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Núcleo de Educação a Distância Planejamento e Avaliação da Aprendizagem Autoras: Carla Chiericatti Simone Franco Belo Horizonte / 2012

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Núcleo de Educação a Distância

Planejamento e Avaliação da Aprendizagem

Autoras: Carla Chiericatti

Simone Franco

Belo Horizonte / 2012

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Disciplina: Planejamento e Avaliação da Aprendizagem

Autoras: Carla Chiericatti e Simone Franco

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ESTRUTURA FORMAL DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

REITOR LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA

PRÓ-REITOR ACADÊMICO

SUDÁRIO PAPA FILHO

COORDENAÇÃO GERAL AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO TECNÓLÓGICA

EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS

COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO HELBERT JOSÉ DE GOES

COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS

LAILA MARIA HAMDAN ALVIM

COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA / ELIANE MONKEN

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO

AUXILIAR PEDAGÓGICO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO

MARINA RODRIGUES RAMOS

INSTRUCIONAL DESIGNER DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL

INGRETT CAMPOS LOPO PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA

EQUIPE DE WEB DESIGNER

CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR DANIEL EUSTÁQUIO DA SILVA MELO RODRIGUES

ERNANE GONÇALVES QUEIROZ GABRIELA SANTOS DA PENHA

REVISORA ORTOGRÁFICA

MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO

SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI

MARIA LUIZA AYRES

MONITORIA ELZA MARIA GOMES

AUXILIAR ADMINISTRATIVO

THAYMON VASCONCELOS SOARES MARIANA TAVARES DIAS RIOGA

AUXILIAR DE TUTORIA MIRIÃ NERES PEREIRA

RENATA DA COSTA CARDOSO NATHALIA CUNHA POLESE

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Legenda

Nosso Tema

Síntese

Referências

Saiba mais

Reflexão

Material complementar

Atividade

Dica

Importante

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Sumário Unidade 1: Planejamento Educacional ........................................................................ 7 Unidade 2: Avaliação da Aprendizagem ................................................................... 25 Unidade 3: Instrumentos de avaliação ...................................................................... 41

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Autoras: Carla Chiericatti e Simone Franco

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Nosso Tema

Caro aluno,

Estamos iniciando a disciplina Planejamento e Avaliação da

Aprendizagem e, para que você tenha 100% de

aproveitamento, contamos com seu empenho e dedicação. O

foco da disciplina é ensinar a você como elaborar um Plano de

Ensino adequado e, também, o que é avaliação, seus

princípios, modalidades e funções e, na última unidade, como

selecionar, aplicar e analisar os instrumentos avaliativos no

processo ensino e aprendizagem.

Esperamos que a disciplina contribua para sua formação e

desejamos que a sua aprendizagem seja significativa e que, ao

longo do processo, haja muita interação entre nós!.

Desde já, agradecemos pela partilha!

Abraço,

Carla & Simone

Abaixo, seguem as unidades, que farão parte dos nossos estudos e os principais pontos que iremos

abordar em cada etapa do nosso aprendizado.

Planejamento Educacional:

� Conceituação: Planejamento de Ensino e de Aprendizagem.

� O professor e o planejamento da sala de aula.

� Estratégias para a aprendizagem significativa.

1. Avaliação da Aprendizagem

� Avaliação: conceitos, princípios básicos e funções.

� Modalidade da AvaliaçãoDiagnóstica/Formativa/ Somativa e Mediadora.

� A Avaliação da aprendizagem no processo: possibilidades e limites.

2. Instrumentos de Avaliação

� Tipos e Instrumentos:

• Nas organizações escolares: PISA, SAEB, SIMAVE, ENEN, ENADE.

• Na sala de aula.

• Questões Objetivas e Questões Subjetivas.

• Planejamento da Avaliação da Aprendizagem.

Fonte : Disponível em: <http://www.google.com.br/images?hl=pt-br&biw=1241&bih=565&gbv=2&tbs=isch%3A1&sa=1&q=alvo+avalia%C3%A7%C3%A3o&aq=f&aqi=&aql=&oq=&gs_rfai= >Acesso em 14/12/2010.

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Está lançado o nosso desafio para você! Vamos juntos aprender mais sobre Planejamento

Educacional na nossa primeira unidade.

Para Refletir

Ao iniciar nossos estudos sobre Planejamento e Avaliação, convidamos você a refletir sobre a charge

da Mafalda.

• Por que será que a Mafalda não compreendeu o que a sua professora estava ensinando?

• Será que o conteúdo apresentado estava fora da realidade dos alunos?

• Ou será que a professora não soube fazer um plano de ensino adequado?

Agora, peço que você reflita sobre a seguinte passagem do livro de Danilo Gandin “Planejamento

como prática educativa“.

[...] Planejamento é elaborar - decidir que tipo de sociedade e de homem se quer e

que tipo de ação educacional é necessário para isso; verificar a que distância se

está deste tipo de ação e até que ponto se está contribuindo para o resultado final

que se pretende; propor uma série orgânica de ações para diminuir esta distância e

para contribuir mais para o resultado final estabelecido; executar - agir em

conformidade com o que foi proposto e avaliar – revisar sempre cada um desses

momentos e cada uma das ações, bem como cada um dos documentos deles

derivados. (GANDIN, 1985, p.22).

Esperamos que, no final desta unidade, você possa compreender o conceito de Planejamento e a

importância de sua aplicação para o processo de aprendizagem.

Fonte : Disponível em:<http://www.google.com.br/images?hl=pt-br&biw=1241&bih=565&gbv=2&tbs=isch%3A1&sa=1&q=alvo+avalia%C3%A7%C3%A3o&aq=f&aqi=&aql=&oq=&gs_rfai=>Acesso em 17/12/2010.

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Unidade 1: Planejamento Educacional 1. Conteúdo Didático

Começaremos indagando qual o sentido de planejar? Será que essa ação

irá facilitar o dia a dia? Ou irá fazer com que se perca tempo e dinheiro?

Para muitas pessoas o ato de planejar faz parte da sua vida, para outras

pessoas não é tão significativo assim.

Bem, na área da educação, o ato de planejar é muito importante, pois ele

vai orientar as ações e definir estratégias que o auxiliarão na sua prática

educativa e, também, farão com que re-signifique suas ações.

Conceituando, então, de acordo com Vasconcelos (2002, p. 34): “Planejar é antecipar mentalmente

uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto; é buscar fazer algo incrível,

essencialmente humano: o real ser comando pelo ideal”.

Para alguns professores a tarefa educativa é:

• Impossível de ser prevista (ou mesmo realizada), com tantas minúcias...

• Há outros que dizem que não dá para planejar, porque a escola é muito complicada, cada

turma é diferente, cada dia é um dia...

• É inútil!

• É um papel que vai ficar no arquivo e não é consultado!

• Para que planejar, se vem tudo pronto!

• Para alguns professores, planejar é escravizar o trabalho do professor.

E, para você o que significa planejar?

Será que podemos pensar que Planejamento Educacional, Curricular e o de

Ensino são a mesma coisa, ou são conceitos diferentes?

Fonte : Disponível em: http://arcusepito.com/index.php?key=Conteudos Acesso em 23/12/2010.

Então, já que todo ato educativo tem que ter planejamento, por que há tanta descrença por parte do professor?

Por que será que alguns professores têm dificuldade ou resistência para executar tal ação? A seguir, veja alguns pensamentos comuns sobre planejamento.

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Precisamos ter claro qual a diferença entre o Planejamento, Educacional, Curricular e o de Ensino.

Vamos entender que planejamento consiste em organizar ações e tomar decisões para alcançar um

determinado objetivo.

A partir desse momento, vamos apresentar a você alguns aspectos desses três tipos de

planejamento. Fique atento!

O Planejamento Educacional tem como premissa básica o delineamento da Filosofia da Educação

do país, acentuando o valor da pessoa e da escola na sociedade, respondendo com precisão às

necessidades e objetivos dessa sociedade. Conforme Coaracy (apud André,1989 p. 14),

Processo contínuo que se preocupa com o “para onde ir” e quais as maneiras adequadas para chegar lá, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto do indivíduo.

Relacionar o desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país com o desenvolvimento

educacional com coerência dos objetivos e meios utilizados para atingir as metas traçadas para a

educação, com condições para o aprimoramento dos fatores que interferem direta ou indiretamente

sobre a eficiência desse processo.

Partindo de uma esfera ampla, para uma esfera delineada de planejamento, encontramos o

Planejamento Curricular que foca na necessidade do indivíduo e sua funcionalidade. O

posicionamento Curricular prima pela funcionalidade. Uma visão não apenas de conhecimentos,

conteúdos e habilidades específicas, mas também da interação desses conhecimentos às práticas

cotidianas, aguçando nos alunos a capacidade de resolver problemas e propor, cada vez mais,

soluções de situações de seu dia a dia. Conforme Sacristán (2000), planejar o currículo para seu

aprimoramento nas práticas pedagógicas, não exige apenas organizar os conteúdos para serem

ensinados, mas prever as condições do ensino no contexto social no qual a escola está inserida,

juntamente com a filosofia que norteia o funcionamento do estabelecimento. O Planejamento

Curricular deve estar em constante elaboração, ser um traçar contínuo de investigação da realidade

que cerca a comunidade escolar, um processo vivo e dinâmico interligado com a realidade local.

E o Planejamento de Ensino?

Refere-se ao aspecto didático das práticas do professor dentro da sala de aula, é um instrumento de

trabalho menor que o plano de curso, e que se desenvolve ao redor de um tema central ou assunto

significativo para o aluno.

Nunca devemos pensar num planejamento

pronto, imutável e definitivo.

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Após estudar a importância de planejar e diferenciar o planejamento Educacional, o Planejamento

Curricular. Vamos aprender, agora, na esfera da ação da escola, o Planejamento de Ensino, e sua

importância na aprendizagem.

1.1. Planejamento de Ensino e de Aprendizagem

Em um posicionamento mais específico, o Planejamento de Ensino indica o direcionamento,

sistemático que será executado pelo professor junto com seus alunos para alcançar os objetivos

estabelecidos para o processo de aprendizagem.

O planejamento, neste caso, envolve o resultado desejado e os meios

para alcançar tais objetivos. Mas, para uma efetiva realização desse

planejamento é necessário organização, coerência e flexibilidade de

seu idealizador ou idealizadores. O planejamento poderá ser feito por

um professor ou por vários professores, configurando um

planejamento de ensino cooperativo, reunindo esforços para juntos

traçarem as ações que atendam as necessidades de seu público e

alcancem os objetivos propostos. Esse tipo de planejamento

desenvolve em seus co-participantes o trabalho de equipe, integração

dos conteúdos, união e autodisciplina, importantes para o

crescimento profissional.

De acordo com Mattos (1968, p. 140), Planejamento de Ensino é:

Previsão inteligente e bem calculada de todas as etapas do trabalho escolar que envolvem as atividades docentes e discentes, de modo a tornar o ensino seguro, econômico e eficiente.

O professor, ao planejar as atividades deve estar familiarizado com o que pode e quer realizar. Para

isso, ele precisa selecionar, organizar, adaptar e desenvolver as atividades de acordo com a

realidade de seus alunos; ter claro o que pretende ensinar, e assegurar a coerência entre as

atividades elaboradas à aprendizagem que pretende alcançar. O planejamento bem estruturado é

que vai nortear todo o trabalho do professor.

Além dessa previsão bem calculada de todas as etapas, é importante a interação professor e aluno, e

essa deve ser o alicerce básico do Planejamento. Então, pode-se dizer que o Planejar deve primar

pela relação entre ensinar e aprender, focando em ações e decisões pedagógicas, envolvendo

situações das vivências e experiências dos alunos que promovam interação entre professor e aluno.

Fonte : Disponível em: http://homolog.novaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/ Acesso em: 29/11/2010.

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Segundo Padilha (2001, p. 30),

Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações.

Portanto, planejar deve fazer parte do processo contínuo da educação, por meio do qual a

organização, preparação, realização se faz mediante um acompanhamento sistemático e estruturado,

para que as ações sejam revisadas, refletidas e re-alimentadas por novas ações, aprimorando as

práticas pedagógicas e alcançando os objetivos.

O educador precisa ter claro esse dois processos: o do refletir e planejar. O refletir desenvolve níveis

de discernimento da realidade vivida, provocando condutas inteligentes para situações novas que vão

surgindo e, por meio do planejamento, ele organiza sua vida, suas ações. O planejamento não deve

ser realizado de forma repetitiva, como uma obrigação a cumprir ou algo que engesse e aprisione o

pensar do professor e do aluno. Deve levar em consideração que os alunos não são iguais, que as

turmas não são homogêneas e que cada indivíduo é rico em experiências e vivências que devem ser

consideradas.

Você gostaria de saber mais sobre esse assunto? Leia o artigo: Ponto de

chegada: a definição do currículo, de Daniela Almeida. Ele o ajudará a

identificar as expectativas de aprendizagem dos anos iniciais do Ensino

Fundamental. Acesse o link:

http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-

avaliacao/planejamento/definicao-curriculo-427818.shtml

Planejar ocasiona o sair do patamar de comodidade e aceitação das obrigações educacionais, um

executar técnico sem reflexão, para uma esfera investigativa e questionadora da aprendizagem. De

acordo com Vasconcelos (2002), antes de ser uma questão técnica é uma questão política, uma vez

que, envolve opções, posicionamento, compromisso com a reprodução ou com a transformação da

educação. Por isso, para sair dessa esfera é importante resgatar o lugar do educador nesse

processo, como sujeito autor e autônomo, atribuindo valor e credibilidade, possibilitando sentido e

significado ao ato de aprender e ensinar.

Ter claro onde se quer chegar, que tipo de atividades deve ser elaborado, para que servem as ações

propostas, definir o tempo para a elaboração e execução e como essas ações serão avaliadas, sem

perder o foco nas metas estabelecidas, fundamental para o bom resultado do planejamento. De

acordo com Libâneo (1992, p. 221), Planejamento Escolar “é um processo de racionalização,

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organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do

contexto social”. Não adianta planejar se as práticas pedagógicas não forem coerentes com os

objetivos definidos e se não houver uma constante reflexão da ação para transformá-la em novas

ações. Por isso, o professor tem um papel fundamental na elaboração e execução do planejamento

da sala de aula.

Delineamos o que é planejamento de ensino e aprendizagem, o nosso próximo passo será executar

e analisar a prática docente. Faremos isso no próximo tópico. Vamos avançar em nossos estudos?

