pauta da alepe em 2015 prioriza interesse social pernambuco ocupa o primeiro lugar no ranking de...

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Dezembro de 2015 . ANO XV Nº 144 Assembleia Legislativa aprovou 324 leis, muitas delas sob intenso debate e participação da sociedade civil Pág. 3 Pernambuco ocupa o primeiro lugar no ranking de microcefalia relacionada ao vírus da zika, com 1.185 casos suspeitos em investigação. Surto de microcefalia em Pernambuco deixa Estado em alerta Pág. 8 Apesar de considerado um avanço, o Estatuto da Criança e do Adolescente ainda é pouco discutido pela sociedade. Falta estruturação de Conselhos Tutelares. Falta de políticas públicas fragiliza Estatuto da Criança Pág. 6 Lei aprovada pela Alepe determina que estabelecimentos com mais de três caixas registradoras deverão destinar espaço para produtos orgânicos, identificados por placas de fácil visibilidade. Alimentos orgânicos têm espaço garantido por lei em supermercados Págs. 4 e 5 RINALDO MARQUES Pauta da Alepe em 2015 prioriza interesse social

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Page 1: Pauta da Alepe em 2015 prioriza interesse social Pernambuco ocupa o primeiro lugar no ranking de microcefalia relacionada ao vírus da zika, com 1.185 casos suspeitos em investigação

Dezembro de 2015 . ANO XV – Nº 144

Assembleia Legislativa aprovou 324 leis, muitas delas sob intenso debate e participação da sociedade civil

Pág. 3

Pernambuco ocupa o primeiro lugar

no ranking de microcefalia

relacionada ao vírus da zika, com

1.185 casos suspeitos em

investigação.

Surto de microcefaliaem Pernambuco deixaEstado em alerta

Pág. 8

Apesar de considerado um avanço, o

Estatuto da Criança e do Adolescente

ainda é pouco discutido pela

sociedade. Falta estruturação de

Conselhos Tutelares.

Falta de políticaspúblicas fragilizaEstatuto da Criança

Pág. 6

Lei aprovada pela Alepe determina que

estabelecimentos com mais de três caixas

registradoras deverão destinar espaço para

produtos orgânicos, identificados por

placas de fácil visibilidade.

Alimentos orgânicos têmespaço garantido por lei em supermercados

Págs. 4 e 5RINALDO MARQUES

Pauta da Alepe em 2015prioriza interesse social

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EXPEDIENTE: MESA DIRETORA: Presidente, Deputado Guilherme Uchoa; 1º Vice-Presidente, Deputado Augusto César; 2º Vice-Presidente, Deputado Pastor Cleiton Collins; 1º Secretário, Deputado Diogo Moraes; 2º Secretário, Deputado

Vinícius Labanca; 3º Secretário, Deputado Romário Dias; 4º Secretário, Deputado Eriberto Medeiros. Superintendente de Comunicação Social: Margot Dourado. Chefe do Departamento de Imprensa: Cláudia Lucena. Editora: Cláudia

Lucena (Colaboração de Helena Alencar). Revisão: Christianne Alcântara, Cláudia Lucena e Margot Dourado. Repórteres: André Zahar, Edson Alves Júnior, Gabriela Bezerra, Helena Alencar, Ivanna Castro e Luciano Galvão Filho. Gerente

de Fotografia: Roberto Soares. Edição de Fotografia: Breno Laprovitera. Fotógrafos: Jarbas Araújo, João Bita e Rinaldo Marques. Tratamento de Imagem: Lucas Neves. Design: Brenda Barros e Thiago Pedrosa. Diagramação e Editoração

Eletrônica: Alécio Nicolak Júnior. Endereço: Palácio Joaquim Nabuco, Rua da Aurora, nº 631 – Recife-PE. Fone: 3183-2368. PABX: 3183.2211. E-mail: [email protected]

O Jornal Tribuna Parlamentar é uma publicação de responsabilidade da Superintendência de Comunicação Social da Assembleia Legislativa - Departamento de Imprensa.

02 Dezembro de 2015

“Vim lutar por uma

causa justa para

centenas de famílias do

município do Cabo de

Santo Agostinho. A

terra em que vivemos

não é nossa no papel,

mas somos nós que

cuidamos dela, há anos.

Queremos ter o direito

de plantar e viver em

paz, sem o medo de ter

nossos bens destruídos

pelas milícias.”

José Roberto da SilvaAgricultor do Engenho Ilha,

em Suape, durante audiência

pública da Comissão de

Cidadania para discutir a

atuação de milícias em

assentamentos próximos ao

Complexo de Suape, em

01/12/15.

"O projeto da

proposta de alteração

do Estatuto dos

Servidores interessa

aos mais de 200 mil

funcionários públicos

do Estado. Deve-se

ouvir a voz da

sociedade, pois ela

é a primeira

interessada nos

encaminhamentos

dos acontecimentos

na Alepe."

Douglas LemosSecretário-geral do

Sindicato dos Policiais Civis

de Pernambuco (Sinpol),

durante reunião da

Comissão de Justiça, em

01/12/15.

“É preciso que a

população tenha

contato com seus

representantes, e a

Assembleia é a Casa

do Povo. A saúde vive

um momento de

precariedade, com

falta de políticas

públicas efetivas. Por

isso, é necessário que

os deputados estejam

abertos para debater

temas como esse.”

