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MANUALBOAS PRÁTICASPARA CULTURAS EMERGENTES

A CULTURA DA NOZ

Pensar Global,pela Competitividade,Ambiente e Clima

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A CULTURA DA NOZ

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Ficha técnica

Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

A Cultura da Noz

Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Lisboa | 2017

Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

Impressão: GMT Gráficos

Tiragem: 250 ex.

Depósito Legal: 433095/17

ISBN: 978-989-8319-17-3

Distribuição Gratuita

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Índice

Introdução

1 - Origem

2 - Taxonomia e Morfologia

3 - Requisitos Edafoclimáticos

3.1 - Clima3.1.1 - Temperatura3.1.2 - Precipitação3.1.3 - Humidade Relativa3.1.4 - Vento

3.2 - Solos

4 - Ciclo Vegetativo4.1 - Floração4.2 - Frutificação4.3 - Desenvolvimento do fruto4.4 - Desenvolvimento vegetativo

5 - Material Vegetal5.1 - Variedades5.2 - Porta-enxertos

6 - Particularidades do Cultivo6.1 - Escolha da parcela6.2 - Preparação do terreno6.3 - Plantação6.4 - Desenho de plantação6.5 - Fertilização6.6 - Rega6.7 - Poda

7 - Pragas e Doenças7.1 - Pragas7.2 - Doenças

8 - Colheita

9 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

Bibliografia

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

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Introdução

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Introdução

No âmbito da candidatura �Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente e Clima�,inserida na operação 2.1.4 � Ações deInformação, com o objetivo de reunir, divul-gar e disseminar informação técnica, orga-nizacional e de mercados, valorizando oambiente e o clima, foi definido como metaa elaboração de um conjunto de elementosnos quais se inclui o presente �Manual deBoas Práticas para Culturas Emergentes�.

Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar os agentesdo setor agrícola, em particular os associa-dos da AJAP, de um conhecimento maisaprofundado sobre 15 culturas emergentesaliadas às boas práticas agrícolas.

A cultura da noz insere-se no referido con-junto de culturas consideradas emergen-tes, o qual foi aferido através da realizaçãode inquéritos a nível nacional, por parte dostécnicos da AJAP, junto de organismos einstituições de referência do setor, tendoem conta a atual conjuntura, ou seja, consi-derando as culturas que se destacam pelacomponente de inovação aliada à rentabi-lidade da exploração agrícola, aumentandoassim a competitividade do setor.

Para a elaboração deste manual, foram con-sultadas diferentes fontes bibliográficas,bem como produtores e especialistas quecontribuíram de forma determinante paraa valorização da cultura da noz.

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1 - Origem

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1- Origem

Existem várias hipóteses sobre a origem danogueira, sendo que a mais comummenteaceite é a de que seja originária da ÁsiaCentral, numa área que se estende entre aTurquia e a cadeia montanhosa dos Hima-laias, embora com centro provável no Irão,donde foi levada pelos gregos para a Europano século III a.C. A partir daí terá sidodifundida pelo resto da Europa e posterior-mente para a América.

Outra hipótese sugere a presença da no-gueira comum na Europa antes destascivilizações, hipótese esta suportada peladescoberta de pólen com 5.000 anos, per-tencentes a árvores que sobreviveram àúltima glaciação.

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Autóctone (incl. archaeophytes)Desconhecido se autóctoneIntroduzida naturalizadaIntroduzida (status desconhecido)Introduzida sem populações estáveisCultivadaCultivada em larga escala

Fonte: Botanical Museum, Helsinki, Finland 2016 Data from BGBM, Berlin-Dahlem, Germany

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2 - Taxonomia e Morfologia

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2 - Taxonomia e Morfologia

A nogueira, científicamente designada porJuglans regia Linnaeus, é uma árvore da fa-mília das Juglandaceae e do género Juglans.Dentro desta família existem 3 géneros:

Juglans L. (fruto comestível e aprovei-tamento florestal); Carya Nutt. (frutocomestível e aproveitamento florestal);Pterocarya Kunth (árvores de aproveita-mento florestal)

A grande maioria das espécies pertencentesao género Carya tem a sua distribuição na-tural na América do Norte e em menor nú-mero, no Extremo Oriente, incluindo o sudes-te asiático. As espécies pertencentes aogénero Pterocarya atualmente apenas se en-contram distribuídas naturalmente na Ásia.

Dentro do género Juglans existem cerca de17 espécies englobadas em três grupos comquatro secções:

� Nogueiras brancas, secção Dioscaryon

� à qual pertencem a Juglans regia (e aJ. sigillata). De origem europeia e per-sa são as nogueiras normalmente cul-tivadas e tipicamente identificadas peloseu fruto;

� Nogueiras negras, secção Rhysocaryon� incluem-se neste grupo as espéciesJ. rupestris, J. hindsii, J. nigra, entre ou-tras, todas originárias da América doNorte e América Central;

� Nogueiras cinzentas, secções Trachy-

caryon e Cardiocaryon � a primeirasecção é representada por uma única

espécie com origem norte-americana,a J. cinerea; as restantes espécies per-tencem à segunda secção, com origemasiática e incluem a J. cathayensis, J.

ailanthifolia, J. sieboldiana, entre outras.

Embora os frutos de todas as espécies sejamcomestíveis, a J. regia é a mais cultivadapelos seus frutos, sendo a J. nigra a maisapreciada pela sua madeira. Ainda dentrodas nogueiras negras, algumas são igual-mente apreciadas pelas suas característicascomo porta-enxertos.

