portugues para concurso

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1 LÍNGUA PORTUGUESA COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: Informativa e de reconhecimento; Interpretativa: A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à idéia-central de cada parágrafo. A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras com não, exceto, respectivamente, etc, pois fazem diferença na escolha adequada. Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor. Organização do Texto e Ideia Central Um texto para ser compreendido deve apresentar idéias seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela idéia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas: Declaração inicial; Definição; Divisão; Alusão histórica. Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do texto. Os Tipos de Texto Basicamente existem três tipos de texto: Texto narrativo; Texto descritivo e Texto dissertativo. Cada um desses textos possui características próprias de construção. Descrição: Descrever é explicar com palavras o que se viu e se observou. A descrição é estática, sem movimento, desprovida de ação. Na descrição o ser, o objeto ou ambiente são importantes, ocupando lugar de destaque na frase o substantivo e o adjetivo. O emissor capta e transmite a realidade através de seus sentidos, fazendo uso de recursos linguísticos, tal que o receptor a identifique. A caracterização é indispensável, por isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto. Há duas descrições: Descrição denotativa e Descrição conotativa. Descrição Denotativa: Quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras figuras literárias, chamamos de descrição denotativa. Na descrição denotativa as palavras são utilizadas no seu sentido real, único de acordo com a definição do dicionário. Exemplo: Saímos do campus universitário às 14 horas com destino ao agreste pernambucano. À esquerda fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o término da construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela BR-232 onde encontraremos várias formas de relevo e vegetação. No início da viagem observamos uma típica agricultura de subsistência bem à margem da BR-232. Isso provavelmente facilitará o transporte desse cultivo a um grande centro de distribuição de alimentos a CEAGEPE. Descrição Conotativa: Em tal descrição as palavras são tomadas em sentido figurado, ricas em polivalência. Exemplo: João estava tão gordo que as pernas da cadeira estavam bambas do peso que carregava. Era notório o sofrimento daquele pobre objeto. Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava incansável, no céu alegre, leve e repleto de nuvens brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar. Narração: Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto inserindo episódios, acontecimentos. A narração difere da descrição. A primeira é totalmente dinâmica, enquanto a segunda é estática e sem movimento. Os verbos são predominantes num texto narrativo. O indispensável da ficção é a narrativa, respondendo os seus elementos a uma série de perguntas: Quem participa nos acontecimentos? (personagens); O que acontece? (enredo); Onde e como acontece? (ambiente e situação dos fatos). Fazemos um texto narrativo com base em alguns elementos: O quê? - Fato narrado; Quem? – personagem principal e o anti-herói; Como? – o modo que os fatos aconteceram; Quando? – o tempo dos acontecimentos; Onde? – local onde se desenrolou o acontecimento; Por quê? – a razão, motivo do fato; Por isso: - a conseqüência dos fatos. No texto narrativo, o fato é o ponto central da ação, sendo o verbo o elemento principal. É importante só uma ação centralizadora para envolver as personagens. Deve haver um centro de conflito, um núcleo do enredo. A seguir um exemplo de texto narrativo: Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão Rodrigo Camborá entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava num alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal. (Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS

Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: Informativa e de reconhecimento;

Interpretativa: A primeira deve ser feita cuidadosamente por

ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à idéia-central de cada parágrafo.

A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras com não, exceto, respectivamente, etc, pois fazem diferença na escolha adequada.

Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor.

Organização do Texto e Ideia Central Um texto para ser compreendido deve apresentar idéias

seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela idéia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.

Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:Declaração inicial;Definição;Divisão;Alusão histórica. Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista

os diversos enfoques. Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda.

Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e resumida.

Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do texto.

Os Tipos de Texto Basicamente existem três tipos de texto: Texto narrativo;

Texto descritivo e Texto dissertativo. Cada um desses textos possui características próprias de construção.

Descrição: Descrever é explicar com palavras o que se viu e

se observou. A descrição é estática, sem movimento, desprovida de ação. Na descrição o ser, o objeto ou ambiente são importantes, ocupando lugar de destaque na frase o substantivo e o adjetivo.

O emissor capta e transmite a realidade através de seus sentidos, fazendo uso de recursos linguísticos, tal que o receptor a identifique. A caracterização é indispensável, por isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto.

Há duas descrições: Descrição denotativa e Descrição

conotativa.

Descrição Denotativa: Quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras figuras literárias, chamamos de descrição denotativa. Na descrição denotativa as palavras são utilizadas no seu sentido real, único de acordo com a definição do dicionário. Exemplo:

Saímos do campus universitário às 14 horas com destino ao

agreste pernambucano. À esquerda fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o término da construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela BR-232 onde encontraremos várias formas de relevo e vegetação.

No início da viagem observamos uma típica agricultura de subsistência bem à margem da BR-232. Isso provavelmente facilitará o transporte desse cultivo a um grande centro de distribuição de alimentos a CEAGEPE.

Descrição Conotativa: Em tal descrição as palavras são

tomadas em sentido figurado, ricas em polivalência. Exemplo: João estava tão gordo que as pernas da cadeira estavam

bambas do peso que carregava. Era notório o sofrimento daquele pobre objeto.

Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava incansável, no céu alegre, leve e repleto de nuvens brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar.

Narração: Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste

na elaboração de um texto inserindo episódios, acontecimentos. A narração difere da descrição. A primeira é totalmente dinâmica, enquanto a segunda é estática e sem movimento. Os verbos são predominantes num texto narrativo. O indispensável da ficção é a narrativa, respondendo os seus elementos a uma série de perguntas:

Quem participa nos acontecimentos? (personagens);O que acontece? (enredo);Onde e como acontece? (ambiente e situação dos fatos).Fazemos um texto narrativo com base em alguns elementos:O quê? - Fato narrado;Quem? – personagem principal e o anti-herói;Como? – o modo que os fatos aconteceram;Quando? – o tempo dos acontecimentos;Onde? – local onde se desenrolou o acontecimento;Por quê? – a razão, motivo do fato;Por isso: - a conseqüência dos fatos. No texto narrativo, o fato é o ponto central da ação,

sendo o verbo o elemento principal. É importante só uma ação centralizadora para envolver as personagens.

Deve haver um centro de conflito, um núcleo do enredo.A seguir um exemplo de texto narrativo: Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão

Rodrigo Camborá entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava num alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.

(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)

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A relação verbal emissor – receptor efetiva-se por intermédio do que chamamos discurso. A narrativa se vale de tal recurso, efetivando o ponto de vista ou foco narrativo.

Quando o narrador participa dos acontecimentos diz-se que é narrador-personagem. Isto constitui o foco narrativo da 1ª pessoa. Exemplo:

Parei para conversar com o meu compadre que há muito não

falava. Eu notei uma tristeza no seu olhar e perguntei:- Compadre por que tanta tristeza?Ele me respondeu:- Compadre minha senhora morreu há pouco tempo. Por isso,

estou tão triste.Há tanto tempo sem nos falarmos e justamente num momento

tão triste nos encontramos. Terá sido o destino? Já o narrador-observador é aquele que serve de intermediário

entre o fato e o leitor. É o foco narrativo de 3ª pessoa. Exemplo: O jogo estava empatado e os torcedores pulavam e torciam

sem parar. Os minutos finais eram decisivos, ambos precisavam da vitória, quando de repente o juiz apitou uma penalidade máxima.

O técnico chamou Neco para bater o pênalti, já que ele era considerado o melhor batedor do time.

Neco dirigiu-se até a marca do pênalti e bateu com grande perfeição. O goleiro não teve chance. O estádio quase veio abaixo de tanta alegria da torcida.

Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo o juiz finalmente apontou para o centro do campo e encerrou a partida.

Formas de Discurso: Discurso direto, Discurso indireto e

Discurso indireto livre. Discurso Direto: É aquele que reproduz exatamente o que

escutou ou leu de outra pessoa. Podemos enumerar algumas características do discurso direto:

- Emprego de verbos do tipo: afirmar, negar, perguntar, responder, entre outros;

- Usam-se os seguintes sinais de pontuação: dois-pontos, travessão e vírgula.

Exemplo:O juiz disse:- O réu é inocente. Discurso Indireto: É aquele reproduzido pelo narrador com

suas próprias palavras, aquilo que escutou ou leu de outra pessoa. No discurso indireto eliminamos os sinais de pontuação e usamos conjunções: que, se, como, etc. Exemplo:

O juiz disse que o réu era inocente. Discurso Indireto Livre: É aquele em que o narrador

reconstitui o que ouviu ou leu por conta própria, servindo-se de orações absolutas ou coordenadas sindéticas e assindéticas. Exemplo:

Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa,

achando a frase extravagante. Aves matarem bois e cavalos, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando”. (Graciliano Ramos).

Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a

leitura, vá até o fim, ininterruptamente;- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo

menos umas três vezes;- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;- Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor

compreensão;- Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do

texto correspondente;- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada

questão;- Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não,

correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;

- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;

- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lógica objetiva;

- Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela

resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;- Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia

a resposta;- Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo

autor, definindo o tema e a mensagem;- O autor defende ideias e você deve percebê-las;- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são

importantíssimos na interpretação do texto. Exemplos:

Ele morreu de fome. de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na

realização do fato (= morte de “ele”).Ele morreu faminto. faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se

encontrava quando morreu.

- As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as ideias estão coordenadas entre si;

- Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado;

- Esclarecer o vocabulário;- Entender o vocabulário;- Viver a história;- Ative sua leitura;- Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se

pede;- Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas

alternativas; - As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto ou

como o leu;- Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;

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- Sentir, perceber a mensagem do autor;- Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;- Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;- Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu

valor, sua importância;- Todas as orações subordinadas têm oração principal e as

ideias se completam.

Exercícios

As questões de números 01 a 05 baseiam-se no texto.

Um tango para lá de desafinado

Uma imagem, uma constatação, uma estatística e uma frase resumem o estado das coisas na Argentina. A imagem: pedreiros acrescentando mais um andar às lajes das favelas de Buenos Aires. Enquanto a atividade da construção civil em geral está em queda, as precárias vilas portenhas não param de crescer – na falta de espaço, para cima. A constatação: a quantidade cada vez maior de galões de água expostos sobre carros estacionados, principalmente na periferia da capital argentina. Este é o sinal convencionado pelos proprietários para anunciar que seus veículos usados estão à venda. Mais automóveis enfeitados com galões, mais pessoas com necessidade urgente de dinheiro. A estatística: a mortalidade infantil na província de Buenos Aires subiu 8% em 2007. Tudo isso dá a ideia de que algo vai muito mal na Argentina. A população da capital que vive em moradias irregulares aumentou 30% nos últimos dois anos. Três em cada quatro argentinos dizem não ganhar o suficiente para cobrir os gastos diários. E, no mesmo ano em que o PIB da Argentina cresceu incríveis 8,7%, o mais básico dos indicadores sociais só piorou na principal província do país. Favelas em expansão, renda relativa em baixa e bebês morrendo – no mínimo, o governo deveria estar reconsiderando suas políticas econômicas e sociais. A presidente argentina diz que não é o caso.

Formulada por Cristina Kirchner em um comício da campanha para as eleições legislativas do próximo domingo, eis a frase: “Encontramos o caminho e devemos segui-lo e aprofundá-lo”.

(Veja, 24.06.2009)01. De acordo com o texto, a imagem, a constatação e a

estatística.a) apresentam um cenário pouco alentador da vida

argentina.b) corroboram o sucesso vivenciado com o crescimento do

PIB.c) são bastante contraditórios e, por isso, pouco confiáveis.d) traçam um quadro de confiança no governo de Cristina

Kirchner.e) ilustram a frase formulada pela presidente Cristina

Kirchner.Resposta “A”.Sim, apresentam um cenário pouco alentador, e o período que

dá veracidade à afirmativa é: “Tudo isso dá a ideia de que algo vai muito mal na Argentina”. Ao ler o enunciado, no qual se pede uma observação sobre três palavras chave a respeito do texto – imagem, constatação e estatística – vemos uma periferia crescendo desordenadamente, um aumento no índice de mortalidade infantil, o cenário não poderia ser mais alentador.

02. Na frase – E, no mesmo ano em que o PIB da Argentina cresceu incríveis 8,7%, o mais básico dos indicadores sociais só piorou na principal província do país. – a relação entre o crescimento do PIB e o mais básico dos indicadores sociais revela

a) uma perspectiva otimista para a economia e a vida social do país.

b) a possibilidade de a população progredir mesmo com a economia estagnada.

c) um caos social que vem sendo combatido sem ônus à população carente.

d) uma contradição flagrante entre a economia e as condições de vida no país.

e) o apoio do povo à economia do país, sem abrir mão das regalias sociais.

Resposta “D”.O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores

monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos).

Já o Indicador Social, como o Índice de Desenvolvimento Humano ou as Metas do Milênio, possibilita comparabilidade internacional, estimulam iniciativas domésticas e orientam as ações de ajuda internacional aos países mais pobres. Geralmente, os valores considerados adequados ou satisfatórios para um indicador são estabelecidos por organizações internacionais.

Os indicadores podem ser analíticos (constituídos de uma única variável: esperança de vida ao nascer, taxa de alfabetização, escolaridade média, etc.) ou sintéticos (quando resultantes de uma composição de variáveis, como o IDH).

Veja que na frase, quando lemos sobre um aumento no PIB e sobre a piora nos indicadores sociais, não há como não ter uma contradição flagrante entre a economia e as condições de vida no país.

03. De acordo com o ponto de vista do autor, a) a estabilidade do governo de Cristina Kirchner implica

manutenção de sua política.b) seria prudente que o governo de Cristina Kirchner

revisasse aspectos da política econômica e social.c) a resolução dos problemas sociais é o foco da política de

Cristina Kirchner.d) a situação da Argentina, ainda que difícil, é bem

conduzida por Cristina Kirchner.e) Cristina Kirchner mudou consideravelmente, para

melhor, a vida na Argentina.Resposta “B”.A política econômica consiste no conjunto de ações

governamentais que são planejadas para atingir determinadas finalidades relacionadas com a situação econômica de um país, uma região ou um conjunto de países. Estas ações são executadas pelos agentes de política econômica, a saber: nacionalmente, o Governo, o Banco Central e o Parlamento e internacionalmente por órgãos como, por exemplo, o FMI e o Banco Mundial. Cada vez mais há uma interação com entidades multinacionais, pelo fato de a economia da maioria dos países encontrar-se globalizada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A política social tem se apresentado como uma política fundamental para o “bem estar dos cidadãos”, além de se constituir em objeto de reivindicação dos mais diferentes movimentos sociais e sindicais. Debater a política social como política no âmbito da sociedade capitalista é buscar resgatar seu caráter de classe social, ou seja, uma política que responde, principalmente, aos interesses das classes políticas e econômicas dominantes.

No trecho do texto em que lemos “(...) o governo deveria estar reconsiderando suas políticas econômicas e sociais.”, as idéias da alternativa em questão vão ao encontro das do trecho.

04. No contexto, o termo tango, no título do texto, deve ser entendido como

a) a política praticada por Cristina Kirchner.b) a preocupação excessiva do país com a música.c) a estabilização dos indicadores sociais argentinos.d) a campanha para as eleições legislativas.e) a política almejada pelo povo argentino.Resposta “A”.A palavra “Tango” em relação ao texto assume aspecto da

política de governo da presidente Cristina Kirchner, pois no texto nada se vê sobre música, estabilização social – pelo contrário – eleições legislativas e o anseio político dos argentinos.

Falamos do sentido conotativo da palavra “Tango”. A conotação resulta do acréscimo de outros significados paralelos ao significado de base da palavra, isto é, um outro plano de conteúdo pode ser combinado ao plano da expressão. Este outro plano de conteúdo reveste-se de impressões, valores afetivos e sociais, negativos ou positivos, reações psíquicas que um signo evoca.

Portanto, o sentido conotativo difere de uma cultura para outra, de uma classe social para outra, de uma época a outra. Por exemplo, as palavras senhora, esposa, mulher denotam praticamente a mesma coisa, mas têm conteúdos conotativos diversos, principalmente se pensarmos no prestígio que cada uma delas evoca.

05 – A expressão Tudo isso, em destaque no texto, refere-sea) à quantidade de automóveis postos à venda na capital

argentina.b) ao índice de 8% de mortalidade infantil vivenciado no

país.c) aos problemas do país, citados anteriormente no

parágrafo.d) ao estado das coisas na Argentina, tomados numa

perspectiva positiva.e) aos dados auspiciosos da economia argentina,

previamente apontados.Resposta “C”. O termo anafórico “Tudo isso” refere-se a todo parágrafo

anterior, em que se encontra um quadro alentador sobre estabilidades sociais, financeiras e de saúde.

Anafóricos são aqueles pronomes que se referem a palavras ou expressões que já correram antes dele, ou seja, antecipam. O fenômeno da anáfora é muito frequente em nossa produção discursiva. Afinal, esse fenômeno é crucial para a coesão de um texto, logo, sendo essencial também para seu entendimento global, ou seja, para sua coerência. Na opinião de muitos estudiosos, a anáfora não é apenas um fenômeno entre outros que acontecem nos textos: é o fenômeno que constitui os textos, garantindo sua coesão.

Para responder às questões, observe o texto:

A consagração dos direitos do homem e do cidadão

A cidadania é um processo em constante construção, que teve origem historicamente com o surgimento dos direitos civis, no decorrer do século XVIII – chamado Século das Luzes−, sob a forma de direitos de liberdade, mais precisamente, a liberdade de ir e vir, de pensamento, de religião, da reunião, pessoal e econômica, rompendo-se com o feudalismo medieval na busca da participação na sociedade. A concepção moderna de cidadania surge então, quando a ruptura com o Ancien Régime, em virtude de ser ela incompatível com os privilégios mantidos pelas classes dominantes, passando o ser humano a deter o status de “cidadão”. O conceito de cidadania, entretanto, tem sido frequentemente apresentado de uma forma vaga e imprecisa. Uns identificam-na com a perda ou aquisição de nacionalidade, outros, com os direitos políticos de votar e ser votado. No Direito Constitucional, aparece o conceito, comumente relacionado à nacionalidade, aos direitos políticos. Já na Teoria Geral do Estado, aparece ligado ao elemento povo como integrante do conceito de Estado. Dessa forma, fácil perceber que, no discurso político dominante, a cidadania não apresenta um estatuto próprio pois na medida em que se relaciona a estes três elementos (nacionalidade, direitos políticos e povo), apresenta-se como algo ainda indefinido.

A famosa Déclaration des Droits de l’homme et du Citoyen, de 1789, sob a influência do discurso burguês, cindiu os direitos do “homem” e do “cidadão”, passando a expressão Direitos do Cidadão significar o conjunto dos direitos políticos de votar e ser votado, como institutos essenciais à democracia representativa. [...]

A idéia de cidadão, que, na antiguidade clássica, cotava o habitante da cidade – o citadino − firma-se, então como querendo significar aquele indivíduo a quem se atribuem os direitos políticos, quer dizer, o direito de participar ativamente na vida política do Estado, onde vive. Na carta de 1824, por exemplo, falava-se nos arts. 6º e 7º, em cidadãos brasileiros como querendo significar o nacional, ao passo que nos arts. 90 e 91 o termo cidadão aparece designando aquele que pode votar e ser votado. Estes últimos eram chamados de cidadãos ativos, posto que gozavam de direitos políticos.

Aqueles, por sua vez, pertenciam à classe dos cidadãos inativos, destituídos dos direitos de eleger e ser eleito. Faziam parte, nas palavras de José Afonso da Silva, de uma “cidadania amorfa”, posto que abstratos e alheios a toda uma realidade sociológica, sem referência política.

[...]Esta idéia, entretanto, vai sendo gradativamente

modificada, quando do início do processo de internacionalização dos direitos humanos, iniciado com a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948. Passa-se a considerar como cidadãos, a partir daí, não somente aqueles detentores dos direitos civis e políticos, mas todos aqueles que habitam o âmbito da soberania de um Estado e deste Estado recebem uma carga de direitos (civis, econômicos e culturais) e também deveres, dos mais variados.

[...]htpp://jus2.uol.com.br/doutrina/texto acessado

em:31/8/09

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. Atente para as seguintes afirmações:I- O Século das Luzes, a que se refere o texto, serviu como

um renascer para a humanidade no que condiz à ciência, às artes, e às letras.

II- Pelo contexto, infere-se que houve, em relação ao medievalismo, uma ruptura, quando então no século XVIII, adveio o conceito de cidadania.

III- No referido século, o homem passou a ser valorizado em sentido amplo, tendo sido disseminadas todas as diferenças sociais até então existentes.

IV- Com a burguesia reinando no século XVIII, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão passou a reunir tais direitos em um conceito individualizante.

V- Enfocando-se os direitos do cidadão, à luz da burguesia, como conjunto de direitos políticos de votar e ser votado surgem princípios essenciais de uma democracia representativa.

Estão corretas apenas as afirmações da alternativa:a) I, II, III IV e Vb) I, II, III e IVc) I, II, IV e Vd) II, III, IV e Ve) II, III e IVResposta “C”.Podemos definir cidadania como um status jurídico e político

mediante o qual o cidadão adquire os direitos como indivíduo (civis, políticos, sociais) e os deveres (impostos, tradicionalmente o serviço militar, fidelidade…) relativos a uma coletividade política, além da faculdade de participar na vida coletiva do Estado. Esta faculdade surge do princípio democrático da soberania popular.

O cidadão dispõe de uma série de direitos reconhecidos nas suas constituições mas além disso tem obrigações no que se refere à coletividade (fiscais, militares…). Num estado democrático, o cidadão vê-se obrigado a cumprir com essas obrigações, já que são aprovadas pelos representantes que elegeram, utilizando um dos seus principais direitos políticos como cidadãos, o sufrágio.

A cidadania, enquanto parte do discurso da modernidade, emerge juntamente com a lógica do Estado moderno, vinculada ao jusnaturalismo envolto num contexto libertário. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789) é o marco da concepção liberal individualista e do reconhecimento dos direitos a partir de um novo referencial: o ser humano. “Os súditos se tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns direitos fundamentais”. Assim, é com a derrubada da monarquia absoluta e, consequentemente, do feudalismo, com base na teoria contratualista, que emerge a sociedade civil moderna, formada por indivíduos livres ¾ dos cidadãos. Os pressupostos que vão sedimentar o conceito liberal de cidadania são, “o direito natural, a liberdade de pensamento e de religião e a igualdade perante a lei”. Desta forma, os direitos fundamentais que originam a cidadania, seriam os “direitos formais de liberdade” e que resultariam nos direitos civis de hoje. No mesmo sentido a cidadania é um processo em desenvolvimento, que tem origem historicamente com o surgimento dos direitos civis. Assim a cidadania civil surge no decorrer do século XVIII sob a forma de direitos de liberdade ¾ mais precisamente, a liberdade de ir e vir, de pensamento, de religião, de reunião, pessoal e econômica. Estes direitos visam a garantir o espaço do indivíduo frente ao poder coercitivo do Estado, desde que o indivíduo não viole os

direitos dos outros. A cidadania enquanto igualdade básica de participação na sociedade se viabiliza através da concretização de direitos que, por sua característica moderna, demonstra a verdadeira ruptura com o feudalismo medieval. A cidadania moderna surge, então, quando ocorre a ruptura com o Antigo Regime, por ser incompatível com os privilégios que as classes dominantes mantinham então, quando o ser humano passa a deter o status de cidadão. Embora ocorra esta ruptura, entende-se que a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão “é um manifesto, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária”, mas contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres. Porém, é perceptível a origem da cidadania enquanto luta contra os privilégios da nobreza.

07. Considere as alternativas abaixo:I- A primeira manifestação de cidadania está inclusa na

base no conceito de democracia representativa.II- No início do Estado Liberal, a idéia de cidadania

era reduzida, pelo discurso jurídico, ao conjunto dos que adquiriam os direitos políticos.

III- Por cidadãos ativos, na carta de 1824, eram considerados somente aqueles que podiam votar, omitindo-se estes, no entanto, a emitir juízos de valor.

IV- Os cidadãos inativos eram os que integravam uma realidade sociológica, atuando moderadamente com direitos assegurados, sobretudo de serem eleitos.

V- Apenas após a Declaração Universal dos Direitos Humanos é que se amplia o conceito de cidadão, passando a ser não apenas os habitantes de um Estado, mas possuidores de direitos e de deveres.

Estão corretas apenas:a) I, II, III e IVb) I, II e Vc) I, III e Vd) II, III, IV e Ve) II, III e IVResposta “B”.Para votar, segundo a Constituição de 1824, o indivíduo tinha

de ter mais de 25 anos, ser livre, ser brasileiro ou ser estrangeiro naturalizado e ter uma renda líquida anual de 100 mil réis, o que tirava o direito da maioria de discutir, principalmente dos pobres e escravos.

O processo de votação era feito assim: primeiro os votantes reuniam-se em assembléias paroquiais onde elegiam eleitores, depois os eleitores escolhiam deputados e senadores. É claro que para ser eleitor, o indivíduo precisava ter uma renda anual de 200 mil réis, para ser deputado, 400 mil réis e para o senado 800 mil réis anuais. Portanto o sistema eleitoral era censitário e indireto. Todas essas exigências sobre o voto e sobre a escolha do voto só conseguiam mostrar cada vez mais o caráter elitista da cidadania.

Algumas das leis eram contraditórias à realidade brasileira: considerar o escravo como propriedade e confirmar o direito a ela, versus a lei que abolia qualquer tipo de tortura e a outra que dizia que o homem não era obrigado a fazer aquilo que não queria. Mas a lei que realmente demonstra o caráter elitista da Constituição era a que dizia que as leis eram iguais para todos e que ela recompensaria em proporção dos merecimentos de cada um.

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A Constituição de 1824 afirmava a liberdade e a igualdade de todos perante a lei, mas a maioria da população continuava escrava. Garantia-se a segurança individual, mas podia-se matar um homem sem punição. Aboliam-se as torturas, mas nas senzalas os instrumentos de castigo como o tronco, a gargalheira, o açoite continuavam sendo usados e os senhores eram os supremos juízes da vida e da morte de seus homens. A elite de intelectuais do império, porta-voz das categorias dominantes, criou todo um conjunto de idéias liberais que mascarava as contradições sociais do país e ignorava a distância entre a lei e a realidade.

08. Em relação ao texto:I- Todo o texto gira em torno de um mesmo tema, em uma

abordagem histórica bem construída.II- Infere-se que a evolução do termo cidadania vem

crescendo desde a antiguidade clássica até o século XX.III- Sempre o conceito de cidadão suscitou dúvidas, pois

houve uma cisão entre a duplicidade de enfoque para “homem” e para “cidadão”.

IV- O texto evoca momentos da Revolução Francesa, não apenas em relação à data, mas também pelos indícios da ascensão da burguesia ao poder.

V- Em “Firme-se, então...” e “... a quem se atribuem os...” os vocábulos sublinhados possuem valores semânticos, sintáticos e morfológicos díspares, no entanto ambos são exemplos de ênclise.

Estão corretas apenas as alternativas do item:a) I, II, III e Vb) II, III e Vc) II, III e IVd) I, III e IVe) I, II e IVResposta “E”.Alternativa III - A idéia de cidadania surgiu na Idade Antiga,

após a Roma conquistar a Grécia (séc. V d.C.), se expandindo para o resto da Europa. Apenas homens (maior) e proprietários de terras (desde que não fossem estrangeiros), eram cidadãos. Diminuindo assim a idéia de cidadania, já que mulheres, crianças, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos.

Na Idade Média (2ª era - séc. V até XV d.C.), surgiram na Europa, os feudos (ou fortalezas particulares). A idéia de cidadania se acaba, pois os proprietários dos feudos passaram a mandar em tudo, e os servos que habitavam os feudos não podiam participar de nada.

Alternativa V - Em gramática, denomina-se ênclise a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo.

É usada principalmente nos casos: Quando o verbo inicia a oração (a não ser sob licença poética, não se devem iniciar orações com pronomes oblíquos); Quando o verbo está no imperativo afirmativo; Quando o verbo está no infinitivo impessoal; Quando o verbo está no gerúndio (sem a preposição em)

Não deve ser usada quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito. Neste caso é utilizada a mesóclise.

Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las quando estão ligados a verbos terminados em r, s ou z. Nesse caso, o verbo perde sua última letra e a nova forma deverá ser re-acentuada de acordo com as regras de acentuação da língua.

No caso de verbos terminados em m, õe ou ão, ou seja, sons nasais, os pronomes o, a, os, as assumem as formas no, na, nos, nas, e o verbo é mantido inalterado.

TEXTO 2

O desafio da inclusão social no Brasil

Até há pouco tempo, o debate sobre a inclusão social, sobre combate à pobreza e à fome, era tema circunscrito e as iniciativas na área, praticamente exclusividade dos movimentos sociais. Felizmente, o cenário mudou porque o tema envolve as mais diferentes esferas governamentais e não governamentais e, principalmente, é questão central e objeto de política pública do governo federal. Se antes a sociedade civil se organizava como podia para implementar, graças aos homens e mulheres de boa vontade desse país, ações de apoio à população carente, hoje contam com a coordenação do Estado que assume o compromisso de formulação de políticas para o setor e, democraticamente, busca na sociedade o apoio para formulação de parcerias estratégicas e duradouras.

Não há como ser diferente. A sociedade tem e sempre teve um papel fundamental nas conquistas sociais da nossa gente. A própria incorporação das políticas de inclusão social como prioridade de governo é resultado da mobilização e organização da sociedade que definiu sua opção pela promoção dos mais pobres e isso está expresso na Constituição Federal de 1988. Graças a isso, podemos construir hoje uma rede de proteção social com base em políticas normatizadas. A solidariedade social, historicamente, é anunciadora do bem comum. Entretanto devemos ter sempre em vista que a parceria do Estado com a sociedade tem de apontar na linha de políticas públicas e buscar ações continuadas.

[...]Cabe ainda a todos, Estado e Sociedade, trabalharem

em conjunto pensando na dimensão que assume a questão de inclusão nos dias de hoje. Que tipo de exclusão enfrentamos? A exclusão econômica e social deve ser compreendida como a face mais conhecida de uma situação que tem outros desdobramentos – temos a exclusão cultural, do saber, o problema de desenraizamento, a quebra de vínculos familiares e comunitários, a perda de referências a partir da quebra de um paradigma social. Compreender essa multiplicidade do problema é o primeiro passo para que possamos compreender a dimensão de nosso campo de ação, reconhecendo nossas possibilidades, nossas responsabilidades de nossos desafios.

[...]Anannias, Petrus . mds.gov.br acessado em: 01/09/09

61 – Considere as afirmações abaixo:I- Observando o texto 1 e comparando-se com o 2,

podemos inferir que este parece dar continuidade ao exposto naquele, pois existe uma abordagem em que se buscam dirimir as diferenças.

II- O problema de inclusão social é um desafio que vem sendo enfrentado por alguns setores governamentais.

III- Com a Constituição de 1988, o setor social adquiriu maior enfoque, daí haver hoje uma rede de proteção social, embasada em políticas legais.

IV- Existe uma inferência de se objetivar sempre uma ação continuada em relação às políticas públicas inclusivas sempre em parceria Estado com a sociedade.

V- A política inclusiva objetiva geração de trabalho e renda, estímulo ao cooperativismo e demais políticas que visem à independência do indivíduo.

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Apenas estão corretas as assertivas:a) I, II e IIIb) II, III, IV e Vc) I, II, III, IV e Vd) II, III e IVe) I, III e VResposta “C”.Inclusão social é um conjunto de meios e ações que combatem

a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela falta de classe social, origem geográfica, educação, idade, existência de deficiência ou preconceitos raciais. Inclusão Social é oferecer aos mais necessitados oportunidades de acesso a bens e serviços, dentro de um sistema que beneficie a todos e não apenas aos mais favorecidos no sistema meritocrático em que vivemos.

Apesar de atualmente a maioria dos países apresentar alguma legislação que assegura os direitos de todos os cidadãos igualmente, poucas sociedades estão preparadas para exercer a inclusão social em plenitude. Pessoas com dificuldades de locomoção enfrentam barreiras para utilizar os transportes públicos e para ter acesso a prédios públicos, inclusive escolas e hospitais.

A necessidade de se construir uma sociedade democrática e inclusiva, onde todos tenham seu lugar é um consenso. Segundo especialistas, o Brasil é um dos países que tem uma das legislações mais avançadas sobre acessibilidade. O crédito vai, principalmente para a luta do movimento de pessoas com deficiência que compreenderam que a acessibilidade é um dos meios para se alcançar a inclusão social. O que deve ser feito já está previsto no Decreto Federal 5296/2004, conhecido como Lei de Acessibilidade, e em muitas outras normas. Mas a lei nem sempre é cumprida e, na realidade uma parte significativa da população ainda vive à margem.

As questões de números 09 a 12 baseiam-se no texto apresentado abaixo.

Entre uma prosa e outra, “seo” Samuca, morador das cercanias do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, no norte de Minas Gerais, me presenteia com um achado da sabedoria cabocla: “Pois é, não sei pra onde a Terra está andando, mas certamente pra bom lugar não é. Só sei que donde só se tira e não se põe, um dia tudo o mais tem que se acabar.” Samuel dos Santos Pereira viveu seus 75 anos campeando livre entre cerradões, matas de galeria, matas secas, campos limpos ou sujos e campos cerrados, ecossistemas que constituem a magnífica savana brasileira. “Ainda bem que existe o Parque”, exclama o vaqueiro, “porque hoje tudo em volta de mim é plantação de soja e pastagem pra gado.”

Viajar pelo Cerrado do Centro-Oeste é viver a surpresa permanente. Na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, nascente do Rio São Francisco, podem-se avistar tamanduás bandeira, lobos-guarás e, com sorte, o pato-mergulhão, ameaçado de extinção. Lá está também a maravilhosa Casca D’Anta, primeira e mais alta cachoeira do Velho Chico, com 186 metros de queda livre.

No Jalapão, no Tocantins, o Cerrado é diferente, parece um deserto com dunas de até 40 metros de altura. Mas, ao contrário dos Lençóis Maranhenses, tem água em profusão, nascentes, cachoeiras, lagoas, serras e chapadões. E uma fauna exuberante, com 440 espécies de vertebrados. Nas veredas, os habitantes da

comunidade quilombola de Mumbuca descobriram o capim-dourado, uma fibra que a criatividade local transformou em artigo de exportação.

Em Goiás, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o viajante se extasia com a beleza das cachoeiras e das matas de galeria, das piscinas naturais, das formações rochosas, dos cânions do Rio Preto e do Vale da Lua. Perto do município de Chapadão do Céu, também em Goiás, fica o Parque Nacional das Emas, onde acontece o surpreendente espetáculo da bioluminiscência, uma irradiação de luz azules verdeada produzida pelas larvas de vaga-lumes nos cupinzeiros. Pena que todo o entorno do parque foi drenado para permitir a plantação de soja. Agrotóxicos despejados por avião são levados pelo vento e contaminam nascentes e rios que atravessam essa unidade de conservação. Outra tristeza provocada pela ganância humana são as voçorocas das nascentes do Rio Araguaia, quase cem, com quilômetros de extensão de dezenas de metros de profundidade. Elas jogam milhões de toneladas de sedimentos no rio, inviabilizando sua navegabilidade.

Apesar de tanta beleza e biodiversidade (mais de 300 espécies de plantas locais são utilizadas pela medicina popular), o Cerrado do “seo” Samuca está minguando e tende a desaparecer. O que percebo, como testemunha ocular, é que entra governo e sai governo e o processo de desertificação do país continua em crescimento assombroso.

Como disse Euclides da Cunha, somos especialistas em fazer desertos. Só haverá esperança para os vastos espaços das Geraes, esse sertão do tamanho do mundo, celebrado pela genialidade de João Guimarães Rosa, se abandonarmos nosso conformismo e nossa proverbial omissão.

(Araquém Alcântara, fotógrafo. O Estado de S. Paulo, Especial H 4-5, 27 de setembro de 2009, com adaptações)

09. A afirmativa correta, de acordo com o texto, é:a) A transformação das riquezas do Cerrado em artigo de

exportação pela população local despreza as características nacionais desses produtos.

b) Os vastos espaços das Geraes se constituem de diferentes faces em sua formação de matas e campos de vários tipos.

c) A sabedoria cabocla consiste na descoberta das riquezas do Cerrado e em seu aproveitamento econômico.

d) A plantação de soja e a pastagem pra gado garantem a sustentabilidade econômica dos moradores do Cerrado.

e) O conformismo dos habitantes da região central do Brasil transforma toda essa região em um deserto com dunas de até 40 metros de altura.

Resposta “B”.A confirmação da veracidade dessa afirmativa está no último

parágrafo: “...somos especialistas em fazer desertos. Só haverá esperança para os vastos espaços das Geraes, esse sertão do tamanho do mundo,... se abandonarmos nosso conformismo e nossa proverbial omissão.”

10. Um título apropriado para o texto poderia ser:a) Plantas do Cerrado constituem a base da medicina

popular brasileira.b) Oportunidades de trabalho reduzidas dificultam o

desenvolvimento humano na região do Cerrado.

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c) Flora e fauna típicas da região do Cerrado formam um belo cenário em risco de extinção.

d) Diversidade na formação do Cerrado compromete a eficácia da preservação de sua paisagem.

e) Cultura de grãos convive em harmonia com a biodiversidade do Cerrado.

Resposta “C”. Atualmente, é possível encontrar grande quantidade de frutas

nativas dos cerrados sendo comercializadas em feiras da região e nas margens das rodovias a preços competitivos e alcançando grande aceitação popular.

Observa-se, hoje, a existência de mercado potencial e emergente para as frutas nativas do cerrado, a ser melhor explorado pelos agricultores, pois todo o aproveitamento desses frutos tem sido feito de forma extrativista e predatória.

Apesar da existência de leis de proteção à fauna, à flora e ao uso do solo e água, elas são ignoradas pela maioria dos agricultores, que utilizam esses recursos naturais erroneamente, na expectativa de maximizarem seus lucros. Neste cenário, o ecossistema cerrado tem sido agredido e depredado pela ação do fogo e dos tratores, colocando em risco de extinção várias espécies de plantas, entre elas algumas fruteiras nativas, antes mesmo de serem classificadas pelos pesquisadores.

A destruição de plantas e animais e a poluição do solo, dos rios e da atmosfera vêm ocorrendo em processo acelerado, o que certamente comprometer á de maneira significativa as futuras gerações.

O maior predador é, sem dúvida, o próprio homem, que desconhece o potencial de utilização racional desse ecossistema, onde podem estar guardados muitos segredos de sua alimentação, saúde, proteção e da sua própria vida.

11. Considerando-se o desenvolvimento das ideias no texto, é correto perceber

a) deslumbramento nacionalista pelas riquezas, até mesmo bem aproveitadas economicamente, de uma vasta região brasileira.

b) condenação de certos hábitos entranhados na população menos escolarizada, de utilizar as riquezas do solo, destruindo o meio ambiente.

c) total defesa do papel desempenhado pelos rios da região, tanto pela água que fornecem quanto por sua navegabilidade.

d) crítica à atuação do homem na região do Cerrado, e também às falhas no controle eficaz tanto de governos quanto da sociedade.

e) referência explícita a alguns produtos cultivados na região, que propiciam qualidade de vida aos seus moradores.

Resposta “D”. Nos últimos anos, órgãos de pesquisa, ensino, proteção

ambiental e extensão rural da região têm estudado e divulgado o potencial de utilização das espécies do cerrado, além de investir na conscientização dos agricultores quanto à importância de preservá-las e utilizá-las de forma racional e sustentável.

Tem-se realizado vários estudos sobre a germinação das sementes, produção de mudas, plantio, valor nutricional, beneficiamento, aproveitamento alimentar e armazenagem dos frutos dos cerrados.

Uma boa solução para conter a devastação da região do cerrado é utilizar as áreas já abertas e abandonadas, para a produção, pois assim não seria preciso devastar novas áreas.

Além disso, a utilização dessas áreas reduziria os custos para os produtores, visto que já estão preparadas e limpas para o plantio, exigindo apenas investimentos em corretivos, adubações e práticas conservacionistas.

Existem várias tecnologias viáveis e disponíveis para isso. Já é tempo do conceito de quantidade de área explorada ser definitivamente substituído pelo conceito de produtividade, onde o uso dos fatores de produção (solo, água, insumos, serviços etc.) são maximizados e a produção verticalizada, através de enfoque duradouro de sustentabilidade do sistema de produção.

