questões comentadas portugues concurso

107
Atenção: As questões de números 1 a 6 baseiam-se no texto seguinte. A economia do Nordeste beneficiou-se, principalmente, de um modelo econômico que priorizou a demanda. A expansão dos programas sociais e, sobretudo, o aumento do salário mínimo tiveram sobre a região um impacto bem maior do que no restante do país. A economista Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembra que metade das famílias que ganham um salário mínimo se encontra no Nordeste. A população nordestina também absorve 55% do orçamento destinado ao Bolsa Família. "Pela estrutura de renda da região, mais baixa que no resto do país, o efeito das políticas que mexeram com a renda foi maior aqui. O aumento dessas receitas impulsionou o consumo e atraiu investimentos, especialmente dos grandes grupos de alimentos, bebidas, varejistas e distribuição de alimentos." Investimentos em infraestrutura, como a duplicação da BR-101, a transposição do rio São Francisco e a construção da ferrovia Transnordestina injetaram bilhões na economia e ajudaram a dinamizar a construção civil, assim como os investimentos da Petrobras – que asseguraram à indústria naval a demanda necessária para voltar a investir depois de mais de uma década sem produzir um único navio. A interiorização das universidades federais e a criação de novos institutos tecnológicos também mudam a cara do Nordeste, especialmente nas cidades médias. É o caso de Caruaru, um dos municípios que mais crescem na região. Nos últimos anos, a "Princesa do Agreste", mais conhecida por suas confecções e pelas feiras que movimentam milhões de reais, atraiu estudantes e professores de todos os lugares e observou uma profunda transformação em seus hábitos. A outra face do "novo Nordeste" está no campo. Nas áreas de Cerrado, como no oeste da Bahia e no sul do Maranhão, o agronegócio avança e transforma chapadões em imensas propriedades produtoras de soja. No Semiárido, onde as condições são bem menos favoráveis, o aumento dos recursos destinados a financiar a agricultura familiar e o empreendedorismo dos pequenos ajudam a mudar a vida das pessoas. É o que se observa em Picos, polo produtor de mel e caju no sertão do Piauí. (Gerson de Freitas Jr., Carta Capital, 15 de dezembro de 2010, p. 24, com adaptações) QUESTÃO 1 De acordo com o texto, o aumento da demanda no Nordeste se deu, principalmente, (A) em consequência dos recursos trazidos pelos programas sociais e pelo aumento do salário mínimo. (B) em razão do estabelecimento na região de diversos distribuidores de alimentos e de bebidas. (C) pela transformação de áreas antes pouco aproveitáveis em produtoras de grãos, como a soja. (D) pelas mudanças ocorridas em cidades médias, que se tornaram polos de

Upload: jesse-galeao

Post on 12-May-2017

286 views

Category:

Documents


21 download

TRANSCRIPT

Page 1: Questões Comentadas Portugues Concurso

Atenção: As questões de números 1 a 6 baseiam-se no texto seguinte.

          A economia do Nordeste beneficiou-se, principalmente, de um modelo econômico que priorizou a demanda. A expansão dos programas sociais e, sobretudo, o aumento do salário mínimo tiveram sobre a região um impacto bem maior do que no restante do país. A economista Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembra que metade das famílias que ganham um salário mínimo se encontra no Nordeste. A população nordestina também absorve 55% do orçamento destinado ao Bolsa Família. "Pela estrutura de renda da região, mais baixa que no resto do país, o efeito das políticas que mexeram com a renda foi maior aqui. O aumento dessas receitas impulsionou o consumo e atraiu investimentos, especialmente dos grandes grupos de alimentos, bebidas, varejistas e distribuição de alimentos."           Investimentos em infraestrutura, como a duplicação da BR-101, a transposição do rio São Francisco e a construção da ferrovia Transnordestina injetaram bilhões na economia e ajudaram a dinamizar a construção civil, assim como os investimentos da Petrobras – que asseguraram à indústria naval a demanda necessária para voltar a investir depois de mais de uma década sem produzir um único navio.         A interiorização das universidades federais e a criação de novos institutos tecnológicos também mudam a cara do Nordeste, especialmente nas cidades médias. É o caso de Caruaru, um dos municípios que mais crescem na região. Nos últimos anos, a "Princesa do Agreste", mais conhecida por suas confecções e pelas feiras que movimentam milhões de reais, atraiu estudantes e professores de todos os lugares e observou uma profunda transformação em seus hábitos.        A outra face do "novo Nordeste" está no campo. Nas áreas de Cerrado, como no oeste da Bahia e no sul do Maranhão, o agronegócio avança e transforma chapadões em imensas propriedades produtoras de soja. No Semiárido, onde as condições são bem menos favoráveis, o aumento dos recursos destinados a financiar a agricultura familiar e o empreendedorismo dos pequenos ajudam a mudar a vida das pessoas. É o que se observa em Picos, polo produtor de mel e caju no sertão do Piauí.

(Gerson de Freitas Jr., Carta Capital, 15 de dezembro de 2010, p. 24, com adaptações)

QUESTÃO 1 De acordo com o texto, o aumento da demanda no Nordeste se deu, principalmente,

(A) em consequência dos recursos trazidos pelos programas sociais e pelo aumento do salário mínimo.(B) em razão do estabelecimento na região de diversos distribuidores de alimentos e de bebidas.(C) pela transformação de áreas antes pouco aproveitáveis em produtoras de grãos, como a soja.(D) pelas mudanças ocorridas em cidades médias, que se tornaram polos de desenvolvimento tecnológico.(E) devido ao fato de que a maior parte da população nordestina recebe apenas o salário mínimo.

Comentário:

Questão de interpretação.

Como se observa no texto, especificamente no primeiro parágrafo, o que gerou o aumento da demanda no Nordeste foram os recursos vindos dos programas sociais e o aumento do salário mínino - a alternativa (A) está correta.  

Veja: "A economia do Nordeste beneficiou-se, principalmente, de um modelo econômico que priorizou a demanda. A expansão dos programas sociais e, sobretudo, o aumento do salário mínimo tiveram sobre a região um impacto bem maior do que no restante do país." Esse aumento da demana gerou outras coisas, como o que foi apresentado na alternativa (B).  

O que está nas alternativas (C) e (D) diz respeito a outros espectos relacionados ao desenvolvimento da região Nordeste, e não necessariamente ao aumento da demanda. 

E o que se apresenta na alternativa (E) é um que fato que não tem qualquer relação com o aumento da demanda.

QUESTÃO 2A interiorização das universidades federais e a criação de novos institutos tecnológicos também mudam a cara

Page 2: Questões Comentadas Portugues Concurso

do o Nordeste... (3 parágrafo)

O mesmo tipo de complemento grifado acima está na frase:

(A) A outra face do "novo Nordeste" está no campo.(B) ... onde as condições são bem menos favoráveis ...(C) ... que mexeram com a renda ...(D) ... que mais crescem na região.(E) ... que movimentam milhões de reais ...

Comentário:Questão de sintaxe, de análise dos termos da oração. Vejamos a análise do período do enunciado: 

A interiorização das universidades federais e a criação de novos institutos tecnológicos também mudam a cara do Nordeste.

Esse período tem o verbo "mudam", que é um verbo transitivo direto (VTD): esse verbo deve ter um sujeito e um objeto direto.

"A interiorização das universidades federais e a criação de novos institutos tecnológicos" = sujeito

"a cara do Nordeste" = objeto direto. --> "mudam" o quê? Resposta: "a cara do Nordeste". A resposta para a pergunta "o quê?" feita ao verbo é o objeto direto.

Vejamos cada alternativa:

(A) A outra face do "novo Nordeste" está no campo. 

"A outra face do "novo Nordeste" = sujeito "está" = verbo intransitivo "no campo" = adjunto adverbial de lugar

(B) ...onde as condições são bem menos favoráveis...

"as condições" = sujeito "são" = verbo de ligação "favoráveis" = predicativo do sujeito

(C) ...que mexeram com a renda...

"mexeram" = verbo transitivo indireto sujeito = "políticas" (veja no texto que o sujeito está explícito na sentença) "com a renda" = objeto indireto --> "mexeram" com o quê? Resposta: "com a renda..." A resposta para a pergunta "com o quê?" feita ao verbo é o objeto indireto.

(D) ...que mais crescem na região.

"crescem" = verbo intransitivo "na região" = adjunto adverbial de lugar

(E) ... que movimentam milhões de reais...

"movimentam" = verbo transitivo direto "confecções" e "feiras" = sujeito

Page 3: Questões Comentadas Portugues Concurso

"milhões de reais" = objeto direto. "movimentam" o quẽ? Resposta: "milhões de reais..." A resposta para a pergunta "o quê?" feita ao verbo é o objeto direto.

QUESTÃO 3Considere as afirmativas seguintes:

I - As aspas que aparecem no 1o parágrafo isolam um trecho que reproduz as palavras da economista citada.

II - Na expressão "Princesa do Agreste" (3o parágrafo) as aspas assinalam a forma como é conhecida popularmente a cidade de Caruaru.

III - Em A outra face do "novo Nordeste" (4o parágrafo), as aspas chamam a atenção para o que é dito no texto sobre o atual desenvolvimento observado em toda a economia nordestina.

Está correto o que consta em

(A) II e III, apenas.(B) I, II e III.(C) I, apenas.(D) III, apenas.(E) I e II, apenas. Comentário:Questão sobre pontuação, especificamente sobre o uso de aspas. 

O que se afirma nas três frases está correto. 

Em I, afirma-se que o uso das aspas foi feito para indicar que as palavras são de outra pessoa, e não do autor do texto, isto é, uma citação. É isso que realmente ocorre no final do primeiro parágrafo.

Em II,  afirma-se que o uso das aspas foi feito para indicar uma expressão popular. A expressão "Princesa do Agreste" é uma expressão popularmente conhecida como referente à cidade de Caruaru.

Em III, afirma-se que o uso das aspas foi feito para realçar uma expressão: novo Nordeste. Essa expressão refere-se, de fato, ao atual cenário nordestino, em que se verifica um desenvolvimento econômico.  Afirmar que desenvolvimento foi observado em toda economia nordestina está correto, pois não foi observado desenvolvimento em uma ou outra região do nordeste, ou seja, não se trata de um desenvolvimento pontual, mas sim de um desenvolvimento do nordeste em geral, de toda a economia da região. 

QUESTÃO 4É correto concluir do que foi afirmado no 2 parágrafo que

(A) os investimentos propiciaram a ampliação da oferta  de empregos, fato que resultou no crescimento da construção civil.(B) a produção de novos navios era necessária para a atuação mais efetiva da Petrobras na região nordestina.(C) a infraestrutura existente em todo o Nordeste permitiu o avanço econômico da região.(D) a transposição do rio São Francisco deverá permitir a expansão de toda a indústria naval.(E) a construção de uma ferrovia facilitará o transporte de alimentos em toda a região, beneficiando a agricultura familiar. Comentário:Mais uma questão de interpretação.

Veja que a alternativa (A) está correta e pode ser confirmada no segundo parágrafo. Observe o seguinte trecho: "...injetaram milhões na economia e ajudaram a dinamizar a construção civil...". Ao dizer que "dinamizaram", isso pode ser interpretado como uma ampliação da oferta  de empregos.  

Page 4: Questões Comentadas Portugues Concurso

É importante pensar no sentido de dinamizar: o que significa "dinamizar a construção civil"?. Dinamizar é o mesmo que  tornar dinâmico, o que pressupõe movimentação. No caso da construção civil, essa movimentação envolveria dinheiro, investimentos, empregos e, por fim, desenvolvimento.

Nem sempre  uma questão de interpretação tem a resposta totalmente explícita, é preciso analisar e ir além do que está escrito: isso é interpretar!

Já o que se afirma nas demais alternativas, sem dúvidas, não está correto.

QUESTÃO 5Observa-se relação entre uma situação e seu efeito nas seguintes afirmativas do texto:

(A) o desenvolvimento de uma agricultura familiar em algumas regiões e os investimentos em infraestrutura.(B) os novos investimentos na agricultura familiar e o avanço do agronegócio no campo.(C) o aumento da renda familiar e maiores investimentos, especialmente na área da alimentação.(D) as obras de transposição do rio São Francisco e a construção da ferrovia Transnordestina.(E) a instalação de universidades federais em cidades do interior e a criação de novos institutos tecnológicos.

Comentário:Questão sobre a interpretação de fato e seu efeito.

Veja que em cada alternativa há duas afirmações, e a segunda deve ser um efeito da primeira, ou seja, o que se afirma na segunda frase deve ser uma consequência do que se afirma na primeira frase.

Para resolver essa questão, é importante voltar ao texto e analisar cada alterantiva com bastante cuidado.

Sobre cada alternativa: 

(A) Veja que a segunda afirmação não é uma consequência da primeira:

1a afirmação: o desenvolvimento de uma agricultura familiar em algumas regiões.2a. afirmação: os investimentos em infraestrutura.

(B) Veja que a segunda afirmação não é uma consequência da primeira:

1a afirmação: os novos investimentos na agricultura familiar.2a. afirmação: avanço do agronegócio no campo.

(C) Veja que a segunda afirmação é, sim, uma consequência da primeira. Confirme isso no primeiro parágrafo do texto.

1a afirmação: o aumento da renda familiar.2a. afirmação: maiores investimentos, especialmente na área da alimentação.

(D) Veja que a segunda afirmação não é uma consequência da primeira:

1a afirmação: as obras de transposição do rio São Francisco.2a. afirmação: a construção da ferrobia Transnordestina.

(E) Veja que a segunda afirmação não é uma consequência da primeira:

1a afirmação: a instalação de universidades federais em cidades do interior.2a. afirmação: a criação de novos institutos tecnológicos.

QUESTÃO 6A concordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase:

Page 5: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) Os investimentos anunciados para o complexo industrial do Porto de Suape, onde se encontra o estaleiro Atlântico Sul, modificou radicalmente a dinâmica da economia da região.(B) Várias empresas, brasileiras e multinacionais, que se instalou no complexo do Porto de Suape estão gerando dezenas de milhares de empregos à população, antes sem qualquer opção de trabalho.(C) Para todos aqueles que vive na região, a abertura de postos de trabalho significaram a possibilidade de planejar a vida, com projetos de longo prazo, aliados à renda e à estabilidade.(D) O desenvolvimento de tecnologias portadoras de futuro, referência às inovações tecnológicas, resultaram no surgimento de um dos ambientes mais ricos do país na área de inovação e empreendedorismo.(E) Muitos migrantes nordestinos, que se retiraram para o Sudeste em busca de melhores condições de vida, estão voltando agora para sua região, atraídos pelo bom desempenho da economia.

Comentário:Questão de concordância.

Vejamos os problemas nas alternativas incorretas:

(A) Os investimentos anunciados para o complexo industrial de Porto Suape, onde se encontra o estaleiro Atlântico Sul, modificou (modificaram >> deve concordar com "os investimentos") radicalmente a dinâmica da economia da região.

(B) Várias empresas, brasileiras e multinacionais, que se   instalou  (se instalaram >> deve concordar com "várias empresas") no complexo do Porto de Saupe estão gerando dezenas de milhares (não vou entrar, aqui, na questão sobre "dezenas de milhar" ou "dezenas de milhares": há problemas a respeito dessa estrutura. Independente disso, essa alternativa tem problema de concordância verbal) de empregos à população, antes sem qualquer opção de trabalho.

(C) Para todos aqueles que  vive  (vivem >> deve concordar com "todos aqueles") na região, a abertura de postos de trabalho significaram (significou >> deve concordar com "a abertura") a possibilidade de planejar a vida, com projetos de longo prazo, aliados à renda e à estabilidade.

(D) O desenvolvimento de tecnologias portadoras de futuro, referência às inovações tecnológicas,  resultaram  (resultou >> deve concordar com "o desenvolvimento") no surgimento de um dos ambientes mais ricos do país  na área  (nas áreas >> deve concordar com "inovação e empreendedorismo") de inovação e empreendedorismo.

Atenção: As questões de números 7 a 13 baseiam-se no texto seguinte.

          Descendo o rio Negro, no Amazonas, o contraste da frondosa copa de uma árvore, muito acima das outras, atiça a ir ao seu encontro. Deve ser uma sumaumeira, que um livro de viagem apresenta como tendo no máximo 40 metros de altura. Para o piloto da embarcação, descendente dos índios baniwa, ia pra lá dos 50, e seu tronco não podia ser abraçado ao mesmo tempo pelos guerreiros de uma tribo. Era necessário conferir.          A visão era inverossímil. A sumaúma, com seu tronco desmedido, escorado por raízes enormes, verdadeiros contra fortes, é uma verdadeira obra-prima. Da família Bombacaceae (Ceiba pentandra), é também conhecida como árvore-da-seda, árvore-da-lã, ceiba, paina-lisa. Espécie tropical, é um dos gigantes da floresta amazônica. Encontrada nas matas de várzea e em áreas periodicamente alagadas, apresenta raízes tabulares, as sapopemas, que podem atingir, dependendo da idade, comprimentos superiores a 7 metros. As flores têm pétalas brancas; o fruto, uma cápsula fusiforme com 10 centímetros, provido de pequenas sementes envoltas por pelos, ou painas. Na iminência de um temporal, o enorme tronco, que armazena grande quantidade de líquido, dá uma descarga de água para as raízes – resultado da variação atmosférica. Ouve-se à distância o ruído do movimento da água.         O barulhão da sumaumeira rendeu uma das mais difundidas histórias da Amazônia. Segundo a crença, o Curupira é o responsável pelo estrondo na mata. Armado com um casco de jabuti, ele bate com força nas sapopemas, a fim de verificar se elas estão fortes para resistir às tempestades. Para os índios ticuna, a sumaúma nos remete à formação da Amazônia: "No princípio estava tudo escuro, sempre frio e sempre noite. Uma enorme sumaumeira fechava o mundo, e por isso não entrava claridade na terra. Quando a árvore caiu, a luz apareceu. Do tronco formou-se o rio Amazonas. De seus galhos surgiram outros rios e igarapés."          Da imaginação para a realidade, o que é certo é que ao seu redor se realizam rituais de fertilidade, fartura,

Page 6: Questões Comentadas Portugues Concurso

prosperidade e assembleias gerais, em que se discutem os interesses da tribo. É a árvore da troca, das crenças, da vida. Um monumento da natureza.

(Heitor e Silvia Reali. Brasil − Almanaque de cultura popular. São Paulo: Andreato Comunicação e Cultura, Dezembro 2006, Ano 8, n. 92, p. 23, com adaptações)

QUESTÃO 7De acordo com o texto, o fenômeno da variação atmosférica

(A) esclarece cientificamente as razões do ruído provocado pela sumaumeira.(B) controla a ocorrência de fortes temporais na região de floresta amazônica.(C) determina a ocasião favorável para a realização de rituais indígenas.(D) justifica a frondosa copa da sumaúma, árvore característica da Amazônia.(E) gera a quantidade de água necessária para o tronco da sumaumeira.

Comentário:Essa é mais uma questão de interpretação.

Vejamos o trecho do texto que apresenta o fenômeno da variação atmosférica: "Na iminência de um temporal, o enorme tronco, que armazena grande quantidade de líquido, dá uma descarga de água para as raízes – resultado da variação atmosférica. Ouve-se à distância o ruído do movimento da água."

Observe que a alternativa (A) está, de fato, correta, e as demais alternativas estão claramente erradas.

QUESTÃO 8Em relação ao desenvolvimento do texto, está INCORRETO o que se afirma em:

(A) Identificam-se impressões pessoais dos autores, deslumbrados com a imponência da sumaumeira avista da na floresta.(B) A realização de ritos em torno da sumaumeira demonstra a veneração que os indígenas dedicam a essa árvore.(C) Há informações específicas sobre a família a que pertence a sumaumeira, principalmente no 2o parágrafo.(D) Há, no 3 parágrafo, transcrição de relato de lenda indígena que explica, no terreno mítico, a formação dos rios da região amazônica.(E) Os autores acolhem como verdadeiras as explicações indígenas para o estranho comportamento da sumaumeira.

Comentário:Outra questão de interpretação. 

Vejamos cada alternativa:(A) Identificam-se impressões pessoais dos autores, deslumbrados com a imponência da sumaumeira avista da na floresta.

A alternativa (A) pode ser confirmada no início do segundo parágrafo: "A visão era inverossímil. A sumaúma, com seu tronco desmedido, escorado por raízes enormes, verdadeiros contra fortes, é uma verdadeira obra-prima."

(B) A realização de ritos em torno da sumaumeira demonstra a veneração que os indígenas dedicam a essa árvore.

A alternativa (B) pode ser confirmada no último parágrafo do texto: "...o que é certo é que ao seu redor se realizam rituais de fertilidade, fartura, prosperidade e assembleias gerais, em que se discutem os interesses da tribo. É a árvore da troca, das crenças, da vida. Um monumento da natureza."

(C) Há informações específicas sobre a família a que pertence a sumaumeira, principalmente no 2o parágrafo.

Page 7: Questões Comentadas Portugues Concurso

 A alternativa (C) pode ser confirmada no terceiro parágrafo: "Da família Bombacaceae (Ceiba pentandra), é também conhecida como árvore-da-seda, árvore-da-lã, ceiba, paina-lisa. Espécie tropical, é um dos gigantes da floresta amazônica."

(D) Há, no 3 parágrafo, transcrição de relato de lenda indígena que explica, no terreno mítico, a formação dos rios da região amazônica.

A alternativa (D) pode ser confirmada no penúltimo parágrafo do texto: "Para os índios ticuna, a sumaúma nos remete à formação da Amazônia: 'No princípio estava tudo escuro, sempre frio e sempre noite. Uma enorme sumaumeira fechava o mundo, e por isso não entrava claridade na terra. Quando a árvore caiu, a luz apareceu. Do tronco formou-se o rio Amazonas. De seus galhos surgiram outros rios e igarapés.'"

(E) Os autores acolhem como verdadeiras as explicações indígenas para o estranho comportamento da sumaumeira.

Veja que a alternativa (E) está incorreta mesmo: o último parágrafo prova isso: "Da imaginação para a realidade..."

QUESTÃO 9É correto concluir do texto que a sumaumeira

(A) provoca afastamento daqueles que a avistam na floresta, pelos inexplicáveis ruídos que ocorrem ao seu redor.(B) deve ser vista mais como lenda ou imaginação, do que como um exemplar de uma espécie da floresta amazônica.(C) é um tipo de árvore raro na floresta amazônica, porque ocupa espaço em demasia, nem sempre possível no meio das outras árvores.(D) faz parte dos mitos dos índios ticuna, que lhe atribuem caráter sagrado, tomando decisões e realizando rituais à volta dela.(E) parece ser bastante frágil, apesar do tamanho, pois precisa de cuidados especiais das tribos indígenas da região para resistir à força dos temporais.

Comentário:As alternativas (A), (B), (C) e (E) podem ser claramente intepretadas como incorretas conforme o texto. 

A alternativa (D) está correta. Veja o que é apresentado na alternativa (B) da questão anterior.

QUESTÃO 10Descendo o rio Negro, no Amazonas, o contraste da frondosa copa de uma árvore, muito acima das outras,  atiça a ir ao seu encontro. (início do texto)

Na fala dos autores, o trecho grifado significa:

(A) nos inspira certo medo.(B) desperta nossa curiosidade.(C) mostra nossa direção na floresta.(D) impede que nos aproximemos dela.(E) tenta nos afastar dali.

Comentário:Essa é uma questão que envolve o conhecimento do sentido de certas palavras e expressões. 

Verifique o sentido de "atiçar" e o sentido de "ir ao encontro" e verá que a única alternativa correta é, de fato, a letra (B)."atiçar", nesse contexto, pode ser interpretado como o mesmo que excitar,  estimular, avivar, promover o desenvolvimento de."ir ao encontro" é o mesmo que encontrar.

Page 8: Questões Comentadas Portugues Concurso

A expressão "atiça ir a seu encontro" pode ser interpretada, então, como estimula a vontade de encontrá-la. Em outras palavras: desperta nossa curiosidade.

QUESTÃO 11Na iminência de um temporal, o enorme tronco, que armazena grande quantidade de líquido, dá uma descarga de água para as raízes – resultado da variação atmosférica. (2o parágrafo)

O sentido do trecho grifado acima está reproduzido com outras palavras em:

(A) Desde que venha a cair uma forte chuva ...(B) Depois de uma forte tempestade ...(C) Quando se aproxima uma tempestade ...(D) Com a força destruidora das águas ...(E) Para que o temporal venha com força ...

Comentário:Essa é uma questão que envolve não só o conhecimento do sentido da palavra "inimência" no contexto em que foi empregada, mas também o conhecimento da estrutura da frase, do tempo verbal e do valor da expressão em destaque.

