capitulo 1 - potencial forrageiro de plantas da caatinga

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Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011POTENCIAL FORRAGEIRO DE PLANTAS DA CAATINGA

Prof. Dr. Divan Soares da Silva, Pesquisador-CNPq

Centro de Cincias Agrrias Departamento de Zootecnia Campus II Areia-PB [email protected]

INTRODUOA maior parte da regio Nordeste ocupada por uma vegetao xerfila, de fisionomia e composio florstica variada, denominada caatinga. Fitogeograficamente, o bioma caatinga ocupa cerca de 10% do territrio nacional, abrangendo os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraba, Rio Grande do Norte, Cear, Piau e o norte de Minas Gerais. A caatinga ocupa cerca de 800.000 km do Nordeste, o que corresponde a 70% da regio (DRUMOND et al., 2000). um bioma nico e apresenta grande variedade de paisagens, riqueza biolgica e endemismo. Os ecossistemas do bioma caatinga j se encontram muito alterados, com a substituio de espcies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e as queimadas so ainda prticas comuns no preparo do solo para a agropecuria que, alm de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manuteno de populaes da fauna silvestre, a qualidade da gua, e o equilbrio do clima e do solo. Aproximadamente 80% dos ecossistemas originais j foram antropizados (IBAMA, 2006). Nos ltimos anos, ocorreram transformaes sem precedentes no semirido: intensa urbanizao, desenvolvimento de infra-estruturas e servios, expanso da irrigao no vale do So Francisco, no oeste da Bahia e no Rio Grande do Norte, crescimento extraordinrio da produo de soja, milho e algodo nas reas de fronteira agrcola do oeste baiano, sul do Maranho e Piau (MIRANDA, 2002). O padro tecnolgico do uso e ocupao das terras est mudando, com um indito surto de desmatamentos e queimadas. Lavouras 1

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011avanam sobre a vegetao natural. A caatinga substituda por plantios de gramneas e outras espcies exticas ou transformada com tcnicas de manipulao da sua vegetao (MIRANDA, 2002). importante salientar que a vegetao da caatinga decorrente dos fatores climticos marcantes da regio semirida que, por sua vez, esta associada aos tipos de solo, ao relevo e a rede hidrogrfica da regio Esse conjunto de fatores resultou em tipos de vegetao xerfita muito especiais, caracterstica das paisagens que compe esse ecossistema (ANDRADE-LIMA,1981). A complexidade dos ecossistemas do semirido demonstra que so necessrios estudos mais detalhados e interdisciplinares da caatinga para poder explor-la de forma sustentvel. O ecossistema caatinga pode ser abordado baseando-se no modelo de pulsoreserva desenvolvido por Mark Westoby & Ken Bridges (dados no publicado, apresentados por Noy-Meir (1973), que descreve uma relao simples e direta entre eventos de chuvas, que provocam um pulso e a produo primria, e por sua vez resulta em reservas de carbono e de energia que so acumuladas nas sementes e nos rgos de produo de assimilados da planta. Estas reservas so consideradas inativas at que se reinicie um pulso. Quando no ocorrem chuvas consideradas importantes sob o ponto de vista biolgico, ou seja, para desencadear mudanas nos processos fisiolgicos e morfolgicos, essas reservas diminuem lentamente com o tempo (em conseqncia da respirao, absciso, senescncia, herbivoria, dentre outros). Entretanto, nos perodos chuvosos, os intervalos entre cada evento podem estimular os pulsos de crescimento da planta (Reynolds et al., 2004), e como conseqncia a recuperao dessas reservas. A vegetao de caatinga, tpica da Regio do Serto, caracteriza-se, de forma geral, por ser espinhenta, de folhas pequenas e caducas, constituda por arbustos e rvores de pequeno porte, rica em cactceas, bromeliceas, euforbiceas e leguminosas. O mapeamento da Cobertura Florestal Nativa Lenhosa do Estado de PE realizada pela Sectma (1992) mostra que na rea ocorrem trs tipos florestais:

