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Possibilidades da Educação Patrimonial em escolas municipais do Rio de Janeiro ANA GABRIELA SABA DE ALVARENGA 1 Resumo A Educação Patrimonial tem se estabelecido como um campo de conflito (SCIFONI, 2017) pela preservação e valorização do Patrimônio Cultural no Brasil. O conceito estabelecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN entende por “Educação Patrimonial os processos educativos formais e não formais, construídos de forma coletiva e dialógica, que tem como foco o patrimônio cultural” (IPHAN, 2014). As possibilidades de ações de Educação Patrimonial mostram-se múltiplas e abrangentes, podendo ser realizadas em diversos ambientes, mas vale ressaltar a relevância dessas atividades estarem inseridas no ambiente escolar, que compreende o lócus da educação formal para todos os brasileiros. Este trabalho faz parte da pesquisa doutoral em andamento e busca apresentar a possibilidade de construções de projetos escolares por professores de história em escolas municipais na cidade do Rio de Janeiro, que tem como temática principal o patrimônio cultural. A observação dessas experiências (BENJAMIN, 1994) mostra que, mesmo que em alguns casos sem utilizar a nomenclatura, o trabalho de Educação Patrimonial tem sido desenvolvido nas escolas. Palavras-chave: Educação Patrimonial; experiência; projetos escolares A Educação Patrimonial e a patrimonialização dos bens culturais A concepção do patrimônio como uma herança a ser preservada, um bem particular e hereditário, existe há muitos séculos. Entretanto, a perspectiva do patrimônio como símbolo escolhido para representar determinada sociedade, um bem comum e público, está atrelada à formação do Estado-nação, mais especificamente ao século XIX, tendo como marco cronológico a formação da Comissão dos Monumentos Históricos em 1837 na França (DODEBEI, 2015), quando começaram a ser tombados os grandes prédios históricos, o chamado patrimônio de pedra e cal. Após esse momento ocorreu uma segunda etapa de 1 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGMS/UNIRIO), sob a orientação da professora Regina Abreu, na linha de pesquisa: Memória e Patrimônio.

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Possibilidades da Educação Patrimonial em escolas municipais do Rio de Janeiro

ANA GABRIELA SABA DE ALVARENGA1

Resumo

A Educação Patrimonial tem se estabelecido como um campo de conflito (SCIFONI, 2017)

pela preservação e valorização do Patrimônio Cultural no Brasil. O conceito estabelecido pelo

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN entende por “Educação

Patrimonial os processos educativos formais e não formais, construídos de forma coletiva e

dialógica, que tem como foco o patrimônio cultural” (IPHAN, 2014). As possibilidades de

ações de Educação Patrimonial mostram-se múltiplas e abrangentes, podendo ser realizadas em

diversos ambientes, mas vale ressaltar a relevância dessas atividades estarem inseridas no

ambiente escolar, que compreende o lócus da educação formal para todos os brasileiros. Este

trabalho faz parte da pesquisa doutoral em andamento e busca apresentar a possibilidade de

construções de projetos escolares por professores de história em escolas municipais na cidade

do Rio de Janeiro, que tem como temática principal o patrimônio cultural. A observação dessas

experiências (BENJAMIN, 1994) mostra que, mesmo que em alguns casos sem utilizar a

nomenclatura, o trabalho de Educação Patrimonial tem sido desenvolvido nas escolas.

Palavras-chave: Educação Patrimonial; experiência; projetos escolares

A Educação Patrimonial e a patrimonialização dos bens culturais

A concepção do patrimônio como uma herança a ser preservada, um bem particular e

hereditário, existe há muitos séculos. Entretanto, a perspectiva do patrimônio como símbolo

escolhido para representar determinada sociedade, um bem comum e público, está atrelada à

formação do Estado-nação, mais especificamente ao século XIX, tendo como marco

cronológico a formação da Comissão dos Monumentos Históricos em 1837 na França

(DODEBEI, 2015), quando começaram a ser tombados os grandes prédios históricos, o

chamado patrimônio de pedra e cal. Após esse momento ocorreu uma segunda etapa de

1 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGMS/UNIRIO), sob a orientação da professora Regina Abreu, na linha de pesquisa: Memória e Patrimônio.

