pós fordismo e ondas de mudanças tecnológicas

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Panorama histórico da Inovação (Continuação) O Pós-Fordismo e as mudanças tecnológicas De acordo com Tigre (2006), o último quartil do séc. XX. foi marcado pela transição do Fordismo (baseado na produção em massa de produtos tangíveis, físicos, que se utilizam de muita matéria-prima), para uma economia focada na Informação e conhecimento (microeletrônica). O pensador Alvin Toffler, na década de 60, já havia previsto a crise do Modelo Fordista ou Fordismo, que veio a se manifestar com o choque do Petróleo em 1973. O choque do petróleo significou o esgotamento de um modelo produtivo da economia baseado em energias e materiais que não são sustentáveis. Nos anos 90, temos outras inovações que se manifestam por meio da internet e da microeletrônica que provocam a chamada revolução das “Tecnologias de Informação e Comunicação” (TIC). As TICs promovem uma nova estrutura econômica, denominada “wintelismo” (Windows + Intel) que nos anos 90 veio de acordo com Tigre (2006) substituir o Fordismo. Essa nova estrutura industrial denominada “Wintelismo” que na verdade representa a hegemonia das TICs representou, entre outros (TIGRE, 2006): 1. Acréscimo do conteúdo informacional da produção- observa-se hoje mais informação e conhecimento formando o chamado capital intangível, incorporado também ao conhecimento tácito na produção. Hoje o ciclo de vida dos produtos é rápido e o produto permanece pouco tempo no mercado. Com isso se gasta cada vez mais com Pesquisa e Desenvolvimento, o que representa maior conteúdo de informação e conhecimento necessário para a produção. 2. Economias de velocidade- A TIC potencializa negócios e facilita o chamado Just-in-Time, trazendo agilidade no atendimento, na entrega e distribuição de produtos, contribui para diminuir o lead time (tempo de entrega do fornecedor);

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Page 1: Pós Fordismo e ondas de mudanças tecnológicas

Panorama histórico da Inovação (Continuação)

O Pós-Fordismo e as mudanças tecnológicas

De acordo com Tigre (2006), o último quartil do séc. XX. foi marcado pela transição do Fordismo (baseado na produção em massa de produtos tangíveis, físicos, que se utilizam de muita matéria-prima), para uma economia focada na Informação e conhecimento (microeletrônica).

O pensador Alvin Toffler, na década de 60, já havia previsto a crise do Modelo Fordista ou Fordismo, que veio a se manifestar com o choque do Petróleo em 1973. O choque do petróleo significou o esgotamento de um modelo produtivo da economia baseado em energias e materiais que não são sustentáveis.

Nos anos 90, temos outras inovações que se manifestam por meio da internet e da microeletrônica que provocam a chamada revolução das “Tecnologias de Informação e Comunicação” (TIC). As TICs promovem uma nova estrutura econômica, denominada “wintelismo” (Windows + Intel) que nos anos 90 veio de acordo com Tigre (2006) substituir o Fordismo.

Essa nova estrutura industrial denominada “Wintelismo” que na verdade representa a hegemonia das TICs representou, entre outros (TIGRE, 2006):

1. Acréscimo do conteúdo informacional da produção- observa-se hoje mais informação e conhecimento formando o chamado capital intangível, incorporado também ao conhecimento tácito na produção. Hoje o ciclo de vida dos produtos é rápido e o produto permanece pouco tempo no mercado. Com isso se gasta cada vez mais com Pesquisa e Desenvolvimento, o que representa maior conteúdo de informação e conhecimento necessário para a produção.

2. Economias de velocidade- A TIC potencializa negócios e facilita o chamado Just-in-Time, trazendo agilidade no atendimento, na entrega e distribuição de produtos, contribui para diminuir o lead time (tempo de entrega do fornecedor);

3. Economias externas- o aumento da rede de comunicação entre usuários permite maior aproveitamento dos recursos de uma região, além dos limites de uma empresa.

É curioso notar que neste período pós-fordista, os chamados Evolucionistas e Neoshumpeterianos ganham espaço. Esses autores (economistas, pesquisadores, dentre outros) acreditam que: não existe perfeito equilíbrio e conhecimento completo do mercado; o aprendizado é cumulativo (as rotinas criativas permitem a incorporação de novos conhecimentos) e que a inovação ocorre dentro da “firma” em formas de organização do produção, em produtos e processos.

Outra corrente de pensadores sobre a inovação é composta pelos chamados Neoinstitucionalistas, que valorizam não apenas o que ocorre dentro da “firma” ou empresa, mas também o que ocorre no lado externo da firma, tais como os incentivos do governo, o contexto setorial e nacional. De acordo com os Neoinstitucionalistas, a inovação depende de uma “trajetória histórica” de cada país e do modo como fatores sociais e políticos também influenciaram ou

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promoveram o desenvolvimento da inovação (isso é chamado de trajetória de dependência ou path dependence). Essa linha de raciocínio mostra que a inovação não depende somente da empresa e do seu lado interno, mas das condições ambientais vividas pela empresa em seu lado externo (governo, leis, instituições, etc). Para o neoinstitucionalitas é importante entender por exemplo como o tema inovação é tratado nas Universidades, pelo Sistema Financeiro e pelas Instituições reguladoras da atividade econômica. Em alguns países por exemplos as instuições (leis, normas, etc.) se desenvolveram a ponto de favorecer a inovação e já em outros isso não ocorreu.

Ondas de mudanças tecnológicas

O economista russo Kondratieff (1925) foi o pioneiro a estudar as ondas de mudanças pelas quais passam a economia. De acordo com Kondratieff, as mudanças tecnológicas ocorrem em ondas que variam entre prosperidade e crise. Esse importante economista analisou em particular o período entre 1790 e 1920. Shumpeter (1950) se utilizou da pesquisa de Kondratieff e associou o ciclo de prosperidade ao surto de inovações e a crise à saturação do mercado. Embora não se acredite na existência de uma lei que mostre que parte da onda se encontra uma economia, Schumpeter acreditava que somente um surto de inovações pode salvar uma economia da depressão.

Baseado em:TIGRE, P.B. Gestão da Inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006, cap.4.