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PREFEITURA MUNICIPAL DE AMERICANA

SECRETARIA DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO

ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO DE AMERICANA

Contrato Administrativo nº 231/08

PRODUTO 2

Diagnóstico Habitacional do Município de Americana

Outubro de 2008

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2

PREFEITURA MUNICIPAL DE AMERICANA

SECRETARIA DE HABITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO

Secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano Renata Boldrini de Cillo Miante Equipe Técnica Rose Mary M. Vieira - Assistente Social Rosa Figueroba - Arquiteta Luiz Fernando Borelli Deboni - Assessor Gabinete Maria Rosicler Duarte Vassoler - Assessora Administrativa Maria Denadai Chimetto - Supervisora Técnica Elaboração do Diagnóstico Cooperativa Integra Coordenação Geral Adelcke Rossetto Neto – Arquiteto e Urbanista Coordenação Técnica Dra. Roberta Menezes Rodrigues – Arquiteta e Urbanista Equipe de Elaboração Caio Higa – Arquiteto e Urbanista Flávio Higuchi Hirao – Arquiteto e Urbanista Joana Gabos – Arquiteta e Urbanista Ulisses Demarchi Silva Terra – Arquiteto e Urbanista Consultoria Externa Msc. Kazuo Nakano – Arquiteto e Urbanista

Outubro de 2008

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SUMÁRIO

Introdução | 4

1. Caracterização do Município | 6

1.1 Evolução urbana | 8

1.2 Inserção regional | 12

2. Caracterização da Situação Habitacional no Município | 22

2.1. Histórico da Política Municipal de Habitação | 22

2.2. Cadastro Municipal de Demanda Habitacional | 44

2.3. Caracterização do Déficit Habitacional em Americana | 50

2.3.1. Déficit Habitacional | 52

2.3.2. Projeção da necessidade de novos domicílios em função do crescimento

demográfico de Americana até 2020 | 59

2.3.3. Síntese dos levantamentos das necessidades de novas habitações em Americana | 61

2.4. Identificação dos atores sociais | 62

3. Condições e Estimativas para o encaminhamento da demanda habitacional do

município | 64

3.1. Disponibilidade de terras para produção de novas unidades habitacionais | 64

3.2. Custo para Aquisição de Terras e produção habitacional | 69

3.3. Custo total de construção de moradias | 74

3.4. Atendimento da demanda X Custo | 77

3.5. Quadro Normativo e institucional | 82

3.5.1. Organização Institucional | 82

3.5.2. Instrumentos de Gestão Participativa | 85

3.5.3. Integração Institucional | 86

3.5.4. Quadro Normativo | 87

Conclusões | 91

Referências Bibliográficas | 94

ANEXOS

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INTRODUÇÃO

O presente diagnóstico constitui-se como um dos produtos do processo de elaboração do

Plano Municipal de Habitação de Americana, que tem como objetivo a definição de

prioridades, ações e estratégias da política habitacional a serem desenvolvidas no município

no curto, médio e longo prazo.

Tal processo visa promover a discussão de forma ampliada da temática habitacional e o

envolvimento de diferentes atores sociais. Assim, no âmbito do Plano em pauta, a

possibilidade de promoção do debate passa por momentos de sistematização dos acúmulos no

campo da política habitacional, da identificação da dimensão da problemática e mesmo do

marco legal referente ao tema no município.

Assim, a elaboração do Plano Municipal de Habitação apresenta-se como a etapa

específica de detalhamento e consolidação da Política Municipal de Habitação, no sentido de

formatação de uma política pública com seus programas, ações e metas, buscando a

articulação das diretrizes já existentes e das diferentes instâncias consultivas e deliberativas

em seu processo de definição e posterior acompanhamento de sua implementação,

monitoramento e revisão.

Nesse intuito, o diagnóstico ora apresentado buscou sistematizar um quadro geral

segundo uma caracterização das condições de carência habitacional ou dificuldade de acesso

à moradia, bem como das políticas públicas aplicadas para enfrentar essa questão. Esta etapa

envolveu levantamento de dados, entrevista com setores ligados à questão habitacional,

reuniões com o Conselho Municipal de Habitação, levantamento de vazios urbanos, custo de

terra e de produção de moradia, análise dos marcos legais e da estrutura administrativa do

poder público municipal, e compreensão do histórico da política habitacional em período

recente.

Assumiu-se também que as fontes deveriam ser documentos publicados, de domínio

público, bem como informações e dados estatísticos oficiais por não fazer parte do escopo do

trabalho a realização de pesquisa direta ou trabalho de campo específico. Assim, a base de

referência são documentos, programas e relatos oficiais e dados produzidos por agências de

reconhecida competência e as entrevistas realizadas. Além desses dados também foi utilizada

bibliografia que refletisse sobre os temas abordados.

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Primeiramente é apresentada uma leitura das condições de inserção regional do

município e suas implicações em sua dinâmica de crescimento urbano e de promoção das

condições de habitação no município, considerando-se ainda os condicionantes de sua

evolução histórica.

Em seguida é feita uma análise da Política Habitacional implementada no município de

Americana, identificando os principais períodos e ênfases da política até sua conformação

atual. São identificados ainda os diferentes levantamentos e caracterizações existentes sobre

a situação habitacional no município, como as informações produzidas através da metodologia

desenvolvida pela Fundação João Pinheiro1 de cálculo do déficit habitacional básico e da

inadequação habitacional para o município de Americana e o processo de constituição do

Cadastro Municipal de Demanda Habitacional.

Além da identificação da escala do problema habitacional em Americana e dos entraves

e encaminhamentos existentes no sentido de seu enfrentamento, foi elaborado um

levantamento ainda preliminar sobre a disponibilidade de terras para a produção de novas

unidades habitacionais no município, e de custos a partir de diferentes modalidades de

produção para um primeiro dimensionamento das necessidades de terra e recursos financeiros

a serem mobilizados.

Complementarmente, é apresentada uma avaliação das condições de encaminhamento

da Política Habitacional em Americana quanto ao quadro da Legislação Urbanística e da

estrutura institucional e administrativa existente.

Buscou-se ainda levantar a existência de formas de organização social no município que

expressassem em alguma medida a capacidade de mobilização social em torno da questão

habitacional e urbana em Americana.

Finalmente, são apresentadas algumas conclusões a partir da sistematização e análise

apresentada, de maneira a apontar questões a serem aprofundadas e debatidas no momento

de elaboração propriamente dita do Plano Municipal de Habitação de Americana.

1 Fundação de pesquisa localizada em Belo Horizonte, Minas Gerais, que desenvolveu a metodologia de dimensionamento do Déficit Habitacional para o Brasil e posteriormente, para os municípios brasileiros, a partir dos dados do Censo IBGE 2000.

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1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

O município de Americana possui 203.283 habitantes (Projeção SEADE, 2008)

totalizados em uma área de 144Km2 de extensão territorial, sendo 86 Km2 de área ocupada

(PMA, 2008). Essa relação entre área e população resulta em uma densidade demográfica de

1.382 Hab/Km2. Sua população é preponderantemente urbana com 198.621 pessoas morando

na área urbana e 473 na área rural (Dados de 2007 - IBGE).

Situada na região Leste do Estado de São Paulo o município faz limite com Limeira ao

Norte, Cosmópolis à Nordeste, Santa Bárbara D’Oeste à Oeste, Nova Odessa à Sul, e Paulínia à

Leste. Distante 41Km de Campinas e 129Km de São Paulo possui como principais vias de

acesso a Rodovia Anhanguera (SP 330) e a Rodovia Luiz de Queiroz (SP 304).

Imagem 1 - Município de Americana. Estrutura viária e mapa físico.

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana - Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, 2008. Elaboração: Cooperativa Integra, 2008. Situação sem escala

Americana teve seu maior crescimento populacional absoluto na dédaca de 1970, com

um incremento de mais de 55 mil habitantes (Tabela 1 e gráfico 1). De 1950 a 1980 o

município teve altas taxas de crescimento populacional, reflexo também do grande

desenvolvimento industrial, e consequente demanda por mão-de-obra no período.

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Tabela 1 – Evolução da População Total e Taxa de Crescimento Populacional.

Ano População Total

Residente

Taxa de Crescimento

na década %

Incremento

Populacional

1940 10.556 - -

1950 18.183 72,25% 7.627

1960 37.856 108,19% 19.673

1970 66.771 76,38% 28.915

1980 122.055 82,79% 55.284

1990 153.840 26,04% 31.785

2000 182.084 18,35% 28.244

2010* 210.065 15,36% 27.981

Fonte: IBGE – Seade. Nota: *Projeção Seade Elaboração: Cooperativa Integra, 2008.

A partir da década de 1990 observa-se uma acentuada desaceleração do crescimento

populacional. Esta desaceleração tem continuidade no período recente com taxas de

crescimento anual menores que 1,5%.

Gráfico 1 – Evolução da População de Americana – 1940 a 2010.

0

20

40

60

80

100

120

1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010*

cres

cim

ento

em

%

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

n° d

e ha

bita

ntes

Taxa de Crescimento na década (%) População Total Residente

Fonte: IBGE e SEADE Nota:*Projeção (SEADE) Elaboração: Cooperativa Integra, 2008.

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1.1. Evolução urbana de Americana

O primeiro núcleo urbano de Americana surgiu com a construção da Estação Ferroviária

de Santa Bárbara d’Oeste em 1875. Neste momento se estabeleceu um intenso comércio nas

suas proximidades e é instalada a primeira indústria têxtil da cidade, sendo que em 1924

Americana tornou-se autônoma em relação à Campinas.

O início da formação da cidade aconteceu com o bairro Carioba, pequeno núcleo de

industrial têxtil. Este primeiro núcleo iria evoluir até o final da década de 1930 na forma de

um pequeno vilarejo, formada por um quadrilátero que tinha em sua parte inferior o rio e a

ferrovia (MEDEIROS, FIGUEIREDO, 2002, p.71). Neste momento Americana tinha cerca de 6 mil

habitantes.

Nas primeiras décadas do século XX, houve uma preocupação em promover uma série de

melhoramentos urbanos, e em 1929, na segunda gestão municipal desde a emancipação

política, diversas obras foram realizadas.

Nesse período deu-se também uma forte preocupação com o crescimento da cidade e

sua ocupação, refletida em determinações como a da Lei municipal de 1931 que previa o

aumento da cobrança de impostos aos terrenos vazios no centro da cidade (LIMA, 2002), como

forma de incentivar a edificação no centro da cidade e nos locais mais próximos da infra-

estrutura urbana instalada.

Na década de 1940 Americana já desponta como cidade industrial. Neste período a

cidade recebeu alguns melhoramentos, como a instalação de água e esgoto. No ano de 1948

surge a primeira legislação municipal sobre o ordenamento da cidade. A preocupação com o

desenvolvimento urbano ocorreu em momento em que o crescimento industrial atraia pessoas

de outras regiões do estado e do país. Nesta década surgiu um primeiro núcleo mais

desconexo da área urbana, a Vila Mathiesen.

Com o intuito de reformular a dinâmica urbana fortemente marcada pela presença das

indústrias, estabeleceu-se uma divisão da cidade em quatro zonas: central, intermediária,

residencial e industrial. Este zoneamento procurava solucionar problemas de um crescimento

urbano em que indústrias e residências estabeleciam relações de vizinhança conflituosas

(poluição, barulho, etc).

De 1940 a 1950 a população cresceu de 10.556 para 18.183 habitantes. Na década de

1950 observou-se uma grande expansão urbana, ainda um pouco limitada à margem oeste do

Ribeirão Quilombo e da ferrovia, pela dificuldade de sua transposição. Diversos loteamentos

desconexos na malha urbana foram aprovados formando, assim, os primeiros vazios urbanos.

O crescimento das indústrias e de sua mão-de-obra levou a um intenso crescimento da

cidade, sem que houvesse uma correspondente expansão da infra-estrutura urbana; portanto,

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a este crescimento se relaciona também o agravamento de problemas de infra-estrutura na

cidade. Assim, a década de 1950 foi marcada por reivindicações po melhorias urbanas, como

exemplificado em trecho do Jornal Liberal: “(...) mais moradias – chega de exploração dos

aluguéis, mais saneamento, mais ruas calçadas (...)” - Jornal Liberal 1953 – 1954 (LIMA, 2002,

p.37).

Na década de 1950, com a lei n°05 de 26/04/1952, tornou-se evidência a preocupação

do governo em solucionar o problema da falta de moradias. A lei estabelecia que 30% da

tributação do Imposto Predial e Territorial Urbano deveria ser utilizado para obras de infra-

estrutura e desapropriação de imóvel, para que as pessoas residentes no município que não

possuíssem imóveis pudessem construir a casa própria (LIMA, 2002, p.54). Por falta de

regulamentação a lei não foi aplicada, e propostas para uma política habitacional social só

voltaram a figurar no município na década de 1970.

Em 1953 o arquiteto Prestes Maia elaborou um estudo urbanístico para a cidade. Apesar

do estudo não ter sido aplicado em seu conjunto, suas diretrizes influenciariam o

planejamento e a formação urbana do município pelos próximos anos. Em 1959, Nova Odessa

é elevada a categoria de município, separando-se de Americana. Em 1963 é promulgada lei

relacionada à regulação de loteamentos em Americana (Lei n° 534/1963), e em 1966 surgiu a

primeira lei (Lei n° 786/1966) que estabelece diretrizes mais amplas de planejamento

urbano, com normas para loteamento, zoneamento e construções.

A partir da década de 1960 a cidade se expandiu também para o lado leste. A

construção do Viaduto Amadeus Elias por volta de 1965 permitiu o crescimento da cidade para

além da linha de trem e do rio. Neste momento observa-se uma importante mudança na

evolução urbana do município. Segundo Medeiros e Figueiredo (2002, p.73) “(...) os bairros

distantes e descontínuos em relação à malha urbana consolidada, mudando a forma do

município de radiocentrismo para tentacular, com aglomerações próximas aos principais

eixos viários”.

É importante ressaltar que a partir da década de 1950 surgiram as rodovias –

Anhanguera, que liga a capital ao interior, e Luiz de Queirós, que liga a Americana à

Piracicaba – determinantes elementos da conformação urbana de Americana.

No início da década de 1970 aconteceu uma grande expansão industrial com a instalação

de grandes e diversificadas empresas na cidade. A ocupação residencial se espalha por

diversas áreas da cidade e as industriais se concentram ao longo das rodovias e ao longo do

Rio Piracicaba.

A partir da década de 1980 o crescimento urbano atingiu algumas divisas da cidade, com

destaque para a conurbação com Santa Bárbara D’Oeste e Nova Odessa. Na década de 1980 a

desaceleração do crescimento econômico no país trouxe influências a importante indústria

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têxtil local. Cresceu a demanda por infra-estrutura na cidade e a necessidade de se

estabelecer novos parâmetros de planejamento. Em 1988 foram aprovadas novas leis de uso e

ocupação do solo e o Plano Diretor do Município. Estas leis iriam, de certa forma, intensificar

a fragmentação do zoneamento no município, destacando algumas subcentralidades, sendo

que, segundo Lima (2002, p.93) “a primeira e mais ampla provém do núcleo habitacional do

bairro Antônio Zanaga, o vetor original da suburbanização de americana, em meados dos

anos 70”.

O Plano Diretor deste ano contou com a participação do arquiteto Joaquim Guedes que

tinha como uma das principais propostas a implementação da taxa de Desenvolvimento

Urbano, que previa a implantação de imposto territorial progressivo, mas que não foi

implantada (MEDEIROS e FIGUEIREDO, 2002, p.73).

Na década de 1990 o incremento da importação de tecidos e a renovação tecnológica da

industria têxtil reduziu o número de fábricas e empregos no setor. Neste momento Americana

já estava conurbada aos municípios vizinhos –Santa Bárbara D’Oeste e Nova Odessa – e já

apresentava sinais de verticalização.

De 1990 à 1997, enquanto o município passou por um processo de desindustrialização, o

setor de comércio e serviços cresceu 44%. Esta mudança influenciou não apenas a

configuração da cidade, como também, a arrecadação municipal, que reduziu

significativamente.

Em 1998 foi desenvolvido um novo Plano Diretor para o município. O vigente à época,

de 1988, além de necessitar de atualizações, possuía diretrizes que não haviam sido

regulamentadas. Neste novo Plano foram simplificadas as categorias de uso e ocupação do

solo, com uma certa flexibilização do zoneamento, e estabeleceu-se uma diretriz de

adensamento, com aumento dos índices de aproveitamento do solo em algumas zonas da

cidade. O Plano colocava ainda que a política habitacional do município deveria assegurar o

direito social da moradia, já com destaque para as iniciativas autogeridas e o atendimento a

famílias de menor renda.

Na década de 2000, aprofundou-se a ocupação de áreas localizadas nos intertícios da

malha urbana já consolidada e ampliaram-se os loteamentos e condomínios fechados nas

áreas mais extremas do território municipal, promovendo uma maior interligação dos

municípios conurbados com Americana.

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Imagem 2 - Evolução Urbana do Município de Americana. Década de 1940 a Década de 2000.

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana; DAE 2000 Elaboração: Cooperativa Integra, 2008. Situação sem escala

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1.2. Inserção regional

O Município de Americana integra a Região Metropolitana de Campinas - RMC

instituída no ano de 2000 e formada por 19 municípios. A Região envolve uma área total de

3.673 Km2 e uma população de 2.709.170 habitantes (2008. IBGE – Fundação Seade).

Com um PIB de R$ 58.064 milhões de reais a RMC apresenta uma forte dinâmica

economica. Marcada pela mais expressiva concentração industrial do interior do estado e por

importantes centros universitários e de pesquisa, possuí um amplo sistema viário e o maior

aeroporto de cargas do país – o Aeroporto Viracópos situado no município de Campinas.

Entre os 19 municípios que formam a Região revela-se uma grande diferença de

escala, população e infra-estrutura, com destaque para Campinas, que se configura como

principal centralidade. Neste contexto Americana é apontada como principal subcentro da

região, com uma intensa influência exercida sobre os municípios de Santa Bárbara D’Oeste e

Nova Odessa (CAIADO e PIRES, 2006).

Imagem 3 - Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas e principais eixos viários de conexão.

Fonte: IGC. Elaboração: Cooperativa Integra. Situação sem escala

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Apesar de Americana ser o terceiro município em população absoluta da Região

Metropolitana de Campinas (depois de Campinas e Sumaré) apresenta taxas de crescimento

populacional menor do que o crescimento médio da Região.

 

Gráfico 2 – Taxa média de Crescimento populacional comparativa.

1970/80 1980/91 1991/2000 2000/2008*

Fonte: IBGE e SEADE. Nota: *Projeção (Seade) Elaboração: Cooperativa Integra

Em relação ao povoamento observa-se que Americana está situada em um dos eixos

de maior densidade populacional da região. Pode-se notar, na imagem 4, a intensa influência

das rodovias na dinâmica populacional metroprolitana, principalmente nos eixos da rodovia

Anhanguera e Santos Dumont.

Na década de 1970 a região torna-se um dos principais focos do processo de

interiorização do desenvolvimento econômico no Estado de São Paulo. Os municípios que

formam a RMC reuniam na época cerca de 680 mil habitantes. O desenvolvimento

desencadeou um extenso processo de expansão urbana e populacional. Em 1980 a Região já

reunia 1,2 milhão de habitantes, com uma taxa de crescimento superior à estadual (SEADE,

2006). Nos anos 1990, com uma população de quase 1,9 milhão de habitantes, consolida-se

características de metropolização, com conurbações e relações de fluxos intermunicipais cada

vez maiores.

6,49

3,51

2,54

1,89

6,30

2,13 1,901,45

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

Em %

a.a

.

