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Universidade Metodista de São Paulo Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação para o Desenvolvimento Regional Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação PENSACOM BRASIL – São Bernardo do Campo, SP – 16 a 18 de novembro de 2015 1 Jornalismo em ruptura: o tradicional e o moderno convergem para contar histórias 1 Aparecido Antonio dos Santos COELHO 2 Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP RESUMO Em uma internet com 30 milhões de usuários pelo mundo, no Brasil, 1995, o Jornal do Brasil foi o primeiro veículo nacional com versão web. Com o avanço do tempo e do desenvolvimento da sociedade, os principais veículos de comunicação abraçaram a internet e as técnicas de produção de conteúdo foram modificadas. A proposta do artigo é perceber e refletir por meio de autores como Castells, McLuhan, Kovach, Rosenstiel e outros como que as novas práticas modificam a produção jornalística. Qual o impacto da tecnologia para o aprimoramento do jornalismo e quais são os rumos atuais da profissão. PALAVRAS-CHAVE: jornalismo; internet; comunicação; rádio; TV; conteúdo 1. Jornalismo tradicional reina e a web brasileira ascende O fazer jornalismo surgiu, segundo os especialistas em crítica da mídia estadunidense Bill Kovach e Tom Rosenstiel, a partir do século 17, em locais públicos, por meio de conversas em cafés, pubs ou casas públicas e nestes locais os viajantes contavam a história de sua trajetória, sobre o que viu e o que vivenciou da origem até o destino. Na Inglaterra, em 1609, os tipógrafos começaram a ouvir e imprimir estas informações para os interessados (2003, p. 37). De 1600 até os dias atuais, os meios de comunicação passaram e ainda passam por uma transformação profunda. A mídia tradicional estava estabelecida em suas áreas ou setores específicos, nos meios impresso, televisão e rádio. Diferente dos Estados Unidos da América, onde a internet começou em laboratórios militares, com o desenvolvimento da Arpanet, em plena Guerra Fria contra a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas para depois seguir para o uso das universidades, no 1 Trabalho apresentado no GT Comunicação Digital e Tecnologias, do PENSACOM BRASIL 2015. 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, email: [email protected].

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Universidade Metodista de São Paulo Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação para o Desenvolvimento Regional

Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

PENSACOM BRASIL – São Bernardo do Campo, SP – 16 a 18 de novembro de 2015

1

Jornalismo em ruptura: o tradicional e o moderno

convergem para contar histórias1

Aparecido Antonio dos Santos COELHO2

Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP

RESUMO

Em uma internet com 30 milhões de usuários pelo mundo, no Brasil, 1995, o Jornal do

Brasil foi o primeiro veículo nacional com versão web. Com o avanço do tempo e do

desenvolvimento da sociedade, os principais veículos de comunicação abraçaram a

internet e as técnicas de produção de conteúdo foram modificadas. A proposta do artigo

é perceber e refletir por meio de autores como Castells, McLuhan, Kovach, Rosenstiel e

outros como que as novas práticas modificam a produção jornalística. Qual o impacto

da tecnologia para o aprimoramento do jornalismo e quais são os rumos atuais da

profissão.

PALAVRAS-CHAVE: jornalismo; internet; comunicação; rádio; TV; conteúdo

1. Jornalismo tradicional reina e a web brasileira ascende

O fazer jornalismo surgiu, segundo os especialistas em crítica da mídia

estadunidense Bill Kovach e Tom Rosenstiel, a partir do século 17, em locais públicos,

por meio de conversas em cafés, pubs ou casas públicas e nestes locais os viajantes

contavam a história de sua trajetória, sobre o que viu e o que vivenciou da origem até o

destino. Na Inglaterra, em 1609, os tipógrafos começaram a ouvir e imprimir estas

informações para os interessados (2003, p. 37).

De 1600 até os dias atuais, os meios de comunicação passaram e ainda passam

por uma transformação profunda. A mídia tradicional estava estabelecida em suas áreas

ou setores específicos, nos meios impresso, televisão e rádio. Diferente dos Estados

Unidos da América, onde a internet começou em laboratórios militares, com o

desenvolvimento da Arpanet, em plena Guerra Fria contra a extinta União das

Repúblicas Socialistas Soviéticas para depois seguir para o uso das universidades, no

1 Trabalho apresentado no GT Comunicação Digital e Tecnologias, do PENSACOM BRASIL 2015. 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo,

email: [email protected].

