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Roberto Toyohiro Shibata 1 Joelito de Oliveira Rezende 2 Luciano da Silva Souza 3 1 – Engenheiro Agrônomo, Universidade Federal da Bahia (UFBA); Empresário-citricultor, proprietário da Fazenda Lagoa do Coco, município de Rio Real, Bahia; e-mail: [email protected] 2 – Engenheiro Agrônomo, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, USP/ESALQ; Professor Titular Emérito do CCAAB/ UFRB; Membro da Câmara Setorial da Cadeia Produti- va da Citricultura do Estado da Bahia; e-mail: [email protected] 3 – Engenheiro Agrônomo, Universidade Federal da Bahia (UFBA); Doutor em Ciência do Solo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Pesquisador Aposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura; Professor Adjunto do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, UFRB; e-mail: [email protected] PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES DE CITROS NO BRASIL Atualmente, de acordo com IBGE (2012), cultivam-se citros em todo o território nacional, po- rém 96,19 % das áreas colhidas estão concentradas em nove Es- tados da Federação, na seguin- te ordem decrescente (Figura 1): São Paulo (61,68 %), Bahia (8,31 %), Sergipe (6,96 %), Minas Ge- rais (5,78 %), Rio Grande do Sul (5,10 %), Paraná (4,72 %), Pará (1,62 %), Goiás (1,08 %) e Rio de Janeiro (0,94 %) (IBGE, 2012) A área colhida de laranja (88,03 %), limão (5,71 %) e tangerina (6,23 %) é de aproximadamente 829 mil hectares e a produção é de cerca de 20,19 milhões de toneladas – 89,26 % de laran- ja, 5,99 % de limão, 4,76 % de tangerina -, a maior no mundo há alguns anos. Em 2012, o va- lor da produção foi de cerca de 5,72 bilhões de reais. O Brasil produz metade do suco de laranja do planeta, cujas ex- portações trazem de US$ 1,5 bi- lhão a US$ 2,5 bilhões por ano ao país. Essa riqueza está distri- buída em centenas de empresas Citricultura nos estados da Bahia e Sergipe Foto: Heckel Júnior 48

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Roberto Toyohiro Shibata1

Joelito de Oliveira Rezende2

Luciano da Silva Souza3

1 – Engenheiro Agrônomo, Universidade Federal da Bahia (UFBA); Empresário-citricultor, proprietário da Fazenda Lagoa do Coco, município de Rio Real, Bahia; e-mail: [email protected]

2 – Engenheiro Agrônomo, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, USP/ESALQ; Professor Titular Emérito do CCAAB/UFRB; Membro da Câmara Setorial da Cadeia Produti-va da Citricultura do Estado da Bahia;e-mail: [email protected]

3 – Engenheiro Agrônomo, Universidade Federal da Bahia (UFBA); Doutor em Ciência do Solo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Pesquisador Aposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura; Professor Adjunto do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, UFRB;e-mail: [email protected]

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES DE CITROS NO BRASIL

Atualmente, de acordo com IBGE (2012), cultivam-se citros em todo o território nacional, po-rém 96,19 % das áreas colhidas estão concentradas em nove Es-tados da Federação, na seguin-te ordem decrescente (Figura 1): São Paulo (61,68 %), Bahia (8,31 %), Sergipe (6,96 %), Minas Ge-rais (5,78 %), Rio Grande do Sul (5,10 %), Paraná (4,72 %), Pará (1,62 %), Goiás (1,08 %) e Rio

de Janeiro (0,94 %) (IBGE, 2012) A área colhida de laranja (88,03 %), limão (5,71 %) e tangerina (6,23 %) é de aproximadamente 829 mil hectares e a produção é de cerca de 20,19 milhões de toneladas – 89,26 % de laran-ja, 5,99 % de limão, 4,76 % de tangerina -, a maior no mundo há alguns anos. Em 2012, o va-lor da produção foi de cerca de 5,72 bilhões de reais.

