patologia do mi

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Patologia do Membro Inferior I TRAUMATISMOS DA BACIA Mecanismos de lesão: Dividem-se em 2 grandes grupos: 1. Traumatismos de baixa energia – são as lesões resultantes de pequenos traumatismos como quedas de altura do próprio corpo e em que as lesões mais frequentes são as fracturas dos ramos do ílio e iquiopúbicos. 2. Traumatismos de alta energia – neste grupo estão as lesões resultantes de acidentes motorizados e as quedas superiores à altura do próprio corpoque determinam: Fracturas do anel pélvico em livro aberto Fracturas verticais por forças de cisalhamento Fracturas por compressão lateral Classificação 1. Fracturas estáveis: não há interrupção da continuidade do anel pélvico ou não há descoaptação dos topos fractuários. As mais frequentes são: Ramos ilio-púbicos Ramos isquiopúbicos Ambos Fractura isolada da asa do ilíaco Também, sobretudo nos jovens encontramos: Arrancamento das espinhas ilíacas antero-superior ou antero- inferior Fractura do isquion Fractura do sacro Fractura do coccix 1

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  • Patologia do Membro Inferior

    I TRAUMATISMOS DA BACIA

    Mecanismos de leso:

    Dividem-se em 2 grandes grupos:

    1. Traumatismos de baixa energia so as leses resultantes de pequenos

    traumatismos como quedas de altura do prprio corpo e em que as

    leses mais frequentes so as fracturas dos ramos do lio e

    iquiopbicos.

    2. Traumatismos de alta energia neste grupo esto as leses resultantes

    de acidentes motorizados e as quedas superiores altura do prprio

    corpoque determinam:

    Fracturas do anel plvico em livro aberto Fracturas verticais por foras de cisalhamento Fracturas por compresso lateral

    Classificao 1. Fracturas estveis: no h interrupo da continuidade do anel plvico

    ou no h descoaptao dos topos fracturios. As mais frequentes so:

    Ramos ilio-pbicos Ramos isquiopbicos Ambos Fractura isolada da asa do ilaco

    Tambm, sobretudo nos jovens encontramos:

    Arrancamento das espinhas ilacas antero-superior ou antero-inferior

    Fractura do isquion Fractura do sacro Fractura do coccix

    1

  • Estas fracturas representam 65% das fracturas da bacia, habitualmente

    no do complicaes e o seu tratamento mais frequente o repouso no

    leito durante a fase lgica.

    2. Fracturas com rotura do anel plvico:para a rotura do anel plvico

    necessria fractura ou luxao em 2 pontos distintos do mesmo. Assim a

    fractura da metade anterior do anel ou distase da sfise pbica aparece

    associada fractura ou luxao na metade posterior do anel. So

    fracturas relativamente frequentes, provocadas habitualmente por

    traumatismos de alta energia. O mecanismo de aco varivel, sendo

    produzidas por:

    Foras transversais, de compresso, que aproximam as asas do ilaco;

    Foras sagitais que alargam as asas do ilaco, so as chamadas leses em livro aberto

    Foras verticais que tendem a dissociar as hemibacias uma da outra.

    Habitualmente o mecanismo de produo destas leses no nico,

    sendo mais frequentemente misto. Dividem-se em 2 grandes grupos:

    Em que as leses so instveis ritatriamente, mas em que verticalmente so estveis.

    Em que as leses so instveis que rotatria quer verticalmente.

    3. Fractura de Malgaigne: associao de fractura dos ramos lio e

    isquiopbicos com fractura longitudinal da asa do ilaco.

    4. Fractura de Voillemier: o trao de fractura anterior passa igualmente

    pelos ramos ilio-isquiopbicos mas o trao de fractura posteriormente

    passa pelo sacro, mais frequentemente pelo buracos sagrados.

