ponto dos concursos - direito administrativo em exercícios

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  • 8/13/2019 Ponto dos Concursos - Direito Administrativo em Exerccios

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    CURSOS ON-LINE DIREITO ADMINISTRATIVO EM EXERCCIOSPROFESSOR MARCELO ALEXANDRINO

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    AULA ZERO : ORGAN I Z A O ADM I N I STRATI V A BRASI L EI RA

    Inicio mais um curso aqui no site. Dessa vez, optei por trabalhar o DireitoAdministrativo no formato de reviso em exerccios de concursos. O motivoprincipal a proximidade dos concursos para a Receita Federal. evidente que aproximidade de um concurso no dispensa o estudo de teoria pura e simples.Entretanto, a meu ver, nessas circunstncias, o estudo da teoria no pode serextensivo, mas sim focado nos pontos mais freqentemente explorados pelasbancas, no nosso caso, especialmente pela ESAF. Penso que a melhor forma delevar a bom termo esse estudo focado pela utilizao de questes de concursosorganizadas por assunto, em uma seqncia didtica. Comentando cada questoassim organizada possvel, a um s tempo, conhecer o estilo dos enunciados e

    revisar o contedo terico nelas abordado e delas decorrente.Sei perfeitamente que quem se prope fazer um curso de reviso muitas vezesconhece algumas das questes que foram cobradas nos ltimos concursosrelevantes, ou mesmo a maioria delas. A nica forma de evitar esse problemaseria fazer um curso baseado em questes por mim elaboradas. J trabalheiassim, durante bastante tempo, quando comecei a lecionar. Considero ummtodo muito bom, principalmente se as questes forem apresentadas no formatode simulados. Mas, em minha opinio, esse mtodo de estudo s bom e til sefor utilizado por longo perodo. Na verdade, ele o mtodo preferencial demanuteno e aprofundamento para alunos que j fizeram uma turma bsica

    geral e uma avanada, porque pode ter durao indefinida. Diferentemente

    sempre em minha opinio , acho-o bastante desaconselhvel para a reviso deestudo que fazemos pouco antes de um concurso. Para essa situao, consideroinfinitamente mais til e eficiente utilizar as questes que verdadeiramente foramexigidas em concursos mais ou menos recentes, elaboradas pela mesma banca epor bancas cujo nvel de exigncia seja compatvel.

    O curso eletrnico tem a particular vantagem de permitir que o aluno analise, comcalma, cada item das questes, estude a teoria abordada nos comentrios e utilizeo frum para tirar suas dvidas, tanto relativas questo, quanto teoria exposta.Nisso ele , sem dvida, bastante superior aos cursos presenciais. Em

    contrapartida, exige maior dedicao e disciplina do aluno. Mas isso, para quemest se preparando seriamente para um concurso, est longe de ser algo novo!

    No nosso curso, utilizarei exclusivamente questes da ESAF e do CESPE. Nasquestes da ESAF, que sero maioria, apresentarei a questo inteira, exatamentecomo foi apresentada no concurso respectivo. Nas do CESPE, como regra,analisarei itens separadamente (como as questes do CESPE so do tipo V ou F possvel e mais didtico desmembr-las assim).

    Abaixo, apresento o programa do curso. No tratarei como um tpico separado oassunto controle da Administrao. Isso porque o controle administrativo

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    (exercido pelo Poder Executivo), que o que mais interessa, ser abordado emdiversos pontos ao longo do curso. O controle legislativo quase nunca cobradonos concursos para o Poder Executivo, na prova de Administrativo; alm disso,

    questo sobre controle legislativo sempre se resolve com mera reproduo dedispositivos da Constituio. O controle judicial praticamente nunca cobrado nasprovas de Direito Administrativo, e as aes mais importantes (mandado desegurana, ao popular, ao civil pblica etc.) so sempre estudada no DireitoConstitucional.

    O curso ter doze aulas semanais, sem contar com a de apresentao. O objetivoso os concursos para cargos de nvel superior da esfera federal, especialmenteos elaborados pela ESAF. Embora no seja especfico para um concursodeterminado, tenho uma preocupao particular, quanto aos prazos, com osconcursos da Receita Federal. Por essa razo, se algum dos concursos da

    Receita ocorrer antes da data inicialmente estipulada para trmino do curso, seroapresentadas duas ou mais aulas por semana, o quanto seja preciso para que ocurso termine antes do concurso.

    Ao final de cada aula ser apresentada, sem gabarito e sem comentrios, a listade questes e itens nela analisados e estudados. Isso para possibilitar, aos alunosque assim desejarem, a resoluo prvia das questes (antes da leitura dogabarito e dos comentrios), para avaliarem previamente o nvel de seusconhecimentos. O motivo de apresentar essa lista somente ao final da aula ointuito de facilitar a impresso, uma vez que ser mais simples deixar de imprimi-lapara aqueles que no queiram faz-lo.

    Se os editais para AFRF e TRF contiverem itens novos, diferentes dos deconcursos passados, ou deixarem de exigir algum antes cobrado, o programa sercorrespondentemente reformulado. Em nenhumaoutra hiptese o programa seralterado.

    Por ltimo, apresento uma amostra de como ser o curso, comentando algumasquestes acerca da parte introdutria e do Regime Administrativo. No exatamente uma aula demonstrativa, porque nossas aulas semanais tero queser muito mais extensas. Mas o quanto penso ser suficiente para dar idia doformato do curso.

    Marcelo Alexandrino.

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    1. Organizao Administrativa Brasileira.

    1.1. Regime jurdico administrativo

    1 - (ESAF/MPOG/2002) A Administrao Pblica, a que o legislador constituintede 1988 dedicou todo um Captulo, ao tratar da organizao do Estado, parasubmet-la observncia necessria dos princpios fundamentais da legalidade,impessoalidade, moralidade e publicidade

    a) restringe-se ao Poder Executivo Federal.

    b) restringe-se aos Poderes Executivos Federal, Estaduais e Municipais.

    c) restringe-se aos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio Federais.

    d) abrange rgos e entidades dos trs Poderes da Unio, dos Estados e dos

    Municpios.e) abrange rgos e entidades federais, estaduais e municipais, com suassubsidirias, sociedades controladas e concessionrias dos seus serviospblicos.

    COMENTRIOS

    Essa questo bastante bsica, ideal para a introduo a nosso curso. Quandoiniciamos o estudo do Direito Administrativo, seja qual for o nvel do curso,devemos ter em mente alguns pontos elementares, alguns dos quais so tratados

    nessa questo. Para mim, so quatro esses pontos elementares, como abaixoexplico.

    1) Nossa Constituio adota o princpio da separao dos Poderes, tambmchamado princpio da diviso funcional dos Poderes (CF, art. 2).

    Esse princpio estabelece que as atribuies do Estado so exercidas porPoderes independentes e harmnicos entre si, cabendo a cada um uma funoprincipal, tambm chamadafuno tpica.

    Assim, a funo tpica do Poder Executivo dar cumprimento s leis, aplicar oDireito aos casos concretos no litigiosos.

    A funo tpica do Poder Legislativo elaborar as leis, e a funo tpica do PoderJudicirio dizer o Direito aplicvel aos casos concretos litigiosos (exercer ajurisdio).

    Analisando essa estrutura bsica, conclumos que a funo administrativa afuno tpica o Poder Executivo.

    Mas, agora, vem uma importante observao, abordada na questo: embora cadaPoder tenha uma funo principal, todas as funes, em alguma medida, soexercidas por todos os Poderes.

    Dizemos, por exemplo, que o Executivo, tipicamente, exerce a administraopblica, mas de forma secundria ou atpica desempenha funes legislativas (por

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    exemplo, edio de medidas provisrias) e de soluo de litgios (por exemplo,nos processos administrativos).

    Da mesma forma, temos exerccio de funo administrativa pelos PoderesLegislativo e Judicirio. Por exemplo, h funo administrativa quando o Senadoou o Supremo Tribunal Federal realizam licitao para adquirir bens em geral,destinados ao desempenho de suas atribuies, quando celebram os contratosadministrativos cujo objeto seja a aquisio desses bens, quando concedemlicenas ou frias a seus servidores, quando instauram processos disciplinares eaplicam sanes administrativas a seus servidores etc.

    Por esse motivo, embora nos venha mente, quando falamos em AdministraoPblica, somente o Poder Executivo, o certo que temos Administrao Pblicaem todos os Poderes. Assim, nessa questo, e em qualquer outra, estabsolutamente errada qualquer afirmativa em que seja dito que a Administrao

    Pblica restringe-se a este ou aquele Poder. Esto incorretas, desde j, portanto,as alternativas a e b.

    Tratemos do segundo ponto elementar.

    2) Nosso Estado uma Federao.

    Isso est explcito j no caput do art. 1 da Constituio, e detalhado em seu art.18, caput.

    Assim, coexistem, no territrio nacional, diversos entes isonmicos e comautonomia poltica (denominadas pessoas polticas ou entes federados): Unio,estados, Distrito Federal e municpios. Como decorrncia lgica, existe

    Administrao Pblica em todos os entes da Federao. Temos AdministraoPblica federal, Administrao Pblica em cada estado e no DF, AdministraoPblica em cada municpio. Quando se fala, de forma inespecfica, AdministraoPblica, essa expresso abrange as diferentes Administraes Pblicas de todasas pessoas polticas da Federao.

    Por isso, est errada a alternativa c.

    Passemos ao terceiro ponto elementar.

    3) No existe um nico conceito de Administrao Pblica.

    Essencialmente, quando falamos em conceito de Administrao Pblicaestudamos essa expresso sob diversas acepes. Esse tema ser objeto deestudo aprofundado quando virmos outras questes mais especficas sobre ele.

    Por ora, interessa que uma das classificaes mais importantes a que diferenciaAdministrao em sentido formal e administrao em sentido material (estaltima geralmente escrita com minscula mesmo).

    Em sentido material, administrao pblica definida exclusivamente pelaatividade.

    Em sentido formal, que o adotado em nosso Pas, no importa a atividade, massomente os rgos e entidades que o ordenamento jurdico determina serem osintegrantes da Administrao Pblica.

