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Mackenzie 9 comum.“O deficiente deve se envolver com as crianças comuns. Isso faz parte do aprendizado para enfrentar a vida”, salienta a funcionária mackenzista. Nesse aprendizado pode-se superar a curiosidade entre os outros alunos em saber como vive um cego, questionar seu modo de ser, até rir da situação.“É um outro mundo, em que você tem que desenvolver a percepção de dis- tância, espaço, localidade.Aprende-se a conhecer o espaço por pedaços, indo até lá, tocando, memorizando. Se eu não for, não vejo”, explica. O mundo de sombras é diferente do de luz que conhecemos. Formatos, cores, símbolos passam a ter outro sig- nificado para o deficiente visual.“É im- portante ressaltar que, para quem en- xerga, o quadrado, o retângulo ou o re- dondo são diferentes do que para quem não vê. A seqüência mental é diferente no momento de assimilar isso no espaço”, diz Roseli. E prossegue: “Quando estou tateando um rio no mapa, tenho uma definição padroniza- da, mas não consigo visualizar o molha- do”. Da mesma forma, muda o enfoque na hora de definir cores.“Não consigo imaginar o que é o branco, o vermelho, o amarelo. Vermelho sei que é cor quente. E que o azul é frio. Mas a de- finição não é visual,é tátil.” A tarefa de se superar Grande parte das limitações que os portadores de deficiências visuais enfrentam podem ser virtualmente eliminadas por meio de dois elemen- tos – a educação adaptada à sua reali- dade e o uso da tecnologia para dimi- nuir barreiras. Foi o caminho percor- rido por Roseli. Além do sistema braile, cursos e workshops comple- mentaram seu aprendizado. “Aos 18 anos, fiz o curso de Orientação e Mo- bilidade, quando aprendi a me loco- mover sozinha num espaço”, conta. O segredo é assimilar percursos, lembrar detalhes, fazer o roteiro mental. A prática dá a ela autonomia sufi- ciente para, sozinha, ir ao trabalho e retornar para casa no fim do dia, con- tando com a ajuda de alguém que es- tiver do seu lado para lhe dizer quan- do o ônibus chega, ou auxiliando-a na travessia das ruas. Detalhe: Roseli mora em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, vem de ônibus até a Rua Caio Prado, no centro da cidade, e faz o per- curso a pé até o Mackenzie.Tudo sem levar em conta que tanto as ruas quan- to as calçadas da cidade não são ade- quadas nem mesmo para o cidadão ou cidadã que não sofrem qualquer tipo de restrição física ou mental. A autonomia da simpática e disposta funcionária já cruzou fronteiras. Pois foi Roseli quem representou a mulher cega brasileira no Congresso Mundial realiza- do no Canadá, por escolha feita no Congresso Nacional para Deficientes Visuais, patrocinado pela Fundação Do- rina Nowill para Cegos.“Foi a primeira vez que saí do país”, conta com alegria. “Claro que tive total apoio de toda a família”, reconhece. “Foi sensacional, para o meu aprendizado, entrar em con- tato com pessoas de outros países!”, exulta. “Com certeza, tive um pouco mais de dificuldade por ter que me comunicar em um idioma diferente do nosso. As explicações me eram dadas em inglês, por profissionais acostuma- dos a passar informações rapidamente, sem muitos detalhes.A assimilação tinha que ser rápida,imediata,e exigia de mim o máximo de atenção.”Sua sorte foi ter sido aluna e depois professora do Fisk. Formou-se ali em 1995 e, em seguida, deu aulas nos cursos Básico e Inter- mediário.Nas aulas ela digitava do braile e, a seguir, imprimia as lições. A vida no Mackenzie Terminado o colégio, Roseli fez Fa- culdade de Letras e de Tradução no Mackenzie, de 1991 a 1994.“Em 1995, fui convidada a trabalhar aqui. Primeiro na Secretaria Geral e, em seguida, no RH, onde estou até hoje.”A equipe de treinamento do setor dá curso de Re- lações Humanas para todos os funcio- nários, incluindo o autoconhecimento das pessoas. Do curso, faz parte Des- vendando Mitos, montado e ministrado pela própria Roseli. “Com o incentivo das leis que obrigam empresas a empre- gar deficientes, o esclarecimento torna- se importante e ajuda a integrar funcio- nários”, explica.Além disso, ela trabalha no vestibular, revisando provas. Quando deficientes prestam vestibular no Mac- kenzie, um funcionário não-deficiente, especializado em braile datilografa as provas e ela revisa tudo. Finalmente, no Personagem Roseli, a guerreira Mackenzie 8 P ara Roseli Behaker Garcia, por- tadora de deficiência visual, a realidade da vida poderia ser talvez insuportável, se ela não fosse muito especial. Todos os que a cer- cam, admiram o contagiante bom hu- mor, a força de vontade inquebrantá- vel e a atenção que dá aos que a cer- cam. O segredo? Ela mesma revela um pouquinho dele quando diz, sorrindo: “A família me proporcionou condi- ções de encarar a vida de forma posi- tiva, apesar da cegueira”. É preciso retroceder no tempo para melhor entender os fatos que acabaram gerando esse simpático perfil. Foi há 28 anos que nasceram as gêmeas idênticas Roseli e Rosana.Como eram prematuras e precisavam de cuidados especiais, as duas pequeninas criaturas foram postas na incubadora. Os olhinhos de Roseli não foram protegidos adequadamente, suas retinas sofreram forte incidência de calor e se queimaram. Roseli não revela nenhuma amargura quando conta como ficou cega. Era um problema que ninguém es- tava preparado para encarar e foi pre- ciso buscar forças para superar os obstáculos que adviriam. A família enfrentou com extraordinária capaci- dade o drama de ter uma criança víti- ma de um erro tão grosseiro, tendo, ao mesmo tempo que prepará-la para a vida.“Além de duas tias,que trabalham com portadores de deficiências, nin- guém da minha família estava prepa- rado para isso”, explica Roseli. Matriculada aos 6 anos no Instituto Padre Chico, uma escola especial para portadores de deficiências visuais, no bairro do Ipiranga, em São Paulo – ela foi alfabetizada pelo método braile. Após dois anos, já no 3 o ano – agora com 9 de idade – foi para uma sala O Brasil tem, hoje, em torno de 150.000 portadores de deficiências visuais. Os obstáculos aparentemente insuperáveis que cercam tais pessoas não impedem que muitas consigam se integrar à sociedade. A auxiliar de RH do Mackenzie, na opinião de Hothir Marques Ferreira, assistente do diretor de Recursos Humanos, “é um exemplo para a gente”. Seu chefe direto, o gerente Antonio Fernando Cardoso, acrescenta: “Ela não apresenta apenas habilidades especiais – é uma criatura humana extraordinária!” O computador com sintetizador de voz facilita o trabalho da funcionária. Uma constante – o rosto sorridente mostra a Roseli que está sempre de bom humor.

