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Pró-Reitoria de Graduação Curso de Biomedicina
Trabalho de Conclusão de Curso
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE
Autora: Belkiss Cristtina Santos Gonçalves
Orientador: Me. Misael Rabelo de Martins Custódio.
Brasília - DF
2015
BELKISS CRISTTINA SANTOS GONÇALVES
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE
Monografia apresentada ao curso de
graduação em Biomedicina da Universidade
Católica de Brasília, requisito parcial para a
obtenção do grau de Bacharel.
Orientador: Me. Misael Rabelo de
Martins Custódio.
Brasília
2015
FOLHA DE APROVAÇÃO
Monografia, de autoria de Belkiss Cristtina Santos Gonçalves, intitulado
“ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA OBESIDADE”, apresentado como requisito
parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina da Universidade Católica de
Brasília, em 28/05/2015, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
____________________________________________________
Prof. Me. Misael Rabelo de Martins Custódio - Orientador
Curso de Biomedicina - UCB
____________________________________________________
Profª Me. Patrícia de Souza Kanno
Curso de Nutrição - UNIPLAN
____________________________________________________
Esp. Luís Gustavo de Oliveira
Biomédico
Dedico esse trabalho ao meu orientador
Me. Misael Rabelo de Martins Custódio, aos
meus amigos e aos meus pais que sempre
torceram por mim.
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus pela força, aos meus pais pela confiança, ao meu orientador e
Mestre pela oportunidade, aos colegas do projeto de acupuntura pela amizade e por me
ajudarem a crescer dentro da área e ao meu namorado pela paciência e todo o amor.
“O reino dos céus é semelhante a um
grão de mostarda, que um homem tomou e
plantou no seu campo; o qual grão é, na
verdade, a menor de todas as sementes, mas
depois de crescido, é a maior das hortaliças e
faz-se árvore, de tal modo que as aves do céu
vêm pousar nos seus ramos”. (Mateus 13: 31-
32).
RESUMO
Referência: GONÇALVES, Belkiss Cristtina Santos. Acupuntura no Tratamento da
Obesidade. 2014. 40 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Biomedicina) – Universidade
Católica de Brasília, Taguatinga – DF, 2014.
A obesidade é uma doença crônica, que é vista como um dos principais agravantes
para intercorrência de diversas enfermidades como diabetes mellitus, doença coronariana,
acidente vascular cerebral, câncer de mama e outras. Dentro da população adulta existem 32%
de obesos, dentre os quais 25% são casos graves. O princípio de um bom tratamento é a
diminuição do consumo energético e o respectivo aumento de seu gasto pelo paciente. Porém,
existem vários tipos de tratamento a exemplo de dietas, cirurgias e, inclusive, a acupuntura. A
Medicina Tradicional Chinesa - MTC - é uma ciência milenar que tem como base os
conceitos Taoístas, em que o individuo é considerado uma parte integrante do universo.
Assim, o ser humano é um conjunto de energias, provenientes da natureza, que fluem por todo
o corpo e que devem estar em constante equilíbrio. Quando isso não ocorre, têm-se as
enfermidades, como fatores predispostos a obesidade. Desta forma, a terapêutica da MTC tem
como objetivo reestabelecer o fluxo da energia vital pelo corpo e reestabelecimento dos
fatores corporais como a readequação do percentual de gordura corporal. Com isso, este
trabalho tem como objetivo verificar a diminuição do peso em pacientes obesos, após
procedimentos de acupuntura. Para tanto, foram avaliados alguns estudos que relacionam a
obesidade com a Medicina Tradicional Chinesa.
Palavras-Chave: Acupuntura. Medicina Tradicional Chinesa. Obesidade. Adipócitos.
ABSTRACT
Coronary heart disease, cerebrovascular accident, breast cancer and so many other
diseases are caused, mainly, by obesity. In Brazil, 32% of the adult population is obese, which
25% are serious cases. The began of the treatment of obesity starts with a reduction of
consume of energy by the patient and, at the same time, the increase of its loss. However,
there are treatments like diet, surgery and acupuncture. The Traditional Chinese Medicine is
an ancient science based on Taoist conception, which the human body is part of the entire
universe. Thus, the human person is a mix of energies from the environment, that goes thru
the body. This energy ought to be balanced. When this is not happening, became the illnesses,
including the obesity. Therefore, the Traditional Chinese Medicine recover the flow of the
vital energy of the body, restoring the damaging effects, including reduction of fatness.
Considering that, this monograph has the purpose to verify the reduction of weight in patients
obeses, after procedures of acupuncture. For this purpose, we have made studies relating
obesity with the Traditional Chinese Medicine.
Keywords: Acupuncture. Traditional Chinese Medicine. Obesity. Adipocytes.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9
2 OBJETIVO ...................................................................................................... 10
2.1 GERAL ............................................................................................................. 10
2.2 ESPECÍFICOS .................................................................................................. 10
3 METÓDO ........................................................................................................ 11
4 DESENVOLVIMENTO ................................................................................. 13
4.1 OBESIDADE .................................................................................................... 13
4.1.1 Conceito ........................................................................................................... 13
4.1.2 Aspectos Epidemiológicos .............................................................................. 14
4.1.3 Fisiopatologia................................................................................................... 17
4.1.4 Tratamento ...................................................................................................... 20
4.2 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ........................................................ 21
4.2.1 Conceito ........................................................................................................... 21
4.2.2 Contesto Histórico ........................................................................................... 21
4.2.3 Fundamentos ................................................................................................... 23
4.3 OBESIDADE NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ......................... 27
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 29
6 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 31
7 ANEXO ............................................................................................................ 37
9
1 INTRODUÇÃO
A obesidade tem como causador principal o distúrbio alimentar e o sedentarismo, os
quais podem levar o indivíduo ao acúmulo de tecido adiposo. É considerada uma epidemia
pelo aumento exagerado de pessoas obesas em todo o mundo, até mesmo no Japão, que tem
como característica uma população magra (BRASIL, 2010; RUYAK, 2013; MELO; SILVA;
CALLES, 2014).