Avance para o próximo tópico.

1.2. O professor e o planejamento da sala de aula

Quando não planejamos nossas ações, corremos o risco de não atingirmos o objetivo e o resultado

esperado. Leia a charge abaixo e reflita o quê será que saiu errado?

Fonte : Disponível em: < http://annachrist.wikispaces.com/Atividade+3> Acesso em 29/11/ 2010. Neste tópico, vamos estudar e aprender como o professor deve planejar suas ações de modo a

coordená-las para desenvolver um bom Planejamento de Ensino, que possa propiciar e estimular a

aprendizagem significativa dos alunos. Se o professor não vê objetivo em planejar, não vai se

envolver significativamente nas atividades, pode até fazer simplesmente, por fazer, para cumprir uma

obrigação, ou dizer que também o faz.

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Planejar implica em acreditar na hipótese de mudança e na necessidade de estratégias

metodológicas adequadas à realização do processo, para que o planejamento seja carregado de

sentido e que, além do sentido, seja repleto de interação.

Para planejar corretamente suas ações e atender as necessidades do aluno, a primeira coisa que é

preciso fazer é conhecer a realidade em que ele está inserido, pois assim terá a base do qual

chamamos de pré-requisito para a elaboração do planejamento de ensino.

É de suma importância que o professor faça um levantamento das condições e dos problemas da

realidade em que vai trabalhar, pois ao interpretar os dados coletados, esses possibilitarão conhecer

a realidade dos alunos, o meio em que estão inseridos e, assim, saberá do seu real potencial

enquanto educador para atuar junto deles.

Segundo SIGNORELLI (1997, p.15):

Um professor para agir deve considerar o estado inicial de seus estudantes,a partir do qual ele construirá propostas de ensino com o propósito de desencadear nos alunos um processo cognitivo e emocional que envolva os conteúdos eleitos no planejamento, de modo a provocar construções de conhecimento –ou seja, aprendizagens – relacionadas àqueles conteúdos. Estado inicial dos alunos é definido pelos conhecimentos prévios que eles possuem sobre os conteúdos envolvidos em cada proposta de ensino e aprendizagem. Conhecimentos esses que serão a base com a qual os alunos poderão fazer relações e construir significados para aquilo que estão aprendendo. Para que haja construção de conhecimentos e, portanto, aprendizagem efetiva, é preciso que os alunos aprendam também o que é aprender. Esta preocupação deve se refletir na prática pedagógica através de atividades que permitam realizar reflexões de natureza meta-cognitiva, isto é, aquelas que tratam de explicitar o que se está fazendo para aprender e por quê.

Por isso, precisamos levantar algumas hipóteses que servirão de base para informação para o

diagnóstico:

• Integração do grupo com a comunidade;

• Verificar a realidade de cada indivíduo, com o objetivo de proporcionar um aprendizado

coerente e significativo;

• Diagnosticar os pontos comuns entre o ambiente escolar e ambiente social na qual está

inserido;

• Fortalecer as convicções do educador quanto aos seus objetivos profissionais.

Ao respondermos esse levantamento de dados, teremos definido o diagnóstico da realidade imediata

dos nossos alunos e conheceremos o ambiente onde eles vivem e agem. Assim, teremos

informações valiosas para nossa prática docente. Nesse momento, é muito importante que se pense

no futuro e quais etapas se precisará cumprir para obter os resultados esperados, caso contrario, o

resultado final pode ficar comprometido.

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O pressuposto básico do planejamento de ensino é a interação professor e

aluno e é, também, o suporte estrutural, cuja dinâmica concretiza o

fenômeno educativo.

Os objetivos dos planejamentos de ensino são:

• Racionalizar as atividades educativas;

• Assegurar um ensino efetivo e econômico;

• Conduzir os alunos ao alcance dos objetivos;

• Verificar a marcha do processo educativo.

Na sequência, iremos verificar alguns pontos que envolvem o planejamento dentro do contexto

escolar. Fique atento.

O papel do professor é fundamental, pois, ao fazer seu planejamento, precisa selecionar e definir o

conteúdo formativo, familiarizar-se com o que irá colocar em prática, sendo capaz de estimular o

desenvolvimento do aluno, adequando-os dentro da sua realidade.

Ao elaborar o plano de ensino, o professor pode organizá-lo por ordem de abrangência: tendo em

vista o plano de curso e o de unidade. Veja mais alguns aspectos sobre esse assunto a seguir.

Planos de Curso: é um instrumento de trabalho, amplo, genérico, sintético, que serve de marco de

referência às operações de ensino-aprendizagem que se desencadearão durante o curso,

respeitando uma seqüência coerente nas situações de ensino-aprendizagem. Ao construir um plano

de ensino deve-se planejá-lo para que ele ocorra em um determinado período de tempo - ano,

semestre, trimestre, bimestre, mês ou semana letivos. Nele é que nós definimos os conteúdos,

procedimentos e recursos que serão utilizados de acordo com os objetivos propostos. Deve-se

manter uma íntima relação com o plano curricular da escola, respeitando a capacidade e

possibilidades dos alunos, e também que seja realizável na perceptiva de tempo-duração. Segundo

Nérici (1968. p.131)

O plano de curso representa o trabalho de previsão de um ano letivo para as atividades de uma determinada disciplina, incluindo sua dependência com os anos anteriores e posteriores e sua coordenação com outras disciplinas afins ou não, tendo em vista tornar o ensino mais eficiente, mais orgânico e com sentido de continuidade.

Plano de Unidade

É um instrumento de trabalho mais pormenorizado que o plano de curso e se desenvolve ao redor de

um tema central ou assunto significativo para o aluno. Caracteriza-se, principalmente, pelo

relacionamento que objetivos e meios empregados para seu alcance mantêm com o foco ou tema

central da unidade.

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Ao fazer a seleção do conteúdo central da unidade o professor deve levar em consideração

significação, validade, utilidade e possibilidade de elaboração do conteúdo, como também a sua

acessibilidade da aprendizagem e sua adequação às necessidades e aos níveis evolutivos dos

alunos. Pode-se escolher o tema ou foco central da unidade de acordo com a maturidade dos alunos

e seus interesses. Deve-se observar sempre se há uma sequência lógica nos conteúdos

apresentados anteriormente e posteriormente, pois nada pode ser desconecto e sem sentido,

também é importante que o aluno consiga fazer uma ligação do que está aprendendo com outros

conteúdos de forma a promover a interdisciplinaridade entre os conteúdos aprendidos. A participação

dos alunos é fundamental nesse momento, pois a sua participação fará com que ele se engaje no

processo ensino-aprendizagem.

A seguir vou apresentar a você como planejar a aprendizagem no dia a dia. Vamos lá!

O Plano de aula: define-se pela descrição específica em termos operacionais, do objetivo pretendido

para cada aula e dos meios necessários para seu alcance. Para elaborá-lo precisamos estabelecer

alguns critérios que serão de fundamental importância na execução do plano de ensino. Esses

critérios são: adequação dos estímulos, que seria o despertar do desejo do aluno para que faça a

atividade em classe, especificação operacional é identificar o comportamento esperado do aluno no

final da atividade, estrutura flexível, nunca se esqueça que um planejamento não é algo rígido

fechado sem possibilidades de mudanças, precisamos redefinir nossas ações quando percebermos

que algo não irá atingir os objetivos propostos da sua aula. E, por fim estabelecer uma sequência

daquilo que será ensinado de tal maneira que evite hiatos na aprendizagem.

O ato de planejar é um ótimo instrumento para evitar que o professor cometa erros, pois oferece

maior segurança na realização dos objetivos e, também, é a oportunidade de verificar se a

quantidade e a qualidade do ensino estão sendo oferecidos, se estão de acordo com a faixa etária,

desenvolvimento cognitivo dos alunos e dentro das possibilidades e interesse deles. É importante que

se tenha bem definido esses contextos para que o processo ensino e aprendizagem se concretize.

1.2.1 Fase de Preparação

O planejamento de Ensino é composto pelas fases : Preparação, Desenvolvimento e

Aperfeiçoamento. Na fase da preparação, nós temos a Estruturação do Plano, no Desenvolvimento

teremos o Plano de Ação e no Aperfeiçoamento da Avaliação. Na fase de preparação do

planejamento de ensino, o importante é que você planeje todos os passos que contribuam para

assegurar a sistematização, o desenvolvimento e a concretização dos objetivos previstos. Refere-se

ao aspecto didático das práticas do professor dentro da sala de aula. Para facilitar a compreensão

segue abaixo um fluxograma que o ajudará a compreender as fases do planejamento de ensino.

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Fonte : Adaptado Autoras. TURRA, Enricone, Sant´anna, André, 2010. p 26

Após conhecermos o fluxograma sobre Planejamento de Ensino, convido você a estudar

detalhadamente cada tópico.

Seleção dos recursos

Conhecimento da

realidade

Determinação dos objetivos

Seleção e Organização dos

conteúdos

Seleção e Organização dos procedimentos de

Ensino

Avaliação

Feedback

Replanejamento

Plano em ação

Estruturação do plano de ensino

Seleção dos procedimentos de

Avaliação

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1.2.1.1 Selecionar e organizar os conteúdos

Ao elaborarmos o plano de ensino, vamos selecionar e organizar os conteúdos. Para isso,

precisamos fazer a seguinte pergunta: o que devo ensinar? Ao responder tal questionamento estará o

professor definindo quais conteúdos servirão de instrumentos para atingir os objetivos propostos.

Os conteúdos representam o conjunto, rico e variado, de conhecimento que possibilita ao aluno

desenvolver suas capacidades, ao mesmo tempo em que lhe esclareça suas relações com os outros

e com o meio onde vive. A seleção dos conteúdos deve ser definida em função dos objetivos

propostos. Nesse momento, é importante que o professor leve em consideração o nível evolutivo do

aluno, os interesses e a necessidades da comunidade. Essas informações serão obtidas por meio do

diagnóstico realizado anteriormente e implícitos na determinação dos objetivos.

Selecionados os conteúdos que serão focos do trabalho, deve o professor passar a cuidar da

organização, sua disposição encadeada e hierarquizada dos conteúdos, visando uma sequência

gradual de dificuldades.

Cabe ao professor buscar sempre novas fontes de atualização para sua disciplina. Essa atitude

favorecerá não somente seu crescimento, mas também o seu domínio técnico. O resultado com

certeza será satisfatório e a troca entre professor e alunos serão muito produtivas.

Após termos estudado como selecionar os conteúdos, precisamos desenvolver os procedimentos de

ensino que estimularam os nossos alunos a aprender. Convido a você a estudar o próximo tópico.

1.2.1.2 Seleção e organização de procedimentos de e nsino

Cabe ao professor selecionar e organizar procedimentos de ensino que tenham por objetivos propor

atividades que estimulem seus alunos a formular conceitos e não simplesmente adquiri-los sem

reflexão e significado. É preciso estimulá-los a procurar soluções para os problemas. Sendo o

professor um mediador do conhecimento, deve desafiar o aluno a produzir conhecimento. Segundo

Kilpatrick (1952 p 15),

Cada coisa que se aprende tem sua própria maneira de ser aprendida... Para aprender a formar juízos, devemos praticar a formação de juízos sob condições que diferenciem o êxito do fracasso. Para aprender a pensar independentemente, devemos praticar o pensamento independente.

O educador, para promover uma aprendizagem significativa, precisa considerar a capacidade dos

alunos e saber selecionar e organizar os procedimentos de ensino. Os procedimentos de ensino são

ações, processos, ou comportamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato

direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhe possibilitem modificar sua conduta, em função dos

objetivos previstos. Esses procedimentos podem ser considerados em duas dimensões:

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17 | P á g i n a Núcleo de Educação a Distância | Newton Paiva

• Procedimentos que representam as ações do professor, enquanto organiza e controla as

situações de ensino favoráveis à aprendizagem,

• Procedimentos que representam as ações do professor, enquanto organiza as situações de

ensino necessárias ä realização de atividades ou experiências de aprendizagem que facilitem

o alcance dos objetivos, pelos alunos.

Ao planejar e organizar as condições externas de aprendizagem utilizam-se meios e modos quel

chamamos de técnicas de ensino. Essas podem acontecer individualmente ou em grupo, cujo objetivo

principal é ativar impulsos que criam motivos que conduzem o aluno ou o grupo de alunos na direção

dos objetivos previstos.

Depois de termos vistos os procedimentos de ensino e as dimensões que o cercam, avançaremos um

pouco mais para apreender a selecionar os recursos ou meios que servirão de instrumentos

motivadores à prática de ensino.

1.2.1.3 Seleção dos recursos

Essa tarefa é de suma importância quando se planeja uma aula, pois, depende do recurso que foi

escolhido pode ajudar ou dificultar a aprendizagem do aluno. Segundo Gagné (1971 p.39): “a

expressão recursos ou meios para o ensino refere-se aos vários tipos de componentes do ambiente

da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno”.

Como educadores é de fundamental importância que saibamos que existem dois tipos de recursos no

contexto educacional: os recursos de natureza humana, que são os professores, alunos, pessoal

escolar e a comunidade e os recursos materiais que são os do ambiente escolar.

Ao definirmos os recursos que usaremos precisamos identificar qual instrumento melhor irá atender

para manter o interesse do aluno e a sua concentração.

Quanto aos recursos materiais podemos sugerir: LCD, data show, quadro, equipamentos

audiovisual, multimídias, dentre outros, esses recursos servem apenas como um meio, e não um fim

em si mesmo, pois se o professor não souber manuseá-los e nem escolher o que mais o atende para

a realização da atividade, com certeza será apenas um recurso sem uma finalidade definida e

desestimulante para o aluno.

Saber selecionar os recursos para a nossa aula é de suma importância. Que tal, agora, iniciarmos os

estudos sobre os instrumentos de verificação da aprendizagem?

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1.2.1.4 Instrumentos de verificação da aprendizagem

Após o processo de ensinar, cabe ao professor, elaborar instrumentos de verificação da

aprendizagem. Para cada situação cabe ao professor escolher o melhor instrumento que for

adequado. Quanto aos objetivos, ele deverá definir se são da área cognitiva, afetiva ou psicomotora.

Quanto à modalidade, se é diagnóstica, formativa, somativa e mediadora. Quanto à elaboração,

pode utilizar questões dissertativas ou objetivas. A seleção do instrumento avaliativo está diretamente

relacionada com o objetivo que se quer verificar.

