historia do brasil boris fausto resumo

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Resumo Histria do Brasil (Boris Fausto) por Rafael vilaA Primeira Repblica (1889-1930) Os 15 anos aps o 15 de Novembro foram de grande incerteza. Os representantes polticos das provncias mais importantes (SP, MG e RS) desejavam uma Repblica Federativa, que asseguraria um certo grau de autonomia s unidades regionais. O PRP (SP) e os mineiros sustentavam o modelo liberal; os republicanos gachos eram positivistas. Deodoro da Fonseca se tornou chefe do governo provisrio e algumas dezenas de oficiais foram eleitos para o Congresso Constituinte. Havia rivalidades entre exrcito [artfice do novo regime] e a marinha [vista como ligada Monarquia]. Em torno de Deodoro estavam os tarimbeiros [veteranos da Guerra do Paraguai]. Estes ltimos no estavam ligados s idias positivistas e acreditavam que o exrcito deveria ter um papel maior do que daquele desempenhado no Imprio. Partidrios de Floriano Peixoto eram jovens oficiais que tinham freqentado a escola militar. Por isso, eram positivistas. Para eles, a Repblica deveria ter ordem e progresso, ou seja, a modernizao da sociedade atravs da ampliao dos conhecimentos tcnicos, do crescimento da indstria e da expanso das comunicaes. Porm, positivistas ou no, todos os militares posicionavam-se como adversrios, ou seja, contra a autonomia provincial e com um executivo forte. No plano internacional, Argentina e EUA saudaram a Repblica brasileira. Houve, neste perodo, um deslocamento de eixo da diplomacia brasileira de Londres para Washington, especialmente com o Baro do Rio Branco [1902-1912]. Depois de um tempo, e passada a euforia Brasil-Argentina, os dois passaram a competir, especialmente na esfera comercial e de equipamento militar. O Brasil tratou de captar as simpatias de naes menores, como Uruguai e Paraguai, e de aproximar-se do Chile. Tudo isso para bloquear a influncia Argentina. Rio Branco tentou, sem xito, implantar o acordo do ABC [Argentina, Brasil e Chile). O Brasil entrou em choque com a Bolvia pela questo do Acre, subitamente valorizado pela questo da borracha. A soluo foi dada pelo Tratado de Petrpolis (1903), pelo qual a Bolvia reconheceu a soberania brasileira na regio em troca de 2,5 milhes de libras esterlinas. A Primeira Constituio Republicana O texto constitucional foi promulgado em 24 de fevereiro de 1824. A chave da autonomia dos Estados estava presente no artigo 65 dessa nova constituio. Os Estados ficaram implicitamente autorizados a exercer atribuies diversas, como as de contrair emprstimos no exterior [o que foi vital para que o governo paulista colocasse em prtica os planos de valorizao do caf] e organizar foras militares prprias. Alm disso, deu aos Estados exportadores a possibilidade de decretar impostos sobre a exportao de suas mercadorias. A organizao da justia tambm era atribuio dos Estados. A Unio, por sua vez, ficou com os impostos de importao, com os direitos de criar bancos emissores de moeda e de organizar as foras armadas nacionais, podendo inclusive intervir nos Estados para restabelecer a ordem e para manter a forma republicana federativa. A constituio estabeleceu trs poderes e o presidente seria eleito para um mandato de quatro anos. Constitui-se a cmara dos deputados (eleitos em cada Estado, proporcional ao nmero de seus habitantes, por trs anos) e dos senadores, estes ltimos no mais vitalcios (mandato de nove anos, trs por Estado). Para proceder s eleies, fixou-se o sistema do voto direto e universal (no mais por censo econmico). Eleitores eram cidados com mais de 21 anos (exclua-se analfabetos, mendigos e praas militares e, claro, as mulheres).

O texto constitucional consagrou o direito dos brasileiros e estrangeiros residentes no pas liberdade, segurana individual e propriedade. Extinguiu a pena de morte. Estado e Igreja se tornariam instituies separadas. Os cemitrios passaram administrao municipal, alm de sair da igreja o registro civil para nascimento e morte (1893). Separar estado de Igreja era uma das medidas para integrar imigrantes ao Brasil. Outra medida foi a Grande Naturalizao. O Encilhamento Os primeiros anos da Repblica foram da febre pelos negcios e especulao financeira conhecida como Encilhamento. O problema era a falta de meio circulante na economia. Rui Barbosa, ministro da fazenda, tentou resolver isso expandindo o crdito. Em 1891 veio uma forte crise (derrubada dos preos das aes, falncia de estabelecimento bancrios e empresas) que levou desvalorizao monetria. Com isso, o custo de vida ficou cada vez mais alto. Neste nterim, Deodoro assume a presidncia e junto com o Baro de Lucena (tradicional poltico monrquico) tentaram reforar o Poder Executivo. Em 3 de novembro de 1891, Deodoro fechou o Congresso, prometendo novas eleies e uma reviso constitucional. Ele queria unidade da magistratura (fim da autonomia em termos de justia dos Estados) e a igualdade na representao dos Estados na Cmara (anulando assim o peso dos grandes Estados). Em 23 de novembro de 1891, Deodoro renunciou. Subiu ao poder Floriano. Este, pensava em construir um governo estvel, centralizado, vagamente nacionalista, baseado sobretudo no Exrcito e na mocidade das escolas civis e militares. Isso chocava diretamente com a chamada Repblica dos Fazendeiros (liberal e descentralizada). Porm, assumindo o poder, Floriano fez um acordo com o PRP. Foi um acordo que garantia a governabilidade Floriano. Revoluo Federalista A Revoluo Federalista ops os adeptos ao positivismo (PRR) e os liberais (posteriormente representados pelo Partido federalista os maragatos , cuja maioria era de estanceiros). Este ltimo defendia a revogao da constituio estadual positivista do RS e a instaurao de um governo parlamentar. A Guerra Civil entre estes dois grupos comeou em 1893 e s terminou dois anos e meio depois, no governo de Prudente de Morais. O ponto alto da guerra foi quando os federalistas se juntaram aos da Revolta Armada. Com foras unidas, os revoltosos invadiram o Paran e tomaram Curitiba. Posteriormente tiveram que recuar ao RS e se render. Prudente de Morais desde o incio se posicionou favor do PRR. Prudente de Morais Prudente de Morais foi eleito presidente em maro de 1894 e representou o fim dos militares no governo (excetuando Hermes da Fonseca 1910-1914). Enfrentou uma aguda oposio, j existente poca de Floriano, entre a elite polticas dos grandes Estados e o republicanismo jacobino (membros da classe mdia baixa, alguns operrios e militares atingidos pela carestia e as ms condies de vida), concentrado no RJ. Canudos 1893, Arraial de Canudos, 20-30 mil sob o comando de Antnio Conselheiro. A pregao de conselheiro concorria com a da Igreja. Um episdio sem muita significao levou o governo baiano a se posicionar contra o povo de Canudos que apanhou. Duas outras expedies tambm apanharam. A rebeldia de Canudos levou a protestos em outros locais como, por exemplo, no RJ. Uma expedio (8 mil homens) sob o comando do Gal. Arthur Oscar arrasou o arraial em agosto de 1897.

Campos Sales (outro paulista 1898-1902). Campos Sales concebeu um arranjo conhecido como poltica dos governadores. Dava prestgio aos grupos mais fortes em cada Estado. Seus objetivos podem ser resumidos em: reduzir as disputas polticas no mbito dos Estados; chegar a um acordo entre Estados e a Unio; harmonizar as relaes entre legislativo e executivo (domesticando a escolha dos deputados). Os Problemas Financeiros O governo republicano herdara do Imprio uma dvida externa alta. Este quadro tendeu a se agravar com o aumento do dficit pblico (muitas despesas foram com operaes militares). O apelo ao crdito externo foi utilizado o que piorou a dvida. A ampliao da oferta de caf fez com os preos declinassem. Deste modo, diminui-se a entrada de divisas. O governo tentou vrias vezes negociar a dvida. Ao final do governo Campos Sales, assinou-se o funding loan (fundamentalmente era um novo emprstimo com emisso de novos ttulos). Evitava-se assim desembolsar dinheiro. Houve ainda a suspenso das amortizaes por trs anos. Em contrapartida, o governo aceitou um duro programa de deflao, inclusive com queima de papel moeda. Caractersticas Polticas da Primeira Repblica (Repblica Oligrquica, Repblica dos Coronis, Repblica do Caf com Leite) Oligarquia significa governo de poucos pessoas, pertencentes a uma classe ou famlia. A questo que aqui o poder foi controlado por um reduzido grupo de polticos em cada Estado. As tentativas de organizar partidos nacionais foram transitrias ou fracassaram. Os partidos republicanos decidiam os destinos da poltica nacional e fechavam os acordos para a indicao de candidatos presidncia da Repblica. Em SP, a elite poltica oligrquica esteve mais prxima dos interesses dominantes, ligados economia cafeeira e, com o correr do tempo, tambm indstria. O PRR imps-se como uma mquina poltica forte, inspirada em uma verso autoritria do positivismo, arbitrando os interesses de entancieiros e imigrantes em ascenso. A oligarquia mineira tambm no obedeceu aos cafeicultores ou aos criadores de gado. Os mineiros criaram uma mquina de polticos profissionais. A porcentagem de votantes no perodo oscilou entre 1,4% (Eleio de Afonso Pena) da populao e 5,7% (Jlio Prestes). O voto no era secreto e a maioria dos eleitores estava sujeita presso dos chefes polticos. Como se isso no bastasse, havia a fraude eleitoral atravs da falsificao de atas, do voto dos mortos, dos estrangeiros. Os Coronis (da antiga guarda nacional proprietrios rurais com base local de poder) O coronelismo representou uma variante de uma relao sociopoltica mais geral o clientelismo , existente tanto no campo como nas cidades. Essa relao resultava da desigualdade social, da impossibilidade de os cidados efetivarem seus direitos, da precariedade ou inexistncia de servios assistenciais do Estado, da inexistncia de uma carreira no servio pblico. Todas essas caractersticas vinham dos tempos da Colnia, mas a Repblica criou condies para que os chefes polticos locais concentrassem maior soma de poder. O coronel controlava os votantes em sua rea de influncia. Trocava votos em candidatos por ele indicados por favores to variados. Seria errneo porm pensar que os coronis dominaram a cena poltica na Primeira Repblica. Os coronis dependiam de outras instncias para manter seu poder. Entre essas instncias destacava-se, nos grandes estados, o governo estadual. Os coronis forneciam votos aos chefes polticos do respectivo Estado, mas dependiam deles para proporcionar muitos dos benefcios esperados pelos eleitores.