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Mackenzie 9

comum.“O deficiente deve se envolvercom as crianças comuns. Isso faz partedo aprendizado para enfrentar a vida”,salienta a funcionária mackenzista.Nesse aprendizado pode-se superar acuriosidade entre os outros alunos emsaber como vive um cego, questionarseu modo de ser, até rir da situação.“Éum outro mundo, em que você temque desenvolver a percepção de dis-tância, espaço, localidade.Aprende-se aconhecer o espaço por pedaços, indoaté lá, tocando, memorizando. Se eunão for, não vejo”, explica.

O mundo de sombras é diferentedo de luz que conhecemos. Formatos,cores, símbolos passam a ter outro sig-nificado para o deficiente visual.“É im-portante ressaltar que, para quem en-xerga, o quadrado, o retângulo ou o re-dondo são diferentes do que paraquem não vê. A seqüência mental édiferente no momento de assimilar issono espaço”, diz Roseli. E prossegue:“Quando estou tateando um rio nomapa, tenho uma definição padroniza-da,mas não consigo visualizar o molha-do”.Da mesma forma,muda o enfoquena hora de definir cores.“Não consigoimaginar o que é o branco,o vermelho,o amarelo. Vermelho sei que é corquente. E que o azul é frio. Mas a de-finição não é visual, é tátil.”

A tarefa de se superar

Grande parte das limitações queos portadores de deficiências visuaisenfrentam podem ser virtualmenteeliminadas por meio de dois elemen-tos – a educação adaptada à sua reali-dade e o uso da tecnologia para dimi-nuir barreiras. Foi o caminho percor-rido por Roseli. Além do sistemabraile, cursos e workshops comple-mentaram seu aprendizado. “Aos 18anos, fiz o curso de Orientação e Mo-

bilidade, quando aprendi a me loco-mover sozinha num espaço”, conta. Osegredo é assimilar percursos, lembrardetalhes, fazer o roteiro mental.

