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Naomi Sugita Reis PROCESSO DO TRABALHO ____________________________________________________________ RESPOSTA DO RÉU Pelo princípio da ampla defesa e do contraditório, ao réu também é reconhecido o direito de formular pedido endereçado ao órgão jurisdicional, no sentido de que a pretensão do autor seja rejeitada. I. Espécies de resposta no processo do trabalho: A. Exceção {art. 799 e ss. CLT}: 1. Impedimento {afasta o juiz do processo}; 2. Suspeição {afasta o juiz do processo}; 3. Incompetência Territorial {afasta o processo do juiz}; B. Contestação {art. 847 CLT} 1. Indireta ou 2. Direta. C. Preliminar de contestação; D. Reconvenção a CLT não prima pela técnica de reconvenção como o CPC. EXCEÇÃO Hoje, no Processo do Trabalho ainda são arguidas as incompetências mediante exceção enquanto, no Processo Civil, passaram elas a ser arguidas mediante preliminar de contestação. Sendo assim, neste âmbito do Direito, as exceções serão consideradas como uma contestação indireta. A exceção é uma resposta que tem sentido específico de defesa indireta, porque a pretensão aqui é afastar do processo o juiz, por ser suspeito ou impedido ou então por não estar no território certo. A exceção pretende incompatibilizar o juiz para o exercício da função jurisdicional e no processo o trabalho são sempre dilatórias. As exceções, irão suspender o feito — se dará então a decisão interlocutória decidindo acerca da exceção e então voltará ao seguimento normal. Enquanto isso, as preliminares de contestação, quanto acolhidas, não suspenderão o feito, são peremptórias. O ponto de distinção entre as exceções, é que na exceção territorial é caso de remessa para outro, sendo assim, o processo será afastado do juiz. Já, nos outros casos {impedimento, suspeição}, o juiz é afastado do processo. 1

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Page 1: Processo do Trabalho 1 - WordPress.com · 2019. 1. 17. · PROCESSO DO TRABALHO _____ RESPOSTA DO RÉU Pelo princípio da ampla defesa e do contraditório, ao réu também é reconhecido

Naomi Sugita Reis

PROCESSO DO TRABALHO ____________________________________________________________

RESPOSTA DO RÉU

Pelo princípio da ampla defesa e do contraditório, ao réu também é reconhecido o direito de formular pedido endereçado ao órgão jurisdicional, no sentido de que a pretensão do autor seja rejeitada.

I. Espécies de resposta no processo do trabalho:

A. Exceção {art. 799 e ss. CLT}:

1. Impedimento {afasta o juiz do processo}; 2. Suspeição {afasta o juiz do processo}; 3. Incompetência Territorial {afasta o processo do juiz};

B. Contestação {art. 847 CLT}

1. Indireta ou 2. Direta.

C. Preliminar de contestação;

D. Reconvenção a CLT não prima pela técnica de reconvenção como o CPC.

EXCEÇÃO

Hoje, no Processo do Trabalho ainda são arguidas as incompetências mediante exceção enquanto, no Processo Civil, passaram elas a ser arguidas mediante preliminar de contestação. Sendo assim, neste âmbito do Direito, as exceções serão consideradas como uma contestação indireta.

A exceção é uma resposta que tem sentido específico de defesa indireta, porque a pretensão aqui é afastar do processo o juiz, por ser suspeito ou impedido ou então por não estar no território certo. A exceção pretende incompatibilizar o juiz para o exercício da função jurisdicional e no processo o trabalho são sempre dilatórias.

As exceções, irão suspender o feito — se dará então a decisão interlocutória decidindo acerca da exceção e então voltará ao seguimento normal. Enquanto isso, as preliminares de contestação, quanto acolhidas, não suspenderão o feito, são peremptórias.

O ponto de distinção entre as exceções, é que na exceção territorial é caso de remessa para outro, sendo assim, o processo será afastado do juiz. Já, nos outros casos {impedimento, suspeição}, o juiz é afastado do processo.

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Naomi Sugita Reis“Art. 799 Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.

§ 1o As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.

§ 2o Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alega-las novamente no recurso que couber da decisão final.”

I. Exceção de impedimento {art. 144 CPC}: a CLT não prevê causa de impedimento, sendo assim, quando o réu se depara com essa situação na vida real, terá que recorrer ao CPC, para que possa fazer a exceção. As causas de impedimento são aquelas previstas no art. 144 do NCPC, portanto. A CLT não tem previsão de exceção de impedimento porque, à época de entrada em vigência, estava em vigor o CPC de 1939, que também só fazia menção à exceção de suspeição. Apenas em 1973 é que o CPC passou a prever o impedimento do juiz, entretanto, não foi atualizada a CLT.

A. Amizade, inimizade parentesco, interesse, juiz como advogado ou como perito…

II. Exceção de suspeição {art. 801 CLT + art. 145 CPC}: causas subjetivas, que dependem das relações pessoais do juiz.

III. Exceção de incompetência territorial: arguida, abre-se o prazo de 24 horas ou na própria audiência para manifestação da parte. O juiz pode designar audiência de instrução para apurar o local de prestação de serviços para efeito de julgamento. A decisão pode ser proferida em audiência ou pode ser designada sessão de julgamento. Acolhendo a exceção, deve determinar a remessa dos autos ao juízo competente.

A. A decisão pode ser irrecorrível de imediato ou recorrível. 1. Sentença que rejeita a exceção: irrecorrível de imediato; 2. Sentença que acolhe a exceção:

a) Irrecorrível quando determina a remessa entre VTs que estão sob a jurisdição do mesmo TRT;

b) Recorrível de imediato quando determina a remessa entre VTS sob jurisdição de distintos TRTs — Súmula 214, TST

PROCEDIMENTO DA EXCEÇÃO

PROCESSO CIVIL PROCESSO DO TRABALHO

IMPEDIMENTO EXCEÇÃO/ art.144 CPC EXCEÇÃO/ art. 799 CLT

SUSPEIÇÃO EXCEÇÃO/ art. 145 CPC EXCEÇÃO/ art. 799 CLT

INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL CONTESTAÇÃO EXCEÇÃO/ art. 799 CLT

INCOMPETÊNCIA MATERIAL CONTESTAÇÃO CONTESTAÇÃO

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Naomi Sugita Reis

A exceção, como resposta que é, deve ser apresentada pelo réu em audiência, oralmente ou por escrito e, sendo por escrito, em peça separada da contestação. Apresentada a exceção, o juiz que não se declare impedido ou suspeito, deve enviar os autos, em 15 dias, ao TRT para apreciação e julgamento, acompanhado de razões e de rol de testemunhas. Segundo o NCPC, o relator no Tribunal decidirá em que efeitos é recebida a exceção. A decisão que julga a exceção é irrecorrível de imediato - Sumula 214, TST.

• Acolhida a exceção: remessa dos autos ao juiz substituto; • Rejeitada a exceção: devolução ao juiz para que continue a atuar.

CONTESTAÇÃO

É uma modalidade de resposta do réu, pela qual ele se insurge, por todos os modos legalmente previstos, contra a pretensão deduzida pelo autor.

I. A contestação deve estar fundada em dois princípios:

• Princípio da eventualidade, art. 300, CPC, art. 336, NCPC;

• Princípio da impugnação específica, art. 302, CPC, art. 341, NCPC — Não se admite a contestação por negativa geral, cada ponto alegado pelo autor não controvertido será considerado como verdadeiro.;

II. A contestação pode ser dirigida:

A. Contra o processo ou contra a ação {art. 337 NCPC} o réu ataca o processo ou a ação e não a lide, o pedido ou o bem da vida postulado. Aqui a intenção do réu é destruir o processo porque se está diante de uma das hipóteses do art. 301 ou 337, NCPC. O réu, ao arguir preliminar, elabora uma defesa indireta, assim como as exceções {a diferença é que as preliminares estão dentro da contestação e são peremptórias - serão analisadas apenas na sentença}.

1. Processo — Pressupostos:

a) Incompetência absoluta;

b) Petição inicial válida;

c) Citação válida;

d) Não existir: coisa julgada — perempção — litispendência — conexão;

e) Capacidade — regularidade de representação.

2. Ação — Condições:

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Naomi Sugita Reis

a) Legitimidade;

b) Interesse processual.

