princípio do contraditório e da ampla defesa

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Princpio do contraditrio e da ampla defesaO Princpio do Contraditrio e da Ampla Defesa assegurado pelo artigo 5, inciso LV da Constituio Federal, mas pode ser definido tambm pela expresso audiatur et altera pars, que significa oua-se tambm a outra parte. um corolrio do princpio do devido processo legal, caracterizado pela possibilidade de resposta e a utilizao de todos os meios de defesa em Direito admitidos.

ndice

Interesse pblicoTal princpio no se trata de uma benesse do Estado aos seus governados, mas uma questo de ordem pblica, sendo essencial a qualquer pas que pretenda ser, minimamente, democrtico.

AbrangnciasNo meio processual, especificamente na esfera do direito probatrio, ele se manifesta na oportunidade que os litigantes tm de requerer a produo de provas e de participarem de sua realizao, assim como tambm de se pronunciarem a respeito de seu resultado. Abrange qualquer tipo de processo ou procedimento, judicial, extrajudicial, administrativo, de vnculo laboral, associativo ou comercial, garantindo a qualquer parte que possa ser afetada por uma deciso de rgo superior (judicirio, patro, chefe, diretor, presidente de associaes, etc). Tal princpio no encontra, no entanto, aplicao no campo de procedimentos inquisitivos e investigatrios, como o inqurito policial, procedimentos judiciais e administrativos de cunho meramente investigatrios, sendo que o investigado pode ser at afastado de suas atividades atravs da suspenso do contrato de trabalho, em casos de inqurito administrativo no mbito da CLT, ou, at mesmo, ser preso, nos casos de priso preventiva do acusado que pode atrapalhar as investigaes.

Contraditrio inerente ao direito de defesa, decorrente da bilateralidade do processo: quando uma das partes alega alguma coisa, h de ser ouvida tambm a outra, dando-lhe oportunidade de resposta. Ele supe o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reao. O Princpio do Contraditrio exige:1

a) a notificao dos atos processuais parte interessada; b) possibilidade de exame das provas constantes do processo; c) direito de assistir inquirio de testemunhas; d) direito de apresentar defesa escrita.

Ampla defesaEsta deve abranger a defesa tcnica, ou seja, o defensor deve estar devidamente habilitado, e a defesa efetiva, ou seja, a garantia e a efetividade de participao da defesa em todos os momentos do processo. Em alguns casos, a ampla defesa autoriza at mesmo o ingresso de provas favorveis defesa, obtidas por meios ilcitos, desde que devidamente justificada por estado de necessidade.

Bibliografiay y

BRASIL. Constituio (1988) Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia: Senado, 1988. 168p. PORTANOVA, Rui. Princpios do Processo Civil. 4. edio. Editora Livraria do Advogado. Porto Alegre, 2001. P. 125.

Definies para "Princpio do contraditrio"

Princpio do contraditrio - 1) Modalidade indicadora de que ningum pode ser condenado criminalmente sem que lhe seja assegurado o exerccio do direito de defesa. O princpio floresceu e se consagrou no perodo humanitrio, embora a Magna Carta haja registrado que ningum poder ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e liberdades, seno em virtude de julgamento de seus pares, segundo as leis do pas. 2) No Direito Administrativo a instruo do processo deve ser contraditria, ou seja, essencial que ao interessado ou acusado seja dada a possibilidade de produzir suas prprias razes e provas e, mais que isso, que lhe seja dada a possibilidade de examinar e contestar argumentos, fundamentos e elementos probantes que lhe sejam favorveis. O princpio do contraditrio determina que a parte seja efetivamente ouvida e que seus argumentos sejam efetivamente considerados no julgamento.