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    Em sentido formal, nosso ordenamento jurdico estabelece que a AdministraoPblica integrada, exclusivamente, pelos rgos da Administrao Direta epelas entidades da Administrao Indireta (autarquias, fundaes pblicas,

    empresas pblicas e sociedades de economia mista).Com isso, conseguimos resolver a questo. A alternativa e afirma que aAdministrao Pblica abrange as entidades controladas e as concessionrias deservios pblicos. Isso est incorreto. Qualquer questo que diga que algumapessoa diferente de autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas esociedades de economia mista integra a Administrao Pblica est incorreta.Vejam que no necessrio a questo explicitar que est tratando deAdministrao em sentido formal, porque essa a acepo adotada no Brasil. Naverdade, para cogitarmos, em uma questo, de administrao em sentido material, necessrio que seu enunciado seja explcito. Se no houver nenhum

    qualificativo, a expresso Administrao Pblica (mesmo que aparea escritacom iniciais minsculas) significa sempre Administrao em sentido formal.

    A alternativa d afirma que a Administrao Pblica abrange rgos e entidadesdos trs Poderes da Unio, dos Estados e dos Municpios. Algum poderia ficarinseguro por no ter sido mencionado o Distrito Federal. Mas, vejam que oenunciado no taxativo (no diz abrange exclusivamente). Alm disso, como muito comum, sempre chegaramos alternativa d por eliminao, uma vez queos erros das demais so absolutamente indiscutveis. Ainda como observao,algum poderia implicar com a afirmao de que h trs Poderes nosmunicpios, uma vez que estes no tm Poder Judicirio. Mais uma vez, temosque concordar que a letra d , disparadamente, a menos errada, o que nos

    obriga a marc-la como gabarito, nem que seja por eliminao.O gabarito, portanto, letra d.

    H, ainda, um quarto ponto elementar nesse estudo introdutrio do DireitoAdministrativo.

    4) O Brasil adota o sistema de jurisdio nica.

    Esse ponto, decorrente do inciso XXXV do art. 5 da Constituio, ser comentadomais frente.

    2 - (Cespe/Papiloscopista PF/1997) Sabendo que Montesquieu, com seu clebreO esprito das Leis, de 1747, sistematizou e lanou as bases para a teorizaodo princpio da separao (ou diviso) dos poderes, ainda hoje de grande prestgiona cincia poltica e no direito pblico, correto afirmar que esse princpio estritamente adotado na administrao pblica brasileira, que estabelece umargida separao de funes entre os trs poderes.

    COMENTRIOS

    Esse item de questo do CESPE trata de um dos pontos de que falei na anliseda questo anterior (embora seja de 1997, mantm-se plenamente atual, como

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    alis, quase todas as questes que tratem desses conceitos bsicos eintrodutrios de qualquer ramo do Direito).

    O princpio da separao dos Poderes no implica separao absoluta defunes. Por esse motivo, alis, a expresso separao dos Poderes costumaser criticada por muitos autores, que preferem o uso da expresso divisofuncional dos Poderes. O certo que esse princpio apenas atribui a cada Poderuma funo principal (ou tpica).Mas, alm de sua funo principal, cada Poderexerce, tambm, em carter secundrio, as funes tpicas dos outros Poderes.

    Como exemplifiquei acima, o Poder Executivo exerce funo legislativa, pelaedio de medidas provisrias, o Poder Legislativo exerce funo administrativa,por meio das mesas das casas legislativas (as mesas so rgos administrativosdos Poderes Legislativos das diferentes pessoas polticas), o Poder Judicirioexerce funo administrativa, por meio das secretarias dos tribunais (as

    secretarias so rgos administrativos dos tribunais do Poder Judicirio) e assimpor diante.

    Portanto, incorreto afirmar que em nossa Administrao Pblica seja adotadauma rgida separao de funes entre os trs poderes (temos AdministraoPblica nos trs Poderes, embora seja a funo administrativa seja a principal doPoder Executivo).

    Gabarito: F (falso).

    3 - (Cespe/Assistente Jurdico do DF/2001) No direito brasileiro, de acordo com o

    que ocorre em determinados pases europeus, os atos administrativos no podemser controlados pelo Poder Judicirio e, sim, por tribunais administrativos como ostribunais de contas; assim vige o princpio da dualidade da jurisdio.

    COMENTRIOS

    Esse item do CESPE trata daquilo que, nos comentrios primeira questo,chamei de quarto ponto elementar: o Brasil adota o sistema de jurisdio nica.

    Relativamente ao mbito de atuao do Poder Judicirio, existem basicamentedois sistemas no Ocidente.

    Um o chamado sistema ingls, ou de jurisdio nica, ou de inafastabilidade dejurisdio, em que toda e qualquer matria pode, sempre, ser apreciada peloPoder Judicirio. o sistema adotado no Brasil, traduzido no inciso XXXV do art.5 da Constituio (a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ouameaa a direito).

    O outro o denominado sistema francs, ou de dualidade de jurisdio, ousistema do contencioso administrativo. Nele, as matrias administrativas nopodem ser apreciadas pelo Poder Judicirio. As questes envolvendo o DireitoAdministrativo, a Administrao Pblica, devem ser decididas exclusivamente porrgos jurisdicionais da prpria Administrao Pblica, ou seja, nesse sistema as

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    decises administrativas, proferidas pelos tribunais administrativos no mbito dodenominado contencioso administrativo, so absolutamente definitivas, fazemcoisa julgada propriamente dita, em sentido formal e em sentido material.

    Voltando ao nosso sistema, de jurisdio nica, deve ficar claro que ele nosignifica, de forma nenhuma, a vedao existncia de processos administrativos.Basta observar que nossa Constituio refere-se expressamente a processosadministrativos, estendendo a eles diversas das garantias aplicveis s partes noprocesso judicial. Exemplos particularmente importantes so os incisos LV eLXXVIII do art. 5:

    LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados emgeral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos aela inerentes;

    LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razoveldurao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao(includo pela EC 45/2004).

    O que acontece, entretanto, que a utilizao da via administrativa uma opopara o administrado. Se ele preferir, pode ir diretamente ao Judicirio (as nicasexcees so a denominada justia desportiva, que, apesar do nome, composta por rgos administrativos - CF, art. 217, 1, e a impetrao dehabeas data, que exige que tenha havido, antes, negativa da autoridadeadministrativa ao fornecimento das informaes solicitadas ou sua retificao).

    Pode, tambm, esgotar a via administrativa e, se a deciso final for a eledesfavorvel, contest-la no Poder Judicirio. Pode, ainda, iniciar a discusso naesfera administrativa e abandon-la a qualquer tempo, para ingressar com ao

    judicial tratando do mesmo assunto.

    Em suma, a instaurao de processos administrativos para discutir direitos queentenda possuir uma faculdade do administrado. Ele sempre pode recorrer aoJudicirio, nico Poder competente, no Brasil, para dizer o direito aplicvel aocaso concreto em carter definitivo. Diz-se, por isso, que no sistema de jurisdionica somente as decises do Poder Judicirio fazem coisa julgada propriamentedita, o que significa que somente o Judicirio pode proferir decisesabsolutamente imodificveis.

    Gabarito: F (falso).

    4 - (ESAF/AFRF/2003) O estudo do regime jurdico-administrativo tem em CelsoAntnio Bandeira de Mello o seu principal autor e formulador. Para o citado jurista,o regime jurdico-administrativo construdo, fundamentalmente, sobre doisprincpios bsicos, dos quais os demais decorrem. Para ele, estes princpios so:

    a) indisponibilidade do interesse pblico pela Administrao e supremacia dointeresse pblico sobre o particular.

    b) legalidade e supremacia do interesse pblico.

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    c) igualdade dos administrados em face da Administrao e controle jurisdicionaldos atos administrativos.

    d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pblica e finalidade pblica dosatos da Administrao.

    e) legalidade e finalidade.

    COMENTRIOS

    Essa questo da ESAF apresenta um elemento atpico: menciona expressamenteo nome de um autor. Na questo, essa meno expressa doutrina de CelsoAntnio Bandeira de Mello acabou sendo irrelevante, na minha opinio. Issoporque os principais livros que falam sobre regime jurdico administrativosimplesmente reproduzem a sistematizao desse assunto feita por CelsoAntnio. Portanto, ainda que a questo no mencionasse autor, seu gabarito seriao mesmo.

    O chamado regime jurdico administrativo aparece em editais de concursos huns trs ou quatro anos. Sempre, sem exceo, a informao bsica exigida amesma: identificar os princpios que caracterizam esse regime.

    Os princpios apontados como caracterizadores do regime jurdico administrativo,que um regime de Direito Pblico, so a supremacia do interesse pblicoe aindisponibilidade do interesse pblico.

    O princpio da supremacia do interesse pblico fundamenta a existncia das

    prerrogativas e dos poderes da Administrao Pblica, a denominada verticalidadenas relaes Administrao-particular. Toda atuao administrativa em que existeimperatividade, em que so impostas, unilateralmente, obrigaes para oadministrado, ou em que so restringidos direitos dos particulares respaldadapelo princpio da supremacia do interesse pblico.

    Exemplos so o exerccio do poder de polcia, as chamadas clusulasexorbitantes dos contratos administrativos, que possibilitam Administrao,dentre outras prerrogativas, modificar unilateralmente o contrato, as hipteses deinterveno na propriedade privada, como a desapropriao, a presuno delegitimidade dos atos administrativos, a auto-executoriedade etc.

    A regra bsica : havendo conflito entre o interesse pblico e os interesses departiculares, aquele deve prevalecer. Deve-se, todavia, ressalvar sempre orespeito aos direitos e garantias fundamentais e a necessidade de que a atuaoda Administrao ocorra sempre nos termos e limites da lei e do Direito.

    O segundo princpio, o da indisponibilidade do interesse pblico, faz contrapontoao primeiro. Ao mesmo tempo em que tem poderes especiais, exorbitantes doDireito comum, a Administrao sofre restries em sua atuao que no existempara os particulares. Essas restries decorrem do fato de que a Administraono dona da coisa pblica, mas sim o povo. Em linguagem jurdica, dispor dealguma coisa , simplificadamente, poder fazer o que se queira com ela, sem darsatisfaes a ningum. A disposio caracterstica do direito de propriedade.

