posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · posse e valor: uma...

23
Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente artigo expõe um relato reflexivo da proposta pedagógica desenvolvida pela autora atuante no PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), nos anos de 2008 - 2009, implementada no Colégio Estadual do Paraná (CEP) na qual a pinacoteca do referido estabelecimento de ensino foi utilizada como recurso para o ensino da arte na instituição. Apresenta além da pesquisa de campo com amostragens percentuais acerca do conhecimento dos alunos sobre a coleção de pinturas do colégio, reflexões de autores como BOURDIEU (2003), FRANZ (2003) e SUANO (1986) sobre patrimônio, educação, sociologia da arte, direito à cultura e também sobre os resultados desta prática com opiniões dos estudantes deste colégio e demais dados. This actual article presents a pedagogic reflective by the author active in PDE (program of education ) development in the 2008 -2009, implemented at CEP (The State College of Paraná) in wich the library of that educational establishment was used as a resourse for teaching art in institucion. Has presents in addition, to field research with samples of the percentage students knowledge about the colletions of paitings, reflections of authors such as Bourdieu(2003), Franzs (2003) and Suano ( 1996) about heritage, education, sociology, art, right to culture, and also the results of this practice, with reviews students at this scholl and others data. Palavras-chave: Ensino da arte. Pinacoteca do CEP. Mediação. A nova história do ensino da arte no país traz uma novidade já idosa, o ensino a partir das idéias do patrimônio utilizando para tanto, monumentos, praças, ruas, edificações e museus. Não se trata de uma novidade porque estas referências da cultura já fazem parte dos ideais do ensino da arte a tempo, mas apenas a partir das alterações legais, modificações dos posicionamentos dos profissionais e até da atualização das licenciaturas, estas idéias começaram a se tornar práticas. Hoje existe a Educação Patrimonial e publicações com metodologias específicas. É uma mudança positiva apesar de ocorrer principalmente nas cidades capitais uma vez que nelas se encontram os instrumentos de cultura, museus e instituições, e junto a eles a crescente demanda de sua utilização pela educação. 1 Professora de Arte, especialista, no Colégio Estadual do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, orientação do professor Luciano Buchmann da Faculdade de Arte do Paraná – FAP.

Upload: others

Post on 22-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Posse e valor: uma prática educativa em arte a part ir da pinacoteca do CEP Lorene De George1 O presente artigo expõe um relato reflexivo da proposta pedagógica desenvolvida pela autora atuante no PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), nos anos de 2008 - 2009, implementada no Colégio Estadual do Paraná (CEP) na qual a pinacoteca do referido estabelecimento de ensino foi utilizada como recurso para o ensino da arte na instituição. Apresenta além da pesquisa de campo com amostragens percentuais acerca do conhecimento dos alunos sobre a coleção de pinturas do colégio, reflexões de autores como BOURDIEU (2003), FRANZ (2003) e SUANO (1986) sobre patrimônio, educação, sociologia da arte, direito à cultura e também sobre os resultados desta prática com opiniões dos estudantes deste colégio e demais dados. This actual article presents a pedagogic reflective by the author active in PDE (program of education ) development in the 2008 -2009, implemented at CEP (The State College of Paraná) in wich the library of that educational establishment was used as a resourse for teaching art in institucion. Has presents in addition, to field research with samples of the percentage students knowledge about the colletions of paitings, reflections of authors such as Bourdieu(2003), Franzs (2003) and Suano ( 1996) about heritage, education, sociology, art, right to culture, and also the results of this practice, with reviews students at this scholl and others data. Palavras-chave: Ensino da arte. Pinacoteca do CEP. Mediação.

A nova história do ensino da arte no país traz uma novidade já idosa, o

ensino a partir das idéias do patrimônio utilizando para tanto, monumentos,

praças, ruas, edificações e museus. Não se trata de uma novidade porque estas

referências da cultura já fazem parte dos ideais do ensino da arte a tempo, mas

apenas a partir das alterações legais, modificações dos posicionamentos dos

profissionais e até da atualização das licenciaturas, estas idéias começaram a se

tornar práticas. Hoje existe a Educação Patrimonial e publicações com

metodologias específicas. É uma mudança positiva apesar de ocorrer

principalmente nas cidades capitais uma vez que nelas se encontram os

instrumentos de cultura, museus e instituições, e junto a eles a crescente

demanda de sua utilização pela educação.

1 Professora de Arte, especialista, no Colégio Estadual do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, orientação do professor Luciano Buchmann da Faculdade de Arte do Paraná – FAP.

Page 2: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Desde as primeiras discussões sobre o ensino da arte (década de 1970)

que resultaram na incorporação da disciplina Arte dentro da área de Linguagens,

Códigos e suas Tecnologias ao lado de Educação Física, Língua Portuguesa e

Língua Estrangeira Moderna, na LDB n° 9394 de 1996, vem ocorrendo uma

valorização da arte enquanto disciplina, não por sua obrigatoriedade nos

currículos nacionais de educação básica (níveis fundamental e médio), mas pela

nova abordagem da arte fundamentada numa proposta de Ana Mae Barbosa, a

princípio denominada Metodologia Triangular2 (inspirada na Disciplined-Based-Art

Education que teve suas bases teórico-metodológicas lançadas na década de

1960, nos Estados Unidos, com a ajuda de professores e artistas)

Esta proposta se apresentou inicialmente como forma de trabalho

educativo em museus. A autora, que foi diretora do Museu de Arte

Contemporânea de São Paulo, aplicou um programa de arte-educação em 1987

combinando trabalho prático com leituras de obras de arte e história da arte e

investigou “a reação de professores de arte para com a introdução de imagens no

ensino da arte e para com a produção infantil sob a influência destas imagens”

(BARBOSA,1996, p.20)

Nossa concepção de história da arte não é linear, mas pretende contextualizar a obra de arte no tempo e explorar suas circunstâncias. Em lugar de estarmos preocupados em mostrar a chamada “evolução” das formas artísticas através do tempo, pretendemos mostrar que a arte não está isolada de nosso cotidiano, de nossa história pessoal (BARBOSA, 1996, p.19).

Esta proposta vem se mantendo com uma constante presença no ensino

da arte no Brasil, mas hoje se tem buscado não só o uso de reproduções, mas

cada vez mais a aproximação dos estudantes com as obras no entendimento que

somente diante do objeto de arte é que se possa realizar a verdadeira fruição e

apropriação da arte, uma vez que o professor possibilite o acesso e a mediação

destas obras, entendendo por mediação não a mera intervenção do mediador

com a preocupação de troca de informações e experiências, mas principalmente

da promoção do encontro positivo entre obra e observador no sentido de instigar,

provocar, despertar, desenvolver o olhar e enriquecer os sentidos na construção

do pensamento em arte.