O Brasil produz metade do suco de laranja do planeta, cujas ex-portações trazem de US$ 1,5 bi-lhão a US$ 2,5 bilhões por ano ao país. Essa riqueza está distri-buída em centenas de empresas

Citricultura nos estadosda Bahia e Sergipe

Foto: Heckel Júnior

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diretamente ligadas ao setor, em milhares de propriedades rurais, gerando milhares de empregos diretos e indiretos, recolhendo impostos, movimentando esta-belecimentos dedicados ao cul-tivo da laranja. Em todo o Brasil são mais de 3.000 municípios onde a cultura está presente (NEVES et al., 2010).

CITRICULTURANO ESTADODA BAHIA

O Estado da Bahia, segundo pro-dutor nacional de laranja e tercei-ro de limão, é o maior produtor da Região Nordeste. Em área plantada - igual à área colhida -, tem como principais produtores as Regiões Litoral Norte/Agreste de Alagoinas (67,61 %) e o Re-côncavo Sul (14,60 %) (IBGE, 2012) (Figura 2).

O município de Rio Real, localiza-do no Litoral Norte da Bahia, parti-cipa com 31,91 % da área colhida/plantada e de 34,43 % da produ-ção, destacando-se como quinto produtor de laranja do país e pri-meiro da Região Nordeste (Tabela 1). Nesse município, cultivam-se laranja, limão e tangerina, totali-zando, respectivamente, 93,51 %, 4,91 % e 1,57 % da produção lo-cal. Metade dessa produção abas-tece indústrias e a outra metade o mercado interno. O município de Itapicuru, localizado na Região do Agreste de Alagoinhas, é o segundo produtor estadual, com 18,60 % da área colhida/plantada e de 17,35 % da produção. No Re-

Figura 1 PRINCIPAIS ESTADOS BRASILEIROS PRODUTORES DE CITROS

Bahia

Minas Gerais

Goiás

São Paulo

Paraná

Rio de Janeiro

Rio Grandedo Sul

Pará

Fonte: IBGE, 2012

Figura 2 REGIÕES CITRÍCOLAS DO ESTADO DA BAHIAÁREAS EM PRODUÇÃO E ÁREAS COM POTENCIAL DE EXPANSÃO

Área com potencial de expansão

Área em produção

Fonte: Pereira, 2010

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Tabela 1Dados das principais regiões e municípios produtores de citros da Bahia, em 2012 (AC – área colhida, igual à área plantada; P – produção; R – rendimento)

UFLaranja Limão Tangerina

AC (ha) P (t) R (t ha-1) % AC AC (ha) P (t) R (t ha-1) % AC AC (ha) P (t) R (t ha-1) % AC

Bahia 65.129 1.036.841 15,9 100,0 2.979 55.433 18,6 100,0 743 14.143 19,0 100,0Litoral Norte/Agreste de Alagoinhas

Rio Real 21.000 357.000 17,0 32,2 670 18.760 28,0 22,49 300 6.000 20,0 40,38Itapicuru 12.800 192.000 15,0 19,70 - - - - - - - -Inhambupe 8.000 112.000 14,0 12,3 - - - - - - - -Alagoinhas 1.500 22.500 15,0 2,3 - - - - - - - -Olindina 700 5.250 7,5 1,1 - - - - - - - -Biritinga 5 20 4,0 0,01 20 60 3,0 0,67 - - - -

Recôncavo SulCruz das Almas 2.396 50.316 21,0 3,7 70 1.400 20,0 2,35 13 312 24,0 1,75Sapeaçu 1.936 40.656 21,0 3,0 29 580 20,0 0,97 11 264 24,0 1,48Muritiba 1.450 21.750 15,0 2,2 330 3.630 11,0 11,08 - - - -G. Mangabeira 1.140 17.100 15,0 1,8 35 385 11,0 1,17 - - - -C. Paraguaçu 990 14.850 15,0 1,5 200 2.200 11,0 6,71 - - - -Castro Alves 424 7.632 18,0 0,7 60 1.260 21,0 2,01 10 240 24,0 1,35São Felipe 423 8.037 19,0 0,6 60 1.200 20,0 2,01 8 196 24,5 1,08C. do Almeida 408 7,344 18,0 0,6 33 660 20,0 1,11 8 192 24,0 1,08S. A. de Jesus 320 5.120 16,0 0,5 - - - - 300 5.760 19,2 40,38Fonte: IBGE (2012), Produção Agrícola Municipal

