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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC KARINE GOMES DE OMENA LISBOA PREVALÊNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL MACEIÓ- ALAGOAS 2018/2

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Page 1: PREVALÊNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL...notificação, ano de 1 sintoma da doença de Chagas, modo provável de infestação, faixa etária e sexo. Como critérios de exclusão

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

KARINE GOMES DE OMENA LISBOA

PREVALÊNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL

MACEIÓ- ALAGOAS

2018/2

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KARINE GOMES DE OMENA LISBOA

PREVALÊNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentado

como requisito final, do curso de Enfermagem do

Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da

professora Ma. Maria da Glória Freitas.

MACEIÓ- ALAGOAS

2018/2

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KARINE GOMES DE OMENA LISBOA

PREVALÊNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso (TCC) apresentado

como requisito final, do curso de Enfermagem do

Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da

professora Ma. Maria da Glória Freitas.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus e Nossa Senhora por momentos de

aprendizado, e sempre me concederem forças e ânimo para chegar ao término do

curso.

Agradeço minha mãe por passar dias, horas, noites e mais noites me

acompanhando em cada momento que pensei em desistir da pesquisa. Agradeço

todas as leituras e ajustes que ela fez em meu TCC para que ele saísse da maneira

que está. Agradeço ainda pelo fato dela nunca ter me deixado desistir, e me

impulsionar a pesquisar e manter o prazer de pesquisar sobre Chagas.

Agradeço aos meus amigos pela compreensão nos momentos de ausência e

sempre perguntarem como andava o TCC.

Agradeço a minha orientadora, Glória, por aceitar ser minha orientadora,

entender todos os meus momentos de desespero e sempre me mostrar onde estava

errada, guiando sempre pelo melhor caminho e finalmente chegar a conclusão.

Agradeço também o autor Luiz Tejon pelo livro maravilhoso Guerreiros não

nascem prontos, que no tempo de maior desesperança comecei a ler o livro e

pensar tudo de outra forma, permitindo assim ver todos os lados bons da vida e que

conseguiria superar as coisas.

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“... Não tenhas medo. Enfrenta a vida de

frente. Olha para o que te vem pela frente.

Estejas sempre preparado para saltar na

vida. A vida será sempre algo igual ao que

fizemos hoje, o encontro das pedras com as

ondas do mar. “Salta filho, não fiques

parado.”

(José Luiz Tejon)

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PREVALÊNCIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO BRASIL

PREVALENCE OF CHAGAS DISEASE IN BRAZIL

Karine Gomes de Omena Lisboa Graduando em Enfermagem

[email protected]

Maria da Glória Freitas Mestre em Ciências da Saúde.

[email protected]

RESUMO

Introdução: Doença de Chagas é uma doença tropical que está entre as doenças negligenciadas do

mundo, na qual é considerada endêmica nas regiões em que a população apresenta baixa renda.

Objetivo: A presente pesquisa tem como como objetivo, analisar a prevalência de doença de Chagas

no Brasil, no período de 2012 a 2017.Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico

quantitativo de natureza exploratória, com coleta de dados realizada a partir de fontes primárias e

análise dos dados no Sistema de Informação de Agravos e de Notificação (SINAN-NET).

Resultados: A curva epidemiológica indicou que o maior percentual de casos ocorreu na região

Norte, seguida da região Nordeste, com predomínio no sexo masculino, na faixa etária compreendida

de 5 a 59 anos e como modo provável de contaminação por via oral Conclusão: Foi observado que

precisa de estudos aprofundados e ações de saúde pública com maior desempenho na busca de

novos casos em relação a doença de Chagas, uma vez que está entre as doenças negligenciadas.

PALAVRAS-CHAVE: Prevalência. Doença de chagas. Epidemiologia.

