princÍpios contÁbeis e sua abrangÊncia nas...

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PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E SUA ABRANGÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES ADRIANO ELIAS ANTONIO CORRARO Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis. Orientadora: Sônia Maria Loureiro Rio de Janeiro Faculdade Machado de Assis 2002

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PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E SUA ABRANGÊNCIA NAS

ORGANIZAÇÕES

ADRIANO ELIAS ANTONIO CORRARO

Monografia submetida como requisito

parcial para obtenção do grau de bacharel

em Ciências Contábeis.

Orientadora: Sônia Maria Loureiro

Rio de Janeiro Faculdade Machado de Assis

2002

2

BANCA EXAMINADORA

3

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus pais, a

professora e orientadora Sônia Maria

Loureiro, a minha irmã, Adriana, e a todos

aqueles que me encorajaram nas horas

investidas nesse esforço.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço e aos amigos que contribuíram direta e indiretamente por ter

alcançado mais um patamar em minha vida.

O meu muito obrigado.

5

RESUMO

A organização administrativa envolve princípios contábeis que são

base da conduta empresarial. Os princípios contábeis são o ponto de partida para a

própria Ciência Contábil, são eles que fundamentam os conceitos, a teoria, e a

prática desta ciência. Assim na Física (por exemplo) existem as leis da mecânica

que fundamentam esta ciência, em Contabilidade temos os Princípos Fundamentais

de Contabilidade. Os Princípios surgem da observação dos fatos ocorridos na

prática contábil, os contadores observam a realidade a sua volta, formulam

hipóteses com respeito ao objeto de estudo da contabilidade, isto é, o patrimônio

das organizações, e chegam a conclusões, as quais se aceitas pela maioria dos

estudiosos da Contabilidade, tornam-se princípios fundamentais, que estabilizam e

fundamentam cientificamente a ciência contábil. Os princípios brasileiros seguem

os conceitos dos princípios Norte Americanos, tende as variáveis em decorrência

da situação sócio-econômica do país.

6

LISTA DE ANEXOS

7

SUMÁRIO

Página

FOLHA DE ROSTO ............................................................................................ i

DEDICATÓRIA................................................................................................... ii

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... iii

BANCA EXAMINADORA..................................................................................iv RESUMO ............................................................................................................. v

SUMÁRIO......................................................................................................................................vi INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1 - PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E SUA APLICAÇÃO ......... 10

1.1 - Introdução aos Princípios Contábeis ............................. 11

1.2 - Natureza e Fonte dos Princípios Contábeis ................... 12

1.3 - Importantes Critérios.................................................... 12

1.4 - Fontes de Conhecimento .............................................. 14

CAPÍTULO 2 - A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO.........16

2.1 - A Contabilidade como Ciência Social ........................... 16

2.2 - Estrutura da Contabilidade ........................................... 18

2.3 - Contabilidade como Linguagem ................................... 19

CAPÍTULO 3- PRINCÍPIOS CONTÁBEIS ACEITOS NA ATUALIDADE..

..................................................................................... 22

3.1 - Princípio da Entidade ................................................... 23

3.2 - Princípio da Continuidade ............................................ 24

3.3 - Princípio da Oportunidade ............................................ 25

3.4 - Princípio do Registro pelo Valor Original ................... 26

3.5 - Princípio da Atualização Monetária......... ..................... 26

3.6 - Princípio da Competência............................................27

8

3.7 - Princípio da Prudência.................................................27

CAPÍTULO 4 - POSTULADOS E CONVENÇÕES CONTÁBEIS: OBJETI

VIDADE, CONSERVADORISMO, MATERIALIDADE, E

CONSISTÊNCIA ......................................................... 29

4.1 - Postulados.................................................................. 29

4.1.1 - Postulado da Entidade Contábil .................................. 30

4.1.2 - Postulado da Continuidade das Empresas .................... 30

4.2 - Convenções ............................................................... 30

4.2.1 - Da Objetividade.........................................................31

4.2.2 - Da Materialidade.......................................................32

4.2.3 - Do Conservadorismo.................................................33

4.2.4 - Da Consistência........................................................35

CAPÍTULO 5 – A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS NAS

ORGANIZAÇÕES ............................................................... 37

5.1 - Finalidade da Contabilidade.....................................................39 5.2 - Processo de Identificação dos Princípios Contábeis..................42

9

CAPÍTULO 6 – EXPERIMENTOS REALIZADOS EM PRINCÍPIOS CON-

TABEIS E SUA ABRANGÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES

...................................................................................................44

CONCLUSÃO...................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 54

ANEXOS.............................................................................................................. 55

FOLHA DE APROVAÇÃO................................................................................. 58

vi

10

INTRODUÇÃO

Esta monografia faz uma abordagem aos princípios contábeis enfatizando a

necessidade para se constituir a fundamentação de toda a estrutura de Ciências Contábeis,

sendo fundamental para o exercício da mesma. Procura-se discutir a necessidade de

priorizar conceitos.

A necessidade de hierarquização existe, mais para entender bem a evolução e o

entrelaçamento dos vários conceitos do que pelo fato de serem mais ou menos importantes

na prática. Sabemos que o corpo de conceitos, independentemente de sua hierarquização,

deve ser integral e articuladamente observado, sob pena de todo o edifício contábil ruir.

Uma falha de consistência de período para período é quase tão grave como o não exato

comprimento da realização da receita.

Certos conceitos são constatações sobre o ambiente (cenário) em que a

contabilidade atua e consistem a razão de ser de vários outros conceitos que se seguem.

Outros, na verdade, complementam, explicam, delimitam e restringem a aplicação dos

demais, daí serem de uma hierarquia menor.

11

CAPÍTULO 1

PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E SUA APLICAÇÃO

As necessidades de controle foram surgindo, a contabilidade foi criando

instrumentos para o registro de todos os fatos que afetam o patrimônio de uma

entidade. Em alguns momentos da história da contabilidade, surgiram dúvidas

quanto ao melhor critério de registro de determinadas transações. Diante disso, os

primeiros contadores tiveram de fazer algumas opções, que acabaram sendo

adotadas pelos demais colegas, ficando como regras, que passaram a ser seguidas

e aceitas por todos. Essas regras básicas que foram adotadas denominamos

Princípios Contábeis e hoje formam o arcabouço (esboço) teórico que sustenta

toda a contabilidade.

“Os princípios contábeis propriamente ditos representam as regras e normas através das quaisos conceitos fundamentais de contabilidade são traduzidos de maneira mais específica e objetiva”. GOUVEIA, Nelson. Contabilidade Básica. 2.ed., SP: Harbra, 1993, p.56.

Princípios Fundamentais de Contabilidade significam, então, as regras

em que se assentam toda a estrutura teórica para a escrituração e análise contábil.

Tendo em vista a complexidade do tema, não é intuito desse trabalho o

aprofundamento no estudo de cada princípio. Faremos uma abordagem sucinta,

procurando evidenciar de forma prática como os Princípios devem ser utilizados

pelo contador.

12

1.1 – Introdução aos Princípios Contábeis

São duas as condições para que um princípio supere a fase de tentativa e se

transforme em amplamente aceito e, portanto, incorporado à doutrina e prática contábeis:

• Deve ser considerado praticável e objetivo pelo consenso profissional;

• Deve ser considerado útil.