Em pleno século XXI, conscientes de tantos erros do passado, não podemos admitir que a região dos cerrados continue a ser explorada à semelhança de uma agricultura itinerante, como faziam nossos ancestrais.

Há cerca de duas décadas, iniciou-se trabalho de investigação com as comunidades rurais e indígenas da região, com o objetivo de descobrir novas formas de aproveitamento das fruteiras nativas dos cerrados.

A riqueza dos cerrados ainda é pouco conhecida. O potencial mais conhecido hoje é a utilização das fruteiras, mas muito ainda tem que ser feito para o seu melhor aproveitamento. Atualmente, essas frutas são consumidas mais na forma in natura e a sua comercialização ainda é feita de maneira informal.

Dentre as possibilidades atuais de utilização das fruteiras do cerrado, destacam-se: o plantio em áreas de proteção ambiental; o enriquecimento da flora das áreas mais pobres; a recuperação de áreas desmatadas ou degradadas; a formação de pomares domésticos e comerciais; e o plantio em áreas de reflorestamento, parques e jardins, e em áreas acidentadas.

Nesse sentido, muitos agricultores e chacareiros já estão implantando pomares de frutas nativas dos cerrados e os viveiristas estão intensificando a produção de mudas.

12 – É correto inferir do texto que nele há, predominantemente,

a) um olhar sobre toda a diversidade existente no bioma que se estende por vários Estados do Planalto Central brasileiro.

b) a intenção subjacente de apontar a enorme importância do rio São Francisco como garantia da produção agrícola no Cerrado.

c) a tentativa, um tanto inútil, de mostrar os vários aspectos da cultura popular na região do Cerrado, a partir da visão de um vaqueiro.

d) uma visão tristonha sobre essa vasta região do país, desconhecida da maioria dos brasileiros, apesar da imensa beleza de suas paisagens.

e) a surpresa de um viajante, ao se deparar com a estranha diversidade de uma mesma região, que vem prejudicar sua classificação como bioma.

Resposta “A”.Sim, o texto deixa muito explícito a diversidade existente

no bioma que se estende por vários Estados do Planalto Central brasileiro, fazendo fronteira com os biomas Mata Atlântica, Caatinga, Amazônia e Pantanal, a fauna e flora do cerrado são extremamente ricas. O clima do cerrado é quente, semi-úmido, com verão chuvoso e inverno seco.

O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro com uma área total de aproximadamente 2 mil km2 (20% do território brasileiro), dos quais 300.000 km2 foram reconhecidos em 1993 como Reserva da Biosfera.

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Os Parques Nacionais Chapada dos Veadeiros e Emas foram declarados Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2001.

Uma das principais características da região do planalto central é a vegetação característica, o Cerrado, com espécies da flora como o Ypê do Cerrado (que é menor que o Ypê comum e apresenta galhos tortuosos), a aroeira, as orquídeas, a copaíba e outras espécies que somam mais de 3 mil diferentes espécies de vegetais. A fauna também apresenta uma grande diversidade com cerca de 1.500 espécies, algumas das quais em risco de extinção.

É no planalto central, também, que têm origem alguns dos rios mais importantes do Brasil como os rios Araguaia e Tocantins que constituem a maior bacia hidrográfica inteiramente brasileira. Além de abrigar ainda parte dos cursos d’água de outras duas importantes baias hidrográficas, a Amazônica e a bacia do São Francisco.

Pela característica de seu relevo e perfil hidrológico, a região do planalto central apresenta um grande potencial hidrelétrico que mesmo nos períodos de estiagem é capaz de abastecer grande parte da região. Um bom exemplo é a hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, que abastece a Serra dos Carajás e Albrás.

As questões de números 13 a 15 referem-se ao texto que segue.

Por que não gosto de eleições

Gosto da democracia em seu exercício cotidiano e concreto. Prezo a discussão numa associação de moradores de vila para discutir se é melhor pedir mais postes de luz ou asfalto na rua central. Aprecio uma reunião de condomínio em que uma senhora idosa e sozinha defende seu cachorrinho contra a mãe de uma criança asmática e alérgica aos pêlos de animais. Em ambos os casos, sinto carinho pelo esforço de inventar formas possíveis de convivência.

Ultrapassamos o tamanho das comunas medievais, e hoje um governo democrático só pode ser representativo: as eleições são inevitáveis. Mas não me digam que elas são a melhor expressão da democracia.

A retórica eleitoral parece implicar inelutavelmente duas formas de desrespeito, paradoxais por serem ambas inimigas da invenção democrática.

Há o desrespeito aos eleitores, que é implícito na simplificação sistemática da realidade. Tanto as promessas quanto a crítica às promessas dos adversários se alimentam numa insultuosa infantilização dos votantes: “Nós temos razão, o outro está errado; solucionaremos tudo, não há dúvidas nem complexidade; entusiasmem-se”.

E há o desrespeito recíproco entre os candidatos. As reuniões de moradores de vila ou de condomínio não poderiam funcionar se os participantes se tratassem como candidatos a um mesmo cargo eleitoral. Paradoxo: o processo eleitoral parece ser o contra-exemplo da humildade necessária para o exercício da democracia que importa e que deveria regrar as relações básicas entre cidadãos – a democracia concreta.

Em 1974, na França, Mitterrand, socialista, concorria à Presidência com Giscard d´Estaing, centrista. Num debate decisivo, Mitterrand falava como se ele fosse o único a enternecer-se ante o destino dos pobres e deserdados. Giscard retrucou: “Se-nhor Mitterrand, o senhor não detém o monopólio do coração”. Cansado de simplificações, o eleitorado gostou, e Mitterrand perdeu.

(Contardo Calligaris, Terra de ninguém)

13 – A justificativa do autor para não gostar de eleições expressa-se pelo fato de que, nas eleições,

a) o exercício democrático revela-se custoso e complexo, tornando inviáveis as decisões mais justas e mais simples.

b) ocorre uma disputa em princípio democrática, na qual, contraditoriamente, os adversários desrespeitam a base mesma da democracia.

c) são feitas promessas cujo cumprimento dependeria da suspensão, ainda que momentânea, dos direitos individuais.

d) os interesses dos candidatos, mercê do antagonismo de suas propostas, acabam por se sobrepor aos interesses partidários.

e) as hostilidades entre os candidatos levam-nos a acirrar a argumentação política, em vez de buscarem um consenso entre suas propostas.

Resposta “B”. A justificativa da alternativa “B” está no próprio texto: “Há

o desrespeito aos eleitores, que é implícito na simplificação sistemática da realidade. Tanto as promessas quanto a crítica às promessas dos adversários se alimentam numa insultuosa infantilização dos votantes: “Nós temos razão, o outro está errado; solucionaremos tudo, não há dúvidas nem complexidade; entusiasmem-se”.

E há o desrespeito recíproco entre os candidatos. [...]” – “...o processo eleitoral parece ser o contra-exemplo da humildade necessária para o exercício da democracia que importa e que deveria regrar as relações básicas entre cidadãos – a democracia concreta.”

14 – Atente para as seguintes afirmações:I. Os exemplos da discussão entre moradores de uma vila

e da reunião de condomínio ilustram situações em que não há conflito de interesses.

II. Tanto são inevitáveis as eleições, numa democracia, como é rotineiro o uso da boa retórica, que torna convincentes os argumentos de quem as disputa.

III. O duplo desrespeito, a que se refere o autor, atinge tanto os sujeitos da retórica de campanha como os receptores para os quais ela se produz.

Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em

a) I.b) II.c) III.d) I e II.e) II e III.Resposta “C”. A justificativa da questão está no próprio texto: “Há o

desrespeito aos eleitores, que é implícito na simplificação sistemática da realidade.” – “E há o desrespeito recíproco entre os candidatos.”

15 – Em sua réplica no debate entre candidatos à Presidência da França, o candidato Giscard d´Estaing

a) manifestou seu desapreço pelo destino dos pobres e deserdados.

b) demonstrou grandeza política, ao acatar as razões de seu oponente.

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c) expressou sua relutância em abordar um tema de natureza social.

d) expôs o exclusivismo do discurso do candidato socialista.e) denunciou a inexequibilidade das promessas de seu

rival.Resposta “D”.Valéry René Marie Georges Giscard d’Estaing (Coblença, 2

de Fevereiro de 1926) é um político francês de centro-direita, que exerceu o cargo de presidente da República Francesa de 1974 a 1981.

Entre 2002 e 2003 foi presidente da Convenção para o Futuro da Europa, que redigiu um projecto de Constituição Europeia aprovado em 2004 pelos chefes de Estado e de Governo dos membros da União Europeia.

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, Subjetivo, Pessoal).

Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo, Informativo).

O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos explicativos são os encontrados em manuais de instruções.

Informativo: Tem a função de informar o leitor a respeito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da linguagem, 3ª pessoa do singular.

Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa “criar” com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se refere.

Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” ou a “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano.

Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.

Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.

Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de solicitação, deliberação informal, discurso de defesa e acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial.

Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura básica; ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de linguagem clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições,etc.

Injunção: Indica como realizar uma ação. É também utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua-gem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, emprega-dos no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e manuais.

Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e retomadas.

Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres entrevistam as suas fontes para obter declarações que validem as informações apuradas ou que relatem situações vividas por personagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repórter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Munido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevistado a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou manipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública sobre um problema que está a afetar o fornecimento de serviços à população, ele tende a evitar as pergun-tas e a querer reverter a resposta para o que considera positivo na instituição. É importante que o repórter seja insistente. O entrevis-tador deve conquistar a confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por ele dominado. Caso contrário, acabará in-duzindo as respostas ou perdendo a objetividade.

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As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O título da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do leitor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos casos, apenas as preposições ficam com a letra minúscula. O subtítulo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de ponto final. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fotografia do entrevistado aparece normalmente na primeira página da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele. As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.

Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de sua redação e terá exemplos.

Uma das mais famosas crônicas da história da literatura luso-brasileira corresponde à definição de crônica como “narração histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de Pero Vaz de Caminha”, na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis:

O nascimento da crônica

“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue está começada a crônica. (...)

(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. São Paulo: Editora Ática, 1994)

Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.

O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.

Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a observação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, para garantir sua durabilidade no tempo.

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto “correto” e grafia “escrita” sendo a escrita correta das palavras da língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados aos fonemas representados).

Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba trazendo a memorização da grafia correta. Deve-se também criar o hábito de consultar constantemente um dicionário.

Desde o dia primeiro de Janeiro de 2009 está em vigor o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, por isso temos até 2012 para nos “habituarmos” com as novas regras, pois somente em 2013 que a antiga será abolida.

Esse material já se encontra segundo o Novo Acordo Ortográfico.

Emprego das iniciais maiúsculas

- A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da letra maiúscula.

- Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.

- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.

- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da República, etc.

- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação, Estado, Pátria, União, República, etc.

- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc.

- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da Manhã, Manchete, etc.

- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.

- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do Oriente, o falar do Norte. Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste.

- Nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.

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Emprego das iniciais minúsculas

- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc.

- Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando empregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria.

- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc.

- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”.

- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de, em, sem, grafam-se com inicial minúscula.

Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificuldades colocando em maus lençóis quem pretende falar ou redigir português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar seu desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras certas em situações apropriadas.

A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos à Europa.

Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.

“Procure o seu caminhoEu aprendi a andar sozinhoIsto foi há muito tempo atrásMas ainda sei como se fazMinhas mãos estão cansadasNão tenho mais onde me agarrar.” (gravação: Nenhum de Nós)

Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessidade de usar atrás, isto é um pleonasmo.

Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de uma solução melhor.

Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resolvemos este caso.

Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao encontro da verdade.

De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opiniões vão de encontro às suas.

A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a fim de visitá-la.

Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos almas afins.

Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar começou a chorar (oposição).

Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar-me, ficou só.´

Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando!Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos dizer

“no lugar de”!

Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que “invés” significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absurdamente errado escrever “ao invés de” em frases que expressam sentido de “em lugar de”, mas é preferível optar por “em vez de”.

Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a escola inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora ao invés de ficar e discutir o caso. (ao contrário de)

Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao contrário de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”.

Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no lugar de” ou “em lugar de”. No entanto, pode assumir o significado de “ao invés de”, sem problemas. Porém, o que ocorre é justamente o contrário, coloca-se “ao invés de” onde não poderia.

A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das boas notícias.

Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre valores financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão ao par.

Aprender: tomar conhecimento de: O menino aprendeu a lição.

Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha do menino.

À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutilmente, sem razão): Andava à toa pela rua.

À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equivale a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipitada. (até 01/01/2009 era grafada: à-toa)

Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços funcionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos supermercados. Vamos comemorar, pessoal!

Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos (sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) da gasolina.

Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande bebedor de vinho.

Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este bebedouro está funcionando bem.

Bem-Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre bem vindo aqui, jovem.

Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega de classe.

Berruga/Verruga: as duas formas estão corretas: Olhe só a sua berruga/verruga, menina!

Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas normalmente): Vivia na boêmia/boemia.

Botijão/Bujão de gás: ambas formas corretas: Comprei um botijão/bujão de gás.

Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os vereadores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câmara Municipal.

Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câmera japonesa.

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Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/champanhe está bem gelado.

Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirmada a cessão do terreno.

Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reunião: A sessão do filme durou duas horas.

Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visitei hoje a seção de esportes.

Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito, aparece intensificando verbos, adjetivos ou o próprio advérbio. Vocês falam demais, caras!

Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de artigo, equivale a os outros. Chamaram mais dez candidatos, os demais devem aguardar.

De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se sempre a um substantivo ou a um pronome: Não vejo nada de mais em sua decisão.

Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de surpresas. (até 01/01/2009, era grafado dia-a-dia)

Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente. O álcool aumenta dia a dia. Pode isso?

Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu foi descriminado; pra sorte dele.

Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era impossível discriminar os caracteres do documento. Cumpre discriminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda são discriminados.

Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o jogador foi perfeita.

Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reservado: Você foi muito discreto.

Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega em domicílio.

Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou as compras a domicílio.

As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a domicílio” são muito recorrentes em restaurantes, na propaganda televisa, no outdoor, no folder, no panfleto, no catálogo, na fala. Convivem juntas sem problemas maiores porque são entendidas da mesma forma, com um mesmo sentido. No entanto, quando falamos de gramática normativa, temos que ter cuidado, pois “a domicílio” não é aceita. Por quê? A regra estabelece que esta última locução adverbial deve ser usada nos casos de verbos que indicam movimento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se.

Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está correto. Já a locução adverbial “em domicílio” é usada com os verbos sem noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer.

A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria movimento? De acordo com a gramática purista não, uma vez que quem entrega, entrega algo em algum lugar.

Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim movimento, pois quem entrega se desloca de um lugar para outro.

Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar “entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de que a finalidade é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de uma pessoa.

Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores se fartaram da apresentação.

Expectador: é aquele que está na expectativa, que espera alguma coisa: O expectador aguardava o momento da chamada.

Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A estada dela aqui foi gratificante.

Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios ou veículos: A estadia do carro foi prolongada por mais algumas semanas.

Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no escuro: Este material é fosforescente.

Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico, refere-se a um determinado tipo de luminosidade: A luz branca do carro era fluorescente.

Haja - do verbo haver - É preciso que não haja descuido. Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.

Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa do singular

Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pessoa do singular

Levantar:é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunhado, levantou sozinho a tampa do poço.

Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e, dirigiram-se ao eroporto.

Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto de bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, prejudicial, enfermidade; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A comida fez mal para mim. Seu mal é crer em tudo. Conjunção subordinativa temporal, equivale a assim que, logo que: Mal chegou começou a chorar desesperadamente.

Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus; feminino=má. Você é um mau exemplo (bom). Substantivo: Os maus nunca vencem.

Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a porém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não atendeu.

Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: Há mais flores perfumadas no campo.

Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a palavra um expressa quantidade: Nem um filho de Deus apareceu para ajudá-la.

Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número; vem antes de um substantivo, é oposto de algum: Nenhum jornal divulgou o resultado do concurso.

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Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu mesma, eu própria.

Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado, eu mesmo, eu próprio.

Onde: indica o (lugar em que se está); refere-se a verbos que exprimem estado, permanência: Onde fica a farmácia mais próxima?

Aonde: indica (ideia de movimento); equivale (para onde) somente com verbo de movimento desde que indique deslocamento, ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta pressa?

“Pode seguir a tua estradao teu brinquedo de estarfantasiando um segredoo ponto aonde quer chegar...” (gravação: Barão Vermelho)

Por ora: equivale a (por este momento, por enquanto): Por ora chega de trabalhar.

Por hora: locução equivale a (cada sessenta minutos): Você deve cobrar por hora.

Por que: escreve se separado; quando ocorre: preposição por+que - advérbio interrogativo (Por que você mentiu?); preposição por+que – pronome relativo pelo/a qual, pelos/as quais (A cidade por que passamos é simpática e acolhedora.) (=pela qual); preposição por+que – conjunção subordinativa integrante; inicia oração subordinada substantiva (Não sei por que tomaram esta decisão. (=por que motivo, razão)

Por quê: final de frase, antes de um ponto final, de interrogação, de exclamação, reticências; o monossílabo que passa a ser tônico (forte), devendo, pois, ser acentuado: __O show foi cancelado mas ninguém sabe por quê. (final de frase); __Por quê? (isolado)

Porque: conjunção subordinativa causal: equivale a: pela causa, razão de que, pelo fato, motivo de que: Não fui ao encontro porque estava acamado; conjunção subordinativa explicativa: equivale a: pois, já que, uma vez que, visto que: “Mas a minha tristeza é sossego porque é natural e justa.”; conjunção subordinativa final (verbo no subjuntivo, equivale a para que): “Mas não julguemos, porque não venhamos a ser julgados.”

Porquê: funciona como substantivo; vem sempre acompanhado de um artigo ou determinante: Não foi fácil encontrar o porquê daquele corre-corre.

Senão: equivale a (caso contrário, a não ser): Não fazia coisa nenhuma senão criticar.

Se não: equivale a (se por acaso não), em orações adverbiais condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá desta situação crítica.

Tampouco: advérbio, equivale a (também não): Não compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.

Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão pouco esta semana.

Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios Traz - do verbo trazer

Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está

vultuosa e deformada.

Exercícios

01. Complete com MAL ou MAU: a) Disseram que Carlota passou......ontem. b) Ele ficou de......humor após ter agido daquela forma. c) O time se considera......preparado para tal jogo. d) Carlota sofria de um..........curável. e) O.......é se ter afeiçoado às coisas materiais. f) Ele não é um........sujeito. g) Mas o.......não durou muito tempo. 02. Complete as frases com porque ou por que corretamente: a) ....... você está chateada? b) Cuidar do animal é mais importante........ele fica limpinho. c) .......... você não limpou o tapete? d) Concordo com papai.............ele tem razão. e) ..........precisamos cuidar dos animais de estimação. 03. Preencha as lacunas com: mas = porém; mais = indica

quantidade; más = feminino de mau.a) A mãe e o filho discutiram,.......não chegaram a um acordo. b) Você quer.......razões para acreditar em seu pai? c) Pessoas.........deveriam fazer reflexões para acreditar...... na

bondade do que no ódio. d) Eu limpo,.........depois vou brincar. e) O frio não prejudica .........o Tico. f) Infelizmente Tico morreu, ........comprarei outro cãozinho. g) Todas as atitudes ......devem ser perdoadas,.......jamais ser

repetidas, pois, quanto............se vive,.........se aprende. 04. Preencha as lacunas com: trás, atrás e traz.a) ........... de casa havia um pinheiro. b) A poluição.......consigo graves consequências. c) Amarre-o por......... da árvore. d) Não vou....... de comentários bobos.. 05. Preencha as lacunas com: HÁ - indica tempo passado; A -

tempo futuro e espaço.a) A loja fica ....... pouco quilômetros daqui. b) .........instantes li sobre o Natal. c) Eles não vão à loja porque ........ mais de dois dias a

mercadoria acabou. d) .........três dias que todos se preparam para a festa do Natal. e) Esse fato aconteceu ....... muito tempo. f) Os alunos da escola dramatizarão a história do Natal daqui

......oito dias. g) Ele estava......... três passos da casa de André. h) ........ dois quarteirões existe uma bela árvore de Natal.

06. Atenção para as palavras: por cima; devagar; depressa; de repente; por isso. Agora, empregue-as nas frases:

a) ......... uma bola atingiu o cenário e o derrubou. b) Bem...........o povo começou a se retirar. c) O rei descobriu a verdade,..........ficou irritado. d) Faça sua tarefa............, para podermos ir ao dentista. e) ......... de sua vestimenta real, o rei usava um manto.

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07. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR: análise; pesquisa; anarquia; canal; civilização; colônia; humano; suave; revisão; real; nacional; final; oficial; monopólio; sintonia; central; paralisia; aviso.

08. Haja ou aja. Use haja ou aja para completar as orações: a) ........ com atenção para que não ........ muitos erros. b) Talvez ......... greve; é preciso que........... cuidado e atenção. c) Desejamos que ........ fraternidade nessa escola. d) ...... com docilidade, meu filho!

09. A palavra MENOS não deve ser modificada para o feminino. Complete as frases com a palavra MENOS:

a) Conheço todos os Estados brasileiros,.....a Bahia. b) Todos eram calmos,.........mamãe. c) Quero levar.........sanduíches do que na semana passada. d) Mamãe fazia doces e salgados........tortas grandes. 10. Use por que , por quê , porque e porquê: a) ..........ninguém ri agora? b) Eis........ ninguém ri. c) Eis os princípios ............luto. d) Ela não aprendeu, ...........? e) Aproximei-me .........todos queriam me ouvir. f) Você está assustado, ..........? g) Eis o motivo........errei. h) Creio que vou melhorar.......estudei muito. i) O....... é difícil de ser estudado. j) ........ os índios estão revoltados? l) O caminho ........viemos era tortuoso. 11. Tão Pouco / Tampouco Complete as frases corretamente: a) Eu tive ........oportunidades! b) Tenho.......... alunos, que cabem todos naquela salinha. c) Ele não veio;.......virão seus amigos. d) Eu tenho .........tempo para estudar. e) Nunca tive gosto para dançar;......para tocar piano. f) As pessoas que não amam,........são felizes. g) As pessoas têm.....atitudes de amizade. h) O governo daquele país não resolve seus problemas,....... se

preocupa em resolvê-los.

Respostas

01. a) mal b) mau c) mal d) mal e) mau f) mau g) mal

02. a) Por que b) porque c) Por que d) porque e) Porque

03. a) mas b) mais c) más d) mas e) mais f) mas g) más mas mais mais

04. a) Atrás b) traz c) trás d) atrás

05. a) a b) Há c) há d) Há e) há f) a g) a h) A

06. a) De repente b) devagar c) por isso d) depressa e) Por cima

07. analisar; pesquisar; anarquizar; canalizar; civilizar; colonizar; humanizar; suavizar; revisar; realizar; nacionalizar; finalizar; oficializar; monopolizar; sintonizar; centralizar; paralisar; avisar.

08. a) Aja haja b) haja aja c) haja d) Aja

09. a) menos b) menos c) menos d) menos

10. a) Por que b) por que c) por que d) por quê e) porque f) por quê g) por que h) porque i) porquê j) Por que l) por que

11. a) tão poucas b) tão poucos c) tampouco d) tão pouco e) tampouco f) tampouco g) tão poucas h) tampouco

EMPREGO DAS LETRAS

Emprego da letra H

Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonético; conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta palavra vem do latim hodie.

Emprega-se o H:- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia,

hesitar, haurir, etc.- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave,

boliche, telha, flecha companhia, etc.- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!,

etc.- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmonia,

hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, hematoma, hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear, hera, húmus;

- Sem h, porém, os derivados baiano, baianinha, baião, baianada, etc.

Não se usa H:- No início de alguns vocábulos em que o h, embora

etimológico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram na língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, respectivamente do latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro, herbicida, hispânico, hibernal, hibernar, etc.

Emprego das letras E, I, O e U

Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, /o/ e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse fato que nascem as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, intitular, mágoa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais.

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Escrevem-se com a letra E:

- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: continue, habitue, pontue, etc.

- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar: abençoe, magoe, perdoe, etc.

- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior): antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, etc.

- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro, Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desperdício, Destilar, Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimogêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe, Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.

Emprega-se a letra I:

- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/–oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui, sai, etc.

- Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaéreo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.

- Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento, crânio, criar, criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio, feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigualável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina, pontiagudo, privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá, Virgílio.

Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, boletim, botequim, bússola, chover, cobiça, concorrência, costume, engolir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa, nódoa, óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.

Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, entupir, íngua, jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada, tonitruante, trégua, urtiga.

Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferenciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/. Fixemos a grafia e o significado dos seguintes:

área = superfícieária = melodia, cantigaarrear = pôr arreios, enfeitararriar = abaixar, pôr no chão, caircomprido = longocumprido = particípio de cumprircomprimento = extensãocumprimento = saudação, ato de cumprircostear = navegar ou passar junto à costacustear = pagar as custas, financiardeferir = conceder, atenderdiferir = ser diferente, divergirdelatar = denunciardilatar = distender, aumentardescrição = ato de descreverdiscrição = qualidade de quem é discretoemergir = vir à tona

imergir = mergulharemigrar = sair do paísimigrar = entrar num país estranhoemigrante = que ou quem emigraimigrante = que ou quem imigraeminente = elevado, ilustreiminente = que ameaça acontecerrecrear = divertirrecriar = criar novamentesoar = emitir som, ecoar, repercutirsuar = expelir suor pelos poros, transpirarsortir = abastecersurtir = produzir (efeito ou resultado)sortido = abastecido, bem provido, variadosurtido = produzido, causadovadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vauvadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio

Emprego das letras G e J

Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa-se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas de acordo com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito (do latim jactu) e jipe (do inglês jeep).

Escrevem-se com G:

- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: garagem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, lanugem. Exceção: pajem

- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: contágio, estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio.

- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: massagista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferruginoso (de ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe), selvageria (de selvagem), etc.

- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, estrangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, sugestão, tangerina, tigela.

Escrevem-se com J:

- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (laranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjense), gorja (gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), cereja (cerejeira).

- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em –jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gorjear (gorjeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo).

- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção, rejeitar, sujeito, trajeto, trejeito).

- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani) ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, jerimum, jiboia, jiló, jirau, pajé, etc.

- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo, jérsei, jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista.

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- Atenção: Moji palavra de origem indígena, deve ser escrita com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo adotam a grafia com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi-Mirim.

Representação do fonema /S/

O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por:

- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimento, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, Iguaçu, maçarico, maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paçoca, pança, pinça, Suíça, suíço, vicissitude.

- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descansar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, pretensão, pretensioso, propensão, remorso, sebo, tenso, utensílio.

- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, carrossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso, essencial, expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, necessário, obsessão, opressão, pêssego, procissão, profissão, profissional, ressurreição, sessenta, sossegar, sossego, submissão, sucessivo.

- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência, consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, disciplina, discípulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar, piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibilidade, suscitar, víscera.

- X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximidade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.

- XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excelso, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exceto, excitar, etc.

Homônimos

acento = inflexão da voz, sinal gráficoassento = lugar para sentar-seacético = referente ao ácido acético (vinagre)ascético = referente ao ascetismo, místicocesta = utensílio de vime ou outro materialsexta = ordinal referente a seiscírio = grande vela de cerasírio = natural da Síriacismo = pensãosismo = terremotoempoçar = formar poçaempossar = dar posse aincipiente = principianteinsipiente = ignoranteintercessão = ato de intercederinterseção = ponto em que duas linhas se cruzamruço = pardacentorusso = natural da Rússia

Emprego de S com valor de Z

- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gracioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc.

- Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, portuguesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc.

- Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa: burguês, burguesa, burgueses, camponês, camponesa, camponeses, freguês, freguesa, fregueses, etc.

- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s: analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás), extasiar (de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.

- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus, pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc.

- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís, Luísa, Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás, Valdês.

- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis, arnês, ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés, cortês, cortesia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, espontâneo, evasiva, fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás, groselha, heresia, hesitar, manganês, mês, mesada, obséquio, obus, paisagem, país, paraíso, pêsames, pesquisa, presa, presépio, presídio, querosene, raposa, represa, requisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesouro, três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo, visita.

Emprego da letra Z

- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: cafezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc.

- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzeiro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc.

- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc.

- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e denotando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), limpeza (de limpo), frieza (de frio), etc.

- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez.

Sufixo –ÊS e –EZ

- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes substantivos) derivados de substantivos concretos: montês (de monte), cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de montanha), francês (de França), chinês (de China), etc.

- O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos derivados de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido), rapidez (de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) avidez (de ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lúcido), etc.

Sufixo –ESA e –EZA

Usa-se –esa (com s):- Nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados

em –ender: defesa (defender), presa (prender), despesa (despender), represa (prender), empresa (empreender), surpresa (surpreender), etc.

- Nos substantivos femininos designativos de títulos nobiliárquicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa, princesa, consulesa, prioresa, etc.

- Nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês: burguesa (de burguês), francesa (de francês), camponesa (de camponês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc.

- Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa, mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, turquesa, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Usa-se –eza (com z):- Nos substantivos femininos abstratos derivados de adjetivos

e denotado qualidades, estado, condição: beleza (de belo), franqueza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de leve), etc.

Verbos terminados em –ISAR e -IZAR

Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes correspondentes termina em –s. Se o radical não terminar em –s, grafa-se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar (a + liso + ar), bisar (bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar (improviso + ar), paralisar (paralisia + ar), pesquisar (pesquisa + ar), pisar, repisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), anarquizar (anarquia + izar), civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar), vulgarizar (vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (escravo + izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar), matizar (matiz + izar).

Emprego do X

- Esta letra representa os seguintes fonemas:

Ch – xarope, enxofre, vexame, etc.CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc.Z – exame, exílio, êxodo, etc.SS – auxílio, máximo, próximo, etc.S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.

- Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder, excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar, inexcedível, etc.

- Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, expiar, expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, texto, etc.

- Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa, baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Excetuam-se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem. Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxamear, enxagar, enxaqueca, enxergar, enxerto, enxoval, enxugar, enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch: encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente, preencher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez que se trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de origem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê, orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa, oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.

Emprego do dígrafo CH

Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bucha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, cochilo, fachada, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.

Homônimos

Bucho = estômagoBuxo = espécie de arbustoCocha = recipiente de madeiraCoxa = capenga, manco

Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça larga e chata, caldeira.

Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifaChá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá

ou de outras plantasXá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)Cheque = ordem de pagamentoXeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por

uma peça adversária

Consoantes dobradas

- Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C, R, S.

- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam distintamente: convicção, occipital, cocção, fricção, friccionar, facção, sucção, etc.

- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocálicos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, respectivamente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando a um elemento de composição terminado em vogal seguir, sem interposição do hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado, correlação, pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc.

CÊ - cedilhaÉ a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som

de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, exceção, força, frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, raça.

Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus derivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, retenção; torcer, torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção.

O Ç só é usado antes de A,O,U.

Exercícios

01. Observe a ortografia correta das palavras: privilégio; disenteria; programa; mortadela; mendigo; beneficente; caderneta; problema.

Empregue as palavras acima nas frases: a) O......teve.....porque comeu......estragada. b) O superpai protegeu demais seu filho e este lhe trouxe

um.........: sua.......escolar indicou péssimo aproveitamento. c) A festa......teve um bom.......e, por isso, um bom

aproveitamento. 02. Passe as palavras para o diminutivo: - asa; japonês; pai; homem; adeus; português; só; anel; - beleza; rosa; país; avô; arroz; princesa; café; - flor; Oscar; rei; bom; casa; lápis; pé. 03. Passe para o plural diminutivo: trem; pé; animal; só;

papel; jornal; mão; balão; automóvel; pai; cão; mercadoria; farol; rua; chapéu; flor.

04. Preencha as lacunas com as seguintes palavras: seção,

sessão, cessão, comprimento, cumprimento, conserto, concerto a) O pequeno jornaleiro foi à.........do jornal. b) Na..........musical os pequenos cantores apresentaram-se

muito bem.

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c) O........do jornaleiro é amável. d) O..... das roupas é feito pela mãe do garoto. e) O......do sapato custou muito caro. f) Eu......meu amigo com amabilidade. g) A.......de cinema foi um sucesso. h) O vestido tem um.........bom. i) Os pequenos violinistas participaram de um........ . 05. Dê a palavra derivada acrescentando os sufixos ESA ou

EZA: Portugal; certo; limpo; bonito; pobre; magro; belo; gentil; duro; lindo; China; frio; duque; fraco; bravo; grande.

06. Forme substantivos dos adjetivos: honrado; rápido;

escasso; tímido; estúpido; pálido; ácido; surdo; lúcido; pequeno.

07. Use o H quando for necessário: alucinar; élice, umilde, esitar, oje, humano, ora, onra, aver, ontem, êxito, ábil, arpa, irônico, orrível, árido, óspede, abitar.

8. Complete as lacunas com as seguintes formas verbais:

Houve e Ouve.a) O menino .....muitas recomendações de seu pai. b) ........muita confusão na cabeça do pequeno. c) A criança não.........a professora porque não a compreende. d) Na escola........festa do Dia do Índio. 9. A letra X representa vários sons. Leia atentamente as

palavras oralmente: trouxemos, exercícios, táxi, executarei, exibir-se, oxigênio, exercer, proximidade, tóxico, extensão, existir, experiência, êxito, sexo, auxílio, exame. Separe as palavras em três seções, conforme o som do X.

- Som de Z; - Som de KS; - Som de S.

10. Complete com X ou CH: en.....er; dei.....ar; ......eiro; fle......a; ei.....o; frou.....o; ma.....ucar; .....ocolate; en.....ada; en.....ergar; cai......a; .....iclete; fai......a; .....u......u; salsi......a; bai.......a; capri......o; me......erica; ria.......o; ......ingar; .......aleira; amei......a; ......eirosos; abaca.....i.

Respostas

01. a) mendigo disenteria mortadela b) problema caderneta c) beneficente programa

02. - asinha; japonesinho; paizinho; homenzinho; adeusinho;

portuguesinho; sozinho; anelzinho; - belezinha; rosinha; paisinho; avozinho; arrozinho;

princesinha; cafezinho; - florzinha; Oscarzinho; reizinho; bonzinho; casinha;

lapisinho; pezinho.

03. trenzinhos; pezinhos; animaizinhos; sozinhos; papeizinhos; jornaizinhos; mãozinhas; balõezinhos; automoveisinhos; paizinhos; cãezinhos; mercadoriazinhas; faroisinhos; ruazinhas; chapeuzinhos; florezinhas.

04. a) seção b) sessão c) cumprimento d) conserto e) conserto f) cumprimento g) sessão h) comprimento i) concerto.

05. portuguesa; certeza; limpeza; boniteza; pobreza; magreza; beleza; gentileza; dureza; lindeza; Chinesa; frieza; duquesa; fraqueza; braveza; grandeza.

06. honradez; rapidez; escassez; timidez; estupidez; palidez; acidez; surdez; lucidez; pequenez.

07. alucinar, ontem, hélice, êxito, humilde, hábil, hesitar, harpa, hoje, irônico, humano, horrível, hora, árido, honra, hóspede, haver, habitar.

08. a) ouve b) Houve c) ouve d) houve

09. Som de Z: exercícios, executarei, exibir-se, exercer, existir,

êxito e exame.Som de KS: táxi, oxigênio, tóxico e sexo.Som de S: trouxemos, proximidade, extensão, experiência e

auxílio.

10. encher, deixar, cheiro, flecha, eixo, frouxo, machucar, chocolate, enxada, enxergar, caixa, chiclete, faixa, chuchu, salsicha, baixa, capricho, mexerica, riacho, xingar, chaleira, ameixa, cheirosos, abacaxi.

EMPREGO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Após várias tentativas de se unificar a ortografia da Língua Portuguesa, a partir de 1º de Janeiro de 2009 passou a vigorar no Brasil e em todos os países da CLP (Comunidade de países de Língua Portuguesa) o período de transição para as novas regras ortográficas que se finaliza em 31 de dezembro de 2012.

Esse material já se encontra segundo o Novo Acordo Ortográfico.

Tonicidade

Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma que se destaca por ser proferida com mais intensidade que as outras: é a sílaba tônica. Nela recai o acento tônico, também chamado acento de intensidade ou prosódico. Exemplos: café, janela, médico, estômago, colecionador.

O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido com o acento gráfico (agudo ou circunflexo) que às vezes o assinala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada graficamente. Exemplo: cedo, flores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri, abacaxis.

As sílabas que não são tônicas chamam-se átonas (=fracas), e podem ser pretônicas ou postônicas, conforme estejam antes ou depois da sílaba tônica. Exemplo: montanha, facilmente, heroizinho.

De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com mais de uma sílaba classificam-se em:

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Oxítonos: quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, es-critor, maracujá.

Paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lá-pis, montanha, imensidade.

Proparoxítonos: quando a sílaba tônica é a antepenúltima: árvore, quilômetro, México.

Monossílabos são palavras de uma só sílaba, conforme a intensidade com que se proferem, podem ser tônicos ou átonos.

Monossílabos tônicos são os que têm autonomia fonética, sendo proferidos fortemente na frase em que aparecem: é, má, si, dó, nó, eu, tu, nós, ré, pôr, etc.

Monossílabos átonos são os que não têm autonomia fonética, sendo proferidos fracamente, como se fossem sílabas átonas do vocábulo a que se apoiam. São palavras vazias de sentido como artigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação, preposições, conjunções: o, a, os, as, um, uns, me, te, se, lhe, nos, de, em, e, que.

Acentuação dos Vocábulos Proparoxítonos

Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados na vogal tônica:

- Com acento agudo se a vogal tônica for i, u ou a, e, o abertos: xícara, úmido, queríamos, lágrima, término, déssemos, lógico, binóculo, colocássemos, inúmeros, polígono, etc.

- Com acento circunflexo se a vogal tônica for fechada ou nasal: lâmpada, pêssego, esplêndido, pêndulo, lêssemos, estômago, sôfrego, fôssemos, quilômetro, sonâmbulo etc.

Acentuação dos Vocábulos Paroxítonos

Acentuam-se com acento adequado os vocábulos paroxítonos terminados em:

- ditongo crescente, seguido, ou não, de s: sábio, róseo, planície, nódua, Márcio, régua, árdua, espontâneo, etc.

- i, is, us, um, uns: táxi, lápis, bônus, álbum, álbuns, jóquei, vôlei, fáceis, etc.

- l, n, r, x, ons, ps: fácil, hífen, dólar, látex, elétrons, fórceps, etc.

- ã, ãs, ão, ãos, guam, guem: ímã, ímãs, órgão, bênçãos, enxáguam, enxáguem, etc.

Não se acentua um paroxítono só porque sua vogal tônica é aberta ou fechada. Descabido seria o acento gráfico, por exemplo, em cedo, este, espelho, aparelho, cela, janela, socorro, pessoa, dores, flores, solo, esforços.

Acentuação dos Vocábulos Oxítonos

Acentuam-se com acento adequado os vocábulos oxítonos terminados em:

- a, e, o, seguidos ou não de s: xará, serás, pajé, freguês, vovô, avós, etc. Seguem esta regra os infinitivos seguidos de pronome: cortá-los, vendê-los, compô-lo, etc.

- em, ens: ninguém, armazéns, ele contém, tu conténs, ele convém, ele mantém, eles mantêm, ele intervém, eles intervêm, etc.

Acentuação dos Monossílabos

Acentuam-se os monossílabos tônicos: a, e, o, seguidos ou não de s: há, pá, pé, mês, nó, pôs, etc.

Acentuação dos Ditongos

Acentuam-se a vogal dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando tônicos.

Segundo as novas regras os ditongos abertos “éi” e “ói” não são mais acentuados em palavras paroxítonas: assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico, etc. Ficando: Assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico, etc.

Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.

Acentuação dos Hiatos

A razão do acento gráfico é indicar hiato, impedir a ditongação. Compare: caí e cai, doído e doido, fluído e fluido.

- Acentuam-se em regra, o /i/ e o /u/ tônicos em hiato com vogal ou ditongo anterior, formando sílabas sozinhos ou com s: saída (sa-í-da), saúde (sa-ú-de), faísca, caíra, saíra, egoísta, heroína, caí, Xuí, Luís, uísque, balaústre, juízo, país, cafeína, baú, baús, Grajaú, saímos, eletroímã, reúne, construía, proíbem, influí, destruí-lo, instruí-la, etc.

