patologia geral - drm.telesapiens.com.br
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Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA
Autor
DANIEL VICENTINI DE OLIVEIRA
O AUTORDaniel Vicentini de Oliveira
Olá. Meu nome é Daniel Vicentini de Oliveira. Sou formado em Educação Física, Fisioterapia e Gerontologia, com uma experiência técnico-profissional nestas áreas a mais de 10 anos. Me especializei em Saúde Pública, Anatomia Funcional, Psicogerontologia, Gerontologia e Bases Morfofuncionais do Corpo Humano. Fiz meu mestrado em Promoção da Saúde, e meu Doutorado em Gerontologia. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo, e tenha uma bela experiência acadêmica!
ICONOGRÁFICOSOlá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:
INTRODUÇÃO:para o início do desenvolvimento de uma nova compe-tência;
DEFINIÇÃO:houver necessidade de se apresentar um novo conceito;
NOTA:quando forem necessários obser-vações ou comple-mentações para o seu conhecimento;
IMPORTANTE:as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você;
EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;
VOCÊ SABIA?curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;
SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen-to do seu conheci-mento;
REFLITA:se houver a neces-sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis-cutido sobre;
ACESSE: se for preciso aces-sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi-mas abordagens;
ATIVIDADES: quando alguma atividade de au-toaprendizagem for aplicada;
TESTANDO:quando o desen-volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;
SUMÁRIOIntrodução à Patologia ............................................................................. 10
Conceitos e Definições................................................................................................................10
Manifestações Celulares à Agressão ..................................................23
Alterações no Desenvolvimento, Crescimento e Diferenciação
Celular .....................................................................................................................................................24
Lesão Celular ................................................................................................ 33
Necrose e Apoptose Celular ...................................................................40
Necrose Celular ................................................................................................................................ 41
Apoptose Celular .............................................................................................................................45
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INTRODUÇÃOVocê sabia que a área Patologia Geral é o estudo de alterações
estruturais e funcionais das células, dos tecidos e dos órgãos, tanto
macroscópica quando microscópica também? É a ciência que estuda
a perda do equilíbrio do organismo. O estudo da patologia permite o
diagnóstico de doenças, e, deste modo, a terapêutica adequada. Portanto,
a patologia explica os mecanismos responsáveis pelo surgimento e
sintomas das doenças; estuda as reações do organismo aos estímulos
anormais que podem ocorrer nas células e nos tecidos e possíveis
diagnósticos e terapêutica. O patologista deve ser interessado não somente
no reconhecimento de alterações estruturais, mas também em sua
significância, como por exemplo, os efeitos dessas mudanças nas funções
celulares ou teciduais e o efeito dessas alterações no paciente. Ao longo
desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Patologia Geral 9
OBJETIVOSOlá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:
1. Conhecer definições e conceitos relacionados à patologia humana.
2. Entender as manifestações celulares à agressão.
3. Compreender o processo de lesão celular.
4. Compreender o processo de necrose e apoptose celular.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?
Ao trabalho!
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Introdução à Patologia
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de conhecer a patologia, alguns conceitos, definições, ferramentas de diagnóstico patológico, e áreas de estudo da patologia. Tudo isso é fundamental para o exercício de sua profissão na área da saúde. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.
Conceitos e DefiniçõesA palavra Patologia, se origina do grego “pathos”, que significa
doença, e “logos”, que significa estudo, ou seja, o estudo da doença.
Porém, esta ciência abrange também tudo o que está ligado as doenças,
como por exemplo, a avaliação das modificações que elas interferem em
nas células, tecidos, órgãos e sistemas corporal humano (JAMESON et
al., 2019).
O conceito de patologia não compreende todos os aspectos das
doenças, que são muito numerosos e poderiam confundir a patologia
humana com a medicina. Esta, sim, aborda todos os elementos ou
componentes das doenças e sua relação com os doentes. Na verdade, a
medicina é a arte e a ciência de promover a saúde e de prevenir, minorar
ou curar os sofrimentos produzidos pelas doenças.
De modo prático, a patologia pode ser conceituada como a ciência
que estuda as causas das doenças, os mecanismos que as produzem, as
sedes e as alterações morfológicas e funcionais que apresentam.
A patologia estuda alterações estruturais, bioquímicas e funcionais
de células, tecidos, órgãos e sistemas, com o objetivo de explicar os
mecanismos por meio dos quais surgem os sintomas e sinais das doenças.
Os conceitos de patologia e de medicina convergem para um
elemento comum, que é a doença. A definição de doença relaciona-se
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com o conceito biológico de adaptação. Adaptação é uma propriedade
geral dos seres vivos que se traduz pela capacidade de ser sensível
às variações do meio ambiente (irritabilidade) e de produzir respostas
(variações bioquímicas e fisiológicas) capazes de adaptá-los. Essa
capacidade é variável em diferentes espécies animais e em diferentes
indivíduos de uma mesma espécie, pois depende de mecanismos
moleculares vinculados, direta ou indiretamente, ao patrimônio genético.
DEFINIÇÃO:
A patologia é vista como a base científica da medicina com o objetivo de explicar os fatores que levam ao progresso de sintomas e sinais de uma doença.
Saúde
O termo “saúde” pode ser definido quando o organismo está
adaptado ao ambiente físico, psíquico ou social no meio que se vive,
sem alterações orgânicas evidentes. Portanto, saúde não significa apenas
ausência de doenças (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013). Pode-se considerar
saúde também como um perfeito estado de equilíbrio dinâmico entre o
organismo humano e o ambiente em que se vive.
