pequenas empresas...autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida pequenas...

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Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida Pequenas empresas afastadas do QREN A exigência de autonomia financeira dos projectos “à ca- beça” elimina um elevado nú- mero de pequenas e microem- presas do acesso ao QREN. Segundo António Souza- -Cardoso, “partner” da HOP Consulting, dos projectos que passam por esta consultora, “mais de metade entram por uma porta e saem logo por ou- tra porque não têm autonomia financeira”. Concordando embora com os rácios de autonomia finan- ceira estabelecidos no QREN, situados entre 20% e 25%, António Souza-Cardoso sugere como solução do problema a criação de períodos de carência que permitam aos empresários atingir esses rácios ao longo da execução do projecto, embora sujeitos a regras de controlo. “A legislação está bem feita, mas longe da realidade. A maio- ria das empresas não consegue atingir o rácio de autonomia financeira exigido pelo QREN porque lhes falta capital próprio, seja porque os empresários não entraram com ele na altura da constituição da própria empresa ou porque não o alojaram du- rante o seu desenvolvimento.” António Souza-Cardoso fala também numa falta de cultura empresarial, que vê nos fundos de apoio um meio de financia- mento, em vez de um meio de investimento, impedindo, por sua vez, a criação de capital pró- prio. A atitude individualista dos empresários, sobretudo ao nível das parcerias de capital, impede também o desenvolvimento de engenharias financeiras, como o capital de risco, que poderiam resolver o problema da falta de autonomia financeira. Pág. 19 NOTÁRIOS ENTREGAM QUEIXA À COMISSÃO A Ordem dos Notários apre- sentou quatro denúncias junto da Comissão Europeia contra as “me- didas discriminatórias” do Sim- plex. Considerando que o Estado concede um tratamento preferen- cial aos novos serviços do Simplex, a Ordem fala em tentativa de re- nacionalização de serviços. Pág. 5 PME TÊM LINHA DE CRÉDITO DE 750 MILHÕES A linha de crédito PME Inves- te/QREN – Banco X arrancou esta quarta-feira. As empresas dispõem de 750 milhões de euros para investirem, na forma bonifi- cada e garantida. Neste sistema, 50% de um crédito concedido a uma PME, até ao limite de 1,5 mi- lhões de euros, pode ser garantido por uma SGM. Pág. 47 CRISE GERA AUMENTO DAS AUDIÊNCIAS DA ZON MULTIMÉDIA Pág. 26 ASEFA ALARGA REDE EM PORTUGAL Sem esperar pela prevista obri- gatoriedade de seguros especiali- zados para a construção, a segu- radora espanhola ASEFA decidiu alargar a sua rede de escritórios às principais cidades de Portugal e intensificar as suas parcerias ao nível da mediação profissional. A caução para empreitadas e o se- guro de construção estão entre os produtos mais procurados. Pág. 41 Nº 1257 / 11 Julho de 2008 / Semanal / Portugal Continental 2,20www.vidaeconomica.pt DIRECTOR João Peixoto de Sousa MERCADOS BANCOS TENDEM A REFORÇAR OFERTA DE SEGUROS Pág. 37 A nossa análise BES DIRECCIONA OFERTA PARA AS “EMPRESAS VERDES” Pág. 40 EMPRESAS Embaixador britânico em Portugal afirma REINO UNIDO PROCURA INVESTIMENTO LUSO INOVADOR Pág. 15 EMPRESAS DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO VÃO SER AUDITADAS Pág. 7 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ANÁLISE DE RISCO EM TEMPO REAL É PRIORITÁRIA Pág. 27 9 720972 000037 01257 SUPLEMENTO INDÚSTRIA AUTOMÓVEL ECONOMISTAS DINAMIZAM COOPERAÇÃO GALIZA-NORTE DE PORTUGAL SUPLEMENTO ORDEM DOS ECONOMISTAS AFIA NEGOCEIA COMPONENTES COM RENAULT EM TÂNGER A legislação laboral deveria ser revista no sentido de melhorar a organização do tempo de trabalho, defende Rafael Campos Pereira, director-geral da AIMMAP. A solução passa, não pelos despedimentos ou pela flexi- bilização generalizada, mas por potenciar a mobilida- de funcional. Ao nível da indústria automóvel, “devia pensar-se na prorrogação dos prazos nos contratos a termos”. Pág. IV do Suplemento da Indústria Automóvel “A mobilidade laboral tem que ser potenciada até às últimas consequências”

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Page 1: Pequenas empresas...Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida Pequenas empresas afastadas do QREN A exigência de autonomia financeira dos projectos “à

Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida

Pequenas empresas afastadas do QREN

A exigência de autonomia financeira dos projectos “à ca-beça” elimina um elevado nú-mero de pequenas e microem-presas do acesso ao QREN.

Segundo António Souza- -Cardoso, “partner” da HOP Consulting, dos projectos que passam por esta consultora, “mais de metade entram por uma porta e saem logo por ou-tra porque não têm autonomia financeira”.

Concordando embora com os rácios de autonomia finan-ceira estabelecidos no QREN, situados entre 20% e 25%, António Souza-Cardoso sugere como solução do problema a criação de períodos de carência que permitam aos empresários atingir esses rácios ao longo da execução do projecto, embora sujeitos a regras de controlo.

“A legislação está bem feita, mas longe da realidade. A maio-

ria das empresas não consegue atingir o rácio de autonomia financeira exigido pelo QREN porque lhes falta capital próprio, seja porque os empresários não entraram com ele na altura da constituição da própria empresa ou porque não o alojaram du-rante o seu desenvolvimento.”

António Souza-Cardoso fala também numa falta de cultura empresarial, que vê nos fundos de apoio um meio de financia-mento, em vez de um meio de investimento, impedindo, por sua vez, a criação de capital pró-prio.

A atitude individualista dos empresários, sobretudo ao nível das parcerias de capital, impede também o desenvolvimento de engenharias financeiras, como o capital de risco, que poderiam resolver o problema da falta de autonomia financeira.

Pág. 19

NotáRios ENtREgam QuEixa à Comissão

A Ordem dos Notários apre-sentou quatro denúncias junto da Comissão Europeia contra as “me-didas discriminatórias” do Sim-plex. Considerando que o Estado concede um tratamento preferen-cial aos novos serviços do Simplex, a Ordem fala em tentativa de re-nacionalização de serviços.

Pág. 5

PmE têm liNha dE CRédito dE 750 milhõEs

A linha de crédito PME Inves-te/QREN – Banco X arrancou esta quarta-feira. As empresas dispõem de 750 milhões de euros para investirem, na forma bonifi-cada e garantida. Neste sistema, 50% de um crédito concedido a uma PME, até ao limite de 1,5 mi-lhões de euros, pode ser garantido por uma SGM.

Pág. 47

CRisE gERa aumENto das audiêNCias da ZoN multimédia

Pág. 26

asEFa alaRga REdE Em PoRtugal

Sem esperar pela prevista obri-gatoriedade de seguros especiali-zados para a construção, a segu-radora espanhola ASEFA decidiu alargar a sua rede de escritórios às principais cidades de Portugal e intensificar as suas parcerias ao nível da mediação profissional. A caução para empreitadas e o se-guro de construção estão entre os produtos mais procurados.

Pág. 41

Nº 1257 / 11 Julho de 2008 / Semanal / Portugal Continental 2,20€

www.vidaeconomica.pt

diRECtoRJoão Peixoto de Sousa

mERCados

BaNCos tENdEm a REFoRçaR oFERta dE sEguRos

Pág. 37

A nossa análise

BEs diRECCioNa oFERta PaRa as “EmPREsas vERdEs”

Pág. 40

EmPREsas

Embaixador britânico em Portugal afirma

REiNo uNido PRoCuRa iNvEstimENto luso iNovadoR

Pág. 15

EmPREsas dE sEguRaNça E saúdE No tRaBalho vão sER auditadas

Pág. 7

tECNologias dE iNFoRmação

aNálisE dE RisCo Em tEmPo REal é PRioRitáRia

Pág. 27

9 720972 000037

0 1 2 5 7

suPlEmENto iNdústRia automóvEl

ECoNomistas diNamiZam CooPERação galiZa-NoRtE dE PoRtugal

suPlEmENto oRdEm dos ECoNomistas

aFia NEgoCEia ComPoNENtEs Com RENault Em tÂNgER

A legislação laboral deveria ser revista no sentido de melhorar a organização do tempo de trabalho, defende Rafael Campos Pereira, director-geral da AIMMAP. A solução passa, não pelos despedimentos ou pela flexi-bilização generalizada, mas por potenciar a mobilida-

de funcional. Ao nível da indústria automóvel, “devia pensar-se na prorrogação dos prazos nos contratos a termos”.

Pág. iv do suplemento da indústria automóvel

“A mobilidade laboral tem que ser potenciada até às últimas consequências”

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EMPRESAS CITADAS

Deloitte ............................. 03

Iberia ................................ 10

British Airways ................... 10

American Airlines ............... 10

Delta Airlines ..................... 10

Air France-KLM .................. 10

Critical Software ................. 15

Alert .................................. 15

CB Richard Ellis ................. 17

Bouygues Imobiliária ........... 17

Grupo Lena ........................ 25

Bento Pedroso .................... 25

TemaHome ......................... 25

Zon Multimédia .................. 26

TAP ................................... 26

Páginas Amarelas ............... 26

Capgemini ......................... 27

Mobile Trend ...................... 27

Partner Solutions ................ 27

IBM................................... 27

SAP................................... 27

Quinta de São Vicente ......... 28

Symington ......................... 28

BCP .................................. 29

Banco Privado .................... 29

BPI ................................... 29

Sonae ................................ 29

Aerosoles ........................... 29

Termalistur ......................... 32

Air Berlin ........................... 33

Travelport ........................... 33

Lufthansa .......................... 33

Swiss................................. 33

Grupo Salvador Caetano ...... 36

Hispano Carrocera .............. 36

Ford Lusitana ..................... 36

Galp Energia ...................... 43

JP Morgan.......................... 43

BNP Paribas ...................... 43

Europcar ............................ 45

NESTA EDIÇÃO

Abertura

HUMOR ECONÓMICO

sexta-feira, 11 Julho de 2008ACTUALIDADE2

Pág. 37Pág. 10 Pág. 36

PRINCIPAISBANCOS NACIONAIS

AVALIADOS EM BAIXA

A avaliação dos três maiores ban-cos cotados nacionais foi revista em baixa, em mais de 9%, numa altu-ra em que aumentou a recomenda-ção para a banca europeia. O Kee-fe, Bruyette & Woods (KBW) subiu a recomenção da banca europeia para “neutral”.Quanto ao BCP, a avaliação em bai-xa tem a ver com as pressões signi-fi cativas nas margens e o abranda-mento económico para os mercados nacional, grego e polaco. No caso do BES, um dos principais riscos, para além da pressão das margens e do abrandamento económico, tem a ver com a exposição desta insti-tuição à volatilidade dos merca-dos accionistas. O BPI teve o corte mais drástico na avaliação, no en-tanto também é aquele que revela o maior potencial de valorização. De notar que o KBW desenvolveu uma lista de acções preferidas, com 11 bancos europeus, sendo que ne-nhum é português.

EDITOR E PROPRIETÁRIO Vida Económica Editorial, SA DIRECTOR João Peixoto de Sousa COOR-DENADORES EDIÇÃO João Luís de Sousa e Albano Melo REDACÇÃO Virgílio Ferreira (Chefe de Redacção), Adérito Bandeira, Alexandra Costa, Ana Santos Gomes, Aquiles Pinto, Fátima Ferrão, Guilherme Osswald, Martim Porto, Rute Barreira, Sandra Ribeiro e Susana Marvão; E-mail [email protected]; PAGINAÇÃO Célia César, Flávia Leitão, José Barbosa e Mário Almeida; PUBLICIDADE PORTO Rua Gonçalo Cristóvão, 111, 6º Esq 4049-037 Porto - Tel 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail: [email protected]; PUBLICIDADE LIS-BOA Campo Pequeno, 50 - 4º Esq 1000-081 Lisboa • Tel 217 815 410 • Fax 217 815 415 E-mail [email protected]; ASSINATURAS Tel 223 399 456 E-mail [email protected]; IMPRESSÃO Naveprinter, SA - Porto DISTRIBUIÇÃO VASP, SA - Cacém E-mail [email protected] • Tel 214 337 000 - Fax 214 326 009

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TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 21.500

4000 Município (Porto) TAXA PAGARegisto na D G C S nº 109 477 • Depósito Legal nº 33 445/89 • ISSN 0871-4320 • Registo do ICS nº 109 477

MEMBRO DA EUROPEAN BUSINESS PRESS

TENSÕES NO PETRÓLEO VÃO CONTINUARPOR MAIS CINCO ANOSDesengane-se quem pensa que o choque petrolífero não vai durar muito mais. A Agência Internacional de Energia considera que os elevados preços do crude não são consequência das aquisições especulativas, mas do forte aumento da procura. As tensões petrolíferas deverão manter-se ainda até ao fi nal do ano de 2013.

VENDAS AUTOMÓVEIS NOVAMENTE EM DERRAPAGEMO ano até não estava a correr mal para os operadores automóveis. Mas as coisas estão a mudar rapidamente. Em Junho, as vendas de ligeiros de pas-sageiros registaram um quebra de 9%, um refl exo sobretudo da conjuntura económica complicada que o país atravessa. Além disso, não é de descurar o peso crescente da importação de veículos usados.

CRESCIMENTO DO MERCADO SEGURADORDEPENDE DOS INCENTIVOS FISCAISO mercado segurador nacional, e respectivo crescimento, dependerá, em muito, dos incentivos fi scais e das oportunidades de negócio associadas às alterações demográfi cas, quer em termos de fl uxos migratórios quer da taxa de envelhecimento da população. Convicções manifestadas por Espernaza Gómez, senior manager de serviços fi nanceiros da Accenture, em entrevista à “Vida Económica”.

BREVE

MERCADOS

Um grande juslaboralista francês, Gérard Lyon-Caen, escreveu, há alguns anos, que o Direito do Trabalho era a Penélope transformada em jurista (“Le Droit du travail, c’ést Penélope devenue juriste”). E, na verdade, a construção do Direito do Trabalho muito se vem assemelhando ao fazer (de dia) e ao des-fazer (de noite) da mortalha de Penélope.

O crescente carácter efémero do Direito do Trabalho fi cou evidenciado, uma vez mais, nas recentes propostas de alteração ao Código do Trabalho – um limitado conjunto de ajustamentos, mais ou menos desajeitados, às exigências do mundo e da vida que é a nossa num tempo global.

Ora não se poderá ignorar que o Direito do trabalho tem uma vocação e uma intencionalidade eminentemente política, e daí que o pertinente sucesso para uns seja o oposto para os outros. Mas, por vezes, também, certos pronun-ciamentos a favor, ou contra, não passam de meros jogos de espelhos, sendo os trabalhadores meramente instrumentais de outros desígnios políticos.

Afi nal vai mudar algo de signifi cativo na normatividade jurídico-laboral constante do actual Código do Trabalho?

Tudo depende, primeiro, das expectativas com que os sujeitos laborais e as suas associações se muniram para o combate, mas, seguramente, ninguém estará plenamente satisfeito. Aos que pugnavam por maior fl exibilidade foram dados uns trocados, e aos que invocavam a necessária função protectora do Direito do Trabalho também não faltou algum lenitivo. Só que este “rapa-tira-deixa-põe” não levará a lado nenhum, sendo um jogo de soma nula, afi nal.

Fora das expectativas daqueles, políticos ou sujeitos laborais, que tantas vezes não têm do mundo e da vida outra visão que aquela que lhes é permitida da janela do seu quinteiro, há uma crise (ou crises) bem profundas que afectam, no tempo presente, o trabalho e a sua regulamentação. Uma crise que tem a ver com a visão do homem neste início de século e do seu destino; uma crise relativa ao valor que se entende atribuir ao trabalho humano; uma crise de mercado que é, sobretudo, ideológica.

Não creio que o “bricolage” em que redundarão as mudanças marginais que sofrerá o Direito do Trabalho proximamente mudem algo de essencial. Muda-rá, decerto, alguma coisa, mas para que tudo fi que na mesma…

Cumpre, porém, indagar, com serenidade e tolerância, se se poderia ter ido mais longe e mais fundo ou, até, se tal seria necessário. Claro que para manter a paz social não seria de esperar outro desfecho, diferente, afi nal. Mas para mudar o mundo – ou para acompanhar a sua inevitável transformação – há que mudar de paradigma também no campo das relações de trabalho.

Se não me perguntarem qual seja esse novo paradigma, eu sei. Se me pedirem para explicar, então já não sei o que dizer. Mas que se aproxima um mundo labo-ral novo, disso não tenho dúvidas, chama-se-lhe o mundo da fl exissegurança, ou outra coisa qualquer. Até porque hoje já carecem mais de protecção muitos que nunca conseguiram obter emprego, ou dele foram afastados, do que alguns que se comprazem no gozo, por vezes imoral, de direitos adquiridos.

A REVISÃO DO CÓDIGO DO TRABALHO OU OS TRABALHOS DE PENÉLOPE

Afi nal, vai mudar algo de signifi cativo na normatividade jurídico-laboralconstante do actual Código do Trabalho?

CAUSAS DO DIA-A-DIA

ANTÓNIO VILARADVOGADO

antoniovilar@antoniovilarpt

EM FOCO

INTERNACIONAL

ACTIVOBANK7 COLOCA DEPÓSITO DINÂMICOO ActivoBank7 lançou o depósito Activo Mais Melhores Talentos. Um produto que combina um depósito a prazo a 60 dias com uma taxa de 6% para 30% do capital investido, com o potencial de rentabilidade dos fundos de investimento PIMCO GIS Total Return Bond e BPI Re-estruturações para os restantes 70% do investimento realizado.O fundo PIMCO é o maior fundo de obrigações do mundo. Nos últimos 20 anos, a versão original norte-americana deste fundo obteve um retorno anualizado de 8,4%, contra os 7% dos fundos congéneres. Caracteriza-se por uma gestão fl exível e uma visão de longo prazo. O fundo BPI Reestruturações obteve um rendibilidade superior ao seu índice de referência em seis dos sete anos completos de existência.

BREVE

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tendênciasecOnÓMetRO

Fonte: INE

Volume de negócios na indústria com fortes Variações (taxa homóloga, em %)

caVaco silVaO Presidente tem razão para estar preocupado por dois motivos. Em pers-pectiva estão investimentos públicos na construção sobre os quais perma-necem muitas dúvidas e que parecem desproporcionados face ao actual contexto económico. A segunda questão é institucional e pode ter contornos que levem a um azedar das relações com o Governo. O Executivo não tem informado Cavaco das obras e este pediu informações há mais de dois me-ses. Uma situação que não é aceitável. Enquanto Presidente da República, Cavaco Silva tem toda a legitimidade para estar convenientemente informa-do. Aliás, o mesmo se passa com a Assembleia da República.

fernando ulrichComo já nos habituou no passado, o presidente do BPI reflecte e diz aquilo que pensa. Numa entrevista a um órgão de comunicação social, o banqueiro chamou a atenção para a necessidade de uma tributação mais equitativa, sobretudo por parte dos grupos que garantem lucros elevados, para além das petrolíferas. Também não é despropositada a sua ideia de uma nova super-visão à CGD, o que passaria pela existência de uma entidade independente para regular a actuação da administração do banco público.

guilherme d´oliVeira martinsNunca será de mais elogiar aqui a independência do Tribunal de Contas. Ainda que as críticas, normalmente injustificadas, à sua actuação surjam de imediato. O relatório à empresa Águas de Portugal dificilmente pode-ria ser mais arrasador. A gestão tem sido catastrófica, mas nem por isso a administração e alguns funcionários deixam de ser recompensados. Afinal, a gestão de uma empresa pública não necessita de ser eficaz. Até porque quem paga são os contribuintes e os gestores têm cargos garantidos, caso sejam afastados.

60%Percentagemdas famílias

abrangidas pelasmedidas fiscais

Fonte: INE

taxa de apoio às pescas não recupera (em %)

93 milNúmero

de empregoscriados por PME

ao ano

PUB

31 milmilhões de euros Perdas do PSI 20

no primeirosemestre

Mai./07 Jun./07 Jul./07 Ago./07 Set./07 Out./07 Nov./07 Dez./07 Jan./08 Fev./08 Mar./08 Abr./08 Mai./08

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 20070

1

2

3

4

5

6

7

8

9 8.4

7.8 7.7 7.7 7.8 7.9

4.5

6

3 3.1

FactOs ReLeVantes

inVestiMentOs na cOnstRuçãOtotalizam mais de 56 mil milhões

O investimento total previsto em cons-trução para o período de 2008 a 2017 ascende a cerca de 56 mil milhões de euros. A concretizarem-se as obras, po-derá implicar um impacto superior a um terço do PIB nacional. A Federação Por-tuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOOP) considera essencial implementar os projectos capa-zes de impulsionarem o desenvolvimento sustentável que o país exige.

Refere aquela estrutura associativa que a maior parte dos projectos avança-dos não implica dispêndio de capitais públicos, mas exigem uma resposta por parte do Estado assente em três aspectos fundamentais, designadamente rapidez, capacidade de decisão e credibilidade. “A conjuntura económica nunca é fácil, é sempre incerta e, como tal, as oportu-nidades num mundo globalizado surgem de forma tão rápida como de seguida se esvanecem. O que importa perceber é em que grau seremos ainda capazes de

aproveitar as condições existentes para dar o salto qualitativo.”

Os investimentos constantes do levan-tamento realizado pela FEPICOOP resul-tam da recolha dos grandes projectos previstos e anunciados pelo Governo. Subdividem-se em dois grandes grupos, um relativo às infra-estruturas de base (transportes, água, ambiente, energia, escolas) e outros investimentos. Neste caso, trata-se de grandes projectos de natureza essencialmente privada, predo-minantes nas áreas do turismo, do co-mércio e da reabilitação urbana. “Mais do que contabilizar eventuais ganhos futuros, o que importa, neste momen-to, é olhar para um conjunto de investi-mentos que vão muito para além de um mero impacto conjuntural sobre o cres-cimento do país, mas que constituem uma das necessárias faces de profunda reestruturação e ganho de competitivi-dade do país”, conclui a federação da construção.

emPresas consideramsistema fiscal nacional

comPlexo e ineficazO tecido empresarial nacional faz uma

má avaliação do sistema fiscal. Cerca de 75% das empresas consideram o siste-ma fiscal português complexo e ineficaz. Esta a principal conclusão retirada do re-latório da Deloitte sobre competitividade fiscal, que incidiu sobre as mil maiores empresas a operarem no mercado portu-guês.

Apesar de algumas vantagens compa-rativas da economia portuguesa, como a situação geográfica, o acesso ao mercado

europeu e o clima, são identificados for-tes obstáculos ao investimento, com des-taque para a carga fiscal e os custos de contexto/burocracia geral. Para a maioria dos inquiridos, seria importante promo-ver uma maior estabilidade da lei fiscal e permitir ao contribuinte obter, em tem-po útil, informação prévia vinculativa em relação às suas operações. Para captar o investimento, os inquiridos escolhem os incentivos financeiros e fiscais como a área mais relevante.

sexta-feira, 11 Julho de 2008actuaLidade4

Vida Económica - departamento de FormaçãoRua Gonçalo cristóvão nº111, 6ºEsq., 4049-037 Porto TELEFonE: 223399457/00 - FaX: 222058098 mail: [email protected]

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LiSBoa: 25 de Julho - 9h00 às 18h00

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• CONTABILIDADE ESPANHOLA-PORTUGUESAcomparativo (8h)poRto: 23 de Julho - 9h30 às 18h30

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As palavras são fortes: “Com a política monetá-ria que está a ser seguida, desaparece a inflação e tudo o resto”. O seu au-tor é João Rendeiro, pre-sidente do Banco Privado Português (BPP), que as proferiu, recentemente, no âmbito da sessão de apresentação do curso de Finanças Empresariais do Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais (IESF).

João Rendeiro explica que a “política monetá-ria do BCE passa pelo arrefecimento da procu-ra”, mas a verdade é que o problema não está na Europa. “A origem do problema está nos países em desenvolvimento”, destaca. Para o presidente do BPP, isto mostra que

“não temos, no momen-to, instituições mandata-das para responder a este tipo de questões”. E João Rendeiro continua o seu raciocínio ao afirmar que “as respostas dadas por entidades regionais não serão o melhor”. O BCE acaba “com a inflação e com o resto”, voltou a afirmar. Qual é, então, a solução?

Este banqueiro fala no “arrefecimento das eco-nomias dos países emer-gentes e na desvaloriza-ção das moedas dos países produtores de matérias-primas”. Afinal, como diz João Rendeiro, assistimos “a um crescimento dos preços devido à pressão das commodities e dos mercados emergentes”, desembocando estes na

crise económica e finan-ceira que observamos.

O presidente do BPP fala ainda de uma polí-tica monetária europeia “muito centrada nos in-teresses da Alemanha”. João Rendeiro explica que este comportamento do BCE se deve ao facto de a Alemanha exportar muito para países como a China. Neste contexto de crise, Portugal, lem-bra João Rendeiro, sofre, sobretudo por causa do défice. “O défice externo e o défice público levam a que a nossa economia e sistema financeiro sejam vulneráveis no contexto internacional, onde a li-quidez passou a ser algo de escasso”, destaca. A conse-quência? “Uma guerra pe-los depósitos e a venda de

activos”. A desvalorização dos “activos está a ocorrer de forma violenta”, referiu

por último.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

A Ordem dos Notários apre-sentou quatro denúncias junto da Comissão Europeia contra as “medidas discriminatórias” do Simplex. O Estado é acusa-do de conceder um tratamento preferencial ao regime jurídico dos novos serviços do Simplex, disponibilizados em “pacote” nas conservatórias de registo. A Ordem considera que se está pe-rante uma tentativa de renacio-nalização de serviços que foram atribuídos aos notários aquando do processo de privatização.

A legislação impede os notários de concorrerem em condições de igualdade com os ditos ser-viços nas conservatórias e torna a actividade notarial portuguesa economicamente inviável num futuro próximo, de acordo com a Ordem dos Notários. “Trata-se de recuperar para a esfera pública as actividades de uma classe pro-fissional recentemente privati-zada, discriminando e deixando em desvantagem os seus serviços até à sua progressiva elimina-ção.” Esta situação decorre da

adopção de medidas legislativas inscritas no recente Decreto-Lei

nº 116/2008, que muita polémi-ca tem suscitado entre os profis-

sionais do sector notarial.A ordem é representada pelo

escritório Clifford Chance e as denúncias apresentadas preten-dem levar ao conhecimento da Comissão “sérias violações de normas comunitárias funda-mentais em matéria de concor-rência, de auxílios do Estado, de transparência e de fiscalidade”. Afinal, as medidas do Simplex, mais do que promoverem a tão anunciada simplificação de ac-tos, pretendem o retorno à influ-ência da actividade dos notários por parte do Estado. A Ordem dá um exemplo para descrever o que se está a passar: “A denún-cia da Ordem dos Notários deixa em evidência o facto de os ser-viços prestados pelas conserva-tórias, em concorrência directa com os notários, estarem isentos de IVA, estando aqueles sujeitos ao pagamento de IVA à taxa le-gal de 20%”. A Ordem adianta ainda que há falta de transparên-cia e que esta “renacionalização” da actividade está a ser feita de uma forma sub-reptícia.

APHORT considera que proposta do IVA prejudica restauração nacional

A proposta da Comissão Eu-

ropeia para a redução do IVA no sector da restauração le-vanta preocupações no seio da APHORT – Associação Portu-guesa de Hotelaria, Restauração e Turismo, que considera que, caso a proposta apresentada em Bruxelas seja aprovada, todos os Estados-membros da União Eu-ropeia poderão optar por aplicar uma redução da taxa do IVA aos serviços de restauração, taxa essa que deverá ficar definida num valor entre os 5 e 15%, sendo que em Portugal essa taxa é de 12%.

No entanto, por outro lado, com esta nova proposta, “a taxa reduzida deixa de ser aplicável às bebidas alcoólicas nos ser-viços de restauração e sobre as quais passa a ser aplicada a taxa normal de IVA” (20% no caso português). A não aplicabilidade desta redução às bebidas alcoó-licas fornecidas nos restauran-tes, que passarão a ser taxadas a 20%, “irá obrigatoriamente im-plicar ou um agravamento para os clientes, em resultado de um consequente aumento dos pre-ços, ou um agravamento para os estabelecimentos que, face à actual situação económica, não possam praticar uma subida de preços, tendo assim que reduzir as suas margens para que os pre-ços se mantenham”.

Espanha duplica insolvências no primEiro sEmEstrE dE 2008

No primeiro semestre de 2008 decorreram 1010 no-vos processos de insolvên-cia judicial em Espanha, que reflectem um aumento de 109,1% face ao mes-mo período de 2007. Es-tes resultados preliminares mostram que, em termos de análise trimestral, o au-mento é maior, cifrando-se nos 141,6%, face ao ano anterior. Em Espanha, desde que en-trou em vigor a Ley Concur-sal, em Setembro de 2004, o comportamento das in-solvências judiciais tem sido estável, na ordem dos 250 processos trimestrais. No último trimestre de 2007, o número de processos su-perou, pela primeira vez, a barreira dos 300, aumento que antecipava o compor-tamento registado agora: no primeiro trimestre alcançou os 400 processos e no se-gundo já chegou aos 600. A análise dos diferentes secto-res de actividade mostra que 23,6% das insolvências ju-diciais em Espanha se con-centram na construção.

João Rendeiro, presidente do Banco Privado Português, alerta

“com a política monetária que está a ser seguida desaparece a inflação e tudo o resto”

notários apresentam queixa na comissão contra medidas do simplex

sexta-feira, 11 Julho de 2008 5AcTuAlIdAde

Joaquim Barata Lopes, bastonário da Ordem dos Notários.

A política monetária europeia está “muito centrada nos interesses da Alemanha”, destaca João Rendeiro, presidente do BPP.

A ASK - Advisory Services Ka-pital deliberou, em Assembleia Geral de accionistas, o reforço de capital em 4,5 milhões de euros. Esta operação vai signifi-car a entrada de 17 novos accio-nistas, que irão assumir 20% do capital da empresa. A operação vai permitir avançar com a inter-nacionalização do projecto e au-mentar a sua equipa no mercado português.

Com este aumento de capital

a nova estrutura accionista passa a contar com Henrique Grana-deiro, o Grupo Pinto Basto, Jor-ge de Mello, a família Carvalho Martins, família Vinhas, João Cortez de Lobão, Pedro Teles Baltazar, João Rufino, João Gon-çalves, Luís Assis Teixeira, Pedro Souto, Salvador da Cunha, Sér-gio Pena Dias e Paulo Santo, en-tre outros investidores nacionais e estrangeiros.

O encaixe desta operação vai

permitir à empresa avançar com a sua internacionalização, estan-do nesta fase a serem estudadas várias possibilidades. Para além disso, o aumento de capital ser-virá ainda para financiar o cresci-mento da sua equipa, mantendo a qualidade e a excelência que têm sido até agora reconhecidos à ASK. Para além destas medidas, a empresa encontra-se numa fase de avaliação de novos projectos que, dentro em breve, serão co-

municados. “Esta operação acaba por ser

uma consequência do sucesso da ASK enquanto boutique fi-nanceira criada em 2006 para liderar o mercado no segmento de Middle Market fornecendo assessoria independente. Hoje, a ASK está consolidada no merca-do pelo que este é o momento de avançarmos para um novo ciclo”, afirma o administrador da ASK, Nuno Fernandes Thomaz.

asK aumenta capital

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A um mês e meio da entrada em vigor do novo regulamento de custas processuais, os tribu-nais portugueses não estão pre-parados para lidar com as novas tarifas impostas pelo Decreto-Lei n.º 34/2008. A denúncia par-te da Associação dos Oficiais de Justiça (AOJ), segundo a qual os funcionários judiciais não recebe-ram, até ao momento, qualquer formação para lidar com o novo regulamento. Na conferência de-dicada a este tema, que o Conse-lho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados promoveu, Rú-ben Rechau, presidente da AOJ, denunciou precisamente a ausên-cia de formação para quem terá de lidar com o novo regulamen-to já a partir de 1 de Setembro, quando tiver início o novo ano judicial. “O diploma prevê que os oficiais de justiça recebam forma-ção até ao fim de 2008, mas o re-gulamento entra em vigor a 1 de Setembro e nessa altura ninguém estará devidamente preparado,

tendo em conta que há muitas alterações introduzidas”, alega Rúben Rechau. Do Ministério da Justiça receberam a indicação de que a formação será efectiva-mente dada, mas tendo em conta que as férias judiciais estão prestes a começar, não será difícil prever que a formação só poderá decor-rer quando o novo regulamento de custas processuais estiver já em vigor.

“Se não for adiada a data de entrada em vigor do novo regu-lamento, os funcionários judiciais terão de lidar com ele sem for-mação, provavelmente errando e aprendendo”, prevê o presidente da AOJ. De resto, Rúben Rechau lamenta que este não seja fenó-meno inédito no que diz respei-to à entrada em vigor de novos regimes. “A maioria dos oficiais de justiça também não teve for-mação para lidar com a reforma dos recursos cíveis e está a apren-der com a experiência e com os erros”, relata.

Ainda de acordo com o presi-dente da AOJ, o Citius, aplicação informática que gere os processos entrados nos tribunais, também não está ainda preparado para acolher o novo regulamento de custas. “O Ministério da Justi-ça garante que o sistema estará pronto a 1 de Setembro, mas por enquanto a parte da aplicação que deverá tratar das custas ao abrigo do novo regulamento ainda não está disponível”, adianta Rúben Rechau, ressalvando que, “apesar de os pagamentos não terem lu-gar logo no dia 1, porque só são feitos no final do processo, algum tempo depois as falhas começarão a ser evidentes”.

O novo regulamento de cus-tas processuais merece também

duras críticas por parte do juiz conselheiro Salvador da Costa, para quem “a ruptura foi a ma-triz desta alteração”, lamentando ainda que “para esta reforma não tenha havido discussão”. Salvador da Costa acredita que em muitos casos poderá mesmo haver algu-ma dificuldade em saber que regi-me de custas deve ser aplicado, já que “vamos ter este novo sistema de custas, outro para os julgados de paz, outro para os tribunais tributários, em execuções fiscais, e outro para o Tribunal Consti-tucional, podendo acontecer que no mesmo processo, com uma execução fiscal, seja necessário aplicar dois regulamentos”.

ANA SANTOS [email protected]

Empresas estão cada vez mais dependentes da inovação

A maioria dos executivos conside-ra que as estratégias de negócio das suas organizações estão fortemente dependentes da inovação. Mas a res-ponsabilidade empresarial pelo pro-cesso de inovação é muito fragmen-tada, conclui um estudo promovido pela Accenture.

Uma maior responsabilização na gestão de topo, designadamente através do envolvimento dos CEO, e uma maior capacidade de entrar no mercado pode auxiliar as empresas a assegurarem a sua promessa de ino-vação e aumentar a respectiva com-petitividade. Na transformação da inovação em acção, o estudo deduz que as empresas bem sucedidas têm cada vez mais um “chief innovation executive”. Ou seja, não se trata ape-nas da capacidade de gerar novas ideias, mas também da capacidade de transformar, consistentemente, a inovação em acção.

As conclusões indicam que o de-safio da inovação para as empresas não está relacionada com o com-promisso de intenção, mas com a capacidade de execução associada à visão de inovação. “O papel do CEO no processo de inovação de-senvolveu-se significativamente na sua importância e necessita de evo-luir a partir de uma visão e de uma definição da direcção que permita e estimular a execução.”

A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, foi a vencedora da última edição do prémio D. Antónia Adelaide Ferreira. Como é objectivo do galardão, o júri, pre-sidido por Artur Santos Silva, voltou a dis-tinguir uma mulher cujos valores pessoais e profissionais se identificam com os mesmos que regeram a vida e obra de Dona Antónia Adelaide Ferreira.

Isabel Jonet licenciou-se em Economia em 1982, na Faculdade de Ciências Huma-nas da Universidade Católica Portuguesa. Desde 1993 trabalha em regime de volunta-riado no Banco Alimentar Contra a Fome, sendo actualmente Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Con-tra a Fome, Presidente do Banco Alimen-tar Contra a Fome de Lisboa e Membro do Conselho de Administração da Federação Europeia dos Bancos Alimentares. Nessa

qualidade, apoiou a criação dos 11 Bancos Alimentares portugueses.

A vencedora da 20ª edição do Prémio Dona Antónia Adelaide Ferreira é também fundadora e Presidente da ENTRAJUDA, instituição de apoio a instituições de soli-dariedade social numa óptica de gestão e organização. Trabalhou no Comité Econó-mico e Social das Comunidades Europeias, em Bruxelas, entre 1987 e Julho de 1993. Foi adjunta da Direcção Administrativo-Financeira da Sociedade Portuguesa de Seguros entre Março de 1983 e Dezembro de 1986 e da Direcção Financeira da As-surances Général de França, em Bruxelas, em 1987.

A cerimónia da entrega do prémio foi presidida por Fátima Barros, directora da Faculdade de Ciências Económicas e Em-presariais da Universidade Católica do Por-to.

Prémio D. Antónia entregue a Isabel Jonet

sexta-feira, 11 Julho de 2008actualidade6

A segurança alimentar, um tema na or-dem do dia, vai ser alvo de um curso. “A Gestão do Risco em Segurança Alimentar” é a sua designação, surge graças à iniciativa da Associação Portuguesa para a Qualidade (APQ), e vai ter lugar, em Lisboa, nos pró-ximos dias 15 e 16 de Julho.

Dirigido a quadros de topo e de direcção das indústrias da cadeia alimentar e seus fornecedores, esta formação, como pode-mos ler em comunicado, “pretende criar a possibilidade de esclarecer alguns aspectos

práticos e da gestão da segurança alimentar e conceitos base que têm sido minimizados pela pressão regulamentar”.

Do programa fazem parte temas como os alimentos, saúde e bem-estar dos con-sumidores, a gestão do risco ao longo da cadeia alimentar, comunicação e educação. E ainda as ferramentas de apoio à gestão do risco, bem como a gestão do custo da segurança alimentar. O formador é João Gusmão, licenciado em Engenharia Agro-Industrial.

APQ organiza formação sobre gestão do risco em segurança alimentar

Nestlé investe sete milhões em Coruche

Decorreu esta segunda-feira a cerimónia de colocação da primeira pedra da nova fábrica da Nestlé Waters Direct em Coru-che, um investimento de cerca de sete mi-lhões de euros que contemplará também um centro de reparação das máquinas de distribuição de água e que deverá arrancar com a produção já em 2009.

Segundo António Reffóios, director-ge-ral da Nestlé Portugal, esta nova instalação terá como objectivo inicial servir o merca-do nacional, fundamentalmente as marcas Selda e Bebágua, e funcionará como centro de distribuição para a região a Sul de Lis-boa. Porém, é também objectivo assumido para esta nova fábrica “alavancar, a médio prazo, a entrada no mercado espanhol”.

Adicionalmente, o director-geral da Nes-tlé Portugal realçou também a importância de que este projecto seja “bem sucedido” para cativar novos investimentos da mul-tinacional. “Se este investimento, como eu espero, der bons resultados, é natural que, de hoje para amanhã, se olhe para Portugal como uma boa plataforma de investimen-to”, defendeu António Reffóios.

Por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Coruche, Dionísio Mendes, considerou a nova fábrica da Nestlé como um “projecto-âncora” para o concelho e com capacidade de atrair novos investido-res. “Será o virar de página do investimen-to no concelho de Coruche”, sublinhou o autarca.

Esta unidade fabril representará, segun-do Dionísio Mendes, “entre 40 e 50 postos de trabalho directos”, e trará consequências “interessantes” para o concelho, em espe-cial nos sectores dos transportes, comuni-cações, restauração e hotelaria.

Informática e recursos humanos não estão aptos para sistema que entra em vigor a 1 de Setembro

Tribunais não estão preparados para novo regulamento de custas

ISEP leva alunos a apresentarem projectos ligados à energia solar

Numa altura em que a energia é palavra de ordem, o Instituto Superior de Engenharia do Por-to (ISEP) acaba de promover um concurso ligado à área, ou seja, um concurso de sistema de aque-cimento de água a partir do sol. “Uma forma de espalhar a consci-ência ecológica”, como dizem em comunicado.

Os concorrentes, os alunos de Engenharia Electrotécnica, foram convidados, claro está, a colocar os seus conhecimentos e imagina-ção à prova e apresentar painéis solares de aquecimento de água. Algo que foi feito, como explica o ISEP, com um orçamento acessí-vel e materiais recicláveis.

Conhecer Mais promove formação tecnológica

A Conhecer Mais, consulto-res na área de gestão de recursos, acaba de acolher os formandos do segundo ciclo da MBS Internatio-nal Academy - este um projecto de formação apresentado, em Março último no Techdays2008. O gran-de objectivo deste encontro?

A preparação de pessoas na prossecução de uma carreira na área da Microsoft Dynamics NAV. Uma formação, lembramos, equi-valente a um MBA e que vai dar a quem a frequenta, diz a Conhecer Mais, “vantagens competitivas pouco comuns ao garantir a sua inserção profissional”.

Com as férias judiciais à porta, os oficiais de justiça estão preocupados por não terem ainda recebido formação para lidar com o novo regulamento de custas processuais, que entra em vigor logo no início do próximo ano judicial, a 1 de Setembro. O Ministério da Justiça garante que a formação será dada, mas tal só deverá acontecer quando o novo regulamento já estiver em vigor.

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Luís Lopes, coordenador executivo para a promoção da segurança e saúde no trabalho, confirma

Empresas de segurança e saúde no trabalho vão ser auditadas As pouco mais de 80 empresas prestadoras de serviços de segurança e saúde no trabalho autorizadas pelos ministérios do Trabalho e da Saúde a operar no mercado vão ser alvo de uma auditoria, de modo a apurar se os dados que declararam aquando do pedido de alvará ainda se mantêm. Em declarações à “Vida Económica” à margem do 8º Congresso Internacional de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (CIS), que decorreu a semana passada, no Porto, Luís Lopes, coordenador executivo para a promoção da segurança e saúde no trabalho da ACT, adiantou outra novidade: até ao fim do ano, o processo de autorização dessas empresas vai ser desburocratizado.

O processo de autorização das empresas prestadoras de serviços de segurança e saúde no trabalho vai ser “simplificado”, revelou Luís Lopes à “Vida Económica”, reconhe-cendo que este é um caso em que as em-presas, para estarem autorizadas a laborar, passam por tramitações “complexas”, sendo necessária a autorização de dois ministros, do Trabalho e da Saúde. “É um processo com-plicado de recolha de elementos, de vistorias, da nossa parte e da parte da Direcção-Geral da Saúde”, explicou o coordenador executi-vo para a promoção da segurança e saúde no trabalho da ACT à “Vida Económica”.

Para obviar a situação, o processo vai ser “desburocratizado”, de modo a “facilitar” os procedimentos, tornando-os “mais leves, ex-peditos e eficazes, dando menos importância à resposta escrita e mais importância à visita ‘in loco’ a essas empresas, porque essa é, de facto, a única forma que temos de garantir que a lei é cumprida”.

As alterações legislativas nesta matéria de-verão ficar concluídas “ainda este ano”, ga-rantiu Luís Lopes à “Vida Económica”.

Além da desburocratização, que decorre da aplicação da nova Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho traçada até 2012, aprovada em Conselho de Ministros em Abril último, o Governo vai realizar uma auditoria às pouco mais de 80 empresas au-torizadas a prestar serviços externos de segu-rança e saúde no trabalho.

As empresas receberão a visita de técnicos da Autoridade para as Condições de Traba-lho (ACT), de modo a verificar se a “sede, o quadro de pessoal, os médicos de trabalho e os técnicos de segurança e saúde inscritos se mantêm, assim como as áreas (CAE) em que vão desempenhar as funções, a carteira

de clientes”, entre outros dados, são coinci-dentes com os declarados aquando da au-torização de funcionamento, explicou Luís Lopes à “Vida Económica”.

Por outro lado, “vamos também tentar verificar se a qualidade do serviço se mantém”. É que a ACT pretende “estabelecer algumas normas de qualida-de que sirvam de parâmetro mínimo de orientação para aferir da qualidade da pres-tação dos serviços dessas em-presas”, porque “sobretudo em épocas de maior crise”, as empresas tendem a comprar serviços de segurança e saúde no trabalho dos “mais baratinhos”. Mas isso pode significar que “o mais baratinho, de tão baratinho que é, pode ter qualquer coisa que não está a funcionar bem”.

Como se percebe, a Estratégia Nacio-nal para a Segurança e Saúde no Trabalho, participada pelos parceiros sociais, enumera objectivos ambiciosos. Um deles, objecto de debate durante o 8º CIS, é a realização de um inquérito nacional às condições de tra-balho em Portugal.

Mas se o fim em si mesmo parece louvá-vel, já os ‘timings’ da sua realização levantam dúvidas aos parceiros sociais.

O anúncio, durante o debate do 8º CIS, por parte do coordenador executivo para a promoção da segurança e saúde no trabalho da ACT, de que apenas em 2012 se conhece-rão os resultados do inquérito gerou estupe-facção e motivou reparos dos representantes dos parceiros sociais presentes do debate, no-meadamente de João Proença, da UGT, e de Manuel Carvalho da Silva, da CGTP.

Em declarações à “Vida Económica” à margem do congresso, João Proença disse mesmo que, “sendo a estratégia 2008-2012, não concebemos que os resultados apareçam na prática em 2012”, pois eles “têm de apa-

recer antes”, referiu o sindi-calista, considerando que “há condições técnicas e políti-cas” para tal.

“Eu diria que qualquer governo em fim de mandato terá medo dos resultados de um inquérito deste tipo, mas em início de mandato até será desejável para qualquer Governo, qualquer que ele seja”, disse o secretário-geral

da UGT à “Vida Económica”. Por isso, “será desejável que os resultados apareçam o mais rapidamente possível e o mais rapidamente

possível, porque também não será possí-vel ser antes, será no início de 2010. Acho que se deve fazer um ‘forcing’ nesse sentido e isso é possível, se houver vontade política e se capacidade na ACT”, acrescentou João Proença.

Na mesma linha, Carvalho da Silva expli-cou que “o desejável era que esse inquérito tivesse sido feito antes [da estratégia], porque já há muito tempo que sabíamos da necessi-dade de definir uma estratégia e por isso não há aqui um elemento de desconhecimento que tenha atrasado o inquérito, mas sim um retardar”, disse à VE à margem do congres-so. Agora, “esperamos é que a estratégia não fique à espera do inquérito” e que se “acele-re” a sua realização de modo a que os seus resultados “possam influenciar” a parte final da sua aplicação.

TERESA [email protected]

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Esta obra, agora em 2ª edição, revista e mais completa, contém os três códigos – CIMI, CIMT e CIS –, actualizados em 2008 e enriquecidos com notas remissivas que irão permitir ao utilizador conhecer relativamente a cada uma das normas outras que com ela se relacionam e que fornecem, assim, sobre cada facto, os comandos normativos necessários sobre essa temática.Inclui legislação complementar avulsa, desenvolvido índice alfabético, remissivo e sis-temático.

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Além do inquérito às condições de trabalho, está a decorrer uma auditoria às pouco mais de 80 empresas prestadoras de serviços de segurança e saúde no trabalho autorizadas a operar em Portugal, explicou Luís Lopes à “Vida Económica”.

sexta-feira, 11 Julho de 2008 7actualidade

A Estratégia Nacional para a Seguran-ça e Saúde no Trabalho, que vigorará em Portugal entre 2008-2012, prevê, no seu objectivo 5, “melhorar a coordenação dos serviços públicos que exercem competên-cias do domínio da segurança e saúde no trabalho”.

Esta afirmação esbarra, porém, com a realidade da ausência quase total da me-dicina do trabalho na Administração Públi-ca. Isso mesmo foi assumido recentemen-te por Manuela Calado, coordenadora do Ponto Focal Nacional da Agência Europeia

para a Segurança e Saúde no Trabalho. Em declarações à “Vida Económica” à mar-gem de um seminário, em Coimbra, sobre segurança e saúde no Trabalho, aquela responsável chegou a afirmar que “na Ad-ministração Pública quase se desconhece a figura do médico do trabalho” (ver edi-ção da VE de 27 de Junho).

Instado a comentar este objectivo da Estratégia Nacional para a “Vida Econó-mica”, o secretário-geral da CGTP con-sidera a questão “preocupante”, não só pelo quase desconhecimento da figura do médico do trabalho no sector público, mas também pela “não existência de médico do trabalho, de serviços estruturados, de representantes dos trabalhadores para as questões da segurança e saúde no traba-lho” nos organismos do Estado. Tudo isso, diz Manuel Carvalho da Silva, representa “um conjunto de maus exemplos que o Es-tado dá ao geral do sector privado”.

Para o secretário-geral da CGTP só há um caminho: “ou o Estado surge a dar o exemplo, ou então isso é um ‘handicap’ muito grande à obtenção dos objectivos da Estratégia”.

TERESA [email protected]

estado pode hipotecar sucesso da estratégia

Pouco de mais de 80 empresas prestadoras de SHST autorizadas

Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP

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Apesar da conjuntura económica desfavorável

Actividade empreendedora está a crescer em Portugal

Quase 9% dos portugueses afir-mam ter estado envolvidos em ac-tividades empreendedoras, revela o GEM 2007 (Global Entrepre-neurship Monitor). De acordo com o principal estudo mundial sobre empreendedorismo, o nú-mero de empreendedores mais que duplicou, em três anos, em Portugal, passando de 4%, em 2004, para 8,8%, em 2007.

Em 2007, Portugal foi o país melhor classificado entre os 18 países da UE participantes.

“Os resultados obtidos na aná-lise das condições estruturais portuguesas revelaram poucas diferenças relativamente à média dos países GEM 2007, reduzindo assim o elevado diferencial regis-tado em 2004” – afirma Augusto Medina, presidente da Sociedade Portuguesa de Inovação.

Mas os especialistas entrevis-tados apenas consideram existir atrasos significativos, relativa-mente à média dos países GEM, em duas das 10 condições estru-turais avaliadas: infra-estrutura comercial e profissional e normas sociais e culturais.

Como factores negativos ao empreendedorismo destacam-se a educação e formação, assim como as normas sociais e culturais, so-bretudo no que concerne ao valor que cada um atribui à sua inde-pendência e à capacidade de res-ponder a oportunidades.

Entre os aspectos positivos destaca-se o impulso reformador das políticas governamentais in-fluenciando a redução do período médio para a criação de um novo negócio. Em 2006, iniciar um novo negócio em Portugal demo-rava, em média, 54 dias. Após as reformas operadas, este período foi reduzido para apenas 8 dias.

O GEM surge como iniciati-va conjunta do Babson College (Estados Unidos da América) e da London Business School (Reino Unido). A participação portuguesa é assegurada através da SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação, Iapmei, Fundação Luso-Americana e Banco Espíri-to Santo.

“A Vinitech vai reforçar a lide-rança enquanto principal salão técnico internacional da fileira do vinho” – afirmou Delphine Guivy, directora do Vinitech, durante a apresentação organi-zada pela Promosalons, em Lis-boa. O salão decorre entre 2 e 4 de Dezembro, em Bordéus.

A conjuntura do sector vinícola é agora mais favorável do que em 2006, ano da última edição desta feira profissional. Os expositores de máquinas e equipamentos para o sector vão estar presentes com uma oferta alargada de produtos. O número de expositores ultrapas-sa este ano 650 empresas, superan-do a edição anterior. A afluência de visitantes deverá acompanhar a actual tendência positiva do sector. A expectativa de Delphine Guivy aponta para mais de 40 mil visi-tantes profissionais, dos quais 15% serão estrangeiros. Em termos de visitantes portugueses, a Vinitech prevê 300 profissionais de várias regiões do país, interessados em conhecer as novas tendências do sector bem como a oferta de pro-dutos e serviços dirigidos ao sec-tor dos vinhos.

Entre os objectivos do salão, Delphine Guivy destaca a mo-bilização da fileira do vinho, envolvendo os vários grupos de profissionais, as profissões, os líderes de opinião e as políticas de produção, promoção e dis-tribuição.

Congregar a fileira vitivinícola

O Vinitech é o salão profissio-nal que lidera o sector vinícola em França – referiu Maria Ma-nuel Osório, delegada em Por-tugal da Promosalons.

O evento congrega em Bor-déus toda a fileira vitivinícola, criando um espaço único para o intercâmbio de ideias, conhe-cimentos técnicos e perspectivas sobre a fileira do vinho. A dele-gada da Promosalons considera também que o Vinitech reflecte a competitividade da região de Bordéus na Europa e no Mundo justificando a presença esperada de várias centenas de visitantes portugueses. Há bons exemplos que devem ser acompanhados e seguidos.

sexta-feira, 11 Julho de 2008ACTUALIDADE8

“Vida Económica” organiza conferência internacional em Bordéus

Vinitech vai reunir mais de 40 mil profissionais do sector vinícola

A próxima edição da Vini-tech vai ter vários espaços dedicados à informação e troca de experiências reparti-dos por grandes conferências com oradores franceses e es-trangeiros, fóruns de experi-ências e workshops.

Para os visitantes portu-gueses, o ponto alto será a conferência que a “Vida Económica” vai realizar no decorrer do certame sobre as tendências e desafios do sector vinícola em Portugal. Este evento é fruto da cola-boração entre a “Vida Econó-mica” e a Promosalons, con-tando com o apoio do Banco Espírito Santo.

Além da conferência inter-nacional, que dá sequência ao ciclo de debates ligados aos maiores certames profis-sionais realizados no estran-

geiro, a “Vida Económica” vai convidar um conjunto de profissionais do sector viní-cola para uma visita à região de Bordéus, durante o certa-me.

O programa do Vinitech inclui várias visitas técnicas às empresas, cooperativas e organizações mais represen-tativas do sector do vinho. É o caso da empresa Smi-th Haut-Lafitte bem como a Adega Cooperativa União de Produtores de Saint Emillion e a Adega Cooperativa de Hauts de Gironde.

No total estão agendadas 12 visitas técnicas abordan-do questões como o enoturis-mo, a arquitectura, a cadeias de recepção da vindima, tra-tamento de efluentes, agri-cultura biológica, entre ou-tros temas de interesse.

Tendências e desafios para o sector vinícola em debate

Conferências e debates cobrem todas as vertentes do mundo dos vinhos

As entrevistas efectuadas a espe-cialistas ligados ao empreendedoris-mo em Portugal foram conduzidas com base em 10 factores de relevo no apoio à actividade empreende-dora:

1 Apoio Financeiro2 Políticas Governamentais3 Programas Governamentais4 Educação e Formação5 Transferência de Resultados de

Investigação & Desenvolvimento6 Infra-estrutura Comercial e

Profissional7 Abertura do Mercado Interno8 Acesso a Infra-estruturas Físicas9 Normas Sociais e Culturais10 Protecção de Direitos de Pro-

priedade Intelectual

10 fACTorEs DE AvALIAção

Vida Económica – A conjuntura actu-al para o sector do vinho é agora mais favorável neste momento do que em 2006 quando decorreu a anterior edi-ção da Vinitech?

Delphine Guivy – Há, de facto, uma evo-lução positiva nas empresas e uma mobili-zação de todos os profissionais. Há quem considere que a crise neste sector termi-nou. A conjuntura é agora mais favorável. Estão reunidas todas as condições para que a próxima edição do Vinitech seja muito bem sucedida, satisfazendo as expectativas dos expositores e dos visitantes.

O total de expositores já está acima da edição de 2006, havendo um progresso significativo em termos de equipamentos expostos.

VE – O conceito da Vinitech está mui-to centrado na vertente técnica?

DG – O Vinitech é o principal salão pro-fissional do sector que se realiza em Fran-ça. Tem uma forte vertente internacional, com 15% de visitantes estrangeiros. É um salão técnico e de “saber fazer”. Está as-segurada a participação de associações,

cooperativas, organizações profissionais, fabricantes e técnicos que disponibilizam informação profissional aos visitantes.

VE – O enoturismo é uma vertente cada vez mais importante para o sec-tor?

DG – A região de Bordéus não é só uma zona de produção no sector. Tem uma li-gação muito forte ao turismo, havendo um envolvimento muito forte dos produtores. Como a Vinitech é uma feira internacio-nal, propomos aos visitantes estrangeiros a visita das principais empresas do sector e das adegas cooperativas. A troca de ideias e de experiências será muito útil para todos os visitantes profissionais, incluindo, na-turalmente, os portugueses, que represen-tam um sector com tradição de qualidade e com potencial de crescimento.

VE – Os desafios que se colocam aos produtores de vinho franceses são se-melhantes aos dos produtores portu-gueses?

DG – Sim, diria que, hoje em dia, os viticultores portugueses têm os mesmos

problemas que os viticultores franceses. O Vinitech desempenha um papel impor-tante como fonte de informação e troca de conhecimentos para procurar as melhores soluções e aplicar as mudanças indispen-sáveis ao crescimento do sector.

VE – A Europa representa 70% da produção mundial de vinho. A concen-tração deverá manter-se ou o sector irá abrir-se cada vez mais a outras regiões do Mundo?

DG – Hoje em dia, é necessário abrir o sector a outras regiões. Uma concentração tão forte numa só região poderia conduzir à estagnação desta área de actividade.

“Hoje em dia os viticultores portugueses têm os mesmos problemas que os viticultores franceses – considera Del-phine Guivy.

Delphine Guivy considera que a conjuntura é agora mais favorável

Vinitech terá uma maior afluência de expositores e visitantesO Vinitech é o principal salão profissional do sector vinícola que se realiza em França. Delphine Guivy, directora do certame, considera que a edição de 2008 vai superar a anterior, beneficiando da recuperação do investimento no sector. Entre 2 e 4 de Dezembro vão estar resentes em Bordéus os maiores especialistas e os principais fornecedores da fileira do vinho.

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O Governo aprovou, na reu-nião de Conselho de Ministros de 3 de Julho, o decreto-lei que estabelece o regime do exercício da actividade pecuária nas ex-plorações pecuárias, entrepos-tos e centros de agrupamento (REAP).

Este decreto-lei vem definir as regras para o sector da acti-

vidade pecuária, harmonizando a legislação que se encontrava dispersa em diferentes diplomas, principalmente quando sobre uma mesma exploração ou esta-belecimento coexistem várias es-pécies animais e/ou actividades pecuárias. O objectivo, segundo o Ministério da Agricultura, é a

“protecção da hígio-sanidade e do bem-estar animal, da saúde pública e a protecção do am-biente, bem como o crescimento económico do sector”.

A partir de agora, a actividade pecuária passa a enquadrar-se em três classes, de acordo com crité-rios da dimensão do efectivo pe-cuário, do risco potencial para o

ambiente, para os animais e para a pessoa humana, em função da espécie pecuária e do sistema de exploração.

Os regimes de licenciamento da actividade passarão a seguir procedimentos diferentes conso-ante a classe em que a actividade se integra. A classe 1 (exploração

intensiva com mais de 260 Ca-beças Normais) fica sujeita ao regime de autorização prévia, a classe 2 (todas as explorações ex-tensivas e intensivas até 260 CN) sujeita ao regime simplificado da declaração prévia e a classe 3 (as explorações até 5 CN de uma es-pécie ou até 10 no caso de várias espécies) ao simples registo.

