gestão financeira como ferramenta de gestão das pequenas e microempresas

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TCC apresentado à Fecap

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  • FUNDAO ESCOLA DE COMRCIO LVARES PENTEADO

    CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE SO PAULO

    CRC-SP

    CURSO DE PS-GRADUAO LATO-SENSU

    rea de Concentrao: Controladoria

    GESTO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA DAS PEQUENAS E

    MICRO EMPRESAS

    Mrio Kyoshi Kato

    Sara Reis Lobo Garcia

    Srgio da Rocha Paris

    Orientadora: Prof Manuela Tavares Padovani Ikeda

    SO PAULO

    2008

  • FUNDAO ESCOLA DE COMRCIO LVARES PENTEADO

    CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DE SO PAULO

    CRC-SP

    CURSO DE PS-GRADUAO LATO-SENSU

    rea de concentrao: Controladoria

    Mrio Kyoshi Kato

    Sara Reis Lobo Garcia

    Srgio da Rocha Paris

    GESTO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA DAS PEQUENAS

    E MICRO EMPRESAS

    Trabalho de Concluso do Curso de

    Controladoria apresentado Fundao

    Escola de Comrcio lvares Penteado

    como parte dos requisitos para concluso

    do curso de Ps-Graduao em

    Controladoria em convnio com o

    Conselho Regional de Contabilidade de

    So Paulo para obteno do ttulo de

    Especialista em Controladoria.

    Orientadora: Prof Manuela Tavares Padovani Ikeda

    SO PAULO

    2008

  • AGRADECIMENTOS

    O mrito deste trabalho deve-se, prioritariamente, a Deus, a quem

    agradecemos por todas as bnos at hoje recebidas, no obstante ns

    cometermos falhas, Ele, com sua grande misericrdia esteve sempre presente em

    tudo que realizamos, dando-nos foras e trazendo-nos conforto nos momentos mais

    difceis de nossas vidas.

    Agradecemos as nossas famlias que, com muito carinho e compreenso,

    possibilitaram a realizao deste trabalho.

    No poderamos deixar de agradecer tambm a nossa orientadora,

    professora Manuela, pela sua pacincia e dedicao.

  • RESUMO

    As pequenas e microempresas representam uma opo atraente e fundamental para a economia paulista, podendo sua importncia econmica e social ser confirmada pelas pesquisas apresentadas pelo Sebrae-SP, que mostra o nmero de empresas registradas na Jucesp e o percentual de gerao de emprego. Porm, como, segundo a pesquisa, a maioria das pequenas e microempresas tende a encerrar suas atividades nos primeiros anos, resolveu-se que merecia maior ateno identificar e analisar os principais fatores que provocam o alto ndice de mortalidade das mesmas. Em virtude das dificuldades encontradas pelas pequenas e micro empresas, foi proposto a anlise daquelas que estivessem ao alcance, como as financeiras, para os quais poderamos apresentar ferramentas de gesto que julgou-se serem necessrias para auxiliar os empreendedores na busca pelos resultados esperados. Como ferramenta de gesto, apresenta-se o fluxo de caixa, e para a sua administrao, como material complementar, o estudo de custos, margem de contribuio, ponto de equilbrio e a formao do preo de venda.

    Palavras-chave: Pequenas e Microempresas. Ferramentas de Gesto. Gesto

    Financeira.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 07

    1.1 O problema da pesquisa 08

    1.2 Delimitao do tema 08

    1.3 Objetivos do estudo 08

    1.4 Justificativa para elaborao do estudo 09

    1.5 Definio do tipo de pesquisa 11

    2 REVISO DA LITERATURA 11

    2.1 Empresa 12

    2.1.1 Associaes 12

    2.1.2 Sociedade simples 12

    2.1.3 Empresrio 13

    2.1.4 Sociedade empresria 13

    2.2 Enquadramento como pequena e microempresa 13

    2.3 Contabilidade 14

    2.3.1 Conceitos de Contabilidade 14

    2.3.2 Custos 15

    2.3.2.1 Terminologia de custos 16

    2.3.3 Princpios contbeis 21

    2.3.3.1 Princpio da Entidade 22

    2.3.3.2 Princpio da Continuidade 24

    2.4 Ferramentas de gesto 26

    2.4.1 Ponto de Equilbrio 26

    2.4.2 Margem de Contribuio 28

    2.4.3 Formao de preos 30

    2.4.4 Fluxo de Caixa 32

    3 GESTO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA DAS PEQUENAS E

    MICROEMPRESAS 36

    3.1 Exemplo do clculo de Ponto de Equilbrio e Margem de Contribuio 36

    3.2 Exemplo de clculo de mark-up 36

    3.3 Fluxo de Caixa 39

    3.3.1 Exemplo de Fluxo de Caixa adaptado para a pequena e microempresa 39

  • 3.3.1.1 Exemplo de Fluxo de Caixa controlado 40

    4 CONCLUSO 42

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 43

  • 7

    1 INTRODUO

    O presente trabalho tem como objeto de estudo as pequenas e

    microempresas paulistas, devido sua importncia no cenrio econmico, conforme

    pesquisa do Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas - Sebrae-

    SP Sobrevivncia e Mortalidade das Empresas Paulistas de 1 a 5 anos Edio

    2005.

    Investiga o desafio de sobrevivncia dessas pequenas organizaes e busca

    identificar os principais fatores internos e externos que exercem influncia sobre o

    seu sucesso ou insucesso. Diante de tais fatores, este trabalho objetiva abordar,

    especificamente a problemtica da discutvel capacidade gerencial, ou seja, sua

    fragilidade administrativa, como podemos observar na pesquisa apresentada pelo

    Sebrae-SP e apresentar ferramentas de gesto apropriadas.

    No desenvolver do trabalho, ser mostrado que a utilizao da gesto

    financeira como ferramenta gerencial pode contribuir para o sucesso das pequenas

    e microempresas, contudo, para viabilizar sua compreenso e implantao por parte

    dos empresrios necessria uma apresentao das nomenclaturas usadas, como,

    margem de contribuio, ponto de equilbrio, fluxo de caixa, entre outras, e uma

    explanao sobre a aplicabilidade das ferramentas de gesto nas referidas

    empresas, o que faremos atravs de uma pesquisa bibliogrfica, tendo como ponto

    de partida, legislao pertinente, conceitos de renomados estudiosos, pesquisas do

    Sebrae/SP, artigos cientficos, monografias e dissertaes de mestrado.

    Ser estudado tambm, que a falta ou o pouco conhecimento contbil,

    sobretudo quanto aos seus princpios, tais como o da Entidade e da Continuidade,

    por parte dos micro e pequenos empresrios, acabam por contribuir para o

    insucesso das pequenas e microempresas.

    Em suma, objetivou-se uma reflexo, por parte dos leitores, sobre a

    importncia de uma gesto eficaz nas pequenas e microempresas, principalmente

    no tocante ao custo.

  • 8

    1.1 O problema da pesquisa

    Devido sua relevncia, sero estudadas as dificuldades encontradas pelas

    pequenas e microempresas e como poder ser dada a contribuio para reduzir o

    ndice de mortalidade das mesmas, utilizando uma gesto financeira eficiente.

    Ser que devido ao pouco conhecimento contbil ou at mesmo falta dele,

    o ndice de mortalidade entre as micro e pequenas empresas do estado de So

    Paulo vem aumentando nos ltimos anos?

    Por que o ndice de mortalidade entre as pequenas e microempresas do

    Estado de So Paulo vem aumentando a cada ano?

    1.2 Delimitao do tema

    Abordaremos neste trabalho as pequenas e microempresas do Estado de

    So Paulo. Estudar maneiras e propor solues que auxiliem a gesto das micro e

    pequenas empresas do estado de So Paulo, a fim de que as mesmas possuam um

    ciclo de vida mais duradouro.

    1.3 Objetivo do estudo

    O objetivo deste trabalho dar nfase importncia das pequenas e

    microempresas no contexto econmico e social, estudando as causas de seus

    fracassos e propor ferramentas de gesto, a fim de reverter tal situao.

    As dificuldades citadas pelas empresas que encerraram suas atividades

    esto demonstradas no grfico a seguir.

