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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC FERNANDO JOSÉ LOPES TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE ENSINO UTILIZANDO AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM PARA PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO PRESENCIAL”. STRICTO – SENSU - MESTRADO MULTIDISCIPLINAR TECNOLOGIA DAS INTELIGÊNCIAS E DESIGNE DIGITAL SÃO PAULO 2013

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC

FERNANDO JOSÉ LOPES

TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE ENSINO UTILIZANDO AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM

PARA PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO PRESENCIAL”.

STRICTO – SENSU - MESTRADO MULTIDISCIPLINAR

TECNOLOGIA DAS INTELIGÊNCIAS E DESIGNE DIGITAL

SÃO PAULO

2013

FERNANDO JOSÉ LOPES

“TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE

ENSINO UTILIZANDO AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM

PARA PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO

PRESENCIAL”.

Trabalho de Conclusão de curso

apresentado a Pontifícia Universidade

Católica PUC-SP como requisito para a

obtenção do título de Mestre em

Cognição em Semiótica no curso de

Tecnologias das inteligências e

designe Digital.

Orientado pela professora Dra. Sônia

Maria de Macedo Allegretti.

São Paulo - SP

2013

FICHA CATALOGRÁFICA

LOPES, FERNANDO JOSÉ

“TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE

ENSINO UTILIZANDO AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM

PARA PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO

PRESENCIAL”, 2013, 147 f.

Dissertação (Mestrado em Cognição em Semiótica) Pontifícia Universidade Católica

PUC – SP, São Paulo, 2013.

Orientadora: Dra. Sonia Maria Macedo de Allegretti

1. Aprendizagem. 2. Educação. 3. Ambiente. 4. Construtivista

FERNANDO JOSÉ LOPES

“TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE

ENSINO NOS MEIOS VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM”

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à banca examinadora da

pontifícia universidade católica, como

parte dos requisitos para a obtenção

do título de mestre no curso superior

de pós graduação stricto – sensu -

mestrado multidisciplinar tecnologia

das inteligências e designe digital , sob

orientação da prof (a). Dra. Sônia Maria

de Macedo Alegretti.

Aprovado em _______________________

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________

_________________________________

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo estudar, por meio de pesquisa

exploratória, a possibilidade de utilizar um meio virtual de aprendizagem dentro

de uma instituição de ensino superior como colaboração para uma proposta

construtivista de aprendizagem ao ensino presencial. A pesquisa tornou mais

objetiva e significativa a proximidade com as teorias construtivistas da

aprendizagem abordadas por Vygotsky, Piaget, Wallon e Ausubel que

auxiliaram na compreensão do objeto de estudo, no caso a abordagem das

teorias construtivistas em sala de aula, utilizando o AVA como mediador de

conteúdo. O tema foi escolhido como justificativa a pesquisa da utilização do

AVA das Faculdades Flamingo como forma de mediar a proporcionar

condições para que os docentes trabalhem a abordagem construtivista da

aprendizagem no ambiente presencial de aprendizagem. Serão apresentadas

as características dos ambientes virtuais de aprendizagem e, a partir disso,

serão exploradas as teorias da aprendizagem e, mais especificamente, as

ligadas à abordagem construtivista. Serão apresentados os principais

pensamentos de cada autor e o que eles pensam sobre a construção do

conhecimento, sobre a aprendizagem significativa, enfim, sobre uma educação

transformadora. Por último, será mostrada uma pesquisa exploratória realizada

nas Faculdades Flamingo, com 25 docentes, dos 300 existentes na instituição,

de várias áreas do conhecimento, com o intuito de verificar a contribuição do

AVA para uma educação que visa à abordagem construtivista em um meio

presencial de ensino. A pesquisa foi realizada com dados obtidos nas

Faculdades Flamingo, especificamente com questionários que procuraram

desvelar como os professores utilizam a AVA em prol de uma abordagem

construtivista no meio presencial de educação. O que se pode observar é que

os docentes utilizam o AVA para oferecer materiais para serem trabalhados

pelos alunos em sala de aula em uma abordagem construtivista de

aprendizagem. Para tanto, implementam ações capazes de desencadear o

processo de construção do conhecimento a partir da equilibração e com a

interação com o meio e com o professor-mediador.

Palavras Chave: Aprendizagem, educação, ambiente, construtivista.

ABSTRACT

Este trabajo pretende estudiar, a través de la investigación exploratoria, la

posibilidad de utilizar un entorno virtual de aprendizaje dentro de una

institución de educación superior como colaboración para una propuesta de

aprendizaje constructivista a la enseñanza presencial. La investigación fue más

objetiva y la proximidad a las teorías constructivistas de aprendizaje cubiertos

por Piaget, Wallon, Vygotsky y Ausubel que han ayudado a la comprensión del

objeto de estudio, en el caso del enfoque de las teorías constructivista en el

aula, usando al AVA como mediador de contenido. El tema fue elegido como

investigación de fondo usando Dio AVA de Flamingo colegios como una forma

de mediar para proveer condiciones para profesores trabajar el constructivismo

del aprendizaje en el aula de medio ambiente de aprendizaje. Se presentarán

las características de los entornos de aprendizaje virtuales y, desde allí, será

exploradas teorías de aprendizaje y, más específicamente, aquellos vinculados

al enfoque constructivista. Se presentarán los pensamientos principales de

cada autor y lo que piensan sobre la construcción del conocimiento, el

aprendizaje significativo, de todos modos, en una educación transformadora.

Por último, se le mostrará una investigación exploratoria realizada en colegios

con 25 profesores, Flamingo de 300 existentes en la institución, varias áreas

de conocimiento, con el fin de verificar la contribución de la AVA a una

educación que tiene como objetivo el enfoque constructivista en un ambiente

de cara a cara. La encuesta se realizó con datos de colegios Flamingo,

específicamente con cuestionarios que buscaba dar a conocer cómo los

maestros usan a AVA hacia un enfoque constructivista en la persona del

medio. Lo que se puede ver es que los maestros usan al AVA para

proporcionar materiales para ser resueltos por los alumnos en el aula en un

constructivista de aprendizaje. Para ello, implementar acciones capaces de

desencadenar el proceso de construcción del conocimiento desde el equilibrio

y la interacción con el medio ambiente y con el maestro.

Palabras clave: aprendizaje, educación, medio ambiente, constructivista.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais e familiares. Aos meus mestres e

orientadores por tudo que me ensinaram. A todos aqueles que acreditam em

mim como pessoa e educador.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me iluminou e guiou meus

caminhos e pensamentos permitindo que eu tivesse êxito nesta conquista.

Aos meus pais Aristides Lopes e Irma Aparecida Vanucchi Lopes (in

memória), pelo amor, dedicação e excelentes valores que me ensinaram.

As minhas irmãs e amigos, pelo apoio e incentivo a continuar e realizar

esse sonho.

Agradeço também a todos os professores que estiveram me

acompanhando no decorrer do curso, compartilhando seus conhecimentos e

experiências para que obtivéssemos o melhor desempenho nesta construção.

E principalmente a Dra. Sonia Allegretti pela paciência e por poder me

orientar e compartilhar parte de seu conhecimento para a realização deste

projeto.

EPÍGRAFE

“Independentemente das circunstancias

devemos ser sempre humildes, recatados

e despidos de orgulho para que assim

cheguemos ao lugar almejado”.

(Autor desconhecido)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 : Pinturas rupestres das cavernas de Lascaux – França..............26

Figura 2: Um modelo sistêmico para a educação à distância.................... 62

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Gerações no Brasil......................................................................56

Gráfico 2 – Consumo líquido..........................................................................57

Gráfico 3 – Faixa etária do público de alunos dos cursos das Faculdades

Flamingo........................................................................................................103

Gráfico 4 – Você sabe do que se trata a teoria construtivista da

aprendizagem?..............................................................................................109

Gráfico 5 – A utilização da teoria construtivista da aprendizagem na

disciplina pelo meio virtual de ensino como apoio ao ensino

presencial.......................................................................................................111

Gráfico 6 – O processo educacional da instituição como meio virtual de

aprendizagem colaborando com a aprendizagem nas disciplinas dos

docentes no meio presencial de educação............................................... 112

Gráfico 7 – A teoria construtivista de aprendizagem é possível dentro de

um meio virtual de ensino.......................................................................... 115

Gráfico 8 – Existe uma proposta de educação construtivista em suas

disciplinas .....................................................................................................117

Gráfico 9 - Materiais do meio virtual de ensino (portal) como suporte para

as aulas presenciais. (textos, Chats, fóruns, aulas em

vídeo)..............................................................................................................119

Gráfico 10 – Os materiais do meio virtual de ensino (portal). (textos,

Chats, fóruns, aulas em vídeo). Agregam valor ao ensino

presencial?................................................................................................... 120

Gráfico 11 - A construção do saber pelo virtual como suporte ao ambiente

presencial de aprendizagem....................................................................... 121

Gráfico 12 - Diversificação de materiais colocados no portal................. 122

Gráfico 13 - Melhoria na educação da instituição pelo meio virtual de

ensino, proporcionando melhor aprendizagem.........................................123

Gráfico 14- Valor agregado de conhecimento educacional pelo meio

virtual de ensino............................................................................................124

Gráfico 15 - Behaviorismo x construtivismo.............................................125

Gráfico 16 - Recebimento do material, impressão e discussão em sala de

aula.................................................................................................................127

Gráfico 17 - Interatividade e interação dos alunos com o docente no meio

virtual de ensino prolongado ao meio presencial de educação...............129

Gráfico 18 - Educação colaborativa é a solução para melhoria na

construção do conhecimento..................................................................... 130

Gráfico 19 - Processo de educação e aprendizagem construtivista no

meio virtual de ensino propagado ao meio presencial de educação...... 131

Gráfico 20 - A comunicação no meio virtual de ensino............................ 132

Gráfico 21 - Participação dos alunos no meio virtual de ensino das

Faculdades Flamingo ...................................................................................133

Gráfico 22 - Satisfação das necessidades de inserção de material no meio

virtual de ensino............................................................................................134

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 – Breve histórico do uso de tecnologias na Ead no Brasil

...........................................................................................................................41

Quadro 2 – Legislação de ensino a distância no Brasil............................. 59

Tabela 1: Participação dos docentes por área na pesquisa.....................106

SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................14

CAPÍTULO I - GESTO E PRODUÇÃO DO SIGNIFICADO PARA A

PERCEPÇÃO E ENTENDIMENTO ENQUANTO SIGNIFICADO DO

SABER..............................................................................................................25

1.1– Percepção e linguagem...........................................................................27

1.1.1– Dos instintos à inteligência.................................................................28

1.2 – A construção do saber pelo pensamento, pela fala e pelo

registro..............................................................................................................29

1.3 – A formação dos conceitos.....................................................................34

1.4 – O avanço dos códigos no sentido de educar rumo à era

digital................................................................................................................36

CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E SUA IMPORTÂNCIA...........40

2.1 – Origens da educação à distância..........................................................40

2.2 – O que é educação a distância................................................................42

2.2.1 – A EaD como educação promissora hoje e para o futuro ................46

2.3 – A virtualidade e suas transformações na educação ..........................48

2.3.1 – Geração Y e Z .....................................................................................55

2. 4 – As leis e os componentes da EaD ......................................................58

2.4.1 – Vantagens da EaD ...............................................................................63

2.4.2 – Desvantagens da EaD.........................................................................67

III - TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA

APRENDIZAGEM NOS MEIOS VIRTUAIS DE ENSINO .................................71

3.1 – Educação e as teorias da aprendizagem .............................................71

3.2 – Teorias de aprendizagem e a formação da educação ........................75

3.2.1 – Behaviorismo ......................................................................................75

3.2.2 – Construtivismo ....................................................................................77

3.3 – Desenvolvimento proximal e desenvolvimento real para Vygotsky

...........................................................................................................................81

3.3.1 - Desenvolvimento e aprendizagem para Piaget ......................83

3.3.2 – Wallon e sua teoria de cognição e aprendizado ..............................91

3.4 – Aprendizagem significativa ..................................................................93

3.4.1 – Tipos de aprendizagem no contexto escolar ...................................98

IV “Teorias da aprendizagem construtivistas: uma proposta de ensino

utilizando ambientes virtuais de ensino aprendizagem para propor uma

abordagem construtivista no ensino presencial”. (pesquisa exploratória).

.........................................................................................................................101

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................136

REFERÊNCIAS .............................................................................................142

ANEXO...........................................................................................................147

14

INTRODUÇÃO

1 - ORIGEM

Esta pesquisa é motivada por problemáticas que envolvem observações

permanentes sobre a aprendizagem de alunos no ambiente presencial com a

colaboração do AVA.

A origem do problema de investigação está na compreensão em quanto

às teorias da aprendizagem podem ser compatível no ensino presencial

utilizando o AVA como mediador de conteúdo para a abordagem construtivista

da aprendizagem. Essa preocupação surgiu há algum tempo, no início da

minha vida acadêmica. Fiz magistério, sempre gostei de trabalhar com pessoas

e para pessoas, porém os caminhos da minha vida levaram a me tornar

administrador, algo que não foi escolhido, mas conduzido pela existência em

uma grande metrópole.

Atuei em um grande banco privado em São Paulo, fiz faculdade de

Administração, trabalhei em uma área coligada do banco que cuidava da parte

de informática e foi assim que comecei a perceber a necessidade de os

indivíduos aprenderem. Sempre fui prestativo, ensinava a meus colaboradores

muitas coisas em termos de processos e procedimentos que deveriam ser

aplicados no setor, inclusive dentro de um sistema integrado (Microsiga da

empresa Totus), porém sentia a vontade de contribuir mais para o aprendizado

e acolhi essa percepção como uma oportunidade para meu amadurecimento

profissional e pessoal.

Eu devia encontrar uma maneira significativa para criar condições para a

produção com fundamentos construtivistas adequados para que meu

colaborador pudesse entender como, por meio da mídia informativa, no caso a

15

internet, houvesse a possibilidade de melhorar sua forma de trabalhar pelo

sistema integrado informatizado, adequando, desta maneira, sua realidade em

termos de processos e procedimentos com melhor qualidade.

Por se tratar de uma empresa de informática, passei a observar que os

indivíduos, muitas vezes, tinham problemas em conseguir realizar suas tarefas,

descritas presencialmente, no âmbito virtual, algumas vezes porque não

sabiam operacionalizar a mídia; outras por não entenderem a informação que

era passada pelos gestores ou pela empresa. Mas por que isso acontecia? O

fato era que essa linguagem se fazia nova e os meios de se conceber a

realização de tarefas estavam muito mais ligados a um condicionamento dos

indivíduos do que a uma criação de caminhos para melhorarem sua forma de

produzir.

Essa preocupação individual fez-me observar os fatores que envolviam o

ensino- aprendizagem. Ensinei meus colaboradores a entenderem o processo

de construção do significado por meio da aprendizagem, não de forma apenas

a copiar o que estava sendo transmitido pela empresa ou pelo sistema

integrado, mas de forma que entendessem todo o processo desde a

informação, o que se pretendia com ela e os resultados esperados.

Essa visão, por mais simples que pareça, era uma forma de

operacionalizar um processo construtivista educacional. Nessa fase, eu ainda

não tinha os conhecimentos necessários sequer para pensar produzir uma

mídia ou para apresentar uma proposta construtivista e tão pouco educar

dentro dessa linha, até porque não conhecia as teorias da aprendizagem,

embora tivesse tido contato com alguns autores, como Piaget e Vygotsky no

magistério. Naquele momento, eu ainda não tinha a condição de aplicar as

16

teorias à realidade e nem espaço para isso, pois era apenas mais um

funcionário na empresa, pertencendo à área financeira e apenas seguia

ordens.·.

Fiz minha pós-graduação em gestão de pessoas, entendendo, desta

forma, vários aspectos sobre educação e me aprofundei um pouco mais nas

teorias da aprendizagem e do construtivismo, pois, em Recursos Humanos,

aprendemos sobre a educação corporativa voltada aos indivíduos. Terminei

essa faculdade em 2001 e, depois de alguns anos, em 2007, comecei a

lecionar na instituição que estou até hoje. Iniciei na tutoria virtual de ensino; em

paralelo trabalhava na empresa coligada ao Banco. Depois de dois anos, por

não ter espaço para ensinar o que queria na empresa onde estava, fiquei

apenas na instituição de ensino. Ali, tornei-me professor em educação à

distância.

Foi um caminho difícil. Muitas vezes, eu tinha que deixar de lado o

racional para ser emocional ao ensinar, mas a administração me mostrava ao

contrário, pois, nas empresas, como gestores, temos que ser racionais e firmes

em nossas decisões; já na educação, temos tanto a razão quanto a emoção ao

ensinar, e eu me tornei primeiro professor virtual para depois ser professor

presencial. É claro que a razão ou a emoção estão ligadas à estratégia que a

empresa tem e a seu objetivo em ensinar.

Meus alunos evoluem na sua aprendizagem, tanto no virtual - ao

participarem dos fóruns e chats para construção de um TCC ou monografia, ou

ainda quando estão on-line tirando dúvidas sobre as disciplinas, quanto no

presencial.

17

Para mim, essa evolução é algo importante, pois sinto poder utilizar o

construtivismo na educação cada dia com mais consciência. Trata-se de uma

troca entre o professor e o aluno, e o significado para ambos completa o

processo em uma união entre as partes envolvidas, um entrosamento que

depende do que os alunos querem aprender e do que o professor está

proporcionando em termos de educação. Propiciar ensino-aprendizagem é

tarefa de todas as instituições educacionais, independente se a relação é

presencial ou virtual. O que diferencia o processo de ensino-aprendizagem é a

seleção de conteúdos e a estratégia do ensinar, os pressupostos

metodológicos.

Sou professor presencial há mais de duas décadas, passando pelas

bases da educação, como a infantil, e chegando ao nível de educação

universitária, porém resolvi delimitar meu tema aos estudantes universitários.

Sempre valorizando a leitura e a escrita, como professor presencial e como

virtual também, notei a evolução da aprendizagem, tal como abordada por

cientistas especializados na área, como Piaget, Vygotsky, Wallon, Pozo e

Ausubel. Todos eles mostram o processo de construção do conhecimento por

meio da produção dos significados. Esses estudos me deram suporte para que

eu pudesse fazer observações em sala de aula.

Na área de educação à distância, sou docente há pouco mais de cinco

anos. Hoje, atuo nos cursos de gestão, tanto na graduação quanto na pós-

graduação. Nas faculdades onde leciono, as bases da educação construtivista

são utilizadas para proporcionar aprendizagem significativa nas duas

modalidades de ensino.

18

2 - PRESSUPOSTO: DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Quando falamos de aprendizagem, temos que nos remeter à origem da

leitura e da escrita para chegarmos à virtualidade porque trabalhamos com

signos e símbolos. Este estudo está atrelado às questões da inserção do

indivíduo nos ambientes virtuais, tendo como alvo as teorias construtivistas da

aprendizagem no ambiente presencial de aprendizagem.

A educação a distância é uma realidade na nossa sociedade

contemporânea, onde os indivíduos têm a facilidade de estudar muitas vezes

em seus lares ou na empresa nas horas de folga. Hoje, no Brasil, temos três

tipos de modalidades de estudo em educação a distância: um em que o aluno

estuda virtualmente, mas deve comparecer na escola para tirar as dúvidas com

o professor ou tutor de campus; outro totalmente virtual, em que o aluno só vai

até o campus da faculdade para fazer provas; e o semipresencial, em que as

disciplinas ora são presenciais, ora virtuais.

A educação a distância é constituída por mídias, meios que oferecem a

comunicação. Temos aprendizagens por meio de símbolos e signos, ou ainda

por figuras, plataformas as mais diferentes possíveis, onde a interatividade

pode ser trabalhada de forma contínua, onde o aluno tem encontro com seu

professor tutor, ou plataformas onde o indivíduo entra, responde as questões,

estuda os livros-texto e deixa sua contribuição nos fóruns de discussão, a

aprendizagem se dá pelo estímulo de quem está administrando a plataforma,

mas que depende do interesse do aluno em querer crescer em termos de

significado para ele mesmo.

19

A participação do estudante é fundamental para a construção dos

conceitos e para sua evolução. É uma renovação constante da aprendizagem.

Comparando com o presencial, vejo que, metodologicamente, dá-se da mesma

maneira, pois as origens da abordagem construtivista são comuns, o que

realmente muda é o ambiente no qual o indivíduo está imerso: um é real, outro

é virtual.

Os ambientes virtuais podem produzir educação e, inclusive, podem

contribuir para uma melhoria na educação presencial. Por isso, algumas

instituições utilizam educação a distância por meio de aulas virtuais,

videoconferências, chats e fóruns para complementar a educação presencial

com o virtual.

A pesquisa realizada aborda um portal utilizado por uma instituição para

essa complementação de estudos dos alunos presenciais. O portal pode

oferecer diversas maneiras de educação, isso depende do profissional, no caso

o professor, em inserir conteúdo nesta plataforma virtual.

Conforme Pierre Lévy (2003, p.47), “a palavra virtual pode ser entendida

em três sentidos: o primeiro, técnico ligado à informática, um segundo corrente

e um terceiro filosófico1”. O que é explícito na obra do autor é que a virtualidade

é um domínio que não pertence a ninguém de fato, pois cada indivíduo possui

diferenças e terá domínio momentaneamente, quando está em contato com o

objeto e, através deste, é capaz de criar determinadas situações pertencentes

à sua razão, ao seu pensamento e a sua forma de enxergar as coisas, portanto

é um território que não pertence a ninguém (LÉVY, 2003, p.47).

1 Ainda há outros sentidos para esta palavra em ótica, mecânica etc.

20

3 - QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO

Os ambientes virtuais possibilitam a construção ou elaboração de um

curso a partir dos pressupostos do construtivismo no ambiente presencial de

ensino?

4 - OBJETIVO GERAL

Analisar a potencialidade do ambiente virtual na elaboração de um curso

com bases construtivistas em um ambiente presencial de ensino.

5 - OBJETIVO ESPECÍFICO

Fazer uma pesquisa exploratória qualitativa, observando o trabalho dos

docentes e a utilização do portal virtual de ensino, tendo em vista as teorias

construtivistas da aprendizagem de maneira a promover a educação para os

alunos do curso presencial de ensino.

Identificar as principais teorias construtivistas da aprendizagem,

articulando-as aos AVA como mediador da construção do conhecimento nos

cursos presenciais.

Esclarecer a importância da educação modal à distância no processo de

educação.

Analisar a proposta de ensino em diferentes áreas de uma determinada

instituição de ensino (Faculdades Flamingo).

21

Identificar aspectos da teoria construtivista e as intenções do professor

no processo de ensino.

6 – METODOLOGIA

As técnicas são as estratégias práticas determinadas para a

realização das pesquisas. Estas, por sua vez, podem ser adotadas em

pesquisas com metodologias diversas.

Segundo Severino (2007), as técnicas de pesquisa são as seguintes:

documentação, entrevista, entrevistas não diretivas, entrevistas estruturadas,

história de vida, observação e questionário. No caso, será utilizada a pesquisa

exploratória quantitativa, buscando respostas ao problema da existência das

teorias construtivistas no meio presencial de aprendizagem com a mediação do

AVA da faculdade para promover educação.

Esta pesquisa nas Faculdades Flamingo tem um caráter de busca de

respostas sobre a abordagem construtivista no meio presencial de ensino

proporcionado através dos conteúdos disponibilizados no AVA.

A pesquisa exploratória ainda depende muito da intuição do explorador,

sendo um tipo de pesquisa específica, quase sempre assumindo a forma de

estudo de caso (GIL, 2008).