Pode ser entender saúde também, como um estado de adaptação
do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive, de modo
que o indivíduo se sinta bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou
alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva).
Entenda que “saúde” e “normalidade” não possuem o mesmo
significado. A palavra saúde é utilizada em relação ao indivíduo, enquanto
o termo normalidade (normal) é utilizado em relação a parâmetros de
parte estrutural ou funcional do organismo. O normal (ou a normalidade)
é estabelecido a partir da média de várias observações de determinado
parâmetro, utilizando-se, para seu cálculo, métodos estatísticos. Os
valores normais para descrever parâmetros do organismo, (peso dos
órgãos, número de batimentos cardíacos, pressão arterial sistólica e
diastólica, etc.), são estabelecidos a partir de observações de populações
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homogêneas, de mesma raça, vivendo em ambientes semelhantes e
cujos indivíduos são saudáveis dentro do conceito anterior.
Doença
Já o termo “doença,” pode ser entendido quando ocorre a falta de
adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, onde o indivíduo se sinta
mal e mostre alterações orgânicas evidenciáveis. Diversos são os agentes
que causam as doenças, como os micro-organismos patogênicos,
genética, hereditariedade, acidentes, o ambiente externo, dentre vários
outros (RUBIN et al., 2006).
Doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico,
psíquico ou social, no qual o indivíduo sente-se mal (sintomas) e/ou
apresenta alterações orgânicas evidenciáveis (sinais).
SAIBA MAIS:
Para resumir e entender a diferença entre saúde e doença, assista ao vídeo do Dr. Rodrigo Kim, acessível pelo link http://bit.ly/2tezSdl
A patologia é dividida em Patologia Geral e Patologia Especial ou
Sistêmica. Abaixo, explico para você uma breve descrição de cada um dos
ramos desta ciência:
Patologia Geral
Bom, a patologia geral, estuda as causas das doenças, assim como
mecanismos que as produzem, suas características, etc. A patologia geral
está envolvida com as reações básicas das células e tecidos (como o
epitelial, por exemplo – figura 1) a estímulos provocados por doenças.
Resumindo para você, é o estudo das reações aos estímulos anormais
que ocorrem em todas as células e tecidos do seu corpo.
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Figura 1 : Tecido epitelial.
Fonte: @commons
Patologia Especial/Sistêmica
Em contrapartida, a patologia especial, também chamada de
sistêmica, tem como foco examinar respostas mais específicas de tecidos
e órgãos (coração, por exemplo – figura 2) especializados a uma agressão
ou estímulos definidos. Ela estuda doenças especificas de cada órgão.
Figura 2 : Rins.
Fonte: @freepik
Patologia Geral14
Caro (a) aluno (a), simplificando para você, a patologia é dividida
em dois grandes grupos: a geral, que estuda os comuns aspectos às
diferentes doenças (causas, mecanismos patogênicos, lesões estruturais
e alterações da função), e a especial ou sistêmica se ocupa das doenças
de um determinado órgão ou sistema ou doenças agrupadas por causas.
No entanto, existem outras classificações mais especificas:
Patologia anatômica
A patologia anatômica, também chamada de anatomia patológica,
realiza diagnósticos de diversas doenças, geralmente por meio do
microscópio (figura 3) utilizando amostras de células ou tecido, material
obtido por aspirações, esfregaços, biopsias e cirurgias.
Figura 3 : Anatomia Patológica – estudo em microscópio.
Fonte: @freepik
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Patologia clínica
Você já ouviu falar em patologia clínica? Ela se relaciona com
a execução e interpretação de alguns exames que envolvem a análise
laboratorial de líquidos do corpo (sangue, e urina, por exemplo – figura 4)
(JAMESON et al., 2019).
Figura 4 : Análise de urina – patologia clínica.
Fonte: @freepik
Patologia molecular
E a patologia molecular? Ela estuda o diagnóstico de doenças,
examinando moléculas de órgãos, tecidos e fluidos corporais. É uma área
bem mais específica e nova, da patologia.
SAIBA MAIS:
Assista a vídeo aula indicada sobre alguns conceitos e história da patologia, acessível pelo link http://bit.ly/2REbPhe
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Fisiopatologia
A fisiopatologia tem como objetivos, estudar distúrbios na função,
ou seja, funcionais, e seus significados clínicos das doenças. Saiba que
as alterações morfológicas e sua distribuição nos diferentes tecidos vão
influenciar o funcionamento normal do organismo e determinar algumas
características, o curso e também o prognóstico da doença. Por isso, essa
subárea é extremamente importante.
Além destes, existem outros termos que são importantes quando
se trata de doenças:
Etiologia
A etiologia estuda as causas das doenças, ou seja, é o estudo
das causas presentes na patologia. Os agentes etiológicos, ou seja, que
podem originar as doenças podem ser:
• Fatores intrínsecos ou genéticos;
• Fatores adquiridos (nutrição, agentes químicos ou agentes físicos,
infecções);
• Combinação de ambos os fatores.
Patogenia
Patogenia é o processo do estímulo inicial até a expressão
morfológica da doença. A patogenia é o estudo do desenvolvimento da
doença, ou seja, a reação celular e tecidual frente ao agente etiológico,
do estímulo inicial até à manifestação final da doença. O conjunto de
alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem de
células e tecidos afetados após uma agressão é chamado de lesão ou
processo patológico.
Assim, as lesões podem ser classificadas como:
• Lesão celular (letal ou não letal / reversível ou irreversível);
• Lesão no interstício (matriz extracelular);
• Lesão na circulação;
• Lesão na inervação.