Ludmila OuttesCoordenadora do Movimento

de Classes - Frente Recifense

contra a Privatização da Saúde,

em audiência pública que

discutiu a microcefalia e o

aplicativo “Doe +”, em 15/12/15.

Diálogo com a sociedadePor meio de suas Comissões Permanentes e Especiais, Frentes Parlamentares, além dos debates em Plenário, o

Legislativo pernambucano segue como uma caixa de ressonância da sociedade. Entre as atividades realizadas ao longodos últimos dois meses de 2015, destaque para as audiências da Comissão de Saúde, abertas ao público, que trataramdo modelo de saúde pública do Estado e da vinda do Hospital Sarah Kubitschek para Pernambuco. A Comissão deEducação, por sua vez, convocou os pernambucanos para discutir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes.Já a Comissão de Cidadania promoveu ato para defender a revisão das exonerações de policiais militares afastadosdurante os anos finais da ditadura militar e uma audiência sobre a suposta atuação de milícias no entorno do Complexode Suape. A situação dos imigrantes estrangeiros em Pernambuco foi tratada pela Comissão de AssuntosInternacionais, e a Frente Parlamentar de Combate ao Extermínio da Juventude Negra se reuniu com representantes demovimentos sociais na Câmara de Olinda. A Comissão de Meio Ambiente, por sua vez, debateu a situação dos animaisdo Parque Dois Irmãos e os projetos para recuperação da Lagoa da Boa Ideia, ambos no Recife.

Desenvolvimento regional Estratégias para o desenvolvimento

regional vêm sendo articuladas na Alepe. Emnovembro, a Casa sediou ato público daAssociação Municipalista de Pernambuco(Amupe) e uma reunião do movimento Uniãopelo Nordeste. Em dezembro, a Comissão deDesenvolvimento Econômico realizou audiênciapública para exposição das ações da Hemobrás,em Goiana, Mata Norte, cujas obras devem serconcluídas em 2018. Outro destaque foi umGrande Expediente Especial dedicado aoMovimento Compre do Pequeno Negócio,criado pelo Sebrae para estimular o consumoeconomicamente responsável, ambientalmentesustentável e socialmente justo.

Iluminação de NatalDezembro começou com uma grande festa para

inaugurar a tradicional iluminação de Natal do MuseuPalácio Joaquim Nabuco. No evento, também foi lançada aCampanha Natal do Bem, para arrecadação de alimentos.O ato foi seguido de queima de fogos e da interpretaçãodas músicas Aleluia, de Haendel, e Ave Maria, de Schubert,pelo Coral Vozes de Pernambuco - formado por servidoresda Casa - e pelo Coro de Câmara do ConservatórioPernambucano de Música. Desde 2002, o prédio históricoé iluminado para as festividades de fim de ano, tornando-se um dos pontos mais apreciados por moradores evisitantes do Recife. Durante a Campanha Natal do Bem,foram arrecadadas quatro toneladas de alimentos nãoperecíveis, entregues para a Ação da Cidadania.

Livro - Diários da Presidência 1995-1996

Eleito no primeiroturno, em 1994, comampla votação, FernandoHenrique Cardoso tornou-se presidente da Repúblicapara dar sequência aoPlano Real e àestabilização da economiabrasileira. O apoio massivoentre os eleitores, noentanto, não garantiria aotucano vida fácil com oCongresso Nacional.Principais bandeiras doprograma liberal do PSDB,as reformas estruturaispara limitar os custos doEstado dependiamfortemente do aval dedeputados e senadorespara se concretizar. Essa relação tensa e custosa está compilada emDiários da Presidência 1995-1996 (Cia. das Letras, 928 páginas),registro das impressões de FHC durante seus dois primeiros anos demandato, gravadas em fita cassete e agora publicadas em livro. Aedição também aborda a articulação política para a formação dogoverno, o convívio com o fisiologismo, as intrigas palacianas, areforma do Estado, a solidão, entre outros assuntos.

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Luiza Beatriz ainda não sabe,mas faz parte de uma geraçãovítima de um vírus - ignorado

até pouco tempo pela literaturamédica mais moderna - que temdespertado todo um País para aurgência de políticas públicas detratamento e prevenção. Primeirafilha da pernambucana AngélicaPereira, 20 anos, Luiza nasceu no dia6 de outubro de 2015, com o crâniomedindo 29 centímetros. O esperadopara recém-nascidos é de, nomínimo, 32. Aquela foi a primeiravez que Angélica ouviu os termosmicrocefalia e vírus da zika, palavrasque mudaram sua vida e hojepreocupam milhões de brasileiros.

“Minha gravidez foi tranquilae fiz todo o pré-natal. Por volta doquarto mês, tive coceiras, febre emanchas no corpo. Não procureium médico, pois achava que eraapenas uma crise alérgica”, contouAngélica. Segundo ela, o especia-lista que a atendeu afirmou que,provavelmente, seus sintomas fo-

ram provenientes de uma infecçãopelo vírus da zika. Quanto a Luiza,os médicos ainda não conseguemdeterminar quais dificuldades elaterá por causa da infecção, masadmitiram a possibilidade de a bebênão conseguir falar nem andar.“Vamos precisar de neurologista,fonoaudiólogo e fisioterapeuta, masonde vivo, em Santa Cruz do Capi-baribe (Região Agreste), não é fácilencontrar esses especialistas narede pública”, relatou.