B. Contra o mérito diretamente ou indiretamente.

1. Contestação direta: o réu nega todos os fatos alegados pelo autor {art. 337, I CPC e art. 818 CLT} — o ônus de comprovar é do autor. Ex: o réu nega a existência de horas extras (o ônus permanece com o autor); ou o réu reconhece a jornada além de 8h negando o direito às horas extras pela existência de acordo de compensação

2. Contestação indireta: o réu reconhece o fato alegado pelo autor mas argui outro, impeditivo (aviso prévio x justa causa); modificativo (comissão à vista x ajuste a prazo); extintivo (horas extras x recibo de pagamento do valor correspondente, prescrição), o ônus então é do réu.

O ônus de comprovar é de quem alega um fato modificativo, extintivo ou constitutivo no processo, ou seja, pode ser ou o réu ou o autor.

Inexistência de vinculo empregatício é matéria de mérito.

III. Da compensação, da retenção e da dedução como matérias de defesa: art. 767, CLT. No processo do trabalho é admissível a arguição de compensação {quando autor e réu são credor e devedor um do outro, de dívida líquida, vencida e de coisa fungível, art. 369, CC} → Sumula 48, TST. A dedução é o abatimento do valor da parcela paga sob o mesmo título do que aquela, que foi objeto de condenação e pode ser requerida na contestação ou determinada de ofício pelo juiz. OJ 415 SDI 1.

IV. Prescrição como matéria de contestação: a prescrição deve ser alegada em contestação e segundo o TST não pode ser pronunciada de ofício. Se o réu não se pronuncia em contestação, não há de se falar em prescrição, o juiz será silente em relação à prescrição, assim como se o réu não arguir no recurso ordinário a prescrição, não tem como o TRT analisar a prescrição, o acórdão para se pronunciar da prescrição, o recurso ordinário tem que ter provocado esse pronunciamento — falta de pré questionamento. S. 153, TST.

A PROVA NO PROCESSO DO TRABALHO

Instrução processual é a mesma coisa que instrução probatória, que é a mesma coisa que dilação probatória, ou meramente instrução.

I. A prova no processo do trabalho tem os seguintes pressupostos:

A. Objeto – O QUE PROVAR? {não dependem de prova os fatos notórios, incontroversos, confessados ou aqueles com presunção de veracidade}.

B. Finalidade – POR QUE PROVAR? - Princípio da necessidade da prova.

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Naomi Sugita ReisC. Destinação – A QUEM SE DESTINA A PROVA? - Ao juiz - Princípio do livre

convencimento. D. Modo – COMO PROVAR? E. Ônus – QUEM DEVE PROVAR?

II. Instrução processual: é a fase processual de conhecimento em que são colhidas as provas que esclarecerão o juiz para que possa proferir decisão.

III. Princípios reitores da prova:

A. Princípio do contraditório e da ampla defesa: as partes devem ter igual oportunidade para apresentarem as provas e se manifestarem sobre as provas produzidas;

B. Princípio da necessidade da prova: é necessário que a parte faça a prova das suas alegações, pois os fatos não provados são inexistentes. A parte que alega os fatos não pode permanecer apenas no terreno das alegações, ela precisa comprovar a fim de que possa ter seu direito pretendido concretizado a partir desse fato. A prova é uma necessidade para a parte;

C. Princípio da unidade da prova: a prova forma um conjunto unitário e deve ser avaliada globalmente {prova documental + prova testemunhal + prova pericial + inspeção judicial}. A prova deve ser analisada em seu conjunto ou volume probatório, entretanto o juiz pode se convencer de que a prova documental é mais cabal do que a testemunhal e poderá conceder ou não determinada pretensão em função da prova documental em detrimento da prova testemunhal — mas deve motivar esse ato. É normal na JT o juiz descartar um tipo de prova para utilizar outro, mas a análise será global mesmo assim, pois ele tem que analisar tudo para poder desprezar uma determinada prova;

D. Princípio da proibição da prova obtida ilicitamente: são inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos. A prova ilícita é aquela obtida com a violação do direito material assegurado a outrem — quando para obter a prova viola-se a privacidade de uma pessoa, será ela ilícita. Mas, ela pode ser admitida quando é o único meio de prova;

E. Princípio do livre convencimento: o juiz aprecia livremente a prova, fundamentando na sentença o seu convencimento. Não há hierarquia entre as provas;

F. Princípio da oralidade: as provas devem ser realizadas, preferencialmente, na audiência de instrução na forma verbal;

G. Princípio da imediação: o juiz é quem colhe direta e imediatamente a prova, não existe intermediação. No Processo do Trabalho é o juiz quem faz as perguntas {uma parte faz a pergunta para o juiz e ele repete ou reformula a pergunta para a outra parte}, não ocorre, portanto, que nem no Processo Civil, que uma parte pergunta para a outra. Existe intermediação por parte do juiz. Isso tem reflexo no caso de análise de recursos pois o Tribunal não se sente apto a julgar contrariamente ao que o juiz decidiu quando o recurso é referente à questão probatória;

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Naomi Sugita ReisH. Princípio da aquisição processual: as provas pertencem ao processo e não às partes.

Encartada a prova, não será extraída dos autos, exceto no caso de prova falsa {juiz mande extrair a prova}. Para o juiz não é relevante quem produziu a prova, ele só quer extrair delas o direito. Na sentença o juiz analisa quem não se livrou do ônus da prova ou então quem não se livrou eficazmente, regra de julgamento — o juiz não pergunta quem produziu a prova se ela existe, mas quando a prova não foi feita ou foi feita de modo parcial, aí o juiz pergunta quem tinha o dever de produzir — art. 818 CLT e art. 373, I e II CPC;

I. Princípio “in dúbio pro misero”: em caso de dúvida razoável, na interpretação da prova a favor do empregado. Princípio de direito material, portanto é considerada por alguns como algo que não pode ser utilizado no Processo, tendo em vista que geraria uma desigualdade entre as partes.

OBJETO DA PROVA

Os fatos devem ser provados. O direito federal é de conhecimento do juiz e só é exigido prova pela parte quando se trate de direito estrangeiro, municipal, estadual ou consuetudinário. No processo do trabalho o juiz pode determinar a prova do direito contido em acordo coletivo, convenção coletiva, regulamento empresarial e sentença normativa. Precisam eles ser provados quanto ao conteúdo e vigência. Art. 337, CPC.

I. Fatos que devem ser provados:

A. Fatos relevantes: os importantes para o desfecho da controvérsia;

B. Fatos pertinentes: os que se referem aos litigantes;

C. Fatos controvertidos: os fatos alegados por uma parte e impugnados pela outra.

I. Fatos que não dependem de prova:

A. Notórios: as vendas aumentam no período de Natal, shopping abrem aos domingos em Curitiba — Inerentes à cultura mediana de determinado meio social;

B. Confessados pela parte contrária: o autor confessa que trabalhou a jornada anotada nos cartões de ponto — aqueles fatos tidos por verdadeiros, tendo em vista a natureza do direito pretendido;

C. Incontroversos: o autor alega que trabalhava um domingo por mês e a empresa reconhece — são admitidos como existentes — são os fatos alegados por uma parte e reconhecidos pela outra {o fato incontroverso é sempre confessado, mas nem sempre a confissão é incontroversa};

D. Com presunção de veracidade: presume-se que o autor não renunciaria ao direito às férias e que, por consequência, sua vontade estava viciada.

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Naomi Sugita ReisMEIOS DE PROVA

Os meios de prova podem ser sintetizados na seguinte pergunta: Como provar? Art. 5º. LVI, CF + art. 332 CPC, 369, NCPC. Prova documental, testemunhal, pericial ou inspeção judicial.

I. Depoimento pessoal e interrogatório: No processo comum o juiz pode de ofício e em qualquer estado do processo determinar o comparecimento das partes para o interrogatório sobre os fatos, art. 342, CPC, Art. 385, NCPC. Se o juiz não determinar, cabe à parte requerer pelo depoimento em audiência de instrução e julgamento.

1. Depoimento: leva à confissão e a pena precisa ser requerida 2. Interrogatório: leva ao esclarecimento dos fatos e é faculdade do juiz

Pela disposição da CLT art. 848:

“Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presidente {juiz da vara}, de oficio, ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes”, redação que para alguns afastaria a possibilidade das partes requererem pelo depoimento, caso o juiz não o fizesse. O art. 820 da CLT, porém, não deixa dúvidas acerca dessa possibilidade: As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos juízes classistas, das partes seus representantes ou advogados. Conclui-se que se o juiz não interrogar as partes, qualquer delas poderá requerer pelo depoimento recíproco, posição que encontra fundamento no princípio da ampla defesa e do contraditório. O juiz pode indeferir o requerimento? Sim, desde que de modo fundamentado. O interrogatório pode ou não levar à confissão real ou ficta {ex. o fato não depende de prova; ou quando o fato tem que ser apurado através de perícia; ou quando a matéria é de direito, não dependendo de prova}.