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valorização do patrimônio, a criação da UNESCO na década de 1940. No final da primeira

metade do século XX o conceito de patrimônio começou a ser ampliado e os intelectuais que o

pensavam tiveram outro foco, mirando a partir de então, os bens que representassem as classes

populares, não mais o pensando como uma exclusividade das elites. Houve ainda, um terceiro

movimento em fins da década de 1980 com o reconhecimento do patrimônio de caráter

imaterial. No Brasil, a Constituição de 1988, já mencionava esta nova dimensão nos processos

de patrimonialização.

A nação pode ser compreendida como a primeira forma moderna de identidade coletiva,

de um povo culturalmente definido, como é tratada por Habermas (2002). Considerando que a

nação, além dos limites físicos estabelecidos em suas fronteiras, identifica a cultura de um povo,

os bens patrimonializados são símbolos culturais da nação. Pensar os elementos que compõe a

cultura de uma nação é uma tarefa densa e complexa, que começa pelas discussões e

ressignificações que antropólogos, historiadores, cientistas sociais, educadores têm dado ao

conceito de cultura. A antropóloga Manoela Carneiro da Cunha (2009) classifica diferenças

entre cultura e “cultura”. A primeira categoria teria um sentido mais globalizado e

homogeneizador, já a “cultura” diz respeito aos costumes das populações tradicionais. Mas

seriam essas categorias estanques e isoladas componentes de um todo? A resposta é não,

entretanto há a necessidade de reflexão sobre a relação entre essas culturas, de discriminação e

marginalização.

Como tratar com equidade a diversidade cultural, numa dimensão decolonial? Os

processos de patrimonialização têm caminhado para quebrar os padrões de exclusão, buscando

dar atenção as diferenças, particularidades das “culturas” dos variados grupos étnicos, mesmo

que minoritários, mas que compõe a sociedade brasileira. O Patrimônio Cultural deve abranger

referenciais da cultura que garantam os direitos culturais das minorias, o que segundo Habermas

(2002) garante uma inclusão com sensibilidade para as diferenças. Nesta mesma perspectiva de

abordagem sobre a importância de garantir o direito à preservação das diferenças dos grupos

minoritários, a antropóloga Regina Abreu (2015) utiliza o termo: patrimonialização das

diferenças, ao analisar os atuais processos de patrimonialização.

A reflexão sobre a garantia da diversidade cultural e seus referentes patrimônios tem

relação íntima com os processos educativos estabelecidos e em desenvolvimento. Educação e

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cultura caminham juntas na construção da sociedade. A etimologia latina das palavras auxilia

na compreensão desta ideia. A palavra cultura tem origem no cultivo das plantas e educação

significa conduzir para fora, podendo ser ao mundo exterior ou de si mesmo. A educação só é

possível através da relação com o outro, sendo um processo formativo gerador do cultivo do

que se dá na terra que delimita uma sociedade e uma nação. Logo, sendo a educação a maneira

como uma sociedade transmite seus saberes que compõe uma cultura, com uma identidade

própria, ela é fundamental para construção da própria ideia de patrimônio.

