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1 II Simpósio de Citricultura Irrigada Resultados dos Pomares de Citros Irrigados 1. Valério Tadeu Laurindo 1 Introdução A citricultura no Estado de São Paulo e Triangulo Mineiro está passando por um momento de adaptação a uma nova realidade, após a chegada da Morte Súbita dos Citros. O porta enxerto de “Limão Cravo”, suscetível a MSC, que até o momento do surgimento da nova doença representava algo em torno de 85% do total plantado, deve ser substituído por outros porta enxertos, mas de diferentes respostas aos déficits hídricos característicos à nossa região citrícola. Mesmo antes das primeiras referências ao potencial devastador que a MSC pode trazer ao nosso parque citrícola, a citricultura já vinha experimentando grande crescimento de sua área irrigada, com a implantação de projetos, sempre de iniciativa privada. Inicialmente as áreas foram prioritariamente irrigadas por aspersão, fruto até da referência oferecida por pioneiros como A Faz. Sete Lagoas e a Faz. Granada, com áreas irrigadas a mais de 30 anos. Mais recentemente, nos últimos cinco anos, houve grande penetração e expansão da irrigação localizada, impulsionada pela instalação de fábricas dentro da região citrícola, e grande apelo de marketing promovido por estes fabricantes. Aliado aos fatores já mencionados, e a necessidade de sistemas que possibilitem melhor controle da água aplicada, a escassez iminente do recurso hídrico e a evolução tecnológica experimentada pelo setor, tem feito com que os sistemas de irrigação localizada predominem no cenário atual da citricultura. Não existem estatísticas quantificando quanto do parque citrícola, estimado em 650 mil hectares, está irrigado, mas pela evolução observada nos últimos anos. Podemos estimar em torno de 70 a 80 mil hectares a área irrigada dentro da citricultura, o que representaria aproximadamente de 11 a 12% do total cultivado, fatia ainda pequena, frente à área total de citros. 2. Revisão A citricultura teve seu grande desenvolvimento no Estado de São Paulo pelas condições edafoclimáticas observadas nesta região e ao bom potencial produtivo experimentado pela cultura, sem a necessidade de irrigação, sendo que a irrigação de pomares cítricos no Estado de São Paulo não é uma técnica absolutamente necessária (Vieira, 1985). Esta visão da citricultura paulista pode hoje ser considerada uma meia verdade, pois nas regiões norte e noroeste do estado a irrigação tem se apresentado como técnica imprescindível à cultura, fato este que tem desestimulado a citricultura nestas regiões, com a migração para região sul do estado, com menores déficits hídricos. O Boletim Técnico nº 35, do IAC, de 1976 apresenta dados de produtividade média de 5 safras para a laranjeira ‘Natal’, cultivada em Latossolo Roxo, em Ribeirão Preto, com e sem irrigação, e os dados podem ser observados no Quadro 1. Os autores concluíram que de modo geral houve aumento da ordem de 56% no número de frutos e 70% em relação ao peso, o que indica que além do número de frutos existe um aumento no tamanho dos mesmos.

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II Simpósio de Citricultura Irrigada Resultados dos Pomares de Citros Irrigados

1. Valério Tadeu Laurindo1Introdução A citricultura no Estado de São Paulo e Triangulo Mineiro está passando por um

momento de adaptação a uma nova realidade, após a chegada da Morte Súbita dos Citros.

O porta enxerto de “Limão Cravo”, suscetível a MSC, que até o momento do surgimento da nova doença representava algo em torno de 85% do total plantado, deve ser substituído por outros porta enxertos, mas de diferentes respostas aos déficits hídricos característicos à nossa região citrícola.

Mesmo antes das primeiras referências ao potencial devastador que a MSC pode trazer ao nosso parque citrícola, a citricultura já vinha experimentando grande crescimento de sua área irrigada, com a implantação de projetos, sempre de iniciativa privada.

Inicialmente as áreas foram prioritariamente irrigadas por aspersão, fruto até da referência oferecida por pioneiros como A Faz. Sete Lagoas e a Faz. Granada, com áreas irrigadas a mais de 30 anos.

Mais recentemente, nos últimos cinco anos, houve grande penetração e expansão da irrigação localizada, impulsionada pela instalação de fábricas dentro da região citrícola, e grande apelo de marketing promovido por estes fabricantes.

Aliado aos fatores já mencionados, e a necessidade de sistemas que possibilitem melhor controle da água aplicada, a escassez iminente do recurso hídrico e a evolução tecnológica experimentada pelo setor, tem feito com que os sistemas de irrigação localizada predominem no cenário atual da citricultura.

Não existem estatísticas quantificando quanto do parque citrícola, estimado em 650 mil hectares, está irrigado, mas pela evolução observada nos últimos anos. Podemos estimar em torno de 70 a 80 mil hectares a área irrigada dentro da citricultura, o que representaria aproximadamente de 11 a 12% do total cultivado, fatia ainda pequena, frente à área total de citros.

2. Revisão A citricultura teve seu grande desenvolvimento no Estado de São Paulo pelas

condições edafoclimáticas observadas nesta região e ao bom potencial produtivo experimentado pela cultura, sem a necessidade de irrigação, sendo que a irrigação de pomares cítricos no Estado de São Paulo não é uma técnica absolutamente necessária (Vieira, 1985).

Esta visão da citricultura paulista pode hoje ser considerada uma meia verdade, pois nas regiões norte e noroeste do estado a irrigação tem se apresentado como técnica imprescindível à cultura, fato este que tem desestimulado a citricultura nestas regiões, com a migração para região sul do estado, com menores déficits hídricos.