Fique atento! Esse tópico será aprofundado na próxima unidade. E, a partir de agora, estaremos

aprendendo sobre a estruturação do Plano de Ensino.

1.2.1.5 Estruturação do Plano de Ensino

O último item que faz parte de preparação do plano de ensino é a sua estruturação. Segundo Mattos

(1968), o plano é um instrumento de trabalho de cada professor. O seu valor principal reside

precisamente na elaboração pessoal de quem irá executá-lo. Cabe ao professor dar o colorido que

lhe compete e ofuscar aquilo que não for significativo na aprendizagem dos seus alunos.

Para se fazer um bom plano de ensino, é preciso haver coerência entre as unidades e com o objetivo

da disciplina. Você terá que propor uma sequência ininterrupta de ações que integre gradualmente as

atividades. Para isso, necessitará definir os objetivos que pretende alcançar, identificar quais os

conteúdos ensinará, quais procedimentos utilizará e com que instrumento avaliará o progresso dos

alunos. Depois dessas ações, dê o feedback para os alunos.

Precisamos, também, reavaliar nossas ações ao término do plano de ação cujo objetivo é corrigir

deficiências, sanar dificuldades e/ou manter processos satisfatórios. Quando aperfeiçoamos nossos

planos de ensino e, atingindo os objetivos propostos, somos capazes de interpretar os dados, propor

soluções mais adequadas, temos a capacidade de usar nossa criatividade para propor novas ideias.

Agora que vimos como elaborar um Plano de Ensino, convido você a estudar as estratégias para a

aprendizagem significativa.

1.3. Estratégias para a aprendizagem significativa O ensino envolve atividades complexas, sendo influenciado e regido por condições internas e

externas do sujeito e do ambiente que o cerca. Conhecer essas condições é fator fundamental para o

trabalho docente. Desenvolver estratégias significativas de aprendizagem, em sala de aula, está

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correlacionado a conhecer determinantes econômico-sociais e socioculturais embutidos no processo

educacional.

A aprendizagem está presente em qualquer atividade humana em que possamos aprender algo. Essa

condução vai gerar um processo de assimilação que ocorre pela estrutura mental e física ou seja,

aprender conhecimentos de forma sistemática, hábitos, atitudes e valores, percepção, compreensão,

reflexão e aplicação, que se desenvolveram por meios intelectuais, motivacionais e atitudes do

próprio estudante. Por isso, uma aprendizagem significativa deve ser planejada, intencional e

direcionada, não sendo casual ou espontânea, e sim, fundamentada no conhecimento e dados da

realidade dos alunos.

Cabe ao educador definir o conteúdo ministrado e traçar estratégias para que ocorra uma

combinação entre o ensino e a assimilação desejada. Essa combinação entre os conteúdos, o ensino

e a aprendizagem, promoverá uma reciprocidade entre eles, ficando o educador como mediador do

processo. Esse processo de ensino consiste na condução do professor sobre o estudo e a prática

educativa do aluno. Podemos contar com a didática para contribuir com o docente, na sua prática

pedagógica, aliando teoria e prática.

Compete ao educador, atualizar-se sempre de forma a aplicar seus conhecimentos à realidade do

aluno.

Dessa forma é necessário pensar na preparação da atividade, na estrutura do plano que se quer

aplicar, em como vão ser realizadas as atividades, quais os caminhos para diagnosticar e avaliar o

processo, se tudo está correndo como previsto e quais alterações poderão ser propostas para as

correções ou adequações.

Outro ponto importante a ser observado é a coerência entre o que o professor fala e suas ações. Os

alunos respeitam o professor e se espelham nele. A coerência entre o discurso e a ação gera

reciprocidade entre ambas as partes, caso isso seja contraditório, levará ao descrédito do educador,

perdendo o sentido. Por isso, ao traçar os objetivos idealizados é importante ter claro onde se quer

chegar e para quem se destinam.

Utilizar estratégias motivadoras e próximas à realidade dos alunos provoca satisfação por parte dos

mesmos que gostam do professor que os surpreenda, que traga novidade, que estimule e diversifique

as técnicas e métodos de organizar o processo de produção do conhecimento. “Educar é ajudar a

integrar todas as dimensões da vida, a encontrar o caminho intelectual, emocional, profissional, que

realize e que contribua para modificar a sociedade que temos.” (MORAN, 2000, p. 12), por isso, é

importante que o educador conheça seus alunos, repare neles, saiba de seus gostos e estilos, não

encare a turma como mais uma turma ou como a turma X ou Y, sem levar em consideração os

membros pertencentes a ela e suas particularidades e especificidades. Conhecer e respeitar as

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diferenças e pluralidades de ideias é o primeiro passo para traçar estratégias que promovam

significados ao seu público. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:

Os alunos constroem significados a partir de múltiplas e complexas Interações. Cada aluno é sujeito de seu processo de aprendizagem, enquanto o professor é o mediador na interação dos alunos com os objetos de conhecimento. (Parâmetros Curriculares Nacionais vol1. p.93)

Todo professor deve ter claro quais os recursos que poderá utilizar e quais os locais onde buscar

novas fontes de elementos relacionados à que se pretende abordar. Uma mente renovada valoriza o

intercâmbio entre o educador e a ciência, intensificando domínio e segurança, promovendo prazer

recíproco entre professor e aluno. Vamos ver alguns desses recursos a seguir no próximo tópico?

1.3.1. Utilização de estratégias diferenciadas e a retenção do

aprendizado

A pesquisa da Condy-Vacuum Oil Co. Studies– EUA ( apud ENRICONE, 1989, p.158-159) apresenta

os seguintes dados relacionados à retenção da aprendizagem que acontece de forma interativa e

dinâmica com os recursos utilizados. Como nos apresentam os gráficos a seguir.

10 % do que lemos

20% do que escutamos

30% do que vemos

50% do que vemos e

escutamos

70% do que ouvimos e

logo discutimos

Retemos

90% do que ouvimos e logo

realizamos

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Fonte : Adaptado pelas Autoras Entender o estudo sobre percepção é uma valiosa ferramenta para a compreensão e o emprego do

recurso adequado à realidade dos alunos a que se destina.

Chegamos ao final da primeira unidade. Procure aprofundar mais seus conhecimentos visitando as

seções Teoria na Prática e Síntese.

3,5% por meio do olfato

1,5% por meio do tato

11% por meio da audição

1% por meio do gosto

83% por meio da visão

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2. Teoria na Prática Durante esta unidade, vimos diversas formas de planejamento. Agora surge a dúvida de como

relacionar o que foi aprendido com sua prática docente. Para ajudá-lo, selecionamos um artigo que

apresenta várias atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula.

As trocas que fazem a turma avançar Trabalhar individualmente ou em grupos exige habili dades diferentes das crianças. Confira como potencializar os ganhos para toda a classe

Uma vez definidos os conteúdos que serão trabalhados ao longo do ano e depois de escolhidas as modalidades

organizativas chegou a hora de saber como usar a interação entre os alunos a seu favor. Durante muito tempo, a

garotada era obrigada a ficar em fila, uma carteira atrás da outra. Felizmente, estudos e pesquisas didáticas

mostram que determinadas atividades, quando realizadas em grupos, trazem mais benefícios para o

aprendizado de todos. Mas essa forma de ambientação da classe precisa ser pensada com antecedência para

que os objetivos sejam efetivamente atingidos. Divididos de forma adequada e sob a supervisão do professor, os

alunos aprendem na troca de pontos de vista, ganham espaço para criar e passam a testar hipóteses, refazer

raciocínios e estabelecer correlações, para construir conhecimentos. "A discussão e a argumentação crítica

também são elementos constitutivos da aprendizagem", diz Silvia Gasparian Colello, pesquisadora de Filosofia e

Ciências da Educação da Universidade de São Paulo. Segundo os especialistas, a interação em classe é

importante porque é muito diferente para as crianças aprender com o professor (alguém mais velho, que domina

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os conteúdos) ou com os colegas (que têm a mesma idade e um nível de conhecimento mais próximo). "O

grande benefício é essa troca horizontal", resume Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA

e da Fundação Victor Civita. A sala pode ser dividida em grupos de dois, três, quatro ou mais estudantes. E é

possível experimentar diversas combinações de grupos - inclusive numa mesma aula. A condição essencial para

definir essas divisões é, claro, o que cada um domina e o que precisa aprender. "Os agrupamentos produtivos

nascem quando os estudantes têm habilidades próximas, mas diferentes. Assim, os dois têm a chance de

complementar o que já sabem individualmente e avançar juntos", completa Regina. Foi o pensador russo Lev

Vygotsky (1896-1934) quem percebeu que as interações sociais são impulsionadoras do conhecimento, pois a

aprendizagem só se consuma quando intermediada pelo outro. No entanto, esse embate com opiniões diferentes

gera conflitos. Mas essas faíscas, longe de serem enquadradas como indisciplina, podem ajudar a melhorar a

qualidade do aprendizado. Essa é uma das formas de ensinar estratégias de resolução de problemas, baseada

no respeito e na solidariedade. O professor pode prever em seu planejamento explicações sobre o jeito de cada

um administrar seu tempo, falar e olhar o mesmo assunto. E considerar que essa diversidade está presente em

todas as salas de aula. Ao assumir uma postura mais ativa, o aluno não só aprende como também desenvolve

valores sociais importantes: o respeito, a compreensão e a solidariedade, o saber ouvir e falar. Conviver,

relacionar-se com o próximo e trabalhar em equipe são habilidades fundamentais para o mundo de hoje, dentro e

fora da escola. E as atividades em grupo permitem ao estudante acolher o ponto de vista alheio. "Colocando-se

no lugar do outro, o ser humano descobre que existem novos jeitos de lidar com o mundo", diz Silvia. "E é dessa

maneira que avançamos no conhecimento."

Fonte : http://revistaescola.abril.com.br/planejamento/sala-de-aula.shtml Acesso 17/12/2010

Agora, cabe a você imaginar-se em uma sala de aula. Pense nas possíveis estratégias para a

elaboração de um planejamento e as estratégias para favorecerem uma aprendizagem significativa.

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3. Síntese Nesta unidade, vimos a importância de elaborar um planejamento bem estruturado e coerente com a

proposta educacional da escola. Ao fazer o planejamento, lembre-se de:

• Definir o objetivo geral e específico de acordo com os conteúdos ministrados e fazer o

diagnóstico da realidade em que o aluno está inserido.

• O ato de planejar norteará nossas ações, definirá as estratégias e auxiliará as práticas

educativas.

Temos que ter claro o diferenciamento entre planejamento Educacional, Curricular e Ensino,

ressaltando que há diferenças, porém são interligados entre si. Vamos relembrar esses conceitos?

Veja a explicação a seguir.

• Planejamento Educacional tem como premissa básica o delineamento da filosofia da

educação do país, acentuando o valor da pessoa e da escola na sociedade, respondendo

com precisão às necessidades e objetivos dessa sociedade.

• Planejamento Curricular deve estar em constante elaboração, um traçar contínuo de

investigação da realidade que cerca a comunidade escolar, um processo vivo e dinâmico

interligado com a realidade local.

• Planejamento de Ensino refere-se ao aspecto didático das práticas do professor dentro da

sala de aula, é um instrumento de trabalho menor que o plano de curso, e que se desenvolve

ao redor de um tema central ou assunto significativo para o aluno.

É importante que você saiba diferenciar um plano de curso, plano de aula e plano de unidade. Caso

tenha dúvidas, reveja o fluxograma que apresenta as fases do planejamento de ensino que está no

tópico 1.2.1.

Finalizando a nossa primeira unidade, devemos elaborar estratégias significativas de aprendizagem

para promover a assimilação do conteúdo. Uma aprendizagem significativa deve ser planejada,

intencional e direcionada, não sendo casual ou espontânea, e sim, fundamentada no conhecimento e

dados da realidade dos alunos. Cabe ao educador definir o conteúdo ministrado e traçar estratégias

para que ocorra uma combinação entre ensino e a assimilação desejada.

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Unidade 2: Avaliação da Aprendizagem

1. Conteúdo Didático

No decorrer dos tempos, a importância da Avaliação e seus procedimentos vem sofrendo alterações

e modificações na sua valorização, que se consolidam em cada época. O processo de avaliação é

constantemente discutido em todos os segmentos externos e internos da escola, em uma busca

contínua de redefinir e ressignificar o seu papel e função na educação.

Pensar em uma Instituição de ensino coerente com uma proposta pedagógica preocupada com a

transformação e não com a conservação e reprodução do conhecimento será sempre um desafio ao

educador comprometido com a sua função.

Convido você a trilharmos juntos etse caminho e refletir sobre o papel da avaliação e suas

consequências para a concretização dos objetivos desenhados para todo processo educacional.

Diante disso, precisamos ter claro sobre o que é avaliação e sua função no processo ensino

aprendizagem.

1.1. Avaliação: conceitos, princípios básicos e fun ções.

Todo o processo que envolve a Avaliação está exposto ao julgamento de outrem, porém nossa

prática educacional não pode estar baseada nesse julgamento, mas, sim, em conceitos, princípios e

funções que nortearão a prática do educador. Neste momento, convidamos você a estudá-los.

1.1.1. Conceituação

A avaliação é um processo de reflexão do ensino

aprendizagem que possibilita ao educador obter informações

para a tomada de decisões a fim de alcançar os objetivos

traçados. A partir deste momento, vou apresentar a você o que

alguns autores falam sobre esse assunto. Fique atento!

Segundo Perrenoud (1999), a avaliação da aprendizagem é um processo mediador na construção do

currículo e se encontra intimamente ligado à gestão da aprendizagem dos alunos. Nesse raciocínio,

Fonte : Disponível em: < http://www.jornalvicentino.com.br/home/2008/10/27/saresp-avalia-alunos-da-rede-publica-em-novembro/> Acesso em 15/12/2010.

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Hoffmann (2001) traduz que a avaliação precisa ter uma ação transformadora, por isso, não pode ser

estática, nem ter caráter sensitivo ou classificatório.

Pensar em avaliação estática é pensar em algo imutável. No caso sensitivo ou classificatório é atribuir

valor e julgamento ao desempenho do aluno de acordo com seus próprios (pode ser?) parâmetros.

De acordo com Sarubbi (1971)

A avaliação educativa é um processo complexo que começa com a formulação de objetivos e requer elaboração de meios para obter evidência de resultados, interpretação dos resultados para saber em que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo de valor (1971 apud Turra 1989, p.177).

