politicas sociais aula 6

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POLÍTICAS SOCIAIS E DE INFRA – ESTRUTURA NO BRASIL PROFESSOR PAULO VIEIRA www.pontodosconcursos.com.br 1 Políticas Sociais e de Infra-Estrutura no Brasil Aula 06 Prezados alunos, No nosso encontro de hoje, vamos nos concentrar na resolução de questões relacionadas com os temas já estudados, tentando fixar novos conceitos e informações, a partir dos comentários das respostas. Anotações - Cidadania e suas dimensões O conceito da palavra cidadania vem sofrendo diversas mudanças ao longo dos tempos, sempre havendo uma idéia de participação política, modificando-se apenas a abrangência dessa participação. Na idade antiga, cidadão era aquele que morava na cidade e participava de seus negócios, aquele que podia ter acesso aos cargos públicos. Cidadania era, portanto, participar da vida e decisões da sociedade. O conceito de cidadania mais adotado na atualidade, inclusive pela ESAF em suas provas, é a concepção de cidadania de Thomas Marshall, que em 1949 propôs a primeira teoria sociológica de cidadania, ao desenvolver os direitos e obrigações inerentes à condição de cidadão. Centrado na realidade britânica da época, em especial ao conflito frontal entre capitalismo e igualdade, Marshall estabeleceu uma tipologia de direitos de cidadania. Seriam os direitos civis conquistados, no século XVIII, os direitos políticos alcançados no século XIX, ambos chamados direitos de primeira geração, e os direitos sociais, conquistados no século XX, chamados de direito de segunda geração. Para Marshall, cidadania é o direito a ter direitos. Hoje em dia, o conceito de cidadão refere-se àquele que possui e exerce os direitos fundamentais, constitucionalmente garantidos. Não apenas quem tem formalmente aqueles direitos, mas sim quem os exerce de forma livre e democrática. Dessa forma, para o perfeito exercício da cidadania, é necessária a igualdade não apenas jurídica entre os habitantes de um país, é imprescindível liberdade física e de expressão, educação, saúde, trabalho, cultura, lazer, pleno emprego, direitos políticos, entre outros que compõem a estrutura para o exercício e efetivação da cidadania. Podemos dizer que a palavra cidadania possui três grandes dimensões (divisão clássica): (i) cidadania política – são os direitos que asseguram ao cidadão a participação e a influência nas decisões políticas da sociedade em que vive. Essa participação pode ser exercida por meio do voto (participação indireta) ou através da ocupação de cargos na estrutura governamental do Estado; (ii) cidadania social – refere-se aos direitos que garantem os meios de vida

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    Polticas Sociais e de Infra-Estrutura no Brasil

    Aula 06

    Prezados alunos, No nosso encontro de hoje, vamos nos concentrar na resoluo de questes

    relacionadas com os temas j estudados, tentando fixar novos conceitos e informaes, a partir dos comentrios das respostas.

    Anotaes - Cidadania e suas dimenses

    O conceito da palavra cidadania vem sofrendo diversas mudanas ao longo

    dos tempos, sempre havendo uma idia de participao poltica, modificando-se apenas a abrangncia dessa participao.

    Na idade antiga, cidado era aquele que morava na cidade e participava de seus negcios, aquele que podia ter acesso aos cargos pblicos. Cidadania era, portanto, participar da vida e decises da sociedade.

    O conceito de cidadania mais adotado na atualidade, inclusive pela ESAF em suas provas, a concepo de cidadania de Thomas Marshall, que em 1949 props a primeira teoria sociolgica de cidadania, ao desenvolver os direitos e obrigaes inerentes condio de cidado.

    Centrado na realidade britnica da poca, em especial ao conflito frontal entre capitalismo e igualdade, Marshall estabeleceu uma tipologia de direitos de cidadania.

    Seriam os direitos civis conquistados, no sculo XVIII, os direitos polticos alcanados no sculo XIX, ambos chamados direitos de primeira gerao, e os direitos sociais, conquistados no sculo XX, chamados de direito de segunda gerao. Para Marshall, cidadania o direito a ter direitos.

    Hoje em dia, o conceito de cidado refere-se quele que possui e exerce os direitos fundamentais, constitucionalmente garantidos. No apenas quem tem formalmente aqueles direitos, mas sim quem os exerce de forma livre e democrtica.