B. Confissão real e confissão ficta: O principal objetivo de depoimento pessoal das partes é obter a confissão real, que se trata do principal meio de prova, pelo qual se pretende o reconhecimento da veracidade dos fatos alegados pelas partes, com seu próprio relato {tem que pedir expressamente na PI o depoimento pessoal da parte, senão não tem como usar como prova no processo}. A parte que confessa não pode mais produzir provas, exceto se o juiz permitir e o juiz poderá ainda produzir independente de qualquer coisa {princípio do inquisitório} isso não vai contra o princípio do contraditório.

1. A confissão real goza de presunção absoluta, razão pela qual a parte a quem ela aproveita libera-se de seu ônus probatório quanto ao fato confessado. É a confirmação dos fatos alegados pela parte contrária;

a) A parte a quem ela aproveita libera-se de seu ônus probatório quanto ao fato confessado;

b) O juiz tem o dever de acatar a confissão como fator determinante para o deslinde da questão;

c) Não haverá confronto entre a confissão real e a prova já constituída; d) É indivisível, devendo ser aceita naquilo que for desfavorável e naquilo que for

favorável à parte a quem aproveita; e) Gera presunção absoluta de veracidade e não admite prova em contrário.

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Naomi Sugita Reis2. A confissão ficta subsiste enquanto não houver outros meios de prova constantes dos

autos.

a) Não é determinante para o entendimento do juiz; b) Se caracteriza pela ausência da parte ou pela presença com desconhecimento dos fatos

ou com a recusa em depor; c) Haverá confronto entre a confissão real e a prova já constituída d) Gera presunção relativa de veracidade e admite prova em contrário. e) Sumula 74, II TST, art. 400, I, CPC, art. 443, I, NCPC.

II. Prova testemunhal: a prova testemunhal é considerada o meio mais inseguro de prova e também o mais utilizado no processo do trabalho, muitas vezes o único que o empregado possui. Testemunha é a pessoa natural estranha ao feito, isenta em relação às partes {não pode querer favorecer uma das partes e nem prejudicar} chamada a depor em juízo sobre o fato que tem conhecimento.

A. Quem pode ser testemunha? Podem ser testemunhas a pessoa natural que esteja no pleno exercício de sua capacidade {cessa a incapacidade aos 16 anos na JT, mas se o menor de 18 e maior de 16 prestar depoimento mentiroso, não será imputado por falso testemunho — inimputável}, e que, não sendo impedida ou suspeita, tenha conhecimento dos fatos relativos ao conflito ou interesses constantes do processo

B. Testemunhas são aquelas que têm conhecimento do fato por meio de seus sentidos {tato, olfato, paladar, audição ou visão}. //Não pode “ouvi dizer”.

C. Não podem ser testemunhas: os incapazes, os impedidos e os suspeitos, podendo, caso estritamente necessário, ser ouvidas como informantes (pessoa que não presta o compromisso legal de dizer a verdade).

D. Suspeição e impedimento na CLT: art. 829, mais a disposição do art. 405 do CPC, art. 447, NCPC, vedam que sejam ouvidas como testemunhas: parentes, em linha reta, até o terceiro grau; tutor, representante legal da pessoa jurídica, o amigo íntimo, o inimigo capital, o condenado por falso testemunho e o que não for digno de fé.Se a parte contra quem a testemunha for levada, tiver conhecimento do fato, terá que impugnar a testemunha através da contradita — sob pena de preclusão, deverá ser oferecida após a qualificação e antes do compromisso {na audiência}. A testemunha também pode revelar sua relação, que será registrada e analisada pelo juiz juntamente com o testemunho. Se tem 3 testemunhas e uma foi contraditada, poderão ser ouvidas apenas duas.

S. 357 TST: testemunha que litiga contra o mesmo empregador. O fato de a testemunha mover ou já ter movido ação contra o mesmo empregador não a torna suspeita. Ninguém se torna suspeito por exercer um direito subjetivo garantido pela Constituição Federal. Mas em troca de favores pode ocorrer contradita → uma pessoa é testemunha para a outra em seus processos — sendo assim, se transformará em informante.

E. Número de testemunhas: 3, salvo no procedimento sumaríssimo: 2 e no inquérito para apuração de falta grave: 6.

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Naomi Sugita ReisF. Testemunhas referidas: são testemunhas do juízo, que, não obstante o limite fixado em

lei, podem ser ouvidas quando necessário para o deslinde da questão: art. 418,I, CPC, art. 461,I, NCPC. Se a parte já ouviu 3 testemunhas, o juiz pode ainda {princípio do inquisitório} determinar a oitiva de uma quarta ou quinta testemunha que acabou sendo referida nos testemunhos das outras que já depuseram. Para o juiz não existe limitação de testemunhas.

G. Substituição de testemunhas: art. 825 e § ú da CLT. CHBL {Bezerra Leite} entende inaplicável a disposição do art. 408, CPC, art. 451, NCPC, porque não há obrigatoriedade de apresentação de rol, então as testemunhas são levadas a prestar depoimento no dia da audiência e mesmo que a parte apresente, ainda assim é possível a substituição.

1. Falecimento da testemunha; 2. Quando a testemunha encontra-se gravemente enferma e não tem condições de

comparecer ao fórum; 3. Quando a testemunha não é encontrada.

H. Arrolamento de testemunhas: não é necessário na Justiça do Trabalho. Sendo assim, as partes conversam com as testemunhas para que compareçam na audiência de instrução. Caso as testemunhas não compareçam nessa audiência, serão arroladas, para poder ser intimadas ao comparecimento de uma nova audiência. Sendo assim, na nova audiência de instrução serão as testemunhas conduzidas por oficial de justiça {art. 730 CLT}.

III. Prova documental: é o meio probatório utilizado no processo para a prova material da existência de um fato. São os escritos, as fotografias, os desenhos, as gravações {vídeos, audios} etc. É possível a produção de prova fora do momento postulatório, desde que o contraditório seja exercido de maneira eficaz. Documento não é o instrumento, mas tudo que puder ser transposto pra o processo é prova documental. A CLT não cuidou especificamente da prova documenta, embora mencione documentos, de forma não sistematizada, em vários de seus dispositivos, arts. 777, 780, 787 e 830. O CPC tem aplicação subsidiária no que tange à prova documental, de modo que, basicamente, incidem as seguintes regras:

• Os documentos que estiverem em posse do autor e do réu devem acompanhar a petição

inicial e a defesa; arts. 787 CLT e 396 CPC, art. 434, NCPC, em razão da bilateralidade da ação. Se essa regra for descumprida, o juiz pode entender que:

- Deve encerrar a instrução sem direito das partes à suspensão ou adiamento da audiência, salvo se a parte provar motivo relevante que justifique a juntada a destempo;

- A desconsideração do documento juntado tardiamente; - Preclusão.

• Prova escrita imprescindível: para provar o pagamento dos salários, o acordo de prorrogação da jornada; concessão ou pagamento de férias; pagamento de verbas rescisórias;

• Juntada de documentos novos: até o final da instrução.

IV. Prova pericial: quando a prova de determinados fatos alegados pelas partes depender de conhecimentos técnicos, o juiz poderá designar um perito para realizar exame, vistoria ou

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Naomi Sugita Reisavaliação, cabendo-lhe a elaboração de laudo pericial, com todos os dados técnicos necessários ao esclarecimento dos fatos e à formação da convicção do juiz. O juiz, porém, não está adstrito ao laudo (art. 436, CPC, art. 479, NCPC). Prova pericial é o meio probatório utilizado sempre que houver a necessidade de conhecimentos técnicos utilizados para prova dos fatos alegados em juízo. A perícia pode consistir em exame, em vistoria e em avaliação.

A. A perícia será indeferida quando: 1. a prova do fato não depender de conhecimento especial ou técnico; 2. for desnecessária em vista de outras provas constantes dos autos; 3. a verificação for impraticável.