Na Bahia, por exemplo, um desacerto entre polticos e coronis do serto levou Insurreio dos Coronis em 1920. Eles derrotaram, em vrios combates, as foras estaduais e ameaaram entrar em Salvador. O rbitro da disputa foi o prprio presidente da Repblica. No caso do RS, os coronis de l eram burocratas, ou seja, eram obedientes s ordens de cima (no caso do governo do Estado). Relaes entre a Unio e os Estados SP e os Planos Valorizadores Sem pretender esfacelar o governo federal, SP tratou de assegurar sua autonomia, garantida pelas rendas de uma economia em expanso e por uma poderosa Fora Pblica. Mas os paulistas dependiam do governo. Para ficar no exemplo mais relevante, cabia Unio o papel fundamental de definir a poltica monetria e cambial. Na esfera federal, os polticos paulistas concentraram-se nesses assuntos e nas iniciativas para obter o apoio do governo federal aos planos de valorizao do caf. A partir da dcada de 1890, a produo cafeeira de SP cresceu enormemente e isso se agregou dois problemas: 1) excesso de oferta; 2) moeda nacional valorizada. Para garantir a renda da cafeicultura, o governo estadual elaborou alguns planos de interveno no mercado do produto. Em 1906, fez-se o Convnio de Taubat (negociao de um emprstimo para custear a interveno no mercado; criao de um mecanismo destinado a estabilizar o cmbio, impedindo valorizao da moeda brasileira). Muitos foram contra de modo que SP passou a agir por conta prpria. Ainda sim, SP teve que recorrer ao governo federal. Em 1908, Afonso Pena pediu autorizao ao congresso para um emprstimo de 15 milhes de libras para SP. O emprstimo foi aprovado e SP o pagou integralmente at 1913. Em 1924, Artur Bernardes abandonou definitivamente a poltica de interveno federal para a questo do caf e SP assumiu integralmente. Minas Gerais e a Unio (mineiros como polticos profissionais) O Rio Grande do Sul e a Unio Entre 1894 e 1910, os gachos assim como a cpula do exrcito estiveram quase ausentes da administrao federal. A reapareceram quando da eleio do marechal Hermes da Fonseca. De fato, a maioria dos militares do perodo eram gachos. Por motivos ideolgicos e de interesses, o PRR defendeu uma poltica conservadora de gastos do governo federal e a estabilizao dos preos. A inflao criaria problemas para o mercado do charque. O Nordeste Entre 1896 e 1911, Pernambuco exerceu um papel de liderana no Nordeste, sob o comando de Francisco Rosa e Silva. O problema do nordeste que os Estados competiam entre si mais do que se uniam. Caf com Leite Entre 1894 e 1902, foram eleitos seguidamente trs presidentes paulistas Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves. Um fator muito importante nesse sentido foi o fato de que a grande maioria da elite paulista abandonou, rapidamente, suas antigas divergncias e cerrou fileiras em torno do PRP. 1906 Afonso Pena Um acordo entre SP e MG perdurou de 1898, com a eleio de Campos Sales, at 1909. Nesse ano, abriu-se a dissidncia entre os dos Estados, que facilitou a volta provisria dos militares e a volta permanente dos gachos cena poltica nacional. O Marechal Hermes da Fonseca, saiu candidato com apoio do RS, MG e dos militares. So Paulo lanou, com apoio da BA, Rui Barbosa.

Rui tentou atrair o voto da classe mdia urbana, defendendo os princpios democrticos e o voto secreto. Sua campanha se apresentou como a luta da inteligncia pelas liberdades pblicas, pela cultura, pelas tradies liberais, contra o Brasil inculto, oligrquico e autoritrio. Venceu Hermes. Um pacto no escrito foi concludo em 1913 em Ouro Fino pelo qual mineiros e paulistas tratariam de se revezar na presidncia da Repblica. No plano do ajuste com o objetivo de indicar o candidato a presidente, SP e MG s tiveram um breve problema quando Rodrigues Alves, novamente eleito em 1918, faleceu sem chegar a tomar posse. Epitcio Pessoa, da Paraba, assumiu. Quem rompeu o pacto foi SP quando ao invs de indicar um mineiro, em 1930, Washington Lus indicou Jlio Prestes. O Estado e a burguesia do Caf A anlise dos acordos entre as vrias oligarquias nos indica que o Estado no sentido de poder central no foi um simples clube dos fazendeiros do caf. O estado se definiu como articulador de uma integrao nacional que, mesmo frgil, nem por isso era inexistente. Isso no quer dizer que os negcios do caf tivessem importncia secundria. Pelo contrrio, eles foram o eixo da economia do perodo. Apesar de seus limites regionais, a burguesia do caf constituiu uma classe articulada, capaz de expressar seus interesses atravs do PRP e de suas associaes de classe. Muitas vezes, mesmo presidentes paulistas se chocavam contra os interesses dos cafeicultores. Ainda, havia o peso dos financiadores externos na poltica brasileira que prejudicava o caf. Os Rothschild, por exemplo, se opuseram ao Convnio de Taubat, que previa a adoo de medidas tendentes a estabilizar o cmbio brasileiro em nveis mais baixos. Eles temiam o surgimento de problemas no servio da dvida. Rodrigues Alves aceitou o ponto de vista dos Rothschild, convertendo-se no principal obstculo da Unio s iniciativas de SP. Esse apoio foi obtido no governo seguinte, de Afonso Pena (1906-1909). Houve tambm a socializao de perdas, ou seja, desvalorizando a moeda nacional para favorecer a cafeicultura exportadora, o governo encarecia as importaes que deveriam ser pagas pelo conjunto da populao. Desse modo, as perdas do setor cafeeiro seriam socializadas, isto , divididas por toda a sociedade. Principais Mudanas Socioeconmicas 1890 a 1930 A Imigrao O Brasil foi um dos pases receptores dos milhes de europeus e asiticos que vieram para as Amricas em busca de oportunidade de trabalho e ascenso social. Ao lado dele figuram, entre outros, os Estados Unidos, a Argentina e o Canad. Cerca de 3,8 milhes de estrangeiros entraram no Brasil entre 1887 e 1930. 72% vieram entre 1914 e 1930. Na dcada de 1930, s a fora de trabalho japonesa entrou significativamente no Brasil. Tanto japoneses quanto italianos vieram pela agricultura, srios e libaneses vieram como mascates e pequenos comerciantes. A maioria dos imigrantes portugueses acabou se estabelecendo nas cidades mesmo. A ascenso dos imigrantes ocorreu mais nas cidades do que no campo, ainda que entre 1889 e 1930, o Brasil continuasse a ser um pas predominantemente agrcola. O Modelo do Colonato Os colonos, ou seja, a famlia de trabalhadores imigrantes, se responsabilizavam pelo trato do cafezal e da colheita, recebendo basicamente dois pagamentos em dinheiro: um anual, pelo trato de tantos mil ps de caf, e outro por ocasio da colheita. Este ltimo variava de acordo com o resultado da tarefa, em termos de quantidade colhida. O fazendeiro fornecia moradia e cedia pequenas parcelas de terra, onde os colonos

podiam produzir gneros alimentcios. O colonato era distinto da parceria porque, entre outras caractersticas, no existia diviso de lucros da venda do caf. No constitua tambm uma forma pura de trabalho assalariado, pois envolvia outros tipos de retribuio. Houve, nesta poca, um aumento da produo de outros gneros, como arroz, feijo e milho. Posteriormente, foi a fez do crescimento do cultivo do algodo, especialmente em virtude da indstria txtil. A Industrializao No sculo XIX existiam poucas fbricas e a produo era de baixssima qualidade. J a partir de 1889, surgiram algumas, especialmente no RJ. A instalao de fbricas no RJ deveu-se a vrios fatores. A haviamse acumulado capitais provenientes de empresas agrcolas ou dos negcios do comrcio exterior. Os grandes bancos, cujas sedes estavam localizadas na capital do pas, tinham, assim, condies de financiar outras atividades. Alm disso, o mercado de consumo tinha propores razoveis, abrangendo no s a cidade como a regio sua volta, servida pelas ferrovias. Por ltimo, devemos salientar, no desenvolvimento do Rio, o papel da energia a vapor, antes da introduo da energia eltrica. Ela veio substituir as antigas fbricas movidas gua. O uso de carvo importado para gerar energia a vapor foi facilitado por no depender de um transporte adicional , como era o caso das cidades do interior. A produo industrial em 1907 era DF (RJ), SP e RS e em 1920 era, em primeiro lugar, SP, depois DF e depois RS. Os ramos da indstria eram txtil, alimentao e vesturio. Apesar desse relativo avano na produo industrial, havia profunda carncia de uma indstria de base (cimento, ferro, ao, mquinas e equipamentos). Desse modo, grande parte do surto industrial dependia de importaes. O Estado no ajudou e nem atrapalhou a indstria. A diversificao econmica e o RS A atividade econmica do sul era extremamente diversificada e voltada para o mercado interno. Destacava-se a produo de milho, arroz, feijo e fumo, bem como a produo de vinhos. Os primeiros frigorficos surgiram em 1917. Se na dcada de 1890 a exportao do RS era predominantemente de charque e couro (57%), em 1927 no passava de 24,5%. Enquanto SP teve como centro de suas atividades a agricultura de exportao, o RS desenvolveu-se quase inteiramente em funo do mercado interno. A Borracha Amaznica Entre 1898 e 1910, a borracha representou 25,7% das exportaes nacionais. Isso se deveu, em grande parte, ao desenvolvimento da bicicleta e do automvel. A expanso da borracha foi responsvel por uma significativa migrao para a Amaznia. Calcula-se que entre 1890 e 1900 a migrao lquida para a regio foi de cerca de 110 mil pessoas. Belm e Manaus cresceram significativamente. Isso, todavia, no esconde que a vida dos seringueiros continuou miservel. A crise veio avassaladora a partir de 1910 com uma forte queda de preos, cuja razo bsica era a concorrncia internacional. Relaes Financeiras Internacionais A maioria dos emprstimos e investimentos continuou a se originar da GB; os EUA mantiveram tambm sua posio de principal mercado para o mais importante produto brasileiro de exportao o caf. Entretanto, ao longo do tempo, houve uma tendncia a um maior relacionamento com os EUA que se tornou mais ntido na dcada de 1920. Desde a I GM, o valor das importaes provenientes daquele pas j superara o da GB. Em 1923, o servio da dvida consumia 22% da receita de exportao, e em 1928, o pas j era o campeo da dvida externa.

