procedimentos especiais - parte inicial

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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Bernardo Menicucci Grossi FUMEC - FCH

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Page 1: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

PROCEDIMENTOS

ESPECIAISBernardo Menicucci Grossi

FUMEC - FCH

Page 2: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimentos Especiais

• A partir de agora, vamos estudar os procedimentos

especiais, quais sejam, aqueles contemplados pelos

artigos 890 a 1.210 do CPC.

• OBS: Já enviei a vocês no SINEF o Quadro

Comparativo do CPC ’73 e do CPC ’15.

Page 3: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimentos Especiais

• O CPC ’73 disciplina o processo de conhecimento,

de execução e o cautelar.

• Como já estudamos, a fase de conhecimento será

utilizada sempre que necessário um provimento que

reconheça a existência e a extensão de um direito

subjetivo.

Page 4: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimentos Especiais

• Entretanto, existem situações nas quais o legislador

optou por estabelecer uma fase procedimental

diversa para o processo de conhecimento.

• Para estes casos, o procedimento ordinário e

sumário não seriam capazes de apresentar

soluções (temporais) para a parte.

Page 5: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimentos Especiais

• Assim, em razão da natureza de certos direitos o

legislador optou por criar os procedimentos

especiais.

• São especiais pois assim são considerados por

diferenciarem-se do sumário e ordinário e por

apresentarem uma mistura da atividade

cognitiva com aquelas de caráter cautelar e

executivo.

Page 6: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimentos Especiais

• Segundo Donizetti (2015, p.1.290), “as técnicas de

especialização procedimental compreendem:

• 1) A simplificação e agilização dos trâmites

processuais, por meio da redução de prazos e

eliminação de atos desnecessários;

• 2) Delimitação do tema deduzido na inicial e

contestação;

• 3) Alteração das regras relativas à legitimidade e

iniciativa da parte;

Page 7: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimentos Especiais

• 4) Fusão das providências de natureza

cognitiva, executiva e cautelar;

• 5) Fixação de regras especiais de competência,

bem como de citação e suas finalidades;

• 6) Derrogação dos princípios da inalterabilidade

Page 8: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimentos Especiais

• Os procedimentos especiais são previstos no CPC

e na legislação extravagante.

• Vamos analisar praticamente todos eles até o final

do semestre.

Page 9: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO

EM PAGAMENTO< artigos 890 a 900 do CPC >

Page 10: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação em Pagamento

• A ação de consignação em pagamento é aquela

que tem a finalidade de extinguir obrigações.

• Art. 334, CC: Considera-se pagamento, e extingue a

obrigação, o depósito judicial ou em

estabelecimento bancário da coisa devida, nos

casos e formas legais.

Page 11: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Cabimento

• Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o

devedor ou terceiro requerer, com efeito de

pagamento, a consignação da quantia ou da coisa

devida.

Page 12: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação em Pagamento

• O devedor, para evitar ficar em mora, pode optar

por consignar o pagamento.

• Com isto, visará o adimplemento tempestivo da

obrigação de pagamento.

• A mora também existirá quando o devedor oferecer

coisa diversa, não realizar o pagamento no prazo

ajustado ou quando o credor se recusar a receber o

pagamento no modo e lugar convencionados.

Page 13: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação em Pagamento

• Assim, a consignação em pagamento poderá ser proposta quando presentes as

hipóteses do art. 335, CC:

• Art. 335. A consignação tem lugar:

• I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar

quitação na devida forma;

• II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição

devidos;

• III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou

residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

• IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do

pagamento;

• V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Page 14: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• I - se o credor não puder, ou, sem justa causa,

recusar receber o pagamento, ou dar quitação

na devida forma;

• É a mora em receber.

• O credor tem direito ao pagamento e tem a

obrigação de recebê-lo.

Page 15: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• II - se o credor não for, nem mandar receber a

coisa no lugar, tempo e condição devidos;

• É também hipótese de mora em receber.

• É a demora do credor em receber a coisa e que

pode até sujeitar o devedor a ônus financeiro para

sua manutenção (gastos com a conservação da

coisa).

Page 16: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• III - se o credor for incapaz de receber, for

desconhecido, declarado ausente, ou residir em

lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

• O credor, ao receber, dá a quitação da dívida.

• Se o devedor não puder receber a quitação, deverá

consignar em pagamento a obrigação.

• A sentença valerá como quitação da obrigação e

retroagirá à data de distribuição.

Page 17: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• III - se o credor for incapaz de receber, for

desconhecido, declarado ausente, ou residir em

lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

• Credor incapaz: caberá a consignação em face do

incapaz quando seu representante for desconhecido

ou se recusar a receber.

• Neste caso, não é cabível a consignação

extrajudicial.

Page 18: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• III - se o credor for incapaz de receber, for

desconhecido, declarado ausente, ou residir em

lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

• Credor desconhecido: Ignorando-se quem deve

receber (e.g., falecimento do credor), a consignação

em pagamento deverá ser proposta.

• Também inviável a consignação extrajudicial.

Page 19: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• III - se o credor for incapaz de receber, for

desconhecido, declarado ausente, ou residir em

lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

• Credor judicialmente declarado ausente: cabe ao

curador do ausente receber o pagamento e dar a

quitação.

• Se desconhecido o curador ou caso se recuse a

receber, caberá a consignação.

Page 20: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• III - se o credor for incapaz de receber, for

desconhecido, declarado ausente, ou residir em

lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

• Credor residente em local incerto ou de difícil

acesso: hipóteses em que o credor não consiga, por

limitação física, fazer o pagamento.

Page 21: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva

legitimamente receber o objeto do pagamento;

• Se quem paga mal, paga duas vezes… havendo

dúvida sobre quem deverá receber o pagamento,

ele deverá ser consignado.