RMCAMERICANA

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Imagem 4 – Densidade demográfica na Região Metropolitana de Campinas

Fonte: Secretária dos Transportes Metropolitanos, PITU 2004. Situação sem escala

A intensificação das trocas intra-metropolitanas e a tendência de crescimento

populacional da RMC, a partir da década de 1990, revela uma grande influência da dinâmica

metropolitana no contexto municipal. A conurbação de Americana com Santa Bárbara e Nova

Odessa, intensificada a partir dos anos 1970, exerce grande influência no volume de

deslocamentos dentro da região, a ponto das trocas entre Americana e Santa Bárbara compor

o segundo maior volume de viagens entre municípios da RMC. Na dinâmica metropolitana a

ocupação urbana ao longo da rodovia Anhanguera é praticamente ininterrupta até Americana,

explicitando a conurbação destes municípios ao longo do eixo de maior densidade

habitacional da região (CAIADO e PIRES, 2006).

No ano de 2004 foi elaborado, com base na pesquisa origem destino de 2003, o Plano

Integrado de Transportes Urbanos para a Região Metropolitana de Campinas – PITU RMC 2015.

O Plano trabalha com 8 Eixos de Expansão (Imagem 5).

 

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Imagem 5 – Zonas Origem Destino da Região Metropolitana de Campinas. Plano Integrado de Transportes Urbanos da RMC. 2003

FONTE: Emplasa Pesquisa Origem Destino 2003. Imagem retirada da Tese de CAIADO E PIRES, 2006.

Americana está inserida no Eixo 2, que também abrange os municípios de Hortolândia,

Sumaré, Nova Odessa e Santa Bárbara D’Oeste, e concentra o maior número de viagens da

RMC, com 35% das viagens (Tabela 2).

Tabela 2 – Viagens por Eixo de Expansão - Região Metropolitana de Campinas.

Eixos Total de Viagens

Participação do eixo no

total de viagens

População 2003

Índice de Mobilidade*

Viagens externas

% das viagens

externas no total

de viagens

Participação do eixo no

total de viagens

externas

2 1.259.568 35 859.812 1,46 165.075 13,1 23,3 Total RMC 3.602.261 100 2.476.435 1,45 709.524 19,7 100

Fonte: Secretária dos Transportes Metropolitanos, PITU 2004.

 

O Eixo 2, segundo projeções demográficas eleboradas pelo Nepo/Nesur2 de 2004,

receberá o maior incremento populacional da RMC no período de 2003 à 2015, com um

2 NEPO - Núcleo de Estudos de População. NESUR - Núcleo de Economia Social, Urbana e Regiona.

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acréscimo de 151.570 habitantes, como demonstra a imagem 6. O maior crescimento

populacional do Eixo 2 é, em grande parte, justificado pelo presença do município de

Hortolândia que apresenta a mais elevada taxa de crescimento populacional por ano da RMC

(6,59%) na década de 1990. A previsão demosntra a tendência de esvaziamento do centro

metropolitano e o crescimento de outras cidades da região.

Imagem 6 – Incremento Populacional por Eixos de Expansão Urbana. 2003-2015.

Região Metropolitana de Campinas.

Fonte: Emplasa Pesquisa Origem Destino 2003. Imagem retirada da Tese de CAIADO E PIRES, 2006.  

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Imagem 7 - Inserção de Americana na Região Metropolitana de Campinas

Fonte: Prefeitura Municipal de Campinas – Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente Elaboração: Cooperativa Integra Situação sem escala

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Imagem 8 - Núcleos de Expansão Urbana na RMC.

1978

2005

Fonte: Emplasa. Situação sem escala

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Essa situação regional insere a cidade de Americana em uma complexidade

metropolitana com consequências diretas no planejamento da questão habitacional. A

conurbação de Americana com os municípios limítrofes é especialmente importante, em

primeiro lugar com Santa Bárbara D´Oeste, em segundo com Nova Odessa. Americana e Santa

Bárbara D´Oeste formam juntas uma única mancha urbana, configurando uma situação de

conurbação consolidada. Em relação à cidade de Nova Odessa a conurbação também existe,

porém ainda minimizada pela presença de vazios urbanos entre as duas manchas urbanas,

como pode ser verificado na foto aérea, Imagem 9.

 

Imagem 9 – Foto Aérea de Americana, Santa Bárbara D´Oeste e Nova Odessa.

Fonte: Foto Aérea retirada do software Google Earth, 2008. Elaboração: Cooperativa Integra Situação sem escala

Podemos constatar a importância dessas duas cidades a partir das falas dos

entrevistados neste diagnóstico. Segundo a arquiteta Rosa Figueroba, da Secretaria de

Habitação e Desenvolvimento Urbano de Americana, muitas pessoas que precisam de

habitação começam a buscá-las nas cidades de Santa Bárbara D´Oeste e Nova Odessa, onde os

imóveis são mais baratos. Assim, há um contingente de pessoas que, mesmo trabalhando em

Americana, ou até mesmo que se consideram “Americanense”, fixam residência em outras

cidades3.

3 Ver em anexo entrevista com arquitetos e engenheiros.

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A opção por outros municípios pode interferir nos dados de demanda habitacional da

cidade, uma vez que a pessoa deixa de cogitar Americana como lugar de moradia, na busca

por cidades com menor custo de vida. Porém, é um contingente difícil de ser quantificado

sem uma profunda pesquisa específica sobre o assunto.

A relação do Município de Americana com as cidades ao redor é evidenciada nos dados

da Pesquisa Origem Destino da Emplasa, como mostra a tabela 3. Podemos destacar o número

significativo de viagens internas dentro do Eixo 2, significativamente maior quando

comparado aos outros 7 Eixos, somando 1.094.493 viagens. Este número corresponde,

principalmente à quantidade de viagens entre as cidades de Americana e Santa Bárbara

D´Oeste.

Tabela 3 - Relação entre Eixos Zonas O/D da RMC

Fonte: Pesquisa Origem Destino, Emplasa 2003. Tabela retirada da Tese de CAIADO e PIRES, 2006.

A segunda informação que merece destaque é a quantidade de viagens que a zona 2

estabelece com a zona 8, que corresponde ao centro metropolitano, ou seja, a região central

da cidade de Campinas. O número de viagens entre essas zonas soma cerca de 94.000 viagens,

o maior valor da RMC. No entanto, os municípios que estabelecem maior relação com o centro

metropolitano são Sumaré e Hortolândia, como podemos notar na Imagem 10. Esta relação

menos intensa com o centro metropolitano, em contraste com a intensa troca que se realiza

com Santa Bárbara D´Oeste, configura a cidade de Americana como sub-centro da RMC.

Esta relação entre Americana e Campinas pode ser alterada com a implantação do

Corredor Metropolitano de Campinas, projeto de transporte de passageiros que prevê a

construção de uma pista exclusiva de ônibus com 37Km de extensão. Com um eixo traçado

desde a área central de Americana até o centro de Campinas, passando por Nova Odessa,

Sumaré e Hortolândia, o Corredor poderá representar um importante indutor para o

incremento populacional destes municípios. O Corredor, em fase de implantação, engloba os

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municípios que concentram cerca de 70% da demanda de transporte da Região, com um

movimento de cerca de 116.000 passageiros/dia.

Imagem 10 – Viagens diárias segundo origem e destino. Região Metropolitana de Campinas. 2003

Fonte: Emplasa Pesquisa Origem Destino 2003. Imagem retirada do Relatório 2 do Plano Integrado de Transportes Urbano da RMC (PITU).

Ainda é necessário considerar a importância da cidade de Paulínia. Esta cidade por ora

não apresenta influência direta na dinâmica de Americana, como podemos notar na Imagem

10. No entanto, Paulínia pode vir a assumir maior importância à partir da ocupação da região

leste do município – conhecida pelos munícipes como Pós-Represa, e que se localiza próxima

ao Pólo Petroquímico de Paulínia.

A extrapolação dos limites do município não se deve apenas ao crescimento da cidade,

que se tornou a terceira maior da Região Metropolitana de Campinas, mas também ao

reduzido tamanho de seu território. Assim, esse transbordamento da cidade para fora de seus

limites é seguida pela redução da oferta de terras no município, e o consequente aumento de

seu preço.

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22

2. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO HABITACIONAL NO MUNICÍPIO.

2.1. Histórico da Política Municipal de Habitação

Os problemas habitacionais no município de Americana se agravaram com o processo de

interiorização do desenvolvimento econômico no Estado de São Paulo a partir da década de

1970. Todavia, é importante salientar que desde a década de 1950 a cidade já sentia

necessidade de desenvolver uma política habitacional, uma vez que a indústria local têxtil

gerou uma grande demanda por moradia, como já visto anteriormente.

A demanda por habitação nesse período se deu principalmente em função da migração

causada pelo êxodo rural resultante da mecanização da agricultura. O grande fluxo migratório

trouxe conseqüências dramáticas em relação à habitação. Indústrias que se instalavam na

região traziam consigo uma demanda por mão-de-obra, porém muitas pessoas que chegavam

com o intuito de trabalhar nas novas indústrias não eram qualificadas suficientemente para

ocupar o número de vagas oferecidas pelo setor. É a partir desse grande volume de pessoas

vindas do campo e interessadas nas oportunidades de emprego é que vão se constituir as

primeiras favelas e sub-moradias da cidade.4

Cabe destacar que entre as décadas de 1960 e de 1980, o Estado brasileiro estruturou o

Sistema Financeiro de Habitação – SFH5 e o Banco Nacional de Habitação – BNH, criado em

1964 e extinto em 1986, que se tornou o principal instrumento da política urbana,

promovendo a intensificação do processo de verticalização, de periferização e de grande

expansão da rede de infra-estrutura urbana no país.

A estruturação do SFH possibilitou a constituição do Fundo de Garantia por Tempo de

Serviço – FGTS6, e da poupança privada para promover entre 1964 e 1985 a construção de

mais de 4 milhões de moradias7 e implantar os principais sistemas de saneamento do país,

4 Segundo entrevista realizada com o Arquiteto Marco Antônio Alves Jorge, a Goodyear ao se instalar na região enviou um comunicado à sede da empresa, em Santa Fé do Sul - RS, informando que precisaria de mão-de-obra qualificada. Ou seja, mesmo havendo vagas no setor, foi necessário “importar” pessoal qualificado de outras regiões, fazendo com que a população sem experiência industrial, recém chegada do campo, permanecesse desempregada e sem moradia. 5 “A fontes de recurso para o SFH eram: depósitos a prazo, financiamentos nacionais e internacionais, letras imobiliárias, depósitos compulsórios dos institutos de aposentadorias e pensões, e aquisição obrigatória de letras imobiliárias pelos Serviço Social da Indústria – SESI e o Serviço Social do Comercio – SESC” (ROSSBACH, 2005, p. 82). 6 “O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), criado em 1966, é composto por contas vinculadas em nome dos trabalhadores, nas quais as empresas depositam mensalmente valor equivalente a 8,5% das remunerações que lhes são pagas ou devidas. O Fundo constitui-se em um pecúlio que é disponibilizado quando da aposentadoria, morte do trabalhador ou outras situações estabelecidas na Lei e representa uma garantia para a indenização por tempo de serviço, nos casos de demissão imotivada” (Ministério das Cidades, 2004b, p. 23). 7 Ministério das Cidades, 2004a.

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esse processo foi caracterizado por implementar um planejamento urbano “tecnocrático e

autoritário” (ARRETCHE, 1990).

A implementação das ações foi em grande medida realizada através da ação de agentes

promotores designados pelo BNH e especificamente criados para tal finalidade, como o caso

das Companhias de Habitação – COHABs, e órgãos semelhantes no âmbito municipal,

intermunicipal ou estadual. Tais companhias foram estruturadas como sociedades de

economia mista, sob controle acionário estatal, e na prática eram controladas pelo poder

público.

Como crítica, aponta-se que a maior parte dos subsídios contidos nos financiamentos

habitacionais do BNH foram dirigidos à construção de edifícios de apartamentos para a classe

média, enquanto que para a população de baixa renda limitou-se a produção de conjuntos

habitacionais populares, de questionável qualidade técnica, fora do tecido urbano existente,

corroborando com a ampliação da segregação sócio-territorial nas cidades brasileiras.

Ainda assim, a organização do sistema se deu de forma a se auto-financiar,

empreendendo uma intervenção de tipo produtivo. Isso significou para o mercado de baixa

renda a impossibilidade de haver investimentos a fundo perdido com resultados do tipo

redistributivo (ARRETCHE, 1990).

É preciso considerar que a política da “casa própria” representava, desde o período

populista, uma importante estratégia de legitimação junto às classes trabalhadoras urbanas,

seja através da criação de oportunidade de empregos na construção civil e mesmo de

contenção das pressões sociais através do compromisso do financiamento, tornando-se a base

da atuação e da propaganda durante a existência do BNH (AZEVEDO & ANDRADE, 1982).

É nesse contexto que se insere a constituição da Política Habitacional em Americana,

cuja política habitacional implementada pela COHAB Campinas se deu, de forma geral, com a

mesma característica em toda a RMC, e não somente no município de Americana.

Em 30.08.76 foi criado o Departamento de Promoção Social, Habitação e Saúde que

tinha como uma de suas metas, a elaboração da Política Habitacional. Na década de 1970

foram implementadas os primeiros empreendimentos habitacionais em Americana com a

construção de conjuntos habitacionais pela COHAB - Campinas, mais especificamente em 1978

com a construção do Conjunto Habitacional Antônio Zanaga I, com 709 casas.

Mesmo com a construção do conjunto Zanaga I e, posteriormente, o Zanaga II, em 1980,

com 1.806 casas, algumas famílias ainda se encontravam em situação precária. Grande parte

das famílias em habitação precária não apresentava renda suficiente para acessar o

financiamento das casas produzidas pela COHAB - Campinas.

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Foto 1 - Conjunto Habitacional Antonio Zanaga Foto: Marco Antônio Alves Jorge

Nesse período, uma das ações viabilizadas se deu através do Programa de

Financiamento de Lotes Urbanizados (PROFILURB), com recursos do BNH (Banco Nacional da

Habitação). Esse programa nacional, e implementado nos municípios da Região Metropolitana

de Campinas através da CDHU, tinha o objetivo de produzir lotes urbanizados com infra-

estrutura básica e alguma benfeitoria. Porém, buscou-se com esse programa que os

municípios atuassem como agente promotor da política habitacional, e não mais somente a

COHAB.

Desta maneira, a produção habitacional pela administração municipal de Americana se

iniciou através do PROFILURB. Foram entregues 683 lotes, que, entretanto, atendiam de

forma precária as necessidades da população.

Paralelamente, a prefeitura de Americana, em parceria com o movimento organizado de

moradores (em formação na cidade), criou uma fábrica de tijolos de solo cimento para os

contemplados com lotes urbanizados pelo PROFILURB, de maneira a viabilizar a auto-

construção dos imóveis, além dos próprios moradores participarem da produção dos tijolos.

Nesse sistema, a prefeitura era responsável pelos materiais para a produção dos tijolos e os

moradores participavam produzindo os mesmos.

Foi construída ainda uma horta comunitária com a população atendida pelo programa

que tinha como objetivo a manutenção dos moradores através da geração de renda,

tornando-se também importante espaço de convivência.

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Foto 2 - Lotes urbanizados com unidade sanitária Foto 3 - Ampliação produzida por morador Fotos: Marco Antônio Alves Jorge

Foto 4 e 5 - Horta comunitária em terreno destinado à praça e Fabrica de tijolos de solo cimento. Fotos: Marco Antônio Alves Jorge

Cabe destacar que nacionalmente, foi um período de extrema escassez de investimentos

federais, até encerramento das atividades e fechamento do BNH, em 1986.

Porém, dada a conjuntura nacional, a maioria dos investimentos feitos durante toda essa

década foi basicamente feito com recursos próprios do município, tendo alcançado uma

produção bastante significativa, sendo caracterizado pela ênfase no processo de

desfavelamento da cidade.

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Foto 06 - Favela Jd. América – Foto - Marco Antonio Alves Jorge

Desta forma de 1990 a 1993 foram produzidas 3.546 unidades, a saber: 2.862 unidades

com recursos municipais, sendo 239 unidades de desfavelamento, 2.099 de lotes urbanizados

e 524 casas. Em parceria com o Inocoop Bandeirantes foram construídos 450 apartamentos e

em com a CEF, 234 casas.

Foto 7 - Desfavelamento Jd. Guanabara-1990 Foto 8 - Mutirão Jd. Brasil-1991 Fotos - Marco Antônio Alves Jorge

A Prefeitura Municipal de Americana em parceria com a sociedade organizada e órgãos

públicos produziu de 1994 a 1995, 1.644 unidades, das quais 944 unidades com a COHAB

RIBEIRÃO PRETO e 700 unidades com a CDHU.

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Apesar de tais iniciativas, surgiram assentamentos precários em algumas áreas

particulares da cidade, como o da Vila Mathiensen, onde famílias se instalaram e iniciaram a

construção de uma quantidade considerável de domicílios precários, chegando a cerca de

1.000 unidades. Frente a tal situação, o Poder Público se propôs a realizar uma negociação

sobre a área, que era de propriedade privada, visando atender as famílias instaladas no local.

Foi viabilizada pelo Poder Público a compra de materiais que foram utilizados na

edificação de pequenas estruturas. A idéia era a transferência dos beneficiários nos fundos

dos lotes para que os moradores pudessem, aos poucos, construir suas novas moradias.

Desta forma, de 1996 a 1999, objetivando o início do processo de desfavelamento,

foram entregues 132 módulos e 108 embriões com recursos municipais e 136 unidades

habitacionais em parceria com CEF, atendendo ex-moradores da favela da Mathiensen, hoje

loteamento Jardim dos Lírios.

Foto 9 - Módulos entregues aos moradores da favela Mathiensen. Foto: Acervo PMA

Foto 10 e 11 - Áreas que passaram pelo processo de desfavelamento na dec. de 1990. Imagens: PMA

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Foto 12 - Construção de unidades habitacionais com Foto 13 - Sobrados no Conjunto Jardim dos Lírios em bloco cerâmico estrutural. Foto: Marco Antônio Alves Jorge.

Foto 14 - Abrigo Provisório “Zincão”. Foto - Marco Antonio Alves Jorge

No mesmo período, devido a uma ação de reintegração de posse em área particular,

desencadeou ao Poder Público a urgência no atendimento a essas famílias, sendo entregue em

1996, 32 abrigos provisórios instalados no Parque da Liberdade.

Em 04.03.1996 foi criada a COOPERTETO, Cooperativa Habitacional constituída como um

importante parceiro na viabilização de empreendimentos habitacionais em Americana.

Através da cooperativa foi possível superar alguns entraves que se apresentavam à Prefeitura

de Americana. Uma dificuldade era a aquisição de terras de forma menos burocrática e

rápida, e mesmo em relação à capacidade de endividamento do executivo municipal.

É neste cenário que se firma um convênio entre Prefeitura e COOPERTETO, onde a

cooperativa representaria a população, recebendo os investimentos federais e a prefeitura

garantiria a assessoria técnica para a implementação dos empreendimentos.

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No período de 1997 a 2006 foram desenvolvidos em parceria Prefeitura, COOPERTETO e

Caixa Econômica Federal, 1.115 lotes urbanizados, 191 sobrados e 41 casas de blocos

cerâmicos estrutural, totalizando 1.347 unidades. Em parceria com a CDHU foram entregues

447 imóveis, sendo 160 apartamentos e 287 casas.

Foto 15: Casas Geminadas no Conj. Jd. dos Lírios. Foto 16: Sobrados no Conj. Jd. dos Lírios. Fotos: Roberta Rodrigues.

A Associação dos Sem-Tetos de Americana - ASTA, também tem importância significativa

na construção da dinâmica habitacional do município. Através da ASTA, foram construídos 594

lotes urbanizados com projetos e infra-estrutura executados pela Prefeitura.

Assim, a construção da política habitacional de Americana pode ser dividida em três

períodos expressivos: Período entre 1978 e 1980 marcado pela produção habitacional através

da COHAB-Campinas; Período entre os anos 1982 e 1993 tendo a Prefeitura de Americana

como principal promotora da política habitacional e a partir de 1993 aos dias atuais, em que

se consolida a produção através das parcerias entre Prefeitura e (a) sociedade organizada

como através da ASTA, COOPERTETO e (b) órgãos públicos como CEF, COHAB Ribeirão Preto e

CDHU.

Cabe ressaltar que em 2006 foram construídas 34 casas em parceria com a CEF em

sistema de mutirão, concluindo o processo de desfavelamento no Parque da Liberdade.