@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@ http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=866 acesso em 21/01/2012

O Princpio do Devido Processo LegalO Princpio do Devido Processo Legal, s foi surgir expressamente no Brasil, na Constituio Federal de 1988, apesar de estar implcito nas Constituies anteriores. Ele est assim disposto no art. 5, inciso LIV da nossa Carta Magna:2

Art.5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes : LIV _ ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. O devido processo legal garantia de liberdade, um direito fundamental do homem consagrado na Declarao Universal dos Direitos Humanos: Art.8 Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remdio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituio ou pela lei. E ainda na Conveno de So Jos da Costa Rica, o devido processo legal assegurado no art. 8: Art. 8o Garantias judiciais 1. Toda pessoa ter o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razovel, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apurao de qualquer acusao penal formulada contra ela, ou na determinao de seus direitos e obrigaes de carter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. (...) O Princpio do devido processo legal uma das garantias constitucionais mais festejadas, pois dele decorrem todos os outros princpios e garantias constitucionais. Ele a base legal para aplicao de todos os demais princpios, independente do ramo do direito processual, inclusive no mbito do direito material ou administrativo. Assim, o devido processo legal garante inmeros outros postulados como os princpios do contraditrio, da ampla defesa e da motivao (apesar de autnomos e independentes entre si), integrando-se totalmente os incisos LIV e LV, ambos do artigo 5 da Carta Magna de 1988. Tais princpios ajudam a garantir a tutela dos direitos e interesses individuais, coletivos e difusos. O contraditrio o direito que tem as partes de serem ouvidas nos autos, ou seja, o exerccio da dialtica processual, marcado pela bilateralidade da manifestao dos litigantes. J a ampla defesa possui fundamento legal no direito ao contraditrio, segundo o qual ningum pode ser condenado sem ser ouvido. Do que se conclui que os Princpios do contraditrio e da ampla defesa (apesar de serem autnomos) so necessrios para assegurar o devido processo legal, pois inegvel que o direito a defender-se amplamente implica3

conseqentemente na observncia de providncia que assegure legalmente essa garantia. O Princpio do devido processo legal garante a eficcia dos direitos garantidos ao cidado pela nossa Constituio Federal, pois seriam insuficientes as demais garantias sem o direito a um processo regular, com regras para a prtica dos atos processuais e administrativos. O devido processo legal possibilita o maior e mais amplo controle dos atos jurdico-estatais, nos quais se incluem os atos administrativos, gerando uma ampla eficcia do princpio do Estado Democrtico de Direito, no qual o povo no s sujeita-se a imposio de decises como participa ativamente delas. Para a manuteno do Estado Democrtico de Direito e efetivao do princpio da igualdade, o Estado deve atuar sempre em prol do pblico, atravs de um processo justo e com segurana nos tramites legais do processo, proibindo decises voluntaristas e arbitrrias. Oportuna a transcrio das palavras de Paulo Henrique dos Santos Lucon 1[1] : a clusula genrica do devido processo legal tutela os direitos e as garantias tpicas ou atpicas que emergem da ordem jurdica, desde que fundadas nas colunas democrticas eleitas pela nao e com o fim ltimo de oferecer oportunidades efetivas e equilibradas no processo. Alis, essa salutar atipicidade vem tambm corroborada pelo art. 5o, 2o, da Constituio Federal, que estabelece que os direitos e garantias expressos nesta Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte. E continua: por no estar sujeito a conceituaes apriorsticas, o devido processo legal revela-se na sua aplicao casustica, de acordo com o mtodo de incluso e excluso caracterstico do case system norte-americano, cuja projeo j se v na experincia jurisprudencial ptria.Significa verificar in concreto se determinado ato normativo ou deciso administrativa ou judicial est em consonncia com o devido processo legal. o que se verifica tambm no sistema jurdico brasileiro, os nossos tribunais entendem que a defesa das garantias constitucionais faz-se necessria para conceder ao cidado a efetividade de seus direitos. neste sentido que o devido processo legal passa a simbolizar a obedincia as normas processuais estipuladas em lei, garantindo aos jurisdicionados-administrados um julgamento justo e igualitrio com atos e decises devidamente motivadas. Assim, o devido processo legal resguarda as partes de atos arbitrrios das autoridades jurisdicionais e executivas.1[1] Lucon, Paulo Henrique dos Santos, garantia do tratamento paritrio das partes,in Garantias cconstitucionais do processo civil, So Paulo, Revista dos tribunais, 1999