Em termos de morfologia é uma árvore defolha caduca, muito vigorosa e de grandedimensão podendo ultrapassar os 25 - 30m de altura, sendo a sua madeira deexcelente qualidade. Por esse motivo é umaespécie que, para além de ser cultivada peloseu fruto, é também cultivada como espécieflorestal. O sistema radicular é compostopor uma raiz principal pivotante a qual podeatingir grandes profundidades.

A nogueira é uma espécie monóica (possuiflores masculinas e femininas na mesmaplanta), autocompatível embora apresentedicogamia, ou seja, existe separação tempo-ral na maturação das flores masculinas efemininas, sendo as diferentes variedadesintercompatíveis. Estas característicasdeterminam a necessidade de ocorrer apolinização cruzada.

O fruto é uma drupa deiscente que tem umcrescimento em sigmoide. A semente desuperfície sinuosa, é formada por quatrolóbulos, simétricos e rodeados por umtegumento de cor castanho-claro.

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

3.1 - Clima

Em termos geográficos, as zonas onde anogueira encontra as condições mais ade-quadas, situam-se entre os paralelos 35º e45º de latitude Norte, embora também sepossam encontrar entre os paralelos 10º e60º; no hemisfério sul cultivam-se a umalatitude entre os 20º e 40º. Quanto à altitudeconsidera-se o limite de 1.000 a 1.200 m,embora no caso de existir risco de geadaso limite desce para 800 m de altitude.

Os fatores climáticos que influenciam aadaptação e produtividade da cultura sãoa temperatura, a precipitação, a humidaderelativa e o vento.

3.1.1 - Temperatura

Considera-se que o intervalo de temperaturaótimo para o desenvolvimento da atividadefotossintética se situa entre 15°C e 30°C,verificando-se grande redução para tempe-raturas inferiores a 10°C ou superiores a 38°C.

A nogueira é uma planta moderadamenteexigente em frio invernal, necessitando emmédia de cerca de 700 horas de frio (númerode horas com temperaturas inferiores a 7°C),para que se inicie o período vegetativo etenha lugar uma correta floração e frutifica-ção. Este aspeto é variável consoante asvariedades, havendo variedades califor-

nianas que necessitam apenas de 300 horasde frio e, pelo contrário, algumas variedadesfrancesas que necessitam de mais de 1.500horas de frio.

Alguns autores indicam a capacidade dealgumas variedades, especialmente asvariedades centro-europeias, de conse-guirem resistir a temperaturas até -30°Cdurante o repouso invernal. O mesmo nãoacontece quando os diferentes órgãos daárvore estão formados, como por exemploos frutos vingados, as flores e as gemas, osquais são bastante suscetíveis às geadasque por vezes ocorrem na primavera. Noverão, temperaturas superiores a 38°C danifi-cam o fruto, produzindo um escurecimentoe murchamento do fruto (golpe de sol),com consequente depreciação.

3.1.2 - Precipitação

A água é uma das principais limitações daagricultura em clima mediterrânico, umavez que além de se verificar um elevadodéficit hídrico durante o verão, parte daprimavera e outono, também ocorrem porvezes anos consecutivos de seca em que asprecipitações diminuem drasticamente.

No caso do cultivo em sequeiro, é necessárioum mínimo de 700 a 800 mm de precipita-ção por ano, de preferência bem repartidosao longo do ano. Refira-se a importâncianão só da quantidade, mas também dadistribuição da precipitação, pois como

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referido anteriormente, o clima mediter-rânico carateriza-se por períodos de au-sência de precipitação nos meses de maioresnecessidades hídricas da cultura (junho,julho e agosto).

Pelo que foi referido, considera-se que asprodutividades nesta cultura beneficiamlargamente com a implementação do sis-tema de regadio e, sendo que o recurso aoregadio é atualmente cada vez mais a opçãopor parte dos produtores de noz, a precipita-ção passa a ser um fator secundário.

3.1.3 - Humidade Relativa

A humidade relativa é um fator impor-tante especialmente se se verificaremvalores elevados durante a primavera,pois pode ser um fator favorável para odesenvolvimento da bacteriose, uma vezque esta doença requer, para o seu de-senvolvimento, humidade ambientaljuntamente com temperaturas amenas(superiores a 15ºC). Estas condições sãotambém favoráveis ao aparecimento defungos na nogueira, sendo por essa razãointeressante para a cultura a ausência deprecipitação nesta época. Igualmentenão são desejáveis as chuvas tardias deoutono, uma vez que podem provocaratrasos na colheita e diminuição da quali-dade dos frutos se estes permaneceremmuito tempo no solo em condições dehumidade.

3.1.4 - Vento

Na nogueira o vento tem especial im-portância durante a polinização, pois seventos fracos favorecem a polinizaçãocruzada, no caso da ocorrência de ventosfortes vai dificultar a polinização, aomesmo tempo que provocam a quedados amentos e dos frutos recém vinga-dos. Por outro lado, o vento pode provo-car a dessecação das folhas pelo aumen-to da taxa de transpiração.

Poderá igualmente ser difícil a formaçãodas árvores se na zona da plantação ocor-rerem ventos fortes, sendo que o recursoa tutores permite o seu estabelecimentonos primeiros anos, assim como ter-seem conta no desenho da plantação adireção dos ventos dominantes.