    5. Fractura de Tanton: uma fractura de Malgaigne bilateral.

    Estudo imagiolgico

    2

  • 1. RX Da bacia em:

    o Ap o Incidncia craneo-caudal (inclinao da ampola de Rx de 60 no

    sentido do crneo para a bacia e que nos d uma melhor

    visualizao do anel plvico)

    o Caudo-craneana (inclinao da ampola de 45 no sentido da bacia para o crneo e permite uma melhor visualizao quer da

    sfise pbica quer dos buracos obturados).

    2. TC Este exame permite esclarecer dvidas de diagnstico e classificao de

    leses e pode dar-nos informaes adicionais sobre o estudo das

    instabilidades plvicas.

    Quadro clnico

    necessrio exclur leses de outros rgos ou sistemas antes de se

    considerar a abortagem da fractura da bacia

    As mais frequentes so as leses urinrias podendo envolver a bexiga ou a uretra

    As mais graves so as leses vasculares por hemorragia profusa por leso de vasos de grande calibre e que por si s podem levar ao

    choque hipovolmico e morte deo doente. A este popsito

    importante dar a noo de que uma fractura da bacia que apresenta

    uma distase dos topos fracturrios superior a 2cm pode dar origem a

    uma hemorragia de aproximadamente 3l. se a distase for superior a

    5cm a hemorragia pode rondar os 6l.

    Podem ainda ocorrer leses de vsceras abdominais ou leses neurolgicas associadas.

    ATENO: As fracturas do anel plvico tambm podem simular fractura do colo do fmur pois as queixas do doente so soretudo dor da regio inguinal.

    3

  • Tratamento

    Sempre que h descoaptao importante dos topos fracturrios o

    tratamento destas leses cirrgico, devendo a estabilizao das mesmas ser

    efectuado de urgncia caso haja complicaes. Muitas vezes, para tratamento dos fracturas articulares recorre-se a

    prteses. Utilizam-se vrios materiais: ao inoxidvel, titnio (incuos). Nos idosos, com osteoporose acentuada, necessrio que o

    membro seja mobilizado rapidamente. No se utiliza, nestes casos hidroxiapatite, que necessita de mais tempo para solidificar. Esta usada em doentes mais jovens. Prognstico

    A mortalidade associada a estas leses da bacia de cerac de 10%, das

    quais metade consequncia de hemorragia plvica.

    II FRACTURAS DO FMUR PROXIMAL

    Mecanismos de aco e etiopatogenia

    Ocorrem habitualmente acima dos 60 anos, sobretudo no sexo feminino (4:1), e aps traumatismos de moderada ou de pequena intensidade.

    A falta de controle e de coordenao muscular associadas ao defeitos de viso acentuados, so os aspectos mais relevantes que condicionam

    este tipo de fracturas

    A osteoporosesurge como a causa predisponente mais importante, havendo contudo outros factores ambientais nomeadamente uma

    alimentao inadequada com falta de elementos ricos em clcio, o

    excesso de consumo de lcool e o sedentarismo. Algumas doenas

    como o s. de m absoro intestinal, tumores como o mieloma mltiplo

    ou d.metasttica com localizao no colo do fmur contribuem tambm

    para o aparecimento desta patologia.

    No adulto jovem a fractura do colo do fmur rara, estando associada a traumatismo de alta energia (acidentes de viao, quedas de altura,

    4

  • choques elctricos de correntes de alta voltagem ou crises de epilepsia,

    apresentando geralmente maior gravidade)

    Classificao

    Segundo a localizao do seu trao principal:

    Intra-capsulares: Subcapitais (o trao de fractura imeditamente subjacente

    cabea do fmur)

    Transcervicais (se localizadas mais distalmente em relao epfise femural)

    Extra-capsulares (esto localizadas fora da cpsula e so mais distais em relao cabea do fmur):

    Basicervicais (situadas na base de implantao do colo do fmur)

    Pertrocantricas (grande ou pequeno trocanter) Subtrocantricas (abaixo do macisso trocantrico)

    Sintomatologia

    Dor,localizada quer fece externa da anca quer regio inguinal Impotncia funcional do membro com impossibilidade absoluta de

    levantar o calcanhar na cama

    Encurtamento A rotao externa que se verifica principalmente na fractura extra-

    capsular

    Nas intra-capsulares pode-se verificar uma pequena sufuso hemorrgica se j tiverem passado alguns dias.