2 Mais tarde Ana Mae Barbosa passaria a chamá-la de Proposta Triangular.

Page 3: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Sem desmerecer o uso de reproduções fotográficas, sejam por reprografia,

transparências, slides ou apresentações virtuais que auxiliam e está presente na

maior parte das práticas educativas escolares, o impacto que uma obra de arte

possa causar, pela sua dimensão, texturas, volume e cores, por exemplo, são

infinitamente superiores a uma reprodução, por melhor que ela seja. As

reproduções nos auxiliam no campo do conhecimento e da informação, uma vez

que é impossível nos transportarmos para diante de uma obra cada vez que

formos estudá-la. Porém não tem sentido explicar sobre texturas e relevos de

uma pintura que aos olhos dos educandos são imperceptíveis, seja pela

qualidade ou tamanho da reprodução, ainda menos sentido falar de esculturas ou

objetos tridimensionais enquanto apresentamos apenas uma reprodução

fotográfica impressa, ou em mídia digital, com uma única visão bidimensional

desta peça.

Hoje em dia contamos com uma quantidade significativa de mídias que

propiciam a visão de uma obra de arte seja por imagem fixa ou móvel, “mas uma

experiência indireta com a obra não substitui a experiência direta” (LEITE, 2006,

p. 24), e é evidente que o conhecimento, diante do objeto observado, direta ou

indiretamente, só se efetivará a partir do momento em que se construa um novo

olhar do observador, ou seja, que ele traga um significado para quem assiste.

Esta construção não acontece de forma espontânea, daí a necessidade de

uma intervenção educativa que permita a superação do senso comum.

O desafio nos contextos de ensino da arte, tanto na escola como nos museus, é ajudar os estudantes a alcançar níveis mais complexos da compreensão e de reflexão crítica sobre a obra de arte e as imagens da cultura visual (FRANZ, 2003, p. 16).

Para que se realize uma experiência estética diante da obra é preciso mais

que o preparo do professor ou mediador, é necessário possibilitar a saída dos

estudantes em direção a determinada exposição ou instituição. As dificuldades

que os professores precisam superar são muitas: convencer dirigentes e colegas

da importância de tal ação educativa, conseguir transporte e autorizações dos

pais ou responsáveis e agendamento nas instituições a serem visitadas nas datas

e horários que causem o menor impacto possível na rotina escolar. Além destes

itens organizacionais, ainda é absolutamente necessário a preparação do grupo

com conhecimentos prévios para a visita que farão. Se não forem

Page 4: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

complementares estes pólos, pedagógico e logístico, novos investimentos deste

gênero poderão ser impedidos no futuro.

Parecida a esta situação e ao mesmo tempo bastante diferente, é a

realidade do Colégio Estadual do Paraná (CEP). Como toda instituição de ensino

sofre de todas as dificuldades já elencadas nas tentativas de visitações a museus

e exposições. Embora sua localização na cidade de Curitiba seja privilegiada,

com suas instalações próximas a monumentos, museus, centros culturais e

edifícios históricos, retirar os estudantes de seu colégio não depende somente do

tempo de ausência ou meio de transporte, uma vez que em algum destes locais

poderiam se chegar caminhando. A realidade é bem distinta, raramente alguns

professores têm sucesso nas tentativas e conseguem propiciar esta experiência

aos seus educandos, considerando também as especificidades de horários das

instituições visitadas.

O Colégio Estadual do Paraná

O Colégio Estadual do Paraná foi fundado em 1846, como Liceu de

Coritiba, quando o Paraná ainda pertencia a Província de São Paulo, passa a

denominar-se Instituto Paranaense em 1876 e com a Reforma do Ensino

Gymnásio Paranaense. Em 1904 é inaugurada sua terceira sede própria que

funcionou onde hoje se encontra instalada a Secretaria de Cultura do Paraná

(SEEC), na rua ébano Pereira, entre as ruas Cruz Machado e Saldanha Marinho,

e ai permaneceu durante a primeira metade do século passado. Em 1942 passa a

denominar-se Colégio Paranaense até o ano seguinte quando, por Decreto

Federal recebe a atual denominação. No ano de 1950 é inaugurada sua última

sede, situada no início da Avenida João Gualberto.

Em junho de 1957 é criada a Escolinha de Arte CEP localizada no subsolo

da ala par do edifício. A Escolinha não foi projetada na construção do novo

estabelecimento, porém no espaço que antes abrigava a marcenaria do colégio,

professores de arte ganharam duas salas: a de cerâmica e a de desenho e

pintura, na implementação de uma proposta de atividades complementares. Sua

primeira diretora foi a professora Lenir Mehl 3.

3 A professora Lenir Mehl de Almeida (1924 - 2009), além de orientadora das oficinas foi também uma das idealizadoras deste projeto e também das maiores promotoras deste espaço.

Page 5: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Durante mais de duas décadas este espaço promoveu o acesso, aos

estudantes deste colégio, à prática de criação de trabalhos artísticos, que devido

à qualidade e seriedade com a qual eram orientados e elaborados foram

ampliados para outras linguagens como gravura e fotografia, além da sala de

som4. Nessa época os estudantes podiam frequentar a Escolinha no seu próprio

turno escolar, nos intervalos (recreio), no caso de aulas vagas, ou no contra turno,

sempre com a característica de atividade complementar.

A partir do final da década de 1960 ocorre a implementação do espaço

como aula de arte, que passariam a ser ministradas em salas ambiente com

professores especializados. Esta prática no ensino da arte, por se consagrar

eficiente, seria então incorporada a outras instituições de ensino tanto da rede

pública como particular. Entretanto ainda existe um outro diferencial do Colégio

Estadual do Paraná muito raro em uma escola, uma coleção de arte.

A Coleção de arte do CEP

Esta coleção se trata de um patrimônio cultural adquirido e acumulado ao

longo de toda a trajetória do colégio, destacando-se uma pinacoteca.

Grande parte do acervo já pertencia ao CEP mesmo antes da construção

de sua sede atual.

Estar diante de obras tão significativas é, não só construtivo, como

inspirador, quando se sabe que grande parte deste acervo é composta por

trabalhos de ex-professores, ex-alunos e até de artistas que viveram as duas

situações nesse colégio.

Pertencem à pinacoteca do CEP vinte e oito obras de dezoito artistas,

sendo muitos paranaenses. A obra de data mais antiga trata-se de uma pintura

“Nossa Senhora e o Menino Jesus”, óleo sobre tela de 1884 do artista Joseph

Weiss (1861-1952).