  • 9

    %

    25%

    19%

    11%

    11%

    9%

    7%

    6%

    6%

    4%

    2%

    6%

    Dificulades encontradas

    Falta de capital

    Falta de clientes/inadimplncia

    Problemas de planejamento/administrao

    Problemas particulares

    Problemas com scios

    Problemas legais

    Concorrncia forte

    Falta de lucro

    Perda do cliente nico

    Impostos/encargos elevados

    Outros motivos

    Dificuldades encontradas pelas empresas que encerraram suas atividades

    0%5%

    10%15%20%25%30%

    Fa

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    Fonte: Sobrevivncia e Mortalidade das Empresas Paulistas de 1 a 5 anos - SEBRAE 2005

    Devido s dificuldades relacionadas conjuntura econmica e polticas de

    apoio, os empreendedores, mesmo que alheios s suas vontades precisam buscar

    outras alternativas de sobrevivncia, onde ele possa ditar os rumos a seguir,

    principalmente os relacionados gesto, que podem ser estudados e utilizados para

    reduzir o ndice de mortalidade das pequenas e microempresas..

    A capacitao dos empreendedores fundamental para que possam

    desenvolver e aprimorar as habilidades necessrias boa gesto empresarial,

    assim como o estudo prvio de cada passo a ser tomado, pois o planejamento

    tambm fundamental.

    1.4 Justificativa para elaborao do estudo

    Segundo a pesquisa do Sebrae-SP Sobrevivncia e Mortalidade das

    Empresas Paulistas de 1 a 5 anos Edio 2005, as pequenas e microempresas

    representam cerca de 99% do total registrado na Junta Comercial do Estado de So

    Paulo - JUCESP, da a preocupao com o setor responsvel por gerao de

  • 10

    grande percentual dos postos de trabalho.

    Das empresas registradas, 62% so comerciais, 28% prestadoras de

    servios, 10% industriais e 0,4% agropecurias.

    Setor de Atividade Participao

    Comrcio 62%

    Prestao de Servio 28%

    Indstria 10%

    Agropecuria 0,4%

    Participao por setor de atividade

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    Comrcio Prestao de Servio Indstria Agropecuria

    Fonte: Sobrevivncia e Mortalidade das Empresas Paulistas de 1 a 5 anos - SEBRAE 2005

    Segundo a pesquisa realizada em 2004, no Estado de So Paulo a mdia da

    taxa de mortalidade apresentada pelas empresas com 1 ano de atividade de 29%

    no primeiro ano, acumulando-se em 42% no segundo ano e em 52% no terceiro ano,

    56% no quarto ano, repetindo-se o percentual no quinto ano, o que significa que

    aps cinco anos da constituio, somente 44% das empresas permanecem em

    atividade.

  • 11

    Tempo de Atividade Taxa de Mortalidade

    1 ano 29%

    2 anos 42%

    3anos 53%

    4anos 56%

    5anos 56%

    Taxa de Mortalidade Acumulada das Empresas Paulistas

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    1 ano 2 anos 3anos 4anos 5anos

    Fonte: Sobrevivncia e Mortalidade das Empresas Paulistas de 1 a 5 anos - SEBRAE 2005

    De acordo com a pesquisa, o alto ndice de mortalidade causa graves

    conseqncias no aspecto econmico e social, implica em perda de 281 mil postos

    de trabalho e de quase R$ 15 bilhes.

    1.5 Definio do tipo de pesquisa

    Ser realizada uma pesquisa bibliogrfica, tendo como ponto de partida, a

    busca na legislao, em literaturas de conceituados autores da rea contbil,

    monografias e dissertaes com temas correlatos.

    Utilizaremos, tambm, revistas publicadas por rgos representativos da

    classe contbil, tais como: a Revista Brasileira de Contabilidade, do Conselho

    Federal de Contabilidade - CFC; a Revista do Conselho Regional de Contabilidade

    do Estado de So Paulo - CRC SP, alm de Boletins Informativos das entidades

    de classe contbil de So Paulo, de outros Estados brasileiros.

  • 12

    2 REVISO DA LITERATURA

    Sero conceituados neste captulo, empresas, tipos de empresas,

    contabilidade, princpios contbeis, custos, terminologia de custos, ferramentas de

    gesto, margem de contribuio, ponto de equilbrio, mark-up, formao do preo de

    venda e fluxo de caixa.

    2.1 Empresa

    Uma empresa um conjunto organizado de meios com vista a exercer uma

    atividade particular, pblica, ou de economia mista, que produz e oferece bens e/ou

    servios, com o objetivo de atender a alguma necessidade humana. O lucro, na

    viso moderna das empresas privadas, conseqncia do processo produtivo e o

    retorno esperado pelos investidores. As empresas de titularidade do Poder Pblico

    tm a finalidade de obter rentabilidade social. As empresas podem ser individuais ou

    coletivas, dependendo do nmero de scios que as compem. (Wikipdia)

    As empresas compram e vendem, prestam servios, pagam tributos, enfim,

    participam ativamente do ambiente econmico do pas.

    2.1.1 Associaes

    O artigo 53 do da Lei 10.406 dispe: "Constituem-se as associaes pela

    unio de pessoas que se organizem para fins no econmicos".

    2.1.2 Sociedade simples

    A sociedade simples a pessoa jurdica que realiza atividade intelectual de

    natureza cientfica, literria ou artstica, ainda que com o concurso de auxiliares ou

    colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa (

    nico do artigo 966).

  • 13

    2.1.3 Empresrio

    Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade

    econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios

    (artigo 966).

    2.1.4 Sociedade empresria

    Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se

    obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica

    e a partilha, entre si, dos resultados (art.981).

    Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que

    tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro (art.

    967); e, simples, as demais (art. 982).

    2.2 Enquadramento como pequena e microempresa

    Segundo a Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006,

    consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade

    empresria, a sociedade simples e o empresrio a que se refere o art. 966 da Lei no

    10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de Empresas

    Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, conforme o caso, desde que:

    I no caso das microempresas, o empresrio, a pessoa jurdica, ou a ela

    equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a

    R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

    II no caso das empresas de pequeno porte, o empresrio, a pessoa

    jurdica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta

    superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a

    R$ 2.400.000,00 (dois milhes e quatrocentos mil reais).

    As pequenas e microempresas, normalmente so empresas pequenas de

    propriedade de um s proprietrio que, tambm, o gerente, o vendedor, o

    comprador. Surgem a partir da informalidade quando os negcios passam a

    prosperar. (LEMES JNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2002, p. 22).

  • 14

    2.3 Contabilidade

    A Contabilidade existe desde os mais remotos tempos da humanidade. Seu

    desenvolvimento se deu com a necessidade de acompanhar a evoluo dos

    patrimnios. O surgimento do capitalismo deu impulso definitivo a esta importante

    disciplina, potencializando seu uso e aumentando sua eficcia. Atravs dos tempos,

    verifica-se que normalmente o grau de avano da Contabilidade est diretamente

    associado ao grau de progresso econmico, social e institucional de cada

    sociedade. (IUDCIBUS, 1997, p.44).

    A funo fundamental da Contabilidade no mudou desde seus primrdios,

    ou seja, continua sendo uma ferramenta indispensvel para auxiliar a tomada de

    decises, fornecendo as informaes necessrias para os seus mais diversos

    usurios. (IUDCIBUS, 1997, p. 20).

    A Contabilidade sempre esteve presente nos empreendimentos, por mais

    precrios que fossem estes, desde que o homem sentiu a necessidade de preservar

    o seu patrimnio, independente do tipo de atividade exercida, e cada vez mais se

    torna imprescindvel para que as empresas busquem os resultados esperados.

    Para Anthony apud Equipe de Professores da FEA/USP (1998, p. 24), as

    informaes contbeis podem ter as finalidades de controle e de planejamento.

    Controle quando feito o acompanhamento se a empresa est agindo conforme os

    planos e polticas traados e, planejamento no momento de decidir o curso de ao

    a ser tomada pela empresa.

    2.3.1 Conceitos de Contabilidade

    A Contabilidade no deve ser vista apenas como uma forma de registro de

    fatos, mas sim como grande fonte de informaes para tomadas de deciso.

    Para S, (2002, p. 46), a Contabilidade a cincia que estuda os

    fenmenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidncias e

    comportamentos dos mesmos, em relao eficcia das clulas sociais.

    Mussolini (1994, p.74), em seu artigo defende a seguinte idia:

    ... a Contabilidade no deve ser entendida como um simples sistema de

    escriturao dos fatos que alteram a composio do elementos

  • 15

    patrimoniais... A Contabilidade , antes de qualquer apreciao ou enfoque,

    a aplicao prtica de um poderoso conjunto tcnico-cientfico de

    instrumentais prprios que, prioritariamente, significa a produo de

    informaes seguras e positivas, fruto da experincia pretrita ou atual.

