procedimentos especiais - parte inicial
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PROCEDIMENTOS
ESPECIAISBernardo Menicucci Grossi
FUMEC - FCH
Procedimentos Especiais
• A partir de agora, vamos estudar os procedimentos
especiais, quais sejam, aqueles contemplados pelos
artigos 890 a 1.210 do CPC.
• OBS: Já enviei a vocês no SINEF o Quadro
Comparativo do CPC ’73 e do CPC ’15.
Procedimentos Especiais
• O CPC ’73 disciplina o processo de conhecimento,
de execução e o cautelar.
• Como já estudamos, a fase de conhecimento será
utilizada sempre que necessário um provimento que
reconheça a existência e a extensão de um direito
subjetivo.
Procedimentos Especiais
• Entretanto, existem situações nas quais o legislador
optou por estabelecer uma fase procedimental
diversa para o processo de conhecimento.
• Para estes casos, o procedimento ordinário e
sumário não seriam capazes de apresentar
soluções (temporais) para a parte.
Procedimentos Especiais
• Assim, em razão da natureza de certos direitos o
legislador optou por criar os procedimentos
especiais.
• São especiais pois assim são considerados por
diferenciarem-se do sumário e ordinário e por
apresentarem uma mistura da atividade
cognitiva com aquelas de caráter cautelar e
executivo.
Procedimentos Especiais
• Segundo Donizetti (2015, p.1.290), “as técnicas de
especialização procedimental compreendem:
• 1) A simplificação e agilização dos trâmites
processuais, por meio da redução de prazos e
eliminação de atos desnecessários;
• 2) Delimitação do tema deduzido na inicial e
contestação;
• 3) Alteração das regras relativas à legitimidade e
iniciativa da parte;
Procedimentos Especiais
• 4) Fusão das providências de natureza
cognitiva, executiva e cautelar;
• 5) Fixação de regras especiais de competência,
bem como de citação e suas finalidades;
• 6) Derrogação dos princípios da inalterabilidade
Procedimentos Especiais
• Os procedimentos especiais são previstos no CPC
e na legislação extravagante.
• Vamos analisar praticamente todos eles até o final
do semestre.
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO
EM PAGAMENTO< artigos 890 a 900 do CPC >
Consignação em Pagamento
• A ação de consignação em pagamento é aquela
que tem a finalidade de extinguir obrigações.
• Art. 334, CC: Considera-se pagamento, e extingue a
obrigação, o depósito judicial ou em
estabelecimento bancário da coisa devida, nos
casos e formas legais.
Cabimento
• Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o
devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa
devida.
Consignação em Pagamento
• O devedor, para evitar ficar em mora, pode optar
por consignar o pagamento.
• Com isto, visará o adimplemento tempestivo da
obrigação de pagamento.
• A mora também existirá quando o devedor oferecer
coisa diversa, não realizar o pagamento no prazo
ajustado ou quando o credor se recusar a receber o
pagamento no modo e lugar convencionados.
Consignação em Pagamento
• Assim, a consignação em pagamento poderá ser proposta quando presentes as
hipóteses do art. 335, CC:
• Art. 335. A consignação tem lugar:
• I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
• II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos;
• III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
• IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento;
• V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Art. 335, CC
• I - se o credor não puder, ou, sem justa causa,
recusar receber o pagamento, ou dar quitação
na devida forma;
• É a mora em receber.
• O credor tem direito ao pagamento e tem a
obrigação de recebê-lo.
Art. 335, CC
• II - se o credor não for, nem mandar receber a
coisa no lugar, tempo e condição devidos;
• É também hipótese de mora em receber.
• É a demora do credor em receber a coisa e que
pode até sujeitar o devedor a ônus financeiro para
sua manutenção (gastos com a conservação da
coisa).
Art. 335, CC
• III - se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
• O credor, ao receber, dá a quitação da dívida.
• Se o devedor não puder receber a quitação, deverá
consignar em pagamento a obrigação.
• A sentença valerá como quitação da obrigação e
retroagirá à data de distribuição.
Art. 335, CC
• III - se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
• Credor incapaz: caberá a consignação em face do
incapaz quando seu representante for desconhecido
ou se recusar a receber.
• Neste caso, não é cabível a consignação
extrajudicial.
Art. 335, CC
• III - se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
• Credor desconhecido: Ignorando-se quem deve
receber (e.g., falecimento do credor), a consignação
em pagamento deverá ser proposta.
• Também inviável a consignação extrajudicial.
Art. 335, CC
• III - se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
• Credor judicialmente declarado ausente: cabe ao
curador do ausente receber o pagamento e dar a
quitação.
• Se desconhecido o curador ou caso se recuse a
receber, caberá a consignação.
Art. 335, CC
• III - se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
• Credor residente em local incerto ou de difícil
acesso: hipóteses em que o credor não consiga, por
limitação física, fazer o pagamento.
Art. 335, CC
• IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva
legitimamente receber o objeto do pagamento;
• Se quem paga mal, paga duas vezes… havendo
dúvida sobre quem deverá receber o pagamento,
ele deverá ser consignado.
• A dúvida deve ser razoável. O artifício para atrasar
o pagamento não implicará na cessação dos efeitos
da mora.
Art. 335, CC
• V - se pender litígio sobre o objeto do
pagamento.
• O litígio existente pode debater o pagamento em si,
ou até mesmo a titularidade de quem deverá
recebê-lo.