3.2 - Solos

Os solos aconselhados devem serprofundos, não inferiores a 2 m, detextura franca a franca-arenosa, bemarejados, ricos em matéria orgânica ecom boa drenagem. Sendo que as raízesda nogueira podem atingir os 3 a 4metros de profundidade em condiçõesfavoráveis, quanto maior for aprofundidade do solo, melhor será odesenvolvimento da árvore.

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É uma cultura bastante sensível à asfixiaradicular e dessa forma, em determina-das condições é mais prejudicial um ex-cesso de água do que quantidades insufi-cientes. Níveis elevados de humidade dosolo podem levar ao aparecimento depatógenos do solo como a Phytophthora

e de fungos como a Armillaria.

A nogueira é uma planta calcífuga, o quesignifica que é pouco tolerante à pre-sença de cálcio no solo, além de requererum pH do solo entre 6 e 8. O excesso decalcário, pelo efeito que tem na insolubi-lização de alguns elementos, tornando--os indisponíveis para as plantas, mani-festa-se muitas vezes na forma de clo-rose. É igualmente muito sensível àsalinidade, sendo que uma condutividadeelétrica do extrato de saturação do solosuperior a 3 dS/m pode reduzir a produ-ção em cerca de 30%.

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4 - Ciclo Vegetativo

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Estados fenológicos da nogueira - flor masculina

Fonte: El cultivo del nogal en climas templado-frios (2009)

Cmindividualização

das floresmasculinas

Dmseparaçãode flores

masculinas

Fm2deiscência

totaldas anteras

Fminício da

deiscênciadas anteras

Amramento em

fase dediferenciação

Amv amentono final

do verão

Amgamento

em repousoinvernal

Dm2aberturadas flores

masculinas

Bminício

decrescimento

Emseparação

das anteras

Gmanterasvazias

de pólen

Hmqueda

dosamentos

Estados fenológicos da nogueira - flor feminina

Fonte: El cultivo del nogal en climas templado-frios (2009)

Cf2individualização

das folhas

Dfindividualização

de folíolos

Ff1divergência

dos estigmas

Ffaparecimentodos estigmas

Afgema

em repouso invernal

AF2 queda

das escamasexternas

Bfgema

inchada

Gfestigmas

secos

Df2folhassoltas

Cfbrotação

Efaparecimentoda inflorescência

Ff2estigmascurvados

Ff3início do

escurecimentodos estigmas

4 - Ciclo Vegetativo

A longevidade da nogueira é bastantevariável, embora considerando umaplantação comercial a longevidade dasárvores está diretamente relacionadacom a viabilidade económica do pomar,ou seja, é bastante inferior uma vez quedeverá proceder-se ao arranque daplantação antes que se atinja a fase dedecrepidez da plantação.

Tal como noutras árvores de fruto comutilização comercial, em termos do ciclovegetativo anual, podemos considerar

que de uma forma geral na nogueiratemos o repouso invernal e o períodode atividade vegetativa.

O repouso invernal compreende o perío-do entre a queda das folhas (paragemvegetativa outonal) até ao início da ativi-dade vegetativa no fim do inverno. Já operíodo de atividade vegetativa teminício no fim do inverno, com os primeirossinais de atividade até à queda das folhas.É nesta fase que se diferenciam os váriosórgãos da árvore no que se designa porestados fenológicos da nogueira.

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4.1 - Floração

Como referido anteriormente a nogueiraé uma espécie monóica, o que significaque na mesma planta existem floresfemininas e masculinas diferenciadas.Por outro lado, é uma espécie autocom-patível e em que todas as variedades sãointercompatíveis. No entanto, a floraçãodas flores masculinas e femininas geral-mente não é coincidente, ou seja, ocorredicogamia, para além de terem diferentesdurações.

Dessa forma é aconselhável intercalarárvores polinizadoras cuja emissão depólen coincida com a floração femininada variedade em cultivo. A polinização éanemófila e tendo em conta que todasas variedades são intercompatíveis épossível a polinização cruzada, desdeque se assegure, como referido, a coinci-dência de floração entre as flores dasdiferentes variedades na plantação. Tam-

bém se deve ter em conta que o apareci-mento dos amentos, na maioria dos ca-sos, é um a dois anos posterior ao apa-recimento das flores femininas, o quepode atrasar a entrada em produção.

Quanto ao número de polinizadores aintercalar na plantação, sendo uma ques-tão ainda não totalmente definida, podeconsiderar-se adequado valores de 2 a4% de polinizadores na plantação.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

É essencial escolher como polinizadoras,variedades cuja formação de pólen coin-cida com a floração feminina da varieda-de produtora. A recente importação davariedade Ivarto para a península vairesolver muitos problemas depolinização, pois o período de polinizaçãoé de tal maneira extenso que coincidecom a floração feminina de praticamentetodas as variedades. (João Braga, 2017)

Crescimento máximo das raízes

Flores Formação de frutos Crescimento embrião Maturaçãoe inícioendurecimentoda casca

AtividadeRadicular

Qualidadedo Fruto

InduçãoFloral

Folhase Brotos

Formaçãodos frutos

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Calibre noz Qualidade semente

Formação gemas

Crescimento rápido Maturação

Endurecimento casca Colheita

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Crescimento vegetativo Quedas das folhas

Crescimento máximo das raízes

Ciclo anual da nogueira | Períodos críticos

Fonte: El Nogal. M. Muncharaz Pou (2001)

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4.2 - Frutificação

Podem-se considerar três tipos de fru-tificação na nogueira, tal como descrito na

Ramo com 3 anos Ramo com 2 anos Ramo do ano Frutos

Tipos de frutificação na nogueira

Fonte: El Nogal. M. Muncharaz Pou (2001)

Apical ou terminalcom ramificação débil

Apical com ramificação forte Em Ramos Secundários

figura abaixo e cuja tipologia influência nãosó a entrada em produção como a produ-tividade das árvores.