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Fique tranquilo, você irá estudar sobre algumas destas lesões em
breve.
Alterações morfológicas
São nada mais do que alterações estruturais nas células, tecidos
e órgãos, características da doença ou diagnósticas de processos
etiológicos. Essas alterações morfológicas podem ser macroscópicas ou
microscópicas (FRANCO et al., 2015).
Desordens funcionais e manifestações clínicas
São os sinais e sintomas de uma doença. Mas qual a diferença
entre sinal e sintoma? O sinal pode ser percebido por outra pessoa, sem
o relato do paciente, por exemplo, um hematoma (figura 5), um edema,
uma mancha (figura 6). Já o sintoma não pode ser visto por outra pessoa,
apenas é relatado pelo paciente, como por exemplo um mal-estar, uma
dor, tontura.
Figura 5 : Hematoma.
Fonte: @freepik
Patologia Geral18
Figura 6 : Mancha na pele – melasma.
Fonte: @freepik
A origem e desenvolvimento das alterações morfológicas, assim
como sua distribuição no organismo, influencia a função normal e
determina as características clínicas, o curso e o prognóstico de uma
doença.
Ferramentas e Diagnóstico
Na área da patologia, algumas ferramentas são utilizadas para se
encontrar e dar um diagnóstico específico ao paciente. Estas ferramentas
podem ser macroscópicas, ou seja, sem a utilização de microscópio, ou
microscópicas, com utilização do microscópio.
A macroscópica é feita no vivo (in vivo) por meio de biópsia (que
falaremos adiante), e pós morte, por meio de necropsia. A microscópica
no vivo é feita por meio de investigação histopatógica, e a pós morte por
meio de investigação imunohistoquímica e citopatológica.
Exames citológicos ou citopatológicos realizam a análise de células
individuais ou de pequenos grupos de células, descamadas, expelidas
ou retiradas da superfície de órgãos de diferentes partes do organismo.
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É uma avaliação que não avalia a inter-relação entre as células. Através
desse exame, é possível a detecção de atipias celulares antes de seu
aparecimento clínico, sendo considerado um exame complementar
com possível detecção de tumores malignos, por exemplo. A amostra
de um exame citológico, em comparação com a biópsia de um tecido,
geralmente é mais fácil de ser realizado. Apresenta menos complicações,
é menos desconfortável ao paciente, a resposta diagnóstica é mais
rápida, e o melhor, possui menor custo. Porém, o exame citopatológico
não define o tipo de lesão maligna, portanto não substitui a biópsia.
Ficou curioso para entender estes exames? Veja abaixo algumas
etapas das técnicas citológicas:
1. Coleta do material - as amostras são oriundas de secreções,
como escarro e abcesso; de tecidos raspados (boca, olhos, região
cervicovaginal); de punções aspirativas por agulha fina na mama, nos
linfonodos, no pulmão etc; e de tecidos lavados em cavidades. O tipo
de amostra, que pode ser sólida, líquida ou pastosa, irá definir a forma
de coleta e também o preparo do material.
2. Fixação das amostras – objetiva preservar a composição química das
células e também da morfologia celular. Esta fixação pode ser seca,
por revestimento ou por líquidos fixadores.
3. Processamento das amostras - aqui a amostra deve ser identificada
e deve possuir a ficha de solicitação médica, contendo informações
como o nome do paciente, a idade, a natureza da amostra, a data da
coleta, tipo de exame requerido e dados clínicos do médico.
4. Colorações citológicas – para que a coloração citológica seja de
qualidade, é necessário levar em consideração as características do
corante e realizar de maneira precisa o processamento da amostra e
fixação. A falta de cuidado pode gerar artefatos e prejudicar a análise
da amostra.
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Exames anatomopatológicos
Neste tipo de exame, temos como exemplo a biópsia e a necropsia.
Creio que você já deva ter ouvido falar sobre. A biópsia é um exame feito
com um fragmento de tecido retirado de u m paciente vivo, portanto, é
considerado um procedimento cirúrgico. Atente-se que ela é realizada
apenas quando o diagnóstico clínico não é possível. O fragmento de tecido
que foi retirado é submetido aos exames histopatológicos. A análise pode
ser feita com fragmentos e, dependendo do caso, com peças cirúrgicas
inteiras, desde que removidas do indivíduo vivo. A biópsia possui alguns
tipos:
1. Incisional (figura 7) – A biópsia incisional remove apenas uma região
da lesão. Esse tipo de biópsia é indicado quando a lesão é extensa e
a retirada não é viável, necessária ou desejável. Este tipo de biópsia
nunca é curativa.
Figura 7 : Biópsia Incisional.
Fonte: @commons
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2. Excisional – A biópsia excisional remove toda a lesão. Quando a lesão é benigna, ela é curativa. No entanto, se a lesão for maligna, só é curativa quando não há metástase e a realização é feita com margem de segurança.
3. Interna – este tipo de biópsia é realizado por incisão, punção ou endoscopia.
4. Externa – este tipo é realizado quando a lesão é superficial.
5. Perioperatória – são biópsias realizadas durante uma cirurgia.
6. Aspiração – nesse tipo de biópsia o material é aspirado utilizando uma
seringa ou instrumento semelhante.
SAIBA MAIS:
Conseguiu entender a diferença entre os tipos de biópsia? Para facilitar, assista o vídeo acessível pelo link http://bit.ly/2RYrQ0K
Já a necropsia (figura 8) é realizada pós morte (post mortem), e tem
como objetivo detectar a causa da morte. A necropsia busca relacionar dados
morfológicos e clínicos para determinar as doenças e lesões do indivíduo.
