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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013 Avaliação do setor de borracha do Rio Grande do Sul São Leopoldo, março de 2013

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Page 1: Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013 · Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013 4 A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2012 Os dados mais recentes sobre o desempenho da economia

Balanço Econômico

2012 e Perspectivas

2013 Avaliação do setor de borracha do Rio

Grande do Sul

São Leopoldo, março de 2013

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

2

1. Sumário Executivo

2. A economia brasileira em 2012

O setor de borracha no contexto nacional

3. O Rio Grande do Sul em 2012

O setor de borracha gaúcho

4. Perspectivas

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

3

SUMÁRIO EXECUTIVO

A dinâmica da economia brasileira ao final do ano de 2012 dá suporte

a um processo de reversão do ciclo de queda e que deve resultar em um

crescimento maior para 2013. Do lado da demanda elementos como um nível

de consumo das famílias ainda crescendo em torno de 4,8% e a retomada dos

investimentos podem ser determinantes para garantir essa recuperação. Do

lado da oferta, destaque para o forte ajuste de estoques que ocorreu durante o

ano passado, e que abre espaço para a recuperação da indústria.

Mais uma vez, no caso do Rio Grande do Sul, a agropecuária foi

determinante para derrubar o PIB. Aos efeitos negativos da estiagem sobre a

safra de grãos, soma-se a queda da produção industrial que teve uma

desaceleração mais intensa do que a média do Brasil.

O desempenho da indústria de borracha brasileira seguiu o ocorrido

na indústria no cenário nacional. Porém, os sinais recentes dão mostras de que

o setor iniciou um processo de recuperação, seja em pneumáticos ou então em

artefatos. No caso do Rio Grande do Sul a retração do setor foi mais intensa

contribuindo para manter o nível de utilização da capacidade ainda baixo.

O mesmo pode-se dizer sobre as exportações do setor, que tiveram

queda, quando medidas em dólares, tanto no Brasil quanto no Estado. Porém,

essas foram muito mais intensas na indústria de borracha do Rio Grande do

Sul. Destaca-se que a taxa de câmbio média mais desvalorizada ao longo do

ano conseguiu amenizar a queda das exportações em dólares.

As perspectivas para 2013 são de melhora no cenário nacional. O

mesmo ocorrendo no Rio Grande do Sul, em especial com a previsão de uma

safra de grãos maior. No caso da indústria, a retomada dos investimentos e da

produção no ambiente nacional pode ser determinante para garantir a

retomada do setor.

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

4

A ECONOMIA BRASILEIRA EM 2012

Os dados mais recentes sobre o desempenho da economia brasileira, em

especial o PIB, comprovam o forte processo de desaceleração ocorrido

durante o ano de 2012. A taxa de crescimento, que foi recorde em 2010,

rapidamente declinou para um patamar de 0,9%. Se de um lado, o resultado de

2010 em muito se distanciava da média histórica e do nosso potencial, o

mesmo também se pode dizer dos resultados recentes. A avaliação dos fatores

determinantes dessa desaceleração permite afirmar que esse processo pode ser

muito mais explicado por características internas do que externas.

A despeito da crise internacional, que teve seus impactos negativos mais

significativos no Brasil restritos ao ano de 2009, o que se verificou nesses

últimos dois anos foi, em grande parte, o resultado do esgotamento de um

modelo de crescimento muito concentrado no consumo.

Evolução do PIB do Brasil

(var % ac. no ano)

(var % ac. em 12 meses)

Fonte: IBGE

Entre 2007 e 2012, o consumo das famílias cresceu, em média, 5%

ao ano, impulsionado, em grande medida, pelo aumento da renda real,

crescimento do emprego, principalmente formal, e a maior concessão de

crédito que foi complementada com o alongamento dos prazos de

financiamento. Esse resultado foi bem maior que a média de expansão do PIB

para o mesmo período, que ficou em 3,6%.

5,2%

-0,3%

7,5%

2,7%

0,9%

2008 2009 2010 2011 2012

4,2%

6,6%

-1,4%

7,5%

0,9%

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-I

20

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

5

Como resultado dessa combinação de incentivos ao consumo, o que

se verificou foi um descolamento entre a performance da indústria nacional e

das vendas do comércio. Para o mesmo período, enquanto aquele cresceu a

uma taxa média anual de 1,5%, essas se expandiram em 8%.