O Boletim Técnico nº 35, do IAC, de 1976 apresenta dados de produtividade média de 5 safras para a laranjeira ‘Natal’, cultivada em Latossolo Roxo, em Ribeirão Preto, com e sem irrigação, e os dados podem ser observados no Quadro 1.

Os autores concluíram que de modo geral houve aumento da ordem de 56% no número de frutos e 70% em relação ao peso, o que indica que além do número de frutos existe um aumento no tamanho dos mesmos.

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Quadro 1.: Produção de laranjeira Natal, com e sem irrigação. Irrigada Não Irrigada Número de Frutos por planta 653 419 Peso de Frutos (kg) 86,7 51,1 Peso médio (g) 132 121 (Barreto et al., 1976)

Duenhas et al. (2002), em ensaio conduzido em pomar de laranja ‘Valência’ sobre porta enxerto de Tangerina Cleópatra, cultivada em solo arenoso, de 5 anos de idade não obteve diferenças significativas entre tratamentos para diferentes níveis de adubação em plantas irrigadas por microaspersão. Os dados obtidos podem ser observados nas Tabela 1. Tabela 1: Valores médios de peso unitário de frutos, número de frutos por planta e produtividade. Tratamentos Peso de frutos (g) Frutos por planta Produtividade (t.ha-1) Sem I + Ad conv 169,4 760 47,1 Com I + Ad conv 156,0 878 49,0 Fertirrigada dose 1 164,8 937 55,6 Fertirrigada dose 2 161,8 884 50,0 Fertirrigada dose 3 161,4 746 42,4 (Duenhas et al., 2002) Dose 1= 100 % do requerido Sem I + Ad conv = Sem irrigação + adubação convencional Dose 2= 50% do requerido Com I + Ad conv = Com irrigação + adubação convencional Dose 3= 1/3 do requerido

Silva et al., em ensaio conduzido na EECB, avaliando a produção obtida em sete safras de laranja ‘Pêra’, enxertada sobre tangerina Cleópatra, com idade no início do ensaio de dez anos (plantio 1985), avaliou o efeito de duas lâminas de irrigação, 50% da ETo, e 100% da ETo, comparadas à testemunha (sem irrigação), aa médias de produção para o ensaio estão apresentadas na Tabela 2. Observa-se ainda, que mesmo com irrigação existe oscilação da produção em alguns anos.

Tabela 2: Produção média de frutos de laranja ‘Pêra’ (kg/pl)

Níveis de Água Ano Agrícola 100 % 50 % 0 %

Médias do Ano

95/96 125,50 150,16 97,17 124,27 96/97 150,22 171,55 132,51 151,43 97/98 99,08 81,65 40,90 73,87 98/99 186,86 213,01 144,91 181,59 99/00 204,47 175,64 102,28 160,80 00/01 52,96 42,11 24,15 39,74 01/02 145,05 126,99 49,83 107,29 Média 137,74 137,30 84,54

(Silva, et al. 2002) ZANINI & PAVANI (1998), em experimento com três variedades de laranja,

dois porta enxertos, e dois sistemas de aplicação de água – gotejamento e microaspersão, em avaliação de três safras consecutiva (plantas de 4, 5 e 6 anos) obtiveram produtividades médias de 3,21 cx de 40,8 kg/planta para tratamentos com irrigação, contra 2,27 cx de 40,8 kg/planta para tratamentos sem irrigação.

A Tabela 3 apresenta os dados de produtividade para a variedade ‘Pêra’, sobre dois diferentes porta enxertos, em três safras consecutivas, assim como a Tabela 4 e

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Tabela 5 apresentam as mesmas avaliações para laranja ‘Valência’ e ‘Natal’, respectivamente.

Tabela 3: Produção de laranja ‘Pêra’ (cx 40,8 kg), sob diferentes porta enxertos, e lâminas de irrigação

PE L Cravo PE T Cleópatra 95 96 97 média 95 96 97 média Microasp. 100% 1,52 3,56 4,54 3,21 1,23 3,69 4,74 3,22 Microasp. 50% 1,16 3,81 4,56 3,18 0,84 4,04 3,88 2,92 Gotejam. 100% 0,78 4,14 4,78 3,23 0,65 3,61 3,47 2,58 Gotejam 50% 0,91 4,27 4,36 3,18 1,45 2,64 3,46 2,52 Sem Irrigação 0,09 1,78 3,31 1,73 0,09 0,66 3,19 1,31

(Zanini & Pavani, 1998) Tabela 4: Produção de laranja ‘Valência’ (cx 40,8 kg), sob diferentes porta enxertos, e lâminas de irrigação

PE L Cravo PE T Cleópatra 95 96 97 média 95 96 97 média Microasp. 100% 2,11 2,7 5,98 3,6 1,77 2,0 5,19 2,99 Microasp. 50% 0,94 4,42 9,92 3,76 0,14 2,81 4,89 2,61 Gotejam. 100% 2,22 3,47 5,68 3,79 1,48 3,91 5,47 3,62 Gotejam 50% 2,14 3,62 4,9 3,55 1,29 2,57 4,34 2,73 Sem Irrigação 1,02 3,41 4,08 2,84 0,25 2,18 4,14 2,19

(Zanini & Pavani, 1998)

Tabela 5: Produção de laranja ‘Natal’ (cx 40,8 kg), sob diferentes porta enxertos, e lâminas de irrigação

PE L Cravo PE T Cleópatra 95 96 97 média 95 96 97 média Microasp. 100% 2,23 2,7 4,33 3,09 1,99 3,14 5,17 3,43 Microasp. 50% 0,71 4,42 5,68 3,6 0,17 2,29 4,97 2,48 Gotejam. 100% 2,08 3,47 5,56 3,7 1,79 3,06 5,43 3,43 Gotejam 50% 1,95 3,62 5,32 3,63 1,97 2,23 4,15 2,78 Sem Irrigação 1,35 3,41 4,51 3,09 0,57 2,24 4,24 2,35

(Zanini & Pavani, 1998)

3. Fatores que interferem no florescimento, fixação de frutos e produção dos citros A produtividade na citricultura é determinada pelo tamanho e número de frutos

presentes na árvore no momento da colheita. A produção final será definida por três processos inter-relacionados que são floração, desenvolvimento e maturação.