A avaliação educacional é composta por dois aspectos. Você saberia explicar quais são eles? Para a

sua melhor compreensão, vou apresentar uma explicação sobre cada um deles a partir deste

momento. No aspecto formal, é quando se elaboram instrumentos que possam verificar os objetivos

propostos de forma fidedigna, por exemplo, quando utilizamos auxilio de questionários, entrevistas

para verificar a qualidade de um programa implementado. Já nos aspectos informais , esses

ocorrem de forma implícita, pois vêm carregados de julgamentos subjetivos. Isso ocorre quando

buscamos a opinião ou relato de professores ou alunos sobre um determinado fato escolar ocorrido.

Ao elaborar uma avaliação formal é essencial fazer uma seleção de atributos realmente significativos

para definir o que vai ser avaliado, escolhendo os procedimentos adequados, evitando, assim,

julgamentos subjetivos. Vamos conversar sobre esse assunto a seguir, por isso, prossiga em seus

estudos.

1.1.2. Princípios básicos da avaliação

Entender a avaliação como princípio básico é acreditar que a ideia de avaliação é um processo que

proporciona a direção para efetividade dos procedimentos. Eles auxiliam na elaboração dos objetivos

possibilitando ao educador acompanhar os avanços e as dificuldades dos alunos e, a partir daí,

elaborar e reorientar sua prática pedagógica. Assim podemos pensar que a avaliação contribui

diretamente para a melhoria da aprendizagem e do ensino.

Ao elaborar a avaliação, precisamos observar os princípios básicos que nortearam a nossa prática,

que são:

• Processo sistemático � um ato planejado, que requer sistematização permanente.

• Processo contínuo � analisa o processo e o produto o tempo todo.

• Avaliação é funcional �realizada em função dos objetivos que estabelecem os parâmetros

do que é essencial e do que é secundário no ensino.

• Avaliação é orientadora � a partir de um diagnóstico da realidade do aluno, o professor tem

a capacidade de replanejar suas ações e colocar em prática procedimentos alternativos.

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• Avaliação Integral � analisa o individuo na sua integralidade e não de forma fragmentada.

• Avaliação inclusiva � igualdade de oportunidade para toda a vida. respeitando o jeito e o

tempo de cada um.

• Avaliação quantitativa e qualitativa � influencia a metodologia do instrumento a ser

utilizado pelo professor.

o Avaliação Quantitativa � enfatiza a quantificação para descrever o objeto que está

sendo avaliado (o aluno é avaliado e medido a partir de respostas certas ou erradas e

critérios preestabelecidos).

o Avaliação Qualitativa � (destaca a busca de informações para compreender casos

específicos.

• Avaliação é relacional � possibilita o aluno interagir com o outro, com os objetos do saber e

consigo mesmo. Dessa forma, o aluno atribui à aula e aos ensinamentos um sentido único

para ele.

Depois de aprender os princípios básicos da avaliação, estudaremos agora as funções da avaliação.

1.1.3. Funções da Avaliação

A avaliação tem como finalidade o alcance de um propósito, esse será desenvolvido por meio de

exercícios ou atividades, neste caso, atribuímos ao processo avaliativo duas particularidades:

1. Função geral: visa fornecer base para o planejamento, possibilitar a seleção e classificação

de pessoal, como por exemplo, professores, alunos e especialistas e, também, ajustar

políticas e práticas curriculares.

2. Funções específicas: têm por objetivo fazer um diagnostico, melhorar a aprendizagem e o

ensino do aluno, criando situações individuais ou em grupos.

As funções da avaliação estão intimamente ligadas aos objetivos primordiais da educação e são: a

integrativa e a diferenciada . Você conhece esses termos? Vou explicar para que eles fiquem mais

claros.

A função integrativa busca socialização, base cultural comum. Esse processo torna as pessoas

semelhantes em ideias, valores, linguagem. Nesse sentido, faz-se necessário um ajustamento

intelectual e social que reforça a identidade do grupo. Já a diferenciada, privilegia a individualização,

formação profissional e atividades específicas. Nesse sentido precisamos salientar as diferenças

individuais, preparar as pessoas segundo suas competências particulares, formando-as para as

profissões específicas, permeando, em âmbito geral, questões integrativas, e diferenciadas no âmbito

das específicas.

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Falar em avaliação aplicada à educação é compará-la constantemente com

os resultados dos alunos ou seu desempenho e objetivos previamente

definidos. Podemos dizer que a avaliação é o processo de extensão com

que os objetivos educacionais se realizam.

Alguns autores relacionam a avaliação com a verificação dos objetivos educacionais. Consideram que

a finalidade da avaliação permeia três tipos:

1. Preparação inicial que visa à aprendizagem dos alunos,

2. Verificação das dificuldades por parte dos educandos e

3. Controle das metas traçadas para se atingirem os objetivos determinados.

Dessa forma, podemos afirmar que o ato de avaliar deve servir como um sistema interligado de

informações que nutre tanto professores como alunos de dados para a tomada de decisão.

A seguir, vamos considerar as várias modalidades de avaliação. Fique atento às particularidades de

cada uma delas, esse entendimento será essencial para que você consiga desempenhar um bom

processo avaliativo na sua atividade docente!

Aguardo você no próximo tópico.

1.2. Modalidade da Avaliação: Diagnóstica, Formativ a, Somativa e

Mediadora.

Neste tópico, abordaremos o tipo ou espécie de avaliação que podemos utilizar ao longo do

processo educativo. Os teóricos que nortearão a nossa temática serão: Bloom, Hasting e Madaus.

Eles classificam o processo avaliativo em três funções: diagnostica; formativa e somativa. Sendo que

cada uma tem uma função especifica, porém se complementam entre si.

Para muitos professores, o processo avaliativo não é uma tarefa fácil, mas complexa, pois, exige que

se tomem várias decisões que influenciarão diretamente o resultado final do processo.

O crescimento profissional do professor depende de sua habilidade em garantir evidências de avaliação, informações e materiais, a fim de constantemente melhorar seu ensino e a aprendizagem do aluno. Ainda, a avaliação pode servir como meio de controle de qualidade para assegurar que cada ciclo novo de ensino-aprendizagem alcance resultados tão bons ou melhores que os anteriores (SANT’ANNA 1989, p.175).

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Para que a avaliação seja coerente é necessário que ela seja elaborada a partir dos objetivos

propostos e é importante definir os meios que serão utilizados para verificar a aprendizagem dos

alunos, retratando assim, a realidade da turma e a práxis do professor.

Segundo Bloom, Hasting, Madaus (1971,apudTurra,1989), após aplicar uma

avaliação, o professor pode indagar se:

• Os objetivos foram alcançados?

• O tempo previsto para o ensino de determinado conteúdo foi

suficiente?

• As metodologias utilizadas favorecem ou não a aprendizagem do

aluno?

• Os exercícios disponibilizados foram mais para um determinado

conteúdo em detrimento de outros?

Enfim, são vários os questionamentos que podem ser feitos para analisar o resultado de uma

avaliação, o que é importante é perceber os pontos positivos e propor ações imediatas para aqueles

que não foram alcançados. Portanto, podemos identificar dois significados diferentes considerando

os principais sujeitos do ambiente escolar:

1. Aluno serve como termômetro do quanto já evoluiu e do quanto ainda precisa fazê-lo,

2. Professor verificar se sua prática educativa está adequada ou se precisa rever suas ações

para orientar melhor seus alunos.

Que tal aprender um pouco mais sobre os tipos de avaliação? Fiquem atentos às considerações, que

faremos a seguir, sobre cada tipo de avaliação.

1.2.1. Avaliação Diagnóstica

Conforme o próprio nome indica, essa avaliação tem por objetivo fazer um diagnóstico de como está

o desenvolvimento pedagógico do aluno e não ser um veredicto, que irá culpar ou absolver. Visa,

também, determinar a presença ou ausência de conhecimentos e habilidades, inclusive buscando

detectar pré-requisitos para novas experiências de aprendizagem. Outra função é de identificar,

discriminar, compreender e caracterizar as causas determinantes das dificuldades de aprendizagem.

O uso dessa prática em sala de aula é primordial, pois o nível acadêmico dos alunos pode ser

diferenciado, uma vez que cada um tem interesses e habilidades diferentes e o aluno constrói o seu

conhecimento na interação com o meio em que vive. No entanto, cabe ao professor diagnosticar

essas diferenças e elaborar situações de aprendizagem que serão realizadas de acordo com a

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demanda de cada um e, também do grupo. Portanto, essa avaliação serve para orientar os alunos

para novas oportunidades de crescimento, estimulando-os a novos desafios. Ela ainda envolve a

descrição, a classificação e a determinação do valor de algum aspecto do comportamento do aluno.

Ao elaborarmos a Avaliação Diagnóstica precisamos definir:

Todas essas ações ajudarão o professor a planejar e selecionar estratégias para ajudar os alunos a

avançarem e conseguirem atingir os objetivos que foram propostos para cada ciclo, períodos ou ano.

Portanto, é essencial realizar a Avaliação Diagnóstica no início de cada ano, ou antes, de começar

algum conteúdo, para verificar se o aluno tem ou não determinado conhecimento. Essa ação ajudará

não só o professor elaborar suas estratégias de ensino, como também, orientará o aluno sobre seu

rendimento escolar. Finalizamos nossas considerações sobre esse assunto, avance e conheça outra

forma avaliativa utilizada no ambiente escolar.

1.2.2. Avaliação Formativa

A Avaliação Formativa ocorre ao longo do processo de aprendizagem e sua função é a de informar ao

professor e ao aluno sobre o resultado obtido durante o desenvolvimento das atividades escolares.

Assim, as falhas do processo educacional poderão ser corrigidas, e elaboradas as medidas

alternativas de recuperação dessa aprendizagem.

O professor deve fazer um trabalho de resgate com o aluno no sentido de ajudá-lo a compreender e

assimilar o conteúdo estudado. Porém, quando o aluno não consegue romper na sua aprendizagem e

fica estagnado, pode ocorrer o sentimento de menos valia ou de fracasso escolar.

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Para Sant’Anna (1989) temos que criar condições para que o processo formativo aconteça, portanto,

precisamos de:

• Selecionar os objetivos e os conteúdos que serão distribuídos em pequenas unidades de

ensino,

• Definir os comportamentos que desejamos observar;

• Fazer o levantamento das dificuldades dos alunos para nortear as ações de melhorias;

• Dar o retorno para os alunos para que possam reavaliar suas ações e melhorar seu

desempenho;

• Proporcionar aos alunos condições de resgatar os conteúdos que estão com dificuldades

utilizando outras metodologias que favorecerão a aprendizagem.

Então, sempre que vamos avaliar, precisamos ter bem claro o que se quer

avaliar e para que servem os resultados. Assim, estabeleceremos critérios e

os níveis de eficiência para comparar os resultados.

A avaliação formativa é um bom instrumento que deve ser usado para nortear sua prática e o

desempenho dos alunos. Entretanto, existem outros tipos de avaliação. Vamos conhecê-los? Avance

em seus estudos.

Fonte : Disponível em: < http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/170-TC-D4.htm> Acesso em 15/12/2010.

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1.2.3. Avaliação Somativa

Sua função é de classificar o nível de aproveitamento do aluno ao final de cada unidade, semestre ou

ano letivo. Para isso, utilizassem notas ou conceitos para traduzir o aproveitamento do aluno. A

distribuição dessas notas é realizada ao longo do processo e, ao final, faz-se a somatória para obter o

resultado final.

Para muitos pais e professores, o sistema educacional só é considerado eficaz se o resultado final foi

traduzido em notas e conceitos. Para eles, escola de qualidade é aquela que deixa claro se o aluno

foi aprovado ou reprovado. Nesta proposta, o que se destaca é o acerto ou o erro, e o critério é

classificatório, o aluno está fadado a um rótulo e não ao desempenho de suas competências,

habilidades e atitudes. A seguir, iremos conhecer outro tipo de avaliação. Fique atento!

1.2.4. Avaliação Mediadora

Para Jussara Hoffman (2001), o professor precisa desenvolver uma prática avaliativa mediadora.

Esse processo exige do professor a capacidade de manter um sentimento de compromisso com

quem está se relacionando, pois o ato de avaliar não ocorre na neutralidade. Alguns fatores são

essências nesse processo, como:

• interação,

• mediação,

• respeito,

• interesse e

• empatia.

Avaliar sob a perspectiva mediadora é uma atividade complexa e exige um

comprometimento por parte do professor ao analisar seu aluno, o que deve

ser feito na sua integralidade e não de forma fragmentada, valorizando

assim os saberes e o fazer. A seguir vamos destacar algumas práticas para

que o educador consiga aplicar os princípios desse tipo de avaliação. Esteja

atento!

Na Avaliação Mediadora, o erro serve de subsídios tanto para aluno quanto para o professor, porque

o resultado servirá para análise e serão elaboradas novas estratégias que irão favorecer a

aprendizagem do aluno e o aperfeiçoamento do professor.

Repensar os princípios da avaliação é mais importante do que apenas aplicar as metodologias. O

educador precisa desenvolver o senso de investigação para saber como o aluno aprende, essa

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33 | P á g i n a Núcleo de Educação a Distância | Newton Paiva

atitude será fundamental, pois favorecerá a elaboração das estratégias metodológicas utilizadas com

o aluno. Quando o aluno não atinge os objetivos propostos, o professor deve pensar novas

estratégias pedagógicas que favoreçam o aluno romper em seu desenvolvimento. As ações devem

ser pautadas na ética, pois avaliação é mais do que medir o conhecimento do aluno, é o

reconhecimento dele enquanto aprendiz.

Ao aplicarmos esse instrumento avaliativo precisamos:

• Oportunizar ao aluno várias situações para demonstrar seus conhecimentos, seja por meio

oral, escrito ou pela interação com os colegas;

• Propor atividades que sejam interativas parra que o aluno interaja com seus pares,

professores e com o objeto de conhecimento;

• Atender as quatro dimensões que envolvem o processo educativo:

1. Contexto sociocultural do aluno;

2. Saberes significativos;

3. Respeito às questões epistemológicas;

4. Cenário educativo/avaliativo.

Essas dimensões serão fundamentais, caso esses eixos não estejam interligados, com certeza, você

não estará realizando a avaliação mediadora. O papel do educador é vital nesse processo, pois é

importante que ele ande lado a lado com seu aluno. Assim, no final de mais uma etapa, terá

condições de passar um feedback1 coerente e consistente, caso contrário, apena lançará notas

vazias e frias.