Essas são dificuldades já vi-venciadas pelo casal Dayanne e IsraelMoura. Pais de Gabrielle Marie, 2anos, também diagnosticada commicrocefalia, eles têm atendidomuitas novas mães ansiosas parasaber como é cuidar de uma criançacom dificuldades físicas tão sensíveis.“Nós sabemos quais preconceitoselas enfrentarão e que portas, infe-lizmente, vão se fechar para essas fa-mílias”, disse Israel. Diante de tantaprocura, Dayanne decidiu criar umblog (www.odiariodeplick.blogspot.com.br), onde compartilha suasexperiências e dá dicas a mães egestantes. “Antes de tudo, esses paisprecisam de apoio psicológico, que

fortaleça neles o sentimento de amorincondicional. Infelizmente, já vemosnotícias de rejeição e abandono decrianças com microcefalia”, comen-tou o pai de Gabrielle.

Recentemente, ele afirmou terdesembolsado R$ 5 mil para fazerum exame que especificará melhoro diagnóstico de sua filha. “Se ti-véssemos um sistema de saúde efi-caz, não precisaríamos brigar com oplano de saúde para que Gabrielletenha atendimento. Como o PoderPúblico vai lidar com todas essascrianças que precisarão de um tra-tamento multidisciplinar perma-nente?”, indagou. Israel se refereaos 3.174 casos suspeitos de micro-

cefalia registrados, até o dia 5 dejaneiro de 2016, pelo Ministério daSaúde no País. Número que conta,infelizmente, com a maior participa-ção de Pernambuco. Em primeirolugar nesse triste ranking, o Estadotem 1.185 casos em investigação atéa referida data (ver arte).

Atuando no Imip, um dos cen-tros de referência em Pernambucono atendimento de microcefalia, oneurologista Geraldo Furtadorelatou o quadro vivenciado pelosprofissionais da unidade. “Em umaúnica semana do mês de outubro,atendi mais crianças com micro-cefalia no Imip do que em todo oano de 2014, fato que nos levou a

notificar o Estado sobre a gravidadeda situação.” O neuropediatra Lu-cas Ramos explicou que esses pa-cientes serão dependentes, por todaa vida, de cuidados médicos. “Assequelas da microcefalia vão desdeatrasos no desenvolvimento a re-tardo mental, dificuldades motorase convulsões constantes”, infor-mou.

Segundo o diretor do Departa-mento de Doenças Transmissíveis daSecretaria Estadual de Saúde (SES),George Santiago, o Comitê de Ope-rações Emergenciais em Saúde (Coes),criado para discutir os casos e planejaras ações de atenção a mães e bebês,“analisa se o surto de microcefaliavem sendo causado apenas pelo vírusda zika, ou se há associação com al-guma variável ainda desconhecida”.

Em nota, a SES informou que“estão sendo investidos R$ 15 mi-lhões para estruturação de centrosregionais de atendimento, contrata-ção de pessoal e compra de equipa-mentos”. Hoje, gestantes e mães debebês com microcefalia devem pro-curar uma das 19 unidades de saú-de destacadas para o atendimento(ver arte).

03Dezembro de 2015

Surto de microcefalia amedrontapopulação e desafia o Poder Público

O Ministério da Saúde con-firmou que o surto de micro-cefalia no País tem relação como contágio das gestantes com ozika, vírus que, assim como o dadengue e o da chikungunya, temcomo vetor um velho conhecidodos brasileiros: o mosquito Aedesaegypti. “A maior parte das doen-ças infectoparasitárias endêmicassão relacionadas à pobreza e aosubdesenvolvimento”, explica aepidemiologista e professora daUFPE, Vera Magalhães. Segundo

ela, “o vetor encontrou condiçõesfavoráveis para se desenvolverno Brasil, não apenas devido aoclima tropical, mas, também, porcausa do processo desordenadode urbanização”.

De acordo com a especialista,por crescerem sem planejamento,as cidades brasileiras oferecemcondições precárias de saneamento,o que inclui falhas na coleta do lixoe fornecimento irregular de água.“Para suportar o racionamento, aspessoas, em especial as carentes,

acumulam água em recipientes ina-dequados, contribuindo para a pro-liferação do mosquito”, ressalta.Dessa forma, Vera avalia que, alémde fiscalização dos espaços públicose de campanhas de conscientizaçãoda população, o Poder Público pre-cisa promover uma transformaçãoestrutural em seu planejamentourbano. “Sem ações para melhoraras condições de vida da população,o Brasil terá que conviver, por mui-tos anos, com essas e outras doen-ças infecciosas.”

Atenta ao problema, a Assem-bleia aprovou, em dezembro, oProjeto de Lei n° 243/2015, do de-putado Ricardo Costa (PMDB), queproíbe a restrição de acesso deagentes de saúde a propriedadespúblicas ou privadas, quandodecretada situação de epidemia noEstado. O objetivo é facilitar o tra-balho de controle da proliferaçãodo mosquito. O proprietário doimóvel que descumprir a lei ficarásujeito a multa. Presidente da Co-missão Especial de Acompanha-

mento aos Casos de Microcefaliaem Pernambuco, a deputada So-corro Pimentel (PSL) informa queo grupo está atento às medidas decombate ao vetor e a ações rela-cionadas ao atendimento de mãese bebês com o diagnóstico. Já opresidente da Comissão de Saúde,Odacy Amorim (PT), defende aparticipação efetiva dos parlamen-tares na fiscalização das ações deenfrentamento a esse que ele con-sidera “o maior problema de saúdepública da atual geração”.

