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8/8/2019 7035851 Concursos Direito Administrativo Geral http://slidepdf.com/reader/full/7035851-concursos-direito-administrativo-geral 1/300 CURSOS ONLINE – DIREITO ADMINISTRATIVO – PROF. LEANDRO CADENAS www.pontodosconcursos.com.br Aula 0: Direito Administrativo Olá pessoal! Esta é parte da primeira aula semanal do nosso curso “on line” de Direito Administrativo, que será iniciado no dia 10/08/2004, até 19/10/2004. As aulas conterão a explanação da matéria, mais ou menos da mesma forma que fazemos em sala de aula, para que o aluno se sinta como se estivesse ouvindo o professor falar. Ao fim de cada aula, procuraremos incluir alguns exercícios de concursos anteriores, para que sejam testados os conhecimentos relativos àquela matéria dada, bem como a já conhecida seção “PARA GUARDAR”, onde são feitas breves considerações sobre a matéria tratada, com vistas a facilitar uma futura revisão do conteúdo. Durante a semana, estará disponível um fórum onde serão respondidas as perguntas relativas à última aula. E mais! Entre os alunos matriculados, vou sortear dois dos meus livros: um na primeira aula e outro na última aula! Além disso, os primeiros 100 (cem) alunos que confirmarem a matrícula ganharão, em primeira mão, a versão eletrônica da minha apostila de resumo de Direito Constitucional para a ESAF, na sua 3ª edição, que está sendo lançada agora, com mais de 600 itens. Inscreva-se e participe. Faça sua parte. Estude a matéria dada e rumo ao sucesso!! Na aula de amostra que disponibilizamos aqui, vamos tratar do conceito e das fontes do Direito Administrativo, bem como do Regime Jurídico Administrativo. Repito, essa é apenas parte da nossa primeira aula... aguardem! Críticas e sugestões são sempre bem vindas. DIREITO ADMINISTRATIVO 1. CONCEITO O Direito Administrativo, como ramo autônomo da maneira como é visto atualmente, teve seu nascimento nos fins do século XVIII, com forte influência do direito francês , tido por inovador no trato das matérias correlatas à Administração Pública. São muitos os conceitos do que vem a ser o Direito Administrativo. Em resumo, pode-se dizer que é o conjunto dos princípios jurídicos que tratam da Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentes públicos , enfim, tudo o que diz respeito à maneira como se atingir as

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A u l a 0 : Di r e i t o A d m i n i s t r a t i v o

Olá pessoal!Esta é parte da primeira aula semanal do nosso curso “on line” de DireitoAdministrativo, que será iniciado no dia 10/08/2004, até 19/10/2004.As aulas conterão a explanação da matéria, mais ou menos da mesma formaque fazemos em sala de aula, para que o aluno se sinta como se estivesseouvindo o professor falar.Ao fim de cada aula, procuraremos incluir alguns exercícios de concursosanteriores, para que sejam testados os conhecimentos relativos àquela matériadada, bem como a já conhecida seção “PARA GUARDAR”, onde são feitasbreves considerações sobre a matéria tratada, com vistas a facilitar uma futurarevisão do conteúdo.Durante a semana, estará disponível um fórum onde serão respondidas asperguntas relativas à última aula.

E mais! Entre os alunos matriculados, vou sortear dois dos meus livros: um naprimeira aula e outro na última aula!Além disso, os primeiros 100 (cem) alunos que confirmarem a matrículaganharão, em primeira mão, a versão eletrônica da minha apostila de resumode Direito Constitucional para a ESAF, na sua 3ª edição, que está sendolançada agora, com mais de 600 itens.

Inscreva-se e participe. Faça sua parte. Estude a matéria dada e rumo aosucesso!!Na aula de amostra que disponibilizamos aqui, vamos tratar do conceito e dasfontes do Direito Administrativo, bem como do Regime Jurídico Administrativo.Repito, essa é apenas parte da nossa primeira aula... aguardem!Críticas e sugestões são sempre bem vindas.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. CONCEITO

O Direito Administrativo, como ramo autônomo da maneira como é vistoatualmente, teve seu nascimento nos fins do século XVIII, com forteinfluência do direito francês , tido por inovador no trato das matériascorrelatas à Administração Pública.São muitos os conceitos do que vem a ser o Direito Administrativo. Emresumo, pode-se dizer que é o conjunto dos princípios jurídicos quetratam da Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentespúblicos , enfim, tudo o que diz respeito à maneira como se atingir as

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finalidades do Estado. Ou seja, tudo que se refere à Administração Pública e àrelação entre ela e os administrados e seus servidores é regrado e estudadopelo Direito Administrativo.O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cuja principalcaracterística encontramos no fato de haver uma desigualdade jurídicaentre cada uma das partes envolvidas. Assim, de um lado, encontramos aAdministração Pública, que defende os interesses coletivos; de outro, oparticular. Havendo conflito entre tais interesses, haverá de prevalecer o dacoletividade, representado pela Administração. Isto posto, veja que esta seencontra num patamar superior ao particular, de forma diferente da vistano Direito Privado, onde as partes estão em igualdade de condições.Sabemos que a República Federativa do Brasil, nos termos da CF/88, éformada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal(art. 1º). Em seu art. 2º, determina a divisão dos Poderes da União em três,seguindo a tradicional teoria de Montesquieu. Assim, são eles: o Legislativo, oExecutivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si.Cada um desses Poderes tem sua atividade principal e outras secundárias. Atítulo de ilustração, veja que ao Legislativo cabe, precipuamente, a funçãolegiferante, ou seja, de produção de leis, em sentido amplo. Ao Judiciário, cabea função de dizer o direito ao caso concreto, pacificando a sociedade, em faceda resolução dos conflitos. Por último, cabe ao Executivo a atividadeadministrativa do Estado, é dizer, a implementação do que determina a lei,atendendo às necessidades da população, com infra-estrutura, saúde,educação, cultura, enfim, servir ao público.Mas e o Direito Administrativo, então, como cuida da Administração Pública,regula apenas as atividades do Poder Executivo?Não. Esse ramo do Direito regra todas as atividades administrativas doEstado , qualquer que seja o Poder que a exerce, ou o ente estatal a quepertença: se a atividade é administrativa, sujeita-se aos comandos do DireitoAdministrativo.Então, o Judiciário, quando realiza um concurso público para preenchimento desuas vagas, segue as normas da Lei nº 8.112/90, se da esfera federal. OSenado Federal, quando promove uma licitação para aquisição de resmas depapel, por exemplo, seguirá a Lei nº 8.666/93, e assim por diante.Vemos, assim, que não só o Executivo se submete ao Direito Administrativo.Repita-se: cada Poder, cada ente, cada órgão, no desempenho de suasatribuições administrativas, está submetido às previsões desse ramo doDireito.O estudo do Direito Administrativo, no Brasil, torna-se um pouco penoso pelafalta de um código, uma legislação consolidada que reúna todas as leisesparsas que tratam dessas matérias. Então, temos que lançar mão dadoutrina e do estudo de cada uma das leis, bem assim da Constituição Federal,que são suas principais fontes.

2. FONTES

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Diz-se fonte à origem, lugar de onde provém algo. No caso, de onde emanamas regras do Direito Administrativo.Quatro são as principais fontes:I – lei;II – jurisprudência;III – doutrina;IV – costumes.Como fonte primária, principal, tem-se a lei , em seu sentido genérico (“latusensu” ) , que inclui, além da Constituição Federal, as leis ordinárias,complementares, delegadas, medidas provisórias, atos normativos com forçade lei, e alguns decretos-lei ainda vigentes no país etc. Em geral, é ela

abstrata e impessoal.Mais adiante, veremos o princípio da legalidade, de suma importância noDireito Administrativo, quando ficará bem claro por que a lei é sua fonteprimordial.As outras três fontes são ditas secundárias.Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder Judiciário namesma linha, julgamentos no mesmo sentido. Então, pode-se tomar comoparâmetro para decisões futuras, ainda que, em geral, essas decisões nãoobriguem a Administração quando não é parte na ação. Diz-se em geral, pois,na CF/88, há previsão de vinculação do Judiciário e do Executivo à decisãodefinitiva de mérito em Ação Declaratória de Constitucionalidade (art. 102, §2º).A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, materializadaem livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim, como a jurisprudência, adoutrina também é fonte secundária e influencia no surgimento de novas leis ena solução de dúvidas no cotidiano administrativo, além de complementar alegislação existente, que muitas vezes é falha e de difícil interpretação.Por fim, os costumes , que hoje em dia têm pouca utilidade prática, em facedo citado princípio da legalidade, que exige obediência dos administradores aoscomando legais. No entanto, em algumas situações concretas, os costumes darepartição podem influir de alguma forma nas ações estatais, inclusiveajudando a produção de novas normas. Diz-se costume à reiteração uniformede determinado comportamento, que é visto como exigência legal.

3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Ao conjunto de regras que disciplinam determinado instituto dá-se o nome deregime jurídico.Em se tratando de regime jurídico administrativo, importam as normas quebuscam atender aos interesses públicos , é dizer, refere-se ao conjuntodessas regras que visam a esse fim . Normalmente, para atingir esses

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objetivos, as normas jurídicas desse tipo de regime jurídico concedem umaposição estatal privilegiada, ou seja, como já dito, o Estado localiza-se numpatamar de superioridade em relação ao particular, justamente por defender ointeresse de toda uma coletividade.Dessa forma, surgem os dois princípios basilares do Direito Administrativo:supremacia do interesse público sobre o particular e indisponibilidadedo interesse público , tratados adiante.No entanto, ainda que a importância do Direito Administrativo seja patente, ascontrovérsias em matéria administrativa decididas pelo órgão executor nãofazem coisa julgada material 1, cabendo ao Judiciário essa incumbência. Então,algum pedido que seja dirigido à Administração Pública e por ela negado, podeser revisto, como regra geral, pelo Judiciário (CF, art. 5º, XXXV). Veremosadiante que, quanto ao mérito administrativo, o Judiciário nada pode fazer.

Então, no Brasil, cabe somente ao Poder Judiciário dizer o Direito ( juris dicere ),de forma definitiva, no caso concreto.Isso não afasta a possibilidade de se recorrer administrativamente de qualquerlesão ou ameaça a direto. Porém, as decisões nessa instância, repita-se,sempre estarão sujeitas ao crivo do Judiciário.Aqui cabe uma importante distinção, destacando a diferença entre unicidade edualidade de jurisdição.A Jurisdição é una , como no Brasil, quando apenas a um órgão se deferea competência de dizer o Direito de forma definitiva , é dizer, fazendocoisa julgada material (CF, art. 5º, XXXVI).De outro lado, diz-se que é dual quando há previsão de que dois órgãosse manifestem de forma definitiva sobre o Direito , cada qual com suascompetências próprias. Ocorre tal dualidade na França, onde as decisões emmatéria administrativa fazem coisa julgada material, enquanto que cabe aoJudiciário manifestar-se sobre os demais assuntos. Assim, na França, umadecisão administrativa não pode ser revista pelo Judiciário.Como já se disse, o Direito Administrativo pátrio tem forte influência do Direitofrancês, sendo que a principal diferença entre ambos os sistemas está

justamente na dita natureza judicante da decisão do contenciosoadministrativo francês.

1 Coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI): consiste na decisão judicial definitiva, da qual não é possível mais serecorrer – quer porque intempestivo o recurso, quer em virtude de impossibilidade processual – e quemodifica a vontade e a atividade das partes litigantes, impondo-lhes a decisão judicial pacificadora doconflito.Há dois tipos de coisa julgada, a saber:I – material : enfrenta o mérito, dando definitividade à decisão, que não mais poderá ser alterada. Tampoucopoderá ser proposta nova ação com as mesmas partes e com mesmo conteúdo;II – formal : termina o processo sem decidir o mérito, por alguma irregularidade processual, como falta depagamento das custas, irregularidade na representação, falta de alguma das condições da ação etc. Nesse caso,como não houve apreciação do mérito, basta que o autor corrija as falhas e promova outra ação.Diz o art. 467 do Código de Processo Civil: “Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que tornaimutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário”.

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Apenas para clarear, não se confundam os conceitos de dualidade de jurisdição e duplo grau de jurisdição . Este refere-se à possibilidade derecorrer da decisão de primeira instância, para que seja novamente analisadoo caso por outra superior, dentro do Judiciário.Portanto, se um caso está pendente de solução na esfera administrativa, einicia-se ação (perante o Judiciário) tratando do mesmo tema, a decisãoadministrativa fica prejudicada, posto que sempre valerá a judicial. Assim, oprocesso administrativo será arquivado sem decisão de mérito.A eleição da via administrativa ou judicial é opção do interessado. Porém, umavez acionado o Judiciário, não caberá mais a primeira via, pois a decisão

judicial sempre prevalecerá sobre a administrativa. No entanto, nada impedeque, após esgotadas todas as instâncias administrativas, o interessado sesocorra do Judiciário, pois, repita-se, no Brasil, a jurisdição é una.

Só para citar, a instância administrativa tem várias peculiaridadesinteressantes para os administrados, como a informalidade do processo,celeridade, gratuidade, possibilidade de revisão de ofício e muitas outras, queacabam por incentivar o seu uso, desafogando um pouco o Poder Judiciário.

PARA GUARDAR

• Direito Administrativo é o conjunto dos princípios jurídicos quetratam da Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentespúblicos , enfim, tudo o que diz respeito à maneira como se atingir àsfinalidades do Estado.

• O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cujaprincipal característica encontramos no fato de haver umadesigualdade jurídica entre cada uma das partes envolvidas, ou seja, aAdministração Pública se encontra num patamar superior aoparticular.

• Esse ramo do Direito regra todas as atividades administrativasdo Estado , qualquer que seja o Poder que a exerce, ou o ente estatal aque pertença: se a atividade é administrativa, sujeita-se aos comandos doDireito Administrativo.

• Quatro são as principais fontes do Direito Administrativo:

I – lei: fonte primária, principal, em geral abstrata e geral;II – jurisprudência: conjunto de decisões do Poder Judiciário no mesmosentido, é fonte secundária;III – doutrina: teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, é fontesecundária;IV – costumes: reiteração uniforme de determinado comportamento, éfonte secundária.

• Regime jurídico administrativo é o conjunto das regras que buscamatender aos interesses públicos.

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• São princípios basilares do Direito Administrativo: supremacia dointeresse público sobre o particular e indisponibilidade dointeresse público .

• No Brasil, a Jurisdição é una , cabendo apenas a um órgão acompetência de dizer o Direito de forma definitiva , é dizer, fazendocoisa julgada material: Poder Judiciário.

• Diz-se que a Jurisdição é dual quando há previsão de que doisórgãos se manifestem de forma definitiva sobre o Direito , cada qualcom suas competências próprias, como na França.

• Aqui, as decisões em matéria administrativa só fazem coisa julgadamaterial quando tomadas pelo Judiciário.

• Dualidade de jurisdição e duplo grau de jurisdição não seconfundem. Dualidade: dois órgãos dizendo o Direito no caso concreto, de

forma definitiva. Duplo grau: duas instâncias, dentro do mesmo órgão,decidindo a mesma matéria, uma superior à outra.

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AULA 1 - DIREITO ADMINISTRATIVO

Bom dia pessoal!Espero que todos estejam bem e dispostos para iniciarmos essas aulas eletrônicas, como seestivéssemos frente a frente.De início, agradeço a confiança e desejo corresponder às expectativas.Como sempre, as críticas são sempre bem vindas.Sem maiores delongas, vamos ao que interessa, o Direito Administrativo!!!

1. CONCEITO

O Direito Administrativo, comoramo autônomo da maneira como é visto atualmente, teveseu nascimento nos fins do século XVIII, com forteinfluência do direito francês , tido porinovador no trato das matérias correlatas à Administração Pública.Vocês sempre vão perceber que, no que se refere a esse ramo do direito, a França é semprecitada, pela qualidade de suas leis administrativas, e pelas inovações a partir da revoluçãofrancesa.São muitos osconceitos do que vem a ser o Direito Administrativo. Em resumo, pode-sedizer que é oconjunto dos princípios jurídicos que tratam da Administração Pública,suas entidades, órgãos, agentes públicos , enfim, tudo o que diz respeito à maneira comose atingir as finalidades do Estado. Ou seja, tudo que se refere à Administração Pública e à

relação entre ela e os administrados e seus servidores é regrado e estudado pelo DireitoAdministrativo.Guarde bem, o conceito é sempre bom ter em mente.O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cujaprincipal característicaencontramos no fato de haver umadesigualdade jurídica entre cada uma das partesenvolvidas. Assim, de um lado, encontramos a Administração Pública, que defende osinteresses coletivos; de outro, o particular. Havendo conflito entre tais interesses, haverá deprevalecer o da coletividade, representado pela Administração. Assim, esta seencontranum patamar superior ao particular, de forma diferente da vista no Direito Privado, ondeas partes estão em igualdade de condições. Falou emAdministração Pública, lembre que estáum degrau acima, sempre!Sabemos que a República Federativa do Brasil, nos termos da CF/88, é formada pela uniãoindissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (art. 1º). Em seu art. 2º,determina a divisão dos Poderes da União em três, seguindo a tradicional teoria deMontesquieu. Assim, são eles: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes eharmônicos entre si.Cada um desses Poderes tem sua atividade principal e outras secundárias. A título deilustração, veja que ao Legislativo cabe, precipuamente, a função legiferante, ou seja, deprodução de leis, em sentido amplo. Ao Judiciário, cabe a função de dizer o direito ao casoconcreto, pacificando a sociedade, em face da resolução dos conflitos. Por último, cabe aoExecutivo a atividade administrativa do Estado, é dizer, a implementação do que determina

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a lei, atendendo às necessidades da população, com infra-estrutura, saúde, educação,cultura, enfim, servir ao público.

Então, o Direito Administrativo não regula apenas as atividades do Poder Executivo.Esse ramo do Direito regra todas as atividades administrativas do Estado , qualquerque seja o Poder que as exerce, ou o ente estatal a que pertença:se a atividade éadministrativa, sujeita-se aos comandos do Direito Administrativo.Veja como todos os Poderes atuam também na esfera administrativa:O Judiciário, quando realiza um concurso público para preenchimento de suas vagas, segueas normas da Lei nº 8.112/90, se da esfera federal. O Senado Federal, quando promove umalicitação para aquisição de resmas de papel, por exemplo, seguirá a Lei nº 8.666/93, e assimpor diante.Vemos, assim, que não só o Executivo se submete ao Direito Administrativo. Repita-se:

cada Poder, cada ente, cada órgão, no desempenho de suas atribuições administrativas, estásubmetido às previsões desse ramo do Direito.O estudo do Direito Administrativo, no Brasil, torna-se um pouco penoso pela falta de umcódigo, uma legislação consolidada que reúna todas as leis esparsas que tratam dessasmatérias. Então, temos que lançar mão da doutrina e do estudo de cada uma das leis, bemassim da Constituição Federal, que são suas principais fontes.

2. FONTES

Diz-se fonte à origem, de onde provém algo. No caso específico em estudo, fonte é o lugarde onde emanam as regras do Direito Administrativo.Quatro são as principais fontes:

I – lei;II – jurisprudência;III – doutrina;IV – costumes.

Como fonte primária, principal, tem-se alei, em seu sentido genérico (“latu sensu”), queinclui, além da Constituição Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas,medidas provisórias, atos normativos com força de lei, e alguns decretos-lei ainda vigentes

no país etc. Em geral, é ela abstrata e impessoal.Mais adiante, veremos o princípio da legalidade, de suma importância no DireitoAdministrativo, quando ficará bem claro o porquê de a lei ser sua fonte primordial.As outras três fontes são ditas secundárias.Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder Judiciário namesma linha, julgamentos no mesmo sentido. Então, pode-se tomarcomo parâmetro para decisões futuras, ainda que, em geral, essasdecisões não obriguem a Administração quando não é parte na ação.Diz-se em geral, pois, na CF/88, há previsão de vinculação do Judiciário

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e do Executivo à decisão definitiva de mérito em Ação Declaratória deConstitucionalidade (art. 102, § 2º).A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, materializada em livros,artigos, pareceres, congressos etc. Assim como a jurisprudência, é fonte secundária einfluencia no surgimento de novas leis e na solução de dúvidas no cotidiano administrativo,além de complementar a legislação existente, muitas vezes falha e de difícil interpretação.Por fim, oscostumes hoje em dia têm pouca utilidade prática, em face do citado princípioda legalidade, que exige obediência dos administradores aos comandos legais. No entanto,em algumas situações concretas, os costumes da repartição podem influir de alguma formanas ações estatais, inclusive ajudando a produção de novas normas. Diz-se costume àreiteração uniforme de determinado comportamento, que é visto como exigência legal.

3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

Ao conjunto de regras que disciplinam determinado instituto dá-se o nome de regime jurídico.Em se tratando de regime jurídico administrativo, importam as normas que buscamatenderaos interesses públicos . Refere-se aoconjunto das regras que visam a esse fim , ou seja,é um conjunto de prerrogativas e sujeições próprios da atividade pública.Normalmente, para atingir esses objetivos, as normas jurídicas desse tipo de regime jurídicoconcedem uma posição estatal privilegiada, ou seja, como já dito, o Estado localiza-se numpatamar de superioridade em relação ao particular, justamente por defender o interesse detoda uma coletividade. Viu como o Estado sempre está um degrau acima dos pobresmortais? Mas não veja isso com maus olhos... isso se justifica, como sabemos, pelointeresse público, que sempre está acima de tudo e de todos.Dessa forma, surgem os dois princípios basilares do Direito Administrativo:supremaciado interesse público sobre o particular e indisponibilidade do interesse público ,tratados adiante.No entanto, ainda que a importância do Direito Administrativo seja patente, ascontrovérsias em matéria administrativa decididas pelo órgão executor não fazem coisa julgada material1, cabendo ao Judiciário essa incumbência. Então, algum pedido que seja

1 Coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI): consiste na decisão judicial definitiva, da qual não é possível mais serecorrer – quer porque intempestivo o recurso, quer em virtude de impossibilidade processual – e quemodifica a vontade e a atividade das partes litigantes, impondo-lhes a decisão judicial pacificadora doconflito.Há dois tipos de coisa julgada, a saber:I – material : enfrenta o mérito, dando definitividade à decisão, que não mais poderá ser alterada. Tampoucopoderá ser proposta nova ação com as mesmas partes e com mesmo conteúdo;II – formal : termina o processo sem decidir o mérito, por alguma irregularidade processual, como falta depagamento das custas, irregularidade na representação, falta de alguma das condições da ação etc. Nesse caso,como não houve apreciação do mérito, basta que o autor corrija as falhas e promova outra ação.

Diz o art. 467 do Código de Processo Civil: “Denomina-se coisa julgadamaterial a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não maissujeita a recurso ordinário ou extraordinário”.

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dirigido à Administração Pública e por ela negado, pode ser revisto, como regra geral, peloJudiciário (CF, art. 5º, XXXV). Veremos adiante que, quanto ao mérito administrativo, oJudiciário nada pode fazer.Então, no Brasil, cabe somente ao Poder Judiciário dizer o Direito (“juris dicere”), de formadefinitiva, no caso concreto.Isso não afasta a possibilidade de se recorrer administrativamente de qualquer lesão ouameaça a direto. Porém, as decisões nessa instância, repita-se, sempre estarão sujeitas aocrivo do Judiciário.Aqui cabe uma importante distinção, destacando a diferença entre unicidade e dualidade de jurisdição.A Jurisdição é una , como no Brasil, quandoapenas a um órgão se defere a competênciade dizer o Direito de forma definitiva , é dizer, fazendo coisa julgada material (CF, art. 5º,XXXVI).De outro lado, diz-se queé dual quando há previsão de que dois órgãos se manifestemde forma definitiva sobre o Direito , cada qual com suas competências próprias. Ocorre taldualidade na França, onde as decisões em matéria administrativa fazem coisa julgadamaterial, enquanto que cabe ao Judiciário manifestar-se sobre os demais assuntos. Assim,na França, uma decisão administrativa não pode ser revista pelo Judiciário.Como já se disse, o Direito Administrativo pátrio tem forte influência do Direito francês,sendo que a principal diferença entre ambos os sistemas está justamente na dita natureza judicante da decisão do contencioso administrativo francês. Apenas para clarear, não se confundam os conceitos dedualidade de jurisdição e duplograu de jurisdição . Este refere-se à possibilidade de recorrer da decisão de primeirainstância, para que seja novamente analisado o caso por outra superior, dentro doJudiciário. Guarde isso, costuma ser cobrado em concursos!Portanto, se um caso está pendente de solução na esfera administrativa, e inicia-se ação(perante o Judiciário) tratando do mesmo tema, a decisão administrativa fica prejudicada,posto que sempre valerá a judicial. Assim, o processo administrativo será arquivado semdecisão de mérito.A eleição da via administrativa ou judicial é opção do interessado.Porém, uma vez acionado o Judiciário, não caberá mais a primeira via,pois a decisão judicial sempre prevalecerá sobre a administrativa. Noentanto, nada impede que, após esgotadas todas as instânciasadministrativas, o interessado se socorra do Judiciário, pois, repita-se,no Brasil, a jurisdição é una.Só para citar, a instância administrativa tem várias peculiaridades interessantes para osadministrados, como a informalidade do processo, celeridade, gratuidade, possibilidade derevisão de ofício e muitas outras, que acabam por incentivar o seu uso, desafogando umpouco o Poder Judiciário.

4. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

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Os princípios devem ser compreendidos bem, posto que sempre podem te ajudar na hora deresolver uma questão de prova. Dê bastante atenção a eles!

Eles são o início de tudo, proposições anteriores e superiores às normas, que traçam vetoresdirecionais para os atos do legislador, do administrador e do aplicador da lei ao casoconcreto.Constituem o fundamento, alicerce, a base de um sistema, e que condicionam asestruturas subseqüentes, garantido-lhe validade.Importante notar que tais princípios não necessitam estar presentes na legislação, tendovalidade e lançando seus efeitos independente de positivação (Direito Positivo é o conjuntode normas jurídicas, escritas ou não, vigentes num certo território, a um certo tempo). Sepresentes na lei, diz-se que são normas principiológicas.Perceba que são deobservância obrigatória , sendo mais grave transgredi-los que a umanorma, pois implica em ofensa a todo sistema de comandos.Isto posto, nesta e nas aulas subseqüentes, vamos fazer uma rápida revisão de alguns dosprincípios que norteiam, informam e fundamentam o Direito Administrativo brasileiro.Antes, lembre-se de quenão existe hierarquia entre os princípios . Cada um tem suaimportância e não se diz que um prevalece sobre o outro. A aplicação, caso a caso, é queacaba, indiretamente, dando mais valor a um ou outro, mas isso não quer dizer que existatal hierarquia. Um princípio que não seja usado num determinado caso pode ser o maisimportante em outro. O interessante está em analisar o conjunto deles no caso concreto.Vamos a cada um dos mais cobrados em concursos.

4.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Como o próprio nome sugere, esse princípio diz respeito à obediência à lei. Encontramosmuitas variantes dele expressas na nossa Constituição.Aproveitando, vou relembrar alguns, para que fique bem clara a incidência desse princípioespecífico no Direito Administrativo, que é nosso foco atual.Assim, o mais importante é o ditoprincípio genérico , que vale para todos. É encontradono inc. II do art. 5º, que diz que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algumacoisa senão em virtude de lei”.Vemos então que existe relativa liberdade do povo, quepode fazer de tudo, menos o quea lei proíbe.Vamos ver outros dois exemplos constitucionais.O primeiro é o que orienta o Direito Penal, e está no mesmo art. 5º, em seu inciso XXXIX.Nesse ponto, o constituinte estabeleceu que determinada conduta somenteseráconsiderada criminosa, se prevista em lei.Em outro ramo, no Direito Tributário, a CF/88, em seu art. 150, I, também estabeleceu aobservância obrigatória a esse mesmo princípio. Aqui diz que somentepoderá ser cobradoou majorado tributo através de lei.

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Agora, o que nos interessa:no Direito Administrativo , esse princípio determina que, emqualquer atividade, a Administração Pública está estritamente vinculada à lei. Assim,senão houver previsão legal, nada pode ser feito.A diferença entre o princípio genérico e o específico do Direito Administrativo tem queficar bem clara na hora da prova.Naquele, a pessoa pode fazer de tudo, exceto o que alei proíbe. Neste, a Administração Pública só pode fazer o que a lei autoriza , estandoengessada, na ausência de tal previsão. Seus atos têm que estar sempre pautados nalegislação.Repare na importância que a legislação tem na vida do Estado. É ela quem estabelece comoum juiz deve conduzir um processo ou proferir uma sentença; ou então o trâmite de umprojeto de lei no legislativo ou a fiscalização das contas presidenciais pelo TCU; ou aindaas regras para aquisição de materiais de consumo pelas repartições... tudo tem que estarnormatizado, e cada um dos agentes públicos estará adstrito ao que a lei determina. Então, é

expressão do princípio da legalidade a permissão para a prática de atos administrativos quesejam expressamente autorizados pela lei, ainda que mediante simples atribuição decompetência, pois esta também advém da lei.

4.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Qualquer agente público, seja ele eleito, concursado, indicado etc, está ocupando seu postopara servir aos interesses do povo. Assim,seus atos obrigatoriamente deverão ter comofinalidade o interesse público , e não próprio ou de um conjunto pequeno de pessoasamigas. Ou seja, deve serimpessoal.

Se o administrador decide construir ou asfaltar uma determinada rua, deve fazê-lo parabeneficiar o conjunto da população, não porque a rua passa em frente a um terreno seu oude algum correligionário. Nesta situação, teríamos um ato pessoal. Lembre-se de que oadministrador é um mero representante temporário dos interesses do povo, e não pode sedesvirtuar dessa finalidade. Nesse caso, confunde-se com oprincípio da finalidade , que éuma espécie da impessoalidade, por vezes sendo considerados como sinônimos.Outra vertente desse mesmo princípio é a que prevê que os atos não serão imputadosa quem os pratica, mas sim à entidade à qual está vinculado. No caso de um AFRFlavrar um Auto de Infração contra determinada pessoa jurídica pelo não pagamento detributo devido, não é ele que estará exigindo o tributo, mas sim a Secretaria da ReceitaFederal, em face da lei que assim estipula. O AFRF é mera materialização do ente SRF.Como é ela quem autua, qualquer outro AFRF poderá rever de ofício ou manter a cobrança,ainda que aquele autor do Auto tenha sido desligado dos quadros da SRF.No exemplo anterior, a rua não foi feita pelo prefeito, mas sim pela Prefeitura. O prefeitonão passa de um representante temporário da Prefeitura.Veja o que diz o art. 37, §1º, da CF/88, que representa a garantia de observância desseprincípio:

“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãospúblicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela

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não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizempromoçãopessoal de autoridades ou servidores públicos .”

Observe também o que diz a Lei 9.784/99, em seu art. 2º, parágrafo único, inc. III, quedetermina que, nos processos administrativos, serão observados os critérios de objetividadeno atendimento do interesse público,vedada a promoção pessoal de agentes ouautoridades .

4.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE

Os romanos já diziam que “non omne quod licet honestum est” (nem tudo o que é legal éhonesto).Obedecendo a esse princípio, deve o administrador, além de seguir o que a lei determina,

pautar sua conduta na moral comum, fazendo o que for melhor e mais útil ao interessepúblico. Tem que separar , além do bem do mal, legal do ilegal, justo do injusto,conveniente do inconveniente, tambémo honesto do desonesto . É a moral interna dainstituição, que condiciona o exercício de qualquer dos poderes, mesmo o discricionário.Anoto um exemplo dado pela doutrina: determinado prefeito, após ter sido derrotado nopleito municipal, às vésperas do encerramento do mandato, congela o Imposto TerritorialUrbano, com a intenção de reduzir as receitas e inviabilizar a administração seguinte. Aindaque tenha agido conforme a lei, agiu com inobservância da moralidade administrativa.Nossa Carta Magna faz menção em diversas oportunidades a esse princípio. Uma delas,prevista no art. 5º, LXXIII, trata da ação popular contra ato lesivo à moralidadeadministrativa. Em outra, o constituinte determinou a punição mais rigorosa da imoralidadequalificada pela improbidade (art. 37, § 4º). Há ainda o art. 14, § 9º, onde se visa proteger aprobidade e moralidade no exercício de mandato, e o art. 85, V, que considera aimprobidade administrativa como crime de responsabilidade.

4.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

É este mais um vetor da Administração Pública, e diz respeito à obrigação de darpublicidade,levar ao conhecimento de todos os seus atos, contratos ou instrumentos

jurídicos como um todo. Isso dá transparência e confere a possibilidade de qualquer pessoaquestionar e controlar toda a atividade administrativa que, repito, deve representar ointeresse público, por isso não se justifica, de regra, o sigilo.Claro que em determinados casos pode ser relativizado esse princípio, quando o interessepúblico ou segurança o justificarem. A própria CF/88 prevê diversasexceções. Vejamosalgumas, todas presentes no art. 5º:

“XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo dafonte, quando necessário ao exercício profissional;XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seuinteresse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no

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prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo sejaimprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contrailegalidade ou abuso de poder;b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos eesclarecimento de situações de interesse pessoal;LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando adefesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;LXXII - conceder-se-á “habeas data”:a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa doimpetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades

governamentais ou de caráter público;b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processosigiloso, judicial ou administrativo”

Cito ainda outras regras da legislação infraconstitucional, que conferem sigilo em casosespeciais: art. 20 CPP, art. 155 CPC, art. 3º, § 3º, da Lei 8.666/93.A publicidade surte os efeitos previstos somente se feita através deórgão oficial , que é o jornal, público ou não, que se destina à publicação de atos estatais. Dessa forma, não bastaa mera notícia veiculada na imprensa (STF, RE 71.652).Com a publicação,presume-se o conhecimento dos interessados em relação aos atospraticados einicia-se o prazo para interposição de recurso, e também os prazos de

decadência e prescrição .

4.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

Costumo destacar este princípio como dos mais importantes. Como vimos, não existehierarquia entre princípios, porém, para fins de concurso público, este princípio acaba tendorelevância pois foi o último introduzido na Constituição, por meio da EC nº 19/98, chamadade emenda da reforma administrativa, que deu nova redação ao art. 37 e outros.Tambémrevela dois aspectos distintos, um em relação à atuação do agente público,outro em relação à organização, estrutura, disciplina da Administração Pública .Os agentes públicos devem agir com rapidez, presteza, perfeição, rendimento .Importante também é o aspecto econômico, que deve pautar as decisões, levando-se emconta sempre a relação custo-benefício. Construir uma linha de distribuição elétrica em ruadesabitada pode ser legal, seguir a Lei de Licitações, mas não será um investimentoeficiente para a sociedade, que arca com os custos e não obtém o benefício correspondente.A Administração Pública deve estar atenta às suas estruturas e organizações, evitando amanutenção de órgãos/entidades sub utilizados, ou que não atendam às necessidades dapopulação.Perceba o que prevê a Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, “caput”:

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“Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios dalegalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público eeficiência .”

Estes princípios estudados até aqui são os cinco básicos da Administração, expressos naConstituição Federal, em seu art. 37, caput:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aosprincípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficiência ..."

Guardou bem? Não? Então L.I.M.P.E. aAdministração Pública!!Esse princípios devem estar na ponta da língua, pois são objeto de perguntas freqüentes.

A seguir, analisamos as características de outros princípios, também vinculados àAdministração Pública.

4.6 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

Este é outro princípio basilar da Administração Pública, onde se sobrepõe o interesse dacoletividade sobre o interesse do particular, o que não significa que os direitos deste nãoserão respeitados.Sempre que houver confronto entre os interesses, há de prevalecer o coletivo . É o queocorre no caso de desapropriação por utilidade pública, por exemplo. Determinado imóveldeve ser disponibilizado para a construção de uma creche. O interesse do proprietário seconflita com o da coletividade que necessita dessa creche. Seguindo esse princípio e a lei,haverá sim a desapropriação, com a conseqüente indenização do particular (art. 5º, XXIV,CF/88).Outro caso exemplar é da requisição administrativa, prevista no art. 5º, XXV da CF/88.Esse princípiodeve ser seguido, tanto no momento da elaboração da lei, quanto nomomento da execução da mesma, num caso concreto , sempre vinculando a autoridadeadministrativa. Havendo atuação que não atenda ao interesse público, haverá o vício dedesvio de poder ou desvio de finalidade, que torna o ato nulo.Por fim, ainda ressalto queo interesse público é indisponível . Assim, os poderes

atribuídos à Administração Pública têm a característica depoder-dever , que não podemdeixar de ser exercidos, sob pena de ser caracterizada a omissão.

4.7 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU DE VERACIDADE

Abrange dois aspectos: o primeiro quanto àcerteza dos fatos , o segundo quanto à perfeitaconformidade com a legislação .Como a Administração Pública deve obediência ao princípio da legalidade, presume-se quetodos seus atos estejam de acordo com a lei. Essa presunçãoadmite prova em contrário , a

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ser produzida por quem alega. É chamada então de relativa, ou “juris tantum” (lembre dadiferença com a presunção absoluta, “juris et de jure”, que não admite prova em contrário).

Com esse atributo, é possível aexecução direta, imediata, das decisões administrativas ,inclusive podendo criar obrigações ao particular, independente de sua concordância eexecutadas por seus próprios meios.

4.8 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

O Estado deve prestar serviços públicos para atender às necessidades da coletividade. Essaprestaçãonão pode parar , pois os desejos do povo são contínuos.Por esse princípio, há limitações ao direito de greve dos servidores públicos (art. 37, VII,CF/88), dos militares (art. 142, § 3º, IV, CF/88) e à existência de substitutos que preencham

funções públicas temporariamente vagas.No campo dos contratos administrativos, podemos ver que também esseprincípio se faz notar: aquele que contrata com a Administração Públicanão pode invocar a “excecptio non adimpleti contractus”, ou exceção decontrato não cumprido (arts. 476/477, CC), ou seja, ainda que nãoreceba o pagamento devido, deve continuar prestando o serviço públicodelegado (em regra por 90 dias – art. 78, XV, Lei nº 8.666/93). Existeainda a possibilidade de encampação da concessão de serviço público,tema que também será apreciado futuramente, em aula própria.

4.9 PRINCÍPIO DA HIERARQUIA

Os órgão da Administração Pública devem ser estruturados de forma tal que haja umarelação decoordenação e subordinação entre eles, cada um titular de atribuições definidasna lei.Como conseqüência desse princípio, surge a possibilidade derevisão de atos dossubordinados,delegação e avocação de atribuições, aplicação depenalidades ; do ponto devista do subordinado, há o dever deobediência .Essa relação hierárquica só existe nas atividades administrativas, não nas legislativas nem judiciais.

4.10 PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA

Cuidar de si mesma: isso que deve fazer a Administração Pública. Como deve obediênciaao princípio da legalidade – ele novamente! – sempre que um ato ilegal for identificado,deve seranulado pela própria Administração. Cabe também arevogação daqueles atos quenão sejam mais convenientes ou oportunos, seguindo critérios de mérito. É o poder-deverde rever seus atos, respeitando sempre o direito de terceiros de boa-fé.Esse princípio foi sumulado em duas ocasiões pelo STF:

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Súmula 346: “A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seuspróprios atos.”

Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivadosde vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ourevogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitosadquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

Anote bem esses súmulas, importantíssimas!Inclui-se nesse princípio o poder dezelar por seus bens , conservando-os adequadamente.Essa prerrogativa de revogar ou anular seus atos não se estende além dos administrativos,não podendo interferir nos atos e contratos regidos pelo Direito Privado , cabendo aoJudiciário fazê-lo, se necessário.Importante : não confunda este princípio com atutela administrativa! Esta diz respeito ao

poder da Administração Pública Direta controlar e fiscalizar as entidades que cria(Administração Pública Indireta). Assim,tutela é controle externo, autotutela é controlepróprio, interno .

4.11 PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE

Este é mais um princípio voltado especialmente para o controle dos atos administrativos,em especial aqueles ditosdiscricionários , onde a lei dá duas ou mais opções válidas aoadministrador. Se este toma alguma decisão destituída de razoabilidade ou coerência, talserá ilegítima, ainda que dentro da lei.

Em obediência a esse mandamento, as decisões têm de ser fundamentadas adequadamente,fatos relevantes devem ser levados em conta, e devem, sobretudo,guardar proporçãoentre os meios e o fim a que se destina . Pelo critério da razoabilidade é que se busca amelhor maneira de concretizar a utilidade pública postulada pela norma; é acongruêncialógica entre as situações postas e decisões administrativas .Entre os exemplos da observância desse princípio, destaco a gradação da aplicação depenalidade de suspensão a um servidor faltoso. A Lei nº 8.112/90 estabelece que o prazo desuspensão será de no máximo 90 dias, porém, cabe ao aplicador da sanção graduá-lo deacordo com a falta, pautado no princípio da razoabilidade.O princípio da proporcionalidade pode ser visto no art. 2º, parágrafo único, VI, VIII e IX,da Lei nº 9.784/99, considerado apenas como um aspecto do princípio da razoabilidade:

“Art. 2º (...)Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros,os critérios de:VI - adequação entre meios e fins , vedada a imposição de obrigações,restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias aoatendimento dointeresse público ;VIII – observância dasformalidades essenciais à garantia dos direitos dosadministrados;

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IX - adoção deformas simples, suficientes para propiciar adequado grau decerteza, segurança e respeito aos direitos dos administrados .”

Tome nota de um detalhe importante:a inobservância desses princípios da razoabilidadee da proporcionalidade implica nulidade do ato.Já cobrado em diversos concursos, esse princípio ganhou “status” ao ser inserido naConstituição do Estado de São Paulo (art. 111), bem como ao ser citado em diversos julgado do STF. Assim, dê bastante atenção a ele.

4.12 PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO

Cada decisão tomada pela Administração Pública deve estarfundamentada pelas razõesde fato e de direito que levaram a ela.

O STF já decidiu que a motivaçãoé necessária em todo e qualquer ato administrativo .Ela terá detalhamento maior ou menor conforme o ato seja vinculado ou discricionário,porém, não se admite mais que este seja imotivado, como parte da doutrina clássicadefendia.A Lei nº 9.784/99, em seus arts. 2º, parágrafo único, VII, e 50 prevê:

“Art. 2º (...)Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros,os critérios de:VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem adecisão.”“Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dosfatos e dos fundamentos jurídicos, quando:I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;V - decidam recursos administrativos;VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem depareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de atoadministrativo.§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir emdeclaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante doato.”

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Como pode ser observado acima, constam situações em que a motivação é obrigatória.Esses incisos podem estar relacionados a atos vinculados ou discricionários, o que reforça ainterpretação de queem ambos a motivação é necessária .Repare que os atos vinculadossempre devem ser motivados. Já os discricionários têmalgumas poucas exceções de dispensa. Um dos melhores exemplos é o caso de nomeação eexoneração “ad nutum” para cargos em comissão, onde não se exige a motivação.Neste caso, ganha importância aTeoria dos Motivos Determinantes . Quando formotivado ato que, em princípio, estava dispensado dessa motivação, o mesmo ficavinculado ao motivo expressado. Assim, se o motivo é inexistente, ou não justificaadequadamente o ato, este pode vir a ser anulado pelo Judiciário, como no caso daexoneração ad nutum, motivada, se ficar provado que tal motivo não existiu. Assim, omotivo declarado fica vinculado ao ato, o que não quer dizer que transformou o atodiscricionário em vinculado: apenaso motivo deve ser legítimo para que o ato também o

seja .

4.13 PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Já que todos são iguais perante a lei por disposição expressa da Constituição (art. 5º),perante a Administração Pública todos também devem receber omesmo tratamento,impessoal, igualitário, isonômico.Naturalmente, esse princípio não é absoluto. Cabe à Administração Pública o regramentopara a fruição de serviços públicos, o que não fere este princípio. O que estávedada é aexistência de privilégios ou favorecimentos de uns em detrimento de outros.Bons exemplos são a exigência de concursos públicos para o ingresso nos quadros depessoal da Administração, bem como a regras de licitação para aquisição de bens ouserviços (art. 5º, II e XXI, CF/88).Destaco que este princípio também deve ser observado em conjunto com o princípio darazoabilidade, que orienta o exercício do mesmo nos casos concretos. Assim, a exigência dealtura mínima num determinado concurso pode ferir a isonomia e em outro não: tudo vaidepender da justificativa, da razão.

4.14 PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA

Também chamado por alguns de princípio daestabilidade das relações jurídicas , revela aimportância de se ter certa imutabilidade ou certeza de permanência dessas relações jurídicas, visando impedir ou reduzir as possibilidades de alterações dos atosadministrativos, sem a devida fundamentação.Assim, buscaevitar as constantes mudanças de interpretações da lei feitas pelaAdministração , bem como evitar que sejam invalidados seus atos, sem causa justificativa,causando prejuízos a terceiros de boa-fé.

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Muitas vezes é menos prejudicial manter um ato eivado de algum pequeno vício formal,convalidando-o2 e aproveitando seus efeitos jurídicos, do que invalidá-lo.

Esse mesmo princípio também é base das previsões sobre decadência e prescrição, do prazode validade de Medidas Provisórias (art. 62, CF/88), do prazo para a Administração Públicarever seus próprios atos etc, ou seja, tudo para dar um mínimo de garantia aosadministrados.Vê-se positivado tal princípio na Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, parágrafo único, XIII:

“Art. 2º (...)Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros,os critérios de:XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta oatendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de

nova interpretação.”Garante-se, com isso, o atendimento a esse princípio, ao menos garantindo ao administradoque, se houver nova interpretação da norma, esta não terá efeito sobre os casos járesolvidos, pelo menos não para prejudicar o interessado.Ressalte-se que, sempre que houver ilegalidade, os atosdeverão ser anuladosretroativamente, pois atos nulos não geram direitos.

4.15 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

Com base constitucional, todo processo, inclusive o administrativo, deve obediência aodevido processo legal (“due process of law”), de onde provém também os princípios docontraditório e da ampla defesa.Assim, devido processo é aquele que segue as normas processuais em vigor, legalmenteprevistas. Se alguma dessas regras não é seguida, o processo conterá um vício que poderáser anulado. É particularmente importante esse princípio na esfera judicial, mas aConstituição é clara ao exigi-lo também no âmbito da Administração Pública:

“art. 5º (...)LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devidoprocesso legal;LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados emgeral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos aela inerentes;”

Os outros dois princípios, que advém também do devido processo legal, são o contraditórioe a ampla defesa.O contraditório assegura que a parte tem o direito de se manifestar sobre todas as provasproduzidas e sobre as alegações feitas pela parte adversa. Porampla defesa entende-se a

2 Convalidar é tornar válido , é efetuar correções no ato administrativo, de forma que ele fique perfeito,atendendo a todas as exigências legais. Mais detalhes serão vistos na aula 4, item 7.8.

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possibilidade que o acusado tem de usar todos os meios lícitos admitidos para provar o quealega, inclusive manter-se calado (art. 5º, LXIII, CF/88) e não produzir provas contra si3.

Havendo violação a esses princípios, o processo será nulo a partir da violação, se possível odesmembramento, ou no todo, se essa possibilidade não for viável.

Chegamos quase ao fim desta aula.Para aqueles que ainda não conhecem minha metodologia, o item a seguir deve sernovidade.Sempre, ao final de cada aula, colocarei um resumo do que há de mais importante. Nãosignifica, claro, que só precisa saber isso... mas é o mínimo. Serve pra dar uma lida, e tentarrelembrar o restante da matéria dada. Se você não conseguir lembra de tudo, sabe onde háfalhas e pode voltar e reler o que importa.

Também sugiro que, à medida que tenha tempo, leia essas dicas outros dias, por exemplo,antes de ler a aula 2, leia essa parte final da aula 1.Vamos ao “memorex”.

PARA GUARDAR

Direito Administrativo é oconjunto dos princípios jurídicos que tratam daAdministração Pública, suas entidades, órgãos, agentes públicos , enfim, tudo oque diz respeito à maneira como se atingir às finalidades do Estado.

O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cujaprincipalcaracterística encontramos no fato de haver umadesigualdade jurídica entre cadauma das partes envolvidas, ou seja, a Administração Pública seencontra numpatamar superior ao particular.Esse ramo do Direito regra todas as atividades administrativas do Estado ,qualquer que seja o Poder que a exerce, ou o ente estatal a que pertença: se aatividade é administrativa, sujeita-se aos comandos do Direito Administrativo.Quatro são as principais fontes do Direito Administrativo:I – lei: fonte primária, principal, em geral abstrata e geral;II – jurisprudência: conjunto de decisões do Poder Judiciário no mesmo sentido, éfonte secundária;III – doutrina: teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, é fonte secundária;IV – costumes: reiteração uniforme de determinado comportamento, é fontesecundária.Regime jurídico administrativo é oconjunto das regras que buscam atender aosinteresses públicos.

3 Outros detalhes serão vistos na aula 10.

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São princípios basilares do Direito Administrativo:supremacia do interessepúblico sobre o particular e indisponibilidade do interesse público .

No Brasil, aJurisdição é una , cabendoapenas a um órgão a competência dedizer o Direito de forma definitiva , é dizer, fazendo coisa julgada material: PoderJudiciário.Diz-se que aJurisdição é dual quando há previsão de que dois órgãos semanifestem de forma definitiva sobre o Direito , cada qual com suascompetências próprias, como na França.Aqui, as decisões em matéria administrativa só fazem coisa julgada material quandotomadas pelo Judiciário.Dualidade de jurisdição e duplo grau de jurisdição não se confundem.Dualidade: dois órgãos dizendo o Direito no caso concreto, de forma definitiva.Duplo grau: duas instâncias, dentro do mesmo órgão, decidindo a mesma matéria,uma superior à outra.Pelo princípio específico dalegalidade , a Administração Pública só poderá fazer oque estiver previsto na lei.Duas são as vertentes do princípio daimpessoalidade . Na primeira, qualquer ato daAdministração Pública deve zelar pelo interesse público, não pessoal. Na outra, osatos são imputados à entidade a que se vincula o agente público, não a ele próprio.O princípio damoralidade diz respeito à moral interna da instituição, que devepautar os atos dos agentes públicos, como complemento à lei. Os atos devem ser,além de legais, honestos, e seguir os bons costumes e a boa administração.Seguindo o princípio dapublicidade , a regra é de que todos os atos devem serpúblicos, garantindo a transparência estatal. As exceções devem ser legalmenteprevistas e também atenderem ao interesse público.O princípio daeficiência prega a maximização de resultados em qualquer ação daAdministração Pública, que deve ser rápida, útil, econômica, voltada para osmelhores resultados esperados por todos.Cinco princípios básicos da Administração, expressos na Constituição Federal, emseu art. 37, caput:legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficiência.LIMPE a Administração Pública:L egalidadeI mpessoalidadeM oralidadeP ublicidadeE ficiência A supremacia do interesse público é um princípio basilar da AdministraçãoPública, que deve ser observado tanto pelo legislador, no momento de produzir a lei,quanto pelo administrador, quando de sua execução. Ointeresse público éindisponível , tendo o agente público o poder-dever de agir de acordo com esseprincípio.

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Em face do atributo da presunção de legitimidade, tomam-se como existentes osfatos alegados e como legais os atos administrativos praticados, até prova emcontrário. É uma presunção relativa, “juris tantum”.O princípio dacontinuidade estabelece a necessidade de que a AdministraçãoPública não interrompa a prestação de seus serviços, pois fundamentais e essenciaisà coletividade.O princípio dahierarquia determina que haja coordenação e subordinação entre osórgãos da Administração Pública, com a possibilidade de revisão de atos, delegação,avocação e punição.Pelo princípio daauto tutela cabe à Administração Pública rever seus próprios atos,anulando os ilegais e revogando os inconvenientes ou inoportunos. É controleinterno, diferente da tutela, que é controle externo, sujeição exercida por outrapessoa.Qualquer ação tomada dentro da esfera pública deve ser pautada no princípio darazoabilidade , implicando em coerência entre os meios e os fins, considerando-setodas as situações e circunstâncias que afetem a solução.O princípio damotivação exige que a Administração Pública fundamente todosseus atos adequadamente, sempre vinculando o ato aos motivos apresentados. Aindaque o ato discricionário esteja entre as exceções de obrigatoriedade de motivação,segundo aTeoria dos Motivos Determinantes , o motivo alegado se adere e sevincula ao ato: se aquele for inexistente, este também será.Pelo princípio daigualdade , todos devem receber tratamento isonômico daAdministração Pública. Sendo iguais, o tratamento não pode ser diferente. As

diferenças devem ser consideradas e, atendendo ao princípio da razoabilidade, justificar as diferenças de tratamento.Pelo princípio dasegurança jurídica, garante-se a estabilidade relativa das relações jurídicas, não passíveis de alteração aleatória pela Administração Pública, masapenas dentro das possibilidades e prazos legais de alterações.Todo processo, inclusive o administrativo, deve obediência aodevido processolegal (“due process of law”), de onde provém também os princípios do contraditórioe da ampla defesa.O contraditório assegura que a parte tem o direito de se manifestar sobre todas asprovas produzidas e sobre as alegações feitas pela parte adversa.

Por ampla defesa entende-se a possibilidade que o acusado tem de usar todos osmeios lícitos admitidos para provar o que alega, inclusive manter-se calado (art. 5º,LXIII, CF/88) e não produzir provas contra si.

A teoria acabou por hoje, relaxem um pouco!Sugiro não responder os exercícios imediatamente, fica muito fácil, com tudo fresquinho namemória!!Se possível, deixe pra responder amanhã, ou outro dia, ANTES da próxima aula.

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E, acho que não precisava falar, mas já que estou aqui pra ajudar você a ter um melhoraproveitamento nos estudos, resolva os exercícios SEM VER O GABARITO!!!!

Deixe pra conferir as repostas ao final.Boa sorte, sucesso sempre!Leandro

EXERCÍCIOS

1 – (MPSP/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2002) Assinale a alternativa que contraria normaconstitucional referente aos princípios da Administração Pública.

(A) A administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas decompetência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, naforma da lei.

(B) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão sersuperiores aos pagos pelo Poder Executivo.

(C) A divulgação de programas e obras dos órgãos públicos é absolutamente vedada.(D) O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez,

por igual período.(E) Em regra, é proibida a acumulação remunerada de cargos públicos, mas admitem-se

exceções.

2 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) A qualidade doserviço público prestado à população, a que corresponde o direito do usuário de exigi-la, éconsectário do princípio constitucional da:(A) eficiência(B) moralidade(C) motivação necessária(D) continuidade dos serviços públicos

3 – (FISCAL DE RENDAS/ISS/RIO DE JANEIRO/2002) O art. 39, § 3º, da Constituiçãoda República autoriza a lei a estabelecer requisitos diferenciados de admissão a cargopúblico, quando a natureza do cargo o exigir. A pertinência desses requisitos, em relação adeterminado cargo a ser provido, é aferida mediante a aplicação do princípio da:(A) razoabilidade(B) publicidade(C) igualdade(D) eficiência

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4 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) Só é legítima aatividade do administrador público se estiver condizente com preexistente norma geral,impessoal e abstrata que a autorize. O enunciado traduz o princípio da:(A) moralidade(B) legalidade(C) publicidade(D) impessoalidade

5 – (ESAF/AFC/97) A exigência constitucional de provimento por concurso público doscargos efetivos tem seu fundamento doutrinário básico no princípio da(a) publicidade(b) finalidade(c) legalidade(d) razoabilidade(e) isonomia

6 - (ESAF/AGU/98) Um ato administrativo estará caracterizando desvio de poder, porfaltar-lhe o elemento relativo à finalidade de interesse público, quando quem o praticouviolou o princípio básico da:(a) economicidade(b) eficiência(c) impessoalidade(d) legalidade(e) moralidade

7 – (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) A influência do Direito Administrativofrancês no Direito Administrativo brasileiro é notável. Entre os institutos oriundos dodireito francês abaixo, assinale aquele que não foi introduzido no sistema brasileiro.(a) Regime jurídico de natureza legal para os servidores dos entes de direitopúblico.(b) Teoria da responsabilidade objetiva do Poder Público.(c) Natureza judicante da decisão do contencioso administrativo.(d) Cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos.(e) Inserção da moralidade como princípio da Administração Pública.

8 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) No âmbito do processo administrativo, oprincípio que autoriza a instituição do processo por iniciativa da Administração, semnecessidade de provocação, denomina-se princípio(a) da gratuidade

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(b) do contraditório(c) da oficialidade

(d) da legalidade(e) da observância à forma

9 - (ESAF/AFC/97) No âmbito do regime jurídico-administrativo é falsoafirmar:(a) é lícito à Administração constituir os privados em obrigações por meio de ato

unilateral(b) pela faculdade da autotutela, pode a Administração revogar os seus próprios atos

válidos, por manifestação unilateral

(c) o princípio da indisponibilidade do interesse público é excepcionalizado naesfera das pessoas exclusivamente administrativas(d) o princípio da obrigatoriedade do desempenho da atividade pública importa no

princípio da continuidade do serviço público(e) a exigibilidade do ato administrativo decorre, também, da posição de

supremacia da Administração na relação com os particulares

10 - (ESAF/AUDITOR/TCE-PR/2003) Tratando-se do regime jurídico-administrativo,assinale a afirmativa falsa.a) O regime jurídico-administrativo é entendido como um conjunto de regras e princípios

que informa a atuação do Poder Público no exercício de suas funções de realização dointeresse público.

b) Por decorrência do regime jurídico-administrativo, não se tolera que o Poder Públicocelebre acordos judiciais, ainda que benéficos, sem a expressa autorização legislativa.

c) A aplicação do regime jurídico-administrativo autoriza que o Poder Público executeações de coerção sobre os administrados sem a necessidade de autorização judicial.

d) As relações entre entidades públicas estatais, de mesmo nível hierárquico, não sevinculamao regime jurídico-administrativo, em virtude de sua horizontalidade.

e) O regime jurídico-administrativo deve pautar a elaboração de atos normativosadministrativos, bem como a execução de atos administrativos e ainda a sua respectivainterpretação.

11 – (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-5/2003) É expressão do princípio dalegalidade, relativamente à atuação da Administração Pública, a(A) obrigação de o Administrador praticar apenas os atos que a lei expressamente

determinar.(B) vinculação do Administrador aos textos normativos infralegais, oriundos de autoridades

superiores.

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(C) possibilidade de o Administrador praticar quaisquer atos que não sejam expressamentevedados pela lei.

(D) necessidade de os atos administrativos com força de lei estarem em conformidade comas disposições constitucionais.(E)) permissão para a prática de atos administrativos que sejam expressamente autorizados

pela lei, ainda que mediante simples atribuição de competência.

12 – (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-5/2003) Como possível corolário do princípioda impessoalidade, pode-se afirmar que(A) é vedado à autoridade administrativa identificar-se pessoalmente na prática de qualquer

ato.(B) a nomeação e o provimento em cargo em comissão não poderão levar em consideração

as características pessoais do nomeado.(C))deverá a Administração Pública evitar tratar desigualmente os administrados, na

medida do possível, em razão de circunstâncias pessoais de cada um deles.(D) a Administração Pública não poderá identificar-se como tal na divulgação de obras e

serviços públicos.(E) fica vedada a publicidade dos atos praticados pela Administração Pública.

13 - (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) A rejeição à figura do nepotismo no serviçopúblico tem seu amparo original no princípio constitucional da:

a) moralidadeb) legalidadec) impessoalidaded) razoabilidadee) eficiência

14 (ESAF/ AFC/ 2002) – A Lei nº 9.784, de 29/01/1999, que regula o processoadministrativo no âmbito da Administração Pública Federal, impôs a observância de algunsprincípios já previstos expressamente na Constituição então vigente, tais como os de

a) legalidade, moralidade, eficiência e ampla defesa.b) legalidade, razoabilidade, publicidade e economicidade.c) legitimidade, segurança jurídica, economicidade e publicidade.d) eficiência, eficácia, impessoalidade e proporcionalidade.e) impessoalidade, publicidade, motivação e eficácia.

15 - (JUIZ/TRT 17/2003) Não é princípio constitucional explícito aplicável à administraçãopública e seus servidores, segundo a Constituição:a) Eficiência.

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b) Legalidade.c) Subsidiariedade.

d) Moralidade.e) Impessoalidade.

16- (ESAF/AFRF/2003) O estudo do regime jurídico-administrativo tem em CelsoBandeira de Mello o seu principal autor e formulador. Para o citado jurista, o regime jurídico-administrativo é construído, fundamentalmente, sobre dois princípios básicos, dosquais os demais decorrem. Para ele, estes princípios são:a) indisponibilidade do interesse público pela Administração e supremacia do

interesse público sobre o particular.b) Legalidade e supremacia do interesse público.c) Igualdade dos administrados em face da Administração e controle

jurisdicional dos atos administrativos.d) Obrigatoriedade do desempenho da atividade pública e finalidade pública

dos atos da Administração.e) Legalidade e finalidade.

17- (ESAF/Analista MPU/2004) Um dos princípios informativos do DireitoAdministrativo,que o distingue dos demais ramos, no disciplinamento das relações jurídicas, sob sua

incidência,é o daa) comutatividade na solução dos interesses em questão.b) subordinação do interesse público ao privado.c) supremacia do interesse público sobre o privado.d) predominância da liberdade decisória.e) correlação absoluta entre direitos e obrigações.

18 – (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001) - A Administração Pública aorealizar suas atividades deve obediência, exclusivamente, ao princípio da legalidade estrita.

19 – (CESPE/UnB/AFPS) Julgue os seguintes itens, relativos aos princípios constitucionaisda administração pública:I - Contraria o princípio constitucional de publicidade da administração pública o fato deum fiscal de contribuições previdenciárias autuar empresa exclusivamente porque oproprietário é seu desafeto.II - Uma vez que a licitação permite a disputa de várias pessoas que satisfaçam a critériosda lei e do edital, é correto afirmar que, com isso, estão sendo observados os princípiosconstitucionais da isonomia, da legalidade e da impessoalidade da administração pública.

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GABARITO1. C

2. A3. A4. B5. E6. C7. C8. C9. C10. D11. E12. C13. A14. A15. C16. A17. C18. F

19. F,V

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AULA 2 – ADMI NI STRAÇÃO PÚBLI CA

Bom dia, prontos pra mais uma aula?Hoje vemos a Administração Pública.

5. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

5.1 INTRODUÇÃO

Como vimos na primeira aula, o Direito Administrativo é o conjunto dosprincípios jurídicos que tratam da Administração Pública, suasentidades, órgãos, agentes públicos , enfim, tudo o que diz respeito àmaneira como se atingir as finalidades do Estado.Vistos os princípios mais importantes do Direito Administrativo, vamos agoratecer alguns comentários sobre Administração Pública, com suascaracterísticas, subdivisões, e demais detalhes pertinentes cobrados emconcursos públicos.Inicialmente cabe destacar duas formas distintas do vocábulo “AdministraçãoPública”, seja ele escrito com “a” e “p” maiúsculos ou minúsculos.Assim, Administração Pública tem sentido subjetivo ou orgânico ,referindo-se ao próprio Estado, conjunto de órgãos e entidades incumbidosda realização da atividade administrativa, com vistas a atingir os fins do

Estado.Cuidado: por vezes, diz-se Administração como sinônimo de Poder Executivo!!Porém, tecnicamente, Administração é qualquer dos Poderes do Estado nafunção administrativa!!De outro modo, administração pública tem sentido objetivo, material ,representando o exercício da atividade administrativa exercida por aquelesentes, ou seja, é o Estado administrando.À Administração Pública cabe, então, a prática de atos administrativos, agindode acordo com competências definidas previamente, exercendo atividadepoliticamente neutra. Ademais, é hierarquizada e de caráter instrumental.

Guarde assim: AP é o Estado em si, ap é o que ele realiza, sua atividade.

5.2 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Enquanto a organização do Estado, com sua divisão territorial, Poderes etc, ématéria constitucional, cabendo ao Direito Constitucional discipliná-la, acriação, estruturação, organização da Administração Pública são temas denatureza administrativa, objeto de normatização do Direito Administrativo.Desse modo, cabe essencialmente à le i essas tarefas (vejam-se os artigos 51,IV; 52, XIII; 61, §1º, e, CF/88), bem como criar ou autorizar a criação de

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autarquias, fundações, sociedades de economia mista ou empresas públicas(art. 37, XIX, CF/88).Pelo princípio do paralelismo das formas ou da simetria, os Estados-membros,Distrito Federal e Municípios também seguem essa orientação, organizandosuas estrutura através de lei.

5.3 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA. CONCENTRAÇÃO EDESCONCENTRAÇÃO

A Administração Direta corresponde à prestação dos serviços públicosdiretamente pelo próprio Estado e seus órgãos. Na lição do saudoso Hely LopesMeirelles, órgãos públicos "são centros de competência instituídos para odesempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação éimputada à pessoa jurídica a que pertencem".Indireto é o serviço prestado por pessoa jurídica criada pelo poder público paraexercer tal atividade.Assim, quando a União, os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios,prestam serviços públicos por seus próprios meios, diz-se que há atuação daAdministração Direta . Se cria autarquias, fundações, sociedades deeconomia mista ou empresas públicas e lhes repassa serviços públicos, haveráAdministração Indireta .Segundo lição de Maria Sylvia Z. Di Pietro, na composição da AdministraçãoPública, “tecnicamente falando, dever-se-iam incluir as empresas

concessionárias e permissionárias de serviços públicos, constituídas ou nãocom participação acionária do Estado”.Entretanto, segundo o inciso XIX do art. 37 da CF/88, alterado pela EC nº19/98, somente compõem a Administração Pública Indireta asautarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresaspúblicas, e nenhuma outra entidade, valendo essa regra para todos os entesda federação. No âmbito federal, essa enumeração já era vista no Decreto-Leinº 200/67, recepcionado pela CF/88. Lembre que esses 4 fazem parte daAdministração Pública Indireta.Chama-se centralizada a atividade exercida diretamente pelos entes estatais,ou seja, pela Administração Direta. Descentralizada , por sua vez, é a

atividade delegada (por contrato) ou outorgada (por lei) para as entidades daAdministração Indireta.Atenção: não confunda descentralização com desconcentração!Descentralizar é repassar a execução e a titularidade, ou só a execução deuma pessoa para outra, não havendo hierarquia. Por exemplo, quando a Uniãotransferiu a titularidade dos serviços relativos à seguridade social à autarquiaINSS. Já na desconcentração há somente uma pessoa, que repartecompetências entre seus órgãos, despersonalizados, onde há hierarquia. Porexemplo, a subdivisão do Poder Executivo em Ministérios, do Ministério daFazenda em Secretarias, e assim por diante.

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Na esfera federal, a Administração Direta ou Centralizada é composta porórgãos subordinados à Presidência da República e aos Ministérios, como oDepartamento da Polícia Federal, Secretaria do Tesouro Nacional ou aCorregedoria-Geral da União.A diferença entre descentralização e desconcentração já foi várias vezescobrada em provas anteriores. Fixou bem a diferença? Caso contrário, leianovamente.

5.4 ADMINISTRAÇÃO INDIRETA/DESCENTRALIZADA

Neste momento, nos importa estabelecer as características principais de cadauma das pessoas que formam a Administração Descentralizada, bem comoclarear alguns conceitos para que você possa entender com facilidade estamatéria.Como se viu, o poder público pode repassar seus serviços a outras pessoas

jurídicas, sejam elas de direito público (sujeitas às regras do direito público)ou de direito privado (sujeitas às regras do direito privado, em especial,direito civil e comercial).Como características das pessoas públicas , pode-se destacar:

--origem na vontade do Estado;--fins não lucrativos;--finalidade de interesse coletivo;

--ausência de liberdade na fixação ou modificação dos próprios fins;--impossibilidade de se extinguir pela própria vontade;--sujeição a controle positivo pelo Estado;--prerrogativas autoritárias de que, em geral, dispõem.

Por outro lado, veja as características das pessoas privadas em geral:

--origem na vontade do particular;--fim geralmente lucrativo;--finalidade de interesse particular;--liberdade de fixar, modificar, prosseguir ou não seus próprios fins;--liberdade de se extinguir;--sujeição a controle negativo do Estado ou simples fiscalização;--ausência de prerrogativas autoritárias.

Quando o Estado cria pessoas jurídicas de direito público (autarquias oufundações públicas), estas acabam por ter quase todas as características daAdministração Direta. Algumas características próprias da AdministraçãoDireta, como a imunidade tributária, possibilidade de rescisão ou alteração decontratos administrativos, impenhorabilidade de seus bens, sujeição ao

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princípio da legalidade, licitação, concursos públicos etc, também fazem partedas características das autarquias e fundações públicas.Por outro lado, quando são criadas pessoas privadas pelo Estado, busca-seuma maior agilidade e liberdade de ação que a proporcionada pelaAdministração Direta. Porém, como há interesses públicos, essas pessoasnunca serão regidas totalmente pelo Direito Privado . Diz-se que a elasse aplica o Direito Privado derrogado pelo Direito Público (derrogação érevogação parcial, ab-rogação é revogação total).Assim, no desenvolvimento de suas atividades, essas entidades terão os meiosnecessários para atuar livremente na esfera privada (art. 173, §1º, II, CF),porém, deverão se submeter em parte ao regime administrativo , paraque se garanta que sejam atingidos os fins para os quais foi criada. A guisa deexemplo, destaco que devem seguir normas especiais de licitação (art. 173,§1º, III, CF), admissão de mão de obra (art. 37, I e II, CF), acumulação deempregos e funções (art. 37, XVII, CF), responsabilidade objetiva (art. 37,§6º, CF).A principal diferença entre pessoas públicas e privadas está nas prerrogativase restrições próprias do regime jurídico administrativo.Dito isto, veja que a descentralização pode ser feita de duas formas distintas:

Outorga : diz-se outorgado ao serviço repassado pela lei, que inclui atitularidade e a execução , tendo caráter de definitividade enquantonova lei não alterar essa situação.Delegação : transfere-se somente a execução do serviço, seja porcontrato (concessão), seja por ato (permissão e autorização) unilateralda Administração Pública, tendo, como regra, termo final previamenteprevisto.

Outorga e delegação também são conceitos sempre exigidos em concursos.

5.4.1 DESCENTRALIZAÇÃO PARA PESSOA PÚBLICA

Como nosso objetivo aqui é tentar ajudar você a passar em concurso público,farei uma rápida explanação, destacando aspectos relevantes sobre cada umdos entes da Administração Pública Descentralizada, apontando o que maisinteressa saber para enfrentar as provas.

5.4.1.1 AUTARQUIAS

O DL nº 200/67, em seu art. 5º, I, cuidou de definir autarquia federal comosendo:

“... o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,patrimônio e receitas próprios, para executar atividades típicas daAdministração Pública, para seu melhor funcionamento, gestãoadministrativa e financeira descentralizada.”

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Assim, são pessoas jurídicas de direito público , tendo praticamente asmesmas prerrogativas e sujeições da Administração Direta; sua principaldiferença perante os entes políticos União, os Estados-membros, DistritoFederal e Municípios é a falta de capacidade de fazer suas próprias leis(capacidade política), limitando-se à capacidade de auto-administrar-se, noslimites impostos pela lei.Detém, em nome próprio, direitos e obrigações, poderes e deveres,prerrogativas e responsabilidades.De acordo com a Constituição (art. 37, XIX e XX), sua criação deve ser feitapor lei específica , bem como a criação de suas subsidiárias ou a participaçãoem empresas privadas. Tal lei é de iniciativa exclusiva do Chefe doExecutivo.A seguir, para lembrar com mais facilidade, algumas importantes

características das autarquias:--criação por lei específica;--organização por decreto, regulamento ou estatuto;--personalidade jurídica de direito público;--auto-administração;--atuação em nome próprio;--especialização dos fins ou atividades; exercem atividades típicas deEstado;--sujeita a controle ou tutela ordinária, preventiva ou repressiva, delegalidade ou de mérito;--dotadas de patrimônio próprio, inalienável, impenhorável eimprescritível;--admissão de servidores públicos por concurso(art. 37, II, CF/88), sobregime estatutário ou da CLT; admissão sem concurso só na hipótese doart. 37, IX, CF/88;--reclamações trabalhistas processadas perante a Justiça do Trabalho(art. 114 1, CF/88) se o vínculo for trabalhista, e perante a JustiçaComum, se for estatutário (art. 109, I 2, CF/88 e Súmula 137/STJ);--impossibilidade, em regra, de seus servidores acumularem cargospúblicos (art. 37, XVI e XVII, CF/88);--atos dos dirigentes podem ser questionados por mandado de segurançae ação popular;

1 “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entretrabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração públicadireta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União (...)”.2 “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquicaou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto asde falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho (...)”.

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--imunidade (recíproca ou ontológica) de impostos sobre patrimônio,renda e serviços (art. 150, §2º, CF/88);--débitos pagos mediante precatório, exceto os definidos em lei como depequeno valor (art. 100, §§ 1º e 3º, CF/88);--prazos processuais privilegiados: em dobro para recorrer e emquádruplo para contestar (art. 188, CPC) e garantia do duplo grau de

jurisdição obrigatório, quando a sentença lhe for desfavorável (art. 475,II, CPC e Lei nº 9.469/97, art. 10);--atos com presunção de legalidade;--créditos cobrados via execução fiscal (Lei nº 6.830/80 e art. 578, CPC);--responsabilidade objetiva e possibilidade de ação de regresso contraseus servidores (art. 37, § 6º. CF/88);--sujeita às regras licitatórias (Lei nº 8.666/93).

Guarde sempre essas características.Adianta decorar? Sempre digo em minhas aulas que aquilo que você decora,esquece! Então não decore. Quem está estudando pra concurso sabe daquantidade de matéria que tem que saber pra passar numa prova dessas. Sefor decorar tudo, fica maluco. Ademais, a questão é feita pra confundir. Sevocê memorizou sem entender direito o contexto, vai errar com mesmaprobabilidade de um chute com olhos fechados!Então, o que fazer?O melhor é entender a matéria, não só Administrativo, mas todas, desdecontabilidade, estatística etc. Se você entende, não precisa decorar.Pegue as características principais e perceba as nuances com as demaisentidades, vistas a seguir, e noutro dia, releia esses pontos principais. Vocêverá que fica fácil dessa forma.Finalizando autarquias genericamente consideradas, cito como exemplo oINSS, a OAB, o Banco Central do Brasil, IBGE e diversas universidades.

Não posso deixar de destacar algumas outras espécies deautarquias, citadas pela doutrina e eventualmente exigidasnos concursos atuais.

Autarquia TerritorialÉ a divisão geográfica, com personalidade jurídica própria,criada para prestar serviços genéricos à sociedade, comosaúde, educação, segurança, justiça etc. Assim, foge à regrada especialização das autarquias.Exemplos desse tipo de autarquia são os territóriosfederais , que atualmente não existem no Brasil mas podem

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vir a ser criados (art. 33, CF/88). Não faz parte da federação,não possuem autonomia legislativa, e são subordinados ao

poder central.Autarquia em Regime EspecialEssa é uma característica dada a certas autarquias pela lei que as cria,correspondendo apenas a presença de um maior número de privilégios concedidos a ela. A doutrina ainda pouco se refere a ela, mas indica exemplos,como a USP, UNESP, Banco Central do Brasil.

Agência ReguladoraÉ uma autarquia criada sob regime especial, com a atribuição deexercer o poder normativo das concessões e permissões de serviçospúblicos, competência essa que, originalmente, é do Poder Público.Assim, exerce o poder de polícia 3, fiscalizando e controlando a atuação dosconcessionários e permissionários. Entre os muitos exemplos que temosatualmente, cito ANEEL, ANA, ANATEL, ANVS.Seguindo a definição dada por Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino 4, sãoentidades administrativas com alto grau de especialização técnica, integrantesda estrutura formal da Administração Pública, instituídas sob a forma deautarquias em regime especial, com a função de regular um setor específico deatividade econômica, ou de intervir de forma geral sobre relações jurídicasdecorrentes destas atividades, que devem atuar com a maior independênciapossível perante o Poder Executivo e com imparcialidade em relação às partesinteressadas (Estado, setores regulados e sociedade).

3 Visto na aula 3.4 Agências Reguladoras . Rio de Janeiro: Impetus, 2003, p. 20.

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Agência Executiva É uma qualidade ou atributo de pessoa jurídica de direito público quecelebre contrato de gestão (art. 37, § 8º, CF/88 e art. 5º, Lei Federal nº9.637/98) para otimizar recursos, reduzir custos, aperfeiçoar o serviço público.Ressalte-se que tal qualidade pode ser atribuída tanto às autarquiasquanto às fundações , desde que cumpram os requisitos do art. 51 da LeiFederal nº 9.649/98:

“I – ter um plano estratégico de reestruturação e dedesenvolvimento institucional em andamento;II – ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministériosupervisor.”

Um exemplo de privilégio dado a esse tipo de autarquia pode ser visto na Leide licitações públicas (Lei nº 8.666/93, alterada pela Lei nº 9.648/98), cujoart. 24, assim dispõe:

“Art. 24. É dispensável a licitação :I – para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dezpor cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigoanterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obraou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e nomesmo local que possam ser realizadas conjunta econcomitantemente;II – para outros serviços e compras de valor até 10% (dez porcento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo

anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde quenão se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra oualienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;(...)Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e IIdeste artigo, serão 20% (vinte por cento) para compras, obrase serviços contratados por sociedade de economia mista e empresapública, bem assim por autarquia e fundação qualificadas, naforma da lei, como Agências Executivas .” (grifou-se)

Assim, as agências executivas estão dispensadas de promoverem licitação até20% do valor indicado na Lei (atualmente R$ 150.000,00 e R$ 80.000,00, art23, I, “a” e II, “a”, da Lei nº 8.666/93), enquanto que as demais têm essadispensa limitada a 10% desses valores.Veja também o que diz o art. 52 da Lei nº 9.649/98:

“Art. 52. Os planos estratégicos de reestruturação e dedesenvolvimento institucional definirão diretrizes, políticas e medidasvoltadas para a racionalização de estruturas e do quadro deservidores, a revisão dos processos de trabalho, o desenvolvimentodos recursos humanos e o fortalecimento da identidade institucionalda Agência Executiva.

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§ 1o Os Contratos de Gestão das Agências Executivas serãocelebrados com periodicidade mínima de um ano e estabelecerão osobjetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho daentidade, bem como os recursos necessários e os critérios einstrumentos para a avaliação do seu cumprimento.§ 2o O Poder Executivo definirá os critérios e procedimentos para aelaboração e o acompanhamento dos Contratos de Gestão e dosprogramas estratégicos de reestruturação e de desenvolvimentoinstitucional das Agências Executivas.” (grifou-se)

Assim, como visto, a agência executiva tem maiores privilégios que asdemais autarquias ou fundações sem essa qualidade , mas fica adstrita aum contrato de gestão. Trata-se de entidade já existente que,

temporariamente, tem essa característica. O aspecto transitório refere-seà duração de dito contrato de gestão.Entenda bem cada uma dessas espécies, a tendência é de aumentar acobrança desses assuntos.

5.4.1.2 FUNDAÇÕES DE DIREITO PÚBLICO

A natureza jurídica das fundações é muito controvertida na doutrina, algunsnegando a possibilidade de a mesma ter natureza pública, outros admitindotanto a natureza pública quanto a privada.

Para os fins a que se destina este trabalho, não vamos nos aprofundar muitonessa discussão, que dificilmente é objeto de questionamento nos concursos.Há também quem sustente que fundação é uma espécie do gênero autarquia.Até o STF5 já decidiu dessa forma:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE.CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE A JUSTIÇA FEDERAL E AJUSTIÇA COMUM. NATUREZA JURÍDICA DAS FUNDAÇÕESINSTITUÍDAS PELO PODER PÚBLICO. 1. A Fundação Nacional deSaúde, que é mantida por recursos orçamentários oficiais da União epor ela instituída, é entidade de direito público. 2. Conflito decompetência entre a Justiça Comum e a Federal. Artigo 109, I daConstituição Federal. Compete à Justiça Federal processar e julgaração em que figura como parte fundação pública, tendo em vista suasituação jurídica conceitual assemelhar- se, em sua origem, àsautarquias. 3. Ainda que o artigo 109, I da Constituição Federal, nãose refira expressamente às fundações, o entendimento destaCorte é o de que a finalidade, a origem dos recursos e oregime administrativo de tutela absoluta a que, por lei, estãosujeitas, fazem delas espécie do gênero autarquia . 4. Recurso

5 STF, RE 215741/SE, relator Ministro Mauricio Corrêa, publicação DJ 04/06/1999.

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extraordinário conhecido e provido para declarar a competência daJustiça Federal.” (grifou-se)

Veja também esse outro julgado 6, que determina que também se aplica a elasa vedação à acumulação de cargos:

“ACUMULAÇÃO DE CARGO, FUNÇÃO OU EMPREGO. FUNDAÇÃOINSTITUÍDA PELO PODER PÚBLICO. Nem toda fundação instituídapelo Poder Público é fundação de direito privado. As fundações,instituídas pelo Poder Público, que assumem a gestão de serviçoestatal e se submetem a regime administrativo previsto, nosEstados-Membros, por leis estaduais são fundações de direitopúblico, e, portanto, pessoas jurídicas de direito público. Taisfundações são espécie do gênero autarquia (...)”