Agora que você já conhece os principais tipos de avaliação, iremos prosseguir em nossos estudos

apresentando as possibilidades e limitações dessa prática. Vamos para o próximo tópico.

1.3. Avaliação da aprendizagem no processo: possibi lidades e limites.

Iniciaremos este tópico abordando as possibilidades educativas que envolvem o processo avaliativo.

Sabemos que o principal objetivo da avaliação é o aperfeiçoamento do ensino. Esse se torna um

instrumento eficaz e valioso quando utilizado com o propósito de analisar e compreender o processo

de aprendizagem.

1 Feedback : retorno de informação ou, simplesmente, retorno

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34 | P á g i n a Núcleo de Educação a Distância | Newton Paiva

Pense a avaliação como instrumento de reflexão que servirá de embasamento para tomadas de

decisões e replanejamentos de ações. Para elaboração e execução dos processos avaliativos é

imprescindível que o educador e o aluno construam um caminho de significados para aprendizagem.

Uma avaliação adequada requer embasamento e posicionamentos prévios dos critérios utilizados

para conseguir fazer uma avaliação coerente com o desenvolvimento do aluno, sendo possível,

também, verificar se há pontos comuns entre a teoria e a prática. Portanto, é essencial que você

compreenda o aluno com toda sua individualidade e proponha caminhos para se pensar uma

proposta de avaliação rica em possibilidades ao educando, de forma a interagir os conteúdos,

articulados com sua realidade. Faz-se essencial buscar alternativas para verificar o desempenho do

aluno, sem se esquecer de levar em consideração o tempo e ritmo individual e o contexto social que

esse está inserido.

A avaliação não pode ter fim nela mesmo, restringindo-se à aplicação de prova e notas, mas, um

transcorrer de uma prática pedagógica coerente, organizada e articulada com o contexto social em

que se está engajado, tornando um tripé indissociável entre ensino, aprendizagem e avaliação. Ela

apresenta uma importância social e política fundamental no fazer educativo vinculando-a à ideia de

qualidade. Não há como evitar a necessidade de avaliação de conhecimento, muito embora se possa

torná-la eficaz naquilo que se propõe: a melhoria de todo o processo educativo.

Agora vamos conversar sobre os limites que estão envolvidos na prática avaliativa. Ela muitas vezes

é utilizada de forma errônea, reducionista, como se pudesse limitar-se a um instrumento de coleta de

dados de informações. Definir o processo por meio de notas ou conceitos, as dificuldades e

facilidades do aluno, é apenas um recurso simplificado que identifica a posição do aluno em uma

escala. Ele somente se preocupa com a nota ou conceito, podendo usar de subterfúgios para

alcançá-las, esquecendo-se do primordial da sua aprendizagem.

Outro ponto para o qual devemos estar atentos diz respeito à utilização de Julgamento precoce e

isolado do processo de avaliação, isso pode gerar uma incoerência com a função do educador, que,

ao invés de contribuir para o desenvolvimento do aluno, promove um efeito contrário, que é o

afastamento desses em seu processo de aprendizagem. A utilização de rituais e atitudes

discriminatórias impede o processo de reflexão de novas ações no qual a avaliação se destina.

Agora que acabamos de estudar sobre as diversas possibilidades e limites da avaliação, convido

você a refletir sobre a importância desse processo na educação. Leia e reflita sobre a entrevista com

Cipriano Carlos Luckesi na Teoria na Prática. E, logo em seguida, recapitule na síntese o que

estudamos nesta unidade.

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35 | P á g i n a Núcleo de Educação a Distância | Newton Paiva

2. Teoria na Prática

Durante esta unidade, vimos a importância da Avaliação e sua interferência no processo de

aprendizagem. Para ajudá-lo, selecionamos um artigo com a entrevista de Cipriano Carlos Lucksi,

para que possamos refletir sobre o nosso papel na educação e a importância de realizar uma

avaliação coerente com os objetivos que almejamos alcançar.

Entrevista com Cipriano Carlos Luckesi

Provas e exames, segundo o educador, são apenas ins trumentos de classificação e seleção, que não contribuem para a qualidade do aprendizado nem para o acesso de todos ao sistema de ensino

Márcio Ferrari ([email protected])

CIPRIANO LUCKESI "Proponho que

as escolas invistam em uma prática

pedagógica construtiva e paralelamente

treinem para o vestibular"

Cipriano Carlos Luckesi é um dos nomes de referência em avaliação da

aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de

quatro décadas. Nessa trajetória, que começou pelo conhecimento

técnico dos instrumentos de medição de aproveitamento, o educador

avançou para o aprofundamento das questões teóricas, chegando à

seguinte definição de avaliação escolar: "Um juízo de qualidade sobre

dados relevantes para uma tomada de decisão". Portanto, segundo essa concepção, não há avaliação se ela

não trouxer um diagnóstico que contribua para melhorar a aprendizagem. Atingido esse ponto, Luckesi passou a

estudar as implicações políticas da avaliação, suas relações com o planejamento e a prática de ensino e,

finalmente, seus aspectos psicológicos. As conclusões do professor paulista, que vive desde 1970 em Salvador,

apontam para a superação de toda uma cultura escolar que ainda relaciona avaliação com exames e

reprovação. "Estamos trilhando um novo caminho, que precisa de tempo para ser sedimentado", diz. Luckesi,

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que é professor aposentado, orientador de pós-graduandos e integrante do Grupo de Pesquisa em Educação e

Ludicidade da Universidade Federal da Bahia, concedeu a seguinte entrevista à NOVA ESCOLA.

Como é feita, hoje, a avaliação de aprendizagem escolar?

A maioria das escolas promove exames, que não são uma prática de avaliação. O ato de examinar é

classificatório e seletivo. A avaliação, ao contrário, diagnóstica e inclusiva. Hoje aplicamos instrumentos de

qualidade duvidosa: corrigimos provas e contamos os pontos para concluir se o aluno será aprovado ou

reprovado. O processo foi concebido para que alguns estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto

de vista político-pedagógico, é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na pessoa do

professor e no sistema de ensino, não em quem aprende.

Que métodos devem ser usados?

A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a uma intervenção visando à melhoria da

aprendizagem. Se ela for obtida, o estudante será sempre aprovado, por ter adquirido os conhecimentos e

habilidades necessários. A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar um passo à frente.

Essa concepção político-pedagógica é para todos os alunos e por outro lado é um ato dialógico, que implica,

necessariamente, uma negociação entre o professor e o estudante.

Por que se insiste na aplicação de provas e exames?

Nós, educadores do início do século 21, somos herdeiros do século 17. O modelo atual foi sistematizado na

época da emergência da burguesia e da sociedade moderna. Se analisarmos documentos daquele tempo, como

o Ratio Studiorum, dos padres da ordem dos jesuítas, ou a Didactica Magna, do educador tcheco Comênio,

veremos que o modelo classificatório que praticamos hoje foi concebido ali. Muitos outros educadores

propuseram coisas diferentes desde então, mas nenhuma dessas pedagogias conseguiu ter a vigência da

pedagogia tradicional, que responde a um modelo seletivo e excludente. Existem, também, razões psicológicas

para a insistência nos velhos métodos de avaliação: o professor é muito examinado durante sua vida de

estudante e, ao se tornar profissional, tende a repetir esse comportamento.

Existe alguma justificativa pedagógica para o recurso da reprovação?

Do ponto de vista pedagógico, de fato, não existe nenhuma razão cabível. A reprovação é um fenômeno que,

historicamente, tem a ver com a ideologia de que, se o estudante não aprende, isso se dá exclusivamente por

responsabilidade dele. As frases reveladoras são aquelas do gênero "eles não querem mais nada", "não

estudam", "não têm interesse" etc. Muitas outras razões, além do próprio aluno, podem conduzir ao fracasso

escolar, como as políticas públicas que investem pouco no professor e no ensino, com baixos salários e

problemas de infra-estrutura. O recurso da reprovação não existe em sistemas escolares de países que

efetivamente investem na qualidade da aprendizagem.

O que revelam os altos índices de reprovação, sobretudo na 1ª série?

Há aspectos internos e externos à escola. Os externos são a escassez de recursos e as más condições de

ensino. Os fatores internos dizem respeito à relação professor-aluno. O professor ensina uma coisa, o estudante

entende outra; ensina de uma forma e solicita que seja colocada em prática de outra; ou não usa atividades

inseridas no contexto do aluno. Por exemplo: nas séries iniciais, o programa prevê o aprendizado de números

múltiplos. Então, pergunta-se no teste: "Quais os números menores de 200 múltiplos de 4 e de 6?" A parte que

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fala em "menores de 200" só está lá para confundir o aluno e complicar a questão. Muitas crianças são

reprovadas porque o instrumento de avaliação é malfeito e as conduz ao erro.

Por que tanta repetência na fase de alfabetização?

Existem estudos estatísticos mostrando que o tempo médio de alfabetização no Brasil é de 22 meses. Em

algumas regiões, alfabetiza-se em seis meses; em outras, demora-se três anos. Por isso se estabeleceram os

ciclos de aprendizagem. Mas não se investiu na qualidade. Se houvesse esse investimento, um ano de

alfabetização seria suficiente. Aqui na cidade de Salvador há um projeto em que são atendidos meninos que não

conseguiram aprender a ler e escrever em até seis anos. Com uma abordagem correta, alfabetizaram-se em seis

meses. Eu tenho certeza de que qualquer criança com 6 anos e meio ou 7 se alfabetiza em um ano.

Até que ponto o sistema de vestibular determina as avaliações escolares hoje?

Vestibular não tem a ver com educação, mas com a incapacidade do poder público de fornecer ensino

universitário para quem quer estudar. Agora, todo o ensino, desde o Fundamental, está comprometido com o

vestibular. É por isso que é tão comum a adoção de testes que não medem o aprendizado, mas treinam para

responder perguntas capciosas. Eu proponho que as escolas invistam em uma prática pedagógica construtiva e,

paralelamente, treinem para o vestibular, com simulados como os feitos pelos cursinhos. Já existem escolas no

Brasil que investem na qualidade de ensino e, ao mesmo tempo, conseguem colocar mais de 90% dos seus

estudantes na faculdade, sem necessidade de cursinho.

O que é preciso para planejar a avaliação de um determinado período letivo?

O currículo escolar estabelece conteúdos para cada nível. É um parâmetro que tem de ser conhecido. Depois é

essencial o planejamento de ensino, que direciona a prática pedagógica. Vamos supor que eu vá ensinar adição.

Vou trabalhar o raciocínio aditivo, fórmulas de adição, propriedades, solução de problemas simples e solução de

problemas complexos. Esse é o panorama que irá assegurar a prática de avaliação. Se o estudante tem o

raciocínio, mas dificuldade de operar, é preciso treinar essa fase. Um planejamento didático consciente prevê a

elaboração de instrumentos e a correção deles quando ela for necessária para a reorientação do curso do

aprendizado.

De que forma a preparação do currículo influi nesse processo?

O currículo tem de distinguir e prever o que é essencial. O que for ampliação cultural deve ser abordado apenas

se houver tempo. Muitas vezes o que ocorre é uma distorção: tomar o livro didático como roteiro de aulas e

considerar essencial o que está ali como ilustração, curiosidade, entretenimento.

O uso de notas e conceitos pode servir a um projeto de avaliação eficaz?

Notas ou conceitos têm por objetivo registrar os resultados da aprendizagem do aluno por uma determinada

escola. Eles expressam o testemunho do educador ou da educadora de que aquele estudante foi acompanhado

por ele ou ela na disciplina sob sua responsabilidade. O registro é necessário. Afinal, nossa memória viva não é

capaz de reter tantos dados relativos a um estudante, quanto mais de muitos, e por anos a fio. O que ocorreu

historicamente é que notas ou conceitos passaram a ser a própria avaliação, o que é uma distorção. Se os

registros tiverem por objetivo observar o processo de aprendizagem de cada aluno e sua conseqüente

reorientação, eles subsidiam uma avaliação formativa. Mas não se esses registros representarem apenas

classificações sucessivas do estudante.

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Como avaliar o modo particular como cada um aprende? É possível um atendimento tão individualizado?

Existe uma fantasia de que, quando se fala de uma avaliação eficiente, estamos nos referindo ao atendimento de

três ou quatro estudantes por vez. Mas os instrumentos de coleta de dados ampliam a capacidade de observar

do professor. Se eu aplico uma avaliação para 40 alunos, não há mudança do ponto de vista da qualidade. Cada

um vai manifestar sua aprendizagem por meio do instrumento escolhido. Avaliação não precisa ser por

observação direta, mas por instrumentos como teste, questionário, redação, monografia, participação em uma

tarefa, diálogo. Em uma classe numerosa, não posso usar entrevistas de meia hora para cada aluno. Vou

produzir questionários de perguntas fechadas e trabalhar mais de perto com quem não tiver um desempenho

satisfatório.

Quais são as vantagens e desvantagens dos trabalhos em grupo?

Se a intenção do professor é fazer um diagnóstico do desempenho de cada um, o trabalho em grupo não vai

ajudar muito, porque só avalia o conjunto. Ele é mais útil como atividade de aprendizagem ou construção de

tarefa. Por outro lado, o trabalho em grupo favorece o crescimento do indivíduo entre seus pares.

Avaliação envolve um alto grau de subjetividade. Como evitar ou atenuar isso?

Há dois aspectos a considerar. Um é que o professor precisa estar honestamente comprometido com o que

acredita, e isso é uma atitude subjetiva, não tem jeito. Outro aspecto é psicológico e exige autotrabalho para não

deixar que questões pessoais interfiram nas profissionais. Evitar a subjetividade, nesse sentido, tem a ver com

cuidar de si mesmo e do cumprimento de seus compromissos.

Fonte : Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/cipriano-carlos-

luckesi-424733.shtml> Acesso em 09/12/10

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3. Síntese

Esta unidade nos possibilitou uma reflexão sobre os conceitos, fundamentos e funções do processo

avaliativo. Sabemos que a tarefa de avaliar não é fácil, mas é possível quando feita de forma

embasada e coerente com a proposta pedagógica da escola.

O processo avaliativo não se restringe apenas em aplicar exames, provas, mais sim, considerar a

evolução do processo ensino/aprendizagem, diagnosticar o andamento tanto de um só educando,

como de um grupo de educandos sob a orientação de um educador.