SAÚDE EM ALERTA

Ivanna de Castro

Israel (em pé), pai de uma criança com o problema, relatou na Alepe dificuldades enfrentadas pela família

JOÃO BITA

Saneamento precário e lixo, condições ideais para mosquito Aedes

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“Responsabilidade, vigor eeficiência” foram as palavrasescolhidas pelo presidente da

Assembleia Legislativa, deputadoGuilherme Uchoa (PDT), paraclassificar os trabalhos da Casa em2015. Durante a última ReuniãoPlenária do ano, em dezembro, ochefe do Legislativo Estadual fezpronunciamento em que enalteceua agenda “propositiva e fiscaliza-dora” do Parlamento, que priorizoua defesa dos direitos dos grupossociais vulneráveis e o intenso de-bate em torno de soluções para osproblemas que afetam a vida dospernambucanos.

Assunto enfrentado nos maisdiversos espaços da sociedade, acrise econômica não podia deixarde entrar em pauta. Apesar de sertema recorrente debatido pelosdeputados, o principal momentode discussão se deu durante a apre-ciação do pacote de ajuste fiscal,encaminhado pelo Governo à Alepe,

em setembro. As medidas au-mentam a cobrança de ICMS, IPVAe ICD, e pretendem ampliar aarrecadação em 2016, diante dadesaceleração na produção no Es-tado.

Líder do Governo, WaldemarBorges (PSB) lamenta que equívo-cos da política econômica no âmbitofederal tenham pressionado ascontas públicas de Pernambuco em2015. “Mesmo as previsões maispessimistas para este ano revela-ram-se generosas, e a falta de re-cursos foi duramente sentida nasáreas mais importantes”, analisa.“Mesmo assim, construímos oajuste fiscal de forma democrática,agregando as contribuições ofere-cidas pelos deputados.”

Na opinião do líder da Oposição,Sílvio Costa Filho (PTB), o discursodo Governo “terceiriza responsa-bilidades”. Segundo o petebista, asgestões do PSB beneficiaram-se daconjuntura nacional positiva, masagora não reconhecem sua parcelade culpa pelos problemas viven-ciados pelos cidadãos. “A maioriados programas não tem apresen-

tado resultados”, afirma. “Aindaassim, a Alepe pôde fazer um bomdebate em 2015, com importantesaudiências públicas e pedidos deinformação ao Executivo.”

O crescimento da economia, deforma responsável, também teveespaço em meio às discussões arespeito da flexibilização da legislaçãoambiental do Estado, em outubro. Odebate em torno do desenvolvimentosustentável esteve pautado natramitação de alterações na políticaflorestal de Pernambuco, sobretudona aprovação das Leis nº 15.652 – quesimplificou o licenciamento de obrasem áreas de preservação permanente– e nº 15.621 – que revogou a pro-teção para vegetações de altitude paraviabilizar a instalação de parqueseólicos no Araripe.PARTICIPAÇÃO

A tramitação de matérias deci-sivas foi acompanhada de pertopela população, como o PlanoEstadual de Educação, de autoria doPoder Executivo. A cargo de 34entidades da sociedade civil, o textooriginal chegou à Alepe em junhoe recebeu polêmicas emendas para

suprimir metas relacionadas aocombate à discriminação de gênero.

De iniciativa de parlamentaresevangélicos, as alterações termina-ram incorporadas ao documento,não sem mobilizar diferentes se-tores da sociedade em torno daquestão.

O diálogo com os cidadãos tam-bém deu origem a outra mudançana legislação relacionada à edu-cação, a Lei nº 15.610, proposta pe-la deputada Priscila Krause (DEM),em outubro. A nova regulamen-tação da data-corte para o ingressono Ensino Fundamental permiteque crianças iniciem os estudosmais cedo – a partir dos 6 anoscompletos até 30 de junho do anoletivo – e foi amplamente discutidacom pais e educadores.

A mobilização social ainda sefez sentir na Casa para a ela-boração da Lei nº 15.578, de se-tembro, originada de proposiçãodo deputado Ricardo Costa (PMDB).A matéria eliminou exigências pa-ra apresentações artísticas em es-paços públicos urbanos. A normaatendeu às reclamações dos ar-

tistas de rua, que reagiram à im-posição de restringir as manifes-tações populares, após a entradaem vigor de lei aprovada na Alepe,semanas antes.

Pressões dos trabalhadorestambém ecoaram no ParlamentoEstadual, durante a apreciação donovo piso salarial dos professoresdo Estado, em abril, e na aprovaçãode melhorias nas carreiras da Po-lícia Militar, em fevereiro. Oseducadores defendiam ampliaçãode benefícios, mas não tiveram opleito atendido pelo Governo. Já osprofissionais da segurança públicaconseguiram o incremento nosbônus pagos pelo Pacto pela Vida,sob a perspectiva de greve da ca-tegoria às vésperas do Carnaval.

NÚMEROSDurante o ano de 2015, a As-

sembleia Legislativa instalou dezFrentes Parlamentares, quatro Co-missões Especiais e uma ComissãoParlamentar de Inquérito (CPI). OPlenário da Casa reuniu-se 217 ve-zes, ao longo do período. A reto-mada dos trabalhos legislativosocorrerá em 1º de fevereiro de 2016.