"iminência" signfica que estar por vir, que está perto de acontecer.A expressão "Na iminência de um temporal" tem um valor adverbial de tempo e, dentro do contexto, ela pode ser interpretada como: quando um temporal está perto de acontecer.Assim, observando também a estrutura do restante da frase e o verbo "dá" (flexionado no tempo presente), podemos concluir que a expressão "Na iminência de um temporal" significa o mesmo que "Quando se aproxima uma tempestade..." - alternativa (C).

QUESTÃO 12... e por isso não entrava claridade na terra. (3o parágrafo)

O pronome grifado refere-se ao fato de que

(A) a luz apareceu.(B) se formou o rio Amazonas.(C) a sumaumeira fechava o mundo.(D) estava tudo escuro.(E) era sempre frio e sempre noite.

Comentário:Essa é uma questão sobre referenciação, sobre o emprego do pronome, especificamente do pronome demonstrativo.

Todo pronome demonstrativo faz referência a algo no texto ou no contexto. 

No caso do "isso" em destaque nessa questão, a referência pode ser claramente vista dentro do texto. Para isso, é preciso ver não apenas o que está escrito no enunciado e nas alternativas, mas é preciso voltar ao texto e observar que, antes do pronome "isso", está a expressão a que o pronome faz referência.

Veja: "Uma enorme sumaumeira fechava o mundo, e por isso não entrava claridade na terra."

QUESTÃO 13... e seu tronco não podia ser abraçado ao mesmo tempo pelos guerreiros de uma tribo. (1o parágrafo)

O modo como o descendente dos baniwa se refere ao tronco da sumaúma aponta para

Page 9: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) a enorme circunferência de seu tronco, bem maior que o das outras árvores.(B) a dificuldade em avaliar o tamanho e a extensão das raízes.(C) a altura dos galhos e da copa dessa árvore, no meio das outras.(D) os desentendimentos comuns entre os guerreiros de uma tribo indígena.(E) o fato de ser a árvore sagrada, e não poder ser tocada por ninguém.

Comentário:Outra questão de interpretação. 

A alternativa (A) parece estar totalmente correta: "Deve ser uma sumaumeira, que um livro de viagem apresenta como tendo no máximo 40 metros de altura. Para o piloto da embarcação, descendente dos índios baniwa, ia pra lá dos 50, e seu tronco não podia ser abraçado ao mesmo tempo pelos guerreiros de uma tribo. Era necessário conferir." O ato de abraçar a árvore envolve a circunferência de seu tronco. Quando se diz que uma árvore não pode ser abraçada por várias pessoas ao mesmo tempo, significa que o tronco dessa árvore realmente tem uma circunferência enorme, maior do que outras árvores.

Atenção: As questões de números 14 a 19 baseiam-se no texto seguinte.

         Poucas pessoas classificariam o bico do tucano como uma "monstruosidade". Mas foi assim que Buffon, um famoso naturalista francês, o descreveu no século XVIII. Até hoje, o tamanho "monstruoso" do bico do tucano – o maior entre as aves, proporcionalmente ao corpo − é algo que clama por explicação.         Alimentação, defesa e comunicação visual são algumas funções óbvias já conhecidas. Agora, cientistas do Brasil e do Canadá acrescentaram mais um item a essa lista: termorregulação. Em um trabalho, eles mostram que os tucanos são capazes de controlar o fluxo de sangue para o bico, mediando, assim, a quantidade de calor que flui através dele pelos vasos. É uma forma de equilibrar a temperatura corporal – algo semelhante ao que fazem os elefantes com suas orelhas.         De acordo com o estudo, o bico do tucano é altamente vascularizado e transfere calor rapidamente para o ambiente. Funciona como um radiador. Quando o tempo está quente, o pássaro aumenta o fluxo de sangue para o bico, para irradiar calor. Quando está frio, faz o oposto, para reter calor. Segundo os pesquisadores, é provável que essa característica seja comum a todas as aves, mas se torna especialmente relevante no caso do tucano, por causa da proporção do bico, que pode representar 50% do tamanho do animal.

(Adaptado de Herton Escobar. O Estado de S. Paulo, A24, Vida&, 24 de julho de 2009)

QUESTÃO 14A afirmativa correta, em relação ao texto, é:

(A) Há explicação bastante clara sobre o que significa a palavra termorregulação, no comportamento dos tucanos.(B) O autor aceita, sem contestação, o fato habitual de se considerar "monstruoso" o bico do tucano.(C) O tucano, segundo os resultados de pesquisas mais recentes, tem comportamento que o diferencia das outras aves.(D) É pequeno o número de pesquisadores que procuram entender as razões do tamanho desproporcional do bico do tucano.(E) Mesmo com o enorme bico, os tucanos são aves bem pequenas, em relação ao tamanho das outras aves brasileiras.

Comentário:Mais uma questão de interpretação. 

Vejamos cada alternativa:

(A) Há explicação bastante clara sobre o que significa a palavra termorregulação, no comportamento dos tucanos.

O conceito de termorregulação é apresentado da seguinte maneira no texto:  "...os tucanos são capazes de controlar o fluxo de sangue para o bico, mediando, assim, a quantidade de calor que flui através dele pelos vasos. É uma

Page 10: Questões Comentadas Portugues Concurso

forma de equilibrar a temperatura corporal – algo semelhante ao que fazem os elefantes com suas orelhas." Trata-se de uma explicação clara sobre o que significa a palavra termorregulação no comportamento dos tucanos.

(B) O autor aceita, sem contestação, o fato habitual de se considerar "monstruoso" o bico do tucano.

Veja que a alternativa (B) está incorreta, e isso pode ser confirmado na primeira frase do texto:  "Poucas pessoas classificariam o bico do tucano como uma "monstruosidade"."

(C) O tucano, segundo os resultados de pesquisas mais recentes, tem comportamento que o diferencia das outras aves.

A alternativa (C) está errada conforme o que se vê no seguinte trecho: "Segundo os pesquisadores, é provável que essa característica seja comum a todas as aves...".  

(D) É pequeno o número de pesquisadores que procuram entender as razões do tamanho desproporcional do bico do tucano.

A alternativa (D) também está errada conforme o que se vê no seguinte trecho: "Agora, cientistas do Brasil e do Canadá acrescentaram mais um item...".  

(E) Mesmo com o enorme bico, os tucanos são aves bem pequenas, em relação ao tamanho das outras aves brasileiras.

E o que se afirma na alternativa (E) não faz o menor sentido conforme o que o texto apresenta.

QUESTÃO 15O texto afirma que

(A) os tucanos apresentam características diferentes das de outras aves, especialmente quanto à alimentação e à defesa.(B) o tamanho desproporcional do bico do tucano sempre despertou sentimentos negativos nos cientistas que estudam essa ave.(C) os tucanos parecem estar em via de extinção, pelo grande interesse científico despertado pelo tamanho de seu bico.(D) o naturalista francês citado no início comprovou suas razões quando emitiu sua opinião a respeito do bico do tucano.(E) todas as aves talvez possam apresentar as mesmas características em relação ao papel desempenhado pelo bico do tucano.

Comentário:Outra questão de interpretação.

Apenas a alternativa (E) está correta. Veja que as demais alternativas estão claramente equivocadas conforme o texto.

Vejamos cada alternativa:(A) os tucanos apresentam características diferentes das de outras aves, especialmente quanto à alimentação e à defesa.

"Alimentação, defesa e comunicação visual são algumas funções óbvias já conhecidas. Agora, cientistas do Brasil e do Canadá acrescentaram mais um item a essa lista: termorregulação. (...) Segundo os pesquisadores, é provável que essa característica seja comum a todas as aves..."

(B) o tamanho desproporcional do bico do tucano sempre despertou sentimentos negativos nos cientistas que estudam essa ave.

Page 11: Questões Comentadas Portugues Concurso

"Poucas pessoas classificariam o bico do tucano como uma "monstruosidade". Mas foi assim que Buffon, um famoso naturalista francês, o descreveu no século XVIII. Até hoje, o tamanho "monstruoso" do bico do tucano – o maior entre as aves, proporcionalmente ao corpo − é algo que clama por explicação. "

(C) os tucanos parecem estar em via de extinção, pelo grande interesse científico despertado pelo tamanho de seu bico.

Não se apresenta no texto qualquer informação sobre os tucanos estarem em via de extinção.

(D) o naturalista francês citado no início comprovou suas razões quando emitiu sua opinião a respeito do bico do tucano.

"Até hoje, o tamanho "monstruoso" do bico do tucano – o maior entre as aves, proporcionalmente ao corpo − é algo que clama por explicação. "

(E) todas as aves talvez possam apresentar as mesmas características em relação ao papel desempenhado pelo bico do tucano.

"Segundo os pesquisadores, é provável que essa característica seja comum a todas as aves..."

QUESTÃO 16Todas as palavras estão escritas corretamente na frase:

(A) Com o tamanho imprecionante de seu bico, o tucano é considerado por estudiosos uma das aves brasileira mais exquizitas.(B) Os cientistas que se puzeram a estudar os tucanos concluíram que existem diverças funções para o enorme bico dessa ave.(C) Os esforsos para entender os fenômenos da natureza nem sempre conseguem hêsito, como, por exemplo, algumas pesquisas sobre aves.(D) O crecente desenvolvimento tecnológico permitiu aos pesquisadores analizar as reações provocadas pelo fluxo de sangue no bico do tucano.(E) O imenso tamanho do bico do tucano sempre causou estranheza naqueles que costumam observar os exemplos oferecidos pela natureza.

Comentário:Essa é uma questão de ortografia. Vejamos as cada alternativa:

(A) imprecionante: o correto é impressionante.exquizitas: o correto é esquisitas

(B) puzeram: o correto é puseram.diverças: o correto é diversas.

(C) esforsos: o correto é esforços.hêsito: o correto é êxito.

(D) crecente: o correto é crescente.analizar: o correto é analisar

QUESTÃO 17Quando comparado ...... outras aves, os tucanos parecem ser bem maiores ...... quem os observa, ...... voar na natureza.

Os espaços pontilhados da frase acima estarão correta- mente preenchidos, na ordem, por:

(A) às - a - à(B) as - à - à

Page 12: Questões Comentadas Portugues Concurso

(C) às - a - a(D) às - à - a(E) as - a - a

Comentário:Questão sobre o emprego da crase.

Vejamos a frase do enunciado: Quando comparado às outras aves, os tucanos parecem ser bem maiores a quem os observa, a voar na natureza.

Veja que a crase é exigida pela palavra "comparado": comparado a alguma coisa. Se trocarmos a palavra "aves" (no feminino) por "pássaros" (no masculino), teríamos que usar a preposição "ao": comparado aos outros pássaros.Quando isso ocorre, é sinal de que a crase é obrigatória se a palavra for feminina.

Os demais casos: antes do pronome relativo "quem" não se usa crase, e antes de verbo ("voar") também não se usa crase.

QUESTÃO 18A comparação do bico do tucano com um radiador, no último parágrafo,

(A) fica inteiramente sem sentido, pois o comportamento de uma ave não pode ser comparado ao de um mecanismo qualquer.(B) aponta para os perigos a que estão sujeitas algumas aves, pela interferência de elementos estranhos ao ambiente natural em que elas vivem.(C) desvaloriza todas as hipóteses feitas anteriormente para explicar o tamanho do bico do tucano.(D) baseia-se na função desse mecanismo no controle do aquecimento do motor dos carros.(E) cria uma possível explicação que não se confirma no decorrer dos estudos dos pesquisadores citados.

Comentário:Mais uma questão de interpretação. 

Essa questão envolve o conhecimento do que seja radiador. Para interpretar a comparação feita no texto entre o bico do papagaio e um radiador, é preciso saber, ainda que superficialmente, o que é um radiador e qual a sua função. 

Veja informações extraídas do Wikipédia:Radiador - é um dispositivo utilizado para troca de calor entre o ar atmosférico e outra substância (geralmente um líquido) contida em um sistema fechado. Seu núcleo é constituído por uma série de canais (em forma de tubos ou de colméia) que permitem a passagem de ar entre eles retirando o calor do líquido, portanto quanto maior a área de contato com o ar mais rápida é a troca e mais eficiente é o radiador.

Radiador de climatização - Utilizados em sistemas de controle da temperatura interna do automóvel. Estão localizados dentro do painel do automóvel, podem ser utilizados para arrefecer ou aquecer. Alguns automóveis possuem os dois. O de aquecimento utiliza o líquido de arrefecimento do próprio automóvel, já que ele se encontra em uma temperatura mais elevada. Já o de arrefecimento utiliza um gás e todo um sistema para arrefecê-lo à temperatura necessária denominado sistema de ar-condicionado.

Agora veja a comparação feita no texto entre o bico do papagaio e o radiador:"De acordo com o estudo, o bico do tucano é altamente vascularizado e transfere calor rapidamente para o ambiente. Funciona como um radiador. Quando o tempo está quente, o pássaro aumenta o fluxo de sangue para o bico, para irradiar calor. Quando está frio, faz o oposto, para reter calor."

QUESTÃO 19– o maior entre as aves, proporcionalmente ao corpo − (1o parágrafo)

A frase isolada pelos travessões constitui, no texto,

Page 13: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) restrição feita à classificação usual do bico do tucano.(B) observação feita pelo autor, de sentido explicativo.(C) contestação do que foi afirmado anteriormente.(D) descrição exata da ave pelo naturalista francês.(E) justificativa para o tamanho do bico do tucano.

Comentário:Essa é uma questão sobre pontuação, especificamente sobre o uso do travessão. 

Além de indicar a fala da personagem no discurso direto ou marcar a mudança de interlocutor num diálogo, o travessão também é usado para isolar uma expressão de valor explicativo na sentença.

A expressão separada pelos travessões no primeiro parágrafo apresenta um valor explicativo: informa algo a respeito do bico do tucano, termo apresentado anteriormente.

Independente de o candidato saber a respeito do uso do travessão, quando se interpreta as afirmações feitas nas alternativas (A), (C), (D) e (E), observa-se que elas estão erradas em relação ao que está no texto.

QUESTÃO 20A redação inteiramente apropriada e correta de um documento oficial é:

(A) O texto ora aprovado em sessão extraordinária prevê a redistribuição de pessoal especializado em serviços gerais para os departamentos que foram recentemente criados.(B) Estou encaminhando a presença de V. Sa. este jovem, muito inteligente e esperto, que lhe vai resolver os problemas do sistema de informatização de seu gabinete.(C) Quando se procurou resolver os problemas de pessoal aqui neste departamento, faltaram um número grande de servidores para os andamentos do serviço.(D) Do nosso ponto de vista pessoal, fica difícil vos informar de quais providências vão ser tomadas para resolver essa confusão que foi criado pelos manifestantes.(E) Estamos encaminhando à Vossa Senhoria algumas reivindicações, e esperamos poder estar sendo recebidos em vosso gabinete para discutir nossos problemas salariais.

Comentário:Questão que envolve o conhecimento sobre redação oficial: as características da redação oficial, o uso do pronome de tratamento, a concordância em relação ao pronome de tratamento e, ainda, questões a respeito correção gramatical.

A alternativa (B) apresenta um texto pessoal demais para uma redação oficial: quem escreve, refere-se a si mesmo de forma inadequada. Veja que o texto não é apropriado para um documento oficial.

A alternativa (C) apresenta problemas de concordância verbal. A correção gramatical é necessária em um documento oficial.

A alternativa (D) apresenta a expressão "do nosso ponto de vista pessoal", isto é, uma redundância totalmente inadequada. Além disso, o texto apresenta expressões coloquais demais e uma estrutura confusa para um documento oficial.

A alternativa (E) apresenta, principalmente, um erro quanto à concordância do pronome de tratamento: usou-se o "vosso" em referência ao pronome "Vossa Senhoria", quando o correto seria usar "seu": o pronome de tratamento faz concordância com a 3a pessoa.

LÍNGUA PORTUGUESA

Texto I

Page 14: Questões Comentadas Portugues Concurso

A REDESCOBERTA DO BRASIL

Na segunda metade do século XVI, quando o rei D. Manoel, o capitão-mor Pedro Álvares Cabral e o escrivão Pero Vaz de Caminha já estavam mortos havia mais de duas décadas, começaria a surgir em Lisboa a tese de que o Brasil fora descoberto por acaso. Tal teoria foi obra dos cronistas e historiadores oficiais da corte. [...]

Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais, os cronistas reais descreveram o descobrimento do Brasil com base na chamada Relação do Piloto Anônimo. A questão intrigante é que em nenhum momento o “piloto anônimo” faz menção à tempestade que, segundo os cronistas reais, teria feito Cabral “desviar-se” de sua rota. Embora a carta de Caminha não tenha servido de fonte para os textos redigidos pelos cronistas oficiais do reino, esse documento também não se refere a tormenta alguma. Pelo contrário: mesmo quando narra o desaparecimento da nau de Vasco de Ataíde, ocorrido duas semanas depois da partida de Lisboa, Caminha afirma categoricamente que esse navio sumiu “sem que houvesse tempo forte ou contrário para poder ser”.

Na verdade, a leitura atenta da carta de Caminha e da Relação do Piloto Anônimo parece revelar que tudo na viagem de Cabral decorreu na mais absoluta normalidade e que a abertura de seu rumo para oeste foi proposital. De fato, é difícil supor que a frota pudesse ter-se desviado “por acaso” de sua rota quando se sabe – a partir das medições astronômicas feitas por Mestre João – que os pilotos de Cabral julgavam estar ainda mais a oeste do que de fato estavam. [...]

Reescrevendo a História

Mais de 300 anos seriam necessários até que alguns dos episódios que cercavam o descobrimento do Brasil pudessem começar  a ser, eles próprios, redescobertos. O primeiro passo foi o ressurgimento da carta escrita por Pero Vaz de Caminha – que por quase três séculos estivera perdida em arquivos empoeirados. [...] O documento foi publicado pela primeira vez em 1817, pelo padre Aires do Casal, no livro Corografia Brazílica. Ainda assim, a versão lançada por Aires do Casal era deficiente e incompleta [...]. A “redescoberta” do Brasil teria que aguardar mais algumas décadas.

Não por coincidência, ela se iniciou no auge do Segundo Reinado. Foi nesse período cheio de glórias que o país, enriquecido pelo café, voltou os olhos para a própria história. Por determinação de D. Pedro II, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (fundado em 1838) foi incumbido de desvendar os mistérios que cercavam o descobrimento do Brasil. [...]

Ainda assim, a teoria da intencionalidade [...] e a tese da descoberta casual [...] não puderam, e talvez jamais possam, ser definitivamente comprovadas. Por mais profundas e detalhadas que sejam as análises feitas sobre os três únicos documentos originais relativos à viagem (as cartas de Pero Vaz de Caminha, do Mestre João e do “piloto anônimo”), elas não são suficientes para provar se o descobrimento de Cabral obedeceu a um plano preestabelecido ou se foi meramente casual.

BUENO, Eduardo. A Viagem do Descobrimento. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. (Coleção Terra Brasilis, v. 1). p. 127-130. Adaptado.

1O surgimento da tese de que o Brasil foi descoberto acidentalmente teve como principal fonte documental, segundo o Texto I, a(o)

(A) investigação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro(B) carta de Pero Vaz de Caminha(C) medição de Mestre João(D) Relação do Piloto Anônimo(E) livro Corografia Brazílica

Comentários:Interpretação de texto

Vejamos o trecho do texto que mostra o porquê do gabarito dessa questão:

“Na segunda metade do século XVI, quando o rei D. Manoel, o capitão-mor Pedro Álvares Cabral e o escrivão Pero Vaz de Caminha já estavam mortos havia mais de duas décadas, começaria a surgir em Lisboa a tese de que o Brasil fora descoberto por acaso. Tal teoria foi obra dos cronistas e historiadores oficiais da corte. [...]

Page 15: Questões Comentadas Portugues Concurso

Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais, os cronistas reais descreveram o descobrimento do Brasil com base na chamada   Relação do Piloto Anônimo .”

2Que trecho do Texto I revela uma tendência em favor da tese da intencionalidade?

(A) “De fato, é difícil supor que a frota pudesse ter-se desviado ‘por acaso’ de sua rota quando se sabe – a partir das medições astronômicas feitas por Mestre João – que os pilotos de Cabral julgavam estar ainda mais a oeste do que de fato estavam.” (3º §)(B) “Mais de 300 anos seriam necessários até que alguns dos episódios que cercavam o descobrimento do Brasil pudessem começar  a ser, eles próprios, redescobertos” (4º §)(C) “O primeiro passo foi o ressurgimento da carta escrita por Pero Vaz de Caminha – que por quase três séculos estivera perdida em arquivos empoeirados.” (4º §)(D) “A ‘redescoberta’ do Brasil teria que aguardar mais algumas décadas.” (4º §)(E) “Foi nesse período cheio de glórias que o país, enriquecido pelo café, voltou os olhos para a própria história.” (5º §)

Comentários:Interpretação de texto

O que seria a tese da intencionalidade? Após a leitura de todo o texto, podemos ver são duas as teorias: em uma defende-se que o Brasil foi descoberto por acaso, em outra, o descobrimento teria sido intencional. Essa última seria a teoria da intencionalidade.

Entre as opções apresentadas, a alternativa (A) é a que revela uma tendência em favor da tese da intencionalidade.

3O verbo destacado em “tudo na viagem de Cabral decorreu [...]” (3º §) pode ser substituído, sem alteração de sentido, por

(A) dispensou(B) incorreu(C) ultrapassou(D) se eximiu(E) se passou

Comentários:Vejamos um trecho maior do texto onde há o verbo em destaque:

“Na verdade, a leitura atenta da carta de Caminha e da Relação do Piloto Anônimo parece revelar que tudo na viagem de Cabral decorreu na mais absoluta normalidade e que a abertura de seu rumo para oeste foi proposital.”

O sentido do verbo DECORRER, no dicionário, é o seguinte:

decorrer |ê|(latim decurro, -eredescer a correr, ir, percorrer)v. intr.1. Passar (o tempo).2. Suceder, acontecer.3. Ter origem em. = DERIVAR, PROCEDER, PROVIR

No texto, o verbo DECORRER tem o sentido de passar, acontecer. A alternativa (E) é a opção correta.

Vejamos o sentido dos verbos DISPENSAR, INCORRER, ULTRAPASSAR E EXIMIR apresentados nas demais alternativas:

Page 16: Questões Comentadas Portugues Concurso

dispensarv. tr.1. Conceder dispensa a; isentar; prescindir de; distribuir.v. pron.2. Não se julgar obrigado a.

incorrer |ê| v. intr.1. Ficar sujeito ou implicado.2. Cair.3. Atrair, chamar sobre si.

ultrapassarv. tr.1. Passar além de. = TRANSPOR2. Exceder o limite de.

eximir |z| (latim eximo, -ere, pôr à parte, tirar, livrar de, eximir)v. tr. e pron.1. Isentar(-se); desobrigar(-se); dispensar(-se).v. pron.2. Esquivar-se; escusar-se.

Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa - http://www.priberam.pt/

4A palavra próprios, na expressão “eles próprios,” (4º §) apresenta o mesmo sentido em:

(A) Ele navegou em nave própria.(B) Chegaram em hora própria para o almoço.(C) O orgulho das descobertas é próprio de quem as faz.(D) O livro próprio para encontrar sinônimos é o dicionário.(E) Foi o próprio historiador que comprovou a tese.

Comentário:Semântica: sentidos da palavra próprio

Vamos considerar o verbete extraído do dicionário:

próprio (latim proprius, -a, -um)adj.1. Que pertence exclusivamente a alguém.2. Em pessoa, à pessoa de.3. Textual.4. Exactamente semelhante.5. Mais adequado; apropriado, conveniente.6. Certo, pontual.7. [Gramática]  Diz-se de substantivo que um indivíduo ou uma entidade única e específica, não designado designa um elemento de uma classe ou categoria, por oposição a comum.8. [Gramática]  Primitivo e natural, não figurado nem translato (ex.: sentido próprio).s. m.9. Qualidade peculiar, carácter próprio, sinal característico.10. Mensageiro expresso.11. [Religião]  Diz-se de certos ofícios religiosos.a mim próprio: à minha pessoa; a ti próprio, à tua pessoa; a si próprio, à sua pessoa, etc.

Page 17: Questões Comentadas Portugues Concurso

à própria: propriamente; à justa.mais à própria: para melhor dizer.próprios nacionais: tudo o que é propriedade do Estado.

No texto, a palavra PRÓPRIO é empregado no sentido 2 apresentado no verbete do dicionário: próprio = em pessoa.

Podemos dizer também que, nesse caso, a palavra PRÓPRIO pode ser substituída por MESMO.

Vejamos, agora, o sentido da palavra PRÓPRIO em cada alternativa, considerando o verbete extraído do dicionário:

(A) Ele navegou em nave própria.

PRÓPRIO = que pertence exclusivamente a alguém: sentido 1

(B) Chegaram em hora própria para o almoço.

PRÓPRIO = mais adequado, apropriado, conveniente: sentido 5

(C) O orgulho das descobertas é próprio de quem as faz.

PRÓPRIO = qualidade peculiar, caráter próprio, sinal característico:sentido 9

(D) O livro próprio para encontrar sinônimos é o dicionário.