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Referncias Bibliogrficas:BACELLAR FILHO, Romeu Felipe. Breves Reflexes sobre a Jurisdio Administrativa: uma perspectiva de Direito Comparado, Renovar, 1998. _____________________________. Princpios Constitucionais do Processo Administrativo Disciplinar, Max Limonad, 1998. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antnio. Curso de Direito Administrativo, 13 ed., Malheiros, 2000. BARACHO, Jos Alfredo. Processo e Constituio: o devido processo legal, Belo Horizonte, Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Administrativo, SARAIVA, 4 ed., 2000. BERARDI, Luciana Andrea Accorsi - Devido Processo Legal: Do processo devido garantia constitucional. Acesso em http://www.direitonet.com.br/textos

DINAMARCO, Cndido Rangel. Instituies de direito processual civil, So Paulo, Malheiros, 2001, no prelo. ----------. A Reforma do Cdigo de Processo Civil, 4 ed., So Paulo, Revista dos Tribunais, 1998. ----------. Superior Tribunal de Justia e acesso ordem jurdica justa, in Recursos no Superior Tribunal de Justia, coord. Slvio de Figueiredo Teixeira, So Paulo, Saraiva, 1991. FIGUEIREDO, Lcia Valle. Direito Administrativo Repertrio de Estudos Doutrinrios e Jurisprudncia, vol. 1, 1 ed., NDJ LTDA, 1997. _______________________. Curso de Direito Administrativo, 2 ed., Malheiros, 1995. IBRAHIM, Fbio Zambitte. Curso de Direito Previdencirio, 9 ed., Impetus, 2007. LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Garantia do tratamento paritrio das partes, in Garantias constitucionais do processo civil, So Paulo, Revista dos Tribunais, 1999. PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito Administrativo, 8 ed. Atlas, 1998. SILVA, Patrcia Vianna Meirelles Freire e. Princpios no Processo Administrativo Previdencirio. Dissertao apresentada p/ concluso de Mestrado na PUC/SP.

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Princpio do devido processo legal o princpio que assegura a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais. Se no processo no forem observadas as regras bsicas, ele se tornar nulo. considerado o mais importante dos princpios constitucionais, pois dele derivam todos os demais. Ele reflete em uma dupla proteo ao sujeito, no mbito material e formal, de forma que o indivduo receba instrumentos para atuar com paridade de condies com o Estado-persecutor.

Fundamentao:y

Art. 5, LIV e LV, da CF

Referncias bibliogrficas:5

y

BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Sinopses Jurdicas. Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento. 8 ed. So Paulo: Editora Saraiva, 2008.

@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@@ http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6111/O-Devido-Processo-Legal-dueprocess-of-law

O Devido Processo Legal (due process of law)21/dez/2010 - Por

Fausto Luz Lima

Trata-se de um artigo com objetivo de apontar alguns aspectos relevantes acerca do devido processo legal.

1 - Do Devido Processo legal Linhas Gerais: Ao devido processo legal atualmente atribuda a grande responsabilidade de ser um princpio fundamental, ou seja, sobre ele repousam todos os demais princpios constitucionais, se tornando assim uma espcie de superprincpio. Com status de superprincpio ela tem a finalidade de reprimir os abusos do Estado, que at hoje se fazem reluzentes em praticamente todas as constituies liberais do mundo. Desta forma, na esteira do estudo do processo em geral, podemos mencionar algumas garantias significativas do direito no sentido de trazer alguns conceitos estrangeiros como o due processo law e outros. Destarte, importante ressaltar que este princpio subdividido em devido processo legal em sentido formal, e devido processo legal substantivo, que sero abordados em linhas gerais nos tpicos a seguir. 2 - Do devido processo legal em sentido formal (procedural due process): Nas raias das garantias individuais quando mencionamos procedural due process tem como principal destinatrio o juiz como representante do Estado. Pois, a estes competem o dever de obedecer aos ritos, bem como seus demais aspectos que

