perspectivas da fruticultura paranaense num … · necessárias para o aumento da produção de...

25
Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 Título PERSPECTIVAS DA FRUTICULTURA PARANAENSE NUM CONTEXTO DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA [email protected] Apresentação Oral-Desenvolvimento Rural, Territorial e regional JAIME GRACIANO TRINTIN 1 ; NEIO LUCIO PERES GUALDA 2 ; PATRICIA BUENO DO PRADO 3 . 1,3.UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGá, MARINGÁ - PR - BRASIL; 2.UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA, MARINGA - PR - BRASIL. PERSPECTIVAS DA FRUTICULTURA PARANAENSE NUM CONTEXTO DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional Resumo O presente estudo tem por objetivo analisar a produção paranaense de frutas após a modernização de sua agricultura. Objetiva-se mostrar que essa produção é uma alternativa econômica para aquelas áreas onde não se avançou a modernização agrícola, seja em razão do tipo de solo, relevo e tamanho das propriedades que se mostram inviáveis para a produção de grãos. Aponta-se ainda alguns obstáculos ao cultivo das mesmas, principalmente em relação às imposições de mercado. Deu-se ênfase às condições necessárias para o aumento da produção de frutas nas regiões do Estado e no Brasil como um todo. Dentre os resultados obtidos verificou-se que a fruticultura cresceu fortemente no Estado do Paraná nos últimos 25 anos, sendo esta uma opção de diversificação de culturas principalmente para os pequenos produtores e para áreas não cultiváveis com grãos. Palavras-chaves: Fruticultura, Agronegócio paranaense, Desenvolvimento Rural. Abstract This article has the objective to examine the production of fruit from Paraná after the modernization of its agriculture. It haves the objective to show that this production is an economic alternative for those areas where wasn’t made to modernize agriculture, because

Upload: doliem

Post on 13-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

1

Título

PERSPECTIVAS DA FRUTICULTURA PARANAENSE NUM CONTEXTO DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA

[email protected]

Apresentação Oral-Desenvolvimento Rural, Territorial e regional JAIME GRACIANO TRINTIN 1; NEIO LUCIO PERES GUALDA 2; PATRICIA

BUENO DO PRADO3. 1,3.UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGá, MARINGÁ - PR - BRASIL; 2.UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA, MARINGA - PR - BRASIL.

PERSPECTIVAS DA FRUTICULTURA PARANAENSE NUM CONTEXT O DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA

Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional Resumo O presente estudo tem por objetivo analisar a produção paranaense de frutas após a modernização de sua agricultura. Objetiva-se mostrar que essa produção é uma alternativa econômica para aquelas áreas onde não se avançou a modernização agrícola, seja em razão do tipo de solo, relevo e tamanho das propriedades que se mostram inviáveis para a produção de grãos. Aponta-se ainda alguns obstáculos ao cultivo das mesmas, principalmente em relação às imposições de mercado. Deu-se ênfase às condições necessárias para o aumento da produção de frutas nas regiões do Estado e no Brasil como um todo. Dentre os resultados obtidos verificou-se que a fruticultura cresceu fortemente no Estado do Paraná nos últimos 25 anos, sendo esta uma opção de diversificação de culturas principalmente para os pequenos produtores e para áreas não cultiváveis com grãos. Palavras-chaves: Fruticultura, Agronegócio paranaense, Desenvolvimento Rural. Abstract This article has the objective to examine the production of fruit from Paraná after the modernization of its agriculture. It haves the objective to show that this production is an economic alternative for those areas where wasn’t made to modernize agriculture, because

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

2

the soil type, topography and size of properties that become unviable for grain production. Introduce some obstacles to the cultivation of them, mainly on charges of market. It was given emphasis to the necessary conditions for increasing fruit production regions of the State and in Brazil. As result it was found that fruit production grew strongly in the State of Paraná in the last 25 years, this being an option for diversification of crops primarily for small producers and for areas not cultivated with grains. Key Words: Fruit Production, Agribusiness, Agrarian Development.

1 INTRODUÇÃO

A agricultura exerce um dos principais papéis da economia brasileira. É um setor que gera renda, empregos e moradia, diretamente para os produtores que vivem nas áreas rurais e indiretamente para os trabalhadores das áreas urbanas. Na década de 1970, o Paraná se destacava como um dos principais produtores de café do país, porém em poucos anos essa realidade mudou de forma significativa. Esse período ficou popularmente conhecido como “modernização agrícola”. A partir dele iniciou-se um processo de substituição de culturas, onde a maioria das plantações de café, entre outras culturas típicas de mercado interno, foi substituída por soja, trigo e milho. A partir de então, o Paraná investiu fortemente na produção destas novas culturas e na atualidade é um dos maiores produtores de grãos do Brasil.

Estas “novas” culturas são intensivas em capital e baseiam-se no uso de uma série de novos insumos (os fertilizantes representaram uma revolução para a época). Porém, para os pequenos produtores estas culturas se tornaram “caras” devido ao alto custo fixo e a necessidade de produção em grande escala. Se por um lado este era um problema a ser enfrentado para os pequenos produtores que entraram na modernização, por outro abria-se uma nova oportunidade para se adentrar na produção de outras culturas que apresentavam menor custo fixo, entre elas tem destaque a fruticultura que passou a ser uma opção ao pequeno produtor.

Neste sentido o presente artigo tem como objetivo analisar as potencialidades e os obstáculos para o desenvolvimento da fruticultura no Paraná no período de pós-modernização de sua agricultura. Dá-se ênfase no que se refere à sua produção e a comercialização. Procura-se, também, identificar as tendências de produção mundial, a exportação e importação para os principais mercados consumidores das frutas brasileiras, por potencializarem novas oportunidades de negócios para o setor de frutas.

Este trabalho está organizado em três partes, além desta introdução e das considerações finais. Na primeira, faz-se uma rápida revisão das transformações na agricultura paranaense, destacando os aspectos de sua modernização e seus efeitos sobre a substituição de culturas; na segunda, aborda a fruticultura no contexto da modernização da agricultura, evolução da sua área, produtividade, valor da produção e a produção de frutas no âmbito nacional e estadual; na terceira, estuda-se o mercado consumidor e a

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

3

comercialização de frutas, a produção mundial das mesmas incluindo-se as exportações e as importações.

2 MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA PARANAENSE E SEUS IMPAC TOS SOBRE O DESLOCAMENTO DE CULTURAS

Esta seção tem por objetivo evidenciar as transformações na agricultura paranaense a partir do processo de modernização ocorrida no Estado nos anos setenta do século passado. Pretende-se mostrar que esse processo ocorreu deslocando áreas e culturas notadamente daquelas típicas de mercado interno e com maior intensidade na cultura cafeeira. Isso se torna relevante, uma vez que a produção de frutas no Paraná, objetivo deste estudo, ocorrera predominantemente associados à cultura do café.

2.1 Economia paranaense: a modernização agrícola

A formação da economia paranaense pode ser dividida em quatro importantes períodos: o primeiro que se estende do final do século XIX e início da década de trinta do século passado; o segundo que compreende o período da Grande Depressão até o final da Segunda Guerra Mundial; o terceiro abrange o período do pós-guerra e vai até a década de sessenta do século passado, quando se evidencia a crise cafeeira e o quarto, quando ocorrem as grandes transformações na sua estrutura produtiva agrícola.

Neste último período a participação do Estado na economia, através de suas políticas, foi decisiva tanto para desestimular o setor cafeeiro, haja vista que a partir de 1964 as políticas restritivas adotadas tinham como objetivo controlar o processo inflacionário em curso, sendo que uma das medidas adotadas foi à redução do crédito para o setor cafeeiro, quanto para estimular as denominadas culturas modernas. A Tabela 1 mostra a erradicação de cafeeiros nos principais estados produtores.