De acordo com uma nota pu-blicada pelo Ministério da Agri-cultura, este novo regime procura “responder a um enquadramento comum de exercício das activida-des pecuárias e, simultaneamen-te, às especificidades próprias de cada actividade em termos de di-mensão, localização e sistema de exploração”.

Com a nova legislação assu-mem-se dois princípios de refe-rência a uma abordagem comum de licenciamento, que passam, nomeadamente, pela definição de regimes de controlo prévio com diferentes graus de exigên-cia em função dos riscos poten-ciais que a actividade comporta e da aplicabilidade de legislação específica.

É ainda criado um “balcão único”, com o objectivo de apro-fundar o papel da entidade coor-denadora como interlocutor úni-co no âmbito do controlo prévio das explorações, e libertando o produtor pecuário de um con-junto de acções burocráticas, agora exclusivamente a cargo dos serviços da Administração.

TERESA [email protected]

Governo aprova regime do exercício da actividade pecuária

sexta-feira, 11 Julho de 2008 9actualidade

Já me tinha despedido do Patrão, do Di-rector, do Chefe de Redacção e dos Cole-gas – cansadíssimo, ia de férias ali para a nova praia azul do Molhe, com direito a batatas fritas à moda antiga, língua da so-gra e autocarro à porta.

Só que... – esta não me contaram – pas-sou-se mesmo comigo e era irrecusável contá-la.

Tive de ir a uma conferência em tri-bunal. A determinada altura, a juíza in-terrogou-me inquisitória e pidescamente acerca do assunto em discussão. Eu, como naturalmente faço e os meus paizinhos me ensinaram, comecei a resposta da seguinte forma: “- Pois, minha senhora, …”. Não con-segui continuar. A juíza, com cara de má e dedo em riste, faz-me uma re-primenda de todo o ta-manho: “- Faz favor de não me tratar por mi-nha senhora …” Muito sinceramente, o meu primeiro pensamento foi do tipo: “ – Chiça! Elas já chegaram aos tribunais? ” Contive-me a tempo e disse, alto e claramente: “- Ai sim? Não sabia. No meu tempo, tratar-se alguém por Minha Senhora era um sinal de deferência, educação e diferenciação”. A juíza insistiu: “- Pode ser, mas aqui, neste tribunal, não aceito esse tratamento.”

Advogados e funcionários judiciais pre-sentes na sala não tugiram nem mugiram.

Conhecem a história que utilizamos na formação em gestão estratégica? Aquela cena dos macacos, a escada e a banana no cimo. Quando um macaco tentava subir a escada para comer a banana, atirava-se uma enorme mangueirada de água nos res-tantes cá em baixo que, obviamente em re-presália, davam uma sova no recalcitrante. Resultado: nenhum deles se atrevia sequer a subir.

Depois, começaram-se a substituir os macacos, um-a-um, e cada novo que se

atrevesse sequer a pôr um pé no primeiro de-grau apanhava. Até que se substituíram todos – e nenhum subia a escada. Só não sabiam porquê.

Este caso aplica-se li-teralmente na gestão da educação e da justiça em Portugal – e, no meu entender, não na mesma expressão na saúde, onde já há definitivamente uma cultura e uma pers-

pectiva muito superiores nesta área.No caso da justiça, todos os operadores

– sem qualquer excepção, a começar pelo próprio ministro e respectivos órgãos de regulação interna – são objectivamente analfabetos em termos estratégicos de ges-tão, com a enorme agravante (como no

caso relatado) de o não assumirem sob a capa presunçosa, inaceitável e malcriada do poder detido.

O problema da justiça em Portugal tam-bém é, portanto e nesta perspectiva, um problema típico de gestão e, dentro destes, de visão estratégica e valores culturais. Os juízes, no seu efectivo analfabetismo técni-co nesta matéria, julgam que estar preparados ou ansiar prestar um servi-ço de excelência (pelo desempenho técnico e operacional aparente-mente esforçado) es-tão a cumprir com o quesito necessário do serviço de excelência. Ora, isso não é verda-de. E está provado que o rejuvenescimento dos quadros não resolve, efectivamente, o problema – foi, também, o problema dos macacos.

A cultura impregnada numa história feita à medida e que, no fundo, é feita de aparên-cias, folclore e defesa “a outrance” de meros privilégios já não consegue ser revertida por uma qualquer mudança transformacional corrente. Por isso, também, a paz podre. Por isso, a pasmaceira do alheamento efecti-vo das realidades da vida corrente.

É triste, realmente muito triste, quando somos confrontados violentamente com esta realidade dramática das gerações mais

novas, em trânsito para deterem o poder, o quererem exercitar de facto segundo as mesmas regras, os mesmos pressupostos, os mesmos preceitos de formalidade, de balo-fice burocrática e de poder irracionalizado. Sem discutir. Sem contestar. Mimetismo puro e simples como a forma mais directa e simples de atingir o topo. Dito de outro

modo, se a cultura preva-lecente fosse no sentido da criação, potenciação e prevalência de efecti-vos líderes – aqueles que juntam à excelência do serviço prestado a visão necessária do saber o que querer fazer com o poder detido – nesse caso, sim, haveria esperança.

O problema, portan-to, está de facto no saber o que é verdadeiramente

a excelência de desempenho e como ela se traduz na prática na venda do serviço pú-blico que detemos. Reduzir a nossa razão de ser à fórmula operacional da eficiência é, de facto, um objectivo de burocratas mas não é seguramente o de líderes.

Pode ser brutal, eventualmente chocante e impróprio, mas a pergunta que fica é, no fundo, a grande síntese do problema inso-lúvel da justiça em Portugal: que nome dar a uma juíza que não quer ser chamada de Senhora? Eu, por mim, não sei – sincera-mente, não sei.

Minha senhora!M. J. Carvalho

Economista (oE 1613)

[email protected]

No meu tempo, tratar-se alguém por Minha Senhora era um sinal de deferência, educação e diferenciação

Na justiça, todos os operadores são objectivamente analfabetos em termos estratégicos de gestão

O mercado angolano está a suscitar um interesse crescente junto das empresas de calçado nacionais. No sentido de apro-fundarem o conhecimento deste país, foram 24 as empresas que aí se deslocaram em missão empre-sarial, promovida pela associação do calçado (APICCAPS).

As exportações de calçado para Angola têm crescido de forma continuada, tendo registado um aumento de 71% no ano transac-to, para cerca de 13 milhões de euros. Aliás, enquanto país ter-ceiro, Angola posiciona-se como uma prioridade para as empresas nacionais, a par da Rússia e dos

Estados Unidos. Durante a mis-são decorreram encontros com potenciais operadores e importa-dores de calçado.

Desde o início do ano, o cal-çado português tem em curso a maior ofensiva promocional de sempre, numa acção conjunta da APICCAPS e da AICEP, com o apoio do QREN. O investimento ascende a mais de oito milhões de euros e estão envolvidas cerca de 140 empresas da fileira. As acções orientam-se a 15 mercados. Os resultados já se fazem notar, ten-do em conta que se registou um acréscimo de 4% nas exportações, nos três primeiros meses.

Angola cativa empresas nacionais de calçado

Bruxelas avançou com a pro-posta da inclusão da habitação na lista de bens e serviços em que os Estados-membros aplicam a taxa reduzida de IVA. A acontecer, é aberta a porta à cobrança de IVA a 5% para todas as obras de construção de imóveis para habi-tação. O que implicará profun-das alterações à aplicação deste imposto em toda a fileira.

A proposta começará a ser dis-cutida em Outubro, em sede de conselho de ministros da União Europeia, mas adivinha-se que a respectiva adopção seja bastan-te polémica. De facto, é quase certo que alguns países vão con-testar esta mudança, tendo em conta a necessidade de garantir receita para os cofres estatais. E mesmo que seja dada luz verde,

permanecerá o carácter faculta-tivo, isto é, qualquer país pode recusar a aplicação interna da norma. Portugal é um exemplo de como este tipo de legislação suscita aceso debate.

A taxa reduzida de 5% é já aplicável há oito anos aos traba-lhos de conservação e reparação de edifícios habitacionais, desde que o valor dos materiais neles incorporados não representem mais de 20% do valor total da empreitada. Também estão su-jeitas a esta taxa as empreitadas que se integram em determina-das situações, como a habitação social, a construção a custos con-trolados ou detidas por coopera-tivas. Todos estes processos não foram simples e suscitam muita discussão.

Comissão Europeia propõe taxa reduzida de IVA para a construção

Jaime Silva, ministro da Agricultura.

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Relatório do Banco Mundial é preocupante

Biocombustíveis são responsáveis pela crise dos alimentos

Os biocombustíveis são responsáveis pelo aumento de 75% dos preços dos alimentos em todo o mundo. O relatório do Banco Mundial deita por terra a tese da administração Bush que garantia que os combus-tíveis derivados de produtos vegetais contribuiriam em menos de 3% para a carestia dos alimentos. A

realidade é bastante diferente da tese que apontava a crise como consequência do forte aumento da pro-cura por parte da China e da Índia.

O Banco Mundial defende que o rápido cresci-mento do rendimento nos países emergentes não se traduziu nom aumento considerável do consu-mo dos cereais e não teve um impacto importante na subida dos preços. Mesmo as secas na Austrália terão registado um impacto pouco significativo. O que, de facto, teve um peso muito importante no

aumento dos preços foi a procura de biocombustí-veis por parte dos Estados Unidos e da Europa.

O que significa que sem aquele fenómeno as re-servas mundiais de trigo e milho não teriam caído significativamente e os aumentos dos preços resul-tantes de outros factores teriam sido bastante mais

moderados. Numa altura em que se debate a futura política mun-dial, em matéria de combustíveis, por certo que o relatório do Banco Mundial vai ainda causar muita polémica e vivos debates. Para to-dos os efeitos, os Estados Unidos saem fragilizados em toda esta si-tuação.

O preço do cabaz de alimentos, estudado pelo banco, registou um crescimento de 140% em cerca de oito anos. O encarecimento da energia e dos fertilizantes represen-taram apenas 15% desse aumento, enquanto 75% se terá ficado a de-ver aos biocombustíveis. Basta ter

em conta que um terço do milho norte-americano é utilizado para produzir etanol e mais de metade dos óleos vegetais da União Europeia destinam-se a produzir biodiesel. A especulação financeira em tor-no dos cereais contribuiu para aumentar ainda mais os preços. Os agricultores, por seu lado, passaram a destinar áreas agrícolas maiores para a produção de biocombustíveis. Com a agravante que toda esta mudança está a ter um impacto meramente residual em termos ambientais.

União EUropEia doa mil milhões de sUbsídios agrícolas

A União Europeia vai dar cerca de mil milhões de euros de sub-sídios agrícolas não utilizados aos agricultores dos países em desen-volvimento. O objectivo é com-bater a falta de alimentos. Uma notícia que não agrada à maioria dos ministros da Agricultura eu-ropeus.

O dinheiro será retirado das verbas alocadas para comprar co-lheitas da União não vendidas e que não são necessárias. Em situ-ações normais, esse dinheiro seria entregue aos governos nacionais. No entanto, a Comissão tem ar-gumentos de peso, sobretudo a

necessidade de ajudar as popula-ções menos favorecidas a garanti-rem os alimentos para não mor-rerem de fome, tendo em conta o escalar dos preços dos alimentos.

O valor em causa irá para a compra de fertilizantes e de se-mentes ou para outras medidas que possibilitem aumentar a pro-dução. Apenas 15% será gasto em alimentos. O dinheiro será entre-gue a organizações internacionais, directamente a agricultores, a go-vernos ou entidades de caridade. A primeira “tranche” poderá ser entregue já no início do próximo ano.

Concentração dá passo de gigante na aviação

Três grandes companhias aéreas estão em vias de formarem uma grande aliança transatlântica. Três factores estão na base da parceria entre a Iberia, a British Airways e a American Airlines, o aumento do preço do petróleo, a desaceleração económica e a entrada em vigor dos “ceús abertos” entre a Europa e os Estados Unidos.

Os analistas consideram que a aliança faz sen-tido, já que tem em vista juntar esforços para fa-zer face ao agravamento do preço do petróleo e ao abrandamento económico global, bem como aproveitar as oportunidades que disponibiliza a abertura dos céus entre a Europa e os Estados Unidos. Será possível coordenar horários, tarifas e até repartir receitas. Caso a aliança avance, então parece evidente que haverá vantagens para as par-tes envolvidas.

Será possível aumentar a capacidade para fazer face à instabilidade económica e à pressão concor-rencial de outras alianças, como aquela desenvol-vida pela Delta Air Lines, a Northwest Airlines e a Air France – KLM. Por sua vez, cada uma das companhias vai permitir ganhos para a aliança. A Iberia é líder nos voos que ligam a Europa e a América Latina. A British Airways domina as ligações entre a Europa e os Estados Unidos e a American Airlines é uma das maiores companhias aéreas a nível mundial. O maior obstáculo que se coloca tem a ver com a possibilidade de as auto-ridades norte-americanas não aceitarem o pacto, considerando que se estará perante uma situação de monopólio.

difiCuldades aCentuam-se no retalho europeu

O consumo europeu começa a dar sinais preocupantes ao merca-do. A Marks & Spencer registou uma quebra de 5,3% nas vendas do trimestre terminado em Junho. Foi a descida mais acentuada em três anuas. Com a agravante que o pior ainda estará para vir.

O grupo de distribuição britâni-co espera uma contracção da pro-cura ainda mais intensa e prolon-gada do que se previa. A mensagem transmitida ao mercado não é nada animadora.

A empresa vai rever em baixa as estimativas para os próximos meses e não coloca de parte a hipótese de o fazer no prazo mais longo. Certo é que o recuo do consumo acabará por se fazer sentir, de uma forma ou de outra, em todo o sector europeu do retalho. Afinal, reflecte as difi-culdades que atravessa. Daí estes grupos (em que a Inditex também se integra) funcionarem como indi-cadores bastante fiáveis do estado da economia.

tensões no petróleo vão continuar por mais cinco anosA Agência Internacional de

Energia (AIE) considera que os elevados preços do crude não são consequência das aquisições especulativas, mas do forte au-mento da procura. Como tal, a agência prevê que as tensões permaneçam no mercado pe-trolífero até 2013, ainda que as expectativas de procura tenham sido revistas em baixa a médio prazo.

A razão para o petróleo con-

tinuar a ser negociado a preços altos terá a ver, sobretudo, com o facto de os principais produtores não terem a intenção de aumen-tar a produção diária, pelo que a margem de produção excedentá-ria de crude será, nos próximos anos, menor do que se previa inicialmentte. O abrandamen-to económico global coincidi-rá, ainda assim, com um ligeiro crescimento das capacidades de extracção do ouro negro. A me-

lhoria será de 1,5 a 2,5 milhões de barris diários, até ao final da década. A partir dessa altura, a tendência é para a produção estagnar, mas tornar a crescer a procura, pelo que as tensões deverão continuar nos três anos seguintes.

A entidade tem uma posição contrária àquela defendida pela OCDE que atribui a actual si-tuação, em grande parte, à espe-culação. A AIE acha que foram

os crescimentos da China e da Índia que estiveram na base dos actuais preços do petróleo.

A especulação, adianta, pode ter influência nos movimentos dos preços a curto prazo. Ou seja, a especulação pode afectar a cotação do petróleo num dado momento, mas não pode exer-cer influência sobre o mercado de forma indefinida, manter-se durante um longo período de tempo sem que se agravem cer-

tos desequilíbrios.Após realizar a avaliação da

actual situação das reservas físi-cas de crude, a agência chegou à conclusão que não existe uma relação directa com uma acumu-lação das referidas reservas com objectivos especulativos. Como tal, resta à economia mundial suportar mais alguns anos de alta dos preços, sendo que have-rá que tomar medidas nacionais para reduzir o seu impacto.

EUropa não tEm Um mErcado comUm para a energia

Algumas das principais em-presas energéticas europeias criticam a incapacidade dos po-líticos para desenvolverem uma política da energia comum. A Europa deveria considerar a energia como parte integrante da sua política externa.

Têm aumentado as críticas quanto ao facto de haver falta de coesão quando se trata de ne-gociar com os poderosos grupos petrolíferos e gasistas, como são os casos da Rússia e da Argélia. A Europa tem falhado no desen-volvimento de uma rede trans-fronteiriça de gás e electricidade.

A circunstância de a Alemanha ter negociado, bilateralmente, com a Rússia o mercado do gás é uma prova evidente desse fa-lhanço.

Acontece que existe um forte desequilíbrio, sobretudo em ter-mos negociais, entre a Europa e os países produtores de energia. As consequências são graves para a Europa, já que não existe um mercado e uma voz comuns. As próprias políticas internas estão erradas. Por exemplo, se a Eu-ropa produzir bioetanool não vai reduzir sequer um barril nas importações de petróleo.

sexta-feira, 11 Julho de 2008internacional10

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“À vol d’oiseau”A. mAgAlhães pintoEconomista

[email protected]://poliscópio.blogspot.com

Levantamo-nos de manhã. Iniciamos o ritual de barbear. Ao lado, um rádio pe-quenito derrama sobre nós as primeiras notícias do dia. Intentamos assobiar uma canção alegre. Afinal, estamos vivos mais um dia. O assobio não surge. Abafado pela espessura das notícias. Aplainando a nossa alegria como uma mancha de crude aplaina as ondas. O optimismo do despertar vai cedendo lugar ao pessimis-mo de todos os dias. Chegamos a pensar que valia mais ter continuado a dormir. Não há optimismo que resista.

***

Daniel Sanches, secretário de Estado de Santana Lopes, faz um negócio rui-noso para o Estado na aquisição do siste-ma de comunicações das forças de segu-rança, nos últimos dias do seu Governo. Compra pelo triplo do valor. António Costa, membro do Governo de José Só-crates, quando chega ao Governo, anula a adjudicação. Mas, passado pouco tem-po, volta a negociar com a mesma em-presa e readjudica-lhe o fornecimento do sistema anteriormente cancelado, prati-camente pelo valor anterior. O assunto chega a ser investigado, mas o Ministério Público manda arquivar o processo. Uma história “exemplar”. A única dúvida que me fica é esta: quantas vezes teve o adju-dicatário de pagar luvas e, em caso de a resposta ser maior do que zero, a quem?

*

Listas de esperas para intervenções cirúrgicas, contadas por milhares de enfermos. De tanto lidarmos com acon-tecimentos bizarros neste nosso país surrealista, já nem os estranhamos. Que sentido faz haver listas de espera para in-tervenções cirúrgicas, sejam elas quais se-jam? Como se as doenças esperassem pela disponibilidade dos Serviços de Saúde!

*

Tentar atirar para cima do Benfica os erros próprios e a exclusão da “Cham-pions” não é, apenas, uma atitude vil de Pinto da Costa. Corresponde também à tentativa de virar a justa indignação dos sócios e adeptos para cima de um “ini-migo” tradicional, para evitar que eles se virem contra o “chefe”.

*

Um relatório que demorou a parir. So-bre as condições de concorrência na in-dústria e no comércio de combustíveis. Quando a Autoridade para a Concorrên-cia afirma que os preços dos combustíveis seguiam a tendência de alta do petróleo no mercado mundial, também queria di-zer que eles também seguem a tendência de baixa, quando esta existe?

*

Mais um dia, só, de martírio para o Primeiro-Ministro, neste país aos tram-

bolhões. Depois, vai ser uma semana ou três de férias dos tormentos. Depende do Cristiano Ronaldo e dos seus pares. E por falar nisso, recordemos que foi ele, Sócrates, como Secretário de Estado de um outro Governo, o principal mentor do gasto de milhões em estádios de fu-tebol que, agora, estão em grande parte às moscas. Até parece que preparava o caminho.

*

Os transportes públicos – e, por isso, o Estado – têm uma dívida acumulada de 11 700 milhões de euros. E ainda foi no tempo do gasóleo barato. Por este an-

dar e com os preços actuais, bem vamos ter que abdicar do TGV para financiar transportes mais co-mezinhos.

*

A devolução, pela General Motors, de benefícios recebidos, relativos ao incum-primento de um contrato de investi-mento, é uma gota

de água no oceano das devoluções que o Governo tem que fazer a Bruxelas por indevido uso, por parte do sector públi-co, de fundos comunitários. Mas ajuda. É pena que, quando surge uma ocasião para felicitar o Governo, logo temos ou-tra para o censurar.

*

Porque é que alguns portugueses vaia-ram José Sócrates em Viana do Castelo? O país está em pantanas. Muito devido a factores exógenos. Mas, se o Governo es-tivesse a merecer a consideração dos Por-tugueses, teria muito mais controlo da situação. Um drama este, para todos nós, o Governo chegar extremamente desgas-tado a uma situação de emergência.

*

Uma réstia de esperança global. Mais uma pequena liberalização em Cuba. Desta vez desfazendo o mito dos salários iguais para toda a gente. No bom cami-nho, ainda que timidamente. Fica apenas uma dúvida: quando é que as pequenas liberalizações atingem o ponto em que se dá a explosão e a ditadura termina, como todas as ditaduras. Tal como o consula-do de Marcelo Caetano em Portugal de-monstrou, não há lugar na História dos povos para meias ditaduras.

*

Outra réstia de esperança. O ano vai húmido e frio. De esperar poucos fogos florestais. Depois, até podemos dizer que a ausência de calor até agora e a forte pluviosidade, ao evitarem grandes fogos florestais, são planeamento do Governo. Não importa. O que é bom é que não arda o país.

*

Costuma dizer-se que as instituições são eternas. Havia uma, já “velhinha”

em Portugal, refúgio de poupanças de quem poucas poupanças tem. Chama-va-se – ainda se chama, embora mori-bunda – CERTIFICADOS DE AFOR-RO. Teixeira dos Santos, ministro das Finanças pela graça de qualquer deus, o guerreiro supremo deste governo de um deus, conseguiu assassiná-la. Em escas-sos meses, mais de mil milhões de euros saíram porta fora. Falta saber para onde foram.

*

O Instituto da Mobilidade e dos Trans-portes Terrestres pondera a possibilidade de instalar videovigilância nos Centros de Inspecção Automóvel, já que há a no-tícia de viciação das inspecções. É Por-tugal igual a si próprio. Um país onde há absoluta necessidade de fiscalizar os fiscais. Fica a dúvida sobre quando sur-girá a necessidade de fiscalizar os fiscais que fiscalizam os fiscais.

*

Ao examinar um aluno, um professor pode ajudar ou não. Se quer ajudar, per-gunta-lhe quantos são dois mais dois. Se não quer, pergunta-lhe qual é a raiz de dois. E, em qualquer dos casos, estará a avaliar o nível de conhecimentos do alu-no. No final, pode afirmar “este aluno sabe”, em qualquer dos casos, desde que a resposta a uma e outra questão sejam correctas. Mas, obviamente, o nível de co-nhecimentos do aluno será muito diferen-te para cada uma das respostas. Ao chamar ignorantes aos professores que atribuíram ao nível de exigência das provas a súbita sabedoria dos alunos de matemática, Ma-ria de Lurdes Rodrigues demonstrou ser uma autêntica... “raiz” quadrada. E que acredita em mila-gres. Esquecendo-se que facilitar as provas é uma injus-tiça tremenda feita aos alunos que se esforçam.

*

Se precisássemos de alguma prova mais de que o Go-verno José Sócrates está determinado a nivelar o país por baixo, os processos usados nos exames do ano corrente pela sua Ministra da Educação seriam prova irrefutável.

*

O Partido Social Democrata tem uma nova Presidente com minoria de delega-dos ao Conselho Nacional. Gostava de poder dizer que conheço Manuela Fer-reira Leite. Porque isso significaria que não será esse facto a impedi-la de ser ver-dadeira e a a não enviesar o seu modo de ser para ser uma política igual a todos os demais. Mas sei que só posso eventual-mente dizer isso dentro de um ano.

*

Lá se vai a réstia de esperança. Como se esperava, Robert Mugabe “venceu” as elei-ções no seu país. Por maioria de mortos.

*

O Ministro da Agricultura desculpa-se da contestação com o argumento de que se trata de luta política. Chamando comunistas a torto e fascistas a direito. Tenho uma vaga impressão de que já vi este comportamento. Só não me recordo aonde e quando.

*

Impedido, por Bruxelas, de injectar capitais na TAP, perto de ver sair o Presi-dente da companhia apresentado duran-te anos como “salvador” (apesar de antes ter sido presidente de uma companhia que viria a falir a curto prazo, a Varig), o Governo vai ficar outra vez com a criança nos braços. Ao que dizem, mais doente do que quando o “salvador” veio. Aliás, sempre me ficaram dúvidas se a recupe-ração da TAP era efectiva ou resultava das cosméticas possíveis pela venda dos anéis. Ou me engano muito, ou o Gover-no vai ter que trocar a TAP por um prato de lentilhas.

*

O juízes estão em greve. Mas há algo que não vejo ninguém discutir: o tempo de greve dos juízes conta para a prescri-ção dos processos? E, se algum processo prescrever devido a isso, o queixoso pode pedir indemnização ao Estado Portu-guês?

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O Primeiro-Ministro já devia estar à espera do “atentado” do Algarve. Por isso é que mandou passar uma Lei que coloca a investigação criminal (em ge-

ral) sob a sua alça-da pessoal.

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Depois da Ir-landa, também a Polónia diz não ao Tratado de Lisboa. Os horizontes do futuro político de José Sócrates são cada vez mais ne-gros. Por este andar ainda acaba a por-teiro do Parlamento Europeu.

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Caso da Maddie McCann: arquivado sem provas. Caso Apito Dourado - Sec-ção Fruta: arquivado sem provas. Caso Fátima Felgueiras: na cepa torta. Caso Isaltino Morais: na cepa torta. Caso José Luís Judas: na cepa torta. Esperem só pe-las sentenças do caso Casa Pia!... Feliz-mente, para equilibrar as coisas e mostrar que não há parcialidades, também estão arquivadas cerca de três milhões de mul-tas de trânsito.

***

Já amarrei a gravata em redor do pes-coço. Engoli, à pressa, a malga de café com leite. Vou sair para a rua. Mas, con-fesso, tenho medo desse mundo que me espera lá fora.

sexta-feira, 11 Julho de 2008 11OpiniãO

O optimismo do despertar vai cedendo lugar ao pessimismo de todos os dias. Chegamos a pensar que valia mais ter continuado a dormir

Já amarrei a gravata em redor do pescoço. Engoli, à pressa, a malga de café com leite. Vou sair para a rua. Mas, confesso, tenho medo desse mundo que me espera lá fora

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Segundo Manuel Castells, a moderna sociedade em rede é cada vez mais composta por “elites globais e pes-

soas meramente locais” cuja capacidade de comunicação na maior parte dos casos inexistente, acentua uma preocupante bi-polarização dum mundo desigual imposto pela globalização. Se os Encontros das Elites Globais em Davos e das Pessoas Locais em Porto Alegre têm demonstrado a evidência desta bipolarização, a mensagem do Presi-dente da República em mais um Encontro da COTEC Europa, em Nápoles, foi muito clara, ao evidenciar o imperativo de mais do que nunca Portugal se conseguir assumir efectivamente como um país global num contexto competitivo cada vez mais exigen-te.

O que está verdadeiramente em cima da mesa destes Encontros ligados à temática da globalização é a capacidade muito con-creta de as nações e de os seus principais protagonistas encontrarem um equilíbrio adequado entre o imperativo estratégico da urgência da competitividade e a obrigação ética de cumprir o desígnio da convergência social. Por mais optimistas que sejam as te-ses sobre as oportunidades da globalização, como as protagonizadas por Martin Wolf e Joseph Stilgtz, a verdade incontornável dos números demonstra que a maior parte das “pessoas locais” não consegue aceder aos mecanismos em permanente actualização e mudança permitidos pela revolução tecno-lógica em curso e nesse sentido ganha sen-tido de urgência a necessidade de as “elites globais” liderantes desta onda de mudança saberem envolver e fazer participar todos os que se têm sentido excluídos.

A globalização local

Os Encontros das “Elites Globais” são essenciais para regular de forma adequada

a evolução das novas tendências de actua-lização impostas pela tecnologia. Como em Davos, o que se pretendeu de forma con-sistente em Nápoles 2008 é que os líderes empresariais globais assumam uma “plata-forma de convergência estratégica” com as “Elites Globais” de Portugal relativamente à oportunidade que as matrizes da inovação, tecnologia e conhecimento representam para a evolução da nova sociedade. Os casos de sucesso das empresas globais que imple-mentaram redes estratégicas de actuação em todo o mundo são vitais para um pequeno país periférico da União Europeia que tem nos novos desafios da abertura permitida pelo Plano Tecnológico e Estratégia de Lis-boa a sua única oportunidade objectiva de sobrevivência competitiva face aos restantes protagonistas.

Quando José Fernando Pinto dos Santos, a propósito do fenómeno da metanaciona-lização das estruturas empresariais, nos fala da emergência e consolidação duma rede global onde só os mais fortes sobrevivem, está claramente a colocar o acento tónico em toda a envolvente associada a este fenóme-no de alteração do paradigma das relações entre nações e suas estruturas organizativas. Quando se pede às empresas portuguesas, pequenas e grandes, que saibam assumir-se como permanentemente globais no seu protagonismo internacional, não se está a impor, por decreto, a alienação de identida-des nacionais essenciais na afirmação duma criatividade única no mundo da negociação e avaliação do valor. Como Espanha, ao lado, demonstra, o que é importante é que esta compromisso entre valores nacionais e oportunidades globais se constitua como o percurso normal na globalização estratégica do local Portugal.

Trata-se, desta forma, de dar à sociedade em rede uma possibilidade de funcionar de forma perfeitamente normal. É por isso

importante que em Nápoles 2008 as “elites globais” presentes percebam que o jogo que está em cima da mesa é o de uma conver-gência operativa normal numa sociedade local que não quer perder o desafio da mu-dança global. Importa por isso, para que a leitura de Manuel Castells tenha o mínimo de sentido, que às “pessoas locais” seja dada a oportunidade da percepção da possibilida-de de mudança gerada por estes Encontros. A globalização do Local Portugal é, desta forma, o único caminho possível para dar ao país a possibilidade de ancoragem de novas plataformas sustentadas de desenvolvimen-to, criação de riqueza e aposta em novos ni-chos estratégicos de criatividade e valor.

A localização global

Mas não se trata apenas de dar sequência ao imperativo da globalização do local. Tão ou mais importante é a consolidação duma estratégia sustentada de afirmação de Por-tugal como uma cada vez mais oportuna localização global num hipercompetitivo mundo da gestão do investimento directo estrangeiro como factor central de fixação de riqueza e valor. No Encontro de Sintra a oportunidade da presença entre nós de alguns dos mais reputados protagonistas na área dos novos negócios globais (tele-comunicações, electrónica, automóvel, entre outros) deve ver verdadeiramente ancorada como um evento de qualificação adicional da vontade operativa de Portu-gal se assumir como um ponto central na rota competitiva e também ela global do IDE de Inovação e Criatividade que hoje é verdadeiramente o principal elemento das avaliações dinâmicas das vantagens compe-titivas das nações de que Michel Porter não pára de nos falar.

O desafio da localização global suscita uma nova questão, necessariamente presen-

te no Encontro de Nápoles. Já não se trata apenas de levar longe o jogo da cumplicida-de estratégica entre “elites globais” e “pes-soas locais”. Trata-se, conforme amplamen-te defendido por Samuel Humptington, a propósito do novo choque de civilizações, de fazer com que as “elites locais” entendam de forma clara os novos desafios da globali-zação e saibam envolver, fazer participar e protagonizar as “pessoas globais” para des-ta forma conseguirem sustentar resultados concretos que todos ambicionamos como mais do que nunca necessários e oportunos. Também em Portugal, a propósito do novo desafio nacional da captação de IDE Estra-tégico de Inovação e Criatividade, gerador de valor socialmente relevante, se torna fun-damental a prática efectiva deste exercício de cumplicidade entre as “elites locais” e as “pessoas globais”.

A grande oportunidade do Encontro de Nápoles foi a de demonstrar a posssibili-dade prática operativa de convergência en-tre “elites globais” e “pessoas normais” no quadro dum exigente exercício de compe-titividade estratégico induzido pela matriz qualificadora da globalização, mas, ao mes-mo tempo, tendo por base os desafios asso-ciados da captação de IDE e de afirmação duma identidade estratégica de localização global, obrigar as “elites locais” a partilhar um exercício de convergência operativa com as “pessoas globais” disponíveis de forma a potencializar ao máximo os resultados pos-síveis.

Este equilíbrio permanente, nas suas di-ferentes variantes e tendências, entre o “lo-cal” e o “global” que Nápoles 2008 trouxe à discussão foi uma oportunidade única para Portugal. Esperemos, desta forma, que da-qui para a frente se possa dar a esta “ideia” a sua verdadeira dimensão de novo elemento a incluir na matriz do desenvolvimento so-cial do país.

A nova líder do Partido Social Democrata (PSD) aprovei-tou o seu discurso de encer-

ramento do XXXI Congresso do PSD para deixar um alerta que é simultaneamente uma evidência e uma novidade no que concerne à “vaga avassaladora de propostas de infra-estruturas” que, sustenta, “este Governo anuncia e de que o País nem sempre carece e para as quais manifestamente não tem di-nheiro”.

É uma evidência porque a acusa-ção de Manuela Ferreira Leite pro-curava dar resposta a duas simples questões que a mesma colocou so-bre os investimentos públicos pro-jectados e em curso que, supõe-se, teriam sempre que ter uma respos-ta afirmativa por parte de qualquer político responsável antes de avan-çar para a sua eventual concretiza-ção. Qualquer coisa como: São tais investimentos mesmo necessários? Dispomos de recursos suficientes para os pagar?

Por acréscimo, e aqui está a no-vidade, as duas questões não têm uma resposta absoluta e inquestio-nável, devendo ser entendidas e re-lativizadas à luz do enquadramen-to económico, financeiro, social e político de cada momento.

Isto é, não basta dizer que um determinado projecto tem um im-pacto positivo no País, quer de na-

tureza conjuntural (pelo aumento transitório do volume de empre-go, pelo acréscimo do produto e pela inerente maior circulação de recursos na economia), quer de natureza estrutural (pela capaci-dade reprodutiva que o mesmo possa ter sobre o tecido económi-co local), nem sustentar apenas que o Estado dispõe de recursos (próprios ou alheios) para supor-tar o seu financiamento imediato e futuro.

É, sobretudo, preciso assegurar que certo projecto, ou leque de projectos, é aquele que melhor serve as necessidades do País e que, por essa via, melhor aproveita os recursos que lhe estão a ser e lhe serão afectos, muitas das vezes, por várias décadas, face a todas as suas potenciais aplicações alternativas, de investimento ou de despesa cor-rente.

Na verdade, esta leitura nem sequer põe em causa a aspiração de muitos empresários e econo-mistas de que seria preferível um entendimento entre os principais Partidos com vista à definição das infra-estruturas que se deveriam tomar como prioritárias para o País, assim procurando evitar as recorrentes inversões das opções políticas nesta matéria de Governo para Governo.

Antes, o que esta leitura pressu-

põe é que esse consenso deve igual-mente estabelecer, com igual cla-reza e transparência, as balizas dos cenários macroeconómicos e de outros indicadores relevantes, em que tais investimentos serão efecti-vamente tidos como prioritários.

Ora, se assim acontecer, todos os projectos podem ser questionados até ao início da sua concretização, à luz desses mesmos limites e poten-ciais alterações da realidade socio-económica do País e do Mundo e das perspectivas que se gizarem para a sua evolução futura.

Dizia também Manuela Ferrei-ra Leite nessa mesma interven-

ção, fundamentando de forma clara e inequívoca, as dúvidas que agora lança sobre a mate-rialização de certos projectos: “Chegámos ao ponto de termos hoje uma situação de quase emer-gência social que exige uma acção imediata, determinada e corajosa. Há que intervir com urgência para combater os focos de po-breza e apoiar os novos pobres”, defendeu.

E, para que não se pense que esta é apenas uma leitura demagógica, populista e eleitoralista que hoje não se consegue colar à imagem do novo PSD, Manuela Ferreira Leite olhou para o país-real e lembrou ainda as dificuldades da classe mé-dia e os obstáculos que se colocam à actividade das pequenas e médias empresas, que rotulou dos “dois principais pilares do desenvolvi-mento do País”.

Curiosamente, o estudo sobre Portugal da Organização para a Cooperação e Desenvolvimentos Económicos (OCDE), que foi pu-blicamente apresentado na passada quarta-feira, também aconselha que tais investimentos “devem pro-mover a concorrência e que devem ser alvo de uma análise transparente de custo-benefício”.

Ainda a este nível, parece tam-bém claro que esta maior atenção à realidade económica e social do

País não sugere a assunção pelo Es-tado de uma postura estritamente assistencialista, que estimule a in-dolência dos cidadãos e a subsi-diodependência das instituições, criando mecanismos artificiais de sobrevivência a uns e a outros.

Em todo o caso, as duas questões lançadas por Manuela Ferreira Leite poderiam aplicar-se de igual forma ao significativo volume de investi-mentos que, em ano pré-eleitoral, será novamente concretizado por muitos autarcas, de Norte a Sul do País. E, seguindo a mesma lógica, independentemente do modelo encontrado para a sua concretiza-ção e financiamento, deveriam es-tes ser capazes de responder de for-ma rigorosa: são tais investimentos mesmo necessários? Dispõem de recursos suficientes para os pagar?

Bem sei que muitos poderiam demonstrar a bondade e razoabi-lidade das suas opções. Mas não faltam exemplos que mereceriam as mesmas palavras de Manuela Ferreira Leite, concentrados que estão no que julgam poder ser a sua mera sobrevivência política, através de “uma vaga avassaladora de propostas de infra-estruturas de que o seu concelho nem sempre carece e para as quais manifesta-mente não tem dinheiro” mas que, como o Governo, sabem que al-guém vai ter que pagar.

Ricardo [email protected]

http://econominho.blogspot.com

PPP: parar para pensar

O imperativo de um Portugal globalFRANCISCO JAIME QUESADOGestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento

sexta-feira, 11 Julho de 2008opinião12

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ARESP critica FenazeitesA Associação da Restauração e Similares de Portugal (ARESP), que

há muito pede a revogação da Portaria 24/2005, referente à proibição da utilização dos galheteiros de azeite nos estabelecimentos de restau-ração, criticou a Fenazeites (Federação Nacional das Cooperativas de Olivicultores) por afirmar que, desta forma, “não há adulteração do azeite e o consumidor sabe o que está a consumir”.

A ARESP considera que tal “não corresponde à verdade”, até porque a ASAE já terá punido situações de adulteração do azeite na fase do embalamento, além de que “não existe, actualmente, qualquer garan-tia rigorosa da autenticidade e da qualidade das diversas marcas de azeite que os embaladores nos põem em cima das nossas mesas”.

“Vida Económica” apresenta livro sobre capital humano e inovação

O grupo editorial Vida Económica e a con-sultora PricewaterhouseCoopers vão apresen-tar o livro “Investimento directo estrangeiro, capital humano e inovação”, da autoria de Aurora Teixeira e Ana Teresa Lehman.

O evento tem lugar no dia 15 de Julho, pelas 18.30 horas, na Sala 2 da Casa da Música.

A apresentação está a cargo de Luís Portela, presidente da farmacêutica Bial, e Carlos Zor-rinho, coordenador nacional da Estratégia de Lusboa e do Plano Tecnológico.

AIP analisa actividade empresarial

A Associação Industrial Portuguesa (AIP) apresentou os resultados do Inquérito à Actividade Empresarial 2008. Foram apontados os as-pectos mais importantes em termos de evolução da procura e das ven-das, da situação financeira, dos investimentos e financiamentos, das taxas de juro, do acesso ao crédito, do emprego, entre outros aspectos. Este ano, o relatório analisa os resultados correspondentes ao apura-mentos das respostas de cerca de 1250 empresas, um universo bastante representativo da realidade empresarial do país.

TLC empresa “carbono zero”A TLC, empre-

sa especializada no planeamento e logística de even-tos internacionais em Portugal, é a primeira «Des-tination Management Company» (DMC) portuguesa a adoptar os procedimentos necessários à quantificação das emissões de carbono resultantes da sua actividade, tornando-se uma empresa carbono zero. Como tal, compensará as suas emissões com a plantação e manutenção de carvalhos e pinheiros bravos no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Estas áreas florestais serão monitorizadas de 5 em 5 anos e preservadas por um período de 30 anos. A Carbono Zero será também responsável pela monitorização da área florestal.

Torneio de golfe mds em Miramar A mds - Corretor de Seguros vai promover mais uma edição do

torneio de golfe mds, no próximo dia 19 de Julho. Mais de 120 parti-cipantes são esperados, este ano, no Club Golfe de Miramar.

O torneio terá início às 9h e será disputado na modalidade de “Sta-bleford Individual”, no sistema de “Shot Gun”, em 18 buracos. Toby Esser, CEO da Cooper Gay, e Jeffrey Heintzelman, Senior Vice Presi-dent - Regional Segment Manager da AIG já confirmaram a presença em Portugal, para além de diversos jogadores nacionais.

A iniciativa conta com o apoio do Tróia Resort, da Hiscox, do Aqua Falls SPA Hotel e termina às 19h com um jantar de entrega de pré-mios.

Mosteiro de Tibães revisita sabores seculares

O mosteiro de S. Martinho de Tibães recebe o jantar de S. Bento, hoje, uma iniciativa anual que recria as tradições gastronómicas dos frades beneditinos. Este ano a responsabilidade recai sobre o “chef” Hélio Loureiro e a Solinca. Até Braga vão os melhores sabores dos sécu-los XVII e XVII, com base num manus-crito de culinária encontrado na livraria do mosteiro e na obra “Arte de cozinha” de Domingos Rodrigues. Tudo acom-panhado pelo vinho verde da região.

Quando avaliamos a possível realização de uma ideia de negócio, temos que atender a di-versos factores que nos permitem concluir se a ideia é exequível ou não.

A exequibilidade técnica é o primeiro ponto de análise, é preciso saber se a ideia está dis-ponível, se ninguém ainda a patenteou. Temos de concluir se tem interesse em ser patentea-da, e em que países. De seguida, se é técnica e industrialmente realizável.

Quando temos uma ideia, precisamos tam-bém de avaliar os materiais, o tempo e os meios necessários à sua concretização. Isto é muito importante, porque, se estes não se encontram ao nosso alcance, podem colocar em causa a realização da ideia. Uma com-paração com a concorrência, e uma análi-se dos pontos fortes e fracos da mesma é igualmente importante. O ciclo de vida do produto deve também ser determinado, as-sim como a quantificação dos problemas de controlo e garantia de qualidade. Devemos analisar a problemática de condicionamento dos stocks e da logística. Um factor muito im-portante é a quantificação das consequências em matéria de garantias e serviços pós-venda – hoje em dia é essencial em qualquer produto e não pode ser descurado.

A exequibilidade comercial é outro ponto de análise. Relativamente à procura, é preciso identificar e quantificar os potenciais clientes e segmentá-los de acordo com as suas neces-sidades. Temos também de identificar sob que forma serão satisfeitas as necessidades dos potenciais clientes. Relativamente à oferta, temos que identificar a concorrência e a sua oferta assim como a dimensão da sua actuali-zação tecnológica.

Devemos igualmente proceder à caracteri-

zação do mercado potencial e perspectivas de valorização: qual foi o comportamento verifica-do nos últimos anos? Quais são as perspectivas de evolução? Quem são os potenciais concor-rentes?

Quando desenvolvemos estratégias de pe-netração, devemos detectar as oportunidades, procurar mercados a que a concorrência não tenha um acesso tão fácil e determinar o nível dos preços praticados. É preciso identificar as vantagens face aos outros produtos concorren-tes. É necessário estabelecer uma estratégia comercial com uma estimativa dos custos de produção, de venda e de distribuição.

A exequibilidade humana é um factor impor-tantíssimo: é essencial saber se existe motiva-ção e capacidade por parte do empresário e da equipa de gestão para desenvolver o projecto e, em seguida, gerir a actividade e o seu futuro com sucesso. É preciso determinar se existem na região as competências necessárias aos di-versos níveis para assegurar o seu funciona-mento e evolução.

No que diz respeito ao meio envolvente, é necessário ter em atenção as leis, regulamen-tações e normas da região, para perceber de que forma podem influenciar a actividade da empresa e os seus resultados. É preciso per-ceber também se existem factores económicos que possam influenciar as taxas de juro, as ta-xas de câmbio e a inflação.

Por último, os factores sócio-culturais são determinantes: existem pressões sociais que possam influenciar a actividade e os resulta-dos?

Atendidos e verificados estes inúmeros fac-tores, o passo seguinte é dirigir-se à NET: aqui temos os meios para o ajudar a concretizar as suas ideias!

iniciativa empresarialNET - Novas Empresas e

Tecnologias, S.A. (Business and Innovation

Center do Porto) [email protected] www.net-sa.pt

sexta-feira, 11 Julho de 2008nEgóCIoS E EMPRESAS14

TEM Tudo o quE PRECISA PARA CRIAR A SuA EMPRESA?

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Alexander Ellis, embaixador britânico em Portugal, fala de um programa específico de ajuda a este tipo de empresas

Reino Unido à procura de investimento luso de carácter inovador Há um número crescente de empresas inovadoras do sector das TI e de outros – será o caso da Critical Software ou da Alert – a investir, no Reino Unido. Algo, como nos disse, o embaixador deste país, em Portugal, Alexander Ellis, que os britânicos vêem com bons olhos e que gostariam que continuasse. É esse o esforço que tem vindo a ser feito e é caso para dizer que as ajudas estão aí para serem aproveitadas pelos empresários lusos inovadores. Alexander Ellis fala de um programa específico que visa facilitar a actividade deste tipo de empresas no mercado britânico.

Vida Económica – O Investimento Directo Estrangei-ro (IDE) tem vindo a baixar em Portugal. Passa-se o mesmo com o investimento britânico?

Alexander Ellis – Não, eu diria que o investimento bri-tânico continua bastante forte. Temos um exemplo recente disso mesmo, com a compra por parte de uma empresa britânica de uma empresa portuguesa da área da informá-tica. Esta empregadora de mais de mil trabalhadores. Um outro exemplo é a Sage, uma outra organização da área das TIC, a qual está a crescer em flecha, já emprega 160 pesso-as, sendo que mais de 80% da sua produção é feita a partir daqui, de Portugal. O mesmo se passa com as exportações, nomeadamente aquelas que se dirigem a Espanha.

A isto devo ainda acrescentar que, ainda há pouco tem-po, estive presente no lançamento de um investimento bri-tânico de renovação urbanística, na ribeira de Vila Nova de Gaia. E, claro, temos também aqueles exemplos que nos chegam de sectores mais tradicionais, como é o caso do vinho do Porto, onde, nos dias de hoje, o investimento se situa mais ao nível das tecnologias, da alta tecnologia.

VE – Se, há alguns anos atrás, o investimento britânico se situava ao nível dos sectores mais tradicionais, como é o caso do calçado, nos dias que correm, este terá que ser diferen-te, terá que mudar, até por força das alterações que se operam na nossa economia?

AE – Exactamente e é também interes-sante ver qual tem sido a evolução do in-vestimento português no Reino Unido, o qual, aliás, segue a mesma tendência.

VE – Há algum tempo atrás, entrevistei o Lord Mayor de Londres, o qual teve a oportunidade de dizer que o investimento britânico em Portugal poderia passar pelas parcerias público-privadas, nomeadamente, na área da saúde? Estamos a falar de algo que tem mar-gem de progressão?

AE – Um bom exemplo, o da saúde. Há algum tempo atrás, tive a oportunidade de falar com os responsáveis da Alert, uma empresa em grande crescimento e que mar-ca também presença no Reino Unido. E penso que não querem ficar por aqui, penso que será intenção da Alert reforçar o seu investimento no Reino Unido, até porque estamos a falar de um mercado muito aberto. E não só. Não nos podemos esquecer que a Alert trabalha com o serviço de saúde britânico. Este um serviço público que

encoraja o investimento privado, tendo em vista a melho-ria da qualidade do serviço que é prestado aos cidadãos.

VE – Voltando um pouco atrás, o investimento por-tuguês no Reino Unido tem vindo a aumentar? Em que áreas?

AE – Está a aumentar. É curioso, porque há um conjun-to de novas empresas portuguesas a investir bastante no Reino Unido. Já dei o exemplo da Alert, mas há outros: é o caso da Critical Software, aliás, outra das empresas que já tive a oportunidade de visitar. E, já agora, o que leva estas empresas a entrar no mercado britânico?

VE – Sim, que razões estão por detrás desse movi-mento? O Reino Unido será também a porta de entra-da para outros mercados?

AE – Exactamente, uma boa pergunta, porque acaba por ser as duas coisas. O Reino Unido continua a ser o país europeu que mais investimento directo estrangeiro recebe. Além do facto de sermos um mercado aberto, somos, de

facto, uma porta de entrada e uma porta de entrada, por exemplo, para os países nórdicos.

A Critical Softwre, de que já falei, há pouco, está a realizar isto mesmo: a partir do Reino Unido, a exportar para outros países europeus. Mas a este investimento ligado às novas tecnologias tenho ainda que acrescentar o investimento financei-ro, dos bancos e até de outros sectores, provavelmente, menos conhecidos. Ain-da recentemente estive com responsáveis da RAR, uma empresa que já investiu bastante, no Reino Unido, na produção

alimentar, na área do tomate biológico.

VE – Estamos a falar de investimentos, mas será fácil para uma empresa portuguesa que precisa de fi-nanciamento deslocar-se a Londres para o obter? Há quem diga que esta será uma tarefa algo complexa?

AE – Exactamente o oposto. Afinal, as empresas inves-tem no Reino Unido, em parte, porque é um mercado aberto, em parte, porque também é importante para as empresas terem acesso a um outro país europeu, mas tam-bém porque é fácil aceder ao crédito. Para uma empresa portuguesa que queira investir no Reino Unido, será fácil, até porque é esse o meu trabalho: facilitar o investimento no RU. Devo, aliás, dar, aqui, um outro exemplo, o da Logoplaste. Uma empresa que já detém, no Reino Unido,

sete unidades fabris e, como me explicou Filipe Botton, o presidente da empresa, no início da sua actividade no Rei-no Unido, tinha à sua espera um funcionário das finanças que estava ali para saber quais seriam os planos da empresa. O objectivo? Ajudá-la nos primeiros anos de actividade.

Os serviços públicos, no Reino Unido, existem para fa-cilitar o investimento, o comércio e tem de ser assim.

VE – Para além daquilo que já falámos, que outro tipo de vantagens oferece o Reino Unido às empresas que pretendam investir no seu mercado?

AE – Estamos a falar de um mercado com escala, de um mercado muito competitivo. E, além disto, devo ain-da destacar o facto de possuirmos um programa específico de encorajamento das empresas portuguesas que queiram investir no Reino Unido, em áreas inovadoras. Estamos a falar de ajudas específicas para este tipo de empresas.

VE – Trata-se de um programa dirigido a empresas ligadas às TIC?

AE – Não só, não só. Estou a falar de empresas de qual-quer área, mas que queiram apostar na área da investigação e desenvolvimento. Este tipo de investimento é algo que tentamos sempre encorajar.

VE – Como é que viu aquela campanha promovi-da pelas autoridades portuguesas, uma campanha de marketing?

AE – A “Europe’s West Coast”. Quais são as marcas por-tuguesas mais conhecidas no Reino Unido? Qual a marca mais conhecida? O Cristiano Ronaldo e o Mourinho.

VE – A indústria do futebol?AE – Mas é uma imagem de excelência, de altíssima

qualidade.

VE – Estas empresas poderão até mudar a imagem de Portugal, por vezes, associada a conceitos algo ul-trapassados?

AE – Mas têm essa ideia, a de que têm uma má imagem. Tem o caso da Euro 2004, evento através do qual Por-tugal deu de si próprio uma excelente imagem, a de um país muito aberto, que acolhe muito bem. Vou dar outro exemplo: a Vodafone, uma empresa de grande sucesso que conta também com o contributo de quadros portugueses de excelência.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

“Há um conjunto de novas empresas portuguesas a investir bastante no Reino Unido”, destaca Alexander Ellis, embaixador do Reino Unido em Portugal.

229 404 025Porto • Lisboa

“O Reino Unido continua a ser o país europeu que mais investimento directo estrangeiro recebe”

sexta-feira, 11 Julho de 2008 15negócios e empresas

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Indústria dos plásticos defende imagem de amiga do ambiente

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sexta-feira, 11 Julho de 2008Negócios e empresas16

mite que um dos grandes desafios desta indústria é precisamente a vertente ambiental do plástico. “Queremos defender a imagem do plástico como amiga do am-biente. Um saco de plástico, no final de vida, tem o mesmo valor energético do que no princípio. Não perde qualidades.”

O contexto mundial da indús-tria dos plásticos está a mudar. Se, antes, países como a Índia, a Turquia e a China eram impor-tadores dos produtos europeus, hoje estão “perigosamente” a pas-sar para fornecedores, o que tor-na o fenómeno da concentração e consolidação uma realidade nas fronteiras europeias.

saco de plásticoé a opção mais ecológica

O saco de plástico é apenas uma das muitas faces desta in-dústria. Recentemente, a APIP alertou, face às notícias e deba-te político sobre os sacos de plás-tico e o seu impacto ambiental, para a importância e valor do saco de plástico quer na sua ver-tente ambiental como económi-ca. A Associação verificou que o sector dos plásticos representa uma fonte significativa de recei-tas para a Sociedade Ponto Ver-de, “o que representa um exem-plo do contributo que este sector tem tido no incentivo à recicla-gem. A indústria de plásticos tem estado sempre na vanguar-da da inovação ambiental, tendo vindo a demonstrar total dispo-nibilidade e empenho no cum-primento desses objectivos”.

SUSANA MARVÃ[email protected]

A indústria do plástico, habitualmente conhecida pelo seu carácter“low profile”, resolveu dar a cara. E defender o seu produto conferindo-lheum carácter de amigo do ambiente. Até porque, defende a Associação Portuguesa da Indústria dos Plásticos (APIP), o plástico não é degradável,mas 100% reciclável.

Mas a verdade é que é um sector que alimenta imensos mercados, desde a indústria metalomecâni-ca, área médica, automóvel, sec-tor alimentar… Talvez por isso mesmo é que mais de uma dezena de empresas desta área esteja en-tre as maiores 500 de Portugal.

Mas os desafios desta indústria são imensos. Em primeiro lugar, este é um sector onde a tecnologia representa um papel primordial e onde os investimentos nesta área são, ou pelo menos deviam de ser, imensos. Depois, a questão de que a maior parte dos materiais con-sumidos são derivados do petró-

plástico não é degradável, mas 100% reciclável

Esta é uma das questões que a APIP quer ver “resolvida”. É uma questão cultural, está enraizada, mas Saldanha Peres garante que a Associação está a trabalhar no sentido de desmistificar esta pro-blemática. O plástico não é efecti-vamente degradável, mas é 100% reciclável. Aliás, o porta-voz ad-

A indústria de plásticos não tem a projecção que de-veria ter. A projecção que

merece. E se até agora esta indús-tria tem tido um postura “low profile”, é hora de “dar a cara” a assumir o peso que tem no PIB nacional. Aliás, Saldanha Peres, porta-voz da Associação Portu-guesa da Indústria dos Plásticos (APIP), diz mesmo que este sec-tor tem mais peso na economia nacional do que a de têxtil e ves-tuário. Até porque, quando fa-lamos em indústria de plásticos, muitas vezes não fazemos ideia do que realmente estamos a falar.

leo e, por isso mesmo, com uma flutuação de preço considerável tendo em conta o actual contex-to. E provavelmente o maior de-safio prende-se com uma questão cultural. De uma forma ou outra, como admitiu Saldanha Peres, o plástico está associado a algo de mau. De pouco nobre. Mas a ver-dade é que o plástico tem sido um foco de desenvolvimento de novos materiais e produtos, ex-plicou o porta-voz à “Vida Eco-nómica”. “Muitas vezes o plástico está associado a fraca qualidade ,o que é uma profunda falsidade. Muito pelo contrário”.

IMpActO AMbIeNtAl dO SAcO de pláStIcO é RedUzIdO

• Comparativamente aos sa-cos de plástico, a produção e utilização de sacos de pa-pel gera 70% mais poluição atmosférica

• Os sacos de plástico ocupam menos espaço nos aterros municipais – a sua substi-tuição por papel aumenta-rá o volume nos aterros em 160%

• A grande maioria dos sacos de plástico, nomeadamente, os “sacos saída de caixa”, é reutilizada pelos cidadãos

• A produção de sacos de plás-tico consome menos de 4% da água necessária para a produção de sacos de papel

• Pela sua resistência e leveza o saco de plástico transpor-ta maiores quantidades com menos emissões de CO2

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De acordo com o conselhei-ro económico e comercial da Missão Económica em

Portugal, Yves Cadilhon, “exis-tem vários factores que nos fazem olhar com optimismo para o mer-cado português, entre os quais se destacam, entre outros, o progra-ma de investimentos em parte fi-nanciados pelo sector privado: os grandes projectos como o TGV, o Novo Aeroporto e a Terceira Pon-te sobre o Tejo, e outros projectos no sector energético, relacionados, por exemplo, com a construção de centrais eléctricas (eólicas e solares)”. Embora não devam ser considerados isoladamente, estes investimentos previstos pelo Go-verno português foram apresenta-dos como “potenciadores de várias oportunidades de investimento

estrangeiro em Portugal”, não só em projectos directamente relacio-nados com a construção das infra-estruturas, mas também “por toda a janela de oportunidades comple-mentares que abrem, quer ao nível imobiliário, como de serviços, por exemplo”.

Neste evento, Yves Cadilhon, conselheiro económico e comer-cial da Missão Económica em Portugal, apresentou o actual con-texto económico no nosso país aos convidados franceses presentes. O segundo orador da tarde foi Pedro Seabra, director- geral da CB Ri-chard Ellis em Lisboa, que fez uma breve exposição acerca do actual contexto do mercado imobiliário nacional de escritórios e retalho.

Seguiu-se um jantar oferecido pela Bouygues Immobilier, que

contou com uma intervenção de François Bertière, presidente da empresa, e de Aniceto Viegas, di-rector-geral da Bouygues Imobili-ária.

Imobiliário português mantém-se atractivo no panorama internacional

De acordo com Pedro Seabra, “o mercado imobiliário português tem vindo a sofisticar-se progres-sivamente ao longo dos últimos anos, mantendo-se bastante atrac-tivo no contexto internacional, atraindo cada vez mais investido-res estrangeiros que aqui resolvem apostar”.

E o mercado de escritórios é um dos que têm despertado maior

interesse fora das fronteiras portu-guesas. “As oportunidades no mer-cado de escritórios de Lisboa são muito aliciantes para os investi-dores estrangeiros”. E acrescentou: “As rendas e a oferta prime estão entre as mais competitivas da Eu-ropa, e comparati-vamente a outros países, o mercado oferece uma taxa de rentabilidade e x t r e m a m e n t e atractiva”.

Em relação ao mercado de reta-lho, o sucesso do formato do centro comercial em Por-tugal nos últimos anos, em detri-mento do comér-cio de rua, foi um dos pontos que suscitou uma maior curiosidade na plateia, que quis sa-ber como se tinha processado este fenómeno inédito em França.

