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Parte Geral – Ementário de Jurisprudência Trabalhista 149 – Ação acidentária – incapacidade total e permanente – aposentadoria por invalidez – concessão “Apelação cível e recurso adesivo. Ação acidentária. Incapacidade total e permanente para atividade que lhe garanta a subsistência. Art. 42 da Lei nº 8.213/1991. Concessão da aposen- tadoria. Honorários advocatícios. Verba fixada em percentual razoável e compatível com o disposto no art. 20, § 3º, do Código de Processo Civil. Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça. Juros de mora. Art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997. Verba de caráter alimentar. 1% (um por cento) ao mês. Inaplicabilidade da Lei nº 11.960/2009 aos feitos em curso. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. Recurso do réu provido parcialmente e do autor não provido. Constatando-se que o acidente de trabalho acarretou a incapacidade total e permanente da requerente para atividade que lhe garanta a subsistência, devida é a aposentadoria por invali- dez, tal como previsto pelo art. 42 da Lei nº 8.213/1991. Fixando-se o julgador os honorários advocatícios em percentual razoável e em consonância com o art. 20, § 3º, do Código de Processo Civil, deve ser mantida a sentença neste aspecto, cabendo ao julgador, no entanto, se atentar ao disposto no enunciado da Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça. Em se tratando de benefício previdenciário, os juros de mora devem ser fixados à razão de 1% (um por cento) ao mês, mormente porque a alteração do texto do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, conferida pela Lei nº 11.960/2009, não pode ser aplicada aos feitos em curso, já que se trata de norma de natureza instrumental e material.” (TJMS – AC 2011.015937-6/0000-00 – 1ª T.Cív. – Rel. Des. Joenildo de Sousa Chaves – DJe 20.07.2011) Comentário Editorial Síntese No presente caso, discutiu-se a concessão da aposentadoria por invalidez ao empregado que sofreu acidente do trabalho acarretando incapacidade total e permanente. O instituto está previsto no art. 43 da Lei nº 8.213/1991 e será concedido: “Art. 43. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida a carência exigida, quando for o caso, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. § 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de inca- pacidade, mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. § 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.” Ressalte-se, ainda, que a incapacidade será comprovada por perícia médica. A Procuradora Federal Dra. Valéria de Fátima Izar Domingues da Costa leciona: “A aposentadoria por invalidez é um benefício de prestação continuada que pode ser comum ou acidentária, devida aos segurados que fazem parte do rol dos segurados obrigatórios, bem como ao facultativo, que contribui voluntariamente, e ao trabalhador rural, que não verteu contribuição aos cofres públicos. [...] A lei considera incapaz aquele que, por causa da doença, do defeito físico ou mental, se en- contra na absoluta e permanente impossibilidade de desenvolver qualquer trabalho. Porém, a incapacidade deve ser permanente e substancial, vez que insusceptível de reabilitação para qualquer trabalho que garanta a sobrevivência. Nota-se que a incapacidade está ligada ao trabalho que garanta a sobrevivência do beneficiá- rio; portanto, não é para qualquer trabalho apenas, porque, se o incapaz consegue com esforço trabalhar, mas se mantém em estado de necessidade social, perpetua-se a contingência que desencadeou a percepção ao benefício. Desse modo, a aferição da incapacidade deve ser para exercer uma atividade que lhe garanta a sobrevivência digna, buscando analisar se seria factível o reingresso do beneficiário ao mer- cado de trabalho, tendo-se em mira sua aptidão física e mental, atentando-se para o princípio da dignidade da pessoa humana.

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Parte Geral – Ementário de Jurisprudência Trabalhista149 – Ação acidentária – incapacidade total e permanente – aposentadoria por invalidez –

concessão

“Apelação cível e recurso adesivo. Ação acidentária. Incapacidade total e permanente para atividade que lhe garanta a subsistência. Art. 42 da Lei nº 8.213/1991. Concessão da aposen-tadoria. Honorários advocatícios. Verba fixada em percentual razoável e compatível com o disposto no art. 20, § 3º, do Código de Processo Civil. Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça. Juros de mora. Art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997. Verba de caráter alimentar. 1% (um por cento) ao mês. Inaplicabilidade da Lei nº 11.960/2009 aos feitos em curso. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. Recurso do réu provido parcialmente e do autor não provido. Constatando-se que o acidente de trabalho acarretou a incapacidade total e permanente da requerente para atividade que lhe garanta a subsistência, devida é a aposentadoria por invali-dez, tal como previsto pelo art. 42 da Lei nº 8.213/1991. Fixando-se o julgador os honorários advocatícios em percentual razoável e em consonância com o art. 20, § 3º, do Código de Processo Civil, deve ser mantida a sentença neste aspecto, cabendo ao julgador, no entanto, se atentar ao disposto no enunciado da Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça. Em se tratando de benefício previdenciário, os juros de mora devem ser fixados à razão de 1% (um por cento) ao mês, mormente porque a alteração do texto do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, conferida pela Lei nº 11.960/2009, não pode ser aplicada aos feitos em curso, já que se trata de norma de natureza instrumental e material.” (TJMS – AC 2011.015937-6/0000-00 – 1ª T.Cív. – Rel. Des. Joenildo de Sousa Chaves – DJe 20.07.2011)

Comentário Editorial SínteseNo presente caso, discutiu-se a concessão da aposentadoria por invalidez ao empregado que sofreu acidente do trabalho acarretando incapacidade total e permanente.

O instituto está previsto no art. 43 da Lei nº 8.213/1991 e será concedido:

“Art. 43. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida a carência exigida, quando for o caso, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição.

§ 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de inca-pacidade, mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.

§ 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.”

Ressalte-se, ainda, que a incapacidade será comprovada por perícia médica.

A Procuradora Federal Dra. Valéria de Fátima Izar Domingues da Costa leciona:

“A aposentadoria por invalidez é um benefício de prestação continuada que pode ser comum ou acidentária, devida aos segurados que fazem parte do rol dos segurados obrigatórios, bem como ao facultativo, que contribui voluntariamente, e ao trabalhador rural, que não verteu contribuição aos cofres públicos.

[...]

A lei considera incapaz aquele que, por causa da doença, do defeito físico ou mental, se en-contra na absoluta e permanente impossibilidade de desenvolver qualquer trabalho. Porém, a incapacidade deve ser permanente e substancial, vez que insusceptível de reabilitação para qualquer trabalho que garanta a sobrevivência.

Nota-se que a incapacidade está ligada ao trabalho que garanta a sobrevivência do beneficiá-rio; portanto, não é para qualquer trabalho apenas, porque, se o incapaz consegue com esforço trabalhar, mas se mantém em estado de necessidade social, perpetua-se a contingência que desencadeou a percepção ao benefício.

Desse modo, a aferição da incapacidade deve ser para exercer uma atividade que lhe garanta a sobrevivência digna, buscando analisar se seria factível o reingresso do beneficiário ao mer-cado de trabalho, tendo-se em mira sua aptidão física e mental, atentando-se para o princípio da dignidade da pessoa humana.

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RSP Nº 44 – Set-Out/2011 – PARTE GERAL – EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA .............................................................................. 187

A incapacidade total pressupõe a impossibilidade de retornar ao trabalho. Sendo a incapaci-dade parcial, há dispositivo expresso na lei que o indivíduo deverá ser reabilitado para exercer outra função, sendo-lhe devido, nesse caso, outro benefício, i.e., o auxílio-acidente.

Em sendo viável a reabilitação, deverá ser iniciado um tratamento médico, exceto cirurgias ou transfusão sanguínea. Em não atentando, o beneficiário, para essa determinação, o benefício será suspenso.

É a ideia de impossibilidade de trabalho e de necessidade que gera o direito à percepção ao benefício; portanto, se o segurado pode ser reabilitado, havendo a possibilidade de retorno ao mercado de trabalho, deve ele se sujeitar a tratamento, sob pena de perder o benefício. Isso é consentâneo com o espírito da Previdência Social, pois as contingências devem ser minoradas para que a sociedade não arque com o pagamento de um benefício desnecessário.

Assim, também, aquele que tem mais de uma atividade e se incapacita para apenas uma delas não terá direito à aposentadoria por invalidez, perpetuando-se o auxílio-doença até que a enfermidade o atinja por completo ou que recupere a capacidade.

Há um diferenciador entre a aposentadoria por invalidez decorrente de acidente ou doença do trabalho daquela decorrente de doença comum. Nesse último caso, é exigida carência de doze contribuições para o sistema.

Imperioso demonstrar que o art. 26 da Lei Beneficiária impõe a concessão de benefício sem carência para algumas doenças e afecções que devem fazer parte de uma lista elabo-rada pelo Ministério da Previdência e Assistência Social e estão no regulamento (Decreto nº 3.048/1999); porém, o art. 151 já adianta algumas doenças, tais como tuberculose, hanse-níase, neoplasia maligna, cegueira, cardiopatia grave, Aids, etc.

[...]

O benefício só poderá ser reconhecido se o filiado se tornou inválido após seu ingresso nos seios da Previdência; se já era portador da lesão, não terá direito, salvo se ela se agravar com a prestação do trabalho.

Ainda, mesmo após ter se filiado, o benefício será devido enquanto tiver essa capacidade, ou seja, enquanto mantiver a qualidade de segurado, pois, se perdê-la, não há que se falar em benefício, salvo se perfizer todos os requisitos para sua concessão. A condição de segurado será aferida na ocasião do requerimento ou naquela em que ocorreu a incapacidade, atestada por laudo médico do INSS.” (A aposentadoria por invalidez e o tratamento diferenciado da Lei nº 10.666/2003. Disponível em: online.sintese.com. Acesso em: 4 ago. 2011)

150 – Ação previdenciária – morte da parte – não habilitação de herdeiros – suspensão – prescrição – inocorrência – efeitos

“Previdenciário e processual civil. Suspensão do processo por morte da parte. Não habilitação de herdeiros. Alegação de prescrição. Inocorrência. Embargos de declaração. Inexistência de omissão. Pré-questionamento. Reexame de matéria. Impossibilidade. Precedentes. Embargos de declaração improvidos.” (TRF 5ª R. – AI 0003783-38.2011.4.05.0000/02 – (115264/CE) – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Lázaro Guimarães – DJe 09.09.2011 – p. 421)

151 – Acidente do trabalho – auxílio-doença – conversão em auxílio-acidentário – efeitos

“Acidente do trabalho. Benefício. Conversão de auxílio-doença previdenciário em seu ho-mônimo acidentário. Questão não apreciada na sentença. Julgamento extra petita. Vício de julgamento insanável. Sentença anulada de ofício. Não apreciando o Magistrado o único pedido da exordial, no caso, a conversão de auxílio-doença previdenciário em seu homô-nimo acidentário, de rigor a decretação da nulidade da sentença, pois não esgotada a pres-tação jurisdicional. Apelo voluntário do INSS e recurso de ofício prejudicados.” (TJSP – Ap 994.09.303876-0 – São José dos Campos – 16ª CDPúb. – Rel. Valdecir José do Nascimento – DJe 09.09.2011 – p. 1532)

152 – Aposentadoria – desaposentação – valores recebidos – devolução – hipótese de cabi-mento

“Constitucional, processual civil e previdenciário. Aplicação do art. 557, combinado com o art. 285-A, ambos do CPC. Desaposentação. Possibilidade. Necessidade de devolução dos va-

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lores recebidos a título da aposentadoria originária. Limites razoáveis para a devolução. Erro material corrigido de ofício. Recursos improvidos. O órgão fracionário pode dar interpretação a dispositivos legais que regem a ‘desaposentação’, sem ofensa ao art. 97 da Constituição Federal e à Súmula Vinculante nº 10 do col. STF. As interpretações do art. 5º, LXXVIII, da Constituição e do art. 557 do CPC permitem que recursos sejam decididos monocraticamente pelo Relator, bastando que o tema esteja pacificado na Turma, mesmo que por maioria de vo-tos. Apelações relativas à ‘desaposentação’ podem ser julgadas por decisões monocráticas na composição atual da Sétima Turma desta eg. Corte Federal, tendo em vista o entendimento do colegiado em seus aspectos centrais (precedente: TRF 3ª R., AgLg-AC 2009.61.83.013612-9, 7ª T., Relª Desª Fed. Eva Regina, v.u., J. 18.10.2010, DE 27.10.2010). Aposentado que conti-nua a laborar e a contribuir para a Previdência, adimplindo progressivas exigências impostas pelo sistema de Seguridade Social, deve receber o mesmo tratamento dado aos que trabalha-ram sem se aposentar, uma vez que cumpriram iguais requisitos. Por isso, o art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/1991 deve ser interpretado de modo a admitir que o beneficiário renuncie, desde a citação, à aposentadoria já concedida (sem mácula ao ato jurídico perfeito), mas, em razão da solidariedade e da igualdade que regem o sistema de seguridade, o direito à ‘desaposentação’ impõe a devolução integral dos valores percebidos a título do benefício cessado. Para ser exe-quível e razoável, essa devolução (com acréscimos) deve ser feita mediante desconto sobre o montante da nova aposentadoria a ser paga a cada mês, observando os seguintes limites, dos dois o menor: 30% do montante do novo benefício, ou o que restou acrescido quando com-parados o montante mensal até então pago e o novo benefício apurado. Se, por manifesto erro material, a decisão impugnada silencia-se quanto à fixação do termo inicial de incidência do novel benefício previdenciário, é facultado ao órgão julgador, em respeito ao que dispõe o art. 463, I, do CPC, implantá-lo, de ofício, a partir da citação (ex vi do art. 219 do CPC). Agravos improvidos, erro material corrigido de ofício, para fixar o termo inicial da desaposentação e incidência do novo benefício a partir da citação.” (TRF 3ª R. – Ag-AC 2008.61.83.004491-7/SP – 7ª T. – Rel. Juiz Conv. Carlos Francisco – DJe 24.06.2011)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 105 do TRF 2ª R.

