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PRINCIPAIS DOENÇAS DA CITRICULTURA EM SERGIPE E SEU CONTROLE Capítulo 8 Marcelo Brito de Melo e Luzia Nilda Tabosa Andrade A citricultura brasileira é afetada por doenças importantes que reduzem signifi- cativamente a produção, a longevidade e a qualidade dos frutos como exemplo as bacterioses: o cancro cítrico (Xanthomonas axonopodis), a Clorose Variegada dos Citros (Xylella fastidiosa Wells et al.) e o huanglongbing (HLB); as doenças causadas por fungos como a man- cha preta (Guignardia citricarpa Kiely); a verrugose (Elsinoe spp.), a melanose ( Diaporthe citri Wolf), a rubelose ( Erythricium salmonicolor Berk. & BR.), a podridão floral (Colletotrichum acutatum Simmons), a “Gomose de Phytophthora”; as viroses tristeza e leprose, o gênero Marafivirus associado à Morte Súbita dos Citros e a doença de etiologia desconheci- da como o declínio dos citros. No presente capítulo apresentare- mos informações sobre as principais do- enças que ocorrem nos citros em Sergipe, como a “Gomose de Phytophthora” que é causada por fungos de solo; a Clorose Variegada dos Citros (CVC) vulgarmente denominada de “amarelinho” e o declínio das plantas cítricas, que ainda permanece matando plantas em pomares da região produtora do Estado, cujo agente causal ainda permanece desconhecido. Em um pomar de citros, a manuten- ção e o estado fitossanitário requer vigi- lância sistemática e efetiva. Assim, amostragens ou inspeções semanais, ou quinzenais, devem ser efetuadas nas plan- tas relatando o problema logo no início do ataque. Os princípios gerais de controle en- volvem o ambiente: com a evasão, envol- vendo táticas de fugas à doença e a regulação que visa alterar o ambiente desfavorecendo a doença; o hospedeiro: impedindo o contato direto da planta com o patógeno, a imunização promovendo a resistência da planta e a terapia na recu- peração da planta doente; o patógeno: ex- clusão, prevenindo a entrada em área não infestada e, a erradicação eliminando o patógeno no seu estabelecimento. São apresentadas diferentes práti- cas relacionadas ao manejo de doenças de citros no Brasil: seleção de combinações varietais - escolha de copas e porta-enxer- tos envolvendo a viabilidade econômica e tolerância das combinações às doenças da cultura; material de propagação sadio - bor- bulhas e porta-enxertos sadios; utilização de mudas sadias- princípio da exclusão, não levando o patógeno para novos planti- os; seleção de áreas para plantio - princí- pio de evasão, reduzindo o inóculo inicial, evitando lugares com histórico de doenças; rotação de culturas - associada ao princí- pio da erradicação, reduzindo o inóculo de determinada área; práticas de conserva- ção do solo - fatores de regulação que atu- am no ambiente, tornando-o menos apto ao crescimento de população do patógeno ou desenvolvimento da doença; preparo do solo - aplicação de práticas conservacionistas objetivando contribuir para o controle das doenças; adubação or- gânica e mineral - prática essencial do prin- cípio da regulamentação, atuando na redu- ção da taxa de progresso das doenças man- tendo a planta nutricialmente equilibrada; quebra-vento - princípio da regulamenta- ção, funcionando mais para doenças da parte aérea; cuidados durante o plantio - princípios da exclusão, proteção e regulação, com mudas de alta qualidade, evitando o enterrio profundo das mudas, proteção dos cortes de raízes com

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PRINCIPAIS DOENÇAS DA CITRICULTURAEM SERGIPE E SEU CONTROLE

Capítulo 8

Marcelo Brito de Melo e Luzia Nilda Tabosa Andrade

A citricultura brasileira é afetada pordoenças importantes que reduzem signifi-cativamente a produção, a longevidade ea qualidade dos frutos como exemplo asbacterioses: o cancro cítrico(Xanthomonas axonopodis), a CloroseVariegada dos Citros (Xylella fastidiosaWells et al.) e o huanglongbing (HLB); asdoenças causadas por fungos como a man-cha preta (Guignardia citricarpa Kiely); averrugose (Elsinoe spp.), a melanose(Diaporthe citri Wolf), a rubelose (Erythricium salmonicolor Berk. & BR.), apodridão floral (Colletotrichum acutatumSimmons), a “Gomose de Phytophthora”;as viroses tristeza e leprose, o gêneroMarafivirus associado à Morte Súbita dosCitros e a doença de etiologia desconheci-da como o declínio dos citros.

No presente capítulo apresentare-mos informações sobre as principais do-enças que ocorrem nos citros em Sergipe,como a “Gomose de Phytophthora” que écausada por fungos de solo; a CloroseVariegada dos Citros (CVC) vulgarmentedenominada de “amarelinho” e o declíniodas plantas cítricas, que ainda permanecematando plantas em pomares da regiãoprodutora do Estado, cujo agente causalainda permanece desconhecido.