• Art. 3º, Lei 5584/70 perito único, designado pelo juiz, que fixará prazo para entrega de laudo. As partes podem nomear assistente técnico.

• No processo do trabalho a prova pericial pode ser determinada de oficio pelo juiz ou requerida pela parte, salvo quando se tratar de pedido de adicional de insalubridade ou de periculosidade, em que o juiz determinará a perícia mesmo em caso de revelia. O art. 826 determinava que cada parte escolhesse seu perito {mas, a Lei 5584 revogou esse artigo, que não vale mais, portanto} — o juiz nomeia o perito que ele quiser, dentro do rol de peritos cadastrados para tanto {nomeação é de perito único pelo juiz e cada parte se desejar poder indicar assistente técnico — o perito nomeado realiza a perícia e coloca nos autos o laudo da perícia e as partes darão vistas desse laudo}.

• OJ 165 SDI 1 TST: é possivel a utilização de laudo produzido em outra ação desde que na ação onde não foi possivel fazer a perícia exista uma similitude das condições. Prova emprestada.

• Responsabilidade por honorários {art. 790-B, CLT}: arca com os honorários periciais a parte que perder a ação. O sucumbente da perícia é responsável pelos honorários do perito principal;

• Responsabilidade por honorários de assistentes: são devidos pela parte para o seu assistente pericial. A assistência não tem nenhuma vincularão com a sucumbência, então tem que pagar mesmo assim; Súmula 314 TST “A indicação do perito assistente é faculdade da parte, a qual deve responder pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia”.

• Prova pericial emprestada: deve ser controvertida.

ÔNUS DA PROVA

I. Autor: incumbe ao autor a prova do fato constitutivo do direito;

II. Réu: incumbe ao réu a prova do fato impeditivo, extintivo e modificativo do direito pretendido pelo autor.

III. A inversão do ônus da prova no processo do trabalho: o conteúdo dos arts. 818 da CLT e 333 do CPC, art. 373, NCPC têm sido mitigado pela jurisprudência, que admite a inversão do ônus da prova em certas hipóteses, sempre na busca da verdade real. No processo do trabalho

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Naomi Sugita Reisas partes não podem dispor por convenção, de modo diverso quanto à distribuição do ônus da prova.

A. Hipóteses de inversão do ônus da prova: Sumula 338 TST

RAZÕES/ ALEGAÇÕES FINAIS Encerramento da Instrução

Produzidas as provas, encerra-se a instrução processual. Em ata, o juiz encerra a instrução e a dilação probatória no processo. Prevê a lei que o juiz deve oferecer às partes uma oportunidade de discussão final do caso {esta oportunidade para análise conclusiva das partes denomina-se razões finais}, como modo de reflexão em que o juiz ouve as avaliações dos advogados, reexamina a posição destes diante do que ficou provado e alegado. É nas razões finais que as partes podem alegar nulidade do feito.

As razões finais são, supostamente de 10 minutos e orais, em respeito ao princípio da oralidade. O juiz, afastando-se do processo legal, pode assinalar prazo para apresentação de razões finais por memoriais → Abre o juiz, na prática, prazo para as partes fazerem suas razões finais, sendo assim, não precisa mais fazer oralmente as razões finais, faz por escrito dentro do prazo dado pelo juiz, pois ele vai ler apenas na data da sentença, que normalmente é em meses da audiencia de instrução {nada disso está previsto em lei, legalmente, tem que ser de maneira oral as razões finais}.

• Renovação da proposta conciliatória: {segunda tentativa de conciliação após as razões finais} após as alegações finais o juiz está obrigado a renovar a proposta conciliatória. Havendo acordo, o processo termina com o termo de conciliação. Não havendo acordo, passa-se ao julgamento.

• Conversão do julgamento em diligência: se no momento de elaborar a sentença o juiz verificar a existência de certas irregularidades ou entender que o processo “não está pronto”, poderá converter o julgamento em diligência {salvaguardando-o de eventuais nulidades; ex: o juiz percebe que as partes não tiveram vistas do laudo pericial ou que não foi dada oportunidade para apresentação de razões finais ou não foi dada às partes a tentativa de conciliação ou quando o autor juntou um documento ao qual o réu não fez vistas}. Sendo assim, o juiz marca uma audiência de conciliação {mediante despacho, reabrindo a instrução}. Volta a fita e pratica o ato com defeito ou então volta a fita para fazer o ato que não foi realizado. O fundamento para a conversão do julgamento em diligência é a disposição do Art. 765 - CLT “Os Juízos e Tribunais do

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JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA

I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.

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Naomi Sugita ReisTrabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.

SENTENÇA Art. 203, par. 1º, NCPC

A sentença já foi ato do juiz que colocava termo ao processo – finalidade - {CPC 1973}, ato do juiz que levava a uma das hipóteses do art. 267 ou do art. 269 do CPC – conteúdo - {Lei 11.232/2005} e agora passou a ser pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.

Hoje em dia, o conceito leva em consideração a finalidade e o conteúdo do ato, art. 485, NCPC ou leva à resolução do mérito, art. 487, NCPC).

A sentença deve ser:

• Clara em relação a cada objeto da pretenção; • Precisa, ou seja, focada no assunto; • Concisa, ou seja, precisa ser curta; • Fundamentada põe exigência constitucional e do CPC.

I. Classificação da Sentença em função da finalidade:

A. Definitivas {art. 487}: são as sentenças que definem ou resolvem o conflito. O juiz ingressa no mérito da questão, acolhendo ou rejeitando o pedido do autor. É a sentença que resolve o feito com julgamento do mérito.

B. Terminativas {art. 485}: são as sentenças que resolvem o processo sem ingressar no mérito, por uma das hipóteses do art. 267 do CPC.

II. Conteúdo da Sentença: conceito quinario.

A. Declaratórias: são as que declaram a existência/inexistência a relação jurídica (ex: declaração de existência de vínculo de emprego);

B. Constitutivas: são as que criam, modificam ou extinguem a relação jurídica (ex: sentença que reconhece a identidade de funções, a rescisão indireta, a justa causa);

C. Condenatórias: da relação jurídica constituída, implica em obrigação de pagar (ex: sentença que manda pagar horas extras ou diferenças salariais por equiparação);

D. Mandamentais: são as que contém uma obrigação de fazer/não fazer (ex: reintegrar, não transferir);

E. Executivas: são as que impõem uma cominação para a obrigação de fazer/ não fazer (ex: anotar a CTPS sob pena de multa diária).

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Naomi Sugita Reis

III. Estrutura da Sentença — Art. 832, CLT e art. 489, caput, CPC. Sem esses três, a sentença é inexistente por algumas opiniões e por outras, nula. Se a sentença não fixa custas, será cabível embargos de declaração para que seja corrigida {Sumula 53 TST}

A. Relatório: nome das partes, o resumo do pedido e da defesa;

B. Fundamentação: a apreciação das provas, os fundamentos da decisão;

C. Dispositivo: respectiva conclusão.

1. Direto: é o desejável, o juiz relaciona e faz um contorno das parcelas que são objeto de reclamação. Sabe exatamente sobre o que recaiu a condenação {adicional de insalubridade em grau máximo, duas horas extras por dia de data x a data y};

2. Indireto: condeno o réu a pagar ao autor as verbas reconhecidas na fundamentação — pepino por causa da coisa julgada, pois a coisa julgada é formada no dispositivo e não na fundamentação. Embargos de declaração é que cabem quando o dispositivo é indireto.

IV. A nova disposição do art. 489, par. 1º, do CPC é aplicável ao processo do trabalho?

“Art. 489, §1o. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.”

A. Mauro Schiavi: NÃO, pelo princípio da simplicidade, pela existência de muitos pedidos na inicial, pela existência de mais de um réu no polo passivo, pelo excesso de teses defensivas;

B. Manoel Teixeira: NÃO, porque inviabiliza a prestação jurisdicional em prazo razoável, porque a inicial tem com característica a cumulação de pedidos. Essa exigência não vai mais permitir o jus postulandi!!!

V. Conteúdo: o pedido é rejeitado ou acolhido, deferido ou indeferido, a sentença é que vai ser procedente ou improcedente.