Além do estímulo à erradicação cafeeira, os cafeicultores tiveram que enfrentar algumas barreiras naturais, como a ferrugem que atingiu grande parte dos cafeeiros em 1973 e a forte geada ocorrida em 1975. Isso tudo, aliado aos incentivos de crédito dado pelo governo federal para viabilizar a modernização, contribuiu decisivamente para que grande parte dos produtores de café desistisse desta produção e migrassem para as culturas modernas.

Tabela 01 - Erradicação de cafeeiros no Brasil, por produtores, 1962-1967

Estados Cafeeiros erradicados em

(1.000 pés)

Em % Área liberada em ha (em

1000)

Em %

São Paulo 299.364 21,7 366.897 24,6

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

4

Minas Gerais 363.703 26,4 353.134 23,7

Paraná 249.957 18,1 307.062 20,6

Espírito Santo 303.175 22,0 299.429 20,1

Outros 163.144 11,8 165.726 11,0

Brasil 1.379.343 100,0 1.492.248 100,0

Fonte: IBC-GERCA, 1968, P. 5, apud TRINTIN 2001, P. 75.

2.2 Importância do crédito

O programa de Crédito Rural no Paraná teve grande expansão nos anos setenta do século passado e foi de fundamental importância para o processo de modernização em curso, contribuindo para que os agricultores adquirissem máquinas e equipamentos e, consequentemente, aproveitassem melhor sua área de produção e aumentassem a produtividade. O crédito de custeio foi uma das modalidades que deu suporte a esta transição e as principais culturas que mais receberam crédito foram o soja e o trigo, principalmente nesta primeira fase da modernização agrícola.

Em outros termos, as culturas que obtiveram maior incentivo desta política de crédito foram as que são intensivas em capital e que foram incentivadas na substituição do café1.

Se por um lado esse processo penalizou os pequenos produtores de café, visto que não se tinha mais crédito para essa cultura, por outro foi extremamente importante, pois favoreceu as transformações na agricultura notadamente a mecanização do campo e ajudou a expandir a produção das culturas modernas, principalmente a soja, que era um produto voltado ao mercado externo e atendeu os objetivos do Governo de incentivar culturas voltadas à exportação, diversificar a pauta dos produtos agrícolas e criar um mercado consumidor dos produtos da indústria.

2.3 As culturas modernas

Na década de 70, a presença de máquinas e equipamentos agrícolas tornou-se cada vez mais freqüentes nas propriedades rurais do estado do Paraná e isso se deveu em razão da política de crédito rural, que contemplava crédito para investimentos, para custeio e para comercialização agrícola, ambos fortemente subsidiados2.

1 Vale ressaltar, segundo Trintin (1988, p. 151) que os maiores beneficiados desta política foram os médios e grandes proprietários de terras. 2 Ver, Pereira (1987).

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

5

As políticas adotadas pelo Governo Federal viabilizaram a modernização no setor agrícola e implicaram não só na adoção das novas tecnologias, mas também impuseram aos agricultores sua adaptação para atender a um novo tipo de demanda, a dos mercados intermediários (agroindústrias, cooperativas, supermercados, etc.), que passaram a exigir que os produtos apresentassem características de padronização como tamanho, peso, e outras. Para conseguir suprir essas novas exigências, os produtores passaram a usar sementes ou mudas selecionadas e para que tivessem resultado o produtor começou a utilizar alguns insumos industriais como fertilizantes e defensivos químicos, completando assim o ciclo da modernização da agricultura brasileira e paranaense (FLEISCHFRESSER, 1988).

A modernização da agricultura estava diretamente ligada à indústria, tanto que este setor passou a gerar novas máquinas e equipamentos criando novas necessidades à agricultura, mecanismo este que objetiva extrair lucros da agricultura. Assim, os anos da década de 1970 se caracterizam por expressiva expansão produtiva, não mais objetivando a incorporação de terras ao processo produtivo, e sim, através da introdução de inovações técnicas e diversificação dos produtos.

Cabe destacar neste ponto que, embora o setor agrícola se encontrasse de certa maneira “preso” aos setores industriais tanto a montante quanto a jusante, é certo que ambos impõe estas condições até um certo limite, pois é necessário que o setor agrícola obtenha algum lucro, caso contrário não se continuará na atividade econômica em questão.

Ao contrário dessa situação foi o caso da força de trabalho antes empregada pela cafeicultura. Com a crise no setor cafeeiro, e sua substituição por produções intensivas em capital, a grande população existente no meio rural se obrigou a migrar para os centros urbanos em busca de novos empregos, onde esses muitas vezes eram encontrados nas indústrias fornecedoras de máquinas e equipamentos agrícolas, mas que essa mão de obra não possuía qualificação para atender as exigências deste setor em expansão.

Este processo de modernização da agricultura no Paraná não foi uniforme, abrangendo ao mesmo tempo e com a mesma velocidade todas as regiões agrícolas. As desigualdades regionais em termos de absorção e de respostas às inovações tecnológicas estão diretamente ligadas em primeiro lugar às condições naturais, caso do clima e do relevo, e ao processo histórico em que se deu a ocupação pioneira e, em segundo lugar, à dinâmica política e econômica e à estrutura fundiária que vão caracterizar os compartimentos regionais, tornando-os mais ou menos susceptíveis às inovações (BOLETIM DE GEOGRAFIA, 2001).

Assim, muitos dos pequenos produtores que passaram da cafeicultura para a cultura associada da soja e do trigo, sem estarem devidamente equipados, rapidamente se descapitalizaram e muitos acabaram vendendo ou arrendando suas propriedades, haja vista que não conseguiam manter-se na atividade agrícola.

É neste contexto que se entende a expansão da fruticultura paranaense, notadamente naquelas regiões onde não se adentrou a modernização, seja em razão de solo (arenito), relevo ou mesmo devido ao tamanho das propriedades.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

6

3. PRODUÇÃO DE FRUTAS NO BRASIL, SUAS REGIÕES E ESTADO DO PARANÁ

É do senso comum que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de grãos, mas não é de conhecimento da grande maioria das pessoas o fato de que o país também se destaca na produção de frutas. Segundo dados da FAO (2006) (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com 41.179.027 (toneladas) produzidas em 2005, perdendo apenas para a Índia que produziu, neste mesmo ano, 57.891.300 toneladas e para a China, que produziu 167.259.250 toneladas. Segundo levantamento feito pelo IBRAF (Instituto Brasileiro de Frutas) em 2005, “embora o Brasil produza mais de 40 milhões de toneladas de frutas, sua quantidade exportada não ultrapassa os 2% do total produzido, ou seja, em 2006 o país exportou cerca de 830 mil toneladas, sendo que seu principal destino foi a União Européia”. E assim no ranking das exportações o Brasil está em 20º lugar (IBRAF, jan. 2007).

Apesar da inexpressividade quanto às exportações o agronegócio frutícola no Brasil apresentou grande crescimento, o que permitiu ao país atender grande parte da demanda interna de frutas frescas e derivados, e também aumentar suas exportações desses produtos. Um dos carros chefes deste crescimento é o mercado interno de suco de frutas.

GRÁFICO 01 – Produção brasileira de frutas em 2004, percentual por produto

Fonte: IBGE, apud VILELA 2005, pg 02.