ABSTRACT Introduction: Chagas disease is a tropical disease that is among the neglected diseases of the world, in which it is considered endemic in regions where the population has low income.Objective: This study aims to analyze the prevalence of Chagas' disease in Brazil, from 2012 to 2017. Methodology: This is a quantitative epidemiological study of an exploratory nature, with data collection from sources and data analysis in the Aging and Notification Information System (SINAN-NET). Results: The epidemiological curve indicated that the highest percentage of cases occurred in the North region, followed by the Northeast region, with predominance in the male sex, in the age group comprised between 5 and 59 years of age and as a probable way of oral contamination. Conclusion: Which needs in-depth studies and public health actions with greater performance in the search for new cases in relation to Chagas disease, since it is among neglected diseases.

KEY WORDS: Prevalence. Chagas disease. Epidemiology.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

DC – Doença de Chagas..............................................................................................9

T. cruz i-Trypanossoma cruzi.....................................................................................10

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LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Gráfico 1- Casos confirmados da doença de chagas por ano dos 1° sintoma(s)

segundo região de notificação de 2012 a 2017

....................................................................................................................................14

Gráfico 2- Casos confirmados por sexo e região de notificação de 2012 a 2017

............................................................................................................................. .......15

Gráfico 3- Casos confirmados por modo provável de infestação segundo região de

notificação de 2012 a 2017

....................................................................................................................................16

Tabela 1- Casos confirmados por faixa etária segundo Região de residência de 2012

a 2017

............................................................................................................................. .......17

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 11 2. METODOLOGIA 13 3. RESULTADOS 14 4. DISCUSSÃO 14 5. CONCLUSÃO 19 REFERÊNCIA 20

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1 INTRODUÇÃO

A presente proposta de pesquisa abordou como objeto de estudo a doença

de Chagas e a intenção em realiza-la surgiu da hipótese de que este agravo vem

sendo subestimado e insuficientemente investigado entre os pesquisadores da área de

ciências da saúde e da coletividade.

Corrêa (2010, p. 1) relembra em sua dissertação de mestrado que:

A doença de Chagas (DC) foi descrita por Carlos Chagas em 1909 e é causada pelo Trypanossoma cruzi, um protozoário transmitido aos seres humanos por triatomíneos, principalmente o Triatoma infestans. A tripla descoberta de Chagas é considerada única na história da medicina e constitui um marco nas áreas da Ciência e Saúde brasileira.

Uma estimativa de 8 milhões de pessoas estão infectadas com

Trypanossoma cruzi em todo o mundo, principalmente na América Latina onde a Doença

de Chagas continua sendo um dos maiores problemas de saúde pública, causando

incapacidade nos indivíduos infectados e mais de 10.000 mortes por ano (WHO,2018).

No Brasil, a principal via de transmissão é vetorial, por meio das fezes ou

urina do barbeiro, tal transmissão ocorre devido ao desequilíbrio ecológico ocasionado

pelo impacto ambiental que vem acontecendo em função do desenvolvimento sócio-

econômico (CORRÊA, 2010). O vetor pode ser encontrado em domicílios de zonas

rurais e urbana, porém maior intensidade ocorre em zonas rurais devido à prevalência

de casas de taipa, aumentando assim, a exposição da população ao contágio da

doença.

Outra forma de contágio é a transmissão oral, devido à ingestão de

alimentos contaminados, podendo citar sucos de frutas e a cana de açúcar, açaí. O

elevado consumo de caldo de cana nos grandes centros urbanos causa preocupação,

devido às condições precárias higiênico-sanitárias do local, aliadas à falta de

treinamento e conhecimento dos vendedores sobre manipulação de alimentos, podendo

representar riscos à saúde da população, devido ao fato dos alimentos poderem ser

facilmente contaminados por microrganismos (NOGUEIRA et al, 2006).

Em contrapartida existe um mecanismo de transmissão raro, porém

existente, é a forma vertical, também chamada de transplacentária, podendo transpassar

de mãe para filho na gestação ou na hora do parto. Já no mecanismo transfusional/

transplante, ocorre por meio de doação sanguínea ou transplante de doadores

infectados pelo agente etiológico.