- Não se acentua o /i/ e o /u/ seguidos de nh: rainha, fuinha, moinho, lagoinha, etc; e quando formam sílaba com letra que não seja s: cair (ca-ir), sairmos, saindo, juiz, ainda, diurno, Raul, ruim, cauim, amendoim, saiu, contribuiu, instruiu, etc.

Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não se acentua mais o /i/ e /u/ tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo: baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva, etc. Ficaram: baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva, etc.

Os hiatos “ôo” e “êe” não são mais acentuados: enjôo, vôo, perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem. Ficaram: enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem, leem, veem, releem.

Acento Diferencial

Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vocábulos homógrafos, nos seguintes casos:

- pôr (verbo) - para diferenciar de por (preposição).- verbo poder (pôde, quando usado no passado)- é facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as

palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não existe mais o acento diferencial em palavras homônimas (grafia igual, som e sentido diferentes) como:

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- côa(s) (do verbo coar) - para diferenciar de coa, coas (com + a, com + as);

- pára (3ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo parar) - para diferenciar de para (preposição);

- péla (do verbo pelar) e em péla (jogo) - para diferenciar de pela (combinação da antiga preposição per com os artigos ou pronomes a, as);

- pêlo (substantivo) e pélo (v. pelar) - para diferenciar de pelo (combinação da antiga preposição per com os artigos o, os);

- péra (substantivo - pedra) - para diferenciar de pera (forma arcaica de para - preposição) e pêra (substantivo);

- pólo (substantivo) - para diferenciar de polo (combinação popular regional de por com os artigos o, os);

- pôlo (substantivo - gavião ou falcão com menos de um ano) - para diferenciar de polo (combinação popular regional de por com os artigos o, os);

Emprego do Til

O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal. Pode figurar em sílaba:

- tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc; - pretônica: ramãzeira, balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc;- átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc.

Trema (o trema não é acento gráfico)

Desapareceu o trema sobre o /u/ em todas as palavras do português: Linguiça, averiguei, delinquente, tranquilo, linguístico. Exceto as de língua estrangeira: Günter, Gisele Bündchen, müleriano.

Exercícios

01- O acento gráfico de “três” justifica-se por ser o vocábulo:

a) Monossílabo átono terminado em ES. b) Oxítono terminado em ESc) Monossílabo tônico terminado em Sd) Oxítono terminado em Se) Monossílabo tônico terminado em ES

02- Se o vocábulo concluiu não tem acento gráfico, tal não acontece com uma das seguinte formas do verbo concluir:

a) concluiab) concluirmosc) concluem d) concluindoe) concluas

03- Nenhum vocábulo deve receber acento gráfico, exceto:a) sururu b) petecac) bainhad) mosaicoe) beriberi

04- Todos os vocábulos devem ser acentuados graficamente, exceto:

a) xadrezb) faiscac) reporterd) Oasise) proteina

05- Assinale a opção em que o par de vocábulos não obedece à mesma regra de acentuação gráfica.

a) sofismático/ insondáveisb) automóvel/fácil c) tá/jád) água/raciocínioe) alguém/comvém

06- Os dois vocábulos de cada item devem ser acentuado graficamente, exceto:

a) herbivoro-ridiculob) logaritmo-urubuc) miudo-sacrificiod) carnauba-germeme) Biblia-hieroglifo

07- “Andavam devagar, olhando para trás...” (J.A. de Almeida-Américo A. Bagaceira). Assinale o item em que nem todas as palavras são acentuadas pelo mesmo motivo da palavra grifada no texto.

a) Más – vêsb) Mês – pásc) Vós – Brásd) Pés – atráse) Dês – pés

08- Indique a única alternativa em que nenhuma palavra é acentuada graficamente:

a) lapis, canoa, abacaxi, jovens,b) ruim, sozinho, aquele, traiuc) saudade, onix, grau, orquídead) flores, açucar, album, virus,e) voo, legua, assim, tenis

09- Nas alternativas, a acentuação gráfica está correta em todas as palavras, exceto:

a) jesuíta, caráterb) viúvo, sótãoc) baínha, raizd) Ângela, espáduae) gráfico, flúor

10- Até ........ momento, ........ se lembrava de que o antiquário tinha o ......... que procurávamos.

a) Aquêle-ninguém-baúb) Aquêle-ninguém-bau c) Aquêle-ninguem-baú d) Aquele-ninguém-baúe) Aquéle-ninguém-bau

Respostas: (1-E) (2-A) (3-E) (4-A) (5-A) (6-B) (7-D) (8-B) (9-C) (10-D)

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DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL

Uma das propriedades que distinguem um texto de um amontoado de frases é a relação existente entre os elementos que os constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre palavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os componentes do texto. Observe:

“O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de anotações, que segurava na mão.”

Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão entre as duas orações. O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de anotações e segurava na mão, retomando na segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relativo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas orações, um fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:

Arroz-doce da infância

Ingredientes1 litro de leite desnatado150g de arroz cru lavado1 pitada de sal4 colheres (sopa) de açúcar1 colher (sobremesa) de canela em pó

PreparoEm uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de

sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o açúcar e deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, polvilhe a canela. Sirva.

Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4.São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.

Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes e modo de preparar. As informações apresentadas na primeira são retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primeira vez na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido, o qual exerce, entre outras funções, a de indicar que o termo determinado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica já fizera menção.

No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se dissesse apenas adicione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar, diverso daquele citado no rol dos ingredientes.

Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada ou antecipação de palavras, expressões ou frases e encadeamento de segmentos.

Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra gramatical (pronome, verbos ou advérbios)

“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total igualdade entre homens e mulheres: estas ainda ganham menos do que aqueles em cargos equivalentes.”

Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a palavra homens.

Os termos que servem para retomar outros são denominados anafóricos; os que servem para anunciar, para antecipar outros são chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa abandonar a faculdade no último ano:

“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último ano?”

São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os pronomes relativos, certos advérbios ou locuções adverbiais (nesse momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os pronomes pessoais de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes indefinidos. Exemplos:

“Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.”

O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre.

“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como um pensador cín iço e descrente do amor e da amizade.”

O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de Assis.

“Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando roupa escura.”

O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.

“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado com a fila.”

O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.

“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos funcionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço aos servidores.”

A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugurar e seu complemento.

- Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve estar presente no texto, senão a coesão fica comprometida, como neste exemplo:

“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários meses.”

A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafórico, pois não está retomando nenhuma das palavras citadas antes. Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudicado: não há possibilidade de se depreender o sentido desse pronome.

Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a nenhuma palavra citada anteriormente no interior do texto, mas que possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que se inscreve o texto. É o caso de um exemplo como este:

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“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava desesperado, porque eram 21 horas e ela não havia comparecido.”

Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” é um anafórico que só pode estar-se referindo à palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo atraso da noiva (representada por “ela” no exemplo citado).

- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir informações novas ao texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indicar que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor referencial, a um termo já mencionado.

“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito dinheiro dentro, mas nem um documento sequer.”

- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de coesão, porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal forma que o leitor possa determinar exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico.

“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por causa da sua arrogância.”

O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator quanto a diretor.

“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que trabalha na mesma firma.”

Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico “que” por “o qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita.

Retomada por palavra lexical(substantivo, adjetivo ou verbo)

Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou antonomásia.

Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o mesmo sentido que outra, ou sentido bastante aproximado: injúria e afronta, alegre e contente.

Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação do tipo contém/está contido;

Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação do tipo está contido/contém. O significado do termo rosa está contido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma flor, mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.

Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um nome comum ou de um comum por um próprio. Ela ocorre, principalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma característica notória ou quando o nome próprio de uma personagem famosa é usada para designar outras pessoas que possuam a mesma característica que a distingue:

“O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.”

“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa recente minissérie de tevê.”

Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado pela liberdade na Europa e na América.

“Ele é um hércules (=um homem muito forte).

Referência à força física que caracteriza o herói grego Hércules.

“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho extremamente carregada. Deve receber ministros, embaixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo momento tomar graves decisões que afetam a vida de muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas da noite.”

A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o último período e o que vem antes dele.

“Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros sempre o atraíram.

Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, que recupera os hipônimos estrelas, planetas, satélites.

“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do homem era regido por humores (fluidos orgânicos) que percorriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso corpo. Eram quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra. E eram também estes quatro fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido), ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.”

Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.

Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos se faz pela repetição da palavra humores; entre o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.

É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, pois, se ela não for usada para criar um efeito de sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a seguir, por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente:

“Recebi por esse dias um e-mail com uma série de piadas sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me provas, mas tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”

Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presidente do clube, vice-campeão carioca e bivice-campeão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, no Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que não viciem.

José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. 4-7.

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A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode ser facilmente recuperado pelo contexto. Também constitui um expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria repetido, e o preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado (=elíptico) exige, necessariamente, que se faça correlação com outros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que se desenrola a fala.

Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Machado de Assis:

(...)Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquelaClaridade imorta, que toda a luz resume!”

Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III, p. 151.

Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas, fica subentendido, é omitido por ser facilmente presumível.

Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidido (ou apagado) antes de sentiu e parou:

“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no peito e parou.”

Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que segue, aquela promoção é complemento tanto de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:

“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. Afinal, queria muito, desejava ardentemente aquela promoção.”

Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm regência diferente, a coesão é rompida. Por exemplo, não se deve dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma o complemento inteiro, portanto teríamos uma preposição indevida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico e dispenso sem dó os estranhos palpiteiros”, diferentemente, no complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo verbo implicar.

Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é colocar o complemento junto ao primeiro verbo, respeitando sua regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acrescentando a preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) ou eliminando a indevida (Implico com estranhos palpiteiros e os dispenso sem dó).

Coesão por Conexão

Há na língua uma série de palavras ou locuções que são responsáveis pela concatenação ou relação entre segmentos do texto. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discursivos. Por exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou seja.

Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: estabelecem entre elas relações semânticas de diversos tipos, como contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Essas relações exercem função argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos não podem ser usados indiscriminadamente.

Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcançou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está adequadamente usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumentativa contrária. Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resultado seria um paradoxo semântico, pois esse operador discursivo liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sendo o segmento introduzido por ele a conclusão do anterior.

- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa série de argumentos orientados para uma mesma conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais forte de uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.

“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem articulado, conhece bem o assunto de que fala e é até sedutor.”

Toda a série de qualidades está orientada no sentido de comprovar que ele é bom conferencista; dentro dessa série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte.

“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Chegará a ser pelo menos diretor da empresa.”

Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para comprovar que ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente da empresa) e que se está usando o menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor positivo.

“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo grau.”

No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ter muita dificuldade de aprender; supõe que há uma escala argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está usando o argumento menos forte da escala no sentido de provar a afirmação anterior; no máximo e quando muito estabelecem ligação entre argumentos de valor depreciativo.

- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um conjunto de argumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também, ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par de.

“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor da escola, é muito respeitado pelos funcionários e também é muito querido pelos alunos.”

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Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlocutor quem pode tomar uma dada decisão. O último deles é introduzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma direção argumentativa dos precedentes.

Esses operadores introduzem novos argumentos; não significam, em hipótese nenhuma, a repetição do que já foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e continuou seu discurso”, porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não teria cabimento usar operadores desse tipo para ligar dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e escondeu o choro que tomou conta dele”.

- Disjunção Argumentativa: há também operadores que indicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem uma conexão entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orientação argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja, caso contrário, ao contrário.

“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a briga, para que ele não apanhasse.”

O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente oposto àquele de que o falante teria agredido alguém.

- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão em relação ao que foi dito em dois ou mais enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica implícita, por manifestar uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois (o pois é conclusivo quando não encabeça a oração).

“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao controle dos fluxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, não é moralmente defensável.”

Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirmação exposta no primeiro período.

- Comparação: outros importantes operadores discursivos são os que estabelecem uma comparação de igualdade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão contrária ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que.

“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves quanto maior for a corrupção entre os agentes penitenciários.”

O comparativo de igualdade tem no texto uma função argumentativa: mostrar que o problema da fuga de presos cresce à medida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por isso, os segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista sintático, mas não o são do ponto de vista argumentativo, pois não há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a corrupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o problema da fuga de presos”.

Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de futebol:

“__Precisamos promover atletas das divisões de base para reforçar nosso time.

__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os do time principal.”

Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, pois ele declara que qualquer atleta das divisões de base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que estes não primam exatamente pela excelência em relação aos outros.

Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os segmentos na sua fala:

“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das divisões de base.”

Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da promoção, pois ele estaria declarando que os atletas do time principal são tão bons quanto os das divisões de base.

- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem uma explicação ou uma justificativa em relação ao que foi dito anteriormente: porque, já que, que, pois.

“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autorização da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da guerra.”

Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos com o custo da guerra contra o Iraque.

- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam uma relação de contrajunção, isto é, que ligam enunciados com orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversativas (mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as concessivas (embora, apesar de, apesar de que, conquanto, ainda que, posto que, se bem que).

Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se tanto umas como outras ligam enunciados com orientação argumentativa contrária?

Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento introduzido pela conjunção.

“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta mais decidido a vencer.”

Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negativa sobre um processo ocorrido com o atleta, enquanto a começada pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segunda orientação é a mais forte.

Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é bonita” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primeiro caso, o que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; no segundo, que a falta de beleza perde relevância diante da simpatia. Quando se usam as conjunções adversativas, introduz-se um argumento com vistas a determinada conclusão, para, em seguida, apresentar um argumento decisivo para uma conclusão contrária.

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Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa que predomina é a do segmento não introduzido pela conjunção.

“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramática, trata-se de capacidades diferentes.”

A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação argumentativa no sentido de que saber escrever e saber gramática são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção argumentativa contrária.

Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia argumentativa é a de introduzir no texto um argumento que, embora tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com orientação contrária.

A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é de estratégia argumentativa. Compare os seguintes períodos:

“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argumento mais fraco), a realidade mostrou-se mais complexa (argumento mais forte).”

“O exército planejou minuciosamente a operação (argumento mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais complexa (argumento mais forte).”

- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que introduzem um argumento decisivo para derrubar a argumentação contrária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se fosse apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais, além de tudo, além disso, ademais.

“Ele está num período muito bom da vida: começou a namorar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empresa, recebeu um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ganhou uma bolada na loteria.”

O operador discursivo introduz o que se considera a prova mais forte de que “Ele está num período muito bom da vida”; no entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.

- Generalização ou Amplificação: existem operadores que assinalam uma generalização ou uma amplificação do que foi dito antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que.

“O problema da erradicação da pobreza passa pela geração de empregos. De fato, só o crescimento econômico leva ao aumento de renda da população.”

O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.

“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que atualmente militam no nosso futebol.

O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol são retranqueiros.

- Especificação ou Exemplificação: também há operadores que marcam uma especificação ou uma exemplificação do que foi afirmado anteriormente: por exemplo, como.

“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas entre as camadas mais pobres da população. Por exemplo, é crescente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em toda sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”

Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica, exemplifica a afirmação de que a violência não é um fenômeno adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.

- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma retificação, uma correção do que foi afirmado antes: ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. Exemplo:

“Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar a viver junto com minha namorada.”

O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito antes.

Esses operadores servem também para marcar um esclarecimento, um desenvolvimento, uma redefinição do conteúdo enunciado anteriormente. Exemplo:

“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses dos fabricantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”

O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito antes.

Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo:

“Quando a atual oposição estava no comando do país, não fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário, suas políticas iam na direção contrária do que prega atualmente.

O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito antes.

- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explicação, uma confirmação, uma ilustração do que foi afirmado antes: assim, desse modo, dessa maneira.

“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se procssavam as negociações, atacou de surpresa.”

O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado antes.

Coesão por Justaposição

É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enunciados, marcada ou não com sequenciadores. Examinemos os principais sequenciadores.

- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterioridade, concomitância ou posterioridade: dois meses depois, uma semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predominantemente nas narrações).

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“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos para o futuro.”

- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. (são usados principalmente nas descrições).

“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, representando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa finíssima. (...) Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior força do inverno.”

José de Alencar. Senhora.São Paulo, FTD, 1992, p. 77.

- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem dos assuntos numa exposição: primeiramente, em segunda, a seguir, finalmente, etc.

“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, das agruras por que passam as populações civis; em seguida, discorrerei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmente, exporei suas consequências para a economia mundial e, portanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do planeta.”

- Sequenciadores para Introdução: são os que, na conversação principalmente, servem para introduzir um tema ou mudar de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto, fazendo um parêntese, etc.

“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pessoas. A propósito, era um homem que sabia agradar às mulheres.”

- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for construído sem marcadores de sequenciação, o leitor deverá inferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos não explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos diferentes conectores estarão indicados, na escrita, pelos sinais de pontuação: ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos.

“A reforma política é indispensável. Sem a existência da fidelidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus interesses e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há bases governamentais sólidas.”

Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa de a reforma política ser indispensável. Portanto o ponto-final do primeiro período está no lugar de um porque.

A língua tem um grande número de conectores e sequenciadores. Apresentamos os principais e explicamos sua função. É preciso ficar atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafóricos ou catafóricos geram rupturas na coesão, o que leva o texto a não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra falha comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensáveis da oração ou do período. Analisemos este exemplo:

“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de combate à fome que foi lançada pelo governo federal.”

O período compõe-se de:- As empresas- que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da

primeira oração)- que apoiariam a campanha de combate à fome (oração

subordinada substantiva objetiva direta da segunda oração)- que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada

adjetiva restritiva da terceira oração).

Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem escreveu o período começou a encadear orações subordinadas e “esqueceu-se” de terminar a principal.

Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos longos. No entanto, mesmo quando se elaboram períodos curtos é preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que suas partes estejam bem conectadas entre si.

Para que um conjunto de frases constitua um texto, não basta que elas estejam coesas: se não tiverem unidade de sentido, mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um amontoado injustificado. Exemplo:

“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o Rio de Janeiro tem favelas.”

Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o substantivo São Paulo, estabelecendo uma relação entre o segundo e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra cidade, vinculando o terceiro ao segundo período. O operador também realiza uma conjunção argumentativa, relacionando o quarto período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto, pois não apresenta unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A coesão, portanto, é condição necessária, mas não suficiente, para produzir um texto.

EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E

REPETIÇÃO, DE CONECTORES E OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO

TEXTUAL

A comunicação constitui uma das ferramentas mais importantes que os líderes têm à sua disposição para desempenhar as suas funções de influência. A sua importância é tal que alguns autores a consideram mesmo como o “sangue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se essencialmente ao fato de apenas através de uma comunicação efetiva ser possível:

- Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de membros de todos os níveis hierárquicos da organização, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem, não apenas os interesses da organização, mas também os interesses de todos os seus membros.

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- Definir e dar a conhecer, com a participação de membros de todos os níveis hierárquicos da organização, a estrutura organizacional, quer ao nível do desenho organizacional, quer ao nível da distribuição de autoridade, responsabilidade e tarefas.

- Definir e dar a conhecer, com a participação de membros de todos os níveis hierárquicos da organização, decisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e respeitadas por todos os membros da organização.

- Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de todos os membros da organização.

- Efetuar a integração dos diferentes departamentos e permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.

- Desempenhar eficazmente o papel de influência através da compreensão e atuação em conformidade satisfação das necessidades e sentimentos das pessoas por forma a aumentar a sua motivação.

Elementos do Processo de Comunicação Para perceber desenvolver políticas de comunicação eficazes

é necessário analisar antes cada um dos elementos que fazem parte do processo de comunicação. Assim, fazem parte do processo de comunicação o emissor, um canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos, um receptor e ainda o feedback do receptor.

- Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação): representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação da mensagem pode ser feita transformando o pensamento que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação entre o emissor e o receptor e representa o meio através do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande variedade de canais de transmissão, cada um deles com vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, a televisão, entre outros.

- Receptor da mensagem: representa quem recebe e descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção que a descodificação da mensagem resulta naquilo que efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos receptores para a mesma mensagem.

- Ruídos: representam obstruções mais ou menos intensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos internos se ocorrem durante as fases de codificação ou descodificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal de transmissão utilizado e consoante as características do emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos critérios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do tipo de codificação.

- Retroinformação (feedback): representa a resposta do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser utilizada como uma medida do resultado da comunicação. Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de transmissão.

Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, podem ser agrupados em comunicação verbal e comunicação não verbal. Como comunicação não verbal podemos considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre “dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada como suporte e apoio à comunicação oral.

Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunicação escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na sociedade em geral e nas organizações em particular, por ser a única que permite a transmissão de ideias complexas e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que mais atenção tem merecido dos investigadores, caracterizando-a e estudando quando e como deve ser utilizada.

Comunicação Escrita

A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje predomina, nas organizações burocráticas que seguem os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max Weber. A principal característica é o fato do receptor estar ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tornarem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e as novas explicações para melhor compreensão após a sua transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e uniforme (se manuscrita), a apresentação cuidada, a

e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a riqueza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar prever as reações/feedback à sua mensagem.

Como principais vantagens da comunicação escrita, podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um registro e de permitir uma maior atenção à organização da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se também a mensagens longas e que requeiram uma maior atenção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e análises diversas. Como principais desvantagens destacam-se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o feedback imediato, não permite correções ou explicações adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.

Comunicação Oral

No caso da comunicação oral, a sua principal característica é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gravações). Esta característica explica diversas das suas principais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o feedback imediato, permitir a passagem imediata do receptor a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunicação não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais, permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vantagens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e autodomínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.

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Como principais desvantagens da comunicação oral destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qualquer registro e, consequentemente, não se adequando a mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte do receptor.

Gêneros Escritos e Orais

Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as funções sociais (narrativas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comédias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevistas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, instruções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias. São textos que circulam no mundo, que têm uma função específica, para um público específico e com características próprias. Aliás, essas características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero em questão.

Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc.

Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa sociedade.

Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos composicionais.

Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Ficcional.Aspectos tipológicos: Narrar.Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação

através da criação da intriga no domínio do verossímil.Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fábula,

lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção científica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou história engraçada, biografia romanceada, romance, romance histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivinha, piada.

Domínios sociais de comunicação: Documentação e memorização das ações humana.

Aspectos tipológicos: Relatar.Capacidade de linguagem dominante: Representação pelo

discurso de experiências vividas, situadas no tempo.Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de experiência

vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, relato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia.

Domínios sociais de comunicação: Discussão de problemas sociais controversos.

Aspectos tipológicos: Argumentar.Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, refutação

e negociação de tomadas de posição.

Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, ensaio.

Domínios sociais de comunicação: Transmissão e construção de saberes.

Aspectos tipológicos: Expor.Capacidade de linguagem dominante: Apresentação textual

de diferentes formas dos saberes.Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,

exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral, palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclopédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de textos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico, relatório oral de experiência.

Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescrições.Aspectos tipológicos: Descrever ações.Capacidade de linguagem dominante: Regulação mútua de

comportamentos.Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de montagem,

receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, comandos diversos, textos prescritivos.

Colocação das Palavras

Quando falamos ou escrevemos, nem sempre nos damos conta de que a simples mudança do lugar de uma palavra pode afetar consideravelmente o sentido de uma frase, como é o caso deste exemplo:

Na festa dos bichos, só o sapo não veio.Na festa dos bichos, o sapo não veio só.

Outras vezes, a posição das palavras não afeta em nada o sentido, mas prejudica a sonoridade. Com uma simples mudança de posição, pode-se consertar tudo. Neste diálogo, por exemplo:

- Você não me conhece?- Eu não. Nunca vi-te.

A segunda fala, que nem parece português, ficaria perfeita apenas com o deslocamento do pronome:

- Eu não. Nunca te vi.

Bastam esses dois exemplos para demonstrar que a posição das palavras não é indiferente no português, afetando tanto o sentido quanto outros aspectos da comunicação que não podem ser deixados de lado.

Problemas como esses são chamados de sintaxe de colocação.

Colocação e Estrutura Sintática

A colocação interfere, muitas vezes, na estrutura da frase, como se pode observar num dos versos da seguinte estrofe:

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Vou-me embora pra PasárgadaAqui eu não sou felizLá a existência é uma aventuraDe tal modo inconsequenteQue Joana a louca de EspanhaRainha e falsa dementeVem a ser contraparenteDa nora que nunca tive.

Manuel Bandeira

Tomemos o verso: Rainha e falsa demente.Agora, troquemos a posição do e: Rainha falsa e demente.

Como se vê, a simples mudança de lugar da conjunção “e” altera a relação sintática entre os termos do enunciado e afeta o sentido.

No primeiro exemplo, falsa qualificando demente (é um adjunto adnominal). No segundo exemplo, o mesmo termo continua sendo um qualificador; nessa posição, porém, não está mais associado a demente, mas a rainha, colocando sob suspeita o título de majestade e não a demência da soberana, como na versão original. Por aí se vê que a alteração da ordem das palavras pode modificar a estrutura sintática da frase.

Evidentemente, nem toda mudança na colocação das palavras interfere na estrutura sintática. Quando tratamos dos marcadores de correlação entre as palavras da frase, a mudança de colocação só afeta o sentido do enunciado quando faltam outros marcadores de correlação.

Harmonia: a colocação interfere também na sonoridade da frase. Observe os dois enunciados que seguem:

Não se farão concessões.Não farão-se concessões.

Mesmo sem apelar para conhecimentos especializados, sentimos que o primeiro enunciado está totalmente enquadrado nos padrões de harmonia e melodia da frase: é agradável de ouvir. Por outro lado, o segundo enunciado nega completamente esses padrões. Isso nos leva a concluir que há disposições de palavras mais harmônicas do que outras.

Clareza: a colocação interfere também na maior ou menor clareza do enunciado. Há uma disposição das palavras que exige menos esforço de compreensão que outra. Vejamos os dois enunciados a seguir:

A destruição pelas chuvas da ponte trouxe enormes prejuízos.A destruição da ponte pelas chuvas trouxe enormes prejuízos.

Como se pode perceber, o segundo enunciado, em matéria de clareza, é francamente preferível ao primeiro.

Expressividade: a colocação, por fim, serve para criar efeitos de sentido variados: o deslocamento de uma palavra ou expressão pode conferir-lhe maior ou menor força de expressão. Veja os exemplos a seguir, em que foi trocada a posição do adjetivo em relação ao substantivo:

Dize-me para onde vais, solitário peregrino!Dize-me para onde vais, peregrino solitário!

Confrontando os dois enunciados, fica evidente a ênfase que ganha o adjetivo do primeiro enunciado pela sua anteposição ao substantivo. No segundo enunciado, o adjetivo posposto ao substantivo cria um efeito de mais objetividade, de neutralidade. No primeiro, enfatiza a impressão subjetiva do enunciador.

Topicalização: é o mesmo que colocar no topo. Considera-se o início da frase como se fosse o topo. Assim, a colocação de uma palavra ou expressão no início é uma forma de destacá-la no enunciado. Exemplo: O casarão, não havia nada que chamasse mais atenção na paisagem.

Focalização: há palavras que se justapõem a outras para dar-lhes destaque, como se fossem um objeto colocado sob o foco de luz num cenário. Exemplo: De todas as peças do jogo, o rei é que recebe mais luz nesse tabuleiro.

Princípio Geral

Nossos estudos gramaticais não dispõem ainda de um conjunto fechado de normas sobre a colocação das palavras no enunciado. Apesar disso, podemos pautar-nos pela seguinte fórmula: A disposição ideal das palavras (salvo os casos sujeitos à expressividade) é aquela que confere à frase maior clareza e sonoridade. Exemplo:

As críticas mais severas dos deputados ao presidente vieram de seu próprio partido.

As críticas mais severas ao presidente dos deputados vieram de seu próprio partido.

Não há dúvida de que a disposição das palavras é mais clara no primeiro do que no segundo exemplo.

EMPREGO/CORRELAÇÃO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS

Verbo é a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em número (singular e plural), pessoa (primeira, segunda e terceira), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas nominais: gerúndio, infinitivo e particípio), tempo (presente, passado e futuro) e apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva). De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupados em três conjugações:

1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular.2ª conjugação – er: beber, correr, entreter.3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir.

O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, compor, impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua origem latina poer.

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Elementos Estruturais do Verbo: As formas verbais apresentam três elementos em sua estrutura: Radical, Vogal Temática e Tema.

Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o significado essencial do verbo. Observe as formas verbais da 1ª conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses verbos, nota-se que há uma parte que não muda, e que nela está o significado real do verbo.

cont é o radical do verbo contar;esper é o radical do verbo esperar;brinc é o radical do verbo brincar.

Se tiramos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos verbos, teremos o radical desses verbos. Também podemos antepor prefixos ao radical: des nutr ir / re conduz ir.

Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual conjugação pertence o verbo. Há três vogais temáticas: 1ª conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i.

Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal temática: contar: -cont (radical) + a (vogal temática) = tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o radical: contei = cont ei.

Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou ao tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências modo temporais e número pessoa, desinências número pessoais.

ContávamosCont = radicala = vogal temáticava = desinência modo temporalmos = desinência número pessoal

Flexões Verbais: Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar o número e a pessoa.

- eu estudo – 1ª pessoa do singular;- nós estudamos – 1ª pessoa do plural;- tu estudas – 2ª pessoa do singular;- vós estudais – 2ª pessoa do singular;- ele estuda – 3ª pessoa do singular;- eles estudam – 3ª pessoa do plural.

- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma diferente da fala culta, exigida pela gramática oficial, ou seja, tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, tu tens. O pronome vós aparece somente em textos literários ou bíblicos. Os pronomes: você, vocês, que levam o verbo na 3ª pessoa, é o mais usado no Brasil.

- Flexão de tempo e de modo – os tempos situam o fato ou a ação verbal dentro de determinado momento; pode estar em plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três possibilidades básicas, mas não únicas, são: presente, pretérito, futuro.

O modo indica as diversas atitudes do falante com relação ao fato que enuncia. São três os modos:

- Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza, precisão: o fato é ou foi uma realidade; Apresenta presente, pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.

- Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de dúvida, exprime uma possibilidade; O subjuntivo expressa uma incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta presente, pretérito imperfeito e futuro. Ex: Tenha paciência, Lourdes; Se tivesse dinheiro compraria um carro zero; Quando o vir, dê lembranças minhas.

- Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um desejo, uma vontade, uma solicitação. Indica uma ordem, um pedido, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e imperativo negativo

Emprego dos Tempos do Indicativo

- Presente do Indicativo: Para enunciar um fato momentâneo. Ex: Estou feliz hoje. Para expressar um fato que ocorre com frequência. Ex: Eu almoço todos os dias na casa de minha mãe. Na indicação de ações ou estados permanentes, verdades universais. Ex: A água é incolor, inodora, insípida.

- Pretérito Imperfeito: Para expressar um fato passado, não concluído. Ex: Nós comíamos pastel na feira; Eu cantava muito bem.

- Pretérito Perfeito: É usado na indicação de um fato passado concluído. Ex: Cantei, dancei, pulei, chorei, dormi...

- Pretérito Mais-Que-Perfeito: Expressa um fato passado anterior a outro acontecimento passado. Ex: Nós cantáramos no congresso de música.

- Futuro do Presente: Na indicação de um fato realizado num instante posterior ao que se fala. Ex: Cantarei domingo no coro da igreja matriz.

- Futuro do Pretérito: Para expressar um acontecimento posterior a um outro acontecimento passado. Ex: Compraria um carro se tivesse dinheiro

1ª conjugação: -AR

Presente: danço, danças, dança, dançamos, dançais, dançam.Pretérito Perfeito: dancei, dançaste, dançou, dançamos,

dançastes, dançaram.Pretérito Imperfeito: dançava, dançavas, dançava,

dançávamos, dançáveis, dançavam.Pretérito Mais-Que-Perfeito: dançara, dançaras, dançara,

dançáramos, dançáreis, dançaram.Futuro do Presente: dançarei, dançarás, dançará, dançaremos,

dançareis, dançarão.Futuro do Pretérito: dançaria, dançarias, dançaria,

dançaríamos, dançaríeis, dançariam.

2ª Conjugação: -ER

Presente: como, comes, come, comemos, comeis, comem.Pretérito Perfeito: comi, comeste, comeu, comemos,

comestes, comeram.Pretérito Imperfeito: comia, comias, comia, comíamos,

comíeis, comiam.Pretérito Mais-Que-Perfeito: comera, comeras, comera,

comêramos, comêreis, comeram.Futuro do Presente: comerei, comerás, comerá, comeremos,

comereis, comerão.Futuro do Pretérito: comeria, comerias, comeria,

comeríamos, comeríeis, comeriam.

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3ª Conjugação: -IR

Presente: parto, partes, parte, partimos, partis, partem.Pretérito Perfeito: parti, partiste, partiu, partimos, partistes,

partiram.Pretérito Imperfeito: partia, partias, partia, partíamos,

partíeis, partiam.Pretérito Mais-Que-Perfeito: partira, partiras, partira,

partíramos, partíreis, partiram.Futuro do Presente: partirei, partirás, partirá, partiremos,

partireis, partirão.Futuro do Pretérito: partiria, partirias, partiria, partiríamos,

partiríeis, partiriam.

Emprego dos Tempos do Subjuntivo

Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou duvidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à suposição: Duvido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos políticos.

Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma condição ou hipótese: Se recebesse o prêmio, voltaria à universidade.

Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético, pode ou não acontecer. Quando/Se você fizer o trabalho, será generosamente gratificado.

1ª Conjugação –AR

Presente: que eu dance, que tu dances, que ele dance, que nós dancemos, que vós danceis, que eles dancem.

Pretérito Imperfeito: se eu dançasse, se tu dançasses, se ele dançasse, se nós dançássemos, se vós dançásseis, se eles dançassem.

Futuro: quando eu dançar, quando tu dançares, quando ele dançar, quando nós dançarmos, quando vós dançardes, quando eles dançarem.

2ª Conjugação -ER

Presente: que eu coma, que tu comas, que ele coma, que nós comamos, que vós comais, que eles comam.

Pretérito Imperfeito: se eu comesse, se tu comesses, se ele comesse, se nós comêssemos, se vós comêsseis, se eles comessem.

Futuro: quando eu comer, quando tu comeres, quando ele comer, quando nós comermos, quando vós comerdes, quando eles comerem.

3ª conjugação – IR

Presente: que eu parta, que tu partas, que ele parta, que nós partamos, que vós partais, que eles partam.

Pretérito Imperfeito: se eu partisse, se tu partisses, se ele partisse, se nós partíssemos, se vós partísseis, se eles partissem.

Futuro: quando eu partir, quando tu partires, quando ele partir, quando nós partirmos, quando vós partirdes, quando eles partirem.

Emprego do Imperativo

Imperativo Afirmativo:- Não apresenta a primeira pessoa do singular.

- É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do subjuntivo.

- O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”.- O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo.

Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam.

Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.

Imperativo afirmativo: (X), ama tu, ame você, amemos nós, amai vós, amem vocês.

Imperativo Negativo:- É formado através do presente do subjuntivo sem a primeira

pessoa do singular.- Não retira os “s” do tu e do vós.

Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.

Imperativo negativo: (X), não ames tu, não ame você, não amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.

Além dos três modos citados, os verbos apresentam ainda as formas nominais: infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio e particípio.

Infinitivo Impessoal: Exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta); É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: É preciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro.

Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal, isso significa que ele apresenta sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é invariável. Assim, considera-se apenas o processo verbal. Por exemplo: Amar é sofrer; O infinitivo pessoal, por sua vez, apresenta desinências de número e pessoa.

Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª pessoas do singular (cujas formas são iguais às do infinitivo impessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas pessoas do discurso (o que será esclarecido apenas pelo contexto da frase). Por exemplo: Para ler melhor, eu uso estes óculos. (1ª pessoa); Para ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa)

As regras que orientam o emprego da forma variável ou invariável do infinitivo não são todas perfeitamente definidas. Por ser o infinitivo impessoal mais genérico e vago, e o infinitivo pessoal mais preciso e determinado, recomenda-se usar este último sempre que for necessário dar à frase maior clareza ou ênfase.

O Infinitivo Impessoal é usado:

- Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se referir a um sujeito determinado; Por exemplo: Querer é poder; Fumar prejudica a saúde; É proibido colar cartazes neste muro.

- Quando tiver o valor de Imperativo; Por exemplo: Soldados, marchar! (= Marchai!)

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- Quando é regido de preposição e funciona como complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da oração anterior; Por exemplo: Eles não têm o direito de gritar assim; As meninas foram impedidas de participar do jogo; Eu os convenci a aceitar.

No entanto, na voz passiva dos verbos “contentar”, “tomar” e “ouvir”, por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar) deve ser flexionado. Por exemplo: Eram pessoas difíceis de serem contentadas; Aqueles remédios são ruins de serem tomados; Os CDs que você me emprestou são agradáveis de serem ouvidos.

Nas locuções verbais; Por exemplo:- Queremos acordar bem cedo amanhã. - Eles não podiam reclamar do colégio. - Vamos pensar no seu caso. Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da oração

anterior; Por exemplo:- Eles foram condenados a pagar pesadas multas. - Devemos sorrir ao invés de chorar. - Tenho ainda alguns livros por (para) publicar.

Quando o infinitivo preposicionado, ou não, preceder ou estiver distante do verbo da oração principal (verbo regente), pode ser flexionado para melhor clareza do período e também para se enfatizar o sujeito (agente) da ação verbal. Por exemplo:

- Na esperança de sermos atendidos, muito lhe agradecemos. - Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem futebol. - Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. - Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas

crianças. Com os verbos causativos “deixar”, “mandar” e “fazer” e seus

sinônimos que não formam locução verbal com o infinitivo que os segue; Por exemplo: Deixei-os sair cedo hoje.

Com os verbos sensitivos “ver”, “ouvir”, “sentir” e sinônimos, deve-se também deixar o infinitivo sem flexão. Por exemplo: Vi-os entrar atrasados; Ouvi-as dizer que não iriam à festa.

É inadequado o emprego da preposição “para” antes dos objetos diretos de verbos como “pedir”, “dizer”, “falar” e sinônimos;

- Pediu para Carlos entrar (errado),- Pediu para que Carlos entrasse (errado).- Pediu que Carlos entrasse (correto).

Quando a preposição “para” estiver regendo um verbo, como na oração “Este trabalho é para eu fazer”, pede-se o emprego do pronome pessoal “eu”, que se revela, neste caso, como sujeito. Outros exemplos:

- Aquele exercício era para eu corrigir. - Esta salada é para eu comer? - Ela me deu um relógio para eu consertar.

Em orações como “Esta carta é para mim!”, a preposição está ligada somente ao pronome, que deve se apresentar oblíquo tônico.

Infinitivo Pessoal: É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:

2ª pessoa do singular: Radical + ES. Ex.: teres (tu) 1ª pessoa do plural: Radical + mos. Ex.: termos (nós)2ª pessoa do plural: Radical + dês. Ex.: terdes (vós) 3ª pessoa do plural: Radical + em. Ex.: terem (eles) Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa

colocação.

Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso significa que ele atribui um agente ao processo verbal, flexionando-se.

O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos:

- Quando o sujeito da oração estiver claramente expresso; Por exemplo: Se tu não perceberes isto...; Convém vocês irem primeiro; O bom é sempre lembrarmos desta regra (sujeito desinencial, sujeito implícito = nós).

- Quando tiver sujeito diferente daquele da oração principal; Por exemplo: O professor deu um prazo de cinco dias para os alunos estudarem bastante para a prova; Perdôo-te por me traíres; O hotel preparou tudo para os turistas ficarem à vontade; O guarda fez sinal para os motoristas pararem.

- Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na terceira pessoa do plural); Por exemplo: Faço isso para não me acharem inútil; Temos de agir assim para nos promoverem; Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua conduta.

- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade de ação; Por exemplo: Vi os alunos abraçarem-se alegremente; Fizemos os adversários cumprimentarem-se com gentileza; Mandei as meninas olharem-se no espelho.

Como se pode observar, a escolha do Infinitivo Flexionado é feita sempre que se quer enfatizar o agente (sujeito) da ação expressa pelo verbo.