    (MUSSOLINI, 1994, p.74).

    Como podemos observar, os autores enfatizam a idia da utilizao da

    Contabilidade como forma de produo de informaes que podero possibilitar s

    empresas melhores condies de gerenciamento, podendo assim, enfrentar as

    turbulncias de um mercado competitivo.

    Tambm outros conceituados autores conjugam da mesma idia como

    podemos concluir atravs dos seus conceitos abaixo:

    A Contabilidade o instrumento que fornece o mximo de informaes teis

    para a tomada de decises dentro e fora da empresa. (MARION, 1998, p. 24).

    Uma cincia que permite, atravs de suas tcnicas, manter um controle

    permanente do Patrimnio da empresa. (RIBEIRO, 1997, p. 14).

    Mtodo de identificar, mensurar e comunicar informao econmica,

    financeira, fsica e social, a fim de permitir decises e julgamentos adequados por

    parte dos usurios da informao. (IUDCIBUS, 1997, p. 26).

    Resumindo, diversos so os conceitos de Contabilidade, mas todos

    convergem para o objeto que o patrimnio das pessoas ou entidades, o qual deve

    ser controlado, de maneira permanente, e administrado para que possa manter tanto

    sua estabilidade econmica quanto seu rumo ao crescimento; e o meio que permite

    o controle e administrao do patrimnio, so as informaes que podem possibilitar

    ao empresrio, a tomada da mais acertada deciso possvel.

    2.3.2 Custos

    um mtodo de apurao de custos com base na tcnica contbil.

    Representa uma extenso da contabilidade tradicional, tambm chamada

    contabilidade financeira e, por isso, requer a realizao de lanamentos contbeis, a

    observao dos princpios contbeis e da legislao especfica.

  • 16

    A contabilidade de custos foi criada no incio do sculo XX pelas grandes

    empresas industriais americanas e manteve-se intocada at meados da dcada de

    50. A partir de ento, alguns de seus pontos fracos passaram a serem criticados,

    dando origem a novas abordagens para custos.

    Mesmo que a empresa no possua um sistema de contabilidade de custos

    nos moldes tradicionais, pode-se, apurar seus custos por meio de sistemas de

    custeio especiais.

    A apurao extracontbil de custos pode produzir as informaes de custo

    para apoio tomada de deciso1 na empresa quando ela no dispe da

    Contabilidade de Custos tradicional (SANTOS, p. 163).

    2.3.2.1 Terminologia de custos

    Receita

    Na viso de Marion (1997, p.69) receita:

    corresponde, em geral, a vendas de mercadorias ou prestaes de servios. Ela refletida no balano atravs da entrada de dinheiro no Caixa (Receita a Vista) ou entrada em forma de direitos a receber (receita a prazo) - duplicatas a receber. A receita sempre aumenta o Ativo embora nem todo o aumento de Ativo signifique Receita (emprstimos bancrios, financiamentos etc. aumentam o Caixa-Ativo da empresa, mas no so receitas).

    Segundo Iudcibus (1997, p. 149), receita a expresso monetria do

    agregado de produtos e servios, em sentido amplo, colocado disposio do

    mercado, em determinado perodo, cujo valor validado, mediata ou imediatamente,

    pelo prprio mercado.

    Receita, para a Equipe de Professores da FEA/USP (1998, p. 66), a

    entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber,

    correspondentes, normalmente, venda de produtos ou prestao de servios.

    Contudo, tem-se que, receita corresponde a todo valor de entrada em valor

    pecunirio ou promessa de recebimento futuro representado por ttulos, em troca da

    entrega de bens ou servios.

    1 Tomada de deciso: segundo Santos (1998, p. 169), a escolha entre duas ou mais alternativas.

  • 17

    Gasto

    Para Martins (2003, p.24), compra de um produto ou servio qualquer que

    gera sacrifcio financeiro para a entidade (desembolso), sacrifcio esse representado

    por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro).

    Ainda, para o autor, este conceito extremamente amplo, pode ser aplicado a

    todos os bens e servios adquiridos; havendo assim, gastos na compra de matrias-

    primas, com mo-de-obra, seja na produo ou na distribuio, com honorrios da

    diretoria ou na compra de imobilizado. O gasto existe somente quando o bem ou

    servio passa a ser propriedade da empresa, no momento em que existe o

    reconhecimento contbil da dvida assumida ou da reduo do ativo dado em

    pagamento.

    Para Ribeiro (1997, p. 22) gasto o desembolso vista ou a prazo para

    obteno de bens ou servios, independentemente da sua destinao dentro da

    empresa.

    Quando a empresa resolve adquirir bens ou servios para seu uso ou

    comercializao, est efetuando um gasto que, dependendo de sua destinao,

    dever ter sua adequada classificao contbil.

    Desembolso

    A empresa ao efetuar o pagamento de qualquer aquisio de bem ou servio,

    incorre em desembolso que pode ocorrem no momento da aquisio, ou ainda

    antecipadamente ou ento, futuramente, como podemos observar nos conceitos dos

    autores abaixo.

    Para Martins (2003, p. 25), o pagamento resultante da aquisio do bem ou

    servio. Pode ocorrer antes, durante ou aps a entrega da utilidade comprada,

    portanto defasada ou no no momento do gasto.

    Ribeiro (1997, p. 22), define que desembolso a entrega de numerrio

    antes, no momento ou depois da ocorrncia dos gastos.

    O desembolso ocorre quando a empresa antecipa seu pagamento, ou quando

    realiza aquisio vista ou, ento, nas aquisies prazo.

  • 18

    Investimento

    Investimento na viso de Martins (2003, p. 25), :

    Gasto ativado em funo de sua vida til ou de benefcios atribuveis a futuro(s) perodo(s). Todos os sacrifcios havidos pela aquisio de bens ou servios (gastos) que so estocados nos Ativos da empresa para baixa ou amortizao quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento, ou de sua desvalorizao so especificamente chamados de investimentos. Podem ser diversas naturezas e de perodos de ativao variados: a matria-prima um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; a mquina um gasto que se transforma num investimento permanente; as aes adquiridas de outras empresas so gastos classificados como investimentos circulantes ou permanentes, dependendo da inteno que levou a sociedade aquisio.

    Segundo Ribeiro (1997, p. 22), compreendem, geralmente, os gastos com a

    obteno de bens de uso da empresa.

    Assim, se uma obra de arte, no caso, um quadro, adquirida com inteno

    de decorar a sala do presidente da empresa, deve-se consider-la como um

    investimento permanente (ativo imobililizado2), porm, se a aquisio foi feita com

    inteno de revend-lo para obteno de lucro, deve-se consider-la como

    investimento circulante.

    Custo

    Para Martins (2003, p. 25), o gasto relativo ao bem ou servio utilizado na

    produo de outros bens ou servios.

    Para o autor, o gasto passa a ser reconhecido como custo quando os fatores

    de produo (bens e servios) so utilizados na fabricao de um produto ou

    execuo de um servio. Assim, a matria-prima desde a aquisio at a estocagem

    considerada como investimento e ao ser utilizada na fabricao de um produto,

    passa a ser considerada como custo integrante do bem, que passa a ser um

    investimento ativado at que seja vendido.

    2 Ativo Imobilizado: Segundo a Lei 6.404/76, os direitos que tenham por objeto bens destinados

    manuteno das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de

    propriedade industrial ou comercial.

  • 19

    Para Ribeiro (1997, p. 22), compreende os gastos com a obteno de bens

    e servios aplicados na produo.

    Custos so gastos realizados para a produo de um determinado bem ou

    servio, no caso das empresas com atividades exclusivamente comerciais o valor do

    custo a baixa do estoque do valor da mercadoria adquirida do fornecedor. As

    mercadorias so adquiridas e registradas no estoque, nesse momento um

    investimento, quando o comerciante vende a mercadoria, o valor de baixa do

    estoque considerado custo. A apurao de custo nas empresas comerciais so

    mais simples, pois no existem valores adicionados como materiais diretos e mo-

    de-obra para composio do custo.

    Os custos podem ser fixos, no caso de uma indstria o aluguel da fbrica,a

    depreciao das mquinas, no existe uma relao entre a produo e valor do

    gasto, no exemplo do aluguel, no importa a quantidade produzida, valor permanece

    o mesmo, portanto de natureza fixa.