PRÓPRIO = certo, pontual: sentido 6

(E) Foi o próprio historiador que comprovou a tese.

PRÓPRIO = em pessoa: sentido 2

Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa - http://www.priberam.pt/

5As orações que substituem “Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais” (2º §), de acordo com anorma-padrão e sem alterar o sentido do trecho, são:

(A) Caso narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.(B) Quando narravam fatos ocorridos havia apenas meio século e tiveram acesso aos arquivos oficiais.(C) Se narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.(D) Apesar de terem narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e terem tido acesso aos arquivos oficiais.(E) Mas tendo narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e tendo tido acesso aos arquivos oficiais.

Comentários:É preciso saber, aqui, o valor semântico da conjunção EMBORA: ela estabelece um sentido concessivo.

Nas alternativas, temos diferentes conectivos iniciando o período. Vejamos o valor semântico de cada um:

(A) Caso narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.

Conectivo CASO: estabelece o valor de condição.

(B) Quando narravam fatos ocorridos havia apenas meio século e tiveram acesso aos arquivos oficiais.

Page 18: Questões Comentadas Portugues Concurso

Conectivo QUANDO: estabelece o valor de tempo.

(C) Se narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais.

Conectivo SE: estabelece o valor de condição.

(D) Apesar de terem narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e terem tido acesso aos arquivos oficiais.

Conectivo APESAR DE: estabelece o valor de concessão.

(E) Mas tendo narrado fatos ocorridos havia apenas meio século e tendo tido acesso aos arquivos oficiais.

Conectivo MAS: estabelece o valor de adversidade.

Observação: alguns conectivos, como EMBORA e APESAR DE, por exemplo, sempre estabelecerão sentido concessivo, mas é preciso entender que nem todo conectivo estabelece o mesmo valor semântico em qualquer contexto

6No trecho “Caminha afirma categoricamente que esse navio sumiu ‘sem que houvesse tempo forte ou contrário para poder ser’ ”(2º §), infere-se que a expressão poder ser se refere ao fato de que

(A) as tormentas são comuns naquela região do Atlântico.(B) a partida de Lisboa tinha acontecido apenas duas semanas antes.(C) o sumiço da nau de Ataíde não foi causado pelas condições climáticas.(D) o documento de Caminha foi redigido por um cronista contratado pela corte.(E) o desaparecimento da nau de Ataíde não foi comprovado.

Comentários:Vejamos todo o parágrafo de onde foi retirado o trecho dessa questão:

Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais, os cronistas reais descreveram o descobrimento do Brasil com base na chamada Relação do Piloto Anônimo. A questão intrigante é que em nenhum momento o “piloto anônimo” faz menção à tempestade que, segundo os cronistas reais, teria feito Cabral “desviar-se” de sua rota. Embora a carta de Caminha não tenha servido de fonte para os textos redigidos pelos cronistas oficiais do reino, esse documento também não se refere a tormenta alguma. Pelo contrário: mesmo quando narra o desaparecimento da nau de Vasco de Ataíde, ocorrido duas semanas depois da partida de Lisboa, Caminha afirma categoricamente que esse navio sumiu “sem que houvesse tempo forte ou contrário para poder ser”.

A expressão “sem que houvesse tempo forte ou contrário para poder ser” significa falta de condições climáticas (tempo forte ou contrário) para que ocorresse o desaparecimento da nau.

7O verbo em negrito é o verbo principal da expressão na voz passiva em “O documento foi  publicado pela primeira vez em 1817...” (4º §). Integra igualmente uma expressão da voz passiva o item destacado em:

(A) “Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século [...]” (2º §)(B) “Embora a carta de Caminha não tenha servido de fonte [...]” (2º §)(C) “[...] por quase três séculos estivera perdida [...]” (4º §)(D) “[...] não puderam [...] ser definitivamente comprovadas (6º §)(E) “Por mais profundas e detalhadas que sejam [...]” (6º §)

Comentário:

Page 19: Questões Comentadas Portugues Concurso

A voz passiva pode ser feita de duas maneiras:

Voz passiva analítica: sujeito (não pratica a ação do verbo) + verbo auxiliar + verbo principal no particípio + agente da passiva (opcional – o que pratica a ação do verbo)

Exemplo: Ele foi amarrado pelo sequestrador.

Ele = sujeito (“recebe” a ação de AMARRAR)foi = verbo auxiliaramarrado = verbo principal – particípio do verbo AMARRARpelo seqüestrador = agente da passiva (“pratica” a ação de AMARRAR)

Voz passiva sintética: verbo principal flexionado + partícula SE + sujeito (não pratica a ação do verbo).

Exemplo: Amarrou-se a vítima.

Amarrou = verbo principalse = partícula apassivadora (indica que se trata de voz passiva sintética)a vítima = sujeito (“recebe” a ação de AMARRAR)

Transformando a passiva analítica em sintética e vice-versa:

Ele foi amarrado pelo sequestrador.Amarrou-se ele.

Amarrou-se a vítima.A vítima foi amarrada.

Passemos para a questão da prova:

Frase do enunciado:

O documento foi publicado pela primeira vez em 1817

O documento = sujeito (não pratica a ação de PUBLICAR – voz passiva)foi = verbo auxiliar.publicado = verbo principal – particípio do verbo PUBLICAR.

Temos uma estrutura de voz passiva analítica.

Vejamos, agora, cada alternativa:

(A) “Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas meio século [...]” (2º §)

Não temos uma locução verbal formada por verbo auxiliar + verbo principal.

(B) “Embora a carta de Caminha não tenha servido de fonte [...]” (2º §)

O sujeito é “a carta de Caminha”. Veja que o sujeito pratica a ação do verbo SERVIR: ela serve de fonte.

Se o sujeito pratica a ação do verbo principal, não temos voz passiva.

(C) “[...] por quase três séculos estivera perdida [...]” (4º §)

O sujeito oculto ELA é o que esteve perdido. Não se trata de voz passiva.

Page 20: Questões Comentadas Portugues Concurso

(D) “[...] não puderam [...] ser definitivamente comprovadas (6º §)

Vejamos a frase inteira:

Ainda assim, a teoria da intencionalidade [...] e a tese da descoberta casual [...] não puderam, e talvez jamais possam, ser definitivamente comprovadas.

Veja que temos uma locução verbal “ser comprovadas”.

O sujeito é “a teoria da intencionalidade e a tese da descoberta causal” e não pratica a ação de COMPROVAR.

Temos a seguinte estrutura de voz passiva:

Verbo SER (AUXILIAR) + verbo principal (particípio do verbo COMPROVAR).

(E) “Por mais profundas e detalhadas que sejam [...]” (6º §)

Não temos uma locução verbal nessa alternativa. O particípio DETALHADAS é uma estrutura com função de adjetival.

8Sem prejuízo do sentido original apresentado no Texto I, a forma verbal que pode ser substituída pela locução ao lado é:

(A) fora descoberto (1º §) - tinha sido descoberto(B) descreveram (2º §) - tenham descrito(C) estivera perdida (4º §) - tem estado perdida(D) teria que aguardar (4º §) - tivera que aguardar(E) foi incumbido (5º §) - fora incumbido

Comentário:Veja no link a seguir nossa aula sobre tempos verbais compostos.

 Aula sobre tempos verbais compostosÉ importante saber que os tempos verbais podem ser simples (um verbo apenas flexionado) ou composto (dois verbos: um auxiliar TER/HAVER e outro principal no particípio)

Exemplo:

Verbo ESTUDAR

Eu estudarei (verbo flexionado na 1ª pessoa do singular do futuro do presente do indicativo – tempo verbal simples)

Eu terei estudado (verbo flexionado na 1ª pessoa do singular do futuro do presente do indicativo – tempo verbal composto)

Nessa questão, é preciso comparar os tempos verbais apresentados em cada alternativa e marcar aquela que apresenta dois tempos verbais idênticos, independente de ser um tempo simples ou composto.

Vejamos cada alternativa:

(A) fora descoberto (1º §) - tinha sido descoberto

Page 21: Questões Comentadas Portugues Concurso

Fora = verbo SER flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do indicativo – tempo verbal simples.

Tinha sido = verbo SER flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do indicativo – tempo verbal composto.

Veja que a diferença entre FORA e TINHA SIDO é o fato de o primeiro ser um tempo verbal simples e o segundo ser um tempo verbal composto.

(B) descreveram (2º §) - tenham descrito

Descreveram = verbo DESCREVER flexionado na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo – tempo verbal simples.

Tenham descrito = verbo DESCREVER flexionado na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do subjuntivo – tempo verbal composto.

(C) estivera perdida (4º §) - tem estado perdida

Estivera = verbo ESTAR flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do indicativo – tempo verbal simples.

Tem estado = verbo ESTAR flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo – tempo verbal composto.

(D) teria que aguardar (4º §) - tivera que aguardar

Teria = verbo TER flexionado na 3ª pessoa do singular do futuro do pretérito do indicativo – tempo verbal simples.

Tivera = verbo TER flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito mais-que-perfeito do indicativo – tempo verbal simples.

(E) foi incumbido (5º §) - fora incumbido

Foi = verbo SER flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo – tempo verbal simples.

Fora = verbo SER flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito mais que perfeito o indicativo – tempo verbal simples.

9A sentença em que o verbo está corretamente flexionado de acordo com a norma-padrão, sem provocar contradição de significado, é:

(A) O acaso ou a intencionalidade foi a causa da descoberta do Brasil.(B) Haviam 60% de possibilidades de o Brasil ter sido descoberto por acaso.(C) Eu e vocês acreditam na descoberta casual do nosso país.(D) Não gastava a corte tempo com as preocupações que ocupava os historiadores.(E) Devem haver mais evidências para a tese de descoberta casual do Brasil.

Comentário:Questão de concordância verbal. Vejamos cada alternativa.

(A) O acaso ou a intencionalidade foi a causa da descoberta do Brasil.

Page 22: Questões Comentadas Portugues Concurso

Sujeito com dois núcleos ligados pela conjunção OU: nesse caso, o verbo pode ficar no singular ou no plural.

(B) Haviam 60% de possibilidades de o Brasil ter sido descoberto por acaso.

Verbo HAVER com sentido de existir não tem plural.

(C) Eu e vocês acreditam na descoberta casual do nosso país.

Quando o sujeito é formado por diferentes pessoais gramaticais, o verbo deve ser flexionado no plural e na pessoa que tem predominância.

A 1ª pessoa é predominante: eu e vocês acreditamos...

(D) Não gastava a corte tempo com as preocupações que ocupava os historiadores.

É importante identificar o sujeito de cada verbo.

Sujeito do verbo OCUPAVA = as preocupações.

O verbo deve concordar com seu sujeito: As preocupações que ocupavam os historiadores.

(E) Devem haver mais evidências para a tese de descoberta casual do Brasil.

Verbo HAVER com sentido de existir não tem plural.

Quando o verbo HAVER com sentido de existir é verbo principal de uma locução, o verbo auxiliar dessa locução também não tem plural: deve haver mais evidências...

Veja mais sobre concordância verbal aqui

10A palavra do Texto I destacada em “[...] faz menção à tempestade que, segundo os cronistas reais, [...]” (2º §) pertence à mesma classe da que se destaca em:

(A) “[... ] a tese de que o Brasil fora descoberto por acaso” (1º §).(B) “A questão intrigante é que em nenhum momento [...]” (2º §)(C) “[... ] parece revelar que tudo [...]” (3º §)(D) “– que por quase três séculos [...]” (4º §)(E) “A ‘redescoberta’ do Brasil teria que aguardar [...]”(4º §)

Comentário:Questão sobre funções do “que”.

Vejamos a função do QUE presente no enunciado:

“[...] faz menção à tempestade que, segundo os cronistas reais, [...]” (2º §)

Pronome relativo: refere-se a um termo anterior (tempestade).

Vejamos, agora, cada alternativa:

(A) “[... ] a tese de que o Brasil fora descoberto por acaso” (1º §).

Page 23: Questões Comentadas Portugues Concurso

Conjunção integrante: introduz uma oração subordinada substantiva – “de que o Brasil fora descoberto por acaso” é uma oração subordinada substantiva que completa o sentido do nome “tese”.

(B) “A questão intrigante é que em nenhum momento [...]” (2º §)

Partícula de realce: é que.

(C) “[... ] parece revelar que tudo [...]” (3º §)

Conjunção integrante: introduz uma oração subordinada substantiva – “que tudo na viagem de Cabral decorreu na mais absoluta normalidade” é uma oração subordinada substantiva.

(D) “– que por quase três séculos [...]” (4º §)

Pronome relativo: refere-se a um termo anterior (carta escrita por Pero Vaz de Caminha).

(E) “A ‘redescoberta’ do Brasil teria que aguardar [...]”(4º §)

Preposição: quando o “que” acompanha o verbo “ter” ou o verbo “haver” e substitui a preposição “de” – teria de aguardar.

Texto II

UM MORRO AO FINAL DA PÁSCOA

Como tapetes flutuantes, elas surgiram de repente, em “muita quantidade”, balançando nas águas translúcidas de um mar que refletia as cores do entardecer. Os marujos as reconheceram de imediato, antes que sumissem no horizonte: chamavam-se botelhos as grandes algas que dançavam nas ondulações formadas pelo avanço da frota imponente. Pouco mais tarde, mas ainda antes que a escuridão se estendesse sobre a amplitude do oceano, outra espécie de planta marinha iria lamber o casco das naves, alimentando a expectativa e desafiando os conhecimentos daqueles homens temerários o bastante para navegar por águas desconhecidas. Desta vez eram rabos-de-asno: um emaranhado de ervas felpudas “que nascem pelos penedos do mar”. Para marinheiros experimentados, sua presença era sinal claro da proximidade de terra.

Se ainda restassem dúvidas, elas acabariam no alvorecer do dia seguinte, quando os grasnados de aves marinhas romperam o silêncio dos mares e dos céus. As aves da anunciação, que voavam barulhentas por entre mastros e velas, chamavam-se fura-buxos. Após quase um século de navegação atlântica, o surgimento dessa gaivota era tido como indício de que, muito em breve, algum marinheiro de olhar aguçado haveria de gritar a frase mais aguardada pelos homens que se fazem ao mar: “Terra à vista!”

Além do mais, não seriam aquelas aves as mesmas que, havia menos de três anos, ao navegar por águas destas latitudes, o grande Vasco da Gama também avistara? De fato, em 22 de agosto de 1497, quando a armada do Gama se encontrava a cerca de 3 mil quilômetros da costa da África, em pleno oceano Atlântico, um dos tripulantes empunhou a pena para anotar em seu Diário: “Achamos muitas aves feitas como garções – e quando veio a noite tiravam contra o su-sueste muito rijas, como aves que iam para terra.”

BUENO, Eduardo. A Viagem do Descobrimento. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. (Coleção Terra Brasilis, v. 1). p. 7-8

11Que percepções sensoriais predominam no Texto II?

(A) Audição e olfato(B) Audição e visão

Page 24: Questões Comentadas Portugues Concurso

(C) Paladar e visão(D) Tato e visão(E) Tato e olfato

Comentários:Vejamos alguns trechos do texto:

“águas translúcidas de um mar que refletia as cores do entardecer. Os marujos as reconheceram de imediato, antes que sumissem no horizonte..”

“Pouco mais tarde, mas ainda antes que a escuridão se estendesse sobre a amplitude do oceano...”

“quando os grasnados de aves marinhas romperam o silêncio dos mares e dos céus.”

“As aves da anunciação, que voavam barulhentas por entre mastros e velas...”

Esses trechos mostram eventos ligados à visão e à audição.

12Na sentença “Como tapetes flutuantes, elas surgiram de repente, [...]” (1º §), o pronome elas refere-se a

(A) águas(B) cores(C) algas(D) ondulações(E) naves

Comentários:Em uma questão como essa, é preciso ler o trecho apresentado dentro do texto.

Vejamos:

“Como tapetes flutuantes, elas surgiram de repente, em “muita quantidade”, balançando nas águas translúcidas de um mar que refletia as cores do entardecer. Os marujos as reconheceram de imediato, antes que sumissem no horizonte: chamavam-se botelhos as grandes algas que dançavam nas ondulações formadas pelo avanço da frota imponente.”

O pronome “elas” refere-se aos botelhos – “as grandes algas que dançavam nas ondulações”.

13No Texto II, a palavra (ou expressão) que completa sintaticamente o verbo avistarano período “Além do mais, não seriam aquelas aves as mesmas que havia menos de três anos ao navegar por águas destas latitudes o grande Vasco da Gama também avistara?” (3º §) é

(A) que(B) águas(C) as mesmas(D) aquelas aves(E) destas latitudes

Comentários:Vamos entender a frase

“Além do mais, não seriam aquelas aves as mesmas que havia menos de três anos ao navegar por águas destas latitudes o grande Vasco da Gama também avistara?”

Simplificando a questão: Aquelas aves não seriam as mesmas que o grande Vasco da Gama também avistara?

Page 25: Questões Comentadas Portugues Concurso

Temos um pronome relativo que faz referência a um termo anterior:  as mesmas que – o “que” faz referência ao termo “as mesmas” e esse termo refere-se a “aquelas aves”.

Como um pronome relativo, o “que” exerce uma função sintática relacionado ao verbo da oração que ele introduz. Essa oração é a seguinte:

“..que o grande Vasco da Gama também avistara.”

A expressão “o grande Vasco da Gama” é o sujeito.

O grande Vasco da Gama avistara o quê? Resposta: aquelas aves.

Como o “que” substitui o termo “as mesmas” que se refere a “aquelas aves”, então o “que” exerce a função de complemento (objeto direto) do verbo “avistara”.

14A sentença em que o verbo alimentar tem o mesmo sentido que apresenta no Texto II (1º §) é:

(A) Os fazendeiros alimentam os animais com uma ração especial.(B) Todos os médicos garantem que é importante que a criança se alimente bem.(C) Novas vacinas alimentam a esperança de que mais doenças sejam erradicadas no mundo.(D) A secretária alimentou a base de dados da firma com as informações sobre os funcionários novos.(E) Pesquisadores americanos estão utilizando o conceito de transmissão sem fios de energia elétrica para alimentar dispositivos cardíacos.

Comentários:Vejamos a frase com o verbo alimentar do texto:

“Pouco mais tarde, mas ainda antes que a escuridão se estendesse sobre a amplitude do oceano, outra espécie de planta marinha iria lamber o casco das naves, alimentando a expectativa e desafiando os conhecimentos daqueles homens temerários o bastante para navegar por águas desconhecidas.”

Na frase acima, o verbo ALIMENTAR foi usado num sentido figurado. Não se trata de alimentar no sentido de dar alimento ou de ingerir alimento, mas alimentar no sentido de estimular.

Vejamos o sentido do verbo ALIMENTAR em cada alternativa:

(A) Os fazendeiros alimentam os animais com uma ração especial.

Dar alimento

(B) Todos os médicos garantem que é importante que a criança se alimente bem.

Ingerir alimento

(C) Novas vacinas alimentam a esperança de que mais doenças sejam erradicadas no mundo.

estimular

(D) A secretária alimentou a base de dados da firma com as informações sobre os funcionários novos.

Colocar conteúdo.

Page 26: Questões Comentadas Portugues Concurso

(E) Pesquisadores americanos estão utilizando o conceito de transmissão sem fios de energia elétrica para alimentar dispositivos cardíacos.

Encher de energia.

15O verbo em destaque, retirado do Texto II, tem seu complemento verbal explicitado em:

(A) surgiram - em “muita quantidade” (1º §)(B) refletia - as cores do entardecer (1º §)(C) reconheceram - de imediato (1º §)(D) sumissem - no horizonte (1º §)(E) restassem - dúvidas (2º §)

Comentários:Vejamos cada verbo dentro do contexto:

(A) surgiram - em “muita quantidade” (1º §)

“Como tapetes flutuantes, elas surgiram de repente, em ‘muita quantidade’”

elas = sujeitosurgiram = verbo intransitivose repente e muita quantidade = adjuntos adverbiais – como e quanto surgiram.

(B) refletia - as cores do entardecer (1º §)

“elas surgiram de repente, em “muita quantidade”, balançando nas águas translúcidas de um mar que refletia as cores do entardecer.”

que (referente a “um mar”) = sujeitorefletia = verbo transitivo direto (pede complemento = objeto direto)

Refletia o quê?  Resposta: as cores do entardecer.

as cores do entardecer = complemento do verbo – objeto direto

(C) reconheceram - de imediato (1º §)

“Os marujos as reconheceram de imediato, antes que sumissem no horizonte:”

Os marujos = sujeitoreconheceram = verbo transitivo direto (pede complemento = objeto direto)

Reconheceram o quê? Resposta: as grandes algas - botelhos

as = pronome pessoal oblíquo que faz referência às grandes algas –botelhos.

de imediato = adjunto adverbial – como reconheceram

(D) sumissem - no horizonte (1º §)

“Os marujos as reconheceram de imediato, antes que sumissem no horizonte:”

Page 27: Questões Comentadas Portugues Concurso

Sujeito oculto (as algas)

sumissem = verbo intransitivo

no horizonte = adjunto adverbial – lugar que sumiu.

(E) restassem - dúvidas (2º §)

“Se ainda restassem dúvidas, elas acabariam no alvorecer do dia seguinte,”

dúvidas = sujeito (está posposto ao verbo)

restassem = verbo intransitivo

Observação: não confundir o sujeito posposto com um objeto direto. Veja que o verbo precisa de um sujeito, pois não se trata de um verbo impessoal.

16O sinal de dois pontos (:) está sendo empregado como em “... rabos-de-asno: um emaranhado de ervas felpudas ‘que nascem pelos penedos do mar’ ” (1º §) em:

(A) Os navios mais usados nas expedições marítimas eram as naus: uma evolução das caravelas que chegaram a ter 600 toneladas.(B) Ao avistar o Monte Pascoal, Cabral não ficou surpreso: desde o século IX falava-se de ilhas desconhecidas no Atlântico.(C) A armada de Cabral era composta de diversos navios: o rei queria mostrar a riqueza da corte.(D) Pedro Álvares Cabral foi muito bem remunerado pela viagem: sabe-se que ele recebeu cerca de 10 mil cruzados.(E) Um ditado da época do descobrimento do Brasil dizia: “Se queres aprender a orar, faça-te ao mar”.

Comentários:Na frase apresentada no enunciado, os dois pontos estão sendo empregados para marcar que em seguida teremos um aposto, isto é, uma expressão que caracteriza/explica um termo anterior.

No enunciado, temos uma explicação para o termo “rabos-de-asno”.

Na alternativa (A), temos uma explicação para o termo “naus”.

17O sinal indicativo da crase está empregado de acordo com a norma-padrão em:

(A) Depois de aportar no Brasil, Cabral retomou à viagem ao Oriente.(B) O capitão e sua frota obedeceram às ordens do rei de Portugal.(C) O ponto de partida da frota ficava no rio Tejo à alguns metros do mar.(D) O capitão planejou sua rota à partir da medição de marinheiros experientes.(E) Navegantes anteriores a Cabral haviam feito menção à terras a oeste do Atlântico.

Comentários:Crase é a junção de duas vogais “a” – a primeira vogal deve ser uma preposição exigida por um verbo ou por um nome, a segunda vogal deve ser um artigo feminino ou a primeira vogal de um pronome como “aquele”, “a qual” etc.

Exemplo:

Eu vou à praia.

Page 28: Questões Comentadas Portugues Concurso

O verbo IR exige a preposição A: quem vai, vai a algum lugar.

O substantivo PRAIA vem antecedido de um artigo feminino – A PRAIA.

Teríamos, assim: Eu vou a + a praia.

A junção das duas vogais A resultam em crase. Para marcar isso, usamos um acento grave para indicar que houve crase: À

Eu vou à praia.

Veja aqui mais exercícios sobre crase.

Vejamos cada alternativa

(A) Depois de aportar no Brasil, Cabral retomou à viagem ao Oriente.

Cabral retomou a viagem – quem retoma, retoma algo.

O verbo RETOMAR não exige a preposição A.

(B) O capitão e sua frota obedeceram às ordens do rei de Portugal.

Quem obedece, obedece a alguma coisa.

O verbo OBEDECER exige a preposição A.

obedeceram a + as ordens do rei de Portugal = obedeceram às ordens.

(C) O ponto de partida da frota ficava no rio Tejo à alguns metros do mar.

Não se usa crase antes da palavra “alguns”.

(D) O capitão planejou sua rota à partir da medição de marinheiros experientes.

A expressão “a partir” não tem crase.

(E) Navegantes anteriores a Cabral haviam feito menção à terras a oeste do Atlântico.

Se temos A no singular seguido de um nome no plural, então podemos concluir que esse A é uma preposição apenas.

Para que ocorra a crase, deve haver a preposição A mais um artigo feminino A/AS ou um pronome como AQUELE, A QUAL etc.

