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Analista Judiciário – Área Judiciária Português Profª Maria Tereza

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Analista Judiciário – Área Judiciária

Português

Profª Maria Tereza

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Português

Professora Maria Tereza

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Edital

PORTUGUÊS: Leitura, análise e interpretação de texto. Variedades de linguagem, tipos e gêne-ros textuais, e adequação de linguagem. Elementos de sentido do texto: coerência e progressão semântica do texto; relações contextuais entre segmentos de um texto; informações explícitas, inferências válidas, pressupostos e subentendidos na leitura do texto. Elementos de estrutura-ção do texto: segmentação do texto em parágrafos e sua organização temática. Interpretação do texto: identificação do sentido global de um texto; identificação de seus principais tópicos e de suas relações (estrutura argumentativa); síntese do texto; adaptação e reestruturação do texto para novos fins retóricos.

BANCA: Faurgs

CARGO: Analista Judiciário – Área Judiciária

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Português

Último Edital

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:

• variedades de linguagem;

• tipos e gêneros textuais e adequação de linguagem;

• elementos de sentido do texto: coerência e progressão semântica do texto;

• relações contextuais entre segmentos de um texto; informações explícitas, inferências válidas, pressupostos e subentendidos na leitura do texto;

• segmentação do texto em parágrafos e sua organização temática;

• identificação do sentido global de um texto;

• identificação de seus principais tópicos e de suas relações (estrutura argumentativa);

• síntese do texto;

• adaptação e reestruturação do texto para novos fins retóricos.

AULA 1

• Análise e Interpretação de textos.

• Identificação da Ideia Central.

• Análise das Alternativas.

• Estratégias Linguísticas.

• Inferência.

• Tipologias Textuais.

Análise e interpretação de texto

PROCEDIMENTOS

1. Observação da fonte bibliográfica, do autor e do título;

2. identificação do tipo de texto (artigo, editorial, notícia, crônica, textos literários, científicos, etc.);

3. leitura do enunciado.

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EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS – 2012

1.   Oavançodasmídiasnasúltimasdécadastemsidorecebidocomgrande2. entusiasmo– não sem razão. Entre elas, uma, especialmente, é saudada3. como revolucionária: trata-se desta quase incompreensível massa de4. informações que circula por milhões e milhões de computadores pelo mundo, 5. queéaInternetequedáatodosnósasensaçãodequepodemosencontrar6. respostas para quase tudo, bastando colocar a palavra certa no buscador.

7.   AInternetrealmentetransformouomundo,facilitouavidadetodosos8. que têm acesso a ela e tem um enorme potencial para popularizar e 9. democratizarainformaçãoeoconhecimentoaolongodestenovoséculo.

10.  Aredepossibilitouquepessoasseconheçam.Estudantes escrevem para11. suas bibliografias. E, estranhamente, para surpresa dos jovens, as12. bibliografias respondem. Aproximou colegas distantes, promovendo o13. intercâmbio científico e cultural, acelerou o mundo dos negócios, as bolsas 14. de valores, e promete uma revolução da educação para os próximos anos. 15.Fezsurgirimpensadasamizadeseatégrandespaixões.

16.  Há,noentanto,umagrandeperversidade na rede: ela está substituindo 17. os encontros entre pessoas que não têm nenhum tipo de impedimento 18. objetivo para se falarem olho no olho. Ou pelo menos para ouvir a voz do 19. outro por um telefone, para o bem ou para o mal.

20.  Oe-mail, como as cartas,éummonólogo,mas as cartas não são ou não 21. eram usadas para a comunicação com o vizinho de sala e não faziam parte 22. da vida cotidiana de pessoas que viviam na mesma cidade. Elas existiam e 23. existem para atenuar a ausência, não para impedir a presença.

24. Estamos tão encantados na frente da tela do computador, ditando as 25. regras ao mundo, sem sermos interrompidos, sem sermos chamados à 26. razão, que esquecemos de olhar ao redor. Estamos seguros e confortáveis, 27. mas menores como seres humanos. Estamos ficando sós.

Adaptado de: PINTO, Céli Regina Jardim. Perverso mundo dos e-mails. Zero Hora, 17 fev. 2007.

Trata-se de um artigo:textojornalístico,assinado,queexpressaaopiniãodealguémsobreumassuntoquedespertao interessedaopiniãopública.Geralmente,quemredigeessetipodegênerotextualéumindivíduonotávelnasartes,napolíticaouemoutrasáreas.Seuobjetivoé,viaderegra,influenciaropontodevistadoleitor.Entresuascaracterísticasestilísticas, destaca-se a linguagem formal, objetiva, simples. Difere do editorialporqueésempre assinado.

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ANÁLISE DO ENUNCIADO

1. A partir da leitura do texto, pode-se concluir que

No ENUNCIADO, as expressões “o texto” e “concluir”norteiamaestratégiadeapreensãodasideias:

• destaque das palavras-chave das alternativas/afirmativas (expressões substantivas e verbais);

• identificação das palavras-chave no texto; • resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

1. A partir da leitura do texto, pode-se concluir que

a) a autora atribui ao desenvolvimento tecnológicodosúltimosdecêniosasdificuldades de relacionamento do homem contemporâneo.

b) "a revolução da educação", de que fala a autora, foi uma das consequências positivas do advento da Internet,ocorridasnasúltimasdécadas.

c) a Internet tornou-se, na opinião da autora, um instrumento insubstituível de pesquisa acadêmica, trabalho e comunicação humana.

d) há, por parte da autora, uma postura saudosista no que se refere às formas de comunicação entre as pessoas.

e) ele estabelece uma equivalência entre as antigas cartas e os e-mails atuais, diferenciando-os,porém,notocanteàsfinalidades com que são utilizados.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE! Atente para as expressões abertas e fechadas das alternativas.

Anotações

Identificação da ideia central

PROCEDIMENTOS

• Identificação do “tópico frasal”: intenção textual percebida, geralmente, no 1º e 2º períodos do texto (IDEIA CENTRAL).

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• Destaque das palavras-chave dos períodos (expressões substantivas e verbais).

• Identificação das palavras-chave nas alternativas.

• Resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Analista Judiciário – FAURGS – 2012

01.  Li outro dia que Samuel Becket dizia que quem morria passava para outro tempo. Não queria dizer outro mundo, com um presumível outro clima. Referia-se ao tempo do verbo. Entre todas as mudanças provocadas pela morte havia esta: o morto passava irremediavelmente ao pretérito.

05.  Era bom pensar assim. A morte acontecia no mundo antisséptico das palavras e das regras gramaticais, nada a ver com a decomposição da carne. O “é”transformara-seem“era”e“foi” e pronto. A migração do morto, em vez de ser da vida para o nada, era só em categorias verbais.

  A vida vista como uma narrativa literária nos protege do horror 10. incompreensível da morte. Podemos nos imaginar como protagonistas de uma trama, que mesmo quando não é clara, indica alguma coerência, em algum lugar.

  O próprio Becket só escreveu sobre isto: a busca de uma trama, qualquer trama, por trás do aparente absurdo da experiência humana. E um 15. enredo, ou um que faça sentido, só pode ser buscado na narrativa literária, no encadear de palavras que a uma revelação, mesmo que essa não explique nada, muito menos a morte.

  Esefalar,falar,falarsemcessar,comofazemospersonagens do Becket na esperança de que aflore algum sentido, não der resultado, pelo menos está-20. se fazendo barulho e mantendo a morte afastada.

  Aliteratura tem essa função, a de uma fogueira no meio da escuridão da qual a morte nos espreita. Ou de uma matraca contra o silêncio final. Vale tudo, mesmo a garrulice incoerente de um personagem do Becket, contra a escuridão e o silêncio. [...]

Luis Fernando Verissimo. A morte não terá domínio (adaptado).

Trata-se de uma crônica: fotografia do cotidiano; o cronista – Luis Fernando Verissimo – apropria-se de um fato do cotidiano e analisa-o, baseado quase exclusivamente em seu ponto de vista.

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ANÁLISE DO ENUNCIADO

2. O texto trata, essencialmente,

No ENUNCIADO, a expressão “essencialmente” norteiaaestratégiadeapreensãodasideias:

• destaque das palavras-chave dos períodos (expressões substantivas e verbais);

• identificação das palavras-chave nas alternativas;

• resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

2. O texto trata essencialmente

a) das nuances de significados obtidos pelo emprego de determinados tempos verbais.b) da possibilidade de relativização da morte na perspectiva do texto literário.c) da loquacidade dos personagens de Becket.d) das funções da Literatura.e) da incompreensão humana a respeito da morte.

Comprovação = Campo Semântico: palavras ou expressões que remetem a uma mesma área do conhecimento.

Samuel Becket morria passava para outro tempo

narrativa literária morte tempo do verbo

protagonistas morto pretérito

trama decomposição da carne regras gramaticais

enredo migração da vida para o nada “é”transformara-seem“era”e“foi”

personagens silêncio final categorias verbais

LITERATURA MORTE GRAMÁTICA

ERROS COMUNS

EXTRAPOLAÇÃO Ocorre quando o leitor sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, normalmente porque já conhecia o assunto devido à sua bagagem cultural.

REDUÇÃOÉ o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um ou outro aspecto, esquecendo-se de queotextoéumconjuntodeideias.

CONTRADIÇÃO

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EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Analista de Sistemas – FAURGS – 2014

Suspiros de fumaça

1.   “Parardefumarémuitofácil.Eumesmojápareiumas20vezes.”Assim2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

6.   Meuprimeirocontatocomocomérciofoicomprandocigarrosparameu7. pai. Diligentemente, não aceitava o troco em balas, o acerto justo dignificava 8. amissão.Hojemelembrodessasincursõescomum pingo de culpa, como se 9. nelashouvesseumanévoadeconivência.Claro, eu era criança.

10.  Se é para ter culpa, melhor lembrar dos últimos anos do meu avô 11. materno, quando eu já era adolescente. Outro que levou o cigarro até o12. fim. Embora a questão seja quem levou quem. Respirando muito mal, os 13.médicoscortaram-lheohábito.Mashouveumapeloeumaconcessão:três14. meios cigarros ao dia. Quando estava comigo, roubava no jogo e eu fazia 15. escandalosa vista grossa. Trocávamos olhares e eu esquecia de cortar o 16.cigarro, oume enganava na difícilmatemática que é discernir entre três e17. quatro.

18.  Sinto falta do cheiro de tabacaria, de comprar cigarros,mas não sei o19. que faria com eles. Eu jamais fumei e meus fumantes se foram. Não 20. descobri se nunca fumei para não desafiar quem derrotou meu pai ou para 21. triunfar onde ele falhou.

22.  Quando minha mulher chegou na minha vida, fumava. Trazia essa23. familiaridade de um gozo que eu não entendia. O cigarro para Diana era um 24. amigo fiel que pontuava e sublinhava sua vida. Antes disso, depois daquilo, 25.nomomentodeangústia,nosmomentosdealegria,contraasolidão,enfim,26. arrimo para todas as pausas. Mas minha paciência com o cigarro, e o custo 27. que ele me trouxe, já havia esgotado. Agora, era eu ou ele. Quase perdi! 28.Havia um inimigo na trincheira, minhas memórias, tinha uma queda pelo29. inimigo. Mas consegui. Depois de anos de luta e com o decisivo apoio da 30. minha tropa de choque, minhas duas filhas, vencemos.

31.  Seexistealgoqueaprendicomocigarroénãomenosprezarsuaforçae32. o preço que os fumantes estão dispostos a pagar. Tingir de morte o seu 33. prazer, como a medicina explica e agora está impresso em qualquer maço, a 34.meu ver, pouco ajuda. Talvez só denote o que ele é, uma tourada com a35. finitude, desafiando e chamando a morte a cada tragada. O preço por esse 36.prazer letal é enorme para a saúde pública. Mas o pior, talvez mais37.doloroso por ser mais próximo, é testemunhar essa escolha entre a38. fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. Gostaria que

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39. todos os fumantes que amei tivessem preferido a minha companhia à dele, 40.decujapreferência sempre terei ciúme.Precisamosganharos fumantesde41. volta para nós.