Utilizam-se diferentes métodos e técnicas:

• A primeira parte da pesquisa ocorrerá por meio de questionários

direcionados, focando as teorias da aprendizagem construtivista

para aferir se existe produção construtivista no portal, ferramenta

utilizada como meio virtual de educação pela instituição Flamingo.

22

• Depois, serão coletados os dados, por meio de entrevistas

direcionadas, focando a informação aos professores do que

tratam as teorias voltadas ao construtivismo, buscando saber

deles se, em suas disciplinas, existe educação com essa

perspectiva no meio virtual. Será de caráter exploratório por

buscar respostas referentes ao material colocado à disposição no

portal. Se existe uma lógica construtivista, essa está embasada

em alguma das teorias de aprendizagem construtivistas. Após a

coleta quantitativa desses dados, será utilizado o método

qualitativo, apresentando explicações em gráficos e sua

apreciação.

Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve

uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou

normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na

obtenção de seus propósitos. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p.157)

Segundo Lakatos e Marconi (2010), além dos métodos específicos das

Ciências Sociais, como o de Abordagem e o de Procedimento, o método

Qualitativo e o método Quantitativo também são muito importantes nas

investigações científicas.

O método qualitativo difere do quantitativo por não empregar

instrumentos estatísticos, tais como percentual, média, desvio-padrão,

coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros. Além disso,

Lakatos e Marconi (2010) também afirmam que a forma de coleta e a análise

de dados também diferem.

23

No método quantitativo, os pesquisadores valem-se de amostras

amplas e de informações numéricas, enquanto que no qualitativo as

amostras são reduzidas, os dados são analisados em seu

psicossocial e os instrumentos de coleta não são estruturados.

(LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 269)

A metodologia, de uma maneira superficial, engloba dois momentos

distintos: a pesquisa/coleta de dados e a análise/interpretação, quando se

procura investigar determinado assunto.

A metodologia a ser aplicada no trabalho é de ordem qualitativa para

compreensão dos fenômenos estudados de acordo com as perspectivas dos

sujeitos em estudo, no caso os professores, no que se refere à abordagem

construtivista de educação, utilizando a plataforma virtual de ensino como

mediadora de conteúdos para serem explorados nos cursos presenciais da

instituição.

Será realizado estudo exploratório, abordando a maneira de inserir

conteúdos educacionais na plataforma de ensino da instituição. Será dada total

liberdade aos indivíduos em relatarem como inserem conteúdo educacional na

plataforma virtual e sugerem o construtivismo em seu curso presencial.

Para tanto, será feito um questionário a ser distribuído aos professores

de diferentes disciplinas dentro de um curso, buscando verificar a percepção

que os indivíduos possuem ao atuarem na educação virtual compreendida

como complemento construtivo para a educação presencial. Também será

analisada sua formação para atender ao processo da educação fornecida aos

alunos através da plataforma virtual de ensino.

24

Os dados obtidos serão analisados e compilados a fim de conseguirmos,

como resultado, a resposta para a questão de investigação desta pesquisa,

tendo o objetivo de mapear e dar respostas a perguntas pertinentes à utilização

do ambiente virtual de educação ao propor um curso com objetivos

construtivistas no ambiente presencial de educação.

Para Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, sendo um

processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico,

portanto seu objetivo fundamental é descobrir respostas para problemas

mediante o emprego de procedimentos científicos.

Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a

solução para um problema, que têm por base procedimentos

racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um

problema e não se tem informações para solucioná-lo. (SILVA;

MENEZES, 2001, p.20)

Segundo Severino (2007), a pesquisa exploratória é o método utilizado

para levantar dados a respeito de determinado assunto e ou objeto,

delimitando, assim, um campo de trabalho, analisando suas condições e

manifestações. Dessa maneira, faz-se uma preparação para a pesquisa

explicativa. A pesquisa explicativa, por sua vez, além de registrar e analisar os

fenômenos estudados, também investiga as causas. Já a pesquisa

experimental consolida seu objeto de estudo como fonte de pesquisa e o

manipula dentro das condições ideais para sua análise. De acordo com Gil

(1999), algumas pesquisas explicativas podem ser aproximadas das pesquisas

exploratórias por proporcionar uma nova visão do problema.

25

CAPÍTULO I - GESTO E PRODUÇÃO DO SIGNIFICADO PARA A

PERCEPÇÃO E ENTENDIMENTO ENQUANTO SIGNIFICADO DO

SABER

A imagem é importantíssima para o aprendizado. Muitas vezes, vemos

objetos, figuras e imagens e, por não compreendermos, acabamos deixando

para trás algo que poderia ser interessante ao nosso aprendizado. Quando isso

acontece, temos duas situações, uma que pode ser pela dificuldade de

compreender algo que não sabemos o que é e outra por questões de interesse.

O ideal em educação é que o indivíduo tenha motivação para aprender

algo ou tente interpretar as imagens e consiga resultados no aprendizado, ou

que exista um mediador que o incentive a compreender a imagem de outras

formas para que a aprendizagem seja amadurecida. As pessoas aprendem

quando querem e estão interessadas em saber, ou quando são estimuladas.

O estímulo nasce, internamente, da vontade do indivíduo em aprender, a

compreender e querer saber cada vez mais, porém, se este tiver um incentivo,

um acompanhamento, o resultado poderá ser mais significativo em termos de

resultados.

Conforme Flusser (1996, p. 243), “o gesto não é apenas articulação de

uma interioridade. Rebate sobre a interioridade e a transforma”. Um exemplo é

nossa imaginação, que é fortalecida a cada vez que a complementamos e a

alimentamos. Desta maneira, ela vai se tornando cada vez mais forte e, por

isso, dá novos significados às dúvidas que temos sobre nós e sobre o ambiente

em que interagimos, da mesma forma a relação entre objeto e pessoa

(FLUSSER, 1996, p.64)

26

As primeiras manifestações da leitura e escrita através dos símbolos

acontecem por volta de 20.000 em Lascaux (França), onde localizaram pinturas

rupestres que significavam animais e vida cotidiana dos nossos pré-históricos

antecessores, porém a escrita, de fato, surgiu cerca de 2.000 anos a. C. A ideia

das pinturas era a de expressar sentimentos, visões e imaginação sobre a

sociedade da época e Flusser (1996) diz que essa imaginação, para o

Ocidente, tornaram-se letras que, posteriormente, voltariam à imaginação em

uma contramão à nossa pré-história.

Figura1 : Pinturas rupestres das cavernas de Lascaux – França.

Fonte: http://www.mz.usp.br/portugues/ddc/museologia/temporarias/ilustracao/ilustracao.html,

acessado dia 20/10/2012.

Flusser (1996) propõe uma pós-história onde os textos tomam vida

através da imaginação dos homens e os transformam em imagens cada vez

mais trabalhadas, podendo levar o indivíduo a criar diversas formas de

entender o que está escrito através do seu formato. Porém, diz que essa

27

linguagem técnica nos faz perder a identidade dos conceitos e da consciência,

que era algo fundamental na pré-história das imagens.

1.1– Percepção e linguagem

As sensações são fundamentais para nossa observação sobre as

coisas. Quando se fala sobre educação, pensadores como Jean Piaget e

Vygotsky observaram as fases do desenvolvimento cognitivo através da

percepção que tinham em relação ao indivíduo com seu objeto, bem como o

meio que está em torno dele para que este pudesse desenvolver seu

conhecimento. Isso ocorreu desde meados dos anos 30 até os anos 50, porém

nosso mundo está em constante evolução. Observações, hoje, transcendem o

real e passam para o virtual, onde o objeto pode ser criado e estudado pelo

indivíduo, as sensações já não estão apenas em torno do indivíduo, mas ele

mesmo a cria em ambientes não mais palpáveis, chamados ambientes virtuais.

Quando se fala da virtualidade, é possível associar alguns autores que

fizeram considerações a respeito das sensações, como Merleau-Ponty (1994,

p.158), que diz que,

“quando falamos da virtualidade reduzimos as coisas à condição de

objetos calculáveis, disponíveis a todo tipo de manipulação,

passamos dos sentidos em um contexto real para sensações

diferenciadas criadas por nós no virtual, onde podemos impor nossa

vontade de acordo com o tempo de manipulação adequada para o

resultado esperado”.

28

1.1.1– Dos instintos à inteligência

O indivíduo, ao buscar soluções, procura caminhos que sejam favoráveis

à resolução dos seus problemas, seja por métodos que o levem a patamares

melhores de aprendizagem ou na busca de objetivos a serem realizados. Ele

deve seguir seus instintos, através das suas sensações e sentidos, buscando a

melhor maneira de satisfazer suas necessidades para o aprender,

empenhando-se e caminhando para o progresso de suas reflexões e meios

para resolver pendências que o levem ao fim.

Em questões virtuais, ora estamos utilizando instintos para criar, ora

para decifrar o que é colocado em termos de aprendizagem, e a aprendizagem

só é dada a partir do momento em que se consiga internalizar o que é

proposto. Uma vez entendido um conteúdo, há caminhos que instintivamente

serão percorridos e, por meio destas ações, poderão ser criadas novas

aprendizagens, até mesmo em um meio virtual. A educação é o caminho para

a formação de novos conceitos e experiências que vão levar o indivíduo a um

amadurecimento cognitivo e, portanto, a uma evolução em sua educação.

Piaget (2007, p.64-65) reflete sobre instinto se tornar inteligência da

seguinte forma:

“A questão consiste, pois em compreender a passagem do instinto à

inteligência ou, dito de outro modo, o processo de irrupção dos

instintos”. A esse respeito, o lamarckismo quis ver nos instintos uma

inteligência que teria se estabilizado hereditariamente (por herança

do adquirido), ao passo que outros autores, seguidos pela maior parte

dos neodarwinistas, insistiram nas oposições ditas naturais entre o

29

caráter rígido e cego, mas infalível, do instinto e as propriedades de

intencionalidade consciente, de flexibilidade, mas também da

falibilidade, da inteligência.

O grande problema da virtualidade é que perdemos o objeto real, bem

como o meio que nos cerca no dia-a-dia. Heidegger (2001, p. 243-64) deixa

clara essa posição quando diz que o saber técnico científico implica não

apenas na ciência de todas as ciências, mas também tem a consequência de

perder à ‘coisalidade’ das coisas, no acesso do contato e da inserção dos

sentidos sobre o objeto.

Merleau-Ponty (1994, p.3) mostra que: [...] Tudo aquilo que eu sei do

mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão ou de uma

experiência do mundo [...]. O grande problema da virtualidade é a questão do

experimentar, do saber e de dar sentido, são fases que podem ser identificadas

nas teorias do conhecimento, fases de amadurecimento do conhecimento em

que o indivíduo, por meio das experiências, chega a um progresso de

aprendizado, não diferente em meios virtuais, mas que também pode ser

contido pelo não uso de alguns sentidos ou do conhecimento do que se está

experimentando no virtual e que não pode ser anteriormente observado ou

sentido no ambiente (BASBAUM, 2005, p.7-8).

1.2 – A construção do saber pelo pensamento, pela fala e pelo registro.

O pensamento é a reflexão sobre sensações sobre as quais temos

intenção de reproduzir em signos, símbolos, figuras e outras formas de

comunicação.

30

De acordo com Vygotsky (2008, p.5), qual é a unidade do pensamento

verbal que satisfaz os requisitos entre pensamento e palavra?

Acreditamos poder encontrá-la no aspecto intrínseco da palavra, no

significado da palavra. Até o momento, poucas pesquisas sobre esse

aspecto intrínseco da fala foram realizadas, e a psicologia tem pouco

a nos dizer sobre o significado da palavra que não se aplique, do

mesmo modo, a outras imagens e atos do pensamento. A natureza

do significado como tal não é clara. No entanto é no significado da

palavra que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal.

È no significado, então, que podemos encontrar as respostas às

nossas questões sobre a relação entre o pensamento e a fala.

A grande questão no pensar não é apenas a de falar e se fazer

entender, mas registrar os insights sobre determinadas ideias que surgem a

partir de observações que fazemos sobre o objeto em estudo.

As palavras, muitas vezes, podem se referir não apenas a um objeto,

mas tem diversos significados e significâncias para quem está recebendo a

informação.

Conforme Vygotsky (2008, p.41):

O progresso da fala não é paralelo ao progresso do pensamento. As

curvas de crescimento de ambos passa por várias mudanças. As

curvas de crescimento de ambos cruzam-se muitas vezes; podem

atingir o mesmo ponto e correr lado a lado, e até mesmo fundir-se por

algum tempo, mas acabam se separando novamente.

31

Nos meios virtuais, os símbolos, signos e figuras têm papel importante

na comunicação, porém depende muito de quem receberá essa informação e o

que este indivíduo pretende interiorizar, ou seja, o que faz sentido para ele.

Não existe construção sem um pensamento gerado a partir das

sensações que o indivíduo tem com um objeto presencial. Nas questões

virtuais, muito do que se é criado parte das sensações do indivíduo com seu

meio, com o contato com o objeto, porém criar em cima do que já está no

virtual não descaracteriza um contato direto com o objeto, mas sim o contato

com o objeto em outra dimensão, a semiótica. Logo, existe sensação, por meio

dos sentidos visuais ou auditivos, que levam o indivíduo a pensar e,

consequentemente, a um estágio de aprendizagem evolutiva, ao criar.

O significado das coisas é que irá gerar a fala e a produção de

aprendizagem em contextos reais ou virtuais.

De acordo com Vygotsky (2008, p.6):

[...] o significado é parte inalienável da palavra como tal, e dessa

forma pertence tanto ao domínio da linguagem quanto ao domínio do

pensamento. Uma palavra sem significado é um som vazio, que não

mais faz parte da fala humana. Uma vez que o significado da palavra

é simultaneamente pensamento e fala, é nele que encontramos a

unidade do pensamento verbal que procuramos.

A fala ou a escrita, bem como as figuras, têm a função de comunicar

algo a alguém. Essa absorção de imagens, signos e símbolos é o que nos leva

a uma convivência social. Seja por meios reais ou virtuais, os grupos se

formam a partir de afinidades e a comunicação também é significativamente

importante nesse processo, pois, por meio dela, os indivíduos interagem, criam

32

e inovam os processos de aprendizagem, sejam em contexto individualizado ou

coletivamente.

Conforme Vygotsky (2008, p.6):

“A função primordial da fala é a comunicação, o intercâmbio social”

Quando o estudo da linguagem se baseava na análise em elementos,

também essa função foi dissociada da função intelectual da fala.

Ambas foram tratadas como funções separadas, até mesmo

paralelas, sem se considerar a inter-relação de sua estrutura e

desenvolvimento. No entanto o significado da palavra é uma unidade

de ambas as funções da fala. O fato de que o entendimento entre as

mentes é impossível sem alguma expressão mediadora, é um axioma

da psicologia científica.

Porém, devemos levar em conta que alguns indivíduos não falam, ou

ainda não enxergam ou escutam, mas existe uma linguagem primitiva, em que

os sinais são importantes para existir uma comunicação eficiente em um

processo de aprendizagem. Por isso, temos o braile ou ainda as libras, que

também são utilizados não apenas na educação presencial, mas também na

educação a distância.

Vygotsky (2008, p.7) afirma que:

Na ausência de um sistema de signos, linguísticos ou não, somente o

tipo de comunicação mais primitivo e limitado torna-se possível. A

comunicação por meio de movimentos expressivos, observada entre

os animais, é mais uma efusão afetiva do que comunicação. [...] A

transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a

outros requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana

33

[...] de acordo com Edward Sapir, o mundo da experiência precisa ser

extremamente simplificado e generalizado antes que possa ser

traduzido em símbolos. [...] As formas mais elevadas da comunicação

humana somente são possíveis porque o pensamento do homem

reflete uma realidade conceitualizada.

O pensamento é vago e ilimitado, mas o registro fica limitado ao

escrever ou digitar, porém, interpretado por outros, pode levar a uma reflexão

significativa sobre o objeto e criar um novo contexto de aprendizado, ou ainda

uma evolução da complexidade criativa do saber.

De acordo com Heidegger (1999, p. 37), “quem quer que seja pode falar

sem cessar e sua palavra não dizer nada”.

Heidegger vai além, não basta apenas falar ou escrever para si mesmo,

mas saber dizer, que, segundo ele, é saber mostrar. Mostrar e saber ver e

entender qualquer coisa envolve a inteligência individual e esta se torna

coletiva a partir do momento em que se propagam as próprias ideias em forma

de palavra registrada por símbolos, signos ou sinais. Heidegger ainda afirma:

“o homem não pode verdadeiramente dizer isto é, mostrar e fazer aparecer

senão aquilo que se mostra a ele de si próprio, que aquilo que se mostra a ele

de si próprio aparece se manifesta e se dirige a ele”. (HEIDEGGER, 1999,

p.37)

Heidegger ainda condena a questão de a informatização reduzir os

meios de linguagem através do computador, pois este acredita que esta

linguagem reduz as dos sinais da comunicação em termos de produção

intelectual.

34

1.3 – A formação dos conceitos

Conforme Vygotsky (2008, p.65):

Os métodos tradicionais de estudo dos conceitos dividem-se em dois

grupos. O chamado método de definição, com suas variantes, é típico

do primeiro grupo. É utilizado para investigar os conceitos já formados

na criança através da definição verbal de seus conteúdos. Dois

importantes inconvenientes tornaram esse método inadequado para o

estudo aprofundado do processo.

O método é centrado no que está no exterior, logo focando repetições de

definições já prontas, imediatistas que levam à questão da reprodução de algo

que já existe. Ainda há problemas em relação às sensações, que são

simplesmente ignoradas.

No universo virtual, a leitura e a escrita são fundamentais para a criação

dos meios semióticos, como a leitura de uma figura, de números que darão

origem à aprendizagem e, posteriormente, poderão gerar criatividade, em uma

estrutura onde só exista a reprodução e que não leve em conta a capacidade

de transformar através dos sentidos e experiências que o indivíduo tem. Sem

elas, não existiria aprendizagem progressiva, mas uma reprodução de algo que

já foi produzido por alguém sem grandes projeções em termos de aprendizado

significativo e criativo.

De acordo com Vygotsky (2008, p.66):

O material sensorial e a palavra são partes indispensáveis à formação

de conceitos. O estudo isolado da palavra coloca o processo no plano

35

puramente verbal, que não é característico do pensamento infantil. A

relação entre o conceito e a realidade continua inexplorada; aborda-

se o significado de uma determinada palavra através de outra, e o

que quer que se descubra por meio dessa operação é antes um

registro da relação, na mente da criança, entre famílias de palavras

previamente formadas, do que um quadro dos conceitos da criança.

O segundo grupo abrange métodos utilizados no estudo da

abstração.

O segundo método limita o indivíduo a internalizar os conceitos através

das abstrações, com impressões discretas e que não caracterizam os símbolos

como forma de aprendizado ou significado, limitando, assim, as palavras neste

processo.

Através destes métodos, foi criado um novo método, no qual as palavras

não tinham significado, mas eram associadas a determinados atributos de um

objeto. Essa metodologia, inclusive, pode ser aplicada a adultos. O que importa

é a sensação que o indivíduo tem em relação à determinada situação e um

objeto e que também prova que um conceito não é ou será sempre verdadeiro,

mas sim parte de uma aprendizagem constante.

Conforme Vygotsky (2008, p.69):

Só podemos concluir que os fatores responsáveis pela diferença

essencial entre o pensamento conceitual do adulto e as formas de

pensamento características da criança pequena, não são nem o

objetivo a ser alcançado, nem a tendência determinante, mas sim

outros fatores ainda não examinados pelos pesquisadores.

36

A diferença básica entre crianças e adultos é a forma de organizar e

articular as ideias. Mesmo quando falamos de conceitos, as crianças criam pré-

conceitos pouco ricos em detalhes que não definem o foco final; logo, o

processamento ocorre de forma diferenciada, ou seja, falta o amadurecimento

do desenvolvimento do pensamento.

Conforme Vygotsky (2008, p.69):

Deparamo-nos, então, com o seguinte estado de coisas: num estágio

inicial de seu desenvolvimento, uma criança é capaz de compreender

um problema e visualizar o objetivo colocado por esse problema;

como as tarefas de compreender e comunicar-se são essencialmente

as mesmas para o adulto e para a criança, esta desenvolve

equivalentes funcionais de conceitos numa idade extremamente

precoce [...] essas tarefas diferem profundamente das do adulto, em

sua composição, estrutura e modo de operação [...].

Para que exista essa evolução significativa da aprendizagem, deve

haver uma mediação, mas, para isso acontecer, é necessário existir um

domínio dos signos que será fator fundamental para o progresso em busca do

conceito e evolução na aprendizagem.

1.4 – O avanço dos códigos no sentido de educar rumo à era digital

A partir dos anos 40, no pós-guerra, as cores e as imagens do mundo

foram se transformando. Os indivíduos, antes da II Guerra Mundial, viviam em

um contexto de imaginação, que buscava a interpretação do mundo; hoje, em

37

um universo pós-moderno, interpretamos as teorias já elaboradas sobre o

mundo.

Conforme Vygotsky (2008, p.70):

O signo mediador é incorporado a sua estrutura como uma parte

indispensável, na verdade a parte central do processo como um todo.

Na formação de conceitos, esse signo é a palavra, que em princípio

tem o papel de meio na formação de um conceito e, posteriormente,

torna-se o seu símbolo.

Logo, para que exista uma aprendizagem, deve haver uma lógica de

entendimento, um conceito sobre o que se quer entender, onde o indivíduo

está qual o grau de aprendizado que possui em relação ao objeto, o meio de

identificação dele e como fazer para alcançar os resultados desejados, ou seja,

um amadurecimento sobre o conceito do objeto em questão.

De acordo com Vygotsky (2008, p.73):

A presença de um problema que exige formação de conceitos não

pode, por si só, ser considerada a causa do processo, muito embora

as tarefas com que o jovem se depara ao ingressar no mundo

cultural, profissional e cívico dos adultos sejam, sem dúvida, um fator

importante para o surgimento do pensamento conceitual. Se o meio

ambiente não apresenta nenhuma dessas tarefas ao adolescente,

não lhe faz novas exigências e não estimula o seu intelecto,

proporcionando-lhe uma série de novos objetos, o seu raciocínio não

conseguirá atingir os estágios mais elevados, ou só alcançará com

grande atraso.

38

Esse conceito funciona muito bem quando falamos na virtualidade, onde

os signos, símbolos e códigos são importantes para que o indivíduo tenha

progresso na aprendizagem, porém, se esses fatores, de alguma forma, não

despertarem o interesse ou não criarem estímulo ao indivíduo, este não terá o

progresso adequado.

Conforme Flusser (2007, p.130),

“um código é um sistema de símbolos. Seu objetivo é possibilitar a

comunicação entre os homens. Como os símbolos são fenômenos

que substituem (“significam”) outros fenômenos, a comunicação é,

portanto, uma substituição: ela substitui a vivência daquilo a que se

refere, portanto trata-se de um fluxo constante de substituições

referente à construção de novos modelos que agregam valor na

questão de novos aprendizados ao homem.

O homem, com o passar do tempo, nessa nossa era moderna, aprendeu

a interpretar os símbolos de acordo com o tempo, é como se deslizássemos os

olhos por um texto e tentássemos decifrá-lo, fragmentá-lo para achar uma

resposta para as nossas dúvidas. Os signos são agentes de representação

para o significado, desde que estes tenham relação e, principalmente,

pretendam demonstrar algo. Os signos, necessariamente, representam uma

coisa, mas sim como se representa essa coisa, a ligação entre o entendimento

do que é a coisa e como falar sobre a coisa (SANTAELLA; NÖTH, 2001).