Tabela 2Evolução da área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e Taxa Geomé-trica de Crescimento (TGC) de laranja, limão e tangerina no Estado da Bahia, no período de 2001 a 2012

Unidade da Federação: BahiaLavoura Ano Área Colhida (ha) Quantidade Produzida (t) Rendimento Médio (t ha-1)

Laranja

2001 49.449 865.380 17,502002 50.731 923.056 18,202003 48.302 772.086 15,982004 50.123 794.916 15,862005 50.596 802.290 15,862006 53.500 916.521 17,132007 54.213 930.035 17,162008 64.467 1.116.896 17,332009 55.755 906.965 16,272010 61.148 987.813 16,152011 63.303 1.030.763 16,282012 65.129 1.036.841 15,92TGC 2,82 2,25 -0,55

Limão

2001 2.386 28.894 12,112002 3.056 43.529 14,242003 3.028 44.655 14,752004 3.099 45.348 14,632005 2.568 34.070 13,272006 2.689 41.132 15,302007 2.514 39.550 15,732008 2.288 38.914 17,012009 2.761 53.004 19,202010 2.733 53.003 19,392011 3.094 59.700 19,302012 2.979 55.433 18,61TGC 0,30 4,41 4,10

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Tabela 2Evolução da área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e Taxa Geomé-trica de Crescimento (TGC) de laranja, limão e tangerina no Estado da Bahia, no período de 2001 a 2012

Unidade da Federação: BahiaLavoura Ano Área Colhida (ha) Quantidade Produzida (t) Rendimento Médio (t ha-1)

Tangerina

2001 441 5.859 13,292002 630 10.347 16,422003 635 10.113 15,932004 655 10.322 15,762005 582 10.351 17,792006 861 9.321 10,832007 953 16.663 17,482008 946 17.355 18,352009 854 15.708 18,392010 761 14.182 18,642011 763 14.328 18,782012 743 14.143 19,03TGC 4,14 6,95 2,70

Fonte: A síntese dos dados do IBGE (2001 a 2012) e o cálculo da Taxa Geométrica de Crescimento (TGC) foram feitos pelo Dr. José da Silva Souza, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, em outubro de 2014.

Figura 3 EVOLUÇÃO DA ÁREA COLHIDA (ha) E DO RENDIMENTO MÉDIO (t ha-1) DE LARANJA, LIMÃOE TANGERINA NO ESTADO DA BAHIA, NO PERÍODO DE 2001 E 2012 (IBGE/PAM, 2001 A 2012)

Fonte: Dr. José da Silva Souza–EMBRAPA

(ha)LARANJA

LIMÃO

TANGERINA

(t/ha)

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

70.00060.00050.00040.00030.00020.00010.000

0

35,0030,0025,0020,0015,0010,005,000,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

500

0

35,0030,0025,0020,0015,0010,005,000,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

1.200

1.000

800

600

400

200

0

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00

(TGC = 4,14) Área Colhida (TGC = 2,70) Rendimento Médio

(TGC = 0,30) Área Colhida (TGC = 4,10) Rendimento Médio

(TGC = 2,82) Área Colhida (TGC = -0,55) Rendimento Médio

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côncavo Sul, o maior produtor de laranja, limão e tangerina é o mu-nicípio de Cruz das Almas, contri-buindo respectivamente com 3,67 %, 2,35 % e 1,75 % da área colhi-da, e com 4,85 %, 2,53 % e 2,21 % da produção estadual. A Tabela 2 e Figura 3 mostram a evolução da área colhida e do rendimento mé-dio de laranja, limão e tangerina no Estado da Bahia, no período de 2001 a 2012.