Adaptado de: CORSO, Mário. Suspiros de fumaça. Zero Hora, 12/06/2014.

3. Assinale a alternativa que apresenta ideia que se pode depreender da leitura do texto.

a) Com suas brincadeiras, o pai do narrador pretendia aumentar a importância de sua incapacidade de parar de fumar.

b) O narrador considera-se mais culpado por não ter se empenhado contra o vício do avô do que por ter colaborado com o vício do pai.

c) O vício da mulher do narrador o incomodava por impedi-la de dedicar-se às filhas. d) Na opinião do narrador, o preço alto de um maço de cigarros não é suficiente para

desestimular o tabagismo. e) Paraonarrador,omaisdolorosoétestemunharatentativadosfumantesdelivrar-sedo

vício do cigarro.

Comentário:

a)CONTRADIÇÃO:aumentaraimportância≠minimizarsuamaiorderrota.(l.2)

b) CORRETA (“depreender”).

c) REDUÇÃO: escolha entre a fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. (l. 37-38)

d)EXTRAPOLAÇÃO:Opreçoporesseprazer letaléenormeparaasaúdepública.(l.35-36)

e) CONTRADIÇÃO: talvezmais doloroso por sermais próximo, é testemunhar essaescolha entre a fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. (l. 36-38)

Análise das Alternativas – Estratégias Linguísticas

PROCEDIMENTOS

1. PALAVRAS DESCONHECIDAS = PARÁFRASES e CAMPO SEMÂNTICO e ETIMOLOGIA.

Paráfrase =versãodeumtexto,geralmentemaisextensaeexplicativa,cujoobjetivoétorná-lomais fácil ao entendimento.

Campo Semântico = conjunto de palavras que pertencem a uma mesma área de conhecimento.

Exemplo: aluno / professor / caderno / notas / caneta, etc.

Etimologia (dogregoantigo)éapartedagramáticaque tratadahistóriaoudaorigemdaspalavras e da explicação do significado de palavras por meio da análise dos elementos que as constituem(morfemas).Poroutraspalavras,éoestudodacomposiçãodosvocábulosedasregras de sua evolução histórica.

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Anotações

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Analista de Sistemas – FAURGS – 2014

Suspiros de fumaça

1.   “Parardefumarémuitofácil.Eumesmojápareiumas20vezes.”Assim2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

4. Com a expressão esconderijos insólitos (l. 5), o narrador faz referência aos locais

a) perigosos em que seu pai guardava os cigarros. b) desagradáveis em que seu pai guardava os cigarros. c) representativos em que seu pai guardava os cigarros. d) distantes em que seu pai guardava os cigarros. e) incomuns em que seu pai guardava os cigarros.

TJ-RS – Programador – FAURGS – 2014

Algumas palavras de quem não entende de futebol.

1.   Eununca acompanhei futebol.Não sou torcedora de timeque seja, e2. meus sobrinhos adoram dizer que, já que não tenho time, sou do time deles 3. em dia de jogo. Sendo assim, já fui torcedora, sem querer ou saber, de 4. alguns times.

5.   Em todas as Copas que cabem naminha biografia, acho que assisti a6. dois jogos do Brasil, e nem me lembro em quais anos. Contudo, se há algo 7. que eu sei, é que muitos brasileiros adoram futebol. Eu nunca entendi o8. esporte, ou tive paciência de assistir a jogos o suficiente para ter uma ideia 9. do que se trata esse objeto de apaixonamento coletivo.

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10.  Quando saiu anotíciadequeaCopa serianoBrasil, nãohouve como11. fugir do assunto. Entraram outros temas no pacote, muitos brasileiros se 12. inspiraram para bendizer e maldizer o esporte e o país. Em 2014, a minha 13. curiosidade pelo futebol aumentou. Fiquei mesmo querendo entender por 14. que as pessoas sofrem durante um jogo, ao mesmo tempo em que, a cada 15. gol, elas entram em êxtase.

16.  Durante a Copa, assisti a quase todos os jogos e não somente aos do17. Brasil. Depois do terceiro, nem era mais por curiosidade, mas por 18. abismamento: como esses jogadores conseguem fazer o que fazem com 19. uma bola? E por deslumbramento, que cada time tinha a sua própria 20. coreografia, o que torna impossível um jogo ser parecido com o outro. Dei-21.meconta,também,dequeusamostermosdofutebolaonoscomunicarmos22. diariamente.

23.  Aindanão tenho timepreferidoeachoqueassimcontinuarei.Quanto24. ao do Brasil, vou sempre torcer por ele em Copa, esperando que os ajustes, 25. que os especialistas alegam serem necessários para um jogo bonito — pois 26.é,tambémdeideassistiraosprogramassobreoesporte—,sejamfeitos,e27. que, assim, os torcedores possam festejá-lo, independente de uma vitória.

Adaptado de: DIAS, Carla. Algumas palavras de quem não entende de futebol. Disponível em http://www.cronicadodia.com.br/2014/07/algumaspalavras-de-quem-nao-entende.html.

Acessado em 14 de julho de 2014.

5. A autora afirma que usamos termos do futebol ao nos comunicarmos diariamente (l. 21-22). Assinale a alternativa que apresenta um exemplo que sustenta essa afirmação.

a) João está blefando; ele não recebeu nenhuma proposta de emprego, ao contrário do que nos disse.

b) Maria sempre entrega suas tarefas aos quarenta e cinco do segundo tempo.c) Anaestátãoadiantadaemsuastarefasquejáestáatépassandoporretardatários.d) Pedro ganhou sinal verde para executar seu projeto na empresa. e) Chega de mentiras! Está na hora de colocar as cartas na mesa.

Anotações

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2. BUSCA DE PALAVRAS “FECHADAS” NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser incorreta):

• advérbios; • artigos; multimídia • tempos verbais; • expressões restritivas; • expressões totalizantes; • expressões enfáticas.

X3. BUSCA DE PALAVRAS “ABERTAS” NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser a correta):

• Possibilidades; • hipóteses(provavelmente,épossível,usodofuturodopretéritodoindicativo(-ria),modo

subjuntivo...).

Anotações

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS – 2010

01.  Umaemcada4pessoasqueusamainternetnomundotemumacontano02. Facebook. Esse meio bilhão de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente. Os 03. 100 milhões de usuários do Twitter postam 2 bilhões de mensagens por mês. Dê um 04.googlenonomedealguémeostweetsdelevãoestarlá.Pesquisadorescunham05. termos bonitos como a "era da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas e 06. exibicionistas demais hoje.

07.  E a maior rede social do planeta deu um passo grande rumo à tal08. hipertransparência: em maio, o Facebook mudou as regras sobre o quanto que 09. estranhos podem saber de sua vida. "Estamos construindo uma internet cujo padrão 10.ésersociável",decretouMarkZuckerberg,criadorepresidentedosite,aoanunciar11. as mudanças. Utopia sociológica à parte, interessa para ele que usuários de seu 12.serviço possam ser encontrados com mais facilidade. Se você não está no Facebook e 13. encontra aquele amor antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social. E, 14.quantomaisgentelá,maisZuckerbergpodefaturarcompublicidade.15.  Asmudanças,decara,parecembemsutis.Antes,nãodavaparaverafotode

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TJ-RS (Analista) – Português – Profª Maria Tereza

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16. perfil ou a idade de uma pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser que o 17. usuário mude as configurações no braço, um resumo de sua ficha ficará exposto na 18.internet.Nãoépoucacoisa.Penseemquemteveumtérminoderelacionamento19. conturbado e quer manter distância de namorados maníacos; ou em um adolescente 20. que mudou de escola por causa de bullying e corre o risco de que tudo comece de 21.novoseosnovoscolegasdescobriremisso;emquemsofredeassédiomoralno22. trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem não quer que os pais descubram 23. detalhes de sua vida sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o Facebook 24. divulgue pode fazer uma grande diferença. Não fica nisso. Um dos maiores problemas 25.é que a internet não "esquece" nada. E agora que ela faz parte da vida de26.praticamentetodomundoháumadécada,qualquervacilodopassadopodecausar27. um problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de anos atrás vão complicar 28. você na disputa por um emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como uma 29. discussão com um ex, pode estar ao alcance de qualquer um. As redes sociais 30. baseadas em GPS, como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse molho, já que 31. elas mostram num mapa onde os usuários estão a cada momento. Em suma, nunca 32.existiramtantaspossibilidadesdeexposiçõespúblicas.Esim:semprevaiteralguém33. que você não esperava bisbilhotando você.

34.  Énatural.Odesejodecavucaravidaalheiaexistedesdesempre."Namaior35. parte da história humana, as pessoas viveram em pequenas tribos onde todas as 36. pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de alguma forma estamos nos 37. tornando uma vila global. Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim das 38. contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor Thomas W. Malone, do Centro 39. de Estudos de Inteligência Coletiva do MIT.

40.  Sejacomofor,trata-sedeumaanomaliadequetodomundogosta.Eporisso41. mesmo um movimento ganha cada vez mais força: há uma preocupação maior com a 42.bisbilhotice.Naprática,estáacontecendoocontráriodoqueZuckerbergimagina.43. Estamos menos "sociais".

44.  Hoje,aquantidadededadosqueaspessoasdeixamabertanaredeparatodo45.mundoveré,porcabeça,bemmenordoquehá5,6anos.Éraroencontrarquem46.deixesuasfotosescancaradasnumaredesocial.ScrapspúblicosnoOrkutjásão47. parte de um passado remoto... Um estudo da Universidade da Califórnia mostra essa 48. mudança: os entrevistados disseram tomar mais cuidado com o que postam online 49. hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos jovens de 18 a 24 anos 50. manifestaram-se a favor de uma lei que forçasse os sites a apagarem informações 51. pessoais depois de algum tempo.

52.  Enquantonãochegamleisconcretas,aspessoasreagemporcontaprópria.Trinta 53. mil usuários cancelaram suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para protestar 54. contra aquela mudança na configuração de privacidade. Compare isso com a reação 55. que as pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a identificar quem visitava o 56.seuperfil.Nãofaltaramreaçõesdeindignação."Qualéagraçasenãodámaispara57. espionar a vida dos outros escondido?", perguntavam os usuários.

58.  Édifícilimaginaralgoassimhoje.Aprendemosanoscomportarnaredecomo59.noscomportamosempúblico.Porque,cadavezmais,estamosmesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante – Edição 280, junho de 2010. Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

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6. Considere as seguintes afirmações.

I. Houveuma mudança na postura dos usuários de redes sociais de 2006 para cá, no que tange à preocupação com a privacidade.

II. Há quem entenda que a privacidade pode ser considerada um fenômeno peculiar à modernidade.

III. A vida privada das pessoas está interessando menos aos usuários de redes sociais.

Quais correspondem a ideias veiculadas pelo texto?

a) Apenas II.b) Apenas I e II.c) Apenas I e III.d) Apenas II e III.e) I, II e III.

TJ-RS – Assistente Social – FAURGS – 2015

Índios, os estrangeiros nativos.

A volta dos indígenas à pauta de discussões do País tem gerado discursos bastante reveladores sobre a impossibilidade de escutá-los como parte do Brasil que tem algo a dizer não só sobre oseulugar,mastambémsobresi.Osindígenasparecemser,paraumaparceladaselites,dapopulação e do governo, algo que poderíamos chamar de “estrangeiros nativos”. É um curioso caso de xenofobia, no qual aqueles que aqui estavam são vistos como os de fora. No processo histórico de estrangeirização da população originária, os indígenas foram escravizados, catequizados, expulsos, em alguns casos, dizimados. A muito custo foram reconhecidos como detentores de direitos, mas ainda hoje parecem ser aqueles com quem a sociedade não índia tem uma dívida e em quem, para alguns setores – e não apenas os ruralistas –, seria melhor darcalote.Paraqueosdedentrocontinuemfora,éprecisomantê-losforanodiscurso.Entreosexemplosmaisexplícitosestáatesedequenãofalamporsi.Aosestrangeirosénegadaaposse de uma voz, já que não podem ser reconhecidos como parte. Sempre que os indígenas saem das fronteiras, tanto as físicas quanto as simbólicas, impostas para que continuem fora, aindaquedentro,éreeditadaaversãodequesão“massademanobra”dasONGs.Valeapenaolhar com mais atenção para essa versão narrativa, que está sempre presente, mas que em momentos de acirramento dos conflitos ganha força.

