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Programa de Pesquisa e Resgate do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural do Terminal Portuário EMBRAPORT CARTILHA PATRIMONIAL

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Page 1: Cartilha Patrimonial

Programa de Pesquisa e Resgate do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural do Terminal Portuário EMBRAPORT

CARTILHA PATRIMONIAL

Page 2: Cartilha Patrimonial

ÍNDICE

Apresentação..................................................................................................................................3O que é Patrimônio.........................................................................................................................7Patrimônio Histórico e Cultural da Ilha Diana..................................................................................8O que é Arqueologia?...................................................................................................................22A preservação dos sítios arqueológicos......................................................................................33A herança dos sambaquis............................................................................................................34Pesquisas nos sambaquis regionais.............................................................................................37Resultados das pesquisas nos sambaquis...................................................................................40Ficha técnica.................................................................................................................................43

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APRESENTAÇÃO

Esta Cartilha Patrimonial tem sua origem ligada às pesquisas desenvolvidas pelo Programa de Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural do Terminal Portuário EMBRAPORT. Este terminal está sendo implantado na margem esquerda do estuário de Santos, ao lado da Ilha Barnabé, entre os rios Diana e Sandi. A região faz parte da Baixada Santista, litoral do Estado de São Paulo.

O Programa de Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural do Terminal Portuário EMPRAPORT vem sendo desenvolvido desde 2003, tendo-se realizado diversos estudos e pesquisas na área do empreendimento e em sua região de entorno. Seu objetivo é registrar, preservar e valorizar o patrimônio pré-histórico, histórico e cultural da região, ou seja: a herança dos povos indígenas, doscolonizadores europeus, da sociedade brasileira que começou então a se formar e, ainda, os bens culturais da atual comunidade de Ilha Diana, em atendimento à legislação brasileira (Resolução CONAMA 01/86, Portarias IPHAN 07/88 e 230/02).

Todas as etapas do trabalho foram compartilhadas com a comunidade, que participou ativamente. Ao final daspesquisas, foi ainda promovida a troca de conhecimento a partir da interação entre Arqueologia e Comunidade, por meio

do evento chamado “Semana de Arqueologia”. Trata-se de uma ferramenta de educação patrimonial e socioambiental que foi desenvolvida com o grupo de professores e diretores da UME Rural Ilha Diana, UME Rural Monte Cabrão e da Escola Estadual Marechal do Ar Eduardo Gomes, ao longo do segundo semestre de 2008, culminando com atividadesdidáticas e lúdicas junto a seus 1.303 alunos, entre 03 a 08 de novembro.

Este evento, muito especial, foi desenvolvido para contribuir para o reconhecimento, a valorização e a preservação do Patrimônio Cultural da Baixada Santista. Para tal objetivo, os alunos conviveram em um ambiente que promoveu a reflexão e o debate sobre o conjunto de Patrimônios da região, englobando os bens arqueológicos, históricos, culturais e paisagísticos.

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Nesse sentido, nas aulas didáticas foram apresentados temas como “O que é Arqueologia”, “O trabalho do arqueólogo”, “Os sambaquis da Baixada Santista”,“O Patrimônio Cultural da Ilha Diana” e “Patrimônio Histórico do Brasil e daBaixada Santista”. Além das aulas didáticas, os alunos, todos os dias, participaram de atividades práticas, que buscaram reforçar a importânciada preservação e da valorização do Patrimônio Cultural: refletiram sobre comoviviam os indígenas do litoral do Brasil há milhares de anos; comoocorreram mudanças com a chegada do colonizador português; e como vivemhoje os pescadores na mesma região.

Sendo assim, é importante haver a preocupação de preservar o Patrimônio que nos cerca: as formas de viver, de fazer, de criar, as expressões,asfestas, as tradições, os costumes, os tipos de pesca, o meio ambiente etc.,como garantias para as gerações futuras. Da mesma forma que a Semanade Arqueologia, esta Cartilha Patrimonial também é um dos frutos do Programa de Pesquisa desenvolvido por conta das obras do Terminal EMBRAPORT. Assim, a partir de agora, será apresentado o Patrimônio Cultural dessa região. Aproveite para anotar o que você achou mais interessante, os patrimônios que você conhece, aqueles que você querconhecer, suas dúvidas etc., para discutir em sala de aula com seuscolegas e professores.

Boa leitura!

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A Semana de Arqueologia contou com a participação das escolas: Escola Estadual Marechal do Ar Eduardo Gomes,

UME Rural Ilha Diana e UME Rural Monte Cabrão. Durante o evento, os alunos participaram de palestras, oficinas,

simulações de escavações dentre outras atividades

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Banca de Peixe e Mercado de Santos, 1887. Pintura de Benedito Calixto

Olá pessoal!

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Palafita

Pescadores da Ilha Diana

Para vocês que moram na Baixada Santista,apresento uma importante comunidade que faz parte da História que vou contara partir de agora!

Essa comunidade é formada pelos moradores da Ilha Diana, um bairro que pertence à área continental de Santos. Neste bairro moramcerca de 200 pessoas. As principais atividadeseconômicas desta comunidade são a pescade camarões e de peixes, além dacoleta de mariscos, caranguejos e ostras.

Como você verá nas páginas seguintes, foram realizadas pesquisas arqueológicas,históricas e culturais nesta região, contando sempre com a participação e colaboraçãodos próprios moradores, que ajudaram na busca por vestígios de populações indígenas que habitaram o local há cercade 2 mil anos atrás!

Além disso, os moradores de Ilha Diana também participaram, por meio de diálogos com os pesquisadores, no registro da história e

da cultura de sua própria comunidade, o que chamamos de PATRIMÔNIO CULTURAL.

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Farol de Itapema, 1903. Gerodetti e Coornejo, 2001

Quartel Militão Tanques da Ilha Barnabé, 1943. DEIC

Vista da cidade de Santos, 1888. Pintura de Benedito Calixto

Porto de Santos, 1920. Gerodetti e Coornejo, 2001

Santos vista da Ilha Barnabé – Militão

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O que é PATRIMÔNIO?

Patrimônio pode ser definido como um bem,uma herança, um conjunto de bens a que damosvalor e que temos uma relação de propriedade, de identidade. É tudo aquilo que se refere aos bens materiais e imateriais que representam nossas ações, nossos costumes e crenças, nossas memórias.

Isso significa que o Patrimônio é constituído pelas formas de expressão; os modos de criar, fazer, viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas;as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios devalor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,paleontológico, ecológico e científico.

Dessa forma, o PATRIMÔNIO encontrado na IlhaDiana não foi apenas o Patrimônio Arqueológico,que vocês aprenderão a seguir. Há também nestelocal o PATRIMÔNIO CULTURAL, ou seja, todas aspráticas de pesca e coleta, todas as manifestações tradicionais, costumes e crenças, que contribuem naformação do PATRIMÔNIO da Baixada Santista.