A. Sentença de improcedência;

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B. Sentença de procedencia parcial;

C. Sentença de procedencia total.

VI. Intimação da Sentença - Art. 852, CLT: as partes serão intimadas da sentença na audiência em que é proferida, salvo o revel, que deverá ser intimado via registro postal. Súmulas: 30 e 197/TST. “Art. 852. Da decisão serão os litigantes notificados, pessoalmente, ou por seu representante, na própria audiência. No caso de revelia, a notificação far-se-á pela forma estabelecida no § 1o do art. 841 → via postal, edital e antes do edital pela via do oficial de justiça em decorrência da aplicação subsidiaria do CPC.”

A. Sumula 197 TST: “O prazo para recurso da parte que, intimada, não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação”.

B. Sumula 30 TST: “Quando não juntada a ata ao processo em 48 horas, contadas da audiência de julgamento (CLT, art. 851, § 2º), o prazo para recurso será contado da data em que a parte receber a intimação da sentença”.

RECURSOS

É o direito que a parte vencida ou terceiro possui de, na mesma relação processual e atendidos os pressupostos de admissibilidade, submeter a matéria contida na decisão recorrida ao reexame, pelo mesmo órgão prolator ou por outro órgão distinto e hierarquicamente superior, com o objetivo de anulá-la ou de reformá-la, total ou parcialmente (Manoel Antônio Teixeira Filho).

Todos os recursos, menos o recurso de revista, são submetidos a um duplo regime de análise de pressupostos recursais.

I. Pressupostos recursais – o processamento dos recursos está condicionado à observância de determinados requisitos, que autorizam seu trâmite e que são verificados duplamente:

A. Pelo próprio juiz que proferiu a decisão - ad quo {em face do qual foi interposto o recurso}. Art. 900 CLT — vai ser interposto recurso na Vara do Trabalho que julgou a ação em primeiro grau e então recebido esse recurso, vai ser aberto prazo para que a outra parte faça as contrarrazões.

B. Pelo juiz relator, no Tribunal que o aprecia - ad quem {relator do TRT}. Pode o TRT entender que não está presente um determinado requisito, contrariando o juiz de primeiro grau. Se for aceito o recurso {juízo de admissibilidade positivo}, vai ser remetido para a Turma, que julgará mediante acórdão.

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II. Juízo de admissibilidade - é o ato pelo qual o juiz verifica se estão presentes os pressupostos recursais. O juízo de admissibilidade é exercido no juízo ad quo e no juízo ad quem, sendo a admissibilidade de primeiro grau sempre provisória.

A. Pressupostos subjetivos/ internos/ intrínsecos: pertinentes à pessoa do recorrente.

1. Legitimidade: é a habilitação outorgada por lei à pessoa que tenha participado como parte do processo em primeiro grau de jurisdição, ainda que revéu. Além das partes originárias, o terceiro interessado ou prejudicado, empregador sucessor também {em caso de cisão, fusão, incorporação}, herdeiro, o falido tem legitimidade para entrar {e não a massa falida}, parte vencida, terceiro prejudicado, juiz ex officio, MPT no caso de incapazes; a) Responsabilidade solidaria: grupo economico; b) Responsabilidade subsidiaria: terceirização {contra a contratada}.

2. Capacidade: a capacidade deve estar presente no momento da interposição do recurso;

3. Interesse: normalmente liga-se à sucumbência da parte vencida, mas não sempre. Quando o réu é sucumbente na preliminar de mérito e mesmo assim ocorre sucumbência dos pedidos do autor, o autor poderá recorrer por recurso ordinário e este recurso ser acolhido {sendo assim, se o réu não recorrer com o recurso adesivos tribunal reforma a decisão e não se aplica a preliminar}.

B. Pressupostos objetivos/ externos/ extrínsecos: pertinentes à situação processual.

1. Recorribilidade do ato: quando não há óbice ao exercício do direito de recorrer {existe óbice em relação às decisões interlocutórias, decisão em rito sumário e homologação de acordo entre as partes}.

2. Adequação: para cada decisão existe um recurso adequado. Ex: sentença de primeiro grau →recurso ordinário. S. 421 TST.

3. Tempestividade: o direito deve ser exercido no prazo legalmente fixado, que é peremptório. Art. 6º - Lei 5584/70: regra de interposição de recurso no prazo de 8 dias, contados da intimação da decisão {os embargos se dão no prazo de 5 dias; litisconsortes não têm prazo em dobro e nem U-E-DF-M}.

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Despacho que tranca o recurso: recorrível e permite juízo de retratação. Juízo ad quo: pode ser trancado o recurso mediante despacho, que será recorrível mediante Agravo de Instrumento e aceita retratação; Juízo ad quem: pode ser trancado o recurso mediante despacho, que será recorrível mediante Agravo Regimental e aceita retratação. Despacho que aceita o recurso: irrecorrível; Decisão que acata as contrarrazões: recorrível e aceita retratação.

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4. Representação: poderes outorgados quando a parte se faz representar por advogado, que deverá estar instruído de instrumento de mandato. Sob pena de inadmissibilidade o advogado que assinou o recurso, tem que estar munido de mandato no momento da interposição do recurso {ou por instrumento, ou tácito}.

5. Preparo: depósito recursal e recolhimento de custas processuais — custas são taxas. Art. 789 e 789-B. São isentos do seu pagamento: beneficiário da justiça gratuita, U-E-DF-M, autarquias e fundações públicas federais, estaduais e municipais que não explorem atividades econômicas; MPT, massa falida (S. 86 TST). Pode ser pago depois da interposição dos recursos, desde que até o 8º dia de prazo recursal.

a) Depósito recursal: integra o preparo e se configura como garantia do juízo em favor do empregado, para futura execução. Art. 899, CLT. Só é devido quando há condenação em pecúnia. S. 161, 128, 245, TST, OJ 140 TST.

III. Efeitos da interposição de recurso: o efeito designa o reflexo da interposição do recurso sobre o prosseguimento do processo perante o órgão originário e a amplitude da apreciação da lide no juízo ad quem.

A. Efeito suspensivo: paralisação dos efeitos da sentença.

B. Efeito devolutivo: apreciação plena da matéria ou limitada a alguns pontos da matéria.

C. Efeitos no processo do trabalho: em regra os recursos têm apenas efeito devolutivo, art. 899, CLT, o que permite a execução provisória da sentença até a penhora. O efeito devolutivo não precisa ser expressamente declarado, porque é a regra. O efeito suspensivo precisa ser pedido e expressamente declarado, exceto pela disposição da Lei 7701/88, que dá ao presidente do tribunal a prerrogativa de receber o recurso ordinário contra sentença de dissídio coletivo, no seu duplo efeito. Súmula 414 TST.

D. Efeito translativo: é a possibilidade de o tribunal conhecer de matérias que não foram ventiladas em recurso ou contrarrazões, desde que de ordem pública, que devam ser conhecidas pelo juiz a qualquer tempo ou grau de jurisdição.

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No processo do trabalho aplica-se a regra do art. 1.013 do NCPC ao RO, S. 393 TST. Também aqui, há efeito devolutivo horizontal {só devolve a matéria impugnada} e em profundidade {devolve todas as questões debatidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro} e também quando o pedido ou a defesa contiverem mais de um fundamento e a defesa resolver a questão por apenas um deles, todos serão apreciados.

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Naomi Sugita Reis

E. Efeito regressivo: é a possibilidade de retratação ou reconsideração do próprio órgão que proferiu a decisão impugnada, conforme disposição do art. 494, NCPC. No processo do trabalho pode ter retratação em Embargos de Declaração, Agravo de Instrumento e em Agravo Regimental.

F. Efeito substitutivo: art. 1008, NCPC é a substituição da decisão recorrida pela que lhe reformou, naquilo que não transitou em julgado.

G. Efeito extensivo: Art. 1005, NCPC, é o aproveitamento pelos litisconsortes dos efeitos e resultados do recurso, salvo se houver interesses opostos.

PREPARO O preparo envolve o recolhimento das custas e do depósito recursal

I. Custas: são taxas devidas ao Estado pela prestação de serviços públicos de natureza jurisdicional {Arts. 789 e segs., CLT}.

As custas serão fixadas em 2%:

• Quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; • Quando houver extinção sem julgamento do mérito ou improcedência da ação, sobre o valor

atribuído à causa; • Quando houver procedência de pedido em ação declaratória, sobre o valor da causa; • Quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.