Avaliar não é classificar, é sim, orientar, entendendo os meios e a frequência das verificações dos

resultados do processo ensino-aprendizagem. Quando o docente só utiliza o resultado de uma prova

como fim absoluto, perde-se a oportunidade de acompanhar o progresso e o desenvolvimento do

aluno. O professor precisa entender a avaliação numa perspectiva de construção de conhecimento. A

avaliação, nesta perspectiva não trabalha com a idéia de erro, mas é entendida como uma

oportunidade de reflexão na qual o aluno, estimulado e orientado pelo professor, constrói suas

próprias verdades.

Podemos ressaltar as quatro modalidades de avaliação:

• Diagnóstica - tem a função de diagnosticar o grau de conhecimento do aluno em

determinado conteúdo;

• Formativa - indica como os alunos estão se modificando em direção aos objetivos desejados;

• Somativa - é um processo de descrição e julgamento para classificar os alunos no final de

uma unidade, semestre ou curso, segundo seu nível de aproveitamento, podendo ser

expressos por notas ou conceitos.

• Mediadora possibilita analisar teoricamente as várias manifestações dos alunos em situação

de aprendizagem de forma a exercer uma ação educativa, possibilitando o acompanhamento

gradativo do saber do aluno.

O professor deve ter em mente os critérios a serem usados na avaliação, de acordo com os objetivos

propostos. Avaliar significa uma ação provocativa do professor desafiando o educando a refletir sobre

as situações vividas, a reformular hipóteses, encaminhando-o a um saber enriquecido, acompanhado

o “vir a ser”, favorecendo ações educativas para novas descobertas.

E para se atingir a melhoria do processo educativo é importante uma reflexão contínua de todo o

processo avaliativo servindo de base para a tomada de decisão e replanejamentos de novas ações

possibilitando o direcionamento para novos processos que visem à eficiência da aprendizagem. Uma

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avaliação adequada requer embasamento e posicionamentos prévios dos critérios a serem utilizados

com coerência ao desenvolvimento do aluno, aliando teoria e prática.

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Unidade 3 – Instrumentos de avaliação

1. Conteúdo Didático

Ao término de uma unidade ou conteúdo, o professor elabora instrumentos de verificação da

aprendizagem do aluno. Caracteriza-se como instrumento de avaliação qualquer recurso didático

capaz de estimular nos alunos comportamentos que demonstrem seu desenvolvimento cognitivo, sua

atitude e habilidade. Ao professor cabe utilizar recursos diferenciados de acordo com o seu plano de

ensino, o ritmo e as características de seus alunos, por isso, faze-se necessária a escolha do melhor

instrumento a ser utilizado para a verificação, pois esse deve estar de acordo com os objetivos

propostos. Numa avaliação, devemos privilegiar não só os aspectos cognitivos, mas também a área

afetiva e psicomotora.

Com base no resultado apresentado, cabe ao professor, ajustar o ensino de forma que a

aprendizagem se torne mais eficaz e que o aluno consiga superar suas dificuldades, ou que avance

nas suas conquistas.

Sempre que escolhermos um instrumento avaliativo para ser usado na sala de aula, esse precisará

estar aliado ao currículo, ou seja, àquilo que se pretende que os alunos aprendam. Assim, os testes

não podem ser o único meio de proceder à avaliação da aprendizagem, uma vez que, o currículo da

Educação Básica, inclui não só aquisição de conhecimentos, mas também o desenvolvimento de

capacidades e a promoção de atitudes e valores.

Vamos prosseguir em nossos estudos e aprender mais sobre a avaliação.

Quando escolhemos um instrumento avaliativo

precisamos aliá-lo à necessidade de conhecer o

aluno, verificar o seu progresso, detectar suas

dificuldades e orientar sua aprendizagem.

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1.1. Tipos e Instrumentos

Caracteriza-se como instrumento de avaliação qualquer recurso didático capaz de estimular nos

alunos comportamentos que expressem seu desenvolvimento, ou seja, os conhecimentos, habilidade

e atitudes apreendidas.

Os instrumentos avaliativos mais utilizados pelos professores são: provas,

trabalhos, seminários, exercícios, entrevistas, questionários, portfólios,

dentre outros. Esses instrumentos têm por objetivo observar o desempenho

do aluno e verificar o seu estágio de aprendizagem.

A partir disso, definiremos o tipo ou instrumento avaliativo que iremos utilizar. Para isso, faz-se

necessário definir conforme sua natureza e a técnica de formulação.

A natureza de um instrumento de avaliação deve ser idealizada como um recurso que potencializa

atividades e registra o desempenho do aluno nessas atividades. Esse registro será o alvo da análise

avaliativa do professor, por isso, o instrumento deve ser eficiente. Caso contrário, erros de

instrumento poderão comprometer o resultado esperado. A falta de clareza do que o aluno deve fazer

e a falta de coerência entre a atividade orientada e os objetivos da avaliação são chamados erros de

instrumento. Tais erros podem ocorrer devido a duas situações: ausência de planejamento ou

desconhecimento da metodologia de sua elaboração. Quanto à técnica de formulação da

avaliação, o professor deve deixar claro: o que se espera do aluno, o que ele deve fazer e como o

seu desempenho será avaliado. É recomendável que a estrutura do instrumento avaliativo, contenha

os seguintes itens:

• Cabeçalho – É o espaço em que coloca a identificação do instrumento e deve conter todos

os dados necessários para que o aluno se situe.

• Instruções gerais – Nesse campo, cabe ao professor escrever para o aluno o que ele deve

fazer, como deve responder às questões propostas, qual o objetivo da atividade, que critério

será utilizado para avaliação, o valor de cada questão e, também, poderá colocar frases de

estímulos para realizar a prova.

• Instruções Específicas – Quando um instrumento tem partes diferenciadas para as quais

apenas a instrução geral não consegue orientar, é necessário incluir instruções específicas

para cada questão.

• Itens – São expressos como enunciados sobre o tema alvo da avaliação, que se apresentam

na forma de perguntas, afirmações, questões, frases para complementar; são as

problematizações que estimulam os comportamentos de busca, descrições, explicações,

criação, crítica, reflexão, etc..

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• Respostas – Serão respondidas de acordo com o item proposto; caso sejam utilizadas

questões subjetivas, os alunos responderão de forma dissertativa, caso sejam questões

objetivas, essas serão respondidas nos espaços predeterminados.

Uma vez definido o instrumento avaliativo, determinaremos o conteúdo que será cobrado, como

também as competências a serem avaliadas. Depois disso, cria-se sua estrutura a partir de uma

problematização. Essa pode ser feita por uma afirmação ou pergunta, e essa, por sua vez, poderá

conduzir o aluno a elaborar uma resposta.

Ao elaborar uma questão, deve-se evitar o efeito cascata, uma questão que

depende da reposta da anterior faz com que o aluno fique prejudicado, caso

ele não acerte uma das sequências, e deve-se evitar , também, resposta

que sirva de subsídio para resoluções de outras questões.

As avaliações, também, são ferramentas utilizadas pelo governo para direcionar as ações de políticas

publicas e essas estão nas esferas federal, estadual e municipal com o objetivo de proporcionar

ações e investimentos na área de educação. Você sabe quais são as avaliações sistêmicas utilizadas

pelo Governo para diagnosticar a educação nos diversos níveis de ensino? Fique atento ao próximo

tópico.

1.1.1. Nas organizações escolares: PISA SAEB, SIMAVE, ENEM , ENADE.

Em 2007, com o objetivo de melhorar a educação oferecida às crianças, jovens e adultos, o Governo

Federal, por meio do Ministério da Educação e Cultura (MEC), lançou o Plano de Desenvolvimento da

Educação (PDE). Esse organiza e sistematiza as ações na busca de uma educação equitativa e de

boa qualidade e se orienta em torno de quatro eixos:

1. Educação Básica;

2. Educação Superior;

3. Educação Profissional;

4. Alfabetização.

Esses eixos buscam a efetiva mobilização da sociedade no intuito de impulsionar a educação. Nesse

intuito, foi criado o Plano de Metas que estabelece diretrizes para que os poderes da União, Distrito

Federal e Municípios, em regime de colaboração, unidos consigam superar as desigualdades de

oportunidades existentes no país. O PDE contribui verificar as metas da Educação Básica. Dessa

forma, as escolas e Secretarias de Educação se mobilizam para o atendimento de qualidade. Com

isso, o MEC tem bases para identificar as fragilidades nas redes de ensino, podendo traçar planos

de ações corretivas.

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O PDE dispõe de um instrumento denominado Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

(IDEB) que pretende ser a bússola de qualidade para todas as escolas no Brasil. Para isso, é feita a

combinação de dois indicadores: fluxo escolar, a passagem dos alunos pelas séries sem repetir, feito

pelo Programa Educacenso, e o desempenho dos alunos avaliado pela Prova Brasil nas áreas de

Língua Portuguesa e Matemática.

Como vimos acima, o IDEB, um dos eixos do PDE, propicia realizar uma

prestação de contas à sociedade sobre a situação da educação na escola.

Dessa forma, podemos afirmar que, a avaliação é uma ação concreta para

verificar a qualidade do ensino e compartilhar dos benefícios técnicos,

financeiros para se conseguir atingir a meta traçada de uma boa qualidade

de ensino.

Iniciou-se um processo de reformas, ao longo da década de 90, pautado na ideia da necessidade de

reformular o desenho organizacional e institucional dos sistemas educacionais. Um ponto forte que

mobilizava essa ideia era o baixo nível de responsabilidade por resultados com que operavam as

administrações tradicionais (TEDESCO, 2003).

A responsabilização na educação foi apenas mais um ponto na gestão pública e passa a ser

entendida como um valor que deve guiar os governos, uma vez que é uma forma de cessão de

contas à sociedade. Desse modo, muitos governos passaram a se preocupar em coletar e divulgar

estatísticas que demonstrassem o funcionamento do sistema educacional como um todo.

Para ficar mais clara essa parte, convidamos você a ler os quadros que elaboramos para explicar o

que significa MEC, INEP, SAEB, Prova Brasil, SIMAVE, ENEM, PISA.

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Nomenclatura O que significa? Como é feito? Para quem se destina?

SAEB

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica. é uma avaliação por amostra, ou seja, nem todas as turmas e estudantes das séries avaliadas participam da prova. Busca levantar o desempenho dos alunos em diversos momentos de seu percurso escolar, considerando as condições existentes nas escolas brasileiras, com vistas à melhoria permanente da qualidade da Educação Básica.

A amostra de turmas é realizada por meio de sorteios das escolas que irão participar da avaliação do SAEB. É realizada por representatividade, das redes estadual, municipal e particular no âmbito do país, das regiões e dos estados. Por isso, não há resultado do SAEB por escola e por município.

Participam do Saeb alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, e, também, os da 3ª série do ensino médio regular, tanto da rede pública quanto da rede privada, em área urbana e rural (neste último caso, apenas para a 4ª série, no nível das regiões geográficas). Os resultados do SAEB, em conjunto com as taxas de aprovação escolar, são a base de cálculo para o IDEB de cada estado e do Distrito Federal e, consequentemente, do Brasil.

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Nomenclatura O que significa? Função Objetivo Para quem se destina?

Prova Brasil Prova Brasil, assim como o SAEB, faz avaliações para diagnóstico, em larga escala, que são desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira- IEP/MEC.

Tem por função analisar toda a diversidade e especificidade das escolas brasileiras, possibilitando ver a realidade em cada município, suas competências e habilidades construídas e adquiridas, agregando informações para a tomada de decisão mais coerente e comprometida com a educação que visa superar as deficiências encontradas em cada contexto escolar avaliado.

A combinação dessas duas avaliações (SAEB / Prova Brasil) apresenta, com objetividade o desempenho dos alunos da educação básica e o que é necessário fazer para modificar as políticas públicas para a educação. Por isso, é fundamental a união entre toda a comunidade escolar para que ocasione uma tomada de decisão para a constituição de uma escola de qualidade. Os dados da Prova Brasil, são combinados com os dados de aprovação e reprovação, gerando o índice de desenvolvimento da Educação Básica. O MEC realiza também a Provinha Brasil, que tem com objetivo verificar a aprendizagem no processo de alfabetização das crianças pertencentes à segunda série da rede pública. Vários estados têm sua forma de verificação própria desse processo como, por exemplo, o SIMAVE.

Avalia alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental da rede pública e urbana de ensino. Considerando este universo de referência, a avaliação é censitária, e, assim, oferece resultados de cada escola participante, das redes no âmbito dos municípios, dos estados, das regiões e do Brasil.

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Nomenclatura O que significa? Como é feito? Para quem se destina?

SIMAVE Sistema Mineiro

de Avaliação da

Educação Pública.

Ele é composto pelos programas de avaliação PROALFA (Programa de Avaliação da Alfabetização) e PROEB (Programa de Avaliação da Educação Básica), testa anualmente os conhecimentos de Língua Portuguesa e Matemática.

Aos alunos das 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio, ambos censitários. As avaliações são promovidas pela Secretaria de Estado de Educação e realizadas por instituições externas vinculadas a universidades federais, sediadas em Minas Gerais.

Nomenclatura O que significa? Como é feito? Para quem se destina?

ENEM

Exame Nacional do Ensino Médio.

É um exame individual realizado em todo o Brasil com o objetivo de avaliar os conhecimentos dos alunos que estão concluindo, ou que já concluíram o ensino médio. Esse exame é organizado pelo INEP. cujos resultados têm sido utilizados para avaliar as instituições desse nível. O exame, com duração de cinco horas, é constituído de 63 questões objetivas de múltipla escolha e uma redação, onde serão testados os conhecimentos do aluno em 21 habilidades e cinco competências: 1)Dominar linguagens; 2) Compreender e interpretar fenômenos; 3)Solucionar problemas; 4)Construir argumentação; 5)Elaborar propostas.

Nenhum aluno é obrigado a fazer a prova, mas existem vários motivos para fazê-la. O principal é que o exame serve como auto-avaliação para o aluno. Além do mais, a pontuação do aluno adquirida no exame será utilizada no Programa Universidade para todos (PROUNI), e no processo seletivo de faculdades de todo o país

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O Inep encaminhará os dados do ENEM e resultados dos candidatos do Enem à Secretaria de

Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC) para utilização pelo Sistema de Seleção

Unificada (SISU) de acordo com os critérios, diretrizes e procedimentos definidos em edital próprio da

Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC) e das Instituições de

Ensino Superior que aderirem ao SiSU.

As Instituições de Ensino Superior que não aderirem ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU) e

pretenderem utilizar os resultados individuais dos candidatos inscritos em seus respectivos processos

seletivos deverão oferecer vagas de acordo com os critérios, diretrizes e procedimentos definidos em

edital próprio e encaminhar ao Inep, formalmente, a sua solicitação para uso das notas do ENEM. O

Inep fornecerá às instituições demandantes sistema específico de acesso aos resultados individuais.

