aula - tema: África - ensino médio

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curso de Especialização - Latu sensu - Unesp - Docência em Geografia

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03 03 Faixa 3.wma

Módulo 03Disciplina 06

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Para compreendermos a cultura material das sociedades africanas, a primeira questão que se impõe é a imagem que até hoje perdura da África, como se até sua “descoberta”, fosse esse continente perdido na obscuridade dos primórdios da civilização, em plena barbárie, numa luta entre Homem e Natureza

De acordo com as ciências do século XIX, inspiradas no evolucionismo biológico de Charles Darwin, povos como os africanos estariam num estágio cultural e histórico correspondente aos ancestrais da humanidade.

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A degeneração da imagem das sociedades africanas, de suas ciências, e de seus produtos é resultado do projeto do Capitalismo, que difundiu a idéia de que o continente africano é tórrido e cheio de tribos perdidas na História e na Civilização. É resultado também do etnocentrismo das ciências européias

Etnocentrismo: é uma visão de mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos modelos e valore, nossas definições do que é a existência.No plano intelectual , pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença;no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.

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RelativizarRelativizar: Contraposição ao etnocentrismo. Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição.

Quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta mas no contexto em que acontece: estamos relativizando.

Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando .

Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado.

Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença.

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Descrição européia – século XIV - dos povos africanos: “... todas as descrições da época mostram os habitantes do interior do continente africano como sendo parecidos com animais selvagens, tais como os cinocéfalos, e acéfalos, com olhos no peito, que se alimentam de gafanhotos e cobras, partilham as mesmas esposas e se comunicam através de gritos agudos como morcegos”.

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“... amaldiçoado seja Canaã: dos seus irmãos será o mais vil dos escravos” (Gn 9, 18-27)... e já que você me desrespeitou...fazendo coisas feias na negrura da noite, os filhos de Canaã nascerão feios e negros! Ademais, porque você torceu a cabeça para ver minha nudez, o cabelo de seus netos serão enrolados em carapinhas, e seus olhos vermelhos; outra vez, por que seus lábios ridicularizaram a minha má fortuna, os dele incharão; e porque você descuidou da minha nudez, eles andarão nus, e seus membros masculinos serão vergonhosamente alongados! Os homens dessa raça serão chamados negros, seu ancestral Canaã os mandou amar o roubo e a fornicação e se juntar em bandos para odiar os seus senhores e nunca dizer a verdade “.

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A partir das colonizações(séculos XV) , foi implementada na África por outros países europeus uma forma de ocupação muito semelhante à forma portuguesa de dominação no continente africano - colônias fundamentadas no comércio agrícola e na mão-de-obra escrava.

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Nos séculos XVI e XVII, outros países europeus,como a França, Holanda e a Inglaterra interessaram-se pela conquista do território africano e organizaram companhias de comércio.Lá fundaram feitorias, exploraram os recursos naturais e a população nativa.

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Classificação racial publicada por François Bernier: 1625 – 1688

A sua obra Nouvelle division de la terre par les différentes espèces ou races qui l'habitent, publicada em 1684, é considerada a primeira classificação moderna das distintas raças humanas

“... nota-se que os negros vêm depois dos índios, e imediatamente depois deles vêm os orangotangos.”

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Contexto Histórico: 2. Segunda Revolução

Industrial3. Imperialismo

europeu4. Neocolonialismo

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Na segunda metade do século XIX, foi iniciada a partilha do continente africano, culminando com a Conferência de Berlim, 1884, que teve a participação de 15 países europeus, dos Estados Unidos e da Turquia.Apesar de esses países decidirem sobre o futuro do continente africano – eles não consideraram a população que já o habitava, com suas marcas culturais e identidade étnica. O primeiro interesse dos europeus foi justamente fragmentar cultural e territorialmente o continente africano. Dessa forma, poderiam controlar com mais facilidade as colônias.

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Durante todo o século XIX e até as décadas de 1960 e 1970, os conflitos tornaram-se maiores em razão do processo de independência e descolonização da África setentrional e meridional.

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Esse processo de descolonização se deu de forma violenta. Além de enfrentar problemas internos referentes aos conflitos étnicos ou políticos, os países tiveram de encarar problemas de ordem econômica. Para se reconstruírem, os países solicitaram empréstimos do fundo Monetário Internacional – FMI. No decorrer das últimas décadas do século XX, a dívida externa e a imposição da cartilha do FMI desafiaram o poder econômico dos Estados

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Hoje, a África padece de uma combinação de fatores, como pobreza urbana, crise da agricultura de subsistência, problemas de legitimidade política dos governos, violência em função das guerras civis, dos movimentos migratórios e de refugiados. Esse conjunto é responsável pela deterioração das condições de vida da população africana, gerando fome e epidemias da Aids e do cólera .A situação econômica somada aos problemas sociais, como falta de saneamento básico e tratamento de água, faz com que os países africanos tenham um alto índice de mortalidade infantil e uma expectativa de vida baixa.