Pedro Seabra chamou ain-da a atenção para o facto de que

“o mercado de investimento em complexos de retalho em Portu-gal é muito activo, e tem vindo a captar um número cada vez maior de investidores internacionais”. E, por outro lado, a qualidade dos projectos portugueses e o elevado

dinamismo do mercado tem vin-do também a chamar um número cada vez maior de retalhistas inter-nacionais para o nosso país, sendo esta uma tendência “que ainda se vai acentuar mais no futuro”.

Empresas preferem áreas reduzidas na zona “prime”

Imobiliário

Lisbon Prime index

O Lisbon Prime Index registou, durante os cinco primeiros meses do ano, 23 mil m2 de área transaccionada no corredor Miraflores – Porto Salvo, num total de 55 negócios.

Comparando estes primeiros cinco meses com o primeiro semestre do ano transacto, obtiveram-se já o mesmo número de negócios, o que permite concluir que esta zona continua com um bom ritmo de nego-ciação, sendo certo que, pelo menos em contratos celebrados, irá fechar o primeiro semestre com melhores resultados que durante os primeiros seis meses de 2007. A performance em área absorvida está dependente da colocação que ocorrer em Junho, uma vez que terá que compensar a ligeira redução da área média por negócio que se verificou desde o início do ano.

Caracterizada como zona de expansão, este eixo do mercado de escri-tórios possibilita às grandes empresas e organizações a optimização dos espaços ocupados, concentrando num só local vários serviços. Durante este ano houve já duas ocupações totais de edifícios novos, destacando-se a instalação de vários departamentos da Câmara Municipal de Oeiras em quase 4 mil m2 no edifício Atrium e a ocupação do edifício “My Office” no empreendimento do Páteo da Colina. Em termos de sectores de activi-dade mais dinâmicos neste eixo, para além do sector dos “Outros serviços”, que lideram tanto em número de negócios como em área transaccionada, encontraram-se muito activas as empresas do sector das TMT e dos con-sultores e advogados, seguindo-se as empresas do sector das farmacêuticas e saúde que apesar de registarem poucos negócios ocuparam muita área.

Proibidaa reprodução

do

LISBON PRIME INDEX

Taxas de rentabilidade do imobiliário português entre as mais atractivas

na Europa

Sucesso dos centros comerciais portugueses

atrai estrangeiros

TGV, Terceira Travessia do Tejo e novo Aeroporto

Investidores estrangeiros optimistas com os novos investimentos em infra-estruturas

www.chamartinimobiliaria.comTel.: (+351) 218 912 416

Residencial · Escritórios ·SHOPPING

sexta-feira, 11 Julho de 2008 17

Os investidores estrangeiros olham com optimismo para o programa de investimentos em grandes obras públicas – encabeçado pela Terceira Travessia do Tejo, TGV, novo aeroporto. Esta foi uma das principais conclusões retiradas de um evento de apresentação do conceito económico e imobiliário português a especialistas franceses, que decorreu na Embaixada Francesa em Portugal, em Lisboa.

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O Grupo Lar apresentou a primeira fase do seu mais re-cente projecto em Portugal, o Zen Park, no Lumiar. Re-presentando um investimen-to de 45 milhões de euros , este empreendimento é ins-pirado no conceito Zen e na teoria do Feng Shui, o que, de acordo com Rui Menezes Ferreira, director-geral do Grupo Lar Crea em Portu-gal, é um dos seus principais factores distintivos.

Segundo este responsável, “a localização associada ao preço competitivo é uma das principais mais-valias deste projecto”. O Zen Park

será comercializado “a um preço médio de 2300 euros/ m², colocando no mercado apartamentos T2 (110 m²) por cerca de 250.000 eu-ros”. A comercialização está a cargo da Consultan.

O Zen Park arranca com a construção do primeiro lote (9), do total de três promo-vidos pelo Grupo Lar, que é constituído por 39 aparta-mentos e oito lojas, além de 72 lugares de estacionamen-to, devendo estar concluí-do no segundo semestre de 2010. No total, contará com uma oferta de 200 aparta-mentos e 24 lojas.

A Faculdade de Direito do Porto irá lançar a segunda edi-ção do curso de direito imo-biliário. Direccionado para juristas e outros agentes liga-dos ao sector, o curso preten-de oferecer um conjunto de conceitos multidisciplinares na área do direito e uma visão actualizada sobre as questões jurídicas mais relevantes para esta área de negócio.

Porém, apesar de se focar essencialmente em matérias jurídicas, como direito co-mercial, direitos reais, direito registal imobiliário ou direito do urbanismo e ordenamen-

to do território, entre outros, o curso aposta ainda numa vertente prática, através de disciplinas como introdução à prática imobiliária, fundos de investimento imobiliário ou operadores do mercado e fontes de informação. Em relação à edição do ano tran-sacto, serão incluídas maté-rias como avaliação de imó-veis e actos notariais. Temas como a reabilitação urbana ou o novo regime do arren-damento urbano serão igual-mente tratados neste curso.

Segundo Glória Teixeira, responsável do curso e do-

cente de direito fiscal imo-biliário e direito imobiliário europeu, trata-se de “uma formação contínua que vem preencher uma lacuna que o sector vinha sentindo ao nível dos conhecimentos ju-rídicos, que constituem, afi-nal, um dos grandes pilares do negócio imobiliário”.

Na perspectiva de Mou-teira Guerreiro, docente de direito registal imobiliário, a mais-valia deste curso pren-de-se com o facto de ofere-cer “todo um conjunto de noções que, para quem pre-tende entrar neste domínio

do direito imobiliário, deve estar a par”. Aliás, referiu, “o próprio direito imobiliário tem ganho relevância e po-deremos mesmo ser levados a pensar que, tal como ou-tras áreas do direito, como o direito do ambiente e do ordenamento do território, o direito imobiliário possa ganhar uma autonomia pró-pria”. O curso terá início a 17 de Outubro e será de du-ração semestral, num total de 90 horas, ministrado em horário pós-laboral.

Marc [email protected]

arrendatário dispõe de um Ren-dimento Anual Bruto Corrigido (RABC) superior a 15 RMNA (Rendimentos Mínimos Nacio-nais Anuais), ou se o arrendatário não tiver, no locado, a sua resi-dência permanente, independen-temente de habitar ou não outra casa, própria ou alheia.

Muito embora não pareça ser esse o caso que o leitor expõe, con-vém referir que há casos em que, muito embora o arrendatário não tenha no locado a sua residência permanente, poderá não ter lugar a actualização faseada apenas em dois anos se tal facto se dever a caso de força maior ou doença, se não permanecer no local côn-juge ou pessoa que tenha vivido em economia comum com o ar-rendatário por prazo não inferior a um ano, ou ainda se a falta de residência, por período inferior a dois anos, não for devida ao cum-primento de deveres militares ou

profissionais, do arrendatário, seu cônjuge ou de quem viva com o arrendatário em união de facto.

Pelo exposto e porque no caso aqui exposto tudo indica que não se poderá considerar que o leitor ainda tem a sua residência perma-nente no locado, deverá passar a pagar a actualização três meses de-pois da comunicação do senhorio.

Se, com a nova renda, não compensar, ao leitor, continuar com o locado, poderá, no prazo de 40 dias após a comunicação do senhorio, denunciar o contra-to, na sequência do que, no prazo de seis meses, deverá desocupar o apartamento, sem que, entre-tanto, tenha que pagar qualquer alteração de renda.

De acordo com o disposto no NRAU (Novo Regime do Ar-rendamento Urbano), no que concerne aos arrendamentos ha-bitacionais mais antigos, ou seja, aqueles cujos contratos tenham sido celebrados antes da entrada em vigor do RAU (Regime do Arrendamento Urbano), como parece ser o caso do arrendamen-to que o leitor refere, a actualiza-ção de renda poderá se feita de forma faseada, no caso de arren-

damentos habitacionais, ao longo de dois, cinco ou dez anos, con-forme as circunstâncias, depen-dendo, entre outros factores, do rendimento do agregado familiar, da idade e de eventual deficiência do arrendatário.

Conforme se acabou de refe-rir, efectivamente, a actualização extraordinária da renda pode ser feita apenas em dois anos, o que acontecerá se o senhorio invo-car que o agregado familiar do

Legal & Imobiliário

MARIA DOS ANJOS GUERRAAdvogada

“A actualização extraordinária

da rendapode ser feita

apenasem dois anos”

Arrendamento

Actualização extraordinária de renda de locadoque não é residência permanente do arrendatário“Há já mais de 20 anos arrendei um apartamento cuja actualiza-ção de renda me foi agora comunicada.Dado que a renda que pago não é elevada, já esperava pela actu-alização que agora me foi comunicada, não esperava é que fosse tão rápida. acontece que o senhorio, na carta que me enviou para comunicar a nova renda, diz que a actualização vai ser feita em dois anos alegando que já aí não resido há mais de um ano. É ver-dade que herdei uma casa nos arredores da cidade onde passei a morar com a minha família, mas tenho continuado a usar o andar arrendado porque embora mais pequeno é mais próximo do local onde trabalho. será que devo pagar a nova renda comunicada? É que com a actualização talvez não me compense manter o apar-tamento. o que devo fazer?»

sexta-feira, 11 Julho de 2008imobiliário18

Faculdade de Direito do Porto lança segunda ediçãodo curso de Direito Imobiliário

Grupo Laraposta 45 milhõesno conceito Zen

Fundos de investimento imobiliário portugueses ainda investem pouco em Turismo

No primeiro semestre de 2008, o departamen-to de Office Agency da Jones Lang LaSalle foi responsável pelo arren-damento de uma área total de 17 194 m² de escritórios. Entre os principais negócios con-cretizados desde o início do ano, destaque para o arrendamento de 2192 m² no Espaço Infante Santo (Lisboa), detido pela Arena, à Tim w.e., bem como a colocação da Select Vedior numa área de 1605 m² no edi-fício Defensores de Cha-ves 45, ocupando três pi-

sos deste imóvel detido pela Norfin. No Neopa-rk (Carnaxide), proprie-dade do Banif, foram arrendados 850 m², em operações resultantes da expansão de empresas já instaladas no edifício. A consultora actuou ainda no arrendamento de 665 m² à Mylan, no Edifício Arquiparque I (Miraflores), detido pela Fundimo. A colocação da MOP em 400 m² no Edifício Prime (Al-fragide), são outros dos negócios mediados pela Jones Lang LaSalle nos últimos meses.

Jones Lang LaSalle já colocou 17.194 m² de escritórios em 2008

O Turismo é um dos sectores onde o investimento dos fundos imobili-ários (FII) portugueses ainda é me-nos significativo, concentrando uma parcela de apenas 5% do portefólio destes veículos de investimento imo-biliário. Esta é uma das principais conclusões de um estudo realizado pela DTZ, acerca dos fundos de in-vestimento imobiliário portugueses em 2007, e segundo o qual repartição do portefólio por segmento demons-tra a preferência do investimento no sector dos Serviços (29%).

A Habitação regista um peso de 15%, valor que tem vindo a crescer significativamente, o que demons-tra “uma cada vez maior preferên-cia dos investidores por projectos habitacionais”. Além disto, a DTZ conclui que a também a promoção

tem vindo a assumir um peso crescente no portefó-lio dos FII, “salientando-se dentro desta, a Habitação, com um investimento de 713 milhões e um peso de 47%”.

A par com o Turismo, a Indústria é outro dos seg-mentos menos significati-vos nas carteiras dos fun-dos, apresentando um total investido de 12%.

No período em análise, a carteira de imóveis dos FII ascende a cerca de 11270 milhões de euros, dos quais cerca de 49% (5500 milhões) pertencem a FII fechados (FIIF), 40% a fundos abertos (FIIA) (4500 milhões) e os restantes 11%

(1300 milhões) são propriedade dos FEII (fundos especiais de investi-mento imobiliário).

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da o Governo de ter criado uma excepção à regra.

As suas palavras são, de novo, reveladoras: “O Go-verno, para contornar esta condição, criou uma ex-cepção à regra geral de ele-gibilidade territorial para atribuição dos fundos co-munitários no contexto do QREN”.

Para Silva Peneda, os nos-sos responsáveis justificaram esta acção com o facto de os “investimentos feitos na capital terem ‘efeitos de di-fusão’ nas restantes regiões do país”. Algo que, segundo este parlamentar, não está quantificado – “estes efeitos de difusão não estão quanti-ficados de forma rigorosa e nem sequer vagamente esti-mados”, diz – e que, dificil-mente, se poderá aplicar ao Norte do país.

“Será, particularmente, difícil que o Norte venha a beneficiar por ‘difusão’ dos investimentos feitos, em Lisboa, no âmbito do Pro-grama Temático Potencial Humano do QREN”, ex-plica.

Silva Peneda questiona a Comissãosobre o assunto

Governo prejudicao Norte na atribuiçãodos fundos comunitários

“O Governo está a criar uma ‘artimanha’ para fugir às regras comunitárias e be-neficiar a região de Lisboa, em detrimento das outras regiões do país, nomea-damente, do Norte”. As palavras fortes são de Silva Peneda, eurodeputado do PSD, e já chegaram à Co-missão Europeia.

Este parlamentar, em comunicado enviado à imprensa, lembra que já questionou este órgão co-munitário sobre o assunto e explica os motivos que o levaram a tomar esta posi-ção: “Os critérios de ele-gibilidade para atribuição do financiamento do FE-DER e FSE restringem-se às regiões onde o PIB per capita é inferior a 75% da média comunitária. O que, felizmente, já não acontece em Lisboa, que já ultrapassa claramente a média comunitária, ao contrário da região Norte, que regista um valor de, apenas, 59,8%”.

E Silva Peneda não fica por aqui, e acusando ain-

O QREN vai apoiar o investimen-to das empresas em áreas como a Pro-priedade Industrial (PI), a criação, a moda e o design. Quem o disse, re-centemente, na Associação Industrial do Minho (AIMinho), no âmbito de uma conferência sobre a importância das marcas, foi Piedade Valente, da comissão directiva do Programa Ope-racional Factores de Competitividade (POFC). “Apesar de não existir um programa específico de apoio para estas áreas como existia no PRIME (SIUPI), os actuais sistemas de incen-tivos contemplam despesas de PI, de criação, de moda e design”, explica.

E Piedade Valente continua o seu raciocínio ao dizer que isto será pos-

sível através dos programas de I&DT e Qualificação PME. Os candidatos, afirma ainda, “têm de antever se vão ter de investir em propriedade indus-trial e, assim, contemplar esse inves-timento nos projectos”. Esta respon-

sável lembra, por último, que, para além das despesas de protecção da propriedade industrial, o sistema SI Inovação engloba também despesas de criação e concepção de marcas e gestão do design.

Piedade Valente, da comissão directiva do POFC, revela

QREN promove investimento das empresasem propriedade industrial

Exigência de autonomia financeira afasta pequenas empresas do QREN

As candidaturas apresenta-das ao QREN pelos em-presários já foram apro-

vadas, mas há atrasos quanto à assinatura dos contratos. O que pensa sobre isto António Sou-za-Cardoso, consultor? Ora, à margem de uma conferência – o Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais (IESF), com sede em Francelos, Gaia, foi a en-tidade organizadora – dedicada, precisamente, ao QREN, este es-pecialista mostra-se a favor desta ideia - esta muitas vezes avançada pelos empresários da nossa praça –, ao afirmar que “houve, de facto, antecipação nos prazos de aprova-ção das candida-turas, pelo menos, numa primeira fase, mas que isto não tem acontecido tanto na fase de contratualização”.

E continua: “O Governo até fez sessões, onde existiam con-tratos, mas estes tinham, poste-riormente, de ser formalizados validados. Suponho que existem muito poucas empresas ou or-ganizações que possam já contar com o dinheiro”. É óbvio, está à vista de toda a gente, diz ainda

que “este processo, a julgar pela única experiência que temos, ou seja, a primeira fase dos con-cursos, correu melhor na fase de aprovação do que na fase de con-tratualização”.

Sistema de incentivosà inovação é o mais procurado

Qual dos sistemas de incentivos está a ser alvo de maior procura por parte das empresas? A esta pergunta da VE, António Souza-

Cardoso responde com o sistema de incentivos à ino-vação. Algo, como explicou a seguir, mais relacionado com os processos produtivos do que propriamente com a introdução de

factores de competitividade di-tos imateriais. “Penso que faltou tempo para sensibilizar as em-presas para essas áreas que estão mais em falta, os factores mais dinâmicos de competitividade, principalmente, a Investigação, Desenvolvimento e Tecnologia (I&DT)”, destaca este perito. E acrescenta: “Há uma conversa, que é a conversa do MIT, há uma

conversa muito importante, que é a conversa do Plano Tecnológi-co, e há uma outra conversa que é a vida das empresas”.

Há, por isso, aqui, algum des-fasamento, entre uma realidade e outra? António Souza-Cardoso responde de modo afirmativo e lembra que existiu por parte do Governo um esforço no sentido de dar a conhecer o QREN, mas que isto foi realizado num fase ainda muito inicial, numa fase, como disse, onde “tudo estava ainda muito em ‘carne viva’”. No entender de Souza-Cardoso, algo que continua a acontecer, na me-dida em que “continuam a sair regulamentos específicos, a serem apresentados pólos de competiti-vidade”. Este puzzle, concluiu, “ainda não fechou”.

Crise pode afastar empresários do QREN

Quando a “Vida Económica” questiona António Souza-Car-doso sobre a importância do QREN na mudança da nossa economia, este remete o assunto para a crise que se vive, no mo-mento, europeia e internacional. No seu entender, muito preo-cupante e que pode, inclusive, levar os empresários, até porque

este exige autonomia financeira, a não investirem, a não recorre-rem ao QREN. “Tenho receio que venha a existir uma retrac-ção em relação ao investimento. Tenho receio que não exista um número suficiente de bons pro-jectos capazes de aproveitar as oportunidades que o QREN ofe-rece”, sublinha. Uma coisa é cer-ta: esta mudança de que falámos há pouco já começa a acontecer, pelo menos, no que diz respeito à necessidade de exportar. Para An-tónio Souza-Cardoso, os nossos empresários já interiorizaram o facto de estarmos inseridos num mercado global, sobretudo os das

gerações mais novas. Sobre um outro assunto, sobre

o afastamento das associações do QREN – outra crítica que é feita a este quadro de apoio –, os co-mentários de Souza-Cardoso re-metem-nos para o facto de o Go-verno considerar que o espírito de cooperação, que falha, entre nós, pode ser melhor promovido atra-vés desta via: da cooperação entre empresas. “O incentivo à cultura da cooperação entre as empresas, até por combate ao desperdício, é positivo”, destaca.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

sexta-feira, 11 Julho de 2008 19QREN

“Há uma conversa muito importante que é a conversa do Plano Tecnológico e há uma outra conversa que é a vida das empresas”, lembra António Souza-Cardoso, consultor da HOP. “O incentivo

à culturada cooperação

entre as empresas é positivo”

O Governo acaba de criar o deno-minado Fundo de Apoio ao Finan-ciamento à Inovação (FINOVA). Tra-ta-se, como explicam, de um fundo autónomo, vocacionado para a criação ou reforço de instrumentos de finan-ciamento de empresas – de um modo especial as PME -, bem como dos pro-jectos com maior grau de inovação. “O FINOVA constituirá, assim, o veículo privilegiado para assegurar novas opor-tunidades de financiamento às PME

no âmbito do QREN”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Minis-tros de 3 de Julho que nos chegou às mãos. Os grandes objectivos deste fun-do? Estes são vários, donde destacamos a promoção da intervenção do capital de risco no apoio às PME, sobretudo quando estão em causa projectos ino-vadores. A isto, junta-se o reforço do sistema de garantia mútua, a promo-ção da contratualização junto do sis-tema financeiro de linhas de crédito

– facilitar o acesso ao financiamento por parte das PME é, aqui, o objectivo –, o incentivo ao empreendedorismo, nomeadamente aquele que está ligado aos jovens e às mulheres. Com um sen-tido mais global, surge um fundo que visa implementar as denominadas “Es-tratégias de Eficiência Colectiva” ou a emergência de novos pólos de desen-volvimento de actividades dinâmicas como as indústrias criativas.

SR

Governo lança fundo de apoioao financiamento da inovação

Os candidatos “têm de antever se vão ter de investir em propriedade industrial e, assim, contemplar esse investimento nos projectos”, destaca Piedade Valente.

António Souza-Cardoso, partner da consultora HOP, aponta para a falta de cultura empresarial de investimento

Page 20: Pequenas empresas...Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida Pequenas empresas afastadas do QREN A exigência de autonomia financeira dos projectos “à

zx O meu pai vai reformar-se e o meu irmão assumirá o seu lugar na direcção da empresa. Como ambos têm ideias diferentes, a mudança poderá ser positiva para o negócio. Mas os directores que sempre acompanharam o meu pai ainda se vão manter. Será que também deviam reformar-se com ele?

É evidente que o seu irmão pretende criar uma nova equipa directiva que o ajude a impulsionar e conseguir as mudanças que propõe. É também evidente o facto que, excepto se a sua empresa se encontrar numa situação muito delicada por má gestão, as pessoas que até agora dirigiram o negócio podem ajudar, e muito, na transmissão da liderança.Acredito que seria conveniente que com cada um deles, e juntamente com o seu pai e o seu irmão, estabelecessem um processo de transmissão da liderança para a nova pessoa. Definam um período concreto, em alguns casos podem ser 6 meses e noutros 3 ou 5 anos, período em que cada um deles terminaria o que tem sido até agora o seu trabalho dentro da empresa e com o seu último grande desafio profissional: ajudar a que o processo de sucessão da empresa familiar culmine com êxito.É fundamental que envolvam as pessoas, que lhes expliquem claramente o que esperam deles e porque é que para a empresa é melhor que num determinado prazo deixem o lugar para os seus substitutos. É importante que o façam de forma não traumática a nível pessoal e garantindo as correspondentes garantias económicas e de reforma. É importante que eles ajudem a preparar o caminho para quem os irá substituir. E devem ajudar o seu irmão a assumir a liderança efectiva da organização. Se agirem desta forma, os restantes colaboradores da empresa sentirão a sua posição reforçada e vão sentir-se mais seguros e envolvidos.Se agirem desta forma, estarão, além do mais, a evitar que o seu irmão possa cair na tentação de se rodear de pessoas próximas a nível pessoal mas sem a necessária qualificação profissional.

Abel Maia

sexta-feira, 11 Julho de 2008EMPRESAS FAMILIARES20

Consultório da empresa familiar

Envie-nos as suas questões [email protected]

Na semana anterior, alertámos para a necessidade de im-plementar um sistema de Direcção por Objectivos na nossa empresa. Hoje, abordaremos a justificação e o contributo des-te sistema para a empresa.

O sistema de direcção de uma empresa deve premiar e castigar, caso contrário o que se faz é apenas desmotivar. O sistema não pode tratar de forma igual os maus e os bons, neste caso estaríamos a incentivar os primeiros a continuar da mesma forma e a frustrar as expectativas dos segundos. Se

insistirmos neste tipo de direcção, conseguiremos afastar os bons profissionais, os que verdadeiramente contribuem para os bons resultados empresariais (incluímos aqui alguns fa-miliares), e sendo esta uma má noticia, não é o pior que nos ocorre. O mais grave é que ficariam os maus, os que não te-riam qualquer interesse em abandonar uma organização onde lhes é permitido ter um baixo rendimento … Resultado final: acabaríamos por ter uma organização cheia de medíocres e com um rendimento medíocre. E a responsabilidade seria to-talmente nossa.

Então, quais as vantagens de um Sistema de Direcção por Objectivos para a empresa?

1- Permite canalizar as energias da organização no sentido definido no Plano Estratégico da empresa.

No Plano Estratégico da empresa visualizamos o futuro. Se pretendemos que seja algo mais do que apenas boas in-tenções, devemos trabalhar arduamente para o conseguir. O nosso trabalho enquanto responsáveis pelo “management” consiste em orientar esforços e comprometer recursos, e o Plano Estratégico tem que ser o nosso guia de acção.

Assim, os objectivos do sistema, e portanto das pessoas, de-vem assentar em objectivos empresariais. Devemos alienar os interesses individuais dos trabalhadores com os interesses da empresa, apenas assim poderemos alcançar o êxito, canalizan-do a energia individual de cada um numa direcção conjunta.

2- Introduz esforço no sistema empresarial aumentando a energia do mesmo.

Temos que conseguir que o sistema de retribuição (será o tema da próxima semana) motive as pessoas para que se es-forcem para conseguir os objectivos da estratégia da empresa. Se não o fizermos, fracassaremos.

Nas palavras de Adam Smith em “A Riqueza das Nações”, “O esforço da maior parte dos que exercem qualquer profissão é sempre proporcional à necessidades que têm de se esforçar”.

Se definirmos objectivos ambiciosos e dermos motivação para que se esforcem (retribuição, reconhecimento, carreira profissional…) de certeza que o vão fazer e o rendimento vai aumentar. Mas se não houver qualquer motivo para que façam um esforço, não o fazem, e os resultados não aparecem.

3- Introduzem objectividade na avaliação do rendimento das pessoas.

Sem elementos objectivos que nos permitam avaliar o ren-dimento das pessoas que integram a nossa empresa, como é que os avaliamos?, pela sua aparência, horário, dimensão e apresentação de relatórios, pela “simpatia” para connos-co,…?

O chefe deve saber com clareza o que espera dos seus su-bordinados e os subordinados devem saber com clareza o que a organização espera conseguir com o seu trabalho. Toda a avaliação profissional periódica sobre o pessoal da nossa em-presa deve assentar nestas questões.

Na próxima semana abordaremos algumas questões práti-cas sobre o desenho e a implementação de um modelo deste tipo numa organização.

A Direcção por Objectivos na empresa familiar (II de III)

Especialistas na Consultoria a Empresas Familiares e elaboração de Protocolos Familiares

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Jesus e Francisco Negreira del Rio.Professores da Escuela de Negocios Caixanova

O nosso objectivo é mudar o destino da Empresa Familiar

DestinatáriosAccionistas, gestores ou quadros superiores de Empresas Familiares; e membros de famílias empresárias (a trabalhar ou não na empresa).

Objectivos Gerais• Compreender as especificidades da Empresa Familiar;• Conhecer o Protocolo Familiar e a sua importância para a empresa

e família;• Desenvolver um modelo de implementação de um Protocolo

Familiar.

Programa• A importância e especificidades da Empresa Familiar;• O bom governo da empresa e da família;• A propriedade da empresa e a relação família-empresa;• As gerações familiares e suas especificidades;• A sucessão na Empresa Familiar;• A estrutura dum Protocolo Familiar;• Um modelo de implementação do Protocolo Familiar.

FormadorAntónio Nogueira da CostaSócio e consultor da EF-consulting, empresa especializada em consultoria a empresas familiares em Espanha e Portugal. Doutorando em Gestão com tese na área da sucessão das empresas familiares, Executive MBA e Programa de Alta Dirección da Escuela de Negocios Caixanova. Experiência profissional nas áreas de gestão e marketing, áreas em que é professor em diversas instituições do ensino superior e escolas de negócios.

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Do provérbio “Pai rico, filho nobre, neto pobre” à análise“... De cada 100 empresas familiares que alcançam a 2ª geração apenas 30 sobrevivem e, destas, apenas 15 continuam activas na 3ª geração.”Dyer, W.G.

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11 de Julho de 2008 | Suplemento Nº141Espaço dedicado às Pequenas e Médias Empresas de Portugal

BARÓMETRO PME*Todas as semanas, exprima a sua opinião no Portal das PME

Resultados da semana de 01 a 07 de Julho de 2008 Concorda com a Revisão do Código de Trabalho, cujo acordo foi alcançado na passada semana, em sede da Comissão Permanente de Concertação Social?

Sim: 16%Não: 32%Nalguns pontos 52%

Tema em auscultação até 14 de Julho de 2008O Governo deve suspender as obras públicas que anunciou?

Participe. Dê o seu contributo em:

www.pmeportugal.pt

*Através deste barómetro pretende-se auscultar e conhecer a opinião e hábitos dos utilizadores on-line do Portal das PME, relativamente a temas da actualidade económica.

A Associação PME-Portugal está a lançar nos balcões Empresa na Hora uma campanha única dirigida especialmente às sociedades criadas através deste sistema. Apresentando

condições muito especiais às empresas acabadas de criar, a PME-Portugal disponibiliza cinco serviços: Programa LER, Telefone na Hora, Estar Bem In-formado, Jornal das PME e Domiciliação Virtual. Consciente da difi culdade de qualquer empresa em início de vida, a Associação PME-Portugal pretende, deste modo, ajudar estas empresas a adquirirem ser-viços úteis ao seu quotidiano, a preços competitivos. As empresas criadas através do sistema Empresa na Hora para poderem usufruir desta campanha ape-

nas terão de se tornar associadas da PME-Portugal. Uma entidade de âmbito nacional, criada com o intuito de apoiar e promover os interesses de todos os empresários em nome individual e de todas as empresas com estatuto de PME (pequena e média empresa), que exerçam uma actividade económica em Portugal. A PME-Portugal oferece aos seus asso-ciados informação, formação e apoio técnico, criando soluções inovadoras que rentabilizem o negócio das PME. Para mais informações, os interessados em conhecer melhor e/ou aderir a esta campanha deve-rão contactar a Associação PME-Portugal através da Linha Nacional de Apoio 707 50 1234 ou do e-mail [email protected]

VENHA VENCER CONNOSCO!Associação PME-Portugal lança serviço dirigido às Empresas na Hora

QUATRO MEDIDAS A TOMAR FACE À SUBIDA DAS TAXAS DE JURO

Associação PME-Portugal insta Governo a tomar decisões

Perante o anúncio de mais uma subida das taxas de juro na zona euro, a Associação PME-Portugal lançou um comunicado, na passada semana, onde propõe quatro medidas que o

Governo português deverá tomar para fazer face à subida das taxas de juro. Pode ler-se nesse comuni-cado que esta subida era esperada, já que “o Banco Central Europeu tem permitido que os especuladores antecipem as suas decisões. Infeliz, porque este cres-cimento, mais um de muitos que acontecem desde há meses, vai prejudicar gravemente as economias europeias, e em especial uma economia em débil recuperação como a portuguesa”. Perante este ce-nário, a PME-Portugal considera que, em Portugal, serão “seriamente afectados investimentos em curso, colocados em causa novos investimentos das peque-

nas e médias empresas, e descerá a capacidade das famílias para pouparem ou consumirem. Em suma, mais uma pedrada na economia”. Anunciando que, enquanto Vice-Presidente da ESBA (confederação europeia de PMEs), a PME-Portugal irá convocar uma reunião de urgência, e insta o Governo por-tuguês a tomar as seguintes medidas que “estão ao seu alcance e dever”: “Mandatar os ministros das Finanças e da Economia a convocarem reuniões de emergência do ECOFIN e do Conselho de Competi-tividade, emitindo sérias recomendações de baixa da taxa de juro face à postura anti-económica do BCE; Colocar imediatamente disponível a prometida linha de crédito de 600 milhões de euros para as PME a ta-xas de juro reduzidas ou nulas, conforme anunciado no Parlamento pelo Primeiro-Ministro há cerca de

um mês; Alargar a todas as actividades económicas, como fez com os transportadores e outras activida-des, o procedimento para que o pagamento do IVA ao Estado seja efectuado apenas quando as empresas recebem o imposto (no acto do recibo) e não quando vendem ou prestam serviços (acto da factura), pois dados os prazos de pagamento, as empresas estão altamente descapitalizadas, pagando o imposto antes de o receberem; Acelerar de uma forma séria os pagamentos elevadíssimos em atraso nos inves-timentos efectuados no 3º Quadro Comunitário de Apoio, e fi scalizando duma forma séria e sistemática os atrasos provocados pelas próprias estruturas dos gestores dos programas ou entidades intermediárias, colocando essa fi scalização sob égide da Assembleia da República”.

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João Proença, docente da FEP, considera

Administração pública não aproveita todo o potencial do marketing“Marketing de Serviços Públicos – Casos de Estudo” é a mais recente publicação de João Proença, docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Esta obra procura estabelecer uma ligação entre o Marketing e os Serviços Públicos, uma associação inevitável face às mudanças recentes na Administração Pública, em que o Marketing tem tido um papel crucial. Sustentado numa análise de oito casos de estudo nacionais, esta publicação permite discutir e redefinir as clientelas e os vários componentes do “mix” de serviços, como os serviços prestados, os preços ou a comunicação. A “Vida Económica” falou com o autor.

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O INETI – Instituto Nacional de Engenharia, em parceria com a ADENE – Agência para a Ener-gia, juntou uma plateia de profis-sionais da área para a apresentação da sua visão do futuro no que se refere à eficiência energética nos edifícios, numa conferência de imprensa cujo mote foi “Living in the Future”.

O tema não podia ser mais ac-tual face ao novo Plano Nacional de Acção para a Eficiência Ener-gética (PNAEE), apresentado pelo ADENE, que visa alcançar 10% de eficiência energética e mitigar o crescimento da factura energética em 1% por ano, até 2015.

Para tal, a Agência para a Ener-gia desenvolveu um conjunto alar-gado de doze pro-gramas de medidas que vão “permitir alavancar e suplan-tar as directivas já existentes relativas à eficiência energética na utilização final de energia e aos servi-ços energéticos”.

Numa visão mais particular, Hélder Gonçalves, investi-gador principal do departamento de energias renová-veis do INETI, apresentou a sua

perspectiva sobre os edifícios do futuro baseada numa estratégia

denominada “ZEB – Zero Energy Buil-ding” – edi-fícios que p r o d u z e m em termos energéticos aquilo que consomem. O Solar XXI, uma cons-trução com uma área to-

tal de 1500 metros quadrados que tem funções de serviços e labora-

tórios, foi utilizado como exemplo desta estratégia e como condição de “Living Happy”. Este edifí-cio, através do seu solar térmico e sistema fotovoltaico, optimiza a qualidade térmica do recinto e po-tencia os ganhos solares de forma a diminuir as perdas térmicas da estrutura, no período de Inverno, e produzir electricidade. Segundo o responsável, 80% do consumo eléctrico (20 MWh) do Solar XXI é produzido no sistema fotovol-taico, o que significa que oito to-neladas de emissões de CO2 são evitadas. “Há que rever os valores do consumo que temos em casa. Os edifícios com estas especifici-

dades são o futuro”, afirmou Hél-der Gonçalves, adiantando que “as preocupações de introduzir este conceito de “Living Happy” nas escolas está muito aquém do es-perado”.

No âmbito desta conferência de imprensa, foi ainda apresentada a solução Termobuild, desenvolvi-da pela Sttei e ImaginarnaNET, com a colaboração do INETI. Esta ferramenta permite aos ar-quitectos, engenheiros e projec-tistas de edifícios efectuar a aná-lise térmica dos mesmos, a partir dos seus projectos efectuados em CAD e sem recorrer a medições manuais.

INETI e Agência de Inovação apresentam sistemas energéticos inovadores

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Vida Económica – A utilização do marketing na promoção e divulgação de serviços públicos ainda é incipiente. O que justifica este tradicional afasta-mento entre marketing e serviços públicos?

João Proença – De facto, não existe qualquer tradição. Existe sim uma perspectiva de que o marketing está asso-ciado a vendas e a empresas com fins lucrativos.

No sentido oposto, numa instituição pública, o lucro não está propriamente presente. Porém, a questão finan-ceira começa, quer ao nível da sustentabilidade económi-ca quer ao nível do autofinanciamento das instituições e dos serviços públicos, a ganhar algum peso. Na verdade, a noção de gratuitidade dos serviços públicos é cada vez menor. As universidades são um exemplo disso mesmo. Em muitas áreas, estas têm já necessidade e obrigação de gerar receitas próprias.

VE – Será uma questão de ausência de concorrência e escolha por parte do contribuinte?

JP – Esta é uma realidade nova para a população em geral e para a economia. Na maior parte dos casos, o clien-te, o contribuinte, não tem alternativas. Apesar de nos hospitais ou nas universidades, por exemplo, existirem já alternativas, haverão sectores que nunca deixarão de ser um monopólio. Porém, mesmo nesses serviços, o utente, o cidadão, será cada vez mais exigente, pois será, cada vez mais, um cidadão informado, exigindo um melhor trata-mento. Por outro lado, acredito que, mesmo que no limite

exista falta de concorrência, também existem outras for-mas de o próprio mercado responder.

VE – Qual a principal contribuição potencial do marke-ting para o fornecimento de serviços públicos?

JP – Permitir que os serviços públicos prestem um ser-viço de melhor qualidade, satisfazendo os utentes, numa perspectiva de clientes. Fundamentalmente, o marketing poderá permitir saber como se pode servir melhor o uten-te, pois este engloba não só comunicação e promoção mas também o estudo da realidade, quer ao nível de estudos de satisfação como de recolha de sugestões.

VE – Na sua opinião, tem a actual reforma na Ad-ministração Pública portuguesa tido em consideração preocupações com a introdução de conceitos e/ou téc-nicas de marketing? Gostaria de destacar algum caso em particular?

JP – A Loja do Cidadão é um bom exemplo, tal como todos os sistemas que permitem um novo interface com o cliente. Hoje vivemos numa sociedade totalmente centrada nos serviços. No entanto, e na minha opinião, a utilização do marketing nos serviços públicos tem sido feita na par-te menos importante, limitando-se à comunicação. Para além disso, esta utilização do marketing na comunicação visa objectivos políticos, em proximidade mesmo com a propaganda, confundindo-se marketing com a política. De facto, esta utilização não explora todas as potenciali-dades do marketing.

VE – Ao nível das instituições sem fins lucrativos, como a Fundação do Gil (abordado no seu livro) ou o Banco Alimentar, e para além de representar uma estratégia de comunicação e divulgação, que mais-

valias pode a utilização de um plano de marketing trazer?

JP – Uma estratégia de marketing deve sobretudo per-mitir identificar os públicos importantes e desenvolver re-lações diferentes e específicas com cada um deles. Este le-vantamento permitirá definir diferentes formas de chegar ao mercado. Por outro lado, estas instituições têm também outra especificidade: a necessidade de obter financiamen-tos. Estas organizações têm de ser criativas na forma como que se relacionam com o mercado. E estes são dois casos muito bons disso mesmo.

VE – Na verdade, o sector público onde o marke-ting tem atingido níveis de maior agressividade tem sido na área das instituições de ensino superior. O que pensa das suas campanhas de promoção e divulgação sobretudo as dirigidas às faixas etárias maiores de 23 anos?

JP – É inegável que o mercado, a partir do momento que não chega para todos, em que a procura não esgota a oferta, exige que as instituições, mesmo as mais tradicio-nais, marquem a sua posição. Primeiro, porque começa a existir uma necessidade depois porque começam a verificar que vale a pena investir em marketing. Todavia, o marke-ting utilizado ao nível das instituições de ensino superior é ainda muito rudimentar. Não existe conhecimento, ou não são aplicadas, algumas ferramentas que se ensinam na escola. Por exemplo, muitas das vezes não existe um orçamento específico para isso nem existe uma pessoa res-ponsável pela implementação, um director de marketing, depois também não existe uma gestão da carteira de pro-dutos. Também a este nível o marketing utilizado é sobre-tudo como ferramenta de comunicação.

FErNANdA SilVA TEixEirA

sexta-feira, 11 Julho de 2008pme22

“A noção de gratuitidade dos serviços públicos é cada vez menor”, afirma João Proença.

Sistema de Certificação Energética visa certificar 200 mil habitações e 20 mil escritórios por ano

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A Autoridade para as Condições do Tra-balho, dirigida pelo inspector-geral do Tra-balho, Paulo Morgado de Carvalho, apre-sentou no final de Junho o balanço da sua actividade de 2007. É de destacar um au-mento, ainda que ligeiro, da actividade ins-pectiva em 2007 face ao ano anterior, mas a grande novidade surge ao nível do montan-te das coimas aplicadas – mais cerca de 3,7 milhões de euros face a 2006.

O sector da construção civil continua a li-derar os números, quer em termos de núme-ro de visitas efectuadas, quer quanto ao va-lor das coimas aplicadas (8.809.936 euros). Aliás, na construção civil, nos transportes e

na armazenagem, no comércio retalhista, nos serviços e na hotelaria concentraram-se 69% do total de infracções e 66,7% do va-lor estimado para coimas.

Curiosamente, no ano de 2007, não hou-ve um aumento do número de infracções autuadas em comparação com o ano de 2006. Porém, o montante global das coimas aplicadas conheceu um aumento signifi-cativo (16.008.854 euros em 2006 contra 19.778.552 euros em 2007, ou seja, mais 3.769.698 euros relativamente ao ano an-terior).

Foram ainda verificadas 13.342 infracções

contra-ordenacionais, sendo que o maior volume de infracções autuadas foram regis-tadas em Lisboa (1826), no Porto (1137), em S. João Madeira (829), em Almada (704) e em Penafiel (589).

A ACT também realizou 2945 apura-mentos salariais a 2666 estabelecimentos, que beneficiaram 8.177 trabalhadores, com um valor total de 12.032.380 euros e 4.421.622 euros de contribuições para a Segurança Social. Tudo perfez um total de 16.454.002 euros.

É ainda de registar que o montante relativo às contribuições apuradas para a Segurança Social (4.421.622 euros) inclui importâncias pagas voluntariamente pelas empresas após notificação da ACT para o efeito.

Em matéria de acidentes de trabalho, fo-ram concluídos pelos inspectores do traba-lho 319 inquéritos de acidentes de trabalho, dos quais 16 se referiam a acidentes ‘in iti-nere’ (9 deles de viagem e outros 7 de ou para o local de trabalho). Desses inquéritos, excluídos os ‘in itinere’, 163 referem-se a acidentes de trabalho mortais (51,1% do total), 131 a acidentes de trabalho graves (41,1%) e 9 a acidentes de trabalho sem gravidade (2,8%).

Dos trabalhadores vítimas de acidente de trabalho, constatou-se que 161 dos vi-timados eram trabalhadores com contrato de trabalho permanente (53.1%), 49 eram trabalhadores com contratos de trabalho a termo (16,1%), 7 eram considerados tra-balhadores independentes (2,3%) e 86 detinham outras situações contratuais ou situações contratuais que, segundo a ACT, não puderam ser caracterizadas convenien-temente (28,4%).

Dos acidentes de trabalho mortais verifi-cados em 2007, 50,3% ocorreram no sector construção civil, seguindo-se a agricultura e a pecuária (8,6%).

TERESA [email protected]

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Relatório de actividades de 2007 já foi divulgado

ACT regista forte aumento na aplicação de coimas

sexta-feira, 11 Julho de 2008 23negócios e empresas

O ajuste directo no novo Código dos Contratos PúblicosO Código dos Contratos Públicos

(Decreto-Lei nº18/2008, de 29 de Janeiro), que entrará em vi-

gor em 30 de Julho do corrente ano, vem estabelecer uma redução no que respeita aos procedimentos pré-contratuais, tan-to em relação ao tipo como à quantidade dos mesmos.

Assim sendo, passam a existir cin-co procedimentos: o ajuste directo, a negociação com publicação prévia de anúncio, o concurso público, o concurso limitado por prévia qualificação e o diá-logo concorrencial.

O ajuste directo é o procedimento através do qual uma entidade adjudican-te convida uma empresa a apresentar a sua proposta ou, caso assim o entenda, estenda esse convite a outras empresas, podendo com elas negociar aspectos da execução do contrato a celebrar.

A escolha do procedimento em função do valor do contrato a celebrar permite a opção pela modalidade do ajuste direc-to para a celebração dos seguintes tipos de contratos: nas empreitadas de obras públicas para contratos cujo valor seja inferior a 150.000,00 J; na aquisição de bens e serviços para a celebração de contratos de valor inferior a 75.000,00

J (salvo em contratos de aquisição de planos, de projectos ou de criações con-ceptuais no domínio da arquitectura ou da engenharia em que há uma redução de valor para 25.000,00 J); noutro tipo de contratos, para casos de valor inferior a 100.000,00 J.

As regras indicadas comportam, no entanto, excepções: se se tratar de uma adjudicação a ser realizada pelo Banco de Portugal, por entidades adjudicantes do sector empresarial do Estado, Regiões Autónomas e Autarquias Locais, o ajuste directo pode ser realizado nas situações seguintes: no caso das empreitadas de obras públicas para contratos de valor inferior a 1.000.000,00J e na aquisição de bens e serviços para contratos de valor inferior a 206.000,00 J.

Para além do supra indicado, é per-mitido o ajuste directo nos casos pre-vistos na lei, designadamente situações de necessidade imperiosa ou urgência que resulte de acontecimentos imprevi-síveis pela entidade adjudicante e desde que as circunstâncias justificativas in-vocadas não lhe possa ser imputadas; quando a prestação do contrato apenas possa ser confiada a uma única entida-de, seja por motivos de ordem artística,

técnica ou que impliquem a protec-ção de direitos exclusivos; quando o concurso anterior tenha ficado deser-to, seja qual for o valor do contrato e desde que o caderno de encargos e os requisitos de capacidade técnica e fi-nanceira não sejam alterados de forma substancial; quando em concurso an-terior todas as propostas tenham sido excluídas, também desde que o caderno de encargos não seja substancialmente alterado; quando o contrato seja decla-rado secreto ou implique medidas de segurança especiais ou quando estejam em causa exigências de defesa de inte-resses especiais do Estado, etc.

No que diz respeito à tramitação pro-cedimental, destaca-se o convite à apre-sentação da proposta, o qual substitui o programa de procedimento; a possibili-dade de a entidade adjudicante convidar o concorrente a melhorar a sua propos-ta; a sessão de negociação para os casos em que há mais do que uma proposta; a audiência prévia após a elaboração do relatório preliminar do júri (em que os concorrentes têm o direito de se pronun-ciarem em prazo não inferior a 5 dias), o relatório final e a decisão de adjudi-cação.

O código prevê, ainda, um regime simplificado para os casos de aquisição ou locação de bens móveis ou de aqui-sição de serviços cujo preço contratual não seja superior a 5.000,00 J.

Em tais situações basta à entidade ad-judicante contratar com base factura ou num documento equivalente apresenta-do pela entidade convidada, dispensan-do-se as demais formalidades. Porém, são estabelecidas algumas restrições: o prazo de execução não pode ser superior a um ano, nem pode ser prorrogado, sal-vo obrigações acessórias estabelecidas a favor da entidade adjudicante, e o preço contratual não é passível de revisão.

Por fim, importa não esquecer que a publicitação de contratos celebrados na sequência de ajuste directo é obrigató-ria, devendo, para o efeito, constar de ficha própria publicada no portal da in-ternet dedicado aos contratos públicos. Trata-se de uma condição de eficácia do respectivo contrato que, conforme dispõe o artigo 127º do Código, tem importância para “efeitos de quaisquer pagamentos”.

GAbInETE dE AdVoGAdoSAnTónIo VILAR & ASSocIAdoS

notas sobre contratos públicosana medeirOs

Advogada

Visitas inspectivas 2007

Nº Tipo de visita %

33.684 Visitas de iniciativa própria 55,2

11.549 Visitas a pedido de terceiros 18,9

15.756 Segundas visitas de inspecção 25,8

60.989 Total de visitas 100

formações N.º %

Nº Informações técnicas %

39.545 Por iniciativa 73,1

2.473 A pedido dos sindicatos 4,6

6.510 A pedido dos trabalhadores 12,0

5.567 A pedido de outros departamentos 10,3

FONTE – Relatório de Actividades da ACT

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Vida económica – Qual a ideia que esteve na base da elaboração do seu livro?

Maria Rosa Borges – Este livro foi resultado do trabalho de investi-gação que há alguns anos venho fa-zendo sobre a temática das políticas de payout das empresas. Considero que é uma daquelas questões da economia financeira em que conti-nua a haver um desfasamento entre a investigação científica e a percep-ção “prática” dos investidores e ges-tores de empresas.

Intuitivamente, os investidores acham que quantos mais dividen-dos as empresas pagarem, melhor. Na realidade, isto pode não ser sempre verdade. Os investigadores continuam a discutir, ainda hoje, aquilo a que chamam o “dividend puzzle”, ou seja, ainda não são bem compreendidas as razões por que as empresas pagam dividendos. Aliás, há quem defenda que, em determi-nadas condições, as empresas não devem pagar dividendos.

VE – Quais as temáticas abordadas no livro?

MRB – O livro aborda a for-ma como os decisores das empre-sas definem as suas políticas de “payout” aos accionistas, através de dividendos, recompras de acções ou proporcionando mais-valias, o que constitui um tema de interesse, quer em termos académicos, quer para os agentes que actuam nos mercados, incluindo investidores particulares e institucionais, e tam-bém os gestores das empresas, que têm de decidir as suas políticas de “payout” e para os quais se revela importante perceber as suas condi-cionantes e implicações.

O livro pode ser utilizado por estudantes ao nível de mestrado ou doutoramento nas áreas de Economia Gestão e Finanças e, na sua vertente mais ligada à realida-de empresarial, pode constituir um importante elemento de consulta. O que destaca este livro é a apre-sentação de um conjunto de dados quantitativos sobre dividendos e recompra de acções, assim como as conclusões de inquéritos recentes efectuados a gestores de empresas, onde estes partilham as suas preo-cupações práticas na condução da sua decisão de “payout”.

VE – Do trabalho de análise e investigação quais as mensa-gens principais que é possível extrair?

MRB – A principal mensagem que os investidores e gestores de empresas devem reter é que o pa-gamento de dividendos não é, em si, algo necessariamente positivo. É verdade que imperfeições de mer-cado como impostos, custos de transacção e informação assimétri-ca implicam que o pagamento de dividendos não é neutro, e por isso não é irrelevante. No entanto, o pa-

gamento de dividendos não é em si um acto e criação de valor para o accionista, devendo sempre ser analisado no contexto da política de financiamento da empresa e das oportunidades de investimento lu-crativas de que a empresa dispõe.

A segunda mensagem a reter, e que já é claramente visível desde os anos 80 nos EUA e mais recente-mente na Europa Ocidental, é que a recompra de acções é uma alter-nativa para distribuir resultados aos accionistas, com maior flexibilidade e com bastantes vantagens em rela-ção ao pagamento de dividendos. A maior parte das empresas portu-guesas continua alheia a este facto.

VE – Mas, afinal, os accio-nistas devem exigir que as em-presas paguem dividendos, ou não?

MRB – Tipicamente, a resposta deverá levar em consideração o ciclo de vida da empresa e as oportuni-dades de crescimento e de investi-mentos lucrativos de que a empresa em causa dispõe. Se estivermos a falar de uma empresa jovem, num sector dinâmico e com elevadas oportunidades de crescimento, pro-vavelmente o que faz sentido é esta empresa não distribuir resultados, porque precisa de financiar esses projectos de investimento. Numa empresa mais madura e de maior dimensão, e com oportunidades de crescimento mais reduzidas, faz sentido os accionistas pressionarem a empresa para a distribuição de re-sultados, para se evitar o problema do “free cash-flow” excessivo, o qual pode tentar os gestores a efectuarem investimentos não lucrativos, mais relacionados com objectivos de re-forço do poder e prestígio pessoal.

Um exemplo paradigmático é o da Microsoft, que nunca tinha pago dividendos aos accionistas (o que não impediu o accionista Bill Gates de se tornar o homem mais rico do mundo) para assim finan-ciar o seu crescimento, mas que acabou por ceder em 2003 a fortes pressões do mercado para efectu-ar o pagamento de um dividendo

extraordinário, naquela que foi até hoje a maior operação de pagamen-to de dividendos a nível mundial. Também em grande medida pela pressão do mercado, a partir dessa data, a Microsoft iniciou o paga-mento regular de dividendos, uma vez que as suas oportunidades de crescimento já não são as que fo-ram no passado.

VE – Acha que as Normas Internacionais de Contabilida-de (NIC) vão contribuir para aumentar a transparências das contas em Portugal?

MRB – A questão que me coloca foge um pouco ao âmbito da minha especialização, sou professora de economia do ISEG com interesse pela economia financeira e pela cor-porate finance, em particular. Do que acompanho o assunto, e de uma perspectiva económica, considero positivo que haja uma aproximação da contabilidade ao princípio do justo valor, em detrimento do prin-cípio do custo histórico. É claro que isto pode implicar um risco maior de manipulação das demonstrações financeiras, pelo que as NIC devem ser acompanhadas por uma exigên-cia de maior rigor por parte dos revisores oficiais de contas, da Co-missão do Mercado de Valores Mo-biliários e por uma maior responsa-bilização dos membros dos órgãos de gestão por eventuais deturpações deliberadas da imagem verdadeira e apropriada da empresa.

VE – Qual deve ser a missão principal da contabilidade: apurar o resultado das em-presas numa óptica fiscal ou transmitir informação sobre a realidade e desempenho das empresas?

MRB – Pelo que depreendo das NIC, e o que penso fazer sentido, a óptica fiscal não deve influenciar os critérios de valorização de activos e passivos. Concordo que o relato financeiro deve transmitir, tanto quanto possível, a verdade sobre o desempenho económico e financei-ro das empresas.

sexta-feira, 11 Julho de 2008PME24

INDÚSTRIA AGRO-ALIMENTAR

Temos uma pequena unidade fabril que produz marmelada, compotas de fruta (maçã, pêra e morango) e geleias variadas. Estamos situados em Macedo de Cavaleiros e pretendemos modernizar a fábrica. Para tal, concebemos um projecto de in-vestimento que contempla obras de construção civil, maquinaria produtiva, uma viatura comercial e equipamentos destinados à produção de energia renovável a partir de subprodutos e resíduos da nossa actividade, tudo no valor de 350 000 euros.

As obras já começaram no passado mês de Janeiro.Que apoios existem para o nosso projecto?

RESPOSTAO PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural, Subprogra-

ma 1 – Promoção da Competitividade, Medida 1.1 – Inovação e Desenvolvimento Empresarial, Acção Modernização e Capacitação das Empresas, Componente 2 (Transformação e/ou Comerciali-zação de Produtos Agrícolas) apoia o vosso investimento.

À Componente 2 podem ser apresentadas candidaturas individuais de pequenas e médias empresas de transformação e/ou comercialização de produtos agrícolas.

Na Componente 2 são consideradas as seguintes despesas elegíveis:

- Acções de formação profissional dos activos que desenvolvam a sua actividade no âmbito do projecto;

- Construção, aquisição, incluindo a locação financeira ou melhoramento de bens imóveis;

- Compra ou locação-compra de novas máquinas e equipa-mentos, incluindo programas informáticos;

- Adaptação e aquisição de equipamento específico com vista à produção e utilização de energias renováveis visando, nomeadamente, a valorização económica dos subprodutos e resíduos da actividade;

- Custos gerais relacionados com as despesas de investimento, tais como: estudos técnico-económicos, honorários de arquitec-tos, engenheiros e consultores, aquisição de patentes, licenças e seguros de construção e de incêndio, até 5% do custo total das restantes despesas elegíveis com excepção das relativas à aquisição de prédios rústicos.

Consequentemente, todas as despesas de investimento projectadas são despesas elegíveis, com excepção da viatura de mercadorias (salvo se o veículo fosse para utilização exclusiva na recolha e transporte de leite para transformação), incluindo as despesas de investimento já efectuadas, após 1/1/07, desde que não estejam concluídas à data da aprovação do pedido de apoio.

As condições de acesso do promotor são as normais, in-cluindo a existência de uma situação económica e financeira equilibrada.

Quanto às condições de elegibilidade do projecto, há a des-tacar o investimento mínimo elegível de 25.000 euros, pelo que não há problema.

No caso de o projecto ser aprovado, beneficiará de um subsídio não reembolsável (fundo perdido) no mínimo de 30%, para as obras e maquinaria e de 40% para os equipamentos de produção de energias renováveis.

Os projectos são seleccionados para apoio com base em três critérios:

1. Valia técnico-económica (VTE);2. Valia estratégica (VE);3. Valia do beneficiário (VB);na seguinte proporção:

0,20VTE + 0,50VE + 0,30VBPor último, é de referir que o primeiro concurso à Moderni-

zação e Capacitação das Empresas está aberto até ao próximo dia 25/7.

CONSuLTóRIO DE FuNDOS COMuNITáRIOS

Colaboração:[email protected].: 228348500

Região dos Açores cativa empresas do sector do ambiente

A região dos Açores posiciona-se como um mercado interessante a nível empresarial. Mais de 50 em-presas estiveram presentes na Am-bitech, em Ponta Delgada, onde revelaram os seus produtos, ser-viços e soluções tecnológicas para o sector do ambiente, designada-mente água, energia e resíduos.

Entre as empresas presentes, destaque para a área dos resíduos, com a Quimitécnica Ambiente a apresentar novas soluções para o tratamento de resíduos industriais perigosos. Em termos energéticos, a Sotecnisol ambiente divulgou as suas mais recentes inovações tec-nológicas de valorização orgânica. Ligada ao sector da água, a Grun-dfos deu a conhecer a gama de produtos existentes para tratamen-

to de águas residuais e equipamen-tos de doseamento para desifecção de água.

A Electricidade dos Açores (EDA) teve a oportunidade de dar a conhecer alguns dos seus investimentos nos Açores, com especial enfoque na nova central termoeléctrica. A Ambitec é or-ganizada pelo Governo Regional dos Açores, em parceria com o grupo About, sendo que também serviu de palco a outras realizações a quatro conferências no âmbito das áreas da água, dos resíduos, da energia e das cidades. Os em-presários deslocaram-se em visitas técnicas à Sociedade Geotérmica dos Açores e à Agraçores. Tiveram lugar vários debates sobre os mais variados temas empresariais.

Maria Rosa Borges, autora do livro “A Política de Payout das Empresas”, afirma

“O pagamento de dividendos não é algo necessariamente positivo”

“A recompra de acções é uma alternativa para distribuir resultados aos accionistas”, afirma Maria Rosa Borges.

A interacção entre a decisão do montante de dividendos a distribuir, o nível de recompra de acções, o nível de endividamento, o investimento em activos reais são alguns dos pontos abordados no livro “A Política de Payout das Empresas”, da autoria de Maria Rosa Borges. Segundo a professora do Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade Técnica de Lisboa, “o pagamento de dividendos não é em si um acto de criação de valor para o accionista”.

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A situação está complicada para a indústria de mobiliário de madeira. Mas há formas de fazer face às dificuldades, como adian-tou à “Vida Económica” Stephan Morais, administrador-delega-do da TemaHome. As eventuais soluções passam pela procura exaustiva de fornecedores, pela aposta na internacionalização, sobretudo em mercados emer-gentes, e pelo lançamento cons-tante de novos produtos.

O mercado de mobiliário de madeira está a atravessar uma fase difícil. “Neste momento, um dos principais problemas tem a ver com o agravamento continu-ado dos preços das matérias-pri-mas desde o ano passado, que no nosso caso tem um forte impacto em termos dee custos finais. Por outro lado, não é fácil encontrar fornecedores nacionais nesta área de actividade, especialmente aos níveis dos acabamentos ou das pequenas peças. Há muito pouca especialização na indústria nacio-nal. Penso que, o ideal seria criar um cluster em torno da fileira casa”, explicou Stephan Morais.