Em um pomar de citros, a manuten-ção e o estado fitossanitário requer vigi-lância sistemática e efetiva. Assim,amostragens ou inspeções semanais, ouquinzenais, devem ser efetuadas nas plan-tas relatando o problema logo no início doataque.

Os princípios gerais de controle en-volvem o ambiente: com a evasão, envol-vendo táticas de fugas à doença e aregulação que visa alterar o ambiente

desfavorecendo a doença; o hospedeiro:impedindo o contato direto da planta como patógeno, a imunização promovendo aresistência da planta e a terapia na recu-peração da planta doente; o patógeno: ex-clusão, prevenindo a entrada em área nãoinfestada e, a erradicação eliminando opatógeno no seu estabelecimento.

São apresentadas diferentes práti-cas relacionadas ao manejo de doenças decitros no Brasil: seleção de combinaçõesvarietais - escolha de copas e porta-enxer-tos envolvendo a viabilidade econômica etolerância das combinações às doenças dacultura; material de propagação sadio - bor-bulhas e porta-enxertos sadios; utilizaçãode mudas sadias- princípio da exclusão,não levando o patógeno para novos planti-os; seleção de áreas para plantio - princí-pio de evasão, reduzindo o inóculo inicial,evitando lugares com histórico de doenças;rotação de culturas - associada ao princí-pio da erradicação, reduzindo o inóculo dedeterminada área; práticas de conserva-ção do solo - fatores de regulação que atu-am no ambiente, tornando-o menos aptoao crescimento de população do patógenoou desenvolvimento da doença; preparo dosolo - aplicação de práticasconservacionistas objetivando contribuirpara o controle das doenças; adubação or-gânica e mineral - prática essencial do prin-cípio da regulamentação, atuando na redu-ção da taxa de progresso das doenças man-tendo a planta nutricialmente equilibrada;quebra-vento - princípio da regulamenta-ção, funcionando mais para doenças daparte aérea; cuidados durante o plantio -princípios da exclusão, proteção eregulação, com mudas de alta qualidade,evitando o enterrio profundo das mudas,proteção dos cortes de raízes com

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fungicidas; prevenção contra ferimentos -que favorecem a penetração de agentescausais de doenças com meios químicos,físicos e biológicos; manejo de plantas con-correntes - auxilia na regulação de aspec-tos físicos e químicos do ambiente; cuida-dos com a irrigação - influenciam direta-mente na regulação ambiental, ainda po-dendo ser agente de disseminação depropágulos dos patógenos, a qualidade daágua, o sistema de irrigação e a freqüên-cia da irrigação apresentam influência naincidência e severidade de várias doenças;inspeções, erradicações e replantios - vi-sando a detecção de plantas com CVC deaté três anos de idade fazendo aerradicação, a poda não soluciona o pro-blema, quando a planta foi infectada nafase de muda; controle químico - específi-co para cada doença, como medida com-plementar no manejo integrado de doen-ças, pois afeta os inimigos naturais de pra-gas, doenças, micorrizas, bactérias quefixam o nitrogênio e o meio ambiente. Ou-tras medidas fitossanitárias complemen-tares - fiscalizar a circulação de pessoas,veículos, máquinas, desinfestação de ma-terial de poda e de colheita(Feichtenberger, 2000; Laranjeira et al.,2005).

Gomose de fitóftora

O patógeno é um fungo de solo per-tencente a classe dos oomicetos, que ata-ca a planta quando encontra ferimentos econdições climáticas favoráveis ao seu de-senvolvimento.

O fungo também ocorre em mudasenxertadas em viveiro causando danos nasbrotações, nas hastes, nas raízes e poden-do penetrar no local da enxertia causandoa morte do enxerto.

Etiologia

Os principais agentes causais da do-ença são as espécies fungo Phytophthoracitrophthora e P. nicotianae var. parasitica.

Fig. 2. Desfolhamento da copa no lado daslesões, no tronco ou raízes.

Fig. 1. Sintoma de exudação de goma na basedo tronco da planta.

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Epidemiologia

O fungo sobrevive no solo na formade clamidósporos, oósporos, hifas eesporângios. Os zoosporos que são nada-dores penetram por ferimentos e pela zonade crescimento das raízes onde se encistame germinam. Penetram, também, pelas fo-lhas novas e talos verdes, enquanto que,nos ramos e troncos precisam de ferimentosou rachaduras naturais. O fungo é trans-portado por implementos agrícolas, duran-te os tratos culturais, substrato de mudas,água de irrigação e chuva. O patógeno étransmitido por sementes e pode ficar la-tente nas mudas.

Sintomatologia

A doença geralmente ocorre no tron-co das árvores ao nível do solo e nas raízes.As plantas apresentam a casca rachada,escorrimento de goma e cor pardacentana parte interna da casca e no xilema.Quando o fungo ataca as raízes, os sinto-mas são a podridão de raízes e radicelas.Na copa, a parte correspondente ao ladoda lesão, as folhas ficam de coloraçãoamarela, mais espessa e caem.