    Tratamento

    sempre cirrgico e sempre que possvel nas 48h-72h subsequentes queda, com o objectivo prioritrio de salvar a vida do doente

    minimizando o aparecimento das complicaes

    5

  • Nas fracturas intra-casulares descoaptadas hemiartroplastia ou a artroplastia total da anca porque a cabea do fmur no vai ser vivel e

    naturalmente tem que ser substituda por uma prtese

    Nas fracturas extra-capsulares a indicao cirrgica dever ser a reduo e a osteossntese da fractura

    s 24h-48h aps a cirurgia o doente dever ser sentado num cadeiro, seguindo um plano de reabilitao adaptado com a ajudo do

    fisioteraputa (cinesiterapia respiratria e mobilizao activa e passiva

    dos membros).

    Complicaes

    Gerais: - Infeces respiratrias, urinrias, embolias gordas, complicaes

    trombo-emblicas de escaras de decbito. Da a necessidade de

    operar rapidamente o doente para evitar acamamentos prolongados.

    Estas complicaes so muito graves e podem levar morte do

    doente se no forem tratadas precocemente.

    Locais: - A infeco, porque se trata de doentes muitas vezes

    desproteinizados com uma capacidade de resistncia diminuida

    - Necrose asseptica da cabea do fmur nas fracturas intra-

    capsulares. Ao haver interrupo dos vasos cervicais, a cabea do

    fmur fica comprometida porque os vasos do ligamento redondo no

    so sufucientes

    - Pseudartrose sobretudo em osteossnteses precrias

    - Nas fracturas extra-capsulares, a complicao local mais habitual

    a consolidao viciosa. Acontecem quando h desmontagem do

    material de osteosstese ou quandoos doentes efectuaram carga

    precoce com falncia do implante. Normalmente a deformidade

    adquirida em varo. Clinicamente apresenta-se com um

    encurtamento marcado do membro lesado e diminuio do ngulo

    cervico-diafisrio que poder era inferior a 125. - Compresso do citico

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  • - Hemorragia

    Prognstico

    Em doentes de idade muito avanada a taxa de mortalidade elevada da ordem dos 25% no primeiro ms aps a cirurgia. No entanto, se o

    doente tiver um tratamento imediato e houver uma preveno das

    complicaes gerais, esta taxa diminuir significativamente.

    As fracturas intra-capsulares so mais frequentes na mulher do que no homem, raramente surgem antes da menopausa e a sua frequncia

    aumenta significativamente aps a menopausa e com a idade. Tm um

    prognstico mais reservado que as fracturas extra-capsulares devido s

    suas complicaes de natureza vascular podendo evoluir para necrose

    assptica.

    As fracturas intra-capsulares encravadas em abduo tm melhor prognstico.

    III LUXAO DA ANCA

    Etiopatogenia

    mais frequente nos adultos do que nas crianas, devido a traumatismo violento, normalmente ao nvel do joelho, que transmite a fora ao longo

    do fmur e desloca a cabea do fmur, muitas vezes com fractura de

    parede posterior. tpico nos acidentes de viao, por embate do joelho

    no tablier.

    Quanto maior a aduo maior a probabilidade de luxao. A luxao posterior mais frequente ao contrrio do que acontece no

    ombro.

    Clnica

    Luxao posterior: membro em aduo, rotao interna e encurtamento marcado

    Luxamento anterior: membro em rotao externa e abduo

    7

  • Rx

    A cabea do fmur no est coaptada ao acetbulo, havendo uma quebra da linha de Shenton. O bordo inferior do colo do fmur continua-

    se com esta linha.