7. Assinale a alternativa que expressa ideia que se pode depreender da leitura do primeiro parágrafo do texto.

a) A volta dos indígenas à pauta de discussões do País tem revelado a incapacidade dos próprios índios de se compreenderem.

b) Asociedadebrasileiracustouareconhecerqueénecessáriodarumcalotenadívidaquetem com os índios.

c) No debate sobre questões indígenas no Brasil, têm surgido discursos segundo os quais não épossívelouviroqueosíndiospensamsobresimesmos.

d) Umadasformasdeexcluiroíndiodasociedadeéafastá-lododiscursodonãoíndiopelabarreira da língua.

e) Os indígenas, em virtude das atrocidades contra eles cometidas, sofrem de um sentimento de xenofobia em relação aos não índios.

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TJ-RS (Analista) – Português – Profª Maria Tereza

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TJ-RS – Médico Judiciário – FAURGS – 2016

A língua do Brasil amanhã

  Ouvimoscomfrequênciaopiniõesalarmantesarespeitodofuturodanossalíngua.Àsvezesse diz que ela vai simplesmente desaparecer, em benefício de outras línguas supostamente expansionistas(emespecialo inglês,atualcandidatonúmeroumalínguauniversal);ouquevai se “misturar” com o espanhol, formando o “portunhol”; ou, simplesmente, que vai se corromper pelo uso da gíria e das formas populares de expressão (do tipo: o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado). Aqui pretendo trazer uma opinião mais otimista: a nossa língua, estou convencido, não está em perigo de desaparecimento, muito menos de mistura.

  Poroutrolado(enãoépossívelagradaratodos)acreditoquenossalínguaestámudando,ecertamentenãoseráamesmadentrodevinte,cemoutrezentosanos.Oqueéquepoderiaameaçar a integridade ou a existência da nossa língua? Um dos fatores, frequentemente citado, éainfluênciadoinglês–omundodeempréstimosqueandamosfazendoparanosexpressarmossobre certos assuntos. Não se pode negar que o fenômeno existe; o que mais se faz hoje em diaésurfar,deletaroutratardomarketing.Masissonãosignificaodesaparecimentodalínguaportuguesa.Empréstimossãoumfatodavidaesempreexistiram.Hojepoucagentesabedisso,mas avalanche, alfaiate, tenor e pingue-pongue são palavras de origem estrangeira; hoje já se naturalizaram,ecertamenteninguémvêameaçanelas.Afinaldecontas,quandosecomeçouajogar aquela bolinha em cima da mesa, precisou-se de um nome; podíamos dizer tênis de mesa, e alguns tentaram, mas a palavra estrangeira venceu – só que virou portuguesa, hoje vive entre nóscomoumaimigrantejácasada,comfilhosbrasileirosetc.Perdeuatéosotaque.Querodizerquenãoháomenorsintomadequeosempréstimosestrangeirosestejamcausandolesõesnalíngua portuguesa; a maioria, aliás, desaparece em pouco tempo, e os que ficam se assimilam.

  Como toda língua, o português precisa crescer para dar conta das novidades sociais,tecnológicas,artísticaseculturais;epodeaceitarempréstimos–ravióli, ioga,chucrute,balé–etambémpode(ecommaiorfrequência)criarpalavrasapartirdeseusprópriosrecursos–como computador, ecologia, poluição – ou então estender o uso de palavras antigas a novos significados – executivo ou celular, que significam coisas hoje que não significavam há vinte anos. Isso está acontecendo a todo o tempo com todas as línguas, e nunca levou nenhuma delas à extinção.

Adaptado de PERINI, M. A. A língua do Brasil amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. Páginas 11-14.

8. Considere as seguintes afirmações sobre algumas das ideias do texto.

I. Segundo o autor, a língua portuguesa não corre o risco de desaparecer ou ter sua identidade alterada.Contudo,éprecisoestaratentoaousodemasiadodeestrangeirismos,quepodem,nolongo prazo, ameaçar a integridade da língua.

II. Existem palavras da língua portuguesa que têm sua origem estrangeira e que nunca foram aportuguesadas,comoravióli,ioga,chucrute,balé,quemantêmsuapronúnciaoriginal.

III.Alémdealínguacontarcomnovaspalavras,criadasnoseiodapróprialíngua(computador,por exemplo), o autor destaca que palavras antigas na língua podem receber novos significados com o passar do tempo.

Quais estão corretas?

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a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III.

TJ-RS – Arquivista – FAURGS

  Juventudeprocuraporta-voz.Podesersábio,masnãoautoritário.Devesercapazdedizeracoisacertasobredúvidas,nãoimportaseparaocorriqueiroouparaoexcepcional.

  Opensamentomágicoquechegavapelavozdefadas,bruxas,monstroseheróistemacada dia menor utilidade prática. Criados num mundo atravessado pelo saber da ciência, os jovensnãoencontramnaexperiênciapassadaorientaçãoparavivernoséculo21.

  ObomsensodeDonaBentanãodácontadosproblemasdojovemmoderno.Elatemdevirar “Dra. Benta” para ensinar a viver com tudo de novo que a ciência introduziu no dia a dia.

  Ondeestãoamãe,opaiouoavôquesentemfirmezaemorientaraação,ossentimentose as dores dos filhos?

  O transcendente e o cotidiano tiveram sua essência modificada pelas ciências docomportamento. O apoio para os momentos difíceis teve de ser inovado.

  Éaíqueentraa“nova ficção”ouo relatodeaventurasemocionais.Paraadultoscujasvidastambémsecomplicaram,háumainfinidadedetítulosdachamadaautoajuda,quenadamaisédoqueaintençãodesubstituirobomsenso,outroratãovalioso.Tais livrosensinamdesdeaescreverumcurrículoatéalidarcomadepressão.

  Alinguagemdoslivrosdeautoajudabatedefrentecomaânsiadeautonomiadojovem.Ele não aceita receitas nem soluções de cuja concepção não participou. É próprio dos jovens ansiar por resolver a vida, surdos às pregações dos adultos. Daí a atemporal importância das fábulas e das parábolas na tarefa de orientar.

  Ojeitoépalpitarpormeioda ficção.Échegadoomomentodeeditar livrosquefalemde angústias de gordinhos,medodo sexooposto, pânicodahumilhação.As consequênciaspsicológicas dos conflitos familiares, das doenças, da morte e do abandono são temas aos quais a sabedoria das avós tem hoje pouco a acrescentar. Como o adulto não se sente eficiente para bemorientaros jovens,échegadaahoradosartistas.Pormeiodaquelashistórias,o jovempode, identificando-se, situar-se diante do moderno.

  Sair da infância, adolescer e amadurecer é uma aventura para ninguémbotar defeito.Parece-me que, diante da insegurança dos adultos, resta a literatura resgatar para o jovem a possibilidade de novas percepções sem obedecer à voz imperativa de um adulto.

  HarryPotteréumexemplodessatendência.Sãolivrosquefalamdeummododeviverdiferente, como uma obra de autoajuda disfarçada de aventura. O palpite chega sem verbo no imperativo, envolto por uma linda história, onde conflitos se resolvem de um jeito novo.

  Os jovensagradecemasmodernas formasdeesclarecere fazerpensar semopesodaautoridade outrora decretada pela “moral da história”.

Mautner, Anna Verônica. Aprenda nos romances. Texto adaptado. Folha de S. Paulo, setembro de 2007.

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Trata-se de breve ensaio: autoral; opinativo/argumentativo, assinado, no qual o autor expressa a sua opinião. Geralmente, aborda assuntos universais.

9. Em seu texto, a autora aborda

a) aformacomooslivrosdeautoajudaservemdeamparoparaasangústiasdepessoasdetodas as idades.

b) a conveniência de que os jovens retornem à tradição para encontrar respostas às suas angústias.

c) apossibilidadedealiteraturatrazercontribuiçõesparaasdúvidaseangústiasdosjovensno mundo contemporâneo.

d) o fato de que os jovens só desenvolverão hábitos de leitura se houver livros escritos especialmente para eles.

e) a contribuição das ciências do comportamento para a resolução dos problemas existenciais dos jovens.

Inferência

PROCEDIMENTOS

INFERÊNCIA = ideias implícitas, sugeridas, que podem ser depreendidas a partir da leitura do texto, de certas palavras ou expressões contidas na frase.

Enunciados = “Infere-se”, Deduz-se”, “Depreende-se”, etc.

Observe a tira.

Disponível em: http://obviousmag.org/archives/2007/10/publicidade_cri_1.html

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EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Analista de Sistemas – FAURGS – 2014

Suspiros de fumaça

1.   “Parardefumarémuitofácil.Eumesmojápareiumas20vezes.”Assim2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

6.   Meuprimeirocontatocomocomérciofoicomprandocigarrosparameu7. pai. Diligentemente, não aceitava o troco em balas, o acerto justo dignificava 8. amissão.Hojemelembrodessasincursõescomumpingodeculpa,comose9. nelashouvesseumanévoadeconivência.Claro,eueracriança.

10.  Se é para ter culpa, melhor lembrar dos últimos anos do meu avô11.materno, quando eu já era adolescente. Outro que levou o cigarro até o12. fim. Embora a questão seja quem levou quem. Respirando muito mal, os 13.médicoscortaram-lheohábito.Mas houve um apelo e uma concessão: três 14. meios cigarros ao dia. Quando estava comigo, roubava no jogo e eu fazia 15. escandalosa vista grossa. Trocávamos olhares e eu esquecia de cortar o 16.cigarro, oume enganava na difícilmatemática que é discernir entre três e17. quatro.

18.  Sinto falta do cheiro de tabacaria, de comprar cigarros,mas não sei o19. que faria com eles. Eu jamais fumei e meus fumantes se foram. Não 20. descobri se nunca fumei para não desafiar quem derrotou meu pai ou para 21. triunfar onde ele falhou.

22.  Quando minha mulher chegou na minha vida, fumava. Trazia essa23. familiaridade de um gozo que eu não entendia. O cigarro para Diana era um 24. amigo fiel que pontuava e sublinhava sua vida. Antes disso, depois daquilo, 25.nomomentodeangústia,nosmomentosdealegria,contraasolidão,enfim,26. arrimo para todas as pausas. Mas minha paciência com o cigarro, e o custo 27. que ele me trouxe, já havia esgotado. Agora, era eu ou ele. Quase perdi! 28.Havia um inimigo na trincheira, minhas memórias, tinha uma queda pelo29. inimigo. Mas consegui. Depois de anos de luta e com o decisivo apoio da 30. minha tropa de choque, minhas duas filhas, vencemos.

31.  Seexistealgoqueaprendicomocigarroénãomenosprezarsuaforçae32. o preço que os fumantes estão dispostos a pagar. Tingir de morte o seu 33. prazer, como a medicina explica e agora está impresso em qualquer maço, a 34.meu ver, pouco ajuda. Talvez só denote o que ele é, uma tourada com a35. finitude, desafiando e chamando a morte a cada tragada. O preço por esse 36.prazer letal é enorme para a saúde pública. Mas o pior, talvez mais37.doloroso por ser mais próximo, é testemunhar essa escolha entre a38. fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. Gostaria que

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39. todos os fumantes que amei tivessem preferido a minha companhia à dele, 40.decujapreferência sempre terei ciúme.Precisamosganharos fumantesde41. volta para nós.

Adaptado de: CORSO, Mário. Suspiros de fumaça. Zero Hora, 12/06/2014.

