parecer - consulta jurídica - segurança pública - guard-as civis municipais armadas e estatuto do...

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DE MACEDO E ROMERO A D V O G A D O S _______________________________________________________________________________ Rua Alice Além Saadi, nº 855, Sala 408 (Centro Empresarial Castelo Branco), Nova Ribeirânia, em Ribeirão Preto SP, CEP 14.096- 570 - Fones: 16-3289-3595 / 3941-3250. CONSULTA JURÍDICA SEGURANÇA PÚBLICA AS GUARDAS CIVIS MUNICIPAIS E/OU OS GUARDAS CIVIS MUNICIPAIS (INTEGRANTES) DEVEM OU NÃO SER OU ESTAR ARMADAS(OS)? O ESTATUTO DAS GUARDAS CIVIS - LEI Nº 13.022/2014 E O ESTATUTO DO DESARMAMENTO LEI Nº 10.826/03 I DO ASSUNTO Consulta-nos a CONFERÊNCIA NACIONAL DAS GUARDAS MUNICIPAIS CONGM Órgão representativo da classe, por meio de seu Presidente GCM OSÉIAS FRANCISCO, Subcomandante da Guarda Civil Municipal de São Bernardo do Campo SP., para elaboração de Parecer técnico-jurídico acerca do dever das Guardas Civis Municipais e/ou os Guardas Civis Municipais serem ou estarem armadas(os) tendo em vista a sanção presidencial capaz de transformar o Projeto de Lei nº 39/2014, à Lei nº 13.022/2014, à luz do quanto se dispõe no Estatuto do Desarmamento Lei nº 10.826/03, em consulta realizada no dia 28 de Julho de 2014. II BREVE RELATO Tendo em vista diversas interpretações que vêm ocorrendo acerca de ser ou não as Guardas Civis Municipais armarem-se, formulada foi consulta ao escritório jurídico DE MACEDO E ROMERO ADVOGADOS, capitaneado por este subscritor. O ADVOGADO RICARDO ALVES DE MACEDO, inscrito à Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de São Paulo, sob o nº 175.667, sócio do escritório jurídico acima mencionado, professor de Direito Criminal, pós graduado em Direito

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Elaboração de Parecer técnico-jurídico acerca do dever das Guardas Civis Municipais e/ou os Guardas Civis Municipais serem ou estarem armadas(os) tendo em vista a sanção presidencial capaz de transformar o Projeto de Lei nº 39/2014, à Lei nº 13.022/2014, à luz do quanto se dispõe no Estatuto do Desarmamento – Lei nº 10.826/03, em consulta realizada no dia 28 de Julho de 2014.

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  • DE MACEDO E ROMERO

    A D V O G A D O S

    _______________________________________________________________________________

    Rua Alice Alm Saadi, n 855, Sala 408 (Centro Empresarial Castelo Branco), Nova Ribeirnia, em Ribeiro Preto SP, CEP 14.096-570 - Fones: 16-3289-3595 / 3941-3250.

    CONSULTA JURDICA SEGURANA PBLICA

    AS GUARDAS CIVIS MUNICIPAIS E/OU OS GUARDAS CIVIS MUNICIPAIS

    (INTEGRANTES) DEVEM OU NO SER OU ESTAR ARMADAS(OS)?

    O ESTATUTO DAS GUARDAS CIVIS - LEI N 13.022/2014 E O ESTATUTO DO DESARMAMENTO LEI N 10.826/03

    I DO ASSUNTO

    Consulta-nos a CONFERNCIA NACIONAL DAS GUARDAS

    MUNICIPAIS CONGM rgo representativo da classe, por meio de seu

    Presidente GCM OSIAS FRANCISCO, Subcomandante da Guarda Civil Municipal

    de So Bernardo do Campo SP., para elaborao de Parecer tcnico-jurdico

    acerca do dever das Guardas Civis Municipais e/ou os Guardas Civis Municipais

    serem ou estarem armadas(os) tendo em vista a sano presidencial capaz de

    transformar o Projeto de Lei n 39/2014, Lei n 13.022/2014, luz do quanto se

    dispe no Estatuto do Desarmamento Lei n 10.826/03, em consulta realizada no

    dia 28 de Julho de 2014.