• A dúvida deve ser razoável. O artifício para atrasar

o pagamento não implicará na cessação dos efeitos

da mora.

Page 22: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Art. 335, CC

• V - se pender litígio sobre o objeto do

pagamento.

• O litígio existente pode debater o pagamento em si,

ou até mesmo a titularidade de quem deverá

recebê-lo.

Page 23: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação em Pagamento

• Voltando ao art. 890, CPC

• Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o

devedor ou terceiro requerer, com efeito de

pagamento, a consignação da quantia ou da coisa

devida.

Page 24: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Objeto

• O objetivo da consignação em pagamento é a

obrigação de dar (dinheiro ou coisa).

• Essa coisa pode ser fungível ou não, móvel ou imóvel.

• Mas em qualquer caso, a prestação deverá ser

líquida e certa.

• No caso de entrega de coisa, a liquidez deverá se

entendida como a definição daquilo que deverá ser

entregue.

Page 25: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Objeto

• Essa liquidez e certeza, por óbvio, poderão ser

contestados pelo Réu ao tempo devido.

• O que se exige é que em uma análise superficial

sejam verificadas tais características.

• As obrigações de fazer e de não fazer não

podem ser consignadas em pagamento pela

simples impossibilidade de que assim seja feito.

Page 26: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação Extrajudicial

• A partir da Lei 8.591/94, a consignação extrajudicial passou

a ser uma opção do devedor quando a prestação for em

dinheiro e existir estabelecimento bancário no local do

pagamento.

• Art. 890, §1˚. Tratando-se de obrigação em dinheiro,

poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia

devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver,

situado no lugar do pagamento, em conta com correção

monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de

recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a

manifestação de recusa. (Incluído pela Lei nº 8.951, de

13.12.1994)

Page 27: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação Extrajudicial

• A consignação extrajudicial exige:

• 1) Credor certo: quando se desconhecer quem deve

receber, ou se existir dúvida sobre essa pessoa.

• 2) Capacidade civil do credor: o incapaz não poderá

receber e dar quitação, ou recusar o depósito.

• 3) Credor solvente: o credor falido ou insolvente terá

o seu patrimônio administrado pela massa. O falido,

e.g., não pode receber e dar quitação.

Page 28: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação Extrajudicial

• Realizado o depósito extrajudicial em instituição

bancária, o credor será notificado por carta com aviso

de recebimento.

• O credor terá 10 dias para ir à agência bancária e

levantar o depósito a seu favor.

• Esse levantamento implicará em extinção da obrigação.

• A inércia do credor implicará em presunção de

aceitação do depósito.

Page 29: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação Extrajudicial

• Se o credor manifestar a sua recusa em receber,

deverá expor resumidamente suas razões.

• Se entender que o depósito é parcial, deverá indicar

o valor residual faltante.

Page 30: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação Extrajudicial

• Com a recusa, o devedor poderá, no prazo de 30

dias, propor a consignação judicial.

• Neste caso, deverá instruir a inicial com cópia do

depósito e da recusa.

• Havendo recusa e não ajuizada a ação, o

depósito será considerado sem efeito e poderá

ser levantado pelo depositante.

• Resultado = permanecerá em mora.

Page 31: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação Judicial

• Esta consignação será cabível, à escolha do

devedor, também nos casos em que seu objeto for

a entrega de coisa ou quando inviável a

extrajudicial.

• A consignação de aluguéis e encargos locatários

tem procedimento próprio no art. 67 da Lei

8.245/91.

Page 32: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação Judicial

• Na consignação em pagamento há atividade

cognitiva e também executiva.

• Isso pois é admitido, no âmbito da consignação, a

discussão sobre o débito e o seu valor.

Page 33: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Requisito

• Para o ajuizamento, é indispensável a

comprovação da relação jurídica e da liquidez de

seu objeto.

Page 34: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Legitimação Ativa

• A consignação pode ser proposta por qualquer

interessado na extinção da dívida.

• Assim, qualquer terceiro interessado poderá propô-

la e efetuar o pagamento ou cumprimento da

obrigação.

• Terceiros = administrador judicial, herdeiro, sócio,

etc.

Page 35: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Legitimação Ativa

• O terceiro juridicamente interessado que realizar o

pagamento através da consignação irá se

subrogar nos direitos do credor.

• No caso da consignação de aluguéis, legitimado

ativo será o locatário, seu cônjuge ou companheiro,

bem como o ocupante da habitação coletiva

multifamiliar, o sublocatário e o fiador.

Page 36: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Legitimação Passiva

• Legitimado passivo é o credor conhecido, ou o

credor incerto que será citado por edital.

• Havendo dúvida sobre quem é o credor, haverá

litisconsórcio passivo necessário.

Page 37: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Foro Competente

• A ação de consignação em pagamento deverá ser

proposta no foro do lugar do pagamento.

• Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do

pagamento, cessando para o devedor, tanto que se

efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for

julgada improcedente.

Page 38: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Foro Competente

• Se a dívida for quesível (se o credor tiver a

obrigação de exigir o pagamento no domicílio do

devedor), o foro será o de domicílio do Autor

(e.g., arts. 395 e 400, CC).

• Se a dívida for portável (se o devedor tiver a

obrigação de pagar no domicílio do credor), o foro

será o de domicílio do Réu.

• Se a dívida for de entregar coisa certa, o foro será

aquele na qual a coisa se encontrar.

Page 39: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Foro Competente

• Em qualquer caso, as partes ainda podem ajustar

foro de eleição (art. 111, CPC).

• Mas a Cláusula que estabelecer o lugar do

pagamento prevalece sobre a cláusula genérica

de eleição de foro (TJMG, 3100174-32.2008.8.13.0000. DJE 06.09.200).