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Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011Vegetao Arbustiva Arbrea Aberta - caracterizada pela presena de indivduos pouco arbreos, com altura mdia de 4 metros e presena de vegetao herbcea e cactcea em abundncia. Vegetao Arbustiva Arbrea Fechada - caracteriza-se por apresentar altura mdia de 5 metros, ocorrendo nos locais em que os solos so profundos e bem drenados, onde a vegetao herbcea e cactcea torna-se escassa. Vegetao Arbrea Fechada - caracteriza-se por apresentar altura mdia de 5 metros e emergentes de 8 metros de altura, ocorrendo, geralmente nas encostas das serras e nas reas com solos profundos. Em termos forrageiros, a caatinga muito rica e diversificada. Entre as diversas espcies, Drumond et al. (2000) destaca: o angico (Anadenanthera macrocarpa (Benth)), o pau-ferro (Caesalpinia ferrea Mart. ex. Tul.), a catingueira, a catingueirarasteira (Caesalpinia microphylla Mart.), a canafistula (Senna spectabilis var. excelsa (Sharad) H.S.Irwine & Barnely), o marizeiro (Geoffraea spinosa Jacq.), a jurema-preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret), o sabi (Mimosa caesalpinifolia (Benth.)), o rompegibo (Pithecelobium avaremotemo Mart.) e o juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.), entre as espcies arbreas; o moror (Bauhinia sp.), o engorda-magro (Desmodium sp.), a marmelada-de-cavalo (Desmodium sp.), o feijo-bravo (Capparis flexuosa L.), o matapasto (Senna sp.) e as urinrias (Zornia sp.), entre as espcies arbustivas e subarbustivas; e as mucuns (Stylozobium sp.) e as cunhs (Centrosema sp.), entre as lianas e rasteiras. Destacam-se como frutferas, o umbu (Spondias tuberosa Arruda), araticum (Annona glabra L., A. coriacea Mart., A. spinescens Mart.), mangaba (Hancornia speciosa Gomez), jatob (Hymenaea spp.), juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.), murici (Byrsonima spp.), e o licuri (Syagrus coronata (Mart.) Becc.), que so exploradas de forma extrativista pela populao local, sem qualquer tcnica de cultivo. Essa forma de explorao tem levado a uma rpida diminuio das populaes naturais dessas espcies vegetais, que esto ameaadas de extino (DRUMOND et al,. 2000). A produo de alimento para os animais, infelizmente, ainda se constitui no maior problema para o desenvolvimento da pecuria no semirido. Sem dvidas o 3

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011cultivo de plantas forrageiras da caatinga como lavoura xerfila regular, em reas de dficit hdrico, pode ser a opo mais vantajosa para a agricultura do semirido. Da mesma forma, a prtica de fazer feno deve ser encarada como um complemento desse sistema de produo agrcola. Entretanto, ainda, so necessrios estudos sobre feno de forrageiras de espcies da caatinga, pois grande parte dos conhecimentos at ento adquiridos so oriundos de outras regies. A caatinga serviu durante muito tempo e serve, at hoje, em muitas unidades de produo, como nica base de recurso forrageiro para garantir a alimentao dos rebanhos bovinos, caprinos e ovinos. O que a caatinga oferece so os seus recursos forrageiros naturais, constitudos de plantas fisiologicamente adaptadas s condies particulares desse ecossistema e com valores nutritivos e palatabilidade j consagrados. O manejo inadequado dos animais, no entanto, permitiu que um processo de degradao ambiental se estabelecesse como conseqncia de uma viso extrativista de produo. Os recursos forrageiros naturais precisam ser valorizados, tanto para cultivo em campos de produo, substituindo as reas de roados (as culturas lotricas) pela agricultura de plantas forrageiras, como para enriquecimento ou recuperao de reas degradadas de caatinga. A sustentabilidade da pecuria nordestina na zona semirida poder ser garantida com o cultivo das forrageiras nativas associado s prticas de conservao de forragens, por fenao ou silagem, fortalecimento da utilizao da palma forrageira ou por prticas de manipulao da vegetao lenhosa como desmatamento, raleamento, rebaixamento, raleamento-rebaixamento e enriquecimento da caatinga que foram avaliados em pesquisas realizadas por Arajo Filho et al. (1982), Arajo Filho et al. (1995) e Arajo Filho & Carvalho (1997). Entretanto, os autores ressaltam que a escolha de um mtodo a ser adotado, em particular depende, principalmente, do potencial de resposta da vegetao nativa e do tipo de animal que se pretende criar.

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Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011