153 – Aposentadoria – irregularidades no ato da concessão – suspensão do pagamento – le-galidade

“Previdenciário. Suspensão de aposentadoria. Irregularidades do ato de concessão apuradas em auditoria e informações do CNIS. Tempo de serviço não comprovado. 1. Apurada em auditoria interna do INSS a não implementação do tempo de serviço, confirmando, nesse aspecto, infor-mações do CNIS, a solução que se impõe é a manutenção da sentença que julgou improcedente o pedido do segurado para restabelecimento da sua aposentadoria. Não há nenhum vínculo empregatício relacionado ao PIS do autor, existindo, apenas, cento e oitenta recolhimentos, no valor mínimo, como contribuinte individual, que divergem no valor informado como salário--de-contribuição (teto) e que não seriam suficientes para autorizar a concessão do benefício. 2. Observância do devido processo administrativo, que se frustrou, malgrado, por fato do pró-prio segurado, em nada colaborando, ainda no processo judicial, para alforriar-se do ônus de provar os fatos constitutivos do alegado direito à aposentadoria. 3. Valoração do ato adminis-trativo, concebido no esforço de expungir e coibir irregularidades, cabendo aos juízes, em con-sonância ao art. 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, adotar decisão mais conforme aos fins sociais e exigências do bem comum, máxime à vista do interesse público da seguridade estatal. 4. Apelação improvida.” (TRF 2ª R. – AC 2005.51.01.519348-9 – 2ª T.Esp. – Relª Juíza Fed. Conv. Carmen Silvia Lima de Arruda – DJe 07.06.2011)

Comentário Editorial SínteseNo acórdão em estudo, discutiu-se a legalidade da suspensão do benefício de aposentadoria por parte do INSS.

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RSP Nº 44 – Set-Out/2011 – PARTE GERAL – EMENTÁRIO DE JURISPRUDÊNCIA .............................................................................. 189

A Autarquia, com base em dados adquiridos pelo CNIS, alegou que a suspensão do benefício ocorreu devido ao fato de o segurado não ter cumprido o tempo de serviço necessário para a concessão do benefício.

Essa faculdade é atribuída à Autarquia diante da redação do art. 69 da Lei nº 8.212/1991:

“Art. 69. O Ministério da Previdência e Assistência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS manterão programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes.

§ 1º Havendo indício de irregularidade na concessão ou na manutenção de benefício, a Previdên-cia Social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos de que dispuser, no prazo de trinta dias.

§ 2º A notificação a que se refere o parágrafo anterior far-se-á por via postal com aviso de recebi-mento e, não comparecendo o beneficiário nem apresentando defesa, será suspenso o benefício, com notificação ao beneficiário por edital resumido publicado uma vez em jornal de circulação na localidade.

§ 3º Decorrido o prazo concedido pela notificação postal ou pelo edital, sem que tenha havido res-posta, ou caso seja considerada pela Previdência Social como insuficiente ou improcedente a de-fesa apresentada, o benefício será cancelado, dando-se conhecimento da decisão ao beneficiário.

[...].”

Portanto, observado o disposto acima e o princípio constitucional da ampla defesa e do contradi-tório, é permitido à Autarquia suspender o pagamento do benefício previdenciário concedido ao segurado, quando constatada alguma irregularidade.

No mesmo sentido, o STF já se posicionou:

“473 – A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

Corroborando o entendimento, Roberto Luis Luchi Demo explica:

“Fraude no requerimento de benefício previdenciário é sintomática. Faz parte da realidade his-tórica da Previdência Social, qual o crime para a história da Humanidade. A psicologia explica.

Alteram-se o modus operandi, a quantidade, o mentor. Hoje, pode-se exemplificar: I – enterra-se o beneficiário falecido como indigente, para continuar recebendo seu benefício previdenciário; II – grávidas são registradas como empregadas com salários tão irreais quanto astronômicos, para receber o salário-maternidade; e III – sindicatos de trabalhadores rurais emitem certidões falsas de atividade rural, para viabilizar a aposentadoria rural por idade a quem nunca trabalhou na roça.

Adapta-se o sistema de controle. Mas há benefícios que, ainda assim, são concedidos irregular-mente. Daí a importância do serviço de auditoria, que opera o ‘controle dos atos operacionais para prevenção de desvios de procedimentos normativos, a verificação da regularidade dos atos praticados na execução e a consequente garantia de qualidade do trabalho’ (art. 434, caput, da IN INSS/DC 57, de 10.10.2001, que ‘estabelece critérios a serem adotados pelas linhas de arrecadação e de benefícios’).” (Suspensão e cancelamento de benefício previdenciário – Efeitos do recurso administrativo. Disponível em: online.sintese.com. Acesso em: 22 jun. 2011)

154 – Aposentadoria por idade urbana e aposentadoria por idade rural – acumulação – ve-dação legal

“Previdenciário. Ação rescisória. Violação a literal dispositivo de lei. Art. 485, inciso V, do CPC. Art. 124 da Lei nº 8.213/1991. Ocorrência. Acumulação de duas aposentadorias por idade. Impossibilidade. Pedido rescisório procedente. 1. É vedado o recebimento conjunto de mais de uma aposentadoria da Previdência Social, nos termos do art. 124, inciso II, da Lei nº 8.213/91. 2. In casu, o réu obteve administrativamente o benefício de aposentadoria por idade, enquanto comerciário, com data de início do benefício em 18.03.1998, sendo--lhe posteriormente concedido pela via judicial o benefício de aposentadoria rural por idade. 3. Ainda, resta descaracterizada a condição de segurado especial do réu, porquanto seu traba-lho não é indispensável à própria subsistência, já que possui fonte de rendimento decorrente de outra aposentadoria. 4. Pedido rescisório que se julga procedente.” (TRF 1ª R. – AR 0009498-43.2009.4.01.0000/GO – Rel. Des. Fed. Kassio Nunes Marques – DJe 06.09.2011 – p. 236)

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155 – Aposentadoria por invalidez – hepatites B e C – depressão e diabetes – incapacidade para o trabalho – comprovação – pagamento devido

“Previdenciário. Aposentadoria por invalidez. Hepatites B e C, depressão e diabetes. Incapaci-dade laboral. 1. Tratando-se de aposentadoria por invalidez, o julgador firma sua convicção, via de regra, por meio da prova pericial. 2. Considerando as conclusões do perito judicial de que a parte autora, por ser portadora das moléstias hepatite B e C, depressão e diabetes, está total e definitivamente incapacitada para o exercício de atividades laborativas, é devido o benefício de aposentadoria por invalidez. 3. O êxito do segurado em reclamatória trabalhista, no que pertine ao reconhecimento de diferenças salariais, atribui-lhe o direito de postular a revisão dos salários-de-contribuição componentes do período básico de cálculo do benefício, os quais, por consequência, acarretarão novo salário-de-benefício, sendo que o recolhimento das contribuições pertinentes, tratando-se de empregado, é ônus do empregador. 4. Os efeitos financeiros da revisão devem retroagir à data da concessão do benefício, tendo em vista que o deferimento de verbas trabalhistas representa o reconhecimento tardio de um direito já in-corporado ao patrimônio jurídico do segurado.” (TRF 4ª R. – Ap-RN 2006.72.07.001839-7/SC – 6ª T. – Relª Juíza Fed. Eliana Paggiarin Marinho – DJe 12.08.2011)

156 – Aposentadoria por tempo de contribuição – atividade rurícola a partir dos 12 anos – filiação anterior a 1991 – reconhecimento

“Direito previdenciário e processual civil. Agravo legal. Aposentadoria por tempo de contri-buição. Reconhecimento do tempo de atividade rural a partir dos 12 (doze) anos de idade. Não se exige documento de todo o período laborado. Início de prova material. Prova testemu-nhal idônea e convincente. Agravo desprovido. 1. O tempo de serviço laborado pelo autor em atividade rural, em período anterior à Lei nº 8.213/1991, é de ser reconhecido e computado para efeito do cálculo do tempo de contribuição, exceto para fins de carência, com autoriza-ção do inciso X do art. 60 do Decreto nº 3.048/1999, em consonância com o § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/1991. 2. Não se exige prova documental mês a mês ou datada em todos os anos do labor rural, vez que a prova testemunhal tem o condão de delimitar a amplitude do início de prova material do efetivo desempenho da atividade campesina. 3. O tempo de serviço rural efetivamente comprovado é de ser reconhecido a partir dos 12 (doze) anos de idade, posto que a vedação constitucional do trabalho do menor é assegurada para proteção do mesmo e não em seu prejuízo. 4. Os argumentos trazidos na irresignação da agravante foram devi-damente analisados pela r. decisão hostilizada, a qual se encontra alicerçada na legislação que estabelece o benefício e em jurisprudência da colenda Corte Superior. 5. Não se mostra razoável desconstituir a autoridade dos precedentes que orientam a conclusão que adotou a decisão agravada. 6. Agravo desprovido.” (TRF 3ª R. – Ag-AC 2006.61.12.006929-8/SP – 10ª T. – Rel. Des. Fed. Baptista Pereira – DJe 10.08.2011)

157 – Aposentadoria por tempo de serviço – jornada dupla de trabalho – cômputo – desca-bimento – regime de previdência único – observação

“Previdenciário. Aposentadoria por tempo de serviço. Contagem recíproca. Jornada dupla de trabalho. Mesmo regime de previdência. Alternância entre o RGPS e o regime próprio. Tempo de serviço único. 1. Duas fontes contributivas decorrentes de duas atividades laborais diversas, mas prestadas de forma concomitante, são consideradas como um único tempo de serviço se ambos os vínculos geram contribuições para o mesmo regime de Previdência Social. 2. Caso em que não houve sequer exercício de atividades concomitantes, mas apenas dupla jornada de labor, para o mesmo empregador, com uma única fonte contributiva, de forma que o tempo de serviço é uno. 3. A dupla jornada de trabalho que pode ser contada para cada sistema de previdência é aquela em que cada uma das atividades poderia ensejar, sozinha, o direito à aposentadoria, tendo em vista a vinculação a regimes de previdência diversos. Durante toda a sua vida laboral, o requerente esteve vinculado ou ao RGPS ou a

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regime próprio de previdência, de forma alternada, mas não cumulativa. 4. A concessão de duas aposentadorias por regimes distintos de previdência, com base em um mesmo tempo de serviço, é expressamente vedada no inciso III do art. 96 da Lei de Benefícios da Previdência Social.” (TRF 4ª R. – AC 2007.70.16.000052-7/PR – 6ª T. – Rel. Des. Fed. Celso Kipper – DJe 14.06.2011)

158 – Aposentadoria rural – prévio requerimento administrativo – ausência – irrelevância – sentença anulada – ocorrência

“Previdenciário. Aposentadoria rural. Prévia postulação administrativa. Desnecessidade. Prin-cípios da separação dos poderes e da inafastabilidade da tutela jurisdicional. Documentos juntados aos autos no ato da propositura da ação. Testemunhas arroladas na inicial. Sentença anulada. 1. Para propositura de ação previdenciária não há necessidade do anterior exauri-mento da via administrativa ou de sua prévia provocação. Precedentes. 2. Inexiste violação ao princípio da separação dos Poderes na admissão do feito sem a necessidade de prévia postulação administrativa, visto que o que se busca assegurar com a deliberação acima men-cionada é o pleno acesso do jurisdicionado ao Poder Judiciário, sem lhe impor o indevido condicionamento da análise de sua pretensão ao prévio exame da Autarquia Previdenciária. 3. Sentença anulada, devendo os autos retornar à origem para regular prosseguimento do fei-to. 4. Apelação provida.” (TRF 1ª R. – AC 0017229-70.2011.4.01.9199/TO – Relª Juíza Fed. Conv. Hind Ghassan Kayath – DJe 15.09.2011 – p. 272)

159 – Autônomo – contribuição previdenciária – ausência – fato gerador – início – recolhi-mento obrigatório

“Tributário e processual civil. Contribuição previdenciária. Desconstituição de suposto traba-lho autônomo pelo INSS. Atividade fiscalizadora. Relação de emprego. Preenchimento dos requisitos. 1. O apelo está lastreado em dois fundamentos: a) incompetência do INSS para a constatação da relação de emprego; e b) inexistência dos elementos caracterizadores da rela-ção de emprego. 2. Compete aos agentes fiscais do instituto verificar a ocorrência do fato ge-rador das obrigações tributárias referentes às contribuições devidas à Autarquia Previdenciária e, em caso afirmativo, não ocorrido o recolhimento, efetuar o lançamento tributário. 3. Não se sustenta também a afirmação de que no caso houve usurpação da competência da Justiça do Trabalho, eis que os efeitos decorrentes do reconhecimento da relação de emprego estão circunscritos apenas ao âmbito do custeio previdenciário, não alcançando eventuais consec-tários na esfera do Direito do Trabalho. 4. Do relatório fiscal acostado às fls. 24 a 37, restou esclarecido que, a despeito de os pagamentos aos trabalhadores serem efetuados por meio de RPA, há aí evidente relação de emprego, por tratar-se de trabalho subordinado, não eventual, prestado por pessoas físicas, mediante salário. 5. Dado atributo de presunção de legitimida-de dos atos administrativos, fundamentado o ato e aí lastreado em questões fático-jurídicas, impõe-se ao interessado afastar essa presunção, trazendo aos autos prova em contrário, o que não ocorreu.” (TRF 2ª R. – AC 1999.50.01.004367-9 – Rel. Ricarlos Almagro Vitoriano Cunha – DJe 15.09.2011 – p. 105)

160 – Auxílio-doença – conflito da incapacidade do segurado – verossimilhança da alegação – afastamento – tutela antecipada – não concessão

“Processual civil. Agravo de instrumento. Benefício previdenciário. Auxílio-doença. Presentes na espécie os requisitos ensejadores da tutela antecipada. Multa. Descabimento. Agravo par-cialmente provido. 1. O benefício previdenciário por incapacidade poderá ser concedido/res-tabelecido com a produção de perícia médica realizada em juízo que ateste a incapacidade laborativa da parte autora. É que, de acordo com entendimento deste Tribunal, a configuração de conflito entre as conclusões das perícias médicas realizadas pelo INSS e de outros laudos de médicos particulares afastaria a verossimilhança da alegação do segurado. 2. A jurispru-dência também tem entendido pela coerência da decisão que reconhece a necessidade de

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manutenção de benefício previdenciário, em face da existência dos requisitos ensejadores da medida acautelatória. Ora, ainda que a perícia administrativa do INSS goze de presunção de legitimidade, não há impedimento legal para que seja afastada a depender da análise do caso concreto apresentado ao exame do juízo (precedentes). 3. Na hipótese ora submetida ao crivo jurisdicional, verifica-se que foram apresentados relatórios contemporâneos atestando a inca-pacidade do autor. Considerando a natureza da moléstia incapacitante em tela e os atestados médicos juntados ao presente caderno processual digital, aliado, ainda, que se trata de tra-balhador rural com baixa escolaridade, levam à conclusão da presença da prova inequívoca. 4. No mais, patente é o periculum in mora, dada a natureza alimentar da verba, configurada a possibilidade de demora no provimento judicial definitivo. 5. No que tange à aplicação de multa, prevalece na jurisprudência desta Corte o entendimento segundo o qual é indevida a imposição de multa por eventual descumprimento de decisão que antecipou os efeitos da tu-tela pretendida, salvo manifesta recalcitrância, hipótese não configurada nos autos. 6. Agravo parcialmente provido (item 6).” (TRF 1ª R. – AI 0012965-59.2011.4.01.0000/MG – Rel. Des. Fed. Francisco de Assis Betti – DJe 22.08.2011 – p. 95)

Comentário Editorial SínteseA celeuma girou em torno do conflito entre as perícias realizadas para a comprovação da incapacidade do segurado para a obtenção do benefício previdenciário.O segurado, para obter o benefício do INSS, interpôs tutela antecipada alegando preencher os requisitos do art. 273 do CPC.