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Controle

O controle curativo da doença con-siste em raspar a área afetada até o lenhoe pincelar com pasta bordalesa a 1% oucom produto à base de cobre. Porém, esseprocedimento não se justifica quando aárea afetada não for superior a 1/5 do diâ-metro do caule. Quando o ataque for aonível das raízes o melhor é arrancar as plan-tas e fazer o replantio.

O controle preventivo baseia-se emrealizar o plantio das mudas em área nãosujeita ao encharcamento, enxertia alta 15ou mais centímetros do solo; fazer o plan-tio alto ao colo da planta 5 cm mais alto;evitar o acúmulo de água na base da plan-ta; evitar ferimento no caule e nas raízesdurante o coroamento; realizar adubaçãoorgânica afastada da região do caule; nãorealizar adubações fortes com nitrogênioe fazer poda durante a formação da plan-ta para melhor arejamento do caule.

Podridão floral

Conhecida como “queda dos frutosjovens dos citros”, é causada por um fungoque ataca as flores durante o período daschuvas. Ocorre na citricultura sergipana,chegando a causar prejuízos na produção,principalmente nos anos em que há coinci-dência de chuvas intensas no período defloração.

Etiologia

A doença é causada pelo fungoColletotrichum acutatum Simmons.

Sintomatologia

O fungo causa lesões necróticas nosbotões florais e nas flores de corpardacenta. As pétalas ficam aderidas porvários dias, os frutinhos ficam de cor ama-rela e soltam-se facilmente deixando osdiscos basais, cálices e pedúnculos pre-sos nos ramos, daí o nome “estrelinha”.

Fig. 3- Botões com podridão floral de corpardacenta.

Fig. 5. Lesões em pétalas.

Fig. 4. Discos basais, cálices e pedúnculos presosnos ramos, daí o nome “estrelinha”.

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Epidemiologia

O agente causal da doença consegue so-breviver por longo tempo na parte aérea da plan-ta. A disseminação dos conídios do fungo ocorreprincipalmente pelo vento e respingos das chu-vas.

Controle

Deve ser realizado preventivamente,antes da abertura dos botões florais, pois,no estágio de flor, o fungo já teria se insta-lado.

São recomendadas duas pulveriza-ções direcionadas às inflorescências, com

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produto sistêmico . Sendo a primeira, nosbotões florais ainda pequenos e verdes,Deve-se acompanhar a florada até realizara segunda pulverização (7 a 10 dias), quan-do os botões florais estiverem maiores decoloração branca (Melo & Morais, 1999).

É importante saber a intensidade daflorada, se o número de flores é suficientepara justificar o custo da aplicação defungicida; o estágio da florada, indicandoo início da florada, com poucas flores, comou sem a presença de sintomas de podri-dão floral (PFD-FAD System, 2006).

Fig. 6. Aplicação (1a): botões florais pequenose verdes.

Fig. 7. Aplicação (2a): botões florais brancos efechados.

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Melanose

A melanose causa danos nos órgãosverdes no início de desenvolvimento e afe-ta os frutos em vias de maturação ou apósa colheita causando a podridão peduncular(Kimati & Galli, 1980).

Sob condições favoráveis e poma-res mal cuidados, a melanose pode acar-retar prejuízos, principalmente devido aoaspecto dos frutos que são destinados aomercado de fruta fresca. A doença podeser confundida com a mancha na cascados frutos causada pelo ácaro da ferru-gem, porém no caso da melanose as le-sões são ásperas.

Etiologia

Doença causada pelo fungoDiaporthe medusaea Nitschke (teleomorfo)(D. citri Faw., A. Wolf.). Os peritécios fi-cam imersos em um estroma, osascosporos são hialinos e bicelulares.

Sintomatologia

A Melanose ocorre nas partes ver-des da planta, em forma de manchas cir-culares escuras e pequenas, em pequenascrostas levantadas superficialmente queaparecem dispersas na superfície do frutoou em estrias. Quando numerosas, as man-chas formam uma única mancha, todafendilhada, e se desenvolvem à medida queos frutos crescem, acarretando prejuízos,principalmente devido ao seu mau aspec-to. São secreções gomosas da planta co-nhecida como óleos essenciais, em reaçãoà ação do patógeno que não penetra nofruto. Frutos severamente infectados,quando muito jovens, podem ter seu de-senvolvimento interrompido e caírem pre-maturamente.

O fungo se desenvolve em tecidosnovos causando a morte descendente dosraminhos e manchas corticentas nas fo-lhas. No início, manifesta-se na forma delesões pequenas, resultante de inoculaçãode poucos conídios, menores que 1mm dediâmetro, salientes, de coloração marrom-chocolate. Folhas com muitas pústulas per-dem a cor e caem prematuramente.

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Fig. 8. Melanose no fruto.

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Epidemiologia

O fungo sobrevive como saprófitade um ano para outro nos ramos cortadosdurante a poda e deixados no campo e tam-bém nas pústulas das folhas caídas, ondeforma grande número de picnídios.

