prÁticas de educaÇÃo ambiental com pequenos … filenesta articulação entre os conhecimentos...

9
PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM PEQUENOS AGRICULTORES DO ASSENTAMENTO MUQUILÃO – IRETAMA (PR) Ana Paula Azevedo da Rocha, (USF, SETI), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected] Jefferson de Queiroz Crispim, (USF, SETI), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected] Sandra Terezinha Malysz, (USF, SETI), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected] RESUMO: Diante das configurações da agricultura e da importância dos pequenos agricultores rurais para a produção de alimentos básicos do cardápio dos brasileiros, bem como da necessidade de um meio ambiente preservado e equilibrado para que se atendam os requisitos de produção e de qualidade de vida adequada é que este trabalho foi estruturado. E para alcançar a manutenção deste ambiente adequado, e a recuperação das partes já degradadas foram realizadas atividades para recuperar nascentes e também para transmitir conhecimentos de Educação Ambiental aos moradores. Estas práticas foram desenvolvidas no cotidiano dos agricultores através de relações informais e bastante eficientes, já que se tratava da particularidade de cada propriedade. As atividades são válidas por conta da necessidade da conservação dos elementos naturais para a manutenção da qualidade de vida, de maneira geral, inclusive dos pequenos agricultores do assentamento Muquilão que retiram da propriedade rural sua subsistência. As atividades foram realizadas envolvendo acadêmicos e proprietários rurais, possibilitando o grande envolvimento destes e também uma troca de experiência nesta articulação entre os conhecimentos acadêmicos e os conhecimentos práticos da comunidade não acadêmica. Palavras-chave: Agricultura. Educação ambiental. Nascentes. INTRODUÇÃO A partir da importância dos recursos naturais para a organização humana e também para o estabelecimento de práticas de agricultura que não prejudiquem a organização ambiental é que se desenvolveu este trabalho, com a finalidade de abordar atividades de Educação Ambiental com pequenos agricultores. O trabalho foi desenvolvido no assentamento Muquilão, área rural do município de Iretama – PR e envolveu 25 famílias, o início do projeto ocorreu com a reunião e cadastramento das famílias que se interessaram pelas atividades ofertadas pelo projeto “Melhoria da saúde dos agricultores familiares através da implantação de técnicas de saneamento e gerenciamento ambiental nos estabelecimentos agrícolas”, (programa Universidade Sem Fronteiras - USF/SETI). Em seguida a esta reunião foram realizados acompanhamentos com cada uma das famílias envolvidas, através de questionários levantando a condição dos passivos ambientais e também o perfil socioeconômico. Junto a isso ocorreram também as atividades de recuperação das nascentes com a aplicação da técnica de solo cimento (CRISPIM et. al. 2012), e as ações de Educação Ambiental, que foram desenvolvidas no

Upload: nguyenkien

Post on 09-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM PEQUENOS AGRICULTORES DO

ASSENTAMENTO MUQUILÃO – IRETAMA (PR)

Ana Paula Azevedo da Rocha, (USF, SETI), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]

Jefferson de Queiroz Crispim, (USF, SETI), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]

Sandra Terezinha Malysz, (USF, SETI), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]

RESUMO: Diante das configurações da agricultura e da importância dos pequenos agricultores rurais para a produção de alimentos básicos do cardápio dos brasileiros, bem como da necessidade de um meio ambiente preservado e equilibrado para que se atendam os requisitos de produção e de qualidade de vida adequada é que este trabalho foi estruturado. E para alcançar a manutenção deste ambiente adequado, e a recuperação das partes já degradadas foram realizadas atividades para recuperar nascentes e também para transmitir conhecimentos de Educação Ambiental aos moradores. Estas práticas foram desenvolvidas no cotidiano dos agricultores através de relações informais e bastante eficientes, já que se tratava da particularidade de cada propriedade. As atividades são válidas por conta da necessidade da conservação dos elementos naturais para a manutenção da qualidade de vida, de maneira geral, inclusive dos pequenos agricultores do assentamento Muquilão que retiram da propriedade rural sua subsistência. As atividades foram realizadas envolvendo acadêmicos e proprietários rurais, possibilitando o grande envolvimento destes e também uma troca de experiência nesta articulação entre os conhecimentos acadêmicos e os conhecimentos práticos da comunidade não acadêmica. Palavras-chave: Agricultura. Educação ambiental. Nascentes. INTRODUÇÃO

A partir da importância dos recursos naturais para a organização humana e também para o

estabelecimento de práticas de agricultura que não prejudiquem a organização ambiental é que se

desenvolveu este trabalho, com a finalidade de abordar atividades de Educação Ambiental com

pequenos agricultores.

