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Page 1: PB- BRASIL. RESUMO INTRODUÇÃO A AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL · PB- BRASIL. RESUMO Os autores apresentam as cultivares de algodão naturalmente colorido desenvolvidas pela Embrapa

PRODUÇÃO DE ALGODÃO NATURALMENTE COLORIDO NO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO.

Ruben Guilherme da Fonseca(1), Napoleão Esberard de Macedo Beltrão(1), João Cecílio Farias de Santana(1) Embrapa Algodão, Caixa Postal 174, 58107.720, Campina Grande, PB- BRASIL [email protected], (1) Embrapa Algodão, Caixa Postal 174, 58107.720, Campina Grande, PB- BRASIL.

RESUMO

Os autores apresentam as cultivares de algodão naturalmente colorido desenvolvidas pela Embrapa Algodão para as condições de semi-árido (sertão e seridó) da região nordeste do Brasil. Enfocando os aspectos sócio-econômicos da agricultura familiar, os autores abordam o caráter reestruturante da cultura do algodão colorido, obtido através de técnicas de melhoramento genético, e que tem como principais desafios, a geração de renda e o resgate da cidadania às populações de baixa-renda daquela região.

INTRODUÇÃO A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA foi criada em 1973 com a

finalidade de reformular o sistema nacional de pesquisa agropecuária. Desde então, sua trajetória tem sido um notável histórico de sucesso, particularmente no

que se refere ao crescimento da produtividade agrícola (Editorial Gazeta mercantil, 2002). Praticamente sem que houvesse crescimento da área plantada, a produção anual de grãos

aumentou de 35 milhões para quase 100 milhões em 2001/02 (Editorial Gazeta mercantil, 2002) sendo que, para este ano, a previsão de colheita é de 115 milhões de toneladas. Poucos países no mundo lograram tamanha produtividade em tão pouco tempo.

A AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL Segundo Portugal, em 2002, a agricultura com base familiar é uma atividade que, segundo o

censo agropecuário 1995/1996 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, reúne 13.78 milhões de pessoas, 77% do total de agricultores e detém 85% dos estabelecimentos agrícolas do país. Os agricultores familiares são responsáveis por 38% das safras agrícolas e 30.5% das terras cultivadas.

Uma parcela dos agricultores familiares está incorporada ao mercado e ao processo de desenvolvimento, gerando emprego e renda. Entretanto, há uma outra parcela significativa, concentrada especialmente no Nordeste, que enfrenta grandes dificuldades, com baixos níveis de renda e qualidade de vida. A incorporação e a manutenção desses agricultores no processo de desenvolvimento representa um grande desafio no processo de inclusão social.

A pesquisa agropecuária desenvolvida pela Embrapa, em parceria com organizações públicas e privadas, procura apoiar o desenvolvimento da agricultura familiar a partir de uma visão ampla, apoiando as tecnologias e os sistemas de produção à realidade local e interagindo com organizações locais e regionais de desenvolvimento para superar os gargalos de qualificação, ganhos de escala, comercialização e marketing, entre outros.

Todo esse esforço é, preferencialmente, consolidado em projetos-piloto, que servem para orientar programas de desenvolvimento local e regional e em subsídios a políticas públicas para o setor.”

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Segundo levantamento da Conab, em abril de 2003, a região Nordeste experimentou um crescimento de 6.6% em áreas cultivadas com o algodão, saindo de 157.4 mil hectares para 167.4 mil hectares. O Estado da Paraíba, experimentou um crescimento superior a 200%, passando de 800 para 2500 hectares.

O PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTICO DA EMBRAPA ALGODÃO As pesquisas visando o melhoramento genético do algodoeiro têm sido conduzidas,

segundo Beltrão, em 2003, de modo contínuo, modificando-se as prioridades, sempre que necessário, para atendimento às demandas dos produtores e dos industriais têxteis, porém com a visão de preservação do germoplasma nativo ou exótico trabalhado e das melhores linhagens desenvolvidas.

Em 1989 foi iniciado o processo de melhoramento genético específico, com a finalidade de adequar esta fibra às demandas por performance de fiação mais exigentes do mundo.

Inicialmente, foi realizada uma avaliação da produtividade e das características tecnológicas de fibra de 11 acessos de algodão arbóreo colorido, existentes no Banco de Germoplasma- BAG da Embrapa Algodão, onde foram constatados índices que impossibilitavam o processamento têxtil dessa fibra, mesmo a baixas velocidades de produção.

