pódio - 02 de novembro de 2014

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MANAUS, DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO DE 2014 [email protected] RICARDO OLIVEIRA No fundo do poço. Esse é o atual cenário do futebol amazonense, que amarga, ano após ano, tentativas frustradas de se destacar na quarta e última divisão do Campeonato Brasileiro. Dos tempos áureos para a decandência em menos de quatro décadas. Quais os motivos para tal declínio? A equipe do PÓDIO tentou desvendar o mistério que assombra o futebol local nesta edição especial. Pódio E 2 a E9 F A F utebol mazonense alido

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Pódio - Caderno de esportes do jornal Amazonas EM TEMPO

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FAFMANAUS, DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO DE 2014 [email protected]

RICA

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No fundo do poço. Esse é o atual cenário do futebol amazonense, que amarga, ano após ano, tentativas frustradas de se destacar na quarta e última divisão do Campeonato Brasileiro. Dos tempos áureos para a decandência em menos de quatro décadas. Quais os motivos para tal declínio? A equipe do PÓDIO tentou desvendar o mistério que assombra o futebol local nesta edição especial. Pódio E2 a E9

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E2 MANAUS, DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO DE 2014

Tínhamos um timaço com Regi-naldo, Chi-na, Galvão, Marcão e Antonio Car-los; Marinho Macapá e Hidalgo; Bendelak, Carlos Al-berto Gar-cia, Dario e Edu. Era um senhor time. Darío e Edu foram campeões mundiais em 70. Esse foi um momen-to de muita emoção”

Histórico dirigente do Nacional FC, Ma-noel do Carmo Cha-ves, mais conhecido

como Maneca, presenciou os melhores momentos do fu-tebol amazonense. À frente do Leão da Vila Municipal, Maneca foi multicampeão estadual. Apesar de sua li-gação com o Nacional, o dirigente é um apaixonado pelo futebol do Estado e ajudou outras equipes, como o São Raimundo.

Fazendo parte da história do futebol amazonense, Ma-neca conversou com a equi-pe do PÓDIO. Ele analisou o atual momento dos clubes regionais e revelou sua vi-são sobre o futuro do futebol amazonense.

Pódio – Como você vê o atual momento do futebol amazonense? Maneca - Vejo com mui-tas expectativas favoráveis. O Nacional terá um calen-dário integral em 2015. Terá várias competições, como a Copa Verde, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro. Vejo com um alento muito gran-de isso. Vamos nos esforçar para formar um elenco de alto nível. Vamos buscar o sonho de todos os nacio-nalinos, que é subir para as principais divisões do futebol brasileiro. Vamos galgar um caminho no cenário nacional. O Nacional tem uma história riquíssima e tem que buscar uma solução para o futebol do Amazonas. O Nacional já tem nome no cenário esportivo nacional e só falta reconquis-tar a credibilidade, porque outras equipes do Amazonas não conseguiram fazer boas campanhas nos últimos anos. O Nacional, em 2013, fi cou entre os 16 melhores na Copa do Brasil. Na disputa da Sé-rie D, tínhamos um treinador que não avaliou o melhor momento da partida e não conseguimos sucesso diante do Salgueiro. Tínhamos o re-sultado em baixo dos braços e não conseguimos passar, porque o treinador não agiu de forma certa. O Nacional, naquela oportunidade, pode-ria sair vitorioso. Precisamos reconstruir a credibilidade do time. Temos que formar um time vitorioso e competitivo para o próximo. Temos que começar bem na Copa Verde contra o Vilhena (RO). Temos que atropelar todos no cam-peonato Brasileiro da Série D.

Isso é o mínimo que devemos fazer e fi car entre os quatro melhores. Vamos atrás do título e subir para a Série C. Precisamos reconquistar a confi ança dos torcedo-res. Eles devem voltar aos estádios com a certeza de que o Nacional vai vencer qualquer adversário que en-frentar em Manaus.

Pódio – Qual a sua opi-nião sobre a gestão do Díssica à frente da FAF? Maneca - Não posso falar mal do Dissica porque a presi-dência da federação signifi ca que aquilo tudo é um contexto. A CBF tem os direitos gerais do futebol brasileiro e os pre-sidentes das federações, em sua grande maioria, não têm condições de tocar projetos de sua própria cabeça. Tudo é monitorado. Exemplo disso é o calendário dos clubes. Nenhuma federação do país pode se tornar autônoma e dizer que o campeonato vai ser do jeito a ou b. A CBF publica um calendário e os clubes são obrigados a seguir. Só acho que a presidência da federação poderia estu-dar um mecanismo que fosse igual a outros campeonatos que se adotam no Pará e em alguns Estados do Nordeste. Pega os quatro primeiros co-locados do estadual e deixa separado. Faz uma seletiva para que, no máximo, quatro outras possam entrar. Dez clubes signifi ca um campe-onato defi citário, com certe-za. Como conciliar as datas que a CBF bota com tantos jogos? Acabamos tendo jo-gos defi citários. Eles só não dão prejuízos maiores porque nossos governantes apoiam o futebol do Amazonas. Se fosse viver só das rendas dos espetáculos, o rombo seria imenso. Temos que evitar isso para que não tenhamos, em algum momento, um prejuízo muito grande. O governo não poderá ajudar para sempre.

Pódio – O que falta para um time amazonen-se chegar novamente à elite do futebol nacional? Maneca - Falta jogar com o espírito vitorioso. Temos quer formar uma equipe forte. Tenho certeza que o elenco que será formado pelo Nacio-nal vai ser bem competitivo. Todos os torcedores vão se orgulhar, tanto os naciona-linos quanto os torcedores amazonenses. Eles vão sa-ber que teremos uma chance maior de sair vitoriosos de campo.

Pódio – Quais os princi-pais fatores para a queda do futebol amazonense? Maneca - Primeiro fi ca-mos sem nosso estádio de referência, o Vivaldo Lima. Não tínhamos onde sediar nossas partidas. Os jogos eram realizados no estádio do Clube do Trabalhador, mas a lotação era no máximo de cinco mil pessoas. Tanto é que contra o Vasco da Gama não tínhamos como colocar mais torcedores no estádio. Esse foi um dos fatores, falta de local adequado. Hoje não existe mais isso. Agora, temos a Colina (Ismael Benigno, ca-pacidade para 11 mil pesso-as) que pode abrigar jogos de porte médio. Temos o Carlos Zamith (Coroado, capacidade para cinco mil torcedores) que vai ser utilizado, provavel-mente no começo da nossa campanha da Série D. Temos uma infraestrutura que antes não tínhamos. De 2009 para cá, fi camos sem local de jogo. Não tínhamos onde jogar. Só podíamos atuar no Sesi, que mesmo muito gostoso de jo-gar, não tinha a capacidade de receber grandes jogos. O futebol amazonense fi cou sem condições de realizar suas competições e encarar as grandes equipes nacio-nais. Agora temos todas as condições para fazer bonito novamente.

Pódio – Acredi-ta no ressurgimento do futebol do Estado? Maneca - Graças a Deus, temos na política Omar Aziz e José Melo, que se reuniram com os clubes e disseram que vão fazer de tudo possível para tirar o futebol amazo-nense da Série D e subir. Nós que somos de outra época e convivemos com o Ama-zonas na primeira divisão, temos certeza que é possí-vel subir. Chegar à Série B é quase que obrigação do futebol do Amazonas. Para isso, temos que ter muita dedicação. Espero que o pre-sidente Dissica Valério, ago-ra, bem mais amadurecido, possa, com a proximidade que tem com os dirigentes eleitos na CBF, fazer nosso futebol ocupar o lugar que jáocupou no passado.

Pódio – Em sua opinião, qual foi o principal momen-to do futebol amazonense? Maneca - Tivemos alguns momentos. Em 72, quando trouxemos o Campos do Atlético–MG, enfrentamos em Manaus, pela primeira

divisão, o Vasco, Flamengo com Paulo César e Zagallo como técnico, vencemos o Corinthians. Esse time lavou a alma dos torcedores ama-zonenses. Outro foi em 84, quando disputamos um tor-neio no Marrocos. Ganhamos por 6 a 0 contra o time mais importante do país. Tínhamos um timaço com Reginaldo, China, Galvão, Marcão e Anto-nio Carlos; Marinho Macapá e Hidalgo; Bendelak, Carlos Al-berto Garcia, Dario e Edu. Era um senhor time. Darío e Edu foram campeões mundiais em 70. Esse foi um momento de muita emoção. O Nacional levou o nome do Amazonas para o mundo. São momentos que não esquecemos.

Pódio – Qual time deixou saudade? Maneca - Nós tivemos várias equipes boas, desde o fi nal da década de 60, quando a FAF começou a organizar o futebol amazonense. O time formado por Marialvo, Pedro Hamilton, Berto, Sula e Téo; Bell e Rolinha; Pepeta, Holan-da, Bosco, Almir e Pretinho. Esse time está na memória de todos os nacionalinos. Em 72, vencemos o Amazonense com gol de Julião no Vivaldão contra o nosso maior rival, o Nacional Fast Clube. Ganha-mos o direito de ocupar a vaga do amazonas na primeira divi-são do campeonato Brasileiro naquele ano. Na minha admi-nistração, fomos seis vezes seguidas. Em 75, fi camos em 16º na classifi cação geral, à frente do Santos e do Vasco da Gama. Em 86, nos classi-fi camos para a segunda fase do Brasileirão. Enfrentamos o Vitória da Bahia, quando o Aderbal Lana era o treinador e nos classifi camos para a fase fi nal. Essas coisas fi cam na memória dos torcedores, falo isso como se estivesse vendo os jogos. Esses são exemplos. O público ia porque o clube tinha credibilidade. Isso que precisamos resgatar.