Algumas vezes, atribui-se ao termo praticabilidade um significado rígido, de forma que

tudo o que não for impraticável, para efeitos contábeis.

Os princípios contábeis podem ser conceituados como premissas básicas acerca dos

fenômenos e eventos contemplados pela contabilidade, premissas que são a cristalização da

análise e observação da realidade econômica, social e institucional.

O campo de atuação preferencial da contabilidade é constituído pelas entidades, sejam

elas de finalidade lucrativa ou não, e procura captar e evidenciar as variações ocorridas na

estrutura patrimonial e financeira, em face das decisões da administração e também das

variáveis exógenas que escapam ao controle e ao poder de decisão da administração.

1.2 – Natureza e Fonte dos Princípios

Comumente nos referimos às regras e convenções da Contabilidade como

princípios. Usa-se aqui a palavra princípio para significar uma lei ou regra geral adotada

ou utilizada como guia de ação; um campo estabelecido ou base de conduta ou de prática.

A definição descreve princípio como uma lei ou regra geral a ser usada como

guia de ação; princípios contábeis não prescrevem exatamente como se deveria registrar

cada fato pormenorizado que ocorre numa empresa. Por conseguinte, há inúmeros fatos na

prática contábil que diferem de uma organização para outra. Em parte, essas diferenças são

13

inevitáveis porque é concebível que um único conjunto pormenorizado de regras não

poderia aplicar-se a todas as empresas. Em parte, as diferenças refletem o fato de que o

contador tem considerável amplitude dentro dos princípios contábeis geralmente aceitos

nos quais expressar sua própria idéia quanto ao melhor modo de registrar e relatar um

acontecimento específico.

O usuário deve reconhecer, portanto, que não poderá conhecer o sentido

preciso de muitos dos itens relativos a um relatório contábil, a menos que saiba qual das

diversas possibilidades igualmente aceitáveis foi escolhida pela pessoa que preparou o

relatório. Por exemplo, a simples palavra custo tem muitos significados diferentes, e há

acordo sobre a definição desta palavra somente no mais amplo sentido.

1.3 – Importantes Critérios

Os princípios contábeis são criados pelo homem. Diferentemente dos

princípios da Matemática, da Física, da Química e de outras ciências naturais, os princípios

contábeis não foram deduzidos de axiomas básicos, nem é a sua validez verificável por

observação e experiência.

A evolução principal é feita pelo seguinte processo: identifica-se um problema;

alguém elabora o que acha ser uma boa solução para esse problema; se outras pessoas

concordam em que esta é uma boa solução, seu uso se espalha gradualmente e então se

torna um princípio contábil. Mais ainda, alguns dos princípios até aqui aceitos caem em

desfavor com o correr do tempo. Este processo evolutivo prossegue constantemente;

princípios contábeis não são verdades eternas.

A aceitação total de um princípio ou prática contábil geralmente depende de

como este atende a três critérios: utìlidade, objetividade e exeqüibilidade.

14

Um princípio é útil no sentido de que dele resulta informação significativa e

valiosa aos que precisam saber algo acerca de certo negócio.

É objetivo até onde a informação não sofre influência de inclinações pessoais

ou juízo dos que a fornecem.

É exeqüível até onde possa ser efetuado sem complexidade ou custo indevidos.

O significado desses critérios em conexão com o estudo dos próprios

princípios. Neste ponto basta ressaltar que esses critérios conflitam entre si.

No desenvolvimento de novos princípios, o problema essencial é determinar o

correto equilíbrio entre utilidade por um lado e objetividade e exeqüibilidade por outro.

Deixar de avaliar este problema muitas vezes conduz a uma crítica

injustificada dos princípios contábeis. É fácil criticar a Contabilidade com base em que não

é tão útil quanto podia ser; mas o crítico muitas vezes menospreza o fato de que as

propostas para aumentar a utilidade quase sempre envolvem sacrifício da objetividade e

exeqüibilidade; na apuração das contas, tal sacrifício pode não valer a pena.

1.4 – Fontes de Conhecimento

Os princípios contábeis não se acham codificados numa única fonte que se

assemelhe, quer na soma de detalhes ou em sua autoridade, à codificação dos princípios

legais nos quais os advogados confiam tanto.

A autoridade mais amplamente reconhecida é o Conselho Federal de

Contabilidade, CFC. Na Resolução CFC 750 de 29.12.1993 foram estabelecidos os

Princípios Contábeis Fundamentais. Posteriormente publicou-se a Resolução CFC 774 de

15

16.12.1994, na forma de um apêndice à Resolução 750/93 onde os Princípios

Fundamentais da Contabilidade foram melhor explicitados. (vide anexo 1)

Estes Princípios Fundamentais constantes das resoluções do Conselho Federal

de Contabilidade, são de certa forma, cópias fiéis dos princípios contábeis do American

Institute of Certified Public Accountants (Instituto Americano de Contadores Públicos

Certificados).

Outras fontes: a Lei 6.404/76 também conhecida como Lei das S.A., o

regulamento do Imposto de Renda, Decreto-Lei 1.598/77, outras leis que tratam de

aspectos contábeis, como por exemplo a Lei 9.249/95 que dispõe sobre incorporações,

fusões ou cisões, as Instruções Normativas da CVM, etc.

16

CAPÍTULO 2

A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO

Para entender a natureza dos princípios contábeis é preciso, antes entender a

natureza da própria Contabilidade. Sendo a principal função na empresa de mensurar o

lucro e reportar a posição patrimonial em determinado momento.

“O PRINCÍPIO é a causa da qual algo procede. É a origem, o começo de um fenômeno ou de uma série de fenômenos".HILÁRIO, Franco. A Evolução dos Princípios Contábeis no Brasil .4.ed., SP: Atlas. 1988, p.89.

Tem-se portanto, a Contabilidade de valer-se de conceitos trazidos da

Economia, como capital, renda consumo; outros conceitos derivam do Direito, da

Administração, da Engenharia, etc.

Existe um conjunto de regras geralmente aceitos nos meios contábeis que

orienta a atividade do contador. Estes princípios são, normalmente, criados e aperfeiçoados

em países mais desenvolvidos que empregam grandes montantes em pesquisas neste

campo, através das entidades profissionais. órgãos do governo e universidades.

2.1 – Contabilidade: A Ciência Social dos Números

A Contabilidade é a ciência do patrimônio. É social, pois pertence aos sócios, aos

donos do capital. É representado qualitativamente pelo capital social aplicado pelos

empresários, bem assim pelas reservas formadas no curso dos exercícios sociais, ao lado

17

dos lucros acumulados constituídos anualmente. Quantitativamente o capital, as reservas e

os lucros são mensurados monetariamente, os quais formam o montante do capital próprio

da organização.

Os estudiosos da Contabilidade têm-na em dois grandes grupos: a Pública e a

Geral, esta última com suas derivações, tais como a Contabilidade Comercial, de Custos,

Rural e Gerencial, dentre outras.

As evoluções dessa ciência: o empirismo, a sistematização, a literatura e o

cientificismo contábil. Nestes passos, como a cibernética é a ciência que estuda as

comunicações e o sistema de controle nas máquinas , na informática é a ciência que visa ao

tratamento da informação através do uso de equipamentos e procedimentos da área de

processamento de dados, a contabilidade hoje apresenta-se como ferramenta vital para o

sucesso dos empreendimentos, através de sua performance a explicar todo o patrimônio

social das organizações.