    Os custos variveis so aqueles relacionados com a produo, aumenta a

    produo em quantidades, o gasto aumenta na mesma proporo, por exemplo

    matrias-primas utilizadas na produo, mo-de-obra direta aplicada nos

    produtos.(CRC/IBRACON, 2000, p. 80-91; 128-159)

    Despesa

    Para Martins (2003, p. 25), o bem ou servio consumido direta ou

    indiretamente para obteno de receitas.

    Assim, a caracterstica da despesa o fato de ela tratar de expiraes de

    fatores de servios, direta ou indiretamente relacionados com a produo e a venda

    do produto (ou servio) da entidade. (IUDCIBUS, p.150).

    Segundo Ribeiro (1997, p. 22), despesa corresponde aos gastos de

    correntes do consumo de bens e da utilizao de servios das reas administrativa,

    comercial e financeira, que direta ou indiretamente visam a obteno de receitas.

    As despesas so itens que reduzem o Patrimnio Lquido e que tm essa

    caracterstica de representar sacrifcios no processo de obteno de receitas.

  • 20

    A Equipe de Professores da FEA/USP (1998, p. 67), define despesa como o

    consumo de bens ou servios, que, direta ou indiretamente, ajuda a produzir uma

    receita.

    Assim, despesa corresponde a todo sacrifcio financeiro efetuado pela

    empresa com o intuito de obteno de receita.

    A comisso do vendedor, o aluguel do prdio da administrao, os salrios e

    encargos pagos ao pessoal da administrao, a depreciao de mquinas e

    equipamentos da administrao, por exemplo, so gastos identificados

    imediatamente como despesas.

    Perda

    Martins (2003, p. 26), define perda como:

    Bem ou servio consumidos de forma anormal e involuntria. No se confunde com a despesa (muito menos com o custo), exatamente por sua caracterstica de anormalidade e involuntariedade; no um sacrifcio feito com inteno de obteno de receita. Exemplos comuns: perdas com incndio, obsoletismo de estoques etc. So itens que vo diretamente conta de Resultado, assim como as despesas, mas no representam sacrifcios normais ou derivados de forma voluntria das atividades destinadas obteno da receita. muito comum o uso da expresso Perdas de material na produo de inmeros bens e servios; entretanto, a quase totalidade dessas perdas , na realidade, um custo, j que so valores sacrificados de maneira normal no processo de produo, fazendo parte de um sacrifcio j conhecido at por antecipao para obteno do produto ou servio e da receita almejada.

    Segundo o autor, podemos considerar como exemplos, o gasto com mo-

    de-obra durante um perodo de greve e o material deteriorado por um defeito

    anormal e raro de um equipamento.

    Cabe aqui ressaltar que inmeras perdas de pequenssimo valor so, na prtica, comumente consideradas dentro dos custos ou das despesas, sem sua separao; e isso permitido devido irrelevncia do valor envolvido. No caso de montantes apreciveis, esse tratamento no correto (MARTINS, 2003, p. 26).

    Iudcibus (1997, p.156) define perda como sendo o efeito lquido

    desfavorvel que no surge das operaes normais do empreendimento.

  • 21

    As perdas so gastos que surgem atravs de ocorrncias imprevistas e

    devem ser alocados diretamente no grupo Resultado da empresa, uma vez que, no

    poderiam ter sido previstos e assim compor o custo do produto ou servio.

    Desperdcio

    Conforme definio de Dubois (2006, p. 17), desperdcio:

    um gasto que a empresa apresenta pelo fato de no ocorrer o aproveitamento normal de todos os seus recursos. A ttulo de exemplo: uma produtividade menor que a normal; vendedor com tempo ocioso aps cumprir sua quota de vendas. Observe-se que o desperdcio no notado de maneira imediata por parte da empresa. Somente com bons controles ele poder ser diagnosticado.

    O desperdcio um dos fatores que pode contribuir para a reduo do lucro

    final, desta forma, para que isso possa ser evitado, sugere-se a utilizao de bons

    controles, ou melhor, eficientes ferramentas de gesto.

    2.3.3 Os princpios contbeis e as pequenas e microempresas

    Neste tpico sero estudados os princpios contbeis e como estes tm

    relao com as empresas, particularmente com as pequenas e microempresas.

    Assim, segundo Martins, Gelbcke (1995, p. 98-100):

    A Resoluo CFC n 774, de 16 de dezembro de 1994, considera que os Princpios Fundamentais de Contabilidade representam o ncleo central da prpria Contabilidade, na sua condio de cincia social, sendo a ela inerentes. Os Princpios constituem sempre as vigas-mestras de uma cincia, revestindo-se dos atributos de universalidade e veracidade conservando validade em qualquer circunstncia. (...) Nas cincias sociais, os princpios se colocam como axiomas, premissas universais e verdadeiras, assim admitidas sem necessidade de demonstrao, ultrapassando, pois a condio de simples conceitos. (...) Como os princpios alcanam o patrimnio na sua globalidade, sua observncia nos procedimentos aplicados resultar automaticamente em informaes de utilidade para decises sobre situaes concretas.

    Analisando o texto acima, observa-se a preocupao com o entendimento e

    a aplicao dos princpios contbeis, uma vez que estes iro ditar os procedimentos

    na rea contbil em busca do objetivo maior da contabilidade, que a informao

    para o processo de tomada de deciso.

    Para Maion (1996, p. 42), os Princpios Fundamentais de Contabilidade so

    o ncleo central da contabilidade, e representam a essncia da doutrina e da teoria

  • 22

    relativas Cincia da Contabilidade. Assim, os princpios e normas tm como

    propsito, estabelecer procedimentos profissionais e tcnicos de maneira

    padronizada, a fim de que os usurios da informao contbil possam dela se valer

    da melhor maneira, depositando na mesma a confiana de sua retido.

    Mas, a falta de aplicabilidade dos postulados, princpios e convenes

    contbeis, por parte dos pequenos e microempresrios, como pode ser visto na

    pesquisa do Sebrae, quando consultados respeito das dificuldades encontradas na

    gesto de seus empreendimentos, torna-se preocupante, principalmente, no tocante

    aos postulados da entidade e da continuidade, uma vez que o objetivo maior das

    entidades obter lucros por perodo indeterminado de tempo e, se possvel, cada

    vez maiores.

    H que se reconhecer que, em se tratando de pequenas e microempresas,

    por serem estas em sua maioria, empresas familiares, encontra-se resistncia por

    parte dos empreendedores, quanto orientao em relao administrao de seus

    negcios, mas, uma orientao tcnica contbil, baseada nos postulados, princpios

    e normas poder auxiliar na reduo da margem percentual de erros.

    Fonseca (1990, p.31) cita que a inobservncia dos princpios e normas, faz

    com que tudo que for feito irrelevante, descaracterizando a Contabilidade como

    uma cincia.

    Se a idia bsica dos dois postulados, da entidade e da continuidade, for

    observada e seguida risca, muitas das pequenas e microempresas, poder gozar

    de uma situao financeira mais estvel.

    Embora todos os princpios sejam importantes e aplicveis s pequenas e

    microempresas, sero abordados neste trabalho, somente os dois princpios

    segundo a Resoluo do CFC de n 750/93 e os postulados, conforme os Princpios

    de Contabilidade Geralmente Aceitos, por serem considerados, em nossa opinio,

    aqueles que merecem maior ateno em relao a este trabalho.

    2.3.3.1 O Princpio da Entidade

    Segundo a Resoluo do CFC de n 750/93 em seu art. 4, o Princpio da

    ENTIDADE reconhece o Patrimnio como objeto da Contabilidade e afirma a

    autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao de um Patrimnio particular

  • 23

    no universo dos patrimnios existentes, independentemente de pertencer a uma

    pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituio de qualquer

    natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqncia, nesta

    acepo, o Patrimnio no se confunde com aqueles dos seus scios ou

    proprietrios, no caso de sociedade ou instituio.

    Pargrafo nico O PATRIMNIO pertence ENTIDADE, mas a recproca no

    verdadeira. A soma ou agregao contbil de patrimnios autnomos no resulta em

    nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econmico-contbil.

    Vejamos, tambm, o Postulado da Entidade Contbil, o qual diz que A

    Contabilidade mantida para as Entidades; os scios ou quotistas destas no se

    confundem, para efeito contbil, com aquelas.... (IBRACON, 1999, p. 29).