Estes processos são determinados por fatores endógenos e exógenos à planta, tais como os fatores nutricionais, hormonais e climáticos.

A conjunção positiva destes fatores pode levar ao florescimento e conseqüentemente a boas produções.

A indução floral está particularmente relacionada a um período de estresse pelo qual a planta cítrica deve passar, estresse este que pode ser ocasionado por baixas temperaturas (10-15ºC) ou déficit hídrico. A intensidade e distribuição do florescimento estão relacionadas com a intensidade e duração do estresse, e um florescimento excessivo pode levar a um esgotamento de reservas da planta,

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ocasionando uma menor fixação de frutos, assim como um baixo florescimento leva a um pequeno número de flores, com pequeno número de frutos fixados.

Passado o momento do florescimento, inicia-se a fase de multiplicação de células no fruto recém formado, este período dura desde a antese até o final da queda fisiológica dos frutos.

Após o final da queda fisiológica inicia-se o período de crescimento linear, marcado por uma grande expansão nos tecidos do fruto, variando a duração desta fase, dependendo da variedade de citros, de 2 a 6 meses, para as precoces e tardias, respectivamente.

A fase final inicia-se com a mudança de coloração da casca da fruta, e a taxa de crescimento do fruto é muito reduzida, caracterizando-se principalmente pelas alterações bioquímicas no fruto com a degradação de clorofila da casca e produção de carotenóides.

Fatores ambientais e de cultivo, com grande importância para nutrição e disponibilidade hídrica incidem marcantemente no desenvolvimento e tamanho final do fruto, havendo estreita relação entre quantidade de frutos fixados e tamanho final dos frutos.

Dados obtidos sob condições experimentais, ainda não publicados, em avaliação de dois anos consecutivos, em pomar de laranja ‘Natal’, sobre ‘Limão Cravo’, plantio 1996, apresentaram média de 233,58 frutos por caixa de 40,8 kg para parcelas de sequeiro, enquanto as parcelas irrigadas apresentaram média de 177,59 frutos por caixa de 40,8 kg, apresentando um incremento médio de 31% no tamanho da fruta, para os dados obtidos nas safras 02/03 e 03/04.

A disponibilidade de nutrientes também é determinante na produtividade dos citros. A Figura 1 apresenta um gráfico esquemático de dados obtidos na Flórida correlacionando níveis de nitrogênio e irrigação com produtividade esperada para citros.

Figura 1: Produção de frutos conforme a quantidade de Nitrogênio aplicada, com e sem irrigação.

Bertonha (1997), trabalhou com sete níveis de irrigação e 6 níveis de nitrogênio

e observou que a produção de caixas de frutos por árvore apresentou relação quadrática com a aplicação de nitrogênio e água, atingindo a produção máxima de 3,2 cx/árvore

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quando aplicados 5095,6 l de água (53,8% da ETc) e 345,9 g de N por árvore (64,28% do nível máximo de nitrogênio aplicado) durante o ciclo de produção, como apresentado pela Figura 2.

Figura 2: Região de substituição racional de água e nitrogênio para a produção de laranja.(Bertonha, 1997).

Eventos climáticos que possam favorecer a ocorrência de doenças como queda

prematura provocada por Colletotrichum sp. podem limitar a produção, independente da otimização dos demais fatores produtivos.

Pragas como leprose, ortézia e doenças como a pinta preta, podem comprometer severamente a produção, independentemente de um excelente florescimento e fixação de frutos inicialmente.

Outros aspectos a serem observados e avaliados quanto a produção em áreas irrigadas referem-se a idade e sanidade geral da área irrigada. Pomares com idade avançada, com alto índice de falhas provocadas por declínio ou outros fatores, devem ser avaliados criteriosamente antes da decisão da implantação de sistemas de irrigação.

Fatores como espaçamento de plantio, porta enxerto, prática de replantio, poda, devem ser considerados, pois tem se constituído em fonte de frustração para alguns projetos, pois o máximo potencial produtivo é limitado, minimizando o retorno esperado do investimento.

4. Custos com Irrigação

A implantação de projetos de irrigação em citros tem se desenvolvido de

maneira bastante entrópica, principalmente para projetos menores, onde o citricultor toma a decisão de irrigar e “comprar” o sistema.

A avaliação econômica e financeira é relevada a um segundo plano, ou ignorada, objetivando-se exclusivamente o aumento de produção, que nem sempre será suficiente para cobrir o investimento realizado.

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Abaixo segue a avaliação de custos de implantação, manutenção e operação para sistemas de irrigação em citros, possibilitando uma avaliação mais criteriosa do retorno possível.

4.1 Custos de Implantação O custo de implantação de um projeto de irrigação em citros está diretamente

relacionado com alguns fatores como: declividade da área, distribuição de variedades e idades, sistema de irrigação adotado, qualidade da água, obras civis necessárias na captação, fonte de energia disponível. Assim cada projeto terá suas particularidades e custos específicos.