Neste quadro encontram-se os estudiosos das Ciências Contábeis, inclusive

aprofundando-se mais, pelos estudos detalhados das Análises das Demonstrações

Contábeis, das Auditorias e Perícias Contábeis.

Os Administradores buscam seus conhecimentos por intermédio da

Contabilidade Empresarial, nela inserida a Análise de Custos e das Demonstrações

Contábeis, para alicerçar outros campos de estudos na área da administração.

Os Economistas na sua formação têm os estudos da Contabilidade Geral,

Contabilidade de Custos, Análise das Demonstrações Contábeis e a Contabilidade Social

para apoiar as outras disciplinas curriculares.

18

Como ciência social a contabilidade deve servir a outros segmentos, pois seus

números e suas análises devem auxiliar, caminhar, fortalecer, informar as mais diversas

ciências, como exemplos cito a Contabilidade Geral para a Ciência da Computação, a

Contabilidade Rural para a Medicina Veterinária; a Contabilidade Comercial e Tributária

para o Direito, a Contabilidade Comercial para a Farmácia, Fisioterapia, Medicina e

Psicologia. Para estes, ter-se-ia o estudo da Contabilidade para não Contadores.

Dessa forma, os profissionais de outras áreas passariam a ter conhecimento de

como iniciar um negócio, bem assim poderiam ler, através dos números, a saúde de seu

empreendimento neste novo milênio.

2.2 - Estrutura da Contabilidade

Uma estrutura única constitui a base tanto da Contabilidade Financeira como da

Contabilidade Gerencial. Esta estrutura consiste de alguns princípios e conceitos básicos,

um conjunto de relações entre os elementos que compreendem o sistema contábil, uma

terminologia e várias regras e orientações para a aplicação dos princípios a situações

específicas.

Os princípios que alicerçam a construção de demonstrações financeiras mostra

que proporciona o modo mais claro de descrever a estrutura da Contabilidade. Nosso

objetivo, é desenvolver os conceitos e a terminologia que alicerçam toda a área ligada aos

Princípios Contábeis.

19

2.3 – Contabilidade como Linguagem

Tem-se chamado a Contabilidade de a linguagem da empresa, e embora

possa esta não ser uma frase completamente apropriada, você verificará que a tarefa de

aprender Contabilidade é fundamentalmente a mesma tarefa de aprender uma nova língua.

Esta tarefa se complica, todavia, pelo fato de que muitas das palavras

empregadas em Contabilidade significam quase, mas não exatamente, a mesma coisa que

palavras idênticas de uso diário.

Se você quer aprender inglês, reconhecerá de início que as palavras e a

gramática inglesas são completamente novas para você e devem, portanto, ser aprendidas

cuidadosamente. O problema de aprender Contabilidade, contudo, é mais semelhante ao de

um brasileiro que aprende a falar português como o que se fala em Portugal; a menos que

seja cuidadoso, o brasileiro deixará de reconhecer que as palavras usadas em Portugal

diferem de sentido daquelas usadas no Brasil.

Talvez a maior dificuldade que um principiante no estudo da Contabilidade

encontre é a de distinguir entre o sentido contábil de certos termos e o daquele que ele

atribui a esses termos em sua linguagem não contábil de uso diário.

A Contabilidade também se parece com uma linguagem em que algumas de

suas regras são definidas, ao passo que outras não, e há diferenças de opinião entre os

contadores de como um dado fato deva ser registrado, assim como há diferenças de opinião

entre os gramáticos quanto a muitas questões de estrutura da sentença, pontuação e escolha

das palavras. A linguagem evolui e transforma-se em resposta às necessidades de mudança

da sociedade, e assim o faz a Contabilidade.

20

As regras descritas aqui estão em uso atualmente, mas é de esperar-se que pelo

menos algumas delas se modifiquem gradualmente para atender às necessidades de

mudança da empresa e das normas regulamentares

21

CAPÍTULO 3

PRINCÍPIOS CONTÁBEIS ACEITOS NA ATUALIDADE

Toda Ciência e função técnico-profissional, de modo geral tem certos

princípios definidos para orientarem e ajudarem os profissionais que atuam sobre elas a

solucionarem determinados problemas e dificuldades.

A contabilidade não foge a regra. Tem seus princípios que objetivam a

orientação em todos os aspectos na forma técnica a Doutrina Contábil.

Em 1981, o Conselho Federal de Contabilidade designou alguns de seus

consultores para fixar os Princípios Fundamentais da Contabilidade.

Estes Princípios elaborados, foram fixados pela Resolução 530/81 do Conselho

Federal de Contabilidade. São eles:

Ø Principio da Entidade;

Ø Principio da Qualificação dos bens Patrimoniais;

Ø Principio da Expressão Monetária;

Ø Principio da Competência;

Ø Principio da Oportunidade;

Ø Principio da Formalização dos Registros Contábeis;

Ø Principio da Terminologia Contábil;

Ø Principio da Equidade;

Ø Principio da Continuidade;

Ø Principio da Periodicidade;

22

Ø Principio da Prudência;

Ø Principio d a Uniformidade;

Ø Principio da Informação;

Ø Principio de Atos e Fatos Aleatórios;

Ø Principio da Correção Monetária e

Ø Principio da Integração.

Em, 29 de Dezembro de 1993, o Conselho Federal de Contabilidade através da

Resolução 750/93, devido a grande evolução ocorrida nos últimos anos na área de Ciências

Contábeis, atualiza seus Princípios Fundamentais, reduzindo-os à sete como segue:

Ø Principio da Entidade;

Ø Principio da Continuidade;

Ø Principio da Oportunidade;

Ø Principio do Registro pelo Valor Original;

Ø Principio da Atualização Monetária;

Ø Principio da Competência e

Ø Principio da Prudência.

Falaremos agora sobre cada um destes Princípios Fundamentais de

Contabilidade, detalhadamente.

3.1 – PRINCÍPIO DA ENTIDADE

A Contabilidade é executada e mantida para as entidades como pessoas

completamente distintas das pessoas físicas (ou jurídicas) dos sócios. Quando uma firma

individual paga uma despesa, é o caixa da firma que está desembolsando o dinheiro, e não

o dono da empresa, embora materialmente, muitas vezes, as duas coisas se confundam.

23

Este princípio parece-nos de profunda validade, pois consolida a antiga distinção jurídica

entre pessoas físicas e jurídicas.

“O patrimônio da entidade não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição”(Resolução CFC 750/93).

É todo núcleo capaz de manipular recursos econômicos (e organizacionais) e

que tenda a adicionar valor (ou utilidade, em sentido amplo) aos recursos manipulados.

Temos verdadeiras macroentidades representadas pelos conglomerados de companhias

investidoras e por suas subsidiárias ou controladas. O Balanço Consolidado representa uma

macroextensão do conceito de Entidade. Por outro lado, qualquer divisão ou setor de uma

empresa descentralizada capaz de contribuir para o esforço de produção de receita da

Entidade maior (desde que esse esforço seja mensurável em termos de receitas e despesas,

mesmo que para as receitas tenhamos que recorrer, às vezes, a preços imputados de

transferência entre setores), constitui uma subentidade digna de atenção para a

Contabilidade.