A proposta de entendimento do Patrimônio Cultural por meio da educação não é recente,

o anteprojeto para a criação do Iphan, em 1937, já mencionava a importância do caráter

pedagógico para preservação e continuidade do patrimônio. Entretanto as práticas educativas

só começaram a ser discutidas a partir da década de 1970. O termo Educação Patrimonial

começou a ser utilizado em 1983 no Brasil, para dar nome a essas práticas. O Iphan vem

realizando atividades contínuas de discussão e aperfeiçoamento para regulamentar esse trabalho

e entende a Educação Patrimonial como:

processos educativos formais e não formais, construídos de forma coletiva e

dialógica, que têm como foco o patrimônio cultural socialmente apropriado como

recurso para a compreensão sócio histórica das referências culturais, a fim de

colaborar para seu reconhecimento, valorização e preservação. (IPHAN, 2016)

A Educação Patrimonial tem se estabelecido como um campo de conflito

(SCIFONE,2017) pela preservação e valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro. Os

processos educativos constroem caminhos de aprendizagem em relação ao patrimônio. Pensar

a educação como um processo traz a dimensão de um trabalho contínuo na perspectiva de gerar

o encontro do cidadão com o Patrimônio Cultural. Através da Educação Patrimonial é possível

realizar leituras do patrimônio, como apontam Regina Abreu e Rodrigo Silva (2016).

Diante da latente relevância e necessidade de reflexão sobre como os patrimônios têm

sido legitimados e percebidos na diversidade cultural, a Educação Patrimonial constitui-se

como um elemento fundamental desta percepção. O tema de pesquisa da tese é a Educação

Patrimonial na cidade do Rio de Janeiro. A partir da conceituação e diretrizes das Educação

Patrimonial, estabelecidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –

IPHAN, busca-se observar algumas ações educativas realizadas em escolas públicas

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municipais. As possibilidades de ações de Educação Patrimonial mostram-se múltiplas e

abrangentes, podendo ser realizadas em diversos ambientes, mas vale ressaltar a relevância

dessas atividades estarem inseridas no ambiente escolar, que compreende o lócus da educação

formal para todos os brasileiros.

O objeto da pesquisa são projetos escolares de professores de história da rede municipal

da cidade do Rio de Janeiro, que abordem o Patrimônio Cultural brasileiro ou as referências

culturais locais na construção da memória social.

De que educação estamos falando...

As transformações sociais, políticas, os avanços tecnológicos e mudanças trazidas pela

globalização geram consequências nos processos educativos. A globalização está inserida na

proposta do neoliberalismo, que tem sido uma nova lente de percepção do mundo, uma nova

razão do mundo (DARDOT; LAVAL, 2016), que tem intervindo profundamente no campo da

educação e nas relações sociais. Nessa perspectiva, por exemplo, os indivíduos possuem

atualmente acesso em um único dia a informações, que em eras passadas demorariam uma vida

para obter. O excesso e acúmulo de informações e a inserção no mundo virtual tem tirado as

pessoas da sua realidade, gerado problemas identitários, de percepção temporal, de

pertencimento, reconhecimento e valorização da própria história e cultura. Algumas questões

só tomam a atenção reflexiva pela falta que causam, como ocorre com a identidade segundo

Zygmunt Bauman (2005). Seguindo a proposição de Bauman, o campo da Educação

Patrimonial pode servir de caminho (ABREU; SILVA, 2016) de lidar com questões latentes

para a Educação Básica. A Educação Patrimonial é aqui compreendida como um subsídio para

atender a demanda de cumprimento de políticas públicas curriculares da educação (NAJJAR;

MOCARZEL; SANTOS, 2019); levando-se em consideração que os Parâmetros Curriculares

Nacionais de História possuem como um de seus objetivos principais “conhecer e valorizar a

pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro”; e um dos temas transversais estabelecidos

para a educação é a “pluralidade cultural”. A escola é o lugar principal da educação formal,

onde são formados os brasileiros. Sendo irrefutável o valor social que a educação possui na

construção cidadã, compreendemos que a educação se dá a partir da relação do ensino-

aprendizagem entre professores e alunos. As atividades educativas em relação ao Patrimônio

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Cultural Brasileiro, em projetos escolares, têm se mostrado um caminho profícuo para o

desenvolvimento de identidades, construções de memórias, percepções patrimoniais que levam

a valorização e preservação da cultura e história.