A TemaHome tem sentido com mais intensidade a retracção no mercado interno. Em termos de internacionalização, a empresa está a substituir os mercados es-

tagnados por aqueles com maior potencial de crescimento. “Os mercados emergentes passaram a ser uma prioridade ao nível do processo de internacionalização. Por outro lado, esta é uma indús-tria em que se tornou muito im-portante lançar constantemente novos produtos. Isto para susci-tar a reacção do mercado.” Neste âmbito, a empresa tem realizado investimentos importantes aos ní-

veis da inovação, do design e da qualidade a preços competitivos. As parcerias são o processo mais utilizado para entrar nos mercados emergentes, uma estratégia que está a dar resultados positivos”, de acordo com aquele responsável. A realidade é que esta empresa de capital maioritariamente nacional está presente em quase 40 países, quer através de agentes, quer em pontos de venda.

Inclui:- Aspectos genéricos do IVA- Aspectos genéricos do IVA- Localização das operações- Localização das operações- O IVA no Comércio - O IVA no Comércio Internacional e RITI Internacional e RITI- Novo regime do IVA na - Novo regime do IVA na

Construção CivilConstrução Civile no Imobiliário (Decreto-Lei e no Imobiliário (Decreto-Lei 21/2007, de 29 de Janeiro)21/2007, de 29 de Janeiro)

- Esquemas-síntese por assuntos- Esquemas-síntese por assuntos- Casos práticos- Casos práticos- Actualizado com Orçamento - Actualizado com Orçamento de Estado/2008 de Estado/2008

Nesta obra procede-se à análise dos aspectos fundamentais do Imposto sobre o Valor Acrescentado, com especial incidência para as novas regras do IVA nos sectores da construção civil e do imobiliário, introduzidas pelas alterações decorrentes do Decreto-Lei nº 21/2007, de 29 de Janeiro.Procede-se ainda à análise sistematizada do IVA no comércio internacional, da localização das operações, bem como dos principais aspectos caracterizadores do imposto, e cuja aplicabilidade abrange todos os sectores da actividade económica desde a produção, a indústria, os serviços até ao comércio.

Autor: Duarte TravancaDuarte TravancaFormato: 17 x 23.5 cmPágs.: 272P.V.P.: A 22

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Pedidos para: Vida Económica - R. Gonçalo Cristóvão, 111, 6º esq. • 4049-037 PORTO Tel. 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail encomendas: [email protected]

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ASSINATURA

Stephan Morais, administrador-delegado da TemaHome, considera

Portugal deveria criar um “cluster” em torno da fileira casa

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Barragem do Baixo Sabor adjudicada às empresas Lena e Bento Pedroso

O Governo e a EDP assinaram com o consórcio formado pela Lena Construções e a Bento Pe-droso Construções o contrato de adjudicação do aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor. O investimento ascende a cerca de 257 milhões de euros. A conclu-são da obra está prevista para Se-tembro de 2013 e permitirá con-trolar as cheias no Rio Douro.

A construção desta barragem vai beneficiar diversos municí-pios e duplicar a capacidade de armazenamento de água no Rio Douro, sendo a sua potência de 170 MW. A obra assume espe-cial importância, tendo em conta que a região de Trás-os-Montes é das que mais carecem de investi-mento público. Os trabalhos não respeitam apenas à construção da barragem. De facto, incluem a trasladação de edifícios, preser-vação de imóveis e maciços de arte rupestre, bem como inter-venções rodoviárias. Haverá uma forte preocupação em termos am-bientais, pelo que se trata de um empreendimento que implica a especialização em diversas áreas da fileira da construção.

Bruxelas quer impulsionar têxteis de protecção

A indústria têxtil nacional tem mais uma oportunidade para im-pulsionar o negócio, numa área de valor acrescentado. Os têxteis de protecção estão a merecer es-pecial atenção da União Europeia e das reformas e iniciativas gover-namentais nacionais. Trata-se da iniciativa Lead Market, promovi-da pela Comissão Europeia.

Os têxteis de protecção foram identificados por Bruxelas como tendo um forte potencial de cres-cimento. É um mercado altamen-te inovador e que responde às ne-cessidades dos consumidores em grandes segmentos. Possui uma base tecnológica e industrial forte na Europa e depende sobretudo da criação de condições legais e administrativas favoráveis.

Assim, a Comissão pretende rever a legislação relevante para o sector do vestuário de protecção e ajudar a impulsionar a partilha das melhores práticas entre as au-toridades públicas que adquirem vestuário de protecção e solicitar às entidades europeias responsá-veis pela normalização de produ-tos o desenvolvimento de novas normas. Portugal já tem uma certa especialização neste tipo de vestuário, pelo que poderá bene-ficiar bastante com esta decisão por parte de Bruxelas.

Mercado externo vale perto de 854 milhões

Exportações de cortiça recuperamÉ uma boa notícia para o sector da cortiça.

As exportações, no ano passado, registaram um crescimento de 0,6%, para 853,8 mi-lhões de euros, apesar das dificuldades que se colocam no mercado. Verificou-se uma recuperação das exportações nacionais de cortiça que, em 2005, tinham sido afectadas pela desvalorização do dólar face ao euro.

A Associação Portuguesa de Cortiça (Ap-cor) refere que o valor gerado pelas exporta-ções nacionais de cortiça é bastante signifi-cativo, já que representa 0,7% do PIB, cerca

de 2,3% do valor das exportações totais nacionais e perto de 30% do total das ex-portações de produtos florestais do país. O Chile continua a reforçar a sua posição en-quanto principal país de destino, com mais de de 50% do valor exportado. Por sua vez, as rolhas de cortiça continuam a liderar as exportações de cortiça, com 590 milhões de euros, seguindo-se a cortiça como material de construção, num valor de 176 milhões. Note-se que a exportação de rolhas de corti-

ça cresceu 1,7% de 2006 para 2007, inver-tendo o cenário que se tinha registado no ano transacto. Por sua vez, no segmento das rolhas de cortiça, as naturais surgem em pri-meiro lugar, com 70% do total, seguindo-se as rolhas de champanhe e as aglomeradas.

De salientar que Portugal é ainda o maior importador mundial de cortiça, que é utili-zada para transformação e posterior expor-tação, sob a forma de produtos de consu-mo final. No ano passado, as importações cifraram-se em 131 milhões de euros. As

importações são maioritariamente prove-nientes de Espanha (com 77% do valor em euros). As referidas importações referem-se, sobretudo, a cortiça natural. Entretanto, importa ainda notar que a fileira da cortiça continua a desenvolver importantes inves-timentos, quer em termos de protecção e aumento da área de montado quer quanto à modernização dos factores de produção. Neste âmbito, a formação assume especial importância.

sexta-feira, 11 Julho de 2008 25pme

O responsável da TemaHome aponta os preços das maté-rias-primas como o principal problema no mobiliário de madeira.

exportações mantêm tendência de recuperação

(milhões de euros)

Fonte: INE

2000 917,12001 895,92002 903,32003 8962004 881,72005 8382006 848,52007 853,8

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Já é possível telefonar a bordo dos aviões da TAP

Já não é preciso desligar o telemóvel assim que se entra numa avião, pelo menos, da TAP. É isto que acaba de anunciar a Vo-dafone ao dar conta que, desde 1 de Julho, disponibiliza os seus serviços de comunicações móveis a bordo dos aviões da TAP. Algo possível graças a um acordo de roaming estabelecido com o ope-rador OnAir. “Inicialmente, o serviço estará disponível numa aeronave da TAP que ligará Lisboa, Porto, Faro, Madeira e Açores a diversas cidades europeias”, podemos ler num comunicado do operador. E acres-centam: “as comunicações Vodafone disponíveis a bordo incluem voz, SMS, dados GPRS e MMS”. E desde já fi ca a promessa: este serviço deverá a seu devido tem-po chegar a outros aviões e outras companhias. Resta, apenas, lembrar que os clientes da Vodafone podem utilizar o serviço de roaming em 200 países ou territórios autónomos dos cinco conti-nentes. Quem tem também uma palavra a dizer nesta matéria é a TMN. O operador da Portugal Telecom acaba de anunciar a mesma pos-sibilidade e, exactamente, nos mesmos termos. Um serviço capaz de dar aos clientes desta empresa a oportunidade de telefonar, de enviar mensagens escritas ou dados GPRS a partir dos aviões da TAP. Os clientes da TMN, dizem, vão poder falar ao “telemóvel a bordo de um Airbus A319 da TAP no âmbito de um projecto-piloto lançado pelas duas empresas”. Tal como acontece com a Voda-fone, esta aeronave tem por base todos os aeroportos nacionais e como destino diversos destinos europeus. Para benefi ciar deste serviço, lembra ainda a TMN, os clientes de roaming terão, claro está, de o ter activo. E uma vez mais, as semelhanças com a Vodafone: esta novidade deverá, em breve, alargar-se a outros aviões e companhias, bem como a outros servi-ços. Aqui, o destaque vai para o acesso, em pleno voo, à internet e correio electrónico. Onde se pode usufruir do roaming da TMN? Como seria de esperar, em mais de 200 países.

As páginas amarelas no telemóvel O que se pode consultar no telemóvel? Um conjunto muito variado de dados e, agora, também as informações que constam das pági-nas amarelas. É disto que nos dá conta a empresa Páginas Amare-las, SA ao dizer que desenvolveu “uma plataforma móvel adaptada às necessidades das consumidores: o PA Mobile”. Esta aplicação, explicam em comunicado, “centrada no conceito de mobilidade, disponibiliza o acesso a qualquer informação, pro-duto ou serviço no telemóvel, a uma velocidade imediata e sem custos adicionais”. E como ter acesso a esta novi-dade? Aqui, a Páginas Amare-las dá conta que o acesso ao PA Mobile se faz através do envio, uma única vez, de uma mensagem escrita com a pa-lavra PAMobile para o número 4090, devendo, em seguida, os utilizadores proceder ao descarregamento – este gra-tuito - da plataforma. Algo que poderão, de igual forma, levar a cabo, através da visita do sítio “site.mobile.pai.pt”. Se o fi zerem e, como explicam de novo em comunicado, os utili-zadores vão poder aceder a um conjunto diversifi cado de informa-ções: aos conteúdos das páginas amarelas, das páginas brancas como ainda às notícias da imprensa nacional e à enciclopédia di-gital que dá pelo nome de “Wikipédia”. A isto, junta-se um motor de pesquisa dedicado à busca de sítios móveis. “O PA Mobile é um projecto diferenciador, adaptado à realidade do momento, indo ao encontro do ritmo dos utilizadores em constante mobilidade”, des-taca Marco Gonçalves, responsável pela área de produtos mobile da Páginas Amarelas SA.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

A televisão por cabo ainda não foi atingida pela crise económi-ca. Na verdade, segundo Rodri-go Costa, director-geral da ZON Multimédia, “sentimos sim um aumento das audiências”, pois, “sem dinheiro para sair, os cida-dãos procuram entretenimento no seio do lar”. Não afastando completamente alguns receios das possíveis consequências de uma crise, pois, “apesar de ainda não a termos sentido, ela pode chegar”, Ricardo Costa salientou acreditar que estes efeitos “não deverão im-plicar a perda de clientes” mas sim uma diminuição na angariação de novos clientes.

Convidado pela EGP – Univer-sity of Porto Business School para encerrar mais um ciclo de sessões dos “Seminários de Quinta-Feira à Noite”, Ricardo Costa procurou nesta sessão apresentar a estratégia da ZON Multimédia para o mer-cado nacional, nove meses depois de ter cortado o cordão umbilical com a Portugal Telecom, e a sua visão pessoal dos desafi os que se avizinham no negócios das tele-comunicações e de conteúdos em Portugal.

Para o presidente da ZON, o maior dos desafi os que se colocam à empresa é “lutar pela qualida-de e pela mudança de reputação da TV Cabo”. Segundo os dados apresentados por Rodrigo Costa, a empresa a que preside possui um nível de fi delidade de 96% a 97%. Contudo, “qualquer empre-sa de cabo deve querer hoje chegar aos 99,99%”, sobretudo, porque “mais fi abilidade reduz os custos de manutenção e, simultaneamen-te, retém os clientes”, afi rmou.

Para o futuro, diz Rodrigo Cos-ta, a aposta deverá passar pelo “aumento da largura de banda, de modo a permitir um maior fl uxo de dados”. Paralelamente, acrescentou, “deveremos desen-volver novas funcionalidades”, quer ao nível de “guias de progra-mação mais fi áveis”, quer na área da “simplifi cação dos sistemas de gravação”, entre outras.

Reafi rmando a aposta na inova-ção, o presidente da ZON subli-nhou também o contínuo aumen-to de velocidade em termos de banda larga, sublinhando a crença de que, até ao fi nal do ano, será possível disponibilizar uma oferta experimental de 100 megabits.

TV Cabo promete publicidade personalizada

Por outro lado, a empresa pro-prietária da TV Cabo está a traba-lhar num novo sistema de televi-são que irá permitir, num futuro próximo, publicidade personali-zada, ”um novo sistema surgirá no prazo de dois a cinco anos”, referiu este responsável. Na verdade, a “te-levisão do futuro, ou a nova expe-riência de televisão”, tal como Ro-drigo Costa se referiu ao projecto, assenta fundamentalmente numa “maior interacção com o telespec-tador”. “Actualmente, a publici-dade é de um para muitos, com a interactividade a publicidade pode ser personalizada porque o sistema trata estatisticamente os tipos de programa mais vistos pelo espec-tador, fazendo corresponder publi-cidade dirigida para as preferências dos espectadores”, salientou.

A fi nalizar, Rodrigo Costa dei-xou ainda um aviso sobre a in-capacidade do mercado de dis-tribuição por cabo difi cilmente suportar negócios de nicho face aos elevados custos envolvidos e às reduzidas margens de lucro. “Portugal, por si só, é quase um nicho. Não me parece que existam oportunidades para mais empresas nesta área pois este é um negócio de escalas”. Porém, já na área dos conteúdos, “todas as participações e colaborações serão bem-vindas”, concluiu.

FERNANDA SILVA [email protected]

“Sentimos um aumento das audiências”

Rodrigo Costa, director-geralda ZON Multimédia, revela

Crise geraaumento das audiências da ZON Multimédia

sexta-feira, 11 Julho de 2008TELECOMUNICAÇÕES26

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Infor anuncIa programa de fInancIamento com a IBm

A Infor anunciou ter estabelecido uma nova relação de financiamento com a IBM Global Financing, a unidade de financiamento e locação financeira da IBM. O novo acordo vai permitir aos clientes da Infor em todo o Mundo financiar produtos de toda a linha de software empresa-rial da Infor, assim como equipamento e serviços comple-mentares, através da IBM Global Financing. Segundo os termos do acordo, os parceiros de ca-nal da Infor podem também oferecer financiamento aos seus clientes através da IBM Global Fi-nancing.

A nova relação financeira propor-ciona muitos bene-fícios aos clientes da Infor. Por exemplo, avança a empresa, os clientes podem avançar com as suas iniciativas tecnológicas e espalham os seus pagamentos ao longo do tempo, conservando o dinheiro para outros investimentos. As empresas podem ainda colocar a tecnologia a funcionar imediatamente para estabelecerem uma mais forte vantagem competiti-va, em vez de esperarem até ao próximo ciclo orçamen-tal.

Análise de risco em tempo real é prioritária para comunidade empresarial

José duarte é o novo presidente da Sap para região emea

A SAP nomeou José Duarte como Presidente e CEO das operações da SAP na Europa, Médio Oriente & África (EMEA) e Rodolpho Cardenuto como presidente e CEO da SAP América Latina. Erwin Gunst, actual presidente da SAP EMEA, e Bill McDermott, actual presidente e CEO para a América, Ásia Pacífico e Japão, assumem novas po-sições executivas dentro da companhia e vão integrar ofi-cialmente o Executive Board da SAP AG, como anunciado anteriormente.

José Duarte, como presidente e CEO, EMEA, irá foca-lizar-se no crescimento contínuo na região, dando segui-mento ao trabalho de sucesso do anterior presidente Erwin Gunst, revelou a empresa em comunicado de imprensa. A prioridade de José Duarte será manter a distribuição de valor aos seus clientes, com o objectivo último de tornar os negócios cada vez melhores.

José Duarte conta actualmente com mais de 15 anos de experiência SAP, mais recentemente como vice-presidente das grandes empresas, EMEA. Anteriormente, foi presi-dente da SAP América Latina. Iniciou a sua carreira na SAP na região EMEA, na SAP Portugal. Durante a sua carreira, José Duarte integrou posições de responsabilidade crescente com o seu ponto alto em Janeiro de 2003, quan-do foi nomeado Regional Managing Director de EMEA News Oeste Sul – responsável pelas operações de Espanha, Portugal, França, Itália, Grécia, Médio Oriente e Israel.

A elevada sensibilidade para a gestão de risco na sequência da crise do cré-dito e a forma como estão a mudar as empresas de Wall Street foi um tema recorrente numa pesquisa desenvolvida por altos exe-cutivos durante o evento New York Hilton, em Ma-nhattan. Cerca de 60% dos inquiridos referiram que a capacidade de analisar a execução do risco em tem-po real é um factor crítico de sucesso. Perante este ce-nário, 62% das respostas caracterizam a plataforma de análise de risco como uma vantagem competitiva diferenciadora.

Em 2008, e de acordo com um estudo da TABB Group, “Real-Time Risk: Managing Execution Risk in an Increasingly Electro-nic World”, as empresas corretoras americanas irão

gastar cerca de 175 milhões de dólares na aquisição de software, gestão de infor-mação e infra-estruturas que suportem a automati-zação do negócio de com-pra e venda de acções, e de análise de risco. O relatório revela que este investimen-to representa 72% dos gas-tos na troca electrónica de acções.

“As operações negociais estão claramente a ignorar o apelo emitido e resultan-te da crise do sub-prime” observou, em comunicado, Eric Johnson, senior vice-president and general ma-nager of financial services, Sybase. “A gestão de risco tem sido essencial para o sucesso, apresentando-se como imperativo para o negócio e uma vantagem competitiva, tal como nun-ca fora anteriormente.”

Entre os factores mais

importantes que consti-tuem uma plataforma ana-lítica, a velocidade e a qua-lidade da análise de risco algorítmica são essenciais, tendo três em cada quatro dos entrevistados citado as mesmas como atributos prioritários. A capacidade de suporte de grandes volu-mes de dados ficou classifi-cada em terceiro lugar, com 44% dos votos. A parte analítica continua também a ser uma área de foco críti-ca em Wall Street. O inves-timento global em análise analítica por parte das cor-retoras deverá atingir cerca de 459 milhões de dólares em quatro anos, de acordo com o TABB Group.

Perante a questão de sa-ber quanto tempo é que se estima que o mercado co-mece a mostrar sinais de re-cuperação, mais de metade (54%) dos executivos in-

quiridos responderam que “pelo menos um ano”. Um terço das respostas apostou que pelo menos 18 meses iriam passar até começa-rem a sentir-se os primeiros sinais de recuperação.

A Sybase é um dos mais fortes “players” em “sof-tware” empresarial especia-lizada em gerir e mobilizar a informação do centro de dados para o ponto de ac-ção. A Sybase oferece so-luções abertas, indepen-dentes da plataforma, que disponibilizam, garante a empresa de forma segura, a informação em qualquer altura e em qualquer lugar, permitindo aos clientes ob-ter a vantagem competitiva da informação. A empresa avança que os dados mais críticos do mundo nas áreas comercial, comunicações, governo, finanças e saúde funcionam sobre Sybase.

Partner SolutionS moderniza ServIçoS autárquIcoS

Em parceria com a Câ-mara Municipal de Santa Maria da Feira, a Partner Solutions apresentou o Projecto Nortear, basea-do no produto ApliUrb, uma plataforma tecnológi-ca que permite submeter, consultar e visualizar pro-

cessos de licenciamento online, traduzindo-se num significativo aumento de produtividade, maior qua-lidade, eficiência e rapidez no tratamento de informa-ção e maior transparência no contacto com os cida-dãos.

A crise em Wall Street fez da análise em tempo real da execução de risco uma prioridade crítica para a comunidade empresarial, de acordo com a Sybase, empresa de software e serviços focada na gestão e mobilidade da informação. Esta é uma das principais conclusões dos inquéritos conduzidos pela SIFMA Technology Management Conference 2008.

Luís urmal carrasqueira é o novo

director comercial da capgemini

Hi-media compra mobile trend

Tecnologiasde Informação

sexta-feira, 11 Julho de 2008 27

Flow oPtionS aPreSenta SoLuçõeS data ViSualization

A Flow Options SA, em-presa de implementação de soluções de IT Service Management, anunciou a oferta de um conjunto de novas ferramentas de gestão intuitivas e práti-cas, de Data Visualization, que permitem apresentar dados e processos em in-formação visual mais fa-cilmente retida e proces-sada pela mente humana. Trata-se de ferramentas de gestão utilizadas para mostrar, notificar, alertar

ou sumarizar informação relativa a condições de negócio, desde apresentar métricas como tendências de vendas mensais vs. pre-visão de vendas; análise de vendas por tipo de produ-to, pedidos de suporte vs capacidade de resposta e custos previstos vs custos reais. As métricas são rele-vantes para a função, nível de autoridade e de respon-sabilidade de cada utiliza-dor e essenciais para as tomadas de decisão.

tPe contrata HPG para InStaLação da SoLução de geStão InduStrIaL mIrakon

A empresa TPE, do Grupo IberoMoldes, adqui-riu à HPG uma solução de gestão industrial Mirakon software, composta pelos módulos de gestão comer-cial e facturação, gestão de produção, gestão de qualidade e gestão docu-mental.

A proposta da HPG foi a vencedora no conjunto de soluções apresentadas ao concurso da TPE, para responder às suas neces-sidades de gestão da pro-dução e que, em simul-tâneo, se enquadrasse no

contexto e na visão para o futuro do Grupo IberoMol-des.

Com esta aquisição por parte da TPE, a HPG e o seu parceiro Mirakon concretizam a sua pre-sença com uma referên-cia muito significativa na Zona Industrial da Mari-nha Grande, que está em linha com a sua es-tratégia de divulgação e de promoção de uma das melhores e mais flexí-veis soluções de Gestão Industrial existentes no mercado.

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Symington lança DOC Douro a preço “refrescante”

O vinho Altano Branco DOC Douro 2007 foi distinguido, pelo segundo ano consecutivo, com o selo “Boa Compra” pela edição

de Abril da “Re-vista de Vinhos”, um prémio que destaca a melhor relação qualidade/preço.

Charles Sy-mington e Pe-dro Correia, os enólogos responsáveis, procuraram criar um vi-nho aromáti-co com notas de frutos tro-picais e uma acidez na-tural refres-cante, com base numa colheita deli-beradamen-te precoce e no cuidado extremo no processamen-to das uvas, a

fim de minimizar o contacto com o ar. Esse equilíbrio foi alcança-do em pleno, obtendo um vinho fresco, ideal para o Verão como acompanhamento de mariscos, saladas frias e peixe grelhado.

Qualidade a baixo preço é outro dos atributos deste vinho produ-zido pela família Symington, que pode ser adquirido nas principais garrafeiras do país e no Conti-nente a um PVP de 2,99 euros. Saliente-se que este vinho branco do Vale do Douro foi elaborado a partir das castas Malvasia Fina, Viosinho, Rabigato e Moscatel Galego, oriundas das vinhas mais altas, onde o clima é mais fresco e favorável à sua maturação.

VIRGÍLIO [email protected]

Vinho galardoado com o prémio “Boa Compra 2008”.

A Quinta de São Vicente apos-tou naquele que é o maior inves-timento nacional do sector dos últimos anos: a produção e ex-portação de azeite. O negócio não é recente. Os primeiros re-gistos da família Passanha, em Ferreira do Alentejo, datam de 1738. Mas a nova geração deci-diu que era tempo de fazer uma grande aposta. Estava-se no final de 2003 quando o projecto teve início. Houve que avaliar o terre-no, fazer os planos... A execução do mesmo começou já em 2004, com a plantação de cerca de 700 hectares de olival de regadio que, segundo João Passanha, responsá-vel pela Taifas, empresa detentora do projecto, tem a curiosidade de ser regado. “O que, aliado à parti-cularidade do terreno e do micro-clima da região, aumenta a quali-dade do produto”, esclarece.

No total foram investidos 17

milhões de euros (12,4 milhões no campo propriamente dito), num projecto com capitais 100% nacionais. Sendo que deste valor apenas 950 mil euros derivaram de apoios comunitários, nas fi-guras da PME Investimentos e da Inovcapital. Este é um projec-to que deve ser encarado a lon-go prazo, porque, como afirma João Passanha, “entre a plantação e a colheita decorrem três anos”. Sendo que o break-even só é atin-gido ao fim de cinco anos.

E a empresa já tem planos de ampliação do projecto. Ainda este ano pretende adquirir mais terrenos, contíguos à herdade, de forma a conseguir alcançar os 110 hectares plantados. Isto sig-nificará um investimento extra de cinco milhões de euros. O cer-to é que a produção actual já re-presenta cerca de 14 milhões de euros em volume de negócio. O

projecto de ampliação significa que esse valor deverá aumentar cerca de 30%.

Este é um projecto de produção integrada. O que significa que a Taifas é responsável pelas três fases do ciclo de vida do azeite: produção, extracção e comercia-lização. Isto permite ter um con-trolo absoluto sobre a qualidade do azeite. Por exemplo, consegue-se fazer uma rastreabilidade que vai desde o campo ao lagar, sen-do que a empresa dispõe de todo o tipo de informações referentes aos vários talhões plantados.

Desde o início que o objecti-vo foi ter azeite para exportação. Segundo João Passanha, a Taifas pretende ter o negócio distribuído entre mercado nacional e interna-cional (40% e 60 por cento, res-pectivamente). A empresa espera que, em 2011, a comercialização do azeite ronde os 18 milhões de

euros, 10 milhões dos quais vin-dos da exportação. Segundo João Passanha, os potenciais clientes no mercado internacional são o Brasil, Estados Unidos e Ca-nadá, Reino Unido, Alemanha, Suíça e Áustria. Para tal foram seleccionadas variedades de azei-tona adaptáveis ao mercado ex-terno. A primeira produção ocor-reu em Novembro/Dezembro do

ano passado, quando se processa-ram 1200 toneladas de azeitona, que resultou em 200 toneladas de azeite com acidez inferior a 0,2.

Para a comercialização do azei-te no mercado nacional a Taifas já tem acordos com o Corte In-glês, grupo Auchan, Makro e dis-tribuidores locais.

ALExAndRA [email protected]

Quinta de São Vicente aposta na produção de azeite

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O design transmite as noções de tradição e modernidade do projecto.

sexta-feira, 11 Julho de 2008marcas, marketing e publicidade28

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Ócio& Negócios

“O capital de risco não é um subsídio a fundo per-dido”. A frase é de Basílio Horta, presidente da AICEP, a propósito da Aerosoles, mas poderia ter sido dita por La Palisse.

O que espanta é que em 2008, num país europeu, seja ainda preciso repetir tal evidência. Se calhar, há quem desconfie que o capital de ris-co possa ser a fundo perdido. No caso, Basílio defendia-se do atraso na operação de aumento de capital da em-presa de calçado que teve de suspender um ou dois dias a produção por falta da entre-ga de componentes – a Ae-rosoles tinha pagamentos em atraso a fornecedores. Mário

Pinto, o gestor ex-BPI que se aventurou por conta própria através da sociedade Change Partners, sabe há muito que um empate de capital nunca é a fundo perdido.

O dinheiro custa a ga-nhar a todos. No caso da Aerosoles, a Change Partner acreditou no projecto e to-mou uma participação. Mas, agora, não acompanhou e reduziu para 10%. Pinto concluiu que a empresa tem um défice de gestão, acredi-tando que tempos de pros-peridade virão. O fundador e presidente do grupo de calçado, Artur Duarte, é um dos novos administradores do Conselho de Administra-ção da AEP.

Já se sabe que Portugal é um país de dois sistemas: a realidade e o sistema estatístico.

Vem um estudo internacional e diz: o fosso entre a franja dos 10% mais ricos e 10% mais pobres aprofunda-se e é dos maiores da Europa. Mas um rico em Portugal corresponde a um património, de quanto? No sistema bancário os clientes “private” são, no mínimo, 500 mil. Cada banco tem míni-mos de admissão diferentes, mas essa será, de facto, a realidade dos ricos.

Depois, revelam-se estatísticas do Fisco e fica-se a saber que, afi-nal, só 40 mil famílias é que de-claram mais de 100 mil euros por ano, em sede de IRS. Isto é, um por cento da população. Fazendo

as contas, se os dois elementos do casal trabalharem, um rendimen-to de 100 mil euros representa um salário mensal de 3600 euros brutos. Feitos os descontos, ficam aí uns 2200 euros líquidos. Quem ganha isto é rico? É a realidade estatística.

Basta olhar à volta para se per-ceber a mentira. Um outro exer-cício: o Grande Porto representa menos de 10% da população, terá no máximo 4 mil famílias dessas. Afinal, as “off shores” ou os paga-mentos por fora estão mais vulga-rizados do que se imagina? Quase apetece dizer que cada concelho divulgue e condecore os estóicos contribuintes, os verdadeiros tan-sos fiscais.

A propósito, uma outra re-

flexão. No âmbito do processo Apito Dourado, os principais in-tervenientes tiveram de declarar ao tribunal os seus rendimentos. Pinto de Sousa foi o que indicou mais, 6500 euros mensais, in-cluindo a reforma.

Valentim Loureiro indicou 3300 euros e, entre construtores, empresários e donos de restauran-tes, os valores variaram entre os mil e os dois mil euros. Não se sabe, mas se perguntarem aos seus advogados, as respostas não serão muito diferentes.

Há quem diga que o parque automóvel, nos dias de julgamen-to, não será condizente com tais rendimentos. Mas, em Portugal, há muita gente que herda ou enri-quece na Bolsa.

Estilos

Estatísticas

O QUE SE DIZ

BESSa accIOnIStaSer accionista à borla é um estatu-

to que causa sempre cobiça ou inve-ja. Daniel Bessa, desafiado a falar de reabilitação urbana, confessou que até era accionista de uma empresa do sector. Mas, perante uma plateia ilus-tre de gestores e clientes do BCP, fez questão de elucidar que se tratava de um projecto experimental, dinamiza-do por três dos seus alunos da Escola de Gestão. Num gesto de gratidão, os promotores decidiram oferecer umas acções ao professor.

PúBlIcOCircula no mercado a notícia de que

Rui Moreira, o afoito presidente da As-sociação Comercial do Porto, tem sete

milhões de euros para investir e gostaria de fazer uma incursão na comunicação social.

O seu alvo até está iden-tificado: “O Público”. Mas, apesar da banca estar dispo-nível para financiar a opera-ção, o engenheiro Belmiro não abre mão do diário.

“O Público” é uma fonte de prejuízos para a Sonae,com, mas, ainda assim, o grupo não estará vendedor. Rui Moreira, aliado de Belmi-ro na cruzada do aeroporto do Porto, tenta convencer o engenheiro. Mas talvez te-nha de aplicar a sua liquidez noutro projecto.

Fundo perdido

sexta-feira, 11 Julho de 2008 29

A semana passada, no espaço de dois dias, dois bancos promoveram no Porto sessões com os seus melhores clientes. O BCP convidou Daniel Bessa a falar na Alfândega e o Banco Privado convocou Braga de Macedo para abrilhantar a con-ferência no Palácio da Bolsa. No total, uns 1500 clientes e empresários ouviram os dois ex-ministros e apreciaram dois estilos bem diferentes.

Bessa não fugiu da realidade, comen-tou a abrupta queda da bolsa desse dia (3ª-feira) e deu a sua opinião sobre o que deveria o BCE fazer sobre as taxas de juro. Braga de Macedo adoptou um modelo académico, mais afastado da re-alidade imediata. Projectou uns “slides”

em inglês, cruzou história com a geogra-fia para enfatizar as vantagens da loca-lização de Portugal, depois de invocar as teorias de Martin Wolf, especialista em comércio internacional, editor do “Finantial Times” e autor de um livro apologético da globalização. Coloquial, Bessa define-se como o artista que diz de forma ligeira as trivialidades que toda a gente sabe, convivendo com bonomia com as perguntas, por vezes, estranhas que tem de enfrentar. Braga de Macedo recorre igualmente ao humor e a “bocas” laterais, mas é mais previsível e académi-co. E levou vantagem sobre Bessa num ponto: não teve de enfrentar perguntas da plateia.

cOnvErSaDe que falariam em surdina e tom

inquieto Valente de Oliveira e António Mota, numa esquina da Alfândega do Porto, a caminho de um encontro do

BCP? Estaria o empresário da constru-

ção a manifestar o desencanto pelas recentes posições do PSD face às grandes obras públicas, procurando ganhar para a sua luta o notável so-cial-democrata? Ou estaria Valente de Oliveira a dar conta de que es-tava retirado da política e que não subscreve em absoluto a posição do PSD sobre aquela matéria?

cOncErtaçãOÉ possível duas marcas concorren-

tes terem o mesmo slogan? Sim, é. No segmento mini, as duas cervejeiras na-cionais parecem estar coligadas. Pelo menos, a avaliar pelo slogan que adop-tam para a promoção da Sagres e Super Bock.

As duas marcas utilizam a mesma mensagem “Fresca até à última gota” nas suas embalagens de mini. Apenas coincidência? A Sagres é que está há mais tempo no mercado, mas não veio ainda falar de cópia ou plágio. Concer-tação publicitária, portanto.

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“Guia de Negócios em Espanha” apresentado ao mercado

Mercado espanhol não é uma ameaça, mas sim um desafio

Miguel Peixoto de Sousa, Maria García Serrano, Pilar Blanco, Francisco Pérez Griffo, António Vilar e José Coutinho.

sexta-feira, 11 Julho de 2008Ócio e negÓcios30

Destaques Da semana

O presidente executivo do grupo Pesta-na, Dionísio Pestana, foi galardoado com a Insígnia Autonómica de Valor, no dia da Região e das Comunidades Madeiren-ses, em conjunto com António Monteiro de Aguiar, Gonçalo Nuno Araújo e João Carlos Abreu. Na cerimónia de Imposi-ção Solene de Insígnias Honoríficas Ma-deirenses, Pestana referiu sentir-se “or-gulhoso do trabalho que tenho levado a cabo” na Madeira, “terra onde vi nascer e crescer o negócio do turismo”.Aquele descendente de madeirenses, nascido na África do Sul, ergueu o maior grupo português na indústria do turismo e lazer, um negócio de referência mun-dial que começou a ser construído na

Madeira. Filho de portugueses, decidiu investir num hotel na ilha da Madeira. Ainda jovem, Dionísio Pestana foi para a Madeira com a missão de pagar as dívi-das e reerguer o hotel, e apenas em seis anos, além de trocar o idioma inglês pelo português, cumpriu a tarefa e multiplicou o negócio.Actualmente, o grupo Pestana é o maior grupo português no sector do turismo com 85 unidades hoteleiras, entre Pes-tana Hotels & Resorts e Pousadas de Portugal, com presenças consolidadas em oito países – Portugal, Brasil, Ar-gentina, Venezuela, Moçambique, Áfri-ca do Sul, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

Governo da Madeiradistingue Dionísio Pestana

A Prosegur considera a defesa do ambien-te uma prioridade. Assim, doou cinco mil euros aos bombeiros voluntários de Viseu e 1500 árvores à Câmara Municipal. O director-geral da empresa de segurança, Jorge Leitão, oficializou as entregas no Parque do Fontelo de Viseu, ce-rimónia que contou com a presença do presidente do município, Fernan-do Ruas. A empresa espanhola é uma importante empregadora em Portugal. Para além das preocupações sociais, assume uma postura de defesa do ambiente, considerando mesmo que é uma área que deveria fazer sempre parte das estratégias das empresas. Aliás, a credibilidade e a visibilidade

das empresas com este tipo de preocupa-ções saem reforçadas e os investimentos acabam por ter retorno. No actual mo-mento, as empresas têm que dar mais atenção ao contexto em que operam.

Prosegur investena responsabilidade ambiental

António Vilar, na apresentação do “Guia de Negócios em Espanha”.

O objectivo do guia é dar informação prática sobre a internacionalização para Espanha. Pilar Blanco refere que “este guia é uma ferramenta didáctica e completa”.

“A actual situação e relação entre Por-tugal e Espanha, era, há 20 anos atrás, impensável”, mas no futuro será “apenas uma região”, afirmou Francisco Javier Pé-rez Griffo, Cônsul de Espanha no Porto.

O lançamento do mais recente livro da autoria de António Vilar & Associados “Guia de Negócios em Espanha”, editado pela Vida Económica, realizou-se na pas-sada semana, no Fórum Fnac do Centro Comercial NorteShopping, em Matosi-nhos.

O próposito deste guia é contibuir para que os empresários portugueses ganhem, através da informação disponibilizada, ca-

pacidade para analisar, no plano jurídico, o mercado espanhol, assim se posicionan-do melhor para nele competir e vencer.

Neste momento, existem grandes in-vestimentos em curso, ou em perspecti-va, tanto em Portugal como em Espanha. Infra-estruturas, transportes, energias são alguns dos casos.

António Vilar mostrou-se satisfeito com mais esta apresentação. “Expressamos em livro o trabalho que desenvolvemos no escritório. O nosso objectivo é criar uma estratégia para Portugal, Espanha e Euro-pa que possa abraçar o espaço euro-atlân-tico. Acredito que este guia seja uma das

formas de prenunciar o futuro”, referiu o autor.

Pilar Blanco, membro da Confederação de Empresários de Pontevedra, defendeu ser “necessária uma cooperação transfron-teiriça entre os empresários para assim se descortinarem ideias, deveres e obrigações e se arranjarem modelos de colaboração entre Portugal e Espanha”. Nesse sentido, “qualquer pessoa que pense ir para Espa-nha encontra neste guia uma ferramenta bastante didáctica e completa”.

José Coutinho, director do Banco Po-pular, acrescentou que “as relações entre Portugal e Espanha são uma oportunida-

de e não uma contrariedade, as relações entre os dois países são um tema inesgotá-vel”. De salientar que o Banco Popular é o patrocinador deste “Guia de Negócios em Espanha”, editado pela Vida Económica.

Para Miguel Peixoto de Sousa, admi-nistrador do Grupo Vida Económica, o importante é que “autor e editor promo-vam instrumentos que facilitam a econo-mia seja nacional ou internacional. Estas iniciativas têm sido bem acolhidas pelo público, facultando a internacionalização das empresas”, finalizou.

FernanDa Silva Teixeira

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Comercialização e fretagem de iates. Representante ofi-cial de um fabricante eu-ropeu de veleiros. Presen-te em Portugal, Caraíbas e Brasil. Ref. PT 003 GK 023 07 04

Rede de 8 lojas imobiliárias estrategicamente localiza-das no Algarve. Actua para o segmento médio-alto, es-sencialmente para não-resi-dentes. Empresa em expan-são e com forte reputação. Vol. Vendas: J 1.000.000 - J 1.500.000. Venda total ou parcial. Ref. PT 0004 MCA 0048 1007

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Empresa de Construção Civil em com projecto de inter-nacionalização em curso para outros países. Empresa certificada pela AENOR e com alvará de classe 5. Vol. Vendas aprox.: J 4.000.000. Venda parcial. Venda de participação, baseada no valor total da empresa (100%) de J 3.500.000. Ref. PT 004 MCA 046 0607

Berçário, Infantário e ATL – Actividades de Tempos Livres, no Grande Porto. Em funcionamento, licen-ciado e com imóvel. Bem localizado e equipado e bonito espaço exterior. Baixa estrutura de custos. Excelente Negócio. Preço Pedido: J 600.000. Ref. PT 004 MC 035 0506

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Empresa de Medicina, Higiene e Segurança no Traba-lho. Grande Porto. Devidamente licenciada, organiza-da e bem implementada no mercado. Preço pedido: J 500.000. Ref. PT 0004 MCA 0053 0408

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Restaurante com ambiente acolhedor e sofisticado. Elevada rentabilidade. Potencial de crescimento. Vendas: J 900.000. Equipamento na ordem dos J 800.000. Ref. PT 005 PR 013 0606

Loja Gourmet muito bem localizada no Grande Por-to; Vendas: J 160.000; Venda de vinhos, produ-tos Gourmet e serviços complementares. Stock: J 120.800; A carteira de clientes fiel. Preço pedido: J 150.000. Ref. PT 0005 AES 0016 0608

Design/Comércio e Indústria de Vestuário e Aces-sórios Têxteis. Elevada rentabilidade. Potencial de crescimento. Importação/Exportação. Procura parceiro para projecto de investimento. Vendas: J 11.000.000. Ref. PT 005 PR 012 12 04

OPORTUNIDADE DE VENDA DE EMPRESAS

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Hotel 4 Estrelas – Charme e Re-quinte no Norte de Portugal. Uni-dade com 58 quartos e suites, piscina, dois restaurantes, cam-po de ténis, auditório, entre ou-tras facilidades. Hotel de char-me e requinte. Preço pedido: J 10.000.000. Ref. PT 0004 MC 025 0505

Parafarmácia – Norte Litoral, Em-presa localizada em Braga, finan-ceiramente saudável, com vasta carteira de clientes. Com bom potencial de crescimento e di-

versificação. Preço pedido: J 550.000. Ref. PT 004 MC 034 0306

Empresa têxtil localizada na re-gião Norte do país, especializada na confecção de artigos em ma-lha. Facturação aproximada de J 2.500.000. Grande capacidade em desenvolver colecções e ex-celente reputação no mercado. Actividade fortemente orientada para o mercado externo. Private Label e Marca Própria. Preço pe-dido: J 1.300.000. Ref. PT 004 MC 017 0304

Laboratório de Controlo de Quali-dade. Certificado, realização de ensaios e análises técnicas no domínio da água, ar, alimentos, higiene alimentar. Ref. PT 0011 RCO 0001 0108

NORTE

Transformação de Mármores, Granitos e Calcários (Nacionais e Estrangeiros). Es-pecialmente vocacionada para o forneci-mento de materiais para a indústria da construção civil. Ref. PT 003 HBE 0045 0107

Indústria e Comércio de Lacticínios em Por-tugal. Vasta Experiência. Marcas regista-das. Preço pedido: J 2.500.000. Ref. PT 004 JP 047 0707

Central de Betão – Projecto de Investimen-to. A implementar numa zona com redu-zida concorrência. Negócio com alta ren-tabilidade (>10%). Financiamento total para o arranque do projecto: J 843.000. Pay-back: 2 anos. Ref. PT 004 MCA 0051 1107

Industria de Moldes para plásticos. Preço pedido: J 820.000. Ref. PT 0014 VFE 0020 1207

Loja em centro de Cidade. Serviços de co-

mércio a retalho de vestuário. Ref. PT 0014 VFE 0004 04 07

Restaurante no Centro de Cidade. Preço pedido: J 500.000. Ref. PT 0014 VFE 0022 0108

Restaurante com espaço potencial para pro-jecto hoteleiro em Parque Natural situado em região de grande potencial turístico. Ref. PT 014 VFE 0001 0307

Grande superfície de venda de electrodo-mésticos, artigos de electrónica, produtos para o lar e outros bens de consumo. Ref. PT 0016 FMV 0006 0308

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sexta-feira, 11 Julho de 2008 31COMÉRCIO EXTERNO

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Oeste lança novo programa turísticoA região do Oeste lançou um novo programa para aquele destino turístico. A “Oeste Tudo de Novo” é o nome deste programa, com o objectivo de dinamizar a região, através da promoção integrada de eventos. Com um investimento de 500 mil euros, o programa pretende complementar a oferta turística do Oeste, através da di-

vulgação de um calendário de eventos de animação que convida os turistas a uma nova experiência de descoberta da região.O conceito de novidade (novo) e de diversidade (tudo), a curiosi-dade que desperta, a fácil memorização e a associação ao novo posicionamento de Portugal (A Costa Oeste da Europa) são os principais factores para a escolha da assinatura “A Oeste Tudo de Novo”.Os eventos divulgados nesta campanha de animação do Oeste, integrados já na programação da região, incluem concursos de hi-pismo, festivais de gastronomia, exposições de arte, feiras e festas populares, festivais de ópera, mostras internacionais, festival in-ternacional de chocolate, mercado medieval, festas de Carnaval, entre outros eventos populares da zona Oeste.Em franco dinamismo, a região do Oeste irá receber, até 2015, cerca de quatro mil milhões de euros de investimento em doze empreendimentos turísticos destinados ao segmento alto. Em cau-sa está o facto de o Oeste conseguir criar, até 2015, 10 a 12 mil postos de trabalho directos que deverão gerar o dobro desse número em postos de trabalho indirectos. Por outro lado, o efeito multiplicador desta aposta está patente no facto de um euro in-vestido nestes empreendimentos gerar uma riqueza de 1,6 euros na economia local e regional, pois trata-se de uma fatia de público que gasta entre 250 e 300 euros por dia.

Angola e Moçambique legislam sobre actividade turísticaAtravés do Decreto n.º 59/07, Angola determinou que os projectos turísticos “que sejam susceptíveis de provocar impacto ambiental ou social significativo estão sujeitos a licenciamento ambiental, antes da respectiva instalação e entrada em funcionamento”. Se-gundo a “newsletter” da Miranda Alliance, este decreto regula-menta, de forma detalhada, os requisitos de licenciamento previs-tos na Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 5/98) daquele país. Porém, alerta, a LBA não estabeleceu “os processos administra-tivos de licenciamento que poderiam assegurar a implementação das regras sobre as actividades que estão sujeitas à obrigação de obter uma licença ambiental” e “qual a informação e documentos que devem instruir um pedido de licença” ou mesmo “o prazo para a emissão da licença”.Do mesmo modo, também Moçambique introduziu alterações le-gislativas conducentes à atracção do investimento em turismo. A instituição de um conjunto de novos direitos imobiliários e suas salvaguardas fica consignada no Decreto n.º 39/2007, através do qual é aprovado o Regulamento do Direito de Habitação Periódi-ca. Este tem como aspecto mais marcante a introdução das figuras do “timeshare” e da propriedade fraccionada, prevendo o direito real de habitação periódica, o direito de habitação turística e o direito real de habitação fraccionada. Por outro lado, licenciamento de empreendimentos turísticos e imobiliários em regime de habitação periódica e o turismo residencial são ainda regulados por este di-ploma. Algumas disposições relevantes prendem-se com a isenção de sisa na transmissão de direitos de habitação periódica ou a possibilidade de constituir hipoteca ou penhor sobre os direitos de habitação periódica.

O segmento do turismo termal, saúde e bem-estar tem em curso investimentos que rondam 215 milhões de euros, distribuídos por cerca de 10 a 15 estâncias ter-mais, que visam, segundo o pre-sidente da Associação das Termas de Portugal (ATP), José Manuel Romão, revitalizar o sector e va-lorizar o património ambiental, arquitectónico, etnográfico e gas-tronómico das regiões que apos-tam neste tipo de turismo. Entre estas destacam-se as unidades de Estoril, Unhais da Serra, Nisa, Vidago, Pedras Salgadas, Almei-da ou Longroiva, com aberturas previstas entre o segundo semes-tre de 2008 e primeiro semesre de 2009.

Num encontro promovido pela entidade e associações médicas ligadas ao sector termal, foi tra-çado um retrato deste segmento, desde logo incentivado pelo facto de Portugal possuir “abundantes recursos termais, sobretudo no Centro e Norte”, bem como con-dições privilegiadas para apostar em unidades de talassoterapia, ou seja, terapias ligadas à água do mar. Por outro lado, dado que a maioria destas unidades encon-tra-se localizada no interior do país, tal pode constituir um estí-mulo à fixação de pessoas nessas zonas, e assim combater a deser-tificação do interior com quadros altamente qualificados.

No sentido de aprofundar essa estratégia, a ATP pretende “apos-tar na divulgação a nível do mer-cado nacional”, bem como “no reforço da captação de clientes nos mercados internacionais, essencialmente através das agên-cias de turismo”. A ATP encon-tra-se a desenvolver o Plano de Marketing Estratégico Termas de Portugal, devendo, até 2010, apresentar um conjunto de linhas estratégicas para posicionar as

termas como destinos de saúde e bem-estar com um portefólio de serviços que incluam práticas termais terapêuticas, actividades de bem-estar físico, cuidados de beleza, alimentação saudável, re-laxamento, descanso e actividades mentalmente estimulantes.

Metade dos hotéis de 5 estrelas com spa

O turismo de saúde e bem-es-tar representava em 2004 cerca de três milhões de viagens, esperan-do-se um crescimento anual de 5 a 10% até 2015, o equivalente a 6,2 milhões de viagens. Em Por-tugal é esperado um crescimento de 8 a 10% por ano até 2015. Este crescimento passa pelo reju-venescimento dos turistas – aliás, como foi referido, 25% da procu-ra total em 2007 era constituída por clientes entre 25 e 50 anos, oriundos dos grandes centros ur-banos.

A visão a 10 anos do Turismo de Portugal aponta o Porto/Norte e Centro do país como destinos de referência no mercado ibérico, aos quais se juntam Madeira e

Açores. Por outro lado, o PENT assinala “mais de 50% dos hotéis de cinco estrelas com spa” e um crescimento dos resultados des-te segmento “acima de 10% ao ano”.

Para tanto, as acções a desen-volver incluem a “implementação de estratégias de promoção e dis-tribuição orientadas para diferen-tes segmentos de mercado”, bem como “parcerias entre alojamento e oferta termal” e outras acções transeversais, nomeadamente “formação, rede de benchma-rking e qualificação de oferta e recursos humanos”.

Foram ainda sublinhados pon-tos positivos sobre os quais estas acções podem ser alicerçadas, des-de logo o “esforço de adaptação das estâncias âs novas tendências e oferta de centros de qualidade spa”. Mas existem obstáculos a contornar, como “serviços maio-ritariamente dirigidos à com-ponente saúde”, a “necessidade de modernização de instalações termais e unidades hoteleiras” e o “pouco desenvolvido” conceito de talassoterapia.

Marc [email protected]

breves

Turismo de saúde e bem-estar renova-se

Previsões apontam para crescimento anual de 10% até 2015

O balneário D. Afonso Hen-riques, em S. Pedro do Sul, foi ampliado e remodelado, sendo hoje o maior e mais moderno balneário termal da Europa, com capacidade para receber 45 mil aquistas por ano. Trata-se de um investimento de 10 milhões de euros, na sua quase totalidade efectuado pela autarquia local e Termalistur, a empresa munici-pal que gere a estância, que in-clui ainda o balneário Rainha D. Amélia. Com três pisos e quatro novas piscinas, o objectivo passa

por associar ao termalismo clás-sico o bem-estar e lazer, o que implica a constituição de uma parceria público-privada para a construção de um segundo pólo termal, com um centro termo-lúdico e clínica de reabilitação. A presença de D. Afonso Hen-riques alterou profundamente a vida das antigas Caldas de La-fões, hoje Termas de S. Pedro do Sul. Em 1152, o primeiro rei de Portugal concedeu foral ao banho, tornando-se assim no primeiro concelho de Lafões.

S. PedrO dO Sul inAugurA MAiOr bAlneáriO dA eurOPA

Turismo Oeste irá receber quatro mil milhões de euros de investimento até 2015

Turismo gera um cada 5,4 empregos em Portugal

sexta-feira, 11 Julho de 200832

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APHORT advoga revisão de Directiva Europeia sobre “Timeshare”

A ausência de uma distinção clara entre os conceitos de “re-serva plurianual de quarto de hotel” e de “timeshare” na pro-posta de revisão da Directiva Eu-ropeia sobre “Timeshare” é en-carada como “preocupante pela Associação Portuguesa de Ho-telaria, Restauração e Turismo (APHORT), na medida em que “pode conduzir a uma inadverti-da confusão com consequências indesejáveis, quer para os hotéis, quer para os consumidores”.

Em comunicado, aquela en-tidade refere que “o regime de timeshare implica um conjunto de direitos e obrigações adicio-nais que não fazem sentido em situações de múltiplas reservas de quartos de hotel”. A título de exemplo, aponta o facto de “a sujeição das reservas de quartos de hotel às condições rígidas da directiva de timeshare irá impli-car que o consumidor só possa cancelar a sua reserva até três se-manas após a referida marcação, ficando obrigado a pagar o preço integral de todas as suas reservas, caso este prazo seja ultrapassa-do”.

Turismo residencial português em destaque na imprensa britânica

O turismo residencial portu-guês e a estratégia de aposta na oferta de resorts de qualidade fo-ram o tema de destaque da edição de Julho da revista britânica da especialidade “Homes Overseas”. Depois de percorridas as princi-pais regiões turísticas do país, o júri daquela revista lançou o “ve-redicto unânime” de que “nunca o país pareceu tão bom”. A edição subdividiu-se pelo Norte de Por-tugal, Lisboa e Cascais, Costa de Prata, Algarve, Madeira e Açores e golfe. Recorde-se que, segundo aquela revista, nos próximos dez anos, cinco milhões de britânicos irão adquirir propriedades no es-trangeiro.

Travelport assina acordo com Lufthansa e Swiss

A Travelport assinou um pro-

tocolo de “full content” com a Lufthansa e a Swiss, o qual é vá-lido até 2011. O acordo implica a utilização gratuita de todas as tarifas no GDS por parte das agências de viagem, ao abrigo dos programas “Preferred Fares”, a serem lançados em breve na Alemanha, Áustria, Suíça e Lie-chtenstein.

Estes acordos têm efeito a partir do início de Julho e repre-sentam um sucesso na estratégia da Travelport de estender glo-balmente os programas de “full content”. Por este acordo, ambas as companhias poderão utilizar todas as tarifas sem encargos adicionais para as agências de viagem nos próximos três anos.

Confederação do Turismo apoia novas regras laborais

A Confederação do Turismo Português (CTP) considera “positivo” o reconhecimento do Governo e dos restantes parceiros sociais de que o sector do turismo, pelas suas especificidades, “merece um tra-tamento específico em várias áreas, nomeadamente no que respeita à legislação aplicável às relações la-borais”. Exemplo disso é a introdução de medidas que visam aumentar a flexibilidade interna nas empresas e promovem, de forma significativa, a competiti-vidade das mesmas, como o banco de horas, a adaptabilidade grupal, a possibilidade de contratação intermi-tente, entre outras.

A CTP refere ter subscrito as al-terações introduzidas no Código do Trabalho no âmbito da concertação social e faz um balanço positivo do entendimento atingido. Ainda assim, aquela entidade “não se revê na totalidade das me-didas adoptadas”. A título de exemplo, aponta “o agravamento da taxa social única para os contratos a termo” como uma das medidas com as quais não concorda, uma vez que “penaliza injustamente mui-tas empresas do turismo que têm que recorrer a esse tipo de contratação”.

Um em cada 5,4 empregos gerado pelo turismo

O sector do turismo tem assumido cada vez maior preponderância no que toca à empregabi-lidade da população. Em 2007, um em cada 5,4 postos de trabalho eram, directa e indirectamente,

decorrentes da actividade do sector das viagens e turismo, segundo a es-timativa da Conta Satélite Mundial elaborada pelo WTTC.

Segundo aqela entidade, o empre-go, directo e indirecto, gerado pelo sector das viagens e turismo atingiu em 2007 cerca de 960 mil postos de trabalho em Portugal, representan-do 18,4% do emprego total. Para a avaliação mais estrita do sector, em que contabiliza apenas a contribui-

ção explícita do sector, ou apenas o seu impacto directo, o WTTC revela que o sector emprega em Portugal 403 mil pessoas, ou seja, 7,7% do empre-go total.

Marc [email protected]

Air Berlin inicia voos para os Açores

A Air Berlin anunciou que vai iniciar voos “non-stop” para os Aço-res pela primeira vez no próximo horário de Inverno 2008/2009. A companhia passa assim a ser a única transportadora aérea alemã a operar voos “non-stop” para este arquipéla-go português no Atlântico, ligando Ponta Delgada às principais cidades alemãs e a Viena de Áustria. A par-tir de 3 de Novembro, a Air Berlin vai voar semanalmente, todas as segundas-feiras a partir de Nurem-berga, na Alemanha, para Ponta Delgada. Estão disponíveis voos de ligação para Nuremberga a par-tir das 12 cidades alemãs (Berlim, Dortmund, Dusseldorf, Dresden, Erfurt, Frankfurt, Leipzig-Halle, Hamburgo, Hannôver, Colónia-Bona, Munster-Osnabruck, Pader-born) e também de Viena.

Taxas aeroportuárias em vigor um mês após o seu anúncio

A implementação de taxas aero-portuárias novas ou revistas devem ser anunciada “pelo menos” com dois meses de antecedência, mas “nunca menos de um mês antes da sua entrada em vigor”, por forma a “possibilitar aos operadores a al-teração dos preços fixados nos con-tratos de viagens organizadas”. Esta posição da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo vem no seguimento de preocupa-ções levantadas com a proposta de directiva sobre taxas aeroportuárias do Conselho Europeu.

Na sua perspectiva, “as alterações introduzidas na abordagem geral adoptada pelo Conselho em Dezem-bro de 2007 relativamente ao artigo 4.2” sobre o prazo de implementa-ção de taxas aeroportuárias novas ou revistas “sugerem a alteração do pra-zo de implementação de dois meses para período não especificado, que poderia ser tão-só um dia”.

Segundo a APAVT, esta alteração poderá ser problemática para os operadores turísticos, já que a di-rectivas sobre férias e viagens orga-nizadas prevê que, nos 20 dias que precedem a data de partida previs-ta, o preço fixado no contrato não pode ser aumentado”.

Hotel Solverde sugere “buffet” regional de domingo

As famílias que se reúnem ao do-mingo em família têm a partir de ago-ra para conviver ao almoço agora um novo pouso. O restaurante Jardim, no Hotel Solverde SPA & Wellness Center, propõe um buffet regional. O restaurante Jardim oferece entra-das bem à moda portuguesa: saladas regionais, leitão assado da Bairrada com ananás, pataniscas de bacalhau, folhadinho de carnes, bola de chou-riço, peru assado com castanhas, pre-sunto com fios de ovos e selecção de queijos regionais, entre tantas outras saborosas opções.

Os pratos quentes variam todas as semanas, alternando entre caldo verde à nortenha, bacalhau à lagarei-ro, cozido à portuguesa e cabrito à moda do Douro. Um leque de so-bremesas adoça o início das tardes de domingo com o pão-de-ló de Ovar, entre outras sugestões.

Gala do Turismo premeia melhores empresas do sector

A gala anual do turismo promovida pela Publi-turis premiou os mais ilustres do sector, sendo que enre os distinguidos figuraram a TAP, considerada Melhor Companhia Aérea, o Pestana Palace, votado o Melhor Hotel de Cinco Estrelas, o Algarve, ven-cedor da distinção para Melhor Região de Turismo e, nas categorias especiais, Prémio Personalidade do Ano para Dionísio Pestana e Prémio Carreira atri-buído a Fernando Lourenço. Tendo como pano de fundo a Pousada de Portugal Castelo de Palmela, cerca de 600 pessoas tiveram oportunidade de co-nhecer os vencedores da noite.

