historia de pe alepe edinaldo lopes

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História Prof. Edinaldo Lopes ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 1 F.: 3222-6231 www.espacohebervieira.com.br 1. CAPITANIA DE PERNAMBUCO A Capitania de Pernambuco foi uma das subdivisões do território brasileiro no período colonial. Abrangia os territórios dos atuais estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará e a porção ocidental da Bahia (a oeste do Rio São Francisco) possuindo, deste modo, fronteira ao sul com Minas Gerais. À época do Brasil Colônia, as únicas capitanias que prosperaram foram esta de Pernambuco e a de Capitania de São Vicente, graças ao cultivo de cana- de-açúcar. História De acordo com a Carta de Doação passada por D. João III a 10 de março de 1534, o capitão donatário de Pernambuco foi Duarte Coelho Pereira, fidalgo que se destacara nas campanhas portuguesas na Índia. A capitania se estendia entre o rio São Francisco e o rio Igaraçu, compreendendo: "Sessenta léguas de terra (…) as quais começarão no rio São Francisco (…) e acabarão no rio que cerca em redondo toda a Ilha de Itamaracá, ao qual ora novamente ponho nome rio [de] Santa Cruz (…) e ficará com o dito Duarte Coelho a terra da banda Sul, e o dito rio onde Cristóvão Jacques fez a primeira casa de minha feitoria e a cinquenta passos da dita casa da feitoria pelo rio adentro ao longo da praia se porá um padrão de minhas armas, e do dito padrão se lançará uma linha ao Oeste pela terra firme adentro e a terra da dita linha para o Sul será do dito Duarte Coelho, e do dito padrão pelo rio abaixo para a barra e mar, ficará assim mesmo com ele Duarte Coelho a metade do dito rio de Santa Cruz para a banda do Sul e assim entrará na dita terra e demarcação dela todo o dito Rio de São Francisco e a metade do Rio de Santa Cruz pela demarcação sobredita, pelos quais rios ele dará serventia aos vizinhos dele, de uma parte e da outra, e havendo na fronteira da dita demarcação algumas ilhas, hei por bem que sejam do dito Duarte Coelho, e anexar a esta sua capitania sendo as tais ilhas até dez léguas ao mar na frontaria da dita demarcação pela linha Leste, a qual linha se estenderá do meio da barra do dito Rio de Santa Cruz, cortando de largo ao longo da costa, e entrarão na mesma largura pelo sertão e terra firme adentro, tanto, quanto poderem entrar e for de minha conquista. (…)." (Carta de Doação) A metade da barra Sul do canal de Itamaracá, que o soberano denominou de "rio" de Santa Cruz, até 50 passos além do local onde existira a primitiva feitoria de Cristóvão Jacques, demarcava o limite Norte; ao Sul, o limite da capitania era o rio São Francisco, em toda sua largura e extensão, incluindo todas suas ilhas da foz até sua nascente. O território da capitania infletia para o Sudoeste, a acompanhar o curso do rio, alcançando suas nascentes no atual Estado de Minas Gerais. Ao Norte, o soberano estabelecia o traçado de uma linha para o Oeste, terra adentro, até os limites da conquista, definidos pelo Tratado de Tordesilhas ou seja, as terras situadas além das 370 léguas ao oeste das ilhas do Cabo Verde. As fronteiras da capitania abrangiam todo o atual Estado de Alagoas e terminavam ao Sul, no rio São Francisco, fazendo fronteira com o atual Estado de Minas Gerais. Graças à posse deste importante rio, em toda sua extensão e largura, Pernambuco crescia na orientação Sudoeste, ultrapassando em largura em muito as 60 léguas estabelecidas na carta de doação. Na observação de Francisco Adolfo de Varnhagen possuía a capitania 12 mil léguas quadradas, constituindo-se na maior área territorial entre todas que o rei distribuiu. Ao receber a doação, Duarte Coelho Pereira partiu para o Brasil com a esposa, filhos e muitos parentes. Ao chegar ao seu lote, fixou-se numa bela colina, construindo uma fortificação (o Castelo de Duarte Pereira), uma capela e moradias para si e para os colonos: seria o embrião de Olinda, constituída vila em 1537. Pioneiros na terra foram o seu próprio engenho, o do Salvador, e o do seu cunhado, o de Beberibe. Tudo estava por fazer e o donatário organizou o tombamento de terras, a distribuição de justiça, o re- gistro civil, a defesa contra os índios Caetés e Tabajaras. Ao falecer, em Lisboa, em 1554, legou aos filhos uma capitania florescente. O seu cunhado, Jerônimo de Albuquerque, em correspondência com a Coroa, pedia autorização para importar escravos africanos. Em Olinda, sede administrativa da capitania, se instalaram as autoridades civis e eclesiásticas, o Colégio dos Jesuítas, os principais conventos e o pequeno cais do Varadouro. Em fins do século XVI, cerca de 700 famílias ali residiam, sem contar os que viviam nos engenhos, que abrigavam de 20 a 30 moradores livres. O pequeno porto de Olinda era pouco significativo, sem profundidade para receber as grandes embarcações que cruzavam o Oceano Atlântico. Por sua vez, Recife, povoado chamado pelo primeiro donatário de "Arrecife dos navios", segundo a Carta de Foral passada a 12 de março de 1537, veio a ser o porto principal da capitania. Economia Açucareira A produção de açúcar sempre desempenhou um papel de destaque na economia de Pernambuco, sendo causa da segunda das Invasões holandesas do Brasil. Essa riqueza, fonte de desigualdade de renda entre ricos e pobres, somada à grande concentração de terras, fez de Pernambuco palco de diversos conflitos - como o que existiu entre os senhores de terra e de engenho pernambucanos de Olinda e os comerciantes portugueses do Recife, chamados de forma pejorativa de mascates. A Guerra dos Mascates ocorreu de 1710 a 1712. Os donos de engenhos, em dívida com os comerciantes devido à queda do preço internacional do açúcar, não aceitam a emancipação do Recife, o que agravaria sua situação com os portugueses. Em 1710, Recife foi atacada por tropas de proprietários rurais. O governador nomeado, Sebastião de Castro Caldas Barbosa, fugiu. Os mascates contra-atacaram, invadindo Olinda em 1711. A nomeação de um novo governador, Felix José de Mendonça, e a atuação de tropas mandadas da Bahia pôs fim à guerra. A burguesia mercantil recebeu o apoio da metrópole, e o Recife manteve sua autonomia.

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História Prof. Edinaldo Lopes

ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 1 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br

1. CAPITANIA DE PERNAMBUCO

A Capitania de Pernambuco foi uma das subdivisões do território brasileiro no período colonial. Abrangia os territórios dos atuais estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará e a porção ocidental da Bahia (a oeste do Rio São Francisco) possuindo, deste modo, fronteira ao sul com Minas Gerais.

À época do Brasil Colônia, as únicas capitanias que prosperaram foram esta de Pernambuco e a de Capitania de São Vicente, graças ao cultivo de cana-de-açúcar.

História

De acordo com a Carta de Doação passada por D. João III a 10 de março de 1534, o capitão donatário de Pernambuco foi Duarte Coelho Pereira, fidalgo que se destacara nas campanhas portuguesas na Índia. A capitania se estendia entre o rio São Francisco e o rio Igaraçu, compreendendo:

"Sessenta léguas de terra (…) as quais começarão no rio São Francisco (…) e acabarão no rio que cerca em redondo toda a Ilha de Itamaracá, ao qual ora novamente ponho nome rio [de] Santa Cruz (…) e ficará com o dito Duarte Coelho a terra da banda Sul, e o dito rio onde Cristóvão Jacques fez a primeira casa de minha feitoria e a cinquenta passos da dita casa da feitoria pelo rio adentro ao longo da praia se porá um padrão de minhas armas, e do dito padrão se lançará uma linha ao Oeste pela terra firme adentro e a terra da dita linha para o Sul será do dito Duarte Coelho, e do dito padrão pelo rio abaixo para a barra e mar, ficará assim mesmo com ele Duarte Coelho a metade do dito rio de Santa Cruz para a banda do Sul e assim entrará na dita terra e demarcação dela todo o dito Rio de São Francisco e a metade do Rio de Santa Cruz pela demarcação sobredita, pelos quais rios ele dará serventia aos vizinhos dele, de uma parte e da outra, e havendo na fronteira da dita demarcação algumas ilhas, hei por bem que sejam do dito Duarte Coelho, e anexar a esta sua capitania sendo as tais ilhas até dez léguas ao mar na frontaria da dita demarcação pela linha Leste, a qual linha se estenderá do meio da barra do dito Rio de Santa Cruz, cortando de largo ao longo da costa, e entrarão na mesma largura pelo sertão e terra firme adentro, tanto, quanto poderem entrar e for de minha conquista. (…)." (Carta de Doação)

A metade da barra Sul do canal de Itamaracá, que o soberano denominou de "rio" de Santa Cruz, até 50 passos além do local onde existira a primitiva feitoria de Cristóvão Jacques, demarcava o limite Norte; ao Sul, o limite da capitania era o rio São Francisco, em toda sua largura e extensão, incluindo todas suas ilhas da foz até sua nascente. O território da capitania infletia para o Sudoeste, a acompanhar o curso do rio, alcançando suas nascentes no atual Estado de Minas Gerais. Ao Norte, o soberano estabelecia o traçado de uma linha para o Oeste, terra adentro, até os limites da conquista, definidos pelo Tratado de Tordesilhas ou seja, as terras situadas além das 370 léguas ao oeste das ilhas do Cabo

Verde. As fronteiras da capitania abrangiam todo o atual Estado de Alagoas e terminavam ao Sul, no rio São Francisco, fazendo fronteira com o atual Estado de Minas Gerais. Graças à posse deste importante rio, em toda sua extensão e largura, Pernambuco crescia na orientação Sudoeste, ultrapassando em largura em muito as 60 léguas estabelecidas na carta de doação. Na observação de Francisco Adolfo de Varnhagen possuía a capitania 12 mil léguas quadradas, constituindo-se na maior área territorial entre todas que o rei distribuiu.

Ao receber a doação, Duarte Coelho Pereira partiu para o Brasil com a esposa, filhos e muitos parentes. Ao chegar ao seu lote, fixou-se numa bela colina, construindo uma fortificação (o Castelo de Duarte Pereira), uma capela e moradias para si e para os colonos: seria o embrião de Olinda, constituída vila em 1537. Pioneiros na terra foram o seu próprio engenho, o do Salvador, e o do seu cunhado, o de Beberibe.

Tudo estava por fazer e o donatário organizou o tombamento de terras, a distribuição de justiça, o re-gistro civil, a defesa contra os índios Caetés e Tabajaras. Ao falecer, em Lisboa, em 1554, legou aos filhos uma capitania florescente. O seu cunhado, Jerônimo de Albuquerque, em correspondência com a Coroa, pedia autorização para importar escravos africanos.

Em Olinda, sede administrativa da capitania, se instalaram as autoridades civis e eclesiásticas, o Colégio dos Jesuítas, os principais conventos e o pequeno cais do Varadouro. Em fins do século XVI, cerca de 700 famílias ali residiam, sem contar os que viviam nos engenhos, que abrigavam de 20 a 30 moradores livres. O pequeno porto de Olinda era pouco significativo, sem profundidade para receber as grandes embarcações que cruzavam o Oceano Atlântico. Por sua vez, Recife, povoado chamado pelo primeiro donatário de "Arrecife dos navios", segundo a Carta de Foral passada a 12 de março de 1537, veio a ser o porto principal da capitania.

Economia Açucareira

A produção de açúcar sempre desempenhou um papel de destaque na economia de Pernambuco, sendo causa da segunda das Invasões holandesas do Brasil. Essa riqueza, fonte de desigualdade de renda entre ricos e pobres, somada à grande concentração de terras, fez de Pernambuco palco de diversos conflitos - como o que existiu entre os senhores de terra e de engenho pernambucanos de Olinda e os comerciantes portugueses do Recife, chamados de forma pejorativa de mascates. A Guerra dos Mascates ocorreu de 1710 a 1712. Os donos de engenhos, em dívida com os comerciantes devido à queda do preço internacional do açúcar, não aceitam a emancipação do Recife, o que agravaria sua situação com os portugueses. Em 1710, Recife foi atacada por tropas de proprietários rurais. O governador nomeado, Sebastião de Castro Caldas Barbosa, fugiu. Os mascates contra-atacaram, invadindo Olinda em 1711. A nomeação de um novo governador, Felix José de Mendonça, e a atuação de tropas mandadas da Bahia pôs fim à guerra. A burguesia mercantil recebeu o apoio da metrópole, e o Recife manteve sua autonomia.

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2. DOMÍNIO HOLANDÊS

A batalha de Guararapes, segundo Vítor Meirelles

Nove anos após a expulsão dos franceses, o

território colonial brasileiro sofreu uma invasão holandesa, em 1624. Os motivos que traziam os holandeses ao Brasil eram muito diferentes.

Para compreendê-los, é necessário fazer algumas considerações sobre o período em que Portugal (União Ibérica) esteve sob o domínio espanhol, bem como sobre as relações internacionais da Espanha.

Após ter emergido como potência européia, a Espanha perseguiu o objetivo de unificar toda a península ibérica, incorporando Portugal ao seu território. Os portugueses resistiram enquanto puderam. Mas, no século 16, alguns acontecimentos contribuíram para a Espanha concretizar seus objetivos.

Em 1578, o rei dom Sebastião, último monarca da dinastia de Avis, morreu e não deixou herdeiros. Então, o cardeal dom Henrique, único sobrevivente masculino da linhagem de Avis, assumiu a regência. Com sua morte, em 1580, o rei da Espanha, Felipe 2º; da mesma linhagem familiar, achou-se no direito de ocupar o trono português e invadiu Portugal. O domínio espanhol sobre Portugal duraria 60 anos, até 1640.

Espanha e Holanda

Contudo, antes disso, Portugal já havia

estabelecido relações comerciais com os ricos negociantes holandeses, que passaram a financiar a produção açucareira no Brasil e a controlar toda a sua comercialização no mercado europeu. Por outro lado, no mesmo período, a Espanha pretendia dominar todo o território dos Países Baixos, na qual a Holanda estava situada, pois a circulação de mercadorias naquela região contribuía significativamente para abastecer os cofres do tesouro espanhol.

Não obstante, em 1581, sete províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda, criaram a República das Províncias Unidas e passaram a lutar por sua autonomia em relação aos espanhóis. Ao incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle sobre o Brasil, a Espanha planejou impedir que os holandeses continuassem a comercializar o açúcar brasileiro. Era uma tentativa de sufocar economicamente a Holanda e impedir sua independência.

As invasões holandesas

Os holandeses reagiram rapidamente,

concentrando seus esforços no controle das fontes dos produtos que negociavam. Surgiu assim, em 1602, a Companhia das Índias Orientais. Essa empresa, de porte enorme, se apossou dos domínios coloniais portugueses no Oriente. Em decorrência dos êxitos desse empreendimento, os holandeses criaram, em 1621, a Companhia das Índias Ocidentais. Esta ficou encarregada de recuperar o controle do açúcar brasileiro e monopolizar o seu comércio nos mercados europeus.

Para controlar a produção e comercialização do açúcar era necessário ocupar e se apoderar de partes do território colonial brasileiro onde ele era produzido. Desse modo, contando com uma frota composta de 26 navios e 500 canhões, os holandeses iniciaram sua primeira invasão do Brasil em 1624. Atacaram a cidade de Salvador, na época o centro administrativo da colônia. Mas, um ano após terem chegado, foram expulsos, sem grandes dificuldades.

Uma segunda tentativa de invasão se deu em 1630, dessa vez em Pernambuco. Os holandeses conseguiram conquistar as vilas de Olinda e Recife. Houve combates, mas os invasores holandeses resistiram e estabeleceram o controle de uma extensa parte do litoral brasileiro que ia do Sergipe ao Maranhão. A Companhia das Índias Ocidentais nomeou um governador para administrar o domínio recém-conquistado, que ficou conhecido como o Brasil-holandês.

Maurício de Nassau

Para o cargo de governador, foi nomeado o

conde João Maurício de Nassau, que chegou ao Recife em janeiro de 1637. No período em que governou o Brasil-holandês, entre 1637 a 1644, Nassau procurou estabelecer uma administração eficiente e um bom relacionamento com os senhores de engenho da região. Desse modo, foram colocados a disposição dos proprietários de engenho recursos financeiros, para serem utilizados na compra de escravos e de maquinário para o fabrico do açúcar.

Nassau também criou as Câmaras dos Escabinos, que eram órgãos de representação municipal, a fim de estimular a participação política da população nas decisões de interesse local. Durante o governo de Nassau, as vilas de Recife e Olinda passaram por um intenso processo de urbanização e melhoramentos que mudaram completamente a paisagem local.

Com o fim do domínio espanhol sob Portugal, em 1640; o novo rei português, D. João 4º, decidiu recuperar o Nordeste brasileiro retirando-o do domínio holandês. Esse período coincidiu com o descontentamento dos senhores de engenho do Nordeste brasileiro diante dos holandeses. Nassau já havia partido e, para explorar ao máximo a produção do açúcar brasileiro, a Holanda adotou inúmeras medidas impopulares, em especial o aumento dos impostos, o que contrariava os interesses dos proprietários de engenho.

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Batalhas contra os holandeses

A luta contra os holandeses no Nordeste

brasileiro foi iniciada pelos próprios senhores de engenho da região e durou cerca de dez anos. Sob iniciativa dos senhores, os colonos da região foram mobilizados e travaram várias batalhas contra os holandeses. As mais importantes foram a de Guararapes e Campina de Taborda.

Mas a expulsão definitiva dos holandeses teve início em junho de 1645, em Pernambuco, através da eclosão de uma insurreição popular liderada pelo paraibano André Vidal de Negreiros, pelo senhor de engenho João Fernandes Vieira, pelo índio Felipe Camarão e pelo negro Henrique Dias. A chamada Insurreição Pernambucana chegou ao fim em 1654, tendo libertado o Nordeste brasileiro do domínio holandês.

Porém, a expulsão dos holandeses do território brasileiro teria um impacto negativo sobre a economia colonial. Durante o período em que estiveram no Nordeste, os holandeses tomaram conhecimento de todo o ciclo da produção do açúcar e conseguiram aprimorar os aspectos técnicos e organizacionais do empreendimento. Quando foram expulsos do Brasil, dirigiram-se para as Antilhas, ilhas localizadas na região da América Central.

O fim de um ciclo açucareiro

Lá montaram uma grande produção açucareira

que, em pouco tempo, passou a concorrer com o açúcar do Brasil e logo se impôs no mercado europeu. Conseqüentemente, provocou a queda das exportações brasileiras. Já na segunda metade do século 17, os engenhos brasileiros estavam em decadência.

Era o fim do chamado ciclo da cana-de-açúcar na história econômica do Brasil. Restava a Portugal encontrar outros meios para explorar econômica-mente a Colônia. Um novo ciclo de exploração colonial teria início com a descoberta de riquezas minerais como o ouro, a prata e os diamantes, na região que ficaria conhecida como a das Minas Gerais.

3. GUERRA DOS MASCATES

A desigualdade econômica e a crise açucareira: motivos fundamentais da Guerra dos Mascates.

A partir de 1654, a expulsão definitiva dos holandeses de Pernambuco provocou uma grande mudança no cenário econômico daquela região. Os grandes produtores de açúcar que anteriormente usufruíram dos investimentos holandeses, agora viviam uma crise decorrente da baixa do açúcar no mercado internacional e a concorrência do açúcar produzido nas Antilhas. Contudo, esses senhores de engenho ainda possuíam o controle do cenário político local por meio do poder exercido na câmara municipal de Olinda.

Em contrapartida, Recife – região vizinha e politicamente subordinada à Olinda – era considerado o principal pólo de desenvolvimento econômico de Pernambuco. O comércio da cidade trazia grandes lucros aos portugueses, que controlavam a atividade comercial da região. Essa posição favorável tinha como motivação as diversas melhorias empreendidas na cidade com a colonização holandesa, que havia transformado a cidade em seu principal centro administrativo.

Com o passar do tempo, a divergência da situação política e econômica entre os fazendeiros de Olinda e os comerciantes portugueses de Recife criou uma tensão local. Inicialmente, os senhores de engenho de Olinda, vivendo sérias dificuldades para investirem no negócio açucareiro, pediram vários empréstimos aos comerciantes portugueses de Recife. Contudo, a partir da deflagração da crise açucareira, muitos dos senhores de engenho acabaram não tendo condições de honrar seus compromissos.

Nessa mesma época, a complicada situação econômica de Olinda somava-se ao completo sucateamento da cidade, que sofreu com as guerras que expulsaram os holandeses. Com isso, a câmara de Olinda decidiu aumentar os impostos de toda a região, incluindo Recife, para que fosse possível recuperar o centro administrativo pernambucano. Inconformados, os comerciantes portugueses, pejorativamente chamados de “mascates”, buscaram se livrar da dominação política olindense.

Para tanto, os comerciantes de Recife conseguiram elevar o seu povoado à categoria de vila, tendo dessa maneira o direito a formar uma câmara municipal autônoma. A medida deixou os latifundiários de Olinda bastante apreensivos, pois temiam que dessa forma os comerciantes portugueses tivessem meios para exigir o pagamento imediato das dívidas que tinham a receber. Dessa forma, a definição das fronteiras dos dois municípios serviu como estopim para o conflito.

A guerra teve início em 1710, com a vitória dos olindenses que conseguiram invadir e controlar a nova cidade pernambucana. Logo em seguida, os recifenses conseguiram retomar o controle de sua cidade em uma reação militar apoiada por autoridades políticas de outras capitanias. O prolongamento da guerra só foi interrompido no momento em que a Coroa Portuguesa indicou, em 1711, a nomeação de um novo governante que teria como principal missão estabelecer um ponto final ao conflito.

O escolhido para essa tarefa foi Félix José de Mendonça, que apoiou os mascates portugueses e estipulou a prisão de todos os latifundiários olindenses

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envolvidos com a guerra. Além disso, visando evitar futuros conflitos, o novo governador de Pernambuco decidiu transferir semestralmente a administração para cada uma das cidades. Dessa maneira, não haveria razões para que uma cidade fosse politicamente favorecida por Félix José.

4. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA

A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, eclodiu em 6 de março de 1817 na então Província de Pernambuco, no Brasil.

Dentre as suas causas destacam-se a crise econômica regional, o absolutismo monárquico português e a influência das idéias Iluministas, propagadas pelas sociedades maçônicas.

Antecedentes

No começo do século XIX, Olinda e Recife, as

duas maiores cidades pernambucanas, tinham, juntas, cerca de 40 000 habitantes (comparados com 60 000 habitantes do Rio de Janeiro, capital da colônia). O porto do Recife escoava a produção de açúcar, das centenas de engenhos da Zona da Mata, e de algodão. Além de sua importância econômica e política, os pernambucanos tinham participado de diversas lutas libertárias. A primeira e mais importante tinha sido a Insurreição Pernambucana, em 1645. Depois, na Guerra dos Mascates, foi aventada a possibilidade de proclamar a independência de Olinda.

As ideias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes estrangeiros e por meio de livros e de outras publicações incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as lojas maçônicas. Em Pernambuco as principais foram a Areópago de Itambé, a Patriotismo, a Restauração, a Pernambuco do Oriente e a Pernambuco do Ocidente, que serviam como locais de discussão e difusão das "infames idéias francesas". Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revolução.

Causas imediatas

Presença maciça de portugueses na liderança do governo e na administração pública;

Criação de novos impostos por Dom João VI provocando a insatisfação da população pernambucana. Segundo escritor inglês então residente no Recife era grande a insatisfação local ante a obrigatoriedade de se pagar impostos para a manutenção da iluminação pública do Rio de Janeiro, enquanto no Recife era praticamente inexistente a dita iluminação;

Grande seca que havia atingido a região em 1816 acentuando a fome e a miséria, como consequência, houve uma queda na produção do açúcar e do algodão, que sustentavam a economia de Pernambuco, esses produtos

começaram a sofrer concorrência do algodão nos Estados Unidos e do açúcar na Jamaica;

Influências externas com a divulgação das ideias liberais e de independência ideias iluministas, que estimularam as camadas populares de Pernambuco na organização do movimento de 1817;

A crescente pressão dos abolicionistas na Europa

vinha criando restrições gradativas ao tráfico de escravos, que se tornavam mão-de-obra cada vez

mais cara, já que a escravidão era o motor de toda a economia agrária pernambucana;

O movimento queria a independência do Brasil e a proclamação da república. O decorrer da revolução

A bandeira da Revolução Pernambucana de

1817, cujas estrelas representam Paraíba, Ceará e Pernambuco, inspirou a atual bandeira pernambucana.

O movimento iniciou com ocupação do Recife, em 6 de março de 1817. No regimento de artilharia, o capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou se rendendo.

O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio de Antônio Carlos de Andrada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram do tesouro da província, instalaram um governo provisório e proclamaram a República.

Em 29 de março foi convocada uma assembléia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas, foi estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo foi mantido como religião oficial, porém havia liberdade de culto (o livre exercício de todas as religiões); foi proclamada a liberdade de imprensa (uma grande novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a escravidão entretanto foi mantida.

À medida que o calor das discussões e da revolta contra a opressão portuguesa aumentava, crescia, também, o sentimento de patriotismo dos pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas missas a aguardente (em lugar do vinho) e a hóstia

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feita de mandioca (em lugar do trigo), como forma de marcar a sua identidade.

Expansão e queda

As tentativas de obter apoio das províncias vizinhas fracassaram. Na Bahia, o emissário da revolução, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, foi preso ao desembarcar e imediatamente fuzilado por ordem do governador, o conde dos Arcos. No Rio Grande do Norte, o movimento conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar, André de Albuquerque Maranhão, que depois de prender o governador, José Inácio Borges, ocupou Natal e formou uma junta governativa, porém não despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias. O jornalista Hipólito José da Costa foi convidado para o cargo de ministro plenipotenciário da nova república em Londres, mas recusou.

Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão pernambucano, enquanto uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias 8000 homens cercavam a província. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as tropas portuguesas entraram no Recife e encontraram a cidade abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte. Apesar de sentenças severas, um ano depois todos os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam sido executados.

Auxílio externo

Em maio de 1817, Antônio Gonçalves Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia com 800 mil dólares (atualizado ao cambio 2007 aproximadamente 12 milhões de dólares) na bagagem com três missões

[1]:

1. Comprar armas para combater as tropas de D. João VI

2. Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste brasileiro.

3. Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena, que seria transportado ao Recife, onde comandaria a revolução pernambucana. Depois retornando a Paris para reassumir o trono de imperador da França. Porém na data de chegada do emissário aos

Estados Unidos, os revolucionários pernambucanos já estavam sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e próximas da rendição. Quando chegaram ao Brasil os quatro veteranos de Napoleão recrutados (conde Pontelécoulant, coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet), muito depois de terminada a revolução, foram presos antes de desembarcar.

Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá chegou a se encontrar com o secretário de Estado, Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a rebelião, os Estados Unidos autorizariam a entrada de navios

pernambucanos em águas americanas e que também aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, em caso de fracasso do movimento.

Consequências

Debelada a revolução, foi desmembrada de

Pernambuco a comarca de Rio Grande (atual Rio Grande do Norte), tornando-se província autônoma. Essa havia sido anexada ao território pernambucano ainda na segunda metade do século XVIII, juntamente a Ceará e Paraíba, que também se tornaram autônomas ainda no período colonial, em 1799.

Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, como recompensa, puderam formar uma província independente. Apesar dos revolucionários terem ficado no poder menos de três meses, conseguiram abalar a confiança na construção do império americano sonhado por D. João VI, a coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos eram imunes à contaminação das idéias responsáveis pela subversão da antiga ordem na Europa

5. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

A Confederação do Equador contou com a

participação de diversos segmentos sociais, incluindo os proprietários rurais que, em grande parte, haviam apoiado o movimento de independência e a ascensão de D. Pedro I ao trono, julgando que poderiam obter maior poder político com o controle sobre a província de Pernambuco. Dessa maneira as elites agrárias da região pretendiam preservar as estruturas socioeconômicas e ao mesmo tempo chegar ao poder, até então manipulado pelos mercadores e militares de origem portuguesa, que se concentravam em Recife. No entanto esse movimento não foi protagonizado apenas pelas elites. A necessidade de lutar contra o poder central fez com que a aristocracia rural mobilizasse as camadas populares. Se as camadas populares não tinham até então sua própria organização, isso não significa que não tivesse condição para organizar suas reivindicações e caminhar com as próprias pernas, questionando não apenas o autoritarismo do poder central, mas da própria aristocracia da província.

A Manutenção do Clima Revolucionário A Confederação do Equador pode ser

considerada como um desdobramento da Revolução de 1817, marcada pelo liberalismo radical e que fora reprimida por D. João VI. No entanto, apesar da violenta repressão, as ideias republicanas e autonomistas estavam fortemente arraigadas em parcelas significativas da sociedade pernambucana. Essas idéias haviam se desenvolvido ao longo do século XVIII, devido às influências do iluminismo europeu e principalmente á decadência da lavoura canavieira associada à política de opressão fiscal do governo do Marquês de Pombal, e se manifestaram principal-mente na Revolução Pernambucana de 1817 e no Movimento Constitucionalista de 1821. Em outros momentos da história, as idéias liberais encontraram

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terreno para expansão, como durante a Revolução do Porto e nos primeiros momentos pós independência.

A Independência de Pernambuco Em 1821 iniciou-se um novo movimento

emancipacionista em Pernambuco, quando foi organizada a "Junta Constitucionalista", antecipando em 1 ano a independência. Nesse ano, era possível encontrar na região uma série de elementos ainda relacionados com a revolução de 1817; ainda subsistiam as condições objetivas da crise e os elementos subjetivos, iluministas, expressos na Revolução do Porto, em andamento em Portugal, que difundia idéias constitucionalistas e liberais, apesar de suas contradições. O governo de Pernambuco estava nas mãos de Luís do Rego Barreto, responsável pela repressão em 17, muitos líderes da Revolução se encontravam em liberdade. A "Junta Provisória" foi formada em outubro de 1821, na cidade de Goiana, organizada principalmente por proprietários rurais - organizados na maçonaria- e por parcelas das camadas urbanas de Recife. Na prática era um poder paralelo, na medida em que, com um discurso liberal, condenavam o governo de Luís do Rego e defendiam sua deposição. O movimento, de caráter político, transformou-se rapidamente em uma luta armada, que impôs a Convenção de Beberibe, determinando a expulsão do governador para Portugal e a eleição pelo povo, de uma nova junta de governo. O novo governo foi formado principalmente por ex-combatentes da revolução de 1817, predominando porém os elementos da camada mais rica da sociedade local. Uma das medidas mais importantes do novo governo foi a expulsão das tropas portuguesas do Recife, que na prática representou o rompimento definitivo da província de Pernambuco com Portugal.

A Reação Conservadora O movimento pernambucano representava uma

ameaça aberta tanto aos interesses portugueses de recolonização, expresso nas cortes de Lisboa, como principalmente à elite tradicional brasileira e a seu projeto moderado de independência política. O régionalismo e o sentido de autonomia que se manifestava na região nordeste contrariavam as intenções da aristocracia rural, organizada principalmente no Rio de Janeiro. Para essa elite, a independência deveria conservar as estruturas socioeconômicas e promover mudanças políticas apenas no sentido de romper com Portugal e garantir a soberania do Brasil, possibilitando dessa forma, que essas elites exercessem com maior liberdade, seus interesses econômicos. A manutenção da unidade territorial (ao contrário do que ocorria na América Espanhola) era a forma de garantir que os interesses predominantes no Rio de Janeiro fossem igualmente predominantes em todo o Brasil. A repressão ao movimento foi articulada por José Bonifácio, articulado com alguns fazendeiros de Pernambuco, que depôs a Junta em 17 de setembro de 1822. Um novo governo formou-se na província, do qual participava Francisco Paes Barreto e outros ricos proprietários, o que fez com que o governo ficasse popularmente conhecido como "Junta dos Matutos". Em 8 de dezembro de

1822 D. Pedro I foi reconhecido imperador em Recife e a elite pernambucana passou a participar da elaboração de uma constituição brasileira. A historiografia tradicional encara a "Formação do Estado Nacional" de forma elitizada, desprezando as guerras de independência que ocorreram em várias províncias do país. Enquanto movimentos antilusitanos se desenvolviam no nordeste, reunia-se no Rio de Janeiro uma Assembléia Constituinte, concentrando as atenções das elites, incluindo as de Pernambuco. As discussões políticas na Assembléia deixavam antever a organização das primeiras tendências que se desenvolveriam mais tarde no país. No entanto, naquele momento, a tendência predominante foi a centralizadora, vinculada principalmente aos interesses lusitanos e apoiada principalmente pelos portugueses residentes no Brasil, em sua maioria comerciantes, que pretendiam reverter o processo de independência. O fechamento da Constituinte foi o primeiro passo concreto para a realização desse objetivo, seguido da imposição da Constituição em 1824, autoritária e centralizadora, fazendo com que as elites provinciais vissem ruir qualquer possibilidade de autonomia.

A Confederação do Equador Além dos elementos já analisados, na

organização do movimento foi de grande importância o papel da imprensa, em especial dos jornais "A Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco", de Cipriano Barata e do "Tífis Pernambucano" de Frei Caneca. A eclosão do movimento está diretamente associada as demonstrações de autoritarismo do imperador na província de Pernambuco, nomeando Francisco Paes Barreto como presidente da província, em lugar de Pais de Andrade, apoiado pelo povo. As Câmaras Municipais de Recife e Olinda não aceitaram a substituição. Em 2 de Junho de 1824 foi proclamada a Confederação do Equador. O caráter separatista do movimento pretendia negar a centralização e o autoritarismo que marcavam a organização política do Brasil. A consolidação dessa situação dependia em grande parte da adesão das demais províncias do nordeste, que viviam situação semelhante tanto do ponto de vista político como econômico. Dessa maneira, as idéias republicanas e principalmente federalistas assimiladas dos EUA serviram como elemento de propaganda juntas às elites de cada província. O governo da Confederação deslocou homens para outras províncias a fim de obter a adesão de seus governantes. Foi convocada uma Assembléia Legislativa e Constituinte, cuja abertura estaria marcada para o dia 7 de agosto de 1824. Do ponto de vista político, pais de Andrade elaborou um projeto de Constituição, tendo como modelo a Constituição Colombiana, vista como a mais liberal na América Latina; do ponto de vista social, o projeto elaborado por Frei Caneca determinou a extinção do tráfico negreiro para o porto do Recife. Essa medida é considerada como a primeira e mais importante fissura do movimento, uma vez que atingia diretamente os interesses dos proprietários rurais. No entanto os trabalhos preparatórios da Assembléia Constituinte foram suspensos devido a ameaça das forças de repressão. O governo provisório encabeçado por Pais

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de Andrade procurou adquirir armas nos Estados Unidos, garantir a adesão das demais províncias e organizar milícias populares para fazer frente as tropas monárquicas de D. Pedro I Os presidentes das províncias do Ceará e do Rio Grande do Norte aderiram ao movimento e organizaram tropas para defende-lo. Na Paraíba, o apoio veio das forças contrárias ao presidente Filipe Néri, fiel ao imperador, que acabou deposto.

Confronto e Derrota

A organização de tropas para defender o

Confederação permitiu a grande participação popular. Setores da camada popular já estavam organizados em "brigadas" desde 1821, compostas por mulatos, negros libertos e militares de baixa patente. Em 21, quando do movimento Constitucionalista, essas brigadas foram organizadas pelos líderes do movimento e acionadas em determinados situações, porém, sob o controle das elites locais. No entanto, em vários momentos na história das brigados houve insubordinação e radicalização, expressando não o sentimento nativista, mas a radicalização contra proprietários ou ainda a população branca. Em 1823 ocorreram ataques diretos aos portugueses, que ficaram conhecidos como "mata-marinheiro" e protestos raciais, marcados pelo exemplo haitiano. Esse processo de radicalização amedrontava as elites e por várias vezes foram responsáveis por seu recuo na luta contra o poder central. As divisões internas ao movimento, entre as elites haviam tendências diferenciadas, assim como o distanciamento destas em relação a massa popular contribuiu para a derrota do movimento. Por outro lado, havia a presença de tropas mercenárias contratadas pelo poder central, comandadas por Lord Cochrane que cercavam a província. Essa situação foi responsável pela política vacilante de Pais de Andrade, que não aceitou os termos de rendição propostos pelo mercenário, devido principalmente, a forte pressão que sofria das camadas baixas da população. Essa situação é reforçada quando, depois da tomada de Recife pelas tropas mercenárias, Pais de Andrade refugiou-se em um navio inglês, enquanto os elementos mais radicais resistiam em Olinda, liderados por Frei Caneca. A violenta repressão, financiada pelo capital inglês, foi responsável por debelar o movimento, prender seus principais líderes, que foram executados, dentre eles o próprio Frei Caneca.

6. REVOLUÇÃO PRAIEIRA

Revolução Praieira: o levante que se pôs contra o

governo de Dom Pedro II.

No começo do Segundo Reinado, a ascensão

dos liberais que apoiaram a chegada de Dom Pedro II ao poder foi logo interceptada após os escândalos políticos da época. As “eleições do cacete” tomaram os noticiários da época com a denúncia das fraudes e agressões físicas que garantiriam a vitória da ala liberal. Em resposta, alguns levantes liberais em Minas e São Paulo foram preparados em repúdio às ações políticas centralizadoras do imperador.

Nesses dois estados os levantes não tiveram bastante expressão, sendo logo contidos pelas forças militares nacionais. Entretanto, o estado de Pernambuco foi palco de uma ação liberal de maior impacto que tomou feições de caráter revolucionário. Ao longo da década de 1840, setores mais radicais do partido liberal recifense manifestaram seus idéias através do jornal Diário Novo, localizado na Rua da Praia. Em pouco tempo, esses agitadores políticos ficaram conhecidos como “praieiros”.

Entre as principais medidas defendidas por esses liberais estavam a liberdade de imprensa, a extinção do poder moderador, o fim do monopólio comercial dos portugueses, mudanças sócio-econômicas e a instituição do voto universal. Mesmo não tendo caráter essencialmente socialista, esse grupo político era claramente influenciado por socialistas utópicos do século XIX, como Pierre–Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier.

Em 1847, o movimento passou a ganhar força com a nomeação de um presidente de província conservador mineiro para conter a ação dos liberais pernambucanos. Revoltados com essa ação autoritária do poder imperial, os praieiros pegaram em armas e tomaram conta da cidade de Olinda. A essa altura, um conflito civil contando com o apoio de grandes proprietários, profissionais liberais, artesãos e populares tomou conta do estado.

Em fevereiro de 1849, os rebelados tomaram a cidade de Recife e entraram em novo confronto com as forças imperiais. Nesse período, o insurgente Pedro Ivo surgiu como um dos maiores líderes dos populares. Entretanto, a falta de apoio de outras províncias acabou desarticulando o movimento pernambucano. No ano de 1851, o governo imperial deu fim aos levantes que contabilizaram cerca de oitocentas baixas.

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7. GOVERNO PROVISÓRIO

Com a vitória, em 15 de novembro de 1889, do movimento republicano liderado pelos oficiais do exército, foi estabelecido um "Governo Provisório" chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, no qual todos os membros do ministério empossado no dia 15 de novembro eram maçons.

Primeira Bandeira Republicana, criada por Ruy Barbosa, usada entre 15 e 19 de novembro de 1889.

Durante o governo provisório, foi decretada a separação entre Estado e Igreja; foi concedida a nacionalidade brasileira a todos os imigrantes residentes no Brasil; foram nomeados governadores para as províncias que se transformaram em estados.

A família real brasileira foi banida do território brasileiro, só podendo a ele retornar a partir de 1920, pouco antes do falecimento, em 1921, da Princesa Isabel herdeira do trono brasileiro e pouco antes do centenário da independência do Brasil que foi come-morado em 1922. O decreto 4120 de 3 de setembro de 1920 revogou o banimento da família real.

O "Governo Provisório" terminou com a promulgação, em 24 de fevereiro de 1891, da primeira constituição republicana do Brasil, a constituição de 1891. Passando, a partir daquele dia, Deodoro a ser presidente constitucional, eleito pelo Congresso Nacional, devendo governar até 15 de novembro de 1894. Deodoro, apoiado pelos militares, derrotou o candidato dos civis: Prudente de Morais.

Surgem os símbolos da República

Foi criada uma nova bandeira nacional, em 19 de novembro, com o lema positivista, "ordem e progresso", embora o lema por inteiro dos positivistas fosse 'O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim'. Foram mantidas as cores verde e amarela da bandeira imperial, pois, o decreto nº 4 que criou a bandeira republicana, nos seus considerados, diz que: "as cores da nossa antiga bandeira recordam as lutas e as vitórias gloriosas do exército e da armada na defesa da pátria e ... que essas cores, independentemente da forma de governo, simbolizam a perpetuidade e integridade da pátria entre as outras nações".

A lei de imprensa

Em 23 de dezembro de 1889, o decreto 85A, cria a primeira lei de imprensa republicana, onde uma junta militar poderia processar e julgar sumariamente

abusos da manifestação do pensamento; Este decreto ganhou o apelido de decreto rolha e foi reforçado e ampliado pelo decreto 295 de 29 de março de 1890. Foi a primeira vez que se censurava à imprensa desde o Primeiro Reinado de D. Pedro I. Esses decretos estabelecendo censura à imprensa foram revogados em 22 de novembro de 1890 pelo decreto 1069.

A Constituição de 1891

Promulgada a 1ª Constituição Republicana

assumem o poder os Marechais Manuel Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

No início de 1890, iniciaram-se as discussões para a elaboração da nova constituição, que seria a primeira constituição republicana e que vigoraria Durante toda a República Velha. Após um ano de negociações com os poderes que realmente comandavam o Brasil, a promulgação da Constituição Brasileira de 1891 aconteceu em 24 de Fevereiro de 1891.

O principal autor da constituição da República Velha foi Rui Barbosa. A Constituição de 1891 era fortemente inspirada na Constituição dos Estados Unidos. Outro elemento relevante nesse contexto é a influência do Positivismo, corrente filosófica formulada na França por Auguste Comte. De acordo com VALENTIM:

"Com sua influência ampla e profunda na

sociedade brasileira, principalmente na elite militar e política, o Positivismo foi a base fundamental da compilação do texto da Constituição de 1891 e também da implantação da República pelos militares em 1889. Também, segundo o mesmo autor: "Uma das maiores e mais complexas transformações políticas e sociais que essa corrente filosófica proporcionou [por ser a mentalidade norteadora da cúpula militar na pessoa de Benjamim Constant principalmente] foi a separação entre o Estado e a Igreja no Brasil." VALENTIM 2010. p. 41.

A legitimação da república por plebiscito

Somente em 21 de abril de 1993, o povo brasileiro pode livremente escolher, através de um plebiscito nacional, o sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo). A escolha popular por ampla maioria de 84% dos votos válidos foi pela república presidencialista, o que deu

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legalidade ao tipo de governo implantado pelo golpe de estado de 15 de novembro de 1889.

A consolidação da República

No início da república, muito se temeu, especialmente no meio militar, uma restauração monárquica, que se aproveitaria da fragilidade do novo regime republicano. Manifestações a favor da volta da Monarquia eram reprimidas.

Governo de Deodoro da Fonseca (1891) Marechal Deodoro da Fonseca foi o primeiro

presidente do Brasil, governando por apenas nove meses ainda na chamada República da Espada. Seu governo foi marcado por crises econômicas e movimentos contra a sua forma autoritária de governar. O presidente, buscando solucionar os problemas econômicos do Brasil e industrializar realmente o país, optou pela política de encilhamento, sugerida por Ruy Barbosa, que consistia em permitir crédito livre a indústrias que desejassem instalar-se em território nacional. Essa política permitia que os bancos emitissem moeda sem qualquer exigência, isso faria com que as empresas pudessem pagar seus operários e, aumentando o mercado consumidor, estimular a indústria. O que aconteceu, na verdade, foi que a inflação elevou-se de modo exagerado, as ações da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro eram vendidas a preços muito baixos e, em meio a oferta de crédito fácil, surgiram empresas fantasmas, para agravar ainda mais a situação da política de encilhamento.