Esta coleção ainda carece de um estudo aprofundado para descobrir a

ordem de sua formação. Não se encontram registros da chegada de algumas

obras, das mais antigas principalmente. Sabe-se, entretanto da doação dos

órgãos governamentais como os óleo sobre tela “Terra Prometida” (1934) e “A

4 A sala de som é hoje sala de ensino da música. No passado, neste ambiente, os estudantes podiam estudar música e piano, ou simplesmente ouvir música, e por isso o nome, aqui respeitado pela sua historicidade.

Page 6: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Fundação de Curitiba” (1947/1948), ambas do premiado pintor paranaense

Theodoro De Bona (1904-1985), e outras pelos próprios autores como a tempera

“O Bar” (1970) de Luis Carlos Andrade Lima (1933-1998) elaborada quando este

atuava como professor na Escolinha de Arte CEP e as mais novas aquisições

que se trata de duas paisagens “Paisagem de Onfler- França” (2005) em óleo

sobre tela, da atual coordenadora das atividades complementares Professora

Dulcirene Montanha Moletta5 (1941) , doada em 2008.

Embora não se tenha o registro exato de quando, provavelmente, as

aquarelas de Emma (1904-1975) e Ricardo Koch (1900-1976), os óleos de Guido

Viaro (1897-1971) e Pedro Macedo (1880-1953) também tenham sido doados em

semelhantes circunstâncias. Outras obras como o nanquim e lápis sobre papel de

Jarbas Schünemann (1951-1992) e a gravura “Paisagem Curitibana” (1997) de

Poty Lazzarotto (1924-1998), foram doadas por familiares após seus

falecimentos, lembrando que ambos foram alunos dessa instituição. Uma obra,

em especial, foi executada por Ricardo Koch a partir de uma encomenda do

próprio colégio para homenagear o Barão de Suruí6, “Retrato do Barão de Suruí”

(1969). Enfim na maioria dos casos existe uma estreita relação entre os artistas e

o estabelecimento que hoje mantém suas obras.

Entre outras obras “Retrato”, “Paisagem” e “Fundo de Quintal” de Miguel

Bakun(1909-1963),”Paisagem Cristo” de Ado Malagoli (1906-1994), “Mar”(1927)

de Lange de Morretes (1892-1954), “O circo” e “Cabras” de Guido Viaro e a

aquarela “Antúrios” (1967) de Emma Koch reforçam o reconhecimento no cenário

artístico, dessa pinacoteca, como produções de alta qualidade estética.

Quanto aos gêneros, a pinacoteca apresenta os retratos “Nossa Senhora e

o menino Jesus”, ”Retrato do Barão de Suruí” e “Retrato”. De natureza morta

“Peixes” Gino Bruno e “Antúrios”. As paisagens predominam, são elas: “Mar”,

“Paisagem Curitibana”, “Barcos” (1928) Pedro Bruno, ”Barcos” Pelterier,

Paisagem de Cristo”, “Paris” (1958) Arruda, “Paisagem” Miguel Bakun, “Fundo de

quintal”, “Paisagem” Pedro Macedo, ”Casario” Ricardo Koch, “Paisagem” (1943)

De Bona, “Cabras” Guido Viaro, “Carroças e cavaleiros” Schiefelbein, “Outono” 5 Autora de diversos livros publicou em 2006 o primeiro volume da Coleção Escolinha de Arte “Arte Sensibilização Pintura Gestual”. 6Manoel Fonseca Lima e Silva, Barão de Suruí (1793-1869), além de militar e político foi Presidente da Província de São Paulo (1844-1847) e fundou o Liceu de Coritiba, neste período, com a Lei n° 33 de 13 de março de 1846.

Page 7: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Ricardo Koch, “Paisagem de Guaratuba” De Bona (1950) “O circo” Guido Viaro e

as duas paisagens de Dulcirene M. Moletta sob o mesmo título, “Paisagem de

Onfler – França”. As duas pinturas históricas são de autoria de Theodoro De

Bona, “A Fundação de Curitiba” e “Terra Prometida”(1934) . Apenas uma cena de

cotidiano de Luis Carlos Andrade Lima “O Bar”.

As obras apresentam um bom estado de conservação considerando que

não estão expostas em ambientes climatizados, sem iluminação e temperaturas

especiais, como as obras de acervo de alguns museus.

A distribuição das pinturas se concentra em três ambientes específicos do

Colégio Estadual do Paraná. No salão Nobre, onde se encontra a maior

quantidade, num total de dezoito obras. Na direção geral que tem expostas nas

paredes de três dos seus ambientes oito obras. E finalmente na Escolinha de

Arte, com duas obras, sendo uma delas um painel mural.

Para entendermos o valor desta coleção é preciso ir além da sua qualidade

estética, mas entender o valor e a função que uma coleção de arte tem em nossa

sociedade.

Cada objeto tem a sua história e o seu significado. Não apenas aquele gerado no ato de sua criação, mas também todos os significados que a ele foram atribuídos ao longo de sua trajetória, bem como aqueles advindos do diálogo entre os diversos objetos de uma coleção (COSTA, 2007, p. 15).

Os pesquisadores que estudam o museu preocupam-se com o estudo do

fenômeno do colecionismo “A formação de coleções de objetos é provavelmente

quase tão antiga quanto o homem e, contudo, sempre guardou significados

diversos, dependendo do contexto em que se inseria” (SUANO, 1986, p. 12). Ao

nos apresentar um levantamento histórico da criação e transformação de museus

através dos tempos, Suano aponta que os atos de colecionar e ter acesso às

coleções estavam ligados a marcas de poderio. Somente a partir da revolução

francesa, no final do século XVIII, é que as coleções dinásticas viriam a se tornar

públicas. “A revolução burguesa organizou o saber e o conhecimento de forma a

consolidar o poder recém adquirido” (SUANO, 1986, P.28), a partir de então uma

das funções do museu passaria a ser educar.

Os museus passam a representar um novo processo de conhecimento do mundo, baseado no conceito de que objetos organizados significam conhecimento e que o conhecimento se expressa em objetos organizados (COSTA, 2007, p.35).

Page 8: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Não se pode esquecer, entretanto que o público está sujeito a receber as

concepções apresentadas pelas suas instituições mantenedoras, sejam elas

públicas ou privadas, “os museus são, não só eles, mas a cultura toda é

argumentativa, por isso mesmo é ideológica... por isso mesmo jamais é neutra...

sempre defende um ponto de vista.” (PESSANHA, 1996, p.36-37). Porém nem a

oferta, aberta ao público, nem a manutenção, com a constante renovação de

acervos, garantem que esta função, a educativa, realmente aconteça a

comunidade, que geralmente busca o museu nas suas horas de lazer. Talvez

influenciados pelo peso histórico da exclusão a essas instituições, grande parte

da população se sente até intimidada na freqüência a exposições de coleções,

principalmente as de arte. Segundo Bourdieu os museus poderiam escrever no

seu frontão – “Que ninguém entre aqui se não for amador de arte” (BOURDIEU,

2003, p.286). O autor complementa seu raciocínio dizendo que este aviso no

frontão seria dispensável uma vez que, todos sabem que apenas aqueles que

conhecem o que o museu apresenta tem disposição adquirida culturalmente a

esta visitação, e que o museu age como um tabuleiro, no jogo social, em que

todos conhecem a regra e a respeitam pela manutenção do status quo. Assim, a

instituição dita educativa age de forma excludente daqueles que não possuem o

conhecimento erudito.