Os investimentos no imprio foram com as ferrovias. J na Repblica, foram com seguros, empresas de navegao, bancos e geradoras de energia. Os servios bsicos das maiores cidades estavam nas mos de companhias estrangeiras. Os maiores lucros das empresas estrangeiras foi dos bancos que ganhavam especulando com a instabilidade da moeda brasileira ou com a recesso. Aps o funding loan de 1898 muitos bancos nacionais faliram e a posio dos estrangeiros se tornou mais forte. Ainda em 1929, os estabelecimentos bancrios estrangeiros eram responsveis por metade das transaes. Os investidores estrangeiros tenderam a controlar as reas de sua atuao e a desalojar os capitais nacionais. Levaram vantagens derivadas do vulto dos investimentos. De qualquer modo, o capital estrangeiro teve um papel importante na criao de uma estrutura bsica de servios e transportes, contribuindo assim para a modernizao do pas. Os Movimentos Sociais Os movimentos sociais foram de trs tipos: 1) os que combinavam contedo religioso com carncia social; 2) os que combinavam contedo religioso com reivindicao social; 3) os que expressavam reivindicaes sociais sem contedo religioso (exemplo so as greves ocorridas em fazendas de caf por melhores condies de trabalho). Movimento de Padre Ccero Ele se transformou em um misto de padre e coronel que se envolveu com suas foras militares, na luta poltica da regio. Sua gente disciplinada foi posta a servio de atividades diversas. Movimento do Contestado O Contestado era uma regio limtrofe entre o Paran e Santa Catarina. O movimento social a surgido em 1911, porm, no tinha por objeto esta disputa. Os rebeldes se agruparam em torno de Jos Maria, uma figura que morreu nos primeiros choques com a milcia estadual e foi santificada. Reivindicaram a posse da terra, enquanto esperavam a ressurreio de Jos Maria. Fustigados por tropas estaduais e do Exrcito, os rebeldes foram liquidados em 1915. Movimentos Sociais Urbanos O movimento da classe trabalhadora urbana foi limitado e s excepcionalmente alcanou xitos. As principais razes desse fato se encontram no reduzido significado da indstria, sob o aspecto econmico, e da classe operria, sob o aspecto poltico. As greves s tinham forte repercusso quando eram gerais ou quando atingiam setores chave do sistema agroexportador, como as ferrovias e os portos. O movimento operrio carioca tendeu a buscar o alcance de reivindicaes imediatas, como aumento de salrio, limitaes da jornada de trabalho, salubridade, ou de mdio alcance, como o reconhecimento dos sindicatos pelos patres e pelo Estado. A transformao radical da sociedade no fazia parte de suas preocupaes. Em SP predominou o anarquismo, ou melhor, o anarco-sindicalismo (acreditava que seu objetivo seria atingido com a derrubada da burguesia do poder. Isso seria alcanado atravs da greve geral revolucionria). Qualquer vantagem assegurada em lei poria em risco os objetivos estratgicos do movimento. Adversrios do marxismo, eles assumiam, entretanto, ao p da letra, a afirmao de Marx de que a emancipao dos trabalhadores cabia aos prprios trabalhadores. Os movimentos de protesto no RJ, at 1917, tiveram um contedo mais popular do que especificamente operrio (Revolta da Vacina de 1904, por exemplo). Em SP a classe mdia girava em torno da burguesia do caf e no havia grupos militares inquietos, dispostos a se aliar com os de baixo. A maior presena de operrios estrangeiros, sem razes na nova terra, favorecia a influncia difusa do anarquismo: os patres e o governo eram o outro, o inimigo. Os anarquista tentaram, em 1906, criar o partido nacional. Entre 1917 e 1920, um ciclo de greves aconteceu. Este ciclo foi resultado da carestia e da especulao em cima de gneros alimentcios. claro que a Revoluo de 1917 tambm tinha certa influncia sobre isso. No

ano de 1918, 19 mil pessoas estavam filiadas sindicatos. Os trabalhadores no pretendiam revolucionar a sociedade, mas melhorar sua condio de vida e conquistar um mnimo de direitos. O Comit de Defesa Proletria, que se formou em SP no curso da greve de 1917, tinha como pontos principais: aumento de salrios; proibio do trabalho de menores de 14 anos; abolio do trabalho noturno de mulheres e menores de 18; jornada de 08 horas, com acrscimo de 50% nas horas extras; fim de trabalho nos sbados tarde; garantia de emprego; respeito ao direito de associao. Pediam ainda 50% de reduo nos aluguis. Houve um aumento de salrio, alis logo corrodo pela inflao, e vagas promessas de se atender s demais reivindicaes. A onda grevista arrefeceu a partir de 1920, seja pela dificuldade de alcanar xitos, seja pela represso. Leis foram criadas em 1921 para acabar com os movimentos (expulso de estrangeiros subversivos e contra o anarquismo). Entretanto foi neste perodo que se cogitou pela primeira vez uma legislao operria. Elas foram reunidas em um projeto de Cdigo de Trabalho, em que se previam a jornada de 8 horas, limite de trabalho de mulheres e menores e a licena para mulheres grvidas. O projeto foi bombardeado pelos industriais e pela maioria dos congressistas. Duas leis, porm, aliviavam um pouco a situao: a que previa quinze dias de frias anuais aos trabalhadores do comrcio e da indstria (1925) e a que limitava o trabalho dos menores. O PCB Nasceu em 1922 como uma crtica aos anarquistas, apesar de seus lderes serem ex-partidrios do anarquismo. Na Amrica Latina inteira, menos no Brasil, os comunistas vieram de cises de partidos socialistas. Comunistas versus anarquistas em primeiro lugar, valorizam o papel do Estado (comunistas). No s defendem a necessidade de ganhar posies no Estado, antes da conquista do poder, como, aps essa conquista, sustentam a necessidade de estabelecer um perodo de transio por tempo indefinido a ditadura do proletariado -, onde o Estado reforado antes de perecer. Enquanto os anarquistas vem a poltica e os partidos como campo de emergncia de novas desigualdades, a questo poltica bsica para os comunistas. Sua atuao se d nesse terreno de vrias formas, com primazia para o papel do partido, autodefinido como representante do proletariado. No terreno sindical, os comunistas opem-se aos anarquistas ao tratarem de criar uma organizao centralizada, com poderes nas mos dos dirigentes. Alm disso, os anarquistas negam a existncia de uma questo nacional, pois o objetivo a ser alcanado seria igual em todas as partes: a fraternidade dos trabalhadores sem ptria e nem patres. At 1930, o PCB foi um partido de quadros predominantemente operrios. Ele se subordinou estratgia da III Internacional, que pregava para os pases coloniais e semicoloniais a revoluo democrtico-burguesa. Esta abriria caminho para a revoluo socialista. O Processo Poltico nos anos 20 As demandas mais comuns eram educao do povo, voto secreto e criao de uma justia eleitoral. Os gachos, com Borges de Medeiros, tentavam denunciar o pacto MG-SP. O movimento oposicionista ficou conhecido como Reao Republicana e envolveu RS, BA e PE. Sua plataforma era: plano financeiro contra a inflao, a favor da conversabilidade da moeda, dos oramentos equilibrados. Na campanha, surgiram ataques ao imperialismo dos grandes Estados e pediu-se proteo para os produtos brasileiros de exportao geral e no apenas caf. Isso gerou tenso com at o surgimento de cartas que inflamaram o exrcito contra Bernardes. O clube militar, aps um protesto, foi fechado. O Tenentismo (tenentes e capites, mas no a cpula) Antes de 1930 rebeldia contra o governo, depois de 1930, aes de dentro do governo.

Em 1922 ocorre a Revolta do Forte de Copacabana. Esta foi prontamente sufocada. Muitos morreram. Siqueira Campos e Eduardo Gomes saram feridos. Em 1924, ocorreu um Segundo 5 de Julho. O objetivo desta revolta era derrubar Artur Bernardes. Ocorreram ataques e revolta em SP. As foras rebeldes fugiram para o interior onde se juntaram com as foras vindas do sul (de Prestes). Da iniciou-se a Coluna Prestes. Em suma: iniciado p movimento com a tomada de alguns quartis, desenvolveu-se uma batalha pelo controle de SP. A 9 de julho, quando os revolucionrios se preparavam para abandonar a cidade, chegou a eles a notcia de que a sede do governo os Campos Elsios estava vazia. De fato, o governador Carlos de Campos, a conselho militar, sara da cidade. A presena dos tenentes na capital paulista durou at dia 27. O governo empregou artilharia contra os rebeldes sem maior discriminao. Militares e civis foram atingidos e ocorreram srios danos materiais. Afinal, os revoltosos abandonaram a cidade a 27 de julho, deslocando-se pelo interior de SP, em direo a Bauru. A manobra foi facilitada pela ecloso de revoltas em cidades do interior. Essa foi a chamada coluna paulista, que se fixou no Paran. A, as tropas vindas de SP enfrentaram os legalistas, espera de uma outra coluna proveniente de RS (Joo Alberto e Lus Carlos Prestes). A juno ocorreu em abril de 1925, decidindo percorrer o Brasil para propagar a idia de revoluo e levantar a populao contra as oligarquias. At 1927, a coluna percorreu 24 mil km. A Coluna evitou entrar em choque com foras militares ponderveis, deslocando-se rapidamente de um ponto para outro. O apoio popular no passou de uma iluso. Seu sucesso foi mais simblico entre os setores da populao urbana insatisfeita com a elite dirigente. A nica revolta significativa da marinha foi a da chibata em 1910. Os participantes no queriam derrubar o governo, mas acabar com os maus tratos e a violncia dos castigos fsicos a que eram submetidos. Sob ameaa da esquadra revoltada, o Congresso decretou uma anistia se os revoltosos se submetessem s autoridades, estabelecendo-se um compromisso de acabar com a chibata como castigo disciplinar. Os rebelados aceitaram as condies e o movimento se encerrou. O Sentido do Tenentismo 1906 1910 seguiu-se nas foras armadas o modelo alemo. Na dcada de 1920 comeou-se a adotar o modelo francs. Durante a presidncia do Marechal Hermes, um grupo de militares e civis formara uma espcie de grupo de presso em torno no presidente. Eles foram chamados de salvacionistas, por pretenderem salvar as instituies republicanas. A salvao consistia na idia de tentar reduzir o poder das oligarquias nas reas onde isso parecia mais fcil e onde eram mais chocantes as desigualdades sociais. Os tenentes podem ser vistos como herdeiros dos salvacionistas, em um contexto de agravamento de problemas no interior do exrcito e fora dele. Uma das principais razes de queixa dos quadros intermedirios do Exrcito residia na estrutura da carreira, que dificultava a ascenso aos postos mais altos. Alm disso, os tenentes tinham desprezo por personagens da cpula militar que haviam se associado aos figures da Repblica. Desse modo, os tenentes no queriam apenas purificar a sociedade, mas tambm sua prpria instituio. Pretendiam dotar o pas de um poder centralizado, com o objetivo de educar o povo e seguir uma poltica vagamente nacionalista. O grande mal das oligarquias pensavam eles consistia na fragmentao do Brasil, na sua transformao em vinte feudos cujos senhores so escolhidos pela poltica dominante. Faziam restries s eleies diretas, ao sufrgio universal, insinuando a crena em uma via autoritria para a reforma do Estado e da sociedade. Nenhum setor pondervel da elite civil at 1930 mostrou-se disposto a jogar uma cartada to radical. Radical no pode ser contedo, mas por seu mtodo: a confrontao armada. As Elites Civis