Page 40: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Foro Competente

• Em qualquer caso, a ação de consignação é regida

pelo critério da territorialidade.

• Se for proposta em foro incompetente e o réu não

apresentar a exceção (arts. 112 e 304, CPC),

haverá a prorrogação da competência (art. 114,

CPC).

Page 41: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Petição Inicial

• Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:

• I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser

efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do

deferimento, ressalvada a hipótese do § 3˚ do art.

890;

• II - a citação do réu para levantar o depósito ou

oferecer resposta.

• (§3˚ do art. 890, CPC, é a hipótese de recusa)

Page 42: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Petição Inicial

• A não realização do depósito em 05 dias implicará

na extinção sem resolução de mérito.

• Entretanto, tende-se a admitir o depósito feito fora

do prazo que não acarrete prejuízo ou

impossibilidade (antes da sentença) da própria

ação.

Page 43: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Depósito Irregular• STJ: O ato processual praticado de maneira irregular deve ser

aproveitado quando tiver alcançado seu objetivo e se a

inobservância da forma não trouxer prejuízo à outra parte.

• Deve ser aproveitado o depósito efetuado extemporaneamente

pelo devedor consignaste, não sendo, portanto, causa de extinção

do processo sem julgamento do mérito a consignação da

prestação fora do prazo legal.

• O descumprimento do prazo para o depósito, na ação de

consignação em pagamento, só acarreta prejuízo ao devedor-

consignante, porque, enquanto no depositada a prestação,

persiste a mora com todas as consequências a ela inerentes.

(STJ, RESP 617.323/RJ. DJ 20.06.2005)

Page 44: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Consignação de Prestações

Periódicas

• Havendo prestações periódicas a serem

consignadas, todas podem ser feitas nos mesmos

autos, desde que cada um deles seja feito em até

05 dias da data de seu vencimento (art. 892).

• Mas até quando elas podem ser feitas?

Page 45: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Prestações Periódicas

• Até quando as prestações periódicas poderão ser

consignadas judicialmente?

• A doutrina diverge.

• Até o trânsito em julgado da sentença, pois o

depósito poderá continuar ainda que o processo

esteja em grau de recurso (STJ, RESP 33976/SP.

DJ 05.08.1996) (STJ, RESP 139402/MG. DJ

02.03.1998)

Page 46: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Prestações Periódicas

• A divergência: a sentença declaratório não

poderia implicar na eficácia liberatória da mora

de depósitos que ainda não ocorreram.

• Assim, as prestações vencidas após a sentença

haveriam de ser consignadas em nova ação.

• (Esse é o posicionamento dominante na doutrina).

Page 47: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Valor da Causa

• Como regra geral, o valor da causa será o valor da

prestação devida (acrescida de juros e encargos

moratórios quando for o caso).

• Em obrigação de dar, o valor do bem.

Page 48: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento

• Quanto a consignação extrajudicial, já abordamos o

procedimento.

• Na consignação judicial, o devedor deverá realizar

depósito judicial da quantia em 05 dias e o Réu

será citado para que, no prazo de 15 dias,

levante o depósito ou ofereça resposta.

Page 49: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento

• A partir da citação, será observado o procedimento

ordinário.

Page 50: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

A Resposta do Réu

• O Réu poderá, em sua resposta:

• 1) Aceitar o depósito e recebê-lo (hipótese de

reconhecimento do pedido - art. 269, II, CPC)

• 2) Apresentar contestação ou outra resposta;

• 3) Permanecer inerte, atribuindo-se-lhe a revelia e

ocorrendo o julgamento antecipado da lide.

Page 51: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Contestação

• O Réu poderá alegar a inexistência de recusa ou

mora, que o depósito não foi realizado no prazo

e no lugar do pagamento, bem como a

insuficiência do depósito.

• Neste caso, a sentença condenará o Consignante a

adimplir a obrigação.

Page 52: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Complementação do

Depósito

• Ao alegar a insuficiência do depósito, o Réu (credor)

deverá indicar precisamente o valor faltante.

• Neste caso, o Autor (devedor) poderá realizar o

complemento do depósito no prazo de 10 dias (art.

899, CPC).

• Mas se a prestação se tornar imprestável ao

credor, não poderá ser complementada.

Page 53: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Complementação do

Depósito

• Ainda que o Réu alegue a insuficiência do depósito,

poderá levantar o valor incontroverso (art. 899, §1˚,

CPC).

Page 54: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento

• Superada a fase ordinatória, sucederá a fase

instrutória e decisória.

Page 55: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Sentença

• A sentença declarará a idoneidade do depósito

realizado e a extinção do vínculo obrigacional entre as

partes.

• A isso se dá o nome de eficácia liberatória.

• A sentença que reconhece a insuficiência do depósito

servirá de título executivo para o seu cumprimento.

• A sentença desafiará recurso de apelação, o qual será

recebido em efeito devolutivo e suspensivo.

Page 56: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Excepcionalidades

• A consignação poderá ser cumulada com outro

pedido (art. 292, CPC).

• Neste caso, o procedimento especial será

desconsiderado e aplicado o ordinário.

• Se os Réus tiverem domicílios diversos, a ação

poderá ser proposta no foro de qualquer um deles,

à escolha do Autor.

Page 57: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Excepcionalidades• Resgate de aforamento (art. 900, CPC).

• Art. 900. Aplica-se o procedimento estabelecido neste

Capítulo, no que couber, ao resgate do aforamento.

• Aforamento (ou enfiteuse) é regulado pelos arts. 678 a 694

do CC de 1916.