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O fato de não terem escritos sua história anteriormente, não quer dizer que os africanos, bem como os povos autóctones das Américas e da Oceania, não tinham história, muito menos que não tinham escrita. Objetos de arte considerados apenas decorativos estão plenos de mensagens codificadas por signos e símbolos que podem ser “traduzidos”, ou interpretados verbalmente, como é o caso de muitos objetos proverbiais.

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Matéria prima:madeira País: Gana São estatuetas de madeira que se

caracterizam pelas formas da cabeça e corpo, representando o ideal de beleza para os povos de Gana. Têm dupla finalidade, sendo usada de um lado, por mulheres grávidas que desejam ter filhos “inteligentes e bem constituídos”,e, de outro lado, sendo usadas como brinquedo pelas meninas, tornando-se um objeto pedagógico, preparando-as para suas finalidades biológicas e sociais(ser mulher e mãe).Esta relação mulher/terra/fertilidade e mulher/fertilidade expressada por este objeto é também comum as outras culturas africanas

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Matéria prima: madeira País: Nigéria Ibeji é uma palavra da língua dos

Yoruba e significa “gêmeos”. Na Nigéria e no Benin, acredita-se que estatuetas como estas substituem uma criança que morreu, no caso de irmãs ou irmãos gêmeos. Os ibeji são tratados como crianças vivas, numa espécie de culto familiar, em troca de proteção, já que são dotados de poderes extraordinários: acredita-se que os gêmeos têm uma força múltipla, como se houvesse nascido uma criança em dois ou mais corpos físicos diferentes. No Brasil, os ibeji também são cultuados nos candomblés. Em outros cultos afro-brasileiros, como na umbanda, os gêmeos correspondem, por sincretismo religioso , a Cosme e Damião, santos da Igreja Católica.

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Matéria prima: madeira País: Mali Nesta porta vê-se representado o

sistema de organização social dos Dogon. Trata-se de uma sociedade tipicamente agrária, apesar de habitarem falésias, em lugar desfavorável para plantio. O celeiro, onde se conserva produtos da colheita, é um elemento da arquitetura muito importante na vida dessa sociedade, tendo além do valor social, um valor simbólico associado à fertilidade da terra e à fecundidade dos homens. A tartaruga que figura na tramela desta porta simboliza os mais anciãos (o que detêm a sabedoria) e a longevidade.

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Matéria prima: bronze País: Costa do Marfim Esta é uma insígnia que serve

para exaltar a supremacia da autoridade. Ela é uma forma materializada que constitui meio pelo qual o poder marca a sua grandeza e a sua superioridade sobre os mortais. Graças a ela e a outras insígnias os chefes parecem ter um ar majestoso, principalmente durante certos rituais, a que eles presidem. Geralmente este objeto representativo de poder é herança dos antepassados e possui caráter sagrado.

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Materia prima: bronze País: Nigéria Esta é a representação

de um “casal humano” em bronze, chamada edan, onde as figuras são ligadas por uma corrente ou possuem um anel na testa onde se coloca uma pena de pássaro. Os edan são usados como insígnia por membros da associação de caráter político-religioso.

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Matéria-prima: Madeira e tecido País: Costa do Marfim Estas mascaras caracterizam-se

formalmente por contornos simbolizando partes de um pássaro chamado Calau, que, na cosmogonia dos Senufos, consta como um dos primeiros animais da terra. O pássaro Calau está relacionado com ritos de iniciação, aparecendo também sob a forma de escultura zoomorfa, em que se destaca um longo bico “fecundador”, sendo o ventre inflado associado ao de uma gestante.

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Matéria-prima:ferro, argila, cera, bronze.

País: Nigéria Etapas do processo

de fundição do bronze , ou de outras ligas metálicas.

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Matéria-prima: madeira País: Costa do Marfim A mascara zamble é de tipo facial,

complementada por vestes de fibras vegetais, pele animal e tecido, isto é, constituída por elementos da natureza e de outros confeccionados pelos homens, como o tecido, além da própria mascara. Zamble também é o nome de um ser meio humano e meio animal (veloz como uma pantera, inteligente como o homem e elegante como um antílope”) , que apareceu para um caçador. Deslumbrado com a sua graça, o caçador entalhou uma máscara em sua homenagem, usada em uma dança que imita o seu jeito de andar e pular. Essa máscára era usada em funerais de homens sábios, tendo sido registrada na atualidade em festas populares.

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MAE – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – USP.

Fotos: www.google.com.br E.mail:[email protected]

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