Assim sendo, os vencedores da Gala Anual do Tu-rismo’07 foram: Melhor Companhia Aérea - TAP; Melhor Companhia Aérea Low Cost - Air Berlin; Melhor Companhia de Rent-a-Car – Europcar; Me-lhor Transportador Rodoviário de Passageiros - VT Bus; Melhor Agência Corporate – Travelstore; Me-lhor Agência Outgoing – Abreu; Melhor Agência Incoming – Citur; Melhor Agência Madeira – In-tervisa; Melhor Agência Açores - Angra 2000; Me-lhor Operador Turístico – Mundovip; Melhor GSA

Aviação – Ampliar; Melhor GSA Cruzeiros – Nor-travel; Melhor Espaço Congressos - Pavilhão Atlân-tico; Melhor Empresa Turismo Activo - Alentejo Natural; Melhor Hotel 5* - Pestana Palace; Melhor Hotel 4* - Heritage Av. Liberdade; Melhor Hotel 3* - Hotel Evidência Tejo; Melhor Unidade Inde-pendente - Choupana Hills Resort & Spa; Melhor Resort Hotel - Penha Longa Hotel & Golf resort; Melhor Turismo em Espaço Rural - Herdade da Ma-lhadinha Nova Country House & Spa; Melhor Ca-deia Hoteleira - Pestana Hotels & Resorts; Melhor Campo Golfe - Oceânico Victoria Golf Club; Me-lhor Cadeia de Unidades Independentes - Leading Hotels; Melhor Site Hoteleiro - heritage.pt; Melhor Site Operador - soltropico.pt; Melhor Região Tu-rismo - Região Turismo do Algarve; Melhor Dele-gação Oficial Turismo Estrangeira - Turismo Espa-nhol; Melhor Operador Estrangeiro para Portugal – Olimar; Melhor Pousada de Portugal - Pousada de Santa Maria do Bouro; Prémio Personalidade do Ano - Dionísio Pestana; Prémio Carreira - Fernando Lourenço; Distinção Empresarial – Galileo.

sexta-feira, 11 Julho de 2008 33TURiSmO

Flexibilidade interna promove competitividade das empresas

Page 34: Pequenas empresas...Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida Pequenas empresas afastadas do QREN A exigência de autonomia financeira dos projectos “à

IVA nas portagens e estacionamentos dos 4x4 ou strakarO Iva das portagens e dos estaciona-mentos de uma viatura comercial pode ser deduzido?

Resposta do assessor FiscalÉ a seguinte a doutrina da Administra-ção Fiscal sobre a dedução do IVA su-portado nas portagens: – Tratando-se de imposto incluído nas despesas de portagens referentes a via-turas consideradas, nos termos da alí-nea a) do nº 1 do artigo 21º do CIVA, como sendo de turismo (sê-lo-ão, se nos respectivos livretes forem consideradas como viaturas de passageiros ou mistas, com menos de dez lugares, incluindo o condutor), o mesmo não é dedutível;– Tratando-se de IVA incluído nas des-pesas de portagens referentes a viatu-ras não enquadráveis na alínea a) do nº 1 do artigo 21º, isto é, de viaturas, consideradas como não sendo de turis-mo (sê-lo-ão se nos respectivos livretes estiverem classificadas como sendo de mercadorias ou, sendo mistas ou de transporte de passageiros, tiverem mais de nove lugares, incluindo o condutor), o mesmo é dedutível nos termos gerais dos artigos 19º e seguintes do CIVA.No que respeita ao documento suporte da dedução do imposto suportado em portagens, refere-se que, de harmonia com o despacho de 11.10.85 do Ex.mo Senhor Secretário de Estado dos As-suntos Fiscais, sobre a n/informação nº 292, de 27.09.85, foi considerado que o talão emitido pela Brisa preenchia os requisitos necessários para ser con-siderado equivalente a factura, o que possibilita, a partir dessa data, a sua utilização para efeitos do exercício do direito à dedução por parte do sujeito passivo adquirente do Serviço. Também o IVA dos estacionamentos de viaturas comerciais é dedutível.

JULHOaté ao dia 10

• Iva - Imposto sobre o valor acrescen-tado- Periodicidade Mensal – Envio obrigató-rio via Internet da declaração periódica relativa às operações realizadas no mês de Maio. O pagamento pode ser efectuado através das caixas automáticas Multibanco, nas Tesourarias de Finanças informatizadas e nos balcões dos CTT. O pagamento pode ainda ser efectuado via Internet. Conjuntamente com a decla-ração periódica deve ser enviado o Anexo Recapitulativo, referente às transmissões intracomunitárias isentas, efectuadas no mês de Maio.

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singularesOs notários, conservadores, secretários judiciais e secretários técnicos de justi-ça devem entregar à Direcção-Geral dos Impostos a relação dos actos praticados no mês anterior susceptíveis de produzir rendimentos sujeitos a IRS (art. 123º do CIRS).

até ao dia 20

• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas- Entrega das importâncias retidas no mês de Junho sobre os rendimentos sujeitos a re-tenção na fonte de IRC (art. 75º do CIRC).

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares- 1º pagamento por conta do Imposto so-bre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) dos titulares de rendimentos da ca-tegoria B.- Entrega, pelas entidades obrigadas a efectuar retenção, do imposto deduzido em Junho pela aplicação das taxas libe-ratórias previstas no artº 71º do CIRS (art. 98º, nº 3, do CIRS).- Entrega, pelas entidades que dispo-nham ou devam dispor de contabilidade organizada, das importâncias deduzidas em Junho sobre rendimentos de capitais e prediais e rendimentos de propriedade intelectual ou industrial e prestações de serviços (Categoria B), (art. 98º, nº 3, e 101º do CIRS).− Entrega do imposto deduzido em Junho sobre os rendimentos do trabalho depen-dente e de pensões, com excepção das de alimentos (arts. 98º, nº 3, e 99º do CIRS).

• Imposto de Selo− Entrega, por meio de guia, nas tesoura-rias da Fazenda Pública, do imposto co-brado em Junho pelas entidades a quem incumbe essa obrigação.

até ao dia 31• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas- Entrega, por transmissão electrónica de dados, da Declaração Modelo 30, pelos de-vedores de rendimentos a não residentes. - 1º pagamento por conta do Imposto so-bre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC) devido por entidades residentes que exercem, a título principal, actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola

e por não residentes com estabelecimen-to estável.

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares - Entrega da Declaração Modelo 30, por transmissão electrónica de dados, à DGCI, pelos devedores de rendimentos a não residentes. - Entrega da Declaração Modelo 31 por transmissão electrónica de dados, à DGCI, pelas entidades devedoras dos rendimen-tos isentos, dispensados de retenção ou sujeitos a taxa reduzida. - Entrega da Declaração Modelo 33, por transmissão electrónica de dados, pelas entidades registadoras ou depositárias de valores mobiliários.

Fiscalidade A passagem da câmara à ordem é um processo normal de evolução da profissão

AGENDA FISCAL

Pagamento por Multibanco indisponível

De acordo com informação diusponibilizada pela Direcção-Geral dos Impostos, o pa-gamento de notas de cobrança de Imposto do Selo encontra-se temporariamente in-disponível nos caixas MultibancoO pagamento continua a poder ser efectuado na restante rede de cobrança do Estado – Serviços Locais de Finanças (Secções de Cobrança), Balcões dos CTT, bem como Instituições de Crédito aderentes.

ImpoSto Do SELo

Ao pagar um imposto o cidadão está sempre a empobrecer-se

Domingues de Azevedo, presidente da CTOC, apela

Estado tem que conciliar as suas necessidades com os direitos dos contribuintes

É fundamental conciliar os direitos dos cidadãos com as necessidades do Esta-do. O grande problema é que estas úl-

timas, de uma maneira geral, são insaciáveis. Esta a posição assumida por Domingues de Azevedo, presidente da Câmara dos Técni-cos Oficiais de Contas (CTOC), durante

um encontro em Coimbra, que reuniu cerca de sete centenas de profissionais do sector. O responsável da maior instituição de regu-lação profissional do país chamou a atenção para o facto de os técnicos oficiais de contas estarem particularmente atentos aos desafios que se colocam neste momento.

A matéria dos impostos mereceu especial destaque durante a intervenção de Domin-gues de Azevedo, que insistiu na ideia da importância de conciliar os direitos dos ci-dadãos com as necessidades do Estado, sen-do que, muitas vezes, estas vão para além do razoável.

Com a agravante que o equilíbrio entre os dois pratos da balança não é simples, senão mesmo impossível. “Ao pagar um imposto, o cidadão estará sempre a ficar mais pobre e, como tal, a abdicar da sua comodidade e da sua qualidade de vida.” No entanto, a clarificação de direitos, por um lado, e a componente de cidadania, por outro, são imprescindíveis.

De facto, perante este cenário, o presi-dente da CTOC considera que as penho-ras automáticas, a título de exemplo, são exactamente contrárias àquele conceito. E explicitou a este propósito: “Todos os do-cumentos que têm por base a contestação de liquidação de impostos têm que ser de-cididos num prazo de 30 dias, para que, no caso do contribuinte, ter razão não avance a penhora.”

Mas as preocupações do dirigente não se ficaram por aqui. Chamou a atenção para a importância dada ao rendimento ilíqui-do dos profissionais liberais e empresários em nome individual. O que acontece é que se considera o montante global das recei-tas e não exclusivamente o lucro. Perante este cenário, o que acontece é que nenhum pode ter direito ao abono de família. Ou seja, Domingues de Azevedo é de opinião que há que ter em conta o rendimento ilí-

quido enquanto os proveitos deduzidos das despesas de funcionamento e os custos de aquisição de bens e serviços.

Câmara tem que passar a ordem

Entretanto, o presidente da CTOC con-tinua a defender a necessidade da passagem de câmara a ordem, tal como fica claro no último editorial da revista TOC. Na alte-ração do Estatuto da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas será colocado esse desa-fio. Aliás, a passagem a ordem é tida como um processo normal por este profissional, à semelhança do que tem sucedido com os profissionais de outros sectores de activida-de.

Uma coisa é certa, ficou a garantia que as alterações estatutárias serão debatidas e analisadas por todos os profissionais. Por seu lado, a entidade reguladora está a pro-mover reuniões sobre a matéria ao nível dos distritos. Além disso, os profissionais podem enviar as ideias e sugestões para a câmara. Todos os contributos são positivos para o futuro da profissão. Faz ainda notar aquele responsável que a passagem da câmara a or-dem fazia parte do programa eleitoral apre-sentado em Dezembro aos membros.

Considera Domingues de Azevedo que a mudança faz sentido no actual contexto, já que muito se alterou na profissão, com des-taque para o “efectivo e real contributo que os TOC têm dado para a consolidação das contas das empresas e das finanças públicas”. Os impostos são um assunto de importância e complexidade indiscutíveis.

sexta-feira, 11 Julho de 200834

O presidente da CTOC considera que, muitas vezes, as necessidades do Estado são “insaciáveis”.

pRÁtICA FISCAL

Informação elaborada pela APOTECAssociação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade

[email protected]

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Uma empresa de informática e siste-mas de comunicação permite aos seus colaboradores o uso do telemóvel para fins particulares até um determinado “plafond”. Excedido esse limite, emite uma factura ao colaborador pelo re-manescente, debitando-lhe IVA. Está correcto ou existe outro procedimento mais vantajoso para ambos?

Saliente-se, desde já, que não está es-pecificada a relação laboral entre a em-

presa e os colaboradores. Partindo do princípio que seja um vínculo laboral de trabalho dependente, a alínea b) do nº 3 do artigo 2º do CIRS qualifica como rendimentos do trabalho dependente todos os direitos, benefícios ou regalias, não incluídos na remuneração principal, auferidos pela prestação ou em razão da prestação de trabalho dependente. O uso do telemóvel até ao limite acordado se-ria considerado rendimento do trabalho dependente.

Por força do nº 2 do artigo 1º do CIRS ficam sujeitos a tributação os rendimen-tos, quer em dinheiro quer em espécie, determinando-se estes de acordo com as regras estabelecidas no artigo 24º do Código do IRS. Embora nos nºs 1 a 9 da alínea b) do nº 3 do artigo 2º sejam enumerados alguns direitos, benefícios ou regalias, não se trata de uma enume-ração exaustiva. Quaisquer outros direi-tos, benefícios ou regalias, não incluídos na remuneração principal, auferidos pela prestação ou em razão da prestação de trabalho dependente constituem rendi-mentos do trabalho.

A atribuição de telemóvel e respectiva utilização para fins particulares e que, portanto, não esteja ao serviço da empresa

preenche as regras de incidência objectiva do IRS, nos termos já referidos.

Na situação do débito do valor que ex-cede o “plafond” ao trabalhador, estamos numa situação de débito de despesas, a qual está sujeita a IVA de 21 por cento, tornando-se irrelevante o débito ser ou não discriminado, pois a taxa a aplicar a este tipo de despesas é a normal.

Se o colaborador for um trabalhador independente, o custo que a empresa su-porta não será aceite como custo fiscal nos termos do artigo 23º do CIRC, pois res-peita a despesas da esfera particular dos colaboradores.

(InformAção ElAborAdA pElA CâmArA dos TéCnICos ofICIAIs dE ConTAs)

Vínculo de trabalho dependente qualifica como rendimentos os direitos e benefícios não incluídos na remuneração Numa situação do débito do valor que excede o “plafond” do trabalhador está-se numa situação de débito de despesas, a qual está sujeita à taxa de IVA de 21%, tornando-se irrelevante o débito ser ou não discriminado.

O Código Deontológico dos Técnicos Oficiais de Contas (CDTOC), no art. 3º, nº 1, alí-

nea c), define o que se entende por prin-cípio da independência, ou seja, “impli-ca que os Técnicos Oficiais de Contas se mantenham equidistantes de qualquer pressão resultante dos seus próprios in-teresses ou de influências exteriores por forma a não comprometer a sua indepen-dência técnica.”

Este princípio tem duas vertentes: a que decorre dos próprios interesses do TOC e a que decorre de possível inge-rência exterior. No primeiro caso, está devidamente acautelada, não sendo per-mitido acumular as funções de TOC com as de gerente ou director financeiro em sociedades que não tenham por objecto a prestação de serviços contabilísticos, sob pena de incorrerem em incompati-bilidade, atento o disposto no art. 14º do CDTOC. Nestes casos, presume-se a existência de um interesse conflituante, já que o TOC tem um interesse directo no resultado da exploração, logo com-promete o princípio da independência a que está adstrito.

A segunda vertente deste princípio da independência terá que ser aferida nas duas modalidades possíveis em que se pode exercer a profissão de TOC. Com efeito, os Técnicos Oficiais de Contas podem exercer a sua actividade como profissionais independentes ou empresá-rios em nome individual ou no âmbito da prestação de um contrato de trabalho individual, assim se prevê no art. 7º do ECTOC.

Aquelas duas realidades traduzem uma maneira diferente de estar na profissão mas, em concreto, em ambos os casos, o TOC terá de respeitar as disposições es-tatutárias e deontológicas.

Em rigor, o exercício desta profissão, – na sua génese uma profissão comercial –, está conotado como profissão liberal e, como

tal, o próprio estatuto da profissão assume, na essência, essa perspectiva. No entanto, e porque esta profissão pode também ser exercida no âmbito de contrato de traba-lho, dadas as inerentes contingências que lhe estão associadas, é indispensável ter presente as exigências legais que não dei-xam de lhe ser aplicadas.

O contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade a outra ou outras pessoas, sob a autoridade e direcção destas (art. 10º do Código do Trabalho).

A diferença está em que, no contrato de prestação de serviços, o TOC promete aos outros o resultado do seu trabalho, obrigando-se a proporcioná-lo ao outro contraente com independência e auto-nomia.

No contrato de trabalho sempre há al-guma subordinação que deve, aliás, ser entendida em termos hábeis. Ainda que as funções de TOC sejam desempenhadas no âmbito de um contrato de trabalho, este não pode afectar a sua plena isenção e independência técnica perante a enti-dade patronal, nem violar o ECTOC ou o Código Deontológico da profissão.

Neste conceito de independência deve-remos entender toda a forma de ingerên-cia, de interferência, de vínculos de pres-sões, quaisquer que sejam, provenientes do exterior, e que tendam a influenciar, desviar ou distorcer a acção do profissio-nal.

Vejamos, pois, as normas estatutárias e deontológicas que disciplinam o exercí-cio da profissão relativas a esta temática.

O ECTOC é bem explícito ao definir no art. 6º as funções que são atribuídas ao Técnico Oficial de Contas. Ou seja, “a) Planificar, organizar e coordenar a execução da contabilidade das entidades sujeitas aos impostos sobre o rendimento que possuam ou devam possuir contabi-lidade regularmente organizada, segundo

os planos de contas oficialmente aplicá-veis, respeitando as normas legais e os princípios contabilísticos vigentes (…); a) assumir a responsabilidade pela regu-laridade técnica, nas áreas contabilística e fiscal, das entidades referidas na alínea anterior; c) Assinar, juntamente com o representante legal das entidades referi-das na alínea a), as respectivas declara-ções fiscais, as demonstrações financeiras e seus anexos, fazendo prova da sua qua-lidade, nos termos e condições definidos pela Câmara (…).”

Os Técnicos Oficiais de Contas têm, relativamente a quem prestam serviços, o direito a obter todos os documentos, informações e demais elementos de que necessitem para o exercício das suas fun-ções; exigir a confirmação, por escrito, de qualquer instrução, quando o consi-derem necessário e assegurar que todas as operações ocorridas estão devidamen-te suportadas e que foram integralmente transmitidas, cfr. o nº 1 do art. 51º do ECTOC.

O CDTOC vem depois clarificar os direitos dos Técnicos Oficiais de Con-tas perante as entidades a quem pres-tam serviços. Assim, dispõe o art. 12º do CDTOC, no nº 1, que, “para além dos direitos previstos no Estatuto, os Técnicos Oficiais de Contas, no exercí-cio das suas funções, têm direito a obter das entidades a quem prestam serviços toda a colaboração e informação neces-sária à prossecução das suas funções com elevado rigor técnico e profissional, bem como a serem tratados com civilidade.”

Refere o nº 2 que “a negação da referi-da colaboração e informação, pontual ou reiterada, desresponsabiliza os Técnicos Oficiais de Contas pelas consequências que daí possam advir e confere-lhes o di-reito à recusa de assinatura das declara-ções fiscais, sem prejuízo do disposto no número 2 do artigo 54º do Estatuto.”

O nº 3 define o que se entende por

falta de colaboração e consiste na ocul-tação, omissão, viciação ou destruição de documentos de suporte contabilístico ou a sonegação de informação em tempo útil, que tenha influência directa na situ-ação contabilísticas e fiscal da entidade.

No nº 6 refere-se que os Técnicos Ofi-ciais de Contas, antes de encerrarem o exercício fiscal, têm direito a exigir das entidades a quem prestam serviços uma declaração de responsabilidade, por es-crito, da qual conste que não foram omitidos quaisquer documentos ou in-formações relevantes com efeitos na con-tabilidade e na verdade fiscal, sob pena de poderem socorrer-se do disposto no nº 2 do art. 54º do ECTOC.

Concluindo, as normas estatutárias e deontológicas conferem ao TOC meca-nismos de protecção que lhe permitem não encerrar um exercício fiscal se a decla-ração de responsabilidade de exercício, a que alude o nº 6 do art. 12º do CDTOC, não for assinada ou se lhe for negada a colaboração pela entidade patronal. Para tanto, devem socorrer-se do disposto no nº 2 do art. 54º do ECTOC.

Mais difícil de gerir é a relação traba-lhador/TOC versus entidade patronal quando o conflito se instala. Aí, terá que imperar o bom senso, mas sem prescin-dir da independência técnica. Até por-que, se este princípio for violado e a re-gularidade técnica ficar comprometida, o TOC, além de eventual responsabilidade disciplinar, poderá ainda ser responsável subsidiariamente pelas dívidas tributá-rias, atento o disposto no nº 3 do art. 24º da Lei Geral Tributária que dispõe: “A responsabilidade prevista neste artigo aplica-se aos técnicos oficiais de contas desde que se demonstre a violação dos deveres de assunção de responsabilida-de pela regularização técnica nas áreas contabilística e fiscal ou de assinatura de declarações fiscais, demonstrações finan-ceiras e seus anexos.”

Contas & Impostos

sexta-feira, 11 Julho de 2008 35fiscalidade

O princípio da independência e o exercício da profissão de Técnico Oficial de Contas

FIlomeNA TIAgoJurista da CTOC

Opinião

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Vendas automóVeis noVamente

em derrapagemO mês de Junho foi, novamente, mau para o

sector automóvel. Depois de vários meses de cres-cimento, as vendas de ligeiros de passageiros regis-taram uma forte quebra de quase 9%, não tendo chegado às 21 mil unidades colocadas. Em termos acumulados, ainda há um aumento de 6,4%.

O secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Pedro, disse à “Vida Económica” que o mercado esteve dependente no primeiro semestre do que aconteceu no ano pas-sado. Hélder Pedro admite que a importação de veículos usados, a qual tem vindo a aumentar e no obteve ano passado um número recorde, repre-sentando o equivalente a quase 20% do mercado de novos, pode ter alguma influência no mercado “Este número é muito preocupante e, além do mercado de novos, tem influência na segurança rodoviária, no ambiente e nas receitas fiscais do Estado”, avisa.

O presidente da Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN), António Teixeira Lopes, refe-riu à VE que o principal motivo para a estagnação do mercado é o abrandamento da economia. “A importação de usados está a crescer, mas estes veí-culos são, sobretudo, de passageiros e importados por particulares. A quebra nos modelos comerciais é real e não tem como justificação apenas questões fiscais, importando realçar factores económicos. Aliás, se compararmos o desempenho do mercado de ligeiros no primeiro semestre desde ano com o de 2000, verificamos que houve uma quebra de 42%. Se nos ligeiros de passageiros a descida é de 27%, o grande contribuinte para a baixa são os comerciais ligeiros que venderam menos 100%”, disse Teixeira Lopes.

Ford entra no “top” três

Por marcas, a Renault conseguiu reforçar ainda mais a liderança no primeiro semestre, agora com quase 13% de quota de mercado. Destaque, no en-tanto, para três marcas que estão a revelar um exce-lente desempenho, na sequência das gamas dispo-nibilizadas. A Ford, a Seat e a Fiat foram as estrelas da companhia das dez marcas mais vendidas, nos seis primeiros meses. Em contrapartida, a Peugeot manteve a sua trajectória de forte descida, o que já se verifica há alguns meses, com a correspondente perda de quota de mercado.

Destaque para a Ford que entrou no “top” três. “Os resultados alcançados na primeira metade de 2008 são o reflexo de uma excelente gama de veícu-los que a Ford actualmente comercializa. O tercei-ro lugar que ocupamos no final de Junho está em contraponto com a quebra da indústria de 3,5% face a igual período de 2007, sendo a Ford a única marca do ‘top’ cinco a ganhar quota de mercado no acumulado dos veículos ligeiros”, disse à “Vida Económica” a directora de comunicação da Ford Lusitana. Segundo Anabela Correia, o sucesso do novo Ford Focus, com 4577 matrículas, é um dos protagonistas destes resultados. “Aliás, vivemos ac-tualmente enormes dificuldades com a disponibili-dade deste modelo”, acrescenta.

Aquiles [email protected]

e Guilherme [email protected]

Através de uma joint-venture com uma empresa local

Grupo Salvador Caetano regressa ao mercado de carroçarias de autocarros de Marrocos

A Salvador Caetano vai entrar no mercado de carroça-rias de autocarros de Marrocos. O grupo português está em negociações com um parceiro local, a Soriac, devendo, ainda este ano, passar a deter 50% de uma joint-venture a estabelecer com aquela empresa, que já tem a maior quota do mercado local no segmento de autocarros urbanos. A futura Soriac-Caetano vai localizar-se em Berrechid, cida-de que fica a 40 km de Casablanca. O negócio representa o regresso do grupo Salvador Caetano a Marrocos, já que na década passada teve uma parceria meramente comercial com uma empresa daquele país, que montava o modelo Enigma.

Jorge Pinto, administrador ligado às empresas de auto-carros do grupo, disse à “Vida Económica” que “os merca-dos africanos ainda estão muito sujeitos a protecções e com um nível de preços muito baixos”, pelo que “são difíceis de trabalhar a partir” de Portugal. “Marrocos é um mercado que nos interessa e no qual gozamos de uma boa imagem. Aliás, os produtos Caetano são, a nível de autocarros de turismo, os que têm mais unidades no país”, acrescenta a

nossa fonte. Sobre a opção de encontrar um parceiro local para entrar

no mercado em vez de criar uma empresa de raiz, Jorge Pinto recorda que essa tem sido “a estratégia do grupo na internacionalização”, porque “um parceiro local traz sem-pre algum valor e conhecimento para a actividade”. Um outro aspecto que o executivo destaca é o facto de a Soriac ter uma rede de fornecedores estabelecida, quer em Mar-rocos, quer em países onde a Caetano não costuma abaste-cer-se, como por exemplo o Egipto, a Turquia ou, mesmo, a China. “Esta parceria permite-nos, também, potenciar esse contactos de fornecimentos a preços mais competiti-vos”, explica.

Mercados de várias oportunidades

Outro motivo para a aposta em Marrocos é, segundo o entrevistado, o facto de aquele país do Magrebe estar num processo de crescimento em termos de infra-estru-turas rodoviárias, pelo que os equipamentos de transporte estão em necessidade de renovação. “Por esse motivo, é um mercado que nos interesse e que, além disso, é um ‘pé’ em África”, acrescenta Jorge Pinto.

De resto, os operadores internacionais de transportes es-tão a entrar no mercado marroquino, principalmente os operadores espanhóis e os franceses. A Alsa, por exemplo, está em Marraquexe e outros operadores estão a concorrer para operarem os transportes públicos de outras grandes cidades marroquinas. “E estes operadores querem um pro-duto com níveis de fiabilidade satisfatórios e em Marrocos não há quem produza isso. Por isso, também nesta área há oportunidades”, refere a nossa fonte.

O grupo Salvador Caetano não vai ser a primeira multi-nacional carroçadora a entrar no mercado marroquino. A Hispano Carrocera já está presente e a Irizar está a cons-truir uma fábrica. “Por isso nós não queremos perder o ‘barco’ e vamos apostar no mercado”, recorda Jorge Pinto.

Objectivos de crescimento

O primeiro objectivo do grupo português é melhorar a qualidade e a produtividade da fábrica, com os produtos que a Soriac já tem. “Depois queremos começar a introdu-

zir produtos Caetano para o mercado marroquino”, avança o entrevistado.

Outro objectivo da Salvador Caetano com esta aposta em Marrocos é, de acordo com a nossa fonte, criar uma plataforma de produção para países com necessidades de produtos de menor custo. “É impossível abastecer países como, por exemplo, as ex-colónias a partir de Portugal, por questões de preços, mas é possível fazê-lo a partir de Marrocos. Ou seja, há uma série de situações de ‘win-win’ para nós e para o nosso parceiro”, sublinha. Mais tarde, a fábrica poderá começar a produzir também para a Europa. “Mas isso será numa segunda fase, o que não prevejo que aconteça, no mínimo, antes de dois ou três anos”, avisa o mesmo responsável.

O volume anual médio de negócios da Soriac ronda os sete milhões de euros. Jorge Pinto prevê um crescimento acelerado desse volume nos próximos dois anos. “Por dois motivos: por força do crescimento da procura do mercado marroquino e devido à introdução de produtos de mais valor, como é o caso dos da Caetano”, explica o entrevis-tado.

Aquiles [email protected]

sexta-feira, 11 Julho de 2008eM FOcO36

A Soriac-Caetano vai produzir uma variante do autocarro Enigma.

Marcas Unidades Variação

%

% no mercado

2008 2007 2008 2007

Renault 14 605 13124 11,3 12,8 12,2

Opel 10 553 10437 1,1 9,2 9,7

Ford 9285 7764 19,6 8,1 7,2

VW 9026 8667 4,1 7,9 8

Peugeot 8570 9859 -13,1 7,5 9,2

Citroën 7742 8566 -9,6 6,8 8

Seat 6750 4593 47 5,9 4,3

Toyota 6046 6237 -3,1 5,3 5,8

Fiat 5684 3722 52,7 5 3,5

BMW 5649 4847 16,5 5 4,5

reGistA desemPenho muito Positivo nos liGeiros de PAssAGeiros (JAneiro A Junho)

FOrd

Fonte: ACAP

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Mercadosgalp energia:

-30%desde

o início do ano

eDp:

-19%desde

o início do ano

Eurodólar (Fecho) (09/07) 1,5744Var. Semana 0,25%Var. 2008 6,95%

EuroLibra (Fecho) (09/07) 0,7946Var. Semana 0,44%Var. 2008 8,35%

EuroIene (Fecho) (09/07) 168,62Var. Semana 0,65%Var. 2008 2,24%

ÍndIcEs

PsI20 (Fecho) (09/07) 8851,71Var. Semana 1,49%Var. 2008 -32,01%

dowJones (Fecho) (09/07)11364,61Var. Semana --0,16%Var. 2008 -14,33%

nasdaq (Fecho) (09/07) 1862,56Var. Semana -0,01%Var. 2008 -14,33%

Ibex (Fecho) (09/07) 11999,8Var. Semana 1,21%Var. 2008 -21,84%

dax (Fecho) (09/07) 6386,46Var. Semana 1,29%Var. 2008 -20,84%

cAc40 (Fecho) (09/07) 4339,66Var. Semana 1,01%

Var. 2008 -22,88%

PsI20

cAmbIALEurodóLAr

Euribor6m (Fecho) (09/07) 5,1450Var. Abs. Semana -0,0050%Var. Abs. 2008 0,4310%

Euribor3m (Fecho) (09/07) 4,9620Var. Abs. Semana 0,0070%Var. Abs. 2008 0,2720%

Euribor1Y (Fecho) (09/07) 5,3960Var. Abs. Semana -0,0390%Var. Abs. 2008 0,6250%

monEtárIoEurIbor6m

Petróleo (Brent) (09/07) 134,46Var. Semana -4,56%Var.2008 42,54%

ouro (Fecho) (09/07) 925,15Var. Semana -0,83%Var. 2008 11,04%

Prata (Fecho) (09/07) 18,02Var. Semana -0,99%Var. 2008 22,00%

mErcAdorIAsPEtróLEo

Desafios do futurolevam a pensarem inflação elevada

sexta-feira, 11 Julho de 2008 37

Esperanza Gómez, Senior Manager da área de Serviços Financeiros da Accenture, afirma

Crescimento dos seguros de vida depende dos incentivos fiscais

Vida económica - Que opor-tunidades de crescimento mundial para o sector segu-rador poderão advir do actual contexto de globalização, de-signadamente em termos de mercados?

Esperanza Gómez (EG) - Ain-da que nos mercados europeu e americano, actualmente maduros e a atravessar ciclos de desacelera-ção económica, o crescimento or-gânico seja difícil, existem, ainda assim, oportunidades para fusões e aquisições, apesar das opera-ções de consolidação dos últimos anos.

Segundo as mais recentes esti-mativas, os mercados emergentes podem representar, nos próximos dois anos, um aumento de poten-ciais novos clientes na ordem de mil milhões. É expectável, por-tanto, que as economias emer-gentes sejam responsáveis pela maioria do crescimento do sec-tor, nas próximas duas décadas. A inovação em produtos e servi-ços adaptados às necessidades e requisitos específicos destes mer-cados potenciais, será uma das chaves para o êxito na estratégia de crescimento.

Ve - Considera que este cres-

cimento se fará mais por via orgânica ou pelo acelerar dos movimentos de fusões e aqui-sições?

EG -O crescimento produzir-se-á por ambas as vias. As segura-doras necessitarão tanto de uma estratégia credível e sólida de crescimento nos seus mercados originais como de estratégias ro-bustas de expansão internacional para conseguir um crescimento orgânico nos próximos três anos.

Os analistas estimam que se verifiquem operações de conso-lidação e de entrada no mercado

por meio de fusões e aquisições, que só serão transacções de va-lor quando a seguradora consiga obter através destes processos, as decorrentes oportunidades de crescimento orgânico.

Ve - em particular no âmbito da cadeia de valor da activi-dade seguradora (desenvolvi-mento de produtos, marketing e distribuição, subscrição de risco, regularização de sinis-tros, etc), que especificidades devem ser acauteladas para garantir o sucesso?

EG - No que respeita aos aspec-tos essenciais a considerar para optimizar a cadeia de valor, cabe destacar os seguintes:

– Ao nível dos produtos, com-pletar o portefólio com ofertas integrais, totalmente adaptadas às necessidades de mudança dos clientes ao longo do seu ciclo de vida, e que permitam o desenvol-vimento e adaptação ágil graças ao suporte de potenciais soluções de criação de produtos.

– No âmbito do marketing e da área comercial, será necessária a definição formal e a integração operativa destes processos, assim como a sua automatização para permitir uma maior efectividade, controlo e retorno nestas activi-dades.

– Os processos de subscrição reforçam-se a partir da melhoria das regras de contratação, e o su-porte de sistemas para a tomada de decisões sobre riscos especiais, que permitirão melhorar os tem-pos de resposta. Desta forma, conseguir--se-á a monitorização das operações sujeitas a controlos e autorizações especiais, que não possam ser resolvidas em tempo real.

– Continuar o processo de abertura de novos canais de inte-

racção para facilitar a administra-ção da carteira, proporcionando a clientes e intermediários mais opções de auto-serviço.

– Os processos de sinistros tor-nar-se-ão mais eficientes, visando a melhoria de processos de noti-ficação e resolução rápida de si-nistros, e optimizando a gestão de provedores.

– Os processos financeiros e de controlo de gestão passarão a incorporar nova informação de análise relativa ao conhecimento dos clientes e à valorização e mo-nitorização do risco.

Ve - Que apreciação faz da evolução quer da “bancassu-rance” quer da “assurfinan-ce”?

EG - A “bancassurance”, tanto em Espanha como em Portugal, tem alcançado grandes quotas de desenvolvimento em relação a outros países da União Europeia. O principal motor desse desen-volvimento deve-se à sinergia do produto bancário com o produ-to segurador, principalmente no caso do negócio hipotecário, e nos produtos de seguros vincula-dos à poupança e investimento.

As novas tendências procuram completar a oferta de seguros proporcionada pela rede bancá-ria, como produtos que podem ampliar as fontes de ingressos complementares, localizando produtos “commodities”, de pro-cura maciçaa pelo seu carácter obrigatório, como é o caso do se-

guro automóvel.Não obstante, no caso contrá-

rio, no modelo de “assurbanking”, não se encontraram fórmulas de complementariedade de tanto êxito como na banca de seguros.

Apesar disso, as novas regula-ções em matéria de mediação, ao exigirem um componente de assessoria maior, farão evoluir as capacidades destas no sentido de um maior conhecimento finan-ceiro no seio das redes de distri-buição de Vida. Em conformida-de com esta evolução, o modelo de “assurbanking”, poderá acarre-tar novos modelos alternativos de negócio e distribuição.

Ve - Que perspectivas admi-te para o sector segurador em portugal nos ramos vida e não vida?

EG - O mercado português apresenta um importante grau de desenvolvimento, maturidade e concentração. O potencial de crescimento no seio do mercado virá associado às oportunidades que emergem principalmente dos incentivos fiscais, no caso da Vida, e das mudanças demo-gráficas que se estão a produzir, nomeadamente: o crescimento de população emigrante e expa-triados, com novas necessidades a nível de seguros, bem como o envelhecimento da população com necessidades de cobertura de dependência, pensões e refor-ma.

a.M.

Torna-se mais dificil o crescimentos nos mercados europeus e americano.

Para Esperanza Gómez, Senior Managerda Accenture, o crescimento mundial do sector segurador será em boa medida alavancado pela presença e quotas de mercado que as respectivas instituições detiverem nas economias emergentes.Em particular referindo o já importante graude maturidade do sector segurador português, Esperanza Gomez assume que o respectivo potencial interno de crescimento dependerá das políticasde incentivos fiscais e das oportunidades de negócio segurador associadas às alterações demográficasem curso, designadamente o fluxo imigratórioe o envelhecimento da população portuguesa.

8,400

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RicaRdo [email protected] Pedro Arroja Gestão de Patrimónios S.ANa margem

sexta-feira, 11 julho de 2008mercados38

Há algumas semanas atrás, num artigo intitulado “Acti-vistas”, introduzi o tema dos investidores – estilo Joe Be-rardo – que adquirem participações qualificadas no capital social de certas empresas para depois exercerem influência junto dos respectivos conselhos de administração e assim condicionar as estratégias da gestão. Por vezes, o objectivo destes investidores é contribuir para a criação de valor ope-racional dentro das empresas onde entram. Mas, em geral, o seu intuito passa por aumentar o prémio especulativo em redor das suas presas. Por outras palavras, fazer com que a empresa surja no radar, torná-la “opável” – no imediato ou a prazo – e, no processo, maximizar as mais-valias asso-ciadas a qualquer eventual negócio. Esta estratégia funcio-na bem quando a conjuntura é favorável. Infelizmente, o mesmo não acontece quando os ventos mudam.

O especulador Joe Berardo é, porventura, aquele que melhor representa esta filosofia de investimento em Portu-gal. No estrangeiro, existem também vários casos conheci-dos. Nos últimos dias, aquele que mais se tem notabilizado tem sido Carl Icahn – accionista de referência na Motoro-la, na Yahoo e na Biogen. Note-se que não pretendo confe-

rir qualquer sentido depreciativo ao termo “especulador”. Na minha perspectiva, a “especulação” – que, refira-se, é a designação desta rubrica – é crucial na definição de pre-ços. Porque, ao contrário do que diz a teoria financeira, os preços nunca estão em equilíbrio – caso contrário, não valeria a pena investir em bolsa. São precisamente os espe-culadores, em particular aqueles que – dentro das regras – possuem melhor conhecimento da informação disponí-vel, que descobrem os preços mais distantes do equilíbrio e que actuam sobre eles. Quanto maior o desequilíbrio, maior a oportunidade. Até aqui tudo bem.

O problema que encontro na actuação de Berardo e de Icahn, entre outros, é a instabilidade que causam nas empresas onde se intrometem. Por exemplo, Joe Berardo teve no BCP um papel muito importante na descoberta de negócios de contornos duvidosos. Porém, com isso, con-tribuiu também para que as acções do banco perdessem dois terços do seu valor. Nos Estados Unidos, Carl Icahn tem tentado de tudo para forçar a Biogen – uma empresa do ramo farmacêutico – a uma OPA. Entre outras inicia-tivas, tentou eleger uma administração da sua confiança

Especulação

Guias que juntam toda uma série de informação dispersa e que enquadram juridicamente,algumas questões de notória importância para os empresários.- a economia;- posibilidades de investimento;- sistema aduaneiro;- estabelecimentos e aspectos legais relacionados com a constituição de sociedades;- relações laborais;- sistema fiscal de cada país alvo:- incentivos;- sistema financeiro;- sector imobiliário;- contactos úteis.

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ColecçãoGuias de Negócios

Edição:

Autor:

http://blog-campus.blogspot.com/

A secção de “Campus” do “Jornal de Negócios” é publicada semanalmente na edição de segunda-feira daquele diário económico. Nesse suplemento

encontram-se os trabalhos publicados que focam essencialmente a actualidade do Ensino Superior em Portugal, com particular ênfase sobre a Economia e a Gestão, sendo que a ciência, tecnologia e as actividades de investigação e desenvolvimento são igualmente áreas privilegiadas pela secção.O presente blogue em análise visa, sobretudo, complementar as matérias abordadas no jornal e alargar o leque da reflexão à blogosfera, criando-se assim uma plataforma de maior interactividade com os leitores. Além dos jornalistas e dos cronistas que assinam peças na secção, o blogue está aberto à participação de todos os interessados, sendo que para tal são disponibilizados os comentários e os contactos da redacção (através o link “contactos” no menu) para quem desejar enviar textos por e-mail (que, por sua vez, serão publicados no blog na eventualidade de os remetentes manifestarem esse interesse).

net.investidor

cujo mandato seria vender a empresa a outros investidores. Numa das suas outras frentes, ou seja, como accionista da Yahoo, alvo de uma oferta da Microsoft, tem procurado fazer o mesmo. E na Motorola tem-se batido pela venda de certas unidades operativas da empresa. Supõe-se que, nos três casos mencionados, Icahn esteja a perder dinheiro. E capacidade de influência.

A razão que explica o relativo insucesso deste tipo de investidor em condições de mercado adversas – como as de agora – é que a sua estratégia assenta numa dinâmica favorável de fusões e aquisições. Ora, nos últimos meses, estes mercados morreram. Por outro lado, as próprias par-ticipações resultam muitas vezes de operações de emprés-timo bancário. É o caso, por exemplo, de Berardo e da sua posição alavancada no BCP – concretizada com o apoio da CGD. O investidor utiliza capital próprio e alheio para construir a sua posição, que está sujeita ao “margin call” se o preço do activo baixar a partir de um certo patamar. Por outras palavras, o banco credor do investidor estipula um valor mínimo que a conta terá sempre de apresentar. E se esse limiar for violado, o investidor é chamado a repor a conta acima do limite combinado. A execução de uma “margin call” pode ter efeitos dramáticos na carteira de qualquer investidor porque, em geral, conduz à redução da posição. O investidor é forçado a encaixar perdas, até aqui apenas potenciais, e a reduzir a base de valor sobre a qual, para regressar ao ponto de partida, terá agora de gerar uma rendibilidade, provavelmente, muito superior àquela entretanto perdida. Enfim, é este o drama de mui-tos investidores. Em particular, de muitos daqueles – acti-vistas ou não – que investem em acções, ou noutros activos quaisquer, com recurso ao crédito bancário.

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Soluções de investimento

“EuroStoxx 50 Wedding Cake” do Banco BIG – Atractivo em caso de “estabilidade”

O Banco BIG apresenta uma aplicação com algumas ca-racterísticas inovadoras e com a vantagem de ter capital garantido na maturidade. Estamos perante um investi-mento por um prazo de 12 meses, que poderá ser subs-crito até 18 de Julho por um mínimo de 2500 euros. A renumeração está associada a diferentes cenários de variação do índice Dow Jones EuroStoxx 50 para o perí-odo do investimento. Caso o índice oscile, face ao valor inicial, entre -11% e +11%, a rentabilidade do investi-mento será de 14,25%. Caso o limite anterior seja supe-rado, mas o índice permaneça no intervalo compreendido entre -16% e +16% do seu valor inicial, a rentabilidade será 9,25%. Caso o limite absoluto de 16% seja supera-do, mas o índice permaneça no intervalo compreendido entre -22% e +22% do seu valor inicial, a rentabilidade será 4,5%. Se o limite absoluto de 22% for superado, a rentabilidade do investimento será nula.A rentabilidade potencial é atractiva no caso de o ín-dice apresentar oscilações reduzidas ou moderadas. Todavia, caso se mantenha a volatilidade recente dos mercados accionistas, a rentabilidade será “banal” ou mesmo nula.

BAIxo/médIo rISCo médIo/Alto rISCo

BPI “Novos Emergentes 2008-2012” – Investir em economias “periféricas”

Estamos perante uma emissão em euros, com uma maturi-dade de 4 anos, e indexada ao Índice DAX Global Emerging 11 (acompanha a performance de empresas de 11 mer-cados emergentes conhecidos em conjunto pelo acrónimo “N11” ou “Next Eleven”). São eles o Bangladesh, Coreia do Sul, Egipto, Filipinas, Indonésia, Irão, México, Nigéria, Paquistão, Turquia e Vietname. Este produto de capital ga-rantido no vencimento reembolsa o capital inicialmente in-vestido somado de 65% da variação do índice com mínimo de 0%. O valor inicial é o valor oficial de fecho do Índice na Data de Emissão, ou seja, em 30 de Julho de 2008. O valor médio é a média aritmética do valor do Índice, retira-do anualmente, no 15º dia de calendário de Julho desde, e incluindo, 15 Julho 2009 até, e incluindo, 15 Julho 2012, ou seja 4 observações. A performance do indexante é dada pelo quociente entre o Valor Médio e o Valor Inicial – 1. Este investimento poderá ser subscrito até 25 de Julho de 2008 por um mínimo de 1000 euros. A exposição a um índice accionista com capital garantido é a grande vanta-gem deste produto, enquanto o grande inconveniente é a “perda” associada ao valor temporal do dinheiro no caso de uma rentabilidade nula no fim do investimento.

Caixa oil 10% da CGd – Aposta em petrolíferas europeias

O “Caixa Oil 10%” é um depósito estruturado com o prazo de 1 ano, com capital garantido no vencimento. Esta aplicação está associada à performance de três empresas petrolíferas europeias, mais precisamente a ENI, a Total e a Repsol YPF. A taxa de remuneração (TNB - taxa nominal bruta) será igual a 10%, se o preço oficial de fecho de cada uma das 3 acções que compõe o cabaz, em 22 de Julho de 2009, for igual ou superior ao seu respectivo valor inicial (definido em 1 de Agosto de 2008). Caso não se verifique esta condição, a taxa de remuneração será de 0%. Este investimento poderá ser subscrito a partir de 1000 euros, em qualquer agên-cia ou através do canal de homebanking da instituição até 31 de Julho de 2008. De referir que este depósito não é passível de ser mobilizado antecipadamente.O “Caixa Oil 10%” tem como atractivo a remunera-ção potencial de 10% no período de um ano, mas o reverso da medalha é a forte probabilidade de qual-quer uma das empresas ter uma evolução negativa e, consequentemente, verificar-se rentabilidade nula no fim do investimento (corresponderá a uma “perda” se considerado o valor temporal do dinheiro).

médIo rISCo

Mesmo assim, não deixou de dar sinais, revelando que a autoridade monetária europeia irá “continuar a monitorizar todos os desenvolvi-mentos”. Recorde-se que a inflação média da Zona Euro está no máxi-mo de 16 anos.

No entanto, é aceite pelos ana-listas que a inflação continua peri-gosamente elevada e bem acima do nível consistente com a estabilidade de preços. Também todos sabem que esta inflação tem origem nos bens alimentares e na energia (pe-tróleo e gás natural).

Mas Trichet deixou no ar, tam-bém esta semana, uma outra te-mática: a do contágio dos preços elevados com as exigências salariais em alta para compensar, claro, a erosão do valor do dinheiro. Esta “pescadinha de rabo na boca” arris-ca a não ter solução e irá representar uma efectiva e duradoura ameaça ao controlo da inflação. Em Junho, os dados do Eurostat mostraram que a média dos custos laborais na Zona Euro aumentaram 3,3% nos últimos 12 meses terminados no

trimestre, crescimento mais elevado desde 2003.

O cenário dos salários faz, nova-mente, voltar ao tema dos preços das “commodities”. Será que o au-mento da taxa de juro reduzirá su-ficientemente o nível do consumo e desta forma ficam os preços contro-lados e, desta forma, não haverá ne-cessidade de indexar o poder salarial à inflação esperada?

A resposta é nitidamente negati-va. O crescimento dos preços agre-gados deve-se à subida do preço do petróleo e dos bens alimentares, que estão primariamente ligados ao aumento do consumo de grandes países emergentes, historicamente muito menos eficientes energetica-mente, mas que estão com suficien-tes reservas monetárias para quere-rem mais e melhores alimentos.

A resposta também está inequi-vocamente ligada à política ame-ricana de um dólar fraco, que faz com que os produtores de petróleo insistam em aumentar o preço para compensar a perda cambial. Uma informação do Millennium Invest-

ment Banking de Julho, que cita um estudo da Reserva Federal de Dallas, indica que, se o dólar tivesse mantido o seu valor de 2001 face ao euro, o barril de petróleo teria sido transaccionado no início deste ano a menos 21 dólares.

o terceiro choque

Decididamente a questão dos preços e da alta dos valores das “commodities” e da subida dos salá-rios, quer nas economias desenvol-vidas quer nas economias emergen-tes, está longe de ter uma solução moderada.

No recente encontro de toda a indústria petrolífera mundial em Madrid (um encontro que se reali-za de três em três anos, sendo que a próxima reunião será no Dubai) fi-cou explícito que ninguém sabe até onde irá o preço do petróleo, como ninguém sabe até quando irão du-rar as reservas conhecidas/desco-nhecidas no globo, como ninguém sabe como se irão dirimir os eventu-ais conflitos na exploração de crude no Árctico mas, mais do que tudo, todos sabem que se está perante um terceiro choque petrolífero.

Existe, por outro lado, outra certeza: a de conflituarem duas res-postas para a alta da “commodity” petróleo. Passam pelos especulado-res, segundo a OPEP e vários paí-ses exportadores, que argumentam com preços nos 170 dólares no Ve-rão e 200 dólares no final do ano (existem milhares de contratos de futuros para Dezembro com o cru-

de a 200 dólares o barril), ou ainda a convicção de que o preço está alto devido à contínua procura por par-te dos países emergentes.

Até lá, o petróleo irá continuar a oscilar ao sabor de vicissitudes e de notícias que determinam bater recordes, ou descer cinco dóla-res numa única sessão. A questão Israel/Irão está na ordem do dia, assim como a incapacidade da Ni-géria em manter uma extracção contínua.

No rescaldo de Madrid ficaram algumas ideias preocupantes, como seja a evolução da extracção de crude para áreas sensíveis do planeta, caso do Árctico, mas também a aposta nas chamadas “areias pesadas” exis-tentes no Canadá e na Venezue-la/bacia do Orinoco. Estas areias betuminosas consumem grandes quantidades de combustíveis para serem preparadas, o que significa alto nível de poluição em termos de CO2 e reduzida eficiência.

Ficou também deste encontro de Madrid a ideia de que não

existirão capitais a nível mundial para obter petróleo em condições adversas.

Do lado dos consumidores, os países emergentes não param de surpreender. Para quem estava ha-bituado a falar sistematicamente de BRIC, Brasil, Rússia, Índia e China - os quais deverão ultrapassar os 7 países mais industrializados do glo-bo até 2040, a acreditar em Jim O’Neill, economista-chefe da Gol-dman Sachs -, terá agora de contar com os Next Eleven, os 11 países da geração futura, que estão a crescer sustentadamente entre os 4% e os 7,8%, de acordo com o FMI/Gol-dman Sachs. São eles o Bangladesh, Egipto, Indonésia, Irão, Coreia do Sul, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Turquia e Vietname. São países produtores de nível mundial de petróleo e gás, mas também de bens alimentares de base como o arroz. Tudo isto faz pensar que in-flação baixa é algo do início do sé-culo.

Vítor NoriNha

Os desafios do futuro obrigam a pensar em inflação elevadaA pergunta de “um milhão de dólares” volta a colocar-se esta semana, depois da anunciada decisão de subida da taxa de juro de referência pelo BCE. O objectivo, segundo Jean-Claude Trichet, é controlar a inflação. Já esta semana, Trichet disse que “a actual política monetária vai contribuir para atingir a estabilidade de preços na zona Euro” e sempre adiantou que a tendência será para manter os preços dentro dos 4,25%.

sexta-feira, 11 Julho de 2008 39mErCAdoS

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A nossa análise

“Banco Verde” tem uma oferta direccionada para as “empresas verdes”O “BES Ambiente & Energia” destina-se a empresas que invistam na promoção e desenvolvimento de projectos nas áreas das energias renováveis, poupança e eficiência energéticas e conservação ambiental. Esta oferta do BES integra três vertentes: uma solução financeira, concedida sob a forma de financiamento bancário, leasing ou “renting”, um pacote de seguros para cobertura de riscos causados nos equipamentos e infra-estruturas financiadas, e serviços de consultoria.

O pacote de seguros e os serviços de consultoria oferecidos no âmbito desta solução do BES são facultativos. Pelo que, caso a empresa esteja interessada, o custo destas opções será integrado nas condições acordadas, não existindo um preçário específico para o pacote de seguros e/ou os serviços de consultoria.

cOnSElhOna prática, o “BES Ambiente & Energia” consiste num conjunto de produtos já existentes no BES que foram empacotados em conjunto, dando-lhes uma tónica ambiental. Ou seja, a oferta prima pela originalidade da forma como agrega uma oferta para um segmento de mercado, mas não se diferencia pela apresentação de condições de preço mais vantajosas.

cOnSElhO

Oferta para “eco-empresas”

A oferta “BES Ambiente & Energia” dirige-se a empresas que queiram desenvolver projectos próprios nas áreas das energias renováveis, poupança e eficiência energéticas e conservação ambiental. As vantagens da oferta “BES Ambiente & Energia” passam pelo acesso a uma oferta integrada de financiamento, seguros e serviços de consultoria ambiental e energética, pela facilidade e flexibilidade de acesso ao financiamento, através de diferentes modalidades, e pela possibilidade de investir em áreas de negócio com potencial significativo, mas ainda muito desaproveitado pelo mercado nacional, tais como protecção e desenvolvimento ambiental, aproveitamento de energias renováveis, eficiência e poupança energética.

A Fidelity não analisa frequentemente a volatilidade de curto prazo, mas os movimentos excepcionais registados

este ano pelos mercados parecem merecer um comentário, particularmente pensando no impacto para aqueles que seleccionam os títulos (“stock picker”).

Nos últimos cinco anos assistimos a um longo período de subida na maioria dos mer-cados do mundo, que levou a um rápido au-mento do dinheiro em circulação e do con-sumo. Geralmente, o aumento do consumo gera inflação, mas, nas economias ocidentais, os preços mantiveram-se baixos devidos aos produtos baratos provenientes dos países emergentes de Leste. Os preços dos acti-vos – tais como o imobiliário – não foram influenciados por estas importações, tendo portanto registado aumentos significativos durante este período. Neste mercado cheio de liquidez, o dinheiro começou a procurar o risco – por outras palavras, os investidores abandonaram a sua atitude defensiva e come-çaram a investir indiscriminadamente.

A crise de liquidez que atingiu os merca-dos no Verão passado tornou visível uma série de riscos do sistema. Entre eles: o risco de crédito e a dependência dos consumido-res norte-americanos; a possibilidade de os bancos restringirem os empréstimos aos seus pares, paralisando efectivamente os mercados monetários; e uma reavaliação dos mercados de crédito que tornou o financiamento mais

caro. Os problemas do crédito subprime alas-traram ao mercado mais geral, o que significa que as condições de crédito estão a tornar-se mais difíceis, que outras instituições de crédi-to estão agora a ser afectadas e que ouvimos histórias de problemas em empresas de car-tões de crédito e em instituições de crédito hipotecário, entre outros.

Esta é a situação actual, mas o que é que significa para os investidores em acções eu-ropeias, particularmente para aqueles que procuram maximizar os retornos através da selecção de títulos? Em primeiro lugar, vale a pena lembrar o que impulsiona os preços das acções. No curto prazo, é simplesmente a oferta e a procura – quando há mais ven-dedores que compradores os preços caem e vice-versa. No entanto, no médio e longo prazo, os preços acompanham mais de perto os fundamentais das empresas – os seus lu-cros e a sua avaliação.

A oferta e a procura no mercado tem a ver com o sentimento – que neste momento é negativo devido ao abrandamento da eco-nomia norte-americana. Existem no entanto outros factores, porque os operadores dos mercados de hoje em dia não são traders com trajes coloridos a agitar os braços numa sala de mercado barulhenta, mas investidores ex-tremamente eficientes e profissionais. Algu-mas das vendas recentes podem ser atribuídas à atitude do Société Générale de encerrar as posições indesejáveis em futuros sobre índi-

ces. Algumas serão atribuídas aos mecanis-mos de financiamento e investimento que existem na City, o que significa que, quando o preço cai abaixo de um determinado nível, têm de ser vendidas mais acções. Isto, entre outras coisas, pode arrastar os mercados para uma queda ainda mais acentuada do que normalmente registariam.

Além disso, o sentimento dos investidores pode muitas vezes levar a atitudes que pare-cem ilógicas. Muitos investidores activos e de curto prazo têm tendência a entrar em pâ-nico quando os mercados caem e a comprar quando estes sobem, quando a lógica podia sugerir que seria melhor fazer precisamente o contrário. Este comportamento ilógico pode igualmente contribuir para a tendência de queda dos mercados.

Um investidor que selecciona títulos de-verá ter isto presente quando os mercados caem. Algumas empresas de excelente quali-dade chegaram a perder 20% em termos de valor durante as quedas do mercado, o que representa para um stock picker uma grande oportunidade de comprar com desconto.

No ambito do Research a Fidelity concen-tra-se em aspectos como o balanço financei-ro, a gestão, o plano empresarial, a concor-rência, os fornecedores e as perspectivas de crescimento. São analisados todos os deta-lhes com vista a obter a visão mais completa possível das perspectivas de negócio de uma empresa.

A estrutura da nossa equipa de pesquisa permite que as informações sejam partilha-das entre os grupos sectoriais, o que significa que os factores que influenciam mais de um sector não são apenas do conhecimento da equipa desse sector.

Quando os mercados mudam, a estratégia não deve ser mudada. O crescimento mun-dial mantém-se forte, apesar do abranda-mento da economia norte-americana e dos problemas de liquidez. Estão a registar-se mudanças estruturais na Ásia que não serão afectadas por um abrandamento da economia dos EUA, o que impulsionará o crescimento mundial nos próximos anos. Procuram-se empresas na Europa que beneficiem com o crescimento mundial, com balanços sólidos e que estejam a transaccionar com avaliações atractivas. Os balanços financeiros fortes são agora particularmente importantes. As em-presas com liquidez insuficiente serão afecta-das no(s) próximo(s) ano(s) e só aquelas que tiverem balanços financeiros saudáveis e cash flows suficientes é que irão sobreviver.

Os investidores devem estar conscientes da volatilidade de curto prazo, mas não devem deixar que esta influencie as suas razões para investir. O investimento em acções deve con-tinuar a ser uma actividade de longo prazo e acreditamos que as perspectivas de cresci-mento no longo prazo através do investimen-to nos mercados accionistas permanecem po-sitivas.

O valor da selecção de títulos em mercados voláteis

AlexAnder scurlock

Gestor de carteira na fidelity

international

sexta-feira, 11 Julho de 2008mErcAdOS40

martim [email protected]

Oferta com três vertentes

As soluções financeiras do “BES Ambiente & Energia” passam pelo crédito bancário, leasing e “renting”. No caso do financiamento de médio e longo prazo este pode ir até 100% do custo de investimento total do projecto, respeitando o mínimo de 20 mil e o máximo de um milhão de euros, com um prazo mínimo de dois anos e um máximo de dez, existindo a possibilidade de carência de capital.O leasing mobiliário pode ser utilizado até 100% do custo de investimento total do projecto, entre os mesmos 20 mil e um milhão de euros, e um valor residual é definido de acordo com decisão comercial. O “renting” está especialmente destinado à reconversão da frota automóvel, não existindo montantes mínimos nem máximos definidos, encontrando-se o prazo entre 12 e 54 meses. O pacote de seguros é disponibilizado pela Tranquilidade do grupo BES e inclui seguros no âmbito da edificação/montagem de infra-estruturas e de operação/exploração de equipamentos (seguro de máquinas casco e seguro multirrisco industrial). A Tranquilidade disponibiliza ainda uma oferta de seguros automóvel para a reconversão da frota de veículos da empresa.Finalmente, os serviços de consultoria serão prestados por empresas de referência nesta área e capazes de apoiar o cliente na criação do projecto e na implementação das soluções propostas.

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Vida Económica - Estando numa fase de arranque, quais as principais linhas de actuação assumidas pela ASEFA Portugal?

Carlos Suarez - As principais linhas de actuação assumidas em 2007 pela ASEFA foram: a difusão da marca ASEFA, a iden-tificação dos canais naturais de distribuição e a apresentação das nossas soluções segura-doras ao mercado.