(grifou-se) Portanto, bastam breves comentários sobre fundação parasatisfazer às exigências das bancas examinadoras, sabendo,claro, as características das autarquias.Pela definição mais clássica, tem-se que fundação é um patrimôniopersonalizado, sem fins lucrativos, destinado a um fim específico.

O patrimônio pode ser todo público ou não, e suapersonalidade jurídica, pública ou privada, será definida emlei. Como regra, suas atribuições são estatais na área social,tem capacidade de auto-administração e está sujeita à tutela,ou controle, estatal.É perfeitamente possível a criação, tanto de autarquias quanto de fundações,por todos os entes da Administração Pública (União, Estados-membros, DistritoFederal e Municípios), cada qual na sua área de competências.Por fim, prevê o art. 37, XIX da CF/88, que a criação de fundações seráautorizada por lei específica , sendo que lei complementar definirá suasáreas de atuação .Assim, usando a conclusão dos professores Marcelo Alexandrino e VicentePaulo, tem-se:

Fundação Pública compersonalidade jurídica de Direito Instituídas por

Público lei específica (diretamente)Privado ato próprio do Poder Executivo,

autorizado por lei específica.

6 STF, RE 101126/RJ, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 01/03/1985.

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Cito como exemplos a Fundação Nacional do Índio, oConselho Nacional de Engenharia e a Fundação Brasil Central,

ambas no âmbito federal, e a Fundação Universidade Estadualde Londrina, no Paraná.

5.4.2 DESCENTRALIZAÇÃO PARA PESSOA PRIVADA

5.4.2.1 EMPRESAS PÚBLICAS

A definição de empresa pública foi dada pelo Decreto-Lei nº 200/67, em seuart. 6º, II, que dizia ser “... entidade dotada de personalidade jurídica de

direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo do Estado, criadapor lei7 para a exploração de atividade econômica, podendo revestir-se dequalquer das formas admitidas em direito.” Veja também a previsão constitucional, em seu art. 173, alterado pela EC nº19/98:

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, aexploração direta de atividade econômica pelo Estado só serápermitida quando necessária aos imperativos da segurança nacionalou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei."§ 1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, dasociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorematividade econômica de produção ou comercialização de bens ou deprestação de serviços, dispondo sobre:I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pelasociedade;II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,trabalhistas e tributários;III - licitação e contratação de obras, serviços, compras ealienações, observados os princípios da administração pública;IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de

administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidadedos administradores."§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista nãopoderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setorprivado.§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com oEstado e a sociedade.

7 De acordo com a atual CF/88, em seu art. 37, XIX, exige-se apenas lei específica para autorização ; umavez autorizada, a criação dar-se-á por meio de decreto.

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§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise àdominação dos mercados, à eliminação da concorrência e aoaumento arbitrário dos lucros 8.§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dosdirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta,sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atospraticados contra a ordem econômica e financeira e contra aeconomia popular.”

Isto posto, para fixar , veja suas principais características:--criação autorizada por lei específica (art. 37, XIX, CF/88); uma vezautorizada, a criação seguirá o modelo do direito privado, por meio dedecreto; extinção também por lei;--podem ser sociedades mercantis, industriais ou de serviços; vinculam-

se aos fins previstos na lei;--podem prestar serviço público ou explorar atividade econômica emcaráter suplementar, se necessária à segurança nacional ou relevanteinteresse coletivo;--sujeitas às regras do direito privado, derrogado (parcialmenterevogado) pelo direito público 9, quando exploradora de atividadeeconômica a às regras do direito público com as ressalvas constitucionaise legais, quando prestadora de serviço público;--devem licitar, com regras próprias ou da Lei de Licitações nº 8.666/93;--capital exclusivamente público (unipessoal se 100% do capital pertencer

a um ente da federação; pluripessoal se dividido entre dois ou maisentes);--sujeitas às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias;--vedados privilégios fiscais não extensivos ao setor privado;--a responsabilidade civil objetiva (art. 37, § 6º, CF/88) somente seaplica àquelas prestadoras de serviços públicos, não às exploradoras deatividades econômicas;--admitem qualquer forma societária prevista em direito (sociedadeanônima, de responsabilidade limitada, capital e indústria, comanditaetc);

--servidores regidos pela CLT, com acesso mediante concurso público(art. 37, II, CF/88), sendo possível o acesso mediante seleçãosimplificada no caso de exploradora de atividade econômica;--impossibilidade de acumulação de cargos de seus servidores (art. 37,XVI e XVII, CF/88), e equiparados a funcionários públicos para fins penais(art. 327, CP) e de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92);

8 Veja também o que diz o recente art. 146-A, i ncluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003:“Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenirdesequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igualobjetivo”.9 O STF já se referiu a esse como um sistema semipúblico – MS 21.322-1/DF, 23/04/1993.

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--sujeição ao teto de remuneração, se receber recursos públicos parapagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, §9º);--competente a Justiça do Trabalho nas causas em que a controvérsia édecorrente de contrato de trabalho (STJ, MAS 1.691/PE, 06/09/91);-- competente a Justiça Federal, com as exceções do art 109, I, CF/88, nocaso das empresas públicas federais, e da Justiça Estadual, no caso dasestaduais e municipais;--atos dos dirigentes podem ser questionados por mandado de segurança(se de natureza pública) e ação popular (se lesivos ao patrimôniopúblico).

No que concerne à possibilidade de falência, há muita divergência nadoutrina. Porém, como regra geral, podemos dizer que, se for prestadora de

serviço público, não se sujeita à falência ; se for exploradora deatividade econômica, pode se sujeitar a ela , em face da similaridade como regime privado.São exemplos de empresas públicas: Infraero, Correios, Caixa EconômicaFederal.Aqui o mesmo comentário que fiz nas autarquias: guarde bem, tanto ascaracterísticas comuns de cada ente, como os detalhes que os diferenciam.Concursos adoram esse tipo de coisa. “são características comuns...” ou então,

“o que fundamentalmente distingue uma da outra...”.

5.4.2.2 SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

Da mesma forma que a empresa pública, a definição desociedade de economia mista também foi dada pelo Decreto-Lei nº 200/67, em seu art. 6º, III, “in verbis”: “... entidadedotada de personalidade jurídica de direito privado, criada porlei10 para a exploração de atividade econômica, sob a formade sociedade anônima.” Assim, basicamente são dois os principais traçosdistintivos entre esses dois tipos de empresas estatais:

--formação do capital;--organização;--competência jurisdicional.

10 De acordo com a atual CF/88, em seu art. 37, XIX, exige-se apenas lei específica para autorização ; umavez autorizada, a criação dar-se-á por meio de decreto.

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Enquanto as empresas públicas devem ter 100% docapital público, nas sociedades de economia mista a

participação deve ser majoritária do Poder Público ,admitindo-se a participação de capital privado.Por outro lado, as empresas públicas podem revestir-sede qualquer forma admitida em direito, enquanto que as sociedades de economia mista devem ser sob a formade sociedade anônima . A primeira pode ser civil oucomercial; a segunda, sempre comercial.Finalmente, enquanto a empresa pública tem foros

diferentes (Justiça Federal , no caso das empresas públicasfederais, e Justiça Estadual , no caso das estaduais emunicipais), as sociedades de economia mista têm comoforo sempre a Justiça Estadual. Como exemplos, temos o Banco do Brasil, a Petrobrás e aTelebrás.

5.4.2.3 CONCESSIONÁRIAS, PERMISSIONÁRIAS E AUTORIZATÁRIAS

Apenas para citar, quando a Administração Pública deseja repassar a execuçãode determinado serviço público de sua competência para a iniciativa privadapode fazê-lo mediante autorização, permissão ou concessão (art. 21, XII,e art. 175, CF/88). Como dita a maior parte da doutrina, não fazem parte daAdministração Pública Indireta.Essas três figuras serão estudadas na aula 5, sobre serviços públicos.

5.4.2.4 OUTROS

Em face da evolução e das exigências dos administrados, a prestação deserviços públicos vai se tornando mais complexa, exigindo da AdministraçãoPública inovação constante nos meios de atender aos anseios da sociedade.Em vista disso, aqui vou destacar algumas formas de prestação alternativa deserviços públicos. Veremos convênios, consórcios, serviços sociais autônomose organizações sociais: importantes para concursos. Perguntas sobreautarquias, empresas públicas etc, já estão batidas (mas não deixam de cair),e é possível que comecem a cobrar mais outros detalhes, como os vistos aseguir.

CONVÊNIOS

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São ajustes entre pessoas públicas entre si ou entre elas e particularespara realização de serviços ou obras públicas (art. 23, § único e art. 241,CF/88). Dá-se o nome de convênio quando o acordo é feito entre entesdistintos, por exemplo, entre União e Estado-membro, ou entre este eMunicípio. Se forem da mesma espécie, denomina-se consórcio, visto a seguir.Esse acordo ou ajuste administrativo visa à consecução de interesse comumdos convenentes. Pode ter por objeto qualquer coisa (obra, serviço, uso), e,como regra, sem prazo certo. Por sua própria característica, não adquirepersonalidade jurídica, nem necessita registro ou arquivamento em órgãospúblicos.

CONSÓRCIODe maneira semelhante ao convênio, chama-se consórcio o ajuste entre

pessoas públicas da mesma espécie (ou seja, entre Estados, entreMunicípios)para consecução de interesse comum entre das partes .A doutrina ainda aponta algumas poucas diferenças entre ambos, porém depouca importância prática.

SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOSSão pessoas jurídicas de direito privado que colaboram com aAdministração Pública, sem fins lucrativos e que, regra geral,vinculam-se a categorias profissionais. Atuam nas áreas de educação,saúde, assistência social.

Os exemplos mais conhecidos são: SESC, SENAI, SENAC, SESI.Seguem as regras do direito privado, porém podem receberrecursos públicos ou contribuições (art. 149, CF/88); seusempregados serão contratados segundo regras da CLT,através de processo seletivo; são equiparados a funcionáriospúblicos para fins penais (art. 327, § 1º, CP); submetem-se àfiscalização do Tribunal de Contas (art. 70, § único, CF/88);atos dos dirigentes podem ser questionados por Mandado deSegurança ou Ação Popular, se revestidos de característicasde atos administrativos ou causarem prejuízo ao patrimônioda entidade; dirigentes estão sujeitos à Lei nº 8429/92(improbidade administrativa); suas ações serão julgadas pelaJustiça Comum (Súmula 516, STF); não possuem privilégiosadministrativos, fiscais ou processuais, exceto se alguma leiespecífica lhes atribuir algum privilégio; estão obrigados aseguir os princípios da licitação.

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ORGANIZAÇÕES SOCIAISSão pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, voltadasao desempenho de atividades de interesse público, em especial nasáreas de saúde, cultura, ensino, pesquisa, tecnologia, meio ambienteque, declaradas de interesse social ou de utilidade pública, celebramcontratos de gestão com a Administração Pública. Veja o que prevê o art.1º da Lei nº 9.637/98:

“Art. 1º O Poder Executivo poderá qualificar como organizaçõessociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujasatividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, aodesenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meioambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstosnesta Lei”.

Assim, não são entidades da Administração Indireta, masapenas pessoas jurídicas de direito privado que prestamatividades públicas através de contrato de gestão, com apoioe controle públicos.Essas entidades podem perder tal qualificação a qualquer tempo. Uma vezpactuado, podem receber recursos públicos, bem móveis ou imóveis, queserão revertidos no caso de desqualificação, segundo prevê o art. 16 damesma Lei nº 9.637/98:

“Art. 16. O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação daentidade como organização social, quando constatado odescumprimento das disposições contidas no contrato de gestão.§ 1º A desqualificação será precedida de processo administrativo,assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes daorganização social, individual e solidariamente, pelos danos ouprejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.§ 2º A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dosvalores entregues à utilização da organização social, sem prejuízo deoutras sanções cabíveis”.

A destinação dos bens será feita sem licitação prévia, o que merece críticas porparte da doutrina. É o que determina o § 3º, do art. 12 da citada lei:

“§ 3º Os bens de que trata este artigo serão destinados àsorganizações sociais, dispensada licitação, mediante permissão deuso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão”.

5.4.3 CONTRATO DE GESTÃO

Os chamados contratos de gestão, inúmeras vezes citados acima, são acordosentre a Administração Pública Centralizada e as entidades da AdministraçãoIndireta, ou entre aquela e as organizações sociais, com o objetivo deestabelecer metas e diretrizes, em contrapartida de uma maior

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autonomia administrativa . Se o pacto é entre a Administração Pública euma organização social, pode haver repasse de verbas públicas, com ocontrole estatal de atingimento dos objetivos contratados.Assim, o controle passa a ser de resultados , podendo a AdministraçãoPública manter, alterar ou encerrar o contrato, se de sua conveniência.O princípio basilar desses contratos é a eficiência, buscada pela Estado, naconsecução dos fins.Foi na reforma administrativa de 1998 (EC nº 19/98) que surgiu essa previsãono âmbito constitucional, incluindo também tal princípio da eficiência como deobservância obrigatória pelos administradores públicos:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dosPoderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípiosobedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:(...)§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos eentidades da administração direta e indireta poderá ser ampliadamediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e opoder público, que tenha por objeto a fixação de metas dedesempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:I – o prazo de duração do contrato;II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,obrigações e responsabilidade dos dirigentes;

III – a remuneração do pessoal."Como previsto na CF/88, o contrato de gestão pode ser firmado entre órgãospúblicos ou entidades privadas.Pactuado com um órgão , pretende ampliar a autonomia dele, vinculada aoatingimento das metas estipuladas no mesmo contrato.Se, por outro lado, for celebrado com uma organização social, haverá umaumento no controle estatal sobre essa entidade, uma vez que passará alhe fornecer bens e recursos públicos para a consecução dos seus objetivos.Relembrando, se uma autarquia ou fundação pública celebrar contrato degestão com a Administração Pública, será ela qualificada como agência

executiva , nos termos da Lei nº 9.649/98, com os benefícios de aumento deautonomia administrativa, orçamentária, financeira, porém, adstrita aocumprimento dos objetivos plasmados no contrato.Então, ressalte-se uma vez mais que agência executiva não é uma novaespécie na estrutura da Administração Pública, mas sim uma autarquia, oufundação pública, já existente, que foi qualificada como tal, por havercelebrado esse contrato, com duração mínima de um ano.A segunda hipótese de celebração desse contrato, desta vez com asorganizações sociais, é regida pela Lei nº 9.637/98. A entidade se obriga aatingir certas metas de interesse social, e a Administração colabora com essesobjetivos, seja transferindo recursos, seja fornecendo bens públicos ou mesmo

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servidores. A Administração controla o cumprimento do contrato, devendo aentidade fornecer prestações de contas e relatórios periódicos de suasatividades.Sobre a natureza jurídica dos contratos de gestão, temos algumasconsiderações importantes a fazer.Algumas críticas são feitas pela doutrina, que não vê com bons olhos apossibilidade de celebração desse contrato com órgãos públicos, em face daausência de personalidade jurídica típica dos mesmos.Em face disso, Maria Sylvia Di Pietro considera que os contratos de gestão comeles pactuados não teriam a natureza jurídica própria dos contratos, haja vistaa ausência de interesses contrários entre os contratantes. Assim, cita queteriam a natureza de meros “termos de compromisso”, assumidos pelasautoridades competentes.

Pelo mesmo motivo, considera que tampouco haveria essa natureza jurídica nocaso de contratos entre a Administração Pública Direta e a Indireta, poistampouco cabe a existência de interesses opostos. Para a consagrada mestre,haveria uma espécie de “convênio”.Embora haja toda essa divergência doutrinária, destaque-se que a CF/88expressamente previu essa figura do contrato de gestão firmado também comórgão público, sabidamente despersonalizados. Assim, não se discute avalidade desses contratos, ainda que sejam de difícil enquadramento diantedos conceitos tradicionais de contratos.Entendeu bem essa novidade? Se não, volte e reveja esse ponto, com grandeschances de cair nos próximos concursos.De teoria, por hoje é só.Que tal deixar pra amanhã a leitura do resumão?E pra depois de amanhã os exercícios? As dúvidas durante a resolução delesvocê pode tirar relendo o que esqueceu.Bons estudos e um abraço.Leandro

PARA GUARDAR

Administração Pública é o Estado; administração pública é a atividadeadministrativa do Estado.

Administração Direta/Centralizada: prestação serviços públicos pelospróprios órgãos estatais.

Administração Indireta/Descentralizada: prestação de serviços públicospor delegação ou outorga do poder público.

Descentralização: repasse de atividades de uma pessoa para outra.Desconcentração: repasse de atividades dentro da mesma pessoa

jurídica.

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O repasse de serviço público pode ser feito para pessoas jurídicas dedireto público ou de direito privado.

Mesmo as pessoas privadas têm limitações, impostas pela derrogaçãodo direito privado pelo público.

A descentralização pode ser via outorga (por lei, datitularidade e da execução), ou delegação (por contrato/ato,da execução somente).

Características das autarquias :--criação por lei específica; organização por decreto, regulamento ou

estatuto;--personalidade jurídica de direito público;--auto-administração;--atuação em nome próprio;--especialização dos fins ou atividades; exercem atividades típicas de

Estado;--sujeita a controle ou tutela ordinária, preventiva ou repressiva, de

legalidade ou de mérito;--dotadas de patrimônio próprio, inalienável, impenhorável e

imprescritível;--admissão de servidores públicos por concurso(art. 37, II, CF/88), sob

regime estatutário ou da CLT; admissão sem concurso só na hipótese do art.

37, IX, CF/88;--reclamações trabalhistas processadas perante a Justiça do Trabalho(art. 114, CF/88) se o vínculo for trabalhista, e perante a Justiça Comum, sefor estatutário (art. 109, I, CF/88 e Súmula 137/STJ);

--impossibilidade, em regra, de seus servidores acumularem cargospúblicos (art. 37, XVI e XVII, CF/88);

--atos dos dirigentes podem ser questionados por mandado desegurança e ação popular;

--imunidade (recíproca ou ontológica) de impostos sobre patrimônio,renda e serviços (art. 150, §2º, CF/88);

--débitos pagos mediante precatório, exceto os definidos em lei como depequeno valor (art. 100, §§ 1º e 3º, CF/88);--prazos processuais privilegiados: em dobro para recorrer e em

quádruplo para contestar (art. 188, CPC) e garantia do duplo grau de jurisdição obrigatório, quando a sentença lhe for desfavorável (art. 475, II,CPC e Lei nº 9.469/97, art. 10);

--atos com presunção de legalidade;--créditos cobrados via execução fiscal (Lei nº 6.830/80 e art. 578,

CPC);

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--responsabilidade objetiva e possibilidade de ação de regresso contraseus servidores (art. 37, § 6º. CF/88);

--sujeita às regras licitatórias (Lei nº 8.666/93).Autarquia Territorial é a divisão geográfica, com personalidade

jurídica própria, criada para prestar serviços genéricos à sociedade.Autarquia em Regime Especial é uma característica dada a certas

autarquias pela lei que as cria, correspondendo apenas a presença de ummaior número de privilégios . Em geral, são subdivididas em: AgênciasReguladoras e Agências Executivas.

Agência Reguladora é uma autarquia criada sob regime especial, coma atribuição de exercer o poder normativo das concessões e permissões deserviços públicos, competência essa que, originalmente, é do PoderPúblico.

Agência Executiva é uma qualidade ou atributo de pessoa jurídica dedireito público que celebre contrato de gestão. Tal qualidade pode seratribuída tanto às autarquias quanto às fundações , desde que cumpram osrequisitos legais.

Fundação instituída pelo poder público é um patrimônio dotado depersonalidade jurídica, destinado à prestação de atividades públicas na áreasocial. Segundo STF, é espécie do gênero autarquia.

Principais características das empresas públicas :--criação autorizada por lei específica (art. 37, XIX, CF/88); uma vez

autorizada, a criação seguirá o modelo do direito privado, por meio de decreto;

extinção também por lei;--podem ser sociedades mercantis, industriais ou de serviços; vinculam-se aos fins previstos na lei;

--podem prestar serviço público ou explorar atividade econômica emcaráter suplementar, se necessária à segurança nacional ou relevante interessecoletivo;

--sujeitas às regras do direito privado, derrogado (parcialmenterevogado) pelo direito público, quando exploradora de atividade econômica aàs regras do direito público com as ressalvas constitucionais e legais, quandoprestadora de serviço público;

--devem licitar, com regras próprias ou da Lei de Licitações nº8.666/93;

--capital exclusivamente público (unipessoal se 100% do capitalpertencer a um ente da federação; pluripessoal se dividido entre dois ou maisentes);

--sujeitas às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias;--vedados privilégios fiscais não extensivos ao setor privado;--a responsabilidade civil objetiva (art. 37, § 6º, CF/88) somente se

aplica àquelas prestadoras de serviços públicos, não às exploradoras deatividades econômicas;

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--admitem qualquer forma societária admitida em direito (sociedadeanônima, de responsabilidade limitada, capital e indústria, comandita etc);

--servidores regidos pela CLT, com acesso mediante concurso público(art. 37, II, CF/88), sendo possível o acesso mediante seleção simplificada nocaso de exploradora de atividade econômica;

--impossibilidade de acumulação de cargos de seus servidores (art. 37,XVI e XVII, CF/88), e equiparados a funcionários públicos para fins penais (art.327, CP) e de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92);

--sujeição ao teto de remuneração, se receber recursos públicos parapagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º);

--competente a Justiça do Trabalho nas causas em que a controvérsia édecorrente de contrato de trabalho (STJ, MAS 1.691/PE, 06/09/91);

-- competente a Justiça Federal, com as exceções do art 109, I, CF/88,no caso das empresas públicas federais, e da Justiça Estadual, no caso dasestaduais e municipais;

--atos dos dirigentes podem ser questionados por mandado desegurança (se de natureza pública) e ação popular (se lesivos ao patrimôniopúblico).

No que concerne à possibilidade de falência, há muita divergência nadoutrina. Porém, como regra geral, podemos dizer que, se for prestadora deserviço público, não se sujeita à falência ; se for exploradora deatividade econômica, pode se sujeitar a ela , em face da similaridade como regime privado.

Características comuns às empresas públicas e àssociedades de economia mista : criação e extinção por lei;personalidade jurídica de direito privado; sujeição parcial aodireito público e ao controle do Estado; atividade de naturezaeconômica. Características próprias das empresaspúblicas: capital integralmente público; sob qualquer formaadmitida em direito. Características próprias dassociedades de economia mista : capital mistopúblico/privado, com participação majoritária daquele;exclusivamente sob a forma de sociedade anônima.

Enquanto a empresa pública tem foros diferentes (Justiça Federal , no caso das empresas públicas federais, eJustiça Estadual , no caso das estaduais e municipais), associedades de economia mista têm como foro sempre aJustiça Estadual.

Convênios são ajustes entre pessoas públicas entre si ou entreelas e particulares para realização de serviços ou obras públicas

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Consórcio é o ajuste entre pessoas públicas da mesma espécie(ou seja, entre Estados, entre Municípios) para consecução deinteresse comum entre das partes.

Serviços Sociais Autônomos são pessoas jurídicas de direitoprivado que colaboram com a Administração Pública, sem finslucrativos e que, regra geral, se vinculam a categorias profissionais.Atuam nas áreas de educação, saúde, assistência social.

Organizações Sociais são pessoas jurídicas de direito privadosem fins lucrativos, voltadas ao desempenho de atividades deinteresse público, em especial nas áreas de saúde, cultura, ensino,pesquisa, tecnologia, meio ambiente que, declaradas de interessesocial ou de utilidade pública, celebram contratos de gestão com aAdministração Pública.

Os contratos de gestão são acordos entre a Administração PúblicaCentralizada e as entidades da Administração Indireta, ou entre aquela e asorganizações sociais, com o objetivo de estabelecer metas e diretrizes, emcontrapartida de uma maior autonomia administrativa . Se o pacto éentre a Administração Pública e uma organização social, pode haver repasse deverbas públicas, com o controle estatal de atingimento dos objetivoscontratados.

O controle é de resultados .O princípio basilar desses contratos é a eficiência.Pactuado com um órgão , amplia sua autonomia , vinculada ao

atingimento das metas estipuladas no mesmo contrato.Celebrado com uma organização social, haverá um aumento no

controle estatal sobre essa entidade, uma vez que passará a lhe fornecerbens e recursos públicos para a consecução dos seus objetivos.

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EXERCÍCIOS

1 - (CESPE/FISCAL INSS/98) As autarquias caracterizam-se( ) Pelo desempenho de atividades tipicamente estatais.( ) Por serem entidades dotadas de personalidade jurídica de direito público.( ) Por beneficiarem-se dos mesmos prazos processuais aplicáveis àadministração pública centralizada.( ) Como órgão prestadores de serviços públicos dotados de autonomiaadministrativa.( ) Por integrarem a administração pública centralizada.

2 – (CESPE/PROCURADOR/INSS/98) Julgue os itens abaixo, relativos àorganização e aos privilégios da administração pública brasileira.( ) Fica sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório a sentença que julgar

procedente o pedido deduzido em ação em que a fundação pública federalfigure como ré.

( ) Uma empresa pública é constituída de capital exclusivamente público,embora esse capital possa pertencer a mais de um ente.

( ) São processadas e julgadas na justiça federal as ações propostas porservidores contra as empresas públicas federais com as quais mantenhamrelação jurídica laboral.

( ) Os bens do INSS são impenhoráveis. Os débitos desse ente público,definidos em sentença judicial, são pagos exclusivamente por meiode precatórios.

3 – (ESAF/AGU/98) A Administração Pública, como tal prevista na ConstituiçãoFederal (art. 37) e na legislação pertinente (Decreto-Lei no 200/67, comalterações supervenientes), além dos órgãos estatais e de diversos tipos deentidades abrange, também,(A) as concessionárias de serviço público em geral(B) as universidades federais que são fundações públicas

(C) as organizações sindicais(D) os chamados serviços sociais autônomos (Senai, Senac etc.)(E) os partidos políticos

4 - (ESAF/AGU/98) As autarquias e as empresas públicas, como integrantesda Administração Federal Indireta, equiparam-se entre si pelo fato de queambas são:(A) pessoas administrativas, com personalidade jurídica própria(B) pessoas administrativas, sem personalidade jurídica própria

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(C) pessoas jurídicas de direito público interno(D) pessoas jurídicas de direito privado

(E) pessoas ou entidades políticas estatais

5 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) Quanto às fundaçõesinstituídas pelo Poder Público, com personalidade jurídica de direitopúblico, pode-se afirmar, exceto:(A) o regime jurídico de seu pessoal pode ser o estatutário(B) os atos de seus dirigentes não são suscetíveis de controle pelo MinistérioPúblico(C) têm as mesmas características das entidades autárquicas

(D) podem expressar poder de polícia administrativa(E) o seu patrimônio é impenhorável

6 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) Personalidade jurídica dedireito privado, necessidade de lei autorizativa específica para a sua criação ecapital social exclusivamente estatal são características das:(A) autarquias.(B) empresas públicas.(C) sociedades de economia mista.(D) fundações públicas.(E) entidades que integram a administração pública direta.

7 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) A existência depersonalidade jurídica própria de direito público, criação por lei específica e odesempenho de atividades típicas de Estado são algumas das características deum(a):(A) autarquia.(B) fundação pública.(C) sociedade de economia mista.

(D) órgão independente.(E) órgão autônomo.

8 - (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) A entidadedotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprioe capital público majoritariamente do Estado, criada por lei para aexploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercerpor força de contingência ou de conveniência administrativa, podendorevestir-se de qualquer das formas admitidas em direito, é uma:(A) autarquia

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(B) empresa pública(C) fundação pública

(D) sociedade de economia mista

9 - (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001) A natureza jurídica dasagências reguladoras é de:(a) Órgão da administração direta.(b) Órgão concentrado.(c) Fundação pública.(d) Empresa pública.(e) Autarquia especial.

10 - (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001) Com relação ao regime jurídico no serviço público, analise as proposições abaixo e assinale aalternativa verdadeira.I - Nas empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações privadas

que exercem atividade econômica o regime jurídico necessariamente será oceletista.

II- Cada esfera de governo poderá instituir o regime estatutário ou ocontratual, com possibilidade de conviverem os dois regimes na mesmaentidade ou órgão.

III - Há necessidade de que o mesmo regime adotado para a Administraçãodireta seja igual para as autarquias e fundações públicas.

IV - Na administração indireta deverá existir apenas o regime jurídico celetista.(a) As alternativas II e III são verdadeiras.(b) As alternativas III e IV são verdadeiras.(c) As alternativas II e IV são verdadeiras.(d) As alternativas I e II são verdadeiras.(e) As alternativas I e IV são verdadeiras.

11 – (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001) – Analise as seguintesproposições e assinale a alternativa correta.I - A Administração pública pode atuar de forma descentralizada, atribuindo a

outrem poderes da Administração.II - A descentralização administrativa pressupõe a existência de uma pessoa,

distinta da do Estado, à qual, investida dos necessários poderes deadministração, exercita atividade pública ou de utilidade pública.

III - A desconcentração administrativa significa a repartição de funções entreos vários órgãos (despersonalizados) de uma Administração, sem quebra dehierarquia.

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IV - Na descentralização a execução de atividades ou a prestação de serviçospelo Estado é indireta; na desconcentração é direta e imediata.

(a) As alternativas I e III são verdadeiras.(b) As alternativas II e IV são verdadeiras.(c) As alternativas II e III são falsas.(d) Todas as alternativas são verdadeiras.(e) Todas as alternativas são falsas.

12. (ESAF/94) A proibição constitucional de acumular cargos, empregos efunções no setor público alcança as diversas áreas de governo (federal,estadual, distrital e municipal), compreendendo tanto a Administração Diretacomo, também, a Indireta

a) Incorreta, porque a vedação é restrita apenas a cargos públicosb) Incorreta, porque a vedação estende-se, também, aos chamados serviços

sociais autônomos, às concessionárias de serviço público e às demaisentidades sob controle indireto do Poder Público, como é o caso dassubsidiárias de estatais

c) Correta esta assertivad) Incorreta esta assertiva, porque a vedação restringe-se à AdministraçãoDiretae) Incorreta, porque a vedação restringe-se a cada área de governo

13. (ESAF/94) O Banco Central do Brasil éa) uma Empresa Públicab) uma Sociedade de Economia Mistac) um órgão autônomo integrante da Administração Federal Diretad) um órgão autônomo vinculado ao Poder Legislativoe) uma Autarquia Federal

14. (ESAF94) A diferenciação fundamental entre a Empresa Pública e aSociedade de Economia Mista reside precisamente

a) na sua personalidade jurídicab) na sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive

quanto às obrigações trabalhistas e tributáriasc) no controle acionário do capital social, pelo Poder Públicod) na intensidade de participação do Poder Público no seu capital sociale) na natureza específica do tipo de atividade desenvolvida

15. (ESAF94) As autarquias federais, pela sua natureza, são consideradaspessoas

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a) políticasb) administrativas, com personalidade jurídica de direito privado

c) jurídicas de direito privadod) administrativas, sem personalidade jurídica própriae) jurídicas de direito público

16. (ESAF94) A criação de uma entidade, por meio de lei, com personalidade jurídica própria, para o desempenho exclusivo de uma atividadeadministrativa, própria do Poder Público, configura uma forma dea) delegação de competênciab) concessãoc) coordenaçãod) desconcentraçãoe) descentralização

17 - (CESPE/PROCURADOR AUTÁRQUICO/INSS/99) Em relação ao regime jurídico aplicável a órgãos e entidade da administração pública direta e indireta julgue os itens abaixo.(1) É entendimento assente na doutrina e na jurisprudência que os

empregados de sociedades de economia mista não precisam prestarconcurso público de provas ou de provas e títulos para ingressar emempresas estatais porque estas se submetem a regime jurídico próprio dasempresas privadas.

(2) A autonomia gerencial, orçamentária e financeira das entidades daadministração indireta poderá ser ampliada mediante contrato de gestão, aser fixado entre seus administradores e o poder público, que tenha porobjeto a fixação de metas de desempenho para a entidade, sendodescabido falar em contrato de gestão assinado por órgãos públicos, umavez que estes últimos não têm personalidade jurídica.

(3) A administração pública brasileira, tomada em acepção subjetiva, deacordo com a letra do Decreto-lei nº 200/67, não engloba os serviçossociais autônomos.

18 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) São órgãos da AdministraçãoPública, sem personalidade jurídica, exceto:(a) Departamento de Polícia Federal(b) Estado Maior das Forças Armadas(c) Imprensa Nacional(d) Escola Nacional de Administração Pública(e) Conselho Monetário Nacional

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19 - (ESAF/PFN/2003) Tratando-se de Administração Pública Descentralizadaou Indireta, assinale a afirmativa falsa.a) A qualificação como agência executiva pode recair tanto sobre entidadeautárquica quanto fundacional, integrante da Administração Pública.b) Conforme a norma constitucional, a empresa pública exploradora deatividade econômica terá um tratamento diferenciado quanto às regras delicitação.c) Admite-se, na esfera federal, uma empresa pública, sob a forma desociedade anônima, com um único sócio.d) Pode se instituir uma agência reguladora cujo objeto de fiscalização ouregulação não seja uma atividade considerada como de serviço público.e) As entidades qualificadas como Organizações Sociais, pela União Federal,passam a integrar, para efeitos de supervisão, a Administração PúblicaDescentralizada.

20 – (ESAF/AFC/SFC/2000) Em relação à organização administrativa, não écorreto afirmar:a) A autonomia gerencial de órgão despersonalizado pode ser ampliadamediante contrato de gestão.b) Somente lei específica pode criar autarquia.c) As organizações sociais gozam de personalidade jurídica de direito privado.d) A área de atuação da fundação deve ser objeto de lei complementar.

e) A participação da sociedade de economia mista em empresa privadaprescinde de autorização legislativa.

21 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF5/2003) De acordo como ensinamento predominante na doutrina brasileira, pode-seidentificar na organização administrativa pátria, como fruto dadesconcentração, no plano federal,(A) uma fundação pública.(B) um ministério.

(C) uma autarquia qualificada como agência executiva.(D) uma sociedade de economia mista.(E) uma agência reguladora.

22 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF5/2003) Uma empresa que exerçaatividade econômica, com 70% de seu capital votante nas mãos da União,sendo o restante de seu capital de propriedade de um Estado,(A) enquadra-se na definição legal de empresa pública, tendo personalidade

jurídica de direito público.

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(B) enquadra-se na definição legal de sociedade de economia mista, tendopersonalidade jurídica de direito público.(C) enquadra-se na definição legal de empresa pública, tendo personalidade

jurídica de direito privado.(D) enquadra-se na definição legal de sociedade de economia mista, tendopersonalidade jurídica de direito privado.(E) não se enquadra em nenhuma definição legal quanto às entidades daAdministração indireta.

23 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF5/2003) De acordo com o Direitobrasileiro, é exemplo de pessoa jurídica de direito público externo(A) a União.

(B) o Distrito Federal.(C) uma sociedade de economia mista com ações negociadas em mercados deações estrangeiros.(D) um Estado-membro, desde que assim reconhecido pelo Senado Federal.(E) um Estado estrangeiro.

24- (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) As agências reguladoras criadas nosúltimos anos na esfera federal assumiram a forma jurídica de:a) fundações públicasb) órgãos da administração diretac) empresas públicasd) sociedades de economia mistae) autarquias

25 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) O Município do Recife (PE) é qualificadocomo sendo uma:a) agência pública.b) autarquia territorial.c) entidade de administração indireta.d) entidade política.e) pessoa jurídica de direito privado.

26 - (JUIZ/TRT 17/2003) Observe as proposições abaixo:I – Somente por lei específica pode ser criada empresa pública, mas a criação

de suas subsidiárias independe de autorização legislativa;II – Relativamente às fundações públicas são elas criadas e instituídas pela

Administração Pública destinadas essencialmente à realização de atividadesnão lucrativas e de interesse dos administrados, sujeitas ao controle

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positivo do Estado e impossibilitadas de se extinguir pela sua própriavontade;

III – Agências reguladoras são criadas por lei como autarquias de regimeespecial e seus servidores são vinculados pelo regime estatutário ouceletista.

Assinale a letra correta:a) as proposições I e II estão corretas;b) as proposições I e III estão corretas;c) as proposições II e III estão corretas;d) apenas uma está correta;e) todas estão corretas.

27 – (JUIZ/TRT 9/2003) Considere as seguintes proposições:I - Nos termos do previsto na Constituição Federal, as autarquias somente

podem ser criadas por lei complementar. Seus bens são inalienáveis,insuscetíveis de usucapião e de penhora.

II - As agências reguladoras são autarquias especiais. Nos termos da legislaçãoprópria, seus Conselheiros e Diretores têm mandato fixo e somente operderão em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em

julgado ou de processo administrativo disciplinar.III - O regime jurídico dos servidores de empresas públicas poderá ser

trabalhista ou estatutário.

IV - Por força de dispositivo constitucional, as sociedades de economia mistaestão sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusivequanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.Por isso, não é exigida, para contratação de seus empregados, a aprovaçãoprévia em concurso público de provas ou de provas e títulos.

Assinale a alternativa correta:(a) Todas proposições estão corretas.(b) Todas as proposições estão erradas.(c) Apenas uma proposição está correta.(d) Apenas duas proposições estão corretas.(e) Apenas três proposições estão corretas.

28 – (ESAF/TÉCNICO MPU/2004) As agências reguladoras sãoa) pessoas jurídicas de direito público interno de administração direta.b) sociedades simples.c) pessoas jurídicas de direito público interno de administração indireta.d) empresas públicas.e) sociedades empresárias.

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29 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) A Administração Pública, emsentido objetivo, no exercício da função administrativa, engloba as seguintesatividades, exceto:(a) polícia administrativa(b) serviço público(c) elaboração legislativa, com caráter inovador(d) fomento a atividades privadas de interesse público(e) intervenção no domínio público

30 - (AFC/2002) – Como entidades da Administração Pública Federal Indireta,as autarquias e empresas públicas podem ter em comum, por lhes seremiguais:a) a sua natureza jurídica.b) a imunidade fiscal.c) o foro da Justiça Federal.d) o regime jurídico de seus servidores.e) o fato de constituírem um serviço público essencial personificado.

31 - (TRF/2002) - As empresas públicas e sociedades de economia mista, nocontexto da Administração Pública Federal, detêm alguns aspectos e pontosem comum, juridicamente, mas entre os que lhes são diferentes destaca-se:a) a sua natureza jurídica.b) o regime jurídico dos seus servidores.c) o foro de controle jurisdicional.d) o tratamento fiscal privilegiado.e) a exigibilidade de licitação.

32 – (ESAF/PROCURADOR DO BACEN/2002) Tratando-se da relação jurídico-administrativa, assinale a opção falsa.a) Nesta relação, uma das partes está em posição de supremacia em relação à

outra.b) A presunção de legitimidade dos atos administrativos decorre da naturezadesta relação.

c) Um ato de gestão de pessoal de uma fundação pública de direito público,quanto a seu servidor, insere-se nesta relação.

d) O fundamento da ação administrativa nesta relação é, necessariamente, arealização do interesse público.

e) Para se configurar esta relação, basta que uma das partes seja pessoa jurídica integrante da Administração Pública Direta ou Indireta.

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33 - (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-PE/2002) Com relação ao regime jurídico da administração pública federal, julgue o item:As agências reguladoras constituem espécie distinta de ente da administraçãopública indireta: não são autarquias nem empresas públicas; possuempersonalidade jurídica de direito privado, amplos poderes normativos e seusdirigentes não são demissíveis ad nutum.

34- (ESAF/Analista MPU/2004) O serviço público personificado, compersonalidade

jurídica de direito público, e capacidade exclusivamente administrativa, éconceituado como sendo um(a)a) empresa pública.b) órgão autônomo.c) entidade autárquica.d) fundação pública.e) sociedade de economia mista.

35 – (ESAF/ AFRF/ 2003) Não há previsão legal para a celebração decontrato de gestão entre a pessoa jurídica de direito público política e aseguinte espécie:a) órgão públicob) organização socialc) agência executivad) organização da sociedade civil de interesse públicoe) sociedade de economia mista

36- (ESAF/ AFRF/ 2003) A Constituição Federal prevê a edição do estatuto jurídico da empresa pública e da sociedade de economia mista que explorematividade econômica. No conteúdo da referida norma jurídica, conforme otexto constitucional, não está previsto dispor sobre:a) licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,

observados os princípios da administração pública.b) constituição e funcionamento dos conselhos de administração e fiscal,com a participação dos acionistas minoritários.

c) a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusivequanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

d) sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade.e) forma de distribuição de seus resultados, inclusive para os acionistas

minoritários.

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37 – (CESPE/ UnB/ AFPS) Quanto à estrutura da administração pública federal, julgue os itens a seguir:(1) - Embora seja pessoa jurídica de direito privado, a empresa pública federal

caracteriza-se por ser composta apenas por capital público.(2) - Ao contrário das entidades da administração pública indireta, os órgãos

da administração pública direta têm personalidade jurídica de direitopúblico.

(3) - No direito administrativo brasileiro, autarquia conceitua-se como umpatrimônio público dotado de personalidade jurídica para a consecução definalidade específicada em lei.

(4) - A autarquia é concebida como pessoa jurídica destinada aodesenvolvimento de atividade econômica pelo Estado, de mododescentralizado.

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GABARITO

1. V V V F F2. V V F F3. B4. A5. B6. B7. A8. B9. E

10.D11.D12.C13.E14.D15.E16.E17.F F V18.D19.E20.E21.B22.C23.E24.E25.D26.C27.C (II)28.C9. C0. C1. C

32.E33.F34.C35.D36.E37.V F F F

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A U L A 3 – P OD ER ES A D M I N I ST RAT I V O S

Bom dia a todos.Na aula de hoje veremos os poderes administrativos.

6. PODERES ADMINISTRATIVOS

Dos diversos princípios informadores do Direito Administrativo decorrem ospoderes para as autoridades administrativas, fundamentais para que afinalidade de interesse público seja atingida , sobrepondo as necessidadescoletivas às individuais. Nascem com a Administração, e são usados para queos objetivos previstos em lei sejam atingidos. Por isso, são chamadosinstrumentais , ou seja, são ferramentas para atingir os objetivos do Estado.O exercício do “poder” não é uma faculdade do administrador, é um “poder-dever”, a ser usado em benefício da coletividade: é irrenunciável.Em face do sempre presente princípio da legalidade, o exercício dos diversospoderes administrativos está adstrito aos contornos legais.Vamos analisar cada um deles, sempre exigidos nos concursos.

6.1 PODER VINCULADO

Muitos doutrinadores não vêem neste um poder propriamente dito, masapenas um atributo de outros poderes.Para o exercício desse “poder”, devem ser observados todos os contornostraçados pela lei , que não deixa margem de manobra à autoridaderesponsável.A lei estabelece todos os detalhes, como deve ser feito, quando, por quem etc.Dessa forma, estando presentes os requisitos legais, à pessoa competente sóresta praticá-lo, da forma como prevista.No item 7.3 veremos que os elementos dos atos administrativos são osseguintes:

I – competência;II – finalidade;III – forma;IV – motivo;V – objeto.

No exercício do Poder Vinculado, esses cinco requisitos são previstosna lei e de observância obrigatória . Ressalte-se que os três primeiros(competência, finalidade e forma) são sempre vinculados, mesmo no âmbitodo Poder Discricionário, visto a seguir.

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Se um fiscal de tributos constata a omissão de pagamento de um tributodevido, tem a obrigação de fazer a autuação do contribuinte faltoso,independente de quem seja (art. 3º, CTN, Lei nº 5.172/66). Se constata queum inimigo seu não pagou o tributo devido, deve fazer esse lançamento tantoquanto se a mesma omissão fosse praticada por sua mãe, pois a lei assimdetermina, e essa é uma atividade vinculada.Perceba que esse poder está diretamente vinculado ao exercício de um atovinculado, que veremos na próxima aula.

6.2 PODER DISCRICIONÁRIO

Da mesma forma que no caso anterior, não se trata de um poder autônomo,mas sim é apenas um atributo de outros poderes.Aqui a lei também estabelece uma série de regras para a prática de um ato,mas deixa certa dose de prerrogativas à autoridade, que poderá optar porum entre vários caminhos igualmente válidos .Então, se a lei deixa certo grau de liberdade, diz-se que hádiscricionariedade .No entanto, não existe poder discricionário absoluto , pois sempre a leifixará os limites de atuação, dentro dos quais deve o agente atuar, sob penade prática de desvio ou excesso de poder.Dentro dos elementos supra citados, somente estão na esfera da opção doadministrador os dois últimos, ou seja, o motivo e o objeto , quando diantede um ato discricionário, pois, como sobredito, os demais são semprevinculados. A opção pode ser verificada no motivo, no objeto, ou em ambos.Cabe, então, à Administração Pública a liberdade na escolha da conveniência eoportunidade para realização do ato. A essa dupla “conveniência +oportunidade” chama-se mérito administrativo .Guarde bem isso!!!! Falou em mérito, falou em conveniência e oportunidade!!!!No mesmo exemplo citado, se a lei estabelecer que a multa aplicada emdeterminado caso pode variar de 10 a 40%, a autoridade fiscal pode fixar amulta dentro desses limites. Como tem vários caminhos possíveis, diz-se quetal valoração faz parte da discricionariedade prevista legalmente.

Outro caso típico no Direito Administrativo pode ser visto na estipulação dasuspensão aplicada a um servidor faltoso.Nos termos do art. 130 da Lei nº 8.112/90, poderá ser aplicada suspensão emdeterminados casos, que não excederá de 90 (noventa) dias.Ao fim do processo, concluído que é o caso de aplicação da suspensão, aautoridade poderá fixar um número de dias que variará de um a noventa.Novamente, se há mais de um caminho possível e igualmente válido, há atodiscricionário. Aqui, o que estava sujeito à escolha da autoridade era o objetodo ato, ou seja, o “quantum” da pena, seu conteúdo. A punição, e suagradação, devem ser sempre motivadas (art. 128, parágrafo único, Lei nº8.112/90).

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Se a autoridade competente quiser destituir um servidor de um cargo emcomissão, pode fazê-lo sem maiores problemas, não sendo necessário sequerdizer o motivo, posto que é outro exemplo de ato discricionário.Acrescente-se que, em se tratando dos conceitos ditos empíricos ou deexperiência, fica afastado o exercício do poder discricionário, posto que aprática anterior, e suas conclusões como melhores caminhos a seguir paraatingir a finalidade estatal, devem ser observadas por todos.Por fim, ressalte-se que, além dos limites fixados na lei, a autoridade estásempre adstrita aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade (item4.11), para que se evitem as injustiças. Da mesma forma, pela Teoria dosMotivos Determinantes (item 7.7), a validade do ato se vincula à existência,validade ou legitimidade dos motivos que justificaram sua prática.No que se refere à anulação dos atos discricionários , saliente-se que o atodiscricionário ilegal, como qualquer ato ilegal, pode ser revisto, tanto pelaAdministração Pública quanto pelo Poder Judiciário. No entanto, não competeao Judiciário a apreciação do mérito administrativo , ou seja, aoportunidade ou conveniência da prática de determinado ato, quando atuandoem sua função principal, jurisdicional.Para que fique claro, o Judici ário pode sim rever critérios de mérito, masapenas dos seus próprios atos administrativos , ou seja, quando atua emsuas funções secundárias, não jurisdicionais. Se o Presidente de determinadoTribunal resolver alterar o horário de atendimento ao público, atua na suafunção administrativa. Concluindo que deixou de ser conveniente esse novohorário, poderá revogá-lo, pois, repita-se, aqui não age enquanto PoderJudiciário propriamente dito, mas sim como administrador.Então, o Judiciário pode anular um ato ilegal, produzido por qualquer dosPoderes. A revogação de um ato inoportuno ou inconveniente só pode ser feitapor quem o praticou, estando vedada análise do mérito pelo Judiciário. Essa éoutra informação importante, sempre motivo de “pegadinhas” nas provas!

6.3 PODER HIERÁRQUICO

É a estrutura hierarquizada da Administração Pública que justifica a existênciadesse Poder. Como sabemos, as duas características essenciais daAdministração são a hierarquia e a repartição de competências .Então, além de a lei dividir entre todos as competências, também estabeleceuma relação de coordenação e subordinação entre os vários órgãos, cargos,funções etc, fixando assim a hierarquia, sempre dentro de uma mesmaentidade . O que existe entre, por exemplo, um Ministério e uma autarquiadenomina-se vinculação , e não subordinação .Através desse Poder, decorrem as seguintes faculdades atribuídas ao superior,com relação a seu subordinado:

I – dar ordens : as ordens devem ser cumpridas pelos subordinados,exceto quando manifestamente ilegais, situação na qual caberá o deverde representar contra tal ilegalidade (art. 116, IV e XII, Lei nº 8.112/90);

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II – fiscalizar : compete ao superior verificar e acompanhar as tarefasexecutadas por seus subordinados, para eventuais correções, sempre quenecessárias;III – delegar : corresponde ao repasse de atribuições administrativas deresponsabilidade do superior para o subalterno;IV – avocar : representa o caminho contrário da delegação, é dizer,acontece a avocação quando o superior atrai para si a tarefa deresponsabilidade do subordinado, podendo tal atividade ter sido delegadapara este ou ser de sua competência originária;V – rever : pode o superior, de ofício ou mediante pedido do interessado,realizar a revisão dos atos de seus subordinados, enquanto não for tal atodefinitivo, mantendo-o ou modificando-o.

Também decorre desse Poder a possibilidade de edição de atos normativos ,

como instruções, resoluções, portarias etc. Não se confunda comregulamentos: esses atos têm aplicação apenas interna e, por isso mesmo, sãoproduzidos com base na relação hierárquica.

6.4 PODER DISCIPLINAR

Diretamente relacionado com o Poder Hierárquico, representa o poder-deverde a Administração Pública punir seus servidores sempre que cometam faltas,apuradas mediante sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar (art. 143e seguintes, Lei nº 8.112/90). Pode também haver punição de particular

submetido ao controle estatal, como no caso daquele que descumpre contratoadministrativo.Não se confunda este Poder com a possibilidade de o Estado punir seu povo,tampouco com o exercício de sua capacidade regulatória das atividadesprivadas. No primeiro caso, competente é o Poder Judiciário, se houvercometimento de crimes ou contravenções. No segundo, em que é exemplo aaplicação de multa pelo não atendimento de uma exigência sanitária por umalanchonete, haverá exercício do Poder de Polícia (visto a seguir), por não serdo âmbito interno da Administração Pública.

6.5 PODER REGULAMENTAR

A Constituição Federal confere aos chefes do Poder Executivo federal,municipal e estadual poder para editar normas gerais e abstratas que explicama lei, complementando-a e dando sua correta aplicabilidade.Como se sabe, a lei não pode descer a minúcias de explicar e esclarecer todasorte de situações por ela abrangidas. Assim, cabe ao Executivo essa tarefa,clareando seu conteúdo, sem, contudo, exorbitar de seus parâmetros.Esse tipo de regulamento é expedido para dar a fiel execução da lei (art. 84,IV, CF/88), não podendo ser contrário a ela, tampouco tratar de assunto nãotratados por ela. Não pode inovar, ou seja, criar direitos, obrigações, sanções

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diversas das previstas na lei que regulamenta, mesmo porque ninguém éobrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei (art. 5º, II,CF/88). Assim, cabe ao regulamento apenas fixar normas para o cumprimentoda lei.São também chamados de decretos de execução , únicos possíveis a partirda CF/88.Outro importante tipo de decreto é o chamado autônomo , editados peloExecutivo, inovando o Direito Positivo, ou seja, criando novas regrasdiretamente advindas da Constituição. Por isso, são ditos atos primários,independentes de qualquer lei. Sob a égide da ordem constitucional anterior,esse tipo de decreto era plenamente possível.Com a promulgação, em 1988, da nossa nova Carta Política, foi banido, pois,de acordo com o previsto em seu art. 84, IV, compete privativamente ao

Presidente da República, entre outras coisas, expedir decretos e regulamentospara a fiel execução das leis.Contudo, essa realidade mudou a partir da edição da Emenda Constitucional nº32, de 11/09/2001. De fato, alterou-se a redação do inciso VI do mesmo art.84. Agora, também é competente o Presidente da República para dispor,mediante decreto , sobre a organização e funcionamento da Administraçãofederal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção deórgãos públicos, e a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.(Ótima questão pra prova!!!!)Inegavelmente, o decreto que tratar desses assuntos é um ato primário ,baseado diretamente no texto constitucional, e independente de qualquer lei.

E mais: o parágrafo único desse artigo permite que o Presidente daRepública delegue tais atribuições aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que deverão observar oslimites traçados nas respectivas delegações.Isto posto, nessas duas situações (e somente nessas duas) poderá oExecutivo editar decreto autônomo, como exceção à regra de edição de apenasdecretos de execução.Acrescente-se que essas matérias passaram a ser de competência doExecutivo, afastando a possibilidade de o Legislativo tratar desse assunto,tendo em vista que a mesma EC nº 32/2001 também alterou os incisos X e XI,do art. 48, sobre as competências do Congresso Nacional.Se o Executivo se omite de exercer seu poder-dever de regulamentar as leis,caberá, por expressa previsão constitucional, o uso do mandado de injunção eda ação de inconstitucionalidade por omissão.Absorva bem essas novas informações. A EC nº 32/2001 tem sido cobradacom insistência nos últimos concursos.

6.6 PODER DE POLÍCIA

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Uma série de direitos são garantidos à sociedade pela legislação. Contudo, oexercício desses direitos não pode ser ilimitado, devendo haver regulação douso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em atenção ao benefíciocomum do povo.Assim, disciplina-se o direito à livre manifestação do pensamento, àpropriedade, ao trânsito, ao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ouprofissão, e tantos outros no nosso cotidiano.É no exercício do Poder de Polícia que a Administração Pública limita,disciplina, fiscaliza o cumprimento etc, sempre baseado no interesse público,manifestando-se por meio de atos normativos e concretos.

A propósito do tema, cite-se a definição de Poder de Polícia inserida no CódigoTributário Nacional, em seu art. 78:

“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração

pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ouliberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razãode interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem,aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercíciode atividades econômicas dependentes de concessão ou autorizaçãodo Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito àpropriedade e aos direitos individuais ou coletivos.Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de políciaquando desempenhado pelo órgão competente nos limites da leiaplicável, com observância do processo legal e, tratando-se deatividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio

de poder.” Então, numa tentativa de dar um conceito mais conciso, Poder de Polícia é afaculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar o uso, ogozo e a disposição da propriedade ou liberdades, em prol da coletividade oudo Estado. O exercício desse Poder independe de prévio recurso ao Judiciáriopara que se executem suas decisões nesse âmbito, em face do atributo daauto-executoriedade, visto no item 7.6, da próxima aula.Seguindo a lição de Diógenes Gasparini 1, são os seguintes os elementosessenciais que caracterizam os atos de polícia (espécie do gênero atoadministrativo), sem os quais não haverá tal ato:

I – editado pela Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes;II – fundamento num vínculo geral;III – interesse público e social;IV – incidir sobre a propriedade ou sobre a liberdade.

Fundamenta-se na Supremacia do Estado , e tem como objeto os bens,direitos e atividades que de alguma forma afetem ou possam afetar acoletividade. Lembre-se: a finalidade é sempre atender e proteger o interessepúblico.

1 Direito Administrativo . 8ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 121.

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No exercício desse Poder, podemos citar como exemplos a fixação efiscalização de normas sanitárias para funcionamento de um açougue ousupermercado, ou de limites de barulho produzido por casas noturnas, ou,ainda, a verificação do cumprimento das normas de prevenção de incêndios denovas construções. Nesse contexto, temos as autorizações , que sãoexpedidas pela Administração discricionariamente, e as licenças , que são atosvinculados.Importante frisar que Polícia Administrativa não se confunde com PolíciaJudiciária . A primeira, em geral, é preventiva e tem como objeto apropriedade e a liberdade; a segunda, repressiva, e cuida de pessoas, sujeitasàs normas processuais penais.Poder de Polícia é dos mais cobrados! Portanto, atenção especial a ele.

Agora, minha sugestão de sempre: deixe pra ler o restante amanhã eaproveite pra estudar outra matéria.

PARA GUARDAR

A Administração Pública faz uso de seus diversos poderes para que afinalidade de interesse público seja atingida.

Para o exercício do Poder Vinculado , devem ser observados todosos contornos traçados pela lei , que não deixa margem de manobra àautoridade responsável. A lei estabelece todos os detalhes, como deve serfeito, quando, por quem etc.

São elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma,motivo e objeto.

No exercício do Poder Vinculado, esses cinco requisitos sãoprevistos na lei e de observância obrigatória . Os três primeiros(competência, finalidade e forma) são sempre vinculados, mesmo no âmbitodo Poder Discricionário.

No caso do Poder Discricionário, a lei também estabelece uma série deregras para a prática de um ato, mas deixa certa dose de prerrogativas àautoridade, que poderá optar por um entre vários caminhos igualmente

válidos.

Se a lei deixa certo grau de liberdade, diz-se que hádiscricionariedade.Não existe poder discricionário absoluto , pois sempre a lei fixará os

limites de atuação.Mérito administrativo = conveniência + oportunidade .Não compete ao Judiciário a apreciação do mérito administrativo.

Po rém, como exceção, o Judiciário p ode rever critérios de mérito, masapenas dos seus próprios atos administrativos , ou seja, quando atua emsuas funções secundárias, não jurisdicionais.

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O Poder Hierárquico advém da estrutura hierarquizada daAdministração Pública, podendo o superior, com relação a seu subordinado:dar ordens (que devem ser obedecidas, exceto quando manifestamenteilegais); fiscalizar (verificação e acompanhamento das tarefas executadaspelos subordinados); delegar (repasse de atribuições administrativas deresponsabilidade do superior para o subalterno); avocar (representa ocaminho contrário da delegação, é dizer, acontece a avocação quando osuperior atrai para si a tarefa de responsabilidade do subordinado); rever (osatos de seus subordinados, enquanto não for tal ato definitivo, mantendo-o oumodificando-o).

O Poder Disciplinar representa o poder-dever de a AdministraçãoPública punir seus servidores sempre que cometam faltas, apuradasmediante sindicância ou Processo Administrativo Disciplinar, ou o particularsubmetido ao controle estatal, como no caso daquele que descumpre contrato

administrativo.O Poder Regulamentar foi conferido pela Constituição Federal aoschefes do Poder Executivo federal, municipal e estadual, cabendo-lhes editar normas gerais e abstratas que, em complemento à lei , a explicam,dando sua correta aplicabilidade. São também chamados de decretos deexecução .

A partir da edição da Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001, quealterou a redação do inciso VI do mesmo art. 84, também é competente oPresidente da República para dispor, mediante decreto , sobre a organizaçãoe funcionamento da Administração federal, quando não implicar aumento dedespesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e a extinção de funções

ou cargos públicos, quando vagos. Esse é o chamado decreto autônomo.Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública

para condicionar o uso, o gozo e a disposição da propriedade ou liberdades,em prol da coletividade ou do Estado.

Elementos essenciais que caracterizam os atos de polícia: editado pelaAdministração Pública ou por quem lhe faça as vezes; fundamento num vínculogeral; interesse público e social; incidir sobre a propriedade ou sobre aliberdade.

A seguir, uma série de exercícios...

Boa sorte.

EXERCÍCIOS

1- (ESAF89) Poder vinculado é aquele que o direito:a) atribui ao Poder Público para aplicar penalidades às infrações funcionais deseus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços daAdministração

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b) confere ao Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos,ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação desubordinação entre os servidores de seu quadro de pessoalc) confere à Administração Pública de modo explícito ou implícito, para aprática de atos administrativos, com liberdade na escolha de sua conveniência,oportunidade e conteúdod) positivo confere à Administração Pública para a prática de ato de suacompetência, determinando os elementos e requisitos necessários à suaformaçãoe) incumbe às autoridades administrativas para explicitar a lei na sua corretaexecução ou expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência,ainda não disciplinada por lei

2- (ESAF91) Quando determinada lei autoriza a Administração Pública apraticar atos, estabelecendo as condições de sua formalização, confere podera) de políciab) vinculadoc) discricionáriod) disciplinare) regulamentar

3 - (ESAF/AGU/98) A atividade da Administração Pública que, limitando ou

disciplinando direitos, interesses ou liberdades individuais, regula a prática deato ou abstenção de fato, em razão do interesse público, nos limites da lei ecom observância do devido processo legal, constitui mais propriamente oexercício do poder(a) de domínio(b) de polícia(c) disciplinar(d) hierárquico(e) regulamentar

4 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) A atividade negativa que sempreimpõe uma abstenção ao administrado, constituindo-se em obrigação de nãofazer, caracteriza o poder(a) discricionário(b) disciplinar(c) normativo(d) de polícia(e) hierárquico

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5 – (ESAF/PROCURADOR DO BACEN/2002) Conforme a doutrina, o poder depolícia administrativa não incide sobre:a) direitosb) atividadesc) bensd) pessoase) liberdades

6 - (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) Assinale, entre os tipos de poder depolícia abaixo, aquele de natureza exclusivamente municipal:a) ambientalb) de vigilância sanitáriac) de trânsitod) de posturase) trabalhista

7 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) O exercício do poder de polícia não é, nasua essência, condizente nem compatível com a prática de ato administrativoque seja do tipoa) enunciativob) negocialc) normativod) ordinatórioe) punitivo

8 - (JUIZ/TRT 17/2003) Analise as proposições abaixo concernentes ao poderde polícia:I - o poder de polícia é atividade administrativa, podendo ser vinculada oudiscricionária;II - o poder de polícia é a faculdade que se reconhece à Administração de

condicionar e restringir o uso, o gozo e a disposição da propriedade e oexercício da liberdade dos administrados no interesse público ou social;III - o poder de polícia exige que o Poder Público utilize sempre, previamente,a via judicial cominatória para executar decisões de policiamentoadministrativo;IV - a manifestação da atribuição de polícia se dá por atos normativos econcretos.V - a atribuição de polícia administrativa também compreende os atos defiscalização.Marque a opção correta:

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a) só uma proposição é certa;b) só duas proposições são certas;

c) só três proposições são certas;d) só quatro proposições são certas;e) todas proposições são certas.

9 – (JUIZ/TRT 9/2003) Considere as seguintes proposições:I - À atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade, ajustando-asaos interesses coletivos denomina-se poder regulamentar.II - No exercício do poder disciplinar a Administração Pública pode imporsanções a particulares não sujeitos à disciplina interna administrativa.III - As autorizações, atos típicos da polícia administrava, são expedidas pelaAdministração Pública no uso competência exercitável discricionariamente,enquanto as licenças são atos vinculados.IV - Sendo atributo do poder de policia a auto-executoriedade, pode aAdministração Pública, em todas as medidas por ela adotadas, pôr emexecução as suas decisões, com os próprios meios, sem precisar recorrerpreviamente ao Poder Judiciário e sem se submeter ao controle deste.Assinale a alternativa correta:(a) Todas as proposições estão erradas.(b) Apenas uma proposição está correta.(c) Apenas duas proposições estão corretas.(d) Apenas três proposições estão corretas.(e) Todas as proposições estão corretas.

10 - (ESAF/AUDITOR/TCE-PR/2003) A recente Emenda Constitucional nº 32,de 2001, à Constituição Federal, autorizou o Presidente da República, medianteDecreto, a dispor sobre:a) criação ou extinção de órgãos públicos.b) extinção de cargos públicos, quando ocupados por servidores não-estáveis.c) funcionamento da administração federal, mesmo quando implicar aumentode despesa.d) fixação de remuneração de quadros de pessoal da Administração Direta.e) extinção de funções públicas, quando vagas.

11 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) O princípio da legalidade, conjugado como poder discricionário, permite afirmar que a autoridade administrativamunicipala) só pode fazer o que a lei determina, conforme nela previsto.b) só pode fazer o que a lei determina, no tempo nela previsto.

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c) pode fazer o que a lei permite, quando for conveniente e oportuno.d) deve fazer o que a lei autoriza, do modo nela estipulado.

e) só deve fazer o que a lei autoriza no tempo nela estipulado.

12- (ESAF/ TRF/ 2002) Os poderes vinculados e discricionários se opõem entresi, quanto à liberdade da autoridade na prática de determinado ato, oshierárquico e disciplinar se equivalem, com relação ao público interno daAdministração a que se destinam, enquanto os de polícia e regulamentarpodem se opor e/ou equiparar, em cada caso, quer no tocante a seusdestinatários (público interno e/ou externo) como no atinente à liberdade nasua formulação (em tese tais atos tanto podem conter aspectos vinculados ediscricionários, como podem se dirigir a público interno e/ou externo daAdministração).

a) Correta a assertiva.b) Incorreta a assertiva, porque o poder de polícia é sempre e

necessariamente vinculado, só se dirigindo a público externo.c) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar é sempre e

necessariamente discricionário, só se dirigindo a público interno.d) Incorreta a assertiva, porque o poder de polícia é sempre e

necessariamente discricionário, só se dirigindo a público interno.e) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar é sempre e

necessariamente vinculado, só se dirigindo a público externo.

13 – (ESAF/ AFRF/ 2003) Indique a opção que preenche corretamente aslacunas, consideradas as pertinentes disposições do Código Tributário Nacional.Para efeito de fato gerador e cobrança de taxa, considera-se regular oexercício do poder de polícia quando desempenhado ______ nos limites da leiaplicável, com observância ______ e, tratando-se de atividade que a lei tenhacomo ______ sem abuso ou desvio de poder.

a) pelo Poder Público/ das disposições regulamentares aplicáveis/contrária aos bons costumesb) por órgão de segurança pública/ das normas administrativas aplicáveis/

perigosac) pelo órgão competente/ de procedimentos administrativos/ vinculadad) somente por órgão de segurança pública/ do devido processo legal/

atentatória a direitos fundamentaise) pelo órgão competente/ do processo legal/ discricionária

14 – (ESAF/ AFRF/ 2003) – Tratando-se do poder de polícia, sabe-se quepodem ocorrer excessos na sua execução material, por meio de intensidade damedida maior que a necessária para a compulsão do obrigado ou pelaextensão da medida ser maior que a necessária para a obtenção dos

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resultados licitamente desejados. Para limitar tais excessos, impõe-seobservar, especialmente, o seguinte princípio:a) Legalidadeb) Finalidadec) Proporcionalidaded) Moralidadee) Contraditório

15- (ESAF/Analista MPU/2004) Quanto aos poderes administrativos, assinale aafirmativa falsa.a) A esfera discricionária nos regulamentos de organização é maior do que

aquela nos regulamentos normativos.b) O poder disciplinar pode alcançar particulares, desde que vinculados ao

Poder Público mediante contratos.c) No âmbito do poder hierárquico, insere-se a faculdade de revogar-se atos de

órgãos inferiores, considerados inconvenientes, de ofício ou por provocação.d) A regra quanto à avocação de competências determina a sua possibilidade,

desde que a competência a ser avocada não seja privativa do órgãosubordinado.

e) O poder de polícia administrativa pode se dar em diversas gradações,finalizando, em todas as situações, com a auto-executoriedade, pela qual o

administrado é materialmente compelido a cumprir a determinaçãoadministrativa.

16- (ESAF/Analista MPU/2004) Com referência à discricionariedade, assinale aafirmativaverdadeira.

a) A discricionariedade manifesta-se, exclusivamente, quando a leiexpressamente confere à administração competência para decidir emface de uma situação concreta.

b) O poder discricionário pode ocorrer em qualquer elemento do ato

administrativo.c) É possível o controle judicial da discricionariedade administrativa,

respeitados os limites que são assegurados pela lei à atuação daadministração.

d) O princípio da razoabilidade é o único meio para se verificar a extensãoda discricionariedade no caso concreto.

e) Pela moderna doutrina de direito administrativo, afirma-se que, no âmbitodos denominados conceitos jurídicos indeterminados, sempre ocorre a

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discricionariedadeadministrativa.

17- (ESAF/Analista MPU/2004) Os poderes vinculado e discricionário,simultaneamente,podem ser exercidos pela autoridade administrativa, na prática de umdeterminado ato,ressalvado que esse último se restringe à conveniência e oportunidade, bemcomo quantoa) ao conteúdo.b) à forma.c) à finalidade.

d) à competência.e) ao modo.GABARITO1. D2. B3. B4. D5. D6. D7. B8. D (I, II, IV, V)9. B (III)10. E11. C12. A13. E14. C15. E16. C17. A

Até próxima aulaLeandro

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AULA 4 – ATOS ADMINISTRATIVOS

Bom dia. Veremos hoje os atos administrativos.

7. ATOS ADMINISTRATIVOS

Tudo aquilo que fazemos no nosso dia-a-dia chamamos atos. Alguns atos, em especial,produzem efeitos jurídicos, ou seja, interessam ao estudo do Direito. São osatos

jurídicos 1, sempre manifestações da vontade humana. Uma espécie desses é o atoadministrativo.Assim,atos administrativos são aqueles advindos da vontade da Administração Pública nasua função própria, com supremacia perante o particular, sob as regras doregime jurídicoadministrativo (item 3), de formaunilateral , já que os bilaterais são ditos contratosadministrativos.Seguindo o tradicional conceito de Hely Lopes Meirelles, “ato administrativo é todamanifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessaqualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria ”.Para Maria Sylvia Z. di Pietro, é “a declaração do Estado ou de quem o represente, queproduz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico dedireito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário ”.Ressalte-se que a produção deatos administrativos não é exclusividade do PoderExecutivo, ainda que seja sua principal função. Os demais Poderes, como se sabe, tambémpratica esses atos, nas suas funções secundárias. Para que fique patente a diferença, em suasatividades primordiais, o Poder Judiciário produzatos judiciais (dizer o Direito ao casoconcreto) e o Legislativo,atos legislativos (produção de leis em sentido genérico).Guarde bem isso: atos administrativos são aqueles produzidos por qualquer Poder, noexercício da função administrativa.Não são dessa espécie os atos praticados pela Administração Pública em igualdade decondições com o particular, ou seja, seguindo as regras do Direito Civil ou Comercial,como a emissão de um cheque ou locação de um imóvel. São ditos simplesmente atosprivados praticados pela Administração Pública.

7.1 FATOS E ATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Os atos da Administração Pública são divididos em:

1 Assim dizia o art. 81 do Código Civil de 1916, sem dispositivo correspondente no CC/2002: “Todo o atolícito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos, se denominaato jurídico”.

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I – materiais : também chamadosfatos administrativos , são meras ações deimplementação da função administrativa, como manter a cidade limpa ou cortar umaárvore. Não pretende produzir efeitos jurídicos, ainda que isso possa ocorrer, como odever de indenizar, em caso de prejuízo causado ao particular. Então, enquanto o atoproduz efeitos jurídicos, o fato não tem essa finalidade. É apenas a atividade material,a execução concreta das funções da Administração Pública. A construção de umalombada (fato) pode-se originar do deferimento de um pedido do particular (ato) ouem face do cumprimento de uma ordem de serviço da Administração (ato). Aos fatosadministrativos, por óbvio, não se aplica a teoria geral dos atos administrativos aquiestudada, como elementos, atributos etc.II – jurídicos : são os que, como já visto, produzem efeitos jurídicos. Esses efeitospodem seguir as regras doDireito Público , e assim se denominam atosadministrativos, ou doDireito Privado .

7.2 FORMAÇÃO

Como já sabemos, o ato é uma manifestação de vontade. No caso, manifestação daAdministração Pública.Para sua formação, necessitam de cinco elementos fundamentais, vistos a seguir. A falta dequalquer deles leva à nulidade do ato, como regra.

7.3 ELEMENTOS

Requisitos ou elementos de validade são as parcelas que compõem o esqueleto do ato, depresença quase sempre obrigatória, sob pena de nulidade.São os seguintes seus elementos:

I – competência;II – finalidade;III – forma;IV – motivo;V – objeto.

Como já foi citado alhures, em qualquer ato, seja ele vinculado ou discricionário,os trêsprimeiros requisitos serão de observância obrigatória , ou seja, sempre serão vinculados.Na esfera civil, temos característica semelhante. O art. 104 do Código Civil de 2002 assimprevê: “A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível,determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei”.Percebeu a importância de saber bem cada elemento? Faltou algum deles, o ato seráinválido. Relembre também que competência, finalidade e forma são obrigatoriamenteobservados em qualquer tipo de ato, seja discricionário, seja vinculado! Então, vamosestudar cada um deles.

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COMPETÊNCIA

É a capacidade, atribuída pela lei, do agente público para o exercício de seu mister. Comocomentado, é sempre vinculado. Então, qualquer ato, mesmo o discricionário, só pode serproduzido pela pessoa competente. Essa competência, repita-se, é prevista na lei, eatribuída ao cargo.Quando o agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeuexcesso de poder ,passível de punição. Importante que não se confunda excesso comdesvio de poder (ou definalidade). Ambos são modalidades deabuso de poder , mas o primeiro importa ofensa àregra decompetência , o segundo, ao elementofinalidade do ato administrativo.Como citado acima, acompetência tem correspondência com acapacidade na esfera civil.Porém, não se confundem. A capacidade é um dadofísico ; a competência, por sua vez, éum dadolegal .Assim, no âmbito administrativo, diz-se que não é competente quem quer, mas sim quempode, de acordo com a previsão legal, sendo nulo o ato praticado por agente incompetente.A competência também é obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodificável,imprescritível e improrrogável.Improrrogável significa dizer que se é incompetente hoje,continuará sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em sentido contrário, é dizer,um fato futuro não vai prorrogar, ampliar, a competência do agente.Imprescritível éaquela que continua a existir, independente de seu não uso. Dizer que éirrenunciável corresponde à impossibilidade de o agente competente “abrir mão” de praticá-la. Intransferível , ou inderrogável, é a impossibilidade de se transferir a competência de umpara outro, por interesse das partes.

No entanto, essas características não vedam a possibilidade de delegação ou avocação,quando previstas em lei.E é a Lei nº 9.784/99, sobre processo administrativo na esfera da Administração Públicafederal que cuidou do tema expressamente, já antes tratado no Decreto nº 200/67.Relembrando, delegar corresponde ao repasse de atribuições administrativas deresponsabilidade do superior para o subalterno, eavocar representa o caminho contrário dadelegação, é dizer, acontece a avocação quando o superior atrai para si a tarefa deresponsabilidade do subordinado, podendo tal atividade ter sido delegada para este ou serde sua competência originária.E a citada Lei assim prevê, em seu art 12:

“Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houverimpedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos outitulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quandofor conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,econômica, jurídica ou territorial.Parágrafo único. O disposto nocaput deste artigo aplica-se à delegação decompetência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.”

Por outro lado, tambémproíbe a delegação nos seguintes casos (art. 13):I – a edição de atos de caráter normativo;

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II – a decisão de recursos administrativos;III – as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Em atenção ao princípio dapublicidade , o ato de delegação e sua revogação deverão serpublicados no meio oficial (art. 14, “caput”). Ademais,o ato de delegação é revogável aqualquer tempo pela autoridade delegante (art. 14, § 2º).Por fim, sobre aavocação , o art. 15 dessa mesma Lei determina que “será permitida,emcaráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocaçãotemporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior”.

FINALIDADE

A única e exclusiva finalidade de todo ato administrativo é sempre o interesse público , jamais podendo ser praticado com a finalidade de atender ainteresse privado , caso em queserá nulo e eivado de vício dedesvio de finalidade . Por isso, é outro elementosemprevinculado .Em obediência ao princípio da impessoalidade, aliado à moralidade, o agente público nãopode atuar visando interesses pessoais, seus ou de algum grupo de cidadãos, seja parabeneficiá-los indevidamente, ou prejudicá-los à margem da lei.Assim, construir uma estrada com a finalidade de facilitar o acesso à fazenda de umaautoridade influente, ou desapropriar um bem de um inimigo ou, ainda, remover servidorpara outra localidade com o fim de puni-lo, são exemplos de desvio de finalidade, quetornam o ato nulo, por ofensa a esse elemento vinculado de todo ato administrativo,

violando, inclusive, preceito constitucional (art 37, “caput”, CF/88).Qual é mesmo a finalidade de todo ato administrativo??? Sempre o interesse público!!!

FORMA

A forma é o modo através do qual se exterioriza o ato administrativo, é seu revestimento. Éoutro elemento sempre essencial à validade do ato. Se não existe forma, não existe ato; se aforma não é respeitada, o ato é nulo. A forma só não é vinculada quando a lei deixar aoagente a escolha da mesma. Quando a lei a estabelece, deve ser obedecida sempre, sob penade, repita-se, nulidade.Como regra geral, os atos são escritos, mas podem ser orais, ou então através de placas esemáforos de trânsito, sinais mímicos, como usados pelos policiais, etc.O art 22 da Lei nº 9.784/99, já citada, regulamentando o processo administrativo federal,determina que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinadasenão quando a lei expressamente a exigir”.

MOTIVO

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O motivo é a circunstância de fato ou de direito que determina ou autoriza a práticado ato . Então, é a situação fática que justifica a realização do ato. Situação de fato é oconjunto de circunstâncias que motivam a realização do ato; questão de direito é a previsãolegal que leva à prática do ato.Esse componente do ato nem sempre está previsto na lei. Quando está nela descrito, évinculante , ou seja, o ato depende da ocorrência da situação prevista. Em outras ocasiões, alei defere ao agente a avaliação daoportunidade e conveniência da prática do ato que,nesse caso, serádiscricionário .É vinculante a concessão de licença para que o servidor trate de sua própria saúde, quandodoente. Mas é discricionária a concessão de licença para tratar de assuntos particulares, poissomente será deferida a critério da Administração (arts. 91 e 102, VIII, b, Lei nº 8112/90).O mérito administrativo é a análise da oportunidade e da conveniência ao praticar o ato.O motivo não se confunde com amotivação . Esta é a série de motivos externados que justificam a realização de determinado ato. Assim, todo ato tem seu motivo, mas nemsempre há a motivação que é, repise-se a exteriorização dos motivos.Seguindo essa corrente, a Lei nº 9.784/99, sobre o processo administrativo federal, assimregrou a motivação dos atos:

“Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dosfatos e dos fundamentos jurídicos, quando:I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;V – decidam recursos administrativos;VI – decorram de reexame de ofício;VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem depareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de atoadministrativo.§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir emdeclaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante doato.§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meiomecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que nãoprejudique direito ou garantia dos interessados.§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisõesorais constará da respectiva ata ou de termo escrito.”

Ainda que a motivação nem sempre seja exigência legal, deve-se, sempre que possível,expor os motivos da realização do ato, com vistas ao melhor controle dos atos

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administrativos, vez que, em face da teoria dos motivos determinantes (item 7.5), o motivodeclarado vincula a validade do ato: se o motivo for nulo, o ato também o será.

Enfim, resumindo, motivo é o porquê da realização de um ato.

OBJETO

Objeto é o conteúdo do ato. É através dele que a Administração exerce seu poder, concedeum benefício, aplica uma sanção, declara sua vontade ou um direito ao administrado etc.Juntamente com o motivo, pode não estar previsto expressamente na legislação, cabendo aoagente competente a opção que seja mais oportuna e conveniente ao interesse público,caracterizando, então o exercício do Poder Discricionário.Retomando os exemplos do item 6.2, temos:

1 – Lei que estabelecer que a multa aplicada em determinado caso pode variar de 10 a40%:I – competência: a autoridade indicada na Lei;II – finalidade: atender ao interesse público, no sentido de que todos devem respeitaros comandos da Lei; aqueles que não o fazem estão sujeitos à sanção;III – forma: por escrito, com ciência do administrado e prazo para impugnar ou pagar;IV – motivo: o descumprimento da Lei;V – objeto: a multa, valorada pelo agente entre os limites legais de 10 a 40%.

2 – Aplicação de suspensão a um servidor faltoso (até 90 dias, art. 130 da Lei nº8.112/90):I – competência: a autoridade indicada na Lei (art. 141, II ou III da Lei nº 8.112/90);II – finalidade: atender ao interesse público, que espera que os servidores cumpramadequadamente seu papel na função que lhes é deferida;III – forma: escrita, observado o contraditório e a ampla defesa, nos termos doProcesso Administrativo Disciplinar (art. 143 e seguintes da Lei nº 8.112/90);IV – motivo: inobservância, pelo servidor, dos seus deveres e proibições (arts. 116 e

117 da Lei nº 8.112/90);V – objeto: a própria punição fixada.