10. Assinale a alternativa que apresenta ideia que se pode depreender da leitura do texto.

a) Oavôdonarrador,mesmodoente,pediuaosmédicosparanãocortartotalmenteocigarro.b) O narrador, em sua infância, tinha dificuldades com a matemática na escola. c) O narrador fingia não ver seu avô trapacear no jogo de cartas. d) A esposa do narrador passou a fumar depois de conhecê-lo. e) O narrador nunca compreendeu a disposição dos fumantes de gastar quantias significativas

de dinheiro com o seu vício.

INTERTEXTUALIDADE multimídia

Um texto remete a outro, contendo em si – muitas vezes – trechos ou temática desse outro comoqualmantém“diálogo”.

EXEMPLIFICANDO

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11. Considere as afirmações sobre os textos e preencha os parênteses com V (verdadeira) ou F (falsa). Após, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo.

( )Ostextos1,3e4constituemparódiasdotexto2.

( )Otexto1,apartirdoprópriotítulo,dialogacomaquelequeéconsideradopelacríticaa“certidão de nascimento” do Brasil; contudo a óptica de Murilo Mendes difere da de Pero Vaz de Caminha.

( )Atemáticadainadequaçãoaomeioestápresentetantonotexto2quantonotexto4.

( )GonçalvesDias,emCanção do Exílio, alia a exaltação da natureza à crítica social, como fez Cacaso em Jogos florais I.

( )TantootextodeGonçalvesDiascomoodeManuelBandeiratratamdaterranatalsobaóptica da exaltação ufanista da natureza.

a) F – V – V – F – F.b) F – F – V – F – F.c) V – V – F – V – V.d) V – V – V – F – F.e) F – F – F – V – V.

Anotações

EXTRATEXTUALIDADE

A questão formulada por meio do texto não se restringe ao universo textual, exigindo do aluno conhecimento mais amplo.

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS – 2013

Apesar de você

01.  Vocêéafavoroucontracortaremárvoresparaalargarumarua?Afavor ou contra derrubarem uma casa para construir um edifício? Devem ser reabertos os arquivos da ditadura? Proibidas as máscaras nos protestos?

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Publicadas biografias não autorizadas?

05.  Aarenadedebatespúblicosfoiampliadavirtualmenteaoinfinitopela capilaridade das redes sociais. Pode parecer apenas mais uma discussão banal sobre um aumento de 20 centavos nas passagens, mas por trás de toda polêmica que exalta ânimos e inflama espíritos há um conflito de visões de mundo,umchoquetectônicodeideias.Quasenuncaésópelos20centavos.

10.  Comonemsempresãoevidentestodososaspectosenvolvidosemum debate – e como poucas pessoas entendem de todos os assuntos, tirando LeonardoDaVincieaqueleseuamigoquedápalpitesobretudo–écomum que fiquemos atentos à maneira como diferentes pessoas em quem confiamos se posicionam antes de formarmos a nossa própria opinião. O conceito de 15.formador de opinião, porém, mudou muito nos últimos anos. Hoje há formadores de opinião por todos os lados, para onde você olhar, e por isso mesmoécadavezmaisdifícilescolherquemvaleapenaouvir.

  Nabuscada iluminaçãocotidiana,gostodeprestaratençãoemquem entendedoriscado:arquitetosparafalardearquitetura,médicosparafalarde20. medicina, juristas para falar de leis. Mas não basta entender do assunto. Paraconquistaromeurespeito,éprecisoconseguirconstruirargumentosque voemalémdosinteressesdesuacategoria.MédicosafavordoMaisMédicos, jornalistas contra o diploma de jornalismo, empresários dispostos a perder algumdinheiro:pode-seconcordarounãocomeles,masganhamumcrédito25. adicional de confiança por pensarem com a cabeça e não com o bolso ou o coração.

  Queroqueoformadordeopiniãosejacoerente,mas,sefordizeralgo desatinadamente oposto ao que disse antes, que reconheça isso, com humildade,porquemudardeopinião,àsvezes,éumsinaldeinteligênciae30. integridade. Quero ler opiniões que me surpreendam de vez em quando, porqueopensadorindependentenãosetornarefémdeinclinaçõespolíticasou ideológicas–enadaémaistristedoqueverpessoasinteligentesesforçando- -se para tornar plausível um pensamento torto apenas para justificar uma ideologia ou um interesse particular. Ainda assim, quero o conforto de saber 35. que certas pessoas têm a capacidade de iluminar os caminhos mais tortuosos,invariavelmenteapontandoparaatrilhadoqueéjusto,honesto, honrado, coerente.

  A polêmica recente envolvendo o grupo de artistas que defende restrições às biografias não autorizadas talvez seja lembrada menos pelo 40. assunto em si do que pelo fato de ter colocado sob fogo cerrado dois dos nomes mais emblemáticos da cultura brasileira. Não me importa que Caetano VelosoeChicoBuarquedeHollandatenhamopiniõesdiferentesdasminhas– muitas vezes tiveram, inclusive politicamente. O que é triste é ver que emprestaram seu prestígio não a um princípio ou a uma causa maior do que 45. eles, mas a interesses restritos ao seu cercadinho. Pois, levado ao limite, o

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raciocínio da proteção à privacidade torna impossível publicar qualquer coisa quecontrarieointeressedequalquerpessoa–oque,vamoscombinar,émuito parecido com censura.

  Omaisirônicoéquejustamenteessegestopodeviraseranotamais50. embaraçosa das biografias dos dois – quando, “apesar de você”, elas forem escritas. E serão.

Adaptado de: LAITANO, Cláudia. Zero Hora, 12 out. 2012, nº 17581.

12. Na linha 50, a expressão “apesar de você”, empregadano texto entre aspas duplas, é umacitaçãodeumtrechodeumacançãodeChicoBuarquedeHollandaemqueomúsicofazumacrítica à ditadura militar no Brasil. No texto em análise, pode-se afirmar que a autora faz essa citação a fim de estabelecer uma analogia entre os censores do regime militar e

a) o leitor do texto. b) CaetanoVelosoeChicoBuarquedeHollanda.c) os autores de biografias. d) médicos,jornalistaseempresários.e) os leitores de biografias.

Tipologias Textuais

Narração: modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não – que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Há umarelaçãodeanterioridadeeposterioridade.Otempoverbalpredominanteéopassado.

Descrição: é a modalidade na qual se apontam as características que compõemdeterminado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Usam-se adjetivos para tal.

Argumentação: modalidade na qual se expõem ideias e opiniões gerais, seguidas da apresentação de argumentos que as defendam e comprovem.

Exposição: apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias. Não faz defesa de uma ideia, pois tal procedimento é característico do texto dissertativo. O texto expositivoapenas revela ideias sobre um determinado assunto.

Injunção: indicacomorealizarumaação.Tambéméutilizadoparapredizeracontecimentose comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo.

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EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Auxiliar de Comunicação – FAURGS – 2012

  Motoristas sobrevoam uma paisagem, de preferência sem dispersão, atentos a rotas,contextos, coordenadas. Lombas e acidentes do terreno só exigem uma rápida mudança de marcha. Nada precisam saber de cheiros, gosmas na calçada, vegetação e sombras, do zoológico de animais domésticos, dos adolescentes coreografando sua música solitária, de velhosocupadosecriançascontandoalgoaumadultoquesereclina,depessoasbelas,esdrúxulas,vivazes, sorumbáticas. Com cada rosto com que se cruza há uma negociação de olhares, uma história imaginada, medo ou confiança. Só os loucos desrespeitam a separação entre carros e pedestres: atravessam a rua costurando entre os carros, conduzindo sua moto de delírio.

  Entreos veículos tambémhábreves encontros.Osmotoristas se enxergam,no tempoimpacientedeumasinaleira,nareduçãocontrariadadeumobstáculo.Masaidentidadenãoéocorpo,éocarro:éogordodoGolvermelho,aloiradoAudiprata,osenhordaSaveiropreta.O carro é avatar: através dele expressamos, mas também ocultamos nossa personalidade.Isolados, minimizamos o encontro, xingamos tudo o que obstrui o fluxo. Parar nos deixa acuados, o engarrafamento nos desnuda.

  NocontodeJulioCortazarchamado"Aautopistadosul",ahistóriasepassanumaestradafrancesa, num engarrafamento ocorrido sem razões reveladas. São vários dias de imobilidade, ao longo dos quais os passageiros dos carros vão se transformando em membros de uma pequena sociedade nascente. A identidade das personagens inclui as características do veículo que dirigem. Organizam-se em grupos, lideranças se consolidam, redes de solidariedade se firmam, intrigas ameaçam a união. Nesse tempo de movimento cessado, a vida segue: há doença,umsuicídio;atéumahistóriadeamorbrotadoáridoasfalto.Oautismo(perdãopelapiada involuntária) do trânsito foi sendo suplantado pela empatia do grupo. Subitamente o engarrafamento dissolve-se tão inexplicavelmente quanto se perpetuara. Retomado o movimento da autopista, os carros se distanciam velozmente e sentimos pena dos vínculos que se desmancham. Instala-se novamente o fluxo da impessoalidade.

  Deslocar-senãoéumtrechoforadavida.Existimostambémnotempoemqueaindanãochegamos, enquanto "estamos indo" para algum lugar. Por que não incorporar os trajetos na nossa consciência? Andar, pedalar, usar transportes coletivos (que não fossem uma tortura), são formas de locomover-se vendo sutilezas, suportando a existência de outros corpos. Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo.

Adaptado de: CORSO, D. Fluxo da impessoalidade. Zero Hora, 27 abr. 2011, Segundo Caderno, p. 6.

13. Quanto ao tipo de texto, assinale a alternativa correta.

a) Trata-se de um texto predominantemente argumentativo, em que a narração está a serviço de defesa de um ponto de vista.

b) Otextoépredominantementeexplicativo,comopropósitofundamentaldelevaroleitoracompreender uma determinada informação.

c) O texto é descritivo, pois orienta o interlocutor em relação a procedimentos que deveseguir.

d) Trata-sedeumrelatoinformal,emformadecrônica,cujapropostaérecriarparaoleitoruma situação cotidiana em linguagem literária.

e) Otextoépredominantementenarrativo,vistoqueseufocoéatrama,quegiraemtornodepersonagenscujavidaécondicionadapeloatodedirigirequeapresentaummomentodecomplicação,queéoengarrafamento,aquesesegueasoluçãofinal.

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TJ-RS – Assistente Social – FAURGS – 2014

Esqueça um pouco do celular e melhore suas relações

  Em2013,umrestauranteemJerusalémcriouumapromoçãointeressante:osdonosdoestabelecimento resolveram conceder descontos de 50% aos clientes que se dispusessem a desligar os celulares durante a permanência no local. O objetivo era permitir aos frequentadores uma experiência de degustação mais tranquila e prazerosa, sem interrupções.

  NoBrasil,algunsestabelecimentostêmadotadomedidassemelhantes.EmSãoPaulo,umbartradicionaldesenvolveuocopooff-line,quesóficadepénamesaseestiverapoiadosobreum celular. Todas essas iniciativas vêm atender a novas necessidades, típicas de uma sociedade conectada.

  Paraseterumaideia,fechamosoanode2013com271,10milhõesdelinhasativasdecelular,segundodadosdaAnatel.Oaparelho,queantestinhacomoúnicafunçãoampliareagilizar a comunicação, hoje é tambémum computador de bolso. “Omundoda tecnologiase parece com um parque de diversões para adultos”, declara a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do NPPI (Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática) da PUC-SP. “Ossmartphones têm funções lúdicas, que carregam um aspecto de novidade e despertam acriança que vive dentro do usuário”, diz.

  E quem se deixa envolver por tanta sedução dificilmente é capaz de perceber se afrequência do uso está passando dos limites e, mais ainda, de distinguir se aquela espiadinha no celular, que muitas vezes interrompe outras atividades importantes, acrescenta algo de relevante na vida pessoal. “O aparelho que tinha a função de aproximar as pessoas pode fazer com que o indivíduo diminua suas habilidades sociais”, explica a psicóloga Dora Sampaio Góes, doHospitaldasClínicasdaUSP.

