planejamento, avaliação e didática

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PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E DIDÁTICA

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Este livro tem por objetivo discutir o planejamento em seus fundamentos e etapas, níveis e suas relações, fases de planejamento de ensino, objetivos educacionais, conteúdos, procedimento e recursos de ensino. Traz, ainda, a avaliação em suas diferentes nuances: conceitos, funções, modalidades, etapas, técnicas e instrumentos, além de título de avaliação. O leitor será convidado a entender as implicações filosóficas e psicológicas das didáticas em seus fundamentos, conceitos e divisões. Além disso, o livro conta ainda com a relação da didática da nova escola com as funções da aprendizagem, a motivação como fator da aprendizagem e os instrumentos metodológicos aplicados na educação infantil.

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Page 1: Planejamento, Avaliação e Didática

PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E DIDÁTICA

Page 2: Planejamento, Avaliação e Didática

PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E DIDÁTICA

Page 3: Planejamento, Avaliação e Didática

5Planejamento, avaliação e didáticaApresentação

Apresentação

Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva

a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga

o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.

Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que

foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e

conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.

Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning,

com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.

Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente,

associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e

a memorização de cada disciplina.

A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a

interação com o assunto tratado.

Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos

Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosida-

des bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustra-

tivos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-

-chaveemnegrito,oleitorserálevadoaoGlossário,parateracessoàdefinição

da palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na

própria palavra-chave do Glossário, em negrito.

Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance

doconhecimentodemaneiraobjetiva,concisa,didáticaeeficaz.

Boa leitura!

Page 4: Planejamento, Avaliação e Didática
Page 5: Planejamento, Avaliação e Didática

7Planejamento, avaliação e didáticaPrefácio

Prefácio

Prever e decidir o que pretendemos realizar é a essência do planejamento. O que

deve ser feito, de que forma, como deve ser analisada determinada situação a

fimdequesepossavislumbraroquesealmejaeoquejáfoialcançadosãoas

finalidadesdoplanejamento.

No âmbito da educação, quando se trata do ato de planejar o ensino ou a

ação didática, estamos na verdade prevendo as ações e os procedimentos que

o professor vai realizar com os alunos, e a organização de suas atividades e da

experiência de aprendizagem, visando atingir os objetivos educacionais estabe-

lecidos. Nesse sentido, o planejamento de ensino torna-se a operacionalização

do currículo escolar.

O estudo da matéria envolve, dessa forma, a abordagem de diversas questões

na pauta de um planejamento educacional. Para tanto, o material da disciplina

“Planejamento, avaliação e didática” vai tratar de importantes assuntos, essenciais

para a compreensão do tema.

Na Unidade 1, o conceito de planejamento é esboçado com a apresentação dos

níveis e etapas no contexto do aprendizado. Destacam-se também os tipos de

recursos didáticos e o estabelecimento de objetivos.

A Unidade 2 trata da avaliação, dos métodos e das etapas, bem como da aferição

de resultados.

Na Unidade 3 é abordada a questão da didática, seu conceito básico e seus

fundamentos, entre outros assuntos.

Finalmente, a Unidade 4 vai explorar a motivação como cerne do processo de

aprendizagem e as suas implicações didáticas.

Desejamos bons estudos a todos.

Page 6: Planejamento, Avaliação e Didática
Page 7: Planejamento, Avaliação e Didática

9Unidade 1 – Planejamento

UNIDADE 1PLANEJAMENTO

Capítulo 1 Fundamentos do planejamento, 10

Capítulo 2 Níveis de planejamento em Educação, 10

Capítulo 3 Etapas do planejamento de ensino, 14

Capítulo 4 Construção de objetivos educacionais, 16

Capítulo 5Definição,seleçãoemapeamentodeconteúdos,19

Capítulo 6 Procedimentos de ensino, 24

Capítulo 7 Recursos didáticos, 31

Glossário, 37

Page 8: Planejamento, Avaliação e Didática

10 Planejamento, avaliação e didática

1. Fundamentos do planejamento

Você já reparou que o planejamento está presente em nosso dia a dia? Quem

nunca fez uma lista de compras antes de ir ao supermercado? Ou não juntou

dinheiroparacompraralgumprodutomuitodesejado?Ou,ainda,nãoverificou

na internet o caminho para chegar a algum lugar antes de decidir que rota traçar

para ir a uma festa ou a algum evento? Todas essas atividades estão relacionadas

ao planejamento.

