perspectivas semestral 2012

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Agosto de 2012 Atendimento - (11) 3292-6900 - 0800 77 123 00 - www.souzabarros.com.br - www.investtrader.com.br Página 1/5 Considerações sobre a economia atual A maior incerteza do crescimento mundial ainda continua sendo o velho continente, sendo o principal obstáculo, como já tínhamos colocado em nosso relatório anual. Esse é um problema estrutural, enquanto os Estados Unidos passam por um problema cíclico. A grande dificuldade que vejo são os mercados financeiros com elevada aversão ao risco e as agências de classificação diminuindo a nota dos bancos colocando em cheque a capacidade dos mesmos. Os PIIGS Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, tiveram suas notas de rating rebaixadas e com isso aumentaram os custos de capitação dos títulos soberanos. Nesse cenário, o real começou a desvalorizar em relação ao dólar o que também avançou na comparação com o euro e outras moedas emergentes. Desde a última reunião do Copom, (ata 168) a economia mundial segue com perspectiva de baixo crescimento e o Brasil que tinha projeção de 4,5% no inicio de 2012, deve fechar o ano em 1,8%, com crescimento menor que o EUA. O FMI - Fundo Monetário Internacional revisou as perspectivas de crescimento (10/08) que o Brasil crescerá em torno de 4% no último trimestre de 2012, em parte pela base de comparação fraca dos últimos três meses de 2011 e em parte pelos efeitos cumulativos da política de corte de juros sobre a economia. O Brasil foi o países, entre emergentes, cuja previsão de crescimento para este ano foi significativamente revista para baixo pelo FMI. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 1,5%, em base anualizada, no 2º trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior, de acordo com a primeira estimativa do Escritório de Análise Econômica dos EUA, divulgada dia 27/07. As principais contribuições positivas para o crescimento do PIB, ainda que em ritmo mais lento, partiram de consumo, exportações, investimento fixo não residencial e estoque privado de investimento. No mercado de trabalho, continua o processo de desaceleração da criação de postos de trabalho, em termos líquidos, vem recuando e nos últimos tempos vindo abaixo das expectativas. Para Alexandre Antônio Tombini - Presidente do Banco Central Brasileiro, os Estados Unidos, depois de um

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Agosto de 2012

Atendimento - (11) 3292-6900 - 0800 77 123 00 - www.souzabarros.com.br - www.investtrader.com.br Página 1/5

Considerações sobre a economia atual

A maior incerteza do crescimento mundial ainda continua sendo o velho continente, sendo o

principal obstáculo, como já tínhamos colocado em nosso relatório anual. Esse é um problema

estrutural, enquanto os Estados Unidos passam por um problema cíclico. A grande dificuldade que

vejo são os mercados financeiros com elevada aversão ao risco e as agências de classificação

diminuindo a nota dos bancos colocando em cheque a capacidade dos mesmos.

Os PIIGS – Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, tiveram suas notas de rating rebaixadas e

com isso aumentaram os custos de capitação dos títulos soberanos. Nesse cenário, o real começou a

desvalorizar em relação ao dólar o que também avançou na comparação com o euro e outras

moedas emergentes.

Desde a última reunião do Copom, (ata 168) a economia mundial segue com perspectiva de baixo

crescimento e o Brasil que tinha projeção de 4,5% no inicio de 2012, deve fechar o ano em 1,8%,

com crescimento menor que o EUA. O FMI - Fundo Monetário Internacional revisou as

perspectivas de crescimento (10/08) que o Brasil crescerá em torno de 4% no último trimestre de

2012, em parte pela base de comparação fraca dos últimos três meses de 2011 e em parte pelos

efeitos cumulativos da política de corte de juros sobre a economia. O Brasil foi o países, entre

emergentes, cuja previsão de crescimento para este ano foi significativamente revista para baixo

pelo FMI.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 1,5%, em base anualizada, no 2º

trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior, de acordo com a primeira estimativa

do Escritório de Análise Econômica dos EUA, divulgada dia 27/07. As principais contribuições

positivas para o crescimento do PIB, ainda que em ritmo mais lento, partiram de consumo,

exportações, investimento fixo não residencial e estoque privado de investimento.