    O no atendimento por parte dos pequenos empresrios, tanto resoluo,

    quanto aos postulados, muitas vezes leva-os a pensar que a receita de vendas que

    pertence empresa, possa ser utilizada como patrimnio particular, assim, os

    recursos que deveriam estar disposio da empresa; sendo utilizadas para cobrir

    as gastos da mesma, passam a serem utilizadas para pagar gastos particulares,

    sem nenhum controle sequer. Sem o devido controle financeiro, quando o pequeno

    ou microempresrio menos espera, seu capital de giro, esvaiu-se e o prximo passo

    a descontinuidade.

    Para Fonseca (1990, p. 33), a funo contbil exercida devido ao

    pressuposto que a entidade, cujo patrimnio o objeto da Contabilidade, possui

    existncia identificada, distinta e independente das pessoas fsicas ou jurdicas que

    a compem.

    Entende ele que, um dos pilares fundamentais ao desenvolvimento

    econmico, encontra-se na transparncia, clareza e padronizao das contas e

    elementos contbeis, constituindo-se na nica maneira de avaliao correta das

    variaes patrimoniais, podendo assim, mensurar os resultados alcanados e obter

    concluses objetivas.

    Vejamos um outro ponto de vista.

    O Princpio da Entidade deve ser entendido numa conotao mais complexa, isto , desde que determinado setor da empresa (centro de lucro) seja capaz de adicionar utilidade aos fatores, contribuindo para a apurao de um lucro, tambm merecer um reporte individualizado por parte da Contabilidade. A condio que os departamentos sejam substancialmente

  • 24

    independentes uns dos outros e que os departamentos comprador e vendedor tenham a opo de adquirir e vender no mercado. Nesse caso, os departamentos constituem subentidades contbeis distintas. (IUDCIBUS, 1998, p. 28).

    A observao deste princpio importante para a empresa, pois, define os

    limites da propriedade sobre o patrimnio da empresa, isto , o que pertence

    entidade e o que pertence ao particular.

    Para exemplificar, utilizando o que apresenta a Equipe de Professores da

    FEA/USP, quando uma empresa paga uma despesa, o caixa da firma que

    desembolsa o dinheiro e no o dono da empresa, embora, materialmente, as duas

    coisas se confundam.

    2.3.3.2 O Princpio da Continuidade

    Segundo a Resoluo do CFC de n 750/93 em seu art. 5, a

    CONTINUIDADE ou no da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provvel,

    devem ser consideradas quando da classificao e avaliao das mutaes

    patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

    1 A CONTINUIDADE influencia o valor econmico dos ativos e, em

    muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a

    extino da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsvel.

    2 A observncia do Princpio da CONTINUIDADE indispensvel

    correta aplicao do Princpio da COMPETNCIA, por efeito de se relacionar

    diretamente quantificao dos componentes patrimoniais e formao do

    resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de gerao

    de resultado.

    O Postulado da Continuidade das Entidades, diz, Para a Contabilidade, a

    Entidade um organismo vivo que ir viver (operar) por um longo perodo de tempo

    (indeterminado) at que surjam fortes evidncias em contrrio... (Ibracon, 1999, p.

    33).

    Fica claro que, quando, qualquer pessoa ou grupos de pessoas, resolve

    constituir uma empresa, esperam que ela viva por longo perodo de tempo, durante

  • 25

    o qual, segundo as expectativas, tenha um perodo de prosperidade e assim possa

    ele ou eles e seus familiares, gozar dos benefcios provenientes da empresa.

    Ao constituir uma empresa, todos o fazem desejando obter lucro, mas para

    isso, evidente que algumas regras so necessrias, e uma delas, a primordial, a

    boa contabilidade de suas transaes.

    S (1990, p. 62), salienta que a tendncia natural da empresa a sua

    continuidade, ou seja, o seu estado de funcionamento, considerando-se normal, o

    ato da empresa prosseguir e no o de encerrar suas atividades empresariais.

    Prossegue, ainda o autor,

    ...as bases conceituais do princpio aceito (Princpio Contbil da

    Continuidade), o de se admitir que exercer a vida em busca de atingir

    objetivos, a condio que justifica o aparecimento do empreendimento.

    Uma empresa tende descontinuidade quando vai perdendo a eficcia,

    medida que as funes patrimoniais em seus sistemas deixam de suprir as

    suas necessidades.

    Ainda, segundo o autor, o funcionamento da empresa leva s seguintes

    conseqncias naturais da dinmica patrimonial:

    a) prosperidade - evoluo desejvel que ocorre quando a funo

    patrimonial eficaz; todos os sistemas de funes so eficazes em

    interao, que perfeita, processando-se constantemente, tornando a

    elasticidade sempre crescente;

    b) definhamento - quando ocorre o oposto da prosperidade; e

    c) estabilidade - quando ocorre a ausncia do fator de elasticidade

    constante.

    A continuidade se d com prosperidade e estabilidade, mas deixa de existir

    e est ameaada quando a tendncia aponta para o definhamento.

    Portanto, com a observncia destes postulados, as chances de sucesso

    podem ser consideradas maiores, pois as tcnicas da cincia da Contabilidade

    podem dar o necessrio respaldo continuidade dos empreendimentos.

    Torna-se, ento, necessrio dar aos pequenos e microempresrios, o

    conhecimento bsico quanto aos princpios e postulados antes citados, para buscar

  • 26

    proporcionar melhores condies na sobrevivncia no mercado atual, onde a

    concorrncia torna-se cada vez mais acirrada, competitiva.

    Quem tem informao est em vantagem, por isso as sociedades a manipulam e se armam contra quem a possui, mas esta informao no est distribuda de forma igual todos. Trabalhando as informaes constri-se inteligncia. A inteligncia pode ser cega e manipulada por aqueles que controlam a produo de conhecimento, pois ele no intrnseco aos que produzem. (MARION, J.; MARION M., 1999, p. 21).

    Portanto, aqueles que trabalharem com maior segurana, proporcionado

    pelas informaes recebidas, principalmente, atravs das ferramentas de gesto,

    tendem a garantir sua estabilidade ou ento, melhorar o desempenho de sua

    empresa, uma vez que podero estar sempre frente dos competidores, fator

    primordial em situao de acirrada concorrncia.

    2.4 Ferramentas de gesto

    As ferramentas de gesto so instrumentos de planejamento que permitem

    estudar e analisar a relao entre receitas totais, custos e despesas. Os custos e

    despesas so compostos de parcelas fixas e variveis, a utilizao dessas

    ferramentas tem por objetivo de projetar o lucro operacional e possibilitar a obteno

    de respostas s variaes nas vendas e nos preos.

    O estudo apresentado de fundamental importncia para as pequenas e

    microempresas e tem como foco o pequeno empresrio que, normalmente, no tem

    profundos conhecimentos em finanas e custos. A inteno apresentar

    simplicidade conceitual e aplicao de exemplos de fcil compreenso, com o

    objetivo de propiciar assimilao mesmo a pessoas leigas no assunto (BERNARDI,

    2007, p: 61-63; DUBOIS; KULPA; SOUZA, 2006, p. 173-174)..

    2.4.1 Ponto de Equilbrio

    As pequenas e microempresas, em sua grande maioria, pela ausncia de

    algumas ferramentas para melhor gerir seus negcios, acabam por no terem

    controle de seus custos.

  • 27

    O ponto de equilbrio permite um real controle da situao da empresa, ou

    seja, se est tendo lucro ou prejuzo, por conseqncia, com conhecimento do

    mesmo possvel determinar metas de faturamento necessrias para que a

    empresa obtenha lucro, e a partir disso, alcanar uma gesto mais eficaz de seus

    valores, j que aps atingir seu ponto de equilbrio a empresa pode, por exemplo,

    at diminuir seus preos e com isso melhorar as vendas.

    Para Bernardi (2007, p. 65), Ponto de Equilbrio o volume calculado em

    que as receitas totais de uma empresa igualam-se aos custos e despesas totais;

    portanto, o lucro igual a zero.

    Demonstrao grfica:

    FONTE: CRC/IBRACON - Custos: Ferramentas de Gesto

    Os custos e despesas totais a soma dos custos fixos e variveis mais as

    despesas fixas e variveis. O clculo da margem de contribuio no considera

    custos e despesas fixas.

    O ponto de equilbrio pode ser calculado em quantidade, aplicada a um

    produto:

    Unitria oContribui de Margem

    DF CFQ

    onde:

    Q = Quantidade

  • 28

    CF = Custos Fixos

    DF = Despesas Fixas

    Custos ou despesas fixas so aqueles que independem das quantidades e

    vendidas.