    Complicaes

    Compromisso da vascularizao Fractura associada que tem que ser reduzida anatomicamente pois pode

    evoluir para a artrose

    PATOLOGIA DO MEMBRO INFERIOR

    IV COXARTROSE:

    Definio: um processo articular, degenerativo, extremamente comum sendo

    responsvel por uma incapacidade associada dor, rigidez e restries

    da mobilidade da articulao coxo-femural;

    Classificao:

    Primria: Resultado de um nmero de processos patolgicos que levam insuficincia da articulao. Existem diversos factores que podem

    acelerar o processo fisiolgico de envelhecimento:

    o Incongruncia das superfcies articulares o Instabilidade articular como causa de frico mecnica anormal o Concentrao das foras de presso o Traumatismo directo da cartilagem o Causas constitucionais (exemplo: obesidade, hipoparatiroidismo,

    disfuno hipofisria, menopausa, etc)

    o Causas idiopticas

    Secundria: pode verificar-se na presena de 1 ou mais factores causais bem conhecidos:

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  • o Congnitos: displasia acetabular, luxao congnita da anaca o De desenvolvimento: doena de Perthes, epifisilise supererior

    dofmur

    o Metablicos: gota, pseudogota o Infecciosos: estafilococica, tuberculose, brucelose o Sexulamente transmitidos: sindrome de Reiter, estafilococica o Ps-traumticos: fracturas envolvendo superfcies articulares o Genticos: hemofilia, doena de Guacher, mucopolissacaridose,

    anemia de clulas falciformes

    o Doenas auto-imunes: artrite reumatide, espondilite anquilosante, artrite psorisica

    o Necrose vascular: idioptica, ou secundria a fractura, baroartrose, abuso de alcol e esteroides

    Fisiopatologia: As caractersticas fundamentais da doena artrsica da anca so:

    - Leses na cartilagem articular e a insuficncia mecnica.

    Clnica: - Dor ( sintoma principal, normalmente sempre presente). Agravado pela

    imobilidade;

    - Rigidez (matinal);

    - Edema (devido a derrame acompanhante) e Incapacidade funcional;

    - Atrofia dos msculos regionais;

    - Hipersensibilidade generalizada;

    Imagio e Laboratorialmente: - Laboratrialmente inespecfico;

    - Radiologicamente: na fase inicial os RX podem ser Normais;

    - medida que a doenavai avanando:

    - Aumento gradual da interlinha articular,

    - Esclerose subcondral;

    -Quistos ou gedos;

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  • - Osteofitos;

    - da mesma forma se pode encontrar alteraes sobreponiveis em espelho ao

    nvel do acetbulo.

    Tratamento Medidas conservadoras:

    - Reduo de peso em doentes obesos;

    - Fisioterapia ajuda a manter funcionalidade;

    - Utilizao de auxiliares de marcha, aumentar a carga sobre a articulao

    atingida;

    - Exerccio limitado para evitar rigidez;

    - Analgsicos se a dor moderada;

    - AINES se a dor mais intensa;

    Tratamento cirrgico: principal objectivo o alvio da dor; Quatro alternativas cirrgicas principais:

    I Artrodese: Fixao cirrgica da articulao. Com perda total dos

    movimentos da anca. Por vezes aconselhada a jovens podendo ser um recurso

    til para artroplastica falhada;

    II Artroplstica: Substituio total da articulao, preservando ou restaurando

    a mobilidade da articulao e permitindo o restabelcimento da funo. Taxa de

    sucesso elevada;

    III Osteotomia: Para realinhar deformidades e distribuir de forma mais

    uniforme, as cargas transmitidas de modo a evitar a instalao da coxartrose;

    IIII Artrosplatia de resseco (Opereao de Girdlestone): tem indicao

    excepcional, sendo um procedimento de recurso nas artroplasticas infectadas,

    onde com a remoo de todo o material protsico ( prtee mais cimento) se

    pode controlar infeco. Produz-se uma rearticulao fibrasada??? Com pouca

    estabilidade e com mobilidade restrita.