    Dessa forma, para o perfeito exerccio da cidadania, necessria a igualdade no apenas jurdica entre os habitantes de um pas, imprescindvel liberdade fsica e de expresso, educao, sade, trabalho, cultura, lazer, pleno emprego, direitos polticos, entre outros que compem a estrutura para o exerccio e efetivao da cidadania.

    Podemos dizer que a palavra cidadania possui trs grandes dimenses (diviso clssica):

    (i) cidadania poltica so os direitos que asseguram ao cidado a participao e a influncia nas decises polticas da sociedade em que vive. Essa participao pode ser exercida por meio do voto (participao indireta) ou atravs da ocupao de cargos na estrutura governamental do Estado; (ii) cidadania social refere-se aos direitos que garantem os meios de vida

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    mnimos para a dignidade humana em termos de trabalho, sade, relao social e qualidade de vida. A cidadania social limitada fortemente pela pobreza e pela desigualdade, necessitando, para a sua efetivao, da atuao do poder pblico na alocao de recursos, visando combater a m distribuio de renda; (iii) cidadania civil - so direitos necessrios para garantir a liberdade individual do cidado, dentro da comunidade em que ele vive (Nao). So exemplos de cidadania civil o direito de manifestao, de locomoo, de possuir propriedades, de contratar, de empreender etc.

    Nota peo a vocs que d uma olhadinha no conceito de polticas sociais,

    comentado na aula zero. (ESAF AFC/CGU-2004) Numere a segunda coluna de acordo com a primeira. Em seguida, assinale a opo que contm a seqncia correta. (1) Conjunto de decises e aes relativas alocao de recursos pblicos visando a mitigar ou eliminar desigualdades permanentes e auto-reproduzidas, bem como assistir e fortalecer os segmentos mais vulnerveis da sociedade Polticas Socias. (2) Direitos necessrios ao exerccio da liberdade individual, como por exemplo, o de ir e vir, de contratar, de empreender e de possuir propriedades Cidadania Civil. (3) Relao jurdico-poltica que define direitos e deveres de cada indivduo, frente aos outros indivduos e frente ao Estado. (4) Direitos que possibilitam a participao igualitria dos membros de uma sociedade nos seus padres bsicos de vida Cidadania Social. (5) Conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relaes de poder e que se destinam resoluo pacfica dos conflitos quanto a bens pblicos. (6) Direitos que asseguram o exerccio da capacidade de influir nas decises polticas, seja diretamente por meio de atividade governamental ou associativa, seja indiretamente, por meio do voto Cidadania Poltica. ( ) Cidadania poltica ( ) Poltica social ( ) Cidadania social ( ) Cidadania civil a) 6,5,4,3 b) 6,1,4,2 c) 3,5,2,4 d) 5,1,4,2 e) 5,1,2,4 Polticas Sociais Decentralizaes - (ESAF AFC/CGU-2004) O Brasil no um pas pobre, mas um pas injusto e desigual, com muitos pobres. Os elevados nveis de pobreza resultam, primordialmente, da intensa desigualdade na distribuio da renda e das oportunidades de incluso econmica e social. Na tentativa de corrigir esses problemas, especialmente durante a segunda metade da dcada de 90, as polticas sociais brasileiras apresentaram as seguintes caractersticas, exceto:

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    a) Descentralizao das aes da Unio para os estados, municpios e instituies da sociedade civil especialmente em reas como sade, educao, assistncia social.

    Como j dissemos, ao longo das nossas aulas, grande parte das polticas sociais da Unio so executadas de forma descentralizada, ou seja, por meio de estados, Distrito Federal, municpios e organismos da sociedade civil (ONGs, associaes etc).

    Nas aes de sade, o papel da Unio notadamente na normatizao, formulao e complementao financeira, cabendo a execuo aos entes anteriormente mencionados, por meio do SUS (Sistema nico de Sade).

    Na educao, a presena direta da Unio ocorre marcadamente na educao superior e tecnolgica, sendo que o Brasil um dos pases que mais gasta com educao superior pblica no mundo.