A prática dá a ela autonomia sufi-ciente para, sozinha, ir ao trabalho eretornar para casa no fim do dia, con-tando com a ajuda de alguém que es-tiver do seu lado para lhe dizer quan-do o ônibus chega, ou auxiliando-a natravessia das ruas.Detalhe:Roseli moraem Taboão da Serra, na Grande SãoPaulo, vem de ônibus até a Rua CaioPrado,no centro da cidade,e faz o per-curso a pé até o Mackenzie.Tudo semlevar em conta que tanto as ruas quan-to as calçadas da cidade não são ade-quadas nem mesmo para o cidadão oucidadã que não sofrem qualquer tipode restrição física ou mental.

A autonomia da simpática e dispostafuncionária já cruzou fronteiras.Pois foiRoseli quem representou a mulher cegabrasileira no Congresso Mundial realiza-do no Canadá, por escolha feita noCongresso Nacional para DeficientesVisuais, patrocinado pela Fundação Do-rina Nowill para Cegos.“Foi a primeiravez que saí do país”, conta com alegria.“Claro que tive total apoio de toda afamília”, reconhece. “Foi sensacional,para o meu aprendizado,entrar em con-tato com pessoas de outros países!”,exulta. “Com certeza, tive um poucomais de dificuldade por ter que me

comunicar em um idioma diferente donosso. As explicações me eram dadasem inglês, por profissionais acostuma-dos a passar informações rapidamente,sem muitos detalhes.A assimilação tinhaque ser rápida,imediata,e exigia de mimo máximo de atenção.” Sua sorte foi tersido aluna e depois professora do Fisk.Formou-se ali em 1995 e, em seguida,deu aulas nos cursos Básico e Inter-mediário.Nas aulas ela digitava do brailee, a seguir, imprimia as lições.

A vida no Mackenzie

Terminado o colégio, Roseli fez Fa-culdade de Letras e de Tradução noMackenzie, de 1991 a 1994.“Em 1995,fui convidada a trabalhar aqui. Primeirona Secretaria Geral e, em seguida, noRH, onde estou até hoje.” A equipe detreinamento do setor dá curso de Re-lações Humanas para todos os funcio-nários, incluindo o autoconhecimentodas pessoas. Do curso, faz parte Des-vendando Mitos, montado e ministradopela própria Roseli. “Com o incentivodas leis que obrigam empresas a empre-gar deficientes, o esclarecimento torna-se importante e ajuda a integrar funcio-nários”, explica.Além disso, ela trabalhano vestibular, revisando provas.Quandodeficientes prestam vestibular no Mac-kenzie, um funcionário não-deficiente,especializado em braile datilografa asprovas e ela revisa tudo. Finalmente, no

P e r s o n a g e m

Roseli, a guerreira

Mackenzie8

Para Roseli Behaker Garcia, por-tadora de deficiência visual, arealidade da vida poderia ser

talvez insuportável, se ela não fossemuito especial. Todos os que a cer-cam, admiram o contagiante bom hu-mor, a força de vontade inquebrantá-vel e a atenção que dá aos que a cer-cam. O segredo? Ela mesma revela umpouquinho dele quando diz, sorrindo:“A família me proporcionou condi-ções de encarar a vida de forma posi-tiva, apesar da cegueira”.

É preciso retroceder no tempo paramelhor entender os fatos que acabaramgerando esse simpático perfil. Foi há 28anos que nasceram as gêmeas idênticasRoseli e Rosana.Como eram prematurase precisavam de cuidados especiais, asduas pequeninas criaturas foram postasna incubadora. Os olhinhos de Roselinão foram protegidos adequadamente,suas retinas sofreram forte incidência decalor e se queimaram. Roseli não revelanenhuma amargura quando contacomo ficou cega.

Era um problema que ninguém es-tava preparado para encarar e foi pre-ciso buscar forças para superar osobstáculos que adviriam. A famíliaenfrentou com extraordinária capaci-dade o drama de ter uma criança víti-ma de um erro tão grosseiro, tendo,aomesmo tempo que prepará-la para avida.“Além de duas tias,que trabalhamcom portadores de deficiências, nin-guém da minha família estava prepa-rado para isso”, explica Roseli.

Matriculada aos 6 anos no InstitutoPadre Chico, uma escola especial paraportadores de deficiências visuais, nobairro do Ipiranga, em São Paulo – elafoi alfabetizada pelo método braile.Após dois anos, já no 3o ano – agoracom 9 de idade – foi para uma sala

O Brasil tem, hoje, em torno de 150.000 portadores de deficiências visuais. Osobstáculos aparentemente insuperáveis

que cercam tais pessoas não impedem quemuitas consigam se integrar à sociedade.