Assim, o sentido contábil de Entidade vai muito além do jurídico, para abarcar

o econômico e o social. Cada Entidade será, sob a ética do usuário da informação, a mais

importante em certas circunstâncias. Assim, para os acionistas da companhia-mãe, o balan

ço consolidado é mais importante do que o individual de cada Entidade, ao passo que, para

os acionistas das controladas, os balanços individuais podem ser mais importantes

3.2 – PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Este princípio afirma que o patrimônio da Entidade, na sua composição qualitativa

e quantitativa, depende de condições em que provavelmente se desenvolverão as operações

da entidade.

24

“Com o objetivo de obter uma imagem verdadeira e apropriada da situação financeira e de resultados das operações da empresa, indicam-se seguidamente os princípios contabilísticos fundamentais da continuidade, considera-se que a empresa opera continuadamente, com duração limitada.” SÁ, Antonio Lopes de. Princípios Fundamentais da Contabilidade. 2. ed., SP: Atlas. 1995, p. 44.

Tem grande validade do ponto de vista prático, apresentando importantes

conseqüências para a Contabilidade. De fato, se aceitarmos a hipótese de que a duração da

empresa é indeterminada, a filosofia de avaliação a ser adotada deverá ser oposta àquela

que adotaríamos no caso de liquidação da empresa, quando interessam os valores de

liquidação do passivo e de realização do ativo. Trata-se de princípio muito explorado pelos

defensores dos Custos históricos sob alegação de que, se os valores de realização não

interessam, então vamos ater-nos ao custo.

Os conceitos de custos são vários: custo original, custo de reposição, custo de

oportunidade, custo original ajustado pelas variações do índice geral de preços etc. Se a

contabilidade não interessa, normalmente, o valor da realização , não implica isto que é o

único tipo de custo relevante, para efeito de avaliação contábil, seja o histórico.

3.3 – PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE

Tem o objetivo de complementar o Principio da Competência, uma vez que

qualquer receita ou despesa refletem nas contas Patrimoniais e por conseqüência no

Patrimônio Liquido.

O ponto chave deste principio é o reconhecimento imediato de Ativos e

Passivos nos registros contábeis.

25

Este principio refere-se também a tempestividade e integridade dos registros.

Ou seja, os registros devem ser feitos imediatamente a sua ocorrência e com extensão

correta, independente de sua origem.

“O princípio da oportunidade exige a apreensão, o registro e o relato de todas as

variações sofridas pelo patrimônio de uma entidade no momento que elas ocorrem.” CFC – Brasília. DF. 1999, p. 42.

Chega-se ao acervo máximo de dados primários sobre o patrimônio, fonte de todos os

relatos, demonstrações e análises posteriores, ou seja, o Princípio da Oportunidade é a base

indispensável à fidedignidade das informações sobre o patrimônio da Entidade, relativas a

um determinado período e com o emprego de quaisquer procedimentos técnicos. É o

fundamento daquilo que muitos sistemas de normas denominam de representação fiel pela

informação ou seja, que esta espelhe com precisão e objetividade as transações e eventos a

que concerne. Tal atributo é, outrossim, exigível em qualquer circunstância, a começar

sempre nos registros contábeis, embora as normas tendem a enfatizá-lo nas demonstrações

contábeis.

3.4 – PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL

Os Fatos Administrativos devem ser registrados pelos valores das transações em

conformidade com documentos idôneos, também devem ser sempre registrados em moeda

corrente do pais onde situa-se a entidade. Devem ser avaliados pelo valor base de entrada.

Uma vez integrado ao Patrimônio da Entidade o bem não poderá ter seu valor alterado.

O principio da Atualização Monetária e o Principio de que tratamos agora

completam-se. O primeiro completa o valor original de entrada.

26

3.5 – PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Este principio indica a necessidade de reconhecermos a perda do poder

aquisitivo da moeda. Fazendo-se necessário a Atualização Monetária das Demonstrações

Financeiros.

Este principio representa o ajuste dos valores originais para um determinado

período através de indexadores ou índices econômicos.

3.6 – PRINCIPÍO DA COMPETÊNCIA

Este princípio demonstra que as receitas e as despesas são atribuídas aos

períodos de acordo com a real inocorrência dos mesmos, isto é, de acordo com a data do

fato gerador e não quando são recebidos ou pagos em dinheiro.

Através desse princípio, a folha de pagamento dos operários relativa ao mês de

dezembro, suponhamos, será considerada como despesa de dezembro, mesmo que na

prática o pagamento só seja efetuado nos primeiros dias de janeiro. O fato gerador da

despesa é o serviço prestado pelos operários, e não a pagamento do salário.

Embora, com o intuito de observar o princípio em questão, sejamos obrigados

muitas vezes a fazer hipóteses algo arbitrárias, parece-nos que é essencialmente válido,

pois independe da base de valor a ser adotada.

3.7 – PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA

A aplicação deste princípio está baseada de forma a obter-se o menor patrimônio

líquido, dentre aqueles possíveis, diante de procedimentos alternativos da avaliação.

27

“O princípio da prudência determina a adoção do menor valor para os componentes de ativo do maior do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido”. FRANCO, Hilário. Evolução dos princípios contábeis no Brasil. 4. ed., SP: Atlas. 1988, p. 50.

A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos, a situações

classificáveis como manipulações do resultado, com a conseqüente criação de reservas

ocultas. Pelo contrário, deve constituir garantia de inexistência de valores artificiais de

interesse de determinadas pessoas, especialmente administradores e controladores, aspecto

muito importante nas Entidades integrantes do mercado de capitais.

Em casos de alternativas igualmente validas o principio da prudência determina

que a contabilidade utilize menores valores para o Ativo e Receitas e maiores valores para

o Passivo e Despesas. Isto é, para que resultem em menor o valor do Patrimônio Liquido.

Só poderá ocorrer quando as opções forem aceitas pelos outros Princípios Fundamentais da

Contabilidade.

Este principio só pode ser aplicado em fatos posteriores, constituindo

observância do principio da Competência. Sua maior ênfase se dá quando da elaboração de

estimativas que tenha incerteza de grau variável.

28

CAPÍTULO 4

POSTULADOS E CONVENÇÃO CONTÁBEIS: OBJETIVIDADE,

CONSERVADORISMO, MATERIALIDADE E CONSISTÊNCIA

A estrutura conceitual da contabilidade engloba os postulados, os princípios e as

convenções contábeis. Os princípios e postulados formam a linha teórica básica que deve

ser seguida enquanto que as convenções também conhecidas como restrições aos

princípios contábeis fundamentais representam certos condicionamentos de aplicação,

numa ou noutra situação prática.

Os Postulados enunciam as condições sociais, econômicas e institucionais

dentro das quais a Contabilidade atua. Os Princípios constituem o núcleo central da

escritura contábil, delimitando como a profissão irá, em largos traços, posicionar-se diante

da realidade social, econômica e institucional admitida pelos Postulados, ou seja, são

critérios aceitos pelos profissionais da área contábil. Já as Convenções são restrições aos

Princípios, elas apresentam certos condicionamentos de aplicação, numa ou noutra situação

prática.