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Foto 17 – Área “Zincão” - Parque da Liberdade antes. Foto 18 - PSH- Parque da Liberdade depois. Fotos: Pascoal Bisofi

Em maio de 2007 houve também a conclusão do processo de desfavelamento do Jd. Dos

Lírios com a construção de 200 unidades pelo sistema mutirão, sendo 104 construídas no

Jardim dos Lírios e 16 no Parque da Liberdade.

Fotos 19 e 20 – Processo de desfavelamento Jd. Dos Lírios (antes e depois)

Fotos: Acervo Marco Antonio Alves Jorge.

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Segue abaixo um quadro dos empreendimentos em habitação popular desenvolvidos pela

Prefeitura ou em parcerias de 1978 a 2008:

Tabela 4 – Projetos de habitação popular desenvolvidos em Americana.

(Continua)

NOME DO CONJUNTO HABITACIONAL TOTAL UNIDADES CONCLUSÃO ÓRGÃO RESPONSÁVEL

Conj Habitacional Antonio Zanaga I 709 casas 1978 Cohab - Campinas

Conj Habitacional Antonio Zanaga II 1806 casas 1980 Cohab - Campinas

Lotes urbanizados Profilurb 683 lotes 1982 Prefeitura Americana

*Cidade Jardim 38 1990 Prefeitura Americana

*Vila Mathiensen 22 1990 Prefeitura Americana

*Jd Guanabara 60 1990 Prefeitura Americana

*Balneário Riviera 16 1990 Prefeitura Americana

*São Jerônimo 103 1990 Prefeitura Americana

Mutirão Lilazes 110 casas 1990 Prefeitura Americana

Lotes Urb. Jardim Brasil 142 lotes 1990 Prefeitura Americana

Lotes Urb. São Jerônimo I 64 lotes 1990 Prefeitura Americana

Lotes Urb. Vila Bela 254 lotes 1990 Prefeitura Americana

Mutirão Jardim Brasil 52 casas 1991 Prefeitura Americana

Lotes Urb. Jardim da Paz 103 lotes 1991 Prefeitura Americana

Parque Residencial Guaicurus 450 aptos 1992 Inocoop Bandeirantes

Mutirão Jardim da Paz 234 casas 1992 Prefeitura Americana

Lotes Particulares Jd. da Paz 637 lotes 1992 / 93 Prefeitura Americana

Lotes Particulares Pq. da Liberdade 731 lotes 1992 / 93 Prefeitura Americana

Lotes Urb. Jardim das Flores 168 lotes 1992 / 93 Prefeitura Americana

Mutirão Vila Bela 128 casas 1993 Prefeitura Americana

Conj Hab. Jardim do Lago 234 casas 1993 Caixa Econômica Federal

Conj Hab. Parque da Liberdade 700 casas 1994 CDHU - São Paulo

Conj Hab. Jardim da Paz 401 casas 1994 COHAB - Ribeirão Preto

Conj Hab. Sâo Jerônimo II 543 casas 1995 COHAB – Ribeirão Preto

Abrigo Transitório – Pq. da Liberdade 32 abrigos 1996 Prefeitura Americana

Lotes Urb. Parque da Liberdade 14 lotes 1996 Prefeitura Americana

Módulos Jardim dos Lírios 132 módulos 1996 Prefeitura Americana

Lotes Particulares Jd. dos Lírios 455 lotes 1997 PMA / Cooperteto

Mutirão Jardim dos Lírios 108 casas 1997 / 98 Prefeitura Americana

Mutirão Jardim dos Lírios 136 casas 1999 Pref. Americana / CEF

Mutirão Pq. da Liberdade 156 casas 1999 Pref. Americana / CEF Fonte: Prefeitura Municipal de Americana, 2008.

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Tabela 4 – Projetos de habitação popular desenvolvidos em Americana.

(Continuação) NOME DO CONJUNTO HABITACIONAL TOTAL UNIDADES CONCLUSÃO ÓRGÃO RESPONSÁVEL

Mutirão Jardim dos Lírios 143 sobrados 2000 / 02 PMA / CEF / Cooperteto

Mutirão Jardim dos Lírios 41 casas 2000 / 02 PMA / CEF / Cooperteto

Mutirão Vila Bela 48 sobrados 2000 / 03 PMA / CEF / Cooperteto

Conj. Vitória I - Mathiensen 66 lotes 2000 / 02 ASTA – PMA

Conj. Conquista II – Jd. Brasil 78 lotes 2000 / 02 ASTA – PMA

Conj. Novo Paraíso III – Praia Namorados 350 lotes 2002 / 03 ASTA – PMA

Conj. Nova Esperança IV – Remanso Azul 100 lotes 2003 / 04 ASTA – PMA

Conj. Hab Mário Covas (287 casas/160 ap) 447 unidades 2003 / 04 CDHU / PMA

Lotes Urb. – Jardim da Mata – Praia Azul 416 lotes 2000 / 04 Cooperteto – PMA

Lotes Urb. – Jd. N. Horizonte 197 lotes 2004 Cooperteto – PMA

Mutirão Pq. da Liberdade 34 casas 2006 Pref. Americana / CEF

Lotes Urbanizados Pq. da Liberdade 47 lotes 2006 Cooperteto – PMA

Mutirão Casa e Muro de Arrimo – Jardim dos Lírios

104 casas 2007 Pref. Americana / CEF

Mutirão Casa Pq. da Liberdade 16 casas 2007 Pref. Americana / CEF

Apartamentos Vila Dainese 176 apartamentos

2008 CEF

Fábrica de Casas Ecológicas – Jardim da Mata

------ 2008 PMA / Cooperteto / JetCasa

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana, 2008.

Atualmente estão em andamento projetos com recursos do Fundo Nacional de Habitação

de Interesse Social - FNHIS, tais como: OGU, COHAB Campinas (PSH), Crédito Solidário, em

parceria da Caixa Econômica Federal e COOPERTETO, com a produção de: 26 sobrados no

Jardim Novo Horizonte, 90 sobrados e 06 embriões casas no Jardim da Mata com painéis pré-

fabricados e 08 casas no Parque da Liberdade.

Está previsto para 2009, 32 unidades no Jardim dos Lírios, 120 unidades no Jardim da

Mata com recursos do FNHIS e em fase de contratação, mais dois projetos para a construção

de 332 unidades habitacionais nos bairros Antonio Zanaga e Praia Azul com recursos da CDHU

em forma de crédito habitacional.

O projeto mais recente da prefeitura em parceria com a COOPERTETO é o da fábrica de

casas ecológicas que está instalada no bairro Jardim da Mata. O projeto consiste na confecção

de painéis pré-fabricados de alvenaria, que posteriormente são montados nos terrenos

adquiridos pelos cooperados.

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Pelo fato de serem produzidas através de um sistema especial de painéis pré-

fabricados, de forma que a produção é realizada com baixo índice de perda e desperdício de

material do que as moradias construídas de forma tradicional, já prevendo os vãos e

instalações elétricas e hidráulicas, além de exigir menos esforço e habilidade na produção de

cada elemento da casa. Essa é uma característica importante uma vez que a produção é feita

em sistema de mutirão pelas famílias a serem atendidas.

O projeto prevê ainda a instalação de reservatórios para água da chuva para

reaproveitamento e sistema de aquecedor solar.

Fotos 21/22/23/24: Processo de produção, painéis pré-moldados, montagem e casas geminadas em construção – Fábrica Ecológica. Fotos: Pascoal Bisofi e Roberta Rodrigues.

De 2000 a 2008 foram investidos R$ 14.217.704,00 com recursos provenientes da

Prefeitura Municipal de Americana, Governo Estadual e Governo Federal. Foram entregues

1.008 unidades habitacionais sendo, 191 sobrados, 481 casas e 336 apartamentos. Os

programas desenvolvidos são divididos em dois tipos, mutirão e novas unidades, com a

entrega de, respectivamente, 385 e 623 unidades, como observado na tabela 5. Das 623 novas

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unidades, 447 foram entregues pela CDHU contabilizando R$ 13.529.204,00 vindos do Governo

Estadual.

Em dois casos específicos foram utilizados recursos do PSH - Programa de Subsídio a

Habitação de Interesse Social. No bairro Jardim dos Lírios, como apresentado na tabela 5,

onde houve a entrega de 104 unidades em regime de mutirão, com um investimento de R$

468.000,00 por parte do Governo Federal e uma contrapartida de mesmo valor por parte da

Prefeitura. No Parque da Liberdade onde foram entregues, também em regime de mutirão, 50

unidades, houve um investimento de R$ 220.500,00 com uma contrapartida de igual valor da

administração municipal.

Foto 25 - Mutirão Jd. Lírios (PSH) Foto 26 - Mutirão Pq. da Liberdade.

Fotos: Pascoal Bisofi

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Imagem 11 - Mapa de Experiências Implantadas de Habitações Populares – 2006.

Fonte: Secretaria de Planejamento e Controladoria. Geoprocessamento e Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano, 2008.

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Tabela 5 - Empreendimentos concluídos no município de Americana - 2000 a 2008.

Fonte: PMA; CDHU, 2008.

Parcerias Recursos

Nome do Programa

Data de

início

Data de

com-clusão

Localiz. Situação atual

Tipo de Programa

Tipo de Unid.

Unid. hab.

CEF CDHU COHAB Camp.

Cooper-teto ASTA PMA

Fundo Mun.

de Hab.

Gov. Fed.

Gov. Est. SP

Fonte de

Recurso

Valor de repasse

(R$)

Contra-partida da PMA

(R$)

Jardim dos Lírios -

Sobrados 2000 2002 Jardim

dos Lírios

Concluído e não

regularizado Multirão Sobrado 143 X X

X

FGTS - -

Jardim dos Lírios 2000 2002 Jardim

dos Lírios

Concluído e não

regularizado Multirão Casa

embrião 41 X X

X X

- - -

Vila Bela / Multirão 2000 2003 Vila Bela

Concluído e não

regularizado Multirão sobrado 48 X

X

X

- - -

Conjunto Habitacional Mario Covas

2003 2004 Jardim da Balsa

Concluído e não

regularizado

Novas Unidades

Casa embrião 143 X

X X - 4.271.024 -

Conjunto Habitacional Mario Covas

2003 2004 Jardim da Balsa

Concluído e não

regularizado

Novas Unidades

Casa embrião 144 X

X X - 4.277.417 -

Conjunto Habitacional Mario Covas

2003 2004 Jardim da Balsa

Concluído e não

regularizado

Novas Unidades Apto 160 X

X X - 4.980.764 -

Jardim dos Lírios

maio 2004

maio 2007

Jardim dos Lírios

Concluído e não

regularizado Multirão Casa

embrião 104 X

X X

PSH 468.000 468.000

Parque da Liberdade/49

maio 2004

maio 2007

Parque da Liberdade

Concluído e não

regularizado Multirão Casa

embrião 50 X

X X

PSH 220.500 220.500

Condomínio Elza

Nogueira - 2008 Vila

Dainese Concluído e regularizado

Novas Unidades Apto 176 X

X

- - -

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Além dos projetos já concluídos existem 5 projetos em fase de desenvolvimento, como

indica a tabela 6. O total de recurso a ser investido chega a R$ 3.411.140,00 e está prevista a

entrega de 712 unidades habitacionais. Das 712 unidades, 129 são desenvolvidos em regime

de mutirão com a utilização da Fábrica de Casas Ecológicas e um recurso de R$ 1.702.170,00

sendo R$ 610.170,00 provenientes de Crédito Solidário, R$ 780.000,00 do Orçamento Geral da

União e R$ 312.000,00 do Programa de Subsídio a Habitação de Interesse Social; 120 são casas

desenvolvidas em parceria da COOPERTETO com a Caixa Econômica Federal com R$

1.680.000,00 recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS programado

para 2009.

Existem ainda mais 3 programas em fase de projeto que totalizarão 149 unidades

habitacionais com R$ 2.274.549,00 em recurso do Governo Federal e Estadual, como indica a

tabela 7. Para o Bairro do Jardim dos Lírios está prevista a construção de 32 novas unidades

habitacionais com recurso do FNHIS no valor de R$ 489.144,00 e contrapartida de 10% desse

valor por parte da prefeitura. Os outros R$ 1.785.405,00 são recursos do Governo Estadual em

Cartas de Crédito da CDHU em fase de contratação que viabilizarão 332 apartamentos.

Dos projetos observados na tabela 6, dois deles são específicos para a construção de

lotes urbanizados. Nos programas realizados nos bairros Jardim da Mata e Parque da

Liberdade foram construídos 463 lotes com recursos da Prefeitura em parceria com a

COOPERTETO.

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38

Tabela 6 - Empreendimentos em desenvolvimento. Município de Americana - 2008.

Recursos Nome do Programa

Data de

início

Data de conclusão Localização Situação

atual Tipo de

Programa Tipo de Unid.

Unidades hab. Parcerias

PMA Fundo

Mun. de Habitação

Gov. Fed.

Gov. Est.

Fonte de Recurso

Valor de repasse

(R$)

contra-partida

municipal (R$)

Jardim da Mata 2000 2004 Jardim da Mata

- Praia Azul Não

concluído Loteament

o Lotes 416 CEF, COHAB Campinas e Cooperteto

X X

Parque da Liberdade/

Q38 2005 2006 Parque da

Liberdade Não

concluído

Urbanização de

loteamento Lotes 47 Cooperteto X Prefeitura - -

Jardim da Mata / 52

dezembro 2006

dezembro 2008

Jardim da Mata - Praia Azul

Não concluído

Mutirão - Casa

Ecológica

1/2 sobrado 52

COHAB Campinas e Cooperteto

X

PSH 312.000 312.000

Assistência Técnica

junho 2008

dezembro 2008

Jardim dos Lírios

Não concluído

Serviços (sondagem

) - -

CEF e Cooperteto

X

FNHIS 28.970 5.972

Jardim da Mata/120

junho 2008

dezembro 2009

Jardim da Mata - Praia Azul

Não concluído

Novas Unidades

Casa embrião 120

CEF e Cooperteto

X

FNHIS 1.680.000 336.000

Jardim da Mata/51

junho 2008

dezembro 2008

Jardim da Mata - Praia Azul

Não concluído

Mutirão - Casa

Ecológica

1/2 sobrado 51

CEF e

Cooperteto X X

OGU 780.000 156.000

Jardim Novo Horizonte

out. 2008

dezembro 2008

Jardim Guanabara

Não concluído

Mutirão - Casa

Ecológica + lote

urbanizado

lote + sobrado

197 lotes e 26

sobrados

CEF e Cooperteto X X X

Crédito Solidário 610.170 Equipe

Técnica

Fonte: PMA; CDHU, 2008.

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39

Tabela 7 - Empreendimentos em projeto. Município de Americana.

Fonte: PMA; CDHU, 2008.

Nome do Programa

Linha de Programa

Data de

início

Data de conclusão Localização Situação

atual Tipo de

Programa Tipo de Unidade

Unidades hab.

Parcerias Recursos

Fonte de

Recurso

Valor de repasse

(R$)

Contra-partida da Prefeitura

(R$)

Jardim dos Lírios a definir a

definir Dez. 2009

Jardim dos Lírios

Em contratação

Novas unidades a definir 32

CEF e

COOPERTETO

Prefeitura FNHIS 489.144 48.914

Crédito habitacional

Carta de Crédito -

CDHU

a

definir a definir Jardim do

Lago Em

contratação Novas

Unidades apto. 12 CDHU Gov. Estado SP CDHU 539.155 -

Crédito habitacional

Carta de Crédito -

CDHU

a definir a definir Zanaga Em

contratação Novas

Unidades apto. 320 CDHU Gov. Estado SP CDHU 1.246.250 -

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40

Nos últimos cinco anos a previsão de receita orçamentária para o município teve um

crescimento superior a 70%, passando de R$ 182.935.000,00 em 2003 para R$313.080.000 em

2008. O valor é bastante elevado para uma cidade que teve um crescimento populacional de

pouco mais de 7% no mesmo período.

A análise sobre lei orçamentária para o setor habitacional do município de Americana

mostra a inconstância dos investimentos na área. Os recursos alocados em programas

habitacionais e a porcentagem destes investimentos em relação ao total orçamentário mostra

a priorização e a capacidade financeira do município. Conforme observado na tabela 8 o

percentual da receita destinado ao setor habitacional foi maior do que 1% apenas uma vez nos

últimos cinco anos. Em 2003 a porcentagem da receita para o setor aparece maior na tabela

pelo fato de, na época, a Promoção Social e a Habitação integrarem a mesma Secretaria.

Page 42: PREFEITURA MUNICIPAL DE AMERICANA SECRETARIA DE … · segundo uma caracterização das condições de carência habitacional ou dificuldade de acesso à ... da População de Americana

41

Tabela 8 – Valores para projetos habitacionais na lei orçamentária anual.

2003 (1) ** Perc. da 2004 (2) Perc. da 2005 (3)

Perc. da 2006 (4)

Perc. da 2007 (5)

Perc. da 2008 (6)

Perc. da

Rec. (%) Rec. (%)

Rec. (%)

Rec. (%)

Rec. (%)

Rec. (%)

Receita Prevista 182.935.000

206.040.000

224.115.000

264.740.000

286.445.000

313.080.000

Valor p/ Projetos Habitacionais * 1.000.000 0,55% 500.000 0,24% 1.200.000 0,54% 250.000 0,09% 400.000 0,14% 1.100.000 0,35% Total p/ Secretaria de Habitação

4.502.000 2,46%

1.510.000 0,73%

2.445.000 1,09%

1.425.000 0,54%

1.975.000 0,69%

2.740.000 0,88%

* (1) Valor distribuído entre verba municipal e verba da CEF * (2) Verba municipal * (3) Valor distribuído entre verba municipal e verba da CEF * (4) Verba CEF * (5) Verba municipal; a verba da CEF (R$ 250.000,00) foi aplicada em auxílio-moradia (3390) * (6) Verba municipal; a verba da CEF (R$ 250.000,00) foi aplicada em auxílio-moradia (3390) ** Em 2003, Habitação e Promoção Social compunham o mesmo órgão, o que justifica o valor maior comparado com os demais anos Fonte: Prefeitura Municipal de Americana, 2008.

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42

Assim, de forma geral a política habitacional implementada em Americana apresenta

como características importantes:

• A consolidação da experiência de produção através dos mutirões;

• O Investimento em técnicas alternativas para solucionar a falta de recursos

financeiros e ampliar a produção;

• O estabelecimento de convênios entre cooperativas e associações com a

Prefeitura para a produção de unidades.

Estas características possibilitaram a produção de um volume significativo de unidades e

a consolidação de uma prática que evoluiu significativamente quanto ao tipo de habitação e

técnicas empregadas.

Frente aos resultados dessa política, pode-se considerar que no município de Americana,

as situações de precariedade habitacional assumem características distintas de outros

municípios da própria Região Metropolitana de Campinas, por não haver constituídos

assentamentos precários de grande extensão, sendo que em 2001 haviam 254 habitações

precárias, passando para 63 em 2008, conforme demonstra o gráfico abaixo.

Gráfico 3 e 4 – Sub Habitação em Áreas Públicas em Americana

254 249256

246

221

191

73 63

0,137 0,133 0,1340,127

0,112

0,096

0,036 0,031

0

50

100

150

200

250

300

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

185.054 187.851 190.690 193.572 196.467 199.139 201.816 203.283

Ano - População

Fonte: SEADE / IBGEObs: Das 63 unidades em 2008, 23 já estão inseridas em novos projetos habitacionais.

SUB-HABITAÇÕES EM ÁREAS PÚBLICAS(Quantitativo/Índice)

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43

0

50

100

150

200

250

300

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

259 254 249 256 246221

191

73 63

Nr. U

nida

des

Ano

Secretaria de Habitação e Desenvolvimento UrbanoSub-Habitações / Ano

Fonte: SHDU, 2008.

Conforme a tabela 9, das 61 famílias instaladas em sub habitação em áreas públicas, 23

já estão inseridas em projetos habitacionais, 7 fazem parte da demanda e 31 famílias

cadastradas, serão atendidas através de projeto de 32 unidades (tabela 7) a serem

construídas em 2009 no Jd. dos Lírios com recursos do FNHIS.