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território brasileiro a sua implantação começou diretamente por meio de instituições

acadêmicas de São Paulo (Fapesp) e do Rio (UFRJ) no final dos anos 80.

O jornalismo brasileiro começou com suas experiências pontuais de cobertura

em tempo real, como em 1992, quando a Agência Estado, empresa do jornal O Estado

de S. Paulo, fez uma cobertura experimental da conferência ambiental sobre meio

ambiente no Rio de Janeiro, a Eco-923. Em 1995, a Embratel dá o chute inicial do uso

comercial da internet no Brasil.

Inicialmente, o serviço estava disponível para 250 usuários selecionados das

cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Com isso, vagarosamente, várias

empresas começaram a ter um domínio ‘.com.br’ para chamar de seu. Segundo a obra

Revolução Digital de Ethevaldo Siqueira, o governo federal na época tentou controlar

os serviços de acesso e os primeiros usuários da rede e membros do próprio governo

reclamaram. O ruído ganhou o apelido de “infernet” (2007, p. 286).

Em 20 de fevereiro de 1995, a Agência Estado foi a primeira agência de notícias

brasileira a entrar na internet4 e em maio de 1995, o Jornal do Brasil foi o primeiro

jornal do Brasil com versão web e aberto ao público5.

Com isso foi dado o chute inicial dos serviços informativos da imprensa

brasileira na rede mundial de computadores. Enquanto isso, os grandes veículos da

mídia tradicional reinavam em seus setores, com suas audiências focadas em tiragens

milionárias, grande volume de ouvintes por minuto no rádio e muitos pontos de

audiência na televisão.

O feedback, ou melhor, o retorno da demanda da audiência era incipiente.

Naquela época meios tradicionais deixavam poucos canais de atendimentos disponíveis

ao público, como por exemplo um número de telefone, cartas e balcão de classificados

ou se dirigindo pessoalmente a sede da empresa de rádio, TV ou jornal. E desse volume

de demanda que chegava às redações, uma fração era respondida.

3 Link Estadão. Internet comercial brasileira completa 20 anos. Disponível em:

<http://blogs.estadao.com.br/link/internet-brasileira-completa-20-anos/>. Acesso em 14 nov. 2015. 4 LEITE, Edmundo. O Estado de S. Paulo. Há 20 anos, Grupo Estado entrava na internet. Disponível em

<http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,ha-20-anos-grupo-estado-entrava-na-

internet,10781,0.htm>. Acesso em: 14 nov. 2015. 5 Agência JB. JB Online. Disponível em:

<https://web.archive.org/web/19961107234651/http://www.jb.com.br/ajb/online.htm>. Acesso em: 14

nov. 2015.

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Figura 1 – O Estado de S. Paulo faz reportagem sobre seu ingresso na internet

Fonte: O Estado de S. Paulo, 20 fev. 1995.

No entanto, com a chegada da internet, os canais de relacionamento foram

ampliados e os canais de comunicação foram de alguma forma ‘obrigados’ a entender e

perceber a nova forma de receber o contato com o público. A audiência passou a

responder mais rapidamente as demandas dos veículos jornalísticos. Pouco a pouco a

internet foi mudando de forma abrupta as maneiras de produzir conteúdo informativo e

ao mesmo tempo o relacionamento com a audiência foi mudando de perspectiva.

Como explica o sociólogo Manuel Castells em sua obra A Galáxia da Internet o

jornalismo entrou em uma nova etapa, onde barreiras são rompidas a mídia nacional já

se tornaria, mesmo sem ter esse compromisso, uma mídia global. Pois, quem acessava a

internet em qualquer lugar do mundo poderia chegar até o veículo de comunicação com

página na web.

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“Sejamos claros. O mundo da mídia está no meio de uma transformação

extraordinária, tornando-se global (globalizando-se e individualizando-

se ao mesmo tempo), e encontrando economias de escala e sinergia

entre diferentes modos de expressão (2003, p. 157)”.

Figura 2 – Homepage do Jornal do Brasil, JB Online do dia 7 nov. 1996

Fonte: Internet Archive.

Ou como também o cientista social Ithiel de Sola Pool, constata que a

comunicação digital se constitui em uma revolução na tecnologia e o período mais

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profundo na história das comunicações desde a invenção da imprensa e dos meios

massivos de difusão. Pois, as comunicações se tornando eletrônicas, provocam efeitos

profundos na civilização atual permitindo conservar uma herança intelectual ao longo

do tempo difundido por meio do espaço (1993, p 19-20).