    10

  • V OSTEOCONDROMATOSE SINOVIAL

    Metaplasia Sinovial, deve retirar-se toda a sinovial (sinovectomia) e ter o cuidado da articulao no ficar rgida por falta de lubrificao devido a

    ausncia de lquido sinovial.

    VI NECROSE ASSPTICA (da cabea do fmur)

    Etiopatogenia: doena em que houve uma morte por isqumia dos constituintes celulares do osso e da medula. Resulta da obliterao de

    um vaso com reduo significativa do aporte sanguneo a uma

    determinada rea da epifise femoral.

    Causas: - Luxao da cabea do fmur: existe, invariavelmente, uma rotura do

    ligamento redondo;

    - Fractura do colo do fmur: nas fracturas intracapsulares existe uma

    interrupo extensa de afluxo sanguneo cabea do fmur;

    - Hemoglobinopatias: estas doenas em especial a anemia das clulas

    folciforme esto associadas com reas localizadas de enfarte sseo epifisrio e

    metafiso-diafisrio;

    - Teraputica Corticosteroide;

    - Alcoolismo;

    - D. de Gaucher, disbarismo, radioterapia e doenas do colagnio;

    Clnica: - Dor

    - Rigidez articular;

    - Impotncia funcional;

    Imagiologia: RX: mostra cabea do fmur mais opaca (hipotransparente) de aspecto

    heterogneo, em fases iniciais pode ser Normal;

    - RMN: constitui o melhor meio de diagnstico precoce desta situao;

    11

  • Tratamento: - Idealmente deve ser precoce; - Descompresso da rea da necrose de forma a aumentar o fluxo sangineo;

    - Nas fases tardias:

    - Cirurgia:

    Osteotomia para reorientao do suporte para a cabea do fmur;

    Artroplastia de substituio.

    VII FRACTURAS DA EXTREMIDADE DISTAL DO FMUR

    Introduo: devem ser sempre consideradas como um prognstico reservado;

    Classificao: -Supracondilianas;

    - Condilianas;

    Etiologia e Mecanismos: - Resultam N de traumatismos violentos indirectos;

    - Nalguns casos (crianas) a fractura impactada sem deslocamento

    significativo, existindo uma angulao posterior devido tenso dos gmeos na

    insero proximal dos cndilos femurais;

    Anatomia Normal e Patolgica: O cndilo s por si bastante resistente e raramente fracturado, mesmo

    existindo uma zona frgil no cndilo troclear;

    - As zonas anatmicas frgeis so a chanfradura ntercondiliana e a transio

    epifiso-diafisria onde as corticias da difise so mais estreitas e o canal mais

    largo.

    Classificao: Fracturas unicondilianas: - Com o condilo destacado na sua totalidade (superfcies articulares e

    inseres ligamentares no esto atingidas);

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  • - Fractura de Hoffa: esta fractura compreende um fragmento mais ou menos

    importante da face posterior do cndilo, uma fractura transcondiliana que

    atinge a cortical posterior sendo mais frequentes no cndilo externo;

    Complicaes: Fracturas Expostas: Normalmente a exposio anterior, o fragmento diafisrio perfura o fundo do saco sinovial e a pele;

    - Leses de vasos e nervos;

    - Fracturas associadas: podero coexistir com as fracturas da rtula ou da

    extremidade superior da tbia;

    Clnica:

    Sintomas e inspeco: Exame clnico dever ser sumrio e resumir-se inspeco para no agravar as leses. H um episdio traumtico seguido de

    dor, impotncia funcional e deformidade na regio supracondiliana e

    desalinhamento da extremidade. Rotao externa do p. A coxa est

    aumentada de volume.