Qualquer pesquisa social é permeada por questões delicadas: trata da realidade da qual

somos agentes, o risco de perder a subjetividade pela objetivação e a dificuldade de apenas um

método geral para explorar uma realidade marcada pela especificidade e pela diferenciação

(MINAYO, 2002). É importante falarmos sobre as dificuldades e cuidados de lidar com a

presente pesquisa. Respeitar o lugar de fala e a subjetividade de cada indivíduo é fundamental

para a composição dessa pesquisa.

A comunidade escolar tem um lugar principal, que é a escola. No Brasil, a escola é a única

instituição formal por onde passam todos os brasileiros. O lugar da educação, onde se estabelece

a relação de ensino aprendizagem, onde se formam os cidadãos. Entretanto há que se levar em

consideração algumas marcas dessa instituição, as marcas da reprovação, da violência e em

muitos casos de legitimidade das desigualdades. Como refletiu Foucault em Vigiar e Punir,

uma das instituições de formação dos corpos dóceis. Olhar para projetos escolares

desenvolvidos por professores da própria rede municipal, é um olhar para a subjetividade de

quem escolheu ser agente de mudança dentro do seu universo de alcance, que escolheu lutar a

partir do seu conhecimento contra a realidade estabelecida, o que por si só já compreende uma

construção de memória que os coletiviza, independente das localidades das suas escolas de

origem. Paulo Freire nos ajuda a pensar sobre a humanidade da escola.

A Escola

Escola é

... o lugar que se faz amigos.

Não se trata só de prédios, salas, quadros,

Programas, horários, conceitos...

Escola é sobretudo, gente.

Gente que trabalha, que estuda

Que alegra, se conhece, se estima.

O Diretor é gente,

O coordenador é gente,

O professor é gente,

O aluno é gente,

Cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor

Na medida em que cada um se comporte

Como colega, amigo, irmão.

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Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”

Nada de conviver com as pessoas e depois,

Descobrir que não tem amizade a ninguém.

Nada de ser como tijolo que forma a parede, Indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

É também criar laços de amizade, É criar ambiente de camaradagem,

É conviver, é se “amarrar nela”!

Ora é lógico... Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer,

Fazer amigos, educar-se, ser feliz.

É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.

Reflexões sobre Educação Patrimonial...

Atualmente presenciamos uma multiplicação dos processos de patrimonialização, uma

tentativa de reter o passado, criar os lugares de memória, como elucida Pierre Nora estamos

perdendo nossa memória, estamos tentando preservar e reter o passado, sem nada deixar para

trás, estamos procurando pelo tesouro e desconsiderando a experiência.

A Educação Patrimonial não é apenas uma forma de abordagem para reconhecimento de

um bem cultural específico, é a possibilidade de construir caminhos (Abreu, Silva, 2016),

vivenciar experiências na tessitura da história, para a leituras de patrimônios no plural. A

Educação Patrimonial é compreendida como a experiência percebida por Walter Benjamin

(1994). As experiências constroem memórias, que podem colaborar para uma ressignificação

do passado a partir da valorização e preservação da referência cultural com a qual o sujeito se

identifica.

As atividades de Educação Patrimonial dos projetos escolares serão aqui consideradas

como a construção de memórias de um coletivo. Considerando as reflexões de Halbwachs

(2004) sobre a memória coletiva, de que a construção da memória de um indivíduo resulta da

combinação das memórias dos diferentes grupos nos quais está inserido e consequentemente é

influenciado por eles, como a família, a escola, igreja, grupo de amigos ou de trabalho. O

indivíduo participa então, de dois tipos de memória, a individual e a coletiva, sendo que cada

memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva.

Paulo Freire (1994; 2011) deixou um legado de reflexões e algumas delas são muito

relevantes para se pensar a Educação Patrimonial. Como a prática de ações de Educação

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Patrimonial pode não ser simplesmente um depósito sobre o Patrimônio Cultural estabelecido?