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Mais uma forma de contágio é a acidental, onde ocorre pelo contato da pele

ferida ou de mucosas com material contaminado pelo sangue de doentes, excretas de

triatomíneos e animais contaminados, igualmente ocorre também durante a manipulação

em laboratório. Ocorrendo em geral sem o uso adequado de equipamentos de proteção

individual (BRASIL, 2008)

Quanto ao ciclo vetorial da doença, o T.cruzi, quando eliminado pelas fezes

do barbeiro, apresenta forma alongada com presença de flagelo, responsável pela

locomoção, chamando-se de tripomastigota metacíclica, após o contato com o

hospedeiro definitivo, ocorre à infestação de células próximas ao local da picada. Dentro

da célula possuem forma amastigota onde multiplicam-se, sofrendo transformações e

tornam-se a forma inicial tripomastigota, onde se difundem na corrente sanguínea e

linfática (ARGOLO et al, 2008).

De modo geral a sintomatologia de fase aguda apresentada após a infecção,

é caracterizada por cefaleia, edema de face e febre prolongada. Devido a essa

sintomatologia pouco específica, o diagnóstico precoce torna–se difícil, sendo

comumente confundido por outras patologias. Na fase crônica da doença, o paciente

pode apresentar: megacólon, cardiomegalia e megaesôfago (ANVISA,2008; PINTO et

al,2004; DIAS et al, 2015).

Pesquisar os locais de moradia, forma de transmissão de Chagas no Brasil é

importante para conseguir solucionar o alto índice epidemiológico no país. Ao identificar

as características da população, é possível elaborar estratégias mais eficazes, capazes

de dialogar diretamente com o público alvo. Objetiva-se com este estudo, analisar a

prevalência da doença de Chagas no Brasil, no período compreendido entre 2012 a

2017. A ideia da pesquisa surgiu da seguinte pergunta: Qual a prevalência da doença

de Chagas no Brasil, no período de 2012 a 2017?

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2 METODOLOGIA

Estudo epidemiológico quantitativo de natureza exploratória, com coleta de

dados realizada a partir de fontes primárias, no Sistema de Informação de Agravos e de

Notificação (SINAN-NET) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE).

Segundo o portal do Sinan-Net, o referido sistema, tem como propósito, colher, difundir e

disseminar dados gerados frequentemente pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica

das três esferas de Governo, “por meio de uma rede informatizada, para apoiar o

processo de investigação e dar subsídios à análise das informações de vigilância

epidemiológica das doenças de notificação compulsória”. MINISTÉRIO DA SAÚDE.

Sistema de Informação de Agravos e de Notificação (SINAN-NET). Disponível

em:http://portalsinan.saude.gov.br/sinan-net

No levantamento bibliográfico, buscou-se informações que comprovasse os

dados oferecidos pelo SINAN- Net, sendo dessa forma, os artigos pesquisados serviram

de apoio na discussão. Sendo as fontes confiáveis como: Scielo, Lilacs, Biblioteca

Virtual do Ministério da Saúde, e em livros pertencentes à biblioteca do Centro

Universitário Cesmac.

Os critérios de inclusão definidos para a busca de dados no Sinan-Net foram:

Dados publicados no período de 2012 a 2017, abrangência geográfica: Brasil, região de

notificação, ano de 1° sintoma da doença de Chagas, modo provável de infestação, faixa

etária e sexo.

Como critérios de exclusão na busca de dados foram: Dados que foram

publicados anteriores aos últimos 5 anos, casos não residentes no Brasil, critérios de

confirmação da doença, quadro evolutivo, escolaridade e raça.