    No campo da educao bsica, a Unio oferece apenas assistncia pedaggica e auxlio financeiro, sendo quase toda desenvolvida pelos estados. A educao fundamental quase totalmente de responsabilidade de estados e municpios, havendo complementao da Unio na educao fundamental nos estados pobres que no conseguem atingir o mnimo de gasto por aluno, estabelecido pelo governo federal. No segmento assistncia social, apenas o benefcio de prestao continuada que estudamos na aula 05 executado pela Unio. Todos os demais programas so desenvolvidos de forma descentralizada. b) Participao da sociedade na formulao, implementao e controle - pelo menos no plano formal - por meio de conselhos situados nas trs esferas de governo, e que contam com integrantes governamentais e no governamentais.

    Na prtica, a sociedade participa muito pouco da formulao, implementao e controle das polticas sociais, entretanto, h, em todas as esferas de governo, os chamados conselhos que contam em suas composies com representantes da sociedade civil, exemplo: conselho municipal de assistncia social, conselho nacional de sade, conselho estadual de educao etc.

    Podemos dizer que a participao social nessas arenas de natureza formal, existindo pouca tradio e, sobretudo, pouca estrutura administrativa, visando efetiva participao da sociedade. c) Regulao e regulamentao de bens e servios pblicos, definindo gradativamente novos parmetros para a gesto e o controle da produo de bens e servios de natureza social.

    A assertiva remete ao que ns dissemos em aulas anteriores. As polticas sociais, hoje, contam com bastante normatizao, sobretudo oriunda da Unio, e formas de controle, tais como: cadastro de beneficirios, controle de freqncia escolar, vacinao etc. d) Estratgias de integrao intersetorial, contratao via concurso pblico de especialistas para carreiras especficas, treinamento regular e continuado dos servidores e avaliao sistemtica dos resultados e impactos das aes empreendidas.

    A assertiva est errada, pois no h carreiras especficas montadas e treinamento regular para servidores que atuam no campo das polticas sociais, alis, uma das grandes reivindicaes desses segmentos de trabalhadores.

    e) Promoo de inovaes sociais com nfase no mbito local como ponto privilegiado para impulsionar o desenvolvimento sustentvel e a busca de processos de participao democrtica.

    Uma das caractersticas das polticas sociais contemporneas, conforme j

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    dissemos, a descentralizao, o que por si s j promove a questo local da execuo dessas polticas. So exemplos, programas de desenvolvimento sustentvel na Amaznia, artesanatos locais, turismo em cidades pobres do nordeste etc.

    Polticas Socias Descetralizaes e Financiamento - (ESAF AFC/CGU-2004) Sobre as polticas sociais brasileiras, aps o final da dcada de 90, indique a opo incorreta. a) Tanto na rea de sade, como de educao, grande parte das aes da Unio executada de forma descentralizada pelos Estados e, principalmente, pelos municpios.

    A assertiva correta, pois como j estudamos aqui, tanto na sade como na educao, as aes da Unio so executadas de forma descentralizada, sendo que os municpios so quem mais recebem recursos federias, sobretudo no seguimento da sade.

    b) Mesmo sendo da competncia dos Estados e municpios, as reas de habitao e saneamento recebem recursos da Unio, sendo que a ao do governo federal em saneamento prioriza as localidades rurais.

    Embora o termo competncia esteja empregado de forma pouco usual,

    entendemos que a afirmao est correta, pois, tradicionalmente, as reas de habitao e saneamento so de responsabilidade dos estados e municpios, com forte presena em servios na rea urbana. As aes da Unio no campo de saneamento tem sido, marcadamente, nas zonas rurais, sobretudo, atravs de abertura de cisternas e poos artesianos no Norte e no Nordeste do Pas.

    c) Os recursos destinados sade tm-se elevado em decorrncia da determinao constitucional de que a Unio aplique em sade percentuais mnimos de suas receitas tributrias.

    Os gastos em polticas sociais de forma geral tm crescido em todos os setores. O gasto pblico social brasileiro corresponde, hoje, a 23% do PIB. Os segmentos com maiores receitas oramentrias so Previdncia Social, Sade e Educao. Na sade, o gasto, notadamente depois da vinculao constitucional (gastos minmos), tem apresentado curva ascendente de forma continuada.