VE - Em termos de operações con-

cretizadas, foram atingidos os objecti-vos definidos?

CS - Os objectivos da ASEFA para o ano de 2007 não foram planeados em termos de operações, mas sim nos termos do ponto anterior. Isto é, o ano de 2007 sempre foi considerado como um ano de arranque estratégico, de testes e de adap-tação, e não como um ano para concreti-zar operações.

VE - Que tipo de produtos/seguros

foram, ou têm sido, os mais procura-dos?

CS - Os produtos mais procurados fo-ram: a Caução para as Empreitadas de Obras Públicas, o Seguro de Construção e o Seguro Decenal de Danos.

VE - A oferta especializada da ASE-

FA assenta num conjunto de factores criticos de sucesso. Quais?

CS - Os factores críticos de êxito para a ASEFA assentam:

- na adaptação às estruturas de produto e aos racios qualidade / preço com o intuito de responder às realidades e necessidades do cliente;

- na especialização no segmento alvo (construção/imobiliário);

- na alargada experiência obtida, durante décadas, noutros mercados; e

- no serviço.

VE - O aprofundamento da relação com o canal de distribuição exclusivo – os corretores – determinou ajustamen-tos na forma de actuar em Portugal?

CS - Durante o ano 2007 a ASEFA deci-diu, efectivamente, distribuir só com o ca-nal corretor. Face à experiência vivida, esta estratégia poderá sofrer algumas alterações no futuro.

VE - Um dos factores que a ASEFA teve em conta para lançar o seu projec-to em Portugal foi a perspectiva duma alteração legislativa que potenciasse a utilização dos seguros especializados que constam da vossa oferta. Tal facto veio a concretizar-se ou está em vias de o ser?

CS - A mencionada alteração legislativa ainda não se concretizou, mas continuamos a achar que há vontade institucional para a materializar. No entanto, julgo conveniente referir que o projecto da ASEFA em Portu-gal não se apoia exclusivamente neste facto. Quer dizer isto que a ASEFA irá continuar no mercado português, mesmo que tal alte-ração legislativa não seja imediata.

VE - A ASEFA Portugal continuará a

dedicar-se apenas ao sector da cons-trução e da promoção imobiliária?

Pensam alargar no imediato a rede de escritorios em Portugal?

CS - Em relação à primeira questão, a ASEFA continuará, sim, a dedicar-se ape-nas ao sector da construção e da promoção imobiliária, porque só assim é que será pos-sível a diferenciação no mercado.

Relativamente ao alargamento da rede de escritórios, será uma questão a abordar no futuro, consoante as necessidades dos nos-sos clientes e parceiros.

VE - Quais os principais objectivos

traçados para 2008?

CS - Os principais objectivos para 2008 são:

- Continuar com a difusão da marca ASEFA;

- Incrementar os parceiros de distribui-ção;

- Apresentar novas soluções nos âmbitos do Seguro de Construção, do Seguro Dece-nal de Danos e do Seguro de Responsabili-dade Civil; e

- Crescer na concretização de operações na esfera do ponto anterior.

VE - Há algum produto recente que complementarmente interesse destacar?

CS - Dando cumprimento à nossa políti-ca de servir o mercado com soluções segu-radoras mais adaptadas à realidade, fizemos a estreia comercial dum produto que com-plementa a gama ASEFA-responsabilidade civil primária.

Trata-se dum produto que disponibiliza, entre outras, a responsabilidade civil pelos danos a condutas aéreas ou subterrâne-as, pelos danos a imóveis contiguos, pelos danos advindos da poluição acidental. In-corpora ainda uma garantia de protecção jurídica e de constituição de fianças cíveis e penais.

Creio que com coberturas tão amplas contribuímos para a satisfação de algumas das necessidades mais básicas da actividade de construção e promoção imobiliária, que é o nosso sector exclusivo.

A.M.

Carlos Suarez, director-geral da ASEFA em Portugal, afirma

Não ficamos dependentes da prevista obrigatoriedade de seguros especializados para a construção

Ramada Investimentos já está na Euronext

Às 11h30 de terça-feira, 8 de Julho, foi admitida a negociação na Euronext Lisbon a F. Ramada Investimentos, empresa que opera no sector dos aços e armazenagem e que resulta de uma “spin off” do grupo Al-tri, que a partir de agora de dedica exclusiva-mente ao sector da pasta e papel.

Na Euronext Lisbon entraram 25.641.459 acções da Ramada Investimentos, que nos minutos iniciais estavam a valer 1,15 euros. Na cerimónia de admissão à cotação, João Borges de Oliveira, presidente do conselho de administração da Ramada, garantiu que “apesar da turbulência do mercado, vale a pena estar cotado porque é mais fácil o aces-so à dívida, o custo do capital é mais baixo e as próprias acções da empresa podem ser usadas para aquisições”.

A Ramada Investimentos integra o grupo F. Ramada – Aços e Indústrias, que entrou na Bolsa de Valores em 1986, mas foi obri-gada a sair em 2002, na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela Cofina. Na reestruturação do grupo Cofina, a Ramada passa a integrar a Altri, que tam-bém integra a Euronext Lisbon. A separação da Altri produz efeitos a 2 de Junho de 2008 e dá lugar ao nascimento da F. Ramada In-vestimentos SGPS, SA. Em 2007, a área de aços do grupo Ramada registou um volume de negócios na ordem dos 54 milhões de euros e a área de armazenagem totalizou 53 milhões de euros, com 80% deste negócio a ser realizada à escala internacional.

Miguel Athayde Marques, presidente da Euronext, revelou grande satisfação pela terceira admissão do ano na praça bolsista. Depois da Sonae Capital e da EDP Renová-veis, a Ramada é a primeira empresa do sec-tor C, com capitalização bolsista inferior a 150 milhões de euros, a integrar a Euronext Lisbon. “Geralmente este tipo de empresas gera um apetite muito grande por parte dos investidores porque estão muitas vezes asso-ciadas a histórias interessantes de crescimen-to”, referiu Athayde Marques.

ANA SANTOS [email protected]

Emissão de cartões bancários tende

a abrandarAs previsões de evolução do mercado dos

cartões bancários, em Portugal, nos curto e médio prazos, apontam para um progressi-vo abrandamento do ritmo de emissão de novos cartões e do valor das operações efec-tuadas. O total de cartões, no ano passado, ascendia a cerca de 18,2 milhões de unida-des, mais meio milhão do que no exercício anterior.

O elevado grau de maturidade do negócio de emissão e gestão de cartões de débito per-mite antever uma estagnação neste segmen-to, com um aumento anual de apenas um ponto percentual este e no próximo anos, o que se traduzirá em cerca de 10,9 milhões de unidades. A emissão de cartões de crédito vai registar um maior dinamismo, tendo em conta o seu menor grau de penetração, de acordo com a DBK. O número destes car-tões poderá aumentar entre 6% e 7%, atin-gindo, no final do ano que vem, um valor na ordem dos 8,5 milhões de unidades.

“Em 2008 prosseguimos a difusão da marca ASEFA”, afirma Carlos Suarez.

A ASEFA, empresa seguradora espanhola exclusi-vamente vocacionada para o sector da construção e promoção imobiliária, instalou-se em Portugal em 2007, apostando na sua experiência (líder em Espanha deste segmento), numa rigorosa política de subscrição de riscos, na oferta especializada e na excelência do serviço.Para o seu director-geral em Portugal, Carlos Su-arez, o facto de ainda não se ter concretizado no

nosso país a prevista alteração legislativa que im-plementará a obrigatoriedade de certos seguros na área da construção não constitui motivo para deixar de intervir activamente no mercado por-tuguês. O alargamento da rede de escritórios às principais cidades do país será gradualmente concretizado, a par da diversificação criteriosa dos parceiros na mediação profissional.

sexta-feira, 11 Julho de 2008 41mercados

Page 42: Pequenas empresas...Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida Pequenas empresas afastadas do QREN A exigência de autonomia financeira dos projectos “à

Como esperado, o BCE subiu as ta-xas de referência há uma semana em 25 bps, para 4,25%. No entanto, as pa-lavras de Trichet indicaram que não se tratava de um início de um ciclo de subidas, pelo que o mercado fi-cou mais calmo.

Desde então e até hoje todos os comentários de membros do BCE vão nesse sentido. Um

dos membros do Conselho de Governadores do BCE disse estar de acordo com as pala-vras de Trichet, acreditando que o abranda-mento económico que se está a fazer sentir na Europa acabará por moderar a subida dos preços. O presidente do Eurogroup, Jean-Claude Juncker, afirmou que não sente que se esteja no início de um ciclo de subida de taxas e referiu-se à atitude do BCE “necessá-ria” e que revela a perfeita independência do Banco Central. Curiosamente, quase todos os ministros das finanças da Zona Euro aca-baram por concordar com a atitude do BCE, tendo alguns referido que eles apenas fize-ram aquilo que legalmente tinham que fazer

tendo em conta o seu mandato. Sarkozy foi também mais moderado do que antes, mos-trando-se sobretudo preocupado com o efei-to que o diferencial de taxas de juro com os EUA possa vir a ter no euro. Até Berlusconi, habitualmente muito crítico face à política do BCE, afirmou que foi tomada a atitude correcta tendo em conta os riscos de subida de inflação. Na Alemanha, foi revelada uma quebra mensal de 2,4% na produção indus-trial de Maio, surpreendendo negativamente os analistas que contavam com uma recupe-ração de 0,4%, após a queda de 0,2% veri-ficada em Abril. Dado que era este o sector que mais suporte estava a dar ao PIB alemão,

receia-se que o crescimento do segundo tri-mestre deste país venha bastante mais fraco. Olhando para as taxas de juro “forward”, ve-rifica-se que a expectativa de mais uma subi-da até ao fim do ano deixou de estar 100% incorporada.

As taxas fixas têm vindo a cair, reagindo, por um lado, à redução das expectativas de mais uma subida nas taxas de referência e por outro, à queda acentuada do mercado accio-nista. Continuamos a pensar que a quem tem muita exposição a taxa variável poderá compensar comprar uma opção limitando a subida da Euribor aos 5,50%.

Análise produzida a 9 de Julho de 2008

Filipe [email protected]

euro ainda lateral, mas denota força

Mercado Monetário interbancário

Mercado cambial

Yield curve euro e dólar euribor - 3 m, 6 m e 1 ano Yield 10 anos euro benchmark

EUR/USD

O Eur/Usd continua a tran-saccionar entre 1,5270 e 1,6010 desde o início de Março, sem se notar uma tendência clara. Deste modo, pode-se falar numa trajec-tória lateral, que permanece vá-lida. No curto prazo, o câmbio continua na parte de cima desse

intervalo e ameaça mesmo voltar a testar o limite superior (1,60).

Enquanto o Eur/Usd permane-cer acima de 1,56, fica em aberto um ataque aos máximos do ano.

EUR/JPY

O gráfico continua construtivo. O recente recuo até perto de 166

ienes não constituiu ameaça à es-trutura de alta. Aliás, a correcção seguinte apenas conseguiu descer até aos 167,10 ienes. O euro con-tinua a dar sinais de força, pelo que não será de surpreender um novo teste aos máximos do ano.

Resistência a 169,40 e suportes a 166 e 167,10 ienes.

EUR/GBP

Muito pouco a acrescentar no Eur/Gbp. O “cross” permanece num processo de estabilização, bem menos volátil do que o Eur/Usd.

Como já temos vindo a referir, tanta “acalmia” no “cross” é quase de desconfiar...

Desde finais de Março que as cotações se encontram entre 0,7740 e 0,8100, estando sem tendência definida. Este cenário poderá manter-se durante mais algum tempo. Devem ser obser-

análise técnica - psi-20 - xetra dax

EUR/USD 1.5715 -0.58% -0.31% 6.75%

EUR/JPY 168.87 0.27% 1.46% 2.39%

EUR/GBP 0.7966 0.17% 0.54% 8.62%

EUR/CHF 1.6225 0.56% 1.05% -1.95%

EUR/NOK 8.0480 0.10% 0.49% 1.13%

EUR/SEK 9.4484 -0.06% -0.23% 0.07%

EUR/DKK 7.4597 0.02% 0.02% 0.02%

EUR/PLN 3.2711 -2.57% -2.39% -8.97%

EUR/AUD 1.6502 0.39% 0.80% -1.52%

EUR/NZD 2.0834 0.00% 0.98% 9.51%

EUR/CAD 1.5953 -1.17% 0.07% 10.41%

EUR/ZAR 12.0418 -2.90% -2.44% 20.06%

EUR/BRL 2.5282 0.20% 0.68% -2.62%

Taxas MMIT/N 4.231 W 4.242 W 4.321 M 4.362 M 4.633 M 4.926 M 5.049 M 5.191 Y 5.33

condIções dos bancos cenTraIs daTa

Euro Refinancing Rate 4,25% 13/06/07bce Euro Marginal Lending 5,25% 13/06/07 Euro Deposit FacilityEuro 3,25% 13/06/07

eUa FED Funds 2,00% 30/04/08r.Unido GB Prime Rate 5,00% 10/04/08suíça Target Libor 3M 2,75% 13/09/07Japão Repo BoJ 0,50% 21/02/07

eUro fra’sForward Rate AgreementsTipo* Bid Ask1X4 4.989 5.0093X6 5.122 5.1421X7 5.122 5.2423X9 5.100 5.1306X12 5.123 5.14312x24 5.081 5.101*1x4 - Período termina a 4 meses, com início a 1M

eUro IrsInterest Swaps vs Euribor 6MPrazo Bid Ask2Y 5.178 5.1983Y 5.106 5.1165Y 5.178 4.9918Y 4.886 4.90610Y 4.902 4.91720Y 4.975 4.99530Y 4.873 4.893

evolução euribor (em basis points) 9.Jul.08 01.Jul.08 10.Jun.08

1M 4.469% 4.447% 0.022 4.471% -0.0033M 4.961% 4.954% 0.006 4.959% 0.0011Y 5.393% 5.416% -0.024 5.435% -0.042leIlões bce Last Tender 8.Jul.08Minium Bid 4,25%Marginal Rate 4,32%

PSI-20

Após semanas consecutivas de queda, o índice encontrou finalmente suporte nos 8440 pontos. É ainda cedo para se poder falar de uma inversão de tendência, mas há algumas condições para uma recuperação técnica.

Deste modo, importará definir desde já quais as correcções de fibonacci que poderão vir a ser relevantes no futuro.

Com base num mínimo de 8440 pontos e um máximo de 11 298 pontos, os níveis a ter em conta serão 9532, 9869 e 10 206 pontos.

É claro que um eventual recuo do PSI 20 a um novo mínimo do ano inviabilizará este cenário de correcção à descida.

XETRADAX

A descida do DAX ficou bastante lon-ge da registada pelo PSI20. Na verdade, neste ciclo de quedas não foi sequer o suficiente para que se registasse um novo mínimo do ano. O índice alemão conti-nua suportado numa zona de grande rele-vância técnica – 6200 pontos –, um ver-dadeiro “muro” que já tinha amparado o DAX em Março passado.

Tal como no PSI 20, há algumas con-dições para que ocorra uma recuperação técnica, pelo que importa conhecer os níveis de fibonacci, que neste caso são: 6595, 6716 e 6837 pontos.

FIXING Variação Variação Variação 09.Julho.08 Semanal(%) nomês(%) desde1Jan.(%)

Bce sobe mas não ameaça

vados os suportes e resistências relevantes para detectar alguma alteração do panorama técnico.

Suportes a 0,7820/60 e 0,7770 li-bras; resistências a 0,8020 e 0,81 libras por euro.

sexta-feira, 11 Julho de 2008mercados42

psi-20 daX 30

euro/dólar

4.650

4.750

4.850

4.950

5.050

5.150

5.250

5.350

5.450

08-Apr 08-May 07-Jun 07-Jul

3.7

3.8

3.9

4.0

4.1

4.2

4.3

4.4

4.5

4.6

4.7

Dec Jan Feb Mar Apr May Jun Jul2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

4.50

5.00

5.50

1 W 1 M 2 M 3 M 6 M 9 M 1 Y 1 Y 2 Y 5 Y 10 Y 30 Y

EUR

USD

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Desde já, quais são as últimas recomen-dações efectuadas sobre a acção da Galp Energia?

De entre as recomendações positivas, des-taque para a Lehman Brothers, que ele-vou a recomendação da Galp Energia de “underweight” para “equal weight”. De acordo com esta casa de investimento, a anterior recomendação de “underweight” ficou a dever-se ao facto de ter entendi-do que, depois da forte valorização em 2007, as acções da Galp tinham ficado caras face ao sector. Contudo, a performance negativa das úl-timas semanas – desde Abril, as acções da Galp registaram uma performance in-ferior em 8% ao sector de refinação na Europa e de 18% face ao sector petrolí-fero – elevou o potencial de valorização dos títulos para cerca de 21%, o que justificou a melhoria na recomendação. Recorde-se que a Lehman Brothers tem um preço-alvo de 17 euros para as acções da Galp Energia. E a JP Morgan, que análise faz do mo-mento actual da acção da Galp Energia?

O JPMorgan reviu globalmente em alta as estimativas para as petrolíferas europeias, o que se traduziu num aumento dos pre-ços-alvo. No caso da Galp Energia tal tra-duziu-se numa avaliação das acções da companhia nacional em 18 euros, subli-nhando que a recente queda das acções deve ser aproveitada pelos investidores para entrar ou reforçar posições.Ou seja, de acordo com a JP Morgan ,as acções da Galp têm apresentado um

desempenho inferior às das restantes petrolíferas durante o “rally” do sector, apoiado na escalada dos preços do pe-tróleo nos mercados internacionais, en-tendendo aquele banco de investimento que tal parece ser injustificado pelo fac-to de quase 60% da avaliação da Galp assentar na exploração de petróleo. Nesta perspectiva, o JPMorgan afirma que a recente fraqueza das acções deve

ser aproveitada pelos investidores para comprar.

O que suporta as acções da Galp Energia em termos operacionais?

As acções parecem continuar suporta-das pelas notícias do Brasil, país onde a empresa liderada por Ferreira de Oliveira está presente na exploração petrolífera, em parceria com a Petrobrás. E este vec-tor da forte na expansão da divisão de ex-ploração e produção petrolífera continua a ser o principal “leit motiv” da acção da Galp Energia. Recorde-se que o grande momento da Galp foi o anúncio do fim da avaliação às reser-vas do poço Tupi Sul, no Brasil. Os volumes recuperáveis de petróleo e de gás anuncia-dos representam uma descoberta histórica para a empresa, que a aproxima da meta definida para 2012, em termos de cresci-mento da divisão de exploração e produção petrolífera. A Galp pretende que esta uni-dade de negócio contribua com 25% das receitas totais, dentro de cinco anos. O poço do Tupi deu um forte impulso, mas a petrolífera está apostada em crescer mais. A forte subida dos preços do petróleo, para próximo dos 100 dólares, é um dos prin-cipais motivos para as ambições da Galp Energia neste segmento.Contudo, note-se que o peso deste ne-gócio nas contas da petrolífera nacional é ainda reduzido, ainda que o objectivo seja deliberadamente o de um cresci-mento acelerado nos próximos anos. O mercado tem reflectido essas mesmas expectativas, com as acções a subirem ao ritmo das notícias nesse segmento do mercado.

Martim Porto

consultório financeiro

Galp Energia: um “oásis” no meio do deserto

Os mercados accionistas continuam a afun-dar-se, deixando os investidores na dúvida se devem ou não aproveitar os preços actuais. Os analistas não arriscam prognosticar, a não ser no caso da Galp Energia, que a Merrill Lynch passou integrou na sua lista de acções favoritas

na Europa, denominada “Europe1”, enquanto a Lehman Brothers subiu a anterior recomen-dação, de “underweight” para “equal weight”, argumentando que as acções apresentam um potencial de subida de 21%. Resultado: a acção valorizou-se no imediato.

Dual Office entra em funcionamento

no fim de Julho

Lisboa vai ser refúgio do BNP Paribas

O grupo BNP Paribas escolheu Lisboa como destino da deslocalização de metade dos serviços que o BNP Paribas Securities Services tem actualmente centralizados em Paris. É a concretização do plano de pre-venção de grandes catástrofes que o grupo francês começou a desenhar há cinco anos e que prevê a replicação das operações ban-cárias numa cidade razoavelmente distante de Paris. O Dual Office de Lisboa, situado no Parque das Nações, vai dividir com as instalações centrais de Paris a responsabili-dade de manutenção funcional de todas as operações bancárias, assegurando compen-sações, liquidações e custódias de títulos. É assim que o BNP Paribas Securities Services previne a eventualidade de uma ocorrência grave num dos locais onde são asseguradas as operações, replicando as operações num segundo centro razoavelmente distante. O estudo do projecto surgiu na sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque, e no ano passado o BNP Paribas elegeu Lisboa como locali-zação ideal para a replicação das operações bancárias até aqui asseguradas unicamen-te em Paris. “Em caso de catástrofe, sejam atentados terroristas, cortes de corrente ou pandemias que atinjam um dos centros, o outro tem capacidade para chamar a si as operações prioritárias do centro afectado e garantir um serviço contínuo para os clien-tes”, explica Alexandra Canadas, director do BNP Paribas Securities Services, em decla-rações à “Vida Económica”.

Até ao final do ano, 100 colaboradores irão integrar o novo escritório de Lisboa. Os primeiros dez estão já a receber formação em Paris. Em Setembro a equipa eleva-se a 50 elementos e até ao final do ano duplicará para 100 colaboradores. A primeira fase do projecto está agendada até ao final de 2010, ano em que o BNP Paribas Securities Servi-ces espera contar já com perto de 300 colabo-radores no Dual Office de Lisboa. De acordo com Alexandre Canadas, uma segunda fase do projecto arrancará na próxima década, dependendo da evolução do mercado, e im-plicará a contratação de mais duas centenas de colaboradores portugueses.

A decisão do BNP Paribas levou até o mi-nistro das Finanças, Teixeira dos Santos, a marcar presença na cerimónia de inauguração do Dual Office. Com ele vieram também Car-los Costa Pina, secretário de Estado do Tesou-ro, e Carlos Tavares, presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários. Teixeira dos Santos congratulou-se pela escolha da ca-pital portuguesa, sublinhando que se trata do “reconhecimento da existência em Portugal de condições atractivas para actividades de valor acrescentado na área financeira e também pela possibilidade de recrutar em Portugal técnicos altamente qualificados”. Antes disso, já os res-ponsáveis do BNP Paribas haviam revelado que a integração de Portugal na Zona Euro e na plataforma europeia Euronext tinham constituído factores determinantes para a es-colha da localização do Dual Office.

ANA SANTOS [email protected]

sexta-feira, 11 Julho de 2008 43mercados

7/4/2008 9/7/200814

14.5

15

15.5

16

16.5

17

17.5

GaLP ENERGia REcuPERa DE uMa quEBRa DE 10% EM Duas sEMaNas

Fonte: “Galp Investor Day Report”

PRODuçãO PEtROLífERa GaNha ExPREssãO cOM NOvas DEscOBERtas E aquisiçõEs

Page 44: Pequenas empresas...Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida Pequenas empresas afastadas do QREN A exigência de autonomia financeira dos projectos “à

Os mercados europeus, incluindo o português, recuperaram, a meio desta semana, da turbulência dos últimos dias. Esta era a bonança esperada, só não se sabe quanto tempo irá durar.

Dois factores contribuíram para a re-cuperação de cotações: as declarações do presidente do Irão de que “não haverá guerra”, algo que foi entendido como uma “paz podre” na região mas que, mesmo assim, não deixa de ser uma tré-gua. E outro factor relevante foi a sinali-zação de Jean-Claude Trichet, o respon-sável máximo da autoridade monetária europeia, de que o preço do dinheiro não voltará a subir.

Nesta última ideia está a grande interro-gação do momento, já que nenhum analis-ta acredita que esta ideia de estabilizar os juros se mantenha, caso persista uma in-flação galopante na zona Euro. Trichet deu

o mote ao deixar de falar de inflação pela via dos produtos importados, mas inflação pela via da subida dos salários dos traba-lhadores europeus, cujas reivindicações incluem a indexação dos rendimentos do trabalho à erosão monetária. E este é um verdadeiro problema social e político que toda a Europa está a enfrentar.

Fora destes casos, os mercados finan-ceiros viveram alguma acalmia a meio da semana com as declarações do presi-dente executivo da JP Morgan, que fa-lou de uma forma suave sobre as perdas dos bancos relacionadas com o mercado de crédito. Basicamente, disse que estes, “write-downs” iriam “acalmar”. Esta pa-lavra foi tonificante para os mercados.

Lisboa, que está a perder mais de 30% este ano na vertente acções, registou um dos seus melhores momentos, embora muito centralizada em dois títulos, a

Zon e a Altri. Esta última era esperada, depois de perdas substanciais durante o ano, conjugado com a autonomização da F. Ramada. O reforço no “core” foi algo muito bom para a Altri, afirmaram os analistas, que acreditam que a empre-sa poderá, desta forma, aproveitar o mo-mento do mercado europeu de pasta e papel. A Zon foi outra estrela, depois de uma recomendação no fecho do mercado de 4ª-feira por parte da Lisbon Brokers. Esta corretora atribuiu uma recomenda-ção de “forte compra” e um preço-alvo de 8 euros por acção. No mercado pas-sou a especulação de uma eventual ope-ração de concentração neste sector, mas tudo não passou de rumores.

Na expectativa para as próximas semanas vão estar todas as construtoras. A Mota-Engil parece ter aberto uma nova “porta” na Índia, concretamente no sector portuá-

rio, enquanto procura novas empreitadas e novas concessões em mercados fora de Por-tugal. A Soares da Costa sofreu com a saída do PSI 20, mas é das construtoras que têm maior exposição a Angola, um mercado em forte crescimento. A Teixeira Duarte, por seu lado, manter-se-á pressionada, en-quanto o BCP e a Cimpor estiverem com as cotações deprimidas.

Na área financeira, regista-se a exce-lente notícia do BES, que, segundo uma nota divulgada pela comunicação social e que citava a agência Bloomberg, estará a organizar uma operação de encaixe de novo “funding” com obrigações hipote-cárias dentro de um valor que será da ordem dos 45 pontos de base. Este nível é excepcional nas condições do mercado europeu e revela os excelentes funda-mentais do banco liderado por Ricardo Salgado.

Bonança nos mercados até quando?

VÍTOR [email protected]

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Título ÚltimaCotação VariaçãoSemanal Máximo52Sem Mínimo52Sem EPSEstAct EPSEstFut PEREstAct PEREstFut Div.YieldInd Div.YieldEst DataAct HoraActALTRI SGPS 2.42 26.44% 6.59 1.78 0.15 0.25 16.10 9.86 2.07% 2.42% 09-07-2008 16:20:23B. COM. PORT. 1.26 -3.46% 3.68 1.18 0.16 0.18 7.70 6.93 6.09% 5.54% 09-07-2008 16:19:34B.ESP. SANTO 9.07 -1.47% 17.98 8.64 1.21 1.35 7.50 6.71 5.30% 5.96% 09-07-2008 16:20:22BANIF-SGPS 1.74 3.57% 5.13 1.64 0.29 0.33 6.00 5.27 6.90% 7.18% 09-07-2008 16:10:15B. POP. ESP. 8.22 -2.72% 14.15 6.72 1.10 1.13 7.51 7.26 5.98% 6.46% 09-07-2008 10:30:05BANCO BPI 2.40 0.21% 6.69 2.26 0.43 0.48 5.61 4.97 7.49% 7.74% 09-07-2008 16:19:22BRISA 7.13 -0.83% 10.46 6.75 0.33 0.36 21.74 20.03 4.35% 4.33% 09-07-2008 16:19:41COFINA,SGPS 1.12 -5.09% 1.91 1.05 0.10 0.11 11.55 10.67 3.13% 2.90% 09-07-2008 15:45:40CORT. AMORIM 1.20 -1.64% 2.18 1.06 0.17 0.19 7.06 6.32 5.00% 5.00% 09-07-2008 11:11:00CIMPOR,SGPS 4.58 12.67% 7.72 3.84 0.46 0.50 10.07 9.23 5.02% 5.02% 09-07-2008 16:19:28EDP 3.58 5.29% 5.00 3.17 0.26 0.28 13.72 12.65 3.49% 3.64% 09-07-2008 16:20:16MOTA ENGIL 4.04 9.19% 7.22 3.46 0.24 0.14 16.83 28.86 2.72% 2.85% 09-07-2008 16:18:40FINIBANCO 3.35 -4.29% 4.98 2.74 -- -- -- -- 2.54% -- 09-07-2008 16:13:02GALP ENERGIA 14.04 -6.15% 19.50 9.10 0.62 0.67 22.68 20.96 1.20% 2.41% 09-07-2008 16:20:07IMPRESA,SGPS 1.44 -12.73% 3.23 1.29 0.13 0.18 10.75 8.00 0.00% 0.42% 09-07-2008 16:05:25J. MARTINS 5.00 6.50% 5.73 3.71 0.22 0.28 22.73 17.67 1.92% 2.12% 09-07-2008 16:20:22MARTIFER 6.20 -2.67% 11.15 5.40 0.29 0.36 21.60 17.47 0.00% 0.00% 09-07-2008 16:17:45NOVABASE 3.84 1.05% 5.05 2.01 0.25 0.29 15.55 13.38 0.00% 0.00% 09-07-2008 15:44:26PARAREDE 0.15 15.39% 0.24 0.10 -- -- -- -- 0.00% -- 09-07-2008 16:10:26P. TELECOM 7.28 -0.68% 9.67 6.90 0.67 0.73 10.87 10.03 7.90% 7.91% 09-07-2008 16:20:09PORTUCEL 2.00 2.04% 3.18 1.63 0.20 0.17 10.20 11.91 1.75% 5.22% 09-07-2008 16:16:47REDES E. NAC. 3.03 14.34% 4.08 2.51 0.22 0.20 13.77 14.93 0.00% 4.47% 09-07-2008 16:15:19S. COSTA 1.06 3.92% 2.89 0.96 0.17 0.20 6.24 5.30 0.00% -- 09-07-2008 16:03:03SEMAPA 7.69 0.13% 13.70 7.31 1.09 0.95 7.04 8.12 3.32% 3.25% 09-07-2008 16:20:05SONAECOM 2.14 2.39% 4.87 1.96 0.04 0.08 52.20 27.44 0.00% 0.49% 09-07-2008 16:18:25SONAE,SGPS 0.67 -1.47% 1.96 0.61 0.08 0.10 8.59 6.70 4.48% 5.22% 09-07-2008 16:20:00SONAE IND. 2.52 6.33% 10.93 2.28 0.29 0.18 8.69 14.00 0.00% 4.50% 09-07-2008 16:20:23SAG GEST 2.20 -4.76% 3.10 1.73 0.16 0.20 14.19 11.00 7.50% 4.55% 09-07-2008 13:54:46TEIX. DUARTE 0.91 13.75% 4.14 0.72 0.32 0.35 2.89 2.60 1.98% 4.56% 09-07-2008 16:20:04Z. MULTIMEDIA 5.62 17.33% 11.92 4.53 0.27 0.34 20.66 16.73 3.56% 3.99% 09-07-2008 16:20:25

PAINEL BANCO POPULARTÍTULOS EURONEXT LISBOA

PAINEL BANCO POPULARTÍTULOS MERCADOS EUROPEUSTítulo ÚltimaCotação VariaçãoSemanal Máximo52Sem Mínimo52Sem EPSEstAct EPSEstFut PEREstAct PEREstFut Div.YieldInd Div.YieldEst DataAct HoraActB.POPULAR 8.24 -1.79% 14.16 7.85 1.10 1.13 7.53 7.28 5.97% 6.44% 09-07-2008 16:20:30INDITEX 29.45 4.25% 53.90 27.02 2.23 2.56 13.22 11.52 3.56% 4.00% 09-07-2008 16:20:14REPSOL YPF 23.69 -3.03% 30.59 18.27 2.60 2.61 9.12 9.08 4.22% 4.58% 09-07-2008 16:20:25TELEFONICA 17.74 2.96% 23.48 16.43 1.62 1.86 10.99 9.56 4.23% 5.64% 09-07-2008 16:20:31FRA. TELECOM 20.155 1.67% 27.33 17.08 2.01 2.13 10.05 9.46 6.45% 6.87% 09-07-2008 16:20:25LVMH 64.22 -2.36% 89.36 61.95 4.58 5.15 14.02 12.46 2.49% 2.75% 09-07-2008 16:20:08BAYER AG O.N. 56.03 6.70% 66.45 45.60 3.97 4.41 14.13 12.70 2.41% 2.56% 09-07-2008 16:20:26DEUTSCHE BK 55.53 1.93% 109.80 51.51 6.14 9.31 9.04 5.96 8.10% 7.73% 09-07-2008 16:20:24DT. TELEKOM 11.325 4.86% 15.87 9.92 0.76 0.85 14.97 13.29 6.89% 7.05% 09-07-2008 16:20:29VOLKSWAGEN 172.05 -3.55% 199.70 119.20 11.94 13.05 14.41 13.19 1.05% 1.22% 09-07-2008 16:20:32ING GROEP 20.5 2.53% 33.36 18.77 3.32 3.59 6.18 5.71 7.22% 7.58% 09-07-2008 16:20:28

Este relatório foi elaborado pelo Centro de Corretagem do Banco Popular, telf 210071800, email: [email protected], com base em informação disponível ao público e considerada fidedigna, no entanto, a sua exactidão não é totalmente garantida. Este relatório é apenas para informação, não constituindo qualquer proposta de compra ou venda em qualquer dos títulos mencionados.

sexta-feira, 11 Julho de 2008MERCADOS44

Page 45: Pequenas empresas...Autonomia financeira deve ser uma meta e não condição de partida Pequenas empresas afastadas do QREN A exigência de autonomia financeira dos projectos “à

Europcar cresce 14,4% nos primeiros cinco meses do ano

O início de 2008 correu bem à empresa especializada no aluguer de automóveis, que viu o seu volume de negócios aumentar qua-se 15% face ao período homólogo de 2006. Mesmo assim a Europcar revê em baixa (com-prada com a previsão inicial) os valores para 2008, prevendo um crescimento de 5,1%, o que equivale a 65 milhões de euros de factu-ração. Isto porque “Junho não começou tão bem”, refere Paulo Moura, director-geral da Europcar Portugal, e porque o aumento do preço dos combustíveis, aliado à desvaloriza-ção da libra, tem efeitos imediatos na emissão de turistas, nomeadamente os britânicos, para o nosso país. Apesar deste cenário não tão op-timista, a empresa afirma que as reservas para Julho estão 17% acima do valor obtido em 2007. A explicação, para Paulo Moura, é a de que a Europcar deverá estar a roubar alguma quota à concorrência.

Para Paulo Moura, o crescimento verificado deve-se a uma aposta da empresa num “mix” de negócios, nomeadamente no investimento do segmento corporate e na melhoria da efici-ência na utilização da frota. Um exemplo? A Europcar optou por reduzir a frota no pico de Agosto, passando de 13 200 veículos para 12 400 unidades.

Uma tendência crescente é a de os clientes contactarem directamente a Europcar, quer seja pelo “call center” quer através da reserva via internet. Este último canal já representava 30% das vendas, nos resultados acumulados até Maio. O que, segundo Pedro Moura, re-

presenta um crescimento entre 15% e 20% face aos valores de 2007. Mas atenção, porque estes números incluem a inserção de websites em clientes. É o chamado B2B (business to business) e cujo maior benefício assenta na re-dução de custos.

Um dos segmentos onde a empresa fez um investimento significativo foi na gama pres-tige/fun. Neste momento a frota conta com 195 automóveis, tendo a Europcar investido, este ano, cerca de 8 milhões de euros na reno-vação de 100 veículos.

Quanto à outra empresa do grupo, a In-terRent, a designada empresa de aluguer de veículos low cost (o custo é de apenas 6,99 euros), neste momento conta com uma frota de 195 automóveis. Até ao final do ano este número deverá subir para o patamar dos entre 250 e 300 em média. Outra novidade prende-se com a abertura de mais uma estação, cuja localização ainda não está definida.

AlexAndA [email protected]

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Se há algum aspec-to em que Portugal melhorou nos últi-

mos anos foi no combate à evasão fiscal. Com novos procedimentos, métodos e meios (em especialmente o início do cruzamento de dados), avançou-se muito no estado de absoluta imo-ralidade em que a econo-mia nacional se encontrava neste aspecto. Contudo, a situação está longe – de-masiado longe – de estar resolvida.

Todos os anos, o Estado perde centenas de milhões de euros em cobranças não realizadas cujo prazo prescreveu. Talvez o contribuinte anónimo não se aperceba quem é que paga essa factura. É ele mesmo. Só que não raras vezes acrescida de encar-gos financeiros. O que é que se espera de contribuintes que entregam ao Estado par-te do seu labor para compensar a existência de incumpridores (quando não incumpri-dores profissionais), e ainda têm de pagar os encargos financeiros respeitantes aos processos? Propor alternativas credíveis.

A primeira e mais urgente proposta é a inexistência de prazos para cobrança. Uma dívida é uma dívida, e não devia caducar, expirar ou prescrever. Ou se o tiver de fazer por recursos e ligações a outros processos, nomeadamente jurídicos e administrativos, que seja em décadas e não em anos. Hoje existem já meios técnicos disponíveis – no-meadamente electrónicos – para acelerar os processos e guardar históricos mais vastos,

potenciando pelo menos uma grande dilatação dos prazos e assim aumentar a oferta, reduzindo dras-ticamente as dividas pres-critas.

A segunda consiste em acesso aos dados bancá-rios. Nesta questão, é pre-ciso equilibrar interesses nacionais com privacidade pessoal, num complexo processo que se expõe a potenciais abusos. É neste sentido que se propõe um acesso a dados bancários com critérios, a serem de-finidos por uma comissão que envolva o Estado, o

BdP, as associações de defesa dos consumi-dores e o CNPD. Quando existirem um conjunto de critérios que indiciem risco, pode ser realizado o acesso a todos os dados bancários sem intervenção dos tribunais.

Por fim, propõe-se que todos os contri-buintes possam descontar no seu IRS uma pequena percentagem de todo o IVA pago e apresentado em factura. Desta forma, o consumidor final passará a exigir – porque tem benefícios directos e não indirectos e intangíveis – as facturas de todos os gastos, aumentando a receita do Estado de forma muito superior ao que é desembolsado para motivar os contribuintes.

Estas e outras propostas são importan-tes não só para solucionar em definitivo a imoralidade desta situação, como também para mudar mentalidades e contribuir para um país em que maior desenvolvimento se traduz em melhor cidadania.

Prescrições imorais

PEdro BarBosaDirector do Parque

Nascente e Docente no IPAM

[email protected]

sexta-feira, 11 Julho de 2008 45EMPRESAS

Nº alugueres 129.000 até Maio +13,7% face a 2007

RPD +2,4%Dias/Aluguer 917.000 até Maio

+11,7% face a 2007Frota Pico 12.400 viaturasNº de Modelos em Frota 60 modelosIdade Média da Frota 8 mesesNº de Estações 72 estaçõesNº de colaboradores 232 funcionários

A EuRoPcAR EM núMERoS (Até MAio dE 2008)

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Rivoli apresenta “um violino no telhado”

O Rivoli Teatro Municipal tem em car-taz mais um musical clássico, encenado por Filipe La Féria. Como é sua característica, conta com elenco de actores de luxo, como José Raposo, Rita Ribeiro e Sara Lima, entre muitos outros. No total, o elenco é

composto por quase seis dezenas de acto-res, cantores, bailarinos e músicos.

É mais um grande espectáculo, na linha de outras realizações de Filipe La Féria, a partir de um texto de extrema beleza do teatro do

século XX. Acompanhado por músicas ines-quecíveis. “Um violino no telhado” conta a história de Tevye, um pobre leiteiro judeu, e da sua família atormentada pelas incertezas de uma revolução iminente. O combate do protagonista centra-se na manutenção da

tradição, face às evoluções que se verificam na vida e no mundo. As sessões têm lugar às 21.30 horas, às terças, quartas, quintas e sábados. Aos fins-de-semana e feriados tem lugar às 17 horas.

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A Comissão Europeia adoptou, a sema-na passada, uma proposta de directiva que prevê a protecção contra a discriminação por motivos de idade, deficiência, orienta-ção sexual, religião ou crença exercida fora do local de trabalho.

A nova directiva visa assegurar a igualda-de de tratamento nos domínios da protec-ção social, incluindo a segurança social, os cuidados de saúde e a educação, bem como a acessibilidade e o fornecimento de bens e serviços comercialmente disponíveis ao público, incluindo a habitação. Aliás, esta parece ser uma medida bem aceite pelos cidadãos europeus, pois vários inquéritos realizados indicam que 77% dos cidadãos

europeus defendem medidas para proteger as pessoas contra a discriminação na edu-cação e 68% defendem medidas de protec-ção no acesso a bens e serviços.

O comissário para o Emprego, os Assun-tos Sociais e a Igualdade de Oportunida-des, Vladimír Špidla, refere, aliás, que “o direito à igualdade de tratamento é fun-damental, mas milhões de pessoas na UE continuam a ser vítimas de discriminação no seu quotidiano”, reconhecendo que, “actualmente, a própria legislação comuni-tária encerra uma desigualdade, porque só garante protecção contra a discriminação fora do local de trabalho em razão do sexo, da raça ou da etnia”.

UE propõe protecção contra a discriminação fora do local de trabalho

Prémio Científico IBM 2007 atribuído a investigador da Faculdade de Ciências de Lisboa

A IBM atribuiu o Prémio Científico IBM 2007 ao investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Paulo Sousa.

O galardão pretende distinguir o contri-buto de trabalhos de investigação para o desenvolvimento das Ciências da Compu-tação e Tecnologias de Informação. “Segu-

rança e Disponibilidade através de Resili-ência Proactiva” é o projecto vencedor da 18ª edição do Prémio Científico IBM. O galardão, com o valor monetário de 15.000 euros, distinguiu o projecto de protecção de infra-estruturas críticas perante a cres-cente ameaça do crime organizado e do ciberterrorismo.

sexta-feira, 11 Julho de 2008empresas46

O Grupo Jerónimo Martins é um dos vencedores da edição 2008 dos “Investor Relations & Governance Awards”, com o prémio de melhor relatório e contas do sector não financeiro, pelo segundo ano consecutivo.

“Este é o resultado alcançado quando uma empresa está orientada para a prosse-cução de uma política de rigor, transparên-cia e inovação”, refere Luís Palha da Silva, director-geral da Jerónimo Martins.

Nas cinco edições do Investor Relations & Governance Awards, a Jerónimo Mar-tins foi sempre distinguida: duas vezes com o prémio de melhor relatório e contas do sector não financeiro (2004 e 2007) e três com menções honrosas nesta categoria

(2003, 2005 e 2006). Também o trabalho desenvolvido na área de relações com in-vestidores já foi premiado por diversas en-tidades nacionais e internacionais.

O Grupo Jerónimo Martins acredita que o relatório e contas é “um instrumento pri-vilegiado de comunicação entre a empresa e os seus vários interlocutores.” Por este motivo, o Grupo procura o “aperfeiçoa-mento desta ferramenta, visando fornecer informação rigorosa e adequada às necessi-dades do mercado”.

Esta iniciativa, promovida pela Deloitte, em parceria com outras entidades, preten-de distinguir as empresas e personalidades que melhor tenham contribuído para a qualidade da informação financeira.

Jerónimo Martins vence prémio de melhor relatório e contas

Casa de Darei, Quinta dos Carvalhais, Quinta da Boavista, Bago da Touriga e Quinta da Leda foram alguns dos produ-tores presentes na Dão & Douro, que se realizou, este ano, no Palácio de S. Bento.

Para a ocasião, que foi pro-movida pelo presidente da As-sembleia da República, Jaime Gama, reuniram-se cerca de duas dezenas de produtores de referência.

A organização define o Dão & Douro como “um evento atípico em termos nacionais e até europeus, ao apostar na ex-ploração das complementarida-des entre as duas regiões, numa estratégia de promoção conjunta que per-mite tirar partido das diferentes valências e

perfis de produtores e da diferenciação de territórios”.

O Dão & Douro de 2008 arrancou em Abril, na Fundação Mário Soares, com

uma prova de vinhos para a Associação de Imprensa Estrangeira.

Assembleia da República recebe Dão & Douro

Oracle e CSO implementam solução de autenticação única na DGO

A Oracle Portugal implementou, em parceria com a CSO, a solução de auten-ticação única Oracle Enterprise Single Sign-On na Direcção-Geral do Orçamen-to (DGO). Esta permite aos funcionários da DGO utilizar uma única “password” de autenticação para acesso aos sistemas informáticos deste organismo, quer se trate de sistemas Oracle ou de outros for-necedores.

O projecto, coordenado pela consulto-ria Oracle e desenvolvido em parceria com a CSO, demonstrou a facilidade de in-tegração do portefólio de soluções Oracle IAM (Identity and Acess Management) com tecnologias de outros fabricantes. A implementação foi feita num espaço de tempo muito curto, dada a experiência da CSO neste tipo de soluções e na concep-ção e implementação das mesmas.

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O Governo formalizou a adesão de 15 bancos às condições de uma linha de crédito para PME, anunciada pelo Primeiro-Ministro, no Parlamento, no passado dia 21 de Maio. Trata-se da linha de crédito conhecida pelo nome de PME Investe/QREN – Banco X . Esta linha de crédito, que tem um valor inicial de 600 milhões de euros, pode ir, segundo o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, que impôs urgência no seu lançamento, até aos 750 milhões de euros.

Governo lança linha de crédito para PME de 750 milhões de euros

Disponível nos bancos, desde anteontem, a linha de crédito PME Investe/QREN – Banco X é uma linha de crédito bonificada e garantida.

Quando se fala em bo-nificação, quer-se dizer que, dada a taxa de juro máxima associada à sua classe de risco e a que os bancos estão vinculados – estão previstas três clas-ses de risco –, uma PME é bonificada pela diferen-ça entre a taxa de juro ne-gociada com o seu banco, a qual inclui a comissão de garantia de uma SGM (Sociedade de Garantia Mútua), e a Euribor a três

meses deduzida de 125 pontos percentuais.

Quando se fala de garan-tias, quer-se significar que 50% de um crédito con-cedido a uma PME, até ao limite de 1,5 milhões de euros, pode ser garantido por uma das três SGM do SNGM (Sistema Nacio-nal de Garantia Mútua): a Garval, a Lisgarante ou a Norgarente, as quais serão garantidas por um reforço específico FCGM (Fundo de Contragarantia Mútua), gerido pela holding do sis-tema, a SPGM (Socieda-de Portuguesa de Garantia Mútua).

Esta linha de crédito, que

o Governo gostaria de ver totalmente contratualizada com as empresas, no prazo máximo de 12 meses, des-tina-se ao financiamento do investimento e ao re-forço do fundo de maneio, por períodos que podem ir até cinco anos, com 18 me-ses de carência.

Foi estruturada para que o processo de decisão seja célere, cabendo aos bancos decidir sobre a atribuição do crédito e contratualizá-lo às SGM sobre a conces-são de garantias e às autori-dades de gestão do QREN sobre o seu enquadramento nos instrumentos públicos de financiamento.

Aprovada a operação de crédito pelo banco, a apro-vação da garantia, logo que solicitada pelo banco

a uma SGM, será decidida no prazo máximo de 2 dias úteis para as PME das clas-ses de risco A e B definidas no texto do protocolo que acaba de ser subscrito.

Para as PME da classe de risco C, o prazo máximo de decisão é de cinco dias úteis para financiamentos até 500 mil euros e de sete dias úteis para financia-mentos superiores.

A estes prazos máximos acrescem, no máximo, mais três dias úteis da parte das autoridades de gestão do QREN.

O banco compromete-se a contratar a operação, bonificada e garantida, com a empresa, até 20 dias úteis após a recepção da decisão das autorida-des de gestão.

“Vida Judiciária” debate legislação

dos empreendimentos turísticos

sexta-feira, 11 Julho de 2008 47empresas

Nos últimos 15 anos, as empresas têm investido em sistemas informáti-

cos integrados conhecidos pelo acrónimo ERP (Enterprise Re-source Planning). Estes softwares de gestão são conjuntos de apli-cações que cobrem a generalidade dos processos empresariais, parti-lhando uma única base de dados e permitindo o acesso e actuali-zação da informação em tempo real. Apesar de se tratar de inves-timentos de algum peso, nome-adamente pelo custo do projec-to de implementação, o sucesso destas iniciativas é indiscutível, porque constituem um motor de modernização das empresas, de estandardização dos seus proces-sos e de redução dos custos de ex-ploração da informática.

No momento da decisão para a aquisição do software ERP e a realização do projecto da sua im-plementação, os gestores colo-cam-me repetidamente o mesmo tipo de questões:

são necessários consultores para implementar um erp?

Os ERP mais capacitados in-corporam uma extensa funciona-lidade e ferramentas próprias de parametrização e desenvolvimen-to cuja aprendizagem é demora-

da. É evidente que uma empresa poderá investir na formação ini-cial dos seus quadros na tecno-logia do ERP que vai adquirir, mas tal decisão terá como conse-quência um atraso de mais de um ano no arranque em produção do novo sistema, além de aumentar os riscos de insucesso da imple-mentação do ERP. Melhor será dispor de consultores já forma-dos e com experiência adquirida e exigir da empresa de consultoria a transferência do know-how no produto para os seus informáti-cos e “key-users”.

É possível fazer uma implementação rápida?

Quando falamos da imple-mentação de ERP internacionais como SAP, Oracle Business Suite ou Microsoft Dynamics (Navi-sion), só para dar alguns exem-plos, não é credível qualquer proposta de implementação do produto em tempo inferior a seis meses. A não ser que ignoremos tarefas do projecto tais como o carregamento inicial de dados (frequentemente migrados de an-teriores sistemas), adaptação de formulários, desenvolvimento de “reports”, testes, elaboração dos manuais de administração, ma-nutenção e utilização do sistema, formação dos utilizadores, cuja

não realização pode resultar no insucesso do projecto ou originar custos posteriores e certamente na insatisfação do cliente. Tam-bém por vezes se confunde a im-plementação de um conjunto de aplicações contabilístico-financei-ras com a implementação de um ERP e anunciam-se aos quatro ventos recordes de projectos feitos em dois ou três meses, merecedo-res de registos no “Guiness”.

Qual o nível de cobertura dos processos da empresa?

Cada gestor tende a conside-rar a sua empresa diferente das outras, com necessidades muito específicas, e a duvidar que um ERP construído por outros lhe vá servir. Contactei com dezenas de empresas portuguesas de grande e média dimensão e também com várias filiais de grandes grupos internacionais. Da minha experi-ência, posso dizer que 80 a 90% dos processos de cada uma eram integralmente cobertos pelas aplicações do ERP SAP, por sim-ples parametrização das mesmas. Acredito ainda que a cobertura dos processos por outros ERP igualmente robustos não esteja longe desses valores. Os restantes processos acabam normalmen-te por ser cobertos após alguns

ajustes no seu desenho ou, em alternativa, com modificações ao software standard ou desenvol-vimentos adicionais ao mesmo. Muito raramente uma empresa tem um ou outro processo não totalmente coberto pelo ERP e em que se recomenda a adopção de soluções complementares ex-ternas e não extensões ao mesmo. São normalmente processos de desenvolvimento e/ou fabrico de produtos muito específicos.

O erp possibilita ou obriga a fazer reengenharia de processos?

A implementação de um ERP não obriga de modo algum a fazer reengenharia de processos, antes constitui uma oportunidade so-berana para a empresa melhorar os seus processos. De facto, um bom ERP incorpora as melho-res práticas de gestão que devem ser escrutinadas pela empresa aos diferentes níveis de gestão e que, sendo adoptadas, conduzirão cer-tamente a uma maior eficiência organizacional e ao aumento da competitividade da empresa.

Quanto custa um projecto?

O custo do projecto de imple-

mentação de um ERP depende naturalmente de vários factores: do próprio ERP escolhido, das áreas e processos empresariais vi-sados, da arquitectura empresarial (número de empresas do grupo, de divisões, armazéns, estruturas comerciais, etc), da variedade de negócios envolvidos, do número de utilizadores finais, da disper-são geográfica, das interligações a outros sistemas informáticos, da quantidade e natureza dos dados a migrar e, por fim, dos serviços de suporte do fabricante do ERP e da existência e disponibilidade de consultores com experiência de implementação do ERP esco-lhido.

Para uma média empresa com um único negócio, uma estrutura relativamente simples, 50 utiliza-dores, visando os processos con-tabilístico-financeiros de logísti-ca, incluindo compras, produção e vendas, e de gestão de recursos humanos, sem especiais requisi-tos em termos de carregamento de dados ou interfaceamento com outros sistemas, o custo dum pro-jecto de implementação do SAP rondará os 350 mil euros.

Estatisticamente falando, o custo destes projectos de imple-mentação é sensivelmente duplo do custo de aquisição do software e a recuperação do investimento dá-se em menos de três anos.

Projectos de implementação de ERPAntónio silvA sAntosDirector Executivo

[email protected]

A revista “Vida Judiciária” vai realizar uma conferên-cia sobre a legislação dos empreendimentos turís-ticos. O evento tem lugar na livraria Byblos, às Amo-reiras, no dia 15 de Julho, entre as 17 e as 19 horas. O Governo estará repre-sentado por Ana Cristina

Bordalo, assessora do se-cretário de Estado Adjunto da Administração Local. O debate é alargado a advo-gados, magistrados, solici-tadores, juristas e público em geral, incluindo a ofer-ta da obra “Legislação dos empreendimentos turísti-cos”.

portugueses preferem comprar em grandes superfícies

Os portugueses preferem comprar mobiliário para casa nas grandes superfí-cies especializadas. Estas detêm uma quota de mer-cado de 62% em valor e 37% em volume. Os nú-meros sobem quando nos referimos à mobília do quarto principal (82%), da sala de jantar (86%) e em relação a mobiliário de escritório (80%). O estudo levado a cabo pelo “Observador Cetelem” concluiu ainda que os hi-permercados estão a cap-tar mais clientes no sector de artigos de jardim, sobre-

tudo em termos de acessó-rios (65% das preferên-cias). O mobiliário de estilo moderno é o preferido pela maioria dos portugueses. Em relação ao tipo de com-pradores do mercado luso, 44% têm mais de 54 anos de idade e pertencem à classe social C1. Os preços médios dos ar-tigos de mobiliário so-freram, no ano passado, uma quebra significativa. Assim, apesar de o cres-cimento do sector ser ape-nas de 1%, ele reflecte um aumento significativo das vendas.

sapa é A primeirA empresA no sector com serViço certificado

A Sapa Portugal – empre-sa internacional que de-senvolve e comercializa soluções de alumínio para arquitectura – recebeu o selo de qualidade no ser-viço que presta ao cliente final. A certificação é cada vez mais uma exigência para

o sucesso das empresas: “Garante a credibilidade de um serviço que é, pe-riodicamente, auditado por uma entidade externa e aumenta a confiança dos clientes que procuram os nossos produtos”, refere Pedro Ramos, administra-dor da Sapa.

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NOTA DE FECHO

La Palisse diz e eu assino por baixo

Antes de iniciar os programas na televisão, o director de um dos canais disse-me: vamos ter dificuldade em arranjar opiniões diver-

gentes. Os economistas portugueses pensam todos igual.

Não é verdade. Mas está certo. Não é verdade porque ainda há quem pense pela sua cabeça.

Está certo, porque são excepções. Que, como é sabido, só confirmam a regra. Convida-se um ex-ministro para a abertura de um ano lectivo. Um presidente de empresa para um congresso. Ou um político para um debate. E lá vem a ladainha: a recuperação económica passa pela (tomem nota...) 1) reestruturação da administração pública; 2) reforma da justiça; e 3) é claro... do ensino.

O Senhor La Palisse não diria melhor. E eu assino por baixo. Co-

mentários sem profundidade e coragem optam pela segurança do rebanho. São “fareflus”.

Sendo certo que quem segue o rebanho arrisca-se a acabar... no matadouro. Ou como disse Bernard Shaw: “As pessoas sensatas adaptam-se ao mundo; as insensatas procuram adaptar o mundo a elas; logo, todo o progresso depende das... pessoas insensatas”.

Generalidades escondem erros. Deus está nos detalhes. O diabo fora deles.

Platitudes, placebos, vulgaridades são verdades que embrulham mentiras. Tome-se o ensino universitário, como exemplo.

Está na moda defender que a reforma do ensino e o aumento de universitários são uma e a mesma coisa.

Disparate. O aumento da percentagem de universitários, no actual estado de coisas, só piora a produtividade.

Podem escrever. Porque, ao fim de mais de 20 anos, se há algu-ma coisa que conheço, são as universidades.

Vejamos. Se a escola é formação para a vida, ela deve transmitir três coisas: 1) conhecimentos; 2) desenvolver qualidades; e 3) ati-tude. Vamos por partes.

Conhecimentos? O dr. Medina Carreira diz que a escola é um reprodutor de ignorância. Como se pode ensinar o que não se sabe? Em muitas universidades privadas e muitas públicas cam-peia a ignorância. Inconsciente, não consciente. Porque não sabem o que não sabem em vez de saberem o que não sabem. O que é a pior forma de ignorância.

Assim o ensino é um placebo. Um ómega: não adianta nem atrasa.

Mas estas são as boas notícias. As más é que muitas universida-des (nem todas) desensinam qualidades e atitude. Isto é, fazem o mal, destroem.

Qualidades como espírito de síntese, verbal e escrita (mais é menos e menos é mais) são contra-incentivadas na prática. Rigor? Tudo tanto faz. Ora, se tanto faz, faz de conta.

Atitudes? Pontualidade? (os alunos entram no meio das aulas). Cumprir prazos? (a impressora avariou, posso entregar o trabalho para a semana?) O respeito pelos outros e pelo trabalho (Tá? Agora não posso falar ao telemóvel porque estou numa aula, depois ligo).

Ou seja, zero (de conhecimentos) com menos (de qualidades e atitude), dá menos. Criam vícios. Além, obviamente, de atrasar a entrada no mercado de trabalho.

Como se chegou aqui? Com três ministros: um que acabou com o ensino técnico (bom é ser doutor...); outro que abriu às privadas (liberalizar o ensino); outro que cultivou o desleixo (im-portante é o diálogo... com uns meninos que nem barba têm). Partidos diferentes? Todos três tiveram. Mas partilhando o tronco comum do desleixo, dão-se bem. E por isso escrevem livros em conjunto.

Comparar a percentagem de universitários em Portugal com a Alemanha (p.e.) é comparar maçãs (balelas de papel e lápis) com laranjas (menos tempo e ensino mais técnico).

Como se sai daqui? Tomem nota. Primeiro, incentivar o ensino técnico em vez da vacuidade do secundário e o politécnico em vez da nulidade do universitário. Dando bolsas aos alunos desde que a qualidade dos cursos seja aceite pelas associações profissionais.

Segundo, fechar a generalidade das universidades privadas que (com honrosas excepções) prometem sem cumprir. E formam de-sempregados.

Terceiro: nas universidades públicas acabar com os aumentos salariais excepto ligados a índices de qualidade (avaliados por uma excelente universidade estrangeira) e transferir para os excedentes da função pública os professores sem alunos.