Conforme Flusser (2007, p.135),

“o mundo codificado em que vivemos não significa mais processos,

pois não conta mais histórias, e não tem ação, o que Flusser quer

39

dizer com isso é que a magia, aos poucos, foi substituída pela lógica

e muitas coisas que, no passado, eram programadas, pensadas,

mesmo que em tom de imaginação fantasiosa, hoje podemos ter de

imediato”.

Porém, os textos atuais nos levam a nos programar, porém temos a

referência do passado, nossos valores, nossa forma de pensar, nossos

sentimentos e sensações, algo que hoje, nos meios digitais, através dos novos

símbolos, tem um outro propósito, que é o de criar uma nova referência em

termos de códigos, sinais e sensações diferenciados em um mundo virtual.

Conforme Flusser (2007, p.135), “[...] nossa ignorância quanto aos novos

códigos não é surpreendente. Levou séculos depois da escrita, para que os

escritores aprendessem que escrever significava narrar’”. Ora, se demoramos

tanto para aprender a escrever algo que transmitia significado a outros, a

codificação digital também aos poucos pode ser aprendida, mas cada coisa ao

seu tempo.

Como na escrita, que foi inventada para que as alucinações, ou ainda a

imaginação, fossem registradas, as mídias digitais, com seus textos, servem

para a rapidez da disseminação das ideias por meio dos seus códigos, porém

cabe aos indivíduos serem preparados e terem a capacidade de decifrá-los de

forma significativa, não apenas de uma maneira quantitativa, mas qualitativa,

para garantir uma aprendizagem adequada que imprima significado na

construção do conhecimento.

40

CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E SUA

IMPORTÂNCIA

2.1 – Origens da educação à distância

Os modelos de educação a distância que conhecemos não nasceram da

forma como se apresentam hoje, eles são antigos e, através dos tempos, foram

se transformando até incorporarem mídias digitais. Foi um caminho longo, mas

contribuiu para significativas mudanças.

Conforme LITWIN (2001), a educação a distância surgiu no século XIX,

em instituições europeias e americanas que ofereciam cursos a distância por

correspondência, porém essa modalidade de educação era considerada de

segunda linha. Apesar disso, renomadas universidades acreditavam nessa

nova forma de educar.

De acordo com o citado autor (2001), universidades, como a de Chicago,

em 1892, ofereciam cursos que complementavam os estudos universitários,

mas eram por correspondência. Em 1930, já existiam 39 escolas que utilizavam

estudos à distância (LITWIN, 2001). Nos Estados Unidos e na Europa, a

contribuição dessa modalidade só foi percebida na educação após a década de

60.

No Brasil, a história dessa modalidade de educação começou com o

Instituto Universal Brasileiro em meados da década de 50. Esse instituto é um

dos pioneiros do Ensino a Distância (EaD) no Brasil. Há mais de 60 anos, vem

colaborando para o preparo de profissionais capazes e produtivos, com cursos

profissionalizantes, supletivo e, agora, ensino

41

técnico.(http://institutouniversal.com.br2). Na década de 50 e 60, o Instituto

Universal Brasileiro era um monopólio em educar à distância, mas, hoje, já está

ultrapassado com as novas tecnologias.

No quadro abaixo, podemos observar à evolução da educação a

distância no Brasil.

Quadro 1 – Breve histórico do uso de tecnologias na Ead no Brasil

Fonte: Adaptado de Maia (2001)

No Brasil, a educação a distância começou por volta do início do século

XX, porém as universidades só adotaram o modelo ao final da década de 90

2 Ver mais sobre o instituto universal brasileiro no site.

1904 – Mídia impressa e correio – ensino por correspondência privado.

1923 – Rádio Educativo Comunitário.

1965 – 1970 – Criação das TVs Educativas pelo poder público.

1980 – Oferta de supletivos via telecursos (televisão e materiais impressoras), por fundações sem fins lucrativos.

1985 – Uso do computador stand alone ou em rede local nas universidades.

1985 – 1988 – Uso de mídias de armazenamento (videoaulas, disquetes, CR-ROM etc.) como meios complementares.

1989 – Criação da Rede Nacional de Pesquisa (uso de BBS, Binet, e e-mail).

1990 – Uso intensivo de teleconferências (cursos via satélite) em programas de capacitação a distância.

1994 – Início da oferta de cursos superiores à distância por mídia impressa.

1995 – Disseminação da Internet nas instituições de nível superior, via RNP.

1996 – Redes de videoconferência – início da oferta de mestrado à distância, por universidades públicas em parceria com empresas privadas.

1997 – Criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem – Início da especialização a distância via internet, em universidades públicas e particulares.

1999 – 2001 – Criação de redes públicas, privadas e confessionais para cooperação em tecnologia e metodologia para o uso das NTIC na EAD.

1999 – 2002 – Credenciamento oficial de instituições universitárias para atuar em Educação à distância.

2003 – 2012 – Novas formas de educação através de redes sociais e plataformas de ensino.

42

quando se deu o credenciamento e a legalização para o ensino superior em

EaD.

Conforme Maia (2003, p.78),

Em 1996, surgem os primeiros cursos de mestrado oferecidos com o

uso de videoconferência, integrando universidade, empresa com

tecnologia digital e interatividade completa em áudio e vídeo. Em

1997, as universidades completam o ciclo de aprendizagem para

gerar ambientes virtuais de aprendizagem (AVA).

Essa evolução continua de forma acentuada, ampliando formas de

educação por meio da virtualidade, ou ainda por Ead, o que diferencia a

qualidade educacional é a estrutura e a forma de trabalho com as mídias, só

assim conseguiremos uma educação virtual com qualidade.

2.2 – O que é educação a distância

Quando falamos de educar a distância, estamos nos referindo a uma

educação em que temos um professor ou um mediador em um espaço e o

aluno em outro. O tempo pode ser em um mesmo instante ou não, dependendo

da mídia utilizada para propagar a educação. O aluno pode estar on-line, pois

podemos trabalhar com chats, fóruns e outras ferramentas, dependendo do

modelo de educação escolhido para agregar informação, de forma que o aluno

possa dirigir suas dúvidas e construir um novo raciocínio.

43

Conforme Moore (1992 apud NETTO, 2001), educação a distância “são

todas as formas de educação nas quais o aprendiz normalmente se encontra

em lugar distinto daquele em que se acha o professor”.

Ely (1992) define educação a distância como uma modalidade em que

os indivíduos, professor e aluno, não estão no mesmo espaço e estão

separados pelo tempo. Isso inclui estudos que podem ser por correspondência,

telecurso, computadores e outros, mas deixa claro que serve como um

complemento à aprendizagem. Quando temos referência de mais de vinte anos

atrás, o que a autora afirma mostra-se coerente, mas não podemos desprezar

o fato de que, quando trabalhamos on-line, estamos falando no mesmo tempo

e, portanto, os alunos não estão necessariamente separados, a não ser pelo

espaço.

A educação a distância pode ser utilizada como complemento à

educação presencial. De fato, em algumas faculdades aqui no Brasil e no

mundo, ela é assim concebida, pois ajuda na construção do conhecimento e

agrega na formação profissional.

Netto (2001) ressalta que essa modalidade de educação contribui

quando associada à educação presencial, por permitir que o aluno esteja em

contato com uma quantidade e qualidade de materiais e conteúdos mais

diversificada e pode educar-se em sua própria casa por meio da internet.

Alexander (1997) menciona uma investigação nos Estados Unidos, em

que os alunos que têm acesso ao computador e à internet apresentam um

desempenho maior do que os que não possuem.

Demo (2009) critica o modelo de educação a distância praticado por

algumas faculdades, que utilizam as tecnologias digitais apenas como aparato

44

aos cursos presenciais e que o fazem apenas aos finais de semana. Na

verdade, o referido autor (2009) não concorda com a metodologia se aplicada

apenas por algumas horas com a finalidade de oferecer material para

aprendizagem. Acredita que deveria ter melhor elaboração por parte dos

responsáveis para propiciar educação de qualidade com conteúdos

adequados, como chats (conversa entre os integrantes do mesmo curso com o

professor para tirar dúvidas sobre a disciplina); fóruns (participação dos alunos

com perguntas, questionando, sugerindo e colocando suas ideias a respeito do

assunto em pauta definido pelo professor); exercícios (perguntas a serem

respondidas on-line). Tudo isso de maneira a proporcionar interatividade de

alunos e professores.

De toda forma, são vários os questionamentos que envolvem a

educação a distância, tendo em vista o comprometimento das instituições em

educar.

Ainda retomando Demo (2009), impressiona, certamente, a presença

enorme da aprendizagem informal: 53% de usuários adultos da Internet

procuram apoios on-line para pesquisa na escola e no trabalho; 8% de adultos

usam a internet todo dia; 52% de adultos fizeram pesquisa on-line na internet

em um dia típico. O que Demo (2009) quer apontar é que o computador e a

internet colaboram para as pesquisas na educação, mas isso não caracteriza

educação a distância, apresentando-se como educação informal realizada

pelos usuários. Esse fato é muito comum para os alunos de EaD, assim

como para os do presencial. Muitos utilizam a internet como forma de estudo.

O fato de trabalharmos com a virtualidade não quer dizer que o aluno tenha

que pesquisar necessariamente tudo na internet. Ele pode utilizar recursos,

45

como periódicos, livros, além de outras fontes, em cursos de educação a

distância, o que define sua forma de estudo são as mídias que compõem e o

tipo de mediação, que pode ser mais eficiente e eficaz de acordo com o

comprometimento do docente, assim como do aluno.

Conforme Castilho (2011,19),

Do ponto de vista de modalidade, distinguem-se duas. Na modalidade

assíncrona, cada indivíduo tem acesso aos conteúdos educacionais,

mas tem pouca interação com os colegas, a não ser por e-mail,

fóruns de discussão ou chats – a forma é chamada de comunicação

unidirecional. A modalidade síncrona é mais eficaz, ou seja, com

elementos que promovem a interação em tempo real, por meio de

voz, imagens e dados (TV interativa, conferências por computador),

entre pessoas que se concentram dentro de uma espécie de aula

virtual [...].

De fato, muitas instituições trabalham com as modalidades apontadas

por Castilho. Algumas adotam cursos totalmente a distância, em que os

indivíduos estudam por AVA em casa e somente comparecem à universidade

para fazer as provas. Os exercícios valem como presença, os vídeos são

gravados em estúdio por professores e são postados no ambiente virtual, além

dos textos, chats e fóruns, que são aplicados em uma mídia e acessados

individualmente pelos alunos. Há, também, cursos a distância em que os

indivíduos acessam a mídia (sala virtual no computador) em hora definida e

sua participação é computada pela sua entrada. O que diferencia o primeiro

modelo proposto de ensino virtual a distância do segundo é que o primeiro

praticamente é feito pelo indivíduo em casa, este deve apenas ir ao local de

46

sua matrícula para fazer as provas de tempos em tempos; já no segundo

modelo, o indivíduo tem que ir até a faculdade toda semana pelo menos uma

vez para assistir às aulas e para fazer as provas.

Há, ainda, polos (locais fora da unidade matriz), onde os alunos

comparecem fisicamente para terem teleconferências em EaD em tempo real.

Os polos servem como canais utilizados para proposta de ensino a distância

pelo AVA, idealizado pela instituição de ensino aos alunos de vários lugares do

país e do mundo. A proposta é a de prover uma educação de acordo com sua

necessidade de aprendizagem e da abordagem pedagógica local. Cabe aos

idealizadores do curso ter essa capacidade de mediar uma educação de

qualidade que venha agregar valor aos alunos interessados em aprender. A

maioria das instituições não pensa nessa questão social e faz cursos iguais

para necessidades diferentes, como sendo padrão, e oferecem esses cursos

para todos em todos os lugares, visando à quantidade de alunos e à

arrecadação de valores monetários.

2.2.1 – A EaD como educação promissora hoje e para o futuro

A educação a distância torna-se promissora, principalmente por fornecer

aos seus usuários a capacidade de interagir com outras pessoas ou grupos,

por agregar valor à educação presencial, por sua rapidez, quantidade e

qualidade de material. Além disso, apresenta a vantagem de poder oferecer

possibilidade de conhecimento nos tempos livres e em casa. É fato que muitas

pessoas procuram os cursos em EaD por não terem tempo de ir a uma

faculdade.

47

Conforme Castilho (2011), “as redes de aprendizagem, etapa mais atual

do processo de ensino a distância são uma prova de que a interatividade do

aluno elimina a sensação de solidão e torna o aprendizado mais atraente”.

O que podemos observar é que a educação a distância já ocupou seu

espaço em nossa sociedade e no mundo. O que impede, muitas vezes, a

propagação maior desse modelo de educação são as formas de se realizar o

ensino e exigir a aprendizagem sem dar condições reais para o fato, ou seja,

muitas instituições visam quantidades de alunos sem proporcionar condições

de estudo adequadas, sem material que agregue, de fato, valor construtivo

educacional, deixando os alunos sem apoio e assessoria.

Há grande exploração por parte da indústria financeira que alonga seus

tentáculos sobre a educação. Dessa forma, lucro pela quantidade de alunos é a

visada mais forte das instituições de ensino com esse viés mercadológico e

não a qualidade do ensino e a aprendizagem.

Muitas instituições não se preocupam em fazer uma pesquisa das reais

necessidades dos alunos, mas vendem um produto que creem ser adequado e

que pode oferecer um bom resultado na educação.

Para um bom futuro utilizando a EaD, devemos ter consciência de que

precisamos fornecer uma educação de qualidade, com materiais compatíveis à

realidade do público- alvo, oferecendo as melhores mídias para que o aluno

não apenas seja educado, mas produza, por meio da aprendizagem, melhores

frutos para ela, para a educação e, consequentemente, para a sociedade.

48

2.3 – A virtualidade e suas transformações na educação

Conforme Lévy (2003, p.47), “o fascínio suscitado pela “realidade virtual”

se dá por uma confusão nas três esferas principais entendidas como

virtualidade”.

Pela ótica filosófica, a virtualidade é algo que existe em potencial e não

em ato, que é resolvida constantemente através da atualização, ou seja, pela

mudança do tempo, o virtual está ligado ao pré-acontecimento, é um estágio de

aporte ao resultado, e, portanto, têm grande significado quando falamos em

transformações da realidade. Para muitos, a virtualidade está ligada ao irreal,

ou algo não tangível, mas ela é uma recriação do tangível em um meio

intangível, que é adaptado através dos tempos, remontando ao tangível (LÉVY,

2003, p.47).

É um território do qual ninguém é dono plenamente e que só se domina

se estiver no âmbito do pensamento de quem o está criando, transpondo a

realidade, mas que se torna realidade, portanto quem domina o local e o que

está sendo criado é dono temporariamente daquele momento, daquela ideia,

da identidade e pensamento do sujeito sobre aquele objeto.

Conforme Pierre Lévy (2003, p.48), “o virtual é uma fonte indefinida de

atualizações”.

Acrescenta o autor (2003, p.49):

[...] a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma

virtualização geral da economia e da sociedade. Das substâncias e

dos objetos, voltamos aos processos que os produzem. Dos

territórios, pulamos para as nascentes, em direção às redes móveis

49

que os valorizam e os desenham. Dos processos e das redes,

passamos às competências e aos cenários que as determinam, mais

virtuais ainda. Os suportes de inteligência coletiva do ciberespaço se

multiplicam e colocam a sinergia das competências. Do design à

estratégia, os cenários são alimentados pelas simulações e pelos

dados colocados à disposição pelo universo digital.

Os espaços destinados aos meios virtuais estão em crescente

aceleração, propagando-se e expandindo cada vez mais, e essas mudanças

fazem com que a sociedade seja transformada de forma contínua. Quanto mais

existe criatividade e inovação, mais os desafios são postos aos homens que

vão transformando sua vida através da virtualidade, que é expressa em um

mundo que não é real, mas é feito por pessoas que vivem no real e podem

exprimir suas vontades em um novo mundo, modelando, desse modo, novas

formas de criar no mundo real.

Conforme Allegretti (2003, p.8),

Existe, hoje, uma nova visão do conhecimento e de seu processo de

elaboração e construção por parte dos indivíduos. As modernas

teorias - Morin (2001), Capra, (2002), Maturana (2001), Pozo (2002) e

Demo (2001) - desenvolvidas por estudiosos do assunto mostram

claramente a necessidade de relacionar diferentes contribuições

científicas provenientes de vários campos do saber, evidenciando-se,

assim, a complexidade do tema e a necessidade de se tomar por

base as novas concepções quando se pretende introduzir mudanças

na aprendizagem e no ensino. Tais teorias (Morin, Capra, Maturana,

Pozo e Demo) assumem uma concepção sistêmica e ecológica da

vida humana, em que mente e corpo não se separam interagindo com

50

o seu ambiente num sistema de troca de energias que assegura o

seu autodesenvolvimento.

Os computadores cresceram em quantidade, mas diminuíram de

tamanho, facilitando, desta forma, a utilização pelas pessoas no meio

doméstico. Cada vez mais, as empresas informatizam suas formas de trabalho,

escolas operam com a tecnologia e as pessoas usam esse meio para a

aprendizagem e trabalho no dia-a-dia.

Com o passar dos anos, o computador deixou de ser uma ferramenta

exclusiva para o trabalho e adentrou a educação e as salas de aula, inclusive

se tornando um meio virtual de aprendizagem, fazendo com que o ensino a

distância, que antes era feito por postagem de cartas, passasse a acontecer

por meio de computadores interligados à internet.

A partir da década de 1990, alguns segmentos da população assumiram

a utilização dessa ferramenta em seu dia-a-dia, em tarefas de casa, no trabalho

ou como forma de estudo, em possibilidades infinitas enquanto não

determinadas, mas finitas dentro do que se compreende como aprendizado

(COSCARELLI; RIBEIRO, 2007, p.7).

O que pode ser percebido é que o computador constitui-se como uma

novidade que trouxe melhorias para as empresas, para os estudos e para a

vida doméstica, contribuindo nas tarefas que antes eram mais difíceis e

demoradas. Esse instrumento possibilita solucionar problemas de uma forma

rápida e otimizada de tempo, inclusive tem ampliado suas contribuições na

questão da aprendizagem dentro de um contexto educacional.

O que era luxo no início da década de 90 passou a ser rotineiro dentro

dos lares, instituições de ensino e empresas, independente de seu tamanho ou

51

meio de atuação. A Internet, que antes era privilégio de grandes corporações,

passou a ser uma ferramenta comum para entretenimento, lazer, comunicação,

trabalho e estudos no cotidiano das pessoas, inclusive possibilitando-as de

fazer cursos virtuais (COSCARELLI; RIBEIRO, 2007, p.8).

De acordo com Lévy (2003, p.111):

“A cada minuto que passa, novas pessoas passam a acessar a

Internet, novos computadores são interconectadas, novas

informações são quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se

torna universal, e menos o mundo informacional se torna totalizável”.

O universal da cibercultura não possui nem centro, nem linha diretriz.

É vazio, sem conteúdo particular. Ou antes, ele os aceita todos, pois

se contenta em colocar em contato um ponto qualquer com qualquer

outro, seja qual for a carga semântica das entidades relacionadas.

Não quero dar a entender, com isso que a universalidade do

ciberespaço é neutra ou sem consequências, visto que o próprio fato

do processo de interconexão já tem, e terá ainda mais no futuro,

imensas repercussões na atividade econômica, política e cultural.

Essas mudanças propiciadas pelas mídias virtuais transformam a

sociedade do ponto de vista econômico, social, político, cultural, fazendo com

que o processo de melhorias seja propagado com uma velocidade incrível e

também coopera para que essas mudanças sejam constantes e evolutivas,

construindo sistemas dentro de um sistema, propagando informação, é algo

que está em constante transformação.

Para se entender um pouco sobre como a informação foi transformada

até se chegar à cibercultura, temos que nos remeter ao passado, quando as

52

culturas utilizavam a oralidade, posteriormente passaram a escrever o

pensamento para mais tarde chegar à cibercultura.

Conforme Lévy (2003, p.114), “nas sociedades orais, as mensagens

linguísticas eram sempre recebidas no tempo e lugar em que eram

emitidas”. Emissores e receptores compartilhavam uma situação idêntica e,

na maior parte do tempo, um universo semelhante. O que Pierre Lévy quer

dizer com isso é que as sociedades trabalhavam a comunicação onde os

indivíduos estavam próximos, frente a frente e, desse modo, as formas de

comunicação eram propagadas em tempo real, mas os indivíduos estavam

presentes e compartilhavam dos mesmos símbolos ou signos para propagar as

mensagens ou ensinamentos. Um exemplo disso são os professores que

trabalhavam com a informação individual, aluno por aluno em sala de aula, em

uma comunicação direta, objetiva e exclusiva, em uma linguagem com a qual o

emissor propagava a mensagem e o receptor (aluno) a assimilava como se

fosse uma aula individual.

Outro exemplo importante refere-se ao método de ensino de Platão e

Aristóteles, segundo o qual o mestre propagava as informações verbalmente

através da fala e, desta forma, estimulava a aprendizagem dos seus alunos.

Eram modelos sociais que acreditavam que a aprendizagem devia ser

realizada por meio da fala.

A comunicação se propagava em pequenas distâncias, em especial

quando os indivíduos interagiam bem próximos uns dos outros.

De acordo com Lévy (2003, p.114):

A escrita abriu um espaço de comunicação desconhecido pelas

sociedades orais, no qual se tornava possível tomar conhecimento

53

das mensagens produzidas por pessoas que se encontravam a

milhares de quilômetros, ou mortas há séculos, ou então que se

expressavam apesar de grandes diferenças culturais ou sociais. A

partir daí os atores da comunicação não dividiam mais

necessariamente a mesma situação, não estavam mais na interação

direta.

Um fator importante é a questão do repensar o aprendizado na sala de

aula ou local de aula, as capacidades e as formas e formatos de

aprendizagem, o advento das novas linguagens, a necessidade de inclusão

das pessoas ao novo cenário de estudos, a emergência da ampliação dos

horizontes do conhecimento e rever todo o planejamento de aula

(COSCARELLI; RIBEIRO, 2007, p.8).

As escolas como empresas e pessoas, devem seguir as tendências e

cenários mundiais. Portanto, quando se fala em mudanças, entende-se que

sejam para melhor, buscando o aperfeiçoamento e a inclusão de acordo com o

que ocorre no mundo e, portanto, a educação não poderia ser desprezada, por

isso a necessidade de se capacitar e mudar formas de ensino na escola.

Porém, o que deve ser observado é que esse novo formato de educação

não está acessível ainda a todos. Cabe às escolas e aos governos dar essa

oportunidade aos excluídos, fazendo com que estes participem e conheçam a

nova forma de se aprender.

Os computadores possuem e fornecem facilidades como diversidade de

imagens e de textos antes inacessíveis pelos alunos. A internet é uma

ferramenta poderosa que possibilita novos ambientes de leitura e escrita, bem

como consultas de novos formatos de aprendizagem.

54

A questão é como todas as pessoas serão inseridas nesse contexto

digital. Sabemos que apenas alguns têm acesso e possibilidades de ter um

computador em casa, por isso as escolas devem ser mais bem preparadas

com equipamentos que possam satisfazer essas necessidades.

A cultura escrita conta com uma imensa gama de gêneros textuais,

como jornais, bilhetes, artigos, notícias e outros. A tecnologia proporcionou

ainda mais diversidade na comunicação, com a criação do e-mail, das

conversas on-line em chats, dos bate-papos.

Algumas formas de aprendizado podem ser feitas em grande escala com

custo menor e com ampla gama de diversificação de informações; outras

devem ser experimentadas pessoalmente por quem está aprendendo, pois se

torna difícil utilizar o meio virtual.

O que facilita o aprendizado, sem dúvida alguma, é a rapidez, a

informação através de emails e a capacidade de assimilação de muitas

informações diversificadas sobre um determinado assunto, algo que, se fosse

por livros, ou por situações no cotidiano, muito demoraria e incorreria em mais

gastos.