Como construir conhecimento e não somente depositar informações enciclopédicas? Como

fazer para que as ações não assumam caráter impositivo, comparado a um ensino bancário e

depositário de informações sobre o indivíduo? O conhecimento não se detém, ele se produz e

reproduz o tempo todo, por isso ele é construído. É sobre este pilar que as ações de Educação

Patrimonial precisam ser construídas e realizadas coletivamente para que um conhecimento

possa nascer do conjunto e assim as pessoas se assumam como seres sociais e históricos, como

seres pensantes, comunicantes, transformadores, criadores, realizadores de sonhos.

Sônia Florência (2014) destaca questões valiosas para a Educação Patrimonial: pensá-la

como campo específico das políticas públicas para o Patrimônio Cultural e concebê-la em sua

dimensão política, que compreende como produtos sociais a memória e o esquecimento de uma

sociedade que, em sua maioria, não se identifica com o Patrimônio Cultural oficial da nação.

Logo a Educação Patrimonial tem o importante papel no processo de valorização e preservação

do patrimônio, a partir das construções de relações efetivas com as comunidades de origem

destes e os bens relativos a elas.

A Educação Patrimonial tem alguns preceitos importantes para a consolidação da sua

prática, como a construção coletiva do conhecimento, o diálogo permanente, a valorização da

diversidade cultural, o fortalecimento das identidades e alteridades no mundo contemporâneo e

ainda como forma de afirmação das formas de ser e estar no mundo. Para que esta afirmação

possa ser realizada as ações educativas da Educação Patrimonial assumem o sentido de ações

mediadoras, no sentido pensado por Vygotsky. (FLORÊNCIO, 2014:29)

Considerando a Educação Patrimonial no âmbito da política do patrimônio cultural, ela

está vinculada ao Estado-nação como uma política pública para a sociedade. Tendo a nação o

significado de uma comunidade política marcada por uma ascendência comum, ao menos por

uma língua, cultura e história em comum (HABERMAS, 2002: 124). Através das ações

educativas da Educação Patrimonial a cultura e história de uma nação, por vezes até mesmo a

língua, podem ser preservadas, valorizadas, criando identidades pela reconstituição de

memórias auxiliando na formação do indivíduo crítico que reconhece seu papel na sociedade

com direitos e deveres.

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O recente ato administrativo, estabelecido em forma de portaria, tem por objetivo regular

o funcionamento da Educação Patrimonial na administração pública e a conduta dos seus

agentes, remete a uma formulação de construção de uma memória coletiva. No dia 29 de abril

de 2016, o Diário Oficial publicou a portaria 137 com as diretrizes para a Educação Patrimonial

no âmbito do Iphan e das Casas do Patrimônio.

Parágrafo único. Os processos educativos deverão primar pelo diálogo permanente

entre os agentes sociais e pela participação efetiva das comunidades.

Art. 3º São diretrizes da Educação Patrimonial: I - Incentivar a participação social na formulação, implementação e execução das

ações educativas, de modo a estimular o protagonismo dos diferentes grupos sociais;

II - Integrar as práticas educativas ao cotidiano, associando os bens culturais aos

espaços de vida das pessoas;

III - valorizar o território como espaço educativo, passível de leituras e interpretações

por meio de múltiplas estratégias educacionais;

IV - Favorecer as relações de afetividade e estima inerentes à valorização e

preservação do patrimônio cultural;

V - Considerar que as práticas educativas e as políticas de preservação estão

inseridas num campo de conflito e negociação entre diferentes segmentos, setores e

grupos sociais;

VI - Considerar a intersetorialidade das ações educativas, de modo a promover articulações das políticas de preservação e valorização do patrimônio cultural com

as de cultura, turismo, meio ambiente, educação, saúde, desenvolvimento urbano e

outras áreas correlatas;

VII - incentivar a associação das políticas de patrimônio cultural às ações de

sustentabilidade local, regional e nacional;

VIII - considerar patrimônio cultural como tema transversal e interdisciplinar.