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    Em decorrncia do princpio da indisponibilidade do interesse pblico, aAdministrao somente pode atuar quando houver lei que determine sua atuao,e nos limites estipulados por essa lei. No existe a idia de vontade da

    Administrao, mas sim de vontade da lei, que quem legitimamente traduz avontade geral, vontade do povo, manifestada pelos seus representantes no PoderLegislativo (tudo isso teoricamente, claro). Alm disso, toda a atuao daAdministrao deve ter possibilidade de ser controlada pelo povo, sejadiretamente, seja por meio de rgos com essa funo de controle.

    Dessa forma, so decorrncias tpicas do princpio da indisponibilidade dointeresse pblico a necessidade de realizar concurso pblico para admisso depessoal permanente (empregados e servidores pblicos efetivos), a necessidade,em regra, de realizar licitao prvia para celebrao de contratos administrativos,a exigncia de motivao dos atos administrativos (tambm regra geral), as

    restries alienao de bens pblicos etc.O gabarito, portanto, letra a.

    Alguns podem perguntar por que no a letra b (legalidade e supremacia dointeresse pblico). Vejam bem, a letra b est correta, quer dizer, os princpiosnela mencionados so de fundamental importncia na atuao da AdministraoPblica.

    Por que, ento, escolher o princpio da indisponibilidade do interesse pblico, emvez do princpio da legalidade, como caracterizador do regime jurdicoadministrativo?

    Vejo dois motivos. O primeiro que a questo menciona expressamente CelsoAntnio (talvez seja justamente por isso que ela o faz). O segundo que osprincpios que caracterizam o regime jurdico administrativo, apontados pelosprincipais autores de Direito Administrativo, so os princpios mais geraisaplicveis atuao da Administrao. E o princpio da indisponibilidade dointeresse pblico mais geral do que o princpio administrativo da legalidade. Arigor, este deriva daquele.

    Seja como for, considerando que sempre temos que marcar a mais correta, ou amenos errada, a letra a enquadra-se no enunciado com maior preciso do quea letra b. Vejam que as letras d e e tambm contm princpios fundamentaisde Direito Administrativo, mas no so o gabarito pelo mesmo motivo, qual seja, a

    letra a enquadra-se no enunciado com maior preciso.

    5 - (ESAF/Analista MPU/2004) Um dos princpios informativos do DireitoAdministrativo, que o distingue dos demais ramos, no disciplinamento dasrelaes jurdicas, sob sua incidncia, o da

    a) comutatividade na soluo dos interesses em questo.

    b) subordinao do interesse pblico ao privado.

    c) supremacia do interesse pblico sobre o privado.

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    d) predominncia da liberdade decisria.

    e) correlao absoluta entre direitos e obrigaes.

    COMENTRIOS

    Essa questo trata, tambm, do regime jurdico administrativo, mas permitecomentrios adicionais.

    O primeiro diz respeito preciso dos enunciados das questes objetivas deconcursos, especialmente as da ESAF. Como vocs podem perceber, nemsempre h um grande cuidado com a lgica ou com a terminologia.

    No h dvida de que o gabarito a letra c, ou seja, a questo afirma que umdos princpios informativos do Direito Administrativo, que o distingue dos demais

    ramos, o da supremacia do interesse pblico sobre o privado. Sabemos que ogabarito a letra c porque as outras alternativas no se aplicam ao DireitoAdministrativo e porque no h uma alternativa mais completa, que contenha oprincpio da supremacia do interesse pblico e o princpio da indisponibilidade dointeresse pblico. Agora, afirmar que o princpio da supremacia do interessepblico distingue o Direito Administrativo dos demais ramos do Direito toabsurdo que chega a ser engraado. Para no irmos muito longe, bastalembrarmos do Direito Tributrio. Como imaginar um Direito Tributrio sem que asrelaes jurdicas por ele regidas sejam orientadas pelo princpio da supremaciado interesse pblico?! Na verdade, esse princpio caracterstico do DireitoPblico em geral. Mas, novamente, no h dvida de que a nica alternativa que

    poderamos marcar seria a letra c.A outra observao que importa fazer que no raro questes de concurso, aotratarem do regime jurdico administrativo mencionarem somente o princpio dasupremacia do interesse pblico, esquecendo o princpio da indisponibilidade dointeresse pblico. Fao esse alerta para que vocs no considerem incorreta umaafirmao desse tipo. Por exemplo, afirmar que o regime jurdico administrativo caracterizado pela sujeio das relaes jurdicas administrativas ao princpio dasupremacia do interesse pblico correto (verdadeiro). Somente marcaramosincorreto (falso) se fosse afirmado algo como o regime jurdico administrativo caracterizado exclusivamente pela aplicao s relaes jurdicas administrativasdo princpio da supremacia do interesse pblico.

    No h nenhum motivo lgico para as bancas mencionarem mais freqentementeo princpio da supremacia do interesse pblico do que o princpio daindisponibilidade do interesse pblico, mas, na prtica, isso acontece.

    At a prxima.

    LISTA DAS QUESTES APRESENTADAS

    1 - (ESAF/MPOG/2002) A Administrao Pblica, a que o legislador constituintede 1988 dedicou todo um Captulo, ao tratar da organizao do Estado, para

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    submet-la observncia necessria dos princpios fundamentais da legalidade,impessoalidade, moralidade e publicidade

    a) restringe-se ao Poder Executivo Federal.b) restringe-se aos Poderes Executivos Federal, Estaduais e Municipais.

    c) restringe-se aos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio Federais.

    d) abrange rgos e entidades dos trs Poderes da Unio, dos Estados e dosMunicpios.

    e) abrange rgos e entidades federais, estaduais e municipais, com suassubsidirias, sociedades controladas e concessionrias dos seus serviospblicos.

    2 - (Cespe/Papiloscopista PF/1997) Sabendo que Montesquieu, com seu clebreO esprito das Leis, de 1747, sistematizou e lanou as bases para a teorizaodo princpio da separao (ou diviso) dos poderes, ainda hoje de grande prestgiona cincia poltica e no direito pblico, correto afirmar que esse princpio estritamente adotado na administrao pblica brasileira, que estabelece umargida separao de funes entre os trs poderes.

    3 - (Cespe/Assistente Jurdico do DF/2001) No direito brasileiro, de acordo com oque ocorre em determinados pases europeus, os atos administrativos no podemser controlados pelo Poder Judicirio e, sim, por tribunais administrativos como os

    tribunais de contas; assim vige o princpio da dualidade da jurisdio.

    4 - (ESAF/AFRF/2003) O estudo do regime jurdico-administrativo tem em CelsoAntnio Bandeira de Mello o seu principal autor e formulador. Para o citado jurista,o regime jurdico-administrativo construdo, fundamentalmente, sobre doisprincpios bsicos, dos quais os demais decorrem. Para ele, estes princpios so:

    a) indisponibilidade do interesse pblico pela Administrao e supremacia dointeresse pblico sobre o particular.

    b) legalidade e supremacia do interesse pblico.

    c) igualdade dos administrados em face da Administrao e controle jurisdicionaldos atos administrativos.

    d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pblica e finalidade pblica dosatos da Administrao.

    e) legalidade e finalidade.

    5 - (ESAF/Analista MPU/2004) Um dos princpios informativos do DireitoAdministrativo, que o distingue dos demais ramos, no disciplinamento dasrelaes jurdicas, sob sua incidncia, o da

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    a) comutatividade na soluo dos interesses em questo.

    b) subordinao do interesse pblico ao privado.

    c) supremacia do interesse pblico sobre o privado.d) predominncia da liberdade decisria.

    e) correlao absoluta entre direitos e obrigaes.

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    AULA 1: ORGANIZAO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA

    1. Organizao Administrativa Brasileira.

    1.1. Regime jurdico administrativo

    1.2. Administrao Pblica. Conceitos.

    1.3. Desconcentrao e descentralizao.

    1.4. Administrao Direta e Indireta.

    1.5. rgos pblicos.

    1 - (ESAF/PFN/2003) Assinale, entre os atos abaixo, aquele que no pode serconsiderado como de manifestao da atividade finalstica da AdministraoPblica, em seu sentido material.

    a) Concesso para explorao de servio pblico de transporte coletivo urbano.

    b) Desapropriao para a construo de uma unidade escolar.

    c) Interdio de um estabelecimento comercial em razo de violao a normas deposturas municipais.

    d) Nomeao de um servidor pblico, aprovado em virtude de concurso pblico.

    e) Concesso de benefcio fiscal para a implantao de uma nova indstria em

    determinado Estado-federado.

    COMENTARIOS

    Essa questo permite que estudemos os conceitos de Administrao Pblica.Como cheguei a comentar na aula inaugural, no existe um nico conceito deAdministrao Pblica, mas sim acepes, conforme o critrio que se utilize.

    Merecem nota, brevemente, os conceitos de Administrao em sentido amplo eem sentido estrito.

    Administrao Pblica em sentido amplo abrange os rgos de Governo, que

    exercem funo poltica, e os rgo e pessoas jurdicas que exercem funomeramente administrativa. Entendemos por funo poltica, aqui, oestabelecimento das diretrizes de ao governamental, a fixao dasdenominadas polticas pblicas. Funo meramente administrativa resume-se execuodas polticas pblicas.

    Administrao Pblica em sentido estrito s inclui os rgos e pessoas jurdicasque exercem funo meramente administrativa. Ficam excludos os rgos efunes polticos.

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    muito raro aparecer em concurso o conceito de Administrao em sentidoamplo. Portanto, sempre, que uma questo usar simplesmente a expressoAdministrao Pblica, trata-se de Administrao em sentido estrito.

    Outra distino, muito mais importante, a que a doutrina faz entre Administraoem sentido formal e administrao em sentido material.

    Administrao em sentido formal, subjetivo ou orgnico simplesmente oconjunto de rgos e pessoas jurdicas a que o nosso ordenamento atribui oexerccio da funo administrativa do Estado. A rigor, sempre que temos umaclassificao em sentido formal, interessa exclusivamente o que o ordenamento

    jurdico dispe. Nenhum outro fator deve ser levado em conta. Assim,Administrao em sentido formal, no Brasil, so todos os rgos e pessoas

    jurdicas que nosso ordenamento jurdico identifica como Administrao Pblica.