  Estar sozinho com os próprios pensamentos também se tornou um desafio. “Fala-semuitoqueatecnologiainterferenarelaçãocomooutro,maselatambéminfluencianarelaçãodo indivíduo consigo mesmo”, afirma Rosa Maria. “O tempo dedicado para se perder nas próprias ideias, sentimentos, refletir sobre o cotidiano está cada vez menor. E isso interfere no desenvolvimento pessoal, já que não encontramos espaço para avaliar ideias, posturas, valores e as expectativas de vida”, explica.

Adaptado de OLIVEIRA, M.; TREVISAN, R. Esqueça um pouco do celular e melhore suas relações. Disponível em http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2014/04/07/esqueca-um-pouco-do-celular-e-

melhoresuas-relacoes.htm. Acesso em 15 de abril de 2014.

14. Considere as seguintes afirmações acerca da tipologia do texto.

I – Os 3 primeiros parágrafos do texto têm claro teor narrativo.

II – O texto tem caráter predominantemente informativo, mas a informação exposta está a serviço de uma argumentação.

III–Aoapontarestadossubjetivosdousuáriodetecnologias,oúltimoparágraforeveste-sedecaráterpredominantementepoético.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas I e II.e) Apenas II e III.

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AULA 2

• Gêneros Textuais.

• Semântica e Vocabulário.

• Polissemia.

• Conotação e Denotação.

• Variedades de linguagem.

• Ortografia.

Gêneros Textuais

EDITORIAL: texto opinativo/argumentativo, não assinado, no qual o autor (ou autores) não expressa a sua opinião, mas revela o ponto de vista da instituição. Geralmente, aborda assuntosbastanteatuais.Buscatraduziraopiniãopúblicaacercadedeterminadotema,dirigindo-se (explícita ou implicitamente) às autoridades, a fim de cobrar-lhes soluções.

ARTIGO: sãoosmaiscomuns.Sãotextosautorais–assinados–,cujaopiniãoédainteiraresponsabilidadedequemoescreveu.Seuobjetivoéodepersuadiroleitor.

NOTÍCIA: são autorais, apesar de nem sempre serem assinadas. Seu objetivo é tãosomente o de informar, não o de convencer.

BREVE ENSAIO: opinativo/argumentativo, assinado, no qual o autor expressa a sua opinião, abordando assuntos universais.

CRÔNICA: fotografia do cotidiano, realizada por olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase exclusivamente em seu ponto de vista. A linguagem desse tipo de textoépredominantementecoloquial.

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS – 2014

  A farra com as crianças acabou? Pode ser que sim, pelomenos emparte.O Conanda(Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) aprovou resolução que proíbe propagandas voltadas para menores de idade no Brasil. Ela leva em conta que a publicidade infantil, na maioria das vezes, contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente e só deve ser

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usadaparacampanhasdeutilidadepúblicasobrealimentação,educaçãoesaúde.Essaéumapauta que está já há algum tempo em discussão, sofrendo grande resistência do mercado.

  Oconsumodeprodutosinfantiséummercadoimportantíssimoeaindaumterrenoasercompletamente explorado. Segundo o site da CCFC, Campaign for a Commercial-Free Childhood, ONG que combate a propaganda abusiva para crianças, pessoas com menos de 14 anos são responsáveis diretas por um gasto de 40 bilhões de dólares por ano – dez vezes mais do que dez anos atrás.Empresas,agênciaseindústriasfestejamessenúmero,quecontemplaogastocomumagamaenormedeprodutos,desdealimentosebrinquedos,atéroupaseviagens.E,paraisso,contamcomapublicidade,principalmentenaTV.Mas,alémdeinduziràcompraeaoconsumo desnecessário, a publicidade provoca outros efeitos. O National Bureau of Economic Researchfezumestudoquerevelaque,seosanúnciosderedesdefastfoodfossemeliminados,aobesidadeinfantildiminuiriaematé20%.Tambémapontaqueapublicidadeinfantiltendea anular a autoridade dos pais, criando um confronto entre as mensagens publicitárias e os valores familiares.

  SegundoJamesMcNeal,umdospapasdomarketinginfantil,estamosnumaespéciede“era dourada das crianças”. Elas são tudo o que o mercado quer: consumidoras compulsivas, vulneráveis às tendências ditadas pela publicidade. Mais ainda: influenciam decisivamente os hábitos de consumo de pais, irmãos, avós e tios. “Quarenta milhões de americanos entre 2 e 12 anos são responsáveis por influenciar um a cada sete dólares gastos no mercado dos EUA”, escreve ele. De acordo com o Instituto InterScience, há dez anos, apenas 8% das crianças influenciavamasdecisõesdecomprasdosadultos.Hoje, esse número saltou para 49%. Outro levantamento da Viacom, dona do canal infantil Nickelodeon, mostra que mais de 40% das compras dos pais são influenciadas pelos filhos. Segundo essa mesma pesquisa, 65% dos pais revelam que ouvem a opinião das crianças sobre os produtos comprados para toda a família, comoocarro,porexemplo.Elasdãopalpitesobrecores,som,tipodocarro,bancoseatéomodelo das portas.

  Acriançaconsumidoradehojeseráoadultoconsumidordeamanhã.“Faztodosentidoquea busca incessante das empresas pela fidelização de seus clientes comece bem mais cedo. Nada mais natural, portanto, olharmos as crianças como futuras consumidoras de diversos produtos, serviçosemarcas”,diz JamesMcNeal.Países comoSuécia,Alemanha,EspanhaeCanadá jáháalgumtempotêmlegislaçõesextremamenterígidascomoquechamamde“métodosdepersuasãoinfantil”,algocomparávelaumassédiomoralousexual.Umacampanharecentedegel para cabelos foi banida por ter “sensualizado” personagens infantis. Na União Europeia, a legislação básica, válida para os 27 países-membros, proíbe tudo o que explore “a inexperiência e credibilidade infantil”, que “encoraje crianças a persuadir pais ou outros a comprar produtos ou serviços”, que “explore a confiança dos pais pelos seus filhos” e “mostre cenas perigosas envolvendo menores”.

  AresoluçãodoConandanãotemforçadelei,emborapossaservirdebaseparapossíveisprocessos e ações. Já surgem manifestações acusando a iniciativa de atentado à liberdade de expressão.Masolimitedessaliberdadeéapregaçãocontraaintegridadefísicaemoraldosindivíduos.Umexemploclássicoéovetoàpropagandadecigarros.

Adaptado de: AMADO, Roberto. A proibição de propagada para crianças é novidade no Brasil, mas não no mundo desenvolvido. Disponível em: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-proibicaode-propagada-para-

criancas-e-novidade-no-brasil-masnao-no-mundo-desenvolvido/. Acessado em 20/04/2014.

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15. Assinaleaalternativacomconteúdoquesepodedepreender da leitura do texto.

a) Atualmente, a população de americanos na faixa entre 2 e 12 anos não passa de 40 milhões de pessoas.

b) A cada ano que passa, crianças com menos de 14 anos consomem 4 bilhões de dólares a mais.

c) Estudo realizado pela Viacom revela que 40% dos pais depende da opinião dos filhos para realizar compras.

d) Segundo estudo do National Bureau of Economic Research, 20% das crianças obesas alimentam-se em redes de fast food.

e) Em estudo realizado pela Viacom, mais da metade dos pais admitiram considerar a opinião de seus filhos em relação à compra de produtos não direcionados exclusivamente para crianças.

PEÇA PUBLICITÁRIA: modo específico de apresentar informação sobre produto, marca, empresa, ideia ou política, visando a influenciar a atitude de uma audiência em relação a uma causa, posição ou atuação, ao contrário da busca de imparcialidade na comunicação. Para tal, frequentemente, apresenta os fatos seletivamente (possibilitando a mentira por omissão) para encorajar determinadas conclusões, ou usa mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e não racional à informação apresentada. Costuma ser estruturada por meio de frases curtas e em ordem direta, utilizando elementos não verbais para reforçar a mensagem.

CHARGE: éumestilodeilustraçãoquetemporfinalidadesatirizaralgumacontecimentoatual com uma ou mais personagens envolvidas. Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-socialmediante o artista expressa graficamente sua visãosobre determinadas situações cotidianas por meio do humor e da sátira.

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CARTUM: retrata situações sociais corriqueiras, relacionadas ao comportamento humano, mas não necesariamente situadas no tempo. Caracteriza-se por ser uma anedota gráfica na qual se visualiza a presença da linguagem verbal associada à não verbal.

QUADRINHOS: hipergênero, que agrega diferentes outros gêneros, cada um com suas peculiaridades.

Semântica e Vocabulário

SINÔNIMOS: palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.

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Porémossinônimospodemser

• perfeitos: significadoabsolutamenteigual(oquenãoémuitofrequente);cambiáveisemqualquer contexto.

Ex.: morte = falecimento / idoso = ancião

• imperfeitos: osignificadodaspalavraséapenassemelhante.

Ex.: belo~formoso/ adorar~amar / fobia~receio

ANTÔNIMOS: palavras que possuem significados opostos, contrários. Pode originar-se do acréscimodeumprefixodesentidoopostoounegativo.

Exemplos:

mal X bem

fraco X forte

subir X descer

possível X impossível

simpático X antipático

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Analista de Sistemas – FAURGS – 2014

Suspiros de fumaça

1.   “Parardefumarémuitofácil.Eumesmojápareiumas20vezes.”Assim2. dizia meu pai brincando para minimizar sua maior derrota: nunca conseguiu 3. largar o cigarro. Quando, pela doença, as proibições chegaram, fumava 4. escondido. Anos depois que partiu, minha mãe seguia encontrando maços em 5. esconderijos insólitos.

6.   Meuprimeirocontatocomocomérciofoicomprandocigarrosparameu7. pai. Diligentemente, não aceitava o troco em balas, o acerto justo dignificava 8. amissão.Hojemelembrodessasincursõescomumpingodeculpa,comose9. nelashouvesseumanévoadeconivência. Claro, eu era criança.

10.  Se é para ter culpa, melhor lembrar dos últimos anos do meu avô11.materno, quando eu já era adolescente. Outro que levou o cigarro até o12. fim. Embora a questão seja quem levou quem. Respirando muito mal, os 13.médicoscortaram-lheohábito.Mashouveumapeloeumaconcessão:três14. meios cigarros ao dia. Quando estava comigo, roubava no jogo e eu fazia 15. escandalosa vista grossa. Trocávamos olhares e eu esquecia de cortar o

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16.cigarro, oume enganava na difícilmatemática que é discernir entre três e17. quatro.

18.  Sinto falta do cheiro de tabacaria, de comprar cigarros,mas não sei o19. que faria com eles. Eu jamais fumei e meus fumantes se foram. Não 20. descobri se nunca fumei para não desafiar quem derrotou meu pai ou para 21. triunfar onde ele falhou.

22.  Quando minha mulher chegou na minha vida, fumava. Trazia essa23. familiaridade de um gozo que eu não entendia. O cigarro para Diana era um 24. amigo fiel que pontuava e sublinhava sua vida. Antes disso, depois daquilo, 25.nomomentodeangústia,nosmomentosdealegria,contraasolidão,enfim,26. arrimo para todas as pausas. Mas minha paciência com o cigarro, e o custo 27. que ele me trouxe, já havia esgotado. Agora, era eu ou ele. Quase perdi! 28.Havia um inimigo na trincheira, minhas memórias, tinha uma queda pelo29. inimigo. Mas consegui. Depois de anos de luta e com o decisivo apoio da 30. minha tropa de choque, minhas duas filhas, vencemos.