Na Tabela 6, apenas para efeito ilustrativo estão citados valores médios de US$ 1000/ha para irrigação por autopropelido e de US$ 1600/ha para irrigação localizada.

Para a simulação apresentada o investimento inicial foi amortizado em 10 anos, sem valor residual, e sem nenhuma correção do capital investido.

4.2 Custos Operacionais Dentro de custos operacionais estão englobados os custos com energia, mão de

obra, manutenção e mecanização, para operação dos sistemas de irrigação. Os dados apresentados na Tabela 6, para irrigação localizada, referem-se a média de 1200 ha de irrigação, distribuídos em sete diferentes projetos, todos de gotejamento linha dupla. Para os dados de aspersão foram utilizados dados de 11 autopropelidos, instalados em quatro diferentes projetos, irrigando uma área de 700 ha.

Tabela 6: Custos comparativos entre dois sistemas de irrigação – autopropelido e gotejamento – instalados em citros.

Os custos operacionais médios estão apresentados na Figura 3 e Figura 4, para

irrigação por autopropelido e gotejamento respectivamente. O valor de maior representatividade no custo anual é o despendido com energia

elétrica, seguido por custos com mão de obra, havendo diferença considerável entre ambos sistemas.

Figura 3: Custos operacionais – Canhão Autopropelido

Figura 4: Custo Operacional – Irrigação Localizada por gotejamento.

Custo Energia

(US$/ha)

Custo M.O.

(US$/ha)

Custo Mecanização

(US$/ha)

Custo Manutenção

(US$/ha)

Aspersão 2,70 90 20 $140,00 $59,26 $11,41 $29,21 $1.000,00 $339,88Localizada 2,00 90 45 $110,00 $26,34 $3,23 $6,10 $1.800,00 $325,67

Custo (US$/ha/ano)ha/homem

Dias irrigação

/ciclo

Potência Média (cv/ha)

Custo Operacional

Custo Implantação

(US$/ha)

Custo Operacioanal - Canhão Autopropelido (US$ 239,88/ha/safra)

58%

12%

5%

25%

Energia M.O Mecanização Manutenção

Custo Operacioanal - Gotejamento (US$ 145,67 /ha/safra)

18%

2%4%

76%

Energia M.O Mecanização Manutenção

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A Figura 5 apresenta os custos totais acumulados, somados os custos

operacionais mais amortização do investimento, informação que deve ser usada para determinar o rendimento mínimo necessário para justificar a implantação de um empreendimento.

Figura 5: Custo total acumulado em dez anos para sistemas de

aspersão e gotejamento 4.3 Ponto de Equilíbrio Considerando os dados apresentados, podemos simular, baseado no valor de

venda da laranja, admitindo-se uma receita líquida obtida por cx de 40,8 kg, e o custo total anual investido na irrigação.

Pelo apresentado na Tabela 6, temos o custo total anual de US$ 339,88 para sistema de autopropelido, e de US$ 325,67 para sistema de gotejamento. O incremento de produtividade necessário zerar o custo total com a irrigação pode ser representado por uma equação do tipo y= ax-1, onde y = incremento necessário em t/ha, x = receita líquida US$/cx de 40,8 kg, e a = coeficiente definido por b/24,5098, onde b = custo US$/ha/ano, investidos na irrigação.

A curva apresentada na Figura 6 representa o ponto de equilíbrio para a simulação de custo anual apresentado pela irrigação localizada, onde todo ponto abaixo da curva representa déficits, e pontos acima da curva representam resultados positivos.

Vale salientar que a receita líquida obtida está vinculada com o nível de produtividade e tecnologia de cada citricultor, e que a mesma deve subir com a irrigação, pois vários custos devem permanecer fixos, independentemente do nível de produtividade, assim com incremento em produtividade diminuímos o custo fixo por caixa, aumentando a receita líquida obtida.

Custo Operacional + Depreciação US$ Acumulados/ha

0500

1.0001.5002.0002.5003.0003.500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Anos

US

$

Localizada Aspersão

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Figura 6: Curva simulando o ponto de equilíbrio para irrigação localizada Incremento de produtividade x Receita líquida por caixa de 40,8 kg de laranja.

5. Resultados A irrigação geralmente aumenta o tamanho e quantidade de frutos por planta, e

sendo estes os dois fatores determinantes na produção. A apresentação abaixo visa trazer o estudo de casos de algumas áreas comerciais

irrigadas por diferentes métodos, em diferentes regiões e com pomares de diferentes estados de sanidade e idade no momento da implantação dos sistemas, e as respostas obtidas com a irrigação.

Caso 1. Irrigação por Aspersão Município de Barretos Área de 118,6 há Variedades e Densidade de Plantio Pêra: 194 plantas/ha Natal: 201 plantas/ha PE: L. Cravo e Cleópatra Plantio: de 1972 a 1988 No Quadro 2 podemos observar o comparativo de 9 safras para o caso avaliado,

considerando as safras até 01/02 como sequeiro e após esta data como irrigadas, salientando que a safra 04/05 é estimada.

A Figura 7 apresenta a evolução da produtividade observada na variedades ‘Pêra’ e ‘Natal’ ao longo do tempo, e vale salientar que após o início da irrigação a bianulidade de produção não deixou de existir, mas foi bastante minimizada.

Quadro 2: Caso 1 - comparativo de safras, variedades e

Incremento de Produtividade X Receita Líquida

0

10

20

30

40

50

60

0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50

Receita líquida (US$/cx 40,8 kg)

Incr

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porta enxertos, antes e após instalação da irrigação

Figura 7: Caso 1 - produtividade de ‘Pêra’ e ‘Natal’

Para o efeito da copa, independente do porta enxerto, os dados foram agrupados,

gerando a Figura 8, onde observamos os níveis médios de produtividade para as duas variedades, antes e depois da implantação da irrigação. Observamos que para esta situação a variedade Natal foi mais produtiva do que a Pêra, e que após o início da irrigação o nível médio de produtividade subiu para variedade Natal em média 6,67 t/ha, enquanto para variedade Pêra o incremento médio foi de 7,5 t/ha.