• HAVIA direito do enfiteuta de resgatar o aforamento após

10 anos da constituição desse direito real, tornando-se

proprietário do imóvel mediante pagamento de um

laudêmio (2,5% do valor atual da propriedade) e de 10

pensões anuais pelo foreiro.

Page 58: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Enfiteuse?

• “O direito real de enfiteuse faz surgir ao enfiteuta o

direito real de usar, fruir e dispor do bem,

permanecendo com o senhorio direto o domínio da

coisa” (Donizetti, 2015, p.1310)

Page 59: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

AÇÃO DE DEPÓSITO< ARTS. 901 A 906, CPC >

Page 60: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Objetivo

• A ação de depósito tem o objetivo de exigir a

restituição de coisa depositada.

• Sua conveniência é verificada quando o depositário

se torna infiel (quando descumpre a obrigação do

art. 629, CPC).

• Discute-se o dever o depositário de guardar e

conservar a coisa, bem como de restituí-la ao tempo

devido.

Page 61: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Requisitos• Art. 902. Na petição inicial instruída com a prova literal do

depósito e a estimativa do valor da coisa, se não constar

do contrato, o autor pedirá a citação do réu para, no

prazo de 5 (cinco) dias:

• I - entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o

equivalente em dinheiro;

• II - contestar a ação.

• § 1˚ No pedido poderá constar, ainda, a cominação da pena

de prisão até 1 (um) ano, que o juiz decretará na forma do

art. 904, parágrafo único.

Page 62: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento e Sentença

• Art. 903. Se o réu contestar a ação, observar-se-á o

procedimento ordinário.

• Art. 904. Julgada procedente a ação, ordenará o juiz

a expedição de mandado para a entrega, em 24

(vinte e quatro) horas, da coisa ou do equivalente

em dinheiro

Page 63: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Cumulação de Pedidos

• Art. 906. Quando não receber a coisa ou o

equivalente em dinheiro, poderá o autor

prosseguir nos próprios autos para haver o que

Ihe for reconhecido na sentença, observando-se

o procedimento da execução por quantia certa.

Page 64: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Depositário Judicial

• O depositário judicial não exerce seu encargo em

virtude de ajuste de vontades.

• Neste caso, é perfeitamente possível a sua

intimação para apresentação da coisa,

independentemente de ação autônoma.

Page 65: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

AÇÃO DE ANULAÇÃO E

SUBSTITUIÇÃO DE

TÍTULOS AO PORTADOR< ARTS. 907 A 913 DO CPC >

Page 66: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Objetivo

• É a ação utilizada pelo possuidor de título ao

portador quando este título se perder, extraviar,

inutilizar ou houver perda de sua posse.

Page 67: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Problema

• Lei 6.404/76: Ações ao Portador - Art. 33.

(Revogado pela Lei nº 8.021, de 1990)

• Lei 9.457/97: Debêntures ao Portador: Revogado.

• Única exceção: Cheques no valor de até R$100,00

(Lei 8.021/90).

Page 68: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

AÇÃO DE PRESTAÇÃO

DE CONTAS< ARTS. 914 A 919 DO CPC >

Page 69: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Objetivo

• Aquele que administra bens alheios, seja em virtude

de determinação legal ou contratual, tem o dever de

prestar contas de seus atos.

• E.g.: o tutor, mandatário, administrador,

inventariante (…) todos tem o dever de prestar

contas.

Page 70: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Cabimento

• Art. 914. A ação de prestação de contas competirá

a quem tiver:

• I - o direito de exigi-las;

• II - a obrigação de prestá-las.

Page 71: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Melhor Explicando

• Existem duas formas de interpretar o art. 914 do

CPC:

• 1) o direito de exigir a prestação de contas

• 2) o direito de prestar contas espontaneamente

• Assim, tanto credor quando devedor podem estar

no pólo ativo ou passivo da ação de prestação de

contas.

Page 72: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Natureza Dúplice

• Apurando-se saldo credor, independentemente de

reconvenção, a sentença que decidir a prestação de

contas representará título executivo (para Autor ou

Réu, conforme o caso).

• O saldo a ser apurado após a sentença será

cumprido na forma do art. 475-J do CPC e ss.

Page 73: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Legitimação das Partes

• Será Autor aquele que tem o direito de exigir que as

contas sejam prestadas ou aquele que tem o direito

de prestá-las.

Page 74: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Legitimação das Partes

• Súmula 259/STJ: A ação de prestação de contas

pode ser proposta pelo titular de conta-corrente

bancária.

• Considerando-se que a instituição financeira envia

mensalmente extratos aos correntistas, muito se

debateu que estes não poderiam exigir a prestação

de contas.

Page 75: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Interesse de Agir

• A prestação de contas poderá ocorrer

extrajudicialmente ou judicialmente.

Page 76: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Competência

• O foro competente para conhecer da ação de

prestação de contas é aquele do local em que a

gestão ou a administração de bens ocorreu (art.

100, V, B, CPC).

• Havendo foro de eleição contratual, este é que

prevalecerá.

Page 77: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Competência

• No caso de administrador judicial, inventariante,

tutor, curador ou depositário, será competente

para julgar as contas o mesmo órgão judiciário

que conheceu da ação principal (que

estabeleceu o vínculo de gestão de bens).

Page 78: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ação de Exigir Contas

• Na ação que visa a exigência de contas, o Réu será

condenado a prestá-las no prazo de 48h.

• Então, será iniciada uma nova fase: a apresentação

das contas em forma mercantil com a apuração (ou

não) de saldo a favor de uma das partes.

• Haverá uma sentença em cada uma das partes,

cada qual que desafiará um recurso de apelação.

Page 79: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Forma Mercantil

• Anotação de valores recebidos, lançamentos e

outros dados relativos ao ativo e passivo.

• Deve seguir o modelo de escrituração contábil.