A auxiliar de RH do Mackenzie, na opinião de Hothir Marques Ferreira, assistente do

diretor de Recursos Humanos, “é um exemplopara a gente”. Seu chefe direto, o gerenteAntonio Fernando Cardoso, acrescenta: “Ela não apresenta apenas habilidades

especiais – é uma criatura humanaextraordinária!”

O computador com

sintetizador de voz facilita

o trabalho da funcionária.

Uma constante – o rosto

sorridente mostra a Roseli que

está sempre de bom humor.

Mackenzie 11

Conhecer Roseli e com elaconversar põe interrogações nanossa mente.Como é que elaconsegue combinar as cores dasroupas e dos acessórios que usa?Como convive tão naturalmentecom os colegas de trabalho? O seubom humor é constante? Seuscolegas de trabalho são os indicadospara responder as questões.

Josenice Barreto Matos, analistade RH em cargos e salários, amigaíntima de Roseli conta:“Todas assextas-feiras a Roseli, o EnidoFabiano de Ramos, que trabalhacom a gente, e eu saímos parapassear.Vamos ao shopping ou aalgum barzinho”. E os três juntosjá viveram situações divertidas.“Em uma loja a Roseliexperimentou uma bota de canolongo e ficou desfilando pra lá epra cá, curtindo a textura eperguntando se não estava linda.Acabou comprando”, diz Josenice.

A procura por coisas novasestimula o universo de Roseli,poronde ela passa ou com quemconvive.“No início”,prossegueJosenice,“achávamos que alguém aajudava a se vestir e a combinar aspeças.Descobri que não quando elafoi dormir na minha casa.Além dese virar muito bem, tanto no banhoquanto no vestir,ela conseguecombinar as roupas pelamemorização tátil das peças –sabendo que a textura da roupa quetem nas mãos corresponde ao azul,e a da outra peça que pega a seguir,ao branco.E assim por diante.”

A auto-suficiência também aajuda na hora de explicar aosdemais o que é melhor para ela.Roseli diz que é essencial que apessoa se identifique quandoentra em um ambiente em queela esteja ou, pelo menos, que

alguém a esclareça sobre o novopersonagem no ambiente. Ela precisasaber quem entrou ou saiu. Paraacompanhar alguém, pede parasegurar no braço da pessoa e deixarque ela própria siga seus passos e omovimento do corpo. Se subir umaescada, automaticamenteacompanhará. Se descer, também.“Oque ela não gosta é que alguém fiquedizendo ‘agora tem um degrau’,‘estamos chegando a uma porta’ eassim por diante”, ressalta a amiga.Brincadeiras acontecem, porque oscolegas de trabalho sabem comquem estão lidando. E que, narealidade, Roseli, é uma incrívelgozadora. Querendo brincar com ela,às vezes Enido finge que sobe oudesce um degrau, para que Roseliimite.“Ela reclama pelo ‘golpe baixo’do amigo. Mas, na mesma hora, dá amaior gargalhada”, conta Josenice.

O bom humor e o prazer deconviver com os colegas contagia atodos. Hothir Ferreira, assistente dodiretor de Recursos Humanos, fazcoro com os demais.“É admirável aperseverança e o otimismo que aRoseli nos passa. Ela comenta muitasvezes:‘Como está bonito o dia hoje,não acha?’ Ou então nos chama para

ver como suas fotos estão bonitas”,conta Hothir. São comentárioscomuns, feitos a todo momento,mas difíceis de serem ouvidos dealguém que realmente não vê, massente. Para Hothir, exemplomarcante da postura positivaperante a vida Roseli deu quandofoi ao Congresso no Canadá,representando a mulher cegabrasileira. Ela saiu do prédio,juntamente com um grupo dedeficientes visuais. Segundo elaconta, foram em direção aoelevador, onde apertou váriasvezes o botão para chamá-lo... enada! Repetiu o gesto, até quealguém a alertou de que estavadiante de uma máquina derefrigerantes! “Ela conta o episódioe desanda a rir!”, conta Hothir.

A percepção a sons e cheirosajuda Roseli em muitosmomentos. Por exemplo, notrajeto de casa para o trabalho –ela mora em Taboão da Serra evem de ônibus, todos os dias, atéa Rua Caio Prado, seguindo,depois, a pé até o Mackenzie, naRua da Consolação –, graças àpercepção de que é dotada, quelhe permite saber onde está. Peloscheiros e pelos sons Roseli sabeem que rua está o ônibus duranteo trajeto.“Em algum momento,ela deve ter perguntado a alguémque rua era aquela e prestadoatenção em algum barulho oucheiro característico.A partir daí,sempre que passa pelo local, sabeonde está”, explica Hothir.Finaliza:“Essa forma de ver a vida,de se integrar ao convívio daspessoas faz da Roseli uma pessoaespecial. Ela toca violão, falainglês, pratica natação, tudo o que alguém faz para ter umavida comunitária ativa”.