A obesidade tem sido vista ultimamente como um dos problemas de saúde pública de
grande relevância, nos últimos anos houve um crescimento da prevalência, até mesmo em
crianças, das quais 20% são consideradas obesas. Como efeito dessa grande prevalência tem
uma gama de estudos relacionados com as doenças que a obesidade pode causar, como: a
doença coronariana, acidente vascular, diabetes entre outros (OHZEKI, 2013; SILVA; MAIA,
2013; DRAGER, 2013, FONSECA-JUNIOR et al.,2013).
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma ciência milenar que tem como base os
conceitos Taoístas onde o individuo é considerado uma parte integrante do universo. Para ela,
o ser humano é um conjunto de energias, provenientes da natureza, que fluem por todo o
corpo e que devem estar em constante equilíbrio. Quando isso não acontece, temos as
enfermidades, e terapêutica segundo a MTC tem como objetivo reestabelecer o fluxo da
energia vital pelo corpo (CUNHA; REGO, 2007).
A MTC conquista cada vez mais espaço no ocidente e está incluída até mesmo na rede
de atenção a saúde. Entre as diferentes formas de tratamento, a acupuntura é o método
complementar mais popular. Ela é utilizada na terapêutica da obesidade e também em
problemas osteoarticulares, orgânicos e psicossomáticos (ABDI et al., 2012).
Com isso o objetivo deste trabalho foi avaliar estudos que relacionam a obesidade e a
Medicina tradicional Chinesa, para tentar comprovar a eficácia dos procedimentos na
diminuição do peso.
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2 OBJETIVO
2.1 GERAL
Realizar revisão bibliográfica sobre Obesidade relacionada com a Acupuntura.
2.2 ESPECÍFICOS
Realizar pesquisa bibliográfica sobre Obesidade;
Realizar pesquisa bibliográfica sobre Medicina Tradicional Chinesa;
Realizar pesquisa bibliográfica sobre Acupuntura;
Realizar Fichamento de todos os trabalhos achados;
Selecionar os trabalhos que tenham relação direta com a temática do trabalho.
11
3 METÓDO
Com base em uma revisão de sistemática, foi realizada busca com as bases científicas
eletrônicas, PubMed, Scielo e banco de dados de outras Universidades com as seguintes
palavras e suas combinações: obesidade, obesity (conceito, concept, epidemiologia,
epidemiology, fisiopatologia, pathophisiology, tratamento, treatment, bariátrica, bariatric,
balão intragástrico, intragastric balloon, farmacológico, pharmacologycal), acupuntura,
acupuncture, medicina tradicional chinesa, traditional chinese medicine (histórico, history,
conceito, concept, fundamentos, fundamentals).
Inicialmente, os artigos foram selecionados de acordo com os títulos e os resumos
apresentados, após busca eletrônica, com filtros para artigos científicos publicados nos
últimos dez anos. Optou-se pela seleção de estudos gratuitos (com preferência pelos mais
atuais), assim como pesquisas e relatos realizadas em humanos adultos (> 19 anos), de ambos
12
os sexos. Também foram consultadas algumas revisões sistemáticas, teses de banco de dados
de outras universidades e livros de acupuntura.
Em pesquisa a teses e dissertações, foram utilizados: um artigo do Biocursos do Curso
de Pós Graduação em acupuntura da faculdade Ávila de Manaus; um artigo da Universidade
do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú; um dissertação da Universidade da Beira Interior de
Corvilhá, Portugal; um tese da Universidade do Oeste de Santa Catarina e um tese da
Universidade de São Paulo.
Para a parte da epidemiologia da obesidade foi usado, dois arquivos da ABESO –
Associação Brasileira de obesidade; um da VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico; um arquivo do Ministério da
Saúde; um arquivo do SUS e um arquivo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Mais três referências correspondentes a imagens relacionadas à Medicina
Tradicional Chinesa e uma sobre fisiopatologia da obesidade.
Assim, para cada estudo selecionado, foi realizada uma análise crítica para
avaliar a validade dos resultados obtidos e a possibilidade de suas conclusões estarem
fundamentadas em dados viciados.
13
4 DESENVOLVIMENTO
4.1 OBESIDADE
4.1.1 Conceito
Obesidade é uma doença crônica que é vista como um dos principais agravantes para
intercorrência de diversas enfermidades como, diabetes mellitus, doença coronariana, acidente
vascular cerebral, câncer de mama entre outras. É caracterizada pelo acúmulo de gordura no
tecido adiposo, o que coincide com um aumento de peso (BRASIL, 2010; QUEIROZ et al.,
2009; LANG, 2014).
Para definir se a pessoa é obesa, ou se apenas está com sobrepeso, existem várias
formas, como a bioimpedância e a antropometria, essa definição é importante para auxiliar no
tratamento médico. Assim como saber se o paciente tem alguma das enfermidades citadas.