4.1 - POSTULADOS

4.1.1 - Postulado da Entidade Contábil

Representa a diferenciação necessária que deve ser feita entre as pessoas

jurídicas e/ou físicas controladoras de uma outra pessoa jurídica, da pessoa jurídica

controlada propriamente dita. A sociedade não deve ter sua pessoa confundida com a de

seus sócios.

29

Registros e demonstrações contábeis separadas devem ser mantidos.

“A Contabilidade é mantida para as Entidades; os sócios ou quotistas destas não se confundem, para efeito contábil, com aquelas...” CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Brasília.2000., p.89

4.1.2 - Postulado da Continuidade das Empresas

As entidades, quando criadas, visam gerar riqueza por prazo indeterminado,

num processo contínuo e fluídico. Os contadores das sociedades cujas existências

encontram-se ameaçadas devem evidenciar tal fato. Os auditores independentes devem

identificar se tal processo contínuo encontra-se mesmo ameaçado, de forma a evidenciar

em seu relatório (daí os norte-americanos chamarem de going concern).

“Para a Contabilidade, a Entidade é um organismo vivo que irá viver (operar) por um longo período de tempo (indeterminado) até que surjam fortes evidências em contrário...” CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Brasília. 2000., p.91.

Do ponto de vista prático, a identificação da existência do risco de

descontinuidade das operações é vital para a escolha da forma de avaliação dos ativos: (i)

pelo custo da entrada (princípio do custo como base de valor ) para as empresas sem risco

de serem descontinuadas ou (ii) pelo valor de saída – ou de realização – para as empresas

ameaçadas pelo going concern.

4.2 - CONVENÇÕES (RESTRIÇÕES AOS PRINCÍPIOS)

4.2.1 - Da Objetividade

Muitas vezes, durante a prática contábil, faz-se necessário optar por

determinadas formas de estimativas dos eventos em questão. Em outras oportunidades,

alternativas de contabilização parecerão igualmente aceitáveis e consistentes com os

Princípios de Contabilidade. A Restrição da Objetividade visa demonstrar que deverá ser

30

preferida a alternativa que esteja melhor documentada e que, de preferência, já tenha sido

objeto de estudo e corroboração por experts do assunto.

“Para procedimentos igualmente relevantes, resultantes da aplicação dos Princípios, preferir-se-ão, em ordem decrescente: a) os que puderem ser comprovados por documentos e critérios objetivos; b) os que puderem ser corroborados por consenso de pessoas qualificadas da profissão, reunidas em comitês de pesquisa ou em entidades que têm autoridades sobre princípios contábeis...” CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Brasília. 2001.,p . 93.

Esta convenção pode ser explicada da melhor forma possível através do

exemplo que, a seguir, será relatado. Suponha-se que o Contador, para a avaliação de um

certo bem, dispusesse de duas fontes, a saber: a fatura relativa à compra do bem e o laudo

do maior especialista mundial em avaliação. Deverá escolher, como valor de registro, o

indicado na fatura. Entre um critério subjetivo de valor, mesmo ponderável, e outro

objetivo, o contador deverá optar pela hipótese mais objetiva. A finalidade desta

convenção é eliminar ou restringir áreas de excessivo liberalismo na’escolha de critérios,

principalmente de valor. Em tese, é uma convenção que contém seus méritos. Entretanto,

seria necessário definir de forma mais precisa o que vem a ser objetividade. Nem só o que

é material, palpável, tem a qualidade de ser objetivo.

Mesmo porque a objetividade atribuída a tais elementos é uma imagem criada

pela nossa mente, que se utiliza, assim, do julgamento. Portanto, um julgamento pode ser

objetivo também, profissionalmente.

31

4.2.2 - Da Materialidade

O grau de detalhamento das informações contábeis é praticamente infinito. O

contador pode, a seu critério, esmiuçar ao máximo os detalhes de cada conta, assim como

agarrar-se fielmente aos Princípios Contábeis independente dos valores envolvidos. Este

procedimento, no entanto, não é prático: muitas vezes o contador irá despender quantidade

de tempo grande demais para detalhar valores pouco significativos.

“O contador deverá, sempre, avaliar a influência e materialidade da informação evidenciada ou negada para o usuário à luz da relação custo-benefício, levando em conta aspectos internos do sistema contábil...” CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Brasília. 2000., p. 94

A Restrição da Materialidade é um instrumento do profissional contábil para

poder discernientre a informação útil e a irrelevante à luz da relação custo-benefício.

A fim de evitar desperdício de tempo e de dinheiro, devem-se registrar na

Contabilidade apenas os eventos dignos de atenção e na ocasião oportuna. Por exemplo,

sempre que os empregados do escritório se utilizam de papéis e impressos da firma,

registra-se uma diminuição do ativo da empresa, diminuição esta que poderia,

teoricamente,. ser lançada nos registros contábeis à medida de sua ocorrência. Entretanto,

isto não é feito, pela irrelevância da operação, e a despesa só é apurada no fim do período

por diferença de estoques.

O julgamento quanto à materialidade também se relaciona com qual

informação devemos evidenciar, cuja exclusão dos relatórios publicados poderia levar o

leitor a conclusões inadequadas sobre os resultados e as tendências da empresa.

Normalmente, materialidade e relevância andam juntas. Entretanto, algo pode ser imaterial

de per se (por si) , ainda assim, relevante. Por exemplo, se todo mês descobrimos uma

32

diferença de cerca de $ 1 no Balancete de Verificação do Razão, o fato em si pode ser

imaterial, mas, pela repetição pode ser relevante no sentido de apontar eventuais

problemas no sistema contábil. O fato de a diferença ter sido pequena pode dever-se ao

acaso.

4.2.3 - Do Conservadorismo

A Ciência Contábil envolve, em muitas situações, julgamento e bom senso:

seja para decidir quanto ao procedimento contábil, seja para avaliar uma estimativa. Tendo

em vista o compromisso de divulgar informações realistas ao mercado, e ainda a tendência

dos administradores em trabalhar com entusiasmo e otimismo, cabe ao contador efetuar

uma análise fria e neutra acerca dos valores corretos de realização dos ativos , na dúvida, o

menor , e dos montantes exatos das obrigações , na dúvida, o maior.

“Entre conjuntos alternativos de avaliação para o patrimônio, igualmente válidos, segundo os Princípios Fundamentais, a Contabilidade escolherá o que apresentar o menor valor atual para o ativo e o maior para as obrigações...” CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Brasília.2000., p . 95.

Por motivos de precaução, sempre que o contador se defrontar com alternativas

igualmente válidas de atribuir valores diferentes a um elemento do ativo (ou do passivo),

deverá optar pelo mais baixo para o ativo e pelo mais alto para o passivo. Se, por exemplo,

o valor de mercado do inventário final de mercadorias for inferior ao valor de custo,

deverá ser escolhido o valor de mercado, por ser o mais baixo.

Esta é uma convenção que modifica o princípio geral do custo como base de

valor. (Adotada também pela nossa atual Lei das S.A.)

33

Outra implicação da convenção é na apuração de resultados. É freqüentemente

citada pelos contadores a seguinte máxima: Considere para a despesa do exercício o maior

montante possível, mas atribua à receita o menor montante possível.

O custo é a base de valor para a contabilidade, mas, se o valor de mercado for

inferior ao de custo, adotaremos o valor de mercado.