O parágrafo único, citado acima, aponta para uma para umas das questões mais complexas

para o trabalho da educação patrimonial. Em um mundo globalizado, com o acesso facilitado a

tantas informações e especializações, o trabalho coletivo tem se tornado cada vez mais difícil.

Pensar junto propostas e ações educativas não é tão simples como parece, mas é um caminho

fundamental para que o processo possa ser trilhado.

Os projetos escolares

A pesquisa dos projetos escolares está em andamento. Os projetos escolares pesquisados

estão sendo realizados em escolas da rede municipal da cidade do Rio de Janeiro, uma cidade

com estrutura organizacional bastante complexa e com um emaranhado de políticas públicas,

vulneráveis as mudanças governamentais de cada gestão de governo. Uma rede pública com

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um histórico de falta de recursos suficientes para atendimento das demandas extracurriculares.

A seguir está uma apresentação descritiva dos projetos.

Histórias do Rio

A Ilha do Governador faz parte da cidade do Rio de Janeiro, atualmente possui caminho

aterrado e plena ligação com o continente, mas a identidade insular permanece e está refletida

na população que ali reside e se cria. Uma localidade conhecida por abrigar o aeroporto

internacional da cidade – RioGaleão, um lugar de passagem. Muitos pousam no aeroporto para

conhecer o Rio de Janeiro como a cidade Maravilhosa, que possui roteiro turístico próprio e do

qual a Ilha não faz parte. Entretanto, o lugar que serve de porta de entrada para tantos, torna-se

uma ilha, no sentido de isolamento para muitos outros.

No bairro Jardim Guanabara, um dos 14 em que está dividida a ilha, está localizada a

Escola Municipal Anísio Teixeira. Nessa escola os alunos tinham uma demanda: queriam

passear, sair da Ilha e conhecer o Rio também. Como atender ao pedido dos alunos dentro da

perspectiva de que aulas pudessem ser didaticamente uma prática situada? Diante dessa questão

e como parte do corpo docente da escola, que trabalhava buscando desenvolver o protagonismo

juvenil, o professor de história Diego Knack2 elaborou o projeto escolar Histórias do Rio.

Em que consiste esse projeto? Em primeiro lugar, o projeto é um passeio no centro da

cidade do Rio de Janeiro. O professor seleciona alguns alunos para realizarem a visitação3. A

atividade ocorre no contra turno de aula dos discentes envolvidos e acontecem três edições ao

longo do ano, para que mais pessoas possam participar. Durante a visita ao centro do Rio, o

grupo para em vários locais para explicações do professor, que leva varias imagens antigas,

para aguçar a noção de tempo, construções de memórias dos lugares pelas diversas ocupações

temporais e do conhecimento histórico. Os participantes fotografam e guardam as novas

2 “Diego Knack é doutor em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS/UFRJ). Autor de "Ditadura e Corrupção", publicado em 2018 pelo Arquivo

Nacional em razão do Prêmio Memórias Reveladas. Atua como historiador, professor da educação básica e

consultor para conteúdo audiovisual educativo. Enquanto professor da educação básica, atualmente ministra aulas

de História para o ensino fundamental na rede pública de ensino da cidade do Rio de Janeiro, na Escola Municipal

Anísio Teixeira. Além disso, gerencia projetos de incentivo a leitura e comanda a Sala de Leitura Ilza Xavier de

Faria. Participou de projetos pedagógicos ligados a experiências inovadoras em educação e no ensino de História.”

Texto retirado do currículo lattes em 19/07/2019. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/1734865727029782. 3 A seleção de apenas alguns alunos para participarem da visitação se deve a falta de recursos para transporte de

todos os alunos das turmas envolvidas.

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informações. Uma segunda etapa do projeto acontece na escola. Os alunos que fizeram a

visitação fazem uma apresentação do que aprenderam, para os colegas de turma. A escolha do

que apresentar e a imagens utilizadas fazem parte do olhar do aluno.

