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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Curso de Nutrição Trabalho de Conclusão de Curso EFEITOS DO CONSUMO EXCESSIVO DE AÇÚCAR SOBRE O DESEMPENHO COGNITIVO: UMA REVISÃO DE LITERATURA Autora: Valéria Pereira Ramos Orientadora: MSc. Caroline Romeiro Brasília - DF 2017

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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina

Curso de Nutrição

Trabalho de Conclusão de Curso

EFEITOS DO CONSUMO EXCESSIVO DE AÇÚCAR SOBRE O

DESEMPENHO COGNITIVO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Autora: Valéria Pereira Ramos

Orientadora: MSc. Caroline Romeiro

Brasília - DF

2017

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VALÉRIA PEREIRA RAMOS CAROLINE ROMEIRO

EFEITOS DO CONSUMO EXCESSIVO DE AÇÚCAR SOBRE O DESEMPENHO COGNITIVO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Artigo apresentado ao curso de graduação em Nutrição da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientadora: MSc. Caroline Romeiro

Brasília 2017

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que me permitiu chegar à conclusão do mesmo. Aos meus pais, Altair e Rosangela, que sempre confiaram no meu potencial e me ensinaram a ter forças para realizar os meus sonhos. À minha irmã Vanessa, que nunca mediu esforços para contribuir com o que necessário fosse. Aos amigos, que permaneceram ao meu lado dando todo apoio e, por fim, a meu amor, que soube compreender cada ausência e se manteve presente durante todo este período.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me proporcionado tamanha conquista. Aos meus pais, irmã, demais familiares, amigos e namorado por todo incentivo e demonstração de afeto. A todos os colaboradores da Universidade Católica de Brasília, que contribuíram de forma direta para a conclusão deste trabalho, em especial, os professores do Curso de Nutrição, que deram todo suporte e ministraram excelentíssimas aulas durante minha vida acadêmica. À professora MSc. Caroline Romeiro, que além de orientadora tornou-se um grande exemplo profissional.

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“Os animais pastam, os homens comem,

mas apenas o homem de espírito sabe

comer” Jean Anthelme Brillat-Savarin

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EFEITOS DO CONSUMO EXCESSIVO DE AÇÚCAR SOBRE O DESEMPENHO

COGNITIVO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

VALÉRIA PEREIRA RAMOS CAROLINE ROMEIRO

Resumo: O açúcar tem se tornado um dos principais ingredientes presentes na alimentação da população brasileira. A mídia contribui de forma significativa para o aumento no consumo de açúcar e derivados industrializados, através da veiculação de comerciais voltados principalmente ao público infantil. O consumo exagerado deste componente pode estar relacionado a diversas co-morbidades, inclusive alterações na cognição. A revisão de literatura foi realizada através de artigos científicos em língua portuguesa e inglesa, obtidos pelas bases de dados LILACS®, Bireme®, MEDLINE®, PubMed® e SciELO®. As palavras chaves utilizadas na busca de dados foram “cognição”, “mídia e comportamento alimentar” “açúcar” e “desempenho cognitivo”. A alta ingestão de açúcar de adição e açúcar presente em produtos alimentícios tem sido relacionada ao declínio cognitivo através da alteração funcional e anatômica do Sistema Nervoso Central e seus anexos, causando falhas e déficits de aprendizagem e memória. Conclui-se que indivíduos portadores de diabetes, obesidade e que realizam ingestão excessiva e desordenada de açúcar, seja ele de adição ou embutido em produtos alimentícios, de forma habitual, possuem o desempenho cognitivo prejudicado, apresentando consequentemente atraso e até morte celular danosa a este processo. Palavras-chave: Cognição. Mídia e comportamento alimentar. Açúcar. Desempenho cognitivo. 1. INTRODUÇÃO

O açúcar é um ingrediente culinário intensamente palatável e com isso

transmite sensação de prazer ao ser consumido, gerando um ciclo vicioso, semelhante ao uso de drogas. Estas sensações são vistas como algo propício à felicidade, que satisfaz a todos os gostos, além de estar associado a festas e comemorações, o que influencia ainda mais o seu consumo como algo benévolo (SAWAYA; FILGUEIRAS, 2013).

O vício alimentar gera consequente consumo excessivo da ingestão de açúcar, causado pela necessidade de suprir a abstenção do produto, caracterizando hábitos alimentares inadequados, que podem acarretar sérios problemas de saúde, a curto e longo prazo, incluindo doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (VALLE; EUCLYDES, 2007).

Uma pesquisa realizada sobre os alimentos mais consumidos no Brasil, evidenciou que o consumo de produtos alimentícios industrializados fontes de açúcar, especialmente sucos e refrigerantes, apresentam alta prevalência no consumo dos brasileiros. O consumo desses produtos está abaixo somente de alimentos típicos do dia a dia, como arroz, feijão e carne (SOUZA et al., 2013).