Figura 8 : Necropsia.
Fonte: @commons
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RESUMINDO:
Caro (a) aluno (a), como você pôde estudar, a patologia é uma área da biologia, base para medicina e demais da área da saúde, que estuda de forma geral as doenças, suas causas, desenvolvimento e características clínicas, citológicas e histológicas. E dentro dela, diversos termos e conceitos devem ser conhecidos e estudados.
As formas de análise de diagnóstico patológicos são diversas, e é
essencial que você pelo menos os conheça como é o caso dos exames
citológicos, histológicos, biópsia e necropsia.
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Manifestações Celulares à Agressão
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender as manifestações celulares após uma agressão. Tudo isso é fundamental para o exercício de sua profissão na área da saúde. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.
A temperatura, umidade e pressão atmosférica pode variar muito
no ambiente, e isso nos afeta como seres humanos. Porém, o ambiente
celular apresenta mínimas alterações. Porque isso acontece? Devido a
homeostase, mecanismos que tem o objetivo de proteger e regular as
atividades necessárias à vida. Diante disso, as células do corpo humano
permanecem em condições constantes em relação à irrigação sanguínea,
temperatura, suprimento de energia para conseguir manter a homeostase,
oxigenação, etc.
Dependendo do tipo de célula atingido, alguns desvios são
tolerados por tempo variável, sem prejudicar a função e morfologia da
célula. Porém, se houver mudança nas condições citadas acima, de
caráter mais intenso ou duradouro, podem ocorrer alguns mecanismos de
alterações adaptativas como hipertrofia, atrofia e hiperplasia (BRASILEIRO
FILHO, 2015).
Quando as células são submetidas a estímulos diferentes os quais
comprometem o desempenho de uma função celular ou sua própria
viabilidade, temos uma agressão celular. E quando isso acontece, a célula
pode responder de três maneiras diferentes: adaptação, lesão reversível e
lesão irreversível (os quais serão explicados posteriormente).
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Alterações no Desenvolvimento, Crescimento e Diferenciação Celular
Crescimento e diferenciação celular são processos essenciais para
os seres vivos. O crescimento celular, aqui entendido como multiplicação
celular, é responsável pela formação do conjunto de células que
compõem os indivíduos. Ele é indispensável durante o desenvolvimento
normal dos organismos e necessário para repor as células que morrem
pelo processo natural de envelhecimento que ocorre durante toda a
vida. A diferenciação, por sua vez, refere-se à especialização morfológica
e funcional das células que permite o desenvolvimento do organismo
como um todo integrado. Como esses dois processos – crescimento
e diferenciação – recebem influência de grande número de agentes
internos e externos às células, não é surpresa que, com certa frequência,
surjam transtornos nos mecanismos que os controlam. Na prática dos
profissionais da saúde, os distúrbios do crescimento e diferenciação
assumem grande importância, de um lado por sua elevada frequência, de
outro pelas graves repercussões que podem provocar.
Do ponto de vista replicativo, as células podem ser agrupadas
em três grandes categorias: lábeis, estáveis e perenes. As células
lábeis são aquelas que estão em constante renovação e se dividem
continuamente, durante toda a vida do indivíduo, para substituir as
células destruídas fisiologicamente. Seus principais representantes são as
células dos epitélios de revestimento, como as da epiderme, e as células
hematopoéticas, que se dividem regularmente para manter a população
de células sanguíneas dentro dos níveis fisiológicos.
As células estáveis têm baixo índice mitótico, mas são capazes de
proliferar quando estimuladas. Pertencem a essa categoria as células
parenquimatosas dos órgãos glandulares (fígado, pâncreas, etc.), células
mesenquimais (fibroblastos, células musculares lisas), astrócitos e células
endoteliais. Células perenes, como são classicamente conhecidas, são as
que atingiriam o estágio de diferenciação terminal e não se dividem mais
após o nascimento, pois perderam a capacidade replicativa. O exemplo
mais notório é o dos neurônios.
Patologia Geral 25
O controle da divisão e da diferenciação celular é feito por um
sistema integrado e complexo que mantém a população celular dentro
de limites fisiológicos. Alterações nesse sistema regulatório resultam
em distúrbios ora do crescimento, ora da diferenciação, ora dos dois ao
mesmo tempo. Embora uma classificação ideal não exista, leia a seguir
uma maneira prática de agrupar os distúrbios do crescimento e da
diferenciação celular.
Alterações do volume celular: quando uma célula sofre estímulo
acima do normal, aumentando a síntese de seus constituintes básicos e
seu volume, tem-se a hipertrofia. O aumento do volume é acompanhado
de aumento das funções celulares. Ao contrário, se sofre agressão
que resulta em diminuição da nutrição, do metabolismo e da síntese
necessária para a renovação de suas estruturas, a célula fica com volume
menor, fenômeno que recebe o nome de hipotrofia.
Alterações da taxa de divisão celular: aumento da taxa de divisão
celular acompanhado de diferenciação celular normal recebe o nome
de hiperplasia. Ao contrário, diminuição da taxa de proliferação celular é
chamado hipoplasia. O termo aplasia é muito usado como sinônimo de
hipoplasia, o que não é totalmente correto. Assim, fala-se comumente
em anemia aplásica quando, na maioria das vezes, trata-se de anemia
hipoplásica.
Alterações da diferenciação celular: quando as células de
um tecido modificam seu estado de diferenciação normal, tem-se a
metaplasia.
Alterações do crescimento e da diferenciação celular: se há
proliferação celular e redução ou perda de diferenciação, fala-se em
displasia. A proliferação celular autônoma, geralmente acompanhada de
perda de diferenciação, é chamada neoplasia.