No mercado de trabalho, continua o processo de desaceleração da criação de postos de trabalho, em

termos líquidos, vem recuando e nos últimos tempos vindo abaixo das expectativas. Para Alexandre

Antônio Tombini - Presidente do Banco Central Brasileiro, os Estados Unidos, depois de um

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crescimento surpreendente no início do ano, apresenta perspectiva de crescimento moderado nos

próximos meses.

Em relação à China, ele acredita que apesar da desaceleração, o país tem condições de conduzir o

processo de pouso suave de sua economia.

Esse cenário vem gerando uma revisão das perspectivas de crescimento mundial desde agosto de

2011. As expectativas de crescimento médio da economia internacional foram revistas para 3,5%

para 2012 e 3,9% para 2013, conforme projeção do FMI.

A Zona do Euro registrou um crescimento nulo no primeiro trimestre e uma queda de 0,2%

segundo trimestre com relação aos três meses anteriores, depois que negócios avessos a risco e

consumidores refrearam os gastos, o dado foi informado no dia 13/08 pela agência europeia de

estatísticas Eurostat. A crise da dívida da Europa se intensificou durante o segundo trimestre, com a

Grécia ficando ainda mais perto de deixar o euro e a Espanha lutando contra uma crise bancária que

levou seus custos de empréstimos para níveis perigosos.

O que podemos observar é que a Europa no final do semestre trouxe novidades consideradas

positivas em relação ao pessimismo que vínhamos tendo com relação aos discursos dos seus líderes.

Mostrou-se importante a discussão da criação de uma nova autoridade monetária o que abriria

espaço capitalização dos bancos com uso do ESM1 – Mecanismo Europeu de Estabilidade.

No Japão, os dados do PIB desanimaram os investidores, já que mostraram avanço de apenas 0,3%

no segundo trimestre do ano, no comparativo anual, mostrou expansão de 1,4%. Era esperado um

crescimento de 0,6% depois da forte expansão de 1,3% no primeiro trimestre do ano, quando os

subsídios do governo para carros elevou o consumo privado para o seu maior ritmo em três anos.

A China permanece com a tendência de desaceleração dos indicadores de atividade, em especial do

comércio exterior, mas também da formação bruta de capital fixo e da produção industrial. Segundo

a agência de noticias estatal Xinhua, a China precisa de investimentos para impulsionar o frágil

crescimento econômico, mas os gastos têm que ser ajustados para evitar desperdícios. A reunião das

autoridades que supervisionam questões econômicas chegou à conclusão de que a recuperação

1 European Stability Mechanism

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econômica da China não é sólida e que Pequim precisa manter a política fiscal ativa e uma política

monetária prudente para dar suporte à atividade. Isso mostra como o gabinete chinês determinara as

políticas para o segundo semestre de 2012.

Economia Nacional - No Brasil o desemprego, continua em níveis historicamente baixos.

Conforme dados da ata 168 do Copom, o indicador de desemprego de abril ficou em 5,4%.

Podemos observar que a economia, continua a gerar empregos, mas as expectativas são de que o

segundo semestre não continue com essa mesma força.

O que podemos observar é que as famílias estão cada vez mais se endividando, a diminuição dos

spreed bancário e queda da taxa de juros não vão dar grandes resultado como aconteceu em 2008,

onde a economia respondeu com muita rapidez. A expansão do crédito deve ser bem mais

moderada. O comércio deverá ter a sua trajetória de crescimento em função das transferências

governamentais, e expansão moderada do crédito. Apesar disso, Alexandre Tombini acredita que as

condições de demanda permanecem estimuladas e o crescimento deve acelerar. "O BC já

reconheceu que a economia vinha em ritmo mais lento, mas vai ganhar velocidade".