- Se o infinitivo de um verbo for escrito com “j”, esse “j” aparecerá em todas as outras formas. Por exemplo:

Enferrujar: enferrujou, enferrujaria, enferrujem, enferrujarão, enferrujassem, etc. (Lembre, contudo, que o substantivo ferrugem é grafado com “g”.).

Viajar: viajou, viajaria, viajem (3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo, não confundir com o substantivo viagem) viajarão, viajasses, etc.

- Quando o verbo tem o infinitivo com “g”, como em “dirigir” e “agir” este “g” deverá ser trocado por um “j” apenas na primeira pessoa do presente do indicativo. Por exemplo: eu dirijo/ eu ajo

- O verbo “parecer” pode relacionar-se de duas maneiras distintas com o infinitivo. Quando “parecer” é verbo auxiliar de um outro verbo: Elas parecem mentir. Elas parece mentirem. Neste exemplo ocorre, na verdade, um período composto. “Parece” é o verbo de uma oração principal cujo sujeito é a oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo “elas mentirem”. Como desdobramento dessa reduzida, podemos ter a oração “Parece que elas mentem.”

Gerúndio: O gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo: Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio); Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo)

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Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo: Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.

Particípio: Quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.

1ª Conjugação –AR

Infinitivo Impessoal: dançar.Infinitivo Pessoal: dançar eu, dançares tu; dançar ele,

dançarmos nós, dançardes vós, dançarem eles.Gerúndio: dançando.Particípio: dançado.

2ª Conjugação –ER

Infinitivo Impessoal: comer.Infinitivo pessoal: comer eu, comeres tu, comer ele,

comermos nós, comerdes vós, comerem eles.Gerúndio: comendo.Particípio: comido.

3ª Conjugação –IR

Infinitivo Impessoal: partir.Infinitivo pessoal: partir eu, partires tu, partir ele, partirmos

nós, partirdes vós, partirem eles.Gerúndio: partindo.Particípio: partido.

Verbos Auxiliares: Ser, Estar, Ter, Haver

Ser

Modo IndicativoPresente: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.Pretérito Imperfeito: eu era, tu eras, ele era, nós éramos, vós

éreis, eles eram.Pretérito Perfeito Simples: eu fui, tu foste, ele foi, nós

fomos, vós fostes, eles foram.Pretérito Perfeito Composto: tenho sido.Mais-que-perfeito simples: eu fora, tu foras, ele fora, nós

fôramos, vós fôreis, eles foram.Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria, nós

seríamos, vós seríeis, eles seriam.Futuro do Pretérito Composto: terei sido.Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,

vós sereis, eles serão.Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.

Modo SubjuntivoPresente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós

sejamos, que vós sejais, que eles sejam.Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse, se

nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele

for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.Futuro Composto: tiver sido.

Modo ImperativoImperativo Afirmativo: sê tu, seja ele, sejamos nós, sede

vós, sejam eles.Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos

nós, não sejais vós, não sejam eles.Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por

sermos nós, por serdes vós, por serem eles.

Formas NominaisInfinitivo: serGerúndio: sendoParticípio: sido

Estar

Modo IndicativoPresente: eu estou, tu estás, ele está, nós estamos, vós estais,

eles estão.Pretérito Imperfeito: eu estava, tu estavas, ele estava, nós

estávamos, vós estáveis, eles estavam.Pretérito Perfeito Simples: eu estive, tu estiveste, ele esteve,

nós estivemos, vós estivestes, eles estiveram.Pretérito Perfeito Composto: tenho estado.Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu estivera, tu

estiveras, ele estivera, nós estivéramos, vós estivéreis, eles estiveram.

Pretérito Mais-que-perfeito Composto: tinha estadoFuturo do Presente Simples: eu estarei, tu estarás, ele estará,

nós estaremos, vós estareis, eles estarão.Futuro do Presente Composto: terei estado.Futuro do Pretérito Simples: eu estaria, tu estarias, ele

estaria, nós estaríamos, vós estaríeis, eles estariam.Futuro do Pretérito Composto: teria estado.

Modo SubjuntivoPresente: que eu esteja, que tu estejas, que ele esteja, que nós

estejamos, que vós estejais, que eles estejam.Pretérito Imperfeito: se eu estivesse, se tu estivesses,

se ele estivesse, se nós estivéssemos, se vós estivésseis, se eles estivessem.

Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse estadoFuturo Simples: quando eu estiver, quando tu estiveres,

quando ele estiver, quando nós estivermos, quando vós estiverdes, quando eles estiverem.

Futuro Composto: Tiver estado.

Modo ImperativoImperativo Afirmativo: está tu, esteja ele, estejamos nós,

estai vós, estejam eles.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Imperativo Negativo: não estejas tu, não esteja ele, não estejamos nós, não estejais vós, não estejam eles.

Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele, por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles.

Formas NominaisInfinitivo: estarGerúndio: estandoParticípio: estado

Ter

Modo IndicativoPresente: eu tenho, tu tens, ele tem, nós temos, vós tendes,

eles têm.Pretérito Imperfeito: eu tinha, tu tinhas, ele tinha, nós

tínhamos, vós tínheis, eles tinham.Pretérito Perfeito Simples: eu tive, tu tiveste, ele teve, nós

tivemos, vós tivestes, eles tiveram.Pretérito Perfeito Composto: tenho tido.Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras,

ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós

teremos, vós tereis, eles terão.

Futuro do Presente: terei tido.Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria, nós

teríamos, vós teríeis, eles teriam.Futuro do Pretérito composto: teria tido.

Modo SubjuntivoPresente: que eu tenha, que tu tenhas, que ele tenha, que nós

tenhamos, que vós tenhais, que eles tenham.Pretérito Imperfeito: se eu tivesse, se tu tivesses, se ele

tivesse, se nós tivéssemos, se vós tivésseis, se eles tivessem.Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse tido.Futuro: quando eu tiver, quando tu tiveres, quando ele tiver,

quando nós tivermos, quando vós tiverdes, quando eles tiverem.Futuro Composto: tiver tido.

Modo ImperativoImperativo Afirmativo: tem tu, tenha ele, tenhamos nós,

tende vós, tenham eles.Imperativo Negativo: não tenhas tu, não tenha ele, não

tenhamos nós, não tenhais vós, não tenham eles.Infinitivo Pessoal: por ter eu, por teres tu, por ter ele, por

termos nós, por terdes vós, por terem eles.

Formas NominaisInfinitivo: terGerúndio: tendoParticípio: tido

Haver

Modo IndicativoPresente: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles

hão.

Pretérito Imperfeito: eu havia, tu havias, ele havia, nós havíamos, vós havíeis, eles haviam.

Pretérito Perfeito Simples: eu houve, tu houveste, ele houve, nós houvemos, vós houvestes, eles houveram.

Pretérito Perfeito Composto: tenho havido.Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu houvera, tu

houveras, ele houvera, nós houvéramos, vós houvéreis, eles houveram.

Pretérito Mais-que-Prefeito Composto: tinha havido.Futuro do Presente Simples: eu haverei, tu haverás, ele

haverá, nós haveremos, vós havereis, eles haverão.Futuro do Presente Composto: terei havido.Futuro do Pretérito Simples: eu haveria, tu haverias, ele

haveria, nós haveríamos, vós haveríeis, eles haveriam.Futuro do Pretérito Composto: teria havido.

Modo SubjuntivoPresente: que eu haja, que tu hajas, que ele haja, que nós

hajamos, que vós hajais, que eles hajam.Pretérito Imperfeito: se eu houvesse, se tu houvesses, se

ele houvesse, se nós houvéssemos, se vós houvésseis, se eles houvessem.

Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse havido.Futuro Simples: quando eu houver, quando tu houveres,

quando ele houver, quando nós houvermos, quando vós houverdes, quando eles houverem.

Futuro Composto: tiver havido.

Modo Imperativo Imperativo Afirmativo: haja ele, hajamos nós, havei vós,

hajam eles.Imperativo Negativo: não hajas tu, não haja ele, não hajamos

nós, não hajais vós, não hajam eles.Infinitivo Pessoal: por haver eu, por haveres tu, por haver ele,

por havermos nós, por haverdes vós, por haverem eles.

Formas NominaisInfinitivo: haverGerúndio: havendoParticípio: havido

Verbos Regulares: Não sofrem modificação no radical durante toda conjugação (em todos os modos) e as desinências seguem as do verbo paradigma (verbo modelo)

Amar: (radical: am) Amo, Amei, Amava, Amara, Amarei, Amaria, Ame, Amasse, Amar.

Comer: (radical: com) Como, Comi, Comia, Comera, Comerei, Comeria, Coma, Comesse, Comer.

Partir: (radical: part) Parto, Parti, Partia, Partira, Partirei, Partiria, Parta, Partisse, Partir.

Verbos Irregulares: São os verbos que sofrem modificações no radical ou em suas desinências.

Dar: dou, dava, dei, dera, darei, daria, dê, desse, derCaber: caibo, cabia, coube, coubera, caberei, caberia, caiba,

coubesse, couber. Agredir: agrido, agredia, agredi, agredira, agredirei, agrediria,

agrida, agredisse, agredir.

Anômalos: São aqueles que têm uma anomalia no radical. Ser, Ir

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ir

Modo IndicativoPresente: eu vou, tu vais, ele vai, nós vamos, vós ides, eles

vão.Pretérito Imperfeito: eu ia, tu ias, ele ia, nós íamos, vós íeis,

eles iam.Pretérito Perfeito: eu fui, tu foste, ele foi, nós fomos, vós

fostes, eles foram.Pretérito Mais-que-Perfeito: eu fora, tu foras, ele fora, nós

fôramos, vós fôreis, eles foram.Futuro do Presente: eu irei, tu irás, ele irá, nós iremos, vós

ireis, eles irão.Futuro do Pretérito: eu iria, tu irias, ele iria, nós iríamos, vós

iríeis, eles iriam.

Modo SubjuntivoPresente: que eu vá, que tu vás, que ele vá, que nós vamos,

que vós vades, que eles vão.Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse, se

nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.Futuro: quando eu for, quando tu fores, quando ele for,

quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.

Modo ImperativoImperativo Afirmativo: vai tu, vá ele, vamos nós, ide vós,

vão eles.Imperativo Negativo: não vás tu, não vá ele, não vamos nós,

não vades vós, não vão eles.Infinitivo Pessoal: ir eu, ires tu, ir ele, irmos nós, irdes vós,

irem eles.

Formas Nominais: Infinitivo: irGerúndio: indoParticípio: ido

Verbos Defectivos: São aqueles que possuem um defeito. Não têm todos os modos, tempos ou pessoas.

Verbo Pronominal: É aquele que é conjugado com o pronome oblíquo. Ex: Eu me despedi de mamãe e parti sem olhar para o passado.

Verbos Abundantes: “São os verbos que têm duas ou mais formas equivalentes, geralmente de particípio.” (Sacconi)

Infinitivo: Aceitar, Anexar, Acender, Desenvolver, Emergir, Expelir.

Particípio Regular: Aceitado, Anexado, Acendido, Desenvolvido, Emergido, Expelido.

Particípio Irregular: Aceito, Anexo, Aceso, Desenvolto, Emerso, Expulso.

Tempos Compostos: São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e como principal, qual-quer verbo no particípio. São eles:

- Pretérito Perfeito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Indicativo e o principal no particípio, indicando fato que tem ocorrido com freqüência ultimamente. Por exemplo: Eu tenho estudado demais ultimamente.

- Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Presente do Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido. Por exemplo: Espero que você tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação.

- Pretérito Mais-que-Perfeito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo simples. Por exemplo: Eu já tinha estudado no Maxi, quando conheci Magali.

- Pretérito Mais-que-perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo simples. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade. Perceba que todas as frases remetem a ação obrigatoriamente para o passado. A frase Se eu estudasse, aprenderia é completamente diferente de Se eu tivesse estudado, teria aprendido.

- Futuro do Presente Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Presente simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Presente simples do Indicativo. Por exemplo: Amanhã, quando o dia amanhecer, eu já terei partido.

- Futuro do Pretérito Composto do Indicativo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Pretérito simples do Indicativo e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Pretérito simples do Indicativo. Por exemplo: Eu teria estudado no Maxi, se não me tivesse mudado de cidade.

- Futuro Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Futuro do Subjuntivo simples e o principal no particípio, tendo o mesmo valor que o Futuro do Subjuntivo simples. Por exemplo: Quando você tiver terminado sua série de exercícios, eu caminharei 6 Km. Veja os exemplos:

Quando você chegar à minha casa, telefonarei a Manuel. Quando você chegar à minha casa, já terei telefonado a

Manuel.

Perceba que o significado é totalmente diferente em ambas as frases apresentadas. No primeiro caso, esperarei “você” praticar a sua ação para, depois, praticar a minha; no segundo, primeiro praticarei a minha. Por isso o uso do advérbio “já”. Assim, observe que o mesmo ocorre nas frases a seguir:

Quando você tiver terminado o trabalho, telefonarei a Manuel. Quando você tiver terminado o trabalho, já terei telefonado a

Manuel.

- Infinitivo Pessoal Composto: É a formação de locução verbal com o auxiliar ter ou haver no Infinitivo Pessoal simples e o principal no particípio, indicando ação passada em relação ao momento da fala. Por exemplo: Para você ter comprado esse carro, necessitou de muito dinheiro

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Exercícios

01. Assinale o período em que aparece forma verbal incorretamente empregada em relação à norma culta da língua:

a) Se o compadre trouxesse a rabeca, a gente do ofício ficaria exultante.

b) Quando verem o Leonardo, ficarão surpresos com os trajes que usava.

c) Leonardo propusera que se dançasse o minuete da corte.d) Se o Leonardo quiser, a festa terá ares aristocráticos.e) O Leonardo não interveio na decisão da escolha do padrinho

do filho.

02. ....... em ti; mas nem sempre ....... dos outros.a) Creias – duvidas b) Crê – duvidasc) Creias – duvidad) Creia – duvide e) Crê - duvides

03. Assinale a frase em que há erro de conjugação verbal:a) Os esportes entretêm a quem os pratica.b) Ele antevira o desastre. c) Só ficarei tranquilo, quando vir o resultado.d) Eles se desavinham frequentemente. e) Ainda hoje requero o atestado de bons antecedentes.

04. Dê, na ordem em que aparecem nesta questão, as seguintes formas verbais:

advertir - no imperativo afirmativo, segunda pessoa do pluralcompor - no futuro do subjuntivo, segunda pessoa do pluralrever - no perfeito do indicativo, segunda pessoa do pluralprover - no perfeito do indicativo, segunda pessoa do singular

a) adverti, componhais, revês, provistesb) adverti, compordes, revestes, provistes c) adverte, compondes, reveis, provisted) adverti, compuserdes, revistes, proveste e) n.d.a

05. “Eu não sou o homem que tu procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato.” Se o pronome tu fosse substituído por Vossa Excelência, em lugar das palavras destacadas no texto acima transcrito teríamos, respectivamente, as seguintes formas:

a) procurais, ver-vos, vosso b) procura, vê-la, seu c) procura, vê-lo, vosso d) procurais, vê-la, vosso e) procurais, ver-vos, seu

06. Assinale a única alternativa que contém erro na passagem da forma verbal, do imperativo afirmativo para o imperativo negativo:

a) parti vós - não partais vósb) amai vós - não ameis vósc) sede vós - não sejais vósd) ide vós - não vais vóse) perdei vós - não percais vós

07. Vi, mas não ............; o policial viu, e também não ............, dois agentes secretos viram, e não ............ Se todos nós ............ , talvez .......... tantas mortes.

a) intervir - interviu - tivéssemos intervido - teríamos evitado b) me precavi - se precaveio - se precaveram - nos

precavíssemos - não teria havido c) me contive - se conteve - contiveram - houvéssemos contido

- tivéssemos impedido d) me precavi - se precaveu - precaviram - precavêssemo-nos

não houvesse e) intervim - interveio - intervieram - tivéssemos intervindo -

houvéssemos evitado

08. Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi empregada incorretamente:

a) O superior interveio na discussão, evitando a briga.b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvido.c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida.d) Quando você vir Campinas, ficará extasiado.e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo.

09. Assinale a alternativa incorreta quanto à forma verbal:a) Ele reouve os objetos apreendidos pelo fiscal.b) Se advierem dificuldades, confia em Deus.c) Se você o vir, diga-lhe que o advogado reteve os documentos.d) Eu não intervi na contenda porque não pude.e) Por não se cumprirem as cláusulas propostas, as partes

desavieram-se e requereram rescisão do contrato.

10. Indique a incorreta:a) Estão isentados das sanções legais os citados no artigo 6º. b) Estão suspensas as decisões relativas ao parágrafo 3º do

artigo 2º. c) Fica revogado o ato que havia extinguido a obrigatoriedade

de apresentação dos documentos mencionados. d) Os pareceres que forem incursos na Resolução anterior são

de responsabilidade do Governo Federal. e) Todas estão incorretas.

Respostas: 01-B / 02-E / 03-E / 04-D / 05-B / 06-D / 07-E / 08-B / 09-D / 10-A /

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO

Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de interrogação ou com reticências.

O período é simples quando só traz uma oração, chamada absoluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absoluta.); Quero que você aprenda. (Período composto.)

Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais nele existentes. Exemplos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma

oração)Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções

verbais, duas orações)

Há três tipos de período composto: por coordenação, por subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo (também chamada de misto).

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO

Período Composto por Coordenação. Orações Coordenadas

Considere, por exemplo, este período composto:

Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos de infância.

1ª oração: Passeamos pela praia2ª oração: brincamos3ª oração: recordamos os tempos de infância

As três orações que compõem esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, mas, como já dissemos, uma não depende da outra sintaticamente.

As orações independentes de um período são chamadas de orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações coordenadas é chamado de período composto por coordenação.

As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e sindéticas.

- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo:

Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. OCA OCA OCA

“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de Assis)

“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” (Antônio Olavo Pereira)

“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” (Coelho Neto)

- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:

O homem saiu do carro / e entrou na casa. OCA OCS

As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as introduzem. Pode ser:

- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... mas também, não só... mas ainda.

Saí da escola / e fui à lanchonete. OCA OCS Aditiva

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.

A doença vem a cavalo e volta a pé.As pessoas não se mexiam nem falavam.“Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até

nenhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” (Machado de Assis)

- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto.

Estudei bastante / mas não passei no teste. OCA OCS Adversativa

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa adversativa.

A espada vence, mas não convence.“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)Tens razão, contudo não te exaltes.Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.

- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por isso, pois, logo.

Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão. OCA OCS Conclusiva

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa idéia de conclusão de um fato enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.

Vives mentindo; logo, não mereces fé.Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.

- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer.

Seja mais educado / ou retire-se da reunião! OCA OCS Alternativa

Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa alternativa.

Venha agora ou perderá a vez.“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de

Assis)“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço

muito caro.” (Renato Inácio da Silva)“A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”

(Luís Jardim)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque, pois, porquanto.

Vamos andar depressa / que estamos atrasados. OCA OCS Explicativa

Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção que expressa idéia de explicação, de justificativa em relação à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa.

Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã.“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico

Veríssimo)“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te

abençôo.” (Fernando Sabino)O cavalo estava cansado, pois arfava muito.

Exercícios

01. Relacione as orações coordenadas por meio de conjunções:a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram.b) Não durma sem cobertor. A noite está fria.c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los. Respostas:Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram.Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.Quero desculpar-me, mais consigo encontrá-los. 02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar

das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de:a) causab) explicaçãoc) conclusãod) proporçãoe) comparação Resposta: EA conjunção como exercer a função comparativa. Os amplos

bocejos ouvidos são comparados à força do marulhar das ondas.

03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração sublinhada pode indicar uma ideia de:

a) concessãob) oposiçãoc) condiçãod) lugare) consequência Resposta: CA condição necessária para procurar emprego é entrar na

faculdade. 04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem,

entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido. 1. Correu demais, ... caiu.2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.3. A matéria perece, ... a alma é imortal.4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com

detalhes.5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.

a) porque, todavia, portanto, logo, entretantob) por isso, porque, mas, portanto, quec) logo, porém, pois, porque, masd) porém, pois, logo, todavia, porquee) entretanto, que, porque, pois, portanto Resposta: BPor isso – conjunção conclusiva. Porque – conjunção explicativa.Mas – conjunção adversativa.Portanto – conjunção conclusiva.Que – conjunção explicativa. 05. Reúna as três orações em um período composto por

coordenação, usando conjunções adequadas.Os dias já eram quentes.A água do mar ainda estava fria.As praias permaneciam desertas. Resposta: Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda

estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.

06. No período “Penso, logo existo”, oração em destaque é: a) coordenada sindética conclusiva b) coordenada sindética aditiva c) coordenada sindética alternativa d) coordenada sindética adversativa e) n.d.aResposta: A

07. Por definição, oração coordenada que seja desprovida de conectivo é denominada assindética. Observando os períodos seguintes:

I- Não caía um galho, não balançava uma folha. II- O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou. III- O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova.

Acabara o exame.

Nota-se que existe coordenação assindética em: a) I apenas b) II apenas c) III apenasd) I e IIIe) nenhum deles Resposta: D

08. “Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro do ciclo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A frustração cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados à condição de liderança oficial se reúnem, em eventos como este, para lamentar o estado de coisas. O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a auto-absolvição?

É da história do mundo que as elites nunca introduziram mudanças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais aqui reunidas teriam motivação para fazer a distribuição de poderes e rendas que uma nação equilibrada precisa ter. Aliás, é ingenuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós,

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de tal elite, temos riqueza suficiente para distribuir. Faço sempre, para meu desânimo, a soma do faturamento das nossas mil maiores e melhores empresas, e chego a um número menor do que o faturamento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a Mitsubishi e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais somos irrelevantes como potência econômica, mas o mesmo tempo extremamente representativos como população.”

(“Discurso de Semler aos empresários”, Folha de São Paulo)

Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é composto por coordenação e contém uma oração coordenada sindética adversativa. Assinalar a alternativa correspondente a este período:

a) A frustração cresce e a desesperança não cede.b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica

pungente ou a auto-absolvição.c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza

suficiente para distribuir.d) Sejamos francos. e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência

econômica, mas ao mesmo tempo extremamente representativos como população.

Resposta E

RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO

Período Composto por Subordinação

Observe os termos destacados em cada uma destas orações:Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)Todos querem sua participação. (objeto direto)Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de

causa)

Veja, agora, como podemos transformar esses termos em orações com a mesma função sintática:

Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com função de adjunto adnominal)

Todos querem / que você participe. (oração subordinada com função de objeto direto)

Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordinada com função de adjunto adverbial de causa)

Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele é classificado como período composto por subordinação. As orações subordinadas são classificadas de acordo com a função que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.

Orações Subordinadas Adverbiais

As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que exercem a função de adjunto adverbial da oração principal (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa que as introduz:

- Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto que.

Não fui à escola / porque fiquei doente. OP OSA Causal

O tambor soa porque é oco.Como não me atendessem, repreendi-os severamente.Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de

Sousa)

- Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, contanto que, a menos que, a não ser que, desde que.

Irei à sua casa / se não chover. OP OSA Condicional

Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofensores.Se o conhecesses, não o condenarias.“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de

Andrade)A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência

tenha êxito.

- Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo que.

Ela saiu à noite / embora estivesse doente. OP OSA Concessiva

Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente.

Embora não possuísse informações seguras, ainda assim arriscou uma opinião.

Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando ou ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.

Por mais que gritasse, não me ouviram.

- Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.

O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado. OP OSA Conformativa

O homem age conforme pensa.Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.

- Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).

Ele saiu da sala / assim que eu cheguei. OP OSA Temporal

Formiga, quando quer se perder, cria asas.“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se

esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti)

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês de Maricá)

Enquanto foi rico, todos o procuravam.

- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de que, porque (=para que), que.

Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. OP OSA Final

“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” (Marquês de Maricá)

Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = para

que)“Instara muito comigo não deixasse de freqüentar as recepções

da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = para que não deixasse)

- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto que.

A chuva foi tão forte / que inundou a cidade. OP OSA Consecutiva

Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José

J. Veiga)De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.As notícias de casa eram boas, de maneira que pude

prolongar minha viagem.

- Comparativas: Expressam ideia de comparação com referência à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com menos ou mais).

Ela é bonita / como a mãe. OP OSA Comparativa

A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.” (Marquês de Maricá)

Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz

daquele olhar.

Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está subentendido o verbo ser (como a mãe é).

- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona proporcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos.

Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.OSA Proporcional OP

À medida que se vive, mais se aprende.À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai

diminuindo.

Orações Subordinadas Substantivas

As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas que, num período, exercem funções sintáticas próprias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes que e se. Elas podem ser:

- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)

O grupo quer / que você ajude. OP OSS Objetiva Direta

O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O mestre exigia a presença de todos.)

Mariana esperou que o marido voltasse.Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.O fiscal verificou se tudo estava em ordem.

- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)

Necessito / de que você me ajude. OP OSS Objetiva Inireta

Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua viagem.)

Aconselha-o a que trabalhe mais.Daremos o prêmio a quem o merecer.Lembre-se de que a vida é breve.

- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe: É importante sua colaboração. (sujeito)

É importante / que você colabore. OP OSS Subjetiva

A oração subjetiva geralmente vem:- depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções

do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que ele voltará amanhã.

- depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.

- depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem da reunião.

É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é necessária.)

Parece que a situação melhorou.Aconteceu que não o encontrei em casa.Importa que saibas isso bem.

- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É aquela que exerce a função de complemento nominal de um termo da oração principal. Observe: Estou convencido de sua inocência. (complemento nominal)

Estou convencido / de que ele é inocente. OP OSS Completiva Nominal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão dele.)

Estava ansioso por que voltasses.Sê grato a quem te ensina.“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.”

(Graciliano Ramos)

- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua felicidade. (predicativo)

O importante é / que você seja feliz. OP OSS Predicativa

Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)Minha esperança era que ele desistisse.Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.Não sou quem você pensa.

- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Observe: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício do país. (aposto)

Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do país.

OP OSS Apositiva

Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma coisa: a sua felicidade)

Só lhe peço isto: honre o nosso nome.“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de

que virias a morrer...” (Osmã Lins)“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo

oculto?” (Machado de Assis)

As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a saúde, tornou-se realidade.

Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as orações substantivas podem ser introduzidas por outros conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:

Não sei quando ele chegou.Diga-me como resolver esse problema.

Orações Subordinadas Adjetivas

As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a função de adjunto adnominal de algum termo da oração principal. Observe como podemos transformar um adjunto adnominal em oração subordinada adjetiva:

Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva)

As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem ser classificadas em:

- Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem. Exemplo:

O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar. OP OSA Restritiva

Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.

Pedra que rola não cria limo.Os animais que se alimentam de carne chamam-se

carnívoros.Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas

escreveram.“Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário

Mariano)

- Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo:

O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um novo livro.

OP OSA Explicativa OP

Deus, que é nosso pai, nos salvará.Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.

Orações Reduzidas

Observe que as orações subordinadas eram sempre introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e apresentavam o verbo numa forma do indicativo ou do subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há outras que se apresentam com o verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos:

- Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês. (infinitivo)

- Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)- Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.

(particípio)

As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das formas nominais são chamadas de reduzidas.

Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos a conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e passamos o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo, conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação da oração desenvolvida.

Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês. OSA Temporal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal, reduzida de infinitivo.

Precisando de ajuda, telefone-me.Se precisar de ajuda, / telefone-me. OSA CondicionalPrecisando de ajuda: oração subordinada adverbial

condicional, reduzida de gerúndio.

Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário.Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o

vestiário. OSA TemporalAcabado o treino: oração subordinada adverbial temporal,

reduzida de particípio.

Observações:

- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa cidade.

- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. Exemplos:

Preciso terminar este exercício.Ele está jantando na sala.Essa casa foi construída por meu pai.- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma

reduzida. Exemplo:O homem fechou a porta, saindo depressa de casa.O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração

coordenada sindética aditiva)Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de

gerúndio.

Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas e as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser iniciadas por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a diferença entre explicativas e causais, mas como o próprio nome indica, as causais sempre trazem a causa de algo que se revela na oração principal, que traz o efeito.

Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal. Essa noção de causa e efeito não existe no período composto por coordenação. Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi sem dúvida a causa do choro, que é efeito. Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.

O período agora é composto por coordenação, pois a oração iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela ter chorado.

Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.OP OSA Comparativa OSA Condicional

Exercícios

01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava para ser mãe”, a oração destacada é:

a) subordinada substantiva objetiva indireta b) subordinada substantiva completiva nominal c) subordinada substantiva predicativa d) coordenada sindética conclusiva e) coordenada sindética explicativa 02. A segunda oração do período? “Não sei no que pensas”, é

classificada como: a) substantiva objetiva direta b) substantiva completiva nominal c) adjetiva restritivad) coordenada explicativa e) substantiva objetiva indireta

03. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na realidade.” A oração sublinhada é:

a) adverbial conformativa b) adjetiva c) adverbial consecutiva d) adverbial proporcionale) adverbial causal

04. No seguinte grupo de orações destacadas: 1. É bom que você venha. 2. Chegados que fomos, entramos na escola. 3. Não esqueças que é falível. Temos orações subordinadas, respectivamente: a) objetiva direta, adverbial temporal, subjetiva b) subjetiva, objetiva direta, objetiva direta c) objetiva direta, subjetiva, adverbial temporal d) subjetiva, adverbial temporal, objetiva direta e) predicativa, objetiva direta, objetiva indireta 05. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir

oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das orações seguintes?

a) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão. b) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo. c) O aluno fez-se passar por doutor. d) Precisa-se de operários. e) Não sei se o vinho está bom. 06. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A

oração sublinhada é: a) subordinada substantiva completiva nominal b) subordinada substantiva objetiva indireta c) subordinada substantiva predicativa d) subordinada substantiva subjetiva e) subordinada substantiva objetiva direta 07. Na passagem: “O receio é substituído pelo pavor, pelo

respeito, pela emoção que emudece e paralisa.” Os termos sublinhados são:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) complementos nominais; orações subordinadas adverbiais concessivas, coordenadas entre si

b) adjuntos adnominais; orações subordinadas adverbiais comparativas

c) agentes da passiva; orações subordinadas adjetivas, coordenadas entre si

d) objetos diretos; orações subordinadas adjetivas, coordenadas entre si

e) objetos indiretos; orações subordinadas adverbiais comparativas

08. Neste período “não bate para cortar”, a oração “para

cortar” em relação a “não bate”, é: a) a causa b) o modo c) a consequência d) a explicaçãoe) a finalidade

09. Em todos os períodos há orações subordinadas substantivas, exceto em:

a) O fato era que a escravatura do Santa Fé não andava nas festas do Pilar, não vivia no coco como a do Santa Rosa.

b) Não lhe tocara no assunto, mas teve vontade de tomar o trem e ir valer-se do presidente.

c) Um dia aquele Lula faria o mesmo com a sua filha, faria o mesmo com o engenho que ele fundara com o suor de seu rosto.

d) O oficial perguntou de onde vinha, e se não sabia notícias de Antônio Silvino.

e) Era difícil para o ladrão procurar os engenhos da várzea, ou meter-se para os lados de Goiana

10. Em - “Há enganos que nos deleitam”, a oração grifada é: a) substantiva subjetiva b) substantiva objetiva direta c) substantiva completiva nominal d) substantiva apositivae) adjetiva restritiva

Respostas: (01-B) (02-E) (03-A) (04-D) (05-E) (06-B) (07-C) (08-E) (09-C) (10-E)

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas, etc.

Ponto ( . ) - indicar o final de uma frase declarativa: Lembro-me muito

bem dele.- separar períodos entre si: Fica comigo. Não vá embora.- nas abreviaturas: Av.; V. Ex.ª

Vírgula ( , ): É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.

Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. Não se separam por vírgula:

- predicado de sujeito;- objeto de verbo;- adjunto adnominal de nome;- complemento nominal de nome;- predicativo do objeto do objeto;- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta

não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).

A vírgula no interior da oração

É utilizada nas seguintes situações:- separar o vocativo: Maria, traga-me uma xícara de café; A

educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.- separar alguns apostos: Valdete, minha antiga empregada,

esteve aqui ontem.- separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado:

Chegando de viagem, procurarei por você; As pessoas, muitas vezes, são falsas.

- separar elementos de uma enumeração: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.

- isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a viagem.

- separar conjunções intercaladas: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.

- separar o complemento pleonástico antecipado: A mim, nada me importa.

- isolar o nome de lugar na indicação de datas: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2011.

- separar termos coordenados assindéticos: “Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto contigo compactua...” (Caetano Veloso)

- marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo): Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)

Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dispensam o uso da vírgula: Conversaram sobre futebol, religião e política. Não se falavam nem se olhavam; Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará. Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório: Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.

A vírgula entre orações

É utilizada nas seguintes situações:- separar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Meu

pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.- separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas

(exceto as iniciadas pela conjunção “e”: Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho; Estudou muito, mas não foi aprovado no exame.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção:- quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes:

Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.

- quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto): E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

- quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, consequência, por exemplo): Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

- separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal: “No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho.” (O selvagem - José de Alencar)

- separar as orações intercaladas: “- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando...”. Essas orações poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão: “Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar plantando...”

- separar as orações substantivas antepostas à principal: Quanto custa viver, realmente não sei.

Ponto-e-Vírgula ( ; )- separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição,

de uma sequência, etc: Art. 127 – São penalidades disciplinares:I- advertência;II- suspensão;III- demissão;IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade;V- destituição de cargo em comissão;VI- destituição de função comissionada. (cap. V das

penalidades Direito Administrativo)

- separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...)” (Visconde de Taunay)

Dois-Pontos ( : )- iniciar a fala dos personagens: Então o padre respondeu:

__Parta agora.- antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou

sequência de palavras que explicam, resumem ideias anteriores: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto.

- antes de citação: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

Ponto de Interrogação ( ? )- Em perguntas diretas: Como você se chama?- Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação: Quem

ganhou na loteria? Você. Eu?!

Ponto de Exclamação ( ! )- Após vocativo: “Parte, Heliel!” ( As violetas de Nossa Sra.-

Humberto de Campos).- Após imperativo: Cale-se!- Após interjeição: Ufa! Ai!- Após palavras ou frases que denotem caráter emocional: Que

pena!

Reticências ( ... )- indicar dúvidas ou hesitação do falante: Sabe...eu queria te

dizer que...esquece.- interrupção de uma frase deixada gramaticalmente

incompleta: Alô! João está? Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...

- ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de sugerir prolongamento de ideia: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília- José de Alencar)

- indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita: “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)

Aspas ( “ ” )- isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta,

como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador; A festa na casa de Lúcio estava “chocante”; Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.

- indicar uma citação textual: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)

Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ‘ ‘ )

Parênteses ( () )- isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e

datas: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúmeras perdas humanas; “Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do verão”. (O milagre das chuvas no nordeste- Graça Aranha)

Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.

Travessão ( __ )- dar início à fala de um personagem: O filho perguntou: __

Pai, quando começarão as aulas?- indicar mudança do interlocutor nos diálogos. __Doutor, o

que tenho é grave? __Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom.

- unir grupos de palavras que indicam itinerário: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado.

Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases explicativas: Xuxa – a rainha dos baixinhos – é loira.

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ParágrafoConstitui cada uma das secções de frases de um escritor;

começa por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que começam as outras linhas.

Colchetes ( [] )Utilizados na linguagem científica.

Asterisco ( * )Empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota

(observação).

Barra ( / ) Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas.Hífen (−) Usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir

pronomes átonos a verbos. Exemplo: guarda-roupa

Exercícios

01. Assinale o texto de pontuação correta:a) Não sei se disse, que, isto se passava, em casa de uma

comadre, minha avó.b) Eu tinha, o juízo fraco, e em vão tentava emendar-me:

provocava risos, muxoxos, palavrões. c) A estes, porém, o mais que pode acontecer é que se riam

deles os outros, sem que este riso os impeça de conservar as suas roupas e o seu calçado.

d) Na civilização e na fraqueza ia para onde me impeliam muito dócil muito leve, como os pedaços da carta de ABC, triturados soltos no ar.

e) Conduziram-me à rua da Conceição, mas só mais tarde notei, que me achava lá, numa sala pequena.

02. Das redações abaixo, assinale a que não está pontuada corretamente:

a) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resultado do concurso.

b) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado do concurso.

c) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resultado do concurso.

d) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concurso, em fila.

e) Os candidatos, aguardavam ansiosos, em fila, o resultado do concurso.

Instruções para as questões de números 03 e 04: Os períodos

abaixo apresentam diferenças de pontuação, assinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta:

03.a) Pouco depois, quando chegaram, outras pessoas a reunião

ficou mais animada. b) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião

ficou mais animada. c) Pouco depois, quando chegaram outras pessoas, a reunião

ficou mais animada.d) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião,

ficou mais animada. e) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião

ficou, mais animada.

04. a) Precisando de mim procure-me; ou melhor telefone que eu

venho. b) Precisando de mim procure-me, ou, melhor telefone que

eu venho. c) Precisando, de mim, procure-me ou melhor, telefone, que

eu venho. d) Precisando de mim, procure-me; ou melhor, telefone, que

eu venho. e) Precisando, de mim, procure-me ou, melhor telefone que

eu venho.

05. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta:

a) José dos Santos paulista, 23 anos vive no Rio. b) José dos Santos paulista 23 anos, vive no Rio. c) José dos Santos, paulista 23 anos, vive no Rio. d) José dos Santos, paulista 23 anos vive, no Rio. e) José dos Santos, paulista, 23 anos, vive no Rio.

06. A alternativa com pontuação correta é:a) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade

de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, deturpamos o que ouvimos.

b) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir: nossa capacidade de retenção é variável e, muitas vezes, inconscientemente, deturpamos o que ouvimos.

c) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir! Nossa capacidade de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, deturpamos o que ouvimos.

d) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir; nossa capacidade de retenção, é variável e - muitas vezes inconscientemente, deturpamos o que ouvimos.

e) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade de retenção é variável - e muitas vezes inconscientemente - deturpamos, o que ouvimos.

Nas questões 07 a 10, os períodos foram pontuados de cinco

formas diferentes. Leia-os todos e assinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta:

07. a) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque, conhece

pouco os deveres da hospitalidade. b) Entra a propósito disse Alves, o seu moleque conhece

pouco os deveres da hospitalidade. c) Entra a propósito, disse Alves o seu moleque conhece

pouco os deveres da hospitalidade. d) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece

pouco os deveres da hospitalidade. e) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece

pouco, os deveres da hospitalidade.

08. a) Prima faça calar titio suplicou o moço, com um leve sorriso

que imediatamente se lhe apagou. b) Prima, faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso

que imediatamente se lhe apagou. c) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso

que imediatamente se lhe apagou.

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LÍNGUA PORTUGUESA

d) Prima, faça calar titio suplicou o moço com um leve sorriso que imediatamente se lhe apagou.

e) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso que, imediatamente se lhe apagou.

09. a) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio

gordo, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias, trazem impresso constante sorriso.

b) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias trazem, impresso constante sorriso.

c) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem impresso, constante sorriso.

d) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias trazem impresso constante sorriso.

e) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gordo, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem impresso constante sorriso.

10.a) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva,

empregou na execução do canto. b) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva

empregou na execução do canto. c) Deixo ao leitor calcular quanta paixão, a bela viúva,

empregou na execução do canto. d) Deixo ao leitor calcular, quanta paixão a bela viúva,

empregou na execução do canto. e) Deixo ao leitor, calcular quanta paixão a bela viúva,

empregou na execução do canto.

Respostas: 01-C / 02-E / 03-C / 04-D / 05-E / 06-B / 07-D / 08-B / 09-E / 10-B

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância é o mecanismo pelo qual algumas palavras alteram suas terminações para adequar-se à terminação de outras palavras. Em português, distinguimos dois tipos de concordância: nominal, que trata das alterações do artigo, do numeral, dos pronomes adjetivos e dos adjetivos para concordar com o nome a que se referem, e verbal, que trata das alterações do verbo, para concordar com o sujeito.

Concordância Nominal

- Regra Geral: o adjetivo e as palavras adjetivas (artigo, numeral, pronome adjetivo) concordam em gênero e número com o nome a que se referem.

Esta / observação / curta / desfaz o equívoco.

Esta (pronome adjetivo – feminino – singular)observação (substantivo – feminino – singular)curta (adjetivo – feminino – singular)

- Um só adjetivo qualificando mais de um substantivo.