Podemosdefinirplanejamentocomoaorganizaçãodospassosaseremseguidos

para atingir um objetivo. Planejar é pensar no futuro sabendo onde se está e aonde

se quer chegar.

Onde se está é o ponto de partida, ou seja, a situação atual, e aonde se quer chegar

são os objetivos que queremos atingir.

Nos exemplos citados, você pode perceber que, além de conhecer a situação pre-

sente e os objetivos a serem atingidos, é necessário considerar alguns aspectos:

• o tempo que será utilizado (carga horária);

• osrecursosnecessários(humanos,financeirosemateriais);

• as estratégias que serão utilizadas (metodologia); e

• se os objetivos foram atingidos (avaliação).

Paratanto,énecessárioanálise,reflexãoeprevisão.Umbomplanejamentodeveser:

• flexível–queseadaptedeacordocomanecessidadedeajusteoucasoalgo

não saia conforme o previsto;

• organizado – que possibilite qualquer pessoa entendê-lo e aplicá-lo;

• realista – que considere o tempo e os recursos disponíveis, tendo como critério

a relação entre as ideias e a prática; e

• preciso–queindiqueosobjetivosgeraiseespecíficos,bemcomoaavaliação

do alcance desses objetivos.

2. Níveis de planejamento em Educação

Em Educação, assim como em outras áreas, é muito importante planejar as

ações. O planejamento na Educação geralmente é dividido em plano educacional

e plano de ensino.

O plano educacional é mais abrangente e aborda questões políticas e filosófi-

cas do ato de ensinar. É o planejamento realizado para um país ou um estado,

por exemplo.

Page 9: Planejamento, Avaliação e Didática

11Unidade 1 – Planejamento

Suasideiasedefiniçõesestãoregistradasemleis,emprojetoseemdocumentos

oficiais,comooPlanoNacionaldeEducação(PNE)aprovadopelaLein.13.005,de

25 de junho de 2014.

P ARA SABER MAIS! De acordo com o espaço no site do Ministério da Educação destinado ao Plano Nacional de Educação, “planejar é uma tarefa complexa e

desafiadora que implica assumir compromissos com o esforço contínuo de eliminação de desigualdades históricas no país. Desse modo é preciso adotar uma nova postura, construir formas de colaboração cada vez mais orgânicas entre os sistemas de ensino”. Entenda mais sobre o PNE no site <http://pne.mec.gov.br/> (acesso em: 28 abr. 2015).

O plano de ensino refere-se às atividades que o professor realizará em sala de

aula,afimdeatingirosobjetivospropostos.Eleéuminstrumentodetrabalhodo

professor. É o seu guia.

Existem três tipos de plano de

ensino:

• plano de curso;

• plano de unidade; e

• plano de aula.

O plano de curso é a organização

de objetivos, competências,

conteúdos, procedimentos de

ensino e formas de avaliação

de um curso.

No ensino regular, o plano

do curso geralmente é voltado

para um semestre ou para um

ano letivo.

Em geral, contém:

• objetivos do curso;

• conteúdos a serem trabalhados;

• procedimentos de ensino que serão adotados;

• recursos necessários;

• carga horária do curso;

• formas de avaliação; e

• referênciasbibliográficas.

Page 10: Planejamento, Avaliação e Didática

12 Planejamento, avaliação e didática

A seguir é apresentado um modelo de plano de curso:

Tabela 1: Modelo de plano de curso

Curso:Carga horária total:Objetivo geral:

Aula Objetivo Conteúdo Estratégia Recursos Avaliação

1

2

3

4

(...)

ATENÇÃO! O plano de curso detalhado facilita a gestão pedagógica, auxiliando os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem no que se refere aos

objetivos que deverão ser alcançados e ao que será desenvolvido no período letivo.

O plano de unidade é organizado considerando que uma unidade é um conjunto

de aulas que abordam o mesmo conteúdo. Sendo assim, indica como as aulas de

determinado assunto serão realizadas. Uma unidade pode ser dividida em três

grandes blocos: apresentação, desenvolvimento e integração:

Apresentação Desenvolvimento Integração

Fase em que o professor apresenta a unidade, explicando

aos alunos a importância de seu estudo, bem como

contextualizando os conteúdos.

Esse é o momento, também, de

incentivar os alunos a participar ativamente

das aulas.

Fase em que o professor aplica a metodologia e

utiliza os recursos disponíveisafimde trabalhar os

conteúdos e realizar as atividades planejadas.

