atividades ou exerccios fsicos e prticas corporais devem ser desen-volvidas priorizando-se a incluso de toda a comunidade, envolvendo nos as populaes saudveis, mas tambm aquelas com agravos manifestos

    da sade ou mesmo em situao de maior vulnerabilidade.Os profissionais de cada ncleo, em conjunto com a ESF e a comu-

    nidade, devem identificar as atividades, as aes e as prticas a seremadotadas com cada rea contemplada no programa.

    Considerando as exigncias de qualidade para intervir na rea dasade, desenvolvendo programas de exerccios/atividades fsicas prpriasdo seu campo de atuao, o profissional de Educao Fsica deve estar aptopara as seguintes intervenes, dentre outras:

    Aferir e interpretar os resultados de respostas fisiolgicas durante orepouso e durante o exerccio;

    Coletar dados e interpretar informaes relacionadas com pron-tido para a atividade fsica, fatores de risco, qualidade de vida e nvel deatividade fsica;

    Aplicar escalas de percepo subjetiva do esforo;

    Manusear ergmetros (esteira, cicloergmetro, etc) e equipamentos

    utilizados em programas de exerccio fsico; Manusear equipamentos usados para avaliao de parmetros fisio-

    lgicos especficos;

    Conhecer, aplicar e interpretar testes de laboratrio e de campo utili-zados em avaliao fsica;

    Realizar testes de avaliao postural e de avaliao antropomtrica;

    Prescrever exerccios fsicos baseados em testes de aptido fsica,

    desempenho motor especfico, avaliao postural, ndices antropomtricose na percepo subjetiva de esforo;

    Trabalhar em equipe multiprofissional.

    Para aplicao de avaliao fsica o profissional de Educao Fsicadeve apresentar domnio de conhecimento em protocolos de testes e suasadequaes de acordo com: aptido cardiorrespiratria do avaliado; indi-caes e contra-indicaes para realizao de testes; indicaes de inter-rupo de testes; preparo de pacientes para a realizao de testes; funcio-

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    namento de equipamentos; fisiologia do exerccio e das respostas hemodi-nmicas e respiratrias ao exerccio fsico; princpios e detalhes da avaliao,bem como os objetivos a serem atingidos.

    Como todos os demais profissionais de uma equipe multidisciplinarde sade, o profissional de Educao Fsica dever conhecer a legislaoespecfica da sua rea de competncia, para que no incorra em condutase procedimentos que caracterizem prticas especficas de outras profissesda rea da sade.

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    INTERVENO PROFISSIONAL:CONDUTA GERAL E

    PROCEDIMENTOS TCNICOS

    Ao profissional de Educao Fsica cabe conhecer detalhadamente

    as condies gerais do indivduo ou do grupo de indivduos que estarsubmetido a sua interveno, sendo a avaliao um procedimentoinsubstituvel para identificar essas condies e que objetiva reunirelementos para fundamentar decises sobre o mtodo, tipo de exerccioe demais procedimentos a serem adotados.

    O tipo de exerccio fsico, a freqncia e durao da sesso devemser adaptados ao indivduo ou ao grupo, considerando no somente oestado de sade e o nvel de risco ou doena, mas tambm a capaci-dade fsica, as limitaes individuais, os objetivos pessoais e as prefern-cias, visando otimizar os benefcios e obter uma adeso duradoura daspessoas ao programa de exerccios fsicos.

    Somente com todas as informaes sobre o indivduo e plenoconhecimento da situao, poder o profissional adequar o exercciofsico aos objetivos, caractersticas e necessidades pessoais. Para tanto,antes de comear o programa de exerccios, necessrio uma avaliaoampla e sistemtica, iniciada com anamnese completa e coleta de infor-maes relativas a testes realizados pelo indivduo.

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    Sobre este tema, apresenta-se a seguir uma referncia de anamnesee de variveis fisiolgicas que devem ser conhecidas e registradas para arealizao da prescrio de exerccios.

    Anamnese

    Informao Pergunta Especificao

    Dadospessoais

    Nome, Data nascimento, Sexo

    Dadoscadastrais

    Endereo, Telefones, E-mail

    Dadostrabalho

    Profisso, Horas de trabalhodirio

    Turno

    Dados desade

    Realizou consulta clnicarecentemente (ltimos 6 meses)para a prtica deatividade fsica?

    Sente dor no peito, tontura oufalta de ar durante o esforo?

    Faz uso de medicamento(s) Tipo e dosagem diria

    Presena de fatores de risco paradesenvolvimento dedoena cardiovascular

    Sexo, idade, hereditariedade,colesterol, hipertenso, obesidade,diabetes, fumo, sedentarismo,dislipidemia, hipertensoarterial sistmica

    Presena de doena(s) Qual; Tempo; Tratamento

    Cirurgia prvia Realizou ou ir realizar algumacirurgia?