04 Dezembro de 2015

Economia, educação e meio ambiente gBALANÇO

A participação popular nos debates de temas importantes, como o Plano Estadua

Luciano Galvão Filho

Ao longo de todo o ano de 2015, parlamentares do Governo e da Oposição discutiram assuntos de interesse da população no Plenário da Casa Joaquim Nabuco

ROBERTO SOARES

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05Dezembro de 2015

ganham espaço no Legislativo em 2015al de Educação e a aprovação do novo piso salarial dos professores, foi destaque

Eficiência nos gastos públicospautou ações na Assembleia

Internamente, a AssembleiaLegislativa procurou adaptar-se àsexigências da sociedade pela ra-cionalização e eficiência dos gastospúblicos. Entre as medidas ado-tadas pelo Legislativo, o presidenteGuilherme Uchoa (PDT) enumeracomo principais o lançamento doPortal da Transparência, em junho,e a reforma administrativa queenxugou o orçamento da Casa ànova realidade estadual, em se-tembro.

“Simultaneamente, aprimora-mos a qualidade do trabalho doParlamento. A Consultoria Legisla-

tiva, por exemplo, criada a partirda convocação dos servidores apro-vados no concurso de 2014, prestasuporte de excelência aos depu-tados”, aponta Uchoa.

O apoio a campanhas de cons-cientização, como Outubro Rosa eNovembro Azul, também mereceudestaque do presidente, assim comoo Mutirão dos Superendividados –que pemitiu a consumidores a rene-gociação de dívidas com diversasentidades. “Esse tipo de iniciativaaproxima os pernambucanos doParlamento, sendo essencial para aconstrução da cidadania”, disse.

Calendário do Estado terá 39 novas datas comemorativas

Alterações no Calendário deEventos do Estado de Pernam-buco estão entre as leis aprova-das pela Assembleia Legislativa.Em 2015, o anuário ganhou 39novas datas comemorativas,como a Semana de Combate àExploração Sexual de Crianças,em maio; o Dia de Defesa do RioSão Francisco, em 3 de junho; ea Semana do Teatro de Bonecos,em novembro.

O atentado contra conse-lheiros tutelares em Poção, em6 de fevereiro deste ano, motivoua criação do Dia pelo Fortaleci-

mento dos Conselhos Tutelares,lembrado na mesma data do cri-me. Em agosto, o dia 20 passa ahomenagear a Luta pelo Semi-árido, e, em dezembro, o dia 15celebra a Economia Popular So-lidária.

O mês de maio inteiro passaa ser o Maio Amarelo, iniciativade combate à violência no trân-sito e nas estradas. O centenáriode nascimento do governadorMiguel Arraes de Alencar serálembrado em 2016, assim como2017 marcará os 200 anos da Re-volução Pernambucana.

Um dia específico para celebrar a Defesa do Rio São Francisco

DIVULGAÇÃO

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06 Dezembro de 2015

Supermercados deverãodispor de setor reservadopara alimentos orgânicos

Desde 2008, o Brasil ocupa oprimeiro lugar mundial noconsumo de agrotóxicos,

detendo 19% desse mercado, se-gundo a Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária (Anvisa). En-tidades socioambientais que in-tegram a Campanha Permanentecontra os Agrotóxicos calculam,para cada brasileiro, uma ingestãomédia de 5,2 litros de veneno agrí-cola por ano.

A constatação dos malefíciosdessas substâncias leva muitosconsumidores, como a fisiotera-peuta Liliane Lopes, a optar peloconsumo preferencial de alimentosorgânicos. “Contraímos muitasdoenças ligadas ao consumo exces-sivo de agrotóxicos e não sabe-mos”, observa. Há alguns meses,ela utiliza um serviço de entrega emdomicílio e já comprou em feiri-nhas, mas sente falta de outras op-ções. “Se os supermercados ofere-cessem orgânicos, o consumo seriapropagado”, acredita.

Para facilitar o acesso da po-pulação a alimentos livres de agro-tóxicos e de organismos genetica-

mente modificados, a AssembleiaLegislativa de Pernambuco aprovouuma nova determinação voltadapara supermercados e outros es-tabelecimentos do tipo. Com a Leinº 15.614/2015, as lojas que pos-suírem mais de três caixas re-gistradoras deverão destinar umespaço para os produtos orgânicos,identificados por placas de fácilvisibilidade.

Quando sugeriu a medida, odeputado Júlio Cavalcanti (PTB) sebaseou nos artigos 4º e 6º do Códigode Defesa do Consumidor. Segundoo texto, as relações de consumo de-vem se transparentes, respeitandoa dignidade, saúde e segurança, ga-rantindo como direitos básicos aproteção contra os riscos provocadospor práticas no fornecimento deprodutos e serviços considerados pe-rigosos ou nocivos. “A nossa preo-cupação é com a saúde das pessoas,que muitas vezes ingerem venenosem nem saber. Com a área exclusiva,ficará mais fácil para o consumidoro acesso no momento da compra, eele poderá escolher se vai levar umorgânico ou outro produto”, argu-menta o parlamentar.

Alguns supermercados já ado-tam a prática. É o caso do Pão deAçúcar, que há quatro anos vem

implantando gôndolas própriaspara orgânicos nas suas lojas, tantopara frutas, verduras e legumes,quanto para itens de açougue emercearia. “A rede foi pioneira nogrande varejo brasileiro em traba-lhar com esses produtos, há maisde 20 anos. Como o tema da sau-dabilidade está no DNA da marca,foi natural que apostássemos naalimentação orgânica como umaopção aos nossos clientes”, explicaa gerente comercial do Pão de Açú-car, Daniela Pasquali.