Esse resultado leva a crer na complementação da demanda interna com

importações, que foram significativas tanto no que diz respeito a bens de

consumo duráveis quanto para bens intermediários. De fato, a taxa média

anual de crescimento das importações1 entre 2007 e 2012 foi de 11,4%.

Variação Percentual em 12 meses

Produção Industrial

Vendas do Comércio

Fonte: IBGE. Comércio Varejista.

Porém, os dados mais recentes reforçam a percepção de que o quadro

de desaceleração do PIB já se encontra em processo de reversão, com sinais

claros de que a economia atingiu um ponto caracterizado por analistas como

vale. Nesse sentido, é natural esperar que os meses seguintes possam

representar uma trajetória mais positiva. É o que se costuma denominar de

movimentos cíclicos. E as evidências ocorrem em diversas variáveis e setores.

Do lado da demanda, o consumo das famílias, que se manteve

praticamente estável entre o final de 2011 e o segundo trimestre de 2012,

voltou a ter taxas maiores nos dois últimos trimestres do ano passado,

crescendo 4,7% em termos anuais. Além disso, no quarto trimestre de 2012, os

1 Medido pelo PIB.

6.9%

-10.6%

11.9%

-3.1%

-2.2%

Jan

-06

Jul-

06

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Jul-

07

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12

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-13

9,9%

5,2%

10,8%

8,4%

jan

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

6

investimentos tiveram a primeira variação positiva desde o terceiro trimestre

de 2011.

Do lado da produção, é possível notar a retomada de diversos subsetores

da indústria que estão relacionados ao fornecimento de bens intermediários

como, por exemplo, produtos de madeira, refino de petróleo, petroquímicos,

artefatos de borracha, laminados de plástico, embalagens metálicas e material

elétrico para veículos.

Por fim, o que reforça a percepção de reversão desse ciclo foi o ajuste

de estoques que aconteceu na economia brasileira durante todo o ano de

2012, o que irá demandar, por parte da indústria, a necessidade de retomar a

produção nos próximos meses em um cenário onde o consumo das famílias

segue firme.

Índice de Confiança do

Empresário Industrial

Sondagem Industrial –

Expectativa de Demanda

Fonte: CNI

Essa percepção de mudança no cenário macroeconômico encontra

respaldo nos resultados apontados pelo índice de confiança do empresário

industrial. A despeito do menor patamar relativamente ao que se verificava

entre 2010 e 2011, os dados dos últimos meses sinalizam para uma melhora na

confiança, bem como, na expectativa de demanda para os próximos meses.

61,458,1

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65,3

54,3

57,8

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

7

Portanto, a despeito do número do ano apontar um crescimento baixo,

os indicadores referentes ao último trimestre permitem inferir que os meses

subsequentes representam uma mudança de tendência. Não há dúvidas sobre

esse processo de recuperação, o que deve resultar em uma taxa de

crescimento maior em 2013 relativamente ao ano passado. A questão

principal, a partir de então, passa a ser determinar a magnitude dessa

recuperação e como o governo irá enfrentar as pressões inflacionárias que

devem permanecer pelo menos até meados do ano.

O Setor de Borracha no Contexto Nacional

O setor de borracha brasileiro apresenta um comportamento em linha

com o verificado para o restante da economia. A produção de ambos os

segmentos que compõem o segmento saíram de um patamar elevado em

meados de 2010 para o terreno negativo muito rapidamente.

Destaca-se que essa desaceleração foi intensa, mas, os resultados

recentes sinalizam tal qual para o agregado da economia, que esse ciclo já se

encontra em reversão. Porém, essa parece ser mais lenta na atividade de

pneumáticos do que no de artefatos que, inclusive, já apresenta resultado

positivo na produção quando medido em 12 meses.

Evolução da Produção Industrial

(var % ac. em 12 meses)

Pneumáticos

Artefatos

Fonte: IBGE

-5.7%

4.7%

-20.8%

18.8%

-6.5%

Jan

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06

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07

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08

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-12

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12

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-13

22.3%

-22.8%

28.7%

2.2%

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Jul-

06

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

8

Um dos motivos que pode ter contribuído para essa menor dinâmica no

setor é a exportação. No caso dos pneumáticos a queda em 2012 foi de 5,6%,

quando medidas em dólares. Porém, esse resultado negativo foi mais que

compensado pela taxa média de câmbio que vigorou durante boa parte do

ano em patamar mais elevado, resultando em um faturamento das exportações

4,3% maior quando medido em reais, já descontados os efeitos inflacionários.

