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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Edson Rodrigues PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR AEROESPACIAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP Taubaté – SP 2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Edson Rodrigues

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR AEROESPACIAL DE SÃO

JOSÉ DOS CAMPOS - SP

Taubaté – SP

2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Edson Rodrigues

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR AEROESPACIAL DE SÃO

JOSÉ DOS CAMPOS - SP

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. Área de concentração: Planejamento e Desenvolvimento Regional. Orientador: Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo.

Taubaté – SP

2008

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EDSON RODRIGUES PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR

AEROESPACIAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. Área de concentração: Planejamento e Desenvolvimento Regional. Orientador: Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo.

Data: __________________

Resultado: ______________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Francisco Cristóvão L. de Melo Universidade de Taubaté

Assinatura __________________________________

Prof. Dr. Francisco Piorino Neto Instituto de Aeronáutica e Espaço

Assinatura __________________________________

Profa. Dra. Isabel Cristina dos Santos Universidade de Taubaté

Assinatura __________________________________

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Dedicado a Celina, amiga, companheira e esposa, pelos filhos que me deu e pelo

seu incentivo perseverante na busca de uma vida alegre e feliz a dois.

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AGRADECIMENTOS

A todos os professores que durante suas aulas indicaram os melhores caminhos

para possibilitar a ampliação do conhecimento adquirido.

Ao Professor Doutor Francisco Cristóvão Lourenço de Melo pelo conhecimento

oferecido, permitindo que a pesquisa tivesse o direcionamento adequado. Obrigado

pelo seu precioso tempo.

Para a Professora Doutora Isabel Cristina dos Santos por seu incentivo pessoal e

especial contribuição à qualidade deste trabalho.

Ao Doutor Francisco Piorini Neto pela disposição em contribuir ao conteúdo deste

trabalho.

A todos os executivos que participaram da pesquisa e contribuiram com informações

relevantes para a elaboração deste trabalho.

Para a minha esposa e para os meus filhos pela compreensão durante a minha

ausência na realização deste estudo.

Aos meus colegas de turma pelo gratificante relacionamento que mantivemos e pela

troca de conhecimentos tão valiosos.

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Mantenha sempre suas forças concentradas e na melhor forma possível. Essa é a idéia principal. Antecipe-se a todos o quanto mais puder.

Karl von Clauzewitz

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RESUMO

A utilização de ferramentas de gestão em um mercado altamente mutável é um fator

decisivo para a sobrevivência das empresas, especialmente das de pequeno porte.

O ambiente econômico dinâmico conduz as empresas a adotarem as estratégias

adequadas para preservarem as vantagens competitivas existentes e criarem novos

diferenciais para os seus negócios. As estratégicas que visam ampliar os resultados

da empresa são aquelas que exploram as competências internas para conquistar as

melhores oportunidades que o mercado apresenta. O planejamento estratégico

sistematiza a formulação de ações apropriadas, almejando mitigar os riscos e obter

melhores resultados. Este trabalho procura verificar se as empresas de pequeno

porte do setor aeroespacial de São José dos Campos – SP administraram seus

negócios, no ano de 2006, fundamentados em um planejamento estratégico

sistematizado. A pesquisa descreve o perfil das empresas, seus produtos ou

serviços e identifica as formas de preparação para o atendimento ao mercado. O

estudo apura as principais práticas de gestão adotadas, os indicadores utilizados

para mensurar o desempenho das empresas e descreve os resultados obtidos com

as práticas adotadas. Verifica se as empresas têm orientação para o suprir as

grandes empresas do setor e estão focadas nas questões operacionais ou estão

voltadas para o atendimento do mercado como um todo. Este estudo propõe, ainda,

identificar se as empresas possuem capacidades relevantes com possibilidades de

criação de novos produtos para outros setores industriais.

Palavras-chave: Planejamento estratégico. Plano de negócios. Pequena empresa.

Setor aeroespacial.

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ABSTRACT

The use of administration tools in a highly changeable market is a decisive factor for

the companies’ survival, especially of the small size companies. The dynamic

economical atmosphere leads the companies to adopt the appropriate strategies for

preserve their competitive advantages and create new business differential. The

strategic that seek to enlarge the company results are those which explore the

internal competences to conquer the best opportunities that the market presents. The

strategic planning systematizes the appropriate actions formulation, longing for to

mitigate the risks and to obtain better results. This work tries to verify if the small size

companies of Sao Jose dos Campos - SP aerospace area managed their businesses

based in a systematized strategic planning in the year of 2006. The research

describes the companies profile, their products or services and identifies the

preparation forms to the market attendance. This study find out the main practices

administration adopted, the key performance indicators used for measure the

companies acting and describes the results obtained with the adopted practices. This

work verifies if the companies have orientation for supplying the great companies of

the area and if they are focused in the operational subjects, or the companies are

managed their activities to the marketing attendance. This study proposes, yet, to

identify if the companies capacities with potentials of new products creation for other

industrial areas.

Key words: Strategic planning. Business plan. Small companies. Aerospace

industry.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Área de atuação ..................................................................................................... 82 Tabela 2 Produtos e serviços oferecidos............................................................................... 86 Tabela 3 Atividades para atender a demanda....................................................................... 88 Tabela 4 Planejamento nas empresas .................................................................................. 90 Tabela 5 Razões para não fazerem planejamento estratégico ............................................. 99 Tabela 6 Indicadores de desempenho ................................................................................ 101 Tabela 7 Alterações na infra-estrutura (2006 / 2005) .......................................................... 102 Tabela 8 Principais resultados financeiros .......................................................................... 104 Tabela 9 Principais resultados de mercado......................................................................... 105 Tabela 10 Principais resultados em processos ................................................................... 105 Tabela 11 Principais resultados em recursos humanos ...................................................... 106 Tabela 12 Interesses no método de planejamento estratégico ........................................... 108

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Processo do planejamento estratégico e de implementação e controle ................. 32 Figura 2 Matriz de ameaças .................................................................................................. 39 Figura 3 Matriz de oportunidades .......................................................................................... 40 Figura 4 Matriz SWOT........................................................................................................... 55 Figura 5 Relação entre as variáveis ...................................................................................... 56 Figura 6 Forças que dirigem a concorrência na indústria...................................................... 57 Figura 7 Matriz BCG.............................................................................................................. 60 Figura 8 Matriz de atratividade de mercado e posição competitiva....................................... 63 Figura 9 Matriz de atratividade do mercado / Posição do negócio........................................ 65 Figura 10 Matriz de estratégicas genéricas........................................................................... 67 Figura 11 Desdobramento das estratégias............................................................................ 72 Figura 12 Quantidade de profissionais nas empresas .......................................................... 84

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................12

1.1 O PROBLEMA...............................................................................................14 1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................15 1.2.1 Objetivo geral ...........................................................................................15 1.2.2 Objetivos específicos...............................................................................16 1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO........................................................................16 1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO .........................................................................17 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................18 2 REVISÃO DA LITERATURA ...........................................................................20

2.1 ORIGENS DA INDÚSTRIA AEROESPACIAL ...............................................20 2.1.1 Formação da base aeronáutica...............................................................23 2.2 MORTALIDADE DAS EMPRESAS NO ESTADO DE SÃO PAULO..............26 2.3 ORIGENS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .......................................27 2.4 A PREPARAÇÃO PARA UM PLANO ESTRATÉGICO .................................30 2.5 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO................................32 2.6 ANÁLISES DO AMBIENTE EXTERNO.........................................................34 2.7 ANÁLISES INTERNAS..................................................................................41 2.7.1 Função mercadológica ............................................................................43 2.7.2 Função financeira e administrativa.........................................................45 2.7.3 Função produtiva .....................................................................................46 2.7.4 Função dos recursos humanos ..............................................................47 2.7.5 Ponderação dos pontos fortes e fracos .................................................47 2.8 DIRECIONADORES ESTRATÉGICOS.........................................................49 2.9 FORMULAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS...........................................................52 2.9.1 Análise SWOT...........................................................................................54 2.9.2 Forças competitivas.................................................................................56 2.9.3 Análise da carteira de negócios..............................................................58 2.9.4 Modelo de avaliação da atratividade de mercado .................................62 2.9.5 Estratégias competitivas genéricas........................................................66 2.9.6 Viabilidade da estratégia estabelecida ...................................................69 2.9.7 Desdobramento das estratégias .............................................................72 2.9.8 Controle e revisão ....................................................................................73 3 MÉTODO..........................................................................................................75

3.1 NATUREZA DA PESQUISA..........................................................................75 3.2 SUJEITOS DA PESQUISA............................................................................75 3.3 INSTRUMENTO DE COLETA.......................................................................76 3.4 ESTUDOS DESCRITIVOS............................................................................76 3.5 ESTUDOS DE CASO....................................................................................77 3.6 UNIVERSO PESQUISADO...........................................................................78 3.7 SELEÇÃO DAS EMPRESAS ........................................................................78 3.8 COLETA DE DADOS ....................................................................................80

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.....................................................................81

4.1 PERFIL DAS EMPRESAS.............................................................................81 4.1.1 Tempo de existência ................................................................................81 4.1.2 Área de atuação........................................................................................82 4.1.3 Tipo de empresa.......................................................................................84 4.1.4 Quantidade de profissionais ...................................................................84 4.1.5 Porte da empresa .....................................................................................85 4.2 PRODUTOS E SERVIÇOS OFERECIDOS...................................................85 4.3 PREPARAÇÃO PARA ATENDER AO MERCADO .......................................88 4.4 PLANEJAMENTO NAS EMPRESAS ............................................................90 4.5 EMPRESAS COM PLANEJAMENTO ESTRUTURADO ...............................91 4.5.1 Empresa 1 .................................................................................................92 4.5.2 Empresa 2 .................................................................................................95 4.6 EMPRESAS SEM PLANEJAMENTO ESTRUTURADO................................98 4.6.1 Por que não fazem o planejamento estratégico ....................................98 4.6.2 Avaliação dos resultados do negócio ..................................................100 4.6.3 Alterações na infra-estrutura ................................................................102 4.6.4 Principais resultados alcançados.........................................................103 4.6.5 Interesses no método de planejamento estratégico ...........................107 5 CONCLUSÃO ................................................................................................109

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..........................................111 REFERÊNCIAS.................................................................................................113

APÊNDICE A – FORMULÁRIO ........................................................................116

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1 INTRODUÇÃO

A dinâmica do mercado atual sugere que as empresas tenham um

planejamento estratégico visando reagir às condições que o ambiente apresenta. É

de conhecimento comum que as grandes empresas normalmente têm aplicado um

modelo de gestão que lhes permita ajustar as suas competências às variantes de

mercado. Porém, as pequenas empresas nem sempre utilizam ferramentas

avançadas de gestão empresarial, seja pela falta de pessoal especializado, seja pela

orientação do negócio a poucos clientes ou outros fatores, como desconhecimento

das ferramentas disponíveis.

O planejamento estratégico orientado para o mercado é o processo de gestão

para desenvolver e manter o alinhamento entre os objetivos, conhecimento e os

recursos da empresa, visando aproveitar as oportunidades em um mercado

altamente mutável. Tem como objetivo ajustar e reajustar os negócios, produtos e

serviços da empresa, visando o crescimento e resultados almejados.

As empresas, atualmente, competem em seus setores de atuação com

estratégias explícitas ou com atividades implícitas. Suas estratégias podem tanto

explicitar um processo estruturado e sistemático de planejamento, como ter uma

evolução implícita a partir das ações dos diversos departamentos funcionais da

empresa. Cada departamento funcional, por meio dos seus próprios recursos,

buscará métodos ditados pela orientação do profissional que o comanda e pelos

incentivos recebidos. No entanto, a somatória desses métodos dificilmente

direcionará para as melhores estratégias (PORTER, 2004), caso não sejam

encaminhadas a um objetivo comum, mensuradas e acompanhadas.

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Com um planejamento estruturado ou ações empíricas, pode-se dizer que a

gestão das empresas pratica estratégias para obter vantagens sobre seus

competidores e identificar as oportunidades que o ambiente econômico apresenta,

para explorar suas competências-chave. Os dirigentes têm diante de si a

necessidade de adaptar suas empresas às novas alterações de cenário impostas

pelo mercado, revendo e reformulando suas estratégias para adquirir flexibilidade,

ampliar suas chances de respostas e obter sucesso.

Não havendo um alinhamento às estratégias que norteiam a empresa como

um todo, poderão aparecer desdobramentos que encaminharão a empresa para

rumos diversos. Se cada departamento funcional desenvolver uma estratégia que

não leve ao objetivo imperativo da empresa, o resultado geral obtido não será eficaz

para a perpetuidade do negócio.

O planejamento das grandes indústrias prevê a contratação de fornecedores

de produtos e serviços para atender suas necessidades de produção e, entre eles,

existem inúmeras pequenas empresas.

São José dos Campos – SP é um município com vocação para a área

aeroespacial. Neste município se encontram grandes organizações dessa área, com

penetração internacional, e necessitam da contratação das pequenas empresas

para cumprir seus programas produtivos.

A baixa capacidade de produção em escala e pouca visão de mercado

condicionam as pequenas empresas a sobreviverem principalmente em função dos

planos governamentais ou das grandes empresas. Tornam-se especialistas nos

produtos daqueles clientes. Não havendo um planejamento que vise atender um

mercado diversificado com suas competências técnicas, as pequenas empresas

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correm o risco de desaparecerem com a perda de contratos das grandes

organizações às quais são fiéis.

1.1 O PROBLEMA

Considerando-se que a prática sistemática do planejamento estratégico

empresarial pode ser uma ferramenta que contribui para a melhoria do desempenho

das empresas e que algumas delas têm sucesso mesmo sem a sua utilização, o

problema básico que se apresenta é: As empresas de pequeno porte do município

de José dos Campos - SP, com produtos e serviços destinados ao setor

aeroespacial, executaram suas atividades empresariais em 2006 fundamentadas em

um planejamento estratégico estruturado?

A utilização do método de planejamento estratégico estruturado favorece ao

aproveitamento das competências técnicas da empresa para a exploração de

oportunidades que o mercado apresenta. Desta forma, as empresas poderão obter

ampliação de suas atividades reduzindo a dependência de um único setor da

indústria.

As análises do ambiente externo, proporcionadas pela ferramenta de gestão,

identificam os principais riscos que a empresa enfrentará no seu ambiente

competitivo, facilitando a formulação de ações que possam mitigar os potenciais

problemas para o seu desempenho.

O emprego metódico de avaliações das habilidades e competências internas

da empresa direciona ações para as necessidades de treinamento e capacitação

dos profissionais da empresa, objetivando a conquista das oportunidades

encontradas no mercado.

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Uma vez identificadas as oportunidades e ameaças no cenário de atuação da

empresa e verificadas as forças e fraquezas internas da empresa, as formulações de

estratégicas adequadas para a atuação empresarial tornam-se mais explícitas,

beneficiando a competitividade e conseqüente perpetuação dos negócios.

As empresas competitivas são dirigidas por uma orientação ao mercado e por

um planejamento estratégico. Esta ferramenta de gestão é o ponto de partida para o

desdobramento das declarações da missão e da visão, aos principais objetivos que

a empresa pretende alcançar nos próximos dois, dez anos ou mais. O plano

estratégico dá direcionamento aos planos operacionais, que indicam como a

empresa espera atingir os seus objetivos de negócios futuros.

1.2 OBJETIVOS

Os objetivos estão divididos em geral e específicos. Para alcançar o objetivo

geral foram formulados cinco objetivos específicos que nortearam a pesquisa,

procurando responder ao problema identificado.

1.2.1 Objetivo geral

Esta pesquisa tem por objetivo verificar se as empresas de pequeno porte de

São José dos Campos - SP, com produtos e serviços dirigidos ao setor aeroespacial,

executaram suas operações empresariais, em 2006, fundamentadas em um

planejamento estratégico estruturado e descrever os principais resultados que o

modelo de gestão adotado tem ocasionado nas empresas pesquisadas.

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1.2.2 Objetivos específicos

• Delinear o perfil das empresas e qual a prática de planejamento

empresarial.

• Identificar se as empresas do setor aeroespacial são orientadas para o

mercado ou para atendimento das grandes empresas estabelecidas na

região.

• Caracterizar os indicadores de desempenho quanto ao seu

direcionamento estratégico ou operacional.

• Descrever os principais resultados alcançados com o modelo de gestão

adotado e as intenções de aprimoramento da ferramenta de

planejamento estratégico.

• Verificar a capacidade de atuação em outros setores industriais.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Devido a vocação regional ao setor aeroespacial, trabalhou-se somente com

empresas de pequeno porte, que tenham produtos e serviços que atendam a este

setor da cidade de São José dos Campos - SP.

O estudo aborda empresas com faturamento bruto anual inferior a R$

10.500.000,00 em 2006. O critério do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) determina o porte das empresas como:

• Microempresas: receita operacional bruta anual ou anualizada até

R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais);

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• Pequenas Empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada

superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e inferior ou

igual a R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil reais);

• Médias Empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada

superior a R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil reais) e

inferior ou igual a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais);

• Grandes Empresas: receita operacional bruta anual ou anualizada

superior a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).

São consideradas participantes da pesquisa apenas as empresas fundadas

há mais de três anos, por já terem ultrapassado o período introdutório no mercado, o

qual, segundo a pesquisa do Sebrae-SP (2005), apresentam menores taxas de

mortalidade.

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

As pequenas empresas possuem um papel mais relevante do que apenas

complementar às lacunas deixadas pelas funções não exercidas pelas grandes

empresas. A existência das pequenas empresas também auxilia na

desconcentração espacial das atividades econômicas que conseqüentemente

auxiliam no desenvolvimento de áreas periféricas, fixando rendas nestas áreas e

amenizando desequilíbrios socioeconômicos regionais.

As grandes empresas, mesmo aquelas que não têm um planejamento

estratégico formal e estruturado, já têm desenvolvido as atividades ligadas ao

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modelo de gestão estratégica, como análises de mercado, indicadores internos,

relatórios gerenciais de metas e resultados.

As pequenas empresas buscam atender mais intensamente um nicho

específico de mercado, com sua maior adaptabilidade, do que as grandes empresas.

São influenciadas por suas capacidades internas e pelo desenvolvimento da rede de

relacionamentos externo, que determinam o seu sucesso ou fracasso (BERTÉ,

2006).