    Limitaes steo-articulares? Leses prvias?Fratura prvia?

    Limitaes msculo-articulares? Leses prvias?

    Gravidez Est grvida?Tempo da ltima gravidezN de gestaes

    Sono Qualidade do sono e Horas de sonopor noite

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    Prticaregular de

    exercciofsico

    Experincia prvia Praticou atividade fsica regular?

    Experincia atual Sedentrio; praticante de atividade

    fsica regular ou atleta. Tipo deexerccio? Freqncia semanal?Durao da sesso?

    ObjetivosQual o objetivo com a prticaregular do exerccio fsico?

    PrefernciasTipo de exerccio que maisgosta. Tipo de exerccio queno gosta

    Tempo

    disponvel

    Dias da semana, Turno e horas

    Observaes:

    Variveis obtidas a partir de Testes e Medidas

    Testes/Medidas Variveis

    AntropomtricoMassa corporal, altura, ndice massa corporal,circunferncia da cintura e outros permetros corporais,percentual de gordura.

    Respostas cardiovascularesde repouso

    Presso arterial, frequncia cardaca, frequncia cardacamxima predita para a idade.

    Respostascardiorrespiratrias ao

    teste de esforo

    Frequncia cardaca mxima, frequncia cardaca noslimiares ventilatrios, consumo mximo de oxignio,consumo de oxignio nos limiares ventilatrios,

    tolerncia ao esforo (tempo de teste). Comportamentoda PA e da FC. Indicao de isquemia do miocrdio(Segmento ST).

    Na realizao de programas pblicos e/ou privados com grandenmero de participantes indispensvel uma triagem inicial dos prati-cantes, o que permite, inclusive, identificar indivduos que necessitam deacompanhamento mdico.

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    Esse procedimento, alm de garantir maior segurana a todos ossegmentos envolvidos com o programa, de suma importncia na conscien-tizao dos praticantes sobre a necessidade de realizarem exames peridicos,

    principalmente indivduos que apresentarem sintomas ou fatores de risco.Recomenda-se a utilizao do Questionrio de Prontido para Atividade

    Fsica (Q-PAF), como padro mnimo para incluso num programa com exer-ccios de intensidade moderada. Este questionrio foi desenvolvido para apli-cao entre indivduos de 15 a 69 anos de idade com o objetivo de identificarquem deveria ser submetido avaliao mdica antes de iniciar o programa ouaumentar significativamente sua atividade fsica.

    Questionrio de Prontido para Atividade Fsica (Q-PAF)

    N Questo Resposta

    01Seu mdico j mencionou alguma vez que vocpossui um problema do corao e lhe recomendouque s fizesse atividade fsica sob superviso mdica?

    SIM NO

    02 Voc sente dor no trax quando realiza atividadefsica? SIM NO

    03 Voc sentiu dor no trax quando estava realizandoatividade fsica no ltimo ms? SIM NO

    04Voc j perdeu o equilbrio por causa de tontura oualguma vez perdeu a conscincia? SIM NO

    05Voc tem algum problema sseo ou articular quepoderia ser agravado com a prtica de atividadefsica?

    SIM NO

    06 Seu mdico est prescrevendo uso de medicamentospara a sua presso arterial ou corao? SIM NO

    07 Voc conhece alguma outra razo pela qual voc nodeveria praticar atividade fsica? SIM NO

    OBSERVAO: Se voc respondeu SIM para uma ou mais questes do questionrioacima recomendvel uma avaliao mdica antes de iniciar a prtica de exercciosfsicos.

    Fatores de risco para desenvolvimento de doena cardiovascular

    Trata-se de um conjunto de fatores, modificveis ou no, relacionados como risco de um indivduo vir a desenvolver doenas cardiovasculares. Entre essesfatores destacam-se:

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    Idade e sexo;

    Histrico familiar de enfarte do miocrdio, revascularizao coronariana,ou morte sbita antes dos 55 anos de idade do pai ou de outro parente deprimeiro grau do sexo masculino (irmo ou filho) e/ou antes dos 65 anos de idadeda me ou de outro parente do primeiro grau do sexo feminino (irm ou filha);

    Hipertenso arterial sistmica - quando presso arterial sistlica for 140mmHg e/ou a diastlica se apresentar 90 mmHg, confirmadas por mensura-es feitas pelo menos em 2 ocasies diferentes, alm de indivduos com quadrode hipertenso confirmada e que fazem uso de medicao anti-hipertensiva;

    Dislipidemia lipoprotena de baixa densidade (LDL colesterol) 130 mg/dL ou lipoprotena de alta densidade (HDL colesterol) < 40 mg/dL, incluindo-se,

    tambm, aqueles indivduos que fazem uso regular de medicao para reduziro nvel do colesterol. Em casos em que se dispe apenas dos nveis de colesteroltotal, considerar valores 200 mg/dL.