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Os primeiros hábitos alimentares são formados em casa, a partir do exemplo familiar. A escolha e o ensinamento dos pais em relação à alimentação saudável fazem parte do processo de aprendizado da criança sobre hábitos alimentares saudáveis, porém, nem todos os adultos se preocupam com a qualidade do alimento, mas sim com a quantidade. Situações de persuasão e trocas de alimentos associadas a premiações ou punições podem ser a base da relação das crianças com os alimentos, visto que muitos pais e/ou cuidadores utilizam essas estratégias para conseguirem com que as crianças façam as refeições principais (MELO, 2014).

A mídia também tem se tornado uma forte influência na escolha do consumo alimentar, principalmente quando se trata de crianças, pois são feitas propagandas direcionadas a este público, com alienação constante em associação do produto alimentício à felicidade, fazendo com que as crianças interfiram cada vez mais nas compras do supermercado (HUL; MARTINS, 2012).

Na TV aberta são transmitidos cerca de 40 comerciais de produtos alimentícios por hora, totalizando 960 propagandas por dia, sendo que, aproximadamente 60% desses alimentos, estão incluídos na classe de açúcares e gorduras, alimentos esses mais propensos a desencadearem a obesidade infantil através da indução ao consumo exagerado e consequentemente, inadequado destes produtos (MOURA, 2010).

A glicose, um tipo de carboidrato simples, é a principal fonte de energia para o funcionamento cerebral. Estudos sugerem melhoras a curto prazo de memória, atenção e habilidades, após administração de glicose (SILVA, 2015), porém, o consumo excessivo de açúcar gera quadros hiperglicêmicos, que podem causar alterações na expressão das células gliais presentes no cérebro, por ação do estresse oxidativo causado pelo aumento de espécies reativas de oxigênio no organismo e estas variações podem provocar desordens no Sistema Nervoso Central (SNC) e seus anexos, como: distúrbios psiquiátricos, doenças neurodegenerativas e disfunções cognitivas, causando retardo no desempenho de memória, aprendizagem e plasticidade sináptica, que são funções fundamentais do SNC (MELLO; QUINCOZES-SANTOS; FUNCHAL, 2011).

O objetivo deste estudo será verificar por meio de revisão da literatura científica os efeitos do consumo excessivo de açúcar na dieta, com foco nos aspectos cognitivos e de aprendizagem.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A presente revisão de literatura foi realizada através de artigos científicos em

língua portuguesa e inglesa, dos quais foram obtidos pelas bases de dados LILACS®, Bireme®, MEDLINE®, PubMed® e SciELO®, compreendendo publicações do período de 2007 a 2017. Foram utilizadas nas pesquisas as palavras chaves “cognição”, “mídia e comportamento alimentar” “açúcar” e “desempenho cognitivo”, e os materiais utilizados foram aqueles de interesse para o estudo, ou seja, que faziam referências em seu conteúdo a aspectos relacionados ao açúcar e cognição. Também foram utilizados livros e sites institucionais que apresentaram em seu conteúdo dados estatísticos oficiais. Foram selecionados nessas bases de dados 51 artigos que faziam referência aos aspectos cognitivos relacionados ou não a ingestão de açúcar, além de dados relacionados ao tema central. Para a construção da tabela de resultados, foram selecionados 4 artigos que faziam referência direta ao consumo excessivo de açúcar e sua associação com a cognição.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL O sistema nervoso central (SNC) apresenta o início de seu desenvolvimento no

período intrauterino, logo na terceira ou quarta semana após a fecundação. Nesse período ocorre a formação da placa neural, com a presença de células tronco neurais, que possuem alta competência de renovação, mitose e multipotência, pois geram células precursoras de neurônios e células gliais (PINHEIRO, 2007).

Os neurônios são as principais células que compõem o tecido nervoso, responsáveis por transmitir as informações necessárias para o estímulo de determinado mecanismo. Essas células apresentam prolongamentos chamados de dendritos, que são muitos e possuem função de recepção. O axônio é responsável pela emissão dos impulsos nervosos captados pelos sentidos humanos (olfato, paladar, visão, tato e audição). Os neurônios podem fazer comunicação com vários outros neurônios através desta rede de transmissão (GALLO; ALENCAR, 2012).

Com a função de acelerar a velocidade de condução do potencial de ação, existe uma camada lipídica envolvendo as fibras nervosas, que se caracteriza similarmente a um isolante elétrico, que envolve os neurônios, a qual chamamos de mielina (PEREIRA et al., 2010). A bainha de mielina reveste os axônios neurais e é responsável por acelerar a comunicação entre os neurônios pré e pós-sinápticos, em até 100 vezes, em relação aos axônios não mielinizados. A mielina constitui um sistema intensamente enérgico, iniciando-se nos bebês, em poucas regiões e continua até a fase adulta, onde a mielinização em alguns pontos cerebrais só é completada por volta dos 30 anos e sua funcionalidade coopera diretamente com o modo de plasticidade cognitiva, memória e aprendizagem (MENDES; MELO, 2011).