Artur Bernardes (1922-1926) governou em meio a vrias crises. Epitcio Pessoa deixou dvida e inflao. Os credores internacionais receavam que o Brasil no pudesse cumprir seus compromissos. Nesse contexto, o governo federal mostrava pouca disposio em arcar com a defesa do caf. A sada foi transferir a defesa do caf da Unio para o Estado de SP. O governo paulista assumia a atribuio de regular a entrada de caf no porto de Santos e efetuar compras de mercadoria quando julgasse necessrio. O grande sonho do novo presidente consistia na estabilizao da moeda, pretendendo como objetivo final a conversabilidade de todo o papel moeda em circulao. Ou seja, no futuro, a moeda nacional teria um valor correspondente s reservas de ouro detidas no pas, sendo pois conversvel naquele metal ou em moeda estrangeira forte. A moeda deixaria de ser fiduciria, isto , baseada na confiana, para corresponder a um valor real. A Ascenso do RS Depois das cises no sul, em 1922, eles se uniram em torno da Aliana Libertadora, com o propsito de impedir mais uma reeleio de Borges de Medeiros ao governo do Estado. A derrota da Aliana Libertadora e as acusaes de fraude eleitoral levaram a uma nova guerra civil em 1823. Aps onze meses de confronto, conseguiu-se por um fim luta. Borges se manteve no cargo, mas seu poder foi limitado. Em 1927, Getlio Vargas se elegeu governador, incentivando um acordo entre o PRR e os libertadores. O Partido Democrtico de SP Em 1926, aps a apario de movimentos e pequenos partidos como a Liga Nacionalista e o Partido da Mocidade, surgiu o Partido Democrtico (PD), com um programa liberal. Seu objetivo central era a reforma poltica por meio do voto secreto e obrigatrio, a representao das minorias, independncia dos trs poderes, a atribuio ao judicirio da fiscalizao eleitoral. O PD se diferenciava do PRP pelo seu liberalismo, que o partido no poder repudiara na prtica, e pela maior juventude relativa de seus integrantes. Entre fins de 1926, o PD reuniu 50 mil nomes em listas de apoio publicadas nos jornais. Revoluo de 1930 Os desentendimentos comearam quando, de forma surpreendente Washington Lus insistiu na candidatura de um paulista sua sucesso. Como se isso no bastasse, fechou questo em torno do governador de SP, Jlio Prestes. provvel que o presidente considerasse ser Jlio Prestes o homem capaz de assegurar a continuidade de seu plano financeiro. J Prestes, na qualidade de lder da maioria do Congresso, garantiria a aprovao do plano. A atitude de Washington Lus empurrou mineiros e gachos para um acordo. Em meados de 1929, aps vrias conversaes, as oposies lanaram as candidaturas de Getlio presidncia e de Joo Pessoa vice-presidncia. Formaram, ao mesmo tempo, a Aliana Liberal, em nome da qual seria feita a campanha. A aliana defendia a necessidade de se incentivar a produo nacional em geral e no penas o caf; combatia os esquemas de valorizao do produto. Propunha algumas medidas de proteo aos trabalhadores, como a extenso do direito aposentadoria a setores ainda no beneficiados por ela, a regulamentao do trabalho dos menores e das mulheres e aplicao da lei de frias, defesa das liberdades individuais, da anistia (com o que se acenava para os tenentes) e da reforma poltica, para assegurar a chamada verdade eleitoral. Em 1929 veio a crise mundial. Com a crise, os preos internacionais caram bruscamente. Como houve retrao do consumo, tornou-se impossvel compensar a queda de preos com a ampliao do volume de vendas. Os fazendeiros que tinham se endividado, contando com a realizao de lucros futuros, ficaram sem sada. Surgiu ento o desentendimento entre o setor cafeeiro e o governo federal. Preocupada em manter o

plano de estabilidade cambial, que, alis, acabou indo por gua abaixo, o recusou-se a defender o caf. Uma onda de descontentamento se levantou em SP. Os Jovens Polticos e os Tenentes Jlio Prestes venceu as eleies de 1930. Os recursos polticos imperantes, condenados verbalmente pela aliana, foram utilizados tambm por ela. As mquinas eleitorais produziram votos em todos os Estados. Houve ento a unio de polticos e jovens militares rebeldes. Lus Carlos Prestes, por ordem de Moscou, foi aceito no PCB em 1934. O Estopim da Revoluo Joo Pessoa foi morte em Recife. A luta de grupos na Paraba vinha de muito tempo. Eleito governador do Estado, Joo Pessoa tentou realizar uma administrao modernizantes, submetendo a seu comando os coronis do interior. Suas iniciativas se chocaram com os interesses dos produtores do interior sobretudo de algodo. A morte de Joo Pessoa teve grande ressonncia e foi explorada politicamente. Seu enterro na capital da Repblica, para onde o corpo foi trasladado, reuniu uma grande massa. Os oposicionistas recebiam de presente uma grande arma. Da em diante, tornou-se mais fcil desenvolver a articulao revolucionria. As Aes Militares A revoluo estourou em MG e no RS, em outubro de 1930. Em SP, o PD esteve praticamente margem das articulaes revolucionrias e a situao no se alterou. No NE, o movimento foi desfechado em 4 de outubro, sob o comando de Juarez Tvora, tendo a Paraba como centro de operaes. Para garantir o xito da revoluo em PE, Juarez contou com o apoio da populao de Recife. As foras do sul se articulavam para atacar SP. Os revolucionrios estacionaram em Ponta Grossa, no norte do Paran, onde Gis Monteiro montou seu quartel general, e Getlio Vargas com suas comitivas se instalou em um vago de trem. A foi planejado um ataque geral s foras militares que apoiavam Washington Lus, a partir de Itarar, j em territrio paulista. Antes do confronto decisivo, a 24 de outubro, o presidente foi deposto no DF (RJ), e foi constituda uma junta provisria de governo. A junta tentou permanecer no poder mas recuou, diante das manifestaes populares e da presso dos revolucionrios vindos do sul. Getlio deslocou-se de trem a SP e da seguiu para o Rio, onde chegou precedido de 3 mil soldados gachos. A posse de Getlio Vargas na presidncia, a 3 de novembro de 1930, marcou o fim da Primeira Repblica. Uma complexa base social e poltica Os vitoriosos de 1930 compunham um quadro heterogneo. Eles tinham-se unido contra um mesmo adversrio, com perspectivas diversas: os velhos oligarcas, representantes tpicos da classe dominante de cada regio do pas, desejavam apenas maior atendimento sua rea e maior soma pessoal de poder, com um mnimo de transformaes; os quadros civis mais jovens inclinavam-se a reformular o sistema poltico e se associaram transitoriamente com os tenentes, formando o grupo dos chamados tenentes civis; o movimento tenentista defendia a centralizao do poder e a introduo de algumas reformas sociais; o Partido Democrtico pretendia o controle do governo do Estado de SP e a efetiva adoo dos princpios do Estado Liberal, que aparentemente asseguraria seu predomnio. Um novo tipo de Estado nasceu aps 1930, distinguindo-se do Estado Oligrquico no apenas pela centralizao e pelo maior grau de autonomia como tambm por outros elementos. 1. a atuao econmica, voltada gradativamente para os objetivos de promover a industrializao;

2. a atuao social, tendente a dar algum tipo de proteo aos trabalhadores urbanos; 3. o papel central atribudo s foras Armadas como suporte da criao de uma indstria de base e sobretudo como fator de garantia da ordem interna. O Estado getulista promoveu o capitalismo nacional, tendo dois suportes: no aparelho do Estado, as Foras Armadas; na sociedade, uma aliana entre burguesia industrial e setores da classe trabalhadora urbana. O Estado Getulista (1930-45) Getlio permaneceu 15 anos no poder passando de chefe de um governo provisrio, presidente eleito por voto indireto e ditador. Deposto em 1945, voltaria presidncia pelo voto popular em 1950, suicidando-se em 1954. Getlio fez at 1930 uma carreira tradicional, nos quadros do PRR, sob a proteo de Borges de Medeiros. Em 1930, saltou para a presidncia da Repblica, personificando uma linha de ao muito diversa da poltica oligrquica. A Crise Mundial trazia como conseqncia uma produo agrcola sem mercado, a runa dos fazendeiros, o desemprego nas grandes cidades. Caa a receita das exportaes e a moeda conversvel se evaporara. A Igreja levou a massa da populao catlica a apoiar o novo governo. Este, em troca, permitiu o ensino da religio nas escolas pblicas. A Centralizao Getlio assumiu no s o Poder Executivo como o legislativo, ao dissolver o Congresso Nacional, os legislativos estaduais e municipais. Todos os antigos governadores, com exceo do de MG, foram demitidos e, em seu lugar, nomeados interventores federias. Em 1931, o chamado Cdigo dos Interventores estabeleceu as normas de subordinao destes ao poder central. Limitava tambm rea de ao dos Estados, que ficaram proibidos de contrair emprstimos externos sem autorizao do governo federal; gastar mais de 10% da despesa ordinria com os servios da polcia militar; dotas as polcias estaduais de artilharia e aviao ou arma-las em proporo superior ao exrcito. A Poltica do Caf O governo Vargas na abandonou e nem poderia abandonar o setor cafeeiro. Tratou porm de concentrar a poltica do caf em suas mos. Em fevereiro de 1933, o rgo (Conselho Nacional do Caf) foi extinto e substitudo pelo Departamento Nacional do Caf (DNC). Aos Estados no foi atribuda influncia direta no DNC, cujos diretores eram nomeados pelo ministro da Fazenda. Um decreto de 1931 estabeleceu que o governo compraria todos os estoques existentes de caf com a receita derivada das exportaes, e dos confisco cambial, ou seja de uma parte da receita das exportaes, e destruiria fisicamente uma parcela do produto. Tratava assim de reduzir a oferta e sustentar os preos. A destruio do caf s terminou em 1944. Ainda em 1931, os pagamentos relativos dvida pblica externa foram suspensos e se reintroduziu o monoplio cambia do Banco do Brasil. O monoplio significava que os exportadores deveriam trocar a receita em moeda estrangeira no BB. O banco ofereceria tambm a moeda para pagar as importaes, estabelecendo um critrio de prioridade das consideradas essenciais. A Poltica Trabalhista (objetivo: controlar a classe trabalhadora) A poltica trabalhista teve por objetivos principais reprimir os esforos organizatrios da classe trabalhadora urbana fora do controle do Estado e atra-la para o apoio difuso ao governo. Em 1930, foi criado o Ministrio

do Trabalho, Indstria e Comrcio. Seguiram-se leis de proteo ao trabalhador, de enquadramento dos sindicatos pelo Estado, e criavam-se rgos para arbitra conflitos entre patres e operrios as Juntas de Conciliao e Julgamento. Entre as leis de proteo ao trabalhador estavam as que regulavam o trabalho das mulheres e dos menores, a concesso de frias, o limite de oito horas da jornada normal de trabalho. O sindicato foi definido como rgo consultivo e de colaborao com o poder pblico. Adotou-se o princpio da unidade sindical, ou seja, do reconhecimento pelo Estado de um nico sindicato por categoria profissional. A legalidade de um sindicato dependia do reconhecimento ministerial, e este poderia ser cassado quando se verificasse o no-cumprimento de uma srie de normas. Houve uma resistncia inicial s medidas. Em 1933, o velho sindicalismo autnomo desapareceu. A Educao A partir de 1930, as medidas tendentes a criar um sistema educativo e promover a educao tomaram outro sentido, partindo principalmente do centro para a periferia. Um marco inicial desse propsito foi a criao do Ministrio da Educao e Sade, tambm em 1930. O Estado tratou de organizar a educao de cima para baixo, mas sem envolver uma grande mobilizao da sociedade; sem promover tambm uma formao escolar totalitria que abrangesse todos os aspectos do universo cultural. No plano do ensino superior, o governo procurou criar condies para o surgimento de verdadeiras universidades, dedicadas ao ensino e pesquisa. At aquela data, elas eram apenas uma juno de escolas superiores. Por decreto em 1931, o governo baixou o Estatuto das Universidades Brasileiras. Na esfera do ensino secundrio, tratava-se de comear a implant-lo pois, at ento no passava de cursos preparatrios para o ingresso em escolas superiores. Em 1934, foi criada a USP, em 1935, a Universidade de Brasil. Em 1939, a Universidade do Brasil se tornou UFRJ. Existia poca duas lgicas na educao, ou duas correntes bsicas opostas: a dos reformadores liberais e a dos pensadores catlicos. A Igreja Catlica enfatizava o papel da escola privada, defendia o ensino religioso tanto na escola privada como na pblica. Os educadores liberais sustentavam o papel primordial do ensino pblico e gratuito, sem distino de sexo. Propunham o corte de subveno do Estado s escolas religiosas e restrio do ensino religioso s entidades privadas mantidas pelas diferentes confisses. Os pioneiros defendiam a ampla autonomia tcnica, administrativa e econmica do sistema escolar para livr-lo das presses de interesses transitrios. Sustentando o princpio da unidade do ensino, distinguiam entre unidade e centrismo estril e odioso, gerador da uniformidade. Lembravam que as condies geogrficas do pas e a necessidade de adaptao das escolas s caractersticas regionais impunham a realizao de um plano educativo que no fosse uniforme para todo o pas, embora a partir de um currculo mnimo comum. O governo Vargas no assumiu por inteiro e explicitamente as posies de uma das correntes apontadas, mas mostrou inclinao pela corrente catlica, sobretudo na medida em que o sistema poltico se fechava. O Processo Poltico (1930-34) [tenentismo e a luta entre o governo e os grupos regionais] O tenentismo visava reformas na indstria com a nacionalizao de minas, transporte, comunicao e navegao de cabotagem. Apoiavam um governo centralizado e estvel. Buscaram atuar no NE, porm as reformas no aconteceram. Sem ter condies nem a inteno de realizar grandes transformaes, os tenentes acabariam por chegar a um entendimento com setores da classe dominante. As medidas de baixa de aluguis e de expropriao de bens foram por sua vez bloqueadas pelo governo geral e no tiveram seguimento.