O trabalho foi desenvolvido no assentamento Muquilão, área rural do município de Iretama –

PR e envolveu 25 famílias, o início do projeto ocorreu com a reunião e cadastramento das famílias que

se interessaram pelas atividades ofertadas pelo projeto “Melhoria da saúde dos agricultores familiares

através da implantação de técnicas de saneamento e gerenciamento ambiental nos estabelecimentos

agrícolas”, (programa Universidade Sem Fronteiras - USF/SETI). Em seguida a esta reunião foram

realizados acompanhamentos com cada uma das famílias envolvidas, através de questionários

levantando a condição dos passivos ambientais e também o perfil socioeconômico. Junto a isso

ocorreram também as atividades de recuperação das nascentes com a aplicação da técnica de solo

cimento (CRISPIM et. al. 2012), e as ações de Educação Ambiental, que foram desenvolvidas no

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

cotidiano dos moradores e abordando suas práticas diárias e fundamentais para sua organização

econômica e social.

A escolha das famílias seguiu orientação do padre da cidade, pois esses moradores são

pequenos agricultores que dependem da água das nascentes localizadas em suas propriedades para

consumo e também do cultivo da terra para seu sustento e geração de alguma renda. A realização do

trabalho mostrou-se interessante pela importância dos recursos ambientais na organização da produção

destas famílias e também pela importância que a agricultura familiar apresenta para o setor primário

brasileiro e também para a produção de alimentos da dieta do brasileiro.

A APLICAÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS ESTABELECIMENTOS RUAIS

Os moradores do Assentamento Muquilão caracterizam-se por possuírem pequenas

propriedades. Cultivam pequenas porções de terra utilizando a mão-de-obra familiar, já que as tarefas

inerentes ao cuidado com a terra e com a produção são realizadas pelos membros da família. Estes

agricultores retiram a maior parte da sua renda da pecuária leiteira, no entanto esta renda não é muito

alta, estas famílias trabalham com a terra em busca de retirar dela condições para seu sustento, e

quando possível alguma renda.

Pode-se perceber que a terra é um fator de subsistência para estes pequenos agricultores, seu

sustento e sua renda dependem de sua relação com a terra, já que é a partir dela que retiram o

suficiente para se organizarem economicamente. Logo, a terra, ou o ambiente de maneira geral, como

o solo e os recursos hídricos que são tão importantes, precisam estar conservados, e ser bem tratados

para que os agricultores possam extrair sua subsistência, no entanto, não são essas as condições

verificadas no assentamento. Pelo contrário, as observações realizadas durante o desenvolvimento do

projeto mostram que estes elementos não se encontram em suas melhores condições, principalmente as

nascentes. Estas em boa parte das propriedades estavam desprotegidas, e desta forma eram afetadas

por matéria orgânica e dejetos de animais, que tornam a condição da água ruim para o consumo

humano, e até mesmo para as outras atividades ligadas à produção.

Quanto aos passivos ambientais, o que se observa são situações ruins e degradantes em vários

casos observados, destino do lixo, falta de cuidados com entulhos e resíduos gerados pela produção,

esgoto a céu aberto e fossas negras abertas, por exemplo. Com o lixo tem-se um fim inadequado,

embora ele não possa ser destinado para aterros sanitários, ou cooperativas que trabalham com

resíduos recicláveis, pelo fato da prefeitura não realizar coleta no assentamento, ele poderia ser

separado para possibilitar a compostagem e o aumento da fertilidade de pequenas áreas de solo, como

aquelas que são suficientes para o cultivo de hortas, no entanto isso não se verifica, poucos são os

agricultores que adotam esta prática, pelo contrário, adota-se a queima do lixo, muitas vezes sem

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

separação. Ocorre também, em alguns casos, lixos e entulhos espalhados pelo quintal, ocorrência de

embalagens de agrotóxicos que não são separadas e acabam sendo queimadas, ou seja, casos que

podem contaminar água, solo, comprometer a saúde dos agricultores e também que facilitam o

criadouro de animais indesejados e que podem ser vetores de doenças maléficas ao homem.