Vamos analisar cada um dos itens deste caso.Vimos que os três primeiros elementos sempre são vinculados. Nos termos do art. 141, III,Lei nº 8.112/90, as penalidades disciplinares serão aplicadas pelo chefe da repartição, noscasos de suspensão de até 30 (trinta) dias. Consideremos que, ao valorar as provas, sempreatento aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, o chefe da repartição opte poraplicar uma suspensão de 45 (quarenta e cinco) dias. Nesse caso, o ato não é válido, poispraticado por autoridade incompetente, havendo, de sua parte,excesso de poder .

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Se, por outro lado, a autoridade, por motivos pessoais, perseguindo subordinado seu, impõeuma suspensão, haverádesvio de finalidade , por atender a interesse pessoal, privado.

Haverá vício de forma se o ato for praticado sem o prévio Processo AdministrativoDisciplinar, ou se não for intimado o servidor, ou, ainda, fixado prazo inferior ao previstoem Lei para sua manifestação, entre várias outras hipóteses. Em qualquer delas, em face deser esse também um elemento vinculado do ato administrativo de imposição de sanção, estaserá nula.Aplica-se a penalidade porque o servidor praticou alguma conduta proibida. No entanto,essa justificativa, a motivação, vincula o ato. Uma vez provado que não existiu tal conduta,ou que tal conduta não era proibida, ou que foi praticada por outrem, a punição deverá serrevista, pois o ato reputa-se nulo.Por fim, nesse exemplo, a fixação da penalidade é discricionária, adstrita à avaliaçãopessoal do agente competente. Porém, sua gradação deve ser sempre motivada, levando-seem consideração a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que delaprovieram para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e osantecedentes funcionais (art. 128 da Lei nº 8.112/90). Como vimos, é parte do méritoadministrativo, não aferível pelo Judiciário.Então, se o servidor julgar oportuno, poderá discutir em juízo a validade da penalidade,alegando incompetência da autoridade, desvio de finalidade, vício de forma, inexistência domotivo justificador. Não poderá, entretanto, discutir o “quantum” fixado, pleiteando, porexemplo, que a suspensão seja reduzida de 45 para 30 dias, pois foge à alçada do Judiciário.Por fim, mais um exemplo:

3 – Exoneração “ad nutum” de um cargo em comissão:

I – competência: a autoridade indicada na Lei, a mesma que fez a nomeação;II – finalidade: atender ao interesse público, substituindo por outra pessoa deconfiança da autoridade ou de mais competência etc;III – forma: escrita, com ciência do exonerado;IV – motivo: não é necessário dizer o motivo pelo qual a autoridade está exonerando,posto que é um cargo de confiança. No entanto, se dito o motivo, este vincula o ato(item 7.5);V – objeto: a própria exoneração. É discricionária, pois a autoridade tem doiscaminhos igualmente válidos a seguir, de acordo com sua conveniência eoportunidade: exonerar ou manter a pessoa no cargo.

Com esses exemplos me parece que ficou bem clara a questão dos elementos dos atos.

7.4 MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO

Para alguns atos administrativos, como citado, parte de seus elementos formadores não temum caminho obrigatório indicado pela lei. Esses são osatos discricionários , cujos objetose motivos podem ser avaliados, valorados, dentro dos limites legais, pela autoridaderesponsável por sua prática.

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De maneira diversa, nosatos vinculados , todos os elementos são previstos expressamentena lei, não deixando margem de manobra ao agente.

Qualquer que seja o ato, vinculado ou discricionário, acompetência , finalidade e formasempresão de observância obrigatória , distinguindo-se um do outro apenas pelomotivoe objeto .Relembre-se que tal discricionariedade, ao analisar a valoração dos motivos e escolher oobjeto, não é ilimitada. A lei sempre vai estabelecer, de forma expressa ou não, algunslimites, dentro dos quais o agente pode atuar livremente. Fora desses limites, mesmo nosatos discricionários, seu ato estará eivado do vício de excesso de poder. Assim, diz-se quenão existe ato puramente discricionário.Esse ponto onde surge a distinção entre esses dois tipos de atos é o que se denomina demérito administrativo : verificação domotivo e do objeto , em atenção àoportunidade econveniência da prática do ato de uma ou outra maneira.No ato vinculado não existe verificação do mérito , pois a lei já esgotou as regras para suaprática, não cabendo ao agente escolha ou verificação da oportunidade e da conveniência daprática daquele ato.Para Hely Lopes Meirelles, o mérito administrativo está “na valoração dos motivos e naescolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática, quandoautorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar”.Na competente lição de Seabra Fagundes, “o mérito se relaciona com a intimidade do atoadministrativo, concerne ao seu valor intrínseco, à sua valorização sob critérioscomparativos. Ao ângulo do merecimento, não se diz que o ato é ilegal ou legal, senão queé ou não é o que deveria ser, que é bom ou mau, que é pior ou melhor do que outro. E por

isto é que os administrativistas o conceituam uniformemente, como o aspecto do atoadministrativo, relativo à conveniência, à oportunidade, à utilidade intrínseca do ato, à sua justiça, à finalidade, aos princípios da boa gestão, à obtenção dos desígnios genéricos eespecíficos, inspiradores da atividade estatal”.Essa é uma regra de ouro:

MÉRITO ADMINISTRATIVO = CONVENIÊNCIA + OPORTUNIDADE

Isto posto, conclui-se que os atosvinculados são analisados do ponto de vista dalegalidade ; osdiscricionários , além dalegalidade , também são vistos do ponto de vista domérito .E exatamente por isso queo controle dos atos administrativos pelo Judiciário élimitado .Nos atos vinculados, como se afere a legalidade de todos os requisitos do ato, compete aoJudiciário o controle integral.Porém, no caso dos discricionários, a parcela relativa ao mérito foge da alçada judicial,restando apenas o controle dos três elementos sempre vinculados.Não há controle judicial do mérito administrativo , justamente por conter uma parcelasubjetiva de valoração da oportunidade e conveniência da prática do ato. Destaque bem

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isso: foi cobrado várias vezes em concursos. Note também que essa é a regra geral, sendoque, mais abaixo, veremos algumas situações excepcionais.

Contudo, o que não cabe é a verificação da escolha da autoridade administrativadentrodos limites impostos pela lei , posto que ao agente é que compete a verificação da melhorforma de atender ao interesse público. Se a valoração dos motivos e escolha do objetoderam-sefora dos limites legais , naturalmente quehá uma ilegalidade que pode serrevista pelo Judiciário , anulando o ato e determinando a produção de outro, dentro doslimites estabelecidos.Repise-se: ao Judiciário, regra geral, só cabe análise de legalidade do ato. No caso dodiscricionário, esse controle pode dar-se sempre no que respeita à competência, finalidade eforma. Quanto ao mérito, somente se exorbitar do estabelecido em lei.Algumas teorias foram desenvolvidas para ampliar o controle judicial, mesmo nos atosdiscricionários, para que se torne efetivo o atendimento ao interesse público.Assim, se o agente usa do seu poder discricionário para atingir fim diverso do interessecoletivo, como vimos, age comdesvio de poder ou de finalidade, passível de aferição judicial.Outra forma baseia-se noprincípio da razoabilidade , aliado àproporcionalidade e àmoralidade . A parcela subjetiva do ato não pode refugir a esses comandos constitucionais.No entanto, a verificação pelo Judiciário deve ser cuidadosa, pois a parcela subjetiva é justamente a que identifica o ato discricionário, e sua existência, além de legalmenteprevista, é fundamental para o atingimento das necessidades públicas, posto que o agente,que está próximo do problema, tem melhores condições de avaliar o melhor caminho.Contudo, em determinadas situações, a escolha fere o senso comum. Qualquer cidadão

perceberia que o ato foi injusto, errado, imoral, contrário ao povo. Nesse ponto, poderia oJudiciário atuar também, justificando sua ação na violação dos princípios supra citados. Seessa injustiça, imoralidade etc, não está tão patente assim, o controle judicial é afastado.Cite-se ainda aTeoria dos Motivos Determinantes , a seguir analisada, que tambémautoriza a fiscalização dos atos quando o motivo é nulo ou inexistente, ainda que faça partedo mérito administrativo.Um último comentário é necessário para você não cair em pegadinhas na hora da prova: oJudiciário,quando no exercício de sua atividade secundária de administrador de seusórgãos e servidores, também pratica atos, inclusive discricionários. Nesse caso,ele mesmopode rever seus critérios de oportunidade e conveniência , como, por exemplo, ao fixar ohorário de atendimento ao público, ou nomear servidores, ou, ainda, adquirir materiais eequipamentos para o desempenho de suas funções. Isso já foi dito outras vezes. Então, vejaa importância nos concursos!

7.5 TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

Nos chamadosatos discricionários , os requisitos relativos aos motivos e ao objeto sãovalorados pelo responsável pela prática do ato. Os demais requisitos (competência,finalidade e forma) são sempre vinculados.Atenção:

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Motivos são os pressupostos de fato e de direito que justificam o ato.Motivação é a manifestação expressa, indicando os motivos que levaram ao ato.

Para o efetivo exercício do controle, tanto popular quanto judicial, dos atos praticados pelaAdministração Pública, fundamental que se saibam os motivos que os embasam, sejam elesvinculados ou discricionários.Seguindo essa corrente mais atual, como regra geral, todos os atos devem ser motivados.As poucas exceções dizem respeito a alguns atos discricionários.Assim, naqueles em que a motivação não é obrigatória, quando o motivo é expressamentedeclarado, vincula-se ao ato, de tal forma quea validade desse ato dependerá da validadedo motivo externado . Essa é aTeoria dos Motivos Determinantes : freqüente em provas!É o motivo que justifica a realização do ato. Ele sempre existe, mas nem sempre é dito.Então, se não era obrigatória sua declaração, e foi dito, então se agrega umbilicalmente ao

ato.Se o motivo for inexistente, o ato será também inexistente. Se for nulo o motivo, o ato,igualmente, será nulo. Por outro lado, se o motivo, nulo, não está formalmente declarado, oato seguirá válido, a não ser que contenha outro tipo de vício.Não se confunda avinculação do motivo expressado com aprática de um ato vinculado .Nos atos vinculados, a motivação é sempre obrigatória. Em alguns discricionários, não.Porém, nestes em que a motivação não é obrigatória, uma vez feita,não torna o atovinculado : ele continua sendo um ato discricionário.A discricionariedade está em praticar o ato de uma forma ou outra, em face dos motivospossíveis. Uma vez feita a opção por um dos caminhos, e declarado o motivo dessa escolha,o ato passa a ter sua existência e validade diretamente ligada a tal motivo, mas, repita-se, anatureza do ato continua sendo discricionária.Um exemplo ilustra bem essa Teoria.Os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração, ou seja, a autoridadecompetente pode nomear e exonerar a pessoa que melhor lhe aprouver, posto que o cargo éde confiança, não se exigindo concurso para sua investidura.A nomeação para esse cargo, bem assim a exoneração, são atos administrativosdiscricionários, pois o agente pode nomear, ou não, qualquer pessoa. E, pela essência doato, não precisa motivar, ainda que os motivos sempre existam, em qualquer ato.Então, supondo que uma autoridade resolva substituir um assessor seu, investido num cargoem comissão.Poderá fazê-lo livremente, seguindo seus próprios motivos, que, repita-se, não precisam serditos. No entanto, se a autoridade destitui tal assessor alegando prática de corrupção,essemotivo vinculará a validade do ato .Assim, provando que não houve a prática de corrupção, ou que o ex-assessor não foi oautor, o ato será inválido.Mas, como a nomeação para esse cargo é livre, e a destituição é nula, estará a autoridadeobrigada a aceitar o retorno do ex-assessor ao seu posto? Não. Porém, como o ato foianulado, será ele transformado de destituição , que é uma sanção que implica aindisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, além da impossibilidade de retorno

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ao serviço público federal (arts. 136 e 137, parágrafo único, da Lei nº 8.112/90),emexoneração , que não produz nenhum outro efeito além da perda do cargo.

Ficou claro?Outro exemplo citado na doutrina é a concessão de férias. Se o superior nega seu gozo numdeterminado mês alegando falta de servidores, esse motivo se fixa ao ato. Provado que háexcesso de servidores, o ato negando as férias será nulo, posto que está desencontrado omotivo da realidade.

7.6 ATRIBUTOS

Atributos são as características, as qualidades dos atos administrativos, que os distinguemdos demais atos jurídicos, pois submetidos ao regime jurídico administrativo.

Essas características são prerrogativas concedidas à Administração Pública para que atendade maneira adequada às necessidades do povo.Várias são as correntes doutrinárias sobre tais atributos, mas aqui vamos citar aqueles maisimportantes, citados com mais freqüência.Assim, são os seguintes os atributos dos atos administrativos:

I –presunção de legitimidade e veracidade ;II – imperatividade ;III –auto-executoriedade ;IV –tipicidade .

Importantíssimo!!!! Não confunda atributos com elementos... Se tiver dúvida, ao fim daaula, releia esses dois tópicos, pois, em geral, as questões confundem ambos os conceitos.Elementos: competência; finalidade; forma; motivo; objeto.Atributo: presunção de legitimidade e veracidade; imperatividade; auto-executoriedade; tipicidade.

PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE

Presumir é entender, imaginar, supor, admitir algo como certo ou verdadeiro.

Diz-se que se presume legítimo determinado ato administrativo baseado noprincípio delegalidade . Se ao administrador só cabe fazer o que alei admite, e da forma como nelaprevisto, então, se produziu algum ato,presume-se que o fez respeitando a lei .A presunção de veracidade refere-se aosfatos citados pela Administração Pública.No entanto, há duas formas de presunção:

I – “juris et de jure”: de direito e por direito,presunção absoluta , que não admiteprova em contrário;

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II – “juris tantum”: diz-se dapresunção relativa ou condicional que, resultante dopróprio direito, e, embora por ele estabelecida como verdadeira, admite prova emcontrário.

O tipo aqui estudado é o segundo. Ainda que haja essa presunção, e todos devemobediência ao ato enquanto não declarado inválido, cumprindo-o, pode haver prova emcontrário. Então a presunção é relativa.Citem-se alguns dos efeitos das presunções de legitimidade e veracidade:

I –não é necessária prévia manifestação do Judiciário validando o ato;II – todos devem cumpri-lo , enquanto não anulado;III – cabe prova em contrário , a ser produzida por quem alega o vício, ou seja, háinversão do ônus da prova. Em geral, a prova cabe à Administração Pública, mas,nesse caso, em face da presunção citada, a prova caberá ao interessado;

IV – não há manifestação judicial de ofício quanto à validade do atoadministrativo2, mas somente com provocação do interessado;V – em obediência ao princípio da auto-tutela,pode/deve a Administração Públicarever seus próprios atos, de ofício .

A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles praticados pela Administração combase no direito privado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Administração Pública,será presumidamente legítimo e verdadeiro.

IMPERATIVIDADE

Os atos administrativos são imperativos, se impõem aos destinatários independentementede concordarem ou não com ele, criando-lhes obrigações.É também chamado esse atributo dePoder Extroverso , que garante ao Poder Público acapacidade de produzir atos que geram conseqüências perante terceiros, impondo-lhesobrigações. Isso já foi cobrado em provas recentes... é uma boa novidade!O poder coercitivo do Estado é que faz com que esses atos sejam cumpridos, ainda queilegais, enquanto não reconhecido tal vício.Esse não é um atributo comum a todos os atos , mas tãosomente aos que impõemobrigações aos administrados (como normativos, punitivos, de polícia). Assim, não têmessa característica os atos que outorgam direitos (como autorização, permissão, licença),tampouco aqueles meramente administrativos (como certidão, parecer).

AUTO-EXECUTORIEDADE

Esse atributogarante que a Administração Pública possa fazer executar o ato, por simesma e imediatamente, independente de ordem judicial.

2 De forma contrária, no Direito Privado, nos termos do art. 168, parágrafo único, CC/2002, as nulidadesabsolutas devem ser pronunciadas pelo juiz, independente de manifestação das partes.

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Baseia-se na necessidade, sempre, de atender aos interesses públicos, muitas vezesurgentes. Assim, a determinação de requisição de bens por ocasião de calamidade pública éauto-executável.Afirmar que a execução independe de manifestação do Judiciárionão significa dizer queesse ato escapa ao controle judicial . Ele sim poderá ser levado ao crivo desse Poder, massomente “a posteriori”, depois que já está sendo ou foi cumprido, se houver provocação daparte interessada. Não é o caso, repise-se, de manifestação prévia para que seja atendido.As vias mais comuns para a defesa dos direitos ameaçados são o mandado de segurança e o“habeas corpus” (art. 5º, LXIX e LXVIII, CF/88).Dois são osrequisitos para que este atributo esteja presente no ato administrativo:

I – previsão legal , como nos casos de Poder de Polícia (interdição deestabelecimentos comerciais, apreensão de mercadorias etc);II – urgência , a fim de preservar o interesse comum, como demolição de um prédioque ameaça ruir.

A título de ilustração, acrescente-se que, na esfera do Direito Privado, raras são as situaçõesem que esse atributo está presente. Em geral, para executar um direito seu, o particular devebuscar auxílio do Judiciário. Como exemplos de exceções temos a legítima defesa e a açãopara evitar o esbulho ou a turbação (arts. 188, I e 1.210, § 1º, CC/2002).

TIPICIDADE

O ato administrativo deve corresponder a tipos previamente definidos pela lei para produzir

os efeitos desejados. Assim, para cada caso, há a previsão de uso de certo tipo de ato emespécie. A esse atributo denomina-se tipicidade.A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas conseqüências, garantindo aoparticular que a Administração Pública não fará uso de atos inominados, impondoobrigações da forma não prevista na lei. Por igual motivo, busca impedir a existência deatos totalmente discricionários, pois eles sempre deverão obediência aos contornosestipulados em lei.

7.7 CLASSIFICAÇÃO

Classificações de atos existem as mais variadas. Cada autor focaliza de uma forma diferenteo agrupamento de características que julgam importantes.Traremos aqui um conjunto que julgamos útil para o fim de concursos públicos,reafirmando que não há a intenção de esgotar o tema, tampouco de colacionar toda sorte declassificações existentes.Então, veremos o que mais tem sido cobrado em provas anteriores.

QUANTO AO CONTEÚDO

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I – concretos: são atos produzidosvisando a um único caso, específico , e nele seencerram, como a nomeação ou concessão de férias a um servidor.

II – abstratos : chamados também denormativos , são os queatingem um númeroindefinido de pessoas , e que podem continuar sendo aplicados inúmeras vezes, comoos regulamentos. São adstritos aos comandos legais e constitucionais.

QUANTO À FORMAÇÃO DE VONTADE

I – ato simples : nasce da manifestação de vontade deapenas um órgão , seja eleunipessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado (composto de várias pessoas).É simples o ato que altera o horário de atendimento da repartição pública, emitido poruma única pessoa, bem assim a decisão administrativa do Conselho de Contribuintes

do Ministério da Fazenda, órgão colegiado, que expressa uma vontade única.II – ato complexo : para que seja formado, necessita damanifestação de vontade dedois ou mais órgãos diferentes , de tal forma que cada um desses órgãos não pode,de forma independente, produzir validamente tal ato: enquanto todos os órgãoscompetentes não se manifestarem, o ato não estará perfeito, não podendo criardireitos ou atribuir deveres. Nesse tipo de ato, tem-se a união de várias vontades quese juntam para formar apenas uma. Como exemplo, cite-se a nomeação de Ministrodo Supremo Tribunal Federal, feita pelo Presidente da República, após aprovação damaioria absoluta do Senado (art. 101, CF/88), e o ato assinado pelo Presidente daRepública, referendado pelo Ministro de Estado (art. 87, parágrafo único, I, CF/88).Outro exemplo é o decreto assinado pelo Governador e referendado por algum

Secretário. Por fim, veja que não é possível impugnar o ato antes de completo seuciclo de formação, ou seja, antes de todas as partes terem manifestado suas vontades,posto que antes disso ele inexiste.III – ato composto : é aquele quenasce da vontade de apenas um órgão. Porém,para que produza efeitos, depende da aprovação de outro ato, que o homologa .Repita-se: a vontade é de apenas um órgão, o segundo apenas o confere, dando-lheexeqüibilidade. Diz-se, então, que um é instrumental em relação ao outro, pois há,aqui, dois atos, um principal e outro acessório. Exemplifique-se com a dispensa delicitação, que depende de homologação pela autoridade competente. Tendo em vistaque se torna difícil distinguir esse tipo de ato do procedimento, alguns autores negamsua existência. Aqui, há dois atos, um principal, outro secundário. No procedimento,há um principal e vários secundários. Em qualquer dos casos, estando viciado um dosacessórios, inválido será o principal.

QUANTO AOS DESTINATÁRIOS

I – individuais : são aqueles que têmdestinatários certos , nominados, como no casoda nomeação de servidores, ou delegação de atribuições a um subordinado. Pode serpara apenas uma pessoa (singular), como na desapropriação, ou para várias (plural),

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como na nomeação de vários servidores no mesmo ato. O importante é que se sabeexatamente a quem se dirige o ato.

II – gerais : os destinatários são muitos, inominados , mas unidos por umacaracterística em comum, que os faz destinatários do mesmo ato abstrato. Paraproduzirem seus efeitos, já que externos, devem ser publicados. É desse tipo o ato quefixa novo horário de atendimento ao público pela repartição, que afeta a todos osusuários daquele órgão, bem assim os decretos regulamentares, instruções normativasetc.

QUANTO AOS EFEITOS

I – constitutivo : gera uma nova situação jurídica aos destinatários . Pode ser

outorgando umnovo direito , como permissão de uso de bem público, ou impondoumaobrigação , como cumprir um período de suspensão.II – declaratório : simplesmenteafirma ou declara uma situação já existente , sejade fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue a situação existente,apenas areconhece . Também é ditoenunciativo . É o caso da expedição de uma certidão detempo de serviço.III –modificativo : altera a situação já existente, sem que seja extinta, não retirandodireitos ou obrigações. A alteração do horário de atendimento da repartição éexemplo desse tipo de ato.IV – extintivo : pode também ser chamadodesconstitutivo , que é o ato quepõetermo a um direito ou dever existentes . Cite-se a demissão do servidor público.

QUANTO À ABRANGÊNCIA DOS EFEITOS

I – internos : destinados a produzir seusefeitos no âmbito interno da AdministraçãoPública, não atingindo terceiros, como as circulares e pareceres.II – externos : tem comodestinatárias pessoas além da Administração Pública , e,portanto, necessitam de publicidade para que produzam adequadamente seusefeitos. São exemplos a fixação do horário de atendimento e a ocupação de bemprivado pela Administração Pública.

QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE PARA PRODUZIR

Essa é das mais cobradas!I – vinculado : a lei estabelece todos os contornos do ato , como deve ser feito,quando, por quem etc,não deixando ao agente qualquer grau de liberdade .Cumpridos todos os requisitos legais, a Administração Pública não pode deixar deconceder a aposentadoria a quem de direito, ou a licença para construir.

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II – discricionário : a lei também estabelece uma série de regras para a prática de umato, masdeixa certo grau de liberdade à autoridade, quepoderá optar por umentre vários caminhos igualmente válidos . Há uma avaliação subjetiva prévia àedição do ato, como os que permitem o uso de bem público, como a instalação deuma banca de revistas na calçada.

QUANTO À VALIDADE

I – válido : é o queatende a todos os requisitos legais : competência, finalidade,forma, motivo e objeto. Pode estarperfeito , pronto para produzir seus efeitos ou estarpendente de evento futuro.II – nulo : é o quenasce com vício insanável , ou seja, um defeito que não pode ser

corrigido. Não produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face dosatributos dos atos administrativos, ele deve ser observado até que haja decisão, sejaadministrativa, seja judicial,declarando sua nulidade , que teráefeito retroativo ,“ex tunc”, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os direitos deterceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato nulo. Cite-se a nomeação deum candidato que não tenha nível superior para um cargo que o exija. A partir doreconhecimento do erro, o ato é anulado desde sua origem. Porém, as ações legaiseventualmente praticadas por ele durante o período em que atuou permanecerãoválidas.III – anulável : é o ato quecontém defeitos, porém, que podem ser sanados ,convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o ato será nulo; se corrigido,

poderá ser “salvo” e passar a válido. Atente-se quenem todos os defeitos sãosanáveis , mas sim aqueles expressamente previstos em lei e analisados no itemseguinte.IV – inexistente : é aquele queapenas aparenta ser um ato administrativo ,manifestação de vontade da Administração Pública. São produzidos por alguém quese faz passar por agente público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamenteimpossível. Exemplo do primeiro caso é a multa emitida por falso policial; dosegundo, a ordem para matar alguém.

QUANTO À EXEQÜIBILIDADE

I – perfeito : é aquele quecompletou seu processo de formação , estando apto aproduzir seus efeitos. Perfeiçãonão se confunde com validade . Esta é a adequaçãodo ato à lei; a perfeição refere-se às etapas de sua formação.II – imperfeito : não completou seu processo de formação , portanto, não está apto aproduzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a homologação, publicação, ou outrorequisito apontado pela lei.III – pendente : para produzir seus efeitos,sujeita-se a condição ou termo , mas jácompletou seu ciclo de formação, estando apenas aguardando o implemento desseacessório, por isso não se confunde com o imperfeito.Condição é eventofuturo e

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incerto , como o casamento.Termo é evento futuro e certo , como uma dataespecífica.

IV – consumado : é o ato que já produziu todos os seus efeitos , nada mais havendopara realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a concessão de licença para doarsangue.

Convém destacar novamente as diferenças entre cada um desses conceitos:- Perfeição : refere-se ao processo de formação do ato, que foi todo cumprido;- Validade : refere-se à conformidade do ato com a lei;- Eficácia : é a capacidade do ato para produzir seus efeitos;- Exeqüibilidade : é a capacidade do ato para produzir seus efeitos imediatamente.

Então, um ato adequadamente produzido, sem pender de condição ou termo, é perfeito,válido, eficaz e exeqüível. Se produzido num mês, para valer a partir do mês seguinte, nãoserá ainda exeqüível.

7.8 ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Os atos administrativos valem até a data neles prevista ou, como regra geral, até que outroato os revogue ou anule.Desde o nascimento, seja ele legítimo ou não, produz seus efeitos, em face da presunção delegitimidade e veracidade.Duas são as maneiras de um ato ser desfeito: revogação e anulação. Isso você tem que saber

bem, pois é assunto recorrente nos concursos, em especial as características de cada umadelas!

ANULAÇÃO

Um ato é nulo quando afronta a lei,quando foi produzido com alguma ilegalidade . Podeser declarada pela própria Administração Pública , no exercício de sua auto-tutela,oupelo Judiciário .Operaefeitos retroativos , “ex tunc”, como se nunca tivesse existido, exceto em relação aterceiros de boa-fé. Entre as partes, não gera direitos ou obrigações, não constitui situações jurídicas definitivas, nem admite convalidação.

REVOGAÇÃO

Revogação é a forma dedesfazer um ato válido, legítimo, mas que não é maisconveniente, útil ou oportuno . Como é um ato perfeito, que não mais interessa àAdministração Pública, só por ela pode ser revogado,não cabendo ao Judiciário fazê-lo ,exceto no exercício de sua atividade secundária administrativa, ou seja, só pode revogarseus próprios atos administrativos.

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Assim, seus efeitos são proativos, “ex nunc”, sendo válidas todas as situações atingidasantes da revogação. Se a revogação é total, diz-se ab-rogação; se parcial, chama-sederrogação.Então, em face de um incremento temporário do atendimento à população, uma repartiçãopode, via ato administrativo, ampliar o horário para fazer face a essa demanda. Com opassar do tempo, voltando ao normal, revoga-se o ato que instituiu o novo horário,retornando o atendimento à hora normal, estando válidos todos os efeitos produzidos noperíodo de exceção.Sobre anulação e revogação, veja as seguintes Súmulas do STF e o art. 53 da Lei nº9.784/99:

“Súmula 346: A Administração pública pode declarar a nulidade dos seuspróprios atos.”“Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivadosde vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ourevogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitosadquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”“Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados devício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ouoportunidade, respeitados os direitos adquiridos.”

Mas não é todo ato que pode ser revogado pela Administração Pública. Alguns, em face desuas características peculiares, não podem ser modificados. Isso pode decorrer do tipo deato praticado ou dos efeitos gerados.Assim, não podem ser revogados, entre outros, os atos vinculados, os já consumados, osque geraram direito adquirido etc.Noutros casos, fixa um prazo para o exercício desse poder/dever. A propósito, veja o quedetermina o art. 54 da Lei nº 9.784/99:

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de quedecorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contadosda data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridadeadministrativa que importe impugnação à validade do ato.

Em determinados casos, a revogação de um ato administrativo que afete a relação jurídicamantida entre o Estado e um particular pode gerar o dever de indenização para o segundo,posto que o ato revogado foi válido durante algum tempo, e alguém pode ter agido combase nele e sofrer algum prejuízo com sua revogação. Ressalte-se que, em princípio, não háesse direito de indenização.

CONVALIDAÇÃO

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Convalidar é tornar válido , é efetuar correções no ato administrativo, de forma que elefique perfeito, atendendo a todas as exigências legais.

A doutrina tradicional não admitia essa possibilidade, aduzindo que, ou o ato era produzidocom os rigores da lei, e, portanto, válido, ou era inválido.Os vícios, no âmbito do Direito Privado, há muito podem ser sanados, sendo consideradosos atos assim praticados como anuláveis. No entanto, a mesma possibilidade não era aceitano âmbito administrativo.No entanto, a doutrina mais atual, seguida da jurisprudência e até da legislação (arts. 50,VIII e 55, da Lei nº 9.784/99), tem abrandado esse rigor, com vistas a melhor atender aointeresse público, evitando que sejam anulados atos com pequenos vícios, sanáveis semprejuízo das partes.Nesse rumo, os ditosdefeitos sanáveis podem ser corrigidos, validando o ato . Ressalte-se que, se tais falhas não forem supridas, o ato será nulo.Como regra geral, os atos eivados de algum defeito devem ser anulados. A exceção é quehaja convalidação, como positivado na Lei nº 9.784/99, sobre o processo administrativofederal:

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interessepúblico nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveispoderão ser convalidados pela própria Administração.

Essa é a possibilidade deconvalidação expressa , desde que não acarrete lesão ao interessepúblico ou prejuízo a terceiros.A mesma Lei prevê uma outra espécie, tácita.

Assim, nos termos do seu art. 54, eventual ato administrativo viciado, de que decorramefeitos favoráveis para os destinatários, que não seja anulado no prazo decadencial de cincoanos, contados da data em que foram praticados,estará convalidado tacitamente , nãopodendo mais ser alterado, salvo comprovada má-fé.De uma forma ou de outra,a convalidação será sempre retroativa, “ex tunc” , lançandoseus efeitos sempre à data da realização inicial do ato.Um bom exemplo clareia a questão da importância desse mecanismo, segundo o ProfessorRegis Fernandes de Oliveira, citado por Maria Sylvia Z. Di Pietro:

“Imagine-se a seguinte hipótese: autorizou-se um loteamento em terrasmunicipais. O interessado, valendo-se de documentos falsos, logrou obteraprovação do loteamento, seu registro e o competente deferimento doloteamento perante a própria Prefeitura Municipal a quem pertenciam as terras.O ato que determinou a expedição do alvará autorizando a realização doloteamento é nulo. E a nulidade advém do conteúdo do ato. O loteamento nãopoderia ser autorizado, uma vez que dentro do imóvel municipal. Inobstante,famílias adquiriram lotes, construíram casas, introduziram-se melhoramentos,cobrados foram os tributos incidentes sobre eles, bem como tarifas de água etc.Enfim, onde era terreno municipal, erigiu-se verdadeira cidade. Anos após,descobriu-se que o terreno não pertencia ao loteador e que se trata de áreamunicipal. Imagina-se, mais, que se tratava de verdadeiro paul, que foi sanado

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pelos adquirentes e, o que era um terreno totalmente inaproveitável, tornou-sevalorizado.”

Nessa situação hipotética, resta à Administração Pública a decisão, discricionária, sobreconvalidar um ato ilegal ou anular tudo o que foi feito.Mas não são todos os elementos do ato que podem ser convalidados.A finalidade, o motivo e o objeto nunca podem ser convalidados , por sua própriaessência. Anote isso!Só existe uma finalidade de todo ato público, que é atender ao interesse público. Se épraticado para atender interesse privado, não se pode corrigir tamanha falha.Quanto ao motivo, ou este existe, e o ato pode ser válido, ou não existe, e não poder sersanado.E o objeto, conteúdo do ato, também não pode ser corrigido com vistas a convalidar o ato,

pois aí teríamos um novo ato, sendo nulo o primeiro.No entanto, ainda nos resta a competência e a forma.A forma pode sim ser convalidada, desde que não seja fundamental à validade do ato .Se a lei estabelecia uma forma determinada, não há como convalidar-se.Com relação à competência, é possível a convalidação dos atos que não sejam exclusivosde uma autoridade, quando não pode haver delegação ou avocação. Assim,desde que nãose trate de matéria exclusiva, pode o superior ratificar o ato praticado porsubordinado incompetente .Em resumo,pode haver convalidação de atos viciados em duas hipóteses, sempreoperando efeitos “ex tunc”:

I – forma : desde que não essencial à validade do ato;II –competência : desde que relativa à matéria não exclusiva.

PARA GUARDAR

Atos jurídicos são aqueles que produzem efeitos jurídicos, ou seja, interessam aoestudo do Direito. Uma espécie desses é o ato administrativo.

Atos administrativos são aqueles advindos da vontade da Administração Públicana sua função própria, com supremacia perante o particular, sob as regras doregime

jurídico administrativo , de formaunilateral.Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da

Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaçõesaos administrados ou a si própria.

São praticados por todos os Poderes, no exercício da função Administrativa.Fatos administrativos são meras ações de implementação da função

administrativa, como manter a cidade limpa ou cortar uma árvore. São os atos materiais.Elementos dos atos administrativos:competência; finalidade; forma; motivo;

objeto.

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Em qualquer ato, seja ele vinculado ou discricionário,os três primeiros requisitosserão de observância obrigatória , ou seja, sempre serão vinculados.

Competência é a capacidade, atribuída pela lei, do agente público para o exercíciode suas atribuições.Quando o agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeuexcesso de poder ,

passível de punição.A competência é obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodificável,

imprescritível e improrrogável.Improrrogável significa dizer que se é incompetente hoje,continuará sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em sentido contrário, é dizer,um fato futuro não vai prorrogar, ampliar, a competência do agente.Imprescritível éaquela que continua a existir, independente de seu não uso. Dizer que éirrenunciável corresponde à impossibilidade de o agente competente “abrir mão” de praticá-la. Intransferível , ou inderrogável, é a impossibilidade de se transferir a competência de umpara outro, por interesse das partes.

É possível a delegação ou avocação de competência.Delegar corresponde aorepasse de atribuições administrativas de responsabilidade do superior para o subalterno, eavocar representa o caminho contrário da delegação, é dizer, acontece a avocação quando osuperior atrai para si a tarefa de responsabilidade do subordinado.

A delegação pode ocorrer , não havendo impedimento legal, quando forconveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica outerritorial.

Está proibida a delegação nos casos de edição de atos de caráter normativo,decisão de recursos administrativos, matérias de competência exclusiva do órgão ou

autoridade.O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.Será permitida,em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente

justificados, aavocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamenteinferior.

A única e exclusiva finalidade de todo ato administrativo é sempre o interessepúblico , jamais podendo ser praticado com a finalidade de atender ainteresse privado ,caso em que será nulo e eivado de vício dedesvio de finalidade .

A forma é o modo através do qual se exterioriza o ato administrativo, é seurevestimento.

Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada se nãoquando a lei expressamente a exigir. Nesse caso, a forma será vinculante.

O motivo é a circunstância de fato ou de direito que determina ou autoriza aprática do ato .

Esse componente do ato nem sempre está previsto na lei. Quando está nela descrito,é vinculante , ou seja, o ato depende da ocorrência da situação prevista. Em outras ocasiões,a lei defere ao agente a avaliação daoportunidade e conveniência da prática do ato que,nesse caso, serádiscricionário .

O mérito administrativo é a análise da oportunidade e da conveniência ao praticar oato.

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Motivação é a série de motivos externados que justificam a realização dedeterminado ato.

Os atos administrativos deverão ser motivados, quando neguem, limitem ou afetemdireitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; decidamprocessos administrativos de concurso ou seleção pública; dispensem ou declarem ainexigibilidade de processo licitatório; decidam recursos administrativos; decorram dereexame de ofício; deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepemde pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; importem anulação, revogação,suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Objeto é o conteúdo do ato.Juntamente com o motivo, pode não estar previsto expressamente na legislação,

cabendo ao agente competente a opção que seja mais oportuna e conveniente ao interessepúblico, caracterizando, então o exercício do Poder Discricionário.

Nos atos discricionários , os objetos e motivos podem ser avaliados, valorados,dentro dos limites legais, pela autoridade responsável por sua prática.

Nos atos vinculados , todos os elementos são previstos expressamente na lei, nãodeixando margem de manobra ao agente.

Qualquer que seja o ato, vinculado ou discricionário, acompetência , finalidade eforma sempresão de observância obrigatória , distinguindo-se um do outro apenas pelomotivo e objeto .

Mérito administrativo : verificação domotivo e do objeto , em atenção àoportunidade e conveniência da prática do ato de uma ou outra maneira.No atovinculado não existe verificação do mérito , pois a lei já esgotou as regras para suaprática.

MÉRITO ADMINISTRATIVO = CONVENIÊNCIA + OPORTUNIDADEOs atos vinculados são analisados do ponto de vista dalegalidade ; os

discricionários , além dalegalidade , também são vistos do ponto de vista domérito .Não há controle judicial do mérito administrativo , quando ato é praticadodentro

dos limites impostos pela lei.Ao Judiciário, no exercício de sua atividade principal, só cabe análise de legalidade

do ato.O Judiciário,quando no exercício de sua atividade secundária de administrador

de seus órgãos e servidores, também pratica atos, inclusive discricionários. Nesse caso,elemesmo pode rever seus critérios de oportunidade e conveniência .

Naqueles em que a motivação não é obrigatória, quando o motivo é expressamentedeclarado, vincula-se ao ato, de tal forma quea validade desse ato dependerá da validadedo motivo externado . Essa é aTeoria dos Motivos Determinantes .

Não confunda avinculação do motivo expressado com aprática de um atovinculado .

A discricionariedade está em praticar o ato de uma forma ou outra, em face dosmotivos possíveis. Uma vez feita a opção por um dos caminhos, e declarado o motivo dessa

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escolha, o ato passa a ter sua existência e validade diretamente ligada a tal motivo, mas anatureza do ato continua sendo discricionária.

Atributos são as características, as qualidades dos atos administrativos, que osdistinguem dos demais atos jurídicos, pois submetidos ao regime jurídico administrativo.Atributos dos atos administrativos:presunção de legitimidade e veracidade ;

imperatividade ; auto-executoriedade ; tipicidade .Diz-se que se presume legítimo determinado ato administrativo baseado no

princípio de legalidade . Se ao administrador só cabe fazer o que alei admite, e da formacomo nela previsto, então, se produziu algum ato,presume-se que o fez respeitando a lei .

A presunção de veracidade refere-se aosfatos citados pela Administração Pública.A presunção é relativa, ou seja, admite prova em contrário.Alguns efeitos dessas presunções:não é necessária prévia manifestação do

Judiciário validando o ato;todos devem cumpri-lo , enquanto não anulado;cabe provaem contrário , a ser produzida por quem alega o vício, ou seja, há inversão do ônus daprova;não há manifestação judicial de ofício quanto à validade do ato administrativo,mas somente com provocação do interessado; em obediência ao princípio da auto-tutela,pode/deve a Administração Pública rever seus próprios atos, de ofício .

Os atos administrativos sãoimperativos , se impõem aos destinatáriosindependentemente de concordarem ou não com ele. É também chamado esse atributo dePoder Extroverso.

Esse não é um atributo comum a todos os atos , mas tãosomente aos queimpõem obrigações aos administrados.

A auto-executoriedade garante que a Administração Pública possa fazer executar oato, por si mesma e imediatamente, independente de ordem judicial.Não significa dizer que esse ato escapa ao controle judicial: poderá ser levado ao

crivo desse Poder, se houver provocação da parte interessada.O ato administrativo deve corresponder atipos previamente definidos pela lei para

produzir os efeitos desejados.CLASSIFICAÇÃOConcretos: são atos produzidosvisando um único caso, específico , e nele se

encerram.Abstratos : chamados também denormativos , são os queatingem a um número

indefinido de pessoas , e que podem continuar sendo aplicados inúmeras vezes.Ato simples : nasce da manifestação de vontade deapenas um órgão, seja ele

unipessoal ou colegiado.Ato complexo : para que seja formado, necessita damanifestação de vontade de

dois ou mais órgãos diferentes.Ato composto : é aquele quenasce vontade de apenas um órgão, porém, para

que produza efeitos, depende da aprovação de outro ato, que o homologa .Individuais : são aqueles que têmdestinatários certos , nominados.

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Gerais : os destinatários são muitos, inominados , mas unidos por umacaracterística em comum, que os faz destinatários do mesmo ato abstrato.

Constitutivo : geram uma nova situação jurídica aos destinatários .Declaratório : simplesmenteafirmam ou declaram uma situação já existente ,seja de fato ou de direito. Também é ditoenunciativo .

Modificativo : altera a situação já existente, sem que seja extinta, não retirandodireitos ou obrigações.

Extintivo : pode também ser chamadodesconstitutivo , que é o ato quepõe termo aum direito ou dever existentes .

Internos : destinados a produzir seusefeitos no âmbito interno da AdministraçãoPública, não atingindo terceiros.

Externos : tem comodestinatárias pessoas além da Administração Pública , e,

portanto,necessitam de publicidade para que produzam adequadamente seus efeitos.Vinculado : a lei estabelece todos os contornos do ato , como deve ser feito,

quando, por quem etc,não deixando ao agente qualquer grau de liberdade .Discricionário : a lei também estabelece uma série de regras para a prática de um

ato, masdeixa certo grau de liberdade à autoridade, quepoderá optar por um entrevários caminhos igualmente válidos .

Válido : é o queatende a todos os requisitos legais : competência, finalidade,forma, motivo e objeto. Pode estarperfeito , pronto para produzir seus efeitos ou estarpendente de evento futuro.

Nulo : é o quenasce com vício insanável , ou seja, um defeito que não pode sercorrigido.

Anulável : é o ato quecontém defeitos, porém, que podem ser sanados ,convalidados.

Inexistente : é aquele queapenas aparenta ser um ato administrativo , mas sãoproduzidos por alguém que se faz passar por agente público, sem sê-lo, ou que contém umobjeto juridicamente impossível.

Perfeito : é aquele quecompletou seu processo de formação , estando apto aproduzir seus efeitos.

Imperfeito : não completou seu processo de formação , portanto, não está apto aproduzir seus efeitos.

Pendente : para produzir seus efeitos,sujeita-se a condição ou termo , mas jácompletou seu ciclo de formação, estando apenas aguardando o implemento desseacessório.Condição é eventofuturo e incerto; termo é eventofuturo e certo .

Consumado : é o ato que já produziu todos os seus efeitos , nada mais havendopara realizar.

Perfeição : refere-se ao processo de formação do ato, que foi todo cumprido.Validade : refere-se à conformidade do ato com a lei.Eficácia : é a capacidade do ato para produzir seus efeitos.Exeqüibilidade : é a capacidade do ato para produzir seus efeitos imediatamente.

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Um ato é nulo quando afronta a lei,quando foi produzido com algumailegalidade . Pode serdeclarada pela própria Administração Pública , no exercício de suaauto-tutela,ou pelo Judiciário . Operaefeitos retroativos , “ex tunc”.

Revogação é a forma dedesfazer um ato válido, legítimo, mas que não é maisconveniente, útil ou oportuno . Como é um ato perfeito, que não mais interessa àAdministração Pública, só por ela pode ser revogado,não cabendo ao Judiciário fazê-lo ,exceto no exercício de sua atividade secundária administrativa, ou seja, só pode revogarseus próprios atos administrativos. Seus efeitos são proativos, “ex nunc”.

Revogação total = ab-rogação. Parcial = derrogação.Não podem ser revogados, entre outros, os atos vinculados, os já consumados, os

que geraram direito adquirido etc.Convalidar é tornar válido , é efetuar correções no ato administrativo, de forma

que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigências legais.A convalidação será sempre retroativa, “ex tunc” , lançando seus efeitos sempre à

data da realização inicial do ato.A finalidade, o motivo e o objeto nunca podem ser convalidados .A forma pode ser convalidada, desde que não seja fundamental à validade do

ato .Com relação à competência, é possível a convalidação dos atos que não sejam

exclusivos de uma autoridade, quando não pode haver delegação ou avocação. Assim,desde que não se trate de matéria exclusiva, pode o superior ratificar o ato praticadopor subordinado incompetente .

EXERCÍCIOS

1 - (CESPE/PROCURADOR AUTÁRQUICO/INSS/99) A respeito da teoria dos atosadministrativos, julgue os seguintes itens.(1) Os atos administrativos são dotados de presunção de legitimidade e veracidade, o quesignifica que há presunção relativa de que foram emitidos com observância da lei e de queos fatos alegados pela administração são verdadeiros.(2) Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros,independentemente de sua concordância.(3) Os atos administrativos só são dotados de auto-executoriedade nas hipóteses previstasexpressamente em lei.(4) A presunção de legitimidade dos atos legislativos não impede que o cidadão possaopor-se aos mesmos.(5) A motivação de um ato administrativo deve contemplar a exposição dos motivos defato e de direito, ou seja, a regra de direito habilitante e os fatos em que o agente se estriboupara decidir.

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2 - (CESPE/PROCURADOR AUTÁRQUICO/INSS/99) Com base na teoria e na legislaçãoque tratam da revogação e da invalidade dos atos administrativos, julgue os itens abaixo.

(1) Os atos administrativos vinculados podem ser revogados a partir do critério deoportunidade e de conveniência.(2) A administração deve anular seus próprios atos quando eivados de vício delegalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados osdireitos adquiridos.(3) O ato administrativo pode ser invalidado sempre que a matéria de fato ou de direitoem que se fundamentar o ato for materialmente inexistente ou juridicamente inadequada aoresultado obtido.(4) O direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitosfavoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que forampraticados, salvo comprovada má-fé.(5) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própriaadministração em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse públiconem prejuízo a terceiro.

3 – (CESPE/FISCAL INSS/98) No âmbito da administração pública, a lei reguladeterminadas situações de forma tal que não resta para o administrador qualquer margemde liberdade na escolha do conteúdo do ato administrativo a ser praticado. Ao contrário, emoutras situações, o administrador goza de certa liberdade na escolha do conteúdo, daconveniência e da oportunidade do ato que poderá ser praticado. Acerca desse importantetema para o direito administrativo – discricionariedade ou vinculação administrativa epossibilidade de invalidação ou revogação do ato administrativo - , julgue os seguintesitens.(1) O ato discricionário não escapa do controle efetuado pelo Poder Judiciário.(2) A discricionariedade administrativa decorre da ausência de legislação que discipline oato. Assim, não existindo proibição legal, poderá o administrador praticar o atodiscricionário.(3) Um ato discricionário deverá se anulado quando praticado por agente incompetente.(4) Ao Poder Judiciário somente é dado revogar o ato vinculado.(5) O ato revocatório desconstitui o ato revogado com eficácia ex nunc.

4 - (CESPE/FISCAL INSS/97) Julgue os itens abaixo quanto aos atos administrativos.(1) Caso exista norma jurídica válida, prevendo que o atraso no recolhimento decontribuição previdenciária enseja multa de 5% calculada sobre o valor devido, a aplicaçãodesse dispositivo legal será definida como atividade discricionária.(2) Segundo a lei e a doutrina majoritária, motivo, forma, finalidade, competência eobjeto integram o ato administrativo.(3) No direito brasileiro, atos administrativos válidos podem ser revogados.

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(4) Mesmo que ditada pelo interesse público, a revogação de um ato administrativo queafete a relação jurídica mantida entre o Estado e um particular pode gerar o dever de oprimeiro indenizar o segundo.(5) Não cabe ao Judiciário indagar do objeto visado pelo agente público ao praticardeterminado ato, se verificar que o administrador atuou nos limites de sua competência.

5 - (CESPE/FISCAL INSS/97) Ainda acerca dos atos administrativos, julgue os seguintesitens.(1) Em linha de princípio, o agente público carente de competência para a pratica de umcerto ato pode substituir o agente competente para tanto, desde que ambos pertençam aomesmo órgão ao qual está afeto o conteúdo do ato a ser praticado.(2) Em razão do princípio constitucional da legalidade, a administração pública pode,

unilateralmente – isto é, sem ouvir o particular -, editar o ato administrativo II para revogaro ato administrativo I, que reconheceu ao administrado o preenchimento das condições paraexercer um direito subjetivo, caso constate a ilicitude do ato I.(3) Ao Judiciário somente é dado anular atos administrativos, não podendo revogá-los.(4) Um ato administrativo será válido se preencher todos os requisitos jurídicos para a suaprática, nada importando considerações morais a respeito do seu conteúdo.(5) Sendo o ato administrativo legal, porém inconveniente ou inoportuno, à administraçãopública é dado anulá-lo.

6 - (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001): Um ato administrativo pode ser,concomitantemente, válido e eficaz.

7 - (ESAF/AGU/98) Um ato administrativo estará caracterizando desvio de poder, porfaltar-lhe o elemento relativo à finalidade de interesse público, quando quem o praticouviolou o princípio básico da(a) economicidade(b) eficiência(c) impessoalidade(d) legalidade

(e) moralidade

8 - (ESAF/AGU/98) Quando a valoração da conveniência e oportunidade fica ao talante daAdministração, para decidir sobre a prática de determinado ato, isto consubstancia na suaessência(a) a sua eficácia(b) a sua executoriedade(c) a sua motivação(d) o poder vinculado

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(e) o mérito administrativo

9 - (ESAF/AGU/98) A nomeação de ministro do Superior Tribunal de Justiça, porque aescolha está sujeita a uma lista tríplice e aprovação pelo Senado Federal, contando assimcom a participação de órgãos independentes entre si, configura a hipótese específica de umato administrativo(a) complexo(b) composto(c) bilateral(d) discricionário(e) multilateral

10 - (ESAF/AGU/98) O ato administrativo, a que falte um dos elementos essenciais devalidade,(a) é considerado inexistente, independente de qualquer decisão administrativa ou judicial(b) goza da presunção de legalidade, até decisão em contrário(c) deve por isso ser revogado pela própria Administração(d) só pode ser anulado por decisão judicial(e) não pode ser anulado pela própria Administração

11 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) Com relação à competênciaadministrativa, não é correto afirmar:(a) é inderrogável, pela vontade da Administração(b) pode ser distribuída por critérios territoriais e hierárquicos(c) decorre necessariamente de lei(d) pode ser objeto de delegação e/ou avocação, desde que não exclusiva(e) pode ser alterada por acordo entre a Administração e os administrados interessados

12 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) O decreto, com função normativa, não

tem o seguinte atributo:(a) novidade(b) privativo do Chefe do Poder Executivo(c) generalidade(d) abstração(e) obrigatoriedade

13 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) Assinale a letra que contenha a ordem queexpresse a correlação correta.

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1 - ato vinculado2 - ato discricionário

( ) aposentadoria compulsória por implemento de idade( ) gradação de penalidade em processo administrativo( ) revogação de processo licitatório( ) exoneração de servidor em estágio probatório( ) concessão de alvará para atividade comercial(a) 2/1/1/2/2(b) 1/2/2/1/1(c) 2/2/2/1/1(d) 1/2/1/2/1(e) 1/1/2/2/2

14 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) Quando a autoridade remove servidorpara localidade remota, com o intuito de puni-lo,(a) incorre em desvio de poder(b) pratica ato disciplinar(c) age dentro de suas atribuições(d) não está obrigada a instaurar processo administrativo(e) utiliza-se do poder hierárquico

15 - (ESAF/ASSISTENTE JURÍDICO/AGU/99) Quanto à extinção do ato administrativo,é correto afirmar:(a) é factível a convalidação de todo ato administrativo(b) os efeitos da revogação retroagem à data inicial de validade do ato revogado(c) a caducidade do ato ocorre por razões de ilegalidade(d) a anulação pode-se dar por ato administrativo ou judicial(e) oportunidade e conveniência justificam a cassação do ato administrativo

16 - (CESPE/AUXILIAR JUDICIÁRIO/TJPE/2001) A revogação de atos administrativos(a) pode ser realizada tanto pela administração pública quanto pelo Poder Judiciário.(b) produz eficácia ex nunc.(c) torna o ato nulo de pleno direito.(d) somente será realizada se houver provocação do interessado.(e) será decretada quando for questionada a legitimidade da atuação administrativa.

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17 - (ESAF/PFN/2003) Assinale, entre os atos abaixo, aquele que não pode ser consideradocomo de manifestação da atividade finalística da Administração Pública, em seu sentidomaterial.a) Concessão para exploração de serviço público de transporte coletivo urbano.b) Desapropriação para a construção de uma unidade escolar.c) Interdição de um estabelecimento comercial em razão de violação a normas de posturasmunicipais.d) Nomeação de um servidor público, aprovado em virtude de concurso público.e) Concessão de benefício fiscal para a implantação de uma nova indústria em determinadoEstado-federado.

18 - (ESAF/PFN/2003) A remoção de ofício de servidor público como punição por algumato por ele praticado caracteriza vício quanto ao seguinte elemento do ato administrativo:a) motivob) formac) finalidaded) objetoe) competência

19 – (FISCAL DE RENDAS/ISS/RIO DE JANEIRO/2002) A presunção de legitimidade ede veracidade, com que nascem os atos administrativos, é de natureza:a) absoluta e não admite prova que a desconstituab) relativa e admite prova em contrário que a desconstituac) excepcional, somente sendo afastável por lei específicad) mista, dependendo a sua desconstituição do tipo de prova que a Administraçãoproduza

20 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) O vício deforma do ato administrativo, como definido no direito positivo brasileiro, consiste na:a) expedição de ordens verbaisb) lavratura de termos em instrumentos não padronizadosc) contratação de compras, obras ou serviços por meio de notas de empenhod) omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis àexistência ou seriedade do ato

21 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) O vício deobjeto do ato administrativo, como definido no direito positivo brasileiro, ocorre quando:a) o interesse público a atender é mediatob) o interesse público coincide com o interesse privado no conteúdo do ato

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c) o administrador deixa de explicitar as razões e os fundamentos da decisãod) o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo

22 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) O vício demotivo do ato administrativo, como definido no direito positivo brasileiro, se verificaquando:a) a autoridade praticou o ato contrariamente ao parecer de órgão técnicob) a relação custo-benefício proporcionada pelo ato for inferior ao resultado esperadoc) a autoridade avaliou incorretamente as circunstâncias determinantes da açãoadministrativad) a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmenteinexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido

23 – (PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPSP/2002) A expedição de uma certidão pelaAdministração Pública pode ser caracterizada como um ato administrativoa) abdicativo.b) alienativo.c) declaratório.d) modificativo.e) desconstitutivo.

24– (PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPRS/2003) Assinale a assertivacorreta :a) Todo ato jurídico praticado pela Administração é ato administrativo.b) Nem todo ato administrativo é praticado pela Administração.c) O ato discricionário realizado por agente incompetente não é inválido.d) Atendendo o ato administrativo o interesse público é irrelevante o cumprimento dos finsque a lei lhe destinou.e) O ato administrativo vinculado dispensa a motivação.

25 – (ESAF/PROCURADO DO BACEN/2002) É possível a delegação de competência deum órgão administrativo a outro, ainda que este não lhe seja subordinado, desde que nãohaja impedimento legal. Esta hipótese, legalmente prevista em nosso ordenamento jurídico, pode ocorrer quando a delegação for conveniente em razão de certascircunstâncias estabelecidas na norma.Assinale, no rol abaixo, entre as naturezas das circunstâncias que podem amparar talprocedimento, aquelanão prevista na norma legal para esta delegação de competência:a) de ordem técnicab) de ordem socialc) de ordem territorial

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d) de ordem políticae) de ordem jurídica

26 – (ESAF/PROCURADOR DO BACEN/2002) Tratando-se de ato administrativo,correlacione as duas colunas:1- Ato administrativo imperfeito2- Ato administrativo pendente3- Ato administrativo consumado4- Ato administrativo válido( ) O ato que está sujeito a termo ou condição para produzir os seus efeitos.( ) O ato que não pode produzir efeitos porque não concluiu seu ciclo de formação.

( ) O ato que está de conformidade com a lei.( ) O ato que já exauriu os seus efeitos.a) 2/1/3/4b) 1/2/4/3c) 2/1/4/3d) 1/2/3/4e) 1/3/2/4

27 – (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001) - Sob a ótica dos atosadministrativos, pode se considerar o decreto assinado pelo Governador do Estado ereferendado pelo Secretário da respectiva pasta como sendo:a) Ato vinculado.b) Ato composto.c) Ato complexo.d) Ato condição.e) Ato acessório.

28 – (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001) – Determinado atoadministrativo que consumou o ciclo para a sua formação denomina-se _________. Em seobedecendo as prescrições legais, com vistas à sua realização, este ato torna-se ________.Gerando efeitos, o mesmo ato configura-se como ________.Assinale a alternativa que preenche corretamente os espaços em branco:a) Válido, perfeito e eficaz.b) Perfeito, válido e ineficaz.c) Válido, eficaz e absoluto.d) Perfeito, válido e eficaz.e) Eficaz, perfeito e válido.

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29 – (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-5/2003) Ao analisar a validade de um ato

administrativo discricionário, um juiz percebe que seus requisitos legais estão presentes.Contudo, verifica que a medida tomada pelo Administrador viola o princípio daproporcionalidade e que o mesmo efeito poderá ser obtido mediante medida menos gravosapara o particular. Nessa hipótese, o juiza) não poderá anular, mas poderá revogar o ato administrativo, por ser discricionário.b) poderá anular o ato administrativo, em razão de vício de forma.c) poderá revogar o ato administrativo, por discordar dos motivos de conveniência e

oportunidade invocados pelo Administrador.d) poderá anular o ato administrativo, ou as medidas excessivas desproporcionais.e) não poderá anular nem revogar o ato administrativo, pois não cabe ao Judiciário analisar

ato discricionário.

30 - (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) A revogação, por seu caráter discricionário, podeatingir os seguintes elementos do ato administrativo:a) finalidade e objetob) objeto e motivoc) forma e objetod) motivo e finalidadee) competência e motivo

31 - (ESAF/CONTADOR RECIFE/2003) A inversão do ônus da prova, característica dodireito administrativo, relaciona-se com o seguinte atributo do ato administrativo:a) imperatividadeb) auto-executoriedadec) presunção de legitimidaded) exigibilidadee) coercibilidade

32 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) A finalidade, como elemento essencial de validadedo ato administrativo, corresponde na prática e mais propriamente à observância doprincípio fundamental dea) economicidadeb) publicidadec) legalidaded) moralidadee) impessoalidade

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33 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) O ato administrativo que contenha vício insanável

de legalidade:a) deve ser anulado, com efeito retroativo.b) deve ser revogado, respeitado o direito adquirido.c) pode ser anulado, respeitado o direito adquirido.d) pode ser anulado, com efeitoex nunc.

e) pode ser revogado, com efeito retroativo.

34 - (JUIZ/TRT 17/2003) Quanto ao ato administrativo:I - A revogação de um ato administrativo, quando parcial, se chama derrogação.

II - A revogação de um ato administrativo, quando total, se chama ab-rogação.III - A revogação pode ser expressa ou tácita.IV - A autotutela administrativa significa o poder da Administração de revistar seuspróprios atos.Assinale a letra correta:a) as afirmativas I, II, IV estão corretas;b) as afirmativas I e IV estão corretas;c) as afirmativas II e III estão corretas;d) as afirmativas II, III e IV estão corretas;e) todas as afirmativas estão corretas.

35 - (ESAF/AFRF/2002-2) Assinale a afirmativa falsa quanto à discricionariedade do atoadministrativo.a) o exercício do poder de polícia pode ser enquadrado no âmbito dos conceitos legaisindeterminados.b) o controle jurisdicional dos atos discricionários limita-se aos seus aspectos de legalidade.c) os atos administrativos normativos nem sempre são discricionários.d) o princípio da razoabilidade pode ser utilizado para o controle do mérito do atodiscricionário.e) tratando-se de conceitos ditos empíricos ou de experiência, fica afastado o exercício dopoder discricionário.

36 – (JUIZ/TRT 9/2003) Sobre a teoria dos "motivos determinantes", pode-se afirmar que:I - Quando os atos administrativos tiverem sua prática motivada, ficam vinculados aosmotivos expostos, para todos os efeitos jurídicos.II - Havendo desconformidade entre os motivos determinantes e a realidade, o ato éinválido.

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III - Quando a Administração motiva o ato, mesmo que a lei não exija a motivação, ele seráválido mesmo se os motivos não forem verdadeiros.

(a) Apenas as proposições I e III estão corretas.(b) Apenas as proposições II e III estão corretas.(c) Apenas as proposições I e II estão corretas(d) Todas as proposições estão corretas(e) Todas as proposições estão incorretas

37 – (JUIZ/TRT 9/2003) No que respeita aos atos administrativos, é correto afirmar que:I - Para a prática do ato administrativo a competência é condição primeira de sua validade.

A competência administrativa é intransferível e improrrogável pela vontade dosinteressados.

II - A competência administrativa em nenhuma hipótese pode ser delegada ou avocada.III - A doutrina indica como atributos dos atos administrativos a presunção de legitimidade,

a imperatividade e a auto executoriedade.Assinale a alternativa correta:(a) Todas as proposições estão incorretas.(b) Todas as proposições estão corretas.(c) Apenas uma proposição está correta.(d) Apenas duas proposições estão incorretas.

(e) Apenas duas proposições estão corretas.

38 – (ESAF/PROCURADOR DF/2004) O ato administrativo:a) pode ser anulado pela Administração, por motivo de conveniência, a qualquer tempo.b) só pode ser anulado por meio de ação popular.c) pode ser anulado, no prazo de cinco anos, quando viciado por ilegalidade.d) pode ser revogado, em cinco anos, sem que as partes possam invocar direito adquirido.e) uma vez praticado, não pode ser revogado.

39- (ESAF/Analista MPU/2004)O estudo dos atos funcionais do Estado foi desenvolvido, entre nós, por Miguel SeabraFagundes. Pela sua doutrina, os atos funcionais podem classificar-se sob o critério formal ematerial. Assinale, entre os atos legislativos abaixo, aquele que se classifica, materialmente,como ato administrativo, decorrente de função administrativa do Estado.a) Medida provisória sobre política salarial.b) Código Civil.c) Lei municipal sobre zoneamento urbano.d) Lei orçamentária estadual.

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e) Emenda à Constituição Federal, alterando a ordem tributária.

40- (ESAF/Analista MPU/2004) O ato administrativo goza da presunção de legitimidade,mas, quando dele decorrerem efeitos favoráveis para seus destinatários e estiver eivado devício insanável de legalidade, a Administração tem o direito de anulá-loa) enquanto não produzir efeitos.b) no prazo decadencial de 5 anos.c) a qualquer tempo.d) no prazo prescricional de 10 anos.e) no prazo decadencial de 2 anos.

41- (ESAF/Analista MPU/2004) Um dos elementos essenciais à validade, dos atosadministrativos, é a motivação, que consiste na indicação dos seus pressupostos fáticos e jurídicos, o que porém é preterível, naqueles quea) importem anulação ou revogação de outro anterior.b) dispensem ou declarem inexigível licitação.c) apliquem jurisprudência indicada em parecer adotado.d) importem ou agravem encargos ou sanções.e) neguem, limitem ou afetem direitos.

42 – (ESAF/AFRF/2003) O denominado poder extroverso do Estado ampara o seguinteatributo do ato administrativo:a) imperatividadeb) presunção de legitimidadec) exigibilidaded) tipicidadee) executoriedade

43 - (ESAF/AFRF/2003) Conforme a doutrina, o ato administrativo, quando concluído seu

ciclo de formação e estando adequado aos requisitos de legitimidade, ainda não se encontradisponível para eclosão de seus efeitos típicos, por depender de um termo inicial ou de umacondição suspensiva, ou autorização, aprovação ou homologação, a serem manifestados poruma autoridade controladora, classifica-se como:a) perfeito, válido e eficazb) perfeito, válido e ineficazc) perfeito, inválido e eficazd) perfeito, inválido e ineficaze) imperfeito, inválido e ineficaz

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GABARITO

1. V V F V V2. F V V V V3. V F V F V4. F V V V F5. F F V F F6. V7. C8. E9. A10. B11. E12. A13. B14. A15. D

16. B17. D18. C19. B20. D21. D22. D23. C24. B25. D26. C27. C28. D29. D30. B

31. C32. E33. A34. E35. C36. C37. E38. C39. D40. B41. C42. A43. B

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AULA 5 – SERVIÇOS PÚBLICOS

A aula de hoje trata de serviços públicos, e vai ser uma aula bem “light”, pra que vocêtenha um tempinho de reler os resumos das aulas anteriores.

8 - SERVIÇOS PÚBLICOS

Em linhas gerais, serviço público é uma das atividades desenvolvidas na funçãoadministrativa, prestado à coletividade, sob regime de Direito Público, de acordo coma legislação.Essa é a chamadacorrente formalista, que, segundo a doutrina dominante, impera noBrasil. Por essa corrente, então, é a lei que vai definir se um determinado serviço é públicoou não.Outras correntes são a material e a subjetiva. Seguindo a primeira, é serviço público aatividade que, de acordo com sua própria natureza, atende às necessidades do povo. Acorrente subjetiva entende que todo serviço prestado pelo Estado seria um serviço público.No nosso país, vige a corrente formalista. Isto quer dizer que, independente daatividade, será serviço público aquele que a lei assim estabelecer, vinculando talprestação às regras do Direito Público.Segundo competente comentário de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “em nosso País,a atividade em si não permite decidirmos se um serviço é ou não público, uma vez que háatividades essenciais, como a educação, que são exploradas por particulares sem regime dedelegação, e há serviços totalmente dispensáveis, a exemplo das loterias, que são prestadospelo Estado como serviço público”.Trazemos três conceitos de importantes doutrinadores brasileiros, veja só:ParaCelso Antônio Bandeira de Mello, é “toda atividade de oferecimento de utilidade oucomodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou porquem lhe faça as vezes, sob um Regime de Direito Público, instituído pelo Estado em favordos interesses que houver definido como próprios do sistema normativo”.Nas palavras deMaria Sylvia Zanella Di Pietro, é “toda atividade material que a leiatribui ao Estado para que exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com oobjetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob o regime jurídico total

ou parcialmente público”.Diógenes Gasparinicita o conceito de Bandeira de Mello, e acrescenta que “o conceito éamplo. Abarca as atividades de comodidades ou utilidades materiais (energia elétrica,telecomunicações, distribuição de água domiciliar), bem como as jurídicas (serviçoscartorários), as fruíveis diretamente (transporte coletivo, coleta de lixo) ou indiretamente(segurança pública) pelos administrados de forma preponderante, ou pela Administração(serviços administrativos). A prestação é da Administração Pública (órgãos, agentes ematerial) ou de seus delegados (concessionários, permissionários). Por fim, há de serelevado a essa categoria por lei e prestado com observância das normas de Direito Público,isto é, há de ser executado sob um regime de desigualdade ou derrogante do DireitoComum”.

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Por fim, para o saudosoHely Lopes Meirelles,“é todo aquele prestado pela Administraçãoou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidadesessenciais e secundárias da coletividade ou simples conveniência do Estado”.Percebe como cada doutrinador trata tal assunto de uma forma um pouco diferente? Então,pra fins de concursos, temos que nos fixar nas definições mais importantes, semprecobradas, deixando um pouco de lado essa imensa quantidade de controvérsias.A titularidade foi conferida ao Poder Público pela norma constitucional, que assimdetermina:

“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sobregime de concessão ou permissão, sempre através de licitação1, a prestação deserviços públicos.Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviçospúblicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como ascondições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;II - os direitos dos usuários;III - política tarifária;IV - a obrigação de manter serviço adequado2.”

Complementando, repartindo as competências, a Carta Magna estabeleceu o que segue:“Art. 21. Compete àUnião:(...)

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energéticodos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciaishidroenergéticos;c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

1 As licitações têm suas regras fixadas, em sua maior parte, pela Lei nº 8.666/93. Reproduzindo lição deMarcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “a doutrina conceitua licitação como um procedimento administrativo,de observância obrigatória pelas entidades governamentais, em que, observada a igualdade entre osparticipantes, deve ser selecionada a melhor proposta dentre as apresentadas pelos interessados em com elastravar determinadas relações de conteúdo patrimonial, uma vez preenchidos os requisitos mínimos necessáriosao bom cumprimento das obrigações a que eles se propõem.”2 É o art. 6º da Lei nº 8.987/95 que define o serviço adequado:“Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dosusuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a suaconservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ouapós prévio aviso, quando:I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.”

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d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros efronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional depassageiros;f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;(...)”“Art. 25. OsEstados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis queadotarem, observados os princípios desta Constituição.§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadaspor esta Constituição.(...)”“Art. 30. Compete aosMunicípios:(...)V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, quetem caráter essencial;VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,programas de educação pré-escolar e de ensino fundamental;VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,serviços de atendimento à saúde da população;VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante

planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada alegislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.”“Art. 32.(...)§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativasreservadas aos Estados e Municípios.”

Acrescente-se que, além das competências individuais de cada ente, o art. 23 da CF/88ainda estabelece uma série de atribuições comuns a todos os entes, como cuidar da saúde eassistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência, proteger omeio ambiente e combater a poluição, promover programas de construção de moradias e a

melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico (incs. II, VI, IX, art. 23,CF/88).

8.1 CLASSIFICAÇÃO

Aqui também a doutrina não caminha unida. Várias são as classificações encontradas, masbuscaremos colacionar as mais importantes para as finalidades desta aula, que são cobradasnas provas.

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QUANTO À NATUREZA

Aqui seguimos o julgado do STF (RE 89.876, relator Ministro Moreira Alves), citado porMarcelo Alexandrino e Vicente Paulo.I – serviços públicos propriamente estatais: são aqueles em que há atuação Estatalbaseada na soberania, que não podem ser delegados e são remunerados mediante taxa(lei), em geral, cobrada de quem os usa efetivamente. Ex.: serviços judiciários.II – serviços públicos essenciais ao interesse público: são de interesse de todos,remunerados mediante taxa por quem os usa ou deveria usar, neste último caso, sehouver previsão legal: é dito uso efetivo ou potencial. Ex.: coleta domiciliar de lixo.III - serviços públicos não essenciais: como regra, podem ser delegados eremunerados por preço público (contrato). Ex.: telefonia, energia elétrica, gás.

QUANTO AOS DESTINATÁRIOS

É das poucas que encontra consenso na doutrina. Segundo esse critério, o serviço públicopode ser:

I – geral ou “uti universi”: não possui usuários determinados ou determináveis,sendo prestados à coletividade como um todo. Não se pode individualizar cadabeneficiário, tampouco mensurar o quanto usou do serviço. São exemplos osseguintes: polícia, limpeza urbana, iluminação pública, calçamento, segurançanacional.II – individual ou “uti singuli”: têm usuários determinados e pode-se mensurar oquanto utilizado pelo destinatário. Assim, são ditos divisíveis, de utilizaçãoindividual, facultativa, mensurável e remunerados através de taxas (fixadas em lei) oude preço público (previsto em contrato). Como exemplos, citem-se os serviços detelefonia, gás, água, energia elétrica, postal e coleta domiciliar de lixo.

Cite-se, ainda, importante distinção entre ambos os tipos, do ponto de vista tributário.Segundo o art. 145, II, CF/88, taxas poderão ser instituídas para remunerar a utilização,efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinteou postos a sua disposição. Esse é o dito serviço “uti singuli”.Por outro lado, os impostos devem fazer face aos serviços “uti universi” (art. 16, CTN).

OUTROS ASPECTOS

Como dito, as classificações são inúmeras. Citemos, brevemente, mais algumas, de simplescompreensão.Quanto à entidade competente, podem ser:federais, estaduais, distritais ou municipais.Quanto à obrigatoriedade, podem ser:compulsórios(como coleta de lixo) oufacultativos(como serviço postal).

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Quanto à forma de execução, podem ser: deexecução direta(pela própria AdministraçãoPública e seus agentes) ouindireta (prestados por concessionário, permissionários).

Quanto à exclusividade, podem ser:exclusivos, ou próprios(serviço postal, correio aéreonacional, telecomunicações, radiodifusão, energia elétrica), enão exclusivos, ouimpróprios, (executados pelo Estado ou pelo particular, como educação, saúde,previdência e assistência social).Quanto à essencialidade são:essenciais(que não podem faltar, pois são de necessidadepública, como segurança externa e serviços judiciários) enão essenciais(considerados, porlei ou por sua própria natureza, apenas de utilidade pública).

8.2 REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE

A finalidade essencial da Administração Pública é o atendimento às necessidades coletivas.Como se viu, busca atingir esse objetivo através de seus próprios meios ou transferindo aoutros entes com personalidade jurídica própria.Neste último caso, semprecaberá à Administração Pública o controle e aregulamentaçãodos serviços repassados, com vistas, sempre, ao atingimento da satisfaçãodas necessidades públicas.Ressalte-se quenão existe hierarquia entre tais entes e a Administração Pública, massim vinculação, para fins de fiscalização e controle. Tambémnão se confunde tutela comautotutela, posto que esta refere-se ao poder/dever que tem a Administração Pública derever seus próprios atos, anulando-os ou revogando-os.

Como leciona Maria Sylvia Z. Di Pietro,tutela, controle hierárquico e autotutela, sãomodalidades do gênero controle administrativo.O que existe, repise-se, é a chamadatutela do Poder Público sobre a Administração PúblicaIndireta. Para essa autora, tutela é “a fiscalização que os órgãos centrais das pessoaspúblicas políticas (União, Estados e Municípios) exercem sobre as pessoas administrativasdescentralizadas, nos limites definidos em lei, para garantir a observância da legalidade e ocumprimento das suas finalidades institucionais”.A Lei nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação deserviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, assim estabelece:

“Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização pelo poderconcedente responsável pela delegação, com a cooperação dos usuários.”

O repasse das atividades dá-se, em geral, através de contrato administrativo, onde estãopresentes as chamadas cláusulas exorbitantes, que garantem à Administração Pública amanutenção de sua prevalência sobre o particular, podendo influir, unilateralmente, naexecução do serviço, se o mesmo não estiver atendendo ao interesse público. Assim, pode,exemplificando, fiscalizar a execução, ou rescindir o contrato (art. 58, II e III, Lei nº8.666/93).Fica claro, então, que cabe à Administração Pública a regulamentação e o controle dosserviços públicos, sejam eles prestados por ela diretamente, sejam prestados por terceiros,com vistas a cumprir os princípios que regem tal tema, em especial os da eficiência,continuidade, regularidade e segurança.

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Mas não é só a ela que cabe essa tarefa. Além dessecontrole administrativo, sujeitam-setambém aoscontroles judicial(art. 5º, XXXV, CF/88) elegislativo, com o auxílio doTribunal de Contas (arts. 71 e 75, CF/88).O controle legislativo pode dar-se, entre outras formas, através de Comissão Parlamentar deInquérito (CPI), pedido de informação, convocação de autoridades e fiscalização contábil,financeira e orçamentária.Por sua vez, perante o Judiciário, o controle é comumente feito através de Mandado deSegurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, “Habeas Data” e Mandado de Injunção.Para mais detalhes, consulte depois o item 19, aula 10.

8.3 CONCESSÃO

Quando a Administração Pública deseja repassar a execução de determinado serviçopúblico de sua competência para a iniciativa privada pode fazê-lo medianteautorização,permissão ou concessão(art. 21, XII, e art. 175, CF/88).Segundo a previsão da Lei nº 8.987/95, em seu art. 2º, II,concessãode serviço público “é atransferência da prestação de serviço público, feita pela União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, mediante concorrência3, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas, quedemonstre capacidade para o seu desempenho, por sua conta e risco e por prazodeterminado”.Concessão, então, é a delegação contratualda execução de serviço, originalmente decompetência do Poder Público,através de licitação, na modalidade concorrência.

Há concessão também paraexecução de obra pública ou uso de bem público. Emqualquer caso, o particular vaiexplorar a atividade ou bem por sua conta e risco, nascondições e pelo prazo previstos na legislação e no contrato.O contrato é bilateral(acordo de vontades, interesses contraditórios e efeitos jurídicospara ambas as partes), comnatureza jurídica administrativa, ou seja, sujeito aoregime jurídico de direito público, marcado especialmente pelapresença de cláusulasexorbitantes4 e submissão ao interesse público.Assim, os contratantes têm liberdade relativa ao estipular as cláusulas, podendo negociarprazos, remuneração etc, mas ficando adstritos também às regras legais de finalidade,forma, mutabilidade, procedimentos etc.

Ressalto, uma vez mais, que por essa via se transfere tão somente a execução do serviço,obra, ou uso de bem público; a titularidade permanece com o Poder Público. A isso sechamadelegação. O caso de transferência de titularidade denomina-seoutorga, e se operasomente mediante lei, como é o caso das autarquias, por exemplo.

3 Concorrência é umas das modalidades de licitação (Lei nº 8666/93). É usada, em geral, quando estãoenvolvidos altos valores, e tem como principais características a universalidade, ampla publicidade,habilitação preliminar e o julgamento por comissão.4 São cláusulas que materializam a supremacia do Poder Público, ou seja, que o colocam num patamar desuperioridade. Assim, é desse tipo, por exemplo, aquela que prevê a possibilidade de rescisão unilateral docontrato.

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Aliás, acrescente-se que autarquias e fundações também podem receber concessão deserviço público, que a doutrina denomina deconcessão legal de serviços públicos.

Sobre a necessidade de autorização legislativa, veja o que determina a Lei nº 9074/1995,em seu art 2º:“É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípiosexecutarem obras e serviços públicos por meio de concessão e permissão deserviço público, sem lei que lhes autorize e fixe os termos, dispensada a leiautorizativa nos casos de saneamento básico e limpeza urbana e nos já referidosna Constituição Federal, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas doDistrito Federal e Municípios, observado, em qualquer caso, os termos da Lei no 8.987, de 1995.”

Resumindo, temos asprincipais característicasdas concessões e concessionários:--é delegação de serviço público, obra ou uso de bem público, feita pelo poderconcedente (União, Estados-membros, Distrito Federal ou Municípios) em cujacompetência se encontra o serviço delegado;--não transfere a titularidade, somente a execução ou uso;--efetivada através decontrato bilateral, precedido de licitação, na modalidadeconcorrência (art. 175, CF/88);--contrato é de natureza administrativa, ou seja, sujeito às regras do direitopúblico;

--cabe à União fixar normas gerais de contratação, em todas as modalidades (art.22, XXVII, CF/88);

--a execução do serviço pelo concessionário é por sua conta e risco, e épagamediante tarifa, com natureza de preço público;--concedente fixa normas de prestação do serviço ou uso do bem público, fiscaliza,impõe sanções e reajusta tarifas;--concessionário tem direito à manutenção doequilíbrio econômico-financeirodaconcessão;--concessionário se sujeita às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias;--a subcontratação é possível desde que prevista no edital e no contrato, e comprévia anuência da Administração Pública concedente, que não se obriga a tal, aindaque haja previsão no edital e no contrato (Lei nº 8.987/95, art. 26);

--poderá haverencampação, que é a retomada do serviço pela Administração Públicaantes do prazo estabelecido, por interesse público,com a conseqüenteindenização do concessionário. Trata-se de ato unilateral da Administração Pública;--por inadimplemento contratual por parte do concessionário, poderá havercaducidade ou decadência, sem direito à indenização, exceto à parte nãoamortizada dos equipamentos que reverterão para o poder concedente; também é atounilateral;--reversão é a incorporação dos bens do concessionário pelo poder público, paraprosseguimento na prestação do serviço, nos casos de extinção da concessão, comdireito à indenização (Lei nº 8.987/95, art. 36);

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--a responsabilidade civil objetiva5 (art. 37, § 6º, CF/88) se aplica ao concessionárioque causa prejuízos a terceiros, em decorrência da prestação de serviço público;

--em regra, é necessária lei autorizativa para a execução indireta de serviçosmediante concessão.Guardou todos os detalhes? Isso é importante, fundamental ir pra prova sabendo bem isso.