O índice de massa corpórea (IMC) é o método mais utilizado para qualificar o paciente
com peso normal, sobrepeso, obesidade grau I, II ou III, no entanto não é a forma mais
indicada para diagnóstico, pois o IMC nada mais é do que uma relação de peso e altura, o qual
ignora o percentual real de gordura. Existem formas de diagnóstico mais precisas, como a
bioimpedância ou a antropometria, que são consideradas mais sensíveis e seguras. (ABESO,
2009; PAVÃO; WERNECK; CAMPOS, 2013).
A bioimpedância baseia-se na condutividade elétrica dos diferentes tecidos biológicos,
onde são expostos a frequências distintas. Cada parte representa um mecanismo da condução
elétrica, a água e a massa livre de gordura são a resistência, o condensador seria as
membranas celulares e a gordura, e os fluídos extracelulares os condutores. Com isso, é
possível quantificar a água corporal e a proporção da massa livre de gordura e da gordura
corpórea (GUEDES, 2013; ANGÉLOCO NETO et al., 2012).
A bioimpedância é uma técnica que oferece resultados eficientes e suficientes na
quantificação de gordura, no entanto, devido ao custo, o uso da antropometria através do
adipômetro é mais utilizado. A medida de dobras cutâneas é utilizada porque a maior parte da
gordura corporal encontra-se no tecido subcutâneo, e desta forma é possível identificar a
quantidade de gordura na região avaliada, para isso, devem ser avaliadas várias partes do
corpo para ter a quantificação da gordura corpórea. Vale ressaltar que os resultados não
equivalem à quantidade real de gordura, devido ao armazenamento de gordura em outros
locais (GUEDES, 2013; NEVES et al., 2013).
14
4.1.2 Aspectos Epidemiológicos
Nos Estados Unidos, mais de um terço de adultos e um sexto de crianças e
adolescentes são obesos, ou seja, possuem o IMC ≥30 kg/m2. Esse índice ultrapassa mais que
o dobro da prevalência do ano de 1994. E os indivíduos com obesidade mórbida também
aumentaram de 3,9% para 6,6% em 10 anos, do ano de 2000 até 2010 (SKOLNIK; RYAN,
2014; ACCF, 2015).
Estima-se que cerca de 20% das crianças brasileiras tenham algum grau de obesidade
e que dentro da população adulta exista 32% de obesos, destes 25% são casos graves. Este
fato ocorre em todo o Brasil, no entanto, na região sul do país tem-se índices mais elevados. A
Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição revela que a doença está presente em sua maioria em
mulheres adultas, que possuem 20 a 59 anos de idade (BRASIL, 2010; OHZEKI, 2013;
SILVA; MAIA, 2013).
Gráfico 1: Prevalência de déficit de peso, excesso de peso e obesidade na população com 20 ou mais anos de
idade, por sexo – Brasil – períodos 1974 – 1975 de 2002 – 2003 e de 2008 – 2009.
Fonte: IBGE (2009)
Ao observar os três itens é possível notar que a tendência de ser obeso é cada vez
maior, os itens são diretamente proporcionais, conforme o tempo passa o déficit de peso
diminui, e o excesso de peso (os futuros obesos) aumenta gradativamente. Mostra dados de
indivíduos com mais de 20 anos. No item obesidade as mulheres estão com o peso maio do
que os homens, porém no item de sobrepeso, os homens são os que estão na frente.
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A renda familiar também influência na quantidade de obesos, os indivíduos acima do
peso estão mais concentrados na área urbana, e em mulheres de alto poder aquisitivo. No
entanto, está realidade pode se estabilizar ou diminuir. E a classe menos favorecida vem a ter
um aumento no peso pela falta de orientação alimentar e atividade física (BRASIL, 2010).
Na tabela 1 podemos observar a diferença significativa entre os homens e mulheres e
entre a região sul e as demais. Em todas as idades as mulheres são mais obesas que os
homens, exceto de 20 a 29 anos na região norte e sul. É visível ainda, que o total de pessoas
com IMC maior do que 30 kg/m2 cresce com o passar dos anos.
Tabela 1: Prevalência (%) de excesso de peso em adultos de 20 a 59 anos de idade, por região, segundo
componente, faixa etária e sexo
Fonte: SUS (2009)
Vigitel (2013) apresenta dados de periodicidade anual, desde 2006, realizado em 26
capitais em maiores de 18 anos, por pesquisa telefônica.
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Gráfico 2: Excesso de peso e obesidade por sexo
Fonte: Vigitel (2013)
Gráfico 3: Frequência de excesso de peso
Fonte: Vigitel (2014)
Gráfico 4: Frequência de Obesidade
Fonte: Vigitel (2014)
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Apesar do Ministério da Saúde, mostrar que o índice de obesidade está estável no
Brasil, o número de indivíduos acima do peso está cada vez mais elevado. O excesso de peso
já chegou á 52,5% da população adulta. Essa taxa há nove anos, era de 43%. Também é
preocupante a proporção de indivíduos maiores de 18 anos considerados obesos, 17,9%.
Apesar deste número não ter sofrido alterações nos últimos anos, a obesidade continua a ser
um fator de risco para doenças crônicas, que correspondem a 72% dos óbitos no Brasil
(ABESO, 2015).
4.1.3 Fisiopatologia
A obesidade é uma síndrome causada por diversos fatores, como, por exemplo:
genéticos, comportamentais, psicológicos, sociais, metabólicos e endócrinos. O primeiro pode
influenciar de forma intrínseca na aquisição da obesidade, assim considerado um fator
atribuído à predisposição. A ingestão calórica, a realização de atividade física e o estilo de
vida são determinantes críticos nessa doença, pois, a obesidade nada mais é do que um
desequilíbrio entre ingestão de alimentos e o gasto energético, onde o excesso de energia
produzida é armazenado em forma de gordura. Principalmente no tecido adiposo branco, que
é uma célula madura capaz de alterar de forma significante o seu tamanho, a partir do
armazenamento de triglicerídeos (SKOLNIK; RYAN, 2014; WASEEM, 2007; TCHERNOF;
DESPRÉS, 2013; SCHLEINITZ et al., 2011).