As custas devem ser fixadas na sentença e se esta for omissa, tem que ser oposto Embargos de Declaração fixando o valor das custas, assim que as partes forem intimadas da sentença corrigida, começa o prazo para a interposição do recurso — S. 53, TST. As custas são devidas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, são devidas dentro de prazo recursal (art. 789, § 1º., CLT). No caso de ações com origem na relação de trabalho o juiz deve observar o princípio da sucumbência recíproca (art. 21, CPC + art. 3º., § 3º. Da IN 27/2005). O pagamento é efetuado através de GRU, com cód. 18740-2 {se for utilizado outro código, o recurso é deserto}.

A. Estão isentos da obrigação:

1. Beneficiários da justiça gratuita; 2. Pessoas jurídicas de direito público (U/E/DF/M e respectivas autarquias e fundações

públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; a) A isenção não alcança as empresas públicas (exceto EBCT), as sociedades de

economia mista, as permissionárias e concessionárias de serviços públicos, as entidades fiscalizadoras de exercício de profissão (CRM, OAB...). ESTA ISENÇÃO NÃO EXIME O REEMBOLSO DA PARTE VENCEDORA DAS CUSTAS ANTECIPADAS.

3. O MPT; 4. A massa falida — S. 86, TST —, assim como não efetua o deposito para embargos de

execução.

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Naomi Sugita Reis5. Nas lides com origem na relação de emprego não há custas pro rata; {as custas são

devidas integralmente pelo autor ou pelo réu - quem perde} 6. Súmulas: 25 – 36 – 53 – 86 – 170; OJs: 33 – 104 – 140 – 158 – 186 – 217.

II. Depósito recursal: Consiste em garantia do juízo. Art. 899, CLT + IN 3/93 do TST. O depósito recursal é efetuado na conta vinculada do FGTS do empregado; caso o empregado não tenha conta, a empresa recorrente deverá proceder à abertura. O depósito e sua respectiva comprovação devem ser feitos dentro do prazo recursal (S. 245, TST). O depósito só é devido por empregador condenado em obrigação de pagar — do trabalhador nunca será exigido depósito, mesmo quando condenado em reconvenção. O valor do depósito é fixado anualmente pelo TST e corresponde hoje: R$ 17.919,26 (RR-E-RE-ROAR) e R$ 8.959,63(RO). Alcançado o valor total da condenação, nenhum outro depósito é devido para os recursos seguintes (S. 128, TST). Se o valor constante do primeiro depósito, efetuado no limite legal, é inferior ao da condenação, será devida a complementação em recurso posterior, observando-se o valor da condenação e/ou o limite legal do novo recurso. Se em grau de recurso houver acréscimo de condenação, o acórdão fixará novo valor para efeito do próximo recurso. Se o recurso mantiver a condenação imposta, o valor depositado será aproveitado na execução (converte-se em penhora). Se o recurso reformar a decisão condenatória, absolvendo o recorrente, o valor será devolvido através de alvará. O recurso adesivo requer depósito recursal. No AI o depósito recursal corresponde a 50% do valor do depósito exigível para o recurso trancado. Não é devido depósito recursal quando não há condenação em pecúnia (S. 161, TST).

PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO

I. Princípio do duplo grau de jurisdição: é a previsão normativa de um sistema jurídico para que as decisões judiciais de um processo possam ser submetidas por intermédio de um recurso a um novo julgamento, por um órgão judicial, geralmente colegiado e hierarquicamente superior.

II. Princípio da concentração ou da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias: a regra geral é a da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias (art. 893, § 1º, CLT) e Súmula 214 do TST. (Verificar a nova disposição do art. 799, § 2º, CLT).

III. Princípio da instrumentalidade das formas: a forma tem mero caráter instrumental e quando o objetivo do ato é alcançado não se deve lhe declarar a nulidade.

IV. Princípio da preclusão: salvo quanto às matérias de ordem pública, ocorre preclusão temporal, consumativa ou lógica se a parte: a) deixa transcorrer o prazo sem se manifestar; b) praticar o ato, não lhe sendo permitido repeti-lo; c) praticar ato incompatível .

V. Princípio da transcendência: art. 794 da CLT, requer a existência de prejuízo efetivo à parte que a alega, “pas de nullité sans grief”.

VI. Princípio da convalidação: o silêncio da parte faz gerar a aceitação do ato praticado pelo adversário. Ex: a falta de alegação da incompetência territorial.

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Naomi Sugita ReisVII.Principio da causalidade, utilidade ou aproveitamento: sempre que possível, os atos não

contaminados pela invalidade devem ser preservados (art. 798, CLT).

VIII.Princípio da manutenção dos efeitos da sentença: a regra geral é que os recursos trabalhistas têm efeito meramente devolutivo, podendo a parte dar prosseguimento ao feito pela extração de carta de sentença e execução provisória até a penhora dos bens.

IX. Princípio da unirrecorribilidade ou da singularidade ou unicidade recursal: não permite a interposição simultânea de mais de um recurso contra a mesma decisão. “RECURSO ADESIVO – INADMISSIBILIDADE APÓS A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO AUTÔNOMO. O oferecimento de recurso adesivo, depois da interposição de recurso autônomo, equivale à modificação deste, não constituindo variação, mas sim reincidência, inadmissível em face do princípio da unirrecorribilidade. (TRT 2ª. R., RO 02865.1999.059.02.00.7, 2ª. T., Rel. Juiz Luiz Carlos Gomes Godoi, DO 11.05.2004).

X. Princípio da fungibilidade: sempre adotado no processo do trabalho, salvo quando há erro grosseiro ou má-fé. (OJ 69 e 152 e Súmula 421 do TST), permite a interposição de um recurso por outro.

XI. Princípio da dielaticidade: art. 899 da CLT – o recurso deve ser discursivo, dialético, cabendo ao recorrente indicar no apelo as razões pelas quais impugna a decisão.

XII.Princípio da voluntariedade: os tribunais não podem analisar, em princípio, matérias que não foram levadas à sua cognição pelas partes — princípio do dispositivo em matéria recursal, salvo quanto à matéria de ordem pública, cognoscível de ofício.

XIII.Princípio da proibição da reformatio in pejus: veda que nos julgamento de um recurso o órgão judicante superior profira decisão que piore o resultado da demanda para o recorrido, salvo quando se tratar de matéria de ordem pública.

RECURSO ORDINÁRIO Art. 895, I e II, da CLT + art. 799, §2º da CLT (S. 214 TST)

É o mais amplo e genérico recurso trabalhista. Corresponde à apelação do processo comum. Tem cabimento contra sentenças e decisões interlocutórias terminativas do feito {ex.: a que acolhe exceção de incompetência territorial, determinando a remessa dos autos para VT sob jurisdição de outro TRT, a que acolhe preliminar de incompetência em razão da matéria, determinando a remessa dos autos para outro órgão do PJ}.

I. Efeitos:

A. Regra – meramente devolutivo, na forma do art. 899 da CLT e com aplicação da disposição do art. 1013, CPC. Súmula 393 TST. A aplicação do efeito expansivo, segundo CHBL, necessita de expresso requerimento pelo recorrente.

B. Exceção – suspensivo, através de ação cautelar inominada — s. 414 TST. Em RO contra sentença normativa em dissídio coletivo o efeito suspensivo será concedido pelo TST, de oficio. Lei 10192/2001.

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Naomi Sugita Reis

II. Procedimento: É interposto por simples petição endereçada ao juízo prolator da decisão recorrida.

III. Prazo: oito dias, contados da intimação da sentença.

IV. Preparo: depósito recursal e custas em caso de sentença condenatória.

V. Tramitação: após o juízo de admissibilidade positivo, a parte contrária é intimada para contrarrazões, remetendo-se os autos ao TRT, salvo se o juiz reconsiderar o juízo de admissibilidade, pela aplicação do art. 518, CPC. No TRT haverá novo juízo de admissibilidade pelo relator. No TRT 9, o RO é julgado por uma das Turmas, cabendo sustentação oral após manifestação do relator. Após o voto do relator, segue-se o voto do revisor e do terceiro juiz. O presidente da Turma proclama a decisão e determina a redação do acórdão para posterior publicação.

VI. Recurso Adesivo: é cabível no processo do trabalho, Súmula 283/TST.

A. Prazo: 8 dias, contados da intimação para apresentação de contrarrazoões B. Matéria: desvinculada da matéria do recurso principal.

VII.Contrarrazões: art. 900 da CLT.