    Glicose sangunea em jejum alterada - 100 mg/dL, confirmada em pelomenos 2 ocasies diferentes;

    Obesidade ndice de massa corporal (IMC) 30 Kg/m ;

    Distribuio anatmica da gordura: circunferncia da cintura > 102 parahomens e > 88 cm para mulheres ou, ainda, razo cintura/quadril 0,95 parahomens e 0,86 para mulheres;

    Sedentarismo Tambm denominado inatividade fsica, refere-se aoestado das pessoas que no praticam exerccio fsico regular ou no realizampelo menos 30 minutos de atividade fsica moderada na maioria dos dias dasemana.

    Hbitos alimentares inadequados em proporo e composio que noseguem a proporo de 55-65% de carboidratos; 10-15% de protenas e 20-30%de lipdios, e que a composio no assegura a presena equilibrada dos oitogrupos de alimentos que compem a pirmide alimentar: pes, cereais e tubr-

    culos; hortalias; frutas; carnes; leite e derivados; leguminosas; leos e gorduras;acares e doces) (PHILIPPI, et al, 1999)

    Fumante habitual de cigarros ou aqueles que deixaram de fumar nosltimos 6 meses;

    Estratificao de Risco para prtica de exerccios fsicos

    O American College of Sports Medicine (ACSM, 2006) estabeleceudefinies relacionadas ao risco para a realizao de exerccio fsico,conforme registrado na tabela apresentada a seguir.

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    Categorias da Estratificao de Risco

    Baixo risco

    Homens com menos de 45 anos e mulheres com menos de 55

    anos assintomticos e que apresentem no mximo um fatorde risco para desenvolvimento de doena cardiovascular.

    Risco moderadoHomens com 45 anos ou mais, e mulheres com 55 anos oumais ou aqueles que apresentem 2 ou mais fatores de riscopara desenvolvimento de doena cardiovascular.

    Alto riscoIndivduos com um ou mais sinais ou sintomas sugestivosde doena cardiovascular e pulmonar ou com doenacardiovascular, pulmonar ou metablica conhecida.

    As diretrizes do ACMS estabelecem recomendaes considerandoa intensidade do exerccio fsico / teste de esforo a ser realizado e ascondies do indivduo, conforme enunciadas a seguir.

    A. Encaminhamento ao mdico especialista antes de se iniciar umprograma de exerccios fsicos nas seguintes situaes:

    Nvel de EsforoIndivduos de

    baixo risco

    Indivduos de

    risco moderado

    Indivduos de

    alto risco

    Exercciomoderado Desnecessrio Desnecessrio Recomendado

    Exerccios intensos Desnecessrio Recomendado Recomendado

    B. Presena de um mdico especialista durante a aplicao detestes de esforo:

    Nvel de esforoIndivduos de

    baixo risco

    Indivduos de risco

    moderado

    Indivduos de alto

    risco

    Teste submximo Desnecessrio Desnecessrio Recomendado

    Teste mximoDesnecessrio/Recomendado *

    Recomendado Recomendado

    * Vale salientar que a presena de superviso mdica, quando da realizao de teste de

    esforo mximo em indivduos de baixo risco pode depender da poltica local da instituio e da

    experincia dos profissionais que o realizam. (Colgio Americano de Medicina Esportiva/2006).

    Entretanto, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2002) preconiza a necessidade da presena de

    mdico quando da realizao de teste de esforo mximo.

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    Na continuidade ressaltam-se as diferentes intensidades de exer-ccio fsico que podero ser prescritas em um programa. Nesse sentido,o controle da intensidade de exerccio poder ser feito pelo percen-

    tual do consumo mximo de oxignio ou ainda, de forma mais prtica,pela medida da resposta da frequncia cardaca durante o exerccio,conforme apresentado na tabela a seguir.

    Definies de Intensidades de Exerccio Fsico

    Intensidade

    moderada

    Entre 40 - 60 % do VO2mx; entre 55%/65% - 90 % da FC mxima

    ou entre 40%/50% - 85 % da FC de reserva*.

    Para a maioria dos indivduos, exerccios nesta intensidade seromantidos confortavelmente e so suficientes para aumentar a

    aptido cardiorrespiratria quando combinados com apropriadafrequncia e durao das sesses de treinamento.

    Intensidade

    Alta

    Acima de 60 % do VO2mx; acima de 90 % da FC mxima; ou acima

    de 85 % da FC de reserva.

    Exerccios nesta intensidade so geralmente trabalhados naforma de exerccio intervalado (que mescla sries de exercciode intensidade moderada e de intensidade alta). O uso destaintensidade de exerccio prefervel para indivduos sem fatoresde risco ou doena estabelecida, pois a segurana em sua prtica

    ainda no est claramente estabelecida.

    * FC de reserva definida pela diferena entre a FC mxima (calculada ou atingida em teste

    de esforo) e a FC de repouso.