Bom, como você percebeu, há diversas morfologias nas alterações
de crescimento celular. Nelas, as modificações (alterações no peso ou
volume) recebem as seguintes nomenclaturas, de acordo com Brasileiro
Filho (2015):
Patologia Geral26
Atrofia
Quando há diminuição do volume de um órgão ou de parte dele
depois que estes já estão formados, temos uma atrofia. Essa redução
volumétrica do órgão ou do tecido pode ser patológica ou fisiológica,
cujas causas são:
• Diminuição da carga de trabalho ou desuso do órgão. Um exemplo é a atrofia que ocorre em pessoas que estão mobilizadas por tempo prolongado, utilizando tala ou gesso;
• Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia), o que gera redução do volume do cérebro, por aterosclerose da artéria carótida, e redução do volume do rim, por aterosclerose das artérias renais;
• Nutrição inadequada, por ausência, privação ou deficiência de nutrientes. Uma redução de nutrientes na alimentação pode causar inanição. A anorexia, que é um sério distúrbio alimentar, é um exemplo.
• Perda ou diminuição da inervação;
• Perda da estimulação endócrina;
• Envelhecimento, com redução volumétrica orgânica de diversas células, tecidos e órgão, como o cérebro, os ossos e as mucosas;
• Compressão, como a compressão mecânica e vascular sobre um
tecido ou órgão. A atrofia cerebral, por hidrocefalia, é um exemplo.
Figura 9 : Atrofia muscular.
Fonte: @commons
Patologia Geral 27
Hipertrofia
Vamos agora falar da hipertrofia, que é o contrário de atrofia, ou
seja, é um aumento do volume de um órgão ou tecido devido ao aumento
individual do tamanho da célula, sem alteração no número. A hipertrofia
tem diversas causas também, como o excesso de nutrição e aporte de
oxigênio no tecido, e pode ser patológica ou fisiológica.
Um ótimo exemplo de hipertrofia fisiológica é o aumento do volume
o útero durante a gestação.
Exemplos de hipertrofia patológica são:
• Hipertrofia do miocárdio (ou hipertrofia cardíaca) ─ neste caso o coração se sobrecarrega funcionalmente);
• Hipertrofia da musculatura lisa, como da bexiga, e da uretra;
• Hipertrofia na musculatura esquelética;
• Hipertrofia de hepatócitos (fígado);
• Hipertrofia de células nervosas.
SAIBA MAIS:
Entenda melhor sobre a hipertrofia celular, por meio da videoaula acessível pelo link http://bit.ly/315lAbr
Hipotrofia
Consiste na redução quantitativa dos componentes estruturais e
das funções celulares, resultando em diminuição do volume das células
e dos órgãos atingidos; muitas vezes, há também diminuição do número
de células. A redução do volume se dá por diminuição do anabolismo e a
redução do número se dá por apoptose.
A hipotrofia pode ser fisiológica ou patológica. A primeira é a que
ocorre na senescência, quanto todos os órgãos e sistemas do organismo
reduzem suas atividades metabólicas e diminui o ritmo de proliferação
celular. Como afeta todo o indivíduo, não há prejuízo funcional porque
Patologia Geral28
fica mantido um novo estado de equilíbrio. A hipotrofia patológica decorre de fatores diversos, sendo os mais importantes: (1) inanição. Deficiência nutricional, por qualquer causa, resulta em hipotrofia mais ou menos generalizada; (2) desuso. Ocorre em órgãos ou tecidos que ficam sem uso por algum tempo. O exemplo clássico é o dos músculos esqueléticos quando são imobilizados por aparelhos ortopédicos. Porém, como é um processo reversível, logo após a reiniciado o exercício a musculatura volta à sua conformação habitual; (3) compressão. Decorre da pressão exercida por uma lesão expansiva, como tumores, cistos, aneurismas, etc.; (4) obstrução vascular. Diminuição do fornecimento de oxigênio e nutrientes causa hipotrofia do órgão correspondente. Muitas doenças obstrutivas das artérias renais, por exemplo, causam hipotrofia do rim; (5) substâncias tóxicas que bloqueiam sistemas enzimáticos e a produção de energia pelas células. Um bom exemplo é a hipotrofia dos músculos do antebraço na intoxicação pelo chumbo; (6) hormônios. A redução de certos hormônios leva à hipotrofia de células e órgãos-alvo. Deficiência dos hormônios somatotrófico tireoidianos causa hipotrofia generalizada; a carência de hormônios que possuem alvos específicos leva à hipotrofia localizada (como a das gônadas na deficiência de gonadotrofinas); (7) inervação. Perda da estimulação nervosa resulta em hipotrofia muscular. O exemplo mais conhecido é o da hipotrofia dos músculos dos membros
inferiores na poliomielite (figura 10).
Figura 10 : Pessoa com poliomielite.
Fonte: https://bit.ly/2IceaOb
Patologia Geral 29
Hiperplasia
O aumento do número de células parenquimatosas, com
manutenção do tamanho e das funções normais, é a hiperplasia.
Porém, o tecido ou órgão com hiperplasia possui seu volume e função
aumentados. A hiperplasia ocorre em órgãos com capacidade replicativa
e é um processo reversível. Assim como a atrofia e hipertrofia, a
hiperplasia também pode ser fisiológica, como o útero na gestação e
mamas na lactação. Pode ser também patológica, que são secundárias
à hiperestimulação hormonal, como na Síndrome de Cushing, produção
excessiva de TSH, hipertiroidismo. Também pode ocorrer em papilomas,
pólipos e inflamações.