RECURSO DE REVISTA

I. Natureza jurídica: é recurso de natureza especial, que tem como objetivos específicos a supremacia do direito nacional, através da uniformização da jurisprudência concernente à aplicação dos princípios e normas de direito material e processual do trabalho. É um mecanismo de proteção do direito objetivo (e não do direito da parte); à uniformização de jurisprudência e não à justiça do caso concreto. → divergência acerca do direito nacional. Só faz justiça de maneira secundária. Não se admite jus postulandi neste recurso, pois ele é extremamente técnico.

II. Pressupostos de admissibilidade:

A. Genéricos:

1. Subjetivos:

a) Legitimidade b) Prequestionamento - art. 896 §1º, I CLT c) Vedação ao reexame de fatos e provas

2. Objetivos:

a) Regularidade formal b) Petição assinada por advogado c) Deposito recursal

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Naomi Sugita Reisd) Demonstração de divergência ou violação e) Acordão TRT {Recurso Ordinário} f) Formalidades {art. 896-A, I, II, III CLT}

B. Específicos:

1. Decisão (definitiva ou terminativa) proferida em grau de recurso ordinário em dissídios individuais e decisão proferida pelo TRT em execução de sentença, inclusive em embargos de terceiro, quando houver ofensa direta à Constituição Federal S. 266 TST;

2. Prequestionamento S. 297 TST – OJ 151 TST: diz-se prequestionada a matéria quando a decisão recorrida aprecia expressamente a tese jurídica debatida nos autos. Hoje, o prequestionamento é um pre requisito legal. Para que seja acolhido o recurso de revista, o acordar do TRT que julga o Recurso Ordinário tem que ter feito tese explícita.

3. Reexame de fatos e provas: a revista não se presta ao reexame de fatos e provas S. 126 TST;

4. Tribunal Superior do Trabalho:

a) Art. 896 Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:

1oA. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte: I indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista; II indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite com a decisão regional; III expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.

5. Transcendência: jurídica – política – social – econômica, não exigível AINDA porque o TST ainda não regulamentou em seu RI a apreciação do requisito.

C. Cabimento: Art. 896 “Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:

a. derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de Jurisprudência Uniforme dessa Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;

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Naomi Sugita Reisb. derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho,

Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial que excede a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;

c. proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.”

NÃO serve uma decisão ou pleno do mesmo TRT, a divergência entre turmas do TRT tem que ser superada pelo procedimento de uniformização de Jurisprudência {existe em todos os TRT}, assim como decisão “normal” de turma de TST também não {somente decisão de SDI ou súmula}, assim como não vale decisão ou sumula normais do STF {somente súmula vinculante};

Pela disposição literal do caput do art. 896, não cabe Recurso de Revista de decisão que julga Agravo de Instrumento S. 218 TST.

III. Efeitos: meramente devolutivo, devolvendo ao Tribunal a matéria ventilada no recurso (sem poder adotar fundamentos diversos dos apresentados nas razões recursais).

IV. Prazo: 8 dias;

V. Procedimento: deve ser apresentado em petição fundamentada, perante o juízo a quo, é de imediato submetido ao juízo de admissibilidade. As razões recursais devem ser apresentadas a uma das Turmas do TST {juízo ad quem};

A. Preparo: depósito recursal + custas (estas, devidas, se houver alteração na sucumbência. S. 25 TST).

B. Juízo de admissibilidade no TRT:

1. Negativo → Agravo de Instrumento; 2. Positivo → Intimação da parte contrária para Contrarrazões e há remessa ao TST.

Havendo juízo de admissibilidade positivo em relação a uma das alíneas do art. 896, CLT e inadmitido por outra, cabe Agravo de Instrumento {cabe agravo por causa do cancelamento da Sumula 285 TST}.

C. Juízo de admissibilidade no TST:

1. Pelo relator:

a) Negativo → Agravo Regimental, que admite juízo de reconsideração (não havendo, o Agravo será julgado pela Turma)

b) Positivo → segue-se para o juízo de admissibilidade que será feito pela Turma;

2. Pela turma:

a) Positivo → Segue-se para o julgamento. Sendo assim, será feito um acórdão em recurso de revista {decisão recorrível para reexame — SDI por meio de

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Naomi Sugita ReisEmbargos, no prazo de 8 dias}. Quando a SDI decide no âmbito dos embargos em recurso ordinário, pode ela ser recorrível por Recurso Extraordinário pelo STF;

b) Negativo→ Embargos para SDI.

Sentença na VT → Recurso Ordinário e Contrarrazões → TRT → juiz positivo +→ Vai para a Turma → Provido → Acórdão em Recurso Ordinário → Recurso de Revista + → Vai para a Turma → Improvido → Acórdão em Agravo de Instrumento → Recurso de Revista

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Tem a função de destrancar recurso cujo processamento tenha sido negado {toda vez que um despacho trancar um recurso, caberá agravo}. Cabe de despacho que negar seguimento, no juízo a quo, a recurso ordinário {AI RO} recurso de revista {AI RR}, recurso extraordinário {AI RE}, agravo de petição {AI AP} e ao próprio agravo de instrumento {AI AI}.

I. Prazo: 8 dias

II. Efeitos: devolutivo apenas, sem possibilidade de cautelar para efeito suspensivo, ou seja, a fase de execução continua, independentemente do Agravo de Instrumento.

III. Procedimento: é interposto perante a autoridade que negou seguimento ao recurso, que pode exercer juízo de retratação e rever o despacho denegatório. Se não houver retratação, é remetido à instancia ad quem o Agravo de Instrumento; mantido o despacho denegatorio o agravado é intimado para oferecer resposta {contraminuta} ao AI e ao recurso que tece seu seguimento negado. Provido, determina o processamento do recurso que havia negado.

A. O agravo de instrumento anda junto com o recurso ordinário para, caso haja um despacho dando provimento ao AGRAVO, já seja analisado o RO em seguida.

IV. Formação do instrumento — sob pena de não ser conhecido, precisa ser juntadas ao agravo:

A. Obrigatoriamente:

1. Decisão agravada 2. Certidão de intimação da decisão agravada {tempestividade} 3. Procurações do agravante e agravado 4. Petição inicial e resposta 5. Sentença 6. Recurso negado com o seu preparo 7. Prova do deposito recursal do agravo {50% do valor do deposito recursal do recurso

negado — ex. o RO custou 5 mil reais, então o deposito recursal do AI será de 2,5 mil —, salvo quando o AI for em RR trancado em que se insurgiu contra decisão contraria a sumula ou OJ do TST - art. 899, §8º CLT}.

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Divergência entre TRTs - TST → Recurso de Revista Divergência entre as turmas do TST - SDI → Embargos de div.

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Naomi Sugita ReisB. Facultativamente: por outras peças que o agravante entenda por importante para o

provimento do agravo.

EXECUÇÃO/ CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

A execução tem inicio com a citação do devedor por oficial de justiça. Todavia, quando se trata de obrigação de pagar e sendo a sentença ilíquida, é necessário liquidá-la {passar do an para o quantum debeatur}. A fase de liquidação é regulada pela disposição do artigo 879 da CLT. Os créditos trabalhistas são sujeitos a juros e correção monetária {tem uma fase de liquidação entre o processo de conhecimento/fase de cumprimento e o processo de execução/cumprimento de sentença}. Então a liquidação se dará por cálculos, arbitramento ou por artigos. A liquidação por cálculos se tem como regra. O prazo da execução é o prazo de dois anos. Para Carlos Henrique Bezerra Leite, “é um incidente processual situado entre a fase cognitiva e a fase executiva, tendo como objeto a fixação do valor líquido ou a individuação do objeto da obrigação constante de sentença condenatória”.

I. Liquidação por cálculos: art. 879, § 2º, CLT, que leva o juiz a escolher entre os seguintes procedimentos após o trânsito em julgado da sentença ou desde que não tenha havido recurso com efeito suspensivo:

A. Intimar o autor {100} e o réu {50} para que apresentem a conta de liquidação e homologar a conta que achar melhor; ou então pode remeter ao contador, que vai apresentar uma terceira conta {75}, assim, o juiz homologará a que achar mais correta.

B. Determinar a remessa dos autos para o contador e homologar o cálculo apresentado sem dar vistas às partes {sem contraditório}, expedindo mandado de citação, penhora e avaliação {primeiro deposita os 75 que o contador fixou, depois entra com embargos de execução para afirmar que apenas deve 50};

C. Determinar a remessa dos autos para o contador e, antes de homologar, dar vistas às partes para que se manifestem fundamentadamente {sob pena de preclusão} as partes que impugnam a conta devem oferecer suas próprias contas. Depois, o réu pode opor embargos, mas não em relação à conta, somente quando há excesso de execução — quando no calculo são contidas parcelas que não foram apreciadas pela sentença {porque houve preclusão}. Quando o juiz decide pela conta do contador, ambas as partes podem se manifestar.