Embora esteja crescendo nos últimos anos, verifica-se forte concentração tanto em termos de produto quanto em termos de região produtora. A laranja, por exemplo, foi responsável por 44,1% da produção nacional de frutas, a banana por 15,7% e o coco com 7,1% do total produzido, seguido do abacaxi com 6,9%, conforme se verifica no gráfico

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

7

01. A produção de bananas é fortemente voltada para o mercado interno enquanto que a de laranjas à industrialização e a exportação de suco concentrado. (VILELA 2005, pg 02).

Em termos espaciais, a produção brasileira de laranjas se concentra no Sudeste, haja vista que ocupou no ano de 2005 cerca de 615.400 (ha) de área colhida e produziu 15.038.377 toneladas. O Nordeste, que foi a segunda maior região produtora da mesma fruta, possuía uma área colhida de 114.696 (ha) e a quantidade produzida foi de 1.619.851 (ton.). A terceira região foi o sul do país, com área colhida de 50.452 (ha) e produção de 813.830 (ton.). Nesta, o Paraná liderou a produção com 375.309 (ton.) produzidas. (IBGE, 2005).

Ao compararmos a quantidade produzida no país tomando-se como base os maiores estados produtores, verifica-se que São Paulo é sem sombra a dúvidas o maior produtor, pois respondia por 80% da produção nacional de laranjas, com cerca de 17% da produção nacional de bananas e 44% do total produzido de tangerina. Das principais frutas consideradas na tabela 02 este estado produziu quase a metade delas (IBGE, 2005).

Tabela 02 – Principais frutas produzidas no Brasil, em São Paulo e no Paraná, em 2005

FRUTAS BRASIL SÃO PAULO PARANÁ

Qde Prod(t)

Área (ha) Qde Prod(t)

Área(ha) Qde Prod (t)

Área(ha)

Laranja 17.853.443 805.665 14.366.030 574.510 375.309 15.053

Banana 6.703.400 491.180 1.178.140 52.700 229.493 9.849

Mamão 1.573.819 32.559 9.871 322 1.667 86

Tangerina 1.232.599 61.000 546.325 22.856 264.708 10.175

Uva 1.232.564 73.203 190.660 10.906 99.253 5.603

Melancia 1.505.133 80.641 198.602 7.687 79.212 3.575

Limão 1.030.531 50.266 829.097 34.443 10.897 644

Manga 1.002.211 68.141 204.607 15.408 8.338 624

Maçã 850.535 35.493 1.875 150 42.458 1.877

Demais 8.194.792 1.895.060 511.961 23.899 93.172 7.116

Total 41.179.027 3.593.208 18.037.168 742.881 1.204.807 54.602

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

8

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal 2005. Disponível em http://www.ibge.gov.br

Quanto à geração de renda neste setor verifica-se que a laranja, o mamão, a melancia, a manga, a uva, a maçã, a banana, o abacaxi e o coco geraram em 2005 cerca de 86,0% do valor da produção da citricultura brasileira. Destes a laranja é a que mais se destaca haja vista que gerou 30,0% da renda do setor (IBGE, 2005).

Em relação ao Paraná quanto à produção de citros, inclusive laranjas, é digno de nota o fato de que até a década de 1990 esta produção era proibida no estado em razão de problemas de ordem técnica3. Porém, segundo estudos da SEAB/DERAL (2003), a participação do Paraná embora modesta na Fruticultura brasileira, ocupando a décima posição em volume produzido, possui variedade de solo e clima que permite um amplo cultivo de espécies frutícolas (ANDRADE, 2003:23).

Neste mesmo sentido, estudo sobre zoneamento agrícola do Paraná feito pelo IAPAR em 2006, aponta que devido ao relevo e sua localização, “o estado do Paraná apresenta grande variação climática e diversos microclimas possibilitando o cultivo de diversas espécies de frutíferas, desde as espécies pouco tolerantes a baixas temperaturas”, como o mamão, a banana, o abacaxi, a goiaba (...) até as que necessitam de descanso invernal” como a maçã, a uva, o pêssego, a pêra, a ameixa, o morango, o caqui, etc.(IAPAR, 2006).

Um dos aspectos apontados pelos estudos da SEAB (2003) é que a estrutura agrária do estado por ser formada predominantemente de pequenos e médios estabelecimentos acaba por favorecer o desenvolvimento da fruticultura e, ao mesmo tempo, “cumprem papel social relevante por manter o homem no campo, através da geração de emprego e renda”. Com isso, dados da SEAB mostram que “45% dos municípios tem menos de 50.000 habitantes e cerca de 86% dos estabelecimentos rurais do Paraná apresentam área inferior a 50ha e são formados por agricultura familiar, envolvendo 318.200 propriedades”. Por outro lado, estes pequenos estabelecimentos detêm 28% da área total do estado (SEAB/DERAL, Perfil da Economia Paranaense, 2003).

Acrescente-se a isso o fato de que a concentração da produção de frutas nas pequenas propriedades se deve a três diferentes aspectos: a) as culturas modernas demandarem terras mecanizadas, o que implica em alto custo na produção com a aquisição de equipamentos, máquinas, sementes melhoradas, inseticidas, herbicidas, fertilizantes, entre outros; exigindo, assim, ganhos de escala; b) a fruticultura não demanda o uso intenso de equipamentos e uso de insumos modernos e pode ser produzida em pequenas escalas, portanto, acessível a um maior número de produtores; c) alguns tipos de solos não são mecanizáveis e, assim, ela aparece como uma opção para estas áreas.

Produtores do estado de São Paulo alegavam preocupação quanto ao alastramento de doenças como o cancro cítrico, principal praga da citricultura, para suas regiões.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

9

Em razão destes aspectos apontados, entre outros, está ocorrendo um aumento significativo tanto da área plantada quanto da quantidade produzida das principais frutas no Paraná. Este fato, trás benefícios para a economia paranaense, com o aumento do emprego, da renda e de novas alternativas aos pequenos agricultores (SEAB/DERAL, Perfil da Economia Paranaense, 2003).

Os dados da tabela 03 evidenciam esse processo de crescimento da produção de frutas no estado do Paraná nesses 25 anos. Portanto, não só a produção de grãos se expandiu no Paraná nos últimos tempos como normalmente se imagina, mas também a de frutas, onde essas se tornam cada vez mais importantes, diversificadas e direcionadas para a produção comercial.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

10

Tabela 03 - Evolução da área colhida (ha) e qtdade produzida (ton) de frutas, no Paraná-1980 a 2005**

Frutas 1980 1985 1990 1995 2000 2005

- área Qt área Qt área Qt área Qt área Qt área Qt

ABACATE 1.127 19.632 1.113 18.037 831 17.118 1.392 28.214 1.985 44.347 1.488 22.265

ABACAXI* 85 1.039 10 110 10 149 69 1.221 334 9.115 265 5.827

BANANA *** 3.417 3.783 5.433 8.179 5.894 9.094 5.811 9.005 8.241 15.159 9.849 229.493

CAQUI 289 13.975 276 14.822 476 28.723 787 52.410 1.155 85.818 1.733 26.071

LARANJA 4.350 373.268 4.537 376.466 4.261 418.382 8.744 926.298 13.754 1.877.652 15.053 375.309

LIMAO 519 44.325 424 35.540 489 47.413 542 47.486 605 59.144 644 10.897

MAÇÃ 423 20.712 2.595 170.563 2.348 166.045 1.961 167.354 1.469 173.403 1.877 42.758

MAMÃO 224 4.821 192 3.754 181 3.081 97 1.602 124 2.924 86 1.667

MANGA 749 26.240 570 17.615 405 11.137 449 11.962 668 14.881 624 8.338

MELANCIA 1.411 1.767 653 1.663 526 926 2.096 6.222 3.349 10.731 3.575 79.212

MELÃO 29 64 36 56 56 133 78 244 140 500 245 2.021

PERA 151 13.519 222 23.484 157 13.809 162 10.774 153 9.358 207 2.687

PÊSSEGO 646 40.301 790 58.229 687 48.519 891 58.762 1.796 126.001 1.739 17.979

TANGERINA 1.669 164.411 3.722 373.371 4.796 468.789 6.580 633.396 12.861 1.346.977 10.175 264.708

UVA 2.237 19.184 2.234 21.529 2.745 36.000 3.845 43.966 5.758 80.407 5.603 99.253

DEMAIS 70 21.438 71 7.057 46 4.613 53 5.897 934 83.200 1.022 14.002

TOTAL PR

17.396 768.479 22.878 1.130.475 23.908 1.273.931 33.557 2.004.813 53.326 3.939.617 54.185 1.202.487