Negando as pretenses do PD, Getlio marginalizou a elite paulista, nomeando interventor o tenente Joo Alberto. Porm, o PD e o PRP se uniram em torno da bandeira da constitucionalizao. A elite de SP defendia a constitucionalizao a partir dos princpios da democracia liberal. Como medida transitria, exigia a nomeao de um interventor civil e paulista. A bandeira da constitucionalizao e da autonomia sensibilizou amplos setores da populao e facilitou a aproximao do PRP e do PD. Isso ocorreu com a formao da Frente nica paulista, em fevereiro de 1932. Surgiu o Cdigo Eleitoral que previa a obrigatoriedade do voto (secreto) e o voto das mulheres. Alm disso, criou-se a justia eleitoral. A eleio para o legislativo seria proporcional, garantindo-se assim a representao das minorias. Previu-se, ao lado da representao dos cidados, a representao profissional. Esta seria composta de 40 constituintes, que serviriam para contrabalanar o peso dos maiores Estados, notadamente SP e o RS que constituam, naquela altura, os principais ncleos de oposio. A Revoluo de 1932 A Frente nica gacha rompeu com Vargas. Esse fato levou os grupos que j conspiravam em SP, em sua maioria ligados ao PD, a acelerar os preparativos para uma revoluo. Em 9 de julho, estourou em SP a revoluo contra o governo federal. O esperado apoio de MG e RS no veio, muito em virtude da no vontade de pegar em armas contra um governo que eles mesmo colocaram no poder. O plano dos revolucionrios era realizar um ataque fulminante contra a capital da Repblica, colocando o governo federal diante da necessidade de negociar ou capitular. Mas o plano falhou. SP ficou praticamente sozinho, contando sobretudo com a fora pblica e uma intensa mobilizao popular para enfrentar as foras federais. A superioridade militar dos governistas era evidente. A luta foi de 8,5 mil, sem artilharia pesada e poucos avies contra 18 mil mais um brigada gacha, artilharia pesada, aviao e marinha. A Revoluo de 1932 marcou alis o ingresso da aviao do Brasil como arma de combate. A luta durou quase 3 meses. A ameaa de ocupao da cidade de SP tornou-se real e a rendio veio. Embora vitorioso, o governo percebeu a impossibilidade de ignorar a elite paulista. Os derrotados, por sua vez, entenderam que teriam que estabelecer algum tipo de compromisso com o poder central. A Constitucionalizao Aos poucos os tenentes foram desaparecendo. Houve eleies para a Assemblia Constituinte e, em 1934, entrou em vigor uma nova constituio. A campanha eleitoral que criou a Assemblia Constituinte revelou um impulso na participao popular e na organizao partidria. Muitos partidos, das mais diferentes tendncias, surgiram nos Estados. Com exceo dos comunistas na ilegalidade e da Ao Integralista, no se chegou a formar partidos nacionais. O resultado das urnas mostrou a fora das elites regionais. Trs ttulos inexistentes nas Constituies anteriores tratavam da ordem econmica e social; da famlia, educao e cultura; e da segurana nacional. Previa-se a nacionalizao das minas, jazidas minerais e quedas dgua; pluralidade e autonomia dos sindicatos; proibio de diferena salarial para um mesmo trabalho; salrio mnimo; frias remuneradas; descanso semanal; indenizao para demisso sem justa causa; ensino primrio gratuito e com freqncia obrigatria; servio militar obrigatrio. A Assemblia Nacional Constituinte, em 1934, por meio de voto indireto, elegeu Vargas Presidente at 1938. O Integralismo Em 1932, logo aps a Revoluo Constitucionalista, Plnio Salgado e outros intelectuais fundaram em SP a Ao Integralista Brasileira (AIB). O integralismo se definiu como uma doutrina nacionalista cujo contedo era

mais cultural do que econmico. Sem dvida, combatia o capitalismo financeiro e pretendia estabelecer o controle do Estado sobre a economia. O lema era Deus, Ptria e Famlia. Do ponto de vista das relaes entre a sociedade e o Estado, o integralismo negava a pluralidade dos partidos polticos e a representao individual dos cidados. O Estado integral seria constitudo pelo chefe da nao, abrigando em seu interior rgos representativos das profisses e entidades culturais. A AIB identificava como seus inimigos o liberalismo, o socialismo, o capitalismo financeiro internacional, em mos dos judeus. O integralismo foi muito eficaz na utilizao de rituais e smbolos: o culto da personalidade do chefe nacional, as cerimnias de adeso, os desfiles dos camisas-verdes, ostentando braadeiras com a letra grega sigma. Seu quadro vinha de profissionais urbanos de classe mdia, funcionrios pblicos e membros das camadas populares. Em 1937, calcula-se que fossem de 100 a 200 mil. Integralistas e comunistas se enfrentaram mortalmente ao longo dos anos 1930. Os dois movimentos tinha entretanto pontos em comum: a crtica ao Estado Liberal, a valorizao do partido nico, o culto da personalidade do lder. Os integralistas baseavam seu movimento em temas conservadores, como famlia, a tradio do pas, a igreja catlica. Os comunistas apelavam apara concepes e programas que eram revolucionrios, em sua origem: a luta de classes, a crtica s religies e aos preconceitos, a emancipao nacional obtida atravs da luta contra o imperialismo e a reforma agrria. Autoritarismo e a Modernizao Conservadora A corrente autoritria assumiu com toda conseqncia a perspectiva do que se denomina modernizao conservadora, ou seja, o ponto de vista de que, em um pas desarticulado como o Brasil, cabia ao Estado organizar a nao para promover dentro da ordem o desenvolvimento econmico e o bem-estar geral. O Estado autoritrio poria fim aos conflitos sociais, s lutas partidrias, aos excessos de liberdade de expresso que s serviam para enfraquecer o pas. O integralismo pretendia alcanar seus objetivos atravs de um partido que mobilizaria as massas descontentes e tomaria de assalto o Estado. A corrente autoritria no apostava no partido e sim no Estado; no acreditava na mobilizao em grande escala da sociedade mas na clarividncia de alguns homens. Para ela, no limite, um partido fascista levaria crise do Estado; o estatismo autoritrio, ao contrrio, conduziria ao reforo. O Fortalecimento do Exrcito Entre 1930 e 1945 aumentou-se significativamente o nmero de efetivos bem como a quantidade de equipamentos das foras armadas. Em contrapartida, as foras pblicas estaduais perderam terreno. Vargas foi promovendo e ganhando apoio do exrcito. No fim de 1933, 36 dos quarenta generais na ativa tinham sido promovidos pelo governo. Dois generais se destacam: Gis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra. O Processo Poltico (1934-37) Neste perodo destaca-se o nmero significativo de greves e as campanhas contra o fascismo. Em 1935, o governo tentou emplacar uma lei de segurana nacional, que acabou sendo substituda por outra. A nova previa: crimes contra a ordem pblica e social (greve de funcionrios pblicos; provocao de animosidades nas classes armadas; incitao de dio entre as classes sociais; a propaganda subversiva; a organizao de associaes ou partidos com o objetivo de subverter a ordem poltica ou social, por meio no permitidos em lei). A Aliana Nacional Libertadora (criada em 1935)

Lus Carlos Prestes foi indicado por Carlos Lacerda para ser presidente de honra da ANL. O programa bsico da ANL tinha contedo nacionalista (suspenso definitiva do pagamento da dvida externa; nacionalizao das empresas estrangeiras; a reforma agrria; a garantia das liberdades populares; e a constituio de um governo popular. A Aliana Nacional Libertadora (33378248 MJ Despachante) Programa da ANL consistia na suspenso do pagamento da dvida externa, na nacionalizao de empresas estrangeiras, na reforma agrria, na garantia da liberdade popular e na constituio de um governo popular. Ela seria a frente popular de combate ao fascismo e o imperialismo. Seria ainda o exemplo de uma frente popular adaptada s caractersticas do chamado mundo semicolonial, reunindo vrios setores sociais dispostos a enfrentar o fascismo e o imperialismo. Na comemorao do 5 de julho de 1935, Carlos Lacerda leu um manifesto de Prestes que se encontrava clandestino no Brasil, o qual apelava pela derrubada do governo odioso de Vargas e a tomada de poder por um governo popular, nacional e revolucionrio. A Tentativa de Golpe Comunista A ANL foi perseguida. PCB arquitetou um golpe (Levante de 1935, que lembrava as revoltas tenentistas da dcada de 1920), foi um fiasco. Uma junta de governo tomou o poder em Natal por quatro dias, at ser dominada. Seguiram-se rebelies no Recife e no Rio. A Represso Em virtude do levante de 1935 a represso passou a ser enorme. Em 1936, o Congresso aprovou uma srie de medidas excepcionais solicitadas pelo poder executivo. Foi decretado um estado de guerra, a que foi equiparado o estado de stio em 1935. Este foi sendo prorrogado at 1937. Em maro de 1936, a polcia invadiu o congresso e prendeu 5 parlamentares, que tinham apoiado a ANL ou simplesmente demonstrado simpatia. Neste mesmo ano, o ministro da Justia anunciou a formao da Comisso Nacional de Represso ao Comunismo. Foi criado ainda o Tribunal de Segurana Nacional, que comeou a funcionar em 1936. De provisrio, este se tornou um rgo permanente. As Candidaturas para a Eleio de 1938 Em fins de 1936 e 1937 definiram-se os candidatos sucesso presidencial. O Partido Constitucionalista lanou Armando Salles. O PRP, que se aproximava de Getlio, indicava Jos Amrico de Almeida. Os integralistas apoiavam Plnio Salgado. Apesar de toda esta movimentao, Vargas parecia no disposto a abandonar o poder. Ao longo de 1937, para aparar possveis dificuldades, o governo interveio em alguns Estados e no DF. No exrcito, vrios oficiais legalistas foram afastados dos comandos militares. O Plano Cohen Um oficial integralista Capito Olmpio Mouro Filho foi surpreendido, ou deixou-se surpreender, em setembro de 1937, datilografando no Ministrio da Guerra um plano de insurreio comunista. O autor do documento seria um tal de Cohen (nome judaico). Aparentemente, o plano era uma fantasia a ser publicada em um boletim da Ao Integralista Brasileira, mostrando como seria uma insurreio comunista e como reagiriam os integralistas diante dela. A insurreio provocaria massacres, saques e depredaes, desrespeito aos lares, incndios de igrejas e etc.