    Como o critrio que adotamos no Brasil o formal, somente ser Administrao,juridicamente, aquilo que nosso Direito diz que . No importa a atividade.

    No Brasil, portanto, s Administrao Pblica: (1) os rgos integrantes dadenominada Administrao Direta (so os rgos que, em uma pessoa poltica,exercem funo administrativa); e (2) as entidades da Administrao Indireta.

    Somente so entidades da Administrao indireta estas, e nenhuma outra, noimporta a atividade que exeram:

    a) autarquias;

    b) fundaes pblicas (FP);

    c) empresas pblicas (EP);d) sociedades de economia mista (SEM).

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    Administrao em sentido material, objetivo ou funcional o conjunto deatividades que so consideradas atividades administrativas. O conceito adotacomo referncia a atividade, no obrigatoriamente quem a exerce. Portanto, em

    sentido material, o Banco do Brasil ou a Petrobrs, por exercerem atividadeeconmica tpica, no so considerados administrao pblica (administrao emsentido material geralmente escreve-se com minscula). Por outro lado, asdelegatrias (pessoas privadas que prestam servios pblicos por delegao) concessionrias, permissionrias e autorizadas de servios pblicos soconsideradas administrao em sentido material, embora no o sejam em sentidoformal.

    A doutrina enumera quatro atividades como prprias da administrao em sentidomaterial, sempre as mesmas, a saber:

    1) servio pblico (toda a atividade que a Administrao Pblica executa, direta ou

    indiretamente, para satisfazer a necessidade pblica, sob regimepredominantemente pblico);

    2) polcia administrativa (restries ou condicionamentos impostos ao exerccio deatividades privadas em benefcio do interesse pblico; exemplo tpico so asatividades de fiscalizao);

    3) fomento (incentivo iniciativa privada de utilidade pblica, por exemplo,mediante a concesso de benefcios ou incentivos fiscais);

    4) interveno (abrangendo toda atuao do Estado no setor privado, o que incluia interveno na propriedade privada, como a desapropriao,e interveno nodomnio econmico, como o tabelamento de preos, a formao de estoquesreguladores, etc.).

    Podemos, portanto, resolver a questo.

    Ela pede que identifiquemos a alternativa em que no h atividade finalstica daadministrao em sentido material.

    Na letra a temos um servio pblico; na letra b, interveno; na letra c,exerccio do poder de polcia; na letra e, um exemplo de fomento. S sobrou aletra d, que o gabarito. Mesmo que o candidato no soubesse as atividadesque so classificadas como prprias de administrao em sentido material, elepoderia acertar a questo, simplesmente raciocinando que a nomeao de

    servidor no atividade-fim, mas atividade-meio.Gabarito, letra d.

    2 - (Cespe/Papiloscopista PF/1997) Em um sentido formal, a expressoadministrao pblica pode ser entendida como o conjunto de rgos eentidades voltados realizao dos interesses governamentais; de um ponto devista material, pode ser compreendida como o conjunto das funes queconstituem os servios pblicos.

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    COMENTRIOS

    Esse item trata do mesmo tema que vimos acima. Sempre temos dificuldade

    quando encontramos um item que no est errado, mas est incompleto.O gabarito da questo foi verdadeiro . Acredito que esse item seja transcrioparcial de algum pargrafo de um livro de Direito Administrativo. S noidentifiquei qual.

    Vejam que a definio do sentido formal a comum: conjunto de rgos eentidades destinados a exercer funo administrativa (embora o sentido formalno leve em conta a atividade, comum mencionar-se a destinao funopblica ou algo assim na definio). J a definio de administrao em sentidomaterial parece ter adotado o conceito de servio pblico em sentido amplssimo,que inclui todas as atividades exercidas pela Administrao Pblica. Mesmo assimhaveria problema, porque em sentido amplssimo servio pblico inclui mesmo asatividades que no so comumente descritas como administrao em de sentidomaterial.

    Seja como for, certo que a prestao de servios pblicos, juntamente com oexerccio de atividade de polcia, so tidas como as mais importantes atividadesde administrao em de sentido material. Talvez o autor tenha adotado umconceito de servio pblico em sentido amplo, que abranja a atividade de polciaadministrativa.

    Questes do tipo V ou F tm esse problema. E o pior que mesmo a ESAF asadota, quando usa as questes com diversas afirmaes, e pede para o candidatomarcar a alternativa que contenha a combinao correta de F e V, o que freqente.

    Repetindo, o item foi considerado certo.

    3 - (ESAF/MPOG/2002) Na organizao administrativa brasileira, adescentralizao dos servios pblicos em geral procede-se

    a) no mbito interno da Administrao Direta

    b) no mbito restrito da Administrao Direta e Indireta

    c) no mbito restrito da Administrao Indireta

    d) quer utilizando-se das entidades da Administrao Indireta como das departiculares, mediante contrato de concesso de servio pblico

    e) utilizando-se de entidades particulares, mediante concesso, permisso,delegao, autorizao, com excluso das pertencentes Administrao Indireta

    COMENTRIOS

    Essa questo nos enseja estudar dois assuntos muito importantes:desconcentrao e descentralizao. Vejamos cada um.

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    DesconcentraoTemos a chamada desconcentrao administrativa quando uma entidade da

    Administrao distribui competncias no mbito de sua prpria estrutura a fim detornar mais gil e eficiente a prestao dos servios.

    A desconcentrao pressupe, obrigatoriamente, a existncia de uma s pessoajurdica. Trata-se de simples distribuio interna de competncias dessa pessoa.

    Ocorre desconcentrao, por exemplo, no mbito da Administrao Direta federal,quando a Unio distribui competncias entre diversos rgos de sua prpriaestrutura, como os Ministrios (Ministrio da Educao, Ministrio dos Transportesetc.); ou quando uma autarquia, por exemplo, uma Universidade Pblica,estabelece uma diviso interna de funes, criando, na sua prpria estrutura,diversos Departamentos (Departamento de Graduao, Departamento de Ps-

    Graduao, Departamento de Direito, Departamento de Filosofia, Departamentode Economia etc.).

    Como a desconcentrao ocorre no mbito de uma mesma pessoa jurdica, surgerelao de hierarquia, de subordinao, entre os rgos dela resultantes. Nombito das entidades desconcentradas temos controle hierrquico (implica ospoderes de comando, fiscalizao, reviso, punio, soluo de conflitos decompetncia, delegao e avocao).

    Descentralizao

    Ocorre a chamada descentralizaoadministrativa quando o Estado (Unio, DF,Estados ou Municpios) desempenha algumas de suas funes por meio de outras

    pessoas jurdicas. A descentralizao pressupe duas pessoas jurdicas distintas:o Estado e a entidade que executar o servio, por ter recebido do Estado essaatribuio.

    A descentralizao pode ocorrer por outorga ou por delegao.

    A descentralizao ser efetivada por meio de outorgaquando o Estado cria umaentidade e a ela transfere, por lei , determinado servio pblico. A outorganormalmente conferida por prazo indeterminado.

    o que ocorre na criao das entidades da Administrao Indireta: o Estadodescentraliza a prestao dos servios, outorgando-os a outras pessoas jurdicas(autarquias, empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes

    pblicas).A descentralizao ser efetivada por meio de delegao quando o Estadotransfere, por contrato (concesso ou permisso de servios pblicos) ou atounilateral (autorizao de servios pblicos), unicamente a execuo do servio,para que o ente delegado o preste ao pblico em seu prprio nome e por suaconta e risco, sob fiscalizao do Estado.

    A delegao por contrato sempre efetivada por prazo determinado. Nadelegao por ato administrativo (autorizao de servios pblicos), como regra,no h prazo certo, por causa da precariedade tpica da autorizao (possibilidadede revogao a qualquer tempo, em regra sem indenizao).

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    Em nenhuma forma de descentralizao h hierarquia.

    Na relao entre a Administrao Direta e a Indireta, diz-se que h vinculao

    (nunca subordinao). A primeira exerce sobre a segunda o denominado controlefinalstico ou tutela administrativa ou superviso (tambm denominada, naesfera federal, superviso ministerial).

    Segundo a doutrina, para exerccio do controle finalstico, exigida expressapreviso legal, que determinar os limites e instrumentos de controle (atos detutela).

    O controle exercido pelo poder delegante muito mais amplo do que o exercidonos casos de outorga (ex., alterao unilateral das condies de prestao doservio; interveno, decretao de caducidade, aplicao direta de sanes etc.).Mesmo nesse caso, no h hierarquia entre o Poder Pblico delegante e adelegatria do servio pblico.

    Podemos analisar a questo. Quer-se saber quais entidades podem receberatribuies pbicas mediante descentralizao. A questo no se restringe aoutorga ou delegao.

    Portanto, o gabarito letra d. Temos um tpico caso de marcao por eliminao.As outras alternativas esto erradas por restringirem indevidamente o mbitopossvel da descentralizao. Na letra d, s se falou, quanto delegao, nasconcesses. Mas vejam que o enunciado diz em geral. Realmente, a formatpica, mais importante e disparadamente mais mencionada de delegao deservios pblicos a concesso.

    Gabarito, letra d.

    4 - (CESPE/Min. Pblico do TCU/2004) Descentralizao a distribuio decompetncias de uma pessoa para outra, fsica ou jurdica, e difere dadesconcentrao pelo fato de ser esta uma distribuio interna de competncias,ou seja, uma distribuio de competncias dentro da mesma pessoa jurdica.

    COMENTRIOS

    Esse item trata do assunto que acabamos de ver. A dvida que ele suscita

    quanto a essa possibilidade de descentralizao para pessoa fsica. Seria issopossvel?

    Na verdade, claro que a regra e descentralizao ter como destinatria umapessoa jurdica. Na outorga, ser sempre uma pessoa jurdica. Na delegao porconcesso, a delegatria ser sempre uma pessoa jurdica. Mas, na delegaopor permisso e por autorizao permitido que a delegatria seja pessoa fsicaou jurdica. No caso da permisso, isso est expresso na Lei n 8.987/1995, queveremos ao estudarmos servios pblicos.

    De resto, um excelente item para estudo das definies de descentralizao edesconcentrao.

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    Item certo(C).