Na tentativa de identificar melhor qual é o público, e qual a sua relação

com as obras nos museus de arte na Europa, é que Pierre Bourdieu realiza uma

pesquisa na porta dos museus europeus, na década de 60 do século passado.

A estatística revela que o acesso às obras culturais é privilégio da classe culta, no entanto, tal privilégio exibe a aparência da legitimidade. Com efeito, neste aspecto, são excluídos apenas aqueles que se excluem. Considerando que nada é mais acessível do que os museus e que os obstáculos econômicos – cuja ação é evidente em outras áreas – têm, aqui, pouca importância, parece que há motivos para invocar a desigualdade natural das “necessidades culturais”. Contudo, o caráter autodestrutivo desta ideologia salta aos olhos: se é incontestável que nossa sociedade oferece a todos possibilidade pura de tirar proveito das obras expostas nos museus, ocorre que somente alguns têm a possibilidade real de concretizá-la. (BOURDIEU, 2007, p.69)

A pesquisa de Bourdieu desestabilizou diversas questões. Veio a contribuir

para a nova forma de educação proposta pelos museus, como instrumento de

extensão cultural, aliado ou não ao trabalho das instituições escolares,

desfazendo-se o mito do “gosto” ou “dom natural” que tanto distanciam as classes

Page 9: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

menos favorecidas dessas instituições. Esse autor ainda nos aponta que a escola

“poderia compensar (pelo menos, parcialmente) a desvantagem inicial daqueles

que, em seu meio familiar, não encontram a incitação à prática cultural, nem a

familiaridade com as obras”, porém “ao proceder como se as desigualdades em

matéria de cultura não pudessem se referir senão a desigualdades de natureza[...]

o sistema escolar perpetua e sanciona as desigualdades iniciais” (BOURDIEU,

2003, p.108).

A pinacoteca e a proposta educativa no PDE

Ao escolher o objeto da pesquisa para o PDE, como tantos colegas,

procurei algo bem próximo a minha realidade escolar. O fato de trabalhar num

estabelecimento de grande porte, com capacidade física e independência

financeira, uma certa elite ao tratar-se de uma escola pública, pode num primeiro

momento, impressionar e até camuflar as necessidades pedagógicas que o

ensino da arte na instituição possa apresentar. Mesmo antes da minha aprovação

para este programa já tinha uma idéia sobre o que gostaria de desenvolver com

meus educandos. A ausência da inclusão desta coleção como conteúdo, dessas

pinturas, tão próximas de educandos e educadores desse colégio era algo que

me incomodava. Pois nem sempre, diante dos conteúdos a serem trabalhados as

obras que compõe esse acervo eram contempladas por meio de reproduções ou

mediação direta, dispensando a característica excepcional do ensino das artes

visuais no CEP, uma escola que dispõe desta possibilidade.

O acervo da pinacoteca do Colégio Estadual do Paraná é um patrimônio de

todos, mas ao se encerrar na própria instituição, nem a própria comunidade,

estudantes, funcionários e visitantes deste estabelecimento podem apreciá-lo e

construir conhecimento.

Os homens constroem edificações suntuosas em situações como as de auto-atribuição de valor, autopreservação pela religião e para guardar e revelar seus tesouros artísticos. A arte é, pois, a única situação em que a suntuosidade não é auto-referenciada, a não ser que consideremos que todo homem sinta-se, de fato, co-partícipe deste tesouro comum. Se a arte é, de fato, este tesouro compartilhado através do exercício da cidadania, como se explica que esta mesma sociedade que se estrutura para guardá-la não se estrutura para, justamente, repartir entre si a possibilidade igualitária de fruí-lo? Como entender que grandes somas sejam gastas na constituição de museus de arte por sociedades que não investem em educar para a fruição da arte? (BERG,1996, p.XII) .

Page 10: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Marilena Chauí, ao conceber cultura como um direito do cidadão, nos

lembra o papel do Estado ao garantir este direito por meio de acesso. “Se,

portanto nem todos são pintores, mas praticamente todos amam as obras de

pintura, não seria melhor que estas pessoas tivessem o direito de ver as obras

dos artistas, fruírem-nas, ser levadas a elas?” (CHAUI, 2006, p. 137)

Suano, Buchmann, Martins, Leite e Santos ao relatarem suas experiências

no campo do ensino da arte apresentam propostas de aproximação e contato

direto com as obras de arte presentes nos museus, galerias, praças, órgãos

públicos, fundações, etc., porém Leite afirma que:

Existe uma semiologia do olhar que não é sempre a mesma: dependendo do lugar (ou contexto) em que se encontra a obra de arte, o olhar que ela vai exigir (ou não) do contemplador será diferente. São inúmeras as formas de ver as obras, dependendo de onde elas se encontram e de por que lá se encontram (LEITE, 2006, p.26).

Ao pensar numa prática educativa que utilizaria como recurso o seu próprio

patrimônio cultural é que se decidiu pela proposta pedagógica “A Pinacoteca do

Colégio Estadual do Paraná – Posse e Valor dos Estudantes”, parte integrante do

PDE. Trata-se de algo inédito como proposta de ensino das artes visto os motivos

já elencados.

Compreendendo que conhecer este acervo significa desvelar as relações

entre as obras e seus autores com o próprio espaço escolar, buscou-se a

aproximação dos estudantes com a sua pinacoteca pelo conhecimento e

apropriação, neste sentido concordamos com Ana Mae “A escola seria a

instituição pública que pode tornar o acesso à arte possível para a vasta maioria

dos estudantes em nossa nação” (1996, p.33). No caso do CEP, com uma

coleção, esta frase, nesta proposta de ensino, poderia se tornar prática e não

teoria.

Como Franz entendemos que para que o nosso educando possa atuar

como cidadão livre e consciente se faz imprescindível o posicionamento escolar

frente aos processos de mudança, preparando-os para uma compreensão mais

crítica do mundo e de si mesmos.