Um aumento no número e tamanho dos adipócitos faz com que o tecido adiposo
branco comesse a expandir, o que pode levar, a obesidade. A Adipogênese leva a obesidade
central, caso ocorra depósito de gordura abdominal e obesidade periférica, quando o acúmulo
é no tecido subcutâneo. É um processo bem organizado, que necessita da ativação dos fatores
de transcrição, a fim de atingir a maturidade. Essas células devem passar por duas etapas
vitais: determinação dos adipócitos e diferenciação dos adipócitos (ALI et al., 2013).
Além do tecido adiposo branco, temos também o tecido adiposo marrom, que nada
mais é do que um tecido termogênico, que deve manter a temperatura e o peso do corpo,
quando houver queda de temperatura ou em uma dieta hipocalórica. O tecido adiposo marrom
e morfologicamente diferente do tecido adiposo branco, ele contém gotículas de
triacilglicerol, numerosas mitocôndrias e diferente do adiposo branco tem alta capacidade de
estocar ácidos graxos (BOSCHINI; GARCIA JÚNIOR, 2005).
É interessante ressaltar que o tecido adiposo tem a capacidade de se expandir e invadir
outros territórios, como vísceras e músculos a partir dos vasos sanguíneos. Locais de
armazenamento de gordura:
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Subcutânea – localizada logo abaixo da camada mais externa da pele, coberta pelos
músculos (LIMA, 2008).
Intra-abdominal ou visceral – está localizada por trás da parede abdominal e entre os
órgãos do abdômen. Este tipo de gordura afeta diretamente a saúde e ocasiona a
inflamação dos órgãos. Causa a diminuição da sensibilidade à insulina, hipertensão,
aumento de triglicérides, aterosclerose, colesterol elevado, predisposição a diabetes
entre outras enfermidades (LIMA, 2008; RIBEIRO FILHO et al., 2006; TCHERNOG;
DESPRÉS, 2013; CASTRO et al., 2014).
4.1.3.1 Regulação da oxidação de ácidos graxos pelo músculo esquelético quando há
oferta abundante de glicose
Figura 1: Ciclo de Krebs
Fonte: Curi et al, (2003).
A metabolização elevada da glicose pelo músculo esquelético reduz a
oxidação de ácidos graxos. O efeito da glicose sobre a oxidação de ácidos graxos
ocorre da seguinte maneira: a glicose ao ser metabolizada pela via glicolítica gera
piruvato e este através da piruvato desidrogenase forma acetil CoA. Este condensa-
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se ao oxaloacetato pela citrato sintase levando à produção de citrato. Este sai da
mitocôndria para o citoplasma e pela ação da ATP-citrato liase gera acetil CoA. O
acetil CoA é convertido em malonil CoA pela acetil CoA carboxilase. O citrato é um
ativador importante da acetil CoA carboxilase. Portanto, este metabólito além de
precurssor ativa a produção de malonil CoA (CURI et al., 2003).
O malonil CoA é um potente inibidor da CAT-I. Assim, ocorre
inibição da oxidação de ácidos graxos na mitocôndria. Os ácidos graxos que
permanecem no citoplasma na forma de acil CoA são então esterificados em
triglicerídeos, fosfolípides ou ésteres de colesterol. Este mecanismo da interação
glicose-ácidos graxos leva à redução da oxidação de ácidos graxos e o seu acúmulo
como macromoléculas lipídicas (CURI et al., 2003).
Com relação aos ácidos graxos, aqueles provenientes do tecido adiposo, o primeiro
passo para sua utilização é hidrólise do triacilglicerol. O metabolismo do adipócito é
controlado pelos hormônios e também pelo sistema nervoso. A insulina inibe a lipólise e
estimula o processo de lipogênese e esterificação. E a adrenalina, noradrenalina, cortisol e
hormônio do crescimento são estimulados pela mobilização dos ácidos graxos.
Fonte: Farias (2014).
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É sabido que a diminuição da atividade física e alteração dos hábitos alimentares
levam ao aumento de peso, mas não se pode dizer que é ocasionado somente pela falta de
força de vontade do doente, pode ser devido a uma alteração metabólica, ou até mesmo um
distúrbio emocional, algumas pessoas obesas tem uma compulsão alimentar devido à raiva ou
a ansiedade, por exemplo (SLAWIK; BEUSCHLEIN, 2006).
4.1.4 Tratamento
O princípio de um bom tratamento é diminuir o consumo energético e aumentar o
gasto. Para isso existem diversas formas, entre ela os procedimentos naturais e artificiais.
Procedimentos naturais:
a) Exercícios físicos e dietas sem o uso de fármacos (PAVÃO et al., 2013; FONSECA-
JUNIOR et al., 2013).
b) Terapias alternativas: Medicina Tradicional Chinesa (SOUSA; VIEIRA, 2005).