A sinaptogênese é a formação de novas sinapses entre neurônios e tem suas primeiras manifestações logo após o amadurecimento dos neurônios no sistema nervoso, sendo caracterizada pela formação das conexões entre diferentes neurônios, responsáveis pelo impulso nervoso entre essas células (MONTANARI, 2013). Para que os impulsos nervosos sejam repassados é necessário que passem pela fenda sináptica. Para isso, o neurônio, ao receber um impulso, libera uma substância química, constituinte da classe de sinapses químicas, denominada neurotransmissor (GOMES; TORTELLI; DINIZ, 2013).

As sinapses são classificadas em dois tipos: sinapses químicas, que ocorrem em maior frequência e são mediadas quimicamente por neurotransmissores sintetizados pelos próprios neurônios. Há ainda as sinapses elétricas, as menos comuns, que não dependem de mediadores químicos para serem realizadas e que não são comuns; sua transmissão é feita através de íons passados de uma célula para outra, por meio de junções comunicantes (NISHIDA, 2013). Os neurotransmissores, após serem produzidos pelos neurônios, ficam armazenados em vesículas e, quando estimulados, são liberados na fenda sináptica, onde realizam a transmissão de informações entre o neurônio e a célula alvo (PINHEIRO, 2007). Após liberados, parte destes neurotransmissores podem ser recaptados pelo neurônio responsável por sua liberação, rearmazenados em vesículas neurais (desde que o neurônio o receba) ou degradados por enzimas. É necessário que os neurônios tenham sempre neurotransmissores disponíveis para liberação, por este motivo, sempre que ocorre a liberação de um neurotransmissor para auxiliar na transmissão de uma informação, há a produção e o armazenamento de novas moléculas e

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vesículas, visando à substituição das utilizadas, para que não haja perda da eficiência de transmissão de impulsos nervosos neurais (MONTANARI, 2013).

A Acetilcolina é um neurotransmissor responsável por estimular o impulso que será transmitido, sendo mediador de sinapses nos sistemas: nervoso, periférico e ainda na junção neuromuscular. A acetilcolina é o neurotransmissor mais numeroso do corpo, sendo o controlador de órgãos essenciais como coração, estômago e fígado, auxiliando ainda no controle cerebral do aprendizado e das emoções (VENTURA et al., 2010).

A dopamina é um neurotransmissor dirigente dos movimentos motores, participa da regulação das informações vindas de outras partes do cérebro, no lóbulo frontal, assim como memória, cognição e recompensa cerebral, ou seja, atua ativamente no controle dos vícios, que causam sensações agradáveis e dependentes (STANDAERT; GALANTER, 2008).

Por fim, o glutamato é o principal neurotransmissor excitatório presente no SNC e tem ação fundamental no processo de memória e apoptose, pois o seu excesso é neurotóxico, causando demasiado influxo de cálcio e consequente morte celular (MELLO; QUINCOZES-SANTOS; FUNCHAL, 2011).

3.2. CÉLULAS DA GLIA

As células da glia são elementos importantíssimos na função do SNC, sendo

que estas atingem cerca de 15 vezes o número de neurônios, portanto, sendo estas as células em maior quantidade neste sistema (PINHEIRO, 2007).

São classificadas em astrócitos, oligodendrócitos, micróglia, células ependimárias e polidendrócitos, conhecidos como células NG2. Os astrócitos constituem cerca de 50% do número de células cerebrais, possuem a função de estimular e apoiar os neurônios, ocupando e reciclando o excesso de neurotransmissores e liberando íons na transmissão dos impulsos nervosos para a corrente sanguínea, contribuindo assim para a manutenção da homeostase. Além disso, os astrócitos podem ainda liberar neurotransmissores na fenda sináptica, possuindo papel sinalizador de sinapses. Os oligodendrócitos são responsáveis pela formação da bainha de mielina nos axônios neurais. A micróglia possui função semelhante aos macrófagos, deslocando-se para o SNC ainda no desenvolvimento, com o objetivo de fagocitar moléculas inflamatórias, células danificadas e fragmentos celulares. As células ependimárias são células ciliadas que possuem localização epitelial e revestem o ventrículo, separando o líquido cerebrospinal do tecido nervoso. Por último, as células NG2 foram descobertas muito recentemente, possuem ação de células tronco cerebrais, gerando novos neurônios e células gliais e ainda, recebem inputs sinápticos dos neurônios (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013).

3.3. PLASTICIDADE NEURAL E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

A neuroplasticidade é o processo de organização morfológica e funcional do

SNC, frente a estímulos ambientais, cognitivos e também lesionais, resultando em modificações sinápticas, objetivando remodelar o organismo humano para lidar com as competências cognitivas e comportamentais a serem adquiridas no dia a dia (MANSO; FERREIRA; BRAGATO, 2015).

Quando as células se encontram em processo de amadurecimento, há uma maior capacidade de readaptação quando comparadas às células já maduras, por isso, com o avanço da idade do indivíduo, ocorre um declínio funcional da plasticidade

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neural, o que explica o fato de uma criança ter maior proficiência de aprendizagem em relação a um adulto, do qual é exigido um maior esforço para efetivo desempenho cognitivo (PINHEIRO, 2007).