Page 80: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ação de Exigir Contas

• Não são duas ações independentes. É apenas uma

e cuja apreciação do mérito será cindida em dois

momentos diferentes: uma para a obrigação de

prestar contas e outro para as contas prestadas.

Page 81: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento da Exigência

de Contas

• Como são duas fases, vamos analisar o

procedimento de cada uma delas.

Page 82: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Primeira Fase

• Procedimento:

• Petição inicial apta implicará na citação do Réu para

que, em 05 dias, apresente as contas ou conteste

(art. 915, caput, CPC).

• Nesta fase, discute-se apenas o direito do Autor

em ver as contas apresentadas e o dever do Réu

de prestá-las.

Page 83: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Primeira Fase

• O que o Réu pode fazer:

• 1) Apresentar contas e não contestar: trata-se de reconhecimento do

pedido e que implicará no imediato início da segunda fase.

• 2) Apresentar contas e contestar: reconhece o dever de prestar contas e

afirma que não deu causa à ação,.

• 3) Contestar a obrigação: haverá produção de provas para determinar se

o Réu terá obrigação de prestá-las.

• 4) Manter-se inerte: serão aplicados os efeitos da revelia.

• Além da contestação, o Réu poderá apresentar as demais formas de

respostas (exceção de incompetência, suspeição ou impedimento). Não se

admite a reconvenção pela natureza dúplice da prestação de contas.

Page 84: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Primeira Fase

• A decisão que reconhece (ou não) a obrigação de

prestar contas desafiará recurso de apelação.

Page 85: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Segunda Fase

• Uma vez definido que o Réu tem o dever de prestar

contas, ele será intimado para prestá-las no prazo

de 48h.

• Essa intimação é pessoal ! (embora parte

minoritária da doutrina discorde).

Page 86: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Segunda Fase

• As contas serão prestadas na forma mercantil com

a indicação das receitas, despesas e saldo.

• Também deverão ser apresentados os

documentos comprobatórios das contas prestadas.

Page 87: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Segunda Fase

• Uma vez apresentadas as contas, ainda pode ser

necessária a dilação probatória, facultando-se

(quando conveniente) a produção de prova oral

e pericial.

• Art. 915, § 1˚, CPC: Prestadas as contas, terá o

autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas; havendo

necessidade de produzir provas, o juiz designará

audiência de instrução e julgamento; em caso

contrário, proferirá desde logo a sentença.

Page 88: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Contas não prestadas

• Se o Réu, mesmo intimado, não prestar contas, caberá

ao Autor prestá-las e não haverá direito de

impugnação pela parte contrária (art. 915, §2˚, CPC).

• Art. 915, § 2˚, CPC: Se o réu não contestar a ação ou

não negar a obrigação de prestar contas, observar-se-á

o disposto no art. 330; a sentença, que julgar

procedente a ação, condenará o réu a prestar as contas

no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de

não Ihe ser lícito impugnar as que o autor

apresentar.

Page 89: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Contas não prestadas• Quando o Autor presta contas, diante da omissão do Réu, não

significa que o Juiz as homologará de olhos fechados.

• A homologação se pautará pelos critérios de razoabilidade e

proporcionalidade, podendo ser designada perícia e a

realização de diligências.

• Art. 915, § 3˚, CPC: Se o réu apresentar as contas dentro do

prazo estabelecido no parágrafo anterior, seguir-se-á o

procedimento do § 1˚ deste artigo; em caso contrário,

apresentá-las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as

contas julgadas segundo o prudente arbítrio do juiz, que

poderá determinar, se necessário, a realização do exame

pericial contábil.

Page 90: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Sentença na Segunda Fase

• A decisão que declarará as contas também

esclarecerá a existência de saldo (e, por

conseguinte, do credor) e deverá indicar

nominalmente o valor que deverá ser pago,

prosseguindo-se à fase de cumprimento na

forma dos artigos 475-J e ss. do CPC

• Desta decisão, cabe recurso de apelação recebido

em ambos os efeitos.

Page 91: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Questões controversas

• A sucumbência:

• 1) Sendo improcedente o pedido da primeira fase, é

óbvia a condenação do Autor ao pagamento de custas e

honorários advocatícios.

• 2) Mas imagine que, sendo procedente o pedido da

primeira fase, seja apurado saldo a ser pago pelo Autor

em favor do Réu… quando houver impugnação às

contas e do saldo devedor ter-se-á estabelecido novo

contraditório e a oportunidade para a nova fixação

dos ônus sucumbenciais.

Page 92: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ação de Dar Contas

• É a prestação de contas proposta por aquele que

tem a obrigação de prestá-las (e não daquele

legitimado que as exige).

Page 93: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ação de Dar Contas

• Como o Autor já reconhece sua obrigação de

prestar as contas, aqui haverá apenas uma fase a

ser observada que será a apresentação das contas

na forma mercantil.

Page 94: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento

• A petição inicial, além de atender aos requisitos do

art. 282, CPC, deverá apresentar as contas

prestadas (as quais são documentos essenciais -

art. 283, CPC).

• O Réu (credor das contas prestadas) será citado

para, em 05 dias, aceitá-las ou contestá-las (art.

916, §1˚, CPC).

Page 95: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento• Se o Réu aceitar as contas ofertadas, caberá ao juiz julgá-las em 10

dias.

• Se o Réu contestar, será observado o procedimento ordinário a partir

de então.

• Se o Réu apenas impugnar as contas (objeção quanto ao teor e

forma das contas) e a controvérsia for apenas formal, será sanado o

vício e aberto novo prazo para que o Réu possa se manifestar.

• Se o Réu contestar e impugnar as contas, será observado o

procedimento ordinário a partir de então.

• Se o Réu permanecer inerte, ser-lhe-ão aplicados os efeitos da

revelia.