Além disso, há outro grande problema, o gerado pelo esgoto a céu aberto, que geralmente é

proveniente da cozinha, está presente na maioria das propriedades, e não está disposto da maneira

correta, nem cumpre suas funções, e segundo Ribeiro e Rooke (2010), “o sistema de esgotos existe

para afastar a possibilidade de contato de dejetos humanos com a população, com as águas de

abastecimento, com vetores de doenças e alimentos.” (RIBEIRO; ROOKE, 2010, p. 10). Os resíduos

não tratados podem facilmente entrar em contato com o homem, o que ocorre também com as fossas

negras que, em muitos casos, não são vedadas, apresentando apenas cobertura com madeira, telhas de

amianto, ou similares, o que não implica no fechamento necessário para as adequadas condições

sanitárias (Figuras 1, 2, 3, e 4).

Figura 1: Esgoto a céu aberto Fonte: LAPEGE.

Figura 2: Lixo em local inadequado Fonte: LAPEGE.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

Figura 3: Fossa negra descoberta. Fonte: LAPEGE.

Figura 4: Nascente desprotegida. Fonte: LAPEGE.

Diante dessas condições de degradação ambiental verificadas no assentamento Muquilão

constatou-se a necessidade de interferência a fim de sensibilizar os moradores sobre a importância da

preservação ambiental e das medidas que são fundamentais para isso. É preciso buscar o que está na

Constituição Federal, já que ela estabelece um importante princípio com relação ao meio ambiente no

qual vivemos, “todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo” (BRASIL, 1988,

art. 229), e a verificação deste princípio é fundamental para uma adequada organização social, para o

estabelecimento de uma vida saudável, e para o desenvolvimento geral das relações estabelecidas

pelas pessoas. No entanto, apesar dessa importância não é esta a condição verificada em muitos dos

ambientes que nos cercam, a degradação ambiental é um processo presente e constante, e as relações

extrativistas são importantes elementos dessa degradação.

E com a agricultura familiar não é diferente, esta forma de produção também degrada,

poluindo os solos, rios e os demais elementos naturais, mas neste contexto não se prejudica apenas o

meio e os recursos naturais, as ações antrópicas prejudicam também o homem, o responsável pela

poluição, e esses prejuízos refletem na organização social e econômica desses pequenos agricultores

familiares. Tudo isso gera um circulo de degradação constante.

E a situação vai tornando-se complexa e cada vez mais prejudicial para o pequeno produtor e

sua família. Assim, as pequenas propriedades que já enfrentam problemas relacionados à sua

produção, aos preços dos seus produtos, a desleal concorrência com os latifundiários, e com a forma

como ocorrem as relações no setor agrário, teriam a propriedade da terra e o ambiente natural como

instrumentos transformadores positivos, causadores de benefícios econômicos e sociais, mas eles

acabam por tornar-se perversos e prejudiciais.

Neste contexto observamos a importância do estabelecimento de uma agricultura familiar que

não prejudique o meio ambiente e seus próprios praticantes, mas para que isto ocorra a intervenção

nesta forma de produção é muito válida. Nas situações de degradação, uma interferência que vise

recuperar o ambiente será a quebra do processo de prejuízos mencionado acima, mas apesar de sua

importância, a simples interferência não apresentará significativos resultados se não for

complementada com informação, com a transferência do conhecimento necessário para a alteração das

práticas inadequadas.

Para que as transformações positivas ocorram e se mantenham, buscando manter um ambiente

adequado, é preciso instruir as pessoas, repassar a elas conhecimentos e aprimorar aqueles que já

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

possuem sobre o meio ambiente. Isso porque não se pode esperar um comportamento adequado com

as boas práticas em relação aos recursos naturais se os indivíduos não têm um conhecimento básico

das dinâmicas ambientais, quais práticas são adequadas, quais prejudicam, como devem tratar os

passivos ambientais, e todos os fatores desta dinâmica. E a ação primordial para isto é a Educação

Ambiental, nas palavras de Carvalho (2002):

A Educação Ambiental se define por um processo de despertar a atenção de todos povos e de todos os cidadãos do mundo para problemas comuns, tanto a nível local, quanto a nível global, através de ações que promovam uma tomada de consciência de que (...), alertando-os de que a destruição do meio ambiente significa para a raça humana sua auto-destruição. (CARVALHO, 2002, p. 40).