Após a coleta e análise, os dados foram armazenados em uma planilha do

Excel®, onde posteriormente foram convertidos em gráficos e tabelas.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Brasil, o número reduzido de estudos sistemáticos, de base populacional,

dificulta a avaliação por estimativas da magnitude da doença de Chagas ao longo da

história. Em um período que vai até aproximadamente os anos 1950, a doença de

Chagas era reconhecida como endemia eminentemente rural, em áreas de elevada

vulnerabilidade social, predominando a transmissão vetorial. Com o processo de

industrialização do país, a doença foi sendo modelada a um novo contexto

epidemiológico urbano, potencializado pela migração interna no país de áreas rurais

para áreas urbanas e pelo crescimento das cidades (COURA,2009; DIAS,2015).

No gráfico 1, nota-se que o maior índice de casos confirmados da doença de

Chagas por região de residência no período de 2012 a 2017. Encontra-se na região

Norte, onde se observou que houve variação de valores no decorrer dos anos,

porém durante os anos em questão pode-se observar que maior número de casos

foi em 2016 com 350 casos confirmados.

Gráfico 1- Casos confirmados da doença de Chagas por ano dos 1° sintoma(s) segundo região de notificação de 2012 a 2017

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN Net,2018

Os casos de DC na região Norte pode se explicar devido aos índices

pluviométricos mais baixos e temperaturas mais altas. Também pode ser marcado

pela maior ocorrência de desflorestamento por meio das queimadas aumentando a

temperatura em determinadas regiões (SOUZA JÚNIOR et al, 2017).

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Os índices de prevalência da DC podem ser explicados em parte pelo

imenso movimento migratório interno no país em direção aos grandes centros

urbanos (DRUMOND; MARCOPITO, 2006; COUTINHO, 2010).

No gráfico 2, observa-se maior índice de casos confirmados de doença de

Chagas na região Norte, com predominância no sexo masculino que apresenta 822

casos nesta região e como menor índice apresentam-se as regiões Sudeste, Sul,

Centro-Oeste.

Gráfico 2- Casos confirmados por sexo e região de notificação de 2012 a 2017

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN

Net,2018

Provavelmente os índices elevados descrito se deve a maior exposição e

contato com o meio ambiente por parte deste gênero, especialmente devido à

atividade ocupacional que lhe exigem adentrar e estabelecer moradia em regiões

que são habitat natural dos vetores da Doença de Chagas (LANA, 2005; TEXEIRA;

OLIVEIRA, 2015).

No gráfico 3, observa-se que o modo provável de infestação que predomina

é oral com 1.086 casos na região Norte.

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Gráfico 3- Casos confirmados por modo provável de infestação segundo região de

notificação de 2012 a 2017

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN

Net,2018

Possivelmente a explicação deve-se ao açaí, que foi associado ao maior

número de casos de doença de Chagas na região Norte nos últimos anos seja pela

contaminação dos frutos ou própria polpa por meio de dejetos de animais

reservatórios ou de insetos vetores infectados das áreas endêmicas (PASSOS;

GUARALDO; ALVES, 2010; FERREIRA; BRANQUINHO; LEITE, 2014).

O açaí é o alimento diário para muitas pessoas da população do Norte e,

pelo preço acessível e alto valor nutricional, muitas vezes a única refeição do dia.

Nesta região a comercialização e consumo são realizados imediatamente após o

seu processamento, sem qualquer tratamento térmico (FERREIRA; BRANQUINHO;

LEITE, 2014).

A região Norte tem sido bastante procurada para o ecoturismo atraindo

pessoas de diversos países, onde muitos alimentos são apreciados, entre eles o

açaí. Desse modo, muitos turistas podem estar sendo expostos ao risco de

contraírem doença de Chagas contribuindo para o aumento do número de pessoas

contaminadas em países não endêmicos (FERREIRA; BRANQUINHO; LEITE,

2014).

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Quanto ao aumento de casos de DC por transmissão vetorial pode ser

explicado pelo aumento da temperatura nos segundos semestres que pode estar

relacionado à dispersão dos vetores da doença, que se deslocam de seu ambiente

silvestre para o peridomicílio humano, aumentando as chances de transmissão

vetorial (SOUZA JÚNIOR et al, 2017).