Pro causa do Plano o Congresso aprovou o Estado de Guerra e a suspenso das garantias constitucionais. Preparava-se o golpe. Os governadores da BA e PE tentaram denunci-lo mas o golpe ocorreu em 15 de novembro de 1937. O Estado Novo O Golpe comeou com o fechamento do Congresso em 10 de novembro. noite, entrou em vigor uma carta constitucional, elaborada por Francisco Campos, iniciando o Estado Novo. O Congresso dissolvido submeteuse. Em 1938, um grupo de integralistas assaltou o Palcio da Guanabara, residncia do presidente, na tentativa de dep-lo. Os assaltantes acabaram sendo cercados e mortos. A Carta de 1937 O presidente recebia poderes para confirmar ou no o mandato dos governadores eleitos, nomeando interventores nos casos de no-confirmao. O Parlamento, as Assemblias estaduais e as Cmaras Municipais eram dissolvidas, devendo realizar-se eleies para o Parlamento somente depois do plebiscito. Enquanto isso, o presidente tinha o poder de expedir decretos lei em todas as matrias de responsabilidade do governo federal. Declarava-se em todo pas o estado de emergncia, suspendendo assim as liberdades civis garantidas formalmente pela prpria carta constitucional. Outro preceito transitrio, mais tarde prolongado indefinitivamente, autorizava o governo a aposentar funcionrios civis e militares. Os Estados passaram a ser governados por interventores, eles prprios controlados, a partir de um decreto-lei de abril de 1939, por um departamento administrativo. Estado e Sociedade A partir do Estado Novo, desapareceu a representao via Congresso, reforando-se a que se fazia nos rgos tcnicos, no interior do aparelho do Estado. Podemos sintetizar o Estado Novo sob o aspecto socioeconmico, dizendo que representou uma aliana da burocracia civil e militar e da burguesia industrial, cujo objetivo comum imediato era o de promover a industrializao do pas sem grandes abalos sociais. A aproximao entre a burguesia industrial e o governo Vargas ocorreu principalmente a partir de 1933, aps a revoluo paulista. Ela se fez sobretudo atravs da federao das Indstrias do Estado de So Paulo (FIESP), da Confederao Nacional da Indstria e da Federao Industrial de Minas. A aliana desses setores no significa identidade de opinies. Ao contrrio dos tcnicos governamentais, a burguesia industrial era menos radical no apoio ao intervencionismo do Estado e na nfase contra o capital estrangeiro. Ela reivindicava principalmente medidas no setor de cmbio e das tarifas sobre as importaes que resultassem em proteo da indstria instalada no pas. Um decreto-lei de 1942 instituiu a Lei Orgnica do Ensino Industrial, com o objetivo de preparar mo de obra fabril qualificada. Pouco antes, surgira o Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As relaes do presidente com seus ministros era muito prxima. Foi criado um Conselho de segurana Nacional. A atribuio dada o CSN de estudar todas as questes relativas segurana nacional foi tomada em sentido amplo. Com isso, o conselho assumiu um papel importante nas decises econmicas. As foras armadas foram as responsveis pela instalao de uma indstria estatal do ao. No setor do petrleo, o Conselho Nacional do Petrleo, criado em julho de 1938, ficou nas mos do general Horta Barbosa. Alm disso, o governo aprovou os planos militares para a compra de armas, que incluam a artilharia fornecida pela empresa alem Krupp, navios de guerra da Gr-Bretanha e Itlia, armas de infantaria da Tchecoslovquia e avies dos EUA.

Foras Armadas eram importantes mas no eram um bloco monoltico e nem governavam Getlio. Sua coeso era dada pelo acordo em torno de um objetivo geral: a modernizao do pas pela via autoritria. O presidente podia assim manipular as pretenses do exrcito e coordena-las com os interesses mais gerais do governo. A Poltica econmico-financeira A partir de novembro de 1937, o Estado embarcou na maior deciso em uma poltica de substituir importaes pela produo interna e de estabelecer uma indstria de base. At 9142, a poltica de substituio de importaes (PSI) se fez em um planejamento geral, considerando-se cada setor como um caso especfico. Em agosto dessa ano, com a entrada do Brasil na guerra e o prosseguimento do conflito, o governo tomou para si a superviso da economia. O incentivo industrializao foi muitas vezes associado ao nacionalismo, mas Getlio evitou mobilizar a nao em uma cruzada nacionalista. Bancos e companhias de seguro s poderiam funcionar com a maioria dos acionistas sendo brasileiros. Concedia-se s empresas estrangeiras um prazo, a ser fixado em lei, para que se transformassem em nacionais. Os casos do ao e do petrleo so particularmente significativos para se compreender a poltica de investimentos estatais na indstria de base. A questo do ao envolvia duas lgicas: os grupos privados e o prprio Getlio inclinavam-se por uma associao com capitais estrangeiros, alemes e americanos. A maior presso no sentido de se instalar uma indstria fora do controle externo vinha das foras armadas. A desistncia da United States Steel levou ao controle estatal no caso do ao. O petrleo ainda no era to importante quanto seria nos anos 1950. O Conselho Nacional do Petrleo bloqueou iniciativas das grandes empresas estrangeiras. Na realidade, as realizaes do Estado Novo no setor petrolfero foram reduzidas.S em 1953 que a Petrobrs foi criada. Para enfrentar a crise no balano de pagamentos, Getlio suspendeu logo aps o golpe o servio da dvida externa, decretou o monoplio da venda de divisas e imps um tributo sobre todas as operaes cambiais. O controle do comrcio exterior permaneceu; o pagamento da dvida s voltou a ocorrer em 1940, apesar das resistncias dos militares, que temiam que o servio da dvida viesse a reduzir os investimentos pblicos. A Poltica Trabalhista A partir de 1937 ficam proibidas as graves e o lockout, bem como os sindicatos ficam cada vez mais dependentes do Estado. Em 1940, foi criado o imposto sindical (contribuio anual obrigatria) instrumento bsico de financiamento do sindicato e de sua subordinao ao Estado. O Imposto Sindical deu suporte figura do pelego, que era o dirigente sindical que atuava mais no interesse prprio e do Estado que no interesse dos trabalhadores, agindo como amortecedor de atritos. Sua existncia foi facilitada na medida em que no precisava atrair ao sindicato uma grande massa de trabalhadores. O imposto garantia a sobrevivncia do sindicato. Em 1939 foi criada a Justia do Trabalho. A sistematizao e ampliao da legislao trabalhista se deu com a Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT) em 1943. Desde a constituio de 1934, previa-se que a lei estabeleceria um salrio mnimo, capaz de satisfazer s necessidades dos trabalhadores, conforme as condies de cada regio. Mas somente em maio de 1940 surgiu um decreto-lei neste sentido. Foi por meio dessas aes que surgiu a idia que Getlio era pai dos trabalhadores. O Controle da Opinio Pblica O regime de 1937 no se dirigiu apenas aos trabalhadores na construo de sua imagem. Tratou de formar uma ampla opinio pblica a seu favor, pela censura aos meios de comunicao e pela elaborao de sua prpria verso da fase histrica que o pas vivia.

O Departamento de Propaganda e Difuso Cultura (1934) se tornou, em 1939, em Departamento de Imprensa e Propaganda. O DIP exerceu funes bastante extensas, incluindo rdio, cinema, teatro e imprensa, literatura social e poltica, proibiu a entrada no pas de publicaes nocivas aos interesses brasileiros; agiu junto imprensa estrangeira no sentido de se evitar que fossem divulgadas informaes nocivas ao crdito e cultura do pas; dirigiu a transmisso diria do programa Hora do Brasil, que iria ser o instrumento de propaganda e de divulgao das obras do governo. O Estado Novo perseguiu, prendeu, torturou, forou ao exlio intelectuais e polticos, sobretudo de esquerda e alguns liberais. Mas no adotou uma atitude de perseguies indiscriminadas. Cooptou alguns adversrios. O Servio Pblico O servio pblico na Primeira Repblica ajustou-se poltica clientelista. Salvo raras excees, no existia o concurso. O Estado Novo procurou reformular a administrao pblica, transformando-a em um agente de modernizao. Buscou-se criar uma elite burocrtica, desvinculada da poltica partidria e que se identificasse com os princpios do regime. Devotada apenas aos interesses nacionais, essa elite deveria introduzir critrios de eficincia, economia e racionalidade. Em 1938, foi criado o Departamento Administrativo do Servio Pblico (DASP). Na realidade, pretendia o decreto que o DASP fosse um superministrio, com papel importante na distribuio dos gastos governamentais. O Ministro da Fazenda se ops fortemente a uma diminuio de seus poderes. Do ponto de vista do recrutamento do pessoal, houve um relativo esforo para estabelecer uma carreira em que o mrito fosse a qualificao bsica para o ingresso. lgico porm, que as indicaes e as preferncias pessoais continuaram. A partir de 1936, uma lei estabeleceu a separao dos servidores pblicos em duas categorias principais: funcionrios pblicos e extranumerrios. Os primeiros deviam prestar concurso pblico de ingresso na carreira e tinham assegurados vrios direitos relativos ao salrio, aposentadoria e etc. Os segundos eram admitidos teoricamente por prazo determinado, para a realizao de certos servios, dependendo a admisso de conexes polticas ou pessoais. A Poltica Externa A crise mundial acentuou o declnio da hegemonia inglesa e a emergncia dos EUA. Isso se deu, sobretudo, a partir do momento em que as medidas do presidente Roosevelt, de combate crise, comearam a surtir efeito. Ao mesmo tempo, surgiu outro competidor na cena internacional a Alemanha Nazista, a partir de 1933. A Alemanha iniciou uma poltica de influncia ideolgica e de competio com seus rivais na Amrica Latina. Diante desse quadro, o governo brasileiro adotou uma orientao pragmtica, isto , tratou de negociar com quem lhe oferecesse melhores condies e procurou tirar vantagem da rivalidade entre as grandes potncias. Entre 1939-40, a Alemanha se tornou a principal compradora de algodo brasileiro e o segundo mercado para o caf. Os alemes acenaram sempre com a possibilidade de romper a linha tradicional do comrcio exterior das grandes naes, oferecendo material ferrovirio, bens de capital e etc. O Reich insistiu sempre no comrcio em moeda no-conversvel, os chamados marcos de compensao, procurando transformar as transaes com o Brasil em acordos bilaterais que afastassem outros concorrentes. Os representantes alemes buscavam controlar todo o comrcio, impondo quotas, preo apara os produtos e o valor de seus marcos de compensao. Grupos econmicos americanos investidores, banqueiros, importadores desejavam a adoo de represlias contra o Brasil. Roosevelt preferiu evitar medidas extremas que poderiam levar o Brasil a aliar-se Alemanha ou a seguir um caminho nacionalista radical.