    Principais sinais ou sintomas sugestivos de doena cardiovascular,pulmonar ou metablica

    Outro aspecto importante que o profissional de Educao Fsica deve terateno durante a realizao das sesses de exerccios/atividades fsicas prprias

    do seu campo de interveno, so os sinais ou sintomas que os beneficiriospodem apresentar, tais como: dor ou desconforto no torx, pescoo, queixo,braos; falta de ar em repouso ou com exerccio leve; vertigem ou desmaio; faltade ar em repouso ou durante o sono; edema de tornozelos; palpitao ou taqui-cardia; claudicao intermitente; sopro cardaco conhecido e fadiga incomum.

    A deteco de algum destes sinais ou sintomas implicar na modificaoda carga do exerccio em uma ou mais sesses do treinamento fsico, ou mesmona interrupo imediata do exerccio e na procura por assistncia mdica deurgncia, dependendo de cada caso.

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    Ao profissional de Educao Fsica caber, alm de realizar umaprescrio de exerccio fsico coerente com as necessidades, capaci-dades e objetivos dos beneficirios, conhecer os procedimentos e vari-

    veis fornecidos em testes, conforme se explica a seguir.

    Procedimentos e Equipamentos para Testes

    Testes e Aferies Equipamentos

    Antropometria:peso, estatura, permetros,

    composio corporal.

    Balana (digital ou analgica), estadimetro,paqumetro, compasso de dobras cutneas,fita mtrica, bioimpedncia eltrica.

    Testes neuromotores:fora muscular, resistncia muscular,potencia muscular, flexibilidade,equilbrio, coordenao motora,

    velocidade, agilidade,

    Aparelhos de musculao, dinammetro,banco de Wells, gonimetro, pista,cronmetro, trena, plataforma de fora,aparelhos isocinticos.

    Avaliao metablica: concentraode lactato, glicemia, VO2mximo,

    limiares ventilatrios.

    Frequencmetros (monitores de FC),estetoscpio, bicicleta ou esteira ergomtrica,ergmetro de brao, lactmetros, monitoresde glicemia.

    Avaliao cardiorrespiratria:VO

    2mximo, limiares ventilatrios;

    presso arterial, FC.

    Frequencmetros (monitores de FC),esfignomanmetro, estetoscpio, bicicletaou esteira ergomtrica, ergmetro de brao,ventilmetro, ergoespirmetro.

    Avaliao postural Posturgrafo (simetgrafo), cmaras efilmadoras.

    fundamental que algumas premissas sejam respeitadas paraoferecer um servio de qualidade aos beneficirios, tais como: ambiente

    adequado, equipamento bsico, pessoal treinado, preparo e orientaodo avaliado de acordo com o objetivo do exame. Competncia prticaem primeiros socorros ocupa lugar de destaque em todas as atividadesdo profissional de Educao Fsica.

    Observao quanto s condies de trabalho referem-se infra--estrutura disponvel, s condies dos equipamentos (qualidade, manu-teno, etc.), capacitao e experincia do profissional, do pessoalauxiliar e correlao desta infra estrutura com a proposta e objetivosde trabalho e seus possveis resultados.

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    Sobre o registro de informaes imprescindvel que sejam regis-tradas, do modo o mais pormenorizado possvel, em pronturio, fichade controle ou equivalente, o histrico do beneficirio, incluindo dados

    sobre avaliao fsica, idade, condio de fumante, prtica regular deatividade fsica, condies fisiocorporais, uso de medicamentos, trata-mentos, programa proposto e desenvolvido, entre outros.

    Tais informaes devem ser mantidas sob guarda e sigilo do profissionale o beneficirio deve ser notificado da importncia da veracidade dessasinformaes, tanto do ponto de vista profissional quanto institucional.

    Quando necessrio, ou existindo a participao de outro(s)profissional(is), na avaliao inicial, peridica ou permanente, as informa-

    es desses profissionais devem ser registradas no mesmo pronturio.No atendimento a indivduos com caractersticas especiais e dife-

    rentes necessidades, o profissional de Educao Fsica precisar utilizarmtodos e tcnicas especficas que se concretizem em sesses de ativi-dades fsicas capazes de atingir as finalidades propostas, devidamenterespaldadas por sistemticos processos de avaliao e diagnstico.

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    INTERVENO PROFISSIONAL:CONDUTAS ESPECFICAS

    Ateno Primria e Secundria Sade

    A Ateno Primria Sade (APS), tambm denominada atenobsica, definida pela Organizao Mundial da Sade (1978) como aateno essencial sade baseada em tecnologias e mtodos prticos,cientificamente comprovados, acessveis aos indivduos e seus fam-liares, a um custo que tanto a comunidade como o pas possam arcar emcada estgio de seu desenvolvimento.

    Como parte integrante do sistema de sade, a teno primria oprimeiro nvel de contato dos indivduos, da famlia e da comunidade

    com o sistema nacional de sade, constituindo o inico de um processode ateno continuada sade.