Seu ataque é mais freqüente quan-do há altos níveis de umidade nos primei-ros meses após a frutificação, quando osconídios produzidos dentro dos picnídios seentumecem e saem através dos ostíolosformando massas filamentosas.

Temperatura entre 25-30 °C, ramosinfectados nas árvores ou no solo aumenta a con-centração de esporos no ar, água livre na super-fície das folhas ou frutos durante 8-10 horas,favorecem o desenvolvimento da doença.

Controle

A poda dos ramos secos das plan-tas é um controle bastante eficiente, poisdiminui os focos de infeção da doença.Quando necessário, deve-se pulverizar asplantas atacadas com calda bordalesa oucalda cúprica, após a poda para reduzir aquantidade do inóculo. O controle deve serfeito em conjunto com o de outras doen-ças que afetam o florescimento e afrutificação.

Rubelose

Doença causada por fungo conheci-da como rubelose ou doença rosada doscitros. Se não for controlada os galhos prin-cipais e o tronco ficam circundados pelomicélio do fungo chegando a matar a plan-ta.

Etiologia

O agente causal da doença é o fun-go Erythricium salmonicolor Berk. & Br.(sin: Necator decretus Massee.).

Sintomatologia

O fungo ataca os galhos produzin-do a morte descendente, formando umacamada de coloração rosada sobre a cas-ca e a presença de filamentos

Fig. 9. Sintomas de Rubelose nos ramos formadopela camada rosada do fungo.

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Epidemiologia

Em condições de alta umidade, o fungose espalha rapidamente nas ramificações, poden-do o patógeno penetrar e destruir a casca, fican-do de cor cinza. O patógeno sobrevive em cimaou debaixo da casca dos galhos mortos.

Não está bem claro o método de dissemi-nação do fungo, desconhecendo a presença debasidiósporos no hospedeiro; acredita-se que osfragmentos de micélio possam ser levados porinsetos ou pelo vento para os tecidos suscetíveissadios na própria planta ou em plantas vizinhas.Temperaturas e umidade relativa altas, prolonga-do período de chuva e tecidos suscetíveis sãocondições que favorecem o desenvolvimento dadoença.

Controle

Não existem variedades, cultivares tole-rantes ou resistentes ao patógeno. Quando o ata-que do fungo é generalizado o tratamento deveser realizado em todo o pomar através da podados galhos secos (30 a 40 cm) abaixo da mar-gem inferior da lesão e queimá-los; pulverizar comum fungicida cúprico ou com uma pasta sulfurosa,fazendo um pincelamento no local onde foi reali-zada a poda; eliminar as ervas daninhas reduz aincidência da doença.

esbranquiçados, causados pelo micélio dofungo, que se tornam brancos com o pas-sar do tempo; ocasiona o rompimento comescamação na casca dos ramos. Os ga-lhos ficam com as folhas secas e quandoatinge grandes proporções causa a morteda planta.

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Mancha aureolada

Ocorre na citricultura sergipana ge-ralmente no período das chuvas, causan-do o desfolhamento das plantas e, tendoimportância quando o seu ataque se dáem viveiros descobertos. O patógeno foiapenas relatado em pomares de citros naAmérica do Sul.

Etiologia

É uma doença foliar causada pelofungo Thanatephorus cucumeris (Frank.)Donk. (Pellicularia filamentosa Pat.) D.P.Rogers, é habitante do solo, ocorrendo emdiversas espécies agrícolas e silvestres.

Sintomatologia

Nas folhas ocorrem lesõesnecróticas em anéis concêntricos e forma-ção de um halo clorótico ao redor das le-sões. Verificam-se pontuações escurassobre as lesões que são as estruturas desobrevivência do fungo (escleródios).

Fig. 11. Lesões necróticas nas folhas.

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Fig. 12. Anéis concêntricos daslesões necróticas e formaçãode halos cloróticos.

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Epidemiologia

Os basidiósporos são transporta-dos pelo vento e insetos. Alta umidade etemperaturas de 20 a 25 °C favorecem aocorrência da doença. No período de me-nor pluviosidade a doença tende desapa-rece entretanto, no período chuvoso, ocor-re uma alta incidência, onde as lesões nasfolhas crescem e coalescem rapidamen-te.

Controle

Fazer a poda dos ramos mais ata-cados efetuando a queima das folhas e re-alizar semanalmente aplicações preventi-vas de fungicidas à base de cobre.

Mancha de graxa / falsamelanose

È uma doença foliar que ocorre tan-to em Sergipe como na Flórida e no Japão,com incidência elevada, podendo ocorrera desfolha nas plantas. As manchas degraxa são muito comuns nas folhas e nosfrutos.

O fungo causa danos nas folhas dequase todas as cultivares de citros, prin-cipalmente os pomelos, limões verdadei-ros, tangerinas e laranjas doces dematuração precoce.