    II BREVE RELATO

    Tendo em vista diversas interpretaes que vm ocorrendo acerca de

    ser ou no as Guardas Civis Municipais armarem-se, formulada foi consulta ao

    escritrio jurdico DE MACEDO E ROMERO ADVOGADOS, capitaneado por este

    subscritor.

    O ADVOGADO RICARDO ALVES DE MACEDO, inscrito Ordem dos

    Advogados do Brasil, Seo de So Paulo, sob o n 175.667, scio do escritrio

    jurdico acima mencionado, professor de Direito Criminal, ps graduado em Direito

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    Rua Alice Alm Saadi, n 855, Sala 408 (Centro Empresarial Castelo Branco), Nova Ribeirnia, em Ribeiro Preto SP, CEP 14.096-570 - Fones: 16-3289-3595 / 3941-3250.

    Penal e Processo Penal, Direito Tributrio e Mestre em Direitos Coletivos e

    Instrumentos Processuais na defesa destes, atual Ouvidor da Guarda Civil Municipal

    de Ribeiro Preto SP., o atendeu via fone, tendo em vista impossibilidade de fazer-

    se presente, o consulente, sede do escritrio consultado, momento em que foi

    elaborado em favor do consulente o que passa a expor doravante.

    III - BREVES CONSIDERAES ACERCA DOS TEMAS TRATADOS

    3.1 DAS CONSIDERAES GERAIS

    O chamado Estatuto das Guardas Civis Municipais regulamenta o

    pargrafo 8, do artigo 144 (este, por sua natureza de norma de eficcia contida, pois

    carente, at ento, de lei infraconstitucional para restringir sua aplicabilidade

    imediata), da Constituio Federal, trazendo norma mnimas e dando segurana

    jurdica a estas instituies policiais municipais, devendo a lei local complementar

    tal Estatuto no que couber, de acordo com as necessidades e circunstancias prprias

    dos Municpios que j as possui e queles que iro institu-las, seno vejamos:

    CAPTULO III

    DA SEGURANA PBLICA

    Art. 144. A segurana pblica, dever do Estado, direito e

    responsabilidade de todos, exercida para a preservao da

    ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do

    patrimnio, atravs dos seguintes rgos:

    I polcia federal;

    II polcia rodoviria federal;

    III polcia ferroviria federal;

    IV polcias civis;

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    V polcias militares e corpos de bombeiros militares.

    ...

    8 - Os Municpios podero constituir guardas

    municipais destinadas proteo de seus bens, servios e

    instalaes, conforme dispuser a lei. (grifos nossos).

    ...

    Lei n 13.022/14

    Dispe sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais.

    A PRESIDENTA DA REPBLICA Fao saber que o

    Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    CAPTULO I

    DISPOSIES PRELIMINARES

    Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para as guardas

    municipais, disciplinando o 8o do art. 144 da Constituio

    Federal.

    Art. 2o Incumbe s guardas municipais, instituies de

    carter civil, uniformizadas e armadas conforme previsto

    em lei, a funo de proteo municipal preventiva,

    ressalvadas as competncias da Unio, dos Estados e do

    Distrito Federal. (grifos nossos).

    Mencionado Estatuto bem expresso em dizer que as Guardas Civis

    Municipais so ou sero, doravante, ... armadas..., ou seja: as Guardas Civis so

    instituies policiais dotadas de competncia policial preventiva no mbito do

    territrio municipal e devem ser ou estar armadas. Por conseguinte, os seus

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    integrantes, Guardas Civis Municipais, tambm, dentro dos limites da lei especial

    regulatria, que no caso, o Estatuto do Desarmamento.

    Logo, luz do quanto se dispe no chamado Estatuto do

    Desarmamento, somente alguns Municpios devem possuir suas Guardas armadas,

    tal como abaixo:

    Lei n10.826/03

    Dispe sobre registro, posse e comercializao de armas de

    fogo e munio, sobre o Sistema Nacional de Armas

    Sinarm, define crimes e d outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o

    Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Art. 6o proibido o porte de arma de fogo em todo o

    territrio nacional, salvo para os casos previstos em

    legislao prpria e para:

    I os integrantes das Foras Armadas;

    II os integrantes de rgos referidos nos incisos do caput

    do art. 144 da Constituio Federal;

    III os integrantes das guardas municipais das capitais dos

    Estados e dos Municpios com mais de 500.000 (quinhentos

    mil) habitantes, nas condies estabelecidas no regulamento

    desta Lei;

    IV - os integrantes das guardas municipais dos Municpios

    com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000

    (quinhentos mil) habitantes, quando em servio; (Redao

    dada pela Lei n 10.867, de 2004)

    ...