Todavia, o Relator não concedeu a medida, por entender que o conflito entre os laudos periciais afasta a verossimilhança da alegação.

Reza o dispositivo processual:“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.§ 1º Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento.

§ 2º Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.

§ 3º A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A.§ 4º A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

§ 5º Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.§ 6º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.

§ 7º Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.”

A existência da prova inequívoca e o convencimento da verossimilhança da alegação são outros dois requisitos para o requerimento da tutela antecipada.

O legislador, ao exigir a presença de prova inequívoca, referiu-se a uma prova documental, clara, precisa, sem dar margem à dúvida. Ela é tão robusta que não permite equívocos ou dúvidas, levando o juiz à certeza e não à mera verossimilhança.

Assim, quando o legislador referiu-se ao convencimento da verossimilhança da alegação, pre-tendeu aduzir ao indício da veracidade dos fatos alegados. Verossímil quer dizer semelhante à verdade, que parece verdadeiro, com grande intensidade da verdade.

Observe-se a seguinte transcrição:“Encontramos, nas palavras de Carreira Alvim, uma síntese dos pensamentos acima expostos, quando este assim se expressa: ‘Sempre que houver uma carga de probabilidade suficien-te para convencer o julgador da verossimilhança da alegação, tem cabimento a antecipa-

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ção da tutela, na mesma medida em que não tem, se o juiz se convencer do contrário’.” (BUTTENBENDER, Carlos Francisco. A antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional preten-dida. 2. ed. Porto Alegre: Síntese, 1999. p. 41)

Corroborando entendimento de Buttenbender, Siano assim discorre:

“Tem se entendido por prova inequívoca aquela a respeito da qual não mais se admite qual-quer discussão. É a prova extreme de dúvidas, que não deixa outra opção ao julgador, ou no dizer de Luiz Fux: ‘É a alma gêmea da prova de direito líquido e certo necessária à concessão do mandamus’.

Logo, com maior razão não se admite a realização de audiência de justificação.

Para Calmon de Passos, a apreciação da prova inequívoca somente seria possível após o en-cerramento da fase de postulação, com a conclusão do estágio de resposta do réu e depois de cumpridas eventuais medidas de regularização do processo [...].

A verossimilhança (conceito subjetivo) é a razoável aceitabilidade da versão, plausibilidade ou probabilidade de ser, ou no Vocabulário jurídico de De Plácido e Silva: ‘A verossimilhança resulta das circunstâncias que apontam certo fato, ou certa coisa, como possível ou como real, mesmo que não se tenham deles provas diretas’ [...].” (SIANO, James Alberto. Tutela ante-cipada. Repertório de Jurisprudência IOB, São Paulo, v. III, n. 18/01, p. 375, nº 3/18388, 2ª quinz. set. 2001)

161 – Auxílio-doença – conversão em aposentadoria por invalidez – Justiça Federal – com-petência – reconhecimento

“Restabelecimento de auxílio-doença previdenciário e conversão deste benefício em aposen-tadoria por invalidez previdenciária. Benefício, no caso, de natureza previdenciária. Com-petência da Justiça Federal. Juiz estadual sem delegação federal. Recurso não conhecido. Conflito negativo de competência suscitado. ‘Cuidando de ações que versem sobre questão relacionada a benefício de natureza previdenciária, devem ser propostas e julgadas na Justiça Federal, consoante a disposição do art. 109, I, da Constituição Federal’. Conflito negativo de competência suscitado.” (TJSP – Ap 994.09.359135-0 – São José dos Campos – 16ª CDPúb. – Rel. Valdecir José do Nascimento – DJe 09.09.2011 – p. 1532)

162 – Auxílio-doença – perda da qualidade de segurado – nova filiação – carência – ausência

“Previdenciário. Auxílio-doença. Perda da qualidade de segurado. Nova filiação. Carência. Ausência. Recurso provido. I – O auxílio-doença é um benefício que tem como requisitos a qualidade de segurado, carência de 12 contribuições e incapacidade do segurado para o trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. II – Nos termos do art. 24, parágrafo único, ‘havendo perda da qualidade de segurado, as contri-buições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido’. III – A recorrida, após perder a qualidade de segurada, filiou-se novamente ao RGPS recolhendo uma única contribuição, não podendo, por isso, aprovei-tar as contribuições anteriores para fins de carência. IV – Recurso a que se dá provimento. VI – Sem honorários advocatícios.” (TRF 1ª R. – RIn 200637009092327 – Rel. George Ribeiro da Silva – DJe 12.09.2011 – p. 541)

163 – Auxílio-doença – rurícola – carência – cumprimento – benefício devido

“Previdenciário e processual civil. Auxílio-doença. Reconhecimento da condição de rurícola e do cumprimento da carência. Laudo pericial parcial. Isenção de custas. Honorários advoca-tícios de 10% sobre o valor da condenação de acordo com a Súmula nº 111 do STJ. Correção monetária e juros na forma prevista no art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, a serem aplicados a partir da vigência da Lei nº 11.960/2009. Apelação e remessa parcialmente providas.” (TRF 5ª R. – Ap-Reex 0004538-72.2010.4.05.9999 – (13844/PB) – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Lázaro Guimarães – DJe 09.09.2011 – p. 370)

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164 – Auxílio-reclusão – beneficiária menor absolutamente incapaz – prescrição – inocor-rência – pagamento devido – termo inicial

“Previdenciário e processual civil. Pagamento de diferenças de benefício de auxílio-reclusão entre a data do recolhimento à prisão e a data do requerimento administrativo a menor abso-lutamente incapaz. Prescrição. Não incidência. 1. As condições para a concessão do benefí-cio previdenciário de auxílio-reclusão são idênticas às estabelecidas para a pensão por morte, regendo-se pela lei vigente à época do recolhimento do segurado à prisão. 2. Não corre a prescrição contra os absolutamente incapazes, consoante as previsões legais insculpidas nos arts. 169, inciso I, e 5º, inciso I, ambos do Código Civil de 1916, e do art. 198, inciso I, do Código Civil, c/c os arts. 79 e 103, parágrafo único, da Lei de Benefícios. Precedentes desta Corte. 3. In casu, o benefício de auxílio-reclusão é devido à autora, menor absolutamente incapaz, desde a data do recolhimento de seu genitor à prisão, ainda que o requerimento ad-ministrativo do benefício tenha sido efetuado mais de trinta dias depois da prisão.” (TRF 4ª R. – AC 0003395-41.2011.404.9999/PR – 6ª T. – Rel. Des. Fed. Celso Kipper – DJe 24.06.2011)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 91 do TRF 5ª R.

Comentário Editorial SínteseTrata-se de ação ajuizada contra o INSS pela dependente absolutamente menor, representada por sua mãe, para pleitear o recebimento do benefício de auxílio-reclusão desde a data do recolhimento do seu pai na prisão até a data do requerimento administrativo.O auxílio-reclusão, previsto no art. 80 da Lei nº 8.213/1991, é um benefício de trato continua- do, devido mensalmente aos dependentes do segurado preso por qualquer motivo, indepen-dente de carência, e será pago durante todo o período de cumprimento da pena de reclusão ou detenção, desde que o segurado não esteja recebendo salário da empresa, auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço.Referido benefício deixará de ser pago se a família não cumprir alguns dos requisitos exigidos pela legislação previdenciária, a exemplo da condição de dependente. Após a concessão do benefício, os dependentes devem apresentar à Previdência Social, de três em três meses, ates-tado de que o segurado continua detido ou recluso. Esse benefício também deixa de ser pago em caso de fuga, suspensão da pena e liberdade.Quando o único dependente é filho, ele deixa de ter direito quando completa 21 anos de idade, caso não seja inválido. Se o único dependente for a esposa, o benefício cessa com o seu falecimento.Ressalte-se que o STF proferiu nova decisão e manteve o critério de concessão do benefício previdenciário de auxílio-reclusão aos dependentes do preso segurado da Previdência Social. O Supremo considerou constitucional a legislação que determina a concessão do benefício à família do preso que mantém a qualidade de segurado ou que ainda esteja no período de gra-ça, condição atrelada à análise de renda do preso. O preso mantém a qualidade de segurado enquanto está contribuindo para a Previdência Social.A Professora Rúbia Zanotelli de Alvarenga explica o instituto:“Esse benefício tem por objetivo conceder proteção aos dependentes, pelo fato de eles ficarem desprotegidos com a reclusão do segurado. Visa a atender ao risco social da perda da fonte de renda familiar, em razão da prisão do segurado, e tem por destinatários os dependentes do recluso.Segundo Hélio Gustavo Alves:‘[...] o sistema carcerário tem como função reeducar o preso e uma das formas de ressocializa-ção é dar-lhe oportunidade de exercer uma atividade profissional dentro do sistema carcerário, fato que não ocorre. Logo, o preso, além de não estar sendo reeducado, por uma falha no sis-tema, não pode exercer qualquer espécie de trabalho, primeiro por estar recluso, segundo por má administração do Estado em não construir uma penitenciária produtiva que proporcione o exercício profissional.’[...]As regras do auxílio-reclusão estão previstas nos seguintes diplomas legais: art. 201, IV, da Constituição Federal de 1988; art. 80 da Lei nº 8.213/1991; arts. 116 a 119 do Decreto nº 3.048/1999; e art. 2º da Lei nº 10.666/2003.

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Consoante nos ensina Hélio Gustavo Alves:‘[...] o auxílio-reclusão é um benefício que garante a proteção da família e dependentes, além da fundamental importância para o equilíbrio da economia do País, ou seja, proporciona aos recebedores uma qualidade de vida digna, servindo a renda mensal para sustentação às bases alimentar e educacional e à saúde.’” (O auxílio-reclusão como um direito humano e fundamen-tal dos dependentes do segurado recolhido à prisão. Disponível em: <https://online.sintese.com/pages/core/coreDocuments.jsf?guid=I81164473DB0A525FE040007F01007C09&nota=0&tipodoc=08&esfera=&ls=2&index=1>. Acesso em: 5 jul. 2011)Com efeito, o Relator deu provimento ao apelo do segurado, condenando a Autarquia ao paga-mento do benefício de auxílio-reclusão.

165 – Auxílio-reclusão – restrição aos segurados presos de baixa renda – seletividade fun-dada na renda do segurado preso – não preenchimento dos requisitos – benefício não concedido

“Direito previdenciário e processual civil. Agravo legal. Auxílio-reclusão. EC 20/1998. Res-trição aos segurados presos de baixa renda. Seletividade fundada na renda do segurado pre-so. Não preenchimento dos requisitos. Recurso desprovido. 1. Entendimento firmado pelo egrégio Supremo Tribunal Federal no sentido de que a renda do segurado preso é que deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício e não a de seus dependentes. Precedente desta Turma. 2. Os argumentos trazidos na irresignação da agravante foram de-vidamente analisados pela r. decisão hostilizada, a qual se encontra alicerçada na legislação que estabelece o benefício e em jurisprudência do STF e desta Turma. 3. Recurso desprovido.” (TRF 3ª R. – Ag-AC 2010.03.99.037367-0/SP – 10ª T. – Rel. Des. Fed. Baptista Pereira – DJe 08.09.2011 – p. 1693)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 91 do TRF 5ª R.

166 – Benefício assistencial – deficiente – incapacidade para o trabalho – pagamento devido“Previdenciário. Benefício assistencial ao deficiente. Incapacidade para o trabalho e para a vida independente. Interpretação integrativa da Lei da Assistência Social. Requisitos presen-tes. Implantação imediata do benefício. DIB. Correção monetária. Honorários periciais. 1. O comprometimento da aptidão física para a recorrida assumir o ônus de sua subsistência, com o mínimo de dignidade, decorre da deficiência que lhe impede o acesso ao mercado de traba-lho, bem como à prática dos atos da vida independente, tomado o termo como a aptidão para gerir com autonomia a própria vida. 2. Hipossuficiência financeira caracterizada a partir da inexistência de renda pela requerente auferida, excluído o montante de 1 (um) salário-mínimo advindo do benefício previdenciário de aposentadoria percebido por seu consorte. 3. De acordo com as disposições do art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003, não interfere no cômputo da renda familiar per capita do idoso o benefício da mesma natureza percebido por outro membro do núcleo familiar. A interpretação teleológica do prescrito nesse dispositi-vo legal impõe reconhecer que o salário-mínimo é a renda piso normativamente considerada para a manutenção mensal da pessoa idosa e, por isso, não integra o cálculo da renda familiar per capita do núcleo que integra, seja para fins de concessão de benefício assistencial a outro idoso, seja para o deferimento de benefício assistencial ao deficiente. 4. A renda per capita do núcleo familiar se situaria em patamar de 1/2 salário-mínimo, ao se levar em consideração a aposentadoria de que é beneficiário o marido da requerente, circunstância que também não afastaria a pertinência da fruição da prestação assistencial. Normas legisladas supervenientes à Lei nº 8.742/1993 que disciplinaram as políticas de amparo e assistência social promovidas pelo Governo Federal estabeleceram o critério de 1/2 salário-mínimo como parâmetro defi-nidor da linha da pobreza (Leis nº 10.836/2001 – Bolsa-Família, nº 10.689/2003 – Programa Nacional de Acesso à Alimentação, nº 10.219/2001 – Bolsa-Escola). 5. Embora o Supremo Tri-bunal Federal já tenha se pronunciado por meio da ADIn 1232 quanto à constitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/1986, bem assim dos requisitos que lá se encerram para a concessão