    Com a aplicao da frmula desenvolvida pelo conceito, a quantidade de

    vendas em unidades (volume) necessria para que a empresa cubra seus custos

    fixos e despesas fixas so calculadas de maneira que o lucro seja zero. Esse clculo

    utilizado para o ponto de equilbrio de apenas um produto, para diversos produtos

    a metodologia de torna-se diferente, sendo necessria a utilizao da margem de

    contribuio em percentual, pois o clculo deve ser realizado em valores.

    % Unitria oContribui de Margem

    DF CFEquilbrio

    Com a aplicao dessa frmula o clculo o valor total de faturamento pode

    ser verificado e em qual momento as receitas e os custos e despesas totais dos

    seus produtos igualam-se, ou seja, possvel analisar em qual o momento que a

    empresa comea a ser lucrativa (BERNARDI, 2007, p: 66; DUBOIS; KULPA;

    SOUZA, 2006, p. 184-187).

    O ponto de equilbrio tem fundamental importncia para administrao de

    qualquer companhia. A observao pelas pequenas e microempresas so

    essenciais para a manuteno a continuidade das atividades.

    2.4.2 Margem de Contribuio

    A Margem de Contribuio possibilita ao pequeno empresrio saber o

    comportamento de cada produto da sua empresa, a aplicao do seu clculo

    permite que ele possa tomar decises, inclusive a modificar o preo de venda de

    seus produtos, na prtica a preocupao do pequeno e micro empresrio apenas

    adicionar um valor no custo do produto, ou seja, o valor que ele pagou em

    determinada mercadoria, no entanto existem outros gastos identificveis ao produto

    a serem levados em considerao, como impostos, comisses de venda, etc.

    A anlise da margem de contribuio por produto permitir a obteno de

    importantes informaes para a tomada de deciso, o pequeno empresrio ter

  • 29

    como saber quais produtos so mais lucrativos, qual produto ou servio prestado

    contribui mais para a recuperao das despesas e custos fixos e para o lucro da

    empresa e quais produtos so deficitrios. Essa ferramenta tem relevante

    importncia, pois, atravs dela o pequeno e micro empresrio poder tomar

    decises de formao de preos dos produtos, mercadorias e servios.

    Para Bernardi (2007, p. 64), a margem de contribuio de um produto ou

    servio calculada apurando-se a diferena entre o valor das vendas, os custos

    variveis, os tributos sobre as vendas e as despesas variveis.

    Esse clculo tem por objetivo a avaliao de cada produto ou servio de

    uma empresa e como pode contribuir para pagar os custos e as despesas fixas.

    Os custos e despesas fixas so fatores de complexidade de alocao aos

    produtos e servios. A anlise atravs desse mtodo concentra-se na avaliao da

    capacidade de cada produto servio vendido contribui individualmente para a

    cobertura desses custos e despesas que no so identificveis diretamente ao

    produto (SANTOS, 2001, p. 241-242; DUBOIS, KULPA, SOUZA, 2006, p. 180-181).

    Para a eficincia do clculo fundamental a correta identificao e

    mensurao dos gastos relacionados a cada produto ou servio.

    Os custos variveis so aqueles que tm relao direta com o produto ou

    servio e aumentam mesma proporo das quantidades produzidas ou no valor do

    servio realizado.

    As despesas variveis so aquelas que tm relao direta com o

    faturamento, ou seja, aumentam mesma proporo das vendas.

    Para o pequeno e micro empresrio o uso da margem de contribuio de

    fundamental importncia para a continuidade dos negcios. Exemplo: em uma

    pizzaria, fundamental o proprietrio conhecer o custo individual varivel de cada

    pizza, assim ele consegue saber qual tipo de produto oferece melhor resultado e

    otimiza maior faturamento do item que contribui mais para cobertura de custos e

    despesas fixas como aluguel, energia eltrica, telefone, salrios etc.

    Apresentamos abaixo, a frmula do calculo da margem de contribuio:

    MC = PV CV

    onde:

  • 30

    MC = Margem de Contribuio

    PV = Preo de Venda

    CV = Custos Variveis

    2.4.3 Formao de preos

    A partir da aplicao dos conceitos de margem de contribuio e ponto de

    equilbrio o pequeno e micro empresrio tm totais condies de constituir a

    formao de preo do seu produto, mercadoria ou servio, com base em seus

    gastos devidamente apurados, estimativas de vendas e outras variveis determina-

    se o preo ideal de vendas.

    A determinao de preos depende do conhecimento da estrutura de custos da empresa. A formao destes preos tem uma dificuldade maior quando o produto indito; entretanto. Quando o produto j existe no mercado ou mesmo h um similar, podem ser seguidas as orientaes ditadas pelo mercado. (SEBRAE, p. 17).

    A anlise de preo efetuada para permitir a avaliao da lucratividade de

    produtos e servios j existentes ou novos, alm da formulao de estratgias

    competitivas.

    Para determinar o preo de um produto ou servio deve-se conhecer os

    custos da empresa para que a venda no implique em prejuzo. A formulao de

    preos baseada nos custos resultante da aplicao de um ndice (divisor ou

    multiplicador) sobre os custos e as despesas, conhecido como mark-up.

    PREO = Custo x Mark-up (multiplicador) ou

    PREO = Custo/Mark-up (divisor)

    Mark-up Esse termo significa remarcao para cima O preo deve ser formado de maneira a cobrir todos os custos e despesas da venda e os impostos. O mark-up pode ser definido como um ndice ou percentual que ir adicionar-se aos custos e despesas., ser estruturado conforme a incidncia de impostos, as despesas variveis de venda, a incluso das despesas operacionais e o lucro desejado na venda, observadas as circunstncias e interesses mercadolgicos e financeiros, as experincias passadas, tudo combinado de forma equilibrada para que a empresa consiga atingir seus objetivos. O preo formulado com o mark-up um referencial a ser analisado.

  • 31

    Mark-up no lucro de venda As vezes na prtica isso se confunde, que danoso a imagem das empresas, alm de incorreto.(BERNARDI, 2007, p. 164).

    Santos (1995, p. 134), define mark-up como um ndice aplicado sobre o

    custo de um bem ou servio para a formao do preo de venda.

    Na maioria das vezes, o empresrio multiplica o valor do custo da

    mercadoria por dois e acha que est com margem de lucro de 100%, o que

    incorreto, pois, existem impostos e despesas que precisam ser pagos com o produto

    da venda, no resultando um lucro 100% sobre os custos.

    Segundo Santos (1995, p. 135), o mark-up tem por finalidade cobrir:

    Impostos sobre vendas;

    Taxas variveis sobre vendas;

    Despesas administrativas fixas;

    Despesas de vendas fixas;

    Custos indiretos de produo fixos; e

    Lucro,

    Como calcular o mark-up:

    + Custos

    + Despesas

    + Impostos

    + Lucro

    = Preo de Venda

    O mark-up uma forma simplificada de clculo de margem de lucro

    desejada sobre o valor do custo, no entanto outros fatores precisam ser levados em

    considerao, como por exemplo, o preo da concorrncia, o preo de entrada no

    mercado.

    Bernardi (2007 p.126-130) e Dubois, Kulpa e Souza (2006, p. 216-222),

    colocam que o preo tem cinco objetivos bsicos:

    Manuteno;

    Maximizao dos lucros;

  • 32

    Maximizao do faturamento;

    Crescimento das vendas;

    Maximizao do mercado.

    2.4.4 Fluxo de Caixa

    A palavra caixa tem um significado muito simples no nosso cotidiano, quer

    dizer dinheiro disponvel, para empresas de qualquer porte no diferente,

    representado por dinheiro em espcie na empresa, saldo em conta bancria e

    aplicaes que podem ser resgatadas a qualquer momento, denominadas de

    liquidez imediata, dentro de uma empresa determinado em um grupo chamado

    de disponibilidades, ou seja, o que tem disponvel no momento para pagamentos

    vista ou de compromissos assumidos anteriormente. (SANTOS, 2001, p.16-23;

    BERNARDI, 2007, p. 103-108).

    O controle de fluxo de caixa de uma pequena ou micro empresa essencial

    para a manuteno e continuidade das atividades.

    Campos Filho (1999, p. 41), comenta que recomendado s empresas

    "relatar os fluxos de caixa das atividades operacionais diretamente, mostrando as

    principais classes de recebimentos e pagamentos operacionais".

    Fluxo de caixa uma ferramenta que facilita o controle das finanas,

    proporcionando a visualizao e compreenso das movimentaes financeiras num

    perodo preestabelecido.