Procedimentos Artificiais:
c) Farmacológicos: Existem diversos mecanismos que podem agir na moderação do
apetite, na redução da compulsão alimentar, na saciedade, no controle da ansiedade e
na diminuição de absorção de gordura pelo intestino (FARIA et al., 2010;
PAUMGARTTEN, 2011; SCHAMROTH, 2012; GONZALEZ et al., 2010).
d) Balão intragástrico: É uma prótese de silicone, que é colocada no estômago por meio
da endoscopia e insuflada com líquido ou ar. Com a finalidade de reduzir a fome e
promover uma saciedade precoce, ao fazer com que o indivíduo se alimente menos e
com consequência perca peso (DIAS et.al., 2010; CARVALHO et al., 2011).
Castro et al. (2013) diz que, o balão intragástrico, apesar de ser utilizado há muitos
anos não conseguiu comprovar a sua eficiência de perca de peso inicial. Seu estudo tenta
comprovar a eficiência do mesmo e conclui que sim, é eficiente, no entanto a eficácia diminui
a longo prazo e ainda relata complicações na retirada do mesmo.
Já, Milone et al, (2014) cita estudos de insuficiência renal aguda, ocasionada devido à
utilização do balão, e mostra um relato de caso que apresenta insuficiência aguda devido a
vômitos persistentes que levaram a desidratação, ocasionado após posicionamento do mesmo.
e) Cirurgia: Para casos mais graves, com o IMC acima de 40, ou seja, que possuem
obesidade mórbida ou IMC acima de 35, associado à outra doença é indicado à
cirurgia bariátrica (GARCÍA et al., 2012).
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No entanto qualquer procedimento que não seja natural pode ter algum prejuízo, os
fármacos podem causar efeitos colaterais, desde uma simples dor de cabeça até uma
taquicardia ou uma dependência. Qualquer cirurgia de grande porte ameaça a vida do
paciente, e o mesmo tem que estar preparado parar possíveis alterações psicológicas. Apesar
de não existir estudos que impeçam a cirurgia bariátrica por motivos psicológicos, a presença
de transtornos depressivos, afetivo bipolar ou psicótico são considerados contraindicação para
a realização da cirurgia (SILVA; MAIA, 2013; WASEEM et al., 2007; WEE et al., 2013;
COURCOULA et al., 2013; CHUANG et al., 2013).
Contudo, em muitos casos, mesmo após procedimentos artificiais, como cirurgias, e os
naturais com uma vida saudável, não são suficientes para diminuir ou melhorar o Peso
Corporal, e diminuir o percentual de Gordura. Neste caso, existem algumas alternativas que
auxiliam neste processo sendo natural com efeitos expressivos quanto um Artificial, como por
exemplo: Medicina Tradicional Chinesa.
4.2 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
4.2.1 Conceito
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma ciência milenar que tem como base os
conceitos Taoístas onde o individuo é considerado uma parte integrante do universo. Assim, o
ser humano é um conjunto de energias, provenientes da natureza, que fluem por todo o corpo
e que devem estar em constante equilíbrio. Quando isso não ocorre, têm-se as enfermidades, a
terapêutica segundo a MTC tem como objetivo reestabelecer o fluxo da energia vital pelo
corpo. Onde se existe um desequilíbrio ou adoecimento, o mesmo se dá a partir dos
desequilíbrios do Yin e Yang e na circulação dos canais de energia (CUNHA; REGO, 2007;
MORÉ et al., 2011).
Toda essa filosofia está atrelada com um contexto histórico longo e intenso. Desta
forma, serão descritos os principais fatos históricos que complementam e explicam os
procedimentos filosóficos e processos.
4.2.2 Contesto Histórico
É do século XVIII a.c que se tem a primeira informação sobre a técnica de
Acupuntura, que estava registrada em manuscritos chineses, o conhecido Imperador Amarelo
ou em chinês Nei Jing. Porém estima-se que a acupuntura surgiu antes de 2000 a.C. pois
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escavações nas ruínas de Yang-Shao, evidenciaram o uso de Bian-Shi (uma pedra) (LIU et
al., 2014).
No século III antes de Cristo já se utilizava a MTC como atividade médica, com
agulhas e facas de bronze, ferro prata e ouro. A foto 1, irá mostrar as agulhas utilizadas nesta
época, segundo Maciocia (2007), eram nove agulhas cada uma como um objetivo diferente:
Agulha Chai, (ponta de flecha) – Para ser usada superficialmente.
Agulha Yuan (ponta redonda) - Recomendada para massagens dos músculos.
Agulha Ti (extremidade curta e pontuda) - Trata a dor, utilizada para sangria.
Agulha Feng (ponta triangular) - Para doenças crônicas, drenagem de abscessos e
sangria.
Agulha Pi (forma de espada) - Para abscessos e sangria.
Agulha Yuan Li (extremidade redonda) - Tratar dor articular.
Agulha Hao (filiforme) Mais comum possui ponta fina e longa, penetra a nível
profundo.
Agulha Chang - Para tratar reumatismos em pontos profundos.
Agulha Huo (“Fogo”- Aquecida) - São feitas de cobre, para artrite.
Figura 2: Nove tipos de agulha
Fonte: Pinheiro (2011)
De 1100 a 221 a.c foi desenvolvida a teoria da MTC, começou a se ter noção do que é
o Qi (energia). Descoberta dos meridianos de energia, do Yin /Yang, localização e função dos
pontos de acupuntura, substituição do Bian-Shi por agulhas de bronze, ferro prata e ouro
(SCOGNAMILLO; BECHARA, 2010; VECTORE, 2005).