8.4 PERMISSÃO

Já se disse que quando a Administração Pública deseja repassar a execução de determinadoserviço público de sua competência para a iniciativa privada pode fazê-lo medianteautorização, permissão ou concessão(art. 21, XII, e art. 175, CF/88).Diz a Lei nº 8.987/95, em seu art. 2º, IV, quepermissãode serviço público é “a delegação,a título precário, mediante licitação da prestação de serviços públicos, feita pelo poderconcedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, porsua conta e risco”.Há também a permissão deuso de bem público, feita porato unilateral, precário.No caso dosserviços públicos, exige-se ocontrato, que será de adesão, revogávelunilateralmente, precário, não se podendo mais falar em ato unilateral para esse tipo decaso, embora a doutrina não seja pacífica nesse sentido. Assim prevê o art. 40 da mesmalei:

“A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão,que observará os termos desta lei, das demais normas pertinentes e do edital delicitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral docontrato pelo poder concedente”.

De adesão é aquele contrato “pronto”, onde não se discutem as cláusulas: ou se aceita comoé proposto (se adere a ele), ou não se aceita. Exemplos típicos desses contratos são aquelespropostos pelo banco ao se abrir uma conta corrente, cheque especial, seguro etc.Precário é o contrato que não dá garantias ao contratado (permissionário) de permanênciado vínculo com a Administração Pública, ou seja, a qualquer momento e sem indenização amesma poderá revogar esse contrato.Esse é o entendimento majoritário da doutrina. Porém, alguns ainda ressaltam que, emsendo a permissão condicional ou onerosa, ou seja, que impõe algum ônus ao

permissionário, tal revogação deve garantir seus direitos, inclusive podendo haverindenização.Diógenes Gasparini, em sua obra “Direito Administrativo”, 8ª edição, da Editora Saraiva,afirma que, em havendo necessidade de contrato, não há que se falar em precariedade dapermissão de serviços públicos (pág. 341/2), pois “o contrato dá estabilidade jurídica aonegócio contratado”. Por outro lado, admite tal precariedade às permissões de uso de bempúblico.

5 Vista na aula 9.

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Esse mesmo autor também diverge da maioria da doutrina e da própria lei supra citada, aoafirmar que “a Constituição Federal exige, inquestionavelmente, que as concessões epermissões de serviço público sejam outorgadas em favor de empresas, não em benefício depessoa física. Essa restrição não alcança as autorizações” (pág. 297).Embasa sua teoria no art. 175, § único, I, da CF/88:

“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sobregime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação deserviços públicos.Parágrafo único. A lei disporá sobre:I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviçospúblicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como ascondições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão.”

Por fim, saliento ainda a necessidade de prévia licitação, não havendo previsão deobrigatoriedade da modalidade que deverá ser eleita, ao contrário das concessões, queexigem prévia concorrência.Em resumo, temos as seguintes características das permissionárias:

--édelegação de serviço públicoou uso de bem público, feita pelo poder concedente(União, Estados-membros, Distrito Federal ou Municípios) em cuja competência seencontra o serviço delegado;--não transfere a titularidade, somente a execução ou uso;--feita através decontrato de adesão, precedido de licitação (art. 175, CF/88);--tal contrato tem natureza de ato unilateral da Administração, sujeito às regrasdo direito público;--cabe à União fixar normas gerais de contratação, em todas as modalidades (art. 22,XXVII, CF/88);--a execução do serviço pelo concessionário é por sua conta e risco, epaga mediantetarifa, com natureza de preço público;--concedente fixa normas de prestação do serviço ou uso do bem público, fiscaliza,impõe sanções e reajusta tarifas;--a responsabilidade civil objetiva(art. 37, § 6º, CF/88) se aplica ao permissionárioque causa prejuízos a terceiros, em decorrência da prestação de serviço público;--entre as principaisdiferenças com a concessão, destaco a necessidade de contratobilateral para este, bem como licitação na modalidade concorrência e maioresgarantias ao contratado;--em regra, é necessária lei autorizativa para a execução indireta de serviços mediantepermissão.

Anote bem estes também, pois devem estar na ponta da língua!

8.5 AUTORIZAÇÃO

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A terceira forma pela qual a Administração Pública pode repassar a execução dedeterminado serviço público para a iniciativa privada é aautorização (art. 21, XI e XII,CF/88).Ressalto que, neste caso, há maior interesse do particular, tratando-se de um atoadministrativo precário e discricionário. Contudo, noutros casos, há o repasse, via termo deautorização, para o particular, que prestará o serviço público em caráter emergencial etransitório, sendo excepcional, pois não se exige licitação.Existe o controle da Administração Pública em face do interesse coletivo de determinadasatividades, como taxistas, despachantes, vigias particulares, porte de arma, instalação debancas de jornais na calçada etc. Também pode dar-se para prestação de serviços detransporte em caráter emergencial ou especial (art. 3º, I, Decreto nº 2.521/98).É precária à medida que o autorizado não tem qualquer direito à continuação dessasituação, podendo a Administração revogar conforme critérios de mérito(conveniência e oportunidade); tampouco tem direito a receber a autorizaçãopretendida, sendo este também ato discricionário. Como já vimos na aula 4, édiscricionário o ato em que a Administração tem duas ou mais opções válidas de ação– deferir ou indeferir, por exemplo; ato vinculado é aquele inteiramente regulado pelalei, obrigando a autoridade à prática quando, como e da forma que a lei determina,sem dar-lhe margem de avaliação quanto à oportunidade e conveniência.A Lei nº 8.987/95 não previu qualquer delegação de serviço público por autorização,havendo, com se disse, previsão na Constituição e em decretos, como o de nº 2.521/98,citado.

PARA GUARDAR

As principais características das concessões e concessionários são:--é delegação de serviço público, obra ou uso de bem público, feita pelo poder

concedente (União, Estados-membros, Distrito Federal ou Municípios) em cujacompetência se encontra o serviço delegado;

--não transfere a titularidade, somente a execução ou uso;--feita através decontrato bilateral, precedido de licitação, na modalidade

concorrência (art. 175, CF/88);--contrato é de natureza administrativa, ou seja, sujeito às regras do direito

público;--cabe à União fixar normas gerais de contratação, em todas as modalidades (art. 22,

XXVII, CF/88);--a execução do serviço pelo concessionário é por sua conta e risco, epaga

mediante tarifa, com natureza de preço público;--concedente fixa normas de prestação do serviço ou uso do bem público, fiscaliza,

impõe sanções e reajusta tarifas;--concessionário tem direito à manutenção doequilíbrio econômico-financeiroda

concessão;

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--concessionário se sujeita às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias;--a subcontratação é possível desde que prevista no edital e no contrato, e com

prévia anuência da Administração Pública concedente, que não se obriga a tal, ainda quehaja previsão no edital e no contrato (Lei nº 8.987/95, art. 26);--poderá haverencampação, que é a retomada do serviço pela Administração

Pública antes do prazo estabelecido, por interesse público,coma conseqüenteindenização do concessionário. Trata-se de ato unilateral da Administração Pública;

--por inadimplemento contratual por parte do concessionário, poderá havercaducidade ou decadência, sem direito à indenização, exceto à parte não amortizada dosequipamentos que reverterão para o poder concedente; também é ato unilateral;

--reversão é a incorporação dos bens do concessionário pelo poder público, paraprosseguimento na prestação do serviço, nos casos de extinção da concessão, com direito àindenização (Lei nº 8.987/95, art. 36);

--a responsabilidade civil objetiva(art. 37, § 6º, CF/88) se aplica aoconcessionário que causa prejuízos a terceiros, em decorrência da prestação de serviçopúblico;

--em regra, é necessária lei autorizativa para a execução indireta de serviçosmediante concessão.

Em resumo, temos as seguintescaracterísticas das permissionárias: --é delegação de serviço públicoou uso de bem público, feita pelo poder

concedente (União, Estados-membros, Distrito Federal ou Municípios) em cujacompetência se encontra o serviço delegado;

--não transfere a titularidade, somente a execução ou uso;--feita através decontrato de adesão, no caso dosserviços públicos,precedido delicitação,revogável unilateralmente e precário(art. 175, CF/88);

--se a permissão é deuso de bem público, será feita porato unilateral, precário;--talcontrato é sujeito às regras do direito público;--cabe à União fixar normas gerais de contratação, em todas as modalidades (art. 22,

XXVII, CF/88);--a execução do serviço pelo concessionário é por sua conta e risco, epaga

mediante tarifa, com natureza de preço público;--concedente fixa normas de prestação do serviço ou uso do bem público, fiscaliza,

impõe sanções e reajusta tarifas;--a responsabilidade civil objetiva(art. 37, § 6º, CF/88) se aplica ao

permissionário que causa prejuízos a terceiros, em decorrência da prestação de serviçopúblico;

--entre as principaisdiferenças com a concessão, destaco a necessidade de contratobilateral para este, bem como licitação na modalidade concorrência e maiores garantias aocontratado;

--em regra, é necessária lei autorizativa para a execução indireta de serviçosmediante permissão.

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A autorização é ato administrativo precário, discricionário, pelo qual aAdministração Pública investe o particular na execução e exploração de serviço público,repassada via termo de autorização, não se exigindo licitação. Tem lugar em situações deurgência e transitórias.

EXERCÍCIOS

1 – (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001) – Em se tratando de concessão epermissão de serviços públicos considera-se, legalmente, serviço adequado:(a) O que satisfaz às condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade de tarifas.(b) O que atende aos princípios da eficiência, da indisponibilidade do interesse público

e da continuidade do serviço público.(c) O que é realizado com razoabilidade e eficiência.(d) O que atende ao princípio da eficiência.(e) O que decorre da supremacia do interesse público.

2 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) A prefeitura de determinada cidadedelegou a uma empresa privada, por meio de contrato de adesão precedido de licitação, aincumbência de explorar linhas de ônibus, de modo precário e revogável. Diante desse casohipotético, é correto afirmar que foi utilizado o instituto da

a) autorização de serviço.b) permissão de serviço público.c) concessão de serviço público.d) delegação de competência.e) outorga de serviço.

3 - (ESAF/PFN/2003) A permissão de serviço público, nos termos da legislação federal,deverá ser formalizada mediante:a) termo de permissão

b) contrato administrativoc) contrato de permissãod) contrato de adesãoe) termo de compromisso

4 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) A qualidade doserviço público prestado à população, a que corresponde o direito do usuário de exigi-la, éconsectário do princípio constitucional da:

a) eficiência

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b) moralidadec) motivação necessária

d) continuidade dos serviços públicos

5 – (PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPSP/2002) Admitindo-se a autorização, a permissão e aconcessão de uso como instrumentos estatais para a outorga ao particular do uso privativodos bens públicos:I. a autorização para uso privativo de bem público não pode ser outorgada por prazo

determinado;II. a concessão para uso privativo de bem público exige prévia licitação;III. a permissão de uso privativo de bem público com prazo determinado pode ser revogada

a qualquer tempo por razões de interesse público, ficando, nessa hipótese, aAdministração sujeita a indenizar o particular pelas perdas por ele sofridas e advindas darevogação efetivada antes do término do prazo fixado;

IV. a outorga de autorização para uso privativo de bem público exige prévia desafetação dobem a ser utilizado.

São corretas, apenasa) I e II.b) I e III.c) I e IV.d) II e III.

e) III e IV.

6 - (ESAF/ANALISTA RECIFE/2003) Quanto à concessão, permissão e autorização, acelebração de contrato é incompatível em caso de:a) permissão de uso ou de serviço.b) concessão e permissão.c) concessão e autorização.d) concessão de serviços públicos.e) autorização.

7 - (JUIZ/TRT 9/2003) Permissão é o ato administrativo negocial, discricionário e precário,pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo,ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condiçõesestabelecidas pela Administração.

GABARITOa. Ab. B

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c. Dd. A

e. Df. Eg. V

Já que a aula de hoje foi mais curta, aproveite pra rever as aulas anteriores, e fixar bem oconteúdo.Até a próximaLeandro

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AULA 6 – REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA UNIÃO

Bom dia!A aula de hoje tratará dos servidores públicos, em especial daqueles da esfera federal,regidos pela Lei nº 8.112/90.

9. REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA UNIÃO

Ao conjunto de regras que disciplina determinado instituto dá-se o nome deregime jurídico. Assim, são estabelecidas normas para a nomeação, aposentadoria, estabilidade,acumulação de cargos, enfim, seus deveres, direitos e demais aspectos da vida funcional doservidor público.Nesse contexto, essas normas podem ser estabelecidas por lei ou por contrato. No primeirocaso, o regime serálegal, e estabelecido por meio do Estatuto dos Servidores Públicos. Noúltimo, serácontratual, com as regras dadas pela Consolidação das Leis do Trabalho(CLT, Decreto-lei nº 5.452/1943).É justamente aí que se insere o referido Estatuto: trata-se da lei que estabelece a inter-relação dos servidores públicos com a Administração, especificando todos os detalhes dessaconvivência profissional.A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, é que dispõe sobre o regime jurídico dosservidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.E é essa lei que vai nos interessar neste estudo, voltado fundamentalmente para concursosfederais.Assim, se você pretende fazer concursos estaduais ou municipais, fique atento às regraslocais.

9.1 AGENTES PÚBLICOS

O gêneroagentes públicosabrange todas as pessoas que, de uma forma ou de outra,mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam algum tipo de serviço ao Estado.Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, os agentes políticos, osagentes em delegação e os servidores públicos.Assim, agentes políticos são os que compõem os altos escalões do Governo, comoPresidente da República, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador e Magistrado,com características, prerrogativas e privilégios próprios, em geral estabelecidos pelaConstituição Federal.Já os agentes em delegação são aqueles particulares que recebem do Estado a competênciapara executar determinada atividade pública, ou prestação de serviço público ou, ainda,construção de obra pública. Citem-se os leiloeiros, peritos, tradutores, concessionários,permissionários e autorizatários.

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Servidores públicos, em sentido amplo, são todos os que prestam serviços ao Estado,incluindo a Administração Pública Indireta, tendo vínculo empregatício e pagos peloscofres públicos. São também chamados de agentes administrativos. Nessa classificaçãoestão tanto osservidores estatutários, sujeitos ao regime legal, quanto osempregadospúblicos, do regime contratual, além dostemporários, nos termos do art. 37, IX, da CF/88.

Os servidores estatutários, também chamados de funcionários públicos (como na CF/67),são os titulares de cargos públicos e estão sujeitos ao regime legal, ou estatutário, pois é leide cada ente da federação (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) queestabelece as regras de relacionamento entre os servidores e a Administração Pública.Tais regras podem ser alteradas unilateralmente, mas com respeito aos direitos jáadquiridos. Esse regime é destinado, preferencialmente, às funções públicas que exigem doagente poderes próprios de Estado (art. 247, CF/88), conferindo-lhe prerrogativas especiais,como a estabilidade. No plano federal, o estatuto dos Servidores Civis da União, Autarquias

e Fundações Públicas é esta Lei nº 8.112/90, com alterações posteriores determinadasespecialmente pela Lei nº 9.527/97.Empregados públicossão aqueles contratados, seguindo o regime trabalhista, próprio dainiciativa privada. Assim, devem obedecer a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),bem como as regras impostas pela CF/88, como acesso mediante concurso público (art. 37,II, CF/88), limitações de remuneração (art. 37, XI, CF/88) e acumulação remunerada decargos e empregos públicos (art. 37, XVI e XVII, CF/88).Já os temporários são aqueles contratados para atividades, obviamente, temporárias,submetidos a um regime jurídico especial, como, na esfera federal, disciplinado pela Lei nº8.745/931. Essa classe está prevista, como mencionado, no art. 37, IX, da CF/88.

Assim sendo, os comentários aqui serão fixados nos servidores públicos estatutários, quesão o objeto do Estatuto Federal.

9.2 A LEI Nº 8.112/90 E A REFORMA ADMINISTRATIVA DA EC Nº 19/98

Nossa Constituição Federal de 1988 dedicou um capítulo próprio à Administração Pública,traçando seus contornos principais e tratando especificamente dos servidores públicos, comnormas gerais a serem observadas por todos os entes da federação (artigos 37 a 41, CF/88).Aí estabeleceu formas de acesso, aquisição de estabilidade, perda do cargo, acumulaçãolegal de cargos, aposentadoria, princípios de observância obrigatória e outras normas, que

devem ser esmiuçadas pela legislação ordinária.O conteúdo original docaput do art. 39 determinava que a União, os Estados, o DistritoFederal e os Municípios deveriam instituir, no âmbito de sua competência,regime jurídicoúnico (RJU) e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, dasautarquias e das fundações públicas.Ressalte-se que não se exigia, obrigatoriamente, o regime estatutário. Havia, isso sim, queser o mesmo regime para todos, independente de ser estatutário (ou legal), celetista (ou

1 Com alterações posteriores, em especial pela recente Lei nº 10.667/2003, e pelo Decreto nº 4.748/2003 que aregulamenta.

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contratual), ou outro qualquer que fosse criado. Tal previsão tinha base no princípio daisonomia, segundo o qual todos deveriam ter o mesmo tratamento.

A União saiu à frente editando a Lei nº 8.112, em 11 de dezembro de 1990, optando peloregime estatutário, ou seja, os servidores estariam submetidos à lei, que regularia suarelação com a Administração Pública. Poderia também ter optado pelo regime contratual,seguindo as regras da Consolidação das Leis do Trabalho.Importante repetir: uma vez optado por um ou outro regime, todos os servidores daqueleente federativo deveriam estar vinculados a ele. Assim, o Estatuto atendeu ao comandoconstitucional, instituindo esse regime jurídico, à época único, para seus servidores.Em 04 de junho de 1998 fez-se promulgar a Emenda Constitucional nº 19, apelidada deReforma Administrativa, que inaugurou uma nova fase para os servidores públicos, comimportantes alterações no texto constitucional.Em especial, alterou-se o texto do artigo 39, deixando de ser necessária a fixação de umúnico regime jurídico para todos os servidores, passando a ser possível a convivência, numamesma esfera de governo, de múltiplos regimes jurídicos, cada qual estabelecendo regrasde determinada carreira, com peculiaridades próprias de cada caso.Com isso, buscou-se a flexibilização da Administração Pública, deixando de lado muitasregras rigorosas do Estatuto, em especial facilitando a dispensa de trabalhadores, quepassariam a ser contratados pelas regras da CLT, sem direito à estabilidade como previstano art. 41 da CF/88.Assim, hoje não faz mais sentido referir-se a Regime Jurídico Único dos ServidoresPúblicos, posto que isso não mais existe. Tecnicamente falando, o correto seria chamá-lasimplesmente de Estatuto dos Servidores Públicos ou Regime Jurídico Estatutário.

Caberá a cada ente da federação eleger a forma como serão disciplinadas as regras entre elee determinada carreira pública. Essa liberdade não é ilimitada, tendo a própria ConstituiçãoFederal deixado implícito que determinados cargos devem ser organizados em carreira, oque lhes exige a vinculação estatutária. Cite-se a Magistratura, o Ministério Público, osTribunais de Contas, a Polícia, a Defensoria e a Advocacia Públicas. Além dessas, há aindaa previsão de que determinadas atividades serão consideradas típicas de Estado, quetambém deverão estar vinculadas ao Estatuto, como se denota da redação do novo art. 247,acrescentado pelo art. 32 da EC nº 19/98.Ademais, é da União a competência para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 22, I,CF/88), o que retira a liberdade dos demais entes de legislar sobre regimes contratuais,sujeitos a esse ramo do direito.Então, ao criar novo cargo ou abrir vagas para concurso público, a Administração Públicadeverá estabelecer se esses novos integrantes serão regidos pelo Estatuto, com regrasrígidas, inalteráveis por acordo entre as partes, ou pelo regime contratual, com cláusulasdiscutidas entre empregado e empregador.Mas o Estatuto não é imutável. Ao contrário,não cabe argüir violação ao direitoadquirido contra mudanças no regime jurídico.Como já visto, regime jurídico é o conjunto de normas que regem determinado instituto. Aotomar posse em um cargo público, sob as determinações do Estatuto, tem-se um

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determinado conjunto de regras sobre os mais variados temas: férias, licenças, horário detrabalho etc.

Segundo entende o Supremo Tribunal Federal,não há direito adquirido que garantaimutabilidade do regime jurídico2. Esse tribunal, que está no ápice do nosso PoderJudiciário, reiteradamente tem entendido que não se pode exigir a permanência dessasregras por todo o tempo em que houver vínculo com a Administração Pública, sendopossível a alteração desses institutos sem que seja ferido o direito adquirido.Assim, a não existência de direito adquirido a regime jurídico “implica dizer que pode a leinova, ao criar direito novo para o servidor público, estabelecer exigência que não observe oregime jurídico anterior”3.Como se percebe nesse julgado, esse entendimento é antigo e, acrescente-se, pacífico.Dessa forma pode a Administração alterar unilateralmente as regras. E assim foi alterado oEstatuto em diversas ocasiões, em especial com a profunda reforma promovida pela Lei nº9.527, de 10 de dezembro de 1997, que retirou inúmeros direitos dos servidores públicosfederais, como, e a título de exemplo, a possibilidade de incorporação de anuênios e oschamados quintos das gratificações, licença prêmio, venda de 1/3 das férias etc.Percebe-se que as regras do jogo foram alteradas: o que antes era possível fazer, agora nãoé mais; de outro lado, novas opções foram deferidas aos servidores. Como o regime é legal,à lei cabe estabelecer as regras, e aos servidores cabe cumpri-las sem discussão. Se oregime é contratual, não pode o empregador alterar cláusulas como bem entender, devendohaver concordância entre os contratantes. Destaque-se que, ainda que haja concordância doempregado, pelo princípio da proteção, algumas alterações prejudiciais a ele não sãoadmitidas.

Quando da mudança unilateral da lei, as situações já consolidadas devem ser respeitadas.Para que fique bem claro, citem-se exemplos ilustrativos. Aquele que tivesse optado pelaconversão em pecúnia de 1/3 das férias (popularmente chamada de venda de 1/3 das férias)antes de dezembro de 1997, ainda que o gozo das mesmas fosse em 1998, tinha o direitoadquirido à essa conversão, pois tinha cumprido todos os requisitos antes da extinção dessapossibilidade. Porém, aquele que ainda não tinha feito essa opção não pôde mais fazê-la,assim como não se pode exigir que continue tendo esse direito. Outro exemplo é doservidor que já havia cumprido cinco anos de exercício sem nenhuma falta, exigência parater direito à licença prêmio de três meses. Todo aquele que já tinha cumprido o requisitotemporal à época da edição da lei que extinguiu essa vantagem tem o direito adquirido aogozo desses três meses de licença prêmio. Porém, aquele que tinha quatro anos, tinha meraexpectativa de direito, não podendo gozar dessa licença, pois não cumpria os requisitos deentão e, quando completou os cinco anos, já não havia essa previsão legal.Várias foram as informações neste item, e todas muito importantes. Garanta que vocêcaptou tudo relendo este ponto noutro momento.

9.3 CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES

2 STF, ADI 2.555/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 02/05/2003.3 STF, RE 99.522/PR, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 20/05/1983.

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A Constituição Federal distribui competência entre as pessoas jurídicas (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), órgãos e servidores públicos. Por sua vez, estesocupam cargos, empregos ou exercem funções.Assim, cargo é, seguindo o art. 3º do Estatuto,o conjunto de atribuições eresponsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas aum servidor.É criado por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, paraprovimento em caráter efetivo ou em comissão (art. 3º, § único).O cargo público pode ser de provimentoefetivo ou em comissão,e essa característicaquanto à possibilidade de permanência no cargo deve ser prevista na lei que o cria. Assim,se o preenchimento pressupõe continuidade e permanência no cargo, será este efetivo; deoutro modo, temporário é o provimento do cargo em comissão, também chamado de cargoem confiança, pois está atrelado à confiança que determinada autoridade tem em seuauxiliar, como no caso dos Diretores de Secretaria na Justiça Federal. Este cargo nãocomporta maiores regalias ao seu titular momentâneo, não gerando direito de permanêncianele, tampouco à aposentadoria pelo regime dos servidores públicos (artigos 37, II, V e 40,§ 13, CF/88).Só tem acesso a cargo público o servidor estatutário. De outro lado, ao celetista cabe oemprego público, que também é um conjunto de atribuições, mas que se diferenciaexclusivamente pelo vínculo que une seus titulares ao Estado. Assim,funcionário(estatutário) será titular de um cargo, empregado (celetista) será titular de umemprego.Já afunção se refere a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a um agente. Ou seja,

é o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas ao agente, no que concerne àchefia, direção ou assessoramento. Assim, exige-se que, para exercê-la, já seja concursado.O agente tem suas atividades normais dentro do cargo que ocupa e adquire mais algumas,como exemplificando, para ser chefe de uma seção. Em contrapartida, há acréscimo naremuneração (art. 61, I). Essa possibilidade está prevista no art. 37, V, da CF/88, e échamada de função de confiança.Maria Sylvia Zanella di Pietro4 ainda lembra outra situação quando fala emfunção, que éaquela “exercida por servidores contratados temporariamente com base no art. 37, IX, paraas quais não se exige, necessariamente concurso público, porque, às vezes, a própriaurgência da contratação é incompatível com a demora do procedimento; a Lei nº 8.112/90definia, no artigo 233, § 3º, as hipóteses em que o concurso era dispensado; esse dispositivo

foi revogado pela Lei nº 8.745, de 9-12-93, que agora disciplina a matéria, com asalterações introduzidas pela Lei nº 9.849, de 26-10-99”.Assim, quer seja em um caso, quer seja noutro, não há necessidade de prévio concursopúblico, pois, naquele, exige-se que já seja servidor, neste, exige-se urgência nacontratação. Bem por isso, o inciso II do art. 37 da CF/88 o exige somente para investiduraem cargo ou emprego, silenciando quanto à função.Por fim, reproduzo o art. 37, V, da CF/88:

4 Direito Administrativo. Cit., p. 439.

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"As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantesde cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidoresde carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento."

Atenção para não confundir: funções de confiança→ servidores ocupantes de cargoefetivo; cargos em comissão (=cargo em confiança)→ servidores de carreira.

9.4 CONCURSO PÚBLICO

Determinou nossa Carta Magna que “a investidura em cargo público depende de aprovaçãoprévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações paracargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração” (art. 37, II, CF/88).

Por esse dispositivo, ficou vetado, como regra, o acesso a cargos ou empregos públicos semconcurso, para que todos concorram em igualdade de condições. A ordem constitucionalanterior exigia o concurso somente para acesso a cargos, já a atual estendeu também para osempregos. Segundo o TST, em havendo contratação sem observância desse requisito, cabeo pagamento apenas do dias efetivamente trabalhados, segundo o pactuado5.Veja o que diz o STF sobre o assunto:

“O critério do mérito aferível por concurso público de provas ou de provas etítulos é, no atual sistema constitucional, indispensável para o cargo ouemprego isolado ou de carreira. Para o isolado, em qualquer hipótese; para ode carreira, só se fará na classe inicial e pelo concurso público de provas ou de

provas e títulos, não o sendo, porém, para os cargos subseqüentes que nela seescalonam até seu final, pois, para estes, a investidura se dará pela forma deprovimento que é a ‘promoção’.”6

O prazo de validade do concurso público será deaté dois anose a prorrogação,se houverinteresseda Administração Pública, será feita apenas uma vez, e por igual período (art. 37,III, CF/88). Assim, se o prazo inicial for de seis meses, a prorrogação, se houver, tambémserá de seis meses, não de até dois anos, como poderia parecer.O concurso será de provas ou de provas e títulos, quer dizer que não é mais possívelconcurso só de títulos, mas que sempre será necessária a aplicação de prova. Quanto atítulos entenda-se como qualificação especial, tal como ter nível superior em determinadaárea, mestrado, doutorado etc.Poderá ainda se desenvolver em variadas fases, incluindo provas teóricas de múltiplaescolha, dissertativas, orais, e também avaliações práticas, como digitação, direção deveículos, produção de peças jurídicas, exames físicos, e ainda participação em curso deformação. Todas as fases são obrigatórias para, ao final, o candidato lograr a aprovação,quando então será homologado o concurso, iniciando a contagem do seu prazo de validade.

5 TST, Enunciado nº 363: “A contratação de servidor público, após a Constituição de 1988, sem préviaaprovação em concurso público, encontra óbice no seu artigo 37, II, e § 2º, somente conferindo-lhe direito aopagamento dos dias efetivamente trabalhados segundo a contraprestação pactuada”. 6 STF, RE 163.715/PA, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 19/12/1996. Veja também esserecente julgado: STF, ADI 2.689/RN, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 20/10/2003.

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Essas determinações são repetidas nos artigos 10 a 12 do Estatuto, com a redação dada pelaLei nº 9.527/97:

“Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimentoefetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou deprovas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de suavalidade.Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento doservidor na carreira, mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixaras diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seusregulamentos. Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo serrealizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento dorespectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato aopagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, eressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas.Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo serprorrogado uma única vez, por igual período.§ 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serãofixados em edital, que será publicado no Diário Oficial da União e em jornaldiário de grande circulação.§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado emconcurso anterior com prazo de validade não expirado.”

Aprovado em concurso público, dentro do número de vagas, o candidato ainda não temdireito ao cargo. Porém, tem dois direitos assegurados, quais sejam, o de ver respeitada aordem de classificação e o de ser chamado com prioridade sobre os demais aprovados emconcurso subseqüente, dentro do prazo de validade do primeiro.A Administração Pública não pode nomear o quinto colocado sem nomear os primeirosquatro. Se o fizer, os primeiros terão direito à nomeação7.Também dentro do prazo de validade de um concurso, cabe à Administração nomear todosos aprovados, até o número de vagas previsto no edital, antes de nomear o primeiroaprovado no concurso seguinte. Essa é a previsão do art. 37, IV, da CF/88, que determinaque, “durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado emconcurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre

novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira”. Tal regra tornou-se inócuana esfera federal em face do § 2º do art. 12 supramencionado, que proíbe a realização denovo certame dentro do prazo de validade de outro, onde ainda restem aprovados.Mas atenção: nada impede que isso ocorra na esfera estadual ou municipal. Leia comcuidado a questão, pois, se o concurso não é federal, vale a regra geral do art. 37, IV, daCF/88, e o novo concurso realizado, dentro do prazo de validade do primeiro, é válido,sempre respeitando a Constituição.

7 STF, Súmula nº 15: “Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito ànomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação”.

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Segundo o STF, “a aprovação em concurso público gera mera expectativa de direito àinvestidura no cargo pleiteado”8.

Exige-se a realização de concurso em atendimento ao princípio da isonomia, ou igualdade,de forma que todos aqueles que atendam aos requisitos estabelecidos tenham as mesmascondições para concorrer ao cargo público.Porém, o princípio da isonomia não deve ser visto de maneira absoluta. Característicaspeculiares do cargo podem justificar níveis de exigência ou particularidades específicas emcada caso, como limitações de idade, altura, nível de escolaridade, classificação feita porregiões ou por áreas de especialização, sem que isso necessariamente afronte a igualdadeentre os candidatos. Maiores detalhes são traçados no item 9.5 da aula seguinte.

PARA GUARDAR

Regime jurídicoé o conjunto de regras que disciplina determinado instituto.Essas normas podem ser estabelecidas por lei (regime legal ou estatutário) ou por

contrato (regime contratual).O gêneroagentes públicosabrange todas as pessoas que, de uma forma ou de

outra, mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam algum tipo de serviço aoEstado.

Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, os agentespolíticos, os agentes em delegação e os servidores públicos.

Agentes políticossão os que compõem os altos escalões do Governo (Presidente daRepública, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador e Magistrado).

Agentes em delegaçãosão aqueles particulares que recebem do Estado acompetência para executar determinada atividade pública, ou prestação de serviço públicoou, ainda, construção de obra pública (leiloeiros, peritos, tradutores, concessionários,permissionários e autorizatários).

Servidores públicos(ou agentes administrativos), em sentido amplo, são todos osque prestam serviços ao Estado, incluindo a Administração Pública Indireta, tendo vínculoempregatício e pagos pelos cofres públicos. Nessa classificação estão:servidoresestatutários, sujeitos ao regime legal,empregados públicos, do regime contratual, e ostemporários, nos termos do art. 37, IX, da CF/88.

Os servidores estatutários(ou funcionários públicos), são os titulares de cargospúblicos e estão sujeitos ao regime legal.Empregados públicos são aqueles contratados, seguindo o regime trabalhista,

próprio da iniciativa privada.Os temporários são aqueles contratados para atividades, obviamente, temporárias,

submetidos a um regime jurídico especial.O conteúdo original docaput do art. 39 determinava que a União, os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir, no âmbito de sua competência,regime

8 STF, AI 373.054/SP, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 27/09/2002.

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jurídico único(RJU) e planos de carreira para os servidores da administração públicadireta, das autarquias e das fundações públicas.

Não se exigia, obrigatoriamente, o regime estatutário, mas sim um mesmo regimepara todos.Com a EC nº 19/98, alterou-se o texto do artigo 39, deixando de ser necessária a

fixação de um único regime jurídico para todos os servidores, passando a ser possível aconvivência, numa mesma esfera de governo, de múltiplos regimes jurídicos, cada qualestabelecendo regras de determinada carreira, com peculiaridades próprias de cada caso.

O Estatuto não é imutável. Ao contrário,não cabe argüir violação ao direitoadquirido contra mudanças no regime jurídico. Para o STF, não há direito adquiridoque garanta imutabilidade do regime jurídico.

Pode a Administração alterar unilateralmente as regras.

Quando da mudança unilateral da lei, as situações já consolidadas devem serrespeitadas.Cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura

organizacional que devem ser cometidas a um servidor. É criado por lei, comdenominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráterefetivo ou em comissão.

Efetivo: se o preenchimento pressupõe continuidade e permanência no cargo.Emcomissão: também chamado de confiança, está atrelado à confiança que determinadaautoridade tem em seu auxiliar, e é temporário.

Ao celetista cabe oemprego público, que também é um conjunto de atribuições,mas que se diferencia exclusivamente pelo vínculo que une seus titulares ao Estado.

Funcionário (estatutário) será titular de um cargo; empregado (celetista),titular de um emprego.

Função: refere-se a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a um agente. Ouseja, é o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas ao agente, em especialrelativas à chefia, direção ou assessoramento. É dita função de confiança.

Funções de confiança→ servidores ocupantes de cargo efetivo.Cargos em comissão (= cargo em confiança)→ servidores de carreira. A investidura em cargo público depende de aprovação prévia em concurso

público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo emcomissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Aprovado em concurso público, dentro do número de vagas, o candidato ainda nãotem direito ao cargo. Porém, temdois direitos assegurados: o de ver respeitada a ordem declassificação e o de ser chamado com prioridade sobre os demais aprovados em concursosubseqüente, dentro do prazo de validade do primeiro.

A aprovação em concurso público gera mera expectativa de direito à investidura nocargo pleiteado.

Exige-se a realização de concurso em atendimento aoprincípio da isonomia, ouigualdade, de forma que todos aqueles que atendam aos requisitos estabelecidos tenham asmesmas condições para concorrer ao cargo público. Não é um princípio absoluto.

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Características peculiares do cargo podem justificar níveis de exigência ou particularidadesespecíficas em cada caso.

EXERCÍCIOS141 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) O lugar que o servidor ocupa naorganização do serviço público, com denominação própria, responsabilidade e obrigaçõesespecíficas, assim como pela respectiva remuneração, corresponde ao conceito dea) função pública.b) lotação.c) cargo em comissão.d) carreira.e) cargo público.

2 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) Mara foi convidada e designada paraexercer função de confiança na administração do TJPE. Acerca dessa hipótese e dotratamento que a Constituição da República dispensa às funções de confiança, assinale aopção correta.a) A designação de Mara para exercer a função dependerá de prévia aprovação em processode seleção simplificada.b) Mara somente poderá ser designada para exercer a função de confiança se ocupar cargo

efetivo na administração pública.c) O afastamento de Mara da função dependerá de processo em que lhe seja asseguradaampla defesa.d) Mara somente poderá ser destituída da função mediante processo judicial específico.e) Mara somente poderá ser afastada da função de confiança a pedido.

3 - (CESPE/AUXILIAR JUDICIÁRIO/TJPE/2001) Com relação aos cargos em comissão,assinale a opção correta.a) Pressupõem prévia aprovação em concurso público, mas permitem livre exoneração de

seus ocupantes.b) A nomeação de seus ocupantes independe de prévia aprovação em concurso público,mas sua exoneração depende de processo administrativo próprio.c) A investidura depende da realização de processo simplificado de seleção.d) Poderão ser exercidos somente por ocupantes de cargos efetivos.e) Somente poderão ser criados para o exercício de atividades de chefia, direção eassessoramento.TÃO 15

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4 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) João, na condição de ocupante decargo efetivo, e José, comissionado sem vínculo efetivo com a administração, cometeram,no exercício de suas atribuições, ato de improbidade administrativa. Nessa situaçãohipotética, deve-se aplicar a pena dea) demissão a ambos.b) destituição a ambos.c) exoneração a ambos.d) demissão a João e de destituição a José.e) demissão a João e de exoneração a José.

5 - (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) Com relação àgarantia do direito adquirido, em relação à aposentadoria do servidor público, é corretoafirmar que:a) obriga que o servidor seja inativado de ofíciob) exclui do alcance de qualquer modificação o servidor que ingressou no serviçopúblico quando vigiam regras diferentesc) não impede a modificação de regime jurídico do servidor que ainda não preencheu osrequisitos para inativar-se segundo as regras do regime anteriord) assegura que o servidor se aposente de acordo com as regras do regime anterior,mesmo que somente venha a preenchê-las depois do regime haver sido modificado

6 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-5/2003) A Lei no 8.112/90 prevê a incidência deseu regime jurídico para, entre outros,a) servidor público que venha a ingressar em cargo efetivo em fundação pública de umEstado.b) servidor público que venha a ingressar em cargo efetivo na Administração Direta doDistrito Federal.c) empregado público que venha a ingressar em emprego na Administração Direta daUnião.d) empregado público que venha a ingressar em emprego em sociedade de economia mistafederal.e))servidor público que venha a ingressar em cargo em comissão em autarquia federal.

7 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF5/2003) A Constituição Federal, ao disciplinar ainvestidura em cargo e emprego públicos, determina quea) depende sempre de concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com acomplexidade do cargo ou emprego.b) é vedada a contratação de servidor por tempo determinado, mesmo para atender anecessidade temporária de excepcional interesse público.

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c) os cargos em comissão serão sempre exercidos por servidores de carreira, previamenteaprovados em concurso público.

d) os estrangeiros não terão acesso aos cargos públicos, mas somente aos empregospúblicos, sem direito à estabilidade.e))a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras dedeficiência e definirá os critérios de sua admissão.

8 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT19/2003) Determinada Prefeitura promoveu arealização de concurso público, com prazo de validade de 2 anos, para preenchimento dedez vagas de médico, para contratação pelo regime celetista. Na ocasião, foram preenchidasapenas oito vagas, apesar de haver mais cinco candidatos aprovados que não foramconvocados. Passado um ano e meio, a mesma Prefeitura promoveu novo concurso parapreenchimento das duas vagas restantes de médico. Diante dessa situação, é correto dizerquea))o segundo concurso é válido, mas os aprovados no primeiro concurso deverão serconvocados com prioridade sobre os novos concursados.b) os concursos foram realizados sem base constitucional, vez que não se tratava depreencher cargos efetivos.c) o segundo concurso é nulo, vez que os aprovados no primeiro deveriam ter sidoconvocados para preencher as duas vagas restantes antes que se realizasse um novoconcurso.d) o segundo concurso é ineficaz, vez que os aprovados no primeiro deveriam ter sidoconvocados para preencher as duas vagas restantes antes que se realizasse um novoconcurso.e) o segundo concurso é válido, podendo ser convocados, de imediato, a critério daadministração, os aprovados neste concurso.

9 - (ESAF/ TRF/ 2002-2) Assinale entre os seguintes cargos públicos, aquele que não podeser provido em comissão:

a) Secretário da Receita Federalb) Assistente do Diretor da Imprensa Nacionalc) Gerente do Departamento Municipal de Saúde Públicad) Motorista do veículo oficial do Prefeito Municipale) Diretor de escola pública estadual

10 - (ESAF/ AFRF/ 2002-2) A imposição constitucional de prévia aprovação emconcurso público para investidura em cargo ou emprego público veda a adoção doseguinte instrumento de movimentação de pessoal:

a) acessob) permutac) promoção

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d) reintegraçãoe) progressão horizontal

GABARITO:1. E2. B3. E4. D5. C6. E7. E8. A9. D10. A

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AULA 7 PROVIMENTOS

Caros alunos, bom dia!Na aula 3, no item 6.5, que trata do poder regulamentar, incluí o seguinte parágrafo, aofinal:“Se o Executivo se omite de exercer seu poder-dever de regulamentar as leis, caberá, porexpressa previsão constitucional, o uso do mandado de injunção e da ação deinconstitucionalidade por omissão”.Ocorre que, por falha minha, a informação está equivocada, posto que o citado mandado deinjunção somente cabe na falta de norma regulamentadora de direito previsto naConstituição, e não em normas infraconstitucionais.Aliás, cito isso no meu livro de Ética (pág. 98, segunda edição), e esclareço melhor sobre

essa ação na aula 10.Foi um erro meu e peço desculpas pelo mesmo.Agradeço pelo alerta de um aluno bastante atento às aulas.O parágrafo corrigido ficará assim:“Se o Executivo se omite de exercer seu poder-dever de editar regulamentos, será possível,por expressa previsão constitucional, o uso do mandado de injunção, sempre que tal faltatorne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativasinerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, ou da ação de inconstitucionalidadepor omissão, quando haja omissão de medida necessária para tornar efetiva normaconstitucional.Por outro lado, quando essa omissão inviabilizar o cumprimento da legislaçãoinfraconstitucional, Hely Lopes Meirelles, citado por Maria Sylvia Z. Di Pietro, entendeque, “quando a própria lei fixa o prazo para sua regulamentação, decorrido este sem apublicação do decreto regulamentar, os destinatários da norma legislativa podem invocarutilmente os seus preceitos e auferir todas as vantagens dela decorrentes, desde que possaprescindir do regulamento, porque a omissão do Executivo não tem o condão de invalidaros mandamentos legais do Legislativo”.O arquivo corrigido será disponibilizado em seguida, e todos poderão fazer a cópia com aalteração.Agora, vamos à aula 7, continuando com servidores públicos.

AULA 7

9.5 PROVIMENTO

A existência de um cargo, que é um centro de atribuições, não tem sentido sem um titular.Assim, provimento é o ato administrativo pelo qual se preenche o cargo vago, ou seja, é aatribuição desse conjunto de competências a alguém. A investidura em cargo públicoocorrerá com a posse (art. 7º).

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É o art. 5º do Estatuto que estabelece os requisitos básicos para investidura em cargopúblico, a saber:

I – a nacionalidade brasileira;II – o gozo dos direitos políticos;III – a quitação com as obrigações militares e eleitorais;IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;V – a idade mínima de dezoito anos;VI – aptidão física e mental.

Em virtude das especificidades de cada cargo, o § 1º desse mesmo artigo estabelece que “asatribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei”.No que concerne ànacionalidade brasileira , a Lei Maior determinou que a lei não poderáestabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos naprópria Constituição (art. 12, § 2º, CF/88). Também os brasileiros naturalizados terãoacesso a todos os cargos públicos, exceto aqueles arrolados pelo texto constitucional comoexclusivos de brasileiros natos (art. 12, § 3º, CF/88).No que se refere aos estrangeiros, incluídos pela EC nº 19/98, o Estatuto, estipulou que “asuniversidades e instituições de pesquisa científica e tecnológicafederais poderão proverseus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas eos procedimentos desta Lei” (art. 5º, § 3º). O gozo dos direitos políticos também é condição para qualquer pessoa concorrer a umcargo público. Eles não poderão estar suspensos, nem mesmo provisoriamente. A perda oususpensão só se dará nos casos de cancelamento da naturalização por sentença transitadaem julgado; incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado,enquanto durarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestaçãoalternativa, nos termos do art. 5º, VIII, CF/88 e em caso de improbidade administrativa, nostermos do art. 37, § 4º da atual Carta Magna (art. 15, CF/88).As exigências denível de escolaridade, idade mínima, aptidão física e mental não feremo princípio da isonomia que deve orientar todo concurso público. Assim, limitações quantoà idade, nível de escolaridade, sexo e outras não devem ser vistas,a priori , como ofensa atal princípio. Deve ser considerada sempre a justificativa, o motivo de cada requisito,sempre vinculado à razoabilidade e proporcionalidade da desigualdade conferida. Portanto,condicionar as vagas de agente penitenciário em estabelecimento feminino às mulheres,altura mínima para bombeiro ou policial, ou exercício de prática forense prévia para futurosmagistrados não afetam o princípio da isonomia, assim como idade mínima ou máximapara determinados cargos, quando devidamente justificadas.No entanto, diz o STF que, “embora a Constituição admita o condicionamento do acessoaos cargos públicos a requisitos estabelecidos em lei, esta não o pode subordinar apressupostos que façam inócuas as inspirações do sistema de concurso público, que são umcorolário do princípio fundamental da isonomia”1. Ou seja, com esse posicionamento nossoTribunal Maior deixou assente que as exigências podem existir, mas sempre seguindo osprincípios da proporcionalidade e razoabilidade.

1 STF, RE 194.657/RS, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 14/12/2001.

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A relação dos requisitos é meramente exemplificativa, podendo a lei exigir outros, deacordo com as atribuições do cargo (art. 5º, § 1º).

Por fim, ressalte-se que parcelas dos cargos públicos deverão ser providas por pessoasportadoras de deficiência física, desde que compatíveis com a limitação do candidato (art.5º, § 2º, Lei nº 8.112/90 e art. 37, VIII, CF/88).

9.5.1 PROVIMENTO ORIGINÁRIO E DERIVADO

Duas são as formas de provimento de cargo público: originário e derivado . Aquele serefere a um vínculo inicial do servidor ao cargo, este depende de vínculo anterior dele coma Administração Pública. De acordo com a atual previsão constitucional, a única forma deprovimento originário possível é através da nomeação (ou contratação, se celetistas).

No caso de provimento derivado, há um vínculo prévio entre quem está sendo investido emnovo cargo e a Administração Pública. Diversas são as hipóteses em que isso pode ocorrer,e o Estatuto, em seu art. 8º, tratou delas, que serão vistas adiante.

9.5.1.1 A INCONSTITUCIONALIDADE DA ASCENSÃO E DA TRANSFERÊNCIA

O acesso, ou ascensão, que seria provimento sem concurso público, representando apassagem de uma carreira para outra,foi julgado inconstitucional pelo STF . Exemplodisso seria a ascensão de Técnico da Receita Federal para o cargo de Auditor Fiscal, pelasimples passagem do tempo, sem concurso externo em igualdade de condições com todosos candidatos, ou ainda, de Agente da Polícia Federal para Delegado nas mesmascircunstâncias.Diz o STF que estão “banidas das formas de investidura admitidas pela Constituição aascensão e a transferência, que são formas de ingresso em carreira diversa daquela para aqual o servidor público ingressou por concurso, e que não são, por isso mesmo, ínsitas aosistema de provimento em carreira, ao contrário do que sucede com a promoção, sem a qualobviamente não haverá carreira, mas, sim, uma sucessão ascendente de cargos isolados”2.Igual destino, como se viu, teve a transferência, que é a passagem de servidor de um cargopara outro, pertencente a quadro de pessoal diverso, sem o indispensável concurso público,declarada também inconstitucional.

Veja também esse outro julgado do egrégio STF:“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CARGO PÚBLICO.PROVIMENTO. TRANSFERÊNCIA. Lei 8.112, de 11.12.90, art. 8º, IV, art.23, §§ 1º e 2º. Constituição Federal, art. 37, II. I. A transferência -- Lei8.112/90, art. 8º, IV, art. 23, §§ 1º e 2º-- constitui forma de provimentoderivado: derivação horizontal, porque sem elevação funcional (Celso AntonioBandeira de Mello). Porque constitui forma de provimento de cargo público semaprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e titulos, é ela

2 STF, ADIN 231/RJ, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 13/11/1992. Veja também decisãorecente do STJ: MS 8.773/DF, relator Ministro Jorge Scartezzini, publicação DJ 23/06/2003.

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ofensiva à Constituição, art. 37, II. II. Inconstitucionalidade dos dispositivos daLei 8.112/90, que instituem a transferência como forma de provimento de cargopúblico: inciso IV do art. 8º e art. 23, §§ 1º e 2º.”3

A ascensão e a transferência estavam previstas nos incisos III e IV do art. 8º da Lei nº8.112/90, revogados pela Lei nº 9.527/97 embora, repise-se, já considerado inconstitucionalhá muito pelo STF.Então, atenção especial a isso, pois eventualmente exige-se esse conhecimento acercadessas duas formas, mesmo que não mais sejam aplicáveis!!

9.5.1.2 NOMEAÇÃO

Como já dito anteriormente, anomeação é a única possibilidade de provimento originário

de cargo público diante da atual Carta Política, precedida necessariamente de concursopúblico, exceto nos casos de cargos em comissão, preenchidos por pessoas de confiança daautoridade competente4.Nomeação é, quanto ao tempo, ato discricionário unilateral da Administração Pública, que,no seu interesse, opta pelo momento mais oportuno e conveniente de chamar os aprovadosem concurso para assumirem seus cargos, dentro do prazo de validade do concurso. Alegislação não obriga expressamente a Administração Pública a nomear os aprovados, quenão têm direito ao cargo antes da nomeação. Por isso, diz o STF que “o provimento decargo público, é um procedimento que só com o ato final de nomeação ou equivalente geradireito à posse; antes - ainda que findo o processo seletivo - o provimento e a investidurasão objeto de mera expectativa de direito”5.

9.5.1.3 PROMOÇÃO

A promoção é um movimento ascendente dentro da mesma carreira, com acréscimo devencimentos e de responsabilidades. Pode se dar por merecimento ou antiguidade.Maria Sylvia Zanella Di Pietro dá lição exemplar sobre o tema e a novidade constitucional:

“Promoção é forma de provimento pela qual o servidor passa para cargo demaior grau de responsabilidade e maior complexidade de atribuições, dentroda carreira a que pertence. Constitui uma forma de ascender na carreira.

Distingue-se da transposição porque, nesta, o servidor passa para cargo deconteúdo ocupacional diverso, ou seja, para cargo que não tem a mesmanatureza de trabalho. A Emenda Constitucional nº 19 trouxe uma novidade aoexigir, como requisito para promoção, a participação em cursos de formação eaperfeiçoamento em escolas de governo.”

Segundo o § 2º do art. 39 da CF/88, “a União, os Estados e o Distrito Federal manterãoescolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos,

3 STF, MS 22.148/DF, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 08/03/1996.4 STF, MS 23.670/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 08/02/2002.5 STF, RE 143.807/SP, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 14/04/2000.

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constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados”.

9.5.1.4 READAPTAÇÃO

Por readaptação entende-se a investidura do servidor em cargo de atribuições eresponsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade físicaou mental verificada em inspeção médica (art. 24).Ela se dá quando não é possível ao servidor seguir no desempenho das atividades do cargo,por alguma limitação que tenha sofrido, que pode ser tanto física quanto mental. Importanteressaltar que tal limitação não o impede de seguir laborando em outro cargo, compatívelcom ela. Se for de tal gravidade que torne inviável o exercício de qualquer atividade, deve o

servidor ser aposentado por invalidez (art. 40, § 1º, I, CF/88 e art. 24, § 1º do Estatuto).É o caso do motorista acidentado que perdeu as pernas, que pode ser readaptado paraagente administrativo ou ascensorista. Ou do oficial de justiça que, devido a lesão na perna,mal pode caminhar, readaptado para o cargo de analista judiciário. Ou ainda do escrivão depolícia federal que, sendo acometido de lesões pelo uso contínuo de computador éreadaptado para desempenhar as atribuições de agente de polícia federal.Esse provimento é horizontal, ou seja, não pode haver acréscimo de vencimentos nemresponsabilidades, e deve ser precedida de decisão de junta médica específica para esse fim.Em não havendo vaga aberta, o readaptado entrará em exercício como excedente, até queuma desocupe, quando essa vaga temporária do excedente desaparecerá (art. 24, § 2º).

Exercício como excedente significa que ao servidor será criado uma espécie de cargovirtual, de existência efêmera, enquanto não vagar um já existente. Esse cargo virtualdesaparecerá no momento em que surgir uma vaga entre os cargos legalmente previstos.Assim, no exemplo do motorista readaptado para ascensorista, supondo que existam duasvagas para este cargo e ambas estejam ocupadas, o ex-motorista será o terceiroascensorista, numa vaga temporária, até que um dos dois titulares dos cargos existentes seaposente, peça exoneração, seja demitido, ou se implemente qualquer outra possibilidade devacância do cargo. Nesse momento, o terceiro cargo, virtual, desaparecerá, e o ex-motoristaassumirá um dos dois previstos na lei (neste exemplo).

9.5.1.5 REVERSÃO

O aposentado tem duas formas de retorno à ativa por provimento derivado. A primeira édaqueleaposentado por invalidez que deixou de ser inválido , declarada essa situação por junta médica (art. 25, I). Neste caso, como é de interesse da Administração Pública,encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até aocorrência de vaga (art. 25, § 3º), da mesma forma que no caso da readaptaçãoretromencionado. Então, ficando curado o servidor, deverá ele voltar à ativa, estandoobrigado a entrar em exercício se a Administração assim determinar.Atenção pra novidade! Alterou-se a redação desse artigo através de diversas MedidasProvisórias reeditadas ao longo do tempo, até a última edição, que levou o número 2.225-

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45, em 04/09/2001, ainda válida, e que criou uma segunda hipótese de reversão.Essasegunda possibilidade de ocorrência de reversão dá-seno interesse da Administração ,desde que sejam atendidos, pelo aposentado, os seguintes requisitos:

I – tenha solicitado a reversão;II – a aposentadoria tenha sido voluntária;III – estável quando na atividade;IV – a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;V – haja cargo vago.

Ressalte-se queesses cinco requisitos são cumulativos , ou seja, na falta de qualquer deles,não será possível a reversão a pedido. Cite-se, em especial, o último, que exige cargo vago.Para que se evite possível confusão, veja que no caso de ex-inválido que sofre reversão, nãohavendo cargo vago, exercerá as atribuições como excedente. Neste segundo caso, não

havendo vaga, não poderá ser deferido o pedido.Em ambas as hipóteses, a reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de suatransformação (art. 25, § 1º) e não poderá ser efetivada no caso de aposentado que já tenhacompletado setenta anos de idade (art. 27).O tempo em que o servidor estiver em exercício será considerado para concessão daaposentadoria (art. 25, § 2º), podendo, como deverá ocorrer, complementar o temponecessário para se aposentar com proventos integrais, se for servidor ingressado no serviçopúblico antes da EC nº 41/2003.No que diz respeito à remuneração, o servidor que retornar à atividade por interesse daadministração perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração

do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebiaanteriormente à aposentadoria, revertendo os prejuízos financeiros que eventualmente tevecom a aposentadoria (art. 25, § 4º).No momento da nova aposentadoria, o servidor que pediu a reversão somente terá osproventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco anos nocargo (art. 25, § 5º).

9.5.1.6 APROVEITAMENTO

É o retorno ao serviço público daquele que estava em disponibilidade. Esta, por sua vez,nada mais é que não trabalhar, mas estar à disposição do Estado, remunerado, por isso,proporcionalmente aotempo de serviço, segundo a nova redação do § 3º, do art. 41, e do §9º, do art. 40, ambos da CF/88. A disponibilidade é exclusividade de servidor estável.O aproveitamento, ou a disponibilidade no caso de não existir vaga, ocorre em duassituações constitucionalmente previstas:

I – extinção de cargo ou declaração de sua desnecessidade (art. 41, § 3º, CF/88);II – reingresso do servidor ilegalmente desligado de seu cargo, quando não sejapossível reconduzir o atual ocupante ao cargo antigo ou aproveitá-lo em outro cargo(art. 41, § 2º, CF/88).

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O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante aproveitamentoobrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormenteocupado (art. 30). Estando em disponibilidade, a qualquer tempo, o servidor poderá serconvocado para entrar em exercício em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades daAdministração Pública Federal (art. 31) e, não o fazendo no prazo legal, será tornado semefeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade, salvo doença comprovada por juntamédica oficial (art. 32). Trata-se de obrigação, tanto da Administração Pública de convocar,quanto do aproveitando de assumir novo posto que, preferencialmente, será no mesmocargo.Prevê ainda o Estatuto que, nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade,extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor estávelque não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento (37,§ 3º). Assim, com exceção do item II supra, não pode ser colocado em disponibilidadeservidor estável sem que o respectivo cargo seja extinto ou declarado desnecessário6.Importante ressaltar que o valor recebido pelo servidor em disponibilidade, como dito, éproporcional ao tempo de serviço, e não ao tempo de contribuição como é o caso dosproventos de aposentadoria (art. 40, §§ 1º e 9º, CF/88).

9.5.1.7 REINTEGRAÇÃO

Quando um servidor é ilegalmente desligado de seu cargo, deverá serreintegrado , com oconseqüente ressarcimento de todos os prejuízos sofridos, inclusive promoções que teriadireito se em exercício estivesse. Segundo o STJ, a reintegração é a reparação integral dos

direitos, posto que é desfazimento de ato ilegal7

.A irregularidade na demissão pode ser reconhecida judicialmente, através de sentença queanula o ato administrativo de demissão e determina a reintegração, ou pela viaadministrativa. A Carta Política prevê expressamente a primeira hipótese (art. 41, § 2º,CF/88) e o Estatuto prevê ambas as possibilidades (art. 28). Ainda que assim não o fosse,na ausência de determinação de reintegração pela via administrativa, caberia àAdministração Pública, em face do princípio da auto tutela, rever seus próprios atos, deacordo com as seguintes Súmulas do STF:

“Súmula 346: A Administração pública pode declarar a nulidade dos seuspróprios atos.”

“Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivadosde vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ourevogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitosadquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

Se o cargo foi extinto, o servidor reintegrado ficará em disponibilidade (art. 28, § 1º); casotenha sido transformado em outro, a reinvestidura se dará no cargo resultante de suatransformação (art. 28,caput ).

6 STF, AI 312.488 AgR/MG, relator Ministro Sydney Sanches, publicação DJ 19/04/2002.7 STJ, RESP 85.360/DF, relator Ministro William Patterson, publicação DJ 15/09/1997.

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submetido com apoio no art. 20 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, eser reconduzido ao cargo inacumulável de que foi exonerado, a pedido. Não seinterporá recurso de decisão judicial que reconhecer esse direito.”

A outra possibilidade teórica de recondução ocorre no caso de reintegração do anteriorocupante, que já foi mencionada no item precedente, ou seja, o atual ocupante retornará aocargo anteriormente ocupado, se estável neste. Digo teórica pois dificilmente ocorrerá,preferindo da Administração manter o servidor num outro cargo igual vago.

9.5.1.9 RESUMO DE PROVIMENTO DERIVADO

Já que esse tema costuma ser confuso, em face dos nomes e características de cada tipo,preparei um pequeno resumo, que engloba de maneira fácil todos eles. Mas não decore!

Decorar e chutar dá na mesma. A quantidade de informações necessárias para uma prova étão grande que, se for tentar decorar, terá grandes chances de se dar mal! Tente fazer umavinculação entre os nomes e o que representam, usando as dicas abaixo.Como vimos, no caso de provimento derivado, é necessária a existência de um vínculoanterior do servidor com a Administração Pública. Pode ser por promoção, readaptação,recondução ou reingresso. Este compreende as modalidades de reintegração,aproveitamento ou reversão, pois são casos em que o servidor não está em atividade e a elaretorna.Em resumo, temos os seguintes casos:

I – Readaptação: de quem sofreu limitação física ou mental;

II – Reversão: do aposentado por invalidez que deixou de ser inválido ou a pedido;III – Aproveitamento: daquele que está em disponibilidade;IV – Reintegração: do injustamente demitido;V – Recondução: do reprovado em estágio probatório em outro cargo ou de quemocupava o cargo do reintegrado.

9.5.2 PROVIMENTO EFETIVO, VITALÍCIO OU EM COMISSÃO

Outra classificação quanto ao provimento é relativa às características de sua efetividade ou

durabilidade, gerando ou não direito à permanência no cargo. Assim, podem ser divididosem cargos de provimento efetivo, vitalício ou em comissão.

9.5.2.1 EFETIVO

Cargo de provimento efetivo é aquele assim definido em lei, que será preenchido viaconcurso público e que garante ao nomeado estabilidade após três anos de efetivo exercício,ou seja, permanência no cargo, que só pode ser quebrada nas situações previstas naConstituição (artigos 41, § 1º e 169, § 4º, CF/88):

“O servidor público estável só perderá o cargo:

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I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na formade lei complementar, assegurada ampla defesa;IV – por excesso de despesas com pessoal ativo e inativo.”

Note que efetividade e estabilidade não se confundem: “aquela é atributo do cargo,designando o funcionário desde o instante da nomeação; a estabilidade é aderência, éintegração no serviço público, depois de preenchidas determinadas condições fixadas emlei, e adquirida pelo decurso de tempo”10.

9.5.2.2 VITALÍCIO

De maneira semelhante ao efetivo,cargo de provimento vitalício também gera direito àestabilidade, fundamental para o desempenho domúnus público. São duas as principaisdiferenças entre este e o cargo efetivo:

I – a Carta Magna estabeleceu os cargos que devem assim ser providos, não cabendoà legislação infraconstitucional ampliar esse rol;II – a perda do cargo só se dará por sentença judicial transitada em julgado.

A vitaliciedade constitui uma exceção à regra da estabilidade, dando mais garantias aostitulares dos cargos com essa prerrogativa, quais sejam, membros da Magistratura (art. 95,I, CF/88), do Tribunal de Contas (art. 73, § 3º, CF/88) e do Ministério Público (art. 128, 5º,‘a’, CF/88).Outra característica própria, no caso dos juízes, de primeiro grau, e dos membros doMinistério Público, é o tempo para adquirir a vitaliciedade, que será de 02 (dois) anos deexercício.Essa prerrogativa não garante que os titulares desses cargos assim permanecerãovitaliciamente, até a morte, como poderia aparentar. Todos eles estão sujeitos ao limiteetário de setenta anos (por enquanto!), quando haverá aposentadoria compulsória (art. 40, §1º, II, CF/88). Lembre-se: ser vitalício é ter algumas vantagens, mas não a garantia de ficarno cargo até morrer!

9.5.2.3 COMISSÃO

Os cargos em comissão são os de livre nomeação e exoneração, não necessitam deconcurso público e não oferecem qualquer garantia de permanência ao seu titular, posto quetransitórios. Essa característica é dada pela lei que cria o cargo, nos casos em que énecessário um liame de confiança entre determinada autoridade e o titular desse cargo dedireção, chefia ou assessoria. A lei também indica a autoridade competente para fazer anomeação.

10 STF, RE 163.715/PA, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 19/12/1996.

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É o caso dos assessores ou diretores, onde é fundamental o envolvimento entre estes e aautoridade que os nomeia.

Apesar de ser livre a nomeação, a lei pode estabelecer certas regras, o que não desvirtuaessa característica do cargo. Assim, pode determinar idade mínima de vinte e um anos,como no citado caso dos Ministros de Estado (art. 87, CF/88), exigir diploma de bacharelem Direito, para os Diretores de Secretaria na Justiça Federal, proibir nomeações dedeterminados parentes etc.A exoneração não precisa ser motivada, sendo ato puramente discricionário da autoridadecompetente para nomear; diz-se, por isso, que a exoneração éad nutum .

10. POSSE E EXERCÍCIO

Uma vez nomeado de acordo com a legislação pertinente, cabe ao candidato a manifestaçãoexpressa do seu interesse em assumir o cargo.Enquanto anomeação é ato unilateral da Administração Pública, a ser praticado segundosua conveniência, mas dentro do prazo de validade do concurso, aposse é ato bilateralentre o aprovado em concurso público e Administração. A iniciativa é do nomeado,também de acordo com sua conveniência, no prazo improrrogável de trinta dias contados dapublicação do ato de provimento (art. 13, § 1º). À Administração Pública cabe dar a posse(art. 13). Note que esse prazo foi conferido pela Lei nº 9.527, de 10/12/1997, que alterou talparágrafo 1º, sendo antes possível a prorrogação por mais trinta dias, a requerimento dointeressado.Será tornadosem efeito o ato de provimento se a posse não ocorrer nesse prazo (art. 13, §6º).Essa é a regra geral quanto ao prazo para a posse. A Lei nº 9.527/97 deu nova redação ao §2º do art. 13, que excepciona essa regra, alterando o dia de início da contagem do prazo,inverbis (importante exceção para concursos):

“Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato deprovimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nashipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas ‘a’, ‘b’, ‘d’, ‘e’ e ‘f’, IX e X do art.102, o prazo será contado do término do impedimento.”

Então, estando o servidor no gozo de algumas licenças ou afastamentos, terá diferido odiesa quo , ou seja, o dia de início de contagem do prazo para tomar posse. Uma vez iniciada acontagem, não mais será interrompida em nenhuma hipótese.O início de contagem se dá a partir do término das seguintes licenças ou afastamentos:

I – férias;II – participação em programa de treinamento regularmente instituído;III – júri e outros serviços obrigatórios por lei;IV – deslocamento para a nova sede;V – participação em competição desportiva nacional ou convocação para integrarrepresentação desportiva nacional, no País ou no exterior;

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VI – licença:a) por motivo de doença em pessoa da família;

b) para o serviço militar;c) para capacitação;d) à gestante, à adotante e à paternidade;e) para tratamento da própria saúde;f) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;g) por convocação para o serviço militar.

Segundo o STF11, “não pode a sua nomeação ser revogada, antes da posse, por motivo deconveniência ou oportunidade”. Antes da nomeação há mera expectativa de direito12.A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as

atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, quenão poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos deofício previstos em lei (art. 13,caput ). Assim, o neo servidor confirma a aceitação do cargoe se submete aos comandos do Estatuto.Importante ressaltar que a posse poderá dar-se medianteprocuração específica (art. 13, §3º) e que só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomeação (art. 13, § 4º).Portanto, não haverá posse nos cargos de provimento derivado, posto que já existe vínculoanterior do servidor com o serviço público.Entre os documentos apresentados no ato da posse, exige-se do servidor a declaração debens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não deoutro cargo, emprego ou função pública (art. 13, § 5º)13.Assim, ao tomar posse, deve o candidato apresentar a relação de bens e valores de seupatrimônio. Anualmente, e quando de seu desligamento, essa declaração de bens deverá seratualizada, para que seja possível um controle efetivo da evolução patrimonial do servidor,evitando-se enriquecimento ilícito por conta de condutas vedadas na AdministraçãoPública. Caberá a pena de demissão para aquele que se recusar a prestar as informações ouas prestar falsas, podendo ainda optar por apresentar cópia da relação de bens fornecida àReceita Federal.Outro requisito para a posse é a prévia aprovação em inspeção médica oficial, pois sópoderá ser empossado aquele que for julgado apto física e mentalmente para o exercício docargo (art. 14). Cada cargo pode ter requisitos médicos e psicológicos diferenciados, a

depender das características de cada atividade.Uma vez assinado o Termo de Posse, o agora servidor estará investido das atribuições docargo, com todas suas prerrogativas, direitos, vantagens e deveres. Assim, só tem direito aocargo a partir da posse, podendo, inclusive, a Administração revogar a nomeação antes daposse, se julgar oportuno ou conveniente.Veja excertos da decisão do STF em Recurso Extraordinário sobre nomeação, posse eexercício de função pública:

11 STF, MS 20.781/DF, relator Ministro Carlos Madeira, publicação DJ 16/10/1992.12 STF, RE 143.807/SP, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 14/04/2000.13 Veja também o art. 13 da Lei nº 8.429/92, Lei da Improbidade Administrativa.

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“A nomeação é ato de provimento de cargo, que se completa com a posse e oexercício. A investidura do servidor no cargo ocorre com a posse, que é‘conditio juris’ para o exercício da função pública, tanto mais que por ela seconferem ao funcionário ou ao agente político as prerrogativas, os direitos edeveres do cargo ou do mandato. Sem a posse o provimento não se completa,nem pode haver exercício da função pública. É a posse que marca o início dosdireitos e deveres funcionais, como, também, gera as restrições, impedimentose incompatibilidades para o desempenho de outros cargos, funções oumandatos. Com a posse, o cargo fica provido e não poderá ser ocupado poroutrem, mas o provimento só se completa com a entrada em exercício donomeado, momento em que o servidor passa a desempenhar legalmente suasfunções e adquire as vantagens do cargo e a contraprestação pecuniária devidapelo Poder Público.”14

Como se viu, por óbvio, só fará jus à remuneração a partir do exercício, que é o efetivodesempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança (art. 15). Foi anova redação, dada pela Lei nº 9.527/97, que incluiu o exercício dessa função de confiança.O prazo é dequinze dias para o servidor empossado em cargo público entrar emexercício ,contados da data da posse (art. 15, § 1º). Decorrido o prazoin albis , o nomeado seráexonerado do cargo se não entrar em exercício nos prazos previstos, observados os casosem que deva ter exercício em outro município em razão de remoção, redistribuição,requisição etc (artigos 15, § 2º e 18).No caso das designações para exercer função de confiança, o início do exercício, comoregra geral, coincidirá com a data de publicação do ato de designação, salvo quando oservidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em querecairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não poderá exceder a trintadias da publicação (art. 15, § 4º). Se não entrar em exercício, será tornadosem efeito o atode sua designação para função de confiança.Para dar exercício ao servidor, é competente a autoridade do órgão ou entidade para ondefor nomeado ou designado (art. 15, § 3º). Ao entrar em exercício, o servidor deveapresentar seus dados para cadastro, que costuma ser chamado de assentamento individual,onde deverão constar o início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício (art.16),além de férias, promoções, punições e tudo quanto seja representativo de sua vidafuncional.Nas hipóteses em que haja necessidade de o servidor entrar em exercício em outroMunicípio em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto emexercício provisório terá,no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo , contadosda publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo.Inclui-se nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede (art. 18),sendo-lhe facultado declinar desses prazos (art. 18, § 2º). Contar-se-ão a partir do términodo impedimento na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afastado legalmente(art. 18, § 1º). Note que essa previsão limita-se aos casos listados, que não abrangemaqueles nomeados, originalmente, em face de aprovação em concurso público. É comumacontecer de o candidato ser nomeado para localidade diversa da que reside, por vezes até

14 STF, RE 120.133/MG, relator Ministro Maurício Corrêa, julgamento em 27/09/1996.

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em longínquos rincões do Brasil. Nesse caso, não lhe assiste esse direito, devendo respeitaros prazos de trinta dias para tomar posse e quinze dias para entrar em exercício, pois é casode provimento originário.Como regra geral, os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão dasatribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalhosemanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis e oito horasdiárias, respectivamente (art. 19), podendo haver estabelecimento de horários diferenciadosem leis especiais (art. 19, § 2º). Já o ocupante de cargo em comissão ou função deconfiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observada a possibilidadeexcepcional de acumulação (art. 120), podendo ser convocado sempre que houver interesseda Administração (art. 19, § 1º). A nova redação desse artigo foi dada pela Lei nº 8.270/91;assim, os titulares desses cargos devem sempre estar à disposição dos serviços pelos quaissão responsáveis.

11. ESTÁGIO PROBATÓRIO

É o período a que se submete todo o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo,durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho docargo (art. 20).No decorrer desse tempo, será ele constantemente avaliado, a fim de se confirmarem suasqualidades para o bom desempenho da atividade própria do cargo, qualidades essas que, deinício, presumem-se existentes com a aprovação em concurso público.Agora, durante o efetivo exercício das atribuições do cargo, deverá ele comprovar sermerecedor da confiança estatal, permanecendo no cargo, se for aprovado, por tempoindeterminado, só o perdendo diante das situações previstas na legislação. Assim, atendidosos requisitos legais, entre eles a aprovação no estágio, o servidor adquire estabilidade noserviço público, instituto que será amplamente estudado no tópico seguinte.Grande discussão se trava quanto à duração do estágio probatório à luz da Lei nº 8.112/90em confronto com as alterações produzidas pela EC nº 19/98, a Reforma Administrativa.O prazo, previsto no Estatuto atual, é de 24 meses (art. 20). Porém, a EC nº 19/98, alterou aredação do art. 41 da CF/88, ampliando para três anos o prazo para aquisição e estabilidade.Veja uma análise histórica.Até a EC nº 19, de 04/06/98, a CF/88 previa que a estabilidade no serviço público era

adquirida pelo titular de cargo efetivo após dois anos de efetivo exercício (art. 41).Com dita Emenda, alterou-se tal artigo, que passou a determinar o seguinte:

"Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidoresnomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público."

A Lei nº 8.112/90, em seu artigo 20, assim disciplina o instituto do estágio probatório, noâmbito federal:

“Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo deprovimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte equatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto deavaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: (...)”

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De início, a interpretação corrente era de que esse artigo legal havia sido revogadotacitamente pela EC nº 19/98.

Contudo, em 2001, pelo Parecer/MP/Conjur/IC/no 0868-2.6/2001, do MPOG, conclui-seque “o constituinte não atrelou o período de 3 (três) anos de efetivo exercício para aaquisição da estabilidade ao de 24 (vinte) e quatro meses para aferição da aptidão ecapacidade do servidor, por meio do estágio probatório”. Assim, no âmbito daAdministração Pública Federal, o entendimento era de que o estágio continuava sendo de24 meses.Depois disso, a Resolução nº 334, de 07 de outubro de 2003 (DOU 13/10/2003), doConselho da Justiça Federal, instituiu o Sistema Unificado de Acompanhamento eAvaliação de Desempenho dos Servidores em Estágio Probatório no âmbito do Conselhoda Justiça Federal e da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, prevendo que aduração do estágio probatório seria de 24 meses (art. 22).

No entanto, em 27 de julho de 2004, o Secretário de Recursos Humanos do Ministériodo Planejamento, Orçamento e Gestão, emitiu o Ofício-Circular nº 16/SRH/MP, ondeconsta a adoção, de forma vinculante, do Parecer nº AGU/MC-01/2004, publicado noDiário Oficial de 16 de julho de 2004, por toda Administração Pública Federal.Reproduzo alguns excertos desse Parecer e do ofício referido, onde ficou patente que oestágio probatório, é de 3 anos:

“PARECER Nº AGU/MC-01/2004Processo nº 00404.002415/2004-15Procedência : Instituto Nacional de Tecnologia da InformaçãoInteressado : WALDEMIR ALVES DE OLIVEIRAEmenta : Estágio probatório de servidores públicos investidos em cargo públicode modo efetivo após o processo legal de seleção.(...) mesmo admitindo que estabilidade e estágio confirmatório constitueminstitutos diversos e com finalidades distintas servem eles a um objetivocomum. De fato, a estabilidade no serviço público (ou a garantia depermanência) conquanto seja um direito do servidor após cumprido o períodode 3 anos, constitui uma garantia aos cidadãos de que o servidor não será objetode pressões ou influências hierárquicas, políticas, de conveniência ou interesse.Nesse sentido a garantia da estabilidade é sobretudo relacionadaontologicamente ao interesse público muito mais do que ao interesse pessoal do

servidor (...)Ao estender a aquisição da estabilidade para três anos a lei constitucionalcertamente pretendeu do mesmo modo dilatar o período de prova (...)Resumindo, a alteração do prazo de aquisição da estabilidade no serviçopúblico, de dois para três anos (art. 41, Constituição Federal com redação daEmenda Constitucional nº 19, de 1998) importa na dilatação do período deprova ou confirmação também para três anos (...).”

“Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

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Secretaria de Recursos HumanosOfício-Circular nº 16/SRH/MP

Brasília, 27 de julho de 2004.Aos Dirigentes de Recursos Humanos dos Órgãos e Entidades daAdministração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.Com o objetivo de uniformizar entendimentos, em virtude da expedição doParecer nº AGU/MC-01/2004, publicado no Diário Oficial de 16 de julho de2004, esclareço que tendo em vista a alteração trazida pela EmendaConstitucional nº 19, de 1998, que estabeleceu o período de três anos paraaquisição da estabilidade, o período de duração do estágio probatório tambémdeve ser de três anos.O Parecer acima referido assim concluiu:

“Ante o exposto, penso que se deve reconhecer a exata legalidade da Portarianº 342/AGU, de 7 de julho de 2003, e firmar o entendimento, válido para toda a

Administração Pública Federal Direta, de que o estágio probatório ouconfirmatório do art. 20 da Lei nº 8.112, de 1990, por força da superveniênciada nova redação do art. 41 da Constituição Federal, passou a 3 anos desde 5de junho de 1998 (data da Emenda Constitucional nº 19, de 1998).”No mesmo sentido se pronunciou a Consultoria Jurídica deste Ministério, pormeio do PARECER/MP/CONJUR/RA/Nº 1073-2.6/2004, que entendeu que oestágio probatório e a estabilidade possuem a duração de três anos.Diante dos entendimentos ora apresentados, fica insubsistente o Ofício-Circularnº 41/SRH/MP, de 23 de julho de 2001.Atenciosamente,SÉRGIO E. A. MENDONÇASecretário de Recursos Humanos”

Por fim, ressalte-se que o novo Parecer foi aprovado por despacho presidencial, em12/07/2004. De acordo com os arts. 40 e 41, da LC 73/93, passa a ser vinculante à todaAdministração Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fielcumprimento. Assim, hoje,o estágio probatório, no Poder Executivo Federal, é de 3anos .Aí pensamos que tudo estava resolvido!!! Mas eis que vem o Judiciário e revive a

discussão. Recentemente, em 27/08/2004, segundo divulgou o “site” do STJ(www.stj.gov.br), o estágio probatório de servidores públicos deve ter duração de doisanos15:

“O estágio probatório dos servidores públicos deve ter duração de dois anos.Com esse entendimento, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ)concedeu, por unanimidade, mandado de segurança a dois servidores quequestionavam portaria da Advocacia-Geral da União (AGU), a qual estabeleceuprazo de três anos para o estágio.

15 STJ, MS 9373/DF, relatora Ministra Laurita Vaz, julgamento em 25/08/2004, ainda não publicado oacórdão.

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Para a relatora da matéria, ministra Laurita Vaz, a portaria da AGU, de nº342/03, contraria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF),entendimento do Ministério do Planejamento e o artigo 20 da Lei nº 8.112/90,que estabelece em dois anos o período de estágio probatório para os servidoresda carreira definitiva.Em seu voto, a ministra fez uma clara distinção entre estágio probatório eestabilidade. O primeiro, lembrou, está disciplinado pela Lei nº 8.112/90 e tema finalidade de avaliar a capacidade do servidor para o exercício de cargopúblico por meio de critérios estabelecidos em lei, como assiduidade,disciplina, produtividade etc. Prevista no artigo 41, parágrafo 4º, daConstituição Federal, a segunda tem o objetivo de conferir ao servidor o direitoà permanência no cargo para o qual foi aprovado e só pode ser alcançada aofinal de três anos de exercício efetivo, após avaliação de desempenho, realizadapor comissão especial constituída para essa finalidade.A relatora ressaltou que o dispositivo da Lei nº 8.112/90 não foi revogado pelaEmenda Constitucional nº 19/98. Recordou também que a controvérsia sobre osdois institutos - estágio e estabilidade - já foi dirimida pelo Executivo emparecer da Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento, em parte citadoem seu relatório: "A estabilidade tem como característica principal o critérioobjetivo, isto é, o decurso do tempo, enquanto o estágio probatório o critériosubjetivo: aferição de aptidão e capacidade do servidor para o cargo".O ministro Hélio Quaglia, integrante da Terceira Turma que também participoudo julgamento, esclareceu não ser possível, por ato infralegal (portaria, nocaso), a equiparação dos dois institutos. "Se quiserem fazê-lo, que seja pelomodo próprio, que é a via legislativa", afirmou.”

Colocada essa problemática quanto ao período de estágio (quase sem solução praconcursos), vejamos as demais regras relativas a ele.Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeitoa estágio probatório, pelo período de 2 (dois) ou 3 (três) anos, segundo o entendimento,durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho docargo, observados os seguintes fatores (art. 20):

I – assiduidade;II – disciplina;III – capacidade de iniciativa;IV – produtividade;V – responsabilidade.

Os parágrafos do mesmo art. 20 do Estatuto disciplinam o estágio probatório, contendo asregras a seguir reproduzidas.Quatro meses antes de findo o período do estágio probatório, será submetida àhomologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor, realizadade acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento do sistema de carreira, sem prejuízoda continuidade de apuração dos fatores enumerados acima (art. 20, § 1º).