Fonte: IPARDES, disponível em: http://www.ipardes.gov.br Com relação à unidade: * O Abacaxi é medido em mil frutos. ** Até o ano 2000 = mil frutos, em 2005 = toneladas. *** Até o ano 2000 = mil cachos, em 2005 = toneladas

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

11

É importante lembrar que uma das características da produção de fruticultura no Paraná, até quando da modernização da agricultura, é que a mesma era produzida concomitante às áreas destinadas ao café. Isto é, como o café era uma cultura permanente e entre os “pés” de café sobrava um pequeno espaço, este era aproveitado com a plantação de frutas, que acabava se transformando em complemento da renda do produtor. Porém, com a modernização da agricultura e a substituição do café no norte do estado pela soja e o trigo estas áreas deixaram de existir e isso provocou uma perda para o setor nestas áreas, notadamente estes que estavam associados ao café. No entanto, à medida que a economia paranaense cada vez mais se inseriu ao mercado nacional, também passou a ter estímulos para atender o mercado brasileiro que estava em expansão também nesta atividade econômica.

Essa expansão se deu predominantemente naquelas áreas que não entraram na modernização. Exemplo típico desse processo é a cultura da laranja, visto que foi a que apresentou maior crescimento quando passou, em termos de área colhida, de 4.350 (ha), em 1980, para 15.053 (ha) em 2005. Em termos percentuais a área colhida da laranja aumentou em 246% neste período. A tangerina também teve aumento bastante significativo em termos de área colhida, pois passou de 1.669 (ha) em 1980 para 10.175 (ha) em 2005 (Tabela 3).

Uma das explicações para esse aumento, segundo estudos do IAPAR (2006), se deve ao clima favorável, por serem frutas cítricas, adaptadas muito bem ao clima subtropical, elas são bastante tolerantes as baixas temperaturas ocorridas em certas estações do ano no estado do Paraná e, por isso, se adaptam a todas as regiões do estado. Porém, seu crescimento se deu a partir do momento que se eliminaram as barreiras impeditivas para o cultivo no estado do Paraná e se buscou maior controle de doenças e pragas. A área produzida de banana também aumentou expressivamente, pois passou de 3.417 (ha) para 9.849 (ha) no período. Outra fruta que aumentou sua área colhida foi a uva, dado que em 1980 era de 2.237 (ha) e passou a ser de 5.603 (ha) em 2005.

Portanto, a substituição de culturas durante o período de modernização que penalizou fortemente a produção de culturas típicas de mercado interno como arroz, feijão, milho e mandioca, além da produção cafeeira que estava sendo desestimulada no período, não impactou negativamente a fruticultura, pois se esta perdeu área antes conjugada com o café, passou a ganhar área nas regiões onde era mais propícia sua produção, seja em razão do crescimento da demanda, ou do não avanço das culturas modernas nestas áreas e, mesmo quando da crise dos anos oitenta que impactou as culturas mais dependentes de crédito, caso típico das culturas modernas, esta não sentiu tanto os efeitos da crise do setor. Com isso, a produção de fruticultura aumentou de modo significativo a partir dos anos oitenta no Paraná.

Em termos de participação no total estadual verifica-se que a uva, a laranja e a banana ocupam maior importância relativa no conjunto da produção do estado. Nota-se também, através dos dados da tabela 4, que a banana passou a ocupar lugar de importância da laranja em termos relativos. A maçã é uma das que dobrou sua participação relativa no período e se destaca junto com a tangerina na produção estadual.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

12

Tabela 4 – Produção de frutas no Paraná - 1980 a 2005 (valor percentual). Frutas 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Abacate 2,47 2,58 1,45 2,08 1,86 1,3

Abacaxi 0,9 0,03 0,23 0,36 1,39 0,84

Banana 12,97 15,64 10,29 10,63 9,58 20,34

Caqui 0,75 0,68 1,43 1,53 1,37 1,91

Goiaba - - - - 0,84 0,91

Laranja 20,63 12,81 9,82 9,31 13,12 16,33

Limão 2,13 1,42 1,78 1,35 0,67 0,98

Maçã 4,69 19,73 48,93 12,94 3,99 8,92

Mamão 1,65 0,5 0,37 0,24 0,25 0,24

Manga 1,31 0,68 0,85 0,56 0,46 0,93

Maracujá - - - - 0,97 1,78

Melancia 2,71 2,62 0,72 3,35 3,19 5,2

Melão 0,08 0,21 0,13 0,09 0,11 0,61

Pêra 1,56 1,3 1,29 0,84 0,34 0,64

Pêssego 3,44 3,26 2,48 3,96 3,85 4,37

Tangerina 9 17,02 7,74 29,92 37,26 11,37

Uva 35,7 21,53 12,5 22,83 20,74 23,32

Total PR 100 100 100 100 100 100

Fonte: IPARDES, Website: http://www.ipardes.gov.br. Elaboração dos autores.

O importante a ser destacado é que este aumento da produção de frutas está associado também ao aumento do rendimento médio da produção. Através dos dados da tabela 6 se observa que em quase a totalidade delas houve aumento no rendimento.4

De acordo com a SEAB (2003), a renda média da fruticultura por hectare em 2002, foi oito vezes maior que a obtida com grãos.

4 Os dados para o ano de 2005 evidenciam brusca queda para quase a maioria das culturas, mas é devido à mudança com relação à unidade, pois até o ano 2000 estavam sendo medidos frutos por hectare, e em 2005 passou a ser medido kg por hectare.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

13

“As mudanças de paradigma no agribusiness nacional farão com que o Paraná reveja a sua posição de estado eminentemente produtor de grãos e carnes, momento em que a fruticultura poderá alavancar um ciclo econômico no estado, gerando inclusão social e dando condições econômicas para o produtor manter-se no campo, não aglutinando pessoas nos centros urbanos, bem como, propiciando o aumento do Índice de Desenvolvimento Humano” (SEAB, 2003 pg 33):

Analisando os dados até o ano 2000, percebe-se um grande aumento no rendimento médio da produção de praticamente todas as frutas, evidenciando os bons resultados obtidos com a fruticultura paranaense5.

3.1 Potencial de produção e mercado consumidor

A produção mundial de frutas em 2005 foi de 690.756.513 toneladas, cerca de 4,86% maior que o ano anterior. A campeã em quantidade produzida a banana, com 105.699.014 toneladas, logo após vem a melancia com 96.396.945 toneladas, e em terceiro 5 O ano de 2005 não foi utilizado para a análise pelo fato de ter mudado a unidade, não sendo possível a comparação com outros períodos.