PRODUO DE FORRAGEIRAS PARA O SEMIRIDOO potencial de produo de fitomassa de forragem da vegetao nativa resultante da parte area das plantas lenhosas, rvores e arbustos, bem como das folhas e ramos das espcies herbceas, que juntos atingem cerca de 4.000 kg ha -1 ano-1 de matria seca (ARAJO FILHO, 2002). Esse potencial varia muito em funo de fatores ambientais, como estao das chuvas/seca e tipo de caatinga, bem como os fatores antrpicos, especialmente quanto forma e intensidade de uso dos recursos forrageiros. Normalmente, a maior disponibilidade de forragem na estao chuvosa ofertada pelo estrato herbceo, mas medida que se inicia o perodo de estiagem, as folhas das plantas lenhosas so incorporadas dieta dos animais, e, dependendo do tipo de caatinga, podem representar o nico recurso forrageiro disponvel aos animais. Embora na caatinga existam muitas plantas com potencial forrageiro, muitas delas apresentam fatores anti-nutricionais e/ou txicos que podem limitar sua utilizao na alimentao animal, dentre os quais se podem ressaltar os taninos (PEREIRA FILHO et al., 2003). Gonzaga Neto et al. (2001) trabalhando com feno de Caesalpinea bracteosa na dieta de ovinos, constataram elevado teor de tanino (6%), superando o limite considerado prejudicial digestibilidade em ruminantes. Lima et al. (1998) mensuraram em uma caatinga aberta do Serid potiguar, uma disponibilidade mxima de fitomassa total de 1.400 kg ha -1 de MS, no ms de abril e mnima em dezembro com 400 kg ha -1 de MS. A capacidade anual de suporte da caatinga dos estados do Cear, Paraba e Pernambuco oscilou de 5 a 15 ha bovino -1 com ganhos de peso de 5 a 49 kg ha -1 ano-1 (ALBUQUERQUE, 2001; GUIMARES FILHO et al., 1995). Dentre as principais espcies forrageiras da vegetao nativa e naturalizada do semirido do Nordeste podemos citar: manioba, jureminha, flor de seda, feijo bravo, jurema preta, faveleira, macambira, mandacaru, mata-pasto, moror, sabi, catingueira, malva, palma entre outras plantas que podem ser utilizadas na alimentao animal, tanto na forma natural como fenadas ou ensiladas. Cada uma dessas plantas tem sua 5

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011beleza, sua riqueza e utilidade, que se utilizadas corretamente podem contribuir muito para o desenvolvimento da regio. Para produzir forragem com qualidade e em quantidade na regio semirida preciso trabalhar as culturas existentes, buscando formas de cultivo que seja adequado a cada cultura. Para a formao de uma pastagem precisamos considerar alguns cuidados, como: escolha da espcie forrageira, escolha do local, no preparo da rea, preparo de mudas, na forma de plantio, se em cova, sulco ou a lano, na correo do solo se preciso, adubao, nos tratos culturais e o manejo. Por conseguinte, deve-se considerar o uso de distintas estratgias alimentares, tais como a conservao de forragens e o cultivo e a utilizao de forrageiras xerfilas na alimentao dos rebanhos.

CULTIVO E UTILIZAO DE LAVOURAS XERFILASO uso de forrageiras nativas do semirido nordestino, na alimentao de ruminantes, pode ser feita de diferentes formas: em pastejo, in natura picada no comedouro, fenada ou na forma de silagem, diretamente no comedouro. Manioba (Manihot sp) Na regio nordestina do Brasil, h um grande nmero de espcies que recebem o nome vulgar de manioba ou mandioca brava, sendo as principais: manioba-docear (Manihot glaziovii Muell. Arg), manioba-do-piau (M. piauhyensis Ule) e manioba-da-bahia (M. dichotoma Ule e M. caerulescens Pohl) (ARAJO et al., 2004). Constitui-se num excelente recurso forrageiro, onde o seu plantio deve ser feito no incio do perodo chuvoso, com mudas ou sementes. Com sementes bons resultados podem ser obtidos quando o plantio feito at dois meses antes das chuvas, com isto, haver uma melhor adaptao das sementes s condies do local de plantio, podendo se obter um elevado ndice de germinao. O plantio pode ser feito em sulcos ou em covas, no espaamento de 1 a 2 m entre fileiras e 0,5 a 1 m entre plantas, de modo que se obtenha uma densidade de

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Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 201110.000 plantas por hectare. Em reas de cultivo da manioba com densidade elevada, utilizando-se o espaamento de 1m x 1m, possvel obter-se uma produo anual de material forrageiro da ordem de quatro a cinco toneladas de matria seca por hectare, em dois cortes. As plantas de manioba so normalmente utilizadas como forragem verde pelos animais que pastejam livremente na caatinga. Entretanto, deve haver restries a seu uso sob esta forma quando em pastejo exclusivo, devido possibilidade de provocar intoxicao. As folhas da manioba apresentam composio qumico-bromatolgica e digestibilidade (Tabela 1), que caracteriza como uma boa forrageira.

Tabela 1 - Composio qumico-bromatolgica e digestibilidade das folhas da manioba PB (%) 20,88 EE (%) 8,30 FB (%) 13,96 ENN (%) 49,98 Cinzas (%) 6,88 DIVMS (%) 62,29

Fonte: Soares, 1995.