31.  Seexistealgoqueaprendicomocigarroénãomenosprezarsuaforçae32. o preço que os fumantes estão dispostos a pagar. Tingir de morte o seu 33. prazer, como a medicina explica e agora está impresso em qualquer maço, a 34.meu ver, pouco ajuda. Talvez só denote o que ele é, uma tourada com a35. finitude, desafiando e chamando a morte a cada tragada. O preço por esse 36.prazer letal é enorme para a saúde pública. Mas o pior, talvez mais37.doloroso por ser mais próximo, é testemunhar essa escolha entre a38. fuga solitária do canudinho de fumaça e a nossa companhia. Gostaria que 39. todos os fumantes que amei tivessem preferido a minha companhia à dele, 40.decujapreferência sempre terei ciúme.Precisamosganharos fumantesde41. volta para nós.

Adaptado de: CORSO, Mário. Suspiros de fumaça. Zero Hora, 12/06/2014.

16. Assinale a alternativa que apresenta uma substituição com sentido semelhante ao da palavra conivência (l. 9), no contexto em que se encontra.

a) Crítica. b) Audácia. c) Desaprovação. d) Admiração. e) Cumplicidade.

Polissemia

Significa (poli = muitos; semia = significado) “muitos sentidos”, contudo, assim que se insere no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico e assume significado específico, isto é,significadocontextual.Osváriossignificadosdeumapalavra,emgeral, têmumtraçoemcomum. A cada um deles dá-se o nome de acepção.

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• A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço.

• Eleéocabeça da rebelião.

• Sabrina tem boa cabeça.

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Médico Judiciário – FAURGS – 2016

  Todomundoteveaomenosumanamoradaesquisita,comigonãofoidiferente.Beberétrivial, bebe-se por prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro do porre. Acreditava que precisava desse terremoto orgânico para seu reequilíbrio espiritual. Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto com propriedades metafísicas. Nem por isso passava menos mal, sofria muito, o desconforto era visível, pungente.

  Tomavacoisasquepoucosprofissionaisdocoposearriscariam,destiladosdasmarcasmaisdiabo.OuentãoerarevésdeumvinhodaSerracomnomedePapa,algoquenemaomenosrolha tinha, era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade, desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice. Não era masoquismo. Acompanhando suas peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela realmente precisava daquilo.

  Stela inventara uma religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que era precisopassarpeloinfernoparavislumbrarocéu.Osporreseramumaprovaçãocósmica,umordálio1voluntário, um encontro reverencial com o sagrado. Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor. Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a paz reinava entre nós e entre ela e o mundo. Mas bastavaumanovadúvidaemsuavida,umadecisãoatomar,eelarequisitavamaisuminfernopara se repensar.

  Arotinaeraextenuante.Quemaguentaumamulherque,emvezdefalarsobreavida,mergulha num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos, em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues existenciais. Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a purgação lhe rendera.

  Stelaerairredutívelnoseumétodoterapêutico,diziaquesónesseestadoseencontravacom o melhor de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal, sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a realidade. Seu lemaera:“Sónaressacaenxergamosomundocomoeleé”.Umdia,semmuitaspalavras,Stelafoi embora. Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não era bom para seu futuro. Não a culpo.

Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489, 02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.

dwt&edition=28691&section=4572. Acessado em 02/04/2016.

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1 – ordálio:provajurídica;tambémconsiderada,naIdadeMédia,juízodeDeus.

17. Assinale a alternativa que apresenta uma forma verbal que expressa o sentido contextual da palavra turvava.

a) distorcia b) refletia c) repetia d) endurecia e) esclarecia

Denotação e Conotação

DENOTAÇÃO: significaçãoobjetivadapalavra–valor referencial;éapalavraem"estadodedicionário“.

CONOTAÇÃO: significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades devido às associações que ela provoca.

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Auxiliar de Comunicação – FAURGS – 2012

  Motoristas sobrevoam uma paisagem, de preferência sem dispersão, atentos a rotas,contextos, coordenadas. Lombas e acidentes do terreno só exigem uma rápida mudança de marcha. Nada precisam saber de cheiros, gosmas na calçada, vegetação e sombras, do zoológico de animais domésticos, dos adolescentes coreografando sua música solitária, de velhosocupadosecriançascontandoalgoaumadultoquesereclina,depessoasbelas,esdrúxulas,vivazes, sorumbáticas. Com cada rosto com que se cruza há uma negociação de olhares, uma história imaginada, medo ou confiança. Só os loucos desrespeitam a separação entre carros e pedestres: atravessam a rua costurando entre os carros, conduzindo sua moto de delírio.

  Entreos veículos tambémhábrevesencontros.Osmotoristas seenxergam,no tempo impaciente de uma sinaleira, na redução contrariada de um obstáculo. Mas a identidade não éocorpo,éocarro:éogordodoGolvermelho,aloiradoAudiprata,osenhordaSaveiropreta.O carro é avatar: através dele expressamos, mas também ocultamos nossa personalidade. Isolados, minimizamos o encontro, xingamos tudo o que obstrui o fluxo. Parar nos deixa acuados, o engarrafamento nos desnuda.

  NocontodeJulioCortazarchamado"Aautopistadosul",ahistóriasepassanumaestradafrancesa, num engarrafamento ocorrido sem razões reveladas. São vários dias de imobilidade, ao longo dos quais os passageiros dos carros vão se transformando em membros de uma pequena sociedade nascente. A identidade das personagens inclui as características do veículo que dirigem. Organizam-se em grupos, lideranças se consolidam, redes de solidariedade se firmam, intrigas ameaçam a união. Nesse tempo de movimento cessado, a vida segue: há doença,umsuicídio;atéumahistóriadeamorbrotadoáridoasfalto.Oautismo(perdãopelapiada involuntária) do trânsito foi sendo suplantado pela empatia do grupo. Subitamente

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o engarrafamento dissolve-se tão inexplicavelmente quanto se perpetuara. Retomado o movimento da autopista, os carros se distanciam velozmente e sentimos pena dos vínculos que se desmancham. Instala-se novamente o fluxo da impessoalidade.

  Deslocar-senãoéumtrechoforadavida.Existimostambémnotempoemqueaindanãochegamos, enquanto "estamos indo" para algum lugar. Por que não incorporar os trajetos na nossa consciência? Andar, pedalar, usar transportes coletivos (que não fossem uma tortura), são formas de locomover-se vendo sutilezas, suportando a existência de outros corpos. Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo.

Adaptado de: CORSO, D. Fluxo da impessoalidade. Zero Hora, 27 abr. 2011, Segundo Caderno, p. 6.

18. Segundootexto,ocarroé____________domotorista.

I. brinquedo

II. alterego

III. amigo

IV. carapaça

Quais dos itens acima completam corretamente a lacuna da frase?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas I e II.d) Apenas I e III.e) Apenas II e IV.

19. De acordo com o sentido que as expressões têm no texto, NÃO ocorre uso de linguagem figurada em

a) conduzindo sua moto de delírio.b) no tempo impaciente de uma sinaleira, na redução contrariada de um obstáculoc) o engarrafamento nos desnuda d) suportando a existência de outros corpose) Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo

TJ-RS – FAURGS – 2010

01.  Umaemcada4pessoasqueusamainternetnomundotemumacontano02. Facebook. Esse meio bilhão de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente. Os 03. 100 milhões de usuários do Twitter postam 2 bilhões de mensagens por mês. Dê um 04.googlenonomedealguémeostweetsdelevãoestarlá.Pesquisadorescunham05. termos bonitos como a "era da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas e 06. exibicionistas demais hoje.

07.  E a maior rede social do planeta deu um passo grande rumo à tal 08. hipertransparência: em maio, o Facebook mudou as regras sobre o quanto que 09. estranhos podem saber de sua vida. "Estamos construindo uma internet cujo padrão 10.ésersociável",decretouMarkZuckerberg,criadorepresidentedosite,aoanunciar11. as mudanças. Utopia sociológica à parte, interessa para ele que usuários de seu

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12.serviço possam ser encontrados com mais facilidade. Se você não está no Facebook e 13. encontra aquele amor antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social. E, 14.quantomaisgentelá,maisZuckerbergpodefaturarcompublicidade.15.  Asmudanças,decara,parecembemsutis.Antes,nãodavaparaverafoto de 16. perfil ou a idade de uma pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser que o 17. usuário mude as configurações no braço, um resumo de sua ficha ficará exposto na 18.internet.Nãoépoucacoisa.Penseemquemteveumtérminoderelacionamento19. conturbado e quer manter distância de namorados maníacos; ou em um adolescente 20. que mudou de escola por causa de bullying e corre o risco de que tudo comece de 21.novoseosnovoscolegasdescobriremisso;emquemsofredeassédiomoralno22. trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem não quer que os pais descubram 23. detalhes de sua vida sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o Facebook 24. divulgue pode fazer uma grande diferença. Não fica nisso. Um dos maiores problemas 25.é que a internet não "esquece" nada. E agora que ela faz parte da vida de 26.praticamentetodomundoháumadécada,qualquervacilo do passado pode causar 27. um problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de anos atrás vão complicar 28. você na disputa por um emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como uma 29. discussão com um ex, pode estar ao alcance de qualquer um. As redes sociais 30. baseadas em GPS, como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse molho, já que 31. elas mostram num mapa onde os usuários estão a cada momento. Em suma, nunca 32.existiramtantaspossibilidadesdeexposiçõespúblicas.Esim:semprevaiteralguém33. que você não esperava bisbilhotando você.

34.  Énatural.Odesejodecavucaravidaalheiaexistedesdesempre."Namaior35. parte da história humana, as pessoas viveram em pequenas tribos onde todas as 36. pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de alguma forma estamos nos 37. tornando uma vila global. Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim das 38. contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor Thomas W. Malone, do Centro 39. de Estudos de Inteligência Coletiva do MIT.

40.  Sejacomofor,trata-sedeumaanomaliadequetodomundogosta.Eporisso41. mesmo um movimento ganha cada vez mais força: há uma preocupação maior com a 42.bisbilhotice.Naprática,estáacontecendoocontráriodoqueZuckerbergimagina.43. Estamos menos "sociais".

44.  Hoje,aquantidadededadosqueaspessoasdeixamabertanaredeparatodo45.mundoveré,porcabeça,bemmenordoquehá5,6anos.Éraroencontrarquem46.deixesuasfotosescancaradasnumaredesocial.ScrapspúblicosnoOrkutjásão47. parte de um passado remoto... Um estudo da Universidade da Califórnia mostra essa 48. mudança: os entrevistados disseram tomar mais cuidado com o que postam online 49. hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos jovens de 18 a 24 anos 50. manifestaram-se a favor de uma lei que forçasse os sites a apagarem informações 51. pessoais depois de algum tempo.

52.  Enquantonãochegamleisconcretas,aspessoasreagemporcontaprópria.Trinta53. mil usuários cancelaram suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para protestar 54. contra aquela mudança na configuração de privacidade. Compare isso com a reação 55. que as pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a identificar quem visitava o 56.seuperfil.Nãofaltaramreaçõesdeindignação."Qualéagraçasenãodámaispara57. espionar a vida dos outros escondido?", perguntavam os usuários.

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58.  Édifícilimaginaralgoassimhoje.Aprendemosanoscomportarnaredecomo59.noscomportamosempúblico.Porque,cadavezmais,estamosmesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante – Edição 280, junho de 2010. Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

20. Assinale a alternativa incorreta, considerando a afirmação feita sobre recursos linguísticos empregados no texto.

a) A expressão um passo grande (l. 7) foi usada conotativamente e poderia ser reescrita invertendo-se a ordem substantivo / adjetivo, sem que isso provocasse erro ou alteração de significado.

b) A expressão sobre o (l. 08) poderia ser substituída por acerca do, sem que isso provocasse erro ou alteração de significado.

c) A fim de eliminar possibilidade de dupla leitura, a expressão foto de perfil (l. 15-16) deveria ser escrita da seguinte maneira: foto do perfil.

d) As aspas utilizadas na linha 25 têm o propósito de assinalar a ironia que percorre todo o texto.

e) O substantivo vacilo (l. 26) foi empregado conforme a norma culta informal; de acordo com a formal, ele poderia ser substituído por descuido.