Embora certa dose de conservadorismo, no bom sentido do termo, não seja de

todo desprezível, a adoção irrestrita dessa convenção, em todas as situações, pode tornar-se

um meio seguro de impedir o progresso da teoria contábil, criando problemas para as

empresas, pois, ao se reverterem as causas que deram origem à aplicação do

conservadorismo sem abandonar a convenção, perde-se o controle de seus impactos nos

resultados.

4.2.4 - Da Consistência

A Contabilidade tem o dever de informar atendendo os princípios e postulados

contábeis. No entanto, como um dos principais objetivos desta Ciência é demonstrar uma

tendência através da análise das demonstrações contábeis de vários períodos, é necessário

que o contador procure, na medida do possível, utilizar sempre os mesmos procedimentos

de avaliação.

“A Contabilidade de uma entidade deverá ser mantida de forma tal que os usuários das demonstrações contábeis tenham possibilidade de delinear a tendência da mesma com o menor grau de dificuldade possível...” CFC, Conselho Federal de Contabilidade. Brasília.2000., p. 97.

A Restrição da Consistência serve para orientar o contador a buscar seguir

sempre os mesmos procedimentos contábeis utilizando a Convenção da Materialidade para

34

decidir quando mudá-los. Qualquer mudança, quando necessária e material, deverá ser

detalhadamente explicada em notas explicativas, bem como os efeitos correspondentes no

balanço patrimonial e na demonstração do resultado do exercício.

Assim, a convenção da consistência nos diz que, uma vez adotado determinado

processo, dentre os vários possíveis que podem atender a um mesmo princípio geral, ele

não deverá ser mudado com demasiada freqüência, pois assim estaria sendo prejudicada a

comparabilidade dos relatórios contábeis. Se, por exemplo, for adotado o método PEPS

para avaliação de estoques, em lugar do UEPS (ambos atendem ao mesmo princípio geral,

isto é, "Custo Como Base de Valor"), deverá ser usado sempre o mesmo método nos outros

períodos. E, se houver a necessidade inadiável de se adotar outro critério, esta adoção e

seus efeitos no resultado devem ser declarados como nota de rodapé dos relatórios, de

maneira a cientificar o leitor.

Aceitamos como perfeitamente válida esta convenção, pois sua finalidade é

reduzir a área de inconsistência entre relatórios de uma mesma empresa, contribuindo, de

certa forma, para um progresso mais rápido rumo à padronização e unificação contábeis,

dentro do mesmo setor de atividade.

35

CAPÍTULO 5

A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS NAS

ORGANIZAÇÕES

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam o núcleo central da

própria Contabilidade, na sua condição de ciência social, sendo a ela inerentes. Os

princípios constituem sempre as vigasmestras de uma ciência, revestindo-se dos atributos

de universalidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstância. No caso

da Contabilidade, presente seu objeto, seus Princípios Fundamentais de Contabilidade

valem para todos os patrimônios, independentemente das Entidades a que pertencem, as

finalidades para as quais são usados, a forma jurídica da qual estão revestidos, sua

localização, expressividade e quaisquer outros qualificativos, desde que gozem da

condição de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes.

“... para os quais a Contabilidade não é ciência, mas somente um conjunto, mais ou menos articulado, de conhecimentos e técnicas,de limites imprecisos que variam segundo os países, autores, etc., os princípios têm significados diversos dos aceitos por aqueles que reconhecem a Contabilidade como ciência, uma vez que, perdendo os princípios, sua condição de cerne de conhecimento científico passa incontinentemente à condição de simples normas profissionais, eventualmente hierarquizáveis segundo sua importância prática. Nesse enfoque faz sentido a locução de origem anglo-saxônica, “princípios geralmente aceitos” designativa de coleção de preceitos alçados à condição de normas por convenção coletiva”. KOLIVER, Olívio. A Contabilidade de Custos e os Princípios Fundamentais de Contabilidade. In: Congresso Brasileiro de Contabilidade, 14. Salvador, Bahia, 18 a 23.10.92.

36

Nos princípios científicos jamais pode haver hierarquização formal, dado que eles

são os elementos predominantes na constituição de um corpo orgânico, proposições que se

colocam no início de uma dedução, e são deduzidos de outras dentro do sistema. Nas

ciências sociais, os princípios se colocam como axiomas, premissas universais e

verdadeiras, assim admitidas sem necessidade de demonstração, ultrapassando, pois a

condição de simples conceitos.

O atributo da universalidade permite concluir que os princípios não exigiriam

adjetivação, pois sempre, por definição, se referem à Ciência da Contabilidade no seu todo.

Dessa forma, o qualificativo “fundamentais” visa, tão-somente, a enfatizar sua magna

condição. Esta igualmente elimina a possibilidade de existência de princípios identificados,

nos seus enunciados, com técnicas ou procedimentos específicos, com o resultado obtido

na aplicação dos princípios propriamente ditos a um patrimônio particularizado. Assim,

não podem existir princípios relativos aos registros, às demonstrações ou à terminologia

contábeis, mas somente ao objeto desta, o Patrimônio. Os princípios, na condição de

verdades primeiras de uma ciência, jamais serão diretivas de natureza operacional,

característica essencial das normas – expressões de direito positivo, que a partir dos

princípios, estabelecem ordenamentos sobre o como fazer, isto é, técnicas, procedimentos,

métodos, critérios etc., tanto nos aspectos substantivos, quanto nos formais. Dessa maneira,

alcança-se um todo organicamente integrado, em que, com base nas verdades gerais, se

chega ao detalhe aplicado, mantidas a harmonia e coerência do conjunto.

Os princípios simplesmente são e, portanto, preexistem às normas, fundamentando

e justificando a ação, enquanto aquelas a dirigem na prática. No caso brasileiro, os

princípios estão obrigatoriamente presentes na formulação das Normas Brasileiras de

Contabilidade, verdadeiros pilares do sistema de normas, que estabelecerá regras sobre a

37

apreensão, o registro, relato, demonstração e análise das variações sofridas pelo

patrimônio, buscando descobrir suas causas, de forma a possibilitar a feitura de

prospecções sobre a Entidade e não podem sofrer qualquer restrição na sua observância.

Os princípios refletem o estágio em que se encontra a Ciência da Contabilidade,

isto é, a essência dos conhecimentos, doutrinas e teorias que contam com o respaldo da

maioria dos estudiosos da Contabilidade.

É evidente que, em muitos aspectos, não há como se falar em unanimidade de

entendimento, mas até em desacordo sobre muitos temas teórico-doutrinários. Temos uma

única ciência, mas diversas doutrinas. Entretanto, cumpre ressaltar que tal situação também

ocorre nas demais ciências sociais e, muitas vezes, até mesmo nas ciências ditas exatas.

Em termos de conteúdo, os princípios dizem respeito à caracterização da Entidade e

do Patrimônio, à avaliação dos componentes deste e ao reconhecimento das mutações e dos

seus efeitos diante do Patrimônio Líquido. Como os princípios alcançam o patrimônio na

sua globalidade, sua observância nos procedimentos aplicados resultará automaticamente

em informações de utilidade para decisões sobre situações concretas. Esta é a razão pela

qual os objetivos pragmáticos da Contabilidade são caracterizados pela palavra

informação.