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    1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do

    caput deste artigo tero direito de portar arma de fogo de

    propriedade particular ou fornecida pela respectiva

    corporao ou instituio, mesmo fora de servio, nos

    termos do regulamento desta Lei, com validade em mbito

    nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI.

    (Redao dada pela Lei n 11.706, de 2008)

    ...

    3o A autorizao para o porte de arma de fogo das guardas

    municipais est condicionada formao funcional de seus

    integrantes em estabelecimentos de ensino de atividade

    policial, existncia de mecanismos de fiscalizao e de

    controle interno, nas condies estabelecidas no

    regulamento desta Lei, observada a superviso do Ministrio

    da Justia. (Redao dada pela Lei n 10.884, de 2004)

    ...

    7o Aos integrantes das guardas municipais dos Municpios

    que integram regies metropolitanas ser autorizado porte

    de arma de fogo, quando em servio. (Includo pela Lei n

    11.706, de 2008)

    ...

    Incumbe, pois, nos termos acima expostos, s Guardas Civis

    Municipais, instituies policiais de natureza civil, uniformizadas preferencialmente

    na cor azul marinho, armadas de acordo com o Estatuto do Desarmamento, a

    proteo de bens, servios e instalaes Municipais.

    Atribuies mnimas, porm!

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    CAPTULO II

    DOS PRINCPIOS

    Art. 3o So princpios mnimos de atuao das guardas

    municipais:

    I - proteo dos direitos humanos fundamentais, do

    exerccio da cidadania e das liberdades pblicas;

    II - preservao da vida, reduo do sofrimento e diminuio

    das perdas;

    III - patrulhamento preventivo;

    IV - compromisso com a evoluo social da comunidade; e

    V - uso progressivo da fora.

    De acordo ainda com a Lei n 13.022/2014, atribui-se tambm s

    Guardas Civis Municipais, a funo de proteo municipal e pessoa humana,

    ressalvadas as competncias da Unio, Estados-membros e Distrito Federal.

    Assim, com o advento do Estatuto das Guardas Civis Municipais,

    cria-se um critrio de competncia prprio destas, a saber: a preveno a delitos e

    infraes administrativas e a proteo de bens, servios, instalaes, logradouros

    municipais e pessoas que de tais bens ou servios se utilizem.

    Logo, trata-se de matria exclusiva s Guardas Civis Municipais

    onde estas existirem. Quando no existentes, tal atribuio passa a ser das Polcias

    Militares, tal como j vem sendo exercida.

    Contudo, ainda pairam dvidas acerca de serem ou estarem ou no

    armadas as Guardas Civis Municipais, de acordo com o Estatuto do Desarmamento.

    Passemos, pois, anlise mais detida deste dispositivo.

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    3.2 DA RELAO ESTATUTO DAS GUARDAS CIVIS MUNICIPAIS E ESTATUTO DO

    DESARMAMENTO RESPECTIVAMENTE LEIS N 13.022/14 e 10.826/03

    Com o advento da Lei n 13.022/14, passam as Guardas Civis

    Municipais, Polcias Municipais, a terem suas atividades regulamentadas, de modo

    que, doravante, necessrio se torna a harmonia entre referida lei e o Estatuto do

    Desarmamento.

    Por conseguinte, as cidades que possuam menos de 50.000 habitantes

    com Guardas Civis Municipais regularmente constitudas, acabaram sendo

    preteridas pelo Estatuto do Desarmamento, o que, forosamente, nos faz concluir

    pela violao ao princpio da igualdade, bem como violao do pacto

    federativo.

    Vaidades a parte, mesmo junto s cidades pequenas, observamos

    crescente alta nos ndices de violncia, especialmente no que toca ao avano do

    narcotrfico ao longo de tais cidades, bem como no aumento dos crimes cometidos

    mediante o emprego de violncia ou grave ameaa. Afora, queles furtos que

    diuturnamente ocorrem, especialmente aos caixas eletrnicos!

    Permanecendo tal situao como est, se forem institudas as

    respetivas Guardas Civis das cidades com menos de 50.000 habitantes, no podero

    ser armadas!

    Disparte!

    Como combater a criminalidade e seu crescente avano sem o uso de

    armas de fogo?