O setor aeroespacial é estrategicamente importante para o Brasil. A partir

dele, puderam ser disseminadas as principais inovações tecnológicas para diversos

outros setores da produção, como de bens de consumo duráveis, desenvolvimento

de programas de computador e bens intermediários.

O desenvolvimento regionalizado da indústria aeroespacial promove a

expansão periférica regional atraindo empresas fornecedoras do setor. Provoca o

aumento da infra-estrutura municipal pela urbanização e serviços aos cidadãos.

Desta forma, o desenvolvimento extrapola a escala “mesolocal” e “macrolocal”,

atingindo a escala global (SOUZA, 2001).

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O estudo foi dividido em quatro capítulos para melhor entendimento do leitor.

O primeiro capítulo apresenta a introdução, considerando-se a definição do

problema da pesquisa, seus principais objetivos, a relevância e a delimitação do

estudo.

O segundo capítulo é um compilado bibliográfico, iniciando com uma narrativa

sobre as origens da indústria aeroespacial em São José dos Campos – SP,

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aspectos sobre a mortalidade das novas empresas e, em seguida, aborda as

propostas para formulação de um planejamento estratégico, procurando descrever

os principais passos a serem seguidos para a elaboração de plano estratégico, sob

a ótica de diversos autores.

No terceiro capítulo é demonstrado o método de pesquisa utilizado no

trabalho. Trata, também, sobre a natureza da pesquisa, o universo pesquisado e os

critérios para seleção das empresas envolvidas, sujeitos e instrumentos para a

coleta dos dados e a forma de tabulação.

No quarto capítulo os dados são analisados e é feita a discussão sobre os

resultados obtidos.

Por fim, são apresentadas a conclusão deste estudo e as recomendações

para novos estudos sobre o tema da pesquisa.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo serão descritas informações originadas de diversos autores.

Inicia com o ambiente econômico em que surgiu a indústria aeroespacial no Brasil,

em especial em São José dos Campos - SP. Em seguida, é descrita a taxa de

mortalidade das novas empresas, segundo estudos do Serviço de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas do Estado de São Paulo – Sebrae-SP. Complementarmente,

para dar embasamento teórico ao estudo, são abordados aspectos sobre as origens

do planejamento estratégico, a sua preparação, o seu processo, passando pelas

análises externas e internas da empresa e, finalizando, algumas referências sobre

as formulações das estratégias.

2.1 ORIGENS DA INDÚSTRIA AEROESPACIAL

A industrialização brasileira teve origens em uma base agrícola-exportadora,

em resposta às dificuldades de importação, devido aos impactos da Primeira Guerra

Mundial, da Grande Depressão de 1930, seguidas da Segunda Guerra Mundial.

O embaraço para a importação de produtos que abastecessem o mercado

brasileiro promoveu a necessidade da busca de alternativas para a industrialização.

Suzigan (2000) aponta as dificuldades encontradas na importação de insumos após

a Primeira Grande Guerra Mundial, seguida da Grande Depressão e,

posteriormente, reforçadas com o evento da Segunda Grande Guerra Mundial como

aspectos positivos àqueles que influenciaram o desenvolvimento industrial brasileiro.

Com a crise no mercado mundial a partir da década de 1930, os

investimentos, que antes eram voltados especialmente para a expansão agrícola

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cafeeira, orientam-se para uma produção manufatureira, procurando atender a

demanda interna, até então suprida pelas importações (FURTADO, 1964). Esse

redirecionamento do capital teve importância estratégica para o crescimento das

atividades econômicas industriais.

O ambiente econômico relacionado com o aspecto político e físico, propiciou

condições para a crescente concentração de capital a partir de 1930, que antes não

era possível em função da fragmentação regionalizada do mercado. As atividades

cada vez maiores das empresas, devido suas vantagens financeiras, comerciais e

produtivas, com operações em escala e a concentração de atividades em setores

específicos, promoveram a redução de custos de serviços industriais, como água,

energia e transportes. Fatos que facilitaram ainda mais a concentração de capital e o

agrupamento espacial (SINGER, 1998).

Houve quatro anos de crise depressiva no Brasil após 1929. Antes de 1930, a

economia brasileira não se apresentava de forma integrada, marcando uma trajetória

econômica específica de cada região com sua própria história. No período pós-1933

houve rápida diversificação do agro-negócio paulista, juntamente com a sua

expansão industrial e fortalecida pela urbanização causada por ela (CANO, 1998).

Considerando que o Estado passa a assumir o papel de regulador da

acumulação e reprodução de capital a partir da década de 1930, estabeleceram-se

as diretrizes gerais do desenvolvimento econômico brasileiro. O modelo de

desenvolvimento industrial e urbano passa a ser o indutor da reorganização sócio-

espacial (RODRIGUES; SANTOS; OLIVEIRA, 1994).

O capital, de início, se concentrou espacialmente em São Paulo - SP devido o

grande parque industrial já existente na capital, fruto do regionalismo do mercado

agrícola da cafeicultura. Mesmo após sua migração para o norte do Paraná, na

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década de 1940, a hegemonia desse mercado paulista não se alterou, pois não

podia mais ser disputada por outros estados (SINGER, 1998).

A intervenção do Estado na economia brasileira passa a beneficiar a

industrialização a partir dos anos 1940, promovendo a instalação de grandes

empresas estatais, especialmente no setor da indústria pesada, como siderurgia,

indústria química, mecânica pesada, metalurgia e geração de energia entre outras.

Essas indústrias apresentavam um retorno financeiro em longo prazo e necessidade

de fortes aportes de investimentos, pouco atrativas para o capital privado (BORDO,

2005).

Para Singer (1998), a partir da década de 1950, o processo de substituição de

importações passa a movimentar a indústria de bens de capital (máquinas e

equipamentos) e a indústria de bens intermediários (siderurgia, produtos químicos,

borracha, papel). Com investimentos vindos em grande parte do capital estrangeiro,

trazendo técnicos de produção em escala ao país, a concentração se deu

fortemente na cidade de São Paulo e nas suas imediações, como Baixada Santista,

Campinas e Vale do Paraíba.

A ação governamental, preconizada nas Políticas Públicas, investe em mineração,

indústrias básicas como o petróleo e o aço (RODRIGUES; SANTOS; OLIVEIRA, 1994). A

fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 1941, localizada em Volta Redonda

– RJ, Vale do Paraíba, foi um marco no processo industrial brasileiro e regional. Essa

companhia inicia suas operações em 1946 e cumpria a determinação do Estado em fornecer

aço plano para atender as futuras necessidades industriais pretendidas, com a de

embalagens, de construções civis, automotivas e aeronáuticas, entre outras.

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23

2.1.1 Formação da base aeronáutica

O Estado criou o Ministério da Aeronáutica mediante o Decreto Lei nº. 2961

de 20 de janeiro 1941. As necessidades de desenvolvimento industrial nesse setor,

a formação de engenheiros brasileiros para desenvolver o conhecimento técnico das

atividades voltadas para o setor da aviação nacional e a segurança do país, foram

os principais motivadores para essa determinação.

O Ministério da Aeronáutica formou a Comissão de Organização do Centro

Técnico de Aeronáutica (COCTA) em 29 de Janeiro de 1946, por meio da Portaria

nº. 36, oficializada apenas em 25 de março de 1949, por intermédio do Decreto nº.

26.508. Essa comissão teve a meta de promover as instalações de um Centro

Técnico Aeroespacial (CTA), órgão científico e técnico, com o objetivo de exercer

atividades em prol da Força Aérea Brasileira para fomentar a Aviação Civil e da

futura Indústria Aeronáutica.

A cidade de São José dos Campos - SP foi escolhida como local apropriado

para a instalação do CTA. Os principais fatores que contribuíram para sua escolha

foram: localização às margens da antiga rodovia Rio - São Paulo (atual Via

Presidente Eurico Gaspar Dutra – Via Dutra), características topográficas e

climatológicas favoráveis à aviação, facilidade de obter energia, distância adequada

dos centros urbanos, proximidade do Porto de São Sebastião – SP e acesso às

indústrias de médio e grande porte instaladas no entorno da capital de São Paulo.

Conforme a previsão do plano original, o primeiro instituto a ser criado no CTA

seria uma escola formadora de engenheiros aeronáuticos. Na Escola Técnica do

Exército, localizada no Rio de Janeiro – RJ havia o curso de engenharia aeronáutica.

Os cursos de preparação de engenheiros aeronáuticos foram transferidos daquela

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escola para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) por meio do Decreto nº.

27.695 de 16 de janeiro de 1950, sendo que a primeira turma do ITA iniciou os

estudos em 1947 em São José dos Campos – SP.

A indústria aeronáutica brasileira teve início em outubro de 1954, com a

fundação da Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva, instalada no Aeroporto de

Manguinhos, Rio de Janeiro – RJ. Em 1960, a empresa abriu um escritório na cidade

de São José dos Campos – SP, nas proximidades do CTA, objetivando incrementar

as pesquisas e desenvolvimento de aeronaves.

Mediante afirmativa de Santos e Amato Neto (2005), apesar do esforço para a

formação das bases aeronáuticas ter sido iniciada na década de 1940, a sua

intensificação se deu na década de 1960, com o conhecimento do setor gerado

pelos laboratórios do CTA e adicionado aos demais estudos de engenharia de

outras instituições. Fato que permitiu a adequação de produtos com padrão de

classe mundial no setor.

O presidente Arthur da Costa e Silva, mediante o Decreto nº. 770 de 19 de

agosto de 1969, sob a liderança do Ministro da Aeronáutica, cria a Embraer –

Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A., empresa de capital misto, destinada a

fabricação em série de aviões. A indústria aeronáutica teve seu desenvolvimento,

especialmente da Embraer, devido aos incentivos dados pelo governo por ocasião

da sua criação (SILVA, 2005). Ainda de acordo com Silva (2005), o incentivo foi uma

concessão dos militares, desde a doação de um terreno em local privilegiado, assim

como a infra-estrutura básica necessária que foi transferida do Instituto de Pesquisas

e Desenvolvimento do governo diretamente para a Embraer.

Diversos outros fatos contribuíram para o avanço do processo de

industrialização de São José dos Campos - SP, tais como: a renovação da antiga

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rodovia Rio - São Paulo inaugurada em 1951 - a Via Presidente Eurico Gaspar Dutra

– Via Dutra, encurtando 111 quilômetros entre as duas maiores capitais do Brasil, a

cidade do Rio de Janeiro – RJ e a cidade de São Paulo - SP, a implantação do

Centro Técnico Aeroespacial (CTA), atual Comando-Geral de Tecnologia

Aeroespacial e as operações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no eixo da

rodovia.

A indústria aeroespacial no Brasil deverá atingir o volume de negócio na

ordem de US$ 7,8 bilhões com a ocupação de 27 mil postos de trabalho em 2010.

Para atingir essas estimativas, é necessário investir no fortalecimento das pequenas

e médias empresas do setor aeroespacial (BARTELS, 2003 apud SANTOS; AMATO

NETO, 2005, p. 39).

O município de São José dos Campos – SP tornou-se um pólo aeroespacial

devido as suas condições topográficas, de clima e localização. O município recebeu

investimentos federais e esforçou-se para a implementação desse setor.

O parque industrial de São José dos Campos – SP tem forte concentração do

setor aeroespacial. Mediante levantamentos realizados pelo autor em associações

comerciais e industriais, cadastro de empresas e informações dos empresários

locais em 2006, o município agrega 74 empresas voltadas para atender ao setor

aeroespacial, abrangendo os segmentos aeronáutico, espacial e de segurança.

Em 2006, o setor da indústria totalizou cerca de 22 mil empregos e a Empresa

Brasileira de Aeronáutica - Embraer é a uma das maiores exportadoras do Brasil. A

remuneração dos profissionais especializados neste setor tem contribuído para o

aumento no padrão social da população e para o crescimento econômico do

município, proporcionando melhorias dos serviços básicos que atendem a região.

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26

2.2 MORTALIDADE DAS EMPRESAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Muitas empresas não chegam a sua maturidade por falta de previsibilidade de

ocorrências fatais para sua sobrevivência. A mortalidade das empresas, em especial

as paulistas, é maior nos três primeiros anos de funcionamento, segundo Serviço de

Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo - Sebrae-SP

(Sebrae-SP, 2005). Informa, ainda, que a mortalidade das empresas entre quatro e

cinco anos não apresenta diferenças significativas das taxas observadas nas

empresas com três anos, demonstrando uma tendência de estabilização a partir do

terceiro ano de existência. As taxas de mortalidade das empresas estudadas foram

de: 29% com um ano; 42% com dois anos; 53% com três anos; 56% com quatro

anos; 56% com cinco anos.

As principais causas da mortalidade identificadas pela pesquisa apontam para

problemas de gestão. Alguns destaques como a ‘falta de capital (25%) e a falta de

clientes / inadimplência (19%)’ tendem a se apresentarem mais como um efeito do

que uma causa do fechamento.

As pequenas empresas apresentaram uma melhora na sobrevida, quando

comparados os resultados obtidos na pesquisa realizada em 2000. Naquele ano a

mortalidade das empresas era de 71% e, na pesquisa realizada pelo Sebrae em

2005, a taxa caiu para 56%. Umas das justificativas é o apoio ao segmento com

estímulo ao empreendedorismo por meio de instrumentos de capacitação aos 4,5

milhões de empreendedores paulistas, indicando que ferramentas de gestão

contribuem para o aumento da capacidade competitiva e que propiciam melhoria nos

resultados das empresas.

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A pesquisa do Sebrae-SP comparou os dados das empresas registradas na

Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP) com os dados das empresas

clientes do Sebrae-SP, que participaram de pelo menos um produto ou serviço

oferecido pelo órgão. Verificou que as taxas de mortalidade são inferiores no grupo

que utilizou algum apoio empresarial do Sebrae. Entre os dois grupos, a mortalidade

caiu de 29% para 24% em empresas até um ano de atividade; de 42% para 21%

com dois anos; de 53% para 25% com três anos; de 56% para 26% com quatro anos

e de 56% para 30% com cinco anos de atividade. Portanto, a mortalidade das

empresas que aprimoraram o seu perfil empreendedor, com serviços do Sebrae-SP

foi sempre menor.

Os serviços prestados pelo Sebrae-SP incluem o treinamento nas diversas

ferramentas de gestão e apoio ao empreendedorismo. Entre elas, pode-se encontrar

a capacitação em planejamento estratégico empresaria para pequenas e médias

empresas, ferramenta descrita no próximo item do capítulo.

2.3 ORIGENS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Estratégia é um termo derivado da palavra grega stratego, que possuía

conotação militar na Grécia antiga, significando “comandante-chefe”. Por vários

séculos, o uso deste termo permaneceu restrito ao âmbito militar e neste contexto foi

estudado e desenvolvido. Sun Tzu assim o fez por volta de 400 a.C. (MIGLIATO,

2000 apud MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 23).

Em 1832, o General de divisão aposentado, Barão Karl von Clausewitz,

publicou sua obra intitulada “Tratado sobre Estratégias de Guerra”, estudado pelas

academias militares dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Itália. Na obra, o

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Barão estabeleceu as técnicas abstratas do planejamento de contingência de uma

batalha, com estratégias que eram compostas de diferentes táticas, procurando

reagir rapidamente em caso de inviabilidade dos planos de batalha ou sob

acontecimentos imprevistos. (RASMUSSEN, 1990). Essa intenção de responder

prontamente às contingências continua sendo o cerne do planejamento estratégico.

Demonstrando a evolução recente das técnicas de planejamento empresarial,

um breve histórico do planejamento estratégico empresarial é apresentado:

• Até 1950 as Teorias Administrativas e os Processos Gerenciais eram

voltados apenas para o Processo Produtivo;

• De 1950 até o início dos anos 60 o Planejamento de Longo Prazo estava

voltado para atender a crescente demanda de consumo;

• A partir da década de 60 o ambiente externo passou a ser considerado

no planejamento empresarial.

Diversas técnicas de planejamento para tornar as empresas mais

competitivas no mercado as direcionaram para aspectos operacionais e não de

natureza estratégica. Técnicas como Gerenciamento para a Qualidade Total (TQM),

Kaizen, Kan-Ban, Reengenharia, Informatização, Benchmarking e similares são

projetadas para que as empresas sejam mais eficientes no modo de como executar

suas atividades. No entanto, estas técnicas não preparam as empresas para

determinar o que elas pretendem ser no futuro (ROBERT, 1998).

Os conceitos fundamentais do planejamento estratégico empresarial

emergiram nos anos 70 como resultado de diversas e sucessivas anomalias

macroeconômicas verificadas na indústria norte-americana; como a crise energética,

inflação com dois dígitos, baixo desempenho da economia, vitoriosa concorrência

japonesa e desmoronamento das reservas de mercado nas indústrias principais.

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Antes disso, as empresas podiam confiar nas projeções de crescimento simples para

planejar sua produção, vendas e lucros. Na atualidade, as empresas precisam de

um plano que as ajude a reagir e a se organizarem de forma efetiva, saudável e

rápida, para quaisquer eventos inesperados que venham descontrolar os seus

negócios (KOTLER, 1998).

O mercado se tornou pouco previsível após a primeira onda da crise do

petróleo da década de 1970. Com isso, diversos estudiosos dos centros acadêmicos

começaram a formular técnicas que substituíssem o tradicional planejamento

empresarial baseado na extrapolação do histórico para os próximos exercícios, pelo

planejamento estratégico, com métodos que pudessem ser mais flexíveis e que

incentivassem uma disciplina gerencial, o strategic management, ou seja, a gestão

estratégica (RASMUSSEN, 1990).

Segundo Porter (2004), a ênfase assumida nas empresas a respeito do

planejamento estratégico está relacionada aos destacados benefícios a serem

obtidos com o processo declarado de formulação estratégica. As políticas da

empresa procuram garantir que os departamentos funcionais das empresas sejam

coordenados e dirigidos para um objetivo comum e não com metas orientadas pela

vocação profissional e pelos incentivos dos encarregados daqueles departamentos.

Berté (2006) afirma que as definições tradicionais do termo estratégia

caracterizam uma decisão consciente dos empreendedores para onde a empresa

quer chegar e como chegará, de forma planejada e estruturada, necessitando

análises dos seus objetivos, dos recursos que a empresa dispõe e do ambiente

externo que atua.