Tabela 5 – Rendimento médio da produção de frutas, no Paraná - 1980 a 2005 (kg/ha**) Frutas 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Abacate 17.420 16.206 20.599 20.269 22.341 14.963 Abacaxi* 12.224 11.000 14.900 17.696 27.290 21.989 Banana 1.107 1.505 1.543 1.550 1.839 23.301 Caqui 48.356 53.703 60.342 66.595 74.301 15.044

Laranja 85.809 82.977 98.189 105.935 136.517 24.933 Limão 85.405 83.821 96.959 87.613 97.759 16.921 Maçã 48.965 65.728 70.718 85.341 118.042 22.780

Mamão 21.522 19.552 17.022 16.515 23.581 19.384 Manga 35.033 30.904 27.499 26.641 22.277 13.362

Melancia 1.252 2.547 1.760 2.969 3.204 22.157 Melão 2.207 1.556 2.375 3.128 3.571 8.249 Pêra 89.530 105.784 87.955 66.506 61.163 12.981

Pêssego 62.385 73.708 70.624 65.951 70.156 10.339 Tangerina 98.509 100.315 97.746 96.261 104.733 26.016

Uva 8.576 9.637 13.115 11.435 13.964 17.714

Fonte: IPARDES, disponível em: http://www.ipardes.gov.br

* Rendimento médio de Frutos/ha. ** Até o ano 2000, o rendimento médio era medido em frutos/ha, em 2005, kg/ha. Somente a Uva é medida em kg/ha todos os anos.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

14

lugar ficou a produção da uva com 66.236.376 toneladas (OLIVEIRA JR, MANICA, 2006).

O gráfico 2 mostra os principais produtores mundiais de frutas. A China foi o maior país produtor de frutas do mundo, com uma produção recorde de 167 milhões de toneladas, as frutas de maior produção foram a melancia, maçãs, manga, melão, tangerina, pêra, pêssego/nectarina e ameixa, o que representou cerca de 24,18% da produção mundial em 2005. Logo em seguida vem a Índia, com cerca de 57,9 milhões de toneladas, ou em termos percentuais 8,38% da produção mundial, com destaque para a produção de banana, coco, manga, abacaxi, limão/lima e castanha-de-caju. Em terceiro lugar vem a produção brasileira com cerca de 5,96% da produção mundial, o Brasil produziu em 2005, 41.179.027 toneladas de frutas, sendo que as culturas recordistas foram a laranja, banana, coco, abacaxi, mamão, castanha-de-caju, caju e castanha-do-brasil.

Na seqüência dos 10 maiores produtores de frutas do mundo estão os “Estados Unidos, Indonésia, Filipinas, Itália, México, Turquia e Irã, que juntos representaram cerca de 22,9% do total mundial em 2005” (OLIVEIRA JR, MANICA, 2006).

Gráfico 02 – Principais países produtores de frutas em 2005 Fonte: FAO 2006, apud, Oliveira Jr., disponível em www.todafruta.com.br

Uma das alternativas das indústrias de aumentarem suas exportações é

transformar a fruta em suco concentrado, principalmente a laranja, que é a fruta de maior produção no país. Conforme evidenciam dados da tabela 6, as exportações brasileiras de

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

15

suco concentrado de laranja obtiveram um aumento percentual equivalente a 19,43% no período mencionado.

Tabela 6 - Exportações brasileiras de suco concentrado de laranja, safras 2000/01 a 2005/06 (em mil ton.)

SAFRA UNIAO EUROPÉIA

NAFTA ÁSIA MERCOSUL OUTROS TOTAL

2000/01 791,2 208,2 92,0 4,0 28,1 1.123,5 2001/02 762,4 131,1 124,5 2,0 49,3 1.069,3 2002/03 867,2 231,3 126,2 0,7 59,5 1.284,9 2003/04 969,3 165,8 148,3 2,8 64,1 1.350,3 2004/05 978,9 212,7 148,8 1,9 68,9 1.411,2 2005/06 872,8 174,1 172,3 1,1 121,5 1.341,8 Fonte: Abecitrus, julho/2006. Disponível em www.todafruta.com.br acesso em 15/08/2007.

O principal mercado consumidor do suco concentrado de laranja brasileiro é a União Européia, onde seu consumo aumentou da safra 2000/01 para 2004/05 cerca de 23,72%, apesar da redução dos últimos anos em 10,8%. Com o NAFTA a variação foi semelhante, embora suas quantidades consumidas sejam bem menores, a redução no consumo da safra 2004/05 para 2005/06 chegou a 18,15%. Apenas a Ásia aumentou o consumo de sucos concentrados de laranja do Brasil no período citado, sendo em termos percentuais 87,28%. No total, o consumo de suco concentrado de laranjas aumentou cerca de 20% da safra 2000/01 para 2005/06. Em relação ao Mercosul verifica-se tendência vertiginosa de nossas exportações em razão dos acordos bilaterais entre os países.

No Paraná existem apenas três importantes indústrias processadoras de suco, a

Citri de Paranavaí, a Corol de Rolândia e a Paraná Citrus, da Cooperativa dos Cafeicultores de Maringá (Cocamar) localizada em Paranavaí. Conforme matéria da Gazeta Mercantil do dia 29/08/2007, “Pelo porto paranaense é embarcada a produção das indústrias Corol, Cocamar e Citri; o volume é estimado em 720 contêineres este ano”. Também nesta matéria é destacado que a “previsão da Corol para esta safra é de colher 2,2 milhões de caixas numa área plantada que supera 4,3 mil hectares, onde mais de 200 citricultores de 45 municípios do norte do Paraná estão envolvidos nesta produção”, neste sentido, verifica-se que está havendo oportunidade para o pequeno produtor dentro do estado, onde a produção de frutas está se tornando cada vez mais uma opção lucrativa para o mesmo, principalmente para aqueles que aderirem as exigências de qualidade.

Na mesma matéria da Gazeta Mercantil é ressaltado que “segundo a Abecitrus,

como os Estados Unidos atualmente se dedica a abastecer seu mercado interno, o Brasil se transformou no maior exportador mundial de suco de laranja, atendendo hoje cerca de 50% da demanda e 75% das transações internacionais” (GAZETA MERCANTIL, 29/08/2007). Portanto, a demanda existente esta sendo atendida parcialmente pelo Brasil, onde o foco está sendo voltado para o mercado internacional, fazendo com que além de ajudar internamente os produtores, com relação a preço, incentivo a produção e produtividade.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

16

Em relação aos países do Mercosul, o volume exportado e também importado, nos últimos dez anos apresentou uma pequena queda, conforme mostram os dados da tabela 7.

A Argentina é o principal país pertencente ao Mercosul de volume comercializado com o Brasil, conforme analisamos na tabela 7. No ano de 1996, o volume importado de frutas da Argentina foi de cerca de 2,75% maior que o exportado pra ela. No ano 2000 esse quadro se modifica, pois houve um aumento de 23,32% no montante de exportação, e uma redução de 7,95% nas importações, fazendo com que o volume importado da Argentina caísse para 2,05% sobre o exportado para a mesma. Já em 2005, houve queda tanto no valor exportado, quanto no valor importado da Argentina, sendo que o montante importado ainda foi de 1,88% maior que o exportado.

No geral o montante exportado para o Mercosul estendido nos últimos dez anos

obteve aumento de cerca de 3,73%, no entanto, o volume importado houve redução e desta vez em torno de 37,68%. Embora os números evidenciem que houve uma diminuição no montante importado do ano de 1996 para 2005, fica claro o déficit do Brasil com relação as importações/exportações para os países do Mercosul, uma vez que em todos os períodos citados o montante de importações foram superiores aos de exportações. Com isso cabe ressaltar que existe uma demanda grande de frutas internamente no Brasil, mas que essa demanda não é suprida somente com a produção interna, sendo necessária a importação de frutas.