Fase em que os participantes aplicam

os conteúdos em atividades cotidianas,

integrando o que aprenderam com sua vida pessoal e

profissional.

Page 11: Planejamento, Avaliação e Didática

13Unidade 1 – Planejamento

Sendoassim,oplanodeumaunidadecomquatroaulasficariadaseguinteforma:

Tabela 2: Modelo de plano de unidade com quatro aulas

Curso:Unidade:Carga horária:Objetivo geral:

Aula Objetivo Conteúdo Estratégias Recursos Avaliação

Apresentação 1

Desenvolvimento2

3

Integração 4

O plano de aula detalha as atividades de

cada aula, relacionando-as aos objetivos,

conteúdos, recursos e ao tempo de duração.

ATENÇÃO! O plano de aula é bastante útil em cursos que são ministrados por mais

de um professor, em que vários professores ficam responsáveis pela mesma aula, pois ga-rante que a condução da aula ocorra de forma padronizada, respeitando, é claro, as caracte-

rísticas pessoais e as particularidades de cada profissional.

Veja a seguir um modelo de plano de aula.

Tabela 3: Modelo de plano de aula

Curso:Unidade:Aula:Carga horária:Objetivo geral:

Objetivo Conteúdo Estratégias Recursos Avaliação Duração

Page 12: Planejamento, Avaliação e Didática

14 Planejamento, avaliação e didática

Para que um plano de ensino seja bem-sucedido, ele precisa ter as seguintes

características:

• coerência e unidade – utilizando meios adequados para alcance dos objetivos

propostos;

• continuidade e sequência – ordenando as atividades de forma integrada e

correlacionada;

• flexibilidade–podendoserajustadoeadaptadoàssituaçõesnãoprevistas;

• objetividade e funcionalidade – adequando o plano ao tempo, aos recursos

e ao público-alvo, e mapeando os conteúdos de forma funcional, efetiva e

prática; e

• precisão e clareza – apresentando linguagem clara e simples.

ATENÇÃO! O plano de ensino não deve ser elaborado como uma simples formalidade para cumprir o que está sendo solicitado pela instituição. Ele deve ser utilizado

de forma ativa e dinâmica pelos professores, sendo visto e revisto a todo o momento.

3. Etapas do planejamento de ensino

O planejamento de ensino é uma tarefa docente que inclui a elaboração das

atividades tanto no que diz respeito a sua organização como a sua execução,

coordenação e avaliação, tendo como base os objetivos de ensino.

Por meio desse planejamento é possível racionalizar, organizar e coordenar a ação

docente, articulando a atividade escolar e as questões sociais.

Com o registro do planejamento de ensino é possível:

• cumprir as atividades propostas de forma mais organizada;

• saber o que será avaliado;

• organizar as ideias, as atividades e os conteúdos de forma sequencial; e

• explicitar as etapas para os alunos.

As etapas de um planejamento são:

DiagnósticoEstabele-

cimento de objetivos

Mapeamento dos

conteúdos

Definiçãodametodologia

e dos recursos

Estruturação da avaliação

Page 13: Planejamento, Avaliação e Didática

15Unidade 1 – Planejamento

Diagnóstico

Essa etapa possibilita o conhecimento do ambiente e do público-alvo, respondendo

a questões como:

• Por que será desenvolvida a ação educacional?

• Oquejustificaarealizaçãodaaçãoeducacional?

• Em que espaço ela será aplicada?

• Quem serão os participantes e quais são suas características (faixa etária,

interesses, aspecto social, limitações, valores e outros)?

Odiagnósticoéopontodepartidaparaadefiniçãodetodasasdemaisetapas.

Estabelecimento de objetivos

Os objetivos são a manifestação clara e direta do que se deseja atingir com uma

ação educacional, que pode ser um curso ou uma aula.

Nessaetapa,odocentedevedefinirquaiscompetênciasserãodesenvolvidasdu-

rante a ação.

ATENÇÃO! Os objetivos devem servir de base para a definição dos conteúdos, e não o contrário. Ou seja, primeiro devem ser definidos os objetivos, e a partir deles

devem ser escolhidos os conteúdos.

Page 14: Planejamento, Avaliação e Didática

16 Planejamento, avaliação e didática

Mapeamento dos conteúdos

Os conteúdos são os conhecimentos sistematizados que serão trabalhados durante

a ação educacional.

Além dos conteúdos, devem ser mapeadas também as habilidades a serem

desenvolvidas.