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Em caso de não aprovação do servidor no estágio probatório, dois caminhos foramprevistos (art. 20, § 2º):

I – se detinha estabilidade no cargo anteriormente ocupado, será reconduzido a ele.II – se não se enquadrar na possibilidade anterior, será exonerado.No primeiro caso, encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor será aproveitadoem outro (art. 29).De uma forma ou de outra, é garantido ao servidor o direito à ampla defesa, ainda que nãoseja exigível um processo administrativo disciplinar completo:

“Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido seminquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.”16

São os seguintes os direitos concedidos ao servidor em estágio probatório (art. 20, § 3º e4º):

I – poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções dedireção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação;II – poderá ser cedido a outro órgão ou entidade, mas somente para ocupar cargos deNatureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo Direção eAssessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes;III – poderão ser concedidas as licenças a seguir enumeradas (art. 81, incisos I a IV):a) por motivo de doença em pessoa da família, precedida de exame por médico ou junta médica oficial;b) por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;

c) para o serviço militar;d) para atividade política;IV – poderão, também, ser concedidos os afastamentos nos casos abaixo (artigos 94 a96):a) para exercício de mandato eletivo;b) para estudo ou missão no exterior;c) para servir em organismo internacional de que o Brasil participe;V – para participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso paraoutro cargo na Administração Pública Federal (art. 20, § 4º).

O § 5º prevê as hipóteses de suspensão do estágio probatório nos casos a seguirrelacionados, com retomada a partir do término do impedimento:I – licença por motivo de doença em pessoa da família (art. 83); II – licença por motivo de afastamento do cônjuge (art. 84); III – licença para atividade política (art. 86);IV – afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe(art. 96);

16 STF, Súmula nº 21. Veja também STJ, RESP 417.089/PR, relator Ministro Jorge Scartezzini, publicação DJ26/08/2002.

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V – afastamento para participação em curso de formação (art. 20, § 4º).Como visto, o estágio servirá para a confirmação das qualidades do servidor para o

desempenho das atividades próprias do cargo. Nesse mote, indispensável que,a cada novanomeação originária seja ele submetido a novo período probatório , haja vista que aavaliação é para o cargo. Ou seja, não é porque o técnico judiciário mostrou competênciapara essa função que estará dispensado do estágio quando nomeado, por concurso, paraanalista judiciário. Terá que comprovar suas habilidades neste cargo também, sob pena derecondução ao anterior.

12. ESTABILIDADE

A estabilidade é uma garantia de ordem constitucional deferida aos ocupantes de cargos

públicos de provimento efetivo, com o intuito de assegurar sua permanência no cargo,enquanto atendidos os requisitos legais.Dois conceitos que não se confundem são os daestabilidade e daefetividade . O primeiro,refere-se ao servidor que só pode perder o cargo diante de poucas situações expressamenteprevistas na Constituição Federal: é do servidor, é adquirida. Já a efetividade é atributo docargo, característica de seu provimento; a lei que o cria determina que será de provimentoefetivo, ou seja, proporciona mais garantias ao seu titular, diferente do cargo de provimentoem comissão, sem garantias. A efetividade é do cargo, é outorgada.E nos ensina Alexandre de Moraes:

“Os institutos da estabilidade e efetividade não se confundem, pois enquantoesta é atributo do cargo, designando o funcionário desde o instante danomeação, a estabilidade é aderência no serviço público, depois de preenchidasdeterminadas condições fixadas em lei, e adquirida pelo decurso de tempo. Aefetividade constitui um requisito necessário para a estabilidade.”

A regra atual é que os servidores públicos, após três anos de efetivo exercício e aprovadosno estágio probatório, adquirirão estabilidade, só podendo ser desconsiderada nos casosexpressamente previstos no corpo da Lei Maior (artigos 41 e 169). Ressalte-se, uma vezmais, que tal garantia se restringe aos cargos de provimento efetivo, carecendo de sentidofalar-se em estabilidade em cargos em comissão, funções gratificadas ou de confiança, emface das características próprias destes.Atualmente, são quatro as possibilidades de perda do cargo do servidor estável (artigos 41 e

169, CF/88):I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho;IV – para o cumprimento dos limites com a despesa com pessoal ativo e inativo.

Os dois últimos itens trazem grandes novidades. O terceiro vem com a inédita avaliaçãoperiódica de desempenho. Não basta que fique provada sua capacidade para o trabalhoapenas durante o curto prazo do estágio, necessário se faz que essa capacidade sejaanalisada sempre, a todo tempo. No momento em que o avaliado deixar de atender às

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expectativas da Administração Pública, poderá, após procedimento adequado com regrasque serão estabelecidas, perder sua posição, ainda que já faça jus à estabilidade.

Tem-se, ainda, a quarta possibilidade de ser afastada essa garantia funcional. A União nãopode gastar mais que 50% da sua arrecadação com pagamento de pessoal. Estados-membros, Distrito Federal e Municípios não poderão dispor de mais que 60% de suasentradas para o mesmo destino.No caso de esses limites estarem sendo violados, prevê o art. 169 da atual Magna Cartauma série de ações a serem implementadas com vistas à redução dos gastos com a folha depagamento. Como último recurso, visando atingir os limites estabelecidos, o § 4º autoriza aexoneração de servidores estáveis, com as indenizações devidas.Viu-se, então, que a estabilidade é a garantia de permanência no cargo, atendidas asexigências constitucionais e legais.A Constituição Federal de 1988 tratou do assunto em seu artigo 41, com regras de exceçãoe transitórias nos artigos 169, § 4º; 19, ADCT e 28 da EC nº 19/98.No Estatuto, é regulada nos artigos 21 e 22, a saber:

“Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado em cargo deprovimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 2(dois) anos de efetivo exercício.Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicialtransitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe sejaassegurada ampla defesa.”

Note que ambos os artigos estão desatualizados. Como já visto alhures,a EC nº 19/98ampliou o prazo de dois para três anos de efetivo exercício para aquisição daestabilidade . Também ampliaram-se as possibilidades de perda do cargo. Assim, essesartigos foram derrogados tacitamente no que contrariam o atual texto constitucional.A propósito deste tema, reproduzimos partes do seguinte julgado, que se consubstancia emverdadeira aula do Ministro relator:

“A estabilidade é a garantia constitucional de permanência no serviço públicooutorgada ao servidor que, nomeado por concurso público em caráter efetivo,tenha transposto o estágio probatório (...). O estágio, pois, é o período deexercício do funcionário durante o qual é observada e apurada pelaAdministração a conveniência ou não de sua permanência no serviço público,mediante a verificação dos requisitos estabelecidos em lei para a aquisição da

estabilidade. Para esse estágio só se conta o tempo de nomeação efetiva namesma Administração, não sendo computável o tempo de serviço prestado emoutra unidade estatal, nem o período de exercício de função pública a títuloprovisório. Esta aferição não pode se dar se não houve posse, pois, inexistindo,é evidente que não se deu o início do exercício da função pública; não hádireitos a serem conferidos nem deveres a serem apurados, porque o servidornão tomara posse no cargo, não era detentor da função pública, na sua formaefetiva (...). Todavia, embora em razão da autonomia constitucional asentidades estatais sejam competentes para organizar e manter seufuncionalismo, criando cargos e funções, instituindo carreiras e classes, fazendoprovimento e lotações, estabelecendo vencimentos e vantagens, delimitando os

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deveres e direitos dos servidores e fixando regras disciplinares, as disposiçõesestatutárias dos entes federados não podem contrariar o estabelecido naConstituição da República, porque normas gerais de observância obrigatóriapela federação. Assim, o instituto da estabilidade, que, a par de um direito, parao servidor, de permanência no serviço público enquanto bem servir, representapara a Administração a garantia de que nenhum servidor nomeado por concursopoderá subtrair-se ao estágio probatório (...). Por isto, não pode aAdministração federal, estadual ou municipal ampliar o prazo fixado pelo TextoConstitucional, porque estaria restringindo direito do servidor público; mastambém não pode diminuí-lo ou estendê-lo a outros servidores que não osnomeados por concurso, porquanto estaria renunciando a prerrogativasconstitucionais consideradas essenciais na relação Estado-agenteadministrativo. Não sendo lícito ao ente federado renunciar a essasprerrogativas, nula e de nenhum efeito disposição estatutária em desacordo como preceito constitucional.”17

Quanto às diferenças entre estabilidade e vitaliciedade, maiores considerações foram vistasno item 9.5.2.A estabilidade excepcional do art. 19 do ADCT é magistralmente analisada no seguinte julgado:

“Estabilidade: artigos 41 da Constituição Federal e 19 do ADCT. A vigenteConstituição estipulou duas modalidades de estabilidade no serviço público: aprimeira, prevista no art. 41, é pressuposto inarredável à efetividade. Anomeação em caráter efetivo constitui-se em condição primordial para aaquisição da estabilidade, que é conferida ao funcionário público investido emcargo, para o qual foi nomeado em virtude de concurso público. A segunda,prevista no art. 19 do ADCT, é um favor constitucional conferido àqueleservidor admitido sem concurso público há pelo menos cinco anos antes dapromulgação da Constituição. Preenchidas as condições insertas no preceitotransitório, o servidor é estável, mas não é efetivo, e possui somente o direito depermanência no serviço público no cargo em que fora admitido, todavia semincorporação na carreira, não tendo direito a progressão funcional nela, ou adesfrutar de benefícios que sejam privativos de seus integrantes. O servidor quepreenchera as condições exigidas pelo art. 19 do ADCT-CF/88 é estável nocargo para o qual fora contratado pela Administração Pública, mas não éefetivo. Não é titular do cargo que ocupa, não integra a carreira e goza apenas

de uma estabilidade especial no serviço público, que não se confunde comaquela estabilidade regular disciplinada pelo art. 41 da Constituição Federal.Não tem direito a efetivação, a não ser que se submeta a concurso público,quando, aprovado e nomeado, fará jus à contagem do tempo de serviço prestadono período de estabilidade excepcional, como título.”18

13. VACÂNCIA

17 STF, RE 120.133/MG, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 29/11/1996.18 STF, RE 163.715/PA, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 19/12/1996.

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Vacância é a situação do cargo público que está vago, ou seja, sem titular, e pode decorrer

dos casos previstos no art. 33 do Estatuto, a saber:I – exoneração;II – demissão;III – promoção;IV – readaptação;V – aposentadoria;VI – posse em outro cargo inacumulável;VII – falecimento.

Dito artigo previa, originariamente, ainda duas possibilidades de vacância, quais sejam,

ascensão e transferência, que foram tidas como inconstitucionais como já mencionadoanteriormente19, por serem formas de acesso a cargo público sem concurso com amplaconcorrência. Terminaram por ser expressamente revogadas pela Lei nº 9.527/97.Cumpre ressaltar a diferença entreexoneração e demissão , pois, de maneira leiga, acabampor ser empregados indistintamente em variadas situações. Tecnicamente, demissão ésanção, penalidade disciplinar a ser aplicada nos casos legalmente previstos (art. 127, III doEstatuto e art. 92, I, do Código Penal). Os casos de exoneração são muitos, mas nuncadecorrentes de alguma falta grave. Assim, nenhum servidor “pede demissão”, como porvezes se escuta, ou se usa comumente na iniciativa privada.São casos de exoneração:

I – a pedido (art. 34,caput );II – reprovação em estágio probatório (artigos 20, § 2º e 34, I);III – quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazoestabelecido (art. 34, II);IV – desempenho insuficiente mediante procedimento de avaliação periódica (art. 41,§ 1º, III, CF/88);V – excesso de despesas com pessoal ativo e inativo (art. 169, § 4º, CF/88);VI – extinção do cargo e reintegração quando o cargo está ocupado, no caso de nãoestável (art. 41, § 2º, CF/88);VII – para o caso específico de cargo em comissão, há exoneração a juízo daautoridade competente ou também a pedido do próprio servidor (art. 35).

Promoção é, a um só tempo, vacância num cargo inferior e provimento noutro cargo,superior, ambos dentro da mesma carreira, por motivos de merecimento ou antiguidade.Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidadescompatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental,verificada em inspeção médica (art. 24).Aposentadoria se refere à passagem do servidor da atividade para a inatividade, segundoas regras próprias (art. 40, § 1º, CF/88 e art. 186 do Estatuto).

19 STF, ADIN 231/RJ, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 13/11/1992.

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Quando um servidor foraprovado em outro cargo inacumulável (art. 37, XVI, CF/88),deverá pedir vacância do primeiro ao mesmo tempo em que toma posse no segundo, nãohavendo solução de continuidade entre o exercício de um cargo e de outro, mantendo-se ovínculo com a Administração Pública, o que não acontece se pedir exoneração.Com amorte de servidor da ativa, também fica vago o cargo público.Ressalte-se que esse art. 33 não inclui em seu rol arecondução . Contudo, na prática,quando de sua ocorrência, há provimento de um cargo - como visto anteriormente – e, aomesmo tampo, outro fica vago.Importante considerar que são, a um só tempo, formas de provimento e vacância do cargopúblico:

I – segundo o Estatuto - promoção e readaptaçãoII – segundo a doutrina - promoção, readaptação e recondução.

14. TRANSFERÊNCIA, REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO

14.1. TRANSFERÊNCIA

De acordo com a redação original do art. 23,transferência é a passagem do servidorestável de cargo efetivo para outro de igual denominação, pertencente a quadro de pessoaldiverso, de órgão ou instituição do mesmo Poder.Como já explicitado,a transferência foi considerada inconstitucional 20, pois previa o

provimento de novo cargo público sem concurso externo, sendo tal artigo revogado pelaLei nº 9.527/97.Aqui citamos esses três institutos pela semelhança entre eles, e para que não sejamconfundidos, justamente pelo fato de que o primeiro é vedado pela atual ConstituiçãoFederal, e os demais são perfeitamente aplicáveis.Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmoquadro, com ou sem mudança de sede (art. 36).Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago noâmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, comprévia apreciação do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -SIPEC (art. 37).

14.2. REMOÇÃO

O servidor é ditoremovido quando é deslocado, dentro do mesmo quadro de servidores, deum lugar para outro, que pode ser dentro da mesma cidade, ou entre cidades distintas.Exemplificando, tem-se remoção quando um analista judiciário lotado em uma varacriminal da Justiça Federal tem sua lotação alterada para uma vara de Execução Fiscal,

20 STF, ADIN 231/RJ.

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dentro ou não da mesma Circunscrição Judiciária. Ou ainda, quando um Técnico da ReceitaFederal nomeado para vaga numa cidade de fronteira vai para uma capital.

Note-se que, nesse caso, quem se desloca é o servidor, somente. Abre-se uma vaga no lugaronde ele estava e o funcionário ocupará outra, igual, na nova localidade onde terá exercício.Repise-se que aremoção não é forma de provimento ou vacância .A remoção pode ser a pedido ouex officio (de ofício), ou seja, por atuação exclusiva daAdministração Pública, independente da vontade do removido, em casos de interessepúblico.Assim, são modalidades de remoção (art. 36):

I – de ofício, no interesse da Administração;II – a pedido, a critério da Administração;III – a pedido, para outra localidade, independente do interesse da

Administração:a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civilou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federale dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração;b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente queviva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada àcomprovação por junta médica oficial;c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o númerode interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normaspreestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.

As duas primeiras modalidades dependem da conveniência da Administração, quedeterminará a alteração de lotação do servidor ou deferirá seu pedido.No caso da remoção determinada de ofício pela Administração, se o servidor passar a terexercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, fará jus, atítulo de indenização, a ajuda de custo, destinada a compensar as despesas de instalação doservidor, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, quando o cônjugeou companheiro que também seja servidor, venha a ter exercício na mesma sede (art. 53).Outra garantia nesse tipo de remoção é dada ao servidor estudante que mudar de sede nointeresse da administração. Segundo o art. 99, é-lhe assegurada, na localidade da novaresidência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquerépoca, independente de vaga, garantia que se estende ao cônjuge ou companheiro, aosfilhos, ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sobsua guarda, com autorização judicial.A terceira possibilidade se refere a pedidos que devem ser deferidos, independente dointeresse da Administração, ou seja, o servidor tem direito a ser removido, nas hipótesesque a Lei estabeleceu. A antiga redação desse artigo determinava a remoção independentede vaga. Essa regra foi retirada da nova redação, no entanto, não foi exigida, comorequisito, a existência de vaga. Assim, entendo que, nos casos das letras ‘a’ e ‘b’ a remoçãodeve ser deferida independente da existência de vaga.Se ambos os cônjuges ou companheiros forem servidores públicos, sejam da esfera civil oumilitar, de qualquer ente da federação, e um deles for removido de ofício (no interesse da

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Administração), o outro tem o direito de acompanhá-lo, passando a exercer suas atribuiçõesna nova sede. Em não havendo idêntico cargo ou órgão, poderá haver exercício provisórioem órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desdeque para o exercício de atividade compatível com o seu cargo, ou ainda ser concedidalicença por prazo indeterminado e sem remuneração (art. 84). Ressalte-se que aConstituição Federal de 1988, em seu art. 226, § 3º, equiparou a esposa ou esposo àcompanheira ou companheiro.No entanto, fica nítido que esse direito diz respeito ao envio de um dos cônjuges, para outralocalidade, de ofício. Não cabe alegar o vínculo familiar no caso de o servidor tomar posseem cargo público em outra localidade já sendo casado, requerendo, depois, a remoção parapermanecer junto à família. Note este interessante aresto do STJ21:

“Servidora pública federal radicada em Brasília e que presta concurso paraUniversidade do Ceará. Requisição por órgão público do Distrito Federal, sem

que houvesse exercido suas funções em Fortaleza, para as quais fora contratada.Determinação do reitor da faculdade da referida unidade da federação, para quevenha a ocupar o seu cargo. Impetrante que alega a proteção constitucional àfamília para não atender a chamada. Participação em concurso quando já eracasada e com filhos. Risco que se deve debitar à sua conta e não ao Estado. (...)A requisição é ato discricionário, atendido o critério de conveniência daAdministração, pode ser revogado a qualquer instante. Se ao prestar concursoem outra unidade da federação, a servidora já era casada e com filhos, não podealegar a desagregação familiar, como forma de se recusar a prestar serviços emoutro Estado. Nessa hipótese, há de correr o risco à sua conta e não debitá-lo aopoder público.”

Noutra situação, em havendo prejuízos à saúde do servidor, cônjuge, companheiro oudependente legal, devidamente comprovado por junta médica oficial, poderá ele requerer aremoção para município onde não ocorram os mesmos problemas. Exemplo disso é apessoa que vive no sul do país, e sofre de asma ou bronquite, agravados os sintomas emface do frio, ou quem tem problemas de pele e vive no centro-oeste, onde a seca inviabilizasua vida saudável. Ou ainda aquele que tem problemas respiratórios e vive numa grandecapital, com a poluição lhe impedindo de trabalhar e viver a contento. Existe também apossibilidade de o servidor, ou algum dos seus, ser acometido de moléstia grave, quenecessite de acompanhamento especializado constante, só existente em determinada cidade.Também, nesse caso, fará jus ao benefício, sendo para lá deslocado.Por fim, a última hipótese de remoção a pedido, independente do interesse daAdministração, vê-se no caso de ser estabelecido processo seletivo, com regras próprias,quando o número de interessados é superior ao número de vagas. Assim, quando forconveniente e oportuno à Administração Pública, esta poderá divulgar vagas disponíveisem suas diversas sedes, possibilitando que os interessados se candidatem a elas. Emhavendo mais inscritos que vagas, a seleção deverá ser feita seguindo regraspreestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados, como coroláriodos princípios da legalidade e da isonomia, evitando-se, dessa forma, as remoções pormotivações políticas dos apadrinhados das autoridades públicas. Ainda não são todos os

21 STJ, MS 3.479/DF, relator Ministro Anselmo Santiago, publicação DJ 15/09/1997.

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órgãos que estabeleceram essas regras, havendo, infelizmente, remoções seguindoexclusivamente os interesses de alguns poucos servidores privilegiados.

Em qualquer caso, sempre que o servidor deva ter exercício em outro município terá, nomínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para aretomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o temponecessário para o deslocamento para a nova sede. Na hipótese de o servidor encontrar-seem licença ou afastado legalmente, esse prazo será contado a partir do término doimpedimento (art. 18).

14.3. REDISTRIBUIÇÃO

É o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou não, sendo também

conhecido porrelotação . Difere da remoção, que é o deslocamento do servidor, sem ocargo. Neste caso o servidor vai ocupar outro cargo, noutra cidade; naquele, o cargo vai junto com o servidor.Pode ser o mesmo cargo sendo redirecionado para outra sede, ou transformado em outrocargo assemelhado e transferido a outro órgão, recém criado ou que necessite de maisservidores. Em qualquer caso, o lugar de origem do cargo o perde, reduzindo sua lotação.Sendo criada uma nova representação do Tribunal de Contas da União em alguma cidadeque não a tenha, será necessário determinado número de cargos de analistas. Poderão sercriados esses novos cargos ou, no interesse da Administração, redistribuídos alguns dessescargos de outra cidade que tenha excesso de servidores. Outro exemplo é no caso de criaçãode um novo Tribunal Regional Federal. Necessita ele de determinado contingente detécnicos e analistas; essas vagas poderão ser novas, ou recebidas de outro TRF que as tenhasobrando.Para ficar bem claro, vamos dar um exemplo numérico. Supondo que seja criada novaDelegacia da Polícia Federal, onde seja determinada a lotação de um delegado, dezpoliciais, um escrivão e um perito. Todas essas vagas podem ser criadas por lei, ou pode virum delegado de outra localidade, policiais de diversas delegacias e assim por diante. Nestecaso, as delegacias que enviarem seus servidores, com cargo, terão sua equipe reduzida,pois perderão esses cargos.Outro exemplo de redistribuição, neste caso para cargo diverso, viu-se quando da extinçãodo Instituto Brasileiro do Café, quando seus fiscais foram aproveitados e os cargos

distribuídos para o INSS, Receita Federal e outros, mantidos os vencimentos e a essênciadas atribuições do cargo de fiscalização.A redistribuição é de cargos ocupados ou vagos. Se forem ocupados, o servidor deveacompanhar o cargo. Ocorrerá “ex officio” para ajustamento de lotação e da força detrabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção oucriação de órgão ou entidade (art. 37, § 1º). Nos dois primeiros casos (reorganização ouextinção de órgão ou entidade), extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidorestável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu adequadoaproveitamento (art. 37, § 3º).

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Se o servidor não for redistribuído ou colocado em disponibilidade, será mantido sobresponsabilidade do órgão central do SIPEC, podendo ter exercício provisório em outroórgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento (art. 37, § 4º).O art. 37 determina também que sejam observados os seguintes preceitos:

I – interesse da administração;II – equivalência de vencimentos;III – manutenção da essência das atribuições do cargo;IV – vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade dasatividades;V – mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional;VI – compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidadesinstitucionais do órgão ou entidade.

Por fim, a redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato conjunto entre oórgão central do SIPEC e os órgãos e entidades da Administração Pública Federalenvolvidos (art. 37, § 2º).

15. SUBSTITUIÇÃO

Devido à feição hierarquizada da Administração Pública, faz-se necessário que os cargos dechefia e direção estejam preenchidos, havendo sempre alguém responsável pela repartiçãopública ou pela seção.

Em vista disso, os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e osocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento internoou, no caso de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ouentidade (art. 38). Essas regras se aplicam também aos titulares de unidades administrativasorganizadas em nível de assessoria (art. 39).Nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacânciado cargo, o substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuízo do cargo queocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial.Nesse período, deverá optar pela remuneração de um deles (art. 38, § 1º).Houve alteração importante dessa regra de pagamento com a Lei nº 9.527/97, quedeterminou que o substituto só fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou função dedireção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ouimpedimentos legais do titular,superiores a trinta dias consecutivos , paga na proporçãodos dias de efetiva substituição,que excederem o referido período (art. 38, § 2º).Essa previsão esvaziou o instituto da substituição, quase que inviabilizando-o, pois háenorme dificuldade em se recrutar servidores para assumirem essa responsabilidade comosubstitutos, à medida em que nada receberão, como regra. A oportunidade mais comum dereceber pela substituição era no período de férias do titular, porém, como em geral nãoultrapassará os trinta dias exigidos, o substituto nada receberá. Assim, o pagamento só sedaria nos casos de licenças acima de trinta dias, inclusive para tratar da saúde e gestante, ouacúmulo de dois períodos de férias. Note que, se o chefe ficar quarenta dias de licença

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médica, o substituto receberá apenas pelos dias que ultrapassarem os trinta primeiros, ouseja, receberá por dez dias.

Segundo o STJ, é plenamente cabível a nova regra de pagamento somente após o 30º dia desubstituição:“No concernente à substituição, prevista no art. 38, §2º, da Lei nº 8.112/90,prevalece a alteração engendrada pela MP nº 1.522/97, consolidada, mais tarde,na Lei nº 9.527/97, no sentido de que o substituto somente terá direito ‘àretribuição pelo exercício do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargode Natureza Especial, nos casos de afastamentos ou impedimentos legais dotitular, superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias deefetiva substituição, que excederem o referido período’.”22

Ufa! A aula hoje foi mais extensa. Então, descanse um pouco, deixe pra depois a leitura doresumo e a resolução dos exercícios.

PARA GUARDAR

Provimento é o ato administrativo pelo qual se preenche o cargo vago.Requisitos básicos para investidura em cargo público: I - a nacionalidade brasileira;

II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; IV- o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoitoanos; VI - aptidão física e mental.

A relação dos requisitos é meramente exemplificativa, podendo a lei exigir outros,de acordo com as atribuições do cargo.Duas são as formas de provimento de cargo público: originário e derivado .

Aquele se refere a um vínculo inicial do servidor ao cargo, este depende de vínculo anteriordele com a Administração Pública.

A única forma de provimento originário possível atualmente é anomeação .O acesso, ou ascensão , que seria provimento sem concurso público, representando

a passagem de uma carreira para outra,foi julgado inconstitucional pelo STF .A transferência , que é a passagem de servidor de um cargo para outro, pertencente

a quadro de pessoal diverso, sem o indispensável concurso público, foi também declaradainconstitucional.

A nomeação , única possibilidade de provimento originário de cargo público dianteda atual Carta Política, é precedida necessariamente de concurso público, exceto nos casosde cargos em comissão, preenchidos por pessoas de confiança da autoridade competente enas hipóteses de promoção na mesma carreira.

A promoção é um movimento ascendente dentro da mesma carreira, com acréscimode vencimentos e de responsabilidades. Pode se dar por merecimento ou antiguidade.

22 STJ, ROMS 11.343/DF, relator Ministro Fernando Gonçalves, publicação DJ 02/12/2002.

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Por readaptação entende-se a investidura do servidor em cargo de atribuições eresponsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade físicaou mental verificada em inspeção médica. Em não havendo vaga, o readaptado entrará emexercício como excedente.

Reversão : o aposentado tem duas formas de retorno à ativa por provimentoderivado. A primeira é daqueleaposentado por invalidez que deixou de ser inválido ,declarada essa situação por junta médica. Neste caso, como é de interesse da AdministraçãoPública, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suas atribuições comoexcedente, até a ocorrência de vaga.A segunda possibilidade de ocorrência de reversãodá-se no interesse da Administração , desde que sejam atendidos, pelo aposentado, osseguintes requisitos: I - tenha solicitado a reversão; II - a aposentadoria tenha sidovoluntária; III - estável quando na atividade; IV - a aposentadoria tenha ocorrido nos cincoanos anteriores à solicitação; V - haja cargo vago.

Aproveitamento é o retorno ao serviço público daquele que estava emdisponibilidade. Enquanto em disponibilidade, é remunerado proporcionalmente aotempode serviço , e não tempo de contribuição, como é o caso dos proventos de aposentadoria(art. 40, §§ 1º e 9º, CF/88). A disponibilidade é exclusividade de servidor estável.

Quando um servidor é ilegalmente desligado de seu cargo, deverá serreintegrado ,com o conseqüente ressarcimento de todos os prejuízos sofridos.

Na hipótese de estar provido o cargo, aquele que foi nomeado para esse cargo doreintegrado poderá seguir três caminhos distintos: I – reconduzido ao cargo de origem, semdireito à indenização; II – aproveitado em outro cargo; III – posto em disponibilidade, comremuneração proporcional ao tempo de serviço.

Duas são as possibilidades de provimento derivado viarecondução : I – inabilitaçãoem estágio probatório relativo a outro cargo; II – reintegração do anterior ocupante.Em resumo, temos os seguintes casos: I – Readaptação: de quem sofreu limitação

física ou mental; II – Reversão: do aposentado por invalidez que deixou de ser inválido ou apedido; III – Aproveitamento: daquele que está em disponibilidade; IV – Reintegração: doinjustamente demitido; V – Recondução: do reprovado em estágio probatório em outrocargo ou de quem ocupava o cargo do reintegrado.

Cargo de provimento efetivo é aquele assim definido em lei, que será preenchidovia concurso público e que garante ao nomeado estabilidade após três anos de efetivoexercício.

Cargo de provimento vitalício também gera direito à estabilidade, sendo duas asprincipais diferenças entre este e o cargo efetivo: I – a Carta Magna estabeleceu os cargosque devem assim ser providos, não cabendo à legislação infraconstitucional ampliar esserol; II – a perda do cargo só se dará por sentença judicial transitada em julgado.

A vitaliciedade constitui uma exceção à regra da estabilidade, dando mais garantiasaos titulares dos cargos com essa prerrogativa, quais sejam, membros da Magistratura (art.95, I, CF/88), do Tribunal de Contas (art. 73, § 3º, CF/88) e do Ministério Público (art. 128,5º, ‘a’, CF/88). Outra característica própria, no caso dos juízes (primeiro grau) é o tempopara adquirir a vitaliciedade, que será de dois anos de exercício. No caso dos membros doMinistério Público, estes também, após dois anos de exercício, terão as garantias davitaliciedade.

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Os cargos em comissão são os de livre nomeação e exoneração, não necessitam deconcurso público e não oferecem qualquer garantia de permanência ao seu titular, posto quetransitórios.

Enquanto anomeação é ato unilateral da Administração Pública, a ser praticadosegundo sua conveniência, mas dentro do prazo de validade do concurso, aposse é atobilateral entre o aprovado em concurso público e Administração. A iniciativa é donomeado, também de acordo com sua conveniência, no prazo improrrogável de trinta dias.

A posse poderá dar-se mediante procuração específica.O prazo é de quinze dias para o servidor empossado em cargo público entrar em

exercício, contados da data da posse.Estágio probatório é o período a que se submete todo o servidor nomeado para

cargo de provimento efetivo, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto deavaliação para o desempenho do cargo.

Estágio Probatório, no âmbito do Conselho da Justiça Federal e da Justiça Federalde primeiro e segundo graus, tem duração de 24 meses (Resolução nº 334, de 07 de outubrode 2003, DOU 13/10/2003).

O estágio probatório, no Poder Executivo Federal, é de 3 anos (Parecer nºAGU/MC-01/2004).

Segundo o STJ, o estágio é de 2 anos (MS 9373/DF). Fatores a serem observados durante oestágio probatório : I – assiduidade; II –

disciplina; III – capacidade de iniciativa; IV – produtividade; V – responsabilidade.O estágio servirá para a confirmação das qualidades do servidor para o desempenho

das atividades próprias do cargo. Indispensável que, a cada nova nomeação originária sejaele submetido a novo período probatório, haja vista que a avaliação é para o cargo.A estabilidade é uma garantia de ordem constitucional deferida aos ocupantes de

cargos públicos de provimento efetivo, com o intuito de assegurar sua permanência nocargo, enquanto atendidos os requisitos legais.

São quatro as possibilidades de perda do cargo do servidor estável: I – em virtudede sentença judicial transitada em julgado; II – mediante processo administrativo em quelhe seja assegurada ampla defesa; III – mediante procedimento de avaliação periódica dedesempenho; IV – para o cumprimento dos limites com a despesa com pessoal ativo einativo.

Vacância é a situação do cargo público que está vago, ou seja, sem titular, e podedecorrer de: I – exoneração; II – demissão; III – promoção; IV – readaptação; V –aposentadoria; VI – posse em outro cargo inacumulável; VII – falecimento.

O estatuto não inclui no rol de vacâncias arecondução . Contudo, na prática,quando de sua ocorrência, há provimento de um cargo e, ao mesmo tampo, outro fica vago.

A um só tempo, são formas de provimento e vacância do cargo público: I – segundoo Estatuto - promoção e readaptação; II – segundo a doutrina - promoção, readaptação erecondução.

Demissão é sanção, penalidade disciplinar a ser aplicada nos casos legalmenteprevistos. Não se confunde comexoneração , que não é sanção. São muitos os casos de

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exoneração, mas nunca decorrentes de alguma falta grave, como: I – a pedido (art. 34,caput ); II – reprovação em estágio probatório (artigos 20, § 2º e 34, I); III – quando, tendotomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido (art. 34, II); IV –desempenho insuficiente mediante procedimento de avaliação periódica (art. 41, § 1º, III,CF/88); V – excesso de despesas com pessoal ativo e inativo (art. 169, § 4º, CF/88); VI –para o caso específico de cargo em comissão, há exoneração a juízo da autoridadecompetente ou também a pedido do próprio servidor.

Promoção é, a um só tempo, vacância num cargo inferior e provimento noutrocargo, superior, ambos dentro da mesma carreira, por motivos de merecimento ouantiguidade.

Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições eresponsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade físicaou mental, verificada em inspeção médica.

Aposentadoria se refere à passagem do servidor da atividade para a inatividade,segundo as regras próprias.Transferência é a passagem do servidor estável de cargo efetivo para outro de igual

denominação, pertencente a quadro de pessoal diverso, de órgão ou instituição do mesmoPoder, e foi consideradainconstitucional.

Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmoquadro, com ou sem mudança de sede.Não é forma de provimento ou vacância .

O servidor é ditoremovido quando é deslocado, dentro do mesmo quadro deservidores, de um lugar para outro, que pode ser dentro da mesma cidade, ou entre cidadesdistintas.

Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vagono âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, comprévia apreciação do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal.

Substituição : os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e osocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento internoou, no caso de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ouentidade.

EXERCÍCIOS

Julgue os seguintes itens (CERTO OU ERRADO).1) Quanto à estabilidade no serviço público, é correto afirmar que a estabilidade decorre,

automaticamente, de nomeação em virtude de concurso público e do transcurso de trêsanos de efetivo exercício.

2) Quanto à estabilidade no serviço público, é correto afirmar que o instituto daestabilidade não foi extinto por meio da Emenda Constitucional no 19, de 1998.

3) O servidor estável dispensado por excesso de gastos fará jus a indenização.4) O servidor estável colocado em disponibilidade perceberá remuneração proporcional ao

seu tempo de serviço.

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5) A perda do cargo do servidor estável por desempenho insuficiente não será precedidade ampla defesa e contraditório quando a insuficiência for notória.

6) Considerando que um cidadão tenha sido nomeado para cargo comissionado emnovembro de 1999, então ele adquirirá estabilidade no cargo em novembro de 2002. Apartir de então, o servidor só perderá o cargo por força de sentença judicial, ou emdecorrência de decisão em processo administrativo, ou por insuficiência dedesempenho.

7) Um servidor, estável no serviço público, após ter ocupado por cinco anos o cargo deTécnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT)foi aprovado em novo concurso para o cargo de Analisa Judiciário – Área Judiciária, doSTM, tendo sido investido no novo cargo. Nesse caso, o referido servidor não mais serásubmetido a novo estágio probatório, haja vista o fato de a Emenda Constitucional no 19/98 ter extinguido a estabilidade dos servidores públicos.

8) Um servidor, estável no serviço público, após ter ocupado por cinco anos o cargo deTécnico da Receita Federal, foi aprovado em novo concurso para o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal, tendo sido investido no novo cargo. Nesse caso, o referidoservidor não se submeterá a novo estágio probatório, por já ter cumprido estágioprobatório no cargo anterior, pertencente ao mesmo órgão.

9) Com a promulgação da EC 19/98, o tempo de exercício requerido para a aquisição daestabilidade pelo servidor nomeado para cargo efetivo passa a ser de três anos.Ademais, a avaliação especial de desempenho por comissão passa a ser condição para aaquisição da estabilidade (art. 41, caput e § 4o).

10) O servidor público estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada

em julgado, mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesaou mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de leicomplementar, assegurada ampla defesa (art. 41, § 1o c/c art. 169, § 4o).

11) Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reconduzido, eo eventual ocupante da vaga, se estável, reintegrado ao cargo de origem, sem direito aindenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneraçãoproporcional ao tempo de serviço (art. 41, § 2o).

12) A remuneração do servidor em disponibilidade tem o seu cálculo fixado expressamentecom base no tempo de serviço do servidor, de forma proporcional (art. 41, § 3o).

13) Para o cumprimento dos limites de despesa com pessoal estipulados em leicomplementar, os entes estatais poderão, de pronto, independentemente da adoção deoutras medidas, proceder à exoneração de servidores estáveis.

14) A respeito da perda do cargo do servidor estável em virtude do excesso dos limites comdespesa de pessoal, podemos afirmar que a exoneração do servidor estável dar-se-á pormeio de ato normativo motivado de cada um dos Poderes que especifique a atividadefuncional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal.

15) A respeito da perda do cargo do servidor estável em virtude do excesso dos limites comdespesa de pessoal, podemos afirmar que o recurso à exoneração de servidor estável sópoderá ocorrer após esgotadas as outras medidas previstas na Constituição para oajustamento das despesas com pessoal ao limite fixado em lei complementar.

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16) A respeito da perda do cargo do servidor estável em virtude do excesso dos limites comdespesa de pessoal, estabelece a Constituição que o servidor estável que sofrer a perdado cargo terá direito à indenização proporcional ao tempo de serviço, na base de ummês de remuneração por mês de serviço.

17) A respeito da perda do cargo do servidor estável em virtude do excesso dos limites comdespesa de pessoal, prevê a Constituição que o cargo deixado vago com a exoneraçãodo servidor estável será considerado automaticamente extinto, não podendo ser recriadodurante o período de quatro anos.

18) A exigência constitucional de provimento por concurso público dos cargos efetivos temseu fundamento doutrinário básico no princípio da isonomia.

19) Provimento é o ato administrativo por meio do qual é preenchido cargo público.20) As únicas formas de provimento originário atualmente compatíveis com a Constituição

são a nomeação e a ascensão e, para os cargos efetivos, dependem sempre de aprovaçãoprévia em concurso público de provas ou de provas e títulos.

21) A recondução é o retorno do servidor, estável ou não, ao cargo anteriormente ocupado,podendo decorrer de inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou dereintegração do anterior ocupante.

22) A finalidade precípua do estágio probatório é avaliar a aptidão do servidor público,estável ou não, para o exercício de determinado cargo.

23) São formas de provimento de cargos públicos, na esfera federal: nomeação; promoção;readaptação; reversão; aproveitamento; reintegração; recondução.

24) São simultaneamente formas de provimento e de vacância de cargos públicos, na esferafederal: promoção; readaptação; recondução.

25) José, servidor público federal, ocupante de cargo efetivo, sofreu limitação em suacapacidade de trabalho, advinda de doença hereditária. Em inspeção médica, concluiu-se que o referido servidor não estava incapacitado para o serviço público, masconstatou-se também que ele não mais dispunha de habilidade para desempenhar asfunções do cargo no qual fora investido. A Administração providenciou, então, ainvestidura de José em outro cargo, com atribuições compatíveis com a limitaçãosofrida. Essa forma de provimento de cargo público é denominada aproveitamento.

26) Um servidor aposentado por invalidez no serviço público federal submeteu-se a novoexame por junta médica oficial, a qual declarou inexistentes os motivos daaposentadoria. Nesses termos, deverá ocorrer a reintegração do servidor no antigo

cargo, desde que este ainda não esteja ocupado. Se o cargo estiver ocupado, será oservidor posto em disponibilidade remunerada.27) Um servidor aposentado por invalidez no serviço público federal submeteu-se a novo

exame por junta médica oficial, a qual declarou inexistentes os motivos daaposentadoria. Nesses termos, deverá ocorrer o aproveitamento do servidor no cargoanteriormente ocupado, ou será ele posto em disponibilidade remunerada caso a cargoesteja ocupado.

28) Um servidor aposentado por invalidez no serviço público federal submeteu-se a novoexame por junta médica oficial, a qual declarou inexistentes os motivos daaposentadoria. Nesses termos, deverá ocorrer a reversão do servidor ao antigo cargo,

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desde que este não esteja ocupado. Caso contrário, o servidor exercerá suas atribuiçõescomo excedente até a ocorrência de vaga.

29) O cargo provido por readaptação deverá ter atribuições afins às do anteriormenteocupado pelo servidor readaptando, devendo ser respeitada a habilitação exigida, onível de escolaridade e a equivalência de vencimentos.

30) Nas hipóteses de provimento de cargo público federal por readaptação ou reversão deofício, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá as atividades comoexcedente, até a ocorrência de vaga.

31) O servidor reintegrado exercerá as atividades como excedente, na hipótese deencontrar-se provido o cargo.

32) A redistribuição é forma de provimento de cargo público, utilizada na hipótese deextinção de órgãos.

33) O deferimento da reversão a pedido do servidor aposentado por tempo de serviço é atoadministrativo discricionário.34) A nacionalidade brasileira, a idade mínima de dezesseis anos e a aptidão física e mental

são alguns requisitos básicos para investidura em cargo público.35) Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade, inscrição em

concurso público. Todavia, pode a lei, de forma razoável, fixar limite de idade paraingresso em função, empregos e cargos públicos.

36) É inconstitucional a lei que fixe a idade mínima para o acesso a determinados cargospúblicos em patamar superior a dezoito anos.

37) Se o BACEN exonera um servidor comissionado, alegando como motivo da dispensa,

no ato respectivo, que o mesmo praticou ilícito administrativo grave, pode o poder judiciário examinar, se provocado, o referido ato. Caso, entretanto, o Estado-Juizconsidere inexistente o motivo alegado e proclame a nulidade do ato impugnado, osefeitos da decisão judicial correspondente serão limitados à retificação de dados naficha funcional do aludido servido, considerado o caráter discricionário do provimentodos cargos em comissão.

38) O servidor público federal, subordinado ao Regime Jurídico da Lei no 8.112/90, queainda esteja em estágio probatório, não poderá exercer cargo comissionado.

39) O estrangeiro, na forma da lei, pode ocupar cargo público.40) São requisitos simultâneos para a aquisição de estabilidade no serviço público:

aprovação em concurso público; nomeação para cargo de provimento efetivo; três anosde efetivo exercício; aprovação em avaliação especial de desempenho.41) Invalidada por sentença judicial a demissão de servidor estável, será ele reintegrado. O

eventual ocupante de sua vaga, se estável, será posto em disponibilidade comremuneração integral.

42) É permitido ao estrangeiro, conforme dispuser a lei, ocupar cargo público no serviçopúblico.

43) A admissão de pessoas portadoras de deficiência, para cargos efetivos, independe deconcurso público.

44) (CESPE/Escrivão de Polícia Federal/2002) Considere as seguintes situações hipotéticas.

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O funcionário público Aristóteles, que ocupava determinado cargo público, dele pediuexoneração, por haver sido aprovado em concurso público promovido pelo DPF. Afuncionária pública Ceres, no exercício da função, contraiu moléstia grave e veio afalecer. O funcionário público Juscelino, por sua vez, foi promovido para cargo maiselevado na carreira de que fazia parte.Em cada uma das situações, houve vacância do cargo antes ocupado pelo funcionário;nos dois primeiros casos, ela deu-se com extinção do vínculo, ao contrário do último,em que houve manutenção do vínculo. No caso do funcionário Aristóteles, a vacânciaocorreu por vontade do agente público.

45) (CESPE/Agente de Polícia Federal/2002) Considere a seguinte situação hipotética.Eliane teve sua inscrição indeferida em concurso público para o cargo de assistenteadministrativo, por contar com mais de 35 anos de idade. O indeferimento estribou-seno edital do certame, que apresentava como requisito de admissão ao concurso: ter maisde 25 anos e menos de 35 anos de idade, salvo se ocupante de cargo ou função pública.Nessa situação, a discriminação do edital é inconstitucional, por violar o princípio daigualdade e da vedação constitucional de diferença de critério de admissão por motivode idade.

46) (ESAF94) O servidor público federal, regido pelo regime jurídico único da Lei8.112/90, se for estável, pode ser posto em disponibilidade remunerada, por motivo dea) invalidez temporáriab) interesse particular

c) penalidade administrativa disciplinard) reversão de quem ocupava seu cargoe) reintegração de quem ocupava seu cargo

47) (ESAF/AFRF/2000) Em relação à posse do servidor público, é incorreto afirmar:a) a posse dependerá de prévia inspeção médica oficialb) a posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de

provimentoc) no ato da posse o servidor declarará seus bens e os valores de seu patrimônio

d) a posse dar-se-á mediante procuração específicae) haverá posse em todos os casos de provimento de cargo

48) (ESAF/AFRF/2002) A espécie de provimento de cargo público que consiste no retornode servidor estável ao cargo anteriormente ocupado, em decorrência de inabilitação emestágio probatório relativo a outro cargo, denomina-se:a) reversãob) readaptaçãoc) reintegração

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d) reconduçãoe) aproveitamento

GABARITO1 E2 C3 C4 C5 E6 E7 E8 E9 C10 E11 E12 C13 E14 C15 C

16 E17 C18 C19 C20 E21 E22 C23 C24 C

25 E26 E27 E28 C29 C30 C31 E32 E

33 C34 E35 C36 E37 E38 E39 C40 C41 E42 C43 E44 C45 C46 E47 E

48 D

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DIREITOS E VANTAGENS

Bom dia caros alunos.Mais uma vez agradeço ao alerta de um aluno sobre uma passagem da aula anterior. Umafrase havia sido retirada da aula, mas, por equívoco, o texto que foi ao ar foi o anterior,quando ainda constava essa tal frase.Dessa forma, na pág. 12 da aula 7, há o seguinte parágrafo:“Uma vez assinado o Termo de Posse, o agora servidor estará investido das atribuições docargo, com todas suas prerrogativas, direitos, vantagens e deveres. Assim, só tem direito aocargo a partir da posse, podendo, inclusive, a Administração revogar a nomeação antes daposse, se julgar oportuno ou conveniente.”A segunda parte, iniciando com “assim, só...” deve ser desconsiderada, pois, ainda que a

doutrina não seja pacífica nesse sentido, preferi adotar a posição do STF, citada nessamesma página 12 da aula.A aula 7 será substituída no “site”, para que fique a versão correta. Peço desculpas,novamente, pelo equívoco.Leandro

AULA 8

Nesta aula, finalizamos os temas relativos aos servidores públicos.

16 DIREITOS E VANTAGENS

16.1 VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO

Como regra geral, não se prestam serviços à Administração Pública de forma gratuita (art.4º). Assim, há retribuição pecuniária ao servidor, ou seja, contraprestação pelos serviçosrealizados.A Constituição Federal de 1988 trata, em especial nos incisos X a XV do art. 37, de

remuneração, vencimentos e subsídio. Coube ao Estatuto a individualização de cada umadessas expressões.São seus artigos 40 e 41 que as definem:

“Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargopúblico, com valor fixado em lei.Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido dasvantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.”

O artigo 49 especifica quais as vantagens que compõem a remuneração, explicitadas pelosartigos 51 e 61, que serão vistos adiante.Seguindo magistério do ilustre administrativista Diógenes Gasparini, temos que:

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“Retribuição é a contraprestação a que tem direito o servidor público por estar àdisposição da Administração Pública ou de quem lhe faça as vezes prestando-lhe serviço. Assim, todos os servidores da Administração Pública direta (União,Estado-Membro, Distrito Federal e Município) e indireta (autarquias,sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações públicas eprivadas) têm direito a uma retribuição a título de pagamento pelos serviços queprestam às entidades que compõem essas espécies de Administração. Somentealguns agentes públicos, em situação especialíssima, fogem a essa regra.”

Como exemplos de agentes que não fazem jus à retribuição, têm-se os mesários durante aseleições o os jurados, sendo classificados como agentes honoríficos.

16.1.1 SUBSÍDIOS

No que diz respeito aos subsídios, note-se que foi acrescido à CF/88 via EC nº 19/98, pois otexto original não previu essa forma de retribuição. Tal modalidade de remuneração passoua ser conferida a certos cargos, e fixada em parcela única, vedado o acréscimo de qualquergratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécieremuneratória.Hoje a Carta Constitucional prevê um extenso rol de cargos sujeitos a subsídio, entre eles, omembro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os SecretáriosEstaduais e Municipais (art 39, §4º, CF/88).Desse modo, tem-se boa parte daqueles que prestam serviços à Administração Públicaremunerados na forma de subsídio, que substitui os vocábulos remuneração ouvencimentos, porém designando, de maneira equivalente, a contraprestação pelos serviçosprestados.Isto posto, serão analisadas as características principais do vencimento e da remuneração,deixando de lado os subsídios, que não são abrangidos pelo Estatuto.

16.1.2 ISONOMIA E IRREDUTIBILIDADE

Vencimentoé a parcela fixa devida ao servidor pelo exercício de cargo público, tendo seuvalor determinado em lei, e não inferior ao salário-mínimo (art. 40).

O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, éirredutível (art. 41, § 3º).As garantias de salário mínimo e irredutibilidade do vencimento foram previstas no art. 7º,IV e VI da CF/88.Quanto àisonomia de vencimentos, é assegurada para cargos de atribuições iguais ouassemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas asvantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho (art. 41, §4º). Era também conteúdo expresso do art. 39, § 1º da CF/88, alterado pela EC nº 19/98,que deixou de prever, por essa via constitucional, a garantia direta de isonomia. Contudo,manteve-se a regra do inciso XII desse mesmo artigo, garantindo que o Judiciário e

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Legislativo, que tradicionalmente têm altos vencimentos, não poderão pagar mais que oExecutivo. Ademais, a alteração constitucional não exclui a possibilidade de a Lei garantiresse direito aos servidores, mantendo-se, portanto, a plena vigência do art. 41, § 4º doEstatuto, mesmo após a promulgação da EC nº 19/98.Na ausência de previsão legal, segundo o entendimento pacífico do STF e do STJ, não épossível ao Judiciário a concretização do princípio da isonomia, considerados os casos deatribuições iguais ou assemelhadas, posto que não lhe compete “substituir o legisladorordinário para estender a servidores vantagens e benefícios não previstos em lei”1. Assim,“a isonomia salarial depende de ato legislativo específico que declare a similitude entrecargos e funções, não cabendo ao Poder Judiciário implementá-la, a teor do disposto naSúmula nº 339/STF”2, a saber:

“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentarvencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.”

Competente lição sobre o tema proferiu o ilustre Ministro relator, ao analisar a questão,ainda sob a égide da redação original do art. 39, § 1º, da CF/88:“O art. 39, § 1º, da Constituição - "A Lei assegurará, aos servidores daadministração direta, isonomia de vencimentos para cargos de atribuiçõesassemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo,Legislativo e Judiciário..." - é princípio explicitamente dirigido ao legislador e,portanto, de efetividade subordinada à sua observância recíproca pelas leis defixação dos vencimentos dos cargos de atribuições iguais ou assemelhadas: éque a Constituição mantém a proibição, vinda de 1967, de vinculações ouequiparações de vencimentos (CF 88, art. 37, XIII), o que basta para elidirqualquer ensaio - a partir do princípio geral da isonomia - de extrair, de uma leiou resolução atributiva de vencimento ou vantagens determinadas a um cargo,força bastante para estendê-los a outro cargo, por maior que seja a similitude desua posição e de suas funções. Daí que, segundo a invariável orientação doSTF, o princípio constitucional da isonomia do art. 39, § 1º não elide o dalegalidade dos vencimentos do servidor público, mas, ao contrário, dada aproibição pelos textos posteriores da equiparação ou vinculação entre eles,reforça a Súmula 339, fruto da jurisprudência já consolidada sob a Constituiçãode 1946, que não continha tal vedação expressa.”3

É relevante destacar que os direitos à irredutibilidade e à isonomia se referem aosvencimentos (vencimento do cargo efetivo mais as vantagens de caráter permanente), e nãoàs vantagens não permanentes. Melhor esclarecendo, o que se garante é o total recebido atítulo de vencimentos, independente de suas parcelas, sua estrutura. Assim, pode ser extintoum adicional permanente, desde que seja aumentado ou criado outro, de forma que o totalda remuneração não seja reduzido:

1 STF, RE 342.802 AgR/SP, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 14/02/2003 e ADI 1.782/DF,relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 15/10/1999.2 STJ, ROMS 11.830/PR, relator Ministro Paulo Gallotti, publicação DJ 24/02/2003. Veja também: ROMS13.964/SP, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 19/08/2002 e ROMS 14.216/SP, relatorMinistro Felix Fischer, publicação DJ 17/06/2002.3 STF, ADI 1.776/DF, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 26/05/2000.

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“ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO. REDUÇÃO DE PERCENTUAIS.Conforme jurisprudência do colendo Supremo Tribunal Federal, o servidorpúblico tem direito adquirido aoquantum remuneratório, mas não ao regime jurídico de composição dos vencimentos. A redução no percentual de cálculo dagratificação de regência de classe por meio de lei, respeitada a irredutibilidadede vencimentos, não constitui ofensa a direito adquirido.”4

Portanto, para o STF, o princípio da irredutibilidade de vencimentos previsto no art. 37,XV, da CF, não veda a redução de parcelas que componham os critérios legais de fixação,mas não se pode diminuir o valor da remuneração na sua totalidade5.Os servidores que exercem as mesmas ou semelhantes atribuições, desde que com previsãolegal, receberão, a título de vencimento, o mesmo valor. As demais parcelas que compõema remuneração (gratificações, adicionais), além de variarem mês a mês, aumentando oureduzindo a remuneração, poderão ter valores diferentes entre os diversos Poderes da

União.O servidor não pode opor-se à redução da remuneração. No mês em que fizer jus àgratificação por desempenho de função, por exemplo, receberá os valores a elacorrespondentes. Noutro mês, em que não tenha esse direito, sua remuneração será menor,e, repita-se, nada poderá ser argüido.Em princípio, não se pode exigir isonomia entre essas gratificações devidas a servidor deoutro Poder, posto que, diga-se uma vez mais, a isonomia se limita aos vencimentos, e nãoàs vantagens como um todo. Ainda que isso não seja nada pacífico, na prática verifica-seque a retribuição pelo exercício de função de chefia no Poder Judiciário é muitas vezessuperior à paga pelo Poder Executivo. Se considerarmos que “vencimentos” é sinônimo de“remuneração”, como diz o art. 41 do Estatuto, essa situação representa uma quebra patenteda isonomia.A irredutibilidade também não alcança os tributos, que podem reduzir o valor líquidorecebido. Assim, o teto se refere ao valor bruto, sendo perfeitamente possível que o valorrecebido seja inferior ao teto, em face da incidência, por exemplo, do imposto sobre a renda(artigos 150, II; 153, III e 153, § 2º, I, CF/88).Tal irredutibilidade, garantia constitucional, é modalidade qualificada da proteção ao direitoadquirido, na medida em que a sua incidência pressupõe a licitude da aquisição do direito adeterminada remuneração6. Assim, se o acréscimo da remuneração advém de fonte ilícita,por óbvio que não cabe exigir sua manutenção nesse patamar. Recentemente, decidiu oSTF, embora em decisão não unânime, que essa garantia abarca tanto o cargo efetivo

quanto o cargo em comissão7

.No que se refere à isonomia de reajustes, prevista no art. 37, X, CF/88, só cabe quandoefetivada com a finalidade de promover revisão geral anual, não para corrigir distorçõesapenas de uma determinada categoria:

“SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS. REAJUSTE. ISONOMIA.SÚMULA STF Nº 339. ART. 37, X, DA CF/88. O princípio da isonomia

4 STJ, ROMS 15.546/MS, relator Ministro Felix Fischer, publicação DJ 15/12/2003.5 STF, RE 364.317/RS, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 21/11/2003.6 STF, RE 298.695/SP, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 24/10/2003.7 STF, RE 378.932/PE, relator Ministro Carlos Britto, julgamento 30/09/2003.

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dirige-se aos Poderes Executivo e Legislativo, a quem cabe estabelecer aremuneração dos servidores públicos e permitir a sua efetivação. Vedado aoJudiciário estender aumentos que foram concedidos apenas a uma determinadacategoria. Precedente: RE 173.252. O recorrido editou várias leis de reajustesde vencimentos aos seus servidores, sem a finalidade de promover uma revisãogeral de remuneração, mas para corrigir distorções. Situação que não seconfunde com a previsão do art. 37, X, da CF/88. Precedente: RE 307.302-ED.”8

16.1.3 TETO REMUNERATÓRIO

Importantes alterações foram promovidas com a publicação, em 31 de dezembro de 2003,da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003. A chamada “reforma daprevidência” aproveitou para alterar as regras quanto ao teto remuneratório no serviçopúblico brasileiro, já que, em face da redação anterior, não foi possível estabelecer eimplementar esse teto.O art. 37, XI, CF/88, fixava como limite único o subsídio mensal, em espécie, dosMinistros do Supremo Tribunal Federal9. Por sua vez, art. 48, XV, CF/88, exigia, parafixação desse valor, lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dosDeputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal10, o que nunca aconteceu,por falta de acordo político entre tais autoridades.Alteraram-se, então, ambos os incisos, ficando assim a nova redação:

“Art. 37, XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções eempregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dosmembros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal edos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentespolíticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidoscumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outranatureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros doSupremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, osubsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal doGovernador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduaise Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadoresdo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos

8 STF, RE 355.517/PR, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 29/08/2003.9 CF/88, redação anterior do art. 37, XI: “A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções eempregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderesda União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demaisagentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, emespécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.”10 CF/88, redação anterior do art. 48, XV: “(...) fixação do subsídio dos Ministros do Supremo TribunalFederal, por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do SenadoFederal e do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.”

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por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo TribunalFederal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros doMinistério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.”“Art. 48, XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I."

Com isso, foram estabelecidos limites diferenciados entre os diversos entes da federação:I – Municípios: o subsídio do Prefeito;II – Estados e Distrito Federal:a) no âmbito do Poder Executivo: o subsídio mensal do Governador;b) no âmbito do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais;c) no âmbito do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargadores do Tribunal deJustiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento (90,25%) dosubsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicáveleste limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos DefensoresPúblicos;III – União: o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo TribunalFederal. Este limite, além de vincular a União, é também geral, valendo para todos osentes, que, como se viu, também têm limites individuais.

Na vigência da redação anterior, o entendimento que vigorava, segundo o STF, era oseguinte: “não são auto-aplicáveis as normas do art. 37, XI, e 39, § 4º, da Constituição, naredação que lhes deram os arts. 3º e 5º, respectivamente da Emenda Constitucional nº 19,de 4 de junho de 1998 porque a fixação do subsídio mensal, em espécie, de Ministro do

Supremo Tribunal Federal - que servirá de teto -, nos termos do artigo 48, XV, daConstituição, na redação do art. 7º da referida Emenda Constitucional nº 19, depende de leiformal, de iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, doSenado Federal e do Supremo Tribunal Federal”11. Portanto, enquanto tal lei não fossepromulgada, não haveria imposição desse limite. Contudo, deixou de ser exigida tal lei deiniciativa conjunta, passando a depender exclusivamente de lei de iniciativa privativa dopróprio STF (art. 37, X, CF/88), com a aprovação do Congresso Nacional, e a sanção doPresidente da República (art. 48, XV, CF/88).Segundo previsão do art. 8º da EC nº 41/2003, “até que seja fixado o valor do subsídio deque trata o art. 37, XI, da Constituição Federal, será considerado, para os fins do limitefixado naquele inciso, o valor da maior remuneração atribuída por lei na data de publicação

desta Emenda a Ministro do Supremo Tribunal Federal, a título de vencimento, derepresentação mensal e da parcela recebida em razão de tempo de serviço, aplicando-secomo limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, osubsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos DeputadosEstaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores doTribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento damaior remuneração mensal de Ministro do Supremo Tribunal Federal a que se refere esteartigo, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do MinistérioPúblico, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.”

11 STF, Ata da 3ª Sessão Administrativa, realizada em 24 de junho de 1998.

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Assim, em 05/02/2004 reuniu-se, em sessão administrativa, o STF, cujo conteúdo pacial daAta é o seguinte:

“ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ADMINISTRATIVA DO ANO DE 2004,REALIZADA EM 05 DE FEVEREIRO DE 2004.Às dezessete horas,reuniu-se o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, presentes osMinistros Maurício Corrêa (Presidente), Sepúlveda Pertence, Celso de Mello,Carlos Velloso, Marco Aurélio, Nelson Jobim, Ellen Gracie, Gilmar Mendes,Cezar Peluso, Carlos Britto e Joaquim Barbosa, para a apreciação da seguintepauta: 1) Processo 319.269- Após analisar as inovações introduzidas pelaEmenda Constitucional n° 41/2003, o Tribunal decidiu, por maioria, nos termosdo voto do Ministro Maurício Corrêa Presidente, que o valor do limite fixadopelo artigo 8° da referida Emenda corresponde aR$ 19.115,19 (dezenove mil,cento e quinze reais e dezenove centavos), maior remuneração atribuída porlei, na data de sua publicação, a Ministro do Supremo Tribunal Federal, a títulode vencimento, representação mensal e parcela recebida em razão de tempo deserviço e cuja composição é a seguinte: R$ 3.989,81 (três mil, novecentos eoitenta e nove reais e oitenta e um centavos) a título devencimento, na formadas Leis 10.474/02 e 10.697/03; R$ 10.628,86 (dez mil, seiscentos e vinte e oitoreais e oitenta e seis centavos) a título derepresentação mensal, conformedeterminam os Decretos-Lei 2.371/87, 1.525/77 e 1.604/78; e R$ 4.496,52(quatro mil, quatrocentos e noventa e seis reais e cinqüenta e dois centavos) atítulo deadicional em razão do tempo de serviço, nos termos do artigo 65,inciso VIII, da Lei Complementar 35/79. Vencido, nesse ponto, o MinistroMarco Aurélio por entender que o valor corresponde aR$ 17.343,70 (dezessetemil, trezentos e quarenta e três reais e setenta centavos), excluindo-se paratanto o adicional de 20% (vinte por cento) da representação mensal devida aoPresidente nos termos do Decreto-Lei 1.525/77. Sua Excelência consignou,também, que considera inconstitucional a expressão "percebidoscumulativamente ou não" contida no artigo 1° da Emenda Constitucional 41/03,no que deu nova redação ao inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal,assim como o artigo 9° da referida Emenda. O Tribunal fixou ainda, porunanimidade, nos termos do voto do Ministro Maurício Corrêa, o entendimentode que, no caso específico da acumulação dos cargos de Ministro do SupremoTribunal Federal e Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, determinada peloartigo 119, inciso I, letra ‘a’ da Constituição, não se aplica a cumulação dasremunerações para fins de incidência do limite estabelecido pelo inciso XI doartigo 37 da Constituição Federal. Foram consignados e juntados ao processo osvotos escritos dos Ministros Maurício Corrêa e Marco Aurélio.(...) A sessãoencerrou-se às dezenove horas e trinta minutos, e dela lavrou-se esta ata, quevai assinada pelos presentes.”

Com a fixação desse valor, todos os ocupantes de cargos, funções e empregos públicos daadministração direta, autárquica e fundacional, os membros de qualquer dos Poderes, osdetentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ououtra espécie remuneratória, de todas as esferas, passaram a tê-lo como limite, inclusive osdos Poderes Executivo e Legislativo, que tinham limitação aos tetos individuais de cada um

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dos Poderes. Os estados, Distrito Federal e municípios, como já se viu, estarão tambémlimitados aos tetos individuais citados.

Desde a EC nº 19/98, ficou revogado tacitamente o art. 42 do Estatuto, que previa que“nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de remuneração, importânciasuperior à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título,no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do CongressoNacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal”.O parágrafo único do mesmo artigo 42 excluía do teto de remuneração as vantagens abaixo:

I – gratificação natalina;II – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;III – adicional pela prestação de serviço extraordinário;IV – adicional noturno;

V – adicional de férias.Porém, com a nova ordem constitucional, essa regra deverá ser novamente analisada pela jurisprudência ou legislação infraconstitucional, pois, a priori , nada mais pode fugir aolimite atualmente imposto.

Por fim, algumas considerações importantes sobre o teto das remunerações e subsídios:I – engloba tanto os que recebemremuneração quanto os que recebemsubsídio;tanto osestatutários quanto osceletistas;II – inclui servidores da Administração Direta, autárquica, fundacional (art. 37, XI,CF/88), bem como as empresas públicas e as sociedades de economia mista, e suassubsidiárias,que receberem recursosda União, dos Estados, do Distrito Federal oudos Municípiospara pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, CF/88). Note-se que no que se refere às empresas públicas e àssociedades de economia mista, e suas subsidiárias, a regra é própria. Assim, só sesujeitam ao limite imposto, se receberem recursos estatais para pagamento dedespesas de pessoal ou de custeio em geral;III – o limite relativo ao subsídio do Ministro do STF vale para todos os servidoresdos três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como seusagentes políticos, sendo previstos limites diferenciados para cada ente;IV – as aposentadorias e pensões também estão limitadas a esses tetos;V – em caso de acumulação permitida, a soma das remunerações não poderáultrapassar os limites de cada ente. Note-se que, na sessão administrativa supratranscrita, o STF fixou, por unanimidade, o entendimento de que, no caso específicoda acumulação dos cargos de Ministro do Supremo Tribunal Federal e Ministro doTribunal Superior Eleitoral, determinada pelo artigo 119, inciso I, letra ‘a’ daConstituição,não se aplica a cumulação das remunerações para fins de incidênciado limiteestabelecido pelo inciso XI do artigo 37, CF/88. Assim, receberão ambos ossubsídios cumulativamente.

O art. 43 do Estatuto estabelecia que o teto de remuneração não poderia ser mais quequarenta vezes maior que a menor remuneração atribuída aos cargos de carreira. Essaprevisão foi revogada pela Lei nº 9.624, de 02/04/1998 e, em 04/06/1998, a EC nº 19

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incluiu o parágrafo 5º ao art. 39, com o seguinte teor: “Lei da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menorremuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37,XI”.Essa relação entre o menor e o maior valor da remuneração do servidor, incluídos os ativose inativos do Poder Executivo da Administração Direta, autárquica e fundacional, estavaestabelecido no art. 18 da mesma Lei nº 9.624/98. O maior era de R$ 8.000,00 e o menor,R$ 312,00, com fator de 25,64. Como já dito, o limite atual é somente o do subsídio doMinistro do STF.Importante: assuntos relativos à EC nº 41/2003, como este do teto, são de presença quasecerta em qualquer prova de constitucional ou administrativo. Assegure-se de dominar bemesse tema.

16.1.4 REVISÃO GERAL ANUAL

Outra garantia constitucional é a revisão geralanual e na mesma data para todos, semdistinção de índices, não alcançando, no entanto, as empresas públicas, sociedades deeconomia mista e fundações públicas. Assim, a partir dessa emenda ganhou-se o direito, járeconhecido pelo STF, às revisões anuais. A regulamentação desse dispositivo veiosomente em dezembro de 2001, através da Lei nº 10.331.Para aquele servidor investido em função ou cargo em comissão, a remuneração será pagana forma estabelecida em lei específica (artigos 41, § 1º e 62).

16.1.5 PERDA DA REMUNERAÇÃO

O pagamento da remuneração é devido pelo efetivo exercício de suas atribuições, com asexceções previstas nos artigos 97 e 102, em que não há trabalho, mas são consideradoscomo de efetivo exercício.Nas seguintes situações, o servidor perderá a remuneração (art. 44):

I – do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justificado;

II – a parcela diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas e as saídasantecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o mês subseqüente aoda ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.

Assim, se acontecer de chegar atrasado, ausentar-se ou sair mais cedo, poderá, de acordocom as regras estabelecidas pela chefia, compensar até o mês seguinte. Se não o fizer,perderá parte de sua remuneração. Antes da Lei nº 9.527/97 que alterou esse artigo, a perdasó ocorria nos casos em que a ausência fosse igual ou superior a sessenta minutos. Com anova redação, qualquer atraso ou saída antecipada, por menor que seja, deverá sercompensada.Outra possibilidade de redução é no caso de conversão da penalidade de suspensão emmulta, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração,

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ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço, nos termos do art. 130, § 2º. Nestecaso, perderá metade do valor que teria direito a receber.

Além disso, as faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão sercompensadas a critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivoexercício (art. 44, parágrafo único). Como exemplo, cite-se a ausência ao trabalho motivadapor greve no transporte público coletivo.

16.1.6 REPOSIÇÕES E INDENIZAÇÕES AO ERÁRIO

As regras para reposições e indenizações ao erário estão no art. 46, que impõe a atualizaçãoaté 30 de junho de 1994 (época do Plano Real, quando acabaram, em tese, as indexações devalores com a inflação). Ademais, serão previamente comunicadas ao servidor ativo,

aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo serparceladas, a pedido do interessado. O valor de cada parcela não poderá ser inferior aocorrespondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão (art. 46, § 1º). Quandoo pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, areposição será feita imediatamente, em uma única parcela (art. 46, § 2º), como é o caso deerro em um pagamento, notado de pronto, que deve ser integralmente descontado na folhado mês seguinte.Se houver decisão judicial garantindo o pagamento, como é o caso de decisão liminar,tutela antecipada ou sentença, que venha a ser revogada ou rescindida, os valores recebidosserão atualizados até a data da reposição (art. 46, § 3º).Havendo condenação do servidor a indenizar a Administração por prejuízo advindo deculpa sua, poderá haver desconto mensal em folha de pagamento, porém, precedido deexpressa autorização do interessado12.Se for extinto o vínculo entre o servidor em débito com o erário e a Administração Pública,seja por demissão, exoneração ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade, terá, odevedor, o prazo de sessenta dias para quitar o débito (art. 47). A não quitação do débito noprazo previsto implicará sua inscrição em dívida ativa (art. 47, parágrafo único), cujacertidão, segundo o art. 585, VI, do CPC, constitui Título Executivo Extrajudicial, quepermite execução forçada em juízo, com citação para imediato pagamento ou penhora debens para fazer face ao débito.

16.1.7 COMPETÊNCIAS JUDICIAIS

Compete à justiça comum processar e julgar causas de interesse de servidor públicosubmetido ao regime jurídico e relativas a vantagens desse regime. No entanto, se a relação jurídica litigiosa referir-se ao pagamento de diferenças salariais relativos ao regimetrabalhista, compete à justiça do trabalho processar e julgar a causa13.

12 STF, MS 24.182/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 27/02/2004.13 STJ, CC 3.652/SC e CC 3.302/SC, relator Ministro Jesus Costa Lima, publicação DJ 15/02/1993.

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16.2 INDENIZAÇÕES

Em face de exigências do trabalho, por vezes os servidores se vêem obrigados ao dispêndiode quantias para executá-lo, ou para atender ao interesse público. A compensação ourestituição desses gastos é chamada de indenização, ou seja, nada mais é que a devoluçãodos valores gastos pelo funcionário para o exercício de suas atribuições. Esses valores,assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento (art.52).Três são as hipóteses de indenização (art. 51):

I – ajuda de custo;II – diária;III – transporte.

16.2.1 AJUDA DE CUSTO

Se o servidor, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança dedomicílio em caráter permanente, fará jus à ajuda de custo, que se destina a compensar asdespesas de sua instalação, inclusive com transporte do servidor e de sua família,compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais (art. 53).O valor é calculado sobre a remuneração do servidor, conforme se dispuser emregulamento, não podendo exceder a importância correspondente a 3 (três) meses (art. 54).O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, injustificadamente, não seapresentar na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias (art. 57). Não havendo devolução,poderá ser descontado do pagamento do servidor, de acordo com as regras do art. 46.Havendo, então, remoção de ofício do servidor, terá ele todas as despesas por conta daAdministração, inclusive aquele que, não sendo servidor da União, for nomeado para cargoem comissão, com mudança de domicílio (art. 56). Contudo, se o afastamento ou retorno aocargo for em virtude de mandato eletivo, não será concedida essa ajuda, pois não é nointeresse do serviço e sim no interesse do servidor que foi eleito ou que retorna ao seucargo, quando finalizado o mandato (art. 55).Garante-se, ainda, à família do servidor que falecer na nova sede, ajuda de custo etransporte para a localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito

(art. 53, § 2º).Pode haver cessão de servidor para exercício de cargo em comissão ou função de confiançaem outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal edos Municípios (art. 93, I), caso em que a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário,quando cabível (art. 56, parágrafo único), ou seja, por aquele que receber o funcionário equando houver mudança de sede.Por derradeiro, é vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso emque o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, venha a terexercício na mesma sede (art. 53).

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16.2.2 DIÁRIA

Em havendo necessidade de deslocamento do servidor da sede, em caráter eventual outransitório, para outro ponto do território nacional ou para o exterior, por razões do serviço,receberá indenização relativa a todos os custos desse afastamento, ou seja, passagens ediárias destinadas a fazer face às parcelas de despesas extraordinárias com pousada,alimentação e locomoção urbana, conforme se dispuser em regulamento (art. 58). Comoregra, esse pagamento dar-se-á antes da viagem, só se admitindo pagamento posterior emsituações especialíssimas, justificadas por eventual urgência no deslocamento.Note-se que o deslocamento deve ser em caráter eventual ou transitório, pois nos casos emque é exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias (art. 58, § 2º).Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro da mesma regiãometropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofese regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com paíseslimítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileirosconsidera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipótese em que as diáriaspagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58,§ 3º). Este é o caso do oficial de justiça que faz suas diligências ordinárias na regiãometropolitana de determinada cidade, ou dos servidores lotados na fronteira, quedesenvolvem suas atividades, muitas vezes, dentro do território do país vizinho. Se nãohouver pernoite fora da sede, não há que se falar em pagamento de diária.A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade quando odeslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meiodiverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º). Então, o valor écalculado dia a dia, mas, quando a viagem se completa no mesmo dia, retornando oservidor à sua sede para o repouso, apenas será devida metade da diária. Da mesma forma,será paga pela metade se a Administração custear as despesas extraordinárias, como, porexemplo, fornecer transporte ou alimentação.Cabe ao regulamento estabelecer os valores devidos, de acordo com os gastos comuns nacidade de destino. Assim, podem ser fixados valores diferentes conforme o custo de cadacidade.Se o servidor receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, ficará obrigadoa restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. Havendo o deslocamento, porémretornando à sede em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as

diárias recebidas em excesso, no mesmo prazo (art. 59). Se não proceder à devolução,seguindo as regras do art. 46, poderá haver desconto na remuneração do servidor.

16.2.3 INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE

A indenização de transporte é devida ao servidor que realizar despesas com a utilização demeio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuiçõespróprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento (art. 60).

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Os exemplos mais conhecidos são dos servidores externos da repartição, como os jámencionados oficiais de justiça, fiscais, investigadores, quando usarem veículos própriosno exercício de suas funções.Não se deve confundir o § 2º do art. 58 com esta indenização. No primeiro caso, não fará jus a diárias, nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência permanente docargo que, como visto, incluem pousada, alimentação, deslocamentos. Se o trabalho exigepermanentemente essas viagens, curtas, e as fizer com meio de locomoção próprio, entãoreceberá indenização de transporte, e não diária. Assim, tal indenização se limita a cobrirgastos com o deslocamento, mas não com pousada ou alimentação.

16.3 GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS

A depender da atividade desenvolvida pelo funcionário, suas condições, horários, locais ouresponsabilidades, serão deferidas retribuições, gratificações e adicionais. Também seenquadram aqui a gratificação natalina e o adicional de férias.Ressalte-se que, segundo o STF, a gratificação concedida de forma geral, a todos osservidores em exercício em determinado órgão, autarquia ou fundação, independente danatureza da função exercida ou do local onde o serviço é prestado, devia ser tambémestendida aos servidores inativos, pois não configura verba exclusiva dos servidores ematividade. Assim, eram extensivos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagensposteriormente concedidos aos servidores em atividade14. Contudo, com a EC nº 41/2003,essa obrigatoriedade deixou de existir.Isto posto, vejam-se as retribuições, gratificações e adicionais relacionadas no art. 61:

I – retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento;II – gratificação natalina;III – adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;IV – adicional pela prestação de serviço extraordinário;V – adicional noturno;VI – adicional de férias;VII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.

Esse artigo previa ainda a vantagem relativa ao adicional por tempo de serviço, revogadapela Medida Provisória nº 2.225-45 de 2001, ainda em vigor, mas não convertida em lei.

16.3.1 FUNÇÃO GRATIFICADA

Como já mencionado em aula anterior, afunção se refere a uma atribuição específica dadapelo Poder Público a um agente, com acréscimo de algumas atribuições. Tem ele suasatividades normais dentro do cargo que ocupa e adquire mais algumas, como por exemplo,

14 STF, AI 437.175/PE, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 05/09/2003. Outros julgados nomesmo sentido: RE 244.697/SP, publicação DJ 31/08/2001; RE 259.258/SP, publicação DJ 27/10/2000; RE244.081/SP, publicação DJ 10/11/2000.

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para ser chefe de uma seção, possibilidade prevista no art. 37, V, da CF/88. Emcontrapartida, há acréscimo na remuneração. Também há retribuição pelo exercício decargo em comissão ou de Natureza Especial.Assim, ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ouassessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial é devidaretribuição pelo seu exercício (art. 62). Lei específica estabelecerá a remuneração doscargos em comissão.Importante destacar as diferenças conceituais entre as retribuições por função e por cargoem comissão. Na primeira situação, exige-se que seu titular seja servidor público efetivo,recebendo, em conseqüência, acréscimo à sua remuneração ordinária. No segundo caso, aretribuição não é parte da remuneração, pois não se exige que seja servidor. Assim, o titularde um cargo em comissão recebe o valor correspondente a esse cargo, e é essa a retribuiçãoprevista. Todo o valor recebido por este refere-se ao cargo em comissão. No caso da função

de confiança, parte do valor recebido por seu titular é devido em face dela e parte em facede seu cargo efetivo.

16.3.2 GRATIFICAÇÃO NATALINA

A gratificação natalina, no serviço público, equivale ao décimo terceiro salário da iniciativaprivada, ressaltando que o servidor recebe apenas aquela, não tendo direito a ambas (artigos7º, VII, e 39, § 3º, CF/88).Corresponde a 1/12 (um doze avo) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês dedezembro, por mês de exercício no respectivo ano, considerando-se como mês integral afração igual ou superior a 15 (quinze) dias (art. 63).Aquele que iniciou suas atividades no dia 10 de agosto de determinado ano fará jus a 5/12(cinco doze avos) da remuneração a título de gratificação natalina. Se houvesse iniciado nodia 20 do mesmo mês, receberia apenas 4/12 (quatro doze avos), pois o mês de início só écontado se o servidor trabalhou no mínimo 15 (quinze) dias, inclusive. Essa será a mesmafórmula de cálculo para o servidor exonerado, que perceberá sua gratificação natalina,proporcional aos meses de exercício, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração(art. 65). De igual forma, se a exoneração dá-se no dia 15 ou posterior de certo mês, esteserá incluído na conta.A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro de cada ano (art. 64).

Por não ser essa gratificação permanente, ela não será considerada para cálculo de qualquervantagem pecuniária, seja ela indenização, outra gratificação ou adicional (art. 66).

16.3.3 TEMPO DE SERVIÇO

O art 67 trazia a seguinte previsão:“O adicional por tempo de serviço é devido à razão de 1% (um por cento) porano de serviço público efetivo, incidente sobre o vencimento de que trata o art.40.

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Parágrafo único. O servidor fará jus ao adicional a partir do mês em quecompletar o anuênio.”

Ocorre que esse artigo foi revogado através de diversas Medidas Provisórias reeditadas aolongo do tempo, até a última edição, que levou o número nº 2.225-45, em 04/09/2001,ainda em vigor.De qualquer forma, os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos servidoresabrangidos pelo Estatuto, ficaram transformados em anuênios (art. 244).