    5 - (Cespe/Agente PF/1997) Sabendo que o Servio Federal de Processamentode Dados (SERPRO), que tem a natureza de empresa pblica, foi criado porque aUnio concluiu que lhe conviria criar uma pessoa jurdica especializada para atuarna rea de informtica, correto afirmar que a Unio praticou, nesse caso,descentralizao administrativa.

    COMENTRIOS

    Item certo. Como o SERPRO uma pessoa, temos descentralizao. Como uma empresa pblica (EP), temos descentralizao por outorga (mas isso nem foiabordado na questo).

    6 - (Cespe/Agente PF/1997) Tendo o Departamento de Polcia Federal (DPF)criado, nos estados da Federao, Superintendncias Regionais (SRs/DPF), correto afirmar que o DPF praticou desconcentrao administrativa.

    COMENTRIOS

    Item certo. Nem o DPF nem as Superintendncias Regionais do DPF tmpersonalidade jurdica. Todos integram a estrutura da pessoa Unio. Comoestamos no mbito de uma mesma pessoa jurdica, temos desconcentrao.

    7 - (Cespe/Agente PF/1997). As pessoas jurdicas integrantes da administraopblica indireta constituem um produto do mecanismo de desconcentraoadministrativa.

    COMENTRIOS

    Item errado. As pessoas jurdicas integrantes da Administrao Pblica Indiretaresultam de descentralizaopor outorga.

    8 - (Cespe/Agente PF/1997) Tanto na descentralizao quanto nadesconcentrao, mantm-se relao de hierarquia entre o Estado e os rgos epessoas jurdicas dela surgida.

    COMENTRIOS

    Item errado. Nunca temos hierarquia na descentralizao. Temos hierarquia nadesconcentrao. Alm disso, rgos, por no terem personalidade jurdica, spodem resultar de desconcentrao, nunca de descentralizao.

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    9 - (CESPE/Atendente Judicirio/TJBA/2003) Administrao indireta, tambm

    denominada administrao descentralizada, decorre da transferncia, pelo poderpblico, da titularidade ou execuo do servio pblico ou de utilidade pblica, poroutorga ou delegao.

    COMENTRIOS

    Item incorreto.

    Administrao descentralizada mesmo, comumente, usado como sinnimo deAdministrao Indireta. Mas a Administrao Indireta obrigatoriamente surge poroutorga, no por delegao. Outro problema que a maioria da doutrina entendeque a outorga transfere, sim, a titularidade do servio pblico. A delegao quetransfere a mera execuo (isso pacfico). A diferena que a mera execuopode se retomada com muito maior facilidade (encampao, decretao decaducidade). No caso da outorga, a retomada do servio pela pessoa polticasempre exige lei e, se for total, exige a extino da pessoa jurdica daAdministrao Indireta.

    10 - (ESAF/AFC/STN/2000) A diferena fundamental existente entre rgospblicos e entidades da Administrao Indireta Federal gira em torno de terem ouno

    a) autonomia administrativab) personalidade jurdica

    c) poder de polcia

    d) sujeio ao controle externo

    e) sujeio ao princpio da legalidade

    COMENTRIOS

    Vou utilizar essa questo no s para falar sobre a diferena fundamental entre

    rgos e entidades, que a personalidade jurdica, mas tambm para estudarmosa criao das entidades da Administrao Indireta.

    Como eu disse acima, a Administrao Direta integrada pelo conjunto de rgosque integram as pessoas polticas (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios),aos quais foi atribuda a competncia para o exerccio, de forma centralizada (masdesconcentrada), de atividades administrativas.

    A Administrao Indireta integrada pelas pessoas jurdicas administrativas que,vinculadas Administrao Direta, tm a competncia para o exerccio, de formadescentralizada, de atividades administrativas.

    As pessoas jurdicas que integram a Administrao Indireta so, exclusivamente:

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    a) autarquias;

    b) fundaes pblicas (FP);

    c) empresas pblicas (EP);d) sociedades de economia mista (SEM).

    A criao das entidades da Administrao Indireta ocorre por outorga, ou seja,depende de lei.

    A criao das entidades da Administrao Indireta est disciplinada no art. 37,inciso XIX, da Constituio. a seguinte sua redao:

    Art. 37, XIX somente por lei especfica poder ser criada autarquia e autorizadaa instituio de empresa pblica, de sociedade de economia mista e de fundao,cabendo lei complementar, neste ltimo caso, definir as reas de sua atuao;

    Como vemos, h duas formas distintas para criao das entidades daAdministrao Indireta, a saber:

    1) Para as autarquias : criao pela lei especfica, diretamente.

    2) Para as demais entidades: autorizao para sua criao em lei especfica.Nesses casos, a criao da entidade efetivamente ocorre quando o PodeExecutivo registra os atos constitutivos no Registro Pblico competente (os atosconstitutivos integram um decreto; mas no a publicao do decreto que cria aentidade, seu registro).

    A primeira forma de criao a forma adotada para conferir-se a uma entidadepersonalidade jurdica de direito pblico (no existe registro de pessoa jurdica dedireito pblico em cartrio).

    A segunda a forma jurdica de criao de pessoas jurdicas de direito privado.

    Portanto, no h dvida que o inciso XIX do art. 37 da Constituio, com aredao dada pela EC 19/998, pretendeu conferir personalidade jurdica de direitoprivado s EP, SEM e FP.

    Para as EP e SEM no h polmica alguma. Elas so e sempre foram tidas porpessoas jurdicas de direito privado.

    Quanto s FP, a questo mais complicada. O STF entende que elas podem sercriadas pela forma prevista no inciso XIX do art. 37, caso em que sem dvida

    sero pessoas jurdicas de direito privado, mas podem, alternativamente, segundoo STF, serem criadas diretamente por lei especfica. Nesse caso, sempre segundoo STF, pois isso no est em nenhuma parte da Constituio, elas sero espciedo gnero autarquia e tero, evidentemente, personalidade jurdica de direitopblico, assim como as autarquias. Veremos esse assunto de novo mais frente.

    Voltando ao inciso XIX do art. 37, vemos que em sua parte final h a exigncia delei complementar para o estabelecimento das reas em que podero atuar asfundaes pblicas.

    A lei complementar poderia, por exemplo, estabelecer que as reas em quepodero atuar as fundaes pblicas sejam somente as relacionadas a atividades

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    de ensino, pesquisa, sade, assistncia social, proteo ao meio ambiente. Essalei complementar nunca foi editada.

    Abaixo, trago uma lista com aquelas que, a meu ver, so as principaiscaractersticas comunss entidades da Administrao Indireta:

    a) Personalidade jurdica prpria;

    b) Autonomia administrativa e financeira (Obs.: A Prof Maria Sylvia condena ouso do vocbulo autonomia, pois este implicaria poder de editar leis, conferidodiretamente pela Constituio, inexistente para as pessoas da AdministraoIndireta; a autora utiliza o termo auto-administrao );

    c) Relao de vinculao (no de subordinao) com a Administrao Direta;sujeitas ao poder de tutela da Administrao Direta (controle finalstico /superviso ministerial);

    d) No cabe recurso contra seus atos ao Ministrio Supervisor ou Presidncia da Repblica, salvo os denominados recursos hierrquicosimprprios, que devem ser expressamente previstos em lei (entendimentodoutrinrio);

    e) As suas despesas e receitas integram o oramento fiscal da pessoa polticaa que pertencem, devendo constar da lei oramentria anual (CF, art. 165, 5, I);

    f) Sujeio fiscalizao e ao controle legislativo (CF, art. 49, X);

    g) Todos os seus atos sujeitam-se ao controle judicial irrestrito;

    h) Sujeio ao controle dos Tribunais de Contas;

    i) Todas sujeitam-se aos princpios administrativos expressos no caputdo art.37 da CF;

    j) Contratao de pessoal efetivo mediante concurso pblico;

    k) Vedao acumulao remunerada de cargos ou empregos pblicos(extensiva a subsidirias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, peloPoder Pblico);

    l) Obrigatoriedade de licitao para contratao de obras, servios, comprase alienaes (que pode ter regime prprio no caso das EP e SEM que explorematividade econmica);

    m) Seus agentes, servidores ou no, sujeitam-se lei que tipifica e sancionaos atos de improbidade administrativa (Lei n 8.429/1992);

    n) Podem ser sujeitos passivos de ao popular;

    o) Seus agentes, quando praticantes de atos de autoridade, podem sersujeitos passivos de mandado de segurana;

    p) Todos os seus agentes pblicos so considerados funcionrios pblicospara fins penais;

    q) Tm legitimidade ativa para propor ao civil pblica;

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    r) Responsabilidade civil objetiva pelos atos de seus agentes que, nessaqualidade, causem danos a terceiros (no caso das EP e SEM, s h essamodalidade de responsabilidade para as prestadoras de servios pblicos, no

    para as exploradoras de atividades econmicas).Voltando nossa questo, que simplesmente quer saber a diferena fundamentalexistente entre rgos pblicos e entidades da Administrao Indireta Federal, ogabarito letra b: terem ou no personalidade jurdica (tanto faz ser federal ouno; a diferena essencial essa, em todos os nveis).

    verdade que rgos pblicos no tm autonomia administrativa propriamente(mas os rgos de hierarquia mais elevada tm algum grau de autonomia) e asentidades da Administrao Indireta teoricamente tm ampla autonomiaadministrativa. Entretanto, claro que entre essa diferena e a de terem ou nopersonalidade jurdica, esta a fundamental.

    Gabarito, letra b.

    11 - (ESAF/AFC/STN/2000) A espcie organizacional da Administrao PblicaIndireta que deve ter sua rea de atuao definida em lei complementar :

    a) empresa pblica

    b) rgo autnomo

    c) autarquia

    d) fundao

    e) sociedade de economia mista

    COMENTRIOS

    Conforme vimos no comentrio questo anterior, a parte final do inciso XIX doart. 37 da Constituio prev a edio de lei complementarque defina as reasde atuao das fundaes pblicas (essa lei complementar ainda no foi editada).O gabarito letra d.

    12 - (Esaf/AFC/SFC/2000) Em relao organizao administrativa, no corretoafirmar:

    a) A autonomia gerencial de rgo despersonalizado pode ser ampliadamediante contrato de gesto.

    b) Somente lei especfica pode criar autarquia.

    c) As organizaes sociais gozam de personalidade jurdica de direito privado.

    d) A rea de atuao da fundao deve ser objeto de lei complementar.

    e) A participao da sociedade de economia mista em empresa privadaprescinde de autorizao legislativa.