    Palpao: na palpao suave podemos sentir a extremidade distal da difise anterio, sobrepondo-se rtula;

    - Deve-se procurar alteraes da sensibilidade no territrio do nervo citico;

    - Pesquisa de pulsos perifricos: a abolio do pulso pedioso e tibial posterior

    impe uma arteriografia de urgncia a fim de confirmar o diagnstico de

    eventuais leses arteriais.

    - RX de frente e de perfil:

    - Suficientes para o diagnstico;

    - Necessrio radiografar a fmur na sua totalidade incluindo o joelho e a anca;

    Complicaes: - Primrias:

    - Infeco ( fractura exposta) e aps cirurgia;

    - Dificuldade de reduo;

    - Fenmenos tromboemblicos.

    13

  • Tardias: - Calo vicioso: valgo, varo, recurvatum, alteraes da congruncia patelo-

    femural. O elemento mais frequente do calo vicioso o recurvatum ps-bscula

    do fragmento distal, tem como consequncia a hiperextenso da perna sobre a

    coxa.

    - Pseudartrose;

    - Rigidez;

    - Perturbaes no crescimento;

    Tratamento: As fracturas articulares da extremidade inferior do fmur devem ter uma reduo cirrgica anatmica, uma fixao interna rgida tendo em vista

    uma recuperao funcional precoce.

    VIII Fracturas da Extremidade Proximal da Tbia

    Anatomopatologia e mecanismo de produo

    - Superfcies de contacto: os cndilos so suportados pelos planaltos. A superfcie maior do lado interno e a carga distribuda uniformemente pelo

    menisco e superfcie articular do planalto. Do lado exterior a superfcie de

    contacto est praticamente reduzida ao menisco:

    - Mecanismo de compresso em valgo exagerado: pode efectuar-se uma fractura do planalto externo e em 60% dos casos romper-se o menisco.

    Diagnstico: Baseia-se na clnica e no RX:

    - Histria de de traumatismo no joelho por atroplemento, acidente de trabalho,

    queda ou acidente desportivo, com dor e impotncia funcional;

    - Hemartrose com pouca tenso;

    - Deformidade lateral e mobilidade anormal nos movimentos de extenso e

    flexo;

    14

  • - RX em dois planos fornece o diagnstico, com incidncia em obliquo d-nos

    uma melhor localizao dos fragmentos;

    - TC em caso de dvida.

    Classificao (segundo Mason Hohl): Fractura coaptada: fora em valgo ou varo, em jovens sem osteoporose. So

    raras as leses ligamentares. So mais frequentes as leses do menisco

    externo quando do planalto do mesmo lado;

    Fractura por compresso: combinao de uma fora axial e valgo, com o joelho

    em extenso, planalto afunda-se devido compresso de cndilo. No h

    separao de fragmentos, leses ligamentares so raras;

    Fractura compresso-separao: mecanismo misto com compresso axial e

    valgo com o joelho semiflectido. Apresenta leses ligamentares, ,meniscais e,

    por vezes, fractura da extremidade superior do perneo. A linha da fractura

    pode ser vertical ou obliqua e atingir a espinha da tbia;

    Tratamento: A finalidade conseguir um joelho estvel, indolor, com bom arco de

    mobilidade e evitar artrofias musculares significativas;

    - Tratamento ortopdico-funcional e/ou currgico com uma reduo anatmica

    correcta, uma osteossntese rgida e uma mobilidade precoce, embora a carga

    se faa mais tardiamente;

    Complicaes:

    - Sequelas tardias (artroses);

    - Calos viciosos extra-articulares podem originar flexum ou recurvatum

    - Desvio sem o calo vicioso. Aps osteossntese;

    - Lassides crnicas sem o colo vicioso. Nas leses ligamentares no tratadas;

    - Necrose do planalto tibial;

    15

  • -Pseudoartrose (rara);

    - Fracturas do planalto tibil externo podem ter uma paralisia do nervo citico,

    popliteu externo.