Em 22 de agosto de 1891, o Congresso exibiu um conjunto de leis que visava à redução de poder do presidente. Deodoro da Fonseca, então, declarou estado de sítio e tentou dar um golpe de Estado, tentativa frustrada por resistências espalhadas por todo o país. Após a pressão dos militares, que apontaram canhões para o Rio de Janeiro, Deodoro da Fonseca renunciou ao cargo, deixando Floriano Peixoto, vice-presidente, em seu lugar, porém, o governo de Peixoto era considerado inconstitucional por um trecho da Constituição de 1891 que permitia por apenas três meses o governo do vice caso o presidente não houvesse concluído metade de seu mandato, no caso dois anos, já que a constituição previa um governo de quatro anos e vetava a re-eleição do presidente.

Governo inconstitucional de Floriano Peixoto

Floriano Peixoto, governando no lugar de Deodoro da Fonseca que havia renunciado, podia ficar no poder por apenas três meses, após isso eleições seriam promovidas para eleger um novo presidente. Durante seu governo, Floriano Peixoto, buscando apoio popular, tomou medidas para melhorar as condições de vida da população do Brasil, que após um governo de crises econômicas, encontrava-se em situação pouco privilegiada.

O presidente buscou reduzir os impostos dos produtos de primeira necessidade, chegou até a zerar o imposto sobre a carne, mesmo assim, não recebeu

muito apoio para permanecer no poder e contra

seu governo enfrentou a Revolução Federalista e a Revolta Armada. Floriano Peixoto foi precedido pelo vencedor das eleições, Prudente de Morais, marcando o final da República da Espada com a eleição de uma pessoa não-militar e iniciando a República Oligárquica, mais tarde marcada pela política do "café-com-leite".

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8. A REPÚBLICA OLIGÁRQUIA (1894 - 1930)

Linha de Tempo 1894 1898 1902 1906 1910 1914 1918 1922 1926 1930

Presidência de Prudente de Morais - 1894-1898 - Revolta de Canudos (Bahia) - Antônio Conselheiro.

Presidência de Rodrigues Alves - 1902-1906 Saneamento do Rio de Janeiro contra febre amarela e varíola (Oswaldo Cruz) Construção de estradas de ferro e portos 1906 - Convênio de tratado de limites

Presidência de Hermes da Fônseca - 1910-1914 - Política das salva-ções: intervir nos Estados que apoiam Rui Barbosa - A questão do contes-tado (região entre Pa-raná e Santa Catarina; o líder místico João Maria provoca agita-ções). - Crise da borracha - Reforma no ensino

Presidência de Epitácio Pessoa - 1919-1922 - Desenvolvimento do Nordeste (estrada e açudes) -Reação Republicana (1921) lutas entre Oligarquias Federais - Revolta no Forte de Copacabana (1922) (contra a posse de Arthur Bernardes) pri-meira Revolta Tenen-tista - Semana de Arte Moderna (São Paulo 1922) Escola Moder-nista

Presidência de Washington Luiz - 1926-1930 Construção de estradas Reforma Financeira Crise econômica (café e reflexos do crack da Bolsa de Nova York em 1929), ruptura do eixo político Minas - São Paulo pro-voca a revolução de 1930.

Presidência de Campos Sales – 1898-1902 -acordo com banqueiros europeus

-Política deflacionária do ministro Joaquim Murtinho

-“Política dos governa-dores, acarretando a hegemonia dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, apoiados pelo governo central”

Presidência de Afonso Pena e Nilo Peçanha - 1906-1910 -desenvolvimento da imigração, sistema ferroviário.

-Conferencia de HAIA (Rui Barbosa)

-junho de 1909: Faleceu Afonso Pena; governo entregue a Nilo Peçanha

-Criação do S.P.I. (serviço de proteção ao índio)

-Campanha civilista (Rui Barbosa x Hermes da Fonsêca)

Presidência de Wenceslau Brás - 1914-1918 Delfim Moreira 1918/1919 primeira Guerra Mundial - (1914-1918), estimulou à industrialização, pacificação do movimento do Contestado para sua sucessão, é eleito Rodrigues Aires, que, no entanto, morre antes de assumir o cargo. Assume o Governo o vice-presidente D. Moreira que convoca novas eleições.

Presidência de Arthur Bernardes - 1922-1926 - Estado de Sítio constante - Revolta de São Paulo

(1924) (Isidoro Dias Lopes)

- Revolta do Rio Grande do Sul (1924)

- Coluna Prestes (1925 /1927)

- Reforma da Constituição de 1891

Um combatente negro, voltando da Guerra do Paraguai, vê os horrores da escravidão no país que ele defendeu.

O trabalho escravo numa pintura de Portininari

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Presidentes que governaram de 1894 a 1930

Prudente de Morais 15/11/1894 - 15/11/1898 Nascido em São Paulo Representava os grandes cafeicultores.

Campos Sales 15/11/1898 - 15/11/1902 Nascido em São Paulo. Apoiado pelos grandes cafeicultores.

Rodrigues Alves 15/11/1902 - 15/11/1906 Nascido em São Paulo Representava os grandes cafeicultores.

Afonso Pena 15/11/1906 - 14/06/1909 Nascido em Minas Gerais. Representava os grandes cafeicultores.

Nilo Peçanha 14/06/1909 -15/11/1910 Nascido no Estado do Rio de Janeiro. Assumiu a Presidência com a morte de Afonso Pena.

Hermes da Fonseca 15/11/1910 -15/11/1914 Nascido no Rio Grande do Sul. Teve o apoio dos grandes cafeicultores.

Venceslau Brás 15/11/1914 - 15/11/1918 Nascido em Minas Gerais. Apoiado pelos grandes fazendeiros.

Delfim Moreira 15/11/1918 - 28/07/1919 Nascido em Minas Gerais. Era Vice-Presidente, eleito com Rodrigues Alves, que morreu antes de assumir.

Epitácio Pessoa 28/07/1919 - 15/11/1922 Paraibano. Escolhido como representante dos grandes cafeicultores.

Artur Bernardes 15/11/1922 - 15/11/1926 Nascido em Minas Gerais. Apoiado pelos grandes fazendeiros do café.

Washington Luís 15/11/1926 - 24/10/1930

Nascido no Estado do Rio de Janeiro. Fez carreira política em São Paulo. Representava os grandes cafeicultores principalmente paulistas.

Principais Governos da República Velha PRUDENTE DE MORAES (1894/1898) Prudente de Moraes foi o primeiro Presidente civil

do Brasil. Com ele, iniciou-se, na República, o domínio político dos fazendeiros, isto é, das oligarquias agrárias, e terminou o domínio dos militares.

Durante o seu governo estourou a Guerra de Canudos, no Sertão da Bahia.

Durante o governo de Prudente, o Barão de Rio Branco resolveu uma questão diplomática com a Argentina. Foi à questão do território das Palmas ou das Missões, território disputado pelo Brasil e Argentina. Serviu como árbitro o Presidente Cleveland, dos Estados Unidos, que deu ganho de causa ao Brasil.

CAMPOS SALES (1898/1902) Campos Sales herdou as consequências da Crise

do Encilhamento e, por isso teve que negociar a dívida externa brasileira com banqueiros ingleses e pedir novos empréstimos.

Ao negociar essa dívida com os banqueiros ingleses, Campos Sales conseguiu que o Brasil só começasse a pagá-la 03 anos depois do acordo. Além disso, o Brasil teria 60 anos de prazo para liquidar toda

a dívida externa. A este acordo que Campos Sales fez com os

credores do Brasil, isto é, a esta negociação da dívida externa brasileira chamamos de Funding-Loan.

Para fazer este acordo, os credores exigiram,

entre outras coisas, que o governo brasileiro iniciasse o combate à inflação.

A agitação dos negócios nos dias do Encilhamento

A política de combate à inflação foi feita pelo

Ministro da Fazenda Joaquim Murtinho. Campos Sales e Joaquim Murtinho conseguiram salvar o Brasil da Crise do Encilhamento, combater em grande parte a inflação e valorizar a moeda brasileira.

Desta maneira, Campos Sales deixou para o seu sucessor, Rodrigues Alves, um país em melhores condições do que quando assumiu o governo, em 1898. A Política dos governadores foi criada e concretizada no seu governo.

No Campo da política externa, o Brasil ganhou da França a Questão do Amapá. A França reivindicava para ela uma grande área Norte do Brasil. Serviu como árbitro Walter Hauser, que nos deu ganho de causa. A decisão de Walter Hauser confirmou o rio Oiapoque com a fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. Mais uma vez, o Brasil foi defendido pelo Barão do Rio Branco.

As principais realizações foram: Saneamento e Urbanização do Rio de Janeiro. Combate a febre amarela, peste bubônica e a

varíola (Osvaldo Cruz).

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Resolução da questão do Acre (Tratado de Petrópolis - 1903)

O Convênio de Taubaté (1906)

AFONSO PENA (1906/1909)

Afonso Pena foi o primeiro Presidente mineiro. A partir dele, foi mais ou menos comum, até 1930, o revezamento entre paulistas e mineiros na Presidência da República.

O Presidente Afonso Pena tinha um lema: governar é povoar. Por isso ele estimulou a imigração e durante o seu governo entraram no Brasil, aproximadamente, 1.000.000 de estrangeiros.

Este Presidente continuou a Política do Café e colocou em prática as determinações do Convênio de Taubaté.

Afonso Pena deveria governar até 1910, porém morreu durante o mandato, em 1909. Foi substituído pelo Vice-Presidente Nilo Peçanha.

NILO PEÇANHA (1909/1910)

Com a morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha, que era o Vice-Presidente, completou o mandato.

Quem marcou presença nessa época foi o Marechal Rondon. Cândido Mariano da Silva Rondon percorreu os sertões do Brasil, demarcou fronteiras, ergueu milhares de postes telegráficos, ligando o Brasil de norte a sul. Sua obra de pacificação do índio, respeitando-lhes os hábitos, é um exemplo até hoje para todos nós. Morrer se preciso, matar nunca era o lema da missão Rondon, que percorreu todo o sertão brasileiro. Criou o Serviço de Proteção do Índio.

HERMES DA FONSECA (1910/1914)

Além dos soldados do Exército, os camponeses rebeldes do Contestado tinham que combater também as milícias particulares dos grandes fazendeiros da região. Na fase final da luta, essas milícias chegaram a reunir mais de mil jagunços bem armados. Na foto, grupo de jagunços mobilizados pelos coronéis para combater a rebelião exibe suas armas.

O Presidente Hermes da Fonseca criou, em seu

governo, a Política das Salvações, que consistia na substituição de velhos governadores nomeados pelo Presidente da República. Com esta política, o Presidente derrubou do poder alguns governadores e nomeou, para governar aqueles estados, homens de sua confiança.

No Rio de Janeiro explodiu a Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro negro João Cândido. Foi uma revolta ocorrida na Marinha contra o uso dos castigos corporais nos marinheiros. Outro fato marcante da sua política interna foi a Guerra do Contestado. Este movimento de sertanejo, ocorridos nas fronteiras do Paraná e Santa Catarina, chegou ao final em 1916, com a morte de milhares de sertanejos e soldados.

REPÚBLICA EM PERNAMBUCO No dia 15 de novembro de 1910, quando

Hermes da Fonseca assumia a Presidência da República, os militares apoiaram Dantas Barreto - na época, o Ministro da Guerra - para concorrer, politicamente, com Rosa e Silva.

Quando o militar resolveu disputar o Governo de Pernambuco, em 1911, surgia um dos períodos mais agitados da política estadual, Rosa e Silva era apoiado pelas forças políticas e Dantas Barreto pelas tropas do Exército - o 49º Batalhão de Caçadores - sob o comando do General Carlos Pinto. Este último, era o encarregado de enfrentar os combates de ruas, travados entre "rosistas" e "dantistas".

No dia 18 de outubro de 1911, em frente a um teatro (o Helvética) existente na rua Imperatriz, ocorria um confronto sangrento entre os populares e a cavalaria do Exército, vindo a falecer o Capitão José de Lemos, comandante da tropa. Esse incidente dava margem a que o Chefe de Polícia suspendesse todos os comícios e passeatas seguintes.

Depois das eleições, o Diário de Pernambuco anunciava Rosa e Silva como o vencedor, com 21.613 votos, ficando Dantas com 19.585 votos. Mas, os partidários do militar não se conformaram com o resultado das urnas, e o Recife passava a viver uma série de incidentes violentos, que convergiram para a paralisação dos bondes, o fechamento de cinemas e casas comerciais, e o grande temor da população em sair às ruas. No dia 12 de novembro de 1911, ocorria um tiroteio na rua da Aurora, nas ruas das Flores, Barão da Vitória e Imperador e na Praça da Independência. Um dos principais alvos desse confronto era, precisamente, a redação do Jornal Diário de Pernambuco, uma empresa de propriedade de Rosa e Silva.

Posteriormente, houve um incidente ainda mais grave: com o apoio das tropas do Exército, os grupos populares atacaram os quartéis da Polícia. O Palácio do Governo também era atacado e os tiros, partindo do Cais do Apolo e do Forte do Brum, quase matavam Estácio Coimbra - na época, o Governador de Pernambuco e uma pessoa de total confiança de Rosa e Silva. Um dos tiros perfurara, inclusive, o gabinete de Estácio, indo alojar-se em uma parede a um palmo de sua cabeça. O Governador, após o incidente, passava a despachar na própria Chefatura de Polícia.

Depois do dia 24 de novembro, a polícia voltava a revistar os transeuntes que circulavam pelas ruas; os trens da Great Western foram paralisados (com pedidos de garantias à Guarnição para as estações do Brum, Cinco Pontas e Central); as escolas de Direito e de Engenharia suspendiam as provas;

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ocorria um tiroteio contra o Ginásio Pernambucano, enfim, a cidade tornava a passar por horas de muita angústia.

Do Rio de Janeiro, nessa época, José Mariano, já doente, enviava o seguinte telegrama que o jornal A Província vinha a divulgar:

Impossibilitado fisicamente de achar-me ao lado do povo pernambucano no dia da reconquista de sua liberdade, tenho esperança de que êle sacudirá o domínio ignominioso da oligarquia que nos avilta e me dará a consolação, se estiver terminada minha carreira política, de deixar livre a terra que tanto tenho amado. O Povo não precisará que eu o estimule, porque tem a consciência da responsabilidade que lhe cabe no atual momento histórico de nossas reivindicações.

Os incidentes locais se tornavam notícia internacional, ainda, em jornais de Lisboa - como O Século e A Ilustração Portuguesa - e de Paris - o Le Matin. Somente quando Estácio Coimbra solicitou uma intervenção federal para o Recife, é que a situação se normalizava, e o Congresso era convocado, então, para reconhecer o candidato eleito.

Dessa vez, no entanto, o General Dantas Barreto era apontado como o legítimo Governador do Estado, tendo vencido Rosa e Silva por uma diferença de 1.164 votos. Isto selou o desfecho do predomínio do rosismo, uma forte oligarquia que permanecera no poder de 1896 a 1911, e que, através das alianças, dominara a polícia, o Tesouro, o fisco. Dantas era recebido de maneira apoteótica pela população que cantava o seguinte coco:

O pau rolou, caiu. Rosa murchou, Dantas subiu. Como governador de Pernambuco, uma de suas

inúmeras ações, foi a de decretar a mobilização da polícia, a fim de conter os imensos prejuízos causados pelos bandoleiros que se engajavam no cangaço. Neste sentido, despachava para o interior inúmeras forças volantes, com o intuito de combater Antônio Silvino e o seu bando.

Além de uma vertiginosa carreira militar e política, Dantas Barreto também redigiu diversas obras científicas, estudos militares e romances históricos. Ele representou, ainda, o primeiro autor a escrever uma obra sobre Canudos, além de ser o que mais deixou informações acerca das campanhas militares.

Dentre os seus trabalhos, destacam-se A condessa Hermínia (1883), Margarida nobre (1886), Última expedição a Canudos (1898), Impressões militares (1909), Destruição de Canudos (1912) e Acidentes da guerra (1914).

Por conta de sua valiosa produção literária, o escritor Dantas Barreto era eleito, em 1911, membro da Academia Brasileira de Letras, vindo a ocupar a cadeira que pertencera a Joaquim Nabuco.

O general Emidio Dantas Barreto vem a falecer no

dia 1º de outubro de 1931. Em sua homenagem, a Prefeitura deu o nome do militar e político pernambucano a uma das principais avenidas do centro do Recife. Essa enorme avenida se estende da Praça da República até a Praça Sérgio Loreto (o antigo viveiro do Muniz), no bairro de Afogados.

VENCESLAU BRÁS (1914/1918)

O governo do Presidente Venceslau Brás coincidiu com o período da Primeira Guerra Mundial (1914/ 1918). O Brasil participou da guerra ao lado dos Estados Unidos, França e Inglaterra, fornecendo alimentos e matérias-primas aos aliados, enviando um grupo de médico e aviadores para a Europa e colaborando no patrulhamento do oceano Atlântico.

A guerra provocou a diminuição das importações e o crescimento das exportações brasileiras. As importações diminuíram porque os países de quem comprávamos produtos industrializados estavam na guerra.

Com a redução das importações, ou seja, com a diminuição da compra de produtos estrangeiros, passamos a produzir mais e com isso cresceu a indústria brasileira.

EPITÁCIO PESSOA (1919/1922)

Em 1918 houve eleições para Presidente e saiu vitorioso o ex-Presidente Rodrigues Alves. Entretanto, Rodrigues Alves morreu antes de tomar posse e foi substituído pelo Vice-Presidente Delfim Moreira, que convocou novas eleições para Presidente em 1919 e delas saiu vitorioso o paraibano Epitácio Pessoa.

Epitácio foi eleito com o apoio de São Paulo e Minas Gerais, portanto, dentro do velho esquema “café-com-leite”.

Entretanto, apesar de ser um Presidente “café-com-leite”, Epitácio Pessoa foi coerente com sua origem nordestina e fez uma política de combate às secas do Nordeste, onde construiu açudes e estradas.

Em 1920 foi inaugurada a primeira universidade do Brasil, a Universidade do Rio de Janeiro, e em 1922 ocorreu, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte moderna.

Neste mesmo ano de 1922, ocorreu a Revolta do Forte de Copacabana, primeiro movimento armado tenentista da história do Brasil.

Os 18 do Forte de Copacabana marchando pela praia para enfrentar as tropas do governo

ARTUR BERNARDES (1922/1926) O governo de Artur Bernardes foi muito severo.

Os movimentos operários eram controlados por um rígido esquema policial e Lei de Imprensa censura violentamente os jornais.

Eleito num momento de profundas agitações sociais e políticas, Artur Bernardes governou quase totalmente sob o estado de sítio. Em seu governo

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ocorreram várias revoltas tenentistas, tais como: a Revolução Paulista de 1924 e a Coluna Prestes.

Estas revoluções justificam, em parte, o quase permanente estado de sítio. Nestes novos movimentos tenentistas, a jovem oficialidade do Exército já pensava em representar os interesses nacionais e propunha a criação de uma sociedade democrática para o bem da coletividade brasileira.

WASHINGTON LUÍS (1926/1930) Washington Luís é considerado paulista, apesar de

ter nascido em Macaé, no Estado do Rio de Janeiro. É considerado paulista porque a sua carreira política foi feita em São Paulo e porque era membro do PRP (Partido Republicano Paulista).

O Presidente Washington Luís afirmava que governar é abrir estradas e em seu governo foram construídas as rodovias Rio - São Paulo e Rio - Petrópolis. Washington Luís tentou fazer uma política de combate à inflação e de estabilidade do valor da moeda brasileira. Porém, a sua tentativa não teve êxito devido principalmente à crise mundial de 1929.

A Política dos Governadores A tentativa de criação do Partido Republicano

Federal findara em fracasso. E nesse contexto que os partidos regionais de tendências oligárquica, passarão a exercer o domínio político da nação. Minas Gerais e São Paulo, os dois principais Estados, vão ocupar o cenário político brasileiro e determinar seus rumos até a Revolução de 1930. Esse sistema político oligárquico ficou conhecido como “política dos governadores” ou política dos Estados”, cujas bases foram lançadas pelo Presidente Campos Sales, sucessor de Prudente de Morais. Com isso, reforçou-se o presidencialismo, tendo tal regime sua sustentação política nos poderes estaduais. Os partidos dominantes nos Estados asseguravam, por meio de suas bancadas na Câmara e no Senado, o apoio ao Poder Executivo Federal. Este, em troca, comprometia-se a reconhecer automaticamente a legitimidade das oligarquias estaduais favorecendo o atendimento de seus interesses e a consolidação de seu poder regional. Em cada Estado, o poder político era exercido e mantido, a ferro e fogo se preciso pelos “coronéis”, em geral grandes proprietários que controlavam a vida dos municípios. Esses donos de terras eram donos do poder, controlavam as eleições, designavam os candidatos a serem eleitos (chamado voto de cabresto), sufocavam oposições e dissidências, praticando sem escrúpulos e fraude eleitoral. O coronelismo influenciava a política dos governadores, e esta determinava os rumos políticos do país. Nesse quadro, Minas e São Paulo tiveram um só peso determinante. São Paulo era o primeiro produtor de café do Brasil, produto base da economia nacional. Minas era o segundo produtor de café e o primeiro de leite. Com base em seus poderes econômicos respectivos, as oligarquias dos dois estados aliaram-se para exercer a hegemonia política junto ao Poder Executivo Federal, configurando a “política do café-com-leite”.

A Coluna Prestes (1925/1927) A mais significativa expressão do tenentismo.

Em fins de 1924 a maré tenentista chegava ao

Rio Grande do Sul. Em pouco tempo guarnições de várias regiões do Estado rebelavam-se aberta-mente. A jovem oficialidade novamente se faz ouvir. Entre os tenentes destacava-se a figura de Luís Carlos Prestes.

Em 1925, o rebeldes gaúchos seguiram para o norte e juntavam-se às forças de Isidoro Dias.

