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Plano de Aula de Filosofia para o Ensino Mdio
Tema: Histria da Filosofia Instrumento de Pesquisa
1. Sensibilizao e Investigao textual
Primeiramente, sero apresentados os excertos dos textos sem apresentar os
autores. Depois de os alunos lerem e notarem as diferenas, o professor anuncia que
esses textos apresentam caractersticas diferentes, pois so de pocas diferentes e,
assim, comea a aula.
(...) De fato, os homens comearam a filosofar, agora como na origem, por causa da
admirao, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades
mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar
problemas sempre maiores, por exemplo, os problemas relativos aos fenmenos da lua
e aos do sol e dos astros, ou os problemas relativos gerao de todo o universo. Ora,
quem experimenta uma sensao de dvida e de admirao reconhece que no sabe;
e por isso que tambm aquele que ama o mito , de certo modo, filsofo: o mito, com
efeito, constitudo por um conjunto de coisas admirveis. De modo que, se os
homens filosofaram para libertar-se da ignorncia, evidente que buscavam o
conhecimento unicamente em vista do saber e no por alguma utilidade prtica. E o
modo como as coisas se desenvolveram o demonstra: quando j se possua
praticamente tudo o de que se necessitava para a vida e tambm para o conforto e
para o bem-estar, ento se comeou a buscar essa forma de conhecimento.
evidente, portanto, que no a buscamos por nenhuma vantagem que lhe seja estranha;
e, mais ainda, evidente que, como chamamos livre o homem que fim para si
mesmo e no est submetido a outros, assim s esta cincia, dentre todas as outras,
chamada livre, pois s ela fim para si mesma. (Metafsica, A 2, 982 B 11-28)
Grande s, Senhor e infinitamente digno de ser louvado; grande teu poder e
incomensurvel tua sabedoria. E pretende louvar-te o homem, pequena parte de tua
criao, e precisamente o homem que, revestido de sua mortalidade, leva consigo o
testemunho do pecado e o testemunho de que resistes aos soberbos? Contudo, o
homem, pequena parte de tua criao, deseja louvar-te. Tu mesmo o excitas a isso,
fazendo com que se deleite em te louvar, porque nos fizeste para ti e nosso corao
est inquieto enquanto no encontrar em ti descanso. (Conf. 1.1.1)
Agora, pois, que meu esprito est livre e todos os cuidados, e que consegui um
repouso assegurado numa pacfica solido, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade
em destruir em geral todas as minhas antigas opinies. Pra, no ser necessrio, para
alcanar esse desgnio, provar que todas elas so falsas, o que talvez nunca levasse a
cabo; mas, uma vez que a razo j me persuade de que no devo menos
cuidadosamente impedir-me de dar crdito s coisas que no so inteiramente certas e
indubitveis, do que s que nos parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo
de dvida que eu nelas encontrar bastar para me levar a rejeitar todas. E, para isso,
no necessrio que examine cada uma em particular, o que seria um trabalho infinito;
mas, visto que a runa dos alicerces carrega necessariamente consigo todo o resto do
edifcio, dedicar-me-ei inicialmente aos princpios sobre os quais todas as minhas
antigas opinies estavam apoiadas (DESCARTES, 1973, p.93)
Que significa o macaco para o homem? Uma mofa ou uma dolorosa vergonha. Pois
o mesmo que deve ser o homem para o super-homem: uma zombaria ou uma dolorosa
vergonha.
Esquadrinharam o caminho que separa o verme do homem, e ainda resta em vocs
muito do verme. Foram em outra poca macaco, e hoje o homem mais macaco ainda
que todos os macacos.
Mesmo o mais erudito de vocs nada mais do que uma mistura hbrida de planta e de
fantasma. Acaso lhes disse eu que se tornem planta ou fantasma?
Eu lhes anuncio o super-homem!
O super-homem o bom-senso da terra. Digam as suas vontades: seja o super-
homem a razo da terra.
Suplico-lhes, meus irmos, a permanecer fiis terra e a no dar crdito queles que
lhes falam de anseios supraterrestres.
So pervertedores, quer o saibam ou no.
So depreciadores da vida, moribundos que, por sua vez, esto envenenados, seres
dos quais a terra se encontra entediada; vo-se por uma vez para sempre!
Em outras eras, blasfemar contra Deus era a maior dos absurdos; porm Deus morreu,
e morreram com ele tais blasfmias. Agora, o que causa mais espanto blasfemar da
terra, e ter em mira as entranhas do impenetrvel e no a razo da terra.