Não temos o artigo feminino para que se forme crase – veja que se o nome está no plural, o artigo deve ser AS.

18O verbo acabar apresenta-se com a mesma regência com que aparece [no início do 2º parágrafo] do Texto II em:

(A) O cantor mostrou muito talento e acabou aplaudido entusiasticamente.

Page 29: Questões Comentadas Portugues Concurso

(B) As fortes chuvas acabaram com as plantações de grãos.(C) Eles acabaram de saber que foram aprovados no concurso.(D) Acabou por reconhecer que o adversário era superior.(E) A comemoração dos formandos acabou de madrugada.

Comentários:Vejamos a frase do início do 2º parágrafo do texto II:

“Se ainda restassem dúvidas, elas acabariam no alvorecer do dia seguinte, quando os grasnados de aves marinhas romperam o silêncio dos mares e dos céus.”

O verbo ACABAR é intransitivo:

elas (sujeito)acabariam (verbo intransitivo)no alvorecer do dia seguinte (adjunto adverbial de tempo).

Entre as alternativas, a única que apresenta um adjunto adverbial é a alternativa (E):

(E) A comemoração dos formandos acabou de madrugada.

A comemoração dos formandos = sujeitoacabou = verbo intransitivode madrugada = adjunto adverbial de tempo

19A palavra cujo plural se faz do mesmo modo que fura-buxos (2º §) e pelas mesmas razões é

(A) navio-escola(B) surdo-mudo(C) bolsa-família(D) guarda-roupa(E) auxílio-educação

Comentários:Plural de nomes compostos

O substantivo FURA-BUXO é formado por um verbo + um substantivo. Nesse caso, o verbo sempre fica invariável e flexiona-se apenas o segundo elemento:

FURA-BUXO – FURA-BUXOS.

Vejamos cada alternativa:

(A) navio-escola

substantivo + substantivo (caso especial em que o segundo elemento determina, especifica o primeiro)

NAVIOS-ESCOLA

(B) surdo-mudo

Os dois elementos do adjetivo surdo-mudo devem ser flexionados. Trata-se de uma exceção à regra de plural dos adjetivos compostos que determina que apenas o último elemento deve ser flexionado.

Page 30: Questões Comentadas Portugues Concurso

SURDOS-MUDOS

(C) bolsa-família

substantivo + substantivo (caso especial em que o segundo elemento determina, especifica o primeiro)

BOLSAS-FAMÍLIA

(D) guarda-roupaverbo + substantivo (nesse caso, apenas o substantivo deve ser flexionado)

GUARDA-ROUPAS

(E) auxílio-educação

substantivo + substantivo (caso especial em que o segundo elemento determina, especifica o primeiro)

AUXÍLIOS-EDUCAÇÃO

20A transformação da oração “[...] e quando veio a noite [...]” (3º §) de afirmativa para hipótese faz com que o verbo destacado se escreva como

(A) vir(B) vier(C) vem(D) vêm(E) vim

Comentários:O pretérito imperfeito do subjuntivo ou o futuro do subjuntivo podem ser entendidos como tempos verbais que indicam hipótese.

O pretérito imperfeito do subjuntivo é marcado pela conjunção “se”

Se eu viesseSe ele visseSe tu viessesSe ele visseSe nós viéssemosSe vós viésseisSe eles viessem

O futuro do subjuntivo é marcado pela preposição “quando” ou “se”

Quando/se eu vierQuando/se tu vieresQuando/se ele vierQuando/se nós viermosQuando/se vós vierdesQuando/se eles vierem

Na frase oração apresentada no enunciado, podemos trocar o tempo do verbo para futuro do subjuntivo:

Page 31: Questões Comentadas Portugues Concurso

Quando vier a noite...

Temos, assim, a transformação de uma afirmação, com verbo no indicativo, para uma hipótese, com verbo no subjuntivo.

Texto IREPIQUE DAS MESMAS PALAVRAS

Palavras consideradas difíceis, como “engalanada”, já não atraem muitos autores de escola de samba. A busca agora é pela comunicação direta. Em 2011, “vai” será a palavra mais repetida nos desfiles das 12 escolas do Grupo Especial: 19 vezes no total. Em seguida, uma variação do mesmo verbo: “vou”, com dez repetições. Essa também será a incidência de “vida” e “amor” (dez vezes cada uma). “Luz” e “mar” (nove vezes) fecham o pódio das mais populares de 2011. Isto sem considerar as repetições de uma mesma música, uma vez que ela não muda durante todo o desfile das escolas.

Outrora clássicas, palavras como “relicário” e “divinal” só aparecerão uma vez cada uma. E “engalanado”, que já teve seus dias de estrela, ficará mesmo de fora dos desfiles do Grupo Especial.

Para especialistas, as palavras mais usadas atualmente são curtas, chamam o público e motivam os componentes.

– “Vai” é a clara tentativa do compositor de empolgar e envolver a plateia desde o concurso das escolas, quando tem que mostrar às comissões julgadoras que suas músicas têm capacidade de empolgar. “Vou” está na linha de “vai”: chama, motiva. Quanto a “vida” e “amor”, refletem o otimismo do carnaval. Nenhuma palavra fica no campo semântico do pessimismo, tristeza. E “mundo” deixa claro o aspecto grandioso, assim como “céu” – disse o jornalista Marcelo de Mello, jurado do estandarte de Ouro desde 1993.

Dudu Botelho, compositor do Salgueiro, é um dos compositores dos sambas de 2007, 2008 e 2011. O samba de sua escola, aliás, tem três das seis palavras mais recorrentes: “vida”, “luz” e “mar”:

– O compositor tenta, através da letra, estimular o componente e a comunidade a se inserir no roteiro do enredo.

Todas as palavras mais repetidas no carnaval estão entre as mais usadas nos sambas das últimas campeãs dos anos 2000. “Terra” foi a mais escolhida (11 vezes). Em seguida, apareceram “vou” e “pra” (nove vezes); “luz”, “mar”, e “fé” (oito); “Brasil” (sete); e “vai”, “amor”, “carnaval” e “liberdade” (seis); e “vida” (cinco).

Para Marcelo de Mello, a repetição das mesmas palavras indica um empobrecimento das letras:– O visual ganhou um peso grande. A última escola que venceu um campeonato por causa do samba foi o

Salgueiro em 1993, com o refrão “explode coração”.

MOTTA, Cláudio. Repique das mesmas palavras. O Globo, 09 fev. 2011. Adaptado.

1Segundo o Texto I, o motivo real para o emprego de palavras mais curtas se dá porque

(A) insere o componente no enredo da escola.(B) identifica o falante no seu contexto linguístico.(C) estabelece uma comunicação fácil com a escola.(D) estimula os músicos a criarem letras mais inspiradas.(E) envolve o público no processo de criação dos compositores.

COMENTÁRIO:O primeiro trecho a seguir já explica a alternativa correta dessa questão. Os demais texto reforçam o gabarito.

“Palavras consideradas difíceis, como “engalanada”, já não atraem muitos autores de escola de samba. A busca agora é pela comunicação direta.”

“Para especialistas, as palavras mais usadas atualmente são curtas, chamam o público e motivam os componentes.”

Page 32: Questões Comentadas Portugues Concurso

“– “Vai” é a clara tentativa do compositor de empolgar e envolver a plateia desde o concurso das escolas, quando tem que mostrar às comissões julgadoras que suas músicas têm capacidade de empolgar. “Vou” está na linha de “vai”: chama, motiva.”

2O Texto I pode ser lido como um jogo de oposições. A única oposição que NÃO aparece na matéria é

(A) passado / presente(B) otimismo / pessimismo(C) tradição / modernidade(D) rapidez / lentidão(E) envolvimento / passividade

3A escolha do título de um texto nunca é aleatória.

O emprego da palavra repique no título do Texto I revela a intenção de(A) valorizar um dos instrumentos mais populares da bateria.(B) criar uma identidade com o universo linguístico do samba.(C) apontar uma relação entre a natureza da palavra e o seu sentido.(D) evidenciar o contraste entre os tempos de outrora e o da atualidade.(E) reconhecer a importância da empolgação dos componentes da escola de samba.

4A última fala do texto, de Marcelo de Mello, poderia ser introduzida por um conectivo, que preencheria a frase abaixo.

A repetição das mesmas palavras indica um empobrecimento das letras __________ o visual ganhou um peso grande.

A respeito do emprego desse conectivo, analise as afirmações a seguir.

I - O conectivo adequado seria porque, uma vez que estabelece uma relação de causa.II - O conectivo adequado seria por que, uma vez que se reconhecem aqui duas palavras.III - O conectivo levaria acento, porquê, já que pode ser substituído pelo termo “o motivo”, ou “a razão”.

É correto o que se afirma em

(A) I, apenas.(B) II, apenas.(C) I e II, apenas.(D) I e III, apenas.(E) I, II e III.

COMENTÁRIO:Vejamos sobre o emprego dos porquês:

PORQUE (junto e sem acento) é uma conjunção, significa “pois”.

Ela voltou porque gosta de você.(veja que podemos substituir o “porque” pela expressão “pois”: Ela voltou   pois   gosta de você .)

Eu cheguei agora porque houve um problema no caminho.(veja que podemos substituir o “porque” pela expressão “pois”: Eu cheguei agora pois   houve um problema no caminho.)

Page 33: Questões Comentadas Portugues Concurso

POR QUE (separado e sem acento) pode ser três casos distintos:

1) um advérbio interrogativo de causa: nesse caso, “por que” significa “por que motivo” e pode estar no início ou no meio da frase. E essa frase pode apresentar o ponto de interrogação ou não.

Por que você não ligou?(veja que podemos substituir o “por que” pela expressão “por que motivo”: Por que motivo   você não ligou? )

Disseram por que ele faltou.(veja que podemos substituir o “por que” pela expressão “por que motivo”: Disseram por que motivo   ele faltou .)

Você não entendeu por que ela foi embora.(veja que podemos substituir o “por que” pela expressão “por que motivo”: Você não entendeu   por que motivo   ela foi embora .)

2) uma preposição (POR) mais um pronome relativo (QUE): nesse caso, “por que” significa “pelo qual” e suas flexões.

Este é o momento por que ela tanto esperava.(veja que podemos substituir o “por que” pela expressão “pelo qual”: Este é o momento   pelo qual   ela tanto esperava.)

3) uma preposição (POR) mais uma conjunção integrante (QUE): nesse caso, a oração iniciada pela conjunção integrante “que” pode ser substituída por “isto”.

José anseia por que tudo dê certo.(veja que podemos substituir a oração iniciada pela conjunção “que” – que tudo dê certo – pelo pronome “isto”: José anseia   por isto .)

POR QUÊ (separado e com acento) é um advérbio interrogativo de causa que significa “por que motivo”, assim como o caso (1) de “por que” (separado e sem acento). Mas o “por quê” separado e com acento só é usado quando ele está no final da frase.

Você não ligou por quê?(veja que podemos substituir o “por quê” pela expressão “por que motivo": Você não ligou   por que motivo ? )

Ela foi embora e você não sabe por que.(veja que podemos substituir o “por quê” pela expressão “por que motivo: Ela foi embora e você não sabe   por que motivo.)

PORQUÊ (junto e com acento) é um substantivo e sempre vem antecedido por um determinante, isto é, por um artigo, um pronome, um adjetivo, um numeral   etc.)

Não sei o porquê dessa reação.(veja que o “porquê” vem antecedido pelo artigo “o”)

Ele apresentou seus porquês.(veja que “porquês” está no plural, já que se trata de um substantivo, e vem antecedido pelo pronome “seus”.)

Vou dizer três porquês: primeiro...(veja que “porquês” está no plural, já que se trata de um substantivo, e vem antecedido pelo numeral   “três”.)

5“Essa também será a incidência de ‘vida’ e ‘amor’ (dez vezes cada uma).”

O substantivo incidência vem do verbo incidir. Dos verbos a seguir, o único que segue esse mesmo paradigma é

Page 34: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) abranger(B) devolver(C) incinerar(D) perceber(E) iludir

COMENTÁRIO:Do verbo incidir, podemos fazer o substantivo incidência através do sufixo –ência.

Vamos formar substantivos a partir dos verbos de cada alternativa:

(A) abranger – abrangência (sufixo –ência)(B) devolver – devolução (sufixo –ção)(C) incinerar – incineração (sufixo –ção)(D) perceber – percepção (sufixo –ção)(E) iludir – ilusão (sufixo –[s]ão)

Texto IIPALAVRA PEJORATIVA

O uso do termo “diferenciada” com sentido negativoressuscita o preconceito de classe

“Você já viu o tipo de gente que fica ao redor das estações do metrô? Drogados, mendigos, uma gente diferenciada.” As palavras atribuídas à psicóloga Guiomar Ferreira, moradora há 26 anos do bairro Higienópolis, em São Paulo, colocaram lenha na polêmica sobre a construção de uma estação de metrô na região, onde se concentra parte da elite paulistana. Guiomar nega ser a autora da frase. Mas a autoria, convenhamos, é o de menos. A menção a camelôs e usuários do transporte público ressuscitou velhos preconceitos de classe, e pode deixar como lembrança a volta de um clichê: o termo “diferenciada”.

A palavra nunca fora usada até então com viés pejorativo no Brasil. Habitava o jargão corporativo e publicitário, sendo usada como sinônimo vago de algo “especial”, “destacado” ou “diferente” (sempre para melhor).

– Não me consta que já houvesse um “diferenciado” negativamente marcado. Não tenho nenhum conhecimento de existência desse “clichê”. Parece-me que a origem, aí, foi absolutamente episódica, nascida da infeliz declaração – explica Maria Helena Moura Neves, professora da Unesp de Araraquara (SP) e do Mackenzie.

Para a professora, o termo pode até ganhar as ruas com o sentido negativo, mas não devido a um deslizamento semântico natural. Por natural, entenda- se uma direção semântica provocada pela configuração de sentido do termo originário. No verbo “diferenciar”, algo que “se diferencia” será bom, ao contrário do que ocorreu com o verbo “discriminar”, por exemplo. Ao virar “discriminado”, implicou algo negativo. Maria Helena, porém, não crê que a nova acepção de “diferenciado” tenha vida longa.

– Não deve vingar, a não ser como chiste, aquelas coisas que vêm entre aspas, de brincadeira – emenda ela. [...]

MURANO, Edgard. Disponível em: . Acesso em: 05 jul. 2011. Adaptado.

6O verbo ganhar, na sua forma usual, é considerado um verbo abundante, apresentando, pois, duas formas de particípio: uma forma regular (ganhado); outra, irregular, supletiva (ganho).Dentre os verbos encontrados no Texto II, qual é aquele que apresenta SOMENTE uma forma irregular?

(A) Ver(B) Ficar(C) Ter(D) Ocorrer(E) Vingar 

COMENTÁRIO:

Page 35: Questões Comentadas Portugues Concurso

Verbo abundante é aquele que possui duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio. Exemplo: “acender” – “acendido” ou “aceso”. Os verbos “haver”, “construir”, “reconstruir”, “destruir”, “entupir”, “desentupir” são abundantes no presente do indicativo. Exemplo: nos havemos ou nós hemos.

Particípio regular é a forma nominal do verbo formada pelo sufixo –ado ou –ido. Exemplo: “amar” – “amado”; “partir” – “partido”.

Particípio irregular é a forma nominal que não segue exatamente um padrão. Podemos generalizar, dizendo que são todas as formas de particípio que não são feitas a partir do acréscimo dos prefixos –ado ou –ido. Exemplo: “abrir” – “aberto”; “exprimir” – “expresso”.

Há verbos que possuem apenas o particípio regular, como os verbos “amar” – “amado”, “correr” – “corrido”. Há verbos que possuem apenas o particípio irregular, como “abrir” – “aberto” (não existe *abrido), “dizer” – “dito” (não existe *dizido), “fazer” – “feito” (não existe *fazido). E há verbos que possuem tanto o particípio regular quanto o irregular, como “aceitar” – “aceitado” ou “aceito”; “matar” – “matado” ou “morto”.

Vejamos, agora, os verbos das alternativas:

(A) Ver – visto (apenas particípio irregular)(B) Ficar – ficado (apenas particípio regular)(C) Ter – tido (apenas particípio regular)(D) Ocorrer – ocorrido (apenas particípio regular)(E) Vingar – vingado (apenas particípio regular)

7Na última fala do Texto II, a forma verbal vingar está com o sentido de “ter bom êxito”, “dar certo”. 

Em qual das frases abaixo o verbo em negrito apresenta a mesma regência de vingar?

(A) “A menção a camelôs e usuários do transporte público ressuscitou velhos preconceitos de classe,”(B) “– Não me consta que já houvesse um ‘diferenciado’ negativamente marcado.”(C) “Não tenho nenhum conhecimento de existência desse ‘clichê’.”(D) “Parece-me que a origem, aí, foi absolutamente episódica,”(E) “[...] aquelas coisas que vêm entre aspas, de brincadeira –” 

COMENTÁRIO:Quando falamos em regência verbal, devemos observar o contexto onde o verbo está inserido. A regência pode mudar conforme o contexto.

Vejamos:

“– Não deve vingar, a não ser como chiste, aquelas coisas que vêm entre aspas, de brincadeira – emenda ela. [...]”

Veja que o verbo “vingar”, com sentido de “ter bom êxito”, “dar certo”, no contexto em que foi empregado no texto, não tem complemento, é intransitivo.

No dicionário de regência verbal de Celso Pedro Luft, encontramos o seguinte sobre o verbo “vingar”:

(sentido de “tirar vingança ou desforra de”)Transitivo Direto: “vingar algo ou alguém” vingar uma ofensa

Transitivo Direto e Indireto: “vingar algo ou alguém de/em” vingar a morte de alguémvingar alguém de uma afronta vingar em alguém os erros

Page 36: Questões Comentadas Portugues Concurso

(sentido de “[re]compensar”, “consolar”, “indenizar”)Transitivo Direto e Indireto: “vingar algo ou alguém de/em”vingar alguém de uma trabalheiravingar as frustrações nas lágrimas

(sentido de “desenvolver-se”, “crescer”)Intransitivo: algo/alguém vingou as plantas vingaram

(sentido de “ter bom êxito”, “dar certo”)Intransitivo: algo/alguém vinga (o empreendimento vingou)

Vejamos, agora, a regência de cada verbo das alternativas:

(A) “A menção a camelôs e usuários do transporte público ressuscitou velhos preconceitos de classe,” 

Verbo “ressuscitar”: transitivo direto 

           A menção a camelôs e usuários do transporte público ressuscitou o quê?           Resposta: velhos preconceitos de classe.

Pergunta “o que” --- verbo transitivo direto

(B) “– Não me consta que já houvesse um ‘diferenciado’ negativamente marcado.” 

Verbo “constar”: transitivo indireto

Vamos substituir a oração iniciada pelo “que” pelo pronome “isso” (quando estivermos diante de uma oração subordinada substantiva, substituí-la por “isso” ajuda bastante)

           Não me consta isso.

Reorganizando a oração:

           Isso não me consta.

Assim:

           Isso não consta a quem?           Resposta: a mim (me).

Pergunta “a quem” --- verbo transitivo indireto (veja a preposição “a” na pergunta)

(C) “Não tenho nenhum conhecimento de existência desse ‘clichê’.” 

Verbo “ter”: transitivo direto

           Não tenho o quê?           Resposta: nenhum conhecimento de existência desse ‘clichê’.

Pergunta “o que” --- verbo transitivo direto

(D) “Parece-me que a origem, aí, foi absolutamente episódica,” 

Verbo “parecer” (sentido de “ser opinião ou parecer de alguém”): transitivo indireto

Page 37: Questões Comentadas Portugues Concurso

           Parece a quem?           Resposta: a mim (me)

Pergunta “a quem” --- verbo transitivo indireto

(E) “[...] aquelas coisas que vêm entre aspas, de brincadeira –” 

Verbo “vir”: intransitivo

           Aquelas coisas que vêm onde? Como?           Resposta: entre aspas, de brincadeira (adjuntos adverbiais de lugar, modo)

Quando o verbo não tem objeto (direto ou indireto) e não é um verbo de ligação, temos um verbo intransitivo. E quando um verbo pede apenas adjunto adverbial, também podemos classificá-lo como intransitivo.

8Segundo os compêndios gramaticais, existem duas possibilidades de escritura da voz passiva no português.

Na frase abaixo, encontra-se uma delas:

“A palavra nunca fora usada até então com viés pejorativo no Brasil.”

A outra possibilidade de escritura, na forma passiva, na qual o sentido NÃO se altera é:

(A) A palavra nunca se usou até então com viés pejorativo no Brasil.(B) A palavra nunca se usara até então com viés pejorativo no Brasil.(C) A palavra nunca se tem usado até então com viés pejorativo no Brasil.(D) A palavra nunca se usava até então com viés pejorativo no Brasil.(E) A palavra nunca se usaria até então com viés pejorativo no Brasil.

COMENTÁRIO:Se a forma verbal está na voz passiva, o sujeito da oração não pratica a ação do verbo.

    Exemplos:

    (1) As árvores são cortadas.    (2) Cortam-se árvores.

Veja que o sujeito nos dois exemplos é a expressão “as árvores”. E não é esse sujeito que pratica a ação de cortar.

Há dois tipos de voz passiva: analítica e sintética. 

A voz passiva analítica é aquela com locução verbal (verbo auxiliar + verbo principal no particípio) – veja o exemplo (1).

A voz passiva sintética é aquela com verbo + “se” (pronome apassivador) – veja o exemplo (2). Ocorre voz passiva sintética apenas com verbos transitivos diretos.

Vejamos a frase do enunciado dessa questão:

“A palavra nunca fora usada até então com viés pejorativo no Brasil.”

Temos uma locução verbal: “fora usada” (verbo auxiliar “fora” + verbo principal no particípio “usada”) ---- Trata-se, portanto, da voz passiva analítica.

Page 38: Questões Comentadas Portugues Concurso

É importante encontrarmos o sujeito da oração e, se houver, o agente da passiva, isto é, o ser que pratica a ação de “usar”:

Sujeito: a palavraAgente da passiva: não foi expresso na sentença. (veja que não podemos saber quem nunca usou a palavra com viés pejorativo no Brasil)

Para passarmos essa sentença para a voz passiva sintética, vamos seguir alguns passos:

1) Veja o tempo e o modo do verbo auxiliar da locução “fora usada”:

“fora” = verbo “ser” na 3ª pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do indicativo

2) Conjugue o verbo principal da locução “fora usada” nos mesmos tempo e modo do verbo auxiliar da passiva analítica:

“fora usada”: verbo principal = “usar”“usar”: usara (3º pessoa do singular do pretérito mais que perfeito do indicativo

3) Acrescente o “se” (partícula apassivadora) ao verbo principal:

“usara-se”

4) Volte à sentença, retire a locução verbal “fora usada” e insira o verbo “usara” com a partícula apassivadora, fazendo as correções necessárias:

A palavra nunca se usara até então com viés pejorativo no Brasil.

Veja que o “nunca” atrai o pronome “se” para antes do verbo.

Observação: muitas vezes encontramos o sujeito da voz passiva sintética após o verbo, como no exemplo “Cortam-se árvores”.

9“Não me consta que já houvesse um ‘diferenciado’ negativamente marcado.” 

A respeito da ocorrência da forma verbal houvesse, destacada no trecho, teceram-se os seguintes comentários:

I - A forma verbal houvesse, nessa estrutura, tem valor de existisse, e se apresenta como verbo impessoal.II - O verbo haver, quando impessoal, transmite sua impessoalidade a auxiliares.III - A forma verbal houvesse, nesse trecho, desempenha uma função de verbo auxiliar.

É correto o que se afirma em

(A) I, apenas.(B) II, apenas.(C) I e II, apenas.(D) I e III, apenas.(E) I, II e III.

COMENTÁRIO:O que se afirma em III está incorreto. Para que um verbo desempenhe a função de verbo auxiliar, é preciso que haja uma locução verbal.

Uma locução verbal é formada por 

verbo auxiliar + verbo principal

Page 39: Questões Comentadas Portugues Concurso

Trata-se de dois verbos que, juntos, representam uma única ação verbal.

O verbo auxiliar apresenta-se flexionado em algum tempo e modo, e o verbo principal apresenta-se sempre em uma forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio).

Ela está cantando bem.está = verbo auxiliarcantando = verbo principal no gerúndioEle tinha saído às duas da tarde.tinha = verbo auxiliarsaído = verbo principal no particípioVocê deve fazer o trabalho.deve = verbo auxiliarfazer = verbo principal no infinitivo

Quando dois verbos juntos constituem uma locução verbal e quando não se trata de locução verbal?

Sabemos que o segundo verbo da locução pode ser qualquer um e deve estar em uma forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio), mas como identificamos o verbo auxiliar?

Importante: os principais verbos auxiliares são TER, HAVER, SER, ESTAR e IR. Além desses, também podemos usar como auxiliar os verbos PODER, DEVER e QUERER.