Adjetivo posposto: quando um mesmo adjetivo qualifica dois ou mais substantivos e vem depois destes, há duas construções:

1- o adjetivo vai para o plural: Agia com calma e pontualidade britânicas.

2- o adjetivo concorda com o substantivo mais próximo: Agia com calma e pontualidade britânica.

Sempre que se optar pelo plural, é preciso notar o seguinte: se entre os substantivos houver ao menos um no masculino, o adjetivo assumirá a terminação do masculino: Fez tudo com entusiasmo e paixão arrebatadores.

Quando o adjetivo exprime uma qualidade tal que só cabe ao último substantivo, é óbvio que a concordância obrigatoriamente se efetuará com este último: Alimentavam-se de arroz e carne bovina.

Adjetivo anteposto: quando um adjetivo qualifica dois ou mais substantivos e vem antes destes, concorda com o substantivo mais próximo: Escolhestes má ocasião e lugar.

Quando o adjetivo anteposto aos substantivos funcionar como predicativo, pode concordar com o mais próximo ou ir para o plural:

Estava quieta a casa, a vila e o campo.Estavam quietos a casa, a vila e o campo.

- Verbo ser + adjetivo: Nos predicados nominais em que ocorre o verbo ser mais um adjetivo, formando expressões do tipo é bom, é claro, é evidente, etc., há duas construções possíveis:

1- se o sujeito não vem precedido de nenhum modificador, tanto o verbo quanto o adjetivo ficam invariáveis: Pizza é bom; É proibido entrada.

2- se o sujeito vem precedido de modificador, tanto o verbo quanto o predicativo concordam regularmente: A pizza é boa; É proibida a entrada.

- Palavras adverbiais x palavras adjetivas: há palavras que ora têm função de advérbio, ora de adjetivo.

Quando funcionam como advérbio são invariáveis: Há ocasiões bastante oportunas.

Quando funcionam como adjetivo, concordam com o nome a que se referem: Há bastantes razões para confiarmos na proposta.

Estão nesta classificação palavras como pouco, muito, bastante, barato, caro, meio, longe, etc.

- Expressões anexo e obrigado: são palavras adjetivas e, como tais, devem concordar com o nome a que se referem. Exemplos:

Seguem anexas as listas de preços.Seguem anexos os planos de aula.Muito obrigado, disse ele.Muito obrigada, disse ela.Obrigadas, responderam as cantoras da banda.

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Podemos colocar sob a mesma regra palavras como incluso, quite, leso, mesmo e próprio.

1- Alerta e menos são sempre invariáveis:Estamos alerta.Há situações menos complicadas.Há menos pessoas no local.

2- Em anexo é sempre invariável:Seguem, em anexo, as fotografias.

- Expressões só e sós: quando equivale a somente, é advérbio e invariável; quando equivale a sozinho, é adjetivo e variável.

Só eles não concordam.Eles saíram sós.

A expressão a sós é invariável: Gostaria de ficar a sós por uns momentos.

Exercícios

01. Assinale a frase que encerra um erro de concordância nominal:

a) Estavam abandonadas a casa, o templo e a vila.b) Ela chegou com o rosto e as mãos feridas.c) Decorrido um ano e alguns meses, lá voltamos.d) Decorridos um ano e alguns meses, lá voltamos.e) Ela comprou dois vestidos cinza.

02. Enumere a segunda coluna pela primeira (adjetivo posposto):

(1) velhos (2) velhas ( ) camisa e calça. ( ) chapéu e calça.( ) calça e chapéu.( ) chapéu e paletó.( ) chapéu e camisa.

a) 1-2-1-1-2b) 2-2-1-1-2c) 2-1-1-1-1d) 1-2-2-2-2e) 2-1-1-1-2

03. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos parênteses.

a) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ necessária)b) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas)c) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/

bastantes)d) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios)e) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino.

(meio/ meia)

04. “Na reunião do Colegiado, não faltou, no momento em que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e opiniões veementes e contraditórias.” No trecho acima, há uma infração as normas de concordância.

a) Reescreva-o com devida correção.b) Justifique a correção feita.

05. Reescrever as frases abaixo, corrigindo-as quando necessário.

a) “Recebei, Vossa Excelência, os processos de nossa estima, pois não podem haver cidadãos conscientes sem educação.”

b) “Os projetos que me enviaram estão em ordem; devolvê-los-ei ainda hoje, conforme lhes prometi.”

06. Como no exercício anterior.a) “Ele informou aos colegas de que havia perdido os

documentos cuja originalidade duvidamos.”b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia mais ficar no

pátio do que continuar dentro da classe.”

07. A frase em que a concordância nominal está correta é:a) A vasta plantação e a casa grande caiados há pouco tempo

era o melhor sinal de prosperidade da família.b) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão onde se

encontravam as vítimas do acidente.c) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que ele

cultivava na sua pacata e linda chácara do interior.d) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a perna e o

braço direitos, mas estava totalmente lúcido.e) Esses livro e caderno não são meus, mas poderão ser

importante para a pesquisa que estou fazendo.

08. Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a frase, as palavras destacadas permanecem invariáveis:

a) Este é o meio mais exato para você resolver o problema: estude só.

b) Meia palavra, meio tom - índice de sua sensatez.c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua meia

promessa.d) Passei muito inverno só.e) Só estudei o elementar, o que me deixa meio apreensivo.

09. Aponte o erro de concordância nominal.a) Andei por longes terras.b) Ela chegou toda machucada.c) Carla anda meio aborrecida.d) Elas não progredirão por si mesmo.e) Ela própria nos procurou.

10. Assinale o erro de concordância nominal.a) – Muito obrigada, disse ela.b) Só as mulheres foram interrogadas.c) Eles estavam só.d) Já era meio-dia e meia.e) Sós, ficaram tristes.

Respostas:

01-A / 02-C03. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio04. a) “Na reunião do colegiado, não faltaram, no momento

em que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e opiniões veementes e contraditórias.”

b) Concorda com o sujeito “argumentos e opiniões”.05. a) “Receba, Vossa Excelência, os protestos de nossa estima,

pois não pode haver cidadãos conscientes sem a educação.” b) A frase está correta.

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. a) “Ele informou aos colegas que havia perdido (ou: ele informou os colegas de que havia perdido os documentos de cuja originalidade duvidamos.”

b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia ficar no pátio a continuar dentro da classe.”

07-E / 08-E / 09-D / 10-C

Concordância Verbal

- Regra Geral: o verbo concorda com seu sujeito em pessoa e número.

Eu contarei convosco.Tu estavas enganado.Os alunos saíram tarde.

- Sujeito composto anteposto ao verbo: quando o sujeito composto vem anteposto ao verbo, este vai para o plural: O sol e a lua brilhavam. Há casos em que, mesmo com o sujeito composto anteposto, justifica-se o singular. Isto ocorre basicamente em três situações:

1- quando o sujeito é formado de palavras sinônimas ou que formam unidade de sentido: A coragem e o destemor fez dele um herói. É bom notar que, no mesmo caso, vale também o plural. O singular, aqui, talvez se explique pela facilidade que temos em juntar, numa só unidade, conceitos sinônimos.

2- quando o sujeito é formado por núcleos dispostos em gradação (ascendente ou descendente): Uma palavra, um gesto, um mínimo sinal bastava. No mesmo caso, cabe também o plural. A construção com o verbo no singular é compreensível: nas sequências gradativas, o último elemento é sempre mais enfático, o que leva o verbo a concordar com ele.

3- quando o sujeito vem resumido por palavras como alguém, ninguém, cada um, tudo, nada: Alunos, mestres, diretores, ninguém faltou. Aqui não ocorre plural. É que o valor sintetizante do pronome (ninguém) é tão marcante que só nos fica a ideia do conjunto e não das partes que o compõem.

- Sujeito composto posposto ao verbo: quando o sujeito composto vem depois do verbo, há duas construções igualmente certas.

1- o verbo vai para o plural: Brilhavam o sol e a lua.2- o verbo concorda com o núcleo mais próximo: Brilhava o

sol e a lua.

Quando, porém, o sujeito composto vem posposto e o núcleo mais próximo está no plural, o verbo só pode, obviamente, ir para o plural: Já chegaram as revistas e o jornal.

- Sujeito composto de pessoas gramaticais diferentes: quando o sujeito composto é formado de pessoas gramaticais diferentes, o verbo vai para o plural, sempre na pessoa gramatical de número mais baixo. Assim, quando ocorrer:

1ª e 2ª – o verbo vai para a 1ª do plural.2ª e 3ª – o verbo vai para a 2ª do plural.1ª e 3ª – o verbo vai para a 1ª do plural.

Eu, tu e ele ficaremos aqui.

Quando o sujeito é formado pelo pronome tu mais uma 3ª pessoa, o verbo pode ir também para a 3ª pessoa do plural. Isto se deve à baixa frequência de uso da segunda pessoa do plural: Tu e ele chegaram (ou chegastes) a tempo.

- Verbo acompanhado do pronome se apassivador: quando o pronome se funciona como partícula apassivadora, o verbo concorda regularmente com o sujeito, que estará sempre presente na oração.

Vende-se apartamento.Vendem-se apartamentos.

- Verbo acompanhado do pronome se indicador de indeterminação do sujeito: quando a indeterminação do sujeito é marcada pelo pronome se, o verbo fica necessariamente no singular: Precisa-se de reforços (sujeito indeterminado).

- Verbos dar, bater, soar: na indicação de horas, concordam com a palavra horas, que é o sujeito dos respectivos verbos.

Bateram dez horas.Soou uma hora.

Pode ser que o sujeito deixe de ser o número das horas e passe a ser outro elemento da oração, o instrumento que bate as horas, por exemplo. No caso, a concordância mudará: O relógio bateu dez horas.

- Sujeito coletivo: quando o sujeito é formado por um substantivo coletivo no singular, o verbo fica no singular, concordando com a forma do substantivo e não com a ideia: A multidão aplaudiu o orador. Nesse caso, pode ocorrer também o plural em duas situações:

1- quando o coletivo vier distanciado do verbo: O povo, apesar de toda a insistência e ousadia, não conseguiram evitar a catástrofe.

2- quando o coletivo, antecipado ao verbo, vier seguido de um adjunto adnominal no plural: A multidão dos peregrinos caminhavam lentamente.

- Nomes próprios plurais: quando o sujeito é formado por nomes próprios de lugar que só têm a forma plural, há duas construções:

1- se tais nomes vierem precedidos de artigo, o verbo concordará com o artigo.

Os Estados Unidos progrediram muito.O Amazonas corre volumoso pela floresta.

2- se tais nomes não vierem precedidos de artigo, o verbo ficará sempre no singular: Ø Minas Gerais elegeu seu senador.

Quanto aos títulos de livros e nomes de obras, mesmo precedidos de artigo, são admissíveis duas construções:

Os lusíadas foi a glória das letras lusitanas.Os lusíadas foram a glória das letras lusitanas.

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- Sujeito constituído pelo pronome relativo que: quando o sujeito for o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente desse pronome.

Fui eu que prometi.Foste tu que prometeste.Foram eles que prometeram.

- Sujeito constituído pelo pronome relativo quem: quando o sujeito de um verbo for o pronome relativo quem, há duas construções possíveis:

1- o verbo fica na 3ª pessoa do singular, concordando regularmente com o sujeito (quem): Fui eu quem falou.

2- o verbo concorda com o antecedente: Fui eu quem falei.

- Pronome indefinido plural seguido de pronome pessoal preposicionado: quando o sujeito é formado de um pronome indefinido (ou interrogativo) no plural seguido de um pronome pessoal preposicionado, há possibilidade de duas construções:

1- o verbo vai para a 3ª pessoa do plural, concordando com o pronome indefinido ou interrogativo: Alguns de nós partiram.

2- o verbo concorda com o pronome pessoal que se segue ao indefinido (ou interrogativo): Alguns de nós partimos.

Quando o pronome interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará, necessariamente, na 3ª pessoa do singular.

Alguém de nós falhou?Qual de nós sairá?

- Expressões um dos que, uma das que: quando o sujeito de um verbo for o pronome relativo que, nas expressões um dos que, uma das que, o verbo vai para o plural (construção dominante) ou fica no singular.

Ele foi um dos que mais falaram.Ele foi um dos que mais falou.

Cada uma das construções corresponde a uma interpretação diferente do mesmo enunciador.

Ele é um dentre aqueles que mais falaram.Ele é um que mais falou dentre aqueles.

- Expressões mais de, menos de: quando o sujeito for constituído das expressões mais de, menos de, o verbo concorda com o numeral que se segue à expressão.

Mais de um aluno saiu.Mais de dois alunos saíram.Mais de dois casos ocorreram.

Com a expressão mais de um pode ocorrer o plural em duas situações:

1- quando o verbo dá ideia de ação recíproca: Mais de um veículo se entrechocaram.

2- quando a expressão mais de vem repetida: Mais de um padre, mais de um bispo estavam presentes.

- Expressões um e outro, nem um nem outro: quando o sujeito é formado pelas expressões um e outro, nem um nem outro, o verbo fica no singular ou plural.

Nem um nem outro concordou.Nem um nem outro concordaram.

O substantivo que segue a essas expressões deve ficar no singular: Uma e outra coisa me atrai.

Quando núcleos de pessoas diferentes vêm precedidos de nem, o mais usual é o verbo no plural, na pessoa gramatical prioritária (a de número mais baixo): Nem eu nem ele faltamos com a palavra.

- Sujeito constituído por pronome de tratamento: quando o sujeito é formado por pronomes de tratamento, o verbo vai sempre para a 3ª pessoa (singular ou plural).

Vossa Excelência se enganou.Vossas Excelências se enganaram.

- Núcleos ligados por ou: quando os núcleos do sujeito vêm ligados pela conjunção ou, há duas construções:

1- o verbo fica no singular quando o ou tem valor excludente: Pedro ou Paulo será eleito papa. (a eleição de um implica necessariamente a exclusão do outro)

2- o verbo vai para o plural, quando o ou não for excludente: Maça ou figo me agradam à sobremesa. (ambas as frutas me agradam)

- Silepse: ocorre concordância siléptica quando o verbo não concorda com o sujeito que aparece expresso na frase, mas com um elemento implícito na mente de quem fala: Os brasileiros somos improvisadores. Está implícito que o falante (eu ou nós) está incluído entre os brasileiros.

- Expressão haja vista: na expressão haja vista, a palavra vista é sempre invariável. O verbo haja pode ficar invariável ou concordar com o substantivo que se segue à expressão.

Haja vista os últimos acontecimentos.Hajam vista os últimos acontecimentos.

Admite-se ainda a construção:Haja vista aos últimos acontecimentos.

- Verbo parecer seguido de infinitivo: o verbo parecer, seguido de infinitivo, admite duas construções:

1- flexiona-se o verbo parecer e não se flexiona o infinitivo: Os montes parecem cair.

2- flexiona-se o infinitivo e não se flexiona o verbo parecer: Os montes parece caírem.

- Verbo impessoais: os verbos impessoais ficam sempre na 3ª pessoa do singular.

Haverá sóis mais brilhantes.Fará invernos rigorosos.

Também não se flexiona o verbo auxiliar que se põe junto a um verbo impessoal, formando uma locução verbal.

Deve fazer umas cinco horas que estou esperando.Costuma haver casos mais significativos.Poderá fazer invernos menos rigorosos.

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O verbo haver no sentido de existir ou de tempo passado e o verbo fazer na indicação de tempo transcorrido ou fenômeno da natureza são impessoais.

O verbo existir nunca é impessoal: tem sempre sujeito, com o qual concorda normalmente: Existirão protestos; Poderão existir dúvidas.

Quando o verbo haver funciona como auxiliar de outro verbo, deve concordar normalmente com o sujeito: Os convidados já haviam saído.

- Verbo ser: a concordância do verbo ser oscila frequentemente entre o sujeito e o predicativo. Entre tantos casos, podemos ressaltar:

Quando o sujeito e o predicativo são nomes de coisas de números diferentes, o verbo concorda, de preferência, com o que está no plural.

Tua vida são essas ilusões.Essas vaidades são o teu segredo.

Nesse caso, muitas vezes, faz-se a concordância com o elemento a que se quer dar destaque.

Quando um dos dois (predicativo ou sujeito) é nome de pessoa, a concordância se faz com a pessoa.

Você é suas decisões.Suas preocupações era a filha.

O verbo concorda com o pronome pessoal, seja este sujeito, seja predicativo.

O professor sou eu.Eu sou o professor.

Nas indicações de hora, data e distância, o verbo ser, impessoal, concorda com o predicativo.

É uma hora.São duas horas.É uma légua.São duas léguas.É primeiro de maio.São quinze de maio.

Neste último caso (dias do mês) o verbo ser admite duas construções:

É (dia) treze de maio.São treze (dias) de maio.

O verbo ser, seguido de um quantificador, nas expressões de peso, distância ou preço, fica invariável.

Quinze quilos é bastante.Três quilômetros é muito.Cem reais é suficiente.

Exercícios

01. Indique a opção correta, no que se refere à concordância verbal, de acordo com a norma culta:

a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. b) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.

c) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. d) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. 02. Assinale a frase em que há erro de concordância verbal: a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade. b) Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da

imigração. c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada. d) Deve existir problemas nos seus documentos. e) Choveram papéis picados nos comícios. 03. Assinale a opção em que há concordância inadequada: a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução para o

problema.b) A maioria dos conflitos foram resolvidos. c) Deve haver bons motivos para a sua recusa. d) De casa à escola é três quilômetros. e) Nem uma nem outra questão é difícil. 04. Há erro de concordância em: a) atos e coisas más b) dificuldades e obstáculo intransponível c) cercas e trilhos abandonados d) fazendas e engenho prósperas e) serraria e estábulo conservados 05. Indique a alternativa em que há erro: a) Os fatos falam por si sós. b) A casa estava meio desleixada. c) Os livros estão custando cada vez mais caro. d) Seus apartes eram sempre o mais pertinentes possíveis. e) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça. 06. Assinale a alternativa correta quanto à concordância

verbal: a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chegaram. b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários,

ninguém foram demitidos. c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem muitas

ciladas em seu caminho. d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão. e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que ampara sua

petição. 07. A concordância verbal está correta na alternativa: a) Ela o esperava já faziam duas semanas. b) Na sua bolsa haviam muitas moedas de ouro. c) Eles parece estarem doentes. d) Devem haver aqui pessoas cultas. e) Todos parecem terem ficado tristes. 08. É provável que ....... vagas na academia, mas não .......

pessoas interessadas: são muitas as formalidades a ....... cumpridas.a) hajam - existem - ser b) hajam - existe - serc) haja - existem - seremd) haja - existe - sere) hajam - existem - serem

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09. ....... de exigências! Ou será que não ....... os sacrifícios que ....... por sua causa?

a) Chega - bastam - foram feitos b) Chega - bastam - foi feitoc) Chegam - basta - foi feitod) Chegam - basta - foram feitose) Chegam - bastam - foi feito

10. Soube que mais de dez alunos se ....... a participar dos jogos que tu e ele ......

a) negou – organizoub) negou – organizastesc) negaram – organizasted) negou – organizarame) negaram - organizastes Respostas: (01-C) (02-D) (03-D) (04-D) (05-D) (06-D) (07-

C) (08-C) (09-A) (10-E)

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Crase é a superposição de dois “a”, geralmente a preposição “a” e o artigo a(s), podendo ser também a preposição “a” e o pronome demonstrativo a(s) ou a preposição “a” e o “a” inicial dos pronomes demonstrativos aqueles(s), aquela(s) e aquilo. Essa superposição é marcada por um acento grave (`).

Assim, em vez de escrevermos “entregamos a mercadoria a a vendedora”, “esta blusa é igual a a que compraste” ou “eles deveriam ter comparecido a aquela festa”, devemos sobrepor os dois “a” e indicar esse fato com um acento grave: “Entregamos a mercadoria à vendedora”. “Esta blusa é igual à que compraste”. “Eles deveriam ter comparecido àquela festa.”

O acento grave que aparece sobre o “a” não constitui, pois, a crase, mas é um mero sinal gráfico que indica ter havido a união de dois “a” (crase).

Para haver crase, é indispensável a presença da preposição “a”, que é um problema de regência. Por isso, quanto mais conhecer a regência de certos verbos e nomes, mais fácil será para ele ter o domínio sobre a crase.

Não existe Crase

- Antes de palavra masculina: Chegou a tempo ao trabalho; Vieram a pé; Vende-se a prazo.

- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou a ter alucinações.

- Antes de artigo indefinido: Levamos a mercadoria a uma firma; Refiro-me a uma pessoa educada.

- Antes de expressão de tratamento introduzida pelos pronomes possessivos Vossa ou Sua ou ainda da expressão Você, forma reduzida de Vossa Mercê: Enviei dois ofícios a Vossa Senhoria; Traremos a Sua Majestade, o rei Hubertus, uma mensagem de paz; Eles queriam oferecer flores a você.

- Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: Não me refiro a esta carta; Os críticos não deram importância a essa obra.

- Antes dos pronomes pessoais: Nada revelei a ela; Dirigiu-se a mim com ironia.

- Antes dos pronomes indefinidos com exceção de outra: Direi isso a qualquer pessoa; A entrada é vedada a toda pessoa estranha. Com o pronome indefinido outra(s), pode haver crase porque ele, às vezes, aceita o artigo definido a(s): As cartas estavam colocadas umas às outras (no masculino, ficaria “os cartões estavam colocados uns aos outros”).

- Quando o “a” estiver no singular e a palavra seguinte estiver no plural: Falei a vendedoras desta firma; Refiro-me a pessoas curiosas.

- Quando, antes do “a”, existir preposição: Ela compareceu perante a direção da empresa; Os papéis estavam sob a mesa. Exceção feita, às vezes, para até, por motivo de clareza: A água inundou a rua até à casa de Maria (= a água chegou perto da casa); se não houvesse o sinal da crase, o sentido ficaria ambíguo: a água inundou a rua até a casa de Maria (= inundou inclusive a casa). Quando até significa “perto de”, é preposição; quando significa “inclusive”, é partícula de inclusão.

- Com expressões repetitivas: Tomamos o remédio gota a gota; Enfrentaram-se cara a cara.

- Com expressões tomadas de maneira indeterminada: O doente foi submetido a dieta leve (no masc. = foi submetido a repouso, a tratamento prolongado, etc.); Prefiro terninho a saia e blusa (no masc. = prefiro terninho a vestido).

- Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase: A que artista te referes?

- Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacrifício, o esforço), não ocorre crase, pois o “a” é artigo definido: Parodiando Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena...

A Crase é Facultativa

- Antes de nomes próprios feminino: Enviamos um telegrama à Marisa; Enviamos um telegrama a Marisa. Em português, antes de um nome de pessoa, pode-se ou não empregar o artigo “a” (“A Marisa é uma boa menina”. Ou “Marisa é uma boa menina”). Por isso, mesmo que a preposição esteja presente, a crase é facultativa. Quando o nome próprio feminino vier acompanhado de uma expressão que o determine, haverá crase porque o artigo definido estará presente. Dedico esta canção à Candinha do Major Quevedo. [A (artigo) Candinha do Major Quevedo é fanática por seresta.]

- Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singular: Pediu informações à minha secretária; Pediu informações a minha secretária. A explicação é idêntica à do item anterior: o pronome adjetivo possessivo aceita artigo, mas não o exige (“Minha secretária é exigente.” Ou: “A minha secretária é exigente”). Portanto, mesmo com a presença da preposição, a crase é facultativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Com o pronome substantivo possessivo feminino singular, o uso de acento indicativo de crase não é facultativo (conforme o caso, será proibido ou obrigatório): A minha cidade é melhor que a tua. O acento indicativo de crase é proibido porque, no masculino, ficaria assim: O meu sítio é melhor que o teu (não há preposição, apenas o artigo definido). Esta gravura é semelhante à nossa. O acento indicativo de crase é obrigatório porque, no masculino, ficaria assim: Este quadro é semelhante ao nosso (presença de preposição + artigo definido).

Casos Especiais

- Nomes de localidades: Dentre as localidades, há as que admitem artigo antes de si e as que não o admitem. Por aí se deduz que, diante das primeiras, desde que comprovada a presença de preposição, pode ocorrer crase; diante das segundas, não. Para se saber se o nome de uma localidade aceita artigo, deve-se substituir o verbo da frase pelos verbos estar ou vir. Se ocorrer a combinação “na” com o verbo estar ou “da” com o verbo vir, haverá crase com o “a” da frase original. Se ocorrer “em” ou “de”, não haverá crase: Enviou seus representantes à Paraíba (estou na Paraíba; vim da Paraíba); O avião dirigia-se a Santa Catarina (estou em Santa Catarina; vim de Santa Catarina); Pretendo ir à Europa (estou na Europa; vim da Europa). Os nomes de localidades que não admitem artigo passarão a admiti-lo, quando vierem determinados. Porto Alegre indeterminadamente não aceita artigo: Vou a Porto Alegre (estou em Porto Alegre; vim de Porto Alegre); Mas, acompanhando-se de uma expressão que a determine, passará a admiti-lo: Vou à grande Porto Alegre (estou na grande Porto Alegre; vim da grande Porto Alegre); Iríamos a Madri para ficar três dias; Iríamos à Madri das touradas para ficar três dias.

- Pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: quando a preposição “a” surge diante desses demonstrativos, devemos sobrepor essa preposição à primeira letra dos demonstrativos e indicar o fenômeno mediante um acento grave: Enviei convites àquela sociedade (= a + aquela); A solução não se relaciona àqueles problemas (= a + aqueles); Não dei atenção àquilo (= a + aquilo). A simples interpretação da frase já nos faz concluir se o “a” inicial do demonstrativo é simples ou duplo. Entretanto, para maior segurança, podemos usar o seguinte artifício: Substituir os demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo pelos demonstrativos este(s), esta(s), isto, respectivamente. Se, antes destes últimos, surgir a preposição “a”, estará comprovada a hipótese do acento de crase sobre o “a” inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. Se não surgir a preposição “a”, estará negada a hipótese de crase. Enviei cartas àquela empresa./ Enviei cartas a esta empresa; A solução não se relaciona àqueles problemas./ A solução não se relaciona a estes problemas; Não dei atenção àquilo./ Não dei atenção a isto; A solução era aquela apresentada ontem./ A solução era esta apresentada ontem.

- Palavra “casa”: quando a expressão casa significa “lar”, “domicílio” e não vem acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva, não há crase: Chegamos alegres a casa; Assim que saiu do escritório, dirigiu-se a casa; Iremos a casa à noitinha. Mas, se a palavra casa estiver modificada por adjetivo ou locução adjetiva, então haverá crase: Levaram-me à casa de Lúcia; Dirigiram-se à casa das máquinas; Iremos à encantadora casa de campo da família Sousa.

- Palavra “terra”: Não há crase, quando a palavra terra significa o oposto a “mar”, “ar” ou “bordo”: Os marinheiros ficaram felizes, pois resolveram ir a terra; Os astronautas desceram a terra na hora prevista. Há crase, quando a palavra significa “solo”, “planeta” ou “lugar onde a pessoa nasceu”: O colono dedicou à terra os melhores anos de sua vida; Voltei à terra onde nasci; Viriam à Terra os marcianos?

- Palavra “distância”: Não se usa crase diante da palavra distância, a menos que se trate de distância determinada: Via-se um monstro marinho à distância de quinhentos metros; Estávamos à distância de dois quilômetros do sítio, quando aconteceu o acidente. Mas: A distância, via-se um barco pesqueiro; Olhava-nos a distância.

- Pronome Relativo: Todo pronome relativo tem um substantivo (expresso ou implícito) como antecedente. Para saber se existe crase ou não diante de um pronome relativo, deve-se substituir esse antecedente por um substantivo masculino. Se o “a” se transforma em “ao”, há crase diante do relativo. Mas, se o “a” permanece inalterado ou se transforma em “o”, então não há crase: é preposição pura ou pronome demonstrativo: A fábrica a que me refiro precisa de empregados. (O escritório a que me refiro precisa de empregados.); A carreira à qual aspiro é almejada por muitos. (O trabalho ao qual aspiro é almejado por muitos.). Na passagem do antecedente para o masculino, o pronome relativo não pode ser substituído, sob pena de falsear o resultado: A festa a que compareci estava linda (no masculino = o baile a que compareci estava lindo). Como se viu, substituímos festa por baile, mas o pronome relativo que não foi substituído por nenhum outro (o qual etc.).

A Crase é Obrigatória

- Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locuções adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham como núcleo um substantivo feminino: à queima-roupa, à maneira de, às cegas, à noite, às tontas, à força de, às vezes, às escuras, à medida que, às pressas, à custa de, à vontade (de), à moda de, às mil maravilhas, à tarde, às oito horas, às dezesseis horas, etc. É bom não confundir a locução adverbial às vezes com a expressão fazer as vezes de, em que não há crase porque o “as” é artigo definido puro: Ele se aborrece às vezes (= ele se aborrece de vez em quando); Quando o maestro falta ao ensaio, o violinista faz as vezes de regente (= o violinista substitui o maestro).

- Sempre haverá crase em locuções que exprimem hora determinada: Ele saiu às treze horas e trinta minutos; Chegamos à uma hora. Cuidado para não confundir a, à e há com a expressão uma hora: Disseram-me que, daqui a uma hora, Teresa telefonará de São Paulo (= faltam 60 minutos para o telefonema de Teresa); Paula saiu daqui à uma hora; duas horas depois, já tinha mudado todos os seus planos (= quando ela saiu, o relógio marcava 1 hora); Pedro saiu daqui há uma hora (= faz 60 minutos que ele saiu).

- Quando a expressão “à moda de” (ou “à maneira de”) estiver subentendida: Nesse caso, mesmo que a palavra subsequente seja masculina, haverá crase: No banquete, serviram lagosta à Termidor; Nos anos 60, as mulheres se apaixonavam por homens que tinham olhos à Alain Delon.

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- Quando as expressões “rua”, “loja”, “estação de rádio”, etc. estiverem subentendidas: Dirigiu-se à Marechal Floriano (= dirigiu-se à Rua Marechal Floriano); Fomos à Renner (fomos à loja Renner); Telefonem à Guaíba (= telefonem à rádio Guaíba).

- Quando está implícita uma palavra feminina: Esta religião é semelhante à dos hindus (= à religião dos hindus).

- Não confundir devido com dado (a, os, as): a primeira expressão pede preposição “a”, havendo crase antes de palavra feminina determinada pelo artigo definido. Devido à discussão de ontem, houve um mal-estar no ambiente (= devido ao barulho de ontem, houve...); A segunda expressão não aceita preposição “a” (o “a” que aparece é artigo definido, não havendo, pois, crase): Dada a questão primordial envolvendo tal fato (= dado o problema primordial...); Dadas as respostas, o aluno conferiu a prova (= dados os resultados...).

Excluída a hipótese de se tratar de qualquer um dos casos anteriores, devemos substituir a palavra feminina por outra masculina da mesma função sintática. Se ocorrer “ao” no masculino, haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer “a” ou “o” no masculino, não haverá crase no “a” do feminino. O problema, para muitos, consiste em descobrir o masculino de certas palavras como “conclusão”, “vezes”, “certeza”, “morte”, etc. É necessário então frisar que não há necessidade alguma de que a palavra masculina tenha qualquer relação de sentido com a palavra feminina: deve apenas ter a mesma função sintática: Fomos à cidade comprar carne. (ao supermercado); Pedimos um favor à diretora. (ao diretor); Muitos são incensíveis à dor alheia. (ao sofrimento); Os empregados deixam a fábrica. (o escritório); O perfume cheira a rosa. (a cravo); O professor chamou a aluna. (o aluno).

Exercícios

01. A crase não é admissível em:a) Comprou a crédito.b) Vou a casa de Maria.c) Fui a Bahia.d) Cheguei as doze horas. e) A sentença foi favorável a ré.

02. Assinale a opção em que falta o acento de crase:a) O ônibus vai chegar as cinco horas. b) Os policiais chegarão a qualquer momento.c) Não sei como responder a essa pergunta.d) Não cheguei a nenhuma conclusão.

03. Assinale a alternativa correta:a) O ministro não se prendia à nenhuma dificuldade

burocrática.b) O presidente ia a pé, mas a guarda oficial ia à cavalo.c) Ouviu-se uma voz igual à que nos chamara anteriormente.d) Solicito à V. Exa. que reconheça os obstáculos que estamos

enfrentando.

04. Marque a alternativa correta quanto ao acento indicativo da crase:

a) A cidade à que me refiro situa-se em plena floresta, a algumas horas de Manaus.

b) De hoje à duas semanas estaremos longe, a muitos quilômetros daqui, a gozar nossas merecidas férias.

c) As amostras que servirão de base a nossa pesquisa estão há muito tempo à disposição de todos.

d) À qualquer distância percebia-se que, à falta de cuidados, a lavoura amarelecia e murchava.

05. Em qual das alternativas o uso do acento indicativo de crase é facultativo?

a) Minhas idéias são semelhantes às suas. b) Ele tem um estilo à Eça de Queiroz.c) Dei um presente à Mariana.d) Fizemos alusão à mesma teoria.e) Cortou o cabelo à Gal Costa.

06. “O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que acontece ao seu redor”.

a) à - a - aquilob) a - a - àquiloc) a - à - àquilod) à - à - aquiloe) à - à - àquilo

07. “A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __ duas quadras da Avenida Central”.

a) à - há b) a - àc) a - hád) à - ae) à - à

08. “O grupo obedece ___ comando de um pernambucano, radicado __ tempos em São Paulo, e se exibe diariamente ___ hora do almoço”.

a) o - à - ab) ao - há - àc) ao - a - ad) o - há - ae) o - a - a

09. “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já expostos __ V.Sª __ alguns dias”.

a) à - àqueles - a - háb) a - àqueles - a - hác) a - aqueles - à - ad) à - àqueles - a - ae) a - aqueles - à - há

10. Assinale a frase gramaticalmente correta:a) O Papa caminhava à passo firme.b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.c) Chegou à noite, precisamente as dez horas.d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.

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11. O Ministro informou que iria resistir __ pressões contrárias __ modificações relativas __ aquisição da casa própria.

a) às - àquelas - àb) as - aquelas - ac) às - àquelas - ad) às - aquelas - àe) as - àquelas - à

12. A alusão ___ lembranças da casa materna trazia ___ tona uma vivência ___ qual já havia renunciado.

a) às - a - ab) as - à - hác) as - a - àd) às - à - àe) às - a - há

13. Use a chave ao sair ou entrar ___ 20 horas.a) após àsb) após asc) após dasd) após ae) após à

14. ___ dias não se consegue chegar ___ nenhuma das localidades ___ que os socorros se destinam.

a) Há - à - ab) A - a - ac) À - à - ad) Há - a - a e) À - a - a

15. Fique __ vontade; estou ___ seu inteiro dispor para ouvir o que tem ___ dizer.

a) a - à – ab) à - a – ac) à - à – ad) à - à – àe) a - a - a

Respostas: (1-A) (2-A) (3-C) (4-C) (5-C) (6-C) (7-D) (8-B) (9-B) (10-D) (11-A) (12-D) (13-B) (14-D) (15-B)

COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS

Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos

Um dos aspectos da harmonia da frase refere-se à colocação dos pronomes oblíquos átonos. Tais pronomes situam-se em três posições:

- Antes do verbo (próclise): Não te conheço.- No meio do verbo (mesóclise): Avisar-te-ei.- Depois do verbo (ênclise): Sente-se, por favor.

Próclise

Por atração: usa-se a próclise quando o verbo vem precedido das seguintes partículas atrativas:

- Palavras ou expressões negativas: Não te afastes de mim.- Advérbios: Agora se negam a depor. Se houver pausa (na

escrita, vírgula) entre o advérbio e o verbo, usa-se a ênclise: Agora, negam-se a depor.

- Pronomes Relativos: Apresentaram-se duas pessoas que se identificaram com rapidez.

- Pronomes Indefinidos: Poucos se negaram ao trabalho.- Conjunções subordinativas: Soube que me dariam a

autorização solicitada.

Com certas frases: há casos em que a próclise é motivada pelo próprio tipo de frase em que se localiza o pronome.

- Frases Interrogativas: Quem se atreveria a isso?- Frases Exclamativas: Quanto te arriscas com esse

procedimento!- Frases Optativas (exprimem desejo): Deus nos proteja.

Se, nas frases optativas, o sujeito vem depois do verbo, usa-se a ênclise: Proteja-nos Deus.

Com certos verbos: a próclise pode ser motivada também pela forma verbal a que se prende o pronome.

- Com o gerúndio precedido de preposição ou de negação: Em se ausentando, complicou-se; Não se satisfazendo com os resultados, mudou de método.

- Com o infinito pessoal precedido de preposição: Por se acharem infalíveis, caíram no ridículo.

Mesóclise

Usa-se a mesóclise tão somente com duas formas verbais, o futuro do presente e o futuro do pretérito, assim quando não vierem precedidos de palavras atrativas. Exemplos:

Confrontar-se-ão os resultados.Confrontar-se-iam os resultados.

Mas:Não se confrontarão os resultados.Não se confrontariam os resultados.

Não se usa a ênclise com o futuro do presente ou com o futuro do pretérito sob hipótese alguma. Será contrária à norma culta escrita, portanto, uma colocação do tipo:

Diria-se que as coisas melhoraram. (errado)Dir-se-ia que as coisas melhoraram. (correto)

Ênclise

Usa-se a ênclise nos seguintes casos:

- Imperativo Afirmativo: Prezado amigo, informe-se de seus compromissos.

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- Gerúndio não precedido da preposição “em” ou de partícula negativa: Falando-se de comércio exterior, progredimos muito.

MasEm se plantando no Brasil, tudo dá.Não se falando em futebol, ninguém briga.Ninguém me provocando, fico em paz.

- Infinitivo Impessoal: Não era minha intenção magoar-te. Se o infinitivo vier precedido de palavra atrativa, ocorre tanto a próclise quanto a ênclise.

Espero com isto não te magoar.Espero com isto não magoar-te.

- No início de frases ou depois de pausa: Vão-se os anéis, ficam os dedos. Decorre daí a afirmação de que, na variante culta escrita, não se inicia frase com pronome oblíquo átono. Causou-me surpresa a tua reação.

O Pronome Oblíquo Átono nas Locuções Verbais

- Com palavras atrativas: quando a locução vem precedida de palavra atrativa, o pronome se coloca antes do verbo auxiliar ou depois do verbo principal. Exemplo: Nunca te posso negar isso; Nunca posso negar-te isso. É possível, nesses casos, o uso da próclise antes do verbo principal. Nesse caso, o pronome não se liga por hífen ao verbo auxiliar: Nunca posso te negar isso.

- No início da oração ou depois de pausa: quando a locução se situa no início da oração, não se usa o pronome antes do verbo auxiliar. Exemplo: Posso-lhe dar garantia total; Posso dar-lhe garantia total. A mesma norma é válida para os casos em que a locução verbal vem precedida de pausa. Exemplo: Em dias de lua cheia, pode-se ver a estrada mesmo com faróis apagados; Em dias de lua cheia, pode ver-se a estrada mesmo com os faróis apagados.

- Sem atração nem pausa: quando a locução verbal não vem precedida de palavra atrativa nem de pausa, admite-se qualquer colocação do pronome. Exemplo:

A vida lhe pode trazer surpresas.A vida pode-lhe trazer surpresas.A vida pode trazer-lhe surpresas.

Observações

- Quando o verbo auxiliar de uma locução verbal estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito, o pronome pode vir em mesóclise em relação a ele: Ter-nos-ia aconselhado a partir.

- Nas locuções verbais, jamais se usa pronome oblíquo átono depois do particípio. Não o haviam convidado. (correto); Não haviam convidado-o. (errado).

- Há uma colocação pronominal, restrita a contextos literários, que deve ser conhecida: Há males que se não curam com remédios. Quando há duas partículas atraindo o pronome oblíquo átono, este pode vir entre elas. Poderíamos dizer também: Há males que não se curam com remédios.

- Os pronomes oblíquos átonos combinam-se entre si em casos como estes:

me + o/a = mo/mate + o/a = to/talhe + o/a = lho/lhanos + o/a = no-lo/no-lavos + o/a = vo-lo/vo-la

Tais combinações podem vir:- Proclítica: Eu não vo-lo disse?- Mesoclítica: Dir-vo-lo-ei já.- Enclítica: A correspondência, entregaram-lha há muito

tempo.

Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pronome após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise é mais frequente, por apresentar maior informalidade. Mas, como devemos abordar os aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando próclise em situações excepcionais, que são:

- Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjunção) atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos os advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se flexionam, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos quanto/como, os pronomes demonstrativos isso, aquilo, isto. Exemplos: “Ele não se encontrou com a namorada.” – próclise obrigatória por força do advérbio de negação. “Quando se encontra com a namorada, ele fica muito feliz.” – próclise obrigatória por força da conjunção;

- Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam desejo, chamadas de optativas (“Que Deus o abençoe!”) – próclise obrigatória.

- Orações subordinadas – (“... e é por isso que nele se acentua o pensador político” – uma oração subordinada causal, como a da questão, exige a próclise.).

Emprego Proibido:- Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um

copo d’água; Permita-me fazer uma observação.);- Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro

do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde que não caia na proibição acima), modifica-se a estrutura (troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o pronome em mesóclise. Exemplos: “Concedida a mim a licença, pude começar a trabalhar.” (Não poderia ser “concedida-me” – após particípio é proibido - nem “me concedida” – iniciar período com pronome é proibido). “Recolher-me-ei à minha insignificância” (Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei”).

Exercícios

01. A expressão sublinhada está empregada adequadamente na frase:

a) A inesgotabilidade da água é uma ilusão na qual não podemos mais alimentar.

b) A cadeia econômica à qual o texto faz referência tem na água seu centro vital.

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c) Os maus tempos dos quais estamos atravessando devem-se a uma falta de previsão.

d) A água é um elemento cujo o valor ninguém mais põe em dúvida.

e) A certeza em que ninguém mais pode fugir é a do valor inestimável da água.

02. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) O autor preza a discussão à qual se envolvem os moradores de um condomínio, quando os anima a aspiração de um consenso.

b) A frase de Mitterrand na qual se arremeteu o candidato Giscard não representava, de fato, uma posição com a qual ninguém pudesse discordar.

c) A frase de cujo teor Giscard discordou revelava, de fato, o sentimento de superioridade do qual o discurso de Mitterrand era uma clara manifestação.

d) Os candidatos em cujos argumentos são fracos costumam valer-se da oposição entre o certo e errado à qual se apóiam os maniqueístas.

e) O comportamento dos condôminos cuja a disposição é o consenso deveria servir de exemplo ao dos candidatos que seu único interesse é ganhar a eleição.

03. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) A diferenciação entre profissionais, à que o autor faz referência, tem como critério um padrão ético, de cujo depende o rumo do processo civilizatório.

b) Se há apenas avanço técnico, numa época onde impera a globalização, as demandas sociais ficarão sem o atendimento a que são carentes.

c) As razões porque a globalização não distribui a riqueza prendem-se à relação mecânica entre oferta e demanda, cuja a crueldade é notória.

d) Os tecnocratas maliciosos imputam para o exercício da democracia os desajustes econômicos em que assolam os excluídos da globalização.

e) O aumento da produção, de cuja necessidade não há quem discorde, deve prever qualquer impacto ecológico, para o qual se deve estar sempre alerta.

04. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na seguinte frase:

a) A simpatia de que não goza um ator junto ao eleitorado é por vezes estendida a um político profissional sobre cuja honestidade há controvérsias.

b) O candidato a que devotamos nosso respeito tem uma história aonde os fatos nem sempre revelam uma conduta irrepreensível.

c) Reagan teve uma carreira de ator em cuja não houve momentos brilhantes, como também não houve os mesmos na de Schwarzenegger.

d) Há uma ambivalência em relação aos atores na qual espelha a divisão entre o respeito e o menosprezo que deles costumamos alimentar.

e) Os atores sobre os quais se fez menção no texto construíram uma carreira cinematográfica de cujo sucesso comercial ninguém pode discutir.

05. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) Os sonhos de cujos nós queremos alimentar não satisfazem os desejos com que a eles nos moveram.

b) A expressão de Elio Gaspari, a qual se refere o autor do texto, é “cidadãos descartáveis”, e alude às criaturas desesperadas cujo o rumo é inteiramente incerto.

c) Os objetivos de que se propõem os neoliberais não coincidem com as necessidades por cujas se movem os “cidadãos descartáveis”.

d) As miragens a que nos prendemos, ao longo da vida, são projeções de anseios cujo destino não é a satisfação conclusiva.

e) A força do nosso trabalho, de que não relutamos em vender, dificilmente será paga pelo valor em que nos satisfaremos.

06. É adequado o emprego de ambas as expressões sublinhadas na frase:

a) As fogueiras de que todos testemunhamos nos noticiários da TV constituem um sinal a quem ninguém pode ser insensível.

b) O encolhimento do Estado, ao qual muita gente foi complacente, abriu espaço para a lógica do mercado, de cuja frieza vem fazendo um sem-número de vítimas.

c) Com essa sua subserviência, pela qual muitos se insurgem, o Estado deixa de cumprir o papel social de que tantos estão contando.

d) As medidas repressivas de que o Estado vem se valendo em nada contribuem para o encaminhamento das soluções a que os desempregados aspiram.

e) Diante da pujança do Mercado europeu, de cuja poucos vêm desfrutando, os excluídos acendem fogueiras cujo o vigor fala por si só.

07. A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa das árvores, ...... cobrem toda a região. ...... evapora rapidamente, causando mais chuva, o que não ocorre em áreas desmatadas, ...... solo é pobre em matéria orgânica. As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por

a) onde - A chuva - que o b) nas quais - Aquela chuva - cujo c) em que - A água da chuva - que od) que elas - Essa chuva - aondee) que - Essa água – cujo

08. As razões ___ ele deverá invocar para justificar o que fez não alcançarão qualquer ressonância ___ membros do Conselho, ___ votos ele depende para permanecer na empresa. Preenchem de modo correto as lacunas da frase acima, respectivamente, as expressões:

a) a que - para com os - de cujos b) de que - junto aos - cujos os c) que - diante dos - de quem os d) às quais - em vista dos - em cujose) que - junto aos - de cujos

09. Sonhos não faltam; há sonhos dentro de nós e por toda parte, razão pela qual a estratégia Neoliberal convoca esses sonhos, atribui a esses sonhos um valor incomensurável, sabendo que nunca realizaremos esses sonhos. Evitam-se as viciosas repetições dos elementos sublinhados na frase acima substituindo-os, na ordem dada, por:

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a) há eles - convoca-os - atribui-lhes - realizaremo-los b) os há - os convoca - lhes atribui - realizaremo-los c) há-os - convoca-lhes - os atribui – realizá-los-emos d) há estes - lhes convoca - atribui-lhes - os realizaremos e) há-os - os convoca - atribui-lhes - os realizaremos

10. O czar caçava homens, não ocorrendo ao czar que, em vez de homens, se caçassem andorinhas e borboletas, parecendo-lhe uma barbaridade levar andorinhas e borboletas à morte. Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se, de forma correta, os elementos sublinhados por, respectivamente,

a) não o ocorrendo - de tais - levá-las.b) não ocorrendo-lhe - dos mesmos - levar-lhes.c) lhe não ocorrendo - destes - as levar-lhes.d) não ocorrendo-o - dos cujos - as levarem.e) não lhe ocorrendo - destes - levá-las.

Respostas: 01-B / 02-C / 03-E / 04-A / 05-D / 06-D / 07-E / 08-E / 09-E / 10-E /

REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO

Norma culta ou linguagem culta é uma expressão empregada pelos linguistas brasileiros para designar o conjunto de variedades linguísticas efetivamente faladas, na vida cotidiana, pelos falantes cultos, sendo assim classificados os cidadãos nascidos e criados em zona urbana e com grau de instrução superior completo.

O Instituto Camões entende que a “noção de correção está [...] baseada no valor social atribuído às [...] formas [linguísticas]. Ainda assim, informa que a norma-padrão do português europeu é o dialeto da região que abrange Lisboa e Coimbra; refere também que se aceita no Brasil como norma-padrão a fala do Rio e de São Paulo.

Aquisição da linguagem

Iniciamos o aprendizado da língua em casa, no contato com a família, que é o primeiro círculo social para uma criança, imitando o que se ouve e aprendendo, aos poucos, o vocabulário e as leis combinatórias da língua. Um jovem falante também vai exercitando o aparelho fonador, ou seja, a língua, os lábios, os dentes, os maxilares, as cordas vocais para produzir sons que se transformam, mais tarde, em palavras, frases e textos.

Quando um falante entra em contato com outra pessoa, na rua, na escola ou em qualquer outro local, percebe que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por terem idade diferente da nossa, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas.

Variedades Linguísticas

Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde que cumpram com eficiência o papel fundamental de uma língua, o de permitir a interação verbal entre as pessoas, isto é, a comunicação.

Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta ou norma padrão, tem maior prestígio social. É a variedade linguística ensinada na escola, contida na maior parte dos livros e revistas e também em textos científicos e didáticos, em alguns programas de televisão, etc. As demais variedades, como a regional, a gíria ou calão, o jargão de grupos ou profissões (a linguagem dos policiais, dos jogadores de futebol, dos metaleiros, dos surfistas), são chamadas genericamente de dialeto popular ou linguagem popular.

Propósito da Língua

A língua que utilizamos não transmite apenas nossas ideias, transmite também um conjunto de informações sobre nós mesmos. Certas palavras e construções que empregamos acabam denunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies, como skate, rock, surfe, etc. O uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capacidade de nos adaptarmos e situações novas, nossa insegurança, etc.

A língua é um poderoso instrumento de ação social. Ela pode tanto facilitar quanto dificultar o nosso relacionamento com as pessoas e com a sociedade em geral.

Língua Culta na Escola

O ensino da língua culta, na escola, não tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em nossa comunidade. Ao contrário, o domínio da língua culta, somado ao domínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicarmos. Saber usar bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que participamos.

Graus de Formalismo

São muitos os tipos de registro quanto ao formalismo, tais como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o coloquial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso de ortografia simplificada, construções simples e usado entre membros de uma mesma família ou entre amigos.

As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de formalismo existente na situação de comunicação; com o modo de expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário específico de algum campo científico, por exemplo).

Atitudes não recomendadas

Expressões Condenáveis

- a nível de, ao nível. Opção: em nível, no nível.- face a, frente a. Opção: ante, diante, em face de, em vista

de, perante.

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- onde (quando não exprime lugar). Opção: em que, na qual, nas quais, no qual, nos quais.

- (medidas) visando... Opção: (medidas) destinadas a.- sob um ponto de vista. Opção: de um ponto de vista.- sob um prisma. Opção: por (ou através de) um prisma.- como sendo. Opção: suprimir a expressão.- em função de. Opção: em virtude de, por causa de, em

consequência de, por, em razão de.

Expressões não recomendadas

- a partir de (a não ser com valor temporal). Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...

- através de (para exprimir “meio” ou instrumento). Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, segundo...

- devido a. Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de.

- dito. Opção: citado, mensionado.- enquanto. Opção: ao passo que.- fazer com que. Opção: compelir, constranger, fazer que,

forçar, levar a.- inclusive (a não ser quando significa incluindo-se). Opção:

até, ainda, igualmente, mesmo, também. - no sentido de, com vistas a. Opção: a fim de, para, com o fito

(ou objetivo, ou intuito) de, com a finalidade de, tendo em vista.- pois (no início da oração). Opção: já que, porque, uma vez

que, visto que.- principalmente. Opção: especialmente, mormente,

notadamente, sobretudo, em especial, em particular.- sendo que. Opção: e.

Expressões que demandam atenção

- acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se- aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,

aceito- acendido, aceso (formas similares) – idem- à custa de – e não às custas de- à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que,

conforme- na medida em que – tendo em vista que, uma vez que- a meu ver – e não ao meu ver- a ponto de – e não ao ponto de- a posteriori, a priori – não tem valor temporal- de modo (maneira, sorte) que – e não a- em termos de – modismo; evitar- em vez de – em lugar de- ao invés de – ao contrário de- enquanto que – o que é redundância- entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a- implicar em – a regência é direta (sem em)- ir de encontro a – chocar-se com - ir ao encontro de – concordar com- junto a – usar apenas quando equivale a adido ou similar- o (a, s) mesmo (a, s) – uso condenável para substituir

pronomes- se não, senão – quando se pode substituir por caso não,

separado; quando se pode, junto- todo mundo – todos

- todo o mundo – o mundo inteiro- não-pagamento = hífen somente quando o segundo termo

for substantivo- este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo

presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)- esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte

(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do presente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).

Erros Comuns

- “Hoje ao receber alguns presentes no qual completo vinte anos tenho muitas novidades para contar”. Temos aí um exemplo de uso inadequado do pronome relativo. Ele provoca falta de coesão, pois não consegue perceber a que antecedente ele se refere, portanto nada conecta e produz relação absurda.

- “Tenho uma prima que trabalha num circo como mágica e uma das mágicas mais engraçadas era uma caneta com tinta invisível que em vez de tinta havia saído suco de lima”. Você percebe aí a incapacidade do concursando ou vestibulando organizar sintaticamente o período. Selecionar as frases e organizar as ideias é necessário. Escrever com clareza é muito importante.

- “Ainda brincava de boneca quando conheci Davi, piloto de cart, moreno, 20 anos, com olhos cor de mel. “Tudo começou naquele baile de quinze anos”, “...é aos dezoito anos que se começa a procurar o caminho do amanhã e encontrar as perspectiva que nos acompanham para sempre na estrada da vida”. Você pode ter conhecimento do vocabulário e das regras gramaticais e, assim, construir um texto sem erros. Entretanto, se você reproduz sem nenhuma crítica ou reflexão expressões gastas, vulgarizadas pelo uso contínuo. A boa qualidade do texto fica comprometida.

- Tema: Para você, as experiências genéticas de clonagem põem em xeque todos os conceitos humanos sobre Deus e a vida? “Bem a clonagem não é tudo, mas na vida tudo tem o seu valor e os homens a todo momento necessitam de descobrir todos os mistérios da vida que nos cerca a todo instante”. É importante você escrever atendendo ao que foi proposto no tema. Antes de começar o seu texto leia atentamente todos os elementos que o examinador apresentou para você utilizar. Esquematize suas ideias, veja se não há falta de correspondência entre o tema proposto e o texto criado.

- “Uma biópsia do tumor retirado do fígado do meu primo (...) mostrou que ele não era maligno”. Esta frase está ambígua, pois não se sabe se o pronome ele refere-se ao fígado ou ao primo. Para se evitar a ambiguidade, você deve observar se a relação entre cada palavra do seu texto está correta.

- “Ele me tratava como uma criança, mas eu era apenas uma criança”. O conectivo mas indica uma circunstância de oposição, de ideia contrária a. Portanto, a relação adversativa introduzida pelo “mas” no fragmento acima produz uma ideia absurda.

- “Entretanto, como já diziam os sábios: depois da tempestade sempre vem a bonança. Após longo suplício, meu coração apaziguava as tormentas e a sensatez me mostrava que só estaríamos separadas carnalmente”. Não utilize provérbios ou ditos populares. Eles empobrecem a redação, pois fazer parecer que seu autor não tem criatividade ao lançar mão de formas já gastas pelo uso frequente.

- “Estou sem inspiração para fazer uma redação. Escrever sobre a situação dos sem-terra? Bem que o professor poderia propor outro tema”. Você não deve falar de sua redação dentro do próprio texto.

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- “Todos os deputados são corruptos”. Evite pensamentos radicais. É recomendável não generalizar e evitar, assim, posições extremistas.

- “Bem, acho que - você sabe - não é fácil dizer essas coisas. Olhe, acho que ele não vai concordar com a decisão que você tomou, quero dizer, os fatos levam você a isso, mas você sabe - todos sabem - ele pensa diferente. É bom a gente pensar como vai fazer para, enfim, para ele entender a decisão”. Não se esqueça que o ato de escrever é diferente do ato de falar. O texto escrito deve se apresentar desprovido de marcas de oralidade.

- “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

- “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.

- “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.

- “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam ideias.

- Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

- Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.

- “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.

- “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.

- “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.

- “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.

- Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.

- Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.

- O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.

- Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta”

(cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).

- Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.

- Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.

- Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.

- “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.

- “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.

- Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.

- Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.

- Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.

- Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.

- O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.

- A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.

- Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.

- “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.

- Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”, que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.

- A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.

- Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.

- O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).

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- Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?

- “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.

- O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.

- Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.

- “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.

- A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.

- A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.

- Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.

- Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.

- Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.

- “Cerca de 18” pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.

- Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.

- Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.

- Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.

- Queria namorar “com” o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.

- O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não “junto ao”) banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.

- As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.

- Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca “imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo “formado-me”).

- Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.

- Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.

- A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos.

- Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.

- Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.

- Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.

- O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.

- À medida “em” que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.

- Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).

- Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.

- A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)

- Não “se o” diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.

- Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.

- Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.

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- “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.

- Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.

- Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.

- Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos mesmos”).

- Vou sair “essa” noite. É este que designa o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).

- A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.

- Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.

- Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.

- Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.

- Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “adequa”, “adeque”, etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.

- Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas em que depois do “d” vêm “e” e “i”: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale “exploda” ou “expluda”, substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas “precavejo”, “precavês”, “precavém”, “precavenho”, “precavenha”, “precaveja”, etc.

- Governo “reavê” confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem “reavejo”, “reavê”, etc.

- Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

- O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.

- A tese “onde”... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa ideia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...

- Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é comunicado” de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada:

A diretoria “comunicou” os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.

- “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “inflingir”) significa impor: Infligiu séria punição ao réu.

- A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).

- Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também “comprimentar” alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).

- O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.

- Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.

- “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi iniciado” esta noite as obras).

- A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso: A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não “foram punidas”).

- O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.

- “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.

- A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.

- É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...

- Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não “para si”).

- Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não “são”) 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.

- A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m, 10 kg.

- “Dado” os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...

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- Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.

- “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO

A Intertextualidade pode ser definida como um diálogo entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e note como Murilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçalves Dias (século XIX):

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.”

(Gonçalves Dias)

Canção do Exílio

Minha terra tem macieiras da Califórniaonde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista,

os sargentos do exército são monistas, cubistas,os filósofos são polacos vendendo a prestações.gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a [Gioconda Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosasmas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de [verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!

(Murilo Mendes)

Nota-se que há correspondência entre os dois textos. A paródia-piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.

Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente.

Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de intertextualização.

A intertextualidade está presente também em outras áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:

Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.Mona Lisa, Marcel Duchamp, 1919.Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.Mona Lisa, propaganda publicitária.

Pode-se definir então a intertextualidade como sendo a criação de um texto a partir de um outro texto ja existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida.

Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao “conhecimento do mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.

Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O quadro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase quatrocentos anos mais tarde. Na

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foto, Sherman cria o mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextualidade na pintura.

Na publicidade, por exemplo, a que vimos sobre anúncios do Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e cujo slogan era “Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”. Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso pode-se dizer que a intertextualidade assume a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura, literatura etc).

Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro.

Tipos de Intertextualidade

Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:- Epígrafe: constitui uma escrita introdutória.- Citação: é uma transcrição do texto alheio, marcada por

aspas.- Paráfrase: é a reprodução do texto do outro com a palavra do

autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o autor deixa claro sua intenção e a fonte.

- Paródia: é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela perverte o texto anterior, visando a ironia ou a crítica.

- Pastiche: uma recorrência a um gênero.- Tradução: está no campo da intertextualidade porque implica

a recriação de um texto.- Referência e alusão.

Para ampliar esse conhecimento, vale trazer um exemplo de intertextualidade na literatura. Às vezes, a superposição de um texto sobre outro pode provocar uma certa atualização ou modernização do primeiro texto. Nota-se isso no livro “Mensagem”, de Fernando Pessoa, que retoma, por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio do Gigante Adamastor de “Os Lusíadas” de Camões. Ocorre como que um diálogo entre os dois textos. Em alguns casos, aproxima-se da paródia (canto paralelo), como o poema “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro “Ritmo Dissoluto”, que seguramente serviu de inspiração e assim se refletiu no seguinte poema:

Assim como Bandeira

O que amo em tinão são esses olhos docesdelicadosnem esse riso de anjo adolescente.

O que amo em tinão é só essa pele acetinadasempre pronta para a carícia renovadanem esse seio róseo e atrevidoa desenhar-se sob o tecido.

O que amo em tinão é essa pressa loucade viver cada vão momentonem a falta de memória para a dor.O que amo em tinão é apenas essa voz leveque me envolve e me consomenem o que deseja todo homemflor definida e definitivaa abrir-se como boca ou feridanem mesmo essa juventude assim perdida.

O que amo em tienigmática e solidária:É a Vida!

(Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, Flâmula, 2004, p. 37)

Madrigal Melancólico

O que eu adoro em tinão é a tua beleza.A beleza, é em nós que ela existe.A beleza é um conceito.E a beleza é triste.Não é triste em si,mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

(...)

O que eu adoro em tua natureza,não é o profundo instinto maternalem teu flanco aberto como uma ferida.nem a tua pureza. Nem a tua impureza.O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!O que eu adoro em ti, é a vida.

(Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, José Olympio, 1980, p. 83)

A relação intertextual é estabelecida, por exemplo, no texto de Oswald de Andrade, escrito no século XX, “Meus oito anos”, quando este cita o poema , do século XIX, de Casimiro de Abreu, de mesmo nome.

Meus oito anos

Oh! Que saudade que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem maisQue amor, que sonhos, que floresNaquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeirasDebaixo dos laranjais!

(Casimiro de Abreu)

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“Meus oito anos”

Oh! Que saudade que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem maisNaquele quintal de terraDa rua São AntonioDebaixo da bananeiraSem nenhum laranjais!

A intertextualidade acontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.

Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Vejamos duas das formas: a Paráfrase e a Paródia.

Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” :

Texto Original

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudososMinha boca procura a ‘Canção do Exílio’.Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?Eu tão esquecido de minha terra…Ai terra que tem palmeirasOnde canta o sabiá!

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)

Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança do sentido principal do texto que é a saudade da terra natal.

A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia.

Texto Original

Minha terra tem palmeirasOnde canta o sabiá,As aves que aqui gorjeiamNão gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)

Paródia

Minha terra tem palmaresonde gorjeia o maros passarinhos daquinão cantam como os de lá.

(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”)

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.

Na literatura relativa à Linguística Textual, é frequente apontar-se como um dos fatores de textualidade a referência - explícita ou implícita - a outros textos, tomados estes num sentido bem amplo (orais, escritos, visuais - artes plásticas, cinema - , música, propaganda etc.) A esse “diálogo”entre textos dá-se o nome de intertextualidade.

Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.

A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função daquela citação ou alusão em questão.

Entre os variadíssimos tipos de referências, há provérbios, ditos populares, frases bíblicas ou obras / trechos de obras constantemente citados, literalmente ou modificados, cujo reconhecimento é facilmente perceptível pelos interlocutores em geral. Por exemplo, uma revista brasileira adotou o slogan: “Dize-me o que lês e dir-te-ei quem és”. Voltada fundamentalmente para um público de uma determinada classe sociocultural, o produtor

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do mencionado anúncio espera que os leitores reconheçam a frase da Bíblia (“Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”). Ao adaptar a sentença, a intenção da propaganda é, evidentemente, angariar a confiança do leitor (e, consequentemente, a credibilidade das informações contidas naquele periódico), pois a Bíblia costuma ser tomada como um livro de pensamentos e ensinamentos considerados como “verdades” universalmente assentadas e aceitas por diversas comunidades. Outro tipo comum de intertextualidade é a introdução em textos de provérbios ou ditos populares, que também inspiram confiança, pois costumam conter mensagens reconhecidas como verdadeiras. São aproveitados não só em propaganda mas ainda em variados textos orais ou escritos, literários e não-literários. Por exemplo, ao iniciar o poema “Tecendo a manhã”, João Cabral de Melo Neto defende uma ideia: “Um galo sozinho não tece uma manhã”. Não é necessário muito esforço para reconhecer que por detrás dessas palavras está o ditado “Uma andorinha só não faz verão”. O verso inicial funciona, pois, como uma espécie de “tese”, que o texto irá tentar comprovar através de argumentação poética.

Há, no entanto, certos tipos de citações (literais ou construídas) e de alusões muito sutis que só são compartilhadas por um pequeno número de pessoas. É o caso de referências utilizadas em textos científicos ou jornalísticos (Seções de Economia, de Informática, por exemplo) e em obras literárias, prosa ou poesia, que às vezes remetem a uma forma e/ou a um conteúdo bastante específico(s), percebido(s) apenas por um leitor/interlocutor muito bem informado e/ou altamente letrado. Na literatura, podem-se citar, entre muitos outros, autores estrangeiros, como James Joyce, T.S. Eliot, Umberto Eco.

A remissão a textos e paratextos do circuito cultural (mídia, propaganda, outdoors, nomes de marcas de produtos etc.) é especialmente recorrente em autores chamados pós-modernos. Para ilustrar, pode-se mencionar, entre outros escritores brasileiros, Ana Cristina Cesar, poetisa carioca, que usa e “abusa” da intertextualidade em seus textos, a tal ponto que, sem a identificação das referências, o poema se torna, constantemente, ininteligível e chega a ser considerado por algumas pessoas como um “amontoado aleatório de enunciados”, sem coerência e, portanto, desprovido de sentido.

Os teóricos costumam identificar tipos de intertextualidade, entre os quais se destacam:

- a que se liga ao conteúdo (por exemplo, matérias jornalísticas que se reportam a notícias veiculadas anteriormente na imprensa falada e/ou escrita: textos literários ou não-literários que se referem a temas ou assuntos contidos em outros textos etc.). Podem ser explícitas (citacões entre aspas, com ou sem indicação da fonte) ou implícitas (paráfrases, paródias etc.);

- a que se associa ao caráter formal, que pode ou não estar ligado à tipologia textual como, por exemplo, textos que “imitam” a linguagem bíblica, jurídica, linguagem de relatório etc. ou que procuram imitar o estilo de um autor, em que comenta o seriado da TV Globo, baseado no livro de Guimarães Rosa, procurando manter a linguagem e o estilo do escritor);

- a que remete a tipos textuais (ou “fatores tipológicos”), ligados a modelos cognitivos globais, às estruturas e superestruturas ou a aspectos formais de caráter linguístico próprios de cada tipo de discurso e/ou a cada tipo de texto: tipologias ligadas a estilos de época. Por superestrutura entendem-se, entre outras, estruturas

argumentativas (Tese anterior), premissas - argumentos (contra-argumentos - síntese), conclusão (nova tese), estruturas narrativas (situação - complicação - ação ou avaliação – resolução), moral ou estado final etc.;

Um outro aspecto que é mencionado muito superficialmente é o da intertextualidade linguística. Ela está ligada ao que o linguista romeno, Eugenio Coseriu, chama de formas do “discurso repetido”:

- “textemas” ou “unidades de textos”: provérbios, ditados populares; citações de vários tipos, consagradas pela tradição cultural de uma comunidade etc.;

- “sintagmas estereotipados”: equivalentes a expressões idiomáticas;

- “perífrases léxicas”: unidades multivocabulares, empregadas frequentemente mas ainda não lexicalizadas (ex. “gravemente doente”, “dia útil”, “fazer misérias” etc.).

A intertextualidade tem funções diferentes, dependendo

dos textos/contextos em que as referências (linguísticas ou culturais) estão inseridas. Chamo a isso “graus das funções da intertextualidade”.

Didaticamente pode-se dizer que a referência cultural e/ou linguística pode servir apenas de pretexto, é o caso de “epígrafes” longinquamente vinculadas a um trabalho e/ou a um texto. Sem dizer com isso que todas as epígrafes funcionem apenas como pretextos. Em geral, o produtor do texto elege algo pertinente e condizente com a temática de que trata. Existam algumas, todavia, que estão ali apenas para mostrar “conhecimento” de frases famosas e/ou para servir de “decoração” no texto. Neste caso, o “intertexto” não tem um papel específico nem na construção nem na camada semântica do texto.

Outras vezes, o autor parte de uma frase ou de um verso que ocorreu a ele repentinamente (texto “A última crônica”, em que o autor confessa estar sem assunto e tem de escrever). Afirma então:

“Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: assim eu quereria meu último poema.”

Descreve então uma cena passada em um botequim, em que um casal comemora modestamente o aniversário da filha, com um pedaço de bolo, uma coca cola e três velinhas brancas. O pai parecia satisfeito com o sucesso da celebração, até que fica perturbado por ter sido observado, mas acaba por sustentar a satisfação e se abre num sorriso. O autor termina a crônica, parafraseando o verso de Manuel Bandeira: “Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso”. O verso de Bandeira não pode ser considerado, nessa crônica, um mero pretexto. A intertextualidade desempenha o papel de conferir uma certa “literariedade” à crônica, além de explicar o título e servir de “fecho de ouro” para um texto que se inicia sem um conteúdo previamente escolhido. Não é, contudo, imprescindível à compreensão do texto.

O que parece importante é que não se encare a intertextualidade apenas como a “identificação” da fonte e, sim, que se procure estudá-la como um enriquecimento da leitura e da produção de textos e, sobretudo, que se tente mostrar a função da sua presença na construção e no(s) sentido(s) dos textos.

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Como afirmam Koch & Travaglia, “todas as questões ligadas à intertextualidade influenciam tanto o processo de produção como o de compreensão de textos”.

Considerada por alguns autores como uma das condições para a existência de um texto, a intertextualidade se destaca por relacionar um texto concreto com a memória textual coletiva, a memória de um grupo ou de um indivíduo específico.

Trata-se da possibilidade de os textos serem criados a partir de outros textos. As obras de caráter científico remetem explicitamente a autores reconhecidos, garantindo, assim, a veracidade das afirmações. Nossas conversas são entrelaçadas de alusões a inúmeras considerações armazenadas em nossas mentes. O jornal está repleto de referências já supostamente conhecidas pelo leitor. A leitura de um romance, de um conto, novela, enfim, de qualquer obra literária, nos aponta para outras obras, muitas vezes de forma implícita.

A nossa compreensão de textos (considerados aqui da forma mais abrangente) muito dependerá da nossa experiência de vida, das nossas vivências, das nossas leituras. Determinadas obras só se revelam através do conhecimento de outras. Ao visitar um museu, por exemplo, o nosso conhecimento prévio muito nos auxilia ao nos depararmos com certas obras.

A noção de intertextualidade, da presença contínua de outros textos em determinado texto, nos leva a refletir a respeito da individualidade e da coletividade em termos de criação. Já vimos anteriormente que a citação de outros textos se faz de forma implícita ou explícita. Mas, com que objetivo?

Um texto remete a outro para defender as ideias nele contidas ou para contestar tais ideias. Assim, para se definir diante de determinado assunto, o autor do texto leva em consideração as ideias de outros “autores” e com eles dialoga no seu texto.

Ainda ressaltando a importância da intertextualidade, remetemos às considerações de Vigner: “Afirma-se aqui a importância do fenômeno da intertextualidade como fator essencial à legibilidade do texto literário, e, a nosso ver, de todos os outros textos. O texto não é mais considerado só nas suas relações com um referente extra-textual, mas primeiro na relação estabelecida com outros textos”.

Como exemplo, temos um texto “Questão da Objetividade” e uma crônica de Zuenir Ventura, “Em vez das células, as cédulas” para concretizar um pouco mais o conceito de intertextualidade.

Questão da Objetividade

As Ciências Humanas invadem hoje todo o nosso espaço mental. Até parece que nossa cultura assinou um contrato com tais disciplinas, estipulando que lhes compete resolver tecnicamente boa parte dos conflitos gerados pela aceleração das atuais mudanças sociais. É em nome do conhecimento objetivo que elas se julgam no direito de explicar os fenômenos humanos e de propor soluções de ordem ética, política, ideológica ou simplesmente humanitária, sem se darem conta de que, fazendo isso, podem facilmente converter-se em “comodidades teóricas” para seus autores e em “comodidades práticas” para sua clientela. Também é em nome do rigor científico que tentam construir todo o seu campo teórico do fenômeno humano, mas através da ideia que gostariam de ter dele, visto terem renunciado aos seus apelos e às suas significações. O equívoco olhar de Narciso, fascinado por sua própria beleza, estaria substituído por um olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador: e as disciplinas humanas seriam científicas!

(Introdução às Ciências Humanas. Hilton Japiassu. São Paulo, Letras e Letras, 1994, pp.89/90)

Comentário: Neste texto, temos um bom exemplo do que se define como intertextualidade. As relações entre textos, a citação de um texto por outro, enfim, o diálogo entre textos. Muitas vezes, para entender um texto na sua totalidade, é preciso conhecer o(s) texto(s) que nele fora(m) citado(s).

No trecho, por exemplo, em que se discute o papel das Ciências Humanas nos tempos atuais e o espaço que estão ocupando, é trazido à tona o mito de Narciso. É preciso, então, dispor do conhecimento de que Narciso, jovem dotado de grande beleza, apaixonou-se por sua própria imagem quando a viu refletida na água de uma fonte onde foi matar a sede. Suas tentativas de alcançar a bela imagem acabaram em desespero e morte.

O último parágrafo, em que o mito de Narciso é citado, demonstra que, dado o modo como as Ciências Humanas são vistas hoje, até o olhar de Narciso, antes “fascinado por sua própria beleza”, seria substituído por um “olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador”, ou seja, o olhar de Narciso perderia o seu tom de encantamento para se transformar em algo material, sem sentimentos. A comparação se estende às Ciências Humanas, que, de humanas, nada mais teriam, transformando-se em disciplinas científicas.

Em vez das células, as cédulas

Nesses tempos de clonagem, recomenda-se assistir ao documentário Arquitetura da destruição, de Peter Cohen. A fantástica história de Dolly, a ovelha, parece saída do filme, que conta a aventura demente do nazismo, com seus sonhos de beleza e suas fantasias genéticas, seus experimentos de eugenia e purificação da raça.

Os cientistas são engraçados: bons para inventar e péssimos para prever. Primeiro, descobrem; depois se assustam com o risco da descoberta e aí então passam a gritar “cuidado, perigo”. Fizeram isso com quase todos os inventos, inclusive com a fissão nuclear, espantando-se quando “o átomo para a paz” tornou-se uma mortífera arma de guerra. E estão fazendo o mesmo agora.

(...) Desde muito tempo se discute o quanto a ciência, ao procurar o bem, pode provocar involuntariamente o mal. O que a Arquitetura da destruição mostra é como a arte e a estética são capazes de fazer o mesmo, isto é, como a beleza pode servir à morte, à crueldade e à destruição.

Hitler julgava-se “o maior ator da Europa” e acreditava ser alguma coisa como um “tirano-artista” nietzschiano ou um “ditador de gênio” wagneriano. Para ele, “a vida era arte,” e o mundo, uma grandiosa ópera da qual era diretor e protagonista.

O documentário mostra como os rituais coletivos, os grandes espetáculos de massa, as tochas acesas (...) tudo isso constituía um culto estético - ainda que redundante (...) E o pior - todo esse aparato era posto a serviço da perversa utopia de Hitler: a manipulação genética, a possibilidade de purificação racial e de eliminação das imperfeições, principalmente as físicas. Não importava que os mais ilustres exemplares nazistas, eles próprios, desmoralizassem o que pregavam em termos de eugenia.

O que importava é que as pessoas queriam acreditar na insensatez apesar dos insensatos, como ainda há quem continue acreditando. No Brasil, felizmente, Dolly provoca mais piada do que ameaça. Já se atribui isso ao fato de que a nossa arquitetura da destruição é a corrupção. Somos craques mesmo é em clonagem financeira. O que seriam nossos laranjas e fantasmas senão clones e replicantes virtuais? Aqui, em vez de células, estamos interessados é em manipular cédulas.

(Zuenir Ventura, JB, 1997)

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Comentário: Tendo como ponto de partida a alusão ao documentário Arquitetura da destruição, o texto mantém sua unidade de sentido na relação que estabelece com outros textos, com dados da História.

Nesta crônica, duas propriedades do texto são facilmente perceptíveis: a intertextualidade e a inserção histórica.

O texto se constrói, à medida que retoma fatos já conhecidos. Nesse sentido, quanto mais amplo for o repertório do leitor, o seu acervo de conhecimentos, maior será a sua competência para perceber como os textos “dialogam uns com os outros” por meio de referências, alusões e citações.

Para perceber as intenções do autor desta crônica, ou seja, a sua intencionalidade, é preciso que o leitor tenha conhecimento de fatos atuais, como as referências ao documentário recém lançado no circuito cinematográfico, à ovelha clonada Dolly, aos “laranjas” e “fantasmas”, termos que dizem respeito aos envolvidos em transações econômicas duvidosas. É preciso que conheça também o que foi o nazismo, a figura de Hitler e sua obsessão pela raça pura, e ainda tenha conhecimento da existência do filósofo Nietzsche e do compositor Wagner.

O vocabulário utilizado aponta para campos semânticos relacionados à clonagem, à raça pura, aos binômios arte/beleza, arte/destruição, corrupção.

- Clonagem: experimentos, avanços genéticos, ovelhas, cientistas, inventos, células, clones replicantes, manipulação genética, descoberta.

- Raça Pura: aventura, demente do nazismo, fantasias genéticas, experimentos de eugenia, utopia perversa, manipulação genética, imperfeições físicas, eugenia.

- Arte/Beleza - Arte/Destruição: estética, sonhos de beleza, crueldade, tirano artista ditador de gênio, nietzschiano, wagneriano, grandiosa ópera, diretor, protagonista, espetáculos de massa e tochas acesas.

- Corrupção: laranjas, clonagem financeira, cédulas, fantasmas.

Esses campos semânticos se entrecruzam, porque englobam referências múltiplas dentro do texto.

RETEXTUALIZAÇÃO DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE

FORMALIDADE

Variação Linguística

“Há uma grande diferença se fala um deus ou um herói; se um velho amadurecido ou um jovem impetuoso na flor da idade; se uma matrona autoritária ou uma dedicada; se um mercador errante ou um lavrador de pequeno campo fértil (...)”

Todas as pessoas que falam uma determinada língua conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastantes evidentes, recebem o nome genérico de variedades ou variações linguísticas.

Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto. Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir:

Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz tempo.Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.Qualquer falante do português reconhecerá que os dois

enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que o segundo é de gente mais “estudada”.

Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos chamam de variações linguísticas.

As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, sintático e lexical.

Variações Fônicas

São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios em que se percebe com mais nitidez a diferença entre uma variante e outra. Entre esses casos, podemos citar:

- a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.

- o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, hoje frequentes na fala caipira.

- a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem oral coloquial.

- a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formam típicas de pessoas de baixa extração social.

- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.

- deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa extração social.

Variações Morfológicas

São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:

- o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo).

- a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).

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- a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).

- uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).

- a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.

- o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.

Variações Sintáticas

Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar:

- o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) e ele.

- o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.

- a ausência da preposição adequada antes do pronome relativo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.

- a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família dele (em vez de ...cuja família eu já conhecia).

- a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me irrita.

- ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.

Variações Léxicas

É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar:

- a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para formar o grau superlativo dos adjetivos, características da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado.

- as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta.

Designações das Variantes Lexicais:

- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era um pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome físico; um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.

- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem estraram para os dicionários. A moderna linguagem da computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização.

- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras emprestadas de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente, “com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”, “impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com sua permissão”).

As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight (compreensão repentina de algo, uma percepção súbita), feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações básicas), jingle (mensagem publicitária em forma de música).

Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours (“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête (palestra particular entre duas pessoas), esprit de corps (“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la carte (cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle (aparência adequada à caracterização de um personagem).

- Jargão: é o lexo típico de um campo profissional como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No jargão médico temos uso tópico (para remédios que não devem ser ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro tipográfico como a troca ou inversão de uma letra. A palavra lide é o nome que se dá à abertura de uma notícia ou reportagem, onde se apresenta sucintamente o assunto ou se destaca o fato essencial. Quando o lide é muito prolixo, é chamado de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo direto: __ Vá lá repercutir a nptícia de renúncia! (esse uso é considerado errado pela gramática normativa).

- Gíria: é o lexo especial de um grupo (originariamente de marginais) que não deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de grupos marginalizados, de grupos jovens e de

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segmentos sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-se irremediavelmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa), bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar).

- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de casamento); chufa (em vez de caçoada, troça).

- Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de quem diz por exemplo de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz).