Figura 11 : Hiperplasia Prostática Benigna.
Fonte: @commons
Patologia Geral30
Hipoplasia
Do contrário, temos a hipoplasia, que é a diminuição do volume de
um órgão ou tecido causado pela redução do número de células. São
vários os motivos que podem causar a hipoplasia, como por exemplo a má
formação e o mau desenvolvimento do feto no útero. As ações também
são patológicas ou fisiológicas. A patológica, temos como exemplo,
durante a embriogênese, a hipoplasia que pode provocar algum defeito
na formação de um órgão ou parte dele. A hipoplasia patológica pode
causar a redução dos órgãos linfoides na AIDS e anemias hipoplásicas.
A hipoplasia fisiológica pode causar a involução do timo a partir da
puberdade, das gônadas no climatério e da senilidade (envelhecimento
patológico).
Figura 12 : Hipoplasia do esmalte do dente.
Fonte: https://bit.ly/2TWwHRn
Patologia Geral 31
Metaplasia
Você já ouviu falar em metaplasia? É uma alteração, porém
reversível, onde um tipo diferenciado de célula, que pode ser epitelial ou
mesenquimal, é substituído por outro tipo, só que da mesma linhagem. Ela
representa substituição adaptativa das células sensíveis ao estresse por
tipos celulares melhores preparados para suportar o ambiente adverso, já
que o tecido metaplásico é mais resistente às agressões.
Dentre os tipos mais comuns de metaplasia, temos o de epitélio
colunar para epitélio escamoso.
Displasia
A displasia é considerada um problema de formação, e é o principal
marcador biológico de evolução para adenocarcinoma, por exemplo.
Diante disso, identificar e graduar a displasia é importante na prática
diagnóstica. A displasia pode afetar um órgão ou um tecido. Quando um
órgão é afetado, há envolvimento de distúrbios do desenvolvimento e
crescimento. Geralmente, os processos são regressivos e estão ligados
a condições genéticas. Quando a displasia afeta um tecido, ela tende a
abranger erros locais do desenvolvimento.
Figura 13 : Displasia de quadril.
Fonte: @commons
Patologia Geral32
Anaplasia
Por fim, temos a anaplasia, considerada como falta de diferenciação
de células neoplásicas, ao retrocesso da formação. Por exemplo, a
reversão de células adultas para a sua forma embrionária, com aumento
da capacidade de multiplicação celular. A anaplasia celular possui
algumas características, como o pleomorfismo, morfologia nuclear
anormal, mitoses, perda da polaridade.
SAIBA MAIS:
Para resumir algumas das modificações celulares, assista a vídeo aula acessível pelo link http://bit.ly/2uIp0Fb
RESUMINDO:
As agressões em que as células estão submetidas são primordiais para a vida das mesmas e, consequentemente, do organismo humano. Dentre as formas de modificações celulares após agressão, temos a atrofia, a hipertrofia, metaplalisa, displasia, anaplasia, hipoplasia e hiperplasia.
A atrofia é a diminuição do tamanho (volume) de um órgão ou parte
dele; a hipertrofia é o aumento de um órgão ou parte dele; a hiperplasia
é o aumento do número de células parenquimatosas; a hipoplasia é a
diminuição do número de células parenquimatosas; a metaplasia é uma
alteração reversível, onde um tipo diferenciado de célula; a displasia
é um problema de formação de um órgão; e a anaplasia é a falta de
diferenciação de células neoplásicas.
Patologia Geral 33
Lesão Celular
INTRODUÇÃO:
Ao término deste estudo você será capaz de compreender o processo de lesão celular. Entender este processo é fundamental para o exercício de sua profissão na área da saúde. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.
Diversos são os fatores que podem acarretar na agressão celular.
Lesões celulares são causadas por fatores físicos externos (ou extrínsecos).
Um exemplo seria o acidente automobilístico, um atropelamento, uma
queda. Outra causa das lesões é a endógena (ou intrínseca) que irá resultar
em alteração metabólica (KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013).
As causas de lesões e doenças, denominadas agressões ou
agentes lesivos, são muito numerosas. Qualquer estímulo da natureza,
dependendo de sua intensidade, do tempo de ação e da constituição do
organismo (capacidade de reagir), pode produzir lesão. Didaticamente,
as causas de lesões e doenças são divididas em dois grandes grupos:
exógenas (do meio ambiente – ou externos/extrínsecos como você
estudou logo acima), e endógenas (do próprio organismo, intrínseca).
Em geral, as lesões resultam da interação do agente lesivo com
os mecanismos de defesa (respostas do organismo), sendo portanto,
frequente a associação de causas exógenas e endógenas na origem
de uma lesão ou doença. Nem todas as doenças ou lesões tem causa
conhecida. Nesses casos, a doença ou lesão é denominada criptogenética
(cripto = escondido), idiotática (idios = próprio ou essencial).
Preste atenção nos itens abaixo, são os tipos estímulos nocivos:
Os agentes físicos são os traumas mecânicos (por exemplo queda
– figura 14, contusão), temperaturas extremas (frio ou calor extremo),
mudanças bruscas e intensas na pressão atmosférica, choque térmico e
elétrico, radiação, dentre outros.
Patologia Geral34
Figura 14 : Queda.
Fonte: @freepik
Os agentes químicos são as substâncias químicas em
concentrações hipertônicas, poluentes, venenos, drogas (não terapêuticas
e terapêuticas).