    As aes do profissional de sade podem ser exercidas em todosos nveis de preveno e tratamento, vinculados ao SUS ou no.Mesmo desvinculados do sistema de sade, programas desenvolvidosem academias de ginstica ou outros espaos de aplicao e orien-tao de atividades fsicas, podem oferecer possibilidades de conhe-cimento e vivncias corporais que ao privilegiarem a interao dosdomnios motor, cognitivo e afetivo, contribuem, de forma decisiva,

    para minimizar as chances de aparecimento de doenas crnicas no

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    transmssiveis, melhorando a sade dos beneficirios, prolongando operodo de vida ativa e contribuindo para uma melhor qualidade de vida.

    No plano especfico, a atividade fsica regular, orientada e adequada scondies individuais do beneficirio, pode proporcionar os seguintes resultados:

    Melhora na capacidade cardiorrespiratria com consequnciaspositivas sobre os sistemas circulatrio e respiratrio;

    Desenvolvimento da fora, da resistncia muscular e da flexibili-dade articular com reflexos positivos sobre a locomoo, a capacidade detrabalho e o sistema imunolgico;

    Desenvolvimento do equilbrio e da coordenao com contri-buies importantes para o desenvolvimento das habilidades

    motoras e da autoconfiana.Embora os usurios dos sistemas pblicos e privados, onde se

    oferece a prtica regular do exerccio/ atividade fsica sejam primordial-mente direcionados preveno primria, muito provvel que apre-sentem fatores de risco para o desenvolvimento de doenas crnicasno transmissveis, principalmente em populaes idosas ou previa-mente identificadas como grupo de risco.

    Na interveno inicial, para a preveno de problemas de sade,mesmo no manifestados, o profissional de Educao Fsica dever agircom cautela, observando, entre outras, as seguintes etapas: analisar opronturio, identificar a presena de fatores de risco, definir as vari-veis e padres de atividades adequados para os indivduos: tipo, inten-sidade, durao e freqncia dos exerccios; minimizando riscos asso-ciados prtica de exerccios fsicos e contribuindo para potencializarseus resultados positivos.

    Para a consecuo dessas etapas e potencializao dos resultados do seutrabalho, o profissional de Educao Fsica dever adotar a seguinte conduta:

    Na primeira semana os exerccios devem ser simples e agradveispara que o aluno desperte interesse pela modalidade escolhida (adap-tao neuro-muscular).

    Nas semanas seguintes deve-se aumentar a carga gradualmente.Todos os exerccios (alongamento, aerbios, resistidos, etc) devem serexecutados com cargas leves a moderadas de forma que, no dia seguinte,o praticante no sinta desconforto ou dor muscular.

    A prescrio deve ser individualizada ou no mximo para gruposhomogneos, considerando as condies de sade e a capacidade fsica

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    apresentada por cada indivduo ou grupo. Deve ser claramente definidona prescrio, alm do tipo e natureza do exerccio a ser executado, asua carga (volume, durao e intensidade) e os meios de controle da

    intensidade do exerccio (frequncia cardaca, percepo subjetiva deesforo ou outro) orientando o praticante sobre o seu acompanhamentoe evoluo por meio de avaliaes peridicas;

    Nas atividades em grupo, os praticantes devem ser orientadospara o auto-monitoramento da intensidade do esforo por meio dafrequncia cardaca ou da percepo subjetiva de esforo;

    Periodicamente a prescrio deve ser revista com troca deexerccios e adequao das cargas (intensidade) para proporcionarganhos efetivos e evitar que o praticante no se desmotive pela

    monotonia da repetio; O profissional de Educao Fsica dever trabalhar em perfeita interao

    com a equipe multidisciplinar de sade;

    Orientar e acompanhar de forma tcnica a execuo das atividades plane-jadas, observando as condies de segurana e usando terminologia adequada;

    Atualizar periodicamente as fichas individuais de acompa-nhamento e avaliao;

    Aferir e acompanhar a frequncia cardaca dos beneficirios, antes, durantee aps as atividades, para verificao da intensidade do exerccio e respectivasrespostas fisiolgicas;

    Aferir a presso arterial, pelo menos daqueles que apresentam hipertensoarterial sistmica (preveno secundria), no incio de cada sesso, durante e apsos exerccios aerbios e identificar o estado geral de cansao que o praticantealcanou (cansado, muito cansado, alguma dor, etc.);

    Manter-se atento aos sinais e sintomas de cansao excessivo apre-sentados pelos beneficirios;

    Reunir-se regularmente com o beneficirio ou com o grupo paraconversar sobre os sentimentos deles acerca das atividades realizadas.

    Na ateno secundria sade, o profissional de Educao Fsica,aps a anamnese, dever identificar os indivduos que referiram presenade alguma doena encaminhando-os, se for o caso, para consulta mdicaantes da prescrio e aplicao de exerccios/atividades fsicas.