De 221 a.c a 220 d.c. desenvolveu-se o Moxabustão, feito de artemísia, com aparência
de um grande charuto, utilizado para esquentar os acupuntos (pontos de acupuntura). Já na
23
china moderna, em 1912 tentou-se abolir a MTC, em 1931 fundou-se o colégio de Medicina
Chinesa, e em 1962 foi feito o primeiro livro aprovado pelo governo. Já no ano de 1974, foi
criado em Pequim um instituto de pesquisa, que em 1958 já havia 27 institutos com o mesmo
intuito, neste mesmo ano há relatos do inicio da prática de analgesia por acupuntura
(ROCHA; GALLIAN, 2013; SCOGNAMILLO; BECHARA, 2010; DELGADO et al.,
2012).
No Brasil, a MTC chegou junto com os imigrantes chineses, ou japoneses, não se tem
relatos exatos, mas sua difusão só começou a surtir efeito em 1950 quando um fisioterapeuta
fundou a Sociedade Brasileira de Acupuntura e Medicina Oriental. A partir de 1995 os
conselhos de biomedicina, enfermagem, fisioterapia, medicina e medicina veterinária,
reconheceram a Acupuntura como uma especialidade. Nos tempos atuais existe uma disputa
entre os difusores da MTC e o Conselho Federal de Medicina, quanto ao reconhecimento da
Acupuntura como uma atividade estritamente médica (SCOGNAMILLO; BECHARA, 2010;
VECTORE, 2005).
4.2.3 Fundamentos
4.2.3.1 Tao
Tao é a primeira energia que surgiu no universo e é traduzida como “caminho”, pode
ser considerada uma energia reguladora tanto do universo quanto do corpo humano. É uma
energia sem limites, sem fim (CINTRA; PEREIRA, 2012).
4.2.3.2 Yin/Yang
O Yin/Yang é visto em diferentes pensadores como uma parte do Qi (energia vital). É
uma teoria que a partir de uma energia única, temos a distinção em outras duas, que são
opostas e ao mesmo tempo complementares. Onde o Yin é visto como o frio, o esquerdo, o
escuro, o feminino, o material e o Yang é visto como o oposto, o quente, o direito, o claro, o
masculino, o funcional (DORIA; LIPP; SILVA, 2012; VECTORE, 2005).
Segundo Vector (2006), podemos dividir o Yin/Yang em quatro princípios:
a) Oposição – nada é totalmente Yin ou Yang, os dois sempre estão juntos mesmo que em
quantidades diferentes.
b) Interdependência – um não existe sem que aja o outro, não existiria o frio se não fosse
pelo calor e nem o dia se não fosse pela noite.
c) Consumo mútuo – é necessário que se tenha equilíbrio para não haver predominância
ou déficit de um deles.
24
d) Inter-relacionamento – o Yin e o Yang não são estáticos depende dos estágios, e de
condições internas, externa e do tempo.
Quando se aplica o Yin/Yang ao corpo, diferencia-se os orgãos (Zang) das vísceras
(Fu), onde as vísceras são os orgãos somente de passagem (orgãos ocos), como o intestino, o
estômago, a bexiga e a visicula biliar. Na MTC, entende-se que a doença é um desequilíbrio
entre Yin/Yang onde o tratamento tenta reestabelecer este equilíbrio (LIVRAMENTO;
FRANCO; LIVRAMENTO, 2010; VECTORE, 2005).
Figura 3: Yin e Yang.
Fonte: Kono (2011).
4.2.3.3 Os Cinco Elementos
Figura: O pentagrama.
Fonte: Yang (2014)
Essa teoria parte da ideia de que a natureza é constituída de Cinco elementos, os quais
estão em um constante estado de movimento e tem uma dependência entre eles. Esses
elementos são gerados mutualmente na seguinte ordem como no Pentagrama, a Madeira gera
Fogo, ou seja, Madeira é considerada mãe de Fogo, com essa logística, Fogo é mãe de Terra,
25
que é mãe de Água, que é mãe de Madeira. Esse círculo é chamado de geração, este constante
movimento levaria ao desequilíbrio da natureza, se não houvesse uma barreira, esta barreira é
chamada de lei da dominância. A lei da dominância segue a linha pontilhada da figura onde a
Madeira domina a Terra (penetra-o com suas raízes), a Terra domina a Água (absorve-a), a
Água domina o Fogo (apaga-o), o Fogo domina o metal (derrete-o), o metal domina a
Madeira (corta-o como uma lâmina) (SILVA, 2007).
Pode haver também o círculo de contra dominância, onde se um elemento estiver com
deficiência, o dominado pode passa a dominar, por exemplo, se a terra que domina a Água
está em pouca quantidade, o excesso de Água não seria absorvido, e o contrário também se
aplica, se é a Água é quem está em excesso (MACIOCIA, 2007).
Os Cinco elementos assim como o Yin/Yang aplica-se além da natureza, ao corpo
humano e tudo no universo, cada elemento possui um Zang Fu. A Tabela 2 mostra alguns
fatores que se aplicam aos Cinco elementos.
Tabela 2: Os Cinco Elementos e algumas relações.
Fonte: Vectore (2005)
4.2.3.4 Teoria do Zang Fu
Essa teoria é baseada em como os sistemas são compreendidos dentro da MTC. Em relação
tanto ao aspecto físico/material quanto ao aspecto energético. As Teorias estão sempre
interligadas de alguma forma, cada órgão Zang e cada víscera Fu representam um Yin e Yang
26
de cada elemento do pentagrama, além disso, para cada Zang e cada Fu existe um canal de
energia (SANTOS; SPEROTTO; PINHEIRO, 2013; TORRES, 2011).