    Podemos at cogitar do uso do armamento no letal, mas a arma de

    fogo deve sempre estar presente no exerccio da funo policial, sendo utilizada, por

    bvio, como ltimo recurso; mas, nunca ausente.

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    3.3 DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 6, INCISOS III E IV E SEU PARGRAFO

    7 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

    Antes propriamente da anlise do quanto irrogado, incumbe-nos

    relatar o que vem a ser o fenmeno denominado inconstitucionalidade.

    Tal fenmeno se faz presente quando uma norma infraconstitucional

    (hierarquicamente inferior constituio) afronta material (aspectos j previstos no

    texto constitucional) ou formalmente (forma de aprovao da lei enquanto projeto

    ao devido processo legislativo) o texto constitucional, quebrando, com isso, a

    harmonia reinante Carta Magna.

    De qualquer modo, vale lembrar que leis ou atos inconstitucionais se

    fazem presentes de 5 de outubro de 1988 para c, data da promulgao da nossa

    Constituio. As leis ou atos j existentes at 1988 e que, com o advento do texto

    constitucional, com ele se tornaram incompatveis, ficam a cargo de outro

    fenmeno: a no recepo!

    Em resumo: at 1988 leis ou atos incompatveis com o texto

    constitucional = no recepo;

    de 1988 para c = inconstitucionalidade!

    No caso em anlise, o artigo 6 do Estatuto do Desarmamento, mais

    precisamente em seus incisos III e IV, bem como em seu pargrafo 7, demonstra

    tratamento desigual queles que se encontram diante da mesma situao jurdica, a

    saber: necessidade de criao de Guardas Civis Municipais, independentemente do

    nmero de habitantes que possui o municpio!

    O ndice populacional, conceito eminentemente demogrfico,

    demonstra que determinado espao geogrfico habitado pelo nmero x de

    pessoas. Isso, por si s, no demonstra, hodiernamente, maior ou menor

    predisposio criminalidade dentro de tal espao.

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    Sabemos que mesmos nas cidades pequenas o narcotrfico ganha

    terreno e espao cada vez mais, por justamente tais cidades tambm no contar com

    grande nmero de policiais em suas estruturas. Da, eventualmente com a

    constituio de Guardas Civis Municipais, estas, segundo o Estatuto do

    Desarmamento no poderiam estar armadas?

    Ora, uma simples anlise ao quanto se dispe junto ao Estatuto das

    Guardas Civis Municipais, fica bem evidente que dentre suas vrias funes,

    algumas se destacam, onde, humildemente, peo vnia para elencar algumas, tal

    como abaixo:

    Art. 3...

    III - patrulhamento preventivo;

    ...

    Art. 4 ...

    II - prevenir e inibir, pela presena e vigilncia, bem como

    coibir, infraes penais ou administrativas e atos

    infracionais que atentem contra os bens, servios e

    instalaes municipais;

    ...

    V - colaborar com a pacificao de conflitos que seus

    integrantes presenciarem, atentando para o respeito aos

    direitos fundamentais das pessoas;

    ...

    XIV - encaminhar ao delegado de polcia, diante de flagrante

    delito, o autor da infrao, preservando o local do crime,

    quando possvel e sempre que necessrio;

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    Ou seja: para minimamente o desempenho de tais atividades,

    inerentes s Guardas Civis Municipais, o uso da arma de fogo se torna essencial!

    Assim, fatos como os que acima esto elencados acontecem

    diuturnamente, mesmo em cidades com menos de 50.000 habitantes. Qui, por

    vezes, at com maior frequncia que nas chamadas grandes cidades, especialmente

    por no despertarem a suspeita dos policiais que ali trabalham, geralmente, em

    nmero reduzido.

    Assim, com o respeito inerente a posicionamentos em sentido

    contrrio, acreditamos que o nmero de habitantes no deva ser o fator

    preponderante para o dever das Guardas Civis Municipais serem e seus integrantes

    estarem armados, pois existem cidades pequenas contando com altos ndices de

    criminalidade, avano drstico do narcotrfico e extremamente violentas.

    Exemplo disso, so nossas cidades fronteirias a pases vizinhos da

    Amrica do Sul. Muito embora pequenas, algumas com menos de 50.000 habitantes,

    mas altamente violentas, com enorme incidncia e influncia do narcotrfico e, por

    conseguinte, com um giro monetrio grande advindo de tais prticas.