5.1 – Finalidade da Contabilidade

A contabilidade deve ser entendida ainda na condição de elemento

indispensável ao processo decisório de toda e qualquer organização, independente da

estrutura de capital, conotação jurídica e objetivos sociais. Deve porém, estar claro

entendimento de que a utilidade da contabilidade tem se desgastado de forma assustadora

ao longo dos tempos por questões bastante compreensíveis.

38

O fato de se propor a satisfazer tão somente as exigências dos órgãos de

fiscalização nas diferentes esferas, federal, estadual e municipal. Deve ser portanto melhor

interpretado o fato de que a contabilidade deve se postular a serviço da instituição que lhe

contrata os serviços, ou a mantém em departamento específico. E não dos órgãos

governamentais que mantém uma estrutura bastante onerosa, para executar o serviço

rotineiro, inexpressivo e de competência profissional duvidosa da fiscalização, ao invés de

treinar competentes profissionais para a elaboração de relatórios próprios e específicos

para as suas finalidades precípuas e da maior importância para a manutenção das funções

de estados e municípios , que é a arrecadação.

As funções da contabilidade não estão claras nos planos das organizações. Na

maioria das vezes, esta se encontra na condição de função pseudo terceirizada, tratando tão

somente de atividades-meio, tais como a elaboração dos relatórios fiscais, de contribuição

duvidosa para o contexto gerencial.

Existe uma avantajada carência de dados técnicos à disposição da contabilidade

para a leitura dos seus relatórios. É notório o fato de que os dados que fundamentam a

elaboração dos relatórios são baseados em dados com base em determinismos fiscais, e

jamais em dados com base de natureza técnico-científica. Por exemplo: com que

habitualidade as empresas elaboram estudos técnicos em manuais dos fabricantes de suas

máquinas e equipamentos para determinar, em função da potencialidade do uso em

atividades específicas, as suas vidas útil, os seus consumos médio de energia, a taxa de

retorno dos investimentos?

Ao longo dos tempos a contabilidade se ressente de uma efetiva participação

nos planos organizacionais. É pouco comum se ter conhecimento do departamento de

39

contabilidade participando dos planos de produção, capacidade instalada, potencialidade de

mercados, entre outros.

Não se tem conhecimento de que a contabilidade esteja preocupada de

qualquer forma em procurar averiguar a força competitiva da empresa no mercado, através

da característica de seus principais fornecedores e clientes em potencial, e desta forma

trabalhar no perfil técnico da organização e poder estabelecer entre outros, o nível de

endividamento futuro, e comprometimento inflacionário da organização, mesmo em

situações onde estas taxas não se encontrem à nível alarmantes.

Com este entendimento torna-se oportuno o esclarecimento de que a

contabilidade pode guardar uma estreita relação com o controle e o planejamento das

organizações, na forma baixo explicitada:

Controle: Se configura no processo segundo o qual a administração se assegura, tanto

quanto possível de que a organização segue os planos e as políticas conforme

estabelecidos. Nesta abordagem, a informação contábil poderá ser efetivamente útil neste

controle, assumindo para si a grande responsabilidade da comunicação, que certamente

auferirá respaldo técnico para os predicados da motivação e da avaliação de desempenho,

conforme se perceba nos planos estratégicos da organização .

A contabilidade não deve portanto ser entendida na condição simplória de

instrumento que se predisponha tão somente a exercer de qualquer maneira, algum tipo de

controle das atividades e/ou funções inerentes aos objetivos da organização. O

Planejamento consiste no processo de decidir sobre que ação deverá ser tomada no futuro.

A área coberta por um planejamento pode ser um minúsculo setor da empresa, ou pode ser

toda a empresa.

40

5.2 - Processo de Identificação de Princípios Contábeis

Para que a ciência alcance seus objetivos, os princípios precisam ser

identificados, reconhecidos e respeitados. Obtendo assim a clareza, precisão e eficiência à

situação patrimonial das empresas.

O processo de identificação dos princípios decorre do juízo de doutrinadores e

profissionais, que buscam encontrar as regras mais adequadas para a contabilização dos

fatos.

Para se identificar, reconhecer e justificar a existência de um princípio contábil

é necessário analisar e interpretar as condições essenciais para que a contabilidade exista.

Todos os fenômenos patrimoniais precisam ser registrados e demonstrados sem exceção

para que não haja distorções na apreciação desse patrimônio e dos resultados de sua

movimentação.

41

CAPÍTULO 6

EXPERIMENTOS REALIZADOS EM PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E SUA

ABRANGÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES

A colaboração das pessoas abaixo citadas, foi fundamental para a realização deste

trabalho monográfico; foi formada uma estrutura enriquecida de dados, a qual

proporcionou uma maior abrangência na conclusão da pesquisa, fortalecendo o princípio

de coerência e conveniência na interpretação do que foi exposto.

EMPRESAS

COMPANHIA SIDERÚRGICA BELGO MINEIRA

GERDAU S/A

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE

HP DO BRASIL

ACARITA LTDA

ACCOR DO BRASIL

PETROBRÁS

LATASA

ARACRUZ S/A

42

1) Como conceituar os Princípios Fundamentais da Contabilidade? a) ( ) Excelente

b) ( ) Ótimo

c) ( ) Bom

d) ( ) Regular

e) ( ) Ruim

10%

70%

20%

Resposta aResposta cResposta d

A maioria dos entrevistados conceituaram os Princípios Fundamentais

de Contabilidade como ótimo, mostrando que os Princípios realmente se adequam

com o cotidiano do contabilista.

2) Em qual percentual está centralizado o estudo dos Princípios Contábeis dentro

das instituições de ensino?

a) 0 a 20%

b) 21 a 40%

c) 41 a 60%

d) 61 a 80%

e) 81 a 100%

50%50%

Resposta dResposta e

Houve nesse quesito um empate técnico entre as alternativas D e E,

contudo observamos que o estudo dos Princípios Contábeis dentro das instituições

43

de ensino é ótimo, mostrando que os nossos profissionais da área estão inseridos

dentro das vigas-mestras da contabilidade.

3) Como é a atuação do Conselho Regional de Contabilidade, nas questões

relacionadas aos Princípios Contábeis?

a) Excelente

b) Ótimo

c) Bom

d) Regular

e) Ruim

30%

30%

30%

10%

Resposta a

Resposta b

Resposta c

NãoRespoderam

Nesse quesito, o índice ficou em ótimo, mostrando que o CRC, atua de

forma decisiva na divulgação e aprimoramento (junto com o CFC) das vigas-

mestras.

4) Dentro da ampla margem de liberdade que os princípios permitem ao contador,

o registro das operações, como podemos classificar as convenções?

a) Excelente

b) Ótimo

c) Bom

d) Regular

e) Ruim

60%

40%Resposta bResposta c

44

Aqui a maioria dos entrevistados classificou como boa as Convenções

Contábeis, mostrando mais uma vez a eficácia e eficiência dos Princípios

(Convenções) à vida real.

5) Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam o núcleo central da

própria Contabilidade, na sua condição de ciência social, sendo a ela

inerentes. Os princípios constituem sempre as vigas-mestras de uma ciência?