Figura 8: Caso 1 – produtividade média de ‘Pera Rio’ e ‘Natal’

Safra Natal Rio L Cravo Cleop Média96/97 16,55 9,46 16,17 7,75 12,5597/98 22,26 19,65 20,29 21,44 20,7898/99 13,77 9,65 13,61 8,56 11,4499/00 28,18 30,33 27,7 31,64 29,3900/01 6,55 2,85 5,21 3,46 4,4501/02 23,78 14,26 15,42 22,35 18,4002/03 20,89 17,54 17,48 21,02 19,0003/04 28,18 25,16 20,49 29,65 24,43

Est 04/05 23,33 22,96 21,47 25,3 23,12Média Seq 17,46 14,39 16,60 14,57 15,722Média Irr 24,13 21,89 19,813 25,32 22,18

Média Geral 20,39 16,87 17,54 19,02 18,17

t/ha

Caso 1 - Barretos

0

5

10

15

20

25

30

35

96/ 97 97/ 98 98/ 99 99/ 00 00/ 01 01/ 02 02/ 03 03/ 04 Est 04/ 05Safra

Natal Rio

Média de produtividade por Variedades Sequeiro X Irrigado

17,46

24,13

14,39

21,89

0

5

10

15

20

25

30

Média Seq Média Irr

t/h

a

Natal Rio

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A Figura 9 apresenta a evolução da produtividade observada por porta enxerto ‘L Cravo e ‘T Cleópatra’ ao longo do tempo, onde fica bastante nítido, para este caso, a boa resposta da T. Cleópatra à irrigação.

Figura 9: Caso 1 - produtividade de ‘L Cravo’ e ‘T Cleópatra’

Para o efeito do porta enxerto, independente da copa, os dados foram agrupados, gerando a Figura 10, onde observamos os níveis médios de produtividade para os dois PE, antes e depois da implantação da irrigação. Observamos que a para esta situação O Limão Cravo, em média, se mostrou superior à T. Cleópatra antes da implantação da irrigação, sendo, no entanto superado em produtividade média após a implantação do sistema de irrigação.

Figura 10: Caso 1 – Produtividade média de ‘L Cravo’ e ‘T Cleópatra’.

Caso 2. Irrigação por Gotejamento 2 linhas Município de Orindiúva Área de 53 ha Variedade e densidade Pera: 180 plantas/ha PE: L. Cravo Plantio: 1989

Média de Produtividade por Porta Enxertos Sequeiro X Irrigado

16,6019,81

25,32

14,57

05

1015202530

Média Seq Média Irr

t/ha

L Cravo Cleop

Caso 1 - Barretos

0

5

10

15

20

25

30

35

96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 Est04/05

Safra

t/h

aL Cravo Cleop

irrigado

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11

No Quadro 3 estão apresentados os dados de produtividade para 5 safras consecutivas, onde as três primeiras safras foram obtidas sob condições de sequeiro, e as duas últimas sob condições de irrigação complementar.

Quadro 3: Histórico de produção Caso 2.

A área avaliada tem apresentado intensa morte de plantas por declínio, passando

de 15140 plantas em 99/00, para 9562 plantas em 2004. Observa-se claramente que a diminuição no número de árvores tem sido

compensada pelo aumento de produtividade por árvore. A Figura 11 apresenta a produtividade em t/ha, onde percebemos uma

estabilidade na produtividade. A Figura 12 no entanto apresenta a produção por árvores, demonstrando claramente o incremento proporcionado pela irrigação na área.

Figura 11: Caso 2: Produtividade (t/ha). Comparativo entre período de sequeiro e irrigado.

Figura 12: Caso 2: Produção (cx 40,8 kg/planta). Comparativo entre período de sequeiro e irrigado.

Safra t/ha cx/planta99-00 26,94 2,3100-01 43,80 4,1001-02 24,03 2,45Média Seq 31,59 2,9502-03 31,50 3,8303-04 30,79 4,18Média Irr 31,15 4,01

Caso 2 - Produtividade Sequeiro X Irrigado

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

00-01 01-02 02-03 M édiaSeq

03-04 04-05 est M édia Irr

t/ha

Caso 2 - Produção Cx/planta Sequeiro X Irrigado

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

00-01 01-02 02-03 M édiaSeq

03-04 04-05 est M édia Irr

cx 4

0,8

kg/p

lant

a

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12

Caso 3. Irrigação por Microjet Município de Novo Horizonte Área de 31,2 ha Variedade e densidade de plantio Natal: 250 plantas/ha PE: T Cleópatra Plantio: 1989

Quadro 4: Histórico de produção Caso 3.

Os dados apresentados no Quadro 4, e Figura 13, referentes a análise do Caso 3

apresentam incrementos médios de 9 t/ha em duas safras. Por tratar-se de pomar irrigado já formado, espera-se que os resultados se

pronunciem ainda mais após a completa adaptação das plantas a irrigação. Figura 13: Caso 3: Comparativo entre duas safras com irrigação X

duas safras sem irrigação.