Etiologia

Causada pelo fungo Mycosphaerellacitri Whiteside (teleomórfo); Stenella citri-

Fig. 10. Proteção da região onde foi feita a podacom pasta cúprica.

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Fig. 13. Lesões de manchas cloróticas no limbofoliar.

Epidemiologia

Os ascocarpos do fungo são produ-zidos sobre as folhas caídas no solo; altaumidade relativa e temperatura elevada fa-vorecem a germinação e penetração dofungo. Os ascósporos são disseminadospelo vento ou respingos de água, quandodepositados nas folhas são necessárias.

Controle

O controle somente é recomendadoquando o desfolhamento começar a cau-sar danos econômicos de produção. Deve-se adotar o uso de práticas culturais atra-vés da eliminação ou a utilização de medi-das que proporcionem rápida decomposi-ção das folhas infectadas no solo.

A aplicação de fungicida à base decobre após a florada e antes do períodochuvoso, diminui a intensidade dos sinto-mas.

Clorose variegada doscitros-CVC

A clorose variegada dos citros, co-nhecida por “Amarelinho” é atualmenteconsiderada o mais sério problema da

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grisea (F. E. Fisher) Sivan (anamórfo) (sin:Cercospora citri-grisea F. E. Fisher) (Anam.)(Kimati et al., 1997).

Sintomatologia

As lesões ocorrem na face adaxialda folha e o fungo causa a formação man-chas cloróticas. Na face adaxial da folha,área correspondente às cloroses, apresen-ta com saliências que adquirem coloraçãomarrom-escura ou preta, tornando-se lisas,brilhantes e com aspecto graxo.

citricultura nacional. Em Sergipe a doençajá foi detectada em toda a região citrícolado Estado, causando prejuízos a quem de-pende direta e indiretamente dessa cultu-ra. Sua importância decorre do fato de afe-tar a maioria das variedades comerciaisde laranja doce, além de causar sérios da-nos econômicos devido à redução na pro-dução e qualidades dos frutos (Laranjeira& Palazzo, 1999) e diminuir a vida útil dospomares (Neto & Lopes, 2003).

Etiologia

A doença Clorose Variegada dosCitros é causada pela bactéria Xylella fas-tidiosa WELLS et al. (1987-1990), confir-mada por Leite JR. & Leite (1991).

Sintomatologia

A manifestação da CVC ocorre nosramos, folhas e frutos. É formada de pe-quenas manchas intervenais amarelas naface superior das folhas. A essas clorosescorrespondem, na face inferior, a manchasde coloração púrpura a marrom. Em plan-tas muito atacadas pela bactéria é comumà presença de desequilíbrio nutricional dezinco, magnésio e potássio.

Nos frutos, os sintomas ocorremapós o aparecimento dos sintomas foliarese, isto é observada nos ramos com umatendência a frutificação em pencas(Rossetti & De Negri, 1990; Laranjeira,1997). Os frutos sintomáticos tornam-sepequenos, duros e imprestáveis ao consu-mo in natura e para a indústria e, possuemuma coloração típica de fruto maduro. Aprodução de uma planta sintomática é di-minuída em termos de peso de frutos enúmero de frutos. Palazzo e Carvalho(1993), afirmam que plantas aparentemen-te sadia produziram entre 30 e 35% a maisque plantas doentes. Em Sergipe (Silva etal., 2004; Andrade et al, 2006) obtiveramresultados semelhantes aos encontrados,onde as planta sintomáticas tiveram umaredução de aproximadamente 15% e 14%,respectivamente, na produção em relaçãoàs plantas sintomáticas, em termos depeso e números de frutos doentes.

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Fig. 15. Sintomas de CVC, lesões de corpardacentas na face abaxial da folha.

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Fig. 16. Fruto aparentemente sadio e sintomático.

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Epidemiologia

A CVC ataca, sobretudo plantas jo-vens, a partir da saída do viveiro até apro-ximadamente 6 a 7 anos de idade, e vaidecrescendo quando as plantas atingem 8a 10 anos (Rossetti, 2001). X. fastidiosaé disseminada a curtas distâncias atravésdo vento e água da chuva. A longa distân-cia por meio de plantas doentes e materi-ais propagativo infectado. A bactéria so-brevive a temperaturas entre 20 a 39ºC,e umidade relativa alta; em folhas caídas,

ervas daninhas e restos de culturais. Temcomo vetores cigarrinhas da famíliaCicadellidae, com destaque os represen-tantes potencialmente transmissores dabactéria em citros: Dilobopterus costalimai,Acrogonia, sp e Oncometopia facialis, quetransmitem a bactéria para plantas sadiasapós sua aquisição, que ocorre durante aalimentação em plantas doentes (Robertoet al., 1996, apud Donadio et al., 1997).Também é muito comum a presença deAcrogonia sp e Homalodisca ignorata nospomares da região citricola de Sergipe.