100%

Não

Houve nesse quesito uma unanimidade pelo sim, comprovando que toda

ciência é composta por Princípios, e como não poderia deixar de ser diferente, a

contabilidade também é composta de princípios que a fundamente.

6) O atributo da universalidade permite concluir que os princípios não exigiriam

adjetivação, pois sempre, por definição, se referem à Ciência da Contabilidade

no seu todo. Dessa forma, o qualitativo fundamental visa, tão-somente, a

enfatizar sua magna condição?

45

100%

Sim

Nesse quesito, também, tem-se uma unanimidade dos entrevistados,

comprovando que toda viga-mestra de uma ciência se refere a mesma pelo sentido

macro e não micro.

7) As informações quantitativas que a Contabilidade produz, quando aplicada a

uma entidade, devem possibilitar ao usuário avaliar a situação e as tendências

desta?

100%

Sim

Todos os entrevistados responderam que sim, porque como o próprio

Princípio da Uniformidade retrata que as informações contábeis tem que seguir

uma regra, apresentando-se de uma mesma forma, pode-se aí fazer comparações e

avaliações.

46

8) Em países com um ativo mercado de capitais, assume importância ímpar a

existência de informações corretas, oportunas, suficientes e inteligíveis sobre o

patrimônio das Entidades e suas mutações. A qualidade dessas informações deve

ser assegurada pelo sistema de normas alicerçado nos Princípios Fundamentais de

Contabilidade?

90%

10%

SimNão

A grande maioria optou pela resposta positiva, comprovando que os

Princípios agem de forma macro na contabilidade, permitindo ao usuário avaliar a

empresa com as outras.

9) Em termos de conteúdo, os princípios dizem respeito à caracterização da

Entidade e do Patrimônio, à avaliação dos componentes deste ao

reconhecimento das mutações e dos seus efeitos diante do Patrimônio Líquido.

Como os princípios alcançam o patrimônio na sua globalidade?

Esse quesito mostra mais uma vez a atuação macro dos Princípios

Fundamentais da Contabilidade na contabilidade, ou seja, atuando em todos os elementos

contábeis

47

10) O princípio da Oportunidade refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à

integridade do registro do patrimônio e das mutações, determinando que este

seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas

que as originaram. Como podemos observar esse posicionamento para as

provisões ?

Houve aqui, uma demonstração que os Princípios Contábeis, realmente

fundamentam a contabilidade não só de fatos contábeis ocorridos, mas o que ainda

ocorreram, isto é, fatos contábeis sem o fato gerador.

48

CONCLUSÃO

Estes princípios são resultados da aplicação prática de técnica Contábeis

geralmente mais usadas no meio profissional. Assim permitindo uma compreensão

uniforme das Demonstrações Financeiras.

Os Princípios Fundamentais da Contabilidade, permitem uma comparação

das Demonstrações Financeiras de Empresas do mesmo setor, porque ele cria uma

uniformidade no processo contábil.

A inobservância destes Princípios Fundamentais de Contabilidade constitui

infração quando aplicável, no Código de Ética Profissional do Contabilista,

conforme o decreto lei 9295 de 27 de maio de 1946, o Conselho regional de

Contabilidade, pune os contabilistas que não observarem estes princípios de

acordo com o grau de relevância da desobediência da seguinte forma.

49

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ANTHONY, Robert Newton. Cntabilidade Gerencial: uma introdução à contabilidade. Tradução de Luiz Aparecido caruso. SP: Atlas. 1976 ARAUJO, Honório Elias de. A informação contábil. Belo Horizonte. 13 de maio/97. BRASIL. Lei das Sociedades Anônimas 6.404 de 15/12/1976. CONSELHO Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul. Princípios Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade.16. ed., Porto Alegre: Conselho Regional de Contabilidade. 1999. CONSELHO Federal de Contabilidade do Rio de Janeiro. Exame de Suficiência. 4. Ed., Brasília.2001 GOUVEIA , Nelson . Contabilidade Básica . 2. ed., SP: Harbra 1993. IOB. Informações Objetivas e Publicações Juridicas. Ed Atualizada., Rio de Janeiro. 1992., Nº 10. IUDICÍBUS, Sérgio. MARTINS, Elizeu, GELBCKE, Ernesto. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. 4. ed., SP: Atlas. MARION, José. Contabilidade Empresarial. 8 ed. São Paulo. Editora atlas, 1995. PADOVEZE, Clóvis. Contabilidade Gerencial: Um enfoque em sistema de informação contábil. 2 ed. São Paulo. Editora Atlas, 1997.

50

ANEXO 1

Resolução nº 750/93, do Conselho Federal de Contabilidade

Em 29 de dezembro de 1.993, o Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução nº

750, publicada no Dou, em 31-12 e em 7-2-94, que "Dispõe sobre os princípios

fundamentais de contabilidade (PFC)". É a seguinte a íntegra dessa Resolução:

"O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições

legais e regimentais,

CONSIDERANDO que a evolução da última década na área da Ciência Contábil reclama a

atualização substantiva e adjetiva dos Princípios Fundamentais da Contabilidade a que se

refere a Resolução CFC nº 530/81.

RESOLVE:

CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS E SUA OBSERVÂNCIA

Art. 1º - Constituem Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC) os enunciados por

esta Resolução.

§ 1º - A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no

exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de

Contabilidade (NBC).

§ 2º - Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a situações concretas, a

essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.

51

CAPÍTULO II

DA CONSTITUIÇÃO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAÇÃO

Art. 2º - Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das

doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento

predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à

Contabilidade no seu sentido mais amplo da ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das

entidades.

Art. 3º - São Princípios Fundamentais de Contabilidade:

I) da ENTIDADE;

II) da CONTINUIDADE;

III)o da OPORTUNIDADE;

IV) do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;

V) da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA;

VI) da COMPETÊNCIA e

VII) o da PRUDÊNCIA.

SEÇÃO I

O PRINCÍPIO DA ENTIDADE

Art. 4º - O Princípio da ENTIDADE, reconhece o Patrimônio como um objeto da

Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um

patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de

pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer

natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o

patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de

sociedade ou instituição.

52

Parágrafo único - O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é

verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova

ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.

SEÇÃO II

O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Art. 5º - A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou

provável, deve ser considerada quando da classificação e avaliação das mutações

patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

§ 1º - A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o

valor ou vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem

prazo determinado, previsto ou previsível.

§ 2º - A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação

do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação

dos componentes patrimoniais e à formação do resultado , e de constituir dado importante

para aferir a capacidade futura de geração de resultado.

SEÇÃO III

O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE

"Art. 6º - O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade

e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja

feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as

originaram.

Parágrafo único - Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE:

I - desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito

mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;

53

FACULDADE MACHADO DE ASSIS

BACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

A MONOGRAFIA: PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E SUA

ABRANGÊCIA NAS ORGANIZAÇÕES

ELABORADA POR: ADRIANO ELIAS ANTONI0

CORRARO

Foi ___________________ pelos Professores e aceita pela

Direção da Faculdade Machado de Assis como requisito parcial a Título de

Bacharel em Ciências Contábeis.

_____________________________________

Prof.ª Orientadora Sônia Maria Loureiro

_____________________________________

Prof. José Fernandes da Costa

______________________________________

Prof. _________________________

Rio de Janeiro, _____ de __________________ de 2002.