1. Sentença de liquidação: trata-se mais de sentença interlocutória e não desafia recurso imediatamente {irrecorrível}; também tratada como sentença declaratória, admitindo ação rescisória na hipótese da S. 399 TST. Se o juiz homologa as contas do contador, o réu será citado réu pode opor embargos a execução e o autor poderá impugnar a sentença de liquidação.

II. Citação: é o ato que dá início a execução a partir da existência de um título (judicial ou extrajudicial, art. 876, CLT). Citado, o réu poderá:

A. Efetuar o pagamento da quantia executada através de guia fornecida pela VT;

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Naomi Sugita ReisB. Depositar em juízo o valor constante do título, e oferecer embargos à execução para dizer

que é 50 e o autor será intimado para oferecer contra minuta de embargos de execução e, a partir desse momento, poderá impugnar a sentença de liquidação para dizer que são 150. Sendo assim, o valor de 50 é parcela reconhecida, incontroversa, a discussão fica no que ultrapassa esse valor;

C. Nomear bens à penhora e oferecer embargos à execução.

Conta → homologação de sentença de liquidação {contas do contador - 100} → citação do devedor → garantia do juiz → embargos a execução para o devedor/réu {50} e impugnação para o credor/autor {150} {ambos passíveis de contra minuta} → sentença que decide os embargos e execução e impugnação a sentença de liquidação → recorrível por agravo de petição.

Conta → homologação de sentença de liquidação {contas do réu - 50} → citação do devedor → impugnação a sentença de liquidação por parte do credor {150} e o o réu pode contra minutar impugnação a sentença de liquidação {50} → vem sentença que decide a impugnação a sentença de liquidação → recorrível por agravo de petição.

Conta → homologação de sentença de liquidação {contas do autor - 150} → citação do devedor → embargos a execução por parte do réu/devedor {50} e contra minuta por parte do autor {150} → sentença que julga o embargo a execução → recorrível por agravo de petição.

Artigo 876 - CLT:

• Decisão condenatória do transito em julgado ou do qual não tenha havido recurso com efeito suspensivo {natureza judicial — cumprido}

• Termo de acordo não cumprido {natureza judicial — cumprido} • Termo de Ajustamento de Conduta com Ministério Público do Trabalho {fixa cominação para

caso de descumprimento do TAC, caso haja descumprimento, será aplicada a multa} {natureza extrajudicial — executada}

• Termo de conciliação celebrado perante a CCP + CDA {art. 114, II CF} {natureza extrajudicial — executada}

EMBARGOS À EXECUÇÃO

Embargos à execução está previsto no art. 884 da CLT. Não há posição doutrinária entre ser ação ou recurso. I. Matéria arguível: nos termos do disposto pelo art. 884, CLT, art. 917, CPC.

A. Cumprimento da decisão ou do acordo; B. Quitação ou prescrição da dívida; C. Falta ou nulidade de citação se o processo correu à revelia; D. Inexequibilidade ou inexigibilidade do título; E. Penhora incorreta ou avaliação errônea; F. Ilegitimidade de parte; G. Excesso de Execução ou Cumulação indevida de execuções; H. Incompetência absoluta ou relativa do juízo de execução; I. Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir em processo de conhecimento

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Naomi Sugita ReisJ. Causa impeditiva, modificativa ou extintiva; K. Incompetência, suspeição, impedimento. L. É licita a discussão sobre excesso de execução que ofende a coisa julgada, porque não há

preclusão.

II. Prazo: cinco dias, contados da garantia do juízo ou da intimação da penhora.

III. Legitimação: do devedor citado, que garantir a dívida.

IV. Legitimação dos sócios: A. Embargos de terceiro: quando é negada a responsabilidade executiva B. Embargos à execução: quando não é negada a responsabilidade executiva. C. Efeito: suspensivo, prosseguindo a execução quanto à matéria não embargada.

V. Sentença: desafia agravo de petição.

VI. Impugnação à sentença de liquidação: o exeqüente, ao responder a EE pode oferecer, no prazo de cinco dias, impugnação a sentença de liquidação, opondo-se à sentença homologatória.

A sentença que julga embargos também julga a isl.

AGRAVO DE PETIÇÃO E EMBARGOS DE TERCEIRO

AGRAVO DE PETIÇÃO

I. Cabimento: é recurso cabível contra as decisões do juiz na execução (art. 897, a, CLT).Cabe das seguintes decisões: sentença que julga embargos à execução, sentença que julga impugnação à sentença de liquidação e sentença que julga embargos de terceiros.

II. Prazo: 8 (oito) dias.

III. Efeito: Devolutivo, devolvendo ao Tribunal apenas a matéria contida no agravo, sendo definitiva a execução da parte incontroversa.

IV. Pressupostos específicos:

A. art. 897, par. 1º., “o agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de sentença”.

B. garantia do juízo.

EMBARGOS DE TERCEIROS Art.674 e segs. — CPC

I. Conceito: ação incidente interposta a qualquer tempo e até cinco dias após a arrematação, adjudicação ou remição de bens, art. 675, CPC, desde que ainda não assinada a carta.

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Naomi Sugita ReisII. Legitimidade: a quem não foi parte no processo, para eximir bens de sua propriedade ou

posse, de apreensão por penhora ou de ameaça de penhora.

III. Procedimento: é distribuído por dependência à ação em que houve a constrição do bem e a petição inicial deve obedecer aos requisitos legais e ser instruída com a prova da posse/propriedade do embargante e da qualidade de terceiro, art. 677, CPC.

IV. Observação: provada o domínio ou a posse, os embargos suspendem a constrição sobre o bem, com a manutenção ou a reintegração, por provocação do embargante.

TRÂMITES FINAIS DA EXECUÇÃO

I. Avaliação: não tendo sido opostos embargos à execução ou, havendo, tendo transitado em julgado a sentença (ou acórdão de ap), o oficial de justiça avaliador procede à avaliação dos bens para que sejam alienados. (art. 886, § 2º da CLT).

II. Alienação de bens: se há depósito em dinheiro ou fiança, a satisfação do exequente se dá pelo levantamento da importância ou pela determinação ao fiador, para que deposite o valor, com levantamento. Se, no entanto, a garantia do juízo se fez com bens, direitos ou ações, é necessário convertê-los em dinheiro, expropriando-os e vendendo-os em hasta pública.

III. Praça e Leilão: no processo do trabalho realiza-se normalmente em uma única ocasião, sendo designada a praça para a alienação do bem pelo maior lance. No leilão a venda é feita por qualquer lance, desde que não seja vil. (art. 888, CLT).

IV. Arrematação: a arrematação é a venda judicial dos bens penhorados. A arrematação será feita pelo maior lance e o arrematante deve exibir o sinal de 20% no ato e o restante em 24 horas, , pena de desfazer-se a arrematação (art. 888, § 4º., CLT). Após a arrematação o juiz assinará o auto, desde que depositado o valor integral do lance. Com a assinatura do auto a arrematação torna-se perfeita, acabada e irretratável, somente podendo ser desfeita por nulidade, falta de intimação de credor hipotecário (art. 889, CPC) ou por defeito no edital, através de embargos à arrematação. Não havendo embargos ou, sendo rejeitados, o juiz expedirá a carta de arrematação.

V. Adjudicação: quando o exeqüente, na praça ou leilão, exerce o direito de receber os bens penhorados em pagamento de seu crédito. O pedido de adjudicação somente poderá ser feito até a assinatura do auto de arrematação. (art. 888,§ 1º, CLT).

VI. Remição: para evitar a alienação judicial dos bens, o devedor pode, a qualquer tempo e antes da assinatura do auto de arrematação ou adjudicação, remir a execução, pagando a importância da condenação.

VII.Embargos à alienação: podem ser opostos até cinco dias após a assinatura do auto de arrematação ou de adjudicação desde que não tenha sido assinada a carta. Versam, exclusivamente sobre nulidade de execução, pagamento, novação, transação ou prescrição, desde que seja a primeira oportunidade de manifestação nos autos ou se havia impedimento para fazê-lo.

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