Parte-se então para a guerra de movimentos, cujo objetivo, era o de minar as bases das oligarquias dominantes. É dentro deste contexto que se enquadra a famosa Coluna Prestes, liderada por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, que percorreu os sertões brasileiros, numa jornada de 24.000 quilômetros. As tropas rebeldes enfrentaram forças federais, milícias estaduais e, até mesmo, cangaceiros contratados. Entretanto, no dizer de Edgar Carone, elas fizeram vibrar as expectativas populares, num país amordaçado pelo estado de sítio e pela censura.

A Revolução de 1930 O candidato da Aliança Liberal - coalizão

bastante heterogênea que tanto congregava políticos da velha guarda como gente ansiosa por reforma - perdeu as eleições de 1930, em favor do candidato apoiado pelo Presidente Washington Luís, Júlio Prestes. À primeira vista, parecia que as coisas iam ficar por aí.

Todavia, os políticos gaúchos da Aliança Liberal, em conluio com os tenentistas, decidiram desencadear a Revolução e obter pelas armas o que não tinham conseguido nas urnas, isto é, o poder.

Nos meados de 1930, a situação começou a se apresentar favorável aos conspiradores. A crise do café veio se somar o assassinato de João Pessoa. Em outubro, o movimento revolucionário foi deflagrado. Começou em Porto Alegre e terminou com a ascensão de Getúlio Vargas e o exílio de Washington Luís e Júlio Prestes.

A Revolução de 1930 mudou os rumos de nossa história, uma vez que destruiu as velhas instituições políticas da República Velha, como a Política dos Governa-dores e Política café-com-leite. A era de Vargas (1930/1945), que nasceu com a Revolução, foi o período em que se criaram as bases de um Brasil moderno, vigoroso e mais capacitado para se compor dentro dos quadros da política internacional.

9. A ERA DE VARGAS - 1930 / 1945 REPÚBLICA GETULIANA

Os anos 20 não foram tão dourados para a

República das Oligarquias, para a chamada Política do café-com-leite. Em 1922 os tenentes se rebelam no Forte de Copacabana (início do Tenentismo), em 1924 ocorre em São Paulo a Revolta do General Isidoro Dias Lopes e é também o ano da Coluna Prestes. Não podemos esquecer que o Rio Grande do Sul também estava agitado desde o ano anterior. Fechando a década vem a queda da Bolsa de Nova lorque com repercussões negativas em todo mundo.

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A questão operária é uma questão de polícia, dizia Washington Luis último presidente da República dos fazendeiros, traduzindo pensamento da maioria dos empresários e políticos.

No Brasil, o período de 1930 a 1937 foi politicamente conturbado, uma vez que envolveu fatos que agregaram e romperam forças governamentais quer nacionais quer estaduais. Em março de 1930, Carlos de Lima apoiou o candidato Getúlio Vargas que concorria com Washington Luís à presidência da República. Como Getúlio saiu derrotado da campanha, em outubro de 1930, Lima Cavalcanti articulou, em Pernambuco, o movimento armado que deporia o presidente Washington Luís. Com o golpe, Vargas tornou-se presidente do Brasil e, como “prêmio” pelo apoio político, nomeou Carlos de Lima Cavalcanti interventor federal em Pernambuco (1930-1935).

Nos primeiros anos do novo regime de governo, o então interventor do estado de Pernambuco marcou sua atuação política pela defesa da sindicalização da classe operária, pelo incentivo às manifestações das forças populares e pelo combate às propostas de reconstitucionalização do País. Em paralelo, teve de administrar, em outubro de 1931, um levante armado deflagrado no 21º Batalhão de Caçadores, no Recife, que se rebelara contra o seu governo e que, com a ocupação de quartéis e delegacias, abalou o Recife por três dias. No final, os participantes do movimento foram presos e exilados em Fernando de Noronha, onde sofreram maus tratos e perseguições. Em 1932, deflagrada a Revolução Constitucionalista de São Paulo, Lima Cavalcanti enviou seis mil homens para auxiliar o governo federal no combate aos paulistas. Julgou que, com este ato recuperaria o seu prestígio em nível nacional, enfraquecido com a rebelião de 1931, no Recife. Também em 1932, iniciou as articulações que formalizaram a criação do Partido Social Democrático (PSD).

Em 1935, foi eleito pela Assembléia Legislativa governador constitucional de Pernambuco, cargo que ocupou até 1937. Formou um novo secretariado e, nesse período, tomou medidas consideradas como avanços sociais para a época: merenda escolar, escolas rurais, políticas urbanísticas e financeiras, melhorias nos hospitais, criou o Departamento de Assistência a Psicopatas, o Serviço de Higiene Mental; na área de educação criou as Escolas de Aperfeiçoamento, a Experimental, a Normal Modelo e a de Educação Física; incentivou a instrução rural nas escolas do interior, o ensino dos trabalhos manuais; oficializou as Escolas de Engenharia, de Medicina e a Superior de Agronomia; organizou a Brigada Militar.

Liderado por setores da Aliança Nacional Libertadora (ANL), em novembro de 1935, aconteceu o levante esquerdista contra o governo federal. Alguns membros do secretariado de Carlos de Lima, acusados de participar daquele movimento, foram afastados de seus cargos.

O prestígio de Lima Cavalcanti junto ao Presidente Getúlio Vargas, conquistado desde que fora interventor federal em Pernambuco, começou a diminuir. Alguns alegam que seus adversários políticos e ex-aliados, como Agamenon Magalhães, o acusaram de apoiar os revolucionários; outros, alegam o desapontamento do presidente Vargas ao asber do provável apoio de Lima Cavalcanti à candidatura de José Américo de Almeida à

Presidência da República (1937). O fato é que, em novembro de 1937, após a decretação do Estado Novo (1937-1945), Carlos de Lima Cavalcanti foi deposto do governo pernambucano.

Getúlio Vargas o convida para assumir as embaixadas brasileiras na Colômbia (1938), no México (1939-1945) e em Cuba (1945).

Encerrada a ditadura e Getúlio Vargas deposto, Lima Cavalcanti voltou ao Brasil e retomou sua vida política: deputado constituinte (1945), eleito pela União Democrática Nacional (UDN) e deputado federal (1946-1954/1956-1959). Em 1954, o presidente Café Filho o nomeia presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), função que exerceu até dezembro de 1955.

Em Pernambuco, o governador Carlos de Lima Cavalcanti é deposto, sendo decretado o estado de emergência. Getúlio nomeia Agamenon Magalhães como o interventor federal do Estado.

A partir daí, o político passa a desencadear uma série de ações sistemáticas visando desmontar as estruturas administrativas herdadas pelo governador que o precedeu, já que este havia consolidado uma liderança local e se projetado no cenário nacional. Ele se torna, por outro lado, o expoente e o principal doutrinador do Estado Novo em Pernambuco. Em seu governo, que tem a duração de oito anos, ele constrói milhares de casas para os pobres, cria a mística do anti-mocambo, funda centros operários, escolas, uma cooperativa editora e institui seminários pedagógicos.

Em uma ocasião, Agamenon solicita ao prefeito de Olinda, eleito pelas urnas em 1934, que o mesmo renuncie ao cargo, para que ele possa nomear um substituto. O prefeito, apesar de bem pouco satisfeito com aquele pedido, atendeu ao pleito do interventor. A título de curiosidade, vale a pena indagar: quem seria o prefeito deposto? Ele se chamava, nada mais nada menos, Luís Sérgio Magalhães e era irmão do próprio Agamenon! Na década de 1930, o cangaço - um flagelo que levava muitas famílias a abandonarem os seus lugares de origem - era bastante combatido por Agamenon. Segundo ele, os fazendeiros que acolhiam e acoitavam os cangaceiros - os chamados "coiteiros" - eram tão ou mais criminosos do que Lampião, Antônio Silvino e os seus comparsas.

Quando assume o Governo de Pernambuco, Agamenon cria a Liga Contra o Mocambo. Desta maneira, luta muito pela urbanização e saneamento básico, construindo casas populares de alvenaria, fortalecendo a educação, a saúde, a pequena agricultura. Essa Liga, em 1945, se transforma em uma autarquia: o Serviço Social Contra o Mocambo.

Desejando descontrair o regime para salvar o Estado Novo, Getúlio Vargas concedia uma anistia aos presos políticos, em 1945, e convidava Agamenon para assumir o Ministério da Justiça. Ele elaborava uma legislação eleitoral e partidária, além de promulgar o decreto nº. 7.666, anti-truste, que obtinha o apelido de Lei Malaia, e foi assinada por Getúlio. Tal lei servia para reprimir os abusos do poder econômico, por parte dos trustes, funcionando como um bloqueio, em relação aos grandes monopólios internacionais.

O Código Eleitoral, chamado também de "Lei

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Agamenon", abria caminho para o Tribunal Superior Eleitoral conceder o registro ou a cassação de partidos políticos, mediante os princípios constitucionais. Desse modo, era possível ser negado o registro de qualquer partido que ameaçasse a ordem democrática.

Com base nesses pressupostos, em 1947, o Partido Comunista Brasileiro - liderado por Luís Carlos Prestes – vinha a ter o seu registro cassado. O princípio do voto proporcional para as casas legislativas, vinha também do Código Eleitoral proposto por Agamenon Magalhães.

Contra o Estado Novo, porém, havia conspiração por toda a parte. Os estudantes, intelectuais e lideranças populares protestavam contra Getúlio Vargas, em favor da candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes à Presidência da República. Há uma manifestação, neste sentido, na Praça da Independência, no dia 3 de março de 1945.

Muitos agentes da repressão, no entanto, se encontravam infiltrados na multidão. E, enquanto o jornalista Aníbal Fernandes discursava na sacada do Diário de Pernambuco, ouviam-se alguns disparos: o estudante de Direito, Demócrito de Souza Filho, que estava perto do orador, é atingido por tiros, vindo a falecer. O carvoeiro Manoel Elias, que se encontrava no meio do grande grupo, também perdia a sua vida. Este episódio sangrento tornara-se uma bandeira contra o regime e as forças repressivas do Estado Novo, e em prol de uma urgente democratização.

A essas alturas, o Estado Novo se encontrava bastante estagnado e todos desejavam a volta do Estado de direito e da legalidade. Sendo assim, as elites políticas comandam a transição para um regime mais democrático.

O golpe militar de 1964 depôs o presidente João Goulart no dia 31 de março. Um dia depois, tropas do Exército cercaram o Palácio do Campo das Princesas. Como Arraes recusa a proposta de renúncia, é deposto e preso. Foi levado para o 14º Regimento de Infantaria, no Recife e, posteriormente, para Fernando de Noronha, onde permaneceu até dezembro. Ao retornar, ficou preso na Companhia de Guarda da Capital, sendo transferido para a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, no Estado do Rio. Por força de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, Arraes é solto em 21 de abril de 1965. Foram impetrantes do habeas corpus, que recebeu o nº 42.108, Heráclito Fontoura Sobral Pinto e Antônio de Brito Alves, e teve como relator o Ministro Evandro Lins e Silva. Anteriormente à decisão unânime do STF, proferida a 19 de abril, Arraes tivera negados, por duas vezes, requerimentos formulados a órgãos da Justiça Militar, visando a cessação do constrangimento ilegal a que estava sendo submetido.

Mas, devido a um manifesto com críticas formuladas aos inquéritos policias-militares do regime, é enquadrado na Lei de Segurança Nacional, no dia 20 de maio. Sob ameaça de nova prisão, consegue asilo na Embaixada da Argélia, em 24 de maio, e viaja para Argel no dia 16 de junho. Nessa época, é implantado o bipartidarismo no Brasil, passando a existir como partidos políticos apenas a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Arraes declara-se adepto do MDB, de oposição ao governo militar. A sua volta ao Brasil ocorreu em 15 de setembro de 1979, após 14 anos de exílio, tendo sido

beneficiado pela Lei de Anistia, sancionada em 28 de agosto.

OBS.: Registramos ainda em 1922 a criação do partido Comunista (março/julho), a semana de Arte Moderna e posteriormente a decretação de Estado de Sítio pelo Presidente Arthur Bernardes.

Eleições de 1930 (março) Júlio Prestes (candidato de Washington Luis)

versus Getúlio Vargas (candidato da Aliança Liberal). ALIANÇA LIBERAL - Era formada por três

oligarquias dissidentes: Recebeu ainda apoio do partido Democrático,

grupo dissidente do PRP.

Programa da aliança liberal Reformas políticas. Regulamentação do trabalho. Anistia. Voto feminino.

"O programa refletia sobretudo "As aspirações das classes dominantes não associadas ao núcleo cafeeiro e tinha por objetivo sensibilizar a classe média. Defendia a necessidade de incentivar a produção nacional em geral e não apenas o café; combatia os esquemas de valorização do produto em nome de ortodoxia financeira e por isso mesmo não discordava nesse ponto da política de Washington Luis".

Boris Fausto

Resultado das eleições Para não fugir a regra; a fraude mais uma vez

caracteriza o pleito. Júlio Prestes é o vencedor (havia um pacto entre as lideranças das chapas de respeitar os resultados).

"Nunca contarão comigo para um movimento armado. Prefiro dez Júlio Prestes a uma "revolução" afirmava João Pessoa, Presidente da Paraíba.

A revolução Deputados do Bloco Operário Camponês

foram "degolados". Comissão Verificadora de Poderes.

Rearticulação dos Tenentes. Assassinato de João Pessoa (pretexto para

o golpe). Colapso da economia norte-americana de

1929. "Façamos a Revolução antes que o povo

faça". Antônio Carlos, Presidente de Minas Gerais.

Alguns nomes da revolução Vargas, Antônio Carlos, Góes Monteiro, Vírgilio

de Melo Franco, Osvaldo Aranha, João das Neves da Fonseca, João Alberto, Juarez Távora e outros.

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OBS.: Luis Carlos Prestes, apesar de convidado, recusou a participar do golpe. Ele classificara as eleições de 1930 de "Uma farsa metódica e cuidadosamente preparada pelas oligarquias" e em maio de 1930 rompeu com o tenentismo criando a Liga de Ação Revolucionária.

A luta A Revolta teve início simultâneo em vários pontos

do Brasil (Minas - Rio Grande do Sul - Paraíba) no dia 3 de outubro às 17:30 horas.

Os rebeldes, vencedores, depuseram o Presidente Washington Luis e impediram a posse de Júlio Prestes. Uma Junta Militar (Generais Tasso Fragoso, Mena Barreto, Leite de Castro e o Almirante Isaias de Noronha) recebeu o poder e nele permaneceu até a chegada de Vargas.

Governo provisório de Vargas (03/11/1930 a 16/07/1934) Revolução Constitucionalista de 1932 ocorreu em

São Paulo, promovida pelas classes dominantes paulistas, parte da oficialidade paulista e frações oligárquicas de outros Estados que estavam fora do governo, pedia a volta do Brasil ao Estado de Direito. OBS.: A Revolução de 1932 foi derrotada do ponto de vista militar, mas vitoriosa sob o prisma político uma vez que forçou o Governo a convocar uma assembléia Constituinte em 1933.

10. GOVERNO CONSTITUCIONAL / PRESIDENCIAL (16.07.1934 a 10.11.1937)

Logo que foi elaborado o novo "Código Eleitoral", procedeu-se ao alistamento dos votantes que elegeriam os futuros deputados à Assembléia Constituinte da 2ª República. Pela primeira vez votariam as mulheres no Brasil. Uma novidade política seria também a existência de "deputados classistas", com os mesmos direitos dos outros parlamentares, mas eleitos apenas pelos sindicatos profissionais de patrões e empregados.

Instalou-se a Assembléia constituinte a 10 de novembro de 1933, passando-se à discussão do ante-projeto constitucional apresentado por uma comissão especialmente designada pelo governo. A 16 de julho de 1934 foi a provada a nova Constituição, 3ª do Brasil e a 2ª da Republica.

A nova Constituição determinava que o Presidente da República fosse eleito pela própria Assembléia, mandando as "Disposições Transitórias" que exercesse o seu mandato até 3 de maio de 1938.

A Constituição de 1934 era liberal e bem reflete algumas tendências reformistas da época; seu artigo 116 dava poderes a União para monopolizar "por motivos de interesses públicos" determinadas indústrias o artigo seguinte previa a nacionalização progressiva dos Bancos de depósitos e das empresas de seguros. O artigo 120 assegurava a pluralidade e completa autonomia dos sindicatos, garantindo também ao trabalhador salário mínimo, jornada de 8 horas, repouso

semanal obrigatório, férias remuneradas, indenização por dispensa sem justa causa, etc. Instituía também a Constituição de 1934 o "mandato de segurança", recurso do qual poderia dispor qualquer pessoa para a "defesa de direito certo e incontestável ameaçado por ato manifestamente ilegal".

O número de senadores reduzia-se a dois por estado e extinguia-se o cargo de vice-presidente, devendo substituí-lo, eventualmente, o presidente da câmara. Pouco tempo vigorou a constituição de 1934. Em 1935 seus efeitos seriam anulados pelo "estado de sítio" então decretado.

Comunistas e Integralistas. As novas condições econômicas e sociais

geradas pela guerra de 1914 - 1918 favoreceram o desenvolvimento de duas ideologias antagônicas que se transformaram, na Europa, em dois regimes políticos: o comunista, vitorioso em 1917 na Rússia, e o fascista, implantado em 1922 na Itália e fortalecido em 1934 pelo nazismo na Alemanha.

A questão social no Brasil fez com que essas novas idéias aqui também se desenvolvessem, corporificadas em duas organizações políticas: a Aliança Nacional Libertadora (de orientação comunista) e a Ação Integralista Brasileira (de orientação fascista).

Em 1935 tentaram os comunistas alcançaram o poder. Um movimento revolucionário estourou a 23 de novembro em Natal, sublevando-se alguns militares do 21° Batalhão de Caçadores. No dia seguinte, no Recife, componentes da Aliança Nacional Libertadora tentam sem êxito sublevar o 29° Batalhão de Caçadores. Tratava-se evidentemente de uma insurreição desarticulada, pois no Rio de Janeiro somente na noite de 26 para 27 e tomado de surpresa o Quartel do 3° regimento de Infantaria, paralelamente revoltando-se a Escola de Aviação Militar. Ambos foram logo recuperados pelo governo.

Rapidamente debelado o movimento comunista, foram presos os principais chefes, entre os quais Luís Carlos Prestes. Detidos e dispersados os líderes do malogrado movimento comunista continuaram, entretanto, agindo livremente, os integralistas.

Os integralistas, dirigidos pelo Sr. Plínio Salgado, entusiasmados com a propaganda alemã e italiana, haviam chegado a constituir uma forte organização, bem estruturada e disciplinada.

Seguindo o modelo fascista, criaram um símbolo (o sigma, letra do alfabeto grego) e adotaram uma saudação especial (anauê!); usavam também os partidários da A.I.B. nas reuniões e festividades políticas uma camisa verde que os distinguia ostensivamente. O lema "Deus, Pátria e Família" atraiu para o integralismo importantes elementos da Igreja Católica, das forcas armadas e dos meios mais conservadores

O ESTADO NOVO O 10 de novembro de 1937 é uma página negra

na história do Brasil é a data da instalação do Estado

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Novo e da adoção de uma Carta de Natureza nitidamente fascista, outorgada pelo ditador Getúlio Vargas. Político reconhecidamente solene, Vargas explora maquiavelicamente o fracassado levante comunista de 1935. Desde então, mais exatamente a partir de 1936, vem preparando meticulosamente o golpe de Estado, com o único objetivo de se eternizar no poder. Além dos conchavos políticos com as oligarquias, contra as quais dissera lutar na Revolução de 1930, o caudilho arma o Governo de poderes excepcionais com a criação da Lei de Segurança Nacional, e instituição do Tribunal da Segurança Nacional, as sucessivas decretações do estado do sítio e do estado de guerra em pleno regime de paz, com a finalidade de impedir a reação dos liberais, que logo irão encher os cárceres da ditadura, tudo de sorte a assegurar a execução do hediondo crime longamente tramado contra as nossas instituições democráticas.

A insincera, demagógica e feroz pregação anticomunista de Getulio Vargas surte afinal o efeito desejado. Diante de rescaldo da revolta vermelha de 35 e do impacto provocado por um documento falso - Plano Cohen - segundo o qual o país estaria na iminência de cair nas mãos dos comunistas, as oligarquias estaduais, os integralistas, os adeptos da representação corporativa, a maioria das forças armadas e a Igreja - todos à sombra da repressão do comunismo - dão apoio ao golpe de Estado.

Vitoriosa a nefasta conspiração do Governo contra as candidaturas de Armando de Sales Oliveira e José América de Almeida que buscam alcançar a presidência da República, por voto direto, nas eleições marcadas para 3 de janeiro de 1938, implantado o Estado Novo, sórdida-mente copiado do modelo fascista, desce sobre a Nação a longa e negra noite do terror Policial.

Dissolvido o Poder Legislativo, destruídos os alicerces da República e da Federação, amordaçada a imprensa, suprimidas as garantias tutelares da liberdade, postergados os direitos essenciais da pessoa humana, arrasados os monumentos jurídicos e os princípios generosos, que os séculos sagraram, perseguidos, presos, torturados e deportados, se emudecem as consciências dos adversários do regime de arbítrio. Tiranizando o povo, instala-se no país uma espécie de cativeiro dissimulado, onde Getúlio Vargas é senhor de braço e cutelo.

O ditador, empenhado unicamente na promoção da sua imagem essencialmente falsa e na perpetuidade do seu governo ilegítimo, não enfrenta os graves problemas nacionais, descuida das necessidades mais urgentes da população, que se torna vítima das privações de toda sorte, em suma, a ditadura, "que é desordem aparentemente organizada", praticamente nada realiza em benefício a do bem comum, que é o fim do Estado.

Na realidade, ao contrário da fantasiosa propaganda do DIP, órgão de inspiração eminente-mente fascista, criado para anestesiar a consciência coletiva e promover o mito do chefe, o que se constata é o descalabro econômico, político, administrativo, moral e social do País, de modo a evidenciar o profundo fracasso do Estado Novo.

Felizmente, no dia 29 de outubro de 1945, em face do triunfo das forças aliadas sobre o nazi-fascismo e da manifesta intenção de Vargas de burlar novamente o calendário eleitoral a fim de permanecer à testa do

Governo, o Estado Novo chega ao fim com a deposição do ditador.