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circundam o processo sem, portanto, o eiv-lo de nulidade, ou suprimindo quaisquer garantias das partes. Com este principio norteando as relaes nos processos em geral alcanamos o que o dever do Estado tem como misso, ou seja, oferecer aos seus jurisdicionados, a justia de uma forma ampla e irrestrita. Uma vez que detm a jurisdio, e no pode afast-la em caso concreto. Por final, podemos dizer que a garantia que a parte tem em saber o que vai acontecer dentro do processo, sem inovaes, que possam comprometer seu direito. Em outras palavras a regularidade formal em todo o procedimento j pr-estabelecido pela Lei em todos os seus termos. 3 - Do devido processo legal substantivo (substantive due process): O devido processo legal substantivo vai alm do que de uma simples deciso formal promovida pelo juiz de direito diante de um caso concreto. Como nos ensina J.J Gomes Canotilho: A teoria substantiva est ligada idia de um processo legal justo e adequado, materialmente informado pelos princpios da justia, com base nos quais os juizes podem e devem analisar os requisitos intrnsecos da lei.1 No podemos afastar tambm, outros princpios que tomam forma tendo como sustento legal, doutrinrio e jurisprudencial, que vem com este princpio, conforme nos aponta Marcelo Novelino: O devido processo legal substantivo se dirige, em primeiro momento ao legislador, que constituindo-se em um limite sua atuao, que dever pautar-se pelos critrios de justia, razoabilidade e racionalidade. Como decorrncia deste princpio surgem o postulado da proporcionalidade e algumas garantias constitucionais processuais, como o acesso a justia, o juiz natural a ampla defesa o contraditrio, a igualdade entre as partes e a exigncia de imparcialidade do magistrado.2 Neste sentido, cumpre destacar que no Supremo Tribunal Federal o guardio da Constituio Federal, atravs de deciso proferida pelo Ministro Gilmar Mendes, nos informa algo relevante sobre o tema em enfoque nos termos que se segue: O principio do devido processo legal, que lastreia todo o leque de garantias constitucionais voltadas para afetividade dos processos jurisdicionais e administrativos,7

assegura que todo julgamento seja realizado com observncia das regras procedimentais previamente estabelecidas, e, alm disso, representa uma exigncia de fair trial, no sentido de garantir a participao equnime, justa, leal, enfim, sempre imbuda pela boaf e pela tica dos sujeitos processuais.3 De igual forma, o guardio da Constituio Federal, em outra deciso memorvel, do Ministro Carlos Velloso trouxe o seguinte entendimento acerca do devido processo legal: Abrindo o debate, deixo expresso que a constituio de 1988 consagra o devido processo legal nos seus dois aspectos, substantivo e processual, nos incisos LIV e LV, do art. 5., respectivamente.4 4 - Da Ampla Defesa: A ampla defesa sem dvida alguma um dos temas mais apaixonantes dentro da ceara do direito, visto que alm de estar inserido no contexto da garantia do devido processo legal, nos ratifica acerca da necessidade do debate dentro direito, ou seja, a necessidade de que processo seja dialtico. Neste sentido, no permitindo, que a parte tenha no processo sua defesa restringida de forma a no ter sua defesa abrangida por todos os aspectos que envolvem as garantias fundamentais do ser humano, insertas em nossa Constituio Federal de 1988. Ademais, cumpre trazer a baila sobre a ampla defesa s palavras de Nestor Sampaio Penteado Filho: Por isso a defesa assume o papel multifacetrio no processo, ora indicando testemunhas, ora juntando documentos, ofertando quesitos etc. O contedo da defesa a prevalncia do principio da igualdade para que ela possa repelir o argumentos de acusao, seja no processo judicial, seja no processo administrativo disciplinar (a par conditio, ou seja, a igualdade de armas no processo).5 Quanto ampla defesa, esta deve abranger a defesa tcnica, ou seja, o defensor deve estar devidamente habilitado nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, a defesa efetiva, ou seja, a garantia e a efetividade de participao da defesa em todos os momentos do processo e, em alguns casos, a ampla defesa autoriza at o ingresso de provas favorveis defesa, obtidas por meios ilcitos, justificada por estado de necessidade.