Caso 4. Irrigação por Aspersão Município de Palestina Área de 366,04 ha Variedades Valência: 308 plantas/ha Natal: 261 plantas/ha Hamlim: 204 plantas/ha PE: T Cleópatra Limão Cravo Plantio: 1989 a 1991

Safra t/ha cx/planta00/01 56,6 5,601/02 32,7 3,2Média Seq 44,7 4,402/03 64,9 6,403/04 42,5 4,204/05 58,8 5,8Média Irr 55,4 5,4

Caso 3 - Comparativo Safras Sequeiro X Irrigado

53,7

44,742,5

64,9

32,7

56,6

2025303540455055606570

00-01 01-02 02-03 03-04 Médiasequ

médiaIrrigado

t/ha

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13

O Quadro 5 resume as produtividades em t/ha das últimas seis safras para o estudo do Caso 4.

Nas três primeiras safras a fazenda estava sob condições de sequeiro, e nas três subseqüentes irrigada por canhão autopropelido, dimensionados para irrigação complementar de 100 mm mês.

No momento da última safra o stand de plantas apresentado era de 261 plantas por hectare para as variedades Natal, 204 plantas por hectare para Hamlim, e de para a variedade Valência 308 plantas por hectare. A área perdeu 17% de suas plantas durante os 15 anos de cultivo, e como toda a variedade Valência estava sobre porta enxerto de T. Cleópatra a redução foi proporcionalmente menor.

Quadro 5: Resumo de produtividade (t/ha), para seis safras consecutivas, com as três primeiras sob condições de sequeiro e as três últimas irrigadas.

No Quadro 6 estão apresentadas as produções por variedade e porta enxerto,

antes e após a implantação do sistema de irrigação, com as respectivas médias de produtividade em t/ha.Observamos que houve incremento nos níveis de produtividade para todas as combinações de copa/PE, após o início da irrigação na área. O aspecto acima mencionado pode ser mais bem visualizado através da Figura 14 e Figura 15, que apresentam a síntese das produções por porta enxerto, e Figura 16 e Figura 17 que apresentam as produções por variedade de copa, respectivamente.

Quadro 6: Caso 4 – Produções por variedades e PE

L Cravo Cleo Natal Val Hamlim98/99 10,71 7,48 7,03 8,91 13,3799/00 33,88 34,99 33,65 38,56 43,3700/01 17,38 13,90 13,41 12,16 26,46Média Seq 20,65 18,79 18,03 19,88 27,7301/02 21,65 18,25 17,07 21,00 33,1502/03 41,33 55,72 49,97 56,30 55,4503/04 21,08 23,85 20,51 26,82 35,65Média Irr 28,02 32,60 29,18 34,71 41,42

CopaPorta Enxerto

ValênciaCravo Cleo Cravo Cleo Cleo

98/99 14,47 12,88 7,82 6,45 9,1399/00 44,40 44,89 31,57 34,33 38,5900/01 26,26 29,15 16,51 11,78 12,47 Média Sequeiro 28,38 28,97 18,63 17,52 20,0601/02 30,99 36,24 19,90 15,44 20,8402/03 51,08 65,66 40,62 54,27 56,7803/04 33,66 36,28 19,52 21,18 27,00Média Irrigada 38,58 46,06 26,68 30,30 34,87

Hamlim Natal

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Figura 14:Caso 4 -Produção por variedade de porta enxerto antes e após a implantação do sistema de irrigação Figura 15:Caso 4 -Média de produção por variedade de porta enxerto antes e após a implantação do sistema de irrigação. Figura 16:Caso 4 - Produção por variedade de copa antes e após a implantação do sistema de irrigação.

Caso 4 - Média de Produção por Porta Enxerto

0

10

20

30

40

50

60

98/99 99/00 00/01 MédiaSeq

01/02 02/03 03/04 MédiaIrr

t/h

aL Cravo Cleo

Média de Produtividade por Porta Enxerto Sequeiro X Irrigado

28,02

20,65

32,60

18,79

05

101520253035

Média Seq Média Irr

t/h

a

L Cravo Cleo

Caso 4 - Média de Produção por Variedade

0

10

20

30

40

50

60

98/99 99/00 00/01 MédiaSeq

01/02 02/03 03/04 MédiaIrr

t/h

a

Natal Val Hamlim

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Figura 17:Caso 4 -Média de produção por variedade de copa antes e após a implantação do sistema de irrigação.

A avaliação individualizada das combinações de variedades e porta enxertos, obtidas para as variedades copa Natal e Hamlim estão representadas pela Figura 18A e Figura 18B, onde observamos comportamento similar para ambas as variedades, mas com diferenças nos níveis de produtividade inerentes à variedade.

Figura 18A:Caso 4 -Média de produção para variedade Hamlim antes e após a implantação do sistema de irrigação. Figura 18B:Caso 4 -Média de produção para variedade Natal antes e após a implantação do sistema de irrigação.

A distribuição média de chuvas na região pode ser avaliada através da Figura 19, onde estão resumidos dados médios de precipitação decendial entre os anos de 1995 e

Média de Produtividade por Variedade Sequeiro X Irrigado

27,7319,8818,03

41,4234,71

29,18

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Natal Valência Hamlim

t/h

a

Média Seq Média Irr

Produções Hamlim PE x Sequeiro x Irrigado

0

10

2030

40

50

6070

98/99 99/00 00/01 M édiaSequeiro

01/02 02/03 03/04 M édiaIrrigada

t/h

a

Cravo Cleo

Produções Natal PE x Sequeiro x Irrigado

0

10

20

30

40

50

60

98/99 99/00 00/01 M édiaSequeiro

01/02 02/03 03/04 M édiaIrrigada

t/h

a

Cravo Cleo

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2003. Fica bem caracterizado o período seco entre os meses de junho e setembro, necessário para o estresse e florescimento dos citros. Entretanto esta referência média pode ocultar anos de maior irregularidade, onde a ocorrência de períodos de baixa precipitação pós-florada pode acarretar baixas produtividades por baixa fixação de frutos.