    Da, a violncia tambm ser alta. Como conceber, portanto, a criao

    de uma Guarda Civil Municipal em uma cidade como essa a ttulo de exemplo,

    sendo desarmada?

    Assim, cremos que o ndice populacional, conceito eminentemente

    demogrfico e no jurdico, acaba por ferir a igualdade entre os municpios! Ao

    nosso sentir, a criao de Guardas Civis Municipais o fator preponderante para o

    uso da arma de fogo. Em detalhes: criada a Guarda Civil Municipal, deve esta ser ou

    estar armada, independentemente da quantidade de habitantes que possui o

    municpio.

    De outro lado, alm de ferir o princpio da igualdade, pois o

    preponderante no o nmero de habitantes, mas sim o combate violncia e aos

    altos ndices de criminalidade, bem como a discricionariedade do Chefe do

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    Executivo Municipal, quando se estipula em lei armar ou no uma instituio

    policial com fulcro somente voltados ao nmero de habitantes de determinado

    municpio, o artigo de lei tambm viola o chamado pacto federativo, pois atinge

    parcela da autonomia dada aos municpios por meio da Constituio de 1988.

    Ora, quem pretende ou no trazer mais segurana a seus muncipes

    o Chefe do Executivo municipal e, assim agindo, como j dito, necessrio se torna o

    uso de equipamentos e condies adequadas queles agentes que iro a campo

    incumbidos tambm da misso do servir e proteger!

    Minimamente, pois, alm dos acessrios inerentes a tal, como a farda

    para plena identificao, botas/coturnos, bons/boinas, distintivos e insgnias

    prprias, colete balstico, tonfa/cassetete/basto retrtil, necessrio ainda armas no

    letais e, mesmo que a ttulo de ltima ratio, a arma de fogo!

    De que adianta todo o aparato policial para o combate

    criminalidade, sem o porte, ao menos em servio, da arma de fogo! Podemos dizer

    que com esta j est difcil, imagina sem!

    Seria o mesmo que conceber um avio sem asas, uma fogueira sem

    brasas, o jogo de futebol sem a bola! A arma de fogo equipamento inerente e

    inseparvel da atividade policial, em qualquer lugar do mundo, at mesmo nos

    pases mais desenvolvidos e com altos ndices de escolaridade, cultura e

    desenvolvimento intelectual!

    Afinal, tratando-se de combate criminalidade, at mesmo pela

    prpria segurana do Guarda Civil Municipal, o que nos parece mais justo!

    3.4 DAS SADAS JURDICAS PARA O CASO AQUI ANALISADO

    Muito se comentou acerca da inconstitucionalidade1 do artigo 6,

    1 Uso aspas porque, efetivamente, alguma lei ou dispositivo somente inconstitucional em nosso Estado Democrtico de Direito quando o Supremo Tribunal Federal, no controle concentrado diz, ou algum Juiz(za) assim

    tambm se manifesta no controle difuso. At que isso acontea, a lei ou ato vlido!

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    incisos III e IV e seu pargrafo 7, todos do Estatuto do Desarmamento. Porm, at

    o presente momento, no se declinou, eventualmente, quais seriam as sadas

    jurdicas para o combate a tal.

    De qualquer modo, penso vivel, ao menos resumidamente, tecer

    alguns comentrios sobre a eventual arguio de inconstitucionalidade dos

    dispositivos mencionados, especialmente, no que toca s cidades menores, com

    menos de 50.000 habitantes, que j possuem suas Guardas Civis Municipais criadas,

    ou que pretendem cri-las!

    Prima facie, enquanto os legitimados constantes do rol previsto no

    artigo 103 do Texto Constitucional, junto ao Supremo Tribunal Federal, em seu

    controle concentrado, no propuserem a chamada Ao Direta de

    Inconstitucionalidade, mencionado rgo Jurisdicional no manifestar-se-.

    Vejam:

    Art. 103. Podem propor a ao direta de

    inconstitucionalidade e a ao declaratria de

    constitucionalidade: I - o Presidente da Repblica;

    II - a Mesa do Senado Federal;

    III - a Mesa da Cmara dos Deputados;

    IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Cmara

    Legislativa do Distrito Federal;

    V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

    VI - o Procurador-Geral da Repblica;

    VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

    VIII - partido poltico com representao no Congresso

    Nacional;

    IX - confederao sindical ou entidade de classe de mbito

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    nacional.