    . d) Os benefcios assistenciais so concedidos, independentemente de contribuies, aos segmentos mais carentes da populao segundo o critrio de renda. A questo est correta, pois ao contrrio da previdncia social, a assistncia social no depende de prvia contribuio, devendo a pessoa ser carente dentro dos critrios de renda estabelecidos em lei. Tema j bastante enfatizado em nossas aulas.

    e) Alm dos programas federais, a sociedade brasileira tem podido contar com programas descentralizados de garantia de renda mnima, estaduais e municipais, cuja superposio tem contribudo para maior eficcia e eficincia na reduo da desigualdade social. A superposio de programas da Unio, estados e municpios, constituem-se gargalos boa distribuio de renda entre as pessoas necessitadas, valendo observar que h poucos programas de renda mnima desenvolvidos por estados e municpios. A superposio acaba gerando, inclusive, duplicidade de benefcios, trazendo ineficincia aos programas de renda mnima. Agncias Reguladoras Aspectos Gerais - (ESAF AFC/CGU-2004)

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    As agncias reguladoras de servios pblicos brasileiras so autarquias especiais, dotadas de autonomia em relao administrao federal. Isso significa que: Compete exclusivamente ao Poder Executivo a iniciativa de propor a constituio de agncias reguladoras. Compete s prprias agncias definir os critrios de reajustes das tarifas dos servios pblicos por elas regulados. O nmero de diretores e as atribuies de cada um deles variam conforme a agncia. O desempenho das diretorias das agncias avaliado nos termos dos contratos de gesto firmados a cada quatro anos. vedado ao Poder Executivo interferir na execuo do oramento das agncias, uma vez aprovado por suas diretorias. Sobre os enunciados acima, certo afirmar que: a) so todos corretos b) so todos incorretos c) apenas um est correto d) h dois corretos e) h trs corretos Comentrios/Resposta

    A questo discute a competncia para estruturao das agncias reguladoras:

    A primeira assertiva est correta, pois o artigo 61 da Constituio Federal diz que a criao e extino de ministrios e rgos da Administrao Pblica privativa do Presidente da Repblica.

    Os critrios de reajuste de tarifas so baseados nas leis especficas dos setores, nas informaes do Ministrio da Fazenda e nos estudos desenvolvidos pelas agncias. Afirmativa errada.

    A lei criadora de cada agncia define o nmero de diretores, mas no entra nas mincias de traar as atribuies de cada um, determinando apenas que as decises institucionais relativas respectiva agncia de competncia do colegiado. Afirmao falsa.

    A afirmao incorreta, pois a avaliao das agncias reguladoras no so feitas por meio de contrato de gesto (pode vir a ser, se lei especifica determinar), havendo previso, at agora, para contrato de gesto, apenas com relao ANEEL (dentre aquelas objeto do concurso de AFC/CGU).

    Conforme j dissemos, as agncias enviam as suas propostas oramentrias ao Poder Executivo. L so formatadas e podem, inclusive, sofrer cortes e eventuais contingenciamentos ao longo da execuo oramentria. Incorreta a assertiva,

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    pois as agncias reguladoras detm autonomia apenas financeira.

    Agncias Reguladoras Aspectos Gerais - (ESAF AFC/CGU-2004) Sob a perspectiva da autonomia das agncias reguladoras, assinale a nica opo correta. a) Para a efetivao da independncia indispensvel a deciso colegiada por membros investidos de mandato, a ausncia de controle hierrquico, a liberdade administrativa, a autonomia financeira e um regime de pessoal compatvel com a importncia das atribuies da agncia. exatamente o conceito de independncia e autonomia que temos estudados nas nossa aulas, sobretudo na aula zero. No deixe de fazer uma reviso. Assertiva correta. b) A independncia em relao aos agentes regulados envolve o risco do populismo regulatrio, podendo a agncia se transformar em um rgo promotor apenas do interesse dos grupos sociais mais numerosos. A independncia em relao aos agentes regulados necessria para que a entidade reguladora possa agir sem qualquer influncia do poder econmico em sua rea de atuao. inclusive a independcia e autonomia das agncias os pontos de respeito aos contratos estabelecidos entre o Poder Pblico e as empresas reguladas. Assertiva errada. Os prprios arcabouos legais de cada setor regulado j conta com mecanismos. c) A independncia em relao aos consumidores ou usurios envolve o risco de captura, por isso essencial a utilizao de mecanismos como a quarentena para os ocupantes dos cargos mais elevados na agncia. A teoria da captura mostra que o aparato regulatrio corre o risco de ser adquirido pela indstria, com a regulao desenhada e operado primariamente para o seu benefcio.