Atualmente, o pensamento estratégico está sendo aplicado nas diversas

áreas de atuação da empresa, não se limitando apenas ao desempenho do negócio

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em si, mas abrangendo os setores de recursos humanos, financeiro e produtivo,

além do comercial. O pensamento estratégico permeia a empresa competitiva,

visando o alinhamento às principais diretrizes direcionadoras para o resultado

esperado pela empresa. Sem um plano que conduza ao objetivo, que permita uma

rápida mudança de curso, as empresas estarão vulneráveis às condições

macroeconômicas imprevistas em um ambiente globalizado.

2.4 A PREPARAÇÃO PARA UM PLANO ESTRATÉGICO

Algumas empresas podem preferir contratar agentes externos para a

elaboração do seu planejamento estratégico, enquanto outras poderão optar por um

grande envolvimento dos representantes de diversas equipes e formular seus

direcionamentos. Seja qual for a escolha, necessariamente as empresas deverão ter

em mãos diversas informações. Entre tantas, são apresentadas as mais comumente

utilizadas na preparação de um plano estratégico.

Informações sobre suas habilidades e competências internas, como:

• dados financeiros e de custeio;

• capacidade produtiva;

• avaliação dos talentos internos;

• possibilidades de associações com parceiros tecnológicos e comerciais;

• estrutura de produtos e serviços;

• pontos fortes e aspectos da empresa a serem melhorados.

Informações sobre o ambiente externo em que opera:

• tamanho e crescimento do mercado;

• tendências de direcionamento aos produtos substitutos;

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• perfil e hábitos dos consumidores e clientes;

• análise dos fornecedores e parceiros;

• análise pormenorizada dos concorrentes diretos e indiretos, procurando

obter dados de suas estratégias de produtos, preços, distribuição e

comunicação;

• legislação e barreiras de certificações;

• aspectos políticos, como mudança de governo;

• aspectos macroeconômicos e flutuações de moedas;

• ameaças e oportunidades latentes.

De posse do máximo das informações disponíveis, a empresa deverá eleger

um líder para conduzir os trabalhos, implementar o plano e estabelecer a

metodologia de acompanhamento e validação do cumprimento das metas

estabelecidas.

Há momentos em que não é recomendável a preparação de um plano

estratégico, segundo Carvalho (2004). São situações em que a empresa passa por

dificuldades financeiras ou em que não haja profissionais com o perfil ou o

comprometimento necessário para a elaboração e execução do plano. O autor

comenta que, em grande parte, as razões declaradas para não praticar o

planejamento estratégico são argumentos dos administradores para justificar o mau

desempenho observado na empresa.

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2.5 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

A Figura 1 demonstra o ciclo completo, concebido por Kotler (1998), para o

processo de planejamento estratégico de uma empresa. A primeira parte do ciclo

tem início com o planejamento corporativo, desdobrado para a divisão de negócios

da empresa, seguido pelas unidades de negócios (UEN) e pelo planejamento dos

produtos. A segunda parte se refere a implementação do planejamento, voltada para

a aplicação das ações previstas. A terceira parte está voltada para o controle das

ações executadas, medindo-se os resultados alcançados, comparando-os com as

previsões feitas e a adoção de ações corretivas para re-direcionamento dos rumos

traçados.

Figura 1 Processo do planejamento estratégico e de implementação e controle Fonte: Kotler, 1998, p. 73

Costa (2003) sugere uma seqüência de etapas no processo de planejamento

estratégico. Inicialmente, é apresentado o conceito de “propósito” de uma empresa

como sendo aquilo que a empresa pretende para seu futuro representado pelas

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definições de visão, missão, abrangência, posicionamento estratégico, princípios e

valores da empresa. Posteriormente, aborda as análises dos ambientes externos e

internos.

Três vértices podem ser analisados para a formulação das estratégias. O

primeiro é o do propósito, ou seja, “o que nós queremos ser?”. Se houver algum

conflito entre a estratégia com esse vértice, haverá dificuldades na sua

implementação. O segundo trata do ambiente externo à empresa, “o que nos é

permitido fazer?”. Diversos aspectos devem ser analisados, pois determinarão as

demandas existentes sob diversos aspectos que influenciarão no desempenho das

estratégias adotadas. O terceiro vértice é o da capacitação que determina “o que

nós sabemos fazer?”. Quais são os recursos que a empresa detém para a execução

das atividades pertinentes ao negócio que permitirão atingir os objetivos propostos

(COSTA, 2003).

Certo e Peter (2005) diferem de Costa (2003) ao apresentarem o processo

com uma série de cinco etapas. A primeira etapa é a análise do ambiente

organizacional, considerando-se o interno e o externo. Seguido pelo

estabelecimento da diretriz organizacional, que define missão e visão. A terceira

parte do processo é a formulação da estratégia, ou seja, um curso para que a

empresa alcance seus objetivos. A quarta etapa é a implementação da estratégia,

contemplada com as ações que evoluíram das etapas anteriores. A quinta e última

etapa do processo é o controle estratégico, que, como o próprio nome sugere,

monitora e avalia todo o processo, visando sua melhoria.

Seja qual for a seqüência adotada por uma empresa, é de fundamental

importância a análise sistêmica de todas essas etapas para a execução das

estratégias empresariais. O ambiente interno dará informações da capacidade da

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empresa atingir seus objetivos e o ambiente externo dará informações que validarão

as ações propostas para as conquistas que a empresa pretende executar. As

declarações da empresa, como missão, visão, abrangência, posicionamento

estratégico, valores ou princípios determinarão as diretrizes e delimitações

organizacionais necessárias para uma conduta eficiente e eficaz.

2.6 ANÁLISES DO AMBIENTE EXTERNO

As empresas bem-sucedidas percebem as infindáveis oportunidades e

ameaças que o ambiente externo apresenta. A principal responsabilidade das

empresas está em rastrear e reconhecer os sinais que o ambiente oferece e reagir

prontamente de forma lucrativa.

Muitas oportunidades são encontradas ao se identificar as tendências –

direção ou seqüências de eventos que ocorrem em algum momento e apresentam

alguma duração – e as megatendências – grandes mudanças sociais, econômicas,

políticas e tecnológicas de formação lenta e influência duradoura (KOTLER, 1998).

O ambiente externo é a arena onde os negócios são praticados. Nele se

encontram diversos fatores que influenciam os resultados das operações das

empresas. Pode-se defini-los, entre tantos, em diretos e indiretos. Alguns dos

participantes do cenário são:

• Diretos: concorrentes, fornecedores, acionistas, órgãos trabalhistas e

públicos e instituições financeiras;

• Indiretos: grupos ecológicos e de meio-ambiente, organizações não

governamentais, política, consumidores, ativistas, legislação.

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Por outro lado, pode-se analisar o ambiente externo com vista nas variáveis

macroambientais: econômicas, sociais, políticas, culturais, demográficas,

tecnológicas, ecológicas e legais.

Rasmussen (1990) se refere à análise das variantes macroambientais como o

trabalho mais difícil em todo o processo de implantação do planejamento estratégico.

O autor considera que este trabalho deveria ser feito por um consultor externo com

uma ampla experiência nesta análise macroambiental. Pondera ainda que,

normalmente dentro das empresas podem não existir talentos para executar esse

tipo de trabalho, requerendo conhecimento específico baseado em cultura

macroeconômica.

Uma vez levantados todos os dados das variáveis dos comportamentos

macroambientais, a continuidade e atualização dos dados tornam-se relativamente

fácil para ser executada pela equipe interna da empresa num planejamento futuro.

As principais variáveis externas, comumente encontradas, segundo

Rasmussem (1990), são:

• Macroambientais: crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), balanço

de pagamentos, reservas cambiais, balança comercial, taxa de inflação,

volume da dívida externa, custo do serviço da dívida externa, taxa de

juros internos, estabilidade monetária, mercado de capitais, filosofia

fiscal, distribuição da renda nacional;

• Sociais: estrutura socioeconômica, segmentos socioeconômicos,

divergência entre os segmentos, estrutura de consumo das classes,

sistema de valores das classes, estrutura sindical, estrutura política e

ideológica das classes, características ideológicas vigentes,

características institucionais, grau de participação das classes;

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• Culturais: índice de alfabetização, níveis de escolaridade, orientação

educacional, tendências educacionais, veículos de comunicação;

• Variáveis demográficas: densidade populacional, mobilidade

populacional, índice de natalidade, índice de mortalidade geral e infantil,

taxa de crescimento demográfico-vegetativo, estrutura familiar;

• Políticas e estrutura de poder: partidos políticos, participação política dos

sindicatos, instituições religiosas, Forças Armadas, associações de

classes, existência de empresas multinacionais e empresas estatais,

estrutura dos ministérios, do poder legislativo, judiciário e executivo;

• Tecnológicas: legislação para transferência de tecnologia e proteção de

patentes, capacidade de desenvolvimento tecnológico, ritmo e

mudanças tecnológicas, dinâmicas do processo de obsolescência,

investimentos em pesquisa & desenvolvimento, qualidade do ensino

superior, existência de pesquisa universitária;

• Legais: legislações tributárias, trabalhistas, comerciais e corporativas,

filosofia legal, sistema de jurisprudência, velocidade processual;

• Ecológicas: índices de poluição sonora, atmosférica, poluição hidráulica

e nuclear, conservação das áreas verdes e matas, atividades de partidos

políticos verdes, conflitos com ecologistas, índice de consciência

ecológica da população.

Kotler (1998) subdivide as variáveis em “Ambiente de Marketing”:

demográfico, econômico, natural, tecnológico, político e legal e sócio-cultural. E em

“Mercados Consumidores e Comportamento do Comprador”: os fatores culturais,

sociais, pessoais e psicológicos.

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As oportunidades podem ser classificadas de acordo com a atratividade e a probabilidade de sucesso. A probabilidade de sucesso da empresa não depende apenas da força de seu negócio, das exigências básicas para ser bem-sucedida em um mercado-alvo, mas também de suas competências para superar seus concorrentes. A empresa de melhor desempenho será aquela que pode gerar o maior valor para o consumidor e sustentá-lo ao longo do tempo (KOTLER, 1998, p.87).

As ameaças devem ser classificadas de acordo com seu grau de relevância e

probabilidade de ocorrência. Para lidar com essas ameaças, a empresa deve

preparar um plano de contingência para enfrentá-las em momento oportuno e com a

intensidade que o risco se apresenta (KOTLER, 1998).

Como ferramentas para análise do ambiente externo, é possível examinar as

“tendências e descontinuidades”, os “catalisadores, ofensores, oportunidades e

ameaças”, a “análise dos concorrentes e da concorrência”, os “grupos de interesse”

e os “cenários” (COSTA, 2003). Detalhando essas ferramentas de análise têm-se:

• Tendências e descontinuidades: essa ferramenta procura identificar as

rotas a serem seguidas pela empresa, uma vez que o ambiente externo

pode apresentar mudanças que afetariam significativamente o

desempenho da empresa. Quais são as variações de mercado que

estão ocorrendo, para que direções elas estão apontando e em que

velocidades ocorrem. Podem apresentar tendências de curto e longo

prazo, além de rupturas bruscas no ambiente externo à empresa;

• Catalisadores, ofensores, oportunidades e ameaças: os catalisadores

são fatores externos que afetam positivamente as atividades da

empresa, como a opinião pública, barreiras de entrada ou restrições

legais que impeçam a ação de novos concorrentes que poderão ser

aproveitadas pela empresa em benefício das suas estratégias. Os

ofensores são fatores que afetam negativamente as atividades da

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empresa, como uma nova legislação que restrinja as suas atividades,

entradas de novos produtos ou concorrentes, mudanças de hábitos dos

principais clientes;

• Oportunidades: são fatores externos que poderão ocorrer no futuro e são

previsíveis, afetando positivamente as atividades da empresa, como o

barateamento de alguns insumos, ocasião para automatização de

processos e redução de custos;

• Ameaças: são aspectos do ambiente externo que podem afetar

negativamente as atividades da empresa, tais como um projeto de lei

que restrinja as atividades da empresa;

• Análise dos concorrentes e da concorrência: ampliando as análises

externas, é de suma importância a verificação das ações da

concorrência. Identificar as principais estratégias dos competidores no

setor de ação da empresa, sob o prisma do conceito das estratégias de

produtos, política de preços praticados, abrangência regional e plano de

comunicação. Tendo em mãos essa visão, e uma possível

previsibilidade da reação da concorrência sobre as estratégias da

empresa, além de um quadro analítico das forças e fraquezas da

concorrência, será facilitada a elaboração dos imperativos estratégicos

para médio e longo prazo;

• Grupos de interesse: são definidos como “qualquer instituição, pessoa,

grupo de pessoas, formal ou informal” que possam afetar ou serem

afetados de alguma forma pelas atividades da empresa;

• Cenários: é um conjunto de hipóteses baseadas em premissas que

possam vir a ocorrer no futuro. Envolve análises sobre clientes,

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concorrentes, demandas, hábitos ou quaisquer outras que possam

permitir uma construção hipotética possível de ocorrer no futuro.

A análise do ambiente identifica as variáveis que poderão influenciar os

resultados da empresa, deixando poucas possibilidades de alterá-las. Promove uma

visualização futura das origens de forças que estão fora do controle da empresa

(CARVALHO, 2004).

As matrizes de ameaças (Figura 2) e oportunidades (Figura 3) ajudam a

definir que tipo de estratégia deverá ser gerado. As estratégias deverão ser

realizadas dependendo do quadrante em que a oportunidade ou a ameaça se

encontrarem (KOTLER, 1998).

Figura 2 Matriz de ameaças Fonte: Kotler, 1998, p. 88

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Figura 3 Matriz de oportunidades Fonte: Kotler, 1998, p. 88

Kotler (1998) define quatro resultados possíveis de caracterizar a atratividade

dos negócios da empresa, uma vez que a administração tenha identificado as

principais oportunidades e ameaças a serem enfrentadas, quais sejam:

• Um negócio ideal é alto em termos de oportunidades e baixo em

ameaças;

• Um negócio especulativo é alto tanto em termos de oportunidades

como de ameaças;

• Um negócio maduro é baixo em termos de oportunidades e baixo em

ameaças;

• Um negócio arriscado é baixo em termos de oportunidades e alto em

ameaças.

Certo e Peter (2005) apresentam o ambiente externo em dois níveis: o

ambiente geral e o ambiente operacional. O ambiente geral é composto por

componentes que normalmente a empresa não tem nenhum controle e de amplo

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41

escopo. Figuram nesse nível os aspectos econômicos, sociais, políticos, legais e

tecnológicos, podendo, ainda, ser inclusos os aspectos ecológicos. Enquanto que o

ambiente operacional abrange o ambiente externo da empresa, em que há

implicações mais diretas e imediatas. Nesse nível aparecem os clientes, a

concorrência, a mão-de-obra, o fornecedor e os aspectos internacionais.

Ao final dessas análises é possível construir um quadro que permite

estabelecer em qual cenário a empresa atua. Quais são as principais ameaças que o

ambiente externo tem apresentado e quais são as principais oportunidades de

negócio que a empresa poderá aproveitar. Essas análises facilitarão a preparação

das principais estratégias da empresa, uma vez que a avaliação das capacidades

internas da empresa permita um alinhamento com suas declarações de missão e

visão.

2.7 ANÁLISES INTERNAS

Distinguir as oportunidades atraentes do mercado não significa ter a devida

competência para aproveitá-las. Uma análise criteriosa e periódica das forças e

fraquezas da empresa permitirá identificar se há capacidade e competência para agir

em direção à oportunidade ou se há necessidade de se corrigir eventuais elementos

(fraquezas) que impedem uma boa atuação no mercado.

Para Costa (2003), ao se elaborar uma análise do ambiente interno da

empresa, a primeira tarefa é criar uma lista geral e irrestrita de pontos fortes, pontos

fracos e pontos a melhorar. Aqueles que poderiam atuar favorecendo ou

prejudicando a empresa. Define esses pontos como:

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42

• Pontos fortes: aspectos positivos de destaque que contribuem para que

a empresa cumpra seus propósitos. O reconhecimento e o respeito

alcançados pela marca, rede de distribuição de cobertura geográfica, a

diversificação da linha de produtos, recursos financeiros e humanos,

capacidade de pesquisa e desenvolvimento são citados pelo autor;

• Pontos fracos: fatores negativos na empresa que prejudicam no

cumprimento de seus objetivos. São citados aspectos como atendimento

ao cliente pós-venda, falta de integração nas unidades da empresa,

infra-estrutura computacional, falta de um sistema de custeio adequado;

• Pontos a melhorar: as características positivas encontradas na empresa,

porém em grau pouco suficiente para favorecerem efetivamente para o

cumprimento dos propósitos ambicionados pela empresa. São citados

fatores como um sistema de comunicação rápida e eficaz com os

clientes, qualidade do material ou matéria-prima adquiridos de

fornecedores, controles de estoques que evitariam perda de atendimento

a clientes e relacionamentos com fornecedores.

Uma das ferramentas de análise do ambiente interno utilizada é a dos 10 M’s

(COSTA, 2003). Nela são listadas dez áreas internas da empresa, todas iniciadas

pela letra M. Entre elas, três palavras de origem inglesa, para manter o formato da

ferramenta de análise, permaneceram no seu formato original: marketing,

management e money. A lista completa, por ordem alfabética, sem vinculo a

qualquer hierarquia, é a seguinte: management, mão-de-obra, máquinas, marketing,

materiais, meio-ambiente, meio físico, mensagens, métodos e money. Não considera

que esta lista esgota todas as alternativas, porém que tem a função ilustrativa dos

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43

principais tópicos a serem lembrados no momento das análises internas. A

ferramenta de análise dos 10 M’s apresenta uma idéia geral da empresa e pode

alterar de tempos em tempos.

A aplicação dessa ferramenta se procede com a valoração de cada um dos

elementos em uma escala, de cinco ou dez pontos, em que os valores mais baixos

representam as maiores fraquezas, os valores intermediários representam pontos

medianos entre forças e fraquezas e os valores mais altos representam as principais

forças da empresa (COSTA, 2003).

Nem todas as fraquezas de uma empresa precisam ser corrigidas e, também,

não é necessário destacar todas as suas forças. A questão é se o negócio deve ficar

limitado a oportunidades que se apresentaram ou se é imperativo adquirir novas

forças para aproveitar as melhores oportunidades.

