pragas da - institucional · 2005. estudo das pragas do milho forrageiro em função do sistema de...

4
Resultados da prospecção efectuada na cultura na região de Entre Douro e Minho INTRODUÇÃO No âmbito do Projecto AGRO 688 “Demons- tração e promoção de práticas agrícolas que asse- gurem a qualidade e segurança alimentar e que mini- mizem o impacto ambiental da cultura da actinídea”, a Divisão de Protecção das Culturas da Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho rea- lizou um levantamento das potenciais pragas que poderiam causar estragos na cultura da actinídea. A prospecção foi realizada nos anos de 2004, 2005, 2006 e 2007 em 13 pomares da região, com a seguinte localização, por concelhos: Valença (1), Ponte de Lima (1), Braga (1), Guimarães (1), Felguei- ras (4), Vila do Conde (3), Valongo (1) e Vila Nova de Gaia (1). RESULTADOS Foi grande a diversidade de espécies de insec- tos, potenciais pragas, encontrados nos pomares de actinídea, possivelmente em resultado da proxi- midade de outras culturas, o que é propiciado pela policultura de minifúndio, característica da região. Com efeito, todas as espécies detectadas na actiní- dea são mais ou menos polífagas, podendo ser, tam- bém, facilmente encontradas em pomares de outras espécies frutícolas, em vinhas ou em jardins. Apresentam-se, seguidamente, algumas das po- tenciais pragas detectadas nos pomares de actiní- dea, e que neles tiveram presença mais significa- tiva e constante ao longo do ano. Deve dizer-se, con- tudo, que nenhuma delas provocou na cultura – incluindo na produção – prejuízos significati- vos. Tripes (Thysanoptera: Thripidae) Em 2004 e 2007, na época da floração, em todos os pomares amostrados foi detectada a presença abundante de larvas de tripes nas flores. A espécie que apareceu em maior quantidade foi Thrips palmi Karny. Em Guilhabreu (Vila do Conde), em Setembro de 2007, identificou-se Heliothrips haemorrhoidalis Bou- ché, vulgarmente designado tripe-negro-das-estufas. As plantas afectadas encontravam-se num jardim, contíguo ao pomar, onde, aliás, a praga não foi de- tectada. Grande parte das folhas apresentavam um aspecto acobreado ou queimado. ficha técnica 5 Autores Maria Amália Xavier Jorge Costa Propriedade: D.R.A.P.N. Edição e Distribuição: Núcleo de Documentação e Relações Públicas Primeira edição: Março 2008 Tiragem: 5000 exemplares ISBN: 978-972-8506-82-7 PRAGAS DA ACTINÍDEA DRAP-Norte Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas

Upload: others

Post on 09-Oct-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PRAGAS DA - Institucional · 2005. Estudo das pragas do milho forrageiro em função do sistema de mobilização do solo. Actas do VII Encontro Nacional de Protecção Integrada,

Resultados da prospecçãoefectuada na cultura na regiãode Entre Douro e Minho

INTRODUÇÃO

No âmbito do Projecto AGRO 688 “Demons-tração e promoção de práticas agrícolas que asse-gurem a qualidade e segurança alimentar e que mini-mizem o impacto ambiental da cultura da actinídea”,a Divisão de Protecção das Culturas da DirecçãoRegional de Agricultura de Entre Douro e Minho rea-lizou um levantamento das potenciais pragas quepoderiam causar estragos na cultura da actinídea.

A prospecção foi realizada nos anos de 2004,2005, 2006 e 2007 em 13 pomares da região, com aseguinte localização, por concelhos: Valença (1),Ponte de Lima (1), Braga (1), Guimarães (1), Felguei-ras (4), Vila do Conde (3), Valongo (1) e Vila Novade Gaia (1).

RESULTADOS

Foi grande a diversidade de espécies de insec-tos, potenciais pragas, encontrados nos pomares de

actinídea, possivelmente em resultado da proxi-midade de outras culturas, o que é propiciado pelapolicultura de minifúndio, característica da região.Com efeito, todas as espécies detectadas na actiní-dea são mais ou menos polífagas, podendo ser, tam-bém, facilmente encontradas em pomares de outrasespécies frutícolas, em vinhas ou em jardins.