Bastante atentos, alunos assistem aulas sobre Patrimônio e Arquelogia durante a Semana de Arqueologia

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PATRIMÔNIO HISTóRICO E CULTURAL DA ILHA DIANA

Nossas heranças culturais do passado são importantes e devemos preservá-las.Entretanto, não são apenas os bens do passado que merecem a nossaatenção. O lugar onde nascemos, crescemos e vivemos, com suas histórias,crenças, tradições e costumes também necessita ser preservado, e o nosso papel é ajudar nesta preservação para garanti-lo às gerações atuais e futuras. Dessa maneira, um local importante na memória da Baixada Santista e do município de Santos é a comunidade da Ilha Diana.

As pessoas que vivem ali preservam consigo costumes e tradições que foram passados por seus pais e avôs. Podemos perceber essa herança pelos hábitos, crenças, práticas e pensamentos da comunidade.

Um exemplo de prática tradicional é a pesca. Ela é feita de duas formas: para obter alimento (ou pesca de subsistência) e pesca comercial. Para pesca de subsistência, muitas vezes nem é necessário tirar o barco da margem, pois os homens pegam uma tarrafa, que é uma rede de pesca de lanço, e a jogam em alguma margem da ilha. Depois de algum tempo o pescador terá conseguido o alimento para a refeição de sua família. Já para o segundotipo de pesca, o comercial, é preciso navegar para longe.

Todo o trabalho conta com as mulheres da comunidade, porque elas ajudam na separação e na limpeza dos peixes, nas atividadesdomésticas e no cuidado com os filhos pequenos.

Você sabia que... A Ilha Diana já teve outros nomes?

De acordo com as histórias contadas pelos moradores mais velhos, a Ilha Diana era uma área onde, em tempos passados, eram criados porcos. Por esse motivo, num primeiro momento, ela eraconhecida como Ilha dos Porcos.

No final da década de 1930, a dona Dina, seu marido e filhos mudarampara essa região. Em seguida vieramas famílias de Vicente Biscar e Pedro Quirino. Estas três famílias, todas de pescadores, passaram acompor o núcleo de habitação da Ilha que, a partir daí, ficou conhecidacomo Ilha dos Pescadores.

Com o tempo, o local acabourecebendo o nome do rio próximo,Diana, ficando assim conhecida como Ilha Diana.

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Por falar em crianças, os meninos começam a aprender a arte de pescar aos seis ou sete anos. Eles são bonsobservadores, sempre em volta dos mais velhos, e com doze anos já conhecem os equipamentos de pesca e sabem cuidar deles. No final da adolescência, com dezessete para dezoito anos, já são maduros nesta atividade.

Assim, o mar foi, e ainda é, fonte de vários recursos importantes. E, além da pesca de peixes, há também a coleta de outros alimentos, como siris, caranguejos, ostras e mariscos. É importante dizer que não é tão simples pescar. Dá trabalho. O pescador é um profissional experiente.Ele precisa, por exemplo, ser um “homem do tempo”.

Você já viu na televisão os repórteres que todos os dias apresentam aprevisão do tempo? Então, opescador deve saber “ler” o tempo,porque disso depende seu trabalho.Os peixes não gostam de chuvas

fortes, muitos ventos ou frio demais. Tudo isso atrapalha a pesca,porque eles “fogem”.

Além do tempo, o pescador deve ser especialista em mar e nas fases da Lua. Você já deve ter escutado na sua casa, com seus pais ou amigos, que a Lua influencia muita coisa na nossa vida. São tantas histórias que falam dessa influência... Você se lembra de alguma delas?

Podemos apresentar os seguintesexemplos: nascem mais bebês nos dias de mudança das fases da Lua ou então, a Lua está relacionada com a nossa beleza e saúde. Alguns dizem, por exemplo, que a Lua Nova é boa para ganhar peso; a Lua Cheia é boa para cortar o cabelo porque ele cresce mais forte e com mais volume.

De todas essas histórias, a mais importante para os pescadores é a influência que a Lua tem sobre as marés. O momento em que ocorre a maré é melhor para se pescar

Mais sobre as fases da LuaPor que a Lua sempre está com formato diferente no céu?

A Lua tem sua face iluminada pelo sol. Dessa forma, o que vemos no céu representa a superfície da Lua iluminada pelo Sol, que está voltada para a Terra. Temos então quatro fases do ciclo lunar: Lua Nova, Crescente, Cheia e Minguante.

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porque o mar está em movimento e os cardumes estão próximos, o quefacilita o trabalho do pescador, que acaba pescando mais.

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Deu para perceber que, para ser um bom pescador, tem que ter experiência. Mas não é só isso. A profissão é mais difícil porque é necessário saber também as estaçõesdo ano, os tipos de vento e, até mesmo, as diferenças entre os peixes, as fases de reprodução e a dinâmica dos cardumes.

Aqui vale dizer que todo o conhecimento sobre os animaisda região é fundamental, pois a pescana época da reprodução dos peixes,por exemplo, influência na cadeiaalimentar, trazendo problemas à natureza.

Tipos de vento

Três tipos de vento predominamna região onde está localizadaa Ilha Diana: o vento Sul, oNorte e o Noroeste.

O Sul, que vem das regiões polares, traz o frio e a chuva; o Norte, que vem das regiões quentes, traz o calor; por fim, ovento Noroeste, que so-pra do continente para o oceano, prenuncia as chuvas.

Os pescadores da Ilha Diana são assim: experientes. Eles sabem de tudo issoe, de acordo com suas preferências, praticam as modalidades depesca que mais lhes agradam, sempre respeitando o PATRIMÔNIONATURAL, ou seja, o meio ambiente que os cerca.

Têm aqueles que pescam camarões brancos. Neste caso, eles usam os jerivás ou as tarrafas. Há também a pesca de camarões conhecida como “pesca de engodo”. Você não vai acreditar como essa pesca é feita. Os pescadores fazem um bolo, usando argila e restos de peixes cozidos. Esses bolos são colocados próximos ao canal marítimo e começam,com o tempo, a desmanchar.

Jerivá e TarrafaSão tipos de redes de pesca. Jerivá é uma espécie de rede de arrasto de pequena dimensão. É muito parecida com uma colcha e tem, na sua parte de baixo, chumbos que a mantémesticada quando está dentro da água. No centro do jerivá tem o samburá, uma espécie de saco, por onde os camarões entram e ficam presos. Já a tarrafa é um tipo de rede de lanço, em formato circular e feita com malha fina.

Jerivá

Tarrafa

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Dessa forma, os camarões saem “correndo” para comer a deliciosa mistura e, assim, os pescadores conseguem pegá-los. Na comunidade também se pratica pesca de vários peixes: paratis,bagres, peixes-espada, robalo.