Maneca

‘O Nacional LEVOUO NOME do Amazonaspara O MUNDO’

O Nacional tem uma história riquíssima e tem que buscar uma solução para o futebol do Amazonas. O Nacio-nal já tem nome no ce-nário esportivo nacional e só falta reconquistar a credibilidade, porque outras equipes do Ama-zonas não conseguiram fazer boas campanhas nos últimos anos”

THIAGO FERNANDOEquipe EM TEMPO

RAIMUNDO VALENTIM

Como con-ciliar as datas que a CBF bota com tantos jogos? Aca-bamos tendo jogos defi ci-tários. Eles só não dão prejuízos maiores, por-que nossos governantes apoiam o futebol do Amazonas. Se fosse viver só das rendas dos espetáculos, o rombo se-ria imenso”

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Flavino Limongi e Carlos Zamith; fundadores da FAF e uma amizade que perdurou por toda a vida

FALÊNCIAFUTEBOL

CLUBE

ANOS DOURADOSdo futebol do Amazonas

Manaus, 26 de agosto de 1969. Quem olhas-se de longe aquela romaria de milhares

de pessoas, numa terça-feira à tarde, poderia pensar que se tratava de uma procissão nos moldes do Círio de Nazaré. Era, sim, uma procissão de fi eis, mas fi eis por futebol. O destino era o aeroporto de Ponta Pelada, na Zona Norte da cidade, o que movia aquela multidão era o feito histó-rico do Nacional Futebol Clube: a vitória sobre o Maringá em pleno Maracanã, com o gol de Pepeta, o carismático ponta direita.

Vinha gente de todos os lados das ruas de Manaus. De carros (eram poucos na época), lam-bretas, bicicletas e a pé. Exibiam bandeiras, camisetas t-shirt es-tampadas com o leão azul, bonés e faixas. O time do Nacional desembarcaria do Caravelle da Cruzeiro e entraria em um carro de bombeiros para desfi lar pela cidade, acompanhado por milha-res de torcedores ensandecidos gritando “Naça é Naça o resto é fumaça!”, enquanto as pessoas acenavam das janelas das casas. A sensação é de que tínhamos acabado de ganhar a Copa do Mundo. Radialistas como Luiz Eduardo Lustosa, José Augusto, Arnaldo Santos e Carlos Carvalho transmitiam ao vivo a chegada do Naça. Nos impressos, as manche-tes do outro dia eram: “Manaus para no retorno do Nacional”; “Pepeta, o herói do Maracanã”.

Meninos, eu vi. Eu estava lá, adolescente, naquela romaria para saudar nossos heróis. Mer-gulhei no túnel do tempo – e fi z o leitor vir comigo — para provar às novas gerações que Manaus já teve futebol. Aqueles que nos obrigava a ouvir a resenha es-portiva todos os dias para saber a quantas andavam Nacional, Rio Negro, Fast Clube, América, São Raimundo, Sul-américa e Olímpi-co. Aquela façanha histórica do Nacional no Maracanã começara na disputa do Torneio Centro/Sul e

Norte/-Nordeste. O Nacional tinha conquistado o título de campeão Norte e Nordeste e o Maringá, do Paraná, sagrara-se campeão do torneio Centro/Sul. A fi nal seria no Maracanã, no dia 24 de agosto de 1969, e Pepeta fez história ao marcar o único gol da partida aos 35 minutos do segundo tempo.

Em seu livro “Pepeta: páginas da vida e história”, Carmen No-voa Silva narra com perfeição a emoção que tomou conta da cidade naquele distante 26 de agosto de 1969, um ano histórico. Em junho, Neil Armstrong havia pisado pela primeira vez na Lua. “Impossível descrever o impacto emocional que o fato ocasionou aos afi cionados do esporte. De-creto governamental de ponto fa-cultativo por dois dias. Torcedores

de todos os times rumaram para o aeroporto de Ponta Pelada. (...) Era difícil suportar tanta emo-ção. Por isso extravasaram em euforia, em choro, em promessas sacrifi cantes, ou seja, em crises e descontroles emocionais”.

A época de ouro do futebol amazonense aconteceu entre as décadas de 1960–1970. Pelo me-nos nessa época, mesmo sem a televisão, que só chegaria em Manaus por volta de 1969, qual-quer garoto era capaz de escalar os principais times da época. O plantel inesquecível do Nacional era formado por Marialvo, Pe-dro Hamilton, Sula, Berto e Théo; Mário e Rolinha; Zezé, Rangel, Pretinho e Pepeta. Já o Rio Ne-gro, o bicho-papão do Nacional, entrava em campo com outro esquadrão de ouro: Clóvis, Edmil-

son, Maravilha, Catita e Walter; Nonato e Ademir; Rubens, Jadir, Milton Marabá e Paulinho. Isso sem contar com o Olímpico de Procópio, Irailton e Santiago e o Fast Clube, dos irmãos, Edson, Antônio e Zequinha Piola.

Com apenas dois estádios, o Parque Amazonense e a Colina, nosso futebol era uma festa. Nos domingos de Rio-Nal, a cidade parava. Os moleques corriam para as avenidas principais para ver a “passeata” do Rio Negro e Nacional – naquela época, a mídia ainda não tinha inventado a “carreata”. As rá-dios Difusora, Baré e Rio-Mar até só falavam no jogo e, quando era no Parque Amazonenses, as torcidas chegavam ao campo a pé. “Como em procissão no início da tarde de domingo, centenas de pessoas desciam a alameda ainda de barro, como se brotasse da suntuosa Vila Municipal de todos os luxos na direção do Parque Amazonense, templo sagrado do futebol para o ritual da alegria, onde seu time era sempre o melhor e só perdia por azar ou erro do juiz”, narra o jornalista e hoje promotor, Nicolau Libório, em seu livro “Memórias do Esporte Amazonense”.

Do outro lado da cidade, cha-mado de estádio da Colina outro símbolo do futebol. “Pouco de Colina, apenas um platô, e menos de estádio, só pequenas arquiban-cada para fazer inveja às gerais”, lembra Libório.

O amazonense sempre foi fa-nático por futebol. Foi por isso que o governador Danilo Areosa resolveu, em 1969, construir o “Vivaldo Lima”, projeto assinado pelo premiadíssimo arquiteto Se-veriano Mário Porto e inaugurado no dia em 5 de abril de 1970. Aliás, houve pré-inauguração com os amistosos entre a seleção brasi-leira e o selecionado do Amazonas. “Não era uma seleção qualquer, mas aquela formada por Pelé, Rivelino, Tostão, Jairzinho, Gerson, etc.”, conta o livro de Libório. Foi o último jogo da seleção em solo brasileiro, antes de partir para o México e conquistar, em defi nitivo, a Jules Rimet. Mas isso é uma outra história.

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

Em 1995, quando a seleção brasileira veio jogar contra a Colômbia, tive a oportunidade de conversar com o lendário jornalista Oldemário Tougui-nhó, então editor de esportes do “Jornal do Brasil” e um dos maiores repórteres, que co-bria não apenas esportes, mas qualquer evento que surgisse no seu caminho.

“Por que os amazonenses só vestem a camisa dos clubes do Rio?” – pergun-tou–me Touguinhó.

— Porque aqui todo mundo torce pelos times do Rio, mas não foi sempre assim – expli-quei -, eu por exemplo, sou botafoguense mas fui apai-xonado, na minha infância, pelo Nacional.

Contei ao jornalista – que viria a falecer em 2003, aos 68 anos – os descaminhos que levaram o futebol amazonense à falência, fazendo ver que, de fato, houve uma época em que o futebol amazonense nada deixava a desejar ao de Be-lém, onde até hoje o clássico Remo e Paissandu faz estre-mecer o chão. Ou ao futebol carioca. Só que os desmandos e a incompetência dos carto-las foram tamanhos que eles

acabaram por assassinar o nosso futebol.

O homem responsável pela era de ouro do futebol ama-zonense chama-se Flaviano Limongi. Foi o primeiro pre-sidente da federação Amazo-nense de Futebol (FAF), criada por cronistas esportivos, de-pois de um racha na antiga F.A.D.A. (Federação Amazo-nense de Desportos Atléticos), que foi fundada em 21 de No-vembro de 1917, tendo como primeiro presidente o Doutor Aristóteles Melo. Jornalista, Limongi era um apaixonado por futebol. Seu nome foi su-gerido para a presidência da nova federação pelos jorna-listas Belmiro Vianez e João Bosco e aprovado por todos.

— Limongi entrou na guerra e, por incentivo de Artur Teixei-ra, presidente do América, che-gou a conversar com Laércio para que o desmembramento do futebol ocorresse de forma pacífi ca”, narra Nicolau Libório em “Memória do Esporte no Amazonas”.

Mas isso não foi possível por proibição estatutária, o que motivou ainda mais o movimento liderado pela As-sociação dos Cronistas e Locu-

tores Esportivos do Amazonas (Aclea). Assim, a FAF, que foi fundada no dia 26 de setembro de 1966, foi ofi cialmente re-conhecida pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) no dia 21 de agosto de 1967, com a presença do coronel Souza Carvalho, emissário da CBD, no auditório do Departa-mento de Estradas e Rodagens do Amazonas (DER-AM).

Como presidente da FAF, Li-mongi estimulou o governador Danilo Areosa a construir o Vivaldo Lima, conseguiu incluir no Amazonas no campeonato Nacional, trouxe para Manaus a seleção brasileira que foi tricampeã do mundo, no Méxi-co; promoveu os campeonatos mais motivados em todos os tempos, adquiriu e pagou a atual sede da entidade e, se mais não fez, foi porque de-cidiu, após 8 anos dedicados à FAF, dar mais atenção à sua família, que estava fi cando em segundo plano. Ele foi o melhor entre os melhores do futebol amazonense. Limongi morreu no dia 13 de abril de 2013, deixando para sempre seu nome cravado na história como o “patriarca do futebol do Amazonas”.

Houve uma vez um futebol em Manaus

Fazendo história: aos 8 minutos do segun-do tempo, Mário Motorzinho lança Pepeta, nas costas do zagueiro Cisca, do Maringá, e o matado amazonense domina e parte em direção ao gol, chutando no canto

ABERTURAO “VIVALDO LIMA” FOI INAUGURA-DO PELA SELEÇÃO BRASILEIRA. NÃO UMA SELEÇÃO QUALQUER, MAS AQUELA DE PELÉ, TOSTÃO, RIVELINO E JAIRZINHO

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FALÊNCIAFUTEBOL

CLUBEAutor do gol histórico no Maracanã, o herói nacionalino aponta que falta administração efi caz de

clubes e cartolas para soerguer nosso futebol. “Falta também um líder nato como Flaviano Limongi”

Pepeta, para sempreno coração da torcida

Seu nome é Ricardo dos Santos Silva, mas fi -cou tatuado no cora-ção dos apaixonados

por futebol como Pepeta, o craque que melhor represen-tou a época de ouro do futebol amazonense. Era o ídolo da torcida nacionalina, principal-mente depois que voltou como herói daquele inesquecível jogo no Maracanã. O ponta esquerda jogava de meiões arriados e, vez por outra, incorporava o estilo Garrin-cha. Recebia o lançamento do meio, quase sempre dos pés de Mário Motorzinho ou de Rolinha, parava a bola e, como o anjo das pernas tor-tas do Botafogo, caminhava para cima do zagueiro. Uma queda de corpo, uma ginga, uma fi rula e pronto, mais um zagueiro fi cava para trás.

Depois do drible, que acon-tecia num piscar de olhos, Pepeta cruzava a bola certeira na cabeça de Pretinho ou Pra-tinha e aí era só correr para o abraço. “Tem neném chorando na rede do Galo”, narrava o locutor Luiz Eduardo. Quando não, ele partia em direção ao gol e aí ia driblando quem encontrava pela frente, até bater forte, rasteiro e no canto.A gente explodia de felicidade na arquibancada do Parque Amazonense (ou da Colina), enquanto o ponta esquerda do Nacional abria os braços e o sorriso mais bonito do mundo e corria ao encontro de sua torcida.

Nesta entrevista, Pepeta, hoje um respeitado empresá-rio de 70 anos, lembra aquela época e aponta o que, de fato, causou a falência do futebol do Amazonas. Confi ra:

EM TEMPO – Que épo-

ca era aquela do futebol amazonense em que você brilhou como o maior cra-que daquela era de ouro e o Nacional montou um time histórico?

Pepeta – Uma época rica de talentos no gramado, de homens sérios no comando dos clubes e das federações. Uma época em que a torcida era apaixonada e lotava os estádios. Uma época em que o futebol regional investia nos jogadores da terra, inclusive motivou a construção do es-tádio Vivaldo Lima (Colosso do Norte) com o dinheiro do empresariado nativo, com co-laboração da torcida e com a assinatura de um arquiteto premiado nacionalmente, o Severiano Mário Porto.

EM TEMPO – O que dife-renciava o futebol daquela época para o de agora? Os cartolas tinham mais respeito pela torcida e pelo jogador? Não havia opção de lazer e a torcida prestigiava mais o futebol ou corria mais (ou menos) dinheiro?

Pepeta – Hoje falta identi-dade da terra com os clubes amazonenses. Parece que as empresas investem em joga-dores “importados”, que já estão em fi m de carreira. Não trabalham a base nem revelam novos talentos como antigamente. Isso desesti-mula jogadores e torcidas da nossa terra. Falta de compro-misso com Manaus que, por ser hoje cosmopolita, não vê nenhum obstáculo em torcer por time A e B do Brasil. Deixando em segundo ou em último plano os daqui. Isso não poderia ocorrer!

EM TEMPO – O que repre-sentavam os clássicos Rio-Nal, Pai e Filho, Galo Preto

naquela época? É verdade que esses confrontos pa-ravam a cidade?

Pepeta – Representavam a competitividade da técnica e talento aliados à emoção e ao entusiasmo. Não só das equi-pes como da imensa torcida amazonense. Os confrontos com torcidas acirradas fa-ziam com que a cidade não falasse em outro assunto.

EM TEMPO – Na sua vi-

são, o que de fato acabou com o futebol amazonen-se?

Pepeta – Na minha visão são três itens principais: ad-ministração efi caz dos clu-bes; a falta de um líder nato como Doutor Flaviano Li-mongi, que mobilizava todos os ângulos atualizados no esporte; e a falta de compro-misso com os clubes, com a disciplina esportiva.

EM TEMPO – Que ca-

minhos você aponta para recuperar esse futebol que há mais de 20 anos não sai da Série D?

Pepeta – Conscientizar as novas gerações na valoriza-ção dos valores esportivos da terra amazonense.

EM TEMPO – Qual é a maior lembrança que você tem do futebol do passa-do? A vitória no Maracanã contra o Maringá é uma delas?

Pepeta – Sim. Não só a vitória mas também conquis-tamos nesse dia o torneio nacional Centro-Sul/Norte-Nordeste trazendo a taça prêmio da vitória de 1 a 0, com um gol meu. É tão referencial o assunto da con-quista do Naça no Maracanã que o fato consta no mu-seu do futebol do Pacaembu[São Paulo].

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

Antes da insensatez que o colocou abaixo em 2011, o estádio Vivaldo Lima foi palco de jogos históricos. A seleção brasileira, formada pelas eras de Saldanha – já sob o coman-do de Zagalo –, pisou o nosso gramado em 1969 antes de partir para o México, onde seria Tri-Campeã, em 1970. Quer dizer, nosso Vivaldão estreava com o pé direito. Em 1971, por exemplo, o Nacional recebeu o Santos em Manaus — com Pelé e companhia –, em amistoso em que o Peixe meteu 5 a 1. Foi outra grande festa, com a torcida chegando a pé, debaixo de chuva e com os pés atolados na lama porque um dos trechos da pista da avenida Constanti-no Nery rompeu.

Mas o jogo mais festejado

foi mesmo do Cosmos, dos Estados Unidos, contra o Fast Clube, realizado em março de 1980. A ousada empreitada foi obra do Fast, que contou com o patrocínio da Emamtur, de acordo com o Baú Velho – coluna do saudoso Carlos Zamith, que virou lenda no jornalismo amazonense.

“O estádio Vivado Lima apa-nhou o maior público de todos os tempos, um recorde cuja capacidade era na época de 50 mil lugares”. O jogo reuniu uma verdadeira constelação de grandes nomes, como Carlos Alberto Torres, Oscar, Becken-bauer e Romerito. “Desde as primeiras horas da tarde, o movimento era grande nas imediações do Vivado Lima. Uma enorme fi la de ônibus

despejando torcedores que na correria procuravam as melho-res acomodações”, escreveu Carlos Zamith no velho Baú.

Marcado para as 16h30, começou às 16h45. O jogo em si agradou pela grande movimentação, mas não hou-ve gol. Tudo terminou como começou: 0 a 0. Para animar a festa, o capitão de 70, Carlos Alberto Torres, foi expulso por agredir fi sicamente o bandei-rinha do jogo.

De acordo com Zamith, “va-leu, principalmente, o esforço dos fastianos, um time humil-de, sem grandes estrelas, a não ser o ex-campeão mundial Clodoaldo, que veio a Manaus como atração e que por aqui fi cou disputando alguns jogos pelo mesmo Fast”.

Do Santos ao Cosmos, umaépoca de fortes emoções

Pepeta com Edson Piola, centroavante do Fast Clube, no intervalo de um jogo no Parque Amazonense

Maracanã, 1969: o Nacio-nal jogou com Marialvo, Pe-dro Hamilton,

Sula, Valdomi-ro e Téo, Má-rio e Rolinha, Zezé, Rangel,

Pretinho e Pe-peta. Na foto

também estão Alfredo Fer-

reira Pedras e o massagista

Júlio

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E5MANAUS, DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO DE 2014

Categoria de base: causa mortis do futebol do Estado

É 24 de setembro de 1972. Estádio Vivaldo Lima, em Manaus. O lateral Antônio Piola

avança pelo fl anco direito do ataque, levanta a cabeça e consciente cruza na área. Lá estava Campos. Os zagueiros batem cabeça com a presen-ça do garoto de 19 anos. Ele aproveita a bobeira dos beques e faz o primeiro gol do Nacio-nal na vitória de 2 a 0 sobre o Corinthians pela elite do Cam-peonato Brasileiro. Mais tarde, o atacante mineiro do Leão da Vila Municipal se tornaria o terceiro maior artilheiro da competição naquele ano, com 16 tentos marcados.

Quarenta e dois anos de-pois, precisando apenas de um empate para se manter vivo na competição, o inesperado acontece. O goleiro Diego, do Santos (AP), cobra falta com perfeição aos 38 minutos do segundo tempo, vira o jogo para 3 a 2 e elimina o Princesa do Solimões na primeira fase da quarta e última divisão do futebol brasileiro.

Os dois fatos, bem extre-mos, demonstram com clareza o defi nhamento vivido pelo fu-tebol local ao longo do tempo. De protagonista a mero co-adjuvante em quatro décadas. Neste intervalo, apenas uma ascensão do São Raimundo no fi nal dos anos 90 e início de 2000, quando foi tricampeão da Copa Norte (atual Copa Verde) e disputou por sete anos a Série

B, e nada mais. Já se vão mais de 15 anos sem que os clubes amazonenses consigam aces-so de divisão do Campeonato Brasileiro.

Para tentar entender o por-quê dessa decadência, o PÓ-DIO conversou com ex-jogado-res e cronistas esportivos para tentar desvendar o mistério que assombra o futebol local e todos afi rmam que baixo investimento na categoria de base é a causa mortis do es-porte do Amazonas.

“Manaus antigamente tinha dois tipos de divertimento. Ir ao cinema e assistir futebol. As pessoas iam aos estádios prestigiar porque os times ti-nham bons jogadores. Naque-la época, fi nal dos anos 60 e início dos anos 70, os clubes tinham calendário. Jogavam o ano todo, existia categoria de base para revelar jogado-res. Hoje os times disputam três meses de campeonato e fi cam o resto do ano parados. Isso precisa ser repensado”, explicou Nicolau Libório, ex-cronista esportivo e atual procurador de Justiça do Es-tado, revelando uma conversa recente que teve com o ex-go-leiro do Rio Negro, Clóvis.

“Falei com o Clóvis esses dias. Ele me contou que o Rio Negro está montando um time para disputar a segunda divisão do Campeonato Amazonense na base do improviso. Isso é difícil. Na base do improviso pode acontecer coisas boas e tam-bém lamentáveis”, afi rmou.

Piola “São Tomé”

O ex-lateral direito e técnico Antônio Piola, que fez história no futebol amazonense ao de-fender diversos clubes locais, viveu na pele o que é jogar em um Vivaldão lotado e de “igual para igual” com os clubes do Sul e Sudeste do país. No entanto, analisando o atual momento do esporte no Estado, ele desa-credita que em médio e longo prazo tal fato possa ser revivido. Para Piola, o principal fator que contribuiu para o enfraqueci-mento do futebol amazonense é a falta de investimento na categoria de base.

“O principal fator que contri-buiu para o futebol do Amazonas ter chegado ao fundo do poço é os clubes não trabalharem a categoria de base. Colocam pessoas sem capacitação para cuidar do desenvolvimento dos jovens. Não tem profi ssionais da área de educação física. A maior parte são homossexuais que se aproveitam desses garo-tos. É triste essa situação. Para se ter uma ideia, o Nacional já

disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior umas 15 vezes e nunca revelou nenhum jogador para o time profi ssional. Tem alguma coisa muito errada”, observou Piola, enumerando também outros fatores menos importantes, mas que também contribuíram para o declínio do futebol.

“Muita coisa desandou. 30 anos de presidência da fede-ração da mesma pessoa (re-ferindo-se a Dissica), clubes desorganizados e os campos de pelada que não existem mais. Eu jogava pelada num campo onde fi ca atualmente o Hospital Getúlio Vargas. Os bairros próximos tinham uma guerra sadia nos campos, onde eram revelados craques. Hoje não tem campo de pelada. Os que tem são de barro e areia. Não tem mais aquele campo gramadinho, gostoso de bater bola”, disse.

Perguntado se acredita no Projeto Série A em 10 anos do Nacional, ele se disse parecido com São Tomé.

“Eu tenho conversado com o Mario Cortez [presidente do Nacional]. Ele é um entusiasta. Ele vai tentar. Tenho assisti-do jogos da Serie B e C. Se tivermos um time bom, nós vamos subir. Ele prometeu um Nacional forte em 2015. Eu torço para isso. Torço para o Rio Negro sair desse maras-mo da segunda divisão. Quero ver todos bem. Eu torço pelo futebol amazonense, embora não acredite. Eu sou igual São Tomé, quero ver investimentos para crer”, concluiu.

THIAGO BOTELHOEquipe EM TEMPO

FALÊNCIAFUTEBOL

CLUBE

O jogador amazonense de maior destaque interna-cional foi o volante Lima. Com passagens por São Raimundo e São Paulo, ele viveu seu melhor momen-to ao ser titular no time da Roma campeão italiano da temporada 2000/2001. Além disso, jogou na Rús-sia, Estados Unidos e Arábia. Segundo ele, todos os clubes de ponta do futebol vivem da formação e venda de jogado-res, por isso, a categoria de base é o pilar da gestão das agremiações. Segundo Lima, os clubes amazonenses fe-charam os olhas para essa verdade e, por isso, ano após ano, acumulam vexames nos campeonatos nacionais.

“É lamentável o atual mo-mento do futebol amazonen-se. Chegamos a um nível que perdemos para times de qualquer Estado sem tradi-ção no futebol. Eu fi co revol-tado com isso. Os dirigentes precisam entender que se não houver investimento na base, não tem como haver crescimento. Todos os clubes grandes vivem da categoria de base. Eu joguei em vários times na Europa, Estados Unidos e até na Arábia e todos têm categoria de base forte. Daí que vem o lucro. A diretoria dos clubes da-qui têm que se dedicar para

organizar isso. Manaus tem muitos talentos. Vai em um campeonato de bairro que você vai ver. São garotos bons de bola que só precisam de um acompanhamento sé-rio. Não é difícil”, analisou.

O ex-goleiro do Rio Negro, Clóvis, também é categórico ao afi rmar que é essencial o investimento na base. Ele cita o exemplo do Atlético-PR neste quesito.

“O Atlético formou o Pau-lo Rink e vendeu para o futebol alemão. Com esse dinheiro construiu a arena da baixada. Não tem outro caminho. Com bons atletas você faz bons campeonatos e atrai os torcedores. Assim como ninguém vai assistir um fi lme ruim, da mesma maneira que ninguém vai ao estádio ver um jogo de baixo nível”, observou.

Times da Europa vivem da base

LEMBRANÇASegundo Clóvis, em 1969, no mesmo dia que o homem subia à Lua, o Rio Negro bateu o Nacional na Colina com mais de 16 mil pessoas, quan-do Manaus tinha 300 mil habitantes

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Campeonato de base foi terceiriza-do para escolinhas de times do Sudes-te do país

Ex-jogadores e profi ssionais ligados ao esporte são unânimes ao afi rmar que o declínio do futebol amazonense deve-se ao antiprofi ssionalismo na formação de atletas

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Fazer futebol aqui é difícil, mas clubes se ‘aventuram’Apesar das constantes reclamações de dirigentes, equipes não desistem e continuam disputando futebol profi ssional no Amazonas, mesmo sem tantos incentivos fi nanceiros

No fundo do poço. Esse é o atual momento vivido pelo futebol amazonense no ce-

nário nacional. Sem conseguir um acesso há 15 anos, as equipes locais se revezam ano após ano na disputa da Série D do Campeonato Brasilei-ro, acumulando fracassos. Os motivos são os mais diversos, passando pela falta de apoio e se estendendo ao amadorismo de seus dirigentes.

Mesmo com todas as difi-culdades de se fazer futebol no Amazonas, há quem ainda se arrisque e busque profis-sionalizar um novo clube. O mais recente caso é o do Nacional Borbense. Presidi-do por Rodenilson Fonseca, em seu primeiro ano de vida, o clube interiorano terminou o Campeonato Amazonense de 2014 na quarta coloca-ção, à frente de equipes tradicionais como São Rai-mundo e Penarol.

“Não está fácil. Quando a gente era amador, gastáva-mos entre R$ 8 e R$ 10 mil. Mas vale a pena, é mais pela satisfação de se fazer fute-bol profi ssional. O que pesa mesmo é a questão fi nanceira, que para colocar o time em qualquer competição precisa de pelo menos R$ 100 mil. Mas

todo ano o governo nos ajuda, alguns usam o dinheiro para fazer um time competitivo e outros não”, afi rma Fonseca.

Para ele, a boa campa-nha na primeira disputa de Campeonato Amazonense pode render bons frutos na próxima edição do certame. Com difi culdade para man-ter o fi nanceiro do clube em dias, o presidente do Nacional Borbense sonha em realizar uma partida amistosa com um grande clube do futebol brasileiro para “fazer caixa”.

“Se não souber administrar não tem como, você não con-segue manter. Nós temos uma vantagem, já que fi camos em quarto no último campeonato, fi ca mais fácil, dá credibilida-de. Tivemos sucesso por isso, não visamos ganhar dinheiro com o clube. O que a gente

pensa é desenvolver um traba-lho bom”, aponta o dirigente.

Falta estruturaEducador físico, ex-presi-

dente de diversas federações e atual mandatário do Rio Negro, Thales Verçosa preza pelo treinamento contínuo. Para ele, a falta de estrutura e a ausência de continuidade comprometem os trabalhos dos clubes amazonenses em busca de uma melhor coloca-ção no cenário nacional.

“A principal dificuldade do clube é não ter um centro de treinamento em que a gente possa treinar nossas equipes. Você tendo um local para treinar, as coisas vêm naturalmente. Então, esse que é o problema, tanto que estamos pensando em começar a construir nosso CT no próximo ano. Falta ciência no nosso trabalho. Eu tiro pelo Rio Negro, que em 100 anos não tem um CT. Eu acho que as coisas agora estão sendo mais pensadas”, afirma Verçosa.

Já para o vice-presidente do Fast, Cláudio Nobre, falta credibilidade ao futebol local. Segundo ele, isso acarreta a ausência de investimentos e de apoio por parte de patro-cinadores. “Falta organização de um modo geral, dos clubes, da federação, e de quem tra-balha no meio”, opina.

FALÊNCIAFUTEBOL

CLUBE

ANDRÉ TOBIASEquipe EM TEMPO

Ocupando a presidência da Federação Amazonense de Fu-tebol (FAF) há 23 anos, Dissica Tomaz Valério foi reeleito por unanimidade e comandará a entidade pelos próximos quatro anos. Apesar de muito criticado pelos torcedores e mídia local, grande parte dos dirigentes, misteriosamente, apoiaram a continuidade do mandatário à frente do futebol “baré”.

O presidente do Nacional Borbense, Rodenilson Fonseca, isentou Dissica de qualquer culpa sobre o atual momento vivido pelo futebol amazonen-se. Mesmo com pouco tempo convivendo com o mandatário, ele reconhece o bom trabalho feito pela FAF e ataca os pre-sidentes de clubes.

“A federação não faz futebol, quem faz são os dirigentes dos clubes. Não adianta você ter uma federação atuante e os clubes não fazerem o trabalho dele. Ter um bom presidente na federação e um mau gestor no seu clube. Veja o caso de Santa Cantarina, a federação é uma m... lá, mas os times estão na primeira divisão. Depende do trabalho que os clubes desenvolvem. Futebol

não se faz só, se os clubes não tiverem juntos, nada vai mudar”, avalia o dirigente.

Fonseca destaca a reforma feita por Dissica no espaço físico da FAF. Se antes a sede da entidade não apresenta-va um bom aspecto, com a repaginada ela ganhou outra cara, e agora pode receber mais confortavelmente os pre-sidentes de clubes e de ligas. “Tem muita gente que critica a federação, mas não faz o dever de casa”, pontua.

Cortez isenta DissicaPrincipal clube do Estado,

o Nacional também tratou de minimizar as críticas à gestão de Dissica à frente da FAF. De acordo com o presidente do Leão da Vila Municipal, Mário Cortez, os cartolas locais precisam fa-zer mais pelo futebol da terra ao invés de somente apontar os erros.

“Todos só criticam, mas nin-guém se dispõe a arregaçar as mangas e ir somar na federação. Criticar é muito fácil, mas dar solução e buscar um ideal é mais difícil. Vemos que o Dissica, nesses anos

todos, vem trabalhando pra-ticamente sozinho. Os críticos não se dispõem a ajudar, nem acham uma solução para tudo isso. Aprendemos na vida que dar opinião é a coisa mais fácil, o difícil é achar solução”, ressalta Cortez.

Esperançoso quanto ao novo mandato no qual Dissica ini-ciará em janeiro de 2015, Cor-tez acredita que o presidente da FAF terá totais condições para mudar a realidade do futebol local. “Tem que haver um somatório de esforços de todos os clubes profi ssionais para se reerguer. Devemos dar as mãos ao Dissica e ajudá-lo a fazer o grande ressurgimento do futebol amazonense”, acrescenta.

Quem também faz mea culpa e isenta a federa-ção pelas mazelas do fu-tebol local é o presidente do Holanda, Sidney Bento. Assim como o mandatário do Naça Borbense, ele reafi rma o apoio do clube na nova gestão de Dissica. “A culpa é dos dirigentes locais, que não apresentam propostas para melhorias do futebol local”, reconhece.

Dirigentes apoiam gestão da FAF

Presidente do Nacional, empresário Mario Cortez propõe que clubes sejam parceiros da FAF

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Questionado sobre os princi-pais motivos pelos quais o fu-tebol baré se encontra no fundo do poço, o presidente da FAF aponta a falta de identidade e profissionalismo dos times.

“Precisa haver profissionaliza-ção dos nossos clubes. Isso é a primeira coisa a se fazer. É preciso que o profissional tenha identi-dade, saber onde fica o campo de treinamento, a sede do clube. Mas fica difícil ter referência, ter identidade, sem categoria de base”, adverte o dirigente.

Uma medida tomada pela FAF no campeonato estadual de base foi dar oportunidade para novas equipes participarem.

“Esse ano abrimos para escoli-

nhas, que são franquias de alguns clubes de fora. Já avisamos que todos os presidentes dos clubes profissionais terão de ter catego-ria de base para que a gente possa recomeçar mesmo”, avisa.

Incomodado com as críti-cas, principalmente feitas por grande parte das torcidas de clubes locais, o presidente da FAF diz não entender o motivo das reclamações, uma vez que a entidade cumpre com todas suas obrigações. “Quero saber o porquê. Só sabem meter o pau na federação e deixam livres a diretoria dos clubes. São eles que fazem o futebol. Mas é mais fácil transferir essa responsabilidade para os outros”, esbraveja.

Falta profissionalismo dos clubes

Postulante à disputa pela presidência da FAF, o servi-dor público federal Adriano Campelo por pouco não fez frente ao atual presidente da entidade no pleito deste ano. Conforme ele, faltou maior clareza nos prazos para mon-tar uma chapa apta a con-correr ao mais alto cargo do futebol amazonense.

“Não posso nem afirmar que tentei. O tema ‘eleições da FAF’ e suas respectivas datas sempre foram tratados de maneira muito vaga pelo atual presidente. Ultimamen-te, ele havia sinalizado para algumas pessoas que seria em dezembro deste ano, mas, de uma hora para outra, di-vulgou o edital das eleições para outubro, bem no meio do tumulto do segundo turno das eleições para presiden-te e governador”, explica. “Esse anúncio repentino das eleições deixou um tempo muito curto para que eu con-seguisse apresentar minhas propostas para as ligas do interior, que possuem a maio-ria dos votos, e montar uma chapa com reais condições de vitória”, continua.

Para montar uma chapa apta a disputar a presidên-cia da FAF, é necessário um presidente, um vice-presi-dente e nove vices-presi-dentes regionais. Qualquer cidadão acima de 21 anos pode se candidatar a um dos cargos. A chapa deve ser subscrita por um quinto dos clubes afiliados e um quinto das ligas amadoras afiliadas à entidade.

Como desportista, Adria-no atua no movimento Hora do Futebol Amazonense. Em 2012, ele participou da dire-ção do time sub-18 do Taru-mã, e desde 2013 colabora no setor de planejamento do Manaus. Atualmente, está afastado das funções por questões particulares e profissionais.

Sobre a gestão de Dissi-ca à frente da Federação, Adriano avalia como regular. Conforme ele, mesmo com poucos recursos, a entidade tem conseguido cumprir com suas obrigações. Contudo, ele acredita que a FAF precisa de alguém capaz de inovar no modelo gestão. Ponderado, ele também culpou os clubes

pelo atual momento vivido no futebol local e os 15 anos sem acesso no nível nacional.

“Não concordo. Apesar da FAF ter sua parcela de cul-pa, haja vista ser de alguma forma omissa por não liderar nenhum tipo de movimento pelo soerguimento do futebol

local, esse jejum tem a ver mesmo é com a falta de profissionalismo nos clubes, além do menosprezo dado ao futebol de base”, alfineta.

Um dos projetos de Adria-no, caso fosse eleito, seria liderar um grande pacto pela reestruturação do fu-

tebol amazonense, com a participação de todos os segmentos direta e indire-tamente envolvidos.

“Além do grande movimen-to citado antes, trabalharia juntamente com os clubes e ligas pela reestruturação e modernização do estatuto da federação. Sou a favor de apenas uma reeleição para a presidência. Outra medida seria disponibilizar as con-tas da entidade para toda a sociedade, via internet”, esclarece Adriano.

Agora, o servidor público federal terá de esperar mais quatro anos para concorrer à presidência da FAF. Enquanto isso, ele espera que o manda-tário reeleito realize um bom trabalho à frente da entidade. “Como afirmei antes, trata-se de uma gestão abaixo de boa, está mais para regular. De qualquer modo, percebo que o presidente eleito tem assimilado bem as duras crí-ticas que tem recebido, e acho que tem tudo para fazer uma boa gestão nesses pró-ximos quatro anos. Estou na torcida por ele e pelo futebol amazonense”, finaliza.

Servidor federal sonha presidir federação

Dissica afirma que a federação não influencia nos clubes

Lançado no dia 23 de março deste ano, na pre-leção da equipe antes do confronto contra o Ma-naus, no estádio Roberto Simonsen (Sesi), em par-tida válida pela primeira rodada do segundo turno do campeonato estadual, o projeto Série A 2024 alcançou os dois primei-ros objetivos traçados ao conquistar o título ama-zonense e, consequente-mente, ganhar o direito de disputar o Brasileirão da Série D em 2015.

De acordo com o presiden-te do clube, Mário Cortez, chegou a hora de o Nacional elaborar um planejamento e segui-lo à risca. “Estávamos tentando planejar desde o ano passado. Mas como tudo isso demanda tempo, preferi-mos esperar, criar a estrutura necessária para isso e lançar esse projeto”, destaca.

As duas primeiras metas

do projeto Série A 2024 foram alcançadas neste ano, quando o Nacional conquis-tou o Campeonato Amazo-nense e a vaga na Série D de 2015. A próxima meta é ficar entre os quatro primeiros da última divisão do Brasilei-rão até 2017. Para 2020, o objetivo é subir à segunda divisão do Campeonato Bra-sileiro. O penúltimo passo é disputar a Série B até 2023 e, finalmente, chegar à elite em 2024.

Segundo o novo diretor de marketing do Leão da Vila Municipal e principal res-ponsável pela elaboração do projeto, Roberto Peggy, os investimentos que serão feitos em busca de alcan-çar os objetivos traçados no audacioso projeto se-rão captados por meio de parcerias, patrocínios e da “Rede Leão de Descontos”, novo programa de sócio-torcedor do clube.

Nacional quer elite em 10 anos

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Reformada, sede da FAF

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FALÊNCIAFUTEBOL

CLUBEResponsáveis por um dos parques fabris mais pujantes do país, empresas instaladas na Zona Franca de Manaus (ZFM) não destinam um centavo sequer para reerguer os clubes amazonenses

Indústria ‘lava as mãos’ para o futebol

Embora o Amazonas seja o abrigo de um dos parques fabris mais pujantes do país,

o futebol amazonense está longe de gozar dos milhões que jorram para os cofres das empresas instaladas na região. As equipes locais, até agora, fracassaram em con-vencer o empresariado sobre a importância de a indústria destinar recursos para desen-volver o esporte mais popular do mundo no Estado.

Dinheiro é o que não fal-ta. Em 2013, o faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM) atingiu a marca recorde de aproximadamente R$ 83,4 bilhões, volume que represen-ta um incremento de 13,47% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Con-tudo, deste montante, nenhum centavo sequer é destinado ao patrocínio do futebol amazo-nense, que passa hoje por um período de decadência, após vivenciar épocas de ouro.

De acordo com a Superin-tendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), não há uma lei federal específi ca que obrigue as empresas do PIM a investirem no futebol amazonense ou em qualquer outro esporte, a exemplo de outras regras que concedem incentivos às fábricas que in-vestem na área de tecnológica e na educação.

Porém, a autarquia lembra que há uma lei dederal, de nº. 11.438/06, cujo texto permite que empresas invistam até 1% do valor devido do pagamento de Imposto de Renda em proje-tos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Ama-zonas (Cieam), Wilson Périco, afi rma que o principal motivo que desencoraja as fábricas do PIM a investirem no futebol amazonense é a falta de retor-no fi nanceiro e comercial que esse tipo de aporte vai trazer para as empresas. “O campe-onato amazonense é fraco. Não tem um time sequer na elite do futebol nacional. Se tivesse pelos menos uma equi-pe na segunda divisão, como ocorreu com o São Raimundo até 2006, as empresas locais, com certeza, investiriam, pois haveria um retorno para a imagem da marca no Brasil. Hoje, não dá para investir no futebol amazonense, pois

o retorno praticamente não existe”, enfatiza.

SeriedadePara Périco, é preciso ha-

ver seriedade por parte dos clubes amazonenses para for-mar equipes competitivas que convençam ao empresariado “abrir os cofres” e investir no futebol do Amazonas. “A iniciativa precisa partir dos clubes para conquistar a con-fi ança dos empresários. É uma questão de negócios”, salienta o presidente do Cieam.

ANWAR ASSIEquipe EM TEMPO

Time do Corinthians teve patrocínio da Samsung, que possui unidade no PIM

Aporte fi nanceiro ‘jorrava’ no AM

O último melhor momento do futebol amazonense começou há 17 anos, quando o São Rai-mundo Futebol Clube obteve um bom desempenho da série C do Campeonato Brasileiro, e naquele ano de 1998, com pequenos patrocínios, conquis-tou vaga na série B.

No ano seguinte, para so-breviver àquela categoria, o clube inaugurou a fase das grandes ajudas fi nanceiras dos governos do Estado e do município. Uma regra que segue até os dias de hoje quando um clube vai para a série D, mas que não é sufi ciente para fazê-los subir para outras categorias.

O ex-técnico do São Rai-mundo, Aderbal Lana, lembra que quando o clube alcançou a série B, era uma época que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não pagava nada para os times daquela categoria. “A CBF não dava nem passagem aérea e nem estadia”, conta.

Segundo ele, as viagens para participar das partidas eram compradas por conta

própria. Lana diz que a ajuda governamental veio logo em seguida, em 2009.

A principal ocorreu com o projeto Eu Quero a Nota, que possibilitava aos amazonen-ses trocar cupons fi scais por ingressos. “O ex-governador Amazonino Mendes montou o vale lazer e todos ganharam. Não sobrecarregou o Estado e bateu recorde em arreca-

dação. Depois começamos a caminhar com as próprias pernas com a renda das parti-das e patrocínios de algumas empresas”, aponta.

Conforme o ex-atacante do clube, Delmo Arcângelo Coelho Monteiro, depois que o São Raimundo ganhou vi-

sibilidade, o time que tinha como patrocinadores locais a antiga loja HM, a empresa de ônibus Vical, a Pé Colection e a Scoring, chegou a ter a ca-misa assinada pelas marcas de renome nacional Penalty e a internacional Wilson.

Depois da gestão Amazoni-no, o São Raimundo e outros clubes receberam ajuda na época do prefeito Serafi m Corrêa. Em 2006, ele aportou recurso de R$ 660 mil men-sais para a Federação Ama-zonense de Futebol (FAF).

Apesar do recurso, uma sé-rie de coincidências somou para a queda do time para a série C do brasileirão, na-quele ano. A primeira delas ocorreu quando o conselho diretor do clube demitiu Ader-bal Lana, que fi cou até 2005. A segunda foi quando no ano do rebaixamento, em 2006, o time perdeu Delmo, que pas-sou por cirurgia no joelho.

A terceira foi a imposição de contratações de jogado-res de fora que não renderam vitórias ao time. “Impuseram contratações milionárias de jogadores, mas não jogavam nada. Vieram para fazer tu-rismo”, critica Delmo.

ÉPOCA DE OURO

Jogador Delmo foi um símbolo que marcou a geração de vitórias dos times do futebol local

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

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AÇÃO

INTERESSEEmbora não invistam no Amazonas, empre-sas do PIM patrocinam times de outros Esta-dos, como é o caso da Samsung, que benefi -ciou equipes como o Corinthinas o Palmei-ras, em São Paulo

ÔNUSSegundo o presiden-te do Cieam, Wilson Périco, criar uma lei para obrigar o PIM a patrocinar o esporte local não é uma boa ideia, pois será mais uma forma de onerar as empresas da região

No Amazonas, a lei 2.826/2003, que regula-mentou a Política Estadual de Incentivos Fiscais e Ex-trafi scais, criou mecanismos que permitem às empresas instaladas na região fomen-tar a área social e a de educação. Segundo a Sufra-ma, os principais exemplos

são o Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviço e Interiorização do Desenvolvimento do Estado do Amazonas (FTI), o Fundo de Fomento às Micro e Pe-quenas Empresas (FMPES) e o Fundo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Juntos, esses fundos repre-

sentam o “quinhão” da indús-tria – cuja soma foi superior a R$ 1,2 bilhão em 2013 -, como contrapartida para o desenvolvimento social e educacional do Estado.

Apesar de não haver lei es-pecífi ca que obrigue o PIM a patrocinar atividades espor-tivas no Amazonas, indireta-

mente, o parque fabril con-tribui para o esporte local. Isso porque as empresas do polo são responsáveis pela maior parte dos impostos arrecadados pelo Estado.

Portanto, desta forma, o dinheiro da indústria banca ações governamentais para o esporte amazonense.

PIM patrocina ações sociais e mantém UEA

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Campos de excelência para futebol de quarta divisão

Jogos do Campeonato Amazonense da base e projetos para formação de jogadores utilizam os Centros Ofi cias de Treinamento da Copa, no entanto, a beleza dos estádios contrasta com momento do futebol local

Se dentro de campo o fu-tebol do Amazonas vem deixando a desejar, as linhas, traves, gramado

e arquibancada dos Campos Ofi ciais de Treinamento (COTs) construídos para a Copa do Mundo, chamam a atenção pela beleza. Com investimentos pú-blicos de aproximadamente R$ 15 milhões, o estádio municipal Carlos Zamith não deve fi car ocioso ao contrário da maioria dos times locais após o termino do Campeonato Amazonense. Pelo menos foi o que informou a assessoria da Secretaria de Estado da Juventude, Desporto e Lazer (Sejel), que explicou que o espaço tem sido cedido para o treinamento de jovens talentos, recebendo jogos do Campeonato Amazonense da categoria de base.

O estádio, localizado na alameda Cosme Ferreira, no bairro Coroado, Zona Leste, tornou-se - de acordo com informações repassadas por representantes da Sejel - es-paço para desenvolvimento de projetos sociais como o Bom de Bola, criado em 2004.

Neste ano, os jogos da 8ª edição da Copa Bom de Bola vêm sendo realizado tanto no Zamith como no estádio Ismael Beningo, na colina, no bairro São Raimundo, Zona Oeste. Atual-mente a competição encontra-se na fase de quarta de fi nais e a previsão da organização é de que até a fi nal, pelo menos oito mil alunos da rede pública participem do projeto.

Coordenado pelo professor James Furtado, a competição acontece nas categorias sub 12, 14, 16 e 18 além das categorias femininas. São 44 núcleos que participam da competição na capital, com mais de oito mil alunos da rede pública de ensino. Os núcleos são divididos pelas zonas Nor-te, Sul, Leste e Oeste. Já no in-terior, aproximadamente seis mil atletas são benefi ciados nos 20 núcleos do projeto.

Feito para CopaO Zamithão, como vem sen-

do chamado, foi construído para abrigar os treinos das seleções estrangeiras duran-te os jogos do mundial, em junho. Contudo, nenhum time gringo utilizou o espaço e o campo permaneceu intocado até o dia 6 de julho, quando recebeu uma partida ofi cial do Campeonato Amazonense de Juniores. Houve também, o treino da equipe do Flamengo no dia 24 de outubro, que atraiu cerca de 3 mil torcedores.

Inaugurado em 24 de maio de 2014, sete meses após o início nas obras, no dia 5 de agosto de 2013, o campo foi constru-ído por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Manaus, que repassou o terreno para o governo do Estado.

O local, que tem capacidade para 5 mil pessoas, foi cons-truído pela empresa J. Nasser Engenharia Ltda. A estrutura possui três lanchonetes, dois vestiários, duas salas de im-

prensa, uma cabine transmis-são, seis banheiros e salas de administração.

O local também possui uma caixa d’água com capacidade para 180 mil litros responsável por abastecer o complexo e irrigar o gramado, de maneira independente.

O nome do estádio foi dado em homenagem ao jornalista esportivo e historiador Carlos Zamith, que morreu em julho de 2013, aos 87 anos.

A reportagem do EM TEM-PO entrou em contato com a Sejel para saber se há planejamento do governo em utilizar o espaço em outros projetos a fi m de promover atividades com mais frequ-ência no estádio, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

ColinaO estádio Ismael Benigno,

a Colina, foi a casa do Prin-

cesa do Solimões na disputa da Série D do Campeonato Brasileiro. No local, o gol de falta do goleiro Diego, do Santos (AP) aos 38 minutos do segundo tempo, culminou com a eliminação Tubarão do Norte na primeira fase da última divisão do cam-peonato nacional.

Fundado desde 1961, a Colina é o estádio do São Raimundo Esporte Clube. Localizado na avenida Pre-sidente Dutra, Zona Oeste de Manaus passou por duas reformas, a última foi este ano, pois foi escolhido como Centro de Treinamento para as seleções que vieram jogar em Manaus, no período da Copa do Mundo.

A Colina passou por duas reformas a primeira ocorreu no ano de 1997, pois o cená-rio era desagradável, desde a falta de gramado até a falta de iluminação, apresentava o quanto o estádio preci-sava melhorar para acolher torcedores e fanáticos pelo futebol amazonense, além da imprensa local.

Depois da primeira re-forma, o estádio Ismael Be-nigno recebeu uma grama e drenos, como iluminações adequadas para a reali-zação dos jogos noturnos. Cabines para a imprensa e cadeiras cativas também foram colocadas. Toda a obra durou quase 3 anos com a reabertura da “Colina” no ano 2000.

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Com 53 anos de existên-cia, a Colina passou pela sua segunda reforma este ano orçada em R$ 21 milhões com fi nanciamento do Minis-tério do Esporte. Considerada como um dos importantes legados que fi cou na cida-de após a Copa do Mundo, o estádio atendeu a todas as normas de acessibilidade quanto à circulação mínima.

Nas normas estão as ques-tões de rampa de acesso às arquibancadas, banheiros dimensionados e equipados para uso de portadores de necessidades especiais, bar-ras de apoio e o cuidado na escolha dos acabamentos do piso. Além da atenção para as normas de saídas de emergência quanto à largura

de corredores, saídas acessí-veis e rotas de fuga.

A nova Colina conta com 10,4 mil lugares. Desse nú-mero 2,8 mil está na área coberta, das cadeiras 244 são destinadas para área VIP e há 32 espaços reservados para portadores de neces-sidades especiais com seus acompanhantes.

Reinaugurado nem 3 de junho deste ano, com o clás-sico “Galo Preto”, entre São Raimundo e Sul-América, a Colina viveu seu momento de glória ao receber em pouco mais de 30 minutos um treinamento físico da seleção da Inglaterra, antes do duelo contra a Itália na Arena da Amazônia na Copa do Mundo.

Colina recebeu English Team

Estádio atende os padrões de acessibilidade da Fifa

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Estádio Municipal Carlos Zamith foi construído para a Copa do Mundo

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E10 MANAUS, DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO DE 2014

Sport recebe o Figueirense

A sequência de resultados negativos já acendeu o alerta no Sport, que a cada rodada se aproxima mais da zona de rebaixamento. Neste domin-go, às 15h (de Manaus), na Ilha do Retiro, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, a equipe pernambucana tenta-rá novamente voltar a vencer, diante do Figueirense, outra equipe ameaçada.

Antes brigando na parte superior da tabela, o Sport passou a se preocupar com a permanência na Série A por causa da sequência de oito partidas sem vitória. O último triunfo aconteceu há mais de um mês, contra o Coritiba, na Ilha do Retiro. Os pernambucanos ocupam a décima segunda posição na tabela, uma à frente do adversário deste domingo, com 37 pontos. O Botafogo é a primeira equipe dentro do Z-4, com 33 pontos, já o Figueira tem 36.

O técnico Eduardo Bap-tista promoverá outras mu-danças em relação ao time da última partida. O volante Rithely retorna ao time por opção e Ananias entra no lugar do suspenso Wendell.

No Figueirense, o técni-co Argel Fucks também não terá todos os jogadores à disposição. O lateral direito Leandro Silva, que ainda não se recuperou de lesão, dará lugar ao volante Jeff erson, que será improvisado.

CONTRA Z-4

Time da Vila Belmiro está preocupado, de fato, no compromisso da próxima quarta-feira, diante do Cruzeiro em casa

Santos recebe Internacional com foco na Copa BR

Santos e Internacional se enfrentam na Vila Belmi-ro, neste domingo, às 15h (de Manaus), com objeti-

vos distintos nesta 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Peixe entra em campo com a cabeça na semifi nal da Copa do Brasil, na próxima quarta, contra o Cruzeiro. Enquanto isso, o Colorado sabe que não pode tropeçar se quiser continuar na briga pelo título do Brasileirão ou até mesmo para se manter no G-4.

Após a derrota por 1 a 0 no meio de semana para a Raposa, o time de Enderson Moreira teve pouco tempo para descansar e se preparar para a partida deste domingo. Por isso, alguns titula-res devem ser preservados.

Geuvânio, com uma lesão no musculo femural reto da coxa, também segue fora, assim como Thiago Ribeiro, que sofreu com problemas estomacais, perdeu muito peso e não deve ter con-dições de voltar à equipe.

A possibilidade de o Peixe poupar titulares não traz con-forto extra para o Internacional. Afi nal, para continuar no G-4,

o Colorado terá de quebrar um tabu: a equipe gaúcha nunca venceu na Vila Belmiro. Em 17 partidas ofi ciais até hoje, foram cinco empates e 12 derrotas. O desconforto pode aumentar ainda mais, já que Grêmio, Co-rinthians e Fluminense, seus três maiores perseguidores, jogarão um dia antes, no sábado, o que pode fazer o time de Abel Braga começar o duelo em Santos na sétima colocação.

O principal desfalque de Abel é o meia Alex. Com dores no tornozelo, o camisa 12 não atuou na vitória por 2 a 0 sobre o Bahia e seguirá de fora no con-fronto deste fi nal de semana. A tendência é que ele volte apenas no Gre-Nal da semana que vem. Assim, Alan Patrick e Jorge Henrique mais uma vez dividirão a tarefa da articulação com D’Alessandro.

A equipe que jogará na Vila Belmiro será a mesma que ba-teu os baianos na última roda-da. A defesa segue rejuvenes-cida: além de Alisson, jogarão Cláudio Winck na lateral e Alan Costa no miolo de zaga.

Com vários jogadores poupados, o atacante Leandro Damião terá nova oportunidade de começar entre os titulares do Peixe

GUILHERME DIONIZIO/GAZETAPRESS

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E11 MANAUS, DOMINGO, 2 DE NOVEMBRO DE 2014

Líder Cruzeiro faz duelo dos opostos com Botafogo

Em um choque de opos-tos, Cruzeiro e Botafogo se enfrentam neste domingo, às 15h (de Manaus), no Mi-neirão, em confronto válido pela 32ª rodada do Campe-onato Brasileiro. A Raposa lidera o Brasileirão com 61 pontos e caminha a passos largos para o bi. Com uma empolgação a mais após bater o Flamengo por 2 a 1 em clássico estadual, o Glo-rioso está na outra parte da tabela de classifi cação, com 33 pontos, tentando deixar a zona de rebaixamento.

Para conseguir vencer um jogo contra o líder da competição, os alvinegros acreditam que o mais im-portante é neutralizar os pontos fortes do Cruzeiro.

“O Cruzeiro tem um time que não pode ter liberdade para jogar ao seu estilo. Vamos ter que nos preo-cupar sim em neutralizar seus pontos fortes, prin-cipalmente porque eles vão partir para cima em busca do resultado desde

os primeiros momentos. O Botafogo tem um time em condições de jogar de igual para igual e acredito que a melhor estratégia é tentar impedir os avanços deles para encontrarmos o melhor momento de ga-nharmos a partida”, disse o meia Carlos Alberto.

Em termos de escalação o Cruzeiro não poderá con-tar com o atacante Willian, que fraturou a costela. As-sim, Marquinhos será o seu substituto.

O Botafogo terá uma mu-dança em relação ao jogo contra o Flamengo. O ata-cante Wallyson, vetado por conta de lesão no tornozelo direito, cederá seu posto ao jovem Murilo.

No primeiro turno do Campeonato Brasileiro as duas equipes se enfrenta-ram no Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), e empataram por 1 a 1. Naquela ocasião, Edilson abriu o marcador para os alvinegros, mas Leo garantiu a igualdade.

Bahia recebe o Palmeiras

Mesmo somando 11 pontos em seis jogos, o Palmeiras não vence há três rodadas no Campe-onato Brasileiro e, neste domingo, reencontrará um velho conhecido em uma oportunidade decisiva para se afastar de vez da zona de rebaixamento. Às 18h (de Manaus), a equipe enfrenta na Fonte Nova, em Salvador, o Bahia.

Para somar três pontos em partida que considera fundamental, o técnico do Palmeiras Dorival Junior aposta na dinâmica do meio-campo, que terá Re-nato e Marcelo Oliveira como volantes e Wesley saindo de trás para aju-dar Mazinho e Valdivia na armação. O chileno está livre para encostar em Mouche e ajudar o único atacante na escalação.

O Palmeiras tem 36 pontos, cinco a mais em relação ao Bahia, que ini-ciou a rodada na penúltima posição e se cobra por resultados imediatos para diminuir os já altos riscos de cair para a segunda divisão. O time não venceu os seus seis últimos com-promissos no Brasileiro e Gilson Kleina, que levou o elenco para treinar na Praia do Forte antes do jogo, deve apostar no veterano meia Lincoln como novida-de no meio-campo.

A dúvida é Titi, zagueiro que se recupera de lesão e pode dar vaga a Adaílton. A certeza é a necessidade de resultados.

EM MINASCONTRA Z-4

São Paulo visita Criciúma para manter líder na mira

O São Paulo diminuiu para cinco pontos a distância para o Cruzeiro. Porém, como a diferença ainda é considerá-vel, a estratégia psicológica para as sete rodadas fi nais passou a ser preocupar-se em vencer para não deixar o G-4, o que, consequente-mente, pode resultar em algo a mais.

É com esse pensamento que a equipe de Muricy Ra-malho vai a campo, às 15h (de Manaus), deste domin-go, contra o lanterna Crici-úma, em Santa Catarina. A vantagem sobre o quinto colocado é de três pontos e duas vitórias. Logo, mesmo uma derrota não a tiraria do G-4 nesta rodada, mas não só ameaçaria sua vaga para a próxima edição da Copa Libertadores como também diminuiria a probabilidade de ser campeão.

“Não podemos pensar só no Cruzeiro e nos des-cuidarmos de quem está atrás. Temos que focar na gente. Ganhando, a gente se mantém no G-4. É uma prio-

ridade jogar a Libertadores do ano que vem. Além dis-so, ganhando nossos jogos, continua a possibilidade de sermos campeões”, resumiu Michel Bastos.

Kaká poderá ser sacado neste domingo para descan-sar. Certo é que o zagueiro Rafael Toloi e o atacante Alexandre Pato, ambos ma-chucados, não jogam.

O momento do adver-sário é completamente oposto. Concentrado ex-clusivamente em não ser rebaixado à segunda divi-são nacional, o Criciúma desceu à lanterna na última rodada depois de perder a terceira partida con-secutiva. O que também pode renovar os ânimos é a mudança realizada no comando técnico. Toninho Cecílio foi contratado nes-ta semana depois da de-missão de Gilmar Dal Pozzo e tem como missão salvar o time, neste momento com quatro pontos a menos do que o Vitória, primeiro fora da faixa de descenso.

Furacão e Galo duelam

Reta fi nal de Campeo-nato Brasileiro e os xarás Atlético-PR e Atlético-MG entram em campo neste domingo, às 17h30 (de Manaus), na arena da Bai-xada, em busca de pontos decisivos para seus obje-tivos na competição. De um lado, os donos da casa precisam fazer sua parte para garantir permanên-cia na Série A. De outro, a luta é para se manter no G-4, de olho na Liber-tadores da América.

A derrota para o Flumi-nense quebrou uma boa sequência do Rubro-Ne-gro que quer a reabili-tação diante do torce-dor. Para isso, o técnico Claudinei Oliveira conta-rá com o retorno do ata-cante Cléo e do zagueiro Gustavo, que cumpriram suspensão automática no Rio de Janeiro e re-tornam ao time.

O técnico Levir Culpi não poderá contar com o goleiro Victor, que foi expulso na vitória contra o Sport e está suspenso. Giovanni irá a assumir a meta do Galo

O zagueiro Leonardo Silva, recuperado de le-são muscular, deverá re-assumir a titularidade ao lado do jovem Jemerson. Com isso, Edcarlos, que foi decisivo na classifi cação contra o Corinthians, volta ao banco de reservas.

O atacante Jô, que che-gou a se afastado por in-disciplina, também pode aparecer no time titular.

CONTRA LANTERNAATLÉTICOS

Rogério sonha encerrar a carreira como campeão brasileiro

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Lateral esquerdo Júnior César em treinamento tático

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Com foco mudado, Fla recebe a Chapecoense

Após boa vitória na Copa do Brasil, Rubro-Negro se concentra no Brasileirão para escapar de vez do Z-4

Mesmo nas semifi -nais da Copa do Brasil e com boa vantagem após

confronto de ida, o Flamengo vai a campo neste domingo para encarar a Chapecoense, no Maracanã, com todos os titulares. Os Rubro-Negros buscam afastar de vez o risco de rebaixamento enquanto que os catarinenses querem sair de perto da degola.

Com 40 pontos, os Rubro-Negros miram mais seis, número mínimo considerado pelo matemáticos. Por conta disso, os jogadores sabem que o momento é de supera-ção para esquecer o cansaço e conseguir os objetivos pro-postos pelo treinador.

Para a partida, Luxembur-go terá o retorno do zaguei-ro Wallace, que se recupe-rou de lesão. No entanto, não terá o meia Everton, que sentiu um problema na coxa e foi vetado. O atacan-te Nixon é o favorito para formar dupla de ataque com Eduardo da Silva.

Pelo lado da Chapecoen-se o clima é de tensão. A equipe catarinense está na 15ª posição, com 36 pontos,

pouco acima da zona de re-baixamento. Por conta disso, o técnico Jorginho deve optar por uma escalação mais con-servadora, sem armadores. Assim, Tiago Luís e Fabiano devem formar o ataque com Leandro, com três volantes ocupando o meio.

Jorginho destacou que a Chapecoense precisa marcar para não sofrer gols. So-mente depois disso, a equi-pe poderá atacar com mais qualidade para surpreender o Flamengo no Maracanã.

“Não adianta só criarmos, precisa marcar. E pra corri-gir isso nada melhor do que repetição”, disse.

Durante a semana, o trei-nador trabalhou o posiciona-mento da equipe e reforçou seu pensamento com conver-sas individuais com alguns jogadores. Um deles foi Tia-go Luís, destaque da Chape-coense, principalmente após a chegada de Jorginho.

“O Jorginho fala bastante sobre posicionamento. Ele, desde que chegou, tem con-fi ado no meu trabalho. En-tão, vamos fazer por onde retribuir essa confi ança”, comentou.

Mesmo cansado, Leo Moura não será poupado do jogo

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De olho na quinaNo Grande Prêmio dos EUA, Hamilton vai em busca da quinta vitória consecutiva na temporada. Rosberg quer evitar o feito, para se manter na disputa do título

Após três semanas de descanso no calendário do Mundial de Fórmula 1, o Grande Prêmio dos Estados Unidos será dis-

putado neste domingo, no Circuito das Américas em Austin, no Estado do Texas. A prova é a antepenúltima da temporada e assume caráter decisivo para a disputa do título.

Restrita à dupla de pilotos da Mer-cedes, que se sagrou campeã entre os construtores na etapa passada em Sochi, na Rússia, a maior responsabilidade recai sobre os ombros de Nico Rosberg. Regu-lar, o alemão foi líder durante a maior parte desta temporada, mas viu o com-panheiro Lewis Hamilton engrenar uma reação e vencer as últimas quatro provas: Monza, Cingapura, Suzuka e Sochi. No ano, o britânico já soma nove vitórias, contra apenas quatro de Rosberg.

Com o momento claramente em favor de Hamilton, atual líder do Mundial com 291 pontos contra 274 de Rosberg, o pilo-to alemão tenta minimizar a pressão.

“Ainda está tudo por ser jogado na batalha pelo título de pilotos, e eu não vou desistir da luta até a bandeirada fi nal em Abu Dhabi”, avisou.

O retrospecto também favorece Ha-milton. Nos dois GPs disputados no circuito do Texas, o britânico venceu na prova inaugural em 2012 e foi o quarto colocado no ano seguinte. Já o alemão registrou um oitavo e um nono, respectivamente.

A quinta vitória consecutiva de Ha-milton lhe renderia ainda uma marca histórica relevante. Com 32 vitórias na carreira, ele se tornaria o piloto britâ-

nico com maior número de vitórias na Fórmula 1, superando Nigel Mansell, com quem está atualmente empatado. Mas essa marca se mostra de importância secundária para Hamilton neste momen-to decisivo do Campeonato.

“Eu não penso tanto nisso, porque eu quero vencer o Campeonato. Talvez no fi nal do ano eu seja capaz de olhar para trás e realmente pensar sobre isso. Mas eu quero vencer o Mundial. Isto é o mais importante”, disse Hamilton, que se mostra muito preocupado com a nova regra que estabelece pontos dobrados na etapa fi nal em Abu Dhabi.

“Eu estou ciente de que posso ir para a última corrida tendo feito todo o trabalho até aquele ponto, e aí seu carro pega fogo e você não chega no classifi catório. Eu já estive lá, perdendo o título mundial na última corrida, então eu sei como é. Mas isso é energia negativa que eu não vou colocar lá”, declarou.

A regra introduzida este ano pode aca-bar provocando uma situação inusitada. Se Hamilton vencer as duas próximas provas, em Austin e em Interlagos, com Rosberg em segundo, ele chagará em Abu Dhabi com 27 pontos de van-tagem na tabela e 11 vitórias contra as quatro do companheiro. Se ele por alguma razão não terminar a corrida ou chegar fora dos pontos, Rosberg será o campeão mesmo se cruzar a linha de chegada em terceiro lugar.

Para este domingo em Austin, a pre-visão é de tempo seco e temperaturas em torno de 25 graus. A largada para o GP dos EUA está marcada para as 16h (de Manaus).

Lewis Hamilton caminha a pas-sos largos para mais um título

da Fórmula 1

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