Os militares pressionaram por um entendimento com os alemes e obtiveram um grande contrato para o fornecimento de artilharia, com a Krupp, em maro de 1938. Neste mesmo ano, as relaes com a Alemanha sofreram um abalo. O problema foi que o governo brasileiro investia contra os grupos nazistas existentes no sul do pas. Os norte americanos se lanaram, com a ecloso da II Guerra Mundial, em uma ofensiva poltico-ideolgica, ao promover, entre outras iniciativas, a Conferncias Pan-americanas, em torno de um objetivo comum: a defesa das Amricas, independentemente do regime poltico vigente em cada pas, sob o comando dos EUA. A resposta brasileira a esse conjunto de iniciativas consistiu em se aproximar cada vez mais do colosso do norte. A entrada dos EUA na guerra, em dezembro de 1941, forou uma definio. Vargas comeou a falar mais claramente a linguagem do pan-americanismo, enquanto insistia ao mesmo tempo no re-equipamento econmico e militar do Brasil, como condio de apoio aos Estados Unidos. Em fins de 1941, tropas americanas estacionaram no NE. Em 1942, ocorreu uma acordo poltico-militar secreto com os EUA. Isso ocorreu aps o rompimento das relaes do Brasil com as foras do eixo. Entretanto, os americanos demoravam a entregar as encomendas de equipamento militar porque consideravam que boa parte da oficialidade brasileira era simpatizante do Eixo. A indefinio foi superada quando em agosto de 1942 navios mercantes brasileiros foram afundados por submarinos alemes. O Brasil entrou em guerra. O alinhamento brasileiro ao lado anti-fascista se completou com o envio de uma fora expedicionria para lutar na Europa. A deciso foi inclusive contrria aos interesses dos EUA e da Inglaterra. A volta dos pracinhas da FEB ao Brasil, a partir de maio de 1945, provocou um grande entusiasmo popular, contribuindo para acelerar as presses pela democratizao do pas. O Fim do Estado Novo (contradio inerente: apoio s democracias por uma ditadura pessoal) Os problemas do regime resultaram mais da insero do Brasil no quadro internacional do que das condies internas do pas. Aps a entrada do Brasil na guerra e os preparativos para enviar a FEB Itlia, personalidades da oposio comearam a explorar as contradies existentes entre o apoio do Brasil s democracias e a ditadura de Vargas. No mbito do governo, pelo menos uma figura se mostrou francamente favorvel a uma abertura democrtica. Era o Ministro de Relaes Exteriores, Osvaldo Aranha. Fato mais grave foi o gradativo afastamento do Estado Novo de um dos seus idealizadores e sustentculos militares. Convencido de que o regime no sobreviveria, o general Gis Monteiro abandonou o governo. Sua ida para o Ministrio da Guerra, em agosto de 1945, serviria muito mais para encaminhar a sada de Getlio do que para tentar garantir sua permanncia no poder. Em 1943, um grupo social importante emergiu ma luta pela democratizao (Unio Nacional dos Estudantes). Uma supresso governamental violenta a uma passeata de estudantes gerou indignao. Uma jogada da oposio liberal forou, em fins de 1944, uma mudana de atitude: o surgimento da candidatura do majorbrigadeiro da aeronutica Eduardo Gomes presidncia. O brigadeiro no era uma figura qualquer. Militar da ativa, associava seu nome ao tenentismo e ao episdio legendrio da revolta do Forte de Copacabana. Por sua vez, a imprensa cada vez mais burlava a censura, o que um indicador seguro da perda de fora dos regimes autoritrios. Getlio resolveu abrir a disputa presidencial, sendo Dutra o candidato do governo. Formao dos Partidos Surgiram em 1945 trs partidos: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), representando a massa dos trabalhadores urbanos e sob a inspirao de Getlio; a Unio Democrtica Nacional (UDN), a oposio liberal, herdeira dos partidos democrticos estaduais e contra o Estado Novo e; o Partido Social Democrtico (PSD), ligado ao governo. Eduardo Gomes ficou ligado UDN, Dutra ao PSD. O PCB e o queremismo

oposio no agradava a idia de um processo de transio para a democracia, encaminhado pelo chefe de um governo autoritrio. Vargas, percebendo a perda de sustentao do regime na cpula militar, tratou de se apoiar mais amplamente em massas populares urbanas. Isso foi tentado pela ao do Ministrio de Trabalho, dos pelegos sindicais e pela iniciativa dos comunistas. O PCB acabou apoiando Vargas. O PC Sovitico mandou apoiar qualquer governo anti-fascista. O Brasil no s entrara na guerra contra o Eixo como, em abril de 1945, estabeleceu relaes diplomticas com a Unio Sovitica. Prestes, saindo da cadeia, estendeu suas mos ao inimigo da vspera, em nome de necessidades histricas. Os prprios comunistas, na poca, buscaram frear as graves que eclodiam em 1945. Para eles, a poca no era de greves, mas sim de apertar os contos, para no causar problemas ao governo. Em 1945 surgiu o movimento do queremismo. Os queremistas saram s ruas defendendo a instalao de uma Assemblia Nacional Constituinte com Getlio no poder. S posteriormente deveriam ser realizadas eleies diretas para presidente, nos quais Getlio deveria concorrer. O efeito causado pela campanha na oposio liberal e nos meios militares foi profundamente negativo. Parecia claro que Vargas pretendia manterse no poder como ditador ou presidente eleito, fritando no percurso os dois candidatos j lanados. O Populismo Semelhanas entre o peronismo e o getulismo ambos pretendiam promover no plano econmico um capitalismo nacional, sustentado pela ao do Estado. Ambos pretendiam no plano poltico reduzir as rivalidades entre as classes, chamando as massas populares e a burguesia nacional a uma colaborao promovida pelo Estado. Desse modo, o Estado encarnaria as aspiraes de todo o povo e no os interesses particulares desta ou daquela classe. Ia-se definindo assim o populismo latino-americano. No caso brasileiro, os apelos simblicos e as concesses econmicas s massas populares seriam a tnica do getulismo. Pern de preso se tornaria presidente. Temendo que aqui ocorresse o mesmo trataram de apressar a queda de Getlio. A Deposio de Vargas A queda de Vargas no foi uma conspirao externa, mas o resultado de um jogo poltico complexo. A 25 de outubro, o chefe do governo realizou uma manobra errada, ao afastar Joo Alberto do cargo estratgico de chefe de polcia do DF. Tanto mais que o substituto era um irmo do presidente. A partir da, o general Gis mobilizou as tropas do DF. Dutra tentou inutilmente um compromisso, pedindo a Vargas que revogasse a nomeao do seu irmo. O pedido foi recusado. Afinal, a queda de Vargas se fez a frio. Forado a renunciar, ele se retirou do poder. No chegou a ser exilado do pas. As Mudanas ocorridas no Brasil entre 1920 e 1940 Populao entre 1920 e 1940 a populao passou dos 30,6 milhes para 41,4 milhes. 54% da populao tinha menos de 20 anos. Houve uma diminuio do fluxo de imigrantes. Economia Processo de substituio de importaes decorrentes da crise mundial e capacidade ociosa das indstrias. (1920 e 1930, a Crise do Caf e do Algodo cresceu (exportao e consumo interno). 1939-43 a pauta aumentou: arroz, feijo, carne, acar, mandioca, milho e trigo. 48,3% produo. Entre 1919 e 1939, as indstrias bsicas metalurgia, mecnica, material eltrico e material de transporte praticamente dobraram sua participao no total do valor adicionado da indstria. O valor adicionado representa a diferena entre o valor da matria-prima e o valor final do produto, resultante do processamento industrial. O crescimento das indstrias qumica e farmacutica inclusive perfumaria, sabes e velas foi

extraordinrio, triplicando sua participao. Esses dados indicam que a indstria ia se tornando mais diversificada e com uma base capaz de sustentar avanos posteriores. Educao Diminui-se, no perodo, o ndice de analfabetos. Todavia, este ainda continuava alto em 1940 (56,2% da populao). O Perodo Democrtico (1945-64) A Eleio de Dutra Eduardo Gomes, adversrio de Dutra, concorria como candidato da classe mdia e cuja bandeira era a democracia e o liberalismo econmico. Dutra no era um candidato empolgante, apesar do apoio efusivo de Getlio. Na eleio, 6,2 milhes de pessoas votaram, um ndice que representava 13,4% da populao nacional. Dutra e o PSD venceram com 55% dos votos. Esta vitria pde ser atribuda fora de Vargas junto s massas. Getlio conseguiu o cargo de senador pelo RS. Fato que a mquina poltica montada pelo Estado Novo, com o objetivo de apoiar a ditadura, acabou servindo como instrumento de captao de votos, sob o regime democrtico. O PSD garantiu a maioria absoluta dos lugares no Congresso. A Constituio de 1946 O Brasil, pela nova Constituio, foi definido como uma Repblica federativa, estabelecendo-se as atribuies da Unio, Estado e Municpios. Fixaram-se tambm as atribuies dos trs poderes: Executivo, Legislativo e Judicirio. Ficou estabelecido que o voto seria direto e secreto e o mandato presidencial seria de 5 anos. A eleio para a Cmara deveria ser realizada segundo princpio da representao proporcional; ou seja, os deputados seriam eleitos na proporo dos votos dados a eles no mbito de cada partido a que pertenciam. A eleio para o senado obedeceria ao princpio majoritrio. Seriam eleitos os que tivessem a maioria dos votos, sem se considerar o partido. A Constituio de 1946 reproduziu um artigo da constituio de 1934, em que se determinava que o nmero de deputados seria fixado em lei, de acordo com a seguinte proporo: um para cada 150 mil habitantes at 20 deputados e, alm desse limite, um para cada 250 mil habitantes. Aboliu-se ainda a representao oficial e institui-se a igualdade de homens e mulheres nos direitos polticos. Outra questo nova do ps-Estado Novo foi a participao dos trabalhadores no lucro das empresas conforme seria determinado em lei. O nico problema foi que no houve lei. Em relao famlia, estabeleceu-se que famlia se constitua pelo casamento de vnculo indissolvel. Esta questo se deveu presso da Igreja Catlica. Quanto aos trabalhadores, manteve-se a unidade sindical e o imposto. O Governo Dutra O governo de Dutra foi marcado pelo respeito legalidade, menos em relao aos comunistas e aos trabalhadores organizados. Mesmo que o direito greve existisse, o governo tentou controlar de todas as formas. Dutra perseguiu o Partido Comunista. Em 1947, o PC foi cassado pelo STF com base no texto constitucional (que vedava a existncia de qualquer partido poltico cujo programa ou ao contrariassem o regime democrtico, baseado na pluralidade dos partidos e na garantia dos direitos fundamentais do homem). Na mesma ocasio que fechou o PC, o governo fechou tambm alguns sindicatos ligados a ele. Ou seja, usou-se a luta contra os comunistas para prejudicar as organizaes dos trabalhadores. Deputados, senadores e vereadores do PCB, todos foram cassados. Liberalismo ou Controle Estatal?