Apresentam-se, seguidamente, algumas das po-tenciais pragas detectadas nos pomares de actiní-dea, e que neles tiveram presença mais significa-tiva e constante ao longo do ano. Deve dizer-se, con-tudo, que nenhuma delas provocou na cultura –incluindo na produção – prejuízos significati-vos.

Tripes (Thysanoptera: Thripidae)

Em 2004 e 2007, na época da floração, em todosos pomares amostrados foi detectada a presençaabundante de larvas de tripes nas flores. A espécieque apareceu em maior quantidade foi Thrips palmiKarny.

Em Guilhabreu (Vila do Conde), em Setembro de2007, identificou-se Heliothrips haemorrhoidalis Bou-ché, vulgarmente designado tripe-negro-das-estufas.As plantas afectadas encontravam-se num jardim,contíguo ao pomar, onde, aliás, a praga não foi de-tectada. Grande parte das folhas apresentavam umaspecto acobreado ou queimado.

f i c h atécnica 5

AutoresMaria Amália Xavier

Jorge Costa

Propriedade: D.R.A.P.N.

Edição e Distribuição:Núcleo de Documentação e

Relações Públicas

Primeira edição: Março 2008

Tiragem: 5000 exemplares

ISBN: 978-972-8506-82-7

PRAGAS DAACTINÍDEA

DRAP-NorteMinistério da Agricultura doDesenvolvimento Rural e das Pescas

Page 2: PRAGAS DA - Institucional · 2005. Estudo das pragas do milho forrageiro em função do sistema de mobilização do solo. Actas do VII Encontro Nacional de Protecção Integrada,

Lepidópteros (Lepidoptera: Tortricidae e Blastobasidae)As espécies de lepidópteros que registaram cap-

turas mais significativas nas armadilhas foram: Ca-coecimorpha pronubana (Hübner), Archips podana(Scopoli) e Pandemis heparana (Denis & Schiffer-müller) (Tortricidae).

Em Perosinho (Vila Nova de Gaia) foi detectado,no início de Agosto de 2007, um grande ataque deBlastobasis decolorella (Wollaston) (Blastobasidae).Observaram-se lagartas a alimentarem-se do frutono ponto de encosto (união) entre dois frutos. Encon-traram-se, também, ninfas a pupar nas sépalas dofruto. Um mês depois, observaram-se estes mesmosfrutos perfeitamente cicatrizados e sem qualquerfungo instalado, apenas apresentando uma pequenasuberização na epiderme. Não se observaram in-sectos adultos no pomar.

Fig. 1 e 2 – Sintomas de Heliothrips haemorrhoidalis nas folhas.

Fig. 3 – Larvas

Fig. 4 – Adultosde Heliothripshaemorrhoidalisnas folhas.

Fig. 5, 6 e 7 – Adultos de Cacoecimorpha pronubana, Archipspodana e Pandemis heparana.

Fig. 8 – Adulto deBlastobasis decolorella.

Fig. 9 – Estragos provocados por Blastobasis decolorella.

Page 3: PRAGAS DA - Institucional · 2005. Estudo das pragas do milho forrageiro em função do sistema de mobilização do solo. Actas do VII Encontro Nacional de Protecção Integrada,

No ano de 2005, no pomar das Taipas (Guima-rães), foi identificado um exemplar da espécie Sca-phoideus titanus Ball, que é potencial transmissor dofitoplasma da flavescência dourada, doença muitograve da videira, considerada de quarentena à luzda legislação fitossanitária da Comunidade Europeia.

Cochonilhas (Hemiptera: Diaspididae)Numa única amostra, colhida no pomar das Tai-

pas (Guimarães) em 2004, foi identificada a cocho-nilha Hemiberlesia insularis (Balach.), em frutos efolhas da actinídea. Foi a primeira vez que esta co-chonilha foi identificada em Portugal continental,embora a mesma já esteja presente, há muito tempo,na Ilha da Madeira.

Em Outubro e Novembro de 2006, em dois po-mares, de Vila do Conde e de Felgueiras, foi detec-tada a presença de alguns exemplares de cocho-nilhas Aspidiotus nerii Bouché em frutos.