� Frutificação terminal � característicadas variedades Francesas e de Oregón

(descrição das variedades mais àfrente), resultando em variedades comgrande vigor e entrada em frutificaçãotardia uma vez que apenas frutificamno extremo do ramo, a par de uma fra-ca produtividade;

� Frutificação intermédia � característicada variedade Hartley, tendo um com-portamento intermédio entre as dogrupo anterior e as do seguinte;

� Frutificação lateral � característica dasvariedades Californianas e algumasespanholas, sendo que as variedadescom este tipo de frutificação entram

mais cedo em produção, são maisprodutivas e consequentemente o seuvigor é menor devido à competiçãoque oferecem os numerosos frutos.

4.3 - Desenvolvimento do fruto

O desenvolvimento completo do frutonecessita aproximadamente entre 135 a160 dias desde o momento da poliniza-ção, embora no caso das variedades defloração precoce a maturação ocorraantes das de floração tardia. O processoe a duração das diferentes fases encon-tram-se descritos na tabela seguinte.

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Após a fecundação o desenvolvimentodo fruto é bastante rápido demorandocerca de 7 semanas a atingir o tamanhopróximo do definitivo, seguindo-se oendurecimento da casca, demorandoesta fase cerca de 7 semanas. Na fase dematuração o fruto já atingiu o seutamanho definitivo e a morfologia estácompleta, apenas ocorrendo uma sériede transformações interiores com vistaao amadurecimento do fruto, fase quepode durar entre 4 e 7 semanas, depen-dendo das variedades.

4.4 - Desenvolvimento vegetativo

No período de desenvolvimento vege-tativo que vai desde a brotação até àqueda das folhas e decorre durante aprimavera, verifica-se um crescimentomuito ativo, em particular depois dabrotação. Após a colheita, a árvore aindamantém as folhas durante um certoperíodo de tempo, sendo que o momen-to da desfoliação varia consoante asvariedades. A queda das folhas marca oinício do período de dormência que temlugar durante o inverno e durante o qualo crescimento da planta cessa.

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Fase

Fecundação

Crescimento rápido do fruto

Endurecimento da casca

Maturação

Duração(semanas)

1

8

7

4 - 7

Fonte: El Nogal. M. Muncharaz Pou (2001)

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5 - Material Vegetal

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura da Noz

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5 - Material Vegetal

5.1 - Variedades

As variedades de nogueira classificam--se em quatro grupos:

- Francesas. Estas variedades sãovigorosas, de entrada lenta emprodução, produtividade média abaixa, de brotação tardia, tendência aprotandria (floração masculina antesda feminina), maturação tardia, boaqualidade do grão (com um rendimen-to superior a 45%) e sensíveis a algumasbacterioses;

- Californianas. De vigor moderado eporte aberto, a sua brotação é precoce,de rápida entrada em produção muito

produtivas, maturação precoce, grãode qualidade e sensíveis a algumasbacterioses. São típicas de climas medi-terrânicos;

- De Oregón. Muito vigorosas, de portesemi-ereto, brotação anterior à dasFrancesas, são protandras, de rápidaentrada em produção, produtivas, fru-to grande, com boa resistência a baixastemperaturas e a algumas bacterioses;

- Centroeuropeas. São de brotaçãoprecoce, lenta entrada em produção,produtividade média-baixa, maturaçãoprecoce, grão de escassa qualidade eelevada resistência aos frios invernais.

Fonte: El cultivo del nogal en climas templado-frios (2009). Brotação e floração de diferentes variedades de nogueira

Seleção de variedades:

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A seguir descrevem-se algumas das varie-dades atualmente mais indicadas para ascondições do nosso território:

Chandler � variedade originária daCalifórnia de vigor médio, porte semia-berto a semi-erecto. Apresenta frutifica-ção lateral (80% de gemas frutíferaslaterais) e brotação semi-tardia de 4 a 5de abril. A floração masculina ocorre de7 a 17 de abril e a floração feminina de20 de abril a 2 de maio. As variedadesque podem ser utilizadas comopolinizadoras para esta variedade são aFranquette, Cisco, Ivarto e Fernette.

Howard � variedade originária da Califór-nia de vigor médio, porte semiaberto.Apresenta frutificação lateral (80-90%das flores femininas) e brotação médiaa 4 de abril. A floração masculina ocorrede 5 a 15 de abril e a floração femininade 17 a 30 de abril. As variedades quepodem ser utilizadas como polinizadoraspara esta variedade são a Cisco, Ivarto eFernette.

Lara � variedade americana de vigor mé-dio, porte semi-erecto a semiaberto.Apresenta frutificação lateral e brotaçãomédia a semi-tardia de 4 de abril. A flora-ção masculina ocorre de 10 a 16 de abrile a floração feminina de 20 de abril a 2de maio. As variedades que podem serutilizadas como polinizadoras para estavariedade são a Franquette, Cisco, Ivartoe Fernette.

5.2 - Porta-enxertos

Denomina-se porta-enxerto o materialvegetal que vai configurar a componentesubterrânea da árvore, onde será enxertadaa variedade (parte aérea), que irá formar otronco, ramos, folhas, flores e frutos.