A possível explicação para o número de casos apresentados na região

Nordeste pode ser devido ao início da atividade de voo curto destes insetos que

pode ser induzido por fatores ambientais ou antrópicos, tais como a elevação da

temperatura, escassez nutricional e stress reprodutivo, que podem estar relacionas

as queimadas e utilização de pesticidas na cultura de laranjas e ao funcionamento

das olarias (LEHANE et al., 1992; MELO et al., 2014).

Considerando o aspecto de criação de animais domésticos, vale ressaltar

que neste estudo foi classificada como uma prática comum, atuando como risco

importante para a contaminação, uma vez que a presença de animais domésticos

está associada à infestação peridomiciliar e altos índices de transmissão e infecção

por T. cruzi. (CARDOSO et al., 2017).

Na tabela 1, pode-se observar maior número de casos de doença de Chagas

na faixa etária de 5 a 59 anos.

Tabela 1- Casos confirmados por Faixa Etária segundo Região de residência de

2012 a 2017.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN Net

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Possivelmente a explicação para os índices de crianças de 5 a 9 anos é pelo

fato de que apanhadores de açaí são principalmente crianças e jovens, que têm a

habilidade de subir até o topo dos açaizeiros; são eles que detêm as condições

ideais para fazer a coleta dos frutos. O porte físico, o tamanho e o peso são algumas

das características necessárias para auxiliar um bom apanhador na coleta dos frutos

(FONTES; RIBEIRO,2012).

A provável explicação quanto à faixa etária é que, a maioria dos indivíduos

acometidos pela DC está em idade produtiva (18 a 59 anos), sugerindo a relação

entre as atividades laborais e os fatores de risco de transmissão da doença, ou seja,

a frequente exposição das populações rurais ao convívio com os vetores

contaminados com o patógeno, por meio da extração do açaí, da agricultura familiar,

entre outras atividades (SOUZA JÚNIOR et al, 2017).

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5 CONCLUSÃO

A realização deste estudo permitiu concluir que a doença de Chagas é um

importante problema de Saúde Pública, e por ser uma das patologias classificadas como

doenças negligenciadas, o poder público não tem traçado políticas para controlar a

referida patologia.

A aplicação dos métodos que controlam eficientemente as vias de

transmissão mais comuns tende a reduzir drasticamente a incidência de novos casos.

Assim como a realização frequente de desinfestação nas moradias, bem como a

substituição de casas construidas com “barro e madeira”, para casas de alvenaria.

A importância de ações preventivas em unidades básicas de saúde implica

medidas efetivas que enaltece a participação da comunidade e profissional de

enfermagem, contribuindo na amplificação do conhecimento sociocultural das pessoas e

maior abrangência no controle e prevenção da doença. Salientando-se que as ações

devem ser realizadas em locais de índices epidemiológicos elevados, para estabelecer e

traçar estratégias.

A busca ativa abrange de maneira significativa a comunidade na intenção de

fazer levantamento de grupos familiares que possivelmente não tenham conhecimento

que apresentam a doença.

Desta forma conclui-se que, precisa-se de estudos aprofundados e ações de

saúde pública com maior desempenho na busca de novos casos em relação a doença

de Chagas, uma vez que está entre as doenças negligenciadas.

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REFERÊNCIAS

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Doença de Chagas e seus principais vetores no Brasil. Fundação Oswaldo Cruz.

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CORRÊA, Valeria Rita. AVALIAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA DA CARDIOPATIA

CHAGÁSICA EM PACIENTES ATENDIDOS EM ARAGUAÍNA–TOCANTINS. Tese de

Doutorado. Universidade De São Paulo, São Paulo, 2010.

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2010.

DIAS, João Carlos Pinto et al. II Consenso Brasileiro em Doença de Chagas 2015,

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Nutricional, v. 13, n. 2, p. 7, 2006.

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