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do benefício de amparo assistencial, a questão atinente à comprovação da carência financeira para fins de concessão do benefício assistencial vem sofrendo modificações jurisprudenciais com o fito de adequar a declaração de constitucionalidade com o princípio da dignidade da pessoa humana. Tais alterações jurisprudenciais, sem questionar a constitucionalidade do art. 20 da Lei nº 8.742/1993, têm reinterpretado o art. 203 da Constituição da República para admitir que o critério de 1/4 do salário-mínimo pode ser conjugado com outros fatores indi-cativos do estado de miserabilidade do indivíduo, posição que encontra amparo na jurispru-dência deste Tribunal, da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais e do Superior Tribunal de Justiça. 6. Configurados os pressupostos normati-vos que autorizam a concessão do benefício pleiteado, quais sejam, a inequívoca deficiência da apelada, em virtude da qual se encontra incapacitada para prover à própria subsistência, nem de tê-la provida pela família, e a renda mensal per capita, situada aquém do limite da linha de pobreza, é de direito a fruição do benefício assistencial garantido constitucionalmen-te a contar da data do requerimento administrativo indeferido por demonstrada nos autos a satisfação, à época, dos requisitos que o legitimavam. 7. Afastado o pleito da Autarquia pelo estabelecimento a partir do laudo pericial. 8. As parcelas pretéritas serão atualizadas moneta-riamente a partir do vencimento, nos termos da Lei nº 6.899, de 8 de abril de 1981, conforme Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal. 9. Mantido o percentual dos honorários periciais por compatível ao trabalho desempenhado pelo profissio-nal da saúde. 10. A concessão da antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional em sentença se equivale à confirmação do deferimento da medida liminar satisfativa em decisão interlocu-tória, anteriormente à resolução da lide, aplicando-se, extensivamente, o disposto no inciso VII do art. 520 do Código de Processo Civil. Precedentes desta Corte e do STJ. Outrossim, não se aplicam à matéria previdenciária as vedações da Lei nº 9.494/1997, estando presentes, no caso, os requisitos que sustentam a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional concedida em sentença. 11. Apelação e remessa oficial parcialmente providas no que pertine aos pa-râmetros de incidência da correção monetária.” (TRF 1ª R. – AC 2004.01.99.043761-7/MG – Relª Juíza Fed. Conv. Rogéria Maria Castro Debelli – DJe 13.07.2011)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 92 do TRF 5ª R.

167 – Benefício assistencial – idoso – hipossuficiência financeira – pagamento devido“Constitucional. Previdenciário. Mandado de segurança. Benefício assistencial ao idoso. Re-quisitos presentes. 1. Comprovada a condição de idoso, nos termos da legislação de regên-cia, pelos documentos pessoais apresentados. Hipossuficiência financeira demonstrada pelo estudo socioeconômico realizado na esfera administrativa, corroborado pelo fato de residir sozinha e depender de terceiros para o suprimento das necessidades básicas de subsistên-cia. 2. Presentes os pressupostos normativos que autorizam a fruição do benefício pleiteado, impende-se a manutenção da sentença que determinou a concessão do benefício assisten-cial a contar da data da impetração, limitada, face à informação coligida no feito, a data do óbito da autora, descontados os valores percebidos a título de antecipação dos efeitos da tutela. 3. Nada a reformar quanto à antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, uma vez que o eg. Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que não se aplicam à matéria previdenciária as vedações da Lei nº 9.494/1997, estando presentes, no caso, os requisitos que a sustentam. 4. Remessa oficial a que se nega provimento.” (TRF 1ª R. – Proc. 2003.35.00.008967-0 – Relª Juíza Fed. Conv. Rogéria Maria Castro Debelli – DJe 13.07.2011)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 93 do TRF 3ª R.

Comentário Editorial SínteseO v. acórdão tem por escopo o reconhecimento do direito de o segurado receber o benefício assistencial da Autarquia Previdenciária.

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O benefício assistencial foi instituído pela Lei nº 6.179/1974 e denominado de amparo pre-videnciário.

Era concedido ao maior de 70 anos de idade ou ao inválido, definitivamente incapacitado para o trabalho, que, em um ou em outro caso, não exercia atividade remunerada, não aufe-ria rendimento, sob qualquer forma, superior ao valor da renda mensal de 60% do valor do salário-mínimo do local de pagamento. Hoje, de acordo com o art. 34 da Lei nº 10.741/2003, considera idoso a pessoa a partir de 65 anos de idade.

Em 1988, a CF, no inciso V do art. 203, determinou o valor de um salário-mínimo vigente no País.

Atualmente, está previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 e, diante de inúmeras alterações ocorridas na legislação, temos, recentemente, algumas modificações introduzidas pela Lei nº 12.435/2011.

Entre todas as mudanças destacamos a definição de grupo familiar, o conceito de deficiência, para a concessão do benefício de assistência social, mantendo, contudo, o requisito da com-provação da renda per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo.

Note-se que o legislador ainda manteve a comprovação da renda familiar inferior a 1/4 do salário-mínimo, requisito que gera polêmica nos diversos entendimentos proferidos por nossos Relatores e doutrinadores.

Oportuno, assim, transcrevermos:

“Não se pode olvidar, todavia, que a Autarquia não pode se descurar da observância do princí-pio da legalidade, motivo que impede que seus servidores concedam benefícios nas hipóteses em que não se mostram preenchidos os requisitos legais.

Saliente-se que o Supremo Tribunal Federal já se manifestou sobre o tema na ADIn 1.232, que questionava exatamente essa rigidez na definição do critério objetivo de 1/4 do salário-mínimo como renda per capita familiar, como suposta afronta à Constituição. O Supremo Tribunal Fe-deral, como se sabe, entendeu constitucional a norma combatida. A ementa deixou bem clara a posição do Supremo de que a lei traz hipótese objetiva de prestação assistencial do Estado.

O STJ, por sua vez, entendeu que a análise deveria ser feita caso a caso, para que a aferição do critério miserabilidade fosse feita de forma mais completa e com análise mais detalhada do caso concreto:

‘PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA – REQUISITOS LEGAIS – ART. 203 DA CF – ART. 20, § 3º, DA LEI Nº 8.742/1993 – I – A assis-tência social foi criada com o intuito de beneficiar os miseráveis, pessoas incapazes de sobrevi-ver sem a ação da Previdência. II – O preceito contido no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/1993 não é o único critério válido para comprovar a condição de miserabilidade preceituada no art. 203, V, da Constituição Federal. A renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo deve ser considerada como um limite mínimo, um quantum objetivamente considerado insu-ficiente à subsistência do portador de deficiência e do idoso, o que não impede que o julgador faça uso de outros fatores que tenham o condão de comprovar a condição de miserabilidade da família do autor. Recurso não conhecido.’ (REsp 314264/SP, 2001/0036163-3, 5ª T., Rel. Min. Felix Fischer (1109), DJ 18.06.2001, p. 00185)

[…]

O benefício assistencial de prestação continuada apresenta-se, portanto, como assunto ainda permeado por controvérsias. No que tange ao duplo requisito para configuração da incapaci-dade, salienta-se a importância da novel súmula da AGU, reconhecendo a incapacidade para a vida independente como resultado da própria incapacidade laboral.

No tocante à questão da limitação de 1/4 do salário-mínimo para verificação da miserabilida-de, tem-se verificado uma flexibilização do entendimento manifestado pelo Supremo Tribunal Federal, que não pode ser acompanhado pelo INSS devido à limitação da legalidade na Ad-ministração Pública. Por esse motivo, entende-se que eventual mudança no critério objetivo deve ser realizada pelo Legislativo, sob pena de afronta à Constituição.” (COSTA, Sandro José de Oliveira. Aspectos polêmicos do benefício de prestação continuada. Disponível em: online.sintese.com. Acesso em: 26 jul. 2011)

168 – Benefício previdenciário – parcelas atrasadas – recebimento cumulado – IR – descabi-mento

“Tributário. Imposto de Renda Pessoa Física. Percepção acumulada de valores em decorrên-cia de concessão/revisão de benefício previdenciário. Parcelas atrasadas recebidas de forma

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acumulada. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando-se a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Orientação reafirmada no julgamento do REsp 1.118.429/SP, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC). 3. Agravo regimental não provido.” (STJ – AgRg--REsp 1.263.799 – (2011/0155585-0) – 2ª T. – Rel. Min. Herman Benjamin – DJe 12.09.2011 – p. 587)

169 – Benefício previdenciário – perda da qualidade de segurado – contribuições anteriores – cômputo – observação

“Previdenciário. Embargos infringentes. Incapacidade comprovada. Reaquisição da qualidade de segurado. Contribuições anteriores. Aproveitamento. Arts. 24, parágrafo único, e 25, in-ciso I, da Lei nº 8.213/1991. 1. Quatro são os requisitos para a concessão dos benefícios em tela: (a) a qualidade de segurado do requerente; (b) o cumprimento da carência de 12 contri-buições mensais; (c) a superveniência de moléstia incapacitante para o desenvolvimento de qualquer atividade que garanta a subsistência; (d) o caráter temporário ou definitivo da inca-pacidade, respectivamente. 2. Hipótese em que, havendo a perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a esse evento poderão ser computadas para efeito de carência se o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) das 12 contribuições exigidas para a concessão do respectivo benefício, conforme dis-põem os arts. 24, parágrafo único, e 25, inciso I, da Lei de Benefícios. 3. Comprovada a exis-tência de impedimento para o trabalho, uma vez readquirida a qualidade de segurada, deve ser mantido o acórdão atacado.” (TRF 4ª R. – EI 0004227-11.2010.404.9999/PR – 3ª S. – Rel. Des. Fed. Luís Alberto D’Azevedo Aurvalle – DJe 19.08.2011 – p. 6)

Comentário Editorial SínteseTrata-se de embargos infringentes opostos pelo INSS contra acórdão proferido pela col. 5ª Tur-ma do TRF da 4ª Região, a qual, por maioria de votos de seus membros, reformou a sentença de improcedência, entendendo devido o benefício de aposentadoria por invalidez à autora que teve a sua qualidade de segurada readquirida.

O Relator fundamentou seu entendimento com base no art. 24 da Lei nº 8.213/1991:

“Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.

Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido.”

Diante disso, o art. 25 da mesma lei em estudo menciona que, para a concessão do auxílio--doença ou aposentadoria por invalidez, o segurado deverá comprovar o recolhimento de 12 contribuições mensais.

O Professor Wladimir Novaes Martinez lembra:

“O art. 15 da Lei nº 8.213/1991 prevê que se mantém a qualidade de segurado, independen-temente de contribuições: I – sem limite de prazo quem está em gozo de benefício; II – até 12 meses após a cessação das contribuições o segurado que deixar de exercer atividade remune-rada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III – até 12 meses após cessar a segregação o segurado acometido de doença de segregação compulsória; IV – até 12 meses após o livramento o segurado retido ou recluso; V – até 3 meses após o licenciamento o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI – até 6 meses após a cessação das contribuições o segurado facultativo.

A hipótese do inciso I determina que o segurado que está em gozo de benefício tem a qualida-de de segurado sem limite de prazo, ou seja, enquanto mantém o vínculo com a Previdência Social recebendo benefício, preserva a qualidade de segurado.

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O exercício de atividade remunerada torna o trabalhador segurado obrigatório; portanto, a cessação dessa atividade remunerada levará à perda da qualidade de segurado. Porém, o legis-lador garantiu, por 12 meses após a cessação das contribuições, a manutenção da qualidade de segurado. Daí se infere que o segurado, deixando de exercer a atividade, poderá tentar se reenquadrar nesse período, ou, se puder, passar a fazer contribuições, mesmo que esporádi-cas, para garantir a qualidade de segurado.

Também garante por 12 meses a qualidade de segurado após a cessação da segregação oriun-da de doença e o livramento do preso. Tais situações são necessárias à readaptação desses segurados e à busca de colocação no mercado de trabalho.

Prazo menor, de apenas três meses de manutenção da qualidade de segurado, é assegurado ao segurado que deixar as Forças Armadas, pois é possível prever que ele terá maior facilidade para buscar nova ocupação.

E, por fim, o segurado facultativo que tem metade do prazo do segurado obrigatório, ou seja, seis meses após a cessação das contribuições.

[...]

Com a volta da atividade remunerada ou recolhimento como facultativo, recupera-se a quali-dade de segurado, surgindo outra questão de grande interesse: a da carência. Como ficaria o período que se perdeu junto com a qualidade de segurado?

Evidentemente, não seria justo que se perdessem esses recolhimentos. O legislador prevê que as contribuições anteriores à perda da qualidade de segurado serão recuperadas quando o se-gurado cumprir com 1/3 do número de contribuições exigidas para o atendimento da carência de cada benefício (art. 24 da Lei nº 8.213/1991).

[...]