Nela, os pescadores usam mais as redes, as chamadas tarrafas. E há também uma técnica de pescaria que já foi muito utilizada na região, conhecida como tainhas em currais. Para praticá-la o pescador deve ser quase um construtor. Ele precisa saber fazer cercados, em formato de círculo, com varas de madeira, os chamados “currais”. Quando as tainhas passam pela construção, elas ficampresas e são facilmente pescadas.

Além dos peixes e camarões, os pescadores coletam caranguejos, mariscos e ostras.

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Este trabalho também não é fácil. Por exemplo: a cata dos caranguejos é cansativa e o pescador deve saber se aventurar em terrenos traiçoeiros, onde as pernas podem afundar até os joelhos. Coletar mariscos tambémnão é moleza: antigamente as mulheres da região deformavam as mãos por arrancar os mariscos diretamente do solo, sem proteção.

Saiba maisFesta do Bom Jesus da Ilha Diana

A festa do Bom Jesus da Ilha Diana é originária do Bom Jesus de Iguapee a comunidade aguarda pela comemoração em agosto, especialmente no dia 06 de agosto (dia do padroeiro), onde ocorre uma homenagem ao Santo padroeiro da Ilha e dos pescadores, havendo a missa e a procissãomarítima. No fim de semana logo após o dia 06 é que a festa acontece com as comidas típicas. Dois pratos que não podem faltar são tainha na brasa e “lambe lambe”, um arroz feito com mariscos. Ah...que delícia!

Elas ficavam com as unhas curtase grossas de tanto trabalhar. Hoje,existe um equipamento que ajuda essa retirada (gancho de metal), mas mesmo assim a tarefa continua muito difícil.

Depois de saber fazer tudo isso o pescador ainda tem que cuidar do seu equipamento e, muitas vezes, fabricá-lo. Na Ilha Diana, os pescadores sabem construir as chatasou chatinhas.

Elas recebem esse nome por causa do seu fundo, que é reto. E o pescadordeve ter um cuidado especial comestes barcos. Você imagina que tipo de cuidado?

Os pescadores cuidam muito bem de seus barcos, que devem ser lavados de tempos em tempos,para evitar que peguem a craca, que acelera o apodrecimento damadeira do barco.

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O pescador não fabrica apenas equipamentos de trabalho. Muitasvezes ele precisa construir a moradade sua família. Na Ilha Diana, as primeiras casas da comunidade foram construídas por volta da década de 1960 e obedeceram ao sistema construtivo de palafitas, ideais para um solo típico de Mangue, comterrenos alagadiços.

Essas casas eram erguidas no centro do terreno e tinham imensas áreas livres. Hoje elas não são mais comuns, mas nem por isso deixam de ser importantes. Para as pessoas da comunidade, as casas de palafitasformam o Patrimônio Edificado daregião.

Saiba maisPalafita é um tipo de sistema construtivo utilizado para deixar a casa “mais alta”. Este sistema construtivo é muito comum em regiões alagadas ou que sofrem inundações e tem como objetivo evitar que as casas sejam arrastadas pela correnteza dos rios, ou ainda, que fiquem com a base úmida.

Assim, os pescadores da Ilha Diana estão produzindo a herança que vãodeixar para seus filhos, netos ebisnetos.

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Todos os costumes, hábitos, práticas, ou seja, tudo o que eles vivem no dia-a-dia éuma herança cultural, pois a cultura não é ensinada apenas na escola, mas tambémem casa, com nossas famílias que todosos dias fazem História.

E o mais importante aqui é lembrar que essa herança, ou ainda, este PATRIMÔNIO CULTURAL, nos ensina que é possívelviver e trabalhar, retirando o alimentoda natureza e sabendo sempre respeitá-lade forma sustentável.

Depois de tudo isso, você ainda acha que para ser um grande herói da História é preciso aparecer na televisão, jornal ou nos livros?

A resposta é não. As pequenas heranças de uma família, comunidade ou cidade formamo mundo em que vivemos e o Patrimônio Cultural do nosso presente. Por esse motivo,temos muito que aprender com os pescadoresde toda a Baixada Santista.

Da mesma forma que os pescadores utilizam os recursos naturais que cercam a Ilha Diana; num passado distante europeus aproveitaram

essas mesmas águas para a navegação e a circulação de mercadorias, entre o Brasil e a Europa.

No entanto, em um passado ainda mais distante, grupos indígenas viveram nesta região e também aproveitaram seus recursosnaturais. E a Arqueologia, em parceria com a comunidade, buscouinformações sobre estas formas antigas de ocupar a área ondehoje moram os habitantes de Ilha Diana.

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De volta ao passado

Hoje, quando falamos da Baixada Santista, nos referimos a vários municípios como Santos, Guarujá, Bertioga, São Vicente, Praia Grande,entre outros.

Todos eles são formados por muitas praias e,inclusive, atraem vários turistas, especialmente durante os feriados ou férias prolongadas.

A região da Baixada Santista, além de serpólo atrativo para o turismo nos dias atuais,também foi uma importante porta de entrada para os europeus através de seus portosnaturais, que eram utilizados para ancorar as embarcações e, principalmente, para o envio demercadorias à Europa.

O litoral era o local de circulação dessas mercadorias e produtos e, também, de circulaçãode pessoas.

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Muitas são as construções dessa época que resistiram ao tempo. Temos, por exemplo, os engenhos: São Jorge dos Erasmos, São João, Madre de Deus e o do Rio Quilombo,todos eles voltados para a produçãode açúcar no século XVI.

Do mesmo modo temos as igrejas,como a Igreja e Mosteiro de São Bento, a Igreja de Nossa Senhorado Carmo, em Santos, ou a Capelade Santa Cruz dos Navegantes, no Guarujá, entre tantas outras.

Há também as fortificações que serviram para proteger nosso litoral,como a Fortaleza de Santo Amaroda Barra Grande, o Forte de Itapemae o Forte de São Felipe.

Todos esses bens são consideradosPatrimônio Histórico. Por outro lado, na região da Baixada Santista encontramos também sí t iosarqueológicos dos grupos indígenas que habitaram essa área há muitomais tempo.

Engenho São Jorge dos Erasmos

Fotos: http://www.usp.br/prc/engenho/fotos.html

Capela no alto do Monte SerratFoto: Secom/Prefeitura Municipal

de Santos http://www.novomilenio.inf.br/santos

Mosteiro de São BentoFoto: Sérgio Eluf, 1982

http://www.novomilenio.inf.br/santos

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Dentre estes grupos destacam-se os “sambaquieiros”,assim chamados porque ocuparam sítios arqueológicosdenominados de sambaquis.