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Desta forma, o que se percebe que muito abrangente o conceito de ampla defesa, contudo podemos constatar de forma prtica sua aplicabilidade no direito processual, principalmente no que trata os que so demandados que possuem neste instrumento, uma forma ampla de se defender, em face das alegaes de seus antagonistas. Por final, encerro este tpico com uma frase de Dr. Martin Luther King Jr, que nos ensina: Liberdade nunca dada voluntariamente pelo opressor; ela deve ser exigida pelo oprimido.6 5 - Do Contraditrio: Dentro da sistemtica constitucional, e numa viso mais ampla do direito nos sentido de que os processos possuem uma srie de garantias, e esta sendo uma das mais importantes que o presente trabalho visa apenas, conceder um adendo j que h no contexto jurdico, diversos escritos referentes ao tema do contraditrio no mbito da cincia do direito. O contraditrio, encontra guarida dentro do Estado Democrtico de Direito de uma forma muito abrangente j que visa estabelecer de forma clara as regras, para ambas as partes. Nesta esteira nos aponta a Constituio Federal do Brasil em seu artigo 5 inciso LV in verbis: LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Sobre este assunto nos ensina Vicente Greco Filho sintetizando o princpio de maneira bem prtica e simples: O contraditrio se efetiva assegurando-se os seguintes elementos: a) o conhecimento da demanda por meio de ato formal de citao; b) a oportunidade, em prazo razovel, de se contrariar o pedido inicial; c) a oportunidade de produzir prova e se manifestar sobre a prova produzida pelo adversrio;

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d) a oportunidade de estar presente a todos os atos processuais orais, fazendo consignar as observaes que desejar; e) a oportunidade de recorrer da deciso desfavorvel.7 Trata-se, portanto, de uma garantia que concede a parte que litiga ou que tem sobre seu bem da vida, uma ao o direito de contestar de maneira geral sobre qualquer fato ou ato alegado pela parte contrria. Num dos exemplos, clssicos que temos o fato do magistrado em uma audincia no deixar a parte produzir provas sem justificativa, j que suas decises devem ser fundamentadas. Com isso, ensejando assim de forma clara e transparente cerceamento de defesa, repudiado pelo direito. O contraditrio , portanto, uma mxima do direito no se permitindo mais processos inquisitrios, ou kafkanianos em aluso ao livro de Franz Kafka que conta histria do personagem Joseph K, que processado sem ao menos saber do que se trata a acusao, sem direito ao acesso a qualquer fato, sobre o que lhe imputavam. Sem embargo, tambm podemos constatar que a luta da justia contra o poder, que se resume da seguinte forma: Dessa forma, parece-nos, a justia deve conquistar o poder e jamais o contrrio, pois, conquistando o conquistador (ou usurpador), a justia torna-se forte, presente e atuante: a justia que provm da verdade real. Isto porque, de modo contrrio, s nos restaria um poder injusto. Desse modo, este seria o caso em que (no poder injusto) a legitimidade seria usurpada e, muitas vezes, em nome, injustamente, de uma suposta legalidade.8 Em concluso, constatamos que o contraditrio tambm encontra-se inserido na garantia do devido processo legal ao passo que no podemos alcanar um processo justo sem que a parte tenha o seu sagrado direito de defesa respeitado tanto em seu aspecto formal, quanto no aspecto material. 6 - O Devido Processo Legal e Duplo Grau de Jurisdio: O processo, como instrumento para se materializar o direito no caso concreto, se reveste de uma srie de princpios que so de suma importncia para uma relao processual coerente. O direito, especificamente o processual quando incorpora tais princpios, fazem com que as regras em que as partes litigam em uma determinada demanda, possam ter10

amplitude acerca do processo e seu seguimento at a tutela jurisdicional. Algo interessante sobre os princpios colocado Paulo Henrique dos Santos Lucon: A questo que se coloca hoje saber como os princpios e as garantias constitucionais do processo civil podem garantir uma efetiva tutela jurisdicional aos direitos substanciais deduzidos diariamente. Ou seja, no mais interessa apenas justificar esses princpios e garantias no campo doutrinrio. O importante hoje a realizao dos direitos fundamentais e no o reconhecimento desses ou de outros direitos.9 Com este entendimento, os protagonistas de uma demanda no so mais surpreendidos por atos praticados, seja pela parte, seja pelo Estado atravs do magistrado, manifestamente ilegais, que na maioria das vezes criam procedimentos, com simples conjecturas ou ilaes, que frontalmente prejudicam o direito. Com isso, as partes esto em plena igualdade diante do conflito de interesses. Com idia supramencionada faz-se pertinente os escritos de Francisco Fernandes de Arajo: Exercer a Justia no s exercer um poder, mas um poder transcendental que no tem similar. O juiz no pode ser um mero profissional do Direito, pois sua misso tem algo de divino, que a de distribuir justia entre os mortais. E de nada serve aos cidados terem poderes, riquezas e cultura, se no tm uma boa justia.10 Em vista disso, o legislador constituinte originrio de 1988, incorporou na Carta Poltica, no captulo dos direitos e garantias fundamentais, e nos apresentou as primeiras linhas do devido processo legal, no sentido de que as partes pudessem ter segurana, e os processos que tramitam na Justia, ou at mesmo no mbito administrativo, fossem revestidos sem dvida alguma de maior transparncia e gerncia quanto ao modo de se chegar ao seu fim. Sendo assim, ficou consignado em nossa Constituio Federal em seu artigo 5 inciso LIV, que dispe in verbis: Art. 5 (omissis) LIV - ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Posto isto, o direito atravs da Lei Maior trouxe de forma indelvel ao nosso ordenamento jurdico, um novo norte de forma nos a conceder a garantia efetiva do devido processo legal, no mais como uma verso utpica, mais sim como sendo algo de extrema relevncia.11