Probabilidade de isto ser aplicado? O leitor que julgue, tendo presente o que disse Churchill: “A coragem é a principal qualida-de, porque concretiza todas as outras (conhecimentos, carácter, etc.). Sem coragem todas as qualidades são teóricas. Não passam à prática”.

“Vida Económica” volta a associar-se ao WTCC

A “Vida Económica” volta a aliar-se este ano à etapa portuguesa do Campe-onato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC, do inglês “world touring car championship”), disciplina em que ali-nha o piloto Tiago Monteiro, que irá decorrer no próximo fim-de-semana de 12 e 13 de Julho, no Autódromo do Estoril.

A associação do líder da imprensa económica portuguesa ao evento pren-de-se com vários factores. Um destes é a presença do seu público-alvo no Au-tódromo do Estoril. Outro é o facto de o desporto automóvel ser sinónimo, também, de aceleração da economia, já que potencia o turismo de forma direc-ta e indirecta. Directa, porque muitas pessoas vêm ao país para o evento. E indirecta, porque o WTCC tem grande retorno mediático em todo o planeta.

As duas provas (etapas 11 e 12) têm início às 13h20 e 17h20 de domingo. O programa inclui mais oito corridas: Fórmula Master, Open de GT, Cam-peonato Português de Circuitos e Seat Eurocup.

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Santander Totta investe no segmento “premium”

O banco Santander Totta está a desenvolver um pla-no de abertura de centros “premium”. Foram inaugura-dos quatro balcões destinados aos clientes do segmento “affluent”, estando prevista a abertura de mais três até ao final do ano.

Trata-se de garantir um atendimento mais personaliza-do e especializado. Os gestores têm formação específica na área do património financeiro. Três dos centros foram abertos na zona de Lisboa e um em Leiria. Os próximos balcões serão instalados nos principais centros urbanos do

Administração fiscal penhora reformas pela primeira vez

O fisco penhorou, pela primeira vez, no passado, as pensões de mais de 22 mil contribuintes. A par das pen-sões, também pela primeira vez, foram penhoradas perto de 10 500 rendas. Por sua vez, perto de 75 mil veículos também não escaparam ao crivo da administraçãofiscal.

O número total de penho-ras aumentou quase 126%, de 2007 para 2007, sendo que foram abrangidos os mais variados tipos de bens. Foram os casos de 134 em-bracações e mais de 1700 créditos fiscais. Por via do Sistema Integrado de Penho-ras Automáticas (SIPA), a administração fiscal superou a meta de 1,6 mil milhões de euros de impostos em falta. Em vencimentos e salários, por si só, foram envolvidos cerca de 135 mil contribuin-tes. O fisco teve ainda a capa-cidade para reduzir as custas processuais.

Estado recorre ao aluguer operacional de viaturas

O Estado vai passar a recor-rer ao aluguer operacional na renovação dos seus veículos. Deste modo, será possível o erário público poupar cerca de 20 milhões de euros todos os anos. Existem cerca de 29 mil veículos estatais, o que repre-senta uma despesa na ordem dos 53 milhões de euros.

Pereira Coutinho desvia investimentos nas comunicações para o estrangeiro

O grupo de João Pereira Coutinho está a reestruturar o negócio das telecomunicações. O objectivo passa agora por procurar o crescimento no exterior. Ainda este ano, deverão ser investidos 340 milhões de euros no estrangeiro, ficando apenas 20 milhões para o mercado nacional. A AR Telecom está particularmente interessada nos mercados brasileiro e grego, os quais vão ter 800 milhões de euros até ao final da década.

Millennium bcp eleito melhor bancode investimento em Portugal

O Millennium bcp foi escolhi-do, pelo quarto ano consecutivo, como melhor banco de investi-mento a operar no mercado na-cional.

O galardão foi atribuído pela revista “Global Finance”. São de-finidos como critérios de escolha a quota de mercado, o volume das operações, a capacidade de estru-turação, o serviço e o aconselha-mento ao cliente, a inovação e as iniciativas para superar as condi-ções de mercado adversas.

Jorge A. VAsconcellos e sá

Mestre Drucker SchoolPhD Columbia University

Professor Catedrático

Nº 1257 / 11 Julho 2008 Semanal J 2,20 Portugal Continental

Local: Libraria Byblos (Amoreiras) - Rua Carlos Alberto da Mota Pinto, 17Dia/Hora: 15 Julho - 17h00 às 19h00Pedidos de informação e pré-inscrição para:Grupo Editorial Vida Económica (Drª Cláudia Figueiredo) • Telf. 223 399 468 Fax: 222 058 098 • endereço electrónico: [email protected] www.vidaeconomica.pt/livraria

Preço:- 50 euros

DESTINATÁRIOSDebate alargado a todos os Advogados, Magistrados, Solicitadores, Juristas e público em geral

A DIVULGAÇÃO E O DEBATE OBRIGATÓRIOS

Organização Apoio:

ORADORES• Ana Cristina Bordalo - Assessora do Sec. de Est. Adjunto da Administração Local• António Raposo Subtil - Advogado• Manteigas Martins - AdvogadoManteigas Martins - AdvogadoManteigas Martins• João Nóbrega - Advogado

15 DE JULHO

Oferta do livro Oferta do livro Oferta d“Legislação dos Empreendimentos TurístiTurístiT cos”urísticos”urísti

Norte do país.

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Fiscalidade para Análise

Pág. VII

Os malefícios da imaturidade

provocada nas famílias

e nas empresas Pág. VI

Inscrição na Ordem dos Economistas

Derivados do MIBEL:

implicações contabilísticas

Pág. IV

Ensinar a saber

empreender

Pág. V

Entrevista de Carreira

“O Sr. Toyota”Pág. V

Actividades da Delegação Regional do Norte

O Decreto-Lei nº 174/98, de 27/6, criou a Or-dem dos Economistas, uma associação de direito público onde deverão inscrever-se todos os que exerçam ou pretendam exer-cer a profissão de economista.Nos termos do Estatuto, a aceitação do candidato a Membro Efectivo destina-se aos que concluíram a licenciatura antes de 26 de Abril de 1999; os restantes serão acei-tes como Membros Estagiários.

(Vide página IV)

O Modelo Integrado

e a Sustentabilidade da Inovação

Pág. II

Economistas são dinamizadores da Euro-Região

Galiza-Norte de Portugal

Semana Novos Economistas

Jantar-debate com o Ministro das Finanças no Casino da Figueira da Foz

2º Jantar-Convívio dos Economistas do Alto Minho

II Exposição de Pintura

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1257, DE 11 JULhO DE 2008,

E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Joám José Santamaria, Presidente do Conselho Galego de Economistas, afirma

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Passados mais de dois anos desde a tomada de posse do actual Secretariado da Delegação Regional Norte da Ordem dos Economistas, parece-me adequada a reflexão sobre o trabalho desenvolvido ao longo deste percurso.

A promoção e dinamização da relação dos membros en-tre si e com a instituição é um dos objectivos da Ordem dos Economistas, a par com os objectivos de potenciar os benefícios prestados aos mesmos e de promover a reputa-ção da profissão do economista.

Foi nesse sentido que a Delegação Regional Norte orientou as actividades desenvolvidas ao longo dos últi-mos dois anos.

A promoção de quatro seminários de informação nas áreas de Contabilidade, Marketing, Mercados Financeiros e Fiscalidade, áreas estas identificadas como prioritárias pelos membros da região Norte num inquérito realizado com tal propósito, visou permitir a actualização de conhecimentos, imprescindível para o acompanhamento das melhores prá-ticas de mercado ao nível da ciência económica.

A realização de uma conferência sobre a reabilitação ur-bana chamou a atenção para os desafios colocados sobre esta problemática na baixa da cidade do Porto, enquan-to a realização de uma conferência sobre a relevância e o enquadramento do investimento público na região Norte promoveu o debate sobre os desafios que se impõem ao nível da economia regional nortenha do país e sobre as oportunidades de investimento que daí resultam, nomea-damente com a aplicação das verbas do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

As reedições do concurso “Ciclo de Temas de Econo-mia” motivaram, novamente, a participação de jovens especialistas nas áreas económicas. A partilha de conhe-cimento técnico, feita ao nível de questões consideradas relevantes e actuais, pretende contribuir para a visibilidade da Ordem junto da sociedade, cumprindo um papel social de esclarecimento.

Este propósito é partilhado por outro projecto desenvol-vido ao longo do ano de 2007, que tem sido determinante para a formulação dos dois suplementos já publicados, e que se consubstancia na promoção e divulgação de artigos científicos na área da ciência económica, elaborados por membros da Ordem dos Economistas.

Mas as capacidades dos membros da Ordem não se li-mitam ao conhecimento desta ciência social e a comprová-lo estiveram as exposições de pintura e fotografia, organi-zadas com vista a divulgar a aptidão artística dos membros e a promover o convívio descontraído entre os mesmos.

A estes projectos juntaram-se várias outras actividades de informação e convívio promovidas pela Delegação Re-gional Norte, em estreita sintonia com o órgão central da Ordem dos Economistas, e pelos seus representantes re-gionais, cujo papel activo é imprescindível na angariação e dinamização de uma rede de membros coesa e participa-tiva, minimizando os efeitos do distanciamento físico dos que residem fora do Grande Porto.

Mas o sucesso destas actividades não seria possível sem a participação e colaboração activa dos membros e colegas, razão central para a promoção das mesmas.

Congratulamo-nos com a participação conseguida nas actividades promovidas, a qual agradecemos entusiastica-mente, com a certeza de que tal dinamismo se manterá no futuro, numa partilha que se espera que enriqueça a todos.

Nesse sentido, deixo, desde já, o convite à participação em mais um importante evento que conta com a colabora-ção da Ordem dos Economistas. O I Congresso de Econo-mia da Euro-Região Galiza-Norte de Portugal, organizado pelo Conselho Galego de Colégios de Economistas com a colaboração da Secretaria Regional da Economia e das Finanças da Junta da Galiza, sobre o tema «Construindo em cooperação», terá lugar na cidade de Vigo nos dias 25 e 26 de Setembro do presente ano.

Contamos convosco!

sexta-feira, 11 Julho de 2008II

edItoral

Contamos convosco!

ana abreuCédula Profissional nº 6402

Ordem dos EconomistasDelegação Regional Norte

Vogal

O Modelo Integrado e a Sustentabilidade da Inovação Sarkar (2005) criou um modelo

integrado de inovação que ten-ta explicar a inovação e a forma

como essa inovação resulta no merca-do. Esse modelo combina o ambiente externo de uma empresa (avaliado, por exemplo, pela competição que existe nos mercados) com o ambiente inter-no (dado pela estratégia de inovação da empresa), mostrando depois quais são os resultados no mercado.

Dois elementos essenciais na inovação são a sua difusão e a sua sustentabilidade. A difusão é um primeiro obstáculo que um produto/serviço tem que enfrentar. Não interessa ter um produto com ca-racterísticas realmente novas se depois não é colocado ao dispor das pessoas (normalmente através da comercializa-ção). Neste caso nunca deixaria de ser uma invenção ou um protótipo.

O segundo elemento essencial tem a ver com a sustentabilidade da ino-vação. Um produto pode novamente

ter muitas características novas, pode até ser introduzido no mercado, mas tem que ter resultados. Caso contrário, quem comercializa o produto não con-segue rentabilizar o que se gastou (por exemplo, em investigação e desenvolvi-mento). Um possível exemplo (passível de discussão) é o Segway. O Segway foi considerado um meio de transporte muito inovador pelas suas característi-cas (movido a bateria – por isso limpo – e que anda devido aos movimentos corporais do condutor). Contudo, as vendas não foram as esperadas.

As definições de inovação nem sem-pre realçam estes dois aspectos. Muitas vezes, tal como os modelos que estu-dam a inovação, estão muito ligadas aos aspectos tecnológicos e, assim, às características inovadoras dos produtos. Contudo, parece-me que são dois ele-mentos essenciais.

Vamos usar um exemplo simples para explicar a questão da sustentabilidade

da inovação. Alex Tew era um normal estudante que necessitava de dinheiro para financiar os seus estudos. Com a ideia que teve para financiar os seus es-

tudos tornou-se milionário em apenas 6 meses. Difícil? Nem por isso. A ideia foi muito simples: um site em branco cujo espaço custou 50 libras. O site foi dividido em 10 000 quadrados, cada um com 100 pixels. Depois apenas pôs à venda cada pixel ao preço de 1 dólar... Em cerca de 6 meses todo o site estava preenchido (1) (e os últimos 1000 pi-xels foram vendidos por mais de 38 000 dólares no eBay – outro fenómeno no que à inovação diz respeito).

Vamos agora ver como o modelo integrado responde a esta situação (fi-gura 1). A ideia de Tew foi uma ideia extremamente inovadora e sem qual-quer tipo de concorrência, daí que no primeiro espaço a ideia se situe na zona em cima e à esquerda. Por seu turno, a curva que relaciona a estratégia da em-presa com os resultados está muito dis-tante da origem, mostrando que o mer-cado é muito grande. Os resultados são muito elevados, como comprova a tota-

lidade de vendas dos pixels disponíveis num curto espaço de tempo. A ideia foi completamente inovadora e com gran-des resultados (bola cinzenta).

Não seria de estranhar que apareces-sem várias pessoas a querer copiar esta ideia. Contudo, aquilo que se esperaria era que não tivessem o mesmo sucesso do que a pessoa que lançou esta pos-sibilidade. O próprio Tew duvidava do sucesso de cópias, uma vez que é o tipo de ideias que funciona uma vez quando é novidade. O que nos interessa, neste caso, é ver como o modelo integrado nos ajuda a explicar esta situação. Vol-temos a olhar para a figura 1.

Quem tentou copiar Tew tem uma posição muito diferente no primei-ro espaço do modelo: há mais pressão competitiva (há várias pessoas a imitar a ideia) e o grau de inovação é já mui-to reduzido. Isso faz com que a curva do segundo espaço esteja mais próxima da origem (porque o mercado é muito

mais pequeno). E, assim, os resultados são muito mais pequenos (2).

Sendo assim, este modelo, de uma forma simples, mostra-nos como a questão da sustentabilidade da inova-ção é um elemento essencial para quem pretende ter sucesso com um produto ou serviço, uma vez que não interessa ter uma ideia inovadora se ela não tiver resultados no mercado.

1 - http://www.milliondollarhomepage.com/

2 - Podem consultar-se alguns exemplos de imitações da ideia de Tew mas que não tiveram o mesmo sucesso: http://www.milliondollarwomenshomepage.com, http://www.pixels1.com ou http://www.theadpage.co.uk

Referências Sarkar, S., 2005, ‘Innovation and market

structures: an integrated approach’, Int. J. of Entrepreneurship and Innovation Mana-gement, Vol. 5, Nos. 5/6, pp. 366-378

Paulo Ferreira

Nº Cédula Profissional: 11078

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Joám José Santamaria, Presidente do Conselho Galego de Economistas, afirma

Economistas são dinamizadores da Euro-Região Galiza-Norte de Portugal

sexta-feira, 11 Julho de 2008 III

Vida Económica – Acha que Galiza e Norte de Portugal podem ser considera-dos de facto como uma euro-região ?

Joám José Santamaria - Em Espanha, depois da Constituição de 1978, como consequência das transformações políticas, reorganizou-se o Estado em comunidades autónomas. Actualmente, a Espanha tem um Estado descentralizado, mas não alcan-ça o modelo federal.

Por sua vez, Portugal tem ainda pendente a regionalização, que é um tema que con-tinua a levantar certas celeumas. E levanta certas celeumas, e julgo que lógicas, porque, territorialmente sendo um Estado mais uni-forme, não deixa de ter implícitas duas di-mensões. Com efeito, olhando para Portugal de norte a sul, pode-se compreender perfei-tamente que a Galiza é o prolongamento do Norte de Portugal, e vindo da Galiza para Portugal sente-se o mesmo. Em segundo lu-gar, um passo importante foi a adesão de Es-panha e Portugal à Comunidade Europeia em 1986, e portanto o abatimento das fron-teiras é um processo que faz com que este relacionamento se intensifique. Eu diria que o relacionamento da Galiza com o Norte de Portugal tem raízes geográficas, históricas e culturais, e que agora se reforçam com a pertença comum a uma União Europeia.

VE – Este espaço geográfico é um dos mais dinâmicos da Europa, onde se ve-rificam mais laços comerciais e mais in-vestimento?

JJS – Sim, e em parte, porque são eco-nomias muito complementares. Na Galiza e no Norte de Portugal, entre os sectores tradicionalmente mais importantes estáo a pesca e conservas, que foi a base da cidade de Vigo, a cidade mais industrializada da Galiza. Por outro lado, Vigo não só tem um porto importante como de alguma maneira é quase o centro geográfico dessa euro-região que consolidará a abertura de portas para os países centro europeus. Temos uns excelen-tes estaleiros, uma ria de muito caudal onde podem entrar barcos de grande porte, da mesma forma que noutra perspectiva o ae-roporto Francisco Sá Carneiro está a funcio-nar como aeroporto internacional para os galegos. Vemos que há complementaridade nas trocas, no comércio, no turismo e isso exige coordenação por parte das autorida-des da Galiza e por parte das autoridades do Estado Português na região Norte.

VE – A questão é, considerando essa complementaridade natural, saber se Bruxelas “aceita” esta euro-região?

JJS – Eu julgo que as autoridades locais representativas têm de sensibilizar Madrid

e Lisboa, porque, evidentemente, o rela-cionamento entre os dois Estados passa pelo eixo Madrid-Lisboa. Neste sentido, quando neste espaço geográfico se entre-vistem os primeiros-ministros de Portugal e Espanha eles deveriam ser acompanhados pelo presidente da Galiza e pela entidade que de alguma forma represente o Norte de Portugal. Há alguns meses, precisamen-te num encontro sobre nanotecnologia, levantou-se o problema dos profissionais de saúde da Galiza que por prestarem ser-viços na segurança pública portuguesa são obrigados a ser residentes e têm de ter os carros matriculados em Portugal. E isto porque não temos um regulamento, para o trabalhador transfronteiriço. Se tivéssemos esse regulamento não se teria de aplicar es-tas normas de forma uniforme. Por exem-plo, um trabalhador português que esteja a trabalhar nas obras do comboio de alta velocidade está a trabalhar para uma em-presa espanhola, terá um cartão da segu-rança social espanhola, e se precisar de ir ao médico tem de atravessar a fronteira, o que é um absurdo quando qualquer cidadão espanhol pode ser atendido directamente em Portugal.

VE – Cada vez há mais trabalhadores transfronteiriços?

JJS – Efectivamente, só entre médicos e enfermeiros fala-se de três a quatro mil. E depois temos muitos trabalhadores eventu-ais para obras concretas, quer na Galiza quer

no resto de Espanha. Apesar de ter havido um pequeno declínio, há muitos trabalha-dores portugueses na construção civil na Galiza e esta situação obriga a um acom-panhamento, pois como estes são menos exigentes em termos retributivos pelo que se devem evitar situações menos claras. As associações empresariais têm de cooperar, e as associações têm um trabalho importante a desenvolver nestas questões.

VE – Em termos institucionais e em-presariais, o que é que tem acontecido de relevante e importante nos últimos tempos?

JJS – Os encontros e congressos organi-zados pelos empresários, tanto de um lado como do outro da fronteira do Minho. A As-sociação Empresarial do Minho, por exem-plo, tem relações permanentes com a Con-federação de Empresários de Pontevedra e da Galiza, apenas para citar um exemplo.

VE – E a nível de movimentos de aqui-sições de empresas, participações, etc.?

JJS – São situações cada vez mais fre-quentes. Temos desde a Cimpor, uma em-presa de capitais portugueses com uma fa-brica de cimentos na Galiza, a empresários galegos que vêm a Portugal procurar solo industrial, porque o terreno para industria-lização em Vigo não chega. As condições de aquisição de solo industrial em Portugal são mais competitivas e Vigo e Vila Nova de Cerveira são contíguas, tal como Sal-

vaterra (em cujo porto está a ocorrer um grande investimento) e Monção. A mobili-dade de um lado e doutro do Minho hoje é permanente.

VE – Há alguns fundos de capital de risco transfronteiriços?

JJS – Não tenho informação mas poderia ser uma linha de cooperação a desenvolver e agradeço a questão, pois será um tema útil a colocar no nosso congresso de Setembro. Em cada província ou distrito da Galiza há uma associação de empresários de garantias mutuas. É um tema que certamente levan-taremos e aprofundaremos.

VE – A nível académico, há também um grande relacionamento entre Univer-sidades?

JJS – Sim, há um grande relacionamen-to que queremos sempre aprofundar. Há projectos de investigação conjuntos entre professores da Galiza e de Portugal. Temos alunos portugueses a tirar o doutoramento na Galiza e alunos espanhóis a estudar em Portugal. O Programa Erasmus funciona relativamente bem não só entre Espanha e Portugal como com os restantes países europeus. De futuro, as universidades vão certamente emitir títulos que capacitam para o exercício da actividade profissional em todos os países da União Europeia. Esta situação desencadeia um segundo proces-so que é a harmonização das profissões na Europa.

VE – E relativamente ao Congresso que se vai realizar quais os objectivos centrais?

JJS – O congresso nasce da vontade coordenadora dos colégios da Ordem Espanhola dos Economistas para termos um órgão comum que nos represente perante as autoridades da Região. Um órgão comum de interlocução com o Governo Galego. Não havia um órgão que represente todos os colégios da Região, por isso a possibilidade era criar um órgão de coordenação ou fundir os quatro colégios num.

O congresso nasce com a intenção de dar a conhecer esse novo órgão, o Conselho Galego de Economistas, procurando um tema que tenha interesse tanto na Galiza como em Portugal. Ao mesmo tempo, pretendemos que a profissão de economista, na Galiza e em Portugal, esteja cada vez mais envolvida neste processo de interligação e interacção na Euro-Região.

Estabelecemos contactos com a Ordem dos Economistas em Portugal e, numa periodicidade a definir, pretendemos que o Congresso se realize alternadamente na Galiza e em Portugal.

VE – Mas para além de dar a conhecer o novo Colégio o Congresso tem outros objectivos específicos?

JJS - Sim, temos objectivos mais específicos da profissão, tais como que os colegas galegos prestarem apoio e colaboração aos

colegas de profissão portugueses quando precisem de alguma actuação em Portugal e vice-versa. Se, neste momento, existem empresas transfronteiriças, acreditamos que os economistas de um lado e outro da fronteira estejam coordenados e envolvidos em projectos de investimentos comuns transfronteiriços.

Em termos de áreas temáticas do Congresso, devo registar: a área da empresa, a área institucional e de infra-estruturas e uma terceira área a profissional, para estudar e conhecer o que faz habitualmente um economista em Portugal até porque se tra-ta de uma profissão muito multifacetada. Com efeito, na nossa Ordem temos integrados os profissionais de contabilidade eos revisores de contas.

VE – Acha que no mercado há espaço para mais econo-mistas?

JJS – Sim certamente, mas estando a economia cada vez mais competitiva haverá é uma selecção natural. Haverá economistas muito conceituados, economistas de formação média que de-senvolvem um papel importante, mas a ideia que temos é que qualquer licenciado de uma das universidade de Espanha no máximo demora um ano, ano e meio a arranjar emprego, o que não consideramos ser um período excessivo, pois nesse período pode aproveitar para aumentar a sua formação.

Congresso debate euro-regIão

Por razões geográficas, históricas e culturais, Galiza e Norte de Portugal contêm os ingredientes de uma efectiva euro-região, refere Joám José Santamaria, Presidente do Conselho Galego de Economistas. Por isso, e em articulação com a Ordem dos Economistas em Portugal, decorrerá em Vigo, em Setembro próximo, um congresso, que em particular também visa mobilizar os economistas galegos e portugueses (em especial os de Norte de Portugal) para, no âmbito da respectiva profissão, serem de facto actores da consolidação desta euro-região. Referindo a complementaridade existente nas trocas comerciais em geral, bem como no comércio e no turismo, Joám Jose Santamaria apela a uma efectiva coordenação por parte das autoridades da Galiza e do Estado Português na região Norte.

Branco de Morais, Ordem dos Economistas, Joám José Santamaria, Presidente do Conselho Galego de Econo-mistas, Sintra Coelho, Ordem dos Economistas.

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O mercado de derivados do Mer-cado Ibérico de Electricidade (MIBEL), em funcionamento

desde Junho de 2006, proporciona aos agentes económicos portugueses e espa-nhóis a possibilidade de negociação de futuros de electricidade, respondendo nomeadamente às necessidades de co-bertura de risco de variação de preço da electricidade. A utilização de contratos de futuros está sujeita a regras contabi-lísticas específicas com implicações no Balanço e nas demais Demonstrações fi-nanceiras que importa conhecer. Como é sabido, desde 2005, as empresas co-tadas do espaço europeu devem usar as Normas Internacionais de Contabilida-de (NIC) na elaboração das suas contas consolidadas. No âmbito das NIC, a NIC 39 contém os princípios e regras contabilísticas para os instrumentos financei-ros, em geral, e para os derivados, em particu-lar. Este artigo apresenta as questões primordiais levantadas pela NIC 39, particularmente no que se refere aos futuros de electricidade.

A primeira questão re-fere-se à aplicabilidade da NIC 39 a derivados sobre itens não finan-ceiros (como é o caso da electricidade). Ora, a NIC 39 aplica-se a contratos de compra ou venda de itens não financei-ros, se o contrato puder ser liquidado fi-nanceiramente. Este é o caso de todos os contratos de futuros do MIBEL. Refira-

se, contudo, que a NIC 39 permite uma excepção de aplicação a contratos cujo objectivo específico seja o recebimento ou a entrega do item não financeiro de acordo com as necessidades esperadas de compra ou venda da empresa. A qua-lificação para esta excepção exige, no entanto, que sejam cumpridos critérios muito rígidos: os contratos têm de ser designados como de “uso próprio” des-de o início; os contratos têm de ser leva-dos até à entrega física; e a empresa não tem prática de liquidar financeiramente contratos similares. Conclui-se, portan-to, que a adopção da excepção de adop-ção das regras contabilísticas da NIC 39 em futuros não financeiros negociados em bolsa exige uma avaliação casuística, sendo de prever grande dificuldade no cumprimento dos requisitos rígidos da

Norma. Prevê-se, assim, que as regras de conta-bilização de derivados da NIC 39 afectem a maioria das empresas envolvidas com futuros de electricidade.

A NIC 39 exige, como regra geral, que todos os derivados se-jam medidos ao justo valor e que as variações do justo valor sejam imediatamente reco-

nhecidas em resultados, provocando oscilações eventualmente não deseja-das no valor patrimonial das empresas. Contudo, a NIC 39 também possibili-ta a chamada contabilidade de cober-tura para determinadas estratégias de

cobertura de risco. A contabilidade de cobertura apresenta a grande vantagem de mitigar o impacte da adopção de derivados na Demonstração dos Re-sultados, através do balanceamento entre o reconhecimento dos ganhos e perdas do derivado e dos itens cobertos. A contabi-lidade de cobertura permite ultrapassar o tratamento conta-bilístico normal da NIC 39 associado a acréscimo de volatili-dade nos resultados. A aplicação das re-gras da contabilidade de cobertura exige que as transacções cumpram critérios rigorosos, desig-nadamente ao nível dos graus de efi-cácia da cobertura, definidos na NIC 39. No entanto, quando a cobertura é efectuada através de futuros padroniza-dos transaccionados em bolsa, como é o caso dos futuros de electricidade do MIBEL, o cumprimento das regras de contabilidade de cobertura da NIC 39 é relativamente simples e directo.

A NIC 39 classifica as relações de co-bertura em três tipos, dois dos quais são directamente relevantes para derivados não financeiros: a cobertura de justo valor e a cobertura de fluxos de caixa. A cobertura de justo valor aplica-se a coberturas de exposições a alterações no justo valor de activos ou passivos re-conhecidos ou a compromissos firmes e a cobertura de fluxos de caixa aplica-se

a coberturas de exposições a variações nos fluxos de caixa de um activo ou de um passivo ou de uma transacção futura prevista. No primeiro tipo de cobertura,

as variações no justo valor do derivado e as variações simétricas do justo valor do item co-berto são reconhecidas nos resultados, signifi-cando que o impacte líquido no resultado é praticamente nulo. Na cobertura de fluxos de caixa, o ganho ou a perda do derivado é reconhecido no Capi-tal próprio, não tendo impacte imediato no

resultado. Este montante é reclassifi-cado para o resultado apenas quando a transacção antecipada afectar igualmen-te o resultado.

Como vimos, a NIC 39 impõe re-gras específicas para contabilização de derivados, nomeadamente de deriva-dos para cobertura de risco. Quanto às implicações para os utilizadores de de-rivados de electricidade, a utilização de futuros para cobertura de risco de preço da electricidade não terá impactes de importância relevante nos resultados. As regras de contabilidade de cobertu-ra mitigam a volatilidade nos resultados quando existam posições simétricas, de forma a que a volatilidade do resultado reflicta apenas volatilidade real. Os de-rivados são instrumentos de gestão de risco muito úteis e têm “apoio” da con-tabilidade.

Derivados do MIBEL: Implicações contabilísticas

Patrícia teixeira LoPes

Cédula profissional nº 7258

sexta-feira, 11 Julho de 2008IV

INSCRIÇÃOPara o efeito torna-se necessário:• Fotocópia do diploma de curso ou certificado de habilitações ou, em alternativa, autorização* à Ordem para con-

firmação de habilitações junto da Escola de licenciatura.• Uma fotografia tipo passe• Fotocópia do Bilhete de Identidade• Fotocópia do Número de identificações fiscal

Deverá também ser enviada a importância correspondente à jóia de inscrição e ao primeiro pagamento da quota (caso a candidatura seja rejeitada, proceder-se-á à restituição das importâncias pagas).

JÓIA PRIMEIRA TOTALSemestral Anual

Membros Estagiários 12,50 40,00 52,50

Membros Efectivos 25,00 40,00 65,00

Membros Reformados 25,00 20,00 45,00

O membro Estagiário tem direito a uma redução de 50% no valor da quota da jóia no seu primeiro ano de inscrição - daí exigir-se, com a candidatura, o pagamento de uma quota anual. O Membro reformado terá direito a uma redução de 50% relativamente à quota. O primeiro pagamento de quota do membro Efectivo e do Membro Reformado, efectuado com a candidatura, é sempre semestral

LISBOA - SEDE DA ORDEMRua da Estrela, 8 - 1200-699 LISBOATel. 213 929 470/9 • Fax 213 961 428E-mail: [email protected]

PORTO - DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTERua Dr. Ricardo Jorge, 55, 3ª Dtº - 4050-514 PORTOTel. 222 055 670 • Fax. 222 083 008E-mail: [email protected]

MADEIRA - DELEGAÇÃO REGIONAL DA MADEIRARua da Carreira, 63, 3ª, Fracção 0 - 9000-042 FunchalE-mail: [email protected]

AÇORES - DELEGAÇÃO REGIONAL DOS AÇORESUniversidade dos Açores- Dep. Economia e Gestãorua da Mãe de Deus, Apt. 1422 - 9501-801 Ponta Delgada

O mercado de derivados do MIBEL responde às necessidade de cobertura do risco de variação do preço da electricidade

A NIC 39 levanta a questão da aplicabilidade a derivados sobre itens não financeiros

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O “Senhor Toyota”José Jorge Soares tem 66 anos e é economista, com licenciatura obtida na Faculdade de Economia do Porto. Casado com três filhos, desenvolveu a sua carreira profissional em grupos empresariais moldados por modelos qualificados de gestão absorvidos do exterior. Mas foi na área Toyota do Grupo Salvador Caetano que dedicou 36 anos da sua vida sempre ligada à gestão. É Presidente da Delegação Regional Norte da Ordem dos Economistas.

Na sociedade actual o em-preendedorismo, como factor de desempenho

– interno ou externo – pretende ser um elemento motor de desen-volvimento de uma empresa e por alastramento de qualquer organi-zação.

De acordo com BIRLEY, Sue (2001:XIII), empreendedores são indivíduos que organizam, ope-ram e assumem os riscos associa-dos com um empreendimento que criaram, visando a concretização de uma oportunidade que eles e outros identificaram. O processo empreendedor é dirigido à reali-zação do valor associado com as oportunidades de negócios.

Ao promover o desenvolvimen-to da empresa, o empreendedoris-mo alinha competitividade com produtividade no sentido de exis-tir uma actuação eficaz e eficiente com o fim de construir uma eco-nomia que, através da sua estrutu-ração e consolidação, consiga criar valor para si e todas as outras eco-nomias. Este objectivo está direc-

tamente ligado à existência de em-presas de crescimento sustentável, em que a inovação e as competên-cias são factores essenciais para que consigam sobreviver num mercado em constante transformação.

Empreendedorismo pode ser en-carado como a dinâmica de iden-tificação e aproveitamento econó-mico das oportunidades, e sendo o empreendedorismo um factor de modernidade de uma sociedade, os empreendedores são agentes de mudança e crescimento numa eco-nomia de mercado.

Todos aceitam que é impor-tante o papel que a educação e o empreendedorismo têm na cons-trução de sociedades cada vez mais fortes e mais flexíveis. É decisivo, para um desenvolvimento susten-tável, que haja uma determinação de todos, mais pelos actos do que pela leis, o que será concretizado através de uma reformulação do sistema de ensino e educação em Portugal, desde o primário ao su-perior, passando pela formação profissional. É importante incluir

o ensino do empreendedorismo no nosso sistema educativo, me-lhorando a ligação entre as escolas e o mundo empresarial, bem como entre as experiências e as aprendi-zagens portuguesas, e as dos nos-sos parceiros europeus e de outros países, como o Brasil e os EUA. É necessário definir e comunicar, cla-ramente, uma visão sobre que tipo de país queremos ser, que organi-zações e pessoas queremos ter. Te-mos que acreditar na educação, no empreendedorismo, na inovação e no conhecimento como factores de coesão dessa visão.

A educação/formação inicial e permanente são condições essen-ciais à melhoria da situação econó-mica, social e cultural do país, de-vendo incluir o empreendedorismo como parte integrante do processo de aprendizagem que decorre na escola e em outras organizações.

Quando falamos de empreende-dorismo, estamos a interiorizar que temos de fazer parte da mudança, e a nossa capacidade visionária per-mite ir construindo os cenários do

futuro.Opinião expressa por SILVES-

TRE (2003:139) de que, para ser eficaz, um empreendedor, como outro aprendente qualquer, ne-cessita de empregar diferentes es-tilos de aprendizagem – experiên-cia concreta, observação reflexiva, conceptualização abstracta e expe-rimentação activa.

O sucesso do ensino de em-preendedorismo, de acordo com Dornelas (2001), está dependente de factores internos e externos ao negócio, do perfil do empreen-dedor e da forma como consegue ultrapassar as dificuldades. Segun-do Dolabela (2001), o curso de empreendedorismo deve atender à identificação e compreensão das habilidades e competências do empreendedor, em como se gera e aplica a inovação e o processo empreendedor, na contribuição do empreendedorismo para o de-senvolvimento económico e outros aspectos para criar, gerir e desen-volver a empresa. O autor ainda classifica as habilidades requeridas

ao empreendedor em três áreas: técnicas (organização, liderança, know-how na área e facilidade de comunicação); gestão (marketing, finanças, produção, administra-ção, processo negocial) e pessoais (disciplina, inovação, saber assu-mir riscos, persistência e orienta-ção para a mudança).

Empreender não significa ape-nas criar novas propostas, inventar novos produtos ou processos, pro-duzir novas teorias, engendrar me-lhores concepções de representação da realidade ou tecnologias sociais. Empreender significa modificar a realidade para dela obter a auto-realização e oferecer valores positi-vos para a colectividade. Significa engendrar formas de gerar e distri-buir riquezas por meio de ideias, conhecimentos e realizações.

Por último, gostaria de referir que promover o empreendedoris-mo nos diferentes graus de ensino e formação pressupõe uma adap-tação ao público alvo, ou seja, em função das idades e conhecimentos adquiridos.

Ensinar a saber empreenderAgostinho inácio BuchACédula profissional nº 891

sexta-feira, 11 Julho de 2008 V

Vida Económica (VE)- Porquê a escolha do curso de Economia?

Jorge Soares (JS)- Aterrei em Economia, por exclusão de partes. E isto porque tinha dificuldades nas áreas das Ciên-cias (v.g. Física, Química) e tinha inclinação para as áreas sociais, onde a ciência económica também se insere.

VE- Como se caracterizou o seu percurso ao longo da licenciatura?

JS- Este percurso dividiu-se claramente em duas fases. A primeira foi a fase dourada (primeira metade do curso) carac-terizada por uma certa inconsciência juvenil, que aliás ditou a minha incorporação precoce no serviço militar obrigatório; a segunda fase, pós serviço militar cumprido nos serviços de Administração da Força Aérea, foi a assunção do penoso es-tatuto de trabalhador-estudante.

VE - Retomou os estudos após a vida militar, ou foi logo trabalhar?

JS- De facto a entrada na vida profissional propriamente dita não foi imediata, pois quis aproveitar as épocas especiais de exame facultadas aos ex-militares. Mesmo assim, faltava-me metade do curso! Não havia outra saída senão vir a ser trabalhador-estudante.

E assim a minha primeira ocupação foi na Olivetti portu-guesa, onde estive ano e meio. Fiquei especialmente afecto ao departamento de máquinas de contabilidade, onde adquiri uma magnífica formação sobre os equipamentos e sobretudo sobre os aspectos concretos e decisivos da política comercial. No entanto, comecei a sentir poucas possibilidades de evo-lução de carreira e quando me faltavam três cadeiras para concluir a licenciatura decidi mudar de ares.

VE - E como tal se concretizou?JS- Tive a sorte de concorrer e ser admitido na Fima Lever

(a sucursal portuguesa da multinacional UniLever). Entrei pois numa verdadeira escola de gestão, tendo realizado um longo estágio profissional do tipo “on the job trainee”, que

me fez percorrer, praticando, todas as áreas funcionais da empresa (compras, produção, comercial, marketing, finan-ceira, etc). Em suma, foi extraordinário! Foi pois a minha verdadeira pós-graduação!

VE- Sendo assim, porque não continuou no grupo Unilever?

JS- É uma pergunta pertinente, face a um contexto pro-fissional tão enriquecedor. Mas decidi regressar ao Porto por motivos não profissionais, ou seja, do foro estritamente fami-liar. E comecei a procurar os anúncios de emprego no “Jornal de Notícias” numa altura em que já me tinha licenciado.

VE - O Grupo Salvador Caetano foi pois o seu desti-no?

JS- Destino imediato em 1970 e por mais 36 anos! Na altura a Salvador Caetano tinha imperiosa necessidade de recrutar alguém com formação superior para “pôr ordem” na então nova linha de negócio: a representação da Toyo-ta. Inicialmente actuei como assistente pessoal do próprio sr. Salvador Caetano e considero que não foi muito difícil ultrapassar o desafio imediato, dado trabalhar em estreita articulação com uma grande organização - a Toyota -, a qual inundava os seus parceiros de sugestões, recomendações e suportes operativos, sendo nossa função adaptá-los à reali-dade portuguesa.

No Grupo Salvador Caetano tive pois uma carreira dita estável e sempre na área da representação Toyota. Eu era mes-mo conhecido pelo Senhor Toyota, que aliás é um conceito que a Toyota estimula e pretende incutir nas suas parcerias comerciais quando estas são feitas com organizações com-plexas: trata-se no fundo de um interlocutor privilegiado fornecedor/cliente, para além de toda a responsabilidade da coordenação da rede de comercialização constituída por con-cessionários.

De assistente pessoal do sr. Salvador Caetano passei a in-tegrar a hierarquia da empresa como Director do Departa-mento Toyota e depois com o desenvolvimento desta área de

negócio como Director da Divisão Toyota. Já na última fase da carreira assumi o cargo de administrador delegado para a área Toyota.

VE - O balanço é, pois, gratificante?JS- Sem dúvida. Pude com efeito ajudar a transferir para

a realidade portuguesa dois tipos de gestão ímpares: a gestão tipo japonês e a gestão tipo japonês da Toyota. Metodologias de “just in time”, melhoria contínua, procura das causas reais dos problemas, resolução de conflitos, etc., foram ferramen-tas usadas com comprovado sucesso.

VE- E qual a situação actual ?JS- Ao fim de 36 anos na Salvador Caetano, encontro-me

na situação de reforma, mas na Toyota e no Grupo Salvador Caetano a experiência acumulada nunca é deitada fora, razão pela qual pessoas como eu são chamadas a actuar como as-sessores e formadores, em determinadas situações. Por outro lado, fui recentemente eleito Presidente do Conselho Fiscal do Grupo Salvador Caetano.

VE- E as funções na Ordem dos Economistas o que representam para si?

JS- De certa forma, não deixam de nesta fase ser um “ho-bby”. Deixe-me dizer que sou um “economista tardio”, mas também a Ordem só foi criada em 1998.

Achei que nesta fase do percurso profissional poderia trazer um “apport” de experiência e designadamente a adquirida na vida associativa quando em nome da Salvador Caetano fui dirigente regional da ACAP (Associação do Comércio Auto-móvel). Candidatei-me ao lugar de Presidente da Delegação Regional Norte da Ordem e, tendo ganho a eleição estou cá para tentar revitalizar o espírito de classe, ajudando a impor os economistas no contexto sócio-profissional e naturalmen-te para alargar a base de associados. Gostaria que a Ordem dos Economistas incutisse nos seus membros associados e no exterior a credibilidade e respeitabilidade que outras conhe-cidas Ordens evidenciam. Vamos ver.

ENTREVISTA DE CARREIRA

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Somos leitores atentos dos artigos do psiquiatra Daniel Sampaio, particu-larmente quando versam o tema do

excessivo prolongamento da co-habitação dependente dos filhos com os pais, por in-teresse destes, ou daqueles ou de ambos.

A conclusão que tira é que os progeni-tores estarão a ser cúmplices numa práti-ca nefasta, geradora de imaturidade, com forte possibilidade de impacto negativo na vida futura.

Pegando neste postulado, vamos reflectir sobre este tipo de procedimento quando acontece nas empresas, organismos e ou-tras entidades empregadoras.

O comportamento das pessoas num determinado espaço costuma ser definido pela necessidade mais proeminente, embo-ra se saiba que nem sempre os motivos são para elas linearmente conscientes. Deste modo, o primeiro patamar de necessidades situa-se ao nível da subsistência, ou seja, dos alimentos, da roupa e da habitação. Quase sempre associadas à procura da ca-pacidade financeira para as suprir, são as designadas fisiológicas.

São, portanto, as que se sentem mais in-tensamente enquanto não forem de algu-ma forma providas, inibindo a motivação para se preocuparem adequadamente com outras necessidades.

Mas se ultrapassarem esta fase basilar, en-trarão no estágio seguinte, o da segurança, que se traduzirá no sentimento de terem conseguido livrar-se do medo da ameaça

física que representa a falta de meios para responder às necessidades fisiológicas essen-ciais. No fundo, ao avançarem um passo, preocupam-se com a estabilidade da auto-preservação. Vencido que seja este desafio, passarão a emergir como preponderantes as necessidades sociais, expressas na indispen-sabilidade de participar em vários tipos de grupos, ao que se seguirá a procura de não serem apenas mais um dentro do grupo e passando a sentir a necessidade de esti-ma, na dupla vertente tanto da auto-estima como no reconheci-mento pelos outros, que produzirá sensa-ção de confiança em si mesmas e até pres-tígio e algum poder. Aqui surge a possibi-lidade da pessoa não conseguir satisfazer a sua carência de estima através de uma postu-ra construtiva. Se a premência desta necessi-dade for tão dominante, poderá adoptar um comportamento perturbador, anti-social, imaturo e irresponsável, para satisfazer o seu desejo de atenção.

E se nas famílias os filhos se podem tor-nar rebeldes, nas empresas os trabalhadores poderão enveredar por negligenciar a sua função ou passar a discutir com os cole-

gas, por tudo e por nada, e também com as chefias.

Porém, se satisfeita a necessidade de es-tima, surgirá a da auto-realização, através da concretização do seu potencial, seja ele qual for, muitas vezes sem ter nada a ver com a actividade que têm desenvolvido com mais visibilidade.

Quem governa, administra ou gere deve conhecer estes me-andros da natureza humana.

Tal como os pais nas famílias, também nas outras organi-zações há gestores e chefias intermédias que se desgastam a tentar solucionar os problemas de traba-lho específico dos seus subordinados, como se não tivessem as suas próprias res-ponsabilidades, sem cuidarem enriquecer

a função daqueles através do aumento da amplitude e do desafio.

Criam um exército de gente dependente à sua volta. Não delegam, não confiam, só controlam as ninharias quotidianas.

Desta forma mantém o lema obsoleto de que a antiguidade é um posto. Porém, este tipo de chefias, infelizmente ainda muito em voga, assenta o poder na coerção, ba-

seada no poder e na conexão, estribada nas ligações a pessoas importantes ou influen-tes dentro e fora da organização. Ao fazê- -lo, situam-se elas próprias nos níveis mais baixos de maturidade, em termos das bases do poder.

Ficam muito longe da indispensável elevada maturidade, que se associa ao de-sempenho da função de coordenação com base na competência, na informação e na referência.

Os resultados da cultura da imaturidade provocada estão aí. Para as famílias, as célu-las base da sociedade, Daniel Sampaio tem apresentado o diagnóstico e os eventuais caminhos para se evitarem males maiores.

E nas células da economia que são as empresas, os organismos e as instituições? Vamos deixar que se continue a asfixiar a capacidade potencial da maioria dos jovens e pessoas de meia idade, até que eles desis-tam de lutar por sair do patamar da sub-sistência em que são mantidos por “quem manda”? Vamos continuar a levantar a ban-deira pesada da falta de produtividade, para justificar a escassa competitividade da nossa economia, sem olhar à questão das motiva-ções humanas? Ou optaremos, no processo de mudança em curso, por fazer interagir plenamente o ambiente tecnológico com a motivação humana, a estrutura dos diversos grupos e as características da autoridade de quem chefia? Se nada fizermos, não tardará que sejamos tratados pelos nossos parceiros como sendo os velhos imaturos da UE.

Os malefícios da imaturidade provocada nas famílias e nas empresas

António LAres dos sAntos

Cédula profissional nº 8337

sexta-feira, 11 Julho de 2008VI

Há chefias intermédias que se desgastam a tentar solucionar os problemas de trabalho específico dos seus subordinados, como se não tivessem as suas próprias responsabilidades

Jantar-debate com o Ministro das Finanças no casino

da Figueira da FozA Delegação Regional

do Norte da Ordem dos Economistas juntou-se à Associação dos An-tigos Alunos da Facul-dade de Economia do Porto na promoção de um jantar-debate que teve lugar no Casino da Figueira da Foz,no pas-sado dia 26 de Janeiro.

O jantar-debate com o ministro Teixeira dos Santos reuniu mais de 100 pessoas, entre as-sociados da AAAFEP, acompanhantes e con-vidados da Delegação Regional do Norte da Ordem dos Economistas. O convidado discursou sobre a situa-ção macroeconómica actual, nomeadamente sobre a conjuntura económica internacional, o défice orçamental e a política de in-vestimento.

ACTIVIDADES DA DELEGAÇÃO REGIONAL NORTE

A 2ª edição da “Semana Novos Economistas” realizou-se nas princi-pais Escolas Universitárias de Lisboa e do Norte, com um ciclo de confe-rências sobre o tema “Competências para carreiras de sucesso”. No Norte esta iniciativa marcou presença na Universidade do Minho, na Univer-sidade Católica do Porto e na Facul-dade de Economia da Universidade do Porto. Contou com a presença de oradores convidados, ligados pro-fissionalmente à gestão de recursos humanos e de um representante da Ordem que, entre alunos finalistas, proporcionaram um interessante de-bate.

SEMANA NOVOS ECONOMISTAS

Responsabilidade Editorial da Delegação Regional Norte da Ordem dos EconomistasRua Dr. Ricardo Jorge, 55, 3ª Dtº - 4050-514 PORTO • Tel. 222 055 670 • Fax. 222 083 008

E-mail: [email protected] artigos deste suplemento representam a opinião dos seus autores

e não necessariamente a da Ordem dos Economistas

FICHA TÉCNICA

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Realizou-se o 2º Jantar-Convívio de Economistas do Alto Minho. O evento contou com a presença do Basto-nário da Ordem dos Economistas, Dr. Murteira Nabo,

que efectuou uma palestra sobre a profissão do Economista.

O Jantar-Convívio decorreu na Estalagem Melo Alvim, na presença de 70 Economistas, não só do Alto Minho, mas também do Distri-to de Aveiro, Braga, Porto, e a presença muito especial do Decano-Presidente do Ilustre Co-légio de Economistas de Pontevedra, José San-tamaria.

O Bastonário da Ordem dissertou sobre a profissão do Economista e a intervenção da Or-dem na prática do acto económico, fomentan-do um interessante debate que ocorreu ao longo do Jantar. Intervieram alguns dos Economistas presentes, nomeadamente o representante do Ilustre Colégio de Economistas de Pontevedra.

A finalizar, o representante da Ordem dos Economistas em Viana do Castelo, Dr. Sintra Coelho, agradeceu a presença de todos e pro-

meteu que no próximo ano novos encontros se realizariam, com desenvolvimento de temas no interesse da Classe.

sexta-feira, 11 Julho de 2008 VII

O Orçamento de Estado para 2007 introduz alterações importantes quanto à eliminação da Dupla

Tributação Económica dos Lucros Distri-buídos. Mais concretamente, foi estabe-lecida no Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) a possibilidade da não tributação dos lucros recebidos por sociedades re-sidentes em Portugal provenientes de sociedades sediadas no Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Até 2006 o artigo 46º do Código do Im-posto sobre as Pessoas Colectivas (CIRC) apenas permitia a eliminação da dupla tributação dos dividendos recebidos se os mesmos fossem provenientes de socie-dades residentes em território nacional ou em outro Estado Membro da União Europeia se verificadas as seguintes con-dições:

• a sociedade que distribui tenha sede ou direcção efectiva no território nacional e esteja sujeita e não isenta de IRC;

• a sociedade que distribui os lucros é residente noutro Estado Membro da União Europeia e satisfaz os requisitos previstos no artigo 2º da Directiva Mães e Filhas — Directiva nº 90/435/CEE,de 23 de Julho;

• a entidade beneficiária não seja abran-gida pelo regime de transparência fiscal;

• a entidade que recebe os dividendos detenha uma participação no capital so-

cial da empresa que distribui os lucros igual ou superior a 10% ou com um valor de aquisição igual ou superior a 20.000.000,00J e esta tenha permaneci-do de modo ininterrupto, durante o ano anterior à data da colocação à disposição dos lucros ou, se detida há menos tempo, desde que a participação seja mantida du-rante o tempo necessário para completar aquele período;

Relativamente aos lucros distribuídos por sociedades residentes em outro Esta-do Membro da União Europeia, convém referir que os mesmos estão isentos de tributação na fonte se a entidade bene-ficiária detiver uma participação no ca-pital social de pelo menos 15% e esta te-nha permanecido na sua titularidade, de modo ininterrupto, durante dois anos e a sociedade que distribui os lucros satis-fizer os requisitos previstos no artigo 2º da Directiva Mães e Filhas. Isto significa que se uma sociedade portuguesa rece-ber dividendos de sociedades residentes em Portugal ou em outro Estado Mem-bro da União Europeia e se as condições acima referidas forem verificadas, não haverá qualquer tributação. A isenção de tributação dos dividendos recebidos só é, em regra, possível se tiverem proveni-ência nacional ou europeia (aqui leiase países pertencentes à União Europeia), não sendo possível a isenção se os divi-

dendos forem provenientes de países ter-ceiros (aqui leia-se países não pertencen-tes à União Europeia), significando que, se os lucros recebidos tiverem origem em países terceiros, serão tributados na fonte (às taxas previstas nas Convenções de Dupla Tributação, se existirem, ou às taxas previstas na legislação de cada país) e na residência, porque neste caso não é possível a eliminação da dupla tributação dos lucros distribuídos. De uma manei-ra geral, estas regras mantêm-se, apenas sendo excepcionados, a partir de 2007, os dividendos provenientes dos PALOP se as seguintes condições forem verifica-das:

• a entidade beneficiária dos lucros es-teja sujeita e não isenta de IRC e a socie-dade afiliada esteja sujeita e não isenta a um imposto sobre o rendimento análogo ao IRC;

• a entidade beneficiária detenha, de forma directa, uma participação que re-presente, pelo menos, 25% do capital da sociedade afiliada durante um período não inferior a dois anos;

• os lucros distribuídos provenham de lucros da sociedade afiliada que tenham sido tributados a uma taxa não inferior a 10% e não resultem de actividades gera-doras de rendimentos passivos, designa-damente “royalties”, mais-valias e outros rendimentos relativos a valores mobili-

ários, rendimentos de imóveis situados fora do país de residência da sociedade, rendimentos da actividade seguradora oriundos predominantemente de seguros relativos a bens situados fora do território de residência da sociedade ou de seguros respeitantes a pessoas que não residam nesse território, rendimentos de opera-ções próprias da actividade bancária não dirigidas principalmente ao mercado des-se território.

Poderá pensar-se que com a introdução desta norma o Estado português irá perder receitas fiscais por não tributar um rendi-mento que antes era tributado. Provavel-mente, os investimentos feitos nos PALOP eram intermediados por entidades que per-mitiam fazer chegar os dividendos às em-presas portuguesas sem tributação na resi-dência, o que significa que, em substância, o Estado português não verá a sua receita fiscal diminuída com esta alteração. O que, na prática, passa acontecer a partir de agora é que as empresas nacionais deixam de ter tantos incentivos a canalizar os seus inves-timentos nos PALOP por outras entidades (quer nacionais quer estrangeiras). Outra vantagem associada a esta alteração poderá ser a utilização de Portugal por sociedades estrangeiras para canalização dos seus in-vestimentos nos PALOP, em que Angola se apresenta neste momento como o país mais atractivo para investir.

Fiscalidade para análiseÓSCAR RODRIGUES VELOSO Cédula profissional nº 10814

II ExposIção “EconomIstas amadorEs dE pIntura”

A Delegação Regional do Norte da Ordem dos Economistas realizou a segunda edição da Exposição “Economistas Amadores de Pintura”, entre 12 a 26 de Maio, no Centro de Cultura e Congressos da Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos.

Esta actividade contou com a participação de 16 expositores com um total de 71 obras. A exposição teve grande afluência na sessão de abertura, que teve lugar no dia 12 de Maio, onde se proporcionou o con-tacto entre economistas fora do contexto profissional e o salutar convívio em torno de uma actividade em comum: a pintura.

actIVIdadEs da dELEGação rEGIonaL nortE

2º Jantar-conVÍVIo dos EconomIstas do aLto mInHo

A Delegação Regional Nor-te da Ordem dos Economistas organizou um Seminário sobre Fiscalidade, ministrado pelo Dr. Pinheiro Pinto, professor auxi-liar convidado da Faculdade de Economia do Porto e da Univer-sidade Católica Portuguesa.

A DRN continua empenha-da em promover a actualização de conhecimento dos seus as-sociados, estando já garantida a realização de outros eventos se-menlhantes.

sEmInárIo Em FIscaLIdadE

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Procedemento para a apresentación decomunicacións

O Consello Galego de Colexios de Economistas organiza o I Congreso de Economía da Eurorrexión Galiza-Norte de Portugal que se celebrará en Vigo os días 25 e 26 de setembro de 2008. Os participantes poden presentar os seus traballos relacionados cos temas que se enmarcan dentro do programa científi co do Congreso, que se divide en tres paneis:

PANEL 1: EMPRESA1.1 Sectores económicos eurorrexionais1.2 Turismo eurorrexional1.3 Espazo único de factores produtivos1.4 Agrupacións Empresariais Eurorrexión1.5 Creación conxunta de coñecemento empresarial 1.6 Financiamento empresarial na Eurorrexión

PAINEL 2: ECONOMÍA TRANSFRONTEIRIZA2.1 Infraestruturas de transporte na Eurorrexión2.2 I+D+i na Eurorrexión. A sociedade do coñecemento2.3 A política rexional como motor do desenvolvemento

económico da Eurorrexión2.4 Relacións económicas e comerciais dentro da Eurorrexión2.5 Investimento estranxeiro e comercio internacional na

Eurorrexión2.6 Potencialidades da Eurorrexión como espazo económico

en Europa

PAINEL 3: PROFESIONAIS3.1 As Corporacións dos profesionais no espazo da

Eurorrexión3.2 Actuacións dos profesionais nos proxectos transfronteirizos3.3 Propostas de colaboración entre os profesionais da

Eurorrexión3.4 Fiscalidade do espazo transfronteirizo3.5 O futuro plano das titulacións universitarias. Bolonia3.6 As actuacións profesionais no espazo único europeo

Procedimento para apresentação decomunicações

O Consello Galego de Colexios de Economistas (Conselho Galegodas Ordens dos Economistas) organiza o I Congresso de Economiada Euro-Região Galiza-Norte de Portugal que terá lugar em Vigo,nos dias 25 e 26 de Setembro de 2008. Os participantes podemapresentar os seus trabalhos relacionados com os temas incluídosno programa científi co do Congresso, que se divide em três painéis:

PAINEL 1: EMPRESA1.1 Sectores económicos euro-regionais1.2 Turismo euro-regional1.3 Espaço único de factores produtivos1.4 Agrupamentos de Empresas na Euro-Região1.5 Criação conjunta de conhecimento empresarial1.6 Financiamento empresarial na Euro-Região

PAINEL 2: ECONOMIA TRANSFRONTEIRIÇA2.1 Infra- estruturas de transporte na Euro-Região2.2 I+D+1 na Euro-Região. A sociedade do conhecimento2.3 A política regional como motor do desenvolvimento

económico da Euro-Região2.4 Relações económicas e comerciais dentro da Euro-Região2.5 Investimento estrangeiro e comércio internacional na

Euro-Região2.6 Potencialidades da Euro-Região como espaço económico

PAINEL 3: PROFISSIONAIS3.1 As Ordens profi ssionais no espaço da Euro-Região3.2 Intervenção dos profi ssionais nos projectos transfronteiriços3.3 Propostas de colaboração entre os profi ssionais da Euro-

Região3.4 Fiscalidade do espaço transfronteiriço3.5 O futuro plano dos títulos universitários. Bolonha3.6 A intervenção dos profi ssionais no espaço único europeu

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FiscalidadeJosé Ramos rejeita alegado favorecimento da produção nacional

Pág. VIII

Mitsubishi do traMagalEncomendas da Canter aceleram produção

Pág. VI

Psa de MangualdeAnterior geração do Citroën Berlingo e do Peugeot Partner em exclusivo

Pág. VI

gM da azaMbujaInstalações transformadas em “eco-industrial park”

Pág. V

Director-geral da AIMMAP isenta trabalhadores da baixa produtividade

“Governo trabalha demasiado para os rankings”

A produtividade dos trabalhadores portugueses melhorou nos últimos cinco anos, segundo o direc-tor-geral da AIMMAP. “Não aceito que se diga que os trabalhadores portugueses não são competitivos por natureza”, refere Rafael Campos Pereira, que atribui a principal fatia do bolo da culpa para a baixa produti-vidade ao Governo. “A falta de produtividade dos tra-balhadores portugueses resulta de uma enorme dificul-dade dos nossos governantes para dotarem a economia com as condições ideais para que a produtividade seja maior”, defende Campos Pereira, que não poupa cri-ticas ao Executivo, a quem acusa de “trabalhar para os rankings”, sem se preocupar com uma mudança real e incorrendo continuamente nos mesmos erros.