As fotos que os alunos tiram, posteriormente participam de uma votação para que se possa

eleger as melhores imagens. A votação é feita através das redes sociais e envolve toda a

comunidade escolar. Mas vale ressaltar que não é somente nessa etapa que a comunidade

escolar está envolvida, nas visitações alguns responsáveis dos alunos e outros profissionais da

escola acompanham as atividades.

Segundo Diego a atividade tem alguns elementos fundamentais para os alunos, de quebra

de rotina, o registro da experiência e a devolutiva para a escola com a perspectiva de

despertamento de um protagonismo juvenil. Os alunos vão se apropriando da atividade ao longo

do processo e sugerindo possíveis mudanças, o que enriquece o trabalho.

O projeto Histórias do Rio faz a atividade de visitação ao centro histórico do Rio, permite

o contato e reconhecimento com diversos patrimônios legitimados, constrói memória e

contribui para a valorização e preservação dos mesmos. E principalmente traz a partir da pratica

situada a própria construção da história deles, nossa. Vale ressaltar a importância da experiência

da atividade, através de um exemplo ocorrido; durante a apresentação, para a turma, de uma

foto do painel de grafite Etnia do Kobra, localizada na zona portuária da cidade, o professor fez

uma pergunta: “Grafite é obra de arte?” Um dos alunos respondeu: “Se o governo deixou é

sim.”

Uma questão apareceu na pesquisa: para quem o patrimônio tem sido constituído? Como

reflete o antropólogo José Reginaldo Gonçalves. Ele partiu da questão objetiva, de o que é o

patrimônio; porém percebeu a necessidade de um aprofundamento do trabalho investigativo da

própria pesquisa antropológica, do para quem, pensando no propósito de constituição

patrimonial. Essa transformação do olhar do pesquisador é fundamental por ampliar visão e

alcance da pesquisa. Não se trata de um trabalho educativo de apresentação de uma gama de

bens patrimoniais para que a sociedade o reconheça e identifique, vai além. É preciso um

trabalho educativo mais detalhado, um trabalho arqueológico de escavação das percepções e

construções de memórias a partir do conhecimento histórico. Para além de valorizar um bem

cultural, buscar as relações que o patrimônio estabelece com a sociedade e suas possíveis

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leituras. O que contribui para os objetivos da disciplina histórica na educação básica, de

posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais e

conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro4.

Rolé da Penha

A Escola Municipal Bernardo de Vasconcellos está localiza na comunidade Vila Cruzeiro

no bairro da Penha, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. A Escola há alguns anos atrás

era conhecida pelos altos índices de evasão escolar. Entretanto no início do ano de 2017, um

grupo de professores e funcionários da escola se reuniram e decidiram colocar em prática a

educação que acreditavam ser formadora de cidadãos críticos, que constrói conhecimento e

compreende a escola como lugar de múltiplas afetividades e de pertencimento, locus essencial

da relação de ensino aprendizagem. A comunidade escolar apoiou e a escola passou por uma

reforma física e estrutural, com a elaboração de um projeto pedagógico específico para a escola:

Ser e Pertencer. A partir desse projeto matriz, vários outros projetos foram elaborados nas

diferentes matérias escolares, sendo um desses o Rolé da Penha. Esse projeto tem alcançado

frutos positivos e de construção do conhecimento que vai muito além daquela comunidade

escolar específica, entrando em centros acadêmicos5 e sendo divulgado na grande mídia6, o que

para os alunos da escola tem um valor simbólico de ressignificação da própria existência em

sua comunidade, que passa a ser motivo de orgulho por ser apresentada com uma face distinta

a da violência ou policial.

4 Segundo os objetivos dos PCNs para o ensino fundamental. Acessado em: 19/07/2019. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf 5 O projeto Rolé da Penha já foi apresentado, por exemplo, para turmas de graduação em Pedagogia da UFRJ,

projeto de extensão da Faculdade d Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, além de participação em outras atividades

acadêmicas. 6 Alunos da Penha contam histórias do bairro para turistas. BALANÇO GERAL RJ 11/05/2018. Acesso em:

19/07/2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/balanco-geral-rj/videos/alunos-da-penha-contam-historias-do-bairro-para-turistas-11052018; No SBT Rio 23/05/2018. Acesso em: 19/07/2019.