    Deve-se prestar ateno especial para os beneficirios que fazemuso de betabloqueadores ou que apresentem alteraes glicmicas,

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    hipertenso arterial sistmica, histrico de trombose e de acidentevascular cerebral (AVC). Mesmo diante desses casos e na dependncia daanlise mdica, o exerccio fsico orientado e sistematizado pode contri-

    buir para minimizar os efeitos deletrios dessas doenas sobre o orga-nismo humano e reduzir a utilizao e dependncia de medicamentos.

    Ateno Terciria Sade

    Na ateno terciria sade, o profissional de Educao Fsicapoder atuar em diferentes ambientes, tais como, hospitais (fase II dareabilitao cardaca), clnicas para programa de exerccio fsico super-visionado (fase III da reabilitao cardaca) ou mesmo na residncia do

    beneficirio para atendimento individualizado.Para que o profissional de Educao Fsica atue com segurana

    nesta fase de ateno sade fundamental:

    Possuir formao que o capacite para prescrever exercciosfsicos e acompanhar beneficirios doentes.

    Interagir com o mdico, uma vez que nesta fase o beneficiriodeve estar em acompanhamento mdico contnuo e eventualmentepode ter, por exemplo, sua medicao alterada, modificando suasrespostas cardiovasculares durante a prtica do exerccio fsico oumesmo o nvel de glicemia no caso de beneficiriocom diabetes mellitus.

    Atentar para o fato de que alguns pacientes podero ser indi-cados para a realizao de exerccio fsico supervisionado e tal reco-mendao dever vir do mdico.

    Possuir o encaminhamento mdico (por escrito) da liberao dobeneficirio para a prtica regular do exerccio fsico.

    Em muitos casos, o profissional de Educao Fsica orientar eacompanhar beneficirios sem o hbito da prtica regular do exer-

    ccio fsico ou mesmo sem nenhuma experincia com a referida prtica.Assim, de fundamental importncia o entendimento do profissionalsobre as consequncias das doenas e da ao do exerccio fsico noorganismo, melhorando o quadro de sade previamente encontrado.

    O papel do profissional tambm fundamental na educao dobeneficirio para a prtica consciente do exerccio fsico, levando--o a perceber suas capacidades e limitaes, compreender melhor suadoena, aderindo prtica do exerccio/atividade fsica como uma dasmais eficazes estratgias no farmacolgicas para melhora da sade.

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    Para que a prtica regular do exerccio fsico seja eficaz e setraduza em benefcios para a sade do indivduo importante que oprofissional de Educao Fsica controle o formato da sesso de exer-

    ccio fsico por meio de uma adequada prescrio, considerando aintensidade (carga/nvel de esforo), a durao (tempo) e a frequncia(regularidade) das sesses e considerando o objetivo a ser atingido eas condies dos beneficirios.

    A intensidade do exerccio fsico poder ser leve, moderada oumoderada conjugada com alta. Para o controle da intensidade do exer-ccio aerbio, poder ser utilizada a resposta da frequncia cardacadurante o exerccio, de forma que a mesma permanea dentro da zonaalvo de treinamento proposta.

    No caso de indivduos hipertensos, a medida da resposta da pressoarterial durante o exerccio aerbio ser fundamental para avaliar o seucomportamento em relao sobrecarga de esforo realizada.

    Toda sesso dever constar de exerccios aerbios e os exercciosresistidos devero ser implementados de acordo com as necessidadesdos beneficirios, visando o fortalecimento muscular, com aumento demassa muscular e melhora da qualidade ssea e a preveno da dimi-nuio da massa muscular associada com a idade.

    Para definir a intensidade do exerccio resistido, ser necessriaa realizao de testes especficos de fora (teste de carga mxima -1 repetio mxima) ou teste de repeties conforme as condiesde cada beneficirio.

    Toda sesso de exerccio fsico dever iniciar com exerccios de aque-cimento, visando aumentar a temperatura do msculo esqueltico e suaeficcia na contrao, bem como proporcionar um aumento gradativodos batimentos cardacos e, consequentemente, do trabalho cardaco.

    Logo aps o aquecimento a sesso seguir com a execuo dos

    exerccios aerbios ou resistidos e sugere-se finalizar a sesso com exer-ccios de alongamento, com o objetivo de aumentar ou manter o nvel deflexibilidade eauxiliar na recuperao muscular.

    Exerccios de equilbrio, dentre outros para desenvolvimento decapacidades coordenativas, so tambm sugeridos. Recomenda-serealizar este tipo de exerccio antes da sesso de exerccio aerbio, umavez que o cansao pode comprometer a execuo dos mesmos.

    A reposio hdrica e a no realizao de exerccios fsicos em jejum tambmdevem ser includas nas orientaes dadas pelos profissionais de Educao Fsica.