A fenao apontada como a principal forma de utilizao da manioba. Entretanto o trabalho realizado por Matos et al. (2005) demonstra que a manioba uma planta com grande potencial de ensilagem, devido ao seu teor de matria seca e de carboidratos solveis, resultando em silagens bem fermentadas, com valores de pH e amnia dentro da faixa ideal. Adicionalmente a ensilagem reduziu substancialmente o teor de cido ciandrico da manioba (Tabela 2), diminuindo o seu poder de intoxicao. Neste mesmo trabalho os autores observaram um consumo de matria seca de silagem de manioba por ovinos de 678 g/dia, equivalente a 2% do peso vivo, e um coeficiente de digestibilidade da matria seca de 72,49%, concluindo que a ensilagem de manioba uma tcnica vivel e que resulta em silagens com bom valor nutritivo.

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Tabela 2. Composio qumica da planta e da silagem de manioba. Constituinte MS (%) PB (% MS) EE (% MS) FDN (% MS) Poder tampo (eq. Mg/100g MS) pH Nitrognio amoniacal (% Ntotal) Carboidratos solveis (% MV) cido ciandrico (mg/kg MS) Fonte: Matos et al. (2005). 3,23 972,00 162,00 3,87 1,60 Planta 27,49 16,56 2,84 47,90 17,50 Silagem 25,78 14,58 3,96 47,15 -

O feno de manioba, conforme demonstrado por Arajo et al. (2000a e b) apresenta excelente valor nutritivo e resulta em consumos de matria seca e ganhos de peso considerveis (Tabelas 3 e 4).

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Tabela 3. Valores mdios de consumos de matria seca (MS), matria orgnica (MO), protena bruta (PB), carboidratos totais (CHOS), nutrientes digestveis totais (NDT), fibra em detergente neutro (FDN) e extrato etreo (EE), expressos em gramas por dia(g/dia), em funo dos nveis de volumosos nas dietas Consumo (g/dia) MS MO PB CHOS NDT FDN EE 30% 591 605 80 532 533 265 18 40% 604 594 76 532 501 285 18 50% 633 607 80 559 498 295 17 60% 683 605 78 597 478 310 17 70% 710 627 80 614 463 342 17

Fonte: adaptado de Araujo et al. (2000 a)

Tabela 4. Valores mdios do ganho dirio de peso vivo, expresso em gramas por dia (g/dia) aos 28 (GDP28), 56 (GDP56), 84 (GDP84), e o ganho dirio de peso mdio total (GDPMT), em funo dos nveis de volumosos nas dietas Ganho Peso (g/dia) GDP28 GDP56 GDP84 GDPMT 30% 51 67 27 41 40% 43 59 24 36 50% 40 47 46 41 60% 54 67 52 52 70% 41 53 64 49

Fonte: Adaptado de Arajo et al. (2000 b) Feijo-bravo (Capparis flexuosa) O feijo-bravo uma planta da regio semirida do Nordeste do Brasil, pertencente famlia Capparaceae, que crescem nos bosques secos do semirido do Nordeste do Brasil, sendo uma rvore de pequeno porte, com 3 a 6 m de altura, com 9

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011caule simples ou ramificado, ereto ou tortuoso, podendo crescer apoiando nas plantas vizinhas, enramando seus galhos. Uma das vantagens que o feijo bravo apresenta em relao a outras espcies de ocorrncia na caatinga que permanece verde durante todo o ano, produzindo folhas novas, principalmente na poca seca, sendo bastante apreciada por caprinos e ovinos. O plantio do feijo-bravo pode ser efetuado por sementes ou mudas. Por sementes deve-se ter o cuidado na colheita das mesmas, onde as mais viveis so aquelas coletadas no momento que as vagens esto se abrindo. Essas sementes devem ser imediatamente semeadas, em sementeiras para produo de mudas ou diretamente no campo, se as condies permitem. O plantio deve ser realizado em covas, aps o solo ter recebido o preparo necessrio, no espaamento de 1 x 1m ou 1 x 1,5m, entre covas. No caso de efetuar o consrcio, por exemplo, com a palma forrageira, o espaamento pode ser de 2 x 2m, sendo o plantio efetuado ao lado da palma. Aps o plantio e o estabelecimento do feijo-bravo, que lento, o mesmo pode ser cortado duas vezes por ano, sendo um no perodo chuvoso e o outro no perodo da seca. Dependendo da densidade de plantio, a produtividade pode variar. Foram obtidos 638 a 1.490 kg de MS/ha de folhas e 1.150 a 1.800 kg/ha de frutos, quando o feijobravo foi plantado na densidade de 500 a 1.000 plantas por hectare, respectivamente. Soares (1989), trabalhando com fenologia do feijo-bravo, utilizando diferentes densidades de plantas por hectare observou que no tratamento de maior densidade, as produes de matria secas foram constitudas de, aproximadamente, 50% de folhas e frutos. Na mesma densidade, a contribuio da folhagem foi apenas 18%. A altura das plantas variou de 1,65 a 1,80 m; quanto rea da copa, os valores variaram de 0,42 a 0,65 m2. O autor conclui que o estgio de fenologia observado para o feijo-bravo, tem mostrado a perenidade da produo biolgica nas diversas densidades de plantio utilizadas, entretanto, intensificado durante o perodo normal de ausncia das chuvas. Na Tabela 5 o autor apresenta os dados de composio qumica observados para partes do feijo-bravo.