Para a superintendente da As-sociação Pernambucana de Super-mercados (Apes), Silvana Buarque,a lei reforça a prestação de serviçosao consumidor. Ela, no entanto,questiona o que considera “inter-ferência”. “A nossa única preocu-pação é com a obrigatoriedade.Quando o supermercado diferenciagôndolas, ele está prestando umserviço para mostrar que tem ummix de produtos diferenciados comrelação ao concorrente, buscandoatender a um nicho. Foi o queaconteceu com o setor de alimentosdietéticos, por exemplo”, observa.

Silvana também informa que ainstituição divulgará a norma entreos associados, assim que for regu-lamentada pelo Poder Executivo.

Helena Alencar

DIVULGAÇÃO

Norma aprovada pela Assembleia Legislativa determina identificação de áreas destinadas a produtos orgânicos

No histórico bairro da Boa Vista, às margens do Rio Capibaribe, naRua da Aurora, foi erguido, imponente e majestoso, o Paço da AssembleiaLegislativa, nova sede do Parlamento Provincial, que funcionava, até então,no Forte do Matos. O assentamento da pedra fundamental ocorreu nodia 2 de dezembro de 1870, há 145 anos.

Transformada no Palácio Joaquim Nabuco em 1948, e posteriormenteem instituição museológica, a edificação centenária representa amaterialização do Poder Legislativo Estadual e figura entre os maisimportantes prédios históricos do Estado de Pernambuco. A construçãofoi autorizada pela Lei Provincial nº 963, de 25 de julho de 1870, e oassentamento da pedra de fundação foi realizado em ato solene, celebradona data em que se comemorava o nascimento do Imperador Dom PedroII (02/12).

No Termo de Assentamento está registrado todo o ritual que deu inícioàs obras do Paço. Por volta das 5h30 da tarde, autoridades reuniram-se para a solenidade. Estavam presentes o então governador da Província,Diogo Velho Cavalcanti D’Albuquerque; o marechal de Campo e co-mandante das Armas, Barão de São Borja; o governador do Bispado, vigáriocapitular, cônego João Chrysostemo de Paiva; o senador Visconde deCamaragibe; o bacharel José Tibúrcio Pereira de Magalhães, diretor daRepartição de Obras Públicas, responsável pelo projeto da edificação;além de vereadores, deputados gerais e provinciais, chefe de Polícia,comandante da Guarda Nacional, inspetor da Marinha, reverendos,religiosos, chefes de repartições, população em geral.

Todos os participantes e espectadores assistiram ao benzimento dapedra, realizado pelo vigário João Chrysostemo e, posteriormente, ao seuassentamento, feito pelo presidente da Província. A pedra fundamentalfoi colocada no centro e base do alicerce, por baixo da porta central dopórtico e carregava uma inscrição, em grossos caracteres gravados sobrea face polida, formada de lâmina de mármore fino.

Abaixo da pedra, foi colocada uma caixa de metal contendo umpergaminho e uma medalha de prata, com alto relevo do edifício emperspectiva. As insígnias utilizadas na solenidade foram levadas pelasautoridades presentes, que assinaram o referido termo, lavrado em livroespecial. Esse termo registra o início da construção do atual MuseuPalácio Joaquim Nabuco e marca, neste momento em que o Parlamentocelebra mais de 180 anos de fundação, os 145 anos da edificação da sededa Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Pedra fundamentaldo Museu PalácioJoaquim Nabuco

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Superintendência de Preservação do Patrimônio Histórico do

Legislativo. Termo de Assentamento da Pedra Fundamental do

Paço da Assembleia Legislativa Provincial, de 2 de dezembro de

1870. Arquivo Geral. Acervo da Assembleia Legislativa do

Estado de Pernambuco.

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AAssembleia Legislativa apro-vou, no último dia 9 dedezembro, a Lei Orçamentá-

ria Anual 2016, com uma receita deR$ 32,5 bilhões, 3,1% menor emrelação a 2015. Esse valor é relativoaos orçamentos fiscal - que abrangetodos os tributos recolhidos peloEstado, repasses do Governo Federale operações de crédito, no valor deR$ 31 bilhões - e de investimento,de R$ 1,5 bilhão, das estatais per-nambucanas (entre elas, os Portosdo Recife e de Suape, a Compesa eo Lafepe).

A diminuição do valor disponívelpara fazer funcionar a máquina doEstado é reflexo da crise econômicado País. Com a correção da receitaorçamentária pela inflação, a quedaé detectada desde 2014, como mostraestudo realizado pela ConsultoriaLegislativa da Alepe. O recuo naprevisão orçamentária foi de 10,1%em 2014; 0,9% em 2015; e será de9,5% em 2016.

Esses números são, antes detudo, uma previsão do que poderáser arrecadado e gasto, e dependemdo comportamento real das receitasdo Estado. Entre 2010 e 2014, ovalor das receitas correntes foi, emmédia, de 95% do previsto noorçamento. No entanto, os dadosdo Governo em 2015 apontarampara uma retração maior nesse ano.Até agosto, haviam sido executadas59% das receitas correntes orçadas,contra uma média de 65% nosquatro anos anteriores. Essa dife-rença significou R$ 1,2 bilhão a

menos nos cofres do Estado, so-mente nesse período.