    Sua grande utilidade permitir a visualizao de sobras ou faltas de caixa

    antes mesmo que ocorram, possibilitando ao empresrio planejar melhor suas

    aes, j que mostra antecipadamente quando faltaro recursos.

    Os momentos de escassez de crdito, altas taxas de juros, queda do

    faturamento, entre outros, exigem do empresrio uma gesto financeira cada vez

    mais eficiente. Sendo assim torna-se necessrio utilizar controles financeiros que

    permitam conhecer com mais eficincia os recursos de caixa.

    Atravs do fluxo de Caixa possvel verificar se os recursos financeiros so

    suficientes para tocar o negcio em determinado perodo ou se h necessidade de

    obteno de capital de giro, alm de proporcionar uma melhor avaliao se o

  • 33

    recebimento das vendas suficiente para cobrir os gastos assumidos e previstos no

    perodo considerado.

    A seguir, apresentamos modelos de Relatrio de Fluxo de Caixa, sendo o

    primeiro um controle semanal e o segundo, para acompanhamento dirio.

    RELATRIO DE FLUXO DE CAIXA - SEMANAL

    MS/ANO SEM. 1 SEM. 2 SEM. 3 SEM. 4 SEM. 5 TOTAL

    Saldo Inicial de Caixa

    Dinheiro

    Bancos

    Duplicatas a Receber

    Carto de Crdito

    Outros Recebimentos

    Total de Entradas

    SIMPLES

    Fornecedores

    Aluguel

    Pr-Labore

    Salrios e Encargos

    gua, Luz e Telefone

    Despesas Financeiras

    Comisso de Vendas

    Honorrios Contbeis

    Outras Despesas

    Total de Sadas

    Saldo Operacional

    Saldo Final

    Adaptado do Guia do Empreendedor Sebrae Fluxo de Caixa/Custos na Pequena Indstria.

  • 34

    Este relatrio pode ser aplicado para que o pequeno ou microempresrio

    possa ter uma viso de sua situao financeira por um prazo que lhe permita tomar

    decises a curto prazo.

    J o relatrio a seguir, o Fluxo de Caixa Dirio, permite o acompanhamento

    de sua situao financeira, permitindo ao pequeno ou microempresrio tomar

    decises a curtssimo prazo e corrigir o que for necessrio para manter as finanas

    sob controle.

    RELATRIO DE FLUXO DE CAIXA DIRIO

    MS/ANO DIA. 1 DIA 2 DIA 3 DIA 4 DIA 5 TOTAL

    Saldo Inicial de Caixa

    Dinheiro

    Bancos

    Duplicatas a Receber

    Carto de Crdito

    Outros Recebimentos

    Total de Entradas

    SIMPLES

    Fornecedores

    Aluguel

    Pr-Labore

    Salrios e Encargos

    gua, Luz e Telefone

    Despesas Financeiras

    Comisso de Vendas

    Honorrios Contbeis

    Outras Despesas

    Total de Sadas

    Saldo Operacional

    Saldo Final

    Adaptado do Guia do Empreendedor Sebrae Fluxo de Caixa/Custos na Pequena Indstria.

  • 35

    Onde, segundo o Guia do Empreendedor Sebrae Fluxo de Caixa/Custos na

    Pequena Indstria:

    Saldo Inicial: o valor constante no caixa no incio do perodo considerado para a

    elaborao do Fluxo, composto por dinheiro em espcie, mais os saldos bancrios

    disponveis para saques.

    Entradas de Caixa: correspondem s vendas realizadas vista, bem como a outros

    recebimentos, tais como duplicatas, cheques pr-datados, faturas de carto de

    crdito etc., disponveis como dinheiro na respectiva data.

    Sadas de Caixa: correspondem a pagamentos de fornecedores, pr-labore,

    aluguis, impostos, folha de pagamento, gua, luz, telefone entre outros.

    Saldo Operacional: representa o valor obtido de entradas menos as sadas de

    caixa na respectiva data. Possibilita avaliar como se comportam seus recebimentos

    e gastos periodicamente, sem a influncia dos saldos de caixa anteriores.

    Saldo Final de Caixa: representa o valor obtido da soma do Saldo Inicial com o

    Saldo Operacional. Permite constatar a real sobra ou falta de dinheiro em seu

    negcio no perodo considerado e passa a ser o Saldo Inicial do prximo perodo.

  • 36

    3 GESTO FINANCEIRA COMO FERRAMENTA DAS PEQUENAS E

    MICROEMPRESAS

    Como nas pequenas e microempresas o proprietrio quem normalmente

    detm todo o controle da empresa, em todos os nveis, estratgico, ttico ou

    operacional, apresentaremos, neste captulo, casos prticos de clculo do Ponto de

    Equilbrio, Margem de Contribuio e Mark-up, com o intuito de auxiliar a gesto dos

    empreendimentos.

    3.1 Exemplo do clculo de Ponto de Equilbrio e Margem de Contribuio

    Uma editora est estudando a possibilidade de lanar uma nova revista,

    sabendo-se que cada unidade vendida a R$ 20,00.

    Os custos e despesas fixas totalizam R$ 1.400,00. Quantas revistas so

    necessrias vender para atingir o ponto de equilbrio? A margem de contribuio

    de 35%.

    Frmula para clculo do Ponto de Equilbrio em quantidade

    Unitria oContribui de Margem

    DF CFQ

    unidades 20020,00) de (35% 7,00

    1400Q

    Frmula do Ponto de Equilbrio em valores:

    4.000,00 350

    001400

    35%

    1400,00Q

    ,

    ,

    3.2 Exemplo de clculo de mark-up

    Suponha-se a seguinte estrutura de despesas como porcentagem das

    vendas

  • 37

    Preo de Venda 100,00%

    Tributos (Simples) 5,00%

    Comisses 2,50%

    Despesas Admin. 6,00%

    Margem de Lucro 20,00%

    Total 33,50%

    0,6650 100

    66,50

    100

    5033100divisor

    ,Mark-up

    1,50 divisor) ( 0,6650

    1dormultiplica

    mark-upMark-up

    Supondo que uma mercadoria de custo de $ 10,00, o preo de venda seria

    de $ 15,00 e o lucro de 20% de $ 15,00 ou $ 3,00, o que representa 30% sobre o

    custo, e no 50%

    RESULTADO DA VENDA

    Vendas $ 15,00 (100,00%)

    Custo ($ 10,00) ( 66,50%)

    Tributo (Simples) ($ 0,75) ( 5,00%)

    Comisses ($ 0,35) ( 2,50%)

    Despesas Administrativas ($ 0,90) ( 6,00%)

    Lucro ($ 3,00) ( 20,00%)

    Mark-Up definindo o lucro sobre o custo

    Pode-se tambm definir o mark-up como lucro sobre o custo, Exemplo

    1 Passo

    Estrutura

    Tributo (Simples) 5,00%

  • 38

    Comisses 2,00%

    Despesas 8,00%

    Custo da mercadoria $ 1.000,00/unidade.

    2 Passo

    Definir quanto se pretende de lucro sobre o custo, por exemplo, 50%, ou

    seja, $ 500,00.

    3 Passo

    Clculo do mark-up

    Total da estrutura (1 Passo) 15,00%

    Observe-se que na estrutura do mark-up foi excludo o percentual de lucro

    sobre vendas, o clculo ser demonstrado da seguinte forma:

    divisor) ( 0,85 100

    15,00 - 100,00Q Mark-up

    dor)multiplica ( 1,1765 0,85

    1Mark-up

    4 passo

    Clculo do preo:

    (CUSTO em $ + LUCRO em $) x Mark-up multiplicador

    1.764,75 $ 1,1765 x 500) $ ($1000

    5 Passo

    Demonstrao

  • 39

    Vendas $ 1.764,75

    Custo ($ 1.000,00)

    Tributo (Simples) ($ 88,25)

    Comisses ($ 35,31)

    Despesas ($ 141,19)

    Lucro $ 500,00

    Lucro = 50% do custo

    28,3% de vendas

    3.3 Fluxo de Caixa

    Apresentaremos a seguir, um modelo simples e bsico de Fluxo de Caixa

    voltado para as pequenas e microempresas.

    3.3.1 Exemplo de Fluxo de Caixa adaptado para pequena e microempresa

    Apresentamos a seguir, um exemplo em que a empresa com suas vendas

    no conseguiu suprir o seu caixa, alm de iniciar suas operaes com o caixa zero,

    consequentemente, o resultado final no foi o desejado pelo proprietrio da

    empresa, isto , apresentou um resultado negativo de $ 43,00.