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Tabela 5. Composio qumica e digestibilidade in vitro da folhagem de feijo-bravo nas diversas densidades de plantio, com 2-5 meses de idade Densidade plantas/ha 1.666 2.500 3.333 5.000 10.000 MS % 46,22 47,97 47,88 48,27 52,75 PB % 19,80 17,51 19,64 20,85 18,79 FB % 35,31 33,66 34,92 35,76 34,31 EE % 5,69 4,92 5,57 6,01 5,65 ENN % 27,82 33,58 28,53 27,18 30,45 MM % 11,38 10,33 11,34 10,20 10,80 DIVMS % 66,84 63,68 65,58 63,27 61,73

Fonte: Soares (1989)

Jurema preta (Mimosa tenuiflora Benth)

A jurema preta uma planta xerfila tpica da regio semirida brasileira, nativa da regio Nordeste, com ocorrncias desde o Cear at a Bahia. uma leguminosa com adaptao s condies climticas adversas, apresenta alta capacidade de rebrota aps o pastejo e/ou rebaixamento, mesmo no perodo de maior escassez de alimento, mantendo elevado valor nutritivo, constituindo como uma opo na alimentao animal. O plantio deve ser com mudas na fileira intercalada com culturas, permitindo reduzir os custos de implantao. Aps o trmino da explorao agrcola a jurema est estabelecida e com o passar do tempo reproduzir naturalmente por sementes. Segundo Pereira Filho et al. (1999), a produo de MS de folhas de jurema preta dentro de uma vegetao lenhosa de caatinga rebaixada com densidade de 1008 plantas/ha, variou de 226,7 a 463,3 kg/ha e a produo de protena de 37,4 a 75,9 kg/ha. J Pereira Filho et al. (2000) estudando o efeito da poca e da altura de corte (25, 50, 75 e 100 cm) sobre a densidade e sobrevivncia da jurema preta, observaram

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Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011que no corte a 50 cm de altura, o nmero de plantas vivas foi superior aos outros tratamentos (Tabela 6). Por outro lado, a composio qumica no foi afetada pela altura de corte.

Tabela 6. Composio bromatolgica da folha e do caule da jurema preta em funo da altura de corte Folha Caule Composio 25 MS (%) PB (% MS) EE (% MS) FDN (% MS) FDA (% MS) HEM (%MS) 44,53 17,32 7,67 35,02 32,56 2,46 Altura de Corte 50 44,97 15,94 6,82 35,80 32,54 3,27 75 45,67 17,07 7,92 34,89 31,34 3,55 100 45,46 16,78 7,80 36,01 33,81 2,21 25 49,12 7,10 0,98 68,66 51,58 16,08 Altura de Corte 50 50,18 7,52 1,17 68,27 53,28 14,98 75 51,51 7,66 1,01 66,97 50,64 16,34 100 48,95 8,03 1,11 65,73 51,23 14,50

Fonte: Pereira Filho et al. (2000)

Flor de seda (Calotropis procera) uma espcie que possui uma ampla distribuio geogrfica, sendo encontrada nas regies tropicais e subtropicais de todo o mundo. Na regio Nordeste do Brasil encontra-se naturalizada, sendo abundante sua ocorrncia, principalmente nos acostamentos das estradas. Em relao s caractersticas botnicas da flor de seda, a planta pode atingir de 2,5 a 6,0 metros de altura, possuindo uma ou mais hastes e poucos ramos. Dependendo da regio a planta apresenta vrias denominaes, como: algodo de seda, flor de cera, queimadeira, cime e hortncia. O plantio da flor de seda deve ser feito por meio da produo de mudas ou via semente, sendo efetuado no incio da estao chuvosa, em covas. Poucos estudos foram realizados com o cultivo da flor de seda, quanto ao espaamento, sendo que o de 1,0m x 1,0m vem sendo testado.