(NIETZSCHE, 2002, p. 9 e 10)
2. Conceituao
Como apontado por Chau em Filosofia srie Brasil (2008), a Filosofia est na
histria e tem uma histria. Isso porque a Filosofia exprime as principais questes que
intrigam os homens de uma determinada poca e oferece possibilidades de resposta
para elas. Ao mesmo tempo, essas questes e respostas servem de referncia aos
filsofos de uma poca posterior, que as utilizam em suas prprias questes e
respostas, tanto as apoiando quanto as refutando. Por esses motivos, a Filosofia
separada em perodos na histria, a saber, Filosofia Antiga, Filosofia Medieval,
Filosofia Moderna e Filosofia Contempornea.
Considera-se que a Filosofia Antiga comea no sculo VI a.C. e vai at o
sculo VII d.C. Ela divide-se em quatro grandes perodos:
Perodo pr-socrtico (sc. VII a.C. sc. V a.C.): no qual o principal
problema de filosofia sobre a origem do mundo e as causas das
transformaes da natureza.
Perodo socrtico (sc. V a.C. sc. IV a.C.): nesse perodo, a
filosofia estava preocupada em investigar as questes humanas, como
tica, poltica e tcnicas, e o lugar do homem no mundo.
Perodo sistemtico (sc. IV a.C. sc. III a.C.): no qual a principal
preocupao foi sistematizar o conhecimento adquirido nos dois
perodos anteriores. Foi nesse perodo que a teoria do conhecimento, a
psicologia, a lgica e a metafsica foram desenvolvidas.
Perodo helenstico (sc. III a.C. sc. VII d.C.): os principais
problemas da filosofia nesse perodo so: tica, conhecimento humano,
relaes entre o homem e a natureza e de ambos com Deus.
A Filosofia Medieval compreende o perodo entre os sculos VIII e XIV. Nesse
perodo a filosofia no est restrita apenas Grcia, havendo pensadores europeus,
rabes e judeus. Devido grande influncia da Igreja Catlica, nesse perodo surgiu a
filosofia crist que tambm chamada de teologia. As principais questes foram: a
diferena e separao entre infinito (Deus) e finito (homem), a diferena entre razo e
f e a diferena e separao entre corpo e alma.
A Filosofia Moderna se estendeu do sc. XV at o sc. XVIII. Nessa poca
houve grande preocupao em se superar o ceticismo que surgiu com o
descobrimento de novas civilizaes. Nesse sentido surgiu o racionalismo
concepo de que as coisas exteriores s so conhecidas se o sujeito as representa
intelectualmente e o mecanicismo concepo que o mundo era composto apenas
de matria e movimento.
J na Filosofia Contempornea, que compreende o momento do sc. XIX at
os dias atuais, a questo sobre o que a preocupa parece ser um pouco mais
complicada, mas isso porque estamos vendo as diferentes correntes surgindo na
nossa frente. Porm, podemos afirmar que tanto a Revoluo Francesa quanto a
Revoluo Industrial exerceram grande influncia no pensamento atual.
3. Problematizao
Qual o perodo de cada um dos textos apresentados no comeo da aula?
4. Avaliao
1. Em que sentido podemos dizer que a filosofia est na histria? E em que
sentido podemos dizer que ela tem uma histria?
2. Por que a histria da filosofia no pode ser feita sem considerarmos a histria
em geral?
3. Escolha um filsofo de um dos quatro perodos e monte uma biografia dele.
a) Scrates
b) Plato
c) Aristteles
d) Santo Agostinho
e) So Toms de Aquino
f) Descartes
g) Hume
h) Hegel
i) Nietzsche
j) Marx
k) Kant
5. Bibliografia
CHAU, Marilena. Filosofia srie Brasil. So Paulo: Editora tica, 2008.
ARISTTELES. Metafsica. So Paulo: Edies Loyola, 2005.
AGOSTINHO, (Santo). As confisses. Trad. Frederico Ozanam Pessoa de
Barros. Rio de Janeiro: Ediouro [s.d.].
DESCARTES, Ren. Meditaes. So Paulo: Abril Cultural (Col. Os
Pensadores), 1973.
NIETZSCHE, F. Assim falava Zaratustra. Trad. Eduardo Nunes Fonseca. [s.l.]:
Hemus, 2002.