  • 40

    FLUXO DE CAIXA

    MS/ANO SEM. 1 SEM. 2 SEM. 3 SEM. 4 TOTAL

    Saldo Inicial de Caixa - (38) (110) (10) -

    Dinheiro - - 120 150 270

    Bancos - - - - -

    Duplicatas a Receber - - - - -

    Carto de Crdito - - - - -

    Outros Recebimentos 15 - - - 15

    Total de Entradas 15 - 120 150 285

    SIMPLES - - 3 3 6

    Fornecedores 50 70 15 20 155

    Aluguel - - - 100 100

    Pr-Labore - - - 15 15

    Salrios e Encargos - - - 10 10

    gua, Luz e Telefone - - - 10 10

    Despesas Financeiras - - - 15 15

    Comisso de Vendas - - - - -

    Honorrios Contbeis - - - 5 5

    Outras Despesas 3 2 2 5 12

    Total de Sadas 53 72 20 183 328

    Saldo Operacional (38) (72) 100 (33) (43)

    Saldo Final (38) (110) (10) (43) (43)

    Adaptado do Guia do Empreendedor Sebrae Fluxo de Caixa/Custos na Pequena Indstria.

    3.3.1.1 Exemplo de Fluxo de Caixa controlado

    Nas mesmas condies do exemplo anterior, neste, o empresrio iniciou

    suas operaes com recursos em caixa e aps estudar o seu relatrio, negociou o

    pagamento do emprstimo de $ 15 para o ms posterior, visto que suas vendas

    estavam em ascenso terminando assim o perodo com saldo positivo de $ 2,00.

  • 41

    FLUXO DE CAIXA

    MS/ANO SEM. 1 SEM. 2 SEM. 3 SEM. 4 TOTAL

    Saldo Inicial de Caixa 30 (8) (80) 20 30

    Dinheiro - - 120 150 270

    Bancos - - - - -

    Duplicatas a Receber - - - - -

    Carto de Crdito - - - - -

    Outros Recebimentos 15 - - - 15

    Total de Entradas 15 - 120 150 285

    SIMPLES - - 3 3 6

    Fornecedores 50 70 15 20 155

    Aluguel - - - 100 100

    Pr-Labore - - - 15 15

    Salrios e Encargos - - - 10 10

    gua, Luz e Telefone - - - 10 10

    Despesas Financeiras - - -

    Comisso de Vendas - - -

    Honorrios Contbeis - 5 5

    Outras Despesas 3 2 2 5 12

    Total de Sadas 53 72 20 168 313

    Saldo Operacional (38) (72) 100 (18) (28)

    Saldo Final (8) (80) 20 2 2

  • 42

    4 CONCLUSO

    Conclui-se, com base na pesquisa do Sebrae-SP e literaturas utilizadas, que

    devido ao pouco conhecimento contbil ou, at mesmo ausncia dele, que o

    ndice de mortalidade das micro e pequenas empresas do estado de So Paulo vem

    aumentando a cada ano.

    Destarte, no se pode conceber a idia de pequenas e microempresas em

    situao de estabilidade e continuidade, sem que estas disponham de informaes

    provenientes de ferramentas de gesto eficientes sua disposio.

    Aguarda-se tambm, que os empreendedores tenham cincia de que

    existem inmeras dificuldades desde a abertura de seus negcios, mas esperamos

    que as informaes, conceitos e ferramentas de gesto apresentadas possam lhes

    permitir maior controle, dando assim continuidade aos seus empreendimentos.

    Neste trabalho, os exemplos de ferramentas de gesto esto apresentados

    de uma maneira simples, pois esto voltadas ao nosso foco principal - as pequenas

    e microempresas - visando facilitar a compreenso por parte de todos os leitores.

    Este trabalho visou incorporar a corrente que se tem formado em torno do

    tema, Pequenas e Microempresas, pela representatividade destas no nosso

    cenrio econmico e pela sua importncia social como geradoras de renda e

    emprego.

    Encerra-se este trabalho, porm o assunto ainda no se esgotou, pelo

    contrrio, este s uma semente que poder agregar mais conhecimento aos

    pequenos e microempresrios no que tange gesto de negcios.

    Apesar do grande nmero de pequenas e microempresas no universo total

    das empresas em atividade, torna-se necessrio incentivar cada vez mais os

    estudos quanto ao assunto em questo visando o aumento da literatura a respeito

    do mesmo.

    Espera-se assim, que outros estudos com relao s ferramentas de gesto

    financeira possam, ser feitos para prosseguir a busca incessante por melhores

    condies de sobrevivncia das pequenas e microempresas.

  • 43

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BERNARDI, Luiz Antonio. Manual de formao de preos. So Paulo: Atlas, 2007, 277 p. CARMO NETO, Dionsio. Por que as empresas chegam bancarrota? Revista Brasileira da Contabilidade, Braslia, Ano XXIII, n. 87, jun. 1994. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resoluo n 750/93, de 29 dez 2003. Dispe sobre os princpios fundamentais de contabilidade. Disponvel em: http://www.cfc.org.br. Acesso em 01 out 2007. CRC-SP/IBRACON. Custos ferramentas de gesto. So Paulo: Atlas, 2000, 244 p. DUBOIS, Alexy; KULPA, Luciana; SOUZA Luiz Eurico. Gesto de custos e formao de preos. So Paulo: Atlas, 2006, 248 p. EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA-USP. Contabilidade introdutria. 9. ed. So Paulo: Atlas, 1998, 293 p. FONSECA, Nery Paulinelli da. Da entidade. Contabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 31-38, Dez. 1990. FREZATTI, Fbio. Gesto do fluxo de caixa dirio: Como dispor de um instrumento fundamental para o gerenciamento do negcio. So Paulo: Atlas, 1997, 124 p. IBRACON - Instituto Brasileiro de Contadores. Princpios contbeis. 2. ed. So Paulo: Atlas, 1994, 581 p. IUDCIBUS, Srgio de. Teoria da contabilidade. 5. ed. So Paulo: Atlas, 1997, 331 p. , MARTINS Eliseu. Anlise de balanos. 7. ed. So Paulo: Atlas, 1998, 225 p. , MARTINS Eliseu, GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por aes. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1995, 778 p. LEMES JUNIOR, Antonio Barbosa; RIGO, Cludio Miessa; CHEROBIM, Ana Paula. Administrao financeira: Princpios, Fundamentos e Prticas Brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002, 698 p. MAION, Jos Aparecido. Princpios e normas contbeis. Revista de Contabilidade do CRC-SP., So Paulo, Ano I, n. 0, p. 41-53, 1996. MARION, Jos Carlos. Contabilidade empresarial. 6. ed. So Paulo: Atlas, 1997, 514 p.

  • 44

    ; DIAS Reinaldo; TRALDI Maria Cristina. Monografia para os cursos de administrao, contabilidade e economia. So Paulo: Atlas, 2002, 135 p. , MARION, Mrcia Maria Costa. A importncia da pesquisa no ensino da Contabilidade, So Paulo, Ano III, n. 7, p. 20-25, mar. 1999. PERES JUNIOR, Jos Hernandes; OLIVEIRA, Luiz Martins de. Contabilidade de custos para no contadores. So Paulo: Atlas, 2005, 311 p. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade bsica fcil. 21. ed. So Paulo: Saraiva, 1997, 302 p. .Contabilidade de custos fcil. 5. ed. So Paulo: Saraiva, 1997, 223 p. S, Antonio Lopes de. A empresa em funcionamento: o Princpio Contbil da Continuidade e os problemas conceituais de identificao. Revista Brasileira de Contabilidade, Braslia, Ano XXVIII, n. 89, p. 62-65, Nov./Dez. 1994. SANTOS, Edno Oliveira dos. Administrao financeira da pequena e mdia empresa. ed. Atlas, So Paulo, 2001. 252 p. SANTOS, Joel J. Formao do preo e do lucro: Custos Marginais para Formao de Preos Referenciais. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1995, 187 p. SEBRAE - Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas de So Paulo. Curso de orientao para crdito: Programa Brasil Empreendedor. So Paulo, 2000. ____________________. Sobrevivncia e mortalidade de empresas paulistas de 1 a 5 anos. 1. ed. So Paulo: Sebrae, 2004. Empresa. In: Wikipdia: a enciclopdia livre. Disponvel em: Acesso em: 29 set 2007. Fluxo de Caixa/Custos na Pequena Indstria. In: Guia do Empreendedor - Sebrae. Disponvel em