Mesmo assim, esse faturamento com exportações em reais é o menor desde

2010.

Por outro lado, no caso de artefatos, as exportações tiveram crescimento

de 4,8% em dólares e, com o câmbio médio desvalorizado, esse teve expansão

de 16,7% quando medido em reais. A despeito da diferença de participação

das exportações desses segmentos sobre o faturamento da indústria, o fato é

que, além do comportamento diferenciado do mercado consumidor interno, a

menor performance das exportações foi outro fator a contribuir para um

desempenho mais fraco do segmento de pneumáticos relativamente ao de

artefatos.

Por fim, as exportações de matéria-prima de borracha no ano passado

foram as que mais se retraíram, cerca de 10% sobre 2011, encerrando o ano

em US$ 496 milhões. Nesse caso, mesmo a taxa de câmbio média mais

desvalorizada não foi o suficiente para reverter esse resultado e, o ano

de 2012 encerrou com queda de 0,6%, e um faturamento de exportações da

ordem de R$ 1 bilhão.

Evolução das Exportações no Setor de Borracha

(em US$ milhões)

Pneumáticos

Matéria-Prima

Artefatos

Fonte: SECEX

1.130

1.364

1.664 1.571

2009 2010 2011 2012

285

405

552 496

2009 2010 2011 2012

209

281 304

318

2009 2010 2011 2012

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

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No total, as exportações do setor de borracha no Brasil foram de US$

2,38 bilhões no ano passado. Uma queda de 5,4% sobre 2011, mas, mesmo

assim, acima do resultado de 2010 (US$ 2 bilhões). Em reais, descontados os

efeitos inflacionários, nota-se um crescimento de 4,7% sobre 2011, colocando o

faturamento com exportações em R$ 4,8 bilhões, cerca de R$ 200 milhões

a mais do que o ano anterior.

Como pode ser visto, não fosse o câmbio mais favorável o faturamento

com a atividade exportadora teria sido negativo e, com isso, os resultados do

setor poderiam ter sido ainda piores do que o observado.

Apesar da menor dinâmica da produção e das exportações no ano

passado, a avaliação dos empresários do setor no Brasil sobre as condições

atuais da economia voltaram a trilhar terreno positivo depois de 17 meses

sinalizando pessimismo.

A pesquisa realizada pela CNI – Confederação Nacional da Indústria

mostrou um nível de confiança do empresário em 50,2 o maior desde agosto de

2011. Complementando essa avaliação conjuntural podemos destacar as

expectativas para os próximos meses que permanecem sendo positivas, a

despeito do resultado da pesquisa de fevereiro apontar resultado (57,4)

ligeiramente menor do que o verificado em janeiro (61,3).

De acordo com a metodologia proposta pela entidade, a combinação da

avaliação das condições atuais com as expectativas resulta o índice de

confiança. Como pode ser visto, esse permanece acima do patamar de 50

pontos, sinalizando que os empresários do setor estão confiantes na

economia. Um aspecto a ressaltar é que, apesar desse resultado positivo, essa

confiança permanece abaixo do nível atingido para o total dos empresários

industriais (58,1), o que sugere que aspectos particulares devem estar afetando

o setor.

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

10

Confiança do Empresário Industrial do Setor de Borracha

Condições Atuais

Expectativas

Índice de Confiança

Fonte: CNI

De fato, algumas diferenças nessa avaliação podem ser percebidas em

outros indicadores. Por exemplo, enquanto que a expectativa de demanda

dos empresários do setor segue com perspectiva positiva (54,3), a expectativa

de produção continua baixa (36,4), um resultado que pode estar refletindo

exatamente o cenário atual, onde foi possível identificar uma forte redução dos

estoques na economia.