A partir de ento, de forma clara o processo passou a ser tratado sempre a luz desta garantia, oriunda de uma idia norte americana que o due process of law, como nos aponta a doutrina: Ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Colorrio a este principio assegura-se aos litigantes, em processo judicial e administrativo, e aos acusados em geral o contraditrio e ampla defesa, com meios de recursos inerentes.11 Cumpre ressaltar, que a garantia por ser emanado da Lei Maior, mais importante que o direito, uma vez que o primeiro precisa ser exercido pela parte, j a garantia irrenuncivel, imprescritvel, inalienvel, entre outros aspectos como nos aponta Alexandre de Morais: O devido processo legal configura dupla proteo ao indivduo, atuando tanto no mbito material de proteo ao direito de liberdade, quanto no mbito formal, ao assegurar-lhe paridade total de condies com o Estado persecutor e plenitude de defesa (direito defesa tcnica, publicidade do processo, citao, de produo ampla de provas, de ser processado e julgado pelo juiz competente, aos recursos, deciso imutvel, reviso criminal).12 Outrossim, acerca da importncia do devido processo legal, e do duplo grau de jurisdio nos aponta a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal13: Duplo grau de jurisdio no Direito brasileiro, luz da Constituio e da Conveno Americana de Direitos Humanos. Para corresponder eficcia instrumental que lhe costuma ser atribuda, o duplo grau de jurisdio h de ser concebido, moda clssica, com seus dois caracteres especficos: a possibilidade de um reexame integral da sentena de primeiro grau e que esse reexame seja confiado rgo diverso do que a proferiu e de hierarquia superior na ordem judiciria. Com esse sentido prprio sem concesses que o desnaturem no possvel, sob as sucessivas Constituies da Repblica, erigir o duplo grau em princpio e garantia constitucional, tantas so as previses, na prpria Lei Fundamental, do julgamento de nica instncia ordinria, j na rea cvel, j, particularmente, na rea penal. A situao no se alterou, com a incorporao ao Direito brasileiro da Conveno Americana de Direitos Humanos (Pacto de So Jos), na qual, efetivamente, o art. 8, 2, h, consagrou, como garantia, ao menos na esfera processual penal, o duplo grau de jurisdio, em sua acepo mais prpria: o direito de toda pessoa acusada de delito, durante o processo, de recorrer da sentena para juiz ou tribunal superior. Prevalncia da Constituio, no Direito brasileiro, sobre quaisquer convenes internacionais, includas as de proteo aos12