A palavra sambaqui é de origem tupi e significa “amontoado de mariscos” (tamba = mariscos e ki = amontoado). Os sambaquis dão pistas de como era a vida dos povosindígenas que habitavam o litoral porque ainda preservam,como o próprio significado do nome diz, amontoados de conchas de mariscos, em meio aos quais são encontradostambém ossos de peixes, aves, mamíferos, artefatosde pedras, marcas de fogueiras, de habitações e,muitas vezes, sepultamentos humanos.

Os povos sambaquieiros viviam da coleta, da caça e,também, da exploração do mar, através da pesca e da busca de moluscos. Estudos realizados por arqueólogos mostram que estes povos indígenas utilizavam as conchasdos mariscos como materiais construtivos e, a cada dia,acumulavam mais e mais, formando plataformas que sedestacavam na paisagem – os sítios sambaqui.

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A diversidade de vestígios encontrados nestes sítios, e também o fato de serem verdadeiros morros que se destacam na paisagem, sugere que eram utilizados para atividades múltiplas como moradia, marcosterritoriais, locais de cerimônia e cemitérios.

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É importante também dizer que esses povosindígenas eram bons navegadores. Isso significa que as primeiras embarcações que percorreramo litoral e os rios no Brasil não foram aquelascomandadas por Pedro Álvares Cabral, em 1500, pois muito antes os nossos indígenas já dominavam a navegação, através de canoas.

A presença, nos sítios arqueológicos, de restos de ossos de tubarão, baleia, golfinhos, tartarugas e raias, alguns deles encontrados apenas em alto mar, sugere aos estudiosos a extensiva navegação praticada por estes primeiros habitantes da região.

Outro fato que leva a esta conclusão é que existem sítios sambaqui em ilhas, que só podiam ser alcançadas por barcos.

Saiba mais sobre os sambaquis Em várias ilhas brasileiras foram encontrados sambaquis. Isso quer dizer que os nossos indígenas chegaram até lá por meio da navegação e, para tanto, eles utilizavam canoas.

Além disso, estudos realizados nos esqueletos mostram que os indivíduos tinham membros superiores (braços) mais desenvolvidos que os membros inferiores (pernas), como resultado de um uso e esforço centralizado, típico do remo.

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Além de bons navegadores, os nossos indígenas eram verdadeiros artistas, pois faziam refinados objetosesculpidos em pedra polida conhecidos como zoólitos, formando peixes, tartarugas, pássaros e crocodilos.

Outros objetos encontrados pelos arqueólogos têm formatohumano. Mas não era só a pedra a matéria-prima utilizada por esses povos indígenas para confeccionar seus instrumentos. Eles também sabiam fazer ferramentas em ossos como pontas para pesca, agulhas, anzóis e enfeites para o corpo.

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Há sambaquis em várias praias do litoral brasileiro, mas sempre em ambientes com Mangue. Em Santa Catarina,por exemplo, foram identificados sambaquis que chegam a medir mais de 100 metros de altura. Agora, imagine quantotempo os indígenas não moraram ali? Milhares de anos.

Na região da Baixada Santista também foram encontrados sítios sambaqui. Os mais antigos têm cerca de 4 milanos. É muito tempo, não? Muitos estudos precisam ser feitos ainda e cada pesquisa contribui para a compreensãode todo esse tempo. A Arqueologia, junto com a comunidade, ajudam nessa busca por informações sobre o passado.Agora, você imagina como essas pesquisas ocorrem? Vamos aprender sobre a Arqueologia a partir de agora?

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O QUE É ARQUEOLOGIA?

A Arqueologia é uma ciência social que estuda opassado humano a partir dos vestígios materiais deixados pelos povos que habitaram a Terra. O arqueólogo é o especialista que busca interpretar sociedades que, na maioria das vezes, não existemmais, e também as sociedades do presente a partir de seus vestígios materiais.

As investigações do arqueólogo envolvem o diálogocom a comunidade e, também, muitas pesquisas, destacando-se, entre elas, os levantamentos de campo, a escavação dos sítios encontrados, o estudodas peças em laboratório e a divulgação dos resultados.

Saiba mais

Saiba maisA palavra “vestígio”, quando procurada no dicionário, tem o seguinte significado: sinal, pegada, marca ou rastro; sinal de uma coisa que aconteceu, de uma pessoa que passou. E a palavra “material”, é tudo aquilo que se refere à matéria, ou seja, tudo aquilo que conseguimos tocar, pegar. Como por exemplo: conjuntos de obras, objetos de casa, ferramentas de trabalho, entre outras coisas.

Isso significa que os arqueólogos estudam todos os artefatos que resistiram ao tempo, ou seja, todos os objetos que as sociedades humanas do passado e, agora, do presente, utilizam. É importante dizer que eles dão dicas para os arqueólogos, que tentam compreender como foram feitos e a função de cada um. A partir daí,interpretam as sociedades que os produziram.

Lembre-se, não falamos apenas de objetos pequenos, mas também de grandes construções.

Há ainda os ecofatos, isto é, os restos naturais encontrados em sítios arqueológicos: vestígios deplantas, sementes, ossos de animais e assim por diante. Eles também ajudam a conhecer os hábitos e costumes da sociedade estudada.

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Saiba mais o que significa a palavra Arqueologia A palavra “arqueologia” tem origem de duas palavras gregas, archaios e logos, e significa “estudo das coisas antigas”. Entretanto, nas últimasdécadas, os arqueólogos não estudam apenasas sociedades do passado, mas tambémas do presente.

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Saiba mais Como é feito o trabalho do arqueólogo? O trabalho do arqueólogo não é só a escavação. Antes de escavaré importante encontrar o sítio arqueológico. Primeiro, o arqueólogo define a região que será estudada, os temasda pesquisa e os métodos de investigação que vai utilizar.Esses métodos dependem do tipo de sítio escolhido peloarqueólogo e sua equipe. Quando isto estiver resolvido,iniciam-se os trabalhos. As pistas, em geral, indicam o local do sítio arqueológico a partir da ajuda de várias ferramentascomo, por exemplo, mapas, imagens de satélite, radarese até documentos escritos (se o sítio arqueológico escolhidoé posterior à chegada dos europeus).

Este trabalho se chama prospecção. Já ouviu falar nisso? Prospecção é a procura de sítios arqueológicos na área depesquisa. Alguns vestígios materiais são vistos na superfície e é possível reconhecê-los se você caminha pelo local. Outra forma de encontrar os sítios arqueológicos é fazer sondagens. Sondar significa procurar os vestígios materiais abaixo do solo. Nesse sentido, com uso de ferramentas adequadas, é possível abrir pequenos orifícios no solo e verificar se eles apresentam vestígios que indicam a presença humana.

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Para realizar o seu trabalho, inicialmente, o arqueólogo procura pistas que possam indicar a presençade sítios arqueológicos. Identificadosos sítios, o arqueólogo começa o trabalho de escavação.