Tabela 9 – Sub Habitação existentes em Americana - 2008

Localização Famílias inseridas em projetos habitacionais

Famílias NÂO inseridas em projetos habitacionais Total

Pq. Da Liberdade 06 01 07 Praia Azul 14 06 20 Jd. Guanabara 01 - 01 Jaguari 01 - 01 Vila Jones 01 - 01 Vila Bertini III - 03 03 Dist. Ind. Abdo Najar - 02 02 Nova Americana - 06 06 Werner Plass - 02 02 Rodoviária (próx.) - 06 06 Jd. Santa Elisa - 02 02 Vale das Nogueiras - 06 06 Centro - 04 04 Total 23 38 61 Fonte: SHDU Americana, 2008.

Entretanto, a identificação do déficit habitacional e das situações de precariedade ainda

existentes no município podem ser sistematizados como nos tópicos a seguir.

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44

2.2. Cadastro Municipal de Demanda Habitacional em Americana

Considera-se como a principal fonte de identificação da demanda habitacional no

município de Americana o Cadastro de Demanda Habitacional realizado pela Secretaria de

Habitação de Americana, no período de dez/07 a julho/08.

O cadastro atual é resultado da abertura de novas inscrições para moradia em 2003.

Existia um cadastro anterior, realizado em 2000, que continha 6.000 famílias cadastradas.

A partir da solicitação da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do

Estado de São Paulo - CDHU, foi realizado em julho de 2003 um novo processo de inscrições,

totalizando 14.799 famílias que demonstraram interesse na aquisição de uma moradia. Tal

demanda se deveu a necessidade de atualização dos cadastros existentes para identificar a

demanda a ser atendida por um Conjunto Habitacional com 447 unidades entregue nesse

período pela companhia. Assim, do total de 14.799 de famílias inscritas em 2003, 447 foram

sorteadas para as unidades entregues pelo CDHU e o restante das famílias foi classificado para

aguardar novos projetos habitacionais da Prefeitura.

Posteriormente, o processo de inscrição para novas moradias em Americana foi

regulamentado em 2005 pela Lei de Política Municipal de Habitação e Desenvolvimento

Urbano de Interesse Social – n.º 4.196, que institucionalizou a elaboração de Cadastros.Tal

processo prevê abertura oficial de inscrições havendo seqüencialmente a seleção e

classificação, de forma que sejam identificadas as famílias a serem atendidas por programas

habitacionais municipal.

A lei determinou ainda os seguintes critérios de inclusão no cadastro habitacional, quais

sejam:

“Art. 10. São condições obrigatórias para inscrição nos programas de habitação da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano: I - não possuir imóvel neste ou em qualquer outro Município do Estado de São Paulo; II - não ter sido atendido por nenhum programa habitacional através de financiamento público; III - quanto ao estado civil ou relação de convivência: a) ser casado ou manter união estável no mínimo por 2 (dois) anos, ou ser solteiro, viúvo ou separado, com a guarda de filhos ou tutela comprovada de menores, idosos ou portadores de necessidades especiais; b) ser pessoa só, que não possua família na Região Metropolitana de Campinas - RMC, condicionado a uma análise sócio-econômica para possível atendimento; IV - residir ou trabalhar regularmente no Município há pelo menos 5 (cinco) anos consecutivos; V - ter renda conjugal familiar mensal limitada a 7 (sete) salários mínimos.” 8

8 Lei Municipal nº 4.196, de 3 de agosto de 2005.

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45

Tais critérios indicam uma limitação de atendimento de famílias (ou pessoas) com

rendimento até uma faixa média, além de tentar evitar um duplo cadastramento de uma

mesma família. Porém, incluiu a possibilidade de atendimento de pessoas que não residem no

município, mas que trabalham, o que se justifica pela conurbação existente entre os

município da Região Metropolitana de Campinas, e no caso de Americana, principalmente em

relação à Nova Odessa e Santa Bárbara do Oeste.

Como parte do processo de elaboração do Plano Municipal de Habitação, a Secretaria de

Habitação e Desenvolvimento Urbano de Americana, optou por, em dezembro de 2007,

atualizar e detalhar o cadastro existente de forma a identificar com mais precisão a demanda

habitacional e as características dos inscritos de forma a determinar as formas de

atendimento possíveis, através do Plano.

Tal iniciativa representa, sobretudo, uma adequação da política habitacional do

município de Americana ao atual cenário da Política Nacional de Habitação, e o conjunto de

mudanças operadas pelo Ministério das Cidades desde sua criação em 2003. Essa adequação

inclui uma série de iniciativas municipais como a aprovação da Lei de Habitação de

Desenvolvimento Urbano e a constituição do Conselho e do Fundo Municipal de Habitação em

2005. São ações que permitiram a adesão do município ao Sistema Nacional de Habitação de

Interesse Social - SNHIS e seu fundo, e que conduziram a necessidade de elaboração do Plano

Municipal de Habitação.

O recadastramento iniciado em dezembro/2007 pela equipe técnica da SEHAB teve

como objetivo principal ouvir os inscritos, identificando suas expectativas, anseios e

propostas de ações que convergissem a uma moradia digna. A metodologia utilizada para

mobilização da comunidade foi a realizações de reuniões para esclarecimentos e atualização

dos dados, além de tentar identificar as expectativas de cada um e definir opções por

modalidades habitacionais.

O resultado mostrou que, dos 14.352 inscritos, confirmaram interesse para aquisição de

moradia 7.301 inscritos.

É importante considerar, todavia, que o cadastro municipal representa uma demanda

identificada a partir de inscrições espontâneas, que pode não refletir todo o universo da

necessidade habitacional no município.

Porém, o conjunto de informações levantadas pelo cadastro ajudam a caracterizar essa

demanda. Os dados informados sobre a renda dos inscritos revelam que 61,80% do total

encontra-se na faixa de rendimento mensal de até 3 salários mínimos, totalizando 4.550

pessoas. Os inscritos com rendimento de 3 a 5 salários mínimos correspondem a 2.401

pessoas, de 5 a 7 salários mínimos, 342, e acima de 7 salários, 69 pessoas.

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Foto 27 a 32 - Reuniões com inscritos e cadastramento. Fotos: Acervo Secretaria de Habitação de Americana.

Para efeito do Plano Municipal de Habitação, foi identificado o rendimento nominal dos

inscritos sendo organizados a partir dos grupos de atendimento que caracterizam os

municípios tipo D9 conforme definidos pelo Plano Nacional de Habitação – PLANHAB10. Segundo

esse critério, 55,53% ou 4.055 inscritos apresentam rendimento de até R$ 1.200,00, e 38,35%

9 Conforme o PLANHAB são aglomerados e centros regionais Centro Sul com mais de 100 mil habitantes. 10 Via Pública, LABHAB-Fupam, Logos engenharia. Relatório do Plano Nacional de Habitação, Produto 2. Vol. I e II, 2008.

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47

ou 2.800 inscritos tem renda de R$ 1.200 a R$ 2.000 Reais como demonstrado pela tabela

abaixo.

Desta maneira, a tabela a seguir sistematiza o número de inscritos por grupo de

atendimento segundo o PLAHNAB.

Tabela 10 – Número de inscritos no Cadastro Municipal por Grupos de Atendimento em Americana - 2008 Grupos de Atendimento Inscritos %

GRUPO 1 – até R$ 600,00 976 13,36

GRUPO 2 – de R$ 600,00 a R$ 1.200,00 3.079 42,17GRUPO 3 – de R$ 1.200,00 a R$ 2.000,00 2.800 38,35

GRUPO 4 – de R$ 2.000,00 a R$ 4.000,00 433 5,93

GRUPO 5 – mais de R$ 4.000,00 13 0,17

TOTAL 7.301 100Fonte: Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Prefeitura de Americana. Elaboração: Cooperativa Integra, 2008.

Foi possível ainda a identificação do tipo de situação habitacional que os inscritos se

encontram atualmente conforme declarado, sendo que as principais situações identificadas

são de aluguel (3.716 inscritos) e em imóveis cedidos (3.526 inscritos), que podem

representar em sua maioria situações de coabitação familiar. Os inscritos que vivem em

habitações precárias, como em barracos, totalizaram 35 inscritos, conforme a tabela a seguir.

Tabela 11 – Tipo de moradia dos inscritos por Grupos de Atendimento em Americana - 2008

Fonte: Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Prefeitura de Americana. De acordo com as informações disponibilizadas pelos inscritos, é possível identificar a

localização da atual moradia dos mesmos. Assim, a partir do mapa abaixo se identifica que a

maior parte dos inscritos estão localizados em área periféricas, e principalmente, em bairros

onde já houveram intervenções, o que pode vir a expressar um processo de adensamento

destes bairros e possivelmente, gerando as situações de coabitação familiar existentes.

Grupos de Atendimento Alugado Cedido Domicílio Precário Própria Sem

Informação

GRUPO 1 – até R$ 600,00 430 533 12 - 1

GRUPO 2 – de R$ 600,00 a R$ 1.200,00 1489 1557 17 4 12

GRUPO 3 – de R$ 1.200,00 a R$ 2.000,00 1537 1251 6 1 5

GRUPO 4 – de R$ 2.000,00 a R$ 4.000,00 254 178 - 1 -

GRUPO 5 – mais de R$ 4.000,00 6 7 - - -

TOTAL 3716 3526 35 6 18

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No momento do recadastramento foi identificada a preferência pela forma de

atendimento habitacional, apesar de representarem mais de uma opção por inscrito. Assim,

2.999 inscritos manifestaram o interesse em serem atendidos por lotes urbanizados, 5.659

através de casas prontas, 2.692 através de apartamentos e 2.008 por mutirão. Vale destacar

que foi identificada também a existência de 456 famílias que possuem lotes urbanos e que os

inscritos puderam escolher mais de uma opção.

Tabela 12 – Preferência de tipo de atendimento por Grupos em Americana - 2008

Grupos de Atendimento Casa Apto Lote Mutirão Financiamento

GRUPO 1 – até R$ 600,00 797 365 273 301 45

GRUPO 2 – de R$ 600,00 a R$ 1.200,00 2.414 1.142 1.156 872 156

GRUPO 3 – de R$ 1.200,00 a R$ 2.000,00 2.128 1.004 1.342 748 215

GRUPO 4 – de R$ 2.000,00 a R$ 4.000,00 313 175 220 86 39

GRUPO 5 – mais de R$ 4.000,00 7 6 8 1 1

TOTAL 5.659 2.692 2.999 2.008 456 Fonte: Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Prefeitura de Americana.

Essa diversidade de interesses contribui para uma definição posterior de programas de

atendimentos também diversificados, uma vez que não somente a renda dos inscritos

interfere na definição da forma de atendimento, mas também a disponibilidade de terra e seu

valor para a viabilização dos empreendimentos. Assim, a produção vertical como forma de

viabilizar um número maior de unidades por terreno, ou mesmo através da auto-construção

em lote próprio apontam para essa multiplicidade de possibilidades a serem aprofundadas.

Ainda sim, contribui a experiência já acumulada de viabilização de parte da produção através

de cooperativas habitacionais, como já realizada no município como visto anteriormente.

A diferenciação dos casos em que é necessário subsídio integral e os casos de inscritos

que apresentam uma capacidade de acessar um financiamento habitacional é estratégica para

a viabilização da política habitacional nos próximos anos. Nesse sentido, houve a discussão

com os inscritos da viabilidade de criação de poupança individuais, sendo que 3.590 se

propuseram a criar essa poupança ou já possuem poupança.

Desta maneira, a definição tanto das prioridades como das formas de atendimentos

serão definidas a partir das informações levantadas pelo cadastro municipal. Porém, além da

identificação da demanda habitacional atual, é necessária a projeção da necessidade de

novas moradias no município de Americana em função do próprio crescimento da população

residente, para efeitos do Plano Municipal de Habitação, uma vez que o planejamento

proposto é de longo prazo.

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Imagem 12 – Número de inscritos no Cadastro Municipal - 2008

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana, 2008. Elaboração: Cooperativa Integra. Situação sem escala

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50

2.3. Caracterização do Déficit Habitacional em Americana

Após a apresentação da Política Habitacional consolidada em Americana nos últimos

anos, cabe discutir os dados que são apresentados por órgãos oficiais e de amplo

reconhecimento que ajudam a se construir uma leitura sobre a questão habitacional para a

totalidade do município.

Para tanto, primeiramente recorremos aos dados que demonstram a constituição do

universo de domicílios e de população no município de Americana, tomando-se como

referência os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

De acordo com o Censo 2000, existiam em Americana 52.441 domicílios particulares

permanentes11, sendo 52.363 urbanos e 78 rurais. Ou seja, como referido anteriormente, a

ocupação no município é majoritariamente urbana.

Tabela 13 – Total de Domicílios Particulares no Município de Americana

Informação Total Urbano Rural

Domicílios Particulares Permanente (2000)1 52.441 52.363 78 Domicílios Particulares Permanente (2008) 2 58.741 58.654 87 Fonte: 1- Fundação João Pinheiro – 2001

2- Projeção realizada sobre taxa de crescimento populacional da Fundação SEADE.

A população do município de Americana em 2000 era de 182.593 habitantes. Assim, a

média de moradores por domicílios era da ordem de 3,49 pessoas por domicílio.

Os dados sobre a distribuição de domicílios particulares permanentes por faixa de renda

mensal em 2000 indicavam que 17,73% eram de famílias até 3 salários mínimos e 18,88% de

famílias de 3 a 5 salários mínimos. Se somadas, estas duas faixas de renda representavam

36,61% do total de domicílios de em Americana.

Comparativamente, as faixas de 5 a 10 salários mínimos totalizavam 32,11% e os

domicílios com renda mensal acima de 10 salários mínimos, 31,38%, como demonstrado na

tabela a seguir. Desta forma, os dados de 2000 indicavam que percentualmente, a maioria dos

domicílios particulares permanentes em Americana tinha renda mensal de até 5 salários

mínimos, faixas estas que costumam concentrar o déficit habitacional.

11 Apenas domicílios de uso particular, utilizados permanentemente. Não inclui domicílios improvisados e coletivos. Para um valor que represente o mesmo universo de domicílios particulares ocupados de 2007, deve-se somar 249 domicílios que corresponde ao número de domicílios improvisados identificados em Americana em 2000, totalizando 30.563 domicílios.

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51

Tabela 14 – Domicílios Particulares Permanentes por Faixa de Renda - 2000

Informação %

Domicílios com faixas de renda mensal de até 3 salários mínimos 17,73

Domicílios com faixas de renda mensal de 3 a 5 salários mínimos 18,88

Domicílios com faixas de renda mensal de 5 a 10 salários mínimos 32,11

Domicílios com faixas de renda mensal maior que 10 salários mínimos 31,38

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001.

Em 2007 o IBGE promoveu a Contagem da População nos municípios brasileiros, o que

gerou uma série de dados com relação aos números de domicílios em cada cidade. Porém,

essa nova contagem foi feita apenas para municípios com até 150mil habitantes. Para

Americana foi feita uma estimativa através da consolidação dos dados dos municípios

recenseados junto a uma análise da dinâmica demográfica dos estados Brasileiros, não

detalhando os dados para número de domicílios, como nos municípios recenseados.

Além dos dados do IBGE é relevante a identificação feita pela Prefeitura através do total

de imóveis cadastrados por espécie no município, que indicavam a existência de 41.961

residências em 2007. Esse total, significativamente menor que o número de domicílios

particulares permanentes identificados em 2000, pode indicar uma possível situação

subestimada pelo fato das Prefeituras nem sempre terem condições de acompanhar o rápido

fluxo de mudanças do território construído.

Tabela 15 - Imóveis cadastrados no Município de Americana por espécie – 2003 a 2007

Quantidade Espécie

2003 2004 2005 2006 2007

Variação %

2006-2007

Residenciais 38.735 39.814 40.327 40.917 41.961 2,55

Territoriais 32.373 33.180 34.033 35.876 37.115 3,45

Comerciais e Prestação De Serviços

9.058 9.424 9.733 9.978 10.255 2,77

Industriais 1.256 1.290 1.319 1.348 1.372 1,78

Instituições Especiais 575 585 596 446 450 0,89

Total 81.997 84.293 86.008 88.565 91.153 2,92

Fonte: Informativo Sócio-Econômico do Município de Americana – Sp N° 24 - Ano 2008, SEPLAN, PMA.

Desse universo de informações, os dados do Censo 2000 são os que permitem a

identificação da situação de déficit e de inadequação habitacional com um nível de

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detalhamento importante de ser investigado, servindo de parâmetro para a discussão sobre as

características e situações de necessidades habitacionais em Americana.

Assim, como ponto de partida para leitura do déficit habitacional de Americana foi

utilizada a metodologia concebida pela Fundação João Pinheiro, que estima as necessidades

de novas moradias e identifica as situações de inadequação habitacional a partir dos dados do

Censo 200012.

É sabido que o dimensionamento do déficit habitacional de uma forma geral é uma

tarefa dificultada pela carência de cadastros precisos e atualizados por parte das prefeituras,

sendo que a principal referência nacional é o método desenvolvido pela Fundação João

Pinheiro (MG) que, a princípio, utilizava as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de

Domicílios (PNAD) sendo posteriormente aperfeiçoada para todos os municípios brasileiros

com os dados dos Censos Populacionais realizado pelo IBGE, o que permite identificar o

déficit habitacional quantitativo e qualitativo de forma detalhada e por componentes.

Como forma de atualizar os dados de 2000, foi feita a projeção das informações

sistematizadas pela FJP para 2007 através da estimativa de população em Americana da

Contagem Populacional do IBGE 2007.

2.3.1. Déficit Habitacional

O cálculo do Déficit Habitacional, que estima a necessidade de novas unidades

habitacionais, é composto pelo déficit quantitativo, por reposição ou incremento do estoque,

e pelo déficit qualitativo, que identifica as situações de inadequação habitacional. Assim,

segundo a Fundação João Pinheiro são utilizados:

a) Para o cálculo do Déficit Quantitativo (novas unidades):

1) Estimativa da necessidade de Reposição do Estoque de domicílios: são considerados os

domicílios rústicos13;

2) Estimativa de Incremento do estoque de domicílios: são considerados os domicílios

improvisados14, a coabitação familiar15, a coabitação disfarçada16, cômodos alugados ou

cedidos, ônus excessivo com aluguel17.

12 IBGE, Censo 2000. 13 Domicílios que não apresentam paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, construídas com materiais inapropriados. Apresentam desconforto para seus ocupantes, riscos de desmoronamento e contaminação por doenças em decorrência de suas precárias condições de salubridade. 14 Domicílios instalados em locais construídos para fins não residenciais que, no momento em que foi realizada a pesquisa, serviam de moradia como, por exemplo, lojas, fábricas, embarcações, carroças, vagões de trens, tendas e grutas. 15 São computadas as famílias conviventes secundárias, que são constituídas por, no mínimo, duas pessoas que residem em um mesmo domicílio junto com outra família denominada principal. 16 Compreende a soma das famílias conviventes secundárias com as famílias que viviam em cômodos cedidos ou alugados (considerados como domicílios com coabitação disfarçada).

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b) Para o cálculo do Déficit Qualitativo (Inadequação habitacional):

1) Densidade excessiva de morador/dormitório (mais de 3 pessoas por cômodo18);

2) Carência de serviços de infra-estrutura (energia elétrica, abastecimento de água,

esgotamento sanitário, coleta de lixo);

3) Inadequação fundiária; e

4) inexistência de unidade sanitária interna.

Déficit Quantitativo

Segundo a Fundação João Pinheiro, o Déficit Habitacional Básico19, em 2000, de

Americana é de 3.500 unidades, o que correspondia a aproximadamente 6,67% do total de

domicílios do município em 2000, sendo 3.472 unidades na área urbana e 28 na área rural, o

que inclui coabitação familiar (mais de uma família em um lote), domicílios improvisados e

rústicos. Comparativamente, foram identificados um total de 5.073 domicílios vazios, sendo

5.048 na área urbana e 25 na área rural conforme a tabela abaixo, o que representa um

número muito maior que o Déficit Habitacional Básico.