Consignação em Pagamento
• Voltando ao art. 890, CPC
• Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o
devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa
devida.
Objeto
• O objetivo da consignação em pagamento é a
obrigação de dar (dinheiro ou coisa).
• Essa coisa pode ser fungível ou não, móvel ou imóvel.
• Mas em qualquer caso, a prestação deverá ser
líquida e certa.
• No caso de entrega de coisa, a liquidez deverá se
entendida como a definição daquilo que deverá ser
entregue.
Objeto
• Essa liquidez e certeza, por óbvio, poderão ser
contestados pelo Réu ao tempo devido.
• O que se exige é que em uma análise superficial
sejam verificadas tais características.
• As obrigações de fazer e de não fazer não
podem ser consignadas em pagamento pela
simples impossibilidade de que assim seja feito.
Consignação Extrajudicial
• A partir da Lei 8.591/94, a consignação extrajudicial passou
a ser uma opção do devedor quando a prestação for em
dinheiro e existir estabelecimento bancário no local do
pagamento.
• Art. 890, §1˚. Tratando-se de obrigação em dinheiro,
poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia
devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver,
situado no lugar do pagamento, em conta com correção
monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de
recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a
manifestação de recusa. (Incluído pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
Consignação Extrajudicial
• A consignação extrajudicial exige:
• 1) Credor certo: quando se desconhecer quem deve
receber, ou se existir dúvida sobre essa pessoa.
• 2) Capacidade civil do credor: o incapaz não poderá
receber e dar quitação, ou recusar o depósito.
• 3) Credor solvente: o credor falido ou insolvente terá
o seu patrimônio administrado pela massa. O falido,
e.g., não pode receber e dar quitação.
Consignação Extrajudicial
• Realizado o depósito extrajudicial em instituição
bancária, o credor será notificado por carta com aviso
de recebimento.
• O credor terá 10 dias para ir à agência bancária e
levantar o depósito a seu favor.
• Esse levantamento implicará em extinção da obrigação.
• A inércia do credor implicará em presunção de
aceitação do depósito.
Consignação Extrajudicial
• Se o credor manifestar a sua recusa em receber,
deverá expor resumidamente suas razões.
• Se entender que o depósito é parcial, deverá indicar
o valor residual faltante.
Consignação Extrajudicial
• Com a recusa, o devedor poderá, no prazo de 30
dias, propor a consignação judicial.
• Neste caso, deverá instruir a inicial com cópia do
depósito e da recusa.
• Havendo recusa e não ajuizada a ação, o
depósito será considerado sem efeito e poderá
ser levantado pelo depositante.
• Resultado = permanecerá em mora.
Consignação Judicial
• Esta consignação será cabível, à escolha do
devedor, também nos casos em que seu objeto for
a entrega de coisa ou quando inviável a
extrajudicial.
• A consignação de aluguéis e encargos locatários
tem procedimento próprio no art. 67 da Lei
8.245/91.
Consignação Judicial
• Na consignação em pagamento há atividade
cognitiva e também executiva.
• Isso pois é admitido, no âmbito da consignação, a
discussão sobre o débito e o seu valor.
Requisito
• Para o ajuizamento, é indispensável a
comprovação da relação jurídica e da liquidez de
seu objeto.
Legitimação Ativa
• A consignação pode ser proposta por qualquer
interessado na extinção da dívida.
• Assim, qualquer terceiro interessado poderá propô-
la e efetuar o pagamento ou cumprimento da
obrigação.
• Terceiros = administrador judicial, herdeiro, sócio,
etc.
Legitimação Ativa
• O terceiro juridicamente interessado que realizar o
pagamento através da consignação irá se
subrogar nos direitos do credor.
• No caso da consignação de aluguéis, legitimado
ativo será o locatário, seu cônjuge ou companheiro,
bem como o ocupante da habitação coletiva
multifamiliar, o sublocatário e o fiador.
Legitimação Passiva
• Legitimado passivo é o credor conhecido, ou o
credor incerto que será citado por edital.
• Havendo dúvida sobre quem é o credor, haverá
litisconsórcio passivo necessário.
Foro Competente
• A ação de consignação em pagamento deverá ser
proposta no foro do lugar do pagamento.
• Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do
pagamento, cessando para o devedor, tanto que se
efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for
julgada improcedente.
Foro Competente
• Se a dívida for quesível (se o credor tiver a
obrigação de exigir o pagamento no domicílio do
devedor), o foro será o de domicílio do Autor
(e.g., arts. 395 e 400, CC).
• Se a dívida for portável (se o devedor tiver a
obrigação de pagar no domicílio do credor), o foro
será o de domicílio do Réu.
• Se a dívida for de entregar coisa certa, o foro será
aquele na qual a coisa se encontrar.
Foro Competente
• Em qualquer caso, as partes ainda podem ajustar
foro de eleição (art. 111, CPC).
• Mas a Cláusula que estabelecer o lugar do
pagamento prevalece sobre a cláusula genérica
de eleição de foro (TJMG, 3100174-32.2008.8.13.0000. DJE 06.09.200).
Foro Competente
• Em qualquer caso, a ação de consignação é regida
pelo critério da territorialidade.
• Se for proposta em foro incompetente e o réu não
apresentar a exceção (arts. 112 e 304, CPC),
haverá a prorrogação da competência (art. 114,
CPC).