Tipos de Variação

Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as variantes linguísticas um sistema de classificação que seja simples e, ao mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que caracterizam os múltiplos modos de falar dentro de uma comunidade linguística. O principal problema é que os critérios adotados, muitas vezes, se superpõem, em vez de atuarem isoladamente.

As variações mais importantes, para o interesse do concurso público, são os seguintes:

- Sócio-Cultural: Esse tipo de variação pode ser percebido

com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:

“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.” (frase 1)

Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado? Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão?

E quem usaria a frase abaixo?

“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.” (frase 2)

Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou, quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.

Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades sócio-econômicas melhores e puderam, por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.

Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos outros fatores que interferem na maneira como o falante escolhe as palavras e

constrói as frases. Por exemplo, a situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri, jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não significa que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando com alguns amigos, por exemplo).

Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua. A elas damos o nome de variações sócio-culturais.

- Geográfica: é, no Brasil, bastante grande e pode ser facilmente notada. Ela se caracteriza pelo acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao conjunto das características da pronúncia de uma determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em diferentes regiões do país.

Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:

“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado Mangolô!].

__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, foras d’hora, em cemitério...(...). Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou percurando é sossego...”

- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.

Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das palavras de hoje.

Texto I

Antigamente

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.(...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’agua.

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(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias.

(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.

Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora.

Texto II

Entre Palavras

Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e combinações de.

Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz.

O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940?

Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acumputura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a apartheid, o som pop, as estruturas e a infra-estrutura.

Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.

Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.

Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.

Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, poluição.

Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! Pow! Click!

Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado?

(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)

- De Situação: aquelas que são provocadas pelas alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de falar compatível com determinada situação é incompatível com outra:

Ô mano, ta difícil de te entendê.

Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o professor em situação de aula.

Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da linguagem culta, que servem invariavelmente de uma linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados excessivamente formais ou afetados.

São muitos os fatores de situação que interferem na fala de um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas como falaria de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o grau de intimidade entre os falantes (com um superior, a linguagem é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o grau de comprometimento que a fala implica para o falante (num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as palavras, num relato de uma conquista amorosa para um colega fala-se com menos preocupação).

As variações de acordo com a situação costumam ser chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de estilo e são classificadas em duas grandes divisões:

- Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância. É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é mais tenso.

- Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e familiar que esse estilo melhor se manifesta.

Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um pequeno trecho da gravação de uma conversa telefônica entre duas universitárias paulistanas de classe média, transcrito do livro Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. AS reticências indicam as pausas.

Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um menino lá que faiz pós-graduaçãona, na GV, ele me, nóis ficamo até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de economia, das nove da noite.

Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da gravaçãode uma aula de português de uma professora universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As pausas são marcadas com reticências.

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...o que está ocorrendo com nossos alunos é uma fragmentação do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não sabe vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido também para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... de conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... mas que... na hora de serem empregados... deixam muito a desejar...

Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau de formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que o da menina ao telefone.

Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, Subjetivo, Pessoal).

Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo, Informativo).

O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos explicativos são os encontrados em manuais de instruções.

Informativo: Tem a função de informar o leitor a respeito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da linguagem, 3ª pessoa do singular.

Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa “criar” com palavras a imagem do objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto se refere.

Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” ou a “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano.

Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.

Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrário, têm por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto dissertativo-argumentativo.

Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de solicitação, deliberação informal, discurso de defesa e acusação (advocacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial.

Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura básica; ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de linguagem clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições,etc.

Injunção: Indica como realizar uma ação. É também utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua-gem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, emprega-dos no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo e manuais.

Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e retomadas.

Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres entrevistam as suas fontes para obter declarações que validem as informações apuradas ou que relatem situações vividas por personagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repórter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevis-tada. Munido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevistado a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou manipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer principalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quan-do o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição públi-ca sobre um problema que está a afetar o fornecimento de serviços à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a resposta para o que considera positivo na instituição. É importante que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou perdendo a objetividade.

As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, reticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O título da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do leitor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos casos, apenas as preposições ficam com a letra minúscula. O subtítulo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de ponto final. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fotografia do entrevistado aparece normalmente na primeira página da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele. As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.

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Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de sua redação e terá exemplos.

Uma das mais famosas crônicas da história da literatura luso-brasileira corresponde à definição de crônica como “narração histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de Pero Vaz de Caminha”, na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis:

O nascimento da crônica

“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue está começada a crônica. (...)

(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. São Paulo: Editora Ática, 1994)

Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.

O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.

Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a observação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, para garantir sua durabilidade no tempo.

CORRESPONDÊNCIA OFICIAL

Conceito

Entendese por Redação Oficial o conjunto de normas e práticas que devem reger a emissão dos atos normativos e comunicações do poder público, entre seus diversos organismos ou nas relações dos órgãos públicos com as entidades e os cidadãos.

A Redação Oficial inscrevese na confluência de dois universos distintos: a forma regese pelas ciências da linguagem (morfologia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o conteúdo submetese aos princípios jurídicoadministrativos impostos à União, aos Estados e aos Municípios, nas esferas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação Oficial deve ter as qualidades e características exigidas do texto escrito destinado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta e eficaz.

Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder público, essa modalidade de redação ou de texto subordinase aos princípios constitucionais e administrativos aplicáveis a todos os atos da administração pública, conforme estabelece o artigo 37 da Constituição Federal:

“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência ( ... )”.

A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem convergir na produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas vezes, não há como separar uma do outro. Indicamse, a seguir, alguns pressupostos de como devem ser redigidos os textos oficiais.

Padrão culto do idioma

A redação oficial deve observar o padrão culto do idioma quanto ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura gramatical das orações) e à morfologia (ortografia, acentuação gráfica etc.).

Por padrão culto do idioma devese entender a língua referendada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações formais de comunicação. Devemse excluir da Redagão Oficial a erudição minuciosa e os preciosismos vocabulares que criam entraves inúteis à compreensão do significado. Não faz sentido usar “perfunctório” em lugar de “superficial” ou “doesto” em vez de “acusação” ou “calúnia”. São descabidos também as citações em língua estrangeira e os latinismos, tão ao gosto da linguagem forense. Os manuais de Redação Oficial, que vários órgãos têm feito publicar, são unânimes em desaconselhar a utilização de certas formas sacramentais, protocolares e de anacronismos que ainda se leem em documentos oficiais, como: “No dia 20 de maio, do ano de 2011 do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que permanecem nos registros cartorários antigos.

Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialismos, neologismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem oral, bem como as abreviações e imagens sígnicas comuns na comunicação eletrônica.

Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jornalísticos ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito estético nem à originalidade. Ao contrário, impõe uniformidade, sobriedade, clareza, objetividade, no sentido de se obter a maior compreensão possível com o mínimo de recursos expressivos necessários. Portarias lavradas sob forma poética, sentenças e despachos escritos em versos rimados pertencem ao “folclore” jurídicoadministrativo e são práticas inaceitáveis nos textos oficiais. São também inaceitáveis nos textos oficiais os vícios de linguagem, provocados por descuido ou ignorância, que constituem desvios das normas da línguapadrão. Enumeramse, a seguir, alguns desses vícios:

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- Barbarismos: São desvios:- da ortografia: “advinhar” em vez de adivinhar; “excessão”

em vez de exceção.- da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.- da morfologia: “interviu” em vez de interveio.- da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez de

despercebido (não percebido, sem ser notado).- pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do francês):

“miseenscène” em vez de encenação; anglicismo (do inglês): “delivery” em vez de entrega em domicílio.

- Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões anacrônicas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira, depressa.

- Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas de acordo com o sistema morfológico da língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de imóvel, que não se pode mexer; “talqualmente” em vez de igualmente.

- Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser:- de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de sobraram. - de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” em vez

de ao lucro. - de colocação: “não tratavase” de um problema sério em vez

de não se tratava.

- Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O desconhecido faloume de sua mãe. (Mãe de quem? Do desconhecido? Do interlocutor?)

- Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de duas ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prêmio por cada eleitor que votar em mim (por cada e porcada).

- Pleonasmo: Informação desnecessariamente redundante. Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro, vivem na miséria; Os moralistas, que se preocupam com a moral, vivem vigiando as outras pessoas.

A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador linguístico dotado de um repertório vocabular e de uma articulação verbal minimamente compatíveis com o registro médio da linguagem. Nesse sentido, deve ser um texto neutro, sem facilitações que intentem suprir as deficiências cognitivas de leitores precariamente alfabetizados.

Como exceção, citamse as campanhas e comunicados destinados a públicos específicos, que fazem uma aproximação com o registro linguístico do públicoalvo. Mas esse é um campo que refoge aos objetivos deste material, para se inserir nos domínios e técnicas da propaganda e da persuasão.

Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao nível de compreensão de leitores precariamente equipados quanto à linguagem, fica evidente o falo de que a alfabetização e a capacidade de apreensão de enunciados são condições inerentes à cidadania. Ninguém é verdadeiramente cidadão se não consegue ler e compreender o que leu. O domínio do idioma é equipamento indispensável à vida em sociedade.

Impessoalidade e Objetividade

Ainda que possam ser subscritos por um ente público (funcionário, servidor etc.), os textos oficiais são expressão do poder público e é em nome dele que o emissor se comunica, sempre nos termos da lei e sobre atos nela fundamentados.

Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do “eu” enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos ou opiniões. Mesmo quando o agente público manifestase em primeira pessoa, em formas verbais comuns como: declaro, resolvo, determino, nomeio, exonero etc., é nos termos da lei que ele o faz e é em função do cargo que exerce que se identifica e se manifesta.

O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o objeto da informação. A impessoalidade contribui para a necessária padronização, reduzindo a variabilidade da linguagem a certos padrões, sem o que cada texto seria suscetível de inúmeras interpretações.

Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O adjetivo, ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juízo de valor pessoal do emissor. São inaceitáveis também a pontuação expressiva, que amplia a significação (! ... ), ou o emprego de interjeições (Oh! Ah!), que funcionam como índices do envolvimento emocional do redator com aquilo que está escrevendo.

Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o estilo individual é estimulado e serve como diferencial das qualidades autorais, a função pública impõe a despersonalização do sujeito, do agente público que emite a comunicação. São inadmissíveis, portanto, as marcas individualizadoras, as ousadias estilísticas, a linguagem metafórica ou a elíptica e alusiva. A Redação Oficial prima pela denotação, pela sintaxe clara e pela economia vocabular, ainda que essa regularidade imponha certa “monotonia burocrática” ao discurso.

Reafirmase que a intermediação entre o emissor e o receptor nas Redações Oficiais é o código linguístico, dentro do padrão culto do idioma; uma linguagem “neutra”, referendada pelas gramáticas, dicionários e pelo uso em situações formais, acima das diferenças individuais, regionais, de classes sociais e de níveis de escolaridade.

Formalidade e Padronização

As comunicações oficiais impõem um tratamento polido e respeitoso. Na tradição iberoamericana, afeita a títulos e a tratamentos reverentes, a autoridade pública revela sua posição hierárquica por meio de formas e de pronomes de tratamento sacramentais. “Excelentíssimo”, “Ilustríssimo”, “Meritíssimo”, “Reverendíssimo” são vocativos que, em algumas instâncias do poder, tornaramse inevitáveis. Entenda-se que essa solenidade tem por consideração o cargo, a função pública, e não a pessoa de seu exercente.

Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obrigatoriamente regidos pela terceira pessoa. São erros muito comuns construções como “Vossa Excelência sois bondoso(a)”; o correto é “Vossa Excelência é bondoso(a)”.

A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com que os textos oficiais procuravam revestirse de um tom solene e cerimonioso no passado, é hoje incomum, anacrônica e pedante, salvo em algumas peças oratórias envolvendo tribunais ou juizes, herdeiras, no Brasil, da tradição retórica de Rui Barbosa e seus seguidores.

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Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação Oficial é a necessidade prática de padronização dos expedientes. Assim, as prescrições quanto à diagramação, espaçamento, caracteres tipográficos etc., os modelos inevitáveis de ofício, requerimento, memorando, aviso e outros, além de facilitar a legibilidade, servem para agilizar o andamento burocrático, os despachos e o arquivamento.

É também por essa razão que quase todos os órgãos públicos editam manuais com os modelos dos expedientes que integram sua rotina burocrática. A Presidência da República, a Câmara dos Deputados, o Senado, os Tribunais Superiores, enfim, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário têm os próprios ritos na elaboração dos textos e documentos que lhes são pertinentes.

Concisão e Clareza

Houve um tempo em que escrever bem era escrever “difícil”. Períodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos raros, inversões sintáticas, adjetivação intensiva, enumerações, gradações, repetições enfáticas já foram considerados virtudes estilísticas. Atualmente, a velocidade que se impõe a tudo o que se faz, inclusive ao escrever e ao ler, tornou esses recursos quase sempre obsoletos. Hoje, a concisão, a economia vocabular, a precisão lexical, ou seja, a eficácia do discurso, são pressupostos não só da Redação Oficial, mas da própria literatura. Basta observar o estilo “enxuto” de Graciliano Ramos, de Carios Drummond de Andrade, de João Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan, mestres da linguagem altamente concentrada.

Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e “exórdios” que se repetiam como ladainhas nos textos oficiais, como o exemplo risível e caricato que segue:

“Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se faz que nos valhamos do ensejo para congratularmonos com Vossa Excelência pela oportunidade da medida proposta à apreciação de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, humilde servidor público, para abordar questões de tamanha complexidade, a respeito das quais divergem os hermeneutas e exegetas.

Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das causas primeiras, que fundamentaram a proposição tempestivamente encaminhada por Vossa Excelência, indispensável se faz uma abordagem preliminar dos antecedentes imediatos, posto que estes antecedentes necessariamente antecedem os consequentes”.

Observe que absolutamente nada foi dito ou informado.

As Comunicações Oficiais

A redação das comunicações oficiais obedece a preceitos de objetividade, concisão, clareza, impessoalidade, formalidade, padronização e correção gramatical.

Além dessas, há outras características comuns à comunicação oficial, como o emprego de pronomes de tratamento, o tipo de fecho (encerramento) de uma correspondência e a forma de identificação do signatário, conforme define o Manual de Redação da Presidência da República. Outros órgãos e instituições do poder público também possuem manual de redação próprio, como a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério das Relações Exteriores, diversos governos estaduais, órgãos do Judiciário etc.

Pronomes de Tratamento

A regra diz que toda comunicação oficial deve ser formal e polida, isto é, ajustada não apenas às normas gramaticais, como também às normas de educação e cortesia. Para isso, é fundamental o emprego de pronomes de tratamento, que devem ser utilizados de forma correta, de acordo com o destinatário e as regras gramaticais.

Embora os pronomes de tratamento se refiram à segunda pessoa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concordância é feita em terceira pessoa.

Concordância verbal:Vossa Senhoria falou muito bem.Vossa Excelência vai esclarecer o tema.Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião.

Concordância pronominal:Pronomes de tratamento concordam com pronomes

possessivos na terceira pessoa.Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vosso...”).

Concordância nominal:Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a que se

refere o pronome de tratamento.Vossa Excelência ficou confuso. (para homem)Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher)Vossa Senhoria está ocupado. (para homem)Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher)

Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela).Vossa Excelência - com quem se fala (você)

Emprego dos Pronomes de Tratamento

As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação da Presidência da República.

Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as seguintes autoridades:

- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice-presidenIe da República; Ministros de Estado; Governadores e vicegovernadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretáriosexecutivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais.

- Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Senadores; Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.

- Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Superiores; Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça Militar.

Vocativos

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.

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As demais autoridades devem ser tratadas com o vocativo Senhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Senhor Senador / Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Juiza; Senhor Ministro / Senhora Ministra; Senhor Governador / Senhora Governadora.

Endereçamento

De acordo com o Manual de Redação da Presidência, no envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, deve ter a seguinte forma:

A Sua Excelência o SenhorFulano de TalMinistro de Estado da Justiça70064900 Brasília. DF

A Sua Excelência o SenhorSenador Fulano de TalSenado Federal70165900 Brasília. DF

A Sua Excelência o SenhorFulano de TalJuiz de Direito da l0ª Vara CívelRua ABC, nº 12301010000 São Paulo. SP

Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) às autoridades na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação”.

Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é: Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.

No envelope, deve constar do endereçamento:Ao SenhorFulano de TalRua ABC, nº 12370123-000 – Curitiba.PR

Conforme o Manual de Redação da Presidência, em comunicações oficiais “fica dispensado o emprego do superlativo Ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. O Manual também esclarece que “doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico”. Por isso, recomenda-se empregá-lo apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham concluído curso de doutorado. No entanto, ressalva-se que “é costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina”.

Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigido a reitores de universidade. Correspondelhe o vocativo: Magnífico Reitor.

Vossa Santidade: É o pronome de tratamento empregado em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre.

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: São os pronomes empregados em comunicações dirigidas a cardeais. Os vocativos correspondentes são: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.

Nas comunicações oficiais para as demais autoridades eclesiásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima (para arcebispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima (para monsenhores, cônegos e superiores religiosos); Vossa Reverência (para sacerdotes, clérigos e demais religiosos).

Fechos para Comunicações

De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das comunicações oficiais “possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho é a maneira de quem expede a comunicação despedirse de seu destinatário.

Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do atual Manual de Redação da Presidência da República, havia 15 padrões de fechos para comunicações oficiais. O Manual simplificou a lista e reduziu-os a apenas dois para todas as modalidades de comunicação oficial. São eles:

Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive o presidente da República.

Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior.

“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação da Presidência da República.

A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosamente” é recomendada para os mesmos casos pelo Manual de Redação da Câmara dos Deputados e por outros manuais oficiais. Já os fechos para as cartas particulares ou informais ficam a critério do remetente, com preferência para a expressão “Cordialmente”, para encerrar a correspondência de forma polida e sucinta.

Identificação do Signatário

Conforme o Manual de Redação da Presidência do República, com exceção das comunicações assinadas pelo presidente da República, em todas as comunicações oficiais devem constar o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:

(espaço para assinatura)Nome

Chefe da SecretariaGeral da Presidência da República

(espaço para assinatura)Nome

Ministro de Estado da Justiça

“Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho”, alerta o Manual.

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ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO TIPO DE DOCUMENTO

O Padrão Ofício

O Manual de Redação da Presidência da República lista três tipos de expediente que, embora tenham finalidades diferentes, possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A diagramação proposta para esses expedientes é denominada padrão ofício.

O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes partes:

- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede. Exemplos:

Of. 123/2002-MME Aviso 123/2002-SGMem. 123/2002-MF

- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à direita. Exemplo:

Brasília, 20 de maio de 2011

- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:

Assunto: Produtividade do órgão em 2010.Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.

- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o endereço.

- Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:

Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpreme informar que”,empregue a forma direta;

Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;

Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.

Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.

Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a estrutura deve ser a seguinte:

Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo

da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:

“Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.”

ou

“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”

Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.

- Fecho. - Assinatura.- Identificação do Signatário

Forma de Diagramação

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:

- deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;

- para símbolos não existentes na fonte Times New Roman, poderseão utilizar as fontes symbol e Wíngdings;

- é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;

- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);

- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;

- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo 3,0 cm de largura;

- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de

6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;

- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;

- a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações;

- todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;

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- deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;

- dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;

- para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do documento + palavraschave do conteúdo. Exemplo:

“Of. 123 relatório produtividade ano 2010”

Aviso e Ofício (Comunicação Externa)

São modalidades de comunicação oficial praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particulares.

Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário, seguido de vírgula. Exemplos:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,Senhora Ministra,Senhor Chefe de Gabinete,

Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes informações do remetente:

- nome do órgão ou setor;- endereço postal;- telefone e endereço de correio eletrônico.

Obs: Modelo no final da matéria.

Memorando ou Comunicação Interna

O Memorando é a modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível diferente. Tratase, portanto, de uma forma de comunicação eminentemente interna.

Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adotados por determinado setor do serviço público.

Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior transparência a tomada de decisões, e permitindo que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.

Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos:

Ao Sr. Chefe do Departamento de AdministraçãoAo Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos.

Obs: Modelo no final da matéria.

Exposição de Motivos

É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vice-presidente para:

- informá-lo de determinado assunto;- propor alguma medida; ou- submeter a sua consideração projeto de ato normativo.

Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.

Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação do padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.

No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.

Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo, embora sigam também a estrutura do padrão ofício, além de outros comentários julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar:

- na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo proposto;

- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas existentes para equacionálo;

- na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.

Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto nº 4.1760, de 28 de março de 2010.

Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do Ministério ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de ______________ de 201_.

- Síntese do problema ou da situação que reclama providências;- Soluções e providências contidas no ato normativo ou na

medida proposta;- Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar:- se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;- se há projetos sobre a matéria no Legislativo;- outras possibilidades de resolução do problema.- Custos. Mencionar:- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei

orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeála;- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei

orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeála;- valor a ser despendido em moeda corrente;- Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente

se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência). Mencionar:

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- se o problema configura calamidade pública;- por que é indispensável a vigência imediata;- se se trata de problema cuja causa ou agravamento não

tenham sido previstos;- se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já

prevista.- Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou

medida proposta possa vir a tê-lo)- Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto;- Síntese do parecer do órgão jurídico.

Com base em avaliação do ato normativo ou da medida proposa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3.

A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o exame ou se reformule a proposta.

O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade:

- permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;

- ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do problema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.)

- conferir perfeita transparência aos atos propostos.

Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o problema.

Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (nomeação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos. Ressalte-se que:

- a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não dispensa o encaminhamento do parecer completo;

- o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos comentários a serem alí incluídos.

Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.

Mensagem É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos

Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação.

Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação final.

As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:

- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou financeira: Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência.

Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).

Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigemse aos membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas.

As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e econômicofinanceiro das matérias objeto das proposições por elas encaminhadas.

Tais exames materializamse em pareceres dos diversos órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia Geral da União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da exposição de motivos do órgão onde se geraram, exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congresso.

- Encaminhamento de medida provisória: Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.

- Indicação de autoridades: As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e diretores do Banco Central, ProcuradorGeral da

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República, Chefes de Missão Diplomática etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indicação. O currículum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a mensagem.

- Pedido de autorização para o presidente ou o vicepresidente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias: Tratase de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional.

O presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviandolhes mensagens idênticas.

- Encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e TV: A obrigação de submeter tais atos à apreciagão do Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1º do art. 223 já define o prazo da tramitação.

Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo administrativo.

- Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior: O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.

- Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do País e solicitação de providências que julgar necessárias (Constituição, art. 84, XI).

O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os congressistas em forma de livro.

- Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos): Esta mensagem é dirigida aos membros do Congresso Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de sanção.

- Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.

- Outras mensagens: Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência mensagens com:

- encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);

- pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art. 155, § 2º, IV);

- proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);

- pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, V); e outros.

Entre as mensagens menos comuns estão as de:- convocação extraordinária do Congresso Nacional

(Constituição, art. 57, § 6º);- pedido de autorização para exonerar o ProcuradorGeral da

República (art. 52, XI, e 128, § 2º);- pedido de autorização para declarar guerra e decretar

mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);- pedido de autorização ou referendo para celebrara paz

(Constituição, art. 84, XX);- justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua

prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º);- pedido de autorização para decretar o estado de sítio

(Constituição, art. 137);- relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio

ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);- proposta de modificação de projetas de leis financeiras

(Constituição, art. 166, § 5º);- pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem

despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8º);

- pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1º); etc.

As mensagens contêm: - a indicação do tipo de expediente e de seu número,

horizontalmente, no início da margem esquerda:

Mensagem nº

- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda:

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, - o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; - o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e

horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.

Obs: Modelo no final da matéria.

Telegrama

Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex etc. Por se tratar de forma de comunicação dispendiosa aos cofres

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públicos e tecnologicamente superada, deve restringirse o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, também em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pautarse pela concisão.

Não há padrão rígido, devendose seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet.

Obs: Modelo no final da matéria.

Fax

O fax (forma abreviada já consagrada de facsímile) é uma forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência, quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na forma de praxe.

Se necessário o arquivamento, devese fazêlo com cópia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora rapidamente.

Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formulário com os dados de identificação da mensagem a ser enviada.

Correio Eletrônico

O correio eletrônico (“email”), por seu baixo custo e celeridade, transformouse na principal forma de comunicação para transmissão de documentos.

Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, devese evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.

O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do destinatário quanto do remetente.

Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.

Sempre que disponível, devese utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedido de confirmação de recebimento.

Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceita como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

Apostila

É o aditamento que se faz a um documento com o objetivo de retificação, atualização, esclarecimento ou fixar vantagens, evitandose assim a expedição de um novo título ou documento. Estrutura:

- Título: APOSTILA, centralizado.- Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimento,

atualização ou fixação da vantagem, com a menção, se for o caso, onde o documento foi publicado.

- Local e data.- Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que

constatou a necessidade de efetuar a apostila.

Não deve receber numeração, sendo que, em caso de documento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos textos ou no verso do documento.

Em caso de publicação do ato administrativo originário, a apostila deve ser publicada com a menção expressa do ato, número, dia, página e no mesmo meio de comunicaçao oficial no qual o ato administrativo foi originalmente publicado, a fim de que se preserve a data de validade.

Obs: Modelo no final da matéria.

ATA

É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos fatos e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembleia. Estrutura:

- Título ATA. Em se tratando de atas elaboradas sequencialmente, indicar o respectivo número da reunião ou sessão, em caixaalta.

- Texto, incluindo: Preâmbulo registro da situação espacial e temporal e participantes; Registro dos assuntos abordados e de suas decisões, com indicação das personalidades envolvidas, se for o caso; Fecho termo de encerramento com indicação, se necessário, do redator, do horário de encerramento, de convocação de nova reunião etc.

A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os presentes à reunião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das exigências regimentais do órgão.

A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, devese, em caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da informação correta a ser registrada. No caso de omissão de informações ou de erros constatados após a redação, usase a expressão “Em tempo” ao final da ATA, com o registro das informações corretas.

Obs: Modelo no final da matéria.

Carta

É a forma de correspondência emitida por particular, ou autoridade com objetivo particular, não se confundindo com o memorando (correspondência interna) ou o ofício (correspondência externa), nos quais a autoridade que assina expressa uma opinião ou dá uma informação não sua, mas, sim, do órgão pelo qual responde. Em grande parte dos casos da correspondência enviada por deputados, devese usar a carta, não o memorando ou ofício, por estar o parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação de sua responsabilidade, e não especificamente da Câmara dos Deputados. O parlamentar deverá assinar memorando ou ofício apenas como titular de função oficial específica (presidente de comissão ou membro da Mesa, por exemplo). Estrutura:

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82

LÍNGUA PORTUGUESA

- Local e data.- Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário,

cargo e endereço.- Vocativo.- Texto.- Fecho.- Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo.

Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá numerálas. Nesse caso, a numeração poderá apoiar-se no padrão básico de diagramação.

O fecho da carta segue, em geral, o padrão da correspondência oficial, mas outros fechos podem ser usados, a exemplo de “Cordialmente”, quando se deseja indicar relação de proximidade ou igualdade de posição entre os correspondentes.

Obs: Modelo no final da matéria.

Declaração

É o documento em que se informa, sob responsabilidade, algo sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura:

- Título: DECLARAÇÃO, centralizado.- Texto: exposição do fato ou situação declarada, com

finalidade, nome do interessado em destaque (em maiúsculas) e sua relação com a Câmara nos casos mais formais.

- Local e data.- Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de

autoridade, função ou cargo.

A declaração documenta uma informação prestada por autoridade ou particular. No caso de autoridade, a comprovação do fato ou o conhecimento da situação declarada deve serem razão do cargo que ocupa ou da função que exerce.

Declarações que possuam características específicas podem receber uma qualificação, a exemplo da “declaração funcional”.

Obs: Modelo no final da matéria.

Despacho

É o pronunciamento de autoridade administrativa em petição que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do processo. Pode ter caráter decisório ou apenas de expediente. Estrutura:

- Nome do órgão principal e secundário. - Número do processo. - Data. - Texto. - Assinatura e função ou cargo da autoridade.

O despacho pode constituirse de uma palavra, de uma expressão ou de um texto mais longo.

Obs: Modelo no final da matéria.

Ordem de Serviço

É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ou pontuais para a execução de serviços por órgãos subordinados da Administração. Estrutura:

- Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data.- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade que

expede o ato (em maiúsculas) e citação da legislação pertinente ou por força das prerrogativas do cargo, seguida da palavra “resolve”.

- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido em itens, incisos, alíneas etc.

- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação da função.

A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém possui caráter mais específico e detalhista. Objetiva, essencialmente, a otimização e a racionalização de serviços.

Obs: Modelo no final da matéria.

Parecer

É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou de órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para análise e competente pronunciamento. Visa fornecer subsídios para tomada de decisão. Estrutura:

- Número de ordem (quando necessário).- Número do processo de origem. - Ementa (resumo do assunto). - Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (introdução);

Parecer (desenvolvimento com razões e justificativas); Fecho opinativo (conclusão).

- Local e data.- Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista.

Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, existe o Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal, definido no art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tantos itens (e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista para o fim de melhor organizar o assunto, imprimindolhe clareza e didatismo.

Obs: Modelo no final da matéria.

Portaria

É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabelece regras, baixa instruções para aplicação de leis ou trata da organização e do funcionamento de serviços dentro de sua esfera de competência. Estrutura:

- Título: PORTARIA, numeração e data.- Ementa: síntese do assunto.- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade

que expede o ato e citação da legislação pertinente, seguida da palavra “resolve”.

- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens.

- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação do cargo.

Certas portarias contêm considerandos, com as razões que justificam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois deles.

A ementa justificase em portarias de natureza normativa.Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de

nomeação e exoneração, por exemplo, suprime-se a ementa.

Obs: Modelo no final da matéria.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Relatório

É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funcionamento de uma instituição, do exercício de atividades ou acerca do desenvolvimento de serviços específicos num determinado período. Estrutura:

- Título RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...- Texto registro em tópicos das principais atividades

desenvolvidas, podendo ser indicados os resultados parciais e totais, com destaque, se for o caso, para os aspectos positivos e negativos do período abrangido. O cronograma de trabalho a ser desenvolvido, os quadros, os dados estatísticos e as tabelas poderão ser apresentados como anexos.

- Local e data. - Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) relator(es).

No caso de Relatório de Viagem, aconselhase registrar uma descrição sucinta da participação do servidor no evento (seminário, curso, missão oficial e outras), indicando o período e o trecho compreendido. Sempre que possível, o Relatório de Viagem deverá ser elaborado com vistas ao aproveitamento efetivo das informações tratadas no evento para os trabalhos legislativos e administrativos da Casa.

Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, devese atentar para os seguintes procedimentos:

- absterse de transcrever a competência formal das unidades administrativas já descritas nas normas internas;

- relatar apenas as principais atividades do órgão; - evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas pelas

unidades administrativas que lhe são subordinadas; - priorizar a apresentação de dados agregados, grandes metas

realizadas e problemas abrangentes que foram solucionados; - destacar propostas que não puderam ser concretizadas,

identificando as causas e indicando as prioridades para os próximos anos;

- gerar um relatório final consolidado, limitado, se possível, ao máximo de dez páginas para o conjunto da Diretoria, Departamento ou unidade equivalente.

Obs: Modelo no final da matéria.

Requerimento (Petição)

É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Estrutura:

- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da autoridade competente.

- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à

qualificação civil deve ser colocado o número do registro funcional e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do requerimento e os elementos probatórios de natureza fática.

- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.- Local e data.- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindicação ou manifestação, o documento utilizado será um abaixoassinado, com estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver identificação das assinaturas.

A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza por meio de requerimento. No que concerne especificamente aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o requerimento deve ser dirigido à autoridade competente para decidilo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).

Obs: Modelo no final da matéria.

Protocolo

O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que são transcritos progressivamente os documentos e os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou privado). Este registro, se obedecerem a normas legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos de controvérsia jurídica.

O termo protocolo tem um significado bastante amplo, identificando-se diretamente com o próprio procedimento. Por extensão de sentido, “protocolo” significa também um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo (“seguir o protocolo”).

A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma repartição determinada, que recebe o material documentário do sujeito que o produz em saída e em entrada e os anota num registro (atualmente em programas informáticos), atruibuindo-lhes um número e também uma posição de arquivo de acordo com suas características.

O registro tem quatro elementos necessários e obrigatórios:- Número progressivo.- Data de recebimento ou de saída.- Remetente ou destinatário.- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da

correspondência.

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LÍNGUA PORTUGUESA

ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO

Exemplo de Ofício

(Ministério)(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)

(Endereço para correspondência)(Endereço – continuação)

(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o SenhorDeputado (Nome)Câmara dos Deputados70160-900 – Brasília – DF

Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas emsua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadaspelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituídopelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideraçãoas características sócio-econômicas regionais.3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenasdeverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao dispostono art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectosetno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste últimoaspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadualcompetente.4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverãoencaminhas as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. Éigualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedadecivil.5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índioserão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos edas entidades civis acima mencionadas.6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecidoassegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre oslimites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementosnecessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessáriatransparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)(cargo)

3 cm 297 mm1,5 cm

210 mm

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor(Nome e cargo)

Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do PrimeiroSeminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a serrealizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional deAdministração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nestacapital.O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional dasComissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituídopelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)(cargo do signatário)

3 cm1,5 cm

297 mm

210 mm

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a VossaSenhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadoresneste Departamento.2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o idealseria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textose outro gerenciador de banco de dados.3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargoda Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia jámanifestou seu acordo a respeito.4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos desteDeparta-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

1,5 cm

297 mm

210 mm

Page 87: Portugues para concurso

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Exposição de Motivos de Caráter Informativo

EM nº 00146/1991-MRE

Brasília, 24 de maio de 2011

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

O Presidente George Bush anunciou, no último dia 13, significativamudança da posição norte-americana nas negociações que se realizam – naConferência do Desarmamento, em Genebra – de uma convenção multilateral deproscrição total das armas químicas. Ao renunciar à manutenção de cerca de doispor cento de seu arsenal químico até a adesão à convenção de todos os países emcondições de produzir armas químicas, os Estados Unidos reaproximaram suapostura da maioria dos quarenta países participantes do processo negociador,inclusive o Brasil, abrindo possibilidades concretas de que o tratado a serconcluído e assinado em prazo de cerca de um ano. (...)

Atenciosamente,

(Nome)(cargo)

5 cm

3 cm

5 cm

1,5 cm

2,5 cm

1 cm2,5 cm

2,5 cm

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Mensagem

Mensagem nº 118

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativosnºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

297 mm

210 mm

1,5 cm2 cm

3 cm

4 cm

5 cm

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl[setor do órgão expedidor]

[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____Remetente: __________________________________________________________Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________Observações: ______________________________________________________________________________________________________________________________

Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal declara que o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no Suplemento ao Boletim Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional alterada, de Secretário Parlamentar Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com o serviço público, ponto n. 105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da SilvaDiretora

Exemplo de ATACAMARA DOS DEPUTADOS

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃOCoordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”, sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos mantiveramse dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu, Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Carta

CÂMARA DOS DEPUTADOSGABINETE DA DEPUTADA MARIA DA SILVA

Brasília, 4 de maio de 2011.

Ao SenhorJosé Maria da SilvaRua Bulhões de Carvalho, 293, Copacabana20350070 Rio de Janeiro – RJ

Prezado Senhor,

Em atenção à carta de V. Sa., informo que o processo de transferência de estudantes para as escolas técnicas federais é feito de forma pública, com normas estabelecidas em editais e divulgadas pelas instituições. Cabe ao candidato pleitear a vaga de acordo com os critérios estabelecidos.

Contando com a compreensão de V. Sª., colocome à disposição para sanar eventuais dúvidas quanto a esse assunto.

Cordialmente,

Maria da SilvaDeputada Federal

Exemplo de Declaração

CÂMARA DOS DEPUTADOSDEPARTAMENTO DE PESSOALCoordenação de Registro Funcional

DECLARAÇÃO

Declaro, para fins de prova junto ao Supremo Tribunal Federal, que JOSÉ DA SILVA, exservidor da Câmara dos Deputados, teve declarada a vacância do cargo de Analista Legislativo atribuição Assistente Técnico, a partir de 2/1/2004 (DCD de 3/1/2004). O referido exservidor não usufruiu das férias relativas ao exercício de 2003 e, em seus assentos funcionais, consta a concessão de 30 (trinta) dias de licença para capacitação, referente ao quinquênio 13/1/1995 a 26/1/2000 (Processo n. 5.777/2003, publicado no Boletim Administrativo n. 15, de 7/1/2004).

Brasília, 10 de fevereiro de 2011.

Maria José da SilvaDiretora

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOSPRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da SilvaPrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOSCONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas atribuições, resolve:

1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica ficam destinadas a reuniões de trabalho com deputados, consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.

2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de Serviços Gerais.

................................................................................................................................6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte ordem de

preferência:1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;11 reuniões de trabalho da diretoria;111 reuniões de trabalho dos consultores;IV . ..................................................................................................................................V . .................................................................................................................................... 7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da Coordenação de

Serviços Gerais.

José da SilvaDiretor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento JurídicoPara: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos a analisar o assunto.

O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.

A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:

I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).

II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº 244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).

III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).

No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário, diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.

Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio indenizado garante ou não a estabilidade.

O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.

A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.

Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:

a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez

ocorre antes da dispensa.De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da

estabilidade provisória decorrente da gestação.É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).(assinatura)

(nome)(cargo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOSDIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadasem processos administrativos no âmbito da Câmara dos Deputados e assinadas pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:

Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral, para parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.

Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de segurança e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.

Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de AlmeidaDiretorGeral

Modelo de RelatórioCÂMARA DOS DEPUTADOS

ÓRGÃO PRINCIPALórgão Secundário

RELATÓRIO

IntroduçãoApresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,

indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.........................................................................................................................

Tópico 1.1Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral. ................................................................................. ...

Tópico 2Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado..........................................................................................................................

3. Considerações finais.........................................................................................................................

Brasília, ........................... de de 201...

NomeFunção ou Cargo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOSÓRGÃO PRINCIPAL

Órgão Secundário

(Vocativo)(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) .......................... .......................................................... (demais dados de qualificação), requer .............................................................................................................................................................

Nestes termos, Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. .......................................................... de 201.....

NomeCargo ou Função

O Manual da Presidência da República e respectivas atualizações encontram-se disponível no link a seguir: www.novaapostila.com.br/policiafederal.rar

Exercícios Complementares

(TJ-GO/2008) Escrivão Judiciário III

Leia o texto abaixo. A questão 01 refere-se a ele.

TEXTO 1

ANINHA E SUAS PEDRAS

Não te deixes destruir...Ajuntando novas pedrase construindo novos poemas.Recria tua vida, sempre, sempre.Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.Faz de tua vida mesquinhaum poema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

E viverás no coração dos jovense na memória das gerações que hão de vir.Esta fonte é para uso de todos os sedentos.Toma a tua parte.Vem a estas páginase não entraves seu usoaos que têm sede.

CORALINA, Cora. Aninha e suas Pedras. In: Vintém de cobre: meias confissões de Aninha.

7 ed. São Paulo: Global, 2001. p. 148.

(Verbo) 01. O uso dos verbos no imperativo reforça a ideia de:

a) ordem literal para que todos bebam da fonte da escrita.b) solicitação metafórica para a destruição de todas as

pedras.c) pedido literal para que todos removam pedras, plantem

roseiras e façam doces.d) aconselhamento metafórico para uma vida menos

sofrida.

Resposta “D”.O verbo na forma Imperativa indica uma ordem, um pedido.

Ex: “Não te deixes destruir...”; “Recria tua vida...”; E o poema deixa explícito o aconselhamento metafórico (figura de palavra em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam. Essa semelhança é resultado da imaginação, da subjetividade de quem cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo comparativo não está expresso, mas subentendido). Ex: “Faz de tua vida mesquinha um poema.”

Leia o texto abaixo. As questões de 02 a 07 referem-se a ele.

TEXTO 2ABAIXO O JURIDIQUÊS

Temos lido ultimamente em vários jornais da grande imprensa e em algumas publicações destinadas aos operadores do direito que não é aceitável manter-se o linguajar pomposo e rebuscado, posto que vetusto, dessas pessoas quando formulam seus pedidos, fazem suas acusações e julgam seus processos. Há que se ter, dizem os defensores do novo estilo, um canal de comunicação mais direto com a população que permita o entendimento desse linguajar por parte da cidadania a quem ele é dirigido.