10Considere o trecho do Texto II abaixo.

“[...] colocaram lenha na polêmica sobre a construção de uma estação de metrô na região, ondese concentra parte da elite paulistana.”

O emprego do pronome relativo onde está correto. PORQUE

Retoma o termo na região, que tem valor de lugar físico na oração antecedente.

Analisando-se as afirmações acima, conclui-se que

(A) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.(B) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.(C) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.(D) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.(E) as duas afirmações são falsas.

COMENTÁRIO:

As duas afirmações são verdadeiras. E o uso do “porque” ajuda-nos a concluir que a segunda justifica a primeira.

Não transforme o seu futuro em um passado de que você possa arrepender-se

O futuro é construído a cada instante da vida, nas tomadas de decisões, nas aceitações e recusas, nos caminhos percorridos ou não. Esse movimento é feito por nós diariamente sem percebermos e sem muito impacto, contudo, quando analisado em um período de tempo maior, ficam nítidos os erros e acertos. Sabemos, internamente, dos melhores caminhos, entretanto, pelas inseguranças, medos e raivas, diversas vezes adotamos posturas impensadas que impactam pelo resto da vida, comprometendo trilhas que poderiam ser melhores ou mais tranquilas.

Como podemos superar esses momentos? Como fazer para evitar esses erros súbitos? Perguntas a que também quero responder, afinal, sou humano e cometo todos os erros inerentes a minha condição, contudo, posso

Page 40: Questões Comentadas Portugues Concurso

afirmar que o mundo não acaba amanhã e, retirando a morte, as decisões podem ser adiadas, lembrando que algumas delas geram ônus e multas. No direito e na medicina isso é mais complexo, mas em muitas outras áreas isso é perfeitamente aceito. A máxima de que “não deixe para fazer amanhã o que você pode fazer hoje” não é tão máxima assim. Devemos lembrar que nada é absoluto, mas relativo.

Uma coisa faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço. A pessoa mais importante da vida é o seu proprietário, o nosso maior erro é ser inquilino dela, deixar entrar algo que se acha errado ou não se quer é tornar-se inquilino do que é seu, pagando aluguel e preocupado com o final do contrato da sua vida. Não cometa esse erro.

A felicidade atual depende do passado, assim como a tristeza, a pobreza, a saúde e muitas outras coisas. Nunca se esqueça disso, nunca.Torne mais flexível o seu orgulho, algo que hoje não deu certo, pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo. O orgulho impede de você tentar de novo. Não minta para você, essa é a forma mais rápida de se perder. Quando tiver dúvida, fale alto com você mesmo, escute as suas palavras e pense muito. É melhor ser taxado de louco do que ser infeliz.

Aceite que erramos, mas lembre que cometer os mesmos erros é burrice. O ideal é aprender com os erros dos outros; para que isso aconteça, observe o que acontece com o mundo ao seu redor, invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras pessoas. Você não foi o primeiro a cometer erros e, com absoluta certeza, não será o último. A observação é o melhor caminho para um futuro mais tranquilo, mais equilibrado, mais pleno. Temos que separar um tempo do nosso dia para a reflexão e meditação.

Utilize-se de profissionais especialistas, não cometa a bobagem de escutar amigos acerca de um problema, eles são passionais e tendenciosos pelo nosso lado. Com eles, sentimo-nos seguros para imaginarmos soluções perfeitas que nunca se concretizarão. O fracasso nessas ideias geniais solucionadoras dos seus problemas, tipo “seus problemas acabaram” causam frustrações e raivas, sentimentos que atacam nossa autoestima e podem prejudicar o resto de nossa vida. Cuidado com isso.

Por fim, tente ser feliz, tente amar, ajude as pessoas que precisam, seja bom. Nunca, mas nunca mesmo, machuque as pessoas de caso pensado, só por vingança ou maldade, esse é com absoluta certeza o mais vil de todos os pecados que um ser humano pode fazer. Quando machucar por outro motivo, arrependa-se e peça desculpas sinceras e tente nunca mais machucar, tente com afinco. Evite criticar as pessoas; como o mundo dá muitas voltas, um dia você pode ser o criticado. Aceite as pessoas como são, não tente mudá-las, seja humilde e aceite os seus erros.

Esses comportamentos não resolvem os problemas, mas podem evitá-los. O nosso futuro pode ser um passado legal, depende apenas de nós.

Disponível em:http://www.webartigos.com/articles/33414/1/NAOTRANSFORME-O-SEU-FUTURO-EM-UM-PASSADO-QUE-VOCEPOSSA-SE-ARREPENDER-/pagina1.html (adaptado) Acessado em: 9 abril/2010.

1Segundo as ideias do texto, o futuro, em nossa vida,

(A) delineia-se pela sucessão de nossas escolhas.(B) se configura pelo retrocesso de uma decisão tomada indevidamente.(C) decorre da incidência de erros que se possam vir a cometer.(D) consiste na adequação de cada decisão à situação presente.(E) se torna imperceptível devido às infinitas decisões tomadas no passado.

Comentário:

Como justificativa para a resposta dessa questão, vejamos o trecho a seguir:

“O futuro é construído a cada instante da vida, nas tomadas de decisões, nas aceitações e recusas, nos caminhos percorridos ou não.” Esse movimento é feito por nós diariamente sem percebermos e sem muito impacto, contudo, quando analisado em um período de tempo maior, ficam nítidos os erros e acertos.”

2

Page 41: Questões Comentadas Portugues Concurso

No segundo período do primeiro parágrafo, a que característica que as escolhas apresentam entre si faz referência semântica o vocábulo “movimento”?

(A) Sistematicidade.(B) Proporcionalidade.(C) Disparidade.(D) Regularidade.(E) Invariabilidade.

Comentário:

Vejamos:

“O futuro é construído a cada instante da vida, nas tomadas de decisões, nas aceitações e recusas, nos caminhos percorridos ou não.” Esse movimento é feito por nós diariamente sem percebermos e sem muito impacto, contudo, quando analisado em um período de tempo maior, ficam nítidos os erros e acertos.”

A expressão “esse movimento” faz referência ao que o futuro é constituído. Como vimos, há aceitações e recusas, caminhos que foram percorridos e os que também não foram. O futuro é constituído, portanto, por coisas diferentes e, até mesmo, opostas.

Não há, naquilo que constitui o futuro, sistematicidade, proporcionalidade, regularidade nem invariabilidade.

Vejamos o que significa “disparidade”:

Disparidade: diferença entre dois seres, duas coisas; desigualdade; dessemelhança.

3Segundo o texto, fazemos escolhas diariamente “...sem percebermos e sem muito impacto,” em virtude da(o)

(A) ocorrência eventual.(B) grande incidência com que ocorrem.(C) irrelevância da ação presente.(D) grau de repercussão no futuro.(E) desvínculo do presente com o passado.

Comentário:

Vejamos novamente um trecho do primeiro parágrafo do texto:

“O futuro é construído a cada instante da vida, nas tomadas de decisões, nas aceitações e recusas, nos caminhos percorridos ou não. Esse movimento é feito por nós diariamente sem percebermos e sem muito impacto,...”

Conforme o texto, as escolhas são feitas diariamente, ou seja, não se trata de uma ocorrência eventual.

O fato de não percebermos ou não sentirmos muito impacto é conseqüência de as escolhas ocorrem a cada instante da vida, diariamente, frequentemente.

Não há, no texto, qualquer relação entre o fato de não percebermos ou não sentirmos muito impacto das decisões feitas diariamente e o que se afirma nas alternativas (C), (D) e (E).

4Segundo as ideias apresentadas no último período do primeiro parágrafo, éINCORRETO afirmar que a insegurança, o medo, a raiva são sentimentos que

Page 42: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) nos embotam a percepção.(B) motivam nossas ações.(C) interferem no nosso futuro.(D) precipitam nossas decisões.(E) racionalizam nossas escolhas.

Comentário:

“Sabemos, internamente, dos melhores caminhos, entretanto, pelas inseguranças, medos e raivas, diversas vezes adotamos posturas impensadas que impactam pelo resto da vida, comprometendo trilhas que poderiam ser melhores ou mais tranquilas.”

Segundo esse período, nós sabemos dos melhores caminhos, mas nem sempre trilhamos por eles. Inseguranças, medos e raivas embotam, enfraquecem, de certa forma, nossa percepção e motivam nossas ações, levando-nos, de forma precipitada, a tomar decisões ruins, a adotar posturas impensadas. Essas decisões interferem no nosso futuro, impactam pelo resto da vida.

5Em “afinal, sou humano...”, o elemento destacado é um operador argumentativo de

(A) condição.(B) consequência.(C) conclusão.(D) conformidade.(E) concessão.

Comentário:

Vejamos o conceito de operador argumentativo extraído da Wikipédia:

Os operadores argumentativos são certos elementos da língua, explícitos na própria estrutura gramatical da frase cuja finalidade é a de indicar a argumentatividade dos enunciados. Introduzem variados tipos de argumentos. As palavras que funcionam como operadores argumentativos são os conectivos, os advérbios e outras palavras que, dependendo do contexto, não se enquadram em nenhuma das dez categorias gramaticais.Tipos de operadores argumentativos

Os operadores argumentativos são utilizados para introduzir vários tipos de argumentos. Os mais comuns são:Operadores que introduzem argumentos que se somam a outro, tendo em vista a mesma conclusão: e, nem, também, não só... mas também, além disso, etc.Operadores que introduzem enunciados que exprimem conclusão ao que foi expresso anteriormente: logo, portanto, então, conseqüentemente, etc.Operadores que introduzem argumentos que se contrapõe a outro visando a uma conclusão contrária: mas, porém, todavia, embora, ainda que, apesar de, etc.Operadores que introduzem argumentos alternativos: ou... ou, quer... quer, seja... seja, etc.

Operadores que estabelecem relações de comparação: mais que, menos que, tão... quanto, tão... como, etc.Operadores que estabelecem relação de justificativa, explicação em relação a enunciado anterior: pois, porque, que, etc.Operadores cuja função é introduzir enunciados pressupostos: agora, ainda, já, até, etc.

Operadores cuja função é introduzir enunciados, que visa esclarecer um enunciado anterior: isto é, em outras palavras, seja, etc.

Operadores cuja função é orientar a conclusão para uma afirmação ou negação: quase, apenas só, somente, etc.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Operadores_argumentativos

 

Page 43: Questões Comentadas Portugues Concurso

6No texto, a passagem que se configura, semanticamente, como uma restrição ao sentido de “as decisões podem ser adiadas,” é

(A) “Como podemos superar esses momentos?”(B) “Como fazer para evitar esses erros súbitos?”(C) “...cometo todos os erros inerentes a minha condição,”(D) “...o mundo não acaba amanhã...”(E) “retirando a morte,”

Comentário:

“Perguntas a que também quero responder, afinal, sou humano e cometo todos os erros inerentes a minha condição, contudo, posso afirmar que o mundo não acaba amanhã e, retirando a morte, as decisões podem ser adiadas, lembrando que algumas delas geram ônus e multas.”

Veja que o fato de as decisões poderem ser adiadas tem um limite, uma ressalva: a morte.

Isso significa que a expressão “retirando a morte” é uma restrição ao sentido de “decisões podem ser adiadas”.

7Em “No direito e na medicina isso é mais complexo,”, o elemento destacado faz referência semântica, especificamente, a que passagem do texto?

(A) “...cometo todos os erros...”(B) “...o mundo não acaba amanhã...”(C) “retirando a morte,”(D) “as decisões podem ser adiadas,”(E) “...em muitas outras áreas...”

Comentário:

A referência semântica é, exatamente, a que o pronome “isso” faz referência no texto.

Para começarmos a buscar a resposta correta, é preciso reler bem o texto, principalmente o trecho onde está o termo em questão, e fazer a pergunta: isso o quê?

Vejamos o trecho do texto:

Como podemos superar esses momentos? Como fazer para evitar esses erros súbitos? Perguntas a que também quero responder, afinal, sou humano ecometo todos os erros (a) inerentes a minha condição, contudo, posso afirmar que o mundo não acaba amanhã (b) e, retirando a morte (c), as decisões podem ser adiadas (d), lembrando que algumas delas geram ônus e multas. No direito e na medicina isso é mais complexo, mas em muitas outras áreas (e)   isso é perfeitamente aceito. A máxima de que “não deixe para fazer amanhã o que você pode fazer hoje” não é tão máxima assim. Devemos lembrar que nada é absoluto, mas relativo.

O que é mais complexo no direito e na medicina é o fato de as decisões poderem ser adiadas. Em muitas outras áreas, adiar as decisões é aceito, mas no direito e na medicina isso não acontece simplesmente da mesma maneira.

8Analise o trecho:

“Uma coisa faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida;”

Qual das palavras a seguir confere sentido mais específico à palavra “coisa”?

Page 44: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) Insegurança.(B) Situação.(C) Atitude.(D) Distorção.(E) Configuração.

Comentário:

Vejamos o parágrafo inteiro de onde foi extraído o trecho dessa questão:

“Uma coisa faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço. A pessoa mais importante da vida é o seu proprietário, o nosso maior erro é ser inquilino dela, deixar entrar algo que se acha errado ou não se quer é tornar-se inquilino do que é seu, pagando aluguel e preocupado com o final do contrato da sua vida. Não cometa esse erro.”

Não deixar entrar algo é uma atitude. Se tentarmos substituir a palavra “coisa” pelas opções apresentadas nas alternativas, veremos que apenas a alternativa (C) fará sentido:

a) Uma *insegurança faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço.

b) Uma *situação faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço.

c) Uma atitude faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço.

d) Uma *distorção faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço.

e) Uma *configuração faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço.

9De acordo com as ideias apresentadas no terceiro parágrafo, infere-se que “...ser inquilino...” é uma consequência decorrente da

(A) inclemência.(B) transigência.(C) rigidez.(D) radicalidade.(E) inflexibilidade.

Comentário:

Vejamos o terceiro parágrafo do texto:

“Uma coisa faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aquilo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço. A pessoa mais importante da vida é o seu proprietário, o nosso maior erro é ser inquilino dela, deixar entrar algo que se acha errado ou não se quer é tornar-se inquilino do que é seu, pagando aluguel e preocupado com o final do contrato da sua vida. Não cometa esse erro.”

Alguém torna-se inquilino de si mesmo quando não sabe ser proprietário da própria vida, isto é, quando não sabe ditar suas próprias regras, tomar decisões que o favoreçam de verdade, que o tornam feliz, que não sabe impor limites nem garantir seu próprio espaço.

Page 45: Questões Comentadas Portugues Concurso

Isso significa que ser inquilino é resultado de certa transigência, isto é, de atitudes tolerantes demais.

10O referente do pronome destacado na passagem “A pessoa mais importante da vida é o seu proprietário, o nosso maior erro é ser inquilino dela,” é

(A) “pessoa”.(B) “vida”.(C) “proprietário”.(D) “erro”.(E) “inquilino”.

Comentário:

Se fizermos a pergunta: o nosso maior erro é ser inquilino de quem? A resposta, conforme as informações presentes na sentença em questão, é “da vida”.

11No texto, a “felicidade”, a “pobreza”, a “tristeza”, a “saúde” marcam-se, no presente, em relação a um procedimento passado, como uma

(A) condição.(B) consequência.(C) causa.(D) finalidade.(E) alternativa.

Comentário:

Vejamos o trecho onde estão as palavras apresentadas no enunciado:

“A felicidade atual depende do passado, assim como a tristeza, a pobreza, asaúde e muitas outras coisas. Nunca se esqueça disso, nunca.”

Quando se diz que a felicidade, a tristeza, a pobreza e a saúde dependem do passado, isso significa que elas são, no presente, consequências de algo feito no passado. Para elas existirem no presente, é preciso que algo no passado tenha permitido.

12Segundo o texto, o “...orgulho,” caracteriza-se como um bloqueio

(A) ocasionado por uma situação promissora.(B) resultante da ocorrência de um insucesso.(C) causado por uma série de tentativas frustradas.(D) decorrente da inviabilidade de uma situação vindoura.(E) preventivo contra iminentes decepções.

Comentário:

“Torne mais flexível o seu orgulho, algo que hoje não deu certo, pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo. O orgulho impede de você tentar de novo. Não minta para você, essa é a forma mais rápida de se perder.

Page 46: Questões Comentadas Portugues Concurso

Quando tiver dúvida, fale alto com você mesmo, escute as suas palavras e pense muito. É melhor ser taxado de louco do que ser infeliz.”

Quando se diz que o orgulho impede alguém de tentar de novo, significa que esse alguém não teve sucesso em uma situação e, por orgulho, esse alguém não tenta outra vez. O orgulho seria, portanto, um bloqueio resultante de um insucesso.

13No quinto parágrafo, o argumento que se configura como um alicerce para a concepção de que “O ideal é aprender com os erros dos outros;” é

(A) “Aceite que erramos,”(B) “...lembre que cometer os mesmos erros é burrice.”(C) “observe o que acontece com o mundo ao seu redor,”(D) “invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras pessoas.”(E) “Temos que separar um tempo do nosso dia para a reflexão e meditação.”

Comentário:

“Aceite que erramos, mas lembre que cometer os mesmos erros é burrice. O ideal é aprender com os erros dos outros; para que isso aconteça,   observe o que acontece com o mundo ao seu redor, invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras pessoas. Você não foi o primeiro a cometer erros e, com absoluta certeza, não será o último. A observação é o melhor caminho para um futuro mais tranquilo, mais equilibrado, mais pleno. Temos que separar um tempo do nosso dia para a reflexão e meditação.”

O que melhor justifica a informação “O ideal é aprender com os erros dos outros” é o que vem posteriormente: “invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras.”

Se transformarmos em uma pergunta, veremos mais claramente a melhor resposta:

Por que é ideal aprender com os erros dos outros?

Resposta: porque outras pessoas já viveram o seu problema e, de alguma forma, resolveram-no. Ver como o problema foi resolvido ajuda a fazer igual ou a fazer diferente, mas de qualquer forma há aprendizado.

14“A observação é o melhor caminho para um futuro mais tranquilo, mais equilibrado,” porque a observação, quanto à ocorrência de problemas,

(A) acentua o impacto causado pela decepção.(B) impede que eles surjam.(C) dissipa-os em nossa mente.(D) posterga sua solução.(E) orienta-nos a tomar a melhor decisão.

Comentário:

Segundo o texto, observar o que acontece com o mundo ao seu redor é importante para que se veja os erros dos outros e se aprenda com eles. Assim se toma a melhor decisão.

“Aceite que erramos, mas lembre que cometer os mesmos erros é burrice. O ideal é aprender com os erros dos outros; para que isso aconteça, observe o que acontece com o mundo ao seu redor, invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras pessoas. Você não foi o primeiro a cometer erros e, com absoluta certeza, não será o último. A observação é o melhor caminho para um futuro mais tranquilo, mais equilibrado, mais pleno. Temos que separar um tempo do nosso dia para a reflexão e meditação.”

Page 47: Questões Comentadas Portugues Concurso

15A influência negativa dos amigos, em relação aos problemas, deve-se a

(A) conscientizar-nos da gravidade dos problemas.(B) questionarem a postura dos especialistas.(C) apontar-nos a inviabilidade de buscar soluções.(D) levar-nos a superestimar nossa capacidade de ação.(E) alertar-nos para a ocorrência de possíveis decepções.

Comentário:

Vejamos o seguinte parágrafo do texto para entender o gabarito dessa questão:

“Utilize-se de profissionais especialistas, não cometa a bobagem de escutar amigos acerca de um problema, eles são passionais e tendenciosos pelo nosso lado. Com eles, sentimo-nos seguros para imaginarmos soluções perfeitas que nunca se concretizarão. O fracasso nessas ideias geniais solucionadoras dos seus problemas, tipo “seus problemas acabaram” causam frustrações e raivas, sentimentos que atacam nossa autoestima e podem prejudicar o resto de nossa vida. Cuidado com isso.”

16No sétimo parágrafo, NÃO há correspondência entre a passagem destacada e a qualidade humana a ela relacionada em

(A) “tente ser feliz, tente amar,” – prudência.(B) “ajude as pessoas que precisam” - solidariedade.(C) “Nunca, mas nunca mesmo, machuque as pessoas de caso pensado,” – bondade.(D) “Quando machucar por outro motivo, arrependa-se e peça desculpas sinceras” – humildade.(E) “Evite criticar as pessoas;”– benevolência.

Comentário:

Por fim, tente ser feliz, tente amar (não seria prudência!), ajude as pessoas que precisam (solidariedade), seja bom. Nunca, mas nunca mesmo, machuque as pessoas de caso pensado (bondade), só por vingança ou maldade, esse é com absoluta certeza o mais vil de todos os pecados que um ser humano pode fazer. Quando machucar por outro motivo, arrependa-se e peça desculpas sinceras (humildade) e tente nunca mais machucar, tente com afinco. Evite criticar as pessoas (benevolência); como o mundo dá muitas voltas, um dia você pode ser o criticado. Aceite as pessoas como são, não tente mudá-las, seja humilde e aceite os seus erros.

Vejamos os significados de cada palavra apresentada nas alternativas dessa questão:

Prudência: virtude que faz prever e procura evitar as inconveniências e os perigos; cautela, precaução.

Solidariedade: dependência mútua entre os homens. Sentimento que leva os homens a se auxiliarem mutuamente. Relação mútua entre coisas dependentes. Direito Compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras.

Bondade: inclinação a fazer o bem, a ser benigno, indulgente. Qualidade do que é bom. Amabilidade.

Humildade: ausência completa de orgulho. Rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito. Modéstia.

Benevolência: disposição favorável em relação a alguém.

Page 48: Questões Comentadas Portugues Concurso

17Transpondo-se o trecho “O futuro é construído a cada instante da vida,” para a voz passiva sintética, tem-se a forma verbal

(A) constrói-se.(B) construiu-se.(C) há de ser construído.(D) pode ser construído.(E) foi construído.

Comentário:

Se a forma verbal está na voz passiva, o sujeito da oração não pratica a ação do verbo.

Exemplos:

    (1) As árvores são cortadas.    (2) Cortam-se árvores.

Veja que o sujeito nos dois exemplos é a expressão “as árvores”. E não é esse sujeito que pratica a ação de cortar.

Há dois tipos de voz passiva: analítica e sintética.

A voz passiva analítica é aquela com locução verbal (verbo auxiliar + verbo principal no particípio) – veja o exemplo (1).

A voz passiva sintética é aquela com verbo + “se” (pronome apassivador) – veja o exemplo (2).

A frase do enunciado dessa questão está na voz passiva analítica:

“O futuro é construído a cada instante da vida,” (verbo auxiliar “é” + verbo principal no particípio “construído”)

Para passarmos para a voz passiva analítica, devemos usar o verbo principal juntamente com o pronome apassivador: verbo “construir” + “se”.

Para sabermos em que tempo, número e pessoa o verbo principal deverá ser flexionado, é preciso observar o verbo auxiliar: “é construído” = verbo auxiliar “é” flexionado na 3ª pessoa do singular no presente do indicativo. É assim que flexionaremos o verbo “construir”.

     Constrói-se o futuro a cada instante da vida

18Em “Não minta para você, essa é a forma mais rápida de se perder.”, relacionando a 2a oração com a 1a, o conectivo que NÃO poderia introduzir a 2a oração, por provocar alteração do sentido inicial, é

(A) porquanto.(B) que.(C) pois.(D) logo.(E) porque.

Comentário:

A segunda oração é uma explicação da primeira.

Page 49: Questões Comentadas Portugues Concurso

Entre os conectivos apresentados nas alternativas, apenas a forma “logo” não poderia introduzir uma oração explicativa. A forma “logo” introduz uma conclusão.

Observação: o conectivo “porquanto” significa “visto que”, “porque”, “por isso que”.

19Em “...inerentes a minha condição,”, segundo o registro culto e formal da língua, o acento grave indicativo da crase é facultativo. A crase também é facultativa na frase

(A) A ninguém interessam os meus erros.(B) Contou os seus problemas a um profissional especializado.(C) Ele estava disposto a tentar de novo.(D) Correu até a amiga para pedir desculpas.(E) Fez, de caso pensado, críticas a ela.

Comentário:

A crase é facultativa nos seguintes casos:

(1) Antes de nome próprio feminino (nome de pessoa):

     Referi-me à ou a Fernanda.

(2) Antes de pronome possessivo feminino (esse o caso da frase do enunciado dessa questão):

    Dirigi-me à ou a sua mesa. Dirigiu-se à ou a minha mesa.

(3) Depois da preposição “até” (esse é o caso da alternativa D):

     Dirigiu-se até à ou a mesa.

20Em “...de que você possa arrepender-se” (título), o pronome destacado é parte integrante do verbo. Em qual das frases a seguir o “se” também é parte integrante do verbo?