Para Rasmussen (1990), o microambiente da empresa possui recursos

tecnológicos, humanos, financeiros e produtivos, que são administrados por

disciplinas microeconômicas. Ou seja, atuação nas funções:

• mercadológica da empresa;

• financeira e administrativa;

• produtiva;

• dos seus recursos humanos.

2.7.1 Função mercadológica

Quanto ao aspecto mercadológico, conforme Almeida (2001), o administrador

poderá considerar:

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44

• Sistema de distribuição: forma de atuação dos vendedores; os seus

distribuidores e representantes; a quantidade e correspondente

capacidade de escoamento dos canais; o processo de estabelecimento

de preços e suas conseqüências; as políticas com as vantagens,

desvantagens e peculiaridades.

• Produtos: nome; descrição básica; embalagens e despachos;

especificações; transporte e responsabilidades inerentes; participação

de mercado geral e por produto, por período, por área, dados por

unidades, valores monetários e participações percentuais.

• Pesquisa de mercado: dados gerais do mercado; influências nas vendas

e nos lucros, opinião dos clientes e dos canais de distribuição sobre a

empresa, seus produtos, pessoal, políticas e concorrência; análises de

tendências de mercado considerando-se o mercado global, os produtos

de sucesso, as diferenças na qualidade e preço dos produtos; fontes de

sugestões sobre o produto e o mercado; aspectos de sazonalidade e

tendências da moda; potenciais de mercado por áreas, comparados com

as estimativas e vendas reais.

• Força de vendas: quantidade e localização; tarefas; recrutamento e

seleção; quotas de vendas; controles e desenvolvimento do plano de

vendas; formas de auxílio e ajudas de custo; fluxo de informações do

mercado; critérios de avaliações.

• Novos produtos: como são idealizados, selecionados, lançados e

avaliados.

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45

• Promoção e propaganda: orçamento por produto, linha de produtos,

canais veiculação e alternativas de mídia; escolha de agências;

coordenação do processo.

• Políticas de preços: forma de estabelecimento dos preços; descontos;

devolução de mercadorias; escolha de revendedores; comissionamento.

• Análise do Departamento de Marketing: tipo de departamentalização,

distribuição de tarefas e responsabilidades; capacitação da equipe;

interação com outras áreas.

Os gestores e empregados das pequenas empresas normalmente têm o

contato pessoal com seus clientes. Uma relativa vantagem das pequenas empresas

sobre as grandes empresas sobre esse fato é a diminuição do tempo no fluxo de

informações para gerenciamento do relacionamento com clientes. Se, por um lado,

na grande empresa o contato não é direto com o responsável pelo produto ou

serviço e as informações podem ser distorcidas, por outro, na pequena empresa,

não havendo um sistema de registro do relacionamento, as informações poderão

ficar apenas na mente do empresário, dificultando o seu uso por outros profissionais

(DAVID; ELBERT; BROWN, 2004)

2.7.2 Função financeira e administrativa

Dois aspectos principais de finanças são analisados (ALMEIDA, 2001):

• Índices financeiros: analisados de acordo com os tipos de medidas que

se propõem; de lucratividade, de liquidez, de dívida, de alavancagem e

de rotação.

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46

• Sistema de Planejamento, Controle Financeiro e Registro Contábil: toda

a área financeira em controles e registros, projeções de lucros,

investimentos e fluxo de caixa.

Sob o aspecto administrativo, podem ser relacionadas: as relações de

formação de associações, sociedade gestora de participações sociais - do inglês

holding, empreendimento conjunto - do inglês joint venture e serviços de suporte às

operações da empresa. Outros aspectos, nesse setor, estão relacionados ao

controle do sistema, estilo de administração e infra-estrutura para execução das

tarefas de apoio.

2.7.3 Função produtiva

Almeida (2001) comenta que diversos aspectos da área produtiva da empresa

devem ser analisados, quais sejam:

• Instalação industrial: localização, tamanho, segurança contra incêndios,

greves e sabotagens, ambiente e conservação predial e maquinário.

• Equipamentos: nível de ocupação, utilização, atualização, manutenção,

gastos e medidas de segurança do trabalho.

• Processos produtivos: índices de produtividade, utilização da capacidade

instalada, arranjo físico, incentivo à produção.

• Programação e controle da produção: eficácia do PCP, cumprimento de

prazos, interação com as demais áreas.

• Qualidade: nível de qualidade apresentado, devoluções e atendimento

aos clientes nas reclamações.

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47

• Custeio industrial: critérios de apropriações, análises e comunicação de

resultados, tendências.

• Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): valorização da área, valor alocado

e critérios para P&D.

• Suprimentos: custos de materiais comprados versus produzidos, seleção

de fornecedores, controle de inventários, rotação de estoques, controles

gerais e centralizações das compras.

• Empresa industrial: estrutura organizacional, normas e procedimentos,

tempos e métodos.

2.7.4 Função dos recursos humanos

Sob o prisma de recursos humanos, alguns aspectos para serem analisados

são: a importância dada pela alta administração para RH, eficácia dos processos de

recrutamento e seleção, rotatividade de empregados, absenteísmo, moral e

produtividade, reivindicações, planos de cargos, salário e carreira, planos de

benefícios, formação de substitutos para cargos-chave e clima organizacional

(ALMEIDA, 2001).

2.7.5 Ponderação dos pontos fortes e fracos

A elaboração de uma lista para avaliar o desempenho das forças e fraquezas

permite obter um diagnóstico das competências internas da empresa. Kotler (1998)

sugere listar as principais forças e fraquezas divididas entre as suas principais áreas

(marketing, finanças, produção, recursos humanos e organização administrativa) e

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48

classificá-las em uma escala de valores para se verificar sua intensidade e real

importância ou nível de perfeição.

Feito isso, atribui-se um peso a cada uma das forças e fraquezas e

estabelece-se uma ponderação – multiplicando-se o valor da importância pelo peso

relativo - resultando em um ranking dos fatores abordados. De posse dessas

informações, um plano de ação deve ser estabelecido para minimizar as principais

fraquezas e explorar as principais forças encontradas dentro da empresa.

Uma lista para análise de desempenho das forças e fraquezas é sugerida por

Kotler (1998, p 89):

MARKETING i. Reputação da empresa ii. Participação de mercado iii. Qualidade do produto iv. Eficácia do preço v. Eficácia da distribuição vi. Eficácia de promoção de vendas vii. Eficácia da equipe de vendas viii. Eficácia da inovação ix. Cobertura geográfica

FINANÇAS

x. Custo / disponibilidade de capital xi. Fluxo de caixa xii. Estabilidade financeira

PRODUÇÃO xiii. Instalações xiv. Economia de escala xv. Habilidade da força de trabalho xvi. Pontualidade da produção xvii. Habilidade técnica de produção ORGANIZAÇÃO

xviii. Visão de liderança xix. Dedicação dos colaboradores xx. Orientação empreendedora xxi. Flexibilidade / responsabilidade

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49

Analisadas as principais competências da empresa, pode-se verificar as

necessidades de melhorias e aumento da capacidade em executar as estratégias

que poderão ser formuladas.

Concluídas essas etapas, está formado o panorama que sustentará as

declarações da empresa, como missão e visão, que direcionarão a empresa na

busca dos resultados almejados.

2.8 DIRECIONADORES ESTRATÉGICOS

Os principais direcionadores estratégicos são compostos por: MISSÃO,

VISÃO, PRINCÍPIOS e VALORES. O estabelecimento desses direcionadores pode

definir o sucesso ou o fracasso de um plano e até de uma empresa. Uma vez que

ele deriva da competência-chave da empresa – seus principais atributos internos – e

das variáveis macros ambientais que o mercado apresenta – ameaças e

oportunidades relevantes.

Os fundamentos estratégicos de uma empresa podem ser definidos como os

elementos básicos que a empresa tem para direcionar as atitudes, auto-imagem e

suas crenças. É a estrutura motivadora que impulsiona e direciona para os rumos

que se pretende escolher (COSTA, 2003).

2.8.1 Missão

Missão organizacional, em geral, apresenta as informações dos tipos de

produtos ou serviços que a empresa oferece e em que mercado atua. A missão é

uma declaração ampla da diretriz organizacional, normalmente desenvolvida com

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base nas análises e considerações do ambiente em que opera. É sugerido por Certo

e Peter (2005) que seja resumida e documentada.

A missão de uma empresa em geral define os seguintes atributos da

empresa:

• sua competência central ou negócio em que atua;

• mercado em que atua (clientes, geografia);

• relacionamento com investidores, funcionários, clientes e comunidade;

• como ela pretende desempenhar suas atividades.

Costa (2003) considera que a missão de uma empresa procura responder às

seguintes perguntas: para que existe a empresa? Que necessidades básicas ela

atende? Por que ela surgiu?

Para a definição da missão, Carvalho (2004) sugere que sejam identificados

os principais envolvidos na empresa, pois a satisfação das suas expectativas é um

fator de sucesso. Afirma, ainda, que os envolvidos demonstrem como suas

atividades influenciam nos resultados e descrevam os critérios necessários para a

avaliação do desempenho da empresa.

Definidos esses aspectos e redigido o texto que exprime essas intenções, o

resultado deverá ser o principal objetivo da sua existência e o norteador principal

para todas as demais orientações. É importante explicitar a competência chave de

seu negócio, pois dela deriva todo o portfolio de produtos.

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51

2.8.2 Visão

A visão da empresa define para qual destino a gerência da empresa pretende

levar a empresa em médio ou longo prazo. A visão da empresa é uma declaração

complementar à missão da organização (COSTA, 2003).

Ela responde à seguinte pergunta: onde queremos estar em três ou cinco

anos? Em geral ela aborda temas relacionados à:

• posição no mercado;

• penetração no mercado (nacional ou mundial);

• reconhecimento pelo mercado.

A visão, então, apresentará a meta primordial a ser alcançada para o período

que se propõe. Também norteará as principais metas a serem buscadas.

2.8.3 Valores e princípios

Os valores e os princípios de uma empresa demonstrarão como a gerência

deseja que seus colaboradores devam se comportar diante do mercado. Como será

a conduta que exaltará o comportamento esperado.

Os princípios de uma empresa são os aspectos que a empresa não está

disposta a mudá-los, independentemente do que venha a ocorrer. É uma declaração

do que a empresa acredita que seja correto ou incorreto e todos devem persegui-los,

sem que sejam violados. São citados aspectos como a ética, a lisura nos negócios e

o cumprimento de acordos firmados (COSTA, 2003).

Costa (2003) comenta que os valores de uma empresa são suas principais

virtudes e qualidades que podem ser avaliadas em uma graduação entre valores

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52

extremos. São os atributos importantes da empresa para serem “meretizados e

incentivados”.

Aspectos como a Ética, a Responsabilidade Social, o comprometimento com

o meio ambiente e demais políticas de conduta estabelecidas são elementos das

declarações de uma empresa que direcionam os seus colaboradores para:

• melhorar a gestão e ter maior clareza da missão da empresa;

• melhor ambiente de trabalho, com maior comprometimento de seus

colaboradores;

• relação mais consistente com seus fornecedores e clientes;

• contribuição para a diminuição do risco de mortalidade da organização.

Segundo o Instituto Ethos (2005), na cartilha editada conjuntamente com o

Sebrae, são sete as diretrizes da Responsabilidade Social:

I. Adote valores e trabalhe com transparência; II. Valorizem empregados e colaboradores; III. Faça sempre mais pelo meio ambiente; IV. Envolvam parceiros e fornecedores; V. Proteja clientes e consumidores;

VI. Respeite e invista em sua comunidade; VII. Tenha um relacionamento ético e participativo com o poder público.

2.9 FORMULAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS

No campo das empresas, diversas estratégias podem ser formuladas.

Estratégias voltadas ao mercado para produto ou serviço, políticas de preços,

modelos de distribuição e planos de comunicação. Internamente as empresas

podem formular estratégias de produção, motivação, associadas à remuneração

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53

baseada em objetivos alcançados, e outros métodos que visem, ao final, a meta

primordial: a sobrevivência e lucratividade.

Boyd Junior e Massy (1978) defendem que a técnica usada na geração de

uma estratégia viável consiste em estabelecer quais são as variáveis controláveis e

que exerçam um efeito positivo poderoso sobre o objetivo que se quer atingir. Dessa

forma, as estratégias nelas impingidas devem produzir efeitos positivos nas variáveis

incontroláveis.

Todas as estratégias que possam gerar efeitos negativos nas variáveis

incontroláveis devem ser evitadas. O planejamento envolve um número considerável

de variáveis controláveis. A combinação dos efeitos primários e secundários das

estratégias em conjuntos lógicos pode ser considerada estratégia.

O ambiente em que a empresa atua foi associado por Ries e Trout (1986)

como uma arena de batalha, um campo de guerra. Os autores elaboraram o livro

‘Marketing de Guerra’ totalmente baseado na obra de Karl von Clausewitz, intitulado

On War, de 1832 que delineia os princípios estratégicos que amparam todas as

guerras que lograram êxito. Mesmo que as armas tenham mudado durante os

tempos, as estratégias de ataque e defesa e a própria guerra não mudou; baseia-se

em duas características imutáveis: estratégia e tática.

Para Costa (2003), a formulação das estratégias deve levar em conta a

atratividade e a competitividade da empresa em relação aos seus concorrentes

atuais ou potenciais, nas áreas de negócios que atua ou que pretende atuar.

O desenvolvimento das estratégias refere-se a uma fórmula ampla para o

modo como a empresa competirá, assim como a definição de suas metas e as suas

políticas necessárias para atingir as metas. Algumas empresas utilizam o termo

‘missão’ ou ‘objetivos’ em vez de ‘metas’ e ainda ‘táticas’ em lugar de ‘políticas

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54

funcionais’ ou ‘operacionais’. No entanto, a noção essencial de estratégia está na

distinção entre meios e fins (PORTER, 2004).

A empresa deve formular suas estratégias para projetar-se no mercado e

alcançar seus objetivos globais. Esse procedimento inclui a formulação de

estratégias gerais, selecionadas e desenvolvidas. Depois, essas estratégias devem

ser desdobradas para as outras áreas de empresa, definindo quais os recursos

serão alocados, dependendo da carteira de negócios que cada área da empresa

detém (CERTO; PETER, 2005).

A análise do ambiente interno e do ambiente externo, associado às

declarações da empresas, proporcionará os elementos primordiais para a

formulação das estratégias mais viáveis para a empresa. Aproveitar as

oportunidades e criar barreiras contra as ameaças com suas melhores forças.

Preparar-se para defender das ameaças e procurar mitigar os impactos negativos

sobre as fraquezas.

Os modelos que seguem ajudaram as empresas a formular seus imperativos

estratégicos. Trata-se da formulação das estratégias globais da empresa, as quais

serão desdobradas para unidades operacionais, divisões de negócios até o nível do

composto produto ou serviço oferecido ao mercado.

2.9.1 Análise SWOT

O termo Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (SWOT) do inglês é a

sigla de quatro palavras: forças, fraquezas, oportunidades e riscos. Essa análise

agrupa o resumo dos principais resultados das análises do ambiente interno e

ambiente externo

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55

A análise SWOT tem por objetivo focalizar a combinação das forças e

fraquezas de uma empresa com as oportunidades e ameaças provenientes do

mercado. Com base nas informações dos executivos da empresa, monta-se uma

matriz SWOT (Figura 4), obtendo-se os pontos fortes, oportunidades, fragilidades e

ameaças.

O objetivo da matriz SWOT é definir estratégias para manter pontos fortes,

reduzir a intensidade de pontos fracos, aproveitar oportunidades e proteger-se de

ameaças. Diante da predominância de pontos fortes ou pontos fracos e de

oportunidades e ameaças, adotar-se-á estratégias que busquem a sobrevivência,

manutenção, crescimento ou desenvolvimento da empresa (KOTLER, 1998).

Figura 4 Matriz SWOT

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56

Com o cruzamento das informações obtidas das análises internas e externas

pode-se obter um direcionamento relacionado com os pontos fortes e fracos da

empresa, frente às ameaças e oportunidades. Estabelecendo, assim, as diretrizes

estratégicas para um plano tático e operacional, conforme demonstra a Figura 5

Figura 5 Relação entre as variáveis

2.9.2 Forças competitivas

Como descreve Porter (2004) a essência da estratégia competitiva deve ser

formulada relacionando-se a empresa com seu meio ambiente. Considerando-se a

amplitude do ambiente, englobando tanto as forças sociais como as econômicas, o

principal aspecto do meio ambiente da empresa é em que indústria ela compete.

As forças externas são significativas e, em geral, afetam todas as empresas

que competem nessa indústria. O ponto principal está nas diferentes habilidades que

a empresa tem para lidar com as forças que interagem no meio ambiente.

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57

O grau da concorrência em uma indústria depende de cinco forças (PORTER,

2004). Essas forças determinam o potencial de lucro final na indústria, que é

mensurado em termos de retorno sobre o capital investido em longo prazo.

As forças variam de intensas, onde nenhuma empresa obtém retornos

espetaculares, até relativamente moderadas, em que altos retornos são bastante

comuns.

A Figura 6 demonstra as cinco forças competitivas defendidas por Porter

(2004), considerando-se o conceito de indústria como o setor de atividade de cada

empresa.

Figura 6 Forças que dirigem a concorrência na indústria Fonte: Porter, 2004, p. 4

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58

2.9.3 Análise da carteira de negócios

Uma ferramenta bastante referenciada por diversos autores é a Matriz BCG,

ou matriz de crescimento e participação de mercado, desenvolvida e popularizada

pela Boston Consulting Group, uma empresa norte-americana de consultoria

fundada em 1963.

A matriz BCG é uma ferramenta de análise de portfolio de produtos ou de

unidades de negócios. Considera que a empresa deve ter uma carteira equilibrada

de negócios, ou de produtos, em que alguns geram mais caixa do que outros para

suportar os investimentos necessários aos que estão em desenvolvimento para se

tornarem rentáveis. Está baseada em dois fatores primordiais: a taxa decrescimento

do mercado e de sua participação nesse mercado (CERTO; PETER, 2005).

Os produtos ou negócios devem ser posicionados na matriz e assim

classificados de acordo com cada quadrante.