O canal do Coração, por exemplo, tem relação tanto com a função do seu Zang (o
próprio coração) quanto com seu Fu (O Intestino Delgado), Assim como os outros
meridianos, cada um com seu acoplado, Fígado – Vesícula Biliar, Baço/Pâncreas – Estômago,
Pulmão – Intestino Grosso e o Rim – Bexiga (MACIOCIA, 2007).
O Meridiano é um dos nomes pelos quais se chama os canais de energia, que são
utilizados pela MTC para diagnóstico e tratamento. São 12 meridianos da grande circulação
que se encontram bilateralmente no corpo, destes 12, cinco são órgãos principais e cinco são
vísceras principais, temos mais dois elementos relacionados ao elemento fogo o
Circulação/Sexo. Da pequena circulação, existem dois vasos, Vaso Concepção e Vaso
Governador que são meridianos impares localizados na Linha Mediana. Além destes existem
pontos Extras (ROCHA; GALLIAN, 2013; SILVA, 2007).
4.2.3.5 Teoria das Substâncias Vitais
Qi 氣 (Energia) 4.2.3.5.1
É um dos conceitos mais importantes da medicina oriental, é a energia que está
presente em todas as coisas, semelhante às ondas de rádio que não podem ser vistas, são
reconhecidas pelo o efeito que causam, são seis Qi denominados, Yin, Yang, Vento, Chuva,
Escuridão e Claridade. Com o desequilíbrio destes, ocorrerão doenças ou desastres naturais.
Além destes o Qi é dividido em três tipos: Yuan Qi – a energia ancestral que nasce da união
do óvulo com espermatozoide. Yong Qi – a energia da alimentação. Wei Qi – a energia de
defesa, responsável pela imunidade (ILKIU, 2010).
Xue 血 (Sangue) 4.2.3.5.2
Na MTC o Xue é considerado uma forma de Qi, só que denso e material, além disso, o
Xue não se separa do Qi, pois, é o Qi quem proporciona a vida ao Xue. O Xue deriva em maior
parte dos alimentos, e tem como função levar estes nutrientes para o organismo, além de
promover a defesa e hidratação do mesmo (MACIOCIA, 2007).
Jin Ye 津液 (Líquidos Corpóreos) 4.2.3.5.3
São provenientes dos alimentos, é são divididos em Jin – onde circula o Qi defensivo,
pele, músculos, ligamentos e tendões; e o Ye – onde circula o Qi nutritivo e sua função
27
consistem em umedecer as articulações, espinha, cérebro e medula óssea, lubrificam os
orifícios dos órgãos dos sentidos. O Jin é eliminado como, suor, lágrimas, saliva e muco. E o
Ye, como fezes, urina (TORRES, 2011).
Jing 精 (Essência) 4.2.3.5.4
É a energia fundamental que reside nos rins, é a energia que determina as fazes de
crescimento, desenvolvimento, reprodução, e concepção do feto. Têm dois aspectos o Pré
Natal e o Pós Natal, a primeira é a essência inata, ancestral, que não pode ser reposta ao longo
da vida, a segunda é a essência adquirida a partir dos alimentos, líquidos e do ar (ILKIU,
2010; SANTOS et al., 2013)
Shen 神 (Espírito/Mente) 4.2.3.5.5
Shen é considerado mente, espírito ou consciência, reside no coração e oferece
vitalidade, saúde mental e força de personalidade. É percebido pelo brilho dos olhos e pelo
estado emocional do individuo (FERREIRA; LUZ, 2007; ILKIU, 2010).
4.3 OBESIDADE NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
Obesidade segundo a teoria do Yin/Yang 4.3.1.1.1
Segundo a Medicina Tradicional, a obesidade surge de um desequilíbrio do Yin
e do Yang que origina a desordem da energia dos cinco elementos e de órgão e vísceras. A
MTC, a obesidade é uma doença moderna causada pela má alimentação, consumo excessivo
de doces, comidas gordurosas e falta de atividade física, com esses sucessivos erros o corpo
acaba a expressar sintomas (MARTINI; CARDOSO; SANTOS, 2009).
Na obesidade os sintomas diferem de quando o individuo Yang ou Yin. Tem Sintomas
que são Yang como: alimentação exagerada, face rosada, pele quente, sudorese abundante,
sexualidade ativa, mãos quentes e úmidas, dormir pouco entre outros, produzidos pelo
excesso de Yang. E tem sintomas que são Yin, como: cansaço, varizes, pele fria, transpiração
fria, baixa de libido, pressão baixa, celulite, otite e vários outros causados pelo excesso de Yin
(LUCA, 2008).
A obesidade segundo os cinco elementos 4.3.1.1.2
A MTC classifica a obesidade, entre três dos cinco elementos, os quais se relacionam
entre si (DORIA et al., 2012; SANTOS et al., 2013).
28
o Obesidade fisiológica, relacionada ao elemento terra (O principal causador encontrado
na literatura), no entanto como os elementos estão relacionados, distúrbios em outros
elementos também podem causar obesidades como: Obesidade emocional, relacionada ao
elemento madeira; Obesidade mental compulsiva, relacionada ao elemento fogo (AZEVEDO
et al., 2008) .
Elemento Terra: O baço/pâncreas e o estômago estão relacionados com a regulação e
transporte dos alimentos, se essa função estiver deficiente terá carência de energia (Qi). Com
isso poderá ter um aumento de líquidos orgânicos em forma de umidade e mucosa. Com essa
deficiência relacionada com a alimentação exagerada, pode surgir a obesidade, ou seja, o
acúmulo de massa gorda e mucosidade nos membros.