A utilização de porta-enxertos é um fatorde grande importância na fruticultura dosnossos dias, permitindo escolher o sistemaradicular que melhor se adapta às condiçõesambientais do solo, para além de permitira transmissão de determinadas caracterís-ticas à variedade.

As influências do porta-enxerto sobre anogueira são as seguintes:

� enraizamento adequado permitindoo transplante e enraizamento adequa-do da planta no local definitivo;

� vigor adaptado à variedade e às con-dições de cultivo, sistema de regadioou de sequeiro, assim como às caracte-rísticas físicas, químicas e bióticas dosolo;

� desenvolvimento uniforme das plantasde forma à obtenção de plantaçõeshomogéneas e equilibradas;

� longevidade da plantação;

� indução de precocidade na entradaem produção.

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Os novos porta-enxertos clonais do tipoParadox, selecionados na Califórnia eobtidos por cultura in Vitro:

� Vlach � resultante do cruzamento entreJ. hindsii e J. regia, foi um dos primeirosclones paradox a ser micropropagado.É bastante vigoroso, resistente a crown

gall, suscetível a nemátodos e suscetibi-lidade variável a Phytophthora;

� VX 211 � resultante do cruzamentoentre J. hindsii e J. regia, apresenta umvigor excecional, tolerância a nemáto-dos e alguma resistência a Phyto-

phthora;

� RX1 � resultante do cruzamento entreJ. microcarpa e J. regia, é resistente àPhytophthora, embora apresentemenos vigor que o VX 211.

Em Portugal o porta-enxerto mais frequen-temente usado é o J. regia, seguido do J.

nigra, embora o Vlach se posicione comoum porta-enxerto com bastante interessepara as nossas condições.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

A variedade Vlach é sem dúvida o porta--enxerto mais polivalente, embora nãoseja o mais disponível no mercado etenha preços consideravelmente maiselevados. As variedades de eleição emtermos de produção e qualidade de miolosão a Howard e Chandler. A Chandler comum potencial produtivo ligeiramente maiselevado e a Howard com a vantagem deter uma produção mais precoce no ano,permitindo melhores condições de colhei-ta em anos chuvosos. (João Braga, 2017)

Sensibilidade

Seca

Frio invernal

Deficiência

Zinco (Zn)

Salinidade

Encharcamento(Asfixia radicular)

Clorose férrica(calcário)

Phytophthora

Armillaria

Vigor induzido

J. regia

Pouco sensível

Resistente

Sensível

Pouco tolerante

SensívelMuito sensível

Bastante toleranteSensível

Sensível

Muito sensível

Muito sensívelSensível

BomBaixo

Variável

Fonte: El Nogal. M. Muncharaz Pou (2001)

Paradox

Moderadamente tolerante

Intolerante

Intermédio

Pouco sensível

Moderadamente tolerante

Resistente

Mais resistente

VariávelResistente

Vigoroso

J. nigra

Sensível

Muito Resistente

SensívelPouco sensível

Sensível

Mais tolerante que a J. regia

Mais tolerante que a J. regia

Bastante tolerante

Menor que J. regia em 5-20%

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6 - Particularidades do Cultivo

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6 - Particularidades do Cultivo

Tradicionalmente a produção de nogueiraem Portugal provém de plantações desementeira, em que não se realiza poda,controlo sanitário nem secagem e em quea colheita é manual. Esta é a realidade decerca de metade da produção de noz nonosso país. Realidade diferente a dos novospomares, principalmente os realizados apartir dos anos 90, com recurso a técnicasmodernas de cultivo e novas variedades.

No caso de novas plantações, devem serrealizados estudos prévios à plantação quepermitam identificar os constrangimentosque possam existir no local e quais as me-didas que permitam mitigar esses cons-trangimentos.

6.1 - Escolha da parcela

Em termos do tipo de solo, a nogueiradesenvolve-se melhor em solos profundos,bem drenados e de textura média. Deve--se igualmente evitar zonas baixas de valese situações que favoreçam o desenvol-vimento de geadas, assim como zonascaracterizadas por ventos fortes, pois ape-sar da polinização anemófila beneficiar daincidência de ventos ligeiros, ventos fortespodem ser prejudiciais.

6. 2 - Preparação do terreno

Tal como para outras fruteiras, na pre-paração do terreno e sempre quenecessário devem ser realizados trabalhosde nivelamento de modo a facilitar o

movimento das máquinas e a operação decolheita, assim como de drenagem, de mo-do que não se verifiquem zonas de acumu-lação de água, uma vez que a cultura émuito sensível à asfixia radicular. Devemtambém ser construídos os caminhosnecessários à circulação das máquinasdentro da exploração.

Com a devida antecedência devem serrealizadas operações de ripagem (subso-lagem), uma vez que a cultura necessita desolos profundos, bem drenados e não as-fixiantes, sendo esta operação ainda maiscrítica quando se verifique a presença decamadas impermeáveis no subsolo.

Com base nas análises de solo, devem serrealizadas as correções de pH necessárias,através de aplicações de cálcio ou enxofre,assim como deve realizar-se a fertilizaçãode fundo, através da aplicação de matériaorgânica, de modo a colocar à disposiçãodo raizame os nutrientes necessários.

Poderá ser necessário realizar operaçõescom vista à destruição de infestantes e deeventuais restos de culturas, o que podeser realizado com recurso a controlo quí-mico ou mecânico.