Disponível em: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1545128572262786&id=323458497763139; No

MultiRio 18/06/2018. Acesso em: 19/07/2019. Disponível em:

https://www.facebook.com/MultiRio/videos/1917436068276607/?hc_ref=ARQ7c7pVJxpWVvE-

B1qz9QKz4Ngh4tOuowxk9NK9FuvKG3WZcf8Dho0YaZDNPw52uJI; No MultiRio, no quadro Dando Ideia de

13/11/2018. Acesso em: 19/07/2019. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=IEq6GsD4W8c&feature=youtu.be; O DIA 02/06/2019. Acesso em:

19/07/2019. Disponível em: https://odia.ig.com.br/colunas/coisas-do-rio/2019/06/5648925-viva-a-penha--viva-a-

festa-da-penha.html

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A criação do Rolé da Penha veio a partir dos desafios encontrados na prática pedagógica

em relação a comunidade escolar atendida. Diante do constrangimento pelas experiências

escolares cotidianas, o professor de história Wander Pinto de Oliveira7 decidiu experimentar o

novo e lutar pela mudança que acreditava ser possível através da educação, mas percebeu que

para isso precisava conhecer os alunos com os quais estava lidando e suas realidades.

E a partir desse novo lugar que o professor iniciara a ocupar, propôs aos alunos a

realização de uma atividade, a elaboração de um mapa onde desenhassem o caminho que

percorriam de casa até a escola. Depois de feitos os mapas, os alunos apresentaram para o

professor seus trajetos até a escola e as histórias de vida que acontecem nas proximidades. O

grupo reunido tentou identificar quais eram as referências culturais das proximidades da escola,

oito locais foram selecionados. Mas perceberam que não conheciam a maioria deles e pediram

ao professor que os levasse a conhecer, o professor disse que os levaria. Os alunos animados

com a ideia disseram que conhecendo e sabendo sobre sua localidade poderiam até ser guias

para outros que quisessem conhecer o bairro e um aluno declarou: “Vamos dar um rolé!” Neste

momento o docente teve um insight: “vamos fazer o Rolé da Penha”!

A partir de então, o professor montou um projeto, levou guias de turismo, especialistas

na história do bairro e outras pessoas dispostas a contribuir na formação do grupo, fizeram

uniforme para as atividades e iniciaram o Rolé da Penha. A proposta é que de 15 em dias 15

dias, normalmente as quartas, os alunos façam o Rolé no contra turno das aulas, o que muitas

vezes é inviabilizado em decorrência da violência do bairro, sendo primordial a segurança da

comunidade escolar. A cada ano novos monitores ingressam ao projeto, alguns saem por

completar os anos escolares e novas capacitações são realizadas e os alunos recebem certificado

pelas atividades.

Conclusão

7 “Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas na

FEBF/UERJ. Especialização em Ensino de História - Curso de Saberes e Práticas da Educação Básica -

CESPEB-UFRJ (2018). Curso de Extensão Favelas Cariocas: Ontem e Hoje - PUC-RJ (2017). Leciona História

desde 2009 para ensino fundamental e médio na rede privada de ensino. É Professor de História da Rede

Municipal do Rio de Janeiro, desde 2016.” Texto retirado do currículo lattes em 19/07/2019. Disponível em:

http://lattes.cnpq.br/470565774400115

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A observação inicial desse projeto apontam algumas observações preliminares, como a

relevância do desenvolvimento de projetos escolares voltados para o Patrimônio Cultural para

a comunidade escolar; a apropriação dos alunos em relação ao seu bairro, cidade ou

comunidade; uma construção de memórias afetivas e recheado de significados e a

ressignificação do espaço escolar.

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