A Escola não pode seguir ignorando como está sendo elaborado (pelos que por ela passam) este processo de globalização, de homogeneização, de perdas de referências da identidade, de perpétua agitação causada pelas mudanças bruscas, às vezes violentas, em todos os âmbitos da vida. (FRANZ, 2003, p.42).

Page 11: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

No intuito de averiguar a relação entre a comunidade de estudantes do

CEP e a sua pinacoteca, propôs-se uma pesquisa7 aos estudantes de 1ª e 2ª

série do ensino médio, escolha esta pelo fato de até 2007 não ser ofertado o

ensino fundamental neste estabelecimento. Participaram da pesquisa cinquenta e

duas turmas nos três turnos. Foi solicitado, de forma voluntária, o envolvimento de

quatro estudantes por turma, o que foi atendido sem problemas segundo

depoimento de professores, que colaboraram na aplicação do questionário

incentivando e permitindo que seus educandos o respondessem durante o horário

de suas aulas. Infelizmente alguns questionários foram devolvidos sem o devido

preenchimento o que resultou num total de cento e sessenta e um estudantes

respondentes. Para a realização da pesquisa contou-se com a autorização da

direção geral do CEP, o apoio de coordenadores da Escolinha de Arte e seus

professores (aproximadamente vinte professores).

Os professores colaboradores da pesquisa foram orientados quanto ao

encaminhamento da mesma. Antes de responder o questionário os educandos

foram convidados a observar atentamente uma reprodução fotográfica da pintura

que se considera a mais conhecida de todo o acervo, tanto pela sua história, valor

estético e conteúdo, como pela sua localização8 estratégica no Salão Nobre.

Trata-se da pintura histórica a óleo, de Theodoro De Bona, nas dimensões de

460x260 cm, elaborado entre os anos de 1947 e 1948 sob o tema e título de “A

Fundação de Curitiba”.

A análise qualitativa e documental apresenta dados que nos mostram a

necessidade deste projeto. Dos cento e sessenta e um respondentes, quarenta e

nove respondeu que já tinham visto aquela pintura antes, o que equivale a trinta

por cento do total das respostas. Com certeza um percentual muito baixo

considerando que, na sua maioria, os estudantes já estavam a mais de um ano no

CEP. Com o intuito de facilitar as respostas no prolongamento da questão,

apresentaram-se algumas alternativas quanto ao local da obra, então o

desconhecimento ficou ainda mais evidente. Surpreendentemente apenas treze

7 Esta pesquisa foi apresentada no 2° Simpósio de Ensino da Arte da FAP em 8 de novembro de 2008 como forma de relato sob o título “A pinacoteca do Colégio Estadual do Paraná – Posse e valor dos estudantes”. 8 Esta pintura encontra-se em destaque, instalada no piso superior deste salão (mezanino), na parede central, com grande visibilidade para quem entra no recinto.

Page 12: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

educandos apontaram a localização da obra, outros sabiam apenas que ela

estava no seu colégio.

Perguntado se conheciam a pinacoteca do CEP, uma coleção de pinturas,

talvez a palavra ”pinacoteca” possa tê-los impedido de considerar e incluir as

obras as quais tem acesso semanalmente na Escolinha de Arte CEP, ou ainda

entenderam que só seria apropriada a afirmativa daqueles que conheciam toda a

coleção. De qualquer forma, se revela a carência da apresentação dessa coleção

por meio de uma professora, ou professor, pois das oitenta e uma respostas

afirmativas, menos de um terço, ou seja, apenas vinte e dois afirmaram conhecer

a pinacoteca e tomaram ciência da sue existência pela a ação docente.

Na sequência as respostas denunciam que se por um lado a professora ou

professor de arte é o maior agente a estabelecer contato com a pinacoteca, de

outro o saber dos alunos sobre a existência da pinacoteca não veio da aula de

arte. Nenhum estudante afirmou tê-la visitado formalmente. Isto pode justificar

também a estatística das respostas seguintes: cento e vinte e cinco estudantes

responderam não ter contato com esta coleção. As respostas positivas se devem

a obra “O Bar”, com as observações que o maior contato se propicia pelo fato

desta estar localizada na entrada da Escolinha e “A Fundação de Curitiba” pela

participação deles em eventos no Salão Nobre.

Para verificar o conhecimento acerca das obras citadas pelos estudantes.

“O Bar” e “Fundação de Curitiba”, solicitamos que se fizesse uma descrição e em

seguida uma argumentação sobre a representação da mesma. Tanto numa como

em outra questão, os estudantes se esforçam. Porém nas suas descrições e

comentários denunciam uma leitura ingênua, até bastante superficial, daquela que

seria a obra com a qual tiveram mais contato, optando pelo óbvio, se atendo a

personagens e títulos.

Quanto a obra mais representativa da pinacoteca, “Fundação de Curitiba”

de Theodoro De Bona, destacam-se dois focos mais abordados: a descrição

simples do que se vê, com comentários sobre os índios e sua nudez, os

colonizadores brancos que em contraste com os índios estão todos vestidos, a

paisagem local, onde alguns estudantes fazem referência aos pinheiros araucária

e assim reconhecem que se trata de uma cena paranaense, e a temática onde se

arriscam palpites como colonização, discussão entre índios e colonizadores, e

Page 13: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

outros até falam da chegada de portugueses em praias brasileiras, numa total

inobservância da cena, possivelmente influenciados por outra pintura histórica

como a “Primeira Missa no Brasil” (1860) de Victor Meirelles de Lima (1832-

1903), amplamente divulgada pelos livros didáticos da disciplina de história.

Ao opinarem sobre a existência e função de uma pinacoteca no colégio,

muitos estudantes fizeram a ligação da pinacoteca com a disciplina de Arte.

Felizmente a maioria reconhece o seu valor e entende que conhecê-la poderia

levá-los a um crescimento não só de domínio estético, mas também de atitudes

de criticidade. Muito embora suas opiniões sejam coerentes deve-se lembrar que

esta pinacoteca se formou através dos tempos, possivelmente, nunca

compreendida que poderia tornar-se um recurso didático na referida disciplina ou

de qualquer outra.

Finalmente, ao serem questionados sobre a possibilidade de acesso das

pessoas a esta coleção a negativa foi esmagadora, com muitas observações de

que até mesmo eles, os estudantes do CEP, a desconhecem.

Como desenvolver uma prática educativa a partir da coleção?

Em toda a investigação nenhuma referência ao estilo, técnicas e materiais,

enfim as características e identidades peculiares a cada obra, foram

mencionadas. Constata-se então que o simples acesso as obras não concretiza a

apropriação da mesma.