Existe ainda a possibilidade de quando setrate de solos mais pesados ou pouco pro-fundos, de instalar-se a cultura em cama-lhões, o que permite aumentar o volumede solo explorável pelas raízes e, por outrolado, diminuir a humidade na zona das raízes.

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Posteriormente procede-se à marcação epiquetagem e instalação do sistema de rega,sendo que, para as condições de Portugal,o mais indicado é o sistema de rega locali-zado, rega gota-a-gota.

6.3 - Plantação

O período ideal situa-se entre a segundaquinzena de agosto e a primeira quinzenade setembro, no caso de se tratar de plantasenvasadas. Quando se utiliza plantas emraiz nua podemos plantar na primeiraquinzena de novembro.

6.4 - Desenho de plantação

O desenho e estrutura da plantação devemter em consideração, em termos gerais, ascondições edafo-ecológicas, o vigor davariedade, as características do porta-en-xerto, o nível de mecanização, o tipo decolheita e se a plantação se realiza em se-queiro ou regadio. Para além disso, as linhasdevem, se possível, ser orientadas no senti-do Norte-Sul, não só para garantir a maximi-zação da exposição solar do pomar comopara defesa em relação aos ventos frios egeadas.

Em termos da densidade de plantação,tendo em conta as características gerais domaterial vegetal, as condições ambientaise os sistemas de cultivo, sobretudo o tipode maquinaria utilizada para a colheita,podem considerar-se os principaiscompassos intensivos atualmente maisutilizados em Portugal:

7 x 4 m (357 árvores/ha) para variedadescomo Howard, Lara, Pedro, Tulare Trompito;8 x 4 m (312 árvores/ha) a 8 x 5 m (250árvores/ha) para variedades comoChandler, Serr, Sunland e Tulare.

Em relação à distribuição das variedadesno terreno, a localização das árvores poli-nizadoras deve considerar a colheita, tendoem conta que a maturação da variedade ba-se e da polinizadora provavelmente não irácoincidir, sendo o aspeto diferente das vari-edades não aconselhar a colheita simul-tânea. Sugere-se também que, sendo a po-linização anemófila, as variedades polini-zadoras se situem perpendicularmente àdireção predominante dos ventos. Em ter-mos da quantidade de polinizadoras naplantação, não sendo um número consen-sual, considera-se razoáveis valores naordem dos 2 a 4%.

6.5 - Fertilização

O solo contém uma diversidade de ele-mentos minerais que as plantas necessitam.Quando são insuficientes é necessáriofornecê-los através da fertilização, a qualtem por objetivo a otimização da produti-vidade do pomar.

Os diferentes elementos desempenhampapéis distintos sendo o azoto o nutrientemais limitante da produção das culturas,uma vez que se trata do nutriente fun-damental para o crescimento e vigor daárvore, enquanto que a sua falta se refleteno equilíbrio vegetativo em geral, o seuexcesso leva a um forte crescimento, o quepenaliza o rendimento e conduz a induçõesflorais fracas e de baixa qualidade.

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Já o fósforo é um nutriente muito impor-tante para a formação das flores e dosjovens frutos, favorecendo igualmenteo desenvolvimento vegetativo e a esta-bilidade do sistema radicular.

O potássio é importante para a qualidadedos frutos, sendo muito móvel, quer naplanta quer no solo, é rapidamentefixado. Apesar da grande maioria dossolos cultivados apresentarem concen-trações elevadas deste nutriente, eleencontra-se em formas não assimiláveis,daí a necessidade de fornecer este ele-mento aos solos.

Para determinar as necessidades emfertilização para a cultura da nogueira,é importante realizar análises foliaresanuais, através das quais se estimam asextrações dos principais elementosminerais.

Considera-se, para uma produção média de3 t/ha de noz, que as extrações anuais porhectare se cifram em 220 kg de azoto (N),

30 kg de fósforo (P), 172 kg de potássio(K), 255 kg de cálcio (Ca) e 22 kg demagnésio (Mg).

O potássio poderá ser aplicado na formade nitrato de potássio com uma perio-dicidade quinzenal e, o azoto e fósforona forma de nitrato de amónio e ácidofosfórico respetivamente, podem seraplicados ao longo de todo o ciclo.

No caso de se recorrer à fertirrega, acon-selha-se os seguintes valores, para árvo-res adultas em plena produção:

� N: 950 g/árvore ao ano, na primaverae fim de verão, com periodicidade se-manal;

� P (P2O5): 550 g/árvore ao ano, naprimavera e fim de verão, com periodi-cidade semanal;

� K (K2O): 950 g/árvore ao ano na prima-vera e fim de verão, com periodicidadequinzenal.

Elemento nutritivo kg/ha

Azoto (N)

Fósforo (P2O5)

Potássio (K2O)

3.500-4.500

120-140

70-80

120-140

4.500-5.500

140-160

80-90

140-160

5.500-6.500

160-180

90-100

160-180

Produção kg/ha

Fonte: Adaptado de El Nogal, Muncharaz Pou (2001), João Braga (2017)

6.500-7.500

180-200

100-110

180-200

Na tabela abaixo apresentam-se recomendações de fertilização no caso de árvoresem plena produção cultivadas em solos francos e calcários:

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6.6 - Rega

Em termos gerais a precipitação não per-mite suprir as necessidades hídricas docultivo intensivo de nogueira, pelo que,embora seja possível em determinadascondições produzir em regime de sequei-ro, a rega é fundamental para melhorare regularizar a produtividade, melhorara qualidade da colheita e para rentabi-lizar os custos de produção.