Do exposto pode-se afirmar a importância do estudo da questão da qualidade de segurado e de sua manutenção. Afinal, cuida-se de um dos requisitos para a concessão de qualquer be-nefício previdenciário. Inclusive, em relação ao posicionamento de se conceder uma prestação mesmo para quem no momento da concessão não já mais a possuía, pois, se em data anterior conseguiu completar os requisitos, adquiriu o direito à concessão do benefício; porém, pode exercê-lo mais tarde, quando de sua conveniência.” (Qualidade do segurado na Previdência Social. Disponível em: online.sintese.com. Acesso em: 2 set. 2011)

170 – Benefício previdenciário – prévio requerimento administrativo – irrelevância – prosse-guimento da ação – cabimento

“Previdenciário e processual civil. Ação de concessão de benefício previdenciário. Prévio requerimento administrativo. Desnecessidade. Princípios da separação dos Poderes e da ina-fastabilidade da tutela jurisdicional. Sentença anulada. Retorno dos autos à origem. 1. Se-gundo uníssono posicionamento jurisprudencial há muito consolidado, não é necessária a prévia postulação administrativa como condição para o manejo da ação em que se busca a concessão de benefício previdenciário. Precedentes. 2. Inexiste violação ao princípio da separação dos Poderes na admissão do feito sem a necessidade de prévia postulação admi-nistrativa, visto que o que se busca assegurar com a deliberação acima mencionada é o pleno acesso do jurisdicionado ao Poder Judiciário, sem lhe impor o indevido condicionamento da análise de sua pretensão ao prévio exame da Autarquia previdenciária. 3. Sentença anulada, com a determinação de retorno dos autos à origem, em face da inaplicabilidade do procedi-mento previsto pelo art. 515, § 3º, do CPC. 4. Apelação provida.” (TRF 1ª R. – AC 0035421-85.2010.4.01.9199/MG – Relª Desª Fed. Neuza Alves – DJe 14.07.2011)

171 – Benefício previdenciário – reajuste – equivalência do salário-de-contribuição e salá-rio-de-benefício – impossibilidade

“Direito constitucional e previdenciário. Revisão de benefício previdenciário. Equivalência nos reajustes do salário-de-contribuição e salário-de-benefício. Impossibilidade. Emendas Constitucionais nºs 20/1998 e 41/2003. Incidência das Leis nºs 8.212/1991 e 8.213/1991. Jurisprudência da Corte. Agravo desprovido. 1. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que os critérios estabelecidos na legislação previdenciária correlata cumprem as disposições consti-

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tucionais que asseguram a irredutibilidade e a preservação do valor real dos benefícios. 2. A revisão do benefício previdenciário deve obedecer os parâmetros contidos nos arts. 20, § 1º, e 28, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 e art. 41, II, da Lei nº 8.213/1991. 3. Incabíveis os reajustes dos benefícios nos índices de 10,96% (dez./1998), 0,91 % (dez./2003) e 27,23% (dez./2004). 4. Agravo desprovido.” (TRF 3ª R. – Ag-AC 2010.61.83.011628-5/SP – 10ª T. – Rel. Des. Fed. Baptista Pereira – DJe 08.09.2011 – p. 1693)

172 – Benefício previdenciário – revisão – concessão anterior à CF/1988 – critérios

“Previdenciário. Constitucional. Revisão de benefício concedido antes da CF/1988. Critérios de reajustamento. Lei nº 8.213/1991 e alterações subsequentes. Preservação do valor real. Apelação do INSS. Razões dissociadas do que foi decidido na sentença. Apelação não co-nhecida. 1. Não se conhece da apelação do INSS, porque as suas razões recursais estão dissociadas do que foi decidido na sentença. 2. O reajustamento dos benefícios previdenciá- rios, a partir da entrada em vigor do novo Plano de Benefícios da Previdência Social, deve observar o disposto no art. 41, II, da Lei nº 8.213/1991 e alterações subsequentes, atendendo à determinação constitucional de que a preservação do valor real dos benefícios se dá com a aplicação dos critérios de reajuste previstos em lei. 3. Previsão inserida na Lei nº 11.430, de 26 de dezembro de 2006, que atualizou a Lei nº 8.213/1991 estabelecendo que: ‘O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajus-tamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fun-dação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE [...]’. 4. A preservação do valor real dos benefícios previdenciários ocorre com observância aos critérios e índices estabelecidos em lei, defeso ao Poder Judiciário estabelecer a aplicação de índices de reajuste diferentes, não havendo falar, pois, em ofensa às garantias de irredutibilidade do valor dos benefícios e da preservação do seu valor real, bem assim em qualquer inconstitucionalidade na Lei nº 8.213/1991. 5. Apelação não conhecida e remessa oficial, tida por interposta, provida.” (TRF 1ª R. – AC 2009.01.99.007632-6/MG – Relª Desª Fed. Neuza Alves – DJe 14.07.2011)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 100 do STF.

173 – Contribuição previdenciária – afastamento por acidente do trabalho, auxílio-doença e aviso-prévio indenizado – quinze primeiros dias – não incidência

“Agravo legal em agravo de instrumento. Tributário e previdenciário. Contribuição incidente sobre os quinze primeiros dias de afastamento do empregado por acidente ou doença e aviso--prévio indenizado. Impossibilidade. Verbas de caráter indenizatório. Recurso improvido. 1. Os argumentos expendidos no agravo legal não são suficientes para modificar o entendi-mento adotado na decisão monocrática. 2. A contribuição previdenciária não incide sobre os valores pagos aos empregados nos quinze primeiros dias de afastamento por motivo de acidente ou doença, uma vez que, nesse período, não há prestação de serviços, tampouco recebimento de salário, mas apenas de verba de caráter previdenciário paga pelo empregador. Precedente do colendo Superior Tribunal de Justiça. 2. O aviso-prévio indenizado não tem natureza salarial e, portanto, não deve ser computado para fins de incidência da contribuição previdenciária. Tal verba é paga a título de indenização pela rescisão do contrato, sem a ob-servância do prazo previsto em lei, e não a título de contraprestação de serviços. 3. Agravo legal não provido.” (TRF 3ª R. – Ag-AI 2011.03.00.007775-2/SP – 1ª T. – Relª Desª Fed. Vesna Kolmar – DJe 09.09.2011 – p. 212)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 104 do TRF 1ª R.

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174 – Contribuição previdenciária – cargo comissionado – recolhimento – obrigação do em-pregador – configuração

“Previdenciário. RMI. Revisão. Segurado obrigatório. Cargo comissionado. Contribuições. Recolhimento. Comprovação. Responsabilidade do empregador. 1. A responsabilidade pela comprovação do recolhimento das contribuições sobre os salários recebidos pelo segurado é do empregador, cabendo ao INSS a sua fiscalização, não sendo possível impor à demandante ônus que não lhe compete. 2. Hipótese em que restou comprovado o exercício de cargo co-missionado, sem que os respectivos salários-de-contribuição tenham sido considerados pelo órgão previdenciário quando do cálculo do salário-de-benefício, o que enseja o direito à re-visão. 3. Apelação e remessa oficial improvidas.” (TRF 5ª R. – Ap-Reex 2006.81.00.018973-8 – (18209/CE) – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel – DJe 10.08.2011)

Comentário Editorial SínteseNo acórdão em estudo, discutiu-se a responsabilidade do empregador pelo recolhimento da contribuição previdenciária.

Configurado o vínculo empregatício pelo desempenho de cargo comissionado junto à Câmara Municipal, depara-se com a redação contida no art. 9º do Decreto nº 3.048/1999:

“Art. 9º São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I – como empregado:

[...]

i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas Autarquias e fun-dações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

[...].”

Portanto, descabem a argumentação do empregador da ausência de vínculo empregatício e a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições previdenciárias.

Do voto do Relator destacamos:

“Com efeito, vê-se que a demandante desfruta da condição de segurada obrigatória, o que enseja a necessidade de proceder ao recolhimento das contribuições mensais à Previdência. Contudo, cumpre destacar que tal responsabilidade constitui ônus do empregador, sendo inad-missível que a demandante venha a ser prejudicada por seu descumprimento.”

Ressaltamos aqui a previsão contida no art. 30, inciso I, a, da Lei nº 8.212/1991, que prevê a obrigação do recolhimento das contribuições previdenciárias por parte do empregador.

Além disso, o art. 33, § 5º, da lei em estudo prescreve:

“O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta lei.”

Ora, tendo em vista a legislação previdenciária, o sujeito passivo da obrigação é efetivamente a empresa, ou seja, a sua obrigação previdenciária é reter do empregado o valor devido e recolher a importância aos cofres da Seguridade Social.

Nessa linha de raciocínio, mencionamos o seguinte trecho da doutrina de Sergio Pinto Martins:

“A única hipótese em que o recolhimento da contribuição previdenciária deveria ficar a cargo inteiramente da empresa seria quando, v.g., o salário não fosse pago, mas fosse incluído em folha de pagamento, reconhecendo a reclamada que não fez o pagamento na época oportuna. Nesse caso, a contribuição previdenciária seria devida exclusivamente pelo empregador, nos termos do § 5º do art. 33 da Lei nº 8.212, visto que inexistiria controvérsia a ser dirimida, em face do reconhecimento do pedido do autor por parte da ré. O empregador irá responder pela contribuição quando fizer a retenção no salário do empregado e não a recolher.” (Direito da seguridade social. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 253)

175 – Contribuição previdenciária – cessão de mão de obra – construção civil – recolhimen-to antecipado – prazo decadencial – contagem – termo inicial

“Tributário. Decadência. Prazo quinquenal. Pagamento antecipado. Contribuição previdenciá-ria. Prestação de serviços mediante cessão de mão de obra. Construção civil. Responsabilidade

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solidária. Aferição indireta. Ilegalidade. 1. O art. 150, § 4º, do CTN trata da homologação do pagamento antecipado; se o contribuinte não antecipar o pagamento, porque entende que o tributo não é devido, obviamente não haverá crédito a ser extinto por homologação. Mostra-se inviável considerar o prazo decadencial a contar do fato gerador, quando o contribuinte não declara os tributos em DCTF ou GFIP e, por conseguinte, não efetua o pagamento antecipado. 2. Havendo o recolhimento antecipado das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos empregados das empresas prestadoras de serviços, o prazo decadencial deve ser contado a partir do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. 3. Os prazos estabe-lecidos pelos arts. 150, § 4º, e 173, § 1º, ambos do CTN, não podem ser aplicados simultanea- mente, visto que o primeiro supõe o pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação, enquanto o segundo se aplica justamente quando o pagamento do tributo não é observado. 4. É inconstitucional o art. 45 da Lei nº 8.212/1991, que prevê o prazo de dez anos para a constituição do crédito previdenciário. 5. O vínculo obrigacional estabelecido pelo art. 30, VI, da Lei nº 8.212/1991, em relação ao responsável solidário, decorre unicamente de um dever instituído por lei e descumprido pelo sujeito obrigado à sua observância. 6. O arbitra-mento não constitui uma modalidade de lançamento, mas uma técnica, um critério substitutivo que a legislação permite, excepcionalmente, quando o contribuinte não cumpre seus deveres de apresentar as declarações obrigatórias por lei. 7. O pressuposto para que a autoridade fiscal se valha do arbitramento é a omissão do sujeito passivo, recusa ou sonegação de informação ou a irregularidade das declarações ou documentos que devem ser utilizados para o cálculo do tributo. 8. O contratante dos serviços responde pelo pagamento das contribuições devidas, mas não pelas informações necessárias para o lançamento tributário, pois não é sua a obrigação de apurar o montante do tributo devido, tampouco de fiscalizar a exatidão e regularidade do seu recolhimento. Somente a inspeção in loco das empresas prestadoras pode fornecer elementos precisos a respeito da omissão ou não veracidade dos dados informados na folha de pagamento e nas guias de recolhimento.” (TRF 4ª R. – AC 2005.71.00.035264-2/RS – 1ª T. – Rel. Des. Fed. Joel Ilan Paciornik – DJe 20.07.2011)

176 – Contribuição previdenciária – empregador – desconto – repasse obrigatório aos cofres públicos – ausência – apropriação indébita – tipificação de crime

“Penal. Processual penal. Apropriação indébita previdenciária. Art. 168-A do Código Penal. Crime omissivo próprio. Dolo. Materialidade e autoria demonstradas. Dificuldade financeira. Ausência de comprovação. Condenação. Falsificação de documento público. Art. 297, § 4º, do Código Penal. Ausência de comprovação. 1. Trata-se o delito imputado aos apelantes, descrito no art. 168-A do CP, de crime omissivo próprio, o qual se consuma no momento em que empregador, detentor do dever legal de repassar à Previdência as contribuições des-contadas de seus empregados, deixa de fazê-lo, independentemente da presença ou não do dolo específico de se apropriar daqueles valores (animus rem sibi habendi). 2. Ao deixar, de forma livre e consciente, de recolher aos cofres da Previdência os descontos efetuados a título de contribuição previdenciária nos salários dos empregados da empresa que administrava, praticou o apelando, dolosamente, a conduta descrita no tipo em comento, mesmo que não o tenha feito com a vontade de se apropriar de tais valores. 3. A alegação da existência de dificuldades financeiras não tem o condão de, por si só, eximir o acusado da responsabilidade pelo delito praticado, porquanto a excludente suscitada clama por prova concreta e robusta da existência de situação de extrema dificuldade financeira, da qual não se desincumbiu a defesa. 4. Os documentos apresentados pela defesa não correspondem ao período do não recolhimento das contribuições previdenciárias objeto da denúncia, ou seja, de 01/1996 a 01/2000, não se prestando para a demonstração de que as dificuldades financeiras foram as causas da omissão, conforme narrado na denúncia. 5. Não há nos autos qualquer prova que evidencie a ocorrência da figura típica descrita no art. 297, § 4º, do Código Penal, razão pela qual é de ser mantida a r. sentença absolutória, no particular. 6. Recurso de apelação parcial-mente provido.” (TRF 1ª R. – ACr 0030526-84.2007.4.01.3800/MG – Rel. Des. Fed. Mário César Ribeiro – DJe 15.09.2011 – p. 296)

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177 – Contribuição previdenciária – produtor rural – Funrural – inexigibilidade

“Previdenciário e processual civil. Agravo regimental em agravo de instrumento. Contribuição previdenciária. Funrural. Produtor rural. Julgado impugnado em consonância com o entendi-mento jurisprudencial sobre a matéria. Aplicação da regra do art. 557, caput, do CPC. Possi-bilidade. I – Nos termos da orientação jurisprudencial já consolidada no âmbito do Supremo Tribunal Federal, afigura-se ilegítima a exigência da contribuição previdenciária prevista no art. 25 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 8.540/1992, que instituiu o reco-lhimento da contribuição previdenciária dos produtores rurais. II – Encontrando-se a decisão agravada em sintonia com esse entendimento, poderá o Relator negar seguimento ao recurso, nos termos do art. 557, caput, do CPC. III – Agravo regimental desprovido.” (TRF 1ª R. – AI 0056789-05.2010.4.01.0000/MG – Rel. Des. Fed. Souza Prudente – DJe 10.06.2011)

178 – Contribuição previdenciária – servidor público estadual – majoração da alíquota para 11% – repetição de indébito – inconstitucionalidade da norma

“Contribuição previdenciária. Repetição de indébito. Funcionário Público Estadual ativo que se insurge contra a cobrança de percentual de 5% instituído pelas Leis Estaduais nºs 943/2003 e 954/2003, que restou por majorar a alíquota previdenciária para 11%. Alegada inconstitu-cionalidade da legislação, ante a ausência de destinação dos recolhimentos ao fundo previ-denciário e contrapartida julgamento.” (TJSP – Ap 994.07.188073-4 – São Paulo – 3ª CDPúb. – Rel. Leonel Costa – DJe 02.09.2011 – p. 1002)

179 – Contribuição previdenciária – terço constitucional de férias – substituição processual – ilegitimidade ativa – extinção do processo sem julgamento do mérito

“Embargos de declaração. Tributário. Processual civil. Contribuição previdenciária. Terço constitucional de férias. Federação. Condição da ação. Substituição processual. Ilegitimidade ativa. Extinção do processo sem julgamento do mérito. Art. 267, VI, do CPC. Inexistência de omissão, obscuridade ou contradição. Efeitos modificativos. Inconformismo com a decisão proferida. 1. O voto proferido bem expôs o entendimento sobre a matéria, reconhecendo, a partir da análise da documentação juntada neste feito, a ilegitimidade da Federação au-tora à propositura da presente demanda, raciocínio este que também alcança o argumento trazido pela embargante de que a inexistência de sindicato na base territorial dos servidores substituídos torná-la-ia apta ao ajuizamento da demanda em substituição processual, por-quanto também não consta nos autos qualquer documentação comprobatória deste fato ora alegado em sede de embargos declaratórios. 2. Não hão de prosperar embargos declaratórios com a finalidade de emprestar efeitos modificativos ao julgado quando neste inexiste omis-são, contradição ou obscuridade, e o embargante limita-se a demonstrar seu inconformismo com o que foi decidido. Embargos de declaração desprovidos.” (TRF 5ª R. – AC 0001434-19.2010.4.05.8400/01 – (508677/RN) – 1ª T. – Rel. Des. Fed. José Maria de Oliveira Lucena)

Transcrição Editorial SínteseCódigo de Processo Civil:

“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

[...]