    IX FRACTURAS DA RTULA

    Introduo: 1% das leses do esqueleto; - Acidentes de viao so a causa mais frequente, 25% destas fracturas

    ocorrem principalemnte em adultos jovens;

    - Mais em homens;

    Etiologia: - Mais provvel no adulto, excepcionais na criana;

    - Fracturas bilaterais no so raras;

    - Acidentes de viao so a causa mais comum;

    Mecanismos

    - Fracturas de mecanismo indirecto: forte contraco muscular rompendo a

    rtula transversalmente;

    - Fracturas de mecanismo directo: traumatismo directo na face anteriror da

    rtula. Fracturas cuminutivas

    Anatomia patologica e classificao Fracturas sem rotura do aparelh extensor:

    - fracturas verticais coaptadas e na sua metade ext;

    - Raramente se efectuam a meio da rtula: 4%;

    - Fracturas parcelares (4,5%);

    Fracturas com rotura do aparelho extensor:

    -As mais provveis (92%);

    - Quatro tipos:

    - Fractura transversal;

    - Fractura transversal com fragmento inferior cuminutivo

    - Fracturacuminutiva

    16

  • - Fractura transversal com fragmento superior cuminutivo

    Outras leses do aparelho extensor:

    - Rotura do tendo quadricipede: afecta essencialmente idosos, a ruptura

    habitualmente surge ao nvel do polo da rtula e a maior parte das vezes

    incompleta, miosite ossificante se no houver tratamento;

    - Rotura do tendo rotuliano: arrancamento do plo inferior da rtula ou da

    tuberosidade da tbia;

    - Arrancamento da tuberosidade anterior da tbia: muito rara

    Clnica: Histria de traumatismo violento sobre o joelho com dor intensa, impotncia

    funcional;

    - Extenso activa impossvel;

    - A maior parte das vezes o doente no consegue deambular;

    Observao e Palpao - Aumentode volume do joelho, por vezes eroses na pele ou feridas;

    - impossibilidade de elevao da perna;

    - Palpao d-nos sinais de descoaptao da fractura;

    RX ( frente e perfil): Permitem o estudo do trao, sua direco e conduta teraputica;

    - dever-se- realizar uma axial da rtula a 30;

    Diagnstico: por vezes difcil quandoas fracturas esto coaptadas e o trao da fractura longitudinal;

    Recorrer a uma incidncia axial da rtula para obter diagnstico;

    Complicaes e sequelas:

    - Impotncia funcional;

    - Infeco;

    17

  • - Rigidez;

    - Atrofia do quadricipede;

    - Artrose

    Tratamento

    Ortopdico:

    - Nas fractursa sem descoaptao;

    - Evacuao da hemartrose;

    - Imobilizao em joalheira gessada em 5 semanas

    - Reabilitao;

    Cirrgico - Fracturas descoaptadas tm indicao para cirurgia e fixao com

    osteossnteses internas mas se houver demasiada cominuo, dever-se-

    proceder a uma patelectomia.

    - Se a rtula for retirada no se verifica claudicao. Do ponto de vista esttico

    as senhoras no gostam de ficar sem rtula!

    - Fica-se com um dfice de fora de extenso de cerca de 30% que no

    importante para o dia-a-dia mas muito importante para desportistas;

    Rtula bipartida

    Anomalia congnita caracterizada pela existncia de um ponto de ossificao

    suplementar no ngulo supra externo do osso. Trata-se de uma anomalia

    bilateral (deve-se radiografar o joelho oposto).

    X FRACTURAS DOS OSSOS DA PERNA

    Classificao - Fracturas isoladas da tbia ou do perneo ou de ambos os ossos;

    - Fracturas cominutivas ou esquirolosas

    . Fracturas coaptadas ou descoaptadas;

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  • - As facturas de um tero superior do perneo podem estar associadas a

    leses neurulgicas ( paralisia do nervo citico popliteu externo) ou a leses

    ligamentares do joelho;

    - As fracturas de um tero inferior do perneo podem originar uma subluxao

    da articulao tbio-trsica.