Mesmo que não se soubesse para quantas pessoas a informação chegava, pois

ainda a internet era embrionária na sociedade brasileira. Nesta época os principais

jornais tinham uma tiragem diária relevante. Em 1995, segundo o então Instituto

Verificador de Circulação, hoje atual Instituto Verificador de Comunicação (IVC)6,

mostra que a tiragem diária dos jornais foi de 3,5 milhões de impressos.

Em 2014, o número da tiragem de jornais foi de 3,8 milhões. No entanto, cabe

ressaltar que de 1995 a 2014 o Brasil tinha outras condições econômicas e segundo o

boletim do Instituto Gutemberg7 de março-abril de 1997, dos 2.500 jornais, 300 eram

diários e o IVC auditava apenas 48 publicações. Atualmente o mesmo instituto audita

131 publicações impressas e digitais. Ou seja, o número de jornais aumentou, mas os

líderes de vendas perderam leitores para outras publicações, jogos digitais, video on-

demand (VOD), televisão e a internet.

Lembrando que além do jornal, a TV aberta e rádio são alguns dos principais

setores que mantém jornalistas empregados em redação produzindo conteúdo e

apurando hardnews para atrair sua audiência com seus principais telejornais ou rádio

jornais. Como mostra uma reportagem do jornalista Ricardo Feltrin, do UOL, sob o

título “TV aberta cai, e TV paga dispara 135% no país em 5 anos”.

Segundo o levantamento Painel Nacional de Televisão (PNT), que afere

audiência dos 15 maiores mercados publicitários do Brasil, onde cada ponto é

correspondente a 233 mil domicílios ligados, o índice de audiência da principal rede de

televisão aberta do País, a TV Globo, perdeu em 5 anos 16% de sua audiência, caiu de

14,6 pontos em 2010 para 12,4 pontos este ano; a TV Record caiu de 5,7 pontos para

4,4 (-23%); TV Bandeirantes passou de 1,8 para 1,5 ponto (-16,6%); e RedeTV!, que

perdeu 44% de sua audiência, desabando de 0,9 para 0,5 ponto.

6 IVC. Instituto Verificador de Comunicação. Disponível em: <http://www.ivc.com.br>. Acesso em: 30

nov. 2015. 7 Instituto Gutenberg. Boletim Nº14, Março-Abril de 1997. Disponível em:

<http://www.igutenberg.org/tira14.html>. Acesso em: 15 nov. 2015

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A única exceção veio do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) que registrou

alta de 4% na sua audiência, passando de 4,7 para 4,9 pontos. No entanto, quando

somada a audiência de todos os canais de TV a cabo, uso de DVD e videogame, que são

classificados no levantamento como OCN (sigla de todos os canais pagos, UHF e

dispositivos; fica de fora os canais abertos), o índice dispara de 3,7 para 11,1 pontos de

audiência. Ou seja, o índice do OCN é maior que duas das maiores redes de TV juntas,

Record e SBT 8.

Figura 3 – Circulação de jornais nos últimos 20 anos. Apesar do pequeno aumento da

circulação, devido ao maior número de jornais auditados pelo IVC, cenário mostra queda de

circulação dos maiores jornais brasileiros

Fonte: IVC

2. Crise no consumo, queda na qualidade e fuga de audiência

A Internet é de fato uma tecnologia da liberdade – mas

pode libertar os poderosos para oprimir os desinformados, pode

levar à exclusão dos desvalorizados pelos conquistadores do

valor. Nesse sentido geral, a sociedade não mudou muito. Mas

nossas vidas não são determinadas por verdades transcendentes, e

sim pelos modos concretos como vivemos, trabalhamos,

prosperamos, sofremos e sonhamos. Assim, para agirmos sobre

nós mesmos, individual e coletivamente, para sermos capazes de

utilizar as maravilhas da tecnologia que criamos, encontrar

sentido em nossas vidas, melhorar a sociedade e respeitar a

natureza, precisamos situar nossa ação no contexto específico de

8 FELTRIN, Ricardo. TV aberta cai, e TV paga dispara 135% no país em 5 anos. UOL. Disponível em:

<http://celebridades.uol.com.br/ooops/ultimas-noticias/2015/09/11/tv-aberta-cai-e-tv-paga-dispara-135-

no-pais-em-5-anos.htm>. Acesso em: 15 nov. 2015.