O cérebro é considerado o órgão da aprendizagem. O amadurecimento dos neurônios tem como consequência a formação de sinapses e diversos fenômenos promovem uma reorganização constante desse sistema de informações (OLIVEIRA, 2013). Recém-nascidos possuem poucas sinapses, enquanto o cérebro infantil atinge uma quantidade elevada deste processo, que permanece em constância até o início da adolescência (COSENZA, 2011).

O desenvolvimento cognitivo está diretamente relacionado a tudo aquilo que se aprende, ou seja, concernente ao conhecimento a ser adquirido através da aprendizagem. Os reflexos observados nos recém-nascidos são sinais da cognição que está sendo desenvolvida e procederá até a formação do raciocínio lógico nos adultos (LOPES et al., 2010).

A nutrição cerebral é extremamente importante para o bom desenvolvimento cognitivo quando se trata dos seus aspectos físico e intelectual, sendo importante em todas as fases, desde a vida intrauterina até a velhice (MICHEL, 2012).

Os carboidratos, proteínas e lipídios formam a classe de macronutrientes, que possuem papel fundamental para o crescimento e desenvolvimento de todos os sistemas humanos nas diversas fases da vida. Os carboidratos, ao final de sua digestão, são transformados em glicose, a fonte energética primária do cérebro e do sistema nervoso. Essa molécula de glicose é importante para o desenvolvimento e manutenção funcional do SNC, sendo que, em condições normais, é a fonte única e exclusiva fornecedora de energia para o cérebro. As proteínas são consideradas nutrientes construtores, pois são formadas por combinações de aminoácidos, que formam as estruturas básicas de todas as células, portanto, indispensáveis para o crescimento e vida dos órgãos, inclusive o cérebro. Enfim, os lipídios exercem funções energéticas e estruturais e participam da formação de hormônios. Fornecem ao organismo reserva energética, isolação térmica e elétrica, proteção aos órgãos vitais, além de serem componentes das membranas das células e precursores de mediadores bioquímicos. São responsáveis ainda pela formação da bainha de mielina, que reveste os axônios dos neurônios. Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, conhecidos como ômega 3 e ômega 6, resultando em ácido araquidônico e docosaexaenoico, estão diretamente relacionados ao crescimento celular através de modulação gênica, são ainda componentes de fosfolipídios e, associados ao colesterol, organizam morfologicamente membranas celulares e organelas intracelulares (FALCÃO, 2017). 3.4. AÇÚCAR E DESEMPENHO COGNITIVO

A maioria dos nutrientes possuem efeitos benéficos para o bom funcionamento cognitivo, porém, estudos sugerem que a ingestão inadequada de alguns alimentos pode ser prejudicial a essas funções, causando retardo ou declínio neste desempenho (SOUZA, 2015).

O excessivo consumo de açúcar pode desencadear diversas situações metabólicas originárias de DCNT, como obesidade e diabetes que, atualmente, são um dos grandes problemas de saúde pública, podendo ser cofator uma da outra, atingindo todas as idades e provocando um grande número de mortalidade no Brasil e no mundo (DAUDT, 2013).

Segundo pesquisa realizada pelo Vigitel, o número de indivíduos portadores de

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obesidade cresceu de forma incontrolada na última década, evoluindo de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, totalizando um aumento de 60% e atingindo de maneira semelhante sexo masculino e feminino. A pesquisa também aponta o crescimento no número de casos de diabetes: um aumento de 61,8% na quantidade de pessoas diagnosticadas com a doença, passando de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 (BRASIL, 2016).

As mudanças no padrão alimentar da população em geral são as principais causas destas doenças. O aumento no consumo de açúcares e industrializados associados à baixa ingestão de frutas e verduras podem explicar os quadros de excesso de peso/obesidade e diabetes na sociedade (RINALDI et al., 2008).

A obesidade pode causar quadros de resistência à insulina semelhantes ao mecanismo desenvolvido pelo Diabetes Mellitus (DM). O excesso de ácidos graxos livres, presentes na obesidade, danificam o metabolismo de células, ativando proteínas inflamatórias como a TLR-4 e aumentando sua expressão, acionando assim vias inflamatórias e interferindo na captação de glicose sanguínea, levando a um estado hiperglicêmico (FREITAS; CESCHINI; RAMALLO, 2014).