Com o desmoronamento do totalitarismo caboclo, de pronto é restaurado o primado do direito e o Brasil volta a ser livre e a respirar o ar puro da democracia e da liberdade.

Neste dia, pois, em que transcorre o cinquentenário da tragédia nacional da instalação do Estado Novo, cumpre-nos renovar o nosso juramento de fidelidade à democracia e de permanente vigilância contra todas as formas de despotismo.

Ernando Uchoa Lima

11. REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL

Governo Dutra (1946-1950)

O presidente Eurico Gaspar Dutra teve como principais marcas de seu governo a preocupação com o desenvolvimento econômico e industrial do Brasil e, na política externa, o alinhamento com os Estados Unidos no contexto pós Segunda Guerra Mundial.

O plano de governo de Dutra ficou conhecido como Plano Salte, sigla formada pelas iniciais de saúde, alimentação, transporte e energia. O presidente Dutra considerou que esses eram os setores os quais deveriam receber maior atenção do governo. Os dois primeiros – saúde e alimentação – estavam voltados para a melhoria das condições das classes populares e soaram como uma herança populista do governo anterior. Em relação aos transportes e à geração de energia, Dutra atendeu aos interesses da burguesia industrial, interessada em consolidar definitivamente o crescimento da indústria em um país que, no início dos anos de 1940, ainda mantinha uma forte dependência da tradicional economia agroexportadora.

O grande símbolo dos investimentos governamentais na área dos transportes foi a pavimentação da Rodovia Rio - São Paulo, atualmente denominada Via Dutra. A consolidação da aproximação entre Brasil e Estados Unidos, iniciada pelo governo Vargas às vésperas da Segunda Guerra Mundial, teve seu ponto alto

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durante o governo Dutra. Esse período correspondeu ao início da Guerra Fria, e era natural que o governo estadunidense estivesse interessado em estreitar os laços diplomáticos e fortalecer as relações econômicas com os países da América Latina. Os Estados Unidos temiam o avanço das ideias socialistas e a eventual perda da sua posição hegemônica sobre os países latinoamericanos. Para tanto, desenvolveram a chamada política da boa vizinhança, estratégia de aproximação e cooperação econômica da principal potência do capitalismo mundial com os demais países do continente americano. Retorno de Vargas

As eleições para a sucessão do presidente Dutra contaram com a volta triunfal de Getúlio Vargas como candidato favorito da maioria da população. O carisma do ex - presidente foi decisivo para uma vitória consagradora que marcou o retorno de Vargas ao cargo máximo da Nação por mais um mandato presidencial (1951-1954).

A maciça votação que recebeu: quase 50% dos votos válidos, foi uma demonstração de que a marca populista estava presente e de que a imagem positiva do “pai dos pobres” foi facilmente relembrada pela maioria do eleitorado brasileiro. A grande marca dessa vitória ficou registrada na marchinha de carnaval “Retrato do velho”, de autoria do sambista Haroldo Lobo, gravada por Francisco Alves e lançada em 1951 para comemorar a volta de Vargas à Presidência da República.

Esta nova etapa do governo Vargas (1951-1954) foi marcada pelo antagonismo entre o discurso nacionalista do presidente e a necessidade de o Brasil atrair investimentos estrangeiros para consolidar o processo de industrialização do país. O maior exemplo do nacionalismo presente em 1950 foi a campanha pela nacionalização da exploração de petróleo. Sob o lema O petróleo é nosso, o governo brasileiro criou a Petrobrás em 1953, instituindo o monopólio sobre a exploração e o refinamento do Petróleo no Brasil. A participação das empresas estrangeiras nesse mercado estaria restrita à distribuição e ao comércio do produto, fato que desagradou aos interesses do capital internacional no Brasil. Os Estados Unidos e parte da burguesia nacional ligada ao capital estrangeiro ficaram descontentes com a política nacionalista de Vargas. A restrição às remessas de lucro ao exterior e o controle à entrada de recursos estrangeiros no país completaram o quadro de nacionalismo econômico, que marcou esse novo período presidencial de Getúlio Vargas frente ao governo brasileiro.

Outro fator de descontentamento por parte da elite econômica nacional foi a política populista de Vargas e suas ações voltadas para atender aos anseios da classe operária. Getúlio nomeou João Goulart como Ministro do Trabalho, e ambos foram responsáveis pela ampliação dos direitos trabalhistas e pelas propostas, como, por exemplo: a majoração do salário mínimo em 100%, anunciada pelo presidente Vargas no dia 1º de maio de 1954, Dia do Trabalhador.

Diante dessa realidade, cresceram os movimentos de oposição ao governo. Liderada pelo partido União Democrática Nacional (UDN) e tendo à frente o jornalista Carlos Lacerda, do jornal Tribuna da

Imprensa, a oposição começou a manifestar uma forte campanha contra Getúlio Vargas.

A crise política se agravou quando, em 5 de agosto de 1954, ocorreu um atentado na Rua Toneleros, endereço residencial do jornalista Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro. O atentado tinha o objetivo de “calar a oposição”. Entretanto, a tentativa de atingir o jornalista fracassou. No momento em que Carlos Lacerda, acompanhado pelo major Rubens, aproximava-se do seu apartamento na Rua Toneleros, em Copacabana, tiros foram disparados e atingiram fatalmente o major da aeronáutica. Lacerda ficou apenas ferido no pé por uma bala. As investigações apontaram como mandante do crime o chefe da guarda pessoal do Presidente, Gregório Fortunato. Embora Getúlio Vargas não tivesse sido diretamente acusado, a ligação do principal suspeito de mando do crime com a Presidência da República foi suficiente para manchar a imagem do governo e aumentar a pressão contra o presidente Vargas.

Ao perder o importante apoio das Forças Armadas e vendo aumentar a oposição ao seu governo, Getúlio Vargas se deparou com uma grave crise política. Oficiais do exército e da aeronáutica sugeriram a renúncia do Presidente, mas Vargas relutou em aceitar o que considerava ser uma saída desonrosa do poder. Diante das pressões pela sua renúncia, o presidente afirmava que somente morto sairia do Catete (sede do governo federal, no Rio de Janeiro). E Vargas realmente cumpriu a promessa. Um dia antes de cometer suicídio no Palácio do Catete, o presidente deparou-se com o lançamento de um manifesto à nação, assinado pelas principais lideranças do exército brasileiro. O Manifesto dos Generais exigiu a imediata renúncia de Getúlio Vargas, em 23 de agosto de 1954. Tornava-se evidente o agravamento da crise política e a insustentabilidade do mandato presidencial. Mesmo assim, Vargas não admitiu sua renúncia e, como afirmou em sua carta testamento, preferiu “sair da vida para entrar na história”, cometendo suicídio com um tiro no peito, na madrugada de 24 de agosto. Observe, na carta deixada por Vargas, a visão do presidente sobre a sua trajetória e a situação política que teve de enfrentar no final do seu mandato.

Com o suicídio de Vargas, o vice-presidente Café Filho assumiu a Presidência da República. Sua função seria a de conduzir o país até a posse do novo presidente, nas eleições de 1955. Entretanto, vítima de problemas cardíacos, Café Filho se licenciou do governo e deixou o cargo para Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados. Acusado de planejar um golpe, Carlos Luz foi deposto da Presidência, sendo substituído por Nereu Ramos. Finalmente, depois de contornada a crise política e a ameaça sucessória, o presidente eleito Juscelino Kubitschek, JK, tomou posse em 31 de janeiro de 1956. Governo JK (1956-1961)

A grande marca dos cinco anos de mandato presidencial de Juscelino Kubitschek foi o desenvolvimento econômico e industrial. Sob o lema 50 anos em 5, o presidente JK prometia desenvolver

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a economia brasileira e promover o equivalente a 50 anos de progresso em apenas 5 anos de governo.

Para tanto, JK elaborou um projeto de governo, denominado Plano de Metas, por meio do qual visava concentrar investimentos em cinco setores considerados estratégicos: energia, transportes, alimentação, indústria e educação. Essas cinco metas de desenvolvimento tiveram como meta-síntese a construção de Brasília.

Além da construção de Brasília, vista como sim-bolo de crescimento econômico e integração nacional, o governo JK atuou em outros importantes setores visando ao desenvolvimento do país. Nesse sentido, podemos destacar os maciços investimentos na área energética, como as inaugurações das usinas hidrelétricas de Furnas e de Três Marias, ambas, ambas em Minas Gerais. A criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear completou o projeto de desenvolvimento no setor energético, necessário para o crescimento industrial do país. Na área da indústria, JK atraiu as multinacionais por meio de uma política de incentivos fiscais com redução de tarifas para que empresas estrangeiras instalassem filiais no Brasil. A implantação da indústria automobilística foi o grande símbolo de desenvolvimento industrial desse período. A instalação da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo – SP, e a inauguração da fábrica de motores Willys deram o impulso inicial ao grande desenvolvimento do setor automobilístico no país.

JK também promoveu investimentos para ampliação da malha rodoviária, inaugurando as Rodovias São Paulo - Belo Horizonte e Belém-Brasília. O desenvolvimento econômico da Região Nordeste também mereceu atenção e culminou com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).

O governo do presidente Juscelino Kubitschek ficou conhecido, portanto, como um período de grande crescimento econômico e de modernização do país. A figura de JK era constantemente associada à imagem de um presidente inovador e empreendedor. Por essa razão, tornou-se conhecido pelo popular apelido de presidente bossa-nova. Lembre-se de que bossa-nova era a denominação do movimento musical da década de 1950, que fez muito sucesso, revolucionando a música brasileira, com pitadas do tradicional samba brasileiro e de influências do jazz, oriundo dos Estados Unidos. Ao relacionar as ações do presidente com a revolução ocorrida na arte brasileira, pretendia-se consolidar a imagem positiva de JK como um grande estadista, que trouxe progresso e desenvolvimento para o país.

Entretanto, todo o crescimento econômico promovido pelo governo JK não foi exaltado de forma unânime por todos os setores da sociedade. A política desenvolvimentista de Juscelino teve um preço muito alto, e diversas críticas foram feitas ao seu governo. Contrastando com todo o progresso e o otimismo estava o significativo aumento da dívida externa e a crescente alta da inflação. Esses foram os principais alvos de contestação, pela oposição, ao governo de JK e tornaram-se temas favoritos da campanha política nas eleições presidenciais de 1960.

12. CRISE DO POPULISMO E GOLPE MILITAR

Governo Jânio Quadros (1961)

Jânio Quadros, governador do estado de São Paulo, surpreendeu o Brasil com a inesperada vitória nas eleições presidenciais de 1960. O futuro sucessor de JK lançou-se candidato por um minúsculo e desçonhecido partido, o Partido Democrata Cristão (PDC). Embora contasse com o apoio da tradicional União Democrática Nacional (UDN), a candidatura de Jânio era vista como uma candidatura inexpressiva, se comparada com o favorito general Lott, candidato da, até então, imbatível aliança entre PSD-PTB. Mas, nas eleições de 1960, prevaleceu a influência do populismo. Com uma campanha eleitoral voltada às classes populares, criou-se a imagem de Jânio Quadros como o candidato humilde, representante do povo. Jânio, surpreendentemente, venceu as eleições com 48% dos votos.

Para se aproximar das massas, Jânio se apresentava como o candidato “do tostão contra o milhão”, referindo-se à milionária campanha eleitoral promovida pela aliança PSD - PTB. Mas, o grande trunfo da propaganda de Jânio Quadros foi o discurso voltado ao combate à corrupção no país. Jânio utilizou como símbolo de campanha uma vassoura e prometia varrer a “roubalheira” e moralizar a política nacional. Leia abaixo, o jingle (música de campanha) do candidato Jânio Quadros.

"Varre Varre Vassourinha" "Varre, varre, varre, varre, varre vassourinha Varre, varre a bandalheira Que o povo já está cansado De sofrer desta maneira Jânio Quadros é a esperança Desse povo abandonado Jânio Quadros é a certeza De um Brasil moralizado Alerta, meu irmão Vassoura, conterrâneo Vamos vencer com Jânio"

O governo de Jânio Quadros foi marcado por

intensa crise política em função de suas atitudes polêmicas. Em pouco tempo de governo, apenas oito meses, todo o carisma responsável pela esmagadora vitória nas eleições acabou se

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transformando em uma imagem desgastada e muito contestada por boa parte da população.

Entre muitas ações polêmicas da Presidência, pode-se destacar, entre as que mais desagradaram à elite, foi a postura independente do governo com relação à política externa. No auge da Guerra Fria, o Brasil se reaproximou dos países do bloco comunista, reatando relações diplomáticas com a União Soviética. Tal política, certamente, desagradou à burguesia brasileira temerosa do avanço dos ideais socialistas no país e despertou a atenção do governo dos Estados Unidos, sempre preocupado com o possível “efeito dominó”, ou seja, com a expansão dos movimentos revolucionários de caráter socialista na América Latina. A Revolução Cubana tinha acabado de ocorrer, possibilitando a tomada do poder pelo líder comunista Fidel Castro, e o Brasil, como uma das grandes nações do continente americano, merecia especial atenção por parte da política externa estadunidense.

Em meio ao crescimento da oposição, o presidente Jânio Quadros tomou mais uma medida considerada “desastrosa” para o seu futuro político. A Presidência da República homenageou o líder guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, principal expoente da Revolução Cubana, ao lado de Fidel Castro, com a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul. Essa era a maior condecoração de honra ao mérito que poderia ser oferecida pelo governo brasileiro a grandes personalidades. Ficara evidente, com esse episódio, o desgaste político de Jânio Quadros frente aos setores mais conservadores da sociedade brasileira.

Outras atitudes consideradas impopulares e inusitadas, como a suspensão da realização das provas de trufe em dias de semana, a proibição de brigas de galo e da utilização de biquíni nas praias, marcaram a cura passagem de Jânio Quadros pelo governo brasileiro. Alegando a ação de “forças terríveis” contra o seu governo, Jânio Quadros anunciou sua renúncia ao cargo de presidente da República no dia 25 de agosto de 1961, apenas oito meses depois de assumir a função de comandante máximo da nação.

A renúncia do presidente Jânio Quadros, entretanto, não representou uma solução para a crise poli-tica. Ao contrário, a situação se agravou com o problema sucessório. A Constituição determinava a posse do vice-presidente eleito, João Goulart. Acontece que Jango, como era popularmente conhecido, encontrava-se em viagem à China quando da renúncia de Jânio. Lembre-se de que a China era um país comunista, e essa visita do vice - presidente, mais uma vez, suscitou o já tradicional temor da burguesia brasileira de que as ideais socialistas se expandissem pelo país. Enquanto se aguardava o retorno de João Goulart, a Presidência da República foi provisoriamente ocupada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazilli. Governo João Goulart (1961-1964)

Enquanto muitos políticos clamavam pela legalidade e defendiam o cumprimento da Constituição, outras importantes lideranças, como os ministros militares, eram contrários à posse de Jango. Diante do impasse político, a solução encontrada foi a aprovação de uma emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo no Brasil.

Mas, afinal, que diferença faria a posse de João Goulart em um regime parlamentarista ou na tradicional República presidencialista? Lembre-se de que, no sistema parlamentarista de governo, o presidente da República exerceria apenas a função de chefe de Estado, com poderes limitados, já que o chefe de governo (Poder Executivo) seria confiado a um Primeiro-Ministro, eleito pelo Congresso Nacional. O sistema parlamentarista, portanto, foi visto como uma boa alternativa para contornar a crise e garantir a posse do presidente João Goulart.

Garantida a posse (01/09/1961), o período de governo do presidente Jango contou com a participação consecutiva dos primeiros - ministros Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima. Este último foi responsável pela proposta de realização de um plebiscito (consulta popular) para que o eleitor escolhesse entre a permanência do regime parlamentarista ou a volta do presidencialismo.

O plebiscito realizado em 06 de janeiro de 1963 possibilitou a restituição do regime presidencialista no Brasil. A grande maioria dos cidadãos brasileiros (nove em cada dez eleitores) rejeitou a manutenção do parlamentarismo. Dessa forma, o presidente João Goulart teve restabelecidos seus poderes de chefe do Poder Executivo e pôde colocar em prática suas propostas de governo.

João Goulart precisou contornar o quadro de crescente instabilidade econômica e social que marcou o país no início da década de 1960. Naquele período, o aumento das greves operárias por todo o

país assustava a elite econômica, preocupada com a organização do movimento operário nas grandes cidades. No campo, o surgimento dos movimentos de luta pela reforma agrária também gerou receio entre os latifundiários. As chamadas Ligas Camponesas, fundadas em 1962, pelo líder Francisco Julião, questionavam a concentração fundiária e exigiam a democratização do acesso à terra.

Era visível, portanto, a dificuldade de Jango em administrar a instável realidade política e socioeconômica do período. Diante desse cenário, o presidente passou a defender a realização de amplas reformas que, segundo ele, seriam capazes de reduzir as desigualdades e injustiças sociais.

Ao anunciar as chamadas Reformas de base, em comício realizado na Central do Brasil (RJ), em 13 de março de 1964, João Goulart provocou forte reação dos setores mais conservadores da sociedade brasileira e reforçou, entre a burguesia, o já tradicional receio da provável implantação do socialismo no país, especialmente porque entre as propostas de reforma defendidas pelo presidente João Goulart estava a reforma agrária, proposta que atingia diretamente os interesses dos grandes proprietários rurais, ou seja, de uma significativa parcela da elite econômica do país. As propostas reformistas anunciadas pelo presidente Jango não foram bem aceitas pela maior parte da elite brasileira. A reação conservadora foi imediata. Em 19 de março de 1964, uma multidão calculada em aproximadamente 500 mil pessoas saiu às ruas de São Paulo na famosa manifestação conhecida como a Marcha da família com Deus pela liberdade.

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Era comum entre a burguesia brasileira a opinião de que o governo João Goulart, por meio de suas reformar, implantaria o socialismo no Brasil, e foi esse o “argumento” utilizado para justificar a reação conservadora e o apoio ao golpe que depôs o Presidente em 1964. Entretanto, sabe-se que não havia uma posição clara do governo em defesa do sócialismo. Essa visão era muito mais fruto do receio da elite do que propriamente uma postura ideológica por parte do governo brasileiro.

13. OS GOVERNOS MILITARES

Antecedentes

O período, que vai de 1964 a 1985, foi marcado fundamentalmente pela presença dos militares na vida política brasileira. Cinco generais presidentes sucederam-se no poder Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo.

Instalados no poder, os militares e seus aliados civis suprimiram inúmeros aspectos da organização nacional, baseada na Constituição de 1946, estabelecendo um regime autoritário, centralizador em relação aos Estados, conservador em muitos aspectos e modernizador noutros tantos.

O governo militar cortou o diálogo com a sociedade, interrompeu o debate nacionalista que buscava a solução para o nosso atraso, passando a ditar regras, cassando o direito de voto dos cidadãos e calou a oposição através de censura e da repressão.

O regime militar, baseado num modelo econômico que aumentou a concentração de renda e realizou ampla abertura ao capital estrangeiro, teve seu momento de apogeu entre os anos de 1967 e 1973, após o que, entrou em fase de progressiva crise econômica e lenta abertura política, visando ao retorno do regime democrático.

O poder militar em Brasília

1) O Governo Castelo Branco (1964/1967)

Derrubado João Goulart do poder, os ministros militares, Arthur da Costa e Silva, do Exército, Correia de Mello, da Aeronáutica e Augusto Rademaker, da Marinha, assumiram o comando político do país e escolheram para ocupar o cargo o cargo de presidente

da República, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.

No dia 9 abril de 1964, era decretado o primeiro de uma série de atos políticos que tinham como objetivo dar uma capa de legalidade às decisões dos militares. Estes atos eram denominados Atos Institucionais (A.I). Este A.I. nº 1 tornava a eleição para presidente da República indireta, isto é, sem o voto popular.

No dia 11 de abril de 1964, o Congresso Nacional aceitou a indicação dos ministros militares e Castelo Branco assumiu o cargo de presidente no dia 15 de abril do mesmo ano. Deveria governar até 31 de janeiro de 1966, completando o período de Jânio e Jango, porém seu mandato foi prorrogado até 15 de março de 1967.

Como primeiro ato de seu governo Castelo Branco revogou os decretos de Jango que promovia as reformas de base, revogando os decretos de nacionalização das refinarias de petróleo, assim como o que desapropriava as terras.

Iniciou um violento processo de repressão política, contra aqueles que eram considerados opositores do regime militar:

a) cassou, suspendendo, os direitos política de 378 pessoas, entre as quais três ex-presidentes:

b) Juscelino, Jânio e Jango - seis governadores, entre eles, Magalhães Pinto, de Minas Gerais e Carlos Lacerda, da Guanabara, que apoiaram o golpe e 55 membros do Congresso Nacional.

c) demitiu 10.000 funcionários públicos

d) mandou instaurar 5.000 inquéritos, envolvendo 40.000 pessoas.

e) desenvolvida uma política externa de aproximação com países da área socialista, apesar, de eleito por correntes conservadoras.

f) estimulada uma política de reforma de bases, com vistas à modernização do Brasil. No plano econômico, liberou a remessa de lucro

das empresas estrangeiras no Brasil, permitindo que as multinacionais ficassem livres para mandar dinheiro para fora do país.

Instituiu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), acabando desta forma com a estabilidade de emprego para o trabalhador brasileiro, permitindo assim que as empresas passassem a dispensar a mão-de-obra a qualquer momento, transformando-o em instrumento de pressão sobre o

trabalhador. Estabeleceu um amplo programa de controle sobre os salários e sobre os movimentos operários, intervindo nos sindicatos, proibindo e reprimindo greves.

Em 27 de outubro de 1965, decretou o AI-2 que estabelecia, entre outras decisões, as seguintes:

a) maiores poderes para o presidentes fazer o Congresso aprovar as leis.

b) competência da Justiça Militar para julgar civis que, de acordo com o governo, tivessem cometido crimes contra a segurança nacional.

c) fechou os partidos políticos e, depois de algum tempo, reorganizou-os sobre a forma do bipartidarismo ou seja, apenas dois partidos. c1) um da situação, isso é, favorável ao

governo: a ARENA (Aliança Renovadora nacional)

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c2) um de aposição, isto é, contrário ao governo: MDB (Movimento Democrático Brasileiro).