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Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011Lima et al. (2002) avaliando o potencial forrageiro do algodo de seda nos espaamentos de 1,0 X 0,5m e 1,0 X 1,0m obtiveram rendimentos da ordem de 1 ton de MS/ha/corte aos 70 dias de idade, com 20% e 22% de PB e teores de MS de 10% e 12%. Na Tabela 7, encontra-se a composio qumica do feno de folhas e silagem (folha+caule) de algodo de seda submetido ao emurchecimento por 12 e 24 horas. Tanto o feno quanto a silagem do algodo de seda podem ser considerados de bom valor nutritivo, ressaltando-se ainda que as silagens do algodo de seda possam ser consideradas de boa qualidade, baseando-se nos valores de pH e amnia (MCDONALD et al., 1991). Tabela 7. Composio qumica do feno de folhas e silagem (folha+caule) com 12 e 24 horas de pr-murchamento de algodo de Seda (Calotropis procere) Componentes Feno* Silagem 12 horas** MS (%) PB (%) FDN (%) FDA (%) Hemicelulose (%) Celulose (%) Lignina (%) EB (Kcal/kg) N-NH3 pH * Fonte: Vaz et al. (1998) ** Fonte: Lima (2000) 88,72 21,23 29,55 21,03 8,54 11,13 9,20 ---36,57 11,25 43,57 30,53 ---4382 3,8 4,0 Silagem 24 horas** 40,29 10,19 44,78 31,13 ---4102 7,1 4,1

Jureminha (Desmanthus virgatus) ) A jureminha pertence ordem Fabales, famlia Leguminosae, natural de regies secas, distribuda em zonas tropicais e sub-tropicais, com distribuio em regies 13

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011como: frica do Sul., Estados Unidos, Argentina, ndia ocidental, Ilhas de Galapagos, Hava, Frana, Caribe, Mxico, Madagascar, Peru e Brasil (Pacific, 2006). um arbusto perene, geralmente com caule ramificado quase a partir do solo, atingindo porte de 1,5 a 2,0 m de altura, podendo permanecer verde todo o ano. Sua rusticidade, agressividade e persistncia permitem pastejo direto, podendo ser utilizada tambm para formao de legumineiras, banco de protenas, ou em consrcio com gramneas. Apresenta um crescimento muito vigoroso logo aps o corte, com elevada capacidade de rebrota. Seu sistema radicular profundo, o que lhe permite uma alta resistncia seca. Alm dessas caractersticas, a jureminha se apresenta como uma fonte de adubao verde, podendo ser incorporado ao solo, enriquecendo em nitrognio. O plantio feito atravs de sementes, sendo necessrio fazer a quebra da dormncia das sementes, no incio do perodo chuvoso, o que garantir uma excelente pega das plantas. Um aspecto bastante importante no cultivo da jureminha a ser considerado o controle das formigas. Alguns estudos indicam que nos espaamentos de 0,60m x 0,60m a jureminha apresentou um resultado satisfatrio para produo de massa verde. Na literatura podemos encontrar referncias sobre recomendaes de espaamentos de 0,90m x 0,90m, com profundidade de plantio entre 1,0 a 1,5cm, com estimativas de produtividade em torno de 8 toneladas/ha/ano, em anos com chuvas regulares. O valor nutricional da jureminha fica entre 24-30% de protena em matria seca (Gutteridge, 1994). Suas caractersticas nutritivas permitem sugerir o seu uso no arraoamento do rebanho durante o perodo de estiagem, de forma a garantir a manuteno dos animais (Figueiredo et al., 2000b). Kharat et al. (1980) obtiveram valores de 35,80; 13,05; 7,02; 53,18 e 41,55 %, respectivamente para matria seca, protena bruta, matria orgnica, matria mineral, fibra detergente neutro e fibra detergente cido. Estudando a caracterizao qumico-bromatolgica de Desmanthus virgatus no brejo paraibano, Figueiredo et al. (2000a) obtiveram valores de MS, PB, MO, MM, FDN e FDA de 31,79; 17,00; 92,52; 7,47; 36,01 e 28,98 % para 395 dias de crescimento e de 27,72; 20,20; 92,65; 7,38; 40,28 e 26,67% para 72 dias de rebrota. 14

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011Demonstrando assim caractersticas que lhe qualificam com uma planta forrageira com potencial produtivo e qualitativo, em especial para o semirido.