O que facilita o aprendizado é a dinâmica de ensino, a gama de

informações, o custo e, principalmente, a praticidade e a comodidade para

conseguir as informações por meio do computador (COSCARELLI; RIBEIRO,

2007, p, 9-14).

A educação atual participa de um movimento revolucionário e mostra-se

cada vez mais complexa, porque sai do espaço físico da sala de aula para

ocupar outros espaços presenciais ou virtuais; descentraliza a figura do

professor para incorporar novos papéis, como de mediador, de facilitador, de

55

gestor, de mobilizador; desfigura o aluno individual para integrar o conceito de

aprendizagem colaborativa, considerando que aprendemos também juntos,

participamos e contribuímos para uma inteligência cada vez mais coletiva. Um

dos espaços onde a educação mais cresce é nas empresas: a expectativa é de

que o número de universidades corporativas ultrapasse o das universidades

tradicionais (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2004).

2.3.1 – Geração Y e Z

Existem quatro tipos de geração no Brasil, a Baby Boomers, que são

aqueles com mais de 46 anos nascidos na década de 60; a geração X,

pessoas com 30 a 45 anos nascidos na década de 70; a geração Y, nascidos

na década de 80 com idade de 20 a 29 anos; e, por último, a geração Z

(www.ibope.com.br).

O que diferencia essas gerações são seus hábitos, estilo de vida,

formas de trabalho e, principalmente, a capacidade com a qual esses

indivíduos interagem com os meios virtuais.

O poder aquisitivo dos indivíduos varia de acordo com a idade e a

geração, até por uma questão de vivência social. As preocupações das

gerações Baby Boomer e X eram diferentes das Y e Z, pois se tornavam pais e

responsáveis pela família mais cedo. As gerações Y e Z se preocupam menos

com esse aspecto social.

56

Gráfico 1 – Gerações no Brasil.

Fonte: Site (www.ibope.com.br).

O comportamento varia muito de uma geração para outra e as gerações

Y e Z são mais ligadas à virtualidade, por terem nascido em uma época em

que os videogames, o computador e a internet afloravam com mais intensidade

no Brasil e no mundo.

O comportamento da geração Y difere em algumas coisas da Geração

Z. Por exemplo, enquanto a primeira é altamente consumista, até porque já

trabalha na maioria das vezes e tem um poder aquisitivo maior, portanto sai

mais e se preocupa com a aparência e com a vida social, a geração Z ainda

está voltada para os jogos, para ouvir música e praticar esportes, porque, na

sua maioria, ainda não são adultos, são adolescentes.

Enquanto a geração Y se preocupa com coisas boas e duráveis, a

geração Z gosta de coisas que chamem a atenção e sejam divertidas.

57

Gráfico 2 – Consumo líquido.

Fonte: Site (www.ibope.com.br).

A geração Z é campeã na tecnologia, gosta de estar conectada, via

celular, relógio, tablets, computador, tudo que esteja dentro de um contexto

informatizado. Essa geração tem novas necessidades, imprime ritmo às

profundas transformações no padrão de consumo atual. O celular e a internet

se firmam como itens indispensáveis no dia-a-dia das pessoas desta geração

(www.ibope.com.br).

O que pode se perceber é que o computador e a internet, além do

celular, são fundamentais para a conectividade tanto da geração Y quanto da

Z.

58

2. 4 – As leis e os componentes da EaD

Em primeiro lugar, temos que analisar a veracidade da educação a

distância e a lei que a ampara. O que será educação e o que ela deve

proporcionar aos alunos?

O artigo 205 da Constituição Brasileira de 1988 determina que:

“a educação, direito de todos e dever do Estado e da família será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício

da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

(www.portalmec.gov.br)”.

Pelo artigo 205, podemos compreender que a educação tem o dever de

proporcionar o desenvolvimento dos indivíduos na esfera pessoal e

profissional, dando condições para que o indivíduo esteja inserido na

sociedade onde vive. Indo mais além, Castilho (2011) mostra que o artigo 206

ampara a EaD quando cita o “pluralismo de ideias de concepções pedagógicas,

e a coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”. A lei deixa claro

que a diversidade de ideias colabora para a promoção de novas modalidades

de educação, e a EaD, de fato, é uma modalidade diferenciada de educação.

Algo importante a ser observado é que, perante a lei (LDB- Lei nº

9.394/96), “no ensino superior é obrigatória a presença do professor e do

aluno, porém na modalidade educação a distância não”. Isso nos remete ao

conceito de EaD, segundo o qual o mediador e o aluno estão em lugares

distintos. O que é importante ressaltar é que, mesmo o aluno tendo aula

59

totalmente a distância, ele deverá comparecer à instituição ou polo para

realização das provas.

No decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, artigo 1º, lê-se que:

Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância

como modalidade educacional na qual a mediação didático-

pedagógica nos processos de ensino aprendizagem ocorre com a

utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com

estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em

lugares ou tempos diversas. (www.portalmec.gov.br).

Apesar de os materiais serem preparados em um lugar e o aluno

receber em outro, a educação, o aluno e o professor devem ter

comprometimento com a educação, pois a relação informação e mídia devem

ser claras para que exista uma conexão entre ensino e aprendizado por meio

da EaD.

Quadro 2 – Legislação de ensino a distância no Brasil3.

Fonte: Adaptado de Castilho (2011).

3 Ver legislação LDB no site www.portalmec.gov.br

Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Resolução nº1, de 16/2/1997, fixa condições para validade de diplomas de cursos de graduação e depós graduação em níveis de mestrado e doutorado oferecidos por instituições estrangeiras, no Brasil, nas modalidades semipresenciais ou à distância.

Portaria nº 301, de 7 de abril de 1998, normatiza os procedimentos de credenciamento de instituições para oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica à distância.

Decreto nº 5.622/05 trata da regulamentação do ensino a distância no Brasil.

60

Alguns componentes são importantes para o funcionamento da

educação a distância. É preciso sinalizar o fato de que as condições, as mídias

e as formas de comunicação são importantes para a construção do

conhecimento nos ambientes educacionais de EaD.

Percebe-se que a relação professor-aluno é fundamental para o sucesso

na construção do conhecimento, assim como a metodologia, o canal de

comunicação e uma organização adequada do meio virtual de aprendizagem e

bem gerenciada para obtenção de resultados satisfatórios para as partes

envolvidas no processo ensino-aprendizagem: o aluno, o professor, a

instituição de ensino.

Moore (2008) sugere um modelo de elementos que devem interagir para

que sejam alcançados os resultados esperados em termos de ensino

aprendizado:

• Uma fonte de conhecimento que deve ser ensinada e aprendida aqui

pode ter uma ou mais disciplinas contemplando um determinado curso,

ou seja, um assunto a ser abordado.

• Um subsistema para estruturar esse conhecimento, ferramentas

adequadas e materiais, ou seja, uma estruturação de conteúdo com

atividades interativas, classificando o curso em alguma área específica.

• Outro subsistema denominado mídia para a transmissão da educação

aos alunos.

61

• Mediadores, tais como professores que compartilhem essa educação e

estejam em sintonia com o aluno para que exista ensino-aprendizagem.

• Alunos que aprendam de acordo com suas necessidades sociais,

culturais, pois a aprendizagem não se dá da mesma maneira para todos.

• Na EaD, existe uma gestão onde temos início, meio e fim; logo, propor a

educação pressupõe interação entre professor e alunos, atividades e

textos sobre o conteúdo.

Na EaD, a proposta sempre será como em um projeto onde exista um

gerenciamento de dados focado nas necessidades dos alunos, em que exista

uma pesquisa de todo material para ser inserido como conteúdo de forma

individual, no caso de textos para reflexão, vídeos e exercícios, e de conteúdo

coletivo, como os chats e fóruns interativos. Outro fator importante é onde os

indivíduos irão estudar, a proposta será totalmente a distância, ou seja, o

acesso será de casa, ou por teleconferência nos polos da instituição? Os

materiais devem ter um tratamento de design para propiciar uma imagem

adequada, com gráficos, figuras textos e as videoaulas, as instituições devem

inserir um tutorial explicativo capaz de proporcionar ao aluno a condição de que

ele possa entender o passo a passo de forma construtiva de como procurar as

informações no AVA. Desta maneira, podemos ter uma educação construtivista

adequada para que o aluno possa aprender dentro de um ambiente virtual de

ensino.

62

Figura 2: Um modelo sistêmico para a educação à distância.

Fonte: Adaptado de Moore (2008).

Essa proposta de sistema acontece de forma bem clara nas instituições

brasileiras de ensino universitário de EaD, a questão implícita é a de respeitar

ou não a ordem proposta, ou ainda de aproveitar todas as mídias e formas de

Gerenciamento

Avaliação das

Necessidades

prioridades

Recursos

Alocação

Administração

Pessoal

Recrutamento

Treinamento

Controle

Monitoramento Avaliação

Política

Fontes de conteúdo

Organização

Individual

Finalidade dupla

Finalidade única

Consórcio

Gerencia os especialistas em conteúdo

Avalia as necessidades

Decide o que ensinar

Criação do programa/curso

Equipe do curso

Especialista em conteúdo

Responsável pelo módulo de instrução

Designer gráfico

Programador de internet

Produtores de áudio/vídeo

Editor

Gerente de equipe do curso

Ambiente de aprendizado

Local de trabalho

Residência

Sala de aula

Viagem

Mídia

Texto Imagens Som Dispositivos

Tecnologia Gravada Impressa/on- line Áudio: CD/fita on-line Vídeo: Cd/fita/on-line Transmitida Áudio: Rádio Visual: Televisão Interativa Audioconferên-cia Videoconferên-cia Computador de mesa Computador/ internet

Interação

Instrutores

Conselheiros

Equipe

administrativa

Bibliotecários

Centro/local de

aprendizado

Outros alunos

63

comunicação propostas. Cada instituição trabalha de uma forma diferente, com

conteúdos diferentes e público-alvo diversificado.

2.4.1 – Vantagens da EaD

A vantagem em se ter a educação a distância está no próprio nome

romper as barreiras de tempo e espaço em lugares diferenciados, porém

alguns aspectos devem ser observados: o que deverá ser proporcionado em

termos de educação? Quem são os alunos e onde estão? Quais as reais

necessidades deste lugar ou comunidade? O adequado é fazer uma pesquisa

e verificar as necessidades dos indivíduos e, em contrapartida, avaliar o que o

modelo de educação dentro das diretrizes educacionais pode proporcionar.

Desta forma, com uma boa administração, as instituições são capazes de

promover uma educação de qualidade4, eficiência5 e eficácia6 aos alunos.

Conforme Moore (2008,45),

Um sistema de educação a distância é formado por todos os

processos componentes que operam quando ocorre o ensino e o

aprendizado a distância. Ele inclui aprendizado, ensino, comunicação,

criação e gerenciamento.

Moore (2008) ainda afirma que a educação a distância é importante porque

supre necessidades que a educação presencial não contempla como um todo.

São elas:

4 O conceito de Qualidade foi primeiramente associado à definição de conformidade às especificações.

Posteriormente, o conceito evoluiu para a visão de Satisfação do Cliente. Fonte:

http://www.qualidade.com.Acessado em: 27/02/2013. 5 Eficiência está ligada à forma de se fazer, os caminhos utilizados para conseguirmos resultados.. 6 Eficácia é o objetivo, o resultado alcançado através dos esforços, o final do projeto.

64

1. Acesso crescente à oportunidade de aprendizado e conhecimento. Essa

acessibilidade tem fundamento, pois os indivíduos estão em lugares

diferentes do professor e cobrindo uma área maior de público educacional.

No caso, os alunos, além de terem acessibilidade de qualquer lugar, não

estão presos a um espaço fechado, no caso à sala de aula, e podem

acessar seu curso quando quiserem e no tempo que desejar.

2. Proporcionar oportunidades para atualizar aptidões no que diz respeito a

dar espaço para que as pessoas acessem a educação independente de

onde estejam (região geográfica no país).

3. Melhorar a redução dos custos dos recursos adicionais, o que dependerá

muito do tipo de mídia utilizado pela instituição. Tendo acesso ao

computador, podemos reduzir custos quando falamos em impressão de

papel principalmente, além de energia.

4. Apoiar a qualidade das estruturas educacionais existentes. Nesse caso, a

EaD pode ser outra modalidade de ensino ou agregar valor ao ensino

presencial, dependendo do curso e do que a instituição pretende em termos

de educação. A EaD pode ajudar nos processos de educação e

aprendizagem no que diz respeito a um grande potencial em informações

proporcionadas em pouco tempo. Basta que essas informações sejam

adequadas e gerenciadas para poder proporcionar uma educação

interessante e produtiva em termos de construção do conhecimento aos

alunos.

65

5. Melhorar a capacidade do sistema educacional. Com a educação a

distância, podemos romper fronteiras em qualquer lugar do mundo em

termos de espaço. Basta termos a tecnologia adequada. Por serem on-line

as informações, as consultas a material ficam bastante interessantes, pois

os alunos podem consultar pela internet informações que demoraria mais

tempo se fossem procurar em uma biblioteca, com figuras, gráficos e outras

informações desejadas.

6. Nivelar desigualdades entre grupos etários. Neste caso, acredita-se que

as oportunidades são homogêneas para todos, independente das idades,

ou seja, todos podem utilizar-se do EaD para estudar. Não existe

preconceito com a idade dos alunos que a utilizam, mas deve-se deixar

claro que todos precisam ter um preparo para conseguir estudar no meio

virtual de aprendizagem proposto pela instituição de ensino, ou seja, um

tutorial ou instrutor no caso do semipresencial onde os alunos vão aos polos

para que possam navegar dentro do AVA.

7. Direcionar campanhas educacionais para públicos-alvo específicos, ou

seja, criar cursos que satisfaçam as necessidades de determinados alunos

em algum lugar. Existem diversos cursos no mercado para satisfazer as

várias necessidades de pessoas que desejam estudar, desde cursos

corporativos (empresas) até educacionais (superior, técnico etc.).

8. Proporcionar treinamento de emergência para grupos-alvo importantes.

Nesse caso, estamos falando sobre uma videoconferência ou um e-learning

66

para empresas. Tanto no meio educacional, como no corporativo deve

existir um suporte para que os indivíduos aprendam a interagir com o AVA.

9. Aumentar as aptidões para a educação em novas áreas de

conhecimento, que, de alguma forma, serão ampliadas pela facilidade em

entrar nos sites e pela rapidez das informações fornecidas pela EaD. A

quantidade de opções no virtual é grande. Cabe ao indivíduo saber o que

irá pesquisar e, no caso das instituições, deve ter um mediador, como o

professor que proporcione o caminho para o estudo e educação dos seus

alunos.

10. Oferecer uma combinação de educação com trabalho e vida familiar. A

EaD proporciona a praticidade de se estudar em casa e, inclusive, coisas do

cotidiano, portanto agrega valor à educação no sentido de harmonizar

essas três esferas. A virtualidade já faz parte das vidas de muitas pessoas

no mundo; logo, a aprendizagem estabelecida através da educação no

meio virtual está em ascensão.

11. Agregar uma dimensão internacional à experiência educacional.

Quando falamos de EaD, computadores e mídias, podemos oferecer uma

conexão com a educação mundial, inclusive oferecendo educação

globalizada, ao administrar os conteúdos. Podemos buscar infinitas

informações na EaD, cabe a nós mesmos ter interesse e aos mediadores

de educadores proporcionar o melhor caminho para a educação. (MOORE,

2008).

67

2.4.2 – Desvantagens da EaD

Existe muita resistência ainda na adoção da educação na modalidade a

distância. Um dos principais motivos está ligado à presença do mediador. Esse

contato pessoa a pessoa faz com que a EaD não tenha credibilidade para

muitos, que acreditam ser o modelo presencial de educação o adequado,

principalmente pela figura do professor presente em sala de aula e por tirar

dúvidas no tempo e espaço presencial, cara a cara, no mesmo lugar.

Uma das grandes desvantagens do sistema EaD é o de não

conseguirmos saber as reações de fato dos indivíduos que estão sendo

educados. Por mais que teclem ou interajam em um fórum ou chat, o que está

sendo digitado muitas vezes pode ser interpretado de maneira diferente da

real, pois não estamos frente a frente com os indivíduos. Depende muito da

interatividade proposta pelo curso, se for um chat onde apenas teclamos e

temos respostas, este tem a tendência de ser mais frio, sem emoção; já no

caso de uma teleconferência, poderia proporcionar uma visão perceptiva do

aluno como mais caloroso, mais acolhedor, proporcionando credibilidade nas

informações propagadas pelo professor. Essa questão gera descontentamento

dos alunos e muitos desistem da EaD por não serem atendidos com a

compreensão que gostariam.

Pessoas que não estão aptas a mudanças em relação ao sistema em

sala de aula para o EaD expressam dificuldade em aprender, pois percebem

diferenças no modelo. Apesar de o conteúdo muitas vezes ser o mesmo do

presencial adotado em algumas instituições de ensino brasileiras, a

acessibilidade é diferente de estar frente ao professor. O vídeo e o áudio

68

podem não ser compreendidos, e o aluno, se não tiver conhecimento e domínio

das mídias, pode não compreender o que está sendo proposto em termos de

educação.

Muitos alunos não sabem trabalhar com a mídia. Cabe aos idealizadores

dar um curso introdutório no qual seja exposto o passo a passo, um manual

onde o aluno possa tirar suas dúvidas em relação a como construir sua

aprendizagem pelo AVA, mas, mesmo assim, muitos alunos insistem em

aprender pela EaD em qualquer instituição de ensino. Isso dificulta tanto a

proposta de ensino de qualidade, com chats, fóruns, vídeos e outros elementos

construtivistas do saber em um AVA, bem como o conhecimento por parte do

aluno, pois, se ele nem sabe ao menos por onde começar, como irá atuar no

AVA, adquirir e construir conhecimento e ter condições de buscar novos

saberes neste ambiente virtual?

Acreditamos que, para um aluno entrar em um curso de EaD, este curso

deve proporcionar os caminhos para o acesso à virtualidade, bem como

proporcionar respostas às dúvidas dos alunos em termos de acessibilidade.

Desta maneira, o estudante vai construindo sua forma de acessibilidade, bem

como o de aquisição de conhecimentos durante um processo de EaD.

A relação humana faz falta aos alunos de EaD, é como se fossem muito

carentes e isto é perceptível. Os alunos querem uma maior atenção por parte

dos docentes, muitas vezes, expondo problemas pessoais do seu cotidiano,

quando se acessam fóruns ou chats. A carência por educação é muito grande,

mesmo que os professores não estão frente a frente com o aluno, suas

palavras digitadas ou mesmo um atendimento telefônico remetem a essa

carência, de forma muito mais acentuada do que em uma educação presencial.

69

Se o mediador professor não for capaz de sanar essa carência, causará

transtornos na aprendizagem do aluno, bem como seu desinteresse em

estudar.

A EaD é uma modalidade de ensino cara, tanto para as instituições que

devem investir em sistemas integrados e plataformas de ensino, como para os

alunos, que, mesmo tendo acessibilidade ao curso, pagam o que é equivalente

ao presencial. Portanto, só mudamos o status de tempo e lugar, mas o preço

nem sempre, isso depende muito de instituição para instituição e do tipo de

curso. Normalmente, quem domina a educação EaD são grandes instituições,

que visam, muitas vezes, à educação em termos quantitativos e nem sempre

qualitativos. Empresas (escolas) pequenas raramente possuem um processo

de educação em EaD completo, a maioria possui um site, uns portais que

contribuem para a educação a distância como complemento à educação

presencial.

No Brasil, ainda existem lugares em que não se tem acesso à internet,

causando um grande problema de desenvolvimento e, consequentemente,

acessibilidade à EaD (CASTILHO, 2011).

A educação a distância está em constante mudança, pois, a princípio,

tem como objetivo proporcionar educação em lugares onde a sala de aula não

pode chegar. Porém, ainda existe muitas barreiras que colaboram para essa

educação ser reconhecida como séria e de qualidade equiparada à educação

presencial, por alguns motivos;

• Falta de estrutura local para a implantação dos meios virtuais;

70

• Desinteresse por algumas pessoas na modalidade por não

conhecerem seus benefícios em termos de rapidez, qualidade e

quantidade de material a ser pesquisado;

• Por alguns governantes não terem interesse que seus eleitores

saibam questionar seus mandos e desmandos.

• Pelo despreparo dos próprios mediadores em poder oferecer

educação em um meio virtual de ensino.

• Para algumas instituições, para as quais investir em EaD é ganhar

dinheiro, , vale mais a quantidade de alunos que forneça grande

capital financeiro do que proporcionar educação da qualidade da

educação presencial, mesmo tendo diversas maneiras de

oferecer uma educação com conteúdo mais rápido e dinâmico do

que conhecemos na educação presencial.

Cabe às novas gerações de professores continuarem propagando a

educação a distância como um modelo diferenciado de proposta de educação

on-line e acreditarem que é possível educar pelo virtual. É fato que utilizar a

EaD como ampliação da educação proposta na sala de aula contribuiria muito

para melhoria do ensino em termos de tempo, de quantidade e qualidade aos

alunos.

Para que isso ocorra, a educação a distância terá que contar com

professores mais compromissados com a proposta de ensino-aprendizagem

dentro do meio virtual de aprendizagem; com alunos comprometidos e

ambientados à nova proposta de educação oferecida pela instituição de ensino

e, principalmente, com a própria instituição de ensino e seu papel em acreditar

no potencial que essa modalidade tem em contribuir com a educação.

71

CAPÍTULO III - TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUA

CONTRIBUIÇÃO PARA APRENDIZAGEM NOS MEIOS VIRTUAIS

DE ENSINO

3.1 – Educação e as teorias da aprendizagem

A educação tem a missão de propiciar caminhos para que o aluno

adquira conhecimento. Para tanto, é preciso interagir com o meio, contando

com o auxílio de um mediador. Sem interesse, não há aprendizagem. Educar

está em fazer propostas para o desenvolvimento do conhecimento, de modo

que o aluno seja capaz de aprimorá-lo, posteriormente, de acordo com seu

interesse, assim chegando à acomodação de informações em suas estruturas

cognitivas. Para Piaget, é um processo no qual existe uma interação, ou seja,

o indivíduo se ambienta, participa do que está sendo proposto, realiza a

assimilação dos conceitos oferecidos pelo mediador e, por fim, dá-se a

acomodação, que é o aprender.

Conforme Coll (2004), para Piaget, “o conhecimento é um processo e,

como tal, deve ser estudado em seu devir”.

Toda vez que um aluno tem dúvida, ele busca satisfazer seu desejo de

conhecimento. Se não tem dúvidas, realizou um processo de educação, que é

a acomodação de conceitos que serão colocados em prática, seja na sua vida

pessoal ou profissional. A partir do momento em que existe dúvida, a

participação em um debate, a conversação entre professor e aluno na busca de

ações que levem a um resultado esperado que contribua para o crescimento

intelectual e pessoal, houve um desequilíbrio; logo, o aluno terá que refazer

72

todo o processo de interação, assimilação e acomodação para poder construir

seu conhecimento. Desse modo, existindo uma melhora na forma de pensar

sobre um determinado objeto de discussão, podemos dizer que houve

aprendizagem, pois o aluno agregou conhecimento ao que existia

anteriormente.

A construção do conhecimento se dá, conforme Coll (2004), de acordo

com a natureza de seus esquemas, do número deles e da maneira com que se

combinam e se coordenam entre si.