VI – quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

[...]”

180 – Contribuição previdenciária rural – Funrural – produtor rural – inconstitucionalidade

“Previdenciário e processual civil. Agravo regimental em agravo de instrumento. Contribuição previdenciária. Funrural. Produtor rural. Julgado impugnado em consonância com o entendi-

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mento jurisprudencial sobre a matéria. Aplicação da regra do art. 557, caput, do CPC. Possi-bilidade. I – Nos termos da orientação jurisprudencial já consolidada no âmbito do Supremo Tribunal Federal, afigura-se ilegítima a exigência da contribuição previdenciária prevista no art. 25 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 8.540/1992, que instituiu o recolhimento da contribuição previdenciária dos produtores rurais. II – Em sendo assim, reco-nhecida a inconstitucionalidade do tributo em questão, ainda que em sede de controle difuso de inconstitucionalidade, não se mostra razoável e proporcional a exigência da contribuição social, como no caso. III – Encontrando-se a decisão agravada em sintonia com esse entendi-mento, poderá o Relator negar seguimento ao recurso, nos termos do art. 557, caput, do CPC. IV – Agravo regimental desprovido.” (TRF 1ª R. – AI 0002044-41.2011.4.01.0000/MA – Rel. Des. Fed. Souza Prudente – DJe 15.07.2011)

181 – Contribuinte individual – auxílio-acidente – benefício não devido“Apelação cível. Previdenciário. Contribuinte individual. Auxílio-acidente incabível. Exegese do parágrafo único do art. 18 da Lei nº 8.213/1991. Sentença mantida. Recurso desprovido. ‘Embora a legislação de regência contemple ao contribuinte individual a qualidade de se-gurado obrigatório da Previdência Social, claramente o exclui do direito ao recebimento de auxílio-acidente’ (AC 2008.014840-7, Relª Desª Sônia Maria Schmitz, J. 19.08.2008).” (TJSC – AC 2010.045594-5 – 4ª CDPúb. – Rel. Juiz Rodrigo Collaço – DJe 09.09.2011)

182 – Doméstico – tempo de serviço anterior à Lei nº 5.859/1972 – declaração de ex-patrão – início de prova material – reconhecimento

“Processo civil. Agravo regimental no agravo de instrumento. Previdenciário. Empregado doméstico. Reconhecimento de tempo de serviço trabalhado anterior à edição da Lei nº 5.859/1972. Declaração de ex-patrão. Início de prova material possível por ausência de exi-gência documental. Súmula nº 7/STJ. 1. Antes da Lei nº 5.859/1972 não havia previsão legal de registro de filiação obrigatória ao Regime Geral de Previdência Social, razão porque não se exige prova documental relativa a essa época. 2. Na hipótese em exame, o período que se pretende comprovar é anterior ao advento do aludido diploma, sendo possível a averbação. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ – AgRg-AI 1.213.413 – (2009/0159419-8) – 5ª T. – Rel. Min. Adilson Vieira Macabu – DJe 03.08.2011)

183 – Funrural – pessoa física – empregadora rural – contribuição indevida – Leis nºs 8.213/1991 e 8.540/1992

“Tributário. Funrural. Pessoa física empregadora rural. Contribuição indevida entre o período das Leis nºs 8.213/1991 e 8.540/1992. 1. Esta Corte possui entendimento assente no sentido de que a contribuição ao Funrural sobre o valor da comercialização dos produtos rurais foi devida até o advento da Lei nº 8.213/1991, que passou a viger em novembro de 1991. Toda-via, no caso de pessoa física empregadora rural, tal contribuição voltou a ser devida a partir de 23.03.1993, por ocasião da Lei nº 8.540/1992. Precedentes: AgRg-REsp 1.119.692/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 25.11.2009; AgRg-EDcl-REsp 846.026/MT, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe de 16.04.2009; REsp 730.894/PR, Relª Min. Denise Arruda, Primeira Turma, DJe de 26.05.2008; REsp 871.852/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 12.05.2008. 2. Na espécie, os recorrentes, produtores rurais empre-gadores, impetraram o presente mandado de segurança buscando a restituição de valores re-colhidos indevidamente a partir de agosto de 1994, após, portanto, o período compreendido como indevido, que se deu entre as Leis nºs 8.212/1991 e 8.540/1992. 3. Agravo regimental não provido.” (STJ – AgRg-REsp 892176/SC – (2006/0218858-4) – 2ª T. – Rel. Min. Mauro Campbell Marques – DJe 05.05.2010)

Comentário Editorial SínteseO Funrural nada mais é que uma contribuição social que tem sua base legal estabelecida no art. 25 da Lei nº 8.212/1991.

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O Funrural é voltado aos contribuintes produtores rurais e pescadores e tem como responsável tributário, em sua grande maioria, as empresas adquirentes dos seus produtos nos moldes art. 30 da Lei nº 8.212/1991.

É bastante relevante destacar que, recentemente, mais precisamente no dia 19.06.2008, o Supremo Tribunal Federal já havia confirmado a inconstitucionalidade do tributo por meio de recurso extraordinário registrado sob o nº 584085, como já havia feito no advento do art. 25, § 2º, da Lei nº 8.870/1994.

Em suma, o art. 25 da Lei nº 8.212/1991, na visão do eg. Supremo Tribunal Federal, acabou por afrontar diretamente regras constitucionais da seara tributária, como o art. 154, inciso I, e o art. 195, inciso I, alíneas a, b e c, da Constituição Federal de 1988.

Nesse diapasão, percebe-se que a base de cálculo utilizada pela lei não está prevista na Constituição Federal, senão vejamos: “Receita bruta proveniente da comercialização da sua produção”.

Portanto, podemos afirmar que entendeu acertadamente o STF ao afirmar que “o valor esti-mado da produção agrícola própria, considerado o seu preço de mercado”, é conceito diverso das bases de cálculo do art. 195, inciso I, a, b e c, “incidentes sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro”.

Já o ilustre Ministro Marco Aurélio, Relator do RE 363852/MG, conheceu do recurso e deu-lhe provimento para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento aludidos, declarando a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 8.540/1992.

Naquele momento, entendeu o ilustre Ministro que houve bitributação, ofensa ao princípio da isonomia, além de criação de nova fonte de custeio sem lei complementar.

Esta breve explanação teve o intuito de nos atualizar sobre o momento em que vive o tema frente aos Tribunais, principalmente o Supremo Tribunal Federal.

Agora, após este breve estudo, passamos ao acórdão do Superior Tribunal de Justiça, acórdão este publicado no DJe em 05.05.2010 e que teve como Relator o nobre Ministro Mauro Campbell Marques.

Cuida-se de um agravo regimental interposto por Anderson Roque Gaspari e outros em face de decisão assim ementada:

“TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA E JURÍDICA – ACÓRDÃO FUNDAMENTADO EM MATÉRIA CONSTITUCIONAL – INCOMPETÊN-CIA DO STJ – RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (ART. 557, CAPUT, DO CPC) – Os agravantes, em síntese, alegam que o STJ tem decidido no sentido de que a con-tribuição para o Funrural, incidente sobre as operações econômicas de aquisição de produtos rurais pelas empresas, somente foi devida até o advento da Lei nº 8.213/1991.”

Ao julgar, o Ministro Mauro Campbell Marques, de pronto e de forma contundente, ressaltou que o inconformismo apresentado pelo agravante não prospera, embora por outros funda-mentos.

Tanto que iniciou seu julgamento destacando que sobre o assunto esta Corte possui entendi-mento assente no sentido de que a contribuição ao Funrural sobre o valor da comercialização dos produtos rurais foi devida até o advento da Lei nº 8.213/1991, que passou a viger em novembro de 1991.

Porém, lembrou, ainda, que, no caso de pessoa física empregadora rural, tal contribuição voltou a ser devida a partir de 23.03.1993, por ocasião da Lei nº 8.540/1992.

Para tanto, citou alguns precedentes, que transcrevemos adiante:

“TRIBUTÁRIO – AGRAVO REGIMENTAL – RECURSO ESPECIAL – FUNRURAL – PESSOA FÍSICA EMPREGADORA RURAL – CONTRIBUIÇÃO INDEVIDA NO PERÍODO ENTRE AS LEIS NºS 8.212/1991 E 8.540/1992 – 1. A Lei nº 7.787/1989 não suprimiu o art. 15, I, da Lei Complementar nº 11/1971, mas, tão somente, a hipótese prevista em seu inciso II, a saber, a contribuição sobre a folha de salários; todavia, a contribuição incidente sobre a comercia-lização de produto rural fora extinta com a unificação do regime de previdência urbana e rural, especificamente no art. 138 da Lei nº 8.213/1992. 2. A Lei nº 8.540/1992 tornou a contribuição exigível e, em atenção ao princípio da anterioridade nonagesimal, teve vigência a partir de 23.03.1993. Dessarte, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento na linha de que a contribuição incidente sobre a comercialização de produtos rurais a cargo da pessoa física empregadora rural somente é indevida no período entre as Leis nºs 8.212/1991 e 8.540/1992. 3. Todavia, in casu, conforme se verifica da sentença de fls. 119-128, o recorrente, produtor rural empregador, impetrou o presente mandado de segurança buscando

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a restituição de valores recolhidos indevidamente a partir de março de 1997, após, portan-to, o período compreendido como indevido. 4. Agravo regimental não provido.” (AgRg-REsp 1.119.692/RS, 1ª T., Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 25.11.2009)

“TRIBUTÁRIO – SEGURIDADE SOCIAL – CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL – LEI Nº 8.212/1991, ART. 25, I – VALOR DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS RURAIS – LC 11/1971 – INCIDÊNCIA – 1. A contribuição para o Funrural – incidente sobre o valor comercial dos produtos rurais (art. 15, I, da Lei Complementar nº 11/1971) – permaneceu vigente até o advento da Lei nº 8.213/1991, que passou a viger em novembro de 1991. Precedentes: REsp 1075283/ES, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 05.11.2008; REsp 871.852/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 12.05.2008. 2. São exigíveis, portanto, os débitos cobrados referente aos meses de agosto a outubro de 1991, quando ainda era exigível a contribuição do Funrural sobre as transações relativas à aquisição de produtos rurais. Agravo regimental improvido.” (AgRg-EDcl-REsp 846.026/MT, 2ª T., Rel. Min. Castro Meira, DJe de 16.04.2009)

“RECURSO ESPECIAL – TRIBUTÁRIO – PRORURAL – CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL – LEI Nº 8.213/1991 – EXTINÇÃO – REEXAME DE QUESTÕES CONSTITUCIONAIS – IMPOSSIBILIDADE – BASE DE CÁLCULO DA CONTRI-BUIÇÃO – INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 284/STF – MOMENTO DO FATO GERADOR – DIS-SÍDIO JURISPRUDENCIAL DEMONSTRADO – RECURSO PROVIDO EM PARTE – 1. No que tange à exigibilidade da contribuição incidente sobre a comercialização da produção rural, este Tribunal Superior consolidou entendimento segundo o qual a Lei nº 7.787/1989 não suprimiu o inciso I do art. 15 da LC 11/1971 e sim a contribuição prevista no inciso II do mesmo artigo em referência, porque se trata de supressão da contribuição sobre a folha de salários (AgRg--REsp 780.294/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 29.05.2006; REsp 244.801/SC, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 19.12.2005; REsp 262.964/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 22.03.2004; REsp 246.286/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 26.05.2003). Assim, a contribuição sobre o valor comercial dos produtos rurais continuou sendo exigível, inclusive com a vigência da Lei nº 7.787/1989, vindo a ser extinta apenas com o advento da Lei nº 8.213/1991. [...]” (REsp 730.894/PR, 1ª T., Relª Min. Denise Arruda, DJe de 26.05.2008)

Por fim, ainda que pese a decisão do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 363852/MG, o ilustre Ministro destacou que, no caso em questão, os re-correntes, produtores rurais empregadores, impetraram o presente mandado de segurança buscando a restituição de valores recolhidos indevidamente a partir de agosto de 1994, após, portanto, o período compreendido como indevido, que se deu entre as Leis nºs 8.212/1991 e 8.540/1992.

Assim, com base em todo o exposto, e também na jurisprudência mencionada, o eg. Superior Tribunal de Justiça negou provimento ao agravo regimental.

184 – Pensão por morte – cônjuge varão – óbito anterior a Lei nº 8.213/1991 – comprovação da invalidez da segurada – violação constitucional

“Agravo regimental no recurso extraordinário. Previdenciário. Pensão por morte. Concessão ao cônjuge varão. Óbito da segurada anterior ao advento da Lei nº 8.213/1991. Exigência de demonstração de invalidez. Violação ao princípio da isonomia. Art. 201, inciso V, da Constituição Federal. Autoaplicabilidade. 1. O princípio da isonomia resta violado por lei que exige do marido, para fins de recebimento de pensão por morte da segurada, a comprovação de estado de invalidez (Plenário desta Corte no julgamento do RE 385.397-AgRg, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJe 06.09.2007). A regra isonômica aplicada ao regime pró-prio de Previdência Social tem aplicabilidade ao regime geral (RE 352.744-AgRg, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, 2ª T., DJe de 18.04.2011; RE 585.620-AgRg, Relator o Minis-tro Ricardo Lewandowski, 1ª T., DJe de 11.05.2011; RE 573.813-AgRg, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, 1ª T., DJe de 17.03.2011; AI 561.788-AgRg, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, 1ª T., DJe de 22.03.2011; RE 207.282, Relator o Ministro Cezar Peluso, 2ª T., DJ 19.03.2010; entre outros). 2. Os óbitos de segurados ocorridos entre o advento da Constituição de 1988 e a Lei nº 8.213/1991 regem-se, direta e imediatamente, pelo disposto no art. 201, inciso V, da Constituição Federal, que, sem recepcionar a parte discriminatória da legislação anterior, equiparou homens e mulheres para efeito de pensão por morte. 3. Agravo regimental não provido.” (STF – AgRg-RE 607.907 – Rel. Min. Luiz Fux – DJe 01.08.2011)

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Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 111 do STF.