Entrar num museu ou instituto cultural sabendo o que expõe não garante que possamos aproveitar a visita para ampliar os nossos conhecimentos. As informações são importantes, quer sejam por leitura, pesquisa ou pelo monitor ou mediador, mas o importante é também o nosso olhar/corpo singular, o encontro entre nossas referências pessoais e sociais com o que os nossos olhos vêem, como que os nossos ouvidos ouvem, com o que o nosso corpo sente. (MARTINS, 2005, p.14)

Portanto, a escolha de como e o que ensinar diante de uma obra, depende

do planejamento do educador, cuja formação segundo Freire “não pode fazer-se

alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da

curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e de outro, sem o

reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da

intuição ou adivinhação” (FREIRE, 2006, p.45)

Page 14: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Fortalecida pelos pensamentos e relatos de experiências dos autores já

referenciados neste artigo é que fui aos poucos construindo um plano de ação

no objetivo de modificar não só a minha prática pedagógica, mas também de

propiciar novas possibilidades de produção de conhecimento a partir das imagens

das obras da pinacoteca CEP, fotografadas para a elaboração de um material

didático de apoio.

As imagens disponíveis são mediano-ruins, somente impressas e de difícil

acesso, o que as retiram da prática de qualquer educador. Assim fotos digitais de

boa resolução e que permitam a leitura dos seus detalhes foram produzidas e

resultaram na elaboração de um material didático, em forma de unidade temática,

apresentado como parte integrante do PDE. Chamado de Produção Didático-

Pedagógica pelo programa, o material se compõe de um CD com trinta imagens

gravadas em JPG, que por sua alta definição permitem a impressão no tamanho

A3 e um texto apresentando a pinacoteca com os principais dados de

identificação de cada obra.

Ao propiciar o acesso, através deste material, a todos os professores, uma

vez que futuramente, de acordo com a promessa do programa, este se

disponibilizará digitalmente a todos, cumprir-se-á um dos objetivos do projeto: a

democratização do acervo da pinacoteca CEP.

No início de 2009 fez-se a escolha da 5ª série9 para a aplicação do projeto,

na intenção de garantir que todo estudante, desde o princípio de sua história no

colégio, tenha acesso e conhecimento de sua pinacoteca no sentido de construir

o sentimento de pertença deste patrimônio.

Na elaboração do plano de trabalho docente para o ano de 2009, o projeto

de estudo da pinacoteca se encontra inserido e totalmente relacionado ao

currículo básico do Estado do Paraná que propõe a organização curricular a partir

dos conteúdos estruturantes de arte: elementos formais (recursos empregados

numa obra, elementos da natureza e da cultura), composição (processo de

organização dos elementos formais) e movimentos e períodos (revela aspectos

sociais, culturais e econômicos presentes numa composição artística).

9 Há muitos anos o CEP só oferecia o ensino médio. A partir de 2008 abriu sua oferta também para o ensino fundamental, séries finais.

Page 15: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Antes de iniciar o estudo da pinacoteca trabalhou-se com a história de

coleções e museus através de livros e textos, para assim compreender a

importância da conservação e manutenção das peças de uma coleção. Como

forma de apresentar e valorizar o patrimônio do colégio visitou-se vários espaços

onde se encontram coleções, como a biblioteca, o museu Guido Straube10 e o

saguão superior (1° andar) que abriga a coleção de troféus e medalhas, deixando

por último a passagem pelo Salão Nobre, apresentando-se assim a existência de

uma pinacoteca no colégio.

Considerando-se as especificidades do ensino da arte no CEP, onde se

trabalha semestralmente (subdivisão da turma em dois grupos), e respeitando o

calendário, teve que se fazer escolha de quais obras seriam apresentadas e

estudadas, considerando também o tempo e espaço apropriado para a realização

das aulas.

A fim de organizar uma forma de apresentação se optou pelas categorias

de gêneros acadêmicos de arte presentes na pinacoteca CEP como retrato,

natureza morta, cenas históricas e paisagens, propiciando ligações entre autores

de estilos e épocas diferentes.

Os dois grupos conheceram, visitaram e estudaram a pinacoteca, porém

cada um realizou um estudo mais aprofundado de diferentes obras com exceção

da pintura histórica “A Fundação de Curitiba”.

Esta obra foi estrategicamente escolhida para iniciar o ensino da

pinacoteca nos dois semestres. O artista ao elaborar esta pintura baseou-se em

duas lendas que explicam a fundação da cidade de Curitiba11. Coincidentemente

no início de cada semestre temos datas referentes a esta cidade, são elas: 29 de

10 Guido Straube (1890-1937) foi professor de história natural no antigo Ginásio Paranaense (atual CEP) Iniciou uma coleção com material de apoio as suas aulas, como espécimes de botânica, geologia e zoologia. O acervo foi transportado para a atual sede do colégio e esta coleção se ampliou. Hoje transformada em museu, além de objetos, reúne mobiliários, fotografias e documentos históricos do próprio colégio. 11Uma lenda diz que um grupo de bandeirantes teria convidado o cacique Tindiguera para lhes dar a indicação do melhor local para a fundação de uma povoação. Este o fez com uma vara na mão, fincando-a no chão e dizendo: “aqui”. Posteriormente neste lugar seria erguida uma capela a Nossa Senhora da Luz. A outra lenda conta que em uma capela erigida a Nossa Senhora da Luz, no vilarinho dos Cortes (hoje Atuba), a esfinge de Nossa Senhora teria todas as manhãs seus olhos luminosos voltados para o poente (Curitiba) indicando onde seria a sua igreja definitiva. Os moradores decidiram então atender ao pedido da santa e destemidamente se dirigiram ao local, preparados para o enfrentamento com os índios. Ao contrário do esperado foram cordial e generosamente acolhidos pelos índios que lançaram seus arcos ao chão em sinal de paz.

Page 16: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

março, fundação de Curitiba e 8 de setembro, homenagens a padroeira Nossa

Senhora da Luz dos Pinhais.

Os encaminhamentos privilegiam três momentos da prática pedagógica em

arte que segundo os parâmetros curriculares do Estado do Paraná são: teorizar,

que consiste na abordagem do conhecimento historicamente construído; sentir e

perceber, que propicia a apreciação da obra em uma dimensão estética e

finalmente o trabalho artístico, ou seja, o trabalho criador, com experiências

artísticas empregando materiais específicos de arte, ou não.

No caso de “A Fundação de Curitiba”, iniciou-se com o contato direto com

a obra. Os estudantes foram ao Salão Nobre e num primeiro momento, sentados

diante desta pintura exercitaram uma observação minuciosa. Em seguida

começaram os questionamentos por parte de estudantes e professora, na

tentativa de se obter informações e pensamentos sobre a mesma. As perguntas

mais comuns surgiram nos dois grupos, sobre a nudez dos índios e se de fato o

artista viu a cena representada, o que abriu um caminho para se falar de pintura

histórica. Os educandos compreenderam e eles mesmos fizeram comparações

com outras obras, como “O grito do Ipiranga” (1888) de Pedro Américo (1843 -

1905). Contei rapidamente as lendas que inspiraram o artista, e aos poucos

alguns elementos que num primeiro olhar não traziam significados, foram sendo

revelados, como as palavras em destaque no alto da moldura “Taki Kéva”, que

significa ”é aqui”, anúncio feito pelo cacique no momento em que fincou a lança

para apontar o local da nova vila.