Por meio de um processo de seleção genética, foi possível identificar como atuam os genes responsáveis pela cor e, principalmente, aqueles que conferiam resistência, comprimento e finura de fibra.

Nos anos de 1998 e 1999, foram realizados os testes de performance industrial: fiação, tecelagem e acabamento para a cultivar de fibra naturalmente colorida BRS 200 MARROM, no Senai/Certtex-PE e na Embratex-PB, onde foi finalmente comprovada a adequação desta fibra aos mais modernos e exigentes processos têxteis em utilização no mundo.

BRS 200 MARROM: cultivar de fibras na cor marrom Registros muito antigos, pertencentes às civilizações Incas e de outros povos antigos das

Américas, África e Austrália dão conta da existência e utilização do algodão colorido por aqueles povos (Embrapa, 2000).

No Brasil, a pesquisa da Embrapa permitiu “melhorar” o algodoeiro arbóreo (Mocó) nordestino, que apresentava coloração natural marrom, dando origem à cultivar BRS 200 MARROM.

É importante ressaltar que todas as variedades desenvolvidas pela Embrapa, inclusive as coloridas, foram obtidas por meio de processos convencionais de melhoramento genético, não se tratando portanto, de variedades geneticamente modificadas (OGM`S).

As vantagens desta cultivar são numerosas, dentre as quais podem ser destacadas, ociclo produtivo de três anos (o algodão herbáceo convencional possui ciclo anual de plantio), a alta resistência às condições edafoclimáticas rigorosas do semi-árido nordestino, a alta produtividade- (superior a do algodão tipo Mocó) e o valor de mercado superior- maior retorno financeiro.

Na proporção que se limpa o algodão, do fardo à manta, ocorre o aumento na incidência de Neps. A BRS 200 MARROM, por ser arbórea e cultivada em uma região do país onde os níveis de mecanização são muito baixos, propicia forte redução na incidência deste defeito, já que o stress imposto à fibra nestas condições é muito menor do que o imposto em um ambiente com elevados índices de mecanização, freqüente na região Centro-Oeste do Brasil, por exemplo.

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IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS Logo após o lançamento da BRS 200 MARROM, em dezembro de 2002, suas sementes

foram multiplicadas no sertão da Paraíba, em um processo que envolveu cerca de 40 pequenos produtores, em condições irrigadas, onde foram produzidas 70 toneladas de sementes e 30 toneladas de pluma, adquiridas por um consórcio de pequenas indústrias têxteis e de confecção na cidade de Campina Grande.

CONCLUSÃO

A cultura do algodão colorido, especificamente na região do semi-árido nordestino, se

apresenta como uma alternativa extremamente viável, sob os pontos de vista econômico, social e ecológico.

O algodão, assim como o milho e a soja, é uma commoditie largamente produzida e comercializada em todo o mundo, não raro, por meio de grandes conglomerados multinacionais. Além disso, a produção destes grãos é, em alguns casos, fomentada (subsidiada) pelos governos dos países produtores mais desenvolvidos, através de diversos programas de incentivo à produção ou, até mesmo à não-produção.

Nesse contexto, o algodão colorido é vislumbrado, sobretudo, como um produto diferenciado e, portanto, de maior valor agregado. Uma vez que esta tecnologia ainda não foi difundida globalmente, tem-se nesta cultura um novo e importante nicho produtivo a ser explorado e desenvolvido.

A adaptabilidade das cultivares BRS 200 MARROM e BRS VERDE às condições de semi-árido do Nordeste brasileiro deve ser explorada principalmente para pequenos produtores organizados em associações cooperativas que, a partir de ações ordenadas e em conjunto, podem galgar novos patamares na escala da competitividade a partir da aquisição de conhecimentos e tecnologias concebidas pela Embrapa Algodão, específicos para a realidade em questão.

O manejo adequado da produção nas áreas e períodos definidos e recomendadas pelo programa de zoneamento da Embrapa Algodão constituem condições fundamentais para o sucesso da produção do algodão colorido. Deve-se portanto, observar a adequação de cada região à cultura que se pretende desenvolver.

A Embrapa Algodão atua e continuará atuando na transferência de conhecimentos e de tecnologia, oferecendo suporte técnico e material humano de alto nível, componentes fundamentais na reestruturação da cultura do algodão, importante fonte geradora de renda e cidadania para os produtores em pequena escala que habitam a região do semi-árido do Nordeste brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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