Quanto ao futuro do sector, é uma incógnita: “Não consigo antecipar nada, a não ser que é importante que se acompanhe o assunto da legislação laboral atenta-mente”.

Pág. IV

AFIA defende cooperação entre

empresas

IndústrIA Automóvel

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1257, de 11 Julho de 2008,

E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Associação dos componentes vai liderar negociações com a Renault para o Projecto Tânger

Pág. III

Secretário-geral da ACAP não duvida

Legislação laboral tem estrangulado investimentos

A alegada ausência de flexibilidade e adaptabili-dade da legislação laboral tem sido, segundo o se-cretário-geral da ACAP, Hélder Pedro, um dos principais entraves à com-petitividade da indústria automóvel nacional, pelo que considera, por isso, positivas as propostas de alteração ao Código do Trabalho.

Aliás, Hélder Pedro acredita que, à parte de o factor da lei laboral e a localização geo-estratégica, “Portugal tem um histórico de várias décadas de indústria auto-móvel, com um grande ‘know-how’, muita mão-de-obra qualificada e uma excelente indústria de compo-nentes”.

Pág. II

Apesar do ligeiro crescimento até Maio

2008 está a ser o segundo pior ano da década na produção automóvelNúmeros do ano passado foram influenciados negativamente pela “ausência” da GM, que encerrou em 2006

coMbustíveisAlta de preços pode ser oportunidade para carroçadores de autocarros

Pág. VII

Pág. II1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

70000

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2008 está, ainda assim, a ser o segundo pior ano dos últimos nove

Produção automóvel nacional com ligeiro crescimento até Maio

A produção automóvel nacio-nal registou um ligeiro acréscimo de 0,6% de Janeiro a Maio, para 79 505 unidades. Apesar da subi-da, 2008 está a ser o segundo pior exercício desde 1999 para a in-dústria automóvel lusa em termos de unidades montadas. Como se não bastasse, os números do ano passado foram influenciados ne-gativamente pela “ausência” da produção da General Motors de Azambuja, que cessou a activida-de no final de 2006.

Por segmentos, a produção de ligeiros de passageiros baixou 0,5% (para 59 775 unidades) e a de comerciais ligeiros subiu 1,9%, para 16 003 veículos. O maior crescimento face ao período ho-

mólogo de 2007 registou-se, po-rém, nos pesados, que cresceram 17,7%, para 3272 veículos. Do total de veículos produzidos em Portugal no período acumulado de Janeiro a Maio, 76 613 des-tinaram-se ao mercado externo, ou seja, 96,9%, enquanto apenas 3,1% (2437 unidades) dos veí-culos foram comercializados no mercado nacional.

Por fábricas, a Volkswagen Autoeuropa continua a ser a unidade com mais produção, e representam mais de 50% do total. Ainda assim, Palmela não evitou perder 3,1% face a igual período do ano passado. A se-gunda maior fábrica lusa é a PSA Peugeot Citroën de Mangualde,

que, com 28 885 unidades mon-tadas até Maio, o mesmo valor que em 2007, representa 36,5% dos automóveis bom “BI” portu-guês. No “ranking” da produção, seguem-se a Mitsubishi (5990), a Toyota Caetano (2686), e a VN Automóveis (1086).

Maio foi mês negativo

Se no acumulado os números, sem serem muito animadores, ainda são positivos, já a análise isolada do mês de Maio não é tão boa. A produção automóvel de-cresceu no mês de Maio de 2008 quando comparada com o mês homólogo do ano anterior, tendo sido produzidos 14 225 veículos

automóveis, ou seja, um decrésci-mo de 19,8%.

A produção de todos os tipos de veículos registou decréscimos significativos face ao mês homó-logo do ano anterior. Assim, a

produção de veículos ligeiros de passageiros teve uma redução de 22,5% e a de veículos comerciais ligeiros e de veículos pesados bai-xaram um pouco menos (-10,3% e -10,7%, respectivamente).

Afirma o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro

“Legislação laboral tem sido o grande factor de estrangulamento dos investimentos”

Vida Económica- Até Maio, a produção automóvel teve um ligeiro acréscimo de 0,6% de Janeiro a Maio, para 79 505 unidades. Como comenta?

Hélder Pedro- A produção au-tomóvel nacional revelou-se está-vel ao longo dos primeiros meses do ano. Isto na certeza de que este sector está muito exposto a sazo-

nalidade, isto é, está muito depen-dente da procura externa.

VE - Apesar da subida, 2008 está a ser o segundo pior exercí-cio desde 1999 e o ano passado foi influenciado negativamente pela ausência da GM. Isso pode ser um mau prenúncio?

HP - Nós achamos que não, que há condições para haver uma recu-peração com os vários produtos que estão previstos para as diversas fábricas. No curto prazo, perspec-tivamos que o segundo semestre de 2008 vai representar uma acelera-ção face ao exercício anterior. Efec-tivamente, como diz, e bem, há a falta da sexta fábrica nacional, a da General Motors, mas acreditamos que há condições para recuperar. Contudo, convém sublinhar que os mercados internacionais estão a descer, o que se reflecte na indús-tria portuguesa. Mais de 95% da produção portuguesa é para a ex-portação, grande parte para o mer-cado europeu, que decresceu nos primeiros meses do ano.

VE - Acha possível, em teoria, que venha a instalar-se uma nova fábrica automóvel em Por-tugal ou crê que esse cenário está afastado?

HP - Creio que esse cenário não está afastado. Nós temos que ver as condições geo-estratégicas do nosso país depois do alarga-mento da União Europeia (UE) a Leste. Este facto fez com que fosse alterado aquele que era o centro da Europa. Sendo Portugal um país periférico nesse cenário, já que está, de facto, no extremo oci-dental da Europa, fica mais longe daquela que é essa centralidade, região em que estão a ser feitos grandes investimentos. Contudo, convém frisar que Portugal tem um bom potencial em termos de indústria automóvel que não é despiciendo. Aliás, somos consi-derados a nível internacional um país com indústria automóvel, porque há países com dimensões geográficas semelhantes ao nosso que não têm indústria automóvel, como por exemplo a Dinamarca

ou a Finlândia. Pelo contrário, Portugal tem um histórico de vá-rias décadas de indústria automó-vel, com um grande “know-how”, muita mão-de-obra qualificada e uma excelente indústria de com-ponentes, o que também é muito importante para quem pondera fazer investimentos. Portanto, apesar desse défice de centralida-de, Portugal continua a ter muitas condições – e o Governo também está empenhado nisso – para po-der atrair um investimento na indústria automóvel. Isto apesar, claro está, do momento menos bom do sector à escala mundial.

VE - Além de nossa localiza-ção geoestratégica e do abaixa-mento mundial das vendas de automóveis, que outros obstá-culo realça para a existência de investimento na indústria auto-móvel nacional?

HP - Há dois concretos, para os quais já temos alertado. Um está relacionado com os factores de produção, que são os custos de

energia muito elevados. O outro aspecto, o qual tem sido muito discutido, é a questão laboral. De facto, há uma falta de flexibilida-de e adaptabilidade da nossa legis-lação laboral para uma indústria automóvel que tem muitos picos. Ou seja, a tal sazonalidade a que me referi, faz com que haja um pico de trabalho para que depois aconteça um atenuar da produ-ção…

VE - Vê, então, com bons olhos as alterações ao Código do Trabalho?

HP - Encaramos de forma po-sitiva, como, aliás, toda a indús-tria, estas alterações ao Código do Trabalho que foram anunciadas e que têm que ser aprovadas pela Assembleia da República. Acre-ditamos que é um princípio para que possamos caminhar para essa flexibilidade e adaptabilidade, cuja ausência tem sido, na indús-tria automóvel em concreto, o grande factor de estrangulamento dos investimentos.

AquIlEs [email protected]

A alegada ausência de flexibilidade e adaptabilidade da legislação laboral tem sido, segundo o secretá-rio-geral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), um dos principais entraves à competitividade da indústria automóvel nacional. Hélder Pedro considera, por isso, positivas as propostas de alteração ao Código do Trabalho. “Acreditamos que é um princípio para que possamos caminhar para essa flexi-bilidade e adaptabilidade, cuja ausência tem sido, na indústria automóvel em concreto, o grande factor de estrangulamento dos investimentos”.

II sexta-feira, 11 Julho de 2008 IndústrIa autoMóvel

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 200870000

80000

90000

100000

110000

120000

130000

O segundO PiOr dOs úLTiMOs nOve AnOs (JAneirO A MAiO)

Fonte: ACAP

LigeirA subidA de JAneirO A MAiO

Fonte: ACAP

Maio 2008 Janeiro-Maio 2008

Unidades Var. 08/07 Unidades Var. 08/07

Ligeiros de Passageiros 10 675 -22,5% 59 775 -0,5%

Comerciais Ligeiros 2827 -10,3% 16 003 1,9%

Veículos Pesados 723 -10,7% 3272 17,7%

Total Produção Automóvel 14 225 -19,8% 79 050 0,6%

AuToEuroPA E PsA lIdErAM (JAnEIro A MAIo)

Fábrica Modelos Produção dif. 08-07 (%) quota (%)

VW Autoeuropa VW Sharan, Seat Alhambra, VW Eos e VW Scirocco

40 043 -3,1 51,1

PSA Mangualde Peugeot Partner e Citroën Berlingo 28 885 0 36,5

Mitsubishi Fuso Truck Europe Mitsubishi Canter 5990 29,5 7,6

Toyota Caetano Toyota Hiace e Dyna e Optimo (autocarro) 2686 26,1 3,4

VN Automóveis Isuzu 1086 -10,4 1,4

Total 79 050

Fonte: ACAP

“Portugal tem um histórico de várias dé-cadas de indústria automóvel, com um grande ‘know-how’, muita mão-de-obra qualificada e uma excelente indústria de componentes”, afirma Hélder Pedro.

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“Mais do que uma ameaça, mercados emergentes, como, por exemplo, a China, a Índia ou a Rússia, podem ser um desa-fio”, nas palavras da directora-executiva da AFIA, Teresa Dieguez. “Hoje em dia, qual-quer sector é global e o automóvel é um dos que tem essa característica com mais notó-ria. Ou seja, se não conseguirmos subir na cadeia de valor e apresentar soluções mais inovadoras, não vamos sobreviver indepen-

dentemente da existência desses merca-dos”, explica a dirigente associativa. Segundo a mesma fonte, o cenário desta indústria tem-se complicado no que se re-fere aos factores de competitividade. “Isto é, os preços das matérias-primas aumenta-ram muito, preços esses que não tiveram acompanhamento nos valores de venda, pelo que, obviamente, aí se perdeu um par-te importante das margens”, advoga Teresa

Dieguez. Este facto teve, contudo, para esta respon-sável pela AFIA, alguns reflexos positivos na postura dos empresários portugueses. “O problema muito típico do individualismo dos portugueses fez com que muitos em-presários já tenham percebido que, se não unirem esforços e cooperarem, vão diminuir drasticamente a sua competitividade”, re-fere.

“Mercados eMergentes podeM ser oportunidade”

Vida Económica- De há um ano para cá, altura em que concedeu a última entrevista à “Vida Económica”, no sector de componentes para a indústria automóvel o cenário é mais animador?

Joaquim Valente de Almeida- Diria que não, salvaguar-dando determinadas questões. Em termos de futuro, as re-gras estão completamente diferentes, o que significa que as empresas para trabalharem na indústria automóvel terão que evoluir em vários sentidos. Um destes é uma gestão muito mais eficiente dos custos, porque muitas vezes os clientes já vêem com muita dificuldade a revisão do preço por peça, pelo que os fornecedores dificilmente podem fazer repercutir nos clientes os custos adicionais que têm que suportar. Ora, isso significa que o fornecedor tem que ser muito mais persuasivo para tentar revisões de preços e tem que ter uma gestão de custos muito eficiente, pois é por aí que pode melhorar um pouco a margem de lucro. Além disso, tem que ser incisivo juntos dos clientes em relação à produtividade. Isto porque es-tamos todos sujeitos a produtividades exigidas pelos clientes. E, neste momento, não podemos suportar essas exigências, já que alguns clientes estão a tentar, mais uma vez, repercutir no fornecedor custos que são seus. De facto, não há possibilidade de continuar a fornecer automóveis aos preços a que estes es-tão a ser vendidos, o preço tem que subir. Há claros aumentos em toda a cadeia produtiva, a começar logo nas matérias-pri-mas, o que significa que o cliente final tem que pagar esse aumento. Caso contrário, o risco é que deixe de existir um sector de componentes para a indústria automóvel. Aliás, essa tendência já existe. Se formos analisar o caso francês, nos úl-timos cinco anos o número de fornecedores para a indústria automóvel sofreu uma redução de mais de 50%. Em Espa-nha, também têm fechado muitas empresas de componentes. É verdade que isso tem significado uma pressão nos fornece-dores portugueses, porque, se os construtores de automóveis necessitam de fornecedores e se estes começam a desaparecer noutros pontos, Portugal acaba por crescer. Simplesmente, é bom que os portugueses se acautelem e não cometam os mesmos erros dos franceses e espanhóis. Outra questão im-portante é a da verticalidade. A nível global, têm-se registado no sector cada vez mais fusões e aquisições e Portugal tem tido nesse aspecto uma realidade diferente, com uma grande diversidade de empresas de pequena e média dimensão, o que dificulta um cenário de fusões e aquisições.

VE - Por isso é que a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) tem defendido a coopera-ção empresarial…

JVA - De facto, temos premido muitas vezes na “tecla” da necessidade da cooperação empresarial. É importante que cooperemos uns com os outros, no fundo como os espa-nhóis já fazem há muito tempo. Aliás, você hoje tem em Espanha alguns “clusters” automóveis, ao contrário do que acontece em Portugal, onde não há nenhum.

VE - No nosso país houve algumas tentativas de cria-ção de “cluster”. O que falhou?

JVA - Na minha opinião, o que matou todas as tentativas foi a que costumo designar como a principal característi-ca do empreendedor português: o individualismo. Neste momento, essa característica não é uma mais-valia, embora durante muitos anos essa o tenha sido durante muitos anos, é uma certidão de óbito. Porque nós não temos dimensão para, individualmente, fazermos as coisas que temos feito até agora. Nem sequer faz sentido. Isto porque tem custos muito elevados. Por exemplo, quando se criou a Associação Industrial de Águeda, o meu pai, que foi um dos funda-dores, tentou criar algo que já existia numa associação de Vigo, um laboratório que prestasse apoio aos associados. Moral da história, os custos que os galegos tinham nessa altura, e ainda hoje têm, eram mais competitivos do que os nossos. O que acontece agora é que na minha empresa tenho um laboratório tridimensional, mas grande parte das demais empresas também têm um, com todos os custos que daí advêm. Convém, contudo, sublinhar que os empresá-rios não foram os únicos responsáveis, cabendo uma quota também ao Estado. Por exemplo, se uma empresa quisesse concorrer a um PEDIP, tem, criar determinadas competên-cias, pelo que os empresários tinham que equacionar fazer investimentos, por exemplo, em laboratórios. De facto, hoje a solução passa, mais do que nunca, por cooperar.

VE - O que tem feito a AFIA nesse sentido?JVA - Temos desenvolvido vários contactos. Um dos mais

recentes foi, posso avançar-lhe, com a Renault de Cacia, por causa do Projecto Tânger. Com efeito, a AFIA já se posicio-nou nessa questão e, inclusivamente, já forneceu à Renault dados sobre o quê que existe em Portugal em termos de for-necedores para a indústria automóvel…

VE - E vêem da parte dos associados a percepção desse necessidade de cooperação neste projecto con-creto?

JVA - A vontade dos associados em fornecer a Renault em Tânger existe. Aquilo que vai ser o nosso maior desa-

fio vai ser conseguir demonstrar de forma inequívoca que, individualmente, não têm possibilidade. Por outro lado, neste caso específico, temos algumas vantagens acrescidas no sentido em que a Renault não vai aceitar que sejam os fornecedores a dirigir-se-lhe directamente. Por indicação da marca, quem vai pilotar o trabalho vai ser a AFIA. Isso tem, aliás, toda a lógica no actual cenário. A Renault é um grupo global e quer fornecedores globais. Mudar de fornecedor é um processo com custos elevados na actualidade, pelo que, individualmente, são poucas as empresas portuguesas com dimensão para se posicionarem como fornecedoras da Re-nault, até porque algumas são quase micro-empresas. Daí que a marca tenha posto com condição que a AFIA pilotasse as negociações. Ora, aqui a AFIA ganha uma responsabi-lidade acrescida, mas também é essa a nossa função: con-seguir congregar os associados em torno de um objectivo comum e criar soluções. E nesse aspecto a AFIA tem feito um excelente trabalho, embora ainda haja muito a fazer.

VE - O facto de o centro de gravidade desta indústria estar a deslocar-se para Leste é uma ameaça?

JVA - Não será tão elevada se as empresas portuguesas se in-ternacionalizarem, o que tem vindo a acontecer. Isso significa também um acréscimo de problemas para as empresas, uma vez que em Portugal não há um mercado de capitais, pelo que o financiamento de operações desta natureza é complicado. Tem que ser feito com recurso à banca, o que significa maior endividamento, o qual, neste momento, está a custar mais caro do que seria aceitável. Mas, em suma, é muito importan-te que as empresas portuguesas se internacionalizem. Não é só com o mercado português e espanhol que vamos sobreviver.

VE - Os industriais portugueses já estão a conseguir

subir na cadeia de valor, como o próprio ministro da Economia tem aconselhado?

JVA - Eu, como empresário, tenho subido nessa cadeia de valor porque é uma questão de sobrevivência, não há alter-nativa. Isto porque preciso de melhorar as minhas margens e só consigo fazê-lo se entrar, cada vez mais, em nichos de mercado. Até porque o custo da mão-de-obra ainda é uma vantagem competitiva para Portugal a nível europeu, desde que se faça uma boa relação qualidade/preço, contudo, há determinados processos pouco complexos que seria bom que pudessem ser feitos com menores custos de mão-de-obra. Daí que, repito, a internacionalização é importante, para conseguir compensar os aumentos que tem havido em matérias-primas como o aço e nos derivados do petróleo.

Fábrica de Marrocos vai arrancar em 2010

AFIA negoceia componentes portugueses para fábrica da Renault em Tânger A Associação dos Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) vai conduzir as negociações entre as empresas portuguesas de componentes e a Renault Nissan para o fornecimento da fábrica que o construtor está a erguer em Tânger, no Norte de Marrocos, e que deverá começar a produzir em 2010. “Por indicação da marca, quem vai pilotar o trabalho vai ser a AFIA. Isso tem, aliás, toda a lógica no actual cenário. A Renault é um grupo global e quer fornecedores globais. Mudar de fornecedor é um processo com custos elevados na actualidade, pelo que, individualmente, são poucas as empresas portuguesas com dimensão para se posicionarem como fornecedoras”, adianta, em entrevista à “Vida Económica”, o presidente da AFIA, Joaquim Valente de Almeida.

Teresa Dieguez (AFIA).

Segundo o presidente da AFIA, “hoje a solução passa mais do que nunca por cooperar”.

indústria autoMóvel iiisexta-feira, 11 Julho de 2008

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Vida Económica - Crê que a legislação laboral portuguesa é um obstáculo ao desenvolvimento da indústria automó-vel e de componentes em Portugal?

Rafael Campos Pereira - A legislação laboral é um factor de algum constrangi-

mento e inclui custos de contexto de toda a indústria nacional. Este é, claramente, um dos sectores onde uma legislação la-boral restritiva diminui a competitivida-de. Porque os fabricantes de componen-tes para a indústria automóvel têm como

clientes verdadeiros potentados que impõe contratos em que as partes acordantes têm dimensões muito diferentes. Isto faz com que haja mão-de-obra excedentária em nú-meros inacreditáveis. Mas temos esperança que, no âmbito da renovação da legislação laboral, este assunto possa ser resolvido.

VE - Mais flexibilidade, em particular no trabalho temporário, seria uma so-lução?

RCP - A questão dos despedimentos e uma flexibilização generalizada não é fun-damental. Acredito que se devia apostar numa melhor organização do tempo de tra-balho. Além disso, a mobilidade funcional tem que ser potenciada até às últimas conse-quências admissíveis. É óbvio que esta me-dida tem de ter em conta outros factores, como a vida social das pessoas. Mas temos que encontrar uma solução intermédia, tal como outros países encontraram. Relativa-mente à indústria automóvel, julgo que se devia pensar na possibilidade de remodela-ção dos contratos a termo e de prorroga-ção dos prazos. Nem falo tanto do trabalho temporário, mas mais dos contratos a ter-mo, onde o vínculo e a estabilidade entre a empresa e o trabalhador é maior.

VE - Em que plano está a formação de activos para a indústria automóvel e de componentes em Portugal?

RCP - Por um lado, quanto à taxa de cobertura da formação das empresas do sector metalomecânico em geral, há cada vez mais formação, é inegável. E as empre-sas apostam não por obrigatoriedade legal, mas por uma questão de gestão, pela cons-ciência da necessidade de formação. Por outro lado, o enquadramento jurídico-le-gal nesta matéria.

De facto, a AIMMAP - embora ainda esteja num período de dar alguma dúvida ao Governo - está muito céptica em rela-ção ao novo regime jurídico da formação profissional e, designadamente, por todo o esforço ser feito no sentido dos RVCC [reconhecimento, verificação, certificação e competência], que é meramente for-mal. Compreendemos que pode ter mui-to interesse para duas questões concretas: auto-estima dos trabalhadores e melhorar Portugal nos rankings de habilitações. Na prática, não está a funcionar. Este Gover-no tem sido especialista em trabalhar para o ranking, para a imagem exterior, cap-tando mais investimento estrangeiro. [ver destaque]

A legislação laboral é um factor de constrangimento na indústria automóvel e diminui a competitividade. A afirmação é do director-geral da Associação dos Indústriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), Rafael Campos Pereira, que acrescenta que a aposta do sector deve ser feita ao nível da mobilidade funcional e que a remodelação dos contratos a termo e prorrogação dos prazos deve ser equacionada. Para que a produtividade aumente, diz o dirigente da AIMMAP, o Governo tem de deixar de trabalhar para os rankings. (ver também destaque)

Mariana [email protected]

A produtividade dos trabalha-dores portugueses melhorou nos últimos cinco anos, segundo o director da Associação dos Indús-triais Metalúrgicos, Metalomecâ-nicos e Afins de Portugal (AIM-MAP): “Não aceito que se diga que os trabalhadores portugueses não são competitivos por nature-za.” Comparativamente com ou-tros países europeus, no entanto, Portugal ainda é um país de bai-xa produtividade. Rafael Campos Pereira atribui as culpas ao Gover-no. “A falta de produtividade dos trabalhadores portugueses resulta de uma enorme dificuldade dos nossos governantes de dotarem das condições ideais para que a produtividade seja maior”, defen-de a mesma fonte, que não poupa críticas ao Executivo, a quem acu-sa de “trabalhar para os rankings”,

sem se preocupar com uma mu-dança real e ocorrendo continua-mente nos mesmos erros.

Quanto ao futuro do sector, é uma incógnita: “Não consigo antecipar nada, a não ser que é importante que se acompanhe o assunto da legislação laboral aten-tamente”.

A Espanha pode ser um exem-plo a seguir, diz o director-geral da AIMMAP, tendo como “exemplo a Galiza, que conseguiu juntar à volta do grupo PSA um conjun-to de empresas espanholas, privi-legiando claramente a Espanha e a Galiza – coisa que em Portugal nunca se conseguiu fazer”.

Nem mesmo a Auto Europa conseguiu esse feito em Portugal, apesar da sua “força e posição no contexto político-económico por-tuguês”. Mas também é de realçar

que esse peso do grupo já o fez “precursor de algumas alterações na legislação laboral portuguesa”.

Aposta nos produtos e nas empresas aumenta competitividade

Problemas à parte, a competi-tividade das empresas portugue-sas está a aumentar. Essa realidade verifica-se na “crescente aposta na qualificação profissional, na certi-ficação, na propriedade industrial (Portugal é dos países em que tem havido mais aumentos na proprie-dade industrial), no investimento, na investigação e desenvolvimen-to e na responsabilidade social”. De facto, refere Rafael Campos Pereira, “a indústria portuguesa já alguns anos adquiriu a cons-ciência de que não pode compe-

tir com base no preço e tem que apostar nos produtos e nas em-presas”.

Também a imagem exterior de Portugal melhorou significativa-mente. Actualmente, temos de “projectar uma imagem para um

mundo global” e é numa análise comparativa que Portugal ganha mais. “Já não são apenas os ricos da América e Europa que nos ob-servam”.

M.P.

Trabalhadores isentos de culpa na baixa produtividade

“Governo trabalha demasiado para os rankings”A baixa produtividade atribuída aos trabalhadores portugueses não é um problema genético, mas antes o reflexo da “enorme dificuldade dos nossos governantes de dotarem o país das condições ideais para que a produtividade seja maior”, diz o director-geral da Associação dos Indústriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal – AIMMAP. O Executivo tem que deixar de “trabalhar para os rankings”, acrescenta.

IV sexta-feira, 11 Julho de 2008 IndústrIA AutomóVel

Director-geral da AIMMAP refere

“Legislação laboral diminui a competitividade”

A cooperação e partilha de conhecimentos e recursos entre empre-sas é o futuro. As empresas portuguesas não estão, tradicionalmente, muito envolvidas em operações de cooperação, mas a tendência pode alterar-se.

“Quando tivermos a noção de que, excluindo o ‘core-business’, tudo o resto pode ser partilhado e é susceptível de contribuir para o enri-quecimento dos outros e para o nosso, a coesão entre as empresas vai aumentar e vai enriquecer todas as empresas envolvidas.”

O director-geral da AIMMAP acrescenta que já têm criado “comis-sões e grupos de trabalho que partilham experiências ao nível da hi-giene e segurança no trabalho, da gestão de recursos humanos e ao nível da logística”.

CooperAção entre empresAs potenCIA o suCesso dos negóCIos

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Construtor não vai recorrer

da indemnização de 18 milhões

GM congratula-se por projecto potenciar emprego

A General Motors (GM) Portugal felicita-se pelo facto de os antigos ter-renos da fábrica de Azambuja virem a albergar um projecto que compreende a criação de postos de trabalho. “Como já tínhamos referido aquando do anún-cio do acordo de venda dos terrenos, congratulámo-nos com o facto de que lá se vá instalar um projecto que vai po-tenciar a criação de emprego”, referiu à “Vida Económica” o director de comu-nicação da empresa, Miguel Tomé.

Entretanto, a GM foi obrigada pelo Tribunal Arbitral a indemnizar o Esta-do português em cerca de 18 milhões de euros como reembolso dos incen-tivos financeiros entretanto recebidos. Sobre esta decisão, Miguel Tomé avan-çou que não vai haver recurso. “Logo no início do processo, anunciámos que iríamos aceitar a decisão do tribunal arbitral, fosse esta qual fosse”, sublinha o porta-voz da GM Portugal.

Segundo o acórdão, “ao ter encerra-do a fábrica do modo como o fez, o grupo GM quebrou a confiança do Es-tado português aquando da celebração do contrato e comprometeu os efeitos macroeconómicos que se pretendiam atingir. Consequentemente, há lugar ao reembolso integral dos incentivos financeiros recebidos”.

AP

Sonae Distribuição vai ser um dos inquilinos

Instalações da GM em Azambuja transformadas em “eco-industrial park”

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As antigas instalações da fá-brica da General Motors (GM) em Azambuja vão ser trans-formadas num “eco-industrial park” (EIP). Resultado de um investimento global de 82,5 mi-lhões de euros, este projecto de-verá estar operacional em 2010, devendo criar mais 1000 postos de trabalho.

A directora de marketing do grupo Turiprojecto, empresa que está a empreender este projecto imobiliário, referiu à “Vida Eco-nómica” que estes postos de tra-balho “não vão ser, forçosamen-te, de ex-funcionários da GM”. Ainda assim, Claudia Cardoso admite que muitas das empresas do EIP Azambuja serão PME, pelo que poderá haver lugares para os antigos trabalhadores da fábrica de automóveis.

Um dos primeiros “inquili-nos” conhecidos do parque é o grupo Sonae, que vai ali insta-lar um centro de distribuição. A sub-holding para a área de retalho, a Sonae Distribuição, tem como objectivo expandir a actividade logística, de suporte à sua rede de lojas, numa área de construção de aproximadamen-

te 110 000 m2. De recordar que o EIP contempla ainda a cons-trução de um edifício de utili-zação social (infantário), de um equipamento cultural (museu automóvel) e de um hotel. Isto além de espaços para a instala-ção das já referidas PME.

O funcionamento do par-que, um modelo inovador e sustentável, assenta em sistemas eco-eficientes, ao nível das ener-gias renováveis, tratamento de efluentes e escolha de materiais de construção, entre outros. “O conceito do EIP Azambuja é o

de um projecto de referência a nível nacional e internacional, com características aglutinado-ras e de consolidação da zona logística/industrial ‘prime lo-cation’, de acordo com as pre-ocupações de desenvolvimento económico sustentável, social e ambientalmente responsável”, sublinha Cláudia Cardoso.

O grupo Turiprojecto obte-ve um volume de negócios de cerca de vinte milhões de euros em 2007. Para o presente exer-cício, a empresa perspectiva crescer, embora não especifique valores. Para essa subida, tam-bém vai contribuir a promoção do parque logístico LogPlace Azambuja para o cliente FCC Logística. Com uma área de construção de 75 000 m2, à semelhança de outros projectos desenvolvidos pela Turiprojec-to, aposta, segunda a director de marketing da empresa “na qualidade de funcionalidade, na adequação às necessidades específicas do cliente e na ma-ximização dos benefícios am-bientais”.

Aquiles [email protected]

O “eco-industrial park” de Azambuja, que vai ocupar o ex-terrenos da GM, deverá ficar pronto em 2010 e vai potenciar a criação de mil empregos.

indústria automóvel vsexta-feira, 11 Julho de 2008

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Mitsubishi Fuso do Tramagal acelera produção

A Mitsubishi Fuso Truck Europe, no Tramagal, foi a fá-brica portuguesa com maior taxa de crescimento de Janeiro a Maio de 2008 face ao mesmo período de 2007 (cresceu 29,5% para 5990 unidades) e tem como objectivo até ao fim do ano produzir 11 750 unidades, o que corresponderá a um crescimento de 12% face ao exercício anterior. O pre-sidente da fábrica, Jorge Rosa, disse à “Vida Económica” que este crescimento tem como principal factor a “abertura de novos mercados no Leste Europeu” e o “crescimento efectivo em alguns mercados”.

A produção desta fábrica da marca japonesa de camiões

– que, ao contrário do que acontece com os automóveis, está integrada no grupo Daimler, que também é proprie-tário da Mercedes – remonta a 1980. O figurino actual (directamente participada da Mitsubishi Fuso Truck & Bus Corporation) existe desde 1996 e o modelo actualmente em produção é o veículo comercial Canter com peso bruto de 3,5 a 7,5 toneladas.

Questionado pela VE se, tendo em conta as várias deslo-calizações e novas aberturas que se tem registado no Leste da Europa e na Ásia, a indústria automóvel portuguesa e de toda a Europa Ocidental pode estar em risco, Jorge Rosa dá uma resposta curta. “Ao nível europeu não parece fa-zer sentido a questão. Relativamente a Portugal, existem alguns riscos, mas também boas oportunidades”, refere, apenas, o presidente da Mitsubishi Fuso Truck Europe, no Tramagal.

A fábrica da PSA de Mangualde está a produzir em ex-clusivo a anterior geração do Citroën Berlingo e do Peu-geot Partner, após a unidade de Vigo ter arrancado, em Janeiro último, com o projecto da nova geração dos mo-delos. Para o director-geral da unidade fabril portuguesa, Juan Muñoz Codina, este facto é, pelo menos no curto prazo, positivo. “Porque garante um volume de fabricação de modelos que se vendem bem e, também, assim pode priorizar-se os trabalhos diários para preparar um próxi-mo veículo na fábrica. De facto, integra-se mais activida-de e transforma-se a fábrica num centro principal para os modelos Berlingo First e Partner Origin”, referiu à “Vida Económica”.

Juan Muñoz Codina considera, aliás, que a natural de-saceleração das vendas da primeira geração “não será uma ameaça” para a fábrica de Mangualde “se esta conservar as suas características e a sua performance”. “De facto, o sa-ber fazer da fabrica está bem reconhecido pela direcção do grupo PSA. E, graças aos seus resultados, o futuro está em marcha em curto prazo”, segundo Codina. “Mais do que os números de produção, são as próprias características do centro, e na performance geral que permite trabalhar o futuro da fábrica com bastante serenidade”, acrescentou o entrevistado. Quanto a futuros modelos a produzir na unidade do distrito de Viseu, Juan Muñoz Codina refere que “ainda não se pode difundir esta informação”, mas avança que “existem soluções definidas e também projec-tos em fase de estudo”.

Os número de produção até Maio revelam que a fábrica lusa produziu os mesmos 28 885 automóveis que um igual período de 2007. Se esse facto já é por si só animado, o director da PSA de Mangualde refere ainda um quadro comparativo que indica crescimento homólogo. “Com excepção do efeito do calendário (dias em aberto), o que podemos dizer é que entre Maio de 2007 e Maio de 2008 a produção subiu 2%, de 279 para 285 veículos por dia”,

refere Codina. Como factores para este ganho de produti-vidade, o entrevistado indica o mercado e a organização da fábrica. “O primeiro factor é que o mercado dos veículos fabricados por Mangualde é favorável e permite fabricar ainda mais unidades. Além disso, há os factores indus-triais, conseguidos devido à grande implicação de todas as pessoas desta fábrica para alcançar a melhor performance a nível da qualidade de produção e da competitividade”, refere Juan Muñoz Codina.

Aquiles [email protected]

PSA de Mangualde com exclusivo da anterior geração do Berlingo e do Partner

História de sucesso de um cliente Lectra

Toyota Boshoku America utiliza a máquina de corte automática para acelerar elaboração de protótipos e aumentar rigor

A Toyota Boshoku America é um gran-de fornecedor de filtros e sistemas de inte-riores para automóveis. A empresa produz sistemas completos que incluem bancos, revestimentos de portas, material de tectos e tapetes. As instalações de Investigação e Desenvolvimento da Toyota Boshoku America em Novi, Michigan, desenvol-vem protótipos para veículos seleccionados Toyota e General Motors.

Novos desafios de produção

À medida que os fabricantes procuram satisfazer as exigências dos clientes de inte-riores silenciosos, confortáveis e sofistica-dos, os sistemas dos bancos têm-se tornado cada vez mais complexos e mais difíceis de produzir. Agora são integradas nos assentos novas funcionalidades, tais como assentos ajustáveis na parte inferior, sistemas de detecção de ocupantes, sistemas de aqueci-mento e de arrefecimento dos bancos, bem

como sistemas de entretenimento avança-dos. Os airbags de impacto lateral também são integrados dentro dos bancos, e por-tanto têm de poder abrir através das cos-turas do revestimento dos bancos exacta-mente no momento certo. Os calendários de desenvolvimento do produto também foram reduzidos — o período entre o con-ceito inicial e o protótipo é agora aproxi-madamente quatro semanas, ou seja, cerca de metade do que era apenas há uns anos.

No passado, os engenheiros da Toyota Boshoku America desenvolviam os protó-tipos através da digitalização de formas de banco de espuma, desenvolvendo os mo-delos, que eram na altura cortados à mão a partir de pele, vinil ou outros materiais. Esta abordagem era muito morosa e não oferecia a precisão necessária para satisfazer as exigências da indústria automóvel. O corte de uma única peça de revestimento podia levar duas ou três horas. A Toyota Boshoku America procura continuamente melhorar os seus processos de desenvol-vimento, por isso queria encontrar uma solução de corte que permitisse aos enge-nheiros acelerar a elaboração dos protóti-pos e assegurar que os modelos desenvol-vidos funcionassem da mesma forma em produção e na elaboração de protótipos. Após a avaliação de várias soluções de cor-te, a Toyota Boshoku America escolheu a máquina de corte automática VectorAuto-FX da Lectra, da nova geração.

“Escolhemos a máquina de corte Vecto-

rAuto da Lectra com base na nossa expe-riência anterior com as máquinas da Lec-tra”, afirmou Jon Gill, engenheiro-chefe do departamento de revestimentos. “Desde a elaboração inicial de protótipos até à pro-dução, a VectorAutoFX oferece a melhor precisão do mercado”.

Durante o processo de elaboração de protótipos, a Toyota Boshoku America utiliza o software de modelação Formaris da Lectra para a digitalização e a definição das peças dos moldes. O modelo é expor-tado para a aplicação DiaminoTechTex da Lectra, onde as colocações são criadas e posicionadas. As colocações são enviadas directamente para o sistema de corte au-tomático VectorAuto de modo a permitir uma melhor utilização do material e uma elevada produtividade.

Precisão e velocidade de corte inigualáveis

A Toyota Boshoku America trabalha com tolerâncias de corte muito rígidas no seu ambiente de produção. A equipa de Jon Gill realizou testes de corte com a VectorAuto e verificou as dimensões efectivas das peças cortadas, utilizando ferramentas de medi-ção dos sistemas CAD. “As peças cortadas eram mais rigorosas que o resultado do nos-so traçador”, afirmou Jon Gill. “A precisão é incrível. Conseguimos cortar raios muito rigorosos, de uma forma suave e contínua, em vez de obtermos cortes irregulares como

com as máquinas de corte de lâmina. As nossas peças são cortadas dentro das tole-râncias exigidas e conseguimos um melhor ajuste dos moldes às formas dos bancos”.

A melhoria na precisão de corte reduz o número de alterações de design que são normalmente necessárias nas instalações de produção devido a erros de corte ou dificuldades de produção. As equipas de produção podem agora avaliar os designs dos revestimentos enquanto estão a ser ela-borados os protótipos, sabendo que as pe-ças ficarão idênticas na produção. Jon Gill salientou também as economias de tempo. O que geralmente demorava horas, agora demora apenas alguns minutos, e a empre-sa consegue cortar 5 a 10 revestimentos de cada vez para a elaboração de protótipos.

“A VectorAuto da Lectra é também ex-traordinariamente versátil”, afirmou Jon Gill. “Cortamos com toda a facilidade todos os tipos de material automóvel, e o desempenho da máquina no vinil também é excepcional. Com a lâmina de velocida-de variável, existe menos fricção e menos acumulação de calor. Obtemos excelentes resultados, independentemente do que es-tivermos a cortar”. Agora, à medida que os períodos de desenvolvimento continuam a diminuir e os novos designs de bancos exigem da Toyota Boshoku America cons-tante inovação, é possível usufruir de uma nova solução de corte que ajuda a enfren-tar os mais recentes desafios da indústria automóvel.

VI sexta-feira, 11 Julho de 2008 INdústrIa automóVel

Legenda presidente da Toyota:

Legenda VectorAutoFX: Totalmente dedicada à pro-dução flexível, a VectorAu-toFX permite às empresas fazer face às necessidades de produção de pequenas e mé-dias séries.

SuSAnA CoSTAResponsável de marketing

e promoção de vendasda Lectra Portugalwww.lectra.com

Juan Muñoz Codina refere que “ainda não se pode difundir” informa-ções sobre futuros modelos, mas, avança, “existem soluções definidas e também projectos em fase de estudo”.

O modelo produzido pela Mitsubishi Fuso Truck Europe, no Tra-magal, é a Canter, com peso bruto de 3,5 a 7,5 toneladas.

Shuhei Toyoda é o presidente da Toyota Boshoku Corporation.

Opinião

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Reconhece o administrador-executivo da Caetano Bus, Jorge Pinto

“Subida dos combustíveis pode ser oportunidade para carroçadores de autocarros a médio prazo”A subida constante do preço dos combustíveis pode, de acordo com o administrador-executivo da Caetano Bus, ser uma oportunidade para as empresas carroçadoras de autocarros, já que os transportes públicos podem vir a ser mais utilizados. Em entrevista à “Vida Económica”, Jorge Pinto refere que a lógica aponta para o crescimento dos transportes mais eficientes em termos energéticos. ”Não me parece que o modelo actual seja sustentável no médio prazo. Assim, acredito que as soluções de transporte colectivo, que já estão a desenvolver-se irão desenvolver-se ainda mais”, vaticina Jorge Pinto.

Vida Económica - Como foi 2007 para a Caetano Bus?

Jorge Pinto - No ano passado produzimos 700 unidades e fac-turámos 75,5 milhões de euros, com um resultado operacional de 7,5 milhões. Estes números fazem com que 2007 tenha sido um ano recorde na história da empresa, não em termos de unidades, mas no que se refere ao volume de ne-gócios e aos resultados. De resto, este desempenho não deverá re-petir-se este ano, já sabemos. Isto porque estamos, de algum modo, a sentir o impacto da quebra que esta indústria está a sentir a nível europeu, sobretudo no Sul do continente.

VE - Quais os objectivos para 2008?

JP - Ainda estamos a prepa-rar as previsões, mas tudo apon-ta para que haja uma quebra no volume de facturação. Contudo, temos um desafio importante que é a manutenção da rentabilidade que tivemos em 2007, o que va-mos conseguir, desde que não haja até ao fim do ano nenhuma condicionante extraordinária.

VE - A subida constante dos preços dos combustíveis pode ser uma oportunidade para o mercado carroçador de auto-carros, já que potencia o uso de transportes públicos?

JP - Isso é uma grande incógni-ta. Contudo, estou em crer que a lógica aponta para o desenvolvi-mento de tudo o que são trans-portes eficientes. E, obviamente, um transporte colectivo é mais eficiente do que um transporte

pessoal, sendo que, regra geral, estas evoluções são conduzidas pelo aspecto económico. Como é óbvio, se as pessoas começarem a sentir mais dificuldades econó-micas e lhes custe mais comprar combustível, vão começar a uti-lizar mais os transportes públi-cos, pelo que a subida do preço dos combustíveis pode ser uma oportunidade para os carroçado-res de autocarros a médio prazo. Parece-me que o cenário caminha nesse sentido, porque não me parece que o modelo actual seja sustentável no médio prazo. As-sim, acredito que as soluções de transporte colectivo, que já estão a desenvolver-se, irão desenvol-ver-se ainda mais.

VE - À parte da localização geográfica [ver caixa], o país pode tornar-se competitivo como carroçador ou considera que há lacunas?

JP - Acho que este sector em Portugal pode crescer. O nosso custo de mão-de-obra quando comparado, por exemplo, com o inglês, tem diferenças por pes-soa superiores a 20 000 euros por ano. Por isso, acredito que, se bem gerida, uma empresa nacio-nal deste sector pode ter sucesso, desde que se tenham em atenção os factores de competitividade. Basicamente, estes são quatro. Um é a inovação e o design. Aí temos um conjunto de institui-ções que podem e estão a ajudar e

que não nos deixam ficar mal em termos europeus. Outro factor de competitividade é a produtivida-de. Esta é um desafio para todo o país e passa muito por aquilo que se pode fazer nas empresas, mas passaria também por uma altera-ção da legislação laboral nacional. Outra questão relacionada com a competitividade é a qualidade. E esta depende, essencialmente, das empresas, que têm de criar os mecanismos para consegui-la. E agora junta-se a estes um outro factor, que é a sustentabilidade. Este último é importante desde logo pela responsabilidade social – temos que tentar proteger as ge-rações vindouras –, mas também porque contribui para a compe-titividade. Estou convencido que vai haver uma progressiva norma-lização no que respeita aos recur-sos e ao impacto ambiental e não tenho dúvidas de que as empresas que se prepararem mais cedo nes-te aspecto vão ter uma vantagem competitiva. Aqui na Caetano Bus estamos neste momento a discutir o que teremos que fazer e investir para termos uma fábrica sustentável.

VE - Agora, a pergunta do milhão de euros. Se tivesse que apostar no sector carro-çador a um prazo de 20 anos, fazia-o?

JP - Não tenho resposta para isso. Sinceramente, nunca pen-sei a tão longo prazo. O que sei é que, por exemplo, o grande ven-dedor têxtil da Europa é a Ale-manha. E o têxtil está associado a uma produção em que os custos com a mão-de-obra são muito importantes. No entanto, os ale-mães estão à frente. Isto porque têm design e, embora tenham plataformas de produção fora do país, também as têm na Alema-

nha. Portanto, têm produtos de alto valor acrescentado. Enfim, depende muito do rumo que dermos ao sector. Se, claramente, queremos apostar na produção de baixo custo para tentarmos ser competitivos apenas pelo preço, acho que não temos grande fu-turo. Por exemplo, em Marrocos o custo de mão-de-obra ronda os três euros por hora. Agora, se for-mos pelo caminho da diferencia-ção de produtos, com maior valor acrescentado, o sector carroçador português pode ter futuro.

AQuilES [email protected]

Bloqueios tornam “mais evidentes as nossas limitações”

Vida Económica - o recente bloqueio dos camionistas teve algum impacto na empresa?

Jorge Pinto - Nós temos cadências de produção rela-tivamente longas, pelo que não fomos muito afectados. Houve pequenas falhas, mas que não obrigaram à paragem da produção. Porém, segundo um relatório da nossa logís-tica, se a situação não tivesse sido desbloqueada, começarí-amos a ter problema a partir da segunda ou terça-feira da semana seguinte ao bloqueio.

VE - Esse bloqueio teve semelhanças com as que aconteceram em Espanha e França. o facto de sermos um país periférico afecta mais a competitividade na-cional em altura destas?

JP - Não sinto isso de for-ma tão gritante desde que eu estou no grupo Salvador Ca-etano, sentia-o mais quando trabalhava na Blaupunkt, em Braga. Com efeito, em cená-rios destes, tornava-se muitas vezes necessário abastecer as fábricas de automóveis recor-rendo a aviões.

VE - o que representa mais um custo na cadeia de valor…

JP - E havia mais probabi-lidades de haver problemas de atrasos de encomendas. Isso, de facto, mostra a nossa de-bilidade como país abastece-dor dos mercados da Europa Central. Porque, normalmen-te, defrontávamos três proble-mas: ou a greve em Portugal, em Espanha ou em França. De facto, nestas alturas são mais evidentes as nossas limitações, quando comparados com, por exemplo, a República Checa ou a Hungria.

O autocarro de “bandeira” da Caetano Bus é o Cobus, que, no ano passado, foi responsável por 320 unidades, quase metade da produção da fábri-ca da Salvador e Caetano e da Evobus (a divisão de autocarros da Daimler). Produzido em Vila Nova de Gaia, aquele que é o autocarro mais emblemático dos aeroportos mundiais tem uma história curiosa. “Começou com o Aeroporto de Zurique a dirigir-se a uma empresa suíça, que ainda hoje é nosso parcei-ra, a Hess, e propôs-lhes que desenhassem um au-tocarro que estivesse de acordo com os requisitos do transporte de passageiros. Esta empresa começou a produzir o Cobus, mas não tinha uma estrutura de comercialização para o veículo. Entretanto, dois alemães, os senhores Kamps e Elbel, propuseram-se a fazer a comercialização e começaram a expan-dir a actividade. Ora, isso obrigou a mais fundos e capacidade de produção, o que veio a desencadear na entrada do grupo Salvador Caetano no capital da Contrac, a empresa que os dois empreendedores alemães criaram entretanto”, conta Jorge Pinto.

O sucesso do Cobus tem sido grande e as mangas dos aeroportos não são uma ameaça. “Em grandes aeroportos, o avião aterra e, quando vai para a man-ga, vai ter de percorrer uma distância considerável até lá chegar”, refere o entrevistado, que esclarece que “o tempo de imobilização para a companhia aé-rea é maior na manga”. Além disso, as companhias “low cost” têm tido grande desenvolvimento e apos-

tam muito em aeroportos de menores dimensões, que, muitas vezes, nem sequer estão equipados com mangas. Um outro aspecto importante é que o Cobus é passível de ser utilizado em cerca de 1200 aeroportos em todo o mundo e neste momento é utilizado em sensivelmente 400, pelo que “há opor-tunidade de crescimento”, segundo Jorge Pinto.

Além disso, segundo o administrador-executivo da Caetano Bus, o autocarro pode ter outros cenários em que pode ser utilizado, em vez de outros veícu-los, fora do seu mercado de origem, os aeroportos, embora também fora de estrada. “Estamos a falar em identificar alguns nichos de procura que podem usar o Cobus para transportar muitas pessoas em distância curtas”, refere a nossa fonte, que, sem o indicar, não nega que esses mercados podem, por exemplo, ser grandes exposições ou fábrica de gran-des dimensões.

Cobus, o autoCarro dos altos voos

indústria automóvel viisexta-feira, 11 Julho de 2008

Jorge Pinto sobre o desempenho da Caetano Bus este ano: “Temos um desafio importante que é a manutenção da rentabilidade que tivemos em 2007”.

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O vice-presidente da Toyo-ta Caetano Portugal, José Ramos, rejeita a posição

da Comissão Europeia (CE) face ao alegado favorecimento da pro-dução nacional por parte da tribu-tação lusa. Recorde-se que, no mês passado, Bruxelas incitou Portugal a alterar a tributação automóvel. Na base da decisão está o facto de, de acordo com aquele organismo co-munitário, haver “diferença de tra-tamento entre operadores registados e operadores reconhecidos que con-duz a uma discriminação em relação aos veículos produzidos nos outros Estados-membros”. Se a legislação nacional não for alterada de modo a dar cumprimento ao parecer funda-mentado, a CE pode decidir instau-rar uma acção no Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias.

José Ramos, que também é res-ponsável pela fábrica que a marca japonesa tem em Ovar, disse à “Vida Económica” que, independentemen-te da questão jurídica em apreço, “a qual competirá ao Estado português contestar”, considera que a questão de fundo colocada pela CE “não faz qualquer sentido”. Segundo o vice-presidente do grupo Salvador Ca-etano, o pretenso favorecimento à indústria portuguesa não existe, “até porque, infelizmente, só cerca de 4% da produção nacional” é que se des-tina ao mercado interno. “Por outro lado”, acrescenta o executivo, “mal iriam as empresas se utilizassem o pe-ríodo de suspensão de três anos” para liquidar o imposto, após a declaração aduaneira. “O caso em apreço não tem pois qualquer aplicação prática na nossa indústria e bom seria que a

Sobre o alegado favorecimento fiscal da produção nacional

José Ramos rejeitaposição de Bruxelas

A Toyota iniciou na Europa um plano de actividades para desen-volvimento de fábricas sustentá-veis. Desenvolvida no âmbito da estratégia da marca de redução do impacto ambiental, a medida arrancou nas unidades mais im-portantes da Toyota na Europa: em França (Valenciennes) e no Reino Unido (Burnaston e Deeside). Se-gundo o fabricante, o plano prevê a implementação de várias activi-dades pioneiras na produção sus-tentável de veículos e de motores. Cada fábrica vai adoptar uma série de tecnologias e procedimentos de forma a alcançarem os ambiciosos objectivos ambientais previstos para 2010, os quais incluem uma redução de 25% na utilização de água em todas as unidades euro-peias da Toyota.

Segundo a marca, estas práti-cas vão ser alargadas a todas as suas fábricas, numa fase posterior. Uma destas poderá ser a fábrica de Ovar, que, por ser detida pelo construtor japonês a 27% – o ac-cionista maioritário é o grupo Sal-vador Caetano –, não foi incluída no plano de actividades. Todavia, fonte da unidade ovarense avançou ao nosso jornal que as actividades desenvolvidas na produção da Hia-

ce, Dyna e Optimo seguem planos integrados e rigorosos de redução e tratamento de resíduos que são desenvolvidos pela Toyota Japão e Europa, “o que coloca esta fá-brica numa posição de destaque no que a prestação ambiental diz respeito”. A mesma fonte recorda “a menção honrosa alcançada pela empresa no programa do governo PRERESI de 2006/7, que consis-tiu na implementação de medidas de prevenção, redução e tratamen-to de resíduos com perspectiva de uma maior eficiência ambiental e de custos”.

“Veículos ambientalmente res-ponsáveis deverão provir de fá-bricas ambientalmente responsá-veis”, segundo o vice-presidente executivo da Toyota Motor Europe. Didier Leroy acrescenta que “uma unidade fabril sustentável é uma poderosa ferramenta para ajudar as marcas a reduzirem significati-vamente a pegada ecológica” dos seus automóveis. “A capacidade e tecnologias empregues nas unida-des TMUK [Reino Unido] e TMMF [França] traduzem-se numa apli-cação eficiente e ambientalmente correctas em todos os processos de produção de veículos e de moto-res”, defende.

ToyoTa inicia plano para fábricas susTenTáveis na europa

VIII sexta-feira, 11 Julho de 2008 IndústrIa automóVel

IndústrIa nacIonal de fora do projecto NissaN de veículos eléctricos

O projecto de veículos eléctri-cos que a Nissan apresentou esta semana não vai, pelo me-nos numa fase inicial, contar com a colaboração da indús-tria portuguesa de componen-tes. No que o construtor admi-te a colaboração dos agentes económicos portugueses é na implementação da logística necessária às plataformas de abastecimento do modelo mo-vido a electricidade, que “vai chegar a Portugal entre o fim de 2010 e o início de 2011”. Os veículos vão ser produzidos no Japão, numa “joint-ven-ture” entra a Nissan e a NEC Corporation, e vão ter uma au-tonomia superior a 100 km.

O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Basílio Horta, referiu que há “possibilidades de investimen-to relacionados com esse pro-jecto”, ressalvando, contudo, que “é a possibilidade, não é a certeza de algum investimen-to”. Sobre o veículo, o líder da AICEP afirma que “anda como se fosse um carro a gasolina”e que vai “revolucionar” a eco-nomia e o mercado dos com-bustíveis. Mais detalhes sobre o projecto serão publicados na próxima edição da “Vida Eco-nómica”.

AP

em destaque

Inapal metal vai abrir fábricaem espaNha

A Inapal Metal vai investir 3,8 milhões de euros na criação de uma fábrica de peças metáli-cas para o sector automóvel, em Tarazona, Espanha. Esta operação marca a entrada da empresa no mercado interna-cional e coloca-a lado a lado de um cliente com a dimensão da General Motors (GM). A nível logistíco esta operação é também positiva, estando a Inapal Metal a trabalhar para o novo modelo Opel da fabri-cante norte-americana, como já admitiu o presidente da Inapal, Aloísio Leão. A GM, dois anos após a saída de Portugal, continua a gerar trabalho para as empresas portuguesas: actualmente, a Inapal já fornece cerca de

70 mil peças para a fábrica da GM instalada em Figue-ruelas, donde saem também os modelos Combo, Corsa e Meriva.Com início da actividade pre-visto para Março de 2009, a nova fábrica prevê duplicar o número de trabalhadores e atingir outros fabricantes em Espanha (como a Renault, Seat e Volkswagen). Depois deste primeiro passo no mer-cado internacional, a Inapal Metal parece estar atenta à Coreia. As peças podem ter também como destino a Ale-manha, Bélgica, Inglaterra e Polónia.

MAriAnA [email protected]

comissão europeia apoIa trabalhadores despedIdos

É uma ajuda preciosa em tempo de crise: o Fundo Eu-ropeu de Ajustamento à Glo-balização (FEG) entregou 2,4 milhões de euros a Portugal, destinados a auxiliar 1549 trabalhadores da indústria automóvel, que foram despe-didos, a encontrar novo em-prego. “A indústria automóvel europeia ressente-se da evo-lução da procura e das estru-turas de produção, quando os fabricantes procuram lo-calizações mais baratas para a produção de automóveis e camiões. É o que acontece em Lisboa e no Alentejo.” O comissário checo, responsá-vel pelo emprego, Vladimír Spidla, justificava assim as verbas disponibilizadas para Portugal. As verbas vão auxiliar ex-tra-balhadores de três empresas: a Alcoa Fujikura (na região de Lisboa), a General Motors Portugal (Azambuja) e a Jo-hnson Controls (Portalegre e de Nelas). As empresas em causa decidiram encerrar as suas fábricas, alegando

uma deslocação da procura, a crescer sobretudo fora da Europa. De facto, a posição periférica de Portugal face aos grandes pólos de crescimento do mer-cado mundial do automóvel coloca-o longe dos centros de produção que estão a deslo-car-se para regiões com cus-tos logísticos e de transporte inferiores.A assistência do FEG inclui orientação profissional, apoio ao empreendedorismo, reco-nhecimento de qualificações e certificações para os trabalha-dores despedidos, prevendo um custo de 4,8 milhões de euros, cabendo 2,4 milhões à Comissão Europeia. O Fundo, criado em finais de 2006, ajudou recentemente 675 trabalhadores de Malta (681 mil euros), e está ainda a analisar mais quatro pedi-dos de intervenção apresenta-dos pela Itália (três pedidos) e Espanha (um). Até à data, o FEG já distribui 21,7 milhões de euros.

MP

Comissão avançasse com outros casos da maior importância, como é o da incidência do IVA sobre o Imposto Sobre Veículos (ISV)”, remata.

A posição de José Ramos é, de resto, a mesma da Associação Auto-móvel de Portugal (ACAP), de que, aliás, o vice-presidente da Toyota Caetano Portugal é o actual presi-dente. A associação defende que esta questão tem pouca importância e que Bruxelas tem outros assuntos sobre os quais se deve debruçar em vez deste. “A CE deveria era preocupar-se com questões mais importantes, como por exemplo a dupla tributação de IVA

sobre ISV que existe na fiscalidade automóvel portuguesa. Essa sim é uma questão vital”, afirmou, em de-clarações ao nosso jornal, o secretá-rio-geral da ACAP.

Hélder Pedro pensa que “esta é uma não questão, até porque no nos-so país não há veículos a serem ma-triculados sem estarem pagos”. Além disso, acrescenta a mesma fonte, “dos automóveis produzidos em Portugal, apenas cerca de 4% é que se destinam ao mercado nacional, o que é um vo-lume perfeitamente residual”.

suspensão de impostode três anos e não seis meses

Na base da decisão da CE está o código de ISV português. Este refere que um operador registado (sujeito passivo que se dedica habitualmente à produção, admissão ou importação de veículos tributáveis) pode deter um veículo em suspensão de imposto durante um período máximo de três anos, ao passo que um operador re-conhecido (sujeito passivo que, não reunindo as condições para se cons-tituir como operador registado, se dedica habitualmente ao comércio de veículos tributáveis) pode detê-lo nesse regime por um período de seis meses.

De acordo com a CE, resulta tam-bém da lei nacional que os veículos fabricados em Portugal só podem ser fornecidos por operadores regista-dos, que podem detê-los em regime de suspensão de imposto durante um período máximo de três anos, en-quanto os veículos produzidos fora do país, novos ou usados, podem ser comercializados tanto por operado-res registados como por operadores reconhecidos. “Assim, o desvanta-joso período máximo de seis meses de suspensão de imposto nunca se aplica aos veículos automóveis novos fabricados em Portugal”, conclui o organismo comunitário.

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“O caso em apreço não tem pois qualquer aplicação prática na nossa indústria e bom seria que a Comissão avançasse com outros casos da maior importância, como é o da incidência do IVA sobre o ISV”, de acordo com o vice-presidente da Toyota Caetano Portugal.