(A) Ninguém se queixou de problemas maiores.(B) Encontrou-se um caminho para um futuro ameno.(C) Não sei se um dia seria censurado.(D) Vive-se melhor com a ajuda de um especialista.(E) Viu-se diante de um problema insolúvel.

Comentário:

O pronome “se” será partícula integrante de verbos quando fizer parte de um verbo pronominal.

Outros pronomes oblíquos – “me”, “te”, “nos”, “vos” – também podem ser parte integrante do verbo.

Assim, não o verbo na frase do enunciado não é “arrepender”, e sim “arrepender-se”. Da mesma forma, o verbo da alternativa (A) não é “queixar”, e sim “queixar-se”.

O “se” nas demais alternativas tem outras funções. Vejamos:

(B) Encontrou-se um caminho para um futuro ameno.

Page 50: Questões Comentadas Portugues Concurso

“se” = pronome apassivador – integra a forma verbal na voz passiva sintética.

(C) Não sei se um dia seria censurado.

“se” = conjunção integrante – inicia uma oração subordinada substantiva.

(D) Vive-se melhor com a ajuda de um especialista.

“se” = índice de indeterminação do sujeito – indetermina o sujeito do verbo intransitivo “viver”.

(E) Viu-se diante de um problema insolúvel.

“se” = pronome reflexivo – o sujeito (ele) pratica a ação de “ver” sobre si mesmo.

21O termo destacado expressa uma circunstância de causa em

(A) “entretanto, pelas inseguranças, medos e raivas,”(B) “...que impactam pelo resto da vida,”(C) “No direito e na medicina isso é mais complexo,”(D) “pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo.”(E) “...e, com absoluta certeza,”

Comentário:

Vejamos cada alternativa:

(A) “entretanto, pelas inseguranças, medos e raivas,”

“Sabemos, internamente, dos melhores caminhos, entretanto, pelas inseguranças, medos e raivas, diversas vezes adotamos posturas impensadas”

Veja que podemos dizer o seguinte: sabemos dos melhores caminhos, entretanto, por causa das inseguranças, medos e raivas, diversas vezes adotamos posturas impesadas.

(B) “...que impactam pelo resto da vida,”

“adotamos posturas impensadas que impactam pelo resto da vida, comprometendo trilhas que poderiam ser melhores ou mais tranquilas.”

A expressão “pelo resto da vida” indica o tempo que as posturas impensadas impactam.

(C) “No direito e na medicina isso é mais complexo,”

“No direito e na medicina isso é mais complexo, mas em muitas outras áreas isso é perfeitamente aceito.”

A expressão “no direito e na medicina” indica em que área isso é mais complexo.

(D) “pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo.”

“Torne mais flexível o seu orgulho, algo que hoje não deu certo, pode ser perfeitamente aplicável  daqui a um tempo.”

A expressão “daqui a um tempo” indica quando algo que deu errado hoje pode aplicável.

Page 51: Questões Comentadas Portugues Concurso

(E) “...e, com absoluta certeza,”

“Você não foi o primeiro a cometer erros e, com absoluta certeza, não será o último.”

A expressão “com absoluta certeza” tem a função de enfatizar o que se afirma logo em seguida.

22O par de palavras que NÃO deve ser acentuado, segundo o registro culto e formal da língua, é

(A) interim – polen.(B) itens – pudico.(C) juizes – prototipo.(D) economico – refem.(E) heroi – biceps.

Comentário:

Vejamos cada alternativa:

(A) interim – polen.

ínterim: é acentuada por ser proparoxítona.pólen: é acentuada por ser paroxítona e terminar em “n”.

(B) itens – pudico.

itens: não é acentuada – paroxítona e termina em “ens”.pudico: não é acentuada – paroxítona e termina em “o”.

(C) juizes – prototipo.

juízes: é acentuada por ter a vogal “i” tônica em hiato.protótipo: é acentuada por ser proparoxítona.

(D) economico – refem.

econômico: é acentuada por ser proparoxítona.refém: é acentuada por ser oxítona terminada em “em”

(E) heroi – biceps.

herói: é acentuada por ter sílaba tônica constituída de ditongo aberto “oi”bíceps: é acentuada por ser paroxítona terminada em “ps”.

Veja mais sobre as regras de acentuação aqui e aqui.

23A frase abaixo que deve ser completada, segundo o registro culto e formal da língua, com o pronome lhe é

(A) De início, o profissional especialista não ____ compreendera.(B) Prevenira- ____ de que, um dia, ela poderia ser alvo de críticas ácidas.(C) Eu ____ vi ontem pedindo desculpas sinceras por seus erros no passado.(D) A observação é o caminho que _____ conduzirá a um futuro próspero.(E) Disse ao amigo que _____ queria muito bem.

Page 52: Questões Comentadas Portugues Concurso

Comentário:

O pronome “lhe” tem a função de objeto indireto e significa “a/para ele” ou “a/para ela”

É preciso lembrar que nem sempre um verbo transitivo indireto permite que se use o “lhe” como objeto indireto.

Vejamos cada alternativa:

(A) De início, o profissional especialista não o compreendera.

“compreender” é um verbo transitivo direto. Ele não rege a preposição “a” e, por isso, não pode ter o “lhe” como complemento.

(B) Prevenira-a de que, um dia, ela poderia ser alvo de críticas ácidas.

“prevenir” é um verbo transitivo direto. Ele não rege a preposição “a” e, por isso, não pode ter o “lhe” como complemento.

(C) Eu o vi ontem pedindo desculpas sinceras por seus erros no passado.

“ver” é um verbo transitivo direto. Ele não rege a preposição “a” e, por isso, não pode ter o “lhe” como complemento.

(D) A observação é o caminho que o conduzirá a um futuro próspero.

“conduzir” é um verbo transitivo direto. Ele não rege a preposição “a” e, por isso, não pode ter o “lhe” como complemento.

(E) Disse ao amigo que lhe queria muito bem.

O verbo "querer" com sentindo de estimar/amar é transitivo indireto: querer a alguém.

O complemento "a alguém" pode ser substituído pelo pronome oblíquo “lhe”.

24Em qual das frases abaixo a concordância verbal, segundo o registro culto e formal da língua, está INCORRETA?

(A) Deve haver pessoas que não sejam passionais e tendenciosas.(B) Não se ouvia mais os conselhos do amigo.(C) Já faz meses que ele passou a escutar sua consciência.(D) Quem eram as pessoas mais importantes de sua vida?(E) Fui eu quem lhe mostrou a pessoa mais importante da vida dele.

Comentário:

Vejamos cada alternativa:

(A) Deve haver pessoas que não sejam passionais e tendenciosas.

Verbo “haver” com sentido de existir não tem plural, mesmo que esteja em uma locução.

(B) Não se ouvia mais os conselhos do amigo.

O verbo deve concordar com seu sujeito.

Page 53: Questões Comentadas Portugues Concurso

O sujeito da frase (B) é “os conselhos do amigo” (= plural). Logo, o verbo “ouvia” deveria ser flexionado no plural.

(C) Já faz meses que ele passou a escutar sua consciência.

O verbo “fazer” quando indica tempo é impessoal, isto é, não é flexionado no plural.

(D) Quem eram as pessoas mais importantes de sua vida?

O verbo “ser” concorda com o termo “as pessoas”, ficando no plural.

Veja regra de concordância com o verbo “ser” em http://www.gramatiquice.com.br/2011/02/concordancia-verbal.html

(E) Fui eu quem lhe mostrou a pessoa mais importante da vida dele.

O pronome QUEM  leva o verbo à 3ª pessoa do singular ou a concordar com o antecedente:  Não fui eu quem falou.    ou     Não fui eu quem falei.

25O valor semântico atribuído ao verbo dar, apresentado entre parênteses, estáINCORRETO na frase

(A) Lamentavelmente, deu pouco tempo do seu dia para uma reflexão. (dedicar)(B) Embora tivesse magoado algumas pessoas, não se deu conta. (percebeu)(C) Daqui a um tempo, dará por terminado o seu problema maior. (considerar)(D) O seu primeiro erro se deu quando tentou ajudar um amigo em apuros. (concedeu)(E) No presente, a vida se dá tão pessimista. (apresenta)

Comentário:

O valor semântico é o sentido do verbo na sentença. Para sabermos se o que está entre parêntesis está correto, vamos substituir o verbo “dar” ou a expressão com tal verbo em cada alternativa pelo verbo indicado entre parêntesis. Vejamos:

(A) Lamentavelmente, deu pouco tempo do seu dia para uma reflexão. (dedicar)

Lamentavelmente, dedicou pouco tempo do seu dia para uma reflexão.

(B) Embora tivesse magoado algumas pessoas, não se deu conta. (percebeu)

Embora tivesse magoado algumas pessoas, não percebeu.

(C) Daqui a um tempo, dará por terminado o seu problema maior. (considerar)

Daqui a um tempo, considerará por terminado o seu problema maior.

(D) O seu primeiro erro se deu quando tentou ajudar um amigo em apuros. (concedeu)

O seu primeiro erro *concedeu quando tentou ajudar um amigo em apuros. (veja que não faz sentido essa frase)

(E) No presente, a vida se dá tão pessimista. (apresenta)

Page 54: Questões Comentadas Portugues Concurso

No presente, a vida se apresenta tão pessimista.

26A opção cuja classe da palavra destacada difere da das demais é

(A) “O futuro é construído a cada instante da vida,”(B) “Perguntas a que também quero responder,”(C) “... os erros inerentes a minha condição,”(D) “retirando a morte,”(E) “pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo.”

Comentário:

Vejamos cada alternativa:

(A) “O futuro é construído a cada instante da vida,”

a = preposição (construído a cada...)

(B) “Perguntas a que também quero responder,”

a = preposição (responder a...)

(C) “... os erros inerentes a minha condição,”

a = preposição (inerentes a...)

(D) “retirando a morte,”

a= artigo (a morte)

(E) “pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo.”

a = preposição (daqui a...)

27Os verbos destacados NÃO podem ser considerados uma locução verbal em

(A) “...de que você possa arrepender-se”(B) “Como podemos superar esses momentos?”(C) “Perguntas a que também quero responder,”(D) “posso afirmar que o mundo não acaba amanhã...”(E) “não deixe entrar aquilo...”

Comentário:

Uma locução verbal é formada por

                      verbo auxiliar + verbo principal

Page 55: Questões Comentadas Portugues Concurso

Trata-se de dois verbos que, juntos, representam uma única ação verbal.

O verbo auxiliar apresenta-se flexionado em algum tempo e modo, e o verbo principal apresenta-se sempre em uma forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio).

Ela está cantando bem.

está = verbo auxiliarcantando = verbo principal no gerúndio

Ele tinha saído às duas da tarde.

tinha = verbo auxiliarsaído = verbo principal no particípio

Você deve fazer o trabalho.

deve = verbo auxiliarfazer = verbo principal no infinitivo

A questão aqui é a seguinte: quando dois verbos juntos constituem uma locução verbal e quando não se trata de locução verbal?

Sabemos que o segundo verbo da locução pode ser qualquer um e deve estar em uma forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio), mas como identificamos o verbo auxiliar?

Importante: os principais verbos auxiliares são TER, HAVER, SER, ESTAR e IR. Além desses, também podemos usar como auxiliar os verbos PODER, DEVER e QUERER.

De acordo com essa explicação, podemos concluir que a alternativa (E), em que há os verbos “deixar” e “entrar”, não apresenta uma locução verbal.

28Qual sequência completa corretamente a frase abaixo? Para _______ a ______________ de um especialista na área poderá ajudá-lo a superar momentos do cotidiano, com _______________ dos criados por você mesmo.

(A) mim – intercessão – exceção(B) mim – interseção – exceção(C) mim– intersecção – excessão(D) eu – interseção – excessão(E) eu – intercessão – exceção.

Comentário:

Vejamos:

Para MIM a INTERCESSÃO de um especialista na área poderá ajudá-lo a superar momentos do cotidiano, com EXCEÇÃO dos criados por você mesmo.

-- Só usamos “para eu” se houver um verbo logo em seguida e se o pronome “eu” for sujeito desse:  Não arrume coisas para eu fazer.

-- Intercessão significa a ação de interceder. Vale lembrar, aqui, uma regrinha ortográfica:Escreveremos com -cess- as palavras derivadas de verbos terminados em –ceder:  anteceder = antecessor; exceder = excesso; conceder = concessão. 

Page 56: Questões Comentadas Portugues Concurso

-- Outra regrinha ortográfica: escreveremos com -ção as palavras derivadas de vocábulos terminados em -to, -tor e -tivo. Assim, erudito = erudição; exceto = exceção; setor = seção; intuitivo = intuição; redator = redação; ereto = ereção.

29Em qual das orações reduzidas abaixo há ERRO quanto à circunstância a ela atribuída?

(A) Sem pensar, poderá, no futuro, pagar caro por suas decisões. (condição)(B) Não vendo o mundo a seu redor, fez um julgamento que o prejudicou. (causa)(C) Apesar de ser orgulhoso, estava disposto a novas tentativas. (consequência)(D) Ao criticar o amigo, não se lembrou de que o mundo dá voltas. (tempo)(E) Para ser finalmente feliz, era preciso mais uma vez analisar seu passado. (finalidade)

Comentário:

Para entender melhor as orações reduzidas, basta desenvolvê-las. Para isso, é preciso inserir uma conjunção ou locução conjuntiva e flexionar o verbo adequadamente.Vejamos cada alternativa:

(A) Sem pensar, poderá, no futuro, pagar caro por suas decisões. (condição)

Caso não pense, poderá, no futuro, pagar caro por suas decisões.

(B) Não vendo o mundo a seu redor, fez um julgamento que o prejudicou. (causa)

Por que não viu o mundo a seu redor, fez um julgamento que o prejudicou.

(C) Apesar de ser orgulhoso, estava disposto a novas tentativas. (consequência)

A locução “apesar de” sempre estabelece o valor de concessão.

(D) Ao criticar o amigo, não se lembrou de que o mundo dá voltas. (tempo)

Quando criticou o amigo, não se lembrou de que o mundo dá voltas.

(E) Para ser finalmente feliz, era preciso mais uma vez analisar seu passado. (finalidade)

Para que fosse finalmente feliz, era precisa mais vez analisar seu passado.

30Em relação à regência nominal, em qual das frases a seguir a preposição empregada NÃO está ADEQUADA?

(A) A partir daí, estava apto para ajudar alguém.(B) Ele, então, estava sedento por um futuro melhor.(C) Não seja inconstante em suas decisões.(D) Na vida, todos nós somos passíveis a equívocos.(E) Temeroso de um resultado negativo, não seguiu sua intuição.

Comentário:

Vejamos cada alternativa:

Page 57: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) A partir daí, estava apto para ajudar alguém.

Regência do nome “apto”: apto a, para – pessoa apta a (ou para) algo.

(B) Ele, então, estava sedento por um futuro melhor.

Regência do nome “sedento”: sedento de (menos usado) ou sedento por – alguém sedento de (ou por) algo.

(C) Não seja inconstante em suas decisões.

Regência do nome “inconstante”: inconstante em – “alguém inconstante nas opiniões, nos afetos” (Morais).

(D) Na vida, todos nós somos passíveis a equívocos.

Regência do nome “passível”: passível de – alguém passível de entusiasmo e desânimos. Infração passível de multa.

No dicionário de regência nominal de Celso Pedro Luft, encontramos a seguinte observação no verbete do nome “passível”:“OBS. Ex. de passível a: Pessoas de pouca cultura são “muito mais passíveis à espécie de ‘lavagem cerebral’ que se substitui... a uma experiência religiosa amadurecida” (Edit. JB 30.7.88), onde o a talvez se explique pela semântica ‘sujeito’, ou mesmo pela quase homofonia com passivo.”

É importante dizer que essa observação não torna, necessariamente, a regência “passível a” uma regra aceita pela gramática normativa. Trata-se de um uso possível registrado no dicionário de Celso Pedro Luft.

(E) Temeroso de um resultado negativo, não seguiu sua intuição.

Regência do nome “temeroso”: temeroso a – algo temeroso [que inspira temor, terrível] a alguém. Ou temeroso de – alguém temeroso [que tem temor, medroso] de algo.

Um pouco de silêncioNesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma

infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam conosco nem nos interessam.

Não há perdão nem anistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço de sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.

O normal é ser atualizado, produtivo e bem-informado. É indispensável circular, estar enturmado. Quem não corre com a manada praticamente nem existe, se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.

Acuados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito hamsters que se alimentam de sua própria agitação.

Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa, ou dentro de si mesmo, ameaça quem leva um susto cada vez que examina sua alma.

Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arrumou ninguém – como se amizade ou amor se “arrumasse” em loja. [...]

Além do desgosto pela solidão, temos horror à quietude. Logo pensamos em depressão: quem sabe terapia e antidepressivo? Criança que não brinca ou salta nem participa de atividades frenéticas está com algum problema.

O silêncio nos assusta por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam coisas incômodas e mal resolvidas, ou se enxerga outro ângulo de nós

Page 58: Questões Comentadas Portugues Concurso

mesmos. Nos damos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre casa, trabalho e bar, praia ou campo.

Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo além desse que paga contas, transa, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais seus desejos e medos, seus projetos e sonhos?

No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos em casa e ligamos a televisão antes de largar a bolsa ou pasta. Não é para assistir a um programa: é pela distração.

Silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de ver quem – ou o que – somos, adia-se o defrontamento com nossa alma sem máscaras.

Mas, se a gente aprende a gostar um pouco de sossego, descobre – em si e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente ruins.

Nunca esqueci a experiência de quando alguém botou a mão no meu ombro de criança e disse:— Fica quietinha, um momento só, escuta a chuva chegando.E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva:

nela a gente se refaz para voltar mais inteiro ao convívio, às tantas fases, às tarefas, aos amores.Então, por favor, me deem isso: um pouco de silêncio bom para que eu escute o vento nas folhas, a chuva

nas lajes, e tudo o que fala muito além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.

LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 41. Adaptado.

1 - No trecho “ou se enxerga outro ângulo de nós mesmos.”, o sentido da palavra mesmoequivale àquele usado em:(A) Ele mesmo falou com a escritora.(B) Mesmo a pessoa mais sagaz não perceberia o erro.(C) Mesmo que eu me vá, a festa continuará animada.(D) Ele acertou mesmo a questão.(E) Só mesmo o diretor para resolver esta questão.COMENTÁRIO:Vejamos o trecho de uma coluna da prof.ª Solange Lauro Marcondes no site UOL:

Sem medo do 'mesmo'Para usar corretamente a palavra "mesmo", observe as seguintes regras:

1. A palavra "mesmo" pode ser usada com valor reforçativo: "Ele mesmo recebeu os convidados". "Ela mesma recebeu os convidados".2. A palavra "mesmo" como adjetivo, com sentido de adequado, conveniente, exato, idêntico etc.: "Seu projeto é mais bom que ruim. Forma correta de se usar o adjetivo, pois se comparam qualidades de um mesmo ser". "A leitura é ela mesma infinita".3. A palavra "mesmo" e o período composto por subordinação (as formas reduzidas são mais enfáticas): "Mesmo ferido no braço, o assaltante voltou para a sala de projeção e assistiu ao fim do filme". Por ser um texto jornalístico, optou-se pela forma reduzida da oração subordinada adverbial. "Mesmo que", "ainda que" e "embora" são conjunções adverbiais concessivas que exprimem um fato contrário ao da oração principal.4. A palavra "mesmo" usada como advérbio. Nesse caso, a palavra "mesmo" possui sentido de "até", "ainda", “realmente” etc: "Ele recebeu os primeiros socorros próximo à praia, mas como seu estado de saúde era bom, foi liberado ontem mesmo". "De acordo com as empresas especializadas, ainda são muito poucas, mesmo nas grandes capitais, as instituições que adotam circuito fechado de tevê (CFTV) com sistema digital, que, assim, promete ser a grande vedete da segurança nas escolas nos próximos anos".

Veja que no trecho do texto e na frase da alternativa (A) o mesmo tem o primeiro valor apresentado pela prof.ª Solange Lauro Marcondes. Nas demais alternativas, o valor de “mesmo” é de advérbio.

2 - Observe as palavras “se” no trecho “se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.”Afirma-se corretamente que ambas apresentam, respectivamente, as mesmas funções das palavras destacadas em:(A) Tire  um tempo livre se quiser se tratar.(B) Ele se considera sabido se acerta todas as questões.

Page 59: Questões Comentadas Portugues Concurso

(C) O consumidor virá queixar-se, se você não devolver o produto.(D) Formaram-se diversos grupos para debater se é o melhor momento.(E) Se ele desconhecia se ia adotar uma nova política, por que tocou no assunto?COMENTÁRIO:Veja a explicação sobre as funções do “que” extraída do site “Brasil Escola”:A partícula “se” assume várias funções na Língua Portuguesa:

1- Conjunção:

a) Conjunção subordinativa integrante: a conjunção introduz orações subordinadas substantivas.

Ex: Quero saber se ela virá à festa.

b) Conjunção subordinativa condicional: introduz orações subordinadas adverbiais condicionais.

Ex: Deixe um recado se você não me encontrar.

2- Pronome:

a) Pronome reflexivo: funciona como objeto direto, objeto indireto e sujeito do infinitivo.

Ex: A criança machucou-se. (objeto direto)

b) Partícula apassivadora: quando se liga a verbos transitivos diretos com a intenção de apassivá-los.

Ex: Contaram-se histórias estranhas.

c) Índice de indeterminação do sujeito: quando se liga a verbos preposicionados com o papel de indeterminar o sujeito.

Ex: Discorda-se do fato.

d) Partícula expletiva: não desempenha nenhuma função sintática ao se associar a verbos.

Ex: Ele acabou de sentar-se.

e) Partícula integrante do verbo: ligada a verbos pronominais.

Ex: Ela não cansa de queixar-se.

Por Marina Cabral / Especialista em Língua Portuguesa e LiteraturaEquipe Brasil Escola

No trecho “se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.”, o primeiro “se” tem a função de conjunção subordinativa condicional. O segundo “se” tem função de pronome reflexivo: trata-se de um objeto indireto do verbo “cuidar” = cuidar de quem? Resposta: de si mesmo.

Vejamos cada alternativa:

(A) Tire  um tempo livre se quiser se tratar.

“se quiser”: se =conjunção condicional“se tratar”: se = pronome reflexivo

(B) Ele se considera sabido se acerta todas as questões.

“se considera”: pronome reflexivo“se acerta”: conjunção

Page 60: Questões Comentadas Portugues Concurso

(C) O consumidor virá queixar-se, se você não devolver o produto.

“queixar-se”: integra o verbo pronominal“se você”: conjunção

(D) Formaram-se diversos grupos para debater se é o melhor momento.

“formaram-se”: pronome apassaivador“se é o melhor momento”: conjunção integrante

(E) Se ele desconhecia se ia adotar uma nova política, por que tocou no assunto?

“se ele desconhecia”: conjunção condicional“se ia adotar”: conjunção integrante

3 - Embora no texto “Um pouco de silêncio” predomine o emprego da norma-padrão, em algumas passagens se cultiva um registro semiformal.O fragmento transposto corretamente para a norma padrão é:(A) “Quem não corre com a manada (...)” / Quem não corre à manada(B) “notamos as frestas (...)” / notamos às frestas(C) “Chegamos em casa (...)” / Chegamos a casa(D) “(...) assistir a um programa:” / assistir à um programa(E) “trazendo à tona (...)” / trazendo há tonaCOMENTÁRIO:Vejamos:

(A) “Quem não corre com a manada (...)” / Quem não corre à manada

A informalidade da frase está no sentido metafórico da expressão “correr com a manada”

(B) “notamos as frestas (...)” / notamos às frestas

A informalidade da frase está no sentido metafórico da palavra “frestas”.

A crase em “notamos às frases” não está correta: quem nota, nota alguma coisa – veja que não o verbo não rege a preposição “a” para que ocorra a crase.

(C) “Chegamos em casa (...)” / Chegamos a casa

Quem chega, chega a algum lugar. Como o nome “casa” não está especificado, por isso não há crase.

Vale colocar aqui uma explicação sobre o uso de crase diante da palavra “casa” e “terra”. Veja um trecho extraído do site Wikipédia:As palavras terra e casa são casos especiais de crase. A preposição "a" antes da palavra casa (lar) só recebe o acento grave quando vier acompanhada de um modificador, caso contrário não ocorre a crase. Já com a palavra terra (chão firme, oposto de bordo) só ocorre crase quando vier acompanhada de um modificador - da mesma maneira que existe a expressão "a bordo", enquanto que com a palavra terra (terra natal ou planeta) sempre ocorre crase.Exemplos:Chegamos cedo a casa (coloquialmente, "em casa").Chegamos cedo à casa de meu pai.Os jangadeiros voltaram a terra.Os jangadeiros chegaram à terra procurada.Ele voltou à terra dos avós.(D) “(...) assistir a um programa:” / assistir à um programa

A crase foi usada incorretamente: não há crase antes de nome masculino nem antes de artigo indefinido.