• Em questionamento ("ponto de interrogação" ou "criança-problema"):

posicionamento em um mercado de altas taxas de crescimento com

baixa participação de mercado. Nesse quadrante o produto ou negócio

receberia fortes investimentos e dá à empresa a alternativa de

descontinuidade, caso não apresente resultados esperados;

• Estrela: são negócios ou produtos que exigem grandes investimentos e

são líderes no mercado, ficando freqüentemente no equilíbrio quanto ao

fluxo de caixa. Entretanto, a participação de mercado deveria ser

mantida, pois pode virar uma "vaca leiteira" se não houver perda de

mercado;

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59

• Vaca leiteira: considerando que o crescimento dos produtos ou negócios

posicionados nesse quadrante é baixo, poucos investimentos deveriam

ser feitos. Apresentariam lucros e geração de caixa normalmente alto.

Poderiam representar a base de uma empresa;

• Abacaxi ("cachorro", "vira-lata" ou "animal de estimação"): são produtos

ou negócios que devem ser evitados e minimizados na empresa. Se

possível, os investimentos deveriam ser para recuperação, ou sugere a

retirada de mercado.

Para Certo e Peter (2005), a matriz BCG proporciona a avaliação para uma

carteira saudável e equilibrada de negócios.

Um portfolio equilibrado de produtos e negócios possui mais estrelas e vacas

leiteiras do que produtos e negócios em questionamento e abacaxis. A importância

desse equilíbrio se deve porque a empresa precisa gerar caixa também para novos

negócios que possam surgir.

Produtos e negócios com alto crescimento absorvem investimentos para

crescer. Já os de baixo crescimento deveriam gerar excesso de caixa. Portanto, a

existência de ambos é necessária. A Figura 7 apresenta o modelo da matriz BCG

descrita anteriormente.

O eixo vertical indica a taxa percentual de crescimento do mercado. É

considerada de baixo crescimento a taxa inferior a 10 por cento e de alta taxa de

crescimento acima desse ponto.

O eixo horizontal indica a taxa de participação relativa de mercado. A

separação entre alta e baixa participação relativa é dada no ponto igual a 1. Essa

taxa é calculada dividindo-se a participação da empresa no mercado pela

participação do seu maior concorrente. Por exemplo, uma participação relativa de

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60

0,2 significa que o volume de vendas do negócio ou produto é de 20% do volume do

principal concorrente; uma participação de três significa que o volume de vendas é

três vezes maior que o principal concorrente.

Em cada círculo referido na Figura 7 representaria as receitas relativas de um

único negócio ou produto; um círculo maior representaria mais vendas do que um

círculo menor.

Figura 7 Matriz BCG Fonte: Adaptado de CERTO; PETER, 2005 p. 76

Conforme Certo e Peter (2005), dependendo da situação de cada produto ou

negócio, são sugeridas a formulação de quatro estratégias básicas.

0

5

10

15

20

17,5

Participação relativa de mercado

Taxa

de

Cre

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ento

do

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(%)

Alto

Alto Baixo

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?

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61

• Construir a participação no mercado: identificada para os ‘pontos de

interrogação’ que devem melhorar suas participações e tornarem-se

estrelas, podendo, inclusive, renunciar a lucros imediatos, objetivando

lucros de médio ou longo prazos;

• Manter a participação no mercado: indicado para ‘vacas leiteiras’ com

forte participação de mercado. O resultado de caixa gerado por esses

tipos de negócios ou produtos é fundamental para suportar outros

negócios ou produtos e apoiar investimentos e novos negócios e

produtos;

• Colheita: negócios e produtos que não apresentarem um forte potencial

de crescimento futuro são candidatos à estratégia da colheita, mesmo

que, para isso, seja necessária a diminuição de sua participação,

posicionados em vacas leiterias;

• Desinvestir: indicado para os abacaxis e pontos de interrogação em que

não justifica investir. Significa vender ou eliminar um negócio ou produto

porque os investimentos poderão ser mais rentáveis se aplicado em

outro negócio ou produto da empresa.

Algumas dificuldades de análises podem ocorrer com esse tipo de abordagem

(CERTO; PETER, 2005):

• A matriz se preocupa em equilibrar o fluxo de caixa, enquanto as

empresas podem se interessar mais pelo retorno sobre seus

investimentos;

• A participação relativa no mercado nem sempre pode ser determinada;

• A matriz se baseia no forte relacionamento entre a participação de

mercado e o retorno sobre o investimento. Esse relacionamento em

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62

determinados segmentos pode se apresentar mais fraco do que se

supõe;

• Outros aspectos devem ser levados em consideração na formulação das

estratégias, como o tamanho e perfil de crescimento de mercado,

capacidades específicas da empresa e de seus concorrentes;

• Pode ser difícil decidir entre dois pontos de interrogação, em qual deles

a empresa deveria desinvestir;

• A análise simplesmente recomenda estratégias gerais, sem, no entanto,

definir quais devem ser implementadas.

2.9.4 Modelo de avaliação da atratividade de mercado

Kotler (1998) analisa a matriz de atratividade do mercado dando indicações

de ações estratégicas específicas para as unidades de negócio. Instrui, também,

que a empresa deve prever para os próximos três ou cinco anos uma posição

esperada de cada unidade de negócio, mantendo-se a estratégia atual. Ou seja,

aonde cada unidade chegará no futuro, desde que mantenha a estratégia vigente.

Defende, ainda, que essa determinação envolve analisar onde se situa cada produto

em seu ciclo de vida, bem como as estratégias competitivas esperadas, as novas

tecnologias e eventos econômicos.

No entanto, os modelos de portfólio devem ser usados com cautela, critica

Kotler (1998). As empresas podem dar maior ênfase em negócios de alto

crescimento ou a negligenciar seus negócios atuais. São sensíveis a classificações e

pesos, além de poderem ser manipulados para produzirem uma localização

desejada na matriz.

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63

Os modelos podem falhar em delinear as sinergias de dois ou mais negócios,

significando um risco tomar decisões em negócios isolados. Há risco em se perder

uma unidade de negócio que possa fornecer uma competência-núcleo essencial

para atender a outras unidades. Porém, os modelos têm melhorado a capacidade

estratégica e analítica, permitindo a tomada de melhores decisões.

O modelo de atratividade de mercado está representado na Figura 8,

defendido por Kotler (1998), com nove células.

Figura 8 Matriz de atratividade de mercado e posição competitiva Fonte: Kotler,1998, p. 81

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64

• As três células do canto superior esquerdo apresentam forças do

negócio e boa atratividade, sugerindo que a empresa deveria investir,

buscando o crescimento ou desafiando a liderança do mercado.

• As três células diagonais são classificadas como médias em termos de

atratividade global e força do negócio, indicam cautela nas ações.

• As três células do canto inferior direito indicam fraquezas em termos de

atratividade global e força do negócio, sugerindo que a empresa deveria

pensar seriamente em desacelerar ou abandonar investimentos.

Antes de analisar a matriz de atratividade, a primeira atividade é a

“segmentação em áreas estratégicas”. A partir dos resultados obtidos nas

verificações do ambiente externo em que a empresa atua ou pretende atuar,

considerando-se suas declarações, é possível identificar os blocos similares para a

formulação das estratégias. Uma lista de possíveis fatores que poderiam influenciar

nas decisões, é sugerida por Costa (2003, p. 127):

Produtos e serviços; tipos de clientes, de consumidores ou de usuários; tipos de usos; motivações para a aquisições; estágio na curva de maturidade; regiões geográficas, estados, países; ambientes competitivos; tecnologias; fatores-chave de escolha; especificações técnicas; fatores de risco ou de oportunidades; processos produtivos; práticas comerciais ou operacionais; canais de distribuição.

Nem todos os “fatores diferenciadores” de segmentação devem ser levados

em conta, pois poderia tornar a análise complexa, dificultando a simplificação das

estratégias a serem adotadas. A lista é apenas uma relação a ser verificada. É

recomendado que sejam escolhidos de dois a cinco fatores (COSTA, 2003).

A atratividade do negócio não está sob o controle da empresa, por não

depender de fatores internos e sim de aspectos externos. Três níveis de atratividade

podem ser identificados: alta, média e baixa, segundo Costa (2003). Esta escala não

é absoluta, uma vez que a análise do conjunto e a comparação entre as áreas

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estratégicas segmentadas podem definir, entre elas, uma classificação mais

adequada para cada cenário avaliado pela empresa.

Porter (2004) reporta a matriz de três-por-três distintamente atribuída a

General Electric, a McKinsey and Company e a Shell, para comentar sobre a

atratividade do negócio.

Conforme é possível visualizar na Figura 9, os dois eixos neste método

também são de atratividade. O local em que uma empresa particular se encontra ao

longo desses eixos é determinado por uma análise desta empresa e de sua indústria

à luz de critérios. Dependendo da localização da empresa na matriz, sua ordem

estratégia é investir capital para construir posição, manter-se em equilíbrio entre a

geração de caixa e o seu uso seletivo, colher, ou desativar-se.

Figura 9 Matriz de atratividade do mercado / Posição do negócio Fonte: Porter, 2004, p. 380

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As mudanças esperadas na atratividade da indústria, ou na posição da

companhia, resultam da necessidade de reavaliar a estratégia. A empresa também

pode tentar equilibrar relativamente ao seu mix de negócios desenvolvidos e em

desenvolvimento e à consistência interna da geração e do uso de caixa.

O uso dessa ferramenta permite que a empresa tenha um direcionador para

formulação de suas estratégias de crescimento, estabilização ou desaceleração do

negócio.

2.9.5 Estratégias competitivas genéricas

Segundo Porter (2004), há três perspectivas estratégicas genéricas com

potencialidade de serem bem-sucedidas para superar as empresas competidoras

em uma indústria. A liderança no custo total, a diferenciação e o enfoque.

A liderança no custo exige uma busca constante na redução de custos em

todas as áreas. A administração tem intensa verificação nos custos realizados para

atingir as metas definidas. O custo baixo em relação aos concorrentes torna-se um o

tema central, quase uma obsessão. Porém, não se pode deixar de lado a qualidade

dos produtos e serviços oferecidos pela empresa. A atenção deve ser redobrada

para não corroer demasiadamente os resultados de lucros.

A genérica estratégia de diferenciação preocupa-se em buscar a unicidade do

produto ou serviço oferecido pela empresa. Criar algo que seja considerado único no

âmbito de toda a concorrência. Os métodos de diferenciação podem assumir muitas

formas: projeto ou imagem de marca, tecnologia, formas de distribuição,

peculiaridades específicas, ou outras dimensões. Idealmente a empresa deve

procurar se diferenciar em diversas dimensões para conquistar maior amplitude de

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unicidade. Esta estratégia poderá oferecer margens maiores, o que exclui a

necessidade da estratégia de redução de custos. Poderá, ainda, reduzir a

participação de mercado, uma vez que os preços praticados normalmente são

maiores que a concorrência sem diferencial.

A última estratégia genérica de enfoque visa concentrar esforços em um

determinado grupo de compradores, um segmento da linha de produtos, ou um

mercado geográfico.

As estratégias de liderança no custo total e da diferenciação buscam atender

toda a indústria. Já a estratégia de enfoque visa atender muito bem um alvo

específico e cada plano deve levar em conta essa abordagem. A estratégia está

baseada em atender seu alvo de forma mais efetiva que seus concorrentes. Visa

obter satisfação dos compradores por atender melhor sua necessidade por meio de

diferenciação ou pela liderança de custo. O enfoque desenvolvido significa que a

empresa tem uma posição de baixo custo ou de diferenciação ou, ainda, ambas em

seu alvo estratégico específico.

As diferenças entre as três estratégias genéricas comentadas estão ilustradas

na Figura 10.

Figura 10 Matriz de estratégicas genéricas Fonte: Porter, 2004. p. 41

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Certo e Peter (2005) defendem que uma empresa pode definir uma grande

variedade de estratégias genéricas e apontam três em sua obra:

• de concentração: que consiste na empresa concentrar esforços em uma

única área de negócios, para obter um diferencial competitivo com amplo

conhecimento do segmento, além de diminuir os problemas da

administração de vários empreendimentos ao mesmo tempo. Apresenta

a desvantagem de não ter outro negócio para balancear suas receitas

em caso de algum competidor usar de ações extremamente agressivas

e vir a dominar o mercado.

• de estabilidade: quando a empresa se concentra em suas atividades

procurando mantê-las. Há casos de uma empresa procurar manter seus

negócios devido ao fato de monopolizar uma indústria e evitar as

penalidades governamentais. Outro caso se refere às empresas que

considerem o crescimento muito dispendioso, não sendo compensador o

investimento. E, por fim, em uma indústria de baixo crescimento, a

empresa pode optar por manter o negócio sem mudanças no quadro do

mercado.

• de crescimento: consideram essa estratégia genérica como a mais

comum entre as empresas. Empresas que procuram crescimento em

vendas, aumento da lucratividade ou maior participação de mercado.

Alguns recursos podem ser utilizados neste tipo de estratégia, como as

“integrações vertical e horizontal, diversificação e fusões, além de joint

ventures”.

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a. Integração vertical – essa estratégia objetiva a aquisição de outras

empresas no canal de distribuição, para obter maior controle sobre

um negócio e aumentar a lucratividade por meio da maior eficiência

ou maior capacidade de vendas.

b. Integração horizontal – é promovida pela aquisição de empresas

concorrentes na mesma linha de negócios. Procura aumentar o

tamanho da empresa, as vendas ou fatia de mercado.

c. Diversificação – essa estratégia visa o crescimento por meio da

aquisição de outras empresas em linhas de negócios similares que

poderão dar maior eficiência na principal capacidade da empresa.

Empresas com bom canal de distribuição podem adquirir outras que

tenham produtos possíveis de serem distribuídos pelos mesmos

canais, maximizando o esforço e reduzindo custos.

d. Fusões – o aproveitamento dessa estratégia de crescimento procura

unir forças de duas empresas para um objetivo comum, ou pela

necessidade de aquisição de tecnologia necessária ao melhor

desempenho.

2.9.6 Viabilidade da estratégia estabelecida

Para Almeida (2003) no processo de se estabelecer a viabilidade estratégica

há dois grandes passos a serem seguidos: o estabelecimento de objetivos e a

elaboração dos demonstrativos financeiros

O modelo seqüencial sugerido por Almeida (2003) estabelece em primeiro

lugar qual a estratégia principal e a partir dela são feitos os devidos desdobramentos

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dos objetivos e metas a serem perseguidas. A razão por essa escolha deriva das

análises do ambiente externo e ambiente interno, ressaltando que os conceitos de

estratégia e objetivos estão intimamente ligados, pois enquanto a estratégia dá o

caminho, o objetivo mostra aonde se quer chegar. Dessa forma se a estratégia for

ampliar a participação de mercado, o objetivo seria conquistar, por exemplo, 45% de

participação.

O estabelecimento das estratégias é predominantemente qualitativo,

estruturando as idéias para definir os caminhos a serem seguidos. Os caminhos nem

sempre são viáveis, necessitando análises financeiras para sua verificação. Os

dados financeiros não precisam ser necessariamente exatos, podendo utilizar

valores aproximados, ou apenas em milhares. O objetivo é medir a viabilidade e não

fazer a verificação contábil (ALMEIDA, 2003).

Nas análises internas define-se o diagnóstico da situação financeira e

econômica da empresa. Como conseqüência, o estabelecimento das estratégias e

seu desdobramento em objetivos e metas, os valores orçamentários devem ser

criados para implementação das ações. Esses valores devem ser analisados

mediante de demonstrativos que representem os resultados financeiros esperados,

alinhados com o diagnóstico encontrado.

A utilização de fluxos de caixa, considerando-se receitas e despesas, é um

exemplo de demonstrativo simples para verificação da viabilidade da estratégia.

Aprofundando-se as análises pode-se chegar a outros indicadores, como o balanço

patrimonial final do projeto e obterem-se diversos indicadores financeiros, entre

tantos, alguns são citados:

• Margem bruta: valor das vendas subtraídos os custos das mercadorias

vendidas, dividido pelo valor das vendas. Indica a porcentagem de cada

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valor monetário de vendas que restou após a empresa pagar suas

mercadorias.

• Margem operacional: valor do lucro operacional dividido pelo valor das

vendas

• Margem líquida: valor do lucro líquido dividido pelo valor das vendas

• Retorno sobre investimentos (ROI): valor do lucro líquido dividido pelo

valor dos ativos totais

Outros indicadores poderão ser verificados de acordo com o necessário em

cada particularidade da empresa no seu meio. É importante que os indicadores

possam ser utilizados para medir o desempenho e não apenas ser uma tarefa de

obrigatoriedade.

Para Certo e Peter (2005), há restrições na formulação das estratégias

organizacionais, empresariais ou funcionais. A necessidade de recursos financeiros

para financiar as estratégias pode causar um dano ao fluxo de caixa; a aceitação de

um risco mínimo para implementação da estratégia pode levar a uma limitação de

ações; as competências da empresa podem estar aquém das possibilidades de

executar as estratégicas; as relações entre canais poderão limitar a execução do

plano, por não existirem empresas disponíveis para realizar a distribuição ou a

empresa não consegue estabelecer sua própria distribuição; a ação de retaliação da

concorrência pode agredir fortemente os resultados, causando desastres em uma

guerra de preços, ou ainda, aumentar sobremaneira a demanda que não poderia ser

atendida satisfatoriamente.

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72

2.9.7 Desdobramento das estratégias

Conforme exposto por Almeida (2003), o planejamento nas empresas pode

ser dividido em três níveis:

• Nível estratégico, em que são planejadas as principais decisões que

direcionarão a empresa como um todo e a afetam em longo prazo.

• Nível administrativo, também conhecido como tático, intermediando as

decisões estratégicas com as operacionais.

• Nível operacional, em que as ações realmente acontecem.

A Figura 10 demonstra os níveis da empresa que o desdobramento das

estratégias alcança.

Figura 11 Desdobramento das estratégias Fonte: Almeida, 2003, p. 39

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2.9.8 Controle e revisão

A etapa final da elaboração do planejamento estratégico é definir os

indicadores de desempenho para avaliar se o que foi proposto está sendo

executado. Segundo Kotler (1998), na medida em que implementa sua estratégia, a

empresa precisa rastrear os resultados e monitorar os novos desenvolvimentos nos

ambientes interno e externo.