Reconheça-se que aqui e ali há algum exagero. Embora vernaculares, há palavras que extrapolam o limite do conhecimento do homem médio. Mas resolvemos aderir. Recebemos, em nosso escritório, a visita de uma dupla de cultores do funk que nos apresentavam um problema de ordem familiar. O casal havia rompido de fato seus laços conjugais a partir do instante em que o varão descobrira estar sendo traído pela virago. Contratados, solicitamos ao marido que retornasse quarenta e oito horas depois para assinar conosco a peça vestibular que iríamos destinar ao magistrado.

Passados os dois dias, retornou o varão a quem foi dado o exame da inicial e foi solicitado que ele apusesse sua firma

na folha derradeira do pedido endereçado ao juiz. Furioso, o ilustre cliente instou-nos a fazer um trabalho mais acessível ao seu nível de compreensão. Após o decurso de uma semana, em que nos fizemos assessorar por diferentes ramos da juventude hodierna, eis como ficou a inicial:

Ô da togaMano 13, fanqueiro, to pedindo um barato louco porque to

separando da distinta.Sô sangue bom.Sô sinistro, mas a chapa tá quente.A traíra se meteu com uns talarico. Tô na fita, num dá mais.A coisa ta irada, ta bombando e eu quero que teja tudo

dominado.E aí, lixo? Se tocou?Fecha cum nóis.São Paulo, oje.Assinado:Adevogados.

Ainda não tivemos coragem de submeter essa petição ao Poder Jurisdicional. Ficamos na torcida pela reconciliação. Estamos em dúvida sobre qual será a reação do ínclito magistrado. Quem sabe tenha ele se adaptado aos novos tempos… Mas pode ser que ele se limite a despachar: “Com tal petição vê -se que a parte está indefesa no processo. Remeta-se à Comissão de Ética da OAB para que tome as providências que o caso requer”. É como daquele ditado: “Cada terra com seu uso e cada roca com seu fuso”.

ROLLO, Alberto; ROLLO, Janine. Abaixo o juridiquês. Disponível em: <http://blog.jus.uol.com.br/

paginalegal/2008/03/08/abaixo-ojuridiques/>. Acesso em: 20 maio 2008. [Adaptado].

(Verbo) 02. O uso da expressão verbal “havia rompido”, contida no segundo parágrafo, pressupõe que:

a) existe um relacionamento entre o casal.b) poderia existir um relacionamento entre o casal.c) existia um relacionamento entre o casal.d) deveria existir um relacionamento entre o casal.

Resposta “C”.

O verbo “haver” nesta expressão tem o sentido de existir. Como “havia” está conjugado no Pretérito Imperfeito do modo Indicativo, dá-se a ideia de prolongação de fatos ocorridos em direção ao momento presente da própria enunciação, exprimindo com maior evidência a característica principal do tempo no pretérito imperfeito do indicativo: a descrição de fatos passados não concluídos (“imperfeitos”).

(Classe de Palavras) 03. A expressão “Ô da toga”, contida na petição feita na linguagem do casal “fanqueiro”, corresponde a um pronome de tratamento:

a) adequado numa situação formal.b) inadequado numa situação informal.c) aceitável pela norma padrão.d) inadequado numa situação formal.

Resposta “D”.

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A petição seria submetida ao Poder Jurisdicional, que de maneira formal usamos o pronome de tratamento “Meritíssimo”.

(Verbo) 04. No segundo parágrafo, a palavra “Contratados” refere-se:

a) aos advogados e à ideia de que a ação já foi concretizada.b) ao casal de cultores do funk e à ideia de que a ação já

foi concretizada.c) ao casal de cultores do funk e à ideia de que a ação está

sendo concretizada.d) aos advogados e à ideia de que a ação será concretizada.

Resposta “A”.

No período descrito podemos acrescentar a palavra “advogados” sem prejuízo do sentido: “Contratados, nós advogados, solicitamos ao marido que retornasse quarenta e oito horas depois para assinar conosco a peça vestibular que iríamos destinar ao magistrado.” Quanto ao verbo “contratados”, está no particípio, forma nominal do verbo que expressa ações plenamente concluídas.

(Análise Sintática) 05. Considere o uso dos pronomes relativos nas seguintes orações:

- “que extrapolam o limite do conhecimento do homem médio” (segundo parágrafo),

- “que o caso requer” (último parágrafo).É CORRETO dizer que, em ambas, eles apresentam:

a) Mesma função sintática e ideia de explicação.b) Funções sintáticas diferentes e ideia de explicação.c) Mesma função sintática e ideia de restrição.d) Funções sintáticas diferentes e ideia de restrição.

Resposta “D”. A função sintática da primeira oração é a de predicado, um

segmento extraído da estrutura interna das orações ou das frases, sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Nesse sentido, o predicado é sintaticamente o segmento linguístico que estabelece concordância com outro termo essencial da oração – o sujeito -, sendo este o termo determinante (ou subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). Não se trata, portanto, de definir o predicado como “aquilo que se diz do sujeito” como fazem certas gramáticas da língua portuguesa, mas sim estabelecer a importância do fenômeno da concordância entre esses dois termos essenciais da oração. Então têm por características básicas: apresentar-se como elemento determinado em relação ao sujeito e apontar um atributo ou acrescentar nova informação ao sujeito.

A função sintática da segunda oração é a de predicativo do objeto, termo que se refere ao objeto de um verbo transitivo.

E são restritivas, pois restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem. No caso (1) a oração especifica o sentido do substantivo “palavras”, indicando que as palavras não extrapolam qualquer coisa, mas sim o limite do conhecimento do homem médio. No caso (2) a oração especifica o sentido do substantivo “providências”, indicando que não são quaisquer providências, mas sim as que o caso requer.

(Análise Sintática) 06. As formas verbais “formulam”, “fazem” e “julgam”, contidas no primeiro parágrafo, concordam com:

a) sujeito simples no plural.b) sujeitos diferentes para cada uma no plural.c) sujeitos compostos no plural.d) sujeitos pospostos no plural.

Resposta “A”.

Observemos novamente com mais cuidado: “Temos lido ultimamente em vários jornais da grande imprensa e em algumas publicações destinadas aos operadores do direito que não é aceitável manter-se o linguajar pomposo e rebuscado, posto que vetusto, dessas pessoas quando formulam seus pedidos, fazem suas acusações e julgam seus processos.”

Podemos verificar nesta oração que: quem formula seus pedidos, faz suas acusações e julga seus processos são “as pessoas” (“dessas pessoas”), sujeito simples no plural.

(Regência) 07. No trecho “Ainda não tivemos coragem de submeter essa petição ao Poder Jurisdicional” (último parágrafo), o verbo “submeter” rege os seguintes grupos de palavras:

a) “Ainda não tivemos” e “coragem de”.b) “essa petição” e “ao Poder Jurisdicional”.c) “coragem de” e “ao Poder Jurisdicional”.d) “Ainda não tivemos” e “essa petição”.

Resposta “B”.

Regência verbal é a relação de dependência que se estabelece entre o verbo de uma sentença e seus complementos. O verbo submeter possui dois complementos, pois, quem submete, submete alguma coisa a alguém. Neste caso: submeter a petição ao Poder Jurisdicional.

(1) No novo mundo e em especial no Brasil, onde a escravidão foi particularmente cruenta e predatória, (2) o senhor podia tomar qualquer decisão quanto à vida de seu escravo, (4) conforme seu arbítrio. Se considerasse que um escravo o ameaçava, podia mandar cortar seus pés, cegá-lo, supliciá-lo com chibatadas ou matá-lo. A relação senhor/escravo não era (7) um pacto: o senhor não estava obrigado a preservar a vida de seu escravo individual; muito ao contrário, sua liberdade de tirar a vida daquele que (9) coisificara definia sua posição de (10) senhor, tanto mais quanto o fluxo de escravos no mercado lhe permitia repor o plantel sem maiores restrições.

A escravidão longeva acabou por abstrair o rosto do escravo, (13) despersonalizando-o e coisificando-o de maneira reiterada e permanente. Ao final, restava apenas a sua cor, definitivamente associada ao trabalho pesado e degradante.

(16) A imagem do trabalho e do trabalhador consolidada ao longo da escravidão fez-se, portanto, da sobreposição de hierarquias sociais de cor, de status social associado (19) à propriedade e de dominação material e simbólica, em uma mescla de sentidos que convergiram para a percepção do

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trabalho manual como algo degradado. Dizendo-o de modo (22) mais enfático, a ética do trabalho oriunda da escravidão foi uma ética de desvalorização do trabalho, e seu resgate do ressaibo da impureza e da degradação levaria ainda muitas (25) décadas. Esse quadro de inércia estrutural configurou o ambiente em que se teceu a sociabilidade capitalista no país.

Adalberto Cardoso. Escravidão e sociabilidade capitalista: um ensaio sobre inércia social. In: Novos estudos

– CEBRAP. São Paulo: UNESP, n._80, mar./ 2008, p. 25 (com adaptações).

Julgue os itens que se seguem com (C)Certo e (E) Errado.

Acerca dos sentidos e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens que se seguem.

(Aposto) 08. Nas linhas 1 e 2, as vírgulas são empregadas para isolar oração intercalada que destaca a especificidade da escravidão no Brasil.

Resposta “Correta”

Sim, dá-se o nome de Aposto: termo que explica, desenvolve, identifica ou resume um outro termo da oração, independente da função sintática que este exerça. Neste caso recebe o nome de Aposto Especificador, pois individualiza ou especifica um substantivo de sentido genérico, sem pausa. Geralmente é um substantivo próprio que individualiza um substantivo comum.

(Oração Subordinada) 09. A expressão “tanto mais quanto” (l.10) indica a relação de proporcionalidade entre a liberdade do senhor de dispor da vida de seu escravo e o alto fluxo de escravos no mercado.

Resposta “Correta”.

A conjunção “tanto mais”, nos remete à Oração Subordinada Adverbial Proporcional, que expressa uma proporção entre duas coisas, fatos ou situações, de forma que a alteração em uma implica também em alteração na outra.

Veja que a oração subordinada adverbial proporcional expressa uma proporção entre o fato de o senhor dispor da vida de seu escravo (oração principal) e o fato do alto fluxo de escravos no mercado (oração subordinada).

(1) 13 DE JUNHO... Vesti as crianças e eles foram para a escola. Eu fui catar papel. No Frigorífico vi uma mocinha (3) comendo salsichas do lixo. (...) Os preços aumentam igual (4) as ondas do mar. Cada qual mais forte. Quem luta com as ondas? Só os tubarões. Mas o tubarão mais feroz é o (6) racional. É o terrestre. É o atacadista. A lentilha está a 100 (7) cruzeiros o quilo. Um fato que alegrou-me imensamente. (8) Eu dancei, cantei e pulei. E agradeci o rei dos juízes que é Deus.

Foi em janeiro quando as águas invadiu os armazéns e (10) estragou os alimentos. Bem feito. Em vez de vender barato, (11) guarda esperando alta de preços: Vi os homens jogar sacos de arroz dentro do rio. Bacalhau, queijo, doces. Fiquei com (13) inveja dos peixes que não trabalham e passam bem.

Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada.

São Paulo: Ática, 2004, p. 54 (com adaptações).Julgue os itens que se seguem com (C)Certo e (E) Errado.

Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens seguintes.

(Crase) 10. O emprego do sinal indicativo de crase em “as ondas” (l.4) é facultativo, uma vez que a palavra “igual” (l.3), que equivale a “como”, dispensa a preposição.

Resposta “Errada”.

Usa-se crase. Substituir a palavra feminina por uma masculina correspondente. Se aparecer ao ou aos diante de palavras masculinas, é porque ocorre a crase.

“Os preços aumentam igual as ondas do mar..” A + A(S) = À(S) + palavra feminina.

“Os preços aumentam igual aos peixes do mar..” A (preposição) + O(S) (artigo) + palavra masculina.

(Oração Coordenada) 11. O ponto final logo após as orações coordenadas “dancei, cantei e pulei” (l.8) pode ser substituído por vírgula sem prejuízo gramatical ou de sentido, desde que a conjunção “E” (l.8) seja escrita em minúscula.

Resposta “Correta”.

Oração coordenada é a que se coloca do lado de outra, sem desempenhar função sintática; são sintaticamente independentes. As orações coordenadas são classificadas em: sindéticas e assindéticas. Dentro das Sindéticas, temos as aditivas que estabelecem idéias de adição, soma, como no período mencionado: “Eu dancei, cantei, pulei e agradeci o rei dos juízes que é Deus.” (a conjunção “e” é aditiva).

Carta do desembargador X... ao chefe de polícia da Corte

Corte, 20 de setembro de 1875.

Desculpe V. Ex.ª o tremido da letra e o desgrenhado do estilo; entendê-los-á daqui a pouco. Hoje, à tardinha, (4) acabado o jantar, enquanto esperava a hora do Cassino, estirei-me no sofá e abri um tomo de Plutarco. V. Ex.ª, que foi meu companheiro de estudos, há de lembrar-se que eu, (7) desde rapaz, padeci esta devoção ao grego; devoção ou mania, que era o nome que V. Ex.ª lhe dava, e tão intensa que me ia fazendo reprovar em outras disciplinas. Abri o (10) tomo, e sucedeu o que sempre se dá comigo quando leio alguma cousa antiga: transporto-me ao tempo e ao meio da ação ou da obra. Foi o que se deu hoje. A página aberta (13) acertou de ser a vida de Alcebíades. (...) Juro a V. Ex.ª que não acreditei; por

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mais fiel que fosse o testemunho dos sentidos, não podia acabar de crer que tivesse ali, em minha (16) casa, não a sombra de Alcebíades, mas o próprio Alcebíades redivivo. Nutri ainda a esperança de que tudo aquilo não fosse mais do que o efeito de uma digestão mal rematada, um (19) simples eflúvio do quilo, através da luneta de Plutarco. (...) Alcebíades olhou para mim, cambaleou e caiu. Corri ao ilustre ateniense, para levantá-lo, mas (com dor o digo) era (22) tarde; estava morto, morto pela segunda vez. Rogo a V. Ex.ª se digne de expedir suas respeitáveis ordens para que o cadáver seja transportado ao necrotério, e se proceda ao (25) corpo de delito, relevando-me de não ir pessoalmente à casa de V. Ex.ª agora mesmo (dez da noite) em atenção ao profundo abalo por que acabo de passar, o que aliás farei (28) amanhã de manhã, antes das oito.

Machado de Assis. Uma visita de Alcebíades. In: 50 contos de Machado de Assis.

São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 91-8 (com adaptações).

Com relação aos sentidos e às estruturas linguísticas do texto Carta do desembargador X... ao chefe de polícia da Corte e à redação de correspondências oficiais, julgue os itens subsequentes.

Julgue o iten subsequente com (C) Certo e (E) Erradp

(Regência) 12. Em “padeci esta devoção ao grego” (l.7), não haveria prejuízo para o sentido e para a correção gramatical do texto, se fosse empregada a palavra desta em lugar de “esta”.

Resposta “Correta”.

A regência do verbo “padecer” pede a preposição “de”, por isso não há prejuízo na troca da palavra “esta” para “desta”.

(TJ-MG/2007) Técnico Judiciário - Analista de Recursos Humanos

As questões de 13 a 19 relacionam-se com o texto abaixo. Leia-o com atenção antes de respondê-la.

Como o rei de um país chuvoso

(1) Um espectro ronda o mundo atual: o espectro do tédio. Ele se manifesta de (2) diversas maneiras. Algumas de suas vítimas invadem o “shopping Center” e, (3) empunhando um cartão de crédito, comprometem o futuro do marido ou da mulher (4) e dos filhos. A maioria opta por ficar horas diante da TV, assistindo a “reality (5) shows”, os quais, por razões que me escapam, tornam interessante para seu (6) público a vida comum de estranhos, ou seja, algo idêntico à própria rotina considerada vazia, claustrofóbica.

(8) O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, (9) julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio. Crianças sempre foram (10) capazes de se divertir umas com as outras ou até sozinhas. Dotadas de cérebros (11) que, como esponjas, tudo absorvem e de um ambiente, qualquer um, no qual tudo (12) é novo, tudo é infinito, nunca lhes faltam informação e dados a processar. Elas (13) não precisam ser

entretidas pelos adultos, pois o que quer que estes façam ou deixem de fazer lhes desperta, por definição, a curiosidade natural e aguça seus (15) instintos analíticos. E, todavia, os pais se vêem cada vez mais compelidos a (16) inventar maneiras de distrair seus filhos durante as horas ociosas destes, um (17) conceito que, na minha infância, não existia. É a idéia de que, se a família os (18) ocupar com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida.

Sendo assim, os pais, simplesmente, não deixam os filhos pararem. (20) Se o mal em si nada tem de original e, ao que tudo indica, surgiu, assim como (21) o medo, o nojo e a raiva, junto com nossa espécie ou, quem sabe, antes, também (22) é verdade que, por milênios, somente uma minoria dispunha das precondições necessárias para sofrer dele. (23) Falamos do homem cujas refeições da semana dependiam do que (24) conseguiria caçar na segunda-feira, antes de, na terça, estar (25) fraco o bastante para se converter em caça e de uma mulher que, de sol a sol, (26) trabalhava com a enxada ou o pilão. Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio, (27) que pressupõe ócio abundante e sistemático para se manifestar em grande (28) escala. Ninguém lhe oferecia facilidades. Por isso é que, até onde a memória coletiva alcança, o problema quase sempre se restringia ao topo da pirâmide (30) social, a reis, nobres, magnatas, aos membros privilegiados de sociedades que, (31) organizadas e avançadas, transformavam a faina abusiva da maioria no luxo de (32) pouquíssimos eleitos.

(33) O tédio, portanto, foi um produto de luxo, e isso até tão recentemente que (34) Baudelaire, para, há século e meio, descrevê-lo, comparou-se ao rei de um país (35) chuvoso, como se experimentar delicadeza tão refinada elevasse socialmente quem não passava de “aristocrata de espírito”.

(37) Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que, (38) previamente, eram raridades reservadas a uma elite mínima. E, se houve um (39) produto que se difundiu com sucesso notável pelos mais inesperados andares e (40) recantos do edifício social, esse produto foi o tédio. Nem se requer uma fartura de (41) Primeiro Mundo para se chegar à sua massificação. Basta, a rigor, que à (42) satisfação do biologicamente básico se associe o cerceamento de outras (43) possibilidades (como, inclusive, a da fuga ou da emigração), para que o tempo (44) ocioso ou inútil se encarregue do resto. Foi assim que, após as emoções (45) fornecidas por Stalin e Hitler, os países socialistas se revelaram exímios (46) fabricantes de tédio, único bem em cuja produção competiram à altura com seus (47) rivais capitalistas. O tédio não é piada, nem um problema menor. Ele é central. Se (48) não existisse o tédio, não haveria, por exemplo, tantas empresas de (49) entretenimento e tantas fortunas decorrentes delas. Seja como for, nem esta nem (50) soluções tradicionais (a alta cultura, a religião organizada) resolverão seus (51) impasses. Que fazer com essa novidade histórica, as massas de crianças e jovens perpetuamente desempregados, funcionários, gente aposentada e cidadãos em geral ameaçados não pela fome, guerra ou epidemias, mas pelo tédio, algo que ainda ontem afetava apenas alguns monarcas?

ASCHER, Nélson, Folha de S. Paulo, 9 abr. 2007, Ilustrada. (Texto adaptado)

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(Ortografia e Preposição) 13. “O mal ataca hoje em dia faixas etárias que, uma ou duas gerações atrás, julgávamos naturalmente imunizadas a seu contágio.” (linhas 8-9).

A expressão destacada pode ser substituída sem alteração significativa do sentido por

a) a uma ou duas gerações.b) acerca de duas gerações.c) há uma ou duas gerações.d) por uma ou duas gerações.

Resposta “C”.

A alternativa “a” está incorreta, pois a preposição “a” não remete a tempo, como o verbo haver (existir e fazer). A alternativa “b” está incorreta, pois “a cerca de” significa “aproximadamente”, “mais ou menos”, deixando o sentido em dúvida. Quanto à alternativa “d”, a preposição “por” muda o sentido afirmando que o mal ataca hoje em dia faixas etárias que somente há uma ou duas gerações atrás, julgávamos... não podendo ter acontecido em outras gerações. Confirmamos então a veracidade da alternativa “c”.

(Oração Subordinada) 14. A supressão da vírgula implica alteração do sentido em

a) “Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que, previamente, eram raridades reservadas a uma elite mínima.” (linhas 37-38). Coube à Revolução Industrial a produção em massa daquilo que previamente eram raridades reservadas a uma elite mínima.

b) “Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio, que pressupõe ócio abundante e sistemático [...]” (linhas 26-27) Nenhum deles tinha tempo de sentir o tédio que pressupõe ócio abundante e sistemático [...]

c) “O tédio não é piada, nem um problema menor.” (linha 47). O tédio não é piada nem um problema menor.

d) “[...] também é verdade que, por milênios, somente uma minoria dispunha das precondições necessárias [...]” (linhas 21-23). [...] também é verdade que por milênios somente uma minoria dispunha das precondições necessárias [...]

Resposta “B”.

Usando a vírgula, assim como na primeira frase, obtemos uma oração adjetiva explicativa. Já na segunda frase, sem a vírgula, nos deparamos com uma oração adjetiva restritiva. A oração adjetiva restritiva sempre fará referência a uma parte de um todo, portanto essa identificação partitiva (a parte de um todo) nasce com o intuito de diferenciar um subgrupo dentro de um grupo maior. Já a oração adjetiva explicativa, por sua vez, refere-se sempre a um todo, a um conjunto em sua totalidade; não se quer diferenciar, mas, sim, acrescentar uma informação suplementar.

(Colocação Pronominal) 15. A alteração da colocação pronominal acarreta erro em

a) “E, todavia, os pais se vêem cada vez mais compelidos [...]” (linha 15). E, todavia, os pais vêem-se cada vez mais compelidos [...]

b) “[...] que Baudelaire, para, há século e meio, descrevê-lo, comparou-se [...]” (linhas 33-34). [...] que Baudelaire, para o descrever, há século e meio, comparou-se [...]

c) “[...] se a família os ocupar com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida.” (linhas 17-18). [...] se a família ocupá-los com atividades, os filhos terão mais facilidades na vida.

d) “[...] sentir o tédio [...] para se manifestar em grande escala.” (linhas 26-28). [...] sentir o tédio [...] para manifestar-se em grande escala.

Resposta “D”.

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha função de complemento.

A colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. No primeiro caso temos a próclise, aplicada antes do verbo quando temos: palavras com sentido negativo; Advérbios; pronomes relativos; pronomes indefinidos; pronomes demonstrativos; preposição seguida de gerúndio e conjunção subordinativa. No segundo caso temos ênclise, empregada depois do verbo. A norma culta não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise vai acontecer quando: o verbo estiver no imperativo afirmativo, o verbo iniciar a oração; o verbo estiver no infinitivo; o verbo estiver no gerúndio e houver vírgula ou pausa antes do verbo.

(Colocação Pronominal) 16. O pronome utilizado na expressão entre parênteses está CORRETO e corresponde ao termo destacado em

a) “A maioria [...] assistindo a reality shows [...]” (linha 4) (ASSISTINDO-OS)

b) “Algumas de suas vítimas [...] comprometem o futuro do marido ou da mulher e dos filhos.” (linhas 2-4) (COMPROMETEM-NOS)

c) “Seja como for, nem esta nem soluções tradicionais [...] resolverão seus impasses.” (linhas 49-51) (RESOLVER-LHES-ÃO)

d) “[...] os quais [...] tornam interessante para seu público a vida comum de estranhos [...]” (linhas 5-6) (TORNAM-NA INTERESSANTE PARA SEU PÚBLICO)

Resposta “D”.

A colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem. Temos no exercício a ênclise, empregada depois do verbo. A norma culta não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise vai acontecer quando: o verbo estiver no imperativo afirmativo, o verbo iniciar a oração; o verbo estiver no infinitivo; o verbo estiver no gerúndio e houver vírgula ou pausa antes do verbo.

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(Vozes do Verbo) 17. A forma ativa correspondente a “[...] Elas não precisam ser entretidas pelos adultos [...]” (linhas 12-13) é

a) Não se precisou entreter as crianças.b) Os adultos não as entretêm.c) Os adultos não as vão entreter.d) Os adultos não precisam entretê-las.

Resposta “D”.Como já é do nosso conhecimento, a classe gramatical ora

denominada de “verbo”, é aquela, dentre as demais, que mais apresenta flexões. Tais flexões referem-se a tempo, modo, pessoa, número e voz.

Dando ênfase às vozes do verbo, torna-se importante ressaltar que as mesmas estão diretamente ligadas à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito.

No caso do primeiro período encontra-se na voz passiva, pois o sujeito torna-se paciente, isto é, ele sofre a ação expressa pelo fato verbal. E a forma ativa correspondente é: “Os adultos não precisam entretê-las.”. O sujeito é o agente da ação verbal, ou seja, é ele quem a pratica. (voz ativa)

(Verbo) 18. “[...] o tédio [...] pressupõe ócio abundante e sistemático [...]” (linhas 26-28). O verbo pressupor está utilizado de forma errada em

a) O tédio pressupôs ócio abundante e sistemático.b) O tédio pressupusera ócio abundante e sistemático.c) Quando o tédio pressupor ócio abundante e sistemático.d) Se o tédio pressupusesse ócio abundante e sistemático.

Resposta “C”.O pronome relativo “quando” nos informa que o verbo

está no futuro do modo subjuntivo. A conjugação em todas as pessoas fica: quando eu pressupuser; quando tu pressupuseres; quando ele pressupuser; quando nós pressupusermos; quando vós pressupuserdes e quando eles pressupuserem.

Podemos notar que devemos usar a forma “pressupuser” e não “pressupor”.

(Oração Coordenada) 19. “O tédio, portanto, foi um produto de luxo, e isso até tão recentemente que Baudelaire, para, há meio século e meio, descrevê-lo, comparou-se ao rei de um país chuvoso [...]” (linhas 33-35)

O termo destacado apresenta uma ideia de

a) causa.b) concessão.c) conclusão.d) consequência.

Resposta “C”.Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois

termos de uma mesma oração. Neste caso a palavra “portanto” nos remete a uma oração coordenada conclusiva, que exprime ideia de conclusão ou consequência entre as orações. São elas: logo, pois (posposto ao verbo), portanto, assim, por isso, por conseguinte, então.

(TJ-PR/2009) - ANALISTA DE SISTEMAS

O texto a seguir servirá de referência para as questões de 20 a 22.

06/07/2009 - 12h20Crise deixará até 90 milhões a mais de pessoas desnutridas,

diz ONU da Folha Online. Atualizado às 12h35.

(1) A atual recessão global, que ganhou força a partir de setembro do ano passado, reverteu 20 anos de declínio na pobreza mundial e deve elevar em até 90 milhões de pessoas o número de desnutridos, disse nesta segunda-feira o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon.

(2) A estimativa, que consta do “Relatório das Metas de Desenvolvimento do Milênio”, divulgado hoje em Genebra (Suíça), sugere que 17% da população mundial (estimada em 6,8 bilhões) estará em condição de pobreza extrema até o fim deste ano.

(3) “Em 2009, estarão vivendo na pobreza extrema entre 55 milhões e 90 milhões de pessoas a mais que o estimado antes da crise mundial”, diz o documento. As Metas do Milênio são um conjunto de diretrizes fixadas pela ONU para reduzir pela metade, até 2015, os níveis da pobreza extrema de 1990. O programa inclui ainda a redução da mortalidade infantil e a garantia da sustentabilidade ambiental, entre outros objetivos.

(4) O relatório aponta ainda para o declínio na ajuda externa a países pobres, o que pode provocar ainda mais casos de violência e de doenças. O secretário-geral da ONU pediu ainda ao G8 (grupo dos sete países mais ricos e a Rússia), que se reunirá na Itália entre os dias 8 e 10 deste mês, para ampliar as ajudas, especialmente para a África.

(5) “A credibilidade do sistema internacional depende do quanto os doadores oferecerem”, afirmou. “A decência humana e a solidariedade global exigem que nos mobilizemos pelos mais pobres e mais vulneráveis dentre nós.”

(6) Ele destacou os compromissos assumidos pelo G8 de aumentar as ajudas financeiras e técnicas aos países em desenvolvimento para que atinjam as Metas do Milênio até 2010 para US$ 50 bilhões, metade desse montante para a África. Mas a ajuda ainda está ao menos US$ 20 bilhões abaixo da meta, destacou.

(Pronome e Concordância) 20. A respeito da morfossintaxe da norma padrão da língua, analise as afirmativas e assinale a que apresenta todas as opções corretas.

I. Nas duas primeiras ocorrências, a palavra que é pronome relativo na função sintática de sujeito.

II. Se a expressão da população mundial (2) fosse suprimida, a concordância verbal seria, obrigatoriamente, plural.

III. O primeiro período do 3.º parágrafo é composto; o último, simples.

IV. O primeiro período do 4.º parágrafo apresenta uma locução verbal; os termos grifados são pronomes: demonstrativo e relativo.

V. O pronome pessoal do caso reto – 6.º parágrafo – retoma secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

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a) I, III e IVb) II e Vc) I, II, III, IV e Vd) III e V

Resposta “C”.

Afirmativa I: O pronome relativo “que” pode ser usado em uma sentença para substituir uma pessoa ou uma coisa, estando elas no singular ou no plural, por isso é conhecido por “pronome relativo universal”, pelo fato de seu emprego ser diverso. Dentro de uma oração adjetiva, ele poderá exercer funções de objetos direto e indireto, sujeito, predicativo, agente da passiva, adjunto adverbial e complemento nominal. Para verificar então quando ele vem a desempenhar função de sujeito, o leitor pode fazer uso do seguinte raciocínio: a) substitua o pronome “que” pelo seu antecedente na oração; b) detecte qual função sintática o antecedente assumiu na posição que ocupa na nova frase criada; c) essa função sintática assumida pelo antecedente será a mesma que devemos utilizar para classificar o pronome relativo “que” que fora substituído.

Afirmativa II: Em se tratando de porcentagem relacionada a verbo, devemos observar se existe alguma palavra ou expressão (chamada de partitivo) que determine ou especifique parte do todo. Entendamos por partitivo a expressão composta pela preposição “de” + qualquer substantivo. No caso de haver tal partitivo, o verbo irá concordar com ele, preferencialmente, ou poderá concordar com o numeral. Por conseguinte, caso não haja partitivo, o verbo deverá concordar com o numeral mencionado. Assim, no nosso caso, se suprimíssemos a expressão “da população mundial”, o verbo “estará” teria obrigatoriamente que ser flexionado para o plural, concordando com o numeral “17%”.

Afirmativa III: O primeiro período do terceiro parágrafo é composto, porque é formado por mais de uma oração. Oração é todo agrupamento de palavras estruturado invariavelmente ao redor de um verbo, e, apresentando, muitas vezes, sujeito e predicado. Vemos, então, que os trechos regidos pela locução verbal “estarão vivendo” e pelo verbo “diz”, delimitam dois períodos. Por outro lado, o último período do terceiro parágrafo é simples, porque a frase apresenta apenas uma oração marcada pelo verbo “inclui”.

Afirmativa IV: Período pode ser qualquer frase que possua uma ou mais orações e pode ser classificado em período simples (no qual há somente uma oração) ou composto (quando há mais de uma oração). Portanto, podemos delimitar o primeiro período do quarto parágrafo com o seguinte trecho: “O relatório aponta ainda para o declínio na ajuda externa a países pobres, o que pode provocar ainda mais casos de violência e de doenças.” Com relação ao período destacado acima, devemos observar se há a ocorrência de uma locução verbal. Entendamos por locução verbal a junção de um verbo auxiliar (que deverá estar conjugado) + um verbo principal (que deverá apresentar-se ou no infinitivo, ou no gerúndio ou na forma de particípio).

No caso, vemos que “pode provocar” atende aos requisitos essenciais de uma locução verbal. Agora, mudando para o outro foco da questão, precisamos constatar se os termos grifados no parágrafo são pronomes demonstrativo e relativo. Vejamos: Pronomes relativos são utilizados para nos referir a um ou mais termos mencionados anteriormente. Eles podem subdividir-se em variáveis (o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas) ou invariáveis (que, quem,

onde). Já o pronome demonstrativo é aquele que indica a posição de um ser em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo ou no espaço.

Afirmativa V: Os pronomes pessoais do caso reto funcionam como sujeito ou como predicativo do sujeito. São oito: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.

No sexto parágrafo, o pronome “Ele” foi utilizado para auxiliar na coesão textual, retomando um sujeito já mencionado anteriormente. A esta coesão feita por retomada dá-se o nome de “anáfora” e pode ser exercida tanto por pronomes, quanto por verbos, numerais, advérbios, substantivos ou adjetivos.

Concluímos, então, que o pronome “Ele” refere-se à pessoa que fez as afirmações do quinto parágrafo, ou seja, ao secretário-geral da ONU, cujo discurso começara a ser mencionado no quarto parágrafo.

(Flexão Verbal) 21. Assinale a opção que apresenta o período que obedece completamente à norma padrão da língua.

a) Mesmo havendo uma estimativa anterior alarmante, o número de pessoas que vivem na mais extrema pobreza é bem maior que o esperado, consoante dados divulgados pela ONU.

b) O G8 (grupo dos sete países mais ricos e a Rússia) reuniram-se no mês de Julho afim de discutir a questão da ajuda aos países mais pobres, conforme é destacado no jornal Folha de S. Paulo.

c) Conforme o que os doadores oferecerem, a ajuda aos mais pobres é inegável, mesmo para os países cujos os governantes sejam contrários à decisões impostas pela ONU.

d) Ajudas financeiras-técnicas são indispensáveis aos mais pobres, especialmente à África, continente que apresenta os maiores índices de doenças, especialmente como a desnutrição infantil e mortalidade infantil.

Resposta “A”.

Na letra “A”, o verbo “viver,” foi corretamente flexionado para concordar com o antecedente “pessoas” que está no plural. Na letra “B”, o verbo “reuniram-se” deveria ter concordado com o sujeito “G8”, permanecendo na forma singular “reuniu-se”; nesta mesma alternativa, a locução prepositiva “a fim de” deveria ter sido empregada ao invés de “afim de”, pois indica uma finalidade e equivale a “para”, “com o propósito de” e “com a intenção de”. Com relação à opção “C”, não se pode usar os artigos “o, a, os, as” depois do pronome relativo “cujo”, por isso eles deveriam contrair-se, ficando: “cujo + os = cujos”. Na letra “D”, temos o substantivo composto “financeiras-técnicas” que teve sua forma plural e sua ordem de palavras feitas incorretamente. Primeiro, quando formamos um substantivo composto por duas palavras ligadas por hífen, devemos posicionar a menor palavra em primeiro lugar na sequência (técnicas-), e, depois do hífen, a palavra maior (-financeiras). Como estamos falando de algo no plural (Ajudas) e precisamos, agora, fazer o adjetivo (técnicas-financeiras) concordar com ele. Para isso, devemos observar se a última palavra da direita isoladamente é um adjetivo. Se for, coloque-a no plural (-financeiras). Em relação à palavra da esquerda, sempre a mantenha no singular (técnico-). Assim, teríamos obtido “Ajudas técnico-financeiras”. O mesmo ocorre nos conhecidos casos: medidas sócio-culturais, relações luso-brasileiras, atritos nipo-britânicos, etc.

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(Verbo e Análise Sintática) 22. “Ele destacou os compromissos assumidos pelo G8...” (6). O período que exige o mesmo tipo de complemento que o verbo grifado no exemplo é:

a) “A estimativa, que consta do ‘Relatório das Metas de Desenvolvimento do Milênio’, divulgado hoje em...”

b) “As Metas do Milênio são um conjunto de diretrizes fixadas pela ONU para...”

c) “O programa inclui ainda a redução da mortalidade infantil e a garantia da sustentabilidade ambiental...”

d) “A credibilidade do sistema internacional depende do quanto os doadores oferecerem.”

Resposta “C”.

Na frase em questão, observa-se que quem destaca, destaca algo em alguém/alguma coisa. Portanto, este verbo é considerado transitivo direto e necessita de um objeto direto, ou seja, de um complemento sem o auxílio de uma preposição.

Letra A: Quando alguma coisa consta, consta de algo. Ou seja, o verbo constar necessita da preposição “de”, ou, em outros casos, da preposição “em”. Por isso, é considerado transitivo indireto.

Letra B: O verbo “ser” é considerado verbo de ligação, sendo assim, funciona como ponte entre o sujeito e o objeto a que ele está diretamente relacionado. Este objeto, neste caso é conhecido como “predicativo do sujeito”, que pode ser representado por um substantivo ou adjetivo.

Letra C: Quem inclui, inclui alguma coisa em algo. Assim, concluímos que o verbo incluir é considerado transitivo e necessita de um complemento sem o auxílio de preposição, ou seja, de um objeto direto assim como no caso abordado no enunciado deste exercício. Por isso, a resposta desta questão é a letra C.

Letra D: Quem depende, depende de algo ou alguém. Assim sendo, faz-se necessária a utilização de um objeto precedido pela preposição “de”.

Texto I

(1) A inauguração das transmissões da TV digital em (2) São Paulo é muito mais que o início da convivência com uma (3) novidade tecnológica. São incalculáveis as possibilidades (4) de desenvolvimento de produtos que a TV digital passa (5) a oferecer à indústria e à criatividade brasileira.

(6) O telespectador poderá congelar uma imagem e, em um (7) clique, pedir mais detalhes. Poderá fazer compras (8) diretamente no vídeo, solicitar a repetição de um programa (9) e responder a enquetes.

(10) E, para os que se impressionaram com os (11) improvisos que marcaram os primeiros passos da nova fase, (12) impõe-se lembrar o arrojo de um dos brasileiros que mais (13) bem souberam apostar no futuro do país. Assis (14) Chateaubriand logo se deu conta da potencialidade da (15) televisão e, ao enfrentar a descrença e as dificuldades do pós- (16) guerra, inaugurou no Brasil a primeira emissora de tevê da (17) América Latina e a quarta do mundo. Em 18 de setembro de (18) 1950, a TV Tupi entrou no ar e deu exemplo que deve ser (19) lembrado aos jovens empreendedores.

(20) Mas de que adiantaria ligar o transmissor da TV (21) Tupi, se em São Paulo ninguém, em 1950, tinha um (22)

televisor? Ele não se intimidou. Comprou nos Estados (23) Unidos 200 aparelhos e os distribuiu em pontos estratégicos (24) da cidade. Nos anos seguintes, para consolidar a televisão no (25) país, instalou várias emissoras, como a TV Itacolomi, de (26) Belo Horizonte, em 1955.

(27) O resultado da aposta é que, atualmente, 94% dos (28) lares brasileiros têm pelo menos um aparelho de tevê, (29) representando um dos maiores mercados do mundo, (30) perfeitamente capaz de viabilizar, a curto prazo, a TV digital.

(31) É com a coragem de empreender e com a determinação de (32) superar obstáculos que o Brasil precisa contar para não (33) sucumbir à competição internacional e para vencer os atrasos (34) de que ainda padece.

Correio Braziliense, 9/12/2007 (com adaptações)

Em relação às ideias e às estruturas do texto acima, julgue os itens de 23 a 27 com (C) Correto e (E) Errado.

(Crase) 23. Na linha 5, em “à indústria e à criatividade”, o sinal indicativo de crase justifica-se pela regência do verbo “oferecer”, que exige preposição, e pela presença de artigo definido feminino.

Resposta “C”.

Crase é a fusão de duas vogais idênticas. Representa-se graficamente a crase pelo acento grave. Ocorrerá a crase sempre que houver um termo que exija a preposição a e outro termo que aceite o artigo a. Vejamos: quem oferece, oferece a + a (de indústria) + a de criatividade. Um método prático para perceber se existe crase é verificar se o “a” antes de uma palavra masculina se transforma em “ao”; nesse caso, haverá crase: “oferecer à indústria e à criatividade brasileira” = “oferecer ao industrial e ao criador”.

(Significação das Palavras) 24. O termo “arrojo” (12) está sendo empregado com o sentido de “audácia”, “ousadia”.

Resposta “C”.

Questão de sinonímia, divisão na semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem significado ou sentido semelhante. É a relação das palavras que possuem sentido, significados comuns. No texto, o termo “arrojo” significa “audácia”, “ousadia”.

ANOTAÇÕES

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