Uma vez que a estimativa corresponde ao cálculo a partir de informações de 2000, é

possível considerar a atualização dessa estimativa utilizando-se a taxa de crescimento

populacional do município de Americana a partir da projeção populacional da Fundação SEADE

para 2008 em relação à 2000, que é de 12,014%.

Assim, o Déficit Habitacional Básico para Americana projetado para 2008 seria de 3.920

novas unidades habitacionais, sendo 3.889 na área urbana e 31 na área rural, e a projeção

de domicílios vagos na área urbana é de 5.654.

Tabela 16 - Estimativa do Déficit Habitacional Básico (1) - Município de Americana – 2000 e 2008

Déficit Habitacional Básico (2) Domicílios Vagos

Absoluto Município

Total urbana rural Total urbana rural

Americana - 2000 3500 3.472 28 5.073 5.048 25

Americana - Projeção 2008 3.920 3.889 31 5.682 5.654 28 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção de demanda calculada sobre taxa de crescimento populacional da SEADE. Notas: (1) Déficit habitacional básico: soma da coabitação familiar, dos domicílios improvisados e dos rústicos. (2) Para municípios o déficit habitacional básico não inclui as estimativas de domicílios rústicos inferiores a 50 unidades.

17 Quando mais de 30% da renda familiar é comprometida com o aluguel em famílias com renda inferior a 3 salários mínimos. 18 Segundo a Fundação João Pinheiro, “Cômodos são todos os compartimentos integrantes do domicílio separados por paredes, inclusive banheiros e cozinha, e os existentes na parte externa do prédio, desde que constituam parte integrante do domicílio. Não são considerados os corredores, alpendres, varandas abertas e outros compartimentos utilizados para fins não-residenciais, como garagens, depósitos, etc.” 19 Corresponde a soma da coabitação familiar, domicílios improvisados e dos rústicos.

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Os casos de domicílios vagos identificados em 2000 indicam uma situação relevante e

que cabe ser investigada de forma mais detalhada, uma vez que é possível que a manutenção

de um parque habitacional significativo na condição de vago tende a impactar sobremaneira a

oferta de imóveis de aluguel e mesmo para compra no município.

Conforme descrito acima, o Déficit Habitacional Quantitativo é composto por

diferentes casos que representam situações de moradia. Do total de 3.500 unidades, a maior

necessidade por novas moradias concentrava-se em casos de famílias que dividem uma mesma

habitação. Ao todo são 3.081 domicílios que se encontravam nessa situação em 2000, o que

compõe 88% do Déficit Habitacional Básico de Americana. A projeção para 2008, guardadas as

mesmas proporções, seria de 3.451 famílias conviventes majoritariamente na área urbana.

Tabela 17 - Estimativas dos Componentes do Déficit Habitacional Básico - DHB (1) - Município de Americana – para 2000 e para 2008

COABITAÇÃO FAMILIAR

DOMICÍLIOS IMPROVISADOS

FAMÍLIAS CONVIVENTES CÔMODOS

DOMICÍLIOS RÚSTICOS (2)

MUNICÍPIO

Total urbana rural Total urbana rural Total urbana rural Total urbana rural

Americana - 2000 181 181 0 3.081 3.058 23 129 124 5 109 109 0

Americana -Projeção 2008

203 203 0 3.451 3.425 26 144 139 6 122 122 0

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE. Notas: x - Estimativa inferior a 50 unidades, considerada pouco confiável estatisticamente em função do tamanho das cidades. (1) Déficit habitacional básico: soma da coabitação familiar, dos domicílios improvisados e dos rústicos. (2) O total dos domicílios rústicos das regiões, unidades da Federação, microrregiões e regiões metropolitanas inclui as estimativas inferiores a 50 unidades.

Entretanto, cabe destacar que no caso das situações de famílias coniventes, há que se

considerar que nem sempre é possível serem contabilizadas como déficit habitacional, uma

vez que existem situações familiares diversas que não apenas a falta de opção de moradia, o

que indica a necessidade de levantamentos mais precisos das reais condições e justificativas

no âmbito local para se ter conhecimento da real condição de cada família20.

O conjunto dos componentes do déficit habitacional básico deve ainda ser avaliado

tomando-se também como referência o dado com relação à renda do total de domicílios

urbanos permanentes em Americana21, sendo identificado por salários mínimos. Segundo a

sistematização da FJP a partir dos dados do Censo 2000, do total de domicílios urbanos,

20 Estudos realizados em municípios do Rio de Janeiro e de Minas Gerais (FJP, 2006, p.100) indicam que em média 64% do total de famílias conviventes efetivamente necessitavam de uma nova moradia, sendo consideradas como parte do déficit habitacional local. No entanto, como não é um dado que pode ser auferido no momento, o valor será considerado em sua totalidade. 21 Vale destacar, entretanto, que as informações por salários mínimos de 2000 revelam hoje uma defasagem considerável em relação ao poder de compra do salário mínimo na atualidade, sendo que o ideal seria a identificação de faixas de rendimento nominal. Porém, em função da disponibilidade das informações sistematizadas pela FJP, os dados serão apresentados em salários mínimos.

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17,63% destas concentrava-se na faixa de renda familiar de até 3 salários mínimos,

justamente as situações que precisariam de subsídio público para o acesso à novas moradias.

Se somadas as faixas de renda de até 5 salários mínimos, essa porcentagem

aumentaria para 36,51%, o que representa a maior parte do total de casos de convivência

domiciliar.

Tabela 18 - Domicílios Urbanos, por Faixas de Renda Mensal Familiar - Município de Americana – 2000 e projeção 2008

FAIXAS DE RENDA MENSAL FAMILIAR (EM SALÁRIOS-MÍNIMOS)

ATÉ 3 MAIS DE 3 A 5 MAIS DE 5 A 10 MAIS DE 10 TOTAL MUNICÍPIO

absoluto % absoluto % absoluto % absoluto % absoluto %

Americana 2000 9.231 17,63 9.887 18,88 16.812 32,11 16.433 31,38 52.363 100

Americana – Projeção 2008 10.340 17,63 11.075 18,88 18.832 32,11 18.407 31,38 58.654 100

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE.

Quanto aos casos de coabitação familiar e de domicílios improvisados, estes também

estão concentrados na faixa de renda de até 3 salários mínimos, totalizando 55,26%, e 20,27%

na faixa de renda de 3 a 5 salários mínimos, conforme a tabela abaixo.

Tabela 19 - Coabitação Familiar e Domicílios Improvisados Urbanos, por Faixas de Renda - Município de Americana – 2000 e projeção 2008

FAIXAS DE RENDA MENSAL FAMILIAR (EM SALÁRIOS-MÍNIMOS)

ATÉ 3 MAIS DE 3 A 5 MAIS DE 5 A 10 MAIS DE 10 TOTAL MUNICÍPIO

absoluto % absoluto % absoluto % Absoluto % absoluto %

Americana 2000 1.690 55,26 620 20,27 541 17,69 207 6,77 3.058 100

Americana – Projeção 2008 1.893 55,26 694 20,27 606 17,69 232 6,77 3.425

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE.

Especificamente, o número de famílias conviventes na área urbana do Município de

Americana estão concentradas nas famílias na faixa de renda de até 3 salários mínimos,

totalizando 55,26% dos casos. Se somadas as famílias de até 3 e de 3 a 5 salários mínimos,

esse total passa para 75,23% do casos, de acordo com a tabela a seguir, mantendo-se a

mesma porcentagem para 2008.

Tabela 20 - Famílias Conviventes Urbanas, por Faixas de Renda – Município de Americana – 2000 e projeção 2008

FAIXAS DE RENDA MENSAL FAMILIAR (EM SALÁRIOS-MÍNIMOS)

ATÉ 3 MAIS DE 3 A 5 MAIS DE 5 A 10 MAIS DE 10 TOTAL MUNICÍPIO

absoluto % absoluto % absoluto % absoluto % absoluto %

Americana 2000 1.690 55,26 620 20,27 541 17,69 207 6,77 3.058 100

Americana – Projeção 2008 1.893 55,26 694 20,27 606 17,69 232 6,77 3.425 100

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE.

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Essa proporção também é semelhante nos casos de domicílios identificados como

cômodos na área urbana. Do total de 278 cômodos identificados em 2000, 142, ou 51,82%,

estava na faixa de até 3 salários mínimos, e 102 cômodos, ou 37,23% do total, na faixa de 3 a

5 salários mínimos. Esses números absolutos sofrem uma pequena alteração quando

projetados para 2007, como demonstrado a seguir.

Tabela 21 - Cômodos (1) Urbanos, por faixas de renda - Município de Americana - 2000 e

projeção 2008

FAIXAS DE RENDA MENSAL FAMILIAR (EM SALÁRIOS-MÍNIMOS)

ATÉ 3 MAIS DE 3 A 5 MAIS DE 5 A 10 MAIS DE 10 TOTAL MUNICÍPIO

absoluto % absoluto % absoluto % absoluto % absoluto %

Americana 2000 87 70,16 29 23,39 8 6,45 . . 124 100

Americana – Projeção 2008 97 70,16 32 23,39 9 6,45 . . 139 100

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE. Notas: (1) Considerou-se o total dos cômodos próprios, alugados e cedidos, exceto os cedidos por empregador.

Quanto às situações de domicílios urbanos alugados, os cálculos da FJP indicam que em

2000 existiam 1.906 domicílios alugados por famílias com renda de até 3 salários mínimos,

sem no entanto estarem localizadas em aglomerados subnormais, conforme a tabela abaixo.

Esse total projetado para 2008 é de 2.134 domicílios. Porém, como se trata das faixas de

renda a serem priorizadas para o atendimento subsidiado, há a necessidade de identificação

dessas situações com mais rigor, uma vez que tendem a configurarem-se como situações de

ônus excessivo de aluguel.

Tabela 22 – Domicílios alugados por faixa de renda - Município de Americana - 2000 e projeção 2008

FAIXAS DE RENDA MENSAL FAMILIAR (EM SALÁRIOS-MÍNIMOS)

DOMICÍLIOS ALUGADOS MUNICÍPIO

Sem rendimentos Até 1 s.m. Mais de 1 a 2 s.m.

Mais de 2 a 3 s.m.

Alugados em aglomerados subnormal

Americana 2000 216 103 577 1.010 . Americana – Projeção 2008 242 115 646 1.131 .

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE.

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Inadequação Habitacional

A situação de inadequação dos domicílios é definida pela Fundação João Pinheiro

(2006) como algum tipo de inadequação, que não significa, necessariamente, a construção de

uma nova unidade habitacional. Os componentes da inadequação habitacional são: carência

de infra-estrutura, adensamento excessivo de moradores, problemas de natureza fundiária,

sem unidade sanitária domiciliar exclusiva ou com alto grau de depreciação.

No entanto, não é possível somar os valores identificados para os componentes da

inadequação habitacional, uma vez que um mesmo domicílio pode apresentar mais de uma

situação de inadequação, levando a uma múltipla contagem.

No caso de Americana, os domicílios com carência de infra-estrutura22 são os que

representam o maior número de casos de inadequação habitacional, como se observa na

Tabela abaixo. Segunda a FJP, em 2000 o município apresentava um cenário de 3.232

domicílios nessa situação. A projeção para 2008 seria de 3.620 domicílios.

Tabela 23 – Componentes da Inadequação habitacional dos Domicílios Urbanos – Município de Americana – 2000 e projeção para 2008

INADEQUAÇÃO FUNDIÁRIA (1)

ADENSAMENTO EXCESSIVO (1)

DOMICÍLIO SEM BANHEIRO (1)

CARÊNCIA DE INFRA-ESTRUTURA (2)

MUNICÍPIO

Absoluto % dos domic. urbanos

absoluto % dos domic. urbanos

absoluto % dos domic. Urbanos

absoluto % dos domic. urbanos

Americana 2000 689 1,32 2.893 5,52 287 0,55 3.232 6,17

Americana – Projeção 2008 772 1,32 3.241 5,52 321 0,55 3.620 6,17

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE. Notas: (1) Apenas casas e apartamentos urbanos. (2) Casas e apartamentos urbanos que não possuem um ou mais dos serviços de infra-estrutura: iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água, rede geral de esgotamento sanitário ou fossa séptica, e coleta de lixo.

O critério que mais se destaca quanto a domicílios com carência de infra-estrutura é a

falta de rede geral de esgotamento sanitário, com um total de 2.092 domicílios. Em segundo

lugar aparece rede geral de abastecimento de água, com 869 domicílios.

22 Casas e apartamentos urbanos que não possuem um ou mais dos serviços de infra-estrutura: iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água, rede geral de esgotamento sanitário ou fossa séptica, e coleta de lixo.

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Tabela 24 - Critérios de Carência de Infra-Estrutura Urbana (1) – Americana – 2000 e projeção 2008

APENAS UM CRITÉRIO MAIS DE UM CRITÉRIO

MUNICÍPIO iluminação elétrica

abastec. de água

esgot. sanitário

coleta de lixo Total dois três

TOTAL

Americana 2000 11 869 2.092 38 3.010 185 37 3.232

Americana Projeção 2008 12 973 2.343 43 3.371 207 41 3.619

Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE. Notas: (1) Considerados as casas e apartamentos urbanos carentes de um ou mais dos serviços de infra-estrutura: iluminação elétrica, rede geral de abastecimento de água, rede geral de esgotamento sanitário ou fossa séptica e coleta de lixo.

É importante mencionar que mesmo esses dados sendo do Censo 2000 e mesmo que os

dados municipais indiquem que atualmente 99% da cidade é abastecida com rede de água23 e

95% com rede de esgoto24, os números de carência de infra-estrutura podem representar

domicílios com inadequações dentro de um lote já urbanizado. Ou seja, mesmo que os

loteamentos hoje sejam atendidos pelos serviços municipais, existe a possibilidade de um

segundo domicílio no mesmo lote estar em situação de inadequação por carência de infra-

estrutura.

Outro indicador bastante expressivo em Americana relacionado aos casos de

inadequações habitacionais é o adensamento excessivo25, totalizando 2.893 unidades,

segundo FJP em 2000, e quando projetados para 2008 passam para 3.241. Isso demonstra que

5,52% do total de domicílios urbanos apresentam um quadro de densidade excessiva de

moradores por dormitório.

Do total de domicílios identificados com adensamento excessivo, 41,62% eram de

famílias com renda acima de 5 salários mínimos; 31,32% de 3 a 5 salários mínimos e 27,07% de

até 3 salários mínimos, conforme a Tabela abaixo.

Se somados o total de domicílios com adensamento excessivo por faixa de renda de até

3 s.m. e de 3 a 5 s.m., identifica-se que esses casos representam 58,39% dos casos, sendo

estas também as faixas de renda que necessitariam de um atendimento público subsidiado.

23 Prefeitura Municipal de Americana, Informativo Sócio-Econômico do Município de Americana, 2008. 24 Prefeitura Municipal de Americana, Informativo Sócio-Econômico do Município de Americana, 2008. Desse total 85% do esgoto coletado é tratado. 25 Segundo Fundação João Pinheiro (2006), “O adensamento excessivo ocorre quando o domicílio apresenta um número médio de moradores superior a três por dormitório. O número de dormitórios corresponde ao total de cômodos que servem, em caráter permanente, de dormitório para os moradores do domicílio. Nele incluem-se aqueles que assim são utilizados em função de não haver acomodação adequada para essa finalidade. Para o cálculo do indicador foram considerados somente os membros da família principal, uma vez que as famílias secundárias foram incorporadas ao déficit habitacional”.

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Tabela 25 – Domicílios com Adensamento Urbano Excessivo (1), por Faixas de Renda – Americana – 2000 e projeção para 2008

Faixas de renda mensal familiar (em salários-mínimos)

até 3 de 3 a 5 mais de 5 total Município

absoluto % absoluto % absoluto % absoluto %

Americana 2000 783 27,07 906 31,32 1.204 41,62 2.893 100

Americana – Projeção 2008 877 27,07 1.015 31,32 1.349 41,62 3.241 100 Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP), 2001. Projeção população Americana 2008, SEADE. Notas: (1) Apenas casas e apartamentos urbanos.

2.3.2. Projeção da necessidade de novos domicílios em função do crescimento demográfico de Americana até 2020

O cálculo da demanda futura por novos domicílios que devem surgir em Americana entre

2008 e 2020 baseou-se na projeção populacional elaborada pela Fundação SEADE – Sistema

Estadual de Análise de Dados para o município de Americana. Tal projeção abarca o período

2001-2010 e os anos de 2015 e 2020 e tem como base informações sobre o registro legal dos

eventos vitais - nascimentos, casamentos e óbitos, associadas às informações dos Censos

Demográficos. A partir desse conjunto de informações, a Fundação SEADE aplica o método dos

componentes demográficos, análise que destaca o papel da fecundidade, da mortalidade e da

migração no crescimento populacional para cada área a ser projetada, com base em dados

detalhados por idade e sexo da população.

Cabe ressalvar aqui que, com relação ao total da população, a Contagem da População

realizada pelo IBGE em 2007 apenas estimou a população do município, não tendo procedido

a um recenseamento. Assim, optou-se por considerar a projeção da SEADE para os períodos

existentes, mantendo, assim, uma coerência entre os dados adotados para efeito do cálculo.

A partir da projeção da demanda demográfica da Fundação SEADE, trabalhou-se com o

total da população, agrupado pelos períodos 2008-2010; 2011-2015 e 2016-2020. Estimou-se

então o número de domicílios necessários para atender à demanda demográfica, ou seja, a

quantificação das necessidades habitacionais futuras que surgirão no período abarcado pelo

PLHIS no município.

Com o cálculo do acréscimo de população por período e a média de 3,44 pessoas por

domicilio conforme o Censo IBGE 2000 no município, estimou-se o total de novas moradias

necessárias para suprir a demanda demográfica futura em Americana, cálculo realizado por

período e também por ano.

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Tabela 26 – Projeção populacional de Americana – SEADE e acréscimo de população por período e de novos domicílios

Informação 2008 2009-2010 2011-2015 2016-2020 Total 2008-2020

Total da população ao final do período (Projeção SEADE) 204.529 210.065 221.235 229.053 -

Acréscimo de população por período - 5.536 11.170 7.818 24.524

Novas moradias POR PERÍODO¹ para suprir a demanda demográfica - 1.609 3.247 2.273 7.129 Novas moradias POR ANO para suprir a demanda demográfica - 805 649 455

Fonte: SEADE e IBGE. Nota: 1 – cálculo a partir da média (3,44) de pessoas por domicílio segundo o Censo IBGE 2000. Elaboração: Integra.

No entanto, para fins de planejamento da política habitacional local, destaca-se que é

fundamental conhecer quais as necessidades prioritárias para o atendimento habitacional por

parte do poder público, para que as necessidades habitacionais futuras não venham a se

incorporar ao déficit habitacional.

Assim, tomou-se como referência a distribuição da população por faixas de renda, com

base na renda nominal dos responsáveis por domicílios em 2000 (por ser o único dado de

renda disponível desagregado em nível municipal), para se ter uma primeira estimativa das

necessidades habitacionais futuras por faixa de renda, sendo a mesma metodologia adotada

pelo Ministério das Cidades para a elaboração do Plano Nacional de Habitação - PLANHAB.

Porém, é importante destacar que essa estimativa deverá ser revista a partir da

divulgação dos dados do próximo Censo Demográfico (2010), uma vez que as informações do

Censo de 2000 apresentam um nível de desatualização considerável e, ainda, a dinâmica

econômica e da renda da população do município tende a apresentar alterações ao longo

dessa última década, assim como nos períodos futuros em função da dinâmica econômica

nacional.

De forma geral, segundo os dados do Censo 2000, a distribuição por faixa de renda em

relação à população de 2000 em Americana organiza-se da seguinte maneira:

Tabela 27 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes por faixa de renda e Americana, segundo Censo IBGE 2000

Faixa de Rendimento N° de Pessoas %

sem rendimento 2.343 4

até 3sm 15.736 30

de 3 a 5 sm 11.931 23

de 5 a 10 sm 13.541 26

10 a 20 sm 5.960 11

mais de 20 sm 2.883 6

Total 52.394 100 Fontes: Acréscimo de novos domicílios: projeção SEADE. Proporção de chefes por faixa de renda: IBGE, 2000. Elaboração: Integra.