Tabela 7 - Exportações e importações para o MERCOSUL e seus países membros e totais de exportação e importação no Brasil (US$ milhões)

Bloco/País 1996 2000 2005 Exp Imp Exp Imp Exp Imp

Mercosul 1.515 3.535 1.585 2.927 1.297 2.203 Argentina 879 2.416 1.084 2.224 880 1.651 Paraguai 365 521 266 336 179 284 Uruguai 270 597 235 368 239 268 Mercosul estendido 1.823 3.845 1.992 3.139 1.891 2.449 Bolívia 123 55 113 7 123 11 Chile 185 255 295 205 471 235 Totais de Exp e Imp Frutas, cascas de cítricos e melões

296 379 369 189 677 219

Fonte: Secex/MDIC

Diversas são as causas que explicam esse fraco desempenho das exportações brasileiras de frutas dentre elas destacam-se: os altos requisitos de qualidade; restrições fitossanitárias; barreiras protecionistas; assimetria de informações; falta de coordenação dos produtores; pouco incentivo em divulgação e em pesquisa e a falta de apoio do Governo. Todos esses obstáculos vêm tornando extremamente seletivo o acesso de novos exportadores brasileiros aos mercados internacionais, principalmente a União Européia. Os

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

17

principais países consumidores das frutas brasileiras são: Países Baixos, Espanha, Canadá, Reino Unido, Alemanha, Portugal, Arábia Saudita, Indonésia, Estados Unidos e Noruega.

Diante das novas exigências do mercado consumidor tanto nacional quanto internacional, onde os produtos de qualidade, saudáveis, e que não coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente, estão à frente de sua demanda, fez com que os mercados adotassem programas de qualidade das frutas, englobando todo o processo de produção. Uma das exigências dos mercados internacionais é a utilização de selos de certificação que comprovem a qualidade e higiene das frutas frescas importadas.

Consciente disso e do enorme potencial do país na área de fruticultura, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o sistema de produção denominado Produção Integrada de Frutas (PIF). Este programa prevê o emprego de “normas de sustentabilidade ambiental, de segurança alimentar, de viabilidade econômica, mediante o uso de tecnologias que não agridam ao meio ambiente e ao homem”. A importância desse sistema é que ele “possibilita o rastreamento da produção e concede ao agricultor, após vistoria, um selo de certificação ambiental e, ao mesmo tempo, ao exportador a garantia de qualidade das frutas”. Isso resultará no uso racional de produtos químicos e, portanto, na adequação às normas internacionais. Assim, as frutas cultivadas no sistema de produção integrada vão para o mercado com um selo de conformidade, atestando a sua qualidade e sanidade (CINTRA, VITTI, BOTEON, 2003, pg. 02).

Os programas de incentivo ao PIF enfatizam que para poder ampliar sua

participação no mercado externo, o produtor deve aderir ao PIF, pois adequando sua propriedade a este programa consequentemente haverá um aumento na produtividade e na qualidade de seus frutos, e redução na utilização de fertilizantes, ações corretivas do solo, controle de pragas e doenças, etc. Além de que possuindo este selo de certificação como garantia de qualidade e adequação aos padrões exigidos no mercado, fica mais fácil sua exportação sem a necessidade de aderir aos programas de certificação internacionais.

“A Produção Integrada vem sendo regulamentada desde 1999 com o suporte de

órgãos públicos (Embrapa) e associações específicas de cada região do país que assistem aos produtores”. Desde que foi implantado, este programa permitiu uma redução de 63% no uso de agrotóxicos nos pomares de manga; de 50% no mamão; de 32% na uva; e de 30% na maçã (CINTRA, VITTI, BOTEON, 2003, pg. 02).

Com essas melhorias na produção e na qualidade das frutas, o país tende a

produzir e exportar mais, gerando assim novos empregos e oportunidades de produção ao agricultor que pretende investir nesta área6.

Entre os selos de certificação internacionais Cintra, Vitti e Boteon (2004),

destacam o adotado nos Estados Unidos por serem um dos maiores importadores das frutas frescas brasileiras. O principal requisito exigido por eles para a licença de importação do

6 Segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil possuía em 2006 cerca de 2,3 milhões de hectares plantados de frutas, onde apenas 40 mil hectares já haviam aderido ao Programa Integrado de Frutas (PIF), sendo que o mesmo teve inicio no Brasil no final da década de 90

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

18

USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no pré-embarque é o selo do APHIS (Serviço de Inspeção Sanitária de Animais e Vegetais) que nada mais é do que “um certificado que engloba regulamentos sanitários, fitossanitários e de saúde animal, apresentando para cada fruta e vegetal algumas normas específicas”. Em seguida vem a União Européia como principal consumidor das frutas brasileiras, onde até 2003 as barreiras técnicas impostas pelo bloco econômico na importação de frutas foram pouco rigorosas, exigindo apenas o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), sendo que a partir de 2003 visando um maior controle de qualidade dos alimentos consumidos, passaram a exigir o selo EurepGap, onde o mesmo visa atender os padrões das chamadas “boas práticas agrícolas”.

Além deste, existem outros selos que certificam as Boas Praticas Agrícolas,

dentre eles podemos destacar o ISO 14001, que é uma norma internacional e segue os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), onde “considera todos os aspectos ambientais da atividade produtiva, visando diminuir o impacto ambiental”. Do mesmo modo está o SA. 8000, também uma norma internacional e define o que é Sistema de Gestão Social. (CINTRA, VITTI, BOTEON, 2004 pg 5).

Existe também o HACCP (Hazard Analylisis and Critical Control Points –

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle), que é exigido pela União Européia, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Japão, e “é aplicado para a produção de alimentos, indústrias processadoras ou qualquer dependência que manipule alimentos”. Esse certificado “auxilia na prevenção da contaminação dos alimentos garantindo um alimento saudável contra perigos biológicos, físicos ou químicos identificando as medidas preventivas necessárias e pontos críticos de controle” (CINTRA, VITTI, BOTEON, 2004 pg 5).

Outro aspecto que pode interferir de modo positivo na ampliação do mercado

de frutas, tanto do mercado doméstico quanto em relação ao mercado externo, é a tendência que se verifica nas últimas de mudanças nos hábitos alimentares da população em geral. As perspectivas são devido a uma série de fatores, principalmente relacionadas à saúde humana e que contribuem para um maior consumo de alimentos naturais, saudáveis e não prejudiciais à saúde. A tabela 8 evidencia esse crescimento do consumo de frutas nas principais regiões metropolitanas do país e capitais.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

19

Tabela 8 – Consumo domiciliar per capita de frutas (quilogramas)

Ano 1987 1996 Região

Metropolitana Tropicais Temperadas Tropicais Temperadas

Belém 26,411 1,020 28,767 2,647 Belo Horizonte 34,053 2,256 44,923 7,696

Curitiba 30,694 4,697 37,953 7,686 Fortaleza 42,580 1,095 31,415 2,883

Porto Alegre 28,050 3,447 31,386 9,043 Recife 47,195 1,196 30,266 3,799

Rio de Janeiro 39,300 4,830 25,771 5,465 Salvador 49,594 1,720 32,215 3,330 São Paulo 53,975 5,693 36,098 8,483 Capitais

Brasília - DF 41,819 3,050 45,089 8,707 Goiânia - GO 39,582 2,302 36,331 6,869

Média 39,387 2,846 34,565 6,055 Fonte: POF (Pesquisas de Orçamentos Familiares) – FIBGE, 1995-1996.