Sondagem do Empresário Industrial do Setor de Borracha

Expectativa de

Produção

Estoques

efetivo/planejado

Expectativa de

Demanda

Fonte: CNI

Outro ponto interessante são os resultados referentes à situação

financeira das empresas do setor no Brasil, que permanecem com avaliação

negativa pelo oitavo trimestre consecutivo, a despeito do menor custo

financeiro dado pelas baixas taxas de juros. O que pode explicar essa

avaliação é exatamente a queda da atividade no setor nos últimos meses

60,3

50,2

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64,9

57,4

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59,5

29,7

50,7

36,4

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0

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2

39,5

58,3

48,0

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66,3

58,9

44,2

54,3

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2

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

11

concomitante a um lucro operacional menor. Nesses dois indicadores os

resultados para o setor são menores do que o verificado para a média dos

empresários industriais de todos os setores.

Sondagem do Empresário Industrial do Setor de Borracha

Situação Financeira

Lucro Operacional

Acesso ao Crédito

Fonte: CNI

Além disso, mesmo diante da continuidade da expansão do crédito total

da economia, os empresários do setor continuam a apontar dificuldades no

acesso a linhas de crédito. Destaca-se que essa também é uma realidade

para a média dos industriais no Brasil.

Em síntese, a avaliação do setor de borracha durante o ano de 2012

deixa clara a percepção de um cenário ruim, tanto no mercado interno quanto

externo. Porém, tal qual o agregado da economia, os números mais recentes

sinalizam reversão nesses resultados, o que abre espaço para a expectativa de

um ano melhor em 2013.

25,0

51,7

43,2

I-0

7

III-0

7

I-0

8

III-0

8

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9

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9

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0

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0

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1

III-1

1

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2

III-1

2

26,7

52,6

40,9

I-0

7

III-0

7

I-0

8

III-0

8

I-0

9

III-0

9

I-1

0

III-1

0

I-1

1

III-1

1

I-1

2

III-1

2

31,3

42,6

I-0

7

III-0

7

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III-0

8

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9

III-0

9

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0

III-1

0

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1

III-1

1

I-1

2

III-1

2

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

12

O RIO GRANDE DO SUL EM 2012

A performance da economia gaúcha durante o ano de 2012 deveria

seguir naturalmente o cenário macro. Porém, o que se verificou foi um

resultado bem mais negativo, com o PIB apresentando a segunda retração

em um espaço de quatro anos.

O resultado dos nove primeiros meses de 2012 foi uma queda de 1,9%

sobre igual período de 2011, acentuando o processo de desaceleração que já

estava em curso. E, o que mais preocupa é que a magnitude dessa é similar

ao resultado de 2009, mas, com o fato de que, naquele ano, verificou-se uma

das piores crises no cenário internacional.

O processo de desaceleração fica mais evidente quando analisamos o

comportamento em 12 meses. Depois de atingir o pico de crescimento ao final

de 2010 com expansão acumulada de 7,2%, na esteira do cenário

macroeconômica favorável, a economia gaúcha iniciou uma trajetória

declinante que ainda não mostra sinais de reversão. Assim, chega-se ao

terceiro trimestre de 2012 com um PIB em retração de 1,4%.

Evolução do PIB

(var % ac. jan-set de cada ano)

(var % ac. em 12 meses)

Fonte: IBGE/FEE

Como salientado anteriormente, o mesmo quadro de desaceleração se

verificou no cenário nacional, porém, a queda da produção foi mais intensa no

Estado. Há diversos aspectos de competitividade que podem afetar a atividade

4,1%

-2,0%

8,1%

4,7%

-1,9%

2008 2009 2010 2011 2012

6,2%

4,8%

-1,7%

7,2%

-1,4%

20

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20

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20

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20

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20

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20

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20

10

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20

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20

11

-III

20

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20

12

-III

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

13

produtiva no longo prazo no Rio Grande do Sul, e que realmente contribui para

limitar a dinâmica setorial como, por exemplo, as deficiências logísticas, as

pressões salariais, a questão tributária dentre outros. Porém, do ponto de vista

da decomposição do PIB, dois fatores foram determinantes para explicar o

cenário do ano de 2012.

Em primeiro lugar novamente o desempenho da agropecuária, que

teve uma queda de 18% na produção nos nove primeiros meses do ano

passado sobre igual período de 2011, tendo sido essa mais intensa do que a

ocorrida na estiagem de 2005. Por outro lado, no ambiente nacional, o setor

teve uma retração de apenas 1,2%.