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    COMENTRIOS

    Com essa questo tenho o objetivo de complementar o estudo do inciso XIX doart. 37 da Constituio, analisando o inciso XX do mesmo artigo. Sua redao aseguinte:

    Art. 37, XX XX depende de autorizao legislativa, em cada caso, a criaode subsidirias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como aparticipao de qualquer delas em empresa privada;

    A Constituio no explica o que significa autorizao legislativa. Parece claroque pode ser uma lei ou outro instrumento de natureza legislativa, como umdecreto legislativo.

    O conceito de subsidiria no nada claro. Pelos Dicionrios Jurdicos da MariaHelena Diniz e do De Plcido e Silva, seria uma sociedade annima cujas aespertencem integralmente a uma empresa brasileira. Na verdade, esse o conceitode subsidiria integral, que est na Lei das S.A. (Lei 6404/1976).

    Minha opinio que essas subsidirias constitudas por entidades daAdministrao Indireta integraro, tambm, a Administrao Pblica. Casocontrrio, seria fcil burlar a Constituio em assuntos como exigncia deconcurso pblico e de licitao.

    Seja como for, sobre esse inciso XX do art. 37, pode ser interessante vocsconhecerem a posio do STF, manifestada na ADI n 1.649, segundo a qualdispensa-se de autorizao legislativa a criao de empresas pblicas

    subsidirias, desde que haja previso para esse fim na prpria lei que instituiu aempresa de economia mista matriz. A lei criadora a prpria medidaautorizadora.

    A deciso surpreendente, porque o texto da Constituio clarssimo ao afirmarque depende de autorizao legislativa, em cada caso, a criao desubsidirias. Apesar disso, o STF entende que no necessria a autorizaoespecfica do Congresso Nacional para a instituio de cada uma das subsidiriasde uma mesma entidade, considerando que a autorizao legislativa para acriao de subsidirias de empresa pblica, sociedade de economia mista,autarquia ou fundao pblica, a que se refere o inciso XX do art. 37 da CF, podeser dada em carter genrico. Basta, portanto, para a criao de subsidirias, aautorizao genrica prevista na lei que instituiu a entidade matriz, no seexigindo, para cada nova entidade subsidiria, autorizao legislativa especfica.

    Voltando questo, o gabarito letra e, pois pedida a alternativa errada e aletra e afirma que a participao da sociedade de economia mista em empresaprivada independe de autorizao legislativa, contrariando frontalmente o incisoXX do art. 37 da Constituio. Os assuntos tratados nas alternativas a e c aindano foram vistos. Sero estudados mais adiante.

    Gabarito, letra e.

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    13 (CESPE/Delegado PF-Nacional/2004) possvel a existncia, no planofederal, de entidades da administrao indireta vinculadas aos Poderes Legislativoe Judicirio.

    COMENTRIOS

    Como vimos, na Administrao Direta de cada ente da Federao, ns temos umanica pessoa, que a prpria pessoa poltica (por exemplo, na AdministraoDireta federal a nica pessoa a Unio), atuando por meio de rgos, que socentros de competncia despersonalizados resultantes da desconcentrao. Hsubordinao, ou seja, hierarquia entre os rgos.

    Diferentemente, na Administrao Indireta de cada ente federado, eu tenhosempre pessoas jurdicas (autarquias, FP, EP e SEM), vinculadas(ou seja, sem

    hierarquia) Administrao Direta do mesmo ente.Esse item da questo do CESPE me surpreendeu, quando o vi da primeira vez.Eu nunca havia visto essa meno a uma entidade da Administrao Indiretavinculada ao Legislativo ou ao Judicirio. O DL 200/1967, o definir AdministraoIndireta, somente fala que suas entidades so vinculadas a um Ministriosupervisor. Tudo bem, sabe-se que o DL 200/1967 est superado em muitascoisas. Por exemplo, basta ler a lei geral de organizao do Poder Executivo (Lein 10.683/2003, cuja leitura, para concurso, eu no recomendo), para ver quemesmo as entidades da Administrao Indireta vinculadas ao Poder Executivonem sempre so vinculadas a um Ministrio; h muitas vinculadas diretamente Presidncia da Repblica.

    Mas o fato que eu nunca havia pensado na existncia, ou no, de entidades daAdministrao Indireta vinculadas aos Poderes Legislativo e Judicirio. Como ogabarito do item foi certo (C), eu procurei descobrir algum exemplo concreto.Pelo que averigei, h pelo menos uma universidade vinculada ao LegislativoFederal; possvel que haja fundaes ou outras entidades ligadas aos tribunaissuperiores ou ao TCU. Na verdade, isso no importa. Como um professor medisse, basta lermos, diretamente, o caputdo art. 37 da Constituio:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes daUnio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpiosde legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao

    seguinte:Vejam que a Constituio fala claramente em administrao (...) indireta dequalquer dos Poderes. Basta a literalidade desse dispositivo para marcarmosverdadeiro no item. Como dito, foi mesmo V o gabarito definitivo.

    14 - (ESAF/CGU/2004) No contexto da Administrao Pblica Federal, o quedistingue e/ou assemelha os rgos da Administrao Direta em relao sentidades da Administrao Indireta, que

    a) os primeiros integram a estrutura orgnica da Unio e as outras no.

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    b) os primeiros so dotados de personalidade jurdica de direito pblico, as outrasso de direito privado.

    c) so todos dotados de personalidade jurdica de direito pblico.d) so todos dotados de personalidade jurdica de direito privado.

    e) todos integram a estrutura orgnica da Unio.

    COMENTRIOS

    Essa questo permite que eu trate do assunto rgos pblicos. Esse assuntoest inserido no assunto teorias acerca da atuao do Estado e de seus agentespblicos.

    Essas teorias tm, ou tiveram, o intuito de explicar ou de justificar a atribuio ao

    Estado, e s pessoas jurdicas de direito pblico em geral, dos atos das pessoasnaturais que agem em nome deles, uma vez que pessoas jurdicas no possuemvontade prpria. importante essa atribuio para que se estabelea a presunode que o ato foi praticado em nome do Estado. Assim, embora o ato tenha sidoefetivamente executado por uma pessoa fsica (o agente pblico), a legitimidadede tal ato e a responsabilidade pelas conseqncias dele decorrentes so doEstado, o qual responde pela atuao de seus agentes (quando estes atuam naqualidade de agentes pblicos).

    Os livros apresentam trs diferentes teorias, a saber:

    1) Teoria do mandato

    Mandato, no Direito Privado, o contrato mediante o qual uma pessoa, omandante, outorga poderes a outra, o mandatrio, para que este executedeterminados atos em nome do mandante e sob a responsabilidade deste. Oinstrumento do contrato de mandato a procurao.

    Assim, o agente pblico, pessoa fsica, seria o mandatrio da pessoa jurdica(Estado), agindo em seu nome e sob a responsabilidade dela, em razo deoutorga especfica de poderes.

    O principal problema dessa teoria que, se for adotado o regime que o DireitoPrivado confere ao mandato, o mandante no ter nenhuma responsabilidade poratos do mandatrio que extrapolem os poderes especficos a ele outorgados.

    Assim, sempre que o agente pblico atuasse de forma irregular, mesmo que naqualidade de agente pblico, no decorreria qualquer responsabilidade para oEstado.

    2) Teoria da representao

    Essa teoria equipara o agente pblico ao representante dos incapazes, como otutor ou o curador.

    Seu principal problema idntico ao existente na teoria do mandato. Adotado oregime jurdico da representao, existente no Direito Privado, o Estado ficaria

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    isento de qualquer responsabilidade quando o agente pblico atuasseirregularmente, mesmo que na qualidade de agente pblico.

    3) Teoria do rgo a teoria adotada em nosso ordenamento, amplamente aceita pelosadministrativistas em geral.

    Ela baseia-se na idia de imputao. Significa que a atuao do agente imputada ao Estado, quer dizer, considerada como se fosse atuao do prprioEstado. Simples assim.

    A vantagem que quando o agente pblico, agindo nessa qualidade, atuar comexcesso ou qualquer irregularidade, considera-se que a atuao indevida foi doprprio Estado. Com isso, o Estado diretamente responsabilizado pelos danosdecorrentes da atuao de seus agentes pblicos, quando estes atuam na

    qualidade de agente pblico.Mais precisamente, a teoria do rgo, conjugada com a teoria da imputao,estabelece que o Estado atua por intermdio de seus rgos que, por sua vez,atuam por meio de seus agentes. A atuao do agente a prpria atuao dorgo. Como o rgo um centro de competncias despersonalizado, suaatuao imputada pessoa jurdica a que ele pertence. S isso.

    Maria Sylvia Di Pietro explica que essa teoria utilizada para justificar a validadedos atos praticados por funcionrio de fato, pois considera que o ato por elepraticado ato do rgo, imputvel, portanto, Administrao.

    A expresso funcionrio de fato usualmente empregada para descrever a

    situao do agente quando h vcio ou irregularidade na sua investidura em cargoou funo pblica, a exemplo da nulidade do concurso pblico, da nomeaoefetuada por servidor incompetente, do descumprimento de requisito essencialpara a posse. Segundo lio de Celso Antnio Bandeira de Mello, funcionrio defato aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situao tem aparncia delegalidade. Em nome do princpio da aparncia, da boa-f dos administrados, dasegurana jurdica e do princpio da presuno de legalidade dos atosadministrativos reputam-se vlidos os atos por ele praticados, se por outra razono forem viciados.

    Continuando com a lio de Maria Sylvia, a imputao no poderia ser usada nocaso do usurpador de funo. til transcrever este trecho de sua obra:

    Essa teoria utilizada por muitos autores para justificar a validade dos atospraticados por funcionrio de fato; considera-se que o ato do funcionrio ato dorgo e, portanto, imputvel Administrao. A mesma soluo no aplicvel pessoa que assuma o exerccio de funo pblica por sua prpria conta, querdolosamente (como o usurpador de funo), quer de boa-f, para desempenharfuno em momentos de emergncia, porque nesses casos evidente ainexistncia de investidura do agente no cargo ou funo.