Este autor coloca a Educação Ambiental como um ponto de partida, como a instrução

fundamental para o conhecimento da realidade, da situação em que os recursos naturais encontram-se,

e da importância desse conhecimento para a sensibilização das pessoas sobre o quadro natural.

No estudo da Educação Ambiental também podemos fazer observações a lei federal nº 9.795,

de 27 de abril de 1999, que faz referência as atitudes em prol do meio ambiente e das pessoas, mas

sem deixar de lado o conhecimento, e segundo o artigo 1º desta lei:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999, art. 1º)

As revisões bibliográficas mostram as definições de Educação Ambiental, e a partir dessas

definições e da observação de ambientes naturais degradados percebemos a grande relevância que essa

forma de educação apresenta e da importância que possui para um adequado uso dos recursos naturais.

E tendo em vista o contexto e as dinâmicas que são estabelecidas por agricultores familiares, notamos

que a forma mais adequada para transmitir o conhecimento sobre os recursos naturais e sua adequada

utilização é a educação informal, caracterizada pela já referida lei, nº 9.795, no seu artigo 13º:

Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. (BRASIL, 1999, art. 13º)

Diferentemente da educação formal, que se estabelece na sala de aula, com a mediação do

professor, a Educação Informal se concretiza através da mídia, de palestras, de instrumentos distintos,

mas não menos eficientes, para atingir o objetivo final, que é a transmissão do conhecimento sobre

meio ambiente. A Educação Ambiental informal tem uma função de grande importância, porque será

transmitida para as pessoas que lidam com a natureza, com os recursos ambientais, que muitas vezes

são os atores da degradação, mas que também podem ser responsáveis pela recuperação e pela

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

preservação do meio que o cercam, são essas pessoas os principais elementos de degradação ou de

manutenção de um ambiente saudável, o que fará a diferença entre uma conseqüência ou outra é o

comportamento dessas pessoas, e este terá grande chances de ser positivo, no entanto é preciso

informar o que é fundamental para um adequado uso dos recursos naturais, daí decorre a grande

importância da Educação Ambiental às pessoas que estão em contato direto com o meio ambiente.

E por conta das características da Educação Ambiental informal que ela foi escolhida para o

trabalho com os agricultores por parte dos acadêmicos na busca de melhores práticas ambientais nas

práticas do assentamento. Assim, as atividades foram realizadas de uma maneira abrangente e geral,

através de uma reunião inicial que ocorreu com as famílias de assentados que participaram do projeto,

e neste momento foram tratados elementos da questão ambiental que pertencem à realidade dos

moradores, mas de maneira geral.

Em outro mento, quando da prática de fato das atividades em cada propriedade foram

realizadas práticas mais específica a cada realidade, já que foram levantadas informações sobre os

passivos ambientais, sobre como estavam distribuídos, como se organizava a propriedade, e qual era o

conhecimento e a postura dos agricultores diante das questões ambientais de sua propriedade. Esse

levantamento minucioso e particular, que considerou as peculiaridades de cada propriedade permitiu

que as atividades dos acadêmicos no desenvolvimento das atividades futuras do projeto fossem

voltadas de maneira específica para cada realidade. Foi possível conhecer como de fato a propriedade

estava organizada, para a partir daí propor intervenções que fossem adequadas a cada caso, essa

maneira de abordar a Educação Ambiental foi interessante porque despertou maior interesse dos

agricultores, uma vez que as medidas eram específicas para suas propriedades. Isso gerou

comprometimento dos agricultores, seu envolvimento nas atividades desenvolvidas pelo projeto e

resultados bastante interessantes (Figuras 5 e 6).

Figura 5 - Prática de Educação Ambiental Fonte: LAPEGE.

Figura 6 - Envolvimento informal do agricultor na recuperação de nascente. Fonte: LAPEGE.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

O desenvolvimento das atividades de Educação Ambiental serviu para transmitir aos

agricultores novos conhecimento sobre o meio ambiente a partir dos conhecimentos que eles

já possuíam o que tornou a prática mais interessante e útil para essas famílias, já que eles

apresentavam preocupações com sua saúde e com o ambiente, mas não sabiam como

manuseá-lo de forma a continuar suas atividades econômicas e manter sua subsistência e

renda.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do trabalho foi interessante porque pôde-se conhecer como ocorrem as

relações de cultivo e a dinâmica da agricultura praticada por famílias estabelecidas em assentamentos.