A ata do Copom pondera, entretanto, que, embora a expansão da demanda doméstica também tenha

moderado, são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica neste e nos próximos

semestres, com alguma assimetria entre os diversos setores. Essa avaliação encontra suporte em

sinais que apontam expansão moderada da oferta de crédito tanto para pessoas físicas quanto para

pessoas jurídicas e no fato de a confiança de consumidores e, em menor escala, de empresários se

encontrar em níveis elevados. O Comitê entende, adicionalmente, que a atividade doméstica

continuará a ser favorecida pelas transferências públicas, bem como pelo vigor do mercado de

trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em crescimento dos

salários, apesar de certa acomodação na margem.

Inflação - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de

0,43% em julho, maior do que a taxa de 0,08% registrada em junho. Com o resultado de julho, o

acumulado do ano fechou em 2,76%, abaixo dos 4,04% relativos ao mesmo período de 2011.

Porém, considerando os últimos doze meses, o índice situou-se em 5,20%, acima dos 4,92%

relativos aos doze meses imediatamente anteriores, invertendo o movimento decrescente que vinha

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sendo observado desde setembro de 2011, quando o índice passou de 7,31% para 6,97% em

outubro. Em julho de 2011, a taxa havia ficado em 0,16%. As despesas pessoais e as despesas

com alimentos, ambos com 0,91% de variação, foram as que mais subiram em julho, sendo que

os alimentos, pela importância que têm no orçamento das famílias, foram responsáveis por 49,00%

do índice do mês, detendo 0,21 ponto percentual. Em síntese, o que podemos observar que a

inflação ao invés de declínio tem se mostrado resistente.

Período Taxa

Acumulado no ano 2,76%

Julho 2011 0,16%

Junho 2012 0,08%

Julho 2012 0,43%

Fonte: IBGE – Consulta dia 13/08/2012

A ata do Copom traz a visão de que a inflação acumulada em doze meses, que começou a recuar no

último trimestre do ano passado, tende a seguir em declínio e, assim, a se deslocar na direção da

trajetória de metas. O Comitê avalia que a inversão na tendência da inflação contribuirá para

melhorar as expectativas dos agentes econômicos, em especial as dos formadores de preços, sobre a

dinâmica da inflação neste e nos próximos trimestres. O que podemos observar é que o risco de

inflação vem diminuindo e a fragilidade da economia global contribui para a desinflação. O risco

está nos preços das commodities agrícolas que vêm subindo em função da seca nos Estados Unidos,

a qual já atingiu 65% da oferta de grãos, com possibilidade de crise alimentícia. Os preços

internacionais das commodities mostraram alguma recuperação nas duas semanas que precederam a

reunião do Copom, refletindo, em especial, problemas climáticos que atingem regiões produtoras de

grãos nos Estados Unidos.

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São Paulo, 14 de agosto de 12.

Analista CNPI: Clodoir Vieira

Declaração do analista de valores mobiliários de investimento, nos termos do art. 17 da ICVM 483 - As informações

financeiras utilizadas neste relatório foram obtidas diretamente das empresas. Todas as informações foram obtidas de

fontes públicas que acreditamos confiáveis e de boa fé, mas não foram independentemente conferidas e nenhuma

garantia expressa ou implícita, é feita sobre sua exatidão, ou se a informação é completa. Este documento foi preparado

pelo analista da Souza Barros e está sendo fornecido exclusivamente com o objetivo de informar. As informações,

opiniões, estimativas e projeções referem-se à data presente e estão sujeitas a mudanças como resultado de alterações

nas condições de mercado, sem aviso prévio.

O analista de investimento ou de valores mobiliários, envolvido na elaboração deste relatório “Clodoir Gabriel Vieira”

ou simplesmente “Clodoir Vieira”, declara que as recomendações contidas neste refletem exclusivamente suas opiniões

pessoais sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive

em relação à Corretora Souza Barros Câmbio e Títulos S.A. e demais empresas do Grupo.

O analista de investimentos, envolvido na elaboração deste relatório, tem vínculo como cotista do “Clube de

investimento SB”, porém não participa da administração. A empresa analisada pode fazer ou não parte da carteira. As

operações realizadas podem ou não seguir a tendência da recomendação.