O período crítico de maiores neces-sidades hídricas está compreendidoentre os meses de junho e agosto, sendoque a falta de água nestes meses pro-duzirá nozes de pequeno calibre, déficede floração feminina na colheita seguintee frutos pouco cheios e escuros. Para a-lém destes efeitos, a falta de água favo-rece as queimaduras no fruto e a quedaprematura das folhas. As necessidadesdiminuem nos períodos anteriores eposteriores ao indicado embora a reganão deva ser suprimida na totalidade.

Por outro lado, um excesso de águapoderá provocar a asfixia radicular e odesenvolvimento de doenças, como é ocaso da Phytophthora.

Na seleção do sistema de rega gota-a--gota deve-se definir o número de linhasde rega, à medida da plantação e oespaço entre elas. Podem considerar-seos seguintes sistemas: linha dupla de re-

ga desde a plantação e tripla ou quádru-pla em pleno desenvolvimento. Em regagota-a-gota, embora dependendo doano e do tipo de solo, pode-se estimar umconsumo médio de 4.000-8.000 m3/hapara se conseguir uma boa resposta àrega, contando que a rega é aplicada nomomento adequado e de forma correta.

6.7 - Poda

A poda realizada de forma manual oumecânica, permite modificar os hábitosde crescimento natural da árvore medi-ante o corte de qualquer parte da árvore,de modo a obter e manter uma estruturaque permita atingir rapidamente o má-ximo potencial de produção e o máximode longevidade do pomar, para além defacilitar a execução das diversas práticasculturais dentro da plantação.

Podemos considerar diferentes sistemasde poda tendo em conta o ciclo vege-tativo anual e tendo em conta o ciclo devida da árvore. Assim, durante o cicloanual distingue-se a poda em verde e ade inverno e durante o ciclo de vida po-dem realizar-se a poda de formação, deprodução e de rejuvenescimento:

� poda em verde � realizada durante operíodo de atividade vegetativa daárvore, geralmente aproveitando aparagem de verão;

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O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

Relativamente às técnicas de poda, as teorias mais recentes apontam para a menorintervenção possível na formação, permitindo que o eixo se forme naturalmente,apenas se intervindo em caso de algum defeito grave na árvore. No estado adulto faz--se uma poda mecanizada numa face da árvore a cada uma de duas ou três linhas,dependendo da variedade, uma vez ao ano. No ano seguinte procede-se à poda numaface da segunda linha e assim sucessivamente. (João Braga, 2017)

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� poda de inverno � realizada quando aárvore se encontra em repouso vege-tativo invernal;

� poda de formação � conjunto de ope-rações de poda realizadas durante todoo período juvenil, de modo a formar aestrutura ou esqueleto da árvore;

� poda de produção � é a poda realizadadurante todo o período de frutificaçãoda árvore com o objetivo de propor-cionar a máxima produtividade, pro-movendo a renovação dos ramosfrutíferos e eliminando madeira mortaou danificada;

� poda de rejuvenescimento � é umapoda que se realiza em alguns casospara rejuvenescer e revigorar a árvore,com o objetivo de eliminar as partes daárvore que se encontram danificadase promover ao mesmo tempo a renova-ção da árvore com novas brotações.Hoje em dia esta técnica encontra-seem desuso aconselhando-se a procederao arranque da plantação quando fiquedemonstrado por estudos de renta-bilidade, que os gastos de cultivo ultra-passam os ganhos obtidos com a vendada produção.

Poda de formação

Fonte: http://esa.ipb.pt/cncfs/images/artigos_chaves2016/Federico%20Larrinaga_.pdf

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7 - Pragas e Doenças

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7.2 - Doenças

As principais doenças que afetam a cultura da nogueira são:

7 - Pragas e Doenças

7.1 - Pragas

As principais pragas que afetam a nogueira são:

Inimigos (Nome vulgar)

bichado da fruta

zêuzera

afídeos

ácaros

cochonilhas

Nome científico

Pragas

Cydia pomonella L.

(Tortricidae, Lepidoptera)

Zeuzera pyrina L.

(Cossidae, Lepidoptera)

Callaphis juglandis

Chromaphis juglandicola

(Aphididae, Hemiptera)

Panonychus ulmi (Koch)

Tetranychus urticae (Koch)(Tetranychidae, Acari)

Pseudaulacapsis pentagona

Epidiaspis leperii

Código OEPP (Bayer)

CARPPO

ZEUZPY

CLLAJUCHRAJU

METTULTETRUR

PSEAPEEPIDBE

Fonte: Nomenclatura dos inimigos das culturas para as quais se admite o recurso à luta química, DGADR, 2012

Inimigos (Nome vulgar)

podridão das raízes

podridão do colo das raízes

bacteriose

antracnose

Nome científico

Doenças

Armillaria mellea Vahl.(Agaricales, Physalacriaceae)

Phytophthora sp.Phytophthora cinnamomi Rands

Xanthomonas arborícola pv. Juglandis (Pierce) Vautein(= Pseudomonas juglandis PierceXanthomonas campestris pv. Juglandis (Pierce) DyeXanthomonas juglandis (Pierce) Dowson

Ophiognomonia leptostyla (Fries) SogonovAnamorfos: Gnomonia juglandis (de Candolee) Traverso