Há também as alterações imunológicas, que incluem doenças
autoimunes, como a artrite reumatoide (figura 15), o lúpus eritematoso
sistêmico (figura 16), a doença celíaca, dentre outros.
Figura 15 : Artrite reumatoide nas mãos.
Fonte: @commons
Patologia Geral 35
Figura 16 : Lúpus Eritematoso Sistêmico.
Fonte: @commons
Dentre os distúrbios genéticos, enquadra-se erros inatos do
metabolismo, alterações gênicas, genômicas e cromossomais (este
último, como exemplo, temos a Síndrome de Down – figura 17).
Figura 17 : Síndrome de Down.
Fonte: @freepik
Patologia Geral36
Temos também agressões oriundas de distúrbios nutricionais,
sendo considerados a maior causa de lesão celular. Dentre os principais
distúrbios, temos aqueles provocados pela desnutrição, excesso de
lipídeos (aterosclerose – figura 18), anorexia, obesidade, deficiência de
vitaminas.
Figura 18 : Aterosclerose.
Fonte: @commons
Outra lesão é a isquemia, que é uma obstrução arterial; e a hipóxia,
considerada uma carência de oxigênio nos tecidos corporais, causando
lesão celular devido a redução da respiração aeróbica. É diferente da
isquemia, pois na hipóxia ainda há suprimento nutritivo sanguíneo, com
exceção do oxigênio.
E você sabia que o próprio processo de envelhecimento é uma
forma de agressão/lesão celular? Sim, a senescência celular acarreta em diminuição na habilidade de replicação e reparo celular e tecidual. Um
exemplo clássico de envelhecimento celular bem perceptível, é o da pele.
Patologia Geral 37
Figura 19 : Senescência celular – Envelhecimentos da pele.
Fonte: @commons
Caro (a) estudante, os mecanismos de lesão podem ser avaliados
por meio de três princípios:
1. A resposta celular depende do tipo de agressão, da duração e
também da intensidade da agressão.
2. As consequências que resultam da agressão celular, depende do tipo
de célula e do estado de adaptação da célula que foi agredida.
3. As lesões celulares causam alterações bioquímicas e funcionais em
um ou mais componentes celulares.Quando uma célula sofre uma agressão ela pode responder de três
maneiras diferentes: adaptação, lesão reversível e lesão irreversível.
SAIBA MAIS:
Para resumir o processo de lesão celular, assista a vídeo aula acessível pelo link http://bit.ly/2S1I9d0
Patologia Geral38
Vou iniciar comentando sobre a adaptação celular.
Adaptação celular
Bom, você já aprendeu que vários são os fatores que podem causar
lesões celulares. Mesmo o corpo humano tentando manter o equilíbrio,
ou seja, a homeostase, algumas células podem ser modificadas, vítimas
de algum tipo de estresse ou demanda física. Esse é o processo de
adaptação celular. A adaptação celular ocorre quando as células sofrem
metaplasia (figura 20), ou seja, conversão do tipo celular.
Figura 20 : Metaplasia.
Fonte: @commons
Lesão reversível
Quando a célula é agredida por um estimulo nocivo e sofre
algumas alterações funcionais e morfológicas, temos a lesão reversível.
Porém, apesar dessas alterações, a célula é consegue se manter viva
e consequentemente se recuperar quando o estimulo nocivo cessa
ou é retirado. Nessas fases, mesmo que surjam anomalias funcionais
e estruturais graves, a lesão não avança a ponto de resultar em uma
morte celular. Um exemplo é a tumefação celular (edema) (figura 21) e a
degeneração de gordura.
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Figura 21 : Edema.
Fonte: @commons
Lesão irreversível
E por fim, quando a lesão é irreversível, a célula não se recupera, mesmo quando a agressão é retirada ou cessada, o que culmina em morte celular (FRANCO et al., 2015). A morte celular pode seguir por dois mecanismos possíveis: necrose e apoptose, que serão discutidas adiante.
RESUMINDO:
Caro (a) aluna, resumindo o que vimos, as células (e consequentemente tecidos e órgãos) do corpo humano, sofrem lesões/agressões diariamente. Algumas destas lesões devem ocorrer para perfeita homeostase do organismo, porém, algumas são lesivas.
Estas lesões podem sofrer adaptações, reversíveis ou irreversíveis.
A adaptação ocorre quando há metaplasia. As irreversíveis podem gerar
morte celular por apoptose ou necrose.
Patologia Geral40
Necrose e Apoptose Celular
INTRODUÇÃO:
Ao término deste estudo você será capaz de compreender o processo de necrose e apoptose celular. O conhecimento destas consequências de lesão celular é fundamental para o estudo da patologia. Vamos lá!!.
Caro (a) estudante, como vimos anteriormente, agentes lesivos
podem levar a uma lesão reversível ou a morte celular (lesão irreversível).
Isto não dependerá do tipo de agente agressor, mas sim da intensidade
e duração da agressão. Alguns pontos que indicam irreversibilidade são:
• grande tumefação mitocondrial;
• perda das cristas;
• depósitos floculares na matriz celular;
• bolhas (figura 22);
• solução de continuidade da membrana.
Figura 22 : Bolhas.
Fonte: @pixabay
Patologia Geral 41
Nem sempre a morte celular é precedida de lesões degenerativas.
Se a morte celular ocorre em um organismo vivo e é seguida autólise, o
processo recebe o nome de necrose.
Necrose CelularO processo de morte celular (figura 23), de um tecido ou parte dele
em um organismo vivo seguida de autólise, é a necrose celular. É um
processo desordenado, patológico, causado por fatores que levam à
lesão celular de forma irreversível e a morte celular, consequentemente.