Verifica-se, pelos dados da tabela 8, que o consumo per capita de frutas de clima temperado (maçã, uva, ameixa, pêssego, pêra, nectarina, morango, kiwi e caqui) nas regiões metropolitanas e nas capitais citadas, teve aumento significativo em todas as regiões no período de nove anos, com destaque para a região de Belo Horizonte que teve um aumento em termos percentuais de 241,13 %. Em seguida vem a região metropolitana de Recife, com 217,64 % de aumento no consumo. Por sua vez, o consumo per capita de frutas de clima tropical (mamão, banana, coco, abacaxi, goiaba, maracujá, manga e acerola) obteve aumento significativo apenas nas regiões de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Belém e Brasília com 31,92%, 23,65%, 11,89%, 8,92% e 7,82% respectivamente. As demais regiões obtiveram queda no consumo per capita no período citado.

Em relação às frutas comercializadas no estado do Paraná observa-se a partir dos dados contidos na tabela 9, que a sua grande maioria provêm do estado de São Paulo, notadamente para as frutas: abacate, abacaxi, figo, goiaba, laranja, limão, mamão, manga, melancia, melão, e uva. Por sua vez, a comercialização de caqui, kiwi, maracujá, morango, pêra e tangerina tem maior porcentagem de origem no estado do Paraná, sendo que as demais frutas comercializadas são originadas em outros estados.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

20

Tabela 9 – Origem das frutas comercializadas no Ceasa/PR em 2005.

Frutas/Estados São Paulo Paraná Santa Catarina

Rio G. Sul Outros Total

Abacate 58,32 32,97 - - 8,71 100 Abacaxi 43,15 5,37 - - 51,48 100 Ameixa - 36,91 40,88 16,04 6,16 100 Banana 7,57 24,86 67,01 - 0,56 100 Caqui 3,07 41,89 14,75 40,13 0,15 100 Figo 94,63 3,31 - - 2,06 100 Goiaba 77,42 22,29 0,28 - 0,01 100 Kiwi 8,21 51,25 29,83 8,33 2,38 100 Laranja 65,95 32,52 0,40 - 1,13 100 Limão 80,72 19,13 - - 0,15 100 Maça 1,14 13,96 62,79 21,87 0,24 100 Mamão 11,66 - - - 88,34 100 Manga 45,22 6,98 - - 47,81 100 Maracujá 36,31 54,47 - - 9,22 100 Melancia 39,73 16,16 4,67 21,44 18 100 Melão 21,75 - - - 78,25 100 Morango 2,55 57,13 - 2,64 37,67 100 Pêra 4,83 70,69 23,24 - 1,24 100 Pêssego 4,31 32,92 49,19 13,45 0,13 100 Tangerina 21,97 77,08 - 0,52 0,42 100 Uva 42,07 41,47 3,76 11,26 1,43 100 Fonte: Ceasa / PR, 2005. Elaboração própria.

Assim, pode-se afirmar que existe um grande potencial de desenvolvimento da fruticultura no estado e de novos investimentos no setor produtivo de frutas. Estes dados são importantes porque o setor produtor de frutas normalmente é intensivo em mão-de-obra e grande parte do setor utiliza-se de uma estrutura produtiva baseada nas pequenas e médias propriedades, portanto, contribuindo de modo significativo para a retenção do homem no campo e elevação da renda per capta em áreas deprimidas do estado e com potencial para o desenvolvimento da fruticultura. Porém, um dos desafios a ser enfrentado é quanto às restrições postas pelo mercado quanto à certificação.

3.2 A produção de frutas no Paraná

As principais frutas produzidas no Paraná são: Laranja, Tangerina, Banana, Uva e Melancia. A Figura 1 mostra a distribuição do estado por regiões geográficas e a tabela 10 mostra as principais regiões produtoras do estado, por principais produtos. Observa-se que em 2005 a maior parte da produção de Laranjas está situada na região Noroeste paranaense, com uma produção de 173.551 toneladas. Nesta produção destacam-se os municípios de Paranavaí, Alto Paraná, Guairaçá e Cianorte. Em seguida, vem a produção do Norte Central com 132.465 toneladas produzidas, com destaque para os municípios de Londrina,

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

21

Astorga, Rolândia, Floraí e Nova Esperança concentrando maior parte da produção desta região. (Tabela 10)

Na produção de tangerinas, segunda maior produção do Estado, tem destaque a região Metropolitana de Curitiba, com 245.180 toneladas produzidas, o que correspondeu a 92,6% do total estadual. Destas, as cidades de Cerro Azul, Doutor Ulysses, Curitiba e Rio Branco do Sul são as mais importantes.

Figura 01 – Estado do Paraná: mesorregiões geográficas. Fonte: IBGE, 2004 apud IPARDES, 2006.

A banana, com 229.493 toneladas produzidas em 2005, se destaca como a terceira mais importante do estado. Nesta produção também tem destaque a região Metropolitana de Curitiba, com uma produção de 137.394 toneladas. Destacam-se, os municípios de Paranaguá, Guaratuba, Antonina e Morretes, pois possuem clima muito favorável a Bananicultura.

Na seqüência vem a produção de Uva, com uma produção de 99.253 toneladas, sendo que a maior parte da produção ficou por conta do Norte Central, tendo como principais municípios produtores Maringá, Marialva e Mandaguari.

Por sua vez, a Melancia com uma produção de 79.212 toneladas tem com principal região produtora a do Sudoeste, sendo que Francisco Beltrão, Capanema e Barracão se destacam como os municípios de maior importância.

As principais regiões produtoras de frutas no estado são: Metropolitana de Curitiba, com 39,07% do total produzido, Norte Central com 20% da produção e Noroeste do estado com 18,67% do total produzido.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

22

A região Metropolitana de Curitiba se destaca na produção de bananas e tangerina e isto se deve fortemente à boa adaptação destas culturas no litoral paranaense.

O Norte Central, segunda maior região, se destaca na produção de uvas e na produção de laranjas, principal fruta produzida no estado. Isto se deve a boa localização da região, a fácil adaptação ao clima e as maiores indústrias de sucos de frutas, principalmente citros, estarem localizadas nesta região.

O Noroeste destaca-se na produção de laranjas, nesta se encontra uma das maiores indústrias de sucos, localizada em Paranavaí, a boa adaptação desse citros nesta região é devido a seu clima e solo, também há poucas incidências de pragas, como cancro cítrico, que é uma das principais doenças da citricultura, com grande incidência em vários municípios e por isso com baixa produtividade.

Tabela 10 – Quantidade produzida das principais frutas* no Paraná e suas regiões em 2005.

Regiões Quantidade Produzida (t) % Noroeste 195.707 18,67

Centro Ocidental 8.544 0,82 Norte Central 209.631 20,00 Norte Pioneiro 108.980 10,40

Centro Oriental 7.695 0,73 Oeste 22.808 2,18

Sudoeste 63.311 6,04 Centro Sul 6.922 0,66

Sudeste 14.896 1,42 Metrop Ctba 409.481 39,07

Paraná 1.047.975 100 Fonte: IBGE. Produção Agrícola Municipal 2005, disponível em: http://www.ibge.gov.br

* As principais frutas consideradas na tabela são: Laranja, Tangerina, Banana, Uva e Melancia.

Apesar de bom desempenho da fruticultura estadual sua produção ainda é pequena se comparada com a produção de grãos, pois o Paraná é um dos maiores estados produtores de grãos do país e na fruticultura encontra-se na décima posição. Vale ressaltar, no entanto, que a possibilidade de aumento desta produção é muito grande, pois o Paraná possui uma diversidade de solo e clima que permite o cultivo de varias espécies de frutíferas, além de grande parte do território do estado ser agricultável (PAULA 2003:31).