A Figura 20 apresenta os dados de precipitação para Palestina ocorridos no ano de 1999, que foram determinantes para produtividade da safra 00/01, e neste caso observamos a grande irregularidade de precipitação, e conseqüente queda de safra.

Outro aspecto que devemos atentar é para o tamanho de frutos, que tem relação inversa com a quantidade de frutos fixados, isto é, quanto maior o número de frutos na árvore, menor será seu peso final. A Figura 21 apresenta a quantidade média de frutos por caixa de 40,8 kg por variedade, para as safras 01/02 e 02/03, que se comparados com a Figura 9, evidenciam o menor tamanho de frutos na safra 02/03, onde a produtividade foi bastante superior.

Figura 19: Média de precipitações decendiais para Palestina – SP, Período de 1995 a 2003.

Figura 20: Média de precipitações decendiais 1999. Palestina SP.

Média Pluviométrica Decendial 1999 - Palestina SP

0

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Decêndio

mm

Média Decendial Pluviométrica 1995 a 2003 - Palestina SP

0

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Decêndio

mm

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Figura 21: Quantidade média de frutos por caixa de 40,8 kg nas safras 01/02 e 02/03, irrigadas. Caso 5 Irrigação por Gotejamento Região de Lins Área de 333,81 ha, Variedades e Densidade de Plantio Valência : 241 plantas/ha Natal : 255 plantas/ha Pêra Rio: 238 plantas/ha Cavalo: Limão Cravo Plantio: 1990 O Quadro 6, apresenta resumidamente as produções (t/ha) obtidas para estudo do

caso 5, considerando-se as duas primeiras safras sem irrigação e as três últimas com a irrigação complementar. A Figura 22 representa os mesmo dados em forma de gráfico, onde fica evidente o ganho de produtividade obtido nas diferentes variedades.

A Figura 23 apresenta a média obtida por variedade, antes e após a implantação da irrigação.

Quadro 6: Caso 5 - Produções para diferentes variedades antes e após a implantação do sistema de irrigação.

Comparativo de Tamanho de Frutos Safra 01/02 X 02/03

249241303 283267

326

0

100

200

300

400

Hamlim Natal Valência

frut

os/c

x 40

,8 k

g

01/02 02/03

Natal Pera Rio Valência99/00 30,90 33,90 27,7000/01 22,00 23,00 26,10Média Sequeiro26,45 28,45 26,9001/02 27,40 28,90 40,1002/03 39,30 33,10 38,1003/04 38,70 42,10 37,70Média Irrigado35,13 34,70 38,63

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Figura 22: Caso 5 - Produções em diferentes variedades, durante 5 safras. Figura 23: Caso 5 - Produções em diferentes variedades, durante 5 safras. Caso 6 Irrigação por Gotejamento Região de Araraquara Área de 68,3 ha, Variedades e Densidade de Plantio Valência : 215 plantas/ha Natal : 250 plantas/ha Hamlim: 249 plantas/ha Pêra Rio: 322 plantas/ha Cavalo: Limão Cravo Plantio: 1991 No Quadro 7 estão apresentadas as produções das últimas quatro safras para

estudo do caso 6, sendo as duas primeiras sem irrigação e as duas subseqüentes irrigadas.

Para o caso abordado percebemos que a resposta no período avaliado não foi tão expressiva como em outros casos estudados, o que fica bastante perceptível avaliando-se a Figura 24, que apresenta as médias de produção antes e após a instalação do sistema de irrigação.

Caso 5 - Produtividade por Variedades

0

10

20

30

40

Natal Pera Rio Valência

t/h

a

99/00 00/01 01/02 02/03 03/04

Caso 5 - Média de Produtividade Irrigado X Sequeiro

0

10

20

30

40

Natal Pera Rio Valência

t/h

a

M édia Sequeiro M édia Irrigado

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Quadro 7: Caso 6 – Produções em duas safras, sem irrigação seguidas

de duas safras irrigadas.

Figura 24: Caso 6 - Médias de duas safras de sequeiro e duas safras irrigadas Caso 7 Irrigação por Gotejamento Região de Lins Área de 118,24 ha, Variedades e Densidade de Plantio Pêra Rio: 523 plantas/ha Plantio: 1995 e 1996 No Quadro 8 está apresentada a produtividade obtida em cinco safras, referentes

ao Caso 7. Trata-se de uma área de Pêra Rio, com plantio adensado, com a implantação do sistema de irrigação no 4º ano do pomar, onde as produções apresentadas são crescentes ao longo do tempo.

A Figura 25 representa a evolução das produtividades na área antes e após a implantação do sistema de irrigação.

Caso 6 -Média de Produtividade Sequeiro X Irrigada

0

10

20

30

40

50

60

Hamlim Valência Natal Pera Rio

t/h

a

Média Sequeiro 00/01 e01/02 Média Irrigado02/03 e 03/04

Hamlim Valência Natal Pera Rio00/01 46,0 35,2 23,5 16,101/02 43,2 22,4 18,5 12,1

Média Sequeiro 00/01 e01/0244,6 28,8 21,0 14,102/03 51,0 28,5 14,4 28,303/04 48,6 32,1 13,2 26,8

Média Irrigado02/03 e 03/0449,8 30,3 13,8 27,6

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Quadro 8: Produtividade (t/ha), Pêra Rio duas safras sem irrigação e três safras com irrigação

Figura 25: Caso 7 – Produção de Pêra Rio, plantio de 1996, com irrigação instalada a partir do 4º ano.