Petição Inicial
• Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:
• I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser
efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do
deferimento, ressalvada a hipótese do § 3˚ do art.
890;
• II - a citação do réu para levantar o depósito ou
oferecer resposta.
• (§3˚ do art. 890, CPC, é a hipótese de recusa)
Petição Inicial
• A não realização do depósito em 05 dias implicará
na extinção sem resolução de mérito.
• Entretanto, tende-se a admitir o depósito feito fora
do prazo que não acarrete prejuízo ou
impossibilidade (antes da sentença) da própria
ação.
Depósito Irregular• STJ: O ato processual praticado de maneira irregular deve ser
aproveitado quando tiver alcançado seu objetivo e se a
inobservância da forma não trouxer prejuízo à outra parte.
• Deve ser aproveitado o depósito efetuado extemporaneamente
pelo devedor consignaste, não sendo, portanto, causa de extinção
do processo sem julgamento do mérito a consignação da
prestação fora do prazo legal.
• O descumprimento do prazo para o depósito, na ação de
consignação em pagamento, só acarreta prejuízo ao devedor-
consignante, porque, enquanto no depositada a prestação,
persiste a mora com todas as consequências a ela inerentes.
(STJ, RESP 617.323/RJ. DJ 20.06.2005)
Consignação de Prestações
Periódicas
• Havendo prestações periódicas a serem
consignadas, todas podem ser feitas nos mesmos
autos, desde que cada um deles seja feito em até
05 dias da data de seu vencimento (art. 892).
• Mas até quando elas podem ser feitas?
Prestações Periódicas
• Até quando as prestações periódicas poderão ser
consignadas judicialmente?
• A doutrina diverge.
• Até o trânsito em julgado da sentença, pois o
depósito poderá continuar ainda que o processo
esteja em grau de recurso (STJ, RESP 33976/SP.
DJ 05.08.1996) (STJ, RESP 139402/MG. DJ
02.03.1998)
Prestações Periódicas
• A divergência: a sentença declaratório não
poderia implicar na eficácia liberatória da mora
de depósitos que ainda não ocorreram.
• Assim, as prestações vencidas após a sentença
haveriam de ser consignadas em nova ação.
• (Esse é o posicionamento dominante na doutrina).
Valor da Causa
• Como regra geral, o valor da causa será o valor da
prestação devida (acrescida de juros e encargos
moratórios quando for o caso).
• Em obrigação de dar, o valor do bem.
Procedimento
• Quanto a consignação extrajudicial, já abordamos o
procedimento.
• Na consignação judicial, o devedor deverá realizar
depósito judicial da quantia em 05 dias e o Réu
será citado para que, no prazo de 15 dias,
levante o depósito ou ofereça resposta.
Procedimento
• A partir da citação, será observado o procedimento
ordinário.
A Resposta do Réu
• O Réu poderá, em sua resposta:
• 1) Aceitar o depósito e recebê-lo (hipótese de
reconhecimento do pedido - art. 269, II, CPC)
• 2) Apresentar contestação ou outra resposta;
• 3) Permanecer inerte, atribuindo-se-lhe a revelia e
ocorrendo o julgamento antecipado da lide.
Contestação
• O Réu poderá alegar a inexistência de recusa ou
mora, que o depósito não foi realizado no prazo
e no lugar do pagamento, bem como a
insuficiência do depósito.
• Neste caso, a sentença condenará o Consignante a
adimplir a obrigação.
Complementação do
Depósito
• Ao alegar a insuficiência do depósito, o Réu (credor)
deverá indicar precisamente o valor faltante.
• Neste caso, o Autor (devedor) poderá realizar o
complemento do depósito no prazo de 10 dias (art.
899, CPC).
• Mas se a prestação se tornar imprestável ao
credor, não poderá ser complementada.
Complementação do
Depósito
• Ainda que o Réu alegue a insuficiência do depósito,
poderá levantar o valor incontroverso (art. 899, §1˚,
CPC).
Procedimento
• Superada a fase ordinatória, sucederá a fase
instrutória e decisória.
Sentença
• A sentença declarará a idoneidade do depósito
realizado e a extinção do vínculo obrigacional entre as
partes.
• A isso se dá o nome de eficácia liberatória.
• A sentença que reconhece a insuficiência do depósito
servirá de título executivo para o seu cumprimento.
• A sentença desafiará recurso de apelação, o qual será
recebido em efeito devolutivo e suspensivo.
Excepcionalidades
• A consignação poderá ser cumulada com outro
pedido (art. 292, CPC).
• Neste caso, o procedimento especial será
desconsiderado e aplicado o ordinário.
• Se os Réus tiverem domicílios diversos, a ação
poderá ser proposta no foro de qualquer um deles,
à escolha do Autor.
Excepcionalidades• Resgate de aforamento (art. 900, CPC).
• Art. 900. Aplica-se o procedimento estabelecido neste
Capítulo, no que couber, ao resgate do aforamento.
• Aforamento (ou enfiteuse) é regulado pelos arts. 678 a 694
do CC de 1916.
• HAVIA direito do enfiteuta de resgatar o aforamento após
10 anos da constituição desse direito real, tornando-se
proprietário do imóvel mediante pagamento de um
laudêmio (2,5% do valor atual da propriedade) e de 10
pensões anuais pelo foreiro.
Enfiteuse?