(E) “trazendo à tona (...)” / trazendo há tona

Page 61: Questões Comentadas Portugues Concurso

A expressão é “trazer à tona” – “a” sem “h” e com crase. A expressão “trazer há tona” não faz sentido.

4 - A mudança na pontuação mantém o sentido da frase original, preservando a norma-padrão da língua, em:(A) “Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.” / Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho gostar de sossego é uma excentricidade.(B) “algumas que não combinam conosco nem nos interessam.” / algumas que não combinam conosco, nem nos interessam.(C) “Quem não corre com a manada praticamente nem existe,” / Quem não corre, com a manada praticamente nem existe,(D) “disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito hamsters (...)” / disparamos sem rumo ou em trilhas determinadas feito hamsters(E) “Estar sozinho é considerado humilhante,” / Estar sozinho, é considerado humilhante,COMENTÁRIO:Vejamos cada alternativa:

(A) “Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar de sossego é uma excentricidade.” / Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho gostar de sossego é uma excentricidade.

A expressão “da agitação e do barulho” caracteriza o nome “cultura” e deve ser separada por vírgulas.

(B) “algumas que não combinam conosco nem nos interessam.” / algumas que não combinam conosco, nem nos interessam.

Esse uso da vírgula antes de “nem” é contraditório: há quem considera correto o uso da vírgula antes de “nem” como recurso estilístico com o intuito de realçar uma informação e há que nem mencione essa possibilidade.

Primeiramente vi o emprego da vírgula nessa frase da alternativa (B) como incorreto quanto às normas gramaticais: não se usa vírgula antes de “nem”, a não ser que a conjunção esteja sendo repetida na sentença. Como não temos um caso de repetição da conjunção “nem”, o único motivo para a vírgula ter sido usada seria a questão estilística citada por alguns autores.

Questiono: o uso da vírgula pra realçar/destacar/enfatizar uma informação não altera, de certa forma, o sentido da frase? Com a vírgula, a pausa entre as orações passa a ser maior, e o sentido/valor/importância da informação enfatizada pela vírgula pode ser alterado. Não me parece ser esse o caso da frase da alternativa (B): por que, então, o uso da vírgula antes de “nem”?

(C) “Quem não corre com a manada praticamente nem existe,” / Quem não corre, com a manada praticamente nem existe,

Quando não há vírgula, temos uma informação mais específica: não se trata simplesmente de quem não corre, mas sim de quem não corre com manada. Ao ser usada a vírgula depois do verbo “corre”, vemos que a informação sobre quem não corre, em um sentido mais amplo, mais geral: quem não pratica o ato de correr simplesmente.

(D) “disparamos sem rumo – ou em trilhas determinadas – feito hamsters (...)” / disparamos sem rumo ou em trilhas determinadas feito hamsters

A expressão “ou em trilhas determinadas”, ao ser colocada entre travessões, ganha um destaque que se perde quando esses travessões não são mais usados.

(E) “Estar sozinho é considerado humilhante,” / Estar sozinho, é considerado humilhante,

A vírgula após a palavra “sozinho” foi usada incorretamente: não se usa vírgula para separar o sujeito do predicado.

5 - No diálogo abaixo, cada fala corresponde a um número.I — Por que ele adquiriu somente um ingresso!II — Comprou dois: um para você outro para mim.III — Mas ele saiu daqui dizendo: “Só comprarei o meu!”IV — Pelo visto você acredita em tudo, o que ele diz.

Page 62: Questões Comentadas Portugues Concurso

Em relação ao diálogo, a pontuação está correta APENAS em(A) I(B) III(C) I e II(D) II e IV(E) III e IVCOMENTÁRIO:Vejamos cada fala do diálogo:

I — Por que ele adquiriu somente um ingresso!

O ponto deveria ser de interrogação.

II — Comprou dois: um para você outro para mim.

Falta uma vírgula antes da palavra “outro”: se não há uma conjunção separando os termos de uma enumeração, a vírgula deve ser usada.

III — Mas ele saiu daqui dizendo: “Só comprarei o meu!”

Pontuação correta.

IV — Pelo visto você acredita em tudo, o que ele diz.

Não há motivo para o uso da vírgula para separar a oração “o que ele diz”.

6 - Complete as frases da segunda coluna com a expressão adequada à norma-padrão.I – por queII – porqueIII – porquêP – As pessoas ficaram tranqüilas ______ não tiveram de refazer o trabalho.Q – Não sei o ______ de tanta preocupação com a pressa.R – Afinal, tantas dúvidas com a terapia, ______?S – Ignoro ______ razão as pessoas não se habituam à solidão.O preenchimento dos espaços com as expressões que tornam as sentenças corretas resulta nas seguintes associações:(A) I – P , II – S , III – Q(B) I – S , II – P , III – Q(C) I – S , II – R , III – P(D) I – R , II – P , III – S(E) I – Q , II – R , III – PCOMENTÁRIO:

P – As pessoas ficaram tranqüilas PORQUE não tiveram de refazer o trabalho.

“porque” (junto e sem acento) = “pois”

Q – Não sei o PORQUÊ de tanta preocupação com a pressa.

“porquê” (junto e com acento) = “o motivo” – trata-s de um substantivo: veja que está antecedido pelo artigo “o”.

R – Afinal, tantas dúvidas com a terapia, POR QUÊ?

“por quê” (separado e com acento) = “por que ou por qual motivo/razão” – se está imediatamente antes de um ponto, deve ser colocado ao acento.

S – Ignoro POR QUE razão as pessoas não se habituam à solidão.

Page 63: Questões Comentadas Portugues Concurso

“por que” (separado e sem acento) = “por qual” – se não está imediatamente antes de um ponto, não deve ser colocado ao acento.

Vale colocar, aqui, uma breve explicação sobre o uso dos porquês:Por queO por que tem dois empregos diferenciados:Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinidoque, possuirá o significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”:Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais.Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)Por quêQuando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê?Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.Porque 

É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)Porquê 

É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)

Por Sabrina Vilarinho / Graduada em Letras / Equipe Brasil Escola

7 - O trecho em que se encontra voz passiva pronominal é:(A) “feito hamsters que se alimentam de sua própria agitação.”(B) “Recolher-se em casa,”(C) “sinal de que não se arrumou ninguém”(D) “Mas, se a gente aprende a gostar (...)”(E) “nela a gente se refaz (...)”COMENTÁRIO:Voz passiva pronominal significa a presença do pronome apassivador “se”.

Para que o “se” seja um pronome apassivador, ele deve estar relacionado a um verbo transitivo direto, e o que pratica a ação indicada pelo verbo não deve estar presente na oração.

Vejamos cada alternativa:

(A) “feito hamsters que se alimentam de sua própria agitação.”

“se alimentam”: os “hamsters” praticam a ação de “alimentar”.

(B) “Recolher-se em casa,”

“recolher-se”: o verbo “recolher” não será sendo usado como verbo transitivo direto.

(C) “sinal de que não se arrumou ninguém”

“se arrumou”: o verbo “arrumar” é transitivo direto – arrumar algo. Quem pratica ação de “arrumar” não está presente na oração.

Na voz passiva analítica temos: “sinal de que não foi arrumado ninguém.

Page 64: Questões Comentadas Portugues Concurso

(D) “Mas, se a gente aprende a gostar (...)”

“se a gente”: o “se” é uma conjunção condicional – não está ligado a um verbo, mas está introduzindo uma oração.

(E) “nela a gente se refaz (...)”

“se refaz”: “a gente” pratica a ação de “refazer”.

8 - A explicação correta, de acordo com a norma-padrão, para a pontuação utilizada no texto, é a de que(A) a vírgula em “É indispensável circular, estar enturmado.” indica uma relação de explicação entre os termos coordenados.(B) os dois pontos em “se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.” assinalam a ideia de consequência.(C) as aspas em “(...) se ‘arrumasse’ (...)” acentuam o sentido de organização do verbo “arrumar”.(D) os dois pontos em “(...) pensamos em depressão: quem sabe terapia e antidepressivo?” indicam dúvida entre duas possibilidades distintas.(E) a vírgula antes do “e” em “transa, ganha dinheiro, e come, envelhece,” marca a diferença entre dois tipos de enumeração.COMENTÁRIO:Vamos ver a explicação para a pontuação das alternativas incorretas:

(A) a vírgula em “É indispensável circular, estar enturmado.” indica uma relação de explicação entre os termos coordenados.

(B) os dois pontos em “se não se cuidar botam numa jaula: um animal estranho.” assinalam a ideia de consequência.

Não se trata de uma conseqüência. A expressão “um animal estranho” sintetiza o que foi afirmado antes.

(C) as aspas em “(...) se ‘arrumasse’ (...)” acentuam o sentido de organização do verbo “arrumar”.

As aspas acentuam o sentido irônico no emprego do verbo “arrumar”.

(D) os dois pontos em “(...) pensamos em depressão: quem sabe terapia e antidepressivo?” indicam dúvida entre duas possibilidades distintas.

Os dois pontos aparecem antes de uma enumeração de possibilidades.

(E) a vírgula antes do “e” em “transa, ganha dinheiro, e come, envelhece,” marca a diferença entre dois tipos de enumeração.

A vírgula marca um realce ao item da enumeração introduzido pela conjunção “e”.

9 - A frase em que todas as palavras estão escritas de forma correta, conforme a ortografia da Língua Portuguesa, é:(A) Foi um previlégio ser acompanhado pelo advogado do sindicato.(B) Estão cojitando de fabricar salas acústicas.(C) A senhora possue algumas horas para tirar a cesta.(D) O lado de traz segue até à sala de descanso.(E) Estava hesitante sobre a escolha do bege claro para a mobília.COMENTÁRIO:Corrigindo a ortografia:

(A) Foi um PRIVLÉGIO ser acompanhado pelo advogado do sindicato.(B) Estão COGITANDO de fabricar salas acústicas.(C) A senhora POSSUI algumas horas para tirar a SESTA.(D) O lado de TRÁS segue até à sala de descanso.(E) Estava hesitante sobre a escolha do bege claro para a mobília.

Page 65: Questões Comentadas Portugues Concurso

10 - A sentença em que o verbo entre parênteses está corretamente flexionado é(A) O coordenador reveu as necessidades dos grupos. (rever)(B) A impaciência deteu as pessoas. (deter)(C) Eu reavejo minhas convicções diariamente. (reaver)(D) Quando você se opor à minha solidão, ficarei aborrecido. (opor)(E) Nós apreciamos os bons alunos. (apreciar)COMENTÁRIO:Corrigindo a flexão verbal:

(A) O coordenador REVIU as necessidades dos grupos. (rever)

Verbo “rever” flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo.

Veja aqui a conjugação do verbo REVER

(B) A impaciência DETEVE as pessoas. (deter)

Verbo “deter” flexionado na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo.

Veja aqui a conjugação do verbo DETER

(C) Eu reavejo minhas convicções diariamente. (reaver)

(o verbo “reaver” não é flexionado na 1ª pessoa do singular no presente do indicativo)

Veja aqui a conjugação do verbo REAVER

(D) Quando você se OPUSER à minha solidão, ficarei aborrecido. (opor)

Verbo “opor” flexionado na 3ª pessoa do singular do futuro do subjuntivo

Veja aqui a conjugação do verbo OPOR

(E) Nós apreciamos os bons alunos. (apreciar)

Verbo “apreciar” flexionado na 1ª pessoa do plural do presente do indicativo.

Veja aqui a conjugação do verbo APRECIAR

 CORRO DEMAIS! –

Superinteressante, novembro de 2010 (adaptado)

- DICAS PARA ACELERAR SEM PERDER O RITMO -...

OBSERVE – Procure andar mais com quem foca o futuro. Veja como é o mundo deles. É preciso ter um exemplo próximo de alguém que cumpra metas, para acreditar que é possível.INVERTA – Reordene sua caixa de entrada de e-mails para que os mais antigos fiquem no topo da lista. Resolver o passado libera o futuro. Aliás, isso vale para muito mais coisas além de e-mail.DISTRAIA-SE – Não precisa de punição quando estiver com a cabeça em outra coisa: vagabundagem mental é essencial para o processo criativo. Um minuto de distração pode inspirar horas de foco.CRONOMETRE – Subestimamos o tempo das tarefas, seja por ignorar a duração delas no passado, seja por não prever imprevistos. Descubra o tempo que as coisas duram para se planejar direito.EVITE – Aprenda a dizer “não” – saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer. Tempo é precioso: dê um pouco a si mesmo.PARE – Agende blocos de tempo apenas para pensar sobre seus dilemas – um momento sem TV, computador ou telefone, só com você. Se quiser, pode chamar de meditação.

Page 66: Questões Comentadas Portugues Concurso

SEPARE – Multitasking é mito: até computador derrapa para fazer tarefas simultâneas. Se não for algo mais simples, como lavar louça e ouvir música, melhor fazer uma de cada vez.ALISTE-SE – O ideal é fazer listas que você possa cumprir em um dia – uma semana já é muito tempo. Nunca coloque tarefas vagas: quanto mais específico, melhor.CUIDE-SE – Exercício e dieta  balanceada não aceleram só o metabolismo – eles aumentam seu foco e sua concentração, permitindo a você fazer seu trabalho em menos tempo.

1 – O texto acima é expresso em variedade coloquial; a frase abaixo que NÃO exemplifica essa variante é:

(A) “Dicas para acelerar sem perder o ritmo";(B) “Procure andar mais com quem foca o futuro”;(C) “Aliás, isso vale para muito mais coisas além de e-mail”;(D) “Vagabundagem mental é essencial para o processo criativo”;(E) “até o computador derrapa para fazer tarefas simultâneas”.

Comentário:A variedade coloquial da língua diz respeito a um uso específico do Português em situações cotidianas (ou quotidianas), informais.

Trata-se da maneira como se fala no dia-a-dia, sem a pressão/imposição da gramática normativa e com a consideração, ainda, da dinamicidade e da espontaneidade dessa situação específica de uso da linguagem.

A variedade coloquial permite, portanto, o uso de gírias, apelidos, expressões afetivas (aquelas decorrentes do uso de diminutivos e aumentativos, por exemplo) e expressões populares. Isso envolve a possibilidade de conotação, ou seja, de uso de palavras ou expressões com sentido figurado, simbólico e, ainda, de desvios das normas prescritas pela gramática.

Atenção: A simplicidade não constitui, necessariamente, uma característica da linguagem coloquial: muitas vezes a simplicidade é necessária para que a comunicação feita na variante culta seja efetiva. E a variante culta da língua não significa uso de uma linguagem necessariamente complicada, mas sim respeito às normas gramaticais, cuidado com a correção das estruturas linguísticas em relação à gramática normativa.

Assim, vejamos as alternativas dessa primeira questão:

(A) “Dicas para acelerar sem perder o ritmo";

Observe que essa frase tem um sentido conotativo, figurado. A própria palavra “dica” tem certo valor coloquial, já que se trata de uma redução da palavra “indicação”.

(B) “Procure andar mais com quem foca o futuro”;

A expressão “andar mais” parece ter caráter coloquial. Nessa frase, o verbo "andar" tem sentido de "conviver" e, nesse sentido, seu emprego parece ser mais comum em situações informais.

(C) “Aliás, isso vale para muito mais coisas além de e-mail”;

"Aliás" é uma palavra  com valor de retificação, e segundo a gramática de Cunha e Cintra (2001, p. 554) não se trata de um advérbio de fato. Na falta de uma designação mais precisa e mais generalizada, os autores optaram por incluí-la, provisoriamente, no grupo de palavras chamado pelo prof. José Oiticica (1942, p. 50-5) de palavras denotativas. Creio que o uso dessa palavra não seja exatamente típico de situações coloquiais.

A expressão "muito mais coisas" estaria correta gramaticalmente. Mas vejamos:

Analisando essa expressão com mais cuidado, percebemos que o "mais" refere-se ao substantivo "coisas": trata-se de um pronome indefinido. 

Page 67: Questões Comentadas Portugues Concurso

Já a palavra "muito" também parece fazer referência ao substantivo "coisas" e seria, portanto, um pronome indefinido também. No entanto, "muito" como pronome indefinido é variável, ou seja, deve concordar com o substantivo a que se refere: no caso, se "muito" faz referência à palavra "coisas" (feminino plural), a flexão deve ser "muitas" (feminino plural). 

O que observamos é que a expressão "muitas mais coisas" não parece ser aceitável para nós, falantes de Português (precisamos pesquisar melhor essa questão). Entendemos esse "muito" não como um pronome indefinido referente ao substantivo "coisas", mas sim como um intensificador da palavra "mais" e, por isso, invariável: "muito mais". É certo que aceitamos (e está de acordo com a gramática normativa) uma expressão como "muito mais feliz": temos, aqui, advérbios ("muito" e "mais") e adjetivo ("feliz").

O que estranho na expressão "muito mais coisas" é que o "mais", referente ao substantivo, não seria um advérbio, mas um pronome.  A palavra "muito", como intensificador  desse "mais", seria um advérbio e faria referência ao pronome.  Isso, porém, não está previsto na gramática normativa: o advérbio refere-se ao verbo, ao adjetivo ou a outro advérbio. Por outro lado, é possível encontrar informações sobre o fato de o advérbio poder se referir, ainda que raramente, a pronomes e a substantivos. Vamos deixar em aberto a discussão.

(D) “Vagabundagem mental é essencial para o processo criativo”;

A expressão “vagabundagem mental” é coloquial, apresenta um sentido conotativo que não seria usado em uma situação formal de uso da língua.

(E) “até o computador derrapa para fazer tarefas simultâneas”.

O uso de “até” nessa frase parece ser mais comum em uma linguagem espontânea, coloquial. Além disso, há o uso do verbo “derrapar” em um sentido conotativo.

2 – A alternativa a seguir que mostra uma frase estruturada de forma geral, como uma citação:

(A) “Não precisa de punição quando estiver com a cabeça em outra coisa”;(B) “Veja como é o mundo deles”;(C) “O ideal é fazer listas que você possa cumprir em um dia”;(D) “Tempo é precioso: dê um pouco de si mesmo”;(E) “Resolver o passado libera o futuro”

Comentário:Uma frase estruturada de forma geral significa, nessa questão, uma frase com uma informação generalizada, apresentada de forma impessoal e sem estar direcionada a uma pessoa específica.

Uma citação seria a menção das palavras de outra pessoa, o que explica o caráter impessoal do tipo de estrutura a que se refere essa questão.

Vejamos as alternativas dessa questão:

(A) “Não precisa de punição quando estiver com a cabeça em outra coisa”;(B) “Veja como é o mundo deles”;(C) “O ideal é fazer listas que você possa cumprir em um dia”;(D) “Tempo é precioso: dê um pouco de si mesmo”;

Nessas frases, observam-se, claramente, informações de caráter pessoal destinadas a alguém específico (o leitor).

(E) “Resolver o passado libera o futuro”

A frase dessa alternativa (E) não apresenta qualquer marca de pessoalidade e não é direcionada a uma pessoa específica, como nas frases das alternativas anteriores. 

Page 68: Questões Comentadas Portugues Concurso

3 – “Dicas para acelerar sem perder o ritmo”. Nessa frase, os dois conectivos sublinhados indicam, respectivamente:

(A) direção e negação;(B) comparação e ausência;(C) finalidade e concessão;(D) modo e condição;(E) movimento e modo.

Comentário:Veja o que há na Gramática de Bechara (2001) sobre as orações reduzidas:“Orações adverbiais reduzidas

Têm o verbo, principal ou auxiliar, no:

A) infinitivo: caso em que, normalmente, se emprega o verbo regido de preposição adequada. (...) É de dada conveniência conhecermos as principais preposições que correspondem a ‘conjunções' subordinativas adverbiais

(...)

2) para as concessivas:

(...)

b) sem, negando a causa e a conseqüência, pode exprimir a concessão:

‘Este era funestamente o sistema colonial adotado pelas nações que copiavam sem o entender nem fecundar, como os romanos, o governo discricionário das províncias avassaladoras’ [LCo apud FB.1,215]

(...)

5) para as finais:

(...)

c) para:

‘Tudo isto diz o quadro a quem tiver olhos para ver, coração para sentir, entendimento para perceber’ [AH.2, 165].” (Bechara, 2001, p. 518-521)

Como se observa, na frase “Dicas para acelerar sem perder o ritmo”, a preposição “para” realmente tem valor de fim (ou finalidade), e a preposição “sem” introduz uma oração reduzida com valor concessivo.

Veja: dicas serão dadas com que finalidade? Para acelerar sem perder o ritmo, com a finalidade de acelerar sem perder o ritmo. E as dicas são para acelerar, apesar disso, não haverá perda de ritmo – valor concessivo.

4 – Todas as palavras em maiúsculas no início das partes do texto estão na terceira pessoa do singular; se modificássemos essas formas verbais para a primeira pessoa  do plural, a única forma abaixo que estaria ERRADA é:

(A) observemos;(B) invertamos;(C) distraiamos-nos;(D) cronometremos;(E) alistemo-nos.

Comentário:

Page 69: Questões Comentadas Portugues Concurso

Vamos conjugar os verbos, que estão no modo imperativo afirmativo. (Atenção: veja o emprego dos pronomes oblíquos)

(A) observemos; (observar)  ---observa tuobserve vocêobservemos nósobservai vósobservem vocês

(B) invertamos; (inverter)---inverte tuinverta vocêinvertamos nósinvertei vósinvertam vocês(C) distraiamos-nos; (distrair - distrair-se)---distrai-tedistraia-sedistraiamo-nos (veja que é preciso tirar o -s final para usar o pronome oblíquo "nos" após o verbo)

distraí-vosdistraiam-se

(D) cronometremos; (cronometrar)---cronometra tucronometre vocêcronometremos nóscronometrai vóscronometrem vocês(E) alistemo-nos. (alistar - alistar-se)---alista-tealiste-sealistemo-nosalistai-vosalistem-se

Veja a formação do imperativo afirmativo e do imperativo negativo aqui

5 – Na primeira parte do texto, a frase final é “para acreditar que é possível”. A alternativa que completaria adequadamente essa frase é:

(A) procurar andar mais;(B) ver como é o mundo deles;(C) ter um exemplo;(D) cumprir metas;(E) focar o futuro.

Comentário:Trata-se de uma questão que envolve interpretação. Vejamos: 

"Procure andar mais com quem foca o futuro. Veja como é o mundo deles. É preciso ter um exemplo próximo de alguém que cumpra metas, para acreditar que é possível."

Page 70: Questões Comentadas Portugues Concurso

Com base nesse trecho, o que é considerado possível é o fato de alguém ser capaz de cumprir metas. Segundo o conselho dado, é importante ficar próximo de pessoas que são capazes de cumprir metas porque elas são exemplos de que isso (o fato de cumprir metas) é algo possível.

6 – A alternativa abaixo em que o vocábulo mais tem sentido diferente dos demais é:

(A) “Procure andar mais com quem foca o futuro”;(B) “...para que os mais antigos fiquem no alto da lista”;(C) “Aliás, isso vale para muito mais coisas...”;(D) “...quanto mais específico, melhor”;(E) “Se não for algo mais simples...”.

Comentário:A palavra "mais" foi empregada nos trechos das alternativas dessa questão com função de advérbio e com função de pronome indefinido.

Em (A), (B), (D) e (E), a função do "mais" é de advérbio: um palavra que faz referência a um verbo - na alternativa (A) - e a adjetivos - nas demais alternativas - e que denota um valor de intensidade, grau.

Em (C), a função do "mais" é de pronome indefinido: uma palavra que se refere a um substantivo e denota um valor de quantidade.

7 – “Procure andar mais com quem foca o futuro. Veja com é o mundo deles.” O estranhamento dessa frase resulta do fato de:

(A) o antecedente do pronome eles não ter gênero definido;(B) o adjetivo futuro aparecer como substantivo;(C) a forma deles ter valor possessivo;(D) o futuro não poder ser focado por ninguém;(E) os verbos procurar e andar não se referirem à mesma pessoa.

Comentário:Vejamos o que se afirma em cada alternativa:

(A) o antecedente do pronome eles não ter gênero definido;

O pronome "eles" em "deles" (no final do trecho apresentado) refere-se à expressão anterior "quem foca no futuro". De fato nessa expressão não está definido o gênero (se se trata de homens ou mulheres que focam o futuro). Assim, quando se afirma "Veja como é o mundo deles", há um estranhamento, pois não recuperamos, no contexto, a referência a pessoas do gênero masculino ("eles"), mas sim a referência a pessoas em geral, independente do gênero.(B) o adjetivo futuro aparecer como substantivo;

Essa afirmação é falsa. A palavra "futuro" é um substantivo, e não um adjetivo. (C) a forma deles ter valor possessivo;

A forma "deles" realmente tem valor possessivo, mas não é esse o fato que causa estranhamento, e sim o fato de não podermos estabelecer a referência desse pronome de forma totalmente exata e clara.