Definiçãodametodologiaedosrecursos

A metodologia consiste na forma como o curso ou a aula será ministrada e que tipo

de método de ensino será utilizado.

A escolha da metodologia deve levar em conta:

• a faixa etária dos participantes;

• os interesses pessoais e do grupo;

• o projeto pedagógico da instituição; e

• o ambiente.

ATENÇÃO! O professor deve se sentir à vontade para definir a metodologia.

Os recursos utilizados podem ser:

• materiais – objetos e espaços físicos;

• financeiros–dinheiroqueseráutilizado;e

• humanos–profissionaisnecessáriosparaexecutarasatividades.

Estruturação da avaliação

Nessa etapa é definida a forma de avaliar a aprendizagem, o desempenho do

professor e as atividades que foram planejadas – ou seja, o plano em si também é

avaliado.

4. Construção de objetivos educacionais

A prática educacional se orienta pelos objetivos a serem alcançados por meio de

açõesintencionaisesistemáticas.Sãodefinidososobjetivosgeraiseosobjetivos

específicosdasaçõeseducacionais.

Os objetivos gerais, mais amplos, são alcançados em longo prazo, enquanto

os objetivos específicos apontam para os resultados esperados das atividades

realizadas pelos alunos, sob a mediação e a orientação dos professores. Eles

indicam resultados não observáveis.

Page 15: Planejamento, Avaliação e Didática

17Unidade 1 – Planejamento

Os objetivos específicos consistem no desdobramento e na operacionalização

dos objetivos gerais, e devem ser formulados como resultados a serem atingidos,

facilitando o processo de avaliação. Eles devem indicar comportamentos observáveis.

Sãoosobjetivosespecíficosquefornecemumaorientaçãoconcretaparaaseleção

das atividades de ensino-aprendizagem e para a avaliação. São eles que contribuem

para que o professor:

• definaosconteúdosaseremtrabalhados;

• estabeleça os procedimentos de ensino, as atividades e as experiências de

aprendizagem a serem vivenciadas pelos alunos;

• determine o que e como avaliar;

• definacritériosparaavaliarotrabalhodocente;e

• indique os propósitos de ensino aos alunos, aos pais e a outros educadores.

ATENÇÃO! Cuidado com a escolha das palavras ao redigir os objetivos. Termos ambíguos, por exemplo, tornam o objetivo vago e obscuro.

Os objetivos específicos devem expressar o comportamento a ser atingido pelo

aluno. Eles não se referem, portanto, ao comportamento do professor.

Observe, como exemplo, os dois objetivos a seguir.

Objetivo 1 Ensinar a adição de números com dois algarismos.

Objetivo 2 Somar números de dois algarismos.

Repare que os dois objetivos estão relacionados ao mesmo conteúdo de Matemática.

No entanto, o primeiro está se referindo à ação do professor, e o segundo, ao

comportamentodoalunonofinaldaaçãoeducacional.

Geralmente, os objetivos são redigidos como o segundo, ou seja, com base no

resultado que se almeja alcançar.

ATENÇÃO! Uma dica para redigir um objetivo é completar a frase “O aluno deverá ser capaz de...”. Alguns verbos muito utilizados ao definirmos um objetivo são:

identificar, definir, descrever, explicar, interpretar, demonstrar, desenvolver, analisar, comparar, elaborar, resolver, resumir.

Outro ponto importante ao redigir um objetivo é incluir apenas um resultado

de aprendizagem por vez, e não uma combinação de resultados. Sendo assim,

deve-se utilizar apenas um verbo. Por exemplo, em vez de escrever “somar e

Page 16: Planejamento, Avaliação e Didática

18 Planejamento, avaliação e didática

subtrair números de dois algarismos”, deve-se escrever “somar números de dois

algarismos” e “subtrair números de dois algarismos”. Dessa forma, o professor

poderá estabelecer a metodologia de ensino de forma mais precisa, bem como a

avaliação a ser aplicada, determinando se o objetivo foi alcançado.

Mas, além dos objetivos,

muitas vezes um plano con-

templa o que chamamos de

competências.

Ou seja, indica as compe-

tências que os participantes

vão desenvolver ou aprimo-

rar ao atuar em uma ação

educacional.

Mas qual é a diferença en-

tre objetivos e competên-

cias? Os objetivos estão

mais focados em conteú-

dos, em conhecimentos, e

as competências, além de

conhecimentos, envolvem

habilidades e atitudes.