Os ambientes têm comportamentos diferentes, alguns mudam rapidamente e

é necessário tomar as devidas ações para correção do rumo, outros se mantêm ou

desenvolvem-se mais lentamente. De qualquer forma, os administradores podem

esperar mudanças. Com isso, será necessário rever sua implementação, promover

novos programas, estratégias ou até objetivos.

As escolhas dos indicadores de desempenho dependerão das

particularidades de cada empresa, conforme o foco dos seus negócios. As empresas

que melhor têm conseguido analisar seus resultados são aquelas que se utilizam

tanto dos indicadores não-financeiros como dos financeiros. Essas empresas se

mostraram mais eficazes em suas ações em relação àquelas que analisam apenas

os resultados financeiros (DAVID; ELBERT; BROWN, 2004)

A análise dos resultados alcançados pela implantação do planejamento

estratégico direciona para um aprendizado útil e de melhoria contínua,

considerando-se que haja realimentação das informações. Almeida (2006) sugere a

utilização de indicadores de desempenho para se “estudar, compreender, planejar e

executar as ações estratégicas”, definindo um conjunto desses indicadores para

acompanhar a evolução do que foi planejado. Os indicadores de desempenho são

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medidas para quantificar melhorias do desempenho no negócio, mensurando o

progresso das metas e objetivos.

Convém ressaltar a necessidade da utilização dos indicadores como

ferramentas de trabalho úteis para a melhoria contínua do que está sendo medido.

Excesso de indicadores pode prejudicar as análises, permitindo que pontos

importantes passem desapercebidos. Indicadores sem metas não cumprem a

necessidade de medição. Indicadores sem planos de ação corretiva são meros

registros de dados e não ferramenta de gestão.

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3 MÉTODO

Tendo em vista a necessidade de atender aos objetivos propostos, cabe

destacar os meios pelos quais as informações foram coletadas nas empresas-objeto

do estudo.

A natureza da pesquisa, seus sujeitos, o instrumento de coleta, a abordagem

do problema e objetivos descritivos são explanados a seguir.

3.1 NATUREZA DA PESQUISA

Este estudo desenvolve uma pesquisa de natureza aplicada, buscando

aumentar o conhecimento (TRIVIÑOS, 1987) sobre as formas de planejamento

empresarial, visando apontar potenciais desdobramentos para melhoria do

desempenho das pequenas empresas, foco da dissertação.

Adota uma abordagem quantitativa para a análise dos dados, procurando

identificar as características das empresas quanto a sua orientação de

planejamento.

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA

As pessoas que forneceram os dados necessários para a pesquisa

(VERGARA, 1998) foram os principais executivos das pequenas empresas, ou

aqueles, com responsabilidades delegadas, cujos conhecimentos foram suficientes

acerca do planejamento empresarial da empresa, procurando garantir a fidelidade

das informações (RUDIO, 1990).

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76

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA

Para obtenção dos dados nas empresas consultadas, utilizou-se de um

formulário estruturado com 23 questões. As questões de 1 até 6 trataram de

identificar o perfil das empresas. As questões de 7 e 8 descrevem os principais

produtos e como as empresas se preparam para atender ao mercado. A questão 9

teve a função de filtro entre as empresas que fazem e as que não fazem

planejamento estratégico. As empresas que executaram suas atividades, em 2006,

baseadas em um plano estratégico foram abordadas com as questões de 10 até 18.

As questões de 19 até 23 foram aplicadas para as empresas que exerceram suas

ações, em 2006, sem ter um plano estratégico. O formulário poderá ser consultado

no Anexo A.

3.4 ESTUDOS DESCRITIVOS

Boyd Junior e Westfall (1979) abordam os estudos descritivos como o uso

mais freqüente para identificar as características típicas de um mercado. É utilizada

para se obter uma descrição completa e precisa da situação. Depois de analisados

os dados levantados, o pesquisador poderá identificar a concentração de

determinadas ações em relação ao objeto pesquisado. Alerta, entretanto, que a

pesquisa descritiva não indica uma relação de causa e efeito.

Os bons resultados de desempenho de uma empresa e a aplicação de um

modelo de planejamento podem seguir juntos, mas isso não significa que a causa do

sucesso seja necessariamente devido a aplicação de um modelo de plano

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estratégico estruturado ou não. Para que isso seja afirmado são necessários estudos

experimentais.

Para se descobrir o conhecimento, preferências, usos, crenças entre as

pessoas e empresas, o uso da pesquisa de levantamentos pode mensurar as

proporções ou magnitudes desses atributos (KOTLER, 1998).

O modelo descritivo faz uma tentativa de modelar, em parte, algum processo

comportamental. Tem seu valor quando proporciona discernimento ao pesquisador

sobre os hábitos levantados junto ao público estudado (BOYD JUNIOR; MASSY,

1978).

Os estudos descritivos têm a função de identificar o perfil de uma população

quanto aos seus hábitos de usos, assim como apontar características que podem

determinar a adoção de um comportamento específico.

3.5 ESTUDOS DE CASO

Pelo fato de ser uma investigação a respeito de um fenômeno que ocorre no

ambiente das pequenas empresas do setor aeroespacial, a técnica de estudo de

caso é apropriada para ser um método complementar das análises desta pesquisa.

Nos estudos de caso, a seleção das empresas deve seguir um critério para a

representatividade do universo em estudo (YIN, 2005). Berté (2006) comenta que

“essa técnica lida com questões explicativas, possibilitando lidar com o motivo pelo

qual o fenômeno ocorreu”.

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78

3.6 UNIVERSO PESQUISADO

O levantamento dos dados foi realizado na cidade de São José dos Campos -

SP, junto de empresas de pequeno porte do setor aeroespacial, mediante um

formulário estrutura com questões abertas e fechadas, descrito no item 3.3.

Durante o período de 2 a 20 de Julho de 2007, foi feito um levantamento

inicial das empresas arroladas em associações comerciais, industriais e cadastro de

empresas do setor. As fontes consultadas foram:

• AIAB – Associação das indústrias aeroespaciais do Brasil;

• ASSECRE – Associação das empresas das Chácaras Reunidas;

• CECOMPI – Centro para a competição e inovação do Cone Leste

Paulista;

• CESAER – Cadastro de empresas do setor aeroespacial;

• CIESP – Confederação das indústrias do Estado de São Paulo – São

José dos Campos.

Além das fontes consultadas, algumas empresas foram indicadas por

profissionais da área. No levantamento, foram identificadas 43 pequenas empresas,

com características que pudessem participar do estudo, seguindo os critérios

estabelecidos de porte, foco de negócio e tempo de existência.

3.7 SELEÇÃO DAS EMPRESAS

Do total de 43 empresas, foram aproveitadas 13 consultas em empresas de

pequeno porte, segundo critério do BNDES, com mais de três anos de existência,

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que fornecem produtos e serviços ao setor aeroespacial, em São José dos Campos

– SP, representando 30,2% do universo identificado.

O método de seleção das empresas deste estudo é caracterizado por um

critério não-probabilístico. Há uma grande diversificação e variedade de técnicas

para a escolha da amostra não-probabilística. Desde a amostra escolhida

simplesmente pela sua conveniência, até as técnicas mais elaboradas por cotas de

representantes com base em características previamente definidas. Poderão ser

incluídos na amostra elementos que se acreditem ser fiéis representantes do

universo pesquisado (BOYD JUNIOR; MASSY, 1978).

Segundo Cundiff, Still e Govoni (1979), o que diferencia as classes de

amostras probabilísticas das não-probabilísticas é a maneira como são selecionados

os itens de inclusão nas amostras. Enquanto nas amostras probabilísticas adotam

um modelo aleatório para a escolha, nas amostras não-probabilísticas a seleção é

feita por um processo opinativo.

Os três autores definem que a amostragem não-probabilística tem uma

característica intencional de encontrar os elementos que melhor definem o grupo

representante do universo.

Yin (2005) afirma que em projetos de estudo de casos a seleção é um

aspecto importante e deve seguir por uma escolha criteriosa e intencional, sem

seguir um processo de amostragem.

Desta forma, o levantamento dirigido a um pequeno grupo é adequado a esta

pesquisa e descarta-se a necessidade do uso de métodos de probabilidade de

inclusão aleatória dos elementos que compuseram os casos representativos.

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3.8 COLETA DE DADOS

No mês de agosto de 2007, foram realizadas consultas em cinco empresas

para efeito de pré-teste do formulário. Verificou-se que:

• a duração média das consultas foi de 27 minutos, excluindo-se o tempo

de apresentação e explicações;

• o entendimento das questões e a aplicabilidade do formulário foram

satisfatórios.

Durante as consultas para pré-teste do formulário, alguns comentários são

pertinentes para melhoria do levantamento. Notou-se que:

• faltou inserir no formulário a data de fundação da empresa; e

• quando abordados sobre os principais resultados alcançados pela

empresa em 2006 comparados com o ano de 2005, pergunta 21,

algumas respostas se apresentaram sob forma qualitativa,

demonstrando pouca segurança quanto aos números ou indicadores de

desempenho bem estabelecidos.

Depois de verificadas as necessidades de correções e atenção à estrutura do

formulário, as consultas complementares foram realizadas em um levantamento que

ocorreu durante os meses de agosto e setembro de 2007.

Ao todo foram realizadas 15 consultas. Destas, duas foram retiradas do grupo

por estarem com a classificação de porte acima do estipulado pelo critério de

seleção da pesquisa.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Por se tratar do método descritivo, os resultados procuram traçar o perfil das

empresas pesquisadas. As informações tabuladas descrevem o desempenho das

empresas, identifica o principal direcionamento estratégico das empresas; para o

mercado como um todo ou apenas dirigido para as grandes empresas estabelecidas

na região.

Os resultados são apresentados em números absolutos extraídos de uma

amostra pequena, pelo que todos os comentários tratados neste trabalho devem ser

tomados como referências e com o devido espírito crítico.

4.1 PERFIL DAS EMPRESAS

A pesquisa aborda questões sobre as principais características das empresas

consultadas, em que demonstram atender os critérios estabelecidos como filtro para

participarem da pesquisa. Informações sobre o tempo de existência, área de

atuação, ou seja, pertencerem ao setor aeroespacial e porte da empresa. Os

resultados obtidos entre as 13 empresas visitadas são apresentados a seguir.

4.1.1 Tempo de existência

Todas as empresas consultadas têm mais de três anos de funcionamento. Do

total, cinco empresas têm até dez anos de existência e oito empresas têm mais de

dez anos. A empresa mais antiga foi fundada em 1976 e a mais nova iniciou suas

atividades em 2001. Desta forma, as 13 empresas que participaram do estudo

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superaram o período considerado introdutório, segundo conclusões da pesquisa do

Sebrae (2005), quanto ao ciclo de vida do empreendimento, que verificou a

sobrevivência e mortalidade de um negócio.

4.1.2 Área de atuação

Todas as empresas pesquisadas fazem parte do setor aeroespacial, conforme

o critério estabelecido. A maioria das empresas opera em mais de um setor da

indústria. Petroquímico e Automotivo são as principais áreas complementares de

atuação das empresas, em função de outras vocações do município de São José

dos Campos - SP.

Na Tabela 1 são apresentados os setores de atividades que as empresas

pesquisadas atuam, demonstrando a diversidade do perfil do grupo estudado.

Tabela 1 Área de atuação

Itens Freqüência Aeroespacial 13

Petroquímica 4

Automotiva 3

Energia 1

Construção Civil 1

Meteorologia 1

Transportes 1

Hidrologia 1

Base: 13 empresas

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Apesar de se apresentarem em mais de um setor, grande parte delas está

focada em uma única indústria como principal negócio, havendo casos de 90% de

concentração dos negócios em apenas um cliente. A alta dependência de um único

cliente gera riscos de desestabilização na hipótese da perda desse contrato.

A análise externa da empresa pode ser vista pelo ambiente operacional

(CERTO; PETER, 2005), em que as implicações mais diretas e imediatas à empresa

devem ser criteriosamente verificadas, antevendo possíveis impactos negativos ou

positivos dos resultados esperados. Considerando-se a possibilidade da indústria em

que uma empresa atua entrar em declínio momentâneo, torna-se estratégico

participar em mais de um setor, procurando diversificar as atividades, mitigando

riscos iminentes da potencial queda no volume de negócios concentrados.

As empresas orientadas para tecnologia aproveitam essa orientação como

uma vantagem competitiva a seu favor. O desenvolvimento de uma tecnologia, além

de seus competidores, proporcionará o surgimento de novos produtos e novos

mercados. Essa característica, de empresas orientadas pela tecnologia, permite a

criação constante de novas oportunidades e leva esses tipos de empresas a se

deixarem levar pela tecnologia que dominam a novos mercados (ROBERT, 1998).

A “ameaça de entrada em uma indústria” dependerá da “barreiras de entrada”

nela existentes, em associação com as reações dos participantes dessa indústria a

um novo concorrente. O novo entrante poderá esperar uma forte reação da

concorrência quando as barreiras são altas (PORTER, 2004).

As empresas com capacidade tecnológica para atender ao segmento

aeroespacial têm potencial para entrar em outro setor industrial, desde que analise o

grau de competição nele existente e consigam criar um diferencial competitivo com

alguma dificuldade de ser rapidamente imitado.

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4.1.3 Tipo de empresa

Das 13 empresas consultadas, duas têm seu foco na prestação de serviços

(apesar de uma delas atuar também como contratante industrial), desenvolvendo

atividades de suporte às empresas do setor, e as onze demais declararam atuar

como indústria. A distribuição quanto ao tipo de atividade das empresas se deu em:

• 6 – Indústria, Comércio e Serviços;

• 4 – Indústria e Serviços;

• 1 – Indústria e Comércio;

• 1 – Indústria;

• 1 – Serviços.

4.1.4 Quantidade de profissionais

A maioria das empresas pesquisadas tem em seus quadros menos de 50

profissionais, reforçando a característica de pequena empresa, como demonstrado

na Figura 12.

QUANTIDADE DE PROFISSIONAIS

de 100 - 199 Profissionais; 2

de 50 - 99 Profissionais; 2até 49

Profissionias; 9

Figura 12 Quantidade de profissionais nas empresas

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4.1.5 Porte da empresa

Cumpriu-se o filtro de porte, com base no critério do BNDES que estipula o

faturamento anual inferior a R$ 10.500.000,00. Do total de empresas consultadas,

quatro têm faturamento anual até R$ 1.200.000,00 e nove têm faturamento anual

entre R$ 1.200.000,00 até R$ 10.500.000,00.

4.2 PRODUTOS E SERVIÇOS OFERECIDOS

Após as questões de perfil, as empresas foram abordadas a respeito

das atividades que desenvolvem para atender aos setores industriais em que atuam.

As respostas foram diversificadas, apresentando um quadro amplo de atividades

desenvolvidas para atender, não só à indústria aeroespacial, como para outros

setores em que as empresas atuam.

De maneira geral, o item projetos, produtos sob encomenda ou customizados

foi o que aparece com maior freqüência (nove citações) entre as empresas

consultadas. Seguido de ‘integração de sistemas’ (quatro citações) e por

‘desenvolvimento de software’ (três citações), ‘usinagem de peças’ (três citações) e

comércio exterior (três citações).

A Tabela 2 apresenta todos os itens declarados como principais atividades

desenvolvidas para atender ao setor em que atuam.

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Tabela 2 Produtos e serviços oferecidos

Itens Freqüência Projetos / produtos sob encomenda / customização 9

Integração de sistemas 4

Desenvolvimento de software 3

Usinagem de peças 3

Comércio Exterior / importação / exportação 3

Instalações 2

Desenvolvimento de Hardware 2

Equipamentos para satélites 2

Subsistemas para satélites 1

Desenvolvimento de processos 1

Desenvolvimento de Sistemas 1

Desenhos aeroespaciais 1

Engenharia reversa 1

Projetos de pesquisa para captação de recursos financeiros 1

Planejamento estratégico para pequenas empresas 1

Instrumentação e medição 1

Prendedores aeronáuticos para montagem primária 1

Serviços de Manutenção 1

Gerenciamento de contratos 1

Estações Meteorológicas 1

Componentes eletrônicos 1

Propulsores de mísseis 1

Base: 13 empresas

A principal característica encontrada é de empresas de desenvolvimento de

projetos ou com atividades que demonstram atender aos clientes com fornecimentos

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sob encomenda. Poucas empresas têm produtos finalizados, já formatados, ou

prontos para serem entregues.

Os produtos de algumas empresas foram desenvolvidos para atender um

cliente com exclusividade. Demonstram uma tendência baixa em faturamentos

recorrentes, em previsibilidade de oportunidades em altas expectativas dependentes

dos projetos específicos dos clientes.

As empresas com base tecnológica são aquelas que têm um conhecimento

específico e, normalmente, têm competências para aprimorar ou adquirir outras

tecnologias complementares ao conhecimento que possuem. A partir desse

contexto, identificam necessidades em que não existem produtos disponíveis. Essas

empresas buscarão a utilização dessas novas tecnologias, transformando-as em

produtos que atendam às necessidades de mercado identificadas (ROBERT, 1998).

As empresas consultadas detêm um conhecimento específico com padrão de

qualidade aceito no setor aeroespacial e que, normalmente, é exigente. Esse

conhecimento é uma alavanca para a identificação de oportunidades para novas

aplicações e usos das tecnologias que dominam.

Há potencial de aproveitamento das atuais atividades que desenvolvem no

setor aeroespacial para aplicações em outros setores da indústria de base

tecnológica, o que poderia reduzir a dependência de poucos clientes.

Durante as consultas pode-se observar uma clara segmentação de foco do

negócio no setor aeroespacial, ou seja, há um grupo de empresas que têm suas

atividades direcionadas para atender a construção de aeronaves (aeronáutico) e

outro grupo direcionado para atender as atividades de segurança nacional e

insumos para satélites (espacial). Considerando-se o objetivo da pesquisa, os

resultados obtidos serão tratados como o setor aeroespacial como um todo.

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4.3 PREPARAÇÃO PARA ATENDER AO MERCADO

As empresas foram consultadas procurando-se informações sobre como se

preparam para atender às demandas do setor em que atuam com seus produtos e

serviços. Atividades de relacionamento com o mercado ou consulta a clientes e aos

programas governamentais são as principais orientações para que as empresas se

organizem para o atendimento ao mercado.