• “O direito real de enfiteuse faz surgir ao enfiteuta o
direito real de usar, fruir e dispor do bem,
permanecendo com o senhorio direto o domínio da
coisa” (Donizetti, 2015, p.1310)
AÇÃO DE DEPÓSITO< ARTS. 901 A 906, CPC >
Objetivo
• A ação de depósito tem o objetivo de exigir a
restituição de coisa depositada.
• Sua conveniência é verificada quando o depositário
se torna infiel (quando descumpre a obrigação do
art. 629, CPC).
• Discute-se o dever o depositário de guardar e
conservar a coisa, bem como de restituí-la ao tempo
devido.
Requisitos• Art. 902. Na petição inicial instruída com a prova literal do
depósito e a estimativa do valor da coisa, se não constar
do contrato, o autor pedirá a citação do réu para, no
prazo de 5 (cinco) dias:
• I - entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o
equivalente em dinheiro;
• II - contestar a ação.
• § 1˚ No pedido poderá constar, ainda, a cominação da pena
de prisão até 1 (um) ano, que o juiz decretará na forma do
art. 904, parágrafo único.
Procedimento e Sentença
• Art. 903. Se o réu contestar a ação, observar-se-á o
procedimento ordinário.
• Art. 904. Julgada procedente a ação, ordenará o juiz
a expedição de mandado para a entrega, em 24
(vinte e quatro) horas, da coisa ou do equivalente
em dinheiro
Cumulação de Pedidos
• Art. 906. Quando não receber a coisa ou o
equivalente em dinheiro, poderá o autor
prosseguir nos próprios autos para haver o que
Ihe for reconhecido na sentença, observando-se
o procedimento da execução por quantia certa.
Depositário Judicial
• O depositário judicial não exerce seu encargo em
virtude de ajuste de vontades.
• Neste caso, é perfeitamente possível a sua
intimação para apresentação da coisa,
independentemente de ação autônoma.
AÇÃO DE ANULAÇÃO E
SUBSTITUIÇÃO DE
TÍTULOS AO PORTADOR< ARTS. 907 A 913 DO CPC >
Objetivo
• É a ação utilizada pelo possuidor de título ao
portador quando este título se perder, extraviar,
inutilizar ou houver perda de sua posse.
Problema
• Lei 6.404/76: Ações ao Portador - Art. 33.
(Revogado pela Lei nº 8.021, de 1990)
• Lei 9.457/97: Debêntures ao Portador: Revogado.
• Única exceção: Cheques no valor de até R$100,00
(Lei 8.021/90).
AÇÃO DE PRESTAÇÃO
DE CONTAS< ARTS. 914 A 919 DO CPC >
Objetivo
• Aquele que administra bens alheios, seja em virtude
de determinação legal ou contratual, tem o dever de
prestar contas de seus atos.
• E.g.: o tutor, mandatário, administrador,
inventariante (…) todos tem o dever de prestar
contas.
Cabimento
• Art. 914. A ação de prestação de contas competirá
a quem tiver:
• I - o direito de exigi-las;
• II - a obrigação de prestá-las.
Melhor Explicando
• Existem duas formas de interpretar o art. 914 do
CPC:
• 1) o direito de exigir a prestação de contas
• 2) o direito de prestar contas espontaneamente
• Assim, tanto credor quando devedor podem estar
no pólo ativo ou passivo da ação de prestação de
contas.
Natureza Dúplice
• Apurando-se saldo credor, independentemente de
reconvenção, a sentença que decidir a prestação de
contas representará título executivo (para Autor ou
Réu, conforme o caso).
• O saldo a ser apurado após a sentença será
cumprido na forma do art. 475-J do CPC e ss.
Legitimação das Partes
• Será Autor aquele que tem o direito de exigir que as
contas sejam prestadas ou aquele que tem o direito
de prestá-las.
Legitimação das Partes
• Súmula 259/STJ: A ação de prestação de contas
pode ser proposta pelo titular de conta-corrente
bancária.
• Considerando-se que a instituição financeira envia
mensalmente extratos aos correntistas, muito se
debateu que estes não poderiam exigir a prestação
de contas.
Interesse de Agir
• A prestação de contas poderá ocorrer
extrajudicialmente ou judicialmente.
Competência
• O foro competente para conhecer da ação de
prestação de contas é aquele do local em que a
gestão ou a administração de bens ocorreu (art.
100, V, B, CPC).
• Havendo foro de eleição contratual, este é que
prevalecerá.
Competência
• No caso de administrador judicial, inventariante,
tutor, curador ou depositário, será competente
para julgar as contas o mesmo órgão judiciário
que conheceu da ação principal (que
estabeleceu o vínculo de gestão de bens).
Ação de Exigir Contas
• Na ação que visa a exigência de contas, o Réu será
condenado a prestá-las no prazo de 48h.
• Então, será iniciada uma nova fase: a apresentação
das contas em forma mercantil com a apuração (ou
não) de saldo a favor de uma das partes.
• Haverá uma sentença em cada uma das partes,
cada qual que desafiará um recurso de apelação.
Forma Mercantil
• Anotação de valores recebidos, lançamentos e
outros dados relativos ao ativo e passivo.
• Deve seguir o modelo de escrituração contábil.
Ação de Exigir Contas
• Não são duas ações independentes. É apenas uma
e cuja apreciação do mérito será cindida em dois
momentos diferentes: uma para a obrigação de
prestar contas e outro para as contas prestadas.