(D) o futuro não poder ser focado por ninguém;

O verbo "focar" é transitivo direto: quem foca, foca alguma coisa. Assim, o futuro pode ser focado por alguém.(E) os verbos procurar e andar não se referirem à mesma pessoa.

Ambos os verbos fazem referência à pessoa a quem se fala no discuro (o leitor).

Page 71: Questões Comentadas Portugues Concurso

8 – “É preciso ter um exemplo próximo de alguém que cumpra metas”; a forma de reescrever-se essa frase do texto que altera o seu sentido original é:

(A) é preciso que se tenha um exemplo próximo de alguém que cumpre metas;(B) ter um exemplo próximo de alguém que cumpre metas é preciso;(C) é necessário ter um exemplo próximo de alguém cumpridor de metas;(D) é necessário que se tenha um exemplo proximamente a alguém que cumpre metas;(E) é preciso ter-se um exemplo próximo de uma pessoa que cumpre metas.

Comentários:Vejamos as mudanças que ocorreram em cada alternativa:

(A) é preciso que se tenha um exemplo próximo de alguém que cumpre metas;

Houve apenas a mudança da oração reduzida para uma oração desenvolvida: "é preciso ter..." (oração reduzida "ter...") para "é preciso que se tenha..." (oração desenvolvida "que se tenha...").(B) ter um exemplo próximo de alguém que cumpre metas é preciso;

Houve apenas troca da oração "é preciso", que estava no início do período, para o final, sem alteração de sentido. (C) é necessário ter um exemplo próximo de alguém cumpridor de metas;

Houve apenas mudança de uma oração adjetiva por um adjetivo correspondente: "que cumpre metas" corresponde a "cumpridor". O sentido da sentença permanece inalterado.(D) é necessário que se tenha um exemplo proximamente a alguém que cumpre metas;

Ocorreram as seguintes mudanças: transformação do adjetivo "próximo" em um advérbio ("proximamente") e mudança da preposição "de" para a preposição "a". Assim, interpretamos essa alternativa (D) da seguinte maneira: é necessário que se tenha alguma coisa (um exemplo) e que se tenha essa coisa de forma próxima a alguém que cumpre metas. Nas demais alternativas, a interpretação é outra: afirma-se que é necessário ter um exemplo, que deve ter a característica de estar próximo a quem o tem, e que esse exemplo é  de alguém que cumpre metas.(E) é preciso ter-se um exemplo próximo de uma pessoa que cumpre metas.

Houve apenas adição do "se" ao verbo "ter" sem alteração de sentido da frase. 

9 – Assinale a alternativa em que o elemento destacado tem seu valor semântico indicado de forma EQUIVOCADA:

(A) reordene = de novo;(B) inverta = movimento ao contrário;(C) subestimamos = para cima;(D) cronometre = tempo;(E) imprevistos = negação.

Comentário:Vejamos os valores semânticos das formas apresentados nessa questão. Colocaremos, aqui, os valores e exemplos apresentados na gramática de Bechara (2001):

Prefixos:

re- movimento para trás, repetição, reciprocidade, intensidade: regredir, refazer, ressaudar (saudar mutuamente), ressaltar, rescaldar (escaldar muito).

in-; im-; i- sentido contrário, negação, privação: impertinente, incorrigível, ilegal, ignorância.

so-, sob-, sub-, sus- em baixo de, imediatamente abaixo num cargo ou função; inferioridade, ação pouco intensa: soterrar, sobestar, submarino, sustentar, supor.

Page 72: Questões Comentadas Portugues Concurso

Radical de origem grega:

Segundo Bechara (2001, p. 374) e também Cunha e Cintra (2001, p. 110), crono- não é um prefixo, mas um radical de origem grega.

crono- tempo: crônico, cronologia, isócrono, anacronismo.

10 – Há uma série de meios indicados para que se curta a velocidade do mundo moderno; assinale a correspondência ERRADA entre a frase e o meio indicado:

(A) “Procure andar mais com quem foca o futuro” = motivação para as tarefas;(B) “Descubra o tempo que as coisas duram para se planejar direito” = organização do tempo;(C) “Aprenda a dizer “não” = firmeza de decisões;(D) “Exercício e dieta balanceada” = cuidado com a saúde;(E) “Resolver o passado libera o futuro” = arrependimento de erros.

Comentário:Essa é mais uma questão de interpretação: basta observar que a alternativa (E)  apresenta um meio para que se curta a velocidade do mundo moderno que sequer foi citado no texto (arrependimento de erros). A frase "Resolver o passado libera o futuro" em nada se relaciona a arrependimentos, tampouco a erros.

11 – Há no texto uma série de frases que opõem valores: assinale a alternativa em que ocorre uma dessas oposições.

(A) “Reordene sua caixa de entrada de e-mails para que os mais antigos fiquem no alto da lista”;(B) “Dicas para acelerar sem perder o ritmo”;(C) “Não precisa de punição quando estiver com a cabeça em outra coisa”;(D) “Descubra o tempo que as coisas duram para se planejar direito”;(E) “Multitasking é mito: até computador derrapa para fazer tarefas simultâneas”.

Comentário:Vejamos cada alternativa:

(A) “Reordene sua caixa de entrada de e-mails para que os mais antigos fiquem no alto da lista” ;

Temos duas noções distintas nessa frase: uma é a de e-mails antigos, que ficam no fim da lista da caixa de entrada, uma vez que cada novo e-mail recebido ocupa a posição inicial no tipo da lista. A outra é a proposta de os e-mails antigos ficarem no alto da lista, ou seja, uma ideia com valor oposto ao que foi apresentado anteriormente.

(B) “Dicas para acelerar sem perder o ritmo”;

A noção de acelerar não é necessariamente oposta à noção de perder o ritmo. Nese contexto, trata-se de uma possível consequência que não acontecerá.(C) “Não precisa de punição quando estiver com a cabeça em outra coisa”;

A noção de punição não é necessariamente oposta à noção de estar com a cabeça em outra coisa. A ideia de estar com a cabeça em outra coisa poderia ser a causa de uma punição.(D) “Descubra o tempo que as coisas duram para se planejar direito”;

A noção de tempo não é oposta à noção de planejamento. (E) “Multitasking é mito: até computador derrapa para fazer tarefas simultâneas”.

A noção de multitasking ser mito não é oposta ao fato de o computador não ser capaz de fazer tarefas simultâneas. Na verdade, observa-se que uma ideia exeplifica a outra.

Page 73: Questões Comentadas Portugues Concurso

12 – “Agende blocos de tempo apenas para pensar sobre seus dilemas”; assinale a alternativa em que se confundiu o emprego de SOB/SOBRE.

(A) a vigilância sobre os adolescentes é indispensável;(B) decidir coisas sobre pressão é ter grande chance de errar;(C) sob o ponto de vista preconceituoso de muitas pessoas, todo morador de comunidades pobres é traficante;(D) alguns restaurantes fracassados reabrem sob nova direção;(E) roupas sob medida sempre são muito elegantes.

Comentário:Vejamos o que significam as preposições "sob" e "sobre": 

SOB: posição de inferioridade em relação a um limite (no sentido concreto ou figurado).

SOBRE: posição de superioridade em relação a um limite (no sentido concreto ou figurado), com contato, com aproximação, ou com alguma distância; tempo aproximado.

Agora, vejamos essas preposições em cada alternativa:(A) a vigilância sobre os adolescentes é indispensável;

A vigilância é feita em cima dos adolescentes. Existe uma relação de superioridade (posição abstrata) entre o nome vigilância e adolescentes. (B) decidir coisas sobre pressão é ter grande chance de errar;

A decisão é feita sob pressão. A decisão está em uma posição (abstrata) inferior em relação à pressão.(C) sob o ponto de vista preconceituoso de muitas pessoas, todo morador de comunidades pobres é traficante;

Veja que se trocássemos a preposição "sob" por "sobre", esta seria equivalente à expressão "a respeito de", o que não faz sentido dentro do contexto dessa frase.(D) alguns restaurantes fracassados reabrem sob nova direção;

Um estabelecimento abre ou reabre sob nova direção, pois a direção está em uma posição (abstrata) acima do estabelecimento.(E) roupas sob medida sempre são muito elegantes.

A expressão deve ser roupas sob medida, com a preposição "sob", para que o sentido seja de roupa feita por encomenda.

13 – “Nunca coloque tarefas vagas: quanto mais específico, melhor”. Os vocabulários sublinhados são antônimos, nesse contexto. Assinale a alternativa em que os termos citados também são antônimos:

(A) impossíveis / úteis;(B) improváveis / corretas;(C) precisas / determinadas;(D) amplas / restritas;(E) inimagináveis / ilusórias.

Comentário:Questão sobre semântica: antonímia. Veja que a única alternativa que apresenta palavras realmente com sentido opostos é a (D).

amplas = vastas em extremo, sem restriçãorestritas = limitadas

14 – A alternativa em que a substituição do termo sublinhado por um vocábulo de valor equivalente foi feita de forma adequada é:

Page 74: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) “O ideal é fazer listas que você possa cumprir em um dia = diariamente;(B) “...permitindo que você complete seu trabalho em menos tempo” = temporariamente;(C) “...melhor fazer uma de cada vez” = paulatinamente;(D) “Dicas para acelerar sem perder o ritmo” = progressivamente;(E) “...seja por ignorar a duração delas no passado” = anteriormente.

Comentário:Para entendermos melhor essa questão, vamos ver o sentido das palavras apresentadas como equivalentes em cada alternativa:

(A) diariamente = em cada um dos dias, todos os dias, quotidianamente (veja que o termo sublinhado nessa alternativa é "em um dia", que não é equivalente a "diariamente")

(B) temporariamente = provisório, transitório. (veja que o termo sublinhado nessa alternativa é "em menos tempo" que não é equivalente a "temporariamente")

(C) paulatinamente = lentamente, devagar, aos poucos. (veja que o termo sublinhado nessa alternativa é "uma de cada vez", que não é exatamente equivalente a "paulatinamente")

(D) progressivamente = de forma progressiva, com progresso. (veja que o termo sublinhado nessa alternativa é "sem perder o ritmo" e não é equivalente a "progressivamente")

(E) anteriormente = antes, num tempo passado (veja que o termo sublinhado nessa alternativa é "no passado", que pode ser interpretado como equivalente a "anteriormente" nesse contexto)

15 – Há uma série de frases no texto em que o autor empregou o verbo fazer em lugar de outros verbos mais específicos. Assinale a alternativa em que a substituição do verbo fazer é feita de forma INADEQUADA ao contexto.

(A) “O ideal é fazer listas...” = redigir;(B) “...até computador derrapa para fazer tarefas simultâneas” = cumprir;(C) “...melhor fazer uma de cada vez” = realizar;(D) “...saber o que não fazer é tão importante...” = produzir;(E) “...permitindo a você fazer o seu trabalho em menos tempo” = completar.

Comentário:O verbo "fazer" em "...sabe o que não fazer é tão importante..." não tembo sentido de "produzir": alternativa (D) inadequada. Nas demais alternativas, a substituição do verbo "fazer" pelos verbos sugeridos é adequada a cada contexto.

16 – A finalidade básica do texto desta prova é:

(A) prevenir;(B) ordenar;(C) alertar;(D) criticar;(E) aconselhar.

Comentário: A finalidade básica do texto é aconselhar. No próprio título temos a expressão "Dicas para..." que já sugere um conselho.

Não poderíamos falar que o texto objetiva prevenir, alertar, ordenar   ou criticar, pois não se está impondo alguma coisa ao leitor ou apresentando um crítica a respeito de algo, mas observamos apenas sugestões que o leitor pode ou não cumpri-las caso sejam úteis em sua vida.

Page 75: Questões Comentadas Portugues Concurso

17 – “Se quiser, pode chamar de meditação”; a frase a seguir em que a correspondência dos tempos verbais está IMPERFEITA É:

(A) se quiser, pode chamar de meditação;(B) se quis, pôde chamar de meditação;(C) se quisesse, poderia chamar de meditação;(D) se tivesse querido, poderia ter chamado de meditação;(E) se queria, poderá chamar de meditação. 

Comentários:Vejamos a relação entre os tempos verbais:

Orações unidas pela conjunção “se” podem ser separadas em 4 usos distintos, segundo descrição de Perini (2010, p. 204).

Trataremos, aqui, de dois desses usos e da relação entre os tempos e modos verbais da oração principal e da oração subordinada iniciada pela conjunção “se”.

No primeiro uso, o “se” introduz uma oração condicional, expressando, de fato, uma condição do evento apresentado na oração principal. Veja o exemplo:

Se a menina pedir, o pai ajudará.

(a oração subordinada “se a menina pedir” estabelece uma condição para que ocorra o fato expresso na oração principal - “o pai vai ajudá-la”)

Quando a oração iniciada pela conjunção “se” expressa uma condição, os tempos e modos verbais possíveis para a oração subordinada e para a oração principal são:

O segundo uso diz respeito aos casos em que o “se” tem valor contrafactual. Conforme apresenta Perini (op. cit.), esse uso pode ser considerado uma variante do “se” condicional e ocorre quando o verbo da oração subordinada está flexionado no pretérito imperfeito do subjuntivo. Veja o exemplo:

Se a menina pedisse, o pai ajudaria.

(a oração subordinada “se a menina pedisse” insinua um fato que não é verdadeiro nem provável)

Quando a oração iniciada pelo “se” expressa essa condição que não necessariamente é verdadeira ou provável, o tempo e o modo do verbo da oração subordinada deve ser pretérito imperfeito ou mais-que-perfeito do subjuntivo, e o verbo da oração principal deve estar flexionado no futuro do pretérito do indicativo.

Page 76: Questões Comentadas Portugues Concurso

>>> Observe a diferença entre o “se” condicional e o “se” contrafactual:O “se” condicional mostra a possibilidade de o fato expresso na oração subordinada acontecer ou ter acontecido.

O “se” condicional mostra que a possibilidade de o fato expresso na oração subordinada acontecer não existe de fato, pois há a insinuação de que o fato é improvável ou que não é verdadeiro.

Veja em exemplos:

Se João marcou a alternativa A, certamente ele errou.(Veja que existe a possibilidade de João ter marcado a alternativa A)

Se João marcasse a alternativa A, certamente ele erraria.(Veja que não está em aberto a possibilidade de João ter marcado a alternativa A)

Vejamos cada alternativa dessa questão:

(A) se quiser, pode chamar de meditação;

Oração subordinada = se quiser (verbo no presente do subjuntivo)Oração principal = pode chamar de meditação (verbo no futuro do indicativo)

(B) se quis, pôde chamar de meditação;

Oração subordinada = se quis (verbo no pretérito perfeito do indicativo)Oração principal = pôde chamar de meditação (verbo no pretérito perfeito do indicativo)

(C) se quisesse, poderia chamar de meditação;

Oração subordinada = se quisesse (verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo)Oração principal = poderia chamar de meditação (verbo no futuro do pretérito do indicativo)

(D) se tivesse querido, poderia ter chamado de meditação;

Oração subordinada = se tivesse querido (verbo no pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo)Oração principal = poderia ter chamado de meditação (verbo no futuro do pretérito do subjuntivo)

(E) se queria, poderá chamar de meditação.

Oração subordinada = se queria (verbo no pretérito imperfeito do indicativo)Oração principal = poderá chamar de meditação (verbo no futuro do presente do indicativo) – veja que o verbo da oração principal, nesse caso, deveria estar no pretérito imperfeito do indicativo.

18 – “É preciso ter alguém que cumpre a metas”; a oração adjetiva poderia ser substituída por “disciplinado”, por exemplo. Assinale a alternativa em que a oração adjetiva dada tem um adjetivo correspondente adequado.

Page 77: Questões Comentadas Portugues Concurso

(A) “Não existe preso político no Brasil, mas apenas cidadãos que foram condenados por atividades políticas  que não são permitidas pela lei.” (Sen. Eurico Resende) = falsificadas;(B) “Os que renunciam são mais numerosos que os que fracassam.” (Henry Ford) = desmotivados;(C) “Não sei o que é preferível: o mal que faz bem ou o bem que faz mal” (Michelangelo) = benevolente;(D) “A histórica da pintura é uma história de pessoas que veem as coisas de forma distinta das outras.” (Fernando Botero) = radicais;(E) “A única pessoa realmente livre é a que não tem medo.” (L.F.Veríssimo) = destemida.

Comentário:Vejamos a oração adjetiva em cada alternativa e o adjetivo (com seu significado) apresentado como correspondente a essa oração. Verificaremos, assim, se há uma relação de equivalência semântica.

(A) "que não são permitidas pela lei" - FALSIFICADO = alterado, adulterado, fraudulento (não há equivalência semântica)

(B) "que fracassam" - DESMOTIVADO = sem interesse, sem motivação (não há equivalência semântica)

(C) "que faz bem" - BENEVOLENTE = que quer bem, cuja disposição é favorável, propenso, disposto a absolver, complacente, cujos propósitos são sinceros, bem-intenciosado, amigo (não há uma equivalência semântica exata: "que faz bem" não é exatamente "que quer bem")

(D) "que veem as coisas de forma distinta das outras" - RADICAL  = relativo à essência de algo; que se encontra distante do que é considerado normal ou tradicional; absoluto, que vai até o fim; que preconiza o radicalismo (não há equivalência semântica)

(E) "que não tem medo" - DESTEMIDO - corajoso, que não tem temor, valente. (há equivalência semântica)

19 – “...saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer”; a frase abaixo em que NÃO ocorre a presença de uma estrutura comparativa é:

(A) “Admitir que há guerras justas é o mesmo que admitir a existência de injustiças justas.” (Carlos D. de Andrade)(B) “Não sei como se pode admitir que haja amores tão indiferentes.” (Nouailles)(C) “Seja como o sândalo que perfuma o machado que o corta.” (Buda)(D) “A solução do governo para um problema é geralmente tão ruim quanto o problema.” (Milton Friedman)(E) “Capitalismo sem falência é como o Cristianismo sem inferno.” (Frank Borman)

Comentário:Vejamos as estruturas comparativas do Português:

“GRAUS DO ADJETIVO

A gradação pode ser expressa em português por processos sintáticos ou morfológicos.

Comparativo e superlativo

Dois são os graus do adjetivo: o COMPARATIVO e o SUPERLATIVO.

(...)

Formação do grau comparativo

1. Forma-se o COMPARATIVO DE SUPERIORIDADE antepondo-se o advérbio mais e pospondo-se a conjunção queou do que ao adjetivo:

Pedro é mais idoso do que Carlos.João é mais nervoso que desatento.

Page 78: Questões Comentadas Portugues Concurso

2. Forma-se o COMPARATIVO DE IGUALDADE antepondo-se o advérbio tão e pospondo-se a conjunção como ouquanto ao adjetivo:

Carlos é tão jovem como Álvaro.José é tão nervoso quanto desatento.

3. Forma-se o COMPARATIVO DE INFERIORIDADE antepondo-se o advérbio menos e pospondo-se a conjunção queou do que ao adjetivo:

Paulo é menos idoso que Álvaro.João é menos nervoso do que desatento.”

(CUNHA & CINTRA, 2001, p. 254-5)

“CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

1. As CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS classificam-se em CAUSAIS, CONCESSIVAS, CONDICIONAIS, FINAIS, TEMPORAIS, COMPARATIVAS, CONSECUTIVAS e INTEGRANTES. (...)

(...)

7. COMPARATIVAS (iniciam uma oração que encerra o segundo membro de uma comparação, de um confronto): que, do que (depois de mais, menos, maior, menor, melhor, pior), qual (depois de tal), quanto(depois de tanto), como, assim como, bem como, como se, que nem” (CUNHA & CINTRA, 2001, p. 588)

“Outras unidades comparativas – Além dos quantificadores referidos, podem em seu lugar aparecer:

a) As formas adjetivas maior, menor, melhor, pior:

As qualidades devem ser maiores que os vícios.

b) unidades multiplicativas, indefinidas (como outro, mesmo, igual) e advérbios de valor seletivo (comoantes):

A nota conseguida é o dobro que o candidato merecia.Não pensava em outra coisa que tirar proveito dos amigos.Tudo nele era o mesmo que se vira antes.O roubo antes denigre o ladrão que lhe aumenta os haveres.”

(BECHARA, 2001, p. 474)

Veja que as alternativas (A), (C), (D) e (E) apresentam uma estrutura de comparação:

(A) “Admitir que há guerras justas é o mesmo que admitir a existência de injustiças justas.” (Carlos D. de Andrade)

(C) “Seja como o sândalo que perfuma o machado que o corta.” (Buda)

(D) “A solução do governo para um problema é geralmente tão ruim quanto o problema.” (Milton Friedman)

(E) “Capitalismo sem falência é como o Cristianismo sem inferno.” (Frank Borman)

A alternativa (B), embora apresente a partícula “como”, o valor semântico estabelecido não é de comparação. Veja:

(B) “Não sei como se pode admitir que haja amores tão indiferentes.” (Nouailles)

Page 79: Questões Comentadas Portugues Concurso

“Polissemia conjuncional

Algumas conjunções subordinativas (que, como, porque, se, etc.) podem pertencer a mais de uma classe. Sendo assim, o seu valor está condicionado ao contexto em que se inserem (...)” (CUNHA & CINTRA, 2001, p. 590)

No caso da alternativa (B), o “como” introduz uma oração subordinada com função de objeto direto do verbo “saber” presente na oração principal “Não sei”.  

20 – Entre as frases a seguir, retiradas do texto, indique aquela cujo conectivo sublinhado tem caráter obrigatório, já que é exigido por um termo anterior.

(A) “Dicas para acelerar sem perder o ritmo”.(B) “Procure andar mais com quem foca o futuro”.(C) “Reordene sua caixa de entrada de e-mails”.(D) “Não precisa de punição quando...”(E) “...um momento sem TV”.

Comentário:Sobre as preposições do Português, veja o que Cunha e Cintra (2001) apresentam:

“CONTEÚDO SIGNIFICATIVO E FUNÇÃO RELACIONAL

1. Comparando as frases

Viajei com PedroConcordo com você,

observamos que, em ambas, a PREPOSIÇÃO com tem como antecedente uma forma verbal (viajei econcordo), ligada por ela a um conseqüente, que, no primeiro caso, é um termo acessório (com Pedro =ADJUNTO ADVERBIAL) e, no segundo, um termo integrante (com você = OBJETO INDIRETO) da oração.

2. A PREPOSIÇÃO com exprime, fundamentalmente, a ideia de “associação”, “companhia”. E esta ideia básica, sentimo-la muito mais intensa no primeiro exemplo,

Viajei com Pedro,

do que no segundo,

Concordo com você.

Aqui o uso da partícula com após o verbo concordar, por ser construção já fixada no idioma, provoca um esvaecimento do conteúdo significativo de “associação”, “companhia”, em favor da função relacional pura.

3. Costuma-se nesses casos desprezar o sentido da PREPOSIÇÃO, e considerá-la um simples elo sintático, vazio de conteúdo nocional.Cumpre, no entanto, salientar que as relações sintáticas que se fazem por intermédio de PREPOSIÇÃO OBRIGATÓRIA selecionam determinadas preposições exatamente por causa de seu significado básico.Assim, o verbo concordar elege a preposição com em virtude das afinidades que existem entre o sentido do próprio verbo e a ideia de “associação” inerente a com.(...)

Relações necessárias

Nas orações:

- Eu já nem me lembro de nada...

Page 80: Questões Comentadas Portugues Concurso

(M. Torga, NCM, 49)

- Foi vontade de Deus.(G.Ramos, SB, 129)

Ontem fui a Cambridge.(U.Tavares Rodrigues, JE, 135)

Um magro procurava saber se a minha roupa preta tinha sido feita por alfaiate.(J. Lins do Rego, D, 23)

as preposições relacionam ao termo principal um conseqüente sintaticamente necessário:

lembro-me de nada (verbo + objeto indireto)vontade de Deus (substantivo + complemento nominal)fui a Cambridge (verbo + adjunto adverbial necessário)feita por alfaiate (particípio + agente da passiva)

(...)

Relações livres

A comparação dos enunciados:

Encontrar com um amigo.Encontrar um amigo.Procurar por alguém.Procurar alguém.

mostra-nos que a presença da PREPOSIÇÃO (possível, mas não necessária sintaticamente) acrescenta, às relações eu estabelece, as ideias de “associação” (com) e de “movimento que tende a completar-se numa direção determinada (por).” (CUNHA & CINTRA, 2001, p. 558-561)

Vejamos, agora, as preposições em cada alternativa:

(A) “Dicas para acelerar sem perder o ritmo”.

Dicas para acelerar (preposição com valor de finalidade)

(B) “Procure andar mais com quem foca o futuro”.

Andar mais com quem foca o futuro (preposição com valor de companhia)

(C) “Reordene sua caixa de entrada de e-mails”.

Caixa de entrada (preposição com valor de conteúdo )

(D) “Não precisa de punição quando...”

Não precisa de punição (verbo + objeto indireto)

(E) “...um momento sem TV”.

Momento sem TV (preposição com valor de ausência)

______________________________________________________________