A área colhida de laranja e a produção aumentaram (TGC positiva) no período conside-rado, porém houve decrésci-mo do rendimento (TGC ne-gativa). Nas lavouras de limão e tangerina, houve aumento da área colhida, produção e rendimento (TGC positivas). O cultivo do limão apresentou

a maior TGC de rendimento dentre as lavouras considera-das. O cultivo de tangerina foi o que apresentou as maiores TGC de área colhida e de pro-dução. Os rendimentos das três lavouras, entretanto, são considerados baixos, devido aos seguintes fatores princi-pais: pomares velhos; incidên-cia de pragas e doenças, com significativos reflexos nos cus-tos de produção; solos de bai-xa fertilidade; inadequado ma-nejo dos pomares comerciais; estreita base genética das plantas. Para os produtores – 80 % deles se enquadram na agricultura de módulo familiar -, as causas dos baixos rendi-mentos foram os baixos inves-timentos nas lavouras e os bai-xos preços pagos pela fruta.

CITRICULTURA NO ESTADO DE SERGIPE

O polo citrícola de Sergipe é o ter-ceiro produtor nacional em área colhida e quarto em produção. Estende-se da Região Centro-Sul para o Sul do Estado formando um contínuo com o polo citrícola fronteiriço da Bahia. Contribui na-cionalmente com 6,96% da área colhida e com 4,16% da produ-ção; além disso, dispõe de um considerável parque agroindus-trial de esmagamento da fruta: duas fábricas no Município de Estância e uma no município de Boquim (Figura 4).

Tal polo citrícola ocupa uma área de 5,5 mil quilômetros quadrados (25 % da superfície total do Esta-

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do), e responde por mais de 95 % da área total plantada com laranja em Sergipe. A população vincula-da direta e indiretamente à cadeia produtiva é de aproximadamente 100 mil pessoas, constituindo-se em importante fonte de trabalho e renda (LOPES, 2009). A Tabela 3 mostra dados referentes ao de-sempenho da citricultura sergipa-na no ano de 2012. A Tabela 4 e a Figura 5 mostram a evolução da área colhida (ha) e do rendimento médio (t ha-1) de laranja, limão e tangerina no Estado de Sergipe, no período de 2001 a 2012.

Da área colhida com citros no Es-tado de Sergipe, 97,79 % é culti-vada com laranja (97,90 % da pro-dução), 1,49 % com limão (1,31 % da produção) e 0,73 % com tan-gerina (0,78 % da produção). Os principais produtores de laranja e tangerina são, pela ordem, os Mu-

Tabela 3Dados das principais regiões e municípios produtores de citros de Sergipe, em 2012 (AC – área colhida, igual à área plantada; P – produção; R – rendimento)

UFLaranja Limão Tangerina

AC (ha) P (t) R (t ha-1) % AC AC (ha) P (t) R (t ha-1) % AC AC (ha) P (t) R (t ha-1) % AC

SERGIPE 56.369 821.940 14,6 100,0 857 11.014 12,9 100,0 420 6.545 15,6 100,0Arauá 4.660 69.900 15,0 8,3 58 464 8,0 6,8 29 464 16,0 6,9A. Branca 300 3.300 11,0 0,5 - - - - - - - -Boquim 4.800 72.000 15,0 8,5 - - - - 15 165 11,0 3,6Capela 150 2.250 15,0 0,3 - - - - - - - -Cristinápolis 5.857 87.855 15,0 10,4 6 48 8,0 0,7 76 1.216 16,0 18,1Estância 2.729 35.477 13,0 4,8 19 152 8,0 2,2 6 96 16,0 1,4Indiaroba 3.004 45.060 15,0 5,3 5 40 8,0 0,6 75 1.200 16,0 17,9Itabaiana 30 300 10,0 0,1 - - - - - - - -Itabaianinha 7.004 98.056 14,0 12,4 331 2.648 8,0 38,6 104 1.664 16,0 24,8Itaporanga 1.321 17.173 13,0 2,3 10 80 8,0 1,2 - - - -Japoatã 35 690 19,7 0,1 215 4.270 19,9 25,1 - - - -Lagarto 5.100 77.130 15,1 9,0 - - - - - - - -Muribeca 3 60 20,0 0,01 - - - - - - - -Neópolis 51 1.014 19,9 0,1 54 1.080 20,0 6,3 - - - -N. S. Dores 12 144 12,0 0,02 - - - - - - - -Pacatuba 4 64 16,0 0,01 - - - - - - - -Pedrinhas 1.769 26.535 15,0 3,1 - - - - - - - -Propriá 10 200 20,0 0,02 - - - - - - - -R.do Dantas 3.559 42.708 12,0 6,3 - - - - 10 120 12,0 2,4