Ao desenvolver competências, a educação volta-se para a aplicação do conheci-

mento, para o “saber fazer”, e não apenas para o “conhecer”. De que adianta co-

nhecer muito bem o processo de fazer contas e expressões matemáticas se não

sabemos aplicá-las no nosso dia a dia?

A ideia é que a educação seja integradora, desenvolvendo competências cogniti-

vas, socioafetivas e psicomotoras, e não meramente uma reprodução de conteú-

dos.Eissoestápresentenadefiniçãodecompetências.

Veja o exemplo de uma das competências da área Linguagens e Códigos da matriz

do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio):

Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de

acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.

Muitos planos de ensino utilizados na educação profissional são desenvolvidos

tomando como base as competências, que estão ligadas ao aprender fazendo.

Outro exemplo de competência é a redigida para um curso de técnico de cozinheiro,

segundo a qual deve-se produzir alimentos seguros conforme padrões higiênicos

sanitários e de segurança no trabalho, respeitando os regulamentos técnicos da

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Page 17: Planejamento, Avaliação e Didática

19Unidade 1 – Planejamento

ATENÇÃO! Tanto os objetivos quanto as competências devem ser redigidos tendo como base o participante do curso – ou seja, o aluno – e não o professor. Deve-se

ter em mente o que é esperado do aluno, e não o que o professor fará durante a aula.

Lembre-se: o foco é o aluno!

5.Definição,seleçãoemapeamentodeconteúdos

Uma das tarefas do professor é selecionar os conteúdos que serão trabalhados em

sala de aula de acordo com o nível de ensino e os objetivos de aprendizagem.

P ARA SABER MAIS! No Brasil, o Ministério da Educação fornece orientações em relação aos conteúdos que devem ser ministrados em cada nível de ensino. Essas

orientações estão publicadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que são referências para os ensinos Fundamental e Médio. De acordo com o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – os PNC traçam um novo perfil para o currículo, apoiado em competências básicas para a inserção dos jovens na vida adulta; orientam os professores quanto ao significado do conhecimento escolar quando contextualizado e quanto à interdisciplinaridade, incentivando o raciocínio e a capacidade de aprender. Mais informações sobre os PCN no site do MEC, disponível em: <http://portal.mec.gov.br/> (acesso em: 30 nov. 2015).

Essa seleção não deve simplesmente ser uma lista de conhecimentos a serem

transmitidos. Ela deve estar relacionada também às habilidades e às atitudes que

devem ser desenvolvidas, bem como à contextualização do que será trabalhado. Se

pensarmos em uma lista de conteúdos estática, estaremos acreditando em uma

educação na qual se valoriza a reprodução do conhecimento, a falta de pensamento

crítico,aformaçãodepessoaseprofissionaisvoltadaareproduziroqueestásendo

ensinado, transcrever o que está sendo escrito no quadro de giz, é aceitar o que

oprofessordizcomoverdadeabsoluta,semquestionamento,semreflexão. Isso

reduziria totalmente a aprendizagem humana a um processo de adestramento, de

reprodução daquilo que o outro apresenta.

A aprendizagem que queremos está relacionada à construção de novos modelos

mentais, à formação de sujeitos críticos e autônomos, que possam buscar novos

conhecimentos em diversos ambientes de aprendizagem, formais ou informais, a

qualquer tempo.

A construção dos novos modelos mentais possibilita o desenvolvimento de novos

conhecimentos, novas habilidades e novas atitudes.

Vejamos a seguir um exemplo de conhecimento, habilidade e atitude relacionado

a uma das competências propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do

Ensino Fundamental sobre Meio Ambiente.

Page 18: Planejamento, Avaliação e Didática

20 Planejamento, avaliação e didática

Conhecimento Conhecer e compreender, de modo integrado e sistêmico, as noções básicas relacionadas ao meio ambiente.

HabilidadePerceber, em diversos fenômenos naturais, encadeamentos

e relações de causa-efeito que condicionam a vida no espaço (geográfico)enotempo(histórico).

AtitudeAdotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente

sustentáveis.

Combasenadefiniçãodosobjetivosoudascompetênciasenoprogramaoficialda

instituição em que atua, descrito no seu Projeto Político Pedagógico, o professor

devedefinirosconteúdosqueserãotrabalhadosnoseucursoounasuadisciplina.