    Assim, sem correto controlo social do regulador, os interesses das indstria reguladas podem influir e moldar as prticas regulatrias de maneira distorcida.

    Agravam o risco de captura circunstncias como a dependncia dos tomadores de decises, influncia poltica, dependncia da agncia reguladora em relao ao conhecimento tecnolgico superior da indstria regulada, a seleo indiscriminada de quadros tcnicos oriundos do setor ou indstria regulada para servir agncia, possibilidade de futuras posies ou empregos na indstria ou setor regulado, rotatividade dos prprios dirigentes das agncia entre funes exercidas no governo e na iniciativa privada, e quando h necessidade, por parte da agncia reguladora, do reconhecimento e cooperao da indstria regulada.

    Obviamente, o risco de captura no exclusivo das agncias, podendo ocorrer com qualquer rgo supervisor, inclusive ministrios, e a identificao de fatores que podem exacerb-los normalmente se traduz por um desenho institucional que procure diminu-los.

    A afirmao errada, pois o chamado risco de captura em relao aos agentes regulados.

    d) A independncia em relao ao poder poltico resulta principalmente da legitimidade baseada no reconhecimento da competncia tcnica da agncia e de

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    um arcabouo legal consistente o suficiente para evitar as vicissitudes do ambiente poltico. A independncia em relao ao poder poltico se sustenta, notadamente, nos seguintes pilares: (i) existncia de mandatos fixos e estabilidade do corpo dirigente (ii) ausncia de subordinao hierrquica em relao ao Poder Executivo (iii) autonomia financeira e administrativa. Afirmao incorreta. e) A independncia frente aos poderes dominantes na sociedade pode ser fortalecida, pela obrigatoriedade de assessoramento especializado e de consulta ou audincia pblica antes de tomada de decises relevantes pela agncias. Ao contrrio, os servios de ouvidoria, as consultas e audincias pblicas so formas de participao da sociedade e dos setores regulados nas decises e processos de regulao das agncias. Assertiva errada.

    Aspectos especficos da ANATEL - (ESAF AFC/CGU-2004) A reforma do marco regulatrio das telecomunicaes fez com que a Anatel assumisse uma srie de atribuies. Algumas atribuies, entretanto, foram retidas pelo Poder Executivo. Indique quais das atribuies abaixo indicadas continuam a ser de competncia do Poder Executivo: Nomear os cinco membros integrantes do Conselho Diretor; Aprovar o plano geral de outorgas; Aprovar o plano geral de metas para universalizao; Instituir modalidades de prestao de servios no regime pblico; Estabelecer os limites participao estrangeira no capital dos operadores de telecomunicaes. a) nenhuma b) todas c) apenas uma d) apenas quatro e) apenas trs Comentrio/Resposta

    O tema da questo foi discutido na nossa aula 05 e versa sobre as atribuies do poder executivo com relao ANATEL e sua rea de atuao.

    importante observarmos que, quando falamos poder executivo em assuntos referentes s agncias reguladoras, sempre o ministrio supervisor e o Presidente da Repblica. A assertiva oferece cinco enunciados e pede quantos itens esto corretos:

    Todos os membros do Conselho Diretor da ANATEL so nomeados pelo Presidente da Repblica, aps aprovao do Senado Federal, para mandatos de cinco anos.

    Cabe ao poder executivo, segundo o artigo 18 da Lei n 9.472/1997 (Lei Geral de Telecomunicaes), aprovar o plano geral de outorgas, que significa os servios

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    de telecomunicaes disponveis para concesses, permisses e autorizaes. da competncia do poder executivo tambm aprovar o plano geral de

    metas da universalizao, o que corresponde ao planejamento, visando estender os servios de telecomunicaes para toda a populao.