Os olhares continuaram passeando atentamente pela pintura, fizeram

observações sobre as pessoas, animais, paisagem de fundo, cores e texturas,

observando que em alguns fragmentos da tela não existem pinceladas de tinta,

deixando transparecer o suporte. Aproveitei então para falar um pouco das

referências do artista, suas características, seu domínio na representação da

figura humana e apresentei outras pinturas de De Bona que também estão no

mesmo ambiente. As semelhanças de figuras, como as mães amamentando, as

cores das roupas, os verdes da vegetação, e os azuis do céu, foram rapidamente

identificados e apontados pelos estudantes.

Como proposta de trabalho criador, em um outro momento, já em sala de

aula, foi solicitado que desenhassem um fragmento da obra visitada e

Page 17: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

justificassem a sua escolha. O resultado foi muito interessante. Ficou clara a

preferência entre os meninos da representação do índio com a lança, muitos até

escreveram, em forma de balão (quadrinhos) a frase do cacique: - Taki-kéva.

Entre as meninas ocorreu a predominância da temática religiosa, interessante que

mesmo entre as que diziam não ser católicas. Figuras femininas, como a mãe

colona amamentando e a mãe indígena com seu filho, representadas no canto

inferior, à direita e ao centro do lado esquerdo de quem observa a pintura,

respectivamente, também apareceram de forma significativa tanto para os

meninos como para as meninas, lembrando que estes estudantes estão na faixa

etária de dez ou onze anos.

Na continuidade do projeto os dois grupos trabalharam na seqüência dos

gêneros natureza morta, retrato e paisagem.

No primeiro semestre a obra “Peixe” Gino Bruno (1899-1977) foi estudada

a partir de um exercício de composição. Como passo inicial os estudantes

elaboraram peixes de dobradura. Após desenhar uma oval na parte de baixo do

espaço da folha de papel, estes peixes (de dobradura) deveriam ser colados

dentro da oval. Na sequência completaram, por meio de desenho e pintura com

giz de cera, a composição. O único ponto em comum seria que todos os trabalhos

se titulassem “Peixes”. A variedade foi surpreendente, as ovais se transformaram

em aquários, em conchas, em pedras, em panelas, em estômagos de outros

bichos, enfim, os peixes apareceram vivos e mortos. Com os trabalhos

concluídos, cada educando expôs seu pensamento para a composição, foi então

que lhes apresentei a obra de Gino Bruno e diante desta fizemos a mediação.

Todos queriam ver de perto, mas muito perto. As cores, o tratamento das tintas e

suas texturas foi o que mais chamou atenção de imediato, só então começaram a

fazer relações com suas pinturas, observando os demais elementos e

constatando que assim como no exercício que eles executaram, os peixes de

Gino Bruno também estavam dentro de uma oval, o prato, ou bandeja. Brincaram

dizendo que quem havia representado o peixe morto teria acertado, pois estava

mais próximo da composição do artista e “mais adequado” ao gênero natureza

morta. Brincadeiras à parte, os estudantes saíram impressionados com a

qualidade da pintura, com muitos comentários de que se tratava da “pintura mais

bonita” da pinacoteca.

Page 18: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

O segundo grupo trabalhou como natureza morta, a aquarela de Emma

Koch (1904-1975), “Antúrios”. Assim como os colegas, os exercícios de

composição vieram primeiro. Iniciou-se com um desenho de observação de

plantas naturais, colocadas sobre as mesas, que evoluiu para a pintura a

aquarela. Interessante que na representação a lápis os estudantes foram bem

observadores e muito fiéis a imagem representada, porém no momento de

colocar cor algo inusitado começou a aparecer. A folhagem que era predominante

verde ganhou novos tons. Os trabalhos ficaram muito coloridos, e tive a sensação

de que todos queriam aproveitar ao máximo daquela técnica que lhes estava

sendo oferecida. A pintura de Emma Koch foi apresentada num primeiro momento

por imagem digital seguida de informações sobre a artista, suas obras e técnica

desenvolvida. Mais tarde em visita a sala da direção, local onde se encontra a

obra, os educandos puderam observar e fruir da mesma. De imediato surgiram

comentários expressando a qualidade da pintura, uma vez que já tinham

experimentado a técnica e considerado difícil.

A abordagem do trabalho com retratos, consistiu em uma breve

explanação sobre a presença dos mesmos ao longo da história da arte, sem a

preocupação de uma linha evolutiva, mas mais com a intenção de se mostrar,

como este gênero pode ser diversificado em técnicas, estilos e formas retratar e

de se auto-retratar. Inevitáveis as perguntas de curiosidades sobre a “Mona Lisa”

(1503- 1506) de Leonardo Da Vinci, o que eu considero muito importante para se

quebrar alguns mitos, e revelar o verdadeiro valor estético desta obra. Em

exposição digital das várias obras da pinacoteca os estudantes identificaram e

apontaram as que se tratavam deste gênero, e estas foram estudadas com mais

informações. Na Escolinha de Arte, diante da obra “O Bar” os educandos

puderam perceber que mesmo uma cena simples, de cotidiano, pode camuflar um

auto-retrato. Poucos estudantes confessaram já ter percebido antes da mediação,

a presença do pintor, que ao mesmo tempo desenha e se insere na cena e nos

observa como espectador.

Os grupos tiveram a oportunidade de exercitar a representação do retrato

do colega, através de desenho de observação. Frente a frente, cada um na sua

vez, fazia o retrato do colega, em tamanho A4, como se fosse uma fotografia 3x4

ampliada. A proposta agradou e todos conseguiram, do seu jeito, transmitir

Page 19: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

características do colega representado. Alguns gostaram tanto que trocaram

trabalhos com dedicatórias, levando a sua representação para casa.

O último gênero estudado foi paisagem. Ao grupo do primeiro semestre foi

apresentada com destaque a aquarela “Casario” de Ricardo Koch, em nova visita

ao Salão Nobre, dentre a tantas paisagem ali representadas. Explanou-se sobre

os diversos elementos que podem aparecer em uma composição de paisagem

classificando-as como humanísticas, ou marinhas, por exemplo, e ali mesmo, os

estudantes arriscaram a classificação de algumas com êxito. Como proposta de

trabalho criador cada um criou a sua paisagem e o elemento comum, que deveria

estar presente em todos os trabalhos, eram casas. Interessante como nenhum

tentou reproduzir exatamente a obra de Ricardo Koch, isto nem foi sugerido, mas

a influência das cores (dos telhados coloridos da pintura “Casario”) ficaram

evidentes, deixando a certeza que esta foi bem observada.