185 – Pensão por morte – ex-esposa divorciada com alimentos – companheira habilitada anteriormente – rateio – observação

“Previdenciário. Pensão por morte. Ex-esposa divorciada com alimentos. Companheira ante-riormente habilitada. Rateio. Observância ao percentual fixado em juízo para pensão alimen-tícia. Antecipação da tutela. 1. Embora legalmente divorciada do segurado falecido, a autora obteve a fixação de alimentos. Assim, a teor do § 2º do art. 76 da Lei nº 8.213/1991, c/c ao art. 74, quem ostenta a qualidade de dependente tem direito ao recebimento de pensão pre-videnciária. In casu, a dependência econômica é presumida, a teor do § 4º do art. 16 da Lei nº 8.213/1991. 2. Quanto ao rateio, não se pode perder de vista um parâmetro que é basilar para que se realize o princípio da igualdade que a Constituição prevê, inclusive na hora de se conferir tratamento a duas situações distintas que podem ocasionar vínculos entre um ho-mem e uma mulher. Trata-se da aferição da necessidade econômica que norteara, ainda em vida, aquilo que a ex-esposa pleiteara em termos de pensão, frente ao ex-cônjuge, e que teve por base, exatamente, a medida de sua necessidade econômica, que foi o que, certamente, levou-a a concordar em receber a proporção de 30%. Como a aferição dessa necessidade econômica, com a morte do segurado, é bastante dificultada, o que há de nortear a conclusão a respeito da referida necessidade, é aquilo que se estabeleceu sem impugnação em vida. 3. A jurisprudência tem admitido o rateio da pensão em forma diversa do que consta no art. 77 da Lei nº 8.213/1991 (rateio em partes iguais), quando o segurado falecido possuía, como é o caso, duas dependentes em vida, e uma tinha direito a pensão alimentícia, com percen-tual fixado em decisão judicial, percentual este que deve ser mantido para efeito de rateio do benefício. 4. Antecipação da tutela concedida, para que seja implantado imediatamente o benefício a contar da data do presente acórdão, uma vez que se encontra presente a verossi-milhança da alegação da parte, acompanhada da prova inequívoca de que lhe foi concedida pensão alimentícia (art. 273 do CPC). Além disso, a possibilidade de dano se configura ante a natureza alimentar da prestação, ensejando, ademais, o atendimento ao princípio da proteção à família prestigiado nos arts. 226, caput, e 203, I, da Constituição Federal, sendo de acrescen-tar que se trata de pessoa idosa, que conta hoje com 73 anos de idade. 5. Recurso parcialmen-te provido, para reformar a sentença, e julgar procedente, em parte, o pedido, condenando o INSS a conceder à autora o benefício de pensão por morte, em rateio com a companheira, cabendo à autora 30% do valor da pensão, e para a companheira, Ivone Armele, 70%, fixado como termo inicial da pensão para a autora, a data da citação da Autarquia, devendo as par-celas em atraso ser monetariamente corrigidas, na forma da Lei nº 6.899/1991, e acrescidas de juros de mora de 1% ao mês, contados também da citação. Face à sucumbência recíproca, os honorários se compensam, e quanto às custas, não há o que reembolsar, face à gratuidade de justiça (fl. 20).” (TRF 2ª R. – AC 2005.51.01.512836-9 – 1ª T.Esp. – Rel. Des. Fed. Abel Gomes – DJe 04.08.2011)

186 – Pensão por morte – princípio do tempus regit actum – aplicabilidade

“Previdenciário. Apelação cível. Revisão de benefício. Pensão por morte. Princípio do tem-pus regit actum. DIB em 24.04.1986. Leis nº 9.032/1995 e nº 9.528/1997. Inaplicação. 1. É indevida a majoração do percentual da pensão cujo direito à concessão fora adquirido anteriormente à edição da lei mais benéfica, devendo, portanto, ser calculado de acordo com a legislação vigente à época em que atendidos os requisitos necessários, em respeito ao prin-cípio do tempus regit actum. 2. In casu, o benefício de pensão por morte foi concedido em 24.04.1986, ou seja, quando nem estava em vigor, ainda, a Lei nº 8.213, de 24.07.1991. As-sim, as modificações introduzidas ao art. 75 da Lei nº 8.213/1991, determinadas pelas Leis nºs 9.032/1995 e 9.528/1997, ao coeficiente de cálculo de pensão por morte, não devem ser apli-

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cadas ao benefício da parte autora, pois o mesmo já se encontrava implantado antes do seu advento. 3. Recurso conhecido e improvido. Decisão unânime.” (TJAL – AC 2011.003754-4 – (6-1319/2011) – Rel. Juiz Conv. José Cícero Alves da Silva – DJe 12.09.2011 – p. 22)

187 – Pensão por morte – rurícola – união estável – prova material corroborada por testemu-nha – validade – pagamento devido

“Previdenciário. Pensão por morte. Rural. Qualidade de segurado. União estável. Prova docu-mental, corroborada pelas testemunhas. Requisitos atendidos. Arts. 16, 18, II, a, e 74 da Lei nº 8.213/1991. Benefício devido. Termo inicial. Correção monetária. Juros. Honorários advocatí-cios. Apelação desprovida. Reexame necessário provido em parte. 1. A jurisprudência do STJ admite que a comprovação da condição de rurícola seja feita com base em dados do registro civil, como em certidão de casamento ou de nascimento dos filhos ou quaisquer documentos que contenham fé pública. 2. Consta anterior concessão em âmbito administrativo do benefício de pensão por morte em razão de trabalhador rural, cuja cessação ocorreu em virtude de acumu-lação indevida com benefício de amparo a pessoa portadora de deficiência, bem assim os depoi-mentos testemunhais colhidos no Juízo de origem às fls. 61/62 corroboram no sentido de confir-mar a tese de exercício de atividade rural do falecido, situação confirmada pela certidão de óbito de fl. 16. 3. Certidão de nascimento de filhos em comum às fls. 17/18; certidão de óbito tendo a autora como declarante à fl. 16. No mais, os testemunhos colhidos em juízo foram unânimes em afirmar que o de cujus e a autora viviam como marido e mulher (fls. 61/62). 4. A autora faz jus ao benefício de pensão por morte, previsto nos arts. 16, 18, II, a, e 74 e incisos da Lei nº 8.213/1991, porquanto as provas testemunhais e documentais produzidas nos autos foram suficientes para demonstrar a qualidade de rurícola do de cujus e a condição econômica da requerente. 5. No que tange ao termo inicial, deve ser mantida a sentença que fixou na data do ajuizamento sob pena de reformatio in pejus, descontadas as parcelas recebidas a título de amparo social a por-tador de deficiência (NB 125.589.477-3). 6. A correção monetária deve ser calculada conforme parâmetros constantes do Manual de Cálculos da Justiça Federal (Lei nº 6.899/1981 e Súmula nº 148 do STJ) e juros moratórios, a contar da citação à taxa de 1% ao mês até a entrada em vigor da Lei nº 11.960/2009, a partir de quando deve ser observada a disciplina do novo diploma legal. 7. Apelação a que se nega provimento. Reexame necessário parcialmente provido para adequar correção monetária e juros ao entendimento da Corte.” (TRF 1ª R. – Ap-RN 2006.01.99.028250-5/MG – Rel. Juiz Fed. Francisco Hélio Camelo Ferreira – DJe 22.06.2011)

188 – Pensão por morte – servidor público – beneficiário maior de 21 anos – estudante uni-versitário – extensão – descabimento

“Administrativo. Pensão por morte de servidor público federal. Beneficiário maior de 21 anos. Estudante universitário. Lei nº 8.112/1990. Princípio da legalidade. Improcedência do pedido. 1. Segundo a Lei nº 8.112/1990, o benefício da pensão por morte é devido até o momento em que o beneficiário, na condição de filho, menor sob guarda ou tutela, irmão órfão ou menor designado, completa 21 anos de idade. 2. Diante da previsão na Lei nº 8.112/1990, a extensão do benefício além de 21 anos, até o implemento da idade de 24 anos, por ser o beneficiário estudante universitário, fere o princípio da legalidade. Precedentes deste Tribu-nal. 3. O princípio da igualdade e os direitos à educação e ao trabalho devem ser aplica-dos harmonicamente com o princípio da legalidade também albergado constitucionalmente. 4. A dependência econômica do apelante é fato que, por si só, não justifica o restabelecimento da pensão por morte, uma vez que esta não é benefício assistencial, mas benefício previden- ciário. 5. Apelação improvida.” (TRF 5ª R. – AC 0002259-53.2011.4.05.8100 – (526525/CE) – 1ª T. – Rel. Des. Fed. Francisco Cavalcanti – DJe 09.09.2011 – p. 271)

189 – Pensão por morte – união estável – dependência econômica presumida – reconheci-mento

“Previdenciário. Pensão por morte. Comprovação da união estável para fins previdenciários. Dependência econômica presumida ex vi legis. Consectários. 1. Comprovada a união estável,

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presume-se a dependência econômica, nos termos do art. 16, § 4º, da Lei nº 8.213/1991, im-pondo-se à Previdência Social demonstrar que esta não existia. 2. A legislação previdenciária não impõe qualquer restrição acerca dos elementos probatórios utilizados para demonstrar a existência de união estável, ficando ao arbítrio do julgador a análise de todas as provas legais que possam formar a sua convicção a respeito da existência de vida em comum entre os companheiros. 3. Preenchidos os requisitos contidos no art. 74 da Lei nº 8.213/1991, é de ser concedido o benefício de pensão por morte. 4. A atualização monetária, incidindo a contar do vencimento de cada prestação, dar-se-á, no período de 05/1996 a 03/2006, pelo IGP-DI e de 04/2006 a 06/2009, pelo INPC. Nesses períodos, os juros de mora devem ser fixados à taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.322/1987, aplicável analogicamente aos benefícios pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter emi-nentemente alimentar, consoante firme entendimento consagrado na jurisprudência do STJ e na Súmula nº 75 desta Corte. A contar da Lei nº 11.960/2009, para fins de atualização monetária e juros haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.” (TRF 4ª R. – AC 0005316-35.2011.404.9999/PR – 6ª T. – Rel. Des. Fed. Luís Alberto D’Azevedo Aurvalle – DJe 10.06.2011)

190 – Previdência privada – cobrança das diferenças relativas à correção monetária – pres-crição quinquenal – observação

“Apelação cível. Ação revisional de benefício de previdência privada. Cobrança das diferen-ças relativas à correção monetária. Prescrição quinquenal. Súmula nº 291 do STJ. Inversão do ônus da prova incabível. Danos morais inexistentes. Recurso do autor improvido. É de 5 anos o prazo de prescrição para cobrar eventuais diferenças no montante devolvido ao beneficiário de previdência privada, em virtude de seu desligamento do plano, contados da data do res-gate. Aplicação da Súmula nº 291 do STJ. Não se aplica o disposto no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, face à ausência de prova do alegado na petição inicial, pois a inversão do ônus não dispensa a parte de produzir um mínimo de prova, ainda que indiciária, sobre os fatos constitutivos de seu direito, nem supre a falta de documento indispensável à propositura da ação. Não comprovada nos autos a presença do dano moral e lucros cessantes, inexistente o dever de indenizar.” (TJMS – AC-Or 2011.025938-4/0000-00 – 3ª T.Cív. – Rel. Des. Marco André Nogueira Hanson – DJe 13.09.2011 – p. 23)

191 – Salário-maternidade – rurícola – prova material corroborada por testemunha – vali- dade

“Previdenciário. Trabalhadora rural. Salário-maternidade. Concessão. Início de prova mate-rial corroborado por prova testemunhal. Validade. 1. O art. 201, II, da Constituição Federal e o art. 71 da Lei nº 8.213/1991 asseguram a proteção à maternidade. 2. Hipótese em que a autora comprovou sua condição de trabalhadora rural através de início de prova material corroborado pelos testemunhos colhidos, dando ensejo à concessão do benefício postulado. 3. Apelação improvida.” (TRF 5ª R. – AC 0002502-23.2011.4.05.9999 – (522870/CE) – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel – DJe 11.07.2011)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 119 do TRF 1ª R.

192 – Servidor público – pensão por morte – dependente – idade-limite – 21 anos – prorro-gação até 24 anos – previsão legal – ausência

“Administrativo. Servidor público. Pensão por morte. Dependente. Idade-limite de 21 anos. Prorrogação até 24 anos. Estudante universitário. Ausência de previsão legal. Súmula nº 74 do TRF 4ª R. Lei nº 8.112/1990. Conforme a legislação de regência, o implemento da idade--limite de 21 anos implica perda da qualidade de beneficiário dependente do servidor faleci-

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do (arts. 217, II, a, 222, IV, da Lei nº 8.112/1990), não havendo previsão legal de sua extensão à conclusão de curso superior ou à idade de 24 anos. Precedentes (Súmula nº 74/TRF 4ª R).” (TRF 4ª R. – Ap-RN 2007.71.00.003719-8/RS – 4ª T. – Relª Desª Fed. Silvia Maria Gonçalves Goraieb – DJe 10.08.2011)

Comentário Editorial SínteseO acórdão é oriundo de mandado de segurança impetrado pelo pensionista de servidor público federal falecido, almejando a manutenção do pagamento do benefício até que conclua o curso superior ou que ou complete 24 anos de idade.

A sentença concedeu a segurança almejada pelo impetrante, determinando o pagamento do benefício de pensão até que complete 24 anos, desde que esteja estudando.

Inconformado, o INSS interpôs recurso de apelação sustentando que o impetrante não tem o direito de receber a pensão por morte, uma vez que esta só é devida até que o beneficiário complete 21 anos de idade.