16.3.4 INSALUBRIDADE, PERICULOSIDADE E ATIVIDADE PENOSA

A Constituição Federal de 1988 previu, em seu art. 7º, XXIII, que os trabalhadoresreceberiam adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas,

na forma da lei15

.Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Decreto-lei nº 5.452, de 01/05/1943,com redação dada pela Lei nº 6.514/1977):

“Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregadosa agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão danatureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma daregulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por suanatureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com

inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.”Pode-se conceituar, resumidamente, como sendoinsalubre o trabalho que provoca riscos àsaúde,perigosoaquele que causa risco à vida epenosoo relativo ao local de trabalho, comcondições impróprias para o desempenho das funções, como em fronteira longínqua.Então, seguindo o Estatuto, os servidores que trabalhem com habitualidade em locaisinsalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco devida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo (art. 68). No entanto,se, a um só tempo, o servidor fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidadedeverá optar por um deles (art. 68, § 1º). Em qualquer caso, o direito ao adicional deinsalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos quederam causa à sua concessão (art. 68, § 2º).No que diz respeito ao adicional de atividade penosa, este será devido aos servidores emexercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem,nos termos, condições e limites fixados em regulamento (art. 71). Em todos os casos, devehaver permanente controle da atividade de servidores em operações ou locais consideradospenosos, insalubres ou perigosos (art. 69).Caberá à legislação específica estabelecer as situações a serem observadas na concessãodos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de periculosidade (art. 70), quevalerão a partir desse regramento:

15 Lei nº 8.270/91, art. 12.

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“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR DE UNIVERSIDADE. ADICIONAL DEINSALUBRIDADE. LEI 8.112/90. REGULAMENTO. LEI 8270/91.NECESSIDADE. Odies a quo da eficácia do adicional de insalubridade é oda vigência da Lei nº 8.270/91, que efetivamente dispôs sobre os percentuais aserem fixados, em regulamentação ao art. 68 da Lei nº 8.112/90.”16

Sobre a aposentadoria desses servidores, diz o art. 186, § 2º do Estatuto que, nos casos deexercício de atividades consideradas insalubres ou perigosas, a aposentadoria observará odisposto em lei específica.São previstas também situações especiais de proteção à gestante ou lactante e aos queoperam com Raios X ou substâncias radioativas. Às primeiras será garantido o afastamento,enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais inadequados, exercendo suasatividades em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso (art. 69, parágrafoúnico). Quanto aos outros e seus locais de trabalho, ambos serão mantidos sob controle

permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximoprevisto na legislação própria. Ademais, serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis)meses (art. 72) e gozarão 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividadeprofissional, proibida, em qualquer hipótese, a acumulação (art. 79).

16.3.5 SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO, HORÁRIO NOTURNO E FÉRIAS

Outros três adicionais são devidos ao servidor, também deferidos pelo texto constitucional,em seu art. 7º, IX, XVI e XVII, estendidos aos servidores públicos pelo art. 39, § 3º, CF/88.

Isto posto, fica evidente que, em não havendo prévia autorização da autoridade competente,o serviço extraordinário não será remunerado.Considera-se noturno o serviço prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas)horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, computando-se cada hora comocinqüenta e dois minutos e trinta segundos (art. 75). Assim, durante esse período, a carga detrabalho efetiva é de 7 (sete) horas, mas considerada como se fosse de 8 (oito) horas.O valor-hora será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento). Se, além de horário noturno,for também hora extra, esse percentual incidirá também sobre o adicional acima citado.Se o valor da hora normal for de $ 200,00, teremos acrescidos os seguintes valores deadicionais:

I – por serviço extraordinário (50%): $ 100,00;II – por serviço noturno (25%): $ 50,00;III – por serviço extraordinário e noturno (50% e 25%): $ 175,00.

Por ocasião das férias, o servidor receberá um adicional correspondente a 1/3 (um terço) daremuneração do período das férias, independente de solicitação, calculado inclusive sobre avantagem devida pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, e tambémao ocupante cargo em comissão (art. 76).

16 STJ, RESP 464.312/RS, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 09/12/2003.

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O acréscimo desse adicional justifica-se pela necessidade de o servidor gozar plenamentesuas férias, precisando de mais dinheiro nesse período.

16.4 FÉRIAS

Com o efetivo exercício da função pública, terá o servidor direito a gozar 30 (trinta) dias deférias anuais, exigindo-se, para o primeiro período aquisitivo, 12 (doze) meses de exercício(art. 77, § 1º). No caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que hajalegislação específica, como o operador de aparelho de Raios X, poderão ser acumulados atédois períodos de férias (art. 77,caput ).Segundo a redação original do artigo 78, § 1º, era possível a conversão de 1/3 das férias emabono pecuniário, a chamada venda de 1/3 das férias. Essa previsão foi revogada pela Lei

nº 9.527/97, passando, em substituição, a ser permitido o parcelamento das férias, em atétrês etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da AdministraçãoPública (art. 77, § 3º). Nesse caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicionalprevisto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal (adicional de férias), quando dautilização do primeiro período (art. 78, § 5º).É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço, ou seja, não é possível faltar doisdias e depois tirar somente 28 dias de férias, para compensar as faltas (art. 77, § 2º).Quanto ao pagamento da remuneração das férias, deverá ser efetuado até 2 (dois) dias antesdo início do respectivo período (art. 78).O servidor, caso seja exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perceberá indenizaçãorelativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um dozeavo por mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Assim, acada mês trabalhado o servidor acumula a duodécima parte de suas férias, considerandodessa forma a fração de quinze dias ou mais como um mês completo. A indenização serácalculada com base na remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório (art.78, § 4º).Como já mencionado, regra própria está prevista para proteção à saúde do servidor queopera direta e permanentemente com Raios X ou substâncias radioativas. Presente essasituação, deverá tal servidor gozar 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre deatividade profissional, sendo proibida, em qualquer hipótese, a acumulação (art. 79).O Estatuto prevê como possibilidades de interrupção das férias, exclusivamente, as

seguintes (art. 80):I – calamidade pública;II – comoção interna;III – convocação para júri;IV – serviço militar ou eleitoral;V – por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ouentidade.

Em havendo interrupção, o restante do período será gozado de uma só vez, em data a seroportunamente agendada (art. 80, parágrafo único).

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16.5 LICENÇAS

As licenças que poderão ser concedidas ao servidor são (art. 81):I – por motivo de doença em pessoa da família;II – por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;III – para o serviço militar;IV – para atividade política;V – para capacitação;VI – para tratar de interesses particulares;VII – para desempenho de mandato classista.

Como regra para todas as licenças, aquela que for concedida dentro de 60 (sessenta) dias dotérmino de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação (art. 82).Ressalte-se que essas licenças serão deferidas apenas aos titulares de cargos efetivos, nãoabrangendo os cargos em comissão.Além dessas aqui relacionadas, ainda estão previstas as licenças para tratamento da própriasaúde, à gestante, à adotante, paternidade e por acidente em serviço.A seguir, serão analisadas, resumidamente, cada uma das licenças previstas no Estatuto.Nas hipóteses em que um ente da família seja acometido de enfermidade que exijaassistência direta do servidor e não puder esta ser prestada simultaneamente com oexercício do cargo ou mediante compensação de horário, poderá ser concedida a licençadenominada de “licença por motivo de doença em pessoa da família” (art. 83, § 1º),precedida de exame por médico ou junta médica oficial (art. 81, § 1º).Considera-se pessoa da família (art. 83):

I – o cônjuge ou companheiro;II – os pais;III – os filhos;IV – o padrasto ou madrasta;V – o enteado;VI – o dependente que viva às expensas do servidor e conste do seu assentamentofuncional.

O servidor que estiver responsável pelos cuidados do ente adoecido receberá suaremuneração do cargo efetivo apenas durante os primeiros trinta dias, podendo serprorrogada por até trinta dias, mediante parecer de junta médica oficial. A partir daí, poderáficar em licença por, no máximo, mais noventa dias, porém,sem remuneração(art. 83, §2º).Se o cônjuge ou companheiro de servidor for deslocado para outro ponto do territórionacional, para o exterior ou para exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo eLegislativo, poderá ser concedidalicença, por prazo indeterminado e sem remuneração, aoservidor para acompanhá-lo (art. 84). Ressalte-se que, como se vê, a Lei prescreve que

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“poderá” ser concedida essa licença; a Administração Pública não tem obrigação legal deconceder a licença, ficando a seu critério o momento e os termos do deferimento.

Se o outro cônjuge ou companheiro também for servidor público, civil ou militar, dequalquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderáhaver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta,autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível com o seucargo (art. 84, § 2º).É o caso, exemplificando, do casal de servidores em que ele é policial federal e ela fiscal doINSS. Se o primeiro for removido de ofício para Tabatinga, na fronteira entre Brasil, Peru eColômbia, sua esposa terá direito de acompanhá-lo, podendo ser colocada em exercícioprovisório em outro órgão que seja representado naquela cidade, no caso de não haveragência do INSS. Assim, poderá, durante o tempo em que lá permanecer, exercer a funçãode fiscal da Receita Federal, que lá tem representação. Não é aqui caso de provimento

derivado, posto que o exercício é apenas provisório, retornando às suas funções tão logoseja possível. Se não houver outro cargo compatível para ser exercido, a licença seráconcedida sem remuneração.Com a convocação do servidor para oserviço militar, terá ele direito à licença, na forma econdições previstas na legislação específica (art. 85). Essa licença refere-se,principalmente, à convocação extraordinária ou aos casos de guerra externa. No queconcerne ao serviço militar obrigatório, prestado por todo jovem, cabe um brevecomentário: ainda que a quitação com as obrigações militares seja requisito básico parainvestidura em cargo público (art. 5º, III), pode haver nomeação antes da convocação, casoem que também faria jus à licença.Uma vez concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias,sem remuneração,para reassumir o exercício do cargo (art. 85, parágrafo único).A licença paraatividade políticaserá concedida ao servidor candidato a cargo eletivo, quetanto pode ser para Vereador, quanto para Deputado Estadual ou Federal, Senador, Prefeito,Governador ou Presidente da República.A licença será concedida,sem remuneração, durante o período que mediar entre a suaescolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro desua candidatura perante a Justiça Eleitoral (art. 86).No entanto, a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, alicença será concedida,assegurando-se os vencimentos do cargo efetivo(art. 86, § 2º).Porém, o pagamento está garantido durante o período máximo de três meses, a partir doque, se tiver direito ainda à licença, não mais haverá qualquer retribuição pecuniária.Em sendo o servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funçõese exercendo cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, deleserá afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a JustiçaEleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito (art. 86, § 1º).A licença para capacitação poderá ser concedida ao servidor, no interesse daAdministração, para participar de curso de capacitação profissional (art. 87). Somente serápossível após cada qüinqüênio de efetivo exercício, e por até três meses,com a respectivaremuneração. Esses períodos de licença não são acumuláveis (art. 87 , parágrafo único).

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Essa licença veio substituir a chamada “licença-prêmio”, que previa a concessão de 3 (três)meses, a título de prêmio por assiduidade, com a remuneração do cargo efetivo, mas semqualquer vinculação com cursos de capacitação. Foi revogada pela Lei nº 9.527/97.A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo,desde que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato deassuntosparticulares pelo prazo de até três anos consecutivos,sem remuneração(art. 91). Em facedas características peculiares dessa licença, ela poderá ser interrompida, a qualquer tempo,a pedido do servidor ou no interesse do serviço (art. 91, parágrafo único).Sendo no interesse da Administração Pública, não se pode conceder uma licença desse tipoa um servidor que fará falta nos quadros da repartição. De outro lado, se concedida econstatado o prejuízo para o serviço que o licenciado está causando, deverá aAdministração interromper e convocar o servidor para que retorne ao efetivo exercício deseu cargo, o que deverá fazer de pronto, sob pena de abandono de cargo (art. 138).

Alterou-se a redação desse artigo através da Medida Provisória nº 2.225-45, de 04/09/2001,que continua em vigor (art. 2º da EC nº 32/2001). A redação original previa o prazo dessalicença de até dois anos, não podendo ser concedida outra antes de decorridos dois anos dotérmino da anterior.Seguindo a regra atual, não poderá ser concedida nova licença dentro de 60 (sessenta) diasdo término de outra, pois, nesse caso, seria considerada como prorrogação, devendo levarem conta que tem prazo máximo de três anos (art. 82).A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, VI, garante ao servidor público civil odireito à livre associação sindical. A licença paramandato classistadecorre desse direito,assegurando ao servidor o direito a ela,sem remuneração,para o desempenho de mandato

em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional17

, sindicatorepresentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão (art. 92), conformedisposto em regulamento (Decreto nº 2.066/96). A licença terá duração igual à do mandato,podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, mas por uma única vez (art. 92, § 2º).Existe a limitação legal para concessão dessa licença para apenas dois mandatos, mas nãose impede que o servidor exerça atividade sindical por quantas vezes for reeleito, apenasnão fazendo jus à licença após a segunda reeleição.Para concessão da licença, devem ser atendidos os seguintes limites:

I – para entidades com até 5.000 associados, um servidor; II – para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois servidores;

III – para entidades com mais de 30.000 associados, três servidores.Porém, não é para qualquer entidade ou qualquer cargo que poderá ser concedida. Somentepoderão ser licenciados servidores eleitos para cargos de direção ou representação nasreferidas entidades, desde que cadastradas no Ministério da Administração Federal eReforma do Estado - MARE (art. 92, § 1º).O tempo de licença será considerado como de efetivo exercício, exceto para efeito depromoção por merecimento (art. 102, VIII, ‘c’).

17 Sobre entidade de classe, veja o julgado do STF, MS 21.806/DF, relator Ministro Celso de Mello,publicação DJ 16/02/1996.

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Na seção que trata do afastamento para exercício de mandato eletivo, garante-se também aotitular de mandato classista, que não haja remoção ou redistribuição de ofício paralocalidade diversa daquela onde exerce seu mandato (art. 94, § 2º).

16.6 AFASTAMENTOS

O Estatuto prevê trêspossibilidades de afastamento, a saber:I – para servir a outro órgão ou entidade;II – para exercício de mandato eletivo;III – para estudo ou missão no exterior.

A seguir, os principais detalhes de cada um desses casos.

Em determinadas hipóteses, o servidor poderá ser, em termos leigos, emprestado oucedidopara ter exercício em outro órgãoou entidade de qualquer dos Poderes da União, dosEstados, do Distrito Federal ou dos Municípios. As duas situações são as seguintes (art.93):

I – para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;II – em casos previstos em leis específicas.

A cessão18 far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial da União (art. 93, § 3º).A dúvida que normalmente se faz presente é quanto à responsabilidade pelo pagamentodesse servidor. Assim, no caso de exercício de cargo em comissão ou função de confiança,sendo a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos

Municípios,o ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido oônus para o cedente nos demais casos, como cessão para outro órgão ou Poder da União(art. 93, § 1º). Cessionária é a entidade que recebe o servidor, quem o requisita. Por outrolado, cedente é quem “empresta” o servidor. Na hipótese de o servidor cedido à empresapública ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, optar pelaremuneração do cargo efetivo, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despesasrealizadas pelo órgão ou entidade de origem (art. 93, § 2º), ou seja, a cedente faz opagamento e será reembolsada pela empresa pública ou sociedade de economia mista ondeo servidor estiver trabalhando.Essas regras valem também para a União, em se tratando de empregado ou servidor por elarequisitado (art. 93, § 5º). Porém, as cessões de empregados de empresa pública ou desociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Nacional para o custeio totalou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, independem dessas disposições, ficando oexercício do empregado cedido condicionado à autorização específica do Ministério doPlanejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), exceto nos casos de ocupação de cargo emcomissão ou função gratificada (art. 93, § 6º).Como visto, os servidores cedidos pela União ou para ela, devem ser remuneradossegundos as regras expostas. A exceção existe no caso específico de empregados deempresa pública ou de sociedade de economia mista que são requisitados pela União, caso

18 Regulamentada, entre outros, pelos Decretos nº 4.050/01, nº 4.273/02, nº 4.493/02 e nº 4.587/03.

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em que há necessidade de autorização específica do Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão.

Quando o servidor retorna ao cargo efetivo de origem, não faz jus à percepção doquantum

remuneratório percebido no órgão ou entidade cessionária, posto que não há falar-se emdireito líquido e certo de continuar a perceber tal valor19.Outra regra de exceção foi prevista no art. 93, § 7º,in verbis :

“O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a finalidade depromover a composição da força de trabalho dos órgãos e entidades daAdministração Pública Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício deempregado ou servidor, independentemente da observância do constante noinciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo.”

Se houver necessidade de reorganização dos quantitativos de trabalhadores à disposição decada órgão ou entidade da Administração Pública Federal, poderá o MPOG alterar o localde trabalho, tanto de servidores quanto de empregados públicos.Ressalte-se que as regras dos parágrafos 5º a 7º do art. 93 foram assim previstas a partir darecente Lei nº 10.470/02.Finalmente, mediante autorização expressa do Presidente da República, o servidor do PoderExecutivo poderá ter exercício em outro órgão da Administração Federal direta que nãotenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo (art. 93, § 4º). Asituação é bem delineada, só cabendo no caso de órgão que não tenha quadro próprio depessoal, sendo a finalidade e o prazo determinados previamente.No caso de servidor ser investido emmandato eletivo, ser-lhe-ão aplicadas as regras doart. 38 da Carta Magna, repetidas no art. 94 do Estatuto:

I – tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afastado do cargo;II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultadooptar pela sua remuneração;III – investido no mandato de vereador:a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, semprejuízo da remuneração do cargo eletivo;b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo, sendo-lhefacultado optar pela sua remuneração.

Visto isso, percebe-se que, de regra, o servidor ficará afastado do cargo. Exceção existe

apenas no caso de Vereador que, se houver compatibilidade de horário entre o cargopúblico efetivo e o exercício da vereança, poderá acumular ambos, recebendo tambémpelos dois.Somente em dois casos poderá haver opção pela remuneração: a) servidor eleito paraPrefeito; b) servidor eleito para Vereador, não havendo compatibilidade de horários.Naturalmente, esses casos se referem ao servidor na ativa. Se o mesmo for aposentado,poderá acumular o subsídio do cargo eletivo com os proventos de inatividade, qualquer queseja o mandato (art. 40, § 11, CF/88).

19 STJ, ROMS 8.561/GO, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 17/05/1999 e ROMS9.572/GO, relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, publicação DJ 31/08/1998.

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Ainda que afastado do cargo, o servidor contribuirá para a seguridade social como se emexercício estivesse (art. 94, § 1º), posto que esse período é considerado como de efetivoexercício (art. 102, V), contando também para a aposentadoria.Como garantia ao eleito, veda-se a remoção ou redistribuição de ofício para localidadediversa daquela onde exerce o mandato eletivo, da mesma forma que concedida ao titularde mandato classista (art. 94, § 2º).O afastamento de servidor paraestudo ou missão no exterior, com a conseqüente saída doPaís, somente poderá ocorrer com a prévia autorização do Presidente da República, doPresidente dos Órgãos do Poder Legislativo ou do Presidente do Supremo Tribunal Federal(art. 95).São os seguintes os preceitos a serem observados:

I – ausência máxima de 4 (quatro) anos (art. 95, § 1º);

II – finda a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida novaausência (art. 95, § 1º);III – não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antesde decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimentoda despesa havida com seu afastamento (art. 95, § 2º);IV – hipóteses, condições e formas para a autorização de afastamento, inclusive noque se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regulamento (art. 95,§ 4º);V – o afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasilparticipe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração (art. 96).

Em função das características próprias, os servidores da carreira diplomática não estãosubmetidos a tais restrições (art. 95, § 3º).

17 SEGURIDADE SOCIAL

A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos PoderesPúblicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência eà assistência social. Esse é o expresso comando do art. 194 da Constituição Federal de1988.Assim, tratou o Estatuto de regular a Seguridade Social para o servidor e sua família, acargo da União (art. 183).O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidore sua família, e compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintesfinalidades (art. 184):

I – garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidenteem serviço, inatividade, falecimento e reclusão;II – proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;III – assistência à saúde.

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17.1 BENEFÍCIOS

Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem (art. 185):I – quanto ao servidor:a) aposentadoria;b) auxílio-natalidade;c) salário-família;d) licença para tratamento de saúde;e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;f) licença por acidente em serviço;g) assistência à saúde;h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;II – quanto ao dependente:a) pensão vitalícia e temporária;b) auxílio-funeral;c) auxílio-reclusão;d) assistência à saúde.

A primeira série refere-se aos benefícios concedidos ao servidor e a segunda, ao seudependente, tendo como único item coincidente a assistência à saúde.Mas não são todos os servidores que terão o conjunto desses direitos. Aquele ocupante decargo em comissão que não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivona Administração Pública Direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefíciosdo Plano de Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde (art. 183, § 1o). Aqueleservidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive paraservir em organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com oqual coopere, ainda que contribua para Regime de Previdência Social no exterior, terásuspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor Público,enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhe assistindo, neste período, os benefíciosdo mencionado regime de previdência (art. 183, § 2o).Já ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração, será assegurada a manutenção davinculação ao regime do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante orecolhimento mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido pelosservidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus noexercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagenspessoais (art. 183, § 3o). Esse recolhimento deve ser efetuado até o segundo dia útil após adata do pagamento das remunerações dos servidores públicos, aplicando-se osprocedimentos de cobrança e execução dos tributos federais, quando não recolhidos na datade vencimento (art. 183, § 4o).O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou má-fé implicarádevolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível (art. 185, § 2o).

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Por sua importância, trataremos apenas daaposentadoria e da pensão, sugerindo umaleitura do Estatuto no que se refere aos demais benefícios citados.

17.1.1 APOSENTADORIA

Em 31 de dezembro de 2003 foi publicada a Emenda Constitucional nº 41 (de 19 dedezembro de 2003), que alterou diversos dispositivos constitucionais, em especial no queconcerne às regras do regime de previdência social dos servidores titulares de cargosefetivos da União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, além de suasautarquias e fundações.A primeira reforma previdenciária ocorreu em 1998, através da Emenda Constitucional nº20, de 15 de dezembro daquele ano. Ressalte-se que, apesar dessas alterações vigentes há

mais de cinco anos, o legislador ordinário não atualizou o Estatuto, mantendo o textooriginal, que, por óbvio, foi derrogado tacitamente.Agora, novas e profundas alterações nas regras sobre esse tema são observadas. Assimsendo, ainda que a letra da Lei não tenha sido alterada, em face da supremaciaconstitucional vigente em nosso ordenamento, aqui serão analisadas as determinaçõesconstantes da EC nº 41/2003, acrescidas dos itens não revogados do Estatuto.Acrescente-se ainda que está em trâmite no Congresso Nacional a chamada “reformaparalela”20, que, se aprovada, novamente trará importantes alterações nessa matéria.Os titulares de cargos efetivos têm um regime de previdência diferenciado dos demaistrabalhadores, sejam eles da iniciativa privada, ou titulares exclusivamente de cargos emcomissão, temporários ou empregos públicos. Estes últimos são regidos pela CLT21,seguindo os ditames do art. 201 da CF/88 (art. 40, § 13, CF/88).O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos segue osdispositivos do art. 40 da CF/88. Ambas as reformas objetivavam um melhor equilíbrio nascontas previdenciárias. A primeira, de 1998, fixou limites mínimos de idade paraaposentadoria e tempo mínimo de exercício no cargo e no serviço público, pois, antes dessareforma, poderia trabalhar (e contribuir) na iniciativa privada por toda a vida e, aprovadoem concurso público às vésperas de se aposentar, usufruir proventos integrais, com quasenenhuma participação com contribuições previdenciárias para esse regime.A norma atual acabou com a aposentadoria com proventos integrais para aqueles queingressaram a partir da publicação da referida EC e instituiu contribuiçãoprevidenciária aos aposentados e pensionistas que percebam valores superiores adeterminado patamar (art. 40, § 18, CF/88). Para aqueles que ingressaram no serviçopúblico antes dessa data, fixou regras de transição (art. 6º da EC nº 41/2003), garantindotambém os direitos já adquiridos pelos aposentado e pensionistas, ainda que não usufruídos(art. 3º da EC nº 41/2003). Outro ponto a ser destacado foi a previsão de instituição deregime de previdência complementar com planos de benefícios na modalidade contribuiçãodefinida, não sendo, no entanto, de criação obrigatória, mas sim facultativa.

20 PEC nº 77/2003, do Senado.21 Consolidação das Leis do Trabalho - Decreto-Lei nº 5.452/1943.

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A seguir as regras constitucionais do atual regime de previdência dos servidoresingressados após 31/12/2003, cujo art. 40, em seucaput , assim determina:

“Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, éassegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediantecontribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dospensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro eatuarial e o disposto neste artigo.”

Importante modificação foi inserta nocaput supra transcrito. Previa-se um regime deprevidência de caráter contributivo; acrescentou-se que será também solidário. Assim, oque importa é oquantum de contribuição durante a vida laboral, não bastando o tempo deserviço, sendo que participarão do custeio, além do respectivo ente público, os servidoresativos, inativos e os pensionistas. A contribuição dos entes públicos não era expressamente

prevista até então, bem assim dos aposentados e pensionistas, o que, sem dúvidas, resultanum importante acréscimo de receitas para o sistema. A necessidade de preservação doequilíbrio financeiro e atuarial foi prevista na reforma de 1998 e repetida nesta.Sendo umsistema solidário, fica patente que deve contar com a participação de todos,como, aliás, já se previa no art. 195 da CF/88. Assim, justifica-se a contribuição agoraexigida dos aposentados e dos pensionistas: estes não contribuem mais para seu própriobenefício, posto que já o recebem, mas sim para todo o sistema. A constitucionalidadedessa previsão está sendo discutida, mas com poucas chances de ser declarada, posto que adecisão será eminentemente política.Os servidores abrangidos por esse regime de previdência terão calculados os seus proventosa partir da média dos valores de sua remuneração num determinado período, a ser fixadopor lei. Assim,acaba a aposentadoria com proventos integrais, ou seja, iguais ao valorda última remuneração do servidor, como era a regra anterior (art. 40, §§ 1º e 3º, CF/88).Esses valores considerados para o cálculo do benefício serão devidamente atualizados, naforma da lei (art. 40, § 17, CF/88). Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasiãode sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargoefetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão dapensão (art. 40, § 2º, CF/88). Pode parecer inútil essa previsão, posto que não existe maisaposentadoria integral. Porém, como bem lecionam os professores Marcelo Alexandrino eVicente Paulo, poderia ocorrer de o cálculo resultar num benefício maior que a últimaremuneração. E explicam:

“Com efeito, nos últimos anos, os servidores públicos, especialmente osfederais, têm recebido reajustes nulos ou irrisórios de suas remunerações.Assim, se essas remunerações forem atualizadas por índices oficiais de inflação,para efeito de cálculo da média a que corresponderão os proventos, poderiaocorrer de chegar-se a um valor superior ao da última remuneração do servidor.Caso isso ocorra, incidirá a vedação do § 2º do art. 40, vale dizer, os proventoscalculados terão que ser reduzidos para não ultrapassarem o valor da últimaremuneração do servidor.”

É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria neste regime, exceto aquelasdecorrentes dos cargos acumuláveis na forma da Constituição (art. 40, § 6º, CF/88).Também está vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de

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aposentadoria no regime próprio dos servidores, ressalvados os casos de atividadesexercidas exclusivamente sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou aintegridade física, definidos emlei complementar(art. 40, § 4º, CF/88).Outra importante modificação diz respeito à paridade entre ativos e aposentados. A antigaredação do § 8º do art. 40, CF/88, garantia que os proventos de aposentadoria e as pensõesseriam revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificasse aremuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aospensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidoresem atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo oufunção em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão dapensão.Essa garantia de paridade foi suprimida. A nova redação desse parágrafo passoua apenas assegurar o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráterpermanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. Fácil perceber quedeferiu-se ao legislador ordinário a tarefa de estabelecer esses valores que, como se tornoucomum, em nada preserva o valor real, como determina a Lei Maior. A depender daspolíticas adotadas, em poucos anos os proventos podem tornar-se muito inferiores àremuneração do pessoal da ativa, o que seria mesmo inconcebível. O art. 189 do Estatutocontinha previsão de paridade, mas foi tacitamente revogado.Admite-se que cada um dos entes instituaregime de previdência complementarpara osseus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, podendo fixar, para o valor dasaposentadorias e pensões a serem concedidas por esse regime próprio, o limite máximoestabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social (art. 40, § 14, CF/88).Se fixado esse limite máximo, cabe ao ente,obrigatoriamente, a implementação desseregime complementar,via lei ordinária, de iniciativa do respectivo Poder Executivo, por

intermédio de entidades fechadas de previdência complementar,de natureza pública, queoferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade decontribuição definida(art. 40, § 15, CF/88). De qualquer forma, deverá observar as regrasdo art. 202 e parágrafos, da CF/88, sobre o regime de previdência privada, regulado porleicomplementar(LC nº 109/2001)22. Esse regime complementar nada mais é que uma formade elevar o valor da aposentadoria, ou seja, o beneficiário receberá o valor relativo ao tetoeventualmente estabelecido no RPPS e mais um valor, do regime complementar, para oqual contribuiu facultativamente. Para o professor Fabio Zambitte, “ao contrário das EFPC[entidades fechadas de previdência complementar] em geral, as organizadas pelo PoderPúblico somente poderão conceder benefícios na modalidade contribuição definida, a qualprevê antecipadamente a cotização necessária, mas o valor efetivamente pago irá variar de

acordo com as variações de mercado, adequação das aplicações dos recursos etc. Do pontode vista atuarial, é a modalidade mais segura, sendo inclusive já prevista na LC nº 108/01como de observação obrigatória por EFPC de patrocínio público”.Aos servidores que tiverem ingressado no serviço público até a data da publicação do atode instituição do correspondente regime de previdência complementar garante-se o direito àopção de se manter no regime original ou migrar para o regime de previdênciacomplementar (art. 40, § 16, CF/88).

22 Ainda que a regra seja que cada ente institua seu próprio regime complementar, ressalte-se que acompetência para legislar sobre o assunto é concorrente (art. 24, XII, CF/88), sendo que cabe à Uniãoestabelecer as normas gerais (art. 24, § 1º, CF/88).

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São as seguintes as modalidades para a aposentadoria, com seus respectivos requisitos (art.40, § 1º, CF/88):

I - por invalidez permanente: a regra é ter proventos proporcionais ao tempo decontribuição. Porém, algumas exceções foram previstas: se decorrente de acidente emserviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,na forma dalei23. Nestes casos, caberá ao legislador ordinário estabelecer a forma de cálculo dosproventos, posto que não se pode mais interpretar como sendo integral, situação quenão mais existe. A média pura e simples também não pode ser aplicada de imediato,pois, no caso de alguém que sofra, por exemplo, um acidente em serviço na primeirasemana de trabalho, não teria ainda contribuído com o sistema, não sendo factível talmédia.

A definição de doença grave, contagiosa ou incurável, foi promovida pelo Estatuto, em seuart. 186, § 1º, que permanece válida enquanto nova lei não a altere:

“§ 1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a que se refereo inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla,neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público,hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível eincapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estadosavançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de ImunodeficiênciaAdquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicinaespecializada.”

Nos casos de exercício de atividades consideradas insalubres ou perigosas, a aposentadoria,segundo o Estatuto, observará o disposto em lei específica (art. 186, § 2º). Ressalte-se aindaque, nessa modalidade de aposentadoria, o servidor será submetido à junta médica oficial,que atestará a invalidez, quando caracterizada a incapacidade para o desempenho dasatribuições do cargo ou a impossibilidade de readaptação (arts. 24 e 186, § 3º).A aposentadoria por invalidez vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato (art.188), sendo precedida de licença para tratamento de saúde, por período não excedente a 24(vinte e quatro) meses (art. 188, § 1º). Se expirado o período de licença e não estiver emcondições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será aposentado (art. 188, §2º), e considerado como de prorrogação da licença o lapso de tempo compreendido entre otérmino da licença e a publicação do ato da aposentadoria (art. 188, § 3º).O art. 190 do Estatuto determinava que “o servidor aposentado com provento proporcionalao tempo de serviço, se acometido de qualquer das moléstias especificadas no art. 186, § 1º,

passará a perceber provento integral”. Como já mencionado, caberá ao legislador ordinárioestabelecer o valor dos proventos, não cabendo mais se falar em valores integrais, mas simna média das contribuições (art. 40, § 3º, CF/88). Também destaque-se que, desde a EC nº20/98, a expressão “tempo de serviço” deve ser substituída por “tempo de contribuição”.

II – compulsória: será aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais aotempo de contribuição. Será automática, e declarada por ato, com vigência a partir do

23 A única alteração de redação nas formas de aposentadoria, promovida pela EC nº 41/2003, deu-se nessamodalidade, substituindo a antiga expressão “especificadas em lei” por “na forma da lei”, que trará o conceitode acidente de serviço e quais as doenças consideradas graves para fins dessa aposentadoria.

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dia imediato àquele em que o servidor atingir a idade-limite de permanência noserviço ativo24 (art. 187).

III – voluntária: desde que cumpridotempo mínimo de dez anos de efetivoexercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará aaposentadoria, observadas as seguintes condições:a) sessenta anos deidade e trinta e cinco decontribuição, se homem, e cinqüenta ecinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher. Os proventos serão calculadossobre a média atualizada das contribuições, na forma que a lei estabelecer.b) sessenta e cinco anos deidade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Assim, calcula-se o valorseguindo a regra anterior e aplica-se o percentual relativo entre o tempo decontribuição efetiva e o tempo total previsto. Por exemplo, se um homem seaposentar com 65 anos de idade, contribuindo por 28 anos, ganhará 80% do queganharia se tivesse contribuído pelos 35 anos previstos.

A aposentadoria voluntária vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato (art.188).O professor que comproveexclusivamente tempo de efetivo exercício das funções demagistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio, terá reduzidos emcinco anos os requisitos de idade e de tempo de contribuição, em relação ao disposto no art.40, § 1°, III, ‘a’, CF/88, ou seja, com cinqüenta e cinco anos deidade e trinta decontribuição, se homem, e cinqüenta anos de idade e vinte e cinco de contribuição, semulher. Aqui também terá direito aos proventos calculados sobre a média atualizada dascontribuições, na forma que a lei estabelecer (art. 40, § 5º, CF/88).

Relevante acrescentar que, na sessão de julgamento de 26/11/2003, o Supremo TribunalFederal aprovou 15 novos enunciados, que passaram a integrar a Súmula da JurisprudênciaPredominante da nossa Corte Máxima. Entre eles, veja-se o de nº 726:

“Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempode serviço prestado fora da sala de aula.”

A previsão do art. 190 do Estatuto deve ser analisada segundo a nova ordem constitucional,in verbis :

“Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao tempo deserviço, se acometido de qualquer das moléstias especificadas no art. 186, § 1º,passará a perceber provento integral.”

Como ressabido, não mais existe o instituto da aposentadoria com provento integral; ovalor deverá ser compatibilizado com as novas regras a serem criadas pelo legisladorordinário, considerando a aposentadoria prevista no art. 40, § 1º, I, CF/88.Quando proporcional ao tempo de contribuição, o provento não será inferior a 1/3 (umterço) da remuneração da atividade25 (art. 191). Enquanto não estabelecida nova fórmulapelo legislador ordinário, entendo que esse artigo continua plenamente válido.

24 Assim, no dia em que o servidor completar 70 (setenta) anos de idade, estará automaticamente aposentado,recebendo proventos proporcionais ao tempo de contribuição, calculados conforme as regras da EC nº41/2003 e legislação infraconstitucional.25 Desde a EC nº 20/98, a expressão “tempo de serviço” deve ser substituída por “tempo de contribuição”.

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Ao servidor aposentado será paga a gratificação natalina, até o dia vinte do mês dedezembro, em valor equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido(art. 194).Sobre asregras de transição para aqueles que ingressaram no serviço público antes dapublicação da EC nº 41/2003, manteve-se o direito à aposentadoria integral, desde quepreencham,cumulativamente, as seguintes condições (art. 6º da EC nº 41/2003):

I – sessenta anos deidade, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade, se mulher;II – trinta e cinco anos decontribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, semulher;III –vinte anos de efetivo exercício no serviço público; eIV –dez anos de carreira e cinco anos de efetivo exercício no cargo em que se dera aposentadoria.

Quanto à paridade, não foi mantida de forma ampla, como antes, posto que prevê apenasque os proventos das aposentadorias serão revistos na mesma proporção e na mesma data,sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade,sem incluir aprevisão de serem também estendidos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormenteconcedidos aos servidores em atividade (art. 6º, parágrafo único, EC nº 41/2003).Aos que já estavam aposentados ou tinham direito adquirido à aposentadoria quando dapublicação da EC nº 41/2003, foram mantidos todos os direitos, em especial aintegralidade, se fosse o caso, e a paridade dos proventos com a remuneração dos ativos(art. 7º da EC nº 41/2003).No entanto, segundo tem entendido o STF26, a paridade, mesmo para estes, não é absoluta,mas apenas se refere a benefícios ou vantagens denatureza geral, ficando de fora aquelesque, por sua natureza, só possam ser atribuídos ao servidor da ativa, como o vale-alimentação ou auxílio-alimentação27.Vale destacar a instituição do chamado “abono de permanência”, instituído parabeneficiar e incentivar aqueles que, tendo cumprido todos os requisitos para aaposentadoria, permanecem laborando. Assim, receberão a mais o equivalente ao valor dasua contribuição previdenciária, até completar as exigências para aposentadoriacompulsória (art. 40, § 19, CF/88).Por fim, o valor dos proventos não poderá ser superior ao teto estabelecido pelo art. 37, XI,CF/88, com a redação também dada pela mesma EC nº 41/2003. Aplica-se o mesmo limitepara as aposentadorias que possam ser acumuladas, bem assim à soma da aposentadoria

com a remuneração de cargo efetivo acumulável, de cargo em comissão e de cargo eletivo.Importante: como já destacado antes, assuntos relativos à EC nº 41/2003, como este deaposentadoria e o próximo de pensão, são de presença quase certa em qualquer prova deconstitucional ou administrativo. Assegure-se de dominar bem esses temas.

17.1.2 PENSÃO

26 STF, ADI 575/PI, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 25/06/1999, AgR 24.204/DF,relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 04/04/2003.27 STF, RE 318.684/RS, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 09/11/2001.

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De igual maneira que a aposentadoria, as pensões dos dependentes dos servidores foram

objeto da Emenda à Constituição nº 41, publicada em 31/12/2003.As pensões dos dependentes dos servidores públicos também fazem parte do RegimePróprio de Previdência Social (RPPS), que segue os dispositivos do art. 40 da CF/88,profundamente alterado pela citada EC nº 41/2003.Como principais alterações no regime de pensões destacam-se a contribuição dospensionistas para o sistema (art. 40,caput e § 18, CF/88) e o redutor imposto àquelas acimade determinado valor (art. 40, § 7º, II, CF/88).Isto posto, o valor da pensão por morte será o seguinte (art. 40, § 7º, CF/88):

I – a totalidade dosproventosdo servidor falecido, até o limite máximo estabelecidopara os benefícios do regime geral de previdência social (atualmente R$ 2.508,72),

acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite,caso aposentadoàdata do óbito. Exemplifiquemos usando o antigo teto de R$ 2.400,00 para facilitar oscálculos. Se os proventos eram de R$ 1.000,00, a pensão continuará sendo dessemesmo valor. No entanto, se a aposentadoria fosse de R$ 3.000,00, a pensão seria deR$ 2.400,00 acrescida de 70% da parcela excedente, é dizer, 70% de R$ 600,00 (=3.000,00 – 2.400,00), igual a R$ 420,00. Assim, o valor da pensão será de R$2.820,00 (= 2.400,00 + 420,00).II – a totalidade daremuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu ofalecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral deprevidência social de que trata o art. 201, CF/88, acrescido de setenta por cento daparcela excedente a este limite,caso em atividadena data do óbito. Aqui a situação é

a mesma quanto ao valor, só se distinguindo dela pelo fato de o servidor estar aindana ativa. Os exemplos mencionados valem igualmente para este item.Questão interessante se observa no caso de falecimento deservidor em disponibilidade,quando faz jus a remuneração proporcional ao tempo de serviço (art. 41, § 3º, CF/88). Aregra do inciso I do § 7º do art. 40, CF/88, não pode ser aplicada, posto que exclusiva parao caso de servidor aposentado, que não se confunde com servidor em disponibilidade. Sóresta a aplicação do inciso II do mesmo parágrafo, devendo a pensão ser calculada sobre ototal da remuneração do servidor no cargo efetivo, independente do fato de ele receber àépoca do óbito apenas proporcionalmente ao tempo de serviço. Esse é também oentendimento do Prof. Marco André:

“Atenta-se que em qualquer outro caso de inatividade, como colocação doservidor em disponibilidade, deverá ser aplicada a regra do inciso II, pois aregra prevista no inciso I é específica para o servidor aposentado. Agora, nocaso de colocação em disponibilidade é importante observar que deverá ser obenefício calculado levando em conta a remuneração do servidor caso nãoestivesse em disponibilidade e não a remuneração que esteja recebendo, pois foiutilizado, no texto constitucional, o termo remuneração no cargo efetivo e não aremuneração que o servidor estava auferindo. Em nossa opinião é esta ainterpretação a ser conferida a este dispositivo constitucional.”

Relembre-se que o valor das pensões não poderá ser superior ao teto estabelecido pelo art.37, XI, CF/88, com a redação também dada pela mesma EC nº 41/2003.

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A nova contribuição instituída pelo art. 40, § 18, CF/88, incidirá sobre as pensões quesuperem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdênciasocial (atualmente fixado em R$ 2.508,72), com percentual igual ao estabelecido para osservidores titulares de cargos efetivos (hoje de 11%). Se a pensão for de R$ 3.008,72,pagará contribuição de R$ 55,00 (= 11% de R$ 500,00).Esse mesmo art. 40, § 7º, da CF/88, determina que a lei disporá sobre a concessão dobenefício de pensão por morte. Enquanto não sobrevier novo regramento, valem asprevisões do Estatuto, a seguir analisadas.Segundo o art. 185, II, é devida pensão vitalícia ou temporária ao dependente de servidorpúblico, que serão concedidas e mantidas pelos órgãos ou entidades aos quais se encontramvinculados os servidores (art. 185, § 1º).Quanto à natureza, as pensões dividem-se emvitalícias e temporárias(arts. 216 e 217):

I – vitalícia: é composta de cota ou cotas permanentes, que somente se extinguem ourevertem com a morte de seus beneficiários. São beneficiários desse tipo de pensão:a) o cônjuge;b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, com percepção depensão alimentícia;c) o companheiro ou companheira designado que comprove união estável comoentidade familiar;d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor;e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora dedeficiência, que vivam sob a dependência econômica do servidor.

Se concedida pensão vitalícia ao cônjuge, o companheiro ou companheira (alíneas ‘a’e ‘c’), estarão automaticamente excluídos desse direito os demais beneficiáriosreferidos nas alíneas ‘d’ e ‘e’.II – temporária: é composta de cota ou cotas que podem se extinguir ou reverter pormotivo de morte, cessação de invalidez ou maioridade do beneficiário. Sãobeneficiários desse tipo de pensão28:a) os filhos, ou enteados, até 18 (dezoito) anos de idade, ou, se inválidos, enquantodurar a invalidez;b) o menor sob guarda ou tutela até 18 (dezoito) anos de idade;c) o irmão órfão, até 18 (dezoito) anos, e o inválido, enquanto durar a invalidez, quecomprovem dependência econômica do servidor;d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, 18 (dezoito)anos, ou, se inválida, enquanto durar a invalidez.

28 Com a vigência do novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002) que, em seu art. 5º, determinou que amenoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos davida civil, a expressão “menor” nesse inciso do Estatuto deve ser analisada com cautela. Uma interpretaçãosistemática do art. 217 com o art. 222, IV, do Estatuto, em conjunto com o Código Civil, conduz ao forçosoreconhecimento de que o fundamento da pensão aqui é a presença ou não da capacidade civil do pensionista,devendo ser reduzida a idade limite para dezoito anos. Essa interpretação está sujeita à confirmação de jurisprudência futura sobre o tema.

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Se concedida pensão temporária aos filhos ou menor sob guarda ou tutela (alíneas ‘a’e ‘b’), estarão automaticamente excluídos desse direito os demais beneficiáriosreferidos nas alíneas ‘c’ e ‘d’.

Uma vez calculado o valor da pensão, esta será dividida entre os beneficiários, obedecendoas seguintes regras (art. 218):

I – a pensão será concedida integralmente ao titular da pensão vitalícia, exceto seexistirem beneficiários da pensão temporária;II – ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão vitalícia, o seu valor serádistribuído em partes iguais entre os beneficiários habilitados;III – ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária, metade do valor caberáao titular ou titulares da pensão vitalícia, sendo a outra metade rateada em partesiguais, entre os titulares da pensão temporária;

IV – ocorrendo habilitação somente à pensão temporária, o valor integral da pensãoserá rateado, em partes iguais, entre os que se habilitarem.Um exemplo prático resolve a questão:

- Remuneração do servidor falecido: R$ 5.000,00.- Valor calculado da pensão: R$ 4.220,00 (2.400,00 + 70% de 2.600,00).- Supondo a existência de cônjuge e dois filhos imberbes. O primeiro faz jus a umapensão vitalícia, os demais, temporária.- Metade da pensão deve ficar com o titular da pensão vitalícia e a outra metade deveser rateada, em partes iguais, entre os titulares da pensão temporária.- Assim, ao cônjuge supérstite (sobrevivente) caberá R$ 2.110,00 e a cada filho R$1.055,00.

Poderá ser concedida pensão provisória por morte presumida do servidor, nos seguintescasos (art. 221):

I – declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente;II – desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou acidente nãocaracterizado como em serviço;III – desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo ou em missão desegurança.

Essa pensão provisória será transformada em vitalícia ou temporária, conforme o caso,

decorridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento doservidor, hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado (art. 221, parágrafoúnico).O beneficiário perderá essa qualidade em caso de (art. 222):

I – falecimento;II – anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a concessão da pensão aocônjuge;III – cessação de invalidez, em se tratando de beneficiário inválido;

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IV – maioridade29 de filho, irmão órfão ou pessoa designada, aos 18 (dezoito) anos deidade;

V – acumulação de pensão na forma do art. 225;VI – a renúncia expressa.Em havendo morte ou perda da qualidade de beneficiário, a respectiva cota reverterá (art.223):

I – da pensão vitalícia para os remanescentes desta pensão ou para os titulares dapensão temporária, se não houver pensionista remanescente da pensão vitalícia;II – da pensão temporária para os co-beneficiários ou, na falta destes, para obeneficiário da pensão vitalícia.

Naquele exemplo citado alhures, supondo que um dos filhos atinja a maioridade, perdendoo benefício, ao cônjuge caberá a pensão dos mesmos R$ 2.110,00 e, ao outro filho, R$

2.110,00. Quando ambos os filhos perderem o benefício, ao cônjuge restará R$ 4.220,00.Se, noutro exemplo, o cônjuge falecer, o valor integral será dividido entre os filhos, até queum deles atinja a maioridade, quando o outro filho receberá sozinho o valor integral.Outra importante modificação trazida pela EC nº 41/2003, diz respeito à paridade dereajustes entre as pensões e a remuneração dos servidores. A antiga redação do § 8º do art.40, CF/88, bem assim o art. 224 do Estatuto, garantiam que as pensões seriam revistas namesma proporção e na mesma data, sempre que se modificasse a remuneração dosservidores em atividade, sendo também estendidos aos pensionistas quaisquer benefícios ouvantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quandodecorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu aaposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.Essa garantia deparidade foi suprimida. A nova redação desse parágrafo passou a apenas assegurar oreajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,conforme critérios estabelecidos em lei. Deferiu-se ao legislador ordinário a tarefa deestabelecer esses valores que, como se tornou comum, em nada preserva o valor real, comodetermina a Lei Maior. A depender das políticas adotadas, em poucos anos as pensõespodem tornar-se muito inferiores à remuneração do pessoal da ativa. Assim, o art. 224 doEstatuto, que continha tal previsão de paridade, foi tacitamente revogado.Se o beneficiário fizer jus a duas pensões, poderá optar por apenas uma delas (art. 225), sobpena de perder a qualidade de beneficiário (art. 222, V).A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, prescrevendo tão-somente as prestações

exigíveis há mais de 5 (cinco) anos (art. 219). Por exemplo, se uma determinada pessoativer direito à pensão desde 1990, e a pede em 2004, somente receberá os últimos cincoanos, estando prescritos os demais.Por outro lado, concedida a pensão, qualquer prova posterior ou habilitação tardia queimplique exclusão de beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir da dataem que for oferecida (art. 219, parágrafo único). É exemplo o surgimento de um novo filho

29 Vale aqui a mesma nota anterior: segundo o novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), art. 5º, “a menoridadecessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil”.Assim, numa interpretação sistemática desse art. 222, IV, com o art. 217 do Estatuto, em conjunto com oCódigo Civil, conclui-se que a maioridade do pensionista chega aos dezoito anos, quando perderá essaqualidade.

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requerendo a pensão. O valor deverá ser dividido por mais uma pessoa, reduzindo a parcelados demais. Esse novo montante só será devido ao novo beneficiário a partir da data emque for oferecida tal prova.Por fim, não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela prática de crime doloso de quetenha resultado a morte do servidor (art. 220).

17.2 ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Com respeito à assistência à saúde, estão compreendidas a assistência médica, hospitalar,odontológica, psicológica e farmacêutica, prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS oudiretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou, ainda,mediante convênio ou contrato, na forma estabelecida em regulamento (art. 230).

É beneficiado tanto o servidor, seja ativo ou inativo, quanto sua família. Como já aludido em outro ponto, o Estatuto determina que, nas hipóteses nele previstas emque seja exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou juntamédica oficial para a sua realização, o órgão ou entidade celebrará, preferencialmente,convênio com unidades de atendimento do sistema público de saúde, entidades sem finslucrativos, declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social –INSS (art. 230, § 1o). Sendo impossível a aplicação dessa disposição, com a devida justificativa, o órgão ou entidade promoverá a contratação da prestação de serviços porpessoa jurídica, que constituirá junta médica especificamente para tais fins, indicando osnomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações e deque não estejam respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora daprofissão (art. 230, § 2o).

Bem, chegamos ao fim desta aula. Sei que o volume de informações foi grande. Assim,sugiro que descanse um pouco, talvez um dia, antes de seguir na revisão dos pontos maisimportantes e na resolução dos exercícios propostos.

PARA GUARDAR

Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valorfixado em lei.O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, éirredutível.Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagenspecuniárias permanentes estabelecidas em lei.Subsídio é modalidade de remuneração conferida a certos cargos e fixada emparcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.

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É assegurada aisonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ouassemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas asvantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentarvencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.Teto remuneratório:

I – Municípios: o subsídio do Prefeito;II – Estados e Distrito Federal:a) no âmbito do Poder Executivo: o subsídio mensal do Governador;b) no âmbito do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais;c) no âmbito do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargadores do Tribunal deJustiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento (90,25%) dosubsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicáveleste limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos DefensoresPúblicos;III – União: o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo TribunalFederal. Este limite, além de vincular a União, é também geral, valendo para todos osentes, que também têm limites individuais.

Considerações importantes sobre o teto das remunerações e subsídios:I – engloba tanto os que recebemremuneração quanto os que recebemsubsídio;tanto osestatutários quanto osceletistas;II – inclui servidores da Administração Direta, autárquica, fundacional (art. 37, XI,CF/88), bem como as empresas públicas e as sociedades de economia mista, e suassubsidiárias,que receberem recursosda União, dos Estados, do Distrito Federal oudos Municípiospara pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, CF/88). Note-se que no que se refere às empresas públicas e àssociedades de economia mista, e suas subsidiárias, a regra é própria. Assim, só sesujeitam ao limite imposto se receberem recursos estatais para pagamento de despesasde pessoal ou de custeio em geral;III – o limite relativo ao subsídio do Ministro do STF vale para todos os servidoresdos três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como seusagentes políticos, sendo previstos limites diferenciados para cada ente;

IV – as aposentadorias e pensões também estão limitadas a esses tetos;V – em caso de acumulação permitida, a soma das remunerações não poderáultrapassar os limites de cada ente. Note-se que, na sessão administrativa supratranscrita, o STF fixou, por unanimidade, o entendimento de que, no caso específicoda acumulação dos cargos de Ministro do Supremo Tribunal Federal e Ministro doTribunal Superior Eleitoral, determinada pelo artigo 119, inciso I, letra ‘a’ daConstituição,não se aplica a cumulação das remunerações para fins de incidênciado limiteestabelecido pelo inciso XI do artigo 37, CF/88. Assim, receberão ambos ossubsídios cumulativamente.

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Há garantia constitucional de revisão geralanual e na mesma data para todos, semdistinção de índices, não alcançando, no entanto, as empresas públicas, sociedadesde economia mista e fundações públicas.O servidorperderá a remuneração: I – do dia em que faltar ao serviço, semmotivo justificado; II – a parcela diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas e as saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário,até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.Compete à justiça comum processar e julgar causas de interesse de servidor públicosubmetido ao regime jurídico único e relativas a vantagens desse regime.Hipóteses deindenização: I – ajuda de custo; II – diária; III – transporte.Ajuda de custo: se destina a compensar as despesas de sua instalação, inclusivecom transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem ebens pessoais, quando o servidor, no interesse do serviço, passar a ter exercício emnova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente.Diária: indenização a que faz jus o servidor deslocado da sede, em caráter eventualou transitório, para outro ponto do território nacional ou para o exterior, por razõesdo serviço, para fazer face aos custos desse afastamento, ou seja, passagens e diáriasdestinadas a fazer face às parcelas de despesas extraordinárias com pousada,alimentação e locomoção urbana.A indenização de transporteé devida ao servidor que realizar despesas com autilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, porforça das atribuições próprias do cargo.Retribuições, gratificações e adicionais: I – retribuição pelo exercício de função dedireção, chefia e assessoramento; II – gratificação natalina; III – adicional peloexercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; IV – adicional pelaprestação de serviço extraordinário; V – adicional noturno; VI – adicional de férias;VII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.A função se refere a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a um agente,sendo o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas ao agente. Aoservidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ouassessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial édevida retribuição pelo seu exercício.Importante destacar as diferenças conceituais entre as retribuições por função e por

cargo em comissão. Na primeira situação, exige-se que seu titular seja servidorpúblico efetivo, recebendo, em conseqüência, acréscimo à sua remuneraçãoordinária. No segundo caso, a retribuição não é parte da remuneração, pois não seexige que seja servidor. Assim, o titular de um cargo em comissão recebe o valorcorrespondente a esse cargo, e é essa a retribuição prevista. Todo o valor recebidopor este refere-se ao cargo em comissão. No caso da função de confiança, parte dovalor recebido por seu titular é devido em face dela e parte em face de seu cargoefetivo.Insalubre: trabalho que provoca riscos à saúde;perigoso:aquele que causa risco àvida; penoso: o relativo ao local de trabalho, com condições impróprias para odesempenho das funções.

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Serviço extraordinário:é aquele realizado após o horário normal de trabalho ouantes dele começar. Será permitido apenas para atender a situações excepcionais etemporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada e seráremunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normalde trabalho.Horário noturno: serviço prestado em horário compreendido entre 22 (vinte eduas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, computando-se cada horacomo cinqüenta e dois minutos e trinta segundos. Assim, durante esse período, acarga de trabalho efetiva é de 7 (sete) horas, mas considerada como se fosse de 8(oito) horas. O valor-hora será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).Licenças que poderão ser concedidas ao servidor: I – por motivo de doença empessoa da família; II – por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; III –para o serviço militar; IV – para atividade política; V – para capacitação; VI – para

tratar de interesses particulares; VII – para desempenho de mandato classista.Considera-se pessoa da família: I – o cônjuge ou companheiro; II – os pais; III – osfilhos; IV – o padrasto ou madrasta; V – o enteado; VI – o dependente que viva àsexpensas do servidor e conste do seu assentamento funcional.Possibilidades de afastamento: I – para servir a outro órgão ou entidade; II – paraexercício de mandato eletivo; III – para estudo ou missão no exterior.A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dosPoderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos àsaúde, à previdência e à assistência social.Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:

I – quanto ao servidor:a) aposentadoria;b) auxílio-natalidade;c) salário-família;d) licença para tratamento de saúde;e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;f) licença por acidente em serviço;g) assistência à saúde;h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;II – quanto ao dependente:a) pensão vitalícia e temporária;b) auxílio-funeral;c) auxílio-reclusão;d) assistência à saúde.

O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicos segue osdispositivos do art. 40 da CF/88, com a redação inicialmente alterada pela EC nº20/98 e atualmente dada pela mencionada EC nº 41/2003.

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A norma atual acabou com a aposentadoria com proventos integrais paraaqueles que ingressaram a partir da publicação da referida EC e instituiucontribuição previdenciária aos aposentados e pensionistas que percebamvalores superiores a determinado patamar. O regime de previdência é de caráter contributivo e também solidário.Os servidores abrangidos por esse regime de previdência terão calculados os seusproventos a partir da média dos valores de sua remuneração num determinadoperíodo, a ser fixado por lei. Assim,acaba a aposentadoria com proventosintegrais.A garantia de paridade entre ativos e aposentados foi suprimida.Cada um dos entes pode instituirregime de previdência complementarpara osseus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, podendo fixar, para o valordas aposentadorias e pensões a serem concedidas por esse regime próprio, o limitemáximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social.Modalidades para a aposentadoria: I -por invalidez permanente;II –compulsória (será aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo decontribuição); III –voluntária: desde que cumpridotempo mínimo de dez anos deefetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que sedará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:

a) sessenta anos deidade e trinta e cinco decontribuição, se homem, e cinqüenta ecinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher. Os proventos serão calculadossobre a média atualizada das contribuições, na forma que a lei estabelecer.b) sessenta e cinco anos deidade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

Abono de permanência:instituído para beneficiar e incentivar aqueles que, tendocumprido todos os requisitos para a aposentadoria, permanecem laborando.Receberão a mais o equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária, atécompletar as exigências para aposentadoria compulsória.Pensões:

I – vitalícia: é composta de cota ou cotas permanentes, que somente se extinguem ourevertem com a morte de seus beneficiários. São beneficiários desse tipo de pensão:a) o cônjuge;b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, com percepção depensão alimentícia;c) o companheiro ou companheira designado que comprove união estável comoentidade familiar;d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor;e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora dedeficiência, que vivam sob a dependência econômica do servidor.Se concedida pensão vitalícia ao cônjuge, o companheiro ou companheira (alíneas ‘a’e ‘c’), estarão automaticamente excluídos desse direito os demais beneficiáriosreferidos nas alíneas ‘d’ e ‘e’.

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II – temporária: é composta de cota ou cotas que podem se extinguir ou reverter pormotivo de morte, cessação de invalidez ou maioridade do beneficiário. Sãobeneficiários desse tipo de pensão30:a) os filhos, ou enteados, até 18 (dezoito) anos de idade, ou, se inválidos, enquantodurar a invalidez;b) o menor sob guarda ou tutela até 18 (dezoito) anos de idade;c) o irmão órfão, até 18 (dezoito) anos, e o inválido, enquanto durar a invalidez, quecomprovem dependência econômica do servidor;d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, 18 (dezoito)anos, ou, se inválida, enquanto durar a invalidez.Se concedida pensão temporária aos filhos ou menor sob guarda ou tutela (alíneas ‘a’e ‘b’), estarão automaticamente excluídos desse direito os demais beneficiários

referidos nas alíneas ‘c’ e ‘d’.A garantia de paridade de reajustes entre as pensões e a remuneração dosservidores foi suprimida pela EC nº 41/2003.

EXERCÍCIOS

Vista a teoria, vejamos agora alguns exercícios.

Julgue os itens abaixo (Certo ou Errado):

1) A Constituição assegura aos servidores públicos civis a revisão geral anual de suasremunerações.2) As remunerações dos servidores públicos somente podem ser fixadas ou alteradas por

meio de lei específica.3) Os salários de empregados de empresas públicas e sociedades de economia mista que

não recebam recursos orçamentários dos entes federados para pagamento de despesasde pessoal ou de custeio em geral não se submetem ao teto de remuneraçãoconstitucional fixado pela EC no 19/98.

4) Uma lei que extingue gratificações e adicionais, mas eleva o vencimento-base do cargo,não afronta a garantia da irredutibilidade de vencimentos, se não houver decréscimo noquantitativo total da remuneração dos servidores.

5) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão sersuperiores aos pagos pelo Poder Executivo.

30 Com a vigência do novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002) que, em seu art. 5º, determinou que amenoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos davida civil, a expressão “menor” nesse inciso do Estatuto deve ser analisada com cautela. Uma interpretaçãosistemática do art. 217 com o art. 222, IV, do Estatuto, em conjunto com o Código Civil, conduz ao forçosoreconhecimento de que o fundamento da pensão aqui é a presença ou não da capacidade civil do pensionista,devendo ser reduzida a idade limite para dezoito anos. Essa interpretação está sujeita à confirmação de jurisprudência futura sobre o tema.

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6) Os vencimentos dos servidores públicos são irredutíveis. Conforme a jurisprudência doSTF essa irredutibilidade é real, ou seja, deve levar em conta os índices oficiais deinflação para efeito de recomposição do poder aquisitivo dos servidores.

7) Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público poderão ser acumuladospara fins de concessão de acréscimos ulteriores.

8) A EC no 20/98 prevê a impossibilidade de acumulação de proventos de aposentadoriade servidor público civil com remuneração decorrente da ocupação de cargo, empregoou função pública, ressalvadas as hipóteses de cargos acumuláveis na forma daConstituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livrenomeação e exoneração, devendo todos os que estiverem em desacordo com essa regraoptar pelos proventos de aposentadoria ou pela remuneração do cargo.

9) A regra de remuneração por subsídio, composto de parcela única, é obrigatória para os

seguintes cargos: Promotor de Justiça; Juiz de Direito; Procurador do Estado; Auditorda Previdência Social.10) É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o

efeito de remuneração de pessoal do serviço público.11) O membro de Poder será remunerado exclusivamente por subsídio, fixado em parcela

única.12) O regime de previdência complementar poderá ser instituído para atender os servidores

ocupantes, exclusivamente, de cargos em comissão, declarados em lei de livrenomeação e exoneração.

13) É vedada a acumulação remunerada de cargo público efetivo com proventos deaposentadoria, salvo as exceções constitucionalmente admitidas.

14) Para o exercício do mandato eletivo de Vereador, o servidor será compulsoriamenteafastado do cargo público.

15) A aposentadoria compulsória ocorre aos setenta anos, seja homem ou mulher oservidor.

16) É permitida a vinculação para o efeito de remuneração no serviço público.17) Serão obrigatoriamente remunerados por meio de subsídio, fixado em parcela única: o

detentor de mandato eletivo; os Ministros de Estado; os Secretários Estaduais eMunicipais; o membro de Poder; o servidor público organizado em carreira.

18) Para a aposentadoria voluntária é exigida a comprovação de ter o servidor cumpridotempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos noórgão em que se dará a aposentadoria.

19) Os proventos de aposentadoria, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder aremuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria.

20) Os requisitos de idade e de tempo de contribuição necessários para a aposentadoriavoluntária integral serão reduzidos para o professor que comprove exclusivamentetempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensinofundamental e médio.

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21) (ESAF/AFC/2001) O magistrado aposentado não poderá acumular a percepção de seus

proventos com a remuneração decorrente do exercício do cargo dea) Deputado Federal.b) Procurador da República.c) Secretário de Estado da Justiça.d) Professor de Universidade Federal.e) Prefeito Municipal.

22) (ESAF/AFC/2001) A regra de remuneração por subsídio, composto de parcela única, éobrigatória para os seguintes cargos, exceto:a) Promotor de Justiçab) Juiz de Direitoc) Defensor Público Federald) Procurador do Estadoe) Auditor da Previdência Social

23) (ESAF/GESTOR/MPOG/2001) Em relação à remuneração do servidor não é corretoafirmar:a) somente poderá ser fixada ou alterada por lei específicab) é assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índicesc) é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o

efeito de remuneração de pessoal do serviço públicod) somente lei federal poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor

remuneração dos servidores públicose) o membro de Poder será remunerado exclusivamente por subsídios, fixado em

parcela única

24) (ESAF/GESTOR/MPOG/2001) O regime de previdência complementar poderá serinstituído para atendera) os servidores detentores de empregos públicos.b) os servidores titulares de cargos efetivos.c) os servidores ocupantes, exclusivamente, de cargos em comissão, declarados em lei

de livre nomeação e exoneração.d) os servidores ocupantes de cargos temporários.

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e) todos os servidores públicos civis.

25) (ESAF/TC/RN/2000) Tratando-se de servidor público, é correto afirmar, exceto:a) é vedada a acumulação remunerada de cargo público efetivo com proventos de

aposentadoria, salvo as exceções constitucionalmente admitidasb) para o exercício do mandato eletivo de Vereador, o servidor será compulsoriamente

afastado do cargo públicoc) a aposentadoria compulsória ocorre aos setenta anos, seja homem ou mulher o

servidord) após a Emenda Constitucional no 19, é possível a adoção, no serviço público, do

regime celetista

e) é permitido ao estrangeiro, conforme dispuser a lei, ocupar cargo público no serviçopúblico

26) (ESAF/AFRF/2001) Serão obrigatoriamente remunerados por meio de subsídio, fixadoem parcela única, exceto:a) o detentor de mandato eletivob) os Ministros de Estadoc) os Secretários Estaduais e Municipaisd) o membro de Poder

e) o servidor público organizado em carreira

27) (ESAF/AFRF/2001) Em relação à aposentadoria do servidor não é correto afirmar:a) para a aposentadoria voluntária é exigida a comprovação de ter o servidor

cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público ecinco anos na carreira em que se dará a aposentadoria

b) os proventos de aposentadoria, por ocasião de sua concessão, não poderão excedera remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu aaposentadoria

c) ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei delivre nomeação e exoneração, aplica-se o regime geral de previdência social

d) os requisitos de idade e de tempo de contribuição necessários para a aposentadoriaserão reduzidos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivoexercício das funções de magistério no ensino fundamental e médio

e) a aposentaria compulsória, por implemento de idade, ocorre aos setenta anos, sejahomem ou mulher o servidor

28) (ESAF/AFCE/TCU/2001) Quanto à aposentadoria do servidor público é corretoafirmar, exceto:

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a) aplica-se o regime geral de previdência social ao servidor ocupante exclusivamentede cargo em comissão, declarado em lei de livre nomeação e exoneração

b) é vedada qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictíciac) o tempo de serviço estadual ou municipal é computado, para efeito de

aposentadoria, na esfera federald) a aposentadoria voluntária exige, no mínimo, dez anos de efetivo exercício no

serviço públicoe) serão integrais os proventos de aposentadoria por invalidez permanente decorrentes

de acidente em serviço

GABARITO

1. C2. C3. C4. C5. C6. E7. E8. C9. E10. C11. C12. E13. C14. E15. C16. E17. E18. E19. C20. C21. B22. E23. D24. B25. B26. E27. A28. C

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AULA 9: RESPONSABI LI DADE CI VI L DO ESTADO

Na reta final, reservamos para hoje a questão importante da responsabilidade do Estado,prevista no art. 37, § 6º da nossa CF/88.

18. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

A dita responsabilidade civil do Estado, ou da Administração Pública, é a obrigação que eletem de reparar os danos causados a terceiros em face de comportamento imputável aos seusagentes. Para que se caracterize o dever de indenizar, independe se houve ação ou omissão,se foi legal ou ilegal, material ou jurídico: basta a ocorrência de um ônus maior que onormal para aquela situação. Chama-se também de responsabilidade extracontratual do

Estado.Para alguns, diz-se ressarcimento quando resultar de um ato ilícito e indenização quando serefere a ato lícito. Para outros, são sinônimos.Responsabilidade civil refere-se à esfera econômica, indenização financeira, em face de umprejuízo causado a outrem. Não se confunde com as esferas penal e administrativa.De fato, há possibilidade de responsabilização, baseada num mesmo ato, nas três esferas,mas são independentes entre si, como regra.Enquanto a responsabilidade penal diz respeito à prática de crimes ou contravenções, aadministrativa é decorrente de inobservâncias das regras que disciplinam as condutasadministrativas dos agentes públicos.Aqui trataremos apenas do tema relativo à esfera civil e extracontratual, já que também osdanos advindos de contratos são regidos por princípios próprios afeitos aos contratosadministrativos.Vejamos então uma breve retrospectiva desse instituto, algumas vezes já cobrada emprovas.

18.1 EVOLUÇÃO

Historicamente, verifica-se que a responsabilização civil do Estado evoluiu por diversas

fases, seguindo variadas teorias.Assim, sucederam-se no tempo as seguintes teorias:I – irresponsabilidade do Estado;II – responsabilidade subjetiva do Estado;III – responsabilidade objetiva do Estado;IV – risco integral.

18.1.1 IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO

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Essa a primeira teoria, teve vigência durante os Estados absolutistas, que impunham afigura do rei como o senhor maior das decisões estatais, aquele a quem competia dizer oque era certo ou errado.Qualquer ação, dele mesmo ou de seus representantes, era tida como legítima, não passívelde qualquer responsabilização, pois “o rei não pode errar” (do inglês: “the king can do nowrong”) ou “o rei não pode fazer mal” (do francês: “le roi ne peut mal faire”), ou ainda,“aquilo que agrada ao príncipe tem força de lei” (do latim: “quod principi placuit habetlegis vigorem”).Por sua patente injustiça, essa teoria deixou de existir no século XIX, dando lugar àresponsabilidade subjetiva do Estado.

18.1.2 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO

Após o período de irresponsabilidade total do Estado quanto aos prejuízos por ele causados,nasceu aresponsabilidade subjetiva, ou teoria da culpa civil, uma vez que equiparava oEstado ao indivíduo, obrigando a ambos da mesma forma, é dizer,sempre que houvesseculpa, haveria o dever de indenizar.A culpa aqui é vista de maneira ampla, incluindo o dolo (intenção de provocar o dano) e aculpa propriamente dita (dano causado por imprudência, negligência ou imperícia).Assim, caberia ao prejudicado a obrigação de demonstrar a culpa do agente público, e onexo causal entre o dano verificado e sua conduta.

18.1.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO

De forma diversa da anterior, seguindo a teoria do risco administrativo, em havendo umdano provocado pela Administração, ele deve ser reparado, independente de dolo ou culpadesta. Diz-seteoria do riscoem face da existência intrínseca de um risco vinculado àatividade estatal, que deve ser suportado pelo próprio Estado.Aqui oônus da prova se inverte.Ao prejudicado, basta a prova do dano e do nexo causal deste com a conduta do agentepúblico.É a Administração Pública que terá que provar aculpa do particular, situação em que selivrará da responsabilidade pelos danos, ou aculpa concorrente, quando terá minimizadasua responsabilidade.Então, aqui fica clara uma exceção à teoria do risco administrativo: caberá ao Estado odever de indenizar o dano ocorrido independente de seu dolo ou culpa,mas não no caso deculpa exclusiva do prejudicado. Em face das exceções, chama-se também de teoria dorisco administrativo mitigado.Outras duas importantesexceçõesdevem ser destacadas: culpa de terceiro e força maior.Em ambos os casos, vigora aresponsabilidade subjetiva do Estado, pois esta deve sercomprovada.

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Força maioré o evento imprevisível, inevitável e independente da vontade das partes.Assim, se cai um raio sobre um carro, não se fala em responsabilidade objetiva do Estado,

pois não contribuiu de nenhum modo para o dano, inexistindo nexo de causalidade entreeste e um comportamento da Administração.No entanto,se havia de alguma forma um dever de ação do Estado, e este omitiu-se,pode configurar sua responsabilidade, mas, repita-se, serásubjetiva. Dita omissão deveser comprovada (imprudência, negligência ou imperícia).Vamos supor a existência de uma árvore que já ameaça cair, em face de sua inclinação ealguns pedidos de vizinhos para que a Prefeitura a retire. Se, com um vendaval (forçamaior), essa árvore cai sobre um veículo, poderá ficar configurada a responsabilidade daAdministração em face de sua omissão. De igual forma, enchente costumeira que inundaum bairro em face da não limpeza de um córrego pelo órgão competente também podegerar um dever de indenizar.Note-se que é uma exceção dentro da exceção. Se há força maior, afasta-se aresponsabilidade. No entanto, se esse evento se une à omissão estatal para provocar o dano,há o dever de indenizar.Mas não se diz que há responsabilidade objetiva, aplicando-se ateoria da culpa do serviçopúblico, mais precisamente, da falta desse serviço (do francês: “faute de service”). Diz-seque háculpa anônima, pois não dependeu da ação de algum agente público, mas sim daomissão estatal. Então, nesse caso, vige aresponsabilidade subjetiva do Estado. Dessa mesma espécie revela-se o mau funcionamento da segurança pública quando, porexemplo, há prejuízos decorrentes de ação de terceiros, como o caso de ação de multidão. Aresponsabilidade será imputada ao Estado.

A outraexceçãodiz respeito àculpa do particular ou de terceiro, com a exceção daexceção prevista acima.Se o condutor de um carro da polícia choca-se, durante uma perseguição, com o carro deum particular, caberá à Administração Pública ressarcir os prejuízos ao interessado,independente de haver culpa ou não do motorista do carro oficial.Por outro lado, se o particular avançou o sinal vermelho e veio a abalroar um carro público,haverá culpa do particular, e este deverá indenizar a Administração. Neste caso, caberáprova de culpa, pois a responsabilidade do administrado é sempre subjetiva.Se ficar constatada que a culpa é parte do agente público, parte do particular, aresponsabilidade se dividirá entre este e o Estado, à medida da participação de cada um no

evento danoso.Chama-se de culpa concorrente.Com aadoção da teoria da responsabilidade objetiva do Estado, busca-se adivisão dosprejuízos causados por algum ato seu com todos os cidadãos, e não apenas penalizandoaquele que sofreu o dano. A coletividade se une para usufruir das benesses de uma vida emcomum, mas também, assim como divide as vantagens, deve dividir esse ônus: é aaplicação doprincípio da isonomia ou da igualdade. Note-se que tal princípio justifica adivisão entre todos, é dizer, o Estado vai ressarcir o prejudicado e toda a sociedade vaipagar por isso. Mas não há igualdade entre o particular e a Administração Pública, pelocontrário. Reconhece-se a superioridade estatal, por isso a responsabilidade é objetiva,

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cabendo ao Poder Público a prova de culpa do particular: não seria justo, além do prejuízo,ainda imputar ao particular a tarefa de provar sua inocência.

Por fim, cite-se aresponsabilidade por atos legislativos e jurisdicionais.Em ambos os casos,a regra é a irresponsabilidadeestatal por esses atos.A produção legislativa de um Estado é feita com base em sua soberania, limitada apenaspelas normas constitucionais. As leis produzidas, revogadas, alteradas, são abstratas,atingindo a todos indistintamente, e poderão causar ônus à população que não fazem jus aqualquer reparação de eventuais danos.No entanto, entende-se comopossível a responsabilização do Estadono caso de ediçãode leis inconstitucionais ou leis de efeitos concretos. Este tipo de lei não tem ascaracterísticas de generalidade e impessoalidade, atingindo pessoa certa, como no caso dalei que desapropria determinado bem: se há prejuízo decorrente da mesma, cabeindenização.No que pertine aos atos jurisdicionais, a regra, repita-se, é a irresponsabilidade. Quandoprofere uma sentença, uma parte sempre perderá e outra ganhará, e, por óbvio que aquelanão pode pleitear ressarcimento dos danos pelo Estado. Contudo, a própria Carta Maiorprevê a responsabilização estatal, masapenas na esfera penal:

“Art. 5º (...)LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o queficar preso além do tempo fixado na sentença;”

Outra regra de responsabilização, nesse casopessoal do juiz, é encontrada no art. 133 doCódigo de Processo Civil, nos casos de atuação do magistrado com dolo ou fraude, ou seele se recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício,ou a requerimento da parte. Nesses casos, responderá por perdas e danos.Não se confundam atos legislativos com atos praticados pelo Legislativo; atos jurisdicionais com atos praticados pelo Judiciário.Em cada caso, se o ato é praticadona função administrativa, haverá normalmente aincidência daresponsabilidade objetiva do Estado, porque são atos administrativospraticados pelo Legislativo ou pelo Judiciário.Assim, para que fique claro, o Legislativo pratica atos administrativos e atos legislativos.Aos primeiros aplica-se a teoria objetiva, aos últimos, só por exceção, caso seja a leiinconstitucional ou de efeitos concreto. Idêntico raciocínio cabe para o Judiciário.

18.1.4 RISCO INTEGRAL

Segundo a teoria do risco integral, que aqui cita-se por questões meramente didáticas, aAdministração Pública sempre responderia pelos danos causados aos particulares, semqualquer exceção.Como visto acima, a responsabilidade objetiva faz com que o Estado indenize os prejuízoscausados, independente de dolo ou culpa. Vimos algumas exceções: culpa da vítima ou deterceiros e força maior.É a inexistência dessas exceções que nos leva ao risco integral.

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Assim, poderia o particular atirar seu carro contra um caminhão dos bombeiros e ao Estadocaberia suportar ambos os prejuízos.

Pela evidente injustiça, tal teoria nunca foi, tampouco será adotada.

18.2 A RESPONSABILIDADE NO BRASIL

Expressamente, a primeira teoria, da irresponsabilidade do Estado, nunca foi adotada peloBrasil. Por outro lado, as Constituições de 1824 e 1891 nada previam acerca daresponsabilidade do Estado. Algumas leis esparsas tratavam de sua responsabilidadesolidária com funcionários.O Código Civil de 1916 assim determinava, em seu art. 15:

“Art. 15. As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveispor atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros,procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei,salvo o direito regressivo contra os causadores do dano.”

A doutrina não era unânime ao analisar tal artigo, alguns alegando que se tratava da teoriacivilista, posto que o ato do funcionário deveria ser provado como “contrário ao direito oufaltando a dever prescrito por lei”, outros que se tratava da teoria objetiva.Nas Constituições seguintes (1934, 1946 e 1967) passou a constar a responsabilidadesolidária dos funcionários com o Estado, prevendo também a ação regressiva no caso deculpa. A partir de então, passa a vigorar a teoria da responsabilidade objetiva do Estadopois, se a ação regressiva contra o funcionário só cabe nos casos de culpa, pressupõem-se

que contra o Estado não se exige a prova de sua culpa para caber a indenização.Reafirmando: no caso da objetiva, independe de dolo ou culpa, na subjetiva,fundamental a prova de que houve dolo ou culpa.Nossa atual Lei Maior tratou do tema em seu art. 37, § 6º, da seguinte forma:

“§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privadoprestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra oresponsável nos casos de dolo ou culpa.”

Como bem delineado, duas teorias são previstas nesse parágrafo:I – teoria da responsabilidade objetiva do Estado;II – teoria da responsabilidade subjetiva do agente.

Ademais, ainda contém outras regras importantes:I – atinge tanto as pessoas jurídicas de direito público quanto de direito privado,desde que prestadoras de serviços públicos, como empresas públicas, permissionáriasou concessionárias. Se desempenham atividade econômica de natureza privada,ficarão sujeitas à responsabilidade própria do direito privado;II – necessidade de nexo causal entre a ação pública e o dano ao particular;III – que o agente aja na condição de agente público, independente de sua ação serlegal, legítima, dentro de suas competências ou finalidades públicas. Havendo

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atuação na qualidade de agente público, haverá dever de indenizar eventuais danos.Assim, se um policial rodoviário, fardado, fora do seu expediente, causa um dano aoparticular, estará agindo com a aparência de servidor público, cabendo indenização.Se esse mesmo agente, fora do serviço e sem farda, causa algum prejuízo, como nãotem qualquer relação com sua função pública, responderá pelo dano causado, sem sefalar de responsabilidade estatal. De igual forma, se o motorista da AdministraçãoPública, usando o carro oficial para realizar, por exemplo, serviço particular seu,chocar-se com outro carro, haverá responsabilidade do Poder Público. O mesmomotorista, dirigindo seu carro pessoal num domingo, fora do serviço, respondesozinho por algum dano causado.IV – a expressão “agente” inclui toda sorte de colaboradores, sejam eles servidoresefetivos ou contratados, em comissão, políticos, particulares, desde que prestandoserviços públicos.

V – a responsabilidade objetiva alcança os atos praticados, não a omissão Estatal. Aresponsabilidade objetiva, baseada no risco administrativo, tem lugar perante a açãoestatal, enquanto que a omissão, como visto acima, é parte da responsabilidadesubjetiva, havendo necessidade de comprovação de que o Estado deveria ter agido efoi omisso. Veja os seguintes julgados do STF: RE 237.536, relator MinistroSepúlveda Pertence e RE 179.147, relator Ministro Carlos Velloso.

Acrescente-se a recente previsão do novo Código Civil brasileiro, de 2002:“Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmenteresponsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a

terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver,por parte destes, culpa ou dolo.”Por fim, cite-se a responsabilidade especial prevista no art. 21, XXIII, da CF/88, sobre odano nuclear:

“Art. 21. Compete à União:(...)XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza eexercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento ereprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seusderivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para finspacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização deradioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais eatividades análogas;c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência deculpa;”

Essa previsão era mesmo desnecessária, já que prevista, de forma genérica, no § 6º do art.37, CF/88, mantendo as mesmas características da regra geral, ou seja, a responsabilidade é

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objetiva, cabendo regresso contra o agente em caso de culpa ou dolo. A Lei nº 6.453/77 e oDecreto nº 911/93, tratam da responsabilidade civil por danos nucleares.

Note que, nos casos da alínea “b”, esse tipo de responsabilidade objetiva será repassadotambém àqueles que, sob regime de concessão ou permissão, receberem autorização parautilização de radioisótopos.