“Essa crise tem provocadoexpressivas frustrações de receita ecada nova notícia vinda de Brasíliaé pior que a anterior”, aponta o Líderdo Governo, Waldemar Borges (PSB).“O receio é que, sem recursos deconvênios e operações de crédito,venham menos receitas do que oesperado, mesmo dentro de umaprevisão realista como foi a nossa”,avalia.

Já a Oposição cobra mais cortesem áreas-meio por parte do Go-verno. “É na dificuldade que osajustes têm que ser feitos com cria-tividade. O Governo prometeu fazermais com menos, porém, na hora depôr isso em prática, coloca toda aculpa no Governo Federal”, criticaSílvio Costa Filho (PTB), líder daOposição.

Na opinião do petebista, “é des-necessário o Estado ter 27 secre-tarias”. “Poderíamos muito bemgerir com 16 ou 18 pastas. Assim,haveria a redução do número decomissionados e de outros gastosoperacionais. Também há espaçopara diminuir gastos com consul-torias”, observa Costa Filho.

O líder da Oposição acrescentaque o Estado teve várias obrasestruturadoras nos últimos anos,70% delas oriundas do GovernoFederal. “A gestão estadual apro-veitou a oportunidade para fazerinvestimentos, mas não guardoudinheiro para momentos dedificuldade como agora”, avalia. “Oresultado vemos no exemplo dehospitais e UPAs: foi criada umaestrutura de Primeiro Mundo, masos serviços prestados têm péssima

qualidade por falta de recursos”,considera o deputado.

Um dos fatores que poderiamajudar na recuperação econômica éa retomada da capacidade deinvestimento do Estado. A previsãopara 2016 é que sejam feitos R$ 2,5bilhões em investimento, o queinclui R$ 513 milhões para habitaçãoe mobilidade; R$ 465 milhões parafornecimento de água e saneamento;R$ 409 milhões para infraestruturae desenvolvimento; e R$ 304 mi-lhões para segurança e resso-cialização.

Entretanto, a análise dos anosanteriores mostra a dificuldade emefetuar esses investimentos. Emmédia, o Governo conseguiu exe-

cutar 49% dos recursos previstosno orçamento fiscal e 54% no orça-mento das estatais, entre 2010 e2014. Em 2015, com a crise econô-mica, o Estado aplicou, até agosto,apenas 15% do valor que haviaorçado - R$ 500 milhões de R$ 3,81bilhões previstos. “Esperamos quechegue a pouco mais de R$ 1 bilhãode investimentos, até o fim de 2015”,declarou o secretário de Planeja-mento, Danilo Cabral, quando o pro-jeto da Lei Orçamentária Anual de2016 foi apresentado à Alepe.

“Essa é uma realidade comuma todos os Estados, que conseguiramexecutar, em média, 47% de seusinvestimentos entre 2010 e 2014.Pernambuco está ligeiramente acima

da média, à frente de 16 Estados”,aponta Waldemar Borges.

Para executar o máximo possíveldos investimentos previstos, o Go-verno aposta em conseguir novasfontes de recursos. “O governadorPaulo Câmara tem foco na obtençãode novas operações de crédito econvênios, além de monitorar aspendências e entraves de cada obrae projeto para a execução ser feitano tempo previsto”, ressalta Borges. EMENDAS PARLAMENTARES

Em razão da crise, os deputadosrelocaram, por meio de emendasparlamentares, mais R$ 30 milhõesem recursos para o Fundo Estadualde Saúde; R$ 1,68 milhão para a Se-cretaria da Mulher; e R$ 1,75 milhãopara a melhoria das escolas estaduais.

“A bancada de Oposição apre-sentou emendas que destinavam R$120 milhões para a Saúde, mas essetotal infelizmente não foi acatadopelo Governo”, lamentou Sílvio Cos-ta Filho.

Com relação aos R$ 70 milhõesreservados para emendas parlamen-tares, 25,5% desse valor (R$ 17,5milhões) foi destinado ao FundoEstadual de Apoio ao Desenvolvi-mento Municipal (FEM - Municí-pios), que apoia planos de trabalhodas cidades. Outros 21,5% (15 mi-lhões) foram direcionados para asaúde e 20,4% (R$ 14,3 milhões)para agricultura e recursos hídricos.

07Dezembro de 2015

Orçamento em tempos de criseEdson Alves Jr.

ECONOMIA

ROBERTO SOARES

Em dezembro, parlamentares discutiram e aprovaram a LOA com receita 3,1% menor que a do ano de 2015

Alepe aprova Lei Orçamentária de 2016 debatendo estratégias para Estado enfrentar dificuldades econômicas

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Page 8: Pauta da Alepe em 2015 prioriza interesse social Pernambuco ocupa o primeiro lugar no ranking de microcefalia relacionada ao vírus da zika, com 1.185 casos suspeitos em investigação

Uma Itália inteira ou aproximadamente59,7 milhões de pessoas. Esse é onúmero de jovens entre zero e 18

anos que vive hoje no Brasil. Se antes eramchamados de “menores”, há 25 anos sãotratados como crianças e adolescentes. Todoscom direitos assegurados pela Lei Federalnº 8.069/1990, popularizada como Estatutoda Criança e do Adolescente (ECA), que com-pletou bodas de prata em 2015.