No segundo semestre o grupo se ateve ao estudo das marinhas, com

destaque para a pintura de Lange de Morretes “Mar”. Pintura quase

monocromática em tons de azul e verde, quebrados por manchas amarelas. O

elemento cor foi estudado com exercícios de pintura de cores primárias, e suas

misturas recebendo como motivação a representação de algum objeto pessoal.

Após este exercício partiu-se para uma composição de paisagem marinha, com

um leve esboço e pintura a guache, respeitando os princípios já estudados de

cores quentes, frias e complementares, e seus efeitos no conjunto da

composição. Surgiram trabalhos de boa qualidade e o interessante foram os

comentários durante a elaboração dos mesmos, com sugestões e trocas de

informações sobre cores entre os colegas.

Além destes trabalhos por gêneros ambos os grupos fizeram um exercício

de desenho de observação e pintura do pinheiro araucária. O exercício foi feito ao

ar livre, nos jardins do CEP, onde se tem a visão de várias araucárias. Muitos

manifestaram a dificuldade de representação da mesma, mas cada um resolveu

do seu jeito, o que foi muito importante para o próximo passo, pois esta árvore se

encontra na maioria das obras dos artistas paranaenses, constatação feita pelos

educandos diante de diversas pinturas de paisagens em visita ao Salão Nobre. As

araucárias foram identificadas e comparadas na sua forma de representação,

revelando, de certa forma, o estilo de cada artista.

Page 20: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

Durante todo o desenvolvimento do projeto aconteceu, aos poucos, o

esperado, quanto à identificação, relação de historicidade e sentimento de

pertença da pinacoteca. Alguns estudantes, antes mesmo de se começar a

explanação sobre alguma obra, já se adiantavam dizendo que o artista foi aluno

ou professor do CEP, demonstrando a percepção quanto a constante existência

desse fato.

Alguns comentários denunciaram a extensão que esta prática alcançou

além da sala de aula. Como a narrativa de uma educanda que ficou sabendo,

após comentários em casa sobre o que estava estudando no colégio, que sua

mãe trabalha para uma sobrinha de Theodoro De Bona. E outra que ao comentar

sobre as atividades nas aulas de arte com o seu dentista, este lhe revelou que

teria sido aluno de Ricardo Koch, ali mesmo no CEP. Senti nestas declarações

um grande entusiasmo por parte das estudantes e a certeza de que a prática, não

se limitava ao conhecer, fruir e criar, mas também de compartilhar com familiares,

amigos e conhecidos das novas experiências e descobertas, enfim o

prolongamento da prática seria tema de outra pesquisa.

Buscando apreender e avaliar todo este processo com os educandos do

CEP, foi proposto um texto em que deveriam contar sobre o trabalho semestral da

disciplina de arte. Os estudantes, na sua maioria, descreveram toda seqüência,

com detalhes sobre as obras, os artistas e as técnicas utilizadas na elaboração de

seus trabalhos. Muitos agradeceram a possibilidade de conhecer presencialmente

as obras, sendo que nunca tinham vivenciado algo semelhante, outros

enfatizaram o prazer da realização de trabalhos com qualidade utilizando

materiais inéditos para eles como a aquarela.

Entre os colegas da Escolinha a aceitação da proposta foi unânime,

entendendo a sua importância, por sugestão das coordenações da Escolinha esta

prática pedagógica será incluída como obrigatória no ensino das artes no CEP

para as séries iniciais. O que é uma grande conquista para o ensino da arte no

colégio, para a comunidade e para mim enquanto docente comprometida com a

democratização do patrimônio e do conhecimento, em arte.

Page 21: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Adalice e BETTES, Maristela. Colégio Estadual do Paraná:Acervo da Pinacoteca . Curitiba: Imprensa Oficial, 2002.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte . São Paulo:Editora

Perspectiva, 1996. BERG, Evelyn in BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte . São

Paulo:Editora Perspectiva, 1996. Apresentação, p. XI- XIV. BOURDIEU, Pierre e DARBEL, Alain. O amor pela arte: os museus de

arte na Europa e seu público . São Paulo: Edusp, 2007. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,

2003. BUCHMANN, Luciano. Reprodução da ideologia dominante em aulas

de artes de Curitiba: a influência dos painéis de P oty lazzarotto. 2007. Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.

COSTA, Paulo de Freitas. Sinfonia de objetos: a coleção de Ema

Gordon Klabin . São Paulo: Iluminuras, 2007.

CHAUI, Marilena. Cidadania cultural . São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos . São Paulo: Paz e Terra, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à

prática educativa . São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura). FRANZ, Teresinha. Educação para uma compreensão crítica da arte .

Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2003.

LEITE, Maria Isabel e OSTETTO, Luciana Esmeralda (Orgs.). Museu, educação e cultura: Encontros de crianças e profess ores com a arte . Campinas, SP: Papirus, 2005. (Coleção Ágere).

MARTINS, Mirian Celeste (Org.). Mediação: provocações estéticas . São Paulo: Instituto de artes Universidade Estadual Paulista, v. 1, n. 1, outubro 2005. Anual ISSN 1808-9496.

PESSANHA, José Américo da Motta. O sentido dos museus na cultura . In MINISTÉRIO DA CULTURA/ FUNARTE. Série encontros e estudos 2 “O museu em perspectiva”, 1996, p. 29-43.

Page 22: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente

SANTOS, Maria Célia T. Moura. Museu, escola e comunidade – Uma integração necessária . Salvador: Bureau Gráfica e Editora, 1987.

Documentos emitidos pelo setor de patrimônio do Colégio Estadual do Paraná.Agosto de 2008. Sites: http://www.aeronoticias. pr.gov.br acesso em 14/12/2009. http://www.cep.pr.gov.br acesso em 12/11/2009. http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br acesso em 10/12/2009. http://www.itaucultural.org.br acesso em 14/12/2009 e 15/12/2009. http://nossasenhoras.sites.uol.com.br http://www.prdagente.pr.gov.br acesso em 17/12/2009. http://romelcorsi.blogspot.com acesso em 15/12/2009. http://www.traca.com.br acesso em 14/12/2009. http://pt.wikipedia.org acesso em 14/12/2009 e 15/12/2009.

Page 23: Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da … · 2009-12-21 · Posse e valor: uma prática educativa em arte a partir da pinacoteca do CEP Lorene De George 1 O presente