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61

Os dados do Censo 2000 indicam que 34% das pessoas responsáveis por domicílios

particulares permanentes em Americana apresentavam rendimento mensal até 3 salários

mínimos. Somando-se com as pessoas com rendimento de 3 a 5 salários mínimos, essas faixas

de rendimento representam 57% do total.

Desta forma, essa primeira estimativa aponta como demandas especiais aquelas que

abrangem a população “sem rendimento” e com faixa de renda até 5 salários mínimos.

Entretanto, cabe diferenciar que as faixas de renda “sem rendimento” e de até 3 salários

mínimos podem ser consideradas como as mais críticas e que necessitam de maior subsídio,

em muitos casos integralmente, para viabilizar o acesso à habitação digna. Sendo assim,

tomando-se como referência os dados de acréscimo de população para o total do período em

estudo (2008-2020), a estimativa da necessidade de novas moradias em Americana para

essas duas faixas de rendimento especiais seria de 4.539 novas moradias, como demonstrado

na tabela a seguir.

Tabela 28 – Necessidade de novas unidades habitacionais para as faixas de renda de zero a 5 salários mínimos por incremento populacional para períodos de projeção SEADE 2008-2020

Faixas de rendimento (Censo 2000)

% dos responsáveis por domicílios particulares em 2000

2009-2010 2011-2015 2016-2020 Total 2009-2020

Sem rendimento 0,05 72 146 102 355 1. Até 3 salários mínimos 0,30 483 974 682 2.382 2. Mais de 3 a 5 salários mínimos 0,23 367 740 518 1.802

Total de domicílios 4.539 Fonte: Acréscimo de novos domicílios: projeção SEADE. Proporção de chefes por faixa de renda: IBGE, 2000. Elaboração: Integra.

É preciso ressalvar, todavia, que esta estimativa deve ser tomada como uma tentativa

de identificação de uma ordem de grandeza da necessidade de construção de moradias no

município até 2020, e que seu número absoluto resulta de um cálculo que, em função dos

dados disponíveis, apresentam um alto grau de desatualização e que podem distorcer a

situação atual em Americana, principalmente em relação à distribuição da renda adotada.

2.3.3. Síntese dos levantamentos das necessidades de novas unidades habitacionais em Americana

As diferentes formas de identificação apresentadas sobre a demanda habitacional em

Americana, podem ser sintetizadas da seguinte forma:

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62

Quadro 5 – Levantamentos sobre a demanda habitacional em Americana

Levantamento Números levantados

Déficit Habitacional Básico – FJP Projetado para 2008 (1) 3.920 domicílios

Cadastro de Demanda Habitacional SEHAB 7.301 inscritos

Novas habitações por incremento de população (projeção 2020) 4.539 domicílios

Nota: (1) Inclui domicílios urbanos e rurais.

Tanto as informações identificadas a partir da metodologia da Fundação João Pinheiro

quanto do Cadastro municipal indicam que as situações de déficit habitacional em Americana

estão concentradas nas faixas de renda mais baixa, em especial na faixa até 3 s.m., ou nos

grupos de atendimento 1 e 2, conforme critério do PLANHAB. Para efeito do Plano Municipal

de Habitação de Americana, deverão ser definidas estratégia diferenciadas de atendimento

de cada faixa de rendimento, com níveis diferenciados de subsídio. Esses parâmetros deverão

se basear nas definições do Plano Nacional de Habitação – PLANHAB, do Ministério das

Cidades.

2.4. Identificação de Atores Sociais

Como parte do diagnóstico técnico participativo para elaboração do Plano Municipal de

Habitação de Americana, foram identificados os principais atores envolvidos no processo de

construção de políticas habitacionais do município. Cabe ressaltar que a Prefeitura de

Americana tem sido o principal ator no processo de elaboração de políticas públicas de

habitação desde a década de 1980. Foram produzidas mais de 10 mil unidades durante esse

período através da prefeitura ou em parcerias com associações, cooperativas, CDHU e

financiamentos pela Caixa Econômica Federal.

Mais dois atores corroboraram para a formação desse quadro: a COOPERTETO e a ASTA –

Associação dos Sem-Teto de Americana. A COOPERTETO desenvolveu uma grande quantidade

de projetos em parceria da Prefeitura. Foram entregues cerca de 1300 unidades, entre lotes

urbanizados, casas e apartamentos. O convênio firmado com a prefeitura e a cooperativa,

apresentou uma alternativa em um momento onde os recursos financeiros da administração

municipal e sua capacidade de endividamento estavam reduzidos. A parceria possibilitou a

construção de casas e apartamentos em regime de mutirão com a assessoria técnica dos

técnicos da prefeitura.

A ASTA nasceu da luta popular por moradia na década de 1980, chegou a entregar quase

600 lotes urbanizados, porém, diferentemente do que aconteceu com a COOPERTETO, a

parceria com a prefeitura não foi tão intensa.

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63

Mais recentemente, após as Conferências Municipais das Cidades, a consolidação do

Fundo Municipal de Habitação e da Política Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano

de Interesse Social, com a criação do Conselho Municipal de Habitação e Desenvolvimento

Urbano de Americana, inaugurou-se um novo momento de construção da política habitacional

no município.

Esse conselho tem a função de ajudar a administração municipal na condução da

política habitacional, e pode ser o meio de ampliar a participação e a representatividade da

sociedade civil.

Segue abaixo a lista de associações à questão habitacional em Americana:

Lista de Associações relacionadas à questão Habitacional em Americana

Assoc. de Moradores de Bairro Campo Belo

Assoc. de Moradores de Bairro São Jerônimo

Assoc. de Moradores do Pq. Gramado

Assoc. de Moradores Jd da Paz II

Assoc. de Moradores Sítio da Gruta

Assoc. de Moradores Jaguari

Assoc. de Moradores Parque das Nações e Morada do Sol

Assoc. de Moradores Bairro Vila Bela

Assoc. de Moradores Bairro Vila Mathiensen

Assoc. de Moradores do Condomínio Residencial Lilazes

Assoc. de Moradores Jardim Ipiranga

Assoc. de Moradores Bairro São Luís e Boa

Assoc. de Moradores Vale das Nogueiras e Jd. Brasil

Assoc. de Amigos de Bairro São Vitto

Sociedade Amigos de Bairro V. Bertini

Sociedade Amigos de Bairro Jd. Ipiranga

Sociedade Amigos de Bairro Jd. Da Paz

Sociedade Amigos de Bairro Praia Azul

Sociedade Amigos de Bairro Pq. Das Nações

Sociedade Amigos de Bairro Jardim Brasil e Vila Nogueira

Sociedade Amigos de Bairro Jd. Dos Lírios

Sociedade Amigos de Bairro Jardim Liberdade

Sociedade Amigos de Bairro Cidade Jardim e Vila Mathiensen

Sociedade Amigos de Bairro Vila Bela

Sociedade Amigos de Bairro Sampreja

Sociedade Amigos de Bairro Jardins São Paulo, Glória e Paulista

Sociedade Amigos de Bairro Pq Novo Mundo, Primavera e N. Ville

Sociedade Amigos de Bairro São Luís e Boa

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64

3. CONDIÇÕES E ESTIMATIVAS PARA O ENCAMINHAMENTO DA DEMANDA

HABITACIONAL DO MUNICÍPIO.

3.1. Disponibilidade de terras para a produção de novas unidades habitacionais.

Para estudo da disponibilidade de terras no município, é necessário diferenciar duas

situações diferentes que podem ser verificadas em Americana: a região em que a cidade se

consolidou, na porção oeste do município, e a região chamada de Pós-Represa, a leste da

Represa de Salto Grande. Este diagnóstico irá se concentrar na região onde verificamos

urbanização consolidada, uma vez que a região do Pós-Represa deverá ser ocupada a partir de

um planejamento específico para a área, o que não está previsto no curto e médio prazo.

Este diagnóstico considera como terra disponível aquelas não edificadas, tanto

privadas como públicas, cujas características legais e físicas permitam a implantação de um

empreendimento habitacional.

O estudo foi elaborado a partir de fotos aéreas e base de dados da Unidade de

Geoprocessamento da Secretaria Municipal de Planejamento.

Para isso foram definidos alguns critérios para seleção dessas áreas:

• Zoneamento. Além dos vazios demarcados como Zonas Especiais de Interesse Social

pelo Plano de Diretor de Desenvolvimento Integrado – PDDI, foram demarcados vazios

localizados apenas em zonas que permitam uma ocupação residencial (Zona

Residencial 1, Zona Residencial 2, Zona Mista, Zona Mista 1 e Zona Mista Central).

• Sistema de áreas verdes. A partir do Mapa das Áreas de Preservação Permanente foram

identificados os vazios urbanos que tinham parte de sua propriedade em APPs. Nesses

casos subtraiu-se as áreas verdes, contabilizando na soma total de áreas disponíveis

apenas a parte do terreno disponível para ocupação.

• Dimensão. Foi estabelecido um limite de no mínimo 2.000m² de área.

• Declividade. O estudo de vazios não excluiu nenhum terreno em função de sua

declividade, uma vez que a topografia da cidade de Americana não apresenta

inclinações expressivas. Porém, as possíveis demarcações de áreas com os

instrumentos jurídicos voltados para a questão habitacional devem verificar se o

terreno em questão não apresenta declividade maior que 30%26.

26 Índice limite que permite a urbanização sem restrições segundo a lei federal 6766/79, a partir do qual toda e qualquer forma de parcelamento deverá atender a exigências específicas.

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A partir desta primeira seleção, optou-se por delimitar um perímetro central (Figura

vvv1) onde, em comparação com a área periférica, se verifica evidentes diferenças quanto ao

tamanho e preço das glebas, e concentração de infra-estrutura.

Para delimitação desse perímetro central optou-se por referências de intervenções

urbanas ou naturais que funcionam como divisor da malha urbana. Observa-se na Figura vvv1

que o perímetro demarcado tem como limites a Rodovia Luis de Queiroz, o Ribeirão

Quilombo, o Córrego da Fazenda Angélica, Zonas de Atividades Econômicas que não permitem

o uso residencial, Área de Preservação Permanente do Córrego Bertini e Área de Preservação

permanente do Córrego da Gruta.

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Imagem 13 - Perímetro Central delimitado para estudo de vazios

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana, 2008. Elaboração: Cooperativa Integra. Situação sem escala

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67

Os vazios centrais, a despeito de seus preços elevados e dimensões comparativamente

menores, foram considerados no levantamento, uma vez existe a opção por empreendimentos

verticalizados e seu conseqüente adensamento. Além disso, a maior concentração de serviços

públicos e infra-estrutura na área central acaba por relativizar os maiores custos de implantação

do empreendimento.

As áreas localizadas em área periférica, ou seja, no exterior do perímetro central,

apresentam em sua maioria menores preços por m² e maiores dimensões de terreno. A soma

dessas áreas contabiliza um valor expressivamente maior (cerca de cinco vezes a soma das áreas

no perímetro central). No entanto, muitos destes terrenos pressupõem, para a implantação de

um empreendimento, um custo adicional para a extensão da cobertura da infra-estrutura do

município, como rede de água, esgoto, iluminação pública, asfalto e transporte público.

Os vazios urbanos demarcados pelo PDDI como ZEIS foram calculadas em separado, em

função de suas condições especiais de atendimento à questão habitacional.

Tabela 29 – Total de terras disponíveis aptas para uso habitacional em Americana

Regiões Total (m²) % da área urbana

ZEIS de vazios 630.618,48 0,64

Vazios no Perímetro Central 523.549,37 0,53

Vazios em regiões periféricas 2.618.798,42 2,65

TOTAL 3.772.966,27 3,81 ELABORAÇÃO: Cooperativa Integra, 2008.

Considerando que o Município de Americana tem uma área total de 144 km² e que desse

total 99 km² estão em área urbana, observa-se na Tabela vvv2 que 3,81% da área urbana

caracteriza-se como vazios que poderiam compor um banco de terras municipal para

empreendimentos habitacionais de interesse social.

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Imagem 14 - MAPA DE VAZIOS URBANOS

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana, 2008. Elaboração: Cooperativa Integra Situação sem escala

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69

As 4 áreas de ZEIS de vazios somam razoável quantidade de terra passível à ocupação

habitacional. No entanto, essas áreas de ZEIS apresentam características muito parecidas,

podendo ser definidas como um tipo específico, qual seja, grandes áreas em região periférica

da cidade. À esta homogeneidade das ZEIS se contrapõe a diversidade da demanda

habitacional, que pode ser atendida por diferentes modalidades e programas habitacionais, o

que implica na necessidade de diferentes tipos de vazios. Assim, faz-se necessário um estudo

completo dos vazios urbanos, que considere as diferentes situações de localização, preço, e

dimensão. Também vale destacar que a localização periférica destas ZEIS pode acarretar os

mesmos custos adicionais referentes à extensão da cobertura de infra-estrutura das demais

áreas periféricas.

É importante ressaltar que este estudo levantou os terrenos aptos a receber

empreendimentos habitacionais, não sendo necessariamente pertencentes ao poder público.

Além das áreas demarcadas como ZEIS pelo PDDI, por ora esses terrenos não têm a finalidade

de uso habitacional de interesse social garantidos por lei. Portanto, esta disponibilidade de

terras agora identificada está submetida à constante alteração, à mercê do movimento do

mercado imobiliário.

3.2. Custos de aquisição de Terras e Produção Habitacional

1. Custo de Aquisição de Terras

O cálculo dos custos de aquisição de terras e produção de unidades habitacionais partiu

da classificação entre áreas centrais, periféricas e ZEIS, descritas no capítulo anterior.

No entanto, optou-se por classificar os terrenos localizados no interior do perímetro

central em dois tipos: aqueles com dimensão entre 2.000 m² e 10.000m² e aqueles maiores

que 10.000m². Esta classificação teve como objetivo analisar em um grupo separado aqueles

terrenos cuja pequena dimensão e maior custo indicam a provável necessidade de

verticalização. Os terrenos com maiores dimensões, por sua vez, se não possibilitam ainda o

loteamento, permitem a implantação de sobrados.

Assim, dividiu-se os terrenos em quatro grupos:

• Vazios dentro do perímetro central menores que 10.000m²,

• Vazios dentro do perímetro central maiores que 10.000m²,

• Vazios demarcados como ZEIS pelo PDDI (todos se localizam fora do perímetro

central),

• Vazios fora do perímetro central.

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Essa classificação busca distinguir tipos diferentes de vazios, tendo em vista suas

condições de atendimento às diferentes modalidades habitacionais - como prédios,

loteamentos, e casas em sobrados. Estas modalidades podem ser inseridas em diferentes

programas, com conseqüentes diferenças de financiamento e/ou subsídio público.

Para calcular o valor da terra foram utilizados os dados da Planta de Valores Reais,

fornecido pela Prefeitura Municipal de Americana. Esta planta foi gerada a partir de valores

levantados nos meses de agosto a outubro do ano de 200727. Com base nesta planta foi

realizado cálculo, para cada um dos 4 grupos, do valor de aquisição da totalidade dos vazios

urbanos a partir da soma do preço de cada terreno. O preço de cada terreno, por sua vez, foi

calculado de maneira individualizada, multiplicando-se o valor do metro quadrado de cada

um por sua respectiva área.

Com base nesses valores, calculou-se o preço médio do metro quadrado, resultado da

divisão do preço total com a área total.

Tabela 30 – Estimativa de custo de aquisição de terras Baseado em levantamento de 2007

Valor (R$) Área (m²) Preço Médio do m²

(R$/m²)

PERÍMETRO CENTRAL ÁREA < 10.000m² 14.181.012,00 59.087,55 240,00

PERÍMETRO CENTRAL ÁREA > 10.000m² 52.484.185,66 52.484,82 113,00

ZEIS DE VAZIOS 11.502.481,08 378.371,09 30,40

ÁREAS PERIFÉRICAS 45.975.625,06 1.571.279,05 29,26

TOTAL 124.143.303,80 2.061.222,51 60,23

Fonte: Planta de Valores Reais 2007, PMA. Elaboração: Cooperativa Integra, 2008.

Considerando a totalidade dos vazios urbanos, o preço médio do m² desses terrenos é de

R$60,00. O cálculo detalhado, considerando os 4 grupos, evidencia a diferença de preços

segundo a localização e dimensão dos terrenos, uma vez que o valor médio do m² em área

periférica é aproximadamente R$30,00 e o maior valor médio do m² em área central é de

R$240,00. Este valor maior da área central, referente aos menores terrenos (área menor que

10.000m²), se comparado com a média de R$113,00/m² dos terrenos maiores que 10.000m²

indica a variação do valor conforme a dimensão do terreno.

As áreas de ZEIS demarcadas pelo PDDI têm um preço médio do m² próximo àquele

verificado nas demais glebas localizadas em área periférica, onde as ZEIS também estão

27 Planta de Valor Real. Cálculo por m² de valores reais do mercado imobiliário elaborada pela Seplam, fornecidas por Edmilson Feltrin, Marcos M. Politano, Luiz Antonio Bazanella, Milton A. Stradiotto, J. C. Nascimento, Mario Lisboa de Alencar e Carlos Arthur da Silva Almeida Junior Corretores da Área Imobiliária e Walderci Candido (Seplam). Segundo texto inscrito na planta, o documento “reflete parâmetros para comércio imobiliário, podendo sofrer oscilações de mercado”.

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localizadas. No entanto, esses valores se basearam em levantamento da prefeitura realizado

no segundo semestre do ano de 2007, período em que essas glebas ainda não haviam sido

demarcadas como ZEIS. Por isso, não é possível verificar alterações do preço da terra em

função da referida demarcação legal.

Houve, porém, um expressivo incremento do preço da terra no decorrer do ano de 2008,

expresso nos valores atualizados em planilha fornecida pela Secretaria de Planejamento e

Controladoria da PMA.

Tabela 31 – Atualização da Planta de Valores Reais com base em levantamento de setembro de 2008

No. VAZIO identificado

VALOR REAL (Planta de Valor Real)

VALOR REAL ATUALIZADO INCREMENTO % DO

INCREMENTO

1 70,00 100,00 30,00 42,86%

8 100,00 120,00 20,00 20,00%

16 60,00 80,00 20,00 33,33%

17 60,00 80,00 20,00 33,33%

18 80,00 100,00 20,00 25,00%

PERÍ

MET

RO C

ENTR

AL

27 100,00 120,00 20,00 20,00%

ZEIS 21 25,00 45,00 20,00 80,00%

26 70,00 100,00 30,00 42,86%

31 40,00 50,00 10,00 25,00%

33 15,00 25,00 10,00 66,67%

34 15,00 25,00 10,00 66,67%

35 20,00 50,00 30,00 150,00%

36 20,00 50,00 30,00 150,00%

37 15,00 25,00 10,00 66,67%

38 30,00 50,00 20,00 66,67%

40 30,00 80,00 50,00 166,67%

43 15,00 20,00 5,00 33,33%

44 15,00 20,00 5,00 33,33%

45 15,00 20,00 5,00 33,33%

46 15,00 20,00 5,00 33,33%

47 20,00 25,00 5,00 25,00%

48 20,00 25,00 5,00 25,00%

49 15,00 30,00 15,00 100,00%

ÁRE

A P

ERIF

ÉRIC

A

50 35,00 50,00 15,00 42,86% Fontes: *Planta de Valores Reais 2007, PMA. **Valores atualizados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Americana em setembro de 2008 Elaboração: Cooperativa Integra

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Podemos verificar que há um incremento proporcionalmente menor entre as terras de

maior valor, localizadas no perímetro central. Nas áreas periféricas o menor valor do m²

resulta em um incremento proporcionalmente maior.