direitos humanos, que impede, no caso, a pretendida aplicao da norma do Pacto de So Jos: motivao. (...) Competncia originria dos Tribunais e duplo grau de jurisdio. Toda vez que a Constituio prescreveu para determinada causa a competncia originria de um Tribunal, de duas uma: ou tambm previu recurso ordinrio de sua deciso (CF, arts. 102, II, a; 105, II, a e b; 121, 4, III, IV e V) ou, no o tendo estabelecido, que o proibiu. Em tais hipteses, o recurso ordinrio contra decises de Tribunal, que ela mesma no criou, a Constituio no admite que o institua o direito infraconstitucional, seja lei ordinria seja conveno internacional: que, afora os casos da Justia do Trabalho que no esto em causa e da Justia Militar na qual o STM no se superpe a outros Tribunais , assim como as do Supremo Tribunal, com relao a todos os demais Tribunais e Juzos do Pas, tambm as competncias recursais dos outros Tribunais Superiores o STJ e o TSE esto enumeradas taxativamente na Constituio, e s a emenda constitucional poderia ampliar. falta de rgos jurisdicionais ad qua, no sistema constitucional, indispensveis a viabilizar a aplicao do princpio do duplo grau de jurisdio aos processos de competncia originria dos Tribunais, segue-se a incompatibilidade com a Constituio da aplicao no caso da norma internacional de outorga da garantia invocada. Ocorre que alm desta garantia que de legal podemos ver que ela abrange uma srie de outros pontos, como nos aponta a doutrina ptria de Humberto Theodoro Junior: A garantia do devido processo legal, porm no se exaure na observncia das formas da lei para tramitao das causas em juiz. Compreende algumas categorias fundamentais como a garantia do juiz natural (CF. art. 5. inc. XXXVII), e do juiz competente (CF, art. 5. inc. LIII), garantia de acesso a Justia (CF, art. 5. inc. XXXV), da ampla defesa e do contraditrio e a da fundamentao de todas as decises judiciais (art. 93, inc. IX). Faz-se necessrio modernamente uma assimilao da idia de devido processo legal a de processo justo.14 Com esta mesma idia, tambm vem afirmando o autor Cndido Rangel Dinamarco: direito ao processo justo , em primeiro lugar, o direito ao processo tout court assegurado pelo princpio da inafastabilidade do controle jurisdicional que a Constituio impe mediante a chamada garantia da ao. Sem ingresso em juzo no se tem a efetividade de um processo qualquer e muito menos de um processo justo. Garantido o ingresso em juzo e at mesmo a obteno de um provimento final de mrito, indispensvel que o processo se haja feito com aquelas garantias mnimas: a) de meios, pela observncia dos princpios e garantias estabelecidas; b) de resultados,13

mediante a oferta de julgamentos justos, ou seja, portadores de tutela jurisdicional a quem efetivamente tenha razo. Os meios, sendo adequadamente empregados, constituem o melhor caminho para chegar a bons resultados. E, como afinal o que importa so os resultados justos do processo (processo civil de resultados), no basta que o juiz empregue meios adequados se ele vier a decidir mal; nem se admite que se aventure a decidir a causa segundo seus prprios critrios de justia, sem ter empregado os meios ditados pela Constituio e pela lei. Segundo a experincia multissecular expressa nas garantias constitucionais, grande o risco de erro quando os meios adequados no so cumpridos. Eis o conceito e contedo substancial da clusula due process of law, amorfa e enigmtica, que mais se colhe pelos sentimentos e intuio do que pelos mtodos puramente racionais da inteligncia.15 Em concluso, notamos que no Estado Democrtico em que vivemos h uma grande necessidade de manuteno de tal garantia, ao passo que sua violao traria prejuzos irreversveis, no s a justia, mais a toda sociedade.Bibliografia

ARAJO, Francisco Fernandes de. A tica do Juiz, do Promotor e do Juiz e do Advogado no Processo e na Sociedade, editora Copola Livros, ano 2003. BRASIL, STF AI n. 529.733, voto do Min. Gilmar Mendes (DJ 01.12.2006). BRASIL, STF ADI (MC) n. 1.511, voto do Ministro Carlos Velloso (DJ 06.06.2003). Brasil, STF. (RHC 79.785, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 29-03-00, DJ de 22-11-02). CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituio, 4 edio editora Coimbra Almedina, ano 2000.CORREIA, Heloisa Helena Siqueira; MARTINEZ, Vincio C.. O processo de Kafka: memria e fantasmagorias do Estado de Direito. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 293, 26 abr. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 17 jul. 2008.

Dinamarco, Candido Rangel. Instituies de direito processual, editora Malheiros. So Paulo. Ano 2000. GUIMARES, Marco Antonio Miranda, com a colaborao de Paulo Csar Martini Minuzzi, Dominique Paul, Joel Ettori Lvia Ibaez, 3 edio revista e ampliada Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000.14

GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro, 2. Volume. 11. Edio atualizada. Editora Saraiva. So Paulo, ano 1996.

LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Devido Processo Legal Substancial. Disponvel na Internet: