pneumonia associada à ventilação mecânica nos cuidados … · 2018-11-24 · mecânica invasiva...

27
Raquel Quirino de Melo Medeiros Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica nos Cuidados Intensivos Pediátricos 2011/2012 Março, 2012

Upload: docong

Post on 13-Feb-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Raquel Quirino de Melo Medeiros

Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica nos

Cuidados Intensivos Pediátricos

2011/2012

Março, 2012

Raquel Quirino de Melo Medeiros

Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica nos

Cuidados Intensivos Pediátricos

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Pediatria

Trabalho efetuado sob a Orientação de:

Dra. Marta João Rodrigues Silva

Trabalho organizado de acordo com as normas da revista:

Acta Médica Portuguesa

Março, 2012

AGRADECIMENTOS:

Gostaria de agradecer publicamente à Dra. Marta João Rodrigues Silva, Unidade de

Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital São João, pelo apoio prestado na elaboração e

revisão científica deste projeto.

PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA NOS CUIDADOS

INTENSIVOS PEDIÁTRICOS

VENTILATOR ASSOCIATED PNEUMONIA IN PEDIATRIC INTENSIVE CARE

UNITS

RESUMO:

A pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é uma importante causa de

morbimortalidade nas unidades de cuidados intensivos pediátricos. Foram efetuados diversos

estudos, com o intuito de identificar fatores de risco que predispõem a PAV tendo sido

encontrados fatores potencialmente preveníveis e estabelecidas algumas medidas que

permitissem diminuir o risco de desenvolvimento de PAV nestes pacientes.

Atualmente o teste de referência para o diagnóstico de PAV é a histologia do tecido

pulmonar, contudo, sendo um método dificilmente reprodutível em todos os pacientes dado os

riscos que acomete, desenvolveram-se um conjunto de critérios clínicos, radiológicos e

microbiológicos que no seu conjunto, permitem na maioria dos casos chegar ao diagnóstico

de PAV e orientar o tratamento. Este trabalho pretende rever, na literatura, a epidemiologia,

fatores de risco e medidas preventivas, bem como técnicas de diagnóstico de PAV.

SUMMARY:

Ventilator Associated Pneumonia (VAP) is an important cause of morbimortality in

Pediatric Intensive Care Units. Several studies were carried out aiming to identify VAP

related risk factors. Based on these studies, some factors were found to be potential targets for

prevention and some strategies were devised to decrease VAP risk in these patients.

The current reference test for VAP diagnosis is lung tissue histology. However, given

the risks it entails, a set of clinical, radiological and microbiological criteria were developed

that permits, in most cases, to establish a diagnosis of VAP and guide the treatment. This

project intends to review the literature about the epidemiology, risk factors and preventive

measures, as well as VAP diagnostic techniques.

INTRODUÇÃO

As infeções nosocomiais (IN) são uma importante causa de morbimortalidade, que

surgem no contexto da prestação de cuidados de saúde, sendo mais frequentes nas unidades

de cuidados intensivos (UCI)1. Apesar da população das UCI ser manifestamente reduzida,

mais de 20% das IN surgem nesses pacientes2. Este grupo em particular é mais suscetível a

IN, dado o uso frequente de dispositivos e procedimentos invasivos numa população em

estado crítico 3.

As IN mais frequentes nas unidades de cuidados intensivos pediátricos (UCIP) são

infeções da corrente sanguínea, pneumonias [incluindo as pneumonias associadas à ventilação

mecânica (PAV)] e infeções urinárias (ITUs)2. Entre as IN mais comuns nas UCIP, a PAV

assume particular relevo, sendo responsável por taxas de mortalidade entre 20 a 50% e que

podem chegar aos 70% quando causada por agentes invasivos e multirresistentes1, 4

.

A PAV define-se como aquela que se desenvolve 48 horas após o início da ventilação

mecânica invasiva (VMI). Contudo, como é difícil precisar o momento a partir do qual se

passaram as 48 horas, em 2007 a CDC (Centers for Disease Control) propôs uma nova

definição, na qual não seria necessário um período mínimo de tempo desde o início da VMI.

A PAV passou então a ser classificada como precoce, quando surge dentro de 1 a 4 dias de

ventilação, ou PAV tardia, quando tem início após 4 dias de VMI 5.

MATERIAL E MÉTODOS:

Revisão bibliográfica realizada entre Junho de 2011 e Fevereiro 2012. A pesquisa de

artigos foi efetuada na MEDLINE, através da Pubmed. Os termos MeSH “Pneumonia,

Ventilator-Associated” AND “Intensive care units, pediatric” foram complementados com as

palavras chave “ (epidemiology OR risk factor OR diagnostic)”, tendo-se obtido um total de

42 resultados. Limitou-se a procura aos idiomas inglês, francês, espanhol e português. Foram

obtidos desta forma um total de 39 artigos. Foi também efetuada uma pesquisa com termos

mais abrangente, sem recorrer a termos MeSH: “ventilator associated pneumonia AND

“pediatric intensive care unit” AND (epidemiology OR diagnosis OR risk factor)” com os

mesmos limites utilizados anteriormente. Foram obtidos um total de 92 artigos.

A seleção de artigos baseou-se na revisão de títulos e resumos que contemplassem os

seguintes critérios: 1) Epidemiologia da PAV nas UCIP, 2) Etiologia da PAV nas UCIP, 3)

Fatores de risco e medidas preventivas de PAV nas UCIP, 4) Meios, técnicas e procedimentos

de diagnóstico da PAV nas UCIP. Excluíram-se estudos de 1) tratamento empírico e

específico da PAV nas UCIP, 2) outras infeções no trato respiratório superior e inferior, 3)

estudos em unidades de cuidados intensivos neonatais (UCIN)

Com base nos critérios de inclusão e exclusão selecionaram-se 40 publicações. Foi

realizada pesquisa manual de artigos, com base nas referências dos artigos selecionados. A

leitura integral dos artigos possibilitou a utilização final de 36 artigos.

EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA DA PAV

As UCIP apresentam uma taxa de IN que varia entre 10-26%1, 5, 6

. Curiosamente,

nestas unidades, as diferentes idades apresentam diferentes padrões de incidência das várias

IN, sendo que nos menores de 5 anos, a mais frequente é a infeção da corrente sanguínea, e

nas crianças entre os 5 e 12 anos, a pneumonia torna-se a mais frequente 1. Alguns estudos,

demonstraram que a taxa de PAV nas UCIP ronda os 3 a 11%6, 7

. A PAV nas UCIP apresenta

uma mortalidade significativa que ronda os 10 % 6.

Existe uma grande diversidade de patogénios responsáveis pela PAV, sendo a

etiologia mais frequentemente a bacteriana. A National Nosocomial Infections Surveillance

System (NNIS) demonstrou que os agentes isolados com maior frequência nas UCIP eram a

Pseudomonas aeruginosa e os Staphylococcus-aureus 8. Babcock et al, também verificou que

os primeiros eram mais frequentes nas UCIP 9. Um estudo efetuado por Srinivasan et al,

demonstrou que os agentes mais frequentemente encontrados foram os Staphylococcus -

aureus, os Haemophilus Influenzae e os Gram negativos, predominando os dois primeiros na

PAV precoce, e os últimos na PAV tardia. Neste mesmo estudo verificou-se ainda que a

incidência de PAV polimicrobiana era de 38%10

.

Os vírus, predominantemente o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), são das causas

mais comuns de infeção nosocomial respiratória nas UCIP. As infeções fúngicas são

extremamente raras, mas podem acontecer em crianças imunodeprimidas, especialmente se

receberam antibiótico de largo espectro 1.

FATORES DE RISCO E MEDIDAS PREVENTIVAS

Podemos dividir os fatores de risco para IN em intrínsecos (inerentes ao próprio

indivíduo ou que estão presentes antes da admissão hospitalar), e extrínsecos (relacionados

com o ambiente hospitalar, profissionais de saúde, familiares e outros pacientes, bem como

com procedimentos, técnicas de diagnóstico e tratamento realizados no internamento) 11

.

Os fatores de risco intrínsecos incluem a idade do paciente, síndromes genéticos,

comorbilidades e patologias de base. No que diz respeito à idade, um estudo demonstrou que

crianças com menos de 2 anos apresentavam um risco 1.8 vezes superior de adquirir IN do

que crianças com mais de 2 anos 11

. Estados de imunossupressão por quimioterapia, infeção

VIH, uso de esteroides e desnutrição também aumentam o risco de IN 1, 11

.

No que diz respeito a fatores extrínsecos, sabe-se que não se encontram tão bem

definidos nas UCIP como nas unidades de cuidados intensivos dos adultos, devido ao amplo

espectro de idades e diferentes estadios de desenvolvimento fisiológico nestas unidades 11

. A

CDC e outras instituições demonstraram que o risco de PAV aumenta de forma inversa à

idade gestacional, e com o peso ao nascimento 5.

Em relação a procedimentos invasivos, sabe-se que a re-entubação não programada e o

uso de sondas nasogástricas aumentam o risco de PAV 1. A entubação está relacionada com a

abertura e distensão das cordas vocais facilitando assim a microaspiração 1. No que diz

respeito ao método de ventilação, sempre que possível deve preferir-se a ventilação não

invasiva (VNI). A principal vantagem, consiste em não ser necessária entubação traqueal. A

VNI depende essencialmente da colocação e fixação adequada da máscara, aspiração de

secreções e monitorização do paciente 12

.

Os pacientes que se encontram em VMI prolongada apresentam um risco acrescido de

úlcera de stress. Verificou-se que o recurso ao sucralfato e antagonistas dos recetores H2

diminui a incidência da hemorragia gástrica associada, sem diferença significativa de eficácia

entre ambos. Contudo, alguns estudos demonstraram que os antagonistas dos recetores H2

estavam associados a um risco acrescido de PAV, predominantemente por bactérias gram

negativas, dado que diminuem a acidez do estômago, permitindo a proliferação bacteriana 13

.

Vários estudos relataram que o recurso a narcóticos (hipomotilidade gastrointestinal e

consequente microaspiração) e ao bloqueio muscular, aumenta o risco de PAV10, 14

. O

transporte para fora da UCI e manipulação dos circuitos ventilatórios também estão

associados a um risco aumentado de PAV15, 16

.

Sabe-se que na maioria dos casos a PAV poderia ser prevenida através da

implementação de medidas que visassem melhorar a prestação dos cuidados de saúdes destes

pacientes 17

. As medidas preventivas implementadas têm por base os mecanismos

patofisiológicos responsáveis pelo desenvolvimento de PAV. A contaminação do material, a

colonização do trato aerodigestivo e a aspiração de secreções e conteúdo gástrico, são os

principais mecanismos apresentados por alguns estudos 18

.

Desta forma, medidas que previnem a aspiração incluem: a elevação da cabeceira da

cama entre 30 a 45 graus; a evicção da distensão gástrica excessiva; a evicção da

extubação/re-entubação não eletiva; a sucção subglótica e a utilização de um TET com cuff

insuflado com uma pressão que permita simultaneamente evitar a microaspiração mas não

provoque lesão ou necrose da mucosa (cerca de 20 cm H2O)17, 19

.

Nas medidas que reduzem a colonização do trato aerodigestivo, alguns autores

verificaram que seria preferível a entubação orotraqueal à nasotraqueal, dado que esta última

estaria associada a um risco aumentado de desenvolver sinusite, e consequentemente

aumentaria a suscetibilidade a PAV 17

. Contudo, outros estudos demonstraram que a

entubação orotraqueal esta relacionada com um risco acrescido de microaspiração 16

. Outra

medida a implementar seria a higienização da cavidade oral. Foi demonstrado que a aplicação

de soluções anti-séticas com clorhexidina (CHX) e colistina (COL) diminuíam o risco de

PAV em cerca de 55 a 65% 20

.

As medidas empregues para impedir a contaminação do material utilizado passam pela

correta higienização das mãos dos prestadores de cuidados de saúde1. O circuito ventilatório

(CV) deve ser substituído se estiver sujo ou disfuncional. Alguns estudos demonstraram que

era seguro manter o CV mais de 48h sem que a menor frequência de troca aumentasse o risco

de PAV. Quanto mais frequentemente se manipular o material do CV, maior a probabilidade

de contaminação 15

. Quando visíveis, as condensações devem ser removidas 17

.

DIAGNÓSTICO DE PAV

O estabelecimento do diagnóstico de PAV é impreciso, e apesar de existirem múltiplas

técnicas de diagnóstico, ainda nenhuma delas se apresenta, isoladamente, como método de

eleição. Isto é verdade principalmente para a faixa etária pediátrica em que existem

relativamente pouco estudos acerca do assunto. Muitos dos critérios utilizados são

extrapolados a partir de estudos em adultos, e não se sabe até que ponto serão adequados a

estas faixas etárias.

Atualmente não existe um gold standard para o diagnóstico de PAV, mas a histologia

do tecido pulmonar tende a ser considerada o exame com maior acuidade diagnóstica21

. No

entanto, a biópsia acarreta diversos riscos, e não é utilizada por rotina. Além disso, as

características histológicas do tecido biopsado dependem não só da virulência dos patogénios

como também da resposta do indivíduo à agressão 22

. No caso concreto dos imunodeprimidos,

a resposta inadequada do hospedeiro pode induzir resultados falsos negativos22

. Na prática

clínica, são então utilizados um conjunto de critérios clínicos, radiológicos e microbiológicos

para o diagnóstico mais correto possível.

Os critérios clínicos incluem um conjunto de sinais e sintomas que, apesar de

isoladamente inespecíficos, quando associados a alterações radiológicas e ao contexto são

sugestivos de PAV. Dado o extenso espectro de idades que as UCIP incluem, a NNIS/CDC

estabeleceu critérios para as faixas etárias compreendidas entre lactentes e entre 1 e 12 anos,

como demonstrado na tabela 1 (“inserir tabela nº 1 aqui”). A sensibilidade destes critérios

clínicos varia entre os 69 e 84% e apresenta uma especificidade de 69 a 75% 4, 23

.

Os critérios clínicos são inespecíficos e por vezes difíceis de caracterizar. No que diz

respeito à febre, é preciso considerar que o local de medição de temperatura influência a

precisão e interpretação dos resultados 24

. Além disso, muitas vezes não se observa febre,

porque mesmo com pequenas variações de temperatura os pacientes são medicados 22

.

A quantidade e qualidade de secreções também não apresentam grande especificidade

diagnóstica. As secreções pulmonares são influenciadas pela altura do dia, pela humidificação

dos gases do ventilador, pela frequência de sucção e instilação de soro 25

. As alterações no

padrão respiratório das crianças (taquipneia, apneia) ou aumento do esforço respiratório

também são difíceis de avaliar nos pacientes ventilados, principalmente naqueles que se

encontram sedados26

.

A auscultação pulmonar e a sua avaliação, além de depender da experiência do

médico, acabam também por ser uma interpretação subjetiva.

Analiticamente, alterações na quantidade de células da linhagem branca, e um

aumento nos níveis séricos de proteína C reativa (PCR) e pró-calcitonina (PCT) podem ser

úteis no diagnóstico de PAV 4. Póvoa et al, demonstrou que níveis de PCR > 9,6 mg/dl,

apresentavam uma sensibilidade de 87% e especificidade de 88% no diagnóstico de PAV 4.

Verificou-se também que os níveis séricos de PCT eram mais adequados que as

concentrações alveolares, apresentando uma sensibilidade de 41% e especificidade de

100%27

. A baixa sensibilidade da PCT faz com que esta não seja um bom preditor de PAV.

Contudo, quando elevada demonstrou-se ser útil na determinação da duração do uso de

antibióticos 28

.

Luna et al, verificou que a taxa de hemoculturas positivas nos indivíduos com PAV

era de apenas 8-20%, sendo que muitas vezes os resultados positivos estariam relacionados

com focos extra-pulmonares 4. Quando positivas podem orientar o diagnóstico e tratamento

de PAV, mas se negativas não permitem a exclusão do diagnóstico 22

.

Os critérios radiológicos incluem duas ou mais radiografias seriadas com um dos

seguintes achados: infiltrado persistente, novo ou progressivo; cavitação; consolidação e/ou

pneumatocelo nos lactentes com ≤ 1 ano 5. Estes critérios, no seu conjunto, apresentam uma

especificidade de apenas 33 a 42% 29

. Tal situação deve-se parcialmente ao facto de existirem

diversas patologias que mimetizam estes achados. Patologias de base não infeciosas, tais

como atelectasia, insuficiência cardíaca descompensada, síndrome de stress respiratório

agudo, hemorragia alveolar, doença pulmonar obstrutiva crónica, entre outras, podem

dificultar o diagnóstico de PAV 5. Além disso, a presença de infiltrados pulmonares não

permite a distinção entre etiologia vírica ou bacteriana16

. A radiografia torácica deve ser

apenas utilizada mediante suspeita clínica de PAV, de modo a evitar exposição desnecessária

a radiação, custos adicionais, e tratamento desnecessário de achados acidentais 22

. Uma

eventual alternativa que tem vindo a ser recentemente investigada é o recurso à ecografia

transtorácica. De facto verificou-se que, no que diz respeito ao diagnóstico diferencial entre

pneumonia e atelectasia obstrutiva, esta ultima apresenta broncograma aéreo estático à

ecografia, enquanto que, a pneumonia surge como broncograma aéreo dinâmico

(sensibilidade de 61% e especificidade de 94%). A ecografia tem como principal vantagem a

inocuidade que apresenta, e o facto de poder ser realizada em doentes criticamente doentes e

acamados. No entanto, apenas capta lesões periféricas, não consegue determinar o real

tamanho destas, e é dependente do observador 30

.

Após suspeita clínica e radiológica de PAV, podemos recorrer aos critérios

microbiológicos para confirmar o diagnóstico e orientar o tratamento, no entanto, a

bacteriologia não aumenta a precisão diagnóstica de PAV 4.

A colheita de secreções para cultura pode ser obtida por lavado broncoalveolar (LBA),

escovilhão de amostra protegido (PSB – protected specimen brush) com ou sem recurso a

técnicas de broncoscopia, ou aspirado traqueal (AT),

Diversos estudos demonstraram que não existiam diferenças significativas na precisão

entre técnicas broncoscópicas e não broncoscópicas. Tal facto, pode ser explicado por a PAV

ser frequentemente uma doença difusa que abrange várias regiões do parênquima pulmonar31,

32.

O lavado broncoalveolar por broncoscopia (LBA-B), permite colher amostras mais

próximas do local afetado e com menor contaminação 32

. No entanto, é um método invasivo

que em crianças que se encontram criticamente doentes pode agravar transitoriamente o seu

estado clínico 33

. O LBA-B é também mais caro, não está disponível 24 horas em todos os

hospitais, e necessita de técnicos especializados para a sua realização 31

.

Um problema técnico major em todas as técnicas broncoscópicas é a seleção

apropriada da amostra da árvore traqueobrônquica. Geralmente, a área selecionada baseia-se

na localização do infiltrado identificado na radiografia ou no segmento purulento visualizado.

Nos pacientes com um infiltrado difuso, ou quando as alterações radiográficas são mínimas,

torna-se mais difícil a seleção do local. Nestes casos, a amostra deve ser colhida onde as

alterações da árvore traqueobrônquica são mais evidentes. Em caso de dúvida, podemos

colher a amostra da porção posterior do lobo inferior direito (visto que algumas autópsias

revelaram que esta era a área mais frequentemente afetada na VAP) 33

.

O lavado broncoalveolar não broncoscópico (LAB-NB) parece ser mais adequado na

pediatria, dado apresentar um menor risco de hipoxia, hipercapnia ou alterações

hemodinâmicas, quando comparada com LAB-B. É menos dispendioso e não necessita de

técnicos especializados. No entanto, pode haver contaminação da orofaringe (falsos positivos)

ou ser erradamente considerado negativo nos casos de patologia unilateral31

.

O aspirado traqueal (AT) consiste na colheita de secreções obtidas por sucção através

do tubo endotraqueal. Pode ser realizada diversas vezes com segurança, utilizada em tubos

endotraqueais de pequeno calibre e apresenta um menor risco de compromisso das trocas

gasosas durante o procedimento 33

. Contudo, apresenta muitos falsos positivos dado o elevado

risco de contaminação pela flora do trato respiratório superior 31

.

O facto de não existir um gold standard que permita enquadrar as várias técnicas

diagnósticas, dificultou as tentativas de diversos estudos em comparar as sensibilidades e

especificidades de cada uma. Desta forma, para LBA-B, LBA-NB, PSB e AT, a sensibilidade

varia entre 11-90%, 16-63%, 24-81% e 31-69% e a especificidade oscila entre 43-100%, 76-

100%, 50-95% e 48-100%, respetivamente29

.

A avaliação qualitativa da cultura, não permite distinguir colonização de infeção,

sendo mais utilizada a cultura quantitativa. Atualmente, os cutoffs utilizados para PSB, LBA e

AT são: ≥103 CFU/ml, ≥10

4 CFU/ml e ≥10

6 CFU/ml respetivamente

5, 34.

As culturas quantitativas apresentam algumas limitações que devem ser tidas em

conta: os pacientes com VMI prolongada geralmente encontram-se colonizados com elevadas

concentrações de bactérias, podendo levar erradamente ao diagnóstico de VAP (falsos

positivos); os pacientes que estão a realizar antibiótico podem apresentar resultados falsos

negativos e um resultado inferior ao cutoff pode também representar infeção num estadio

inicial35

.

Os resultados culturais das amostras demoram algum tempo a ficar disponíveis, e a

necessidade de implementar um tratamento precoce, motivou a pesquisa de outras

alternativas.

Alguns autores investigaram o impacto das características citológicas das amostras

broncoalveolares obtidas para o diagnóstico de PAV. O número de células inflamatórias

presentes (> 2% de células inflamatórias apresenta uma sensibilidade de 75-86% e

especificidade de 78-98%) 4 e a coloração Gram foram alternativas consideradas. No que diz

respeito ao Gram existe alguma controvérsia acerca da sua utilidade e potencial para prever o

crescimento de bactérias em cultura. Existe uma elevada proporção (25-35%) de amostras que

não demonstraram inicialmente organismos, mas que acabam por crescer em cultura, podendo

condicionar subtratamento da PAV 36

. Desta forma é preciso ponderar bem a utilização da

coloração de Gram enquanto critério para protelar antibioterapia.

Foram investigados alguns biomarcadores presentes nas amostras broncoalveolares,

com o intuito de melhorar a precisão diagnóstica de PAV. As fibras de elastina (FE) são um

marcador de destruição do parênquima pulmonar e foram propostas como um método para

diferenciar a colonização de infeção do pulmão, quando se encontravam presentes nas

secreções broncoalveolares. Contudo, apesar de apresentar uma especificidade razoável de

72%, a sensibilidade ronda os 32%, dado que as FE estão mais correlacionadas com a

destruição pulmonar do que propriamente com a infeção. Gibot et al, demonstrou que a

identificação de Strem-1 (soluble triggering receptor expressed on myeloid cells) no LBA

permitia identificar a presença de bactérias ou fungos (cutoff de 200 pg/ml apresenta uma

sensibilidade de 75% e especificidade de 84% para o diagnóstico de pneumonia)4. Também

pode ser identificado nos condensados do ar exalado (EBC – exhaled breath condensate) em

concentrações inferiores às do LBA28

. A presença de concentrações de endotoxina superiores

a 6 EU/ml no LBA podem ser úteis para distinguir pacientes com pneumonia bacteriana por

gram negativos daqueles que se encontram apenas colonizados, ou então distinguir aqueles

com pneumonia por cocos Gram positivos 4.

Srinivasan et al, demonstrou que para um cutoff ≥ 2,8 ng/ml de PAI-1 (Plasminogen

Activation Inhibitor-1) no LBA (sensibilidade de 81% e especificidade de 77%) era capaz de

discriminar entre pacientes colonizados e aqueles com PAV diagnosticada clinicamente. No

entanto, relataram que os níveis de PAI-1 eram influenciados pelo método de colheita de

secreções, sendo melhor no LBA-B23

.

CONCLUSÃO

É difícil estimar a real taxa de incidência de PAV nas UCIP, dado que a maioria dos

estudos acerca do assunto não utiliza o mesmo conjunto de critérios para o seu diagnóstico.

Esta taxa é uma medida importante para avaliar a dimensão do problema nas UCIP, dado se

tratar de uma das IN mais frequentes neste contexto.

Não existe um verdadeiro gold standard para o diagnóstico de PAV, o que torna difícil

a análise comparativa das restantes técnicas disponíveis para o efeito. Além disso, muita da

bibliografia disponível sobre o assunto é composta por população adulta, sendo as conclusões

destas extrapoladas para a pediatria, e não se sabe até que ponto tais conclusões são válidas

para esta idade. Os poucos estudos que se debruçam sobre a pediatria, também carecem de um

tamanho amostral adequado para a formulação de resultados estatisticamente significativos.

Nas UCIP existem crianças de diversos estratos etários com diferentes características

fisiológicas e anatómicas, diferentes patologias de base e consequentemente diversas

abordagens disponíveis.

O recurso a novos biomarcadores afigura-se como uma eventual aposta futura para a

abordagem e orientação terapêutica, embora careçam ainda de suporte e validação científica

para estabelecer a sua utilidade clínica.

A importância de um diagnóstico atempado nestas populações, prende-se com a

possibilidade de prevenir o tratamento inadequado, evitar o sobretratamento e eventuais

resistências ou complicações que daí possam surgir.

São necessários mais estudos para aprofundar a viabilidade das estratégias preventivas

e diagnósticas da PAV na pediatria.

BIBLIOGRAFIA

1. NICHOLS DG, ROGERS MC. Rogers' textbook of pediatric intensive care. 4th ed.

Philadelphia: Wolters Kluwer/Lippincott Williams & Wilkins; 2008. xxxi, 1839 p. p.

2. BECERRA MR, TANTALEAN JA, SUAREZ VJ, ALVARADO MC, CANDELA JL,

URCIA FC. Epidemiologic surveillance of nosocomial infections in a Pediatric Intensive Care

Unit of a developing country. BMC pediatrics. 2010;10:66. Epub 2010/09/14.

3. BANERJEE SN, GROHSKOPF LA, SINKOWITZ-COCHRAN RL, JARVIS WR.

Incidence of pediatric and neonatal intensive care unit-acquired infections. Infection control

and hospital epidemiology : the official journal of the Society of Hospital Epidemiologists of

America. 2006;27(6):561-570. Epub 2006/06/07.

4. REA-NETO A, YOUSSEF NC, TUCHE F, et al. Diagnosis of ventilator-associated

pneumonia: a systematic review of the literature. Crit Care. 2008;12(2):R56. Epub

2008/04/23.

5. PREVENTION CFDCA. Ventilator Associated Pneumonia (VAP) event CDC.

2012:6-13.

6. FOGLIA E, MEIER MD, ELWARD A. Ventilator-associated pneumonia in neonatal

and pediatric intensive care unit patients. Clinical microbiology reviews. 2007;20(3):409-425,

table of contents. Epub 2007/07/17.

7. CASADO RJ, DE MELLO MJ, DE ARAGAO RC, DE ALBUQUERQUE MDE F,

CORREIA JB. Incidence and risk factors for health care-associated pneumonia in a pediatric

intensive care unit. Critical care medicine. 2011;39(8):1968-1973. Epub 2011/04/19.

8. National Nosocomial Infections Surveillance (NNIS) System Report, data summary

from January 1992 through June 2004, issued October 2004. Am J Infect Control.

2004;32(8):470-485. Epub 2004/12/02.

9. BABCOCK HM, ZACK JE, GARRISON T, TROVILLION E, KOLLEF MH,

FRASER VJ. Ventilator-associated pneumonia in a multi-hospital system: differences in

microbiology by location. Infection control and hospital epidemiology : the official journal of

the Society of Hospital Epidemiologists of America. 2003;24(11):853-858. Epub 2003/12/03.

10. SRINIVASAN R, ASSELIN J, GILDENGORIN G, WIENER-KRONISH J, FLORI

HR. A prospective study of ventilator-associated pneumonia in children. Pediatrics.

2009;123(4):1108-1115. Epub 2009/04/02.

11. DE MELLO MJ, DE ALBUQUERQUE MDE F, LACERDA HR, BARBOSA MT,

DE ALENCAR XIMENES RA. Risk factors for healthcare-associated infection in a pediatric

intensive care unit. Pediatric critical care medicine : a journal of the Society of Critical Care

Medicine and the World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care Societies.

2010;11(2):246-252. Epub 2009/10/02.

12. RUZA F. Noninvasive ventilation in pediatric acute respiratory failure: A challenge in

pediatric intensive care units. Pediatric critical care medicine : a journal of the Society of

Critical Care Medicine and the World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care

Societies. 2010;11(6):750-751.

13. HUANG J, CAO Y, LIAO C, WU L, GAO F. Effect of histamine-2-receptor

antagonists versus sucralfate on stress ulcer prophylaxis in mechanically ventilated patients: a

meta-analysis of 10 randomized controlled trials. Crit Care. 2010;14(5):R194. Epub

2010/11/03.

14. DA SILVA PS, NETO HM, DE AGUIAR VE, LOPES E, JR., DE CARVALHO WB.

Impact of sustained neuromuscular blockade on outcome of mechanically ventilated children.

Pediatrics international : official journal of the Japan Pediatric Society. 2010;52(3):438-443.

Epub 2010/03/06.

15. MAKHOUL IR, KASSIS I, BERANT M, HASHMAN N, REVACH M, SUJOV P.

Frequency of change of ventilator circuit in premature infants:Impact on ventilator-associated

pneumonia. Pediatric critical care medicine : a journal of the Society of Critical Care

Medicine and the World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care Societies.

2001;2(2):127-132.

16. STOCKWELL JA. Nosocomial infections in the pediatric intensive care unit:

affecting the impact on safety and outcome. Pediatric critical care medicine : a journal of the

Society of Critical Care Medicine and the World Federation of Pediatric Intensive and Critical

Care Societies. 2007;8(2 Suppl):S21-37. Epub 2007/05/15.

17. COFFIN SE, KLOMPAS M, CLASSEN D, et al. Strategies to prevent ventilator-

associated pneumonia in acute care hospitals. Infection control and hospital epidemiology :

the official journal of the Society of Hospital Epidemiologists of America. 2008;29 Suppl

1:S31-40. Epub 2008/10/09.

18. SAFDAR N, CRNICH CJ, MAKI DG. The pathogenesis of ventilator-associated

pneumonia: its relevance to developing effective strategies for prevention. Respiratory care.

2005;50(6):725-739; discussion 739-741. Epub 2005/05/26.

19. HAMILTON VA, GRAP MJ. The role of the endotracheal tube cuff in

microaspiration. Heart & lung : the journal of critical care. 2011. Epub 2012/01/03.

20. KOEMAN M, VAN DER VEN AJ, HAK E, et al. Oral decontamination with

chlorhexidine reduces the incidence of ventilator-associated pneumonia. American journal of

respiratory and critical care medicine. 2006;173(12):1348-1355. Epub 2006/04/11.

21. KLOMPAS M. Does this patient have ventilator-associated pneumonia? JAMA : the

journal of the American Medical Association. 2007;297(14):1583-1593. Epub 2007/04/12.

22. MORROW BM, ARGENT AC, JEENA PM, GREEN RJ. Guideline for the diagnosis,

prevention and treatment of paediatric ventilator-associated pneumonia. South African

medical journal = Suid-Afrikaanse tydskrif vir geneeskunde. 2009;99(4 Pt 2):255-267. Epub

2009/07/01.

23. SRINIVASAN R, SONG Y, WIENER-KRONISH J, FLORI HR. Plasminogen

activation inhibitor concentrations in bronchoalveolar lavage fluid distinguishes ventilator-

associated pneumonia from colonization in mechanically ventilated pediatric patients.

Pediatric critical care medicine : a journal of the Society of Critical Care Medicine and the

World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care Societies. 2011;12(1):21-27. Epub

2010/05/18.

24. EL-RADHI AS, BARRY W. Thermometry in paediatric practice. Archives of disease

in childhood. 2006;91(4):351-356. Epub 2006/03/23.

25. RUBIN BK. Designing clinical trials to evaluate mucus clearance therapy. Respiratory

care. 2007;52(10):1348-1358; discussion 1358-1361. Epub 2007/09/27.

26. ELPHICK HE, LANCASTER GA, SOLIS A, MAJUMDAR A, GUPTA R, SMYTH

RL. Validity and reliability of acoustic analysis of respiratory sounds in infants. Archives of

disease in childhood. 2004;89(11):1059-1063. Epub 2004/10/23.

27. DUFLO F, DEBON R, MONNERET G, BIENVENU J, CHASSARD D,

ALLAOUCHICHE B. Alveolar and serum procalcitonin: diagnostic and prognostic value in

ventilator-associated pneumonia. Anesthesiology. 2002;96(1):74-79. Epub 2001/12/26.

28. PALAZZO SJ, SIMPSON T, SCHNAPP L. Biomarkers for ventilator-associated

pneumonia: review of the literature. Heart & lung : the journal of critical care.

2011;40(4):293-298. Epub 2011/03/23.

29. VENKATACHALAM V, HENDLEY JO, WILLSON DF. The diagnostic dilemma of

ventilator-associated pneumonia in critically ill children. Pediatric critical care medicine : a

journal of the Society of Critical Care Medicine and the World Federation of Pediatric

Intensive and Critical Care Societies. 2011;12(3):286-296. Epub 2010/11/03.

30. SARTORI S, TOMBESI P. Emerging roles for transthoracic ultrasonography in

pulmonary diseases. World journal of radiology. 2010;2(6):203-214. Epub 2010/12/17.

31. HUSSAIN SM, ABUBAKER J, ALI M, et al. Comparison of quantitative

bronchoscopic lavage cultures (B-BAL) with blind NG tube lavage (N-BAL) cultures in the

diagnosis of ventilator associated pneumonia (VAP). Journal of the College of Physicians and

Surgeons--Pakistan : JCPSP. 2009;19(4):245-248. Epub 2009/04/10.

32. LEO A, GALINDO-GALINDO J, FOLCH E, et al. Comparison of bronchoscopic

bronchoalveolar lavage vs blind lavage with a modified nasogastric tube in the etiologic

diagnosis of ventilator-associated pneumonia. Medicina intensiva / Sociedad Espanola de

Medicina Intensiva y Unidades Coronarias. 2008;32(3):115-120. Epub 2008/04/03.

33. COMBES A, LUYT CE, TROUILLET JL, CHASTRE J. Controversies in ventilator-

associated pneumonia. Seminars in respiratory and critical care medicine. 2010;31(1):47-54.

Epub 2010/01/27.

34. CONTRERAS P, MILET B, CORIA P. [Evaluation of quantitative cultures of

endotracheal aspirates for pediatric ventilator-associated pneumonia diagnosis: analytic,

prospective study]. Revista chilena de infectologia : organo oficial de la Sociedad Chilena de

Infectologia. 2011;28(4):349-356. Epub 2011/11/05. Uso de cultivo cuantitativo de aspirado

endotraqueal para el diagnostico de neumonia asociada a ventilacion mecanica en pediatria:

estudio prospectivo, analitico.

35. NIEDERMAN MS. The argument against using quantitative cultures in clinical trials

and for the management of ventilator-associated pneumonia. Clinical infectious diseases : an

official publication of the Infectious Diseases Society of America. 2010;51 Suppl 1:S93-99.

Epub 2010/07/06.

36. ALBERT M, FRIEDRICH JO, ADHIKARI NK, DAY AG, VERDANT C,

HEYLAND DK. Utility of Gram stain in the clinical management of suspected ventilator-

associated pneumonia. Secondary analysis of a multicenter randomized trial. Journal of

critical care. 2008;23(1):74-81. Epub 2008/03/25.

APÊNDICES

TABELAS

Tabela I – Critérios clínicos e laboratoriais para o diagnóstico de PAV nas UCIP (Adaptado

de 5).

Sinais, Sintomas e Exames laboratoriais

Critérios alternativos, para lactentes

com ≤ 1 ano

Critérios alternativos, para crianças com

> 1 ano e ≤ 12 anos, pelo menos 3 dos

seguintes:

- Agravamento das trocas gasosas (ex.:

dessaturação de O2 ou oximetria de

pulso < 94%) aumento das necessidades

de oxigénio, ou aumento da demanda de

ventilação)

E, pelo menos três dos seguintes:

- Instabilidade de temperatura sem outra

causa conhecida

- Leucopenia (< 4000 WBC/mm3) ou

leucocitose (≥ 15000 WBC/mm3) e

formas imaturas (≥ 10% de leucócitos em

banda)

- Início de secreções purulentas ou

mudança nas características de secreções,

ou aumento das secreções respiratórias

ou aumento da necessidade de sucção.

- Sinais de dificuldade respiratória

(apneia, taquipneia, adejo nasal com

retração da parede torácica, ou gemido)

- Sibilos, crepitações ou roncos

- Tosse

- Bradicardia (< 100 bpm) ou taquicardia

(> 170 bpm)

- Febre (>38.4ºC) ou hipotermia (<36.5ºC)

sem outra causa conhecida

- Leucopenia (< 4000 WBC/mm3) ou

leucocitose (≥ 15000 WBC/mm3)

- Início de secreções purulentas ou

mudança nas suas características, ou

aumento das secreções respiratórias ou

aumento da necessidade de sucção.

- Crepitações ou sons respiratórios

brônquicos

- Agravamento da trocas gasosas (ex.:

dessaturação de O2 ou oximetria de pulso <

94%) aumento das necessidades de

oxigénio, ou aumento da demanda de

ventilação)

ANEXOS

Anexo I – Normas da revista “Acta Médica Portuguesa”, datadas de 25 de Outubro de 2011

1 www.actamedicaportuguesa.com

EdiçãoActa Med Port 2011

Normas de publicação acta médica portuguesa

25 de Outubro de 2011

Os artigos propostos não podem ter sido objecto de qualquer outro tipo de publicação. As opiniões expressas são da inteira res-ponsabilidade dos autores. Os artigos publicados ficarão propriedade conjunta da AMP e dos autores.A AMP reserva-se o direito de comercialização do artigo enquanto parte integrante da revista (na elaboração de separatas, por exemplo). O autor deverá enviar com a carta de submissão a declaração de cedência de direitos de autor para fins comerciais.Relativamente à utilização por terceiros a AMP rege-se pelos termos da licença Creative commons ‘Atribuição – Uso Não--Comercial – Proibição de Realização de Obras Derivadas (by-nc-nd)’.

A Acta Médica Portuguesa segue um rigoroso processo de revisão por pares (externos à revista). Os manuscritos recebidos serão enviados a peritos das diversas áreas, os quais deverão fazer os seus comentários, incluindo a sugestão de aceitação, aceitação condicionada a modificações ou rejeição. Estipula-se para esse processo o seguinte plano temporal:• Após a recepção do artigo, o Editor-Chefe, ou um dos Editores Associados, enviará o manuscrito a, no mínimo, dois revisores.• No prazo de um mês, o revisor deverá responder ao editor indicando os seus comentários relativos ao manuscrito sujeito a revisão, e a sua sugestão de quanto à aceitação ou rejeição do trabalho.• O Conselho Editorial tomará, num prazo de 15 dias, uma primeira decisão que poderá incluir a aceitação do artigo sem modificações, o envio dos comentários do(s) revisor(es) para que os Autores procedam de acordo com o indicado, ou a rejeição do artigo.• Os Autores dispõem de um mês para submeter a nova versão revista do manuscrito, contemplando as modificações recomendadas pelos peritos e pelo Conselho Editorial.• O Editor-Chefe ou um dos Editores Associados, dispõe de 15 dias para tomar a decisão de rejeitar o artigo na sua nova versão, aceitar o artigo na nova versão, ou submeter essa nova versão a um ou mais revisores externos, que poderão, ou não, coincidir com os que já fizeram a primeira revisão.• Caso o manuscrito seja reenviado para revisão externa, os peritos dispõem de um mês para o envio dos seus comentários e da sua sugestão quanto à aceitação ou recusa para publicação do manuscrito.Atendendo às sugestões dos revisores, o Editor Chefe poderá aceitar o artigo nesta nova versão, rejeitá-lo ou voltar a solicitar modificações. Neste último caso, os Autores dispõem de um mês para submeter uma versão revista, a qual poderá, caso o Editor Chefe assim o determine, voltar a passar por um processo de revisão por peritos externos.No caso da aceitação, em qualquer das fases anteriores, a mesma será comunicada ao Autor principal. Num prazo inferior a um mês, o Conselho Editorial enviará o artigo para revisão dos Autores já com a formatação final, mas sem a numeração definitiva. Os Autores dispõem de 5 dias para a revisão do texto e comunicação de quaisquer erros tipográficos. Nesta fase, os Autores não podem fazer qualquer modificação de fundo ao artigo, fora das correcções de erros. Não são permitidas, nomeadamente, alterações a dados de tabelas ou gráficos, alterações de texto, etc.Após a resposta dos Autores, ou na ausência de resposta, após o decurso dos 5 dias, o artigo considera-se concluído, e será dis-ponibilizado como [ahead of print] no site da Acta Médica Portuguesa.Quando recepcionarem a comunicação de aceitação, têm os autores que remeter de imediato, por correio o formulário de cedência de direitos que se encontra no site da AMP, devidamente preenchido e assinado por todos os autores.Na fase de revisão de provas tipográficas, alterações de fundo aos artigos não serão aceites e poderão implicar a sua rejeição posterior por decisão do Editor.

1. iNtrodução

2. processo editorial

2www.actamedicaportuguesa.com

Normas de publicação Acta Médica Portuguesa , Acta Med Port. 2011

A submissão de qualquer tipo de artigos à AMP deve ser feita exclusivamente por correio electrónico, seguindo com atenção as normas indicadas de seguida.Deverão ser enviados num único correio electrónico apenas os seguintes ficheiros, utilizando estas designações no nome do ficheiro:• Submissao• Texto_principal• Figura (tantos ficheiros quantas as figuras)No e-mail deverão os autores indicar caso não desejem ser incluídos na base de dados de revisores da AMP para futuros contactos.

Normas geraisa) submissãoO ficheiro «Submissao» tem que ser remetido através do preenchimento do formulário que se encontra disponível no site e que inclui o seguinte conteúdo:- Folha de título- lista de autores- check list

- Folha de títuloA Folha de Título deve indicar o tipo de artigo e a razão da submissão (a mais-valia resultante da respectiva publicação). O envio da folha de título implica a Declaração de Responsabilidade que certifica que o artigo não foi submetido a outra entidade e que todos os autores contribuíram de forma significativa para a sua elaboração. A Folha de Título confirma de forma inequívoca que todos os autores têm conhecimento da presente submissão e com ela concordam. A Folha de Título contém o título do artigo, o tipo de artigo (ver os tipos de artigo permitidos pela AMP e respectivas normas), identificação do autor que ficará responsável pelo contacto com a revista e prestação de informações aos co-autores; deverá igualmente indicar e referir o número de palavras do artigo, o número de palavras do resumo, o número de referências, de tabelas e de figuras. Estas informações, incluindo a autoria, não podem ser referidas em mais nenhum local do artigo.Título: o título do artigo (independentemente da sua tipologia) deve ser conciso e não deverá exceder os 120 caracteres. Não se aconselha a utilização de subtítulos. Deverá ser claramente identificativo do conteúdo do texto e não deverão utilizar-se títulos alegóricos ou metafóricos.Agradecimentos: os agradecimentos deverão ser colocados apenas na folha de título. Caso a pesquisa tenha usufruído de pa-trocínios externos, este facto deverá ser referido nos agradecimentos. Caso tenha sido recebido financiamento público, deverá indicar-se a referência completa do projecto financiado.Conflito de interesses: os autores deverão comunicar na folha de título a existência ou inexistência de laços financeiros/conflitos de interesse com a instituição que patrocinou a pesquisa. Caso não existam quaisquer conflitos, deverão incluir a seguinte afir-mação: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse.

-lista de autores Inclui o nome e filiação profissional de todos os autores. A normalização dos nomes é essencial para a indexação nas bases de dados, especialmente nas estrangeiras.Os autores deverão identificar-se sempre: com um nome (apenas um e apresentado em minúsculas), um segundo nome (opcional, mas apenas um e que deverá igualmente ser apresentado em minúsculas) e um apelido (que deverá ser escrito em maiúsculas).Exemplo: João A. COSTA ou João António COSTASe o autor quiser utilizar dois apelidos (não se aceitarão mais do que dois apelidos), deverá colocar os dois em maiúsculas.Exemplo: João A. COSTA SILVA ou João António COSTA SILVAO uso de partículas no apelido (de, da, e) não é aconselhado. No entanto, se algum autor desejar utilizá-las, deverá considerá-las como parte do apelido e escrevê-las em maiúsculas.Exemplo 1: João A. COSTA DA SILVA Exemplo 2: João DA COSTA

3. FicHeiros a submeter

3 www.actamedicaportuguesa.com

Normas de publicação Acta Médica Portuguesa , Acta Med Port. 2011

- check listDeve preencher sempre a check list e submeter o artigo apenas quando cumpra todos os requisitos constantes da mesma.

b) texto principalNum ficheiro, chamado ‘texto_principal’, que começa com o título do artigo (o mesmo título em português e em inglês), deverá ser enviado o resumo em português (máximo: 350 palavras), e a sua versão em inglês (tem que corresponder a uma tradução fidedigna do resumo em português), e o texto do artigo, sem figuras (que são enviadas à parte) mas incluindo, no final, as tabelas. A AMP não usa palavras-chave.

Referências bibliográficas: de acordo com as Normas para uniformização dos Manuscritos submetidos a Revistas Biomédicas do ICMJE, e seguindo o estilo da U.S. National Library of Medicine. As referências deverão numerar-se pela ordem de apare-cimento no texto, e devem ser colocadas no fim do ficheiro texto_principal pela mesma ordem da numeração. Não deverão ser incluídos na lista de referências quaisquer artigos ainda em preparação ou observações não publicadas, comunicações pessoais, etc., tais inclusões só são permitidas no corpo do artigo (ex: P. Andrade, comunicação pessoal).Legendas das figuras: Após as referências bibliográficas, ainda no ficheiro «texto_principal», envie uma legenda detalhada (sem abreviaturas) para cada figura, referencie a figura no texto e indique a sua localização aproximada no corpo do texto com o comentário “Inserir Figura nº 1… aqui”.Tabelas: É obrigatório o envio das tabelas a preto e branco no final do ficheiro «Texto_principal». As tabelas devem ser elaboradas e submetidas em documento word, em formato de tabela simples (simple grid), sem utilização de tabuladores, nem modificações tipográficas. Todas as tabelas devem ser mencionadas no texto do artigo e devem ser numeradas pela ordem que surgem no texto. Indique a sua localização aproximada no corpo do texto com o comentário “Inserir Tabela nº 1… aqui”. Neste caso os autores autorizam uma reorganização das tabelas caso seja necessário.Abreviaturas: não é permitido o uso de abreviaturas idealizadas pelos autores, limitando-se o seu uso às abreviaturas comum-mente aceites na literatura biomédica (SIDA, OMS, etc..) As abreviaturas utilizadas devem ser objecto de especificação anterior. Símbolos e unidades de medida: deverão utilizar-se as unidades incluídas no Sistema Internacional de Unidades (S.I.Units, the SI for Health Professions, WHO, 1977). Os números de um a dez devem ser escritos por extenso, excepto quando têm decimais ou se usam para unidades de medida. Números superiores a dez são escritas em algarismo, salvo no início de uma frase.

c) FigurasOs ficheiros «figura» podem ser tantos quantas imagens tiver o artigo. Cada um destes elementos deverá ser submetido em ficheiro separado, obrigatoriamente em versão electrónica, pronto para publicação. As figuras (fotografias, desenhos e gráficos) não são aceites em ficheiros word.As legendas têm que ser colocadas no ficheiro «texto_principal».Caso a figura esteja sujeita a direitos de autor, é responsabilidade dos autores do artigo adquirir esses direitos antes do envio do ficheiro à AMP.Só são aceites imagens de doentes quando necessárias para a compreensão do artigo. Se for usada uma figura em que o doente seja identificável deve ser obtida e remetida à AMP a devida autorização. • FotografiasDevem ter uma das seguintes extensões: tiff, jpeg, psd. O tamanho dos ficheiros terá de ser no mínimo de 300 dpi’s ao tamanho real da publicação (mínimo 80mm de largura – correspondente ao espaço de uma coluna).• Desenhos e gráficosOs desenhos e gráficos devem ser enviados com uma resolução mínima de 600 dpi. Estas figuras deverão ser enviadas prefe-rencialmente numa das seguintes extensões: AI (adobe ilustrator), EPS, CDR (Corel Draw). As fontes devem ser transformadas em curvas ou enviadas à parte.Permite-se o envio de desenhos e gráficos com extensão fotográfica (tiff, jpeg, psd). Neste tipo de ficheiro o tamanho terá de ser no mínimo 300 dpi ao tamanho real da publicação (largura mínima: 80 mm, correspondente a uma coluna), ou em PDF (de alta qualidade com as fontes embebidas ou convertidas em curvas).Os gráficos poderão ser enviados em ficheiros Excel (no tamanho mínimo 9).

4www.actamedicaportuguesa.com

4. tipos de artigo e reQuisitos

editorialArtigo elaborado pelo Conselho Editorial da revista ou a convite do mesmo, sobre tema específico; Deve conter 1200 – 1500 palavras e um máximo de 15 - 20 referências bibliográficas e só pode conter 1 tabela ou 1 figura. Um Autor que pretenda submeter para publicação um editorial não solicitado deve entrar em contacto previamente com o Editor-Chefe.

perspectivaArtigos elaborados a convite do Conselho Editorial que podem cobrir grande diversidade de temas com interesse nos cuidados de saúde, problemas actuais ou emergentes, gestão e política de saúde, história da medicina, ligação à sociedade, etc. Um Autor que deseje propor um artigo desta categoria deverá remeter previamente ao Editor-Chefe o respectivo resumo, indicação dos autores e título do artigo para análise.Deve conter no máximo 1200 palavras e um máximo de 10 referências bibliográficas e só pode conter 1 tabela ou 1 figura.

revisãoOs artigos de revisão são elaborados a convite do Conselho Editorial. Um Autor que deseje propor a publicação de uma revisão não solicitada deverá remeter previamente à AMP o respectivo resumo, indicação dos autores e título para análise.Os artigos de revisão seguem os mesmos processos editoriais e de peer-review que os artigos originais.Uma revisão não pode exceder as 3500 palavras e não tem limite do número de referências, com um máximo de 5 tabelas ou figuras (total).

originalArtigos originais não podem exceder as 4000 palavras, excluindo o resumo, um total máximo de 6 figuras ou tabelas, e até 60 referências.Deve ser sempre subdividido em 5 secções: introdução, material e métodos, resultados, discussão, e conclusão.A introdução deve conter uma revisão do estado da arte que ajude a compreensão do estudo. No final da introdução, deverão ser declarados com clareza os objectivos do estudo.Métodos: devem ser descritos de modo a que o leitor entenda como foi realizada a pesquisa. Em pesquisas com seres humanos, é necessário informar a existência de consentimento informado, e da submissão à Comissão de Ética para a investigação ou à Comissão de investigação da Instituição dos Autores.Resultados: devem ser apresentados de maneira coerente e estar ligados aos objectivos e métodos anteriormente descritos.Discussão: deve reiterar os principais resultados do trabalho, comentar aspectos negativos do mesmo, discutir e comparar a importância e implicações dos resultados e referir as limitações ao estudo encontradas pelos autores.Conclusão: o autor deve abster-se de deduções ou infe¬rências não baseadas nos resultados de seu estudo.

caso clínicoBreves relatórios que apresentam uma avaliação crítica de determinado percurso clínico nos quais se pretende realçar alguns elementos específicos como associações clínicas, relatórios de reacções adversas ou outras associações relevantes.Os casos clínicos não podem ter mais de 3 autores. O texto não pode exceder as 750 palavras, ter um máximo de 1 tabela ou 1 figura e até 5 referências. imagens em medicinaImagens de condições médicas. Estes artigos pretendem capturar a noção de potencial diagnóstico visual e de diversidade que os médicos experienciam na sua prática clínica.Só são aceites fotografias originais, de alta qualidade, sem prévia publicação. Devem ser enviados dois ficheiros: um com a qualidade exigida para a publicação de imagens e outra que serve apenas para referência em que o topo da fotografia deve vir indicado com uma seta.Deve incluir um título com um máximo de 8 palavras e um texto com um máximo de 150 palavras onde se dê informação clínica relevante, incluindo um breve resumo do historial do doente, dados laboratoriais relevantes, terapêutica, e condição actual. Não pode ter mais do que 3 autores e 5 referências.Para informação sobre o envio de imagens digitais consultar as «Normas técnicas para a submissão de figuras, quadros ou fotografias»

Normas de publicação Acta Médica Portuguesa , Acta Med Port. 2011

5 www.actamedicaportuguesa.com

guidelines / Normas de orientaçãoAs sociedades médicas ou os colégios das especialidades que desejem publicar na AMP recomendações de prática clínica, deverão contactar previamente o Conselho Editorial e submeter o texto completo e a versão para ser publicada. O Editor-Chefe poderá colocar como exigência a publicação exclusiva das recomendações na AMP.Poderá ser acordada a publicação de uma versão resumida na edição impressa cumulativamente a à publicação da versão com-pleta no site da AMP.

cartas ao editorApresentação de comentários críticos sobre artigos publicados na AMP. Neste caso a carta só é aceite se enviada ao Editor em tempo de ser publicada numa das duas edições seguintes à da publicação do artigo e não pode exceder as 200 palavras.Outros temas de investigação com interesse na área da medicina. Neste caso o texto não ultrapassará as 400 palavras.Em qualquer dos casos, a contagem de palavras exclui o título, bibliografia, assinatura dos autores, tabela ou figura.As cartas só poderão ter um máximo de 5 referências bibliográficas e uma tabela ou uma figura e só poderão ser assinadas por um máximo de 3 autores. Caso seja aplicável, as respostas dos autores devem ter as mesmas características.

errataApós a publicação dos artigos (seja online, seja na versão impressa), apenas se efectuam alterações sob a forma de Errata, que incluirá indicação do URL do artigo.

Todos os tipos de artigo devem ser preparados de acordo com as normas internacionais do ICMJE. Artigos que não cumpram as normas editoriais serão recusados liminarmente pela redacção e não serão enviados para análise dos revisores.

Normas de publicação Acta Médica Portuguesa , Acta Med Port. 2011