Com relação ao progresso da CVCem Sergipe, Andrade et al. (2006b) obser-varam que a doença aumentou de intensi-dade nos focos pré-existentes e houvepouca formação de novos focos. Aparen-temente a epidemia analisada neste estu-do é similar àquelas estudadas em SãoPaulo, chamando atenção a aparente len-tidão com que a doença vem se desenvol-vendo em Sergipe.

Controle

Não existe uma forma efetiva parao controle da X. fastidiosa, mas existemformas de convivência com essa bactéria.Assim a CVC foi responsável pela mudan-ça na legislação estadual de produção demuda cítrica que teve início em São Paulo,a partir de 2003, e em Sergipe, a partir de2004, onde ficou estabelecido que todaprodução de muda cítrica só pudesse serrealizada em ambiente protegido.

A convivência com a doença é feitaatravés de inspeção realizada nos poma-res novos para identificar ramos doentes,assim, quanto mais cedo forem identifica-dos os sintomas, mais eficientes serão osresultados da poda. E, o controle do insetovetor através do monitoramento com ar-madilhas adesivas de cor amarela e apli-cação de produtos recomendados (Souzaet al., 2004).

Feltro ou camurça

É provável que tenha sido introduzi-do em nosso país em mudas de citros im-portadas dos Estados Unidos, e já foi assi-

Fig. 14. Sintoma inicial da CVC com manchasamareladas na face adaxial da folha.

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nalado em diversos Estados produtores. Osvários autores que se têm preocupado como estudo do feltro dos citros dão-lhe, àsvezes, importância de ordem secundária.A associação do fungo com coccídeos éprejudicial aos citros (Viégas, 1940).

Etiologia

Causado por Septobasidiumpseudopedicellatum Burt e S. saccardinum.

Sintomatologia

O fungo consta de uma camada so-bre o córtex dos ramos formado de hifasseptadas, de cor parda, que se ergue comose fossem colunas. À germinação, tornam-se multiseptadas e brotam, originandoesporídias secundárias diminutas, mais oumenos elípticas, hialinas. São estasesporídias que vão ocasionar a infecção daslarvas dos coccídeos, quando passeiam pelohimênio. As esporídias primárias ao se des-tacar dos esterigmas são uninucleadas. Sea eclosão dos ovos do coccídeo coincidecom a germinação das probasídias, é pro-vável que essa população venha ser inocu-lada pelas esporídias secundárias doSeptobasidium (Viégas, 1940).

Fumagina

Causa prejuízos à produção de citrosprejudicando a realização da fotossíntesepelas folhas atacadas. É um patógeno se-cundário que depende da seiva elaborada,expelida por sugadores. O fungo não ata-ca os tecidos da planta forma uma cober-tura preta constituída pelo micélio.

A presença desse fungo preto naplanta tem um papel importante como in-dicador da presença de homópteros, comoa ortézia dos citros, escama verde, mos-cas brancas e pulgões.

Etiologia

Doença causada pelo fungoCapnodium citri Berk & Desm.

Sintomatologia

As folhas, os ramos e os frutos fi-

cam recobertos pelo micélio do fungo. Apresença do fungo de coloração escuraestá associada a praga dos citroscochonilha ortézia, a escama verde, a mos-ca branca e o pulgão.

Fig. 17. Camada de fungo preto na superfície dafolha.

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Epidemiologia

Os ascocarpos do fungo são produ-zidos sobre as folhas caídas no solo, dis-seminados pelo vento ou respingos de água;alta umidade relativa e temperatura eleva-da favorecem a germinação e penetraçãodo fungo.

Controle

Através do monitoramento das plan-tas com sintomas e realizar práticas cul-turais através da eliminação ou a utiliza-ção de medidas que proporcionem rápidadecomposição das folhas infectadas nosolo. Pulverizações com fungicidas à basede cobre controlam a doença.

Verrugose do limão e dalaranja azeda

É uma doença que ocorre com maisfreqüência tanto em sementeiras e vivei-ros como em pomares. Nos viveiros, averrugose ataca espécies de porta-enxertocomo o limão ‘Cravo’ o ‘Volcameriano’ de-formando as folhas.

Etiologia

É causada pelo fungo Elsinoefawcetti Bit. & Jenkins (Sphacelomafawcetti Jenkins).

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Sintomatologia

Causa lesões corticosas nas folhas,cor de palha, mais ou menos salientes. Ata-ca frutos, folhas e raminhos do limão ‘ Cra-vo’ e laranja azeda quando ainda são mui-tos jovens, causando deformações salien-tes, que vão crescendo à medida que aplanta se desenvolve. Sobre essasprotuberâncias aparecem as lesões primá-rias de onde o fungo.

Características para diagnose emfolhas novas é que estas formaçõescorticosas aparecem somente de um lado,correspondendo a uma depressão do ladooposto. Nessas lesões se formam asfrutificações do fungo que se propaga paraas outras partes do fruto.

Fig. 18. Folhas jovens com deformações corticosas.

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Epidemiologia

A doença ocorre em períodos úmi-dos, cuja disseminação principal é por res-pingos de chuva a curta distância e atra-vés do vento, a longa distância.