    Vale dizer que existem limites teoria da imputabilidadeao Estado de todas asatividades exercidas pelos rgos pblicos; para que se reconhea essa

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    imputabilidade, necessrio que o agente esteja investido de poder jurdico, ouseja, de poder reconhecido pela lei ou que, pelo menos, tenha aparnciade poder

    jurdico, como ocorre no caso da funo de fato. Fora dessas hipteses, a atuao

    do rgo no imputvel ao Estado. Conceito de rgo pblico

    Apresento, abaixo, duas tradicionais definies de rgo pblico:

    Hely Lopes Meirelles define rgos como centros de competncia institudos parao desempenho de funes estatais, atravs de seus agentes, cuja atuao imputada pessoa jurdica a que pertencem.

    Para Celso Antnio Bandeira de Mello, rgos pblicos so unidades abstratasque sintetizam os vrios crculos de atribuies do Estado.

    Temos ainda uma definio legal.

    A Lei 9.784/1999, que regula os processos administrativos na esfera federal, nosincisos I e II do 2 do seu art. 1 assim define rgo e entidade:

    I rgo a unidade de atuao integrante da estrutura da Administrao diretae da estrutura da Administrao indireta;

    II entidade a unidade de atuao dotada de personalidade jurdica;

    Vejam que a Lei deixa claro que existem rgos tanto no mbito da AdministraoDireta quanto no da Indireta. Basta que se trate de um conjunto de competnciasdespersonalizado, resultado da desconcentrao.

    Como j vimos, a principal caracterstica dos rgos a ausncia depersonalidade jurdica. Segue, abaixo, uma lista com esta e outras caractersticasdos rgos pblicos:

    a) integram a estrutura de uma pessoa jurdica;

    b) no possuem personalidade jurdica;

    c) so resultado da desconcentrao;

    d) alguns possuem autonomia gerencial, oramentria e financeira;

    e) podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gesto compessoas jurdicas (CF, art. 37, 8);

    f) no tm capacidade para representar em juzo a pessoa jurdica queintegram;

    g) no possuem patrimnio prprio.

    Alm dessas caractersticas, os rgos tm capacidade processual para defesaem juzo de suas prerrogativas funcionais, isto , so legitimados ativos paraimpetrao de mandado de segurana com esse objetivo. Hely Lopes Meirellesclassifica os rgos em quatro nveis, conforme a posio estatal, isto , ahierarquia: independentes, autnomos, superiores e subalternos; somente osrgos independentes e autnomos tm essa capacidade processual, mesmoassim restrita e especfica.

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    Voltando nossa questo, vemos que o elaborador, para fugir da manjadssimadistino entre rgo e entidade a personalidade jurdica , menciona outradistino.

    Os rgos integram a estrutura de uma pessoa jurdica (dizer que o rgo integraa estrutura orgnica de uma pessoa chega a ser meio redundante) e asentidades no (isso bvio, j que entidades so pessoas jurdicas elas prprias).

    O gabarito, portanto, letra a. Essa mesma distino entre rgo e entidade jpareceu em umas duas outras questes da ESAF, que no repetirei aqui porserem quase idnticas.

    Gabarito, letra a.

    15 - (ESAF/PFN/2004) Quanto teoria do rgo e sua aplicao ao DireitoAdministrativo, aponte a opo correta.

    a) Consoante tal teoria, o rgo apenas parte do corpo da entidade e, porconseqncia, todas as suas manifestaes de vontade so consideradas comoda prpria entidade.

    b) Essa teoria no distingue rgo de entidade, reconhecendo personalidadejurdica a ambos, indistintamente, e, por conseguinte, reconhecendo seremsujeitos de direitos e obrigaes, de forma direta.

    c) Essa teoria, de ampla aceitao entre os administrativistas ptrios, reconhecepersonalidade jurdica ao rgo, que passa a ser sujeito de direitos e obrigaes.

    d) Por tal teoria, o agente (pessoa fsica) atua como representante da pessoajurdica, semelhana do tutor e do curador de incapazes.

    e) Essa teoria no tem aceitao entre os publicistas contemporneos, por noexplicar, de forma satisfatria, como atribuir aos entes pblicos os atos daspessoas humanas que agem em seu nome.

    COMENTRIOS

    Mais uma questo sobre rgo, para encerrarmos o assunto.

    O gabarito letra a, que descreve a teoria do rgo, a qual, como vimos,

    conjuga-se com a teoria da imputao para afirmar que a atuao do rgo considerada atuao da prpria pessoa jurdica que ele integra.

    As letras b e c afirmam que rgo tem personalidade jurdica, o que absurdamente errado.

    A letra d descreve a teoria da representao.

    A letra e afirma que a teoria do rgo no tem aceitao, o que est totalmenteincorreto.

    Gabarito, letra a.

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    LISTA DE QUESTES APRESENTADAS

    1 - (ESAF/PFN/2003) Assinale, entre os atos abaixo, aquele que no pode serconsiderado como de manifestao da atividade finalstica da AdministraoPblica, em seu sentido material.

    a) Concesso para explorao de servio pblico de transporte coletivo urbano.

    b) Desapropriao para a construo de uma unidade escolar.

    c) Interdio de um estabelecimento comercial em razo de violao a normas deposturas municipais.

    d) Nomeao de um servidor pblico, aprovado em virtude de concurso pblico.

    e) Concesso de benefcio fiscal para a implantao de uma nova indstria emdeterminado Estado-federado.

    2 - (Cespe/Papiloscopista PF/1997) Em um sentido formal, a expressoadministrao pblica pode ser entendida como o conjunto de rgos eentidades voltados realizao dos interesses governamentais; de um ponto devista material, pode ser compreendida como o conjunto das funes queconstituem os servios pblicos.

    3 - (ESAF/MPOG/2002) Na organizao administrativa brasileira, adescentralizao dos servios pblicos em geral procede-se

    a) no mbito interno da Administrao Direta

    b) no mbito restrito da Administrao Direta e Indireta

    c) no mbito restrito da Administrao Indireta

    d) quer utilizando-se das entidades da Administrao Indireta como das departiculares, mediante contrato de concesso de servio pblico

    e) utilizando-se de entidades particulares, mediante concesso, permisso,delegao, autorizao, com excluso das pertencentes Administrao Indireta

    4 - (CESPE/Min. Pblico do TCU/2004) Descentralizao a distribuio decompetncias de uma pessoa para outra, fsica ou jurdica, e difere dadesconcentrao pelo fato de ser esta uma distribuio interna de competncias,ou seja, uma distribuio de competncias dentro da mesma pessoa jurdica.

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    5 - (Cespe/Agente PF/1997) Sabendo que o Servio Federal de Processamentode Dados (SERPRO), que tem a natureza de empresa pblica, foi criado porque aUnio concluiu que lhe conviria criar uma pessoa jurdica especializada para atuar

    na rea de informtica, correto afirmar que a Unio praticou, nesse caso,descentralizao administrativa.

    6 - (Cespe/Agente PF/1997) Tendo o Departamento de Polcia Federal (DPF)criado, nos estados da Federao, Superintendncias Regionais (SRs/DPF), correto afirmar que o DPF praticou desconcentrao administrativa.

    7 - (Cespe/Agente PF/1997). As pessoas jurdicas integrantes da administraopblica indireta constituem um produto do mecanismo de desconcentrao

    administrativa.

    8 - (Cespe/Agente PF/1997) Tanto na descentralizao quanto nadesconcentrao, mantm-se relao de hierarquia entre o Estado e os rgos epessoas jurdicas dela surgida.

    9 - (CESPE/Atendente Judicirio/TJBA/2003) Administrao indireta, tambmdenominada administrao descentralizada, decorre da transferncia, pelo poderpblico, da titularidade ou execuo do servio pblico ou de utilidade pblica, por

    outorga ou delegao.

    10 - (ESAF/AFC/STN/2000) A diferena fundamental existente entre rgospblicos e entidades da Administrao Indireta Federal gira em torno de terem ouno

    a) autonomia administrativa

    b) personalidade jurdica

    c) poder de polcia

    d) sujeio ao controle externo

    e) sujeio ao princpio da legalidade

    11 - (ESAF/AFC/STN/2000) A espcie organizacional da Administrao PblicaIndireta que deve ter sua rea de atuao definida em lei complementar :

    a) empresa pblica

    b) rgo autnomo

    c) autarquia

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    d) fundao

    e) sociedade de economia mista

    12 - (Esaf/AFC/SFC/2000) Em relao organizao administrativa, no corretoafirmar:

    a) A autonomia gerencial de rgo despersonalizado pode ser ampliadamediante contrato de gesto.

    b) Somente lei especfica pode criar autarquia.

    c) As organizaes sociais gozam de personalidade jurdica de direito privado.

    d) A rea de atuao da fundao deve ser objeto de lei complementar.

    e) A participao da sociedade de economia mista em empresa privadaprescinde de autorizao legislativa.

    13 (CESPE/Delegado PF-Nacional/2004) possvel a existncia, no planofederal, de entidades da administrao indireta vinculadas aos Poderes Legislativoe Judicirio.

    14 - (ESAF/CGU/2004) No contexto da Administrao Pblica Federal, o quedistingue e/ou assemelha os rgos da Administrao Direta em relao sentidades da Administrao Indireta, que

    a) os primeiros integram a estrutura orgnica da Unio e as outras no.

    b) os primeiros so dotados de personalidade jurdica de direito pblico, as outrasso de direito privado.

    c) so todos dotados de personalidade jurdica de direito pblico.

    d) so todos dotados de personalidade jurdica de direito privado.

    e) todos integram a estrutura orgnica da Unio.

    15 - (ESAF/PFN/2004) Quanto teoria do rgo e sua aplicao ao DireitoAdministrativo, aponte a opo correta.

    a) Consoante tal teoria, o rgo apenas parte do corpo da entidade e, porconseqncia, todas as suas manifestaes de vontade so consideradas comoda prpria entidade.

    b) Essa teoria no distingue rgo de entidade, reconhecendo personalidadejurdica a ambos, indistintamente, e, por conseguinte, reconhecendo seremsujeitos de direitos e obrigaes, de forma direta.

    c) Essa teoria, de ampla aceitao entre os administrativistas ptrios, reconhecepersonalidade jurdica ao rgo, que passa a ser sujeito de direitos e obrigaes.