A aprendizagem está ligada a uma troca de informações entre aluno e

professor, motivada por um ponto de desequilíbrio estabelecido entre a

proposta de ensino realizada por parte do mediador e o interesse do aluno em

buscar respostas. Quando os dois chegam a um acordo, existe o equilíbrio e,

portanto, a educação. O mediador conseguiu chegar ao seu propósito. Nessa

interação, ao assimilar os conceitos e acomodá-los, o aluno aprendeu, poderá

discutir seu ponto de vista com o educador e haverá crescimento para ambas

as partes.

Conforme Coll (2004, p.47), para Piaget, equilibração é

um fator interno, mas não geneticamente programado [...] é um

processo de auto-regulação, ou seja, uma série de compensações

ativas do sujeito em reação a perturbações externas [...] uma

propriedade intrínseca e construtiva da vida orgânica e mental.

O fato é que a proposta de ensino presencial no passado era focada na

transmissão de conhecimento apenas por parte do professor, limitando, assim,

a criatividade, a melhoria da capacidade de o aluno ter sua opinião e discutir

73

sobre os assuntos ligados à educação. Era uma educação passiva, em que o

professor dizia que o correto era sua observação e sua sensibilidade sobre

determinado assunto, e o aluno não participava desse processo de construção

do conhecimento.

De acordo com Mizukami (2002 apud ALLEGRETTI, 2003),

[...] o sucesso do professor dependerá da sua capacidade de manejar

essa complexidade, integrando com criatividade o conhecimento

técnico. O conhecimento técnico que antes era oriundo

exclusivamente da formação inicial, não mais se reduz a ela e o

professor deverá saber ler o mundo para buscar as informações,

analisá-las, contextualizá-las em busca da construção de

conhecimento.

Para que a educação seja prazerosa e traga assimilação e progresso, o

professor como mediador, deve propiciar condições para que o aluno tenha

prazer em aprender, que entenda os conceitos, que consiga identificar, no seu

meio, o que está sendo ensinado, mas, para isso, o professor deve estar

preparado para ser um mediador.

Em consonância com Castilho (2011, p.39),

Aprender é muito mais do que receber informações. Envolve

percepção, seleção, cognição, organização. Envolve atitude. Envolve

sociabilização. São as três dimensões do discurso: sintaxe, semântica

e pragmática – a forma, o significado e aplicação [...] associada

necessariamente à linguagem, sempre regidas pela lógica.

74

Para ter educação e, posteriormente, aprendizagem, a assimilação é

importante para que o aluno possa saber interpretar a linguagem estabelecida

entre seu mediador (professor), a proposta de ensino, ou seja, como irá ocorrer

o processo, o seu conteúdo e as experiências que facilitarão o entendimento do

aluno em relação ao assunto, trazendo exemplos do cotidiano e, por último, a

mediação, ou seja, como vai ocorrer a maneira de se propiciar a construção

desse conhecimento para o aluno e o que se espera em questões de

participação dele.

Conforme Allegretti (2003, p. 44),

O contexto não é uma realidade única, rígida e acabada; ele permite

a expansão da rede a partir da multiplicação das relações, pois o

contexto faz parte da rede social e permite atribuir significados,

valores e crenças ao objeto do conhecimento. O que ocorre,

entretanto, é que se apresentando como uma rede, ele assume

características da não linearidade, objeto de permanentes mutações.

Isso faz com que se atribuam diferentes significados às informações

inseridas nesse ambiente.

Logo, o conhecimento é compartilhado. A educação, para ser assertiva e

ter eficiência e eficácia, deve ser partilhada por ambas as partes envolvidas no

processo: professor e aluno.

Conforme Coll (2004, p.48),

[...] o desenvolvimento consiste na construção de uma série de

estruturas que determinam a natureza e a amplitude das trocas das

75

pessoas com seu meio e que, além disso, sucedem-se

invariavelmente respeitando a tendência a um equilíbrio melhor [...].

O que Coll (2004) quer dizer é que, para que o indivíduo possa fazer as

ligações com o meio, a proposta de ensino deve ser desafiadora, cheia de

oportunidades, em que o aluno consiga fazer as conexões de equilíbrio com o

conhecimento acomodado e, aos poucos, possa unir o conhecimento já

equilibrado internamente com as novas propostas do conhecimento oferecidas

pelo mediador, no caso o professor, e construir, dessa maneira, novos

processos de equilíbrio dentro de sua cognição.

Entretanto, o autor faz uma ressalva: quando menciona que o processo

de cognição do aluno se limita ao seu nível de competência cognitiva, ao que é

proposto pelo professor, para que exista esse equilíbrio, a proposta feita pelo

meio (mediador) deve ter significado de acordo com o que o aluno sabe e,

desta forma, possa ter um equilíbrio interno com a nova proposta oferecida.

Acrescenta o referido autor que, quando a proposta de aprendizagem

imposta pelo professor vai fazer com que o aluno memorize de forma mecânica

o conteúdo, ou ainda tenha uma compreensão incorreta, não haverá

aprendizagem significativa.

3.2 – Teorias de aprendizagem e a formação da educação

3.2.1 – Behaviorismo

É uma teoria bastante utilizada atualmente nos meios virtuais de ensino.

Apesar da resistência por parte de algumas pessoas, muitas instituições

76

educacionais trabalham com a teoria behaviorista, pois acreditam que o

comportamento do estudante pode ser aprendido para trabalhar com propostas

educacionais em um meio virtual de ensino.

Retomando Castilho (2011), eis “a base do behaviorismo, como

psicologia aplicada: todo comportamento é aprendido”.

Um dos mentores dessa teoria merece ser citado, como Skinner. Com

sua pesquisa do condicionamento operante, ele acreditava que o organismo,

ao ter estímulos externos, poderia formar o comportamento. Porém, em sua

pesquisa, mostra que existem duas fases importantes: uma em que o cientista

propõe, pelo condicionamento operante, respostas estimuladas e premiações

através de ações externas condicionadoras; e outra, que é a do reflexo

condicionado, estudado também por outro cientista, Ivan Pavlov.

O que se destaca nessa teoria e pode se associar às discussões ligadas

à educação a distância é o que chamamos de instrução programada, em que

existe um acúmulo de fases que são respeitadas ou escolhidas dentro de uma

proposta modular. As recompensas podem ser dadas por meio de notas,

incentivos e até de elogios que estimulem o aluno.

Conforme Castilho (2011, p.17), existem duas estratégias de ensino na

EaD possíveis de serem abordadas a partir da teoria behaviorista: “a instrução

programada linear, em que todos os estudantes seguem uma mesma

sequência de etapas, e a instrução programada ramificada, em que as

respostas dos estudantes definem o que lhes será apresentado a seguir”.

A ideia principal da teoria é ter respostas aos estímulos propiciados aos

alunos, porém a teoria não é interessante no ambiente virtual de

aprendizagem, pois se trata de uma proposta para a qual a educação é de uma

77

via apenas, ou seja, o professor propõe conteúdo sem a participação ativa dos

alunos, portanto uma proposta robotizada de educação, desprezando as

vontades, desejos, criatividade, inovação ou melhorias na evolução do

conhecimento inovador do aluno (CASTILHO, 2011).

3.2.2 – Construtivismo

O Construtivismo surgiu entre 1913 e 1930, em um movimento artístico,

dentro do modernismo europeu. Seu principal colaborador foi o Suíço Jean

Piaget, sua principal característica é a busca da abstração, captando as ideias

que as pessoas têm sobre a ótica da observação sobre um determinado objeto.

Para Piaget, nada é acabado, sempre podemos ter uma visão diferente das

coisas e podemos transformá-las ou inová-las de forma a serem melhoradas

(CASTILHO, 2011).

Construtivismo significa que o conhecimento não está pronto, ou seja,

nada está acabado, ele vai ocorrer pelo convívio que o indivíduo tem com seu

meio físico e social, não é algo que vem do ser humano, mas de seu interesse

e interação com o meio físico e social que o rodeia, possibilitando opções de

acumulação de informações (BECKER,1992).

Mostra Castilho (2011, p.37):

Para os construtivistas, a educação deve ser um processo de

construção de conhecimento, numa iniciativa conjunta de alunos e

professores, considerando a questão social e levando em conta o

conhecimento já construído e que está nos bancos de dados como

bibliotecas e laboratórios.·.

78

Construtivismo está ligado a construir, interagir com o meio, assimilar as

informações propiciadas pelo meio onde o indivíduo está inserido e acomodar

essas informações de forma acumulativa. São novos caminhos para o

entendimento sobre o objeto de estudo, no caso as disciplinas, e pode ser

pensado dentro de um meio virtual de ensino. O conhecimento é limitado a

partir do momento em que o aluno aprende, mas, quando surge uma dúvida,

torna-se ilimitado, pois vivencia-se um amadurecimento e, portanto, um

crescimento que levará a um novo patamar de construção do conhecimento.

Para Becker (2009, p.34);

“A origem do conhecimento deve ser buscada, para Piaget, não no

sujeito, nem no objeto, mas no fenômeno da assimilação primordial

[...]”. A assimilação é resultado da organização [...]. a assimilação é

algo que vem do exterior [...] é forçada a modificar-se para dar conta

da novidade.

A assimilação é um processo interno em que é feita uma conexão com o

conhecimento ou domínio de algo exposto ao indivíduo. A partir dessa

acomodação, a cada momento em que existam novos desafios, haverá um

acúmulo de novidades ou do meio que o rodeia, que devem ser investigadas e

averiguadas para que novos patamares de conhecimento venham a existir, de

forma constante.

Conforme Becker (2009, p.35);

A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual

faz originar novas formas de organização. Resumindo, a assimilação

79

sob o ponto de vista psicológico é um fato primordial, pois, em todos

os domínios ela se apresenta como a origem e resultado da

organização.

Um fator relevante e significativo dentro dos meios virtuais de

aprendizagem é a interpretação dos signos por parte do indivíduo que têm

contato com formas de ensino nesse meio. O aluno precisa ter conhecimento

sobre a forma de ensino e sobre a linguagem utilizada na mídia, no caso o

computador.

Sempre que possível, nas instituições de ensino, deveria existir um

manual de acompanhamento para preparar o indivíduo para a utilização do

meio virtual de aprendizagem. Isso facilita a compreensão dos conteúdos

apresentados, assim como a forma de acesso e utilização dos meios de

educação como chats, fóruns etc.

Conforme Vygotsky (2008, p.76),

O pensamento por complexos já constitui um pensamento coerente e

objetivo, embora não reflita as relações objetivas do mesmo modo

que o pensamento conceitual. [...] o universo dos objetos isolados

torna-se em famílias separadas, mutuamente relacionadas. Em um

complexo, as ligações entre seus componentes são concretas e

factuais, e não abstratas e lógicas, da mesma forma que não

classificamos uma pessoa como membro da família Petrov por causa

de qualquer relação lógica entre ela e os outros portadores do mesmo

nome. A questão nos é resolvida pelos fatos.

A aprendizagem se realiza pelo contato com o objeto do conhecimento e

com os fatos que remetem à solução de um problema. Os alunos aprendem

80

participando das dinâmicas oferecidas a ele no virtual. Para que exista

aprendizagem significativa, em que os alunos sejam capazes de assimilar e ter

interesse no que estão aprendendo, existe um tutor ou um professor que

mostra o caminho para que adentrem no ambiente, efetuem suas ações e

consigam o resultado. Portanto, por meio de fatos sincronizados, tornam-se

capazes de construir aprendizado pela acomodação de informações.

Vygotsky (2008, p.77) afirma que: “enquanto um conceito agrupa os

objetos de acordo com um atributo, as ligações que unem os elementos de um

complexo ao todo, e entre si, podem ser tão diversas quanto os contatos e as

relações que de fato existem entre os elementos”.

O autor mostra que o adulto, também, ao buscar significado para suas

ideias ou aprendizado, a princípio faz a associação, posteriormente separa em

famílias, para depois desmembrar o que é significativo e relevante para

construção do conceito.

Conforme Vygotsky (2008, p.77),

Até mesmo os adultos, sempre que se referem a louças ou roupas,

costumam pensar em conjuntos de objetos concretos, ao invés de

conceitos generalizados. [...] a imagem sincrética que leva à formação

de “amontoados” baseia-se em conexões vagas e subjetivas,

confundidas com as conexões verdadeiras entre os objetos; o

complexo associativo apoia-se em semelhanças ou em outras

conexões necessárias entre as coisas, ao nível da percepção; o

complexo de coleções baseia-se nas relações entre os objetos

observados na experiência prática. Poderíamos afirmar que o

complexo de coleções é um agrupamento de objetos com base em

81

sua participação na mesma operação prática, em sua cooperação

funcional.

.

Também na virtualidade, os indivíduos aprendem por comparações, por

elos entre linguagens, signos e símbolos que os remetem a acomodar

informações e, após terem mais dúvidas, vão começar o processo de

internalizar, assimilar e acumular novas informações, porém, muitas vezes, o

que parece ter ligação, ao contrário quer identificar um outro código, uma outra

informação sobre outro assunto fora da realidade estudada, desta forma

gerando aprendizado em outras vertentes, mas que não é significativo para a

evolução daquela ideia buscada.

3.3 – Desenvolvimento proximal e desenvolvimento real para Vygotsky

Para Vygotsky (2008), a zona de desenvolvimento proximal representa o

espaço entre o nível de desenvolvimento real e potencial. A referência da zona

de desenvolvimento proximal implica a compreensão de outras ideias que

completam a ideia central.

Existirá um agente que mediará os estudos e, posteriormente, irá

verificar se houve uma melhoria no aprendizado. Na virtualidade, ocorre desta

forma, existem pré-conceitos que o indivíduo traz pelo contato social com os

amigos, meios de comunicação etc., porém ainda não tem o conhecimento

sobre o meio no qual estará interagindo, ou seja, o objeto com que terá sua

atuação direta. Para isso, há um mediador que irá instruí-lo para que apreenda

os conteúdos e, a partir daí, se espera que seja capaz de operacionalizar esse

aprendizado.

82

Não basta apenas ter vontade de aprender, deve existir uma mediação

externa, ou seja, dos conhecimentos que se tem do meio onde vive ou ainda

por um incentivo por parte de adultos, professores ou ainda outros alunos, além

do próprio ambiente de aprendizagem.

Na virtualidade, o fato se dá dessa maneira também. Os indivíduos, ao

se depararem com um meio diferenciado do seu ambiente, onde não existam

experiências anteriores, terá problemas para inserção, porém, existindo uma

mediação, um acompanhamento ou uma instrução para a inserção, este

indivíduo terá capacidade de realizar aprendizagem pelos meios virtuais.

A linguagem é um fator importante para os indivíduos que estão

aprendendo. De acordo como é disposta, pode produzir melhor ou pior

resultado, dependendo da internalização do que lhe é oferecido, ou ainda o que

lhe faz sentido, que é mais fácil de ser aprendido também.

A mediação é a forma de conceber o percurso transcorrido pela pessoa

no seu processo de aprender. Quando o professor, ao utilizar a mediação,

consegue chegar à zona de desenvolvimento proximal, através dos “porquês” e

dos “como”, ele pode atingir maneiras através das quais a instrução será mais

útil para o indivíduo. Desta forma, o professor terá condições de não só utilizar

meios concretos, visuais e reais, mas, com maior propriedade, fazer uso de

recursos que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando o aluno a superar

suas dificuldades.

Tanto no meio virtual, como no presencial, o desequilíbrio acontece

mediante os fóruns - locais onde os alunos participam de discussões de

assuntos estabelecidos por um mediador, no caso o professor - e os chats.

Assim, os porquês são estabelecidos entre os alunos e seus mediadores,

83

sejam tutores ou professores, pois, ao adentrarem a virtualidade, envolvem-se

em um novo mundo, semiótico, que ultrapassa as fronteiras de sua realidade

cotidiana e se estabelece neste meio, onde precisarão de ajuda constante até

que atinjam um patamar suficiente para se sentirem confortáveis até que surja

uma nova dúvida sobre o objeto e o meio de estudo.

Na EaD, o processo é o mesmo, o indivíduo vai aprendendo, através do

tempo, a se ambientar no meio virtual, a interagir com o objeto através do novo

meio e, futuramente, a dominar, através da aprendizagem, formas de

manipulação deste meio onde está introduzido.

3.3.1 - Desenvolvimento e aprendizagem para Piaget

Segundo Piaget, o conhecimento resulta das ações e interações do

sujeito com o ambiente onde vive. Todo o conhecimento é uma construção que

vai sendo elaborada desde a infância, através da interação do sujeito com os

objetos que procura conhecer.

Os objetos do conhecimento têm propriedades e particularidades que

nem sempre são assimiladas pela pessoa. A este processo de ampliação ou

modificação de um esquema de assimilação Piaget chamou de acomodação.

Embora seja estimulado pelo objeto, o conhecimento é possível graças à

atividade do sujeito, pois é este que se transforma para a elaboração de novos

conhecimentos.

Com sucessivas aproximações, construindo assimilações e

acomodações, completa-se o processo a que Piaget chamou de adaptação. A

cada adaptação constituída e realizada, o esquema assimilador se torna

84

solidificado e disponível para que a pessoa realize novas acomodações. O que

promove esse movimento é o processo de equilibração, conceito central na

teoria construtivista.

Os indivíduos precisam se conhecer, situarem-se dentro do mundo e

com os objetos que o rodeiam para depois conhecer as relações com eles a fim

de manipulá-los e de produzir transformações, quebrando o paradigma. A

educação é um processo necessário, é importante considerar seu principal

objetivo, que é autonomia, tanto intelectual como moral.

A autonomia intelectual do indivíduo vai depender de como ele pensa

sua realidade, quais as perspectivas que tem em relação ao aprendizado e,

principalmente, envolve habilidades para modificar essa situação e objetivos a

serem alcançados.

De acordo com Piaget (2007, p. 9-10):

Numa estrutura de realidade que não comporta sujeitos nem objetos,

é óbvio que o único vínculo possível entre o que virá mais tarde a ser

um sujeito e objetos é constituído pelas ações, mas por ações de um

tipo particular, cuja significação epistemológica parece instrutiva.

As escolhas são feitas pelos indivíduos para que estes consigam

internalizar os significados dos objetos e, com isso, através de um

desequilíbrio, possam promover o progresso no aprendizado. O adulto utiliza

os meios de conhecimento, o que este tem como aporte do presencial para o

virtual, dando representatividade às ações para que estas consigam produzir

resultados. A partir daí, começa a perceber que os meios virtuais de

85

aprendizagem é que produzem o resultado, transformando em significado o

objeto e para si mesmo, como sujeito da aprendizagem (PIAGET, 2007, p.11).

Conforme Becker (2009, p.42),

o sujeito, para Piaget, é ativo na sua essência. Falar em sujeito é falar

em atividade, fundamentalmente assimiladora. O sujeito epistêmico

só o é na medida em que ele se constitui como tal. E ele se constitui

pela assimilação e pela acomodação combinadas.

A liberdade de expressão em termos de aprendizagem é bem frequente

nas escritas de Piaget (2007, p.12), como se pode observar:

[...] a coordenação das ações do sujeito, inseparável das

coordenações espaços-temporais e causais que ele atribui ao real, é

origem tanto das diferenciações entre esse sujeito e os objetos,

quanto dessa descentração no plano dos atos materiais que tornará

possível, com o concurso da função semiótica, o advento da

representação ou do pensamento. Mas essa mesma coordenação

suscita, se bem que ainda bem limitado a esse plano de ação, um

problema epistemológico, e a assimilação recíproca invocada para

esse efeito é um primeiro exemplo dessas novidades

simultaneamente não predeterminadas e tornando-se, porém,

necessárias, que caracterizam o desenvolvimento dos

conhecimentos.

Existe um enriquecer do conhecimento e da aprendizagem a partir do

momento em que o indivíduo consegue saber que o objeto existe, à medida

86

que ele sabe distinguir suas partes. Ele produz uma sequência de descobertas

que o levam a aprender progressivamente sobre o objeto.

Quando falamos de virtualidade, podemos afirmar que os alunos

também constroem seus conhecimentos com a produção de esquemas que os

levam a aprenderem sequencialmente, a princípio com as formas primeiras de

manipular o objeto e, posteriormente, com a criação dentro desse novo mundo

(virtualidade) e, a partir daí, aprendem novos conceitos.

Ensina Piaget (2007, p.14),

Por mais modesto que seja esse começo, pode se ver aí em ação um

processo que em seguida se desenvolverá cada vez mais: [...] Em

contrapartida, coordenar os meios e os fins respeitando a ordem de

sucessão dos movimentos a executar constitui uma novidade em

relação aos atos globais no seio dos quais meios e fins permanecem

indiferenciados, mas essa novidade é naturalmente adquirida a partir

de tais atos por um processo que consiste em extrair delas as

relações de ordem, encadeamento etc., necessárias a essa

coordenação.

Para existir aprendizagem, sempre haverá um começo, um ensaio, em

que o indivíduo, aos poucos, irá adquirir as sequências dos atos que o levaram

a novos horizontes dentro da sua compreensão, surgindo, assim, novos

patamares de aprendizagem, onde existirá novo desequilíbrio, logo uma nova

questão que será naturalmente desvendada pela curiosidade do indivíduo.

Podemos chamar de imaturidade do conhecimento a situação em que o

indivíduo conhece o objeto, exerce algumas ações sobre ele, mas não

consegue, efetivamente, dominar os resultados. É como ler um livro ou uma

87

página virtual, mas não conseguir sintetizar a ideia principal deste texto, ou

ainda entrar em um sistema integrado educacional, localizar as ferramentas,

mas não saber utilizá-las plenamente.

Piaget (2007, p.17) mostra o seguinte:

[...] seria muito mais simples admitir que a interiorização das ações

em representações ou pensamento, consiste apenas em reproduzir-

lhes o curso ou em imaginá-las por meio de símbolos ou signos

(imagens mentais ou linguagem) sem que por isso sejam modificadas

ou enriquecidas. Na realidade, essa interiorização é uma

conceituação com tudo o que isso envolve de transformação dos

esquemas em noções propriamente ditas.

Um exemplo clássico é a busca de sites na internet com um determinado

perfil ou característica, determinadas comunidades que falam sobre o mesmo

assunto, ou ainda, em termos de escola, um estudo virtual onde se deve

construir um texto, utilizar autor determinado, todos os sites remeterão aos

estudos de um determinado autor, porém, mesmo sendo descrito de formas

diferentes, com fundos e cores diferentes, cada indivíduo entenderá aquilo

(texto) de acordo com seu domínio de compreensão, independentemente da

informação, pois existe uma manipulação por parte do que se foi pedido, logo

impedindo a projeção de novas buscas a respeito do assunto, por exemplo de

novos autores.

O indivíduo é capaz de fazer suas transformações em seus

pensamentos, bem como nas ações para a busca do resultado até porque a

verdade só é absoluta dentro do limite do conhecimento do indivíduo. A partir

do momento em que surge uma dúvida (desequilíbrio), aí surge o momento de

88

criar, de buscar novos rumos para a solução do problema e,

consequentemente, decorrerá a aprendizagem.

Em meios virtuais de aprendizado, quando o indivíduo já tem a

possibilidade de domínio do objeto, ele é capaz de produzir ações que façam

com que exista repercussão no resultado. Uma vez satisfeito, ele chegou ao

seu objetivo final, ou limite de aprendizado; não satisfeito, ele provocará novas

ações que satisfaçam sua necessidade de aprendizagem e é aí que existe a

criação, a inovação ou a busca de novos horizontes na aprendizagem nos

meios virtuais.

Na virtualidade, quando o indivíduo tem um domínio de atuar no

ambiente virtual de aprendizagem, entendendo como funcionam suas

ferramentas, como chats, fóruns, e exercícios, ele estará pronto para aprender

e reinventar novas formas de gerar aprendizagem, pois dominará o objeto, as

formas de se trabalhar com ele e, inclusive, de instruir outros a aprenderem a

buscar aprendizagem com esse novo modelo de ver o mundo, a virtualidade.