Além disso, verificou-se também a importância que a terra e os recursos naturais como o solo e os

recursos hídricos possuem para que essas famílias se desenvolvam economicamente, já que é a partir

deles que retiram sua subsistência e geram alguma renda excedente.

O desenvolvimento do projeto mostrou que em muitos momentos os agricultores não se

relacionam com o meio ambiente da melhor maneira possível, ou seja, usam técnicas ou praticam

ações que são prejudiciais ao ambiente, e mais, são prejudiciais a própria saúde. No entanto essas

atitudes não são reflexos de descaso e despreocupação por parte dos agricultores, e sim da falta de

preparo teórico e a falta de instruções a cerca da melhor maneira de cultivar e de organizar os passivos

ambientas de sua propriedade. Assim também ocorreu com a qualidade da água, proveniente das

nascentes, para o consumo dos agricultores e suas famílias, porque a água encontrava-se contaminada

por conta de nascentes desprotegidas, e/ou por caixas d’água que não eram limpas com a freqüência

necessária. E essa falta de atitudes corretas e necessárias ocorria pela falta de conhecimento dos

agricultores, uma vez que interesse e preocupação com a qualidade da água estavam presentes no

cotidiano destes agricultores.

Diante deste contexto, de preocupação e interesse, mas de falta de conhecimento, é que se

verifica como muito importante a propagação da Educação Ambiental, tendo em vista que a educação

é o elemento transformador, capaz de mudar realidades, e com o meio ambiente isso também ocorre,

então é preciso usar o conhecimento dos agricultores, transmitir mais conhecimentos e agir na busca

da integração entre o conhecimento acadêmico e as práticas desenvolvidas pelas comunidades.

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Nº 9.795, de 27 de Abril de 1999. Brasília: 27/04/1999. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm > Acesso: 28/05/2014.

BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Agrário. AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL E

O CENSO AGROPECUÁRIO 2006. Disponível em:

<http://sistemas.mda.gov.br/arquivos/2246122356.pdf > Acesso: 28/05/2014.

CARVALHO, Vilson Sérgio de. Educação ambiental e desenvolvimento comunitário. Rio de

Janeiro: WAK, 2002.

CRISPIM, Jefferson de Queiroz. Avaliação de recursos hídricos e o desenvolvimento de métodos

qualitativos da avaliação ambiental em estabelecimentos agroecológicos no município de Rio

Branco do Sul – PR. 203 f. Tese de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento – Programa de

Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paraná. Curitiba

2007.

IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social). Perfil do Município de

Iretama.

Disponívelem:<http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?Municipio=87280&btO

k=ok> Acesso: 08/05/2014.

RIBEIRO, Julia Werneck; ROOCKE, Juliana Maria Scoralick. Saneamento Básico e sua relação

com o meio ambiente e saúde pública. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Colegiado do Curso de Especialização em Análise Ambiental como requisito parcial à obtenção do

título de Especialista em Análise Ambiental. Faculdade de Engenharia da UFJF. Universidade Federal

de Juiz de Fora, Juiz de Fora. 2010. Disponível em:

<http://www.ufjf.br/analiseambiental/files/2009/11/TCC-SaneamentoeSa%C3%BAde.pdf> Acesso:

28/05/2014.

TINOCO, Sonia Terezinha Juliatto. Conceituação de agricultura familiar uma revisão

bibliográfica. 9 f. Parte da Tese “Análise sócio-econômica da piscicultura em unidades de produção

agropecuária familiares da região de Tupã, SP”, apresentada para obtenção do Título de Doutor em

IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014

ISSN 1981-6480

Aqüicultura, no Curso de Pós Graduação em Aqüicultura do Centro de Aqüicultura da UNESP,

Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal, Jaboticabal. 2006. Disponível em:

<http://www.cati.sp.gov.br/Cati/_tecnologias/teses/CONCEITUACAO_AGRICULTURA_FAMILIA

R_PARTE_DA_TESE_DOUTORADO.pdf > Acesso: 13/05/2014

BORGES, Maria das Graças Medeiros; SANTOS, Elizabeth da Conceição. Educação ambiental

como articuladora para a gestão ambiental do território: a preservação das nascentes do

Igarapé do Mindu – Manaus. Revista Geonorte, Edição Especial, V.3, N.4, p. 114-126, 2012.