Figura 4 POLO CITRÍCOLA DO ESTADO DE SERGIPE.DESTAQUE PARA AS TRÊS FÁBRICAS DE ESMAGAMENTO DA FRUTA.

Polo citrícola doestado de Sergipe

Fonte: Trindade, 2009

1

23 4

5

678

1011 12

1314

9

1 Lagarto

2 Itaporanga D’Ajuda

3 Riachão do Dantas

4 Boquim

5 Salgado

6 Estância

7 Itabaianinha

8 Arauá

9 Pedrinhas

10 Santa Luzia do Itanhy

11 Tomar do Geru

12 Umbaúba

13 Indiaroba

14 Cristinápolis

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nicípios de Itabaianinha (12,4 % e 24,8 %, respectivamente) e Cris-tinápolis (10,4% e 18,1%, respec-tivamente);. Itabaianinha também é o maior produtor de limão (38,6 %), seguido por Japoatã (25,1 %).

Como se vê na Tabela 4, houve aumento de área colhida, produ-ção e rendimento de laranja no período considerado (TGC posi-tivas). No caso do limão, houve redução da área colhida (TGC negativa) e aumento da produção e do rendimento (TGC positivas). Quanto à tangerina, houve redu-ção da área colhida e da produ-ção (TGC negativas), e aumento do rendimento (TGC positiva). Dos dois Estados avaliados, Ser-gipe foi o que apresentou poma-res com o menor rendimento –

apesar do obrigatório, assistido e subvencionado programa de ins-talação de pomares utilizando-se mudas teladas, iniciado no ano de 2005. Apresentando caracte-rísticas bem semelhantes às da citricultura baiana, a produtivida-de média dos pomares também é considerada baixa, devido aos seguintes fatores principais: po-mares velhos; incidência de pra-gas e doenças, com significativos reflexos nos custos de produção; solos de baixa fertilidade; inade-quado manejo dos pomares co-merciais; estreita base genética das plantas.

O grande desafio que se im-põe atualmente aos atores da cadeia produtiva dos citros na Bahia e Sergipe é viabilizar

(tornar sustentável) uma citri-cultura predominantemente de módulo familiar (80 % de pro-priedades menores do que dez hectares) e que abriga, veste e alimenta milhares de pessoas que dependem exclusivamen-te dessas propriedades. Nesse contexto, as seguintes limita-ções, além daquelas supraci-tadas, precisam ser superadas (REZENDE, 2011):

Baixo ou nenhum grau de es-colaridade da expressiva maio-ria dos pequenos citricultores - o que dificulta a todos eles tocarem sozinhos seus poma-res, pois jamais conseguirão decodificar, sem a intervenção da assistência técnica continu-ada, o complexo linguajar da agronomia, para compreender e por em prática recomenda-

Tabela 4Evolução da área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e Taxa Geomé-trica de Crescimento (TGC) de laranja, limão e tangerina no Estado de Sergipe, no período de 2001 a 2012

Unidade da Federação: SergipeLavoura Ano Área Colhida (ha) Quantidade Produzida (t) Rendimento Médio (t ha-1)