    Diz, ainda, o artigo 18 que de competncia do Poder Executivo instituir ou eliminar modalidades de prestao de servios no regime pblico (regime pblico significa os servios prestados por meio de concesses, cujo maior exemplo o servio de telefonia fixa. Servios no regime privado so aqueles prestados via permisso e autorizao, sendo exemplos o servio de telefonia mvel e radioamadores).

    O artigo 18 da Lei Geral de Telecomunicaes concedeu, ainda, competncia ao Poder Executivo para estabelecer limites participao estrangeira no capital dos operadores de telecomunicaes.

    Todas as afirmaes esto corretas luz da Lei Geral de Telecomunicaes.

    PPPs e project finance anotaes Tenho observado, por meio do nosso frum, vrias dvidas com relao s

    PPPs e ao project finance, vejamos alguns esclarecimentos: (i) o project finance um contrato estabelecido entre parceiros privados, enquanto nas PPPs a parceria ser sempre com rgo ou entidade da Administrao Pblica; (ii) por ter um rgo ou entidade da Administrao Pblica como parte, as PPPs so regidas quase que totalmente por normas de direito pblico (Lei das PPPs, Lei das Licitaes e Contratos etc), enquanto o project finance, por se tratar de um contrato privado, regido por normas de direito privado (direito civil); (iii) a idia das PPPs oriunda dos project finance, so da as suas semelhanas, valendo observar que, no caso desse ltimo, no h garantias oferecidas pelo poder pblico, j que ele no parte do contrato, enquanto nas PPPs a Administrao Pblica parte da relao contratual;

    A delegao de servio pblico, no modelo brasileiro, pode ser feita por meio de concesso (exemplo concesso de uma estrada j existente), concesso precedida da execuo de uma obra pblica (poder pblico concede o direito ao particular de construir, por sua conta e risco, uma estrada e explor-la), permisso (linha de navegao), e autorizao (utilizao de margem de Rio utilizado na navegao interior).

    A utilizao de cada uma delas depende do arcabouo legal de cada segmento, valendo observar que as trs so formas de delegao de servio pblico, sendo que a concesso consiste na celebrao de contrato, precedido de licitao, enquanto as permisses so atos unilaterias e precrios, embora tambm precedidos de licitaes. As autorizaes so tambm atos precrios da Administrao Pblica.

    A fim de observarmos como a ESAF vem cobrando o tema PPPs em suas provas, vamos avaliar duas questes cobradas no concurso de Procurador da Fazenda Nacional, realizado no ltimo domingo, 12/02/2006:

    (ESAF PFN/2006) A legislao federal estabelece como formas de Parceria Pblico-Privada apenas

    a) a concesso comum.

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    b) a concesso patrocinada. c) a concesso patrocinada e a concesso administrativa. d) as concesses comum, patrocinada e administrativa. e) as formas de concesso admitidas em direito, e demais contratos administrativos. Comentrios/Resposta

    Como j dissemos em aulas anteriores, a Lei n 11.079/2004 (Lei das PPPs) prev a existncia de dois tipos de modalidade de concesso no regime das parcerias pblico-privadas. A concesso patrocinada e a concesso administrativa. Na primeira, h cobrana de tarifas dos usurios, podendo ser complementada pelo poder pblico. Na segunda, o comprador dos servios produzidos o prprio poder pblico. No h cobrana de tarifas dos usurios. A assertiva correta a letra C.

    (ESAF PFN/2006) Relativamente s Parcerias Pblico-Privadas, conforme disciplinadas na legislao federal, assinale a opo correta.

    a) No se admite a possibilidade de adoo da arbitragem para dirimir conflitos relacionados com o contrato, pois tal ofenderia os princpios da indisponibilidade do interesse pblico e de sua primazia em face do interesse do particular.

    A previso da figura da arbitragem para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados aos contratos de PPPs encontra-se prevista no artigo 11 da Lei n 11.079/2004. Arbitragem significa que as partes parceiro pblico e parceiro privado aceitaro que suas divergncias sejam resolvidas fora do Poder Judicirio, ou seja, por um especialista, na funo de rbitro, cujas decises sero aceitas pelas partes (a arbitragem no Brasil regulada pela Lei n 9.307/1996). Assertiva errada.

    b) Se comprovadamente for favorvel ao interesse pblico, admite-se parceria pblico-privada que tenha como objeto nico a execuo de obra pblica.