Elemento Madeira: Fígado controla a harmonia do corpo, se as emoções são alteradas,
o organismo entrará em desarmonia com o ambiente externo, altera a capacidade de tomada
de decisões, que envolve além do fígado a vesícula biliar. A vesícula biliar ajuda na digestão
ao liberar a bile para o intestino delgado. Quando o fluxo do Qi está prejudicado o
funcionamento do baço/pâncreas e estômago são prejudicados.
Elemento Fogo: O intestino delgado é responsável por receber os alimentos e separar o
bom do ruim, onde o que é bom vai para o baço/pâncreas e o ruim vai para o intestino grosso.
Ele também é responsável no aspecto emocional de distinguir o certo do errado. O coração
assim como o fígado é responsável por manter as emoções em harmonia, quando em
desequilíbrio, aparecem os sintomas como irritabilidade, ansiedade, entre outros que podem
levar a compulsão por alimentos (MACIOCIA , 2007; SCOGNAMILLO; BECHARA,
2010).
29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Então pode-se concluir que a obesidade é um desequilíbrio energético causado pela
forma com que o indivíduo age com a natureza. Como a acupuntura, ajuda no equilíbrio e
normalização do organismo, pode ser um auxiliador na perda de peso (SEBOLD; RADUNZ;
ROCHA, 2006).
Segundo Souza e Mejia (2011, apud FERNANDES, 2008), quando o Qi do Baço está
diminuído, suas funções ficam comprometidas, ou seja, sua capacidade de transporte e
transformação não são realizadas com eficiência, isso faz com que aja acúmulo de
mucosidade, que pela visão oriental é a fleuma interior. Ainda menciona, dois tipos de obesos
o obeso Yin (dieta hipercalórica, por distúrbios emocionais e/ou culturais) e o obeso Yang
(distúrbios hormonais).
Como lembra Martini, Cardoso e Santos (2009), o tratamento está diretamente ligado à
redução do apetite, a partir da diminuição da ansiedade e preocupação, através de acupuntos
específicos como o VC10, 12 e 13 (Vaso concepção), indicados em distúrbios digestórios
gástricos, E21, 24, 25 e 26 (Estômago), indicados na digestão, irritação e ansiedade, BP6 e 9
(Baço Pâncreas), transporte de líquidos e umidade além de serem indicados para irritabilidade
e preocupação. E IG4 (Intestino Grosso), E36 (Estômago) e F3 (Fígado), para harmonizar a
energia como um todo e equilibrar as emoções. Sugere ainda a auriculoterapia, para sedar os
pontos do aparelho digestório e pontos Fome e Ansiedade.
Haddad e Marcon (2011) realizaram um estudo em 37 trabalhadores obesos de um
hospital universitário, com o objetivo de diminuir o apetite dos mesmos. Estes foram
submetidos a 8 sessões de eletroacupuntura nos postos VG20 (Vaso Governador) e Ytang.
Além de auriculopuntura nos pontos Shemmem, Fome, Boca, Ansiedade 1e 2. Apresentou
uma perda média de 2cm na razão cintura quadril, apesar de não apresentar diminuição do
peso. Obteve alteração no desejo por alimentos doces, assim como na saciedade e plenitude,
chega à conclusão que a acupuntura foi eficaz no controle do apetite.
Através de uma combinação de dieta, homeopatia, e acupuntura Padilla (2013)
realizou um estudo com 80 pacientes, divididos em dois grupos, onde um passou por
procedimentos de acupuntura e o outro não. Chega à conclusão que o grupo que receberá
tratamento de acupuntura, teve uma redução de peso mais significativa, ao atingir o peso
normal com 6 meses de antecedência.
Já Abdi et al. (2012) realizou um ensaio clínico randomizado com 196 indivíduos,
com o objetivo de verificar a eficácia da acupuntura na perda de peso, perfil lipídico,
marcadores imunogênicos e inflamatórios. Foram separados em casos e controles, com a
30
junção de uma dieta hipocalórica. Houve uma melhora em ambos os grupo, porém as
alterações foram mais evidentes nos casos. Conclui que a associação de acupuntura e dieta
aumenta a perda de peso e melhora a dislipidemia.
Wu et al. (2014) realizou um estudo com setenta e dois pacientes com obesidade
abdominal, adultos com deficiência baço e umidade, foi usado um método de fluxo da meia-
noite ao meio-dia, fez aplicações diárias de acupuntura no horário de 9 ás 11 (horário do Baço
Pâncreas). E concluiu ser um método eficaz para tratar obesidade com um valor de
0.01<P<0.05.
Diversos estudos como Souza e Mejia (2011) demostraram a importância do controle
da obesidade, pois não é só uma questão estética é um fator de risco para várias patologias. É
possível verificar também a dificuldade encontrada nos tratamentos convencionais. Desta
forma a Medicina Tradicional Chinesa com suas várias vertentes, pode ajudar desde a perda
de peso e gordura localizada, ao controle da ansiedade, a partir da escolha de pontos
adequados, irá promover o aumento do metabolismo ao equilibrar o funcionamento digestivo,
além do controle dos fatores emocionais através do equilíbrio energético.
Podemos concluir que Medicina Tradicional Chinesa, principalmente através de
acupontos é eficiente na diminuição de peso e percentual de gordura, no entanto a revisão
bibliográfica é inconsistente por ter pouco material que se correlacionam, apesar de existirem
muitos estudos, é sugerido mais estudos experimentais que utilizem a mesma logística de
pontos
31
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37
7 ANEXO
Anexo dos pontos citados nas Considerações Finais.
VC10 e VC12
Martins (2011)
VC 13 e E21
Martins (2011)