TJ-RS – Médico Judiciário – FAURGS – 2016

  Todomundoteveaomenosumanamoradaesquisita,comigonãofoidiferente.Beberétrivial, bebe-se por prazer, para comemorar, para esquecer, para suportar a vida, mas beber para ficar de ressaca nunca tinha visto. Essa era Stela, ela bebia em busca do lado escuro do porre. Acreditava que precisava desse terremoto orgânico para seu reequilíbrio espiritual. Sua ressaca era diferente, não como a nossa, tingida de culpa pelo excesso. A dela era almejada, portanto com propriedades metafísicas. Nem por isso passava menos mal, sofria muito, o desconforto era visível, pungente.

  Tomavacoisasquepoucosprofissionaisdocoposearriscariam,destiladosdasmarcasmaisdiabo.OuentãoerarevésdeumvinhodaSerracomnomedePapa,algoquenemaomenosrolha tinha, era de tampinha. Bebida que, com sua qualidade, desonrava, simultaneamente, os vinhos e o pontífice. Não era masoquismo. Acompanhando suas peregrinações etílicas, cheguei a outra conclusão: ela realmente precisava daquilo.

  Stela inventara uma religião do Santo Daime particular, caseira, sabia que era precisopassarpeloinfernoparavislumbrarocéu.Osporreseramumaprovaçãocósmica,umordálio1voluntário, um encontro reverencial com o sagrado. Depois da devastação do pileque, ela ficava melhor. Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço da existência e reavaliado seus rumos. Durante dias a paz reinava entre nós e entre ela e o mundo. Mas bastavaumanovadúvidaemsuavida,umadecisãoatomar,eelarequisitava mais um inferno para se repensar.

  Arotinaeraextenuante.Quemaguentaumamulherque,emvezdefalarsobreavida,mergulha num porre xamânico? Mas o amor perdoa. Lá estava eu ajudando-a a levantar-se de mais uma triste manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos, em contornar enxaquecas siderais e em amparar dengues existenciais. Amava Stela pela inusitada maneira

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de consultar o destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a purgação lhe rendera.

  Stelaerairredutívelnoseumétodoterapêutico,diziaquesónesseestadoseencontravacom o melhor de seu ser. Reiterava que era mais sábia durante o martírio. Insistia que, sóbria, em seu estado normal, sofria de um otimismo injustificado que lhe turvava a realidade. Seu lemaera:“Sónaressacaenxergamosomundocomoeleé”.Umdia,semmuitaspalavras,Stelafoi embora. Alguma ressaca oracular deve ter lhe dito que eu não era bom para seu futuro. Não a culpo.

Adaptado de: CORSO, M. O valor da ressaca. Zero Hora, n. 18489, 02/04/2016. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.

dwt&edition=28691&section=4572. Acessado em 02/04/2016.

1 – ordálio: provajurídica;tambémconsiderada,naIdadeMédia,juízodeDeus.

21. AssinaleaalternativaemqueotrechoextraídodotextoNÃOcontémexpressãocomsentidometafórico.

a) terremoto orgânico b) a nossa, tingida de culpa c) requisitava mais um inferno para se repensar (l. 32-33) d) poço da existência (l. 28-29) e) otimismo injustificado (l. 49)

Variedades de Linguagem

Caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações.

É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à normagramaticaleécarregadadevíciosdelinguagem,expressõesvulgares,gíriasepreferênciapela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.

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A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam decodificadas apenas pelo própriogrupo.Assim,agíriaécriadapordeterminadossegmentosdacomunidadesocialquedivulgamopalavreadoparaoutrosgruposatéchegaràmídia.Pode,ainda,serincorporadaàlíngua oficial ou cair em desuso.

“Ligada aos grupos extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com a instrução formal.

Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e expressões e do ponto de vista fonológico. Tais variações podem ser diafásicas, diastráticas, diacrônicas ou diatópicas.

Variação Diatópica: variação que corresponde ao lugar (região, estado, zona rural, zona urbana...)

Variação Diastrática: variação que se vincula às camadas sociais (faixa etária, escolaridade, ambiente de circulação).

Variação Diafásica: adequação do uso da língua aos diversos contextos comunicativos em que o falante está incluso.

Variação Diacrônica: variação que se vincula ao tempo (evolução da língua).

Simplificação da escrita entre quem usa a internet.

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EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – Médico Judiciário – FAURGS – 2016

A língua do Brasil amanhã

  Ouvimoscomfrequênciaopiniõesalarmantesarespeitodofuturodanossalíngua.Àsvezesse diz que ela vai simplesmente desaparecer, em benefício de outras línguas supostamente expansionistas(emespecialo inglês,atualcandidatonúmeroumalínguauniversal);ouquevai se “misturar” com o espanhol, formando o “portunhol”; ou, simplesmente, que vai se corromper pelo uso da gíria e das formas populares de expressão (do tipo: o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado). Aqui pretendo trazer uma opinião mais otimista: a nossa língua, estou convencido, não está em perigo de desaparecimento, muito menos de mistura.

  Poroutrolado(enãoépossívelagradaratodos)acreditoquenossalínguaestámudando,ecertamentenãoseráamesmadentrodevinte,cemoutrezentosanos.Oqueéquepoderiaameaçar a integridade ou a existência da nossa língua? Um dos fatores, frequentemente citado, éainfluênciadoinglês–omundodeempréstimosqueandamosfazendoparanosexpressarmossobre certos assuntos. Não se pode negar que o fenômeno existe; o que mais se faz hoje em diaésurfar,deletaroutratardomarketing.Masissonãosignificaodesaparecimentodalínguaportuguesa.Empréstimossãoumfatodavidaesempreexistiram.Hojepoucagentesabedisso,mas avalanche, alfaiate, tenor e pingue-pongue são palavras de origem estrangeira; hoje já se naturalizaram,ecertamenteninguémvêameaçanelas.Afinaldecontas,quandosecomeçouajogar aquela bolinha em cima da mesa, precisou-se de um nome; podíamos dizer tênis de mesa, e alguns tentaram, mas a palavra estrangeira venceu – só que virou portuguesa, hoje vive entre nóscomoumaimigrantejácasada,comfilhosbrasileirosetc.Perdeuatéosotaque.Querodizerquenãoháomenorsintomadequeosempréstimosestrangeirosestejamcausandolesõesnalíngua portuguesa; a maioria, aliás, desaparece em pouco tempo, e os que ficam se assimilam.

  Como toda língua, o português precisa crescer para dar conta das novidades sociais,tecnológicas,artísticaseculturais;epodeaceitarempréstimos–ravióli, ioga,chucrute,balé–etambémpode(ecommaiorfrequência)criarpalavrasapartirdeseusprópriosrecursos–como computador, ecologia, poluição – ou então estender o uso de palavras antigas a novos significados – executivo ou celular, que significam coisas hoje que não significavam há vinte anos. Isso está acontecendo a todo o tempo com todas as línguas, e nunca levou nenhuma delas à extinção.

Adaptado de PERINI, M. A. A língua do Brasil amanhã e outros mistérios. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. Páginas 11-14.

22. O autor apresenta o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado como exemplo de uso de gírias e expressões populares. Assinale a alternativa que apresenta uma possível reescrita dessa frase, de acordo com a norma culta da língua portuguesa.

a) O casaco que você sairia está rasgado. b) O casaco que você sairia com ele está rasgado. c) O casaco com o qual você sairia está rasgado. d) O casaco com que tu sairia está rasgado. e) O casaco que tu irias sair está rasgado.

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TJ-RS – FAURGS – 2010

01.  Umaemcada4pessoasqueusamainternetnomundotemumacontano02. Facebook. Esse meio bilhão de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente. Os 03. 100 milhões de usuários do Twitter postam 2 bilhões de mensagens por mês. Dê um 04.googlenonomedealguémeostweetsdelevãoestarlá.Pesquisadorescunham05. termos bonitos como a "era da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas e 06. exibicionistas demais hoje.

07.  E a maior rede social do planeta deu um passo grande rumo à tal08. hipertransparência: em maio, o Facebook mudou as regras sobre o quanto que 09. estranhos podem saber de sua vida. "Estamos construindo uma internet cujo padrão 10.ésersociável",decretouMarkZuckerberg,criadorepresidentedosite,aoanunciar11. as mudanças. Utopia sociológica à parte, interessa para ele que usuários de seu 12.serviço possam ser encontrados com mais facilidade. Se você não está no Facebook e 13. encontra aquele amor antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social. E, 14.quantomaisgentelá,maisZuckerbergpodefaturarcompublicidade.15.  Asmudanças,de cara, parecem bem sutis. Antes, não dava para ver a foto de 16. perfil ou a idade de uma pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser que o 17. usuário mude as configurações no braço, um resumo de sua ficha ficará exposto na 18.internet.Nãoépoucacoisa.Penseemquemteveumtérminoderelacionamento19. conturbado e quer manter distância de namorados maníacos; ou em um adolescente 20. que mudou de escola por causa de bullying e corre o risco de que tudo comece de 21.novoseosnovoscolegasdescobriremisso;emquemsofredeassédiomoralno22. trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem não quer que os pais descubram 23. detalhes de sua vida sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o Facebook 24. divulgue pode fazer uma grande diferença. Não fica nisso. Um dos maiores problemas 25.é que a internet não "esquece" nada. E agora que ela faz parte da vida de26.praticamentetodomundoháumadécada,qualquervacilodopassadopodecausar27. um problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de anos atrás vão complicar 28. você na disputa por um emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como uma 29. discussão com um ex, pode estar ao alcance de qualquer um. As redes sociais 30. baseadas em GPS, como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse molho, já que 31. elas mostram num mapa onde os usuários estão a cada momento. Em suma, nunca 32.existiramtantaspossibilidadesdeexposiçõespúblicas.Esim:semprevaiteralguém33. que você não esperava bisbilhotando você.

34.  Énatural.Odesejode cavucar a vida alheia existe desde sempre. "Na maior 35. parte da história humana, as pessoas viveram em pequenas tribos onde todas as 36. pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de alguma forma estamos nos 37. tornando uma vila global. Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim das 38. contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor Thomas W. Malone, do Centro 39. de Estudos de Inteligência Coletiva do MIT.

40.  Sejacomofor,trata-sedeumaanomaliadequetodomundogosta.Eporisso41. mesmo um movimento ganha cada vez mais força: há uma preocupação maior com a 42. bisbilhotice.Naprática,estáacontecendoocontráriodoqueZuckerbergimagina.43. Estamos menos "sociais".

44.  Hoje,aquantidadededadosqueaspessoasdeixamabertanaredeparatodo45.mundoveré,porcabeça,bemmenordoquehá5,6anos.Éraroencontrarquem

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46.deixesuasfotosescancaradasnumaredesocial.ScrapspúblicosnoOrkutjásão47. parte de um passado remoto... Um estudo da Universidade da Califórnia mostra essa 48. mudança: os entrevistados disseram tomar mais cuidado com o que postam online 49. hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos jovens de 18 a 24 anos 50. manifestaram-se a favor de uma lei que forçasse os sites a apagarem informações 51. pessoais depois de algum tempo.

52.  Enquantonãochegamleisconcretas,aspessoasreagemporcontaprópria.Trinta53. mil usuários cancelaram suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para protestar 54. contra aquela mudança na configuração de privacidade. Compare isso com a reação 55. que as pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a identificar quem visitava o 56.seuperfil.Nãofaltaramreaçõesdeindignação."Qualéagraçasenãodámaispara57. espionar a vida dos outros escondido?", perguntavam os usuários.

58.  Édifícilimaginaralgoassimhoje.Aprendemosanoscomportarnaredecomo59.noscomportamosempúblico.Porque,cadavezmais,estamosmesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante – Edição 280, junho de 2010. Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

23. Assinale a alternativa que apresenta uma substituição contextualmente adequada para a respectiva expressão de caráter coloquial empregada no texto, sem prejuízo ao sentido original.

a) de cara – prontamenteb) no braço – com empenhoc) cavucar – revolverd) bisbilhotice – difamaçãoe) espionar – solapar

Ortografia

Parônimos – palavras que são muito parecidas na escrita ou na pronúncia, porémapresentam significados diferentes.