Para tanto, ele precisa conhecer um pouco de tudo: por exemplo,informações sobre os animais e a vegetação da região, o relevo, as mudanças ocorridas na estrutura geológica ou, ainda, as mudançasque o ambiente sofreu ao longo do tempo e que causaram alteraçõesnos vestígios estudados.

Por isso, junto com o arqueólogotrabalham vários outros especialistascomo geógrafos, historiadores,biólogos, e até matemáticos (é isso mesmo, porque também naArqueologia os cálculos estatísticose outras ferramentas de análisesão muito importantes).

Saiba maisMas afinal, o que é um sítio arqueológico? Sítio arqueológico é o local onde se encontram os vestígios materiais deixados pelos grupos humanos que ali estiveram. Este local pode ter sido a morada de pessoas, como uma cabana de palha e madeira, ou ainda uma caverna. Mas pode também ter sido um cemitério ou um lugar habitado por pouco tempo para caçar ou pintar paredes, um acampamento. Os sítios arqueológicos são variados e apresentam grandes diferenças entre si.

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Documentação

Escavação

uma determinada área, então a análise é voltada para o estudo da estratigrafia do solo, podendo, nesse caso, abrir trincheiras para “ler” as diferentes camadas. Os arqueólogos conhecem essa técnica como estratigrafia vertical. • por outro lado, há estudos que buscam compreender as atividades realizadas no interior de um sítio arqueológico. Neste caso, é necessário abrir uma grande área para ser escavada, onde é possível verificar como o espaço foi utilizado. Essa é a estratigrafia horizontal.

É importante dizer que muitos estudos arqueológicos combinam os dois tipos de estratégicas de escavação, tanto a vertical quanto a horizontal.

Saiba mais Como é feita a escavaçãoSerá que escavar significa abrir um monte de buracos?

O interesse pela arqueologia começou há vários séculos atrás, com gregos e babilônios. Mas somente no final doséculo XIX, com um general do exército britânico, chamado Augustus Pit Rivers, que a escavação arqueológica começou a seguir técnicas específicas. Esse general fez escavaçõesna Inglaterra entre 1887 e 1898 e, ao invés de coletar somente peças de valor (como era o costume naquela época), ele coletou todos os objetos encontrados, registrando com precisão a posição de cada um delesno solo. Até hoje, quando é realizada uma escavação arqueológica, tudo é feito com muito cuidado e cada objeto encontrado é registrado (com fichas de campo, desenhos e fotografias) para que, depois, se reconstruam as atividades que ali se realizavam.

Em geral, as técnicas de escavação são praticadas deacordo com o que se pretende analisar. Assim:

• há escavações que buscam compreender as mudanças que ocorreram entre as diferentes ocupações humanas de

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Com ajuda dos monitores, estudantes simulam escavação durante a Semana de Arqueologia

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Com ajuda dos monitores, estudantes simulam escavação durante a Semana de Arqueologia

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Depois da escavação, ainda há uma extensa pesquisa em laboratório, lugar para onde são enviados os “achadosarqueológicos”.

Todos os vestígios passam por um processo de higienização, catalogaçãoe análise. E, a partir de todo esse trabalho composto por várias etapas, é possível fazer comparações e interpretações sobre a sociedade analisada.

Alunos fazem higienização, limpeza e catalogação de artefatos durante a Semana de Arqueologia

Saiba maisA importância dos laboratórios para as pesquisas arqueológicas

Não são somente os profissionais de medicina, biologia e farmáciaque utilizam os laboratórios. Os arqueólogos também utilizam oslaboratórios para completar os estudos de suas escavações.

No caso da Arqueologia, o laboratório é o lugar para onde sãoenviados os vestígios materiais coletados. Todos eles são separados, de acordo com o local em que foram encontrados, e recebem uma ficha de identificação, para facilitar a pesquisa.

Nesta etapa, os “achados arqueológicos” são higienizados, ou seja, sãolavados, numerados, descritos e separados de acordo com o seu tipo. Por exemplo, numa escavação de um sítio pré-histórico, os ossos de vertebradossão separados em mamíferos, peixes, aves, entre outros.

A partir daí, é possível analisar o que os homens que habitaram esse sítio no passado comiam mais. O mesmo acontece quando são encontradas ferramentas de pedra lascada ou polida, entre outros tantos vestígios que podem aparecer.

Laboratório NEE/UNICAMP

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Os sítios arqueológicos podem ser encontrados em diferentes lugares, como, por exemplo, no Egito dos faraós, nas construções incas do Peru e, ainda, em diferentes locais do Brasil. É muito importante que você saiba que existe uma grande variedade de sítios arqueológicos em nosso país, quepodem ser encontrados em fazendas,estradas, em cidades do litoral e do interior.

Até debaixo de grandes cidades, comoSão Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e tantas outras, existem sítios arqueológicos, e todos eles contam pedaços da grande história do povobrasileiro.____________________________________

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Podemos, também, identificardesenhos e inscrições em lajes e abrigos rochosos, a chamada arterupestre.

Nos sítios arqueológicos históricos podemos encontrar, além de vasilhascerâmicas mais recentes, restos de louças e outros objetos de uso doméstico, bem como antigas construções como alicerces e muros de pedras, igrejas e fortificações.

De uma forma geral, quando falamos de sítios arqueológicos no Brasil podemos encontrá-los tanto na superfície do solo, como enterrados.Existem também sítios arqueológicos em entradas de cavernas ou protegidos por abrigos de pedra.

Para facilitar sua classificação foi feita uma divisão a partir de estudos que apresentam os sítios antes da chegadados portugueses – que receberam a denominação de sítios pré-históricos(ou pré-coloniais) – e sítios mais recentes, formados depois da chegada dos portugueses no litoral do Brasil, em 22 de abril de 1500, que recebem o nome de sítios históricos (ou coloniais).

Nos sítios pré-coloniais podemos identificar instrumentos de pedraslascadas ou polidas, restos de objetos de cerâmica como potes, cachimbosou urnas funerárias, além de ossoshumanos, restos de alimentação,restos de construções de cabanas,e muito mais.

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Instrumento de pedra polida

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Isso foi um acontecimento na História da Humanidade,porque, até então, o homem não conseguia ficar paradonum lugar apenas, ele tinha que ir atrás dos animais para se alimentar (imagine você, se todo dia o mercadoou a padaria perto da sua casa não estivesse no mesmolugar?). Então, quando o homem começou a cultivar plantas, precisava de instrumentos que ajudassem no trabalho: o machado servia para abrir a mata, a cunha para abrir a terra,o quebra-coquinho era o “quebrador” de sementes e, a mó, esmagava as plantas. Para fazê-los também era necessário tertalento: diferente da pedra lascada que era batida, a pedra polida era esfregada uma na outra, com ajuda de um abrasivo(em geral areia) e freqüente lavagem na água, e elas acabavamse aquecendo. Assim, era possível moldar o instrumento que se pretendia fazer.