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dominação e libertação em que vivemos: a sociedade de rede,

construída em torno das redes de comunicação da internet

(CASTELLS, 2003, p.225).

No entanto, com a chegada vagarosa e gradual da internet, o jornalismo também

começou a mudar seus processos de produção. Visto que com a queda de publicidade e

a migração do público para a internet. Como mostra o relatório Digital Social e Mobile

de 2015 da agência de marketing social We Are Social9que de um país com mais de 204

milhões de habitantes, 110 milhões já são usuários ativos da rede. Destes 96 milhões de

pessoas possuem contas ativas nas redes sociais. Além disso, o País tem mais

smartphones que habitantes: 276 milhões de celulares estão conectados e destes 78

milhões tem contas ativas nas redes sociais. Há 10 anos esse número era de 20 milhões

de usuários, ou seja, o número já superou em cinco vezes.

Figura 4 – Número de usuários de internet no Brasil em janeiro de 2015

Fonte: We Are Social

9 A Internet no Brasil em 2015. PMWeb. Disponível em: <http://blog.pmweb.com.br/a-internet-no-brasil-

em-2015/>. Acesso em: 15 nov. 2015.

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Ou seja, o modelo de jornalismo tradicional foi posto em cheque no momento

em que surgiu uma combinação de fatores bem amarga. O abandono de leitores de

jornais e a fuga da audiência da TV aberta para as redes sociais, internet e TV paga,

combinado com a queda da publicidade, crise de confiança na imprensa, baixos salários

e pouca perspectiva profissional tornaram-se vetores da reestruturação de muitos grupos

de mídia.

É o que mostra o levantamento da agência de dados Volt10

, que contou as

demissões de jornalistas e profissionais de mídia que trabalham direto ou indiretamente

nas redações a partir de informações dos sites especializados Comunique-se, Portal dos

Jornalistas e Portal Imprensa de 2012 a 2015.

Em 2012, chegou-se ao número de 687 cortes; em 2013, 1300 vagas fechadas;

2014, fecharam 587 postos de trabalho e até junho de 2015, pelo menos 994 pessoas

perderam o emprego.

A soma dos dados é sombria: as redações perderam 3.568 postos de trabalho no

Brasil, destes 1084 eram jornalistas. A pesquisa lembra que por causa da informalidade

existente no setor, muitos jornalistas são contratados como Pessoa Jurídica (PJ) ou

terceirizado, então esse profissional fica fora da conta total, mas é claro, o número pode

ser muito maior que o apresentado.

Com o avanço da web, o jornalismo passou por um momento de ganhos e

perdas. No momento em que vagas de trabalho são eliminadas nas mídias tradicionais,

redações ficaram menores e ao mesmo tempo houve uma fuga de profissionais por

causa de baixos salários e falta de plano de carreira em parte das empresas jornalísticas,

novas vagas foram surgindo no próprio jornalismo.

Como por exemplo na web, e, com isso, novas formas de se pensar e produzir

conteúdo foram determinadas. É claro, que também um dos algozes do jornalismo está

na acessibilidade e o barateamento dos custos de se fazer comunicação.

Infelizmente, numa época e que o público dispõe de alternativas mais

excitantes e interessantes que as notícias e se mostra mais e mais cético

em relação ao jornalismo, o corte de pessoal nas redações reduz ainda

mais as equipes, resultando em mais quantidade do que qualidade de

matérias. (KOVACH & ROSENSTIEL, 2003, p. 227).

10

Volt. A conta dos passaralhos. Disponível em: <https://medium.com/volt-data-lab/a-conta-dos-

passaralhos-953e7e254d4a>. Acesso em: 15 nov. 2015.

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Figura 5 – Demissões de jornalistas nas redações brasileiras de 2012 a junho de 2015.

Fonte: Volt Data Lab

Agora a comunicação também pode ser feita pelo cidadão comum, em seus

blogs opinativos, sites, canais de vídeo no YouTube, bem como em suas contas de redes

sociais. O jornalista que detinha o monopólio da informação, que dominava o agenda

setting, dando ao público a visão dos principais assuntos do dia, agora tem que ouvir o

feedback do público, ou seja, se o público aceita o que o jornalista publica ou irradia nos

canais de comunicação.

“Sejamos claros. O mundo da mídia está no meio de uma transformação

extraordinária, tornando-se global (globalizando-se e individualizando-se ao

mesmo tempo), e encontrando economias de escala e sinergia entre diferentes

modos de expressão (CASTELLS, 2003, p. 157)”.