ALGUNS EXEMPLOS

absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver)

ao encontro de (a favor) de encontro a (contra)

aoinvésde(oposto) em vez de (no lugar de)

apóstrofe (figura de linguagem) apóstrofo (sinal gráfico)

aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar)

arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair)

ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo)

bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe)

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cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil)

comprimento (extensão) cumprimento (saudação)

deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir)

delatar (denunciar) dilatar (alargar)

descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência)

descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir)

despensa (local onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar)

docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos)

emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país)

eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente)

eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer)

esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado)

estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um lugar)

flagrante (evidente) fragrante (perfumado)

fluir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar)

fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo)

imergir (afundar) emergir (vir à tona)

inflação (alta dos preços) infração (violação)

infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar)

mandado (ordem judicial) mandato (procuração)

peão(aquelequeandaapé,domadordecavalos) pião (tipo de brinquedo)

precedente (que vem antes) procedente (proveniente; que tem fundamento)

ratificar (confirmar) retificar (corrigir)

recrear (divertir) recriar (criar novamente)

soar (produzir som) suar (transpirar)

sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito)

sustar (suspender) suster (sustentar)

tráfego (trânsito) tráfico(comércioilegal)

vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente)

vultosa (considerável, em excesso, de tamanho exagerado)

vultuoso (que possui os olhos salientes, os lábios e o rosto avermelhados e inchados)

Homônimos – palavras que são iguais na escrita e/ou na pronúncia, porém têmsignificados diferentes.

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Homônimos perfeitos são palavras diferentes no sentido, mas idênticas na escrita e na pronúncia.

São Jorge / Sãováriasascausas/Homemsão.

Homônimos homógrafos têm amesma escrita, porém diferente pronúncia na abertura davogal tônica “o” / “e”.

O molho / Eu molho – A colher / Vou colher

Homônimos homófonostêmamesmapronúncia,masescritadiferente.

Acender = pôr fogo / Ascender = subir

ALGUNS EXEMPLOS

Acento Inflexão da voz; sinal gráfico Assento Lugar onde a gente se assenta

Acerca de = a respeito de, sobre

A cerca de = aproximadamente, perto (distância)

Há cerca de = tempo decorrido(aproximadamente)

Anticé(p)tico Opostoaoscéticos Antissé(p)tico Desinfetante

Aparte Comentário acrescentado a uma fala mediante uma interrupção

A parte Porção, parcela de um todo

Caçar Perseguir a caça Cassar Anular

Cé(p)tico Que ou quem duvida Sé(p)tico Que causa infecção

Cela Pequeno aposento Sela Arreio de cavalgadura

Celeiro Depósito de provisões Seleiro Fabricante de selas

Censo Recenseamento Senso Juízo claro

Cerração Nevoeiro espesso Serração Ato de serrar

Cerrar Fechar Serrar Cortar

Cessão = doação, anuência Se(c)cão = divisão, setor, departamento

Sessão = reunião

Cesta Recipiente de vime, palha ou outro material trançado

Sexta Dia da semana; numeral ordinal (fem.)

Cilício Cinto para penitências Silício Elemento químico

Círio Vela grande de cera Sírio da Síria

Concertar Harmonizar;combinar Consertar Remendar; reparar

Empoçar Formar poça Empossar Dar posse a

Estrato Camadas (rochas); seção ou divisão de um sistema organizado; faixa. P.ext., a classificação dos indivíduos a partir de suas condições socioeconômicas; grupo composto por nuvens baixas.

Extrato Que foi extraído de alguma coisa; registro de uma conta (bancária, p.ex.); perfume.

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Incerto Duvidoso Inserto Inserido, incluído

Incipiente Principiante Insipiente Ignorante

Intenção ou tenção

Propósito Intensão ou tensão

Intensidade

Intercessão Rogo,súplica Interse(c)ção Ponto em que duas linhas se cortam

Laço Laçada Lasso Cansado

Maça Clava Massa Pasta

Paço Palácio Passo Passada

Ruço Pardacento; grisalho Russo NaturaldaRússia

Senão A não ser, caso contrário, defeito (= um senão)

Se não Caso não (condicional)

Tachar Colocar defeitos em si próprio ou apontar os defeitos alheios.

Taxar Fazer a cobrança de um imposto ou tributo sobre.

USO DO PORQUÊ

1. Por que1. nas interrogações;2. = o motivo pelo qual, a razão pela qual.Ex.: “Não sei por que você se foi...”

2. Por quê Idem ao anterior – ganha acento quando “bate” no ponto terminativo de uma frase.Ex.: Você se foi por quê? Não sei bem por quê.

3. Porque

Valor causal ou explicativo (respostas). Substituível por “pois” Ou “por causa que (erro)”Ex.: Fui embora porque estava cansada.Você foi embora só porque estava cansada.

4. Porquê Valor substantivo. Antecedido por artigo, pronome ou numeral.Ex.: Não sabemos o porquê de tanta desconfiança.

USO DO HÍFEN1. Regra básica

Sempre se usa o hífen diante de h:

sub-habitação / proto-história /sobre-humano / anti-higiênico

super-homem...

2.

Prefixo Palavra REGRA

últimaletraigual à primeira letra SEPARAR

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contra-ataque / semi-interno / anti-inflamatório / micro-ondas / inter-racialsub-bibliotecário/ super-romântico/ inter-regional

Obs. 1:comoprefixosub-,usa-seohífentambémdiantedepalavrainiciadaporr:sub-região,sub-raça.

3.

Prefixo Palavra REGRA

últimaletradiferente da primeira letra JUNTAR

antieducativo / autoescola / infraestrutura / socioeconômico / semiárido / agroexportador / semianalfabeto/coautor/subúmido

Obs. 2: O prefixo co- aglutina-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coordenar.

4.

Prefixo Palavra REGRA

terminado em vogal começada por R ou S JUNTAR e DOBRAR ESTAS LETRAS

autossuficiente / contrarregra / cosseno / semirrígida / ultrassom / microssistema / minissaia / semissubmersa / macrorregião / antirrábica / neorrealismo / semirreta / biorritmo / antirrugas

/ antissocial

5. Com os prefixos circum- e pan-, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal.

circum-navegação / pan-americano

6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró e vice usa-se sempre o hífen.

ex-aluno/sem-terra/além-túmulo/aquém-mar/recém-casado/

EXEMPLIFICANDO

Hospital de Clínicas de Porto Alegre – Analista – FAURGS – 2015

O estrangeiro

  Hoje,mamãemorreu.Outalvezontem,nãoseibem.Recebiumtelegramadoasilo:“Suamãe faleceu. Enterro amanhã. Sentidos pêsames”. Isso não esclarece nada. Talvez tenha sido ontem. O asilo de velhos fica em Marengo, ____ oitenta quilômetros de Argel.

  Voutomaroônibusàsduashorasechegoaindaàtarde.Assim,possovelarocorpoeestarde volta amanhã à noite. Pedi dois dias de licença a meu patrão e, com uma desculpa destas, ele não podia recusar. Mas não estava com um ar muito satisfeito. Cheguei mesmo a dizer-lhe:

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“Aculpanãoéminha”.Nãorespondeu.Pensei,então,quenãodeviaterditoisto.Averdadeéque eu nada tinha por que me desculpar. Cabia a ele dar-me pêsames. Com certeza, irá fazê-lo depoisdeamanhã,quandomevirdeluto.Por____éumpoucocomosemamãenãotivessemorrido. Depois do enterro, pelo contrário, será um caso encerrado e tudo passará a revestir-se de um ar mais oficial.

  Pegueioônibusàsduashoras.Faziamuitocalor.Comodecostume,almoceinorestaurantedoCéleste.EstavamtodoscommuitapenademimeCélestedisse-me:“Mãe,sósetemuma”.Depoisdoalmoço,quandosaí,acompanharam-meatéaporta.Estavaumpoucoatordoado____ foi preciso ir à casa de Emmanuel para lhe pedir emprestadas uma braçadeira e uma gravata preta. Ele perdeu o tio ____ alguns meses.

  Corri para não perder o ônibus. Esta pressa, esta corrida, os solavancos, o cheiro dagasolina,aluminosidadedaestradaedocéu,tudoissocontribuiu,semdúvida,paraqueeuadormecesse. Dormi durante quase todo o trajeto. E quando acordei estava apoiado em um soldado, que sorriu e me perguntou se eu vinha de longe. Respondi “sim” para não ter de falar mais.

  O asilo fica a dois quilômetros da aldeia. Fiz o percurso a pé. Quis ver mamãeimediatamente. Mas o porteiro disse-me que eu precisava procurar o diretor. Como ele estava ocupado, esperei um pouco. Durante todo este tempo o porteiro não parou de falar. Depois o diretorrecebeu-menoseugabinete.Éumvelhote,quetemaLegiãodeHonra.Fitou-mecomseus olhos claros. Depois apertou a minha mão e conservou-a durante tanto tempo na sua mão que não sabia mais como retirá-la.

Adaptado de: “O estrangeiro”, de Albert Camus, p. 13-14 (Rio de Janeiro: BestBolso, 2010).

24. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do texto.

a) há – hora – porque – a b) a – hora – por que – há c) a – ora – porque – há d) à – hora – por que – a e) à – ora – porque – há

TJ-RS – FAURGS – 2015Português é muito difícil

  Essaafirmaçãopreconceituosaéprima-irmãdeoutra, “brasileironão sabeportuguês”.Como o nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, as regras que aprendemos na escola em boa parte não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemosnoBrasil.Porissoachamosque“portuguêséumalínguadifícil”:_____temosdedecorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós. [...]  Por isso aquela piadinha quemuita gente solta quando vê uma criancinha estrangeirafalando – “Tão pequeno e já fala tão bem inglês (ou outra língua)” – tem seu fundo de verdade: muito pouca gente conseguirá falar uma língua estrangeira com tanta desenvoltura quanto uma criança de cinco anos que tem nela sua língua materna! _____? Porque toda e qualquer línguaé“fácil”paraquemnasceuecresceurodeadoporela!

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[...]  Setantagentecontinuaarepetirque“portuguêsédifícil”é____oensinotradicionaldalíngua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português.

25. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto, respectivamente.

a) por que – Porquê – por queb) porque – Porquê – por quec) por que – Por que – porqued) porque – Por quê – por quee) porque – Por quê – porque

TJ-RS – Juiz de Direito – TJ-RS – FAURGS – 2015

  Éummistério,ponto.Amúsicaclássicanãorecrutaarazãoparanostocaraalma.Narraecontaatravésdeumalfabetodesonsepodenosfazerchorarsemquesaibamos_____.Éarteem sua forma pura.

  Háumacenalindanofilme"AVidadosOutros",emqueumespiãodaRDApassadiascomfonesdeouvidonosótãodeumacasaàescutadocasalsuspeito.Umclássicoécolocadonavitrolaeelevaiàslágrimas.AtéosbrutosserendemaumasonatadeBach.Difícilévenceravelocidade dos dias e parar para ouvir.

  Apesardemeupai,soumenosassíduadoquegostariaàssalasdeconcerto.Resolvemos,então,fazerumaassinaturadaOsespparaordenarosencontroscomnossaalma.Noúltimoconcerto _____ fomos, constava uma obra de Scriabin, um compositor ____ eu nunca tinha ouvido falar.

26. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.

a) por que – ao qual – queb) por quê – à que – do qualc) porque – que – qued) por que – que – do quale) por quê – ao qual – do qual

Gabarito: 1. E 2. B 3. B 4. E 5. B 6. B 7. C 8. B 9. C 10. A 11. A 12. B 13. A 14. B 15. D 16. E 17. A  18. E 19. D 20. D 21. E 22. C 23. C 24. C 25. E 26. E