A alta concentração de glicose causada pela hiperglicemia pode provocar alterações nas células gliais, com efeito direto da glicose, gerando redução do conteúdo de glutationa, que faz a defesa antioxidante em astrócitos; redução no conteúdo imunológico de proteína glial fibrilar ácida (GFAP), que é marcadora de diferenciação astrocitária; modulação de conteúdo imunológico e reduzida secreção da proteína S100B, que promove a sobrevivência e diferenciação neural; liberação de quimiocinas, favorecendo a migração de leucócitos para o parênquima cerebral, que levam a secreção de alto conteúdo de citocinas pró-inflamatórias e mais quimiocinas, potencializando processos inflamatórios neurais; menor captação do neurotransmissor glutamato, causando prejuízos no funcionamento cognitivo; produção de espécies reativas de oxigênio, originando quadros de estresse oxidativo, que podem causar inflamações neurais, oxidação de macromoléculas, oxidação de estruturas celulares, excitotoxicidade devido à alta produção de espécies reativas reagindo com lipídios, que são mais suscetíveis e gerando um quadro de peroxidação lipídica, danificação de proteínas, e, como consequência deste processo, levar a um quadro de deficiência ou morte celular, antecedendo declínios e alterações cognitivas, influenciando na perda da capacidade de aprendizagem (MELLO; QUINCOZES-SANTOS; FUNCHAL, 2011).

Alguns trabalhos foram realizados com o intuito de verificar se há prejuízo cognitivo em indivíduos que fazem alta ingestão de açúcar e a relação com o perfil nutricional ou estado hiperglicêmico semelhante ao DM. Os resultados de quatro estudos estão descritos na tabela 1, com seus respectivos métodos e conclusões.

3.5. CONSUMO DE AÇÚCAR Por todo o mundo, o padrão do consumo alimentar tem se transformado

intensamente nas últimas décadas, caracterizando uma transição nutricional alarmante: da escassez ao excessivo e desmoderado consumo de alimentos, principalmente em regiões mais desenvolvidas e que possuem maior renda (SARTI; CLARO; BANDONI, 2011), pois dentre os fatores contribuintes para esse quadro, estão os fatores sociais e econômicos, incluindo a falta de tempo para o preparo de alimentos relatado pela sociedade, a procura pela praticidade, o aumento da renda familiar per capita e a diminuição do preço de produtos alimentícios prontos para o consumo, contribuindo assim para o aumento de despesas e consumo de alimentos

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Tabela 1. Avaliação do desempenho cognitivo e sua relação com o excesso de açúcar na dieta.

Autor/Ano Objetivo Amostra Metodologia Resultados Conclusão

LOPES; ARGIMON, 2009

Avaliar prejuízos cognitivos em idosos portadores de DM2.

Grupo 1: 254 idosos portadores de DM2: 33 s/f e 11 s/m; Grupo 2: 210 - grupo controle (164 s/f e 46 s/m); Idade: 60 a 88 anos.

Ficha de Dados Sociodemográficos, WCST, MEEM, BDI, BAI e GDS. Os subtestes Vocabulário, Códigos, Dígitos e Cubos da WAIS-III.

Déficits cognitivos em idosos com DM2 em quatro descritores do WCST.

A hiperglicemia causada pelo DM, é semelhante ao excessivo consumo de açúcar, podendo ser a causa deste déficit cognitivo.

IZIDORO et al., 2014

Analisar a relação entre desempenho escolar e estado nutricional.

Total: 59 crianças, estudantes do 4° ano do ensino fundamental de uma escola pública em Belo Horizonte; 34 s/m e 25 s/f; Idade: 9 a 11 anos.

Aplicação do Teste de desempenho escolar e avaliação do IMC/I.

As crianças acima do peso apresentaram pior resultado nas tarefas de escrita e aritmética.

Indivíduos acima do peso comumente tem uma dieta rica em açúcares, logo, o baixo rendimento em alunos pode estar ligado à hiperglicemia.

VARGAS; LARA; MELLO-CARPES, 2014

Avaliar a influência do DM e a prática de atividade física sobre a função cognitiva em idosos.

Total: 158 idosos acima de 60 anos; Grupo 1: 32 s/f e 8 s/m – não GTI e não diabéticos; Grupo 2: 28 s/f e 12 s/m – não GTI e diabéticos; Grupo 3: 34 s/f e 6 s/m – GTI e não diabéticos; Grupo 4: 25 s/f e 13 s/m – GTI e diabéticos.

(1) Avaliação global; (2) Avaliação cognitiva (MEEM; RIP-RTP; FF); (3) Avaliação dos aspectos emocionais.

Nos testes MEEM e RIP, o grupo diabético e não participante de GTI apresentou pior desempenho cognitivo.

A hiperglicemia crônica é resultado do DM. A ingestão exagerada de açúcar também resulta em quadros hiperglicêmi- cos, afetando diretamente a cognição.

COPPIN et al., 2014

Investigar a aprendizagem e a memória em indivíduos com sobre-peso/obesidade.

Experiência 1: 49 participantes; Idade: menor que 41 e não fumantes. Experiência 2: 36 participantes.

Teste 1: ADL, CCPT e medidas antropométri-cas. Teste 2 - CCPT, Tarefa de aprendizagem probabilística, NART, questionários e medi-das antropométricas.

Memória de trabalho e aprendizagem estão comprometidos em indivíduos com sobrepe-so/obesidade.