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    d) Por tal teoria, o agente (pessoa fsica) atua como representante da pessoajurdica, semelhana do tutor e do curador de incapazes.

    e) Essa teoria no tem aceitao entre os publicistas contemporneos, por noexplicar, de forma satisfatria, como atribuir aos entes pblicos os atos daspessoas humanas que agem em seu nome.

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    AU LA 2 : ENT I D ADES DA ADM I N I STRA O I ND I RETA

    1.6. Entidades da Administrao Indireta.

    1.7. Terceiro Setor. Organizaes sociais. OSCIP. Servios sociais autnomos.Contratos de Gesto.

    16 (ESAF/Analista MPU/2004) O servio pblico personificado, compersonalidade jurdica de direito pblico, e capacidade exclusivamenteadministrativa, conceituado como sendo um(a)

    a) empresa pblica.

    b) rgo autnomo.c) entidade autrquica.

    d) fundao pblica.

    e) sociedade de economia mista.

    COMENTRIOS

    As autarquias quase sempre so definidas em questes de concursos comoservio pblico personificado, ao passo que as fundaes pblicas soconceituadas como patrimnio personificado.

    Essa definio de autarquia decorre do disposto no Decreto-Lei 200/67, queimplementou a primeira reforma administrativa de nosso Pas (restrita, na poca, esfera federal).

    O DL 200/67 assim define autarquia: o servio autnomo, criado por lei, compersonalidade jurdica, patrimnio e receita prprios, para executar atividadestpicas da Administrao Pblica, que requeiram, para seu melhor funcionamento,gesto administrativa e financeira descentralizada.

    A doutrina, em linhas gerais, define autarquias como entidades administrativasautnomas, criadas por lei especfica, com personalidade jurdica de direito

    pblico interno, patrimnio prprio e atribuies estatais especficas.Reproduzo, como exemplo, a definio de Maria Sylvia: pessoa jurdica de direitopblico, criada por lei, com capacidade de auto-administrao, para odesempenho de servio pblico descentralizado, mediante controle administrativoexercido nos limites da lei

    Abaixo, listo as principais caractersticas das autarquias:

    - Criao por lei especfica;

    - Personalidade jurdica de direito pblico;

    - Imunidade tributria recproca;

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    - Seus bens sujeitam-se ao regime jurdico dos bens pblicos(inalienabilidade, impenhorabilidade, imprescritibilidade, no-onerao);

    - Regime jurdico de seu pessoal pode ser estatutrio ou celetista;- Seus dirigentes so nomeados pelo Chefe do Poder Executivo, podendo, sea lei assim determinar, depender de aprovao prvia pelo Poder Legislativo (naesfera federal a aprovao feita pelo Senado, nos termos do art. 52, III, da CF,obrigatria para Presidente e Diretores do Banco Central);

    - Julgamento de suas causas pela Justia Federal (autarquias federais) ouEstadual (autarquias estaduais e municipais);

    - Praticam atos administrativos e celebram contratos administrativos;

    - Privilgios processuais;

    a) Prazo em qudruplo para contestar e em dobro para recorrer nos processosem que parte (CPC, art. 188);

    b) Pagamento das custas judiciais s ao final, quando vencidas (CPC, art. 27);

    c) Dispensa de exibio de instrumento de mandato em juzo, pelosprocuradores de seu quadro de pessoal, para a prtica de atos processuais;

    d) Prescrio qinqenal das dvidas e demais direitos contra as autarquias;

    e) Execuo de suas dvidas mediante precatrio (seus bens no estosujeitos a penhora), excetuados os crditos de pequeno valor, definidos em lei;

    - Responsabilidade subsidiria do Estado por suas dvidas.

    O gabarito da questo letra c.

    17 (ESAF/AFTE-MG/2005)Relativamente s autarquias, aponte o item correto.

    a) Os bens de uma autarquia no podem ser objeto de penhora, no obstante taisentidades no integrarem a Administrao direta.

    b) H subordinao hierrquica entre a autarquia e a Administrao direta.

    c) Nosso sistema legislativo expressamente exclui a possibilidade de criao deautarquias municipais.

    d) No se pode dizer que as autarquias tenham capacidade de auto-administrao, tendo em vista a tutela que sobre ela exerce a Administraodireta.

    e) Os servidores das autarquias esto subordinados ao regime jurdico nicoestatutrio, no havendo mais amparo, em nosso sistema legislativo, para acontratao pelo regime da Consolidao das Leis do Trabalho CLT.

    COMENTRIOS

    Essa questo continua o assunto autarquias.

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    O gabarito letra a.

    Como vimos acima, os bens das autarquias, assim como todos os bens de

    qualquer pessoa jurdica de direito pblico, ao bens pblicos, portanto, sujeitos aoregime jurdico dos bens pblicos: inalienabilidade, impenhorabilidade,imprescritibilidade, no-onerao.

    Por esse motivo, pela impenhorabilidade, as dvidas judiciais das autarquias, salvoas de pequeno valor, so pagas pelo sistema de precatrios, nos termos do art.100 da Constituio.

    A Letra b est errada porque subordinao s existe em relao hierrquica.Nenhuma entidade da Administrao Indireta subordinada AdministraoDireta. Todas elas so vinculadas, expresso que se usa para explicitar aausncia de hierarquia.

    A letra c est errada porque, como visto na aula inaugural, temos AdministraoDireta e Administrao Indireta, com todas as entidades que integram esta ltima,em todas as esferas da Federao.

    Na letra d, correto dizer que a Administrao Direta exerce tutela administrativa(controle finalstico) sobre todas as entidades da Administrao Indireta. Mas,

    juridicamente, a tutela no exclui a capacidade de auto-administrao.

    A letra eest incorreta porque a EC 19/1998 retirou do texto constitucional (art.39) a obrigatoriedade de adoo de regime jurdico nico em cada entefederado. Assim, a partir de 1998, todos os entes federados, desde que prevejamisso em suas leis, podem admitir agentes para suas pessoas jurdicas de direito

    pblico pelo regime estatutrio ou pelo regime celetista. Ma esfera federal, acontratao de empregados pblicos celetistas pela Administrao Direta,autarquias e fundaes pblicas est disciplinada na Lei n 9.962/2000.

    Gabarito, letra a.

    18 - (ESAF/Fiscal RN/2005) O patrimnio personificado, destinado a um fimespecfico, que constitui uma entidade da Administrao Pblica, compersonalidade jurdica de direito pblico, cuja criao depende de prviaautorizao expressa por lei, se conceitua como sendo

    a) um rgo autnomo.

    b) um servio social autnomo.

    c) uma autarquia.

    d) uma empresa pblica.

    e) uma fundao pblica.

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    COMENTRIOS

    Como mencionei acima, sempre que vocs virem a expresso patrimnio

    personificado, ela se refere s fundaes. No caso das fundaes pblicas,temos um patrimnio pblico personificado.

    Vimos acima que a EC 19/1998 alterou o inciso XIX do art. 37 da Constituio,que passou a exigir apenas autorizao em lei especfica para a criao defundao pblica, assim como ocorre com as empresas pblicas e sociedades deeconomia mista, que so entidades dotadas de personalidade jurdica de direitoprivado. O fato que essas entidades no so criadas pela lei, mas sim peloregistro no Registro Pblico competente de seus atos constitutivos,consubstanciados em um decreto editado pelo Poder Executivo. No h dvida deque essa forma de criao, mediante registro, d origem a pessoas jurdicas dedireito privado.

    Apesar disso, nossos autores e tribunais entendem ser possvel, tambm, acriao de fundaes pblicas diretamente por lei especfica. Basta a leiespecfica criar uma fundao pblica e expressamente conferir a elapersonalidade jurdica de direito pblico, caso em que a simples publicao dessalei dar surgimento fundao.

    Para nossa doutrina e nossos tribunais, a fundao pblica criada diretamentepela edio de lei especfica, portanto com personalidade de direito pblico, , naverdade, uma espcie de autarquia.

    As fundaes pblicas com personalidade de direto pblico so, portanto, espciedo gnero autarquia ( comum a denominao fundao autrquica ouautarquia fundacional). Seu regime jurdico idntico ao das autarquias.

    Dessa forma, atualmente admite-se a existncia de duas espcies distintas defundaes pblicas na Administrao Indireta: fundaes pblicas compersonalidade jurdica de direito pblico e fundaes pblicas com personalidade

    jurdica de direito privado. comum as questes de concursos referirem-se a elascomo fundao pblica de direito pblico e fundao pblica de direito privado.

    Em resumo, aps a EC 19/1998, passaram a coexistir na Administrao Indiretafundaes pblicas com personalidade jurdica de direito pblico, institudasdiretamente por lei especfica, e fundaes pblicas com personalidade jurdica dedireito privado, institudas pelo Poder Executivo, autorizado por lei especfica.

    Em qualquer caso, exige-se lei complementar para o estabelecimento das reasem que podero atuar as fundaes pblicas.

    Voltando nossa questo, vemos que foi feita uma certa confuso no enunciado.No teramos como errar, porque, como eu disse, patrimnio personificado sinnimo de fundao.

    O problema do enunciado que ele se restringiu s fundaes pblicas compersonalidade jurdica de direito pblico, mas afirmou que sua criao dependede prvia autorizao expressa por lei. Como vimos acima, no assim que secria uma fundao pblica com personalidade jurdica de direito pblico. E isso

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    pacfico. Como as fundaes pblicas com personalidade jurdica de direitopblico so espcie de autarquia, elas so criadas diretamente pela lei especfica.Para completar, totalmente absurdo imaginar o registro no Registro Pblico de

    uma pessoa jurdica de direito pblico.Mas, a nica dvida possvel seria entre fundao pblica e autarquia. Seja comofor, tambm seria errado afirmar, para as autarquias, que sua criao depende deprvia autorizao expressa por lei, porque elas sempreso criadas diretamentepela lei especfica.

    Quanto s outras alternativas: rgo nem tem personalidade; servio socialautnomo sequer integra a Administrao Pblica (falaremos neles mais tarde);empresa pblica obrigatoriamente tem personalidade de direito privado.