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3. Novas tecnologias, redes sociais e integração de mídias

A comunicação digital se constitui em uma revolução na tecnologia e o período

mais profundo na história das comunicações desde a invenção da imprensa e

dos meios massivos de difusão. Pois, as comunicações se tornando eletrônicas,

provocam efeitos profundos na civilização atual permitindo conservar uma

herança intelectual ao longo do tempo difundido por meio do espaço (SOLA

POOL, 1993, p 19-20).

Inicialmente, muitas ferramentas que foram abolidas ou condenadas pelos

próprios jornalistas, que tinham preconceito com as pessoas que utilizavam essas

ferramentas, que era 'coisa de profissional de computador, de informática', 'o jornalista

não tinha que lidar com isso', mas aos poucos foram entrando vagarosamente no

cotidiano dos profissionais. Como os blogs. Antes, cabia apenas ao jornalista

especializado a fazer colunas de opinião em espaços determinado nos jornais, revistas

ou alguns minutos no rádio ou na televisão em rede nacional. Agora com a web,

qualquer pessoa, qualquer jornalista poderia ter seu blog, mesmo sem ter o vínculo com

a empresa jornalística, o jornalista poderia ter um espaço só para si para colocar suas

ideias e impressões sobre vários assuntos.

Atualmente, ainda os colunistas resistem nos espaços tradicionais, no entanto,

hoje em dia, estes colunistas também tem seus blogs na internet e perceberam a sua

força e alcance, que vai muito além dos pontos de audiência, ouvintes por minuto ou

números de jornais ou revistas impressas vendidas nas bancas de jornais, revistarias ou

livrarias. No entanto, dos blogs, o jornalismo foi experimentando novas ferramentas,

como a publicação em plataforma de vídeos do YouTube11

, Vimeo 12

ou Dailymotion13

,

ao mesmo tempo os podcasts tornaram-se também outra forma de se explorar

informação fugindo da tradicional transmissão de rádio.

Muitas ferramentas tornaram-se acessíveis tanto para o público como para o

jornalista. Porém, como o jornalista domina a técnica de se produzir conteúdo, ele tem a

possibilidade de inovar e expandir horizontes permitindo-se novas experiências como

fazer programas temáticos no formato áudio e vídeo que ficam disponíveis ao público

quando a audiência precisar.

11

Disponível em <http://www.youtube.com>. Acesso em: 30 nov. 2015. 12

Disponível em <http://www. vimeo.com>. Acesso em: 30 nov. 2015. 13

Disponível em <http://www.dailymotion.com>. Acesso em: 30 nov. 2015.

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Ao mesmo tempo esse público pode dar o retorno imediato enviando e-mails ou

comentando no espaço da própria página enviando críticas ou sugestões, diferente

daquela morosa carta de papel que vai ao correio, do correio vai à central de

distribuição, após alguns dias chegar na expedição da empresa jornalística, para depois

de uma longa triagem, e se tiver sorte, a carta chega à redação para a pessoa destinada.

Ao mesmo tempo, este cenário muda por causa de novos players, como as

empresas de tecnologia. Era impensável que no século passado as companhias de

internet tornariam-se também eficientes empresas de mídia. Estas empresas de

tecnologia, como Google, que conquistou o mercado com o Google Adwords e o

Facebook com suas ferramentas semânticas de propaganda, além de outras empresas

digitais, como as chinesas Baidu e Alibaba também começavam a avançar na

publicidade das empresas de mídia.

De acordo com reportagem do jornal de economia Valor Econômico14

, publicada

em dezembro de 2014, uma pesquisa da empresa eMarketer mostra que o mercado

global de publicidade digital chegou a US$ 146 bilhões e apontava que as empresas de

internet chinesas Baidu e Alibaba abocanharam praticamente 10% do mercado de

publicidade digital, 4,68% e 4,66% respectivamente, ou seja, assumindo a terceira e

quarta colocação em participação global no mercado de publicidade, atrás apenas de

Google e Facebook. As duas empresas de tecnologia dos Estados Unidos juntas

abocanharam pelo menos 59% do mercado, ou seja, chegando a 40,5% e 18,4%

respectivamente.

Ou seja, a audiência se pulveriza no digital. Um exemplo é na obra de James

Gleick, Acelerado: A velocidade da vida moderna. O desafio de lidar com o tempo. Que

mostra que há uma forte demanda por consumo de conteúdo e as mídias tradicionais

mostraram um afastamento entre audiência e as redações, proporcionando a

transferência de audiência para outras mídias.