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    A seguir so descritas as principais condutas profissionais paramelhor acompanhamento da prtica regular do exerccio fsico emportadores de fatores de risco para desenvolvimento de doenas cardio-

    vasculares ou portadores de doenas crnicas:

    Obesidade

    Certificar-se de que o beneficirio tomou as medicaes dirias. Estar atento a

    possveis mudanas na dosagem ou tipo de medicamento.

    Reconhecer que alguns medicamentos para reduo ponderal podem aumentar

    o metabolismo e a frequncia cardaca.

    Evitar a prtica de exerccios que promovam impacto articular (caminhada,

    corrida) e optar por exerccios em piscina e bicicleta.

    Propor modificaes na prescrio para encorajar maior gasto energtico total.

    Nesse caso, o treinamento intervalado poder ser utilizado, de forma progressiva,

    paralelamente ao treinamento contnuo.

    No caso de obesidade grau II (ndice de massa corporal entre 35 e 39,9 kg/

    m2) a preferncia deve ser por exerccios em piscina e bicicleta. Caso no haja

    a disponibilidade de piscina ou bicicleta, a caminhada deve ser incentivada

    e poder ser realizada em sries de 10 minutos, sempre visando aumentar o

    nmero de sries e, posteriormente, o tempo de realizao contnua do exerccioaerbio, ou seja, 15 minutos, 20 minutos, 30 minutos.

    Propor modificaes na prescrio para encorajar maior gasto energtico total.

    O treinamento intervalado poder ser utilizado, de forma progressiva, em dias

    no consecutivos.

    Incentivar o acompanhamento nutricional para iniciar reeducao alimentar

    com o objetivo de reduo ponderal.

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    Diabetes

    mellitus

    Aps o inicio da prtica regular de exerccio fsico, o nvel de glicemia poderse alterar e assim, o mdico dever ser comunicado para ajustes de medicao,principalmente em usurio(s) portador(es) de diabetes mellitus tipo 1.

    Nos beneficirios com diabetes tipo 2 a variao glicmica menos comum. Destaforma, o monitoramente glicmico antes do exerccio recomendvel.

    Nos beneficirios com diabetes tipo 1 deve-se monitorar o nvel de glicemia antes,durante (> 30minutos) e aps a sesso de exerccio fsico.

    Evitar comear a sesso de exerccio se a glicemia estiver > 250 mg/dL com apresena de cetose. Ateno se a glicemia estiver > 300 mg/dL sem a presenade cetose.

    Ajustar a ingesto de carboidrato ou injees de insulina antes do incio doexerccio, de acordo com o nvel glicmico e intensidade de exerccio, para prevenir

    hipoglicemia. Ingerir de 20 a 30g de carboidrato antes de comear o exerccio se aglicemia estiver < 100 mg/dL.

    Evitar aplicar insulina em membros exercitados. Preferir a regio abdominal.

    Evitar exerccios aerbios e resistidos de alta intensidade.No paciente com diabetestipo 2 a variao glicmica menos comum, desta forma, o monitoramenteglicmico antes do exerccio suficiente.

    Estar atento aos principais sintomas tanto da hiperglicemia (>300 mg/dL fraqueza,sede, boca seca, nusea, vmito, respirao cetnica, edema nas plpebras, diuresefreqentemente, quanto da hipoglicemia (

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    Doena

    arterial

    coronariana

    Certificar-se de que o beneficirio tomou as medicaes dirias. Estar atendo a

    possveis mudanas na dosagem ou tipo de medicamento.

    Caso o beneficirio tenha isquemia, conversar com o mdico para identificar aintensidade de esforo na qual o usurio apresentou a isquemia. A intensidade

    de exerccio deve ser prescrita abaixo do limiar de isquemia.

    Interromper o exerccio caso a PA sistlica diminua mais que 10mmHg.

    Estar atento aos sinais e sintomas de intolerncia ao exerccio, como angina,

    dispnia intensa e alterao eletrocardiograficas sugestiva de isquemia ou

    arritmias (aluno na fase II de reabilitao cardaca).

    Informar ao beneficirio as caractersticas da angina clssica, para que o mesmo

    possa reconhecer os sintomas durante a prtica do exerccio fsico.

    Caso os sintomas de angina no cessem aps a interrupo do exerccio fsico

    ou aps a administrao de trinitrina (nitroglicerina) sublingual, o beneficirio

    dever ser socorrido imediatamente.

    Em pacientes submetidos cirurgia cardaca, deve-se introduzir exerccios

    resistidos com movimento de trax somente aps 3 meses da cirurgia.

    Qualquer mudana ou aumento nos sintomas de angina deve ser comunicado

    ao mdico, pois pode significar mudana no estado das coronrias.

    Insuficincia

    cardaca

    Certificar-se de que o beneficirio tomou as medicaes dirias. Estar atendo a

    possveis mudanas na dosagem ou tipo de medicamento.