No incio, uma onda liberalizante tomou conta do governo. A interveno estatal foi condenada e os controles estabelecidos pelo Estado Novo foram sendo abolidos. A situao do Brasil no plano financeiro era favorvel, pois o pas acumulara divisas no exterior, resultante das exportaes nos anos de guerra. Apesar disso, a poltica liberal acabou fracassando. A onda de importaes de bens de toda espcie, favorecida pela valorizao da moeda, levou praticamente ao esgotamento das divisas sem trazer conseqncias positivas. Em resposta, o governo adotou o critrio de licenas, o que favoreceu a importao de itens essenciais, como equipamento, maquinaria e combustveis, e restringiu a importao de bens de consumo.Esta medida, por conseguinte, acabou influenciando e estimulando a produo para o mercado interno. A represso sindical atrelada dinmica econmica do perodo fez com que o PIB brasileiro crescesse 8% a.a.. A Sucesso de Dutra Com o fim do mandato de Dutra, Vargas se articulava (PSD). Ademar de Barros, do Partido Social Progressista, um sujeito totalmente amoral, seria oposio? Fato que a UDN odiava Ademar, e com o abandono do candidato de Dutra (Cristiano Machado), o caminho ficou aberto para Vargas. A UDN tentaria lanar novamente Eduardo Gomes. Getlio baseou sua campanha na defesa da industrializao e na necessidade de se ampliar a legislao trabalhista. Com isso, Vargas obteve 48,7% dos votos. O Novo Governo Vargas A UDN tentou impugnar a campanha pois no houve 50% mais um de votos para Vargas. Porm, esta questo no estava prevista na legislao. Getlio iniciou seu governo tentando desempenhar, nas condies de um regime democrtico, um papel que j desempenhara: o de rbitro diante das diferentes foras sociais. Divises no Exrcito: nacionalistas versus entreguistas Os nacionalistas defendiam o desenvolvimento baseado na industrializao, enfatizando a necessidade de se criar um sistema econmico autnomo, independente do sistema capitalista internacional. Isso significava dar ao Estado um papel importante como regulador da economia e como investidor em reas estratgicas petrleo, siderurgia, transportes, comunicaes. Os adversrios dos nacionalistas defendiam uma menor interveno do Estado na economia, no davam tanta prioridade industrializao e sustentavam que o progresso do pas dependia de uma abertura controlada ao capital estrangeiro. Sustentavam ainda uma postura de rgido combate inflao, atravs do controle da emisso de moeda e do equilbrio dos gastos do governo. Havia cises dentro das foras armadas (Estillac Leal e Horta Barbosa nacionalistas X Cordeiro de Farias). Isso, obviamente incitou posies contrrias ao papel dos EUA na Guerra da Coria. Adversrios dos nacionalistas acabaram vencendo. O Quadro Econmico-Financeiro Desenvolvimento econmico com industrializao. Investimentos pblicos em transporte e energia. Reequipamento da parcial da marinha mercante e do sistema porturio. Em 1952, O Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico, BNDE, foi fundado. Porm, foi um perodo de inflao mais alta, saindo de patamares de 2 dgitos para trs. Em relao ao caf, a forte alta dos preos internacionais do caf aumentou a receita em divisas. Com o aumento destas divisas, aumentou-se os meios circulantes na economia, estimulando a procura de bens e a elevao de preos. Com a Guerra da Coria, o governo se endividou no exterior, financiando importaes

adicionais. Alm disso, os incentivos industrializao elevaram os custos dos produtos. Um aumento de crdito ocorreu em concomitncia. Tudo isso, s produziria efeitos positivos no mdio prazo. Em 1953, Joo Goulart se tornou ministro do trabalho. Ele era visto como o defensor de uma repblica sindicalista e como a personificao do peronismo no Brasil. Aos poucos, Joo Goulart foi se tornando odiado pelo UDN e pelas foras armadas. Osvaldo Aranha se tornou Ministro da Fazenda. O Plano Aranha consistia em controlar a expanso do crdito e o cmbio (flexvel, de acordo com os bens a serem exportados ou importados). Introduziu-se o confisco cambial, especialmente em relao ao caf. A medida fixou uma valor mais baixo para o dlar recebido pelos exportadores de caf, ao ser convertido em cruzeiros. Isso significa que o governo ficava com uma parte dos dlares obtidos pela exportao do caf, com o objetivo de financiar projetos considerados prioritrios. Obviamente, os cafeicultores protestaram. Mesmo com a medida acima exposta, o fato que o governo tentou proteger o caf, mantendo os preos altos no exterior. Isso desagradou os EUA que passaram a pressionar o governo. Quando Eisenhower assumiu a presidncia dos EUA em 1953, o governo dos EUA passou a travar uma cruzada anti-comunista. No plano econmico, adotou-se uma postura rgida diante dos problemas financeiros dos pases em desenvolvimento. A linha dominante consistia em abandonar a assistncia estatal dada a esses pases e dar preferncia aos investimentos privados. A Poltica Trabalhista e as Greves Getlio o tempo todo conclamava os operrios. Aboliu o atestado de ideologia. Com isso, favoreceu o retorno dos comunistas e dos excludos em geral durante o perodo Dutra. Todavia, o alto custo de vida fez eclodir uma srie de greves em 1953. Em SP, por exemplo, ocorreu a greve dos 300 mil. No RJ, a grave dos martimos, levou ao protesto 100 mil pessoas. Nesta ltima, Jango foi quem interveio. O Janismo Jnio Quadros e a campanha contra a corrupo (tosto por milho) garantiu sua vitria na prefeitura de SP. Este se tornaria uma voz de oposio ao governo de Getlio. A Oposio O nome de Jango era atribudo a uma possvel Repblica Sindicalista e ao aumento de 100% no salrio mnimo. Um dos mais ferozes crticos do governo era Carlos Lacerda. Ex-comunista, Lacerda tambm os atacava. Desta forma, o populismo e o comunismo eram os seus principais alvos. A Queda de Getlio Vargas Joo Goulart foi substitudo no ministrio do trabalho. Antes de sua sada, props um aumento de 100% no salrio mnimo. No discurso, Vargas se chocava com setores sociais conservadores. Adotou uma linha nacionalista na rea econmica, responsabilizando o capital estrangeiro pelos problemas no balano de pagamentos. Em 1954, criou a Eletrobrs. Joo Neves acusou o presidente e Jango de assinarem um acordo secreto com a Argentina e o Chile com o objetivo de barra a presena americana no chamado Cone Sul do continente. A suposta aliana,

especialmente com a Argentina de Pern, soava como mais um passo na instalao da Repblica Sindicalista. O aumento de 100% no salrio mnimo no dia 1. De maio provocou uma onda de protestos. Getlio tentava se equilibrar no poder. A tentativa de matar Lacerda foi a gota dgua. Foi constitudo um movimento a favor da renncia de Vargas. A 23 de agosto, tornou-se claro que o governo perdera o apoio das Foras Armadas. Um manifesto nao, assinado por 27 generais, foi lanado nesse dia, exigindo a renncia do presidente. No dia seguinte, Vargas se suicidou, deixando uma carta-testamento. Nesta carta, apontava como responsveis pelo impasse a que chegara os grupos internacionais aliados aos inimigos internos. Afirmava que eles se opunham s garantias sociais aos trabalhadores, s propostas para limitar os lucros excessivos, defesa das fontes fundamentais de energia, corporificadas na Petrobrs e na Eletrobrs. O suicdio de Getlio teve imediato. O povo saiu s ruas. O vice, Caf Filho, assumiu a presidncia. O ento presidente formou um ministrio com maioria udenista e garantiu a realizao de eleies em 1955. A eleio de Juscelino Kubitschek JK, poltico do PSD de MG, ex-governador, conseguiu o apoio do PTB, o que garantiu sua vitria frente a Juarez Tvora, da UDN. Em sua campanha, JK martelou na necessidade de avanar no rumo do desenvolvimento econmico, com apoio no capital pblico e privado. Juarez insistiu na moralizao dos costumes polticos. Ao mesmo tempo, mostrou-se contrrio a uma excessiva interveno do Estado na economia que estava levando o pas a um desequilbrio ameaador para seu progresso. Tentou-se desmoralizar Jango atribuindo ele a Carta Brandi. A carta se referia a articulaes entre Jango e Pern para deflagrar no Brasil um movimento armado, que instalaria a Repblica sindicalista. Golpe Preventivo do General Lott Aps a vitria de JK e Jango, desencadeou-se uma campanha contra a posse. Ocorre um golpe preventivo, ou seja, uma interveno militar para garantir a posse do presidente eleito e no para impedi-la. O executor foi o general Lott, que mobilizou tropas do RJ. As tropas ocuparam edifcios governamentais, estaes de rdio e jornais. Os comandos do exrcito se colocaram ao lado de Lott, enquanto os ministros da marinha e da aeronutica denunciavam a ao como ilegal e subversiva. Carlos Luz, presidente interino, bem como Lacerda, fugiram no cruzador Tamandar. Carlos luz foi impedido pelo congresso e assumiu o presidente do senado, Nereu Ramos. Nereu Ramos assumiu a chefia do executivo, decretou estado de stio por 60 dias e garantiu a posse do novo presidente. O Governo de JK (50 anos em 5) Os anos de JK foram considerados de estabilidade poltica. Foram anos otimistas, embalados por altos ndices de crescimento econmico. As Foras Armadas e os Partidos As Foras Armadas garantiriam o Estado Democrtico com certos limites. Esses limites diziam respeito preservao da ordem interna e ao combate ao comunismo. O getulismo s recebia restries dessa maioria quando enveredava pelo terreno de um nacionalismo agressivo ou quando apelava aos trabalhadores. O fato que as Foras Armadas estavam divididas em nacionalistas e purificadores da democracia. Os purificadores da democracia estavam convencidos de que s atravs de um golpe, a partir do qual as instituies seriam renovadas, seria possvel impedir o avano da Repblica Sindicalista e do comunismo.

A lgica do desenvolvimento e ordem de JK acalmou os militares. Seu governo, manteve o movimento sindical sobre controle. As Foras Armadas mantiveram controle sobre a Petrobrs e o Conselho Nacional do Petrleo. O general Lott foi uma dos grandes apoiadores do governo de JK, apesar de ser um homem sem partido. A aliana PSD/PTB garantiu apoio aos projetos do governo. O trao que os unia era o getulismo. Mas para dar certo, o PSD no deveria ser to conservador e o PTB no deveria ser to reivindicador e nacionalista a ponto de se tornar agitador. No plano social, o governo no se ops aos interesses da burocracia sindical e tratou de limitar as exploses grevistas. O Programa de Metas O Programa de Metas de JK abrangia 31 objetivos, distribudos em seis grandes grupos: energia, transporte, alimentao, indstria de base, educao e construo de BSB. O Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS) foi substitudo pela SUDENE, rgo que estaria subordinado diretamente presidncia. Surgiu ainda o Novacap, rgo para construir BSB. O Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) ganhou importncia, pois o Poder Executivo procurou fazer com que ele funcionasse como rgo de assessoria e de apoio ao Programa de Metas. O Processo de Substituio de Importaes ocorreu no governo Dutra aps a mudana de rumos da poltica econmica. Seus defensores viam nela um instrumento essencial para que o Brasil superasse o subdesenvolvimento e se tornasse uma potncia autnoma. Os nacionalistas sustentavam a necessidade de controle pelo Estado de infra-estrutura (transporte, comunicao, energia) e da indstria bsica, ficando as outras reas da atividade econmica nas mos da empresa privada nacional. Sem chegar a recusar em princpio o capital estrangeiro, insistiam na necessidade de s aceit-lo com muitas restries, seja quanto rea dos investimentos, seja quanto aos limites remessa de lucros para o exterior. O Estado, em JK, atuaria na infra-estrutura e incentivaria a industrializao por meio da atrao de capitais estrangeiros. O governo utilizou a Sumoc 113 de Caf Filho, instruo que autorizava as empresas a importar equipamentos estrangeiros sem cobertura cambial, ou seja, sem depositar moeda estrangeiras para pagamento dessas importaes. A instruo 113 facilitou os investimentos estrangeiros em reas consideradas prioritrias pelo governo: indstria automobilstica, transportes areos e estradas de ferro, eletricidade e ao. Entre 1955-1961, a produo industrial cresceu 80%, com altas percentagens nas indstrias do ao (100%), mecnicas (125%), de eletricidade e comunicaes (380%) e de material de transporte (600%). Em relao indstria automobilstic