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PLANEJAMENTO ANTICORRUPÇÃO EM OBRAS PÚBLICAS E A TEORIA DO TRIÂNGULO DAS FRAUDES Humberto Carlos L’Astorina Denis Borenstein XIV SINAOP, Cuiabá MT, novembro de 2011. 1

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PLANEJAMENTO

ANTICORRUPÇÃO EM OBRAS

PÚBLICAS E A TEORIA DO

TRIÂNGULO DAS FRAUDES

Humberto Carlos L’Astorina

Denis Borenstein

XIV SINAOP, Cuiabá – MT, novembro de 2011. 1

Conteúdo

• Introdução

• Corrupção em Obras Publicas

• A Teoria do Triângulo das Fraudes

– Oportunidade

– Intenção

– Atitude

• Programa Anticorrupção do GIACC

• Conclusão

• Bibliografia

2

Relevância do Tema

• Até setembro de 2011 , 3 capas da revista Veja foram sobre o

tema corrupção.

3

Inter-relações dos agentes em Obras

Públicas

Projetista

Agente do Governo pode apresentar

dificuldades para o ateste de faturas.

Construtora apresenta aditivo contratual

com quantitativos falsos e oferece

participação ao agente do governo.

cons

Governo pressiona projetista para

localizar projeto em área de interesse

pessoal de agente.

Projetista é escolhida sem licitação

pois oferece participação ao

contratante.

Construtora influencia Projetista para

que esta defina método construtivo

especifico que facilite a participação da

Construtora.

Projetista oferece facilidades a

Construtora para a definição do projeto

Fiscalizadora influencia Projetista para

especificação de testes específicos que

facilitam a Fiscalizadora.

Fiscalizadora detecta erro de projeto

mas não menciona ao Governo

4

Fraude Gerencial e Corrupção

Fraude Gerencial Corrupção

Praticada por indivíduos com poder

de decisão nas instituições.

Praticada, no setor público, por

agentes com certo grau de

discricionariedade.

Crime contra a Instituição e/ou a

Sociedade.

Crime contra o Estado e a Sociedade.

Elevados prejuízos à Sociedade e a

Instituição.

Elevados prejuízos ao Estado e a

Sociedade.

5

A Teoria do Triangulo das Fraudes

OPORTUNIDADE

6

Oportunidade

• Descuido com os processos e normas.

• Procedimentos inadequados.

• Fraca atuação gerencial.

• Controle interno inadequado.

É preciso se fazer a análise do

Custo e do Beneficio de se enrijecer os procedimentos.

7

Como avaliar a Oportunidade via Controle

Interno FATOR DEFINIÇÃO EVIDÊNCIAS

Objetividade Posicionamento do controle interno

na organização, independência do

auditor interno.

1. A quem o CI se reporta?

2. Habilidade de auditar qualquer área,

liberdade de atuação.

3.As recomendações são implementadas?

4. Qualidade da governança corporativa.

Competência Nível de formação dos profissionais

da área, experiência profissional.

1. Certificações, experiência profissional,

treinamentos, educação continuada.

2. Planejamento e revisão dos trabalhos.

3. Experiência na organização e na

auditoria da organização.

Performance Avaliação de riscos e

procedimentos substantivos

desenvolvidos pelo CI.

1. Evidência do esforço do CI.

2. Evidência da execução do plano de

auditoria.

3. Evidência da profundidade e da

qualidade dos relatórios de auditoria.

Fatores para a avaliação do controle interno. Baseado em Desai (2010) 8

Intenção/Pressão

• Golden (2006) chama de “Necessidades”

• Pressões/Desejos

financeiros

psicológicos

sociais

• Atingimento de metas

• Não perder o emprego

9

Como avaliar a Intenção

ENTIDADE PRIVADA ADAPTAÇÃO PARA O SETOR PÚBLICO

O agente enfatiza o atingimento de metas,

projeções ou outras metas quantitativas de

maneira desproporcional?

O agente demonstra preocupação exagerada

com a execução de determinado projeto ou

obra?

O agente está enfrentando algum processo

judicial ou administrativo?

O agente está sofrendo algum processo

administrativo/ disciplinar ou judicial?

Parte substancial dos rendimentos do agente é

proveniente do atingimento de metas?

O emprego do agente depende do atingimento

de metas de seus superiores?

Faz parte da riqueza pessoal do agente ações da

empresa em que trabalha?

n.a.

Variáveis para identificação da presença da Intenção- (Adaptado de Fanning e Cogger, 1998)

10

Atitude

• “Zona cinzenta do triangulo”

• Depende de motivações íntimas do indivíduo.

• Potencial de maior impacto nas ações de anticorrupção.

Variável da análise do Benefício e do Custo

11

Fluxograma Psicológico da Fraude

(Murphy e Dacin, 2010) 12

Racionalização CATEGORIA DEFINIÇÕES EXEMPLOS DE

JUSTIFICATIVAS

1)Minimizar, ignorar ou interpretar

mal as consequências do ato.

Ignorar qualquer consequência do ato, fazer com que elas

aparentem menores do que realmente são, ou interpretar

mal as consequências.

- Não estou prejudicando

ninguém.

2) Comparação vantajosa Comparação do ato faltoso com outro ato muito maior e

fragrante, assim o ato praticado parece menor.

-Isso não é nada comparado

com...

3) Obscurecendo ação pessoal

através da difusão de

responsabilidade.

Deslocamento da responsabilidade colocando-a para

outros.

-Todo mundo faz isso.

4)Obscurecendo ação pessoal

deslocando a responsabilidade.