    O beneficirio s poder realizar exerccio fsico se estiver estvel com terapia

    medicamentosa adequada e com indicao mdica. O mesmo dever ter

    capacidade funcional maior que 3 METS (se possvel com medida direta de

    oxignio).

    Estar atento aos sintomas de descompensao, como a dispnia aos pequenos

    esforos ou arritmias.

    Possvel risco de hipocalemia (potssio srico < 3.5 mmol/L), por uso de

    diurticos.

    Evitar exerccios isomtricos.

    Em pacientes que apresentem arritmias em repouso e que, por essa razo, o

    controle da intensidade do exerccio aerbio pela contagem dos batimentos

    cardacos seja difcil, poder ser feito este controle com o uso da escala de

    percepo subjetiva do esforo.

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    RESPONSABILIDADETICOPROFISSIONAL

    O conhecimento tcnico-cientfico condio necessria, mas no suficiente,

    para o bom exerccio profissional, pois aquilo que do ponto de vista tcnico correto pode ser avaliado de maneira diversa sob o prisma tico. Assim, neces-srio que cada profissional compreenda que sobre ele recaem dois nveis deresponsabilidade: a tcnica e a tica.

    Os Cdigos de tica apareceram na histria das profisses representando asubstituio da tica individual por uma tica coletiva. Esses documentos regis-tram princpios e normas de conduta apropriadas e sua funo bsica pautar ocomportamento do profissional.

    O Cdigo de tica dos Profissionais de Educao Fsica, institudo pela ResoluoCONFEF n. 056/2003 define-se como um instrumento legitimador do exerccio daprofisso e articula as dimenses tcnica e social com a dimenso tica, de forma agarantir, no desempenho da profisso, a unio de conhecimento cientfico, atitudes ecomportamentos que referendem o saber prprio da rea de Educao Fsica de modoa traduzir um saber bem e um saber fazer bem.

    Em geral, a escolha por uma profisso um passo de total eleio pessoal,mas ao escolh-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatrio. imprescindvel para um bom desempenho profissional ser bem informado,acompanhar no apenas as mudanas nos conhecimentos tcnicos, mastambm nos aspectos legais e normativos do exerccio da profisso.

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    Dessa forma, competncia tcnica e aprimoramento permanente, confi-dencialidade, tolerncia, flexibilidade, urbanidade e relaes genunas comos beneficirios, so comportamentos eticamente adequados e moralmente

    indissociveis no exerccio profissional.O Cdigo de tica tem por objetivo nortear as atitudes do profissional de Educao

    Fsica e elucidar direitos, deveres e responsabilidades tico-profissionais. Merece destaqueaspectos citados nesse Cdigo que dizem respeito ao exerccio da profisso em geral,mas que se enquadram nas especificidades da ateno bsica sade.

    Nesse sentido, o dever fundamental do profissional de Educao Fsica o depreservar a sade de seus beneficirios nas diferentes intervenes ou abordagensconceituais ao lidar com questes tcnicas, cientficas e educacionais, tpicas de suaprofisso e da sua formao intelectual.

    O dever fundamental da preservao da sade dos beneficirios implica emresponsabilidade social do profissional de Educao Fsica, cabendo-lhe assegurar umainterveno segura, competente e atualizada, livre de danos decorrentes de impercia,negligncia ou imprudncia, utilizando para isso, todo conhecimento, habilidade eexperincia proporcionada pela sua formao acadmica inicial e continuada.

    Dessa forma, a interveno do profissional de Educao Fsica s deve ser compar-tilhada com profissionais devidamente habilitados e registrados junto aos seus respec-tivos Conselhos Profissionais.

    Uma vez que a profisso de Educao Fsica comprometida com o desenvolvi-mento corporal, intelectual e cultural, bem como com a sade global do ser humanoe da comunidade, devendo ser exercida sem discriminao e preconceito de qualquernatureza, o profissional da rea deve respeitar a vida, a dignidade, a integridade e osdireitos do ser humano.

    Prestar sempre o melhor servio a um nmero cada vez maior de pessoas, comcompetncia, responsabilidade e honestidade e, ainda, garantir que as relaes inter--profissionais sejam fundadas no respeito, na liberdade e independncia, na busca dointeresse e do bem estar dos beneficirios.

    Alm disso, cabe ao profissional de Educao Fsica, quando assim for necessrio,emitir publicamente parecer tcnico sobre questes pertinentes ao seu campo profissional,respeitando os princpios do Cdigo de tica, os preceitos legais e o interesse pblico.

    Em suma, ao intervir na sade o profissional de Educao Fsica deve atuar emreas/funes para as quais possua conhecimento tcnico e capacidades especficas.Precisa conhecer normas e legislao pertinentes, ter atitudes pessoais que denotemrespeito s pessoas, manter-se atualizado e adquirir competncias pessoais paraatuao em equipes multiprofissionais.

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