MoluscosEm alguns pomares foram observados caracóis

e vestígios da sua acção.

NemátodosNo ano de 2007, em amostras de raízes de acti-

nídea provenientes de 7 pomares, situados nos con-celhos de Valença (1), Ponte de Lima (1), Felgueiras(4) e Valongo (1), foi detectada a presença da es-pécie Meloidogyne hapla Chitwood. Apesar doselevados níveis de infestação verificados, a parteaérea das plantas não apresentava sintomas evi-

dentes do ataque, embora as raízes das mesmasexibissem as galhas provocadas por aquela espéciede nemátodo.

Cicadelídeos (Hemiptera: Cicadellidae)Empoasca vitis Göethe foi a única espécie de ci-

cadelídeo que registou capturas importantes. Foramidentificadas outras espécies, embora com capturaspouco significativas.

CONCLUSÕES

Face à intensidade da infestação verificada, eembora, aparentemente, a produção não tenha sidosignificativamente afectada, convém manter as po-pulações de Thrips palmi sob observação, em espe-cial na época da floração. O mesmo se pode dizerde Heliothrips haemorrhoidalis, cujo efeito na vege-tação foi bem visível. Também o lepidóptero Blasto-basis decolorella, o cicadelídeo Empoasca vitis e ascochonilhas Hemiberlesia insularis e Aspidiotus neriidevem ser vigiados. Lembra-se, a propósito, que E.vitis já causa grandes problemas na cultura da actiní-dea em Espanha, enquanto H. rapax e H. latanie, es-pécies muito próximas de H. insularis, são conside-radas um problema na Nova Zelândia.

Quanto ao nemátodo das galhas da raiz, Meloi-dogyne hapla, deve, também, ser objecto de vigilân-cia, sobretudo nos viveiros, pois são as plantas maisjovens aquelas que mais podem ser afectadas poreste inimigo.

De qualquer maneira, tendo em conta que ne-nhuma das pragas referidas provocou estragosimportantes na cultura, afectando significativa-mente a produção, não se recomenda a aplicaçãode quaisquer tratamentos químicos específicos aelas dirigidos.

Fig. 10 – Adulto de Empoasca vitis.

Fig. 11 – Galhas em raiz de actinídea provocadas por Meloidogynehapla.

Page 4: PRAGAS DA - Institucional · 2005. Estudo das pragas do milho forrageiro em função do sistema de mobilização do solo. Actas do VII Encontro Nacional de Protecção Integrada,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACTA. 1984. Les Auxiliaires. Ennemis naturels desravageurs des cultures. ACTA, Paris.

Benge, J. R.; Banks, N. H.; Tillman, R. & Nihal deSilva, H. 2000. Pairwise comparison of the sto-rage potential of kiwifruit from organic and con-ventional production systems. New Zealand Jour-nal of Crop and Horticultural Science. 28, 147-152. [acedido em 20 Outubro 2004].

François, F. 2001. Un nouveau ravageur Metcalfapruinosa (Say). Infos Kiwi N.º 5, 2-5. CTIFL.

Giustina, W. 1989. Homoptères Cicadellidae. Vol. 3compléments. INRA, Paris.

Guimarães, J. & Pereira, V. 1996. Programa de Pros-pecção de Organismos nocivos – Sub-programaPragas – 5 – Thrips palmi Karny. Lisboa.

Mansilla, J. P.; Vázquez, R. A.; Abelleira, A. & Sali-nero, M. C. 1988. Problemática fitosanitária de laActinidia en Galicia. Bol. San. Veg. Plagas. 14,279-293.

Martins, I. 1995. Ficheiro fotográfico para identifica-ção das espécies de tripes capturadas em cul-turas protegidas na Região de Entre-Douro e Mi-nho. RE. Final de Estágio Lic. Eng. Agrícola.UTAD, Vila Real.

Mauchline, N. A. & Hill, M. G. 2005. Settlement of ar-moured scale insects on fruit of commercial Acti-nidia spp. New Zealand Plant Protection Society.[acedido em 20 Julho de 2006].

Oliveira, M. 2004. Estados Fenológicos da Actinídea.Publicação da DRAEDM – Divisão de Vitivini-cultura e Fruticultura.