Tanto manter contato com o cliente como se relacionando com as pessoas

envolvidas representaram sete das citações. Em seguida, aparecem ‘visitando o

cliente / foco no cliente’, ‘conhecendo as linhas de crédito governamentais’ e

‘conhecendo os programas governamentais’ com seis citações cada categoria de

resposta.

Tabela 3 Atividades para atender a demanda

Categorias de respostas Freqüência Manter contato com o mercado 7

Relacionando-se com as pessoas envolvidas 7

Visitando os clientes / foco no cliente 6 Conhecendo as linhas de crédito governamentais 6

Conhecendo os programas governamentais 6

Conhecendo a demanda / o plano do cliente 4

Feiras internacionais / eventos do setor 2

Identificando nichos de baixo custo e menor concorrência 1

Procuro ficar no aeroespacial para não fugir do foco 1

Capacitação em equipamentos 1

Capacitação de RH 1

Base: 13 empresas

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Os fatos de conhecerem a demanda ou o plano do cliente (quatro citações)

também contribuem à preparação das empresas para atender ao setor aeroespacial,

reforçando a tendência de atendimento dirigido aos projetos dos compradores.

Kotler (1998) comenta que, em função da pouca quantidade e o poder de barganha

dos compradores, existe um estreito relacionamento entre “fornecedor-comprador”.

Os fornecedores, normalmente, ajustam-se às necessidades dos compradores por

meio de cooperação técnica e nos prazos de entrega. Os compradores promovem

encontros especiais para interar os fornecedores nas exigências de qualidade e de

requisitos de fornecimento.

As empresas consultadas apresentam o comportamento de estarem sempre

atualizadas com as necessidades de seus clientes, mediante relacionamento

contínuo e estreito, como demonstrado na Tabela 3.

O principal insumo de uma empresa de base tecnológica é o conhecimento e

a transformação deles em novos conhecimentos e, conseqüentemente, em

tecnologias, que são seus produtos finais. Pessoas agindo individualmente e

interagindo em grupos de relacionamento cooperam entre si para atingir os objetivos

da indústria. São processos essenciais para a transformação de insumos em

produtos (CASTRO; LIMA; BORGES-ANDRADE, 2005). As atividades para atender

a demanda identificada nas empresas consultadas estão baseadas, principalmente,

na forma de relacionamento entre as pessoas envolvidas nos objetivos comuns.

Poucas empresas, duas citações, participam de feiras ou eventos do setor

para ampliar suas possibilidades de negócios, mantendo-se no foco aeroespacial,

limitando a expansão dos negócios das empresas consultadas. Reforçando essa

idéia, um executivo afirmou “procuro ficar no aeroespacial para não fugir do foco”.

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Os investimentos em marketing promovem o deslocamento positivo da curva

de demanda provocado pela preferência do seu público ou inclusão de novos

clientes, e os esforços dos concorrentes exercem forças contrárias a esse

deslocamento (SAITO, 2006). Desta forma, o não investimento em ações

mercadológicas deixará a empresa menos conhecida no mercado, facilitando a

ampliação de negócios dos concorrentes de mesmo porte que aportam recursos em

comunicação.

4.4 PLANEJAMENTO NAS EMPRESAS

Entre as empresas consultadas, duas informaram elaborar planejamento

estratégico sistemático e estruturado. Outras dez fazem o planejamento em função

dos contratos ou pedidos que foram negociados. Apenas uma empresa, em função

das suas atividades de apoio às empresas do setor, faz somente o planejamento

operacional de curto prazo. Desse modo, onze empresas não praticam o

planejamento estratégico estruturado.

Com base nessas informações, dois grupos foram separados para o

fornecimento de dados sobre o planejamento das empresas, conforme demonstra a

Tabela 4.

Tabela 4 Planejamento nas empresas

Categorias de respostas Freqüência Empresas com planejamento estratégico 2

Empresas sem planejamento estratégico 11

Base: 13 empresas

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Como se pode notar, a grande maioria (onze citações) não faz planejamento

estratégico estruturado para aproveitar as oportunidades e preparar-se para mitigar

os riscos apresentados pelo mercado. Vale lembrar que são empresas que já

possuem uma certa maturidade no ciclo de vida empresarial e que podem ainda

mudar de atitude quanto ao seu posicionamento de mercado.

Após relatar casos de empresas que mudaram as regras, Robert (1998)

conclui que o raciocínio estratégico faz a diferença significativa entre as empresas

vitoriosas e as que fracassam. Não é fácil mudar a estrutura de uma empresa que já

opera com algum sucesso, isso leva tempo, às vezes, pode levar anos.

4.5 EMPRESAS COM PLANEJAMENTO ESTRUTURADO

Entre as empresas que administraram seus negócios com base em um

planejamento estratégico estruturado e sistemático, foram abordados assuntos

pertinentes às características básicas da conduta da atividade, coletadas mediante

nove questões do formulário aplicado (da questão 10 até a questão 18).

Foram colhidas informações sobre os envolvidos no plano e o período de

realização e acompanhamento, suas etapas, maturidade da atividade, seus

indicadores de desempenho, a qualidade e eficácia do processo de planejamento

estratégico desenvolvido.

Como somente duas empresas participaram dessa parte do formulário, as

suas características serão apresentadas na forma de estudo de caso, identificando-

as como empresa 1 e empresa 2.

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4.5.1 Empresa 1

A empresa 1 atua no setor aeroespacial, com foco espacial, tem o perfil de

empresa de base tecnológica no desenvolvimento e integração de sistemas de

missão crítica, ou seja, sistemas que requerem redundância e não podem parar de

funcionar. Além do setor aeroespacial, suas atividades estão ligadas ao setor

automotivo e ao setor de mobilidade - sistemas de rastreamento e controle de

desempenho de frotas comerciais e sistemas para rodovias inteligentes. Foi fundada

em 1989, conta com uma equipe de 108 profissionais e faturou entre R$

1.200.000,00 e R$ 10.500.000,00 em 2006.

Participam do planejamento estratégico três diretores e um gestor estratégico,

em sua primeira fase. Em um segundo momento, há o envolvimento dos principais

gestores para o desdobramento das metas e planos de ação. O plano é realizado

entre os meses de novembro e janeiro com formulações de diretrizes gerais para os

próximos três anos. A empresa 1 já vem praticando o planejamento estratégico há

seis anos.

Considerando-se as etapas adaptadas para o planejamento estratégico, a

empresa 1 adota uma seqüência de atividades bem próxima das descritas no

capítulo de revisão de literatura deste estudo, porém, em escala menos detalhada

devido ao porte da empresa. Suas atividades são:

• iniciar com uma análise de cenários, revisando as ameaças e

oportunidades conhecidas;

• revisão das competências internas e necessidades de futuros

investimentos na empresa;

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93

• aplicação da matriz swot; definição das principais estratégias e

diretrizes a serem perseguidas;

• os devidos desdobramentos em metas para as divisões de negócios,

com planos de ação associados.

Diversos indicadores de desempenho são acompanhados mensalmente em

reuniões mensais entre os gestores das divisões de negócios e os diretores. Sendo

que o indicador financeiro é o principal “gatilho” para o investimento em metas não

financeiras.

Os principais indicadores adotados para acompanhar o planejamento são:

• Financeiros: faturamento, margem de contribuição, despesas fixas e

lucro antes do imposto de renda, amortização e depreciação;

• Mercado: participação de mercado, satisfação e reclamações de

clientes;

• Processos: índice de retrabalho e execução orçamentária de projetos;

• Pessoal: índice do clima organizacional, adequação dos profissionais em

suas funções, índice de ocupação da capacidade produtiva;

• Expansão do negócio: Avaliação qualitativa da evolução de novos nichos

de mercado por divisões de negócios.

A empresa 1 adota uma adaptação da estrutura para planejamento

estratégico alinhado às definições de Kaplan e Norton (1997), em que há quatro

perspectivas do negócio, para alinhamento estratégico. A adaptação da empresa 1

inclui outro vetor direcionado à expansão do negócio.

• Perspectivas financeiras: em que os objetivos da empresa podem diferir

dependendo do posicionamento estabelecido, ou sejam, de crescimento

que comprometem recursos consideráveis para obter o crescimento;

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94

sustentação quando a empresa é preocupada com a manutenção da

participação de mercado com pequenos crescimentos ano a ano; e

colheita em ocasiões que não se justificam mais investimentos

significativos, apenas o suficiente para manutenção da capacidade de

produção e não para ampliar ou gerar novas capacidades;

• Perspectivas do cliente: esse aspecto permite o alinhamento das

estratégias em um segmento que fornecerá os resultados financeiros,

objetivando participação de mercado, captação de clientes, retenção de

clientes, satisfação de clientes e lucratividade por clientes;

• Perspectiva dos processos internos: com base nas perspectivas

financeiras e dos clientes é possível definir as melhorias nos processos

internos da empresa, como os processos de inovação, operações, e

serviços pós-vendas;

• Perspectivas do aprendizado e crescimento: possibilitam a consecução

de objetivos ambiciosos das outras três perspectivas. São os vetores

para a excelência na execução das outras três e oferecem a infra-

estrutura necessária para elas.

As informações sobre a qualidade do processo de planejamento estratégico

praticado na empresa 1 apontam para uma busca incessante de eficácia na gestão e

efetividade de resultados, constante necessidade de treinamento para a prática de

gestão entre os envolvidos, maior comprometimento dos profissionais envolvidos.

Costa (2003) descreveu diversas dificuldades na implementação do

planejamento estratégico. Dentre elas, as mudanças na vida das pessoas, criando

fortes impactos nos profissionais envolvidos. Alerta, ainda, que os profissionais

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95

devem ser “extensivamente informados de que a mudança é inevitável”, porém trará

benefícios à empresa a médio e longo prazo.

Quanto aos resultados que o processo de planejamento estratégico

estruturado tem trazido para a empresa 1, foram comentadas as melhorias

conquistadas da visão de negócio, e não apenas a visão técnica. Assim, o momento

de planejar provoca com que as pessoas parem para pensar sobre o que irão

executar e fomenta as características empreendedoras, além das de

desenvolvimento técnico.

4.5.2 Empresa 2

A empresa 2 atua principalmente no setor aeroespacial, com foco na

prestação de serviços de apoio às empresas para captação de recursos

governamentais, em projetos de pesquisa e desenvolvimento de interesse

estratégico nacional. Pratica atividades de assessoria empresarial desde 2001 e,

atualmente, conta com um quadro de cinco profissionais, podendo contratar outros

colaboradores mediante o volume de trabalho durante o curso dos contratos ou na

iminência da abertura de novos editais de apoio à pesquisa. No ano de 2006 obteve

um faturamento inferior a R$ 1.200.000,00.

Os diretores e os gerentes de contratos participam do planejamento

estratégico da empresa. Os planos são realizados durante o mês de janeiro com

objetivos para cinco anos. Encontra-se na fase introdutória do processo de

planejamento estratégico, sendo que o primeiro plano foi realizado há menos de dois

anos.

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As etapas realizadas pela empresa 2 para o processo de planejamento

estratégico têm um procedimento específico e adaptado às necessidades do

segmento em que atua, o que não difere demasiadamente de atividades descritas

na revisão de literatura desta pesquisa. Para realizar seu planejamento, a empresa 2

pratica as atividades de:

• identificar as tendências do mercado mundial para pesquisa e

desenvolvimento tecnológico;

• listar as maiores empresas do Vale do Paraíba do setor aeroespacial;

• consulta em sites governamentais sobre os recursos previstos para

pesquisa e desenvolvimento;

• avaliação das competências em recursos humanos e infra-estrutura para

o atendimento do cliente-alvo;

• definir estratégias de vendas com base no potencial identificado;

• buscar alianças estratégicas em áreas de conhecimento técnico;

• estabelecer um plano de comunicação;

• ações de acompanhamento do mercado para aproveitar as novas

oportunidades.

Os resultados são acompanhados trimestralmente em reunião com os

envolvidos no plano, verificando se as metas foram atingidas. Em situações em que

o proposto não tenha sido atendido, identificam as causam e promovem um plano

corretivo.

A empresa 2 adota os seguintes indicadores de desempenho:

• Índice de projetos propostos;

• Índice de contratos conquistados;

• Índice de projetos aprovados pelos órgãos governamentais;

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• Satisfação do cliente;

• Faturamento.

Em função do pouco tempo de prático de planejamento estratégico pela

empresa 2, a direção alega que ainda não foi possível se ter uma avaliação segura e

metódica quanto a qualidade do processo.

As informações dos resultados que o modelo adotado de planejamento

estratégico tem trazido até o momento para a empresa 2 apontam para uma

melhoria na gestão, melhor escolha de recursos humanos, organização da

administração e melhor direcionamento das atividades.

Certo e Peter (2005) sugerem que o propósito da administração estratégica é

a integração da empresa em seu ambiente de negócios. Diversos benefícios podem

ser conquistados pela empresa, entre eles a melhoria administrativa ou levar os

profissionais da empresa a se comprometerem na realização de metas de longo

prazo.

As duas empresas declaram bons resultados nos seus negócios, com receitas

estáveis sem grandes oscilações, conforme relatado nos casos. A empresa 1

apresenta maior maturidade no processo de planejamento estratégico, enquanto a

empresa 2 se encontra na fase inicial do uso da ferramenta de gestão. Dessa forma,

não se obteve a quantidade de informantes necessários para se afirmar que o uso

de um plano estruturado e sistemático apresente melhorias significativas no

desempenho das pequenas empresas do setor aeroespacial de São José dos

Campos - SP.

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98

4.6 EMPRESAS SEM PLANEJAMENTO ESTRUTURADO

As onze empresas que não praticaram suas atividades empresariais, em

2006, fundamentadas em um planejamento estratégico estruturado, responderam as

questões de 19 a 23 do formulário aplicado, referente a conduta de atendimento ao

mercado em que atuam.

Entre essas empresas, foram levantadas informações quanto as razões da

não realização da ferramenta de gestão, as formas de avaliação dos resultados do

negócio, as principais alterações da infra-estrutura em 2006, comparada com 2005,

os principais resultados atingidos pela empresa em 2006, comparado com 2005 e os

interesses em deter o método de planejamento estratégico.

4.6.1 Por que não fazem o planejamento estratégico

A principal razão obtida para a não utilização de um planejamento estratégico

estruturado pelas empresas consultadas foi o desconhecimento da ferramenta (oito

citações), seguida de ‘planejamos em função do cliente que atendemos’ e ‘o governo

não cumpre seu programa / o mercado oscila’, com quatro citações em cada

categoria de resposta.

Algumas empresas já tentaram estabelecer um método para implantação do

planejamento estratégico. No entanto, não avançaram com essa intenção, devido ao

volume de atividades diárias.

A Tabela 5 apresenta as principais razões identificadas para a questão 19:

‘Por que sua empresa não faz um planejamento estratégico?’

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99

A implantação estratégica em qualquer tipo de empresa apresenta um

processo evolutivo. Sabedoria, persistência e paciência são fatores fundamentais

para sua implantação.

As transformações dos métodos de trabalho demandam tempo, habilidades e

capacitação dos profissionais envolvidos, mudança cultural e sistemas gerenciais

diferenciados. Essas transformações devem ocorrer sem prejudicar as atividades

corriqueiras da empresa, de modo que continue operando (COSTA, 2003).

Colaborando com essas afirmativas, Saito (2006) comenta que a experiência, o

estudo e a maturidade de um processo produtivo ou gerencial afetam positivamente

as habilidades empreendedoras dos gestores.

Tabela 5 Razões para não fazerem planejamento estratégico

Categorias de respostas Freqüência Falta de conhecimento em planejamento / gestão 8

Planejamos em função do plano da empresa que atendemos 4

O governo não cumpre seu programa / o mercado oscila 4

Falta de recurso humano 3

Falta de tempo para planejar 3

Falta de recurso financeiro 2

Sempre fomos intuitivos / levados pelas oportunidades 2

Temos dificuldade de administrar 1

Fazemos em função de verbas a fundo perdido do governo 1 Estamos nos estruturando para depois irmos ao mercado 1

O cliente não permite o fornecimento para outros 1

Há muito foco técnico e pouco foco de mercado 1

Faltou entrar na rotina 1

Base: 11 empresas

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100

Nota-se a oportunidade de intensificar as ações de melhoria no apoio às

pequenas empresas do setor aeroespacial de São José dos Campos – SP, mediante

treinamento e reciclagem aos seus dirigentes e profissionais em sistemas de gestão

empresarial, oferecido pelas associações empresariais, CECOVI ou Sebrae.

4.6.2 Avaliação dos resultados do negócio

A questão 20 procurou identificar como as empresas avaliam os resultados

dos seus negócios.

Entre as onze empresas deste grupo, seis delas apontam que o ‘faturamento /

as vendas realizadas’ é o principal indicador de desempenho. Em segundo lugar

aparecem a ‘quantidade de contratos realizados’, o ‘cumprimento das metas

contratuais’ e o ‘volume de investimentos realizados no ano’, com quatro das

citações em cada uma das categorias de resposta.

Agrupando-se de outra forma, a avaliação do negócio por meio de resultados

financeiros e não-financeiros nota-se que ambos têm equivalência na quantidade de

citações, porém, a avaliação financeira apresenta a tendência de haver maior

concentração de respostas.

Há uma significativa variedade de indicadores de desempenho apontados

pelas empresas consultadas. A grande maioria está focada em resultados

operacionais, não sendo verificados indicadores que apresentem aspectos de

tendência de mercado com visão de futuro no médio ou longo prazos para os

resultados dos negócios. A lista completa das categorias de respostas obtidas está

descrita na Tabela 6.

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101

Segundo Robert (1998), as empresas podem apresentar alguma dificuldade

para diferenciar as ações estratégicas das ações operacionais. A maioria delas se

preocupa, em demasia, com os aspectos operacionais e acaba deixando de lado as

reais tendências e chances de poderiam gerar novas e importantes oportunidades.

Defende, ainda o autor, que as empresas poderiam direcionar os seus

conhecimentos para um raciocínio estratégico, além do operacional. Porém, no caso

das empresas pesquisadas, observou-se a tendência ao foco operacional.