Saiba mais sobre os instrumentos de pedra lascada e pedra polida

Os instrumentos de pedra lascada serviam para muitas atividades como, por exemplo, caçar animais. Para fazer esses instrumentos era preciso ter técnica. De uma forma genérica, pegava-se uma pedra, que os arqueólogos chamam de batedor, e uma outra pedra, maior, que os arqueólogos chamam de núcleo.

Batia-se uma pedra na outra, até sair várias lascas e, assim, o homem moldava seu artefato de acordo com o que ele precisasse. Era possível fazer facas cortantes e ponta de flechas, para caçar, raspadores para tirar a pele dos animais e assim por diante. Até as lascas retiradas serviam como facas menores.

Já os instrumentos de pedra polida são diferentes. A técnica de polir as pedras começou a ser mais difundida quando o homem descobriu que era possível plantar, ou seja, praticar o cultivo para sobreviver.

Instrumento de pedra lascada

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Saiba mais sobre a arte rupestre

Você gosta de desenhar? Se pedissem para você representar o seu dia a dia, como seria este desenho? Nossos indígenas também gostavam de desenhar. Eles eram verdadeiros artistas e esses desenhos indígenas são conhecidos como arte rupestre. Existem duas técnicas básicas para esta arte: a pintura, com uso de tintas para desenhar as formas, ou a gravura, feita através de riscos na pedra. Você deve estar se perguntando: como esses homens faziam essas pinturas? Com lápis ou giz? Não. Eles usavam, para pintar, extrato retirado de plantas, árvores e frutos, carvão, pó de rochas etc.

Como os homens pré-históricos não desenvolveram a escrita como a nossa, eles conseguiram encontrar uma outra forma de comunicação: através dos desenhos. Os arqueólogos já encontraram pelo Brasil diversas pinturas e gravuras rupestres, que mostram cenas de caça de animais, rituais de dança, figuras geométricas, entre outras coisas. O Parque Nacional Serra da Capivara, no sudeste do Estado do Piauí, é um dos locais onde existem várias pinturas e gravuras rupestres que representam o cotidiano dos indígenas, chegando a mais de 12.000 anos de idade!

Mas essas pinturas não existem apenas no Brasil. Elas estão espalhadas por todos os continentes do mundo. Na Europa, foram identificadas pinturas rupestres em cavernas como em Altamira, na Espanha, onde foi encontrada quase uma centena de desenhos, feitos há 14.000 anos; já em Lascaux, na França, as pinturas têm aproximadamente 17 mil anos. Na caverna de Chauvet foram pintados ursos, panteras, hienas, mamutes e cavalos.

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Sobre Lascaux, veja a seguinte reportagem: O governo francês colocou em curso um plano de emergência para salvaras pinturas rupestres de Lascaux - uma das mais famosas grutas de artepré-histórica do mundo - depois de um ataque de fungos.

O governo francês decidiu encerrar a gruta por três meses, enquanto uma equipe de especialistas ataca os bichos com fungicidas. Os fungos têm pintado as paredes de cinzento e preto, na terceira infestação em sete anos. O sistema de ar condicionado foi substituído, sendo que alguns cientistas consideram a má introdução dos equipamentos e o aumento da temperatura no interior da caverna como os principais fatores para o aparecimento dos fungos. O governo tem reunido especialistas a fim de discutir a melhor maneira de preservar Lascaux (...). Muitoscientistas temem que o ataque dos bichos tenha sido propulsionado pelasalterações do microclima da caverna. Lascaux já se encontrava encerrada ao público desde 1963, a fim de preservar os desenhos pré-históricos.A importância histórica destas cavernas é incomensurável.

03-01-2008

Fonte: SOL com agências http://forumpatria.com/index.php?topic=908.0. Acesso em 15/08/2008

Saiba mais com o nome do órgão responsável – IPHANO IPHAN, Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional, é o órgão do Ministério da Cultura que tem como uma de suas missões preservar o acervo patrimonial brasileiro. Caso encontre um sítio arqueológico, comunique ao IPHANatravés do site: www.iphan.gov.br

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A PRESERVAÇÃO DOS SÍTIOS ARQUEOLóGICOS

Simulação de um sítio arqueológico durante a Semana de Arqueologia

É importante dizer que todos ossítios arqueológicos são protegidospor lei e é proibido destruí-los ou retirar seus objetos, pois a destruiçãocompleta ou parcial é considerada um crime contra o Patrimônio Nacional. Assim, caso um dia encontre um sítio arqueológico, vocêpode, e muito, ajudar no trabalhodo arqueólogo.

Veja como ajudar na preservação dos sítios arqueológicos:

• Em primeiro lugar, é muito importante não recolher e nem retirar os objetos, pois para a pesquisa arqueológica é fundamental conhecer o local em que os objetos foram encontrados;

• Em segundo lugar, não cave, remova a terra ou retire a vegetação, não escreva ou desenhe sobre a arte rupestre encontrada nas lajes ou paredes de abrigos ou cavernas, e não jogar lixo na região;

• Por fim, conte a um adulto sobre sua descoberta, para que ele possa avisar o órgão responsável pela preservação do sítio arqueológico.

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Os sítios arqueológicos da Baixada Santista

Vimos que, no Brasil, há muitos sítios arqueológicos. Temos como exemploos que se encontram na Baixada Santista, região que possui tanto sítios pré-coloniais quanto sítios históricos.

Isso quer dizer que a história dessa região não começa apenas com a chegada dos portugueses ao Brasil, no ano de 1500.

Você já sabe que existe uma herança anterior à chegada dos portugueses, deixada pelos indígenas que viviam por aqui.

E agora, que tal você aprender sobre esses indígenas da Baixada Santista,conhecidos como sambaquieiros? Então, vamos falar um pouco dessa pré-história?

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A HERANÇA DOS SAMBAQUISComo já dissemos, os sambaquis são sítios arqueológicos que representam uma das mais conhecidas ocupações indígenas do nosso litoral. Eles já foram identificados em diferentes pontos da costa brasileira, do Rio Grande do Sul até oPará. Em Santos, na área de construção do Terminal EMBRAPORT, foi realizada uma pesquisa para identificar apresença desses sítios e eles foram encontrados.

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O primeiro deles foi localizado muito próximo ao canal do Sandi e, por esse motivo, recebeu o nome de sambaquido Sandi. Não pense você que osarqueólogos chegaram cavando buracos.

Lembre-se sempre que é precisoobedecer a um método de escavação, pois a localização e registro dos “achados arqueológicos” é muito importante para o estudo destas ocupações.