Laranja

2001 49.728 581.268 11,692002 50.422 685.326 13,592003 51.057 690.597 13,532004 54.961 737.256 13,412005 54.697 738.787 13,512006 54.819 753.191 13,742007 55.272 764.110 13,822008 53.471 772.070 14,442009 53.001 784.382 14,802010 54.733 805.962 14,732011 56.542 822.468 14,552012 56.369 821.940 14,58 TGC 0,93 2,47 1,53

Salgado 5.531 82.965 15,0 9,8 - - - - 15 165 11,0 3,6S. L Itanhy 2.905 46.480 16,0 5,2 43 344 8,0 5,0 9 135 15,0 2,1S.S.Francisco 2 24 12,0 0,004 96 1.728 18,0 11,2 - - - -S. Domingos 80 1.040 13,0 0,1 - - - - - - - -Simão Dias 50 500 10,0 0,1 - - - - - - - -Siriri 6 60 10,0 0,01 - - - - - - - -T. do Geru 3.804 57.060 15,0 6,7 11 88 8,0 1,3 24 408 17,0 5,7Umbaúba 3.593 53.895 15,0 6,4 9 72 8,0 1,1 57 912 16,0 13,6Fonte: IBGE (2012), Produção Agrícola Municipal

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ções sobre manejo do solo, adubação, controle de pragas, podas, etc., imprescindíveis para se conseguir produtivida-des compensadoras;

Baixa relação número de téc-nicos extensionistas/número de citricultores carentes de assistência. Em que pese o reconhecido empenho e competência dos profissio-nais que atualmente militam nessa interface, é pratica-mente impossível que eles consigam assistir de forma eficiente ao atual contingen-te de produtores carentes de orientação continuada. A área plantada de citros na Bahia aumentou significati-

vamente nos últimos anos, aumentando o número de pequenos citricultores en-gajados nesse processo; no entanto, não tem havido a devida contrapartida na con-tratação de técnicos para as-sistir à totalidade de produto-res rurais – situação agravada pela diminuição gradativa do número de técnicos inclusive por aposentadorias. Torna--se urgente, portanto, uma pronta intervenção dos go-vernos estadual e municipal para que essa relação se torne mais justa, eficiente e humana nesse processo de ensino-aprendizagem. Sal-vo melhor juízo, isso seria possível compartilhando-se responsabilidades mediante

parcerias entre o Governo do Estado, SENAR e Prefeituras Municipais, entre outras;

Carência de mais pesquisas voltadas para a citricultura de módulo familiar, pois paco-tes tecnológicos disponíveis, considerados ideais, nem sempre alcançam o pequeno produtor, por estarem fora de sua realidade;

Dificuldade de recursos finan-ceiros enfrentada principalmen-te pelos pequenos citricultores, para implantação das práticas agrícolas e de outras benfeitorias necessárias em suas proprieda-des. É preciso viabilizar crédito tempestivo, suficiente e justo para esses credores, resolven-do-se, inclusive, de forma a não

Tabela 4Evolução da área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e Taxa Geomé-trica de Crescimento (TGC) de laranja, limão e tangerina no Estado de Sergipe, no período de 2001 a 2012

Unidade da Federação: SergipeLavoura Ano Área Colhida (ha) Quantidade Produzida (t) Rendimento Médio (t ha-1)

Limão

2001 1.100 8.874 8,072002 1.087 9.295 8,552003 1.150 11.224 9,762004 1.135 11.320 9,972005 1.129 13.567 12,022006 1.159 14.280 12,322007 1.192 14.802 12,422008 1.176 13.895 11,822009 940 12.048 12,822010 891 11.380 12,772011 850 10.594 12,462012 857 11.014 12,85TGC -2,60 1,43 4,14

Tangerina

2001 396 4.869 12,302002 459 6.510 14,182003 612 8.613 14,072004 731 10.311 14,112005 635 10.981 17,292006 736 12.720 17,282007 732 12.632 17,262008 529 8.657 16,362009 544 8.895 16,352010 431 6.586 15,282011 429 6.508 15,172012 420 6.545 15,58TGC -1,54 - 0,03 1,54

Fonte: A síntese dos dados do IBGE (2001 a 2012) e o cálculo da Taxa Geométrica de Crescimento (TGC) foram feitos pelo Dr. José da Silva Souza, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, em outubro de 2014.