Procedimento da Exigência
de Contas
• Como são duas fases, vamos analisar o
procedimento de cada uma delas.
Primeira Fase
• Procedimento:
• Petição inicial apta implicará na citação do Réu para
que, em 05 dias, apresente as contas ou conteste
(art. 915, caput, CPC).
• Nesta fase, discute-se apenas o direito do Autor
em ver as contas apresentadas e o dever do Réu
de prestá-las.
Primeira Fase
• O que o Réu pode fazer:
• 1) Apresentar contas e não contestar: trata-se de reconhecimento do
pedido e que implicará no imediato início da segunda fase.
• 2) Apresentar contas e contestar: reconhece o dever de prestar contas e
afirma que não deu causa à ação,.
• 3) Contestar a obrigação: haverá produção de provas para determinar se
o Réu terá obrigação de prestá-las.
• 4) Manter-se inerte: serão aplicados os efeitos da revelia.
• Além da contestação, o Réu poderá apresentar as demais formas de
respostas (exceção de incompetência, suspeição ou impedimento). Não se
admite a reconvenção pela natureza dúplice da prestação de contas.
Primeira Fase
• A decisão que reconhece (ou não) a obrigação de
prestar contas desafiará recurso de apelação.
Segunda Fase
• Uma vez definido que o Réu tem o dever de prestar
contas, ele será intimado para prestá-las no prazo
de 48h.
• Essa intimação é pessoal ! (embora parte
minoritária da doutrina discorde).
Segunda Fase
• As contas serão prestadas na forma mercantil com
a indicação das receitas, despesas e saldo.
• Também deverão ser apresentados os
documentos comprobatórios das contas prestadas.
Segunda Fase
• Uma vez apresentadas as contas, ainda pode ser
necessária a dilação probatória, facultando-se
(quando conveniente) a produção de prova oral
e pericial.
• Art. 915, § 1˚, CPC: Prestadas as contas, terá o
autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas; havendo
necessidade de produzir provas, o juiz designará
audiência de instrução e julgamento; em caso
contrário, proferirá desde logo a sentença.
Contas não prestadas
• Se o Réu, mesmo intimado, não prestar contas, caberá
ao Autor prestá-las e não haverá direito de
impugnação pela parte contrária (art. 915, §2˚, CPC).
• Art. 915, § 2˚, CPC: Se o réu não contestar a ação ou
não negar a obrigação de prestar contas, observar-se-á
o disposto no art. 330; a sentença, que julgar
procedente a ação, condenará o réu a prestar as contas
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de
não Ihe ser lícito impugnar as que o autor
apresentar.
Contas não prestadas• Quando o Autor presta contas, diante da omissão do Réu, não
significa que o Juiz as homologará de olhos fechados.
• A homologação se pautará pelos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, podendo ser designada perícia e a
realização de diligências.
• Art. 915, § 3˚, CPC: Se o réu apresentar as contas dentro do
prazo estabelecido no parágrafo anterior, seguir-se-á o
procedimento do § 1˚ deste artigo; em caso contrário,
apresentá-las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as
contas julgadas segundo o prudente arbítrio do juiz, que
poderá determinar, se necessário, a realização do exame
pericial contábil.
Sentença na Segunda Fase
• A decisão que declarará as contas também
esclarecerá a existência de saldo (e, por
conseguinte, do credor) e deverá indicar
nominalmente o valor que deverá ser pago,
prosseguindo-se à fase de cumprimento na
forma dos artigos 475-J e ss. do CPC
• Desta decisão, cabe recurso de apelação recebido
em ambos os efeitos.
Questões controversas
• A sucumbência:
• 1) Sendo improcedente o pedido da primeira fase, é
óbvia a condenação do Autor ao pagamento de custas e
honorários advocatícios.
• 2) Mas imagine que, sendo procedente o pedido da
primeira fase, seja apurado saldo a ser pago pelo Autor
em favor do Réu… quando houver impugnação às
contas e do saldo devedor ter-se-á estabelecido novo
contraditório e a oportunidade para a nova fixação
dos ônus sucumbenciais.
Ação de Dar Contas
• É a prestação de contas proposta por aquele que
tem a obrigação de prestá-las (e não daquele
legitimado que as exige).
Ação de Dar Contas
• Como o Autor já reconhece sua obrigação de
prestar as contas, aqui haverá apenas uma fase a
ser observada que será a apresentação das contas
na forma mercantil.
Procedimento
• A petição inicial, além de atender aos requisitos do
art. 282, CPC, deverá apresentar as contas
prestadas (as quais são documentos essenciais -
art. 283, CPC).
• O Réu (credor das contas prestadas) será citado
para, em 05 dias, aceitá-las ou contestá-las (art.
916, §1˚, CPC).
Procedimento• Se o Réu aceitar as contas ofertadas, caberá ao juiz julgá-las em 10
dias.
• Se o Réu contestar, será observado o procedimento ordinário a partir
de então.
• Se o Réu apenas impugnar as contas (objeção quanto ao teor e
forma das contas) e a controvérsia for apenas formal, será sanado o
vício e aberto novo prazo para que o Réu possa se manifestar.
• Se o Réu contestar e impugnar as contas, será observado o
procedimento ordinário a partir de então.
• Se o Réu permanecer inerte, ser-lhe-ão aplicados os efeitos da
revelia.