Deslocamento da responsabilidade colocando-a sob outro.

- Fui mandado fazer.

5) Justificativa moral. Ato faltoso é reconstruído como socialmente válido ou

tendo uma justificativa moral (ex. terrorismo).

- Estou ajudando a

organização.

-Estou ajudando minha

família.

6) Rotulações eufemistas Uso de palavras e frases distorcidas que minimizam o ato e

fazem soar melhor.

-Estou nivelando o campo de

batalha.

7) Desumanização da vítima. Age como se a vítima não fosse humana. -Eles são a escória.

8) Atribuição da culpa à vitima. Não assume nenhuma culpa, mas a transfere para a vítima.

-Foram eles que forçaram.

9) Adiamento. Tentativa de não pensar no assunto. -Eu não penso nisso.

Categorias de racionalização. (Murphy, 2008) 13

Planejamento do GIACC

• 1. Código anticorrupção. O órgão ou entidade deve desenvolver um código

anticorrupção e torná-lo público.

• 4. Nível de importância. Um responsável graduado deverá estar encarregado

pelo acompanhamento do programa. Deve ter autoridade suficiente para

implementar e monitorar todas as atividades do programa e deve ter acesso

direto e imediato ao responsável máximo do órgão ou entidade.

• 9. Procedimentos de detecção. O órgão de controle deve auditar e checar

qualquer indicação de corrupção. Checagens aleatórias devem ser realizadas em

contratos, transações, contas, permissões e licenças emitidas ou negadas.

Atitude Oportunidade

14

Planejamento do GIACC .......cont.

• 10. Procedimentos de informação. O órgão ou entidade deve estabelecer os procedimentos internos para os recebimentos de informações de atos corruptos, que possibilitam aos empregados informar de maneira segura e confidencial para o responsável graduado do departamento.

• 11. Lidando com a corrupção. O órgão ou entidade deve estabelecer procedimentos para lidar com atos corruptos que envolvam os funcionários, parceiros comerciais e/ou agentes governamentais que porventura apareçam após serem descobertos.

• 20. Publicação do código anticorrupção para os parceiros comerciais. Todos os parceiros comerciais do governo devem ter ciência por escrito do código anticorrupção

• 23. Termo de anticorrupção. Os contratos entre órgãos ou entidade do governo e seus parceiros comerciais deverão conter cláusula de anticorrupção que mencione expressamente as obrigações contratuais e as penalidades em relação a corrupção.

15

Planejamento do GIACC .......cont.

• 24. Adoção do programa anticorrupção. Quando for possível, o órgão ou entidade deve solicitar a seus parceiros comerciais que adotem planos anticorrupção.

• 28. Relatos. O órgão ou entidade deve estabelecer um procedimento para denuncia de corrupção possibilitando ao público reportar detalhes ou suspeita. Estes relatos devem ser amplamente divulgados. As pessoas devem poderão informar por telefone, carta ou e-mail . Ao informante deve ser garantido o direito de confidencialidade.

• 29. Exclusão. O órgão ou entidade deve desenvolver uma política de impedimento de participação em futuras licitações de empresas comprovadamente envolvidas em casos de corrupção.

• 30. Trabalho em conjunto com outros envolvidos. O órgão ou entidade deve trabalhar em conjunto com outros envolvidos no processo para reduzir a corrupção. Este trabalho deve ser divulgado tanto para os funcionários quanto para o público de maneira geral. 16

Classificação

OPORTUNIDADE INTENÇÃO ATITUDE

Itens:8,9,10,11,12,13,

18,19,20,21,22,27,28,

29, 30.

Nenhum item

classificado.

Itens:1,2,3,4,5,6,7,8,10,

11,14,15,16,17,23,24, 25,

28.

17

Conclusões

• A variável com maior foco é a Atitude.

• A segunda variável mais trabalhada é a

Oportunidade.

• A variável Intenção é explorada por outros

planos como o de Singapura.

• A Teoria do Triangulo das Fraudes é

apropriada e eficaz para a análise e a

confecção de Planos Anticorrupção.

18

F I M

[email protected]

19

BIBLIOGRAFIA

Reduzida • DESAI, V.; ROBERTS, R. W.; SRIVASTAVA, R. An Analytical Model for External Auditor Evaluation of

the Internal Audit Function Using Belief Functions. Contemporary Accounting Research, v. 27, n. 2, p.

346-346, 2010.

• FANNING, K. M.; COGGER, K. O. Neural network detection of management fraud using published

financial data. International Journal of Intelligent Systems in Accounting, Finance & Management, v.

7, n. 1, p. 21-41, 1998.

• GOODE, S.; LACEY, D. Detecting complex account fraud in the enterprise: The role of technical and non-

technical controls. Decision Support Systems, v. 50, n. 4, p. 702-714, 2011. ISSN 0167-9236.

• MELLO, F. A Anatomia da Corrupção. Veja. São Paulo: Editora Abril: 09/06/2011.

• MOCK, T. J. et al. An evidential reasoning approach to Sarbanes-Oxley mandated internal control risk

assessment. International Journal of Accounting Information Systems, v. 10, n. 2, p. 65-78, 2009. ISSN

1467-0895.

• MURPHY, P. R. The Attitude Toward and Rationalization of Fraudulent Financial Reporting. 2008.

45 Queen's University School of Business, Kingston, Ontario, Canada.

• MURPHY, P. R.; DACIN, T. Psychological Pathways to Fraud: Understanding and Preventing Fraud in

Organizations. Journal of Business Ethics, Forthcoming, 2010.

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