Jakob Nielsen, o cientista da Sun que realizou o estudo, mencionou uma queixa

típica por parte de um usuário de teste consternado por deparar-se com uma

prosa de verdade: se isso acontecesse comigo no trabalho, onde recebo setenta

mensagens de correio eletrônico e cinquenta de voz todo dia, seria o fim. Se a

informação não é direta, vou desistir (2000, p. 73).

14

BRIGATTO, Gustavo. Google e Facebook mantêm liderança em publicidade digital. Valor Econômico.

Disponível em <http://www.valor.com.br/empresas/3825724/google-e-facebook-mantem-lideranca-em-

publicidade-digital>. Acesso em: 30 nov. 2015.

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Mostrando outro diagnóstico: a falta de preparo profissional para as novas

mídias e a compreensão de alguns tipos de público que também se pulverizou. Agora, o

público está além das mídias tradicionais, agora digitais e sociais. Isso levou a jornais

como The New York Times, The Guardian e aqui no Brasil, O Estado de S. Paulo, a

inovarem e criaram o cargo de editor de mídias sociais ou social media. Com a

percepção de que boa parte da audiência está presente discutindo o cotidiano nos

microblogs e redes sociais.

Ao mesmo tempo, com essa percepção, as redações começam a pensar que se o

público tem mais alternativas, mostrando desinteresse no jornalismo, os veículos

começaram a passar por mais modificações, visando a integração de mídias. Ou seja, o

conteúdo em texto, pode ser expandido para áudio, internet ou gráficos interativos. E

para isso, é necessário repensar as redações. A implantação do cargo de mídias sociais é

apenas a ponta do iceberg para a transformação que precisa acontecer.

4. Uma nova forma de fazer jornalismo: modificando as redações, compartilhar e

distribuir conteúdo de forma mais rápida

Uma lista enorme de problemas atravancam o caminho, impedindo que

as notícias cheguem aos leitores de forma impactante: pressa, ignorância,

clichês, preconceitos, antolhos culturais (KOVACH & ROSENSTIEL,

2003, p. 227).

O jornalismo precisa ser repensado para tempos em que há alternativas para

novas mídias. Desde a estrutura na produção de conteúdo até a forma com que os

jornalistas se relacionam com a audiência. Com a web, os jornalistas nunca foram tão

expostos a retorno tão rápido do público. Agora com poucos cliques é possível enviar

uma mensagem direcionada ao jornalista que produziu o conteúdo em caso de alguma

incoerência na informação.

O cidadão torna-se um pilar importante na produção do conteúdo. O jornalista

não faz o conteúdo sozinho e tem que ter consciência de que cada vez mais ele contará

com conteúdo colaborativo, ou seja, com conteúdo que vem de outras pessoas. Além de

fontes oficiais e de fontes entrevistadas, há sempre alguém que pode ajudar

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complementando as informações e ampliando a qualidade na narrativa, melhorando o

fato e proporcionando um prisma com várias visões de uma história.

Ou seja, o jornalista e o jornalismo tem que estar mais próximos da comunidade,

conhecendo mais o ambiente da sua audiência, entendendo suas demandas, aprimorando

o relacionamento com seu potencial ou efetivo leitor, ouvinte, internauta ou

telespectador. Uma das formas que emergem é a prática do Jornalismo Hiperlocal. Onde

segundo o autor Damian Radcliffe em sua obra Here and Now: UK hyperlocal media

today, ele conta que hiperlocal são serviços de informação relevantes a uma cidade, vila,

código postal ou pequena comunidade geograficamente definida (p. 06, 2012).

O jornalismo precisa ser pensado em outras frentes, como por exemplo na

mudança estrutural das redações, que precisam ser pensadas como núcleos que se

integram de acordo com cada demanda. A produção de conteúdo entre as mídias tem

que ser mais integrada, pensada e engajada conforme o desenvolvimento de cada

história. Com isso, o fluxo de trabalho pode ser aprimorado e a informação pode fluir

com mais eficiência dentro da própria redação para a melhor construção de conteúdo.

Ao mesmo tempo, todos os núcleos de conteúdo que operam de forma

independente, têm que ao mesmo tempo ser integrados, com um núcleo central, onde há

uma centralização geral de todas as informações para que estas informações possam ser

redirecionadas conforme o tipo de demanda ou de mídia ou mídias que são adequadas.