Ele está interagindo com o todo (ambiente virtual de aprendizagem) e com

todos, professor e outros alunos inseridos no curso.

Para Piaget, o fator principal de aprendizagem está no equilíbrio interno

do indivíduo em ser capaz de fazer trocas com o meio, acomodando

informações. Para tal, existem mecanismos internos reguladores, que são as

estruturas cognitivas. Elas têm a função de controlar e coordenar as

informações obtidas pela maturação do indivíduo, de sua experiência com os

objetos e com o meio social.

Conforme Coll (2004), a proposta de Piaget é por uma aprendizagem

interacionista, em que a intervenção, para que ocorra aprendizagem, se dá

89

com a participação do sujeito e do objeto e é modulada pelos fatores internos

de equilibração.

Na aprendizagem escolar, Coll (2004) aponta que não se trata de uma

recepção passiva do conhecimento, pois, neste caso, não se trata de

aprendizagem construtivista, mas diz que a má compreensão ou as

assimilações incompletas servem como degraus para processos de elaboração

do conhecimento.

De acordo com o referido autor (2004), “[...] o ensino deve favorecer as

intenções múltiplas entre o aluno e os conteúdos que tem de aprender; o aluno

constrói o conhecimento por meio das ações efetivas ou mentais que realiza

sobre o conteúdo de aprendizagem [...]”.

A proposta de Coll (2004) é a de que os conteúdos propiciados aos

alunos tenham diversificação, que sejam ricos em informações, que

possibilitem fazer suas conexões em termos de cognição com seus esquemas

mentais acomodados, possibilitando um equilíbrio entre o que já está

acomodado com as novas informações propostas pelo mediador do

conhecimento, o professor.

Para Coll (2004, p.57),

A interpretação construtivista em sentido estrito dá ênfase aos

processos individuais e endógenos7 de construção do conhecimento

e apresenta a atividade auto-estruturante do aluno – atividade cuja

origem, organização e planejamento correspondem ao aluno – como

o caminho melhor, se não único, para que esse possa realizar uma

verdadeira aprendizagem.

7 Que se forma no interior

90

A proposta se baseia no pressuposto de que o aluno deve ter interesse

em aprender para que consiga fazer seus esquemas de cognição, assim como

o de equilíbrio interno ao acomodar as novas propostas do conhecimento

oferecidas pelo meio (no caso o ambiente de aprendizado escolar) a fim de que

tenha aprendizagem. Essa assimilação, organização e planejamento de

conhecimentos são organizados internamente no indivíduo, proporcionando

uma nova pré-disposição a receber novos conhecimentos vindos do ambiente

de aprendizagem.

Por outro lado, para Coll (2004, p.57),

[...] a ação pedagógica terá como finalidade criar um ambiente rico e

estimulante no qual ele possa se desenvolver sem limitações à sua

atividade auto-estimulante [...], as intervenções do professor deverão

dirigir-se fundamentalmente para criar situações pedagógicas de tal

natureza que os alunos possam produzir “idéias maravilhosas” e

possam explorá-las até onde sejam capazes.

O que se coloca em questão são as possibilidades de o professor

proporcionar ao aluno desafios e situações para desenvolver criatividade, para

que seja estimulado a produzir conhecimento. Por meio de ações propostas

pelo docente, o aluno será capaz de se sentir estimulado a pensar, a criar e,

desta forma, a alimentar a sua cognição, assimilando os conteúdos, colocando

em comparação e criando novos degraus de conhecimento a partir do seu

equilíbrio interno, proporcionando nova aprendizagem.

91

3.3.2 – Wallon e sua teoria de cognição e aprendizado

As teorias da aprendizagem e seus métodos de evolução significativa

focam o enriquecimento do indivíduo como crescimento em termos de

aprendizado e evolução. A questão que diferencia uma das outras é o como

acontece essa melhora, em que parte existe um desequilíbrio que gera a

dúvida e gera um novo conhecimento a partir das dúvidas. Piaget focou o

amadurecimento de suas filhas pelas fases em termos de idade e a relação

que elas tinham com o objeto, já Vygotsky acreditava que o meio interferia nas

relações do indivíduo com o objeto, mas que o meio produzia sensações

diferenciadas sobre a observação e a interação entre objeto e sujeito. Wallon

trata da diferenciação como fator importante para o crescimento e

amadurecimento da aprendizagem.

Conforme Wallon (2009, p.11)

Comparar não é assimilar, ver apenas as semelhanças. A

comparação visa tanto às semelhanças como às diferenças, cujas

condições é preciso identificar cuidadosamente. O conhecimento

busca simultaneamente o mesmo e o diferente. O contraste é um dos

recursos mais surpreendentes pelos quais se opera a diferenciação.

Wallon aborda fatores tanto orgânicos quanto sociais que levam ao

desenvolvimento do indivíduo de acordo com sua inserção em determinada

época ou local. Logo, o que o autor enfoca é o indivíduo em um determinado

local com uma determinada cultura e é isso que determinará o estágio que este

92

desenvolverá em relação às condições que o rodeiam, assim como suas

sensações orgânicas. Com isso, revela sua teoria do desenvolvimento.

De acordo com o referido autor, as fases são difundidas no processo de

cognição e aprendizado, então, mesmo que o indivíduo avance em seu

processo de aprendizagem, ele traz com ele fatores da fase anterior e, aos

poucos, vai amadurecendo suas ideias e adquirindo novos patamares de

aprendizagem, dependendo das circunstâncias a que está exposto.

Para Wallon (2009, p.12),

Cada configuração cria novas possibilidades, novos recursos

motores, afetivos, cognitivos que se revelam em atividades que, ao

mesmo tempo em que convivem com as atividades adquiridas

anteriormente, preparam a mudança para o estágio seguinte.

O autor caracteriza desenvolvimento por meio da parte orgânica (que

vem de dentro do indivíduo em relação ao objeto, mas também acredita que o

que está à sua volta interfere e faz pressão sobre as perspectivas de

aprendizagem estabelecidas, ora pelo indivíduo, ora pelo ambiente e, em

sincronia, dão origem a uma nova estrutura de aprendizagem).

A teoria de Wallon aponta para duas ordens de fatores que irão constituir

as condições em que emergem as atividades de cada estágio: fatores

orgânicos e sociais.

Conforme Wallon (2009, p.13):

“Será no mergulho do organismo em dada cultura, em determinada

época, que se desenvolverão as características de cada estágio”. A

interação entre esses fatores define as possibilidades e os limites

93

dessas características. A existência individual como estrutura orgânica

e fisiológica está enquadrada na existência social de sua época.

O método de aprendizagem determinado pela época poderá ser

absorvido pelo indivíduo mediante sua ocupação no espaço e tempo ao qual

está inserido, então o que se aprendeu há 20 anos é particular daquela época,

as coisas evoluem, as sociedades e métodos de ensino também e até as

próprias crianças e adultos têm diferenciação no aprendizado, dependendo das

sociedades nas quais estão inseridos.

As ações de um indivíduo, em uma virtualidade fora do seu contexto

palpável, também dependem de suas sensações e da motivação para que

exista significado.

Conforme Wallon (1975, p.153):

É-lhes indispensável uma assistência a todos os instantes. É um

ser cujas reações têm todas as necessidades a ser completadas,

compensadas. Incapaz de efetuar algo por si só, é manipulado por

outrem, e é nos movimentos do outro que tomarão forma as primeiras

atitudes.

3.4 – Aprendizagem significativa

Quando falamos de significado, estamos nos referindo a tudo quilo que

faz sentido à nossa compreensão, ou ainda, algo que tenha lógica dentro do

campo do conhecimento. Na teoria da aprendizagem, o que se busca

comprovar é que o significado tem relação com aquilo que o indivíduo já sabe,

94

por exemplo, um gosto por determinada leitura, um determinado assunto, um

objeto, algo que faça sentido a este indivíduo.

Conforme Moreira, Masini (2009, p.61),

A ideia central da teoria de Ausubel é a de que o fator isolado mais

importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz8 já

sabe. A ideia é simples, mas a explicação de como e por que esta

ideia é defensável é complexa (2009, p. 61).

A proposta de David Ausubel está ligada à relação que o sujeito tem

com seu objeto de estudo e o meio onde está inserido, levando-o a ter

interesse por determinado assunto. O significado faz com que os indivíduos

produzam de forma melhorada, ou ainda que o conhecimento seja feito de

forma mais propensa à evolução, principalmente pelo interesse.

Um exemplo prático é quando um indivíduo tem interesse por uma

determinada matéria com a qual se identifica. A facilidade da compreensão é

maior, pois o aluno será capaz de procurar novas formas para compreender o

que é proposto pelo professor, sem que este exija.

Para Ausubel, existem relações de pré-conexão em que o indivíduo, ao

ter uma determinada informação, vai buscar, em sua mente, aspectos que

tenham relação com a nova proposta e, pela junção de informações, vai fazer

com que exista um processo de amadurecimento cognitivo sobre o tema; logo,

um significado que estava aguardando uma oportunidade para ser colocada em

prática ressurge.

De acordo com Moreira, Masini (2009, p.61);

8 O termo “aprendiz” é usado aqui no sentido geral de “o ser que aprende”, e não no sentido específico de

“aquele que aprende a arte ou ofício”.

95

Para Ausubel, aprendizagem significativa é um processo pelo qual

uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da

estrutura de conhecimento do indivíduo. Ou seja, neste processo, a

nova informação interage com uma estrutura de conhecimento

específica ao qual Ausubel define como conceito subsunçor ou,

simplesmente, subsunçor (subsumer), existentes na estrutura

cognitiva do indivíduo [...] Ausubel vê o armazenamento de

informações na mente humana como sendo altamente organizado,

formando uma hierarquia conceitual, na qual os elementos mais

específicos de conhecimento [...] são assimilados.

Ausubel propõe que cada coisa tem sua validade em determinado

tempo, que a classificação de conhecimentos prévios dentro de nossa mente

será ativada no tempo exato onde uma nova informação terá conexão com o

que está guardado dentro do nosso conhecimento.

Ausubel ainda propõe que os subsunçores são fruto de uma

aprendizagem de assimilação e acomodação das informações que será

utilizada conforme outras propostas de conhecimento sejam oferecidas pelo

ambiente, ou seja, um conhecimento novo, em que o indivíduo aprenda o

conceito, a aprendizagem irá ficar significativa a partir do momento em que

este indivíduo consiga relacionar novas informações aos subsunçores e

consiga elaborar novos elos para que o conhecimento possa evoluir, ou seja,

onde ele seja capaz de criar, inovar, experimentar e dar condições para

inventar novos caminhos para produção do conhecimento diferenciado do

conceito inicial.

96

Nos meios virtuais de aprendizagem, a proposta de ensino é colocada

pelo professor na mídia; mas, para que exista um significado para o aluno, o

assunto deverá ser explicado, contextualizado e discutido em classe; caso

contrário, não passará apenas de um conceito e, portanto, não existirá

significado em termos de aprendizagem, mas apenas reprodução de

conhecimento sem aprendizagem, ou seja, sem aplicação ou evolução no que

foi proposto.

Conforme Moreira, Masini (2009, p.62);

A aprendizagem significativa propõe que:

a) O material a ser aprendido seja potencialmente significativo para o

aprendiz, ou seja, relacionável a sua estrutura de conhecimento de

forma não arbitrária e não literal (substantiva).

b) O aprendiz manifeste uma disposição de relacionar o novo material

de maneira substantiva e não arbitrária a sua estrutura cognitiva.

A proposta é interessante quando partimos da premissa de que existe

um interesse em propor educação e o assunto abordado seja motivador ao

aluno, pois, sem este desejo por parte do educando, fica complicado existir

uma relação de educação que possa favorecer uma aprendizagem com

significados para o aluno.

Quando se fala de forma não arbitrária, a referência está ligada a algo

que seja de um conhecimento prévio de quem vai receber a informação, ou

seja, parte do pressuposto de que aluno tenha um conhecimento prévio, ou

ainda já tenha ouvido falar ou já tenha lido anteriormente. Isso facilita a

absorção do seu conhecimento e, portanto, dá condições para que exista uma

produção intelectual.

97

Já o tema substantivo está ligado a proporcionar ao aluno condições de

ele conseguir agregar valor ao que já tem como conhecimento primitivo, ou

seja, dar atributos e qualidades ampliando seu conhecimento em relação ao

anterior.

Nas estruturas de meio virtual de educação, o adequado é proporcionar

educação com conteúdo que seja de entendimento do aluno, para que ele

tenha uma assimilação e possa produzir conhecimento, dúvidas e, pelo

diálogo, chegar a novos patamares de conhecimento sobre o assunto proposto

em sala de aula.

O que pode ser observado é que tanto no meio presencial de ensino,

como no ambiente virtual de aprendizagem, pelas teorias da aprendizagem, o

aluno pode ter educação. Cabe ao mediador ser capaz de proporcionar um

material que tenha um significado com as conexões acomodadas em suas

experiências de vida, de forma que os substantivos, conforme Masini (2009, p.

62) aponta, venham a agregar valor de conhecimento ao que já existe no

subconsciente do aluno. É importante que seja claro que o aluno tenha uma

pré-disposição a aprender, que o conteúdo inserido no meio virtual de

aprendizagem, assim como o proposto no meio presencial de ensino, estejam

relacionados com a realidade do aluno e, desta maneira, possa existir interesse

dele, uma participação e, consequentemente, um novo processo após a

acomodação desse aprendizado.

Quanto à abordagem construtivista de educação, dentro do processo de

aprendizagem significativa, observa-se a união de um novo evento ao todo, de

forma que o todo possa ser o conhecimento acumulado pelo indivíduo, mas

que, a cada novidade, vai se renovando, ou seja, o indivíduo vai assimilar a

98

informação, organizá-la e, após isso, acomodá-la, para que, posteriormente,

quando existirem novos estímulos vindos do seu meio, o processo se repita. No

ambiente virtual de aprendizagem, o estímulo, por meio das figuras, símbolos,

chats, fóruns, exercícios e textos, despertado pelo mediador (professor),

deverá promover o interesse. Desta maneira, começa o processo de

construção de conhecimento mais uma vez e, portanto, surgem ações que

levem o aluno à construção e à aprendizagem do conhecimento apresentado a

ele.

3.4.1 – Tipos de aprendizagem no contexto escolar

A preocupação com a aprendizagem vem sendo uma constante

dificuldade para muitos educadores, seja na sala de aula real, seja nos meios

virtuais de aprendizagem. Para Ausubel, existem duas formas interessantes

que devem ser investigadas ao se proporcionar aprendizagem na educação.

A primeira aborda uma aprendizagem por recepção, em que predomina

a associação arbitrária9 e literal10, em que não se respeitam os conhecimentos

prévios do aluno, apenas se expõem conteúdos a serem associados por eles.

A segunda abordagem, a significativa, não-arbitrária, leva em consideração os

substantivos incorporados ao sujeito.

A característica principal da aprendizagem por recepção abordada no

contexto dos cursos oferecidos nos meios de aprendizagem se dá por um

conteúdo que é apresentado ao aluno como pronto, ou seja, o professor

9 Adição de informação sem produção de significado 10 De forma isolada desrespeitando o contexto

99

estipula tópicos e assuntos referentes ao tema principal e o aluno deverá ter a

capacidade de assimilar o que foi proposto pelo professor.

A outra maneira de sugerir aprendizagem está em uma proposta por

descobertas, em que o aluno terá que descobrir significados antes de

internalizar o conhecimento à sua estrutura cognitiva, ou seja, o professor terá

que dar condições ao aluno para que ele possa seguir caminhos e ter ações

para fazer significado com o que já tem conhecimento ao que está sendo

proposto pelo mediador, de forma a fazer um equilíbrio interno e acomodar

essas novas informações à sua cognição.

Para que o aluno tenha uma aprendizagem significativa, deve estar

exposto a três condições propostas por Ausubel, conforme Coll (2004, p.62):

A primeira refere-se à necessidade de que o material novo a ser

aprendido seja potencialmente significativo do ponto de vista lógico;

que tenha estrutura e organização internas que não sejam arbitrárias.

Em segundo lugar, o aluno deve contar com conhecimentos prévios

pertinentes que possa relacionar de forma substancial com o novo

que deva aprender. Ou seja, a informação nova deve ser relevante

para outros conhecimentos já existentes, ou, o que dá no mesmo, o

conteúdo da aprendizagem deve ser potencialmente significativo do

ponto de vista psicológico. E por último que o aluno queira aprender

de modo significativo [...].

A significância se dá a partir do momento em que o aluno consegue

fazer significado entre o que ele já sabe e as novas propostas, possibilitando

interagir o antigo com o novo. Ele deve ter pelo menos um conceito, algo que

dê significado à nova proposta de conhecimento, portanto cabe ao professor

100

propor novos conhecimentos, embasando-se no que já foi ensinado

anteriormente, agregando novas ideias, caminhos e ações para que o aluno

possa produzir novos desequilíbrios, motivando-se para a busca de respostas

e, portanto, para uma nova equilibração interna ao se satisfazer

momentaneamente em sua cognição intrínseca.

A ideia é a de que o professor, ao fazer a proposta de novos

conhecimentos, parta de conhecimentos mais gerais e, posteriormente, vá às

partes do todo, aos detalhes desse novo conhecimento, para que o aluno

possa ir fazendo conexões com seu conhecimento prévio. Desta forma, o

docente vai proporcionar ações e caminhos que levem o aluno a construir seu

conhecimento pelo significado acumulado em sua equilibração cognitiva.

101

CAPÍTULO IV “TEORIAS DA APRENDIZAGEM

CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE ENSINO UTILIZANDO

AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM PARA

PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO

PRESENCIAL”. (PESQUISA EXPLORATÓRIA).

A proposta da pesquisa é de caráter exploratório, sobre a observação

feita em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) nas Facudades Flamingo,

onde se utiliza um portal acadêmico para proporcionar educação complementar

aos cursos presenciais.

O presente trabalho aborda a teoria construtivista da educação em um

portal utilizado por professores em uma instituição de ensino com pouco mais

de 3.000 alunos, que utilizam uma plataforma de gerenciamento de EaD para

complementar sua educação presencial de forma construtivista. O material é

colocado no portal para o aluno assimilar e, posteriormente, será discutido em

sala de aula.

Os alunos normalmente não estão ambientados à virtualidade ou não

querem acessar os meios virtuais por não terem um acompanhamento do

mediador no tempo exato, ou seja, acreditam que o ambiente virtual de

aprendizagem serve para depósito de materiais para serem consultados mais

tarde. No caso das Faculdades Flamingo, antes de começar qualquer curso, o

aluno participa de reuniões de grupo com os professores coordenadores da

instituição e estes apresentam o portal, por meio de um tutorial para que ele

saiba trabalhar com os meios digitais, aprendendo o que significa cada botão,

102

cada ambiente virtual aberto dentro do portal, para que possa participar de

fóruns, chats e enquetes proporcionadas pelo professor de determinada

disciplina.

O aluno ainda recebe instruções de como retirar ou consultar o material

disponível em cada disciplina de forma a poder assimilar os conteúdos ou levá-

los para sala de aula.

O propósito do AVA na instituição ser um meio de oferecer conteúdo

para agregar valor ao conhecimento do aluno, por isso há chats, fóruns,

exercícios, textos, figuras, que complementam as disciplinas no ensino

presencial, mas que também poderiam ser trabalhados como um curso no meio

virtual de aprendizagem, depende da proposta de ensino da instituição.

A proposta no ambiente virtual de ensino nesta instituição é a de que o

portal possa ser utilizado como um complemento às disciplinas oferecidas no

curso presencial, um lugar onde o professor possa inserir material, como

textos, colocar temas nos fóruns e chats e, desta forma, proporcionar conteúdo

extra para que os alunos consigam agregar valor ao seu conhecimento

acadêmico.

Cerca de 60% dos alunos da Faculdade Flamingo pertencem à geração

X, indivíduos com mais de 30 anos de idade, nascidos na década de 80, mas

existem 30% dos alunos da instituição que se enquadram no perfil da geração

Y, que são os indivíduos com mais de 20 anos nascidos na década de 90 e

apenas 10% na geração Z, que são os indivíduos que vão até uma faixa etária

de 20 a 22 anos, nascidos a partir dos anos 90, como poderemos ver no

gráfico a seguir.

103

Gráfico 3 – Faixa etária do público de alunos dos cursos das Faculdades Flamingo

Fonte: Próprio autor.

A preocupação da instituição é a de que esses 90%, se não forem bem

instruídos, podem ter problemas quanto ao acesso ao ambiente virtual. Por

temerem essa dificuldade dos alunos, a instituição providenciou mediadores

capazes de instruí-lo desde a entrada no ambiente virtual até o trabalho com

suas ferramentas. Foi criado um ambiente virtual de aprendizagem no qual

existe um manual e uma orientação de como acessar e interagir no portal.

No ambiente virtual, existem sequências estruturais de forma

organizada para que o aluno acesse o portal, consiga visualizar as propostas

de conteúdo, valorizando a aprendizagem no meio virtual da instituição. Essas

sequências vão desde acessar o conteúdo macro do AVA, como disciplinas,

notas, frequência, biblioteca virtual, até estruturas internas das disciplinas,

como conceitos macro que dão um panorama geral ao conceito até seus

detalhes, ou seja, as partes que compõem o estudo.

A instituição se preocupou em fazer o tutorial para facilitar a

acessibilidade por parte dos alunos, ao verificar que 90% deles poderiam ter

dificuldades e, portanto ter a complementação de seus estudos no ambiente

presencial de ensino comprometida.

104

Até mesmo os professores, ao colocarem material no portal acadêmico,

instruem os alunos a buscarem determinado texto, ou ainda a participarem em

um fórum ou chat para que não tenham problemas na coleta e na realização

de trabalhos com os conteúdos por parte dos próprios alunos.

A pesquisa foi elaborada com dados coletados por meio de

questionários solicitados a professores de várias áreas de ensino. O objetivo

principal era saber se os professores reconhecem a teoria construtivista e se a

aplicabilidade é viável no ambiente de ensino presencial, utilizando o AVA

como um processo de auxílio para a melhoria da aquisição dos conhecimentos

dos alunos no meio presencial de aprendizagem.

O relatório foi elaborado com base em perguntas fundamentadas na

teoria construtivista de aprendizagem e sua aplicabilidade dentro do meio de

ensino virtual das Faculdades Flamingo.

O que deve ficar claro é que a pesquisa exploratória busca observar se o

meio virtual de aprendizagem da instituição pode colaborar para proporcionar

uma educação de caráter construtivista pelo meio presencial nas Faculdades

Flamingo.

O questionário foi oferecido aos professores das áreas de Exatas,

Humanas e Biológicas, de forma a não interferir no resultado final das

respostas; porém, foi elaborado de forma estruturada para investigar se os

educadores aplicam a teoria construtivista de aprendizagem em suas

disciplinas utilizando o portal da instituição como ferramenta complementar aos

seus alunos do seu curso.

105

O questionário possui 18 questões fechadas e uma aberta (conforme

anexo). Dos cerca de 300 docentes da instituição, 25 responderam ao

questionário conforme tabela abaixo.

A análise dos dados apresenta-se como uma forma de ilustrar

inicialmente e tem caráter qualitativo no sentido de verificar a viabilidade, a

aplicabilidade da proposta construtivista de aprendizagem mediada pelo meio

virtual de aprendizagem, podendo gerar educação com características

construtivistas aos alunos dos cursos presenciais.