Tabela 6 Indicadores de desempenho

Categorias de respostas Freqüência RESULTADOS FINANCEIROS

No faturamento / Vendas efetivadas 6

No volume nos investimentos realizados 4

Com base dos resultados financeiros dos projetos 4

Com base no saldo de caixa 4

No crescimento do patrimônio 2

Com base na avaliação de custos operacionais 1

RESULTADOS NÃO FINANCEIROS

Com base na quantidade de contratos 4

No cumprimento dos eventos contratuais 4

Na capacitação para projetos futuros 3

Na avaliação feita pelos financiadores dos projetos (governo) 1 Na satisfação do cliente 1

Pelo quadro de profissionais 1

Na capacidade de produção 1

Na satisfação dos profissionais / colaboradores 1

Redução da dependência de um único cliente 1

Crescimento da imagem de marca 1

Aumento da participação de mercado 1

Base: 11 empresas

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102

4.6.3 Alterações na infra-estrutura

Este item procura identificar as variações de infra-estrutura física e de

recursos humanos ocorridas nas empresas deste grupo em 2006, comparadas ao

ano de 2005.

Quatro empresas do grupo pesquisado contam o mesmo espaço físico entre o

ano de 2006 e de 2005. Uma que aumentou a área em cerca de 25%; três empresas

dobraram a área utilizada em metros quadrados; duas triplicaram o espaço físico

ocupado e uma que decuplicou o espaço produtivo.

No que se refere ao quadro de profissionais em 2006, comparados ao ano de

2005, uma empresa teve perda de colaboradores, uma manteve a mesma quantia e

nove outras tiveram seus quadros aumentados.

A abordagem sobre a variação da infra-estrutura também aponta aspectos do

‘aumento da capacidade produtiva’ (seis citações), a ‘aquisição de novas

ferramentas’ (cinco citações), ‘nova máquinas / equipamentos’ (quatro citações) e

novos programas de computador (três citações), apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 Alterações na infra-estrutura (2006 / 2005)

Categorias de respostas Freqüência Aumento da capacidade produtiva 6

Aquisição de ferramentas de trabalho 5

Novas máquinas / equipamentos 4

Aquisição de software de desenvolvimento 3

Melhor posicionamento de mercado 1

Ampliação de capital com entrada de um novo sócio 1

Melhoria de métodos de negociação 1

Queda no número de negócios 1

Base: 11 empresas

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103

De maneira geral, a maioria das empresas apresentou bons resultados,

considerando as alterações de infra-estrutura declaradas em 2006 em relação a

2005. São indicações de desempenhos satisfatórios mantendo a sobrevivência das

empresas pesquisadas, mesmo sem realizar suas atividades empresariais com base

em uma prática de planejamento estratégico estruturado.

As atividades direcionadas para atender às necessidades do mercado em que

atuam têm contribuído para o aumento da capacidade produtiva e da expansão da

contratação da mão-de-obra.

Por outro lado, este direcionamento ao mercado está focado em apenas um

cliente comprador. Seja pela grande indústria que amplia sua necessidade de

produção por conta de seus contratos internacionais, seja pelos investimentos do

governo no desenvolvimento de projetos que necessitam de maior espaço.

O risco que se apresenta nestes casos está relacionado com a continuidade

das necessidades daqueles clientes compradores. Encerradas as demandas de

aumento de produção ou finalizados os projetos governamentais, e não havendo

novos contratos que suportem a necessidade de infra-estrutura e pessoal, as

empresas terão que se desfazerem dos recursos incorporados.

4.6.4 Principais resultados alcançados

A questão 22 tratou de identificar os principais resultados alcançados em

2006 comparados com o ano de 2005, pelas empresas deste grupo.

Os aspectos financeiros apontados como os principais resultados medidos

pelas empresas. Os aspectos de mercado aparecem em segundo lugar pela

quantidade de citações, seguidos pelos aspectos de processos internos das

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empresas e por último os aspectos de recursos humanos aparecem como formas

das empresas medirem seus desempenhos.

Das onze empresas, oito tiveram resultados financeiros positivos, contra

apenas duas que apresentaram resultados negativos e uma com o mesmo resultado

no período comparado.

Na Tabela 8 são apresentados os resultados declarados sob a perspectiva

financeira. A totalidade de respostas ultrapassa o número total de empresas que

responderam esta questão por permitir colher respostas múltiplas.

Tabela 8 Principais resultados financeiros

Aspectos financeiros (2006 / 2005) Freqüência Aumento do número de projetos / no volume de vendas 6

Aumento do faturamento em 600% 1

Aumento do faturamento em 300% 1

Aumento do faturamento em 40% 1

Aumento do faturamento em 50% 1

Aumento do faturamento em 25% 1

Faturamento caiu 5% 1

Faturamento caiu 40% 1

Faturamento igual 1

Melhoria no custo de produção 1

Base: 11 empresas

Em menor escala que os resultados financeiros, a maioria das respostas

apresenta melhoria nos dados relacionados aos aspectos de mercado,

demonstrando a ampliação do negócio, ações de ‘fidelização do cliente’ e ampliação

de produtos em linha, sempre para o mesmo cliente, conforme apresenta a Tabela 9.

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105

Tabela 9 Principais resultados de mercado

Aspectos de mercado (2006 / 2005) Freqüência Passamos a atender um novo nicho de mercado 2

Fidelização do cliente 2

Novos produtos em linha para atender o cliente 2

Aprovação de um grande projeto de tecnologia pela FINEP 1

Conquista de um contrato no exterior 1

Abandono de cliente importante em prol de outro infiel 1

Perda de um grande contrato 1

Base: 11 empresas

Os resultados de processos também foram identificados como indicadores de

desempenho pelas empresas participantes da pesquisa.

A ‘melhoria nos processos produtivos’, a ‘finalização de produtos de interesse

estratégico nacional’ e a ‘melhoria na qualidade de produção’, foram os destaques

apresentados, como demonstra a Tabela 10

Tabela 10 Principais resultados em processos

Aspectos de processos (2006 / 2005) Freqüência Melhoria de processos 3

Finalizar um projeto de interesse estratégico para o país 2

Melhoria na qualidade de produção / produtos / serviços 2

Base: 11 empresas

A Tabela 11 apresenta resultados relacionados aos recursos humanos citados

por três empresas participantes do estudo. Sendo este item o de menor freqüência.

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106

Tabela 11 Principais resultados em recursos humanos

Aspectos de pessoal (2006 / 2005) Freqüência Melhoria na capacitação técnica 3

Base: 11 empresas

A maioria das informações obtidas está direcionada para as análises internas

da empresa, detectando os pontos fortes e pontos a serem melhorados. Os

resultados de expansão dos negócios tiveram menor importância na mensuração

dos resultados alcançados em 2006, em relação a 2005.

Os resultados financeiros demonstram, na maioria das empresas

pesquisadas, que a lucratividade do setor foi satisfatória, indicando a boa fase que a

indústria aeroespacial passou em 2006 em comparação ao ano de 2005. Apenas

uma empresa teve a preocupação em medir seus custos de produção e identificar se

houve melhoria.

Quanto os aspectos voltados ao mercado, duas empresas demonstraram

preocupação estratégica na ampliação de suas atividades, expandindo sua

participação em outros nichos de mercado. A ‘fidelização do cliente’ e ‘novos

produtos para atender o cliente’ são categorias de respostas que indicam a

concentração de atividades direcionadas ao principal comprador. Apontando,

novamente, que os resultados favoráveis estão relacionados especialmente a um

único cliente comprador.

Os aspectos de processos demonstram a preocupação de melhorias internas,

desenvolvendo seus pontos fortes para atendimento ao mercado.

Alguns executivos das pequenas empresas mostraram-se temerosos quanto

ao investimento na capacitação de profissionais. Comentaram que, em momentos de

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107

grande demanda, as grandes empresas compradoras atraem a mão-de-obra

especializada do setor para seus quadros efetivos, oferecendo planos de carreira,

salários e benefícios superiores aos que as pequenas empresas podem oferecer.

Risco do negócio que deveriam ser considerados por ocasião de um planejamento

estratégico em análises internas da empresa.

4.6.5 Interesses no método de planejamento estratégico

Entre as onze empresas que ainda não se interessaram da prática do

planejamento estratégico estruturado, apenas uma não declarou ter interesse em

deter o conhecimento do método de planejamento estratégico, alegando que as

atividades sempre foram feitas intuitivamente e que requer a contratação de um

profissional especializado e caro.

As empresas que se interessaram (dez citações) apresentaram razões que

possam beneficiar a gestão empresarial como um todo. Aparecem no topo da lista,

com quatro citações cada uma, as razões relacionadas a ‘ampliar a participação de

mercado’ e ‘preparar-se para atender novos mercados’. Em segundo lugar aparecem

as razões para ‘ter melhor administração / gestão do negócio’ (quatro citações) e ‘ter

um método para planejar o negócio’ aparece em terceiro lugar (três citações). As

várias razões apresentadas com suas freqüências são apresentadas na Tabela 12.

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108

Tabela 12 Interesses no método de planejamento estratégico

Categorias de resposta Freqüência

Para ampliar a participação no mercado 4

Preparar-se para atender novos mercados 4

Ter melhor administração / gestão do negócio 4

Ter mais método para planejar o negócio 3

Para adequar a infra-estrutura da empresa 2

Precisaremos aprovações do conselho administrativo 1

Para cumprir os potenciais contratos vindouros 1

Aprender a trabalhar com lucro mais baixo 1

Ter um plano de marketing com qualidade 1

Reduzir a dependência de um único cliente 1

Preparar-se par atender melhor o mercado 1

Estabelecimento de metas 1

Diminuir o risco 1

Perceber algum novo indicador de desempenho 1

Base: 10 empresas

Há uma clara preocupação em melhorar o desempenho administrativo e

estratégico da empresa. O impulso empreendedor é evidente e reforça a

possibilidade de haver boa aceitação em se deter a técnica de planejar para crescer

no mercado em que atuam.

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109

5 CONCLUSÃO

O presente estudo relata se as pequenas empresas do setor aeroespacial de

São José dos Campos - SP praticam suas atividades empresariais fundamentadas

em uma sistemática de planejamento estratégico em 2006, para atender ao mercado

em que atuam. Os dados coletados geraram informações sobre o perfil das

empresas, seus produtos e serviços, como se prepararam para atender a indústria

aeroespacial e as formas de planejar e avaliar os resultados do negócio, assim como

seus principais indicadores de desempenho.

Considerando-se todas as empresas consultadas destaca-se que:

• A maioria das empresas teve faturamento entre R$ 1.200.000,00 e

R$ 10.500.000,00;

• Estão concentradas em atendimento de projetos e produtos sob

encomenda, com tendência em produtos de base tecnológica;

• A preparação para o mercado se dá no relacionamento com os clientes,

ou seja, com as grandes empresas e organizações governamentais do

setor;

• A quase totalidade das empresas não praticou suas operações de

negócios baseadas em um planejamento estratégico em 2006.

Entre as empresas que praticaram suas atividades empresariais com base em

uma sistemática de planejamento estratégico em 2006, uma executa regularmente e

procura o aperfeiçoamento com a prática, e outra se encontra na fase inicial, tendo

elaborado apenas um plano. Ambas adotam as técnicas de planejamento

estratégico e declaram obter resultados favoráveis em relação ao desempenho na

gestão dos negócios, demonstrando estabilidade e equilíbrio financeiro, além da

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110

disseminação da visão empreendedora entre seus profissionais, proporcionando

maior empenho na busca de metas e resultados.

Quanto ao grupo das empresas que não executaram suas atividades de

negócios com base em uma sistemática de planejamento estratégico em 2006, nota-

se que:

• As principais razões para não praticarem o planejamento estratégico são

justificadas pela falta de conhecimento em planejamento / gestão, ou

planejam em função do plano das grandes empresas e pela instabilidade

dos programas governamentais;

• Os indicadores de desempenho estão centrados nas atividades

operacionais, dando menor ênfase para as questões estratégicas de

ampliação do negócio com visão de tendência de cenários;

• Os resultados de negócio apresentaram-se satisfatórios, em sua maioria

com crescimentos significativos, tanto financeiros como de infra-

estrutura, aproveitando-se da boa fase do setor;

• Há uma ligação direta entre a ampliação dos negócios, pessoal e infra-

estrutura com a necessidade do principal cliente comprador, seja a

grande indústria ou órgão governamental.

• O interesse em deter o conhecimento é alto e as principais razões

alegadas referem-se com a possibilidade de ampliação de mercado e ter

melhor gestão do negócio.

Pode-se dizer que as pequenas empresas do setor aeroespacial de São José

dos Campos – SP têm sua orientação dirigida para atendimento das grandes

empresas do setor, como foco estratégico principal, deixando para segundo plano a

orientação para o mercado como um todo.

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111

Os principais indicadores de desempenho observados estão fortemente

ligados às questões operacionais, internas e de atendimento das exigências de seus

clientes. A maioria das empresas tem capacidades técnicas e competências

relevantes. São atuantes fiéis da indústria aeroespacial, com possibilidades de

criação de novos produtos para outros setores industriais, proporcionando maior

renda e desenvolvimento regional.

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Apesar de não ser o foco da pesquisa, nota-se entre as 13 empresas

visitadas, uma clara divisão em dois grupos nessa indústria: o aeronáutico e o

espacial.

O grupo aeronáutico é formado por empresas que atendem a indústria de

aviação, fornecendo peças e serviços. Apresentam uma forte ligação com a empresa

líder do setor, com tendência de planejamento das suas atividades serem dirigidas

quase que na sua totalidade para o planejamento do seu principal cliente de grande

porte.

O grupo espacial é formado por empresas de base tecnológica avançada,

voltadas para a pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços que atendem

aos programas governamentais espacial. Atuam em um mercado que oscila

permanentemente e com planejamento alinhado às encomendas, principalmente as

governamentais, desse segmento.

Desta forma, outro estudo que aproveitasse o desdobramento dessa indústria

auxiliaria o aprofundamento do conhecimento sobre as melhores práticas que

poderiam nortear o melhor desempenho em cada grupo identificado.

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112

O uso dos recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da

Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) ou pela Fundação de Amparo a

Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que dirigem os recursos para os

objetivos estratégicos de desenvolvimento do País, contribuem para as pequenas

empresas aumentarem a sua competitividade mundial. Uma avaliação econômica da

efetividade da aplicação no mercado dos resultados dos projetos financiados ou

subvencionados demonstraria as áreas com maior valor agregado resultante do

investimento realizado. Esta avaliação permitiria o melhor direcionamento de novos

incentivos do MCT para o aumento da competitividade industrial brasileira no

mercado mundial.

Esta pesquisa identificou as características das empresas com mais de três

anos de existência e faturamento menor que R$ 10.500.000,00 em 2006. Porém,

não pesquisou as empresas que encerraram suas atividades. Desta forma, um outro

estudo, com empresas do mesmo setor que encerraram suas atividades, poderia

desvendar os riscos do negócio não verificadas nesse trabalho. Tais informações

poderiam contribuir para o fortalecimento das empresas em funcionamento, evitando

que novos postos de trabalho sejam fechados e propiciando a manutenção do

crescimento do setor aeroespacial brasileiro.

Contribuiria substancialmente para o desenvolvimento regional, um programa

subsidiado que viesse apoiar as pequenas empresas do setor aeroespacial no que

tange ao treinamento empresarial com raciocínio estratégico. O foco nas

características de cada empresa auxiliaria os empresários a direcionarem esforços

na ampliação dos seus negócios, profissionalização administrativa, diversificação de

produtos e, conseqüentemente, melhores resultados econômicos.

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MESTRADO EM GESTÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONALPLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM PEQUENAS ORGANIZAÇÕES

1 NOME DO ENTREVISTADO

DATA 2 ORGANIZAÇÃO / FUNDAÇÃO ANO

3 ÁREA DE ATUAÇÃO 5 Nº. DE COLABORADORES 6 FATURAMENTO BRUTO ANUALa Aeroespacial (CLT e subcontratados) (valores em R$ de 2006)b Automotiva a de 10 até 49 a até 1,2 milhões

b de 50 até 99 b4 TIPO DE EMPRESA c de 100 até 199 g NR

a Indústria d de 200 até 299 c acima de 10,5 milhõesb Comércio e de 300 até 399 d Não respondeuc Serviços f acima de 399

7 Quais são as atividades que sua empresa desenvolve para a indústria (conforme resposta da P.3)?(Explorar quais produtos e serviços são realizados

8 Como sua empresa se prepara para atender essas atividades em médio ou longo prazo?(Explorar a forma de planejamento para o mercado)

9 A sua empresa faz:a um planejamento estratégico sistemático e estruturado de médio e longo prazo;b um planejamento em função das tendências de oportunidades que a indústria (conf. P.3) oferece;c um planejamento em função dos contratos ou pedidos que foram negociados; oud faz um planejamento apenas operacional de curto prazo?

(se respondeu a ou b aplicar as perguntas de 10 até 18)(se respondeu b ou c aplicar as perguntas de 19 até 20)

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acima de 1,2 milhões até 10,5 milhões

ENDEREÇO

CARGO / FUNÇÃO

APÊNDICE A – FORMULÁRIO

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10 Quem participa do planejamento (conf. P.9)? 11 Em que meses o planejamento é feito?a Direçãob Média gerência c Supervisoresd outros (especificar) 12 Para quanto tempo o planejamento é feito?

13 Quais são as etapas do processo de planejamento que são realizadas?(explorar as fases do planejamento)

14 Com que freqüência o planejamento é revisado?(explorar a periodicidade de revisão dos planos e método de demonstrações)

15 Há quanto tempo é praticado esse método de planejamento?

16 Há algum indicador de desempenho de resultados? Quais são os principais indicadores?

17 Como você avalia a qualidade do processo de planejamento que sua empresa tem praticado?(explorar forças, fraquezas e a efetividade do método / real participação dos envolvidos)

18 Como você avalia os resultados que o processo de planejamento tem apresentado?(explorar se houve melhoria na gestão / nos resultados operacionais / principais resultados)

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19 Por que sua empresa não faz um planejamento estratégico?

20 Como a empresa avalia os resultados do negócio?

21 Quais foram as alterações de infra-estrutura física ou de pessoas que ocorreram em 2.006 vs 2005?

22 Quais foram os principais resultados alcançados pela empresa em 2006 vs 2005?

23 Há interesse na sua empresa em deter o método de planejamento estratégico? Por que?

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