Controle

Controlar a doença nos viveiros demudas. Evitar a irrigação por aspersão noperíodo de floração e de maior brotaçãode folhas novas; realizar podas de manu-tenção promovendo a circulação de ar.

A verrugose da laranja doce causa-da pela espécie Elsinoe australis(Sphaceloma australis) não ataca os fru-tos nas condições de Sergipe.

Leprose dos citros

A presença da doença já foi regis-trada na América do Sul, e focos foramidentificados também na América Central.No Brasil são gastos anualmente cerca deUS$ 80 milhões para controle doBrevipalpus phoenicis (Geijskes) vetor dovírus leprose dos citros. Este ácaro pos-sui comportamento polífago, cosmopolitae está em diferentes espécies de plantasjunto aos pomares cítricos; possui facili-dade em adquirir resistência a acaricidas.

A Alellyx Applied Genomics, con-cluiu a identificação e o mapeamento dogenoma do vírus da leprose dos citros. Opróximo passo é a produção de varieda-des cítricas resistentes à doença. Com aseqüência genética do vírus, as plantastransgênicas resistentes à leprose já es-tão em desenvolvimento.

Etiologia

Doença causada pelo vírus leprosedos citros (CiLV).

Sintomatologia

Os sintomas podem ser evidencia-dos em ramos, folhas e frutos. Nas folhassurgem manchas claras com halo claro eo centro necrosado. Nos frutos verdesaparecem manchas verde-claras, rodeadaspor um anel de coloração amarela que so-bressai da cor verde do fruto; com o ama-durecimento as manchas tornam-se par-das ou escurecidas, ligeiramente deprimi-das, de tamanho variável, podendo apre-sentar pequenas rachaduras. Os frutos,pela sua aparência, ficam imprestáveis parao consumo “in natura”. Nos ramos provo-ca manchas de cor marrom clara que setransformam em pústulas salientes cau-sando a soltura da casca. Quando o ata-que é intenso ocorre a queda de frutos efolhas.

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Fig. 19. Lesões rasas em ambas as faces dafolha.

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Fig. 20. Sintomas em frutos verdes.

Fig. 21. Sintomas em frutos maduros.

Fig. 22. Sintomas em ramos.

Fig. 23. Sintomas na casca dos ramos.

Epidemiologia

O ácaro do vírus da leprose pode serdisseminado entre as plantas dentro do po-mar ou para outros pomares pelos ventos,mudas e borbulhas infectadas. Também,pode ser transportado em caixas de cole-ta de frutos.

O ácaro (B. phoenicis) transmite ovírus em todas as suas fases ativas dedesenvolvimento (larva, ninfa e adulto) coma mesma potencialidade; ocorre somentena presença de plantas afetadas e,consequentemente, através de ácaros tam-bém afetados. O vírus é do tipo circulativo,ou seja, ele não somente se acumula nocorpo do vetor, mas também se multiplicano mesmo. Dessa forma, uma vez adquiri-do, permanecerá no interior ácaro(Fundecitrus, 2006).

Controle

Fazer o plantio de mudas produzidasem condições de telado. Evita-se a disse-minação da doença através do controle do“ácaro da leprose”, após inspeções regu-

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lares, com pulverizações de enxofre e deacaricidas específicos cobrindo a parte in-terna da copa. Recomenda-se a limpeza dopomar de espécies hospedeiras do ácaroda leprose. Em pomares infestados devem-se remover os ramos mortos ou toda aplanta, quando estas não são mais produ-tivas, realizando a queima do material. Étambém importante o uso de desinfetan-tes na limpeza das caixas utilizadas para acolheita.

Tristeza

É a principal doença causada por ví-rus no Brasil. O vírus existe nas plantascítricas que são vacinadas com raças fra-cas do patógeno.

Afeta os pomares enxertados so-bre porta enxerto de laranja azeda. Emgeral, as tangerinas têm alta tolerância àtristeza. As laranjas doces e o limão ‘Cra-vo’, via de regra, não são afetados pelovírus, mas podem sofrer danos quandoinfectados por isolados fortes. O vírusafeta principalmente, as limas ácidas Tahitie Galego, pomelos e algumas laranjas-do-ces como a ‘Pêra’ (Gasparotto et al. 1998).

Etiologia

Citrus Tristeza Vírus (CTV), doençacausada pelo grupo dos Closterovírus, per-tencente ao grupo do “sugar beet yellowsvirus” (Müller & Costa, 1993).

Sintomas

Nas folhas causa a palidez nasnervuras e nos frutos o engrossamento domesocarpo. O ataque do vírus em plantasde laranja-pêra em qualquer de seus co-nes e independentemente do porta-enxer-to, seus ramos geralmente mostram sin-tomas de “caneluras” (“stem pitting”) as-sociadas com a presença de goma nos te-cidos. Paralisação no crescimento e pro-dução de frutos pequenos e descoloridossão sintomas adicionais nas plantas ata-cadas. Limoeiro galego e pomeleiros tam-bém são sujeitos aos mesmos sintomas,razão da pequena longevidade dessas es-pécies de plantas cítricas.