Foi feito um levantamento de dados a partir de uma pesquisa

exploratória na qual o professor devia assinalar, no questionário, a utilização

da proposta construtivista de aprendizagem em suas disciplinas no meio virtual

de ensino oferecido pelas Faculdades Flamingo. Também era intenção

investigar se os professores acreditam na teoria de aprendizagem

construtivista, se ela é viável em um meio virtual em sua disciplina como

complemento à aprendizagem presencial, se existe uma busca de construção

do conhecimento por meio do material colocado no portal em uma primeira

fase para ser abordado, em uma posterior, no meio de aprendizagem

presencial.

106

Áreas do conhecimento Participantes por área

Pedagogia 2

Contabilidade 1

Direito 2

Administração 3

Recursos Humanos 2

Finanças 2

Educação Física 2

TI 2

Língua Portuguesa 2

Marketing 2

Logística 1

Matemática 1

Automação Industrial 1

Produção 1

Qualidade 1

Total 25

Tabela 1: Participação dos docentes por área na pesquisa.

Fonte: Próprio autor

Algumas observações devem ser registradas. Dos 25 professores aos

quais foi distribuído o questionário, dois não sabiam o que é construtivismo,

nunca ouviram falar do termo e cinco sabiam o que é, mas não conseguiram

escrever com suas palavras, portanto apenas dezoito questionários podem ser

considerados como válidos. O que se esperava era que os docentes

soubessem do que se tratava: um processo de aprendizagem que consiste em

107

assimilação, internalização e acomodação, como um processo contínuo

passível de ser efetivado no ambiente virtual de aprendizagem.

A primeira questão está voltada a saber se o docente sabe o que é a

teoria construtivista da aprendizagem, se a conhece, do que se trata, para que

serve. Nessa questão, foram colocadas duas opções: a de sim ou não, com

um espaço abaixo para que o docente colocasse seu parecer sobre a teoria,

caso se sentisse à vontade.

Veja, a seguir, alguns exemplos extraídos dos formulários preenchidos

pelos docentes da instituição.

Professor L., do curso de Administração diz que:

“A teoria construtivista de aprendizagem é uma forma de construir o

conhecimento de forma interativa dos sujeitos que aprendem com o meio em

seus diversos contextos e atores, de forma que passam a utilizar de diversas

maneiras de construção de conhecimento de forma autônoma”.

O professor S. S. Santos, do curso de Contabilidade, fala que a teoria

construtivista de aprendizagem é:

“Um processo de construção do conhecimento através de ferramentas,

canais, textos, vídeos e a interação entre aluno, professor e ambiente com foco

em acomodar informações.”

A professora Dra. P.S.G. de Língua Portuguesa se refere à teoria

construtivista de aprendizagem como:

“Trata-se do ensino como um ganho a cada etapa, todo incentivo é bem

vindo. O aprendizado é uma evolução na qual tudo pode ser contado como

algo que adiciona valor”.

108

A teoria construtivista da aprendizagem significa que o conhecimento

não está pronto, ou seja, nada acabado, ele vai ocorrer pelo convívio que o

indivíduo tem com seu meio físico e social, não é algo que vem do ser humano,

mas sim de seu interesse e interação com o meio físico e social que o rodeia,

possibilitando opções de acumulação de informações (BECKER, 1992).·.

O autor define bem o que é a teoria construtivista da aprendizagem

quando diz que se trata de um processo contínuo, no qual o indivíduo deve ter

uma interação com o seu meio e que o professor, como mediador, tem papel

fundamental por já ter um conhecimento social, podendo proporcionar opções

ou caminhos para que o aluno construa seu conhecimento.

O que foi percebido é que 81% dos 25 docentes sabem do que se trata

a teoria construtivista de aprendizagem e que 9% não sabem, conforme o

gráfico 1. Apenas duas áreas não entendiam o que era trabalhar com a teoria,

mas os professores afirmam se tratar de uma assimilação de conhecimento,

uma internalização e acomodação para ser utilizado mais tarde como

referência para novos eventos de aprendizagem. Na área de Finanças e na

área de TI, um docente realmente não sabia sobre a teoria construtivista,

nunca ouvira falar do termo. Foi percebido, ainda, que 52% dos 25 professores

que responderam o questionário se sentiram à vontade para explanar o que

era o construtivismo em seu ponto de vista.

No quarto gráfico, a preocupação principal era a de saber se os

professores sabiam do que se tratava a teoria construtivista de aprendizagem,

portanto a pergunta foi elaborada de forma direta e objetiva, conforme

podemos verificar no gráfico 2 a seguir.

109

Gráfico 4 – Você sabe do que se trata a teoria construtivista da aprendizagem?

Fonte: Próprio autor.

A partir da questão 2 até a questão 19, foram feitas alternativas distintas

capazes de estimular o docente a expressar a praticidade e a utilização da

teoria construtivista da educação no meio virtual de ensino da instituição, de

forma a proporcionar ações construtivistas de aprendizagem no ambiente de

educação presencial, que é o foco desta pesquisa exploratória.

A maioria das perguntas foi elaborada para saber do docente se ele

utiliza a teoria construtivista de aprendizagem em sua disciplina, se coloca o

conteúdo no portal (meio virtual de ensino da instituição), se o material

oferecido no virtual serve como suporte para as aulas presenciais, se existe

um valor agregado na educação dos alunos e se existe uma melhoria no

ensino e na forma do aprender do aluno presencial.

A preocupação que motiva esta pesquisa está na melhoria da educação

proporcionada pelos docentes das Faculdades Flamingo no meio presencial de

110

aprendizagem utilizando, como apoio, o meio virtual. A dúvida principal está

em o docente proporcionar educação por meio de associação, ou seja, onde

ele propõe conteúdo já finalizado e o aluno apenas o interpreta sem

intervenção final, ou uma proposta construtivista de aprendizagem segundo a

qual são dispostos materiais no portal ou AVA da instituição e estes materiais,

posteriormente, são discutidos, revistos e trabalhados em sala de aula pelo

professor e pelo aluno, buscando a construção do conhecimento e, portanto,

favorecendo uma aprendizagem de caráter construtivista.

O importante neste processo de aprendizagem voltado à construção do

conhecimento está nas ações proporcionadas pelo docente, a princípio no

AVA, no que será assimilado pelos alunos e levado à sala de aula onde não se

espera uma educação arbitrária, mas uma forma de proporcionar substantivos

à origem ou material inicial para que o aluno faça ligações ou elos com novos

conhecimentos oferecidos pelo meio e pelo docente.

Assim, existirá um desequilíbrio que fará com que o aluno busque

respostas para as suas dúvidas dentro de si mesmo e ao que é apresentado a

ele pelo mediador. Uma vez resolvida a dúvida, o aluno entrará em um ponto

de equilibração que, cada vez que for estimulado, dará origem a um novo

processo de busca do conhecimento. Cabe ao aluno ter interesse, ao professor

proporcionar condições que estimulem a aprendizagem e ao meio onde está

inserido tanto aluno como professor ser adequado para o processo ocorrer.

Outros pontos abordados foram a participação, a satisfação em termos

de conteúdo e ferramentas, assim como o processo de comunicação dentro do

meio virtual de ensino da instituição.

111

Os professores selecionados para essa análise foram aqueles que

souberam conceituar do que se trata a teoria construtivista da aprendizagem, a

segunda questão abordada, que procura identificar se o docente utiliza a teoria

construtivista da aprendizagem em sua disciplina no meio virtual de ensino da

instituição como complemento do ensino presencial, tal como está no gráfico 5

a seguir.

Gráfico 5 – A utilização da teoria construtivista da aprendizagem na disciplina pelo meio virtual

de ensino como apoio ao ensino presencial.

Fonte: Próprio autor.

Na segunda questão do questionário, foi verificado se os professores

utilizavam os pressupostos da teoria construtivista em sua disciplina pelo meio

virtual de aprendizagem como complemento na educação presencial. 13%

alegou que sempre, ou seja, buscam abordar a teoria em todas suas aulas

presenciais, utilizando os materiais colocados anteriormente no AVA; 21% em

75% de suas aulas no presencial, 30% em 50% de suas aulas no presencial,

27% em 30% de suas aulas no presencial e apenas 9% não utilizam a teoria

112

construtivista de aprendizagem. O que pode ser observado é que o portal é um

meio virtual de aprendizagem utilizado por 34% dos 25 professores que

participaram da pesquisa, enquanto 57% utilizam em 50% de suas aulas

presenciais e apenas 9% não utilizam nunca. Desta maneira, podemos

perceber que os docentes das Faculdades Flamingo utilizam o meio virtual de

aprendizagem, promovendo educação para o meio presencial de educação,

em grande escala independente de sua disciplina, 91% das vezes quando

propõem seu material de apoio ao aluno presencial pelo portal.

Na terceira questão da pesquisa, foi proposta a temática da abordagem

construtivista da educação colaborar para a melhoria educacional na disciplina

do docente, utilizando o ambiente virtual de aprendizagem da instituição.

Conforme o gráfico 6 a seguir:

Gráfico 6 – O processo educacional da instituição como meio virtual de aprendizagem

colaborando com a aprendizagem nas disciplinas dos docentes no meio presencial de

educação.

A autonomia intelectual do aluno vai depender de como ele pensa sua

realidade, quais as perspectivas que tem em relação ao aprendizado e,

113

principalmente, focar onde está como modificar essa situação e quais objetivos

a serem alcançados.

De acordo com Piaget (2007, p. 9-10):

Numa estrutura de realidade que não comporta sujeitos nem objetos,

é óbvio que o único vínculo possível entre o que virá mais tarde a ser

um sujeito e objetos é constituído pelas ações, mas por ações de um

tipo particular, cuja significação epistemológica parece instrutiva.

A aprendizagem, em uma abordagem construtivista, depende de três

fatores importantes destacados por Ausubel (apud COLL, 2004): o indivíduo

deverá ter uma predisposição a aprender; o professor deve fazer com que o

ambiente seja estimulante para o aluno através das propostas de conteúdos

colocados à disposição, e, principalmente, o material deve fazer algum sentido

ou relação com os primeiros conceitos equilibrados pelo aluno.

A proposta de ensino da instituição está ligada a oferecer conteúdo

dentro do AVA da instituição para que o aluno o assimile e o aplique em sala

de aula sob mediação.

Apenas 1% dos 25 docentes participantes da pesquisa acredita que o

portal proporciona um processo de aprendizagem a partir de uma abordagem

construtivista que pode ser utilizada no meio presencial de ensino para sua

disciplina, pois trabalham constantemente com conteúdo e com a ideia de que

o aluno assimile o que é proposto em termos de materiais, como textos,

exercícios para serem discutidos em classe e que acomodem o conhecimento,

podendo propor discussão sobre o assunto. Entretanto, 49% dos 25 docentes

têm a crença de que o portal ajuda na abordagem construtivista da educação

114

em sua disciplina nas 75% das vezes, pois os alunos têm a tendência de

absorver o que é proposto no portal e discutir em suas aulas presenciais, mas

percebem que alguns materiais não devem ser postados, mas discutidos

apenas em classe, por exemplo, dados estatísticos amostrais, que necessitam

ser interpretados de acordo com a prática em ambiente presencial,

contribuindo, portanto, para suas aulas e para o acréscimo não apenas de

conteúdo, mas para a melhoria na educação proporcionada aos alunos da

instituição; 23% utilizam o portal como recurso educacional 30% das vezes,

pois, para esses docentes, a utilização do portal serve para colocar apenas o

conteúdo textual, por trabalharem com pesquisas em laboratório. Um exemplo

são os professores de automação, em que 18% utilizam o meio virtual como

suporte para passar o material para os alunos, alguns textos, outras tabelas,

que nem sempre têm caráter voltado à aprendizagem construtivista, mas em

uma série de dados que devem ser associados. Esses professores trabalham,

na maioria das vezes, com pesquisas in loco, por exemplo, exercícios de

Educação Física em quadra, e a teoria servem como suporte ao aluno no

processo de ensino-aprendizagem e apenas 2% não acreditam que a teoria

construtivista da aprendizagem possa ser utilizada para agregar valor em sua

disciplina, pois utilizam o portal acadêmico apenas para lançar notas e faltas,

ou seja, não utilizam o portal como AVA.

A quarta questão da pesquisa busca saber do docente se o

construtivismo é uma forma de trabalho possível, capaz de proporcionar

educação dentro do meio virtual de aprendizagem. Como vamos ver, a maioria

dos docentes acredita que sim.

115

O capítulo III aborda a teoria construtivista de aprendizagem como uma

opção de trabalho em que o indivíduo deverá ter uma assimilação dos

conceitos, uma participação ou conversação sobre as temáticas oferecidas

pelo professor e uma acomodação de conhecimento, e esse processo pode

continuar diversas vezes, vai depender muito do interesse do aluno e do que o

professor possa vir a propiciar com o conteúdo por sua mediação no meio

virtual de aprendizagem.

Becker (2009, p.35) define a assimilação como fundamental para

ocorrer a construção do conhecimento.

A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual

faz originar novas formas de organização. Resumindo, a assimilação

sob o ponto de vista psicológico é um fato primordial, pois, em todos

os domínios, ela se apresenta como a origem e resultado da

organização.

No gráfico 7, a seguir, estão os dados percentuais quantificados e

tratados de forma qualitativa.

Gráfico 7 – A teoria construtivista de aprendizagem é possível dentro de um meio virtual de

ensino.

116

Fonte: Próprio autor.

Apenas 5% dos 25 docentes não acreditam que a teoria construtivista

de aprendizagem possa ser utilizada no meio virtual de ensino como forma de

agregar conhecimento ao meio presencial de ensino. Em contrapartida, 95%

dos 25 professores utilizam a abordagem construtivista de aprendizagem, que

antes é colocada como forma de conteúdo no portal e trabalhada em sala de

aula, sendo que 21% utilizam em 50% das vezes, 44% em 75% das vezes e

30% sempre no conteúdo que disponibilizam no meio virtual de ensino da

instituição, buscando proporcionar educação construtivista no meio presencial

de ensino. Isso comprova que a teoria construtivista de aprendizagem é

utilizada pela maioria dos docentes na instituição no meio virtual de

aprendizagem, compreendido como mediador no processo de aprendizagem

construtivista para agregar educação aos alunos.

A quinta pergunta do questionário aborda se o docente tem uma

proposta construtivista no ensino voltado para a educação dos alunos da

instituição, utilizando o portal e os conteúdos no meio presencial de educação.

Como podemos observar anteriormente, nem todos os professores

sabem do que se trata a teoria construtivista da aprendizagem, qual seu

objetivo em proporcionar educação, conforme mostra o gráfico 8 a seguir.

117

Gráfico 8 – Existe uma proposta de educação construtivista em suas disciplinas

Fonte: Próprio autor.

83% dos 25 professores trabalham com propostas construtivistas, por

exemplo uma sequência de materiais como textos que acrescentam

conhecimento por fases. Isso é realizado pelos professores de RH, que

trabalham conceitos da história da Administração, conceitos de relações

humanas e estrutura dos subsistemas de RH, ou ainda pelos professores de

logística, que ressaltam a importância do transporte, suas modalidades e como

é utilizado nas empresas atualmente. Trata-se da construção do conhecimento

em etapas em que o aluno deverá assimilar, discutir suas dúvidas, acumular o

conhecimento e fazer novas ligações com outras informações. É uma

sequência de fatos que tem como objetivo a assimilação do conhecimento pelo

aluno. A participação construtivista se dará nas aulas presenciais e,

consequentemente, a acomodação para que exista um novo processo de

apropriação de novos conceitos e, portanto, uma nova sequência de

construção do conhecimento. Logo, deve ficar claro que o construtivismo não

118

está em colocar material no portal, mas em utilizá-lo em sala de aula, de

maneira que o docente irá propor ações para que o aluno faça ligações com o

que já sabe em sua cognição.

Apenas 17% dos docentes não trabalham com a teoria construtivista,

pois preferem trabalhar com materiais em laboratório, como mecatrônica em

Automação Industrial, ou ainda profissionais da Educação Física, que

trabalham em quadra. Isso comprova que a maioria do corpo docente

pesquisado na instituição adota, em meios virtuais, a teoria construtivista com

frequência como complemento para proporcionar educação aos seus alunos

presenciais.

No gráfico 9, temos uma amostragem referente à utilização do material

disponibilizado pelos professores no portal como suporte aos alunos

presenciais, que pode ser desde um texto, ou ainda um fórum, chat, figuras ou

vídeo, utilizados para complementar as aulas no ensino presencial.

No capítulo II, apresentamos várias opções para propiciar educação em

meios virtuais de aprendizagem, como os chats, fóruns, exercícios, textos e

videoaulas. Cabe ao docente explorar esse universo e utilizar a criatividade

para produzir material capaz de favorecer uma educação construtivista, com

uma sequência lógica, explicações de como utilizar as ferramentas para obter

resultados esperados, propiciando, desta forma, melhoria no conhecimento e

na aprendizagem do aluno presencial.

Alguns professores da instituição não utilizam constantemente o portal

para colocar material para o aluno. Apenas ao acaso, preenchem informações,

como notas, faltas e cumpre tarefas burocráticas de controle da instituição.

119

Gráfico 9 - Materiais do meio virtual de ensino (portal) como suporte para as aulas presenciais.

(textos, Chats, fóruns, aulas em vídeo).

Fonte: Próprio autor.

Todos os professores colocam material no portal da instituição para que

o aluno utilize como suporte nas aulas presenciais, o que varia é a intensidade

percentual. Temos 65% dos 25 docentes que utilizam sempre o portal para o

feito e apenas 35% que usam 50% das vezes o portal para postagem de

material, no caso um professor da área de produção.

O gráfico 10 busca mostrar se esses materiais disponibilizados no portal

agregam valor à educação dos alunos, pois, se os materiais ofertados pelo

professor no portal servem como suporte para as aulas presenciais como pode

ser visto no gráfico anterior, acredita-se que eles agreguem valor à educação.

Conforme Coll (2004), a aprendizagem poderá ser, ou de ordem

receptiva - em que os materiais serão colocados de forma finalizada e,

portanto, o aluno apenas irá aprender o que for determinado pelo professor -,

ou em forma de descoberta - em que o docente propõe materiais no AVA que

vão ser abordados em classe. Nesse caso, haverá a participação do aluno e as

120

ideias e ações serão elaboradas tanto pelo docente como pelo aluno, ao

construir significados pelo desequilíbrio e pelo entendimento, que será parte da

equilibração, constituindo a cognição que o aluno tem sobre o assunto, uma

nova aquisição de conhecimento por parte do aluno.

Gráfico 10 – Os materiais do meio virtual de ensino (portal). (textos, Chats, fóruns, aulas em

vídeo). Agregam valor ao ensino presencial?

Fonte: Próprio autor.

Existindo suporte às aulas presenciais pelo material disponível no meio

virtual de ensino, a proposta é uma agregação de valor, seja no conteúdo e na

qualidade de material disponibilizado, seja na construção de conhecimento

pela complementação dos materiais presenciais, associados aos virtuais

propostos pelo docente.

O gráfico 11 aborda o meio virtual de aprendizagem como forma de

contribuir para a melhoria da educação no presencial. Vejamos as respostas

dos docentes no gráfico a seguir.

121

Gráfico 11 - A construção do saber pelo virtual como suporte ao ambiente presencial de

aprendizagem.

Fonte: Próprio autor

60% dos 25 docentes participantes da pesquisa acreditam que, em 75%

das vezes, o ambiente virtual de aprendizagem contribui para uma melhoria na

aprendizagem construtivista proporcionada em sala de aula, pois colabora com

uma assimilação prévia dos conceitos será serem abordados em sala de aula

por ações construídas pelo professor e pelo aluno para a busca do

conhecimento. 40% deles acreditam, em 50% vezes, que existe essa

construção a partir dos materiais colocados no meio virtual de ensino como

suporte à educação presencial, validando a teoria construtivista de

aprendizagem.

A diversidade de materiais é outra preocupação ao se propor uma

educação em meio virtual de ensino. O gráfico 12 aponta a qualidade e as

formas diferenciadas utilizadas pelos docentes ao propor educação no portal.

A pergunta foi feita focando diferentes materiais colocados no portal. Vale

observar o gráfico a seguir.

122

Gráfico 12 - Diversificação de materiais colocados no portal.

Fonte: Próprio autor.

61% dos docentes utilizam grande diversificação de materiais no portal,

como textos, figuras, fóruns, aula gravada e chats; já 26%, em 50% das vezes,

trabalham mais com textos e vídeos e 13%, em 25% das vezes, com textos.

A pergunta do gráfico 13 aponta para a melhoria da educação, ao

buscar melhor aprendizagem proposta pela instituição ao aluno. Destacam-se

as respostas dos docentes no gráfico. O que os docentes relatam é que os

alunos, podendo ter contato com o conteúdo no portal, são capazes de estudar

com mais facilidade em suas casas, ainda podem participar das enquetes

propostas nos fóruns e assistir a vídeos ou a aulas para complementar seu

conhecimento. Desta maneira, realizam uma assimilação melhor dos materiais

propostos, pela comodidade de poderem estudar em casa. Ao chegarem na

sala de aula, já estão com os textos lidos e assimilados, podendo discutir e

realizar a acomodação do conhecimento, agora com novas perguntas a

respeito do assunto abordado dentro do conhecimento adquirido.

123

Gráfico 13 - Melhoria na educação da instituição pelo meio virtual de ensino, proporcionando

melhor aprendizagem.

Fonte: Próprio autor.

Os espaços destinados aos meios virtuais estão em crescente

aceleração, propagando-se e expandindo. Essas mudanças fazem com que a

sociedade seja transformada de forma contínua. Quanto mais existe

criatividade e inovação, mais os desafios são postos aos homens, que vão

transformando sua vida através da virtualidade, que é expressa em um mundo

que não é real, mas é feito por pessoas que vivem no real e podem exprimir

suas vontades em um novo mundo. Dessa forma, podem recriar formas de

viver melhor no mundo real de que participam.

Na questão 12, a preocupação foi perguntar ao professor o que ele

espera com a inserção de materiais no portal, se existe acúmulo de

conhecimento por parte do aluno. Vale observar as respostas no gráfico 14.

Mais da metade dos docentes, 57%, colocaram que, em 75% das vezes, existe

uma proposta voltada a construir conhecimento do aluno e que o AVA contribui

para essa construção; 26%, em 50% das vezes, por não trabalharem apenas

com material no AVA, muito do conteúdo na classe e 17%, em 30% das vezes,

124

por utilizarem materiais no portal como complemento a conhecimento

proporcionado em classe, apenas textos.

Gráfico 14- Valor agregado de conhecimento educacional pelo meio virtual de ensino.

Fonte: Próprio autor.

O capítulo III demonstra que a abordagem construtivista de

aprendizagem pode favorecer o conhecimento e a adequação em um meio

presencial através do meio virtual de aprendizagem. Isso depende do aluno, do

mediador e do espaço utilizado para se propor materiais para educação.

De acordo com Mizukami (2002 apud ALLEGRETTI, 2003);

“o sucesso do professor dependerá da sua capacidade de manejar

essa complexidade, integrando criativamente o conhecimento técnico.

O conhecimento técnico, que antes era oriundo exclusivamente da

formação inicial, não mais se reduz a ela, e o professor deverá saber

ler o mundo para buscar as informações, analisá-las, contextualizá-

las em busca da construção de conhecimento”.

Para que a educação seja prazerosa e traga uma assimilação e

acomodação por parte do aluno, o professor, como mediador, deve propiciar

125

condições para que o estudante tenha prazer em aprender, que entenda os

conceitos, que consiga identificar, no seu meio, o que está sendo ensinado.

Para isso, o professor deve estar preparado para ser um mediador.

O gráfico 15 aborda uma das teorias da aprendizagem, o behaviorismo.