Em 5 de fevereiro de 1966, era a vez de ser

instituído o AI-3, determinando que os governadores e vice-governadores também seriam eleitos de maneira indireta, além de que os prefeitos das capitais não seriam eleitos e sim, nomeados pelos governadores dos respectivos Estados.

Mais tarde, os prefeitos de outras centenas de município passariam a ser também indicados pelos governadores, sob a justificativa de municípios de segurança nacional.

Dentro deste quadro, aqueles que tentassem discordar, eram presos, cassados, exilados ou ainda, poderiam viver em perigosa clandestinidade. Universidades colégios e sindicatos eram invadidos pela polícia, vários elementos destas categorias foram presos e submetidos aos chamados IPM’s (inquéritos Policiais Militares).

2) O Governo Costa e Silva (1967/1969)

O marechal Artur da Costa e Silva assumiu a

presidência, em 15 de março de 1967, contra a vontade do Marechal Castelo Branco, porém como Costa e Silva era ministro do Exército e contava com apoio dos seus comandados, acabou por assumir o mandado presidencial.

Costa e Silva passa a governar com uma nova Constituição, a quinta do período republicano, que havia sido outorgada no dia 24 de janeiro de 1967.

Esta Constituição dava grandes poderes ao presidente da República, sendo modificada nova-mente por uma emenda constitucional de 17 de outubro de 1969. De acordo com sua nova versão, apenas o presidente da República poderia propor leis sobre:

matéria financeira criação de cargos, funções ou empregos

públicos. fixação ou modificação dos eleitos das Forças

Armadas. organização administrativa ou judiciária, matéria

tributária e orçamentária. serviços públicos e administração do Distrito

Federal. servidores públicos da União. concessão de anistia relativa a crimes políticas.

Aspecto parcial da Passeata dos Cem Mil, gigantesca manifestação popular contra a ditadura realizada em 26 de junho de 1968, no Rio de Janeiro.

Durante o governo do marechal Costa e Silva, cresceram no país manifestações públicas contra a ditadura militar. Apesar de uma repressão policial violenta, estudantes saíram às ruas em passeatas, operárias organizaram greves contra o arrocho salarial, os políticos mais corajosos faziam discursos atacando a violência da ditadura. Os padres progressistas pregavam contra a fome do povo e a tortura que passou a ser praticada pelos órgãos de segurança contra os adversários da ditadura.

No Rio de Janeiro, em 1968, mais de cem mil pessoas saíram à rua em passeata, protestando contra o assassinato do estudante Édson Luís, de 18 anos, pela polícia.

O ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, tentou então promover uma união das diversas correntes políticas, contra o movimento que ele mesmo havia apoiado em 1964.

A proposta política era formar uma ampla frente para defender a promulgação de uma nova Constituição, pena anistia, por eleição diretas em todos os níveis, daí a aproximação com os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Diante das pressões da sociedade em favor da democracia, o governo militar reagiu de maneira extremamente forte. Foi decretado no dia 13 de dezembro de 1968 o A.I-5, o mais violento dos instrumentos de força lançado pelo regime militar.

Utilizando-se do AI-5, o governo prendeu milhares de pessoas em todo o país, entre as quais destacamos Carlos Lacerda, o marechal Lott e Juscelino.

Fechou o Congresso nacional por tempo indeterminado;

Cassou os mandatos por dez anos de 110 deputados federais, 160 deputados estaduais, 163 vereadores, 22 prefeitos e afastou ainda, 4 ministros do Supremo Tribunal Federal;

Decretou o confisco de bens.

Em agosto de 1969, o general Costa e Silva adoeceu e foi impedido de continuar exercer a presidência. Pela Constituição, quem deveria assumir era o vice-presidente, o civil Pedro Aleixo.

Os ministros militares, Lyra Tavares, do Exército, Augusto Redemaker, da Marinha e Souza Mello, da Aeronáutica, impediram a posse de Pedro Aleixo, formando uma junta provisória que governou o Brasil durante dois meses.

Durante este período, os militares promoveram uma série de modificações na Constituição de 1967, numa nova emenda que, na prática dava mais poderes ao presidente.

3) O Governo Médici (1969/1974)

No dia 22 de outubro, após dez meses de recesso, o Congresso já sem os deputados cassados pelo AI-5 foi reaberto para receber a indicação do General Garrastazu Médici à presidência da República. No dia 25 do mesmo mês, o general Médici era eleito e no dia 30 de outubro tomava posse no cargo.

Durante o governo Médici, o país passaria pelo período mais repressivo de todos os governos militares. Os atos terroristas como seqüestros de

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pessoas e aviões, assaltos a bancos etc, atingiram o auge: no centro do país, na região do rio Araguaia, organizou-se a guerrilha que pretendia derrubar o governo à força.

O AI-5 continuaria sendo utilizado e nenhuma medida abrandaria a ditadura plena, imposta após a sua decretação. Já no meios de comunicação sofreram e censura prévia.

Os DOI - CODI conquistavam autonomias e, em pouco tempo, liquidaram grupos terroristas de extrema esquerda. Avançaram também, contra outros setores da sociedade, criando um clima de temor e insegurança entre todos aqueles que ousavam buscar formas de repúdio à situação.

Diante deste quadro não era de se espantar que um número cada vez maior de intelectuais e artistas procurassem exílio em outros países, como forma de não sofreram retaliações. Por outro lado, o modelo econômico adotado gerou um rápido crescimento que entre 1969 e 1973 atingiu taxas que variaram entre 7% e 13% ao ano, o que os meios de comunicação passaram a chamar ufanisticamente de “milagre brasileiro”, levando à euforia o empresariado brasileiro e o capital estrangeiro.

A classe média encontrava várias oportunidades de empregos com o crescimento da atividade das multinacionais no país, além, é claro, de um aumento no padrão de consumo, resultado numa sofisticação desconhecida por muitos. O responsável, por tal crescimento, foi a expansão do crédito ao consumidor.

Beneficiada pelo crescimento econômico, a classe média, de uma maneira geral, passou a legitimar o governo e suas atitudes ou, pelo menos, a se omitir quanto à participação política. Nas eleições de novembro de 1970, a ARENA foi vitoriosa, mas a oposição incentivando os votos brancos e nulos, obteve 30%.

Os anos 70 foram marcados pela polarização política, resultando na adoção por parte do governo de uma política ufanista sustentada por slogans do tipo “Brasil, ame-o ou deixe-o”, o Brasil era tricampeão de futebol no México em 1970, eram realizados festivais de músicas populares etc. Em fins de 1971, foi instituído o I PND (Plano Nacional de Desenvolvimento); além deste, foi criado ainda o PIN (Programa de Integração Nacional).

É neste período que são iniciadas as obras monumentais ou faraônicas, algumas das quais jamais concluídas até hoje como é o caso da Rodovia Transamazônica; outras obras deste período, por exemplo: a hidrelétrica de ilha Solteira e a ponte Rio-Niterói (Ponte Costa e Silva).

Apesar da modernização e do crescimento econômico acelerados, muitas camadas da população não se beneficiaram com o “milagre”. A este setores, os economistas do governo, cujo grande representante era o ministro Delfim Neto, afirmavam que “É preciso primeiro fazer crescer o bolo, para depois dividi-lo”.

O resultado deste modelo de política econômica pode ser sentido ao tomarmos conhecimento dos seguintes dados:

1964, morriam 70 crianças para cada 1.000 nascidas.

1979, morriam 92 crianças para cada 1.000 nascidas.

1972, dos 3.950 municípios, somente 2.638 possuíam abastecimento de água encanada.

1973, existiam 600 mil menores abandonados na cidade de São Paulo e no fim dos anos 70, o número chegava a 10 milhões em todo o Brasil.

Segundo o Banco Mundial, em 1975 existiam 70 milhões de analfabetos no país.

4) O Governo Geisel (1974/1979) Com o fim do mandato de Médici, outro general

era indicado e eleito indiretamente pelo Colégio Eleitoral para a Presidência da República: o general Ernesto Geisel que fazia parte de um grupo de oficiais militares favoráveis à devolução gradual do poder aos civis.

O novo presidente estava disposto a promover, conforme suas palavras, um processo gradual, lento e seguro de abertura democrática. O governo Geisel começou sua ação democratizante, diminuindo a censura sobre os meios de comunicação, ficando este mecanismo restrito a jornais, O Pasquim, o São Paulo (publicação de Arquidiocese paulista).

Garantiu, ainda, a realização, em 1974, de eleições livres para senadores, deputados e vereadores, antecedidas de amplo debate político pela televisão. O resultado foi que:

- O MDB, partido único de oposição obteve aproximadamente 15 milhões de votos e elegeu 16 senadores, contra 5 da ARENA, partido governista. O resultado acabou assustando os militares de linha dura.

A idéia de uma abertura democrática na política amedrontava certos setores militares de linha dura continuaram a agir de maneira violenta.

Em outubro de 1975, o DOI-CODI de São Paulo, órgão da repressão, ligado ao II Exército, efetuou inúmeras prisões de supostos membros do partidos Comunista Brasileiro, entre os quais o jornalista Vladimir Herzog, que mais tarde foi encontrado morto em, sua cela.

Contra todas as evidências, o comandante do a II Exército, general Ednardo D’Ávila Mello, apresentou uma declaração para os meios de comunicação, afirmando que o jornalista havia praticado o “suicídio”. Diante de tal afirmação, o Cardeal D. Pedro Evaristo Arns, realizou na Catedral da Sé, um culto ecumênico, como forma de demonstração de desagrado das oposições.

Em janeiro de 1976, novamente no DOI-CODI de São Paulo, outro “suicídio” era anunciado, desta vez do operário Manuel Fiel filho. Tal fato provocou uma rápida reação do presidente Geisel, substituindo o general Ednardo D’Ávila Mello, por um oficial de sua confiança. Tal atitude delimitou a atuação dos setores radicais dos militares.

Temeroso de um rápido avanço das oposições, o presidente Geisel retrocedeu no processo de abertura política: em 1976, decretou uma lei que limitava a propaganda eleitoral dos candidatos no rádio e televisão, reduzindo a apresentação do nome, número e currículo dos candidatos, sem que houvesse debates.

Em abril de 1977, decretou o chamado “pacote de abril”, uma série de medidas autoritárias, entre as quais destacamos:

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um entre os dois senadores que seriam eleitos em cada Estado, seria escolhido diretamente pelo governo, instituindo-se, assim, o chamado “senador biônico”, isto é, senadores não eleitos por voto popular.

os governadores continuaria sendo escolhidos em eleições indiretas.

o mandato do seu sucessor foi aumentado para seis anos.

Em outubro de 1978, válido somente para vi-gorar

a partir de 1º de janeiro de 1979, Geisel revogou os atos institucionais, entre eles o famoso AI-5.

No plano econômico, Geisel elaborou o II PND, enfatizando a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção (máquinas, equipamentos pesados, aço, cobre, energia elétrica etc), a fim de se obter uma significativa infra-estrutura econômica para o progresso econômico-industrial do país.

No período, estimularam-se grandes obras visando ao “desenvolvimento e ao crescimento” do país, nos seguintes fatores:

Setor de Mineração - exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás, extração da bauxita (minério de alumínio), através da ALBRAS e da ALUNORTE.

Setor Energético - construção de potentes usinas hidrelétricas, como Itaipu, Sobradinho, Tucuruí etc, além da assinatura do acordo de cooperação Brasil-Alemanha Ocidental, no plano da energia nuclear, para a implantação de oito reatores nucleares no Brasil.

Ao final do governo Geisel, pode-se dizer que

houve um certa disputa na eleição indireta para presidente da República, envolvendo os seguintes nomes:

Pela Arena, disputavam os candidatos general João Batista de Oliveira Figueiredo e como vice-presidente, Aureliano Chaves.

Pelo MDB, disputavam os candidatos general Euler Bentes Monteiro e como vice-presidente, Paulo Brossard.

Na votação do Colégio Eleitoral, o general Figueiredo obteve 335 votos contra 266 do general Euler Bentes.

Leitura Complementar Brasil: Nunca Mais Diz o artigo 50 da Declaração Universal dos

Direitos Humanos, assinada pelo Brasil, que “ninguém será submetido à tortura ou castigo cruel, desumano ou degradante”.

Em vinte anos de regime militar, esse princípio foi ignorado pelas autoridades brasileiras. A pesquisa do projeto “Brasil Nunca Mais” (1964/1979) mostrou quase uma centena de modos diferentes de tortura mediante agressão física, pressão psicológica e utilização dos mais variados instrumentos aplicados aos presos políticos brasileiros. Instrumentos de tortura,o “afogamento”, a “geladeira”,a cadeira do dragão”, o uso de produtos químicos”, pau de arara, etc.

Durante a ditadura militar, a tortura foi utilizada em pessoas de todas idades, sexo ou situação física e psicológica. Assim, crianças foram sacrificadas diante

dos pais, mulheres grávidas tiveram seus filhos abortados, esposas sofreram para incriminar seus maridos.

O emprego da tortura foi peça essencial da engrenagem repressiva posta em movimento pelo regime militar que se implantou em 1964.

14. A TRANSIÇÃO PARA A DEMOCRACIA

1) O Governo Figueiredo (1979/1985)

Durante o governo do general Figueiredo as manifestações populares foram crescendo através de movimentos de críticas às decisões autoritárias e centralizadoras do governo militar. Diversos setores da sociedade brasileira (sindicatos de trabalhadores, grupos de empresários, Igreja, associações artísticas científicas, universidades e imprensa), passaram a reivindicar a redemocratização do país.

Diante de tal situação, o governo assumiu o compromisso de realizar a “abertura política” e devolver a democracia ao Brasil. Diante deste processo de abertura política, os sindicatos representativos das classes trabalhadoras se fortalecem e reaparecem as primeiras greves contra o achatamento salarial.

Dentre estas greves, devemos destacar a dos operários metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em São Paulo, onde começou a surgir a figura de Luís Inácio Lula da Silva, que mais tarde vai se transformar no candidato à presidência da República pelo PT.

A campanha da sociedade pela redemocratização do país obteve os primeiros resultados positivos, entre os quais podemos destacar:

Anistia ampla e geral, vigorando para todos aqueles que foram punidos pelo governo militar. Desta forma, vários brasileiros que ainda se encontravam no exílio, puderam retornar ao país.

Os cassados foram reabilitados na sua cidadania.

Porém, no segmento militar, aqueles que foram

punidos pelo governo, não puderam voltar às Forças Armadas, o que não conferiu à anistia um sentido irrestrito.

bipartidarismo foi eliminado, instituindo-se em seu lugar. O pluripartidarismo, com o aparecimento de novos partidos políticos para disputar as eleições. O aparecimento de novos partidos ocorreu a partir da fragmentação do MDB, visto que a ARENA permaneceu basicamente unida. Desta forma apareceram:

ARENA – PDS (Partido Democrático Social) MDB – PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) PT (Partido dos Trabalhadores) PDT (Partido Democrático Brasileiro) PTB (Partido Trabalhista Brasileiro)

No plano econômico, o ministro do Planeja-mento, Delfim Neto, procurou executar o II PND, que apresentava como principal preocupação promover o crescimento da renda nacional e do emprego o controle

da dívida externa; o combate à inflação, o desenvolvimento de novas fontes de energia.

O governo, no plano energético, lançou o chamado Pró-álcool (programa Nacional do Álcool),

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visando substituir gradualmente o petróleo importado, que passava neste momento por uma forte crise, com o

aumento dos preços internacionais. Lembram-se: “Carro a álcool”, “você ainda vai ter um”.’

1. Dívida Externa - após obter empréstimo junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil tornou-se subserviente aos banqueiros internacionais, estabelecendo uma grande ciranda financeira, contraindo novos empréstimos para saldar os antigos, ficando cada vez mais endividado. 2. Inflação - Os desequilíbrios econômicos acabaram levando a infração durante o governo Figueiredo a alcançar cifras de mais de 200% ao ano, tendo os trabalhadores seus salários corrigidos pela alta diária do custo de vida. 3. Desemprego - provocado pela falta de investimentos nos setores produtivos, na expansão das empresas, acabando por provocar uma redução do crescimento econômico e, conseqüentemente, do desemprego. Em 1983, a situação no Rio e em São Paulo tornou-se desesperadora, com os saques a supermercados.

No plano político, a abertura provocou descontentamento entre os militares de extrema direita, que começaram a provocar os chamados “atentados terroristas”. 1º em 1980, em São Paulo e Minas, as bancas de

revistas e jornais, que vendiam publicações consideradas “subversivas”, sofreram incêndios.

2º em julho, durante a vista do Papa João Paulo II ao Brasil, o jurista Dalmo Dallari, notório opositor do sistema e que iria discursar na presença do Papa, foi seqüestrado e agredido por desconhecidos.

3º em agosto de 1980, ocorria o primeiro atentado à bomba no Conselho Federal da OAB. no Rio de Janeiro, com vítima fatal.

4º foi a vez do atentado à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na sala de um vereador do PMDB, mutilando um funcionário.

5º em 30 de abril de 1981, ocorreu o famoso episódio do atentado do Rio-centro, onde ocorria um “Show” musical em homenagem ao dia do Trabalho. Uma bomba explodiu dentro de um carro, no colo do sargento do Exército, Guilherme Pereira do Rosário, especialista em explosivo, matando-o instantânea-

mente e ferindo gravemente o capitão Wilson Machado, que dirigia o carro. Outra bomba havia sido colocado na casa de forças, mas não chegou a explodir.

Depois de várias investigações, os militares

concluíram que o capitão e o sargento tinham sido vítimas de terroristas não identificados.

Nas eleições de 1982, o povo demonstrou sua insatisfação elegendo um grande número de candidatos da oposição nos principais estados brasileiro. Finalmente, no dia 15 de março de 1983, assumiram o poder os novos governadores escolhidos em eleições populares.

Nada mais fácil de entender que as pressões exercidas pelas camadas populares para que o sucessor de Figueiredo fosse escolhido através de eleições diretas, fizesse surgir daí a chamada campanha das “Diretas Já”.

No dia 25 de abril de 1984, em Brasília Goiânia e mais nove municípios sob estado de emergência, o Congresso nacional votou a emenda Dante de Oliveira

298 deputados votaram a favor, 65 contra, três abstiveram-se a 112 não compareceram. Resultado final: faltaram 22 votos para que a emenda fosse aprovada. Continuava a eleição presidencial feita de forma indireta.

15. A NOVA REPÚBLICA

Com a derrota da emenda, os partidos de

oposição iniciaram articulações para derrotar o regime militar no próprio Colégio Eleitoral. O PMDB, O PDT e o PTB, tentaram atrair setores descontentes do PDS, O PT porém, os manifestou contra a ida ao Colégio Eleitoral.

Em julho de 1984, o senador José Sarney renunciou à presidência do PDS e articulando com outros elementos dissidentes do partido, acabaram fundando o PFL (Partido da Frente Liberal). Em julho, o PFL e o PMDB formaram uma aliança política, lançando Tancredo Neves para presidente da República e José Sarney para vice-presidente.

Em agosto de 1984, Paulo Salim Maluf derrotava, na convenção do PDS, o candidato Mário Andreazza, que era apoiado por Figueiredo. A derrota de Andreazza provocou uma maior dissidência no PDS, aumentando o apoio ao grupo oposicionista, representado por Tancredo e Sarney.

Em 15 de janeiro de 1985, finalmente, Tancredo Neves era eleito em votação indireta no Colégio eleitoral para o cargo de presidente da República, com 480 votos a favor e 180 contra.

Tancredo, porém, não chegou a tomar posse adoecendo, vítima de diverticulite, depois de um longo e penoso período de enfermidade, acabou falecendo no dia 21 de abril de 1985, após sofrer sete intervenções cirúrgicas.

Como determinava a Constituição, o vice-presidente José Sarney assumiu a presidência iniciando a chamada Nova República.

José Sarney - (1985 - 1990) Recebeu o Governo com uma Pesada herança: Dívida Externa (U$ 100 bilhões) e Inflação de 230%.

Reformas: Retirou o “Entulho Autoritário” da

Legislação brasileira, deixado pelo Regime Militar, entre eles:

a) Suspensão das Medidas de Emergência.

b) Suspensão dos Direitos Políticos sem Licença do Congresso.

c) Suspensão dos Decretos-leis, Censura de Imprensa, das ineligibilidades e o Estatuto dos Estrangeiros. Manteve: S.N.I. (Só foi extinto em 3-1990) Lei de Segurança Nacional para defender o

Cidadão e não o Estado. O Congresso aprovou em Maio de 1985 e

emenda Constitucional nº. 25 que estabelecia:

a) Eleições Diretas para Presidentes e Prefeitos das Capitais, municípios, estâncias, etc.

b) O fim da Fidelidade Partidária.

c) A concessão do Direito de Voto ao analfabeto.

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d) Criação dos novos Partidos P.C.B., P.C. do B., além dos já existentes - PMDB, PTB, PT, PDT e PDS.

Velhas Estruturas - Apesar das Reformas e

aparência Democrática, corrupção: Abi-Ackel - (Contrabando de Pedras Preciosas) Fraude na concorrência nas obras de construção da

Ferrovia Norte-Sul. Fraude na concorrência das obras da empresa de

captação de águas no Rio de Janeiro. Impeachment - Caso arquivado Durante o período de cinco anos do governo

Sarney, o Brasil enfrentou diversos problemas de ordem econômica, tais como:

Dívida Externa (100 bilhões) recordes de taxas inflacionárias (230%) diversas crises ministeriais (só da pasta da

Fazenda foram quatro ministros) vários planos econômicos, visando promover a

estabilidade econômica, provocando mudanças nas regras da economia.

No plano político-institucional, enquanto governo de transição, provocou mudanças que se transformaram em avanços políticos importantes, tais como:

a convocação de uma Assembléia Constituinte. a promulgação de uma nova Constituição, a de

1988. o estabelecimento de eleições diretas em todos

os níveis. o estabelecimento de eleições diretas em todos

os níveis. a legalização de todos os partidos políticos,

inclusive os comunistas e socialistas, respeitando todos as tendências.