Gnomonia leptostyla (Fries) Cesati & de NotarisLeptothyrium juglandis LibertMarssoniella juglandis (Libert) von HöhnelMarssonina juglandis (Libert) MagnusSphaeria leptostyla Fries

Código OEPP (Bayer)

ARMIME

PHYTSP

XANTJU

GNOMLE

Fonte: Nomenclatura dos inimigos das culturas para as quais se admite o recurso à luta química, DGADR, 2012

Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura da Noz

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Para cada uma destas pragas e doençastanto o diagnóstico como os tratamen-tos deverão ser elaborados por técnicosespecializados na cultura, dado que con-soante as características climáticas eedáficas das explorações, as recomen-dações de tratamento poderão variar.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

São necessários no mínimo 5 tratamen-tos preventivos para a Bacteriose e, porobservação de ataque, para Antracnoseno início do ciclo. A partir da formaçãodos frutos é de máxima importância aobservação semanal para deteção dapresença de bichado. O combate deveser feito de forma preventiva, através demeios de combate biotécnico (ex: con-fusão sexual) e, quando necessário, comrecurso a luta química. (João Braga, 2017)

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8 - Colheita

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8 - Colheita

Tradicionalmente a colheita da noz apro-veita a queda dos frutos que caem nosolo (colheita espontânea), ou com re-curso a varas (ou derrube manual). Atual-mente a colheita da noz no caso de plan-tações intensivas é mecanizada fazendouso de máquinas vibradoras, as quaisconseguem uma eficácia de colheitabastante elevada. A colheita mecânicapode apresentar limitações em planta-ções com declive acentuado, com cama-lhões muito elevados ou com espaça-mento entre linhas reduzido (inferior a5 m).

Existem, dentro dos sistemas de colheitamecânica da noz os sistemas de colheitacompleta ou parcialmente mecanizada(apenas com sistema vibrador). Em ter-mos dos gastos com a colheita, conse-guem-se reduções importantes quandose passa da colheita manual, para a par-cialmente mecanizada e desta para acompleta.

Na fotografia a seguir pode observar-sea colheita parcialmente mecanizada, coma queda dos frutos em redes, muito se-melhante ao que se utiliza no olival eamendoal.

Existem outros sistemas que consistemno derrube da noz com vibrador composterior amontoa das nozes no centroda entrelinha sendo posteriormenterecolhida por uma máquina varredoraque a descarrega num contentor.

Deve-se avaliar se é conveniente orecurso a colheita mecânica nos primei-ros anos de plantação, tendo em contaos danos que podem ser causados nasárvores jovens. Igualmente, nas árvoresadultas, deve-se ter atenção ao tipo devibrador de modo a minimizar os danoscausados na casca das árvores adultas.

Dependendo das variedades, considera--se a primeira colheita comercial entre oterceiro e o quarto ano. Em termos deprodutividade por hectare, os valoresestimados para pomares intensivos deregadio situam-se entre os 6.000 a 8.000kg/ha.

Colheita parcialmente mecanizada.Fonte: El Nogal, Muncharaz Pou (2001).

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9 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

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9 - Produção Integrada eAgricultura Biológica

As questões relacionadas com a preser-vação ambiental, manutenção da biodi-versidade, sustentabilidade no uso dosrecursos naturais e responsabilidade so-cial, impulsionadas por uma cada vez maiorconsciencialização/exigência por parte dosconsumidores, têm sido os grandesmotores do crescimento da agriculturabiológica e da produção integrada.

Em Portugal, as estatísticas disponíveisno âmbito do setor biológico referem--se apenas às áreas de produção por tipode cultura e por região e ao número deprodutores, sendo que segundo dadosde 2014 a área dedicada a frutos secoscorresponde a 2% da área total, corres-pondendo a 4.567 hectares.

Apesar da fraca expressão que o modode produção biológico tem no setor dosfrutos secos, no caso dos pomares for-mados por variedades tradicionais, pou-co exigentes e de fácil adaptação a estemodo de produção, em particular no quese refere ao sistema de exploração em se-queiro, a conversão é relativamente facili-tada, permitindo a opção por um sistemade produção melhor para o ambiente.

Do mesmo modo, na instalação de novospomares, havendo interesse económicoassociado ao interesse da parte dos con-sumidores, em que ao aumento do con-sumo de nozes se associa um estilo devida saudável, a opção por sistemas deagricultura mais sustentáveis, como omodo de produção biológico e produçãointegrada são opções cada vez mais inte-ressantes.

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Bibliografia

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Bibliografia

Agustí M. (2010). Fruticultura. Ediciones Mundi-Prensa, 507 pp.

Iannamico L. (2009). El cultivo del nogal en climas templados fríos. Ediciones InstitutoNacional de Tecnología Agropecuaria, 115 pp.

Muncharaz Pou, M. (2001). El Nogal. Ediciones Mundi-Prensa, 299 pp.

Silva A. Et al (2012). Nomenclatura dos inimigos das culturas para as quais se admite

o recurso à luta química. DGADR, 147 pp.

http://www.eppo.int/

http://www.dgav.pt/fitofarmaceuticos/guia/finalidades_guia/Insec&Fung/Culturas/nogueira.htm

http://esa.ipb.pt/cncfs/images/artigos_chaves2016/Federico%20Larrinaga_.pdf

http://webpages.icav.up.pt/pessoas/mccunha/Silvicultura/Dossier/Trab_prt/silvicultura_trabalhos/forma%C3%A7%C3%B5es_arboreal.pdf

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