    Tratamento

    - Conservador: poder-se- realizar no caso de frcturas no descoaptadas e com boa estabilidade intrnseca. Cada vez menos frequente.

    - Cirrgico: o tratamento de eleio para as fracturas instveis e descoaptadas o encavilhamento intramedular;

    - A utilizao de fixadores externos estar reservada para as facturas expostas

    ou, em casos de excepo, a fracturas fechadas;

    - Todos os doentes que aparecem com fracturas expostas seguem um

    protocolo:

    - Zaragatoa;

    - AB;

    - Lavagem com soro;

    - Imobilizaes provisrias com talas no bloco;

    - Cobertura com compressas embebidas em Betadine

    - Primeiras seis horas levar o doente para o bloco para desbridamento e

    fixao ssea (evitar risco infeccioso e vascular)

    Complicaes - Infeco;

    - Pseudoartrose;

    - Atraso de consolidao;

    - Complicaes neurovasculares;

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  • XI TRAUMATISMOS DA TIBIO-TRSICA

    A-Entorse: - Leso mais frequente da tbio-trsica;

    - Consequncia de uma distenso articular, podendo ser um simples

    alongamento ou uma rotura de ligamentos, com a rotura da cpsula

    articular;

    Trs Graus de Entorses:

    I. Benigno: Alongamento das fibras que constituem os ligamentos e algumas delas podem romper-se, ligamento no seu conjunto foi

    respeitado;

    II. Gravidade Mdia: existe uma rotura fascicular dos ligamentos mas no existe rotura da cpsula;

    III. Grave: rotura ligamentar e capsular: - A Artrografia um exame complemenar que podemos utilizar.

    - Entorse da tbio-trsica que provoque instabilidade articular, dever ser

    tratado cicurgicamente;

    Clnica: - Edema;

    - Dor mobilizao e carga;

    Tratamento: Entorse de Grau I: contenso elstica, gelo e AINE durante oito dias em que no dever haver apoio do membro;

    Entorse de Grau II: Imobilizao gessada por trs ou quatro semanas com repouso absoluto nos primeiros dias;

    Entorse de Grau III: Cirurgia se so pessoas jovens e desportistas. Em pessoas de idade avanada, imobilizao gessada por quatro a seis semanas;

    BFractura

    Clnica:

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  • - Dores intensas;

    - Impossibilidade de marcha sem apoio;

    - Edema;

    - Deformidade marcada

    -As fracturas por compresso vertical so as que tm prognstico mais

    reservado, podendo evoluir para artrose;

    - A doena de Sudek uma complicao frequente, quando existe um

    envolvimento traumtico marcado dos tecidos moles;

    - As fracturas da tbia-trsica podem estar associados a fracturas de um tero

    superoir do perneo, necessitando exames radiogrficos adequados para o seu

    diagnstico;

    - Fracturas da tbio-trsica so quase sempre tratadas cirurgicamente;

    XII TRAUMATISMO DO RETROP

    A. Fracturas do Astrgalo:

    Clnica:

    -Dor

    - Impossibilidade de efectuar apoio plantar mais dfice da mobilidade da tbio-

    trsica;

    Tratamento

    - Cirrgico Artrodese

    Complicaes: Necrose avascular a mais frequente

    B. Fracturas do Calcneo

    - Clnica: - Edema do calcanhar;

    - Dor aguda compresso lateral;

    - Perda acentuada da mobilidade das articulaes vizinhas;

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  • Prognstico: Depende fundamentalmente do seu envolvimento articular; Tratamento - Trao fracturrio no articular e diastase mnima: imobilizao gessada

    durante duas a trs semanas;

    - Trao fracturrio articular e diastase significativa: cirurgia para repor anatomia

    Sequelas : Artroses cujo tratamento frequentemente a artrodose. Uma dor persistente localizada articulao subastragalina aps fractura articular do calcneo, ter que passar normalmente por uma artrodese subastragalina.

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