Com a pesquisa realizada na área do sambaqui do Sandi, os arqueólogos chegaram a diversas conclusões. Foram encontradas conchas inteiras,e maiores das que existem hoje em dia, que serviram de material construtivo. Os mariscos talvez tenham também servido de alimento aos indígenas que ali habitaram. Uma amostra de conchas foi levada ao laboratório para datação e o resultado indicou que a ocupação do sítio tem, aproximadamente, 1000 anos.

Entretanto, os estudos e interpretações foram prejudicados em funçãodas ações humanas recentes e fatores naturais que ali ocorreram,como é o caso da maré que, em algumas situações, acabou engolindo boa parte deste sambaqui.

O método do Carbono 14 Um dos métodos de datação que revolucionou a Arqueologia é conhecido como Carbono 14. De um modo geral, foi descoberto que todos os seres vivos, ou seja, plantas, animais (incluindo os humanos), possuem emseus corpos carbono radioativo, absorvido durante a respiração e a alimentação. Quando os seres vivos morrem, o Carbono 14 começa a diminuir.

Numa escavação arqueológica, ao encontrar ossos de animais, humanos ou vestígios de plantas, é possível calcular, em laboratório, a quantidade de Carbono 14 que eles ainda apresentam. Dessa forma, dá para estimar a sua idade, com o princípio de que quanto menos Carbono 14 for encontrado, mais velho é aquele vestígio arqueológico.

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Outro sambaqui identificado pela pesquisa foi na Ilha Diana. Lá foram abertas escavações e, nas amostras recolhidas e levadas para o laboratório, foram realizadas análisesde zooarqueologia e de datação.

Esses estudos indicaram que os sambaquieiros que moraram na Ilha Diana coletavam, de um modo geral, mexilhões e siris, além de pescarem peixes. As pesquisas demonstraram que as ostras eram o marisco maiscoletado.

A datação da amostra dessasostras mostrou que elas estão ali há aproximadamente 1800 anos.Portanto, 800 anos mais antigas do que o sambaqui do Sandi! Alguns instrumentos foram ainda identificados no local, tanto de pedralascada quanto de pedra polida.

Zooarqueologia é a área da Arqueologia que estuda os ossos de animais encontrados nas escavações. Isso permite, por exemplo, conhecer os hábitos alimentares dos nossos indígenas: que tipos de animais eram consumidos, quais eram utilizados para o trabalho ou até para companhia. Você sabia que no Uruguai foram encontrados restos de cachorro enterrados com humanos há milhares de anos? Pois é, já naquela época o cão era o maior amigo do homem...

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O sambaqui da Ilha Diana

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- Sítio EMBRAPORT 1: Localizado na área do terminal EMBRAPORT. Ele está na margem direita do canal do rio Diana, bem em frente à Ilha Diana. Lá foram encontradas muitas ostras, alguns instrumentos de pedra polida e ossos. Adatação das ostras indica que elas estão ali há, mais ou menos, 1160 anos.

Vista do sambaqui Embraport 1

a partir do cais de Ilha Diana Identificação de vestígios arqueológicos

Este sítio está localizado numa área de preservação de Mangue. Hoje o local está cercadoe protegido, e recebe monitoramento constante dearqueólogos, constituindo um importante testemunho desta ocupação pré-histórica para as gerações futuras.

PESQUISAS NOS SAMBAQUIS REGIONAIS

Foram também realizados levantamentos arqueológicos (prospecções) nas áreas próximas ao Terminal EMBRAPORT. Dessa forma, os arqueólogos foram em busca de mais sítios que indicassem a presençaindígena no passado.

E esses sítios foram encontrados. No total, os arqueólogos registraram mais cinco sambaquis. Cada um deles recebeu um nome, de acordo coma sua localização.

Veja, agora, se você conhece essas áreas:

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- Sambaqui Morro Alto: Os arqueólogos mapearam um sítio que está localizado às margens do canal de Bertioga. Lá foram achadossepultamentos humanos, instrumentos de pedra lascada e polida e vestígios de ictiofauna.

Ictiofauna: São os restos de peixe: vértebras, raios de nadadeira, pedaços de mandíbula e placas dentárias. Placas dentárias, mas como assim? Peixe tem dente?Pois é, para quem achava que os peixes eram totalmente desdentados, se enganou. A maior parte das espécies de peixes possui dentes.

- Sítio Monte Cabrão:Localizado próximo à Vila de Monte Cabrão. Neste sítio arqueológico foram identificados restos de alimentos, conchas, artefatos de pedra polida,ossos de pequenos mamíferos e ossos humanos.Infelizmente esse local é prejudicado pela maré,que causa erosão das encostas.

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Pesquisa arqueológica e artefatos de pedra polida

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Por fim, durante os levantamentos os arqueólogos encontraram também um sítio histórico perto das margens do rio Diana: a fazenda Itabatinga. Você a conhece?

Esta fazenda ainda conserva um antigo engenho, da época da produção de cana-de-açúcar, nos primeiros anos de colonização dos portugueses. O galpão desta construção, no passado, serviu como alojamento que se destinava à moradia dos escravos africanos, as chamadas senzalas. Constitui, assim, um local que guarda mais uma página da grande História da Baixada Santista.

- Sambaqui dos Ingleses: Localizado na Ilha dos Ingleses, também próximo ao canal de Bertioga. Neste sítio o material arqueológico é formado por ostras e berbigões. A amostra de datação das ostras encontradas indicou uma idade de 1050 anos.

- Sambaqui Ilhota do Chiquinho:Encontra-se próximo à nascente do rio Diana e do canal de Bertioga. Como o próprio nome diz, é uma “ilhota”, isto é, uma pequena ilha. Lá também foram encontradosvestígios arqueológicos, mas a grande quantidade de abelhas impediu um trabalho mais detalhado. Pois é, o trabalho do arqueólogo não é fácil! Ele precisa, inclusive, levar em consideração os riscos que existem.

Sambaqui Ilhota do Chiquinho

Fazenda Itabatinga

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OS RESULTADOS DAS PESQUISAS NOS SAMBAQUIS

Os sambaquis espalhados pelo nosso litoral, em geral, apresentamenterramentos humanos que indicam sua utilização como cemitério; mas apresentam, também, vestígios relacionados a várias atividades do dia-a-dia, como por exemplo, estruturas de cabanas, fogueiras, área de fabricação de instrumentos de pedra etc.

Mas esses sítios não são iguais. Alguns deles são menores e menosprofundos do que os outros. Esses sítios menores são também conhecidos como “acampamentos conchíferos” e indicam, muitas vezes, que os indígenas poderiam ter utilizado essas áreas como acampamentos.

De acordo com as amostras encontradas no sambaqui do Sandi e da Ilha Diana, é possível sugerir que eles não eram espaços utilizados para habitação permanente. Mas isso não significa, por exemplo, que a aldeia que os indígenas moravam não fosse ali perto.