18.3 AÇÃO DE INDENIZAÇÃO

Uma vez havido o dano, como ressabido, caberá reparação do mesmo pela Administração,se houver nexo de causalidade entre este e uma ação estatal, afastadas a culpa do particulare a força maior.Duas são as possibilidades para tal:

I – administrativa: sereconhecido o dano pelo Poder Público, e havendo acordo entreas partes, pode haver indenização diretamente pela via administrativa. Por exemplo,durante uma obra pública, um trator da prefeitura, numa manobra, acaba atirando umapedra contra uma casa, danificando uma janela. A prefeitura, ou a empresa contratada pararealizar a obra pública, pode indenizar diretamente o proprietário que teve seu bemavariado.II – judicial: não havendo acordo entre as partes, o particular pode interporação dereparação de danos, junto ao Judiciário,contra a pessoa jurídica causadora do dano.Esta tem direito de regresso contra o servidor que ocasionou o prejuízo, se houver dolo ouculpa. A regra, então, é que a ação seja contra a pessoa jurídica. No entanto, entende-se queo particular pode propor a ação em litisconsórcio passivo facultativo, ou seja, se quiser,pode ir contra o Estado e o agente público, na mesma ação (RE 90.071-3 STF).A doutrina discute, também, a aplicação dadenunciação à lide, nos termos do art. 70, III,do CPC. Havendo ação do particular contra o Estado, a este caberia a denunciação à lidedaquele que estiver obrigado a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder ademanda. Vários são os argumentos contrários e a favor, mas, apenas para resumir, veja-seque, se a ação se baseia na culpa anônima, ou seja, não se alega se há culpa do agente,não caberia a denunciação. Por outro lado,caberia se há argüição da culpa dele, bemassim a propositura da ação contra ambos (litisconsórcio passivo) ou somente contra ofuncionário.Para que fique claro, vamos resumir os caminhos possíveis:

I – acordo administrativo;II – ação judicial: (i) contra a Administração Pública, somente; (ii) contra a AdministraçãoPública em litisconsórcio passivo facultativo com o agente; (iii) contra o agente, somente.Note que cada uma dessas opções é de escolha do particular. Claro que optar por acionar aresponsabilidade apenas do agente não é a melhor escolha, posto que é subjetiva, enquantoque contra a Administração é objetiva, além do fato de esta ser sempre solvente, ou seja,pagar se for essa a decisão final, o que pode não acontecer se o executado for o agente.Acrescente-se que, no primeiro caso, proposta a ação contra a Administração Pública,podem surgir outros caminhos: (i) a Administração Pública prova culpa do particular ouforça maior e nada paga; (ii) fica provada a culpa anônima e só a Administração paga; (iii)

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há argüição de culpa do agente e a Administração o denuncia à lide e tudo se decide nomesmo processo; (iv) não há denunciação à lide e a Administração propõe, ao fim, açãoregressiva contra o agente.O direito de requerer a indenizaçãoprescreve em cinco anos, e aplica-se tanto àAdministração Pública quanto às pessoas privadas prestadoras de serviços públicos (art. 1º-C, da Lei nº 9.494/97, acrescentado pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001). Por outrolado, o direito de regresso da Administração Pública nunca prescreve (art. 37, 5º, CF/88).Ao requerer a indenização cabe ao prejudicado a demonstração do prejuízo, não só daquiloque perdeu ou despendeu, mas, eventualmente, também daquilo que deixou de ganhar,como lucros cessantes, como pode ser exemplificado no caso de um táxi ser danificado poroutro veículo público. Pode também incluir o dano moral, se houver.

18.4 RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO

A responsabilidade pelos danos causados pelos agentes públicos ou prestadores de serviçospúblicos é objetiva do Estado.Então, o Estado sempre deverá reparar os danos advindos dessa responsabilidade, excetonos casos de força maior e culpa exclusiva do particular.No entanto, quando há participação dolosa ou culposa do agente na ocorrência do dano,este deverá responder perante a Administração Pública, posto que contribuiu, no final dascontas, para um prejuízo estatal, já que o particular foi indenizado.Daí decorre a possibilidade de o Estado cobrar de seu agente o prejuízo que teve com essa

indenização,sempre que provado que houve dolo ou culpa: como se disse, é a chamadaresponsabilidade subjetiva do agente.Essa responsabilização é efetivada através da ação de regresso, nos termos do art. 37, § 6º,CF/88, vista no item seguinte.Mas a responsabilidade do agente não se limita à esfera cível. Por um mesmo ato, poderáresponder também no âmbito penal e administrativo, que, regra geral, são independentesentre si, podendo cumular-se (art. 125, Lei nº 8.112/90).Então, pode haver punição administrativa e não civil ou penal (se não houver dano aoparticular), ou as duas primeiras e não penal (se não houver crime ou contravenção) etc.Mas, repita-se, um mesmo ato poderá redundar em ressarcimento de prejuízos, privação de

liberdade e demissão ao servidor, por exemplo.Porém, não é absoluto o princípio da independência das instâncias, posto que há caso deintervenção entre a decisão de uma esfera, a penal, nas demais. O processo penal, que pode envolver limitação a um direito de maior relevância social, qualseja, a liberdade, tem como corolário a busca da verdade real, diferente da esfera civil, queleva em conta a verdade formal, ou seja, provas que constam do processo. Então, pode/deveo juiz determinar a produção de provas no processo penal, buscando sempre se aproximarda verdade dos fatos (art. 156, CPP).

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Em face desse maior rigor que envolve a decisão penal, afasta-se a responsabilidadeadministrativa do servidor federal no caso de absolvição criminal que negue a existência dofato ou sua autoria (art. 126, Lei nº 8.112/90)1.A Lei nº 8.112/90 menciona expressamente a responsabilidade administrativa, mas o art.935 do Código Civil (CC) estende essa vinculação à esfera a civil:

“Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendoquestionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor,quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.”

O agente poderá, então, escapar da responsabilidade quando, na esfera penal, ficarabsolvido por esse dois motivos:negativa de autoria ou negativa da existência do fato.Por outro lado, se a decisão criminal for no sentido de sua condenação, haverá também aresponsabilização do agente nas demais esferas, desde que tenha havido dano ou infraçãoadministrativa.Se houve absolvição por insuficiência de provas, em nada interferirá essa decisão criminalnas demais instâncias.Percebeu bem esse detalhe? Guarde bem essa regra de exceção, muitas vezes presente emquestões de concursos.

18.5 AÇÃO REGRESSIVA

É a ação usada para que a Administração Pública, após indenizar o particular em face daação de um agente seu, possa reaver o valor desembolsado com tal ressarcimento.Note que alguns requisitos são fundamentais para o exercício do direito de regresso:

I – que haja dano ao particular indenizado pela Administração Pública com baseem sua responsabilidade objetiva;II –que o agente tenha agido com dolo ou culpa no surgimento desse dano.

Assim, em face dessa teoria, não pode a Administração Pública exigir primeiro opagamento pelo agente para depois repassá-lo ao particular. Deve pagar o particular, emface de sua responsabilidade objetiva e, depois, buscar ressarcimento junto ao agente, seconseguir provar que agiu com dolo ou com culpa.Essa ação, na esfera federal, segue as normas estabelecidas na Lei nº 4.619/65, que confereaos Procuradores da República a titularidade para agir contra os agentes federais.Se a Fazenda Pública for condenada, é obrigatória a propositura da ação regressiva.Essa também é a previsão posta na Lei nº 8.112/90, art. 122, § 2º: se ficar provada culpa doagente público, caberá responsabilização do servidor perante a Fazenda Pública, em açãoregressiva, ou seja, cite-se uma vez mais,o Estado indeniza o terceiro e o servidorindeniza o Estado.Se falecer o servidor devedor, a obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores econtra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida (art. 122, § 3º, Lei nº8.112/90). Regra semelhante contém o art 5º, XLV, da CF/88.

1 STF, MS 22.476/AL, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 03/10/1997.

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Ainda que o servidor tenha sido afastado, como por exoneração, demissão, aposentadoria,caberá essa ação, a qualquer momento, pois, como já citado, o direito de regresso daAdministração Pública nunca prescreve (art. 37, 5º, CF/88).

PARA GUARDAR

Responsabilidade civil do Estado é a obrigação que este tem de reparar os danoscausados a terceiros em face de comportamento imputável aos seus agentes. Independe sehouve ação ou omissão, se foi legal ou ilegal, material ou jurídico: basta a ocorrência de umônus maior que o normal para aquela situação.

Responsabilidade civil refere-se à esfera econômica, indenização financeira, emface de um prejuízo causado a outrem. Não se confunde com as esferas penal e

administrativa.Fases: I – irresponsabilidade do Estado; II – responsabilidade subjetiva do Estado;III – responsabilidade objetiva do Estado; IV – risco integral.

Responsabilidade subjetiva, ou teoria da culpa civil:o Estado se equiparava aoindivíduo, obrigando a ambos da mesma forma, é dizer,sempre que houvesse culpa,haveria o dever de indenizar.

Responsabilidade objetiva, ou teoria do risco administrativo: em havendo umdano provocado pela Administração, ele deve ser reparado, independente de dolo ou culpadesta.

Há o inversão do ônus da prova:ao prejudicado, basta a prova do dano e do nexo

causal deste com a conduta do agente público; a Administração Pública terá que provar aculpa do particular, situação em que se livrará da responsabilidade pelos danos, ou aculpa concorrente, quando terá minimizada sua responsabilidade.

Exceções à responsabilidade subjetiva do Estado:culpa exclusiva doprejudicado, culpa de terceiro e força maior.

Exceção dentro da exceção:se há força maior, afasta-se a responsabilidade. Noentanto, se esse evento se une à omissão estatal para provocar o dano, há o dever deindenizar.

Responsabilidade por atos legislativos e jurisdicionais: em ambos os casos,aregra é a irresponsabilidadeestatal por esses atos. No entanto, entende-se comopossívela responsabilização do Estadono caso de edição deleis inconstitucionais ou leis deefeitos concretos. No que pertine aos atos jurisdicionais, a própria Carta Maior prevê aresponsabilização estatal, masapenas na esfera penal(art. 5º, LXXV).

Teoria do risco integral: a Administração Pública sempre responderia pelos danoscausados aos particulares, sem qualquer exceção.

No Brasil, há duas teorias são previstas no art. 37, § 6º, CF/88: I – teoria daresponsabilidade objetiva do Estado; II – teoria da responsabilidade subjetiva do agente.

Outras regras importantes:I – atinge tanto as pessoas jurídicas de direito público quanto de direito privado,desde que prestadoras de serviços públicos, como empresas públicas, permissionárias

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ou concessionárias. Se desempenham atividade econômica de natureza privada,ficarão sujeitas à responsabilidade própria do direito privado;

II – necessidade de nexo causal entre a ação pública e o dano ao particular;III – que o agente aja na condição de agente público, independente de sua ação serlegal, legítima, dentro de suas competências ou finalidades públicas. Havendoatuação na qualidade de agente público, haverá dever de indenizar eventuais danos.IV – a expressão “agente” inclui toda sorte de colaboradores, sejam eles servidoresefetivos ou contratados, em comissão, políticos, particulares, desde que prestandoserviços públicos.V – a responsabilidade objetiva alcança os atos praticados, não a omissão Estatal. Aresponsabilidade objetiva, baseada no risco administrativo, tem lugar perante a açãoestatal, enquanto que a omissão, como visto acima, é parte da responsabilidadesubjetiva, havendo necessidade de comprovação de que o Estado deveria ter agido efoi omisso.

Reconhecido o dano pelo Poder Público, e havendo acordo entre as partes,pode haver indenização diretamente pela via administrativa.

Não havendo acordo entre as partes, o particular pode interporação de reparaçãode danos, junto ao Judiciário,contra a pessoa jurídica causadora do dano.

Ação de indenização. Resumo os caminhos possíveis: I – acordo administrativo; II –ação judicial: (i) contra a Administração Pública, somente; (ii) contra a AdministraçãoPública em litisconsórcio passivo facultativo com o agente; (iii) contra o agente, somente.

O direito de requerer a indenizaçãoprescreve em cinco anos, e aplica-se tanto àAdministração Pública quanto às pessoas privadas prestadoras de serviços públicos.

Quando há participação dolosa ou culposa do agente na ocorrência do dano, estedeverá responder perante a Administração Pública.

Cabe ao Estado cobrar de seu agente o prejuízo que teve com a indenização,sempre que provado que houve dolo ou culpa: é a chamadaresponsabilidade subjetivado agente. Essa responsabilização é efetivada através da ação de regresso, ou açãoregressiva.

Pode haver punição administrativa, civil e penal, advindas de um mesmo ato.Requisitos fundamentais para o exercício do direito de regresso: I –que haja dano

ao particular indenizado pela Administração Pública com base em suaresponsabilidade objetiva; II – que o agente tenha agido com dolo ou culpa nosurgimento desse dano.

Em ação regressiva,o Estado indeniza o terceiro e o servidor indeniza o Estado.

EXERCÍCIOS

1 - (CESPE/FISCAL INSS/98) A responsabilidade civil da administração pública,disciplinada pela Constituição Federal em seu art. 37, § 6º, passou por diversas etapas atéchegar ao seu estágio atual de evolução. De uma fase inicial em que o Estado não respondiapelos prejuízos causados aos particulares, a responsabilidade civil da administração pública

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obedece atualmente a regras especiais de direito público. A respeito desse tema julgue ositens a seguir.

(1) Vigora no Brasil, como regra, a teoria do risco integral da responsabilidade civil.(2) Quando demandado regressivamente, o agente causador do prejuízo responderá deforma objetiva perante a administração pública.

(3) Em face de prejuízos causados a particulares, as empresas privadas prestadoras deserviços públicos submetem-se às mesmas regras de responsabilidade civil aplicáveisaos entes públicos.

(4) Será subjetiva a responsabilidade civil do Estado por acidentes nucleares.(5) Ainda que se comprove erro judiciário, o Estado não estará obrigado a indenizar o

condenado, haja vista a sentença judicial não possuir natureza de ato administrativo.

2 - (ESAF/AGU/98) A responsabilidade civil do Estado, pelos danos causados por seusagentes a terceiros, é hoje tida por sera) subjetiva passível de regressob) objetiva insusceptível de regressoc) objetiva passível de regressod) subjetiva insusceptível de regressoe) dependente de culpa do agente

UESTÃO 153 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) Ocorreu acidente de trânsito,envolvendo um veículo oficial e um veículo particular. Foi instaurado processo criminal emdecorrência de lesões corporais graves sofridas por passageiros do veículo particular. Nesseprocesso criminal, o motorista do veículo oficial, servidor público, foi absolvido por faltade provas. Nessa situação hipotética, o motorista do veículo oficial

a) não poderá ser responsabilizado administrativamente, haja vista não ter sidodemonstrada, no processo penal, a sua culpabilidade.

b) não poderá ser responsabilizado administrativamente, haja vista o ressarcimento deprejuízos sofridos pela vítima somente ser possível na via judicial.

c) terá sua responsabilidade administrativa apurada em processo judicial específico.d) somente poderia ser chamado a responder administrativamente se fosse demonstrada

a sua intenção de cometer a infração.e) poderá ser responsabilizado administrativamente, haja vista que, na hipótese descrita,

a decisão judicial não interfere no processo administrativo.

4 – (FISCAL DE RENDAS/ISS/RIO DE JANEIRO/2002) É correto afirmar-se que aresponsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público:a) exonera-a do dever indenizatório do dano se ficar provada a culpa de seu agente

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b) impõe-lhe o dever de reparar o dano somente se houver prova da culpa de seu agentec) não a obriga a reparar o dano sem prova do nexo de causalidade, nas circunstâncias do

caso concretod) acarreta-lhe o dever de reparar o dano em conseqüência dos riscos a que estão expostostodos os cidadãos

5 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) Em tema deresponsabilidade civil, a Constituição da República adota:a) a responsabilidade subjetivab) a responsabilidade objetiva, baseada na teoria do risco integralc) a responsabilidade objetiva, baseada na teoria do risco administrativo mitigado

d) a irresponsabilidade da Administração por atos culposos ou dolosos de seus agentes

6 – (PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPSP/2002) Considerando as seguintes assertivas:

I - A responsabilidade extracontratual do Estado decorre somente da prática de ato ilícito.II - A teoria da responsabilidade objetiva informa que a obrigação de indenizar do Estado

surge do ato lesivo causado por culpa do serviço.III - A obrigação de indenizar do Estado, segundo a teoria da responsabilidade integral, dá-

se independentemente de qualquer culpa, exceto se o dano decorrer por culpa da vítima.

IV - A dor pela perda de um filho, sem reflexos patrimoniais, causada pela AdministraçãoPública, não se constitui em dano indenizável

V - O dano se qualifica juridicamente como injusto, e como tal induz aresponsabilidade objetiva do Estado, se encontra sua causa exclusiva na força maior ouem fatos necessários ou inevitáveis da natureza.

a) corretas são apenas as assertivas I e III.b) corretas são apenas as assertivas II e III.c) incorretas são apenas as assertivas II, IV e V.d) nenhuma assertiva esta correta.

e) correta é apenas a assertiva I.

7 – (JUIZ/TRT 17/2003) Observe as seguintes proposições:I – A responsabilidade objetiva do Estado, no direito vigente, impõe à União o dever de

indenizar ainda que o dano ocorra de força maior.II – A empresa privada prestadora de serviço público responde pessoal e objetivamente

pelos atos danosos que seus empregados causarem a terceiros quando da prestação deserviço.

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III – O Instituto de Previdência do Estado do Espírito Santo, como autarquia estadual,responde pessoal e subjetivamente pelos atos danosos que seus servidores causarem aterceiros.

IV – Quando ocorre culpa da vítima é necessário distinguir se esta culpa é exclusiva ouconcorrente e, no último, sua responsabilidade também se atenua, repartindo-se com ada vítima;

Assinale a letra correta:a) somente a afirmativa II;b) as afirmativas I, II e IV estão corretas;c) as afirmativas I e III estão corretas;d) as afirmativas II e IV estão corretas;

e) somente a afirmativa IV.

8 – (JUIZ/TRT 9/2003) Sobre o abuso de autoridade definido na Lei 4.898/652, é corretoafirmar que:

2 A Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, regula o Direito de Representação e o processo deResponsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade. Ainda que não tenha sidocitada na teoria, incluo esse exercício, pois facilmente se encontra a resposta certa com base na teoria geral

sobre o assunto. Primeiro responda à questão, depois leia alguns artigos importantes:Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, denatureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal.§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:a) advertência;b) repreensão;c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos evantagens;d) destituição de função;e) demissão;f) demissão, a bem do serviço público.§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenizaçãode quinhentos a dez mil cruzeiros.§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistiráem:a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;b) detenção por dez dias a seis meses;c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos.§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de naturezapolicial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civilou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal oucivil.

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I - Recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, aautoridade civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito paraapurar o fato. O processo administrativo poderá ser sobrestado para o fim de aguardar adecisão da ação penal ou civil.

II - Havendo condenação na esfera criminal, não é cabível sanção administração, poraplicação do princípio do “non bis in idem”.

III - Considera-se autoridade, para os efeitos da Lei 4.898/65, quem exerce cargo, empregoou função pública de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e semremuneração.

IV - O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa, civil e penal.(a) Estão corretas somente as alternativas I, III e IV(b) Estão corretas somente as alternativas I e IV.(c) Estão corretas somente as alternativas II e III.(d) Estão corretas somente as alternativas III e IV(e) Estão corretas somente as alternativas II e IV

9 – (ESAF/PROCURADOR DF/2004) Assinale a sentença correta.a) O agente público é, sempre, responsável pelos danos que nessa qualidade vier a causar a

terceiros.b) O agente público não responde, em qualquer hipótese, pelos danos que, no exercício de

sua função, causar a terceiros.c) Os danos causados a terceiros, na execução de serviços públicos, devem ser indenizados

pelos beneficiários de tais serviços.d) O Estado e as pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços públicos,

respondem pelos danos causados a terceiros por seus agentes, no exercício de suasfunções, assegurado o direito de regresso, em caso de dolo ou culpa.

e) O Estado responde pelos danos causados por seus agentes, na execução de serviçospúblicos, descontando destes, automaticamente os valores que despender no pagamentode indenizações.

10 – (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001): Ao prejudicado não épermitido acionar diretamente o agente público causador do dano.

11 – (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-PE/2002) Com relação ao regime jurídicoda administração pública federal, julgue o item:A responsabilidade objetiva do Estado, com base no risco administrativo, de fundoconstitucional, não alcança atos praticados por sociedade de economia mista que exploreatividade econômica.

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12 – (CESPE/AFPS) A respeito do servidor público, julgue os itens abaixo:

(1) O princípio da não-cumulatividade das sanções, aplicável aos servidores públicos,significa que a imposição de sanção penal por cometimento de crime praticado porservidor público, na qualidade de agente administrativo, afasta a responsabilidadeadministrativa.

(2) Absolvido o servidor público de imputação de cometimento de crime, por negativa daexistência do fato ou por negativa de autoria, afastada estará a responsabilidadeadministrativa.

(3) O exercício irregular das atribuições do cargo pode acarretar responsabilidade civil eadministrativa do servidor público.

(4) Ainda que seus agentes não tenham atuado com culpa - negligência, imperícia ouimprudência, o Estado responde civilmente pelos danos que eles causarem ao particular,no desempenho de função pública.

(5) Na hipótese de seu agente atuar com negligência, imperícia ou imprudência, causandodano a particular, o Estado terá ação para cobrar de seu funcionário a quantia quepagou.

(6) A ação regressiva é o meio de que o servidor público dispõe para obter do particular oressarcimento por ato ilegalmente imputado à administração pública.

13 – (ANALISTA/TRT 19/2003) Em matéria de responsabilidade civil do servidor público,a obrigação de reparar o dano:

a) se estende aos sucessores, integralmente, tendo o servidor agido com culpa ou comdolo.

b) não se estende aos sucessoresc) se estende aos sucessores, integralmente, apenas se o servidor tiver agido com dolod) se estende aos sucessores, até o limite do valor da herança, tendo o servidor agido com

culpa ou com doloe) se estende aos sucessores, até o limite do valor da herança, apenas se o servidor tiver

agido com dolo

14 – (ANALISTA/TRT 19/2003) Em matéria de responsabilidade civil do servidor público,ocorrendo a prática de um mesmo fato delituoso,a) a aplicação de uma sanção, seja civil, penal ou administrativa, exclui a aplicação das

demais.b) as sanções civil, penal e administrativa poderão acumular-se.c) a sanção administrativa exclui a aplicação da sanção penal e da civil, mas estas são

cumuláveis entre si.

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d) a sanção penal exclui a aplicação da sanção civil e da administrativa, mas estas sãocumuláveis entre si.

e) a sanção civil exclui a aplicação da sanção penal e da administrativa, mas estas sãocumuláveis entre si.

15 – (CESPE/FISCAL INSS/98) Acerca das responsabilidades civil, penal e administrativados servidores públicos civis da União, julgue os itens seguintes:(1) Considere que tenha sido instaurado, contra servidor, processo penal pelo

cometimento de crime contra a administração pública e que este foi absolvido pelanegativa de autoria. Em face dessa situação, a responsabilidade administrativa doservidor ficará automaticamente afastada.

(2) Caso o servidor público a quem se imputou o dever de indenizar prejuízo causado aoerário venha a falecer, essa obrigação de reparar o dano poderá ser estendida aossucessores.

(3) As sanções civis, penais e administrativas não poderão ser cumuladas, a fim de seevitar múltipla punição.

(4) Condenado criminalmente o servidor por fato que causou prejuízo a terceiro, a vítimado dano deverá demandar a indenização apenas do servidor, restando de prontoafastada a responsabilidade civil da administração.

(5) A responsabilidade civil do servidor decorrerá apenas de ato doloso, seja estecomissivo ou omissivo.

16 – (ESAF/TRF/2003) Tratando-se de responsabilidade do servidor público, assinale aafirmativa verdadeira.a) A responsabilidade civil decorre exclusivamente de ato comissivo, doloso ou culposo.b) A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada,

até o limite do valor da herança.c) As sanções penais, civis e administrativas poderão cumular-se, havendo vinculação

entre as mesmas.d) A responsabilidade administrativa somente será afastada no caso de absolvição criminal

que negue o fato.e) A responsabilidade penal abrange somente os crimes imputados ao servidor, nessa

qualidade.

17 – (ESAF/AFRF/2003) Em caso de responsabilidade civil do Estado, a divergência sobrea inserção do agente público causador do dano a terceiros, em caso de culpa, na ação judicial, em relação à Fazenda Pública, foi dirimida pelo Estatuto dos Servidores PúblicosCivis da União, na esfera federal. Pela regra positiva, será caso de:a) ação regressiva ou litisconsórcio

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b) ação regressiva ou denunciação à lidec) somente ação regressiva

d) litisconsórcio ou denunciação à lidee) somente denunciação à lide

GABARITO

1. F F V F F2. C3. E4. C5. C6. D

7. D8. D9. D10. F11. V12. F V V V V F

13. D14. B15. V V F F F16. B17. C

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AULA 10 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Bom dia.Hoje, na última aula teórica, veremos a questão do controle na Administração Pública.

19. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O princípio da legalidade, que justifica e rege todas as ações estatais, embasa também anecessidade de controle da Administração Pública, com vistas a assegurar que a legislaçãoestá sendo cumprida, e as necessidades coletivas estão sendo atendidas.Dessa forma, para evitar os desvios, são previstas várias formas de controle, seja aautotutela de seus atos, seja por parte do Judiciário e do Legislativo.O controle aqui tratado engloba todos os Poderes, quando atuantes em sua funçãoadministrativa.Então, controle é o poder/dever de fiscalização, controle, acompanhamento, revisão,correção da atuação administrativa, feita por si mesma ou por outro Poder com legitimidadepara tal, com vistas à sua confirmação ou desfazimento.

19.1 CLASSIFICAÇÃO

Entre as espécies de controle, temos as seguintes:Quanto à origem do controle, pode ser:

I – interno;II – externo;III – popular.

Quanto ao momento em que se realiza:I – prévio;II – concomitante;III – posterior.

Com relação ao órgão que o exerce:I – administrativo;II – legislativo, ou parlamentar;III – judiciário.

19.1.1 CONTROLE INTERNO, EXTERNO E POPULAR

Chama-secontrole interno aquele exercido no âmbito interno do mesmo Poder , porórgãos presentes em sua estrutura.

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Vale essa regra para todos os Poderes: sempre que a fiscalização de seus atos e agentes sedê dentro da estrutura do Poder, haverá controle interno.

Esse tipo de controle dá-se sobrea legalidade, eficiência e mérito dos seus atos .Assim, aqueles que forem considerados ilegais, deverão ser anulados, independente deprovocação de terceiros. Os que forem inconvenientes ou inoportunos, serão revogados.Esses sistemas de controle interno estão previstos na nossa Lei Maior, em seu art. 74, queespecifica a finalidade deles:

“Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de formaintegrada, sistema de controle interno com a finalidade de:I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuçãodos programas de governo e dos orçamentos da União;II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e

eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos eentidades da administração federal, bem como da aplicação de recursospúblicos por entidades de direito privado;III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem comodos direitos e haveres da União;IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento dequalquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contasda União, sob pena de responsabilidade solidária.§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é partelegítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades peranteo Tribunal de Contas da União.”

Este parágrafo segundo institui a modalidade de controle popular, explicitada a seguir.Por outro lado, diz-secontrole externo o exercido de um Poder sobre outro ,relativamente a atos administrativos. Para a Professora Maria Sylvia Z. Di Pietro, também éexterno “o controle da Administração Direta sobre a Indireta”.Como exemplos de controle de um Poder sobre o outro, podemos citar a tomada de contasdo Presidente da República pela Câmara dos Deputados, quando não apresentadas aoCongresso Nacional (art. 49, IX, e 51, II, CF/88) e uma decisão judicial anulando um ato doPoder Executivo.

Além do controle efetivado pelos Poderes da República, cabe também o controle popular,posto que a finalidade de todo ato administrativo é o atendimento às necessidades públicas.Então, defere-se à coletividade a possibilidade de fiscalizar a Administração Pública.Essa participação popular pode dar-se de várias maneiras, como a citada no § 2º do art. 74reproduzido acima.Além dessa previsão, outras estão presentes na Constituição da República:

“Art. 5º (...)XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

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a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contrailegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos eesclarecimento de situações de interesse pessoal;(...)LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise aanular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estadoparticipe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimôniohistórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;”“Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder LegislativoMunicipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno doPoder Executivo Municipal, na forma da lei.§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dosTribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ouTribunais de Contas dos Municípios, onde houver.(...)§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, àdisposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderáquestionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.”

19.1.2 CONTROLE PRÉVIO, CONCOMITANTE E POSTERIOR

No que se refere ao momento em que é feito o controle, poderá ser ele prévio, concomitanteou posterior.Se é efetivadoantes do início ou da conclusão do ato , chama-se preventivo, prévio, ou“a priori” . Quando é exigido esse controle, o mesmo passa a ser seu requisito de validade,sem o que não pode produzir, validamente, seus efeitos.Como exemplos, cite-se a necessária autorização prévia concedida ao Presidente daRepública para declarar guerra, celebrar a paz ou se ausentar do País por mais de quinzedias, de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49, II e III, CF/88) e aconcessão de uma liminar em Mandado de Segurança contra a prática de um ato

administrativo.O controle durante a realização do ato é o denominado concomitante , como o realizadodurante a execução do orçamento ou das fases de uma licitação, ou do cumprimento de umcontrato de gestão.O chamadocontrole posterior, subseqüente ou corretivo , tem lugar após a finalização doato. Seu objetivo é desfazê-lo, se ilegal ou inconveniente e inoportuno, corrigi-lo ou, ainda,confirmá-lo.Esse é o tipo mais freqüente de controle, e pode ser visto, exemplificando, na maioria dosatos judiciais, na sustação, pelo Congresso Nacional dos atos normativos do PoderExecutivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa

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(art. 49, V, CF/88), na aprovação de um Parecer, na homologação de um concurso públicoetc.

19.1.3 CONTROLE ADMINISTRATIVO

Cada um dos Poderes, no exercício de suas atribuições administrativas, exerce sobre seuspróprios atos o chamado controle administrativo, com relação a aspectos de legalidade e demérito, de forma provocada ou por iniciativa própria (“ex officio”).No âmbito da Administração Pública Direta, tal controle é baseado no poder de autotutela,que possibilita a anulação dos atos ilegais, e a revogação dos inoportunos e inconvenientes,por iniciativa própria.As Súmulas do STF nos 346 e 473 bem esclarecem essa possibilidade:

“Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seuspróprios atos.”“Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivadosde vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ourevogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitosadquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

Como o Poder Público está adstrito ao princípio da legalidade, bem como o interessepúblico deve ser respeitado, sempre que algum ato esteja em confronto com essesprincípios, tem a Administração o poder/dever de rever tais atos.De maneira diversa, o controle sobre aAdministração Indireta é fruto dopoder de tutela ,exercido nos limites da lei, respeitada a autonomia de cada entidade.Assim, pode-se ter controle administrativo das seguintes espécies:

I – hierárquico próprio : realizado pelos órgãos superiores sobre os inferiores, oudos chefes sobre os subordinados. O recurso1 é dirigido à autoridade, ou órgão,imediatamente superior ao que produziu o ato.II – hierárquico impróprio : realizado entre órgãos onde não há hierarquia direta,mas sim competências diversas atribuídas a cada um deles, de forma que a umcompete julgar recursos relativos a atos realizados por outro. É o caso das Delegaciasde Julgamento da Receita Federal, que julgam recursos contra atos das Delegacias daReceita Federal. Não há subordinação entre elas, apenas competências estabelecidas

em lei. Como fazem parte da mesma estrutura, é controle administrativo. Outroexemplo comum é visto no recurso contra ato de dirigente de autarquia, encaminhadoao Ministério ao qual se vincula. Como visto, então, o recurso é dirigido a outroórgão, não integrante da mesma hierarquia do órgão que produziu o ato atacado.III – finalístico : é a chamada supervisão ministerial (Decreto-Lei nº 200/67), baseadana vinculação entre a Administração Pública Direta e a Indireta (autarquias,fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). Não hásubordinação, mas sim controle finalístico, dentro dos limites legais, como já citado,em face da autonomia que essas pessoas jurídicas têm.

1 Na esfera federal, a Lei nº 9.784/99, fixa as regras relativas ao recurso hierárquico.

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Além da fiscalização por meio da hierarquia, o controle também pode ser exercido atravésdos recursos administrativos. Esses recursos são os meios usados para viabilizar uma novaanálise do ato.Como espécies de recursos podemos ter o direito de petição, o pedido de reconsideração, areclamação administrativa, a representação, a revisão do processo etc.Sobre osrecursos administrativos , algumas importantes considerações devem ser feitas,sobretudo em face da importância do tema para concursos públicos.Como mencionado no item 3 da primeira aula, no Brasil a Jurisdição é una, existindoapenas um órgão com competência de dizer o Direito de forma definitiva, é dizer, fazendocoisa julgada material (CF, art. 5º, XXXVI).No entanto, é possível ao administrado ver sua pretensão atendida na esfera administrativa.Se aí não lograr êxito, poderá partir para o Judiciário.

A eleição da via administrativa ou judicial é opção do interessado. Porém, uma vezacionado o Judiciário, não caberá mais a primeira via, pois a decisão judicial sempreprevalecerá sobre a administrativa. Porém, nada impede que, após esgotadas todas asinstâncias administrativas, o interessado se socorra do Judiciário, pois, repita-se, no Brasil,a jurisdição é una.Contudo, cite-se que a instância administrativa tem várias peculiaridades interessantes paraos administrados, como a informalidade do processo, celeridade, gratuidade, impulsooficial, verdade material, possibilidade de revisão de ofício e muitas outras, que acabam porincentivar o seu uso.Visto que as vantagens da esfera administrativa são várias, com exceção da coisa julgadamaterial, vejamos também outras importantes características dessa via.Ainda que vários sejam os princípios informadores do processo administrativo a facilitar oacesso do particular, é possível que a lei estabeleça critérios e requisitos para o exercíciodesse direito de recorrer.Um deles, já inúmeras vezes objeto de questionamento em concursos, diz respeito ànecessidade de prestação de garantia ou depósito prévio para recorrer.Muito se discutiu, alegando-se ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. Hojeestá pacificada a tese, inclusive perante o STF, de que a exigência de depósito recursal nãofere o princípio da ampla defesa2.No que se refere à coisa julgada, importante também tecer alguns comentários.A coisa julgada consiste na decisão definitiva, da qual não é possível mais recorrer, sejapor falta de interesse, seja por não haver mais recurso cabível, ou ainda em face daintempestividade do recurso apresentado.Como visto, somente ao Judiciário cabe dizer o Direito de forma definitiva, ou seja,sóexiste coisa julgada material proferida pelo Judiciário , quando, enfrentando o mérito, dádefinitividade à decisão, que não mais poderá ser alterada.

2 STF, RE 368.441/SP, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 23/05/2003:“PROCESSO ADMINISTRATIVO. DEPÓSITO PRÉVIO. PRESSUPOSTOS DE RECORRIBILIDADE.LEGITIMIDADE DA EXIGÊNCIA. Processo administrativo fiscal. Depósito de, no mínimo, trinta por centoda exigência fiscal como pressuposto de recorribilidade. Legitimidade. Precedentes.”

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Quando há referência àcoisa julgada administrativa , não se deve confundir com adefinitividade conferida às decisões judiciais.

Muitos autores criticam essa nomenclatura, posto que deve referir-se apenas ao DireitoProcessual, e não Administrativo. No entanto, basta uma breve explicação para que não seconfundam os institutos.Seguindo o mesmo raciocínio,coisa julgada administrativa é a decisão definitivanoâmbito administrativo , da qual não cabe mais recurso, tornando-se irretratável pelaAdministração Pública. Também fazem coisa julgada administrativa, não podendo serrevogados3, entre outros, os atos vinculados, os já consumados, os que geraram direitoadquirido etc.Mas, em face do princípio da inafastabilidade da função jurisdicional (art. 5º, XXXV,CF/88), essas decisões que fizeram coisa julgada no âmbito administrativo sempre poderãoser reexaminadas perante o Judiciário.Por fim, com base constitucional, todo processo, inclusive o administrativo, deveobediência ao devido processo legal (“due process of law”), de onde provêm também osprincípios do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF/88).O contraditório assegura que a parte tem o direito de se manifestar sobre todas as provasproduzidas e sobre as alegações feitas pela parte adversa. Porampla defesa entende-se apossibilidade que o acusado tem de usar todos os meios lícitos admitidos para provar o quealega, inclusive manter-se calado (art. 5º, LXIII, CF/88) e não produzir provas contra si.Impende frisar algumas orientações do STF, freqüentemente cobradas em concursospúblicos:

I – esses princípios não garantem o duplo grau de jurisdição (possibilidade de recorrerdas decisões), pois não previsto expressamente no texto constitucional;II – não há garantia do contraditório na sindicância prévia à abertura do ProcessoAdministrativo Disciplinar, posto que é fase meramente investigatória e preparatóriapara a acusação. Por outro lado, é nula eventual punição disciplinar sem que se dêoportunidade do contraditório e ampla defesa ao servidor;III – fere esses princípios a existência de avaliação de candidatos em concursospúblicos com base exclusivamente em critérios subjetivos ou de caráter sigiloso, porinviabilizar eventual verificação da legitimidade dos métodos e dos resultados dessasavaliações.

Havendo violação a esses princípios, o processo será nulo a partir da violação, se possível o

desmembramento, ou no todo, se essa possibilidade não for viável.

19.1.4 CONTROLE PARLAMENTAR E PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS

Chama-secontrole parlamentar , ou legislativo , àquele realizado pelo Poder Legislativosobre alguns atos da Administração Pública, com observância obrigatória das previsõesconstitucionais, em face da separação dos Poderes, não cabendo à legislação ordinária aampliação dessas situações.

3 Veja mais detalhes no item 7.8, da aula 4.

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O controle é exercido basicamente sob dois aspectos: político e financeiro. Mas, dentrodeles, não é ilimitado. Os três Poderes são independentes e harmônicos entre si (art. 2º,CF/88), não havendo hierarquia entre eles. Então, o controle que um exerce sobre outrodeve limitar-se às exceções constitucionais. O controle legislativo está genericamenteprevisto no art. 49, X, CF/88, que dá competência exclusiva ao congresso nacional para“fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas casas, os atos do PoderExecutivo, incluídos os da Administração Indireta”.Seguindo lição de Diógenes Gasparini4, são meios de controle legislativo:

I – Comissão Parlamentar de Inquérito (art. 58, § 3º, CF/88): tem por objetivoapurar fato certo ocorrido no âmbito administrativo, com poderes de investigaçãopróprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos dasrespectivas Casas. São criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, emconjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros. Se

for o caso, suas conclusões são encaminhadas ao Ministério Público, para quepromova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Se é o caso de puniçãoadministrativa, poderá ser efetivada pela própria Administração Pública. Na esferaestadual, bem assim na municipal e distrital, essas comissões seguem regrassemelhantes. A CPI não tem poder sancionatório, mas apenas investigatório, e seusatos são suscetíveis de revisão judicial.De acordo com a orientação de julgados do STF, por ato próprio,a CPI pode,mediante decisão fundamentada :

(i) convocar testemunhas e investigados para depor, ainda que sejamautoridades públicas, inclusive magistrados no exercício de sua funçãoadministrativa (se entenderem ilegítima a convocação, podem impetrar “habeascorpus”);(ii) quebrar o sigilo bancário, fiscal e telefônico de pessoa – física ou jurídica –sob a sua investigação;(iii) requisitar informações e documentos de repartições públicas.

Por outro lado,é defeso à CPI :(i) editar leis, ainda que com vistas ao aperfeiçoamento do sistema legislativo,relativamente ao tema que ensejou a instauração da CPI;(ii)decretar: busca e apreensão domiciliar de documentos, interceptaçãotelefônica (escuta), proibição de o investigado se ausentar do país, proibição de

o investigado se comunicar com o seu advogado durante a sua inquirição,seqüestro ou indisponibilidade de bens, prisão, exceto em flagrante delito;(iii)exigir de testemunha que responda a pergunta que não tenha pertinência como objeto da CPI ou que envolva assunto protegido pelo sigilo profissional;(iv)convocar magistrados para manifestação acerca de sua atividade juridicional.

II – convocação de autoridades e pedido de informação (art. 50, “caput” e § 2º,CF/88): a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suasComissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos

4 Direito Administrativo . Ob. cit., p. 776.

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diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente,informações sobre assunto previamente determinado, importando crime deresponsabilidade a ausência sem justificação adequada. Cabe às Mesas da Câmarados Deputados e do Senado Federal o encaminhamento de pedidos de informações,escritos, a essas pessoas, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o nãoatendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas.Com as devidas adequações, também se estende aos estados, Distrito Federal emunicípios.III – participação na função administrativa : apesar de essa atividade ser típica doExecutivo, por vezes a Constituição cita a necessidade de aprovação ou autorizaçãopelo Legislativo, de atos praticados por aquele Poder. Assim, cabe ao CongressoNacional, entre outras atribuições de controle, resolver definitivamente sobretratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissosgravosos ao patrimônio nacional, autorizar o Presidente da República a declararguerra, a celebrar a paz, aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizaro estado de sítio e sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem dopoder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, I, II, IV e V,CF/88). Por sua vez, à Câmara dos Deputados compete eleger membros do Conselhoda República (art. 51, V, CF/88). Ao Senado, a título de exemplificação, cite-se quecabe fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montanteda dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios(art. 52, VI, CF/88).IV –função jurisdicional : em casos específicos, foi prevista a competência do PoderLegislativo para fazer alguns julgamentos, como é o caso das contas presidenciais

pelo Congresso Nacional (art. 49, XI, CF/88); do Presidente e do Vice-Presidente daRepública nos crimes de responsabilidade, bem como dos Ministros de Estado e dosComandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesmanatureza conexos com aqueles (art. 52, I, CF/88); dos Ministros do Supremo TribunalFederal, do Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da União noscrimes de responsabilidade (art. 52, II, CF/88).V – fiscalização contábil, financeira e orçamentária : ao Congresso Nacional, como auxílio do Tribunal de Contas da União, cabe exercer a fiscalização contábil,financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades daadministração direta e indireta (arts. 70 e 71, CF/88). O controle é de legalidade,legitimidade, economicidade e quanto à aplicação das subvenções e renúncia de

receitas. Como dito no “caput” do art. 70, trata-se de controle externo, mas exercidoparalelamente ao controle interno de cada Poder, com vistas a corrigir asirregularidades apuradas, bem assim nas esferas estadual, distrital e municipal.Nos termos do art. 71, que em muito ampliou o controle externo, ao TCU cabe, entreoutras, as seguintes funções:

(i) fiscalização financeira na aplicação dos recurso repassados pela União, nosatos de admissão de pessoal, nas concessões de aposentadorias, reformas epensões, realização de inquérito, inspeções e auditorias etc;(ii) julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis pordinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas

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as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, eas contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade deque resulte prejuízo ao erário público;(iii) prestar informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer desuas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalizaçãocontábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultadosde auditorias e inspeções realizadas;(iv) sancionatória, quando aplica aos responsáveis, em caso de ilegalidade dedespesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei;(v) de consulta sobre as contas prestadas anualmente pelo Presidente daRepública, mediante parecer prévio;

VI –sustação de atos normativos : como visto no item 6.5 da aula 3, cabe aos chefesdo Poder Executivo federal, municipal e estadual a edição de normas gerais eabstratas que, em complemento da lei, a explicam, dando sua correta aplicabilidade.O ato emitido com base no Poder Regulamentar visa garantir a fiel execução da lei(art. 84, IV, CF/88), não podendo ser contra tal lei, tampouco cuidar de assunto nãotratados por ela. Em sendo ultrapassados os limites legais, cabe sustação desse atonormativo pelo Poder Legislativo (art. 49, V, CF/88). Relembre-se que sobredeterminadas matérias, a CF/88, após a EC nº 32/2001, possibilitou a expedição deDecretos autônomos, não submetidos a essas limitações legais (art. 84, VI, CF/88).Por outro lado, se a violação é dos limites da delegação legislativa (art. 68, § 2º,CF/88), também caberá sustação, segundo a parte final do mesmo art. 49, V, CF/88.Nesses casos, o controle parlamentar não analisa critérios de mérito, limitando-se aosaspectos de legalidade e legitimidade. Em qualquer dos casos, o ato continua noordenamento jurídico, porém com sua eficácia suspensa, até que seja dele retiradopelo procedimento próprio.

19.1.5 CONTROLE JURISDICIONAL

No Brasil, onde vigora a unicidade de jurisdição5, somente ao Judiciário cabe a aplicaçãodo direito de forma definitiva (art. 5º, XXXV, CF/88).Assim qualquer lesão ou ameaça a direito, mesmo quando proveniente da própriaAdministração Pública, poderá ser objeto de contestação judicial.

Então, o controle judicial é aqueleexercido pelo Judiciário sobre atos administrativosemanados de qualquer dos Poderes, inclusive dele mesmo, quando no exercício de suasatividades administrativas, verificando alegalidade dos mesmos, de forma a preservar osdireitos das pessoas. Se há ilegalidade, o ato será anulado, não revogado, pois critérios demérito 6 não são avaliados no controle judicial. Pelo princípio da autotutela, a anulação,como já visto alhures, pode ser efetivada pela própria Administração.

5 Aula 1, item 3.6 No controle de mérito, feito exclusivamente pela Administração Pública, verifica-se a oportunidade econveniência de manutenção de ato legítimo ou sua revogação.

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A anulação7 opera efeitos retroativos, “ex tunc”, como se nunca tivesse existido, exceto emrelação a terceiros de boa-fé. Entre as partes, não gera direitos ou obrigações, não constituisituações jurídicas definitivas, nem admite convalidação.A impossibilidade de análise do mérito pelo Judiciário não implica vedação ao controle dosatos discricionários. Como já citado8, não existe poder discricionário absoluto, pois semprea lei fixará os limites de ação, dentro dos quais deve o agente atuar. Assim, há verificaçãode legalidade desse tipo de ato, mesmo porque sabe-se que os elementos competência,finalidade e forma de todo ato administrativo são sempre vinculados.Em face do interesse público, a Administração, na esfera judicial, goza de uma série deprivilégios próprios, advindos do regime jurídico administrativo9.Pela importância que tem no estudo do Direito Administrativo, citem-se alguns deles, deacordo com a lição sempre oportuna de Maria Sylvia Z. Di Pietro:I – juízo privativo: a Administração Pública Federal tem um foro próprio, especializado nascausas em que seja autora, ré, assistente ou oponente. Inclui União, entidade autárquica ouempresa pública federal, mas exclui as sociedades de economia mista e fundações públicasde direito privado. Exclui também as ações relativas à falência, acidentes de trabalho e assujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.II – prazos ampliados: nos termos do art. 188 do CPC, “computar-se-á em quádruplo oprazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou oMinistério Público”. As autarquias e as fundações públicas receberam idêntico tratamentocom a edição da Lei nº 9.469/97 (art. 10).III – duplo grau de jurisdição obrigatório: segundo o art. 475, I e II, do CPC, a sentença estásujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo

tribunal, quando proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e asrespectivas autarquias e fundações de direito público ou julgar procedentes, no todo ou emparte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública. O juiz deve ordenar aremessa dos autos ao tribunal de ofício, haja ou não apelação; se não o fizer, deverá opresidente do tribunal avocá-los (art. 475, § 1º, CPC). Agindo dessa forma, garante-se queas ações sejam revistas pelo tribunal superior, atendendo ao interesse público.Também as autarquias e as fundações públicas receberam esse privilégio através da mesmaLei nº 9.469/97 (art. 10).Com vistas a reduzir o acúmulo de causas nos tribunais, a economicidade e agilidadeprocessual, editou-se a Medida Provisória nº 2.180-35/2001 (ainda em vigor, mas nãoconvertida em lei), que determina, em seu art 12, o seguinte:

“Art. 12. Não estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório assentenças proferidas contra a União, suas autarquias e fundações públicas,quando a respeito da controvérsia o Advogado-Geral da União ou outro órgãoadministrativo competente houver editado súmula ou instrução normativadeterminando a não-interposição de recurso voluntário.”

7 Aule 4, item 7.8.8 Aula 3, item 6.2.9 Aula 1, item 3.

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formalidade essencial, dispensando a presença de advogado e o pagamento de custas(inciso LXXVII). Pode, em caso de urgência, ser impetrado via fac-símile, condicionado àposterior remessa do original ou ratificação no prazo estipulado (STF, HC 74.221/AL).Por ilegalidade se admite, ainda que existam algumas opiniões em contrário, que tambémseja impetrado HC em face de ato de particular, como internação irregular em clínicasmédicas. O abuso de poder só pode ser cometido por autoridade pública.O procedimento é regulado pelo Código de Processo Penal (art. 647 e seguintes),ressaltando que não há produção posterior de provas, posto que os elementos de convicçãodevem acompanhar a peça inicial, sob pena de não concessão da ordem (STF, HC68.223/DF).Tal remédio cabe “somente nos casos em que ocorrer situação de risco efetivo ou de danopotencial à liberdade de locomoção física do paciente”, garantindo “única e diretamente, aliberdade de locomoção” (STF, HC 80.575/RJ). No entanto, o STF tem admitido o uso deHC quando a ameaça à liberdade de locomoção não seja imediata, é dizer, quando poderávir a ser irregularmente limitada como conseqüência de ações ilegais.Assim, nosso Tribunal Maior aceita o uso deHC contra inserção de provas ilícitas emprocesso, quando dele possa resultar condenação à pena privativa de liberdade (HC80.949/RJ). Poderá ser deferida a ordem se houver, além da juntada de prova ilícita,também odeferimento inválido de prova lícita , como no caso de decisão que decretaquebra de sigilo bancário indevidamente. Essa prova é tida por lícita, mas, se seudeferimento foi indevido, cabe HC (STF, HC 81.294/SC ).

“ Habeas corpus : admissibilidade: decisão judicial que, no curso do inquéritopolicial, autoriza quebra de sigilo bancário. Se se trata de processo penal ou

mesmo de inquérito policial, a jurisprudência do STF admite ohabeas corpus ,dado que de um ou outro possa advir condenação a pena privativa de liberdade,ainda que não iminente, cuja aplicação poderia vir a ser viciada pela ilegalidadecontra o qual se volta a impetração da ordem. Nessa linha, não é de recusar aidoneidade dohabeas corpus , seja contra o indeferimento de prova de interessedo réu ou indiciado, seja, o deferimento de prova ilícita ou o deferimentoinválido de prova lícita: nessa última hipótese, enquadra-se o pedido dehabeascorpus contra a decisão - alegadamente não fundamentada ou carente de justacausa - que autoriza a quebra do sigilo bancário do paciente”. (STF, HC79.191/SP, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 08/10/1999)

Se, de uma intimação para comparecer peranteCPI , puder resultar numa limitação ilegal à

liberdade de locomoção, como condução coercitiva de testemunha, caberá também aimpetração de HC (STF, HC 71.261/RJ), como citado alhures. O constrangimento ilegaladvindo de excesso de prazo na prisão cautelar também pode ser combatido por HC (STF,HC 81.149/RJ).Apesar da importância desse remédio constitucional, ressalte-se que, na vigência de estadode sítio ou de defesa (arts. 136 e 139, CF/88), pode-se reduzir significativamente aaplicação do HC, sendo possível, inclusive, a prisão administrativa.Por fim, relembre-se que o art. 142, § 2º, CF/88, veda a sua utilização perante puniçõesdisciplinares militares.

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19.1.5.2 HABEAS DATA

O “Habeas Data” é ação constitucional gratuita, destinada a assegurar o conhecimento deinformações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados deentidades governamentais ou de caráter público, retificação de dados e, nos termos do art.7º, III, da Lei nº 9.507/97, anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ouexplicação sobre dado verdadeiro, mas justificável, e que esteja sob pendência judicial ouamigável.A previsão constitucional é a seguinte (art. 5º, LXXII)

“conceder-se-á “habeas data”:a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa doimpetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades

governamentais ou de caráter público;b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processosigiloso, judicial ou administrativo;”

Exemplar lição é obtida com o seguinte julgado do STF:“ HABEAS DATA . NATUREZA JURÍDICA. REGIME DO PODER VISÍVELCOMO PRESSUPOSTO DA ORDEM DEMOCRÁTICA. A JURISDIÇÃOCONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES. SERVIÇO NACIONAL DEINFORMAÇÕES (SNI). ACESSO NÃO RECUSADO AOS REGISTROSESTATAIS. AUSÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR. RECURSOIMPROVIDO. A Carta Federal, ao proclamar os direitos e deveres individuais ecoletivos, enunciou preceitos básicos, cuja compreensão é essencial àcaracterização da ordem democrática como um regime do poder visível. Omodelo político-jurídico, plasmado na nova ordem constitucional, rejeita opoder que oculta e o poder que se oculta. Com essa vedação, pretendeu oconstituinte tornar efetivamente legítima, em face dos destinatários do poder, aprática das instituições do Estado. Ohabeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que se destina a garantir, em favor dapessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu trípliceaspecto: (a) direito de acesso aos registros; (b) direito de retificação dosregistros e (c) direito de complementação dos registros. Trata-se de relevanteinstrumento de ativação da jurisdição constitucional das liberdades, a qualrepresenta, no plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do Estadoàs situações que lesem, efetiva ou potencialmente, os direitos fundamentais dapessoa, quaisquer que sejam as dimensões em que estes se projetem. O acessoao habeas data pressupõe, dentre outras condições de admissibilidade, aexistência do interesse de agir. Ausente o interesse legitimador da ação, torna-se inviável o exercício desse remédio constitucional. A prova do anteriorindeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão ematendê-lo, constitui requisito indispensável para que se concretize o interesse deagir no habeas data . Sem que se configure situação prévia de pretensãoresistida, há carência da ação constitucional dohabeas data .” (STF, RHD22/DF, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 01/09/1995)

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O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira,contra entidades públicas ou privadas, que detenham bancos de dados de caráter público. Épersonalíssimo, só podendo ser impetrado por aquele que é o titular dos dadosquestionados, havendo divergência doutrinária sobre a possibilidade de o cônjugesobrevivente ou herdeiros requererem retificação em nome dode cujus .Só cabe o HD após prévia recusa a pedido administrativo, como se observa tanto na jurisprudência, como visto no julgado supra, quanto na referida Lei que regula essa ação:

STJ, Súmula 2: “Não cabe ohabeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra ‘a’) se nãohouve recusa de informações por parte da autoridade administrativa”.Lei nº 9507/97, Art. 8°: “A petição inicial, que deverá preencher os requisitosdos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias,e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia nasegunda.Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias semdecisão;II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias,sem decisão; ouIII - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou dodecurso de mais de quinze dias sem decisão.”

19.1.5.3 MANDADO DE SEGURANÇA

O Mandado de Segurança visa à proteção dedireito líquido e certo em face deilegalidade ou abuso de poder, quando o responsável é autoridade pública ou agente depessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.Assim prevê o art. 5º LXIX, CF/88:

“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, nãoamparado por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pelailegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;”

O MS, que segue o rito sumário, é disciplinado pela Lei nº 1.533/51 e diversas outras leissubseqüentes, sendo as mais importantes as de nº 2.770/56, 4.348/62, 4.410/64, 5.021/66 e7.969/89.Cabe a ação mandamental para proteger direito líquido e certo, não amparado porhabeascorpus ou habeas data . Ademais, segundo a Súmula nº 101 do STF, “o mandado desegurança não substitui a ação popular”, vista em seguida. Portanto, diz-se que temnatureza residual: se não couber HC, HD ou ação popular, poderá ser impetrado o MS.Segundo o STF, “ao estrangeiro, residente no exterior, também é assegurado o direito deimpetrar mandado de segurança, como decorre da interpretação sistemática dos artigos 153,caput , da Emenda Constitucional de 1969 e do 5º, LXIX da Constituição atual” (RE215.267/SP).

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Direito líquido e certo é aquele verificável de plano, com documentação inequívoca,apresentada logo na impetração da ação, ou seja, as provas devem ser pré-constituídas.Deve ser manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e exercitável quando doajuizamento. Os fatos ou a existência da situação posta pelo impetrante (autor da ação) éque devem ser revestidos de certeza e liquidez, posto que o Direito sempre é líquido e certo,ainda que haja dúvidas de interpretação, o que não inviabiliza o uso do MS. Então, deve-seprovar a existência dos fatos alegados, com comprovação induvidosa, para que o julgadoros analise em face da ordem jurídica, concedendo ou não a ordem. Para Michel Temer,“odireito é certo desde que o fato seja certo; incerta será a interpretação, mas esta se tornarácerta, mediante sentença, quando o juiz fizer a aplicação da lei ao caso controvertido”. Assim, não cabe dilação probatória (STF, MS 22.476/AL), ou seja, produção posterior deprovas: ou é possível provar o direito logo no início ou não caberá o MS. Essa é a regra,admitindo-se, por exceção, a juntada posterior de prova que esteja em poder da autoridadecontra quem se ajuíza, dita impetrada (art. 6º, Lei nº 1.533/51). Se o MS é contra omissãoilegal da autoridade, não se exige a produção de tal prova (STF, RMS 22.032/DF).Ilegalidade e abuso de poder designam, respectivamente, a violação da norma jurídica noato vinculado e o transbordamento dos limites da discricionariedade, nos atos que admitemcerta liberdade da autoridade quanto ao exame de sua conveniência e/ou oportunidade(mérito administrativo). Autoridade é a pessoa que praticou o ato ou o ordenou. Podem ser ‘autoridade’, para o fimde ser parte passiva, não só aqueles que exerçam funções nos entes federados (União,Estados, Municípios, Distrito Federal), mas também os administradores ou representantesde autarquias, paraestatais e pessoas naturais ou jurídicas com funções delegadas, nostermos do texto constitucional.São espécies de MS:

I – preventivo : utilizado quando houverameaça ao direito líquido e certo doimpetrante, por ato ainda não praticado, como, por exemplo, para impedir queautoridade tributária venha a exigir tributo indevido;II – repressivo : ajuizado quando se faça necessário reverter ato ilegal ou com abusode poder, já cometidos.

O prazo para interposição do Mandado de Segurança é de 120 (cento e vinte) dias,contados do dia em que o interessado tem conhecimento do ato violador de seu direitolíquido e certo (STF, MS 23.795/DF). O prazo édecadencial , não se interrompe oususpende, e conta-se conforme as regras do CPC, excluindo-se o dia de início da contagem.Por óbvio, não há prazo para interposição do Mandado de Segurança preventivo, uma vezque visa evitar um ato que ainda não foi praticado. O mesmo raciocínio vale paraimpetração contra omissão Estatal (STJ, RMS 2.587/RJ). Não é preciso esgotar todas as instâncias administrativas para o ingresso, embora não seadmita a medida se o ato administrativo, por força de efeito suspensivo, ainda não estivercausando lesão (art. 5º, I, Lei nº 1.533/51). A existência de recurso administrativo comefeito suspensivo não impede, porém, o uso do Mandado de Segurançacontra omissão daautoridade (Súmula 429 do STF) e o pedido de reconsideração, na esfera administrativa,não interrompe o prazo para a impetração do MS (Súmula 430 do STF).

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É possível a concessão deliminar em Mandado de Segurança (art. 7º, II, Lei nº 1.533/51),a pedido, suspendendo o ato que deu motivo ao pedido, quando for relevante o fundamentoe do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida.Dois são os requisitos:

I – “fummus boni iuris” (fumaça do bom direito): indícios de direito, é dizer,relevância do fundamento e plausibilidade do pedido;II – “periculum in mora” (perigo na demora): possibilidade de a lesão tornar-seirreversível ou ineficácia da medida em face da demora.

Assim, quando o direito for patente e quando a demora ao proferir a sentença puderprejudicar o impetrante, em face de sua ineficácia ou da lesão permanente, o juiz, sempre apedido da parte, poderá conceder liminar, a qualquer tempo. Exemplos disso temos noscasos de expedição de certidão negativa de débitos para participar de licitação, ou inscriçãoem concurso público que faça exigência inconstitucional, ou, ainda, evitar hasta pública(leilão) de imóvel penhorado indevidamente. Se não concedida a liminar, quando dasentença eventualmente procedente, esta não mais será útil, posto que a concorrência, oconcurso ou o leilão já se efetivaram.Não cabe Mandado de Segurança , entre outros, nos casos delei em tese (Súmula 266 doSTF), que não causam dano efetivo sem um ato administrativo concreto;decisão judicialtransitada em julgado (Súmula 268 do STF);atos legislativos interna corporis, relativosàs suas competências próprias;atos jurisdicionais do STF ( STF, MS 23.572/MG), a seremdesconstituídos apenas através dos recursos cabíveis ou ação rescisória;extensão devantagens pecuniárias concedidas a uma categoria para outra (STF, SS 1.016/PB), umavez que não possui o Judiciário função legislativa;ato de que caiba recurso

administrativo com efeito suspensivo , independente de caução (art. 5º, I, Lei nº 1.533/51),podendo, como visto acima, impetrar contra omissão da autoridade ou no caso dedesistência do recurso administrativo;ato judicial passivo de recurso (art. 5º, II, Lei nº1.533/51), desde quecom efeito suspensivo ; ato disciplinar (art. 5º, III, Lei nº 1.533/51),exceto se praticado por autoridade incompetente ou com inobservância de formalidadeessencial.No que se refere ao mandado de segurança coletivo, a CF/88 assim determinou, em seu art.5º, LXX:

“o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituídae em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seusmembros ou associados;”

O Mandado de Segurança Coletivo foi previsto pela primeira vez na atual Constituição, eveio a possibilitar uma grande economia processual, evitando inúmeras ações com a mesmacausa de pedir, substituídas por apenas uma em nome de toda uma coletividade cominteresses idênticos.Com essa previsão, também se dispensa a procuração individual de cada um dosinteressados, posto que hásubstituição processual , e não representação, como a contida noinciso XXI do mesmo art. 5º.

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“MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. SUBSTITUIÇÃOPROCESSUAL. AUTORIZAÇÃO EXPRESSA. OBJETO A SERPROTEGIDO PELA SEGURANÇA COLETIVA. C.F., art. 5º, LXX, ‘b’. Alegitimação das organizações sindicais, entidades de classe ou associações, paraa segurança coletiva, é extraordinária, ocorrendo, em tal caso, substituiçãoprocessual. C.F., art. 5º, LXX. Não se exige, tratando-se de segurança coletiva,a autorização expressa aludida no inciso XXI do art. 5º da Constituição, quecontempla hipótese de representação. O objeto do mandado de segurançacoletivo será um direito dos associados, independentemente de guardar vínculocom os fins próprios da entidade impetrante dowrit , exigindo-se, entretanto,que o direito esteja compreendido na titularidade dos associados e que existaele em razão das atividades exercidas pelos associados, mas não se exigindoque o direito seja peculiar, próprio, da classe. R.E. conhecido e provido.” (STF,RE 193.382/SP, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 20/09/1996)“Recurso ordinário em mandado de segurança impetrado por Sindicato emfavor de seus sindicalizados. Tendo o órgão prolator da sentença civil jurisdiçãonacional, como o Superior Tribunal de Justiça a tem,não se aplica a ele aexigência feita , na parte final do parágrafo único do artigo 2º da Lei 9.494/97*na redação que dada pela MP 1798-2/99 e reedições posteriores,de que ainicial da ação coletiva deverá ser acompanhada da relação nominal dosassociados-substituídos das entidades associativas substitutas processuaisdeles . Recurso a que se dá provimento para determinar ao Superior Tribunal deJustiça que, afastada a preliminar processual que deu margem à extinção doprocesso sem julgamento do mérito, continue a julgar o mandado de segurançaem causa como entender de direito.” (STF, RMS 23.566/DF, relator ministroMoreira Alves, publicação DJ 12/04/2002)*OBS: Art. 2º. Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União,os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas autarquias e fundações, apetição inicial deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléiada entidade associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dosseus associados e indicação dos respectivos endereços.

São os seguintes oslegitimados para propor essa ação :I – partido político com representação no Congresso Nacional;II – organização sindical;

III – entidade de classe;IV – associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano10.No três últimos casos, o MS coletivo defenderá os interesses de seus membros ouassociados. No entanto, há divergência sobre quais interesses podem ser defendidos poresse tipo de ação, quando impetrada pelos partidos políticos. Parte da doutrina, como oprofessor Alexandre de Moraes, defende que a legitimação é ampla, podendo proteger

10 STF, RE 198.919/DF, relator Ministro Ilmar Galvão, publicação DJ 24/09/1999: “Legitimidade dosindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da comprovação de umano de constituição e funcionamento. Acórdão que, interpretando desse modo a norma do art. 5º, LXX, da CF,não merece censura. Recurso não conhecido”.

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quaisquer interesses, sejam difusos ou coletivos, da sociedade. Porém o STJ já decidiu deforma a limitar essa legitimidade11.

No caso do partido político, exige-se que tenha apenas um representante em alguma dasCasas do Congresso Nacional para que tenha legitimidade ativa para a impetração dowrit ,seja ele um Deputado Federal, seja um Senador.

Por fim, destaque-se que a lei veda a concessão de liminar em Mandado de SegurançaColetivo antes da oitiva do impetrado, que se dará em 72 horas.

19.1.5.4 MANDADO DE INJUNÇÃO

O Mandado de Injunção surgiu para impedir que a falta de norma regulamentadoratornasse inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas

inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Assim diz o texto constitucional (art.5º, LXXI):“conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de normaregulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdadesconstitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e àcidadania;”

O STF já fixou entendimento de que tal ação é exercitável de imediato, posto que é normade eficácia plena, e independe de regulamentação, devendo seguir o rito do mandado desegurança, no que couber (RTJ 133/11).Pode ser interposta por qualquer pessoa que preencha os requisitos abaixo assinalados,

contra quem tenha o dever de regulamentar a norma constitucional, como o CongressoNacional, Presidente da República, Poder, órgão etc. Admite-se o MI coletivo, por analogiaao inciso LXX, que trata do MS coletivo (STF, MI 102/PE ).Como requisitos para interposição do MI, temos:

I – falta de norma regulamentadora;II – inviabilização do exercício de direitos e liberdades constitucionais e deprerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

A mora do legislador estará caracterizada somente após o decurso de certo prazo para aconfecção da norma reclamada, seguindo o princípio da razoabilidade.

“MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO: admissibilidade, por aplicaçãoanalógica do art. 5., LXX, da Constituição; legitimidade, no caso, entidadesindical de pequenas e médias empresas, as quais, notoriamente dependentes docrédito bancário, têm interesse comum na eficácia do art. 192, par. 3., daConstituição, que fixou limites aos juros reais. MORA LEGISLATIVA:exigência e caracterização: critério de razoabilidade. A mora - que é

11 STJ, EDMS 197/DF, relator Ministro Garcia Vieira, publicação DJ 15/10/1990: “A exemplo dos sindicatose das associações, também, os partidos políticos só podem impetrar mandado de segurança coletivo emassuntos integrantes de seus fins sociais em nome de filiados seus, quando devidamente autorizados pela leiou por seus estatutos. Não pode ele vir a juízo defender direitos subjetivos de cidadãos a ele não filiados ouinteresses difusos e sim direito de natureza política, como por exemplo, os previstos nos artigos 14 a 16 daConstituição Federal”.

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pressuposto da declaração de inconstitucionalidade da omissão legislativa -, éde ser reconhecida, em cada caso, quando, dado o tempo corrido dapromulgação da norma constitucional invocada e o relevo da matéria, se devaconsiderar superado o prazo razoável para a edição do ato legislativo necessárioà efetividade da lei fundamental; vencido o tempo razoável, nem a inexistênciade prazo constitucional para o adimplemento do dever de legislar, nem apendência de projetos de lei tendentes a cumpri-lo podem descaracterizar aevidencia da inconstitucionalidade da persistente omissão de legislar.” (STF,MI 361/RJ, relator Ministro Néri da Silveira, publicação DJ 17/06/1994)

Ademais, se já existe lei (MI 152/DF), ainda que incompleta, não há se falar em direito aoMandado de Injunção. Também não cabe essa ação sem a presença do requisito essencialde existência de direito concedido pela Constituição que estaria inviabilizado em razão deinexistir norma infraconstitucional regulamentadora:

“MANDADO DE INJUNÇÃO: SEGUIMENTO NEGADO PELO RELATOR:LEGITIMIDADE. INEXISTÊNCIA DE DIREITO CONCEDIDO PELACONSTITUIÇÃO QUE ESTARIA INVIABILIZADO EM RAZÃO DEINEXISTIR NORMA INFRACONSTITUCIONAL REGULAMENTADORA.C.F., art. 5º, LXXI. O preceito constitucional invocado pela impetrante, C.F.,art. 156, § 3º, II, não menciona o serviço prestado pela impetrante. A impetrantenão é titular, portanto, de direito concedido pela Constituição, cujo exercícioestaria inviabilizado pela ausência de norma infraconstitucional.” (STF, MI 590AgR/RJ, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 09/05/2003)

Segundo a jurisprudência do STF, é possível a concessão de liminar em Mandado deInjunção (STF, MI 535/SP).Analisando inúmeros julgados da Corte Máxima, conclui-se que tal instrumento perdeu seuvigor por entender esse Tribunal que não deve o Judiciário regular o caso concreto levado a julgamento, mas apenas comunicar a questão ao órgão encarregado da norma elaboradora.Assim, a decisão limita-se a declarar a omissão e comunicar ao Poder competente.

“MANDADO DE INJUNÇÃO. NATUREZA. O mandado de injunção nemautoriza o judiciário a suprir a omissão legislativa ou regulamentar, editando oato normativo omitido, nem, menos ainda, lhe permite ordenar, de imediato, atoconcreto de satisfação do direito reclamado: mas, no pedido, posto que deatendimento impossível, para que o tribunal o faça, se contém o pedido deatendimento possível para a declaração de inconstitucionalidade da omissãonormativa, com ciência ao órgão competente para que a supra.” (STF, MI168/RS, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 20/04/1990)“Esta Corte, recentemente, ao julgar o mandado de injunção 188, decidiu porunanimidade que só tem legitimatio ad causam, em se tratando de mandado deinjunção, quem pertença a categoria a que a Constituição Federal hajaoutorgado abstratamente um direito, cujo exercício esteja obstado por omissãocom mora na regulamentação daquele.” (STF, MI 107/DF, relator MinistroMoreira Alves, publicação DJ 02/08/1991)

19.1.5.5 AÇÃO POPULAR

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A Ação Popular , que segue o rito ordinário, pode ser impetrada por qualquer cidadão para

anular ato lesivo ao patrimônio público ou entidade de que o Estado participe, à moralidadeadministrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural (art. 5º, LXXIII,CF/88). Assim, são dois os requisitos dessa ação, regulada pela Lei nº 4.717/65:

I – interposta porcidadão : é aquele titular de direitos políticos, inclusive o maior de16 anos, que pode votar, e o português equiparado, que também goze de seus direitospolíticos. Justifica-se essa limitação através do princípio da simetria, uma vez que sóo cidadão pode eleger seus representantes, só ele pode fiscalizar seus atos por meiodesse tipo de ação;II – existência deato ilegal ou ilegítimo , independente de haver prejuízo financeiro.“A ilegalidade do comportamento, por si só, causa o dano. Dispensável a existênciade lesão” (RT 162/59).

Objetiva especialmente o controle das ações estatais pelo cidadão, independente de seuaproveitamento pessoal, posto que visadefender interesses coletivos , mas em nomepróprio, exercendo seu direito, com base expressa na CF. Destina-se a “preservar, emfunção de seu amplo espectro de atuação jurídico-processual, a intangibilidade dopatrimônio público e a integridade da moralidade administrativa” (STF, ADI 769 MC/MA),podendo, inclusive,analisar da constitucionalidade das leis na via incidental (STF, Rcl664/RJ).É possível aconcessão de medida liminar a fim de suspender o ato impugnado (art. 5º, §4º, Lei nº 4.717/65). O principal efeito da sentença é desconstituir tal ato, decretando suainvalidade e, eventualmente, condenando à restituição dos prejuízos causados, bem assim

perdas e danos, os responsáveis e beneficiários, exceto se de boa-fé. Ademais, serãotambém condenados nas custas e honorários de sucumbência do advogado do autor. Sendoa sentença de natureza civil, não cabe condenação penal, administrativa ou política. Se for ocaso, remetem-se as peças necessárias à autoridade competente.Se julgada improcedente, de regra o autor ficará isento das custas judiciais e do ônus dasucumbência, ou seja, dos honorários do advogado do réu na ação. Porém, se comprovadamá-fé do mesmo, este terá de pagar todos esses valores. É comum acontecer em períodoseleitorais, quando inúmeras ações populares são interpostas para tumultuar as eleições,muitas vezes lançando sombras de dúvidas quanto à idoneidade deadministradores/candidatos. Se a ação visar esse fim, qual seja, denegrir indevidamente aimagem de alguns, haverá má-fé, não cabendo, então, gratuidade da ação.

PARA GUARDAR

Controle é o poder/dever de fiscalização, controle, acompanhamento, revisão,correção da atuação administrativa, feita por si mesma ou por outro Poder com legitimidadepara tal, com vistas à sua confirmação ou desfazimento.

O controle da Administração Pública está embasado no princípio da legalidade.Classificação:

Quanto à origem do controle: I – interno; II – externo; III – popular.

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Quanto ao momento em que se realiza: I – prévio; II – concomitante; III – posterior.Com relação ao órgão que o exerce: I – administrativo; II – legislativo, ou parlamentar; III

– judiciário.Chama-secontrole interno o exercido no âmbito interno do mesmo Poder , porórgãos presentes em sua estrutura. Dá-se sobrea legalidade, eficiência e mérito dos seusatos .

Diz-secontrole externo o exercido de um Poder sobre outro , relativamente a atosadministrativos. Para a Professora Maria Sylvia Z. Di Pietro, também é externo “o controleda Administração Direta sobre a Indireta”.

Além do controle efetivado pelos Poderes da República, cabe também o controlepopular, posto que a finalidade de todo ato administrativo é o atendimento às necessidadespúblicas. Então, defere-se à coletividade a possibilidade de fiscalizar a AdministraçãoPública.

Se é efetivadoantes do início ou da conclusão do ato , chama-se preventivo,prévio, ou “a priori” .

O controle durante a realização do ato é o denominado concomitante , como orealizado durante a execução do orçamento ou das fases de uma licitação, ou documprimento de um contrato de gestão.

O chamadocontrole posterior, subseqüente ou corretivo , tem lugar após afinalização do ato. Seu objetivo é desfazê-lo, se ilegal ou inconveniente e inoportuno,corrigi-lo ou, ainda, confirmá-lo.

Cada um dos Poderes, no exercício de suas atribuições administrativas, exerce sobreseus próprios atos o chamadocontrole administrativo , com relação a aspectos delegalidade e de mérito , de forma provocada ou por iniciativa própria (“ex officio”).

No âmbito da Administração Pública Direta, tal controle é baseado no poder deautotutela, que possibilita a anulação dos atos ilegais, e a revogação dos inoportunos einconvenientes, por iniciativa própria.

A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que ostornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo deconveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos oscasos, a apreciação judicial.

O controle sobre aAdministração Indireta é fruto dopoder de tutela , exercidonos limites da lei, respeitada a autonomia de cada entidade.

Controle administrativo - espécies: I –hierárquico próprio : realizado pelos órgãossuperiores, sobre os inferiores, ou dos chefes sobre os subordinados. II –hierárquicoimpróprio : realizado entre órgãos onde não há hierarquia direta, mas sim competênciasdiversas atribuídas a cada um deles, de forma que a um compete julgar recursos relativos aatos realizados por outro. III –finalístico : é a chamada supervisão ministerial, baseada navinculação entre a Administração Pública Direta e a Indireta (autarquias, fundaçõespúblicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). Não há subordinação, massim controle finalístico, dentro dos limites legais, como já citado, em face da autonomiaque essas pessoas jurídicas têm.

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Chama-se controle parlamentar , ou legislativo , aquele realizado pelo PoderLegislativo sobre alguns atos da Administração Pública, com observância obrigatória dasprevisões constitucionais, em face da separação dos Poderes, não cabendo à legislaçãoordinária a ampliação dessas situações. Exercido sob os aspectospolítico e financeiro.

Meios de controle legislativo:I – Comissão Parlamentar de Inquérito : tem por objetivo apurar fato certo ocorridono âmbito administrativo, com poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas. A CPI nãotem poder sancionatório, mas apenas investigatório, e seus atos são suscetíveis derevisão judicial. Pode aCPI, mediante decisão fundamentada : (i) convocartestemunhas e investigados para depor; (ii) quebrar o sigilo bancário, fiscal etelefônico de pessoa – física ou jurídica – sob a sua investigação; (iii) requisitarinformações e documentos de repartições públicas. Édefeso à CPI : (i) editar leis; (ii)

decretar: busca e apreensão domiciliar de documentos, interceptação telefônica(escuta), proibição de o investigado se ausentar do país, proibição de o investigado secomunicar com o seu advogado durante a sua inquirição, seqüestro ouindisponibilidade de bens, prisão, exceto em flagrante delito; (iii) exigir detestemunha que responda a pergunta que não tenha pertinência com o objeto da CPIou que envolva assunto protegido pelo sigilo profissional; (iv) convocar magistradospara manifestação acerca de sua atividade juridicional.II – convocação de autoridades e pedido de informação : a Câmara dos Deputadose o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro deEstado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência daRepública para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamentedeterminado.III – participação na função administrativa : apesar de essa atividade ser típica doExecutivo, por vezes a Constituição cita a necessidade de aprovação ou autorizaçãopelo Legislativo, de atos praticados por aquele Poder.IV –função jurisdicional : em casos específicos, foi prevista a competência do PoderLegislativo para fazer alguns julgamentos, como é o caso das contas presidenciaispelo Congresso Nacional; do Presidente e do Vice-Presidente da República, dosMinistros do Supremo Tribunal Federal, do Procurador-Geral da República e doAdvogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade.V – fiscalização contábil, financeira e orçamentária : ao Congresso Nacional, com

o auxílio do Tribunal de Contas da União, cabe exercer a fiscalização contábil,financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades daadministração direta e indireta. O controle é delegalidade, legitimidade,economicidade e quanto à aplicação das subvenções e renúncia de receitas.VI – sustação de atos normativos : cabe aos chefes do Poder Executivo federal,municipal e estadual a edição de normas gerais e abstratas que, em complemento dalei, a explicam, dando sua correta aplicabilidade. O ato emitido com base no PoderRegulamentar visa garantir a fiel execução da lei, não podendo ser contra tal lei,tampouco cuidar de assunto não tratados por ela. Em sendo ultrapassados os limiteslegais, cabe sustação desse ato normativo pelo Poder Legislativo. Relembre-se que

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sobre determinadas matérias, a CF/88, após a EC nº 32/2001, possibilitou a expediçãode Decretos autônomos, não submetidos a essas limitações legais.

O controle judicial é aqueleexercido pelo Judiciário sobre atos administrativosemanados de qualquer dos Poderes, inclusive dele mesmo, quando no exercício de suasatividades administrativas, verificando alegalidade dos mesmos, de forma a preservar osdireitos das pessoas.

Quando a Administração Pública faz parte de uma ação judicial, tem uma série deprivilégios próprios, advindos do regime jurídico administrativo. Citem-se alguns deles:

I – juízo privativo : a Administração Pública Federal tem um foro próprio,especializado nas causas em que seja autora, ré, assistente ou oponente. Inclui União,entidade autárquica ou empresa pública federal, mas exclui as sociedades deeconomia mista e fundações públicas de direito privado. Exclui também as açõesrelativas à falência, acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça doTrabalho.II – prazos ampliados : “computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e emdobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público”.As autarquias e as fundações públicas receberam idêntico tratamento.III –duplo grau de jurisdição obrigatório : a sentença está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, quandoproferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivasautarquias e fundações de direito público ou julgar procedentes, no todo ou em parte,os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública. Por outro lado, “nãoestão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório as sentenças proferidas contra a

União, suas autarquias e fundações públicas, quando a respeito da controvérsia oAdvogado-Geral da União ou outro órgão administrativo competente houver editadosúmula ou instrução normativa determinando a não-interposição de recursovoluntário”.IV – processo de execução próprio : com exceção dos créditos de naturezaalimentícia e daqueles definidos como de pequeno valor, os pagamentos devidos pelaFazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ãoexclusivamente na ordem cronológica de apresentação dosprecatórios e à conta doscréditos respectivos.V – restrições à concessão de liminar à tutela antecipada e à execuçãoprovisória : em alguns casos específicos previstos na legislação, não é possível ao juiz conceder liminar ou antecipação de tutela contrária à Administração Pública.