Além da hiperglicemia presente em indivíduos com sobrepeso e obesidade, pode ocorrer também o estresse oxidativo, prejudicando de forma direta as células do SNC e consequen- temente a cognição.

Legenda: DM-Diabetes Mellitus S/f-Sexo feminino S/m-Sexo masculino WCST-Teste Wisconsin de Classificação de Cartas MEEM-Mini exame do Estado Mental BDI-Inventário de Depressão de Beck BAI-Inventário de Ansiedade de Beck GDS-Escala de Depressão Geriátrica WAIS-III-Escala Wechsler de Inteligência para Adultos-III IMC/I-Índice de Massa Corporal por Idade GTI-Grupos de terceira idade RIP-RTP-Teste de Recordação Imediata e Tardia de Palavras FF-Teste de Reconhecimento de Faces Famosas ADL-Aprendizagem de Lista de Design de Resumo e Recuperação Imediata CCPT-Teste de preferência de sintonia condicionada NART-Teste Nacional de Leitura de Adultos

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fora do domicílio (BEZERRA et al., 2013). A produção de açúcar, advindo da cana-de-açúcar, tem sofrido um aumento

significativo em todo o mundo. O Brasil é o maior país produtor e exportador de açúcar (SOUZA; OLIVEIRA; BURNQUIST, 2013).

Segundo o USDA (2016), o Brasil produziu até maio de 2016, 37,070 toneladas de açúcar e, de maio a novembro, 37,780 toneladas, totalizando 74,850 toneladas de açúcar durante o ano de 2016, sendo esse ano o de maior produção deste ingrediente. Das 74,850 toneladas de açúcar produzidas em 2016, um total de 53,220 foram exportadas para outros países, representando 71%. O consumo de açúcar no Brasil, também aumentou concomitantemente à sua produção, podendo ser observado na figura 1. No ano de 2016 o consumo brasileiro de açúcar foi de 21,600 toneladas, o maior nos últimos cinco anos.

De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar 2008-2009, realizada pelo IBGE (2011), foram entrevistadas 34.003 pessoas a fim de avaliar o consumo alimentar médio per capita e seu consumo fora da residência. Para exemplificação, foram selecionados e listados na figura 2, alimentos fonte de açúcar, visando elucidar os produtos consumidos frequentemente pela população brasileira.

Figura 1: Consumo de açúcar no Brasil entre 2012 e 2016

Fonte: Adaptado de dados do USDA, 2016.

O excessivo consumo de açúcar tem sido observado em um período de 60

anos, devido à larga produção, decorrente do crescimento populacional e as mudanças alimentares habituais. Este consumo exagerado tem se tornado um grande problema para a saúde do ser humano, podendo desencadear doenças como a diabetes, hipertensão e obesidade, associadas ao sedentarismo, agravado pelo excesso de tempo destinado à utilização de equipamentos eletrônicos (DALMOLIN; PERES; NOGUERA, 2013).

Os pais apresentam a televisão aos filhos cada vez em idade mais precoce, para que se distraiam e fiquem calmos. A mídia aproveita este intervalo de distração para alienar ludicamente as crianças, que se tornam consumidoras precocemente,

11,20011,260

11,400

10,900

10,800 10,800

2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 2016 (Maio) 2016(Novembro)

1.0

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Consumo de açúcar no Brasil

Brasil

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Figura 2: Consumo alimentar médio per capita e percentual de consumo fora do domicílio em relação ao total consumido no Brasil no período de 2008-2009

Fonte: Adaptado a partir de dados do IBGE (2011), Diretoria de Pesquisas, Coordenação de

Trabalho e Rendimento, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009.

devido à exposição a comerciais direcionados à venda de produtos. A partir dos dois meses de vida, um bebê já é capaz de observar tudo que passa a sua volta e, a partir de repetidas exposições a um determinado comercial, passa a assimilar o conteúdo da imagem com a mensagem transmitida pela mesma, fazendo que, ao aprender a linguagem verbal, a criança se torne muito mais propícia à capacidade de persuasão em relação ao pedido feito aos pais na conquista de determinado produto alimentício. Esse acontecimento torna-se rotineiro, bem como o consumo de alimentos considerados de baixo valor nutricional, e os pais que atendem o pedido dos filhos, poderão tornar-se reféns de conflitos, discussões e agressões decorrentes disso (MOURA, 2010).

Gallo et al. (2013), observaram mediante relato dos cuidadores, que as compras mensais são intensamente controladas pelas crianças, sendo que as petições são feitas principalmente após os conteúdos serem televisionados.

Domiciano et al. (2014) observaram que a mídia, juntamente com as indústrias de produtos alimentícios, busca meios apelativos a fatores emocionais, atraindo a atenção de quem assiste as propagandas por meio da associação da sensação de prazer ao alimento comercializado.

Monteiro et al. (2012) avaliaram o conteúdo de revistas impressas durante doze meses. Concluiu-se que os sucos artificiais e refrigerantes eram os produtos alimentícios com maior representatividade dentre as propagandas direcionadas a alimentos, além da confirmação da associação de brindes e personagens destinados ao público infantil.