Page 96: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Sentença

• Superadas as fases postulatória, ordinatória e

instrutória, será proferida sentença que declarará as

contas e apurará saldo (se existente) a favor de

uma das partes.

• Em qualquer caso, a sentença sempre vale

como título executivo para pagamento do saldo

na forma dos arts. 475-J e ss. do CPC.

Page 97: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Sobre a Forma de se Prestar

as Contas

• A forma mercantil exigida pelo art. 917 do CPC

exige a indicação de receitas, despesas e apuração

de saldo.

• Em qualquer caso, devem ser apresentados os

documentos comprobatórios das contas prestadas

(extratos, recibos, NF, etc).

Page 98: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Jurisprudência

• Tendência de convalidação das contas prestadas

irregularmente se o objetivo puder ser alcançado:

• “A apresentação de contas em forma mercantil é uma

necessidade do processo, uma vez que o exame, a

discussão e o julgamento devem ser facilitados para os

sujeitos processuais. As contas apresentadas de

forma não mercantil podem ser consideradas

diante de apresentação de justificativa da parte e

da possibilidade de realização de perícia contábil.

(STJ, RESP 1.218.899. DJ 04.08.2011)”.

Page 99: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Questões Adicionais

• Inventariante, tutor, curador, depositário ou administrador

devem prestar contas em apenso aos autos nos

quais foram nomeados.

• Art. 919, CPC: As contas do inventariante, do tutor, do

curador, do depositário e de outro qualquer administrador

serão prestadas em apenso aos autos do processo em

que tiver sido nomeado. Sendo condenado a pagar o

saldo e não o fazendo no prazo legal, o juiz poderá

destituí-lo, seqüestrar os bens sob sua guarda e

glosar o prêmio ou gratificação a que teria direito.

Page 100: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Questões Adicionais

• Inventariante: deve prestar contas de sua gestão ao deixar o

cargo e sempre que o juiz assim o determinar (ex officio ou a

requerimento de outra parte ou do MP - art. 991, VII, CPC).

Em qualquer caso, ele pode se antecipar e oferecer as

contas.

• Tutor e Curador: devem prestar contas quando requeridas

pelo MP ou outro interessado (art. 1.194, CPC) ou quando o

juiz assim o determinar.

• Julgadas as contas e apurado saldo a pagar, tutor e curador

serão destituídos de seus cargos e terão seus bens

sequestrados ou glosado o pagamento a que teriam direito.

Page 101: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Questões Adicionais

• Cônjuges: devido à comunhão irrestrita de

interesses, os cônjuges não tem o dever de

prestar contas entre si.

• Somente após a dissolução do vínculo conjugal (art.

1.571, CC), é que surge a obrigação de partilhar o

patrimônio e aquele que permanecer na

administração dos bens deverá prestar contas

deles.

Page 102: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Questões Adicionais

• Súmula 259/STJ: A ação de prestação de contas pode ser

proposta pelo titular de conta-corrente bancária.

• Súmula 477/STJ: A decadência do art. 26 do CDC não é

aplicável à prestação de contas para obter

esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e

encargos bancários.

• Art. 26, CDC: O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

• I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;

• II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

Page 103: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

AÇÕES

POSSESSÓRIAS< ARTS. 920 A 933 DO CPC >

Page 104: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

A Posse

• < Apenas para relembrar rapidamente… >

• A aquisição da posse pode ser justa ou injusta.

• Será justa quando adquirida em conformidade com

o Direito e injusta quando ocorrer mediante

violência, ato clandestino ou precário.

Page 105: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

A Posse• < Apenas para relembrar rapidamente… >

• A posse violenta é aquela que ocorre mediante

apossamento contrário à vontade do possuidor.

Coisas abandonadas não podem ser apossadas

violentamente.

• A posse clandestina é aquela que ocorre sorrateiramente

e sem ostensividade.

• A posse precária é aquela que ocorre mediante a relação

jurídica obrigacional ou real, é a confiança depositada

ao possuidor para que guarde a coisa.

Page 106: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

A Posse• < Apenas para relembrar rapidamente… >

• A posse ainda é classificada como de boa-fé e de

má-fé.

• A posse de boa-fé é aquela exercida por quem não

tem conhecimento do vício que o impede de adquirir

a coisa.

• A posse de má-fé é aquela exercida por quem,

conscientemente, sabe da ilicitude da condição da

coisa.

Page 107: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

A Posse• < Apenas para relembrar rapidamente… >

• Fala-se também em posse direta e posse indireta.

• Posse direta é aquela exercida por quem não é dono da

coisa, mas titular de um direito real ou pessoal que

lhe confira essa faculdade (e.g., locatário, usufrutuário,

etc). O possuidor direto não possui a coisa com a

intenção de tornar-se dono.

• Posse indireta é aquela mantida pelo proprietário

quando cede a coisa a outrem (e.g., locador,

proprietário).

Page 108: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Generalidades

• A posse, dada a sua importância como direito

subjetivo, recebeu tratamento especial do legislador.

• Uma vez que a posse tenha sido violada, surge para

seu titular a possibilidade de acionar a tutela

jurisdicional para restabelecer o estado anterior.

• Art. 1.210, CC: O possuidor tem direito a ser

mantido na posse em caso de turbação, restituído

no de esbulho, e segurado de violência iminente,

se tiver justo receio de ser molestado.

Page 109: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Generalidades

• Turbação e Esbulho ????????????

Page 110: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Turbação

• Ato que dificulta o exercício da posse, mas não a

suprime totalmente.

• É apenas um embaraço ao exercício da posse.

• O possuidor permanece na posse da coisa e é

cerceado do pleno exercício de seu direito.