Sentença
• Superadas as fases postulatória, ordinatória e
instrutória, será proferida sentença que declarará as
contas e apurará saldo (se existente) a favor de
uma das partes.
• Em qualquer caso, a sentença sempre vale
como título executivo para pagamento do saldo
na forma dos arts. 475-J e ss. do CPC.
Sobre a Forma de se Prestar
as Contas
• A forma mercantil exigida pelo art. 917 do CPC
exige a indicação de receitas, despesas e apuração
de saldo.
• Em qualquer caso, devem ser apresentados os
documentos comprobatórios das contas prestadas
(extratos, recibos, NF, etc).
Jurisprudência
• Tendência de convalidação das contas prestadas
irregularmente se o objetivo puder ser alcançado:
• “A apresentação de contas em forma mercantil é uma
necessidade do processo, uma vez que o exame, a
discussão e o julgamento devem ser facilitados para os
sujeitos processuais. As contas apresentadas de
forma não mercantil podem ser consideradas
diante de apresentação de justificativa da parte e
da possibilidade de realização de perícia contábil.
(STJ, RESP 1.218.899. DJ 04.08.2011)”.
Questões Adicionais
• Inventariante, tutor, curador, depositário ou administrador
devem prestar contas em apenso aos autos nos
quais foram nomeados.
• Art. 919, CPC: As contas do inventariante, do tutor, do
curador, do depositário e de outro qualquer administrador
serão prestadas em apenso aos autos do processo em
que tiver sido nomeado. Sendo condenado a pagar o
saldo e não o fazendo no prazo legal, o juiz poderá
destituí-lo, seqüestrar os bens sob sua guarda e
glosar o prêmio ou gratificação a que teria direito.
Questões Adicionais
• Inventariante: deve prestar contas de sua gestão ao deixar o
cargo e sempre que o juiz assim o determinar (ex officio ou a
requerimento de outra parte ou do MP - art. 991, VII, CPC).
Em qualquer caso, ele pode se antecipar e oferecer as
contas.
• Tutor e Curador: devem prestar contas quando requeridas
pelo MP ou outro interessado (art. 1.194, CPC) ou quando o
juiz assim o determinar.
• Julgadas as contas e apurado saldo a pagar, tutor e curador
serão destituídos de seus cargos e terão seus bens
sequestrados ou glosado o pagamento a que teriam direito.
Questões Adicionais
• Cônjuges: devido à comunhão irrestrita de
interesses, os cônjuges não tem o dever de
prestar contas entre si.
• Somente após a dissolução do vínculo conjugal (art.
1.571, CC), é que surge a obrigação de partilhar o
patrimônio e aquele que permanecer na
administração dos bens deverá prestar contas
deles.
Questões Adicionais
• Súmula 259/STJ: A ação de prestação de contas pode ser
proposta pelo titular de conta-corrente bancária.
• Súmula 477/STJ: A decadência do art. 26 do CDC não é
aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e
encargos bancários.
• Art. 26, CDC: O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
• I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
• II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
AÇÕES
POSSESSÓRIAS< ARTS. 920 A 933 DO CPC >
A Posse
• < Apenas para relembrar rapidamente… >
• A aquisição da posse pode ser justa ou injusta.
• Será justa quando adquirida em conformidade com
o Direito e injusta quando ocorrer mediante
violência, ato clandestino ou precário.
A Posse• < Apenas para relembrar rapidamente… >
• A posse violenta é aquela que ocorre mediante
apossamento contrário à vontade do possuidor.
Coisas abandonadas não podem ser apossadas
violentamente.
• A posse clandestina é aquela que ocorre sorrateiramente
e sem ostensividade.
• A posse precária é aquela que ocorre mediante a relação
jurídica obrigacional ou real, é a confiança depositada
ao possuidor para que guarde a coisa.
A Posse• < Apenas para relembrar rapidamente… >
• A posse ainda é classificada como de boa-fé e de
má-fé.
• A posse de boa-fé é aquela exercida por quem não
tem conhecimento do vício que o impede de adquirir
a coisa.
• A posse de má-fé é aquela exercida por quem,
conscientemente, sabe da ilicitude da condição da
coisa.
A Posse• < Apenas para relembrar rapidamente… >
• Fala-se também em posse direta e posse indireta.
• Posse direta é aquela exercida por quem não é dono da
coisa, mas titular de um direito real ou pessoal que
lhe confira essa faculdade (e.g., locatário, usufrutuário,
etc). O possuidor direto não possui a coisa com a
intenção de tornar-se dono.
• Posse indireta é aquela mantida pelo proprietário
quando cede a coisa a outrem (e.g., locador,
proprietário).
Generalidades
• A posse, dada a sua importância como direito
subjetivo, recebeu tratamento especial do legislador.
• Uma vez que a posse tenha sido violada, surge para
seu titular a possibilidade de acionar a tutela
jurisdicional para restabelecer o estado anterior.
• Art. 1.210, CC: O possuidor tem direito a ser
mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente,
se tiver justo receio de ser molestado.
Generalidades
• Turbação e Esbulho ????????????
Turbação
• Ato que dificulta o exercício da posse, mas não a
suprime totalmente.
• É apenas um embaraço ao exercício da posse.
• O possuidor permanece na posse da coisa e é
cerceado do pleno exercício de seu direito.