A inscrição do candidato no SiSU ou em processo seletivo de Instituição de Ensino Superior pública

ou privada que tenha solicitado ao INEP, formalmente, os resultados do ENEM, caracterizará o formal

consentimento do candidato para a utilização das informações e notas do Enem.

1.1.1.1. Essas Avaliações, só são Nacionais?

O nosso país, também, participa de avaliações internacionais O PISA que é um programa

internacional de avaliação comparada, cuja principal finalidade é produzir indicadores sobre a

efetividade dos sistemas educacionais, avalia o desempenho de alunos na faixa dos 15 anos, idade

em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.

Esse programa é desenvolvido e coordenado internacionalmente pela Organização para Cooperação

e Desenvolvimento Econômico (OCDE), havendo em cada país participante uma coordenação

nacional. No Brasil, o PISA é coordenado pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais “Anísio Teixeira”. As avaliações do PISA incluem cadernos de prova e questionários e

acontecem a cada três anos, com ênfases distintas em três áreas: Leitura, Matemática e Ciências.

Essa avaliação pretende ir além desse conhecimento escolar, examinando a capacidade dos alunos

de analisar, raciocinar e refletir ativamente sobre seus conhecimentos e experiências, enfocando

competências que serão relevantes para suas vidas futuras.

1.1.1.2. Qual a Importância dessa Avaliação?

Revelou-se que a educação brasileira está melhorando, mas, ainda, ocupamos uma posição baixa:

em um ranking de 65 países somos o 53º colocado em Leitura e Ciências e 57º em Matemática. O

PISA avalia o desempenho de alunos do Ensino Fundamental e Médio em três áreas chaves: Leitura,

Matemática e Ciências. A média brasileira nessas disciplinas foi de 401 pontos, bem abaixo da

pontuação dos países mais desenvolvidos, que obtiveram 496 pontos. Em leitura, o Brasil alcançou

412 pontos; em Matemática, 386 e em Ciências 405 – em 2006 a pontuação foi de 393 em Leitura,

370 em Matemática e 390 em Ciências. Resultado que nos deixa atrás de México, Uruguai, Jordânia,

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Tailândia e Trinidad e Tobago (GOMIDE, 2010). Veja, a seguir, este quadro que apresenta outra

avaliação.

Órgão O que significa Para quem se destina?

SERCE Segundo Estudo Regional

Comparativo e Explicativo

realizado pelo Laboratório

Latino-Americano de

Avaliação da Qualidade da

Educação (LLECE),

organizado pela UNESCO.

Avaliação feita pela

UNESCO, para os países da

América Latina.

Observe, a seguir, uma explicação sobre o papel da UNESCO nas avaliações de qualidade da

educação.

A UNESCO é chamada, desde o seu campo específico de ação, a proporcionar as condições para que todas as comunidades e pessoas gozem de uma autêntica paz e dos benefícios do desenvolvimento. Uma das principais atividades é a geração e difusão de conhecimentos que sirvam para a tomada de decisões de políticas e práticas educacionais orientadas para fortalecer a qualidade da educação nos países. Neste marco, o Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade da Educação (LLECE), fundado na Cidade de México em 1994, e coordenado pela OREALC/UNESCO Santiago, constitui-se de uma rede regional de sistemas de avaliação educacional que oferece apoio técnico aos países. Entre 1995 e 1997, o LLECE realizou o Primeiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo, cujos resultados foram dados a conhecer em dezembro de 1998. Posteriormente, com a participação de sete países, foi realizada uma pesquisa qualitativa nas escolas com resultados destacáveis neste Primeiro Estudo. Entre os anos 2002 e 2008, o LLECE realizou o Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (SERCE). (VALDÉS, Héctor (coord), e et. al. 2008, p 434).

Depois de termos visto como é realizada a avaliação em âmbito governamental, convidamos você a

prosseguir os seus estudos lendo e refletindo a respeito da avaliação em sala de aula, no próximo

tópico.

1.1.2. Na sala de aula: questões objetivas e questõ es subjetivas

Ao elaborar uma avaliação, o professor pode escolher usar duas modalidades de questões (objetivas

e subjetivas), essas serão construídas a partir dos objetivos traçados e das habilidades que se quer

observar. Conheça a diferença entre elas a seguir:

1. As questões objetivas são aquelas em que o aluno escolherá apenas uma única resposta.

Ao elaborá-las, utilizam-se associação, lacunas, proposições múltiplas, ordenação, repostas

curtas, ou verdadeiras – falso. A forma de correção será também objetiva, uma vez que, não

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caberá ao professor interpretar a resposta, mas simplesmente verificar a resposta no

gabarito. Esse tipo de prova pode ser mais trabalhoso para elaborar, porém a correção é

mais simples. O aluno não tem como argumentar o resultado, pois está diretamente

relacionado ao número de acertos ou erros que teve.

2. As elaborar as questões subjetivas, o professor possibilita ao aluno a livre expressão do

pensamento e do raciocínio, e a integração de conhecimentos. Mas faz-se necessário, que

esse seja embasado teoricamente e que tenha coerência e coesão na estruturação textual. O

professor pode utilizar estudos de caso, questões discursivas, descritivas, tipo ensaio e

respostas livres. Para isso, precisa delimitar o tema proposto e deixar bem claro os critérios

de avaliação e correção para que o aluno não perca o foco proposto. Esse tipo de prova,

quando é corrigida por mais de um professor, normalmente apresenta um resultado

diferenciado, uma vez que a subjetividade do professor também está presente na

interpretação e correção. Sendo assim, o aluno, terá que demonstrar domínio do conteúdo,

apoiado na capacidade de redigir, na habilidade de síntese e argumentação.

Agora, passaremos a estudar como planejar a avaliação.

1.2. Planejamento da Avaliação da Aprendizagem

Quando planejamos uma avaliação, precisamos considerar que ela deve ser contínua, dinâmica,

progressiva e global. Para isso é necessário analisar os resultados anteriores, que servirão de

patamar para novas aprendizagens. A avaliação deve ser, também, investigativa, pois serve como

informação sobre o aluno, seu desenvolvimento e o ensino. Essa análise possibilita levantar

hipóteses que nortearão o planejamento de ações educativas e intervenções pedagógicas mais

específicas.

Os procedimentos de avaliação devem ter íntima conexão com os métodos e os conteúdos. Devem

representar a forma de trabalhar do professor, não sendo diferente daquilo que se realiza na sala de

aula. Os instrumentos de avaliação, como por exemplo: provas, exercícios, devem ser elaborados de

acordo com as orientações técnicas. O momento da avaliação deve transcorrer da forma mais natural

possível. Para avaliar seus alunos é necessário criar estímulos para que eles expressem seus

conhecimentos e suas habilidades de forma a dar visibilidade às aprendizagens consolidadas.

Somente instrumentos com qualidade técnica e pedagógica conseguem provocar respostas

fidedignas e coerentes com que realmente o aluno sabe.

O compromisso da avaliação é com a aprendizagem e essa inclui todos os alunos. Essa deve

respeitar o ritmo e forma de aprender de cada aluno. A consciência da diferença exige uma didática

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com atividades flexíveis e diferenciadas. A avaliação é um processo mais abrangente do que medida.

O fundamental é a análise do resultado e as comparações com outras informações. Por isso, planejar

uma avaliação requer do professor a habilidade de escolher o melhor instrumento avaliativo e a sua

capacidade de refletir sobre o trabalho realizado de forma a estruturar a prática educativa. Não

podemos aplicar uma avaliação apenas com o objetivo de medir o desempenho do aluno, mas esta

deve ter como alvo apontar caminhos, mostrar aos alunos e professores onde estão as dificuldades e

os avanços.

A avaliação é um importante instrumento do professor para dialogar com a

diversidade da sala de aula e de perceber os diferentes ritmos de

aprendizagem dos alunos.

Ao elaborarmos uma avaliação devemos responder a duas questões:

1. Que homem se deve formar?

2. E para qual sociedade?

A resposta a essas perguntas está ligada diretamente ao currículo escolar que direciona o processo

de ensino. A ação educativa está relacionada a essas duas perguntas. Quando compreendemos o

tipo de homem que queremos formar e em qual sociedade ele está inserido, temos condições de

elaborar projetos que subsidiarão as atividades didáticas. A partir da, teremos condições de conhecer

os alunos, em qual estágio de aprendizagem se encontram, que dificuldades apresentam e que

potenciais podem ser explorados positivamente. Assim, teremos condições de propor estratégias que

propiciam o desenvolvimento acadêmico dos nossos alunos, e a avaliação servirá de suporte para

tomadas de decisão.

Agora que você já aprendeu como é importante planejar a avaliação, iremos avançar um pouco mais

na escolha desses instrumentos.

1.2.1. Escolha dos instrumentos para a avaliação do s conteúdos

O professor pode analisar que instrumentos serão os mais adequados para sua prática avaliativa. Os

descritores são associados aos objetivos de ensino e consistem em enunciados que explicitam quais

habilidades serão avaliadas. Considerando que os conteúdos são instrumentos para o

desenvolvimento das habilidades, um descritor é um enunciado claro da habilidade que traz implícito

o conteúdo a ela associado.

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O professor sempre que for escolher um instrumento deve fazer algumas

perguntas que o ajudarão na elaboração dos itens. São elas:

• Qual é a forma mais adequada para avaliar?

• Que tipo de atividade será mais atrativa, estimulante e

interessante?

• Em quais situações o aluno se sentirá mais motivado e

interessado para participar?

• Que instrumento é mais acessível?

• Que instrumento possui o maior número de informação?

• Que instrumento é viável?

Pois bem, quando se pensa nos instrumentos de avaliação, precisamos definir a finalidade e função

de cada uma. Assim, teremos condições de saber se queremos que nossos alunos respondam de

forma mecânica e repetitiva? Ou de forma reflexiva e critica? Para Méndez (2002, p.98).

...mais que o instrumento, importa o tipo de conhecimento que põe à prova, o tipo de perguntas que se formula, o tipo de qualidade (mental ou prática) que se exige e as respostas que se espera obter conforme o conteúdo das perguntas ou problemas que são formulados.

É importante ter claro o que queremos alcançar com uma avaliação,

lembrando que não é possível conceber a utilização de um único

instrumento, focando apenas em uma única oportunidade, para que o aluno

revele sua aprendizagem. Precisamos criar diversas possibilidades avaliar

os alunos, isso implicará a consolidação de uma aprendizagem consciente

dos objetivos que se pretende alcançar para o sujeito. É acreditar na

avaliação como um processo e não como um fim em si mesmo.

Para isso, é necessário que o educador conheça e explore os diversos instrumentos para avaliar os

conteúdos estudados. Abaixo alguns exemplos de instrumentos de avaliação :

• Testes: (teóricas, práticos e teóricos – práticos) esses devem conter diferentes tipos de itens,

as instruções devem ser claras, os alunos devem ter familiaridade com a linguagem utilizada,

o tempo de execução não deve afetar as respostas dos alunos, a forma de correção e

pontuação deve ser do conhecimento prévio dos alunos.

• Entrevistas: é uma técnica que possibilita ao professor obter informações detalhadas sobre o

modo como os alunos realizam determinadas tarefas, o que pensam acerca de determinado

assunto, podemos chamá-la de uma conversa entre professor-aluno com o propósito de obter

informações relativas ao desenvolvimento cognitivo e/ou socioafetivo do seu aluno.

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• Portfólios : é uma coleção organizada e devidamente planejada de trabalhos produzidos por

um aluno em um dado período de tempo, de forma a poder proporcionar uma visão do

desenvolvimento do aluno.

• Listas de verificação: consiste em registrar a presença ou ausência de um comportamento

ou de um resultado de aprendizagem.

• Questionários: o objetivo é obter informações com relação a um determinado assunto e

verificar a porcentagem dessas pelo número de alunos que responderam determinada

questão.

O próximo tópico nos ensinará formas de preparação para o uso dos instrumentos.

1.2.2. Preparação do Instrumento

Ao elaborar uma avaliação, o professor necessitará tomar muitas decisões, para isso é preciso

destinar tempo para planejar e ter muita criatividade para apresentar situações que estimulem o aluno

a refletir e manifestar os seus conhecimentos e habilidades. Ao selecionar quais os conteúdos e

objetivos, você terá condições de construir as questões. Depois estabeleça os critérios de valor para

o julgamento do que realmente é importante para ser avaliado. Nesse momento reflita sobre o que

realmente pretende avaliar.

A estrutura de uma questão contém três elementos: instrução, base e resposta. Na instrução, orienta-

se o aluno sobre como ele deve proceder para responder à questão. A base do item traz em si o

estímulo que provoca a resposta. A resposta, por sua vez, é a expressão do conhecimento.O

importante, neste momento, é ajustar objetivo, conteúdo com o tipo de questão que será elaborada,

seja ela formativa, diagnóstica, somativa ou mediadora.

A professora Teresa L. Paim (Sant’Anna apud 1989) explica que, quando aplicamos uma prova na

modalidade objetiva, precisamos de alguns cuidados especiais como:

Uma vez elaborada a prova objetiva, essa deve conter boa apresentação, que significa:

• separação entre enunciado e alternativas, com satisfatória divisão entre os itens,

• deve-se evitar aplicar a mesma prova para diferentes a turmas de alunos,

• as instruções devem ser claras, podendo ser feitas de forma oral ou por escrito.

Esses cuidados são fundamentais para que se tenha uma padronização e fundamentação para

melhorar progressivamente os testes aplicados, por meio da análise dos resultados de sucessivas

aplicações. A partir desse roteiro da professora Teresa L. Paim (Sant’Anna apud 1989), refletiremos a

respeito da prática ao elaborar e aplicar uma prova objetiva.

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Fonte : Diagrama adaptado pelas autoras do roteiro da professora Teresa L. Paim (apud Sant’Anna 1989).

Outra modalidade é a prova dissertativa. Esta, ao ser elaborada, requer do professor alguns

cuidados especiais, tais como:

1. Deixar claro para o aluno o que se pretende avaliar;

2. A linguagem deve ser precisa de forma a orientar o aluno sobre o que ele precisa realizar.

Quanto à formulação das questões, é necessário utilizar, de acordo com o objetivo, verbos de ação

suficientemente definidos. Devem-se evitar instruções genéricas, como por exemplo: fale sobre isso,

escreva sobre, etc. Esse tipo de instrução acaba prejudicando não só a aluno, pois, fica sem um

direcionamento ao que responder, e o professor fica sem parâmetro para a correção e tem que

aceitar os argumentos apresentados pelo aluno. Por outro lado, quando a questão é bem direcionada,

Especificação dos dados de identificação ou estabelecimento

das características da população-alvo.