Na verdade, a maior explicação para o fraco desempenho da

agropecuária vem da agricultura, com destaque para duas importantes culturas

para o estado; (i) a soja, onde se verificou uma quantidade produzida 43%

menor. Destaca-se que essa foi a maior desde a estiagem de 2004/05 e

representou cinco milhões de toneladas a menos e produziu impactos

significativos na formação de renda, em especial nos municípios mais

dependentes dessa cultura; (ii) a queda 13% na produção de arroz, ou seja,

1,1 milhão de tonelada a menos, e que também foi o pior desde a safra de

2002/03.

A despeito da disponibilidade de dados até o momento da elaboração

desse relatório, esse quadro em pouco deve ter ser revertido quando os dados

do PIB do último trimestre de 2012 forem conhecidos. Isso porque a maior

parte da composição do PIB do setor agrícola, que seria a safra de soja e

de arroz, ocorre no primeiro semestre.

De qualquer forma, a agropecuária isoladamente não teria o poder de

derrubar o PIB do estado, uma vez que sua participação direta2 é de apenas

8,7% do total. A despeito dos efeitos multiplicadores do setor, em especial

sobre a renda, o PIB poderia ter sido positivo se a indústria de transformação,

com participação de 21%, não tivesse apresentado variação negativa.

2 Último dado disponível para o PIB do Estado em 2010 do IBGE/FEE.

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

14

Assim é que podemos afirmar que o segundo fator determinante para

caracterizar uma queda do PIB em 2012 foi a produção da indústria, que teve

retração de 4,6%. Destaca-se que essa foi a maior desde 2009 e, além disso,

se mostrou mais intensa do que a média do Brasil, que foi de -2,7% para

o mesmo período.

Repetindo a discrepância de comportamento setorial nacional o

crescimento das vendas do comércio3 foi o contraponto nesse cenário

negativo para a economia do Rio Grande do Sul, ajudando a contrabalancear a

retração no setor industrial. O crescimento foi da ordem de 9%, o maior desde

2010 e, inclusive, mais significativo que a média do Brasil, que este em 8,4%.

Produção Industrial

(var % ac. em 12 meses)

Vendas do Comércio

(var % ac. em 12 meses)

Fonte: IBGE

Outro segmento que também teve desempenho positivo no Rio Grande

do Sul em 2012 foi a construção civil. Nos nove primeiros meses do ano, o

PIB do setor se expandiu 2,7% sobre igual período do ano anterior,

consolidando o terceiro ano consecutivo de variação positiva. Destaca-se que

esse resultado foi melhor que a média do Brasil que, para o mesmo intervalo,

cresceu 2%.

Portanto, como apontado, a intensa desaceleração da economia gaúcha

ao longo dos últimos meses, quando avaliado pelo lado da oferta, esteve

concentrada no desempenho da agricultura e da indústria de

3 O comércio representa 12,8% do PIB do Estado.

-11,3%

8,7%

-4,6%

jan

/06

jul/

06

jan

/07

jul/

07

jan

/08

jul/

08

jan

/09

jul/

09

jan

/10

jul/

10

jan

/11

jul/

11

jan

/12

jul/

12

1,7%

10,7% 9,0%

jan

/06

jul/

06

jan

/07

jul/

07

jan

/08

jul/

08

jan

/09

jul/

09

jan

/10

jul/

10

jan

/11

jul/

11

jan

/12

jul/

12

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

15

transformação. Porém, ao avaliar os dados mais recentes relacionados a

esses dois setores pode-se notar uma perspectiva melhor para o ano de 2013.

De fato, no caso da agricultura, a previsão da próxima safra é de

recuperação sobre o resultado anterior. No caso da soja, a Conab aponta que o

Rio Grande do Sul irá produzir um total de 12,1 milhões de toneladas, um

crescimento significativo de 86% sobre o resultado anterior. O ponto de

destaque é que essa deve ser inclusive maior que a verificada na safra de

2010/11, que é considerado o recorde anterior.

O mesmo pode se esperar para a produção de Arroz, mas, com um

crescimento mais tímido, de 2,3% atingindo 7,9 milhões de toneladas. Apesar

da expectativa de aumento da produção nessa cultura, destaca-se que a

mesma ainda deve ficar abaixo da verificada na safra de 2010/11.