O Projeto Político Pedagógico de uma instituição apresenta o seu modelo pedagógico,

que é a referência constitucional da dinâmica necessária para atingir seus objetivos

educacionais. Nele estão explicitados os conteúdos que serão expostos em aula,

deacordocomopropostopeloMECecomascaracterísticasespecíficasdoseu

público-alvo e da cultura em que a instituição está inserida.

Essesconteúdosdevemser:válidos,úteis,significativos,viáveiseflexíveis.

VálidosConfiáveis,representativoseatualizados,condizendocomarealidade.

Úteis Aplicáveis, auxiliando o aluno em novas atividades.

Significativos Ligadosàrealidadedoaluno.Ouseja,comsignificadoparaele.

Flexíveis Passíveisdeseremmodificados,complementadoseadaptados.

ViáveisCapazes de serem compreendidos pelo aluno, em função do seu estágio cognitivo.

Sendo assim, os conteúdos não devem ser tratados como elementos lineares,

estáticos, mortos, cristalizados. Os conteúdos são vivos, são dinâmicos. Eles estão

em constante mutação e transformação.

Mas será que isso tudo cabe na lista que é organizada para cada matéria?

Cabe se essa lista não contiver apenas os conceitos a serem estudados. Os

conteúdos englobam também as ideias, os fatos, os processos, os princípios, as

Page 19: Planejamento, Avaliação e Didática

21Unidade 1 – Planejamento

leiscientíficas,asregras,osmodosdeaplicação,osvalores,asatitudesetudoo

mais que for relevante para o processo de aprendizagem.

Eles devem retratar a experiência social da humanidade e estar sujeitos a

transformações pelos estudantes de acordo com suas vivências, seus valores e

suas exigências teóricas e práticas.

Os conteúdos atuam como objetos de mediação escolar. Eles são o elo entre o

professor e o aluno, pois é a partir deles que se torna possível alcançar os objetivos

propostos pela ação educacional.

Mas como o professor deve proceder ao definir os conteúdos que utilizará na

sua disciplina, no seu curso ou em qualquer evento educacional? Ou seja, que

conteúdos devem ser trabalhados para que educandos atinjam os objetivos

propostos e desenvolvam as competências mapeadas para aquela ação educacional,

estejam elas relacionadas ao exercício da cidadania, à realização de atividades

profissionais,àproduçãodenovosconhecimentos,àcriaçãodeobjetosculturais

oudearteouaoutrosfins?

Para realizar essa seleção, o professor utilizará três fontes:

• a programação oficial que determina os conteúdos de cada disciplina ou

matéria (estipulada pelo MEC, pelo projeto pedagógico da instituição e do

curso ou até mesmo no plano de um evento educacional);

• os conteúdos básicos das ciências, da técnica e da arte transformadas em

matérias de ensino;

• as exigências teóricas e práticas determinadas pelas necessidades práticas

dos aprendizes, levando em consideração a sociedade em que vivemos, o

mundo do trabalho e o exercício da cidadania.

O processo de seleção dos conteúdos está intimamente ligado ao processo de

organização destes. Ao selecioná-los, o professor deve estar atento à sequência

lógica de sua apresentação.

Nessesentido,denadaadianta,porexemplo,umalunodeumcursodepanificação

aprenderafazerumpãoseguindoumareceita(oufichatécnica,comoéonome

dado às receitas que usamos na nossa cozinha) se não entender o conceito de

fração.Eleprecisasaberoquesignifica½,quemuitasvezesaparecenalistade

ingredientes necessários de uma receita.

A sequência dos conteúdos é organizada em dois planos:

• Temporal, ou seja, com organização vertical ao longo dos anos e níveis de

ensino.

• Em uma mesma série, ou seja, estabelecendo-se uma relação horizontal entre

áreas ou disciplinas.

Page 20: Planejamento, Avaliação e Didática

Este livro tem por objetivo discutir o planejamento em seus fundamentos e etapas, níveis e suas relações, fases de planejamento de ensino, objetivos educacionais, conteúdos, procedimento e recursos de ensino. Traz, ainda, a avaliação em suas diferentes nuances: conceitos, funções, modalidades, etapas, técnicas e instrumentos, além de título de avaliação.

O leitor será convidado a entender as implicações filosóficas e psicológicasdas didáticas em seus fundamentos, conceitos e divisões. Além disso, o livro conta ainda com a relação da didática da nova escola com as funções da aprendizagem, a motivação como fator da aprendizagem e os instrumentos metodológicos aplicados na educação infantil.

PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E

DIDÁTICA