    ...

    De outro lado, temos no controle difuso, ou tambm chamado

    controle intra pars a possibilidade de buscarmos a manifestao jurisdicional

    acerca do tema.

    Deve, ento, se valerem os Municpios que pretenderem armar suas

    Guardas Civis Municipais e que possurem menos de 50.000 habitantes, buscarem

    por meio dos advogados de sua preferncia o Mandado de Segurana (proteo

    do direito lquido e certo para armarem-se no combate criminalidade) arguindo

    a inconstitucionalidade aqui apontada, solicitando, ainda, que liminarmente o

    Juiz(za) antecipe a tutela para de imediato poder o chefe supremo das Guardas

    Civis Municipais arm-las!

    Tal se deve pelo fato de no poder a municipalidade esperar at o

    final da lide para, em sede de sentena, ver decretada a inconstitucionalidade do

    artigo, incisos e pargrafo aqui mencionados.

    Logo, seria o caso de se antecipar a tutela pretendida, pois a

    demanda, com a demora, perde seu objeto e eventual sentena no atinge o bem

    juridicamente tutelado, a saber: a inconstitucionalidade mencionada!

    A propsito, dispe o artigo 273 do Cdigo de Processo Civil:

    Art. 273. O juiz poder, a requerimento da parte,

    antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela

    pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova

    inequvoca, se convena da verossimilhana da alegao e:

    I - haja fundado receio de dano irreparvel ou de difcil

    reparao; ou

  • DE MACEDO E ROMERO

    A D V O G A D O S

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    Rua Alice Alm Saadi, n 855, Sala 408 (Centro Empresarial Castelo Branco), Nova Ribeirnia, em Ribeiro Preto SP, CEP 14.096-570 - Fones: 16-3289-3595 / 3941-3250.

    II - ...

    1. Na deciso que antecipar a tutela, o juiz indicar, de

    modo claro e preciso, as razes do seu convencimento.

    ...

    Nestes termos, muito ainda aqum do quanto o assunto nos exige,

    ficam as consideraes aqui expostas.

    IV CONCLUSO...

    Tendo em vista o quanto exposto e, considerando as condies do

    parecer aqui manifestado, sem o propsito de esgotarmos a matria, pois vasto o

    campo de estudos e ainda muito h a ser debatido, fica o presente parecer, numa

    anlise perfunctria sobre o tema, esperando, de c, haver atendido as expectativas

    da Conferncia Nacional das Guardas Municipais, nos seguintes termos:

    1 uma vez criadas, as Guardas Civis Municipais devem ser e seus

    integrantes estar armados. No h que se falar em policiamento, infelizmente, sem o

    uso da arma de fogo;

    2 no que toca s Guardas Civis Municipais, os calibres permitidos

    so Pistolas .380 ou Revlveres 38, muito embora, comunga este subscritor do

    entendimento que o que h de melhor, mundialmente falando, para o uso em

    policiamento preventivo, reveste-se Pistola calibre .40, independentemente da

    marca, origem ou procedncia do armamento (fato que pode ser arguido em parecer

    outro, se o caso);

    3 se o municpio com menos de 50.000 habitantes criar sua Guarda

    Civil Municipal e pretender arm-la dever valer-se de medida judicial prpria,

    intitulada Mandado de Segurana, arguindo dentre outros assuntos a violao ao

    princpio da igualdade e ao pacto federativo, requerendo liminarmente antecipao

  • DE MACEDO E ROMERO

    A D V O G A D O S

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    de tutela para que suas Polcias Municipais possam ser e seus integrantes estarem

    estar armados.

    Por derradeiro, acreditando ter prestado os esclarecimentos

    necessrios, salvo melhor juzo, contando ainda com a compreenso de Vossa

    Senhoria, apresentamos o presente parecer consulta formalizada, colocando o

    escritrio jurdico Vossa disposio para maiores esclarecimentos, onde, desde j,

    demonstramos nossos protestos de elevada considerao.

    Ribeiro Preto SP., aos 18 de Agosto de 2014.

    RICARDO ALVES DE MACEDO ADVOGADO OAB-SP N 175.667

    OUVIDOR DA GUARDA CIVIL MUNICIPAL DE RIBEIRO PRETO SP.