Costa et al. (2013) realizaram um estudo descritivo, dando enfoque à análise dos alimentos comercializados durante a programação infantil, em três emissoras brasileiras, durante 10 dias, entre as 08h00min e 18h00min, classificando as propagandas conforme os grupos alimentares determinados pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. O conteúdo da programação de ambas as emissoras, conteve

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predominantemente comerciais com alimentos pertencentes ao grupo de “açucares e doces”.

Apesar da alta prevalência de consumo de produtos industrializados, pesquisa aponta que os brasileiros diminuíram a ingestão regular de refrigerantes e sucos artificiais. Em 2007, o indicador deste consumo era de 30,9%, passando para 16,5% em 2016 (BRASIL, 2016).

3.6. HÁBITOS ALIMENTARES

Construir uma alimentação saudável é fundamental para o equilíbrio

metabólico, pois é essencial para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde de todos os seres humanos. A formação de hábitos alimentares ocorre desde a vida intrauterina e inclui determinantes internos e externos ao indivíduo, sendo que o período de maior formação destes hábitos acontece na infância, juntamente com o desenvolvimento de comportamentos cognitivos e de aprendizagem, que serão levados para toda a vida da criança. (VALLE; EUCLYDES, 2007).

Entre os fatores internos, também conhecidos como fisiológicos, podemos destacar as experiências intrauterinas, que se caracterizam pelo contato fetal aos estímulos sensoriais das papilas gustativas, que aparecem por volta do segundo trimestre gestacional, trazendo consigo a possível preferência por determinados sabores que atingem o líquido amniótico através da alimentação da gestante (MACHADO; FEFERBAUM; LEONE, 2016).

O leite materno também é um fator fisiológico competente na formação de hábitos alimentares. Através da alimentação materna, o leite pode sofrer alterações de sabor e, assim como no líquido amniótico, induzir a preferência por determinados alimentos (CHERUBINI, 2011). Além disso, o leite materno tem sua composição modificada com o avanço da lactação, o que facilita a introdução alimentar e a aceitação de novos alimentos (NOVAES et al., 2009).

A neofobia se refere à resistência em aceitar novos sabores, também relacionada a fatores internos, causada pelo desconhecimento de tal gosto, ocasionando um quadro de medo ou receio em relação ao alimento. A rejeição primária de um novo alimento ofertado ao bebê pode ser cessada pela exposição precoce e repetida, tendo em vista a modulação do paladar para novas experiências gustativas acionadas pelos estímulos sensoriais (SILVA; TELES, 2013).

Por fim, associada aos fatores internos, podemos destacar a palatabilidade. As sensações transmitidas pela gustação são maiores quando se tratam de alimentos com alto teor energético, pois são suficientes para criarem preferências. Estes alimentos mais energéticos são os lipídeos e os carboidratos que quando consumidos, provocam maior saciedade, porém, podem causar um desajuste na capacidade do controle de ingestão alimentar, acarretando o consumo excessivo, principalmente quando se trata dos alimentos de sabor doce (VALLE; EUCLYDES, 2007).

Os fatores externos ou ambientais são referentes aos exemplos recebidos durante a infância, que influenciam diretamente nas escolhas e hábitos alimentares formados nesta fase. A alimentação dos pais é um dos principais determinantes deste processo. Existem pais permissivos e autoritários quando se trata de alimentação. Os pais permissivos, geralmente, não impedem que as crianças consumam alimentos considerados de baixo valor nutricional. Os limites impostos por estes pais se agregam à disponibilidade dos produtos, seja em casa ou no supermercado, preocupando-se principalmente em criar relações afetivas com os filhos. Já os pais autoritários se atentam à alimentação dos filhos, impondo regras quanto ao consumo de alimentos

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de baixo valor nutricional. Esses dois tipos de pais podem influenciar positiva ou negativamente os hábitos alimentares dos filhos, pois, entende-se que os permissivos podem consumir de forma descontrolada os alimentos de preferência, além de serem usados para suprir a afetividade, recompensando a falta de tempo com os filhos e família, pode desencadear um processo de formação de hábitos não saudáveis e os autoritários, embora por muitas vezes formem hábitos alimentares saudáveis, podem desencadear um processo não saudável no momento em que os filhos recebem autonomia quanto às suas escolhas, levando-os ao desejo da busca de novas experiências que sejam agradáveis ao paladar (ANDRADE, 2014).

Tão relevante quanto a alimentação dos pais, podemos destacar a forte influência da mídia sobre a formação dos hábitos alimentares das crianças. As propagandas das grandes empresas de fast foods fazem apologia aos alimentos com baixo valor nutricional, ricos em gorduras e açúcares e utilizam personagens de desenhos, filmes, brindes e histórias para direcioná-las ao público infantil, que, atualmente, exerce forte influxo sobre os pais, gerando assim um forte hábito alimentar inadequado (MILANI et al., 2015).