Figura 23 : Necrose.
Fonte: @commons
Aqui temos a etapa final das alterações celulares, consequência
de inflamações, processos infiltrativos e degenerativos e de diversas
alterações circulatórias. É uma degradação progressiva das estruturas das
células, sempre que existir enzimática dos componentes da célula por
enzimas da própria célula liberada pelos lisossomos (figura 24) (RUBIN et
al., 2006).
Patologia Geral42
Figura 24 : Célula eucarionte – ver lisossomo.
Fonte: @commons
Neste tipo de morte celular, há desaparecimento total do núcleo
e, consequentemente, da própria célula. Isto é precedido de alterações
na célula, que são consideradas graves. O processo de necrose pode
culminar na cicatrização total, devido a proliferação do tecido conjuntivo
vascular, ou pode gerar ulcerações recorrentes ou permanentes.
Processos de necrose maior podem se tornar encapsulados pelo tecido
conjuntivo que os envolve.
Existem vários tipos de necrose. Alguns deles são:
• Necrose de coagulação ou isquemia. Este tipo ocorre devido a uma
isquemia ou hipóxia em tecidos corporais, exceto o nervoso. Ela é
acarretada pela desnaturação das proteínas celulares autolíticas.
A necrose de coagulação se caracteriza por perda de nitidez dos
elementos do núcleo da célula e manutenção do contorno celular.
Aqui, exemplifico para você o infarto agudo do miocárdio (figura 25).
Patologia Geral 43
Figura 25 : Infarto aguado do miocárdio.
Fonte: @freepik
• Necrose de liquefação. Este tipo é causado por isquemia, infecção
por agentes biológicos, ou hipóxia no tecido cerebral. A lesão e morte
celular tem como causas toxinas produzidas por micro-organismos
infecciosos ou até mesmo por processo inflamatório. As células
mortas sofrem fagocitose e são digeridas. A digestão do tecido
necrosado resulta da transformação de uma massa amorfa, muitas
vezes contendo pus.
• Necrose fibrinoide. Neste tipo de necrose, o tecido necrótico adquire
aspecto semelhante à fibrina, ou seja, róseo e vítreo. Ocorre em
algumas doenças autoimunes e na hipertensão arterial maligna.
• Necrose gangrenosa. Este é um tipo de necrose isquêmica em que
o tecido necrótico sofre modificações por agentes do ar ou bactérias.
Um exemplo é o cordão umbilical que, após o nascimento, torna-se
negro e seco (figura 26).
Patologia Geral44
Figura 26 : Cordão umbilical.
Fonte: @freepik
• Necrose hemorrágica. Neste tipo de necrose há hemorragia no
tecido necrosado, o que pode complicar a eliminação do tecido
necrótico pelo organismo.
• Necrose enzimática. Aqui ocorre liberação de enzimas nos tecidos.
A forma mais comum é a gordurosa, principalmente no pâncreas,
quando pode ocorrer liberação de lipases, desintegrando gordura
dos adipócitos desse órgão.
SAIBA MAIS:
Para resumir e entender melhor o processo de necrose celular, assista as duas vídeo aulas, acessíveis pelos links http://bit.ly/38SPId4 e http://bit.ly/2t9GERN
Patologia Geral 45
Apoptose CelularDiferente da necrose, a apoptose, é conhecida como morte celular
programada. É um tipo de autodestruição não acidental da célula. A
apoptose celular requer energia e síntese proteica para que possa ocorrer,
e está relacionada com a homeostase na regulação fisiológica dos tecidos.
A morte celular ocorre individualmente, e a morte de uma célula
não leva à morte de outra (s). É um processo controlado rigidamente
por expressões genéticas decorrentes da interação célula e o meio
externo, o que leva à produção de várias moléculas com atividades
específicas, resultando em alterações celulares funcionais expressas
morfologicamente por condensação e fragmentação da cromatina e
formação de protuberâncias na superfície celular (BRASILEIRO FILHO,
2015).
Este tipo de morte celular (a apoptose), é regulada e eficiente.
Para que ocorra, é requerido à interação de fatores diversos fatores,
como alterações morfológicas observadas em uma cascata de eventos
moleculares e bioquímicos.
A apoptose é considerada um mecanismo celular fundamental,
e tem papel essencial na manutenção da homeostase tecidual. Ela
ocorre nas mais diversas situações, como, exemplo, na organogênese e
hematopoiese normal (figura 27) e patológica, câncer, atrofia dos órgãos,
câncer, resposta inflamatória, eliminação de células após danos.
Patologia Geral46
Figura 27 : Hematopoiese.
Fonte: @commons
Enquanto a necrose é sempre considerada um processo patológico,
a apoptose atua em diversas funções normais e não está necessariamente
associada com o dano de uma célula.
RESUMINDO:
Caro (a) aluno (a), a morte celular pode seguir o caminho da necrose ou apoptose. A necrose é a morte da célula ou de tecidos que foi causada por uma doença ou lesão.
Já a apoptose é a morte celular programada. É um processo
ordenado e organizado, onde o conteúdo da célula é compactado em
pacotes de membrana e excluídas pelo sistema imunológico.
Patologia Geral 47
REFERÊNCIASBRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2015.
FRANCO, M. et al. Patologia – processos gerais. Rio de Janeiro: Atheneu,
2015.
JAMESON, J.L. et al. Medicina Interna de Harrison. Porto Alegre: AMGH,
2019.
KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; ASTER, J.C. Robbins Patologia Básica. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
RUBIN, F. et al. Patologia – Bases Clinicopatológicas da Medicina. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.