• E.g., invasão de parte de imóvel ou criação de
obstáculo para acesso a porta ou caminho de
imóvel.
Esbulho
• Ato que impede o exercício da posse pelo seu
possuidor primitivo.
• O possuidor fica injustamente privado da posse e há
perda do direito em si.
• Nem sempre ocorre mediante violência.
• E.g., comodatário que, findo o prazo do comodato,
não devolve o bem ao seu possuidor indireto.
Tutela Possessória
• A tutela possessória pode ser exercida em juízo
possessório ou em juízo petitório.
• No juízo possessório, há tutela da posse como um
direito subjetivo independente. Aqui, a posse será
protegida por si só.
• No juízo petitório, há tutela da posse como
substrato do direito de propriedade. Aqui, a posse é
tratada como desdobramento do domínio.
Tutela Possessória
• Porque dividir o juízo possessório e o juízo
petitório?
• É que no juízo possessório, não há qualquer
discussão sobre a propriedade. A titularidade do
domínio é irrelevante neste juízo.
• Neste caso, a ação possessória pode ser ajuizada
até contra o proprietário, caso ele tenha violado a
posse de outrem.
Tutela Possessória
• Assim, quando o proprietário sofrer esbulho em sua
posse, terá duas alternativas: ajuizar ação
reivindicatória (fundada no direito de propriedade)
ou ação de reintegração de posse (para reaver a
posse esbulhada)
Ações Possessórias
Distinção
• Ação reivindicatória: proposta pelo proprietário
para obter a posse fundada no título dominical.
Seguirá o procedimento ordinário.
• Ações possessórias: Essas seguem o
procedimento especial e podem ser a de
manutenção de posse, reintegração de posse e o
interdito proibitório.
Manutenção de Posse
• Deve ser proposta quando houver turbação na
posse e houver embaraço ao seu livre exercício.
• Neste caso, o Autor permanece na posse da coisa.
• Art. 926, CPC: O possuidor tem direito a ser
mantido na posse em caso de turbação e
reintegrado no de esbulho.
Reintegração de Posse
• Deve ser proposta quando houver esbulho
possessório.
• Neste caso, há perda da disponibilidade sobre a
coisa (ou de parte dela).
Manutenção e Reintegração
• Art. 927, CPC: Incumbe ao autor provar:
• I - a sua posse;
• Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
• III - a data da turbação ou do esbulho;
• IV - a continuação da posse, embora turbada, na
ação de manutenção; a perda da posse, na ação
de reintegração
Interdito Proibitório
• Deve ser proposta quando houver ameaça ao
exercício da posse.
• Neste caso, o esbulho ou turbação ainda são meras
ameaças.
Ações Possessórias
• Essas são as 3 ações possessórias e que recebem
o procedimento especial disciplinado pelo CPC.
• Mas a ação possessória pelo procedimento
especial só será assim concebida se se tratar de
ação de força nova.
Ações Possessórias
• Ação de Força Nova ?????????
Ações Possessórias
• Ação de Força Nova é aquela proposta dentro do prazo
de ano e dia da ofensa à posse (art. 924, CPC).
• A Ação de Força Velha, proposta após o decurso de ano
e dia da ofensa à posse, tramitará pelo procedimento
ordinário e não admite a concessão do pedido
liminar baseado nos arts. 927, 928 e 929 do CPC.
• Pergunta: Há interdito probatório como ação de força
velha?
Prescrição e Decadência
• A doutrina converge para a conclusão de que se
aplica o prazo do art. 205, CC, para as ações
reivindicatória e possessória.
• Isto é, o prazo prescricional de 10 anos para
propositura das ações.
• E para se valer do procedimento especial, há o
prazo decadencial de ano e dia previsto no art. 924,
CPC.
Fungibilidade
• Em razão da óbvia confusão entre esbulho e
turbação, ou da modificação substancial destas
situações na vida real, prevalece a fungibilidade
das tutelas possessórias legitimada no art. 920,
CPC.
Fungibilidade
• Art. 920, CPC: A propositura de uma ação
possessória em vez de outra não obstará a que
o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção
legal correspondente àquela, cujos requisitos
estejam provados.
Fungibilidade
• A fungibilidade é apenas das possessórias. Se for o
caso de ação petitória, ela não poderá ser aplicada.
• Isto porque a causa de pedir e os pedidos são
completamente diversos nas possessórias e nas
petitórias. A aplicação da fungibilidade
implicaria, portanto, em decisão extra petita.
• A fungibilidade é exceção ao princípio da adscrição
(arts. 128 e 460, CPC).
Natureza Dúplice
• Nas ações de natureza dúplice o Réu pode, em sua
contestação, formular pretensão em desfavor do
Autor.
• Art. 922, CPC: É lícito ao réu, na contestação,
alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a
indenização pelos prejuízos resultantes da
turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Natureza Dúplice
• Nesse caso, a procedência de um dos pedidos
conduzirá automaticamente à rejeição do outro.
• E.g., em contestação, o Réu alega que foi ele quem
sofreu esbulho/turbação na posse e não o contrário.
• Art. 922, CPC: É lícito ao réu, na contestação,
alegando que foi o ofendido em sua posse,
demandar a proteção possessória e a
indenização pelos prejuízos resultantes da
turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Procedimento
• O grande diferencial da especialização do
procedimento é o deferimento liminar, muitas
vezes inaudita altera para, do pedido.