No caso da indústria de transformação a perspectiva se mostra um

pouco diferente. O setor ainda não deu sinais de melhora quando são avaliados

os dados do final de 2012. Podemos fazer um exercício sobre essa projeção

considerando o efeito carregamento. Esse é dado pela reprodução, ao longo

dos próximos meses, do resultado verificado no mês de dezembro4.

Esse exercício é o equivalente a supor a continuidade do cenário atual

sobre todo o ano. Nesse caso, a previsão é de uma queda de 8% na produção

em 2013 sobre o ano anterior.

Dois pontos emergem dessa análise sobre o setor industrial. Primeiro

que, ao projetar a manutenção do cenário atual para os meses seguintes,

podemos ver que o ano passado não terminou de maneira positiva para o

setor. Sendo assim, não se pode afirmar que estamos diante de uma reversão

do quadro desenhado até então tal como ficou evidente para o setor no cenário

nacional quando se faz a mesma análise.

Em segundo lugar, a caracterização de um ponto de mudança requer que se

tenha um efeito positivo novo, tal como um choque. A despeito disso, diante

4 É importante salientar que essa avaliação só faz sentido se for feita com dados dessazonalizados.

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

16

do exposto para o cenário nacional no ano de 2013, não é difícil imaginar que

possa ocorrer essa melhora para a indústria no Rio Grande do Sul.

Nesse caso, além dos fatores já citados para o Brasil, como a manutenção

da renda real, a evolução do emprego, recuperação dos investimentos e dos

gastos das famílias acrescenta-se a melhor perspectiva para o setor agrícola no

Estado, ponto fundamental para sustentar essa recuperação na indústria

gaúcha.

Do lado contrário, pesa a valorização da taxa de câmbio, já

materializada no primeiro trimestre e que mantém perspectiva de assim

permanecer nos próximos meses. Nesse caso deverá produzir impactos

negativos no segmento exportador, principalmente naqueles que comercializam

produtos manufaturados.

Por fim, dada a perspectiva de manutenção de um patamar mais elevado

para a renda real no Rio Grande do Sul, mesmo diante de uma inflação

pressionada e que contribui para reduzir essa renda real, a expectativa é que as

vendas do comércio continuem a apresentar números positivos, em linha

com a média de expansão histórica que, entre 2007 e 2012, foi de 7% ao ano.

O Setor de Borracha no Rio Grande do Sul

Os resultados da indústria de borracha do Rio Grande do Sul se

contrastam com a performance do agregado da economia do Estado e

também do setor no cenário nacional.

Como comentado anteriormente, a produção industrial do Estado caiu 4,6%

nos doze meses terminados em dezembro de 2012 trazendo, consigo, uma

retração no pessoal empregado de -1,9% e nas horas trabalhadas de -3%. No

caso do setor de borracha, o comportamento para o pessoal empregado

teve dinâmica diferente, com evolução de 7,1%. Por outro lado, mesmo

empregando mais, as horas trabalhadas no setor tiveram um ajuste de -5,1%,

o segundo consecutivo em dois anos.

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

17

Indicadores Industriais do Setor de Borracha

(var % ac. jan-dez)

Pessoal

Empregado

Horas

Trabalhadas

Fonte: FIERGS

Outro comportamento distinto entre a indústria total e o setor de

borracha no Rio Grande do Sul ocorreu nas compras. Em um cenário de

retração das vendas, a indústria gaúcha teve que ajustar a produção com

impactos sobre as compras do setor que trilharam o terreno negativo durante

todo o ano de 2012.

Porém essa foi menos intensa para o agregado (-1,1%) do que para o

setor de borracha, que teve retração de 36% no mesmo período. Além de esse

resultado final ter sido mais intenso no segmento, o que chama a atenção é

que a tendência também difere. Enquanto que para a indústria total já é

possível notar uma trajetória de crescimento das compras, corroborando com a

perspectiva de recuperação da produção, para o segmento da borracha os

resultados ainda apontam para a continuidade na queda.

Por fim, a diferença de performance entre a indústria do Rio Grande do

Sul e o setor de borracha no ano passado também se reproduziu no

faturamento real. Enquanto que na indústria total esse teve crescimento de

2,1%, no setor de borracha ocorreu uma retração da ordem de 5,6%, o maior

desde 2009.