• E.g., invasão de parte de imóvel ou criação de

obstáculo para acesso a porta ou caminho de

imóvel.

Page 111: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Esbulho

• Ato que impede o exercício da posse pelo seu

possuidor primitivo.

• O possuidor fica injustamente privado da posse e há

perda do direito em si.

• Nem sempre ocorre mediante violência.

• E.g., comodatário que, findo o prazo do comodato,

não devolve o bem ao seu possuidor indireto.

Page 112: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Tutela Possessória

• A tutela possessória pode ser exercida em juízo

possessório ou em juízo petitório.

• No juízo possessório, há tutela da posse como um

direito subjetivo independente. Aqui, a posse será

protegida por si só.

• No juízo petitório, há tutela da posse como

substrato do direito de propriedade. Aqui, a posse é

tratada como desdobramento do domínio.

Page 113: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Tutela Possessória

• Porque dividir o juízo possessório e o juízo

petitório?

• É que no juízo possessório, não há qualquer

discussão sobre a propriedade. A titularidade do

domínio é irrelevante neste juízo.

• Neste caso, a ação possessória pode ser ajuizada

até contra o proprietário, caso ele tenha violado a

posse de outrem.

Page 114: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Tutela Possessória

• Assim, quando o proprietário sofrer esbulho em sua

posse, terá duas alternativas: ajuizar ação

reivindicatória (fundada no direito de propriedade)

ou ação de reintegração de posse (para reaver a

posse esbulhada)

Page 115: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ações Possessórias

Page 116: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Distinção

• Ação reivindicatória: proposta pelo proprietário

para obter a posse fundada no título dominical.

Seguirá o procedimento ordinário.

• Ações possessórias: Essas seguem o

procedimento especial e podem ser a de

manutenção de posse, reintegração de posse e o

interdito proibitório.

Page 117: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Manutenção de Posse

• Deve ser proposta quando houver turbação na

posse e houver embaraço ao seu livre exercício.

• Neste caso, o Autor permanece na posse da coisa.

• Art. 926, CPC: O possuidor tem direito a ser

mantido na posse em caso de turbação e

reintegrado no de esbulho.

Page 118: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Reintegração de Posse

• Deve ser proposta quando houver esbulho

possessório.

• Neste caso, há perda da disponibilidade sobre a

coisa (ou de parte dela).

Page 119: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Manutenção e Reintegração

• Art. 927, CPC: Incumbe ao autor provar:

• I - a sua posse;

• Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;

• III - a data da turbação ou do esbulho;

• IV - a continuação da posse, embora turbada, na

ação de manutenção; a perda da posse, na ação

de reintegração

Page 120: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Interdito Proibitório

• Deve ser proposta quando houver ameaça ao

exercício da posse.

• Neste caso, o esbulho ou turbação ainda são meras

ameaças.

Page 121: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ações Possessórias

• Essas são as 3 ações possessórias e que recebem

o procedimento especial disciplinado pelo CPC.

• Mas a ação possessória pelo procedimento

especial só será assim concebida se se tratar de

ação de força nova.

Page 122: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ações Possessórias

• Ação de Força Nova ?????????

Page 123: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Ações Possessórias

• Ação de Força Nova é aquela proposta dentro do prazo

de ano e dia da ofensa à posse (art. 924, CPC).

• A Ação de Força Velha, proposta após o decurso de ano

e dia da ofensa à posse, tramitará pelo procedimento

ordinário e não admite a concessão do pedido

liminar baseado nos arts. 927, 928 e 929 do CPC.

• Pergunta: Há interdito probatório como ação de força

velha?

Page 124: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Prescrição e Decadência

• A doutrina converge para a conclusão de que se

aplica o prazo do art. 205, CC, para as ações

reivindicatória e possessória.

• Isto é, o prazo prescricional de 10 anos para

propositura das ações.

• E para se valer do procedimento especial, há o

prazo decadencial de ano e dia previsto no art. 924,

CPC.

Page 125: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Fungibilidade

• Em razão da óbvia confusão entre esbulho e

turbação, ou da modificação substancial destas

situações na vida real, prevalece a fungibilidade

das tutelas possessórias legitimada no art. 920,

CPC.

Page 126: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Fungibilidade

• Art. 920, CPC: A propositura de uma ação

possessória em vez de outra não obstará a que

o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção

legal correspondente àquela, cujos requisitos

estejam provados.

Page 127: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Fungibilidade

• A fungibilidade é apenas das possessórias. Se for o

caso de ação petitória, ela não poderá ser aplicada.

• Isto porque a causa de pedir e os pedidos são

completamente diversos nas possessórias e nas

petitórias. A aplicação da fungibilidade

implicaria, portanto, em decisão extra petita.

• A fungibilidade é exceção ao princípio da adscrição

(arts. 128 e 460, CPC).

Page 128: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Natureza Dúplice

• Nas ações de natureza dúplice o Réu pode, em sua

contestação, formular pretensão em desfavor do

Autor.

• Art. 922, CPC: É lícito ao réu, na contestação,

alegando que foi o ofendido em sua posse,

demandar a proteção possessória e a

indenização pelos prejuízos resultantes da

turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

Page 129: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Natureza Dúplice

• Nesse caso, a procedência de um dos pedidos

conduzirá automaticamente à rejeição do outro.

• E.g., em contestação, o Réu alega que foi ele quem

sofreu esbulho/turbação na posse e não o contrário.

• Art. 922, CPC: É lícito ao réu, na contestação,

alegando que foi o ofendido em sua posse,

demandar a proteção possessória e a

indenização pelos prejuízos resultantes da

turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

Page 130: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento

• O grande diferencial da especialização do

procedimento é o deferimento liminar, muitas

vezes inaudita altera para, do pedido.