Antes do ECA, crianças e adolescentesestavam sob a tutela do Código de Menores(Lei Federal nº 6.697/1979), consideradodiscriminatório e segregacionista. “Houveum grande avanço na nova legislação porqueo ECA mudou a maneira de olhar para acriança e o adolescente”, avaliou o desem-bargador Luiz Carlos Figueiredo, da Vara deInfância e Juventude do Tribunal de Justiçade Pernambuco. “Antes, esses jovens eramvistos como objeto coisificado, com o qual oEstado fazia o que queria. O Estatuto inverteuessa visão para a lógica do sujeito de direito,vendo-os como pessoas em desenvolvi-mento”, comparou.

Na avaliação de Figueiredo, passados 25anos, o ECA ainda é atual porque segue co-adunando com as convenções internacionaissobre os direitos da criança. “Ainda existempequenos aperfeiçoamentos a serem feitos,mas a legislação está no caminho certo. Os

problemas que continuamos enfrentandohoje não estão na alçada da lei, mas na práticada legislação. São questões culturais dasociedade.” Ele também destacou a in-corporação da Lei Nacional de Adoção (Leinº 12.010/2009) pelo Estatuto como um a-vanço.

A adoção da Convenção sobre os Direitosda Criança pela Assembleia Geral da Orga-nização das Nações Unidas (ONU), em 1989,foi o pontapé para esse olhar mais atento aosjovens. Apesar de a Constituição Federalassegurar direitos à criança, ao adolescentee ao jovem, com “absoluta prioridade”, já em1988, apenas a partir do ECA esses dispo-sitivos foram compilados.

“O novo marco legal traduziu os prin-cípios da Convenção sobre os Direitos daCriança, de 1989, e serviu de referência paraa América Latina por sua coerência com osdireitos humanos, com o respeito ao desen-volvimento de crianças e adolescentes e pelocompromisso em tratar a infância com prio-ridade absoluta”, avaliou Gary Stahl, repre-sentante do Fundo das Nações Unidas paraa Infância (Unicef) no Brasil, em texto pu-blicado no relatório ECA 25 anos - Avanços edesafios para a infância e a adolescência noBrasil, divulgado em julho.

“Apesar da importância, a legislaçãoainda é pouco conhecida.” É o que defendeo presidente da Associação Metropolitanados Conselhos Tutelares de Pernambuco,Geraílson Ribeiro. “O tema ainda é poucodebatido e nenhum dos entes federativos

(Estados, Municípios e União) cumpre a obri-gação de dar prioridade absoluta para crian-ças e adolescentes. Temos uma lei completa

e reconhecida até pela ONU, mas vivemosnum País onde as políticas que não dão votosnão são implementadas”, opinou.

08 Dezembro de 2015

25 ANOS DO ECA

Legislação é considerada completa,

mas falta a implementação de políticas de

proteção a crianças e adolescentes

Gabriela Bezerra

FOTOS: RINALDO MARQUES

Lei prevê que

crianças e jovens

devem ser

tratados como

prioridade

absoluta pelos

poderes públicos

Avanços e dificuldades do Estatuto

Assassinatos de jovens têm números alarmantesUm dos temas que, infelizmente, está

bastante ligado aos jovens brasileiros é aviolência. Desde a aprovação do Estatuto daCriança e do Adolescente (ECA), o númerode homicídios de crianças e adolescentes do-brou, de acordo com o relatório ECA 25 anos- Avanços e desafios para a infância e a ado-lescência no Brasil, produzido pelo Unicef. Se,por um lado, o Brasil foi exitoso na reduçãoda mortalidade infantil (com queda de 68,4%no número de mortes, entre 1990 e 2012),sendo avaliado como referência mundial,hoje os adolescentes correm perigo. O Brasilestá em segundo lugar no ranking dos paísescom maior número de assassinatos de jovens.

De 1990 a 2013, o número de homicídiosentre pessoas de até 19 anos passou decinco mil para 10,5 mil casos ao ano (Da-tasus, 2013) no Brasil. Isso representa oalarmante índice de 28 assassinatos decrianças e adolescentes por dia. O País sófica atrás da Nigéria, que tem convividocom um contexto de sequestros e exter-mínio, agravado pela ascensão do grupoBoko Haram, em 2002. Em seguida noranking estão Índia, República Democráticado Congo, México e Etiópia.

Na avaliação do promotor Luiz Gui-lherme Lapenda, coordenador do Centro deApoio Operacional às Promotorias de

Justiça da Infância e da Juventude, essequadro se deve à não implementação doECA em sua plenitude. “A situação exis-tente poderia ser mudada com a implan-tação efetiva das diretrizes trazidas peloEstatuto, atreladas aos direitos já garan-tidos pela Constituição Cidadã, e a imediataestruturação de todos os segmentos darede, notadamente dos Conselhos Tutela-res”, observou. O acesso à educação dequalidade também foi apontado como im-portante para reverter esse cenário. “Nãohá que se confundir educação com o meroespaço físico da escola ou o fornecimentode merenda”, frisou.

AGORA É LEIAinda sobre o combate à violência

contra jovens, a Assembleia Legislativa dePernambuco aprovou duas novas matériaseste ano. De iniciativa do deputado LucasRamos (PSB), a Lei Estadual nº 15.653/15impõe sanções aos estabelecimentoscomerciais e de entretenimento que per-mitirem ou fizerem apologia à pedofilia eà exploração sexual de crianças e adoles-centes. Já a Lei Estadual nº 15.638/15, dodeputado Beto Accioly (SD), institui aSemana Estadual de Combate ao Abuso eà Exploração Sexual de Crianças e Ado-lescentes.

Educação de boa qualidade é fundamental para melhorar a vida de meninos e meninas