Foi colocada a questão para verificar o tipo de controle realizado pelos

docentes de seus alunos ao colocar o material no portal. Se é algo dirigido, ou

seja, se o professor espera respostas controladas, ou se o docente trabalha a

abordagem construtivista, em que o aluno tem uma assimilação, uma

participação e uma acomodação do conhecimento.

Construtivismo está ligado a construir, interagir com o meio, assimilar as

informações propiciadas pelo meio onde o indivíduo está inserido e

acomodando tais informações, tal como descrito no capítulo III.

Gráfico 15 - Behaviorismo x construtivismo.

Fonte: Próprio autor.

O que Ausubel propõe conforme Coll (2004) é que, quando existe uma

aprendizagem por recepção, ou seja, de caráter passivo, o aluno apenas

126

estará associando conceitos de forma arbitrária e, desta maneira, ocorre uma

perda significativa no tempo, pois o aluno não fará uma equilibração cognitiva

adequada. Já no caso de uma aprendizagem por descoberta, existe o desafio,

o novo, a participação da construção pelos sujeitos, mediante a exposição aos

objetivos, portanto existirá o desequilíbrio e a construção do conhecimento.

O gráfico 15 demonstra que 2% dos 25 professores trabalham com a

teoria behaviorista na instituição. O professor propõe materiais no ambiente

virtual para trabalhar as respostas no presencial, sem que o aluno questione,

intervenha, ou participe da construção de ações para o conhecimento. É algo

associado, imposto pelo professor, uma proposta educacional baseada em

responder exatamente o que o docente exige. Entretanto, 98% dos 25

docentes trabalham com a teoria construtivista da aprendizagem, utilizando o

portal como mediação para proporcionar ações a serem trabalhadas no meio

presencial de ensino.

No gráfico 16, a preocupação está no recebimento do material via

portal, sua impressão e discussão em sala de aula. Como se trata de uma

ferramenta virtual que propõe educação colaborativa ao presencial, essa

questão é significativa na pesquisa exploratória.

Os docentes colocam material, seja em forma de texto, ou de discussão

em um fórum e tiram dúvidas em chats. Na maioria das vezes, o aluno recebe

esse material via portal, imprime o conteúdo, assimila esse conhecimento, leva

para sala de aula, discute e realiza a acomodação, dando, desta forma, espaço

para que o professor possa trabalhar outros temas de maneira mais detalhada

sobre o assunto compreendido pelo aluno.

127

O papel do professor é mediar essa situação em que a acomodação do

conhecimento possa ser aproveitada nas novas propostas de conhecimento,

portanto o interesse tem que ser de ambas as partes - ora do mediador, em

proporcionar novos conhecimentos ao aluno - ora do aluno, em conseguir, pela

acomodação, fazer novas ligações com os assuntos propostos pelo docente.

Veja, no gráfico a seguir, a resposta dos docentes.

Gráfico 16 - Recebimento do material, impressão e discussão em sala de aula.

Fonte: Próprio autor.

O ambiente virtual de aprendizagem sempre será como em um projeto:

existe um gerenciamento de dados que será focado nas necessidades dos

alunos; existe uma pesquisa de todo material a ser inserido como conteúdo de

forma individual, no caso de textos para reflexão, vídeos e exercícios, e de

conteúdo coletivo, como os chats e fóruns interativos. Outro fator importante é

onde os indivíduos irão estudar. A proposta será totalmente a distância, ou

seja, o acesso será de casa, ou por teleconferência, nos polos da instituição?

Os materiais devem ter um tratamento de design para propiciar uma

128

imagem adequada, com gráficos, figuras textos e as videoaulas. As instituições

devem inserir um tutorial explicativo capaz de proporcionar ao aluno a condição

de entender o passo a passo de forma construtiva para procurar as

informações no AVA. Desta maneira, podemos ter uma educação construtivista

adequada e o aluno passa a aprender dentro de um ambiente virtual de ensino.

61% dos docentes sempre utilizam a proposta de aprendizagem

construtivista para proporcionar educação aos alunos presenciais, utilizando o

AVA para oferecer materiais, chats, fóruns, imagens, além de textos e aulas

gravadas em vídeo, que colaboram para uma melhor assimilação, para

aplicabilidade e participação na sala pelo aluno, favorecendo, assim, uma

acomodação de novo conhecimento. 22%, em 50% das vezes, trabalham com

abordagem construtivista no AVA, porém a maioria do conhecimento é

passado em sala de aula e 17% utilizam, em 25% das vezes, pois trata-se de

trabalhos em que o docente tem que utilizar máquinas e ferramentas, como por

exemplo nos cursos técnicos instrumentais (mecatrônica), mas 98% utilizam o

portal para propagar algum tipo de material ao seu aluno no meio ambiente

virtual de aprendizagem.

No caso das Faculdades Flamingo, o portal é bastante usado para

propagação de material, mas apenas 9% dos 25 entrevistados utilizam-no

como ferramenta para interação de professor e aluno de forma mais efetiva, ao

propor debates, fóruns e outros tipos de materiais oferecidos no meio virtual e

passíveis de serem levados à sala de aula presencial. É o que podemos

observar no gráfico 17.

129

Gráfico 17 - Interatividade e interação dos alunos com o docente no meio virtual de ensino

prolongado ao meio presencial de educação.

Fonte: Próprio autor.

Aproveitando o gráfico 15, antecipamos a pergunta do gráfico 16, que

está ligada à eficiência e eficácia nos meios virtuais de ensino e sua

importância para a educação nas disciplinas da instituição. Os resultados

podem ser consultados no gráfico a seguir. 95% dos docentes acreditam que a

interatividade possibilita uma educação colaborativa aos alunos nos meios

virtuais de ensino e apenas 5% afirmam que isso ocorre poucas vezes.

O alto índice de aproveitamento do portal se dá por existirem muitas

disciplinas dos cursos, em geral Administração, Ciências Contábeis, Logística,

RH, entre tantos outros, em que o professor pode trabalhar com o AVA

utilizando o construtivismo, colaborando para aprendizagem. Esses

professores colocam textos, exercícios, propõem fóruns e chats das

disciplinas, de modo que o aluno vai assimilar o conhecimento, debatê-lo para

tirar suas dúvidas, acomodar esse conhecimento e continuar o processo de

aprendizagem em outros conteúdos que são colocados no portal

130

gradativamente. Em paralelo, esses conhecimentos aprendidos no AVA vão

ser utilizados como complementos colaborativos à educação na sala de aula

presencial.

Os outros professores ligados à Educação Física e Automação

Mecatrônica, que precisam que o aluno pratique em quadra ou laboratório,

utilizam o AVA, mas apenas para colocar alguns textos, para informação do

aluno. Na maioria das vezes, utilizam o AVA para colocar notas e faltas.

Gráfico 18 - Educação colaborativa é a solução para melhoria na construção do conhecimento.

Fonte: Próprio autor.

No gráfico 19, estão expostos dados que demonstram se os docentes

acreditam existir um processo de aprendizagem construtivista dentro do meio

virtual de aprendizagem e estendida ao meio presencial. 83% dos 25 docentes

acreditam que sim; apenas 13% acreditam que 30% das vezes; e 4%, nunca.

131

Gráfico 19 - Processo de educação e aprendizagem construtivista no meio virtual de ensino

propagado ao meio presencial de educação.

Fonte: Próprio autor.

Conforme Coll (2004), a educação significativa supõe vincular a nova

informação com conceitos ou proposições já existentes na estrutura cognitiva

do aluno.

Os professores buscam colocar informação no meio virtual de

aprendizagem para que exista uma assimilação do aluno a ser abordada em

sala de aula com novas propostas de conhecimento que sejam vinculadas às

experiências já obtidas pelo aluno no AVA e, portanto, criando novas situações

em que o aluno possa participar da criação de caminhos que satisfaçam seus

novos degraus de conhecimento.

O processo de comunicação no meio virtual de ensino deve ter

eficácia. No gráfico 20, está a amostra do que os docentes acreditam sobre o

poder da comunicação pelo portal.

132

Gráfico 20 - A comunicação no meio virtual de ensino.

Fonte: Próprio autor.

As informações sobre a evolução da comunicação, sobre os processos

e elementos da comunicação estão no capítulo I, pois, em qualquer processo

de educação, a comunicação é fundamental para que signos, símbolos, escrita

ou leitura sejam interpretadas, assimiladas e acomodadas. Em um processo

em que o professor propõe conteúdo, o aluno deverá saber interpretar o que é

proposto, portanto a comunicação é fundamental para a construção do

conhecimento.

A participação do aluno no meio virtual de ensino é relevante para que a

abordagem construtivista ocorra. Note, a seguir, no gráfico 19, as observações

dos docentes. 55% dos 25 participantes da pesquisa têm uma participação

efetiva, ou seja, realizam todas as atividades propostas, como chats, fóruns,

assistem aos vídeos, discutem em classe e têm a assimilação e a acomodação

dos conhecimentos propostos, podendo ser utilizados para novas propostas de

conteúdo; 45% utilizam, em 50% das vezes, os docentes notam que esses

alunos entram no AVA, mas estudam apenas o que lhes é interessante, por

133

exemplo, em uma época de prova, quando é colocado o conteúdo que será

abordado, ou ainda para um trabalho valendo nota, que será executado em

classe.

Gráfico 21 - Participação dos alunos no meio virtual de ensino das Faculdades Flamingo

Fonte: Próprio autor.

Essa pergunta é muito pessoal, mas, dependendo da área de ensino,

por exemplo, aquelas voltadas à tecnologia, a participação é fundamental, já

outras, como mecatrônica, nem tanto, depende da proposta do professor.

O gráfico 22 está ligado à satisfação da necessidade do docente em

colocar material no meio virtual da instituição. 75% dos 25 participantes da

pesquisa acreditam mostram-se positivos, porque o AVA contribui para

inserção de materiais que ajudam na construção do conhecimento dos alunos

com suas ferramentas, como textos, vídeos, fóruns e chats e 25%, afirmam

que isso ocorre apenas em 50% das vezes, pois o professor não coloca todo o

material no meio virtual de aprendizagem, ou seja, ele tem que passar a

prática para o aluno ou em laboratório ou nas quadras, por exemplo uma aula

de natação, eles podem passar o conteúdo, mas devem ensinar in loco a

prática.

134

Gráfico 22 - Satisfação das necessidades de inserção de material no meio virtual de ensino.

Fonte: Próprio autor.

A vantagem em se ter a educação a distância está no próprio nome

romper as barreiras de tempo e espaço em lugares diferenciados. E o meio

virtual de aprendizagem é uma forma de propagar essa educação.

O que podemos observar com esta pesquisa é que os professores

utilizam o meio virtual de aprendizagem da instituição Faculdades Flamingo

para poder proporcionar conhecimentos aos alunos de forma híbrida. O

conhecimento aprendido no virtual e assimilado pelos alunos é levado para a

educação presencial, os temas são discutidos, analisados e acomodados pelos

alunos.

Outro ponto importante abordado na pesquisa exploratória é a utilização

da aprendizagem construtivista, em que os professores, dependendo da

disciplina, normalmente nas de caráter não técnico, utilizam o portal como algo

facilitador na proposta de construção do conhecimento para os alunos, seja por

meio de fóruns, de textos, vídeos ou slides, além de chats, para que os alunos

assimilem o conteúdo, trabalhem em classe os conceitos e acomodem o

135

conhecimento para novas propostas futuras de materiais por parte dos

professores, ou seja, novos textos e conteúdos relacionados às disciplinas.

O que a pesquisa exploratória demonstra é que a abordagem

construtivista é utilizada pelos docentes da instituição por meio do AVA, mas

também cabe ao aluno ter interesse em aprender, buscar no ambiente as

informações necessárias para fazer seus elos para construção do

conhecimento.

Por último, cabe mencionar o entendimento do aluno realizado pela

comunicação, que é a maneira com que o professor expõe o seu material e o

seu conteúdo no portal. Assim, podemos concluir que a instituição utiliza o

meio virtual de aprendizagem com abordagem construtivista.

136

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dissertação teve como objetivo o de verificar se os professores das

Faculdades Flamingo utilizavam o AVA como uma forma de proporcionar

informações para o trabalho da abordagem construtivista no meio presencial de

aprendizagem, de forma a colaborar para o trabalho em classe dos conceitos

oferecidos aos alunos no ambiente virtual de aprendizagem.

Para isso, a primeira questão implícita, em uma abordagem

construtivista de aprendizagem, é assimilação por parte do aluno. Portanto, no

primeiro capítulo da dissertação, a preocupação foi buscar elementos que

dessem suporte à comunicação.

Ao tratar de assimilação, a preocupação foi com o que o professor

poderia proporcionar ao aluno e se este teria a capacidade de compreender o

que estava sendo proposto, portanto a comunicação realizada por meio dos

símbolos e signos. Sabe-se que, desde os primórdios da era das cavernas até

a comunicação via mídias e, no caso deste estudo, o AVA, a linguagem é um

meio facilitador para uma compreensão significativa no processo de

aprendizagem.

Flusser (1996) mostra que os textos se transformam em imagens cada

vez mais trabalhadas, levando o indivíduo a compreender o significado dos

objetos e a ter criatividade.

Em uma abordagem construtivista, cuja proposta de ensino-

aprendizagem se dá no meio virtual e presencial, como o que estudamos nesta

dissertação, o material proposto pelo professor no AVA tem o papel de facilitar

essa aprendizagem por favorecer uma assimilação prévia dos conteúdos no

137

meio virtual, para, posteriormente, experimentar ou ainda trocar ideias com o

mediador (professor) no meio presencial e, desta maneira, poder criar novos

caminhos e ações que levem à construção do conhecimento.

Para que ocorra o processo de assimilação, a instituição tem um tutorial

que facilita através da instrução o aluno como entrar no portal (AVA) da

instituição e, por meio deste informativo, facilita ao estudante navegar pelo

meio virtual de aprendizagem. Assim, o aluno consegue identificar as

disciplinas do curso, entrar nos conteúdos oferecidos pelo docente para

estudá-los na sua própria casa e, consequentemente, assimilá-los para debater

em sala de aula, construindo novos padrões de conhecimento sobre os

assuntos disponibilizados pelo docente da disciplina. Nesse processo, existe o

que chamamos de equilibração, em que o aluno tem contato com o conceito,

suas partes e vai criando novas ações de conhecimento, gerando um processo

de acomodação dos conhecimentos.

O AVA deve ter um gerenciamento adequado dos conteúdos

disponibilizados para que os alunos possam levar esses conteúdos para serem

discutidos em sala de aula, mas isso não impede de o docente propor

atividades, inclusive dentro do sistema.

No portal das Faculdades Flamingo, observa-se a preocupação em

colocar espaços para chats, fóruns e um banco de dados para o professor

inserir material. Portanto, o processo de aprendizagem, em uma proposta

construtivista, pode começar já no AVA e terminar na sala de aula como se

fosse uma forma contínua de propiciar a acomodação de conhecimento para os

alunos.

138

No capítulo II, a preocupação foi a de demonstrar como o ambiente

virtual pode ser construído, sua importância para propagar a educação rápida e

motivadora, cheia de informações e capaz de trazer propostas interessantes

em termos de conteúdo a serem oferecidos ao aluno.

No capítulo III o que pode ser percebido é que se o objetivo da

dissertação era o de abordar uma proposta construtivista da educação seria

necessário saber quem foram os precursores desta educação, logo, temos as

teorias da aprendizagem, utilizadas para prover educação aos alunos,

interessante saber as diferenças entre o behaviorismo e teoria construtivista,

porém, a proposta da educação pode começar com aspectos da primeira e

terminar com a segunda, desde que o professor tenha como proposta sugerir

conteúdos que devam ser respondidos como ele espera como resultado, mas

isso não impede que este professor trabalhe as respostas prévias

determinadas como caminhos diferenciados e ações construídas pelo professor

e pelo aluno em classe vão depender de como será disponibilizados estes

dados ao aluno.

Outro aspecto importante abordado nesse capítulo foi o processo de

aprendizagem, enfatizando a abordagem construtivista da educação, que

pressupõe a assimilação por parte do aluno ao receber os conteúdos do

mediador (professor) pelo AVA. Esse conteúdo deve ser levado para a sala de

aula presencial e trabalhado em parceria com o professor a fim de buscar

novos conhecimentos dentro do assunto, propiciando a equilibrarão a partir do

que este aluno já conhecia e, por último, a acomodação desse novo

conhecimento.

139

Conforme Becker (2009, p.35),

A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual

faz originar novas formas de organização. Resumindo, a assimilação

sob o ponto de vista psicológico é um fato primordial, pois, em todos os

domínios, ela se apresenta como a origem e o resultado da

organização.

Temos, ainda, nesse capítulo, a teoria de Ausubel, a da aprendizagem

significativa, que mostra que a aprendizagem se dá pelas relações que o

indivíduo estabelece em um processo interno ao fazer elos de seu

conhecimento com a proposta de novos conteúdos, dando origem a um novo

conhecimento.

Nas abordagens apresentadas, temos a educação por recepção – em

que os conteúdos prévios são disponibilizados de forma arbitrária e acabados

pelo professor - e a educação participativa - em que existem os substantivos e

o aluno trabalha o conteúdo para construir novos conhecimentos, portanto

utiliza elos com o que já está acomodado em sua cognição, faz ligações com o

que é proposto e transforma essa ligação em novos conhecimentos para serem

acomodados, evidenciando uma nova proposta de aprendizagem.

No capítulo IV, a preocupação foi a de demonstrar, pela pesquisa

exploratória, com um questionário de 18 perguntas abertas e uma fechada,

proposto a 25 dos 300 docentes de diversas áreas do conhecimento, nas

Faculdades Flamingo, se os docentes utilizavam a abordagem construtivista da

aprendizagem em seus cursos presenciais com a mediação do AVA.

140

O que pôde ser observado pelos resultados obtidos com o questionário é

que 81% dos professores, de 25 que participaram da pesquisa, sabem o que é

a abordagem construtivista e utilizam essa abordagem em suas aulas

presenciais.

Outro dado importante na pesquisa é que 98% dos 25 docentes da

instituição utilizam o AVA (portal) da faculdade para oferecer material para os

alunos para que trabalhem em classe, valorizando a abordagem construtivista

da educação. Constata-se que 95% dos 25 docentes que participaram da

pesquisa acreditam que a interatividade possibilita uma educação colaborativa

aos alunos pelos meios virtuais de ensino, mostrando que o professor pode

trabalhar com o AVA utilizando a abordagem construtivista, colaborando para a

aprendizagem. Esses professores postam textos, exercícios, propõem fóruns e

chats com os quais o aluno vai assimilar o conteúdo, debatê-lo para tirar suas

dúvidas, acomodar esse conhecimento e continuar o processo de

aprendizagem em outros conteúdos que são colocados no portal

gradativamente. Em paralelo, esses conhecimentos aprendidos no AVA vão ser

utilizados como complemento colaborativo para a educação na sala de aula

presencial.

Os professores buscam colocar informação no meio virtual de

aprendizagem para que exista uma assimilação do aluno das questões a serem

abordadas em sala de aula com novas propostas de conhecimento que sejam

vinculadas às experiências já obtidas pelo aluno no AVA, possibilitando,

portanto, novas situações para que o aluno encontre caminhos que satisfaçam

seus novos degraus de conhecimento.

141

75% dos 25 participantes da pesquisa acreditam que o AVA contribui

para encaminhar propostas de material que ajudam na construção do

conhecimento dos alunos, através de suas ferramentas, como textos, vídeos,

fóruns e chats. Essa proposta de construção se estende ao presencial,

proporcionando conteúdo para que seja discutido, criando novas ações para

construção do conhecimento no presencial, permitindo ao aluno assimilar, fazer

novos elos de conhecimento com o novo conteúdo ao que ele já tem

acomodado, criando, assim, novos caminhos para obter conhecimento pela

abordagem de construção da aprendizagem.

O que podemos observar com esta pesquisa é que os professores

utilizam o meio virtual de aprendizagem, no caso da instituição Faculdades

Flamingo, para poder proporcionar conhecimentos aos alunos de forma híbrida,

pois o conhecimento aprendido no virtual e assimilado pelos alunos é levado

para a educação presencial e ali é discutido, analisado e acomodado pelos

alunos.

O que pode ser verificado é que o AVA das Faculdades Flamingo

mediante os materiais postados pelos professores com uma linguagem e

comunicação adequada proporcionam uma assimilação prévia dos conteúdos

que irão ser discutidos em sala de aula pelo professor e aluno para novas

propostas de caminhos que colaborem para uma proposta da construção do

saber, uma vez acomodado este conhecimento e equilibrado pelo aluno, o

professor deverá propor novos desafios que estimule o aluno a querer aprender

e mais uma vez o processo de construção do conhecimento acontecerá, de

forma a propor uma aprendizagem construtivista significativa e que agregue

cada vez mais conhecimento a equilibração cognitiva do aluno.

142

REFERÊNCIAS

Livros

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147

ANEXO (QUESTIONÁRIO ELABORADO PARA PESQUISA)

Professor:____________________________________________________________________

Área de ensino:______________________________________________________________

Disciplina:____________________________________________________________________

Esta pesquisa tem caráter exploratório com a intenção de identificar a existência do contrutivismo através da educação nos meios virtuais de ensino, no caso do portal acadêmico das Faculdades Flamingo. O objetivo principal é a obtenção do título de Mestre em Cognição em Semiótica pelo professor Fernando José Lopes na Instituição PUC –SP através de sua dissertação deMestrado.

1 – Você como professor sabe do que se trata o construtivismo?

a) Sim b) Não

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2 – Em um processo educacional o meio virtual de aprendizagem oferecido pela instituição contribui para um acrescimo educacional construtivista em sua disciplina?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

3 – Você acredita que o construtivismo é possível dentro de um meio virtual de ensino?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

4 – Sua proposta de disponibilização de materiais dentro do meio virtual de ensino disponibilizado pela faculdade tem caráter construtivista?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

5 – Os materiais colocados no portal servem para suporte as aulas presenciais?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes

148

e) Nunca

6 – Estes materiais propostos no meio virtual de ensino agregam valor na educação dos alunos?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

7 – A proposta da virtualidade traz novas maneiras de construção do saber para os alunos do curso?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

8 – No portal você utiliza diversas formas de materiais, como textos, vídeos, figuras etc?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

9 – Existe uma evolução da educação através do material sugerido e colocado no meio virtual de aprendizagem da faculdade?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

10 – Você espera que o aluno agregue valor de conhecimento educacional quando propõe material no meio virtual de ensino disponibilizado pela faculdade?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

11 – Ao disponibilizar o material no portal você espera que os alunos tenham uma evolução educacional condicionada?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

149

12 – Seus alunos apenas recebem o material e imprimem para ser discutido em sala de aula?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

13 – Seus alunos interagem de alguma maneira dentro do proposto por você no meio virtual de ensino da instituição?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

14 – Você acredita que a interatividade representa a vida para os ambientes virtuais de aprendizagem, pois possibilita o aprendizado colaborativo, na sua disciplina é possível esta interação entre os alunos através do meio virtual de ensino utilizado na faculdade?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

15 – Você como docente acredita que existe um processo de aprendizagem construtivista com o material proposto no meio virtual deensino da faculdade?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

16 – O aluno tem um entendimento adequado em termos de um processo de comunicação dentro do meio virtual de ensino (proposta colocada no virtual).

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

17 – Seus alunos participam de ações dentro do meio virtual de aprendizagem como leitura de texto, debates on line, resenha de filmes etc.

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

150

18 – O meio virtual de ensino da instituição satisfaz sua necessidade em relação aos conteúdos abordados novirtual?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

19 – O processo de comunicação oferecido pelo meio virtual de ensino está adequado quanto a proporcionar construtivismo e educação aos alunos?

a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca

20 – O que você sugere como melhoria para o meio virtual de ensino da instituição? Se é que este precisa ser melhorado.

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