Quartau, J. A.; Guimarães, J. M. & André, G. (S/D).On the occurence in Portugal of Neartic Scaphoi-deus titanus Ball (Homoptera, Cicadellidae), the

natural vector of the grapevine “Flavescence do-rée” (FD).

Ribaut, H. 1936. Faune de France – 31 – Homópte-ros Auchénorhynques, I (Typhlocybidae). Fédé-ration Française des Sociétés de Sciences Natu-relles, Paris.

Ribaut, H. 1952. Faune de France – 57 – Homópte-ros Auchénorhynques, II (Jassidae). FédérationFrançaise des Sociétés de Sciences Naturelles,Paris.

SRPV, 1996. Protocole Experimental Détection deThrips palmi sur orchidées on sur aubergines parberlèse. Ile de France.

University of Calfornia. 1994. Kiwifruit. Growing andhandling. Califórnia.

Xavier, M. A.; Nogueira, A.; Brás, A. & Basch, G.2005. Estudo das pragas do milho forrageiro emfunção do sistema de mobilização do solo. Actasdo VII Encontro Nacional de Protecção Integrada,Coimbra, 327-334.

Zuccherelli, G. 1979. Avversità dell’Actinidia. Informa-tore fitopatol. 5, 19-22. (cit. Mansilla et al., 1988).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Sr. Eng.º João Heitor a colabo-ração e a cedência da fotografia n.º 11

natural vector of the grapevine “Flavescence do-rée” (FD).

Ribaut, H. 1936. Faune de France – 31 – Homópte-ros Auchénorhynques, I (Typhlocybidae). Fédé-ration Française des Sociétés de Sciences Natu-relles, Paris.

Ribaut, H. 1952. Faune de France – 57 – Homópte-ros Auchénorhynques, II (Jassidae). FédérationFrançaise des Sociétés de Sciences Naturelles,Paris.

SRPV, 1996. Protocole Experimental Détection deThrips palmi sur orchidées on sur aubergines parberlèse. Ile de France.

University of Calfornia. 1994. Kiwifruit. Growing andhandling. Califórnia.

Xavier, M. A.; Nogueira, A.; Brás, A. & Basch, G.2005. Estudo das pragas do milho forrageiro emfunção do sistema de mobilização do solo. Actasdo VII Encontro Nacional de Protecção Integrada,Coimbra, 327-334.

Zuccherelli, G. 1979. Avversità dell’Actinidia. Informa-tore fitopatol. 5, 19-22. (cit. Mansilla et al., 1988).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Sr. Eng.º João Heitor a colabo-ração e a cedência da fotografia n.º 11

natural vector of the grapevine “Flavescence do-rée” (FD).

Ribaut, H. 1936. Faune de France – 31 – Homópte-ros Auchénorhynques, I (Typhlocybidae). Fédé-ration Française des Sociétés de Sciences Natu-relles, Paris.

Ribaut, H. 1952. Faune de France – 57 – Homópte-ros Auchénorhynques, II (Jassidae). FédérationFrançaise des Sociétés de Sciences Naturelles,Paris.

SRPV, 1996. Protocole Experimental Détection deThrips palmi sur orchidées on sur aubergines parberlèse. Ile de France.

University of Calfornia. 1994. Kiwifruit. Growing andhandling. Califórnia.

Xavier, M. A.; Nogueira, A.; Brás, A. & Basch, G.2005. Estudo das pragas do milho forrageiro emfunção do sistema de mobilização do solo. Actasdo VII Encontro Nacional de Protecção Integrada,Coimbra, 327-334.

Zuccherelli, G. 1979. Avversità dell’Actinidia. Informa-tore fitopatol. 5, 19-22. (cit. Mansilla et al., 1988).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Sr. Eng.º João Heitor a colabo-ração e a cedência da fotografia n.º 11

Trabalho financiado pelos Fundos Estruturais da U.E.,através do Projecto Agro 688 “Demonstração ePromoção de Práticas Agrícolas que Assegurem aQualidade e Segurança Alimentar e que Minimizemo Impacto Ambiental da Cultura da Actinídea”.