1,9%

-9,8%

11,3%

-11,1%

7,1%

2008 2009 2010 2011 2012

3,5%

-19,5%

7,8%

-4,3% -5,1%

2008 2009 2010 2011 2012

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

18

Indicadores Industriais do Setor de Borracha

(var % ac. jan-dez)

Compras Industriais

Faturamento Real

Fonte: FIERGS

A atividade produtiva mais deprimida e as dificuldades enfrentadas pelo

setor industrial gaúcho em se recuperar no período pós-crise de 2008, podem

ser comprovadas pelo nível de utilização da capacidade instalada5. No caso

do segmento de borracha essa se encontra no patamar de 72, praticamente no

mesmo nível de 2009 e, bem abaixo da média do período pré-crise, quando

essa se situava em 90. Portanto, podemos inferir que há espaço no setor para

crescer no médio prazo sem a necessidade de novos investimentos.

Utilização da Capacidade Instalada da Indústria no RS

(Grau médio)

Setor de Borracha

Total da Indústria

Fonte: FIERGS. Ajustados sazonalmente X-12.

5 Por definição o indicador oscila entre 0 e 100.

18,8%

-36,8%

24,7%

17,2%

-36,1%2008 2009 2010 2011 2012

10,2%

-14,8%

20,6%

-0,8%-5,6%

2008 2009 2010 2011 2012

90

58

8272

Jan

-07

Jun

-07

No

v-0

7

Ap

r-0

8

Sep

-08

Feb

-09

Jul-

09

De

c-0

9

May

-10

Oct

-10

Mar

-11

Au

g-1

1

Jan

-12

Jun

-12

No

v-1

2

88

78

84

79

Jan

-07

Jun

-07

No

v-0

7

Ap

r-0

8

Sep

-08

Feb

-09

Jul-

09

De

c-0

9

May

-10

Oct

-10

Mar

-11

Au

g-1

1

Jan

-12

Jun

-12

No

v-1

2

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

19

Esse cenário também é nítido para a indústria total, onde o nível médio

menor de utilização da capacidade instalada permanece em 81 desde o final de

2009, portanto, abaixo do que se verificava no período pré-crise, quando

estava em 86. Nesse caso o que preocupa é que, mais recentemente, esse nível

de utilização da indústria total teve uma forte retração, se igualando ao que se

verificou no pior momento da crise no início de 2009. O nível atual da UCI

também permite inferir que a indústria do Rio Grande do Sul retome a

produção sem ter que fazer novos investimentos no médio prazo.

Dentre os fatores que podem explicar esse resultado mais tímido para o

setor de borracha relativamente à média da indústria, destaque para as

exportações. Essas tiveram queda no caso do setor no Brasil. Na avaliação do

Rio Grande do Sul não foi diferente, com retração em dólares e nas três

divisões avaliadas.

Para o segmento de pneumáticos a queda foi de 15%, colocando as

exportações no mesmo patamar do verificado em 2011, tendo sido bem mais

intensa que a retração média do setor no Brasil. Ou seja, a indústria de

pneumáticos do Rio Grande do Sul sentiu, em média, mais as dificuldades

relacionadas com a atividade exportadora do que a média da indústria de

pneumáticos do Brasil.

Evolução das Exportações do Setor de Borracha

(em US$ milhões)

Pneumáticos

Matéria-Prima

Artefatos

Fonte: SECEX

145

168

201

170

2009 2010 2011 2012

96

125

246

181

2009 2010 2011 2012

8,1

9,7

10,7

9,4

2009 2010 2011 2012

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

20

As exportações de matérias-primas tiveram trajetória semelhante, com

uma queda da ordem de 26%, ou seja, US$ 64 milhões a menos do que a

verificado em 2011. Para o mesmo segmento no Brasil essa retração foi menor,

de 10%. Por fim, as exportações de artefatos de borracha do Rio Grande do

Sul, com queda de 12%, também foram mais intensas e se contrapõem à

expansão de 4,8% para a média do segmento no Brasil.

No total, as exportações do setor de borracha gaúcho atingiram os US$

361 milhões em 2012, 21% de queda sobre o resultado de 2011. Uma

retração bem mais intensa do que os 5,4% verificados para o total do setor

no Brasil, evidenciando, claramente, maiores dificuldades locais.