Porém não é possível recalcular o valor total de aquisição de terras com base no cálculo

individualizado do preço de cada terreno, uma vez que não existem dados atualizados de

todas as glebas. Assim, optou-se por calcular a média de incremento nas duas regiões da

cidade a partir daqueles terrenos com preços atualizados disponíveis. Para isso, utilizou-se,

agora sim, do cálculo individualizado do preço de cada terreno por sua respectiva área. O

resultado destas contas nos indicam um incremento, de 2007 a 2008, de 25% e 40% no preço

médio do m² para a área central e periférica respectivamente.

Contudo, não é possível calcular a média de incremento em áreas de ZEIS, uma vez que

os dados atualizados nos fornecem apenas o valor de uma única gleba, que teve aumento de

80% em seu valor, mas em função da pequena representatividade desta amostra, este estudo

irá considerar para as áreas de ZEIS o incremento de 25%, correspondente à proporção

verificada nas demais áreas periféricas. Os resultados estão expressos na tabela que segue.

Tabela 32 – Atualização dos Preços Médios dos Vazios Urbanos com base em levantamento de setembro de 2008

Vazios por localização

Preço Médio do

m² em 2007*

(R$/m²)

Incremento

do preço de

2007 a

2008**

Atualização com

base em dados de

2008 (em R$)

PERÍMETRO CENTRAL ÁREA < 10.000m² 240,00 40,00% 336,00

PERÍMETRO CENTRAL ÁREA > 10.000m² 113,00 40,00% 158,20

ZEIS DE VAZIOS 30,40 25,00% 38,00

ÁREAS PERIFÉRICAS 29,26 25,00% 36,58

Fontes: *Planta de Valores Reais 2007, PMA **Valores atualizados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Americana em setembro de 2008 Elaboração: Cooperativa Integra

2. Custo para Construção de Moradias

A estimativa de custo de construção de moradias foi realizada a partir das diferentes

modalidades habitacionais. Calculou-se três hipóteses: ocupação vertical, e ocupação

horizontal (sobrados) e lotes urbanizados com embrião.

a) OCUPAÇÃO VERTICAL

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O custo da unidade foi desmembrado em três partes: Infra-estrutura, BDI (Bonificação e

Despesas Indiretas) e custo de construção da área útil. Utilizou-se dos valores fornecidos pela

SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), que estimou

em R$ 674,56/m² do apartamento de 51,08m²28. O custo para implantação da infra-estrutura

foi estimado com a proporção de 15% sobre o total do custo da área útil. O BDI foi calculado

com proporção de 30% sobre a soma do custo de infra-estrutura com o total da área útil.

Tabela 33 – Custo de construção de unidade habitacional em conjunto vertical

Custo de construção da área útil* R$ 34.456,52

infra-estrutura** R$ 5.168,48

BDI*** R$ 11.887,50

TOTAL R$ 51.512,50 Fonte: *SINAPI (51,08m² x R$674,56) ** 15% sobre valor do custo de construção da área útil. *** 30% sobre a soma do valor do custo de construção da área útil com o custo de infra-estrutura. Elaboração: Cooperativa Integra

b) OCUPAÇÃO HORIZONTAL

O cálculo para a construção de unidades em sobrado também dividiu os custos nas

mesmas três partes. No entanto, para a identificação do custo de construção da área útil se

utilizou de valores fornecidos pela Cooperteto, que estima em R$25.000,00 o custo para

construção de um sobrado padrão da prefeitura, utilizando o sistema construtivo da Fábrica

de Casas Ecológicas. O cálculo do BDI usou como referência os mesmos índices da ocupação

vertical.

Tabela 34 – Custo de construção de unidade habitacional em conjunto horizontal (sobrados)

custo de construção da área útil* R$ 25.000,00

infra-estrutura** R$ 4.400,00

BDI*** R$ 8.820,00

TOTAL R$ 38.220,00 Fonte: *Cooperteto (custo de construção pela Fábrica de Casas Ecológicas) ** Valor fornecido pela Cooperteto *** 30% sobre a soma do valor do custo de construção da área útil com o custo de infra-estrutura. Elaboração: Cooperativa Integra

28 “Edifício Residencial Multifamiliar com pilotis, sem elevador (considerado, apenas, ponto de força). Pavimentos: pilotis (com apartamento de porteiro), quatro pavimentos tipo (com quatro unidades cada) e cobertura (com duas unidades). Unidade Tipo: sala, dois quartos, circulação, banheiro, cozinha, área de serviço, quarto e W.C. de empregada.

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c) LOTES URBANIZADOS COM EMBRIÃO

O custo de construção da área útil do embrião também se utilizou de valores fornecidos

pela Cooperteto, que estima em R$14.000,00 a construção de embrião padrão da prefeitura.

O custo de infra-estrutura e BDI se utilizaram dos mesmos valores da construção em

conjunto horizontal.

Tabela 35 – Custo do lote urbanizado com embrião

custo de construção da área útil* R$ 14.000,00

infra-estrutura** R$ 4.400,00

BDI*** R$ 5.520,00

TOTAL R$ 23.920,00 Fonte: *Cooperteto (custo de construção pela Fábrica de Casas) ** Valor fornecido pela Cooperteto *** 30% sobre a soma do valor do custo de construção da área útil com o custo de infra-estrutura. Elaboração: Cooperativa Integra

3.3. Custo Total de Construção de Moradias

Para o cálculo do custo total, que considera o custo da terra, faz-se necessário

relacionar o tipo de vazio urbano com a modalidade habitacional mais adequada ao terreno.

Assim, este estudo de vazios optou por estabelecer 6 combinações diferentes, expressas na

tabela a seguir.

Tabela 36 – Combinações Modalidade Habitacional x Tipo de Vazio Urbano

COMBINAÇÃO TIPO DE VAZIO URBANO MODALIDADE HABITACIONAL A Vazio Central < 10.000m² Ocupação Vertical B Vazio Central > 10.000m² Oupação Horizontal C Vazio Central > 10.000m² Ocupação Vertical D Áreas Periféricas Lote Urbanizado com Embrião E ZEIS Lote Urbanizado com Embrião F ZEIS (30% de doação) Lote Urbanizado com Embrião

Elaboração: Cooperativa Integra

A escassez de terras na área central implica a necessidade de um bom aproveitamento

de unidades habitacionais por gleba. Assim, para os vazios localizados em área central, foram

definidos duas modalidades relativamente densas: ocupação vertical (prédios), e ocupação

horizontal (sobrados). A ocupação vertical é a única alternativa para os terrenos menores,

que também demandam maior adensamento em função de seus preços elevados (Combinação

A). Os terrenos maiores que 10.000m² localizados em área central possibilitam outras

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modalidades além da vertical, mas ainda demandam um maior adensamento, adequado ao

preço da terra, o que justifica a escolha de sobrados como alternativa a estes terrenos

(Combinação B). No entanto, para buscar a diminuição do custo unitário e o melhor

aproveitamento dos escassos espaços vazios urbanizados, também será considerada a

combinação desses terrenos com a ocupação verticalizada (Combinação C).

A maior dimensão das áreas periféricas e das ZEIS possibilita a ocupação por

loteamentos, modalidade que já pode ser verificada no entorno desses terrenos. Enquanto

programa habitacional, é necessário vincular a moradia ao lote, o que resultou na alternativa

do lote urbanizado com embrião (Combinação D e E).

Uma quinta combinação ainda deve ser considerada, uma vez que o Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado define que “os proprietários de glebas (demarcadas como ZEIS)

que doarem ao Município 30% (trinta por cento) de sua área poderão requerer que o seu

remanescente seja desafetado de ZEIS”29. Como conseqüência, por um lado diminui-se o custo

de aquisição de terras, e por outro diminui o aproveitamento desses terrenos em 30%

(Combinação F).

Uma vez vinculada as Modalidades Habitacional com os Tipos de Vazios, é possível

calcular a possibilidade de atendimento da demanda em cada combinação.

Tabela 37 – Possibilidade de Atendimento da Demanda, por Combinações

Combi-nação Tipo de Vazio Modalidade

Habitacional Total de área

(m²) Cota de Terreno ou Lote mínimo

(m²)

Possibilidade de

atendimento (unidades

habitacionais)

A Área Central < 10.000m² Ocupação Vertical 59.087,55 60 (cota de

terreno) 985

B Área Central > 10.000m²

Ocupação Horizontal (sobrados) 464.461,82

85 (cota de terreno) 5464

C Área Central > 10.000m² Ocupação Vertical 464.461,82 60 (cota de

terreno) 7741

D Área Periférica Lote urbanizado

com embrião 1571279,05* 150 (lote mínimo) 10475

E ZEIS Lote urbanizado

com embrião 378.371,09* 150 (lote mínimo) 2522

F ZEIS (30% de doação) Lote urbanizado

com embrião 113511,33** 150 (lote mínimo) 757 Elaboração: Cooperativa Integra

29 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de Americana. Lei 4597 de 1 de fevereiro de 2008, artigo 84.

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O custo médio da terra, por unidade habitacional, pode ser calculado a partir do custo

total das terras em cada tipo de vazios, dividido pelo total de unidades possíveis de serem

construídas nestes terrenos.

Tabela 38 – Custo Médio da Terra por Unidade Habitacional

Combi- nação Tipo de Vazio Modalidade

Habitacional A - Custo Total das Áreas (R$)

B - Possibilidade

de atendimento

(unidades habitacionais)

Custo Médio da Terra por Unidade

Habitacional (R$)(A/B)

A Área Central < 10.000m² Ocupação Vertical 14.181.012,00 985,00 14397

B Área Central > 10.000m² Ocupação Horizontal

(sobrados) 52.484.185,66 5464,00 9605

C Área Central > 10.000m² Ocupação Vertical 52.484.185,66 7741 6780

D Área Periférica Lote urbanizado com

embrião 45975625,06 10475,00 4389

E ZEIS Lote urbanizado com

embrião 11.502.481,08 2522,00 4561

F ZEIS (30% de doação) Lote urbanizado com

embrião 0,00 757,00 0 Elaboração: Cooperativa Integra

Tabela 39 – Custo Total por Unidade Habitacional

Combi- nação Tipo de Vazio Modalidade

Habitacional

Custo Médio da Terra por Unidade

Habitacional (R$)(A/B)

Custo de Construção da Unidade

Habitacional (R$)

Custo Total da Unidade

Habitacional

A Área Central < 10.000m² Ocupação Vertical 14.397,00

51.512,50 65.909,50

B Área Central > 10.000m²

Ocupação Horizontal (sobrados) 9.605,00

38.220,00 47.825,00

C Área Central > 10.000m² Ocupação Vertical 6.780,00

51.512,50 58.292,50

D Área Periférica Lote urbanizado

com embrião 4.389,00

23.920,00 28.309,00

E ZEIS Lote urbanizado

com embrião 4.561,00

23.920,00 28.481,00

F ZEIS (30% de doação) Lote urbanizado

com embrião -

23.920,00 23.920,00 Elaboração: Cooperativa Integra

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3.4. Atendimento da Demanda Habitacional x Custo

Para o cálculo do custo de atendimento à demanda, foram utilizados os grupos de

atendimento definidos pelo PLANHAB. Os cálculos foram realizados a partir do custo total da

unidade habitacional, descritos na tabela 39, multiplicado pela quantidade de unidades

habitacionais necessárias para cada grupo de atendimento.

Existem, porém, casos em que a necessidade do grupo de atendimento superava a

possibilidade de atendimento da combinação. Nestes casos, o número considerado foi a

possibilidade de atendimento da combinação.

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Tabela 40 – Custo total para empreendimento por combinação e grupo de atendimento.

Grupo de atendimento Faixa de Renda

Necessidade de Novas Unidades

Habitacionais

COMBINAÇÃO A (R$)

COMBINAÇÃO B (R$)

COMBINAÇÃO C (R$)

COMBINAÇÃO D (R$)

COMBINAÇÃO E (R$)

COMBINAÇÃOF (R$)

Possibilidade de atendimento

(unidades habitacionais)

985 5.464 7.741 10.475 2.522 757

GRUPO 1 até R$ 600,00

976 64.327.672,00 46.677.200,00 56.893.480,00 27.629.584,00 27.797.456,00 18.107.440,00

GRUPO 2 de R$ 600,00 a R$ 1.200,00

3.079 64.920.857,50 147.253.175,00 179.482.607,50 87.163.411,00 71.829.082,00 18.107.440,00

GRUPO 3 de R$ 1.200,00 a R$ 2.000,00

2.800 64.920.857,50 133.910.000,00 163.219.000,00 79.265.200,00 71.829.082,00 18.107.440,00

GRUPO 4 de R$ 2.000,00 a R$ 4.000,00

433 28.538.813,50 20.708.225,00 25.240.652,50 12.257.797,00 12.332.273,00 10.357.360,00

GRUPO 5 mais de R$ 4.000,00 13 856.823,50 621.725,00 757.802,50 368.017,00 370.253,00 310.960,00

Total 7.301 481.205.259,50 349.170.325,00 425.593.542,50 206.684.009,00 207.939.781,00 174.639.920,00

FONTE: Plano Nacional de Habitação Elaboração: Cooperativa Integra *Casos em que a necessidade de novas unidades supera a possibilidade de atendimento da combinação em questão. Nestes casos, a quantidade de unidades habitacionais adotada foi a possibilidade de atendimento da combinação.

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É preciso destacar a importância que a questão da disponibilidade de terras assume no

município de Americana, problema agravado pelo reduzido tamanho de seu território. Nas

entrevistas realizadas neste diagnóstico o problema da terra é colocado em destaque por

todos os entrevistados. Segundo o representante de uma das associações entrevistadas

“independente do momento, a questão da terra sempre foi um problema para Americana”.

Para o engenheiro Denis Barreira, “Sempre foi um problema porque o município é muito

pequeno, tendo a malha urbana já encostado em seus limites”.

O valor do preço da terra incide diretamente sobre o preço final da habitação. O

seguinte trecho de entrevista com representante do setor imobiliário demonstra como o preço

da terra pode inviabilizar determinados tipos de moradia:

“Entrevistado: Um ramo que não existe, e também não tem condições de ter por

causa do preço do terreno de 150 metros quadrados, são casas na faixa de 50 a 80

mil reais. O que tivesse venderia tudo. Não há mais condições de se fazer esse tipo

de casa.

Cooperativa Integra - Porque?

Entrevistado: Pelo custo, o metro quadrado é muito alto aqui em Americana. (...)

Porque realmente não há para onde expandir mais a cidade. A não ser o pós-

represa.”

O novo tamanho do lote mínimo definido pelo Plano Diretor, que passou de 150m² para

300m², também interfere na questão da disponibilidade de terra no município, ao diminuir o

aproveitamento das glebas remanescentes. A diminuição da oferta de lotes de 150m²

interfere em seus preços, conforme entrevista com o setor imobiliário30.

Assim, os lotes de 150m² remanescentes tendem a sofrer incremento no seu preço de

venda, enquanto os novos lotes mínimos colocados no mercado terão maior preço unitário em

função de sua nova dimensão e menor aproveitamento da gleba. Uma provável conseqüência

será a inviabilização dos imóveis com a faixa de preço que atende a população de mais baixa

renda.

Pós-Represa

O chamado “Pós-Represa” é constituído por toda a porção do município a leste da

Represa de Salto Grande. Trata-se de uma região não urbanizada, definida no Plano Diretor

como Macro-zona de Uso Predominantemente Ambiental / MPA.

30 Ver entrevista com setor imobiliário, em anexo.

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Imagem 14 – Macrozoneamento. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município

de Americana.

FONTE: Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de Americana, 2008.

Segundo o Plano Diretor, a Macrozona de Uso Predominante Ambiental / MPA

“apresenta diferentes graus de degradação do meio ambiente, áreas de culturas extensivas,

de ocupação residencial de baixa densidade e no seu conjunto não apresenta população

significativa, caracterizando-se, simultaneamente, como área de expansão e de reserva

ambiental do Município”, e tem como objetivo, entre outros, “ordenar a distribuição das

atividades e ocupações de acordo com critérios de preservação, recuperação e valorização do

meio ambiente”31.

O perímetro da Macrozona de Uso Predominante Ambiental constitui também uma Área

de Proteção Ambiental – Área de Proteção Ambiental Municipal de Americana (APAMA).

Segundo o Plano Diretor, o regulamento da APAMA deverá ser regulamentado em lei, que

“contemple o zoneamento, os usos, a ocupação, o parcelamento do solo e a orientação para a

elaboração e implantação de Planos de Manejo para as áreas em que forem pertinentes”32.

31 PDDI 2008, pág. 11. 32 PDDI 2008, pág. 14.

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Imagem 15 – Zoneamento, recorte Pós-Represa. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de Americana.

A área do Pós-Represa, apesar de não constituir uma opção a curto e médio prazo, será

a única alternativa à expansão da malha urbana de Americana após a ocupação das áreas

livres remanescentes. Os futuros planos de ocupação do Pós-Represa devem dar atenção

especial à habitação social dentro desta área, cuja viabilidade pode ser dificultada pelas

restrições ambientais, assim como pela tendência da área em atender a padrões elevados de

renda dado seu diferencial paisagístico promovido pela Represa de Salto Grande.

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82

3.5. Quadro Normativo e Institucional 3.5.1. Organização institucional

O município de Americana possui ações para a política habitacional desde a década de

1970. Nos últimos anos observa-se a construção de um importante quadro institucional e

administrativo para as políticas habitacionais, entre as quais se destacam:

• Realização dos processos de Conferência das Cidades em sua etapa municipal em

2003, 2005 e 2007;

• Constituição do Fundo Municipal de Habitação, do Conselho Municipal de

Habitação, e da Política Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano de

Interesse Social. (Lei n° 4.196/2005)

• Revisão e aprovação do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de

Americana (Lei Complementar n° 4.597/2008);

• Aprovação de Lei de Uso e Parcelamento do Solo (Lei n° 4.676/2008)

O quadro institucional governamental é elemento determinante para a política

habitacional empreendida no município. Em Americana a questão habitacional é concentrada

em uma secretaria específica. O Conselho Municipal de Habitação e o Fundo Municipal de

Habitação estão vinculados a Secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano que é divida

em duas grandes unidades – a Unidade de Habitação e a Unidade de Desenvolvimento Urbano.

Além da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano a estruturação da

política habitacional esta mais diretamente relacionada a outras três Secretarias Municipais.

Destacamos entre elas a Secretaria de Planejamento e Controladoria, a Secretaria de Obras e

Serviços Urbanos e a Secretaria de Negócios Jurídicos.

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Quadro 3 – Organograma Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano.

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana

Quadro 4 – Organograma Prefeitura Municipal de Americana – estrutura relacionada ao setor habitacional.

Fonte: Prefeitura Municipal de Americana

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A Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano é o órgão responsável, dentro da

estrutura administrativa do Poder Executivo Municipal (conforme Lei n°3.818/2003), pela

execução, coordenação e supervisão das políticas e programas do Município voltados para o

desenvolvimento habitacional e urbano, com destaque para a viabilização de moradias,

estruturação de conjuntos habitacionais e o progresso da comunidade. A Secretaria elabora

junto ao Conselho Municipal de Habitação, a política habitacional e de desenvolvimento

urbano de interesse social do município. Esta política tem entre seus objetivos, conforme

descrito em lei específica (Lei n° 4.196/2005):

- Facilitar e promover, às famílias de baixa renda, o acesso à habitação própria e de

qualidade;

- articular, compatibilizar, apoiar e estabelecer parcerias com órgãos e entidades sem

fins lucrativos, que atuem no campo da habitação popular, bem como com instituições

promotoras ou financiadoras de programas de habitação e desenvolvimento urbano de

interesse social;

- priorizar programas e projetos habitacionais e de urbanismo, que contemplem o

acesso à moradia e à melhoria da qualidade de vida da população de menor poder

aquisitivo e contribuam para a geração de trabalho e renda;

- democratizar e tornar transparentes os procedimentos e processos decisórios

respeitantes à moradia e qualidade de vida;

- desconcentrar poderes e descentralizar operações, criando mecanismos que

promovam nos programas e projetos a participação popular diretamente ou através de

entidades representativas;

- reunir recursos públicos e privados, para investimentos na habitação popular e na

urbanização, utilizando-os de maneira eficiente e com garantia de qualidade;

- fixar regras objetivas, estáveis, simples e concisas;

- adotar mecanismos adequados de acompanhamento, execução e controle dos

programas habitacionais, garantindo a sua plena realização, de acordo com as

finalidades propostas;

- empregar formas alternativas de produção e acesso à moradia a quem necessita,

bem como de urbanização, através do incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento

tecnológico aplicáveis no campo da habitação popular e do desenvolvimento urbano de

interesse social, sempre com a garantia da qualidade;

- integrar os projetos habitacionais com os investimentos em saneamento, melhoria

do meio ambiente e demais serviços urbanos;

- viabilizar estoque de áreas urbanas necessárias à implementação de programas

habitacionais e à urbanização.