Caso 8 Irrigação por Gotejamento Região de Bauru Área de 138,87 ha, Variedades e Densidade de Plantio Hamlim: 402 plantas/ha Natal: 402 plantas/ha Pêra Rio: 466 plantas/ha Valência: 402 plantas/ha Plantio: 1995 e 1996 Caso 9 Irrigação por Gotejamento Região de Bauru Área de 100,2 ha, Variedades e Densidade de Plantio Hamlim: 439 plantas/ha Natal: 476 plantas/ha Pêra Rio: 591 plantas/ha Valência: 469 plantas/ha Westin: 328 plantas/ha Plantio: 1996

Pera Rio99/00 29,500/01 41,701/02 47,202/03 56,503/04 59,5

Sem Irr

Irrigado

Caso 7 - Produção Pera Rio

0

15

30

45

60

99/00 00/01 01/02 02/03 03/04

t/h

a

S

II

IS

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No estudo dos casos 8 e 9, temos uma área com a implantação da irrigação realizada no início da fase produtiva do pomar, conseguindo-se excelentes respostas em produtividade.

Outro ponto de deve ser ressaltado é a densidade de plantio, proporcionando grandes produtividades na área avaliada, indicando ser uma boa alternativa para amortização mais rápida do investimento, mas que também deve ser planejada, pois alguns tratos, como poda, deverão ser incorporados ao manejo da área. No Quadro 9 estão apresentadas as produções para estudo do Caso 8, e no Quadro 10 as produções para o Caso 9.

Quadro 9: Caso 8 – Dados de produtividade de cinco safras consecutivas (t/ha)

Quadro 10: Caso 8 – Dados de produtividade de cinco safras consecutivas (t/ha)

Figura 26: Produtividade por variedade em cinco safras –duas anteriores a irrigação e três posteriores

Hamlim Natal Pera Rio Valência99/00 1,1 1,6 1,600/01 33,4 34,6 31,3 28,701/02 36,3 29,4 37,8 34,302/03 66,8 52,4 48,9 44,203/04 55,6 35,7 44 38,3

Sem Irr

Irrigado

Caso 8 - Produtividade por Variedade

0

10

20

3040

50

60

70

Hamlim Natal Pera Rio Valência

t/ha

99/00 00/01 01/02 02/03 03/04

Hamlim Natal Pera Rio Valência Westin99/00 18,5 43,3 34,1 16,900/01 31,5 53 73,6 66,6 46,801/02 25,6 41 43 44 53,802/03 58,8 71,9 86,2 72,1 84,803/04 48,7 25,7 56,8 47,9 51,3

Sem Irr

Irrigado

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Figura 27: Produtividade por variedade em cinco safras –duas anteriores a irrigação e três posteriores

Nos dois caso podemos observar uma grande produtividade, para todas as variedades, e uma oscilação de produção entre as safras 02/03 e 03/04, com decréscimo na produtividade, o que pode ser considerado natural dentro das características da cultura, mas podemos perceber também que mesmo no ano de baixa produtividade estas se mantiveram em patamares superiores a 40 t/ha, em média.

6. Conclusões A irrigação em citros, é sem dúvida, um fator de aumento de produtividade,

podendo tanto ser indicada para pomares já instalados, quanto para projetos desenhados e dimensionados para a irrigação.

Os incrementos de produtividade obtidos variam entre 7 e 30 t/ha, estando diretamente relacionados com a densidade de plantas por hectare, assim como o estado de sanidade geral do pomar. Áreas com alto índice de falhas e replantas, com incidência de CVC e declínio em níveis comprometedores dificilmente respondem imediatamente à irrigação, devendo passar por um período de adequação e recuperação.

Tratos culturais e fitossanitários devem ser adequadamente conduzidos, pois o ataque de pragas e doenças pode comprometer os resultados esperados com a irrigação.

O incremento observado não deve ser avaliado isoladamente, mas sempre em conjunto com o custo de implantação e custo operacional dos sistemas, que podem atingir valores superiores a US$ 300/ha/ano.

O valor de venda da laranja é fator determinante no resultado final do empreendimento, e deve ser sempre considerado nas avaliações de projetos.

7. Bibliografia

BERTONHA, A. Função de produção de laranjeiras submetidas a irrigação e adubação e nitrogenada. Tese Doutorado, Esalq, 113 p., 1997. COELHO, E. F., CHAGAS OLIVEIRA, F., ARAÚJO, E. C.E., VASCONCELOS, L. F. L. Distribuição de raízes de laranja “Pêra” sob sequeiro e irrigação por microaspersão em solo arenoso. Pesq. Agropec. Brás., Brasília, v. 37, n.5, p.603-611, maio 2002. DUENHAS, L. H., VILLAS BOAS, R. L., PEREIRA DE SOUZA, C. M., RAGOZO, C. R, A., BULL, L. T. Fertirrigação com diferentes doses de NKK e seus efeitos sobre a produção e qualidade de frutos de laranja (Citrus sinensis O.) ‘Valência’. Ver. bras. frutic. vol 24. n. 1. Jaboticabal, abr. 2002.

Caso 9 - Produtividade por Variedade

0

20

40

60

80

Hamlim Natal Pera Rio Valência Westin

t/ha

99/00 00/01 01/02 02/03 03/04

���������

���������

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1. Eng. Agrônomo, Especialista Proteção de Plantas Mestrando em Produção Vegetal – Irrigação pela FCAV UNESP Jaboticabal. Consultor em Citros pela Forbb Serviços na Área de Agricultura. [email protected] [email protected] (16) 222 2259 (16) 9609 5369