OUTRAS CULTURASPalma (Opuntia ficus)

A palma forrageira se constitui um alimento volumoso suculento de grande importncia para os rebanhos, notadamente nos perodos de prolongadas secas, pois alm de fornecer um alimento verde contribui tambm com grande parte da gua para os animais, na poca de escassez alimentar. A poca para o plantio da palma no tero final do perodo seco, pois quando se iniciar o perodo chuvoso a cultura j estar implantada, evitando o apodrecimento das raquetes que se plantadas na estao chuvosa, com alto teor de umidade e em contato com o solo mido apodrecem diminuindo a pega. A posio da raquete no plantio deve ser inclinada ou vertical na cova com a parte cortada na articulao voltada para o solo. O nmero de raquetes por cova deve ser um. O espaamento varivel, dependendo da disponibilidade de mudas, de rea e do manejo a ser empregado. A palma forrageira pode ser consorciada com outra cultura, como gramnea, isso garante uma maior cobertura e proteo do solo e maior disponibilidade de alimento para os animais. Atualmente se tem propagado o plantio adensado, com adubao pesada, com a finalidade de aumentar a produo. Em cultivos bem conduzidos tm sido obtidas produtividades mdias da ordem de 60 t/ha de matria verde por colheita, mas produtividades maiores podem ser atingidas quando se promove a melhoria da fertilidade do solo como, por exemplo, atravs da adubao orgnica. Nessas condies a palma chega a produzir aproximadamente 120 t/ha de matria verde por hectare por colheita. Em relao colheita, a palma, de uma maneira geral, colhida a intervalos de dois anos e manualmente.

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Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011GRAMINEASUma ao que poder ser aplicado no semirido a introduo ou plantio de gramneas (capins) perenes j estudadas para a regio, como o caso do capim-buffel (Cenchrus ciliaris), capim-gramo (Cynodon dactylus), capim-corrente (Urochloa mosambicensis) e capim-andropogon (Andropogon gayanus), largamente cultivados no serto. Essas gramneas podem formar pastagens cultivadas na propriedade, alm de enriquecerem a caatinga. Durante a poca das chuvas (trs a quatro meses), os animais sero mantidos na vegetao nativa e no final das chuvas sero transferidos para as pastagens cultivadas. As gramneas apresentam mecanismos morfolgicos e fisiolgicos de adaptao ambiental, tais como sistema radicular fibroso e relativamente superficial, geralmente menor que 1 m, que so adequados para solos rasos, os quais so caractersticos do semirido. As gramneas, como todas as plantas necessitam de gua, gs carbnico, luz e nutrientes para crescerem. No Nordeste semirido a umidade do solo limitante ao crescimento durante a maior parte do ano. Apesar da ocorrncia de mecanismos de adaptao seca, o dficit hdrico resulta em reduo da produtividade, pois com o fechamento dos estmatos, para reduzir as perdas de gua, tambm ficam limitadas a entrada de gs carbnico e a fotossntese, o que decresce a produtividade. Portanto, no se pode esperar que gramneas cresam naturalmente sob condies desfavorveis mantendo elevada e sustentvel produtividade, alm de apresentarem alto valor nutritivo.

CONSERVAO DE FORRAGENSA menor disponibilidade de alimentos para os rebanhos do semirido nordestino nos perodos de estiagem constitui-se na grande barreira enfrentada pelos pecuaristas durante centenas de anos. Apesar da conhecida eficcia das tcnicas de conservao de forragem, verifica-se baixo ndice de adoo na regio. Dentre os meios usuais de 16

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011conservao de forragens, a fenao e ensilagem so alternativas viveis para o aproveitamento da forragem disponvel na poca chuvosa, aumentando de forma considervel a capacidade de suporte forrageiro da pastagem nativa.

FENAO um processo de conservao de forragens pela desidratao natural e ou artificial, em que o teor de umidade inicial das forrageiras que esto entre 65 a 80% reduzido para 12 a 18%, conservando assim quase todos os princpios nutritivos da forrageira. O produto resultante desse processo denomina-se feno. A prtica da fenao tem como vantagem conservar durante muitos meses e at anos, forragem de boa qualidade para utilizao no perodo de escassez de alimentos; melhora a palatabilidade de algumas forrageiras de bom valor nutritivo e que, somente fenadas so aceitas pelos animais; permite a substituio de grande parte dos concentrados, evitando maiores gastos com alimentao animal em qualquer poca do ano; possibilita produzir mais forragem por rea, desde que as forrageiras sejam colhidas no seu ponto timo de crescimento e auxilia no manejo das forrageiras (de pastagens e capineiras), transformando sobra de alimento em feno, permitindo, ainda, uma rebrota de melhor qualidade e maior produo por rea. Quando se enumeram as principais caractersticas desejveis de forrageiras para o processo de fenao, so indicadas como condies essenciais, entre outras, a existncia de talos finos, abundncia de folhas e o pequeno porte para facilitar a desidratao e o trabalho das mquinas. A divulgao dessas caractersticas, como condies ao processo de fenao, em geral, limita uma utilizao mais ampla de outras forrageiras no includas nesse grupo, que engloba a quase totalidade das forrageiras nativas. Devemos considerar tambm na escolha das espcies a serem conservadas a sua qualidade nutritiva (Quadro 1), como teor de protena.