Seleção de conteúdos e objetivos.

Seleção de tipos e elaboração de questões.

Montagem da prova.

Elaboração de instruções e chave de correção.

Aplicação e correção da prova.

Revisão e análise das questões.

Comunicação dos resultados.

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o aluno é capaz de organizar, integrar e exprimir suas ideias de forma consistente e coerente.

Exemplo disso, quando o aluno, ao ler o enunciado da questão, o interpreta com tranquilidade.

1.2.3. Aplicação da Avaliação

Antes de aplicar a avaliação, precisamos de construí-la bem como já vimos anteriormente. Para isso

é necessário que se tenha conhecimento, habilidade e técnica para confeccionar seja uma prova, um

teste, um exercício.

Ao elaborar uma avaliação, o professor necessitará tomar muitas decisões, principalmente a

modalidade que deseja realizar (formativa, diagnóstica, somativa ou mediadora), precisa definir o

grau de dificuldade de cada questão e o tipo de questão que escolherá. Esses cuidados são

fundamentais para que se tenha uma padronização e fundamentação para melhorar

progressivamente os testes aplicados, por meio da análise dos resultados de sucessivas aplicações,

ou seja, por meio das avaliações aplicadas e analisadas constantemente, pode-se adequar as

estratégias metodológicas para a realização do ensino aprendizagem com eficiência e eficácia do

processo do ensino.

A aplicação é tão importante quanto a elaboração, por isso, alguns cuidados devem ser observados

ao fazê-la:

• Organize a sala de aula,

• Promova um ambiente de tranquilidade e segurança,

• Confira se as provas contém todas as questões propostas,

• Depois distribua a prova e reforce as instruções que considere importantes.

Depois desses passos, vamos pensar na análise da avaliação, convido você a ver o próximo tópico.

1.2.4. Análise da Avaliação

A avaliação só alcança seu significado quando concretizada por meio dos objetivos traçados. A

constante interação entre os objetivos e o processo avaliativo é de suma importância para a eficácia

da metodologia adotada e pensada para o fim dos procedimentos avaliativos. Essa interação

demonstra as intenções que o educador tem em relação ao processo que desenvolve.

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Veja e analise uma adaptação do diagrama elaborado pela professora Oyara Peterson ( Sant Anna

apude 1989) acerca do processo de elaboração e reelaboração dos procedimentos nos atos

avaliativos.

Conforme podemos observar no diagrama, a avaliação, ao mesmo tempo em que concretiza os

objetivos previamente elaborados, sempre que necessário, também serve para a reformulação de

novas estratégias para se atingir os objetivos propostos. Podendo, ainda, tornar-se uma ferramenta

de diálogo constante entre as estratégias elaboradas e as ações a serem empregadas, podendo

tornar-se uma ferramenta coerente para se alcançar os objetivos propostos. Após essa análise,

vamos estudar sobre o feedback da avaliação e sua importância para o ensino.

1.2.5. Feedback da Aprendizagem

Ter claro onde se quer chegar e quais instrumentos necessários para esse percurso é de suma

importância para analisar os feedback’s que aluno e professor terão em sua caminhada. Isso se

inicia quando o educador determina o sistema de avaliação que será empregado para verificar se os

objetivos foram alcançados. Em outras palavras, até que ponto os resultados do processo de

aprendizagem se aproximam dos objetivos previstos?

Levará tempo e esforço para se obter um satisfatório feedback do processo, e isso estará relacionado

ao objetivo que estabelecemos para a aprendizagem do nosso aluno, o que , queremos ensinar e

quanto o aluno aprendeu. Muitos sistemas de ensino ficam presos a esse último item, enfatizando

quantidade de conteúdos, que muitas vezes não foram absorvidos ou compreendidos pelo aluno, que

realizam as tarefas de forma mecânica e sem nenhuma reflexão de sua aprendizagem. Mas, aos

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olhos do educador, ele cumpriu sua tarefa de passar todo o conteúdo que compete a sua disciplina.

E o aluno, como fica nesse processo?

É importante pensar que os alunos possuem características diferentes e não

podem ser tratados de forma igual, sendo assim, é essencial integrar todos

e pensar também em estratégias de diferenciação da Avaliação.

Acompanhar todo o processo de desenvolvimento do aluno refletindo a respeito do retorno que eles

constantemente produzem e para isso faz-se necessário traçarem novas ações para se alcançar os

objetivos pretendidos. Esse acompanhamento é uma tarefa que deve ser realizada constantemente.

Trata-se de recolher informações e processá-las para a tomada de decisões, um trabalho de

catalogar as informações com base em critérios explícitos e implícitos (não definidos e, muitas vezes,

não conscientizados) para se processarem as ações que poderão consolidar os objetivos propostos.

O processo avaliativo deve se basear em uma diversidade de dados significativos, recolhidos por

vários instrumentos, podendo, assim, abranger competências relevantes, domínios cognitivos,

afetivos e motor de forma sistemática, reflexiva e cumulativa a fim de refletir os progressos da

aprendizagem. A avaliação deve levar em conta a destreza do aluno, o seu esforço e o seu

comportamento. Ela também deve considerar a formulação de hipóteses e a procura de alternativas e

estratégias para a resolução de problemas.

É importante que as estratégias e as metodologias de ensino tenham coerência entre as tarefas de

aprendizagem e a avaliação, pois é essencial apresentar os critérios claros e relevantes e possibilitar

aos alunos oportunidades para mostrarem conhecimento, compreensão e destreza.

Depois de termos estudado a importância do processo avaliativo e uso adequado das estratégicas

metodológicas para se alcançar os objetivos e os fins propostos da avaliação, convidamos você a

refletir e prosseguir na sua trajetória profissional, e executar boas avaliações educacionais.

Vá até o item Teoria na Prática e leia o texto sobre o papel da avaliação no Processo Ensino

Aprendizagem para fazer uma reflexão sobre o que aprendemos nesta unidade.

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2. Teoria na Prática Convidamos você a ler a reportagem abaixo e refletir o papel da Avaliação no

processo Ensino Aprendizagem e pensar nos seguintes pontos:

• Como avaliar o aprendizado do nosso aluno?

• Qual a necessidade de avaliarmos sistematicamente a aprendizagem?

• Os instrumentos utilizados pelo educador podem atingi-lo em sua formação profissional ou é

direcionado apenas aos alunos?

Instrumentos de avaliação: avaliar produtos ou refl etir sobre os processos e percursos de aprendizagem?

Como obter as informações de que necessitamos para acompanhar os percursos dos estudantes? Como apreender os modos como eles representam os conceitos? Como saber o que pensam sobre o que ensinamos para pensarmos nas possibilidades pedagógicas que assegurariam a qualidade do ensino–aprendizagem? Como proceder para que os estudantes evidenciem seus avanços e suas dificuldades? Como analisar as respostas que eles dão, buscando apreender a lógica utilizada por eles na realização das tarefas propostas? Os instrumentos utilizados podem ser variados, mas, em nossa perspectiva, precisam diagnosticar sistematicamente a construção de saberes específicos, capacidades, habilidades, além de aspectos ligados ao desenvolvimento pessoal e social.

Em relação à apropriação dos conhecimentos, não é suficiente sabermos se os estudantes dominam ou não determinado conhecimento ou se desenvolveram ou não determinada capacidade. É preciso entender o que sabem sobre o que ensinamos como eles estão pensando, o que já aprenderam e o que falta aprenderem. Essa mudança de postura é o que diferencia os professores que olham apenas o produto da aprendizagem (respostas finais dadas pelos estudantes) e os que analisam os processos (as estratégias usadas para enfrentar os desafios).

Nessa perspectiva, os instrumentos usados, além de diagnosticarem, servem para fazer o professor repensar sua prática, ou seja, podem ter uma dimensão formativa do docente, principalmente se ocorrem momentos coletivos de discussão sobre os trabalhos dos estudantes.

Para diagnosticar os avanços, assim como as lacunas na aprendizagem, podemos nos valer tanto das produções escritas e orais diárias dos estudantes (os textos e a escrita de palavras que produzem a cada dia na sala de aula; o que comentam, escrevem ou lêem ao participarem das atividades na classe) quanto de instrumentos específicos (tarefas, fichas, etc.) que nos forneçam dados mais controlados e sistemáticos sobre o domínio dos saberes e conteúdos das diferentes áreas de conhecimento a que se referem os objetivos e as metas de ensino.

Nas tarefas ou fichas usadas para avaliar as capacidades na área de Língua Portuguesa, podemos, por exemplo, pedir que os estudantes escrevam textos (indicando, obviamente, finalidades e destinatários); podemos entregar textos para que tentem ler e, depois, conversar sobre o que entenderam. No caso das crianças em fase de aprendizagem do sistema alfabético, podemos, também, pedir que escrevam palavras mostrando as relações entre as partes escritas e as orais; entre muitas outras atividades possíveis.

A partir da análise desses materiais, podemos fazer os registros de acompanhamento. Se pensarmos nas competências de leitura e de produção de textos que devem ser construídas no primeiro ano da escolarização do Ensino Fundamental, poderemos, por exemplo, registrar se cada estudante compreende os textos lidos pelo professor, extraindo as informações principais (quem, o quê, quando, onde, por que, etc.); se compreende textos

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mais longos lidos pelo professor, elaborando inferências e apreendendo o sentido global do texto; se lê textos curtos com autonomia, podendo extrair informações principais; se demonstra interesse em ler, em consultar livros e outros suportes textuais; se elabora textos que serão registrados pelo professor, organizando as informações e estabelecendo relações entre partes do texto, em atendimento a diferentes finalidades e destinatários; se escreve textos curtos dos gêneros que foram explorados nas aulas, etc.

Essa forma de avaliar se distancia, em muito, das que priorizam o registro de quantidade de erros que os estudantes cometem quando escrevem textos; ou das práticas em que são feitas as contagens de quantidade de questões que conseguem responder após a leitura de um texto; ou mesmo das centradas nas anotações de como os estudantes lêem em voz alta, com ênfase apenas na decodificação e na entonação.

Se mudarmos a área de conhecimento, podemos, também, encontrar exemplos que diferenciam as propostas em que os professores simplesmente assinalam o que está certo e errado daquelas em que os professores tentam entender os percursos de aprendizagem e, assim, refletir sobre eles.

Na área da Matemática, por exemplo, temos como um dos objetivos o trabalho com classificações. Ou seja, temos como uma das metas levar os estudantes a aprenderem a classificar e a refletir sobre critérios de classificação. Essa seleção de conteúdo está fundamentada na idéia de que, cotidianamente, classificamos eventos e fenômenos da natureza e da sociedade. Freqüentemente, lemos tabelas e gráficos em que os dados são classificados e agrupados para comparações e tomadas de decisão importantes em diferentes esferas sociais, como em Economia, por exemplo.

Ao avaliarmos os estudantes em relação a esse aspecto, podemos registrar que tipos de classificação são capazes de estabelecer: classificação a partir de um critério único (ex.: ser menino ou menina), classificação a partir de uma combinação de critérios (ser menino ou menina do 3º ou 4º ano), classificação com negação de uma categoria (meninos e meninas, excluindo os que não gostam de jogar futebol), entre outras; se eles conseguem descobrir os critérios de classificação usados em diferentes situações (ao analisarem reportagens, quadros e tabelas, por exemplo); se eles são capazes de comparar e equalizar coleções; etc. Para chegarmos a esse registro, não podemos usar apenas avaliações de múltipla escolha. É preciso planejar situações em que os estudantes explicitem como chegaram a determinados resultados e possam expor as estratégias adotadas para resolver problemas de classificação.

Falamos, até aqui, de instrumentos utilizados pelo professor para ele próprio diagnosticar e registrar os percursos de aprendizagem dos estudantes de maneira que ele possa ajustar o ensino a eles oferecido. É necessário, porém, não perdermos de vista o papel da auto-avaliação do professor.

Para atuarmos em qualquer esfera social, precisamos, como já dissemos, planejar nossas ações de modo que encontremos as melhores estratégias para atingir nossos alvos e atender às metas a que nos propomos. Para que melhoremos nossas estratégias de ação e consigamos cada vez mais conquistas, precisamos continuamente avaliar se tomamos as decisões certas, se usamos os instrumentos mais adequados e se conduzimos as situações da melhor maneira possível.

Assim também acontece com os professores. Para melhorarmos nossa prática pedagógica, precisamos avaliar sempre se estamos selecionando adequadamente as prioridades, se estamos usando os recursos mais adequados, se estamos desenvolvendo as melhores estratégias, enfim, precisamos nos auto-avaliar.

A auto-avaliação, então, precisa fazer parte do cotidiano escolar não apenas do estudante, mas do professor, do coordenador pedagógico e de todos os que estão envolvidos no processo de ensino–aprendizagem.

Fonte: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1378 acesso em 28/12/10

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Disciplina: Planejamento e Avaliação da Aprendizagem

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3. Síntese

Nesta unidade, estudamos como elaborar instrumentos de verificação da aprendizagem. Esses

devem ser escolhidos em consonância com os objetivos determinados. A escolha correta do

instrumento avaliativo nos permitirá conhecer o aluno tanto nos aspectos cognitivos, quanto nas áreas

psicomotora e afetiva.

Lembre-se sempre de que, ao elaborar uma questão objetiva ou subjetiva os critérios avaliativos

devem ficar bem claros para os alunos, é necessário evitar ambiguidade na interpretação, o conteúdo

da prova deve ser o que foi ensinado e discutido em sala, e privilegiar questões que explorem as

habilidades de compreensão, análise e síntese.

Após a elaboração e aplicação, o professor irá analisar o resultado de cada aluno e da turma, que

servirá de embasamento para tomada de decisões futuras, com relação ao aproveitamento dos

alunos e que novas estratégias deverão ser desenvolvidas para melhorar o desempenho acadêmico

dos mesmos.

Feito isso, o próximo passo será dar um feedback para o aluno sobre sua avaliação e fazer uma

análise geral de cada questão e ressaltar as questões com maior número de acertos, as que mais

erraram e, assim, propor junto com os alunos ações de melhorias para alcançarem os objetivos

propostos.

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