3.7. AÇÚCAR E SISTEMA NERVOSO CENTRAL

A ingestão exacerbada de açúcar pode causar um ciclo vicioso, tornando o

indivíduo dependente do seu consumo. O prazer é algo imensurável, cresce conforme a exposição do indivíduo à determinada substância e suas lembranças, causadas pelas sensações passadas, que remetem ao vício. Centros cerebrais, chamados de circuito cerebral hedônico, estão relacionados diretamente ao controle de eventos e estado de prazer, ativando neurotransmissores específicos à função de gostar, querer e aprender (SAWAYA; FILGUEIRAS, 2013).

O núcleo accumbens é uma estrutura cerebral que participa ativamente do controle da sensação de prazer e outros comportamentos como alimentação, sexualidade e motivação, além de exercer funções ligadas ao aprendizado do apetite. Este sistema integra processos corticais cognitivos, sensoriais e emocionais com mecanismos hipotalâmicos e balanço energético, sendo mediador do comportamento alimentar adaptativo. Quando os neurônios desta região são estimulados por substâncias doces ou hormônios opioides (efeito semelhante às drogas), há um aumento em cerca de duas ou três vezes na sensação de prazer, levando dessa forma, à busca mais direcionada a alimentos intensamente energéticos e ricos em açúcar (CORTEZ; ARAÚJO; RIBEIRO, 2011).

O mecanismo de desejo ligado a determinados alimentos, principalmente os mais palatáveis, está concernente ao sistema dopaminérgico. Sendo possível querer sem gostar, entende-se que é exatamente o desejar que está relacionado ao comportamento vicioso. O intenso desejo do querer é correlacionado à diminuição da resposta dopaminérgica no sistema límbico e outros centros neurais associados, provocando a busca por alimentos palatáveis em estímulo a uma resposta recompensadora. Isso faz com que o indivíduo necessite de determinada substância em maior frequência e quantidade quando comparado à um indivíduo não viciado, afim de obter a mesma sensação de prazer em resposta a estímulos anteriores (KENNY, 2011).

Por fim, podemos citar o aprendizado como grande influenciador no prazer. Alimentos intensamente palatáveis provocam alterações anatômicas no sistema nervoso como modificações nos processos metabólicos e neurais, causando desregulação fisiológica e envolvendo processos de influências no contexto social,

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memória e aprendizagem. Sempre que nos lembramos frequentemente de determinado fato ou acontecimento, reforçamos a lembrança contida em nossa memória e acabamos por renová-la, dando continuidade ao aprendizado (SAWAYA; FILGUEIRAS, 2013).

4. CONCLUSÃO

Atualmente, uma parcela significativa da população apresenta uma ingestão

energética elevada, com energia proveniente especialmente do alto consumo de açúcares, e na sua maioria presentes em alimentos ultraprocessados. Esse consumo está associado ao desenvolvimento de DCNT, como obesidade e diabetes, que causam quadros de hiperglicemia semelhantes ao consumo exacerbado de açúcar.

Indivíduos que realizam ingestão excessiva e desordenada de açúcar, seja ela de adição ou embutido em produtos alimentícios, de forma habitual, possuem prejuízo no desempenho cognitivo. Tal fato pode ocorrer também em indivíduos obesos e portadores de diabetes, que possuem hiperglicemia semelhante ao consumo abusivo de açúcar, contudo, ainda é necessário aprofundamento e realização de pesquisas científicas capazes de ampliar a temática em questão, afim de obter resultados mais precisos e buscar desvendar a complexidade acerca do assunto.

Para cessar o alto consumo de açúcar, seriam necessárias campanhas de incentivo à alimentação saudável, inclusive e principalmente com a adesão da mídia à comerciais que abordassem este tema, dando enfoque também aos malefícios de uma alimentação nutricionalmente desequilibrada e os perigos das DCNT. Mais estudos na área de desempenho escolar deveriam ser realizados para melhor compreender a maneira com que o excesso de açúcar pode afetar o desempenho cognitivo e consequentemente o rendimento escolar.

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Effects of excessive sugar consumption on cognitive performance: a literature review Abstract: Sugar has become one of the main ingredients present in the food of the brazilian population. The media contributes significantly to the increase in sugar consumption and industrial derivatives, through commercial serving targeted mainly at children. The exaggerated consumption of this component may be related to several co-morbidities, including changes in cognition. The literature review was performed through scientific articles in English and Portuguese language, obtained by the databases LILACS®, Bireme®, MEDLINE®, PubMed® and SciELO®. The keywords used in search of data was "cognition", "media and food behavior," "sugar" and "cognitive performance”. High intake of sugar and sugar add present in food products has been linked to cognitive decline through the functional and anatomical changes of Central Nervous System and its annexes, causing crashes and learning and memory deficits. It is concluded that individuals with diabetes, obesity and that perform excessive and disorderly, be it addition or embedded in food products, as usual, have impaired cognitive performance, showing consequently cell death and even harmful delay this process. Keywords: Cognition. Media and food behavior. Sugar. Cognitive performance.

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