Por outro lado, foram identificados também sepultamentos na Ilha Diana. Um sambaqui em Piaçagüera, na Baixada Santista, apresenta essas mesmas características: sepultamentos humanos em meio a conchas. Nesse caso de rituais funerários, todas as conchas serviriam como materialconstrutivo no preparo do local onde seriam enterrados os mortos ourealizadas outras atividades.

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Os estudos indicam que a ocorrência de sambaquis na Baía de Santos é intensa, pois vários sítios já foram localizados na região. As ocupações indígenas na área, segundo as pesquisas do Programa Arqueológico da EMBRAPORT, indicam 2 mil anos de ocupação. No entanto, sítios ainda mais antigos foram encontrados por outros arqueólogos e apresentam datas de, aproximadamente, 4,5 mil anos. Isso sugere que há muito tempo essas populações já habitavam toda a região que é, com toda certeza, um centro da cultura dos sambaquis.

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Agora você já sabe o quanto é importante compreender a preservação, a manutenção, a conservação e o controle do uso do meio ambiente, especialmente para garantir formas de sobrevivência para todos os seres vivos.

Da mesma maneira que os indígenas do passado utilizaram os recursos naturais, os pescadores da Baixada Santista ensinam seus filhos como praticar a pesca e a coleta, respeitando os animais e a cadeia alimentar e assim, de forma sustentável, garantir alimento para a geração atual e a futura.

Portanto, além do PATRIMÔNIO NATURAL, ou seja, além dos elementos oferecidos pelo Meio Ambiente, devemos também respeitar o PATRIMÔNIO CULTURAL, formado por todo o conhecimento das diferentes sociedades que, ao longo de milênios, viveram nesta região. Cabe a nós garantir que esse saber seja transmiti-do às gerações futuras, para que todos possam conhecer e valorizar a herança cultural donosso país.

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Acesse o site: http://www.grupocoimex.com.brAcesse nosso Blog: http://semanadearqueologia.blogspot.comAcesse a reportagem sobre a Semana de Arqueologia: http://www.mundorecordnews.com.br/play/10d70b76-e937-41e7-b6e5-5a0228a68226Acesse o portal: www.arqueologiapublica.com.br

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FICHA TÉCNICA

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PROGRAMA DE PATRIMÔNIO ARQUEOLóGICO, HISTóRICO E CULTURAL DO TERMINAL PORTUÁRIO EMBRAPORT

Equipe UME Rural Ilha Diana e UME Rural Monte Cabrão

Diretora Cláudia Monteiro Vieira

ProfessoresAnderson Paulo de OliveiraCristiane Giusti VargasFernando Roque dos SantosGláucia Helena da Silva LeoneIsmênia Luis do NascimentoJosé Clayton Bezerra Brás e SilvaJosé Vicente CuófanoMarcos Roberto PereiraPedro Rogério RodriguesRaquel Rodrigues CanasRosana Nunes CorrêaRuth Cerqueira P. dos Santos

Equipe EMBRAPORT

Diretor PresidenteMozart Miranda Mendes

BiólogaAna Paula Schettino Moreira

Coordenadora de relacionamento com a comunidadeAndréa Ramacciotti Villarino Schafranski

Equipe de Meio AmbienteAlexandra Helena Lisboa BoldrinBruno Pastrelli KamadaEdward Moreira Xavier Filho Wilson Mario Fadel Lozano

Equipe Escola Estadual Marechal do Ar Eduardo Gomes

DiretoraÂngela Maria Pereira Simonian dos Santos

ProfessoresAna Selma Xavier SilvaAndréa Maria T. Fonseca NostreCinthia Correa RosaCleide de Carvalho Cardoso

Eliana Santos S. Ayres da PaixãoHélio Alves de BritoJaison Jatar Silva Tomaz da CostaJaqueline de S. BezerraLuciane Cortez de OliveiraLucivani Santos CoutinhoMaria Salete Jardim SaraivaRegina LavoratoRogério Vieira da SilvaRosemeire Andrade da Silveira VenezianoSimone Alves de SouzaTânia Donisete VassãoValdesia Cássia dos Santos

Equipe DOCUMENTO Ltda.

Coordenação GeralL.D. Dra. Erika Marion Robrahn-GonzálezL.D. Dr. Paulo De Blasis

Equipe de pesquisa Patrimônio ArqueológicoMs. André Penin de LimaMs. Cintia BendazolliDanilo AssunçãoDaniel MoreiraKelly Cristina MelloFabiana BelémPatrimônio Histórico e CulturalEveraldo C. SilvaRodrigo SilvaCarlos França

Análises de laboratórioDra. Paula Nishida BarbosaMs. André Penin de LimaDaniel Moreira

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Auxiliares de escavaçãoAdenir da SilvaMaurício de Souza FernandesCarlos Alberto HipólitManuel Pedro AlvesMauri Martins da Silva Jr.Edmilson de SouzaRodrigo de SouzaWilson da Silva

Editoração gráficaJosé Luiz de Magalhães Castro NetoMarcos Antônio Ribeiro Junior

Marilaura SolisDaniel MoreiraPaulo Afonso VieiraNatália CamposGabriella RodriguesSandra SanchezAline Mazza

MultimídiaJosé Luiz de Magalhães Castro NetoWilliam FerrazEduardo StaudtJack Fernandes

FotosPara fins de Projeto Científico, Portaria No 332, de 13 de dezembro de 2005 e Portaria No 3, de 2 de Fevereiro de 2009, conforme Diário Oficial da União. Acervo Documento Ltda. e demais fontes caracterizadas.

Contato: DOCUMENTO Patrimônio Cultural, Arqueologia e Antropologia Ltda.E-mails: [email protected]@[email protected] Skype: doc.culturalCorrespondência: Caixa Postal 822, Cotia / SP. CEP: 06709-970

Equipe da Semana de Arqueologia

PalestrantesL.D. Dra. Erika Marion Robrahn-GonzálezL.D. Dr. Pedro Paulo Abreu Funari (NEE/ UNICAMP)Dr. Wagner BornalDra. Lourdes Domínguez (Oficina del Historiador de Havana/Cuba)Dra. Raquel dos Santos FunariMônica Lungov

Assistente GeralMs. Leilane Patricia de Lima

LogísticaJuscimara Rodrigues Pereira

MonitoriaPedro NarcisoLuís Vinícius Alvarenga

Equipe da Cartilha Patrimonial

AutoriaL.D. Dra. Erika Marion Robrahn-GonzálezMs. Leilane Patricia de LimaRevisão PedagógicaDra. Raquel dos Santos FunariMônica LungovIlustradores Indígenas (Parque Indígena do Xingu)Karuwaya Trumai WauráTatupewa TrumaiIanukulá Kaiabi SuiáMurikawi Suiá

Planejamento, Projeto Gráfico e DiagramaçãoZine ComunicaçãoRicardo LimaMary Ricoy

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Santos, 2008 - 2009