Em conseqüência destas situações, o país renovou os governadores, senadores deputados, prefeitos e vereadores e, quase trinta anos depois, poder votar para presidente da República.

Em contra-partida, no plano econômico, as crises agravaram-se, com índices de inflação acima de 1.000% ao ano, além da queda das reservas cambiais em níveis extremamente críticos para um país. A conseqüência de tal situação acabou sendo a decretação unilateralmente da moratória da dívida externa (suspensão do pagamento).

Na tentativa de reestruturar a economia foram criados vários planos de estabilidade econômica:

Cruzado I - Tratamento de choque na economia

(28-02-1986) Dilson Funaro: Estabeleceu: Mudança da moeda Congelamento de Preços por um ano Gatilho Salarial - reajuste de acordo com a

inflação (20%) Seguro desemprego Extinção da correção monetária e criação das

OTNs Observação: Euforia do mercado, consumismo, quebra do plano.

Plano Cruzado II - (Novembro de 1986) – Descongelamento de preços (provocou reajuste de até 120%)

Ressuscitou a correção monetária - (Certificado do Banco Central)

Extinção do BNH Moratória Unilateral - Suspensão do

Pagamento da Dívida Externa. Plano Bresser Pereira - (Junho - 1987) Decretou: Congelamento por 90 dias de preços,

Salários e Aluguéis. Extinção do Gatilho Salarial. Criação da U.R.P. (Unidade de Referência

de Preços). Fim do subsídio do trigo. Suspensão de Obras Públicas - O Plano

provocou retração no mercado de compra.

Plano Verão (Janeiro - 1989) Mailson de Nó-brega - Foge aos choques e congelamento, era Política de combate à inflação. Procurou:

a) Combater o Déficit público (Congelou salários de funcionários Públicos, apertou o crédito aos Estados, criou o trileão)

b) Diminuiu a circulação de moeda. Resultado negativo: Inflação do ano foi de 933%. Queda do P.I.B. - Déficit Público continuou crescendo. Plano Verão - 15-01-1989 - suas principais medidas foram:

a) Novo congelamento de preços.

b) Substituição do cruzado pelo cruzado novo (Suprimia 3 zeros)

c) Extinção da: Correção monetária, O.T.N., e da URP.

d) Reajuste de salário com inflação do mês.

e) Elevou taxas de juros, resultado: Temor da Hiperinflação leva o investidor a especulação: Ouro, Dólar, Ações, Overnight, etc. Em 1989, depois de 25 anos de regime militar,

realizou-se a primeiro eleição direta para presidente da República. Venceu a eleição, realizada como manda a Constituição Brasileira, em dois turnos, o candidatos Fernando Collor de Mello, derrotando no segundo turno o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva.

No dia 15 de março de 1990, Collor tomava posse como presidente. A situação econômica era bastante grave, a inflação no último mês de governo Sarney atingiu quase 90% aumentando a expectativa quanto às medidas econômicas do novo governo.

Anunciando parte das medidas, no dia da posse, Collor “disparada a única bala para matar a inflação”. Entre a medidas anunciadas, encontrávamos:

bloqueio de grande parte do dinheiro que as pessoas e empresas possuíam em conta corrente nos bancos, cadernetas de poupança ou em outras formas de investimentos.

venda de diversas empresas do governo (estatais) à iniciativa privada - privatização.

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demissão de militares e de funcionários públicos.

Tais medidas provocaram um grande impacto na sociedade, provocando a queda das taxas de inflação para menor de 10% nos primeiros meses da administração. No entanto, a falta de meio circulante (dinheiro), provocou também uma forte retração das atividades econômica no país.

Depois de alguns meses, o processo inflacionário retomou, alcançando taxas em torno de 23 a 25% ao mês no início de 1992. Já em meados de 1991, começavam a circular boatos e denúncias de corrupção, envolvendo elementos do governo, como ministros e altos funcionários da administração pública.

Em 1992, Collor modificou o seu ministério, tentado esvaziar as denúncias porém seu irmão Pedro Collor, acusou o tesoureiro da campanha de Collor, Paulo César Farias, mais conhecido como PC, de obter vantagens para empresários em troca de contribuições para a campanha Collor.

Em 25 de maio de 1992, o Congresso Nacional instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as acusações. Após meses de investigações, a CPI revelou para o país os suspeitos de envolvimentos nos negócios do governo.

Em 29 de setembro de 1992, a Câmara autorizou o Senado a abril processo contra o presidente, que foi imediatamente afastado do poder. Três meses depois, o Senado julgou Collor e este, percebendo que não teria possibilidade de defesa, renunciou ao cargo.

Mesmo com o pedido de renúncia, o Senado, dirigido pelo Presidente do supremo Tribunal Federal, ministro Sydney Sanches, continuou o julgamento e considerando-o culpado, suspendeu os direitos políticos de Collor por oito anos.

No mesmo dia, assumia o cargo o vice-presidente Itamar Franco que, provisoriamente ocupou o cargo de presidente da República.

Governo Itamar Franco - (1992 - 95). Seu Governo oscilou entre Medidas Populares

(Populistas) e Comportamento apático e hesitante. Ocorre o Plebiscito para Forma de Governo do Brasil.

Governo das C.P.Is - Orçamento, Previdência, TV

Jovem Pan, Processos Contra Empreiteiras (Super-faturavam os Custos das Obras) etc.

Junto a moralização das Instituições surge o Movimento Espontâneo Contra a Fome. (Abril de 1993)

Elaboração do Plano Real, Ministro Fernando Henrique Cardoso, da Fazenda.

Governo Fernando Henrique Cardoso –

(1995 - 1998) Concretização do Plano Real. Revisão Constitucional (Reformas). Favoreceu a Política da Cidadania. Reabriu

Processos do Período da Ditadura, Reconheceu a Morte de 136 Desaparecidos Concedeu Atestado de Óbito e Indenizações.

Plano Real - (Julho/ 1994) - Não foi um Pacote de Medidas de Choque, Mas sim um Plano precedido de

etapas preparatórias que deram possibilidade de acomodação do mercado e reequilíbrio das Contas do Governo.

Medidas - Primeiros Semestre de 1994.

Criação do (F.S.E) Fundo Social de

Emergência - Retém 15% da Arrecadação de todos os Impostos e Contribuições Federais.

Controle da Emissão de Moeda - Ficou a cargo do Conselho Monetário Nacional.

Criou a URV - Unidade Real de Valor, uma maneira de indexar o dólar comercial para medir a inflação diária e não a passada.

Converteu os Salários e Aposentadorias em U.R.V. pela média dos últimos quatro meses (Após reajustar em 12 meses).

Conversão voluntária dos preços a U.R.V. Transformação da U.R.V. em Moeda

Nacional em 01.07.1994.

16. SÍMBOLOS DE PERNAMBUCO

Bandeira de Pernambuco

A bandeira de Pernambuco foi idealizada pelos revolucionários de 1817 e oficializada, anos depois, pelo governador Manoel Antonio Pereira Borba. A cor azul do retângulo superior simboliza a grandeza do céu pernambucano; a cor branca representa a paz; o arco-íris em três cores (verde, amarelo, vermelho) representa a união de todos os pernambucanos; a estrela caracteriza o nosso estado no conjunto da Federação; o sol é a força e a energia de Pernambuco; finalmente, a cruz representa a fé na justiça e no entendimento. Brasão de Pernambuco

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O brasão de Pernambuco foi oficializado pelo

governador Alexandre Barbosa Lima, em 1895. O leão representa a bravura do povo pernambucano; os ramos de algodão e de cana-de-açúcar simbolizam nossas riquezas; o sol é a luz cintilante do equador; as estrelas são os municípios. Ainda estão no brasão o mar e o farol de Olinda. Na faixa, aparecem as datas históricas mais importantes do estado: 1710 (guerra dos Mascates), 1817 (Revolução Pernambucana), 1824 (Confederação do Equador) e 1889 (Proclamação da República).

O hino de Pernambuco

O hino de Pernambuco foi composto no ano de

1908, e exalta as belezas, as conquistas históricas e o passado de batalhas do povo pernambucano. Tem letra de Oscar Brandão da Rocha e música de Nicolino Milano.

É bastante conhecido pelos pernambucanos, pois, além de ser ensinado nas escolas, ele é frequentemente executado em eventos e em peças publicitárias.

No ano de 2002, o Governo do Estado de Pernambuco, em parceria com a Prefeitura do Recife e a Secretaria de Turismo do Estado, promoveu uma maior divulgação do hino através de sua regravação nos mais variados ritmos, como frevo, forró e manguebeat. Artistas consagrados como Alceu Valença, Dominguinhos, e Cannibal fizeram parte deste projeto. Coração do Brasil, em teu seio Corre o sangue de heróis - rubro veio Que há de sempre o valor traduzir. És a fonte da vida e da história Desse povo coberto de glória, O primeiro, talvez, no porvir. Estribilho: Salve ó terra dos altos coqueiros, De belezas soberbo estendal, Nova Roma de bravos guerreiros, Pernambuco imortal! Imortal! Esses montes e vales e rios, Proclamando o valor de teus brios, Reproduzem batalhas cruéis. No presente és a guarda avançada, Sentinela indormida e sagrada Que defende da pátria os lauréis. (Estribilho) Do futuro és a crença, a esperança, Desse povo que altivo descansa Como o atleta depois de lutar... No passado o teu nome era um mito, Era o sol a brilhar no infinito, Era a glória na terra a bilhar. (Estribilho) A república é filha de Olinda, Alva estrela que fulge e não finda De esplender com os seus raios de luz. Liberdade um teu filho proclama,

Dos escravos o peito se inflama Ante o sol dessa terra da cruz!

EXERCICIOS

01. A denominação de “Costa do Pau-Brasil”,

dada ao trecho do litoral brasileiro compreendido entre o Cabo de São Roque e Cabo Frio, demonstra a importância que a exploração dessa madeira tintorial desempenhou durante o chamado Período Pré-Colonizador. Sobre este período são corretas as afirmações abaixo, Com exceção de uma:

A) O estabelecimento do escambo entre nativos e portugueses, a utilização do trabalho indígena nas tarefas de corte e transporte do pau-brasil.

B) A ocupação esparsa do litoral brasileiro, restrita à construção de feitorias, possibilitando a presença de contrabandistas estrangeiros.

C) A devastação dos recursos naturais e a consequente eliminação das populações nativas que ocupavam as áreas de ocorrência do pau-brasil.

D) O papel secundário da nova colônia no conjunto do circuito mercantil controlado pelos portugueses.

E) O estabelecimento de contratos de arrenda-mento da exploração do pau-brasil entre o rei e comerciantes portugueses, garantindo-lhes o monopólio.

02. Nas primeiras décadas posteriores ao descobrimento, até a de 1530, as atividades portuguesas no Brasil se caracterizaram principal-mente por:

A) estabelecimento de um sistema de produção agroexportador.

B) extração de especiarias. C) instalação de um aparelho burocrático

destinado a organizar a administração da colônia.

D) realização de expedições para o conhecimento do litoral e combate ao contrabando.

E) entrega da colonização à iniciativa particular, através da divisão do território em capitanias.

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03. No período colonial, o Foral constituía-se em um documento que estabelecia:

A) o número mínimo de escravos negros necessários para a instalação de um engenho de açúcar.

B) a obrigatoriedade de os bandeirantes oferecerem índios cativos para o trabalho de mineração.

C) os direitos e os deveres dos donatários, os quais atuavam como administradores reais.

D) o compromisso de as ordens religiosas defenderem os interesses da Coroa portuguesa.

E) o princípio do “utipossidetis”, o qual consagrou a superfície aproximada do Brasil atual.

04. A colonização do Brasil se fez sob forte

impulso da economia europeia, então em ritmo acelerado de expansão. Sob esse prisma, a economia açucareira:

A) permitiu o início da ocupação efetiva do Brasil e gerou lucros para a metrópole, que passou a colocar o produto brasileiro em larga escala nos mercados europeus;

B) veio retardar o desenvolvimento da economia portuguesa interessada exclusivamente no comércio proveniente das feitorias asiáticas;

C) foi um momento inicial da exploração colonial, logo abandonado pela mineração aurífera descoberta no sertão centro-sul do Brasil;

D) nunca rendeu a Portugal o que a metrópole desejava, por ter sido o litoral brasileiro invadido por holandeses durante grande parte do período colonial;

E) iniciou-se no Sul criando uma sociedade baseada em duas classes.

05. (Unifor-CE) O sistema de Capitanias

Hereditárias, estabelecido no Brasil por D. João III, teve por finalidade principal

A) favorecer a nobreza portuguesa, limitando o crescimento da burguesia, uma vez descoberto o caminho das Índias.

B) povoar o litoral em toda a sua extensão, utilizando a iniciativa privada, para assegurar a posse do território brasileiro contra estrangeiros.

C) incentivar o desenvolvimento da lavoura algodoeira, em virtude dos altos preços do produto no mercado europeu.

D) utilizar a costa brasileira como entreposto e centro de abastecimento das expedições que se encaminhavam à África em busca de especiarias.

E) povoar a faixa litorânea e o interior do território, podendo assim desenvolver povoados além da linha de Tordesilhas.

06. (Fuvest-SP) A divisão do Brasil em capitanias hereditárias não seria apenas a primeira tentativa oficial de colonização portuguesa na América, mas também a primeira vez que europeus transportaram um modelo civiliza-tório para o Novo Mundo. A esse respeito, é correto afirmar que:

A) o modelo implantado era totalmente desconhecido dos portugueses e cada donataria tinha reduzidas dimensões.

B) representava uma experiência feudal em terras americanas, sem nenhum componente econômico mercantilista.

C) atraiu sobretudo a alta nobreza pelas possibilidades de lucros rápidos.

D) a Coroa, com sérias dívidas, transferia para os particulares as despesas da colonização, temendo perder a colônia para os estrangeiros que ameaçavam nosso litoral.

E) o sistema de capitanias fracassou e não deixou como consequências a questão fundiária e a estrutura social excludente.

07. Do ponto de vista do mercado internacional

brasileiro do açúcar no século XVII, as invasões holandesas no Nordeste brasileiro representaram:

A) A luta pela manutenção do papel de intermediários;

B) A luta pelo controle da distribuição do produto; C) A necessidade de controlar os centros

produtores; D) O interesse no controle do transporte do produto; E) A pressão pela baixa dos preços.

08. Quanto à segunda invasão holandesa no

nordeste brasileiro é possível afirmar: I. os flamengos invadiram Pernambuco porque

esta região esta região era uma das maiores produtoras de açúcar no mundo.

II. O Arraial de Bom Jesus constituiu-se em um dos principais centros de resistência aos invasores flamengos.

III. Poucos anos antes de tomarem Pernambuco, os holandeses haviam invadido o Rio de Janeiro.

IV. Enquanto representantes da Companhia das Índias Orientais, Maurício de Nassau foi enviado para governar a possessão holandesa no Brasil.

Assinale a opção correta:

A) Se todas as alternativas forem corretas. B) Se apenas as alternativas I, II e III forem

corretas. C) Se apenas as alternativas II e IV forem corretas. D) Se apenas as alternativas I e II forem corretas. 09. A expulsão dos holandeses do Brasil alterou

a vida econômico-financeira da Metrópole portuguesa por que:

A) Permitiu aos portugueses retomar o controle técnico, do progresso de refinação do açúcar, dominado pelos holandeses;

B) Permitiu que Portugal retomasse o total controle da produção açucareira brasileira;

C) Favoreceu o consumo do açúcar, tendo em vista a quebra do monopólio de distribuição no mercado internacional;

D) Assegurou ao governo português a ampliação de suas rendas, pela estatização dos engenhos holandeses em Pernambuco;

E) Permitiu maiores lucros pela introdução de novas técnicas de produção nos engenhos do Nordeste.

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10. (FUVEST-SP) Os holandeses invadiram o Brasil pressionados pela necessidade de:

A) Romper o bloqueio econômico, com o qual a união ibérica pretendia subjugar as Províncias Unidas.

B) Defender o monopólio africano do tráfico de escravos, ameaçado pelo acordo comercial anglo-espanhol.

C) Conquistar novos mercados, devido à fragmentação, do império flamengo na Ásia Oriental.

D) Recuperar o mercado açucareiro, perdido por ocasião da restauração de D. João IV no trono português.

E) Expandir o calvinismo na América do sul, em razão, das perseguições religiosas nas Províncias Unidas.

11. A crise da lavoura canavieira no Brasil em

meados do século XVII pode ser explicada: A) pela descoberta de metais preciosos no interior; B) pelo declínio do consumo de açúcar de cana na

Europa, graças ao advento do açúcar de beterraba; C) pela implantação de uma área concorrente na

Antilhas, após a expulsão dos holandeses; D) pelas dívidas excessivas dos senhores – de –

engenhos; E) pela decadência da Metrópole, inteira-mente

dependente, do capital inglês. 12. (Unama-PA) A Guerra dos Mascates

(Pernambuco, 1710-12) exprime: A) um movimento coordenado em busca da

independência. B) um sentimento de animosidade contra os

holandeses invasores. C) a insatisfação com a política do marquês de

Pombal. D) o interesse da burguesia agrária em alcançar os

cargos dos Conselhos Municipais. E) o declínio das lavouras canavieiras. 13. (Fuvest-SP) A chamada Guerra dos Mascates,

ocorrida em Pernambuco em 1710, deveu-se: A) ao surgimento de um sentimento nativista

brasileiro, em oposição aos colonizadores portugueses.

B) ao orgulho ferido dos habitantes da vila de Olinda, menosprezados pelos portugueses.

C) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda pelo controle da mão-de-obra escrava.

D) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda, cujas relações comerciais eram, respectivamente, de credores e devedores.

E) a uma disputa interna entre grupos de comerciantes, que eram chamados depreciativamente de mascates.

14. A chamada Guerra dos Mascates decorreu,

entre outros fatores, do fato de: A) Recife não possuir prestígio político, apesar de sua

expressão econômico-financeira. B) Pombal promover a derrama, para a cobrança de

todos os quinhões atrasados. C) Olinda não se conformar com o papel que a

aristocracia rural exercia na capitania.

D) Portugal intervir na economia das capitanias, isentando os portugueses do pagamento de impostos.

E) Pernambuco não apoiar a política de tributação fiscal do governador Félix José Machado de Mendonça.

15. As “Revoluções Libertárias” de

Pernambuco, no século XIX, tinham um caráter separatista. A Revolução de 1817, entretanto, destacou-se por receber apoio de muitos padres católicos e da maçonaria. Sobre esta Revolução, podemos afirmar que:

A) o governo revolucionário recebeu uma grande influência do Sinédrio, importante sociedade secreta de Portugal;

B) o principal objetivo do movimento era liquidar o comércio a retalho dominado pelos portugueses;

C) o seu líder maior – Frei Caneca – desejava a separação do império e a formação de uma confederação;

D) o movimento revolucionário foi essencialmente militar, porque não havia uma classe burguesa local;

E) o governo provisório era representado pelos proprietários rurais, pelo comércio, clero, magistratura e forças armadas.

16. “Neste sentido, as rupturas e alianças que

caracterizaram 1817 se figuram como fatos incontentes e cruciais para a construção de uma unidade política nacional, confirmando, assim, uma identidade que se buscava a partir da Região Nordeste”.

(Siqueira Antônio Jorge – Recife: que história é essa?)

(Fesp 89) A conclusão do pesquisador acima

capta, com clareza, o conteúdo da Revolução de 1817, um dos mais importantes movimentos sociais do século XIX no momento mesmo em que o Brasil marchava para romper os laços coloniais da forma como estes foram instituídos pelo Antigo sistema. São razões do referido movimento.

A) A emancipação dos movimentos sociais urbanos em relação ao Estado colonial e organização dos trabalhadores livre.

B) O processo de substituição de importações, estimulante da industrialização e re-orientador da divisão interna do trabalho.

C) A queda dos preços do algodão e do açúcar no mercado inglês e a influência de ideias iluministas.

D) As tensões sociais produzidas pela expansão cafeeira e a crise de mão-de-obra na área açucareira devido à transferência de escravos para a cafeicultura.

E) A organização de um governo conservador e anti-colonialista e a organização de entidades vinculadas é divulgação de ideias mercantilistas.

17. As diversas denúncias de corrupção, fato

corrente no debate da “corrida” presidencial, parecem ser bastante antigas

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no Brasil. Vejam esses versos que indicam a irreverência do povo no início do século XIX.

Quem furta pouco é ladrão, Quem furta muito é barão, Quem mais furta e esconde, Passa de barão a visconde. Furta Azevedo no Paço, Targini rouba no Erário, E o povo aflito carrega, Pesada cruz no calvário. (Fesp 90) Essas denúncias encontraram eco nos

diversos segmentos sociais nordestinos que mobilizados, forjaram a denominada Revolução de 1817 em Pernambuco. Sobre esse movimento é incorreto afirmar:

A) O termo revolução não é o mais adequado para denominar os eventos de 1817 pois não visaram a uma modificação estrutural da economia e das relações sociais.

B) Um saldo do movimento encontra-se na decisão de D. João VI de fortalecer os laços do Brasil com Portugal.

C) O estudo das formas de pensamento dos revoltosos de 17 indica que os setores ligado à grande propriedade queriam a independência com a manutenção da ordem escravocrata.

D) O movimento tem como pano de fundo econômico a expansão das produções de açúcar e de algodão nos anos 10 do século XIX.

E) O liberalismo, veiculado pelas lojas maçônicas, é a forte do ideário do movimento de 1817.

18. (Vunesp) Leia os itens a respeito da Revolução

Pernambucana de 1817. I. Possuiu forte sentimento antilusitano, resultante do

aumento dos impostos e dos grandes privilégios concedidos aos comerciantes portugueses.

II. Teve a participação apenas de sacerdotes e militares, não contando com o apoio de outros segmentos da população.

III. Foi uma revolta sangrenta que durou mais de dois meses e deixou profundas marcas no Nordeste, com os combates armados passando de Recife para o sertão, estendendo-se também a Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.

IV. A revolta foi sufocada apenas dois anos depois por tropas aliadas, reunindo forças armadas portuguesas, francesas e inglesas.

V. Propunha a República, com a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, mas não previa a abolição da escravidão.