• Não importa se a tutela possessória incide sobre

bem móvel ou imóvel. Sendo ação de força nova,

caberá o pedido liminar.

Page 131: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento

• Concedido ou não o pedido liminar, o Réu será

citado para responder em 05 dias.

• Em qualquer caso, poderá haver designação de

audiência de justificação.

• A justificação geralmente é utilizada para comprovar

o esbulho ou a turbação, bem como a posse

exercida anteriormente.

Page 132: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Procedimento

• Art. 928, CPC: Estando a petição inicial devidamente

instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição

do mandado liminar de manutenção ou de

reintegração; no caso contrário, determinará que o

autor justifique previamente o alegado, citando-se o

réu para comparecer à audiência que for designada.

• Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito

público não será deferida a manutenção ou a

reintegração liminar sem prévia audiência dos

respectivos representantes judiciais.

Page 133: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Legitimação das Partes• Legitimado Ativo será o possuidor da coisa.

• Quando os cônjuges forem compossuidores, deverá

haver litisconsórcio ativo obrigatório (art. 10, §2˚, CPC).

• Se somente um dos cônjuges for o possuidor da coisa, não

haverá que se falar em litisconsórcio ativo.

• Art. 10, § 2º, CPC: Nas ações possessórias, a

participação do cônjuge do autor ou do réu somente é

indispensável nos casos de composse ou de ato por

ambos praticados.(Incluído pela Lei nº 8.952, de

13.12.1994)

Page 134: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Legitimação das Partes

• Legitimado passivo será aquele que praticou o

esbulho, turbação ou ameaça à posse (ainda que

também possuidor da coisa - e.g., possuidor direto vs.

possuidor indireto).

• Quando o ofensor da posse é mero preposto de

terceiro, será o mandante do ato o legitimado passivo.

• Se ajuizada a ação contra o preposto, mero detentor,

este deverá proceder à nomeação à autoria (art. 62,

CPC).

Page 135: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Competência

• As ações possessórias são ações pessoais e por

isso se enquadram na regra do art. 94 do CPC:

devem ser propostas no foro de domicílio do

Réu.

Page 136: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Competência

• Art. 95, CPC: Nas ações fundadas em direito real

sobre imóveis é competente o foro da situação

da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro

do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio

sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão,

posse, divisão e demarcação de terras e nunciação

de obra nova.

Page 137: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Competência

• Trata-se de competência absoluta para

conhecimento da matéria possessória.

• Assim, não pode haver prorrogação da competência,

implicando em anulação de todos os atos praticados

pelo juízo incompetente (inclusive o deferimento do

pedido liminar, se for o caso).

• Se o imóvel estiver situado em mais de uma comarca,

a fixação da competência se dará pela prevenção, a

qual se estenderá à totalidade do bem.

Page 138: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Competência

• Via de regra, é a Justiça Estadual a competente

para conhecer das ações possessórias.

• Contudo, quando o valor da causa for inferior ou

igual a 40 salários mínimos, haverá competência

dos Juizados Especiais (art. 3˚, IV, da Lei

9.099/95).

• Se o bem for de propriedade da União ou se ela

tiver interesse na causa, a competência será da

Justiça Federal (Súmula 150/STJ).

Page 139: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Petição Inicial

• Deve indicar a posse anterior ao esbulho/turbação

(pois a ação se funda na ofensa à posse).

• Deve indicar a ofensa à posse (ameaça, esbulho ou

turbação)

• Deve indicar a data da ofensa (essencial para o

pedido liminar e definição do procedimento).

• Deve indicar a perpetuação da perda/ofensa da

posse.

Page 140: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Petição Inicial

• O pedido possessório poderá ser cumulado com

outros, desde que também tenham por fundamento

a turbação, esbulho ou ameaça.

• E.g., perdas e danos pelos estragos verificados

na coisa ou decorrentes da privação do bem;

desfazimento de construção.

• E.g., arbitramento de multa para caso de reiteração

do esbulho, turbação ou ameaça (art. 921, II, CPC).

Page 141: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Petição Inicial

• Pelo art. 921, II, CPC, pode ser fixada penalidade

pecuniária para a prática de nova turbação ou

esbulho.

• Entretanto, também podem ser fixadas astreintes

(art. 461, §§4˚ e 5˚, CPC) para caso de

inadimplemento da obrigação de fazer: a obrigação

de restituir o bem ou reintegrar a posse do mesmo.

Page 142: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Petição Inicial

• Nestes casos, haverá exceção à regra do art.

292, §2˚, CPC, ou seja, fundando-se os pedidos

na mesma causa de pedir, a todos será imposto

o procedimento especial.

Page 143: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Pedido Liminar

• Comprovados os requisitos do art. 927, CPC

(posse, turbação, esbulho ou ameaça, data e

continuação da ofensa ou perda da posse), não há

que se falar em periculum in mora.

• Será o caso de verdadeira antecipação dos

efeitos da tutela que dispensa o perigo na

demora previsto no art. 273, I, CPC.

• Esse “pedido liminar” das ações possessórias não é

tutela cautelar.

Page 144: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Petição Inicial

• Geralmente a prova da data da ofensa à posse é

feita por declarações de vizinhos, testemunhas

ou pela lavratura de Boletim de Ocorrência

Policial.

• Não havendo prova satisfatória e sendo a posse

ofendida há menos de ano e dia, deverá ser

designada audiência de justificação.

Page 145: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

Pedido Liminar

• Deferido o pedido liminar, será expedido o mandado

a ser cumprido por oficial de justiça.

• Havendo resistência pelo Réu, mediante pedido na

peça de ingresso, poderá ser determinada a ordem

de arrombamento e a requisição de força policial.

Page 146: Procedimentos Especiais - Parte Inicial

(… Continua … )