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Quadro 1- Composio qumica-bromatolgica do feno de algumas forrageiras utilizadas no processo de fenao. Forrageiras Jureminha Manioba Flor de seda Feijo bravo Leucena Guandu Jurema preta MS 84,07 92,95 88,72 92,25 94,35 85.0 44,53 PB 12,42 11,18 21,23 11,71 22,35 16.6 17,32 FDN 52,67 48,05 29,55 49,75 66,80 27.,58 35,02 FDA 36,79 28,66 21,03 35,33 28,71 1,58 32,56 MM 7,17 7,90 X 8,0 X 3,63 7,66 Autores Figueiredo et al. (2000) Vasconcelos (2000) Vaz et al. (1998) Nozella et al. (2001) Andrade (1994) Silva et al (2001) Pereira F et al. (2000)

O feno de boa qualidade um excelente volumoso para bovinos, caprinos, ovinos e eqinos. Embora possa ser utilizado como alimento exclusivo, durante algum tempo, recomendvel associar a outros volumosos (pastagens, silagens) e com concentrados.

ENSILAGEM uma forma de conservar os alimentos suculentos, mais comumente a forrageira verde, armazenando-os em silos sob presso, em ausncia do ar e conservando a maior parte de sua umidade. O produto resultante de ensilagem chamado de silagem e o local onde a silagem produzida e armazenada chama-se silo. Vantagens da silagem: 1) conserva as forragens por longos perodos; 2) permite preservar a gua, nutriente muito importante e escasso no perodo seco; 3) aumenta a disponibilidade de volumoso de boa qualidade no perodo de escassez de alimentos, reduzindo as perdas de peso e mortalidade dos animais, alm de melhorar a produo de leite e/ou carne e a fertilidade do rebanho. Para escolher a espcie forrageira para ensilar deve-se atentar bastante para o valor nutritivo e rendimento expresso em quilograma de massa verde por hectare, pois 18

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011estes so os principais fatores que garantem a obteno de boa qualidade a custo compensatrio. Entre as gramneas forrageiras, devem preferir aquelas que apresentam grande riqueza de aucares fermentveis (superior a 15%), capazes de possibilitar a formao dos cidos conservadores em quantidade suficientes que permita dispensar o uso de aditivos. Entre as gramneas destacam-se o milho (Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor) e o capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum). As leguminosas apresentam maior restrio como matria-prima para ensilagem, pois em geral estas apresentam baixo teor de carboidratos e alto teor de clcio que reage com parte dos cidos formados, dificultando a reduo do pH (efeito tampo), razo pela qual no deve ser usada como fonte nica para ensilagem. Sua principal importncia o enriquecimento protico da silagem que tem apresentado bons resultados quando participa das misturas. Praticamente todas as leguminosas prestam para uso como aditivos em silagens.

CONSIDERAES FINAISOutras plantas nativas da caatinga apresentam elevado potencial de produo e excelente valor nutritivo e poderiam ser utilizadas com o objetivo de elevar a oferta de forragem e incrementar o valor nutritivo das dietas dos animais. fundamental que sejam avaliados os mtodos de plantio e determinado o manejo de utilizao das mesmas para que se possa aproveitar o seu potencial produtivo. Pode-se dizer que a produo animal no ecossistema semirido influenciada pela variabilidade espacial e interanual da oferta quantitativa e qualitativa de recursos forrageiros, o que implica na necessidade de que seja envidados esforos no sentido de implementar prticas de cultivo de espcies vegetal nativas da caatinga com potencial forrageiro como lavoura xerfila regular. O cultivo de plantas xerfilas certamente reduz os riscos de perda da produo decorrentes das flutuaes sazonais do clima. Da mesma forma, a adoo de alternativas de armazenamento da biomassa vegetal acumulada na estao chuvosa, tambm, deve ser considerada. Salienta-se ainda, a ttulo de reflexo, que a explorao da pecuria de forma extensiva como feita atualmente deve ser reavaliada. Considerar que em qualquer sistema de 19

Jornada da Produo Ecolgica de Ruminantes no Semirido 28 a 29 de Maro de 2011explorao pecuria da caatinga tem que ser levado em conta a equilbrio do ecossistema, ou seja, reduzir a presso de pastejo e a manipulao da vegetao a um nvel de tolerncia compatvel com os limites da produo primria da caatinga.

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