Meios de controle - “remédios constitucionais”:O “Habeas Corpus” tem por escopo proteger a liberdade individual de locomoção

(direito de ir, vir, ficar, permanecer).Espécies de HC: I – preventivo: também dito salvo conduto, utilizado quando

alguém estiver sendoameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade delocomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; II – liberatório: ou repressivo, ajuizadoquando já tiver sofrido violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidadeou abuso de poder, de forma a fazer cessar essa limitação irregular à liberdade delocomoção.

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O “Habeas Data ” é ação constitucional gratuita, destinada a assegurar oconhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros oubancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, retificação de dados e,nos termos do art. 7º, III, da Lei nº 9.507/97, anotação nos assentamentos do interessado, decontestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável, e que esteja sobpendência judicial ou amigável.

Não cabe o “habeas data” (CF, art. 5º, LXXII, letra ‘a’) se não houve recusa deinformações por parte da autoridade administrativa.

O Mandado de Segurança visa à proteção dedireito líquido e certo em face deilegalidade ou abuso de poder, quando o responsável é autoridade pública ou agente depessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Direito líquido e certo é aquele verificável de plano, com documentaçãoinequívoca, apresentada logo na impetração da ação, ou seja, as provas devem ser pré-constituídas. Deve ser manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e exercitávelquando do ajuizamento.

Ilegalidade e abuso de poder designam, respectivamente, a violação da norma jurídica no ato vinculado e o transbordamento dos limites da discricionariedade, nos atosque admitem certa liberdade da autoridade quanto ao exame de sua conveniência e/ouoportunidade (mérito administrativo).

Autoridade é a pessoa que praticou o ato ou o ordenou. Podem ser ‘autoridade’,para o fim de ser parte passiva, não só aqueles que exerçam funções nos entes federados(União, Estados, Municípios, Distrito Federal), mas também os administradores ourepresentantes de autarquias, paraestatais e pessoas naturais ou jurídicas com funções

delegadas, nos termos do texto constitucional.São espécies de MS: I –preventivo : utilizado quando houverameaça ao direitolíquido e certo do impetrante, por ato ainda não praticado, como, por exemplo, para impedirque autoridade tributária venha a exigir tributo indevido; II –repressivo : ajuizado quandose faça necessário reverter ato ilegal ou com abuso de poder, já cometidos.

O prazo para interposição do Mandado de Segurança édecadencial de 120 (cento evinte) dias, contados do dia em que o interessado tem conhecimento do ato violador de seudireito líquido e certo.

É possível a concessão deliminar em Mandado de Segurança, a pedido,suspendendo o ato que deu motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento e do atoimpugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida. Dois são os requisitos:I – “fummus boni iuris” (fumaça do bom direito): indícios de direito, é dizer, relevânciado fundamento e plausibilidade do pedido; II –“periculum in mora” (perigo na demora):possibilidade de a lesão tornar-se irreversível ou ineficácia da medida em face da demora.

Não cabe Mandado de Segurança , entre outros: lei em tese; decisão judicialtransitada em julgado; atos legislativosinterna corporis ; atos jurisdicionais do STF;extensão de vantagens pecuniárias concedidas a uma categoria para outra; ato de que caibarecurso administrativo com efeito suspensivo; ato judicial passivo de recurso, desde quecom efeito suspensivo; ato disciplinar, exceto se praticado por autoridade incompetente oucom inobservância de formalidade essencial.

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O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político comrepresentação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ouassociação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesados interesses de seus membros ou associados.

O Mandado de Injunção surgiu para impedir que a falta de normaregulamentadora tornasse inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais edas prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, sendo possível aconcessão de liminar.

A Ação Popular , que segue o rito ordinário, pode ser impetrada por qualquercidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público ou entidade de que o Estado participe,à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural.Requisitos: I – interposta porcidadão : é aquele titular de direito políticos, inclusive omaior de 16 anos, que pode votar, e o português equiparado, que também goze de seus

direitos políticos. Justifica-se essa limitação através do princípio da simetria, uma vez quesó o cidadão pode eleger seus representantes, só ele pode fiscalizar seus atos por meio dessetipo de ação; II – existência deato ilegal ou ilegítimo , independente de haver prejuízofinanceiro. A ilegalidade do comportamento, por si só, causa o dano. Dispensável aexistência de lesão. É possível aconcessão de medida liminar a fim de suspender o atoimpugnado.

Próxima aula finalizaremos nosso curso, com uma coletânea de todos os resumos reunidanum só arquivo.A seguir, alguns exercícios desta aula.

Um grande abraço e bons estudosLeandro

EXERCÍCIOS

1 - (CESPE/AFPS) Julgue os itens seguintes, relacionados à administração pública:(1) A administração pública está sujeita a controle, interno e dos Poderes Legislativo eJudiciário.(2) O recurso hierárquico é um dos meios de realização do controle da atividade das

entidades públicas.(3) A conjugação dos princípios da verdade material e da legalidade, aplicáveis aoprocesso administrativo, pode, excepcionalmente, afastar a audiência do interessado, masnunca o acesso ao Judiciário.

2 - (CESPE/PROCURADOR/INSS/98) Julgue os itens a seguir, com relação ao abuso dopoder administrativo e à invalidação dos atos administrativos.(1) O ordenamento jurídico investe o cidadão de meios para desencadear o controleexterno da omissão abusiva de um administrador público. Não há, porém, previsão legal

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específica que autorize um cidadão a suscitar o controle da omissão pela própriaadministração.

(2) Em consonância com as construções doutrinárias acerca do uso e do abuso do poderadministrativo, a lei considera que o gestor público age com excesso de poder quandopratica o ato administrativo visando a fim diverso daquele previsto, explícita ouimplicitamente, na regra de competência.(3) Para as partes envolvidas, os efeitos da anulação de um ato administrativoretroagem à data da prática do ato ilegal. Apesar da anulação, porém, admite-se a produçãode efeitos em relação a terceiros de boa-fé, podendo o ato anulado ensejar, por exemplo,uma eventual reparação de danos.(4) A ação popular e o mandado de segurança são instrumentos processuais adequadosà eventual invalidação de atos administrativos discricionários.(5) A revogação do ato administrativo é ato privativo da administração pública, hajavista decorrer de motivos de conveniência ou oportunidade. Como corolário, é corretoafirmar, então, que o Poder Judiciário jamais poderá revogar um ato administrativo.

3 – (FISCAL DE RENDAS/ISS/RIO DE JANEIRO/2002) A respeito do controle dos atosadministrativos pelas Cortes de Contas, é correto afirmar-se que:a) alcança a legalidade, a legitimidade e a economicidade do atob) limita-se à verificação da conformação à lei dos elementos estruturais do atoc) abrange, além da legalidade, o exame das causas que impulsionaram o administrador aagir

d) revê, apenas, os aspectos relacionados com a competência, a forma, o objeto, o motivo ea finalidade do ato

4 – (ESAF/TRF/2002-2) Os vícios do ato administrativo estão previstos na lei queregulamenta o seguinte instituto de controle do Poder Público:a) mandado de segurançab) ação popularc) ação direta de inconstitucionalidaded) ação civil pública

e) mandado de injunção

5 - (ESAF/TRF/2002) A fiscalização dos órgãos da Administração Pública Federal, quantoaos aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade, será exercida pelo CongressoNacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União – TCU, e pelo sistema de controleinterno de cada Poder, sendo que ao TCU compete apreciar as contas anuais do Presidenteda República e das suas decisões, em geral, cabe recurso para o Congresso, salvo as de queresulte imputação de débito, porque terão eficácia de título executivo.a) Correta a assertiva.

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b) Incorreta a assertiva, porque a apreciação das contas presidenciais é da competênciaexclusiva do Congresso Nacional.

c) Incorreta a assertiva, porque das decisões do TCU não cabe recurso para oCongresso Nacional.d) Incorreta a assertiva, porque as decisões do TCU imputando débito não têm eficáciade título executivo.e) Incorreta a assertiva, porque o controle interno se restringe a verificar a regularidadecontábil de contas.

6 - (ESAF/TRF/2002-2) Na área federal, o Tribunal de Contas da União (TCU) exerce omonopólio do controle contábil, financeiro e orçamentário, da Administração PúblicaFederal Direta e Indireta, quanto aos aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade.

a) Correta a assertiva.b) Incorreta a assertiva, porque esse controle é exercido com exclusividade peloCongresso Nacional.c) Incorreta a assertiva, porque tal função cabe ao sistema de controle interno, comexclusividade.d) Incorreta a assertiva, porque tal fiscalização é compartilhada entre CN, TCU esistema de controle interno.e) Incorreta a assertiva, porque esse controle exercido pelo TCU se restringe àAdministração Direta.

7 - (ESAF/AFRF/2002) Assinale a alternativa certa.a) O habeas data será concedido para assegurar o conhecimento de informaçõesrelativas à pessoa do impetrante constantes, exclusivamente, de registros ou banco de dadosoficiais ou governamentais.b) O mandado de injunção será concedido quando faltar a norma regulamentadora doexercício dos direitos inerentes às liberdades constitucionais e das prerrogativas relativas ànacionalidade, à soberania, à cidadania e à propriedade.c) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por associação legalmenteconstituída e em funcionamento há pelo menos dois anos, em defesa dos interesses de seusassociados.d) São gratuitos, em caráter universal, o registro civil de nascimento e a certidão deóbito.e) A ação popular tem por objeto a proteção do patrimônio público, ou de entidade queo Estado participe, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimôniohistórico e cultural.

8 - (ESAF/INSS/2002) Administração Tributária e Fazendária) Entre as finalidadesinstitucionais dos sistemas de controle interno dos Poderes da União, previstasexpressamente na Constituição, não se inclui a de:

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a) exercer o controle das operações de crédito.b) exercer o controle dos haveres da União.

c) apoiar o controle externo.d) avaliar os resultados da aplicação de recursos públicos, por entidades de direitoprivado.e) examinar os planos e programas nacionais e regionais previstos na Constituição.

GABARITO1. C, C, E2. E, E, C, C, E

3. A4. B5. C6. D7. E8. E

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AULA 1 1 : RESUMO DE DI REI TO ADMI NI STRATI VO TÓPI COS “ PARA GUARDAR”

AULA 1

Direito Administrativo é oconjunto dos princípios jurídicos que tratamda Administração Pública, suas entidades, órgãos, agentes públicos , enfim, tudo oque diz respeito à maneira como se atingir às finalidades do Estado.

O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, cujaprincipalcaracterística encontramos no fato de haver umadesigualdade jurídica entre cadauma das partes envolvidas, ou seja, a Administração Pública seencontra numpatamar superior ao particular.

Esse ramo do Direito regra todas as atividades administrativas doEstado , qualquer que seja o Poder que a exerce, ou o ente estatal a que pertença: se aatividade é administrativa, sujeita-se aos comandos do Direito Administrativo.

Quatro são as principais fontes do Direito Administrativo:I – lei: fonte primária, principal, em geral abstrata e geral;II – jurisprudência: conjunto de decisões do Poder Judiciário no mesmo

sentido, é fonte secundária;III – doutrina: teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, é fonte

secundária;

IV – costumes: reiteração uniforme de determinado comportamento, é fontesecundária.Regime jurídico administrativo é oconjunto das regras que buscam

atender aos interesses públicos.São princípios basilares do Direito Administrativo:supremacia do

interesse público sobre o particular e indisponibilidade do interesse público .No Brasil, aJurisdição é una , cabendoapenas a um órgão a competência

de dizer o Direito de forma definitiva , é dizer, fazendo coisa julgada material:Poder Judiciário.

Diz-se que aJurisdição é dual quando há previsão de que dois órgãos se

manifestem de forma definitiva sobre o Direito , cada qual com suas competênciaspróprias, como na França.Aqui, as decisões em matéria administrativa só fazem coisa julgada material

quando tomadas pelo Judiciário.Dualidade de jurisdição e duplo grau de jurisdição não se confundem.

Dualidade: dois órgãos dizendo o Direito no caso concreto, de forma definitiva.Duplo grau: duas instâncias, dentro do mesmo órgão, decidindo a mesma matéria,uma superior à outra.

Pelo princípio específico dalegalidade , a Administração Pública só poderáfazer o que estiver previsto na lei.

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Duas são as vertentes do princípio daimpessoalidade . Na primeira,qualquer ato da Administração Pública deve zelar pelo interesse público, não pessoal.Na outra, os atos são imputados à entidade a que se vincula o agente público, não aele próprio.

O princípio damoralidade diz respeito à moral interna da instituição, quedeve pautar os atos dos agentes públicos, como complemento à lei. Os atos devemser, além de legais, honestos, e seguir os bons costumes e a boa administração.

Seguindo o princípio dapublicidade , a regra é de que todos os atos devemser públicos, garantindo a transparência estatal. As exceções devem ser legalmenteprevistas e também atenderem ao interesse público.

O princípio daeficiência prega a maximização de resultados em qualqueração da Administração Pública, que deve ser rápida, útil, econômica, voltada para osmelhores resultados esperados por todos.

Cinco princípios básicos da Administração, expressos na ConstituiçãoFederal, em seu art. 37, caput:legalidade, impessoalidade, moralidade,publicidade e eficiência.

LIMPE a Administração Pública:L egalidadeI mpessoalidadeM oralidadeP ublicidadeE ficiência A supremacia do interesse público é um princípio basilar da

Administração Pública, que deve ser observado tanto pelo legislador, no momento deproduzir a lei, quanto pelo administrador, quando de sua execução. Ointeressepúblico é indisponível , tendo o agente público o poder-dever de agir de acordo comesse princípio.

Em face do atributo da presunção de legitimidade, tomam-se comoexistentes os fatos alegados e como legais os atos administrativos praticados, atéprova em contrário. É uma presunção relativa, “juris tantum”.

O princípio da continuidade estabelece a necessidade de que aAdministração Pública não interrompa a prestação de seus serviços, pois

fundamentais e essenciais à coletividade.O princípio dahierarquia determina que haja coordenação e subordinaçãoentre os órgãos da Administração Pública, com a possibilidade de revisão de atos,delegação, avocação e punição.

Pelo princípio daauto tutela cabe à Administração Pública rever seuspróprios atos, anulando os ilegais e revogando os inconvenientes ou inoportunos. Écontrole interno, diferente da tutela, que é controle externo, sujeição exercida poroutra pessoa.

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Qualquer ação tomada dentro da esfera pública deve ser pautada no princípioda razoabilidade , implicando em coerência entre os meios e os fins, considerando-setodas as situações e circunstâncias que afetem a solução.

O princípio damotivação exige que a Administração Pública fundamentetodos seus atos adequadamente, sempre vinculando o ato aos motivos apresentados.Ainda que o ato discricionário esteja entre as exceções de obrigatoriedade demotivação, segundo aTeoria dos Motivos Determinantes , o motivo alegado seadere e se vincula ao ato: se aquele for inexistente, este também será.

Pelo princípio daigualdade , todos devem receber tratamento isonômico daAdministração Pública. Sendo iguais, o tratamento não pode ser diferente. Asdiferenças devem ser consideradas e, atendendo ao princípio da razoabilidade, justificar as diferenças de tratamento.

Pelo princípio dasegurança jurídica, garante-se a estabilidade relativa dasrelações jurídicas, não passíveis de alteração aleatória pela Administração Pública,mas apenas dentro das possibilidades e prazos legais de alterações.

Todo processo, inclusive o administrativo, deve obediência aodevidoprocesso legal (“due process of law”), de onde provém também os princípios docontraditório e da ampla defesa.

O contraditório assegura que a parte tem o direito de se manifestar sobretodas as provas produzidas e sobre as alegações feitas pela parte adversa.

Por ampla defesa entende-se a possibilidade que o acusado tem de usartodos os meios lícitos admitidos para provar o que alega, inclusive manter-se calado(art. 5º, LXIII, CF/88) e não produzir provas contra si.

AULA 2

AdministraçãoPública é o Estado;administraçãopública é a atividadeadministrativa do Estado.

Administração Direta/Centralizada: prestação serviços públicos pelospróprios órgãos estatais.

Administração Indireta/Descentralizada: prestação de serviços públicos pordelegação ou outorga do poder público.

Descentralização: repasse de atividades de uma pessoa para outra.Desconcentração: repasse de atividades dentro da mesma pessoa jurídica.O repasse de serviço público pode ser feito para pessoas jurídicas de direto

público ou de direito privado.Mesmo as pessoas privadas têm limitações, impostas pela derrogação do

direito privado pelo público.A descentralização pode ser via outorga (por lei, da titularidade e da

execução), ou delegação (por contrato/ato, da execução somente).Características dasautarquias :

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--criação por lei específica; organização por decreto, regulamento ouestatuto;

--personalidade jurídica de direito público;--auto-administração;--atuação em nome próprio;--especialização dos fins ou atividades; exercem atividades típicas de Estado;--sujeita a controle ou tutela ordinária, preventiva ou repressiva, de

legalidade ou de mérito;--dotadas de patrimônio próprio, inalienável, impenhorável e imprescritível;--admissão de servidores públicos por concurso(art. 37, II, CF/88), sob

regime estatutário ou da CLT; admissão sem concurso só na hipótese do art. 37, IX,CF/88;

--reclamações trabalhistas processadas perante a Justiça do Trabalho (art.114, CF/88) se o vínculo for trabalhista, e perante a Justiça Comum, se for estatutário(art. 109, I, CF/88 e Súmula 137/STJ);

--impossibilidade, em regra, de seus servidores acumularem cargos públicos(art. 37, XVI e XVII, CF/88);

--atos dos dirigentes podem ser questionados por mandado de segurança eação popular;

--imunidade (recíproca ou ontológica) de impostos sobre patrimônio, renda eserviços (art. 150, §2º, CF/88);

--débitos pagos mediante precatório, exceto os definidos em lei como depequeno valor (art. 100, §§ 1º e 3º, CF/88);--prazos processuais privilegiados: em dobro para recorrer e em quádruplo

para contestar (art. 188, CPC) e garantia do duplo grau de jurisdição obrigatório,quando a sentença lhe for desfavorável (art. 475, II, CPC e Lei nº 9.469/97, art. 10);

--atos com presunção de legalidade;--créditos cobrados via execução fiscal (Lei nº 6.830/80 e art. 578, CPC);--responsabilidade objetiva e possibilidade de ação de regresso contra seus

servidores (art. 37, § 6º. CF/88);--sujeita às regras licitatórias (Lei nº 8.666/93).Autarquia Territorial é a divisão geográfica, com personalidade jurídica

própria, criada para prestar serviços genéricos à sociedade.Autarquia em Regime Especial é uma característica dada a certas

autarquias pela lei que as cria, correspondendo apenas apresença de um maiornúmero de privilégios . Em geral, são subdivididas em: Agências Reguladoras eAgências Executivas.

Agência Reguladora é uma autarquia criada sob regime especial, com aatribuição de exercer o poder normativo das concessões e permissões de serviçospúblicos, competência essa que, originalmente, é do Poder Público.

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Agência Executiva é uma qualidade ou atributo de pessoa jurídica de direitopúblico que celebre contrato de gestão.Tal qualidade pode ser atribuída tanto àsautarquias quanto às fundações, desde que cumpram os requisitos legais.

Fundação instituída pelo poder público é um patrimônio dotado depersonalidade jurídica, destinado à prestação de atividades públicas na área social.Segundo STF, é espécie do gênero autarquia.

Principaiscaracterísticas das empresas públicas :--criação autorizada por lei específica (art. 37, XIX, CF/88); uma vez

autorizada, a criação seguirá o modelo do direito privado, por meio de decreto;extinção também por lei;

--podem ser sociedades mercantis, industriais ou de serviços; vinculam-seaos fins previstos na lei;

--podem prestar serviço público ou explorar atividade econômica em carátersuplementar, se necessária à segurança nacional ou relevante interesse coletivo;--sujeitas às regras do direito privado, derrogado (parcialmente revogado)

pelo direito público, quando exploradora de atividade econômica e às regras dodireito público, com as ressalvas constitucionais e legais, quando prestadora deserviço público;

--devem licitar, com regras próprias ou da Lei de Licitações nº 8.666/93;--capital exclusivamente público (unipessoal se 100% do capital pertencer a

um ente da federação; pluripessoal se dividido entre dois ou mais entes);--sujeitas às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias;

--vedados privilégios fiscais não extensivos ao setor privado;--a responsabilidade civil objetiva (art. 37, § 6º, CF/88) somente se aplica

àquelas prestadoras de serviços públicos, não às exploradoras de atividadeseconômicas;

--admitem qualquer forma societária admitida em direito (sociedadeanônima, de responsabilidade limitada, capital e indústria, comandita etc);

--servidores regidos pela CLT, com acesso mediante concurso público (art.37, II, CF/88), sendo possível o acesso mediante seleção simplificada no caso deexploradora de atividade econômica;

--impossibilidade de acumulação de cargos de seus servidores (art. 37, XVI eXVII, CF/88), e equiparados a funcionários públicos para fins penais (art. 327, CP) ede improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92);

--sujeição ao teto de remuneração, se receber recursos públicos parapagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º);

--competente a Justiça do Trabalho nas causas em que a controvérsia édecorrente de contrato de trabalho (STJ, MAS 1.691/PE, 06/09/91);

-- competente a Justiça Federal, com as exceções do art 109, I, CF/88, nocaso das empresas públicas federais, e da Justiça Estadual, no caso das estaduais emunicipais;

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--atos dos dirigentes podem ser questionados por mandado de segurança (sede natureza pública) e ação popular (se lesivos ao patrimônio público).

No que concerne à possibilidade defalência , há muita divergência nadoutrina. Porém, como regra geral, podemos dizer que, se forprestadora de serviçopúblico, não se sujeita à falência ; se for exploradora de atividade econômica,pode se sujeitar a ela , em face da similaridade com o regime privado.

Características comuns às empresas públicas e às sociedades deeconomia mista : criação e extinção por lei; personalidade jurídica de direito privado;sujeição parcial ao direito público e ao controle do Estado; atividade de naturezaeconômica.Características próprias das empresas públicas : capital integralmentepúblico; sob qualquer forma admitida em direito.Características próprias dassociedades de economia mista : capital misto público/privado, com participaçãomajoritária daquele; exclusivamente sob a forma de sociedade anônima.

Enquanto aempresa pública tem foros diferentes (Justiça Federal , nocaso das empresas públicas federais, eJustiça Estadual , no caso das estaduais emunicipais), associedades de economia mista têm como foro sempre aJustiçaEstadual.

Convênios são ajustes entre pessoas públicas entre si ou entre elas eparticulares para realização de serviços ou obras públicas

Consórcio é o ajuste entre pessoas públicas da mesma espécie (ou seja,entre Estados, entre Municípios) para consecução de interesse comum entre daspartes.

Serviços Sociais Autônomos são pessoas jurídicas de direito privado que

colaboram com a Administração Pública, sem fins lucrativos e que, regra geral,se vinculam a categorias profissionais. Atuam nas áreas de educação, saúde,assistência social.

Organizações Sociais são pessoas jurídicas de direito privado sem finslucrativos, voltadas ao desempenho de atividades de interesse público, emespecial nas áreas de saúde, cultura, ensino, pesquisa, tecnologia, meio ambienteque, declaradas de interesse social ou de utilidade pública, celebram contratosde gestão com a Administração Pública.

Os contratos de gestão são acordos entre a Administração PúblicaCentralizada e as entidades da Administração Indireta, ou entre aquela e asorganizações sociais, com o objetivo deestabelecer metas e diretrizes, emcontrapartida de uma maior autonomia administrativa . Se o pacto é entre aAdministração Pública e uma organização social, pode haver repasse de verbaspúblicas, com o controle estatal de atingimento dos objetivos contratados.

O controle é de resultados .O princípio basilar desses contratos é aeficiência .Pactuado com umórgão , amplia sua autonomia , vinculada ao atingimento

das metas estipuladas no mesmo contrato.

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Celebrado com umaorganização social, haverá umaumento no controleestatal sobre essa entidade, uma vez que passará a lhe fornecer bens e recursospúblicos para a consecução dos seus objetivos.

AULA 3

A Administração Pública faz uso de seus diversos poderes para que afinalidade de interesse público seja atingida.

Para o exercício doPoder Vinculado , devem ser observados todos oscontornos traçados pela lei , que não deixa margem de manobra à autoridaderesponsável. A lei estabelece todos os detalhes, como deve ser feito, quando, porquem etc.

São elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma,motivo e objeto.No exercício do Poder Vinculado, esses cinco requisitos são previstos na

lei e de observância obrigatória . Os três primeiros (competência, finalidade eforma) são sempre vinculados, mesmo no âmbito do Poder Discricionário.

No caso do Poder Discricionário, a lei também estabelece uma série deregras para a prática de um ato, mas deixa certa dose deprerrogativas à autoridade,que poderá optar por um entre vários caminhos igualmente válidos . Se a leideixa certo grau de liberdade, diz-se que há discricionariedade.

Não existe poder discricionário absoluto , pois sempre a lei fixará os

limites de atuação.Mérito administrativo = conveniência + oportunidade .Não compete ao Judiciário a apreciação do mérito administrativo.

Porém exceção, o Judiciário pode rever critérios de mérito, mas apenas dos seuspróprios atos administrativos , ou seja, quando atua em suas funções secundárias,não jurisdicionais.

O Poder Hierárquico advém da estrutura hierarquizada da AdministraçãoPública, podendo o superior, com relação a seu subordinado:dar ordens (que devemser obedecidas, exceto quando manifestamente ilegais);fiscalizar (verificação eacompanhamento das tarefas executadas pelos subordinados);delegar (repasse deatribuições administrativas de responsabilidade do superior para o subalterno);avocar (representa o caminho contrário da delegação, é dizer, acontece a avocaçãoquando o superior atrai para si a tarefa de responsabilidade do subordinado);rever (os atos de seus subordinados, enquanto não for tal ato definitivo, mantendo-o oumodificando-o).

O Poder Disciplinar é representa o poder-dever de a Administração Públicapunir seus servidores sempre que cometam faltas, apuradas mediante sindicância ouProcesso Administrativo Disciplinar, ou oparticular submetido ao controle estatal,como no caso daquele que descumpre contrato administrativo.

O Poder Regulamentar foi conferido pela Constituição Federal aoschefesdo Poder Executivo federal, municipal e estadual, cabendo-lheseditar normas

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gerais e abstratas que,em complemento à lei , a explicam, dando sua corretaaplicabilidade. São também chamados dedecretos de execução .

A partir da edição da Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001, quealterou a redação do inciso VI do mesmo art. 84, também é competente o Presidenteda República para dispor,mediante decreto , sobre a organização e funcionamento daAdministração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ouextinção de órgãos públicos, e a extinção de funções ou cargos públicos, quandovagos. Esse é o chamadodecreto autônomo.

Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública paracondicionar o uso, o gozo e a disposição da propriedade ou liberdades, em prol dacoletividade ou do Estado.

Elementos essenciais que caracterizam os atos de polícia: editado pelaAdministração Pública ou por quem lhe faça as vezes; fundamento num vínculogeral; interesse público e social; incidir sobre a propriedade ou sobre a liberdade.

AULA 4

Atos jurídicos são aqueles que produzem efeitos jurídicos, ou seja,interessam ao estudo do Direito. Uma espécie desses é o ato administrativo.

Atos administrativos são aqueles advindos da vontade da AdministraçãoPública na sua função própria, com supremacia perante o particular, sob as regras doregime jurídico administrativo , de formaunilateral.

Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade daAdministração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediatoadquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ouimpor obrigações aos administrados ou a si própria.

São praticados por todos os Poderes, no exercício da função Administrativa.Fatos administrativos são meras ações de implementação da função

administrativa, como manter a cidade limpa ou cortar uma árvore. São os atosmateriais.

Elementos dos atos administrativos:competência; finalidade; forma;motivo; objeto.

Em qualquer ato, seja ele vinculado ou discricionário,os três primeirosrequisitos serão de observância obrigatória , ou seja, sempre serão vinculados.Competência é a capacidade, atribuída pela lei, do agente público para o

exercício de suas atribuições.Quando o agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeuexcesso de

poder , passível de punição.A competência é obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodificável,

imprescritível e improrrogável.Improrrogável significa dizer que se é incompetentehoje, continuará sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em sentidocontrário, é dizer, um fato futuro não vai prorrogar, ampliar, a competência do agente.

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Imprescritível é aquela que continua a existir, independente de seu não uso. Dizerque é irrenunciável corresponde à impossibilidade de o agente competente “abrirmão” de praticá-la.Intransferível , ou inderrogável, é a impossibilidade de setransferir a competência de um para outro, por interesse das partes.

É possível a delegação ou avocação de competência.Delegar correspondeao repasse de atribuições administrativas de responsabilidade do superior para osubalterno, eavocar representa o caminho contrário da delegação, é dizer, acontece aavocação quando o superior atrai para si a tarefa de responsabilidade do subordinado.

A delegação pode ocorrer , não havendo impedimento legal, quando forconveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídicaou territorial.

Estáproibida a delegação nos casos de edição de atos de caráter normativo,decisão de recursos administrativos, matérias de competência exclusiva do órgão ouautoridade.

O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridadedelegante.

Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantesdevidamente justificados, aavocação temporária de competência atribuída a órgãohierarquicamente inferior.

A única e exclusiva finalidade de todo ato administrativo é sempre ointeresse público , jamais podendo ser praticado com a finalidade de atender ainteresse privado , caso em que será nulo e eivado de vício dedesvio de finalidade .

A forma é o modo através do qual se exterioriza o ato administrativo, é seurevestimento.

Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. Nesse caso, a forma será vinculante.

O motivo é a circunstância de fato ou de direito que determina ouautoriza a prática do ato .

Esse componente do ato nem sempre está previsto na lei. Quando está neladescrito, évinculante , ou seja, o ato depende da ocorrência da situação prevista. Emoutras ocasiões, a lei defere ao agente a avaliação daoportunidade e conveniênciada prática do ato que, nesse caso, serádiscricionário .

O mérito administrativo é a análise da oportunidade e da conveniência aopraticar o ato.

Motivação é a série de motivos externados que justificam a realização dedeterminado ato.

Os atos administrativos deverão ser motivados, quando neguem, limitem ouafetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; dispensem oudeclarem a inexigibilidade de processo licitatório; decidam recursos administrativos;decorram de reexame de ofício; deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre aquestão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; importemanulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

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Objeto é o conteúdo do ato.Juntamente com o motivo, pode não estar previsto expressamente na

legislação, cabendo ao agente competente a opção que seja mais oportuna econveniente ao interesse público, caracterizando, então o exercício do PoderDiscricionário.

Nos atos discricionários , os objetos e motivos podem ser avaliados,valorados, dentro dos limites legais, pela autoridade responsável por sua prática.

Nosatos vinculados , todos os elementos são previstos expressamente na lei,não deixando margem de manobra ao agente.

Qualquer que seja o ato, vinculado ou discricionário, acompetência ,finalidade e forma sempresão de observância obrigatória , distinguindo-se um dooutro apenas pelomotivo e objeto .

Mérito administrativo : verificação domotivo e do objeto , em atenção àoportunidade e conveniência da prática do ato de uma ou outra maneira.No atovinculado não existe verificação do mérito , pois a lei já esgotou as regras para suaprática.

MÉRITO ADMINISTRATIVO = CONVENIÊNCIA + OPORTUNIDADEOs atos vinculados são analisados do ponto de vista dalegalidade ; os

discricionários , além dalegalidade , também são vistos do ponto de vista domérito .Não há controle judicial do mérito administrativo , quando ato é praticado

dentro dos limites impostos pela lei.Ao Judiciário, no exercício de sua atividade principal, só cabe análise de

legalidade do ato.O Judiciário,quando no exercício de sua atividade secundária deadministrador de seus órgãos e servidores, também pratica atos, inclusivediscricionários. Nesse caso,ele mesmo pode rever seus critérios de oportunidade econveniência .

Naqueles em que a motivação não é obrigatória, quando o motivo éexpressamente declarado, vincula-se ao ato, de tal forma quea validade desse atodependerá da validade do motivo externado . Essa é a Teoria dos MotivosDeterminantes .

Não confunda avinculação do motivo expressado com aprática de um atovinculado .

A discricionariedade está em praticar o ato de uma forma ou outra, em facedos motivos possíveis. Uma vez feita a opção por um dos caminhos, e declarado omotivo dessa escolha, o ato passa a ter sua existência e validade diretamente ligada atal motivo, mas a natureza do ato continua sendo discricionária.

Atributos são as características, as qualidades dos atos administrativos, queos distinguem dos demais atos jurídicos, pois submetidos ao regime jurídicoadministrativo.

Atributos dos atos administrativos:presunção de legitimidade everacidade ; imperatividade ; auto-executoriedade ; tipicidade .

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Diz-se que se presume legítimo determinado ato administrativo baseado noprincípio de legalidade . Se ao administrador só cabe fazer o que alei admite, e daforma como nela previsto, então, se produziu algum ato,presume-se que o fezrespeitando a lei .

A presunção de veracidade refere-se aosfatos citados pela AdministraçãoPública.

A presunção é relativa, ou seja, admite prova em contrário.Alguns efeitos dessas presunções:não é necessária prévia manifestação do

Judiciário validando o ato;todos devem cumpri-lo , enquanto não anulado;cabeprova em contrário , a ser produzida por quem alega o vício, ou seja, há inversão doônus da prova;não há manifestação judicial de ofício quanto à validade do atoadministrativo, mas somente com provocação do interessado; em obediência aoprincípio da auto-tutela,pode/deve a Administração Pública rever seus própriosatos, de ofício .

Os atos administrativos sãoimperativos , se impõem aos destinatáriosindependentemente de concordarem ou não com ele. É também chamado esseatributo dePoder Extroverso.

Essenão é um atributo comum a todos os atos , mas tãosomente aos queimpõem obrigações aos administrados.

A auto-executoriedade garante que a Administração Pública possa fazerexecutar o ato, por si mesma e imediatamente, independente de ordem judicial.

Não significa dizer que esse ato escapa ao controle judicial: poderá serlevado ao crivo desse Poder, se houver provocação da parte interessada.

O ato administrativo deve corresponder atipos previamente definidos pelalei para produzir os efeitos desejados.

CLASSIFICAÇÃOConcretos: são atos produzidosvisando um único caso, específico , e nele

se encerram.Abstratos : chamados também denormativos , são os queatingem a um

número indefinido de pessoas , e que podem continuar sendo aplicados inúmerasvezes.

Ato simples : nasce da manifestação de vontade deapenas um órgão, sejaele unipessoal ou colegiado.

Ato complexo : para que seja formado, necessita damanifestação devontade de dois ou mais órgãos diferentes.

Ato composto : é aquele quenasce vontade de apenas um órgão, porém,para que produza efeitos, depende da aprovação de outro ato, que o homologa .

Individuais : são aqueles que têmdestinatários certos , nominados.Gerais : os destinatários são muitos, inominados , mas unidos por uma

característica em comum, que os faz destinatários do mesmo ato abstrato.Constitutivo : geram uma nova situação jurídica aos destinatários .

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Declaratório : simplesmenteafirmam ou declaram uma situação jáexistente , seja de fato ou de direito. Também é ditoenunciativo .

Modificativo : altera a situação já existente, sem que seja extinta, nãoretirando direitos ou obrigações.Extintivo : pode também ser chamadodesconstitutivo , que é o ato quepõe

termo a um direito ou dever existentes .Internos : destinados a produzir seusefeitos no âmbito interno da

Administração Pública, não atingindo terceiros.Externos : tem como destinatárias pessoas além da Administração

Pública , e, portanto,necessitam de publicidade para que produzam adequadamenteseus efeitos.

Vinculado : a lei estabelece todos os contornos do ato , como deve ser feito,

quando, por quem etc,não deixando ao agente qualquer grau de liberdade .Discricionário : a lei também estabelece uma série de regras para a práticade um ato, masdeixa certo grau de liberdade à autoridade, quepoderá optar porum entre vários caminhos igualmente válidos .

Válido : é o que atende a todos os requisitos legais : competência,finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estarperfeito , pronto para produzir seusefeitos ou estarpendente de evento futuro.

Nulo : é o quenasce com vício insanável , ou seja, um defeito que não podeser corrigido.

Anulável : é o ato quecontém defeitos, porém, que podem ser sanados ,

convalidados.Inexistente : é aquele queapenas aparenta ser um ato administrativo , mas

são produzidos por alguém que se faz passar por agente público, sem sê-lo, ou quecontém um objeto juridicamente impossível.

Perfeito : é aquele quecompletou seu processo de formação , estando aptoa produzir seus efeitos.

Imperfeito : não completou seu processo de formação , portanto, não estáapto a produzir seus efeitos.

Pendente : para produzir seus efeitos,sujeita-se a condição ou termo , mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas aguardando o implemento desse

acessório.Condição é eventofuturo e incerto; termo é eventofuturo e certo .Consumado : é o ato que já produziu todos os seus efeitos , nada mais

havendo para realizar.Perfeição : refere-se ao processo de formação do ato, que foi todo cumprido.Validade : refere-se à conformidade do ato com a lei.Eficácia : é a capacidade do ato para produzir seus efeitos.Exeqüibilidade : é a capacidade do ato para produzir seus efeitos

imediatamente.

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Um ato énulo quando afronta a lei,quando foi produzido com algumailegalidade . Pode serdeclarada pela própria Administração Pública , no exercíciode sua auto-tutela,ou pelo Judiciário . Operaefeitos retroativos , “ex tunc”.

Revogação é a forma dedesfazer um ato válido, legítimo, mas que não émais conveniente, útil ou oportuno . Como é um ato perfeito, que não maisinteressa à Administração Pública, só por ela pode ser revogado,não cabendo aoJudiciário fazê-lo , exceto no exercício de sua atividade secundária administrativa, ouseja, só pode revogar seus próprios atos administrativos. Seus efeitos são proativos,“ex nunc”.

Não podem ser revogados, entre outros, os atos vinculados, os jáconsumados, os que geraram direito adquirido etc.

Convalidar é tornar válido , é efetuar correções no ato administrativo, deforma que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigências legais.

A convalidação será sempre retroativa, “ex tunc” , lançando seus efeitossempre à data da realização inicial do ato.

A finalidade, o motivo e o objeto nunca podem ser convalidados .A forma pode ser convalidada, desde que não seja fundamental à

validade do ato .Com relação à competência, é possível a convalidação dos atos que não

sejam exclusivos de uma autoridade, quando não pode haver delegação ou avocação.Assim,desde que não se trate de matéria exclusiva, pode o superior ratificar oato praticado por subordinado incompetente .

AULA 5

As principais características das concessões e concessionários são:--é delegação de serviço público , obra ou uso de bem público, feita pelo

poder concedente (União, Estados-membros, Distrito Federal ou Municípios) em cujacompetência se encontra o serviço delegado;

--não transfere a titularidade, somente a execução ou uso;--feita através decontrato bilateral , precedido de licitação, na modalidade

concorrência (art. 175, CF/88);--contrato é de natureza administrativa , ou seja, sujeito às regras do

direito público;--cabe à União fixar normas gerais de contratação, em todas as modalidades

(art. 22, XXVII, CF/88);--a execução do serviço pelo concessionário é por sua conta e risco, epaga

mediante tarifa , com natureza de preço público;--concedente fixa normas de prestação do serviço ou uso do bem público,

fiscaliza, impõe sanções e reajusta tarifas;

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--concessionário tem direito à manutenção doequilíbrio econômico-financeiro da concessão;

--concessionário se sujeita às obrigações civis, comerciais, trabalhistas etributárias;--a subcontratação é possível desde que prevista no edital e no contrato, e

com prévia anuência da Administração Pública concedente, que não se obriga a tal,ainda que haja previsão no edital e no contrato (Lei nº 8.987/95, art. 26);

--poderá haver encampação , que é a retomada do serviço pelaAdministração Pública antes do prazo estabelecido, por interesse público,com aconseqüente indenização do concessionário. Trata-se de ato unilateral daAdministração Pública;

--por inadimplemento contratual por parte do concessionário, poderá havercaducidade ou decadência , sem direito à indenização , exceto à parte nãoamortizada dos equipamentos que reverterão para o poder concedente; também é atounilateral;

--reversão é a incorporação dos bens do concessionário pelo poder público,para prosseguimento na prestação do serviço, nos casos de extinção da concessão,com direito à indenização (Lei nº 8.987/95, art. 36);

--a responsabilidade civil objetiva (art. 37, § 6º, CF/88) se aplica aoconcessionário que causa prejuízos a terceiros, em decorrência da prestação deserviço público;

--em regra, é necessária lei autorizativa para a execução indireta de serviçosmediante concessão.

Em resumo, temos as seguintescaracterísticas das permissionárias : --é delegação de serviço público ou uso de bem público, feita pelo poder

concedente (União, Estados-membros, Distrito Federal ou Municípios) em cujacompetência se encontra o serviço delegado;

--não transfere a titularidade, somente a execução ou uso;--feita através decontrato de adesão , no caso dosserviços públicos,

precedido de licitação,revogável unilateralmente e precário (art. 175, CF/88);--se a permissão é deuso de bem público , será feita porato unilateral,

precário ;

--talcontrato é sujeito às regras do direito público;--cabe à União fixar normas gerais de contratação, em todas as modalidades(art. 22, XXVII, CF/88);

--a execução do serviço pelo concessionário é por sua conta e risco, epagamediante tarifa , com natureza de preço público;

--concedente fixa normas de prestação do serviço ou uso do bem público,fiscaliza, impõe sanções e reajusta tarifas;

--a responsabilidade civil objetiva (art. 37, § 6º, CF/88) se aplica aopermissionário que causa prejuízos a terceiros, em decorrência da prestação deserviço público;

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--entre as principaisdiferenças com a concessão , destaco a necessidade decontrato bilateral para este, bem como licitação na modalidade concorrência emaiores garantias ao contratado;

--em regra, é necessária lei autorizativa para a execução indireta de serviçosmediante permissão.

A autorização é ato administrativo precário, discricionário , pelo qual aAdministração Pública investe o particular na execução e exploração de serviçopúblico, repassada via termo de autorização, não se exigindo licitação. Tem lugar emsituações de urgência e transitórias.

AULA 6

Regime jurídico é o conjunto de regras que disciplinam determinadoinstituto.Essas normas podem ser estabelecidas por lei (regime legal ou estatutário)

ou por contrato (regime contratual).O gêneroagentes públicos abrange todas as pessoas que, de uma forma ou

de outra, mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam algum tipo deserviço ao Estado.

Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, osagentes políticos, os agentes em delegação e os servidores públicos.

Agentes políticos são os que compõem os altos escalões do Governo(Presidente da República, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador eMagistrado).

Agentes em delegação são aqueles particulares que recebem do Estado acompetência para executar determinada atividade pública, ou prestação de serviçopúblico ou, ainda, construção de obra pública (leiloeiros, peritos, tradutores,concessionários, permissionários e autorizatários).

Servidores públicos (ou agentes administrativos), em sentido amplo, sãotodos os que prestam serviços ao Estado, incluindo a Administração Pública Indireta,tendo vínculo empregatício e pagos pelos cofres públicos. Nessa classificação estão:servidores estatutários , sujeitos ao regime legal,empregados públicos , do regimecontratual, e ostemporários , nos termos do art. 37, IX, da CF/88.

Os servidores estatutários (ou funcionários públicos), são os titulares decargos públicos e estão sujeitos ao regime legal.

Empregados públicos são aqueles contratados, seguindo o regimetrabalhista, próprio da iniciativa privada.

Os temporários são aqueles contratados para atividades, obviamente,temporárias, submetidos a um regime jurídico especial.

O conteúdo original docaput do art. 39 determinava que a União, osEstados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir, no âmbito de sua

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competência,regime jurídico único (RJU) e planos de carreira para os servidores daadministração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.

Não se exigia, obrigatoriamente, o regime estatutário, mas sim um mesmoregime para todos.Com a EC nº 19/98, alterou-se o texto do artigo 39, deixando de ser

necessária a fixação de um único regime jurídico para todos os servidores, passando aser possível a convivência, numa mesma esfera de governo, de múltiplos regimes jurídicos, cada qual estabelecendo regras de determinada carreira, com peculiaridadespróprias de cada caso.

O Estatuto não é imutável. Ao contrário,não cabe argüir violação aodireito adquirido contra mudanças no regime jurídico. Para o STF, não hádireito adquirido que garanta imutabilidade do regime jurídico.

Pode a Administração alterar unilateralmente as regras.Quando da mudança unilateral da lei, as situações já consolidadas devem ser

respeitadas.Cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na

estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor . É criado porlei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, paraprovimento em caráter efetivo ou em comissão.

Efetivo: se o preenchimento pressupõe continuidade e permanência nocargo. Em comissão : também chamado de confiança, está atrelado à confiança quedeterminada autoridade tem em seu auxiliar, e é temporário.

Ao celetista cabe oemprego público , que também é um conjunto deatribuições, mas que se diferencia exclusivamente pelo vínculo que une seus titularesao Estado.

Funcionário (estatutário) será titular de um cargo, empregado (celetista)será titular de um emprego.

Função: refere-se a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a umagente. Ou seja, é o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas aoagente, em especial relativas à chefia, direção ou assessoramento. É dita funções deconfiança.

Funções de confiança→ servidores ocupantes de cargo efetivo.

Cargos em comissão (=cargo em confiança)→

servidores de carreira. A investidura em cargo público depende de aprovação prévia em

concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeaçõespara cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

Aprovado em concurso público, dentro do número de vagas, o candidatoainda não tem direito ao cargo. Porém, temdois direitos assegurados : o de verrespeitada a ordem de classificação e o de ser chamado com prioridade sobre osdemais aprovados em concurso subseqüente, dentro do prazo de validade do primeiro.

A aprovação em concurso público gera mera expectativa de direito àinvestidura no cargo pleiteado.

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Exige-se a realização de concurso em atendimento aoprincípio daisonomia , ou igualdade, de forma que todos aqueles que atendam aos requisitosestabelecidos tenham as mesmas condições para concorrer ao cargo público. Não éum princípio absoluto. Características peculiares do cargo podem justificar níveis deexigência ou particularidades específicas em cada caso.

AULA 7

Provimento é o ato administrativo pelo qual se preenche o cargo vago.Requisitos básicos para investidura em cargo público: I - a nacionalidade

brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as obrigaçõesmilitares e eleitorais; IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;

V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental.A relação dos requisitos é meramente exemplificativa, podendo a lei exigiroutros, de acordo com as atribuições do cargo.

Duas são as formas de provimento de cargo público: originário ederivado . Aquele se refere a um vínculo inicial do servidor ao cargo, este depende devínculo anterior dele com a Administração Pública.

A única forma de provimento originário possível atualmente é anomeação .O acesso, ou ascensão , que seria provimento sem concurso público,

representando a passagem de uma carreira para outra,foi julgado inconstitucionalpelo STF .

A transferência , que é a passagem de servidor de um cargo para outro,pertencente a quadro de pessoal diverso, sem o indispensável concurso público, foitambém declarada inconstitucional.

A nomeação , única possibilidade de provimento originário de cargo públicodiante da atual Carta Política, é precedida necessariamente de concurso público,exceto nos casos de cargos em comissão, preenchidos por pessoas de confiança daautoridade competente e nas hipóteses de promoção na mesma carreira.

A promoção é um movimento ascendente dentro da mesma carreira, comacréscimo de vencimentos e de responsabilidades. Pode se dar por merecimento ouantiguidade.

Por readaptação entende-se a investidura do servidor em cargo deatribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em suacapacidade física ou mental verificada em inspeção médica. Em não havendo vaga, oreadaptado entrará em exercício como excedente.

Reversão : o aposentado tem duas formas de retorno à ativa por provimentoderivado. A primeira é daqueleaposentado por invalidez que deixou de serinválido , declarada essa situação por junta médica. Neste caso, como é de interesseda Administração Pública, encontrando-se provido o cargo, o servidor exercerá suasatribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.A segunda possibilidade deocorrência de reversão dá-se no interesse da Administração , desde que sejamatendidos, pelo aposentado, os seguintes requisitos: I - tenha solicitado a reversão; II -

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a aposentadoria tenha sido voluntária; III - estável quando na atividade; IV - aaposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; V - haja cargovago.

Aproveitamento é o retorno ao serviço público daquele que estava emdisponibilidade. Enquanto em disponibilidade, é remunerado proporcionalmente aotempo de serviço , e não tempo de contribuição, como é o caso dos proventos deaposentadoria (art. 40, §§ 1º e 9º, CF/88). A disponibilidade é exclusividade deservidor estável.

Quando um servidor é ilegalmente desligado de seu cargo, deverá serreintegrado , com o conseqüente ressarcimento de todos os prejuízos sofridos.

Na hipótese de estar provido o cargo, aquele que foi nomeado para essecargo do reintegrado poderá seguir três caminhos distintos: I – reconduzido ao cargode origem, sem direito à indenização; II – aproveitado em outro cargo; III – posto emdisponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço.

Duas são as possibilidades de provimento derivado viarecondução : I –inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; II – reintegração do anteriorocupante.

Em resumo, temos os seguintes casos: I – Readaptação: de quem sofreulimitação física ou mental; II – Reversão: do aposentado por invalidez que deixou deser inválido ou a pedido; III – Aproveitamento: daquele que está em disponibilidade;IV – Reintegração: do injustamente demitido; V – Recondução: do reprovado emestágio probatório em outro cargo ou de quem ocupava o cargo do reintegrado.

Cargo de provimento efetivo é aquele assim definido em lei, que será

preenchido via concurso público e que garante ao nomeado estabilidade após trêsanos de efetivo exercício.Cargo de provimento vitalício também gera direito à estabilidade, sendo

duas as principais diferenças entre este e o cargo efetivo: I – a Carta Magnaestabeleceu os cargos que devem assim ser providos, não cabendo à legislaçãoinfraconstitucional ampliar esse rol; II – a perda do cargo só se dará por sentença judicial transitada em julgado.

A vitaliciedade constitui uma exceção à regra da estabilidade, dando maisgarantias aos titulares dos cargos com essa prerrogativa, quais sejam, membros daMagistratura (art. 95, I, CF/88), do Tribunal de Contas (art. 73, § 3º, CF/88) e doMinistério Público (art. 128, 5º, ‘a’, CF/88). Outra característica própria, no caso dos juízes (primeiro grau) é o tempo para adquirir a vitaliciedade, que será de dois anosde exercício. No caso dos membros do Ministério Público, estes também, após doisanos de exercício, terão as garantias da vitaliciedade.

Os cargos em comissão são os de livre nomeação e exoneração, nãonecessitam de concurso público e não oferecem qualquer garantia de permanência aoseu titular, posto que transitórios.

Enquanto anomeação é ato unilateral da Administração Pública, a serpraticado segundo sua conveniência, mas dentro do prazo de validade do concurso, aposse é ato bilateral entre o aprovado em concurso público e Administração. A

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iniciativa é do nomeado, também de acordo com sua conveniência, no prazoimprorrogável de trinta dias.

A posse poderá dar-se mediante procuração específica.O prazo é de quinze dias para o servidor empossado em cargo públicoentrar em exercício, contados da data da posse.

Estágio probatório é o período a que se submete todo o servidor nomeadopara cargo de provimento efetivo, durante o qual a sua aptidão e capacidade serãoobjeto de avaliação para o desempenho do cargo.

Estágio Probatório, no âmbito do Conselho da Justiça Federal e da JustiçaFederal de primeiro e segundo graus, tem duração de 24 meses (Resolução nº 334, de07 de outubro de 2003, DOU 13/10/2003).

O estágio probatório, no Poder Executivo Federal, é de 3 anos (Parecer

nº AGU/MC-01/2004).Segundo o STJ, o estágio é de 2 anos (MS 9373/DF). Fatores a serem observados durante oestágio probatório : I – assiduidade; II

– disciplina; III – capacidade de iniciativa; IV – produtividade; V – responsabilidade.O estágio servirá para a confirmação das qualidades do servidor para o

desempenho das atividades próprias do cargo. Indispensável que, a cada novanomeação originária seja ele submetido a novo período probatório, haja vista que aavaliação é para o cargo.

A estabilidade é uma garantia de ordem constitucional deferida aosocupantes de cargos públicos de provimento efetivo, com o intuito de assegurar sua

permanência no cargo, enquanto atendidos os requisitos legais.São quatro as possibilidades de perda do cargo do servidor estável: I – emvirtude de sentença judicial transitada em julgado; II – mediante processoadministrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III – mediante procedimentode avaliação periódica de desempenho; IV – para o cumprimento dos limites com adespesa com pessoal ativo e inativo.

Vacância é a situação do cargo público que está vago, ou seja, sem titular, epode decorrer de: I – exoneração; II – demissão; III – promoção; IV – readaptação; V– aposentadoria; VI – posse em outro cargo inacumulável; VII – falecimento.

O estatuto não inclui no rol de vacâncias arecondução . Contudo, na prática,quando de sua ocorrência, há provimento de um cargo e, ao mesmo tampo, outro ficavago.

A um só tempo, são formas de provimento e vacância do cargo público: I –segundo o Estatuto - promoção e readaptação; II – segundo a doutrina - promoção,readaptação e recondução.

Demissão é sanção, penalidade disciplinar a ser aplicada nos casoslegalmente previstos. Não se confunde comexoneração , que não é sanção. Sãomuitos os casos de exoneração, mas nunca decorrentes de alguma falta grave, como: I– a pedido (art. 34,caput ); II – reprovação em estágio probatório (artigos 20, § 2º e34, I); III – quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazoestabelecido (art. 34, II); IV – desempenho insuficiente mediante procedimento de

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avaliação periódica (art. 41, § 1º, III, CF/88); V – excesso de despesas com pessoalativo e inativo (art. 169, § 4º, CF/88); VI – para o caso específico de cargo emcomissão, há exoneração a juízo da autoridade competente ou também a pedido dopróprio servidor.

Promoção é, a um só tempo, vacância num cargo inferior e provimentonoutro cargo, superior, ambos dentro da mesma carreira, por motivos de merecimentoou antiguidade.

Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições eresponsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidadefísica ou mental, verificada em inspeção médica.

Aposentadoria se refere à passagem do servidor da atividade para ainatividade, segundo as regras próprias.

Transferência é a passagem do servidor estável de cargo efetivo para outrode igual denominação, pertencente a quadro de pessoal diverso, de órgão ouinstituição do mesmo Poder, e foi consideradainconstitucional.

Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito domesmo quadro, com ou sem mudança de sede.Não é forma de provimento ouvacância .

O servidor é ditoremovido quando é deslocado, dentro do mesmo quadro deservidores, de um lugar para outro, que pode ser dentro da mesma cidade, ou entrecidades distintas.

Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupadoou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade domesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do Sistema de Pessoal Civil daAdministração Federal.

Substituição : os servidores investidos em cargo ou função de direção ouchefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos indicados noregimento interno ou, no caso de omissão, previamente designados pelo dirigentemáximo do órgão ou entidade.

AULA 8

Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, comvalor fixado em lei.

O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráterpermanente, éirredutível .

Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagenspecuniárias permanentes estabelecidas em lei.

Subsídio é modalidade de remuneração conferida a certos cargos e fixadaem parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.

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É assegurada aisonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguaisou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadasas vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.

Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentarvencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Teto remuneratório:I – Municípios: o subsídio do Prefeito;II – Estados e Distrito Federal:a) no âmbito do Poder Executivo: o subsídio mensal do Governador;b) no âmbito do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais;c) no âmbito do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargadores do Tribunal deJustiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento (90,25%) dosubsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicáveleste limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos DefensoresPúblicos;III – União: o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo TribunalFederal. Este limite, além de vincular a União, é também geral, valendo para todos osentes, que também têm limites individuais.

Considerações importantes sobre o teto das remunerações e subsídios:I – engloba tanto os que recebemremuneração quanto os que recebemsubsídio ;tanto osestatutários quanto osceletistas ;II – inclui servidores da Administração Direta, autárquica, fundacional (art. 37, XI,CF/88), bem como as empresas públicas e as sociedades de economia mista, e suassubsidiárias,que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal oudos Municípiospara pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, CF/88). Note-se que no que se refere às empresas públicas e àssociedades de economia mista, e suas subsidiárias, a regra é própria. Assim, só sesujeitam ao limite imposto se receberem recursos estatais para pagamento de despesasde pessoal ou de custeio em geral;III – o limite relativo ao subsídio do Ministro do STF vale para todos os servidoresdos três Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como seusagentes políticos, sendo previstos limites diferenciados para cada ente;

IV – as aposentadorias e pensões também estão limitadas a esses tetos;V – em caso de acumulação permitida, a soma das remunerações não poderáultrapassar os limites de cada ente. Note-se que, na sessão administrativa supratranscrita, o STF fixou, por unanimidade, o entendimento de que, no caso específicoda acumulação dos cargos de Ministro do Supremo Tribunal Federal e Ministro doTribunal Superior Eleitoral, determinada pelo artigo 119, inciso I, letra ‘a’ daConstituição,não se aplica a cumulação das remunerações para fins de incidênciado limite estabelecido pelo inciso XI do artigo 37, CF/88. Assim, receberão ambos ossubsídios cumulativamente.

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Há garantia constitucional de revisão geralanual e na mesma data paratodos, sem distinção de índices, não alcançando, no entanto, as empresas públicas,sociedades de economia mista e fundações públicas.

O servidorperderá a remuneração : I – do dia em que faltar ao serviço, semmotivo justificado; II – a parcela diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas e as saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, atéo mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.

Compete à justiça comum processar e julgar causas de interesse de servidorpúblico submetido ao regime jurídico único e relativas a vantagens desse regime.

Hipóteses deindenização : I – ajuda de custo; II – diária; III – transporte.Ajuda de custo : se destina a compensar as despesas de sua instalação,

inclusive com transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem,bagagem e bens pessoais, quando o servidor, no interesse do serviço, passar a terexercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente.

Diária : indenização a que faz jus o servidor deslocado da sede, em carátereventual ou transitório, para outro ponto do território nacional ou para o exterior, porrazões do serviço, para fazer face aos custos desse afastamento, ou seja, passagens ediárias destinadas a fazer face às parcelas de despesas extraordinárias com pousada,alimentação e locomoção urbana.

A indenização de transporte é devida ao servidor que realizar despesascom a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos,por força das atribuições próprias do cargo.

Retribuições, gratificações e adicionais: I – retribuição pelo exercício defunção de direção, chefia e assessoramento; II – gratificação natalina; III – adicionalpelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; IV – adicional pelaprestação de serviço extraordinário; V – adicional noturno; VI – adicional de férias;VII – outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.

A função se refere a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a umagente, sendo o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas ao agente. Aoservidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ouassessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial é devidaretribuição pelo seu exercício.

Importante destacar as diferenças conceituais entre as retribuições por

função e por cargo em comissão. Na primeira situação, exige-se que seu titular sejaservidor público efetivo, recebendo, em conseqüência, acréscimo à sua remuneraçãoordinária. No segundo caso, a retribuição não é parte da remuneração, pois não seexige que seja servidor. Assim, o titular de um cargo em comissão recebe o valorcorrespondente a esse cargo, e é essa a retribuição prevista. Todo o valor recebido poreste refere-se ao cargo em comissão. No caso da função de confiança, parte do valorrecebido por seu titular é devido em face dela e parte em face de seu cargo efetivo.

Insalubre: trabalho que provoca riscos à saúde;perigoso: aquele que causarisco à vida;penoso: o relativo ao local de trabalho, com condições impróprias para odesempenho das funções.

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Serviço extraordinário: é aquele realizado após o horário normal detrabalho ou antes dele começar. Será permitido apenas para atender a situaçõesexcepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornadae será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à horanormal de trabalho.

Horário noturno: serviço prestado em horário compreendido entre 22 (vintee duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, computando-se cada horacomo cinqüenta e dois minutos e trinta segundos. Assim, durante esse período, acarga de trabalho efetiva é de 7 (sete) horas, mas considerada como se fosse de 8(oito) horas. O valor-hora será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).

Licenças que poderão ser concedidas ao servidor: I – por motivo de doençaem pessoa da família; II – por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; III– para o serviço militar; IV – para atividade política; V – para capacitação; VI – para

tratar de interesses particulares; VII – para desempenho de mandato classista.Considera-se pessoa da família: I – o cônjuge ou companheiro; II – os pais;III – os filhos; IV – o padrasto ou madrasta; V – o enteado; VI – o dependente queviva às expensas do servidor e conste do seu assentamento funcional.

Possibilidades de afastamento : I – para servir a outro órgão ou entidade; II– para exercício de mandato eletivo; III – para estudo ou missão no exterior.

A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações deiniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitosrelativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:

I – quanto ao servidor:a) aposentadoria;b) auxílio-natalidade;c) salário-família;d) licença para tratamento de saúde;e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;f) licença por acidente em serviço;g) assistência à saúde;h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfatórias;II – quanto ao dependente:a) pensão vitalícia e temporária;b) auxílio-funeral;c) auxílio-reclusão;d) assistência à saúde.

O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores públicossegue os dispositivos do art. 40 da CF/88, com a redação inicialmente alterada pelaEC nº 20/98 e atualmente dada pela mencionada EC nº 41/2003.

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A norma atual acabou com a aposentadoria com proventos integraispara aqueles que ingressaram a partir da publicação da referida EC e instituiucontribuição previdenciária aos aposentados e pensionistas que percebamvalores superiores a determinado patamar.

O regime de previdência é de caráter contributivo e também solidário.Os servidores abrangidos por esse regime de previdência terão calculados os

seus proventos a partir da média dos valores de sua remuneração num determinadoperíodo, a ser fixado por lei. Assim,acaba a aposentadoria com proventosintegrais.

A garantia de paridade entre ativos e aposentados foi suprimida .Cada um dos entes pode instituirregime de previdência complementar

para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, podendo fixar, para ovalor das aposentadorias e pensões a serem concedidas por esse regime próprio, olimite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social.

Modalidades para a aposentadoria: I -por invalidez permanente; II –compulsória (será aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempode contribuição); III –voluntária : desde que cumpridotempo mínimo de dez anosde efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que sedará a aposentadoria , observadas as seguintes condições:a) sessenta anos deidade e trinta e cinco decontribuição , se homem, e cinqüenta ecinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher. Os proventos serão calculadossobre a média atualizada das contribuições, na forma que a lei estabelecer.b) sessenta e cinco anos deidade , se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

Abono de permanência: instituído para beneficiar e incentivar aqueles que,tendo cumprido todos os requisitos para a aposentadoria, permanecem laborando.Receberão a mais o equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária, atécompletar as exigências para aposentadoria compulsória.

Pensões :I – vitalícia : é composta de cota ou cotas permanentes, que somente se extinguem ourevertem com a morte de seus beneficiários. São beneficiários desse tipo de pensão:a) o cônjuge;b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, com percepção depensão alimentícia;c) o companheiro ou companheira designado que comprove união estável comoentidade familiar;d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor;e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora dedeficiência, que vivam sob a dependência econômica do servidor.Se concedida pensão vitalícia ao cônjuge, o companheiro ou companheira (alíneas ‘a’e ‘c’), estarão automaticamente excluídos desse direito os demais beneficiáriosreferidos nas alíneas ‘d’ e ‘e’.

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II – temporária : é composta de cota ou cotas que podem se extinguir ou reverter pormotivo de morte, cessação de invalidez ou maioridade do beneficiário. Sãobeneficiários desse tipo de pensão1:a) os filhos, ou enteados, até 18 (dezoito) anos de idade, ou, se inválidos, enquantodurar a invalidez;b) o menor sob guarda ou tutela até 18 (dezoito) anos de idade;c) o irmão órfão, até 18 (dezoito) anos, e o inválido, enquanto durar a invalidez, quecomprovem dependência econômica do servidor;d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, 18 (dezoito)anos, ou, se inválida, enquanto durar a invalidez.Se concedida pensão temporária aos filhos ou menor sob guarda ou tutela (alíneas ‘a’e ‘b’), estarão automaticamente excluídos desse direito os demais beneficiários

referidos nas alíneas ‘c’ e ‘d’.A garantia de paridade de reajustes entre as pensões e a remuneraçãodos servidores foi suprimida pela EC nº 41/2003.

AULA 9

Responsabilidade civil do Estado é a obrigação que este tem de reparar osdanos causados a terceiros em face de comportamento imputável aos seus agentes.Independe se houve ação ou omissão, se foi legal ou ilegal, material ou jurídico: bastaa ocorrência de um ônus maior que o normal para aquela situação.

Responsabilidade civil refere-se à esfera econômica, indenização financeira,em face de um prejuízo causado a outrem. Não se confunde com as esferas penal eadministrativa.

Fases: I – irresponsabilidade do Estado; II – responsabilidade subjetiva doEstado; III – responsabilidade objetiva do Estado; IV – risco integral.

Responsabilidade subjetiva , ou teoria da culpa civil: o Estado seequiparava ao indivíduo, obrigando a ambos da mesma forma, é dizer,sempre quehouvesse culpa, haveria o dever de indenizar .

Responsabilidade objetiva , ou teoria do risco administrativo : emhavendo um dano provocado pela Administração, ele deve ser reparado, independentede dolo ou culpa desta.

Há o inversão do ônus da prova: ao prejudicado, basta a prova do dano edo nexo causal deste com a conduta do agente público; a Administração Pública terá

1 Com a vigência do novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002) que, em seu art. 5º, determinou que amenoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos davida civil, a expressão “menor” nesse inciso do Estatuto deve ser analisada com cautela. Uma interpretaçãosistemática do art. 217 com o art. 222, IV, do Estatuto, em conjunto com o Código Civil, conduz ao forçosoreconhecimento de que o fundamento da pensão aqui é a presença ou não da capacidade civil do pensionista,devendo ser reduzida a idade limite para dezoito anos. Essa interpretação está sujeita à confirmação de jurisprudência futura sobre o tema.

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que provar aculpa do particular , situação em que se livrará da responsabilidadepelos danos, ou aculpa concorrente , quando terá minimizada sua responsabilidade.

Exceções à responsabilidade subjetiva do Estado: culpa exclusiva doprejudicado, culpa de terceiro e força maior.Exceção dentro da exceção: se há força maior, afasta-se a responsabilidade.

No entanto, se esse evento se une à omissão estatal para provocar o dano, há o deverde indenizar.

Responsabilidade por atos legislativos e jurisdicionais : em ambos oscasos,a regra é a irresponsabilidade estatal por esses atos. No entanto, entende-secomo possível a responsabilização do Estado no caso de edição deleisinconstitucionais ou leis de efeitos concretos . No que pertine aos atos jurisdicionais,a própria Carta Maior prevê a responsabilização estatal, masapenas na esfera penal(art. 5º, LXXV).

Teoria do risco integral : a Administração Pública sempre responderia pelosdanos causados aos particulares, sem qualquer exceção.

No Brasil, há duas teorias são previstas no art. 37, § 6º, CF/88: I – teoria daresponsabilidade objetiva do Estado; II – teoria da responsabilidade subjetiva doagente.

Outras regras importantes:I – atinge tanto as pessoas jurídicas de direito público quanto de direito privado,desde que prestadoras de serviços públicos, como empresas públicas, permissionáriasou concessionárias. Se desempenham atividade econômica de natureza privada,ficarão sujeitas à responsabilidade própria do direito privado;II – necessidade de nexo causal entre a ação pública e o dano ao particular;III – que o agente aja na condição de agente público, independente de sua ação serlegal, legítima, dentro de suas competências ou finalidades públicas. Havendoatuação na qualidade de agente público, haverá dever de indenizar eventuais danos.IV – a expressão “agente” inclui toda sorte de colaboradores, sejam eles servidoresefetivos ou contratados, em comissão, políticos, particulares, desde que prestandoserviços públicos.V – a responsabilidade objetiva alcança os atos praticados, não a omissão Estatal. Aresponsabilidade objetiva, baseada no risco administrativo, tem lugar perante a açãoestatal, enquanto que a omissão, como visto acima, é parte da responsabilidadesubjetiva, havendo necessidade de comprovação de que o Estado deveria ter agido efoi omisso.

Reconhecido o dano pelo Poder Público, e havendo acordo entre aspartes, pode haver indenização diretamente pela via administrativa.

Não havendo acordo entre as partes, o particular pode interporação dereparação de danos , junto ao Judiciário,contra a pessoa jurídica causadora dodano .

Ação de indenização. Resumo os caminhos possíveis: I – acordoadministrativo; II – ação judicial: (i) contra a Administração Pública, somente; (ii)

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contra a Administração Pública em litisconsórcio passivo facultativo com o agente;(iii) contra o agente, somente.

O direito de requerer a indenizaçãoprescreve em cinco anos , e aplica-setanto à Administração Pública quanto às pessoas privadas prestadoras de serviçospúblicos.

Quando há participação dolosa ou culposa do agente na ocorrência do dano,este deverá responder perante a Administração Pública.

Cabe ao Estado cobrar de seu agente o prejuízo que teve com a indenização,sempre que provado que houve dolo ou culpa : é a chamadaresponsabilidadesubjetiva do agente . Essa responsabilização é efetivada através da ação de regresso,ou ação regressiva.

Pode haver punição administrativa, civil e penal, advindas de um mesmo ato.

Requisitos fundamentais para o exercício do direito de regresso: I –quehaja dano ao particular indenizado pela Administração Pública com base emsua responsabilidade objetiva ; II – que o agente tenha agido com dolo ou culpano surgimento desse dano .

Em ação regressiva,o Estado indeniza o terceiro e o servidor indeniza oEstado .

AULA 10

Controle é o poder/dever de fiscalização, controle, acompanhamento,revisão, correção da atuação administrativa, feita por si mesma ou por outro Podercom legitimidade para tal, com vistas à sua confirmação ou desfazimento.

O controle da Administração Pública está embasado no princípio dalegalidade.

Classificação:Quanto à origem do controle: I – interno; II – externo; III – popular.Quanto ao momento em que se realiza: I – prévio; II – concomitante; III – posterior.Com relação ao órgão que o exerce: I – administrativo; II – legislativo, ouparlamentar; III – judiciário.

Chama-se controle interno o exercido no âmbito interno do mesmoPoder , por órgãos presentes em sua estrutura. Dá-se sobrea legalidade, eficiência emérito dos seus atos .

Diz-se controle externo o exercido de um Poder sobre outro ,relativamente a atos administrativos. Para a Professora Maria Sylvia Z. Di Pietro,também é externo “o controle da Administração Direta sobre a Indireta”.

Além do controle efetivado pelos Poderes da República, cabe também ocontrole popular, posto que a finalidade de todo ato administrativo é o atendimento àsnecessidades públicas. Então, defere-se à coletividade a possibilidade de fiscalizar aAdministração Pública.

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Se é efetivadoantes do início ou da conclusão do ato , chama-sepreventivo, prévio, ou “a priori” .

O controle durante a realização do ato é o denominado concomitante ,como o realizado durante a execução do orçamento ou das fases de uma licitação, oudo cumprimento de um contrato de gestão.

O chamadocontrole posterior, subseqüente ou corretivo , tem lugar após afinalização do ato. Seu objetivo é desfazê-lo, se ilegal ou inconveniente e inoportuno,corrigi-lo ou, ainda, confirmá-lo.

Cada um dos Poderes, no exercício de suas atribuições administrativas,exerce sobre seus próprios atos o chamadocontrole administrativo , com relação aaspectos delegalidade e de mérito , de forma provocada ou por iniciativa própria(“ex officio”).

No âmbito da Administração Pública Direta, tal controle é baseado no poderde autotutela, que possibilita a anulação dos atos ilegais, e a revogação dosinoportunos e inconvenientes, por iniciativa própria.

A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de víciosque os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, pormotivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, eressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

O controle sobre aAdministração Indireta é fruto dopoder de tutela ,exercido nos limites da lei, respeitada a autonomia de cada entidade.

Controle administrativo - espécies: I –hierárquico próprio : realizado pelosórgãos superiores, sobre os inferiores, ou dos chefes sobre os subordinados. II –hierárquico impróprio : realizado entre órgãos onde não há hierarquia direta, massim competências diversas atribuídas a cada um deles, de forma que a um compete julgar recursos relativos a atos realizados por outro. III –finalístico : é a chamadasupervisão ministerial, baseada na vinculação entre a Administração Pública Direta ea Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades deeconomia mista). Não há subordinação, mas sim controle finalístico, dentro doslimites legais, como já citado, em face da autonomia que essas pessoas jurídicas têm.

Chama-se controle parlamentar , ou legislativo , aquele realizado peloPoder Legislativo sobre alguns atos da Administração Pública, com observânciaobrigatória das previsões constitucionais, em face da separação dos Poderes, nãocabendo à legislação ordinária a ampliação dessas situações. Exercido sob os aspectospolítico e financeiro.

Meios de controle legislativo:I – Comissão Parlamentar de Inquérito : tem por objetivo apurar fato certo ocorridono âmbito administrativo, com poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas. A CPI nãotem poder sancionatório, mas apenas investigatório, e seus atos são suscetíveis derevisão judicial. Pode aCPI, mediante decisão fundamentada : (i) convocartestemunhas e investigados para depor; (ii) quebrar o sigilo bancário, fiscal etelefônico de pessoa – física ou jurídica – sob a sua investigação; (iii) requisitarinformações e documentos de repartições públicas. Édefeso à CPI : (i) editar leis; (ii)

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decretar: busca e apreensão domiciliar de documentos, interceptação telefônica(escuta), proibição de o investigado se ausentar do país, proibição de o investigado secomunicar com o seu advogado durante a sua inquirição, seqüestro ouindisponibilidade de bens, prisão, exceto em flagrante delito; (iii) exigir detestemunha que responda a pergunta que não tenha pertinência com o objeto da CPIou que envolva assunto protegido pelo sigilo profissional; (iv) convocar magistradospara manifestação acerca de sua atividade juridicional.II – convocação de autoridades e pedido de informação : a Câmara dos Deputadose o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro deEstado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência daRepública para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamentedeterminado.III – participação na função administrativa : apesar de essa atividade ser típica do

Executivo, por vezes a Constituição cita a necessidade de aprovação ou autorizaçãopelo Legislativo, de atos praticados por aquele Poder.IV –função jurisdicional : em casos específicos, foi prevista a competência do PoderLegislativo para fazer alguns julgamentos, como é o caso das contas presidenciaispelo Congresso Nacional; do Presidente e do Vice-Presidente da República, dosMinistros do Supremo Tribunal Federal, do Procurador-Geral da República e doAdvogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade.V – fiscalização contábil, financeira e orçamentária : ao Congresso Nacional, como auxílio do Tribunal de Contas da União, cabe exercer a fiscalização contábil,financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades daadministração direta e indireta. O controle é delegalidade, legitimidade,economicidade e quanto à aplicação das subvenções e renúncia de receitas.VI – sustação de atos normativos : cabe aos chefes do Poder Executivo federal,municipal e estadual a edição de normas gerais e abstratas que, em complemento dalei, a explicam, dando sua correta aplicabilidade. O ato emitido com base no PoderRegulamentar visa garantir a fiel execução da lei, não podendo ser contra tal lei,tampouco cuidar de assunto não tratados por ela. Em sendo ultrapassados os limiteslegais, cabe sustação desse ato normativo pelo Poder Legislativo. Relembre-se quesobre determinadas matérias, a CF/88, após a EC nº 32/2001, possibilitou a expediçãode Decretos autônomos, não submetidos a essas limitações legais.

O controle judicial é aqueleexercido pelo Judiciário sobre atos

administrativos emanados de qualquer dos Poderes, inclusive dele mesmo, quandono exercício de suas atividades administrativas, verificando alegalidade dosmesmos, de forma a preservar os direitos das pessoas.

Quando a Administração Pública faz parte de uma ação judicial, tem umasérie de privilégios próprios, advindos do regime jurídico administrativo. Citem-sealguns deles:I – juízo privativo : a Administração Pública Federal tem um foro próprio,especializado nas causas em que seja autora, ré, assistente ou oponente. Inclui União,entidade autárquica ou empresa pública federal, mas exclui as sociedades deeconomia mista e fundações públicas de direito privado. Exclui também as ações

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relativas à falência, acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça doTrabalho.

II – prazos ampliados : “computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e emdobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público”.As autarquias e as fundações públicas receberam idêntico tratamento.III –duplo grau de jurisdição obrigatório : a sentença está sujeita ao duplo grau de jurisdição, nãoproduzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, quando proferida contra a União, oEstado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público ou julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública.Por outro lado, “não estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório as sentenças proferidascontra a União, suas autarquias e fundações públicas, quando a respeito da controvérsia o Advogado-Geral da União ou outro órgão administrativo competente houver editado súmula ou instruçãonormativa determinando a não-interposição de recurso voluntário”.

IV – processo de execução próprio : com exceção dos créditos de naturezaalimentícia e daqueles definidos como de pequeno valor, os pagamentos devidos pelaFazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ãoexclusivamente na ordem cronológica de apresentação dosprecatórios e à conta doscréditos respectivos.V – restrições à concessão de liminar à tutela antecipada e à execuçãoprovisória : em alguns casos específicos previstos na legislação, não é possível ao juiz conceder liminar ou antecipação de tutela contrária à Administração Pública.

Meios de controle - “remédios constitucionais”:O “Habeas Corpus” tem por escopo proteger a liberdade individual de

locomoção (direito de ir, vir, ficar, permanecer).Espécies de HC: I – preventivo: também dito salvo conduto, utilizado

quando alguém estiver sendoameaçado de sofrer violência ou coação em sualiberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; II – liberatório: ourepressivo, ajuizado quando já tiver sofrido violência ou coação em sua liberdade delocomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, de forma a fazer cessar essa limitaçãoirregular à liberdade de locomoção.

O “Habeas Data ” é ação constitucional gratuita, destinada a assegurar oconhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes deregistros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público,retificação de dados e, nos termos do art. 7º, III, da Lei nº 9.507/97, anotação nos

assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro,mas justificável, e que esteja sob pendência judicial ou amigável.Não cabe o “habeas data” (CF, art. 5º, LXXII, letra ‘a’) se não houve recusa

de informações por parte da autoridade administrativa.O Mandado de Segurança visa à proteção dedireito líquido e certo em

face deilegalidade ou abuso de poder, quando o responsável é autoridade públicaou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Direito líquido e certo é aquele verificável de plano, com documentaçãoinequívoca, apresentada logo na impetração da ação, ou seja, as provas devem ser

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pré-constituídas. Deve ser manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão eexercitável quando do ajuizamento.

Ilegalidade e abuso de poder designam, respectivamente, a violação danorma jurídica no ato vinculado e o transbordamento dos limites dadiscricionariedade, nos atos que admitem certa liberdade da autoridade quanto aoexame de sua conveniência e/ou oportunidade (mérito administrativo).

Autoridade é a pessoa que praticou o ato ou o ordenou. Podem ser‘autoridade’, para o fim de ser parte passiva, não só aqueles que exerçam funções nosentes federados (União, Estados, Municípios, Distrito Federal), mas também osadministradores ou representantes de autarquias, paraestatais e pessoas naturais ou jurídicas com funções delegadas, nos termos do texto constitucional.

São espécies de MS: I –preventivo : utilizado quando houverameaça aodireito líquido e certo do impetrante, por ato ainda não praticado, como, por exemplo,para impedir que autoridade tributária venha a exigir tributo indevido; II –repressivo : ajuizado quando se faça necessário reverter ato ilegal ou com abuso depoder, já cometidos.

O prazo para interposição do Mandado de Segurança édecadencial de 120(cento e vinte) dias, contados do dia em que o interessado tem conhecimento do atoviolador de seu direito líquido e certo.

É possível a concessão deliminar em Mandado de Segurança, a pedido,suspendendo o ato que deu motivo ao pedido, quando for relevante o fundamento edo ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja deferida. Dois sãoos requisitos: I –“fummus boni iuris” (fumaça do bom direito): indícios de direito, é

dizer, relevância do fundamento e plausibilidade do pedido; II –“periculum inmora” (perigo na demora): possibilidade de a lesão tornar-se irreversível ouineficácia da medida em face da demora.

Não cabe Mandado de Segurança , entre outros: lei em tese; decisão judicial transitada em julgado; atos legislativosinterna corporis ; atos jurisdicionaisdo STF; extensão de vantagens pecuniárias concedidas a uma categoria para outra;ato de que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo; ato judicial passivo derecurso, desde que com efeito suspensivo; ato disciplinar, exceto se praticado porautoridade incompetente ou com inobservância de formalidade essencial.

O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partidopolítico com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidadede classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menosum ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

O Mandado de Injunção surgiu para impedir que a falta de normaregulamentadora tornasse inviável o exercício dos direitos e liberdadesconstitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e àcidadania, sendo possível a concessão de liminar.

A Ação Popular , que segue o rito ordinário, pode ser impetrada porqualquer cidadão para anular ato lesivo ao patrimônio público ou entidade de que oEstado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimôniohistórico e cultural. Requisitos: I – interposta porcidadão : é aquele titular de direito

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