Por maioria dos votos, a 4ª Turma do TRF da 4ª Região, divergindo da Relatora, deu provimen-to à apelação, fundamentando a decisão nos arts. 217, II, a, e 222, IV, da Lei nº 8.112/1990, in verbis:

“Art. 217. São beneficiários das pensões:

[...]

II – temporária:

a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, ou, se inválidos, enquanto durar a invalidez;

[...]

Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:

[...]

IV – a maioridade de filho, irmão órfão ou pessoa designada, aos 21 (vinte e um) anos de idade;

[...]”

Concluíram que o complemento da idade de 21 anos implica perda da qualidade de beneficiá-rio dependente do servidor falecido. E, por fim, já que inexiste previsão legal, não pode ocorrer a extensão do benefício à conclusão de curso superior ou até que o impetrante complete 24 anos.

Essa questão já foi objeto da Súmula nº 74 do TRF da 4ª Região, conforme podemos observar:

“Extingue-se o direito à pensão previdenciária por morte do dependente que atinge 21 anos, ainda que estudante de curso superior.”

Do voto vencido da Relatora transcrevemos a seguinte passagem extraída da sentença de 1º grau:

“O voto proferido pelo ilustre Desembargador Federal Tadaaqui Hirose resume as questões colocadas de forma completa, apontando a solução adequada de acordo com as seguintes premissas: ‘1. A Administração Pública deve observar o Direito, nele compreendido, entre outros, além da legalidade, in casu, devem também ser obedecidos os princípios da razoabili-dade, proporcionalidade e interesse público. 2. O benefício previdenciário devido aos filhos do segurado da Previdência Social tem por finalidade suprir a carência econômica deixada pela ausência do mantenedor da prole. 3. A pensão de filha menor deve ser prorrogada até os 24 anos de idade, quando cursando nível superior, porquanto não se mostra razoável interrom-per o desenvolvimento pessoal e a qualificação profissional da impetrante em detrimento da verba econômica que a Administração deverá dispor, sob pena de ferir direito líquido e certo à educação’ (TRF 4ª R., AP 2001.70.00.02333079-6/PR, 6ª T., Julgado em 17.12.2002).

Tendo em vista as razões acima alinhadas, a pretensão formulada pelo impetrante somente pode ser acolhida.”

Selecionamos os seguintes julgados no mesmo sentido da ementa em estudo, para ilustrar que é um entendimento predominante nos nossos Tribunais:

“ADMINISTRATIVO – RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA – PENSÃO POR MORTE – BENEFÍCIO – EXTENSÃO ATÉ 24 ANOS DE IDADE – ESTUDANTE UNIVERSI-TÁRIO – NÃO CABIMENTO – FALTA DE AMPARO LEGAL – 1. O Superior Tribunal de Justiça

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tem entendido que, havendo lei estabelecendo que a pensão por morte é devida ao filho inválido ou até que complete 21 (vinte e um) anos de idade, não há como, à míngua de amparo legal, estendê-la até aos 24 (vinte e quatro) anos de idade quando o beneficiário for estudante universitário. 2. A pensão por morte rege-se pela lei vigente ao tempo do óbito. No caso em exame, verifico dos autos que o falecimento do genitor da recorrente, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, deu-se em 07.11.2009, quando em vigor a Lei Complementar Estadual nº 30/2001, que regulamenta o sistema previdenciário no Estado do Amazonas. 3. A referida lei complementar assegura o benefício, na condição de depen-dentes dos segurados, aos filhos menores de 21 anos e os que forem considerados inválidos ou incapazes, desde que solteiros e sem renda e na constância da invalidez ou incapacidade e desde que a invalidez ou incapacidade seja anterior ao fato gerador do benefício. 3. Recur-so ordinário não provido.” (STJ, RMS 33.741, (2011/0027240-2), 2ª T., Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 31.05.2011, p. 416) (Disponível em: online.sintese.com, sob o nº 101000130384. Acesso em: 19 ago 2011)

“ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL – PENSÃO POR MORTE – LEI Nº 8.112/1990 – IDADE LIMITE DE 21 ANOS – ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO – PRORROGAÇÃO ATÉ 24 ANOS – IMPOSSIBILIDADE – 1. Nos termos do art. 217, II, a, da Lei nº 8.112/1990, a pensão decorrente da morte de servidor público federal será devida aos filhos até o limite de 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se inválido. 2. Assim, não é possível estender tal direito até os 24 (vinte e quatro) anos para os estudantes universitários, ante a ausência de ampa-ro legal para tanto. 3. Apelação desprovida.” (TRF 1ª R., AC 2004.38.00.013926-0/MG, Rel. Juiz Fed. Francisco Hélio Camelo Ferreira, DJe 27.07.2011, p. 171) (Disponível em: online.sintese.com, sob o nº 107000110089. Acesso em: 19 ago. 2011)

193 – Servidor público – pensão por morte – ex-cônjuge – dependência econômica – com-provação – necessidade

“Administrativo. Servidor público. Pensão por morte. Ex-cônjuge. Dependência econômica. Reexame de matéria fático-probatória. Inviabilidade. Súmula nº 7/STJ. 1. Nos termos da juris-prudência dominante desta Corte, faz jus à pensão por morte o ex-cônjuge que, apesar de não receber pensão alimentícia do de cujus, comprova a sua dependência econômica. Interpre-tação sistemática do art. 217, I, da Lei nº 8.112/1990. Precedentes. 2. O Tribunal de origem, com base no contexto fático-probatório dos autos, concluiu pela dependência econômica da recorrida. Rever tal posicionamento esbarra no óbice da Súmula nº 7/STJ. 3. Não há violação do princípio da reserva de Plenário (art. 97 da Constituição Federal e Súmula Vinculante nº 10/STF) quando a decisão recorrida apenas interpreta norma infraconstitucional, sem declará--la inconstitucional ou afastar sua aplicação, com apoio em fundamentos extraídos da Consti-tuição Federal. Agravo regimental improvido.” (STJ – AgRg-Ag-REsp 12.882 – (2011/0118780-3/RJ) – 2ª T. – Rel. Min. Humberto Martins – DJe 10.08.2011)

194 – Servidor público – pensão por morte – filha – doença mental – laudo do IML – veraci-dade – presunção

“Direito administrativo. Pensão por morte de servidor. Filha. Doença mental. Interdição. Lau-do do IML. Presunção de veracidade. 1. O laudo do IML possui presunção de legalidade e veracidade, cumprindo à parte fazer prova em contrário, não sendo suficiente a alegação de que a junta médica da administração concluiu que a filha do servidor não é incapaz, sem juntar aos autos o referido laudo. 2. A filha deficiente mental possui direito à pensão por morte de seu pai, servidor público, nos termos do art. 217, I, e, da Lei nº 8.112/1990. 3. Negou-se provimento ao apelo do réu.” (TJDFT – AC 2004.01.1.100989-9 – 2ª T.Cív. – Rel. Des. Sérgio Rocha – DJe 09.08.2011)

Transcrição Editorial SínteseLei nº 8.112/1990:

“Art. 217. São beneficiários das pensões:

I – vitalícia:

[...]

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e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa portadora de deficiência, que vivam sob a dependência econômica do servidor;

[...]”

195 – Servidor público – pensão por morte – filha – união estável – benefício – cancelamento

“Administrativo. Pensão. Filha. Lei nº 3.373/1958. Cancelamento do benefício em virtude de união estável. I – Um dos requisitos necessários à percepção da pensão por morte, à época, era, no caso de filha maior de 21 (vinte e um) anos, ser a mesma solteira e não ocu-pante de cargo público permanente. II – A jurisprudência pátria já se posicionou no sentido de que a companheira possui ‘status legal’ semelhante ao do cônjuge. III – A dependência econômica não constituiu requisito para a configuração da união estável. IV – Não tendo sido preenchidos todos os requisitos legais, eis que a autora/apelante, embora ostentasse o estado civil de solteira, não conseguiu ilidir as informações prestadas pela Marinha, não tem direito ao restabelecimento da pensão por morte de sua falecida genitora.” (TRF 2ª R. – AC 2009.51.01.019211-7 – 7ª T.Esp. – Rel. Des. Reis Friede – DJe 12.07.2011)

Destaque Editorial SínteseDo voto do Relator destacamos:

“[...] Ademais, quanto à alegação de que a legislação de regência não menciona união está-vel, cumpre ressaltar que a Lei nº 3.373/1958 foi editada há mais de 50 (cinquenta) anos, devendo ser levado em conta, na sua interpretação, atualmente, o novo contexto social, ou seja, a equiparação entre união estável e casamento, a emancipação feminina e o crescente ingresso das mulheres no mercado de trabalho, de maneira a que seja concedida pensão por morte somente à filha de servidor que comprove, efetivamente, a dependência econômica em relação ao(s) pai(s) e a impossibilidade de prover o seu próprio sustento, o que não ocorreu no presente caso.

Assim, não tendo sido preenchidos todos os requisitos legais, eis que a autora/apelante, embo-ra ostentasse o estado civil de solteira, não conseguiu ilidir as informações prestadas pela Ma-rinha, não tem direito ao restabelecimento da pensão por morte de sua falecida genitora. [...]”

196 – Tempo de serviço especial – creosoto – micro-organismos – fungos e bactérias – apre-sentação do Formulário DSS-8030 – reconhecimento

“Previdenciário. Reconhecimento de tempo laborado em condições especiais. Legislação vi-gente. Creosoto. Micro-organismos. Fungos. Bactérias. Aposentadoria proporcional até EC 20/1998. Direito ao benefício. Juros. Correção monetária. Efeitos financeiros. 1. O cômputo do tempo de serviço para fins previdenciários deve observar a legislação vigente à época da prestação laboral, tal como disposto no § 1º, art. 70, do Decreto nº 3.048/1999, com redação do Decreto nº 4.827/2003. 2. Até o advento da Lei nº 9.032/1995 era desnecessária a apre-sentação de laudo pericial para fins de aposentadoria especial ou respectiva averbação, sendo suficiente que o trabalhador pertencesse à categoria profissional relacionada pelos Decretos nºs 53.831/1964 e 83.080/1979. 3. Com o advento da Lei nº 9.032/1995 passou a se exigir a exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes preju-diciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. 4. A apresentação dos formulários e laudos técnicos, emitidos pela empresa ou seu preposto, acerca das condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, somente foram previstos pela Medida Provisória nº 1.523, de 11.10.1996. 5. A necessidade de comprovação da atividade insalubre através de laudo pericial foi exigida após o advento da Lei nº 9.528, de 10.12.1997. 6. O autor compro-vou através dos Formulários DSS-8030 que exerceu atividades ligadas ao manuseio do agente nocivo creosoto, que possui enquadramento legal até 28.04.1995, restando, ainda, compro-vado, em relação ao período de 01.01.1991 a 10.12.1997, o contato permanente e habitual com vários agentes insalubres tais como a umidade, micro-organismos, fungos e bactérias. 7. Convertidos, através do multiplicador de 1,40, os períodos contratuais reconhecidos como

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especiais, até 15.12.1998, somando-se ao tempo trabalhado como rurícola e demais períodos comuns comprovados, conta o autor com tempo superior a 30 anos de contribuição, o que lhe garante o direito à aposentadoria deferida. 8. Os juros de mora são devidos à razão de 1% ao mês, devendo fluir da citação quanto às prestações a ela anteriores, em sendo o caso, e da data dos respectivos vencimentos no tocante às posteriormente vencidas. Nesse sentido: AC 2002.38.00.005838-3/MG, Primeira Turma, Rel. Des. Fed. Luiz Gonzaga Barbosa Moreira, DJ de 11.04.2005, p. 29. 9. A correção monetária deve ser aplicada desde a data em que cada parcela se tornou devida (Súmula nº 19 deste Tribunal), com a utilização dos índices constan-tes do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 10. A partir da edição da Lei nº 11.960/2009 os juros e correção monetária devem incidir na forma da nova disciplina normativa. 11. Na via do mandado de segurança os efeitos financeiros se operam a partir da impetração. 12. Apela-ção e remessa oficial parcialmente providas.” (TRF 1ª R. – Ap-RN 2002.38.00.028830-5/MG – Rel. Juiz Fed. Conv. Miguel Ângelo de Alvarenga Lopes – DJe 10.08.2011)

Remissão Editorial Síntese RSP nº 43, jul./ago. 2011, ementa nº 124 do TRF 3ª R.

197 – Tempo de serviço rural – tratorista – prova material corroborada por testemunha – reconhecimento

“Direito previdenciário e processual civil. Agravo legal. Reconhecimento do tempo de ativi-dade rural. Tratorista em estabelecimento agrícola. Início de prova material. Não se exige do-cumento de todo o período laborado. Prova testemunhal idônea e convincente. Juros de mora. Correção monetária. Agravo conhecido em parte e, na parte conhecida, parcialmente provi-do. 1. A prova oral produzida em consonância com o enunciado da Súmula nº 149 do STJ, as testemunhas inquiridas em audiência, mediante depoimentos seguros e convincentes, torna-ram claro o exercício da atividade na lide rurícola pela parte autora por tempo suficiente para obtenção do benefício. 2. O cargo de tratorista, desempenhado em fazenda com exploração agrícola ou agropecuária, corresponde a trabalho rural. Precedentes. 3. No que se refere à Lei nº 11.960/2009, a col. 10ª Turma, acompanhando o posicionamento do eg. STJ, reformulou seu entendimento unicamente quanto aos juros de mora, para adotar, a partir de 30.06.2009, o art. 5º da Lei nº 11.960, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997. 4. Carece a agravante de interesse recursal em relação ao pedido de juros de mora, uma vez que atendida sua pretensão, nos seguintes termos: ‘Os juros de mora não incidirão entre a data dos cálculos definitivos e data da expedição do precatório, bem como entre essa última data e a do efetivo pagamento no prazo constitucional. Havendo atraso no pagamento, a partir do dia seguinte ao vencimento do respectivo prazo incidirão juros de mora até a data do efetivo cumprimento da obrigação’. 5. Agravo conhecido em parte e, na parte conhecida, parcialmente provido, para alterar tão somente os juros de mora, a partir de 30.06.2009, de acordo com a Lei nº 11.960/2009.” (TRF 3ª R. – Ag-AC 2009.03.99.022403-0/SP – 10ª T. – Rel. Des. Fed. Baptista Pereira – DJe 08.09.2011 – p. 1711)