Segundo PAULA (2003), existe a necessidade de infra-estrutura adequada para a fruticultura, como adequação de rodovias, aeroportos e portos, mão de obra qualificada e por ainda perder muito da colheita até o consumo, devido ao tipo de colheita que é feita, tipo de embalagem, transporte, armazenamento, exposição no ponto de venda e até na industrialização, estes problemas elevam o custo do produto paranaense que perde a competitividade em relação às frutas dos outros estados. Neste sentido seriam necessários

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

23

maiores investimentos em estudos e pesquisas para adequar melhor os aspectos mencionados, diminuir custos e perdas, para aumentar ainda mais a produtividade deste setor no estado.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho mostra que a modernização da agricultura promoveu um

processo de substituição de culturas, notadamente da cafeicultura e daquelas culturas típicas de mercado interno como o arroz, o feijão e a mandioca. Esperava-se que esse processo também afetaria de alguma a fruticultura, uma vez que grande parte desta cultura era consorciada ao café. Porém, os dados analisados neste estudo mostram que a fruticultura não teve grandes problemas relacionados a este processo, haja vista que tanto a área colhida, a quantidade produzida e o valor da produção aumentaram significativamente após este processo de substituição de culturas impostos pela modernização.

Estudos como os de Paula (2003) e Souza (2000) mostram que a fruticultura no

Paraná se dá em grande parte em pequenas propriedades, normalmente com agricultura familiar, isso devido ao fato de a fruticultura demandar menor custo de produção, facilitando aos pequenos produtores obterem maiores rendimentos com este tipo de cultura, e muitas vezes cultivando em áreas não cultiváveis com grãos.

Constatou-se que há um grande potencial para a produção de frutas no Paraná e

colabora com isso o fato de o Brasil ser o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com grandes possibilidades de expansão para outros mercados e, também, pelas condições internas ao estado, notadamente de seu clima, número relativamente grande de pequenos agricultores com produção voltada ao mercado interno, e principalmente crescimento da demanda interna por frutas e que são atendidas por produção de outros estados.

Embora haja um grande potencial para a fruticultura é necessário investimentos

na infra-estrutura econômica, com vistas a melhor escoar e armazenar a produção, bem como em treinamento aos produtores para se adequarem às exigências do mercado, como a adoção de selos de qualidade, principalmente ao PIF (selo nacional e que procura garantir a segurança alimentar e uso de tecnologias não agressivas ao meio ambiente e ao homem).

Embora a adesão aos selos de qualidade seja importante para a expansão da

produção para novos mercados, é valido ressaltar que existe um custo relativamente alto para essa adesão, o que de certa forma está inviabilizando o pequeno agricultor familiar. A solução para o pequeno produtor neste caso seria a criação de cooperativas para obtenção do selo, ou ir para a via de mais fácil operacionalização que é optar em atender ao mercado interno, sem o objetivo de exportar, pois existe uma demanda interna que ainda não está sendo suprida com a produção regional.

Finalmente acredita-se que, apesar das barreiras e dificuldades a serem

superadas, seja possível mudar o atual cenário da fruticultura paranaense, de pequena

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

24

produção e reduzida capacidade de inserção internacional, desde que ocorram pequenas mudanças no tipo de produção, comercialização e a adesão a selos de qualidade, e com isso torná-la ótima opção para investimento, principalmente nos pequenos municípios, ou nas pequenas áreas denominadas áreas deprimidas do estado onde é praticamente inviável a produção de grãos. 5 REFERÊNCIAS - ANDRADE, P. F. de S.; SEAB/DERAL: Secretaria da Agricultura e Abastecimento/Departamento de Economia Rural; Fruticultura. Curitiba, 10 de março de 2007. Disponível em www.seab.pr.gov.br. Acesso em 22/08/2007. - ANDRADE, P. F. de S.; SEAB/DERAL: Secretaria da Agricultura e Abastecimento/Departamento de Economia Rural; Fruticultura. Curitiba, 25 de maio de 2007. Disponível em www.seab.pr.gov.br. Acesso em 22/08/2007. - ANDRADE, P. F. de S.; SEAB/DERAL: Secretaria da Agricultura e Abastecimento/Departamento de Economia Rural; Fruticultura no Paraná. Curitiba, junho de 2003. Disponível em www.seab.pr.gov.br. Acesso em 14/08/2007. - BECKER, M. B. C.; Agroindústria e Desenvolvimento. Porto Alegre, Dezembro de 1989. - BIANCHINI, V .; Produção de Frutas é mais Rentável que Grãos na Pequena Propriedade. Agencia Estadual de Noticias, 19/09/2007. - Boletim de Geografia - Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Geografia. Ano 18 – número 1 – 2000. - Boletim de Geografia - Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Geografia. Ano 19 – número 1 – 2001. - CARAMORI, P. H.; GONÇALVES, S. L.; WREGE, M. S .; Zoneamento Agrícola do Estado do Paraná. Londrina, 1999. Disponível em www.pr.gov.br/iapar - CARVALHO, M. S . de.; Geografia, Meio-Ambiente e Desenvolvimento. Programa de Mestrado em Geografia, Meio-Ambiente e Desenvolvimento, da Universidade Estadual de Londrina. 2003. - CINTRA, R. F.; VITTI, A.; BOTEON, M .; Análise dos Impactos da Certificação das Frutas Brasileiras Para o Mercado Externo. Disponível em www.cepea.esalq.usp.br. Acesso em 21/08/2007. - FLEISCHFRESSER, V.; Modernização Tecnológica da Agricultura: Contrastes regionais e diferenciação social no Paraná da década de 70. Curitiba, 1988. - IAPAR , Instituto Agronômico do Paraná; www.iapar.br. Acesso em 15/07/2007. - IBGE : Censo agropecuário do Paraná. 1995-1996. Disponível em www.ibge.gov.br. Acesso em 12/03/2007. - LACERDA, M. A. D. de, LACERDA, R. D. de, ASSIS, P. C. de O.A Participação da Fruticultura no Agronegócio Brasileiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra, V. 4, N 1, 1º Semestre 2004. - MAPA , Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em www.agricultura.gov.br. Acesso em 12/08/2007. - MERCANTIL,Gazeta ; (Brasil – Br) 29/08/2007. Cresce embarque de suco por Paranaguá. Disponível também em: www.gazetamercantil.com.br

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

25

- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior – MDIC, Secretaria de Tecnologia Industrial – STI, Confederação Nacional da Indústria – CNI, Instituto Euvaldo Lodi – IEL. O Futuro da Indústria, Oportunidades e Desafios, a Reflexão da Universidade. Brasília, 2001. - OLIVEIRA Jr, M. E.; MANICA, I .; Principais Países Produtores de Frutas em 2005. Disponível em www.todafruta.com.br. Acesso em 20/08/2007, e em www.fao.org FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Acesso em 20/08/2007. - PAULA, R. A. de; Perfil da Agropecuária Paranaense: Frutas. Departamento de Economia Rural (DERAL), Curitiba, novembro de 2003. - PEREIRA, L. B .; O Estado e as Transformações Recentes da Agricultura Paranaense. Recife, 1987. - SEAB/DERAL : Secretaria da Agricultura e Abastecimento/Departamento de Economia Rural; Perfil da Agropecuária Paranaense. Curitiba, novembro de 2003. Disponível em www.seab.pr.gov.br. Acesso em 26/08/2007. - SOUZA, M. de; Atividades não-agrícolas e Desenvolvimento Rural no Estado do Paraná. Tese de Doutorado Universidade Estadual de Campinas, 2000. - TRINTIN, J. G .; A Economia Paranaense: 1985-1998. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Maio de 2001.