A avaliação das exportações em reais, descontados os efeitos

inflacionários, também revelou um quadro distinto entre o setor no Brasil e no

Rio Grande do Sul. Enquanto que, para o primeiro, uma taxa de câmbio

média mais desvalorizada ao longo do ano foi mais do que suficiente para

reverter a queda das exportações em dólares, isso não se verificou para o setor

no Estado. Em todas as três divisões apontadas acima o faturamento das

exportações em reais da indústria no Rio Grande do Sul foi menor do que o

verificado em 2011 e, no total, a queda foi de 13%, representando uma perda

de faturamento de R$ 111 milhões.

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

21

PERSPECTIVAS

Os dados referentes ao encerramento de 2012 para a economia

brasileira carregam muita informação sobre as perspectivas que se desenham

para esse ano.

Em primeiro lugar que fica evidente o ajuste cíclico em um cenário de

estoques baixos, fundamental para dar suporte ao avanço da produção do

setor industrial. Os dados que descrevem o comportamento dos diversos tipos

de subsetores voltados para a atividade de bens intermediários, utilizados como

indicadores antecedentes, dão suporte a essa percepção.

Em segundo lugar que, mesmo tendo menor dinâmica em um contexto

de inflação média maior, o fato é que a evolução da renda real ainda se

configura em um importante vetor de crescimento do consumo das famílias. O

que também deve dar suporte ao avanço das vendas do comércio.

Por fim, há que se falar sobre os investimentos, um dos componentes do

PIB que mais contribuiu para a desaceleração recente. A variação positiva do

último trimestre do ano passado, depois de quatro trimestres de retração,

combinada com uma melhora do índice de confiança do empresário em um

ambiente de juros reais baixos, sustentam a aposta em uma retomada, não tão

robusta, durante o ano de 2013. Sendo assim, o quadro desenhado para o

cenário nacional é de um crescimento do PIB que deve ficar entre 2,7% e

3,2%.

No caso do Rio Grande do Sul a perspectiva de uma safra recorde de

soja, combinada com a recuperação da produção de arroz, irão contribuir para

reverter os impactos negativos que a agricultura produziu sobre o PIB em 2012.

Porém, essa reversão não parece tão nítida para o setor industrial,

principalmente a indústria de transformação, muito penalizada pela queda dos

investimentos e da produção no Brasil e também pela estiagem no estado.

De qualquer forma, a perspectiva é que, durante o ano de 2013, esses

mesmos elementos sejam revertidos. De um lado, no cenário nacional em

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Balanço Econômico 2012 e Perspectivas 2013

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especial, os efeitos da retomada da produção podem se materializar na

indústria de bens intermediários. De outro, maiores investimentos e a

manutenção de um consumo das famílias ainda em patamares elevados, são

outros fatores que podem servir de impulso para a indústria do Rio Grande

do Sul em 2013.

Ao traçar esse cenário é importante considerar a existência de fatores

de risco. O primeiro deles é no ambiente internacional e relacionado, em

especial, às incertezas sobre a recuperação econômica na Europa, importante

aliado comercial do Rio Grande do Sul. O segundo é a dinâmica da inflação no

mercado interno e seu impacto sobre a formação de renda real e consumo e,

mais relevante ainda, como deve se dar a reação da autoridade monetária a um

cenário de preços mais elevados. Ou seja, a magnitude do impacto de uma

possível mudança de juros no Brasil irá depender do momento em que esse é

feito e do tamanho desse aumento.

De qualquer forma, tanto para a economia brasileira quanto para a

gaúcha, os fundamentos e a avaliação cíclica apontam para um ano de 2013

melhor que o de 2012. Mas, nada além da média histórica.

Perspectivas para 2013

(Indústria da Borracha do Rio Grande do Sul)

2012 2013

Var.%

Pessoal Empregado 7,1% 3,5%

Horas Trabalhadas -5,1% -1,5%

Faturamento -5,6% 4,6%

Compras -36,1% 3,3%Exportações (US$ milhões)

Pneumáticos 169,8 187,7

Matéria-Prima 181,5 215,7

Artefatos 9,4 10,4 Total 360,7 414

Exportações (var.%)

Pneumáticos -15% 11%

Matéria-Prima -26% 19%

Artefatos -12% 11%

Total -21% 15%