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Figura 5 EVOLUÇÃO DA ÁREA COLHIDA (ha) E DO RENDIMENTO MÉDIO (t ha-1) DE LARANJA, LIMÃOE TANGERINA NO ESTADO DE SERGIPE, NO PERÍODO DE 2001 E 2012 (IBGE/PAM, 2001 A 2012)

Fonte: Dr. José da Silva Souza–EMBRAPA

(ha)LARANJA

LIMÃO

TANGERINA

(t/ha)

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

70.000

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0

35,00

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

1.400

1.200

1.000

800

600

400

200

0

35,00

30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

800700600500400300200100

0

40,0035,0030,0025,0020,0015,0010,005,000,00

(TGC = -1,54) Área Colhida

(TGC = 1,54) Rendimento Médio

(TGC = -2,60) Área Colhida (TGC = 4,14) Rendimento Médio

(TGC = 0,93) Área Colhida (TGC = -1,53) Rendimento Médio

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prejudicar nenhuma das partes envolvidas, a situação dos que estão inadimplentes, vitimas das oscilações do mercado;

Falta de mercado justo e se-guro, que possibilite confiança aos produtores para investi-rem mais em seus pomares; e

Falta e/ou deficiência da or-ganização dos produtores em associações ou cooperativas,

pelas seguintes razões: des-motivação, por já terem sido enganados ou porque alguns administradores dessas enti-dades de ação coletiva mos-traram-se monopolistas (deci-diam sozinhos); mau uso do bem comum, inclusive dinhei-ro; intervencionismo político partidário, gerando intrigas, discórdias e desavenças en-tre associados e/

ou cooperados; falta de com-promisso coletivo (individualis-mo), entre outras (LOPES, 2009; REZENDE, 2001). Se não conse-guirem superar essas dificulda-des – o que não é fácil -, ficam prejudicadas as ações coletivas necessárias para enfrentarem a difícil relação com atravessado-res e indústrias de esmagamen-to dos frutos.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, C. L. L. Sistema de produção de citros para o Nordeste. 2003 Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Citros/CitrosNordeste/importancia.htm>. Acesso em: 5 out. 2013.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Produção Agrícola Municipal. 2012. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/esta-tistica/pesquisas/pesquisa.resultados 44>. Acesso em: 6 out. 2013.

LOPES, E. S. A. O gosto amargo da fruta: crise na citricultura sergipana e (des) organização dos produtores; relatório de pesquisa. Aracaju: Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe-FAPITEC/SE / Universidade Federal de Sergipe, Núcleo de Pós-Graduação em Geografia (NPGEO), 2009. 94p.

NEVES, M. F. et al. O retrato da citricultura brasileira. Ribeirão Preto, SP: FEA/USP, 2010. Disponível em: <http://www.citrusbr.com.br/download/Retrato_Ci-tricultura_Brasileira_Marcos_Fava.pdf>. Acesso em: 6 out. 2013

PEREIRA, N. A. C. PRODECITRUS - Programa de Desenvolvimento Sustentável da Citricultura Baiana, triênio 2011-2013. Salvador: SEAGRI / EBDA, 2010.

REZENDE, J. de O. Um olhar sobre a citricultura do Estado da Bahia. Bahia Agrícola, v. 9, n.1, p. 72-93, 2011.

TRINDADE, J. Citricultura em Sergipe: análise da cadeia produtiva. Palestra/PowerPoint apresentada no III Encontro de Citricultura da Bahia. Rio Real, Bahia: 2009.

VICENTE, M. C. M et al. Novo mapa da laranja no estado de São Paulo. 2009. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/MapaLaranja>

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