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85

3.5.2. Instrumentos de gestão participativa

No ano de 2005 foi criado o Conselho e o Fundo Municipal de Habitação de Interesse

Social. O Conselho é um órgão com participação paritária entre representantes do governo

municipal e da sociedade civil. Entre as competências do Consellho destaca-se:

- estabelecer as diretrizes e os programas de alocação dos recursos do Fundo;

- aprovar anualmente o orçamento do Fundo Municipal de Habitação e

Desenvolvimento Urbano de Interesse Social;

- acompanhar e avaliar os ganhos sociais e desempenho dos programas e projetos

aprovados;

- definir normas, procedimentos e condições operacionais do Fundo Municipal de

Habitação e Desenvolvimento Urbano de Interesse Social.

Entre as finalidades do Fundo Municipal de Habitação de Interesse social, destacamos:

- Investimentos em programas e projetos de habitação de interesse social

- custeio de desapropriações ou aquisições de áreas para HIS;

- financiamento para elaboração, aprovação e execução de projetos habitacionais e de

urbanização;

- financiamento de materiais de construção, ferramentas e insumos necessários para

execução de habitações populares;

- remoção ou urbanização de núcleos de sub-habitação;

- realização de estudos, levantamentos e pesquisas na área de habitação e

urbanização para populações de baixa renda;

- viabilização de assessoramento técnico à construção de HIS;

- Aquisição e manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo de

produção das habitações;

Em Americana existem ainda duas instituições do setor de habitação de interesse social

com grande atuação nas políticas e produção habitacional do município: A Cooperativa

Nacional de Habitação e Construção – COOPERTETO – que exerce importante papel no

incremento habitacional do município, principalmente através de mutirões auto geridos; e a

Associação dos Sem-Teto de Americana – ASTA – que junto com a prefeitura produziu

loteamentos urbanizados no município.

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86

Outro importante instrumento existente no município é a possibilidade de

desenvolvimento de serviço de assessoria técnica para projetos de habitação de interesse

social. Em 2007, em lei específica (Lei n° 4.536), foram definidos parâmetros para a criação e

prestação de serviço de assessoria técnica. A supervisão e coordenação destes serviços será

realizado pela Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano, e podem envolver distintos

aspectos do projeto habitacional, dentre eles:

- elaborar diagnóstico da situação social da população, assim como da situação física,

fundiária e ambiental das áreas de intervenções;

- elaborar estudos de viabilidade, planos e projetos de intervenção jurídica, física,

social e ambiental;

- preparar e acompanhar a tramitação da documentação técnica, jurídica,

administrativa e contábil necessária à aprovação das intervenções junto aos órgãos

técnicos e de financiamento competentes;

- assessorar à comunidade durante o desenvolvimento das etapas de obras;

- promover ações relacionadas à formação, à educação popular, à cultura, à educação

ambiental, à garantia da cidadania e dos direitos humanos no âmbito do

desenvolvimento urbano;

- preparar e encaminhar toda a documentação necessária para a regularização

fundiária de áreas;

3.5.3. Integração Institucional

Muitos projetos habitacionais desenvolvidos no município estiveram associados a

órgãos regional, estadual e federal. A integração regional possibilitou a construção do

primeiro conjunto habitacional do município no final da década de 1970 pela Companhia de

Habitação Popular de Campinas. Em 1980 o maior empreendimento da Companhia feito fora

do município sede era realizado em Americana – Conjunto Habitacional Antônio Zanaga II,

com 1.806 casas.

A atuação do governo estadual no município aconteceu a partir da década de 1990

através de projetos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de

São Paulo. No Plano Federal o município possui projetos articulados com o Ministério das

Cidades, estando inserido no Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, e através

deste pleiteando recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesses Social. Além do

Ministério a Caixa Econômica Federal foi parceira em projetos habitacionais do município

desde a década passada.

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87

3.5.4. Quadro normativo

No momento de desenvolvimento deste Plano se configura em Americana um novo

quadro normativo para a questão habitacional. O Estatuto das Cidades, o novo Plano Diretor

de Desenvolvimento Integrado (PDDI) e legislações específicas para a política habitacional - a

nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, a legislação para Zonas Especiais de Interesse Social

(ZEIS), a lei que dispõem sobre a Política Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano

de Interesse Social, e seu respectivo Fundo e Conselho gestor - permitirá um grande salto na

qualidade e instrumentação das políticas habitacionais do município.

Em fevereiro de 2008 foi aprovado o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado

(PDDI) do Município de Americana. Este, em conformidade com o Estatuto da Cidade, tem

como finalidade estabelecer uma política de desenvolvimento territorial que garanta a função

econômico-social do município valendo-se dos princípios de garantia do bem-estar de sua

população, função social da propriedade, sustentabilidade do desenvolvimento, e integração

regional. A função social da cidade é entendida no PDDI como direito de acesso de todo

cidadão à moradia, ao transporte público, ao saneamento, à infra-estrutura, à saúde, à

educação, ao lazer e à segurança. Entre os objetivos do PDDI que vem de encontro com a

política habitacional, citamos:

- A promoção do atendimento as demandas habitacionais.

- A reurbanização de áreas passíveis de recuperação, incentivando a ampliação da

oferta de moradia à população de baixa renda.

- A maximização do rendimento social da ocupação do solo.

Para cumprir estes objetivos o PDDI estabelece diretrizes para a política habitacional do

município:

- A integração e recuperação de áreas ocupadas irregularmente por sub-habitações.

- A ampliação de parcerias com o estado e com a união para a construção de moradias

populares e a erradicação de sub-habitações.

- O fortalecimento dos mecanismos participativos.

- A elaboração do Plano Municipal de Habitação em consonância com o Plano nacional,

estadual e municipal.

- O incentivo a empreendimentos autogestionários.

O PDDI define ainda Loteamento Popular. São empreendimentos destinados a famílias

com renda familiar até 10 Salários Mínimos, com lotes com área mínima de 150m2 para cada

unidade familiar, sem possibilidade de desdobro, e admitido somente quando vinculado a

programas habitacionais da Prefeitura Municipal ou entidades devidamente autorizas por lei,

sem fins lucrativos. A lei de uso do solo define ainda que os Loteamentos Residenciais de

Interesse Social deverão destinar pelo menos 12% da área para sistema de lazer e 12% para

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áreas de uso institucional. O percentual para vias de circulação pública somado à área

institucional e sistema de lazer não poderá ser inferior a 35%.

Destacamos também outros importantes instrumentos para a política habitacional

presentes no PDDI e leis complementares do município:

- No PDDI as Unidades de Zona Especial de Interesse Social (UZEIS) foram

regulamentadas e demarcadas. A UZEIS é definida como porção do território destinado à

regularização fundiária e ao incentivo da produção de Habitação de Interesse Social –

HIS. A produção de HIS é destinado à população com faixa de renda de até 10 Salários

Mínimos, com lotes de terrenos com área mínima de 150m2 e frente mínima de 7,5m2.

- Nas unidades de ZEIS os proprietários que doarem ao município 30% de sua área

poderão requerer que seu remanescente seja desafetado de ZEIS mediante condições

específicas. Após a desafetação referida é facultado ao proprietário retalhar a gleba

remanescente em até cinco partes. O prazo para que seja protocolado o projeto de

retalhamento é de dois anos contado da notificação do proprietário. Em caso de

descumprimento do prazo previsto será aplicado o IPTU progressivo sobre o imóvel.

- A lei de parcelamento do solo determina que nas UZEIS fica garantido ao

empreendimento que a área objeto do plano de loteamento terá destinado pelo menos

20% para vias de circulação públicas, 7% para o sistema de lazer, e 8% para áreas de uso

institucional.

- O Plano Diretor trata também da Outorga Onerosa do direito de construir, definindo

como área passível de sua aplicação os lotes situados na Zona Mista Central e aqueles

lindeiros a suas vias. Ainda deverá ser aprovada a lei que determinará a fórmula de

cobrança da outorga onerosa, os casos passíveis de isenção e a contrapartida do

beneficiário. É muito importante a regulamentação deste instrumento para a política

habitacional do município pois o PDDI determina que os recursos auferidos da aplicação

da outorga onerosa serão geridos pelo Fundo Municipal de Habitação e Desenvolvimento

Urbano, e poderão assim, ser utilizados para os projetos de habitação de interesse

social.

- O Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios é outro instrumento definido

no Plano Diretor que poderá ser utilizado para as políticas habitacionais do município.

Imóveis onde este instrumento for aplicado deverão ser parcelados em prazo

específicos, ficando sujeito a aplicação de IPTU progressivo caso não cumpram os

prazos. Decorridos 5 anos da aplicação do IPTU progressivo o município poderá

promover a desapropriação do imóvel, que passa a ter seu aproveitamento determinado

pelo Poder Público Municipal. Estes imóveis poderiam assim ser destinados a construção

de HIS ou na implantação de infra-estrutura.

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- O PDDI delimita ainda o instrumento Direito de superfície. Delimitado para ser

utilizado em áreas particulares onde exista carência de equipamentos urbanos e

comunitários ou para a remoção temporária de moradores de núcleos habitacionais em

função de obras de urbanização.

- Em lei específica institui a Política, o Conselho e o Fundo Municipal de Habitação e

Desenvolvimento Urbano de Interesse Social. Define os órgãos públicos e entidades sem

fins lucrativos que atuem na cidade, como aqueles que poderão desenvolver os

Programas e Projetos Habitacionais de Interesse Social, e aponta como um dos objetivos

da Política Municipal de Habitação de Interesse Social a viabilização de estoques de

áreas urbanas necessárias à implementação de programas habitacionais e de

urbanização.

- Para participar dos referidos programas de habitação é obrigatório: não possuir imóvel

neste ou em qualquer outro Município do Estado de São Paulo; não ter sido atendido por

nenhum programa habitacional através de financiamento público; residir ou trabalhar

regularmente no Município há pelo menos 5 (cinco) anos consecutivos; ter renda

conjugal familiar mensal limitada a 7 (sete) salários mínimos.

- A lei de políticas habitacionais determina ainda que em cada projeto de habitação

ficarão reservadas até 10% das vagas para famílias que possuam renda familiar mensal

de até 3 salários mínimos, famílias que tenham integrantes portadores de necessidades

especiais e pessoa só ou casal com mais de 60 anos de idade. Quanto a natureza destes

projetos os classifica em: de lotes urbanizados; de casas construídas e entregues

prontas; de construção por mutirão; de condomínios ou conjuntos habitacionais verticais

ou horizontais; específicos para moradores de sub-habitações;e de regularização

fundiária.

Alguns instrumentos jurídicos que podem auxiliar o município na implantação da Política

Habitacional de interesse Social ainda carecem de regulamentação, entre eles:

- O Direito de Preempção e a Transferência do Direito de Construir são apenas citados

no PDDI, carecendo de definição e regulamentação. Estes dois instrumentos são

importantes ferramentas para que o município possa adquirir novas áreas para os

projetos habitacionais.

- Não existem definições específicas para as UZEIS de regularização. Há a necessidade

da definição de parâmetros jurídicos específicos para que as áreas demarcadas possam

ter padrões urbanísticos próprios, permitindo a melhoria das condições urbanas e a

regularização fundiária.

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- Falta de legislação específica para os casos de regularização fundiária de interesse

social, inclusive com a determinação de procedimentos específicos para registro

imobiliário.

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CONCLUSÂO

O processo de intensa urbanização vinculado ao empobrecimento urbano tem

consolidado nas cidades brasileiras mecanismos de exclusão social e de segregação sócio-

espacial, que contribuem para a estruturação de uma sociedade extremamente desigual, que

se reproduz em nossas cidades.

No que se refere à política municipal de habitação no Brasil, percebe-se que persiste a

descontinuidade das ações de acordo com o contexto político-eleitoral, o que tende a

diminuir as conquistas de cada uma das experiências desenvolvidas, inviabilizando, via de

regra, a consolidação de uma política urbana mais completa, abrangente e transformadora.

É ainda imprescindível a consolidação de uma política habitacional municipal que

privilegie programas e intervenções com potencial de ir além de paliativos e ações pontuais, e

que correspondam a real necessidade e diversidade das situações de precariedade

habitacional e urbana.

Por outro lado, não se pode deixar de reconhecer os avanços nesse campo, desde o

Estatuto da Cidade até a criação do Ministério das Cidades e do Sistema de Habitação de

Interesse Social. A consolidação da Política Nacional de Habitação tem representado um

processo que tem exigido uma importante participação e iniciativa dos governos municipais.

As campanhas de elaboração e revisão de Planos Diretores Municipais, bem como as

Conferências da Cidade e na implantação do Sistema Nacional de Habitação de Interesse

Social nos três níveis de governo são exemplos disso.

Outro importante desafio para os municípios é a implementação dos instrumentos

jurídicos e urbanísticos constantes no Estatuto da Cidade, e, conseqüentemente, nos Planos

Diretores, de forma a torná-los conhecidos e aceitos, pelo poder público e sociedade,

colaborando para a construção da Política habitacional também a partir da prática dos

municípios.

Essa prática, que convive com a crescente irregularidade, tem como desafio modificar a

feição das cidades brasileiras que é construída, dentre outras coisas, pelas formas de

segregação sócio-espacial e pela localização e a concentração dos investimentos públicos

sobre o espaço urbano que pressupõem o processo de construção da cidade ilegal como parte

do modelo de desenvolvimento do Brasil (MARICATO, 2000).

Sem a adoção de programas consistentes e duradouros de ofertas de novas moradias, é

importante ressaltar que, a população continuará a buscar soluções precárias, como

ocupações de áreas de risco, favelas, cortiços ou loteamentos ilegais.

O importante papel dos movimentos urbanos na função de reivindicação de direitos

sociais e proposição de políticas públicas continua a existir e torna-se ainda mais necessário

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na perspectiva de consolidar e ampliar conquistas em um cenário em que novos

procedimentos de gestão coexistem a uma dinâmica de articulação política e de atores sociais

com forte influência nos níveis locais, refletindo essa dinâmica nas demais esferas de poder e

na definição de políticas públicas nacionais.

Especificamente com relação ao Município de Americana e a partir das informações aqui

levantadas é possível identificar questões relevantes a serem encaminhadas e desafios a

serem superados com o objetivo de consolidar a Política Municipal de Habitação.

Um dos grandes desafios para o município de Americana é criar mecanismos de

barateamento do preço da terra de modo a viabilizar os empreendimentos de habitação de

interesse social, não apenas nas áreas periféricas do município, mas também nas áreas mais

centrais. Cabe, assim, aprofundar o estudo sobre a demarcação de novas áreas de ZEIS em

todo o município, e mesmo a regulamentação de tal instrumento, havendo ainda a

necessidade específica de definição de parâmetros jurídicos para as áreas demarcadas como

UZEIS de regularização.

Porém, é importante dar efetividade ao conjunto de instrumentos urbanísticos

disponíveis na legislação municipal, e não somente as ZEIS, como forma de viabilizar as metas

a serem definidas no âmbito do Plano Municipal de Habitação, como através da

regulamentação de instrumentos como o Direito de Preempção e parcelamento, edificação e

urbanização compulsória.

Complementarmente, cabe a elaboração de uma legislação específica para os casos de

regularização fundiária em áreas de interesse social, inclusive com a determinação de

procedimentos específicos para registro imobiliário.

Outro ponto é a aprovação do lote mínimo no município com 300m² que diminuiu

sobremaneira a oferta de lotes na cidade, ao reduzir o aproveitamento da gleba. Ao

planejamento habitacional, preocupa as conseqüências dessa redefinição do tamanho do lote

mínimo sobre a oferta e opções para a população de mais baixa renda. Para esta parcela da

população, a principal alternativa é o lote mínimo urbanizado com embrião; a duplicação do

tamanho do lote mínimo inevitavelmente irá incidir sobre o custo desta alternativa.

Destaca-se também a pertinência de se conhecer melhor as situações de aluguel

(especialmente que caracterizem ônus excessivo) e de coabitação no município, uma vez que

se trata de situações que contribuem significativamente para situações de precariedade

habitacional.

A identificação da demanda habitacional existente através do Cadastro Municipal,

suscita um amplo debate sobre as definições e estratégias de atendimento de cada faixa de

rendimento - que exigem níveis diferenciados de subsídio público-, a serem consideradas pelo

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PMH de Americana, e que deverão estar pautadas nas definições do Plano Nacional de

Habitação – PLANHAB.

Desta forma, resumidamente podemos destacar os seguintes encaminhamentos e

questões a serem aprofundadas na 3ª etapa do processo de elaboração do Plano Municipal de

Habitação de Americana:

• Definir de forma detalhada os programas habitacionais que respondam às diferentes

necessidades habitacionais apresentadas no município, articulados à estrutura de

financiamento nacional determinada pelo PLANHAB;

• Indicar as adequações, regulamentações e detalhamentos necessários da legislação

urbanística existente para a implementação da política habitacional;

• Definir a necessidade de pesquisas e levantamentos que propiciem um conhecimento

mais preciso e detalhado da situação habitacional em Americana, e de

acompanhamento de sua dinâmica;

• Definir mecanismos de ampliação da capacidade do poder público em intervir na

dinâmica de mercado de terras e controle da intensidade do uso do solo, no sentido de

diminuir o valor da terra urbana para fins sociais, viabilizando a ampliação da oferta

de HIS;

• Definir meios de aprofundar e qualificar a atuação do Conselho Municipal de Habitação

no acompanhamento e deliberação sobre a Política Habitacional e os recursos.

Tais desafios, ainda que vistos de uma forma ampla, apontam para uma agenda de

discussão que deverá ser aprofundada no processo de elaboração do Plano Municipal de

Habitação de Americana, mas que não se encerram em tal momento, uma vez que exigem um

processo contínuo. São, no entanto, questões que condicionam a consolidação da Política

Habitacional no município de Americana voltada para a garantia do direito à moradia digna e

à cidade.

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Habitação e Desenvolvimento Urbano de Interesse Social, cria o Conselho Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano de Interesse Social e dá outras providências.) PREFEITURA MUNICIPAL DE AMERICANA. Lei Complementar nº 4.676/2008. Dispõe sobre o parcelamento, a unificação, a modificação e o aproveitamento do solo para fins urbanos no território do Município e dá outras providências. Sítios Eletrônicos SITE da Companhia de Habitação Popular de Campinas (disponível em http://www.cohabcp.com.br) SITE da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (disponível em http://www.emplasa.sp.gov.br) SITE da Prefeitura do Município de Americana (disponível em http://www.americana.sp.gov.br) SITE da Câmara Municipal de Americana (disponível em http://www.camara-americana.sp.gov.br) SITE da Prefeitura Municipal de Campinas (disponível em http://www.campinas.sp.gov.br) SITE da Secretaria de Planejamento do Estado de São Paulo (disponível em http://www.planejamento.sp.gov.br) SITE da Agência Metropolitana de Campinas (disponível em http://www.agemcamp.sp.gov.br/) SITE do Plano Integrado de Transportes Urbanos do Estado de São Paulo (disponível em http://www.pitu.stm.sp.gov.br/) SITE da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (disponível em http://www.emtu.sp.gov.br/) SITE da Secretaria de Habitação do Estado de São Paulo (disponível em http://www.habitacao.sp.gov.br) SITE da Fundação Sistema Estadual de Análise e Dados - SEADE (disponível em http://www.seade.gov.br) SITE do Instituto Geográfico e Cartográfico (disponível em http://www.igc.sp.gov.br) SITE do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (disponível em http://www.ibge.org.br) SITE do Ministério das Cidades - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (disponível em http//: www.cidades.gov.br)