Fig. 24. Clareamento das nervuras foliares.

Fig. 25. Fruto com engrossamento nomesocarpo.

Epidemiologia

O vírus sobrevive principalmentenas espécies ou variedades tolerantes, por-tadoras da doença, que não se manifesta;disseminação por vetores: Aphis gossypii,A. spiraecola, A. craccivora, Dactynotusjaceae, Myzus persicae e Toxopteraaurantii (pulgão preto) sendo que o maiseficiente é pulgão marrom (T. citricida).

A disseminação a longa distância épor material de propagação; o vírus é efi-cientemente transmitido por enxertia. Plan-tas hiperparasitas, como a cuscuta, sãotambém vetores do vírus. Enxertos sobreporta-enxerto de laranja-azeda, espécies ouvariedades suscetíveis nas proximidadesdos pomares e presença de insetos vetoressão condições que favorecem o estabele-cimento e a disseminação da doença.

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Controle

Não há medidas de prevenção, emvirtude da presença do inseto vetor, quetransmite o vírus de árvore a árvore, comotambém pela borbulha, na ocasião da“enxertia”. O controle é feito através deresistência varietal; as mandarinas são to-leráveis; eliminação de insetos vetores;inoculação cruzada com um isolado fracodo vírus.

Os pomares estabelecidos sobreporta-enxerto de laranja-azeda devem sersubstituídos por plantas enxertadas sobreporta-enxertos tolerantes, como o limãorugoso, lima Rangpur, laranja trifoliada emandarina. As plantas que apresentamsintomas devem ser cortadas e retiradasdo pomar. Um programa de quarentena ecertificação de gemas livres do vírus deveser observado na hora do estabelecimen-to de novos pomares, onde teoricamentenão existe a doença.

Sorose

Trata-se de uma doença típica dosclones velhos de citros que apresenta am-pla distribuição entre variedades e espéci-es de citros.

Etiologia

Doenças do complexo sorose(sorose A, sorose B e mancha anelar doscitros, causada pelo Citrus ringspot virus(CtRSV).

Sintomas

De etiologia viral, a sorose apresen-ta um período de até doze anos de incuba-ção antes de expressar sintomas, que sãocaracterizados principalmente porfendilhamento e escamação de tronco egalhos de laranjeiras doce [Citrus sinensis(L.) Osbeck], tangerineiras (Citrusreticulata Blanco) e pomeleiros (Citrusparadisi Macf) (Müller & Costa, 1993).

Fig. 26. Sintomas na planta.

Fig. 27. Sorose em mudas.

Fig. 28. Sorose nas folhas.

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Epidemiologia

A partir do uso de clones nucelares,a sorose A, única forma descrita em nos-sas condições, deixou de ser problemáti-ca para a citricultura, embora surtos even-tuais possam ocorrer, principalmente as-sociados ao uso de borbulhas originadasde clones velhos.

Controle

O melhor método de controle docomplexo sorose é a prevenção, atravésdo emprego de borbulhas sadias na produ-ção de mudas. A eliminação de patógenossistêmicos pode ser realizada atualmenteatravés da microenxertia de ápicescaulinares, sem os inconvenientes dajuvenilidade associada ao uso de clonesnucelares.

A termoterapia é uma maneira efe-tiva e ecológica de erradicar patógenos dematerial propagativo. Esta técnica apresen-ta importante uso na eliminação de soroseA, sorose B.

Declínio das plantas cítri-cas

É um dos mais sérios problemas dacitricultura, ocorre em plantas com dife-rentes variedades de copa e porta-enxer-to.

Etiologia

Até o momento, não se sabe a suacausa e geralmente aparece nas plantas apartir de quatro anos de idade.

É semelhante ao “citrus blight”,“young tree decline” e “sand hill decline”descritos nos Estados Unidos desde de1891 (Flórida, Texas, Louisiana e Havaí),ao “declinamiento” na Argentina, ao“marchitamiento repentino” no Uruguai eao “sudden decline” na Venezuela(Fundecitrus, 2006).

Sintomatologia

Os sintomas chegam a ser confun-didos com o da “gomose dos citros”; são

a falta de brotação nova, brotação na basedos ramos da parte interna da planta,clorose e queda das folhas. Internamentena planta, ocorrem obstruções amorfasnos vasos do xilema e redução do fluxo deágua.

Em plantas com declínio, se verificaainda: aparecimento de deficiência de zin-co nas folhas e excesso nos vasoslenhosos; florada atrasada com produçãoreduzida; Frutos miúdos e sem brilho, im-próprios para o comércio; A evolução dadoença provoca a morte de radicelas(Fundecitrus, 2006).

Fig. 29. Brotações internas.

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Fig. 30. Desfolha da planta.

Controle

A diversificação de porta-enxerto ea eliminação das plantas atacadas são me-didas recomendadas atualmente.

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