• Não importa se a tutela possessória incide sobre
bem móvel ou imóvel. Sendo ação de força nova,
caberá o pedido liminar.
Procedimento
• Concedido ou não o pedido liminar, o Réu será
citado para responder em 05 dias.
• Em qualquer caso, poderá haver designação de
audiência de justificação.
• A justificação geralmente é utilizada para comprovar
o esbulho ou a turbação, bem como a posse
exercida anteriormente.
Procedimento
• Art. 928, CPC: Estando a petição inicial devidamente
instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição
do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração; no caso contrário, determinará que o
autor justifique previamente o alegado, citando-se o
réu para comparecer à audiência que for designada.
• Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito
público não será deferida a manutenção ou a
reintegração liminar sem prévia audiência dos
respectivos representantes judiciais.
Legitimação das Partes• Legitimado Ativo será o possuidor da coisa.
• Quando os cônjuges forem compossuidores, deverá
haver litisconsórcio ativo obrigatório (art. 10, §2˚, CPC).
• Se somente um dos cônjuges for o possuidor da coisa, não
haverá que se falar em litisconsórcio ativo.
• Art. 10, § 2º, CPC: Nas ações possessórias, a
participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nos casos de composse ou de ato por
ambos praticados.(Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Legitimação das Partes
• Legitimado passivo será aquele que praticou o
esbulho, turbação ou ameaça à posse (ainda que
também possuidor da coisa - e.g., possuidor direto vs.
possuidor indireto).
• Quando o ofensor da posse é mero preposto de
terceiro, será o mandante do ato o legitimado passivo.
• Se ajuizada a ação contra o preposto, mero detentor,
este deverá proceder à nomeação à autoria (art. 62,
CPC).
Competência
• As ações possessórias são ações pessoais e por
isso se enquadram na regra do art. 94 do CPC:
devem ser propostas no foro de domicílio do
Réu.
Competência
• Art. 95, CPC: Nas ações fundadas em direito real
sobre imóveis é competente o foro da situação
da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro
do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio
sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão,
posse, divisão e demarcação de terras e nunciação
de obra nova.
Competência
• Trata-se de competência absoluta para
conhecimento da matéria possessória.
• Assim, não pode haver prorrogação da competência,
implicando em anulação de todos os atos praticados
pelo juízo incompetente (inclusive o deferimento do
pedido liminar, se for o caso).
• Se o imóvel estiver situado em mais de uma comarca,
a fixação da competência se dará pela prevenção, a
qual se estenderá à totalidade do bem.
Competência
• Via de regra, é a Justiça Estadual a competente
para conhecer das ações possessórias.
• Contudo, quando o valor da causa for inferior ou
igual a 40 salários mínimos, haverá competência
dos Juizados Especiais (art. 3˚, IV, da Lei
9.099/95).
• Se o bem for de propriedade da União ou se ela
tiver interesse na causa, a competência será da
Justiça Federal (Súmula 150/STJ).
Petição Inicial
• Deve indicar a posse anterior ao esbulho/turbação
(pois a ação se funda na ofensa à posse).
• Deve indicar a ofensa à posse (ameaça, esbulho ou
turbação)
• Deve indicar a data da ofensa (essencial para o
pedido liminar e definição do procedimento).
• Deve indicar a perpetuação da perda/ofensa da
posse.
Petição Inicial
• O pedido possessório poderá ser cumulado com
outros, desde que também tenham por fundamento
a turbação, esbulho ou ameaça.
• E.g., perdas e danos pelos estragos verificados
na coisa ou decorrentes da privação do bem;
desfazimento de construção.
• E.g., arbitramento de multa para caso de reiteração
do esbulho, turbação ou ameaça (art. 921, II, CPC).
Petição Inicial
• Pelo art. 921, II, CPC, pode ser fixada penalidade
pecuniária para a prática de nova turbação ou
esbulho.
• Entretanto, também podem ser fixadas astreintes
(art. 461, §§4˚ e 5˚, CPC) para caso de
inadimplemento da obrigação de fazer: a obrigação
de restituir o bem ou reintegrar a posse do mesmo.
Petição Inicial
• Nestes casos, haverá exceção à regra do art.
292, §2˚, CPC, ou seja, fundando-se os pedidos
na mesma causa de pedir, a todos será imposto
o procedimento especial.
Pedido Liminar
• Comprovados os requisitos do art. 927, CPC
(posse, turbação, esbulho ou ameaça, data e
continuação da ofensa ou perda da posse), não há
que se falar em periculum in mora.
• Será o caso de verdadeira antecipação dos
efeitos da tutela que dispensa o perigo na
demora previsto no art. 273, I, CPC.
• Esse “pedido liminar” das ações possessórias não é
tutela cautelar.
Petição Inicial
• Geralmente a prova da data da ofensa à posse é
feita por declarações de vizinhos, testemunhas
ou pela lavratura de Boletim de Ocorrência
Policial.
• Não havendo prova satisfatória e sendo a posse
ofendida há menos de ano e dia, deverá ser
designada audiência de justificação.
Pedido Liminar
• Deferido o pedido liminar, será expedido o mandado
a ser cumprido por oficial de justiça.
• Havendo resistência pelo Réu, mediante pedido na
peça de ingresso, poderá ser determinada a ordem
de arrombamento e a requisição de força policial.
(… Continua … )