    Conforme j dissemos em aula, os contratos de PPPs sero sempre de objetos conjugados, tipo execuo de obra pblica e prestao de servio, no se admite um nico objeto. Quem constri uma estrada tambm ser responsvel pela administrao, manuteno e cobrana das tarifas de pedgio. A assertiva est incorreta.

    c) Por meio de parceira pblico-privada, pode-se delegar a funo estatal de regulao.

    A funo de regulao decorre do prprio poder de polcia e da autoridade conferida pela Constituio Federal ao Estado, no pode ser delegada ao parceiro privado. O caso mereceu a ateno da Lei n 11.079/2004, em seu artigo 4. Assertiva errada.

    d) No possvel reconhecer legitimidade aos financiadores do projeto para receber indenizaes por extino antecipada do contrato, tendo em vista que

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    no integraram a relao contratual de parceria. A legitimidade dos financiadores para receber indenizaes referentes a contratos de PPPs extintos antes do trmino do contrato decorre de previso constante na Lei n 11.079/2004, em seu artigo 5. Assertiva errada.

    e) Ainda que a licitao para a contratao da parceria no possa ser feita sob a modalidade Prego, admite-se que o edital respectivo preveja a inverso das fases de habilitao e julgamento.

    As licitaes para contratao de PPPs sero realizadas sempre na modalidade de concorrncia, no havendo possibilidade da utilizao de outras modalidades licitatrias, inclusive o Prego. Entretanto, o artigo 13, da Lei n 11.079/2004 admite a possibilidade do edital de licitao, para contratao de PPP, inverter a ordem das fases de habilitao e julgamento. Correta a afirmao do item E. Nota para fixar melhor o tema PPP, recomendo uma leitura completa da Lei n 11.079/2004 e da nossa aula referente ao tema. Penso ser questo certa na prova de AFC/CGU.

    Anotaes Modelos de Privatizaes

    O edital do concurso requer do candidato, no que se refere ao tema privatizaes, conhecimentos sobre o desenvolvimento do programa (histria), a regulao de cada setor e o modelo de privatizao utilizado para cada um.

    Temos falado bastante, ao longo das nossas aulas, sobre os aspectos histricos e a regulao, faltando tecer comentrios sobre os modelos de privatizaes. Entendo que o candidato precisa saber a exata especificidade de cada setor.

    importante observar que as privatizaes, no mbito federal, foram conduzidas pela Comisso Executiva do Programa Nacional de Desestatizao, sob a coordenao do BNDES, no houve participao das agncias reguladoras naquele momento.

    Transporte ferrovirio a privatizao foi executada a partir da diviso dos trilhos em sete malhas, por meio da concesso do transporte ferrovirio de carga e o arrendamento dos bens operacionais das ferrovias pblicas (RFFSA e FEPASA). No houve concesso para transporte ferrovirio de passageiros, tendo como conseqncia a extino dos trens de passageiros de longa distncia.

    Transporte rodovirio o modelo utilizado foi a concesso da rodovia ou

    de trechos dessa para a explorao, atravs de pedgio, por prazo definido, a empresas privadas. Embora o programa federal tenha comeado em 1994, mesmo antes do advento da lei de concesses, foi paralisado posteriormente, sendo concedidos apenas seis trechos at hoje.

    Setor porturio at meados da dcada de 90, os sistemas de

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    administrao porturia, armazenagem e movimentao de cargas estavam a cargo de companhias federais, as chamadas Docas. O modelo de privatizao utilizado manteve essas companhias apenas na funo de administradora do porto organizado (sndicas), passando a operao porturia (armazenagem e movimentao de cargas), propriamente dita, para as empresas privadas, por meio de concesso.

    Telecomunicaes foram vendidas as empresas do sistema TELEBRS,

    a partir de sua diviso em doze holdings. Tambm foi autorizado o funcionamento das chamadas empresas espelhos, ou seja, na mesma regio de operao, passou a ser possvel a competio entre vrias companhias.

    Voltaremos a falar, ainda, sobre os modelos de privatizao dos demais setores nas prximas aulas, juntamente com resolues de exerccios ESAF sobre o tema.

    Fico por aqui, at a prxima e bons estudos. Paulo