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dia do exame, fica na sala com os porta-dores de deficiência.

Outra atividade que faz parte doseu cotidiano são as palestras dadasem colégios, igrejas ou a quem se in-teresse pelo assunto.A explicação giraem torno de como conviver com defi-cientes, ajudando-os a se adaptar à suarealidade. “É comum as pessoas sen-tirem desconforto e confusão quando

Como conviver

com portador de

deficiência visual

■ Não ignore a deficiência, porqueestará negando algo importanteque a pessoa possui.

■ Aceite a deficiência, mas sem su-perestimá-la ou subestimar as pos-sibilidades da pessoa.

■ Os portadores de deficiências têmo direito de tomar suas decisões,es-colher o que é melhor para si, co-mo qualquer outra pessoa.

■ Os que têm deficiências não se im-portam de responder a perguntassobre sua deficiência, principal-mente para crianças.

■ Não limite a pessoa impedindo-a defazer algo sozinha.

■ Chame-a pelo nome, não usandotermos como ceguinho ou mes-mo cego.

■ Não há necessidade de alterar a lin-guagem. Você pode dizer apenas“Nos vemos amanhã.”

■ O fato de não ver não significa quenão ouça. Fale em tom natural. Ofe-reça sua assistência, mas pergunteantes de agir.

■ Dirija a palavra à pessoa, mesmoque esteja acompanhada.

■ Para guiar a pessoa, deixe que elasegure seu braço. Caso haja degrausou sarjetas, suba ou desça à frenteda pessoa e ela perceberá o movi-mento do seu corpo. Em lugares es-treitos, tome a dianteira e coloque obraço para trás para que ela a siga.

■ Num restaurante, leia o cardápio eos preços para a pessoa.

■ Ao entrar e sair de um recinto, iden-tifique-se em voz alta.

■ Quando quiser ajudá-la a sentar,basta colocar a mão dela no es-paldar da cadeira e deixar que vi-re o corpo.

■ Não deixe portas entreabertas ouobjetos soltos no caminho.

encontram um portador de deficiên-cia. O convívio tende a ser mais natu-ral quando ficamos mais próximos”,salienta Roseli. Uma das palestras foiproferida em 2001, para alunos da 2a

série do Ensino Fundamental do Ins-tituto Presbiteriano Mackenzie. “Foiuma integração muito boa. Conversa-mos, toquei violão, cantamos. As cri-anças perderam o receio de me abor-dar quando me encontram, onde querque eu esteja.”

Os equipamentos eletrônicos sãofatores preponderantes para o sucessoda atividade. No Mackenzie, Roseli temum microcomputador com sintetiza-dor de voz, que permite o registro e areprodução de textos, e máquina dedatilografar, equipamentos de grandevalia para o trabalho.O uso apropriadodessa tecnologia a auxilia a desenvol-ver seu trabalho de forma eficiente.

O combate ao preconceito

Para Roseli,a falta de conhecimentoe o pré-julgamento criam precon-ceitos. Está comprovado que a con-vivência muda a imagem que as pes-soas têm do deficiente. “Adoro convi-ver com as pessoas, trocar idéias.Preocupa-me a discriminação que exis-te por toda parte”,diz.Para ela,o pior éa falta de paciência que as pessoas re-velam. “Tudo tem seu tempo, nãoadianta fazer algo por mim para ganharalguns segundos. Se quero abrir umajanela, preciso do tempo certo parachegar até lá e abri-la”, explica.A expe-riência e a tranqüilidade são frutos doamadurecimento que a vida trouxe.Ro-seli teve o suporte familiar que possi-bilitou chegar onde está. Atualmente,seu círculo de amizades a ajuda a am-pliar tal universo. Ouvir descrições delocais ou de fotos, por exemplo, sãoformas de ela se sentir incluída na con-versa e de fazer parte daquele grupo.“Éficar um pouco na pele da pessoa edesenvolver o convívio que abre osmecanismos de defesa que se criamdiante do desconhecido”,conclui.

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o acesso a deficientes físicos.LLOOCCAAIISS AADDAAPPTTAADDOOSS PPAARRAA

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Entidadesespecializadas

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portador de deficiência visual faça a prova.

Ela tem luz própria!Ela tem luz própria!