As redações precisam ser centrais de inteligência e de informação, onde tem os dados

com alcance rápido, permitindo extração de conteúdo por técnicas de jornalismo de

dados, exploração de Big Data, Open Data, Data Mining e maior integração com as

mídias sociais, trabalhando jornalistas e programadores, formando uma equipe

multidisciplinar.

As plataformas públicas e de Open Data podem e devem ser aproveitadas por

especialistas em programação e jornalismo, com a tarefa de utilizar as

informações obtidas de forma profissional e relevante socialmente. A

transparência proporcionada por uma política de acesso livre possibilita ao

profissional de jornalismo multidisciplinar obter importantes informações

escondidas nas bases de dados públicas ou abertas (LIMA JUNIOR, p. 63,

2011).

O conteúdo tem que ser pensado e desenvolvido para novos aplicativos,

newsgames, vídeo on-demand (VOD) e live streaming na web. Talvez com a criação de

um núcleo específico para o desenvolvimento de mídias aplicadas para se estudar

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formas e maneiras de levar conteúdo onde está a audiência de acordo com cada formato

de mídia ou dispositivo existente, indo além do mobile, tablete, televisão e desktops.

Mas, também pensando em consoles de videogames, midia out of home (OOH) e o

próprio vídeo on-demand. Para cada tipo de mídia, um desenvolvimento de uma

linguagem específica atendendo demandas específicas. A produção de conteúdo entre

mídias tradicionais ou consolidadas e as novas mídias tem que ser linear onde ao mesmo

tempo se complementam.

É importante destacar que ao modificar a redação para uma central de

inteligência de informação e dados é necessário criar um núcleo de pesquisa e

desenvolvimento jornalístico que ajude a entender o novo público e quais são as suas

demandas. Este núcleo pode ajudar a construir novas opções de formatação de

conteúdo, onde este material seja desenvolvido para determinados públicos e ao mesmo

tempo que este núcleo de pesquisa e desenvolvimento acompanhe e ajude o profissional

do jornalismo a desenvolver melhor o seu trabalho.

Na ponta da lança, o consumidor final, perceberá essa mudança. Mundo afora,

muitas empresas jornalísticas já buscam uma nova estrutura para se fazer o conteúdo, o

formato da estrutura de trabalho das redações é pensado de acordo com cada demanda.

Um exemplo é a redação da Broadcast House15

da empresa pública de

comunicação britânica BBC. Em 2013, a BBC inaugurou a sua redação multimídia em

um prédio estilo Art Deco, construído entre 1928 e 1932, que já abrigara a BBC logo

após a sua fundação. É considerado o primeiro prédio projetado e dedicado para

atividade radiodifusão no Reino Unido.

Localizado na região de Portland Place e Langham Place, em Londres, capital

do Reino Unido, o prédio abriga todos os canais do grupo público de mídia e segundo o

próprio site deles a “Broadcasting House, icônica casa da BBC reinventa o futuro

digital. Pela primeira vez na história, a BBC uniu a divisão de Notícias, Rádio,

Televisão e serviços online em uma central em Londres para prover a mais avançada

central de produção e de transmissão do mundo”16

. Propaganda a parte e focando mais a

15

BBC Broadcasting House. Disponível em <http://www.bbc.co.uk/broadcastinghouse/>. Acesso em: 30

nov. 2015. 16

Welcome to BBC Broadcasting House, the iconic home of the BBC reinvented for the digital future.

For the first time in its history, the BBC has brought together its News, Radio, Television and Online

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parte de jornalismo, a redação da BBC está estruturada em um formato de sol, com uma

mesa central e outras mesas no entorno dessa parte central, que é denominada

Assignment Desk. Neste local, todas as decisões são tomadas sobre o que fazer com

cada conteúdo.

Figura 6 – Configuração da redação da Broadcast House da BBC

Fonte: BBC

No caso da BBC o Assignment Desk está dividido para as demandas editoriais de

UK (Reino Unido) e Mundo e no seu entorno estão os outros serviços editoriais como

World News TV, News Channel, World Service News, UK Online, UK Rádio, Sport, On

Demand, World online e Newswire. O formato de produção de conteúdo deles integra as

divisões e na mesa central a tomada de decisão define a finalidade e o propósito de cada

conteúdo, para onde ele vai e em qual canal é mais viável.