É correto apenas o afirmado em:

A) I, II e III. B) II, III e IV. C) I, III e V. D) II, III e V. E) I, IV e V. 19. A nação independente continuaria subordinada

à economia colonial, passando do domínio português à tutela britânica. A fachada liberal construída pela elite europeizada ocultava a miséria e a escravidão da maioria dos

habitantes do país. (Emília V. da Costa)

A interpretação correta do texto anterior sobre a independência brasileira seria:

A) a nossa independência caracterizou-se pelo processo revolucionário que rompeu socialmente com o passado colonial.

B) a preservação da ordem estabelecida, isto é, escravidão, latifúndios e privilégios políticos da elite, seria garantida pelo novo governo republicano.

C) a rápida transformação da economia foi comandada pela elite política e econômica interessada na superação da ordem colonial.

D) o espírito liberal de nossas elites não impediu que elas mantivessem as estruturas arcaicas da escravidão e do latifúndio, sendo a monarquia a garantia de tais privilégios.

E) o rompimento com a dependência inglesa foi inevitável, já que, após a independência, o governo passou a incentivar o mercado interno e a industrialização.

20. A dominação portuguesa no Brasil colonial não se deu sem resistência e conflitos militares. A chamada Revolução de 1817 em Pernambuco foi:

A) Um movimento liderado pelas elites da cana-de-açúcar, defensoras da autonomia do Brasil e da libertação de todos os escravos;

B) A mais expressiva rebelião colonial, contando com a ajuda militar de São Paulo e da Bahia;

C) Importante pela defesa de princípios liberais e pela participação ativa de membros do clero local;

D) Uma revolta contra o mercantilismo português, com a participação destacada da população mais pobre e dos escravos;

E) Uma articulação política contra o governo português, seguindo os princípios democráticos defendidos por Rousseau.

21. Leia atentamente as afirmativas abaixo.

I. Havia uma tradição liberal em Pernambuco que se manteve apesar da forte repressão ao movimento de 1817.

II. A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 repercutiu em Pernambuco, deixando os liberais mais descontentes com o Imperador.

III. A Confederação do Equador conseguiu apoio de províncias insatisfeitas, rebeladas contra o Governo Central.

IV. A Confederação do Equador adotou provisoriamente o modelo da Constituição da Colômbia.

Após a leitura, conclui-se que: A) Todas estão corretas B) Apenas a III está incorreta C) A II e a III estão incorretas D) Só a I está correta E) Só a IV está correta 22. Sobre a Revolução Pernambucana de 1817,

considere as afirmativas a seguir.

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I. Tinha como objetivo proclamar uma República e abolir, imediatamente, a escravidão no Nordeste.

II. Foi organizada, conforme os ideais da Igualdade, Liberdade e Fraternidade, que inspiravam a Revolução Francesa.

III. Teve como principais causas o aumento dos impostos, a grande seca de 1816, que provocou muita fome no Nordeste, e a crise da agricultura, afetando a produção do açúcar e do algodão.

IV. Foi a única rebelião anterior à independência política do Brasil que ultrapassou a fase da conspiração. Os rebeldes tomaram o poder e permaneceram no governo por mais de 70 dias.

Assinale a alternativa que contém as afirmativas corretas.

A) Somente I, II e III. B) Somente I, II e IV. C) Somente I, III e IV. D) Somente II, III e IV. E) I, II, III e IV. 23. Fuvest) Podemos afirmar que tanto na

Revolução Pernambucana de 1817, quanto na Confederação do Equador de 1824,

A) o descontentamento com as barreiras econômicas vigentes foi decisivo para a eclosão dos movimentos.

B) os proprietários rurais e os comerciantes monopolistas estavam entre as principais lideranças dos movimentos.

C) a proposta de uma república era acompanhada de um forte sentimento antilusitano.

D) a abolição imediata da escravidão constituía-se numa de suas principais bandeiras.

E) a luta armada ficou restrita ao espaço urbano de Recife, não se espalhando pelo interior.

24. (Mackenzie) A Confederação do Equador,

movimento que eclodiu em Pernambuco em julho de 1824, caracterizou-se por:

A) ser um movimento contrário às medidas da Corte Portuguesa, que visava favorecer o monopólio do comércio.

B) uma oposição a medidas centralizadoras e absolutistas do Primeiro Reinado, sendo um movimento republicano.

C) garantir a integridade do território brasileiro e a centralização administrativa.

D) ser um movimento contrário à maçonaria, clero e demais associações absolutistas.

E) levar seu principal líder, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, à liderança da Constituinte de 1824.

25. Na manhã de 13 de fevereiro de 1825, na porta

da Igreja do Pátio do Terço, em Recife, Frei Caneca foi despojado de suas ordens e executado. Considera(m)-se atividade(s) revolucionária(s) do Frei:

( ) jornalista, redator de O DIÁRIO NOVO jornal praieiro, responsável pela agitação intelectual da Revolução de 1848 em Pernambuco;

( ) Frei Caneca participou da revolução de 1817 cujo ideário republicano era semelhante ao da

Revolução de 1824; ( ) Frei Caneca dirigiu, durante o Primeiro Reinado,

um período revolucionário intitulado "Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco";

( ) Frei Caneca insurge-se contra a Constituição Outorgada, logo após a dissolução da Constituinte em 1823;

( ) Dirigiu e foi redator principal do jornal O TÍFIS Pernambucano que combatia o absolutismo do Imperador Pedro I e incitava à rebelião.

26. (UFPE) O segundo reinado no Brasil ocorreu

sem as muitas instabilidades políticas que marcaram os primeiros anos da independência. Pernambuco, que mantinha uma tradição liberal, decorrente de movimentos como a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador, mostrou seu descontentamento com o governo central na Revolução Praieira de 1848. Com relação ao movimento praieiro, podemos afirmar que:

A) tinha a liderança das elites políticas liberais e expressava também o radicalismo político dos grupos socialistas pernambucanos.

B) foi cenário de confrontos militares, que obrigaram o governo a reforçar suas tropas e a julgar os rebeldes presos com rigor.

C) foi um movimento político socialista, que expressou ideais de liberdade e de socialização das riquezas.

D) ameaçou o governo central, pois contou com o apoio militar de várias províncias do Norte e do Nordeste.

E) não passou de uma rebelião local, sem grandes repercussões políticas, restringindo-se a uma disputa por cargos administrativos.

27. “E eu piso onde quiser, você está girando melhor, garota Na areia onde o mar chegou, a ciranda acabou de começar, e ela é! E é praieira!!! Segura bem forte a mão E é praieira !!! Vou lembrando a revolução, vou lembrando a Revolução Mas há fronteiras nos jardins da razão”

O trecho acima da música Praieira, de Chico Sciense, remete brevemente à Revolução Praieira de 1848-1850, ocorrida em Pernambuco. Essa revolução de caráter liberal tinha uma série de reivindicações, exceto:

A) a liberdade de imprensa. B) a instituição do voto universal. C) o fim do monopólio comercial dos portugueses. D) o fim da propriedade privada dos meios de

produção. E) a extinção do poder moderador. 28. Durante os anos finais da década de 1840,

Pernambuco viveu uma verdadeira guerra civil em decorrência da eclosão da Revolução Praieira, que tinha dentre seus

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objetivos colocar fim ao poder moderador exercido pelo Imperador e garantir a liberdade de imprensa. A Revolução recebeu esse nome pelo fato:

A) de o jornal Diário Novo, órgão de divulgação dos revolucionários, localizar-se na Rua da Praia, em Recife.

B) de as ações dos revolucionários restringirem-se à faixa litorânea do estado de Pernambuco.

C) de o movimento alastrar-se por todo o litoral nordestino, criando inúmeras dificuldades para a repressão das forças imperiais.

D) de a sede do novo governo revolucionário localizar-se na Rua da Praia, em Recife.

29. O ano de 1848 assistiu a várias revoluções na

Europa como, por exemplo, na França e na Itália. O espírito "quarenta e oito", como se chamou este período, também atingiu o Brasil e, particularmente, Pernambuco. Esta questão diz respeito à Revolução Praieira.

( ) A concentração da propriedade fundiária e o monopólio do comércio a retalho pelos portugueses foram fatores que provocaram a Revolução Praieira.

( ) O Partido da Praia, integrado por liberais pernambucanos, tinha no jornal o DIÁRIO NOVO um instrumento de veiculação de suas idéias políticas.

( ) Joaquim Nabuco, líder abolicionista, logo se tornou um correligionário do jornalista praieiro Borges da Fonseca.

( ) Os revolucionários praieiros pretendiam que o Governo interviesse nos fenômenos de produção, distribuição e comércio.

( ) Os revolucionários de Pernambuco lançaram um "Manifesto ao Mundo" esclarecendo suas posições no que diz respeito ao voto universal do povo brasileiro, ao trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro, ao comércio de retalhos, à reforma do poder judicial dentre outras.

30. Em 1888, o Brasil aboliu a escravidão em todo o

território nacional. Foi um dos últimos países a libertar os escravos. Sobre a libertação dos escravos, analise as proposições abaixo.

I. A abolição de quase 800 mil escravos foi fundamental para a modernização da economia brasileira, embora a modernização tenha demandado algum tempo para começar.

II. Os escravos tiveram grandes dificuldades para se incorporarem ao mercado de trabalho livre. Muitos deles continuaram com seus antigos senhores.

III. Do ponto de vista jurídico, os escravos libertos passaram a ser considerados cidadãos com todos os direitos concedidos pela constituição.

IV. A escravidão institucionalizada foi rompida, porém muitas das relações da época do escravismo se mantiveram. O preconceito contra o trabalho, sobretudo o manual, foi um dos vestígios mais marcantes do tempo da escravidão.

Está CORRETO o que se afirma em

A) I, II e III, apenas. B) I e IV, apenas. C) I, III e IV, apenas. D) II, III e IV, apenas.

E) I, II, III e IV. 31. No Brasil, o declínio do escravismo foi lento

e exigiu que leis fossem elaboradas na segunda metade do século XIX, visando evitar maior rapidez na construção da Abolição. Uma delas, a Lei do Ventre Livre, de 28/9/1871:

0 0 restringia-se aos escravos nascidos no Sudeste, a partir de 1850.

1 1 transformava o poder de mando do senhor, evitando a prática da violência.

2 2 obrigava os proprietários a criar os escravos

libertos até os 8 anos de idade. 3 3 negava a liberdade para os escravos nascidos

nas cidades, restringindo sua eficácia. 4 4 mostrava a lentidão dos políticos na resolução

dos problemas do escravismo. 32. Se a República foi, em grande parte, o fruto

da aliança entre Exército e fazendeiros do café, o rompimento, logo após a proclamação, entre ambos, foi causado:

a) Pelas divergências político-ideológicas, já que os militares apoiavam um governo forte e reformista, e a oligarquia pretendia um federalismo que favorecia seus interesses.

b) Pela defesa de um governo central forte pelos fazendeiros, com o objetivo de anular as diferenças regionais.

c) Pela oposição dos militares ao projeto de industrialização do país, defendido pelos cafeicultores.

d) Pela rejeição do federalismo pelas oligarquias agrárias, porque possibilitava constantes intervenções da União nos estados.

e) Pela fraqueza política do governo do marechal Floriano Peixoto, que se revelou incapaz de conter as revoltas que eclodiram em seu governo.

33. “Outros deram à minha política a

denominação de Política dos Governadores. Teriam talvez acertado se dissessem – a Política dos Estados. Essa denominação exprimiria melhor o meu pensamento.” (Campos Salles)

De acordo com o texto, assinale as opções que marcaram o governo de Campos Salles:

1. A Política dos Governadores constituiu na troca de apoio político entre as oligarquias estaduais e o governo central;

2. Campos Salles consolidou a oligarquia cafeeira no poder, garantindo pelo apoio nos estados dos Governadores;

3. Campos Salles retirou a autonomia dos estados e centralizou o poder afetando a oligarquia cafeeira;

4. Campos Salles não recebeu apoio dos estados que preferiram ligar-se aos cafeicultores;

5. Os Estados apoiaram o governo central e desligaram-se da oligarquia cafeeira.

A) 1 e 3 B) 1 e 4 C) 2 e 4 D) 1 e 2

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E) 4 e 5 34. Durante a República Velha, a estabilidade dos

governos acabou sendo assegurada pela vigência da Política dos Governadores. Na pratica, essa política traduzia-se:

A) na alternância entre paulistas e mineiros do governo federal;

B) nas atribuições econômicas concedidas aos governos estaduais pela Constituição de 1891;

C) na criação das milícias estaduais, base política das oligarquias dominantes nos Estados;

D) no compromisso de apoio mútuo firmado entre o governo federal, o estadual e os chefes políticos municipais;

E) na substituição dos Governadores eleitos por interventores militares, comprometidos com uma política de equilíbrio entre os Estados.

35. São afirmativas verdadeiras sobre o Estado

Novo, EXCETO: A) O Estado Novo foi um período de ditadura exercida

por Getúlio Vargas, de 1937 a 1945; B) Durante o Estado Novo os recursos externos,

principalmente norte-americanos, se fizeram presentes, inclusive por motivos políticos: evitar que o

Brasil apoiasse o Eixo e se posicionasse ao lado dos Aliados, durante a Segunda Guerra Mundial;

C) A Segunda Guerra Mundial, mostrou a incoerência do Governo Brasileiro, que declarou guerra ao Eixo, formado por países fascistas, sendo que o fascismo era uma das sustentações do Estado Novo;

D) Quando o Estado Novo anunciou a realização de eleições para a Presidência da República, para os governos estaduais e para uma Assembleia Constituinte, a oposição organizou o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB);

E) Em fins de 1943, foi divulgado o Manifesto dos Mineiros, exigindo a redemocratização do país.

36. Sobre o Estado Novo, é falso afirmar que: A) DIP, DASP e Polícia Secreta constituíram órgãos de

sustentação do regime; B) A centralização política e a indefinição ideológica

caracterizaram esta fase; C) A legislação trabalhista garantia o direito de greve e

a autonomia sindical, mantendo o Estado afastado das relações capital e trabalho;

D) O crescimento industrial se fez em parte graças a concentração de rendas, baixos salários e desemprego;

E) As oligarquias apoiavam o governo já que este garantia a grande propriedade e não estendia as leis trabalhistas ao campo.

37. Sobre o Estado Novo (1937-1945), período

ditatorial encabeçado por Getúlio Vargas, é correto afirmar que:

A) Tinha no DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – um importante veículo de propaganda ideológica que sustentava o regime e censurava manifestações contrárias a ele.

B) Caracterizou-se pela montagem de um projeto de Estado liberal e não-intervencionista.

C) Foi marcado por uma orientação econômica de cunho agrarista, não possibilitando o desenvolvimento industrial do país.

D) Teve clara influência dos ideais socialistas, alinhando-se politicamente à União Soviética.

E) Teve uma grande preocupação em integrar os trabalhadores rurais, já que estes eram a base de sustentação de Vargas.

38. Analise as seguintes afirmativas referentes ao Estado Novo (1937-1945):

I. Os dois principais partidos políticos existentes no período do Estado Novo eram a AIB (Ação Integralista Brasileira) e a ANL (Aliança Nacional Libertadora).

II. O pretexto utilizado por Vargas para o desfecho do golpe de Estado de 1937 foi o Plano Cohen, documento forjado que denunciava um suposto movimento revolucionário comunista.

III. Durante o Estado Novo a política externa brasileira oscilou entre a Alemanha nazista e os Estados Unidos, alinhando-se a este último país no princípio da década de 1940. Quais estão corretas?

A) Apenas III. B) Apenas I e II. C) Apenas I e III. C) Apenas II e III. D) I, II e III.

39. (COVEST-99) Sobre o período agitado de

1961 a 1964, análise as alternativas abaixo: I II 0 0 A renúncia do presidente Jânio Quadros, em

1961, levou o Brasil a mudar de regime de governo de presidencialista para parlamentarista.

1 1 João Goulart assume o governo brasileiro, em 1961, como primeiro ministro do general Henrique

Teixeira Lott, “O General da Legalidade”. 2 2 O movimento popular brasileiro de 1961-1964, se

formou dentro da perspectiva nacionalista, cujo programa privilegiava as reformas de base.

3 3 O governo Goulart era apoiado pela frente parlamentar nacionalista, pelo comando geral dos trabalhadores, pelas associações estudantis, associações de sargento e outros, mas carecia de uma visão política capaz de enfrentar o capitalismo em um país dependente.

4 4 Durante este período, Juscelino Kubitscheck inaugurou Brasília, transferindo a capital do litoral para o interior.

40. O golpe político-militar de 1964 acarretou

transformações na economia brasileira originadas das mudanças nas relações de trabalho, das novas necessidades do desenvolvimento capitalista no país e das mudanças na conjuntura internacional. Todas as alternativas apresentam indicadores corretos das transformações na economia brasileira pós-64, exceto:

A) A abertura do país às empresas multinacionais a partir da abolição das restrições à remessa de lucros para o exterior.

B) A adoção de uma nova política salarial e a implantação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) substituindo o sistema de

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estabilidade no emprego. C) A consolidação do setor industrial nacional através

da elevação dos salários urbanos e do aumento da oferta e do consumo de bens não-duráveis.

D) A elevação do volume de impostos e a consequente falência de um grande número de pequenas e médias empresas.

E) A expansão da indústria petroquímica, siderúrgica e do alumínio, realizada sob o patrocínio do Estado, com a participação dos conglomerados nacionais e estrangeiros.

41. No período de 1964 a 1985, o Brasil foi

governado por militares. Sobre esse período, considere as proposições a seguir.

I. Os militares tomaram o poder e implantaram um regime marcado pela repressão política, tortura e morte dos opositores.

II. A organização política, implantada no Brasil, pelo Regime Militar, caracterizou-se pela crescente concentração de poderes para o executivo com os Atos institucionais, legitimando a manutenção de um Estado Forte.

III. A vitória do golpe militar de 1964 foi fruto da decisão dos militares para implementar o programa nacionalista e reformista, proposto pelo Governo Goulart, desde que o povo não participasse ativamente das decisões políticas.

IV. Para evitar protestos da sociedade, o regime militar cassou o direito de voto e calou as oposições por meio da censura ou pela violência da repressão policial.

Assinale a alternativa que apresenta as

proposições corretas. A) Somente I, II e III. B) Somente I, II e IV. C) Somente I, III e IV. D) Somente II, III e IV. E) I, II, III e IV. 42. Analise as afirmativas referentes ao Governo

João Baptista Figueiredo (1979-1985).

I. Pressionado por grande parte da sociedade brasileira, o Presidente Figueiredo assumiu o compromisso de realizar a abertura política e reinstalar a democracia no Brasil.

II. A anistia foi concedida, de forma ampla, geral e irrestrita, a todos que foram punidos pela ditadura, tanto civis como militares.

III. Promoveu uma reforma partidária que determinou o fim do bipartidarismo e possibilitou a pluralidade dos partidos.

IV. "Brasil ame-o ou deixe-o" foi o slogan da campanha política do General Figueiredo à Presidência da República.

Assinale a opção que contém as afirmativas corretas.

A) Somente I e II. B) Somente II e III. C) Somente II e IV. D) Somente I e III. E) Somente I e IV. 43. Em 1964, os militares tomaram o poder e

implantaram uma ditadura no Brasil. Durante os

governos militares, podemos constatar: I. Os golpistas procuraram definir esse assalto à

democracia como uma revolução; II. O golpe militar de 1964 representou a

culminância do processo de crise do populismo, iniciado com a renúncia de Jânio Quadros em 1961;

III. Uma das características dos governos militares foi o autoritarismo, visto que membros do governo não se mostravam dispostos a dialogar com os diversos setores da sociedade;

IV. Tortura, prisão e expulsão do país foram instrumentos utilizados pelos governos militares contra alguns cidadãos, para manterem seu poder inabalado.

Os itens corretos são A) somente I, III e IV. B) somente II, III e IV. C) somente I, II e IV. D) somente I, II e III. E) I, lI, III e IV. 44. Analise as afirmativas referentes à História

do Brasil atual.

I. Após o movimento "Diretas-Já", o Brasil voltou a conviver com regras democráticas constitucionais.

II. As medidas, adotadas pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, determinaram o fim da inflação e praticamente extinguiram as desigualdades sociais no Brasil.

III. Os últimos dez anos da história econômica brasileira foram marcados por intenso processo de privatização e de abertura do mercado ao capital estrangeiro.

IV. Em janeiro de 1987, o Governo Sarney foi obrigado a decretar, unilateralmente, a moratória, deixando de pagar os juros da dívida externa.

Dentre as afirmativas apresentadas, são

verdadeiras

A) somente I e IV. B) somente II e III. C) somente I, II e III. D) somente I, III e IV. E) I, II, III e IV. 45. Sobre o Brasil Contemporâneo, considere as

afirmações a seguir.

I. Fernando Collor de Mello tinha como programa de Governo privatizar empresas estatais, combater os monopólios, abrir o país à concorrência inter-nacional e desburocratizar as regulamentações econômicas.

II. Em maio de 1993, o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, anunciou as primeiras medidas para estabilizar a economia. O novo plano econômico, o Plano Real, previa o congelamento dos preços e salários e confisco das contas bancárias.

III. O modelo político brasileiro, em vigor desde o começo dos anos 90, é considerado por muitos como neoliberal, por pretender a valorização das organizações trabalhadoras, visando estabelecer

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História Prof. Edinaldo Lopes

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alianças na luta contra o desemprego.

IV. Com a saída de Fernando Collor do governo do país, o vice-presidente Itamar Franco foi empossado na presidência.

Estão corretas

A) somente I e II. D) somente I e III. B) somente II e III. E) somente I e IV. C) somente II e IV.

Gabarito

1. D 2. D 3. C 4. A 5. B

6. D 7. C 8. D 9. B 10. A

11. C 12. E 13. D 14. A 15. E

16. C 17. D 18. C 19. D 20. C

21. B 22. D 23. C 24. B 25.FFFVV

26. B 27. D 28. A 29.VVFVV 30. E

31.FFVFV 32. A 33. D 34. D 35. D

36. C 37. A 38. C 39.VFFVF 40. C

41. B 42. D 43. E 44. D 45. E