Lembrando que o formato da redação da BBC não é um padrão para todas as

redações, cada veículo jornalístico tem lidado com uma estratégia de produção e

distribuição de conteúdo. No caso deste artigo, o exemplo da BBC é um exemplo que

considero bem viável para se pensar novas formas de se fazer e reformar o jornalismo.

services into one central London headquarters to provide the most advanced digital broadcast and

production centre in the world.

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5. Conclusão

Uma matéria bem escrita fora do clássico esquema da pirâmide invertida (onde,

como, quando, quem, por quê), exige tempo. É, no final das contas, um

exercício estratégico que envolve muito mais que juntar fatos em frases curtas,

declaratórias. E tempo é um luxo que jornalistas sentem ter cada vez menos.

(KOVACH & ROSENSTIEL, 2003, p. 227).

Este artigo é apenas um fragmento sobre como pensar novas ideias para renovar

o jornalismo. Vários jornalistas no Brasil e pelo mundo pensam neste instante como

aprimorar o ofício diante de uma certeza: o jornalismo precisa ser renovado e

repensado. Pois, para reverter a crise de credibilidade e voltar a atrair a atenção ou a

confiança do grande público, é necessário uma profunda mudança na cultura de se fazer

jornalismo sem perder a sua essência. E um texto aberto que está pronto para receber

novas colaborações e ao mesmo tempo busco outras respostas e alternativas para

complementar e aprimorar o material já pesquisado sobre como melhorar a forma de se

fazer jornalismo e produzir conteúdo com mais qualidade para o público

independentemente do tipo de tecnologia ou mídia aplicada.

Em uma entrevista ao veículo brasileiro especializado em jornalismo e

comunicação Portal Imprensa, em 2008, o então diretor de jornalismo multimídia da

BBC, atual diretor responsável da agência de notícias britânica Press Association (PA),

Pete Clifton comentou que a área tem que inovar, mas sem deixar suas raízes, pois há

conteúdo para vários tipos de públicos.

Na ocasião ele lembrou de sua mãe e disse “Pessoas como ela, assistem ao jornal

da manhã e ao da noite e não acompanham mais nada além disso. Não podemos

esquecer desse tipo de telespectador, geralmente os mais velhos, que a cabeça não

muda. Devemos continuar a fazer bem esse tipo de programa. No entanto, temos que

ver também o outro lado - quem nunca irá assistir a um telejornal, mas que estará

sempre envolvido com a notícia, no lugar em que se sente mais confortável, ou seja, na

internet17

”.

É necessário o funcionamento das mídias tradicionais, ainda existe público para

consumo de conteúdo. O artigo traz a discussão sobre como melhorar esse conteúdo e

17

DIAS, Marina. "Os jornalistas precisam ser flexíveis", afirma diretor de jornalismo multimídia da BBC.

Portal Imprensa. Disponível em <http://www.portalimprensa.com.br/portal/ultimas_noticias/2008/03/

14/imprensa17913.shtml>. Acesso em: 30 nov. 2015.

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como utilizar a tecnologia como aliado na construção do melhor conteúdo jornalístico

para um jornalismo melhor. Ao mesmo tempo, cabe a discussão sobre qual patamar que

está o jornalismo brasileiro. Onde ele deve seguir? Com a crise, o jornalismo precisa se

reinventar, determinar novas diretrizes, manter o que está dando certo e renovar aquilo

que não funciona mais.

Cabe lembrar que também ao pensar na estrutura da atividade jornalística é

importante refletir a qualidade do jornalista que está se formando nas universidades, o

jornalista que chega ao mercado de trabalho. Como que este profissional deve ser

moldado? O que é preciso fazer para criar novas fontes financeiras para renovar o setor?

Como ganhar a audiência, se aproximar dela e ao mesmo tempo recuperar o mercado

publicitário perdido? São muitas perguntas para se levantar, mas com a consciência de

que a profissão e o setor precisam ser renovados.

Como a citação na obra Os Elementos do Jornalismo: O que os jornalistas

devem saber e o público exigir, de Bill Kovach e Tom Rosenstiel é que a principal

finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam para

serem livres e se autogovernar. O jornalismo tem a tecnologia como um grande algoz e

ao mesmo tempo como um grande aliado para ajudar as pessoas e contar histórias sem

perder a sua essência é que narrar o presente e fazer com que a sociedade reflita os

assuntos do cotidiano pensando quais são os rumos que a humanidade deve tomar

expondo problemas e soluções para demandas de vários tipos e necessidades que

existem pelo mundo.

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REFERÊNCIAS

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